Você está na página 1de 15

Finiteness of life in the art of tiles

Student: Lavínia Carmo

Figura 1
Figura 2
Figura 3

As obras que mais me atravessaram afetiva e emocionalmente remeteram à morte,

certamente a um luto pela vida perdida. A arte presente nos azulejos majoritariamente

representavam a perda do material no âmbito da morte, assim como certa fuga iminente ao

processo de morrer que também é uma certeza, e inerente à condição humana, habitando um

paradoxo de análise interessante. Acredito que de acordo com o Modelo Laminal da

Psicologia cultural fui levada até pelo menos o segundo nível, em que fui acarretada por certa

sensação inexplicável em palavras, tal sensação talvez remetendo ao vazio que carrega a

perda da vida. Ademais, também pude racionalizar bastante sobre os possíveis significados,

interpretações, imagens e sentidos, que estariam sendo apresentados na obra em questão. Em

suma, optei pela escolha de uma sequência de três imagens, a primeira intitulada como: “O
temor da morte”; a segunda enquanto “Com a morte têm-se de deixar tudo”; e por último “A

morte é o último fim das coisas”.

A relevância para sociedade atual se dá justamente por meio da análise que fiz sobre o

luto, é interessante pensar o quanto uma arte produzida em um cenário completamente

diferente do tempo presente pode remeter a hermenêutica da própria vida, de modo que ao

representar objetivamente o morrer, atravessa o tempo, seja passado, futuro ou presente, por

ser algo que não é passível ao tempo, e sim à condição humana. A partir do meu contexto,

inserida em um curso de Psicologia, na cidade de Salvador, e cursando a disciplina de

“Psicologia Hospitalar”, o luto é a minha interpretação mais rápida do sentimento que poderia

estar sendo expresso, e dessa maneira, acredito que a importância da obra se dá em sua

abertura para análise, possibilitando a identificação com algo profundo de si ou da própria

vida que nos atravessa. A arte nos azulejos conta a história da própria vida e também da

cidade. A partir da leitura de Dugnani (2012), sinto que a minha leitura e compreensão

pessoal sobre a relevância da obra foi contemplada e apreendida pelo trecho:

A memória, onde cresce a história, que por sua vez a alimenta,


procura salvar o passado para servir o presente e o futuro [...] de
forma que a memória coletiva sirva para a libertação e não para
servidão dos homens. (LE GOFF, 1984,p.47)

Quando nos debruçamos sobre as imagens dos azulejos


coloniais do convento de São Francisco, estamos observando e
interpretando a memória, recordação manifesta ou recalcada.
(DUGNANI, 2012, p.50)
De modo geral, o que encontrei sobre a história e o “verdadeiro significado” da obra

foi muito pouco e escasso, de forma que não encontrei uma trilha significativa sobre as obras

que selecionei, mas sobre a história da azulejaria do claustro do Convento São Francisco de

Salvador, de maneira geral. Os painéis de azulejos foram pintados por Bartolomeu Antunes

(na verdade, existem muitas discussões sobre se a verdadeira autoria seria dele ou não)- e
foram produzidos em Lisboa em 1745 e montados em 1746-1748 no claustro inferior do

Convento de São Francisco, em Salvador - Bahia. É colocado nesse livro que o autor principal

das obras buscava intensificar a meditação religiosa católica, por meio de conteúdos

moralistas que se referiam desde à Antiguidade greco-romana, a partir de um sentido técnico,

simbólico e até mesmo ideológico, também agregando em sua composição conteúdo pagão

greco-romano (DUGNANI, 2012).

Dessa maneira, a grande curiosidade acerca dessas obras é de que modo essa apologia

às figuras pagãs poderia estar relacionada ao contexto do convento no século XVIII, ambiente

ocupado por franciscanos e em que o Brasil ainda era colônia de Portugal. À princípio, há

dados de que as obras se constituíram por influência do artista holandês Otto van Veen (1556-

1634), artista de gravuras da obra “Theatro moral de la vida humana y de toda la philosophia

de la vida humana de los antigos y modernos”. Demonstrando-se assim, certa semelhança

entre a filosofia estóica dos neoplatônicos e os ideais católicos (DUGNANI, 2012).

Ao longo de todas as obras é possível identificar um senso religioso, do que é certo

certo ou errado, ou ainda ligado a virtudes e valores vistos com bons olhos pelos dogmas

católicos. De modo que, nas artes selecionadas por mim que referenciam a morte e o

“desapegar da vida” há uma ênfase muito forte nos aspectos materiais desse desapego, com a

representação de dinheiro e outras riquezas físicas nos azulejos, como que destacando“o

pecado da avareza ou ambição”. A partir de certa racionalização, acredito que identifiquei

algo como “avisos” nas obras, lembretes da “forma correta de agir no mundo”, de acordo com

essa religião em específico. Algo como: “lembre-se que na morte não levamos nada, então

preste atenção aos seus apegos materiais na Terra”. É interessante também identificar de que

modo cheguei a tais conclusões, com a atribuição de sentidos e significações para cada

elemento da arte analisada, com base no que conheço sobre a religião e minha leitura sobre a

história das obras. Sendo assim, há de fato um processo de esquematização acontecendo.


De acordo com Valsiner (2006), por exemplo, os processos de esquematização e

pleromatização se referem a construção de significados, como forças que atuam no sentido de

reduzir - ou codificar - a complexidade da experiência e, por outro lado, aumentar a

complexidade da experiência inicial. Nesse sentido, a construção e atribuição de sentido se dá

na dimensão cognitiva e nos permite construir signos e símbolos para transmitir a experiência

que temos em nossa interação com o meio, como também fazem parte do processo de

internalização de signos que auxiliam na construção de uma experiência interna. Acredito que

o primeiro contato com a azulejaria, me fez inconscientemente estar imersa na

pleromatização, de modo que estive perdida na sequência de elementos apresentados, sendo

atravessada por uma certa confusão e tentativa de compreensão, em que mesmo identificando

alguns objetivos conhecidos por mim e passíveis de serem explicado enquanto signos, ainda

estava em jogo certa “primeira impressão” com a obra enquanto um todo, momento que se

faria presente a mediação semiótica (FOSSA, 2017). O que mais me tocou nesse sentido foi

uma espécie de receio da morte, destacada no todo das imagens, algo como “a fuga de algo

que não se pode fugir”, e a partir dessa impressão, utilizei o que conheço para entrar em uma

linha explicativa e possível de compartilhamento com outras pessoas.

Por um lado o impacto experiencial à primeira vista, perde um pouco a sua

complexidade nesse processo de transcrição semiótica, mas ao mesmo tempo o processo de

“hiper-generalização” permite que certa complexidade se mantenha. Esse processo é

denominado mediação semiótica. Em que existem duas linhas paralelas ocorrendo ao mesmo

tempo a partir das experiências no meio, uma delas tende em direção à homogeneização -

schematization e a outra se direciona para heterogeneização - pleromatization.Dessa

perspectiva, objetos pleromáticos - ou seja, sinais icônicos ou símbolos, permitem que todas

as pessoas compartilhem esse contexto psicológico para entender o significado na direção que

o objeto ou símbolo o apresenta. Sendo assim, a arte pode ser concebida como um
“pleromatic objet”, pois permite esse compartilhamento de sentido. Enquanto a

schematization se dá no processo descrito abaixo a partir da psicanálise, de significação

esquemática de uma interioridade sentida. Consoante à Valsineer (2006), essa codificação da

experiência em conceitos verbais e signos permite a construção formal de categorias que

simplificam a complexidade, ao mesmo tempo que permite a construção de ideias complexas

e contempla experiências em um único conceito, como é o caso da descrição a seguir sobre

luto e morte.

A partir do texto escrito por Dunker (2019), à luz da teoria psicanalítica sobre o luto é

interessante como ele propõe, a partir da leitura de Freud em Luto e Melancolia, a possível

existência de um luto infinito, enquanto uma eternização do processo de deslizamento em

relação à integração do objeto perdido no Eu. Em casos de pura identificação do Eu com o

objeto perdido, em suma se destacam condições patológicas como a melancolia e alguns tipos

de depressão. O texto propõe uma análise tendo em vista os pilares que asseguram as

discussões de Freud sobre o luto, considerando que, para hipótese psicanalítica, o luto

também é um modo de subjetivação e relação com o outro permanente. Não me atento

totalmente à teoria desse autor, mas se propondo a deslanchar por alguns pontos, cabe pensar

como Freud coloca o luto muitas vezes na condição de algo que produz certa “inibição e a

perda de interesses [...] plenamente explicadas pelo trabalho do luto no qual o ego é

absorvido”.

Nesse sentido, por mais que as obras não remetam diretamente ao luto, e sim ao

fenômeno da morte, tendo a pensar, muito a partir do trecho da obra: “A morte é o fim das

coisas.”, como há algo como uma deadline, em que esse sujeito está “condenado” a um fato

distante de tudo que conhece. Nesse sentido, é possível identificar a pleromatizacao e

esquematização ocorrendo lado a lado, em reações emocionais e ao mesmo tempo racionais

sobre as obras. Ainda a partir de Freud (1917), e na lógica do luto, é possível colocar que: “é
persuadido, pela soma das satisfações narcisistas que deriva de estar vivo, a romper sua

ligação com o objeto abolido – então é a hora que eu o solto –, talvez possamos supor que

esse trabalho de rompimento seja tão lento e gradual”, nesse sentido, me veio imediatamente

em mente o quanto são semelhantes os processos representados nos azulejos pela chegada de

uma “morte programada”, como a certeza da vida, que também é representada de uma forma

lenta, processual, assim como o é o luto, a elaboração da perda.A partir de Dunker (2019), é

possível concluir que “o luto faz resistência estrutural à lógica da produção, à lógica do

apressamento”.

Vendo o corpo morto na imagem em sequência (Figura 3), me arrisco a compartilhar

que me veio em mente um corpo que está se despedindo de sua própria vida, seja ela material

e concreta, como os objetos dispostos no espaço como coroa, riquezas, mas também a

despedida, ou até mesmo o luto, por todo o resto que se deixou, em direção “a uma morte que

é o fim das coisas”, e ao mesmo tempo em direção a um luto próprio, em um “luto que

consiste em identificar a perda do real [...] - peça por peça, pedaço por pedaço, signo por

signo, até o esgotamento, quando isso está feito, acaba” (Freud, 1917, p.72). Me arriscaria

aqui a adicionar mais uma descrição psicanalítica que me acomete nessa análise, de modo a

pensar o quanto esse processo da perda de uma vida, tão representada na materialidade pelas

obras nos azulejos, também se expressa por meios imateriais, considerando ser a perda de

uma vida, de experiências com o meio, de familiaridade com o conhecimento e em direção a

um destino infamiliar. Sobre as perdas infinitas, propostas em seu texto, Dunker (2019),

propõe algo que já havia sido enlaçado por Lacan, sobre o desejo, a incomensurabilidade da

perda se traduz em um desejo, como uma “substância infinita que habita corpos finitos”, que

não é completamente refém da linguagem, assim como, não pode ser todo subjetivado, o

desejo é a própria falta, a falta do do desejo do Outro. Por fim, destaco que a arte é uma das

ferramentas mais interessantes na transmissão desse “unfamiliar”, ou esse “desejo que é a


própria falta”, por uma incomensurabilidade da perda, as obras nos azulejos podem ser

interpretadas como uma tentativa de representar algo certamente inexplicável no campo

puramente linguístico. Sendo a morte um evento, a primeira medida, sentida emocionalmente,

possibilitando bastante espaço para pleromatização, em concomitância com a esquematização.

IN ENGLISH

The works that most deeply affected me emotionally and sentimentally referred to

death, undoubtedly to a grief for lost life. The art present in the tiles mostly represented the

loss of material in the realm of death, as well as a certain imminent escape from the process of

dying, which is also a certainty inherent to the human condition, inhabiting a paradox of

interesting analysis. I believe that according to the Laminal Model of Cultural Psychology, I

was led at least to the second level, where I was carried by a certain inexplicable sensation in

words, perhaps a sensation reminiscent of the emptiness that accompanies the loss of life.

Furthermore, I also rationalized extensively about the possible meanings, interpretations,

images, and senses that were being presented in the work in question. In short, I opted for a

sequence of three images, the first titled "Fear of Death"; the second as "The death all is left

behind"; and finally, "The death is the last boundary-string of all".

The relevance to contemporary society arises precisely from the analysis I made of

grief. It is interesting to consider how art produced in a completely different setting from the

present time can refer to the hermeneutics of life itself, representing objectively the act of

dying, transcending time, whether past, future, or present, as it is something not subject to

time but to the human condition. From my context, immersed in a Psychology course in the

city of Salvador and taking the "Hospital Psychology" discipline, mourning is my quickest

interpretation of the feeling that could be expressed. In this way, I believe that the importance

of the work lies in its openness to analysis, allowing identification with something profound
within oneself or one's own life that traverses us. The tile art tells the story of life itself and

also of the city. From the reading of Dugnani (2012), I feel that my personal reading and

understanding of the relevance of the work were captured and grasped by the passage:

"Memory, where history grows, which in turn nourishes it, seeks to save the past to serve the

present and the future [...] so that collective memory serves for the liberation and not for the

servitude of men." (LE GOFF, 1984, p.47)

When we delve into the images of the colonial tiles of the Convent of São Francisco,

we are observing and interpreting memory, manifest or repressed recollection (DUGNANI,

2012, p.50). In general, what I found about the history and the "true meaning" of the work

was very little and scarce, so I did not find a significant trail about the works I selected, but

about the history of the azulejos in the cloister of the Convent São Francisco de Salvador in

general. The tile panels were painted by Bartolomeu Antunes (there are actually many

discussions about whether the true authorship would be his or not) - and were produced in

Lisbon in 1745 and assembled in 1746-1748 in the lower cloister of the Convent of São

Francisco, in Salvador - Bahia. It is stated in this book that the main author of the works

sought to intensify Catholic religious meditation through moralistic content referring to both

Greco-Roman antiquity, from a technical, symbolic, and even ideological sense, also adding

Greco-Roman pagan content to its composition (DUGNANI, 2012).

Thus, the great curiosity about these works is how this praise of pagan figures could

be related to the context of the convent in the 18th century, a setting occupied by Franciscans

and when Brazil was still a colony of Portugal. At first, there is information that the works

were influenced by the Dutch artist Otto van Veen (1556-1634), the artist of engravings from

the work "Theatro moral de la vida humana y de toda la philosophia de la vida humana de los

antigos y modernos." Thus, there is a certain resemblance between the Stoic philosophy of the

Neoplatonists and Catholic ideals (DUGNANI, 2012). Throughout all the works, it is possible
to identify a religious sense, what is right or wrong, or even linked to virtues and values seen

favorably by Catholic dogmas. So, in the arts selected by me that reference death and "letting

go of life," there is a very strong emphasis on the material aspects of this detachment, with the

representation of money and other physical riches in the tiles, as if highlighting "the sin of

greed or ambition." Through a certain rationalization, I believe I identified something like

"warnings" in the works, reminders of the "correct way to act in the world," according to this

specific religion. Something like: "remember that in death, we take nothing, so pay attention

to your material attachments on Earth." It is also interesting to identify how I arrived at such

conclusions, attributing meanings to each element of the analyzed art based on what I know

about religion and my reading about the history of the works. Thus, there is indeed a

schematization process taking place.

According to Valsiner (2006), for example, schematization and pleromatization

processes refer to the construction of meanings, as forces that act to reduce - or encode - the

complexity of experience and, on the other hand, increase the complexity of initial

experience. In this sense, the construction and attribution of meaning occur in the cognitive

dimension and allow us to build signs and symbols to convey the experience we have in our

interaction with the environment, as well as being part of the process of internalization of

signs that aid in the construction of an internal experience. I believe that my first contact with

the tilework unconsciously immersed me in pleromatization, so I was lost in the sequence of

presented elements, traversed by a certain confusion and attempt to understand, even though I

identified some objectives known to me and explainable as signs, there was still a certain

"first impression" with the work as a whole, a moment when semiotic mediation would come

into play (FOSSA, 2017). What touched me the most in this sense was a kind of fear of death,

highlighted in the whole of the images, something like "the escape from something that
cannot be escaped," and from this impression, I used what I know to enter into an explanatory

and shareable line with other people.

On the one hand, the experiential impact at first sight loses some of its complexity in

this process of semiotic transcription, but at the same time, the process of "hyper-

generalization" allows certain complexity to be maintained. This process is called semiotic

mediation. There are two parallel lines occurring simultaneously from experiences in the

environment, one of them tends towards homogenization - schematization, and the other

towards heterogenization - pleromatization. From this perspective, pleromatic objects - that is,

iconic signs or symbols, allow all people to share this psychological context to understand the

meaning in the direction that the object or symbol presents it. Thus, art can be conceived as a

"pleromatic object" because it allows this sharing of meaning. While schematization occurs in

the process described below from psychoanalysis, the schematic meaning of a felt interiority.

According to Valsineer (2006), this coding of experience into verbal concepts and signs

allows the formal construction of categories that simplify complexity while allowing the

construction of complex ideas and encompasses experiences in a single concept, as is the case

with the following description of mourning and death.

From the text written by Dunker (2019), in the light of psychoanalytic theory about

mourning, it is interesting how he proposes, based on Freud's reading in Mourning and

Melancholia, the possible existence of an infinite mourning, as an eternalization of the process

of slipping in relation to the integration of the lost object into the Self. In cases of pure

identification of the Self with the lost object, pathological conditions such as melancholy and

some types of depression stand out. The text proposes an analysis considering the pillars that

ensure Freud's discussions about mourning, considering that, for psychoanalytic hypothesis,

mourning is also a mode of subjectivation and permanent relationship with the other. I don't

fully focus on this author's theory, but proposing to unfold some points, it is worth thinking
about how Freud often places mourning in the condition of something that produces a

"inhibition and loss of interests [...] fully explained by the work of mourning in which the ego

is absorbed."

In this sense, even though the works do not directly refer to mourning but rather to the

phenomenon of death, I tend to think, much from the passage of the work: "Death is the end

of things," how there is something like a deadline, in which this subject is "condemned" to a

fact distant from everything he knows. In this sense, it is possible to identify pleromatization

and schematization occurring side by side, in emotional and rational reactions to the works.

Still, according to Freud (1917), and in the logic of mourning, it is possible to state that:

"persuaded, by the sum of narcissistic satisfactions derived from being alive, to break his

connection with the abolished object - then is the time when I release him - perhaps we can

assume that this breaking work is so slow and gradual." In this sense, it immediately came to

my mind how similar the processes represented in the tiles are to the arrival of a "scheduled

death," like the certainty of life, which is also represented in a slow, procedural way, just as

mourning is, the elaboration of loss. According to Dunker (2019), it is possible to conclude

that "mourning structurally resists the logic of production, the logic of hastening."

Seeing the dead body in the sequential image (Figure 3), I venture to share that what

came to my mind was a body that is saying goodbye to its own life, be it material and

concrete, like the objects arranged in space such as a crown, riches, but also the farewell, or

even mourning, for everything else that was left behind, towards "a death that is the end of

things," and at the same time towards its own mourning, in a "mourning that consists of

identifying the loss of the real [...] - piece by piece, piece by piece, sign by sign, until

exhaustion, when that is done, it's over" (Freud, 1917, p.72). I would risk adding one more

psychoanalytic description that comes to mind in this analysis, in order to think about how

much this process of losing a life, so represented in materiality by the works in the tiles, also
expresses itself through immaterial means, considering it to be the loss of a life, of

experiences with the environment, of familiarity with knowledge, and towards an unfamiliar

destination. About the infinite losses proposed in his text, Dunker (2019) proposes something

that had already been linked by Lacan, about desire, the immeasurability of loss translates into

a desire, like an "infinite substance that inhabits finite bodies," which is not completely

hostage to language, just as it cannot be completely subjectivized, desire is the lack itself, the

lack of the desire of the Other. Finally, I emphasize that art is one of the most interesting tools

in the transmission of this "unfamiliar," or this "desire that is the lack itself," due to an

immeasurability of loss, the works in the tiles can be interpreted as an attempt to represent

something certainly inexplicable in the purely linguistic field. As death is an event, the first

measure, emotionally felt, allowing plenty of space for pleromatization, in conjunction with

schematization.

Referências

Diniz, C. A., & Marinho, A. (2022). A vida de São Francisco de Assis nos azulejos

setecentistas da América Portuguesa: entre hagiografias, gravuras e apropriações.

Dugnani, P. (2012). A herança simbólica na azulejaria barroca: os painéis do claustro da

Igreja de São Francisco da Bahia. SciELO-Editora Mackenzie.

Dunker, C. I. L. (2019). Teoria do luto em psicanálise. Revista PsicoFAE: Pluralidades em

Saúde Mental, 8(2), 28-42.


Fossa, P. (2017). Pleromatization, physiognomization and metaphoricity: A theoretical

articulation of sense making processes of Valsiner, Werner and McNeill. Psicologia USP, 28,

93-101.

FREUD, S. (1917). 1915). Luto e melancolia. Obras Completas.

Martins, W. S. (2019). Ordens terceiras no mundo luso-brasileiro (séculos XVI-XIX). Rio de

Janeiro: Gramma, 87-117.

Pinheiro, O. J., Pantaleão, L. F., & Eguchi, H. C. (2012). Azulejaria Barroca do Claustro de

São Francisco de Salvador: Interpretação Simbólica. Em P. Dugnani (Org.), Herança

Simbólica na Azulejaria Barroca. São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Rodríguez de la Flor, F. (2022). Barroco. La cultura de un Imperio.

Você também pode gostar