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30 de janeiro de 2024

DIREITO DO TRABALHO III:


OS RITOS DO PROCESSO TRABALHISTA
30 de janeiro de 2024

DIREITO DO TRABALHO III:


OS RITOS DO PROCESSO TRABALHISTA
No processo do trabalho existem três tipos de ritos previstos em nosso ordenamento jurídico: a)
rito sumário; b) rito sumaríssimo; e c) rito ordinário.

O enquadramento em um desses ritos se dá através do valor atribuído à causa.

Por isso, é muito importante que se calcule o valor da causa corretamente, nos termos do art.
291 do CPC para, se for o caso, impugná-lo.

RITO SUMÁRIO

se o valor da causa for de até 2 (dois) salários mínimos, o processo deve seguir o rito sumário.

O rito sumário visa acelerar o processo e NÃO POSSUI RECURSOS cabíveis quanto às suas
decisões, ou seja, são causa de única instância e quando um processo segue esse rito, não há
como recorrer de uma decisão proferida.

Importante: a única exceção permitida é quando há a violação de preceito constitucional, sendo


assim, poderá haver o Recurso Extraordinário, destinado ao STF.

Não há previsão quanto ao número de testemunhas no rito sumário, porém por analogia
entende-se que são 3 (três).

O rito sumário está previsto no art. 2º, §§ 3º e 4º da Lei nº 5.584/70.

Art. 2, § 3º, Lei 5584/70: Quando o valor fixado para a causa, na forma dêste artigo, não
exceder de 2 (duas) vêzes o salário-mínimo vigente na sede do Juízo, será dispensável o
resumo dos depoimentos, devendo constar da Ata a conclusão da Junta quanto à matéria
de fato.

§ 4º Salvo se versarem sôbre, matéria constitucional, nenhum recurso (CLT, art., 893),
caberá das sentenças proferidas nos dissídios da alçada a que se refere o parágrafo
anterior.

§ 4º - Salvo se versarem sobre matéria constitucional, nenhum recurso caberá das


sentenças proferidas nos dissídios da alçada a que se refere o parágrafo anterior,
considerado, para esse fim, o valor do salário mínimo à data do ajuizamento da ação.
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RITO SUMARÍSSIMO:

É o rito mais utilizado na prática forense, em concursos e provas. O processo seguirá o rito
sumaríssimo quando o Valor da Causa estiver entre 2 (dois) salários mínimos e 40 (quarenta)
salários mínimos.

A previsão legal desse rito encontra-se no art. 852-A e seguintes da CLT.

Art. 852-A. Os dissídios individuais cujo valor não exceda a quarenta vezes o
salário mínimo vigente na data do ajuizamento da reclamação, ficam submetidos
ao procedimento sumaríssimo.

Parágrafo único. Estão excluídas do procedimento sumaríssimo as demandas em


que é parte a Administração Pública direta, autárquica e fundacional.

Destaca-se aqui que algumas entidades da Administração Pública Indireta não seguem o disposto
na lei, porém, é permitido o uso do Rito Sumaríssimo em face de Sociedade de Economia Mista e
Empresa Pública.

Os requisitos que devem conter nesse rito, de acordo com a lei são:

1) Pedido certo ou determinado, porém, deve ser sempre líquido, ou seja, deve sempre haver
um pedido certo e um montante em dinheiro como Valor da Causa;

2) Em regra, não há citação por Edital, apenas por Aviso de Recebimento (AR), desse modo, ao
ingressar com uma demanda na Justiça do Trabalho é importante que o autor indique
corretamente o endereço e nome do reclamado. Em casos de extrema dificuldade, com ampla
comprovação prévia é permitido a citação por Edital;

Não observando esses dois requisitos acima apresentados, o processo será arquivado e o
reclamante será condenado ao pagamento das custas processuais, extinguindo-se o processo
sem resolução do mérito. É importante falar que, se houver o arquivamento do processo, cabe
Recurso Ordinário em relação à tal decisão.

O art. 852-B, inc. III da CLT prevê que a apreciação da reclamação deverá ocorrer no prazo
máximo de quinze dias do seu ajuizamento, podendo constar de pauta especial, se necessário,
de acordo com o movimento judiciário da Junta de Conciliação e Julgamento.
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Ainda nesse rito, a conciliação pode ser proposta pelo Juiz a qualquer tempo; o número de
testemunhas é no máximo de 2 (duas); e a audiência é una, podendo haver o fracionamento em
caso de perícia.

Em suma, o procedimento sumaríssimo foi introduzido pela Lei 9957 de 2000, que incluiu
disposição da CLT, para tornar o processo do trabalho mais célere, APLICADO AOS DISSÍDIOS
INDIVIDUAIS, cujo valor não exceda a 40 salários-mínimos na data do ajuizamento da
reclamação.

Art. 852-A, CLT. Os dissídios individuais cujo valor não exceda a quarenta vezes o
salário mínimo vigente na data do ajuizamento da reclamação ficam submetidos
ao procedimento sumaríssimo. (Incluído pela Lei nº 9.957, de 2000)

Parágrafo único. Estão excluídas do procedimento sumaríssimo as demandas em


que é parte a Administração Pública direta, autárquica e
fundacional. (Incluído pela Lei nº 9.957, de 2000)

Art. 852-B. Nas reclamações enquadradas no procedimento sumaríssimo:


(Incluído pela Lei nº 9.957, de 2000)

I - o pedido deverá ser certo ou determinado e indicará o valor


correspondente; (Incluído pela Lei nº 9.957, de 2000)

II - não se fará citação por edital, incumbindo ao autor a correta indicação do


nome e endereço do reclamado; (Incluído pela Lei nº 9.957, de 2000)
(Vide ADIN 2139) (Vide ADIN 2160) (Vide ADIN 2237)

III - a apreciação da reclamação deverá ocorrer no prazo máximo de quinze dias


do seu ajuizamento, podendo constar de pauta especial, se necessário, de acordo
com o movimento judiciário da Junta de Conciliação e Julgamento.
(Incluído pela Lei nº 9.957, de 2000)

§ 1º O não atendimento, pelo reclamante, do disposto nos incisos I e II deste


artigo importará no arquivamento da reclamação e condenação ao pagamento
de custas sobre o valor da causa. (Incluído pela Lei nº 9.957, de 2000)

§ 2º As partes e advogados comunicarão ao juízo as mudanças de endereço


ocorridas no curso do processo, reputando-se eficazes as intimações enviadas ao
local anteriormente indicado, na ausência de comunicação. (Incluído
pela Lei nº 9.957, de 2000)

Art. 852-C. As demandas sujeitas a rito sumaríssimo serão instruídas e julgadas


em audiência única, sob a direção de juiz presidente ou substituto, que poderá
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ser convocado para atuar simultaneamente com o titular. (Incluído pela


Lei nº 9.957, de 2000)

Art. 852-D. O juiz dirigirá o processo com liberdade para determinar as provas a
serem produzidas, considerado o ônus probatório de cada litigante, podendo
limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias,
bem como para apreciá-las e dar especial valor às regras de experiência comum
ou técnica. (Incluído pela Lei nº 9.957, de 2000)

Art. 852-E. Aberta a sessão, o juiz esclarecerá as partes presentes sobre as


vantagens da conciliação e usará os meios adequados de persuasão para a
solução conciliatória do litígio, em qualquer fase da audiência. (Incluído
pela Lei nº 9.957, de 2000)

Art. 852-F. Na ata de audiência serão registrados resumidamente os atos


essenciais, as afirmações fundamentais das partes e as informações úteis à
solução da causa trazidas pela prova testemunhal. (Incluído pela Lei nº
9.957, de 2000)

Art. 852-G. Serão decididos, de plano, todos os incidentes e exceções que


possam interferir no prosseguimento da audiência e do processo. As demais
questões serão decididas na sentença. (Incluído pela Lei nº 9.957, de
2000)

Art. 852-H. Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e


julgamento, ainda que não requeridas previamente. (Incluído pela Lei nº
9.957, de 2000)

§ 1º Sobre os documentos apresentados por uma das partes manifestar-se-á


imediatamente a parte contrária, sem interrupção da audiência, salvo absoluta
impossibilidade, a critério do juiz. (Incluído pela Lei nº 9.957, de 2000)

§ 2º As testemunhas, até o máximo de duas para cada parte, comparecerão à


audiência de instrução e julgamento independentemente de intimação.
(Incluído pela Lei nº 9.957, de 2000)

§ 3º Só será deferida intimação de testemunha que, comprovadamente


convidada, deixar de comparecer. Não comparecendo a testemunha intimada, o
juiz poderá determinar sua imediata condução coercitiva. (Incluído pela Lei
nº 9.957, de 2000)

§ 4º Somente quando a prova do fato o exigir, ou for legalmente imposta, será


deferida prova técnica, incumbindo ao juiz, desde logo, fixar o prazo, o objeto
da perícia e nomear perito. (Incluído pela Lei nº 9.957, de 2000)
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§ 5º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.957, de 2000)

§ 6º As partes serão intimadas a manifestar-se sobre o laudo, no prazo comum de


cinco dias. (Incluído pela Lei nº 9.957, de 2000)

§ 7º Interrompida a audiência, o seu prosseguimento e a solução do processo dar-


se-ão no prazo máximo de trinta dias, salvo motivo relevante justificado nos autos
pelo juiz da causa. (Incluído pela Lei nº 9.957, de 2000)

Art. 852-I. A sentença mencionará os elementos de convicção do juízo, com


resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência, dispensado o
relatório. (Incluído pela Lei nº 9.957, de 2000)

§ 1º O juízo adotará em cada caso a decisão que reputar mais justa e equânime,
atendendo aos fins sociais da lei e as exigências do bem comum.
(Incluído pela Lei nº 9.957, de 2000)

§ 2º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.957, de 2000)

§ 3º As partes serão intimadas da sentença na própria audiência em que


prolatada.

Importante: Nos termos do art. 852-E da CLT, no rito sumaríssimo, NÃO HAVERÁ DUAS
PROPOSTAS DE CONCILIAÇÃO OBRIGATÓRIA!

RITO ORDINÁRIO:

Esse rito é utilizado quando o Valor da Causa for acima de 40 (quarenta) salários
mínimos. Esse procedimento permite um maior conhecimento do caso em tela e é utilizado para
situações de maior complexidade.

Nesse rito, há a possibilidade de citação por Edital; há a possibilidade de demandar contra


os entes da Administração Pública Direta; e o número de testemunhas é de no máximo 3 (três)
para cada parte.

Com a publicação da Lei 13.467/2017, conhecida como a Reforma Trabalhista, foram


feitas algumas mudanças em relação à determinação dos pedidos.

Diz o parágrafo 1º do art. 840 da CLT que sendo escrita, a reclamação deverá conter a
designação do juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que resulte o
dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e com indicação de seu valor, a data e a
assinatura do reclamante ou de seu representante.
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Em outras palavras, com a mudança na legislação trabalhista, mesmo no Rito Ordinário


faz-se necessário pedido certo, determinado e com indicação de seu valor. Prevê ainda o
parágrafo 3º do art. 840 que, os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo
serão julgados extintos sem resolução do mérito.

Merece ainda destaque a questão do pedido genérico, que deixou de ser a regra e passou
a ser exceção, aplicado de maneira subsidiária pelo CPC, quando não se puder aferir desde logo o
valor da postulação (art. 324 § 1º CPC).

Das Testemunhas nos Ritos Trabalhistas:

As testemunhas precisam comparecer independentemente de notificação ou de


intimação para a audiência no processo. Se não comparecerem, o juiz adiará a audiência para
uma nova data e determinará a intimação da testemunha.

Não há, no processo do trabalho, rol de testemunhas (tanto no ordinário, quanto no


sumaríssimo), ou seja, o reclamante não precisa arrolar as testemunhas na peça inicial.

Em resumo, são esses os ritos seguidos na Justiça do Trabalho em relação à um processo


trabalhista. Nos próximos textos estarei falando sobre as audiências em cada tipo de rito aqui
citado e o que geralmente acontece na práxis do Direito do Trabalho.

Por hoje é só, pessoal!

Até o nosso próximo encontro.

Professora Anna Paula

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