A construção da educação infantil percorreu um longo caminho repleto de desafios e
obstáculos. No entanto, ao longo do tempo, esse processo tornou-se viável, progredindo constantemente e estabelecendo-se como um alicerce fundamental para as fases posteriores da educação. A criança pequena, anteriormente considerada de pouca relevância, passou a ser valorizada. A trajetória da construção da educação infantil teve origem na necessidade das famílias da época, que viam as mulheres migrarem para trabalhar em residências como parte do êxodo rural. No entanto, esse cenário inicial não garantia qualidade nem excelência no atendimento às crianças; apenas assegurava sua integridade física e nutricional. Embora existisse um espaço de atendimento, a criança permanecia em grande parte negligenciada, recebendo apenas o mínimo essencial para sua subsistência e para atender às necessidades imediatas das famílias. Somente com o acesso à educação e à leitura é que a sociedade começou a desenvolver uma abordagem afetiva em relação às crianças. Isso gerou uma nova perspectiva crítica quanto ao cuidado e às necessidades reais das crianças, resultando em pesquisas e estudos voltados para essa nova visão. A evolução desse pensamento culminou na elaboração de leis que garantem o cuidado adequado às crianças, com um foco crescente em suas particularidades e necessidades individuais. Como resultado, a educação infantil progrediu de uma mera provisão de cuidados básicos para um ambiente que valoriza o desenvolvimento integral da criança, marcando assim uma transformação significativa ao longo desse percurso.
O presente trabalho, traz a trajetória da história da educação infantil
desde as velhas primícias até a atualidade, onde as crianças são protagonistas, sujeitos históricos e de direito. É importante ter conhecimento, avaliar, observar e acompanhar as mudanças rumo a construção de uma educação infantil voltada para o respeito a criança que carrega um mundo consigo, cuidando e educando de acordo com as especificidades de cada faixa etária. Para que isso acontecesse, houveram mudanças na sociedade que contribuíram para que esse caminho fosse construído. Estudos, leituras e pesquisas foram essenciais para o processo de desenvolvimento em que a criança passa de nula a protagonista. Vivian de Sousa Oliveira, créditos. 2. ARTIGO CIENTÍFICO
Anteriormente, no contexto histórico brasileiro, a infância era subjugada,
relegando as crianças ao status de sujeitos desprovidos de agência, destituídos do direito à expressão, escolha e interpretação. Eram concebidas como seres análogos aos adultos em pequena escala, meros recetáculos de ideias, desprovidos do direito às suas próprias vontades e capacidades intelectuais, coexistindo dentro do seio de suas famílias. Nesse período pretérito, negligenciava-se os cuidados nos períodos pré e pós-natal, as condições higiênicas eram precárias, inexistia o saneamento básico, fatores estes que concorriam para as elevadas taxas de mortalidade infantil. As dinâmicas familiares careciam do peculiar olhar afetivo e da atenção voltada às crianças, relegando-lhes tratamento equiparado ao dispensado aos adultos, inclusive no vestuário.
Durante o intervalo compreendido entre os séculos V e XV, a instituição
eclesiástica detinha o monopólio do conhecimento, sendo este seletivamente compartilhado com a elite, visando a manutenção do controle sobre a sociedade.
No século XVI, emergiu a concepção da pureza infantil, estabelecendo a
premissa de que as crianças deveriam ser educadas para a internalização da moralidade, a fim de facilitar uma coexistência harmoniosa na sociedade. Foi nesse contexto que as primeiras instituições educacionais e internatos surgiram, proporcionando um ambiente onde crianças de diferentes idades conviviam sob a supervisão eclesiástica, sem segregação por grupos etários específicos.
No século XVIII, a eclosão da Revolução Industrial desencadeou
transformações significativas na estrutura social. Com a entrada das mulheres no mercado de trabalho, principalmente nas fábricas, surgiram novas dinâmicas familiares. Diante dessa mudança, a preocupação com a segurança física e o bem-estar nutricional das crianças ganhou destaque, uma vez que as mães se viam impossibilitadas de cumprir integralmente seu papel tradicional de cuidadoras. Em resposta a essa necessidade, a sociedade começou a articular a criação de instituições educacionais destinadas a atender às demandas das famílias operárias. A Revolução Industrial não apenas catalisou essas mudanças, mas também contribuiu para a disseminação do conhecimento por meio da inovação tecnológica, como a prensa tipográfica, expandindo assim as perspectivas educacionais e instigando o interesse em proporcionar acesso à educação às camadas mais jovens da população. A crescente necessidade das instituições escolares em exercer controle e assumir a responsabilidade sobre as decisões relativas ao comportamento e à formação das crianças tem se tornado cada vez mais evidente. Nesse contexto, as escolas frequentemente aplicam medidas punitivas quando julgam pertinente fazê-lo. A promoção do acesso à leitura desempenha um papel fundamental no desenvolvimento da capacidade crítica na sociedade, instigando os indivíduos a reavaliarem as práticas punitivas empregadas pelas instituições educacionais.
A trajetória da educação infantil no Brasil tem suas raízes no século XX,
impulsionada pelo fenômeno do êxodo rural. A transição das famílias para um cenário em que as mães também passaram a trabalhar fora do lar gerou a demanda por estruturas que proporcionassem cuidado e amparo aos filhos durante essas horas.
É nesse contexto que emergem as primeiras instituições voltadas para a
educação infantil, conhecidas à época como "asilos", cujo propósito primordial era prover atenção física e nutricional, caracterizando-se, assim, por um enfoque assistencialista. Consequentemente, as creches passaram a ser percebidas como instâncias de assistência ou filantropia, muitas vezes associadas somente às famílias menos privilegiadas economicamente.
“Instituições apenas às crianças pobres das mães que
trabalham em suas fábricas.” Farias 2005.
A participação crescente da mulher no mercado de trabalho tem gerado
debates significativos, culminando na formulação de legislações pioneiras. A Lei 4.024/1961 representa um marco nesse contexto. Em seu Artigo 23, a referida lei estabeleceu o direito de acesso à educação pré-primária para crianças menores de 7 anos. Além disso, o Artigo 24 dessa legislação incentivava ativamente as empresas a instituírem escolas pré-primárias (BRASIL, 1961).
No âmbito da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)
5.692/1971, foram estabelecidos sistemas de ensino que contemplavam a oferta de educação em escolas maternais e jardins de infância para crianças com idade inferior a 7 anos (1971). Essa legislação marcou o início do reconhecimento das faixas etárias e das necessidades das crianças, impulsionando a busca por uma educação adequada. No ano de 1988, com a promulgação da Constituição Federal, foram introduzidas garantias e direitos fundamentais para as crianças, abrangendo aspectos como vida, saúde, educação, alimentação, lazer e profissionalização, entre outros, conforme disposto no Capítulo VII, Artigo 227. Essa evolução normativa foi sucedida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) de 1990, que reforçou a importância do atendimento em creches e pré-escolas, alinhando-se com as diretrizes constitucionais. Gradualmente, a abordagem assistencialista das creches cedeu espaço à concepção de educação infantil, em que os cuidados passaram a coexistir com o processo educativo.
Em 1996, a educação infantil deu lugar ao conceito de desenvolvimento
integral da criança, marcando a primeira etapa da educação básica. Nesse contexto, os termos "pré-escola" e "creche" foram redefinidos, desafiando a percepção preconceituosa que a sociedade havia construído anteriormente, quando o atendimento era predominantemente visto como assistencial.
Em etapas posteriores, surgiram os Referenciais Curriculares Nacionais
para a Educação Infantil em 1998 e, posteriormente, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil em 2010. Esses documentos conferiram garantias às necessidades específicas das diferentes faixas etárias, orientaram a atuação do professor ao integrar os aspectos de cuidado e educação, além de assegurarem o direito à brincadeira como parte essencial do processo.
A Base Nacional Comum Curricular, elaborada em 2017, apresentou-se
como um marco normativo que consolida a indissociabilidade entre educar e cuidar na Educação Infantil. Reconhecendo a criança como protagonista e sujeito histórico detentor de direitos, a creche assumiu o papel de espaço dedicado tanto ao cuidado quanto à educação, configurando a criança como protagonista desta trajetória. 3. REFERÊNCIAS
1. Orientações Curriculares para a Educação Infantil da Rede Municipal de Maceió;
2. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil – Introdução – Pagina 63 –
Volume 1;
3. Gostar de Aprender;
4. BRASIL. Ministério da Educação / Conselho Nacional de Educação / Camara de
Educação Básica. Resolução n° 5, de 17 de Dezembro de 2009. Fixas as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília. 2009;
5. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil / Ministério da
Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Concepções e Orientações Curriculares para Educação Básica. Coordenação Geral de Educação Infantil / Brasília. 2010;
6. História da Educação Infantil / PGF Concursos. Professora Jessica Ferraz.