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FUNDAMENTOS LEGAIS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL

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Sumário

NOSSA HISTÓRIA .......................................................................................... 2

Introdução ........................................................................................................ 3

A Educação infantil: apontamentos históricos ................................................. 5

A Educação infantil e a legislação ................................................................... 6

REFERÊNCIAS ............................................................................................. 23

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários,


em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo
serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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Fundamentos Legais para a Educação Infantil

Introdução

A Educação Infantil brasileira teve uma longa trajetória até chegar ao formato
em que se encontra atualmente. Foi somente com a Constituição de 1988, em seu
Artigo 208, incisos I e IV, que esta foi reconhecida como dever do Estado e direito da
criança, através de uma história marcada por mobilizações sociais, lutas e estudos,
no intuito de valorizar esta modalidade de Educação em nosso país.
Tramitando por muito tempo entre a Assistência Social e a Educação, esta
passa a deixar de ser assistencialista para privilegiar o cuidar aliado ao educar. Com
a criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9394/96, o
Ministério da Educação apresenta o Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil, que estabelece parâmetros para uma prática educativa voltada à construção
de uma educação que supere a educação assistencialista e valorize as
especificidades da criança como um todo, perpassando pelos aspectos afetivo, social,
emocional e cognitivo.

Buscando romper com os modos de atendimento que há muito marcaram a


Educação Infantil no país, onde ora cuidava-se em caráter assistencial, ora educava-
se com cunho escolarizante, desvalorizando as características deste público-alvo, o

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campo desta área de atuação passa por um processo de estudos e revisitações sobre
as concepções de infância e de Educação.
Assim, surgem as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil,
instituídas pela Resolução nº 5, de 17 de dezembro de 2009 do CNE/CEB e que
caracterizam a criança enquanto sujeito de direitos, que é histórica e produz cultura,
através do brincar, onde ela fantasia, observa, aprende, posiciona-se, experimenta e
constrói sentidos sobre tudo que a cerca. Cabe ressaltar que este documento
contempla a mudança feita pela Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013 à LDB
9394/96, a qual estabelece a pré-escola para crianças de 4 a 5 anos e não mais 6,
como relatavam os documentos anteriores.

As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2010, p. 12)


citam a Educação Infantil como a primeira etapa da Educação Básica e caracterizam
a criança enquanto sujeito de direitos, que é histórica e produz cultura, através do
brincar, onde ela fantasia, observa, aprende, posiciona-se, experimenta e constrói
sentidos sobre tudo que a cerca. Esta perspectiva busca valorizar a criança enquanto
ator social que possui voz e deve ser ouvida pelos adultos.
Segundo Sánchez (2003, p. 11), um dos aspectos mais significativos, na
concepção da Educação Infantil nesses últimos anos, é o de reconhecer a criança
como sujeito desde o momento de seu nascimento. Como ser único, lhe é atribuída
uma identidade própria no que diz respeito à sua maneira de ser, à sua realidade e
ao direito de receber uma atenção adequada a suas necessidades básicas
(biológicas, cognitivas, emocionais e sociais).
Assim, os primeiros anos de vida compreendem uma importante etapa da vida,
justamente por ser um período onde a criança está construindo sua identidade e
também estruturas cognitivas, afetivas, sociais e físicas. De acordo com Maluf (2014,
p. 13)

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A Educação infantil: apontamentos históricos

Estudar sobre o contexto da educação infantil no Brasil, faz-nos considerar que


a ideia de infância, esse “sentimento” que hoje temos pelas crianças não é algo
recente, considerando a história. Assim, vemos que Philipe Ariès (1981) mostra como
o conceito de criança tem evoluído através dos séculos e oscilado entre pólos em que
ora a consideram um “bibelot” ou “bichinho de estimação”, ora um “adulto em
miniatura”, pois é somente a partir do século XVII na Europa que há registros mais
específicos (como o caso de fotos, cartas, diários) de uma separação entre as
crianças e o mundo dos adultos.
Esta indefinição trouxe como consequência, através das gerações, grandes
injustiças e graves prejuízos em relação às responsabilidades conjuntas do Estado,
da sociedade civil e da família sobre os cuidados de higiene, saúde, nutrição,
segurança, acolhimento, lazer e constituição de conhecimentos e valores
indispensáveis ao processo de desenvolvimento e socialização das crianças de 0 aos
6 anos.
No Brasil, vemos um movimento a favor da infância a partir do final do século
XIX. O que isso quer dizer? A resposta é que: intelectuais da época como médicos,
educadores, literatos começam a perceber a criança/infância como aspectos a serem
considerados, nesse sentido promovem vários eventos discutindo desde a questão
higiênica , até questões educativas, legislação, cuidados.
A ideia principal seria a de “preservar a infância”, o que fez com que surgissem
vários projetos e propostas, tendo a criança como foco principal. No final do século
XIX, houve a descoberta do Brasil real (inculto, doente, atrasado), foi então que os
intelectuais da época partiram em busca de respostas para os problemas que se
apresentavam na sociedade, conhecendo o contexto no qual se encontravam,

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visualizando o nacionalismo e também o conhecimento científico como armas para
se transformar tal realidade, devendo preservar a infância – promessa para o futuro.
Esse processo se estende por todo país. “Cuidemos da infância de nossa
pátria” (KUHLMANN JR, 2000, p.477). Nesse período, o cotidiano vinha
transformando-se de forma acelerada, devido ao prelúdio do fim da escravidão, ao
declínio da monarquia, a república, a industrialização, a urbanização, a presença da
força feminina e infantil no mercado de trabalho de forma explorada. Aos menos
favorecidos, incluindo-se os filhos dos imigrantes, era reservado o trabalho nas
fábricas e oficinas, ou então, aprender a “arte das ruas”.
Assim, a infância em dado momento histórico se revela como um problema
social, cuja solução parecia fundamental para o país. O significado social da infância
circunscrevia-se na perspectiva de moldá-la de acordo com o projeto que conduziria
o Brasil ao seu ideal de nação. Esse ideal era descrito como o de transformar o Brasil
numa nação culta, moderna e civilizada. Ou seja, a infância gerava preocupação para
alguns, mas era desconsiderada, pois não havia uma garantia, primeiramente, por lei
para que se garantissem saúde, educação, moradia. Os espaços educativos eram
inexistentes.

A Educação infantil e a legislação

Na segunda metade do século XIX, surgem os primeiros jardins de infância no


Brasil, estes tratavam-se na sua grande maioria de instituições particulares para
crianças da elite, as famílias que não tinham poder aquisitivo suficiente para pagar
estas instituições, encontravam outras possibilidades para solucionar este problema,
e, em muitos casos deixavam seus filhos
sob os cuidados de suas vizinhas ou um
familiar (tia, madrinha, avó que é
bastante comum até os dias atuais).
Ao longo do século XX observou-
se um crescente movimento pelo estudo
da criança, definindo-se a infância como
uma categoria social e historicamente construída. Mais recentemente, estudos
teóricos de Soares, Cury, Campos, Rosemberg, na área de movimentos políticos em

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defesa das crianças vêm apontando para a sua construção social enquanto sujeitos
sociais de plenos direitos.
Somente em 1908, surge a primeira creche popular, para atender filhos de
operários, porém a exclusividade do atendimento era para crianças abandonadas,
assumindo desta maneira um eminente caráter filantrópico e associados a espaços
de abandono, os profissionais que atuavam nestes espaços, seguiam as orientações
médicas. O que se pode chamar de surgimento de Educação Infantil, atrelava-se a
ideia de criança como fardo um grande problema social a ser sanado.
As novas tendências são marcadas por uma concepção de que as crianças
eram as fontes humanas essenciais, de cuja dimensão maturacional iria depender o
futuro da humanidade. Esse movimento internacional teve como consequência a
elaboração da 1ª Declaração dos Direitos da Criança: a “Declaração de Genebra” em
1923.
Em 1930, a criança é entendida como futuro do país, o cidadão do amanhã, e
desta forma, novas iniciativas públicas ressurgem para questão da educação infantil,
foram criados vários órgãos de amparo assistencialista e jurídico, porém o governo
de Getúlio Vargas tinha o objetivo de manter a ordem social e neste contexto foram
idealizadas algumas concessões às mães trabalhadoras oportunizando a estas, a
criação de novas creches, como a instituição da CLT (Consolidação das Leis do
Trabalho) em 1943, que determinava: “O estabelecimento em que trabalhavam pelo
menos 30 mulheres com mais de 16 anos de idade, terá local apropriado onde sejam
permitidas as empregadas guardar sob vigilância e assistência seus filhos no período
de amamentação”.
São citados ainda os seguintes direitos na lei:
A exigência poderá ser suprida por meio de convênios com creches distritais
mantidas diretamente ou mediante convênios com outras entidades públicas ou
privadas (...) (CLT, art. 389, p.51).
Para amamentar o próprio filho, até que este complete 6 (seis) meses de idade,
a mulher terá direito durante a jornada de trabalho, a dois descansos especiais, de
meia hora cada um. Parágrafo único. Quando o exigir a saúde do filho, o período de
6 (seis) meses poderá ser dilatado, a critério da autoridade competente.(CLT, art. 396,
p.52)
Pela infração de qualquer dispositivo deste capítulo será imposta ao
empregador a multa de 1/5 do valor de referência regional (...) (CLT, art. 401, p.53).

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Estes direitos foram instituídos, porém é relevante ressaltar que a lei abre
precedentes de descumprimento, pois obriga as empresas a cumprir a lei caso esta
tenha em seu quadro mais de trinta funcionárias, o que pode sugerir ao empregador
a oferta de vinte e nove vagas de emprego, por exemplo, o que o exime deste
compromisso legal. Ao analisar a lei, compreende-se que a mesma foi instituída para
salvaguardar o direito das mães, em detrimento ao direito da criança.
Gradativamente, desvinculou-se a concepção de creche como depósito de desvalidos
muito embora as crianças neste contexto, continuavam a serem vistas como problema
sendo que, o simples fato de existir impossibilitava suas mães de trabalhar.
Em 1967, o texto da CLT, foi alterado favorecendo as empresas e mais uma
vez, ignorando o direito das crianças, nas alterações realizadas desobriga as
empresas ao financiamento as creches facultando-lhes o direito de escolha por
convênios com outras instituições da mesma natureza.
Outro fator importante a ser destacado, denota a que a falta de conhecimento
das leis trabalhistas pelas mães trabalhadoras, traziam as mesmas a compreensão
de que, o empregador que ofereciam estas “vantagens”, que na verdade
configuravam-se enquanto direito, estaria fazendo-lhes um favor, uma espécie de
caridade.
Neste período surgem no Brasil inúmeras creches comunitárias, geridas pela
comunidade, pois até então não existia apoio do governo.
“O estado concebia a criança frequentadora de creche como alguém que
necessita de amparo, considerava-se o atendimento a infância não como um direito
do trabalhador, mas como uma dádiva dos filantropos” (Kuhlmann, 1993, p.8).
Na década de 1970, aconteceram vários movimentos em prol das creches, mas
estes movimentos apresentavam intencionalidades de erradicar a repetência e
evasão escolar que neste período tornava-se uma crescente, bem como, estas
passaram a ser entendidas como espaço de conhecimento, para tentar amenizar
estas questões, foi criado a educação pré-escolar, com o objetivo de suprir os déficits
culturais das famílias pobres, retrocedendo e reafirmando a concepção de creche
como espaços de prevenção, sejam estas, de saúde física ou mental.

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Todavia, observou-se um número
reduzido de crianças atendidas, portanto
o governo criou outros mecanismos para
o atendimento das mesmas dentre as
quais, as mães crecheiras, lares vicinais
ou creches domiciliares (uma espécie de
semi-internato residencial) estas práticas
retrocederam e tornou antagônicos os conceitos cuidar e educar. Após muito se
pensar e reivindicar direitos em prol da criança, gradativamente percebeu-se algumas
conquistas, assim como a especialização médica de Pediatria, roupas específicas e
adequadas para as faixas etárias, brinquedos etc.
Somente dez anos após a declaração universal, torna-se mais intensa a
discussão em torno da necessidade de formular uma Convenção das Nações Unidas
para que os direitos das crianças tivessem eco na lei internacional e ultrapassassem
as fronteiras de uma declaração.
Assim, os Estados comprometer-se-iam com obrigações específicas.
Acontece, então, em 1989, a “Convenção dos Direitos da Criança” composta de 54
artigos que incorporam “uma diversidade de direitos, desde direitos civis, econômicos,
sociais e culturais, incluindo os direitos mais básicos como o direito à vida, à saúde,
à alimentação, e a educação (...)”.
Diante disto, legislações foram implementadas. No caso do Brasil, a Lei
8.069/90/, traduzindo o resultado da crescente valorização que a infância tem
assumido e, consequentemente, a necessidade de efetivação de um conjunto de
direitos, colocando toda criança brasileira no mesmo patamar de direitos.
Nesse contexto, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
incorpora as reivindicações dos diferentes segmentos, como destaca Campos:
A Constituição de 1988 é o novo marco legal no qual desembocam todas essas
lutas e demandas: as que vêm da educação, formuladas de maneira a integrar a
creche e a pré-escola no sistema educacional; as que se originam do movimento das
mulheres, contempladas nessa proposta para a educação e na ampliação do direito
à creche no local de trabalho também para os filhos dos trabalhadores homens e para
toda faixa etária de zero a seis anos; as trazidas pelo movimento dos direitos humanos
(...) a nova Constituição amplia consideravelmente essas definições legais, tornando-

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se um marco na história da construção social desse novo sujeito de direitos, a criança
pequena. (CAMPOS,1998, p.124)
Expressa no seu 2º Princípio que;
A criança gozará de uma proteção especial e beneficiará de oportunidades e
serviços dispensados pela lei e outros meios, para que possa desenvolver-se física,
intelectual, moral, espiritual e socialmente de forma saudável e normal, assim como
em condições de liberdade e dignidade. Ao promulgar leis com este fim, a
consideração fundamental a que se atenderá será o interesse superior da criança.
A partir, da Constituição Federal de 1988, a creche começa a ser inserida na
política educacional, neste contexto não resta dúvida sob a importância da Educação
Infantil para o processo educativo. Historicamente, a mesma não obteve o devido
reconhecimento, delineando uma trajetória que ultrapassou cem anos de história
retrograda, este crescimento é resultado das evidentes transformações pelas quais a
sociedade vem sendo acometida, bem como o entendimento científico sobre o
desenvolvimento cognitivo da criança, a inserção da mulher ao campo de trabalho, a
conscientização sobre o direito da criança de 0 aos 5 anos e a valorização a esta
etapa da vida.
A análise da Constituição Federal permite afirmar que os direitos sociais
constitucionalmente assegurados são marcos importantes e com a regulamentação
dos direitos da criança e do adolescente os avanços sociais são significativos,
tratando dos direitos sociais, entre eles a educação:
(...) são direitos sociais: a educação, a saúde, (...) a proteção à maternidade e
à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
(CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988, artigo 6º).
A Constituição, ao considerar a educação como um direito universal, proclama
em seu artigo 205 que a educação é um direito de todos, e, especificamente, no artigo
208, inciso IV :
O dever do Estado com a educação será efetivado mediante garantia de: (...)
atendimento em creche e pré escola às crianças de zero a seis anos de idade. que a
educação é um direito das crianças de zero a seis anos.
Ainda do ponto de vista da Constituição, Cury (1998, p. 11), destaca que ela
rompeu com a concepção de que a educação infantil é uma falta que deve ser
compensada por ações de amparo e de assistência, de que é um vácuo que precisa

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ser preenchido, trazendo no seu bojo o dever do Estado em oferecer educação
infantil, e o direito da criança a este atendimento.
(...) esta Constituição incorporou a si algo que estava presente no movimento
da sociedade e que advinha do esclarecimento e da importância que já se atribuía à
educação infantil,. Caso isto não estivesse amadurecido entre lideranças e
educadores preocupados com a educação infantil, no âmbito dos estados membros
da federação, provavelmente não seria traduzido na Constituição de 88. Ela não
incorporou esta necessidade sob o signo do Amparo ou da Assistência, mas sob o
signo do Direito, e não mais sob o Amparo do cuidado do Estado, mas sob a figura
do Dever do Estado. Foi o que fez a Constituição de 88: inaugurou um Direito, impôs
ao Estado um Dever, traduzindo algo que a sociedade havia posto. (CAMPOS, 1998,
p. 124)
A Educação Infantil assume um caráter especialmente importante, uma vez
que fundamenta-se num entendimento da criança
enquanto cidadão, como pessoa imersa num
processo contínuo e gradativo de conhecimento e
como sujeito ativo na efetivação e elaboração do
seu conhecimento.
Os direitos das crianças reconhecidos no
“papel” garantem um avanço jurídico, no entanto os
resultados desse avanço necessitam ser
traduzidos em ações concretas no campo das políticas sociais para a infância
brasileira.
O PNE (Plano Nacional de Educação) define em seus artigos a ampliação das
vagas, de forma a atender em 5 anos, a 30% da população de até 3 anos de idade e
60 % de 4 a 6 anos (ou 4 e 5) e, até o final da década, alcançar a meta de 50% das
crianças de 0 a 3 anos e 80% de 4 a 5 anos. Um aspecto importante para o
crescimento acelerado ao ingresso da criança a creche, é a inserção da mãe no
campo de trabalho e a consciência da necessidade da educação da criança
fundamentada nas bases científicas.
Todo este processo acarretou uma série de dificuldades financeiras aos
municípios, uma vez que os recursos repassados aos mesmos eram deficitários
atribuindo uma qualidade muito inferior à esperada o que de certa forma favoreceu
as privatizações. O país neste período, estava imerso em dificuldades sendo que os

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problemas sociais aumentavam consideravelmente e diminuíram-se os investimentos
públicos e sociais.
No Brasil, a Lei 8.069, de 13 de julho de 1990, criou o Estatuto da Criança e do
Adolescente/ ECA, passando a sociedade a dividir com o Estado, pelo menos do
ponto de vista da legislação, a responsabilidade pela construção de um mundo melhor
para a infância.
Acredita-se que, mais do que
regulamentar as conquistas em favor das
crianças e dos adolescentes na
Constituição Federal, esta Lei - ECA veio
promover um importante conjunto de
avanços que extrapola o campo jurídico,
desdobrando-se e envolvendo outras áreas
da realidade política e social no Brasil. Entre elas, destaca-se o direito das crianças à
“Educação Infantil”, assegurado nos artigos 4º , 53º e 54º, inciso IV. O ECA explicitou
melhor:
Artigo 4º: É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do
Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes
à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer.
Artigo 53º: A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno
desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação
para o trabalho, assegurando-lhes:
V – acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência.
Parágrafo único - É direito dos pais ou do responsável ter ciência do processo
pedagógico, bem como participar da definição de propostas educacionais.
Artigo 54º : É dever do estado assegurar à criança e ao adolescente:
IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de
idade.(ECA, 1991, p. 07-17)
Em 1996 com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96,
ressalta-se a importância da Educação Infantil, com o advento desta Lei passa a ser
considerada como primeira etapa da educação básica, considera-se a criança como
sujeito de direitos e sua educação perpassa a ação da família, entende-se que a
educação acontece desde o nascimento, sendo esta uma condição para sua
formação.

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A nova LDB (Lei Nº 9.394), de 20 de dezembro de 1996, reproduz esse inciso
da Constituição Federal, no Art. 4º do título III (Do Direito à Educação e Do Dever de
Educar).
Quando trata da Composição dos Níveis Escolares, no Art. 21, a LDB (1996,
p.07) explicita: "A educação escolar compõe-se de: I - Educação básica, formada pela
educação infantil, ensino fundamental e ensino médio; II. educação superior”.
No capítulo sobre a Educação Básica, Seção II, trata especificamente da
Educação Infantil, nos seguintes termos:
Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como base
o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos
físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da
comunidade.
Art. 30. A educação infantil será oferecida em:
I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças até três anos de idade;
II - pré-escolas, para crianças de quatro a seis anos de idade.
Art. 31. Na educação infantil, a avaliação far-se-á mediante acompanhamento
e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o
acesso ao ensino fundamental. (LDB, 1996, p. 16)
A atual LDB estabelece pela primeira vez na história do nosso país que a
educação infantil é a primeira etapa da educação básica. Quanto menor a criança,
mais é preciso a presença do adulto para auxiliá-la em suas necessidades. À medida
que a criança cresce, adquire novas capacidades e isso possibilita que ela atue de
maneira cada vez mais independente,
ganhando mais autonomia em seu
desenvolvimento.
Segundo o Referencial Curricular para
a Educação Infantil (1999, p.24):
O desenvolvimento integral depende
dos cuidados relacionais que envolvem a
dimensão afetiva e dos cuidados com os
aspectos biológicos do corpo, como a
qualidade da alimentação e dos cuidados com a saúde, quanto à forma como esses
cuidados são oferecidos e das oportunidades de acesso a conhecimentos variados.

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No Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, também adota-se
a divisão por faixas etárias. A opção de organização dos objetivos, conteúdos e
orientações didáticas por faixas etárias e não pelas designações institucionais –
creche e pré-escola – pretendeu considerar a variação de faixas etárias encontradas
nos vários programas de atendimento nas diversas regiões do país.
É claro o relevante papel dos Municípios na oferta da educação infantil que,
como sistemas de ensino autônomo instituídos ou não, deverão observar os artigos
29, 30, 31 da LDB 9394/96 (p. 04-31), citados anteriormente, e ainda os seguintes
princípios:
1 - A Educação infantil orienta-se pelos princípios da educação em geral:
igualdade de condições para acesso e permanência na escola: liberdade de aprender,
ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; pluralismo de
ideias e de concepções pedagógicas; respeito à liberdade e apreço à tolerância;
coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; gratuidade do ensino
público em estabelecimentos oficiais; valorização do profissional de educação
escolar; gestão democrática de ensino público, na forma da lei e da legislação dos
sistemas de ensino; garantia de padrão de qualidade; valorização da experiência
extraescolar; vinculação entre educação escolar e as práticas sociais (artigo 3).
2 - As instituições de Educação Infantil integram o Sistema Municipal de
Ensino, podendo o Município, ainda, optar por se integrar ao Sistema Estadual de
Ensino ou compor com ele um Sistema Único de Educação Básica. Os órgãos do
sistema municipal de ensino deverão baixar normas complementares, autorizar,
credenciar e supervisionar os estabelecimentos de Educação Infantil (artigos 10 e 11).
3 - Os sistemas de ensino definirão normas de gestão democrática dos
estabelecimentos públicos de educação infantil, atendendo aos princípios de
participação dos profissionais da educação, da família e da comunidade, na
elaboração e execução do projeto pedagógico da instituição e da participação das
comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes (artigo 14).
4 - As crianças com necessidades especiais, sempre que possível, em função
de suas condições específicas, devem ser atendidas na rede regular de creches e
pré-escolas, respeitando o direito a atendimento especializado, inclusive por órgão
próprio do sistema, quando for o caso (artigo 58).
5 - Os docentes da Educação Infantil devem ser formados em cursos de nível
superior (em licenciatura, de graduação plena), admitida como formação mínima a

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oferecida em nível médio (modalidade normal), que contemplem conteúdos
específicos relativos a essa etapa da educação (artigo 62).
6 - A formação de profissionais de educação para administração,
planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação
infantil, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-
graduação. (artigo 64).
7 - Os sistemas de Ensino promoverão a valorização dos profissionais que
atuam em creches e pré-escolas, no que diz respeito à formação profissional,
condições de trabalho, plano de carreira e remuneração condigna (artigos 67, 69 e
70).
Deve-se ressaltar que o novo texto legal, inciso IV, artigo 9º, prevê que: "A
União incumbir-se-á de: (...) estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a educação infantil, o ensino
fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos
mínimos, de modo a assegurar formação básica comum".
É preciso estar comprometido com o outro para se poder educar, não fazendo
distinção ou diferenciação. As diretrizes curriculares definem-se de forma integrada,
sem privilegiar um aspecto em detrimento de outro levando em consideração as
necessidades das crianças de acordo com os padrões e valores da cultura e da
sociedade onde se encontra.
Recentes medidas legais modificaram o atendimento das crianças PRÉ-
ESCOLA, pois alunos com seis anos de idade devem obrigatoriamente estar
matriculados no primeiro ano do Ensino Fundamental.
Os dispositivos legais que estabeleceram as modificações citadas são os
seguintes:
O Projeto de Lei nº 144/2005, aprovado pelo Senado em 25 de janeiro de 2006,
estabelece a duração mínima de 9 (nove) anos para o ensino fundamental, com
matrícula obrigatória a partir dos 6 (seis) anos de idade. Essa medida deverá ser
implantada até 2010 pelos Municípios, Estados e Distrito Federal. Durante esse
período os sistemas de ensino terão prazo para adaptar-se ao novo modelo de pré-
escolas, que agora passarão a atender crianças de 4 e 5 anos de idade.

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FUNDAMENTOS LEGAIS, PRINCÍPIOS E ORIENTAÇÕES GERAIS PARA A
EDUCAÇÃO INFANTIL

I - Fundamentos legais

A Constituição de 1988, inciso IV do artigo 208, afirma: O dever do Estado com a


educação será efetivado mediante garantia de (...) atendimento em creche e pré-
escola às crianças de zero a seis anos de idade. Com a inclusão da creche no capítulo
da Educação, a Constituição explicita a função eminentemente educativa da mesma,
à qual se agregam as ações de cuidado. O Estatuto da Criança e do Adolescente, no
capítulo IV, Art.53, inciso IV, reafirma esse direito constitucional: É dever do Estado
assegurar à criança e ao adolescente: (...) atendimento em creche e pré-escola às
crianças de 0 a 6 anos de idade.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei Nº 9.394), de 20 de dezembro


de 1996, reproduz, também o inciso da Constituição Federal no Art.4º do Titulo III (Do
Direito À Educação E Do Dever De Educar). Quando trata da Composição dos Níveis
Escolares, no Art.21, a LDB explicita: A educação escolar compõe-se de: I - Educação
básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio; (...). No
capítulo sobre a Educação Básica, Seção II, trata especificamente da Educação
Infantil, nos seguintes termos:

Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade
o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos
físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da
comunidade.

Art. 30. A educação infantil será oferecida em:

I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade;


II - pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos de idade. Art. 31. Na educação
infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu
desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino
fundamental.

A promulgação da LDB exige que regulamentações, em âmbito nacional, estadual e


municipal sejam estabelecidas e cumpridas. A urgência de iniciativas nesse sentido
é reforçada pelo que a Lei determina no Art. 89 Das Disposições Transitórias: As
creches e pré-escolas existentes ou que venham a ser criadas, no prazo de três anos,
a contar da publicação desta lei, integrar-se-ão ao respectivo sistema de ensino.

Para atender a este prazo, urge que os Sistemas de Ensino e os Conselhos de


Educação estabeleçam normas e diretrizes que propiciem educação de qualidade nas
creches e pré-escolas e sua integração real nos sistemas de ensino.

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Assim, a legislação brasileira quanto à educação infantil enfatiza:

• A creche e a pré-escola constituem simultaneamente um direito da criança à


educação e um direito da família de compartilhar a educação de seus filhos em
equipamentos sociais.

• O Estado tem deveres também para com a educação da criança de 0 a 6 anos,


devendo criar condições para a expansão do atendimento e a melhoria da qualidade,
cabendo ao município a responsabilidade de sua institucionalização, com o apoio
financeiro e técnico das esferas federal e estadual.

• A creche, assim como a pré-escola, é equipamento educacional e não apenas


de assistência. Neste sentido, uma das características da nova concepção de
educação infantil reside na integração das funções de cuidar e educar.

II - Princípios gerais

Em consonância com os artigos citados e demais diretrizes estabelecidas na Lei


9.394/96 e as especificidades da faixa etária de zero a seis anos, as ações de
Educação Infantil guiam-se pelos princípios gerais e orientações expressos a seguir.

1. A Educação Infantil é a primeira etapa da Educação Básica e destina-se à


criança de zero a seis anos de idade, não sendo obrigatória, mas um direito a que o
Estado tem o dever de atender (cf. LDB, artigo 29).

2. As instituições de Educação Infantil são as creches, para as crianças de zero


a três anos e onze meses de idade e as pré-escolas, para crianças de quatro a seis
anos e onze meses (cf. LDB, artigo 30).

3. A Educação Infantil visa proporcionar condições adequadas para promover o


bem-estar da criança, seu desenvolvimento físico, motor, emocional, intelectual,
moral e social, a ampliação de suas experiências, bem como estimular seu interesse
pelo processo do conhecimento do ser humano, da natureza e da sociedade (cf. LDB,
artigo 29).

4. Dadas as particularidades do desenvolvimento da criança de zero a seis anos,


a Educação Infantil cumpre duas funções indispensáveis e indissociáveis: cuidar e
educar, complementando a ação da família e da comunidade.
5. A proposta pedagógica da Educação Infantil deve levar em conta o bem-estar
da criança, seu grau de desenvolvimento, a diversidade cultural das populações
infantis, os conhecimentos a serem universalizados e o regime de atendimento
(tempo integral ou parcial).

17
6. A avaliação, na Educação Infantil, realizada mediante acompanhamento e
registro do desenvolvimento da criança, tomando como referência os objetivos
estabelecidos para essa etapa da educação, não tem função de promoção e não
constitui pré-requisito para o acesso ao ensino fundamental (cf. LDB, artigo 31).

7. As instituições de Educação Infantil integram o Sistema Municipal de Ensino,


o Sistema Estadual de Ensino ou o Sistema Único de Educação Básica (cf. LDB,
artigos 10 e 11).

8. Os órgãos responsáveis do respectivo sistema de ensino deverão baixar


normas complementares, autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos
de Educação Infantil. (cf. LDB, artigos 10 e 11).

9. Os docentes da Educação Infantil devem ser formados em cursos de nível


superior (licenciatura de graduação plena), admitida como formação mínima a
oferecida em nível médio (modalidade normal) (cf. LDB, artigo 62).

10. Os Sistemas de Ensino promoverão a valorização dos profissionais que atuam


em creches e pré-escolas no que diz respeito à formação profissional, condições de
trabalho, plano de carreira e remuneração condigna (cf. LDB, artigos 67, 69, 70).

11. As crianças com necessidades especiais, sempre que possível, em função de


suas condições específicas, devem ser atendidas na rede regular de creches e pré-
escolas respeitado o direito a atendimento especializado inclusive por órgão próprio
do sistema quando for o caso (cf. LDB, artigo 58).

12. A Educação infantil orienta-se pelos princípios da educação em geral:


igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; liberdade de
aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber;
pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; respeito à liberdade e apreço à
tolerância; coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; gratuidade do
ensino público em estabelecimentos oficiais; valorização do profissional da educação
escolar; gestão democrática do ensino público, na forma da Lei e da legislação dos
sistemas de ensino; garantia de padrão de qualidade; valorização da experiência
extra- escolar; vinculação entre educação escolar e as práticas sociais (cf. LDB, artigo
3º).
III - Orientações para:

1. A gestão da educação infantil

1.1. Os municípios com sistema de ensino criado e instalado por leis específicas
devem: (a) baixar normas complementares para autorização, credenciamento e
supervisão para as instituições de Educação Infantil de seu sistema de ensino,
levando em conta as normas e diretrizes estabelecidas pela União (cf. LDB, artigos

18
9º, 10º, 11º). (b) organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições de seu
sistema, integrando-os às políticas e planos educacionais da União e dos Estados (cf.
LDB, artigo 11, inciso I e II).

1.2. Os municípios que se integrarem ao sistema estadual de ensino ou


compuserem com ele um sistema único de educação básica devem cumprir as
diretrizes e normas para credenciamento e funcionamento de instituições de
educação infantil estabelecidas pelo Conselho Estadual de Educação.

1.3. Os Conselhos Estaduais de Educação deverão elaborar critérios para o


credenciamento de instituições de educação infantil, com base em diretrizes
emanadas pelo Conselho Nacional de Educação, credenciar os estabelecimentos,
públicos e privados de seu sistema, e dos municípios que optaram por integrar o
sistema único de educação básica.

1.4. Os órgãos estaduais de educação devem prestar assistência técnica e


operacional aos municípios, em relação à educação infantil, no desenvolvimento de
seus sistemas de ensino.

1.5. As Secretarias Estaduais de Educação devem (a) atualizar o cadastro de


estabelecimentos educacionais incluindo creches e pré-escolas; (b)enviar o(s)
questionário(s) dos Censos Educacionais Nacionais a todos os estabelecimentos de
Educação Infantil.

1.6. Os sistemas de ensino definirão normas de gestão democrática dos


estabelecimentos públicos de educação infantil, atendendo aos princípios de
participação dos profissionais da educação, da família e da comunidade, na
elaboração e execução do projeto pedagógico da instituição e de participação das
comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.

2. A formação do profissional

A concepção de Educação Infantil explicitada nos princípios gerais exige que formas
regulares de formação e especialização, bem como mecanismos de atualização dos
profissionais, sejam assegurados.

As orientações propostas, a seguir, referem-se aos profissionais de Educação Infantil


que lidam diretamente com as crianças ou atuam na gestão, supervisão ou orientação
de creches e pré-escolas. 2.1. O docente de Educação Infantil tem a função de educar
e cuidar de forma integrada da criança na faixa de zero a seis anos de idade.

19
2.2. Os docentes de Educação Infantil devem ser formados em cursos de nível
superior (licenciatura de graduação plena), admitida como formação mínima a
oferecida em nível médio (modalidade normal).

2.3. A formação inicial e continuada dos profissionais de Educação Infantil terá


como fundamentos: (a) associação entre teorias e práticas; (b) conhecimento da
realidade das creches e pré-escolas, visando à melhoria da qualidade do
atendimento, e, (c) aproveitamento, de acordo com normas específicas, da formação
e experiência anterior em instituições de educação.

2.4. O currículo da formação inicial do profissional de educação infantil deve: (a)


contemplar conhecimentos científicos básicos para sua formação enquanto cidadão,
conhecimentos necessários para a atuação docente e conhecimentos específicos
para o trabalho com a criança pequena; (b) estruturar-se com base no processo de
desenvolvimento e construção dos conhecimentos do próprio profissional em
formação; (c) levar em conta os valores e saberes desse profissional, produzidos a
partir de sua classe social, etnia, religião, sexo, sua história de vida e de trabalho; e
(d) incluir conteúdos e práticas que o habilitem a cumprir o princípio da inclusão do
educando portador de necessidades especiais na rede regular de ensino.

2.5. Formação e profissionalização devem ser consideradas como indissociáveis,


tanto em termos de avanço na escolaridade, quanto no que diz respeito à progressão
na carreira. 2.6. A formação do profissional de Educação Infantil, bem como a de seus
formadores, deve pautar-se pelos princípios gerais e orientações expressos neste
documento.

3. A proposta pedagógica

Os princípios gerais descritos anteriormente deverão nortear a definição de diretrizes


para as propostas pedagógicas em educação infantil, em todos os âmbitos de
competência.

3.1. A União, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os municípios,


estabelecerão competências e diretrizes que nortearão as propostas pedagógicas da
educação infantil, assegurando referenciais nacionais comuns.

3.2. Os sistemas de ensino devem estabelecer normas comuns que orientarão a


elaboração e execução de propostas pedagógicas pelos estabelecimentos de
educação infantil.

20
3.3. A formulação de propostas pedagógicas deve nortear-se por uma concepção
de criança: como um ser humano completo, integrando as dimensões afetiva,
intelectual, física, moral e social, que, embora em processo de desenvolvimento e,
portanto, dependente do adulto para sua sobrevivência e crescimento, não é apenas
um "vir a ser"; como um ser ativo e capaz, impulsionado pela motivação de ampliar
seus conhecimentos e experiências e de alcançar progressivos graus de autonomia
frente às condições de seu meio; como um sujeito social e histórico, que é marcado
pelo meio em que se desenvolve, mas que também o marca.

3.4. As propostas pedagógicas devem estar fundamentadas nos conhecimentos


acumulados sobre o como a criança se desenvolve e aprende, procurando responder
às suas necessidades e capacidades e oferecendo diferentes experiências que
possibilitem seu desenvolvimento pessoal e social harmonioso e a ampliação de seu
universo cultural.

3.5. As propostas pedagógicas para a Educação Infantil devem traduzir-se em


ações sistemáticas que garantam que todas as relações construídas nas creches e
pré-escolas contemplem, simultaneamente, o educar e o cuidar.

3.6. As propostas pedagógicas deverão prever condições adequadas relativas a:


formação de recursos humanos, número de crianças por adulto, formas de
agrupamento das crianças, organização e utilização do espaço, equipamentos e
materiais pedagógicos, participação da família e da comunidade.

VI - Orientações para a fase de transição

1. O Poder Público municipal deve identificar todos os estabelecimentos de


creches, pré-escolas ou instituições similares que oferecem atendimento sistemático
em espaços coletivos a crianças na faixa de zero a seis anos de idade, visando
orientá-los para credenciamento junto ao sistema de ensino.

2. As creches e pré-escolas existentes ou que venham a ser criadas deverão


integrar-se ao respectivo sistema de ensino até dezembro de 1999 .

3. Os sistemas de ensino deverão criar oportunidades para capacitar os


profissionais das instituições de educação infantil que estão sendo a eles
incorporadas para que atuem segundo os princípios e orientações próprios da
educação infantil.

21
4. Os sistemas de ensino, tendo em vista o aproveitamento dos educadores em
exercício em creches e pré- escolas que possuem formação inferior ao ensino médio,
deverão criar, diretamente ou através de convênio, cursos para a formação regular
desses educadores.

5. Os Conselhos de Educação deverão regulamentar a qualificação profissional


do leigo de educação infantil em nível de ensino fundamental, em caráter
emergencial, viabilizando o prosseguimento de estudos para a habilitação mínima em
nível médio.

6. A qualificação em nível de ensino fundamental deve ser restrita aos leigos que
já trabalham em creches ou pré-escolas e que tenham mais de 18 anos de idade.

7. Os sistemas de ensino deverão prever medidas para que as creches e pré-


escolas atendam progressivamente às exigências da Lei.

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