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NOÇÕES INTRODUTÓRIAS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Antes de iniciarmos e aprofundarmos os estudos acerca do direito


administrativo, é imperioso rememorar alguns conceitos básicos.

a) Direito – é conjunto de normas impostas coativamente pelo Estado e que disciplinam


a vida em sociedade, determinam as regras de conduta social e busca a coexistência
pacífica dos indivíduos em sociedade.
 Direito posto – é o direito vigente em dado momento social. Aplicado em
determinado contexto, momento histórico;
 Direito interno – relações dentro do território nacional (Direito Administrativo);
 Direito internacional- se preocupa com as relações externas;
 Direito Público – se preocupa com a atuação do Estado na satisfação do interesse
público (Direito Administrativo);
 Direito Privado – relações particulares e interesses também particulares.

#PERGUNTADEPROVA: Norma de direito público é sinônimo de norma de ordem


pública? NÃO! Norma de ordem pública é aquela norma inafastável, imodificável pelas
partes. Ex.: dever de pagar imposto de renda, normas de capacidade civil, impedimento
para casamento. Há regras de ordem pública no Direito Público e no Direito Privado. O
conceito de ordem pública é mais amplo que direito público. Já o Direito Público se
preocupa com a atuação do Estado na satisfação do interesse público.

b) Direito Administrativo – há uma variação imensa de teorias nos manuais. Os autores


não se resolvem quanto ao objeto e a área de atuação da disciplina. Não se pode utilizar
a doutrina estrangeira de forma acrítica, pelas peculiaridades do Direito Administrativo
no Brasil. A concepção no Brasil é diferente da maioria dos países. Vejamos as escolas:
 Escola legalista ou exegética: o D.A. só se preocupa com o estudo de leis. Não
há a preocupação com princípios, jurisprudências, etc. Essa ideia não
prosperou. Se for olhar para a disciplina hoje se estuda mais princípios que
leis. O correto é o estudo dos princípios e das leis.
 Escola do serviço público: o D.A. estuda o serviço público. Naquela época o
serviço público abrangia toda a ação do Estado. Tudo estava dentro do
conceito de serviço público. Se tudo que o Estado faz é DA, nós eliminamos
os demais ramos. Direito Tributário, Financeiro, por exemplo. Daí a crítica à
referida escola, pois é um conceito amplo demais, que invade outras áreas,
por isso ele não prosperou. Não foi acolhida pelo ordenamento
 Critério do Poder Executivo – O D.A. estuda a atuação do Poder Executivo. A
crítica está na restrição do objeto, pois os demais poderes também praticam
atos administrativos, que são objeto do estudo do D.A. O que se estuda é a
atividade administrativa, seja ela de qualquer poder. Também não
prevaleceu no Brasil.
 Critério Teleológico – é um conjunto harmônico de princípios. Um sistema de
princípios jurídico que estuda a atuação administrativa do Estado. É aceita
pelo doutrinador Oswaldo Aranha Bandeira de Mello. Apesar de aceito foi
dito insuficiente, necessitando de complementação.
 Critério negativo ou residual – o D.A. é definido como aquilo que não é julgar
ou legislar. O conceito é formado por exclusão. Exclui-se a atividade
legislativa e jurisdicional. Não é suficiente. O critério residual foi aceito pelo
Brasil, mas também foi dito como insuficiente.
 Critério de distinção da atividade jurídica e social do Estado. O D.A. não se
preocupa com o Estado Social: bolsa família, a política pública/social. Depois
de implementado sim, as repercussões jurídicas. Insuficiente.
 Critério da Administração Pública: somam-se todas as ideias. Hely Lopes
Meirelles. D.A. é um conjunto harmônico de princípios e regras, isto é, o
próprio Regime Jurídico Administrativo, que irá reger órgãos, entidades,
agentes públicos no exercício da atividade administrativa, tendentes a
realizar de forma direta, concreta e imediata os fins desejados pelo Estado.
Esses fins do Estado são determinados pelo Direito Constitucional. O DA
apenas busca realizar esses objetivos. De forma direta – aquela atividade do
Estado que independe de provocação, excluindo assim a função jurisdicional
do Estado, que depende de provocação, em razão da sua inércia. De forma
concreta – produz efeitos concretos. Destinatário determinado com efeitos
concretos. Desapropriar imóvel do José, nomear Maria, excluindo assim a
atividade legislativa, por ser abstrata. De forma imediata – se preocupa com
a atividade jurídica do Estado, excluindo a mediata que se preocupa com a
atividade social.

2. FONTES

A doutrina costuma apontar a existência de cinco fontes principais deste ramo


do Direito, quais sejam, a lei, a jurisprudência, a doutrina, os princípios gerais e os
costumes.
a) Lei: qualquer espécie normativa. Sentido amplo;
b) Doutrina;
c) Jurisprudência – julgamentos reiterados no mesmo sentido. Súmula é a
consolidação da Jurisprudência. Súmula não vinculante – sinalizar o
posicionamento;
d) Costumes – prática habitual, acreditando ser ela obrigatória. O costume não cria
nem exime obrigação;

Costume Social Costume Administrativo

De acordo com Matheus Carvalho, “os Na dicção de Matheus Carvalho: “o


costumes sociais se apresentam como um costume administrativo é caracterizado
conjunto de regras não escritas, que são, como prática reiteradamente observada
todavia, observadas de modo uniforme pelos agentes administrativos diante de
por determinada sociedade, que as determinada situação concreta. A prática
considera obrigatórias. Ainda considera- comum na Administração Pública é
se fonte relevante do Direito admitida em casos de lacuna normativa e
Administrativo, tendo em vista a funciona como fonte secundária de
deficiência legislativa na matéria”. Direito Administrativo, podendo gerar
direitos para os administrados, em razão
dos princípios da lealdade, boa-fé,
moralidade administrativa, entre outros”.
e) Princípios Gerais do Direito – estão na base da disciplina/ alicerce. Exs.:
Ninguém pode causar dano a outrem. É vedado o enriquecimento ilícito. Ninguém
pode se beneficiar da própria torpeza.

3 - SISTEMAS DE CONTROLE

Podemos identificar a existência de dois sistemas: o francês e o inglês.

a) Sistema contencioso administrativo (francês) - Sistema de dualidade de


jurisdição.
A Administração tem o controle pela Administração. Excepcionalmente, o
Judiciário poderá interferir: poder geral de cautela/ repressão penal/ propriedade
privada (rol exemplificativo). É formado por tribunais de natureza administrativa.

b) Sistema de jurisdição única (inglês)


Aqui há possibilidade de controle pelo Poder Judiciário. De acordo com Matheus
Carvalho, “a adoção do sistema de jurisdição única não implica a vedação à existência
de solução de litígios na esfera administrativa. Ao contrário, a Administração Pública
tem poder para efetivar a revisão acerca dos seus atos, independentemente de
provocação de qualquer interessado. Ocorre que a decisão administrativa não impede
que a matéria seja levada à apreciação do Poder Judiciário”.

#PERGUNTADEPROVA: O Brasil adere qual sistema? O Brasil acolheu o sistema de


jurisdição única. Nós tivemos um momento em que se tentou introduzir o sistema do
contencioso administrativo com a EC 7/77, mas não saiu do papel. Desde a origem, o
Brasil adota a jurisdição única. Nós não devemos pensar na criação de um sistema misto,
já que os dois sistemas, em verdade, são mistos, incluindo o controle pela Administração
e pelo Judiciário, o que os diferencia é a predominância de controle.

* #LEMBRAR #OLHAOGANCHO: Como regra, não há necessidade do acesso às vias


administrativas para se provocar a esfera jurisdicional, mas vale lembrar das seguintes
exceções: o art. 217, § 1º da CF/88 (justiça desportiva), a Súmula nº 02 do STJ (habeas
data), no ato administrativo ou omissão que contrarie SÚMULA VINCULANTE só pode
ser alvo de reclamação constitucional esgotadas a via administrativa (art. 7º, § 1º da
Lei 11.417/06) e concessão de benefícios previdenciários (não se confunde com o
exaurimento das vias administrativa).

4 - ADMINISTRAÇÃO/ESTADO/GOVERNO

4.1. Estado: Vem de status, que significa estar firme. É a pessoa jurídica de direito
público. Tem personalidade jurídica. Pode ser sujeito de Direito.
 Teoria da Dupla Personalidade: dizia que o Estado ora aparecia como pessoa
pública, ora aparecia como pessoa privada. Se o Estado estivesse atuando
nas atividades públicas, ele seria pessoa pública. Se estivesse atuando nas
atividades privadas, seria pessoa privada. Essa Teoria não existe mais. Não
importa em que atividade ele está, ele sempre será pessoa pública.
 O que significa Estado de Direito? É o Estado politicamente e juridicamente
organizado que obedece às suas próprias leis. O Brasil é um Estado de Direito,
em que pesem algumas desobediências. O Estado cria as leis e se submete a
elas.
 O Estado tem os seus elementos: povo (componente humano do Estado),
território (base física), governo soberano (comando, direção do povo).
 #CUIDADO #PEGADINHA: A responsabilidade civil da Administração está no
art. 37 §6º da CF: FALSO. A responsabilidade é do Estado.
4.1.2 Funções do Estado: típicas e atípicas

a) Poder Legislativo:
 Típica: (legislar, fiscalizar): Legislar é inovar o ordenamento jurídico, de forma
abstrata e geral.
 Atípica: outras atividades, como, por exemplo, julgar o Presidente por crime
de responsabilidade, realizar licitação (atividade administrativa).
b) Poder Judiciário:
 Típica: solução de lides, aplicando coativamente a lei aos litigantes. Aplicar
lei não produz inovação à ordem jurídica. É uma atuação concreta, em regra,
e indireta, dependente de provocação. Outra característica é a
intangibilidade jurídica, isto é, imutabilidade.
 Atípica: Natureza Legislativa quando elabora regimento interno de seus
tribunais (art. 96, I, "a") e natureza executiva quando administra, v.g., ao
conceder licenças e férias aos magistrados e serventuários (art. 96, I, "f")

c) Poder Executivo:
 Típica (executar o ordenamento jurídico vigente): não inova, concreta, direta
e revisível pelo Poder Judiciário. Não produz intangibilidade jurídica para o
Judiciário. Faz coisa julgada administrativa, isto é, a impossibilidade de
mudança na via administrativa.
 Atípica: legislativa (editar medidas provisórias).

Obs.: Há algumas funções que não se encaixam em nenhuma das três funções citadas.
Celso Antônio fala em uma quarta função: Função de Governo ou Função Política, que
surge de certos atos que não se alocavam satisfatoriamente nas três funções clássicas
do Estado. Não se confundem com o simples administrar, que se restringe à gestão
rotineira, habitual.
 Exemplos de função política é a sanção e o veto, a declaração de guerra e paz,
decretação de Estado de Defesa e Sítio e calamidade pública. São questões de
gestão superior no Estado de Direito. Atuação de ampla discricionariedade e
responsabilidade.

4.2. Governo: Comando; direção. Para que o nosso Estado seja independente, o
Governo tem de ser soberano. Governo soberano é aquele que possui
independência na ordem internacional e supremacia na ordem interna.

4.3. Administração Pública: Todo o aparelhamento do Estado. A máquina estatal.


Ela pode ser analisada sob dois enfoques diferentes:
a) Sentido formal/orgânico/subjetivo: A máquina administrativa, órgãos, agentes
e bens. A própria estrutura estatal, independentemente do Poder.
b) Sentido material/objetivo: As atividades administrativas executadas pelo
Estado. Em minúsculo.

*#OUSESABER: Qual a diferença de Administração Dialógica e Administração


Monológica?

A Administração Dialógica é uma tendência no direito administrativo moderno, fundada


no princípio da consensualidade, que permite uma abertura de diálogo com os
administrados, permitindo que haja uma legitimação efetiva da atuação administrativa,
tal como ocorre na realização de audiências públicas para colher as opiniões da
sociedade civil sobre determinado tema. Percebe-se, assim, uma participação efetiva de
todos os agentes que venham a ser atingidos pela atuação estatal. Esta forma de
administração se opõe a chamada administração monológica em que os administrados
atuam como meros espectadores na formação normativa, não estando aptos a
contribuir efetivamente como co-construtores das situações jurídicas que regerão a sua
atuação. Nesta forma de administração predomina a imperatividade da atuação estatal,
resultando em decisões de viés unilateral, sem qualquer ingerência dos destinatários da
norma em sua pactuação.

REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Regime Jurídico Administrativo é o conjunto de normas que norteiam a atuação


da Administração Pública. A lista de princípios não está totalmente definida, mas todos
guardam com os demais uma relação lógica de coerência (sistema unidade). Por essa
razão, compõe-se como conjunto harmônico de princípios e regras.
Não existe um princípio que se sobreponha aos outros ou que seja absoluto.
Assim, deve-se utilizar o critério de ponderação dos interesses na situação concreta (não
há nulidade nem exclusão na hipótese de conflito). As regras são operadas no modo
disjuntivo, pois uma exclui a outra quando da sua aplicação. O conflito entre elas é
resolvido no plano da validade.
TRIDIMENSIONALIDADE FUNCIONAL DOS PRINCÍPIOS (DIRLEY DA CUNHA
JÚNIOR)

1) Consagram valores fundamentais do sistema jurídico;

2) Orientam a aplicação do ordenamento;

3) Suplementam às demais fontes do direito.

2. PEDRAS DE TOQUE DO DIREITO ADMINISTRATIVO (CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE


MELO)

São os alicerces, a base da disciplina administrativa como um todo. O interesse


público, que é o somatório dos interesses individuais, considerando os indivíduos em
sociedade, desde que esse represente a vontade da maioria, é a chave para
compreensão. O interesse público pode ser primário ou secundário:

 Primário que é a vontade do povo (é o interesse público propriamente dito) ou;


 Secundário que é definido pelos anseios do Estado considerado como pessoa
jurídica.
 Obs.: Havendo divergência, prevalece o interesse público primário.

De acordo com Celso Antônio, as pedras de toque são a supremacia do interesse


público e a indisponibilidade do interesse público.

 Supremacia do interesse público: é muito importante para o convívio social e


pressuposto de existência de qualquer sociedade, sendo um conceito
determinável no caso concreto. Visa satisfazer o interesse público propriamente
dito, concedendo à Administração Pública algumas prerrogativas. Não está
expresso na CF. Exemplos de aplicação: atributos dos atos administrativos
(presunção de legitimidade, autoexecutoriedade e imperatividade), Poderes da
Administração (poder de polícia), contratos administrativos (cláusulas
exorbitantes, art. 58 da Lei nº 8.666/93), intervenção na propriedade
(requisição, art. 5º, XXV, CF, desapropriação, art. 5º, XXIV, CF). Alguns autores,
de forma minoritária, criticam o princípio sustentando que este legitima os
abusos e as arbitrariedades. Outros defendem que, na verdade, há incorreção na
sua aplicação.
 Indisponibilidade do interesse público: É consequência da própria supremacia do
interesse público. O interesse público não está à livre disposição do
administrador, não há liberalidade. É um contrapeso/limitação ao princípio da
supremacia do interesse público. O administrador exerce função pública,
significando que a atividade é exercida em nome e no interesse do povo. Assim,
o administrador é mero representante e não tem titularidade sobre o interesse
público, não podendo, por esse motivo, dispô-lo. O administrador exerce um
encargo, uma obrigação, um múnus público e tem o dever de bem servir, não
pode comprometer o futuro da nação e criar entraves. Exemplos de aplicação: é
violação à indisponibilidade ao interesse público a fraude à licitação, a fraude ao
concurso público. O administrador não pode criar entraves, obstáculos ao
sucessor.

3. PRINCÍPIOS MÍNIMOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (ART. 37, CAPUT, CF)

A Administração Pública Direta e Indireta e de todos os Poderes e Estados (União,


Estados, Municípios e DF) devem obediência aos princípios aqui listados. Tal rol foi
alterado pela EC nº 19/98.

a) Legalidade

É a base do Estado Democrático de Direito e garante que todos os conflitos serão


solucionados pela lei (art. 5º, II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
coisa senão em virtude de lei; art. 37, caput - A administração pública direta e indireta
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte; art. 150- Sem prejuízo de outras garantias
asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça).
 “Administrar é aplicar a lei de ofício (Seabra Fagundes)”  Enfoques: para o
Direito Público, a legalidade significa cumprir o que determina ou autoriza a lei,
assim o administrador só pode realizar o que previsto na lei (critério de
subordinação à lei).

 Para o Direito Privado, o particular pode tudo, salvo o que está vedado pela lei
(critério de não contradição à lei). O controle de legalidade é a verificação de
compatibilidade de um determinado ato com a lei, regras e princípios
constitucionais (controle em sentindo amplo). Obs.: o princípio da reserva legal
não se confunde com o princípio da legalidade, pois aquele determina que para
certa matéria é reservada (escolhida) a espécie normativa.

*#OUSESABER: A administração Pública está subordinada ao princípio da legalidade.


Entretanto, no caso de estado de defesa e estado de sítio, a severidade da aplicação
do citado princípio fica mitigado, face às excepcionalidades existentes. Certo ou
errado?

Vários são os princípios constitucionais e legais que a Administração Pública está


subordinada. Entretanto, cabe destaque o estudo detalhado daqueles trazidos no art.
37 da Constituição Federal, o famoso LIMPE: legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência. Nesta questão trataremos apenas do Princípio da Legalidade.

O Princípio da Legalidade é a base da democracia e é o que nos assegura que todos os


conflitos sejam resolvidos pela lei. A legalidade tem dois aspectos:

a) Nas relações privadas: Aqui, os particulares buscam seus próprios interesses e são
livres para atuarem, desde que não contrariem o disposto na legislação. A lei funciona,
neste caso, como limitadora de vontades.

b) Nas relações públicas: A Poder Público (Administração) só pode atuar nos moldes
autorizados ou determinados pela legislação. Aqui, a lei funciona como reguladora de
vontade, ou seja, como ponto de partida para que a Administração possa atuar.

Ocorre que, segundo o Prof. Celso Antônio Bandeira de Melo (Curso de Direito
Administrativo, 26ª Ed., pág. 105 e 126-136), é possível apontar três restrições
excepcionais ao princípio da legalidade:

a) Medida provisória

b) Estado de defesa

c) Estado de sítio
Nesses três casos, deve a Administração atuar, mesmo que não haja lei regulamentando
sua atuação, o que revela a mitigação da obrigatoriedade do princípio da legalidade. O
Prof. Celso Antônio é uma administrativista de grande prestígio, então, fiquemos
espertos à sua fala. Item correto!

b) Impessoalidade

O administrador não pode buscar interesses próprios, pessoais. Traz a ausência


de subjetividade, sem inclinações pessoais. O administrador deve agir no atendimento
do interesse público (de forma impessoal, abstrata e genérica). O ato NÃO é do agente,
e sim da pessoa jurídica (teoria da imputação).
 Exemplos: licitação (todos tem a chance de serem contratados pelo Poder
Público), concurso público.
 Cuidado com o conceito de impessoalidade de Celso Antônio: “traduz a ideia de
que a Administração tem que tratar a todos sem discriminações, benéficas ou
detrimentos, nem favoritismos nem perseguições são toleráveis, simpatias ou
animosidades pessoais, políticas ou ideológicas não podem interferir na
atividade administrativa”.

Obs.: Impessoalidade x Finalidade: Divergência cogitada por Helly Lopes Meirelles


(doutrina tradicional) que sustentava que os dois princípios eram sinônimos, afirmando
que após 1988 o princípio da finalidade/imparcialidade foi substituído pela
impessoalidade. No entanto, a posição da doutrina moderna (Celso Antônio Bandeira
de Melo) orienta que esses princípios não se confundem, pois a impessoalidade é a
ausência de subjetividade e a finalidade significa que o administrador deve buscar o
espírito da lei. São princípios autônomos (art. 2º, III e XIII, da Lei nº 9.784/99).

Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,


finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa,
contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. III - objetividade no
atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou
autoridades; XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta
o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova
interpretação.

c) Moralidade

Traduz a ideia de honestidade, obediência a princípios éticos, boa-fé, lealdade,


boa administração, correção de atitudes. É diferente da moralidade comum (certo e
errado do convívio social) por ser mais rígida, exigindo a correção de atitudes e a boa
administração.

#OLHAOGANCHO: Nepotismo
(Súmula Vinculante nº 13: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha
reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante
ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou
assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de
função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste
mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.)
 Com a EC nº 45/2004 e a criação do CNJ e do CNMP foram publicadas resoluções
que vedam o nepotismo (resoluções nº 07/CNJ e 01/CNMP). A resolução Nº 07
foi questionada com a ADC nº 12 e o STF declarou a constitucionalidade da
norma e afirmou que representava a aplicação de vários princípios
constitucionais, como a moralidade, impessoalidade, eficiência e isonomia.
 Além disso, o STF determinou que o CNJ pode fazer o controle administrativo do
cumprimento das suas resoluções. A vedação do parentesco (cônjuge,
companheiro e parente em linha reta ou colateral até o 3º grau) fica para os
cargos em que não são previstos a realização de concurso púbico – Vedações de
parentesco na mesma pessoa jurídica: entre a autoridade nomeante e o
nomeado em cargo de comissão ou função gratificada/função de confiança;
entre servidor que ocupa cargo de direção, chefia ou assessoramento e o
servidor que ocupa cargo em comissão ou função gratificada; designações
recíprocas (nepotismo cruzado).
 Agentes políticos estão fora da aplicação da Súmula Vinculante nº 13 de acordo
com o STF (Reclamação 6650, 7834; AgRcl 66750).
 O STJ também já decidiu que a prática de nepotismo configura ato de
improbidade administrativa (ofensa aos princípios da Administração Pública) –
Resp 1009926.

#ATENÇÃO: Aplicação da súmula sobre nepotismo deve levar em conta qualificação


do nomeado para o cargo: Citando precedentes como a RCL 17627 (de relatoria do
ministro Luís Roberto Barroso), a RCL 11605 (do ministro Celso de Mello), o ministro Fux
enfatizou que, quanto aos cargos políticos, deve-se analisar, ainda, se o agente
nomeado possui a qualificação técnica necessária ao seu desempenho e se não há nada
que desabone sua conduta. Ver mais em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/
verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=309934.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: É inconstitucional lei estadual que excepciona a


vedação da prática do nepotismo, permitindo que sejam nomeados para cargos em
comissão ou funções gratificadas de até dois parentes das autoridades estaduais, além
do cônjuge do Governador. STF. Plenário. ADI 3745/GO, rel. Min. Dias Toffoli, 15/5/2013
(Info 706)

*#OUSEBABER: No entendimento do STF, caracteriza nepotismo a nomeação de


pessoa que possui parente no órgão, quando este não tem influência hierárquica sobre
a nomeação?
Nesse caso, não caracteriza. Inicialmente, sobre o nepotismo, vale a pena
destacar que não há necessidade de lei formal para a vedação ao nepotismo,
considerando que tal proibição decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37,
caput, da CF/88.
Quando do julgamento da Rcl 18564/SP, o STF deixou claro que não se
caracteriza como nepotismo a nomeação de pessoa que possui parente no órgão,
quando este não tem influência hierárquica sobre a nomeação.
No que pese o STF não ter esgotado todas as possibilidades de configuração de
nepotismo na Administração Pública, o citado tribunal elencou critérios objetivos de
conformação, são eles:
a) Ajuste mediante designações recíprocas, quando inexistente a relação de
parentesco entre a autoridade nomeante e o ocupante do cargo de provimento em
comissão ou função comissionada;
b) Relação de parentesco entre a pessoa nomeada e a autoridade nomeante;
c) Relação de parentesco entre a pessoa nomeada e o ocupante de cargo de
direção, chefia ou assessoramento a quem estiver subordinada; e
d) Relação de parentesco entre a pessoa nomeada e a autoridade que exerce
ascendência hierárquica ou funcional sobre a autoridade nomeante.

- Cargo em comissão = era denominado antigamente de cargo de confiança. Serve para


direção, chefia e assessoramento e pode ser exercido por qualquer pessoa, atendidas as
condições mínimas. Há limite mínimo previsto em lei e depende do cumprimento de
determinados requisitos (ex.: escolaridade), mas independe de qualquer vínculo
anterior entre a Administração Pública e o nomeado.

- Função de confiança = Serve para direção, chefia e assessoramento. Somente pode ser
atribuído a quem detém cargo efetivo (acréscimo de responsabilidade). O servidor
ganha um acréscimo remuneratório chamado de gratificação por função de confiança.

Art. 37. (...) V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores


ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por
servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei,
destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento;” (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: "Ementa: Administração Pública. Vedação nepotismo.


Necessidade de lei formal. Inexigibilidade. Proibição que decorre do art. 37, caput, da
CF. RE provido em parte. I - Embora restrita ao âmbito do Judiciário, a Resolução 7/2005
do Conselho Nacional da Justiça, a prática do nepotismo nos demais Poderes é ilícita. II
- A vedação do nepotismo não exige a edição de lei formal para coibir a prática. III -
Proibição que decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da
Constituição Federal." (RE 579951, Relator Ministro Ricardo Lewandowski, Tribunal
Pleno, julgamento em 20.8.2008, DJe de 24.10.2008)

*#OUSESABER: Segundo entendimento do STF, exposto na SV 13: Súmula vinculante nº


13: “A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por
afinidade, até o TERCEIRO GRAU, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da
mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para
o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na
administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, COMPREENDIDO O AJUSTE MEDIANTE
DESIGNAÇÕES RECÍPROCAS, viola a Constituição Federal.” O próprio STF fez uma
restrição à aplicação dessa súmula – e vem a reafirmando, como através RE 825.682:
ressalvada a situação de fraude à lei (como por exemplo troca de favores), agentes
políticos, como secretários estaduais e municipais, não estão submetidos à tal vedação.
São cargos de natureza política, não administrativa, que demandam um elevado grau de
confiança caracterizados por ter um munus decorrente da Constituição Federal. Caso
que aconteceu no Ceará: Cid Gomes (à época, Governador do Estado) nomeou seu
irmão, Ciro Gomes, como Secretário de Saúde. E os Conselheiros do Tribunal de Contas
podem ser incluídos nessa exceção? Segundo o STF, NÃO! Os Conselheiros de Tribunais
de Contas são considerados cargos administrativos, a eles então também é aplicado a
vedação nepotismo – decisão do STF na Rcl 6702.

*#OUSESABER: No Informativo 786 do STF, ADI 524, ficou decidido que o nepotismo
não alcança os servidores de provimento efetivo, pois isso poderia inibir o próprio
provimento de cargos públicos e viola o livre acesso aos cargos, empregos e funções
públicas. Regra é constitucional para cargos em comissão, funções gratificadas, de
direção e de assessoramento. Inexiste proteção ou apadrinhamento quando a pessoa é
aprovada em concurso público.
*#OUSESABER: Para o STF, no julgamento do RE 678.574, a vedação ao nepotismo não
se aplica às contratações realizadas pelos serviços notariais – exercem atividade
estatal, mas não ocupam cargo público. Podem, assim, contratar parentes pela CLT.

*#OUSESABER: O Plenário do STF, no RE 570392/RS, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em


11/12/2014 (Info 771) decidiu que as leis que proíbam o nepotismo na Administração
Pública NÃO são de iniciativa exclusiva do Chefe do Poder Executivo, podendo,
portanto, ser propostas pelos parlamentares. Dessa forma, não há vício de iniciativa!
A vedação ao nepotismo tem por objetivo cumprir os princípios constitucionais da
isonomia, impessoalidade e moralidade na Administração Pública. Ademais, vale
lembrar a advertência do @dizerodireito, “conforme entendeu o STF na edição da
Súmula Vinculante 13, a proibição do nepotismo não exige a edição de lei formal,
considerando que essa vedação decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37,
caput, da CF/88. Portanto, se o STF já reconheceu que tal proibição sequer precisa de
lei, não há vício de iniciativa em lei editada com o objetivo de dar cumprimento aos
princípios constitucionais”

*#PERGUNTA: O que se entende por transnepotismo? O Professor Marcelo Pilon, em


seu artigo “Nepotismo, Nepotismo Cruzado e Transnepotismo” afirma que: “(...) muitos
estão tentando burlar a decisão do STF em relação ao nepotismo; surgem novas formas
de nepotismo. É recorrente nos meios de comunicação a utilização de neologismos
como: “nepotismo cruzado” e “transnepotismo”. Podemos considerar “Nepotismo-
Cruzado” a nomeação por parte dos membros do Judiciário, Executivo e Legislativo da
União, Estados, Distrito Federal e municípios, de parentes uns dos outros. É a migração
de servidores não concursados “dentro de um poder”, por exemplo, na Câmara de
Vereadores, o vereador X contrata para atuar em seu gabinete o filho do vereador Y que
em contrapartida contrata a esposa do vereador X. A meu ver, o “Transnepotismo” seria
uma troca de favores “entre os poderes”, a migração de indivíduos não concursados de
um Poder para outro, por exemplo: o prefeito do município “J” contrata para atuar no
município, em cargo comissionado, o filho do vereador “Z” que em contrapartida
contrata para o seu gabinete o cunhado do prefeito; há também casos onde o vereador
declara sua “lealdade” ao executivo após o mesmo ter contratado seu parente ou
apadrinhado. O mais trágico, e de certo, nada bom para a democracia e o equilíbrio
entre os poderes, é a possibilidade do “transnepotismo” e troca de favores entre o
Executivo e o Judiciário, com ou sem troca de parentes para cargos comissionados
(@top_juris)

d) Publicidade

O administrador exerce função pública em nome do povo, motivo pelo qual deve
dar ciência ao titular do direito (o povo) do que está ocorrendo. Também representa
condição de eficácia, que significa início de produção de efeitos. Os atos só começam a
produzir efeitos a partir de sua publicidade. Exemplo disso é o início da contagem de
prazo de um contrato, que seria a partir da data da publicação.
 Art. 61. A publicação resumida do instrumento de contrato ou de seus
aditamentos na imprensa oficial, que é condição indispensável para sua eficácia,
será providenciada pela Administração até o quinto dia útil do mês seguinte ao
de sua assinatura, para ocorrer no prazo de vinte dias daquela data, qualquer
que seja o seu valor, ainda que sem ônus, ressalvado o disposto no art. 26 desta
Lei.

- Publicidade também representa o início de contagem de prazo. Ex.: de notificação de


multa de trânsito. O prazo começa do dia em que a notificação é recebida e não da data
de postagem ou expedição.

- Publicidade também é mecanismo de controle e fiscalização, pois permite que o titular


do poder tome ciência do que está acontecendo no poder público, o que lhe dá
oportunidade de se insurgir contra as ilegalidades dos administradores.

- Publicidade, no entanto, é diferente de publicação.


 #PEGADINHA: “A licitação na modalidade convite não tem publicidade”
(Falso). No convite não há publicação de edital, pois há a carta convite.
Quando se encaminha a carta aos convidados está-se realizando a
publicidade.
 Publicidade é muito mais amplo que publicação. Publicação é uma das
hipóteses de publicidade. A publicidade deve cumprir o formalismo previsto
na lei (portas abertas, edital x vezes).

- Fundamentos da publicidade na CF: art. 37, caput./ art. 5º XXXIII (informação), XXXIV
(certidão) e LXXII (habeas data) / Lei 12.527/11. (lei de acesso à informação). Art. 37,
§3º, II – direito de acesso à informação.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico


mantido pela Administração Pública, dos nomes de seus servidores e do valor dos
correspondentes vencimentos e vantagens pecuniárias. STF. Plenário. ARE 652777/SP,
Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 23/4/2015 (repercussão geral) (Info 782)

- Exceções à publicidade (garantia de sigilo):

 art. 5º, X (são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas). O administrador não pode, com fundamento na publicidade, violar
tais valores, sob pena de indenizar os lesados.
 Art. 5º, XXXIII (segurança do Estado ou da sociedade).
 Art. 5º, LX (processos que correm em sigilo). Em processos tanto judiciais quanto
administrativos. Ex. processo administrativo no âmbito do CRM sobre erro
médico de determinado médico. Só publica quando se tem o resultado.

Obs.: Art. 37, §1º. A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos
órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela
não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal
(dever de impessoalidade) de autoridades ou servidores públicos.
 Dever de publicidade, obedecendo à forma determinada. Se o agente não faz a
publicidade está praticando ato de improbidade administrativa (art. 11 Lei 8429).
 Pode haver a promoção pessoal por meio de terceiro, caso que há placas do tipo
“a população agradece ao político X pela obra realizada, etc”. Deve haver uma
razoabilidade ex.: placas de obras informando o número da licitação, do contrato
e o nome do administrador pode. Para haver o ilícito dever ter a finalidade de
promoção pessoal.

e) Eficiência

Foi introduzido no caput do art. 37 da CF pela EC nº 19/98 (Reforma


Administrativa). A emenda 20/98, apesar de ser do mesmo e ano e tratar de direito
administrativo, trata de aposentadoria. A eficiência ganhou roupagem de direito
expresso, mas ela já era exigida como princípio implícito e já existia de forma expressa
no art. 6º da lei 8987/95, que trata de serviço público.
 Art. 6º Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço
adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta
Lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato. § 1o Serviço adequado é
o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência,
segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade
das tarifas.
 Esse art. 6º traz o conceito de serviço adequado, exigindo a eficiência.

- Mas quais seriam os instrumentos para a concretização da eficiência?

(1) Alteração do art. 41 que trata da estabilidade dos servidores públicos, pois muito se
falava que a estabilidade acomodava o servidor. * A partir da EC 19/98, então, o servidor
para garantir a estabilidade vai precisar de:

 Nomeação para cargo efetivo + 3 anos de exercício + avaliação especial de empenho


Esse último requisito está intimamente ligado à eficiência. Essa avaliação ainda
precisa de regulamentação na maioria das carreiras (lei complementar).

- Quais são as hipóteses em que o servidor pode perder o cargo?


 Processo administrativo (contraditório/ampla defesa)
 Processo judicial (trânsito em julgado)
 Avaliação periódica de desempenho. A avaliação de desempenho já existia, mas
não retirava a estabilidade do servidor.

(2) Racionalização da máquina administrativa. Art. 169, CF. Não dá para gastar tudo que
se arrecada com folha de pagamento. Isso seria ineficiente. O limite com pessoal é
disposto na lei de responsabilidade fiscal, que lá no art. 19 traz esse limite de 50% para
a União, 60% para estados e municípios sobre a receita corrente líquida.
 E se estiver acima do limite? Começa-se reduzindo os cargos em comissão e
funções e confiança em no mínimo 20 %; na sequência, é possível a exoneração
de servidores não estáveis e; por fim, os servidores estáveis através de
exoneração, por não haver caráter de punição.
 Nesse último caso o cargo é extinto e só pode ser recriado com funções idênticas
ou assemelhadas quatro anos depois, para que o administrador não utilize o
instituto do 169 para tirar os inimigos políticos da Administração. A sequência
não pode ser desobedecida. Somente o servidor estável tem direito à
indenização.

É preciso ter eficiência em duas esferas: meios (gastar o menos possível) e


resultados (produzir os melhores resultados).

Obs.: eficiência – conduta das pessoas; eficácia – meios, instrumentos; efetividade –


resultado.

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