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Regime Jurídico Administrativo

• Conjunto harmônico de princípios que LEGALIDADE


definem a lógica da atuação do ente público, a • É basal para o Estado de Direito, uma vez que
qual se baseia na existência de limitações e ele é que qualifica e que lhe dá identidade
prerrogativas em face do interesse público; própria;
• Esses princípios devem resguardar essa • Para o particular, ninguém é obrigado a fazer
lógica, havendo, entre eles, um ponto de ou deixar de fazer senão em virtude da lei;
coincidência; • Quanto ao administrador, só é possível fazer o
que a lei autoriza ou determina, não podendo
Princípio da Supremacia do Interesse Público o agente estatal praticar condutas que
sobre o Privado: considere devidas, sem que haja
• O interesse público é supremo sobre o interesse embasamento legal específico;
particular, e todas as condutas estatais têm • Exceções a esse princípio:
como finalidade a satisfação das a. Medidas Provisórias: são expedidas com
necessidades coletivas; força de lei material, mas não constitui
• Os interesses da coletividade devem prevalecer uma lei formal. Ainda assim, deve ser
diante das necessidades do indivíduos; seguida pela Administração Pública;
• A Administração Pública se põe em situação b. Estado de Defesa
privilegiada, quando se relaciona com c. Estado de Sítio
particulares; IMPESSOALIDADE
Princípio da Indisponibilidade do Interesse • Traduz-se na ideia de que a atuação do
Público: agente público deve-se pautar pela busca dos
• Define os limites da atuação administrativa e interesses da coletividade, não visando
decorre do fato de que a impossibilidade de beneficiar ou prejudicar ninguém em especial;
abrir mão do interesse público deve estabelecer • CF, art. 37, XXI: todos os licitantes têm
ao administrador os seus critérios de conduta; direito a concorrer de forma igualitária;
• Serve para limitar a atuação desses agente • O agente público também deve ser impessoal,
públicos, evitando o exercício de atividades uma vez que quando ele atua, não é a pessoa
com a intensão de buscar vantagens do agente quem pratica o ato, mas o Estado;
individuais; MORALIDADE
• Trata-se do princípio que exige a honestidade,

Princípios do Direito lealdade, boa-fé de conduta no exercício da


função administrativa;

Administrativo • Ligado à ideia de probidade;


• Conduta ética do agente estatal;
• Expressos no Art. 37 da Constituição:
L egalidade Lei + Honestidade = base da administração pública;
I mpessoalidade
M oralidade • A imoralidade produz efeitos jurídico,
P ublicidade invalidando o ato, ainda que este estivesse
E ficiência previsto na lei;

• Ex.: Súmula vinculante n° 13 do nepostismo; • Obs: a presunção “Juris et jure” constitui uma
PUBLICIDADE espécie absoluta, que é caso da presunção de
• Premissa que proíbe a edição de atos secretos que o menor de 18 anos é inimputável
pelo poder público; penalmente;
• A Administração deve atuar de forma plena e • O Estado não tem o dever dede provar todas as
transparente; situações fáticas descritas no ato, devendo o
• Publicidade é diferente de publicação; particular, em muitos casos, comprovar a
• A publicação é somente uma das hipóteses de falsidade das disposições;
publicidade; • Inversão do ônus da prova;
• A não observância deste princípio, ou seja, o
dever de publicar pode caracterizar ato de CONTINUIDADE
improbidade administrativa; • Traduz-se na ideia de prestação ininterrupta
• Exceções: a CF ressalva que devem ser da atividade administrativa;
resguardadas a segurança nacional e o • Lei 8.987/95, art. 6º, § 1º: “Serviço adequado
relevante interesse coletivo; é o que satisfaz as condições de regularidade,
EFICIÊNCIA continuidade, eficiência, segurança,
• Eficiência é produzir bem, com qualidade e atualidade, generalidade, cortesia na sua
com menos gastos; prestação e modicidade das tarifas.”
• Buscam-se sempre melhores resultados • Em caso de greve, o desconto no salário é
práticos e menos desperdício, nas atividades incabível em casos que a greve foi motivada
estatais, uma vez que toda coletividade se por conduta ilícita do Poder Público;
beneficia disso; • STJ já manifestou a impossibilidade de
interrupção de serviços para pessoas jurídicas
• Outros princípios previstos na CF: de direito público
FINALIDADE PÚBLICA
• Determina a atuação do agente público, OBRIGATORIEDADE DA LICITAÇÃO
sempre visando a finalidade pública Art. 37, XXI: “ ressalvados os casos especificados na
estipulada em lei; legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão
contratados mediante processo de licitação pública que
• Lei 4.717/65, art. 2º, parágrafo único: “o assegure igualdade de condições a todos os
desvio de finalidade se verifica quando o concorrentes[...]”
agente pratica o ato visando o fim diverso • A licitação é um processo administrativo por
daquele previsto, explícita ou implicitamente, meio do qua a Administração Pública
na regra de competência.” seleciona a proposta mais vantajosa para o
• Desvio de poder é espécie do gênero abuso de contrato que melhor atenda ao interesse
poder, ou seja, é passível de anulação; público;

PRESUNÇÃO DE VERACIDADE MOTIVAÇÃO


• Até que o particular atingido pela atuação • É o dever imposto ao ente estatal de indicar os
estatal prove em contrário, o ato pressupostos de fato e de direito que
administrativo estampa uma situação de fato determinaram a prática dos atos
real; administrativos;
• A presunção de veracidade é “Juris tantum”, • É necessária para mostrar para sociedade as
uma vez que admite prova em contrário; razões pelas quais o poder público atuou de
determinada forma;

• Há atos que não exigem a motivação, como a se originam direitos; ou revogá-los, por motivo
exoneração de cargo comissionado. Mas, caso, de conveniência ou oportunidade, respeitados
na publicação, haja a motivação expressa, ela os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos
deve ser válida, sob pena de anulação do ato os casos, a apreciação judicial.”
administrativo; • Súmula 346 do STF: “A Administração
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, Pública pode declarar a nulidade dos seus
com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, próprios atos.”
quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; DEVIDO PROCESSO LEGAL
III - decidam processos administrativos de concurso ou
• Art. 54/CF;
seleção pública;
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo • Normas preestabelecidas e positivadas;
licitatório; • Process of law;
V - decidam recursos administrativos;
• Devido processo legal substantivo: não basta
VI - decorram de reexame de ofício;
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a que seja devido na legalidade, deve ser devido
questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e na proporcionalidade também;
relatórios oficiais;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou
convalidação de ato administrativo. PROPORCIONALIDADE e RAZOABILIDADE
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, • Tratado pelo STF como um só princípio;
podendo consistir em declaração de concordância com
fundamentos de anteriores pareceres, informações,
• Razoabilidade visa impedir uma atuação
decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte despropositada do administrador. Representa
integrante do ato. certo limite de discricionariedade do agente
§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza,
pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os público;
fundamentos das decisões, desde que não prejudique • Se for irrazoável, o ato administrativo é ilícito
direito ou garantia dos interessados.
e anulável;
§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e
comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata • A proporcionalidade busca o equilíbrio entre
ou de termo escrito. os atos praticados e o fim que se deseja
CF, art. 93, X  -  “as decisões administrativas dos
atingir. A desproporção de atos
tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as
disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de administrativos pode caracterizar abuso de
seus membros”; poder, sendo o autor responsabilizado;

AUTOTUTELA
CONTRADITÓRIO
• O administrador pode rever seus atos quando
• Direito conferido ao particular de saber o que
forem ilegais ou revogar quando foram
acontece no processo administrativo, bem
inoportunos ou inconvenientes;
como o direito de se manifestar em relação
• Ex.: um servidor é aposentado. Posteriormente,
processual;
descobre-se um erro de cálculo no tempo de
• Ninguém pode ser processado e julgado sem
serviço. Anula-se o ato;
ter conhecimento dos fatos relatados no
• Anula quando é ilegal;
processo;
• Revoga quando é inconveniente;
• Exceção:
• O exercício da autotutela não afasta a tutela
1. A f a l t a d e a d v o g a d o n o p r o c e s s o
jurisdicional;
administrativo disciplinar não ofende esse
• Súmulas 473 STF: “A administração pode
princípio;
anular seus próprios atos, quando eivados de
vícios que os tornam ilegais, porque deles não

ESPECIALIDADE
• Justifica a necessidade de descentralização
dos serviços do Estado, formando uma
estrutura orgânica com mais sucesso na
execução;

SEGURANÇA JURÍDICA
• Garante que os cidadãos não serão
surpreendidos por uma mudança repentina
na ordem jurídica imposta;

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