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Olá cursista!

Bem-vindo ao curso AUXILIAR DE CRECHE oferecido pelo


Governo do Estado do Espírito Santo, por meio do
Programa Qualificar ES.

Esta apostila de estudos será nosso principal


recurso sobre os conhecimentos que
construiremos durante o Módulo I.

Façam todas as atividades sugeridas, para que


seus conhecimentos sejam devidamente
aprofundados.

O objetivo central é aprender o conteúdo, não


apenas terminar o curso. Qualquer um termina,
mas só os determinados aprendem. Para isso,
dedique-se lendo o material com atenção.

Bons estudos e sucesso!

auxiliar de creche
MÓDULO 1
2

introdução

No módulo I, você aprenderá a história das creches; a prática


pedagógica no berçário; e a formação de profissionais de creche.

As creches por muitos anos eram espaços de cuidados, de


acolhimento para as crianças cujas mães precisavam trabalhar. Na
atualidade, este papel está mudando, tendo em importância o direito
das crianças de terem um espaço grupal de educação.

Estar na creche é uma oportunidade de conviver com adultos,


crianças, em grupos, e com eles estar em um ambiente social de
concordância, de contato corporal, de confiança. É uma
probabilidade de adquirir novas experiências relacionais e cognitivas.
Podemos afirmar que uma das experiências mais interessantes da
vida humana é o entendimento, a amizade, a busca da vida em
comunidade. A creche é o primeiro ambiente de educação em grupo
de uma criança.
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A HISTÓRIA DAS CRECHES

Creche vem do francês “crèche”, que tem o significado de: presépio,


manjedoura. Era um serviço para população de baixa renda. Os
horários de funcionamento eram integral e pré-escola meio período,
para que as mães que precisavam trabalhar pudessem deixar seus
filhos.

As creches eram chamadas de Casa dos Expostos ou Roda.

As primeiras creches surgiram nos Estados Unidos e na Europa:

ESCOLA DE TRICÔ: fundada em 1767 pelo Padre Oberlin, na França, era


uma instituição onde as crianças iam para brincar enquanto a
professora ficava fazendo tricô.

ESCOLA INFANTIL: criada na Escócia em 1816 por Robert Owen. Inaugurou


o Instituto para formação de caráter. Dividido em três níveis:

Crianças de 3 a 6 anos; Crianças de 7 a 10 anos; Crianças de 11 a 20


anos.

JARDIM DE INFÂNCIA: criado por Froebel em 1873, na Alemanha, proposto


que seria um lugar onde as crianças estariam livres para aprender
sobre si e sobre o mundo, com a metodologia de atividades lúdicas.

CASA DEI BAMBINI (casa das crianças): fundada na Inglaterra, no século XX,
Maria Montessori, trabalhava com crianças pobres de um bairro
operário. Desenvolveu através de seus estudos, a metodologia, que
as crianças aprendem através do fazer.
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O INFANTÁRIO: instituição fundada no século XX, por Margaret McMillan
em parceria com sua irmã Raquel.

A creche começou a surgir como um estabelecimento assistencial


que tomava o lugar da família em diversas formas de carências.

SURGIMENTO DA CRECHE NO BRASIL

Conforme Merisse (1997), as creches no Brasil eram focadas na ideia de


fornecer assistência aos mais necessitados, para que não ficassem
na rua, sem teto e sem comida.

Vejamos algumas histórias das Creches no Brasil:

Atendimento a infância até 1900: institucionalmente, existia a Casa dos


Expostos, também conhecida como “Roda”, “Roda dos Expostos” e
“Roda dos Enjeitados”. Nesse lugar, eram deixadas as crianças não
desejadas. Fundada por Romão de Mattos Duarte.

1900 a 1930: os operários começaram a fazer protestos devido as


condições precárias de trabalho. Com o objetivo de enfraquecer os
movimentos, os empresários começam a proporcionar algumas
escolas maternais e creches para os filhos de operário. Devido a falta
de infraestrutura urbana de algumas cidades, epidemias eram
constantes nessas regiões. As creches começaram a ser acolhidas
por sanitaristas devido as epidemias.

Vários grupos de mulheres, a grande maioria de classe social,


construíram creches, formando assim, associações filantrópicas ou
religiosas. Ensinavam as mulheres a serem donas de casa e a
cuidarem de seus filhos. A maioria das pessoas ali presente
acreditava que o melhor para a criança era o cuidado materno e não
as creches, que as consideravam como uma substituição
inadequada.
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Em 1922, o estado do Rio de Janeiro organizou o 1º Congresso Brasileiro
de Proteção à Infância, e as principais definições foram:

• Combater a pobreza e a mortalidade infantil;


• Atender os filhos das trabalhadoras, porém com uma prática que
fortalecia o lugar da mulher no lar e com os filhos;
• Estimular a ideologia da família.

1930 a 1980: Mário de Andrade foi designado como diretor do


Departamento de Cultura e começa a organizar o Parque Infantil. Com o
objetivo de fornecer acolhimento às crianças de 3 a 12 anos fora do
horário escolar. As crianças adquiriram o direito de brincar e não de
trabalhar.

Foi criado em 1940, o Departamento Nacional de Crianças no Ministério da Saúde.

Em 1950, chegam discursos pedagógicos que tentavam demonstrar


que a ausência da mãe, em momentos da infância, poderia produzir
personalidades psicopatas e delinquentes.

Em 1960, foi a vez dos discursos pedagógicos de privação cultural e


da sua solução, que seria a educação compensatória. O conceito da
cultura para que se houvesse a privação, era de que somente havia
um tipo de criança: a da classe média, sendo assim, todas as
crianças eram consideradas rebaixadas e desprovidas.

Em 1975, o Ministério da Educação e Cultura instituiu a Coordenação de


Educação Pré-Escolar.

O projeto Casulo, criado em 1977, era associado à Legião Brasileira de


Assistência (LBA) que tinha o objetivo de proporcionar às mães tempo
livre para que pudessem ingressar no mercado de trabalho e ter sua
própria renda.

Na década de 1980 houve um grande avanço na Educação Infantil


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como:

• Pesquisas e estudos foram feitos, buscando a função da creche


e da pré-escola;
• Em 1988 foram definidas pela Constituição, direitos de família e
deveres do Estado.

Durante várias décadas, houve diversas transformações: a


pré-escola não tinha caráter formal, não havia professores
qualificados e a mão de obra era muitas vezes formada por
voluntários, que rapidamente desistiam desse trabalho (MENDONÇA,
2013).

A creche surgiu devido ao crescente número da população e a


necessidade de força de trabalho, com a liberação da mulher, que era
mãe, para o mercado de trabalho.

No Brasil, a educação infantil, como política pública, só desponta no


século XX, resultando em leis e documentos, como:

CONSTITUIÇÃO FEDERAL: em 1988, 50% de aplicação obrigatória de recursos


em educação para programa de alfabetização. Ainda em 1988, o
direito social das crianças de 0 a 6 anos a educação, não apenas
para filhos de trabalhadores rurais e urbanos, mas um direito da
criança.

ECA: Lei 8069 de 1990, vem a partir da Constituição de 1988. Dispõe sobre a
proteção integral dos direitos da criança e do adolescente. Toda
sociedade é responsável pelo bem-estar da criança.

LDB: Lei nº 9.394/1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação


nacional. Nos art. 29 ao 31, abrange sobre a Educação Infantil.

Referencial curricular nacional para educação infantil: foi criado em 1998. É um


conjunto de reflexões educacionais sobre conteúdos, objetivos,
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orientações didáticas para os educadores, diferenciando seus estilos
pedagógicos e a diversidade cultural.

Diretrizes curriculares nacional para educação infantil: criadas com o objetivo


de orientar as políticas públicas na área e a elaboração,
planejamento, execução e avaliação de propostas pedagógicas e
curriculares garantindo um atendimento de qualidade para as
crianças da educação infantil.

Nos dias atuais, conforme Lei 13.306/2016, a educação infantil é um


direito humano e social de todas as crianças até cinco anos de idade,
sem distinção de origem geográfica, caracteres do fenótipo, da etnia,
nacionalidade, gênero, deficiências, classe social ou nível
socioeconômico. Não é preciso, que os pais estejam em situação
trabalhista para que a criança adquira seu direito a educação infantil.

Lei 13.306/2016

Essa lei alterou o ECA e diz que a educação infantil vai de 0 a 5 anos.

A alteração aconteceu nos seguintes artigos:

1) O art. 54, IV, do ECA enunciava que as crianças de 0 a 6 anos de idade


teriam direito de atendimento em creche e pré-escola.

A Lei nº 13.306/2016 modificou esse artigo e estabeleceu que o


atendimento em creche e pré-escola é destinado às crianças de 0 a
5 anos de idade.

2) Por sua vez, o art. 208 prevê, que se o Poder Público não estiver
assegurando o direito à creche e à pré-escola para as crianças, é
possível que sejam ponderados ações de responsabilidade pela
ofensa a esse direito. Este artigo também foi alterado para esclarecer
que a idade máxima para o atendimento em creche e pré-escola
diminuiu para 5 anos.
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A Lei nº 13.306/2016 só veio renovar o texto do ECA, sem causar nenhuma
alteração em relação ao que já estava valendo.

Com isso, as crianças a partir dos 6 anos possuem direito ao ensino


fundamental, conforme o art. 32 da LDB.

Cabe aos municípios o dever de oferecer a educação infantil,


conforme previsto no art. 211, § 2º, da CF/88 e no art. 11, V, da LDB.

Caso o município não ofereça vagas em creches e pré-escolas, a


pessoa poderá exigir, junto ao Poder Judiciário, direito a vaga para a
criança de até 5 anos de idade.

Os municípios têm o dever de agir prioritariamente no ensino


fundamental e na educação infantil (art. 211, § 2º, da CF/88), não podem
deixar de cumprir este mandado constitucional, que lhes foi
conferido pela Constituição Federal.
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ESTAR NO BERÇÁRIO

O berçário é uma complementação da educação das famílias, mas


para uma boa adaptação é fundamental que exista um bom diálogo
entre escola e família. É necessária a qualificação dos profissionais
da educação, da educação, para um melhor entendimento das
crianças.

Na educação infantil é onde as crianças aprendem as regras de


convívio social, a interagir com outras crianças, a trabalhar em
grupo, dividir a atenção da professora, dividir os brinquedos e os
materiais, a cuidar de suas coisas (emprestar, organizar e guardar).
Os conteúdos variam de acordo com cada grupo social, com as
distinções do universo que os rodeiam, suas experiências anteriores
e seus interesses e obrigações futuras.

As formas de trabalhar devem ser fundamentadas por meios


criativos, com diálogos participativos e atividades lúdicas.

Em casa, muitas famílias educam seus filhos de acordo com aquilo


que acreditam. Alguns pais acham que é melhor ter uma rotina
específica, outros já preferem criar seus filhos em casa sem rotinas.
Ao colocar a criança em uma creche, isso acaba mudando.

Nas creches, as rotinas diárias tornam-se muito importante para o


desenvolvimento das crianças, para que todas as suas necessidades
sejam atendidas. Vejamos algumas rotinas:

Hora de comer: existem horários para as refeições que variam em cada


instituição. Ao passar do período de adaptação, as crianças
acostumam-se com os horários, mesmo não sendo os horários
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estabelecidos em suas casas.

Hora de trocar fralda: geralmente, existem duas rotinas de troca de


fraldas nas creches. A primeira troca é realizada de acordo com os
horários determinados, como por exemplo, a cada duas horas. A
segunda troca é realizada em intervalos das atividades, como por
exemplo, ao acordar, depois de brincar, após comer. Ao seguir
alguma dessas rotinas, será possível que todas as crianças da turma
sejam trocadas com frequência. Ao ser constatado algum bebê com
a fralda suja, deve-se trocá-lo imediatamente.

Hora de dormir: na creche, os horários para dormir são essenciais. É


comum que os bebês fiquem mais incomodados com os barulhos,
atividade, choros de outros bebes, além da mudança de ambiente.
Para que eles durmam melhor, é estabelecido alguns horários de
silêncio durante o dia, para estimular as crianças a dormirem. No
horário de silêncio, se os bebês não estiverem dormindo, deixe as
luzes apagadas e reduza os barulhos.

Fonte: Vecteezy
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Hora de brincar: o horário de brincar é tão importante quanto as outras
rotinas. Deve ser flexível e adaptável, de acordo com a personalidade
e as necessidades específicas de cada criança, ou seja, um bebê
quando está mais irritado, ao chegar à creche logo cedo, aproveitará
melhor um tempo sozinho no berço com alguns objetos para brincar.
Um bebê ativo nesse horário, possivelmente, gostará de ouvir uma
história ou brincar em grupo.

Fonte: Vecteezy

ALGUNS EIXOS DO TRABALHO PEDAGÓGICO

Existem diferentes caminhos na educação de crianças pequenas,


muitas são as questões de projetos educacionais. Devemos levar em
conta a relação interpessoal, a linguagem e as brincadeiras com os
bebês. Com isso, podemos desenvolver o início de uma proposta
educativa na educação infantil.

Relações interpessoais são para as crianças fontes essenciais para


sua vivência, tanto mental quanto física, pois possibilitam às 
crianças  não só a assimilação do conhecimento, mas também a
elaboração de valores que deixam um novo olhar sobre o meio em
que vivem. O afeto é fundamental para o desenvolvimento da
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criança, o gesto, o olhar de um adulto do qual a criança sabe que
pode contar quando precisar. A nossa condição humana surge de
como nos relacionamos com os outros. As relações estabelecidas
através de diálogos (corporais e orais) fazem parte do processo que
nos torna seres humanos ou sujeitos com vontade, com capacidade
de raciocínio e imaginação.

O olhar

O espaço da creche deverá ser um ambiente aconchegante e bonito,


com imagens visuais, mas não sobrecarregado de objetos, pinturas
ou imagens.

O abraço

O abraço é uma forma de demonstrar a aceitação corporal do outro.


As crianças pequenas precisam ser abraçadas várias vezes ao dia. O
contato corporal cria a confiança, pois ele dá a entender que se está
em um espaço de recíproca aceitação.

O Ritmo Corporal

Desde a gestação, a criança pequena concilia o seu ritmo corporal


com o da sua mãe: o ritmo dos batimentos cardíacos, da respiração,
as vibrações da voz, os movimentos. Os sons de voz humana,
acariciar, dar alimentos, falar, mexer, aconchegar, cantar músicas,
estas atividades trabalham com ritmos corporais.

O Balanço do corporal

As crianças criam diferentes formas de balanços. Balançam no pé,


no colo, jogam-se para trás e para frente. As crianças pequenas que
se movem com liberdade, são mais prudentes, já que aprendem a
melhor maneira de cair. Um bebê com pouca experiência ou muito
protegido não conhece seus limites e capacidades. É necessário um
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certo grau de risco para sobreviver e crescer. A criança é curiosa,
ativa e será rica em iniciativa e interesse ao seu redor.

A luta do bebê para expressar e descobrir os seus limites vai durar


por bastante tempo. Ele precisa aprender a lidar com estes conflitos
para crescer seguro e forte. É preciso apoiar, não interferir. Conhecer
a individualidade dos bebês, pois cada um tem seu jeito de se
relacionar com o mundo. Os adultos precisam controlar sua
ansiedade frente as frustrações e tentativas dos bebês.

Não acelerar o desenvolvimento, lembrando sempre, que cada aluno


tem seu tempo, possibilitando desafios e movimentos livres e jogos
independentes.

Movimento

Os bebês constroem suas atividades e territórios, de acordo com


seus movimentos como: deslizar, sentar, engatinhar, ficar em pé,
caminhar. Estes movimentos fazem com que as crianças vejam o
mundo em diversas posições. É preciso deixar os bebês se
movimentarem para que possam criar espaços seguros.

A criança pequena tem necessidade de fazer movimentos. A creche


deverá oferecer atividades que ajudem a capacitar as crianças em
seus movimentos. Crianças de 0 a 3 anos estão com suas estruturas
ósseas em formação, seus músculos precisam de um exercício
diário para manter as partes móveis em movimento e as estáticas
em equilíbrio. Nessa faixa etária o movimento e o conhecimento
estão muito próximos.

O brincar e o jogar

Brincar é a atividade vivida sem finalidade e que realizamos de


acordo com o gosto de cada criança A brincadeira e jogos envolvem
aspectos naturais, sociais e culturais, cognitivos, motores e afetivos.
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A brincadeira surge a partir das relações interpessoais existentes
nos ambientes. A criança entra na brincadeira do adulto. Aos poucos
ela é introduzida no espaço e no tempo particular do jogo. O
entretenimento estabelece regras que dura ao longo de toda
diversão.

Nas brincadeiras estão relacionadas ações e ficções. Estes


passatempos atuam como socialização das crianças e o brinquedo
é um estímulo ao divertimento. Os brinquedos e os espaços das
recreações vão depender do tipo de jogo que será construído.

É importante que crianças de 0 a 3 anos fiquem em um ambiente


tranquilo, aconchegante e rodeadas de materiais que agucem a sua
ação e curiosidade. Nesta faixa etária as crianças gostam de
brinquedos que façam barulhos, brilhantes, empurrar e puxar,
empilhar, chocalhos ou outros estímulos sonoros, objetos flutuantes,
trapézio para o berço, brinquedos desmontáveis caixas ou copos que
encaixam um nos outros, livros de papel, bonecas e bonecos, dentre
outros, não muitos pequenos e bem coloridos.

Linguagem

Um dos grandes feitos entre 0 a 3 anos é a absorção da linguagem


oral. É preciso muitas conversas com os bebês, não apenas dar
ordens e sim conversar com conteúdo e explicações.

As crianças se comunicam através de gestos, toques, sorrisos,


choro, espirros, gritos, através de linguem corporal. Ao observar um
grupo de crianças podemos constatar, que no estágio inicial no qual
não utilizam palavras passam por usos de sons, palavras frases,
silabações e depois a combinação de três ou mais palavras
formando frases.
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Fonte: Vecteezy

FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DE CRECHE

A formação de uma identidade profissional está associada à


formação de uma identidade institucional (Silva, 1999). A educação
infantil está trazendo uma nova visão e com isso uma nova
concepção de profissional.

Um dos primeiros documentos produzidos pelo MEC, que estabelecia


as diretrizes da proposta de Política de Educação Infantil (MEC, 1994), antes
mesmo da LDB, já apontava a valorização do profissional de creche
sendo fundamental para um atendimento de qualidade. Consta no
documento, que ao profissional de creche integra as funções de
cuidar e educar.

Por sua vez, Machado (1999), a partir de uma postura interacionista,


propõe que o educador seja um mediador eficiente das interações
entre as crianças, sendo capaz de organizar ambientes que
promovam essas interações, além de trazer sempre um elemento de
conhecimento novo para seu cotidiano.
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A importância do educador, segundo Moyses Kuhlmann Jr (1999) que, ao
refletir sobre a formulação de propostas pedagógicas que tomem
como ponto de partida a criança, alerta o seguinte: “não é a criança
que precisaria dominar conteúdos disciplinares, mas as pessoas que
as educam”.

Nas palavras de Pedro Demo (1996) “o que está em jogo é um tipo de


formação que garanta a competência humana em questão”.
Elaboração e pesquisas formam as pilastras desses trajetos, e
fundamentam a capacidade de recapacitação desses profissionais,
que deveria ser despertar o interesse em todo educador.

Estudar sempre é condição essencial do profissional da educação,


as exigências da educação infantil nos dias de hoje requerem que
todo educador esteja sempre se atualizando, através de qualificação
profissional.

A importância da formação profissional é reforçada quando se


considera as transformações legais, com isso as instituições
deverão elaborar suas propostas pedagógicas. Para uma proposta
afinada com a nova função social da creche e com as diretrizes
estabelecidas na política nacional de educação infantil.

Essas exigências colocam os profissionais em uma posição


bastante distinta daquelas ocupadas há anos.

A escolaridade para os profissionais que trabalham na educação


infantil, geralmente é o ensino médio acrescido de curso de
qualificação, como por exemplo o curso de auxiliar de creche ou
afins. Assim como graduação em pedagogia.

Na publicação: Por uma Política de Formação do Profissional de Educação Infantil


(1994), composto por uma coletânea de textos de diversos autores,
encontrem-se referências. À importância da formação de educador
de creche, reafirmando-se a escolaridade mínima em nível de ensino
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médio e defendendo uma formação específica para os profissionais
que lidam com crianças de 0 a 05 anos.

O documento prega a profissionalização dessa categoria, assim


como um direito do educador em ter acesso educacional e cultural
da nossa sociedade.

É importante alertarmos para a necessidade que envolve a


formação, de modo que ela aconteça acoplada aos diferentes níveis
nela envolvidos. As transformações do profissional de creche serão
acompanhadas conforme as mudanças estruturais nas instituições,
que vão desde grupo pedagógico envolvidos até as instalações
físicas.

Estabelecer contatos e trocas entre os diferentes países é um


trabalho importante. Não basta extraímos as experiências
pedagógicas interessantes de outros países. Os elementos que
envolvem esta questão precisam ser considerados a fim de que não
se reduza a formação apenas e desafios relacionados a problemas
ligados diretamente ao conhecimento, como também questões de
estruturas e conteúdos necessários no currículo dos profissionais.

A necessidade de construção de um novo perfil profissional para a


educação infantil. Há que se considerar a experiência e a capacidade
desses profissionais que conseguiram resistir e se manter em
épocas de grande adversidade. Dividimos ideias de como somos
críticos. Enquanto pesquisadores, cumprimos um papel histórico
bastante importante onde soubemos pontuar os diversos aspectos
negativos na educação infantil, aqueles relacionados à formação
profissional, fundamentando as críticas e impulsionando os avanços
legais através da produção de nosso conhecimento.

A educação foi uma ligação importante entre as conquistas


nacionais e os avanços no conhecimento produzidos
internacionalmente. A grande diferença entre essas conquistas e a
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difícil realidade de nossas creches nos exige novos
posicionamentos.

Resgatar a identidade, as especificidades, a riqueza e a diversidade


de experiências brasileiras, num momento em que se discutem
INTRODUÇÃO
diversos os quinhentos anos da nação, após a chegada dos
portugueses, parece-nos uma alternativa interessante à recorrente
busca de soluções advindas dos chamados países centrais. Talvez
esse seja um recurso que concretamente procure superar os
problemas históricos relacionados à formação desse profissional e
que ao mesmo tempo considere o estágio atual como a diversidade
dessa formação entre as diferentes regiões do país.

Portanto, o distanciamento entre o discurso e a prática não


necessariamente é visto somente como algo negativo. Uma
coincidência perfeita é muito difícil de ser alcançada. Esse
distanciamento provoca a melhoria e o constante questionamento
das condições de educação de nossas crianças. Também não
acontece somente na educação infantil.

Ele é característico de momentos em que as conquistas de direitos


necessitam ainda de canais e mecanismos de efetivação. Como
afirma Norberto Bobbio (1992), é no momento da aplicação dos direitos
que as contradições renascem: “quando se trata de enunciá-los, o
acordo é obtido com relativa facilidade, independente do maior ou
menor poder de convicção de seu fundamento absoluto; quando se
trata de passar à ação, ainda que seu fundamento seja
inquestionável, começam as reservas e as oposições”. Cabe-nos,
nessa nova fase da educação infantil, identificar e compreender as
motivações e as redes de sustentação das reservas e oposições aos
avanços legais e sugeridos pelo conhecimento na área.
19

GLOSSÁRIO

E
ECA: Estatuto da Criança e do Adolescente.

G
Grupal: Coletivo.

L
LDB: Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

Linguagem: É o sistema de se comunicar, com sentimentos e ideias, que


pode ser através da escrita ou da fala.
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REFERÊNCIAS

BARBOSA, Maria Carmen Silveira. A Prática Pedagógica no Berçário, São


Paulo, 1997.

BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. Rio de Janeiro: Editora Campus,


1992.

Direito e Estado no pensamento de Kant. Brasília: UNB, 1984.

BRASIL, Lei De Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9.394/96, de 20 de


dezembro de 1996.

DEMO, Pedro. Formação do profissional de Educação Infantil. (p.139-143).


Anais do IV Simpósio Latino-Americano de Atenção à Criança de 0 a
6 anos. Brasília: MEC, 1996.

Edital da prefeitura da Serra, para o cargo de auxiliar de creche – Disponível em:


http://www.serra.es.gov.br/arquivo/1549044455750-edital-n-001-2
019-auxiliar-de-creche.pdf .Acesso em : dia 22 mai.2020.

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Censo


Escolar, 2010. Brasília: MEC, 2011. JANUZZI, Paulo.

KUHLMANN JR, Moysés. Educação Infantil e Currículo. (p.51-66). In:


GOULART FARIA e PALHARES, M. S. (orgs). Educação Infantil
Pós-LDB: Rumos e Desafios. Campinas: Autores Associados, 1998.

MENDONÇA, Fernando Wolff. Teoria e Prática na Educação Infantil. Maringá,


PR: UNICESUMAR, 2013.

MERISSE, A. (et all). Lugares da infância: reflexões sobre a história da criança na


fábrica, creche e orfanato. São Paulo: Arte & Ciência, 1997.

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