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Aluno: HUGO DOS SANTOS FARIAS

DEMOCRACIA, CIDADANIA E
SOCIEDADE CIVIL
AULA 3

Prof. Izabela de Gracia Yabe


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Aluno: HUGO DOS SANTOS FARIAS

CONVERSA INICIAL

Um fato curioso que precisa sempre ser lembrado: as pessoas nascem


como integrantes da espécie humana, recebendo todo patrimônio genético. No
entanto, além de nossa herança genética aperfeiçoada ao longo dos milhares de
anos de evolução, precisamos também, adquirir um outro grande patrimônio, o
cultural. A cultura representa nossa história e os diferentes tipos de
conhecimentos produzidos e acumulados, as tecnologias e saberes que tornam
a vida humana mais fácil e desenvolvida. Assim, nesta aula, veremos que a
qualidade dos processos de socialização é fundamental para que as pessoas
possam ser educadas da melhor forma possível, nutrindo em si mesmas, por
meio da educação, os valores mais nobres alcançados por nossa cultura.

TEMA 1 – COMO NASCE A SOCIEDADE?

Existem algumas perspectivas que podem nos ajudar a responder essa


pergunta. A visão naturalista aristotélica ensina que a sociedade sempre existiu,
desde que o homem emergiu como ser social, em outras palavras, Aristóteles
defendia que a sociedade humana sempre existiu. A partir do momento que a
sociedade começou a existir, com suas relações sociais, formações de grupos,
criações de normas, de regras de convívio e morais, o homem já se fazia
presente.
Segundo a concepção naturalista de Aristóteles, o homem é um animal
racional e político. Sendo assim, a sociedade é uma projeção da própria
sociedade humana, ou seja, é consequência da natureza de sociabilidade dos
indivíduos. Entretanto, muito embora contemple essa visão naturalista da
sociedade, Aristóteles entendia que o homem nasce da espécie humana, porém
para, de fato, se tornar humano depende da qualidade dos processos de
interação. Com base em seus convívios sociais, suas relações éticas e morais e
da dimensão política é que o indivíduo vai se humanizando, desenvolvendo o
seu potencial e sua racionalidade.
Muito embora possuísse essa visão naturalista da sociedade, ele entendia
que o homem nasce da espécie humana e o ato de se tornar humano dependia
da qualidade dos processos de interação. Dessa maneira, o convívio social, as
relações éticas e morais, as dimensões políticas determinavam a humanização
do ser humano, com o desenvolvimento da racionalidade.

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Na visão contratualista de Hobbes, Locke (1632-1704) e Rousseau (1712-


1778), a sociedade surgiu de um pacto social. Esses autores, com diferenças
entre eles, entendiam que antes havia um estado natural, e que em certo
momento ocorreu uma transição para um estado social ou civil.

Segundo Lavalle (1999), é possível conformar três grandes famílias de


argumentos sobre sociedade civil: a jusnaturalista (Hobbes, Locke,
Rousseau), uma outra família com base na concepção de Hegel e uma
terceira fundada no pensamento de Tocqueville (Beras, 2013, p. 22).

Com essa transição, surgiram diferentes instituições, entre elas a mais


significativa e impactante: o Estado. Essas perspectivas, como veremos a seguir,
ainda têm muito a nos ensinar sobre a vida social.

Figura 1 – Thomas Hobbes (1588-1679)

Créditos: Georgios Kollidas/Shutterstock.

Para Thomas Hobbes, a sociedade era um mal necessário, no sentido de


que, ou aprendemos a conviver juntos, ou estamos fadados a viver sob uma
constante sensação de medo e insegurança, tendo em vista de que a qualquer
momento alguém mais forte ou em maior número pode atacar.
Ele possuía uma visão muito negativa do homem, tratando-o como um
átomo de egoísmo e isolamento. Esse homem, trabalhado na teoria de Hobbes,
antes da existência do pacto social, vivia em uma condição de guerra de todos
contra todos. Por esse motivo usava a frase “O homem é o lobo do homem”.
Hobbes trata a vida, antes da sociedade, de maneira tosca, bruta e violenta.
Diante disse, surgiu, então, a necessidade da passagem do estado de
natureza para o estado social. Assim, temos que a sociedade nasceu da situação
hipotética de um pacto entre os homens para avançar e se estabelecer.

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Nessa perspectiva do homem mal, violento, é importante que houvesse


uma organização social, ou seja, um terceiro indivíduo responsável por mediar
as relações, o qual Hobbes chamou de Estado. Dessa maneira, o Estado não
podia demonstrar fraqueza, caso contrário, o homem, com sua natureza violenta
pode romper com o pacto social.
A primeira iguala Estado e sociedade civil, admitindo, no primeiro, leis de
observância universal, que nos retirariam do estado de natureza. Bobbio et al.
(1995, p. 1206) salientam que, para essa tradição jusnaturalista, cujos autores
são do século XVII e XVIII, o poder comum se dava por meio do Estado. Os
autores (Bobbio et al., 1995 p. 1206) ilustram com Locke ao demonstrar que os
cidadãos que se reúnem para discutir questões de interesse comum realizam
uma dupla função, a de ser sociedade civil e Estado” (Beras, 2013, p.22).

Figura 2 – John Locke (1632-1704)

Créditos: Georgios Kollidas/Shutterstock.

Locke foi o responsável por trazer a ideia de que o homem possuía um


impulso solidário e que a sociedade só era possível por meio desse impulso.
Portanto, para Locke, diferentemente do que apresentava Hobbes, a sociedade
servia para facilitar a vida do homem, ou seja, a vida social. Para esse autor, que
defendia uma visão liberal, a função do Estado contemplava a defesa dos direitos
de integridade, liberdade e propriedade ao indivíduo. Dessa maneira, passou a
advogar em favor do indivíduo liberal burguês.

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Figura 3 – Jean Jacques Rousseau (1712-1778)

Créditos: Georgios Kollidas/Shutterstock.

Rousseau defendia a concepção do “bom selvagem”, sendo a


propriedade a raiz da desigualdade. Ele propunha um modelo de sociedade
baseado na democracia, ou seja, em uma visão de valorização da vontade que
nasce da soberania do povo por meio de um processo democrático. Assim, era
necessário um novo contrato social, com novas leis, para garantir que a
sociedade fosse resultado da vontade geral, do bem comum.

TEMA 2 – MAS O QUE É A SOCIEDADE CIVIL?

A sociedade civil vai aparecer sempre como um lugar, um espaço. A


questão é definir que espaço é esse. Nesse sentido, um dos grandes pensadores
que passou a apresentar a nova ideia de consolidação da sociedade, a partir da
modernidade, foi o filósofo político Norberto Bobbio. “Numa primeira
aproximação pode-se dizer que a sociedade civil é o lugar onde surgem e se
desenvolvem os conflitos econômicos, sociais, ideológicos, religiosos, que as
instituições estatais têm o dever de resolver através da mediação ou através da
repressão” (Bobbio, 2010, p. 35-36).
Neste momento, percebe-se uma concepção de sociedade civil como um
grande palco, em que acontecerão as relações sociais e os embates. Uma das
formas largamente utilizadas de mediar os conflitos da vida social é a educação,
preparando as pessoas para a vida em sociedade.

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Todavia, quando a educação e a moralidade não são suficientes para


conter as pessoas, entra em cena o mundo do direito. Muitos dos conflitos só
alcançam sua pacificação quando o Estado intervém na forma do poder
judiciário. As instituições estatais seriam, com base nesse cenário, as
responsáveis por mediar estes conflitos de ordem religiosa, econômica, disputas
por reconhecimento, por espaços, por direitos, por uma melhor participação na
vida social etc.
Bobbio (1990, p. 19-50) salienta que, nesse período, o que chamávamos
de sociedade civil era o que hoje chamamos de Estado. Temos aqui uma relação
de igualdade entre os dois polos. A sociedade civil, ao se contrapor à sociedade
natural, constituía-se em um espaço de regramento e convivência coletiva, ou
seja, como nos demonstra Locke, citado anteriormente por Bobbio (1990), a
sociedade civil era o Estado (Beras, 2013, p. 22).
A sociedade civil é composta por indivíduos, grupos, instituições e
movimentos sociais. O processo de inserção no meio social de um indivíduo
começa em casa, com a educação que recebe de seus pais ou responsáveis,
durante a sua convivência familiar as interações nos processos de socialização
primária, ou seja, em todo o desenvolvimento da criança no seu contato com os
pais, com a educação moral, no seu entendimento dos limites etc.
Na vida social, nós temos, também, os grupos, os quais podem se
caracterizar por profissionais, religiosos, ligados, por exemplo, a interesses
artísticos ou partidos políticos, ou seja, são diversos. Os grupos sociais vão atuar
e fazer, de certa maneira, pressão social para terem os seus objetivos
alcançados.
Além dos indivíduos e dos grupos sociais, formam o escopo da sociedade,
as instituições/organizações. Elas originam estruturas, uma lógica, um conjunto
de recursos que vão impactar na sociedade.
Por fim, tem-se os movimentos sociais, mais recentemente em um
processo de transformação da sociedade brasileira, principalmente a partir da
década de 80, com a redemocratização do país. Esse momento fez surgir o que
é chamado na sociologia de os “sujeitos de direito” e “novos sujeitos de direito”,
ou ainda, “sujeitos coletivos de direito”, que nada mais são do que os
movimentos sociais.
Sujeitos desses conflitos e portanto da sociedade civil exatamente
enquanto contraposta ao Estado são as classes sociais, ou mais amplamente os

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grupos, os movimentos, as associações, as organizações que as representam


ou se declaram seus representantes; ao lado das organizações de classe, os
grupos de interesse, as associações de vários gêneros com fins sociais, e
indiretamente políticos, os movimentos de emancipação de grupos étnicos, de
defesa dos direitos civis, de libertação da mulher, os movimentos jovens etc.
(Bobbio, 2010, p. 35-36).
Então, basicamente, a esfera da sociedade civil se dá baseada na
dinâmica desses atores. E, para tanto, buscando a convivência funcional entre
esses atores da sociedade, deve-se evitar a judicialização da vida social, ou seja,
um campo de disputas constantes.
A atuação do Estado e, principalmente, da família e do processo
educacional visam a preparação do indivíduo para que diante das situações de
conflito, de tensão, de limitações, de proibições não contemplem ações que
impliquem na atuação da esfera da justiça. É preciso, assim, que as relações
sociais sejam estabelecidas sobre o princípio da convivência respeitosa, a qual
busque basear-se no diálogo e no apoio mútuo.
Dessa maneira, é preciso considerar que, havendo conflitos e esgotados
os canais de diálogo, o Estado deverá intervir na forma da lei. Essa intervenção,
porém, deve ser com equidade e justiça social, respeitando-se sempre os direitos
fundamentais estabelecidos na Constituição Federal.

TEMA 3 – A VIDA SOCIAL E A AUTONOMIA DOS INDIVÍDUOS

Para o melhor entendimento da convivência social e suas dificuldades, é


preciso buscar o que estabelece a psicanálise, com ênfase nas teorias
cognitivistas. Essas teorias apresentam o desenvolvimento da consciência moral
e da maneira de como o indivíduo deve se comportar e articular a suas reações
junto ao outro. Assim, e preciso a consciência de que o tecido social é formado
por indivíduos, grupos e instituições. Muitos dos problemas de nossa sociedade
são estruturais e envolvem aspectos econômicos e históricos. No entanto,
existem aspectos que podem ser explicados com o desenvolvimento da
personalidade dos indivíduos.
Segundo Kolberg e Piaget, existem quatro etapas de desenvolvimento da
consciência moral, que por sua vez correspondem a comportamentos sociais. A
anomia seria a primeira fase, a heteronomia a segunda, a socionomia a terceira,
e a última, a fase da autonomia. Dessa maneira, à medida que o indivíduo vai se
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tornando pleno em cada uma dessas etapas vai, também, progressivamente, se


preparando e se qualificando para uma melhor convivência social.
A seguir, a configuração das duas primeiras fases de desenvolvimento da
personalidade e do comportamento social:
 Anomia (ausência de regras sociais; egocentrismo): pouca
diferenciação entre o eu, o outro e o mundo;
 Heteronomia (seguir e obedecer às limitações importas pelo outro):
introjeção da autoridade, formação do superego e limitações ao
princípio do prazer.
Na anomia consideramos aquela criança em desenvolvimento, ou seja,
que contempla seus 0 a 2 anos de idade. Essa criança não tem amadurecida a
ideia de que o mundo não está à sua disposição. Assim, estabelece uma ligação
com os objetos e com as pessoas, característica que fundamenta o
egocentrismo. Não existe o reconhecimento das limitações e das normas. No
entanto, o processo de anomia, que se qualifica basicamente no
desenvolvimento infantil, pode ser encontrado, também, em indivíduos adultos,
ainda presos nessa fase. Isso acontece porque esses indivíduos cresceram
cronologicamente (avançaram na idade), mas nos aspectos que tangem o
psicológico e ético-moral, possuem grande dificuldade em lidar com as normas,
regras e os limites. Alguns autores defendem, inclusive, que é nesse cenário que
começam as doenças como a psicopatia.
A heteronomia caracteriza, então, o momento em que a criança é
pautada pelo pai ou pela mãe, ou ainda, por seus cuidadores. Naturalmente, a
criança vai percebendo que ela não pode tudo. Ela percebe que para ter acesso
ao mundo precisará das mediações realizadas pelos adultos que a querem bem,
que a amam. Dessa maneira, a criança vai introjetando a importância de se
obedecer às regras com medo de perder, segundo a visão psicanalítica, o afeto
dos pais. É fundamental, então, que a criança tenha uma relação saudável com
esses adultos ao ponto que seja mais caro a ela perder esse carinho do que
obedecer à regra ou à norma estabelecida. Obviamente, como detalhado
anteriormente, também existem adultos que não tiveram sucesso em lidar com
essa fase e apresentam dificuldade em viver a própria vida, sem que alguém
imponha limites para serem respeitados.

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TEMA 4 – AS DUAS ÚLTIMAS ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DA


CONSCIÊNCIA MORAL

As duas últimas etapas do desenvolvimento da personalidade que


envolvem o amadurecimento do “eu” e da vida moral são a socionomia e a
autonomia.

 Socionomia (identidade ligada ao grupo social): seguir o grupo


(sentimento de pertença), fortalecimento e coesão, tribos urbanas,
gangues;
 Autonomia (seguir as próprias normas): filtro moral, cultural e cognitivo,
diferenciação da massa, autoafirmação, fazer substância de si mesmo.

Na socionomia, o indivíduo precisa do grupo, sua identidade passa pela


aceitação do grupo ou grupos a que pertence. Imaginando uma situação
idealizada, os indivíduos vão adquirindo maturidade e tendem a ingressar na
vida social com maior autonomia. Mais grave do que as ideias de anomia e de
heteronomia está a socionomia, por conta da sua periculosidade. Quando o
indivíduo fica circunscrito à essa esfera, ou seja, a ideia de que a vida dele só
ganha sentido diante de um coletivo, ou ainda, que ele só existe mediante
validação e da gratificação desse coletivo, apresenta-se um potencial danoso
para a sociedade. Como bem mostrou Theodor Adorno, filósofo alemão, e um
dos expoentes da Escola de Frankfurt, em seus estudos sobre o
desenvolvimento da personalidade autoritária e em sua discussão sobre
autonomia, os indivíduos que tem a sua identidade vinculada em um grupo social
depreciativos e agressivos se apresentam como indivíduos problemáticos para
a vida social.
Quando esse indivíduo faz parte de um grupo positivo, que agrega à
sociedade, não é considerada uma figura que ofereça danos. Entretanto, se
falamos de um indivíduo que estabelece laços com gangues, ou com grupos que
hostilizam ao próximo, a paz social é colocada em risco.
A autonomia é quando o indivíduo avança e aprende a viver com si
mesmo. Ele elabora as próprias regras e normas, não à revelia da sociedade.
Isso não significa que alguém com autonomia vive alheio aquilo que é

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estabelecido pela sociedade como importante, mas sim que cria um filtro moral,
cultural e cognitivo para compreender o que realmente é nobre e digno de ser
seguido.
Ser autônomo, como também ensinava Adorno, significa ser capaz de se
diferenciar da massa, afirmar-se como único e singular, aprender a fazer
substância de si mesmo. Alcançando essa fase, o indivíduo pode resistir a
diferentes formas de tutela, seja de uma gangue, de um grupo de fanáticos, de
extremistas religiosos ou de grupos políticos radicais. Ao pensar por si mesmo,
esse indivíduo resiste a cooptação, alienação e massificação. A sociedade civil
tanto será mais forte e saudável, quanto mais for composta de indivíduos com
autonomia.

TEMA 5 – A SOCIEDADE CIVIL EMANCIPADA

Uma educação que leve à autonomia, consequentemente, vai resultar em


uma formação humana com um cidadão exemplo, caracterizado pela
emancipação. Entenda a emancipação como coroamento da autonomia, ou seja,
o indivíduo emancipado é aquele que aprendeu a fazer substância de si mesmo
(buscar em si a capacidade de nutrir os valores mais nobres que a sociedade
humana na produziu).
Uma frase ainda impactante de Bertold Brechet (1898-1956), poeta
alemão do Século XX, não deixa de ser atual. "Não se regozijem com a derrota
dele, homens. Mesmo que o mundo tenha se erguido para deter o bastardo a
cadela que o pariu está no cio novamente". Brechet, com essa frase, se refere a
Adolf Hitler, o grande responsável pela transformação de um projeto de barbárie
em um projeto nacional, que, posteriormente, se tornou mundial. Podemos
entender por “barbárie”, quando o outro que é diferente de mim passa a ser
coisificado. Estamos falando de democracia, de cidadania e de sociedade civil.
O contrário de uma sociedade civil cidadã, de direitos e de respeito, é justamente
a ideia de barbárie que foi colocada em prática pelo projeto nazista de exterminar
todo aquele que é diferente da regra e do modelo. Ou seja, o oposto do que
buscamos com uma sociedade emancipada.
A roupagem de discurso populista e reformulador pode enganar as
pessoas. Assim, mesmo com os desfechos avassaladores provocados pelos
exemplos históricos que tivemos, é possível sim que a população aposte nessas
ideias nazistas (projeto de poder que ocupe as instituições e exclui todos aqueles
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que pensam diferente ou que são diferentes). O discurso nazifascista não está
superado, ele é sim muito forte no mundo e no Brasil. Por isso, é preciso reforçar
a frase de Brechet como um alerta para as condições que tornaram o nazismo
uma potência na Alemanha, que não estão superadas, tais quais: preconceito,
exclusão, miséria, marginalidade etc. A ideia de culpar o outro por esses
problemas é muito forte. Sendo, muitas vezes, esse “outro”, a faixa da minoria
(negro, índio, LGBT, imigrante).
Dessa maneira, a educação contra a barbárie contempla a ideia da
valorização do indivíduo em sua singularidade, o acolhimento, o respeito e a
participação de todos igualitariamente.

NA PRÁTICA

Aprende melhor quem pratica o que aprendeu. Pensando nisso,


propomos uma pequena pesquisa. Com base em documentários acadêmicos ou
textos científicos, busque fazer um levantamento do contexto social e econômico
da Alemanha durante a ascensão do nazismo. Em seguida, elabore um quadro
comparativo mostrando possíveis paralelos com a realidade social do Brasil
contemporâneo. Após a pesquisa faça um pequeno texto com suas próprias
conclusões.

FINALIZANDO

Ao longo desta aula, foi possível compreender melhor as teorias e os


autores que explicam o surgimento da vida social. Vimos também que um dos
papéis do Estado é atuar como mediador dos conflitos presentes na sociedade
com base nos princípios da equidade e da justiça social.
Também compreendemos que os indivíduos passam por diferentes fases
de desenvolvimento da personalidade e do comportamento social e moral e que
as famílias e a escola, assim como toda a sociedade, têm grande importância e
responsabilidade nesse processo.
Por fim, foi possível compreender que uma sociedade civil forte e saudável
se constrói com a autonomia e emancipação dos indivíduos, condições
fundamentais para evitar o retorno da barbárie.

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REFERÊNCIAS

BERAS, C. Democracia, cidadania e sociedade civil. Curitiba: InterSaberes,


2011.

BOBBIO, N. Estado, Governo, Sociedade: Para uma teoria geral da política.


16. reimp. Tradução de Marco Aurélio Nogueira. São Paulo: Paz e Terra, 2010.

BOURDIEU, P.; PASSERON, J.-C. A reprodução: Elementos para uma teoria


do sistema de ensino. Tradução de Reynaldo Bairão. Rio de Janeiro: Francisco
Alves, 1982.

NAUROSKI, E. A. Teorias sociológicas e temas sociais contemporâneos.


Curitiba: InterSaberes, 2018.

PERISSINOTTO, R. M. As elites políticas: questões de teoria e método.


Curitiba: InterSaberes, 2009.

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