INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 22 de fevereiro de 2021 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
A disciplina Introdução, não é, em si, uma ciência, mas um
sistema de ideias gerais estruturado para atender finalidades pedagógicas. É uma disciplina fundamental e autônoma. A “Introdução ao Direito” é conhecida, ainda, por outras denominações, destacando-se dentre elas as seguintes: - “Introdução ao Estudo do Direito”; - “Introdução à Ciência do Direito”; - “Teoria Geral do Direito”; - “Enciclopédia Jurídica”; - “Filosofia do Direito”; - “Sociologia Jurídica”. Durante décadas predominou a denominação “Introdução à Ciência do Direito”. A Resolução nº 3, de 25 de fevereiro de 1972, do Conselho Federal de Educação, publicada no “Diário Oficial da União” (Seção 1, parte1), de 26 de julho de 1972, consagrou a nova denominação da Disciplina, que passou desde então a ser: “Introdução ao Estudo do Direito”.
SOCIEDADE HUMANA
1.1 – A SOCIEDADE HUMANA E SUA NATUREZA
Sociedade é objeto de estudo comum das ciências
humanas, especialmente a sociologia, a história, a antropologia, a geografia e o direito. 22 de fevereiro de 2021 Sociedade Humana é um conjunto de pessoas que vivem em determinado espaço e tempo de acordo com certas regras. O homem é um animal gregário, essencialmente. Significa dizer-se que não só é próprio da sua natureza, como também inerente às suas condicionantes de sobrevivência o inter- relacionamento com os semelhantes. O homem somente vive e sobrevive em bando. E o homem, gregário por índole, está vinculado a dois mundos: O mundo natural e o mundo cultural.
1.2 – O MUNDO NATURAL E MUNDO CULTURAL
O mundo natural, ou como costumam chamar alguns de
mundo da natureza é constituído pelos reinos animal, vegetal e mineral, ou seja, pelas três grandes divisões em que se agregam todos os seres do Universo. Nesse mundo, o homem se encontra incorporado como uma parte constituinte do todo, embora indubitavelmente seja ele uma das parcelas mais importantes, senão a principal delas. Entretanto, o homem como único ser dotado de qualidades biopsíquicas de tal ordem que o fazem dominador da natureza, acaba por constituir um outro mundo, somente seu, o mundo cultural. O mundo cultural é o elaborado pelo homem, fruto da sua inteligência e do seu trabalho. É o mundo constituído pelos seres humanos e pelas coisas que estes produzem não só para viver como também para conseguir melhores condições de vida; é o mundo da produção de bens, o que só ao homem é dado fazer. 22 de fevereiro de 2021 O mundo cultural caracteriza a vitória do homem na sua luta tenaz para desmembrar-se da natureza, destacar-se dela. Enquanto os demais animais, pela irracionalidade inata de que são portadores, não conseguem se separar da natureza, vindo a formar com ela uma unidade, o homem, ao contrário, se evidencia, se separa, e forma então uma dualidade, em que ele fica de um lado e os demais seres do outro. Assim sendo, o homem é parte reino da natureza (animal racional) e parte mundo cultural (pela produção de bens). As necessidades humanas, contudo, sempre crescentes, exigiam cada vez mais o relacionamento com os outros indivíduos sob a forma de cooperação. A colaboração mútua, a simples troca de bens e a mercancia intensificavam-se e passavam a constituir formas necessárias, indispensáveis mesmo à convivência, formas enfim de participação grupal. Confirma-se assim como sendo totalmente inexpressiva e inviável a vida do homem só, do homem isolado, como afirmamos anteriormente. A convivência social, única forma cabível de sobrevivência da espécie humana, consolidou-se, aprimorou-se. Contudo, não tardaram a surgir os primeiros problemas resultantes da convergência de interesses de dois ou mais homens por um mesmo bem. No princípio prevaleceu a vontade do mais forte. Solucionava-se então o conflito, nessa forma rudimentar de concorrência humana, pela submissão dos mais fracos aos mais fortes. O desenvolvimento cultural do homem, inicialmente voltado apenas para o domínio da natureza, precisou estender- se então a um outro plano, o humano, o social. 22 de fevereiro de 2021 A vida social, assim, entendida como sendo seres humanos dispostos em estado gregário, passou a exigir normas a serem obedecidas por todos, normas comuns especialmente criadas e a serem seguidas por vontade própria, ou mesmo involuntariamente, por cada membro componente da coletividade. Daí resultaram então diversos procedimentos, amoldando cada indivíduo ao interesse do grupo, aparando as arestas da personalidade, do temperamento, do modo de agir de cada um em proveito de todos. Em decorrência surgiram os diferentes meios de efetuar-se o ordenamento social, ora impondo e ora restabelecendo o equilíbrio de todo o sistema.
1.3 - A SOCIEDADE HUMANA E SUAS INSTITUIÇÕES
1.3.1 CONCEITO DE INSTITUIÇÕES
O ordenamento social se caracteriza por métodos e
conjuntos de preceitos prescritos pelo grupo sempre buscando padronizar as condutas individuais dos membros que o constituem, num processo constante de socialização destes. A socialização nada mais é do que uma forma de adaptação de cada indivíduo ao seu grupo. As Instituições são organizações que existem para que haja a organização e a coesão social. São elas que passam as regras e normas da sociedade. São o conjunto de pilares estabelecidos pelo costume, pela razão e pelos sentimentos que alicerçam a sociedade, sustentando-a. A sociedade está alicerçada não em uma, mas, sim, em diversas instituições. 22 de fevereiro de 2021 Dentre as instituições existentes, três delas merecem ser destacadas e são tidas como fundamentais: FAMÍLIA, PROPRIEDADE e ESTADO.
1.3.2 AS INSTITUIÇÕES FUNDAMENTAIS: FAMÍLIA,
ESTADO E PROPRIEDADE
FAMÍLIA - é a instituição básica, pioneira, ponto de partida
para todas as demais. É a instituição mais antiga de que se tem notícias. Acompanha o ser humano desde suas origens, podendo-se afirmar com absoluta certeza jamais ter existido sociedade, por mais rudimentar, constituída sem a família. A família tem sua base e justificação, fundamentalmente, na reprodução da espécie humana e nas suas inúmeras consequências de ordem jurídica, moral, religiosa, educacional, cultural, assistencial, psicológica, econômica e social.
PROPRIEDADE – é a segunda instituição fundamental.
O mundo cultural, constituído por seres humanos e pelas coisas que estes produzem para viver como também para lhes propiciar melhores condições de vida; é o mundo da produção de bens, que só ao homem é dado fazer. Uma vez produzidos os bens, fica ressaltado de plano o problema da propriedade, pois tudo aquilo que se realize há de ter um dono. No mundo contemporâneo há a prevalência da forma privada no que se refere à propriedade dos bens de uso (móveis, imóveis etc.) e dos bens de consumo (alimentos, vestuário etc.) e, da forma socializada, no que concerne aos 22 de fevereiro de 2021 bens de produção (usinas, fábricas, terras em zonas rurais, meios de transporte etc.).
ESTADO – é a centralização, dentre outros, dos poderes
político, administrativo, legislativo, judiciário, econômico e militar de um povo, com território próprio e dentro do qual prevalece a sua soberania, a ser respeitada pelos demais povos. O Estado configura-se assim como sendo um organismo complexo, centralizado, com governo e território próprios, constituindo-se em uma nação política e juridicamente organizada, dotada de soberania, respeitada e reconhecida elas demais nações. Fácil é observar-se que o Estado compõe-se, no mínimo, de três elementos distintos: povo (população), governo (vínculo político) e território. Povo é o conglomerado de pessoas interligadas por origem racial, tradição, sentimentos e idioma comuns, e às vezes até mesmo com uma religião também comum, e que por tais circunstância, aliadas a inúmeras outras, diferencia-o de outros conglomerados populacionais de características distintas. Governo é o vínculo político desse conglomerado de pessoas; é a sua sujeição a um poder maior, dotado de autoridade legalmente constituída, para fins de administração e condução aos seus propósitos e desenvolvimento. Território é a delimitação geográfica até a qual poderá ser exercida a soberania, sem gerar conflitos. São os limites territoriais até os quais a soberania prevalece e se faz respeitar pelos demais Estados soberanos. 22 de fevereiro de 2021 As instituições fundamentais da sociedade humana fazem então pressupor a existência de outras, de importância menos relevantes.
1.3.3 AS INSTITUIÇÕES SECUNDÁRIAS
A diferença entre as instituições fundamentais e
secundárias é que as fundamentais se fazem presentes em praticamente todo e qualquer tipo de sociedade humana, enquanto as secundárias, como complementos que são daquelas, podem ser encontradas em uma sociedade e, no entanto, faltarem em outra. São exemplos de instituições secundárias a Constituição, o Parlamento, os Partidos Políticos, os Tribunais, o Ministério Público, a Escola, a Universidade, a Igreja, os Sindicatos, as Associações de Classe, as Academias de Letras, Belas Artes e Ciências, todas elas voltadas para a complementação da instituição fundamental Estado. O divórcio e a separação judicial para a instituição fundamental família. O contrato para a instituição propriedade. Inegável, porém, é que juntas essas instituições (fundamentais e secundárias) são as responsáveis pela organização da sociedade, alicerçando-a e estruturando-a. 22 de fevereiro de 2021 Bibliografia:
NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito. 32.ed. Rio
de Janeiro: Forense, 2010 REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 27.ed. São Paulo: Saraiva, 2010. LIMA, Hermes. Introdução a ciência do direito. 33.ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2002.