Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo
O presente artigo é resultado de um estudo bibliográfico acerca do cuidar e educar
na educação infantil, abordando as principais contribuições de alguns teóricos em
relação a esta prática indissociável. Como metodologia, optou-se por pesquisa
bibliográfica, buscando na literatura, informações e subsídios, de forma a esclarecer
e informar às pessoas envolvidas sobre as relações e interfaces do cuidar e educar,
desde tempos mais antigos até a atualidade. A realidade tem revelado a confusão e
as dificuldades instaladas ao longo de décadas de uma prática nas instituições de
educação infantil, em que cuidar remete à ideia de assistencialismo e, educar à de
ensino/aprendizagem. Diante disso, prevalece a tendência de compreender o cuidar
e educar como mera associação de duas diferentes funções: uma relativa ao zelo
por boa alimentação, segurança física e cuidados com higiene e saúde; outra,
preocupada com o repasse de conhecimentos e normas de comportamento, além do
cumprimento de regras pelos futuros cidadãos. A pesquisa revela que por muitos e
muitos anos o cuidar e o educar eram práticas dissociadas e de responsabilidade
exclusiva da família. Com o passar do tempo e com o advento de leis, novas
concepções e estudos acerca da infância, esse binômio cuidar/educar, passou a ser
indissociável.
1. INTRODUÇÃO
1
Aluna do Curso de Pós-Graduação em Educação infantil. Pedagoga, pós-graduada em Psicopedagogia Clínica.
2
Professora Orientadora, Pedagoga (Universidade Tuiuti do Paraná), Especialista em Psicopedagogia (IBPEX),
em Educação Especial e Inclusiva (FACINTER), em Avaliação Diagnóstica Psicoeducacional (PMC/ SME/CANE),
orientadora de TCC do Centro Universitário Internacional Uninter.
2
mediante diferentes interações com seus pares. E como estão acontecendo estas
interações na prática? Será que o processo de cuidar e educar se modificou através
dos tempos?
Para responder a estas perguntas, será apresentado um breve histórico sobre
a Educação Infantil brasileira, bem como o que pensam alguns autores sobre o
assunto na atualidade, assim como aspectos legais que respaldam esse tema.
Cuidar e educar significa compreender que o espaço/tempo em que a criança vive,
exige seu esforço particular e a mediação dos adultos como forma de proporcionar
ambientes que estimulem a curiosidade com consciência e responsabilidade.
Os temas “educar” e “cuidar” estão presentes nas discussões acerca das
funções da Educação Infantil e têm, no cotidiano institucional, o cenário em que
adultos e crianças se relacionam diariamente e caracterizam o tipo de atendimento
ofertado. A rotina dessas instituições e atenção com o tempo e a organização dos
espaços também apontam para o tipo de educação que queremos, para quem essa
educação está voltada, por que razão, como e quando se realiza. É no cotidiano das
instituições de Educação Infantil que a rotina se desenvolve dinamicamente, no uso
generoso do tempo e no uso criativo do espaço, ou no uso sempre igual em seus
tempos insípidos e em seus espaços incolores.
Portanto neste artigo, faz-se uma apresentação sobre em que consiste o cuidar e o
educar através da trajetória histórica da Educação Infantil, bem como, discute-se as
bases do seu significado, na visão de estudiosos e teóricos do tema em questão,
ressaltando seu caráter de unicidade, ao invés de dupla tarefa.
primeira infância. As crianças que conseguiam atingir uma certa idade só passavam
a ter identidade própria, a ser consideradas como indivíduos na comunidade social,
quando conseguiam fazer coisas semelhantes àquelas realizadas pelos adultos,
com os quais viviam.
O que se pode verificar através dos estudos feitos por Miguel (1999) acerca
da maneira como a criança era vista, é que ela deixou de ser o adulto em miniatura
e o contato com o adulto passou a ser através da escola.
A presença da criança começa a ter mais atenção no contexto social como
merecedora de cuidados, atenção e respeito só muito recentemente, através de
estudos da psicanálise e da psicologia. A partir daí, passou-se a dar importância e
enxergar a infância como etapa fundamental na construção e formação da
personalidade dos indivíduos.
Pode-se verificar então, que as crianças não eram consideradas como um ser
de direitos e que este tratamento dispensado a elas só agravou ainda mais o seu
desenvolvimento, denotando um caráter puramente assistencialista.
Conforme Braga (2003, p.21) “Uma das primeiras e mais antigas instituições
públicas de atendimento à criança no Brasil foi a “Roda dos Expostos”, a qual surgiu
no século XII, na Itália, coma finalidade de acolher e amparar toda e qualquer
criança abandonada. De formato cilíndrico, era fixada em instituições como
mosteiros e conventos medievais e antes, sua utilização era para colocação de
objetos, mensagens e donativos para as pessoas que ficavam dentro destas
instituições.
As instituições de atendimento às crianças de zero a seis anos iniciaram-se
vinculadas às demandas do mercado, ou seja, para atender às mulheres que
trabalhavam como domésticas ou operárias. Em 1899, foi inaugurada a primeira
creche para filhos de operários de quem se tem registro: a Creche da Companhia de
Fiação e Tecidos Corcovado, no Rio de Janeiro.
No final do século XIX, surgiu um interesse pela questão da criança por parte
de alguns grupos como médicos, sanitaristas e elementos da fé e da ação cristã e
de algumas senhoras da sociedade. Naquele período, prevalecia um desinteresse
pela questão da criança compreendida entre zero a seis anos, por parte das esferas
governamentais, que só reconheceram essa questão a partir da segunda década do
século XX, enfatizando um atendimento preparatório, isto é, a criança deveria ser
preparada para o adulto que viria a ser.
4
Ainda sobre Braga (2003, p. 21) “Somente a partir da década de 1970 é que a
educação pré-escolar legitimou uma abordagem educacional, para auxiliar a escola
formal, antecipando a solução de problemas de repetência e evasão escolar no
primeiro grau, principalmente nas séries iniciais. Assim, as instituições de
atendimento às crianças de zero a seis anos seriam importantes para suprir e
compensar carências educacionais, culturais, nutricionais e afetivas das crianças
necessitadas, objetivando igualar as oportunidades para os menos favorecidos. ”
O que se pode verificar neste parágrafo, é que as instituições de educação
infantil estavam sendo planejadas com objetivos somente de cuidados.
Ainda sobre Braga (2003, p.21) “A partir da metade da década de 1970 e
durante a década de 1980, o atendimento à educação pré-escolar foi ampliado,
como resultado de movimentos sociais, principalmente do Movimento Feminista, que
lutava pelo direito já adquirido em 1934, através da Consolidação das Leis
Trabalhistas (CLT), que obrigava os estabelecimentos que tivessem, entre seus
empregados, no mínimo trinta mulheres, a ter um local apropriado para os filhos
dessas mesmas mulheres. Somente em 1983, os acordos sindicais passaram a
abordar a questão das creches. ”
Observamos neste parágrafo, que algumas conquistas já começam a se
delinear, no que se refere ao atendimento às crianças.
Dando sequência aos estudos de Braga (2003, p. 21) “A obrigatoriedade da
oferta de atendimento a crianças de zero a seis anos em creches e pré-escolas
concretizou-se na Constituição Federal de 1988. A partir de então, deu-se o
reconhecimento da educação das crianças pequenas nesses tipos de instituições
como um direito da criança e um dever do Estado, da família e da sociedade.
A Educação Infantil passou a integrar a Educação Básica, resultado de longas
e várias discussões de diversos segmentos da sociedade, com a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional, Lei 9394/96, ficando superado, na forma da lei, o
caráter assistencialista e compensatório que predominou historicamente nos
programas de atendimento à criança até então.
5
3. ENTENDENDO OS CONCEITOS
Nesse sentido, vale a pena afirmar que se deve adotar uma prática de
atividades pedagógicas onde o cuidar e o educar estejam interligados, visando a
propiciar bem-estar físico, mental e espiritual da criança, gerando conhecimento
sobre si próprio, respeito próprio, autonomia. Cuidando podemos nos desenvolver
no sentido de conhecer melhor o outro, suas necessidades, suas potencialidades e
limitações, criando relações que promovam crescimento/desenvolvimento.
Por isso, o cuidar diz respeito aos aspectos biológicos (nutrição, saúde,
higiene) e afetivo-emocionais, associados à educação nas instituições infantis,
visando ao desenvolvimento integral das crianças em seus aspectos psicológicos,
sociais, intelectuais e físicos. E como espaço de convivência social, é importante
proporcionar um ambiente seguro, higiênico, confortável, rico em estímulos, sem
oferecer riscos de agravos à saúde. Para que isso ocorra, devemos adotar medidas
de cuidados ambientais (em relação à areia, ao lixo, brinquedos, chão, água,
dedetização, iluminação, ventilação, mobiliário, espaço físico), promover o incentivo
ao aleitamento materno, prever ações nas rotinas (em relação à alimentação, ao
sono, banho de sol, higiene, prevenção de acidentes, etc.) que garantam um
7
Para cuidar é preciso antes de tudo estar comprometido com o outro, com
sua singularidade, ser solidário com suas necessidades, confiando em suas
capacidades. Disso depende a construção de um vínculo entre quem cuida
e quem é cuidado. (RCNEI, vol. I, 1998, p. 25)
Assim, para os educadores, não deve haver diferença entre educar e cuidar,
pois todos sabem da importância da educação como instrumento de construção do
8
5. METODOLOGIA
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
a ser e conviver consigo mesmo, com o seu semelhante, com o ambiente que a
cerca de maneira articulada e gradual?
13
REFERÊNCIAS
CERISARA, Ana Beatriz. Educação Infantil pós LDB: rumos e desafios. Editora
Autores Associados, 1999.
OLIVEIRA, Zilma de Moraes. Creches: crianças, faz de conta & cia. Petrópolis: Ed.
Vozes, 1992.