Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Sumário
UNIDADE 01 – SOCIOLOGIA POLÍTICA....................................................................................... 2
UNIDADE 02 – ESTADO........................................................................................................... 14
UNIDADE 03 – ELEMENTOS CONSTITUIVOS E CARACTERÍSTICAS DO ESTADO ...................... 22
UNIDADE 04 – ESTADO E IDEOLOGIA...................................................................................... 39
UNIDADE 05 – SISTEMAS E IDEOLOGIAS ................................................................................. 44
UNIDADE 06 – REGIMES DE GOVERNO E SISTEMAS ELEITORAIS ............................................ 58
UNIDADE 07 – CIDADANIA ...................................................................................................... 71
UNIDADE 08 – PODER ............................................................................................................. 84
UNIDADE 09 – BIOPODER E BIOPOLÍTICA ............................................................................... 93
UNIDADE 10 – PODER, DISCURSO, IDEOLOGIA E MANIPULAÇÃO ........................................ 102
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 113
Gilberto Freyre
1
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
a ser o maior sistema com o qual indivíduos se identificam como membros [...].
Sociedade é um conceito fundamental em sociologia porque é nesse nível que
2
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
uma sociedade que define seu caráter básico. Até mesmo grupos subversivos e
revolucionários operam e se definem principalmente em relação a sociedades e
ESTUDANDO E REFLETINDO
A sociologia tem como objeto de estudo as interações sociais, processos
mas este convívio nunca foi simples. Desde o início das primeiras comunidades
ele se pautou em relações de poder, em padrões de comportamento coletivo,
3
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
consequência fazia com que o ser humano se sentisse ameaçado pela liberdade
do outro. Então, para resolver esse conflito e defender o homem e sua
4
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
guerra de todos contra todos ou "o homem lobo do homem". Nesse estado,
terras que ocupavam. Essas duas atitudes são inúteis, pois sempre haverá
alguém mais forte que vencerá o mais fraco e ocupará as terras cercadas. A vida
não tem garantias; a posse não tem reconhecimento e, portanto, não existe; a
única lei é a força do mais forte, que pode tudo quanto tenha força para
conquistar e conservar;
evidenciam uma percepção do social como luta entre fracos e fortes, vigorando
a lei da selva ou o poder da força. Para fazer cessar esse estado de vida
5
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
Por natureza, todos são livres, ainda que, por natureza, uns sejam mais fortes e
outros mais fracos. Um contrato ou um pacto, dizia a teoria jurídica romana, só
direito natural garante essas duas condições para validar o contato social ou o
pacto político. Se as partes contratantes possuem os mesmos direitos naturais e
ação humana e que se chama Estado. Para Rousseau, os indivíduos naturais são
pessoas morais, que, pelo pacto, criam a vontade geral como corpo moral,
6
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
CHAUÍ, Marilena. Estado de natureza, contrato social, estado civil na filosofia de Hobbes, Locke e Rousseau. Filosofia.
Política
A política surgiu como uma atividade social desenvolvida pelos homens
Aristóteles.
O ato de discursar foi fundamental para a construção das sociedades
modernas e, principalmente, das democracias. Na Grécia Antiga, falar em
público era considerado uma das mais importantes qualidades de um cidadão,
pois ele podia contribuir para a sociedade de maneira mais efetiva com o
debate de ideias, que era o pilar formador da sociedade grega. O poder da
7
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. 13. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2014.
controle do Estado, mas foi Max Weber quem elaborou um conceito aceito até
os dias de hoje, no qual a política é entendida como ter um papel de liderança
custo.
A política é um instrumento para resolver conflitos nas relações tanto
8
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
cumprir a lei.
o direito de fazer uso da violência, a não ser nos casos em que o Estado o
tolere: o Estado se transforma, portanto, na única fonte do “direito” à violência.
WEBER, Max. Ciência e Política: duas vocações. São Paulo: Editora Cultrix, 1993
BUSCANDO CONHECIMENTO
Origem da sociedade
9
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
comum público.
10
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
proteger tal associação das ameaças externas e do caos interno. Esta noção
admite duas variantes. Por um lado, existe a associação vista de "baixo", quer
dizer, o Estado emergindo de um acordo entre os membros de uma dada
comunidade humana. Esta abordagem adquiriu sua mais pura formulação nas
teorias do contrato social. Por outro lado, há a associação vista de "cima", uma
Estados.
Fracionamento: tem território e povo divididos.
11
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
Características fundamentais:
a) a natureza unitária, inexistindo qualquer divisão interior, nem territorial,
nem de funções;
b) a religiosidade, onde a autoridade do governante e as normas de
uma elite (classe política) com intensa participação nas decisões do Estado
nos assuntos públicos. Nas relações de caráter privado, a autonomia da
ainda ligado por tradições, lembranças, costumes, língua e cultura, mas por
produtos de guerras e conquistas; b) modelo social baseado na separação
rígida das classes e no sistema de castas; c) governos marcados pela
autocracia ou por monarquias despóticas e o caráter autoritário e teocrático
12
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
terras para cultivo e era tratado como parte inseparável da gleba); 3º)
imunidade (isenção de tributos às terras sujeitas ao benefício).
13
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
UNIDADE 02 – ESTADO
ESTUDANDO E REFLETINDO
Estado: A palavra estado vem do latim “status”, verbo stare, manter-se em pé,
sustentar-se. Mas na Antiguidade Clássica, a expressão para designar o
complexo político-administrativo que organizava a sociedade era “status rei
SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos históricos. Editora Contexto, 2005.
14
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
pública.
O Estado Absolutista
Europa, cada país teve seus conflitos diante das relações de poder existentes no
período. Foram exatamente essas condições, de diferentes lutas entre os grupos
15
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
então tomar o poder diretamente. Por outro lado, a Igreja teve muitos conflitos
com o poder nascente, mas não interessava ao Rei cortar relações diretamente
com o poder religioso. Desta forma, mesmo com relações conflituosas, o Rei e o
privado.
16
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
homem.
LEITE, Fernando. Ciência Política: da Antiguidade aos dias de hoje. Curitiba: InterSaberes, 2016.
17
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
Uma das frases mais famosas de Maquiavel é a de que “os fins justificam
Era necessário ser um governante firme, que tome decisões sem titubear
mesmo diante de mudanças em relação ao seu governo, não poderia ignorar o
influências. Dizia ele que na área política o governante deveria ser temido por
18
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
dominação pela força seja consolidada. O príncipe com um exército forte e que
Para ele, boas leis perpassam pelo exército forte do príncipe mantendo
assim um Estado forte e um povo que não se rebela contra o seu governante.
Um bom Estado para ter uma boa governabilidade deve estar embasado
em boas leis, e essas leis devem favorecer a população e não ao Estado e seus
seguidores. Para que isso se concretize, o Estado deve ter bons representantes,
19
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
BUSCANDO CONHECIMENTO
"Estado", outros termos são usados por diferentes autores para designar a
entidade surgindo do contrato social.
ISUANI, Ernesto Aldo. Três enfoques sobre o conceito de Estado. Revista de Ciência Política, 1984, 27.1: 35-48
baseado nas razões da força. Já para John Locke, ao Estado cabe regular as
20
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
vontade geral).
Estado Moderno
21
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
STRECK, Lenio Luiz; MORAIS, José Luis Bolzan de. Ciência política e teoria do estado. Livraria do Advogado, 2019
ESTUDANDO E REFLETINDO
CARACTERÍSTICAS DO ESTADO
22
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
Características
do Estado
historicamente.
DE CICCO, Claudio; GONZAGA, Álvaro de A. Teoria Geral do Estado e Ciência Política. 3. ed. rev. e atual. São Paulo:
Editora Revista dos tribunais, 2011.
23
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
soberania.
absolutistas.
Para ele a soberania era um imperativo necessário à própria existência do
de deixar de existir, mas pode seu exercício ser repartido); imprescritível (atos
do Estado originam relações jurídicas que se transferem de geração em
24
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
25
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
amparada por uma constituição e/ou leis. Para existir, precisa ser constituído
por alguns elementos: um governo reconhecido como legítimo internamente
único com autoridade para impor a ordem pela força, em concordância com a
legislação vigente. A população que vive no território de um Estado é que dá a
População
População é um conceito que não deve ser confundido com povo. Este
26
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
caráter (ou papel) de alguém que vive ao abrigo da lei, de cuja autorização
participou em seu caráter de cidadão."
cidadãos.
FABRIZ, Daury Cesar; FERREIRA, Cláudio Fernandes. Teoria Geral dos Elementos Constitutivos do Estado. Rev. Faculdade
Direito Universidade Federal Minas Gerais, 2001, 39: 107.
27
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
povo para existir. Quando o Estado exerce o poder, o povo também o exerce,
pois ele faz parte do Estado. Sendo o povo um organismo investido de
Território
outro continente.
PINTO, Kleber Couto. Curso de teoria geral do estado: fundamento do direito constitucional positivo. Editora
Atlas SA, 2000.
28
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
território marítimo.
4) Espaço marítimo: mar territorial, plataforma continental, alto mar.
Mar territorial
O mar territorial também se denomina domínio marítimo, águas
territoriais, mar litoral, mar adjacente, águas nacionais, litoral flutuante, águas
jurisdicionais e faixa litorânea.
É a faixa de mar que se estende desde a linha de base até uma distância
que não deve exceder 12 milhas marítimas de largura, da costa, medidas a partir
pelo Direito Internacional – Hildebrando Accioly, página 243, Ed. Saraiva, l2ª
edição, l996.
Mas, como se sabe, o mar territorial do Brasil se alarga até uma faixa de
200 milhas marítimas que se medem desde a linha de baixo-mar do litoral
continental. Estas áreas são delimitadas em razão dos objetivos de cada Estado
e da relativização do poder soberano de cada um deles. A zona de pesca, como
29
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
territorial. Somadas, estas milhas, portanto, chegam a 24. Em sua zona contígua,
estrangeiros.
Navios e aviões militares: são parte do Estado a que pertencem, em
Governo
30
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
FORMAS DE GOVERNO
31
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
32
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
para atingir um bem final, a forma será válida, não existindo, assim, formas de
governo boas ou más; a estabilidade é a sua característica mais importante.
caprichos.
Para evitar o abuso de poder, este deve ser distribuído de modo que o
33
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
Monarquia - características
é soberano.
Tipos de Monarquia
República
1170),
por direito hereditário; naquela, o chefe do Estado, que pode ser uma só pessoa
ou um colégio de várias pessoas (Suíça), é eleito pelo povo, quer direta, quer
em que se insere.
BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de Política, Vol. I. trad. Carmen C,
Varriale et al.; coord. trad. João Ferreira; rev. geral João Ferreira e Luis Guerreiro Pinto Cacais. Editora Universidade de
Brasília. Brasília, 1998.
35
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
mas não necessariamente este foi e será universal para caracterizar sua forma.
Suas características principais segundo Martins (2017, p.1996)1 são a
1
MARTINS, Flávio. Curso de Direito Constitucional. Revista dos tribunais. São Paulo, 2017.
36
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
BUSCANDO CONHECIMENTO
coletivo, mas Smith considera que o Estado não pode intervir na economia de
mercado. Concorrência passa a ser expressão corrente, a assegurar o equilíbrio
O Estado Liberal
agindo na sociedade civil. Desta forma, uma exigência básica do Estado Liberal
seria a separação entre o público e o privado, que já tinha apresentado alguns
elementos no Estado Absolutista, mas este ainda exercia grande influência no
37
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
mercantilismo que impunha relações que não mais eram condizentes com o
poder burguês. O Estado manteve-se limitado a atividades políticas devido a
porém, a liberdade para os trabalhadores era limitada à fome. Eles não tinham
muita alternativa quando precisavam optar pelo trabalho, pois necessitavam
38
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
ESTUDANDO E REFLETINDO
39
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
Engels (1979), que afirmam que, diante da tentativa dos homens de explicar a
realidade, é necessário considerar as formas de conhecimento ilusório que
40
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
Ideológicos de Estado:
Aparelho familiar;
Aparelho escolar;
Aparelho político;
Aparelho sindical;
Aparelho religioso;
Aparelho cultural;
Aparelho da Informação.
41
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
sobretudo, garante, através da repressão (desde a mais brutal força física até às
mais simples ordens e proibições administrativas, à censura aberta ou tácita,
BUSCANDO CONHECIMENTO
Althusser é um dos principais representantes da corrente de pensamento
42
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
lhes inculca, durante anos e ano, exatamente no período em que a criança está
mais “vulnerável”, imprensada entre o aparelho de Estado familiar e o aparelho
pouco para ficar pelo caminho e prover os postos ocupados pelos pequenos e
médios quadros, empregados, pequenos e médios funcionários, pequenos
burgueses de toda a espécie. Uma última parcela chega ao topo, seja para cair
no semi-desemprego intelectual, seja para fornecer, além dos “intelectuais do
2
Tradução livre: saber-fazer. Ou seja, relaciona-se à habilidade, à capacidade de resolver,
solucionar algo.
43
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
ESTUDANDO E REFLETINDO
Conceitos importantes:
44
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
utilizá-los; e de relações sociais [...] que regulam o modo e o uso dos meios de
produção.
GALLINO, Luciano. Dicionário de Sociologia. São Paulo: Paulus, 2005.
Meios de produção
sistemas econômicos.
CAPITALISMO
O capitalismo surgiu na Europa nos séculos XVI e XVII. Podemos
45
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
SOCIALISMO
46
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
ideia. Antes deles vieram outros pensadores socialistas que, é preciso dizer,
eram mais movidos a fazer uma análise intelectual da sociedade voltada para
capitalistas cada vez mais donos de mais empresas, formas de produção e que
47
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
empregam cada vez mais gente. Basta, por exemplo, olharmos para os
Capitalismo Socialismo
Propriedade privada dos Propriedade social dos
meios de produção meios de produção
COMUNISMO
48
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
nos dias de hoje diante do uso frequente do termo comunismo proferido pelos
indivíduos e grupos políticos para identificar regimes políticos e posições
rotuladas como tal. De acordo com Johnson, o mais próximo que a humanidade
teria chegado do comunismo ocorreu em sociedades tribais e ainda nos caberia
ANARQUISMO
com o próximo.
49
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
presentes entre esses dois grupos. Assim, o termo regime político está direta e
exclusivamente ligado à estrutura governamental que podemos encontrar no
DEMOCRACIA
50
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
Forma de governo de uma coletividade – que pode ser tão ampla quanto
uma sociedade, ou limitada como uma comunidade local, uma associação
política, uma unidade produtiva – pela qual a totalidade dos membros tem o
direito e a possibilidade objetiva de intervir nas decisões de maior relevância
contribuíram.
GALLINO, Luciano. Dicionário de Sociologia. São Paulo: Paulus, 2005.,
(oligarquia).
Quando as cidades-Estado gregas entraram em declínio (sendo estas as
51
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
98% da população. É daí que surge a reivindicação para que a massa tivesse o
poder de decisão, e não a minoria composta por nobres e eclesiásticos que
52
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
DITADURA
53
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
Fascismo e Nazismo
54
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
Autocracia
autocracia pode surgir tanto por imposição quanto por vias democráticas
(eleições).
55
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
Deus ou podia concentrar em si um poder ilimitado por vir de uma família real.
Esta concepção foi levada adiante na Rússia imperial com a figura do czar.
Autocracia não tem uma precisa conotação histórica. Este termo não foi
criado para classificar um tipo particular de sistema político concreto (mesmo
que o chefe do Governo seja de fato independente, não somente dos seus
súditos, mas também de outros governantes que lhe estejam rigorosamente
Sob este aspecto, o monarca absoluto pode ser um autocrata, mas pode
também não ser, quando divide o poder com alguns colaboradores que tenham
Brasília, 1998.
BUSCANDO CONHECIMENTO
56
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
pode-se afirmar que ela é considerada um bem instável e que requer atenção e
cuidado constantes. Nesse sentido, o sociólogo italiano Domenico De Masi
Uma ditadura não surge do nada, e a onda autoritária mostra claros sinais
premonitórios, mesmo com muita antecipação. No entanto, a distração, a
57
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
agora se não existe o período de que tal patrimônio tenha sido dilapidado em
poucas décadas e de que uma conspiração de homens e de circunstâncias
possa novamente levar uma parte do povo, ainda que minoritária, a silenciar os
fantasmas do passado e recriar as condições para uma volta à mais desastrosa
58
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
ESTUDANDO E REFLETINDO
FRIEDE, Reis. Curso de Ciências Políticas e teoria geral do Estado: teoria constitucional e relações internacionais. 5. ed.
rev. e ampl. Rio de Janeiro: Freitas Bastos Editora, 2013.
Presidencialismo e Parlamentarismo
representantes e a escolha deve ser feita pela população. A República pode ser
presidencialista ou parlamentar. Para entender a diferença entre ambas, é
governo, por sua vez, direciona-se mais à política interna. É quem se relaciona
com o poder legislativo, busca harmonia com outros partidos, define as
59
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
premiê, entre outros nomes. Neste caso, o chefe de Estado, mesmo possuindo o
título de presidente, exerce apenas algumas funções, uma vez que é o chefe de
chanceler.
Semipresidencialismo
modelos.
60
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
congresso e convocar novas eleições caso este não atenda aos anseios
populares.
Três Poderes
61
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
62
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
63
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
vereadores, se um partido X obtiver 40% dos votos válidos, ele ocupará quatro
cadeiras; um partido Y que obtiver 30% dos votos válidos terá direito a três
representantes e assim por diante. O partido que não atingir o número mínimo
do quociente eleitoral não elegerá nenhum representante.
vimos, pode trazer mais pluralidade, por outro lado nem sempre um candidato
que conseguir mais votos será necessariamente eleito, caso seu partido não
outro partido pode não ter tido uma quantidade tão expressiva de votos, mas
se o seu partido teve, ele pode ser eleito. Por isso também é muito comum a
O sistema de listas
lista aberta, a lista fechada e a lista flexível. Vejamos cada uma delas.
Brasil, onde sabemos quem são os candidatos que estão na disputa eleitoral e o
64
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
candidato específico.
eleitoral seja atingido, já se sabe a ordem de quem irá ocupar as cadeiras, uma
vez que as listas são divulgadas para os eleitores. Ou seja, o eleitor vota apenas
la. Assim, o eleitor pode marcar sua preferência. Esta lista está presente, por
65
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
possui dois votos: um para o candidato que o eleitor considerar o melhor para o
66
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
vereador não tem ligação com quem o elegeu, e isso prejudica a fiscalização
efetiva do eleitor sobre as atividades parlamentares.
67
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
das vagas seria preenchida pelo sistema proporcional e a outra metade pelo
BUSCANDO CONHECIMENTO
Soberania popular
A soberania popular baseia-se na ideia de que todos os poderes políticos
os direitos naturais. Para Hobbes, o grande direito natural era a vida. Já para
Locke, além da vida, nós temos o direito natural da propriedade e da liberdade.
68
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
atualmente.
FABRIZ, Daury Cesar; FERREIRA, Cláudio Fernandes. Teoria Geral dos Elementos Constituivos do Estado. Rev. Faculdade
Direito Universidade Federal Minas Gerais, 2001, 39: 107.
Parágrafo único. Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, ou nos termos desta Constituição.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico,
1988.
representantes e suas respectivas atuações nada mais são (ao menos em tese)
do que o nosso próprio exercício do poder de forma indireta.
Estado brasileiro, especifica as formas por meio das quais o povo pode exercer
a sua soberania de forma direta:
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo
voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
69
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
I - plebiscito;
II - referendo;
determinado tema ou assunto para saber a opinião sobre qual solução deve ser
dada para uma determinada situação. Já o referendo é a aprovação ou não de
70
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
Combate à Corrupção Eleitoral. Esta lei trata dos casos de inelegibilidade a fim
de proteger a probidade administrativa e a moralidade no exercício do
UNIDADE 07 – CIDADANIA
71
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
desdobramentos na contemporaneidade.
ESTUDANDO E REFLETNDO
termos conceituais, de gênese de uma ideia e inspiração para o que viria a ser
cidadania, tomamos a construção do conceito a partir deste ponto. Nesse
um espaço coletivo. Assim, o termo assume uma conotação política clara, que é
a de organização social. Desta forma, o objetivo vinculado a este conceito é o
de cuidar, não apenas do aspecto físico da cidade, mas prezar pela vida coletiva
e pelo bem comum.
72
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
A palavra cidadania vem do latim civitas, que quer dizer cidade, e da qual
também resultaram os termos “civilização” e “civilidade”. A cidade foi o
que a cidadania grega era do tipo direta, porém restrita, limitada, uma vez que
pouquíssimas pessoas eram consideradas cidadãs, gozavam do exercício pleno
da cidadania e tinham acesso ao usufruto do poder político.
A cidadania limitada é aquela em que um pequeno grupo de indivíduos
73
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
durante a Idade Média europeia pelo seu próprio contexto estrutural que, com
raras exceções (como no caso do rei), não propiciava nem ao menos o direito à
direito à vida; sem esse direito não há liberdade. Portanto, a cidadania moderna
como conhecemos só foi possível com as transformações que mudaram o
mundo.
Na transição da Idade Média para a Idade Moderna, com o advento do
simplesmente pelo fato de que homens livres não apenas sonham com a
liberdade, mas lutam e buscam-na.
74
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
sem distinção terem acesso a seus direitos e deveres. Quando todos os homens
e, para isso, busca participar do poder; tendo poder, torna seus sonhos de
dignidade realidade. Os direitos civis permitem a luta por direitos políticos;
Universal dos Direitos Humanos, adotada em 1948 pela ONU (Organização das
Nações Unidas). É um documento que foi elaborado por representantes
porém não podemos deixar de dizer que cada sociedade possui sua história e,
portanto, os seus próprios marcos de construção e desenvolvimento da
75
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
quer dizer que a cidadania é plena, como veremos adiante, mas o início dela se
deu com a conquista da liberdade de todos os indivíduos.
Cidadania e direitos
dividiu em três grupos. Esta divisão pode ser encontrada no livro Cidadania,
Classe Social e Status, de 1967. Na concepção de Marshall, ser cidadão é uma
76
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
uma determinada estrutura legal (Constituição, leis) que lhe confere, ainda, a
nacionalidade. Cidadãos são, em tese, livres e iguais perante a lei, porém súditos
do Estado. Nos regimes democráticos, entende-se que os cidadãos participaram
um tem simplesmente por fazer parte da sociedade, por ser membro de uma
comunidade. Nesse sentido, esses direitos precisam ser assegurados e
protegidos tanto pelo Estado quanto por todos os membros da sociedade. São
os direitos apresentados no artigo 5°:
77
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
Constituição.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico,
1988.
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo
voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I - plebiscito;
II - referendo;
III - iniciativa popular.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico,
1988.
78
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
e exclusão. Mais do que isso: até que ponto os direitos são vistos como algo
e reformas sociais (leis trabalhistas impostas pela ditadura Vargas). Mas não se
mudou, no sentido democrático, o acesso à justiça e à segurança, a distribuição
BUSCANDO CONHECIMENTO
Direitos Humanos
79
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
qual esses mesmos direitos passam a ser concebidos como uma unidade
interdependente e indivisível.
NIELSSON, Joice Graciele. In: Direitos humanos [recurso eletrônico]: emancipação e ruptura / org. Mara de Oliveira,
Sérgio Augustin – Caxias do Sul, RS: Educs, 2013.
todas. Eles são construídos e reconstruídos pelo homem, como colocado por
Hannah Arendt. Os direitos ganham valor e refletem um espaço simbólico de
luta e ação social, são a racional resistência traduzida nos processos de luta ao
longo da história e a busca pela dignidade e a emancipação do indivíduo.
direitos humanos.
80
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
deles, pois trata-se dos direitos fundamentais; sem eles, o indivíduo não
consegue existir ou não é capaz de se desenvolver e levar uma vida plena. Mas
quem define como é que deve ser esta “vida plena”? Tal condição é difícil de ser
alcançada ou fiscalizada, pois é difícil determinar parâmetros diante de toda
pessoa humana.
A declaração é formada por 30 artigos que tratam dos direitos
81
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
- Os direitos humanos são universais, o que quer dizer que são aplicados
de forma igual e sem discriminação a todas as pessoas;
processo legal;
- Os direitos humanos são indivisíveis, inter-relacionados e
outros;
82
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
pessoa.
Disponível em: https://nacoesunidas.org/direitoshumanos/
direitos políticos, por último, os direitos coletivos e difusos. Estes incidem nos
direitos de cada ser humano e na coletividade.
83
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
UNIDADE 08 – PODER
- Poder: Conceito sociológico com vários significados, o mais comum entre eles
é o de Max Weber, que conceitua poder como a capacidade de controlar
indivíduos, eventos e recursos – fazer com que aconteça aquilo que a pessoa
definida socialmente como legítima, o que significa que tende a ser apoiada
pelos que a ele estão sujeitos.
84
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
ESTUDANDO E REFLETINDO
Poder e Organização:
Neste caso, o poder se manifesta por meio das relações nas quais os indivíduos,
os grupos e as instituições interferem na vida social.
os outros em diferentes níveis, pais sobre filhos, filhos sobre pais. Outro
exemplo é na amizade, quando um amigo convence o outro a realizar uma
outro.
Para Foucault, a verdade é produzida a partir das relações de poder e
sofre mudanças no decorrer da história. Por isso que poder e saber estão
correlacionados, porque não há poder sem saber e não há saber sem poder, ou
seja, o saber acaba sendo imposto pelo poder e o poder é fruto do saber.
Não é possível haver verdade sem poder, pois ambos são conceitos
85
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
O poder deve ser analisado como algo que circula, ou melhor, como algo
que só funciona em cadeia. Nunca está localizado aqui ou ali, nunca está
somente nas mãos de alguns. O poder funciona e se exerce em rede. Nas suas
86
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
existe um poder que emana da sociedade, o poder social. O poder social está
religioso e também um caráter heroico. É o caso de Jesus Cristo, que pode ser
considerado um líder carismático porque seu poder está ligado a dons mágicos
e religiosos.
nossa legislação. Aceitamos estas leis porque as pessoas que a fazem são
consideradas legítimas em suas funções. Os vereadores, deputados, senadores e
PAIXÃO, Alessandro Ezequiel da. Sociologia Geral. 1ª ed. Curitiba, Intersaberes, 2012.
promover sobre outros indivíduos, pode se dar por meio do uso da força, que
deve ser compreendida como um instrumento para o exercício de poder.
87
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
exclusiva a força; o controle pela força acaba quando o indivíduo perde o medo
de sofrer punição, como por exemplo quando os alunos só ficam em silêncio ou
Como vimos, as relações de poder podem ser mais simples (entre dois
indivíduos) ou mais complexas (Estado). As formas do exercício do poder,
88
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
soberano e defesa nacional para poder se defender ou até mesmo atacar seus
inimigos. Esses elementos são mantidos, segundo Correia, por uma trilogia do
Trilogia do poder
Poder religioso, que se exerce através do sagrado e dirige as relações
com o além.
89
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
CORREIA Pedro de Pezarat. Manual de Geopolítica e Geoestratégia. Lisboa Portugal; Almeidina S.A., 2018.
poder que “mantém o povo em sua mais perfeita ordem” (coercitivo) e o poder
econômico é que mantém o Estado vivo e o povo pacificado pela ideologia
BUSCANDO CONHECIMENTO
Desvio Social e Controle Social:
90
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
classificação social.
No entanto, se o desvio pode ser compreendido como um atentado à
ordem e às leis, por outro lado, pode ser percebido como a incapacidade dos
grupos e da sociedade em impor uma socialização e contenção dos
algum grupo, o indivíduo não atua sozinho, pois para se “desviar” ele deve
receber o apoio de terceiros. Assim, temos um fenômeno de concordância, o
XIX, uma crescente obsessão e medo dos “anormais”; para sua contenção,
formou-se um grupo de instituições de controle que desenvolveram uma série
de mecanismos de vigilância.
Segundo Foucault, são três os elementos que vão compor o grupo dos
91
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
aperfeiçoadas.
O conceito de controle social está vinculado ao ato de “vigiar e punir”. Os
92
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
ESTUDANDO E REFLETINDO
Biopoder e biopolítica
Biopoder e biopolítica são conceitos fundamentais trabalhados pelo
Biopoder Biopolítica
Impacto do poder Regulamentação da vida, os
(geralmente governamental) modos como a política
sobre a vida enxerga e lida com a vida
foucaultiana:
94
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
de cera acesa de duas libras; [em seguida], na dita carroça, na praça de Greve, e
sobre um patíbulo que aí será erguido, atenazado nos mamilos, braços, coxas e
barrigas das pernas, sua mão direita segurando a faca com que cometeu o dito
parricídio, queimada com fogo de enxofre, e às partes em que será atenazado
ou deixar morrer”, ou seja, de criar políticas que promovem a vida, uma vez que
a mão de obra passa a ser fundamental para manter o capitalismo funcionando.
Isso passa a ocorrer de várias formas, como por exemplo a partir do controle de
doenças, das taxas de natalidade e mortalidade, de práticas de higienização e
saneamento. Por outro lado, as vidas que não interessam ao poder (econômico
95
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
também filósofo inglês Jeremy Bentham, a respeito de uma nova estrutura física
de presídios. Trata-se de uma penitenciária modelo, com estrutura circular e
guaritas centralizadas; neste espaço, a questão não é vigiar direta e fisicamente
96
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
o preso, mas gerar a dúvida da vigilância, uma vez que ele não saberia se estaria
detentor único do poder, uma vez que este se dissemina nas relações.
toda a sua obra e que vimos destacando até aqui: existe uma forte correlação
entre saber e poder. Instituições como a escola, o hospital, a prisão, o abrigo
para menores etc. nem são politicamente neutras, nem estão simplesmente a
serviço do bem geral da sociedade. Nós é que acreditamos que elas são
medicina, o direito, o serviço social – que lhes dão sustentação. Foucault nos
ajuda a perceber, portanto, que há relações de poder onde elas não eram
97
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
“Se o poder fosse somente repressivo, se não fizesse outra coisa a não
ser dizer não”, provoca Foucault, “você acredita que seria obedecido?”. Por meio
98
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
BUSCANDO CONHECIMENTO
Necropolítica
deve morrer, quem deve morrer e o que deve acontecer com essa morte e com
o corpo.
observação da realidade.
Para realizar uma análise fidedigna sobre a necropolítica no Brasil, é
necessário relacioná-la com outras formas de gestão da vida, isto é, não se trata
de pensar que a necropolítica é a única maneira do poder gerir a vida dos
99
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
indivíduos. Ela entra num dispositivo mais complexo ao se encontrar com outras
poder no Brasil.
Pensando especificamente na necropolítica, o que se observa é que, em
isso, ela procura gerir as condições mortíferas. Ou seja, trata-se de fazer com
que determinadas regiões estejam submetidas permanentemente ao controle
morte se mantém por meio de uma série de outros atores sociais que também
são responsáveis pela produção da morte em larga escala, junto ou não com o
100
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
governo, seu poder consiste na produção de corpos cuja identidade é não ter
identidade. Por consequência, um segundo efeito que ela produz é um estado
de melancolia nas pessoas que diariamente são submetidas a este risco ou que
já vivenciaram esta situação e assumem uma posição de quem já não tem mais
muito potente. Este discurso está organizado e se orienta a partir de uma lógica
conhecida por “lógica imunológica”. Na imunologia, quando uma “entidade”
externa infecta e contamina um corpo, para que seja possível manter a saúde
desse corpo, é necessário eliminar essa entidade externa responsável por
uma ideologia, cria-se a ideia de que é preciso matar, eliminar, de que é preciso
fazer com que algumas pessoas e alguns grupos desapareçam para garantir a
101
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
quais a sobrevida será mantida, e em alguns casos a morte será produzida. Para
o filósofo, portanto, o neoliberalismo opera de forma calculada, uma vez que a
vida de uns parece valer mais que a de outros e que estes, então, podem ser
descartados.
ESTUDANDO E REFLETINDO
102
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
o Estado Liberal.
Com a decadência do Estado Liberal, surgem as instituições de proteção
103
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
Estado vem a oferecer serviços para a população para que não seja necessário o
capitalista oferecer um aumento nos salários dos trabalhadores. A entrada do
Estado significou o fim da crise do capital sem que ele próprio tivesse que
dispender de qualquer gasto, caso tivesse que aumentar o valor dos salários
dos trabalhadores. Isso mostra a estreita relação que Estado e capital possuem
na regulação das relações sociais. O Estado de Bem-Estar Social ofereceria
104
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
proporcionados pela lei e pelo Estado. Assim, concebemos direitos sociais numa
esfera ampla, desde o mínimo de bem-estar econômico e segurança ao direito
outros. Os abusos de poder significam a violação dos direitos sociais e civis das
pessoas.
DIJK T. A. Van, Discurso e Poder. São Paulo: Contexto, 2017.
105
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
Tipos de Poder
Poder coercitivo = pela força (forças armadas, força policial, pessoas violentas);
Poder do capital = valor monetário (diferenças de classes sociais)
(efetivação do poder).
Poder
Ideologia Discurso
106
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
sociais.
107
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
5- O discurso é histórico;
6- A relação entre texto e sociedade é mediada;
grupos sociais.
3- Questões sociais e culturais: o discurso deve trazer questões sociais e
108
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
desigualdade social.
109
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
de grupos dominantes.
DIJK T. A. Van, Discurso e Poder. São Paulo: Contexto, 2017.
PODER E MANIPULAÇÃO
As relações sociais são definidas pelo poder. Este, exercido pelo Estado
110
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
BUSCANDO CONHECIMENTO
que nossos filhos aprendam algo. Mas é muito difícil distinguir entre uma
aprendizagem que realmente serve aos estudantes nas suas vidas presentes e
111
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
indivíduos.
DIJK T. A. Van, Discurso e Poder. São Paulo: Contexto, 2017.
112
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
REFERÊNCIAS
113
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
Política, Vol. I. trad. Carmen C, Varriale et al.; coord. trad. João Ferreira; rev.
geral João Ferreira e Luis Guerreiro Pinto Cacais. Editora Universidade de
Política. 3. ed. rev. e atual. São Paulo: Editora Revista dos tribunais, 2011
DIJK T. A. Van, Discurso e Poder. São Paulo: Contexto, 2017. Disponível em:
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/1506/pdf/0
114
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. 13. ed. São Paulo: Edições Loyola,
2014.
1987.
0.00:0.00
115
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788537804551/cfi/6/2[;vnd.
vst.idref=body001]!
https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/42167
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/3031/pdf/0
OLIVEIRA, Luiz Fernandes de; COSTA, Ricardo Cesar Rocha da. Sociologia para
116
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE
Org. Prof. Mônica Luzia Forte Belani e Prof. Raquel Cristina Abdalla Chiaradia
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522480616/cfi/58!/4/4
@0.00:0.00
2014.
SENA, Adriano Alves de Sena. Voto Distrital. Revista Eletrônica EJE n. 1, ano 5.
Disponível em: http://bibliotecadigital.tse.jus.br/xmlui/handle/bdtse/380.
STRECK, Lenio Luiz; MORAIS, José Luis Bolzan de. Ciência política e teoria do
Estado. Livraria do Advogado, 2019.
TOURAINE, Alain. Crítica da modernidade. 10. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.
WEBER, Max. Ciência e Política: duas vocações. São Paulo: Editora Cultrix, 1993
117
Av. Ernani Lacerda de Oliveira, 100
Bairro: Pq. Santa Cândida
CEP: 13603-112 Araras / SP
(19) 3321-8000
ead@unar.edu.br
0800-722-8030
www.unar.edu.br