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ADOLESCENTES E ADOLESCÊNCIAS
ELDER CERQUEIRA-SANTOS
OTHON CARDOSO DE MELO NETO
SÍLVIA H. KOLLER

O objetivo deste capítulo é levantar questões pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
sobre o adolescente e as adolescências vivi- como um período biológico, psicológico e
das na atualidade. Não cabe aqui definir ou ­social compreendido entre os 10 e os 19
conceitualizar, mas inquietar, instigar refle- anos (World Health Organization [WHO],
xões em todos os interessados sobre essa fase 2011). Esse critério cronológico também
cronológica do ciclo vital. O questionamen- tem sido adotado pelo Ministério da Saúde
to de tais conceituações parte da ideia básica do Brasil (Brasil, 2010a, 2010b) e pelo Ins-
de que a adolescência deve estar mais rela- tituto Brasileiro de Geografia e Estatística
cionada a uma fase social e psicológica do (IBGE, 1997). Já para o Estatuto da Criança
ciclo vital do que propriamente vinculada e do Adolescente (ECA), o período da ado-
e definida por idades numéricas. Os aspec- lescência compreende dos 12 aos 18 anos
tos contextuais sobre o surgimento da ado- (Brasil, 1990). Tais tentativas de definição
lescência na psicologia e a sua inserção nos apenas estabelecem parâmetros numéricos
estudos da psicologia do desenvolvimento, específicos, afinal, o ciclo vital do ser huma-
especialmente com temas polêmicos, como no está em constante processo de mudança,
a precocidade do desenvolvimento biológico independentemente da idade que a pessoa
e da iniciação sexual, são desafios teórico- tenha. Isso fragiliza o estabelecimento de
-práticos para psicólogos e outros profissio- um limite desenvolvimental por ter como
nais que trabalham com adolescentes. base apenas um parâmetro etário.
No Brasil, a população adolescente
tem cerca de 35 milhões de representantes
QUEM SÃO OS ADOLESCENTES? (IBGE, 1997). No mundo, existe aproxi-
O QUE É A ADOLESCÊNCIA? madamente 1 bilhão de pessoas nessa faixa
etária, representando mais ou menos 20%
O ciclo vital humano é composto por fa- da população de todo o planeta (Nery,
ses, como infância (período gestacional, Mendonça, Gomes, Fernandes, & Oliveira,
primeira infância, segunda infância); ado- 2011). Por representar uma parcela volu-
lescência (puberdade, adolescência média mosa da população e apresentar especifi-
e final); adultez (jovem, maduro e final) e cidades, a psicologia também tem se dedi-
velhice. A adolescência tem sido definida cado a aprimorar a qualidade dos conheci-

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mentos e de trabalhos profissionais para o tins, Trindade, & Almeida, 2003; Santos,
público adolescente. Inúmeras publicações 2005). Mais recentemente, Arnett (2004,
têm sido produzidas para proporcionar à 2006) propôs o construto “adultez emergen-
sociedade um saber mais técnico sobre a te”, como uma fase do desenvolvimento no
adolescência, fornecendo ferramentas para final da adolescência caracterizada pela ex-
que os interessados possam lidar de modo ploração da identidade, pela instabilidade,
mais eficaz com as questões relacionadas pelo autofocus, pela vivência do sentimento
a esse período de suas vidas e aqueles com de “in-between” (“estar entre”) e pela per-
os quais se relacionam em seus contextos cepção de inúmeras possibilidades.
e histórias (ver, p. ex., Dell’Aglio e Koller Durante muito tempo, a adolescência
[2011] e Libório e Koller [2009]). foi concebida como uma etapa natural do
As mudanças biológicas do período desenvolvimento, tendo um caráter univer-
inicial da adolescência, denominado pu- sal e abstrato. Em uma síntese de estudos
berdade, são universais e visíveis, alterando sobre a adolescência, Aguiar, Bock e Ozella
características como altura, forma e desen- (2002) reafirmaram a importância de diver-
volvimento sexual, os quais levam os jovens sas abordagens, ressaltando as mudanças
para o que é esperado na idade adulta. No históricas e as diferentes perspectivas em
entanto, os critérios que definem essa etapa psicologia sobre a adolescência. Segundo os
vão além do desenvolvimento físico visível autores, desde o início do século passado,
e estão claramente relacionados a aspectos Stanley Hall, considerado o “pai” da psico-
sociopsicológicos. Durante muito tempo, a logia da adolescência, já afirmava que essa
psicologia descreveu a adolescência como etapa da vida dos seres humanos (descrita
um período de mudanças corporais desde por eles como na faixa dos 12 aos 25 anos)
a puberdade até a idade em que a pessoa era marcada por tormentos e conturbações.
alcançava a inserção social, profissional e Tais inquietações estariam vinculadas à
econômica na sociedade adulta (Formigli, emergência da sexualidade.
Costa, & Porto, 2000). São dois critérios dis- Segundo Sprinthall e Collins (2003),
tintos para definir o começo (biológico) e o Stanley Hall considerou a adolescência
final de uma fase da vida humana (social) como um novo nascimento, um período
e que, certamente, não se configuram uni- dramático marcado por fortes conflitos e
versalmente. A conpreensão da adolescên­ tensões; ele propunha que a adolescência
cia não se restringe a esses aspectos e deve era um estágio no qual cada pessoa expe-
considerar as diferentes culturas. rimentava todas as etapas anteriores de seu
A adolescência, em primeira análise, desenvolvimento pela segunda vez. Ou seja,
apresenta-se vinculada à idade, à biologia, adolescentes experimentariam de novo a
ao estado e à capacidade do corpo (Santos, infância, mas em um nível mais complexo.
2005). Essas mudanças, entretanto, não Diversos autores além de Hall, como
transformam, por si sós, a pessoa em um Sprinthall e Collins (2003) e, no Brasil, Cam-
adulto. São necessárias outras transforma- pos (1987) e Pfromm Neto (1976) fortale-
ções para alcançar a maturidade (Berger & ceram a concepção de fase conturbada, des-
Thompson, 1997) – mudanças e adaptações crevendo-a como universal para a sociedade
que conduzem os indivíduos para a vida ocidental. Essa foi uma perspectiva assimilada
adulta (Araújo & Costa, 2009). Dessas mu- como natural pela sociedade e pelos meios de
danças, fazem parte as alterações cognitivas, comunicação social e reafirmada pela Psico-
sociais e de perspectiva sobre a vida (Mar- logia tradicional (Aguiar et al., 2002).

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Inerente ao desenvolvimento huma- mento na adolescência. Nenhum dos extre-


no, a adolescência não foi só naturalizada, mos apresentará consequências favoráveis
mas também percebida como uma fase para o acompanhamento, o atendimento
difícil do desenvolvimento, algumas vezes ou a simples convivência com a pessoa em
sendo até mesmo definida como semipato- questão. Clímaco (1991) apresentou alguns
lógica e carregada de conflitos “naturais”, riscos de se adotar tal visão de crise e seu
ou seja, um período de crise e desequilíbrio consequente desequilíbrio. O primeiro se-
(Bock, 2007). Certamente, essa não deve ria rotular de patológicos aqueles adoles-
ser uma descrição assumida sem questiona- centes “não rebeldes” ou que não aparen-
mentos. Há adolescências e adolescências, tem as dificuldades contidas no que alguns
e as conturbações, as tempestades e os tor- teóricos chamam de síndrome normal da
mentos não são e não devem ser regra geral adolescência (Aberastury & Knobel, 1992).
para pessoas nessa faixa etária. O segundo risco seria o fato de que, ao se
A cultura tem aparecido como um considerar saudável uma pessoa que está
“molde” da expressão de uma adolescência apresentando comportamentos não habi-
naturalizada pela pressão recebida no con- tuais, apenas descrevendo-a como adoles-
texto de desenvolvimento atual ocidenta- cente, é possível que problemas sérios não
lizado e globalizado. Os adolescentes têm sejam reconhecidos como tal. Dessa forma,
sido cada vez mais definidos por suas carac- algumas alterações de comportamento que
terísticas sociais e econômicas e menos por surjam nessa fase podem ser minimizadas.
sua aparência ou seu funcionamento físico Para Aguiar e colaboradores (2002, p.
e hormonal. Como apontou Bock (2007), 165), ao supor uma igualdade de oportuni-
as dificuldades, os desafios e o tempo para dades entre todos os adolescentes,
ingressar no mundo do trabalho submetem
as pessoas a uma moratória, que estabelece [...] a Psicologia que se encontra nos
novos determinantes históricos para a ado- manuais de Psicologia do Desenvol-
vimento dissimula, oculta e legitima
lescência e o questionamento de seu caráter as desigualdades presentes nas rela-
universal, biológico e natural. ções sociais, situa a responsabilidade
Portanto, como cabe aos profissionais de suas ações no próprio jovem: se
da psicologia e a todos aqueles que convi- ideologiza [...].
vem com pessoas na chamada fase vital da
adolescência, é necessário despojar-se da É possível apontar também como um
visão preconceituosa incrustada de que se elemento importante de crítica o fato de a
trata de um período conturbado, crítico e adolescência, para a psicologia, estar funda-
violento. A psicologia precisa revisar essa mentada em um único ícone, como apon-
perspectiva, pois ela pode representar ris- tou Santos (1996): “homem-branco-bur-
cos potenciais. Na verdade, esses riscos têm guês-racional-ocidental”, europeu ou nor-
duas faces, ou seja, se a pessoa tem entre 10 te-americano. Os estudos, em grande parte,
e 25 anos e está atravessando algum desa- são feitos a partir desse modelo, sem buscar
fio psicológico ou social, deve ser definida em outros grupos suas próprias idiossincra-
como adolescente e apenas encarada como sias. Em uma análise das características de
tal. Em contrapartida, se a pessoa está nessa uma amostra nas revistas mais influentes
faixa etária e não apresenta nenhuma tem- em seis subdisciplinas de psicologia de 2003
pestade e tormenta em sua vida, não pode a 2007, 96% dos participantes da pesquisa
ser encarada como um ser em desenvolvi- eram de países ocidentais industrializados,

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sendo 68% dos Estados Unidos (Arnett, ejaculação e início da menstruação (me-
2008). Isso significa que 96% dos partici- narca) – ajudam a visualizar fisicamente o
pantes da pesquisa eram de países com ape- início da adolescência (puberdade). No en-
nas 12% da população do mundo. Ociden- tanto, delimitar o término dessa fase é uma
tais, educados, amostras industrializadas, tarefa difícil, sobretudo pela falta de mar-
ricos e democráticos, em que a maior parte cadores físicos visíveis que identifiquem a
das pesquisas psicológicas tem sido reali- passagem para a idade adulta e que possam
zada, podem ser discrepantes com relação abranger de maneira satisfatória a popula-
a uma série de características psicológicas ção dessa faixa etária.
quando comparadas com amostras diversas Dessa forma, a ciência que procura
de todo o mundo, tornando potencialmen- sempre dimensões críticas para fazer suas
te impreciso tirar conclusões universais definições, procura meios de suprir a ausên-
sobre o comportamento, a motivação e ou- cia de parâmetros globais, focando em as-
tros aspectos do funcionamento psicológi- pectos sócio-psicológicos, como a forma de
co com base em estudos que usam amostras pensar e agir, e no desempenho dos papéis
limitadas (Henrich, Heine, & Norenzayan, sociais, afetivos e econômicos. Obviamen-
2010). Além de expandir a base de partici- te, as transformações físicas, emocionais e
pantes para que seja mais representativa da sociais provocam mudanças importantes
população mundial, os profissionais que nas relações dos adolescentes com suas fa-
trabalham com adolescentes devem se tor- mílias, seus amigos e seus companheiros,
nar sensíveis ao valor de compreender no- bem como na maneira como eles próprios
vas questões de pesquisa que podem surgir se percebem como seres humanos.
a partir de diferentes origens culturais em
todo o mundo.
A psicologia, portanto, precisa avan- SER ADOLESCENTE AO LONGO
çar com posições e pesquisas críticas, sub- DA HISTÓRIA DA PSICOLOGIA
sidiando políticas adequadas para a ado-
lescência. A conceituação da adolescência, A ideia de que a adolescência é uma fase
como se observa, não é fácil. Há muito, qualitativamente diferente da infância e da
diversos estudos são feitos sem que seja idade adulta tem sua origem já na Antigui-
apresentada uma nova versão ou concei- dade Greco-romana (Aguiar et al., 2002).
tuação de adolescência capaz de superar A base sociopolítica dessa diferenciação só
a visão naturalizante. Adolescere é uma surgiu, no entanto, com a transformação
palavra latina que significa crescer, desen- das estruturas sociais nos fins do século XIX
volver-se, tornar-se jovem. O Dicionário que permitiram que os adolescentes fossem
Houaiss da Língua Portuguesa (Houaiss, retirados do mercado de trabalho para fre-
2000, p. 24), por exemplo, define que a pa- quentarem a escola e outras instituições
lavra “adolescência” significa “[...] crescer educacionais. Com o tempo, a adolescên-
até a maturidade, resultando em transfor- cia passou a representar, para a sociedade,
mações de ordem social, psicológica e fi- o início do processo de distanciamento de
siológica [...]”. comportamentos e privilégios típicos da
As mudanças biológicas – como alte- infância, bem como a aquisição de caracte-
ração da voz e da estatura, crescimento de rísticas e competências que capacitem essas
pelos, seios, pênis e testículos, pomo-de- pessoas a assumirem os deveres e papéis so-
-adão, alargamento dos quadris, primeira ciais de adulto (Felício, 2010).

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Na contramão da indefinição con- fiavam a definição de adolescência. Ele


ceitual, a adolescência tem sido definida ao comparou os resultados obtidos em testes
longo da história da psicologia em termos de projetivos aplicados em jovens indígenas
processos psicológicos e fisiológicos, princi- Otomis, do México, com os de adolescentes
palmente pela dificuldade que há no empre- criados em sociedades capitalistas ociden-
go de outros elementos como parâmetros. tais. Os dados mostraram que havia dife-
Ao que parece, sempre houve consenso de rença significativa nas características psico-
que a adolescência começaria com as reações lógicas entre eles. O fato de haver socieda-
psicológicas da pessoa em desenvolvimento des nas quais a passagem da infância para
às suas mudanças físicas, que caracterizam a a idade adulta ocorre de modo “tranquilo”
fase da puberdade, e se prolongaria até uma não significaria, portanto, que tal transição
razoável resolução de sua identidade pessoal. fosse calma e sem problemas. Pfromm Neto
Os processos de maturação sexual, formação (1976) constatou, com base na análise do
de identidade de gênero, identidade sexual, estudo de Newman, que
entre outros, variam para cada pessoa e se
expressam no contexto no qual o indivíduo [...] havia indícios de que a comple-
se desenvolve. Portanto, essa constatação só xidade do processo de preparação
reforça a dificuldade em estabelecer frontei- para a vida adulta nas sociedades
ras psicológicas claras sobre o que é a adoles- adiantadas, o acúmulo de exigências
a serem satisfeitas pelos adolescentes
cência (Campos, 2002). e a fluidez, a intranquilidade e as in-
Adotando um enfoque mais sociocul- certezas do mundo no qual devem
tural e menos biológico, Muuss (1969) afir- viver são fatores que tendem a fazer
mou que, sociologicamente, a adolescência da adolescência, em sociedades oci-
seria o período de transição da dependência dentais, um período marcado por
infantil para a autossuficiência adulta. Esse confusão pessoal, tensões e proble-
período configura-se, do ponto de vista psi- mas. Existem, naturalmente, varia-
ções individuais­. Tanto a cultura, de
cológico, uma “situação marginal”, na qual modo geral, como os pais, em parti-
novos ajustes, que diferenciam o compor- cular, podem facilitar ou dificultar a
tamento infantil do comportamento adul- transição adolescente. (p. 8)
to em determinada sociedade, têm que ser
realizados. Fisiologicamente, ocorreria no Cada sociedade, portanto, é caracteri-
momento em que as funções reprodutivas zada sobretudo por sua cultura, que serve
amadurecem. como fator de identificação e perpetuação
No Brasil, Pfromm Neto (1976), em de valores, costumes e crenças. As normas e
seu livro clássico Psicologia da adolescência, as expectativas culturais ajudam a determi-
já criticava Stanley Hall sobre a tormenta da nar a natureza da adolescência.
adolescência e adotava uma atitude menos Nos primórdios da discussão que a
extremista, se valendo menos de expressões psicologia e a antropologia fizeram e fazem
carregadas de ideias negativas, como “idade sobre o tema, Benedict (1983, p. 79) afir-
de crises”, “fase inquieta e transtornada” e mou que
“idade ingrata”, para caracterizar de modo
geral a adolescência na sociedade daquela [...] apesar de ser um fato da nature-
década. za que uma criança se transformará
Newman (1960), na mesma época, num homem, o modo como a transi-
realizou estudos comparativos que desa- ção será efetuada varia de uma socie-

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dade para outra e que nenhuma des- entender as dificuldades em definir con-
sas pontes culturais específicas deve ceitualmente o que vem a ser essa fase
ser considerada o caminho natural e a faixa etária que a delimita. Ao longo
para a maturidade [...].
da história, as dificuldades tendiam a ser
Ainda em 1983, autores como Mckin- contornadas recorrendo-se simplesmente
ney, Fitzgerald e Strommen (1983) men- ao critério cronológico ou a um critério
cionavam que a adolescência estaria situada misto, de idade e escolaridade (Pfromm
entre o final da infância, por volta dos 13 Neto, 1976). Fica fácil entender tal postura
anos, e o começo da idade adulta – a par- de pesquisa, afinal, a adoção de quaisquer
tir dos 19 anos. As mudanças fisiológicas outros critérios demandaria o emprego de
da puberdade marcariam seu início, mas, processos complexos e até mesmo impra-
de maneira distinta dos teóricos atuais, os ticáveis de mensuração prévia das pesso-
autores consideravam que o final da adoles- as. No entanto, essa não tem sido mais a
cência estaria ligado à obtenção sociológica postura da psicologia contemporânea. Há
do status pleno de adulto, escapando aos uma atitude crítica e de busca de definição
critérios meramente biológicos. de perfis relativos à cultura e ao momento
Levinsky (1995) conceituou a adoles- histórico no qual os seres humanos se de-
cência como uma fase do desenvolvimento senvolvem (Castro, 2012). Tratando-se de
evolutivo, em que as crianças gradualmen- um capítulo em um livro brasileiro, essa
te passam para a vida adulta, de acordo perspectiva fica ainda mais evidente.
com as condições ambientais e de história A adolescência é, portanto, um fenô­
pessoal. Levinsky enfatizou a natureza psi- meno de forte caracterização cultural, e
cossocial da adolescência, ou seja, ela seria suas definições estão intimamente ligadas à
caracterizada pelo modo como a socieda- transformação da compreensão do desen-
de a representa. No entanto, ao debater o volvimento humano e, também, à transfor-
surgimento dessa fase, vinculou-a à puber- mação da forma como cada geração define
dade e ao desenvolvimento cognitivo. Nas a si própria. Os estudos brasileiros sobre
sociedades modernas, Levinsky descreveu adolescência têm discutido temas relevan-
a adolescência como uma vivência mais tes e debatidos, a partir de uma perspectiva
lenta e dolorosa, devido às dificuldades de crítica, questões que afligem a juventude
afirmação social, pela busca de emprego e brasileira. Um exemplo da relevância des-
qualificação, enquanto nas sociedades con- ses estudos é a criação de um Grupo de
sideradas primitivas ela seria atingida de Trabalho (GT) na Associação Nacional de
maneira mais rápida e atenuada pelos ritos Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia
de passagem, que acontecem cedo, soma- (ANPEPP) chamado “Juventude, Resiliên-
dos às conquistas sociais. A participação no cia e Vulnerabilidade” (ver trabalho do gru-
mundo adulto seria alcançada de maneira po em Dell’Aglio e Koller [2011] e Libório
clara com a constituição de uma família, ser e Koller [2009]).
nomeado um guerreiro ou caçador e, assim, A adolescência é um momento essen­
conquistar respeito e assumir um papel na cial de transformação, transposição e au-
sociedade à qual pertence. toafirmação das pessoas que a vivem e da-
A variedade de concepções existen- queles com quem convivem. Por meio de
tes e descritas reflete a diversidade de as- cada nova tarefa ou desafio, os adolescen-
pectos da adolescência. Assim, é possível tes vivenciam o que é novo e o que deixa-

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rá de sê-lo, dando lugar a experiências que as ciências que estudam a adolescência in-
contribuíram para seu amadurecimento. É sistem em negligenciar a inserção histórica
uma fase de extrema relevância e que deve do jovem e suas condições objetivas de vida.
ser minuciosamente vivida pelos adoles- A adolescência é uma construção
centes. Brêtas e colaboradores (2008) afir- social, uma fase resultante de momentos
maram que, vivenciando a adolescência, as significados e interpretados pelo ser hu-
pessoas conseguirão descobrir seus papéis mano, com marcas que a sociedade desta-
sociais, valores, atitudes, crenças, princí- ca e significa. Ozella (2002) ponderou, por
pios e vontades, os quais serão organizados exemplo, que mudanças no corpo (altura e
e assumidos para a vida, servindo de base alterações biológicas de gênero, como cres-
para a consolidação do seu processo natural cimento dos seios) e desenvolvimento cog-
de desenvolvimento psíquico. nitivo são marcas que a sociedade destaca.
Mesmo com importantes contribui- No entanto, a sociedade, com seus valores
ções na mudança de paradigmas construí- em constante mutação, modifica também
dos ao redor do assunto, não mais consi- esses “marcadores”, dependendo do con-
derando a adolescência como uma mera texto histórico-cultural em que são vividos.
transição entre a infância e a idade adulta, Enquanto, há algum tempo, marcas como o
os autores, ainda que destacando o fato de aparecimento de pelos no corpo passavam
toda adolescência se caracterizar por ter o significado de que os meninos já estavam
um “selo” individual, cultural e histórico, aptos para guerrear ou ter sua primeira re-
acabam por incorrer no artifício de con- lação sexual, hoje não possuem nenhum
dicionar a realidade biopsicossocial a cir- significado especial, além de que está pró-
cunstâncias interiores ao afirmar uma “cri- ximo o momento de definição da beleza
se essencial da adolescência”. Ozella (2002) adulta, da sensualidade e da masculinida-
criticou essa postura, pois salientou que os de. Entre as meninas, em outro momento,
autores parecem partir de pressupostos de a menarca claramente significava o início
que os adolescentes passam por desequilí- do período fértil, da chegada do momento
brios e instabilidades extremas (circunstân- de uma mulher servir como reprodutora e
cias interiores), além de apresentarem uma perpetuadora da espécie. Hoje, a menarca
vulnerabilidade especial para assimilar os é um momento importante, mas com um
impactos projetivos de pais, irmãos, amigos significado social menos focado para a re-
e de toda a sociedade, ou seja, aquilo que produção e mais relacionado a uma fase na-
esperam deles. tural do desenvolvimento de uma menina.
A tendência mais atual sobre a con- O conceito de adolescência conside-
cepção da adolescência procura descartar rado neste capítulo envolve uma perspec-
a obrigatoriedade de preexistência de uma tiva sócio-histórica, já que só é possível
crise nessa população, de essa etapa ser con- compreender qualquer fato a partir da
siderada necessariamente uma fase crítica, sua inserção na totalidade. A adolescência
influenciada apenas por aspectos biológicos atual é consequência das condições sociais
e naturalistas, negligenciando-se fatores nas quais as pessoas estão inseridas. Clí-
culturais e sociais. Mesmo com os resulta- maco (1991) profetizou de maneira sim-
dos mostrados por antropólogos culturais ples o que viria a ser a construção atual da
como Benedict (1983) – que questionam a adolescência ao dizer que, na sociedade, o
universalidade dos conflitos adolescentes –, trabalho, com sua sofisticação tecnológica,

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passou a exigir um tempo prolongado de cultural e pela possibilidade financeira da


formação adquirida na escola. Continuou família.
dizendo que o desemprego crônico/es- O aumento da complexidade das fun-
trutural da sociedade capitalista trouxe a ções e papéis a serem exercidos na idade
exigência de retardar o ingresso dos jovens adulta tem exigido cada vez mais um au-
no mercado e aumentar os requisitos para mento do período da adolescência. Essa va-
essa entrada. riação no tempo de mudança de status para
A ciência, em contrapartida, aumen- “adulto” é fortemente considerada, tanto
tou o tempo de vida do ser humano, o que que a definição de adolescência de órgãos
trouxe desafios para a sociedade em termos, mundiais, como a ONU (Organização das
por exemplo, de mercado de trabalho. Clí- Nações Unidas) e a OMS, respeita e permite
maco (1991) afirmou que, sob a influência que parâmetros etários sejam estabelecidos
desses fatores, foram dadas as condições por cada nação, como o ECA elaborado no
para que se mantivesse a criança mais tem- Brasil.
po sob a tutela dos pais, sem ingressar no A sociedade brasileira assiste a cons-
mundo profissional. Manter as crianças na trução e solidificação de um novo grupo so-
escola foi a solução natural. cial, cada vez mais destacado, com padrão
O período escolar, agora bem mais ex- coletivo de comportamento: a adolescência.
tenso – no Brasil, por exemplo, foi recente- Ozella (2002) sugeriu que essa fase poderia
mente adicionado mais um ano à grade es- ser entendida também como justificativa da
colar –, o distanciamento dos pais, que pre- classe média para manter seus filhos longe
cisam passar muito tempo trabalhando, em do trabalho.
vários casos com dois ou mais empregos; A partir desse panorama, a perda de re-
e o consequente distanciamento da famí- ferenciais é uma ocorrência natural e significa
lia, aproximando os adolescentes de outras para a fragilização diante da vulnerabilidade
pessoas que não aquelas do seu seio familiar das referências e dos laços socioculturais. As
e formando grupos de iguais, são até hoje famílias, sobretudo as de classes populares,
consequências das exigências sociais para a em função da precarização de recursos e in-
transformação no modo como se encara a formações, do excesso de trabalho e da escas-
adolescência e o papel dos adolescentes na sez de tempo, vivem relações de abandono,
sociedade. insegurança e dúvidas no trato com os filhos
Devido ao aumento do tempo que os (Rocha, 2002). É fundamental contextualizar
adolescentes ficam sob a tutela de algum os adolescentes na família em vez de vê-los
responsável, com o consequente adiamento isoladamente e, assim, apontar para formas
do ingresso no mercado de trabalho, foram de atuação com eles e com os núcleos aos
propostos os termos “adolescência encurta- quais pertencem (Clímaco, 1991).
da” e “adolescência estendida”, assim como Após transitar por tantos conceitos e
“adultez emergente” (Arnett, 2004, 2006). definições predominantemente biológicas
Esses termos descrevem as diferentes opor- e socioculturais, o que fica mais destaca-
tunidades de formação e educação, nomea- do é que a adolescência tem suas margens
damente pela idade de entrada no mercado delimitadas. Assim, a história de cada so-
de trabalho. No entanto, é necessário desta- ciedade imprime marcas nessa etapa do
car que a pertença a cada um desses grupos desenvolvimento humano, influenciadas
é fortemente condicionada pela situação pelos diferentes processos biopsíquicos e

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socioculturais nos quais os indivíduos estão ca: por volta de 1830, a primeira menstrua­
inseridos (Araújo & Costa, 2009). ção ocorria por volta dos 17 anos; no co-
Algumas questões, independentemen- meço do século XX, baixou para 14. Hoje,
te do viés adotado, estão atreladas a essa ocorre, em média, aos 12 anos – as meninas
fase do desenvolvimento humano, em espe- menstruam pela primeira vez nove meses
cial nas sociedades ocidentais urbanizadas, mais cedo se comparadas com suas mães.
como, por exemplo, a preocupação com in- Fenômenos como esse mostram como os
serção em grupos e o possível envolvimen- limites utilizados para estabelecer a adoles-
to com comportamentos de risco; a busca cência são variáveis.
por uma identidade social, como forma de Nos últimos 50 anos, a infância so-
participação das relações de poder entre os freu mudanças que estão mais relacionadas
gêneros; a formação da identidade adulta; a estímulos psicossociais, resultantes do
a autonomização com relação aos pais; e a meio em que se vive. Os impulsionadores
atribulação provocada pelos períodos mais da transformação foram a televisão, a nova
característicos dessa fase: as profundas mu- estrutura da família e, a partir da década
danças biopsicossociais, especialmente rela- passada, a popularização das novas mídias,
cionadas a maturação sexual e surgimento que facilitam o acesso a todo tipo de infor-
do interesse pelo sexo oposto e consequente mação por meio de um clique no computa-
trato do início da vida sexual. dor ou celular conectado à internet.
Os fatores levantados não podem ser Mais do que ter acesso a todo tipo de
considerados marcadores essenciais para informações, as crianças estão indiscrimi-
a passagem à fase adulta, pois essa delimi- nadamente expostas a elas. É necessário to-
tação fatalmente excluiria uma enorme mar ciência da importância da sexualidade
parcela de adolescentes. Afinal, mudanças nesses novos adolescentes, pois a chegada
relacionadas à puberdade e à maturação precoce da adolescência traz, a “tiracolo”,
sexual são bastante suscetíveis a uma enor- pequenos jovens suscetíveis à erotização e
me gama de complexos fatores, como, por ao desenvolvimento sexual precoce e, com
exemplo, os desenvolvimentos físico e psi- eles, a preocupação com o surgimento de
cossocial, a exposição a estímulos sexuais doenças sexualmente transmissíveis, gravi-
(que são definidos pela cultura) e os grupos dez e aborto, por exemplo.
de contatos sociais, como amigos e grupos O desaparecimento dos valores tradi-
de esporte. cionais, as atrações do mundo consumista
A aceleração secular, por exemplo, é urbano e as condições econômicas nas ci-
um fenômeno típico do mundo moderno, dades favorecem tanto as relações sexuais
atrelado às mudanças nos desenvolvimen- pré-matrimoniais com diferentes parceiros
tos fisiológico e principalmente biológico, quanto a exploração sexual juvenil. A me-
resultado das mudanças ocorridas desde a lhoria das possibilidades de educação para
Revolução Industrial, que, junto a fatores os adolescentes, bem como diversas razões
como aqueles já descritos, está ajudando a econômicas, resultam no aumento da idade
encurtar a infância e aumentar o período para o casamento (Clímaco, 1991). A maior
da adolescência. De acordo com Tanner liberdade oferecida aos jovens, desprovidos
(1981), a aceleração secular do crescimen- de tanto controle parental e atrelados ao
to e da maturação biológica tem provocado consumo de drogas lícitas e ilícitas, carrega
uma diminuição da idade média da menar- consigo algumas consequências negativas,

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como, por exemplo, gravidez não desejada viriam a constituir as futuras gerações de
e aborto. Cada vez mais, a escolha do parcei- adultos no terceiro milênio. Dados do Mi-
ro, anteriormente assunto acordado entre as nistério da Saúde (Secretaria de Estado de
famílias, é assumida pelos próprios jovens, Saúde do Distrito Federal, 2010) mostram
o que, por sua vez, favorece a ocorrência de que essa é uma parcela aproximada de 29%
relações sexuais com diferentes parceiros até da população mundial, sendo que 80% des-
que se encontre o “escolhido” (Ozella, 2002). ses jovens vivem em países em desenvolvi-
Tradicionalmente, a educação sexual mento.
ocorria no contexto das relações familia- Desenvolvido por membros do GT
res, oferecendo aos adolescentes a iniciação da ANPEPP “Juventude, Resiliência e Vul-
social e a proteção. Clímaco (1991) discute nerabilidade”, o estudo sobre a juventude
que a família e as estruturas comunitárias brasileira tem como principal objetivo le-
asseguravam a transmissão de normas e va- vantar dados sobre a população de adoles-
lores. Anteriormente, existia um consenso centes que vivem em várias áreas do País.
social acerca dos papéis dos adolescentes do Em parceria com pesquisadores espalhados
sexo masculino e feminino. Isso, hoje, não por diferentes universidades, o projeto co-
é mais assim, e ainda não existe uma substi- leta dados entre jovens de 14 a 24 anos em
tuição conveniente que possa compensar a escolas e ONGs, traçando um panorama da
perda da educação tradicional. situação desses indivíduos em vários aspec-
Hoje em dia, as crianças adquirem in- tos da vida, como sexualidade, escola, com-
formações sobre sexo de muitos lados: pais, portamentos de risco, questões familiares,
irmãos, colegas da mesma idade, rádio, TV, relações com o trabalho, entre outros (Li-
revistas, conversas ou observando outros bório & Koller, 2009).
(Araújo & Costa, 2009). Essas informações,
porém, com frequência, são incompletas,
enganadoras ou até falsas. Estudos estão sen- CONCLUSÃO
do feitos ao redor do mundo na tentativa de
entender o fenômeno da adolescência e tra- Este capítulo tratou do conceito e da defi-
çar políticas de prevenção e tratamento para nição da adolescência e sua relação com a
essa classe tão importante, futuro de todas psicologia do desenvolvimento. Buscou-se
as nações (Ozella, 2002). No Brasil, não po- questionar a naturalização de tal conceito e
deria ser diferente, mas, apesar das grandes refletir sobre uma definição, não dada, ob-
ações implantadas pelo governo, por ONGs viamente, por viés específico de apenas um
e pela sociedade, como políticas de assistên- dos campos da ciência. Além de questões
cia ao jovem, programa Primeiro Emprego teóricas, foram considerados aspectos prá-
e distribuição gratuita de preservativos, por ticos da problematização do tema, como as
exemplo, muito ainda precisa ser feito. esferas de saúde, a violência e a educação e
A adolescência tem despertado grande os desafios para a prática profissional com
interesse, tanto na mídia quanto no âmbito adolescentes em diversas situações.
das políticas públicas, especialmente a par- Neste capítulo, fica clara a complexi-
tir de 1985, definido pela ONU como o Ano dade que o tema exige, ao mesmo tempo
Internacional da Juventude. Desde então, que reflete, a partir de um olhar plural, so-
inúmeras iniciativas foram desencadeadas bre a pessoa em desenvolvimento. Questões
em todo o mundo, visando o levantamen- de ordens subjetiva e social somam-se para
to das necessidades sociais dos jovens que o entendimento de um processo historica-

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mente constituído e ainda em construção. pítulos deste livro permitirão pensar ques-
Dessa forma, este capítulo não responde à tões específicas da adolescência no contexto
questão “o que é a adolescência?”, mas con- atual do Brasil, e ter em mente a construção
vida à reflexão sobre como encaramos essa desse conceito parece fundamental para o
fase e quais as implicações da psicologia na entendimento de diversos tópicos que serão
construção desse conceito. Os demais ca- abordados.

LEMBRE!

Se existe a pretensão de trabalhar com o adolescente concreto, tratado mediante o caráter sócio-
-histórico, constituí­do por etapas do desenvolvimento psicológico e pedagógico, é imprescindível
falar da condição juvenil como ponto de partida. O processo de formação social nos dias atuais está
permeado por diferentes fatores de variadas ordens, como a instantaneidade provocada pela veloci-
dade tecnológica, que favorece a superficialidade na aquisição de conhecimentos – vide os famosos
trabalhos “copiar e colar” dos colégios e até mesmo das faculdades –; a cultura do consumo inerente
ao capitalismo, que gera uma série de necessidades rapidamente descartáveis; e a ainda reticente
dificuldade de obter um emprego, que no mínimo perpetua uma parcela da população à exclusão
social, à pulverização e ao desinteresse das relações coletivas, as quais favorecem o processo de
individualização e de desinteresse nas esferas pública e política.
Para finalizar este capítulo, mas não a discussão, podemos pensar nas questões aqui levantadas,
sobre como a universalização da adolescência, naturalizada como uma fase do desenvolvimento hu-
mano, é ainda tratada como momento de crise. Continua­mos vivenciando uma ideia de adolescência
imersa em rebeldia, desinteresse, crise, instabilidade afetiva, descontentamento, melancolia, agres-
sividade, impulsividade, entusiasmo e timidez, sendo essa a visão predominante que orienta muitos
aspectos da vida dos próprios adolescentes.

Q U E S T Õ E S PA R A R E F L E X Ã O
1. Considerando as reflexões feitas neste capítulo sobre a definição e a conceituação de adolescência,
como podemos pensar nas particularidades dos adolescentes brasileiros de diferentes classes
sociais?
2. Entendendo a adolescência como uma construção sócio-histórica, reflita sobre o desenvolvimento
psicológico do adolescente na interface entre o indivíduo e a cultura.

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