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Apostila:

Curso de Berçarista
E
Auxiliar de creche

São Gonçalo
2020
EMENTA DO CURSO

Módulo I – Surgimento das creches e a educação infantil

1. Contexto histórico
2. Principais teóricos da educação infantil

Módulo II – Berçarista e Auxiliar de Creche

1. Função da berçarista
2. Mercado de trabalho
3. Fases de desenvolvimento da criança

Módulo III – Adaptação e rotina

1. Adaptação da criança
2. Diferentes comportamentos da criança
3. Rotinas
4. A importância da brincar

Módulo IV – Contação de histórias

1. Tipos de histórias
2. Recursos para contação de histórias

Módulo V – Brincadeiras

1. Tipos de brincadeiras por faixa etária


2. Atividades pedagógicas

OBJETIVOS

1. Entender as funções e a rotina de uma Creche;


2. Conhecer os conteúdos pedagógicos necessários para o trabalho na creche;
3. Refletir sobre as brincadeiras, o afeto, os direitos e deveres da criança, a
importância da higiene e alimentação.
Módulo I – Surgimento das creches e a educação infantil
INTRODUÇÃO
A questão do atendimento à infância, sobretudo aquele prestado por instituições mantidas
pelo poder público, tem sido cada vez mais discutida. Desde a década de 1990, quando as
preocupações acerca da articulação entre cuidado e educação ganham força, tem se
observado um considerável aumento no volume de pesquisas dedicadas à infância,
sobretudo à infância institucionalizada e desde então muitos problemas e perspectivas de
melhoria têm sido apontados no tocante ao trabalho desenvolvido por creches e pré-
escolas.
Entretanto, é preciso considerar o fato de que ainda que sejam apontadas perspectivas e
necessidades de melhoria do atendimento prestado pelas instituições de Educação
Infantil, a falta de investimentos governamentais para essa modalidade de ensino, bem
como a questão da insuficiente formação docente constituem sérios entraves para que o
Brasil possa alcançar a qualidade desejada na educação da infância.
Atualmente, percebemos que a palavra de ordem é a educação, principalmente a educação
da infância, assegurada pela Constituição Federal de 1988 e reiterada pela Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional, Lei 9692, de 1996. Mas, o que realmente pode e tem sido
feito pela criança que necessita ser educada no contexto da creche? Como está sendo
pensada e desenvolvida a educação da primeira infância em creches públicas brasileiras?
Em função do histórico brasileiro de criação e manutenção de entidades voltadas para a
faixa etária compreendida entre zero e três anos – fundamentalmente calcada na
filantropia – acreditamos ser pertinente uma discussão acerca de como se estrutura
atualmente a instituição voltada ao atendimento dessa faixa etária – a creche.

OS PRIMÓRDIOS DAS CRECHES – INSTITUIÇÕES ASILARES E FILANTRÓPICAS.

A creche é uma instituição em expansão desde a década de 1970 no Brasil, mas o


histórico de sua implantação é marcado por omissão Estatal, filantropia, ausência de
orientação pedagógica, entre tantos outros problemas que contribuíram para que as
creches fossem vistas como locais de acolhimento – guarda e proteção – das crianças
carentes, cujas mães eram absorvidas pelo mercado de trabalho e, portanto, não poderiam
assumir a responsabilidade pelos cuidados com a criança.
Em função do desenvolvimento industrial e comercial vivido pelo Brasil e
consequente inserção feminina no mercado de trabalho, configurou-se uma forte
necessidade de criação e manutenção de locais onde as crianças, filhas de operários,
pudessem ficar durante o período em que seus pais se dedicavam ao trabalho. Contudo, a
omissão do Estado em assumir a responsabilidade pela criação e manutenção das creches
fez com que essas instituições sofressem discriminação e, sobretudo, fez com que a creche
ficasse durante anos envolta em um nebuloso conceito de assistencialismo, o que
impossibilitou a construção de uma identidade bem definida e bem estabelecida não
somente para a instituição, mas também para seus funcionários.
Encravada entre a família e a escola, a creche oscila entre as funções e
significados dessas duas outras instituições tão bem demarcadas no interior
da sociedade. Na verdade, é com a família que a creche mais tem disputado
e buscado conquistar espaço, na medida em que essa é a instituição
tradicionalmente encarregada de cuidar e de educar a criança pequena. Por
isso mesmo a creche tem geralmente sido identificada como uma instância
destinada a suprir a lacuna que resulta da incapacidade da família em
cumprir sua função. Ressalta-se, assim, na história dessa entidade uma forte
conotação assistencialista que insiste em manter-se presente até os dias de
hoje. (MERISSE, 1997, p. 25).

Conforme aponta Merisse (1997), as primeiras instituições voltadas ao atendimento


da infância no Brasil tiveram seu início fortemente marcado pela idéia de oferecer
“assistência” e “amparo” aos necessitados. As instituições médico-assistenciais e
educacionais têm sua origem remota nos abrigos ou asilos que, desde a Idade Média,
recolhiam os mais diversos tipos de desvalidos, a fim de evitar que estes ficassem expostos
a intempéries e também para que fossem alimentados.
Com relação ao atendimento prestado especificamente à infância, as primeiras
instituições criadas com essa finalidade na Europa foram as salas de asilo ou salas de
custódia. “Seu objetivo era amparar a infância pobre e tinham como única preocupação a
guarda pura e simples dessas crianças, o que era feito em instalações bastante inadequadas
e com procedimentos que não envolviam qualquer preocupação educativa”.
(KISHIMOTO, 1988, p. 44). No Brasil, os asilos infantis começam a ser instalados a
partir do século XVIII. Contudo, para entendermos o processo de implantação de casas
destinadas ao amparo da infância, necessitamos entender as conjunturas políticas e sociais
que se faziam presentes na sociedade colonial brasileira.
Durante o período colonial, os casamentos eram realizados atendendo a
interesses econômicos e conveniências sociais. A figura patriarcal centralizava a
dinâmica familiar, pois o pai detinha plenos direitos sobre a esposa, filhos e escravos,
podendo, inclusive, castigá-los fisicamente. O sistema escravocrata, por sua vez,
facilitava a promiscuidade masculina, pois os senhores de escravos encontravam muita
facilidade em tomar como prostitutas mulheres pobres e escravas, além de alugar estas
últimas, explorando-as como objeto sexual. Tais práticas ocasionaram um alto índice de
abandono de crianças não desejadas, tanto que no ano de 1738, o padre Romão Mattos
Duarte criou no Rio de Janeiro a Casa dos Expostos, também conhecida como Casa dos
Enjeitados e Casa da Roda.
A “roda” era uma referência ao mecanismo onde se depositavam as crianças: um
cilindro oco de madeira, com uma pequena abertura, que girava em torno de um eixo
horizontal. A criança era colocada na abertura, pelo lado de fora da instituição.
Girando-se a roda, ela passava para o lado de dentro, de tal modo que o
depositante não podia ser visto, impedindo-se assim a sua identificação. Antes de servir
a essa finalidade, esse mecanismo era incrustado nos muros dos conventos e permitia
que neles fossem depositadas cartas, alimentos e outras coisas destinadas aos frades ou
às freiras. Mas, com o tempo, passou a receber também bebês enjeitados. (MERISSE,
1997).
Esse quadro de atendimento prestado à primeira infância, baseado em instituições
asilares se faz presente também na Europa, mas, as condições inadequadas de
atendimento logo causam desconforto em quem as observa.

As péssimas condições desses estabelecimentos motivam o aparecimento de


algumas experiências como a do Pe. Fréderic Óberlin, na França. Esse
religioso, (...) para atender crianças de sete a oito anos funda uma escola
primária em 1769. Mas ao verificar a situação das crianças menores que
ficam abandonadas em virtude da ausência da mãe, requisitada no trabalho
do campo, Óberlin cria, com o auxílio de Sara Benzet, exímia na arte de
tricotar, uma escola para as crianças menores de sete anos. A partir daí
surge a primeira instituição francesa que pleiteia, além da função social de
proteger as crianças, a seleção de educadoras meigas e delicadas para
desenvolver atividades educativas, com o uso de estampas de histórias
sagradas e História Natural, trabalhos manuais, Ciências e Geografia, canto
e desenho. Conhecida como “escola para tricotar”, a instituição de Óberlin,
divulgada em 1794, pela Convenção Nacional de França, chama a atenção
do público, propiciando a criação de novos estabelecimentos. (KISHIMOTO,1988, p. 12).

Enquanto as iniciativas francesas como a do Padre Óberlin visavam atender às


crianças cujos pais trabalhavam e já esboçavam certas preocupações com a educação da
criança, no Brasil, as creches em muitos aspectos aproximavam-se dos asilos infantis, pois
as entidades que

foram instaladas em São Paulo, no final do século XIX, como as de Anália Franco, têm o
intuito de minimizar os graves problemas de miséria vividos por mulheres e crianças,
além do importante atendimento em regime de internato oferecido às crianças órfãs e
abandonadas.
Um aspecto de grande influência na caracterização do tipo de serviço prestado
pela creche, bem como sua percepção – pelos funcionários e pela população – como um
local que oferece atendimento caritativo aos desvalidos tem suas origens no próprio
processo de criação da instituição e também no fato de que o Estado não teve qualquer
participação na implantação e funcionamento inicial das instituições de atendimento
infantil. Este atendimento é, durante um longo período, realizado por entidades de
natureza filantrópica, quase que exclusivamente por entidades religiosas, especialmente
pela igreja católica.

Diferenciando-se de países industrializados, o Brasil dá início à


organização das primeiras creches no começo deste século (século
XX), com uma clientela composta basicamente de filhos de indigentes
e órfãos.
Em São Paulo, as creches atendem principalmente o contingente de
mulheres e crianças na extrema miséria, que aumentam os núcleos urbanos,
fruto do deslocamento de populações pobres, em busca de melhores
condições de vida. (KISHIMOTO, 1988, p. 24).

Estimuladas pela falta de fiscalização, bem como pela grande demanda de


famílias que procuravam locais para deixar seus filhos enquanto trabalhavam, proliferam-
se inúmeras instituições sem as mínimas condições, mesmo de higiene para atender às
crianças, filhas de operários. Assim, as creches passam a ser conhecidas apenas por
absorver as funções de guarda de crianças e, portanto, não são consideradas dignas de
atenção por parte do governo, que se nega a fiscalizar estabelecimentos mantidos pela
caridade ou por indivíduos dispostos a explorar comercialmente tais serviços.
Em meio ao quadro histórico descrito, pelo menos até o final da década de 1930 a
creche não é aceita como uma instituição válida para receber crianças durante o período
de trabalho dos pais. A creche nem mesmo desfruta de uma função plenamente definida,
pois, a pesar de ser considerada como um mal necessário, proveniente de um
desajustamento moral e econômico decorrente da industrialização e da urbanização, a
creche é vista ora como substituto da família, ora como sua auxiliar. Assim, as primeiras
creches não apresentam uma dimensão pedagógica no trabalho que desenvolvem, pois
priorizam apenas os cuidados com a primeira infância.

Sampaio Dória, já nos anos vinte, afirma que a creche não pode fazer
parte do ensino público, por ter objetivos distintos de uma entidade
educativa. Para o jurista, a creche se resume a uma instituição que presta
serviços às mães operárias. Sua função social restringe-se à guarda da
criança e não atinge a esfera da educação pré-escolar. Se em algum
momento essa instituição infantil aproxima-se da área educativa, em virtude
da ausência de estruturação de setores especializados, tanto na assistência
social como na pré-escola, essa situação deixa de existir em 1933, pelo
menos no plano legal, com o advento do Código de Educação, que
estabelece o nível de ensino denominado pré-primário, composto apenas
pela escola maternal para crianças de 2 a 4 anos e jardim de infância para
crianças de 4 a 7 anos. Fica claro, então, que a creche, mesmo atendendo
crianças em idade pré-escolar, não faz parte do ensino pré-primário.
(KISHIMOTO, 1988, p. 26/27).

Durante o governo de Getúlio Vargas, especificamente durante o período


conhecido como Estado Novo (1937-1945), o Estado assume oficialmente as
responsabilidades na esfera do atendimento infantil, sendo criado o Ministério da
Educação e Saúde. A rede pública de creches no Estado de São Paulo aparece ligada ao
Serviço de Assistência Social, serviço estruturado a partir de 1950 para organizar as
doações feitas a indivíduos carentes e a entidades filantrópicas. Nesse período, tanto nos
Estados quanto nos municípios, entidades filantrópicas recebiam auxílio governamental
para manter suas obras assistenciais. Porém, não
havia um compromisso por parte do poder público estadual em criar e manter entidades
que atendessem às crianças provenientes de camadas populares. “Inicialmente, a ajuda
pública era restrita. Em 1962, por exemplo, era subvencionada a manutenção pelo
governo municipal de apenas cem crianças”. (OLIVEIRA; FERREIRA, 1989, p. 39).
De um modo geral, as propostas do Estado para atendimento à infância estavam
baseadas no estabelecimento de convênios com entidades filantrópicas e particulares, na
manutenção do atendimento indireto e na implantação de programas como “mães
crecheiras”, afastando-se, desse modo, da criação e gerenciamento direto de instituições
para o atendimento da infância e, principalmente, transferindo para a sociedade civil uma
responsabilidade inquestionavelmente estatal.
A falta de clareza com relação às metas e a não definição de políticas de
atendimento à infância provocam nos órgãos responsáveis por esse tipo de atendimento
uma situação de constante incerteza. Com isso, os problemas vividos pelas famílias de
classes economicamente desfavorecidas – em geral operários – apenas avolumavam-se e
tornavam-se cada vez mais visíveis.

Em função da necessidade de instituições que atendessem aos filhos dos


trabalhadores, cresciam as reivindicações e, por conseguinte, estrutura-se o Movimento
de Luta por Creches, criado por parcelas da população que necessitava desse tipo de
serviço.
Esse movimento vigorou no município de São Paulo de 1978 a 1982 e
desempenhou importante papel na reivindicação pela expansão das vagas em creches,
apontando essa instituição como uma necessidade da sociedade e indicando como
responsabilidade do Estado sua criação e manutenção.
A política governamental de atendimento à infância baseava-se na expansão
quantitativa e na redução de custos, haja visto o grande número de convênios estabelecidos
e a permanência de creches indiretas – aquelas não geridas pelo poder público. Em função
do escasso planejamento, bem como do não estabelecimento de metas e propostas de
atendimento à infância, a qualidade do serviço prestado ficou prejudicada e, com isso, as
crianças mais pobres representavam aquelas mais mal atendidas e as creches, em vez de
compensar as desigualdades, acabavam por reforçá-las.
O panorama de atendimento à infância até 1984, considerando a população de zero
a seis anos, na faixa de rendimento familiar de até cinco salários mínimos, apresentava
uma demanda por creches de 694.754, sendo que apenas 5,9%, ou seja, 40.961 crianças
estavam sendo atendidas. (OLIVEIRA; FERREIRA, 1989, p. 45). As soluções para a
precariedade das instituições e insuficiência de atendimentos começaram a ser esboçadas
a partir da Constituição Federal de 1988, que reconhecia à infância o direito à educação.

A REGULAMENTAÇÃO DO ATENDIMENTO À INFÂNCIA E SEU IMPACTO SOBRE


A EDUCAÇÃO INFANTIL

A Constituição Federal de 1988 traz mudanças significativas em relação à


concepção do que é e do que deve contemplar o atendimento educacional oferecido à
criança pequena.
Seu texto estabelece que a criança de zero a seis anos tem direito à educação e não
deixa dúvidas de que é dever do Estado oferecê-la, embora a matrícula não seja
obrigatória. Mas, se para a família é facultativo matricular a criança na escola antes dos
sete anos, o oferecimento da vaga não constitui uma opção para o Estado, e sim um dever.
Enquanto as constituições anteriores viam o atendimento à infância somente na condição
assistencialista, de amparo à infância pobre, necessitada, a nova Constituição nomeia
formas de garantir não somente esse amparo, mas também a educação da criança. Ao
subordinar o atendimento em creches e pré-escolas à área da educação, a Constituição de
1988 dá o primeiro passo rumo à superação do caráter assistencialista que até então
predominava nos programas de atendimento à infância.
O artigo 208 da Constituição de 1988 define que “o dever do Estado com a
educação será efetivado mediante a garantia de (...) atendimento em creche e pré-escola
às crianças de zero a seis anos de idade”. (Artigo 208, inciso IV da Constituição Federal
de 1988). Com o objetivo de assegurar o atendimento e a permanência das crianças em
creches e pré-escolas, a Constituição Federal de 1988 dispõe no artigo 212 sobre os
percentuais mínimos provenientes da receita de impostos a serem aplicados na educação.
A União deve aplicar 18% do total de rendimentos e os Estados, Distrito Federal e
Municípios 25% de seus rendimentos.
Ao se tocar na questão do percentual da receita de impostos a serem aplicados na
educação, muitas discussões e controvérsias são levantadas. O artigo 211 da CF de 1988
declara que “a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em
regime de colaboração seus sistemas de ensino”. A despeito da especificação legal acerca
do caráter colaborativo que deve cercar o atendimento à infância, tem-se atribuído apenas
ao poder público municipal a responsabilidade pelos deveres relativos à manutenção de
creches e préescolas.
A situação se agrava com a Emenda Constitucional 14, de 1996, que altera o
disposto no Artigo 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e dispões
sobre a criação de um Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental
e de Valorização do Magistério, que determina a utilização de, no mínimo, 60% dos
recursos referidos no caput do artigo 212 no ensino fundamental. (CORRÊA, 2001). De
um modo geral, a interpretação que tem sido dada à lei é a de que é de exclusiva
responsabilidade dos municípios a oferta de Educação Infantil. A Emenda Constitucional
14, “posteriormente regulamentada pela Lei nº 9424/96 – FUNDEF –, acabou implicando
uma diminuição ou congelamento da oferta de educação infantil na maior parte dos
municípios do país”. (CORRÊA, 2002, p. 21). Apesar das conquistas em termos de
direitos da infância, legalmente reconhecidos, interpretações equivocadas acabam por
prejudicar a efetivação desses direitos assegurados por lei. Assim, faz-se necessária a
mobilização de grupos e movimentos dispostos a defender uma Educação Infantil de
qualidade, além das pesquisas e divulgação de resultados, sobretudo nos cursos de
formação de professores, haja visto que, passados dezessete anos da promulgação da nova
Constituição Federal, a educação da infância ainda não conquistou o reconhecimento
governamental de sua real importância, tampouco obteve os investimentos necessários
para a efetiva realização de um trabalho de qualidade.

FORMAÇÃO DE EDUCADORES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL: PERSPECTIVAS DE UMA


MELHORIA DA EDUCAÇÃO DA PRIMEIRA INFÂNCIA.

Atualmente, as discussões em torno da temática da educação da primeira infância


têm apontado a necessidade de que os profissionais diretamente envolvidos com as
atividades de cuidado e educação das crianças de zero a três anos, no contexto das creches
brasileiras recebam uma formação adequada, que lhes permita desenvolver um trabalho
que favoreça a aprendizagem infantil. Autores como OLIVEIRA (2001), MUKHINA
(1996), BONDIOLI & MANTOVANI (1998),entre outros, destacam a importância de que
sejam conhecidos os aspectos do desenvolvimento infantil, de acordo com a idade da
criança para que, desse modo, os educadores sejam capazes de criar ambientes e atividades
adequados às necessidades infantis.
Consideramos, pois, de extrema importância que os cursos de formação de
professores contem com disciplinas que contemplem as características do
desenvolvimento infantil, sobretudo durante a primeira infância, e que sejam propostas,
juntamente com os alunos, discussões sobre a estruturação do espaço físico, materiais a
serem utilizados, brincadeiras que possam ser desenvolvidas, estruturação da rotina diária,
entre outros elementos que favoreçam as trocas de experiências entre as crianças e
também entre as crianças e os adultos, a fim de impulsionar seu desenvolvimento e
aprendizagem.
Existem inúmeros aspectos das brincadeiras cotidianas que auxiliam no
desenvolvimento psíquico da criança, como por exemplo as brincadeiras de faz-de-conta,
que favorecem o desenvolvimento do pensamento simbólico, de fundamental importância
em nossa sociedade.
A brincadeira simbólica leva à construção pela criança de um mundo
ilusório, de situações imaginárias onde objetos são usados como substitutos
de outros, conforme a criança os emprega com gestos e falas adequadas.
Nessa situação a criança reexamina as regras embutidas nos atos sociais, as
regulações culturais que fazem que a mãe seja quem fica em casa enquanto o
pai sai para o trabalho em certos grupos sociais, por exemplo. Isso ocorre
conforme a criança experimenta vários papéis no brincar e pode verificar as
conseqüências por agir de um ou de outro modo. Com isso internaliza regras
de conduta, desenvolvendo o sistema de valores que irá orientar seu
comportamento. (OLIVEIRA et al., 2001, p. 55).

A riqueza das atividades infantis é muito significativa para a estruturação psíquica


e, além disso, representa uma forma bastante eficiente para que a criança compreenda as
relações sociais do meio em que vive.
Acreditamos que a creche pode ser transformada em um espaço de crescimento e
de muitas aprendizagens, mas, para que isso efetivamente ocorra, é necessário que o
educador conheça os processos históricos que marcaram a estruturação dessa instituição
para que assim possa refletir criticamente sobre suas práticas cotidianas e excluir de sua
atuação pedagógica qualquer traço da concepção assistencialista, que visam o cuidado e a
guarda pura e simples da criança.
Entendemos que à medida que o educador conhece as estruturas que regem o
raciocínio da criança entre zero e três anos e compreende suas potencialidades de
aprendizagem, ou seja, aquilo que a criança é capaz de aprender, tornar-se-á capaz de
propor atividades significativas, estimulantes e aprenderá a definir a criança por suas
capacidades e possibilidades, buscando desafia-la para novas aprendizagens.
Embora as práticas assistencialistas no âmbito da creche tenham sido
progressivamente suprimidas ao longo dos anos, entendemos que pelo menos no nível da
consciência ainda existem reminiscências das práticas filantrópicas que estiveram
presentes no
imaginário social durante vários anos. As creches passaram a ser vistas como direito da
criança (e não da mãe trabalhadora), como um ambiente onde deveria ocorrer a educação
da primeira infância e não somente sua guarda e proteção, e como instituições que
deveriam ser vinculadas às Secretarias da Educação e não às Secretarias do Bem-Estar
Social apenas por volta da década de 1990, após a promulgação da Constituição Federal
de 1988.
A história das creches como instituições educacionais no Brasil constitui algo
extremamente recente, assim, tanto a identidade da instituição quanto dos profissionais que
nela atuam estão em processo de construção. Portanto, discussões, pesquisas e uma
adequada formação de educadores são elementos de extrema importância, pois concorrem
para o favorecimento da consolidação da creche como uma Instituição de Educação
Infantil.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa acerca do atendimento prestado à primeira infância por instituições,
como as creches, pode representar um elemento capaz não somente de indicar aspectos a
serem melhorados, mas também pode constituir uma forma de alcançar os educadores e
demais profissionais que trabalham nessas instituições, despertando sua consciência
sobre a importância do trabalho que desenvolvem junto à primeira infância.
Por outro lado, ao situarmos a discussão em um contexto mais amplo, buscando
analisar o processo histórico de criação e consolidação das creches, podemos perceber
que antigas práticas e concepções, cujas raízes remontam de um passado não muito
distante em termos de história social, ainda se fazem presentes no cotidiano das creches,
ganhando vida através de diálogos e práticas adotadas por educadores e atendentes de
Educação Infantil. Assim, o fato de resgatarmos o processo histórico de criação da creche,
de buscarmos entender melhor seu funcionamento e verificar sua estrutura e forma de
atendimento atuais podem contribuir para a melhoria da educação da primeira infância.
Módulo II- Berçarista e Auxiliar de creche

Berçarista
A profissional berçarista trabalhará no berçário de escolas com crianças cujas idades
estão normalmente entre 2 meses e 2 anos.
Como o próprio nome sugere, essa é a idade na qual as crianças normalmente são
consideradas “de berço”, o que exige uma atenção especial em diversas frentes, desde a
higiene até a recreação dos pequenos. O berçarista oferece suporte e auxilia os
coordenadores da escola em diversas funções. Veja a seguir como costuma ser o dia a dia
de uma berçarista.
ROTINA DE TRABALHO.
Cuidar de uma criança apenas já é algo trabalhoso e que exige dedicação,
responsabilidade e carinho diários. Imagina quando os cuidados são feitos com várias
delas? Por isso, o dia de trabalho de uma berçarista em uma escola costuma ser bastante
corrido.
Os pequenos, normalmente, têm horários e procedimentos diários preestabelecidos, como
a hora do banho, da comida e de colocar para dormir. É de responsabilidade da berçarista
verificar como andam as condições higiênicas e de saúde dos pequenos e assegurar que
estejam excelentes.
Embora exista uma rotina para essas atividades, a berçarista também deve estar preparada
para lidar com imprevistos.
Outro fato importante de ressaltarmos é que os cuidados vão além dos tidos com as
próprias crianças: eles também estão relacionados a todo o ambiente de trabalho. Assim,a
rotina de uma berçarista engloba atividades como a organização do local onde as crianças
passam momentos importantes dos seus dias.
Para além das atividades de ordem mais básica do cotidiano de qualquer criança, outra
atribuição de uma berçarista em uma escola é interagir coma criança, por meio da
promoção de brincadeiras e de outras formas de entretenimento. Assim, ela fará o
planejamento e a execução de atividades educativas e recreativas, orientará e incentivará
os pequenos e realizará o registro do desenvolvimento deles, desde os aspectos físicos até
os emocionais.

Auxiliar de creche
O Auxiliar de Creche tem um dia bastante ativo em escolas e creches, trabalhando
geralmente de 8 a 10 horas diárias e fazendo atividades como:
Preparar alimentação das crianças conforme a idade e requisitos especiais caso tenha;
Prevenir acidentes das crianças;
Zelar pela higiene e ensinar o básico como lavar as mãos e escovar os dentes;
Observar o estado geral de saúde e bem estar das crianças, encaminhando as crianças a
unidades de saúde, com o consentimento dos pais e da escola;
Ajudar as crianças em seu processo de aprendizado;
Promover atividades lúdicas e divertidas;
Auxiliar os professores em suas tarefas.
Além disso, é obrigação do profissional Auxiliar de creche, ajudar a estabelecer rotina de
sono nas crianças menores, cuidar dos equipamentos tecnológicos e usá-los quando for o
momento para ensinar e entreter os pequenos e dar auxílio geral em todas as tarefas e
necessidades dos professores e equipe multidisciplinar.
O profissional Auxiliar de Creche tem um salário médio em torno de 1.000 reais, sendo
os valores mais baixos em 800 reais e os maiores acima de 1.200,00 reais. Quanto mais
experiência e qualificação, maiores chances de crescimento na área e consequentemente
oportunidades e recompensas melhores.
O profissional da área precisa ser atencioso, cuidadoso e gostar de crianças. Precisa ter
também aptidão para projetos e atividades recreativas e educacionais e paciência para
lidar com situações comuns de crianças pequenas como choro constante por exemplo.
Deve ser uma pessoa comunicativa e que goste de interagir socialmente, que seja ativo e
divertido e crie um relacionamento saudável e tranquilo com as crianças. O Auxiliar de
Creche, deve ter como meta ser um modelo a ser seguido pelos pequenos e um
profissional responsável.

INTRODUÇÃO

As creches durante muitos anos foram espaços prioritariamente de cuidados, de


acolhimento e de guarda de crianças pequenas para aquelas mães que precisavam
trabalhar. Nas últimas décadas, este papel foi sendo revisado tendo em consideração o
direito das crianças de terem um espaço coletivo de educação. Para muitos bebês estar na
creche é uma oportunidade de viver com adultos e crianças, isto é com um grupo e com
ele estar em um ambiente social de aceitação, de confiança, de contato corporal pensado
na medida dos seus desejos e necessidades. É uma possibilidade de adquirir novas
experiências cognitivas e relacionais. Pode-se afirmar que uma das experiências mais
ricas e interessantes da vida humana é o convívio, a amizade, enfim, a busca da vida em
comunidade. A creche é o primeiro ambiente de educação coletiva de um ser humano.

ESTAR NO BERÇÁRIO
O berçário tem um caráter complementar à educação das famílias, portanto para
realizar um bom trabalho, é essencial que os educadores/professores abram espaços para
a comunicação entre escola e 1 BARBOSA, Maria Carmen Silveira. A Prática Pedagógica
no Berçário. 6 famílias. Para atender a complexidade do trabalho com as crianças
pequenas também é necessária a qualificação dos professores.2 O importante é que as
crianças vivam a vida dentro de uma cultura. A escola infantil é um lugar onde as crianças
aprendem as regras de convívio social, a integrar-se com outras crianças, a trabalhar em
grupos e a dividir a professora, os brinquedos e os materiais, a cuidar das suas coisas
(organizar, emprestar e guardar).Os conteúdos versam sobre os conhecimentos
significativos para cada grupo social de acordo com: as características do universo que os
circunda, com a faixa etária das crianças, as suas experiências anteriores e seus interesses
e necessidades futuras. E as formas de trabalhar devem priorizar as aprendizagens através
de meios criativos, participativos, dialógicos e dinâmicos.

ALGUNS EIXOS DO TRABALHO PEDAGÓGICO


Para discutir a educação das crianças pequenas, podemos seguir diferentes trilhas,
pois muitas são as questões relacionadas aos projetos educacionais para crianças bem
pequenas. Porém neste texto vamos enfatizar a importância das relações interpessoais, a
linguagem e a brincadeira com os bebês. Pois acreditamos que é principalmente em torno
a estes eixos que se produz o início de uma proposta educativa no berçário.4 As relações
interpessoais são para as crianças pequenas fontes fundamentais para a sua existência
tanto física como mental. É impossível para um bebê sobreviver sem o afeto, o gesto, o
olhar de um adulto disponível para cuidá-lo. Afinal a nossa condição humana surge no
modo como nos relacionamos uns com os outros e com o mundo. Ao entrarmos em
contato com outros seres humanos, passamos de um modo de viver fundamentalmente
biológico, para o acolhimento em uma cultura, traduzidas em uma língua, em gestos,
toques. As relações estabelecidas através dos diálogos – corporais e orais - fazem parte
do processo que nos torna seres humanos ou sujeitos com vontade, com capacidade de
raciocínio e imaginação.
O OLHAR
As crianças pequenas relacionam-se intensamente através do olhar. É preciso
olhar para as crianças, sustentar o seu olhar, acompanhar os diferentes olhares e ao mesmo
tempo mostrar para estas crianças as coisas bonitas do mundo. Muitas vezes
acompanhando o olhar é preciso que dê uma palavra ou faça uma expressão. O espaço
onde as crianças vivem parte do seu dia merece ser um ambiente físico e social bonito e
aconchegante, com variadas experiências visuais, mas não um ambiente sobrecarregado
de imagens, objetos, pinturas.

O ABRAÇO
O abraço é a melhor forma de demonstrar a aceitação corporal do outro. As crianças
pequenas precisam ser abraçadas várias vezes por dia. Com afirma Mario Terena, para os
indígenas brasileiros um dos aspectos mais importantes na educação das crianças
pequenas é encostar o coração da criança no coração do adulto, isto é, o abraço. ”Não
adianta presentes materiais, as crianças precisam sentir o coração”. O contato corporal
cria a confiança pois ele dá a entender que se está em um espaço de mútua aceitação.

O RITMO CORPORAL
Desde o útero, a criança pequena concilia o seu ritmo corporal com o da sua mãe:
o ritmo da respiração, dos batimentos cardíacos, os movimentos, as vibrações da voz. Os
sons de voz humana, dar alimentos, acariciar, mexer, falar, aconchegar, cantar músicas
todas estas atividades trabalham com diferentes ritmos corporais. É preciso reaprender e
cantar as cantigas de ninar, as rimas, as conversas secretas ao pé do ouvido e desde
pequeninos, contar histórias para as crianças.

O BALANÇO CORPORAL
As crianças criam balanços de diferentes formas. Balançam no colo, no pé, se jogam para
frente e para trás, fazem jogos audazes e jogos suaves e precisam que o adulto lhes acolha
com o corpo e lhes dê segurança. As crianças pequenas que se movem com liberdade,
sem restrições, são as mais prudentes, já que aprendem a melhor maneira de cair. O bebê
muito protegido ou com pouca experiência não conhece seus limites e capacidades. Um
certo grau de risco é necessário para sobreviver e crescer. A criança é competente por ela
mesma, curiosa, ativa e geralmente será rica em iniciativas e interesses pelo seu entorno.
A luta do bebê para expressar-se e descobrir os seus limites vai durar muito tempo. Ele
precisa aprender a lidar com estes conflitos para crescer seguro e forte. É preciso apoiar,
não interferir. Conhecer a individualidade dos bebês, pois cada um tem seu jeito de
relacionar-se com o mundo. Os adultos necessitam aprender a controlar suas ansiedades
frente às tentativas e frustrações dos bebês. Não acelerar o desenvolvimento, seguir o ritmo
das aquisições motoras possibilitando desafios e movimentos livres e jogos independentes.

MOVIMENTO
Os bebês constroem os seus territórios e suas identidades a partir dos seus
movimentos como o deslizar, engatinhar, sentar, ficar em pé, caminhar. Estes modos de
se movimentar faz com que as crianças consigam ver o mundo a partir de diferentes
posições. É preciso deixá-las se movimentar, criar espaços seguros mas com
obstáculos/riscos para que elas possam constantemente andar, pular, rastejar, cantar e
dançar. Viver tocando e sendo tocado. A criança pequena tem uma imensa necessidade
de fazer movimentos e é preciso que a creche ofereça uma série de atividades que
auxiliem a capacitar as crianças em seus movimentos. Como as crianças de 0 a 3
anos estão com sua estrutura óssea incompleta seus músculos precisam de um maior
exercício diário para manter as partes móveis em movimento e as partes estáticas em
equilíbrio. No início desta faixa etária o movimento e a cognição estão muito próximos.

O BRINCAR E O JOGAR
Brincar é uma atividade vivida sem propósitos e que realizamos de maneira espontânea
atendendo ao nosso desejo, ao nosso emocionar, e isto acontece tanto na infância como
na vida adulta. Os jogos e brincadeiras envolvem aspectos naturais, culturais e sociais,
também motores, afetivos e cognitivos. A brincadeira surge a partir das relações
interpessoais e dos elementos existentes nos ambientes. A criança entra progressivamente
na brincadeira do adulto, de quem ela é inicialmente o brinquedo, o espectador ativo e,
depois, o real parceiro. Aos poucos ela é introduzida no espaço e no tempo particulares
do jogo. A brincadeira surge com um convite como: Faz de Conta que eu sou. Ou então
com a expressão: Agora eu era o herói e o estabelecimento de algum tipo de regra que
dura, no mínimo, ao longo de toda a brincadeira. Nas brincadeiras estão associadas ações
e ficções. As brincadeiras agem em direção a socialização das crianças, e o brinquedo é
um estímulo para a brincadeira. Os brinquedos e os espaços organizados para a
brincadeira orientam o tipo de jogo que pode vir a ser construído: o tipo de canto, a
disposição lógica dos móveis, a diversificação dos papéis sugeridos, os materiais,
possibilitam a realização de atividades estereotipadas ou ricas em invenção ou
diversidade. É importante para as crianças de 0 a 3 anos estarem num ambiente
aconchegante, tranquilo e pleno de materiais que agucem a sua curiosidade e ação.(mas
não hiperestimulante). Nesta faixa etária as crianças gostam de brinquedos como móbiles-
coloridos, brilhantes, e que façam barulho- chocalhos, brinquedos para empilhar,
martelar, puxar e empurrar, com guizos ou outros estímulos sonoros, objetos flutuantes,
fios com contas, trapézios para o berço, brinquedos desmontáveis, copos ou caixas que
encaixam umas nas outras, blocos e argolas para empilhar, livros de papel, pano, plástico
com rimas, com ilustrações, brinquedos musicais, carrinhos, objetos para caixa de areia,
blocos de tamanho diferentes, bolas de diversos tamanhos, utensílios de higiene de
brinquedo, espelho, bonecas e bonecos, fantasias, fantoches, bonecos de pelúcia, quebra-
cabeças simples, bonecos de dar corda puxando um fio, bonecos que se movimentam
quando se puxa um fio, carretel com linha grossa e muitos outros... não muito pequenos
e bem coloridos.

LINGUAGEM
Um dos grandes feitos entre os 0 e os 3 anos é o da aquisição da linguagem oral.
Para que esta ocorra é preciso que os educadores acompanhem e intercedam no sentido
de criar um ambiente cheio de conversas, de pseudodiálogos. Inicialmente o educador fala
sozinho, relata o que está ocorrendo na sala, coloca em palavras os sentimentos e as ações
do grupo. É preciso muita conversa com os bebês. Não apenas dar ordens, proibições,
respostas impessoais, mas conversas com conteúdo, com vocabulário rico, com
informações, explicações, opiniões, felicitações. Conversar e não apenas falar
mecanicamente. Escutar, falar, ouvir a resposta, responder. Explicar os fatos que afetam
a vida das crianças e a vida do grupo. As crianças se comunicam desde cedo através da
linguagem corporal (gestos, sorriso, toques, choro, tossir, engasgos, espirros, gritos)
desde a mais tenra idade, mas o desenvolvimento da linguagem propriamente dita aparece
mais tarde. Ao observar um grupo de crianças podemos verificar que de um estágio inicial
onde não utilizam palavras passam para o uso de sons, silabações, palavras-frase e
finalmente a combinação de três ou mais palavras construindo frases. E desde sempre
cantam...
FASES DE DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
É preciso saber que:

- O desenvolvimento de uma criança não acontece de forma linear.


- As mudanças que vão se produzindo ocorrem de forma gradual, são períodos contínuos
que vão se sucedendo e se superpondo.
- Durante a evolução a criança experimenta avanços e retrocessos, vivendo seu
desenvolvimento de modo particular.
- Acompanhamos a construção de sua personalidade respeitando que em cada idade há
um jeito próprio de se manifestar.
- Tanto antecipar etapas, como não estimular a criança, podem ser geradores de futuros
conflitos.
- Cabe a família e a ESCOLA conhecer e respeitar os passos do desenvolvimento infantil.
Característica da faixa etária dos 0 aos 6 meses
Desenvolvimento Físico:
• Processo de fortalecimento gradual dos músculos e do sistema nervoso: os movimentos
bruscos e descontrolados iniciais vão dando lugar a um controle progressivo da cabeça,
dos membros e do tronco;
• Por volta das 8 semanas é capaz de levantar a cabeça sozinho durante poucos segundos,
deitado de barriga para baixo;
• Controle completo da cabeça por volta dos 4 meses: deitado de costas, levanta a cabeça
durante vários segundos; deitado de barriga para baixo começa a elevar-se com apoio das
mãos e dos braços e virando a cabeça;
• Por volta dos 4 meses o controle das mãos é mais fino, sendo capaz de segurar num
brinquedo;
• Entre os 4 e os 6 meses utiliza os membros para se movimentar, rolando para trás e para
frente; apresenta também maior eficácia em alcançar e agarrar o que quer ou a posicionar-
se no chão para brincar;
Desenvolve o seu próprio ritmo de alimentação, sono e eliminação;
• Desenvolvimento progressivo da visão;
• Com 1 mês, é capaz de focar objetos a 90 cm de distância;
• Progressivamente será capaz de utilizar os dois olhos para focar um objeto próximo ou
afastado, bem como de seguir a deslocação dos objetos ou pessoas;
• Entre os 4 e os 6 meses a visão e a coordenação olho-mão encontram-se próximas da do
adulto;
• Desenvolvimento da função auditiva;
• Entre os 2 e os 4 meses, o bebê reage aos sons e às alterações do tom de voz das pessoas
que o rodeiam;
• Por volta dos 4-6 meses, possui já uma grande sensibilidade às modulações nos tons de
voz que ouve;

Desenvolvimento Intelectual:
• A aprendizagem faz-se sobre tudo através dos sentidos;
• Vocaliza espontaneamente, sobretudo quando está em relação;
• A partir dos 4 meses, começa a imitar alguns sons que ouve à sua volta;
• Por volta do 6º mês, compreende algumas palavras familiares (o nome dele, "mamã",
"papá"...), virando a cabeça quando o chamam;
Desenvolvimento Social:
• Distingue a figura cuidadora das restantes pessoas com quem se relaciona,
estabelecendo com ela uma relação privilegiada;
• Fixa o rostos e sorri (aparecimento do 1º sorriso social por volta das 6 semanas);
• Aprecia situações sociais com outras crianças ou adultos;
• Por volta dos 4 meses: capacidade de reconhecimento das pessoas mais próximas, o que
influencia a forma como se relaciona com elas, tendo reações diferenciadas consoante a
pessoa com quem interage. É também capaz de distinguir pessoas conhecidas de
estranhos, revelando preferência por rostos familiares;

Desenvolvimento Emocional:
• Manifesta a sua excitação através dos movimentos do corpo, mostrando prazer ao
antecipar a alimentação ou o colo;
• O choro é a sua principal forma de comunicação, podendo significar estados distintos
(sono, fome, desconforto...);
• Apresenta medo perante barulhos altos ou inesperados, objetos, situações ou pessoas
estranhas, movimentos súbitos e sensação de dor;

Característica da faixa etária dos 6 aos 12 meses


Desenvolvimento Físico:
• Desenvolvimento da motricidade: os músculos, o equilíbrio e o controlo motor estão
mais desenvolvidos, sendo capaz de se sentar direito sem apoio e de fazer as primeiras
tentativas de se pôr de pé, agarrando-se a superfícies de apoio;
• A partir dos 8 meses, consegue arrastar-se ou gatinhar;
• A partir dos 9 meses poderá começar a dar os primeiros passos, apoiando-se nos móveis;
Desenvolvimento da preensão: entre os 6 e os 8 meses, é capaz de segurar os objetos de
forma mais firme e estável e de manipulá-los na mão; por volta dos 10 meses, é já capaz de meter
pequenos pedaços de comida na boca sem ajuda, é capaz de bater com dois objetos um no outro,
utilizando as duas mãos, bem como adquire o controle do dedo indicador (aprende a apontar);

Desenvolvimento Intelectual:
• A aprendizagem faz-se sobre tudo através dos sentidos, principalmente através da boca;
• Desenvolvimento da noção de permanência do objeto, ou seja, a noção de que uma coisa
continua a existir mesmo que não a consiga ver;
• Vocalizações;
• Os gestos acompanham as suas primeiras "conversas", exprimindo com o corpo aquilo
que quer ou sente (por ex., abre e fecha as mãos quando quer uma coisa);
• Alguns dos seus sons parecem-se progressivamente com palavras, tais como "mamã"
ou "papá" e ao longo dos próximos meses o bebê vai tentar imitar os sons familiares,
embora inicialmente sem significado;
A partir dos 8 meses: desenvolvimento do, acrescentando novos sons ao seu
vocabulário.
• Os sons das suas vocalizações começam a acompanhar as modulações da conversa dos
adultos –utiliza "mamã" e "papá" com significado;
• Nesta fase, o bebê gosta que os objetos sejam nomeados e começa a reconhecer palavras
familiares como "papa", "mamã", "adeus", sendo progressivamente capaz de associar
ações a determinadas palavras (por ex: tchau-tchau" - acenar);
• A partir dos 10 meses, a noção de causa-efeito encontra-se já bem desenvolvida: o bebê
sabe exatamente o que vai acontecer quando bate num determinado objeto (produz som)



• ou quando deixa cair um brinquedo (o pai ou a mãe apanha-o). Começa também a
relacionar os objetos com o seu fim (por ex., coloca o telefone junto ao ouvido);
• Progressiva melhoria da capacidade de atenção e concentração: consegue manter-se
concentrado durante períodos de tempo cada vez mais longos;
• A primeira palavra poderá surgir por volta dos 10 meses;

Desenvolvimento Social:
• O bebê está mais sociável, procurando ativamente a interação com quem o rodeia
(através das vocalizações, dos gestos e das expressões faciais);
• Manifesta comportamentos de imitação, relativamente a pequenas ações que vê os
adultos fazer (por ex., lavar a cara, escovar o cabelo, etc.);
• A partir dos 10 meses, maior interesse pela interação com outros bebês;
Desenvolvimento Emocional:
• Formação de um forte laço afetivo com a figura materna (cuidadora) - Vinculação;
• Presença de ansiedade de separação, que se manifesta quando é separado da mãe, mesmo
que por breves instantes - trata-se de uma ansiedade normal no desenvolvimento
emocional do bebê;
• Presença de ansiedade perante estranhos: sendo igualmente uma etapa normal do
desenvolvimento emocional do bebê, manifesta-se quando pessoas desconhecidas o
abordam diretamente;
• A partir dos 8 meses, maior consciência de si próprio;
• Nesta fase é comum os bebês mostrarem preferência por um determinado objeto (um
cobertor ou uma pelúcia, por ex.), o qual terá um papel muito importante na vida do bebê
- ajuda a adormecer, é objeto de reconforto quando está triste, etc.;

Característica da faixa etária de 01 aos 02 anos


Desenvolvimento Físico:
• Começa a andar, sobe e desce escadas, sobe os móveis, etc. - o equilíbrio é inicialmente
bastante instável, uma vez que os músculos das pernas não estão ainda bem fortalecidos.
Contudo, a partir dos 16 meses, o bebê já é capaz de caminhar e de se manter de pé em
segurança, com movimentos muito mais controlados;
• Melhoria da motricidade fina devido à prática - capacidade de segurar um objeto, o
manipula, passa de uma mão para a outra e o larga deliberadamente. Por volta dos 20
meses, será capaz de transportar objetos na mão enquanto caminha;
Desenvolvimento Intelectual:
• Maior desenvolvimento da memória, através da repetição das atividades - permite-lhe
antecipar os acontecimentos e retomar uma atividade momentaneamente interrompida, à
qual dedica um maior tempo de concentração. Da mesma forma, através da sua rotina
diária, o bebê desenvolve um entendimento das sequências de acontecimentos que
constituem os seus dias e dos seus pais;
• Exibe maior curiosidade: gosta de explorar o que o rodeia;
• Compreende ordens simples, inicialmente acompanhadas de gestos e, a partir dos 15
meses, sem necessidade de recorrer aos gestos;
Embora possa estar ainda limitada a uma palavra de cada vez, a linguagem do bebê
começa a adquirir tons de voz diferentes para transmitir significados diferentes.
Progressivamente, irá sendo capaz de combinar palavras soltas em frases de 2 palavras;




• É capaz de acompanhar pedidos simples, como por ex. "dá-me a caneca";
• As experiências físicas que vai fazendo ajudam a desenvolver as capacidades cognitivas.
Por exemplo, por volta dos 20 meses;
• Sabe que um martelo de brincar serve para bater e já o deve utilizar;
• Consegue estabelecer a relação entre um carrinho de brincar e o carro da família;
• Entre os 20 e os 24 meses é também capaz de brincar ao faz-de-conta (por ex., finge que
deita chá de um bule para uma xícara, põe açúcar e bebe - recorda uma sequência de
acontecimentos e faz de conta que os realiza como parte de um jogo). A capacidade de
fazer este tipo de jogos indica que está a começar a compreender a diferença entre o que
é real e o que não é;

Desenvolvimento Social:
• Aprecia a interação com adultos que lhe sejam familiares, imitando e copiando os
comportamentos que observa;
• Maior autonomia: sente satisfação por estar independente dos pais quando inserida num
grupo de crianças, necessitando apenas de confirmar ocasionalmente a sua presença e
disponibilidade - esta necessidade aumenta em situações novas, surgindo uma maior
dependência quando é necessária uma nova adaptação;
• As suas interações com outras crianças são ainda limitadas: as suas brincadeiras
decorrem sobre tudo em paralelo e não em interação com elas;
• A partir dos 20-24 meses, e à medida que começa a ter maior consciência de si própria,
física e psicologicamente, começa a alargar os seus sentimentos sobre si próprio e sobre
os outros - desenvolvimento da empatia (começa a ser capaz de pensar sobre o que os
outros sentem);
Desenvolvimento Emocional:
•Grande reatividade ao ambiente emocional em que vive: mesmo que não o compreenda,
apercebe-se dos estados emocionais de quem está próximo dele, sobre tudo os pais;
Está a aprender a confiar, pelo que necessita de saber que alguém cuida dela e vai de
encontro às suas necessidades;
• Desenvolve o sentimento de posse relativamente às suas coisas, sendo difícil partilhá-
las;
• Embora esteja normalmente bem disposta, exibe por vezes alterações de humor
• É bastante sensível à aprovação/desaprovação dos adultos;

Característica da faixa etária dos 2 aos 3 anos


Desenvolvimento Físico:
• À medida que o seu equilíbrio e coordenação aumentam, a criança é capaz de saltar ou
saltar de um pé para o outro quando está a correr ou a andar;
• É mais fácil manipular e utilizar objetos com as mãos, como um lápis de cor para
desenhar ou uma colher para comer sozinha;
• Começa gradualmente a controlar os esfíncteres (primeiro os intestinos e depois a
bexiga);

Desenvolvimento Intelectual:
• Fase de grande curiosidade, sendo muito frequente a pergunta "Por quê?";
• À medida que se desenvolvem as suas competências linguísticas, a criança começa a
exprimir-se de outras formas, que não apenas a exploração física - trata-se de juntar as
competências físicas e de linguagem (por ex., quando faço isto, acontece aquilo), o que



• ajuda ao seu desenvolvimento cognitivo;
• É capaz de produzir regularmente frases de 3 e 4 palavras. A partir dos 32 meses, já
capaz de conversar com um adulto usando frases curtas e de continuar a falar sobre um
assunto por um breve período;
• Desenvolvimento da consciência de si: a criança pode referir-se a si própria como "eu"
e pode conseguir descrever-se por frases simples, como "tenho fome";
• A memória e a capacidade de concentração aumentaram (a criança é capaz de voltar a
uma atividade que tinha interrompido, mantendo-se concentrada nela por períodos de
tempo mais longos);
• A criança está a começar a formar imagens mentais das coisas, o que a leva à
compreensão dos conceitos - progressivamente, e com a ajuda dos pais, vai sendo capaz
de compreender conceitos como dentro e fora, cima e baixo;
• Por volta dos 32 meses, começa a apreender o conceito de seqüências numéricas simples
e de diferentes categorias (por ex., é capaz de contar até 10 e de formar grupos de objetos
- 10 animais de plástico podem ser 3 vacas, 5 porcos e 3 cavalos);

Desenvolvimento Social:
• A mãe é ainda uma figura muito importante para a segurança da criança, não gostando
de estranhos. A partir dos 32 meses, a criança já deve reagir melhor quando é separada
da mãe, para ficar à guarda de outra pessoa, embora algumas crianças consigam este
progresso com menos ansiedade do que outras;
• Imita e tenta participar nos comportamentos dos adultos: por ex., lavar a louça, maquiar-
se, etc.;
• É capaz de participar em atividades com outras crianças, como por exemplo, ouvir
histórias;

Desenvolvimento Emocional:
• Inicialmente o leque de emoções é vasto, desde o puro prazer até a raiva frustrada.
Embora a capacidade de exprimir livremente as emoções seja considerada saudável, a
criança necessitará de aprender a lidar com as suas emoções e de saber que sentimentos
são adequados, o que requer prática e ajuda dos pais;
• Nesta fase, as birras são uma das formas mais comuns da criança chamar a atenção –
geralmente deve-se a mudanças ou a acontecimentos, ou ainda a uma resposta aprendida
(as birras costumam estar relacionadas com a frustração da criança e com a sua
incapacidade de comunicar de forma eficaz).
Módulo III – Adaptação e rotina

Uma das principais preocupações dos Pais em relação à iniciação da Creche dos
seus filhos é a Adaptação.
Quando os pais colocam o seu filho numa creche são portadores de vários receios
e de imensas dúvidas:
- Será que o meu filho vai ficar bem?
- Será que lhe vão dar a devida atenção?
- Será que o vão mimar?
- Será…? Será… ?
Existem demasiadas dúvidas que perturbam muito os pais, principalmente nos
primeiros dias de creche.
Todas estas dúvidas e inquietações, que tanto atormenta os pais, são
compreensíveis e legítimas, pois vão deixar os seus pequenos “tesouros” com pessoas que
lhes são estranhas; no entanto sem se aperceberem os pais são os principais transmissores
de ansiedade e angústia para as criancinhas.
É geralmente conhecido que os bebes se adaptam com mais facilidade a tudo o
que é novo, como novas situações e ambientes, e quanto mais cedo a criança entrar para
a creche, mais fácil será a sua Adaptação, apesar de ser uma fase mais complicada para
os pais, porque os seus pequenos são demasiado indefesos.
Nesta fase inicial da vida de uma criança, principalmente quando vai para a creche,
há sempre um adulto na sala com quem a criança irá criar laços afetivos mais fortes e
intensos, a esta situação, chama-se Vinculação. Esta Vinculação vai dar/trazer à criança
uma maior segurança, que vai fazer com que esta se sinta protegida e consiga então,
transmitir aos pais que está bem, serena e tranquila sempre que vai para a creche.
Por norma, numa fase inicial, aconselha-se os pais que nos primeiros dias a criança
fique poucas horas na creche, isto acontece porque a ansiedade dos pais é grande e reflete-
se nas crianças.
Na minha experiência profissional, como Educadora de Infância, e trabalhando há
4 anos em salas, cujas crianças provém do meio familiar, normalmente tenho uma reunião
individual antes do inicio do ano letivo com os pais de cada criança, aos quais peço para
que na primeira semana de creche a Adaptação seja gradual, isto é, no 1º dia de creche dos
filhos, convido os pais a permanecerem na sala com as crianças toda a manhã, no 2º dia já
deixarão a criança 1 hora na sala e os pais os vão buscar após essa hora, no 3º dia a criança
já fica toda a manha e já almoça, e vai embora com os pais depois de almoçar, no 4º dia a
criança para além de ficar toda a manhã, de almoçar também já irá dormir a sesta na
creche e no 5º dia a criança permanecerá um dia completo na creche.
Uma Adaptação feita nestes moldes ajuda a criança e os pais a se adaptarem de
uma forma lenta e gradual, diminuindo assim a ansiedade de ambos. Costumo
dizer que a Adaptação dos pais é mais difícil que a das crianças, ou seja, uma criança
habitua-se mais facialmente à separação da figura parental do que os pais à separação dos
filhos.
Terminada a primeira semana de Adaptação, é também importante referir que se
a criança tiver algum objeto que a acompanha sempre (boneco, fralda de pano, etc.) é
importante que esse objeto venha sempre com a criança, pois é chamado de Objeto de
Transição. Estes objetos designados por Winnicott, por objetos transacionais, são usados
pela criança como um suporte na conquista da autonomia, uma vez que são uma espécie
de substituto materno e permitem à criança organizar-se na ausência das figuras de
referência. As crianças ao se sentirem sozinhas na cama, por exemplo, na creche ou jardim
de infância, usam esses objetos para se sentirem mais confiantes.
Há diversos motivos que causam esta ansiedade, no entanto é importante que não
se transmitam os receios, as angústias e as preocupações dos pais para as crianças, é por
isso essencial que haja segurança por parte dos pais, quando vão deixar os filhos na
creche, mesmo que a criança chore ou implore para não ficar ali, é importante que os pais
não cedam a este tipo de “chantagem” feita pelas crianças.
A firmeza dos pais tem um papel extremamente importante nesta hora, pois há que
explicar aos filhos com todo o carinho e amor que os vão buscar ao final do dia, porque
apesar de gostarem muito deles têm de ir trabalhar. A criança aos poucos vai percebendo
a rotina e saberá que ao fim do dia os pais a vão buscar, criando assim na criança
segurança e estabilidade.

Neste período de ansiedade de separação e angústia a criança pode mostrar relutância em


deixar a mãe, rabugenta e difícil de consolar, contudo este comportamento da criança
acabara por desaparecer. Este período da Adaptação não tem tempo certo de duração, vai
depender de cada criança e de cada caso.
Estima-se que apenas cerca de 3% a 4% das crianças não se conseguem adaptar à
creche e isto normalmente acontece por culpa de familiares diretos (pais, avós, …) que
reagem mal às rotinas e regras que serão impostas na criança.
Por último, gostaria de deixar a minha opinião pessoal aos pais: “Quando o seu
filho fizer uma “birra” a dizer que não quer ir para a creche, poderá esta apenas querer
testar os pais para ver se consegue fazer com que estes cedam, e assim atingir os seus
objetivos, de fazer apenas o que deseja. Perante esta situação os pais, por muito que lhes
custe, devem dar um mimo à criança, dizer-lhe que ela tem de ficar, porque os pais a
vãbuscar, e devem sair da creche sem dar demasiada importância à “birra”, apesar de ser
muito complicado para os pais, este comportamento é o mais adequado.
Módulo IV – Contação de histórias

Ao se aproximar dos livros, os pequenos vão descobrindo um mundo novo, cheio


de surpresas. As páginas junto à narrativa e às ilustrações, vão situando as crianças sobre
o desenrolar da história. Olhares atentos e curiosos, corpo participativo, gestos e
expressões faciais mostram que a experiência está sendo significativa e divertida.

É nítida a alegria de cada um na contação de histórias. Cada um a seu modo


interage com o livro: uns observam atentamente, outros se aproximam deste e outros se
comunicam a partir de gestos e sons.

Aqui no berçário contamos histórias diariamente. e as crianças estão reconhecendo


cada vez mais as narrativas, parecendo esperar a página que vem a seguir. Aguardam
ansiosamente o ápice de cada história e cada vez mais interagem com as ilustrações e com
os personagens.

Além da oralidade utilizada nas contações, costumamos usar outras linguagens


também, como a corporal, a facial e o tom de voz, para marcar os momentos do enredo.
As crianças imitam os sons, os gestos e as expressões das educadoras. No livro A pequena
tartaruga verde, da Brinque-Book, aparecem alguns animais que representamos utilizando
movimentos corporais: a girafa e seu longo pescoço (elevamos o livro), o flamingo com
suas grandes asas de penas rosadas (batemos as asas com os braços), a zebra com suas
pernas longas (fazemos o barulho de correr e movimentamos o livro horizontalmente,
como se a zebra estivesse correndo); estes são alguns exemplos do que fazemos ao narrar
uma história.

O nosso ritual para iniciar a roda é cantar a música Uma história da Palavra Cantada
e convidá-los a participar desse momento gostoso de compartilhar histórias já conhecidas,
ou de conhecer novas.

Ao final da narrativa, oferecemos livros que podem ser manuseados pelos bebês.
Abaixo a letra da música inicial e a lista de alguns livros preferidos. Ao final, um vídeo
com momentos das histórias que registramos.

Indicações literárias:

Um elefante se balança…
Autor: Marianne Dubuc
Editora: DLC

A pequena tartaruga verde


Ilustração: Adam Relf
Editora: Brinque-Book
Vai embora grande monstro verde!
Autor: Ed Emberley
Editora: Brinque-Book

O sapo bocarrão
Autor: Keith Faulkner
Editora: Companhia das Letrinhas
REFERENCIAIS TEÓRICOS

BRASIL. Ministério da Educação e Desporto. Referencial Curricular Nacional para a


Educação Infantil. Brasília, DF, 1998, 3v.

BORGES, T.M.M. A criança em idade pré-escolar. São Paulo: Royal, 1991.

GANDIN, Danilo. Planejamento como prática educativa. 3. ed.-São Paulo: Loyola 1986.
SCHMITT, M.D. Disturbio da capacidade de manter a atenção. 2010. Disponível em:
boasaude.uol.com.br/lib/ShowDoc.cfm?LibDocID=3228&ReturnCatID=1617. Acessado em:
3/11/2011

GOLDSCHMIED, E.; JACKSON, S. Educação de 0 a 3 anos. O atendimento em creche. 2.


ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.

KISHIMOTO, Tizuko. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 14. ed.- São Paulo:
Cortez, 2011.

OLIVEIRA, Zilma de M. Et AL. Creches: crianças, faz de conta e Cia. Petrópolis: Vozes, 1992.

RAPOPORT, Andrea. Adaptação de bebês à creche: a importância da atenção de pais


e educadores. 2 ed. Porto Alegre: Mediação, 2008.

VYGOTSKY, L. S. Formação social da mente, São Paulo: Martins Fontes, 1989.

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