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Direito

Administrativo
Para concursos

Pedro Garcia
JUSCURSOS PREPARATÓRIO
Juscursos Pedro Garcia

INDICE

1. Introdução:
1.1 Conceito de Direito Administrativo;
1.2 Ramos do direito;
1.3 Fontes do Direito Administrativo;
1.4 Regime Jurídico Administrativo;
1.5 Tripartição dos Poderes.
2. Noções de Estado:
2.1 Elementos do Estado;
2.2 Forma de Estado;
2.3 Forma de Governo;
2.4 Sistema de Governo;
2.5 Regime de Governo.
3. Princípios da Administração Pública;
3.1 Conceito;
3.2 Princípios Constitucionais expressos;
3.3 Princípios Implícitos.
4. Organização da Administração Pública:
4.1 Conceito;
4.2 Administração Direta;
4.3 Administração Indireta;
4.4.1 Autarquia;
4.4.2 Fundações Públicas;
4.4.3 Empresas Estatais;
4.4 Órgãos Públicos;
4.5 Formas de prestação do serviço público.
4.5.1 Centralização;
4.5.2 Descentralização;
4.5.3 Concentração;
4.5.4 Desconcentração.
5. Atos Administrativos:
5.1 Conceito;
5.2 Classificações;
5.3 Elementos;
5.4 Atributos;
5.5 Formas de extinção.
6. Poderes da Administração:
6.1 Tipos de poderes;
6.2 Modalidades de abuso de poder.
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7. Agentes Públicos:
7.1 Conceito;
7.2 Tipos de Agentes Públicos;
7.3 Cargo em Comissão x Função de Confiança;
7.4 Acumulação Remunerada de cargos públicos.
8. Controle da Administração:
8.1 Conceito;
8.2 Classificações;
8.3 Espécies de controle.
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1. INTRODUÇÃO AO DIREITO
ADMINISTRATIVO:
1.1 Conceito:
O Direito Administrativo é o conjunto de normas e regras que disciplinam as
relações da Administração Pública. Como ela se organiza, como ela se relaciona
com os particulares e seus servidores.

A treta do Direito Administrativo é que ele está espalhado, por exemplo, para
começar a estudar constitucional, você precisa ler a Constituição. Já em relação ao
Direito Administrativo, não existe nenhum código administrativo, justamente, porque
ele está espalhado. Dessa forma, podemos pegar o direito administrativo dentro
de Constitucional (mais precisamente no artigo 37), há uma diversidade de leis,
por exemplo, lei de Improbidade, Estatuto dos Servidores Públicos, Licitações..., há
também muita doutrina e muita Jurisprudência, e cabe a nós estudar cada um
desses elementos e responder na prova dependendo do que a banca pedir.

1.2 Ramos do Direito:


O direito é uma coisa só, ele é uno, mas ele se divide em vários ramos, por
exemplo, Direito Civil, Direito Penal, Direito Administrativo..., mas além desses, nós
temos uma divisão básica (de altíssima importância, porque dependendo de
quando é um e quando é outro, várias coisas mudam) que é a de ramos do Direito
Público e ramos do Direito Privado.

Privado: No Direito Privado o que predomina é uma relação de igualdade


entre as partes envolvidas, por exemplo, eu tenho uma bicicleta velha toda
enferrujada e tem um cara querendo comprar ela por quinhentos mil reais,
podemos fazer isso? Claro que sim, nós temos autonomia de vontade, uma
liberdade maior, artigo 5°, II da CF “Ninguém será obrigado a fazer ou deixar
de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”, se ele é maluco e quer dar
quinhentos mil em uma bike enferrujada, seja feliz. Perceba que nessa relação
ninguém obriga ninguém, eu não o obrigo a comprar e ele não me obriga a
vender, nós somos livres e estamos em uma relação de igualdade. Essa relação de
igualdade entre as partes também é chamada de relação horizontal, pois ambos
os lados estão em pé de igualdade.

Particular Particular

Relação Horizontal
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Público: No Direito Público, o que predomina é o interesse público, não é o


interesse apenas dos envolvidos, e sim da coletividade. Nesse caso, não existe
uma igualdade entre as partes, há uma relação desigual, uma relação vertical,
alguém manda e alguém obedece, é uma relação de superioridade, e o que
predomina no Direito Administrativo é essa relação vertical, justamente por conta
de que na maioria das vezes há a presença do Estado, e o Estado está lá pra
proteger o interesse público que é mais importante do que o interesse de uma
pessoa.

Estado

Relação Vertical

Particular

1.3 Fontes do Direito Administrativo:


Fonte do Direito Administrativo, não é nada mais nada menos do que de onde
ele sai, por exemplo, uma fonte de água, é o local de onde sai a água. Dessa
forma, a mesma situação serve para o Direito Administrativo, ele não está pronto
no mundo, ele veio sendo inventado e ele surgiu, justamente, de suas fontes que
são divididas entre fonte primária, fonte secundária e fonte indireta.

Fonte primária: Lei, mas essa é a lei em sentido amplo, ou seja, lei
complementar, lei ordinária, Constituição Federal..., e a lei é a fonte mais
importante do Direito Administrativo, porque no artigo 37°, CF. há o princípio da
legalidade que fala que a Administração Pública só pode fazer o que a lei manda.
Mas além das Leis, há outra fonte primária que é a Súmula Vinculante, essa
súmula só pode ser feita pelo STF e ela se enquadra como fonte primaria, porque
é de observância obrigatória, ela tem peso de Lei, por isso é considerada fonte
primária. Logo, fonte primaria = Lei (sentido amplo) e Súmula vinculante.

Fonte secundária: Apesar da Lei ser a fonte mais importante, ela, em grande
parte das vezes, é omissa, é falha, não tem como ela tratar de todos os casos, ela
traz normas gerais, muita coisa fica no vácuo. Dessa forma, a gente responde isso
justamente com as fontes secundárias que seriam a Jurisprudência (decisões
proferidas pelos tribunais de maneira reiterada, por exemplo, as súmulas,
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perceba que são apenas súmulas e não vinculantes, porque as súmulas vinculantes,
apesar de se serem jurisprudência, são tradas como fonte primaria, justamente,
por terem peso de Lei e serem de observância obrigatória) e a Doutrina (é o
conjunto de princípios, ideias e ensinamentos de autores e juristas)

Fonte indireta: Costumes, a rigor, é o comportamento que se repete no tempo.


Dessa forma, podemos afirmar que são regras não escritas seguidas de maneira
uniforme, por exemplo, embora não tenha lei, em tal região se faz dessa forma.

1.4 Regime Jurídico Administrativo:


Regime Jurídico Administrativo é o conjunto de normas incidentes sobre a
Administração Pública, que tem por objetivo a preservação do interesse público.

O direito Administrativo é construído sobre duas bases, que são os princípios


norteadores da Administração. São eles: Supremacia do Interesse Público e
Indisponibilidade do Interesse Público.

Supremacia do Interesse Público: Esse princípio trata de que o interesse da


coletividade/interesse público é mais importante do que o interesse de uma pessoa
em específico. Esse princípio justifica os Poderes da Administração, a
Administração pode nos obrigar a fazer algumas coisas mesmo que não tenham
nosso consentimento, porque ela está fazendo isso a fim de proteger o Interesse
Público. Por exemplo, você tem uma casa em um local estratégico que seria
perfeito para haver um posto policial, a Administração, justamente por conta da
Supremacia do Interesse Público, tem o poder para desapropriar esse terreno
(obviamente, nessa modalidade de desapropriação, rola uma indenização prévia
e em dinheiro) e construir o posto policial.

Indisponibilidade do Interesse Público: O administrador não pode abrir mão,


não pode renunciar, não pode dispor, por que o interesse não é dele, o interesse
é público. O administrador é um mero gestor da coisa alheia. Por exemplo,
quando uma autoridade fiscal vê algo errado ela deve autuar/multar, e se o deixa
de fazer, ela está errada, porque ela tem o poder/dever de agir, porque é o
interesse público que está sendo flagelado diante de uma infração, e como a
autoridade fiscal é uma mera gestora do interesse público ela tem o dever
preservá-lo.

1.5 Tripartição dos Poderes (poderes da República):


O artigo 2° da C.F diz que “São poderes da união, independentes e
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.” Nesse sentido, vale
ressaltar que eles possuem atribuições diferentes uns dos outros, mas a autonomia
que eles possuem os permite limitar uns aos outros para evitar, justamente, que
haja abuso de poder. Além disso, vale ressaltar que a divisão dos poderes em
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nosso país é algo que não pode ser abolido, justamente por ser tratar de cláusula
pétrea.

A grosso modo, existem três poderes, porque, historicamente, sempre que se


concentrava o poder nas mãos de uma pessoa, ela fazia bosta, ela vai abusava
desse poder. Portanto, para evitar ilegalidade e abuso de poder, nós adotamos
a tripartição dos poderes, em que um limita o outro.

Ademais, cada poder tem sua função principal e sua função secundária,
levando para o juridiquês, essas funções são chamadas de funções típicas
(principais) e funções atípicas (secundárias)

Executivo: tem como função típica (principal função) administrar e atípica de


Legislar, fiscalizar e julgar.

Legislativo: tem como função típica (principal função) legislar e fiscalizar e


atípica de julgar e administrar.

Judiciário: tem como função típica (principal função) julgar e atípica de


legislar, fiscalizar e administrar.

Um bizu monstro é o seguinte: tudo que um faz de forma de típica, o outro


fará de forma atípica.
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Questões:
1) Tendo em vista que a função pública é a atividade exercida no cumprimento de
alcançar o interesse público, ou seja, interesses pertinentes à
coletividade/sociedade, tem-se que o Estado tem o Poder Dever de perseguir na
justa medida o que é necessário para o interesse público.

Assim, o Direito Administrativo possui dois princípios basilares. Quais são eles?

a) Supremacia do Interesse Público e Indisponibilidade do Interesse Público.

b) Infimidade do Interesse Público e Disponibilidade do Interesse Público.

c) Supremacia do Interesse Público e Disponibilidade do Interesse Público.

d) Infimidade do Interesse Privado e Indisponibilidade do Interesse Público.

e) Supremacia do Interesse Público e Indisponibilidade do Interesse Privado.

2) A reiteração dos julgamentos em um mesmo sentido, influenciado a construção


do Direito, sendo também fonte do Direito Administrativo, diz respeito à:

a) Doutrina.

b) Jurisprudência

c) Costumes

d) Analogia

e) Lei

3) A jurisprudência é fonte indireta do Direito Administrativo. Entretanto a Súmula


Vinculante, apesar de ser jurisprudência, é considerada fonte primaria, porque
além de ter observância obrigatória, ela possui peso de lei.

( ) Certo. ( ) Errado.

4- São poderes da República, independentes e harmônicos entre si, Executivo,


Legislativo e Judiciário. Logo, são suas funções típicas, respectivamente:

a) Criar Leis + Fiscalizar; Administrar; Julgar.

b) Administrar; Julgar; Criar Leis + Fiscalizar.

c) Julgar; Criar Leis + Fiscalizar; Administrar.

d) Administrar; Criar Leis + Fiscalizar; Julgar.

e) Julgar; Administrar; Criar Leis + Fiscalizar.


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5- A Supremacia do Interesse Público é o princípio baseado em que o


Administrador não pode deixar de agir diante de uma ilegalidade, pois ele é um
mero gestor do interesse público. Por outro lado, a Indisponibilidade do Interesse
Público mostra uma superioridade do interesse da coletividade sobre o interesse
de uma pessoa em específico.

( ) Certo. ( ) Errado.

Gabarito

1- A.
2- B.
3- Errado.
4- D.
5- Errado.
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2. NOÇÕES DE ESTADO:
2.1 Elementos do Estado:
O Estado possui três elementos: Povo, Território e Governo Soberano. Dessa
forma, podemos entender que Estado é um povo organizado em um território
sobre o controle de um governo soberano.

Povo: É galera que mora lá, são as pessoas físicas.

Território: É o espaço geográfico. Pode ser aéreo, marítimo, terrestre,


subsolo.

Governo Soberano: É quem exerce o controle, e não está sujeito a vontades


externas, justamente por ser dotado de soberania (vontade suprema de um
Estado).

2.2 Forma de Estado:


A forma de Estado adotada no Brasil é a Federação, nós não temos o poder
em um lugar apenas, nós temos diversos centros de poder. No Estado Unitário, é
uma coisa só, o poder é concentrado em um só ente. Entretanto, aqui no Brasil,
nós temos o poder dividido entre os entes federados. Que são: União, estados,
Distrito Federal e os municípios.

CUIDADO! Os entes federados são dotados de Autonomia e


Independência, eles não são hierarquizados, ou seja, um NÃO manda no outro.
Então se na prova vier que “A União manda nos estados que manda nos
municípios...” está errado.

CUIDADO 2!! Os entes federados NÃO são dotados de soberania, eles são
apenas autônomos e independentes. Quem é dotado de soberania é a
República Federativa do Brasil (R.F.BR). A R.F.BR é formada pelos entes
Federados:

União

Estado
s República Federativa do Brasil
(SOBERANA).
D.F

Municípios
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2.2 Forma de Governo:


A nossa Forma de Governo é a republicana, que vem do latim: res publica
(coisa do povo). Diferentemente da monarquia que tudo é do rei e ele faz o que
ele quer, na república o nosso governante tá cuidando de algo que não lhe
pertence.

Na república o governante: é eleito (não é aquele rei que fica lá e quando


morre o filho assume), também é temporário (por exemplo, eleições presidenciais
de 4 em 4 anos), além de ter o dever de prestar contas, porque caso faça besteira
com a coisa do povo, poderá ser responsabilizado.

2.3 Sistema de Governo:


Há Sistemas Presidencialistas e Parlamentaristas. Nesse contexto, podemos
afirmar que o do Brasil é o Presidencialista, em que o Presidente cumula as
funções de chefe de Estado e chefe de Governo. Já no Parlamentarista, um
desempenha atribuições de chefe de Estado e outro de chefe de Governo.

Chefe de Estado: Quem nos representa internacionalmente, quem tem o


desempenho de atribuições no âmbito externas.

Chefe de Governo: Quem administra internamente o país, quem desempenha


suas atribuições no âmbito interno.

2.4 Regime de Governo:


O nosso regime de governo é a democracia, que é o governo pelo povo. A
Constituição Federal diz que todo poder emana do povo que o exerce de forma
direta e por meio de seus representantes. Ou seja, o povo tem o poder, e o povo
exerce esse poder tanto de forma direta quanto indireta, por isso que a nossa
democracia é chamada de semidireta ou participativa.

Forma direta: Plebiscito, referendo e iniciativa popular.

Forma indireta: Quando escolhemos pessoas para tomar as decisões.


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Questões:
1) Os estados, os municípios e o Distrito Federal integram a estrutura constitucional
do estado, sendo dotados de soberania e autonomia política, administrativa e
financeira.

( ) Certo. ( ) Errado.

2) São elementos do estado o povo que está sob um território administrado por
um governo soberano.

( ) Certo. ( ) Errado.

3) A forma de governo adotada pelo Brasil é a Democracia, enquanto o regime


de governo é República.

( ) Certo. ( ) Errado.

4) Todo poder emana do povo que o exerce de forma direta ou por meio de seus
representantes. Assinale dentre as alternativas abaixo qual melhor se enquadra
com o enunciado:

a) República.

b) Democracia indireta.

c) Federação.

d) Democracia Participativa.

e) Democracia Direta.

5) O sistema de governo adotado pelo Brasil é o Presidencialista, em que o


presidente cumula as funções de chefe de estado (administrando internamente o
país) e chefe de governo (representando o Brasil internacionalmente).

( ) Certo. ( ) Errado.
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Gabarito

1- Errado.
2- Certo.
3- Errado.
4- d.
5- Errado.
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3. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA:
3.1 Conceito:
São normas genéricas abstratas no direito que servem de base para a
interpretação e aplicação das leis. No direito administrativo há duas classes de
princípios, os constitucionalmente expressos e os implícitos. Esses princípios são
aplicados à Administração Pública, tanto a direta quanto a indireta, de todas as
esferas dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), ou seja, esses
princípios são aplicados a qualquer um dos três poderes. A regra é: se faz parte
da Administração Pública, então deve observar os princípios.

CUIDADO! NÃO HÁ HIERARQUIA ENTRE PRINCÍPIOS! Não tem o que é


fodão, outro mais ou menos e outro ruim, não há uma preferência entre eles!

3.2 Princípios Constitucionais expressos:


Um princípio expresso/explícito é algo que está escrito. Eles estão previstos,
justamente, no art.37/CF que diz “A administração pública direta e indireta de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência.” Esse é o famoso L-I-M-P-E, decore o limpe!!! Em relação
ao limpe, qual princípio é o mais foda? Nenhum, porque não há hierarquia entre
eles!

Legalidade: De acordo com o princípio da legalidade a lei é de observância


obrigatória. MAS CUIDADO! O dever de observância a lei varia, isso porque o
princípio da legalidade é aplicado de forma diferente para particular e para
Administração Pública.

Para o particular, nós usamos a legalidade do art. 5°, II/CF que diz que
“ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão
em virtude de lei” essa legalidade é mais ampla, pode ser chamada de
legalidade em “lato sensu”. Nela, o particular tem uma autonomia de
vontade, ele pode tudo o que a lei não proibir.

Por exemplo, você quer voar, você como particular pode voar? Se você
conseguir, sim, você pode, não há nenhuma lei proibido essa conduta.
Entretanto, se vier uma lei falando que é vedado voar, aí já era, essa
conduta será proibida, você não poderá voar.
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Para a Administração Pública já é bem mais restrito, nesse caso se usa


a legalidade do art. 37/CF, e pode ser chamada de legalidade em
“strictu sensu”. Nela, o administrador só pode agir mediante
previsão legal, só faz o que está previsto em lei. Nesse caso, a lei
manda ou autoriza, caso haja omissão da lei, o administrador fica
inerte, não pode fazer nada.

O mesmo exemplo do outro, mas se enquadrando nessa legalidade.


Você agora é um servidor público, e você quer voar, você pode voar?
Não, não está na lei falando se você pode ou não. Percebeu? Nessa
você só age quando há alguma lei mandando ou autorizando a
conduta.

Aí vem a seguinte pegadinha em prova: O agente público poderá fazer tudo o


que a lei não proibir! ERRADO, essa é a legalidade para o particular. O agente
Público faz somente o que está previsto em lei.

Impessoalidade: Fala que o administrador público deve ter uma conduta


impessoal, ou seja, sem discriminação ou favoritismo, e sempre com o objetivo de
atender ao interesse público. A impessoalidade se divide em três: Isonomia,
finalidade e vedação a promoção pessoal.

Isonomia: que é o dever de tratar os administrados de forma


igualitária, sem distinções ou preferências.

Por exemplo: Supondo que você trabalhe na Caixa Econômica e


aparecem na fila três pessoas (Lucas, Bruno e Tamires). O Lucas é
seu amigo do peito, aquele amigo que você vai levar pro resto da
vida, o Bruno é uma pessoa aleatória que você nem conhece e a
Tamires é aquela pessoa na qual você detesta, nem consegue ficar
no mesmo ambiente que ela. Teoricamente falando, quem você vai
tratar bem, tratar normal e tratar mal? Você vai tratar todo mundo
igual, porque o administrador público deve ter uma conduta
isonômica, sem distinções ou preferências.
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Finalidade: O agente público não pratica atos buscando


interesses próprios e de terceiros, ele age buscando interesse
público.

Exemplo: Você é prefeito de um município e recebeu verba pra


asfaltar um lugar, as opções são a sua rua, a rua da sua mãe e
a principal avenida da cidade, tudo esburacado, você asfalta o
que? A sua rua ou a da sua mãe? Claro que não, você não pode
agir objetivando interesses próprios ou de terceiros, a opção
que mais vai atender ao interesse público é asfaltar a principal
avenida da cidade.

Vedação à promoção pessoal: O administrador não pode


utilizar a publicidade dada a obras, programas ou serviços
públicos para se autopromover. NÃO pode haver nome,
imagem ou símbolo da autoridade ou do partido. O que
aparece na publicidade é o nome do órgão ou da entidade. A
publicidade que é dada tem caráter educativo informativo ou
de orientação social.

Exemplo: Você é um governador e manda construir um hospital,


você pode colocar seu nome, uma foto sua, ou do seu partido
nesse hospital? Jamais, nessa publicidade aparecerá o nome do
órgão ou entidade que o fez.

Moralidade: Serve para complementar a legalidade, ou seja, não basta que


o ato seja legal, ele deve ser também moral. Esse princípio põe um dever de
atuação ética do agente público, um dever que ele atue pautado por preceitos
morais. A lei na maioria das vezes é omissa e possui brechas, o agente público
não pode se valer dessas brechas para se beneficiar.

Exemplo: Um político quando faz algo imoral e fala “Ah, estava na lei que eu
podia...”, não basta ser legal, também deve ser moral.
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Publicidade: É um dever da administração pública, em que ela deve atuar de


forma pública, de forma transparente, o administrado deve ter ciência, deve ter
acesso às informações, porque em regra os atos praticados pela administração
são públicos. Ao se tratar da publicidade, pode-se afirmar que é um dever da
administração publicar seus atos em meio oficial (diário oficial). Entretanto, se
eu coloquei ali em cima “em regra”, então há exceção. A exceção é que
determinados atos podem ser praticados de forma sigilosa, por exemplo, defesa
da segurança nacional, resguardar a intimidade dos administrados, atos
meramente internos...

CUIDADO!!! A publicidade é sempre a regra, o sigilo é apenas uma exceção.


O sigilo é apenas para situações excepcionais.

A publicidade impõe para a Administração Pública um dever de transparência,


que faz referência ao acesso da informação, além de ser publicada, a informação
também deve ser acessível. Deve ser acessível para viabilizar o controle social.

Eficiência: Foi o último princípio a ser adicionado ao artigo 37 por meio da


emenda constitucional n°19, ela não nasceu na C.F. como os demais princípios,
antigamente, era só limp. Esse princípio fala que a administração deve fazer uma
prestação de serviços adequados/eficientes, ou seja, um serviço que atenda as
necessidades da população, ele precisa atender as demandas da população.
Entretanto, isso deve ser feito com menor gasto possível.

Exemplo: A exoneração do servidor estável por meio da avaliação periódica de


desempenho, essa avaliação é feita na forma de lei complementar e é assegurado
ao servidor ampla defesa.

3.2 Princípios implícitos da Administração Pública:


Quando a gente fala em princípio implícito, é porque ele não tem seu nome
escrito no texto constitucional, mas decorrem da própria natureza da administração
pública e dos valores que norteiam a atuação do Estado.

DICA!! Se não estiver no LIMPE, é princípio implícito.


Vamos agora trabalhar com alguns dos diversos princípios que existem,
obviamente, com os mais decorrentes em prova:

Supremacia/prevalência/preponderância do Interesse Público: Esse diz


algo bem básico e de fundamental importância, de um lado você tem o interesse
público e do outro o privado, quem se lasca? Interesse privado, porque o
interesse público sempre prevalecerá. Por conta desse princípio, nós temos os
Poderes da Administração, a Administração é a guardiã do interesse público, e
para proteger o interesse público, ela atuará com superioridade, ela não tua em
pé de igualdade com os particulares, atua com superioridade.
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Exemplo: Poder de Polícia, nesse caso, a administração manda na sua vida, ela
fala como você vai pilotar sua moto, como você vai construir sua casa... ela faz isso,
justamente, para proteger o interesse público. Aqui, nós limitamos o individuo em
prol da comunidade. Outro exemplo é a desapropriação, vamos supor que há
uma casa onde a administração acha conveniente e estratégico construir um posto
policial, ela, investida com os poderes da administração, poderá desapropriar
aquela casa pra construir o posto policial, e não precisa da anuência do
particular.

Indisponibilidade do Interesse Público: Primeiramente, indisponível é algo do


qual você não pode dispor, ou seja, o administrador não pode abrir mão do
interesse público, ele não pode “deixar pra lá”. O administrador é um mero
gestor da coisa alheia, ele não é dono daquilo, ele apenas está tomando conta
de algo que é dos outros, justamente por isso a atuação dele deve ser conforme
estiver determinado em lei, a lei fala como ele vai agir. Quando se fala em
indisponibilidade, o administrador tem uma coisinha chamada poder-dever de
agir, ou seja, quando ele se deparar com algo que não está certo ele deve agir,
deve autuar. Além disso, o STF entende que a Administração não está impedida
de celebrar acordos ou transações quando forem mais benéficas ao interesse
público.

Exemplo: Um guarda de trânsito se depara com um carro estacionado em cima da


calçada, ele tem o dever de autuar o condutor daquele veículo, porque o interesse
não é dele, o interesse é público de que aquele condutor seja autuado e,
posteriormente, multado.

OBS: Pilares do Direito Administrativo: Supremacia do Interesse Público e


Indisponibilidade do Interesse Público. (mas nem por isso esses princípios
prevalecem sobre os demais).

Aprofundamento!!! Interesse Público primário x secundário:

Primário: Interesses diretos do povo, é o interesse público propriamente dito,


aquilo que realmente nos importa.

Secundário: Interesses patrimoniais do Estado, por exemplo, quando a


Administração cria uma empresa pública ou sociedade de economia mista para
explorar atividade econômica, o Estado tá lá querendo expandir seu
patrimônio, ganhar dinheiro..., essa não é a principal função do Estado, a
principal função dele é o interesse público primário. Esse interesse não pode
colidir com o primário.

Razoabilidade e Proporcionalidade: tem doutrinador que fala que um é uma


coisa outro que é outra coisa, mas aqui nós vamos trata-los como sinônimos,
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porque é assim que vem em prova. Esse princípio representa uma limitação aos
atos discricionários, a finalidade desse principio é evitar condutas excessivas. O
administrador deve fazer uma relação entre os meios e os fins, uma relação entre
a força utilizada com a falta cometida, por exemplo, se for uma falta leve, recebe
uma penalidade leve. Entretanto, se for uma falta grave, aí já recebe uma
penalidade grave.

IMPORTANTE!! É vedado que o administrador utilize meios superiores aos


estritamente necessários, ele deve usar o meio adequado. Se for utilizado um
meio excessivo, o ato é ilegal (passivo de invalidação).

Autotutela Administrativa: Súmula base do princípio, súmula 473/STF.


Autotutela é o poder que a Administração Pública tem para rever os próprios atos
anulando (quando os atos forem ilegais) ou revogando (por motivos de
conveniência/oportunidade). Além disso, essa revisão dos atos pode ser feita por
meio de requerimento ou de ofício. Não se preocupe, há muito mais coisa sobre
isso, mas lá no tópico de atos administrativos a gente faz o devido
aprofundamento.

CUIDADO!!!! É autotutela e NÃO tutela administrativa, tutela administrativa é


o controle finalístico que a administração direta tem sobre a indireta, são
palavras super parecidas, mas com significados diferentes.

Princípio da Motivação: Exige que o administrador apresente os motivos que


justificam a prática do ato. Quando o administrador pratica o ato ele deve
apresentar a situação fática jurídica que o levou a tal conduta, não é sair
praticando atos porque ele é fodão e ele pode, ele deve motivar. A motivação é
exigida tanto para atos vinculados quanto para discricionários.

CUIDADO!! Há exceções, por exemplo, a exoneração do cargo em comissão.


A própria Constituição fala que os cargos em comissão são de livre nomeação
exoneração.

Contraditório e Ampla Defesa: Esse direito do contraditório e ampla defesa


se aplica tanto no âmbito administrativo quanto no judicial. A regra do
contraditório e ampla defesa é que é um direito que deve ser assegurado de
forma prévia (antes da administração fazer a restrição de um direito), o
contraditório e ampla defesa é o direito que o indivíduo tem de se defender, o
direito de produzir provas, de influenciar na decisão a ser tomada. Vindo para o
Direito Administrativo, o direito a ampla defesa na via administrativa é algo
concedido, não em todos os casos, mas sim quando houver a restrição ou
possibilidade de restrição de direitos.
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Exemplo: Aplicação de uma penalidade, pode ser aplicada para um servidor ou


até mesmo para um particular. O servidor quando vai tomar uma suspensão, ele
tem o direito de se defender, nesse caso ele tem um direito que está sendo
Aprofundamento!!!
restringido. Situações
Outro exemplo, se aem que NÃO háanula
administração amplaumdefesa.
ato que produziu efeitos
favoráveis a alguém,
1° Exoneração de umessa pessoa
cargo poderá se defender para preservar os efeitos
em comissão;
benéficos do ato.
2° Inquérito Civil e Inquérito Policial (situações investigativas, não há penalidade
alguma, por isso não há contraditório e ampla defesa);
3° Sindicância Investigativa (nessa, não há penalidade, portanto não na
contraditório e ampla defesa).
CUIDADO!! Sindicância Investigativa é DIFERENTE de sindicância.
Sindicância Investigativa é um procedimento investigativo, por isso não há
contraditório e ampla defesa, a administração investiga para ver se há indícios
de cometimento de uma infração, e, caso exista, ela promove um PAD. Já a
Sindicância, é uma modalidade de PAD, e na sindicância há contraditório e
ampla defesa.

Continuidade dos Serviços Públicos: Esse princípio determina que a


prestação dos serviços públicos seja feita de maneira adequada e também
ininterrupta, salvo em situações de emergência ou aviso prévio. O prestador de
serviço público pode fazer o corte da prestação pelo não pagamento, por
exemplo, você esqueceu de pagar a conta de luz, o prestador pode cortar a luz
até o pagamento.

CUIDADO!!! E quando há inadimplência por parte da administração? Ele pode


cortar o serviço caso a Administração, em outras palavras, comece a dar calote?
Sim, mas há uma condição, nessa condição que a gente percebe que é foda
prestar serviço para a administração..., ele pode cortar o serviço, somente,
após sentença judicial transitada em julgado, ou seja, até o fim do trânsito
em julgado ele fica tomando calote.

Subsidiariedade: Toma cuidado! Esse principio são coisas distintas


dependendo do ramo jurídico, no Direito Processual ele uma coisa, no outro é
outra coisa..., aqui vamos estudar esse princípio no âmbito do Direito
Administrativo. Esse principio fala que a atuação do Estado, para ser considerada
legítima, deve se dar de forma subsidiaria, ou seja, o Estado deve atuar,
somente, onde a iniciativa privada for capaz. Tem como objetivo reduzir o
intervencionismo estatal.

OBS: Esse princípio não possui amparo na CF/88, repare na Empresa Pública
e Sociedade de Economia Mista, as atribuições que elas desempenham um
particular também pode fazer.
Juscursos Pedro Garcia

Controle: Determina que todos os órgãos e todas as entidades do poder


público estão sujeitos a uma forma de controle, que pode ser exercido tanto no
âmbito interno quanto no externo.
Precaução: Esse é bem literal mesmo, fala que a administração deve adotar
medidas preventivas em hipóteses que envolvam risco de dano ao interesse
público. Ou seja, a administração adota medidas preventivas para evitar qualquer
dano ao interesse coletivo.
Especialidade: Esse principio é relacionado a administração pública indireta
(autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia
mista), os entes da indireta exercem funções de forma especializadas, e essa
especialização está definida em lei. Esses entes da indireta são criados para uma
exercer uma atividade especializada/específica, para desempenhar
determinado papel, eles não são criados de maneira genérica.
Juscursos Pedro Garcia

Questões:
1) Mesmo pertencendo ao quadro da administração indireta, o INSS deve
obedecer aos preceitos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da
publicidade e da eficiência.

( ) Certo. ( ) Errado.

2) O princípio da proporcionalidade, que determina a adequação entre os meios


e fins, deve ser obrigatoriamente observado no processo administrativo, sendo
vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior
àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público.

( ) Certo. ( ) Errado.

3) O dever do administrador público de agir de forma ética e com boa fé se refere


ao seu dever de eficiência.

( ) Certo. ( ) Errado.

4) A pretexto de atuar eficientemente, é possível que a Administração pratique


atos não previstos na legislação.

( ) Certo. ( ) Errado.

5) Nos casos de desapropriação e do exercício do poder de polícia do Estado,


constata-se nitidamente a aplicação do princípio da supremacia do interesse
público sobre o privado.

( ) Certo. ( ) Errado.

Gabarito:

1) Certo.
2) Certo.
3) Errado.
4) Errado.
5) Certo.
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ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA:
4.1 Conceito:
Esse tópico trata de como a administração pública é formada, como ela é
organizada e quem são seus integrantes. E qual seria o conceito de Administração
Pública? Pois bem, nós podemos conceituá-la de duas maneiras distintas, que seria
o critério formal e material.

Formal: Também chamado de critério subjetivo ou orgânico (todos


sinônimos), fala que a administração pública são somente aquelas
pessoas jurídicas definidas em lei (rol taxativo), juntamente, com seus
respectivos órgãos e agentes. Ou seja, basicamente, a lei determina quem
é administração pública.

Material: Também chamado de critério objetivo ou funcional (sinônimos),


não é tão restrito como o anterior, é um critério mais amplo, pois trata
justamente da atividade administrativa desempenhada pela pessoa
jurídica.

Desses dois conceitos, o adotado no Brasil é o critério


formal/subjetivo/orgânico. A Administração Pública tendo em vista o critério
formal, pode ser dividida em duas: Administração Direta (União, Estados, Distrito
Federal e Municípios) e Indireta (Autarquias, Fundações Públicas, Empresas Públicas
e Sociedades de Economia Mista). A Direta pode criar os entes da Indireta, e o
instrumento/meio utilizado para essa criação é a Lei.

4.2 Administração Direta:


A princípio, vamos começar falando dos sinônimos que podem aparecer em
prova: A Administração Direta (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), pode
ser chamada de Entes Federados, Administração Centralizada e Entes/Pessoas
Políticos(as). Além disso, entre os entes da Direta não há hierarquia nem
subordinação, um não manda no outro, a relação que eles possuem é de
independência e colaboração. Ademais, quando falamos dos entes da
Administração Direta, podemos afirmar que todos eles são pessoas jurídicas de
Direito Público, ou seja, eles podem atuar com superioridade. Os quatro entes da
Direta são dotados de Autonomia Política, Administrativa (auto-organização) e
financeira (cuidam do seu próprio patrimônio).
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CUIDADO!!! Autonomia política, é a autonomia para legislar (criar leis). É


nessa parte que temos uma das maiores distinções da Direta e da Indireta,
porque somente a Direta possui autonomia política, por isso que Entes Políticos
é um dos sinônimos de Administração Direta.
É aqui dentro da Direta que nós temos a tripartição dos poderes (Executivo,
Legislativo e Judiciário). Cada um dos entes possui esses três poderes, salvo, o
município que não possui Judiciário.

Executivo
União

Estados Legislativo

DF
Judiciário
Municípios

O regime de pessoal da Administração Direta é estatuto, e a


responsabilidade civil da Direta é Objetiva. Além disso, os Entes Federados
possuem imunidade tributária recíproca (um não cobra imposto do outro).
4.3 Administração Indireta:
Aqui também rola o mesmo esquema de sinônimos: A Administração Indireta
(Autarquias, Fundações Públicas, Empresas Públicas e Sociedades de Economia
Mista) pode ser chamada de Administração Descentralizada e Entidades
Administrativas. Além disso, quando a questão quiser tratar apenas da Empresa
Pública e Sociedade de Economia Mista, ela pode colocar Empresas Estatais.

Empresas Estatais = Empresa Pública + Sociedade de Economia Mista.


Os quatro entes da indireta são pessoas jurídicas, mas aí que tá o pulo do
gato, desses quatro, apenas a Autarquia, em regra, tem personalidade jurídica
de Direito Público.

Autarquias (Aut.) Direito Público.

Administração Fundação Pública (F.P.)


Indireta
Empresa Pública (E.P.) Direito Privado.
Sociedade de Ec. Mista (S.E.M.)
Juscursos Pedro Garcia

Se eles são pessoas jurídicas, então podemos afirmar que possuem


capacidade processual e patrimônio próprio. Aí eu faço a seguinte pergunta, se
um servidor de uma Autarquia federal causar um dano a alguém, esse alguém
processa a União? Negativo, a Autarquia é pessoa jurídica (PJ) e se é P.J, então
possui capacidade processual. Se a autarquia possui capacidade processual,
porque eu processaria a União? Nós processamos a própria Autarquia. A mesma
regra vale para os demais entes da indireta.

IMPORTANTE! Se é P.J, é dotado de capacidade processual!

Além disso, os entes da Indireta também são dotados de Autonomia, mas a


autonomia que eles possuem é apenas administrativa e financeira.

CUIDADO!!!!!! A Indireta NÃO possui autonomia política, quem possui


autonomia política são apenas os entes da Direta.

E como a indireta é criada? A Direta institui a Indireta por meio de uma lei.
Portanto, a criação/extinção da Administração Indireta encontra-se submetida ao
princípio da reserva legal, ou seja, é reservado à lei tratar da criação/extinção
dos entes da Indireta. Vale ressaltar, que inexiste uma relação de hierarquia e
subordinação entre os entes da Direta e Indireta, o que existe é a TUTELA
ADMINISTRATIVA, que se da por meio do controle finalístico/supervisão
ministerial, ou seja, a Direta não manda na Indireta, mas ela fica de olho pra ver
se a Indireta tá fazendo o que foi criada pra fazer.

Administração Administração
Direta Indireta
Lei

Em relação ao processo de criação, ele varia dependendo de qual ente for


criado. Nesse assunto, a Autarquia também é a diferentona, porque ela é a única
que a lei cria, já as demais (F.P, E.P e S.E.M) a lei autoriza a criação e é necessário
registro.

Aqui há também o princípio da especialidade, esse princípio fala que a lei


que cria/autoriza a criação já vai definir as finalidades/especialidades desse
ente, e esse ente a partir de sua criação vai estar vinculado aos fins para o qual
foi criado, por exemplo, o INSS está vinculado às finalidades para as quais ele
foi criado, que seria a previdência.

Outro ponto importante é que os entes da Administração indireta são frutos


da Descentralização Administrativa, relaxa, em breve trabalharemos a
descentralização. Por enquanto apenas guarde essa informação.
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Os entes da Indireta também podem celebrar o contrato de gestão (Art. 37,


§8/C. F), esse contrato são alguns convênios que eles podem celebrar com o fim
de aumentar sua autonomia em troca de alcançar algumas metas de desempenho.

Ainda se tratando da Indireta, é necessária autorização Legislativa para


criação de subsidiária e também para participação da indireta na iniciativa
privada. O que seria subsidiária? É quando existe uma empresa Matriz e outras
subordinadas a ela, por exemplo, a Petrobras e a Transpetro.

Feito as considerações iniciais, bora agora ver ente por ente da Indireta:

4.4.1 Autarquias:
Elas possuem personalidade jurídica de direito público, por serem de direito
público elas possuem mais prerrogativas (poderes) e mais restrições. Ademais,
quando se fala em Autarquias, a criação delas é diferente dos demais entes da
indireta, a criação das Autarquias é feita diretamente por lei, Autarquia a lei cria.

Atenção!! Diferentemente dos demais entes da indireta, a aquisição de


personalidade jurídica da Autarquia não depende de registro, bastando apenas
a lei criá-la.

Além disso, há também as finalidades, e quais seriam elas? Simples, a


Autarquia tem a finalidade de desempenhar atividades típicas do Estado, coisas
que a própria Administração Direta estaria fazendo a Autarquia pega e faz.
Também há que se falar que a responsabilidade civil das Autarquias é objetiva
(é aquela configurada independentemente da presença de dolo ou culpa). Até aí
ta show, mas e quem trabalha lá? como são as regras? Ou melhor, mais chique,
qual o regime de pessoal das Autarquias? Os servidores das Autarquias são
regidos por um Estatuto.

Aprofundamento!! Os bens autárquicos são considerados bens públicos, ou


seja, são bens que não podem ser penhorados, são inalienáveis, são
imprescritíveis... Possuem as mesmas proteções que os bens da Direta, relaxa que
mais pra frente entraremos no tópico de bens públicos, mas aqui já tenha em
mente que as autarquias possuem bens públicos. Outra característica é que as
Autarquias são dotadas de imunidade tributária. Além disso, as Autarquias
possuem algumas prerrogativas processuais (algumas vantagens, por exemplo,
prazo dobrado para certas coisas).

CALMA QUE AINDA NÃO ACABAMOS COM AS AUTAQUIAS, vamos tratar


agora das espécies de autarquias. Primeiro temos a Autarquia comum/ordinária,
que é nada mais nada menos que essa autarquia que nós estudamos até o presente
Juscursos Pedro Garcia

momento, ou seja, uma Autarquia normal, sem nada de diferente. Outra são as
Autarquias Fundacionais/Fundações Autárquicas, que são as Fundações
Públicas de direito público, depois falaremos dela, só deixa guardada essa
informação. Além dessas, nós temos também as Autarquias territoriais, nada mais
são do que aqueles territórios federais. Ademais, há também como espécie as
Agências Reguladoras, são Autarquias que tem por finalidade a fiscalização de
determinadas atividades, por exemplo, ANAC, Anatel, Anvisa... Só um parêntese,
quando vem no edital organização da administração pública, como regra, Agência
Reguladora tá de fora, quando é para ser cobrado em prova, é comum que venha
expresso no edital. Ainda não acabou, há também as Autarquias Profissionais,
que são os conselhos fiscalizadores de atividade profissional, por exemplo, CREIA,
CRM, CRF, CRO...

4.4.2 Fundações Públicas:


As fundações Públicas tem, em regra, personalidade jurídica de direito
privado. Ademais, podemos afirmar também que a Fundação Pública e lei
autoriza a criação sendo necessário o registro em cartório para adquirir
personalidade jurídica.

Atenção!!! As Fundações Públicas podem ser criadas com personalidade


jurídica de direito público, nesse caso ela se tornaria uma espécie de
autarquia: a chamada fundação autárquica/autarquia fundacional. E é o
seguinte, se é uma espécie de autarquia, então segue as mesmas regras que
a Autarquia (Lei cria e não depende de registro...).

Mas isso é a exceção, veja bem, se a questão vier de forma genérica, por
exemplo, “A fundação pública é P.J de direito público” vai estar errado essa
afirmação, porque a banca trouxe de forma genérica, nessa assertiva ela veio
generalizando, falando que a regra é a Fundação ser de direito público, por
isso está errada.

Se ela quiser cobrar a exceção, ela vai jogar na sua cara, por exemplo,
“As fundações públicas de direito público são criadas diretamente por lei” essa
está certa, nessa ela cobrou diretamente a exceção, perceba que ela não falou
que todas as Fundações são de direito público, ela falou somente das que são
criadas com personalidade de direito público, ela trouxe à tona a exceção.

E as finalidades das Fundações Públicas? As finalidades tem natureza social,


educacional, cultural e assistencial. Mas o que a gente tem que ficar de olho mesmo
é o seguinte, LEI COMPLEMENTAR vai definir o campo de atuação das
Fundações Públicas, e também ela não pode ser criada com finalidades de obter
lucro, ou seja, com fins lucrativos.
Juscursos Pedro Garcia

Além disso a responsabilidade civil das Fundações Públicas é objetiva.


Ademais, o regime de pessoal é o estatuto, aquele mesmo estatuto que rege a
Direta e as Autarquias.

Aprofundando!! Os bens das Fundações Públicas são considerados bens públicos,


elas possuem imunidade tributária. Contudo, se tratando das prerrogativas
processuais, somente, as Fundações Públicas de direito público (Autarquia
Fundacional) possuem tais prerrogativas.

4.4.3 Empresas Estatais:


Quando falamos em Empresas Estatais, nós temos duas: Empresas Públicas
(E.P) e Sociedades de Economia Mista (S.E.M). Essas duas são bem parecidas,
quase idênticas, há pouquíssima diferença entre elas, devido a isso vamos
trabalhar, primeiramente, com os pontos em comum para depois abordar as
diferenças.

A primeira é regrinha é em relação a personalidade jurídica, não importa se


é E.P ou S.E.M elas sempre vão ser pessoas jurídicas de Direito Privado. A criação
delas segue a regrinha: Lei autoriza a criação sendo necessário registro em
cartório (aquisição da personalidade jurídica). Aqui, uma coisinha já muda, o
regime de pessoal que se adota é o celetista (C.L.T), salvo os dirigentes que são
titulares de cargo em comissão e são regidos por estatuto. Elas possuem duas
finalidades, sempre vai ou uma ou outra, elas podem ser criadas ou como
prestadoras de serviço público (P.S.P) ou como exploradoras de atividade
econômica (E.A.E), quando ela está prestando serviço público, as regras pesam
um pouco mais para o direito público, já quando ela explora atividade
econômica as regras pesam mais para o direito privado (lembre-se, não importa
a finalidade, sendo P.S.P ou E.A.E, ambas serão pessoas jurídicas de direito
privado).
E.A.E: Se ela for exploradora de atividade econômica, pesa
mais para o privado, aí a responsabilidade civil dela será
subjetiva. Quando a E.P ou a S.E.M forem E.A.E, elas NÃO vão
possuir privilégios não extensíveis a iniciativa privada.
Analisa comigo, o que aconteceria se uma empresa estatal
exploradora de atividade econômica, que quer disputar
mercado ($), possuísse certos benefícios fiscais, por exemplo,
imunidade tributária? Ela iria quebrar as pernas dos
particulares.

P.S.P: Se ela for prestadora de serviço público, pesa mais para


o direito público, sua responsabilidade civil é a mais cabulosa,
é objetiva. Quando a E.P ou S.E.M forem P.S.P elas gozarão
de imunidade tributária.
Juscursos Pedro Garcia

Empresas Públicas: Capital Sociedade de Economia Mista:


social é integralmente público, O capital social é misto, tem tanto
oriundo, exclusivamente, da público quando privado, mas
Administração Direta ou da cuidado! O controle acionário
Indireta. Além disso, a E.P sempre estará nas mãos do poder
públicos. Seguindo nas diferenças,
admite qualquer modalidade
a S.E.M só admite um tipo de
societária (forma jurídica), por
modalidade societária: S/A. Além
exemplo, S/A, LTMD... Ademais
disso, a competência da justiça
a competência da justiça comum comum é apenas no âmbito
pode ser tanto da federal estadual, independentemente, se
quanto da estadual. a S.E.M for federal ou estadual.

4.4 Órgãos Públicos:


Órgão Público é um feixe despersonalizado (não possui personalidade
jurídica, em regra, a exceção é que órgão superiores ou independentes podem
entrar com mandando de segurança a favor da defesa de suas prerrogativas
processuais) de competências, um termo muito comum nas provas é que Órgão
Público é uma distribuição interna das competências dentro da pessoa jurídica
que pode ser tanto da Administração Direta quanto da Indireta. Nesse sentido,
devido ao fato de os órgãos não possuírem personalidade jurídica, quando algum
agente faz cagada quem reponde é a própria pessoa jurídica que criou o órgão.
O nome disso é Teoria do Órgão:

Teoria do órgão: a pessoa jurídica manifesta suas vontades por meio de


seus órgãos que manifestam suas vontades por meio de seus agentes. Há,
nesse caso, uma relação de imputação. Por exemplo, você ta passeando com
seu cachorro, e do nada ele morde alguém, a pessoa que ele mordeu vai
processar o cão? Claro que não, vai processar a pessoa dona do cão. A
mesma coisa os órgãos públicos, determinado agente de um órgão fez
cagada, o órgão vai ser processado? Não, quem vai ser processado é a
“dona” do órgão, no caso a pessoa jurídica.

Além disso, podemos afirmar que os órgãos públicos são fruto de


desconcentração administrativa, jaja entraremos nesse tópico, apenas guarde
essa informação. Ademais, o processo de criação e extinção está submetida ao
principio da reserva legal, ou seja, é por meio de lei. Há também, nos órgãos
público, uma relação pautada por hierarquia e subordinação.
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Seguindo no esquema de órgãos públicos, vamos falar agora sobre as


classificações dos órgãos.

1)Quanto a posição estatal: Faz relação à hierarquia dos órgãos.

Independentes

Autônomos

Superiores

Subalternos

• Independentes: São os órgãos de mais alta hierarquia, não são


subordinados a nenhum outro órgão, previsão/competência deles é aurida
da C.F. Exemplo de alguns desses órgãos: Presidência da República,
Senado Federal, Câmara dos Deputados, Prefeitura, Tribunais (qualquer
tribunal, não apenas STF, STJ, TSE) ...
• Autônomos: Esses órgãos estão hierarquizados a outros órgãos, porém são
dotados de ampla autonomia (administrativa, financeira e técnica).
Alguns exemplos: Ministérios de Estado, Secretarias Estaduais/Municipais...
• Superiores: São órgãos que possuem um amplo poder decisório (eles
mandam), entretanto possuem uma reduzida autonomia (apenas técnica).
Mas aqui é o seguinte, os independentes e autônomos é comum vir exemplos
em prova, já os superiores e subalternos não. Dessa forma, essa divisão que
estamos vendo não se enquadra 100% na prática, na vida real é um pouco
mais bagunçado. Por conta disso, o examinador, em relação a essas duas
classificações, é um pouco mais cauteloso porque, dependendo do que ele
cobrar, pode até mesmo gerar algum recurso. Mas ainda sim citarei alguns,
os mais comuns: Os gabinetes, os departamentos, as coordenadorias, as
superintendências...
• Subalternos: Olha o nome dele, você acha ele manda em algo? Manda
nada, são órgãos de mera execução, ou seja, órgãos operacionais. Eles
possuem um reduzido poder decisório. Alguns exemplos: Delegacias, Seções
de Expediente...
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2)De acordo com as Funções exercidas pelos órgãos:

• Órgãos Ativos: Órgãos que executam diretamente a função


administrativa, órgãos que vão emanar decisões estatais, com o objetivo
de cumprir os fins do ente ao qual eles integram. Exemplo: Ministérios e as
Secretárias
• Órgãos Consultivos: Eles têm a função de aconselhamento, olha como o
nome ajuda, “Consultivo”, eles não decidem nada, apenas dão uma
opinião. Por exemplo: O presidente da república pode consultar o CDN
(Conselho de Defesa Nacional), aí o conselho não vai estar mandando, só
vai estar aconselhando. Embora esses órgãos sejam só de aconselhamento,
eles não são hierarquizados, esses órgãos atuam com independência e
imparcialidade.
• Órgãos de Controle: Esse nome da a entender que o órgão vai fazer o que?
Dá a entender que ele vai fiscalizar/controlar a atuação dos demais
órgãos. Exemplo: CGU, TCU

3) De acordo com a estrutura do órgão:

• Órgão Simples/Unitário: Possui um único centro de competências, não se


ramifica em mais órgão.
• Órgão Composto: Possui vários centros de competências, subdivide-se em
órgãos menores. Exemplo: Ministérios.

4) Quanto a atuação funcional: quem manifesta a vontade do órgão.

• Órgão Singular/Unipessoal: Um agente que decide pelo órgão, apenas


um agente manifestando a vontade do órgão. Exemplo: Presidência da
República, Governo do Estado, Prefeitura Municipal.
• Órgão Colegiado/Pluripessoal: A vontade do órgão é manifestada por
um grupo de pessoas. Exemplo: Câmara, Senado Federal, Tribunais...

5) Quanto a esfera de ação: Onde o órgão exerce suas funções.

• Órgãos Centrais: É um órgão que exerce suas funções em todo território do


ente que ele integra. Exemplo: Ministério/Secretárias.
• Órgãos Locais: Exercem suas funções em parte do território do ente que ele
integra. Exemplo: Delegacias, Postos de Saúde.
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4.5 Formas de Prestação do serviço Público:


O serviço Público pode ser prestado de forma centralizada ou descentralizada e
de forma concentrada ou desconcentrada.

• Centralização Administrativa: A Administração Direta é o centro do poder.


Dessa forma, entendemos que a centralização quer dizer que o serviço é
prestado no centro do Poder, no caso, é prestado pela Administração
Direta que atua por meio de seus próprios órgãos e agentes. Podemos
afirmar que a Direta é titular do serviço, há apenas uma pessoa jurídica
envolvida na prestação do serviço, que no caso é o próprio ente federado.
Exemplo: A PRF, os Policiais Rodoviários Federais fazendo a fiscalização e
apurando infrações de trânsito, isso tudo é a União que tá fazendo, ela que
está prestando serviço por meio de seus órgãos e agentes, ela não passou
pra ninguém, por isso é um serviço centralizado.
• Descentralização Administrativa: Quando a gente fala na
Descentralização, perceba que há o centro do poder/titular do serviço
público (Administração Direta), mas aqui, em vez da Administração Direta
prestar o serviço, ela passa para uma outra pessoa, o que era um serviço
centralizado, passa a ser descentralizado. Outro detalhe é que na
Descentralização não há hierarquia/subordinação, o que há aqui é a
tutela administrativa (quando a direta fica de olho da indireta, pra ver se
ela está cumprindo os fins dela). A Descentralização pode ocorrer de duas
formas, é aqui que o bicho pega, as questões mais cabreiras referentes a
esse tópico vêm daqui:

A primeira forma é quando a Administração Direta CRIA um ente da Indireta


por meio de lei e transfere para ele tanto a execução quanto a titularidade
de um determinado serviço, o nome é descentralização por serviços/outorga
legal.

A segunda é que a Direta pode descentralizar para um particular, isso


acontece por meio de um ato/contrato administrativo, e o nome que se dá é
Descentralização por colaboração/delegação, e atenção, por favor!!! Nessa,
a Direta transfere para o particular apenas a execução do serviço e conserva
a titularidade.

Deixei as contraposições (diferenças) da mesma


cor pra ficar mais didático e de fácil
entendimento.
Juscursos Pedro Garcia

• Desconcentração Administrativa: Esse aqui é mole, desconcentração é a


técnica de criar órgãos públicos dentro da pessoa jurídica (P.J). Dois
detalhes importantes são que não há criação de nova P.J e na
desconcentração há uma relação de hierarquia e subordinação. Tanto a
Administração Direta quanto a Indireta podem praticar Desconcentração,
ou seja, tanto uma como a outra podem criar seus órgãos públicos. Exemplo
da Direta: União quando criou a Policia Federal. Exemplo da Indireta:
INSS (Autarquia) criando uma superintendência regional.

Macetão!! A descOncentração tem o “O” de órgão público. Portanto,


sempre que você ler a palavra descOncentração você vai lembrar dessa
letra “O” indicando que é a criação de órgão público. Dessa forma você
nunca confundirá descOncentração com descentralização.

• Concentração: É a mais tranquila, veja bem, se na Desconcentração nós


criamos um órgão, dividimos a competência dentro da mesma pessoa
Jurídica, então na Concentração nós extinguimos ou fundimos um órgão.
Perceba que na Desconcentração a gente está ramificando (criando órgãos
a partir de outros órgãos). Na Concentração é o oposto, nós estamos
juntando ou extinguindo. A banca pode jogar também como conceito que
Concentração é o retorno da competência ao órgão originário, está
falando, basicamente, a mesma coisa só que de uma maneira mais “chique”.
Juscursos Pedro Garcia

Questões:
1) A distribuição de competências a órgãos subalternos despersonalizados, como
as secretarias-gerais, é modalidade de descentralização de poder.

( ) Certo. ( ) Errado.

2) A administração pública direta reflete uma administração centralizada,


enquanto a administração indireta reflete uma administração descentralizada.

( ) Certo. ( ) Errado.

3) A descentralização por colaboração ocorre, por exemplo, quando a


administração pública, por meio de ato administrativo, transfere a execução de
um serviço a uma pessoa jurídica, mas mantém a titularidade do serviço.

( ) Certo. ( ) Errado.

4) A Administração pública de determinado estado da federação está estruturada


de forma descentralizada. Isso significa que

a) a Administração pública delegou integralmente suas competências e atribuições


para os entes que integram a Administração indireta.

b) foram constituídas pessoas jurídicas, integrantes da Administração indireta, às


quais foram conferidas atribuições originalmente de competência da
Administração central.

c) foram criadas autarquias, fundações e empresas públicas, pessoas jurídicas


dotadas de personalidade jurídica própria e com natureza jurídica de direito
público.

d) a Administração pública foi autorizada por lei ou decreto a criar, mediante lei
específica, autarquias, pessoas jurídicas de direito público que executam serviços
públicos.

e) foi editada lei específica criando empresas públicas e sociedades de economia


mista, que podem prestar serviços públicos, mas não integram a Administração
indireta por possuírem natureza jurídica de direito privado.

5) A respeito da desconcentração, é correto afirmar que

a) é sinônimo de descentralização, porém ocorre na Administração Indireta.

b) consiste na Administração Direta deslocar, distribuir ou transferir a prestação do


serviço para a Administração Indireta.

c) foi vedada em recente decisão do Supremo Tribunal Federal com repercussão


geral.
Juscursos Pedro Garcia

d) consiste na Administração Direta deslocar, distribuir ou transferir a prestação do


serviço para o particular.

e) se trata de forma de repartição interna da competência atribuída à entidade


estatal e dela decorre a criação de órgãos públicos.

6) Órgão público é ente despersonalizado, razão por que lhe é defeso, em


qualquer hipótese, ser parte em processo judicial, ainda que a sua atuação seja
indispensável à defesa de suas prerrogativas institucionais.

( ) Certo. ( ) Errado.

7) Em regra, o órgão não tem capacidade processual, ou seja, não pode figurar
em quaisquer dos polos de uma relação processual.

( ) Certo. ( ) Errado.

8) O conceito de administração pública, em seu aspecto orgânico, designa a


própria função administrativa que é exercida pelo Poder Executivo.

( ) Certo. ( ) Errado.

9) No que concerne às entidades integrantes da Administração indireta, tem-se


que as

I. empresas públicas possuem personalidade jurídica de direito público, eis que


desempenham serviço público não exclusivo.

II. sociedades de economia mista somente podem ter por objeto social a
exploração de atividade econômica em regime de competição no mercado.

III. as autarquias são dotadas de poderes de autoadministração em relação ao


ente instituidor, sujeitando-se, contudo, ao controle finalístico decorrente do poder
de tutela.

Está correto o que se afirma APENAS em

a) I.

b) III.

c) II e III

d) I e II.

e) I e III.
Juscursos Pedro Garcia

10) A constituição de uma pessoa jurídica para integrar a Administração indireta


depende

a) de autorização legislativa para instituição, no caso das sociedades de economia


mista, cujo regime jurídico típico de direito privado não afasta a necessidade de
se submeter a determinadas regras e princípios aplicáveis às pessoas jurídicas de
direito público.

b) de lei para criação do ente, quando se tratar de empresas estatais de natureza


jurídica típica de direito privado, independente do objeto social, não se lhes
aplicando o regime jurídico de direito público.

c) de lei autorizativa, no caso das autarquias, seguida de afetação de patrimônio


e arquivamento de atos constitutivos segundo a legislação civil vigente.

d) do arquivamento dos atos constitutivos no caso das autarquias, seguido de


edição de Decreto homologatório pelo Chefe do Executivo.

e) de lei autorizativa para criação de qualquer ente, independentemente da


natureza jurídica, fazendo constar como anexo do ato normativo os atos
constitutivos da pessoa jurídica.

Gabarito:

1- Errado.
2- Certo
3- Certo.
4- B.
5- E.
6- Errado.
7- Certo.
8- Errado.
9- B.
10- A.
Juscursos Pedro Garcia

5. ATOS ADMINISTRATIVOS:
5.1 Conceito:
É a manifestação unilateral de vontade da Administração Pública utilizando
suas prerrogativas de direito público, quando o Estado quer manifestar sua
vontade, ele faz isso por meio de um ato. Além disso, os atos administrativos podem
ser praticados tanto pela administração pública quanto por particulares que
receberam delegação pelo Estado para prestar uma atividade administrativa.
Ademais, os atos administrativos refletem o desempenho da função
administrativa do Estado (função típica do Executivo e atípica do Judiciário e
Legislativo).

CUIDADO!!! Nem todo ato da administração é um ato administrativo, aqueles


atos regidos por direito privado são meros atos da administração, então o que
torna um mero ato em ato administrativo é justamente as prerrogativas de
direito público.

Ato da administração

Ato administrativo

DICA!!! Se falar em direito privado, já não é ato administrativo, é um mero


ato da administração.

Outro ponto importante é em relação ao silêncio administrativo, quando a


Administração ficar omissa, os efeitos produzidos dependem de lei. Não é igual
aquele ditado “quem cala consente”, pra produzir efeito, deve estar na lei.
Juscursos Pedro Garcia

5.2 Classificações:
1)
Ato Unilateral: Nesse Caso há Ato Bilateral: Nesse, há duas
apenas a manifestação de manifestações de vontade, no
vontade por parte da caso a de um particular +
Administração Pública. Por Administração pública. Por
exemplo: Quando a Administração exemplo: Quando você passar em
pratica o ato, quem vem e assina o um concurso e assinar o termo de
ato, que pratica ele, é somente a posse. Nesse exemplo, você
Administração. Você vai entender particular estará praticando um
quando fazer a contraposição com ato bilateral com a
o bilateral. Administração, você e ela vão
estar assinando o termo de posse.

2) A MAIS IMPORTANTE!!!

Ato Vinculado: Quando o Ato Discricionário: Aqui, o


Administrador pratica esse ato, ele Administrador possui uma margem de
o faz sem qualquer margem de escolha, ele atua com liberdade, mas
escolha, ele não tem liberdade de não é absoluta, pois tanto a lei quanto o
ação, não possui opções, é nos princípio da razoabilidade e
exatos termos e limites da lei, proporcionalidade limitam essa margem,
esse ato é analisado sob o aspecto por exemplo, de acordo com a
da legalidade. Nesse, uma vez que 8112/90, a suspensão é de até 90 dias,
os requisitos para a prática do ato a lei limitou e deixou o período de 0 a
estejam preenchidos, a 90, mas ainda assim ele possui a
Administração é obrigada a discricionaridade de aplicar qualquer
praticar o ato. Por exemplo: prazo entre os 90 dias observando,
Emissão de CNH, você fez o sempre, a gravidade da falta cometida.
processo inteiro, todos os requisitos Aqui o ato é analisado sob o aspecto do
para a emissão da carteira estão mérito + legalidade. O administrador,
preenchidos, falta apenas você ir antes de praticar o ato, faz a análise do
lá e retirar. O administrador pode mérito administrativo, que seria o juízo
olhar pra sua cara e falar e falar de conveniência/oportunidade. Por
“hum, não vou emitir a CNH”? Claro exemplo: Um alvará para vender
que NÃO, ele é obrigado a pipoca na praça. Antes do Administrador
praticar esse ato, está na lei. liberar esse alvará, ele irá fazer a
Perceba que ele não possui análise do mérito, ele vai ver se é
margem de escolha, ele deve conveniente e oportuno ao interesse
praticar esse ato. público que aquele alvará seja
concedido.
Juscursos Pedro Garcia

3)

Atos Gerais: Esses atos possuem Atos individuais: enquanto no


destinatários indeterminados, geral os destinatários são
nós não sabemos quem serão as indeterminados, aqui no
pessoas atingidas por aquele ato, individual eles são
porque esse tipo de ato atinge determinados. Nesse, dá pra
todos que se enquadrarem na saber, exatamente, quem são as
situação descrita pelo ato. Eles pessoas que vão ser atingidas
possuem um caráter normativo, pelo ato, esses atos podem ser
ele não é lei, é um ato, mas ele divididos em ato singular (possui
possui uma carinha de lei, por apenas 1 destinatário) ou em ato
conta da sua generalidade e plúrimo (+1 destinatário).
abstração, e também são Contudo, nos atos individuais, não
marcados por uma certa importa o número de
discricionariedade, outro detalhe destinatários, nós sempre
é que esses atos prevalecem saberemos certinho quem é cada
sobre os individuais. Por exemplo, pessoa atingida pelo ato.
imagina que eu seja prefeito de Ademais, esses atos podem ser
um município e tenha editado um tanto discricionários quanto
decreto falando que nas vinculados. Um exemplo de ato
segundas-feiras não poderão individual: Nomeação de 20
circular veículos automotores da candidatos, quem são esses vinte?
cor azul, esse ato é geral, qualquer um? Não!! A gente pega
perceba que eu não falei fulano, a lista de aprovados, vai do
ciclano e beltrano, eu falei que primeiro ao vigésimo, fulano,
toda aquela pessoa que possui ciclano, beltrano... Nós, aqui,
um veículo azul será atingida conseguimos nomear as pessoas
pelo ato. Portanto se trata de um atingidas por esse ato,
ato geral. independentemente do número.

4) Muito cobrado!!

Ato Simples: Esse, se cair, é um presente. A parada fica cabreira mesmo quando
cai ato complexo e ato composto. Quando vem esse aqui, só faltar vir com lacinho
e uma legenda falando “acerta a questão”, porque é bem tranquilo. Veja bem,
no ato simples, nós temos a manifestação de vontade de apenas um órgão que
pratica um único ato. Viu o porquê do simples? Porque é um órgão praticando
um ato.
Juscursos Pedro Garcia

Ato Complexo: Esse tipo de ato precisa da manifestação de vontade de mais de um


órgão, ou seja, nós precisamos da manifestação de vontade de 2 ou mais órgãos
que se unem para praticar um único ato.

-2 ou + órgão = Praticam um único ato.

Exemplo: Aposentadoria, a gente junta a manifestação do órgão previdenciário da


pessoa + o tribunal de contas respectivo e juntos eles praticam um único ato, que seria
aposentadoria.

Ato Composto: Aqui, nós temos uma manifestação de vontade de um órgão, mas
para que esse ato seja formado, ele precisa ser aprovado por outro órgão. Nessa
situação, há dois atos distintos, um ato que é a manifestação de vontade e outro
que é a aprovação.

-Manifestação de vontade (ato principal)

-Aprovação (ato instrumental), ele é um mero instrumento para a pratica do outro


ato.

-2 órgãos que praticam atos diferentes, sendo um deles o ato principal e outro o
ato instrumental.

Exemplo: Homologação, uma autoridade pratica um ato e a outra vai lá e


homologa/autoriza.

5)

Ato Constitutivo: Um ato pelo qual a administração cria/modifica/extingue uma


relação jurídica, aqui ela tá fazendo algo novo, pode ser
criando/modificando/extinguido.

Exemplo: Concessão ou revogação de uma autorização.

Ato Declaratório: Nesse, a administração NÃO cria/extingue/modifica, ele apenas


declara, ele reconhece um direito pré-existente/que já existia, nessa parte aqui em
prova não cai exemplos, por que sempre dá ruim, é algo muito discutido. Fiquem
apenas com aquele conceitinho que já está ótimo.
Juscursos Pedro Garcia

Ato Enunciativo: Esse ato não é uma manifestação de vontade propriamente dita,
quando a administração pública pratica um ato enunciativo, ela apenas está atestando
alguma coisa/algo que já existia. Esses atos podem ser chamados também de “meros
atos administrativos” (são atos que não produzem efeitos por si só, dependem de outros
atos).

Exemplo: Certidão, você pede uma certidão e seu nome tá sujo, é a certidão que sujou seu
nome? Não, seu nome já estava sujo, ela só mostrou.

Portanto, o ato enunciativo não representa uma manifestação de vontade da


administração pública, ela está apenas mostrando algo que já existe.

• DIFERENCIAÇÃO: Esse eu não vou enumerar com as demais, porque


não é bem uma classificação, aqui é uma diferenciação que
geralmente são cobradas juntas nas provas, que seria ato perfeito,
valido e eficaz. Vou colocar aqui os três juntos, porque em prova é isso
que acontece.

perfeito válido eficaz


• É aquele ato que • É quando o ato está de • Quando ele está apto
completou seu ciclo de acordo com a para produzior seus
formação, completou lei/norma. efeitos.
todas as suas etapas. • Se o Ato não está de • Quando ele não está
• Se ele não completou o acordo com a norma, apto para produzir
ciclo de formação então ele é INVALIDO. seus efeito, então ele é
então ele é INEFICAZ.
IMPERFEITO.

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