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20/08/13:
Professora: Larissa Pinha.
Prova: não é cumulativa. Matéria da P1 é uma e da P2 é outra. A professora tem quatro
monitores (2 bolsistas e 2 voluntários). Distribuiu o programa e o plano de aulas nessa
primeira aula. Será cobrado o que for dado em aula, a bibliografia é para complementar,
acrescentar.
Introdução:
O direito administrativo é um direito não-codificado. Não temos um código, temos
legislações espaças, coletâneas de direito administrativo. Larissa disse que pode usar
Vade Mecum, mas recomenda a coletânea de direito administrativo da RT, da Odete
Medauar.
Surgimento/raízes do direito administrativo: direito administrativo é um direito
não-codificado. Temos leis espaças, agrupadas em coletânea que tratam da nossa
disciplina. O direito administrativo enquanto ramo, ciência jurídica, é considerado
um ramo novo, recente, no direito. Principalmente se compararmos o direito
administrativo com o direito civil (e outros tão antigos). Exemplo: estatuto geral de
contratos e licitações (lei 8.666/93), lei do servidor público federal (lei 8.112/90),
decreto lei do tombamento e etc.. O direito administrativo é relativamente novo, tem seu
advento com o surgimento do chamado estado de direito, ou seja, é a partir do momento
em que o direito passa a regular a conduta do administrador e sua relação com o
administrado, é que surge o direito administrativo. O direito administrativo é um direito
de contenção do poder (conter desmandos da administração e etc.). Surge como direito
de contenção (tanto para o administrador quanto para o administrado, contém o
poder). Poder passa a estar submetido à lei, ao direito. E antes do surgimento do direito
administrativo? Não existia nada? Sim, existia. O direito administrativo surge no
final do século XVIII, início do século XIX. Antes, existiam normas esparsas, no
sentido de que elas não tinham princípios próprios, regras próprias. Não havia um
regime jurídico de direito administrativo, público. Essas normas compunham o
direito civil. Existia alguma coisa, mas não era nossa disciplina como ramo próprio.
Se o advento do direito administrativo se dá com a chegada do estado de direito,
concluímos que o direito administrativo não floresce na idade média, nas monarquias
absolutistas. Não havia campo para o direito administrativo se desenvolver, porque
na idade média se desenvolvia o estado de polícia (eram as monarquias absolutistas
que tinham a figura do soberano que detinha todo o poder, era poder ilimitado),
tínhamos a expressão ‘The King Can Do No Wrong’. No estado de polícia tínhamos a
irresponsabilidade do estado, o estado não respondia por nada, o soberano não tinha
limites para atuar e não era responsável por nada. A atuação do soberano era livre, ele
não estava limitado pela legalidade, era o chamado estado de polícia.
Direito administrativo, então, só floresce no estado de direito que possui dois pilares:
pilar da separação de poderes (princípio da separação de poderes) e pilar da
legalidade (princípio da legalidade). Então, até o soberano tinha responsabilidades e
tinha que prestar contas.
Nossa disciplina está relacionada a duas grandes revoluções: Revolução Francesa
(1789) e Revolução dos EUA (1776). A ideia é que o estado vai se transformando e o
direito administrativo acompanha essas transformações. Luis Roberto Barroso:
tipologia para pacificar essas transformações do estado e como o direito
administrativo acompanhou tais transformações: no século XX o estado passou por
três transformações bem definidas, demarcadas. Temos três categorias → na virada
do século XIX para o XX, vivemos o chamado estado liberal (a chamada
pré-modernidade), nesse período tínhamos os direitos de primeira geração, o estado
tinha configuração mínima, estado mínimo, que apenas tinha que garantir esfera de
proteção do indivíduo em face do estado, o estado agia negativamente. A segunda fase,
transformação, era o estado social (a chamada modernidade), seria na segunda década
do século XX, nessa fase temos uma mudança do papel do estado, ele passa a ter um
papel econômico, de distributivista, tentando diminuir as desigualdades sociais, é o
advento dos direitos sociais, e, por fim, o terceiro momento é a pós-modernidade, nela,
a figura do estado passa a ser associada a uma ideia de burocracia, ineficiência,
inoperância, corrupção e etc, seria nos anos de 1980, 1990. É o discurso da privatização,
das organizações sociais, da ideia de regulamentação.
Claro que Barroso está traçando um panorama geral. Tem alguns que defendem que o
Brasil não viveu essas três fases, viveu, por exemplo, a primeira e a última.
Na chamada pós-modernidade é que surgem alguns mecanismos de privatização, em
que há uma mudança no perfil do estado. Surgem as figuras das agências reguladoras e
etc. Vários institutos vão surgir nesse período.
Essa visão do barroso foi essencial para perceber que enquanto o perfil do estado vai
mudando, o direito administrativo vai mudando também (novos institutos vão
sendo criados para se adaptarem à nova realidade do estado). Direito
administrativo está intrinsecamente ligado ao estado.
Temos que ressaltar também a importância do direito francês no direito administrativo.
O direito francês é o berço do direito administrativo. Precisamos fazer algumas
considerações: primeira: termo inicial do direito administrativo (direito francês
importante na questão da autonomia do direito administrativo, ramo autônomo). Então,
o termo inicial do direito administrativo se deu com a ‘lei de 28 pluvioso do ano 8’ –
essa lei, na França, foi a que organizou a administração pública francesa. Essa lei é
considerada o termo inicial, porém, o que nos interessa mais é que o direito
administrativo é obra da jurisprudência do conselho de estado francês.
O conselho de estado francês é um órgão alheio à estrutura do poder judiciário na
França, porém, tem natureza jurisdicional. Ele decide com força de coisa julgada! O
conselho de estado francês é um órgão de cúpula da chamada jurisdição
administrativa e integra o poder executivo. Na França temos o sistema de
dualidade de jurisdição (ou seja, qualquer litígio que envolva a administração pública,
será julgado pela jurisdição administrativa, cujo órgão é o conselho de estado francês –
que não integra o poder judiciário, e sim o executivo, ou seja, é julgado pela própria
administração. Se a administração pública não for parte, ai é julgado pela jurisdição
comum, pelo judiciário).
Já no Brasil é diferente, vigora a unidade de jurisdição, ou seja, art. 5º, XXXV. O
Brasil não adota a dualidade da jurisdição, aqui a jurisdição é una, pois esgotados
os recursos no âmbito da administração pública, a pessoa pode procurar o poder
judiciário.
Coisa julgada administrativa é uma preclusão de efeitos internos, é o resultado
final da administração pública, do processo administrativo. Preclusão – perda de
oportunidade de praticar um ato no processo. Efeito interno – entre administrado e
administração. A pessoa pode entrar com um processo administrativo, ou com um
processo no judiciário, ou nos dois, ela escolhe. Não existe no Brasil a
nomenclatura de ‘jurisdição administrativa’.
Sempre é possível recorrer ao poder judiciário, pois o Brasil é unidade de jurisdição. A
ideia é de que sempre pode recorrer ao poder judiciário. A nossa jurisdição é una. É por
isso que a decisão administrativa não tem o mesmo peso que uma decisão judicial, já no
direito francês é diferente, elas têm o mesmo peso.
OBS.: obra de Paulo Otero (inglês) e Gustavo Binemboim (traduz a obra do Paulo
Otero). Emerson Gabardo critica a linha dos autores acima.
Hoje, o critério para se chegar à jurisdição administrativa é que se trate desse
regime jurídico de direito público. 1872 – o conselho de estado francês se estabelece.
Então, a jurisprudência do estado francês é determinante para o nosso direito
administrativo.
Celso Antônio Bandeira de Mello define o direito administrativo como o ramo do
direito público que disciplina a função administrativa, bem como as pessoas e os
órgãos que a exerce. Objeto maior do nosso estudo: conhecer a atividade, a função
administrativa, que está intimamente relacionada à ideia de planejamento, ou seja, a
ideia de que no exercício da função administrativa, o administrador público produz
políticas públicas, ele vai planejar (independente do modelo e da atividade, seja estado
liberal, social e etc.). Planejamento político (produzir política) é inerente à figura do
estado.
Política pública é tanto medida macro (art. 179 CF) quanto medida micro (construção de
creche, escola, hospital, equipamento para hospital e etc.). Normas constitucionais
(por Luis Roberto Barroso): normas de organização (normas constitucionais que
definem competências), normas definidoras de direito (catálogo de direitos
fundamentais do art. 5º CF) e normas programáticas (estabelecem diretrizes de ação,
art. 225 CF). Então, Barroso diz que qualquer política pública pode ser veiculada por
qualquer uma dessas três normas, seja de organização, definidora de direito ou
programática. Mas as que são mais comuns e complexas são as normas
programáticas. A doutrina diz que em relação às normas programáticas, existem
três efeitos que podem ser atribuídos a elas: primeiro é o efeito negativo (seria uma
imposição de não contrariar essas normas), segundo é o efeito hermenêutico (a norma
programática tem um sentido de unidade, ou seja, me ajuda a compreender o sistema
como um todo, compreende não só as normas programáticas em si como todo o sistema
constitucional) e terceiro é o efeito positivo (porém, esse último ponto é controverso,
polêmico; há divergências/discussões).
Controvérsias: norma programática gera direitos subjetivos? Há opiniões
distintas. Visões que afirmam que sim, e visões que afirmam que não.
22/08/13:
1) Dicotomia Direito Público X Direito Privado.
2) Administração Pública e os Poderes Constitucionais.
3) Sentidos da Expressão ‘Administração Pública’.
4) Relação do Direito Administrativo com Outras Disciplinas.
5) Fontes do Direito Administrativo.
Dicotomia entre o direito público e o privado: antiga classificação romana que
admitia essa distinção entre o direito público e o direito privado; estabelecia essa
classificação dicotômica entre o direito público e o privado. Porém, hoje, essa
perspectiva binária, dicotômica, estanque, entre esses dois grandes ramos
jurídicos, não mais se sustenta, não é mais admissível trabalhar esses ramos do
direito como ramos estranhos, separados, isolados. Basta pensarmos no âmbito do
direito privado, a ideia de que cada vez mais há uma publicização do direito privado
(essa ideia pode ser ilustrada pelo direito civil constitucional, cada vez mais a ideia de
que a CF é o grande filtro, parâmetro de interpretação, até mesmo para o direito civil,
devido ao chamado direito civil constitucional; há uma grande mescla entre direito
público e privado). No direito administrativo é cada vez mais frequente a chamada
privatização do direito administrativo (cada vez mais há a ingerência do direito
privado). O estado antes era um estado interventor e agora passa a ser um estado
regulador; cada vez mais o direito administrativo (público), sofre o influxo do
direito privado. Na UE não se pode falar mais em serviços públicos, foi abolida essa
expressão.
Conclusão: Não é possível se fazer uma análise isolada, não existe um ramo
jurídico de direito público e um de direito privado, temos pontos de interseção
entre esses dois conceitos. Podemos observar isso no ramo do direito civil
constitucional e no direito administrativo. O direito administrativo é uma disciplina que
pertence ao ramo jurídico do direito público, a predominância das suas normas é de
caráter público (embora receba influencia também do direito privado). Não podemos
mais sustentar a dicotomia absoluta entre esses dois grandes ramos.
Administração pública e os poderes constitucionais: o estado é dividido em
poderes, temos o art. 2º da CF (o estado é dividido em três poderes: executivo,
legislativo e judiciário). Essa concepção de cada um dos poderes do estado, enquanto
estruturas destinadas a execução de funções, tem origem em Montesquieu no século
XVIII (separação dos poderes - espírito das leis). Quando Montesquieu concebeu a ideia
de divisão tripartite entre os poderes, ele quis evitar a supremacia de um poder sobre o
outro. A ideia era de que nenhum poder ia preponderar sobre os outros. A ideia era de
harmonia entre os poderes. A cada um dos poderes foi atribuída uma determinada
função. Legislativo: função típica é a função de criar normas gerais e abstratas,
função normativa, legislativa. Judiciário: função típica é a função jurisdicional, de
julgar e dizer o direito. Executivo: função típica seria função de executar, planejar.
Além das funções típicas, temos as atípicas (funções que deveriam ser atribuídas a
poderes diversos, outros poderes, porém, são atribuídas a esses poderes, justamente para
manter o equilíbrio, a ideia de ‘freios e contrapesos’). Poder legislativo: função atípica
jurisdicional quando ele processa e julga o presidente da república, os ministros, os
ministros do supremo em virtude de crimes de responsabilidade e etc., art. 52, I e II CF.
O poder legislativo também exerce função atípica administrativa: quando organiza
seus serviços internos, art. 51, IV CF e art. 52, III CF. Judiciário: função atípica
legislativa quando ele edita os regimentos internos dos seus tribunais, art. 96, I, a
CF. Exerce também função atípica administrativa: quando se organiza
internamente, art. 96, I, b, c CF. Hoje, alguns autores dizem que o poder judiciário,
mesmo no exercício da sua função típica, na função jurisdicional, exerce função
administrativa (em matéria de políticas públicas – quando fala ‘construa um hospital,
um presídio, abra concurso público’ → é o poder judiciário se fazendo do exercício da
administração pública). Há toda uma controvérsia nessa questão, porém, há quem
defenda que sim, que seja exercício da função típica exercendo funções administrativas.
Poder executivo: função atípica legislativa: quando edita medidas provisórias, art.
62 CF, ou quando edita normas gerais no exercício do seu poder regulamentar
(poder executivo pode editar atos normativos no exercício do seu poder
regulamentar). Função atípica jurisdicional: como regra não é possível, essa função
jurisdicional é quase que exclusivamente do poder judiciário, a própria CF previu os
casos em que a função jurisdicional seria do poder legislativo. Mas e o tribunal de
contas? Seria um órgão vinculado ao executivo? Apesar da denominação tribunal de
contas, o tribunal de contas e suas competências não são propriamente jurisdicionais,
são competências administrativas, a natureza é administrativa (e não jurisdicional), pois
o tribunal de contas examina, fiscaliza as contas.
Os atos do tribunal de contas não tem a classificação das decisões judiciais, não são
decisões definitivas, suas decisões podem ser objeto de recurso do poder judiciário.
Ainda tem outra questão: apesar de entendermos os atos do tribunal de contas como
atos administrativos, o STF entendeu que o tribunal de contas, no exercício de suas
atribuições, pode examinar a constitucionalidade de leis e atos normativos (súmulas 346
e 473 do STF). A grande controvérsia na doutrina diz respeito à natureza do
tribunal de contas. Professor Diogo de Figueiredo Moreira Neto diz que o tribunal
de contas é um órgão autônomo, embora tenha a função de auxiliar o poder
legislativo, art. 71 CF. Já José dos Santos Carvalho Filho diz que o tribunal de
contas integra o poder legislativo. Conclusão: é comum entenderem a administração
pública como o poder executivo, assim como seus órgãos (secretaria, coordenadoria,
presidência e etc.), porém, como acabamos de ver, todos os outros poderes do estado,
legislativo, judiciário, vão poder exercer funções atípicas administrativas (também
sendo administração pública). Não podemos associar a administração pública
somente com o executivo, mas sim com esse e demais poderes (legislativo e
judiciário – função atípica administrativa).
Sentidos da expressão ‘administração pública’: essa expressão é plurívoca, admite
vários significados. Nos atemos a essa expressão no sentido objetivo e subjetivo. O
que significa o verbo administrar? Gerir, zelar, sempre exercer a função
administrativa em benefício da coletividade, do interesse público. E pública? Tem
relação com o poder público, no sentido de que esse poder não é o titular da coisa
pública, o administrador público não é o dono de um bem público, ele faz a chamada
gestão em nome de terceiros, ele fiscaliza, executa, em prol da coletividade, do interesse
público. O que significa administração pública em sentido subjetivo, orgânico? Primeiro
tenho que grafar a expressão com letras maiúsculas (Administração Pública), quando
estiver querendo me referir aos órgãos, pessoas jurídicas que exercem a função
administrativa, grafo a expressão com letras maiúsculas – pessoas jurídicas que
prestam a atividade administrativa, função pública, função administrativa. Ainda
no campo subjetivo, primeiro temos a administração direta e depois a indireta.
Antes, temos que entender o seguinte: o estado pode exercer suas funções
administrativas diretamente (o faz por intermédio dos órgãos que compõe as pessoas
políticas/entes da federação [União, Estado, Distrito Federal e Município]). A
administração direta são os órgãos que integram a União, o Estado, o Distrito
Federal e o Município. Exercício da função administrativa é centralizado (também é
chamado de administração direta centralizada). Administração indireta: o estado, por
razões de conveniência ou oportunidade ou por razões econômicas, financeiras,
decide não prestar funções administrativas diretamente, entende que é mais
interessante criar pessoas que compõe a administração direta, que exerçam essa
função administrativa por ele [estado]. Dentro da administração indireta temos as
pessoas jurídicas [de direito público ou privado] que são: fundações públicas
(doutrina majoritária: [STF e etc.] entende que elas se subdividem em fundações
públicas de direito público – são praticamente autarquias, porém há algumas
diferenças em termo legais (Unirio), e fundações públicas de direito privado),
autarquias (pessoa jurídica de direito público, é criada por intermédio da lei [UFRJ]),
sociedades de economia mista (pessoa jurídica de direito privado [Petrobrás, Banco do
Brasil]) e empresas públicas (pessoa jurídica de direito privado (ECT – empresa de
correio e telégrafos)). Por intermédio de uma lei o estado cria a administração
indireta. Se for pessoa jurídica de direito privado a lei autoriza a criação, se for
pessoa jurídica de direito público a lei cria. A chamada administração pública
subjetiva compreende a administração direta e indireta, art. 4º do decreto lei 200/67
(trata de toda a administração pública no sentido subjetivo).
A divisão de fundações públicas em fundações públicas de direito público e de
direito privado é um entendimento jurisprudencial que acabou virando
doutrinário (posicionamento do STF).
Lei 11.107/05 – instituiu os chamados consórcios públicos. Essa lei, no art. 6º diz
que a União, o Estado, o Distrito Federal e o Município, podem celebrar entre eles
um consórcio público. Quando há a celebração de um consórcio público, há a criação
de uma nova figura com personalidade jurídica própria (é criada outra pessoa jurídica,
que pode ser de direito público ou privado). Exemplo: União e Estado celebraram um
consórcio juntas, é criada nova pessoa jurídica, se tiver personalidade de direito
público é integrada na administração indireta. Porém, há controvérsias! Os
doutrinadores entendem que tanto faz ter personalidade jurídica de direito público ou
privado, vão ter que integrar a administração indireta, diferente da lei que fala que é
apenas se for de direito público.
Hoje, temos que inserir a figura do consórcio público na administração indireta (devido
à lei 11.107/05). Os doutrinadores entendem que tanto faz ter personalidade jurídica de
direito público ou privado, vão ter que integrar a administração indireta, diferente da lei
que fala que é apenas se for de direito público. O que é administração pública em
sentido subjetivo? Conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos quais a lei atribui
o exercício da função administrativa do estado.
Administração pública em seu sentido objetivo: deve ser grafado em letras
minúsculas (administração pública), pra diferenciar do sentido subjetivo. É
administração pública enquanto função, atividade de gerir, de zelar, de fiscalizar.
Relação do Direito Administrativo com outras disciplinas: hoje, não se pode fazer a
análise isolada dos ramos do direito, assim como também não podemos analisar o
direito administrativo enquanto disciplina isolada, estanque, isso não é possível. O
direito administrativo tangencia várias outras disciplinas. Relação do direito
administrativo com o direito constitucional: é a relação mais próxima, mais
afinada, o conteúdo é muito próximo, em muitos casos se sobrepõe. Art. 37 CF traz
os princípios do direito administrativo. Art. 37 § 6º CF trata da responsabilidade extra
contratual do estado. Art. 39 a 41 CF trata das normas dos servidores públicos. O direito
administrativo vai cuidar, vai trazer dinamismo ao direito constitucional. Alguns temas
centrais do direito constitucional também são centrais no direito administrativo (normas
programáticas em matéria de políticas públicas e etc.). São conteúdos que praticamente
se sobrepõe.
Segunda relação: direito administrativo com o direito penal. O código penal traz
todos os crimes contra a administração pública, temos, por exemplo, espécie de
sanções de ilícitos administrativos que não são penalizados. Temos alguns crimes
que repercutem na nossa disciplina (corrupção passiva, prevaricação). Normas
penais em branco são complementadas por normas administrativas. Relação entre
direito administrativo e o direito processual: ambos trabalham com a figura do
processo. Porém, cada processo tem peculiaridades. O processo judicial é informado
pelo princípio da inércia, a jurisdição é inerte. Porém, no processo administrativo,
não vigora o princípio da inércia, ele é informado pelo princípio da oficialidade,
significa que a administração pública pode instaurar e movimentar, dar
prosseguimento ao processo de ofício. Ela (administração pública) não precisa ser
provocada. Em ambos são informados pelo devido processo legal e pelo
contraditório e ampla defesa, art. 5º, incisos LIV e LV CF. A preclusão também está
no processo administrativo (que é uma característica do processo judicial). Direito
administrativo com direito do trabalho: boa parte dos empregados possui uma
relação contratual regida pela CLT. Direito administrativo com direito eleitoral:
direito administrativo organiza o pleito eleitoral. Direito administrativo com
direito tributário: o poder de polícia, seu exercício vai ser remunerado
obrigatoriamente por taxas, art. 145, II CF. As taxas são uma espécie de tributo
vinculado, pois a receita das taxas tem um destino certo, elas necessariamente terão que
remunerar o poder de polícia. Quando também o poder público elabora o orçamento.
Direito administrativo com o direito civil: é possível que a administração pública
celebre contratos de direito privado, por exemplo, contrato de locação, esse contrato
privado recebe o influxo de normas de direito privado de forma predominante; o art. 54
da lei 8.666/93 dispõe sobre a possibilidade de aplicação supletiva do direito privado
aos contratos administrativos. Direito administrativo e direito empresarial: muita
relação, notadamente, quando estudamos a figura das sociedades de economia
mista. As sociedades anônimas são institutos do direito empresarial, sociedades de
economia mista tem que necessariamente assumir a condição de sociedades
anônimas.
27/08/13:
Fontes do direito administrativo:
5.1) Fontes em espécie:
5.1.1) CRFB.
5.1.2) Lei.
5.1.3) Regulamentos.
5.1.4) Jurisprudência.
5.1.5) Doutrina.
5.1.6) Costume.
5.1.7) Princípios.
6) Órgãos Públicos:
6.1) Criação e extinção.
6.2) Estruturação e atribuições.
6.3) Capacidade processual.
6.4) Classificação dos órgãos.
Fontes do Direito Administrativo: Remetem-nos ao nascedouro/origem de um
determinado ramo do direito administrativo. A principal função das fontes é garantir
que o juiz não vai decidir uma questão com base no seu subjetivismo ou suas
próprias convicções. As fontes do direito administrativo se dividem em fontes
primárias e secundárias. Primárias são as fontes que retiram de si próprias sua força
normativa. A CF retira dela mesmo seu fundamento de validade. Secundárias as
fontes que estão subordinadas hierarquicamente a outras fontes. Exemplo:
Regulamento que retira seu fundamento de validade de uma lei ou norma
hierarquicamente superior.
Fontes em espécie:
CRFB a CF é a fonte primária por excelência. Todos os institutos passam a ser
lidos a partir da CF. Art 37, 39 e 40 CF. O administrado passa a estar vinculado não
só à lei, mas principalmente à CF. Estabelece implicitamente os princípios do
direito e da administração pública. Traz um amplo catálogo de direitos
fundamentais que podem gerar para a administração pública prestações positivas,
art 5º, CF. Traz mecanismos de controle não só da administração pública, mas também
para o campo o social. Art 37, § 3º, CF.
Lei já foi considerada como fonte principal do direito administrativo. O
administrador público não está vinculado somente à lei, mas ao sistema
constitucional como um todo. É uma vinculação bem ampla. Principal critério
determinador da administração pública. A lei não tem como dar conta de tudo e passa a
estabelecer parâmetros. Mas permanece sendo uma fonte primária do direito
administrativo ao lado da CF. Princípio da legalidade: o particular pode fazer tudo
aquilo que a lei não proíbe, enquanto que a Administração Pública só pode fazer o
que a lei permite. Foi o princípio que permeou o Direito Administrativo por muito
tempo, só que hoje a lei perdeu sua proeminência nesse âmbito; o administrador público
está vinculado ao sistema constitucional como um todo, aos princípios, aos valores, à
constituição como um todo. A constituição é o critério de aprovação dessa escolha. O
legislador não tem como acompanhar as transformações, estabelece moldura e
parâmetros, mas não tem a pretensão de tudo regular.
Regulamentos é a fonte mais controversa. São atos normativos secundários. Estão
sempre vinculados a uma lei anterior. São regulamentos de execução. Servem para
regulamentar e dar execução a uma determinada lei. Exemplo: regulamentos que
trazem substâncias prejudiciais à saúde. Problemática: o direito brasileiro admite ou
não o regulamento autônomo que é desvinculado da lei criando direitos e obrigações.
Decreto licitatório cria direitos e obrigações, mas essa não é a função do regulamento.
Só a lei pode estabelecer direito e obrigações. Princípio da legalidade. Celso
Bandeira de Mello defende que regulamente não cria direito. Fonte complexa. Atos
normativos secundários, isto é, sempre vinculados a uma lei anterior, regulamentos de
execução, servem para complementar, dar execução a uma nova lei. A grande
controvérsia é saber se um regulamento pode estar desvinculado de uma lei, existe
regulamento autônomo? Que, portanto, crie direitos e obrigações? Art. 5º, II CF.
Princípio da legalidade: só a lei pode criar direitos e obrigações. Posicionamento de
Carlos Antônio Bandeira de Mello: impossibilidade de se admitir no ordenamento
brasileiro o regulamento como autônomo, mas existem outros que afirmam a existência.
Jurisprudência tem o papel fundamental no processo de criação e evolução do
direito administrativo. O direito administrativo de hoje é fruto da criação e
desenvolvimento da jurisprudência (Conselho de Estado Francês). Foi por
intermédio dessas decisões que se percebeu que o direito administrativo não poderia ser
regido pelo direito civil, porque tinha a figura da administração pública que precisa de
poderes-deveres para alcançar o interesse da coletividade. A ideia de responsabilidade
civil teve origem no Caso Blanco: Agnes Blanco foi atropelada por um trem que era de
propriedade estatal. A menina perdeu uma perna e quem estava dirigindo eram 4
empregados do estado. Naquela época se entendeu que seria da competência da
jurisdição administrativa. Teria que ser tratado por normas jurídicas próprias do direito
administrativo. O critério determina que deveria ser o regime jurídico administrativo.
Vários princípios do direito administrativo têm origem jurisprudencial que
posteriormente foram positivados. Fundamental para o processo de autonomia do direito
administrativo enquanto ramo jurídico. Direito administrativo como fruto do
desenvolvimento das decisões do conselho de estado francês. Por quê? Foi por
intermédio dessas decisões que se percebeu que o direito administrativo, diante da
figura da Administração Pública, que precisa de poderes para alcançar o interesse
público, não poderia ser regido pelo Direito Civil. Constava no caput do art. 37 do
projeto da constituição, motivação e razoabilidade e, posteriormente, foram retirados.
Expressos agora na lei 9.794/99, em seu art 2º.
Ainda dentro da jurisprudência: quando falamos DA JURISDIÇÃO, no processo
de interpretação e aplicação do Direito, falamos da sua natureza declaratória, mas
hoje se fala em caráter modificativo e criativo do direito que obviamente está
sujeito à limites hermenêuticos pela constituição. Não é livre, nem declaratória, até
porque se fosse; jurisprudência não seria fonte. Jurisdição (interpretação e aplicação do
direito). Essa função teria um caráter modificativo do direito. Hoje, entende-se que o
intérprete exerce a função criativa. Não é uma função simplesmente declaratória.
Entende-se que no processo de interpretação o juiz tem essa margem criativa e
modificativa, por isso pode até invalidar leis ou atos normativos, dentro de limites e
balizas hermenêuticas. Em países como o Brasil, de tradição romano-germânica,
sofre-se muito com a aproximação da “Common Law” e do “Civil Law” e isso
privilegia o sistema privado e as decisões jurisprudenciais. O problema é quando se
extrapola a linha de fronteira. A nossa tradição constitucional é do controle misto de
constitucionalidade. Uma decisão jurisprudencial não acaba com uma discussão
política.
Jurisprudência como fonte do direito administrativo [2]: tem um papel
fundamental no processo de modificação, de criação, evolução do direito
administrativo. É fundamental para o direito administrativo e para seu processo
de independência enquanto ramo jurídico. É importante também na seara dos
princípios. Vários princípios administrativos tem origem jurisprudencial.
Doutrina: o papel dos doutrinadores, professores, pesquisadores, alunos. Qual seria o
papel desses profissionais para o direito administrativo? Quando falamos de doutrina
como fonte do direito, a melhor posição é a dos doutrinadores clássicos. Professor Hely
Lopes Meirelles diz que a doutrina é fonte do direito administrativo.
Costume: não é admitido no direito administrativo o costume contra legem (contra
a lei, contrário à lei). Qual o costume que pode servir então de fonte do direito? O
chamado costume secundum legem (costume que complementa a lei) e o costume
praeter legem (costume que preenche o vácuo normativo da lei). Direito
administrativo sofre da ausência de sistematização legal, então, os costumes
inspiram novos institutos, inspiram a prática. Exemplo: concessões de uso de bem
público – contratos por meio dos quais a administração pública permite que um
particular faça uso de um determinado bem público, com a exclusão de todos os demais
particulares, enquanto durar o contrato.
Princípios: falará rapidamente, porque são o tema da nossa próxima aula. Hoje é um
primeiro panorama. Durante muito tempo os princípios foram considerados como
fonte esquecida do direito administrativo. Não havia cultura jurídica para recepcionar
os princípios como norma jurídica. Ao término da 2ª GM, o princípio ganha a ideia
de norma jurídica, eles se propagam. O administrador, o legislador, o poder
judiciário, todos estão vinculados aos princípios (pois são normas jurídicas, aí
vinculam). A partir das constituições do pós-guerra, as ideias ganham corpo e os
princípios passam a constituir os chamados ‘mandamentos nucleares do sistema’
(Celso Antônio Bandeira de Mello). Paulo Bonavides diz que os princípios são
corações das constituições contemporâneas. Importantíssimos porque hoje são
considerados normas jurídicas.
Analogia também pode ser considerada fonte do direito administrativo, porém não é
considerada (ao menos pela Larissa) tão importante quanto às demais fontes
apresentadas.
Órgãos públicos: não são uma fonte do direito administrativo. O estado é uma
pessoa jurídica, e sendo uma pessoa jurídica, o estado não tem vontade própria,
não tem um querer. Sendo pessoa jurídica, significa que o estado tem
personalidade jurídica de direito público interno, ou seja, é pessoa jurídica de
direito público interno. E também tem personalidade jurídica em âmbito
internacional, então, é pessoa jurídica de direito público externo também. Porém,
pelo fato do estado ser uma pessoa jurídica, ele não tem vontade própria, ou seja, o
estado atua, manifesta sua vontade por intermédio de pessoas físicas, precisa dos
agentes públicos que compõe os seus quadros. Eu tenho o estado, que é uma pessoa
jurídica, e tenho um agente público, que é a pessoa física que vai manifestar essa
vontade/querer do estado. Entre o estado e o agente público, existem uma série de
repartições que são necessárias à organização administrativa. Essas
repartições/compartimentos internos compõe o estado e são chamados de órgãos
públicos. São na verdade círculos de competências, chamados de órgãos públicos,
integrando o estado.
Órgãos públicos, segundo José dos Santos Carvalho Filho, são os compartimentos na
estrutura estatal a que são cometidas funções determinadas, sendo integrados por
agentes que, quando as executam, manifestam a própria vontade do estado. Então,
Carvalhinho diz que os órgãos públicos são unidades abstratas. São círculos de
competências, onde essas competências só se realizam se tiver uma pessoa física.
Temos três teorias quanto aos agentes públicos, os órgãos e o estado (correlacionando
esses três conceitos):
Teoria do mandato – segundo essa teoria, os agentes públicos seriam considerados
mandatários do estado. Seria estabelecido um contrato de mandato entre o estado e
seus agentes públicos. Essa teoria foi extremamente criticada, pois se o estado não tem
vontade, querer, como pode estabelecer validamente um mandato? Um contrato de
mandato? Essa teoria não prosperou!
Teoria da representação – segundo ela, os agentes públicos seriam representantes
do estado, o estado seria, então, considerado um incapaz, que precisaria de um
tutor, curador. Os agentes públicos seriam equiparados a tutores e curadores do estado.
Também não prosperou essa teoria. Se o estado é incapaz, como ele pode validamente
outorgar uma representação?
Teoria do órgão (a última, que é a adotada) – inspirada no jurista alemão Otto
Gierke, diz que a vontade da pessoa jurídica (do estado) deve ser atribuída aos
órgãos públicos que a compõe. O estado é composto pela União, Estado, Município e
Distrito Federal, então a vontade do estado, da pessoa jurídica, seria atribuída a esses
órgãos públicos que o compõe. Só que esses órgãos são compostos pelos agentes
públicos. Então, quando um agente público exterioriza uma vontade, essa vontade
deve ser imputada à pessoa jurídica, ao estado, o órgão processará essa vontade (o
órgão não tem personalidade jurídica, ele é despersonalizado), então, toda vez que
o agente público se manifestar, vai retornar para o órgão e o estado, então, será
atribuído à pessoa jurídica (estado), pois o órgão não tem personalidade. Quando o
agente de fato se manifesta, essa manifestação pode ser atribuída ao estado (pessoa
jurídica). Agente de fato: alguém que não está investido regularmente nas suas
funções de poder público, exemplo: Larissa quando entrou na FND, foi nomeada, mas
não tomou posse, por causa da greve, então ficou trabalhando sem ter tomado posse, ela
foi agente de fato. A manifestação do agente de fato pode ser imputada ao órgão, e
necessariamente será imputada à pessoa jurídica (estado).
Criação e extinção de órgãos públicos: matéria de reserva legal, de acordo com o art. 48,
XI, CF. Matéria que está suscetível à reserva de lei. Deve se dar necessariamente por lei.
Estruturação e atribuições desses órgãos públicos: pode ser processada por decreto
do chefe do poder executivo, art. 84, VI, a, CF. ‘Quando não implicar em aumento de
despesas, nem a criação nem a extinção de órgãos públicos’. A iniciativa para deflagrar
o processo legislativo relativo à criação e extinção de órgãos públicos é privativa do
presidente da república e, por simetria, dos governadores e dos prefeitos (art. 61, §1º, II,
e CF). Essa iniciativa pode ser atribuída pela CF a órgãos diversos (o que acontece com
o poder judiciário e com o MP, art. 96, I, c, CF). E nas letras b, c, no inciso II do art. 96,
CF – os tribunais que propõem ao legislativo. Art. 127, §2º, CF – MP.
Capacidade processual dos órgãos públicos: o estado é pessoa jurídica, agentes
públicos são pessoas físicas. E os órgãos públicos? Não tem personalidade jurídica,
são despersonalizados! Então, as relações inter-orgânicas (entre órgãos) não
existem. As relações se formam entre os agentes e eventualmente entre o estado e
outras pessoas. Os órgãos não têm personalidade jurídica, além disso, o art. 7º do
CPC trata da capacidade processual, e ele diz que só quem tem capacidade processual
são as pessoas físicas e jurídicas, a consequência lógica é então que como ele não é nem
um nem outro, ele logicamente não tem capacidade processual (não pode, em regra,
figurar como parte no processo). Mas temos exceções: a doutrina e a jurisprudência
entendem (pacificamente) que em se tratando de órgãos públicos (de envergadura
constitucional), eles podem ser parte do processo para defender as suas
prerrogativas, suas próprias atribuições. Se o órgão tem suas prerrogativas violadas
por outro órgão, ele pode impetrar mandado de segurança, ir a juízo, para defender suas
prerrogativas. A jurisprudência não admite a capacidade processual do órgão se ele
estiver atuando em nome do estado, mas admite no caso de defesa das próprias
prerrogativas quando violadas (somente nesse caso). Recurso especial (resp) 730979 de
Alagoas.
29/08/13:
Classificação dos órgãos: encontramos diversas classificações. Cada autor é
diferente. A que vamos estudar é a do Carvalhinho: os órgãos públicos podem ser
quanto à pessoa federativa (primeira classificação) – federais, estaduais, municipais
e distritais; quanto à situação estrutural (segunda classificação) – diretivos (são
órgãos que tem função de ereção, chefia) e subordinados (exercem funções de rotina
administrativa, funções subalternas da administração pública); quanto à composição
(terceira classificação) – singulares (órgãos públicos compostos por apenas um agente
público, exemplo: presidência da república, governador e prefeito) e coletivos (órgãos
compostos por mais de um agente público, por vários, exemplos: conselhos,
coordenadorias e etc. Esses órgãos coletivos comportam uma subdivisão: podem ser
órgãos de representação unitária [vontade do órgão basta que o dirigente exteriorize a
vontade para que aquilo seja suficiente para consubstanciar a vontade do órgão] e órgão
de representação plurima [para que a vontade exteriorizada seja atribuída ao órgão,
ela tem que ser o produto da unanimidade ou da maioria dos membros de um
determinado órgão, pode ser via votação]).
OBS.: Em se tratando de órgãos de representação plurima, existentes os atos da
chamada rotina administrativa, e em se tratando dos órgãos de representação plurima,
ele não precisa que a maioria se manifeste. Então, nos chamados atos de rotina, se
entende que a manifestação do chefe, do diretor, mesmo na manifestação plurima, já é
suficiente.
Princípios da administração pública:
Introdução: a nossa CF é, ou pode ser considerada, como um sistema normativo
aberto de normas jurídicas, de regras, de princípios, e de procedimentos
normativos. A CF pode ser considerada como um sistema normativo aberto de normas
jurídicas e ela foi elaborada de forma democrática e com um conteúdo afinado aos
direitos fundamentais. Canotilho: fala da importância do sistema constitucional
normativo que seja composto por regras e princípios, pois se o sistema for composto só
por princípios, ele vai ser um sistema inseguro, vago. Os princípios são dotados de
fluidez e abstração. Um sistema só de princípios será um sistema inseguro, é necessário
ter regras para conferir segurança jurídica. Ao mesmo tempo, Canotilho diz que se esse
sistema normativo for só de regras, ele também vai ser um sistema de limitada
racionalidade prática, pois se ele for composto apenas por regras, ele será um sistema
seguro, porém, não terá abertura necessária a um sistema constitucional. O sistema tem
que ter princípio e regras, e mais, que esse sistema seja composto também por
procedimentos de abertura normativa (procedimentos de cidadania participativa,
procedimentos judiciais, legislativos e etc.). Uma ordem constitucional adequada
deve ser composta por princípios, regras e procedimentos de abertura normativa.
Konrad Kesse afirma que a constituição deve permanecer incompleta, imperfeita, pois a
realidade da CF é uma realidade histórica, que se constrói ao longo do tempo, então se a
CF estiver fechada, limitamos boa parte da riqueza do sistema constitucional. Mas, na
verdade, não pode ser uma coisa nem outra, nem fechada, nem aberta, temos que ter um
equilíbrio. A ideia é que a constituição é aberta, porém, constituição é norma
jurídica; vinculando, pois estamos tratando de legislação.
Então, temos que tentar um meio termo, um equilíbrio. Portanto, sistema normativo
aberto não é que dá carta branca, a ideia é que nossa constituição é um sistema
normativo aberto de regras, princípios e de procedimentos de abertura normativa.
Diferenciação entre os princípios e as regras:
Nós temos um gênero: norma jurídica. Esse gênero comporta duas espécies, que
são os princípios e as regras. Há quem critique essa necessidade de se estabelecer
uma distinção entre princípios e regras. Essa distinção é difícil, tênue. Principal
critério para diferenciar princípio e regra é o texto. Mas mesmo assim temos uns
critérios diferenciadores dos princípios e das regras. A base da diferenciação tem dois
autores: Ronald Dworkin e Robert Alexy. Temos o critério gradualista e o critério
qualitativo (ambos tem base nos dois autores acima), ambos os critérios para
combater o que Dworkin chama de discricionariedade em sentido forte (significa
um juízo arbitrário, livre de parâmetros legais e legítimos). Discricionariedade:
juízo que o administrador público vai fazer, um juízo de conveniência e oportunidade, é
sempre parametrizado, balizado, pela lei. Hoje não é essa discricionariedade que
Dworkin buscou combater.
Primeiro critério: critério gradualista. Segundo ele, a diferença entre regras e
princípios é uma diferença de graus. Canotilho vai elencar cinco recursos, ideias
principais para o critério gradualista: o primeiro critério distintivo gradualista
seria o grau de abstração (os princípios são mais abstratos, mais fluidos, mais vagos
do que as regras; as regras têm uma densidade normativa maior que dos princípios); o
segundo critério é a ideia de grau de determinabilidade na aplicação do caso
concreto (os princípios, justamente por serem mais vagos, fluidos e abertos do que as
regras, demandam algum tipo de mediação concretizadora [do juiz, legislador e etc.]), o
terceiro critério é o grau de fundamentalidade (os princípios são mais fundamentais,
são estruturantes do ordenamento jurídico), o quarto critério é a proximidade com a
ideia de direito (princípios estão mais próximos da ideia de direito, do conceito de
direito – em sentido abstrato, eles são os mandamentos nucleares, estruturando o
sistema) e quinto critério é a natureza normogenética (significa que os princípios são
a ratio das regras, o fundamento das regras). Com isso, temos que os princípios são
mais abstratos, que eles carecem de uma mediação, são mais fundamentais que as
regras, estariam mais próximos à ideia de direito e constituiriam o fundamento das
regras (ratio das regras). Porém, não é bem assim. Tem regras que são mais fluidas
e abstratas que os princípios e etc. Então, esse critério gradualista é considerado
insuficiente. Esse critério gradualista é chamado de critério fraco, débil.
Critério qualitativo: é considerado um critério forte para distinguir princípios e
regras. Seria considerado como o melhor critério para trabalhar essa distinção, em
tese é o melhor critério para distinguir essas duas espécies normativas (princípio e
regra). Segundo esse critério, as regras seriam chamadas de mandados definitivos,
ou seja, as regras conteriam determinações, as regras seriam aplicadas ao modo
disjuntivo, na forma do tudo ou nada. Havendo colisão entre regras, uma delas
sempre terá a pretensão de regular o caso na sua integralidade, com a exclusão,
nulidade, das demais; exemplo: a ideia é de que se estou dirigindo um carro na
auto-estrada, a placa diz 60km na esquerda e na direita tenho outra placa dizendo 90km,
na mesma altura, na hipótese, adoto uma delas e a outra será excluída. Já em relação aos
princípios, fala que eles possuem uma dimensão, uma esfera, que é desconhecida pelas
regras, que é a dimensão do peso, da importância. Alexy fala que os princípios são
mandados de otimização, ou seja, eles podem ser cumpridos em diversas medidas
dependendo das circunstâncias fáticas e jurídicas, mas ordena que algo seja cumprido na
maior medida possível; isso significa que os princípios podem incidir em intensidades
diversas, distintas, na correspondência do peso, relativo ao caso, então, temos a técnica
da ponderação, portanto há incidência dos dois em diversas medidas (as regras são
mandados definitivos – contém determinações).
Princípio é norma e vincula; vincula os três poderes. Ávila – teoria dos princípios –
problematiza a questão.
Afirmações na doutrina quanto aos princípios e às regras:
Primeira afirmação: ideia de que o conflito entre regras se resolve no plano da
validade. Na verdade, não é bem assim, o conflito entre regras se resolve em outros
planos também. Temos o plano da vigência, o plano da validade e o plano da
eficácia. Quando falamos de regras, precisamos lançar mão daqueles critérios
básicos de resolução de antinomia (critério cronológico [plano da vigência],
hierárquico [plano da validade] e da especialidade [plano da eficácia]). O pregão
(licitação que envolve bem ou serviço comum) é regulado pela lei 10.520/02. No caso
de conflitos entre regras, esse conflito pode ser resolvido no plano da eficácia e não só
no plano da validade.
Segunda afirmação: havendo conflito entre regras, uma delas será excluída do
ordenamento jurídico (critério qualitativo). Problematizar: lei 8.666 e lei 10.520
(caso de conflito entre regras), então resolvemos por meio do critério da
especialidade, por meio do plano da eficácia. Nesse caso, a lei 8.666/93 não incide na
hipótese, mas ela não é considerada nula, excluída do ordenamento jurídico. Se o
conflito, se houver uma perda, em se tratando de perda no plano da eficácia e se
tratando do critério da especialidade, na hipótese de conflito, não há a exclusão da regra
(no plano da vigência e da validade excluem). No plano da eficácia não há exclusão, ela
continua, não será excluída do ordenamento jurídico.
Se há regra tem subsunção, se há princípio tem ponderação. Na verdade não é bem
assim, temos hoje o paradigma da intersubjetividade: não é possível estabelecer
uma dicotomia entre regra e princípio, não é possível estabelecer uma distinção
entre subsunção e ponderação. Esse tipo de associação é algo que não se põe mais
hoje. A ideia, hoje, é de que o processo de interpretação é um processo complexo.
Esse tipo de dicotomia binária não se coloca mais. Exemplo Alexy: regra 1: aula
começa às 17h e vai até 18:30h, enquanto durar a aula ninguém pode sair. Regra 2: se
tocar o alarme de incêndio, todos podem/devem sair. Então, diz-se que a regra 2 é
chamada de cláusula de exceção, temos um conflito entre duas regras. Alexy diz que
mesmo nesse caso, não há ponderação, mesmo diante da cláusula de exceção.
Porém, Ávila admite a ponderação entre regras. Dizem que a cláusula de exceção é
uma expressão da possibilidade de também se ponderar as regras. Então, Ávila diz
que na realidade o que distingue as regras dos princípios não é a existência ou não de
ponderação, então, ponderar é algo inerente ao processo de interpretação, compreensão;
sempre fazemos um juízo em relação aos bens em jogo.
Ávila diz que o que distingue é o tipo de ponderação. Como os princípios são mais
abstratos e abertos que as regras, a margem, espaço, de interpretação, manobra,
vai ser maior (diante de uma ponderação de princípios), já em relação às regras,
como elas são mais densas e concretas, também pode haver ponderação, mas essa
ponderação vai ser mais restrita (pois elas têm uma completude maior). As regras
também se sujeitam à ponderação, e ponderação é quase que um processo inerente
ao próprio processo de aplicação e interpretação. Sempre fazemos balanceamento
dos bens em jogo no caso concreto.
03/09/13:
Questão 4 - havendo uma regra, a regra tem que ser aplicada. Isso não é verdade,
porque existe uma regra que tem que ser aplicada. Alexy: se existe uma estação de
metrô com a seguinte placa: 'não é permitido a entrada de animais', aí chego com meu
cachorro, o guarda me proíbe de entrar com o cachorro, ele está cumprindo aquela
regra. E se chega uma pessoa cega com o cão guia? O guarda não deixa entrar, aí ele
estará fazendo a aplicação da regra de uma maneira que não pode ser, pois também as
regras se sujeitam a ponderação, as regras merecem que seja feito esse balanceamento
(Ávila conclui isso). É mais correto entender que mesmo na hipótese de conflito
entre regras, vai haver um balanceamento entre os valores e bens em jogo (para
enfim chegar a uma conclusão). Basta pensarmos na chamada cláusula de exceção
(exemplo do alarme de incêndio no horário da aula). A cláusula de exceção é uma
expressão que é possível se falar em ponderação também de regras.
Última questão - havendo conflito entre os princípios, ambos vão incidir ao mesmo
tempo, tentando regular o caso. A técnica, segundo o critério qualitativo, quando
estamos diante de princípios, a regra adequada é a da ponderação. O critério
qualitativo estabelece que os princípios devem ser ponderados, e ambos incidirão
em intensidade diferente. Porém, temos a hipótese de um princípio que prevalece
totalmente sobre o outro (exemplo do político que sai de casa de prostituição e é
fotografado pela revista caras, temos a liberdade de expressão e o direito à privacidade,
intimidade e etc. temos caso em que só consegue publicar parcialmente, temos a
ponderação dos dois princípios, mas também posso pensar na hipótese que o político
impede a publicação pela revista, então, o princípio da privacidade, intimidade, está
prevalecendo sobre o princípio da liberdade de expressão).
E porque problematizamos esses dois critérios? Existe o critério débil (gradualista)
e o critério forte ou qualitativo (para distinguir regras e princípios). Nenhum dos
dois é suficiente para distinguir princípios e regras. A norma é o produto da
interpretação de um texto. Porém, podemos ter interpretações diferentes (posso
olhar e falar que é principio e a professora falar que é regra).
Distinção entre princípios e valores - distinção está no caráter deontológico dos
princípios e também das regras, ou seja, no sentido daquilo que é devido (caráter
deontológico). Já os valores têm caráter axiológico (significa aquilo que é bom).
Exemplo: é bom não comer animais (isso não é norma, não existe o princípio da
dignidade dos animais. Então, ele é um valor, uma ideia axiológica). Diferente de um
princípio (princípio da dignidade da pessoa humana, positivado na constituição).
Princípios e regras, ou seja, normas jurídicas, são sempre normatizações de
valores, ou seja, sempre existe uma base axiológica por trás de um principio ou
regra.
Aula de hoje:
Princípios do direito administrativo: todos os princípios, sejam expressos ou
reconhecidos, servem de norte para o administrador público, são padrões de
conduta que devem ser observados pelo administrador, sob pena de sua conduta,
atuação, ser considerada ilícita.
1) Princípios do direito administrativo: os doutrinadores divergem acerca de quais
os princípios seriam os vetores, relevantes na administração pública. Em relação
aos princípios do art. 37 CF, ninguém discute, porém, divergem em relação aos
chamados princípios reconhecidos. Hely Lopes Meirelles diz que os princípios que
norteiam a administração pública são os do art. 2º da lei 9784/99. Hely diz que essa
lei (do processo administrativo federal), é aplicável no âmbito da União, porém, Hely
diz que algumas normas dessa lei tem caráter geral, por isso deveriam ser aplicadas não
apenas à União, mas também aos estados, Distrito Federal e municípios. Carvalhinho
elenca como princípios todos os do art. 37 CF e mais 8 princípios (como o da
supremacia do interesse público sobre o particular, fala da indisponibilidade do
interesse público, da proporcionalidade, da razoabilidade, da continuidade dos
serviços públicos, da precaução, da prevenção e o da segurança jurídica [proteção
à confiança]). Então, os autores divergem. Analisaremos os princípios expressos e
depois pinçaremos os princípios mais importantes (reconhecidos).
1.1) Princípios expressos (art. 37 CF). Regrinha (colinha): LIMPE (legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência).
a) Legalidade. Juridicidade. Legalidade: art. 37, caput CF. para falarmos do
princípio da legalidade, temos que fazer referência ao estado de polícia, a ideia é
que o estado de polícia, que antecede o estado de direito, se estrutura sobre noções
como o rei não pode errar, o estado como soberano e etc. A ideia de uma figura
infalível, que era o soberano, enviado por deus e etc. Os atos do soberano eram
livres de qualquer baliza, parâmetro legal. Não tinham limites legais, por isso era
chamado de império do arbítrio. Porém, na virada do século XVIII para o século
XIX, temos o advento do estado de direito, do direito administrativo. O estado de
direito passa a se estruturar sobre o conceito de legalidade, o poder, o estado, passa
a ser condicionado, limitado, pela lei. Surge a chamada ideia de vinculação positiva à
lei, pois o administrador só pode atuar nos termos da lei. A legalidade condiciona, passa
a condicionar, a atividade do soberano, do estado, do poder. Temos a lei, uma norma
abstrata, que passa então a condicionar a atuação do poder. A lei passa a garantir
uma esfera de autonomia do próprio individuo, a legalidade se coloca como
principio estruturante do chamado estado de direito. No nosso direito brasileiro, no
art. 5º, inciso II, temos a legalidade genérica (legalidade que vincula o direito privado),
a lógica é que se a lei não proíbe, eu posso fazer (no direito privado). E para o
administrador público? Vigora a vinculação positiva à lei. A administração pública
está adstrita às leis (a lei passa a condicionar a atuação do administrador público). Tem
que haver a subordinação completa do administrador à lei. A chamada legalidade
administrativa, é a mais estrita, a do art. 37 CF (ele não tem liberdade, vontade
pessoal; o administrador público só pode fazer o que a lei prescreve); a legalidade do
art. 37 CF (legalidade administrativa) garante tanto a autonomia pública, quanto a
autonomia privada do cidadão.
Juridicidade: hoje, essa noção ganha força na doutrina, na jurisprudência, ainda
que possamos fazer uma análise critica dessa noção de juridicidade. A juridicidade
seria uma nova leitura do princípio da legalidade, uma releitura desse princípio,
que leva em consideração um padrão mais englobante de legalidade; a ideia é que
o administrador público não está mais sujeito apenas à lei em sentido estrito, sua
atuação está condicionada ao direito como um todo, com os princípios, com os
direitos fundamentais e etc. Hoje, com o advento do neoconstitucionalismo, essa ideia
de vinculação à CF, aos princípios, aos valores e ao direito como um todo, ganha força
(daí um padrão mais englobante de legalidade). Bloco de legalidade - princípios,
valores, CF e etc. Esse conceito surge como uma decorrência da ideia de
neoconstitucionalismo. A juridicidade seria uma visão substantiva, material do
sentido da legalidade. Juridicidade não significa uma superação do princípio da
legalidade, o que se defende é que a juridicidade seria a figura substantiva, material, do
princípio da legalidade. Há quem defenda que ambos seriam a mesma coisa (padrão
amplo de legalidade), só que quem defende isso sofre críticas, pois se a gente entender
que a legalidade engloba toda a vinculação constitucional (ou seja, legalidade é
englobar o direito como todo), qual seria o sentido do legislador estabelecer na
constituição, no art. 37, os outros princípios? Há quem faça outra crítica, se considerar
que uma é sinônimo da outra, estaríamos fazendo uma inversão das próprias fontes
normativas. Exemplos: Resp 924439 RJ e Re579951-4.
b) Impessoalidade. Princípio da impessoalidade: algo que é impessoal é algo que
não pertence a nenhuma pessoa, em especial. A administração pública tem sempre
que buscar o interesse publico, a finalidade pública, por essa razão não deve
incorrer em favoritismos e etc. Deve sempre buscar o interesse público. Hely diz que
a impessoalidade prevista no art. 37 da CF nada mais é do que o clássico princípio
da finalidade (princípio que está estabelecido no art. 2º da lei 9.784/99). Muita prova
múltipla escolha de concurso faz menção ao princípio da finalidade (que é o da
impessoalidade). É o principio da finalidade porque a administração pública tem
que almejar o interesse público, o que está na legislação, a finalidade pública. O
que acontece se o administrador público não seguir o princípio da impessoalidade?
Acontece o desvio da finalidade. Acontece o abuso de poder que tem duas ramificações:
o desvio da finalidade e o excesso de poder. Por ora, nos interessa o desvio de finalidade
(se afasta do interesse público previsto na legislação). Este princípio está previsto no art.
2º da lei 9.784/99 e do art. 2º, P.U. inciso III e XIII (da mesma lei).
c) Moralidade. O princípio da moralidade, durante um tempo, foi considerado um
princípio de menor importância, mas hoje, nesse cenário de neoconstitucionalismo,
de força normativa da CF, de se buscar os valores, sair do positivismo estrito e
legalista, a moralidade cada vez mais ganha importância. É o principio da ordem do
dia do direito administrativo, que deve nortear a conduta do administrador. Quando
falamos em princípio da moralidade, não é a moralidade em sentido amplo, genérico,
aberto, a moralidade é no sentido estrito, destinada ao administrador público, que deve
atuar de acordo com preceitos éticos, deve ser íntegro, probo, deve saber distinguir o
certo do errado. O sentido do princípio da moralidade é estrito, destinado ao
administrador público, que deve buscar os princípios morais, éticos. A moralidade
possui relação bem próxima com o principio da legalidade, a ideia é que a legalidade,
em boa medida, abarcou o princípio da moralidade (exemplo: lei 8.429/92). Se o
administrador público atua com desonestidade no exercício de sua função, ele vai ser
punido com a lei 8.429/92.
d) Publicidade. O princípio da publicidade - sua regra é que os atos da
administração pública são públicos, tem que haver a mais ampla divulgação
possível dos atos administrativos. Porque? Pois a administração pública não é
titular dos bens públicos, ela é apenas gestora dos interesses de bens de terceiros.
Seus atos devem ser públicos para que possa haver a prestação de contas (pois é
gestora). Então, a publicidade está amplamente relacionada com a prestação de contas.
Mais ainda, podemos pensar no princípio da publicidade no sentido de publicização
dos atos para que haja o controle das partes interessadas e do controle cidadão
(exemplo, art. 37 § 3º da CF - formas de participação popular). Em razão desse
principio é que existe a publicação dos atos administrativos em órgãos de
imprensa. A publicação que tem efeitos jurídicos é a publicação em órgãos oficiais
(Diário Oficial). Em nome desse princípio da publicidade é que os atos devem ser
publicados em órgãos oficiais e imprensas. Podemos falar num direito subjetivo, nesse
caso do princípio da publicidade, art. 5º, inciso XXXIII e LX CF. Existe um direito
subjetivo da publicidade, dos atos da administração pública, que pode ser reclamado via
petição, certidão, mandado de segurança, habeas data e etc. A falta de publicidade
afeta a eficácia do ato (aptidão para a produção de efeitos) e não a validade do ato.
e) Eficiência. Foi introduzido na CF pela Emenda Constitucional 19/98 (essa
emenda implementou a reforma do estado), essa emenda foi editada durante o
governo FHC. O discurso desse momento é o da pós-modernidade, o estado visto como
ineficiente, então, essa emenda promove a mudança do modelo de administração
pública (antes era o modelo burocrático, calcado no controle de processos), mudança na
lógica, saímos da administração pública burocrática e vamos para a administração
pública gerencial (característica de controle de resultados, e não mais processos). É
uma ideia de desburocratização. Essa emenda quer embutir a ideia de um estado que
tem que se desonerar, se esvaziar, é a concepção de um estado mínimo,
desburocratizado. Então, é nesse contexto que o princípio da eficiência surge na CF,
pois há uma demanda, pois não há eficiência na administração publica, ela tem que
deixar de ser burocrática para ser gerencial. A EC implementa o modelo de
administração gerencial que era burocrática. Essa emenda defende a ideia de eficiência,
celeridade. Por essa razão podemos entender que eficiência significa qualidade na
prestação. A eficiência, o dogma da eficiência, tem que estar relacionado a uma
ideia de produtividade, mas também de qualidade, a qualidade da prestação
oferecida.
1.2) Princípios reconhecidos: não é porque não estão expressos no art. 37 CF que
não são fundamentais; eles são, eles decorrem do nosso sistema político,
constitucional. São princípios reconhecidos pela doutrina, a legislação
infra-constitucional positiva boa parte desses princípios. O art. 2º da lei 9.784/99
positiva vários desses princípios reconhecidos pela doutrina e etc.
a) razoabilidade.
05/09/13:
1) Princípios Reconhecidos:
a) Razoabilidade.
a.1) Aspectos históricos.
a.2) Questão terminológica.
a.3) Exame dos subprincípios: adequação, necessidade e proporcionalidade.
b) Supremacia do interesse público sobre o privado.
São aqueles que decorrem da nossa ordem constitucional, são reconhecidos pela
doutrina, pela legislação infra-constitucional. São princípios vetores da atuação
estatal, são princípios primordiais da atuação do administrador publico.
Principio da razoabilidade:
Aspectos históricos: o substrato, a idéia do princípio da razoabilidade é uma idéia
muito antiga, remonta a filosofia grega, ou até mesmo antes. Aristóteles foi um dos
primeiros a vislumbrar a idéia de proporcionalidade no fenômeno jurídico.
Aristóteles: ética a Nicômaco (estabelece correlação, diz que o justo é o meio termo, o
proporcional é o meio termo). Hoje, a razoabilidade e a proporcionalidade estão na
medida do justo, do meio termo, do equilíbrio. É possível fazer referência a duas
grandes matrizes para esse princípio: a primeira matriz é oriunda da Common
Law inglesa (se relaciona diretamente com a razoabilidade), Magna Carta de 1215, no
art. 39, existia previsão da cláusula Law of the Land que foi posteriormente convertida
para a cláusula do devido processo legal; foi a fonte do princípio da razoabilidade. A
Common Law inglesa tinha uns aspectos que a distinguiam do modelo de Common Law
dos EUA: na Inglaterra, a cláusula do devido processo legal se aplicava apenas aos atos
do monarca, não se aplicava aos atos do poder legislativo (havia uma idéia muito forte
de soberania do parlamento), era uma aplicação limitada na Common Law inglesa. Nos
EUA essa cláusula é recepcionada de maneira vigorosa, eles incorporam na sua
constituição, na quinta e na décima quarta emenda, ela é recepcionada de uma maneira
muito mais vigorosa nos EUA do que na Inglaterra. Os EUA tinham uma idéia de
controle judicial, de constitucionalidade, o contexto americano é diferente do inglês,
propiciando maior adesão da cláusula do devido processo legal.
Em linhas gerais, nos EUA, a cláusula do devido processo legal atravessa duas fases, a
primeira que seria a processual (uma fase direcionada à observância, ao cumprimento da
ampla defesa e do contraditório) e a material (dimensão substantiva; passa a ser aplicada
na verificação do mérito. Então, primeira grande matriz do princípio da razoabilidade é
a Common Law (primeiro a inglesa e depois a americana). E a segunda matriz do
princípio da razoabilidade é proveniente da Europa continental, especialmente da
França. Na França,o princípio recebe o nome de principio da proporcionalidade, e
está atrelado a teoria do desvio de poder. O critério da proporcionalidade sai da
França, vai para a Áustria, Itália, Portugal, Espanha e chega até a Alemanha. A idéia de
proporcionalidade é de se criar um aspecto de proteção dos direitos individuais em
face de arbitrariedades do estado. Depois da segunda guerra mundial, na Alemanha, o
princípio da proporcionalidade ganha força. Inicialmente a lei alemã traz o princípio da
proporcionalidade como um principio implícito, e de fato ele vai ser positivado na
constituição alemã. É a doutrina, a jurisprudência alemã, que constrói esse princípio da
proporcionalidade. Então, a consolidação de fato do princípio da razoabilidade,
proporcionalidade, acontece no período posterior à segunda guerra mundial.
Questão terminológica: razoabilidade ou proporcionalidade? Tem uma grande
divergência doutrinária. Razoabilidade: conceito está relacionado ao direito
anglo-americano. Já a terminologia proporcionalidade é mais costumeira do
direito alemão, da Europa continental. No Brasil, alguns autores entendem que há
uma fungibilidade entre ambos os princípios (Luis Roberto Barroso, Susana de
Toledo Barros, Gilmar Mendes), Celso Antônio Bandeira de Mello entende que a
proporcionalidade é um aspecto da razoabilidade, Di Pietro também entende da
mesma maneira (a proporcionalidade seria um fator, aspecto, da razoabilidade,
poderia distinguir um do outro em virtude da sua acepção gramatical, então,
razoabilidade [razão] é mais ampla do que a proporcionalidade [proporção]), Hely
também pensa assim. Carvalhinho já pensa que é um é distinto do outro. Humberto
Ávila vai entender que razoabilidade e proporcionalidade são coisas distintas, para ele, a
razoabilidade não diz respeito a uma relação entre meios e fins. Ávila chama
razoabilidade e proporcionalidade não de princípios, mas sim de postulados normativos.
Em sala adotaremos a nomenclatura de razoabilidade (porque a nossa jurisprudência
majoritária não estabelece distinção propriamente entre razoabilidade e
proporcionalidade e a maior parte das decisões acaba adotando a terminologia
razoabilidade, e, porque a posição dos administrativos é de a razoabilidade ter um
sentido maior, mais amplo que a proporcionalidade, ela não se esgota na razoabilidade).
E porque não adotamos a nomenclatura postulados normativos? Para privilegiar,
prestigiar a idéia de um critério gradualista (matéria vista na última aula).
Exame dos subprincípios: o princípio da razoabilidade pode ser discriminado em
três subprincípios.
O primeiro é o subprincípio da adequação ou da aptidão ou da idoneidade:
significa que a adequação importa em uma verificação se uma determinada
medida (lei, ato administrativo) é apto, idôneo para alcançar uma determinada
finalidade. Exemplo recente: em 2013 saiu um edital para a polícia da Bahia que
exigia para determinados cargos (delegada, escrivã) um exame detalhado ginecológico –
adequação nenhuma, medida totalmente inadequada. Exemplo comum da doutrina:
edital de concurso que exige prova de latim para a função de merendeiras em uma
creche. O subprincípio da adequação também pode ser correlacionado com a idéia
de equidade, em sentido amplo (Humberto Ávila) basta pensarmos numa
penalidade, infração e a medida adequada para essa penalidade. A adequação é a
primeira etapa na verificação do princípio da razoabilidade, eu necessariamente tenho
que vencer a primeira etapa para testar se uma medida é razoável ou não (essa etapa é
complementada pelos outros subprincípios).
O segundo é o subprincípio da necessidade ou da exigibilidade (da medida mais
branda, suave) ou da menor ingerência possível ou `proibição do excesso’.
Bonavides diz que o subprincípio da necessidade pode ser resumido em uma frase:
de dois males, escolha o menor. Ele teria duas dimensões: primeira: sua aplicação deve
buscar a menor onerosidade aos direitos fundamentais. A segunda seria uma dimensão
atrelada a causar o menor prejuízo, menor onerosidade possível ao poder público. Essas
duas dimensões dependem da hipótese, do caso. Exemplo: empresa ambiental: colocar
filtros ou fechar, a medida mais onerosa é o filtro e não o fechamento da empresa.
Aquilo que é adequado pode vir a ser necessário ou não, então, aquilo que é necessário,
não pode ser inadequado. É uma segunda etapa do teste da razoabilidade.
O terceiro é o subprincípio da proporcionalidade (não tem porque falar em sentido
estrito se está adotando a terminologia razoabilidade, se a terminologia fosse
proporcionalidade, aí tem sentido falar em proporcionalidade em sentido estrito). O
terceiro subprincípio é fazer um balanceamento entre o bônus e o ônus. O que se
ganha com a medida deve ser mais significativo do que o que se perde, é um
momento em que fazemos um balanceamento do que está em jogo. Exemplo: tempo
de manifestações, poder público resolve eletrocutar todos os monumentos públicos, aí
os manifestantes levam descarga elétrica que os incapacita e eles morrem (não é
razoável, o subprincípio da proporcionalidade foi violado). Violação de qualquer um
dos subprincípios importa em violação do principio da razoabilidade. Na prática,
os subprincípios acabam se misturando.
Supremacia do interesse público sobre o privado: interesse público não é o
interesse da maioria, necessariamente. O interesse público pode estar na satisfação
de um único interesse privado, pois aquele interesse de um indivíduo,
aparentemente parece individualizado, mas é o interesse do indivíduo enquanto
participe de uma comunidade. Então, o interesse público pode estar na satisfação
de um único interesse. Exemplo: sujeito que tem um buraco em frente a sua casa,
manda tapar, parece individual, mas na verdade se pararmos para analisar, refletir,
vemos que o interesse é da coletividade. Quando falamos em princípio da supremacia
do interesse público sobre o privado, temos que ter idéia que esse é um vetor, uma
garantia, é algo inerente à vida em sociedade, ele seria uma espécie de pressuposto
lógico do convívio social. Na CF não temos expressamente escrito esse princípio, mas
podemos depreender, extrair essa noção de diversos artigos da CF, que fazem alusão a
esse princípio (basta pensarmos na função social da propriedade, no direito ao meio
ambiente sadio e etc.), daí porque alguns autores entendem que esse princípio é
implícito. Existem manifestações concretas desse princípio, como a desapropriação
(modalidade de intervenção drástica do estado na propriedade), art. 5º, XXIV CF. Outro
exemplo é a requisição (uma modalidade branda de intervenção do estado na
propriedade – sujeito perde uma das faculdades inerentes ao domínio, essas faculdade
estão previstas no art. 1228 do CC), art. 5º, XXV CF. Exemplo de requisição: sujeito
perde temporariamente um dos atributos, não perde a propriedade.
Exemplo de pessoa que é parada no trânsito por um policial e o carro é retido. Edição de
atos administrativos (os atos são unilaterais), então, quando edita, o administrado
particular vai se sujeitar ao ato editado pela administração. E uma última expressão
que podemos dizer desse princípio é o próprio princípio da auto-tutela (significa
que a administração pública pode revogar os seus próprios atos, quando o ato se
tornar inconveniente, inoportuno, a administração pública vai poder revogar ou
anular seu próprio ato).
Críticas a esse princípio da supremacia: Humberto Ávila – texto pioneiro na
problematização dessa supremacia, foi o primeiro a escrever no Brasil sobre essa
questão. Ávila chegou a afirmar a própria inexistência desse princípio da
supremacia. As críticas foram: se existe uma supremacia, essa supremacia não é do
interesse público, olhando para a CF com o amplo catálogo de direitos fundamentais,
com fundamento na dignidade da pessoa humana, não é possível extrair um princípio de
supremacia do interesse público, se existe uma supremacia, ela deve ser nos direitos
privados, com base nos direitos fundamentais. Outra critica de Ávila: não é possível
atribuir a qualificação princípio ä supremacia do interesse público sobre o privado
(Ávila diz que quando há um choque com o princípio da supremacia, não há o
balanceamento, há a supremacia, não seria um princípio, seria uma regra de prevalência,
quando houvesse algum problema). E a terceira crítica que ele faz é que esse princípio
seria um conceito jurídico indeterminado, seria, portanto, fluido, não seria palpável.
Daniel Sarmento, Gustavo Binembojm, Alexandre Aragão (o pessoal da UERJ. Eles se
juntaram e organizaram um livro chamado `Interesse Público X Interesse Privado,
Desconstruindo a Supremacia do Interesse Público`) – eles seguem a crítica de Ávila e
sofisticaram sua idéia.
Crítica ao Ávila: a tese de desconstrução ao princípio: os autores clássicos (Maria Silva
Di Pietro, Celso de Mello, Hely) incorreram em algum descuido terminológico, mas não
tinham a idéia de interesse público abstrato, ilimitado, que vence sempre. É lógico que o
interesse público não é ilimitado, ele não prevalece a priori. A turma do Sarmento e do
Ávila interpretaram errado esses autores e os criticaram pensando nisso. Aí esses
autores clássicos foram e os criticaram novamente por esse posicionamento.
Existe uma distinção que nos ajuda a pensar nessa questão da supremacia do
interesse público, feita por um autor italiano chamado Renato Alessi. Esse autor
estabeleceu a distinção da figura de um interesse público propriamente dito
(interesse público primário – interesse constituído na lei, na CF, o propriamente
dito), e o interesse público secundário (interesse da pessoa jurídica de direito
público – União, estado, município, Distrito Federal. Interesse do ente político
enquanto pessoa). O chamado interesse secundário só pode ser exercido se estiver
em consonância com o interesse primário. Exemplo concreto: desapropriação (União
quer pagar o menor valor possível de indenização, mas a CF diz que a indenização tem
que ser justa, como fica? A União paga menos? Não! Pelo menos no plano da
idealização).
Luis Roberto Barroso: faz o prefácio do livro do pessoal da UERJ, do Sarmento e etc.
Ele discorda do livro. Ele diz que o interesse público primário vai ser o critério da
ponderação, ele não pode ser sopesado, balanceado numa certa ponderação.
10/09/13:
Princípios reconhecidos:
A fixação do prazo para a anulação – lei 9.784/99, art. 54 (esse artigo é uma
expressão da segurança jurídica, da proteção à confiança legítima, é um artigo
fundamental no direito administrativo). A administração pública tem cinco anos
para invalidar o ato, se ela não faz isso, já era, ela não poderá mais fazê-lo. Esse
artigo conjuga aspectos de segurança e boa-fé. Se a administração ficou inerte, é
natural que a situação se consolide e ela não possa mais anular o ato administrativo,
mesmo que o ato tenha algum tipo de vício de legalidade, pois se entende que o
interesse público pode estar justamente em manter aquele ato administrativo ilegal.
A regulação dos efeitos já produzidos por um ato ilegal – nesse caso, não se
mantém o ato ilegal. Nessa hipótese há uma anulação, invalidação de um ato ilegal.
Há a anulação do ato, mas os efeitos não serão retroativos até a prática do ato
(pode ser de um determinado momento para frente). Art. 27 da lei 9.868/99 –
modulação dos efeitos temporais da declaração de inconstitucional.
A regulação dos efeitos da súmula vinculante – temos no art. 4º da lei 11.417/06 que
regulamenta o art. 103 A da CF. O que estabelece esse artigo 4º? De acordo com ele
a súmula vinculante tem eficácia imediata, porém, se houver o voto de 2/3 dos
ministros do STF, é possível se restringir os efeitos vinculantes ou se decidir que
aqueles efeitos só tem eficácia a partir de um determinado momento. Caso julgado
pelo STF em 2012: MP que foi convertida em lei e essa lei criou o Instituto Chico
Mendes. O STF entendeu que essa lei que criou o instituto, foi considerada
inconstitucional, por vício na forma de tramitação da MP posteriormente convertida em
lei (devido ao art. 62, §9º da CF – estabelece uma exigência: toda MP que for convertida
em lei, tem que passar pelo exame da comissão mista do Congresso, composta por
deputados e senadores. Essa exigência é de 2001, porém, o Congresso tinha uma
resolução, falando que se o parecer não acontecer em 14 dias, fica dispensado esse
exame, esse parecer. STF optou pela inconstitucionalidade dessa resolução e como essa
MP foi convertida em lei e não tinha observado essa necessidade de parecer pela
comissão mista do Congresso, foi verificado, então, vício. Porém, estariam nessa
mesma situação outras diversas MP's, mais de 500, entre elas o bolsa família, o ProUni
e etc. Então, o STF percebeu que se decidisse daquela forma, criaria uma instabilidade
constitucional. Celso Antônio Bandeira de Mello foi o primeiro a criticar o STF: disse
que ou algo é constitucional ou não é, ou é legal ou não é; diz que por pior que sejam os
efeitos de uma decisão, ela seria a melhor decisão. Já Fábio Konder Comparato
discorda, diz que o que o STF fez foi ser consequente em suas próprias decisões, o STF
nada mais fez do que um balanço com a segurança jurídica, com a ordem constitucional
e etc. Outros autores entenderam que o STF não fez nada mais do que o art. 27 da lei
9.868/99 fala). Então, o STF voltou atrás e entendeu pela constitucionalidade da lei.
1.8) Lei pendente de regulamento: a regra legal que autoriza o chefe do poder
executivo a regulamentar uma determinada lei, deve necessariamente trazer o
prazo, apontar o prazo, dentro do qual deve ser expedido o ato de regulamentação
dessa lei. Durante esse prazo, enquanto não houver a edição do ato regulamentar (a
regulamentação), os efeitos daquela lei ficam pendentes. Carvalhinho diz que se a lei
não traz um prazo para que seja exercida essa competência regulamentar, essa lei
estaria, então, a cargo do administrador público, sendo, portanto, inconstitucional.
Na hipótese de omissão (se não houver regulamentação), é cabível o mandado de
injunção.
1.9) Regulamentação técnica: a ideia é que o legislador não tem como dispor, por
meio da lei, de matéria técnica. Fenômeno da deslegalização ou da deslegificação –
mediante este fenômeno o próprio legislador vai delegar para a administração
pública (administrador público) a possibilidade de editar normas gerais de caráter
técnico. A matéria sai do domínio da lei para o domínio do regulamento, o próprio
legislador transfere essa atribuição de regular uma matéria extremamente técnica. Essa
transferência não é absoluta, ilimitada. O legislador transfere os aspectos técnicos (e sua
possibilidade de tratamento). Essa ideia de deslegificação é observada na seara do
âmbito das agências reguladoras que são autarquias sob regime especial. As leis
instituidoras das agências reguladoras vão estabelecer uma autonomia maior para essas
agências reguladoras. As agências reguladoras são chamadas de autarquias de controle.
As leis que instituem as agências reguladoras conferem para essas agências o chamado
poder normativo técnico (que é a ideia da deslegalização ou deslegificação). Essas
agências reguladoras podem editar essas normas de caráter geral, mas elas se
materializam via atos regulamentares. A grande controvérsia nessa questão de
regulamentação técnica é a convivência com o princípio da legalidade (art. 5º, II
CF).
Poder de polícia:
1) Introdução.
2) Evolução Histórica.
3) Conceito.
4) Disciplina Normativa.
6) Características.
6.2) Autoexecutoriedade.
6.3) Coercitividade/coercibilidade.
Disciplina Normativa: art. 145, II CF (fala que é cabível a cobrança de taxas em razão
do exercício do poder de polícia), além disso, art. 78 do CTN (código tributário
nacional). Porque o CTN tratou do poder de polícia? Porque o poder de polícia e seu
exercício, constitui um fato gerador da cobrança de taxas. A atividade, o exercício,
do poder de polícia autoriza a cobrança de uma taxa (que é um espécie de tributo),
sendo assim, tratado no CTN. Distinção entre impostos e taxas: ambos são espécies
do gênero tributo. Os impostos são chamados de tributos não vinculados, ou seja, a
destinação da sua receita é objeto da discricionariedade do administrador. Já as
taxas são tributos vinculados (art. 145, II CF). Primeiro fato gerador das taxas: o
exercício do poder de polícia. Exemplos de taxas de polícia: taxa de incêndio, de
vigilância sanitária, de fiscalização de cemitérios, de fiscalização de obras em área
privada. O STF tem uma jurisprudência no sentido de que pode lançar a cobrança de
uma taxa por determinado período, certo, sem que aquele estabelecimento tenha sofrido
efetivamente fiscalização. Pois o STF entende que a mera existência de um corpo de
agentes e funcionários, é possível essa cobrança da taxa, mesmo sem fiscalização,
pois há a existência do corpo para fiscalizar. Agravo regimental no recurso
extraordinário com agravo Nº 664722. Os serviços públicos genéricos e indivisíveis não
podem ser remunerados por taxas (exemplo: serviço de iluminação pública). Distinção
entre taxa e tarifa: taxa é um tributo ex legem (deriva da lei). A tarifa tem outra
natureza, não é natureza legal, e sim, natureza negocial, contratual.
Objeto do poder de polícia: todo bem, atividade ou direito que possa de algum
modo interferir no interesse público. É tão grande o número de interferências
recíprocas na sociedade que é difícil não termos o poder de polícia em alguma área.
Está em diversas áreas, diversos âmbitos.
08/10/13:
6) Características.
6.2) Autoexecutoriedade.
6.3) Coercitividade/coercibilidade.
1) Competência.
2) Delegação.
4) Meios de atuação.
5) Limites.
Existem alguns atos que são atos tidos como preparatórios ou sucessivos ao exercício do
poder de polícia, o que se entende é que poderia haver um contrato que transferisse a
operacionalização material desses atos (exemplos: instrumentos de detectação de álcool,
de velocidade e etc.), são atos que operacionalizam esse funcionamento. Poderia ser
feito via contrato (o contrato transferiria a materialização, a operacionalização à
iniciativa privada, não caracterizando a transferência do poder de polícia). Resp 759759
que confirmou a licitude dos pardais eletrônicos.
Poder de polícia é atividade típica do estado; quem tem poder de polícia é quem
tem alguma vinculação com o poder público.
Limites: poder de polícia não é um poder ilimitado, ele tem algumas balizas,
condicionamentos (eles estão relacionados ao interesse social, aos próprios direitos
fundamentais). Temos que ter a ideia de proporcionalidade, razoabilidade, do devido
processo legal e etc. Não se fala em punição sumária, tem que haver o contraditório e a
ampla defesa, exceto se for caso de urgência ou flagrância.
Prescrição da pretensão punitiva: lei 9.873/99 – lei de âmbito federal e é uma lei
específica para a prescrição da ação punitiva do poder de polícia. A lei estabelece,
no art 1º, qual seria o prazo (que seria de 5 anos para que a administração pública exerça
sua ação punitiva). Mesmo antes do advento dessa lei, já se admitia esse prazo de cinco
anos, pois existe o decreto 20.910 que também estabelece o prazo de 5 anos para que
qualquer cidadão ingresse, cobre, da administração pública, da fazenda pública, algum
tipo de crédito. Mesmo antes do advento da lei 9.873/99 já existia esse prazo, o que a lei
fez foi positivar. Alguns artigos importantes dessa lei: art. 1º, § 1º, § 2º. O disposto
nessa lei, não se aplica às infrações de natureza funcional.
15/10/13:
17/10/13:
Atos administrativos:
• Introdução
• Conceito
• Quem pode praticar
• Regime jurídico
• Silêncio administrativo
• Elementos
Introdução: durante muito tempo a figura dos atos administrativos era uma figura
central, o instituto dos atos administrativos era um dos institutos mais relevantes para o
direito administrativo. Porém, hoje, esse instituto vem perdendo sua importância, seu
protagonismo para outras figuras, institutos do direito administrativo, como por
exemplo para a figura do processo administrativo. Porque isso ocorre? Pois, cada vez
mais a atenção se volta não para o ato em si, mas sim para a relação obrigacional, a
relação em si, o processo administrativo. O fato dos atos administrativos perderem parte
de sua importância não significa que eles não sejam importantes, que eles não
continuem tendo relevância importante para o direito administrativo. Os atos
administrativos são responsáveis por delinear, definir, os contornos da disciplina de
direito administrativo. O ato administrativo é um ato de poder, um ato da
administração pública. Os atos administrativos são atos de supremacia unilaterais
da administração pública.Antes do estado de direito, o chamado estado de polícia, não
existia o instituto dos atos administrativos. O ato administrativo está intimamente
relacionado com o Estado de Direito. O ato administrativo faz uma mediação, ele media
a vontade da administração pública e os efeitos jurídicos que aquele ato produz para o
administrado. O ato administrativo é uma espécie de filtro de legalidade da vontade
administrativa e dos efeitos dessa vontade. A teoria dos atos administrativos surge
com o advento do estado de direito, com a ideia do princípio da legalidade. O ato
administrativo é uma espécie do gênero ato jurídico em sentido estrito, pois o ato
administrativo é uma manifestação volitiva da administração pública destinada a
produzir efeitos jurídicos.
Quem pode praticar um ato administrativo: Quem pode é quem exerce a função
administrativa. Todos os poderes do estado podem exercer a função administrativa
(legislativo, executivo e judiciário – pois todos podem exercer função administrativa no
exercício de sua competência atípica). O poder, por excelência, que pratica atos
administrativos, é o poder executivo. Então, quem pode praticar atos administrativos?
Em primeiro lugar são os chamados agentes da administração (são os sujeitos, agentes,
que integram os órgãos administrativos das pessoas federativas, políticas). Em segundo
lugar temos os agentes que compõem as entidades da administração indireta, ou
seja, os agentes que compõem as autarquias, as sociedades de economia mista, os
consórcios públicos e etc. A administração direta pode, via lei, criar ou autorizar a
criação de órgãos da administração indireta para exercer atos/funções administrativas. E
a administração direta, via contrato, pode delegar a função administrativa para particular
(exemplo: concessionária e permissionária). Quem pode praticar ato administrativo
são todos da administração indireta e posso ter também particular (se a função
administrativa for objeto de delegação via contrato para um particular).Portanto,
quem pode praticar ato administrativo? Os agentes que compõem os órgãos da
União, Estado, Distrito Federal e Município, os agentes da administração indireta e
os chamados agentes delegatários (particulares). Enquanto a concessionária e a
permissionária estiverem exercendo essa função administrativa, esses atos são
classificados como atos de autoridade, podendo caracterizar até mesmo um abuso de
poder, podendo ser objeto de mandado de segurança ou de ação popular. Esse agente
delegatário pode (enquanto no exercício da atividade administrativa), praticar ato
administrativo, se ele não estiver no exercício dessa função, ele estará praticando ato
privado. O mesmo raciocínio vale também para a administração pública (direta e
indireta). A administração pública pode praticar atos privados (quando município emite
um cheque). Atos políticos: são os atos que emanam diretamente da constituição,
são atos que envolvem um grau bastante elevado de discricionariedade (indulto,
veto, sanção e etc. - exemplos). Alexandre Aragão diz que os atos políticos podem ser
qualificados, classificados, como atos administrativos. Já Carvalhinho entende o
contrário.
Elementos: quando falamos de atos administrativos, para que ele exista (plano da
existência), ele precisa conter uma série de elementos. Para que esse ato
administrativo seja válido (plano da validade), esses elementos precisam atender a
uma série de requisitos e no plano da eficácia (aptidão para produzir efeitos
jurídicos), falamos exatamente dessa aptidão para produzir efeitos. Mesmo que o
ato seja válido, nem sempre ele será eficaz. Primeira questão dos elementos: a doutrina
diverge, alguns chamam de elementos, outros de pressupostos, outros de requisitos e
etc. A doutrina não é unânime, mas nós usaremos a nomenclatura 'elementos'. Esses
elementos constituem pressupostos necessários à validade dos atos administrativos, ou
seja, se tivermos a ausência, falta, de qualquer um dos cinco elementos do ato
administrativo, teremos um ato que contém um vício de legalidade (será passível de
anulação). Elementos dos atos administrativos: COMFIFORMOB – COM –
competência, FI – finalidade, FOR – forma, M – motivo e OB – objeto. Lei da ação
popular (4717/65), art. 2º (fala dos elementos dos atos administrativos).
22/10/13:
Atos administrativos:
Elementos dos atos administrativos: ausência deles pode implicar na anulação dos
atos administrativos (basta a ausência de um deles para ter o vício da anulação).
1) Competência: círculo, esfera, âmbito, conferido pela lei, dentro do qual o agente
público pode legitimamente exercer as suas atribuições.A noção de competência
está intimamente relacionada com a ideia de trabalho, de divisão e organização do
trabalho (para que melhor seja exercida qualquer tipo de distribuição). Competência
também está atrelada à perspectiva da ideia de capacidade (é a possibilidade,
idoneidade, de se atribuir a alguém a titularidade das relações jurídicas). Porém, aqui,
no âmbito do direito público, não é suficiente que o agente seja capaz, pois além da
capacidade tem que haver a competência. Quando pensamos na noção de competência,
estamos falando na noção primeira de validade dos atos administrativos. A noção de
competência decorre de expressa noção legal (a lei que vai delimitar o âmbito de
atuação do agente). A fonte normal, mais comum, de competência é a lei. Porém,
dependendo da posição hierárquica em que se encontre um determinado órgão,
agente, sua competência pode estar estabelecida não na lei, mas sim na CF
(depende da estatura, da hierarquia normativa). Também podemos ter órgãos, agentes,
com estatura hierárquica menor, podem ter suas competências, então, estabelecidas nos
chamados atos administrativos de organização. Logo, a competência pode estar
estabelecida na CF, na lei ou em atos administrativos de organização.A competência
será sempre inderrogável (ou seja, a competência não pode ser transferida por acordo de
vontade). E a competência também é improrrogável (ela não se transforma, não se
transmuda em competência – a não ser que haja eventualmente alguma alteração na
norma definidora da competência) – ela não é inderrogável e nem improrrogável porque
é requisito de ordem pública. Quando falamos de competência, necessariamente,
precisamos falar da noção de delegação e avocação:delegação, necessariamente, só
pode se dar nos termos da lei – lei como instrumento da delegação (ela consiste na
transferência de atribuições de um órgão, agente, para outro [geralmente de nível
hierárquico menor]). A autoridade delegante permanece competente, não perde a
competência. Delegação: lei 9784/99, arts. 11, 12, 13 e etc. Exemplo de delegação: art.
84, P.U. CF. Delegação não é regra na administração (é uma figura excepcional, por
isso precisa estar prevista na lei). Avocação: avocar significa chamar para si (superior
hierárquico chama para si atribuições que são de seu subordinado). Avocação também
não é regra na administração. Avocação: lei 9784/99, art. 15. Avocação: finalidade
se evitar decisões contraditórias. Exemplo de avocação: art. 103, B, § 4º, III CF.
Avocação e delegação são figuras excepcionais, não podem ser tomadas como regra. O
que a doutrina tradicional diz como regra? Que a competência é sempre um elemento
vinculado do ato administrativo (autores clássicos – Hely Lopes Meireles, Caio Tácito).
Teoria dos motivos determinantes: em relação à motivação, ainda que possa haver
alguma controvérsia se ela seria obrigatória ou não, adotamos a posição que a
motivação nem sempre é obrigatória, entendendo a mesma de maneira restritiva.
Quando divulgo motivos, fico vinculada à veracidade dos motivos que divulguei.
Teoria dos motivos determinantes: ainda que se discuta a obrigatoriedade de
motivação, se o administrador vincula os atos administrativos, ele fica vinculado à
veracidade dos motivos divulgados (controle judicial dos motivos divulgados pelo
administrador).
Siqueira Castro e Di Pietro [em parte] defendem esse posicionamento: A doutrina mais
moderna, contemporânea, vem entendendo que quando admitimos a possibilidade
de delegação e avocação (mesmo precisando de expressa previsão legal) isso seria
uma forma de mitigação da ideia de que um elemento competente é um elemento
vinculado.
Siqueira Castro defende esse posicionamento: A forma também pode ser mitigada,
segundo a doutrina moderna, com exemplo da própria lei (8.666/93 – estatuto geral
de licitações e contratos, art. 60, P.U. - como regra é nulo qualquer contrato verbal com
a administração, salvo o de pequenas compras [até 4 mil reais] e pronto pagamento
[paga na hora]). Isso mostra que a forma não é sempre vinculada, ela pode também ser
discricionária (como mostra o exemplo acima do art. do estatuto geral de licitações e
contratos).
24/10/13:
A maior parte dos atos administrativos possui os três atributos que iremos estudar hoje.
Essas características distinguem os atos administrativos públicos dos privados. Porém,
temos exceções (alguns atos administrativos não são dotados dos atributos que
veremos).
Atos administrativos vinculados: a lei não vai deixar nenhuma margem de escolha
para o administrador público, ou seja, apenas uma medida vai ser possível. Apenas
uma solução será possível, factível, na hipótese. Ato administrativo vinculado:
elementos estão integralmente previstos na lei. Art. 40, § 1º, II CF (aposentadoria
compulsória – exemplo clássico de ato administrativo vinculado). Nesses atos
administrativos vinculados, o que o administrador tem a fazer é uma mera execução.
Dizer que o ato administrativo vinculado é aquele no qual há uma mera execução do
que está escrito na lei, hoje, podemos dizer que está hermeneuticamente errado, pois na
verdade sempre irá existir um juízo de valoração, subsiste uma valoração, um juízo
axiológico. O texto, a letra da lei, sempre precisa ser interpretado, e a interpretação
vai envolver um caráter valorativo, modificativo. Temos um texto e a norma
sempre será o produto da interpretação. Então, mesmo diante de um ato
administrativo vinculado (elementos todos previstos na legislação, aparentemente), o
administrador sempre fará uma interpretação, valoração. Lógico que ele está
limitado ao texto, tem um limite hermenêutico, mas, sempre há essa valoração, até
porque o próprio processo de compreensão é complexo.
29/10/13:
Para que se possa conhecer de algo, é preciso conhecer desse algo. O juiz precisa
examinar esse algo, conhecer. Por isso, o exame, a ideia, cognição, do juiz é ampla. É
recomendável que o juiz faça um exame de legalidade, ainda que em sentido amplo.
Não é licito que diante de um juízo do administrador, um juízo de legalidade, que o juiz
substitua esse juízo pelo seu próprio juízo. Essa deveria ser a regra, porém, em matéria
de politicas públicas, observamos que o poder judiciário às vezes se faz de
administrador público. ADPF 45 (violou preceito fundamental trazido pela EC 29/00 –
trata da distribuição de recursos na área da saúde). Essa ADPF veiculou a possibilidade
do juízo do juiz determinar o que o administrador devia fazer. Suspensão de tutela
antecipada nº 175.
Classificação dos atos administrativos: inúmeros são os critérios para classificar os atos
administrativos, e não existe um consenso na doutrina. A classificação que trataremos
em sala será a base da Di Pietro.
Quanto aos efeitos: o ato administrativo pode ser constitutivo (ato pelo qual a
administração pública cria, modifica ou extingue determinado direito ou determinada
situação de fato do administrado, exemplo: quando concede permissão, autorização e
etc.), declaratório (via ato administrativo declaratório, a administração pública
reconhece direito anterior [pré-existente] à pratica de um determinado ato, exemplo:
licença) ou enunciativo (aqueles nos quais a administração pública vai reconhecer uma
determinada situação de fato ou de direito, exemplo: emitiu um atestado, certificado).
Há quem entenda que os atos enunciativos não seriam atos administrativos em sentido
típico, pois não há manifestação de vontade no intuito de produzir efeito jurídico, pois a
administração está apenas atestando, certificando.
Lei 9472/97 (lei geral de comunicações) – ela vai definir a possibilidade do poder
público poder delegar o serviço público de telecomunicações, ela não chama de
autorização, e sim, de licença (então mais um exemplo de uso errado do vocábulo).O
que é preciso ter em mente quando falamos de autorização? Mesmo que o requerente,
pretendente, satisfaz todos os requisitos legais, não existe um direito subjetivo à
obtenção da autorização ou à manutenção da autorização. Não há um direito subjetivo,
ou seja, a administração pública faz um juízodiscricionário.
31/10/13:
Quanto à forma:
Resoluções e portarias (são uma forma pela qual se revestem atos gerais ou
individuais que emanem de qualquer outra autoridade que não seja o poder
executivo, exemplo: resolução ou portaria de caráter geral [organização de
atribuições internas de um órgão] ou individual [portaria de ferias]).
Alvará (ideia é que o alvará é uma forma que terá sempre por conteúdo
uma licença ou autorização, exemplo: alvará de funcionamento de
determinado comercio).
Extinção objetiva – uma sociedade que vai ser interditada; vai ser objeto de
interdição pelo poder publico, aí ela entra em falência ou sofre um incêndio,
isso é extinção objetiva.
05/11/13:
Anulação:
1) Definição.
2) Controvérsia doutrinária: teoria monista ou dualista?
3) Terminologia.
4) Elementos apreciados.
5) Quem pode invalidar.
6) Efeitos.
7) Prazo para invalidação.
8) Observações:
- confirmação.
- convalidação.
a) ratificação.
b) reforma.
c) conversão.
- atos administrativos meramente irregulares.
Revogação:
1) Definição.
2) Quem pode revogar.
3) Efeitos.
4) Limitações ao poder de revogar.
Anulação:
Definição: forma de extinção dos atos administrativos que contenham algum tipo de
vício de legalidade, esse ato, portanto, é passível de anulação. Extinção do ato
administrativo porque ele é exatamente contrário ao direito. Tem o dever de invalidar o
ato administrativo quando o ato contiver algum tipo de vício de legalidade.
Controvérsia doutrinária: aplica a teoria monista ou dualista? Se olharmos para o
direito privado, ele trabalha no que tange a teoria das nulidades, trabalha com as
duas categorias: de nulidade (art. 166 CC) e anulabilidade (art. 171 CC).
Questionamento: saber se o sistema das nulidades, aplicável ao direito privado, também
poderia ser aplicado ao direito administrativo. A nulidade pode ser declarada de ofício,
já na anulabilidade só é possível se falar em anulabilidade se as partes, de alguma
forma, provocarem o poder judiciário. A nulidade não admite convalidação, ao passo
que a anulabilidade admite sim a possibilidade de convalidação. Há quem defenda a
aplicação da teoria monista (que no direito administrativo só poderíamos falar de
nulidade [absoluta]), ou seja, algo é nulo ou não é, não existiria a nulidade relativa,
somente a nulidade absoluta – teoria monista é considerada minoritária.Já a teoria
dualista afirma que poderíamos falar da existência tanto de nulidades absolutas, quanto
de relativas, admite a teoria dualista (majoritária)- aplicar o sistema dicotômico próprio
do direito civil no direito administrativo. Carvalhinho afirma que a teoria mais
adequada, que deve ser aplicada, é a chamada teoria dualista (majoritária), mas
ele diz que a regra seria a nulidade (porque trabalhamos com o interesse público,
alcançar o interesse público, que é indisponível), então, a anulabilidade (nulidade
relativa) seria exceção. Lei 9784/99, art. 55 (fala da existência de defeitos sanáveis,
então, admite o sistema dicotômico, a existência de nulidades e anulabilidades). Vícios
superáveis, então, o ato pode ser convalidado.
Prazo para invalidação: por conta do princípio da legalidade, se entendia que não
se havia propriamente um prazo para a invalidação de um ato administrativo.
Porém, se entendia que se houvesse alguma previsão expressa nesse sentido (de ter
prazo), essa previsão deveria ser respeitada. Alguns autores chegaram a defender a
ideia de prazo do CC, o maior prazo que há, que é de 10 anos (de acordo com o art. 205
CC). Posteriormente, se defendeu a aplicação do art. 1º do DL 20910/32 – estabelece o
prazo de 5 anos para eventual cobrança de crédito contra a fazenda pública. No entanto,
hoje, com o advento da lei 9784/99, com seu art. 54, estabelece o prazo de 5 anos para a
administração pública anular seus próprios atos, dos quais decorram efeitos favoráveis
para o administrado.Esse prazo é decadencial, se a administração pública não opera
esse prazo, ocorre a decadência, ou seja, a perda de um direito potestativo. OBS.: hoje, a
doutrina administrativa contemporânea, mais recente, vem sempre com o cotejo entre o
princípio da legalidade e o princípio da segurança jurídica (princípio à confiança
legítima, à boa-fé e etc. – vem ganhando espaço). Caso em que há licença para
construir, aí ela tem algum vício, e a administração pública não invalida esse ato, anos
depois vem a tona o fato da licença ser ato ilegal, aí a administração pública observa
aquela situação e vê que várias pessoas habitam aquele lugar e etc, então, o decurso do
tempo traz uma estabilidade, então temos que pesar esses dois princípios (do princípio
da legalidade e da segurança jurídica). Cada vez mais ganha espaço a possibilidade
de termos o ‘fato consumado’ (o decurso do tempo consolida uma situação e aquela
situação não tem mais como ser invalidada, pois gera uma situação quase que
insustentável). O prazo de 5anos é para a administração pública!
Revogação:
Definição: tenho um ato administrativo que é válido, legítimo, não há nenhum vício de
legalidade, a administração pública faz é um juízo de conveniência e oportunidade e
decide retirar, suprimir, o ato administrativo do ordenamento jurídico.A ideia é que o
interesse público é sempre um conceito dinâmico, mutável, mudando de acordo
com o interesse do estado, diante disso, a administração pública, para dar conta
disso, se utiliza do instituto da revogação (o que foi interessante ontem pode não ser
hoje). Art. 53 da lei 9784/99 – esse poder de revogar é uma decorrência do poder
discricionário da administração pública, justamente por ser juízo político (faz juízo
acerca da conveniência e oportunidade).
Quem pode revogar: a administração pública. Ela quem faz o juízo acerca da
conveniência ou oportunidade. Esse juízo é político e em atenção ao princípio da
separação dos poderes, ele será um juízo próprio do administrador. E, como regra,
é o superior hierárquico da administração pública e precisa necessariamente
motivar esse ato de revogação (art. 50, VIII, 9784/99).
Efeitos: ex nunc (ou seja, efeitos da revogação em diante, pois o ato é legítimo, válido,
então, o ato que revoga não atinge os efeitos do ato revogado – o ato revogador não
atinge os efeitos do ato revogado).
07/11/13:
Contratos administrativos:
14/11/13:
E o contratado? Quem é? Art. 6º, XV da lei 8666/93. Se olharmos a letra da lei vemos
que é pessoa física e jurídica, mas não necessariamente, existem algumas exceções.
Temos que fazer algumas ressalvas. Se estivermos diante de um contrato de concessão
(lei 8987/95), no seu art. 2º, II – o contratado pode ser pessoa jurídica ou consórcio de
empresa. Temos outro caso: as parcerias público-privadas, lei 11079/04, no art. 9º faz
referência à chamada sociedade de propósito específico (que gere o objeto da PPP).
Essa sociedade tem que ser necessariamente pessoa jurídica, não podendo ser pessoa
física.
19/11/13:
- Exceção do contrato não cumprido: art. 476 CC. A doutrina clássica entendia que o
contratado, particular, não poderia alegar, invocar a exceção do contrato não cumprido
caso a administração pública estivesse inadimplente (em virtude do princípio da
continuidade dos serviços públicos). Só que isso foi sendo objeto de questionamentos
(carvalhinho, Celso Antônio Bandeira de Mello). Lei 8666/93 art. 78, XV – diz que
constitui uma causa de rescisão do contrato administrativo, o atraso superior a 90 dias
do pagamento pelo administrador público. A lei 8666/93 dá um prazo. Depois do prazo,
afirma que é facultado a rescisão ou a suspensão do contrato administrativo. Prazo
máximo de 89 dias. A doutrina contemporânea diz que mesmo que exista essa
previsão expressa, legal, pode acontecer que nesse prazo de 90 dias possa ter uma
paralisação da empresa (se ela não receber nada da administração pública), então, os
autos contemporâneos entendem que no caso da empresa comprovar que não tem
como suportar esses 89 dias sem pagamento, pode-se ajuizar uma liminar, ação
cautelar, para se pleitear em juízo ou a rescisão do contrato ou a suspensão das
atividades da administração pública em virtude de culpa. Art. 39, P.U. da lei geral
de permissões e concessões (lei 8987/95).
Existe uma parte da doutrina que diz que é possível a existência de outras cláusulas
exorbitantes além dessas citadas acima. Diogo de Figueiredo Moreira Neto diz isso
(art. 80, I a IV também seriam cláusulas exorbitantes, além do art. 58, teriam mais
cláusulas exorbitantes).
- Crimes e penas no âmbito da lei 8666/93: essa lei tem caráter de lei especial, é
considerada lei penal extravagante, ou seja, está fora do código que regula uma
determinada matéria. Ela derroga tacitamente as normas do código penal, ou seja, se o
contratado incorre em uma das penalidades prevista na lei 8666/93, não é utilizado o CP
e sim a lei 8666/93 (princípio da especialidade – lei especial). Arts. 89 até o 99 – série
de penalidades para condutas que foram tratadas como delitos.
21/11/13:
- Duração do contrato: art. 57, §3º da lei 8666/93. Contrato administrativo, como
regra, tem que ser sempre celebrado com prazo determinado.Art. 57,caput – a
duração de um contrato administrativo fica adstrita à vigência dos respectivos créditos
orçamentários (que são uma dotação incluída na lei orçamentária para atender a
qualquer tipo de despesa, portanto, o montante para o que foi gastado tem que ser
equivalente, corresponder, ao crédito). Mas o que significa isso? Na verdade, se formos
olhar, a duração de um crédito orçamentário se dá durante um ano (1º de janeiro a 31 de
dezembro). Se a duração do contrato administrativo está adstrita à vigência do crédito
orçamentário, e tem como regra prazo de um ano, então, a vigência será de um ano.
Então, a duração do contrato é de um ano (não necessariamente tem que ser de janeiro a
dezembro, pode começar no meio do ano, junho, julho – desde que contenha rubrica). A
administração pública pode ter contratos que durem mais de um ano, logicamente
(nesses casos ela inclui os projetos no chamado plano plurianual – que é uma lei
genérica que tem uma duração de 4 anos). Porém, existem exceções (art. 57) – I: plano
plurianual (lei genérica, que tem duração maior), II: prestação de serviços a serem
executados de forma contínua, III: vetado, IV: se se tratar de aluguel de equipamentos e
serviços de informática também temos mais de um ano. V: trata de hipóteses de
contratos que tratam da segurança nacional.
26/11/13:
Inexecução sem culpa do contrato administrativo – pode ser que alguns eventos
inevitáveis, imprevisíveis, gerem a chamada inexecução sem culpa. Eles podem
gerar uma onerosidade grande no contrato administrativo, desequilibrando a
equação econômico-financeira.Inexecução sem culpa: fatos materiais imprevisíveis
aos qual nenhuma das partes contribuiu para esse tipo de situação. Art. 478 CC (é
aplicável no contrato administrativo, porém, é uma aplicação subsidiária).
Caso fortuito e força maior: são situações que podem acarretar a impossibilidade do
cumprimento, da relação contratual. Para o direito administrativo, o caso fortuito é o
evento da natureza, imprevisível, inevitável, caracterizando-se pela sua
imprevisibilidade e impossibilidade. No caso fortuito, o objeto é irremovível
(impossibilitandoo cumprimento do contrato administrativo).Força maior seria um
evento humano, também imprevisível e inevitável, que vai ocasionar a existência de
um objeto instransponível, impossibilitando o cumprimento do contrato (exemplo:
greve). O caso fortuito e a força maior se caracterizam por serem imprevisíveis e
inevitáveis, ensejando a rescisão do contrato administrativo. Art. 78, XVII 8666/93. Art.
79 §2º 8666/93.
Extinção dos contratos administrativos: são várias as causas que podem ensejar a
extinção dos contratos administrativos. São dois grupos: as causas que geram a
extinção dos contratos administrativos, mas que independem da manifestação de
vontade (em virtude dos fatos jurídicos).
- Fatos jurídicos:
- Atos jurídicos: aqui temos uma manifestação de vontade, o que vai ser determinante
para essa causa de extinção do contrato administrativo é a manifestação de vontade. O
que determina a manifestação de vontade são as causas que são chamadas de rescisão.
c) Por invalidação – o que é? Se o contrato tem algum vício (de legalidade, ou seja, está
em desconformidade com a ordem jurídica) será possível a sua invalidação, sua
anulação. Isso está previsto no art. 59 8666/93. Efeitos ex tunc (retroativos). P.U.: o fato
de acontecer a anulação desse contrato, não exonera a administração do dever de
indenizar, esse dever persiste.
3) (Rescisão) judicial – acontece nos casos em que houver o inadimplemento por parte
da administração pública. Prevista no art. 78, XII ao XVI 8666/93. O administrado tem
que ir a juízo para pleitear a rescisão e a indenização do contrato administrativo.
Rescisão pode ser pleiteada pelo MP além do contratado (em caso de ação civil
pública). No âmbito de ação popular pode ser qualquer interessado.
5) (Rescisão) via arbitragem – a arbitragem está prevista na lei 9307/96. Hoje, cada
vez mais no âmbito da administração pública falamos em consensualidade
administrativa (se valer de instrumentos bilaterais para fugir da ideia de legalidade
estrita). Ao invés de aplicar a lei, sanção, punição, a administração pública vem fazendo
uso desses instrumentos consensuais. Essa possibilidade dos mecanismos alternativos
está prevista na lei 11079/04 (lei que trata das parcerias público-privadas – lei das
PPP’s), art. 11, III. Na lei 8987/95 (lei geral de concessões e permissões), art. 23-A
também temos a possibilidade de mecanismos privados (arbitragem).Quando falamos
da arbitragem no âmbito da administração pública, não podemos esquecer que a
administração não é titular do interesse, e sim, gestora de interesse de terceiros.
Então, como falamos em arbitragem se o interesse público, em tese, é indisponível?
Como resolvemos essa problemática? Essa é uma questão nova que vem ganhando
força.
28/11/13:
a) Concessão de serviço público simples. Art. 2º, II lei 8987/95 (lei geral das
concessões e permissões) – grifar: ‘delegação’, ‘mediante licitação’ – fazer
remissão para o art. 175 CF, ‘concorrência’, ‘pessoa jurídica ou consórcio de
empresas’ ‘por sua conta e risco’ e ‘por prazo determinado’. Esse artigo
conceitua as chamadas concessões de serviço público simples. Porém, esse
artigo não é suficiente, ele é conjugado com demais artigos (exemplo: art. 4º da
lei9897/95). A concessão tem natureza contratual. E combina também o art. 9º
da mesma lei (fala da política tarifária – a tarifa que será paga pelo usuário, será
fixada pelo preço da proposta vencedora da licitação). Porém, há exceção: pode
ser que dependendo do critério de julgamento, pode ser que a fixação da tarifa
esteja a cargo do poder precedente. Conceito de Di Pietro sobre concessão: é o
contrato administrativo pelo qual a administração pública delega a outrem
a execução de um serviço público para que o execute em seu próprio nome,
por sua conta e risco, mediante tarifa paga pelo usuário ou outra forma de
remuneração decorrente da exploração do serviço. A noção, ideia, de
concessão, se constrói sobre duas noções opostas, distintas. Contrato de
concessão tem como objeto a prestação de um serviço público que deve ser
prestada sobre um interesse geral e sobre a autoridade da administração pública.
Mas ao mesmo tempo temos a figura da concessionária (que é pessoa privada,
não integra a estrutura da administração). A pessoa privada, concessionária,
almeja o lucro, daí o porquê deu ter duas ideias opostas. A chave da concessão
está no equilíbrio dessas ideias opostas. Desse duplo aspecto, observamos que as
empresas concessionárias estão submetidas aos princípios que regulam os
serviços públicos. A primeira consequência seria a incidência de várias normas
publicísticas no contrato de concessão: os princípios, a responsabilidade da
concessionária que é regida pelo art. 37 §6º CF, regime jurídico híbrido e etc. E
ao mesmo tempo em que temos isso, a concessionária tem a expectativa de que
as condições do contrato continuem, sejam mantidas, ao longo do curso, da
concessão. Os contratos de concessão têm dois tipos de cláusulas: a primeira são
as chamadas cláusulas financeiras do contrato (elas dizem respeito às tarifas que
serão pagas pelos usuários e outras fontes de receita). Essas cláusulas financeiras
não poderão ser alteradas unilateralmente pela administração pública. Só que
temos também as chamadas cláusulas regulamentares dos contratos
administrativos e essas cláusulas dizem respeito à execução do contrato, à gestão
do contrato, aos direitos e deveres das partes e etc. as cláusulas regulamentares o
estado pode alterar unilateralmente essas cláusulas.
- Previsão normativa.
- Características do contrato de concessão.
03/12/13:
Previsão normativa: constitucional: art. 21, XI e XII, 25 §2º (gás canalizado) e 175
CF.Infraconstitucional: lei 8987/95 (lei geral das concessões e permissões – foi
editada no governo FHC, essa lei foi editada pela União no exercício da sua
competência geral, prevista no art. 22, XXVII), lei 9074/95 (trata da outorga e da
prorrogação das concessões). Cada ente da federação pode editar lei específica para
cada serviço público específico – exemplo: telecomunicações (lei 9472/97 – lei geral
das telecomunicações), outro exemplo é a lei 12815/13(lei dos portos). Por se tratar de
legislação especial (lei das telecomunicações, dos portos e etc.), podem afastar a
incidência da lei geral de concessões e permissões (lei8987/95). Em relação aos casos
omissos temos a aplicação subsidiária da lei 8666/93.
05/12/13:
3) Modalidades:
Art. 6º dessa lei traz definições de uma série de conceitos. Inciso I: conceito de
obra. Obra, portanto, é todo contrato cujo objeto pactuado é a construção,
reforma, fabricação, ampliação. O que entendemos por construção? Existe quando
temos a criação de algo. Reforma é quando tem alguma coisa e aquela coisa será
apenas reformada. Ampliação: já tem algo que terá as dimensões ampliadas.
Exemplos de contratos de obras: construção de ponte, reforma de escola pública,
ampliação de prédio público e etc. É basicamente a leitura do art. 6º da lei 8666/93.
Esse artigo fala que as obras podem ser realizadas por execução direta ou indireta. O
que significa isso? art. 6º, VII e VIII – regimes de execução das obras: podem se dar por
execução direta (feita pelos próprios órgãos, entidades da administração) e indireta
(quando o órgão ou entidade contrata com terceiros). Quando falamos de execução
indireta, vários podem ser os regimes (art. 6º, VIII, a): empreitada por preço global (se
dá quando o preço ajustado leva em consideração a obra como um todo), empreitada por
preço unitário (art. 6º, VIII, b – quando se contrata a execução da obra por unidades
determinadas), tarefa (art. 6º, VIII, d – se ajusta a mão de obra para pequenos trabalhos
por preço certo com ou sem fornecimento de materiais) e empreitada integral (art. 6º,
VIII, e – se dá quando o empreendimento é contratado na sua integralidade). Uma lei
recente, lei 12462/11, regime diferenciado de contratações públicas (RDC), ela instituiu
um novo regime de execução que é a chamada contratação integrada.
1) Contratos de obras:
3) Contratos de fornecimento (ou compras): esse contrato está previsto no art. 6º,
III. Para que se destina o contrato de compras? Para a aquisição de bens móveis
que serão necessários à consecução dos serviços administrativos. Quais seriam as
condições para estabelecer esse contrato? As condições estão nos arts. 14 e 15 da lei
8666/93: necessariamente tem que haver adequada caracterização do objeto, tem
que ser indicado recursos orçamentários para o pagamento (art. 14) e é necessário
atender ao princípio da padronização, a compra tem que ser processada através do
sistema de registro de preços (art. 15). O sistema de registro de preços foi
regulamentado por dois decretos: 7892/13 e 7581/11. Esse sistema processa a licitação e
vai estabelecer um fornecedor, o melhor produto, para servir de parâmetro.
- Convênios: o que distingue eles dos contratos? Nos contratos há interesses opostos,
antagônicos. No contrato, o vendedor quer vender o bem pelo maior preço e o
comprador quer comprar o bem pelo menor preço (por exemplo), então interesses são
opostos. No convênio as partes estão olhando na mesma direção, elas querem a mesma
coisa. Não há apenas a busca pelo lucro, há busca de interesse público comum às partes.
Almejam mesma coisa, objeto, olham na mesma direção. Definição de convênio:
forma de ajuste que é firmado entre as entidades administrativas entre si ou entre
estas e particulares para a realização de objetivos de interesse público. O que
caracteriza o instituto do convênio é a ideia de cooperação (perspectiva de federalização
cooperativada). Quando falamos de convênio, falamos de parceria, daí porque o
conceito de convênio não se confunde com o conceito de contrato. Não incidem as
cláusulas exorbitantes nos convênios.
- Consórcios públicos: lei 11707/05. Essa lei foi criada para regulamentar o art. 241
CF (regulamentar a ideia de gestão associada). Essa lei é objeto de uma série de
críticas, não resolve uma série de problemas e ainda cria outros.
1) Previsão normativa.