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AS RELAÇÕES FAMÍLIA-CRECHE

Nanci Soares

1. Introdução

O presente artigo é resultado de uma pesquisa intitulada “As relações mãe-creche-


criança: os vínculos afetivos”. O estudo abordou a questão dos relacionamentos entre mães
usuárias e um serviço especializado no atendimento de crianças convalescentes.
Em suas primeiras experiências, as creches 1 tinham a função de combate à pobreza e à
mortalidade infantil, sendo seu objetivo acolher e atender os filhos de famílias com
dificuldades econômicas, quando a mãe tinha que trabalhar, e também atendia crianças
desamparadas de lares desestruturados.

As creches surgiram como equipamento institucional durante o século XIX


nos países europeus e norte-americanos. No Brasil, as primeiras
organizações desse tipo foram criadas no início do século XX,
“acompanhando a estruturação do capitalismo, a crescente urbanização e a
necessidade de reprodução da força de trabalho composta por seres capazes,
nutridos, higiênicos e sem doenças”. (Haddad, 1993, p.24).

Cabia às creches  em sua quase totalidade criadas e mantidas por instituições

filantrópicas  “guardar” a criança, e ao mesmo tempo aconselhar as mães sobre os cuidados


que deveriam ter com os filhos, reforçando o lugar da mulher no lar, junto ao marido e à
prole.
Assim, em sua fase inicial as creches pretendiam evitar e prevenir a desorganização
familiar, procurando também fornecer às mães, os princípios morais, econômicos e
higiênicos, sobre a maternagem, conhecidos na época.
Para Haddad,

a existência de creches só se justificava para atender a necessidade de


mulheres viúvas ou abandonadas, que tinham de trabalhar por não terem

1 O termo creche vem da língua francesa, onde também significa presépio. Segundo Civiletti (apud Gera, 1994),
nos primórdios, as creches atendiam crianças de zero a dois anos, e as de dois a sete anos, eram atendidas pelas
chamadas “salas de asilo”. Segundo Oliveira e Rossetti Ferreira (1989, p.29), “na maioria dos países
desenvolvidos, a creche é concebida como instituição que atende crianças de até três ou quatro anos de idade,
possivelmente porque o atendimento ao pré-escolar de quatro a seis anos já está inserido no sistema
educacional mais amplo. No caso das creches brasileiras, estas atendem em geral a população de zero a sete
anos de idade”.
outra alternativa, ou atender filhos de mulheres julgadas incompetentes
(1993, p.25).

Desta forma, as creches estabeleciam com as mães, apenas uma relação de favor, não
cabendo a elas liberar a mulher de suas funções domésticas ou criar condições para que ela
ingressasse no mundo do trabalho. Isso só veio a ocorrer bem mais tarde.
Esta forma de conceber as creches perdurou até a década de 20 deste século, quando
em decorrência da industrialização e com a participação da mulher no mercado de trabalho,
foram criadas várias creches junto às fábricas, em atendimento às reinvidicações dos
operários. No entanto, este movimento não se expandiu e a maioria das creches continuou a
cargo de instituições filantrópicas.
Em 1943 surgiu a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a qual determinou que as
empresas com mais de trinta funcionárias com idade superior a dezesseis anos, deveriam
manter local apropriado onde fosse permitido às funcionárias-mães deixar seus filhos durante
o período de amamentação, local este onde os bebês teriam vigilância e assistência. A referida
legislação diz no Artigo 400:

Os locais destinados à guarda dos filhos das operárias durante o período da


amamentação deverão possuir, no mínimo, um berçário, uma saleta de
amamentação, uma cozinha dietética e uma instalação sanitária. (CLT, 1992,
p.142).

Infere-se daí que as creches deveriam receber as mães várias vezes ao dia quando da
amamentação de seus filhos, o que facilitaria o contato mãe-filho e resultaria em alguma
forma de relação família-creche. Porém, essa legislação nunca foi efetivamente cumprida.
Por volta de 1950 chegaram às creches estudos psicológicos calcados na corrente
psicanalítica, que dá importância à primeira infância e que considera a relação da criança com
sua mãe, como fonte subjacente de seu desenvolvimento emocional e das outras relações
sociais. A institucionalização foi questionada, pois privava a criança dos cuidados maternos 2,
o que acarretaria sérios prejuízos a seu desenvolvimento físico, mental, afetivo e social.
Discursos baseados sobretudo nos estudos de John Bowlby (1982) sobre carência dos
cuidados maternos e de René Spitz (1979) sobre depressão anaclítica e hospitalismo,
procuravam demonstrar que a ausência da relação afetiva mãe-criança, em determinado
momento da infância, causava danos irreversíveis, podendo produzir personalidades
delinqüentes e psicopatas.

2 Por influência do período higienista, na França, até 1975 os pais não podiam visitar seus filhos,
conforme regulamento médico.
Com estes estudos a creche passa a dar importância ao aspecto afetivo do
desenvolvimento da criança, valorizando o contato físico e o carinho, reavaliando a “razão
adulto-criança” e o perfil do profissional que trabalha diretamente com ela, sendo as
enfermeiras substituídas por pajens e atendentes infantis.
A partir daí surge nas creches o modelo de cuidado substitutivo da mãe.

Substituir a mãe significa ainda uma atenção especial a cada criança. Neste
particular fez-se necessário repensar a razão adultos-criança considerando
ainda que quanto menores as crianças, maior número de adultos seria
necessário. (GERA, 1994, p.27).

Data desta época o surgimento da questão sobre a rivalidade mãe-creche. As pajens ao


assumirem o “papel” de mãe passaram a ser comparadas com as mães, o que resultou no
surgimento da rivalidade entre elas e em conseqüência na desvalorização da profissional pela
família. As mães passaram a ver as atendentes não apenas como “inferiores” a elas mas como
rivais quanto ao afeto da criança. Ao mesmo tempo, sentiam-se culpadas por não cuidarem
dos filhos, dividindo-os muitas vezes com uma desconhecida.
Alguns estudos sobre a história da creche mostram que o final da década de 60 e o
início da de 70, corresponde, em vários países, a uma nova fase de expansão das creches,
inclusive com revisão de seu significado. A partir dessa época as creches começaram a
contratação de novas categorias profissionais como professores, recreacionistas, psicólogos e
pedagogos (GERA, 1994).
Na década de 60 os pedagogos influíram nas creches, através das chamadas teorias de
privação cultural. A creche passou a ser vista como lugar privilegiado que deveria compensar
deficiências bio-psico-culturais apresentadas pelas crianças pertencentes a famílias
desprivilegiadas culturalmente, o que não raro, colocava essas famílias em situação de
incompetência e de inferioridade frente aos próprios filhos. Na creche as crianças “aprendiam
o que elas próprias (as mães) não sabiam e que por isso não tinham condições de partilhar
com a criança” (WITTER et al., 1975, p.169).
No Brasil, a partir do golpe militar de 1964, o Estado passou a estimular a criação de
redes públicas de creches. Era uma resposta ao movimento de luta das mulheres por creches.
Elas reivindicavam o direito da assistência pública às crianças abaixo do nível escolar.
As creches foram aumentando, assim como as reais necessidades vividas por mães
trabalhadoras, o que resultou na reformulação do conceito de creche, que passou a ser um
direito da mãe e da criança. Para Motta (1989, p.43),“hoje, o equipamento creche é reclamado
como uma questão política e não mais como mera concessão 3”.
Segundo a referida autora a concepção de creche puramente assistencialista passou a
ser revestida de uma postura e uma linguagem tecnicista, utilizando-se de conceitos
provenientes da educação, da psicologia, da sociologia, da saúde, etc. Substituiu-se a ênfase à
atenção biológica pela preocupação sócio-cultural. Antes, era preciso resgatar as crianças de
um meio carente; agora, se elaboravam e se executavam programas educacionais visando
oferecer às crianças estímulos adequados, visando o seu desenvolvimento integral.

A vertende psicopedagógica fez o atendimento caminhar em duas direções.


Uma orientada para a criança até quatro anos cuja preocupação continua
sendo a higiene, a alimentação e o afeto onde o atendimento é feito por
pessoal menos qualificado e a outra a “educacional”, ligada à faixa etária de
quatro a seis anos, entregue à ação de profissionais com formação
pedagógica, envolvendo experiências formais de escolarização, cujo objetivo
é evitar problemas na escola de 1º grau. Há uma preocupação educacional
mais efetiva no sentido de “ensinar”, dar “atividades”, ou seja preparar de
alguma forma a escolarização (GERA, 1994, p.31).

Mais recentemente, começa-se a aceitar a idéia de que as creches devem se constituir


num espaço favorável ao desenvolvimento da criança, em todos os aspectos do
desenvolvimento e ao mesmo tempo numa forma de apoio às famílias, quando a mãe por
necessidade econômica ou pelo desejo de um engajamento profissional sai do lar para
trabalhar.
Nesta perspectiva, a creche tenta contribuir para que haja a conciliação das funções
reprodutiva e produtiva da mulher. Há várias discussões com relação à função materna da
mulher e à sua função de trabalhadora. A creche se apresenta como alternativa conciliatória
para esta questão, por ser um local diverso do lar, que por sua natureza não deve pretender
substituir a família ou sobrepor-se a ela.
Autores como Campos (apud Rosemberg, 1989), Motta (1993) e Haddad (1993),
referenciam que por atuar desde sua origem num campo que não lhe era legítimo, a existência
da creche tem se justificado ainda hoje como um paliativo, não se configurando em muitos

3A Constituição de 1988 reconhece direitos específicos da criança e a sua educação como dever do
Estado.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) diz no artigo 4º – “É dever da família, da comunidade,
da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos
direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária”.
casos como instituição permanente, que deve ter compromisso com um trabalho de qualidade.
Talvez por isso a imagem que a sociedade criou da creche seja ruim.
Para Haddad (1993) a relação entre a creche e as famílias caracteriza-se pela distância,
não existindo uma interação propriamente dita de troca, de reconhecimento de uma pela outra.
Oliveira e Rossetti Ferreira (in Rosemberg, 1989) concluíram que a participação das
famílias na creche inexiste ou é bastante precária. As referidas pesquisadoras estudando três
creches da Prefeitura de São Paulo mostraram que em uma Creche Direta4 a participação das
famílias ocorria por meio de reuniões (uma por mês). O trabalho com os pais era falho. Na
segunda creche que compôs o estudo, uma Creche Conveniada, a participação das famílias
se dava através da colaboração que prestavam em festas tradicionais (natal, juninas e outras),
que visavam angariar fundos, não havendo reuniões formais com as famílias. Na terceira, uma
Creche Indireta, “as mães participavam do atendimento para aprenderem a lidar com seu
próprio filho” (Oliveira e Rossetti Ferreira, apud Rosemberg, 1989, p.71). Também ali elas
contribuíam na limpeza, observavam a relação professora-criança, colaboravam na
organização da horta e do jardim. Havia um trabalho assistencial com as famílias, por meio de
distribuição de gêneros alimentícios, tendo em vista a necessidade das mesmas. Era feita uma
reunião mensal com os responsáveis pela criança, com o objetivo de fornecer orientações
ocasionais sobre higiene, ordem e limpeza, não parecendo haver priorização de temas ligados
à educação dos filhos.
Outra razão de distanciamento entre família e creche, decorre do fato de várias
instituições possuírem padrão de recursos bem diferente daquele que as famílias podem
oferecer, como alimentação boa, nutricionalmente balanceada, cuidados higiênicos
satisfatórios, funcionários capacitados para os cuidados das crianças. Ao se depararem com
todos esses recursos que dificilmente podem oferecer, os pais tendem a se afastar deixando
todo o trabalho (cuidado, educação, etc.) para a instituição. Essas famílias passam para a
creche a responsabilidade pelos seus filhos, o que significa uma perda para as crianças, pois a
família tem um papel importante na socialização e no desenvolvimento das mesmas.
Por outro lado, há casos onde os funcionários se sentem mais capazes que as mães
para atenderem as necessidades da criança, dificultando a aproximação das famílias, não
permitindo sua participação nos problemas, decisões e atividades da creche.

4 Creche Direta – construída, gerida e mantida pelo Estado. Creche Indireta – construída e mantida
pelo Estado, mas gerida por entidade particular. Creche conveniada – subvencionada pelo Estado,
mas gerida por entidades particulares, em prédio e instalações de sua responsabilidade.
Quando a creche assume o papel de reproduzir a imagem idealizada de boa mãe, afasta
a família ainda mais. Para Haddad (1987b, p.4) a creche que desempenha este papel não é
uma alternativa viável e positiva para a família, nem para a criança, nem para a sociedade. Ela
fala sobre sua experiência:

Percebemos que no esforço de reproduzir a imagem idealizada de boa mãe, a


qualquer preço, nós mantínhamos as famílias afastadas da creche e
cobrávamos por essa ausência. Dessa maneira, pudemos compreender os
sentimentos de ciúmes, raiva, culpa, impotência e incompetência que as
mães desenvolviam na sua relação com a creche. Esses sentimentos
afloravam com maior intensidade quando passaram a conviver com o fato de
uma outra pessoa, estar tentando substituí-las, e, ainda, com recursos que
elas nem sempre podiam oferecer aos filhos, ou seja, a boa alimentação, os
amiguinhos, os bons cuidados, os espaços, etc.
O esforço de reproduzir o modelo materno nada mais era do que uma
verdadeira produção de sentimento de incompetência no pessoal que cuidava
diretamente da criança.

Vitória (1992) acrescenta que a creche, preocupada com a qualidade do atendimento à


criança, vê-se obrigada muitas vezes a não atender as necessidades das famílias. Restrições
quanto ao horário de entrada e de saída das crianças por exemplo, desencadeiam algumas
dificuldades para as famílias.
Motta (1989) observou em várias creches a questão da relação mãe-creche, e verificou
que em todas havia uma implicância mútua entre mães e funcionárias, que parecia eterna,
permeadas por desconfiança, ciúme, hostilidade e competição. Também em todas as
instituições, o diretor ocupava o difícil e desafiante papel de mediador dessa relação
conflitante.
Um ponto a ser destacado em estudos sobre o tema é a insatisfação de ambos os lados,
com a higiene e a saúde das crianças. A creche reclama que as crianças chegam sujas, com
piolho e a sacola incompleta. Crianças até 2, 3 anos saem à tarde e no dia seguinte voltam
com a mesma fralda. Muitas vezes as fezes atestam que comeram alimentos mal cozidos ou
impróprios para crianças pequenas.
Já as famílias reclamam que nas creches há perda de roupas, as crianças se machucam,
estão freqüentemente resfriadas; afirmam que os funcionários não cuidam delas como
deveriam e que a alimentação não é boa, etc.
Vitória (1992) afirma ser rara a família que não se preocupa quando um filho pequeno
(cerca de dois anos), leva marcas de mordidas para casa. Muitas famílias se mostram
apreensivas e mais atentas aos riscos de acidentes e às brigas do que com as possibilidades de
aprendizagem e desenvolvimento dos filhos.
As mães vigiam a creche o que causa revolta aos funcionários que se sentem irritados
com essa situação, e alegam serem injustas as reclamações. Por sua vez, também os
funcionários tentam controlar os comportamentos das mães, alegando que as mesmas não
reconhecem nem valorizam o trabalho da creche.
De um modo geral, a questão do ciúme continua presente entre mães e pajens. Muitas
crianças chamam as atendentes de mãe, preferem o colo das funcionárias na hora da saída e
essa situação é causa de atritos e mal entendidos. Vale ressaltar que algumas funcionárias têm
certo orgulho dessa situação e parecem entender que esse fato as coloca em posição de
“melhores mães” para a criança do que as mães verdadeiras. Para Codo e Mello (apud Codo e
Sampaio, 1995) a creche aparece hoje como a síntese mágica entre amor e ódio.
Por outro lado, Motta (1989) mostra que a criança gosta da creche e sente sua falta,
isto porque tem amiguinhos, brinquedos, e encontra quem cuida dela, sendo esta reação
comum aos filhos de mães de qualquer nível de renda.
Para Haddad (1987a), a creche é um contexto de relação diferente do familiar, de
função complementar à família e que pode enriquecer o universo de relações da criança. Ela
pode ser como um espaço social infantil, voltado para uma ação educativa em que a
ambientação, a rotina, e as relações que se estabelecem devem centrar-se no favorecimento da
ação construtiva das crianças.
Acreditamos que a creche deve cuidar da criança e constituir-se ao mesmo tempo, em
um espaço diverso do lar onde a mãe possa deixar seus filhos, dividindo a responsabilidade
dos cuidados e da educação dos mesmos. A sociedade mudou e a mulher no mundo atual
também está mudando; ela precisa ter uma nova compreensão do papel da creche, ter com ela
uma forma relacional de maior confiança, participando e contribuindo para garantir o
desenvolvimento de seus filhos e o seu próprio.

Na conciliação das funções reprodutiva e produtiva da mulher, desponta a


creche como espaço de integração dos direitos da criança e da mãe. Surge,
então, um ponto fundamental: é imprescindível existir um espaço para a
educação conjunta de ambos os elementos do binômio mãe-criança. Não
apenas a criança precisa ser educada; a mãe também necessita ter uma nova
compreensão, precisa se recriar, para enfrentar as contínuas mudanças que
ocorrem no ambiente em que vive (MOTA, 1989, p.46-7).

Assim entendida, a creche deve estar ligada às mudanças culturais das imagens da
mulher, do trabalho e do binômio mãe-criança, e da própria família.
2. Resultados da pesquisa

No que diz respeito às relações mãe-Berçário, a pesquisa mostrou que a internação de


um filho na instituição muda a visão que a mãe tem de creche (que de um modo geral não é
boa).
Ao contrário do conflito que grande parte das mães vive ao ter que colocar seus filhos
numa creche, o atendimento no Berçário Dona Nina é uma imposição médica, e não uma
escolha das mães. Certamente por esta razão, concordam com a determinação médica de
internação, e mais facilmente aceitam a separação pois é uma forma de recuperação da saúde
das crianças.
Assim, o Berçário é percebido como um lugar seguro, no sentido de oferecer boa
alimentação, higiene, medicamentos, cuidados médicos, enfim recursos que a maioria das
famílias não têm para dar a seus filhos (em alguns casos o Berçário é a opção capaz de evitar
que dêem os filhos a terceiros).
É interessante notar que em nenhum momento as mães fizeram referência à sua
própria preocupação com o desenvolvimento e com a educação de seus filhos quando
internados.
Outra questão com significativos resultados é a do relacionamento das mães com as
funcionárias. As mães consideram ter um bom relacionamento com as funcionárias, pajens e
atendentes, porém na visão da instituição a situação é interpretada de outra maneira. Existe a
queixa de que grande parte das mães entrega seus filhos aos cuidados do Berçário, mantendo-
se afastada, parecendo pouco se importar com a criança, demonstrando indiferença a ela e ao
que ocorre na instituição. Talvez por isso os dados coletados não permitiram verificar
situações manifestas de rivalidade e ciúme entre mães e pajens.
As pajens cuidam das crianças com carinho, gostam delas, sentem apego por elas e
ficam entristecidas com a separação quando as crianças voltam para seus lares. Parece que as
mães compreendem essa situação e temos visto com freqüência mães voltando ao Berçário a
fim de trazer o filho para “visitar a tia”.

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