Você está na página 1de 37

EVOLUÇÃO DA

LEGISLAÇÃO E
DA
ASSISTÊNCIA
À INFÂNCIA E
À JUVENTUDE
NO BRASIL
LIVRO:
CABEÇA
DE PORCO

Como você enxerga adolescentes que


cometem atos infracionais?
 Para efeitos da legislação brasileira, considera-se
criança a pessoa com até doze anos incompletos, e
adolescente aquela entre doze e dezoito anos de
idade.

A TRANSIÇÃO Por volta dos 12 anos, a criança passa
transformações físicas e psíquicas, motivadas pela
DA produção de hormônios sexuais. Para a OMS esse
processo pode começar mais cedo e se estender
ADOLESCÊNCIA além dos 18 anos.
 Teoria da Personalidade: a principal tarefa do
adolescente é o estabelecimento da sua identidade.
Como a procura da autonomia emocional e
comportamental; afastamento dos adultos, inclusive
dos pais; forte envolvimento com grupos de colegas,
etc.
 A referência de conduta deixa de ser a família. Os
valores éticos-sociais da família passam a ser
questionados.
O tratamento dispensado à criança e ao
adolescente ao longo da história
 Aristóteles deixa claro o quanto a infância é uma fase delicada na vida dos
gregos antigos.
 Se comparadas aos jovens e aos adultos, a criança é considerada um ser
imperfeito e inferior; física, intelectual e eticamente. No fundo, a criança
não se encontra completamente desenvolvida, o que fez com que a cultura
grega não lhe reconhecesse como portadora de uma personalidade
Crianças autônoma.
gregas  Em Esparta, crianças eram tidas como objeto estatal, servindo aos
interesses políticos na preparação de seus contingentes guerreiros. Em
Atenas, a educação tinha por base a ideia de que sua cidade-Estado se
fortaleceria à medida que cada menino viesse a desenvolver.
 Outro fator marcante na Grécia Antiga era a diferenciação conforme o
gênero, no qual às meninas eram atribuídos apenas serviços domésticos,
enquanto que, aos homens, era atribuído um objetivo maior, pois, deveriam
ser preparados para exercerem a cidadania.
Etimologicamente

 A palavra infância deriva do latim infantia, que


significa sem fala, aqueles que não tem a
capacidade de se comunicar, ou seja, aqueles que
por não conseguirem se expressar oralmente e não
terem voz, não detém autonomia, e por isso estão
subordinados às vontades de outrem, vivendo assim,
em um estado de heteronomia (ausência de
autonomia).
 Entre os séculos XII e XVII, a alta taxa de natalidade, somada a precarização de práticas de
higiene e falta de recursos para a manutenção da saúde, tornavam a mortalidade infantil um
acontecimento bastante comum até o século XVII. Muitas famílias entendiam as mortes de
seus bebês como algo natural, e até mesmo necessário. Faziam várias crianças para
conservar apenas algumas.
 Essa taxa de mortalidade infantil dificultava o desenvolvimento de afeto pelas crianças, pois
estimulava a indiferença com a morte, e logo que tais crianças superassem a morte iminente,
eram inseridas no mundo dos adultos.
 Filhos pertencentes a famílias mais abastadas podiam frequentar a escola, enquanto que as
famílias mais pobres dependiam da mão de obra de seus filhos, trabalhando em campos ou
fábricas, para ajudar no sustento da família. Pode-se observar o início do sentimento de
desprezo e marginalização da infância pobre.
 As grandes transformações advindas com o êxodo rural e a revolução industrial, conhecida
como a fase da infância industrializada, estimularam a incorporação do trabalho infantil no
processo de produção, visto que o seu tamanho era ideal para que operassem e limpassem
as máquinas; suas pequenas mãos conseguiam, com mais facilidade, operá-las, além disso, o
custo da mão de obra era menor, ou seja, os detentores dos meios de produção viram na
exploração do trabalho infantil uma forma de obtenção de maior lucro.
 O capitalismo não inventou o trabalho infantil, mas criou as condições para
que as crianças não só fossem transformadas em adultos precoces, em
trabalhadores livres, como destituídas de uma tradição em que trabalho e
relações familiares [...] permitiam a sua reprodução enquanto criança
(THOMPSON in MACHADO, 2014, p. 20).

 A classe dominante reforçava a importância de mulheres e crianças


trabalharem, pois somente o trabalho era capaz de tirar as crianças da rua e
afasta-las da marginalidade (MACHADO, 2014).

 Nesse mesmo período surgiram as punições físicas e espancamentos como


método de fazer com que as crianças agissem conforme desejo dos adultos
e fossem afastadas de más influências. Nívea Barros esclarece que “entre
1730 e 1779, metade das pessoas que morreram em Londres tinha menos
de 5 anos de idade.”.
 Do mesmo modo, Antônio Carlos Costa elucida que “o sentimento pela infância
nasce na Europa com as grandes ordens religiosas que pregavam a educação
separada, preparando a criança para a vida adulta”.
 Apenas no século XIX passou-se a ter uma visão da criança enquanto indivíduo, a
quem deveriam ser dispensados afeto e educação. Dessa forma, a criança
passou a ser o centro de atenção dentro da família que, por sua vez, passou a
proporcionar-lhe afeto.
 Apesar do surgimento da primeira concepção da criança enquanto pessoa, o
avanço ainda era ínfimo, a maior parte das crianças ainda era vista como mero
objeto dentro da sociedade familiar.

“Até o final do século XIX [...], a criança foi vista como um instrumento
de poder e de domínio [...]. Somente no início do século XX, a medicina,
a psiquiatria, o direito e a pedagogia contribuem para a formação de
uma nova mentalidade de atendimento à criança, abrindo espaços para
uma concepção de reeducação, baseada não somente nas concepções
religiosas, mas também científicas.”
Surgimento das normativas internacionais de proteção da infância

Em 1919, foi criado o Comitê de Proteção da Infância, quando de fato houve a efetivação no direito
internacional sobre as obrigações coletivas em relação às crianças.
Posteriormente, a primeira Declaração dos Direitos da Criança (1924) surgiu influenciando os Estados
filiados a elaborarem suas próprias leis em defesa dos direitos da criança e do adolescente.
Ainda nessa seara, segue-se a cronologia no período compreendido entre 1946 a 1969:
 – 1946: O Conselho Econômico e Social das Nações Unidas recomenda a adoção da Declaração de
Genebra. Logo após a II Guerra Mundial, um movimento internacional se manifesta a favor da
criação do Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância – UNICEF.
 – 1948: A Assembleia das Nações Unidas proclamam em dezembro de 1948 a Declaração Universal
dos Direitos Humanos. Nela, os direitos e liberdades das crianças e adolescentes estão
implicitamente incluídos.
 – 1959: Adota-se por unanimidade a Declaração dos Direitos da Criança, embora este texto não seja
de cumprimento obrigatório para os Estados membros.
 – 1969: É adotada e aberta à assinatura na Conferência Especializada Interamericana sobre
Direitos Humanos, em San José de Costa Rica, em 22/11/1969, estabelecido que, todas as crianças
têm direito às medidas de proteção que a sua condição de menor requer, tanto por parte de sua
família, como da sociedade e do Estado.
 A cronologia apresentada demonstra claramente que as questões relativas à
proteção e à garantia dos direitos infanto-juvenis são assunto de discussões há
longo tempo, passando por diversos sacrifícios até que a visão de que a criança era
criada com o intuito de servir ao Estado fosse desfeita.
 A Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança (1989) foi um marco
bastante significativo, pois foi a partir dela que estabeleceram-se bases para a
implantação de uma doutrina de proteção integral. Seus efeitos foram tão
significativos que, logo em seguida, outras medidas visando à proteção à infância
foram tomadas, como foi o caso da instituição do Estatuto da Criança e do
Adolescente no Brasil, por meio da Lei nº 8.069/90.
 A Convenção sobre os Direitos da Criança foi adotada pela Assembleia Geral da
ONU em 20 de novembro de 1989, reunida em New York. Entrou em vigor em 2 de
setembro de 1990.
 É o instrumento de direitos humanos mais aceito na história universal. Foi ratificado
por 196 países. Somente os Estados Unidos não ratificaram a Convenção. O Brasil
ratificou a Convenção sobre os Direitos da Criança em 24 de setembro de 1990.
INFÂNCIA POBRE NO BRASIL ANTES DO SÉCULO XX

 Durante esse período do Brasil colônia, não há registro da existência de políticas


sociais voltadas para o atendimento à criança e ao adolescente.
 A situação de pobreza esteve muito presente em grande parte das famílias nesse
período. Muitas eram tão pobres que as vezes não possuíam recursos básicos
para a própria sobrevivência.
 A pobreza aliada a outros fatores, faziam com que algumas famílias
abandonassem seus próprios filhos menores ou até mesmo quando ainda bebê.
 Existiam na época as instituições pertencentes à igreja católica denominada
“Casas de misericórdias”. Nesses locais as crianças órfãs ou abandonadas
recebiam assistência. Esta assistência era considerada um favor e não um direito
próprio da criança.
 Buscando satisfazer os interesses da Coroa Portuguesa, as crianças eram
catequizadas segundo os costumes daqueles, objetivando a compreensão da
nova ordem que se estabelecia.
INFÂNCIA POBRE NO BRASIL
ANTES DO SÉCULO XX

 Nas casas de misericórdias foram


instituídas no século XVIII as
chamadas RODAS DOS EXPOSTOS,
que eram constituídas de um cilindro
oco de madeira, que girava em torno
do próprio eixo com uma abertura em
uma das faces, alocadas em um tipo
de janela onde os bebês eram
deixados por suas mães.
INFÂNCIA POBRE NO BRASIL ANTES DO SÉCULO XX

 A Constituição Política do Império do Brasil de 1824 não faz qualquer menção


referente à proteção ou garantia às crianças e aos adolescentes, sem sequer
mencioná-las.
 Entretanto, a doutrina penal do menor surgiu primeiro no Código Criminal de
1830, mantendo-se no Código Penal de 1890, ambos na vigência da
Constituição Federal de 1824. Desta forma, não havia, portanto, qualquer
proteção ou menção constitucional no que diz respeito à evolução jurídica do
direito infanto-juvenil.
 O mesmo ocorreu com a promulgação da Constituição da República dos
Estados Unidos do Brasil, em 24 de fevereiro de 1891, que não mencionava
garantias de proteção à criança e ao adolescente.
Código de Menores de 1927

 O Código de Menores de 1927, modificou o entendimento quanto à culpabilidade, à


responsabilidade e ao discernimento das crianças e adolescentes. Foi nesse Código
que o termo “menor”, foi utilizado para designar aqueles que se encontravam em
situações de carência material ou moral, além das infratoras”.
 Instituição do primeiro juizado privativo de menores.
 A responsabilidade sobre os menores, nesse período, ainda era do Estado, que
aplicavam-lhes corretivos para impedir a delinquência, tornando-os menos cidadãos.
 Código de Menores de 1927 fazia menção aos sujeitos menores de 18 anos,
abandonados e delinquentes. A punição pela infração cometida deixa de ser vista
como sanção-castigo, para assumir um caráter de sanção-educação por meio da
assistência e reeducação de comportamento, sendo dever do Estado assistir os
menores desvalidos.
 O Código de Menores estabelecia a exposição máxima ao trabalho como forma de
recomposição do menor abandonado ou infrator na sociedade. Este Código entendia
que era de responsabilidade do Estado a situação do menor abandonado ou
delinquente e para resolver esta situação era aplicado os corretivos.
Constituição de 1934
 A Constituição de 1934, foi a primeira Constituição do nosso pais a
demonstrar uma certa preocupação com a questão da infância. No
entanto, somente isso não era suficiente para resolver ou pelo menos
amenizar os problemas sociais que afetavam crianças e adolescentes na
época que continuavam carentes de direitos e de uma legislação que
realmente lhe amparassem.
 A promulgação da Constituição de 1934 levantou questões pertinentes à
proteção ao trabalho de crianças e adolescentes, com repressão ao
trabalho noturno de menores com idade inferior 16 anos e proibição de
trabalho em indústrias insalubres aos menores de 18 anos, além da
previsão de amparo à maternidade e à infância.
Constituição de 1937
 Getúlio Vargas, em 10 de novembro de 1937, promulgou a Constituição
dos Estados Unidos do Brasil, no qual, dentre outros pontos inovadores
nos deparamos com a possibilidade de uma proteção social à infância e à
juventude, bem como dos setores mais carentes da população.
 Assim, o art. 16, inc. XXVII, refere-se de competência da União, o poder de
legislar sobre as normas concernentes da defesa e proteção da saúde e
da criança. Já no seu art. 127, o mesmo menciona que a infância e a
juventude são objetos de cuidado e de garantias especiais por parte do
Estado e dos Municípios, com garantia de acesso ao ensino público e
gratuito.
 Assim, percebemos que foi durante o Estado Novo, com a outorga da
Constituição de 1937, que o Estado chamou para si a responsabilidade de
assegurar as garantias da infância e da juventude.
 O advento do Código Penal de 1940 alterou o Código de Menores de 1927, determinando a
responsabilidade penal aos 18 anos. No mesmo entendimento, João Batista Saraiva completa,
informando que “(...) essa responsabilização teve como fundamento a condição de imaturidade
do menor até então sujeito apenas à pedagogia corretiva sem distinção entre delinquentes e
abandonados”.
 Em 1941, foi criado o Serviço de Assistência ao Menor (SAM), que, tinha como função:
Amparar, socialmente, os menores carentes abandonados e infratores, centralizando a execução
de uma política de atendimento, de caráter corretivo-repressivo-assistencial em todo território
nacional. Na verdade, o SAM foi criado, para cumprir as medidas aplicadas aos infratores pelo
juiz, tornando-se mais uma administradora de instituições do que, de fato, uma política de
atendimento ao infrator.
 Assim sendo, o SAM funcionava de forma equivalente a um sistema penitenciário voltado para
os menores de idade, com separação entre os adolescentes que teriam praticado ato
infracional e o menor abandonado. Para o primeiro, era feita a internação em reformatórios ou
em casas de correção, enquanto que os abandonados eram encaminhados para aprender
algum ofício.
 O Serviço de Assistência ao Menor se caracterizou pelas internações, sem saber como agir
com os internados e, pior, sem que se buscasse medida preventiva.
 Apesar do objetivo de dar assistência social às crianças e aos adolescentes, o SAM acreditava
que a internação seria o mecanismo de recuperação mais eficiente, sem se preocupar com o
preenchimento das necessidades da criança e do adolescente
 Na década de 60, a metodologia utilizada pelo SAM passou a ter caráter repressivo e
desumano, vez que não vinha cumprindo seu objetivo inicial, o que acabou fazendo com
que fosse extinto pela mesma lei, que veio a criar a Fundação Nacional do Bem Estar do
Menor (FUNABEM). Foi um ano bastante conturbado no cenário político nacional devido ao
Golpe Militar de 1964.
 A FUNABEM tinha autonomia para formular e implantar uma Política Nacional do Bem-
estar do Menor (PNBEM). Contudo, a PNBEM tem sua estrutura autoritária resguardada
pela Escola Superior de Guerra.

Sobre este aspecto, Lima acrescenta: “[...] o modelo jurídico menorista,


representado pelo binômio ‘Código de Menores/Doutrina Jurídica da Situação
Irregular’, não era apenas uma forma de controle individualizado dos menores
irregulares. Era também uma forma de se projetar o controle social numa
perspectiva de classe. A partir do padrão de organização de família burguesa,
como ‘célula manter da nação brasileira’, impunha-se traçar o destino,
estabelecer os valores morais, o perfil das relações interfamiliares, a lógica dos
comportamentos a serem adotados pelos setores populares. Este era o
caminho disponível à sua redenção das famílias pobres, sob pena de serem
contra elas movidas às engrenagens do sistema legal menorista.
 Essas diretrizes estabelecidas pela Fundação Nacional do Bem-estar do Menor
(FUNABEM) eram contrárias aos métodos aplicados pelo Serviço de Assistência a
Menores (SAM). Elas visavam à garantia de programas direcionados à integração da
criança e do adolescente na comunidade, valorizando a família e criando instituições que
se aproximassem dos ideais da vida familiar, respeitando ainda as necessidades de cada
região do País. Com o golpe militar, a estrutura democrática na qual o País até então
mirava teve o seu processo interrompido.
 Em 1979, surge o Código de Menores, com estrutura principal em conformidade com
aquele instituído em 1927, ou seja, com o mesmo cunho assistencialista e repressivo.
 Essa nova forma levou ao surgimento da expressão “menor em situação irregular”. Essa
ideologia da “situação irregular”, sem estabelecer as diferenças das “situações
decorrentes da conduta do jovem ou daqueles que o cercam, por diversas vezes, mantinha
juntos “infratores e abandonados, vitimizados por abandono e maus-tratos com autores
de conduta infracional”, pois, de acordo com a interpretação da lei, todos estariam em
“situação irregular”.
 Em resumo, estariam em situação irregular e inseridas no Código de Menores de 1979 as
crianças e os adolescentes até 18 anos que praticassem atos infracionais; as que
estivessem sobre a condição de maus-tratos familiares ou em estado de abandono pela
sociedade.
 Código de Menores foi alvo de muitas críticas por não amparar todas as
pessoas menores de idade, além do que as penas e encaminhamentos eram
aplicados em caráter de controle social”.
 A partir de uma análise sistemática do Código de Menores de 1979 e das
circunstâncias expostas, podem-se extrair as seguintes conclusões quanto à
atuação do Poder Estatal sobre a infância e a juventude sob a incidência da
Doutrina da Situação Irregular:
 (I) uma vez constatada a situação irregular, o menor passava a ser objeto de
tutela do Estado; e
 (II) basicamente, toda e qualquer criança ou adolescente pobre era considerado
menor em situação irregular, legitimando-se a intervenção do Estado, através
da ação direta do Juiz de Menores e da inclusão do menor no sistema de
assistência adotado pela Política Nacional do Bem estar do Menor.
 Inspirado pela ideologia da “Doutrina da Situação Irregular”, que, sucintamente,
pode ser definida como a lei em que os “menores passam a ser objeto da
norma quando se encontrarem em estado de “patologia social”.
Constituição Federal de 1988

 Na década de 80, a busca pela democracia tornou-se mais concreta e frequente com o
advento da Constituição de 1988, que deu maior ênfase no que diz respeito à proteção e à
garantia dos direitos da criança e do adolescente, tirando a responsabilidade plena do
Estado e atribuindo-a também à família e à sociedade, conforme disposto no art. 227 do
Diploma Jurídico de 1988:
 “Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente
e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao
lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência
familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”
 O § 4º do mesmo dispositivo estabelece normas punitivas na forma da lei sobre o abuso, a
violência e a exploração sexual da criança e do adolescente, causando claramente o
rompimento com a Doutrina da Situação Irregular existente e abraçando a Doutrina da
Proteção Integral Consubstanciada em nossa Constituição.
Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n.
8.069/90) – A era da proteção integral
 Os Direitos da Criança e do Adolescente encontram fundamento jurídico essencial na
Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança, na Constituição da República
Federativa do Brasil, no Estatuto da Criança e do Adolescente e nas Convenções
Internacionais de Proteção aos Direitos Humanos. No entanto, para sua adequada
compreensão, é fundamental percorrer seus princípios fundamentais.
 O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90) institui a doutrina da proteção
integral à criança e ao adolescente, considerando criança a pessoa com até 12 anos
incompletos, e adolescente aquela entre 12 e 18 anos, fixando-lhes os direitos e deveres
e prevendo as medidas aplicáveis àqueles que afrontem os seus preceitos legais.
 O Estatuto substitui o antigo Código de Menores (Lei nº 6.697/79) e a sua doutrina da
situação irregular, mas fundamentalmente foi uma resposta aos movimentos da
sociedade que pendiam uma nova política de atendimento às crianças e aos
adolescentes que não se baseassem no assistencialismo nem na repressão herdada da
época da Funabem e ratificada pelo Código de Menores.
Chacina da Candelária 

 Em 23 de julho 1993, oito jovens fo


no Rio de Janeiro por policiais mili
atiraram de um carro não oficial.
 A chacina da Candelária aconteceu
depois do Estatuto da Criança e do
Adolescente entrar em vigor. Mesm
mais de duas décadas, não há con
o que levou os policiais e ex-polici
dispararem contra os jovens. 
Seis anos da Chacina do Curió: a trágica memória
de um crime que ainda aguarda por justiça

 Na madrugada do dia 12 de novembr


11 pessoas foram assassinadas e se
feridas na região da Grande Messeja
Fortaleza. Tudo aconteceu rápido, nu
de menos de seis horas entre a prim
última execução. Entre as vítimas, no
adolescentes.
 As vítimas foram escolhidas de form
e não tinham envolvimento com o cr
34 policiais são acusados do crime.
foram soltos com menos de 1 ano de
aguardam o julgamento em liberdade
 O motivo da matança seria vingança
de um colega de farda.
CENTRO EDUCACIONAL
DO ESTADO DO CEARÁ
Atuação do psicólogo: adolescentes que
praticam ato infracional
 Formas de intervenção:
 1. Realizar um atendimento no momento anterior à realização
de audiência judicial objetivando a confecção de estudos e
ludos que possam auxiliar o juiz na sua tomada de decisão;
 2. No momento posterior à realização da audiência , a equipe
técnica deve realizar o acompanhamento dos adolescentes a
partir da determinação de medidas protetivas e/ou
socioeducativas pelo juiz e realizar os encaminhamentos às
instituições da rede.
As medidas socioeducativas estão elencadas no artigo 112 Também no campo das
do Estatuto da Criança e do Adolescente e podem ser: medidas socioeducativas,
 • Advertência; a municipalização, como
princípio de gestão
 • Obrigação de reparar o dano; pública, produz seus
 • Prestação de serviços à comunidade; efeitos. Ela resulta no
 • Liberdade assistida; reconhecimento de que o
município deve se
 • Inserção em regime de semiliberdade; responsabilizar pela
 • Internação em estabelecimento educacional. coordenação e execução
das medidas
socioeducativas em meio
Também existem aquelas previstas no artigo 101 como, por aberto: a liberdade
exemplo, o encaminhamento aos pais ou responsável e assistida e a prestação de
orientação, apoio e acompanhamento temporários serviços à comunidade
Centros de Referência
Especializado em
Assistência Social (Creas)

 A Prestação de Serviço à
Comunidade (PSC) e
Liberdade Assistida (LA) e
têm como equipamento
público de referência os
Centros de Referência
Especializado em Assistência
Social (Creas).
CURIOSIDADE

 O Cras é responsável pela


prevenção de situações
de vulnerabilidade ou de
risco social. Já
o Creas trata das
consequências e
acompanha as famílias e
indivíduos que sofrem
violação dos direitos ou
que estão vivendo
situação de violência.
ATUAÇÃO DOS PSICÓLOGOS NAS VARAS DA
INFÂNCIA E JUVENTUDE

 Acolhimento de crianças e adolescentes em instituições (abrigamento);


 As discussões das medidas de proteção e as medidas socioeducativas mais coerentes
com a situação das crianças e adolescentes;
 Os casos de adoção;
 A apresentação de pareceres técnicos nos processos, estimulando a estruturação de rede
que possa oportunizar atendimento eficaz;
 A verificação e o incentivo ao cumprimento do ECA;
 A participação e promoção de eventos relacionados ao trabalho das Varas;
 Os estudos de casos realizados a fim de buscar alternativas mais viáveis para defender os
direitos fundamentais de crianças e de adolescentes;
 O incentivo à promoção de ações que visem a prevenir o abandono, a negligência e a
marginalização;
 Salvaguardar o bem-estar psicológico de crianças e adolescentes
ADOÇÃO
A adoção ocorre, geralmente, entre duas partes que
se unem por laços de sofrimento, ou seja, de um
lado, uma criança rejeitada e abandonada, e, do outro
lado, uma família que se encontra diante da
impossibilidade de gerar um filho.

Pessoas solteiras, separadas, divorciadas ou viúvas,


também podem recorrer à adoção, desde que
apresentem condições materiais e emocionais para
cumprir determinado ato.

O Código Civil dispõe acerca da adoção nos artigos


que vão do 1.618 até o 1.629, estabelecendo que
somente as pessoas maiores de 18 (dezoito) anos
podem adotar, sozinhas ou conjuntamente (desde
que constituam um casal conforme casamento ou
união estável), e sempre que haja uma diferença
etária de no mínimo 16 (dezesseis) anos entre o
adotante e o adotado.
GUARDA E TUTELA

TUTELA X CURATELA - A principal diferença entre tutela e curatela está


relacionada à idade da pessoa que será cuidada. A tutela se aplica aos
menores de 18 anos; e a curatela é aplicada aos maiores de 18 anos.
Além disso, na tutela não é necessário que o menor de 18 anos tenha alguma
doença para ter um tutor. O simples fato de ser menor de idade já o torna
incapaz de praticar os atos da vida civil.
Ao contrário disso, para o maior de 18 anos, incluindo idosos, é obrigatório
que haja impedimentos que o torne incapaz de exercer os atos da vida civil.
Nesse caso do maior de 18 anos, é preciso demonstrar que existe algum tipo
de deficiência, vício, doença ou outra barreira que comprometa o seu
discernimento para tomar as ações e decisões de sua vida civil.

PODER FAMILIAR - O poder familiar está


relacionado ao dever dos pais de sustento,
guarda e educação dos filhos menores. Ou
seja, é o conjunto de direitos e deveres
atribuídos aos pais em relação à pessoa e aos
bens dos filhos menores de 18 anos
GUARDA E TUTELA

Embora exista diferença entre tutela e guarda, ambas tratam das maneiras pelas
quais é possível garantir os cuidados adequados a menores de idade.
Assim, a finalidade das medidas é a mesma e, desse modo, é possível que se
confundam.
A distinção fundamental entre ambas é a questão do poder familiar exercido sobre
a criança, que corresponde a uma série de direitos e deveres com os quais os pais
devem cumprir nos cuidados com os filhos.
No caso da guarda, o poder familiar segue reservado aos pais, sendo necessário
estabelecer se a guarda será unilateral ou compartilhada por ambos.
No caso da tutela, por outro lado, os pais são destituídos de poder familiar, seja por
seu falecimento ou mesmo por perda de autoridade.
Assim, a principal diferença entre tutela e guarda é que, na primeira, o poder familiar
deve ser previamente destituído dos pais, enquanto na segunda ele é mantido.

Você também pode gostar