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Olá! Boas-Vindas!
Cada material foi preparado com muito carinho para que você
possa absorver da melhor forma possível, conteúdos de qua-
lidade!

Lembre-se: o seu sonho também é o nosso!

Bons estudos! Estamos com você até a sua aprovação!

Com carinho,

Equipe Ceisc. ♥

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Prof. Matheus de Gregori

Sumário

1. Regime Jurídico-administrativo (Princípios) ............................................................................. 4

Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para
concursos e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas. Além disso, recomenda-
se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente.

Bons estudos, Equipe Ceisc.


Atualizado em janeiro de 2023.

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1. Regime Jurídico-administrativo (Princípios)

Prof. Matheus De Gregori


@prof.matheusdegre

O que é “regime jurídico” administrativo? Segundo professor Juliano Heinen (2023, p.


147).
O regime jurídico-administrativo é um conjunto de regras e de princípios, em um todo
harmônico, incidentes sobre a maioria das funções exercidas pelo Estado ou por quem
lhe faça as vezes, distinguindo-se dos demais ramos do direito, a fim de que se satisfaçam
as necessidades sociais e/ou que se tutele a ordem pública. (J. Heinen)

Vemos, portanto, que o regime-jurídico administrativo diz respeito ao pertencimento,


desta disciplina, ao grande ramo do direito público. Nesse sentido, são características que dis-
tinguem os ramos público e privado as seguintes:

Direito Público Direito Privado


Unilateralidade Bilateralidade
Superioridade (prerrogativas) Igualdade
Verticalidade Horizontalidade

A noção central que permeia o direito público é a de interesse público. Vejamos esse
conceito: “O Interesse Público é o interesse resultante do conjunto dos interesses que os in-
divíduos pessoalmente têm quando considerados em sua qualidade de membros da soci-
edade e pelo simples fato de o serem.” (C.A.B. de Mello, 2011, p.74-75).
A doutrina classifica o interesse público em “primário” e “secundário”.
• Primário
➢ interesse público “propriamente dito”.
➢ Sempre prevalece em face do secundário.
➢ Decorre das escolhas sociais através do direito (CF e leis).
• Secundário
➢ meramente patrimonial.
➢ Recursos financeiros.
➢ Subordinado.

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➢ Deve sempre se condicionar ao primário.

Supraprincípios do Direito Administrativo


Existem dois princípios basilares, tratados como postulados, “pedras de toque” ou bases
do direito administrativo. São os princípios da Supremacia e da Indisponibilidade do interesse
Público. Estão implícitos (não-expressos), e norteiam o legislador e o administrador.

*Para todos verem: esquema

Supremacia do interesse
público
Regime jurídico-
administrativo
Indisponibilidade do interesse
público

Supremacia do Interesse Público


• Pressuposto lógico da convivência em sociedade.
• Poder de império (jus imperii). Unilateralidade.
• Prerrogativas e vantagens.
• Discricionariedade administrativa (margem de liberdade).
• Interesse da coletividade deve prevalecer em face do indivíduo.
• Não é sempre a “vontade da maioria” (deve respeitar os direitos fundamentais indivi-
duais).
• Sempre fundado na legalidade.
• Exemplos: alistamento obrigatório, voto, poder de polícia, desapropriação, restrições
administrativas, cláusulas exorbitantes, etc.

Indisponibilidade do Interesse Público


• Limites ao agente público;
• Interesse de Estado vs interesse de governo.
• Exemplos:

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➢ Bens públicos são imprescritíveis;


➢ Licitação e avaliação para vender bens públicos;
➢ Obrigatoriedade de recorrer;
➢ Obrigatoriedade de multar e cobrar tributos;
➢ Limites ao endividamento público;
➢ Há relativizações: possibilidade de acordo, arbitragem, etc. pela autoridade com-
petente.
A indisponibilidade dos interesses públicos significa que, sendo interesses qualifica-
dos como próprios da coletividade – internos ao setor público -, não se encontram à livre
disposição de quem quer que seja, por inapropriáveis. O próprio órgão administrativo
que os representa não tem disponibilidade sobre eles, no sentido de que lhe in-
cumbe apenas curá-los – o que é também um dever – na estrita conformidade do que
predispuser a intentio legis. Relembre-se que a Administração não titulariza interesses
públicos. O titular deles é o Estado, que, em certa esfera, os protege e exercita através
da função administrativa, mediante o conjunto de órgãos (chamados administração, em
sentido subjetivo ou orgânico), veículos da vontade estatal consagrada em lei. (C.A. Ban-
deira de Mello, 2011, p.74-75)

Princípios constitucionais (expressos ou explícitos)


• Art. 5º:
➢ Devido processo legal;
➢ Contraditório e Ampla defesa;
➢ Razoável duração do processo (celeridade);
• Art. 37, §3º:
➢ Participação do usuário;

Princípios expressos – art. 37, CF/88


*Para todos verem: esquema

L • Legalidade

I • Impessoalidade

M • Moralidade

P • Publicidade

E • Eficiência

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• Princípio da Legalidade
➢ Estado de Direito (império da lei, não do governante).
➢ Legalidade geral (art. 5º) vs Legalidade administrativa (art. 37).
➢ Toda atuação administrativa deve estar fundamentada no ordenamento jurídico
(não apenas à lei em sentido estrito).
➢ “atuação conforme a lei e o Direito” (Lei 9784/99, art. 2º)
➢ Norma em sentido amplo. Hierarquia das fontes: atos administrativos possuem va-
lidade na lei.
➢ Agente público só age quando a lei determina ou autoriza.
➢ Limita o poder: garantia do cidadão contra abusos e arbitrariedades.
➢ Ato contrário a lei: vício de legalidade = ato inválido = Ato nulo.
➢ Pressuposto para o controle dos atos administrativos (autotutela: anulação).
➢ “Primazia de lei” vs “reserva legal”.
➢ Relação de “sujeição especial” (servidores e administrados): não necessita de lei
para limitar direitos.

• Princípio da Impessoalidade
➢ Isonomia: igualdade.
➢ Exemplos: Concurso público. Licitação. Regime de precatórios. Impedimen-
tos/suspeições.
➢ Não impede políticas afirmativas (cotas, etc.) e prioridades legais (idosos, etc.)
➢ Finalidade: deve ser sempre o interesse público
➢ Vício: desvio de finalidade. Ato nulo.

• Vedação à promoção pessoal


CF88, Art. 37, § 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos
órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela
não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pes-
soal de autoridades ou servidores públicos. (Não se aplica na propaganda eleitoral
oficial)

• Princípio da Moralidade
➢ Imposta aos agentes públicos e particulares
➢ Dever de probidade

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➢ Ética
➢ Boa-fé
➢ Moralidade administrativa objetiva (diferente da comum)
➢ Não interessa a “intenção” ou percepção subjetiva do agente.
➢ Pode se aplicar diretamente no caso concreto (ex: vedação ao nepotismo, S.V. 13)
➢ Gera a nulidade do ato, mesmo que seja legal;

Atenção!
Súmula Vinculante 13: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta,
colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de
servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessora-
mento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gra-
tificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designa-
ções recíprocas, viola a Constituição Federal.

Cuidado: exceção para cargos “políticos” (Ministros, Secretários, etc.), desde que haja
capacidade técnica.

• Princípio da Publicidade
➢ Dever de publicação oficial: instrumento da publicidade.
➢ Nem todo ato necessita ser publicado.
➢ Requisito de eficácia dos atos.
➢ Dever de transparência
➢ Portais da transparência.
➢ Há exceções: sigilo.

• CF/88, Art. 5º: XXXIII


Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse parti-
cular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da soci-
edade e do Estado. (+ intimidade e vida privada).

• LAI: Lei 12.527/11.


“Transparência ativa” (de ofício) e passiva (mediante requerimento).

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• Princípio da Eficiência
➢ Oriundo da reforma “gerencial”. Incluído pela EC 19/98.
➢ Economicidade.
➢ Celeridade.
➢ Qualidade do serviço.
➢ Presteza.
➢ Produtividade.
➢ Eficácia (resultados).
➢ Não pode excepcionar a legalidade.

*Para todos verem: esquema.

Desempenho do agente público


(atividade)

Eficiência

Modo de organizar a
administração

• Princípios implícitos
➢ “Reconhecidos”.
➢ Alguns estão expressos, mas na legislação infraconstitucional.
➢ Lei 9784/99, Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios
da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade,
ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
➢ Vários outros em legislação esparsa, exemplos:
➢ licitações (Lei 14.133/21);
➢ serviços públicos (Lei 8.987/95);
➢ Improbidade (Lei 8429/92);

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• Razoabilidade e Proporcionalidade
➢ Balizam (controlam) a discricionariedade (margem de liberdade) dos agentes públi-
cos.
➢ Inobservância gera nulidade do ato.
➢ Aplica-se também ao legislador e juiz.

• Razoabilidade ou proporcionalidade em sentido amplo


➢ Bom senso, agir conforme a razão.
➢ Divide-se em:
➢ Necessidade: ato é imprescindível. Não há outro meio.
➢ Adequação: entre meios e fins.
➢ Proporcionalidade em sentido estrito: custo-benefício. Vantagens superam
desvantagens.
Lei 9784/99, Art. 2º, VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obriga-
ções, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendi-
mento do interesse público;

• Princípio da Motivação
➢ Exteriorização do motivo: razões de fato e de direito do ato.
➢ Integra a forma do ato.
➢ Liga-se à publicidade e ao controle.
➢ Excepcionalmente, pode não ser necessária (ex: nomeação/exoneração de co-
missionados).

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Legislação ou artigos destaques do conteúdo:

Leia com atenção:

LINDB, Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com
base em valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências prá-
ticas da decisão.
Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida im-
posta ou da invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclu-
sive em face das possíveis alternativas.

Lei 9784/99, Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos
fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;
V - decidam recursos administrativos;
VI - decorram de reexame de ofício;
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de parece-
res, laudos, propostas e relatórios oficiais;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.
§1º A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração
de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou
propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.
§2º Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio mecâ-
nico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não prejudique direito ou
garantia dos interessados.
§3º A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões orais
constará da respectiva ata ou de termo escrito.

• Segurança Jurídica
➢ Estabilidade das relações
➢ CF, art. 5º, XXXVI: a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito
e a coisa julgada;
➢ Subprincípio da Legítima confiança: boa-fé do administrado.
➢ Presunção de veracidade e legalidade dos atos administrativos
➢ Teoria da aparência
➢ Exemplo: “agente de fato” (preservam-se os efeitos aos terceiros de boa-fé)
➢ Súmulas Vinculantes;
➢ Decadência: prazo para anular os atos administrativos.
Lei 9784/99, Art. 54:O direito da Administração de anular os atos administrativos de que
decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que
foram praticados, salvo comprovada má-fé.

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Legislação ou artigos destaques do conteúdo:

Leia com atenção:

Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação


ou orientação nova sobre norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou
novo condicionamento de direito, deverá prever regime de transição quando indispen-
sável para que o novo dever ou condicionamento de direito seja cumprido de modo pro-
porcional, equânime e eficiente e sem prejuízo aos interesses gerais.

Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade
de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa cuja produção já se houver
completado levará em conta as orientações gerais da época, sendo vedado que, com
base em mudança posterior de orientação geral, se declarem inválidas situações
plenamente constituídas.

Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica na apli-
cação das normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e respos-
tas a consultas.

• Princípio da especialização
➢ Relaciona-se com o fenômeno da descentralização administrativa.
➢ Não confundir com desconcentração (criação de órgãos)!
➢ Criação de entidades com finalidades específicas.
➢ Exemplos: Universidades, Autarquias previdenciárias, Empresas Públicas, etc.

• Princípio do Controle ou Tutela


➢ Não confundir com autotutela!
➢ Vinculação (não na subordinação ou hierarquia)
➢ Controle finalístico (supervisão ministerial).
➢ Administração direta exerce sobre a administração indireta (autarquias, FP, etc.).

*Para todos verem: esquema.

Ministério da Universidade
Educação Federal

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• Princípio da Autotutela
➢ Controle dos próprios atos, através de revogação e anulação.
➢ Provação ou de ofício.
➢ Contraditório, caso atinja terceiros.

Legislação ou artigos destaques do conteúdo:

Leia com atenção:

Súmula 473 do STF: “A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de
vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada,
em todos os casos, a apreciação judicial”.

Lei 9784/99, Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados
de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportuni-
dade, respeitados os direitos adquiridos.

• Princípio da sindicabilidade
➢ CF, art. 5º, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
ameaça a direito;
➢ Mais amplo que a autotutela.
➢ Possibilidade de controle da atuação da administração: por outros poderes e pela
própria sociedade.
➢ Controles internos (controladorias, corregedorias, etc.)
➢ Judiciário + Ministério Público
➢ Legislativo + Tribunais de Contas
➢ Sociedade Civil

• Princípio da continuidade do serviço público


➢ Serviços públicos e atividades administrativas.
➢ Substituição, suplência, etc.
➢ Direito de greve dos servidores (vedação à segurança pública – STF);
➢ Lei 14.133/21: contratação emergencial. Prorrogação de contrato nulo.
➢ Lei 8987/95: descontinuidade autorizada em emergência, ordem técnica, segu-
rança e inadimplemento do usuário (salvo essenciais).

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