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APOSTILA

DIREITO

ADMINISTRATIVO

PROFESSOR FABIO BRAMBILLA

FAVIVA

Vitória 2024/1
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

Olá, pessoal!

Nosso desafio esse semestre será com o Direito Administrativo. Trata-se de um


ramo do Direito que está presente na vida de qualquer pessoa, mesmo antes do
seu nascimento e muito após o seu falecimento, mas que muitas vezes passa
desapercebido em nossa rotina.

Nossas aulas serão expositivas e sua presença em sala é fundamental para o


melhor aproveitamento do conteúdo. Mas, não é só isso: você terá baterias de
exercícios para testar seus conhecimentos. As questões irão privilegiar o exame
da Ordem fazendo com que, ao final do semestre, você esteja preparado tanto
para os casos concretos que envolvam a matéria como para pontuar alto na
prova de proficiência profissional.

Esta apostila será outro material a ser disponibilizado para amparar sua trilha de
sucesso. Trata-se da junção entre o entendimento sobre os temas de autores
consagrados, a minha experiência profissional e a jurisprudência vigente. Será
a compilação do conteúdo que será exposto em sala de aula e servirá como base
aos seus estudos. A apostila não exclui a leitura complementar de obras do
Direito Administrativo (sugestões no final dessa apostila) ao contrário, a
diversificação de fontes ajudará ao seu desenvolvimento profissional.

A ementa a seguir descreve o caminho que seguiremos neste semestre:


Teoria Geral do Direito Administrativo. Princípios, fontes e
interpretação do Direito Administrativo. Organização
administrativa brasileira. Administração Pública. Deveres e
Poderes Administrativos. Atos Administrativos. Agentes
Públicos. Bens Públicos. Utilização dos bens públicos pelos
particulares. Intervenção do Estado na Propriedade Privada.
Controle da Administração Pública. Responsabilidade Civil do
Estado.

Você verá que esse conteúdo é extenso, mas imprescindível a sua formação.
Assim, sem mais delongas, vamos trabalhar!
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1. Teoria Geral do Direito Administrativo

1.1 Conceito

Para conceituar o Direito Administrativo vamos adotar um caminho lógico de


separação das palavras “direito” e “administrativo”. Isso fará com que ao invés
de decorar um parágrafo o conceito seja absorvido naturalmente.

Ao chegar à metade do curso é provável que o conceito de Direito tenha sido


apresentado de diversas formas e fica a critério de cada aluno usar o que lhe
couber melhor. Porém, deixo um conceito simples como sugestão para o estudo:
Direito é o estudo de normas aplicadas a determinadas condutas. Mas quais
condutas? Esse é o tema da segunda parte.

O termo “administrativo” faz referência a administração pública. Assim, o Direito


Administrativo é o conjunto de normas aplicadas as condutas da Administração
Pública.

1.2 A Administração Pública

Os dois primeiros artigos da Constituição Federal são esclarecedores em relação


ao estudo do Direito Administrativo. Vejamos:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união


indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce


por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos
desta Constituição.
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Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos


entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

Guarde isso: o poder é uno e seu titular é o povo! Logo, todo poder deve ser
usado em prol do povo, ou seja, do coletivo, da sociedade.

Ao longo da história dos países democráticos o poder foi sendo dividido para
evitar o autoritarismo ou o absolutismo. Ao partilhar o poder entre diversos atores
e criar um sistema de controle entre eles (“checks and balances” ou sistema de
freios e contrapesos) o povo garantiu que o seu poder não fosse usurpado por
um aproveitador.

O poder é dividido por dois critérios: funcional e territorial.

A divisão funcional parte o poder uno em três poderes: Legislativo, Executivo e


Judiciário.

A função típica do Poder Legislativo é a criação de leis em sentido geral. São


normas abstratas que não possuem um caso concreto como destino, mas
inovações primárias do arcabouço legal.

A função típica do Poder Judiciário é a aplicação da lei para a resolução de


conflitos. Logo, não cabe a inovações normativa (função típica do Legislativo),
mas sua interpretação e aplicação aos casos concretos.

A função típica do Poder Executivo é administração do interesse coletivo em


conformidade as leis em vigor. Trata-se da administração daquilo que é público,
logo, é uma das formas da administração pública.

Guarde isso: o conjunto dos três Poderes é denominado Estado (com o “E”
maiúsculo) não se confundido com o estado (com “e” minúsculo) enquanto
divisão territorial (estado do Espírito Santo, estado da Bahia, estado do Acre...).

Destarte, temos aqui a primeira ideia de administração pública sendo o conjunto


de ações que visa gerir a “coisa” pública em prol do interesse do povo. Por isso
cabe ao Poder Executivo fazer a arrecadação dos recursos necessários
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(tributos) a manutenção das atividades, bem como consolidar o planejamento de


como esse recurso será utilizado (orçamento público) e sua execução (despesa
pública).

Vamos refletir!!!

Para que a rua da sua residência seja limpa é necessário um caminho a ser
trilhado pela administração pública. Primeiro é necessário arrecadar os recursos
(tributos). Em seguida prever o gasto com a limpeza urbana e outros (muitos
outros!) serviços, tratando-se da fase de planejamento conhecido como
orçamento público. Como existem mais demandas que recursos são colocados
para aprovação do povo e por intermédio de seus representantes (audiência
públicas, processo legislativo, votações legislativas, sanções etc.). Após
aprovado o uso do recurso abre-se o procedimento de contratação (licitação e
contrato). A partir do contrato assinado inicia-se a execução do serviço de
limpeza urbana das ruas do seu bairro. Esse é um exemplo simplório e resumido
sobre como a administração pública chega até o seu dia a dia.

Porém, tanto o Legislativo quanto o Judiciário também participam na


administração pública. Trata-se da atuação atípica!

Guarde isso: Administração Pública gravada com letra maiúscula refere-se a


estrutura administrativa e a administração pública com letra minúscula é o
conjunto de atividades exercidos. Assim:

Administração Pública é a estrutura e administração pública é a atividade.

Vamos refletir!!

Quando você se dirigir a um Fórum ou a uma Câmara de Vereadores e utiliza as


dependências daquela repartição pública saiba que ocorre o mesmo
procedimento realizado para a limpeza da rua de sua residência. A única
diferença é que o destinatário final que ao invés de ser o “povo” enquanto
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moradores e transeuntes daquela rua será o “povo” enquanto usuário de algum


serviço do Poder Legislativo ou Judiciário.

Logo, a Administração Pública se manifesta pela atividade típica do Poder


Executivo e as funções atípicas dos Poderes Legislativo e Judiciário de gestão
dos recursos públicos.

Um conceito de administração pública é a gestão de serviços públicos para


atendimento aos interesses coletivos. Trata-se de se unir a estrutura (pessoas
jurídicas e seus órgãos) e as pessoas (agentes públicos que veremos serão
todos os que prestam serviço público) para atingir o interesse social.

Mas, a visão moderna sobre a Administração Pública mostra que a gestão de


serviços é apenas uma das atividades desenvolvidas. Na busca do objetivo
maior, que é o atendimento ao interesse coletivo, caberá ainda o fomento de
ações públicas, como, por exemplo, as parcerias público-privadas onde o Poder
Público conta com particulares para alcançar seu objetivo maior. Além disso,
caberá por vezes a fiscalização e a punição aos particulares que afrontam o
interesse público, como, por exemplo, a atuação da vigilância sanitária. Outra
atividade desenvolvida em prol da sociedade são as intervenções executadas
pela Administração Pública na sociedade, onde a desapropriação é um exemplo.
Enfim, a Administração Pública no exercício da administração pública é muito
maior que a prestação de serviços públicos.

Não se esqueça: a administração pública é exercida nos três Poderes e esse


critério é funcional.

O outro critério de divisão do poder é o territorial. Esse critério privilegia os


interesses locais, regionais e nacional. Assim nascem os entes federativos:
União, estados e o Distrito Federal e municípios.

Logo, teremos administração pública federal, estadual e municipal. O interesse


que só diz respeito ao povo daquele local será tratado pela administração
municipal nos limites do município. Os interesses regionais pela administração
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pública estadual e o interesse de todos, ou seja, nacional, pela administração


pública federal.

Agora preste atenção na diferença entre os conceitos de Estado e governo.

Guarde isso: Estado e Governo não se confundem! Estado, como afirmado,


é o conjunto dos três Poderes, enquanto governo é o grupo político eleito para
administrar o Estado em prol do interesse coletivo por determinado período.
Logo, a administração pública é do Estado, mas exercida pelo governo!

Assim:

Estado: conjunto dos três Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) que


exercem em prol do povo o poder por ele emanado. A frente veremos que
existem outros entes e formas do exercício do poder estatal para alcance do
cumprimento do interesse social.

Governo: é o grupo político eleito para administrar o Estado.

Conclui-se que o Estado é permanente e impessoal e o governo é um controle


temporário por pessoas específicas.

Cabe ressaltar que a Lei 9784/99 prevê os poderes Legislativo e Judiciário como
integrantes da Administração Pública, quando em suas funções administrativas
que são atípicas conforme visto, acompanhe:

Art. 1º Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo


administrativo no âmbito da Administração Federal direta e
indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos
administrados e ao melhor cumprimento dos fins da
Administração.

§ 1º Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos


Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no
desempenho de função administrativa.
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Desta forma, assim como o poder é uno e exercido dividido (critérios funcional
e territorial) e o mesmo raciocínio deve ser utilizada a administração pública.

1.3 Origem história do Direito Administrativo

A origem do Direito Administrativo remonta o período pós-Revolução Francesa


em que pese registros pontuais anteriores de algum pensamento neste sentido.
Esta barreira evolucionista é resultado do período Absolutista, onde o rei possuía
poder absoluto e a palavra final em qualquer caso relevante. A sociedade existia
para servir ao imperador e não o inverso. Logo, o Estado retirava do povo os
meios de sua sobrevivência e não se preocupava em muita coisa além de manter
vivo quem sustentava a estrutura estatal. Destarte, falar em Direito, com raras
exceções, era falar da vontade do soberano.

Após a Revolução Francesa ocorrida em 14 de julho de 1789 cria-se o Estado


de Direito (ordenamento jurídico para a proteção de direitos coletivos e
individuais) e a necessidade de garantir que o verdadeiro titular do poder, o povo,
seja o legítimo soberano.

Como visto anteriormente, o nascimento da Administração Pública está ligado a


prestação de serviços públicos em busca de atender a sociedade, mas
rapidamente, percebeu-se que quem detém o poder tende a abusar e por isso
necessita de limites.

Desta necessidade de impor limites ao Estado nasceu a repartição tripartite do


poder e consequentemente o sistema de freios e contrapesos. Ou seja, nasce
um conjunto de normas que visa a manter o Estado firme no propósito de atender
ao interesse público. Assim, surgiu o Direito Administrativo.

Criar regras tornou-se naturalmente necessário para que o Estado se


mantivesse firme em seu propósito de atender ao interesse social e não mais o
inverso.

No Brasil vivemos sob o regime de monarquia absolutista até a Proclamação da


República em 15 de novembro de 1889. Durante este período o Imperador
exercia o denominado Poder Moderador, o que significava ter a palavra final
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sobre os principais assuntos da Nação. Mesmo assim, sob influência do Direito


francês, consta que em 1856 o Imperador permitiu e o Direito Administrativo foi
incluído na grade de disciplinas da faculdade de Direito da Universidade de São
Paulo.

Mas, foi a partir da Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, que


o Direito Administrativo ganha gradativamente importância para a sociedade
brasileira até ocupar um espaço definitivo na Constituição de 1934, com o
estabelecimento de regras para áreas sociais como saúde, educação,
transporte, habitação, dentre outras. Além disso, passou a vigorar o princípio da
legalidade.

Atualmente, o Direito Administrativo está amplamente presente na Constituição


Federal e consequentemente na rotina da sociedade nacional. O Estado tomou
para si papel de suma importância para o desenvolvimento nacional, fazendo
com que o estudo deste ramo do Direito seja imprescindível a formação
profissional.

1.4 Fontes do Direito Administrativo

Fonte é a origem, a criação ou ponto de partida do Direito. Saiba que o termo


“fonte do direito” é empregado metaforicamente, pois em sentido próprio fonte é
a nascente de onde brota corrente de água. Justamente por ser uma expressão
figurativa tem mais de um sentido.

“Fonte jurídica” seria a origem primária do direito, confundindo-se com o


problema da gênese do direito. Trata-se da fonte real ou material do direito, ou
seja, dos fatores reais que condicionaram o aparecimento da norma jurídica.

É por essas e outras razões, em última instância, a compreensão das fontes do


direito administrativo mostra-se fundamental para o entendimento do princípio
da legalidade, sua aplicação e as respectivas atividades de controle.

Assim como ocorre com os outros ramos do Direito as principais fontes do Direito
Administrativo são a lei, a jurisprudência, a doutrina e os costumes:
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I – Lei: em sentido amplo, é a fonte primária do Direito Administrativo,


abrangendo esta expressão desde a Constituição até os regulamentos
executivos. E compreende-se que assim seja, porque tais atos, impondo o seu
poder normativo aos indivíduos e ao próprio Estado, estabelecem relações de
administração de interesse direto e imediato do Direito Administrativo.

II – Doutrina: formando o sistema teórico de princípios aplicáveis ao Direito


Positivo, é elemento construtivo da Ciência Jurídica à qual pertence a disciplina
em causa. A doutrina é que distingue as regras que convêm ao Direito Público e
ao Direito Privado, e mais particularmente a cada um dos sub-ramos do saber
jurídico. Ela influi não só na elaboração da lei, como nas decisões contenciosas
e não contenciosas, ordenando, assim, o próprio Direito Administrativo.

III – Jurisprudência: traduzindo a reiteração dos julgamentos num mesmo


sentido, influencia poderosamente a construção do Direito, e especialmente a do
Direito Administrativo, que se ressente de sistematização doutrinária e de
codificação legal. A jurisprudência tem um caráter mais prático, mais objetivo
que a doutrina e a lei, mas nem por isso se aparta de princípios teóricos que, por
sua persistência nos julgados, acabam por penetrar e integrar a própria Ciência
Jurídica. Outra característica da jurisprudência é o seu nacionalismo. Enquanto
a doutrina tende a universalizar-se, a jurisprudência tende a nacionalizar-se, pela
contínua adaptação da lei e dos princípios teóricos ao caso concreto. Sendo o
Direito Administrativo menos geral que os demais ramos jurídicos, preocupa-se
diretamente com a Administração de cada Estado, e por isso mesmo encontra,
muitas vezes, mais afinidade com a jurisprudência pátria que com a doutrina
estrangeira.

IV – Costume: em razão da deficiência da legislação, a prática administrativa


vem suprindo o texto escrito, e sedimentada na consciência dos administradores
e administrados, a praxe burocrática passa a suprir a lei, ou atua como elemento
reformativo da doutrina.
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Considerando que a Administração Pública só pode fazer o que a lei permitir


(princípio da legalidade) fica evidente que a lei em sentido amplo é a principal
fonte formal do Direito Administrativo.

Mas, fica o alerta para o espaço que a jurisprudência vem dedicando ao Direito
Administrativo no Brasil. Não há dúvidas que somos um país de “Civil Law”, e o
princípio da legalidade presente na Constituição Federal está aí para não deixar
restar dúvidas. Porém, o avanço da jurisprudência nos dá “pitadas” de “Common
Law” e seus precedentes.

Assim, esta apostila mostrará que o número de súmulas, inclusive vinculantes,


sobre Direito Administrativo é grande e que neste momento da graduação é o
momento ideal de se debruçar sobre o “dizer o Direito” realizado pelos tribunais
superiores no Brasil.

2. Princípios da Administração Pública

A Administração Pública é regida por princípios, ou seja, por premissas ou bases.


É a essência da atuação estatal em prol do povo e podem ser implícitos ou
expressos.

2.1 Princípios Implícitos

Os implícitos são aqueles que estão presente na própria dinâmica da rotina da


administração pública e os expressos são aqueles presentes em texto de lei.

Vamos registrar os dois princípios implícitos mais importantes para o nosso


estudo. São eles:

a) Princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado: junto


com o princípio da legalidade embasa os demais princípios. Todas as vezes em
que a administração pública se deparar com um conflito entre os interesses
coletivos e os interesses individuais deve prevalecer o interesse público. É esse
princípio que, por exemplo, permite que o Estado promova a desapropriação de
determinado bem imóvel independente da vontade do seu proprietário.
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Mas, é importante separar aqui as duas esferas de interesses públicos. São elas:

I) Interesse público primário: é aquele que alcança toda a comunidade e possui


supremacia sobre o interesse particular. Este interesse é a essência do princípio
e da própria existência do Estado, que deve persistentemente perseguir o
atendimento ao coletivo. Neste caso não cabe debate sobre quem deve
prevalecer: sempre será o interesse público. Ex: desapropriação de casa para a
construção de uma creche.

II) Interesse público secundário: é aquele que possui o Estado como destinatário.
Trata-se do cuidado que o Poder Público deve ter em relação ao erário público.
Quando um interesse particular entre em confronto com um interesse público
secundário caberá o debate sobre quem deve prevalecer. Logo, nestes casos,
não haverá a supremacia do interesse público e caberá o debate. Ex: demora do
Estado em pagar seus precatórios

Para não restar dúvidas sobre interesse público primário e secundário veja o que
o Ministro Luís Roberto Barroso escreveu sobre o tema:

O interesse público primário é a razão de ser do Estado, e


sintetiza-se nos fins que cabe a ele promover: justiça, segurança
e bem estar social. Estes são os interesses de toda a sociedade.
O interesse público secundário é o da pessoa jurídica de direito
público que seja parte em uma determinada relação jurídica -
quer se trate da União, do Estado-membro, do Município ou das
suas autarquias. Em ampla medida, pode ser identificado como
o interesse do erário, que é o de maximizar a arrecadação e
minimizar as despesas. [...] essa distinção não é estranha à
ordem jurídica brasileira. É dela que decorre, por exemplo, a
conformação constitucional das esferas de atuação do Ministério
Público e da Advocacia Pública. Ao primeiro cabe a defesa do
interesse público primário; à segunda, a do interesse público
secundário. Aliás, a separação clara dessas duas esferas foi
uma importante inovação da Constituição Federal de 1988. É
essa diferença conceitual entre ambos que justifica, também, a
existência da ação popular e da ação civil pública, que se
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prestam à tutela dos interesses gerais da sociedade, mesmo


quando em conflito com interesses secundários do este estatal
ou até dos próprios governantes. [...] O interesse público
secundário não é, obviamente, desimportante. Observa-se o
exemplo do erário. Os recursos financeiros provêem os meios
para a realização do interesse primário, e não é possível
prescindir deles. Sem recursos adequados, o Estado não tem
capacidade de promover investimentos sociais nem de prestar
de maneira adequada os serviços públicos que lhe tocam. Mas,
naturalmente, em nenhuma hipótese será legítimo sacrificar o
interesse público primário com o objetivo de satisfazer o
secundário. A inversão da prioridade seria patente, e nenhuma
lógica razoável poderia sustentá-la (BARROSO, 2005). (g.n.)

Guarde isso: o interesse público secundário é muito importante pois,


conforme texto acima, “Sem recursos adequados, o Estado não tem capacidade
de promover investimentos sociais nem de prestar de maneira adequada os
serviços públicos que lhe tocam.”. Assim, o interesse público secundário em
aumentar a arrecadação de impostos atenderá ao interesse público primário de
melhoria na saúde, educação, segurança pública...

b) Princípio da indisponibilidade do interesse público: o Estado não pode deixar


de atuar naquilo que é sua responsabilidade. Isso porque o atendimento ao
interesse público, objetivo maior da administração pública, é indisponível não
sendo negociável. Assim, um prefeito não pode vender uma praça pública para
ficar desocupado de sua obrigação de manutenção e bom funcionamento. Isso
ocorre porque o bem não é dele e sim do povo.

É deste princípio que surgirá o debate sobre a substituição de bens públicos


vandalizados. Uma prefeitura deve buscar identificar e punir os vândalos, mas
não pode privar a população daquele bem ou serviço sob o argumento de que
eles são danificados. Veja a seguir algumas reportagens sobre o tema:

Prefeitura cobrará por danos ao patrimônio público de


pessoas que praticam vandalismo
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Segunda, 02 de Outubro de 2023 - 17:23

A Prefeitura de Guarulhos publicou no Diário Oficial da última


sexta-feira (29) a lei 8.178/2023, que prevê a cobrança por
danos causados ao patrimônio público como semáforos,
sinalizações de trânsito e abrigos de ônibus causados por
condutores de veículos ou pessoas em prática de vandalismo.

De acordo com a lei, caberá à Secretaria de Transportes e


Mobilidade Urbana (STMU) a responsabilidade de apurar os
fatos, bem como levantar os custos decorrentes do vandalismo.
O texto prevê ainda a ampla e irrestrita defesa aos cidadãos que
causarem dano ao patrimônio público, que terão o prazo de 15
dias úteis para formalizar o recurso em uma unidade da Rede
Fácil.

Já a Prefeitura também deverá responder ao recurso no prazo


de 15 dias úteis e, em caso de indeferimento, o cidadão deverá
realizar o pagamento, caso contrário, o caso será encaminhado
à Procuradoria-Geral do Município para a adoção das medidas
cabíveis para a reparação.

“O guarulhense não vai mais assistir ao seu dinheiro sendo


utilizado para cobrir custos causados por motoristas ou por
pessoas que praticam vandalismo contra um ponto de ônibus ou
semáforo. A nova lei é uma vitória para a cidade”, disse o prefeito
Guti.

Os recursos arrecadados serão revertidos ao Fundo Municipal


de Transportes e Trânsito.
Fonte: https://www.guarulhos.sp.gov.br/article/prefeitura-cobrara-por-danos-
ao-patrimonio-publico-de-pessoas-que-praticam-vandalismo

Vandalismo contra o patrimônio público gera prejuízos aos


moradores da capital

Publicada em 09/04/2010, às 18h00 | Atualizada em 09/04/2010, às 18h23


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Por Simone Kobe, com edição de Deyvison Longui

Os atos de vandalismo praticados nas ruas têm gerado prejuízos


aos cidadãos da capital. A ação tem acontecido em praças, em
brinquedos, nos pontos de ônibus, nas lixeiras, nos postes, em
lâmpadas, nas placas e em jardins.

Esse tipo de depredação afeta diretamente o bolso do


contribuinte, já que os equipamentos que são danificados
precisam ser substituídos por outros novos e essa troca,
normalmente, é cara.

A iluminação da orla de Mangue Seco é um exemplo bem atual


desse tipo de violência. Os postes e as lâmpadas que iluminam
a área são alvos frequentes de vândalos, e a secretaria
Municipal de Transportes e Infraestrutura Urbana (Setran) está,
mais uma vez, realizando a substituição do material depredado
naquele trecho.

Os trabalhos já começaram e 136 lâmpadas deverão ser


substituídas em função da depredação. Somente no ano
passado esses mesmos postes receberam manutenção duas
vezes.

Os postes e luminárias são de aço galvanizado e ficam a quatro


metros de altura. O material deveria ser suficiente para garantir
a iluminação pública por uma média de 60 meses. No entanto,
ele não tem resistido aos constantes ataques dos vândalos, que
jogam objetos nas lâmpadas.

Cada lâmpada trocada custa, para a Prefeitura de Vitória, o valor


de R$ 607,00, num total de R$ 8.552,00 por ano, somente na
orla do Mangue Seco. O vandalismo é crime contra o patrimônio
público. Quem é pego praticando tal ato pode ser enquadrado
no artigo 163-III do Código Penal, por dano qualificado, podendo
pegar de um a seis meses de detenção ou multa.
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Fonte: https://m.vitoria.es.gov.br/noticias/vandalismo-contra-o-patrimonio-
publico-gera-prejuizos-aos-moradores-da-capital-3327

Ruas de Cachoeiro ganham 150 novas lixeiras

Equipes da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur)


de Cachoeiro estão instalando 150 novas lixeiras nas ruas do
município. O trabalho contempla tanto a substituição de lixeiras
danificadas por ações de vandalismo quanto a implementação
de unidades onde antes não havia. As instalações das lixeiras
contemplam a região central do município, sobretudo em locais
de grande movimentação. As trocas de unidades estão mais
focadas nas proximidades de pontos de ônibus, onde foram
verificados mais casos de vandalismo.
Fonte:https://prefeitura.cachoeiro.es.gov.br/transparencia/diario/arq/Diario563
6-08.pdf

Ação da PMV apreende cobre e peças de moto furtada em


ferro-velho

Publicada em 29/03/2022, às 15h55 | Atualizada em 29/03/2022, às 16h25


Por Acácio Rodrigues (aafrodrigues@vitoria.es.gov.br), com edição de
Andreza Lopes

O responsável foi levado para a Delegacia Regional de Vitória,


no bairro Horto, para prestar esclarecimentos e a ocorrência foi
entregue pelo crime de receptação.

A operação foi integrada e reuniu agentes das secretarias


municipais de Segurança Urbana (Semsu), de Desenvolvimento
da Cidade e Habitação (Sedec) e de Meio Ambiente (Semmam).
As equipes de Postura, fiscais ambientais e agentes de Proteção
Comunitária da Guarda Civil Municipal de Vitória (GCMV)
realizaram os procedimentos em diversos pontos da capital, nos
bairros Grande Vitória, Itararé e Consolação.

A Lei Municipal n° 9737 altera a Lei nº 6.080, de 29 de dezembro


de 2003, acrescentando dispositivos que dispõem sobre a
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postura das empresas do ramo de sucata ou ferro velho,


desmanche, comércio de peças usadas e congêneres, bem
como da proibição de aquisição, estocagem, comercialização,
reciclagem, processamento e beneficiamento de materiais
metálicos ferrosos e não ferrosos sem comprovação de origem.
Desde o início da atual gestão, mais de 40 pessoas foram
detidas por furto e/ou receptação de fios de cobre. Com a
apreensão desta terça, já são cerca de 1 tonelada e meia,
aproximadamente, de material apreendido desde janeiro de
2021.

A Secretaria de Transportes, Trânsito e Infraestrutura Urbana de


Vitória (Setran) informa que, mensalmente, o município gasta,
em média, R$ 17 mil com atos de vandalismo e danos na
iluminação pública da capital. O serviço fica prejudicado com
roubo de cabos de cobre, destruição de luminárias viárias,
postes e ornamentais e danos em caixas de passagem e
medidores de energia.

Em relação aos semáforos, a Setran tem gastos com


equipamentos, componentes e cabos. Somente no mês de
janeiro, o prejuízo foi de R$ 20 mil. A despesa é calculada com
base na soma do material necessário para reposição das
estruturas, assim como custo com a mão de obra. No último ano,
a Setran registrou perda, com reposição e manutenção dos
materiais de iluminação danificados ou furtados, de R$ 200 mil.
A pasta informa, ainda, que realiza ações para inibir esse tipo de
vandalismo, com melhorias no sistema e aterramento de cabos.
Também tem feito, sistematicamente, a troca de cabos e fios de
cobre por material de alumínio, de menor valor, o que minimiza
bastante os atos de vandalismo. Denúncias podem ser feitas
pelo Fala Vitória 156.
Fonte: https://m.vitoria.es.gov.br/noticias/acao-da-pmv-apreende-cobre-e-
pecas-de-moto-furtada-em-ferro-velho-44913

Perceba que, apesar dos constantes atos de vandalismo, a Administração


Pública não pode simplesmente deixar uma rua sem lixeira ou sem iluminação.
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O interesse público não pode ser abandonado ou renegado sob a justificativa


que ocorre constantes prejuízos.

Veja que nos exemplos existe a movimentação das prefeituras na busca de


identificar os vândalos e os receptadores de materiais furtados ou vandalizados,
mas não há e nem poderia ocorrer o discurso que não haverá a manutenção do
patrimônio público.

2.2 Princípios Expressos na Constituição Federal

A base legal dos princípios expressos é o caput do artigo 37 da Constituição


Federal, que diz:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,
ao seguinte:

Esse é o famoso “LIMPE”, a saber: Legalidade: a Administração Pública só pode


fazer aquilo que possui previsão legal, logo, o agente público precisa fazer aquilo
que a norma prevê. Trata-se de limitar a atuação estatal. Já ao particular é
permitido fazer tudo o que a lei não proíbe. Junto com o princípio da supremacia
do interesse público sobre o interesse privado.

Aqui cabe uma observação muito importante: o princípio é da legalidade e não


da reserva legal. Isso significa que a Administração Pública deve respeitar
qualquer ato normativo (Art. 59, CF 88) e não somente a lei em sentido estrito.

Mas, o que isso significa? Que para permitir a Administração Pública atuar o
número de normas é enorme. Veja este exemplo: o Instituto Brasileiro de
Planejamento e Tributação - IBPT elaborou em 2019 um estudo profundo e
completo que identificou a existência de 403.322 normas tributárias brasileiras
em vigor.
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Isso mesmo que você leu! São mais de quatrocentas mil normas em vigência no
direito tributário atualmente no país. Você pode ver essa e outras informações
do estudo no seguinte endereço: https://ibpt.com.br/quantidade-de-normas-
editadas-no-brasil/.

Se você se perguntou como é possível tantas normas coexistirem


simultaneamente é importante que se lembre: somos uma república federativa
onde a União, o Distrito Federal, os 26 estados e os 5.568 municípios são
competentes para legislar sobre os tributos de suas respectivas
responsabilidades.

Uma observação: considerando a atuação municipal do Distrito Federal e a


condição jurídica do arquipélago de Fernando de Noronha o número de
municípios no Brasil é de 5.570 para alguns doutrinadores.

Sem a arrecadação de tributos a Administração Pública não terá condições de


atender aos interesses sociais. Mas, é importante lembrar que a dinâmica
tributária é somente uma parte da atuação estatal para atender ao interesse
público.

b) Impessoalidade: a administração pública deve atuar em prol do interesse


coletivo e não para atender a interesses pessoais. Dessa forma a atuação estatal
deve ser impessoal.

Guarde isso: quando o Chefe do Poder Executivo confecciona um outdoor


para enaltecer sua gestão ele afrontará o princípio da impessoalidade. Isso
porque o Poder Público não é uma pessoa e sim uma estrutura nascida da
delegação de poder pelo povo. Em suma: atuar em prol da comunidade é função
de todos aqueles que integram o Estado.

c) Moralidade: a atuação estatal é presumida de boa-fé, honestidade e para


atendimento ao interesse social.

A aplicação do princípio da moralidade já levou ao Supremo Tribunal Federal a


se manifestar sobre o tema, inclusive com a edição de uma súmula vinculante
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(aquela que não só pacifica uma questão como vincula a sua execução pelo
Poder Judiciário e a Administração Pública). Veja:

Súmula Vinculante 13 STF

A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta,


colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da
autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica,
investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento,
para o exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou,
ainda, de função gratificada na Administração Pública direta e
indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste
mediante designações recíprocas, viola a Constituição
Federal.

A Súmula Vinculante 13 do STF indica que não é permitido o denominado


“nepotismo” na Administração Pública, ou seja, a nomeação de parentes para
cargos de direção, chefia e assessoramento, os conhecidos cargos em
comissão. Logo, não é permitido que um prefeito nomeie sua esposa para ser
sua chefe de gabinete.

O nepotismo é uma afronta direta aos princípios da moralidade e da


impessoalidade. Não pode um gestor público esquecer de que o seu objetivo é
atender aos interesses sociais e não aos seus interesses particulares.

Guarde isso: o próprio STF entendeu constitucional a exceção e autorizou


que os cargos ocupados por agentes políticos podem ser preenchidos por
parentes. Agente político é o ocupante de posição no alto escalão do governo
como secretários municipais e estaduais ou ministros de Estado. Mas, uma
observação muito importante: só é possível a nomeação desde que o indicado
possua as qualificações necessárias ao exercício do cargo público. Não é difícil
prever o quanto essa condicionante estabelece a necessidade de apreciação
“caso a caso”. Por isso, esse assunto é tão polêmico.
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Logo, por exemplo, é possível que o filho do Presidente da República seja


embaixador representante do Brasil em um importante país parceiro comercial,
desde que reúna as qualificações mínimas exigidas pelo cargo.

d) Publicidade: em regra as ações da Administração Pública devem ser


transparentes e de conhecimento da sociedade. A publicidade é permitir o livre
acesso aos dados da atuação estatal, possibilitando que qualquer um do povo
exerça o denominado controle social. Apenas atos protegidos por lei poderão
ocorrer em caráter sigiloso, como, por exemplo, os atos ligados a segurança
nacional.

Foi pensando neste princípio que nasceu a Lei nº 12.527/2011, conhecida como
Lei de Acesso à Informação – LAI. Ela regulamenta o direito, previsto na
Constituição, de qualquer pessoa solicitar e receber dos órgãos e entidades
públicos, de todos os entes e Poderes, informações públicas por eles produzidas
ou custodiadas.

A própria lei já prevê quais informações a população poderá ter acesso. Com a
Lei de Acesso, a publicidade passou a ser a regra e o sigilo a exceção. Dessa
forma, as pessoas podem ter acesso a qualquer informação pública produzida
ou custodiada pelos órgãos e entidades da Administração Pública. A Lei de
Acesso, entretanto, prevê algumas exceções ao acesso às informações,
notadamente àquela cuja divulgação indiscriminada possa trazer riscos à
sociedade ou ao Estado.

e) Eficiência: esse princípio obriga a Administração Pública a utilizar de melhor


forma os meios disponíveis para que se alcance os resultados esperados pela
sociedade. A expectativa é que se faça cada vez mais, cada vez melhor e com
o menor gasto possível (“mais com menos”).

Vamos refletir!

Perceba que a eficiência é utilizar os meios e recursos de forma correta e eficácia


é atingir os resultados esperados. O princípio é da eficiência, ou seja, a
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Constituição Federal obriga a Administração Pública atuar com competência e


zelo para alcançar o resultado fim que é o atendimento ao interesse coletivo.
Esse princípio pode ser visto como norteador da boa administração pois
direciona o gestor público a gerir a coisa pública com efetividade,
economicidade, transparência e moralidade visando cumprir as metas
estabelecidas.

Esses são os princípios estabelecidos pela Constituição Federal no caput do


artigo 37. Porém, existem diversos outros princípios do Direito Administrativo
espalhados pelas normas em vigor (princípios do contraditório e ampla defesa,
da razoabilidade, da segurança jurídica...), vejamos outros princípios a seguir.

2.3 Outros princípios do Direito Administrativo

Antes de prosseguir lembre-se de suas aulas iniciais no curso e que os princípios


convivem pacificamente mesmo quando confrontados, diferentemente das
regras que ao entrarem em conflito uma “expulsa” a outra, não sendo possível
duas regras conflitantes conviverem sem prejuízo a sua aplicação.

Existem diversos outros princípios que regem a conduta da administração


pública no exercício de suas atividades. São dezenas, mas separa-se aqueles
com mais incidência em nosso dia a dia:

a) Princípio da continuidade: os serviços públicos devem ser contínuos e


ininterruptos. Esse princípio está diretamente ligado a essência da existência do
Estado em servir aos interesses sociais.

O cerne deste princípio visa não prejudicar o atendimento à população, uma vez
que os serviços essenciais não podem ser interrompidos. Serviços públicos
como fornecimento de água, energia elétrica e gás atendem necessidades
permanentes e não podem parar.

O rol de serviços essenciais está presente no artigo 10 da lei 7783/89.

Em razão da continuidade desses serviços essenciais, que muitas vezes


integram a dignidade humana, muito se discute a respeito do direito de greve de
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quem presta serviços públicos essenciais. Porém, este direito é garantido pelo
Art. 37, VII, da CF 88, mas se exige a criação de lei específica até o momento
não editada (norma de eficácia limitada).

Veja que o STF decidiu sobre o tema ao ser provocado nos Mandados de
Injunção n.ºs 670/ES e 708/DF e afirmou que na ausência de lei específica o
servidor público deve dispor da norma que rege o direito de greve dos trabalhos
da iniciativa privada, a saber:

GREVE – SERVIDOR PÚBLICO – PAGAMENTO DA


REMUNERAÇÃO. Se de um lado considera-se o inciso VII do
artigo 37 da Constituição Federal como de eficácia limitada
(Mandado de Injunção nº 20-4/DF, Pleno, Relator Ministro Celso
de Mello, Diário da Justiça de 22 de novembro de 1996,
Ementário nº 1.851-01), de outro descabe ver transgressão ao
aludido preceito constitucional, no que veio a ser concedida a
segurança, para pagamento de vencimentos, em face de a
própria Administração Pública haver autorizado a paralisação,
uma vez tomadas medidas para a continuidade do serviço. (RE
185944, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Segunda Turma,
julgado em 17/04/1998, DJ 07-08-1998 PP-00042 EMENT VOL-
01917-04 PP-00790).

Mas, o mesmo STF firmou tese no sentido que é legal o desconto dos dias de
paralisação dos servidores, confira:

Tese 531 STF

A administração pública deve proceder ao desconto dos


dias de paralisação decorrentes do exercício do direito de
greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão do
vínculo funcional que dela decorre, permitida a compensação
em caso de acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar
demonstrado que a greve foi provocada por conduta ilícita do
Poder Público.
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Desta forma, os servidores públicos poderão realizar greve desde que não
afetados os serviços essenciais e com a possibilidade de descontos dos dias
parados.

b) Princípio da autotutela: a Administração pode revisar seus próprios atos,


independentemente de provocação. Esse princípio permite a anulação de atos
ilegais e a revogação de atos inoportunos ou inconvenientes. A Súmula 473 do
STF ampara tal princípio:

Súmula 473 STF

A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados


de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam
direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada,
em todos os casos, a apreciação judicial.

Esta súmula será analisada com detalhes quando do estudo sobre atos
administrativos.

c) Princípio do contraditório e da ampla defesa: é aquele que assegura aos


litigantes do processo administrativo o contraditório (oportunidade de contrapor
as acusações) e a ampla defesa (possibilidade de uso de qualquer meio de prova
e defesa técnica incluindo o advogado). Está assegurado pelo inciso LV do artigo
5º da Constituição Federal e possui uma súmula vinculante sobre o tema:

Súmula Vinculante 3 STF

Nos processos perante o Tribunal de Contas da União


asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da
decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o interessado, excetuada a
apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de
aposentadoria, reforma e pensão.
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Como dito o rol dos princípios da Administração Pública é grande, porém, neste
momento o mais importante é focar nos mais cobrados na rotina do Direito
Administrativo e nossa missão foi cumprida. Vamos em frente!

3. Poderes Administrativos

3.1 Conceito

A Administração Pública enquanto estrutura possui poderes necessários ao


exercício da administração pública enquanto atividades.

Poderes são prerrogativas que a Administração Pública possui para alcançar o


seu objetivo maior que é o atendimento ao interesse social. Eles decorrem
principalmente do princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse
privado e do princípio da legalidade.

Assim, para realizar a sua missão é imprescindível que o Estado forneça aos
seus agentes os poderes necessários a correta execução.

3.2 Poderes Administrativos

São poderes da Administração Pública:

a) Poder Regulamentar: decorre da Constituição Federal que atribuí a


prerrogativa de regulamentar a execução de leis privativamente ao chefe do
Poder Executivo (Art. 84, inciso IV, CF/88). O dispositivo determina que cabe ao
Presidente da República expedir decretos e regulamentos para fiel execução das
leis. Logo, as constituições estaduais e as leis orgânicas replicam tal previsão
(simetria constitucional), dispondo da mesma possibilidade a prefeitos e
governadores com que prefeitos e governadores. Ex: Decreto de
regulamentação de recuperação do equilíbrio fiscal. Neste caso o decreto busca
regulamentar assunto tratado em lei complementar. Perceba que não cabe ao
Presidente da República inovar no tratamento do assunto sob risco de interferir
na competência do Poder Legislativo, mas apenas dizer como pretende cumprir
a previsão da lei.
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b) Poder Normativo: é a capacidade de outros órgãos regulamentar a execução


de leis. Existe uma corrente que difere o poder regulamentar do poder normativo,
que seria a prerrogativa atribuída a Administração Pública de editar atos para
complementar as leis e permitir a efetiva aplicação, sendo assim uma
possibilidade maior que a restrita ao Chefe do Executivo. Ex: Resoluções do
Conselho Nacional de Justiça.

Logo, o poder regulamentar (restrito aos chefes do Poder Executivo) estaria


inserido no poder normativo (ampliado a toda Administração Pública).

Assim, não confunda: quando a questão fizer menção aos atos exclusivos do
Chefe do Poder Executivo se tratará do poder regulamentar e caso se refira a
atos de outras autoridades estará se referindo ao poder normativo.

c) Poder vinculado: ocorre quando a Administração Pública executa exatamente


o que prevê a lei, não existindo autonomia para fazer algo diferente da previsão.
Ex: concessão de habilitação para dirigir para quem passou nos exames e
atende aos requisitos necessários para ser motorista. Perceba que neste
exemplo não cabe a Administração Pública negar a carteira de habilitação se o
candidato a motorista atende as previsões legais.

É importante que você saiba que a vinculação a lei pela Administração Pública
gera um debate intenso se realmente trata-se de um poder (exercício de uma
prerrogativa) ou de um atributo de poder (correto uso da lei).

A defesa da vinculação à lei como poder passa pelo fato de que a Administração
Pública possui a força de exigir a previsão legal. Para quem defende o contrário,
o argumento é que essa força de exigência é na verdade uma limitação a
vontade do agente público que só pode executar o que for permitido em lei.

d) Poder discricionário: ocorre quando a Administração Pública, motivada pelos


requisitos de conveniência (adequação do ato) e oportunidade (momento do
ato), pode atuar conforme sua vontade analisando se o ato está sendo realizado
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

em momento adequado e se atende ao interesse social. É importante não


confundir discricionariedade com livre arbítrio, pois o poder discricionário só
pode ser utilizado quando previsto em lei.

Assim, a atuação estatal possui como limite a própria lei. Ex: autorização de
fechamento de rua para realização de festa junina. Este exemplo mostra que se
a Administração Pública entender ser oportuno e conveniente poderá autorizar
o fechamento da rua para que a comunidade possa realizar o evento, porém,
caso entenda que serão gerados transtornos no trânsito poderá negar a
autorização.

e) Poder Hierárquico: decorre da necessidade da Administração Pública de


ordenar, fiscalizar, controlar e corrigir os atos de seus agentes e órgãos. Assim,
só cabe falar em poder hierárquico entre aqueles que possuem subordinação.
Ex: secretário municipal fiscaliza o funcionamento dos postos de saúde.

Perceba que o secretário municipal irá emitir ordens para corrigir eventuais erros,
para expandir bons exemplos de uma unidade para todas as outras, verificará
as possibilidades de melhoria, etc. Aqui não se fala em punição a atos irregulares
ou ilegais, pois essa é uma tarefa para o poder disciplinar.

f) Poder Disciplinar: é a capacidade da Administração Pública em punir atos


infracionais de servidores e outras pessoas. Ex: secretário municipal que na
fiscalização ao posto de saúde encontra recepcionista dormindo durante o
expediente enquanto a população aguardar por atendimento. Veja que neste
caso é obrigação do secretário municipal exigir a apuração dos fatos para decidir
sobre posterior abertura de sindicância ou procedimento administrativo
disciplinar – PAD.

É importante ressaltar que o poder hierárquico e o poder disciplinar se


relacionam entre si, mas são diferentes e possuem objetivos distintos. O poder
hierárquico busca organizar a rotina das atividades da Administração Pública
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

(obediência da instância inferior em relação a instância superior), enquanto o


poder disciplinar busca inibir e punir ações irregulares e ilegais.

Ressalta-se que o poder disciplinar é integrante do poder punitivo estatal que


engloba outras formas de punição como, por exemplo, os crimes previstos no
Direito Penal.

Outro exemplo é a capacidade de punição atribuída ao poder de polícia. Assim,


tanto o poder disciplinar quanto o poder de polícia são fases do poder punitivo
da Administração Pública.

g) Poder de Polícia: é a prerrogativa que a Administração Pública possuí de


interferir no uso e o gozo dos bens, atividades e direitos individuais em
detrimento dos direitos coletivos. Ex: fechamento de estabelecimento comercial
que não segue as normas sanitárias (vender gênero alimentício vencido, local
sem higiene, presença de ratos, etc.).

Um conceito de poder de polícia foi estabelecido pelo Código Tributário Nacional


(Lei nº 5172/66), que afirma em seu artigo 78:

Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da


administração pública que, limitando ou disciplinando
direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou
abstenção de fato, em razão de interesse público
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à
disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades
econômicas dependentes de concessão ou autorização do
Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à
propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.

Veja que o conceito fala em proteção aos costumes e à tranquilidade pública,


entre outros. Logo, o poder de polícia alcança os valores morais e os bons
costumes. Um exemplo simples é a fiscalização exercida pelo Conselho Tutelar
em boates, bailes e festas onde são comercializadas bebidas alcoólicas com o
objetivo de inibir a venda a menores de idade.
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

É muito importante separar o poder de polícia administrativo exercido pelos


diversos órgãos estatais (vigilância sanitária, proteção e defesa dos
consumidores, fiscalização tributária, etc.) da polícia judiciária (ex: Polícia Civil,
Polícia Federal, Polícia Penal) e da manutenção da ordem pública (ex: Polícia
Militar, Polícia Rodoviária Federal, guardas municipais). E qual a diferença? É
que o poder de polícia administrativa incide sobre bens, atividades e direitos
individuais e as polícias judiciárias e de ordem pública sobre pessoas.

Vamos refletir!

Logo, caso seja necessária a prisão do proprietário do estabelecimento a


atuação deverá ser conjunta. Não caberia, por exemplo, a Polícia Militar o
fechamento do estabelecimento em caso de venda de produtos fora da validade,
como não caberia a fiscalização da Vigilância Sanitária a prisão do proprietário
em caso de agressão ou violência no momento da autuação.

O poder de polícia pode ser exercido por intermédio de ato geral (sem
destinatário certo) ou ato individual (quando visa atingir pessoa destinatário
certo).

O exercício do poder de polícia pela administração pública está embasado em


três principais características a discricionariedade, autoexecutoriedade e a
coercibilidade.

Como visto a discricionariedade é o exercício da iniciativa própria da


Administração Pública, que demanda somente a análise de oportunidade e
conveniência. Assim, por exemplo, a fiscalização de venda de bebidas alcoólicas
a menores deve ser precedida pela análise apenas de oportunidade e relevância,
para evitar apenas que tal atividade seja exercida em horário e local inadequados
(segunda-feira pela manhã em frente a uma igreja não é o melhor local, dia e
horário para se inibir venda de bebidas a menores!). Em suma a
discricionariedade é uma margem de atuação que permite a Administração
Pública atuar por livre iniciativa limitada pela lei.
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

A autoexecutoriedade é a capacidade da Administração Pública agir sozinha


sem a necessidade de autorização prévia. Por exemplo: a fiscalização sanitária
que o município exerce sobre os restaurantes não necessita de prévia
autorização judicial, bastando que se exerça o poder de polícia dentro dos limites
legais. Assim, a decisão de atuar com o uso do poder de polícia cabe somente
a Administração Pública que não necessita de autorização prévia.

E a coercibilidade é a capacidade da Administração Pública impor a sua atuação


independe da vontade do fiscalizado. Desta forma, no exemplo da fiscalização
aos restaurantes não cabe aos proprietários dos estabelecimentos concordarem
com a ação ou autorizarem previamente, cabendo a Administração Pública o uso
até de força caso seja necessário.

Pela sua influência na rotina da sociedade o poder de polícia possui diversas


súmulas do Superior Tribunal de Justiça. Veja algumas a seguir:

Súmula 312 STJ

No processo administrativo para imposição de multa de trânsito,


são necessárias as notificações da autuação e da aplicação da
pena decorrente da infração.

Súmula 434 STJ

O pagamento da multa por infração de trânsito não inibe a


discussão judicial do débito.

Súmula 510 STJ

A liberação de veículo retido apenas por transporte irregular de


passageiros não está condicionada ao pagamento de multas e
despesas.

Súmula 561 STJ

Os conselhos regionais de Farmácia possuem atribuição para


fiscalizar e autuar as farmácias e drogarias quanto ao
cumprimento da exigência de manter profissional legalmente
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

habilitado (farmacêutico) durante todo o período de


funcionamento dos respectivos estabelecimentos.

Por fim, cabe ressaltar que as sanções aplicadas decorrentes do poder de polícia
podem ir muito além da aplicação de multa, alcançando desde o encerramento
em definitivo das atividades e até a demolição de imóvel. Isso porque ao fim o
que se espera é a proteção dos interesses coletivos e detrimento dos interesses
particulares, ou seja, é a supremacia do interesse público sobre o interesse
privado.

4. Atos Administrativos

4.1 Conceito

O Prof. Hely Lopes Meirelles conceitua ato administrativo sendo:

Toda manifestação unilateral de vontade da Administração


Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato
adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar
direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria.
(MEIRELLES, 2016)

Ato administrativo é uma espécie de ato jurídico (gera efeitos jurídicos) e por isso
tem consequências: adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e
declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria.

Perceba que:

a) Trata-se de manifestação unilateral, sendo assim não precisa da concordância


de nenhuma outra parte;

b) São praticados durante o exercício da função administrativa, em regime


público, representando à vontade estatal;

c) E possui fim imediato, pois a declaração do Estado é capaz de produzir efeitos


jurídicos imediatos, conferindo, transferindo, impondo ou modificando direitos e
obrigações.
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

Alguns exemplos de atos administrativos: emissão de CNH, aplicação de multas,


emissão de licença ambiental e de alvarás de funcionamento, nomeação de
servidores, etc.

Vamos refletir!

Existem atos da administração pública que não são atos administrativos. Ex:
locações, contratos, alienação de bens imóveis, etc. Isso porque para serem atos
administrativos eles precisam estar sob o regime jurídico de direito público e não
em uma relação privada (regime jurídico de direito privado).

Vamos refletir!!

Só cabe ao Poder Judiciário a análise de legalidade do ato! Isso ocorre em


respeito a independência dos Poderes. Cuidado com a imoralidade! Ela só pode
ser analisada pelo Poder Judiciário quanto atentar contra a juridicidade, ou seja,
a ilegalidade que afronta o princípio da moralidade – motivação sempre deve ser
o interesse social.

4.2 Atributos dos atos administrativos

Atributos são características, particularidades e qualidades inerentes aos atos


administrativos. São os atributos que irão diferenciar os atos da administração
pública dos atos particulares.

Este é um tema que também demanda debates na doutrina. Isso porque para
uma corrente minoritária nem todos os atos administrativos, como por exemplo
se todos os atos são dotados de autoxecutoriedade. Mas, será seguido o
entendimento majoritário sobre o tema.

São atributos dos atos administrativos:


PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

I) Autoexecutoriedade: é a capacidade da administração pública em executar


seus atos diretamente. Desta forma não haverá necessidade de auxílio do Poder
Judiciário e se necessário poderá usar a força;

II) Imperatividade: impõem ao particular independentemente da sua vontade ou


concordância, sendo imperativo. Não importa a vontade do particular: enquanto
aquele ato estiver válido ele será impositivo e coercitivo (coação);

III) Presunção de Legitimidade e veracidade: presume-se que todo ato


administrativo é verdadeiro, concorda com os fatos e é legal até prova em
contrário. Decorre do “Princípio da legalidade” e autoriza a imediata execução
ou operatividade dos atos administrativos, mesmo que arguidos de vícios ou
defeitos que os levem à invalidade. A presunção também ocorre com os
atestados, certidões, informações, atos registrais e declarações da
Administração, que, por isso, gozam de fé pública;

IV) Tipicidade: os atos administrativos devem estar estritamente elencados na


lei.

Esses atributos geram um “bizu” ou “decoreba” fácil de guardar: PATI.

P de presunção de veracidade e legitimidade

A de autoexecutoriedade

T de tipicidade e

I de imperatividade

O inquérito policial precede a ação judicial e por isso é um ato administrativo,


desta forma, o IP passa a ter os mesmos atributos apresentados e aqui repouso
um debate bem atual e que movimenta o Direito Administrativo nacional.

Vamos refletir!!
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

Se o inquérito policial é ato administrativo logo ele possui presunção de


veracidade e legitimidade. Assim, o que for dito pela autoridade policial seja pela
força de segurança ostensiva (Ex: Polícia Militar) seja pela autoridade judiciária
(Ex: Delegado de Polícia Civil) será verdadeiro até que se prove o contrário. Mas,
eis o problema: ao longo dos anos não foram poucos os relatos de
inconsistências nos inquéritos policiais. E, para comprovar que os relatos são
verídicos é que nasce o debate sobre o uso de câmera corporal em policiais.

A seguir alguns artigos (apenas os parágrafos iniciais por questão de espaço)


sobre o tema:

O sistema de Justiça Criminal deve dar bastas à brutalidade


e ao falso testemunho policial

Domingo, 29 de outubro de 2023 (Atualizado em 27 de outubro de 2023 13:55)


Diego Renoldi Quaresma de Oliveira

Deve-se ter a percepção que tanto a brutalidade policial quanto


a inquestionabilidade dos testemunhos de policiais como
eficácia probatória em ações penais, podem, perigosamente,
atingir todos nós, como sociedade e de maneira individual.

Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ao


longo do ano de 2022, 6.430 pessoas morreram decorrentes de
intervenção policial1. A boa notícia é que, ao menos no Estado
de São Paulo, a letalidade policial diminuiu surpreendentes 61%,
caindo para o menor patamar desde 2001. Muito provavelmente,
pelo uso de câmeras corporais (como principal fator).

A má notícia é que o Sistema de Justiça Criminal prefere, não


rara as vezes, relativizar a célebre reflexão de Voltaire: "[É]
melhor correr o risco de salvar um homem culpado do que
condenar um inocente" ao insistir em considerar que o
depoimento do agente policial goza de presunção de veracidade
e de presunção de legitimidade, sendo como tomado como
prova suficiente para condenação".
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

Veja-se o caso Genivaldo, por exemplo. Morto aos 38 nos dentro


de uma viatura da Polícia Rodoviária Federal - PRF, em 25 de
maio de 2022 por três policiais com uso de gás tóxico. As
imagens feitas por testemunhas oculares do carro repleto de gás
lacrimogênio com a vítima lá dentro giraram o mundo causando
indignação pela brutalidade policial. (...)

Fonte: https://www.migalhas.com.br/depeso/396061/sistema-de-justica-
criminal-deve-dar-bastas-a-brutalidade

Veracidade do depoimento policial em casos de ausência


de câmera corporal
Alcir Moreno da Cruz 20 de agosto de 2023, 17h13 Editorias: Academia
Criminal Polícia

A segurança pública é um pilar fundamental para a estabilidade


e ordem da sociedade, sendo o Estado detentor da
responsabilidade por sua garantia, conforme preceitua o artigo
144 da Constituição. As instituições de segurança
desempenham um papel essencial na preservação da ordem
pública e na proteção dos cidadãos e do patrimônio. Dentre
essas instituições, destaca-se a atuação das polícias, tanto no
âmbito federal quanto estadual, cada uma com suas
competências e responsabilidades específicas.
Vivenciamos, no mundo, um processo acelerado de
"automação”, no qual se adotam cada vez mais tecnologias para
realizarem tarefas de forma autônoma, sem a necessidade de
intervenção humana direta, em outras palavras, as máquinas
vêm substituindo os humanos nas mais diversas e impensáveis
atividades.
Recentemente, a implementação das câmeras individuais
corporais em algumas unidades das forças de segurança, como
nos estados de São Paulo, Santa Catarina e Rio de Janeiro, tem
sido objeto de discussão e debate.
Essa tecnologia visa fornecer maior transparência à atuação
policial em prol não apenas do cidadão, mas do próprio servidor
do estado, registrando de maneira imparcial e objetiva os
eventos e situações enfrentadas pelos policiais em serviço,
oferecendo uma perspectiva ampla sobre as ações realizadas.
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

A transparência, por seu turno, é elemento regente para a


atuação policial dentro de uma sociedade democrática e justa. A
legitimação policial não se restringe apenas à obediência à
legislação vigente, mas também engloba uma prestação social,
onde os cidadãos devem sentir que a atuação policial é
necessária e justa. (...)
Fonte: https://www.conjur.com.br/2023-ago-20/alcir-cruz-depoimento-policial-
ausencia-camera-corporal/

Este é um assunto “quente” que estará em debate nos próximos anos. Sugere-
se uma leitura de outros artigos e produções acadêmicas sobre o tema para
formar a sua opinião sobre o assunto.

4.3 Elementos do ato administrativo

Elementos do ato administrativo: são requisitos que identificam o ato


administrativo e condicionam sua existência e validade. São eles: competência,
objeto, forma, motivo e finalidade. São considerados o esqueleto do ato
administrativo, por sobre os quais o ato encontra validade.

a) Competência: a lei definirá e atribuirá competência para a prática de um ato


um determinado sujeito e apenas essa pessoa poderá executar esse ato. Porém,
existe a possibilidade de a pessoa competente pelo ato transferir a sua
responsabilidade. Essa é uma das três características da competência, a saber:

I) Sempre decorrerá da lei;

II) É inderrogável (não se pode alterar, anular, inquestionável);

III) Pode ser delegada.

Todo ato pode ser delegado? Não! A Lei 9.784/99 (Lei do Processo
Administrativo no âmbito da Administração Pública Federal) estabelece em seu
artigo 13 que:

Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:


I - a edição de atos de caráter normativo;
II - a decisão de recursos administrativos;
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou


autoridade.

Vamos refletir!

É possível quem delegou a competência desfazer o ato? Sim! E isso chama-se


avocação. Mas, será uma exceção como veremos abaixo. Isso porque é fácil
imaginar que se o gestor máximo não delegar competência irá perder tempo
decidindo miudezas do cotidiano ao invés de buscar resolver os problemas
relevantes do país.

Avocação é atrair para si competência de subordinado, sendo o inverso da


delegação (quem pode mais, pode menos!). Em regra, não pode ser realizado,
exceto se for excepcional, por motivos relevantes e justificados e temporário
(mesmo com a hierarquia).

b) Objeto: também conhecido como o conteúdo do ato e corresponde ao efeito


jurídico que determinado ato produz de imediato. Este poderá tanto ser vinculado
como discricionário.

b.1) Vinculado é o ato onde não existe qualquer possibilidade de atuação do


Administrador Público fora da hipótese prevista na lei. Ex: aposentadoria de
servidor com todos os quesitos atendidos / emissão de alvará de funcionamento.

b.2) Discricionário é o ato onde o Administrador tem uma certa margem de


liberdade na sua decisão. Ex: desapropriação / autorização de uso (festa junina
em via pública). Lembre-se que o ato discricionário deve ser oportuno e
conveniente, sendo a escolha da atuação que melhor atende ao interesse
público.

Considerando que a finalidade é o resultado mediato desejado para o ato,


considera-se que o objeto é o fim imediato do ato. Assim sendo, representa o
resultado prático a que determinado ato administrativo conduz.

Objeto = Conteúdo (aquilo que se espera imediatamente)


PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

Vinculado: tem que fazer!

Discricionário: faz se quiser!

c) Forma: é a exteriorização do ato. Em regra, os atos precisam ser escritos (os


atos administrativos exigem a forma escrita), sendo certo que podemos
encontrar exceções onde o ato será praticado de forma verbal, ou até mesmo
através de sinais.

Um bom exemplo a respeito das possibilidades diversas de forma do ato


administrativo é o apito de um agente de trânsito. Sem que seja necessário
qualquer documento escrito ou verbal o sinal sonoro é entendido pelo motorista.
Esse é um ato administrativo sem o revestimento da forma escrita.

Se o motorista para em frente a placa de proibido parar e estacionar e escuta o


apito do agente de trânsito saberá que é um aviso para cumprir as normas de
trânsito.

Mas, ressalta-se que a regra é o ato ser escrito. Editais, portarias, decretos entre
tantos outros são exemplos de atos administrativos escritos.

Além disso: em sentido amplo, também se incluem como forma as exigências


procedimentais para realização do ato. Logo, além de escrito deve-se respeitar
outras formalidades. Um exemplo é o caso dos atos que só são válidos após a
sua publicação na imprensa oficial (ex: edital de concurso público).

Já que as formalidades estão previstas em lei e devem ser seguidas, também se


considera a forma como elemento vinculado dos atos administrativos.

d) Motivo: é a situação de fato e de direito que gera a vontade do agente que


pratica o ato. Mas não o confunda com motivação, já que esta é definida como
a exposição desse motivo. Logo, todo ato deve ter um motivo, mas nem todo ato
precisa da exposição dele. Por exemplo, a exoneração de ocupante de cargo de
provimento em comissão não precisa de motivação, mas precisa de motivo.

Atenção!! Motivo é diferente de motivação (exposição de motivo)


PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

Teoria dos Motivos Determinantes: se a Administração Pública indica um motivo


que fundamentou um ato administrativo, a validade do ato resta vinculada àquele
motivo que o ensejou. A validade do ato administrativo está vinculada à
existência e à veracidade dos motivos apontados como fundamentos para a sua
adoção, a sujeitar o ente público aos seus termos.

Um exemplo explicará melhor a situação: se a Administração fundamenta a


remoção de um servidor público na necessidade de pessoal na cidade de
destino, acaso esta cidade esteja com capacidade máxima de servidores, o
motivo que ensejou o ato é falso. Assim, pela teoria dos motivos determinantes,
o ato deve ser considerado nulo.

e) Finalidade: a finalidade do ato administrativo corresponde ao próprio bem


jurídico pretendido pela Administração Pública quando da sua atuação. Trata-se
do resultado que o ato pretende alcançar, o efeito jurídico mediato do ato.

A finalidade geral do ato administrativo é satisfazer ao interesse público. Já a


finalidade específica, por sua vez, é aquela que a lei elegeu para o ato em
específico.

Como não se concebe que o ato não satisfaça ao interesse público ou da


finalidade prevista em lei, é um elemento vinculado.

Certo é que o Administrador não poderá atuar com desvio de finalidade sob pena
de nulidade do ato administrativo.

Professor, como posso guardar tanta informação? Aí vai outro “bizu” ou


“decoreba”:

“COMO FICO em FORMA?”

CO = competência

MO = motivo

FI= finalidade
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

CO= conteúdo (objeto)

FORMA = forma

NÃO SE ESQUEÇA!!!

Os vícios de competência e forma são possíveis de serem sanáveis. Porém,


vícios de finalidade, motivo e objeto são insanáveis:

Finalidade: não se pode fugir da finalidade pública (desvio de finalidade)

Motivo: deve ser verdadeiro e legal (Teoria dos Motivos Determinantes)

Objeto: o conteúdo não pode ser diferente daquele autorizado

Perceba que em nosso “COMO FICO em FORMA” o início e o fim são sanáveis
(competência e forma) e o recheio é insanável (finalidade, motivo e objeto).

Vamos refletir!

Uma coisa muito importante: o Poder Judiciário não pode interferir na


Administração Pública, salvo em casos de ilegalidade. Lembre-se que a função
típica desse Poder é a resolução de conflitos de interesses pela lei. Logo, se
tratar-se de um assunto discricionário não caberá a interferência do juízo. Ex: os
moradores não terão sucesso se acionarem a Justiça para resolver o problema
da mudança do fluxo de trânsito de uma avenida movimentada para sua pacata
rua. Perceba: eles poderão acionar o Poder Judiciário pelo princípio da
inafastabilidade da justiça prevista no Art. 5º, inciso XXXV, da Constituição
Federal. Mas, o magistrado não pode ordenar a volta do fluxo de trânsito a
avenida, salvo se a mudança tenha ofendido a lei.

Caso o magistrado tenha interesse em resolver tal questão deve pedir


exoneração do seu cargo público e concorrer nas eleições para ser
representante do povo. É isso que veem ocorrendo nos últimos anos com vários
juízes, promotores, procuradores da República... saindo de seus cargos públicos
para concorrerem as eleições.
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

4.4 Vícios dos atos administrativos

Todas as vezes que um ato administrativo for praticado com a ausência ou a


deficiência de algum dos elementos ele estará com um vício. Veja:

a) Abuso de Poder:

O vício mais conhecido de competência é o excesso de poder. O sujeito tem a


competência legal para a prática de alguns atos, mas excede os limites dessa
competência. Ainda assim é possível a convalidação do ato, se a autoridade
competente ratificar o ato da autoridade incompetente. Entretanto não é possível
a convalidação no caso de competência exclusiva.

Já o vício principal da finalidade é o desvio de poder. É quando o ato não atende


a finalidade do interesse público, e muitas vezes atende a necessidades
particulares. Os dois vícios vistos, o excesso de poder e o desvio de poder, são
espécies do gênero abuso de poder. Segue esquema para não haver confusão:

Logo, o abuso de poder ocorrerá quando o agente não possui competência para
exercer um ato (excesso de poder) ou quando o ato é praticado com um fim
diverso do previsto em lei (desvio de poder ou de finalidade).

b) Vícios de competência

b.1) Incompetência:

Ocorre quando a prática do ato não se insere nas atribuições previstas em lei
para aquele agente. Há três formas de manifestação:
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

I) Excesso de poder: ocorre quando o agente excede os limites da sua


competência. Por exemplo, tendo competência apenas para aplicar pena de
suspensão, o agente aplica pena de demissão a servidor que praticou uma falta.

II) Função de fato: exercida pelo “agente de fato”, que é aquele que possui
relação com a Administração, mas a sua investidura não ocorreu de forma
regular. Por exemplo, uma pessoa foi investida em cargo público de nível
superior, mas depois constata-se que o diploma de formação era falso. Nesse
caso, os atos praticados pelo agente de fato são contemplados pela teoria da
aparência de legalidade, sendo considerados válidos.

III) Usurpação de poder: ocorre quando uma pessoa pratica ato administrativo
sem ter qualquer forma de investidura na função pública. Um exemplo seria uma
multa aplicada por uma pessoa que comprou um uniforme falso e se passou por
agente de trânsito. Nesse caso, o ato é considerado inexistente.

b.2) Incapacidade:

Ocorre quando o agente possui a competência legal para exercer as atribuições,


mas não pode exercê-la por não ter a imparcialidade exigida, em virtude de
impedimento ou suspeição.

Veja uma dica: O com O, S com S

ImpedimentO: hipóteses Objetivas / Suspeição: hipóteses Subjetivas

I) Impedimento: situações em que, por exemplo, a autoridade tem interesse


direto na matéria, há disputa judicial entre autoridade e o interessado etc. Nesses
casos, a própria autoridade deve se declarar impedida, pois o impedimento gera
uma presunção absoluta de incapacidade. A nulidade, nesse caso, ocorrerá
desde a origem.

II) Suspeição: situações em que, por exemplo, há amizade íntima ou a inimizade


notória entre autoridade e parte. Nesses casos, a presunção de incapacidade é
relativa e a autoridade não tem o dever de se declarar suspeita. Assim, os atos
editados antes da arguição da suspeição são considerados válidos, sanados.
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c) Vício de finalidade

Já visto no abuso de poder. Trata-se do desvio de poder e ocorre quando o


agente pratica o ato com a finalidade diversa do interesse público ou diversa da
finalidade específica prevista em lei para aquele ato.

d) Vício de forma

O vício de forma poderá ocorrer quando:

I) A forma prevista em lei não foi observada: por exemplo, quando a lei exige a
forma de “decreto” e a administração utiliza uma “resolução” para publicar uma
norma.

II) A formalidade ou procedimento para a tomada de decisão não seguiu o rito


definido em lei. Ex: na ausência de cumprimento do processo de licitação para
contratar uma empresa.

Guarde isso: a motivação compõe a forma do ato. Logo, ausência de


motivação, quando ela é obrigatória, acarretará a nulidade do ato do vício de
forma.

e) Vício de motivo

Ocorre quando o motivo for:

I) Falso: quando o motivo não encontra amparo com a realidade. Ex: se a


alegação foi de que o servidor cometeu determinada infração, mas na verdade
ele cometeu outro tipo de infração, então o motivo será falso.

II) Inexistente: quando o motivo alegado não existiu. Ex: se a administração pune
um servidor sem que ele tenha cometido qualquer infração, o motivo será
inexistente.

III) Juridicamente inadequado/ilegítimo: apesar de existente, ele não justifica a


prática do ato editado. Por exemplo, uma autoridade demite um servidor público
por ele torcer para clube rival no futebol.
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Para encerrar essa parte do assunto “atos administrativos” apresento um


resumo retirado da internet (domínio público):

4.5 Classificação dos atos administrativos

Esse é um assunto extenso, mas sem grandes dificuldades em sua absorção.


Então, mãos à obra!

I) Quanto ao objeto do ato administrativo

Atos de Império: são aqueles atos praticados pela Administração Pública com a
prerrogativa de autoridade, ou seja, com poder de império, colocando-se numa
posição de superioridade com relação ao administrado. Ex: a interdição de uma
obra irregular.

Atos de gestão: estes atos são praticados pela Administração para a sua
organização, mas em pé de igualdade com o administrado, ou seja, a
administração se coloca de maneira horizontal na relação jurídica estabelecida
com o particular.

Pense nisso! Aqui é mais um tema controverso do Direito Administrativo.


Isso porque, como visto, a imperatividade é atributo do ato, não cabendo ao
particular questionar a sua execução. Ex: a administração pública realizando um
contrato de locação de um imóvel particular.

Atos administrativos de expediente: São aqueles que a administração precisa


manifestar sua vontade para poder produzir efeitos jurídicos. Esses atos incluem
aqueles de mera rotina administrativa. Ex: estabelecimento do horário de
funcionamento do órgão.
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

II) Quanto a formação do ato administrativo

Atos simples: exigem a manifestação de um órgão apenas. Apenas um órgão


administrativo, ainda que colegiado, precisará manifestar sua vontade para
termos um ato simples. Exemplo disto é a prática de um ato de interdição de uma
obra por um Secretário Municipal. Este ato exige a atuação apenas de uma
secretaria, ninguém mais (ato simples).

Atos complexos: exigem a atuação conjunta de dois ou mais órgãos fundindo


sua vontade para formar apenas um ato. Exemplo: ato de aposentadoria de um
servidor público (exigem a atuação do Administrador público aposentando o
servidor e a homologação do ato pelo Tribunal de Contas da União).

Atos compostos: quando dois ou mais órgãos precisam um dos outros para gerar
um ato, a vontade de um órgão é sempre instrumental em relação a do outro,
não se confundindo com os atos complexos, naqueles existem vontades que
geram apenas um ato, aqui a manifestação de um é necessária para a gerar a
manifestação do outro. Ex: parecer de um Advogado da União ou Procurador de
Estado que é aprovado pelo Consultor Jurídico do Ministério ou Secretaria.

III) Quanto a espécie do ato administrativo

Atos Normativos: Estes atos administrativos possuem no seu corpo um comando


geral do Poder Executivo, com o intuito de regulamentar a execução das Leis.
Ex: decretos regulamentares (dispõem sobre matéria que ainda não foi regulada
pela Lei), Regimentos (normativos de atuação interna regendo funcionamento
do órgão colegiado), Resoluções (atos expedidos pelas altas autoridades do
poder executivo (menos o Presidente da República) disciplinando matéria de
competência exclusiva e específica) e Deliberações (atos são emanados pelos
órgãos colegiados e só podem ser revogados por outras deliberações do órgão.).

Atos Ordinatórios: atos são emanados em decorrência do poder Hierárquico


visando disciplinar as relações internas da Administração Pública. Ex: Portarias,
circulares, instruções, despachos administrativos, ofícios, etc...
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

Atos Negociais: são aqueles que embora unilaterais, encerram um conteúdo


tipicamente negocial, mas não adentram na esfera do negócio (apenas
subordinam o particular a cumprimento). Ex: Licenças, autorizações,
permissões, admissões...

Atos Enunciativos: atos expressam uma opinião por parte do administrador ou


certificam um determinado fato. Ex: pareceres, certidões, atestados, etc.

Atos punitivos: o particular atuar em desconformidade com o ordenamento


jurídico, sofrerá restrições de direitos ou interesses, através de atos
administrativos punitivos. Ex: interdições, multas, apreensões, destruições,
sanções disciplinares...

IV) Quanto ao regramento

Ato Vinculado – ato de exercício obrigatório. Possui todos os elementos


necessários na lei. O administrador é mero executor da lei. Ex: liberação de
licença de funcionamento de estabelecimento comercial. Perceba que enquanto
cumprido os requisitos legais essa espécie de autorização terá caráter
permanente.

Ato Discricionário – o ato possui apenas parte dos pressupostos na lei, como
competência, finalidade e forma, devendo ser preenchido pelo administrador o
que está indefinido, com razoabilidade e proporcionalidade. Ex: autorização para
funcionamento de feira em rua de um bairro. Perceba que esta espécie de ato
possui caráter precário, podendo ser revogada caso a Administração Pública
entenda que o critério de oportunidade ou de conveniência não está mais sendo
atendido.

Aqui fica uma dica prática importante sobre ato administrativa: alvará é o nome
do instrumento e licença ou autorização é o conteúdo. Vale citar, aqui, a
professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, que ensina:

"Alvará é o instrumento pelo qual a Administrativa Pública


confere licença ou autorização para a prática de ato ou exercício
de atividade sujeitos ao poder de polícia do Estado. Mais
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

resumidamente, o alvará é o instrumento de licença ou da


autorização. Ele é a forma, o revestimento exterior do ato; a
licença e a autorização são o conteúdo do ato"

Logo, licença é ato vinculado e autorização é ato discricionário.

A grande diferença entre as duas é o grau de decisão do gestor público em sua


concessão. No ato vinculado o gestor não possui nenhum espaço devendo
cumprir a lei e por isso se revestirá de um caráter permanente. Enquanto o
beneficiário cumprir os requisitos a licença será válida.

No ato discricionário o gestor tomara sua decisão com base em oportunidade e


conveniência, que juntas forma o denominado mérito administrativo. Mesmo que
não ocorra nada que desabone o beneficiário a Administração Pública poderá
revogar a autorização. No exemplo, os feirantes poderão estar rigorosamente
cumprindo a lei que, se a Administração Pública entender inoportuno ou
inconveniente a autorização de funcionamento da feira em rua será revogada.

Essa observação será importante para o estudo da extinção dos atos


administrativos. Isso porque o Poder Judiciário pode analisar qualquer ato
administrativo (art. 5º, XXV, CF 88), mas não pode decidir sobre o mérito, apenas
sobre ilegalidade.

4.6 Extinção dos atos administrativos

Como visto, os atos administrativos é uma forma de expressão da Administração


Pública no exercício de missão em atender ao interesse social. Logo, é rotineiro
que, buscando adaptar o Poder Público a dinâmica da sociedade, haja a extinção
dos atos antes necessários.

Os atos administrativos podem ser extintos de diversas formas, inclusive


naturalmente. Ex: uma licença de funcionamento com validade de 3 anos, ao
final deste prazo, o ato extinguir-se-á naturalmente. Outro exemplo é pela perda
de seu objeto, como por exemplo, pelo falecimento da pessoa.

Assim, as formas mais comuns de extinção dos atos administrativos são:


PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

a) Revogação: é a extinção de ato válido, mas que deixou de ser conveniente e


oportuno. Possui efeito “ex nunc”. Ex: fim de autorização de feira livre em via que
passará a ser muito movimentada para atendimento do fluxo de trânsito da
cidade.

b) Anulação: é o desfazimento de ato ilegal. A Administração Pública ao verificar


que ocorreu uma ilegalidade deve anular o ato. Ex: fraude em contratação de
empresa de limpeza urbana.

Este assunto é tão importante que o STF já sumulou a questão. Veja:

Súmula 473 STF

A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados


de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam
direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada,
em todos os casos, a apreciação judicial.

Vamos refletir!

O Poder Judiciário só pode anular um ato administrativo. Já a Administração


Pública pode anular ou revogar. Isso ocorre porque o Judiciário resolve conflitos
oriundos da lei e não pode questionar o mérito do ato administrativo. Assim, caso
um grupo de feirantes recorra ao Poder Judiciário para pedir o retorno da
autorização de uma feira livre revogada pela Prefeitura para facilitar o trânsito na
região, o juiz não poderá analisar se é melhor para a população o funcionamento
da feira ou a melhoria do trânsito. Por quê? Porque se assim o fizesse estaria
atuando na função atípica de administração pública em relação a localidade e
esse é papel do Poder Executivo local, com base no art. 2º CF/88 (princípio da
independência dos Poderes).

c) Caducidade: Ocorre a caducidade quando o objeto ou a situação elencada no


ato administrativo não é mais suportada pela legislação vigente. O ato
administrativo se extinguirá pela caducidade quando estivermos diante de atos
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

discricionários e precários, visto que atos vinculados geram um direito adquirido


para o particular que deve ser protegido inclusive com a superveniência de nova
lei. Ex: lei municipal determinando o uso de máscaras em ambiente de órgãos
públicos como meio de combate a pandemia de Covid-19 é substituída por nova
lei liberando o acesso sem o uso de máscara.

d) Cassação é a forma de extinção do ato por culpa do beneficiário, já que ele


descumpriu condições que deveria manter. Ocorrerá acaso o particular
descumpra as condições previamente fixadas pela administração no ato
administrativo, ou até mesmo se o beneficiário praticar alguma ilegalidade
posterior à prática do ato. Ex: empresa concessionário do transporte urbano
municipal tem concessão cassada por colocar ônibus fora do padrão exigido em
contrato, causando danos aos usuários.

e) Renúncia: é quando o particular por sua própria iniciativa desiste do seu direito
e pede a extinção unilateral do ato. Ex: A comunidade declina de fazer a festa
junina autorizada com o fechamento da rua do bairro por motivo de chuvas.

f) Recusa: é quando o particular antes mesmo do ato administrativo produzir


efeitos, já desiste e recusa o direito produzido na determinação administrativa.
Ex: o governador nomeia um funcionário para ocupar o cargo de secretário de
Agricultura, o qual não quer, e recusa a nomeação mesmo após a publicação.

g) Contraposição também ocorre com a mudança no mundo jurídico, mas


através de um novo ato que se contrapõe ao ato anterior. Assim sendo, a
diferença entre a caducidade e a contraposição é que a caducidade é com base
em nova lei e a contraposição com base em novo ato.

Convalidação

Não é uma forma de extinção de ato administrativo, ao contrário, é o salvamento


deste ato, uma vez que apresentando vícios sanáveis poderá um ato ilegal ser
mantido no nosso ordenamento jurídico. Tal hipótese encontra-se elencada no
artigo 55 da Lei 9.784/99 (Lei do Processo Administrativo):
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão


ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que
apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela
própria Administração.

Os efeitos da anulação operam-se de maneira retroativa (ex tunc), visando evitar


a produção de efeitos antijurídicos pelo ato. Controlando a ilegalidade de
determinado ato, a administração pública poderá valer-se da modulação dos
efeitos, igual a modulação de efeitos no controle de constitucionalidade.

Vamos refletir!

É possível também a convalidação de atos administrativos que possuam alguma


nulidade em caso de efeitos favoráveis aos administrados. Em verdade, o direito
da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos
favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que
foram praticados, salvo comprovada má-fé. Naturalmente, se o administrado
estava de má-fé, não existirá qualquer prazo e este ato jamais será convalidado.
Utilizando mais uma imagem de domínio público da internet vamos a um “bizu”
oriundo do mundo virtual:

Sobre “atos administrativos” ficamos por aqui!


PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

5. Agentes Públicos

5.1 Conceito

É a pessoa física que presta serviço ao Estado ainda que transitoriamente ou


sem remuneração.

Esse conceito é extraído da Lei 8429/92 alterada recentemente pela Lei


14230/21. Essas duas leis são respectivamente a antiga e a nova Lei de
Improbidade Administrativa, que no artigo 2º dispõe que:

Art. 2º Para os efeitos desta Lei, consideram-se agente público


o agente político, o servidor público e todo aquele que exerce,
ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de
investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas
entidades referidas no art. 1º desta Lei.

Como veremos adiante um mesário, mesmo que voluntariamente e sem


remuneração, será um agente público.

Guarde isso: a condição de enquadramento da pessoa física como agente


público é o exercício de atividade em prol do Estado. Nem remuneração e nem
o tempo de exercício da atividade são relevantes neste momento.

5.2 Classificação dos Agentes Públicos

O termo “agente público” é uma referência ampla que comporta vários tipos, ou
seja, é gênero com várias espécies, a saber:

I) Agente político: são as pessoas físicas integrantes do alto escalão dos


Poderes. Logo, os chefes do Poder Executivo (prefeitos, governadores e o PR)
e seus ministros e secretários, os chefes do Poder Legislativo (presidentes de
câmaras de vereadores, assembleias legislativas e da Câmara dos Deputados e
do Senado Federal) e seus pares (vereadores, deputados estaduais, deputados
federais e senadores), bem como os Ministros do Supremo Tribunal Federal, do
Tribunal de Contas da União e o Procurador-Geral da República e seus pares
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

(desembargadores, juízes, promotores, conselheiros, procuradores), todos são


agentes políticos.

É importante ressaltar que o conceito de agente político não é uma unanimidade


na doutrina. Isso porque, inicialmente, somente os eleitos e seu primeiro escalão
eram enquadrados no conceito. Posteriormente o Supremo Tribunal Federal
estendeu a classificação aos membros dos Poderes.

Guarde isso: os agentes políticos possuem a função de expressar a vontade


do Estado em suas instâncias superiores. Suas competências são oriundas
diretamente da Constituição Federal e por isso seu vínculo estatal é político e
não profissional, pois as profissões e carreiras necessitam de serem
estabelecidas em lei.

II) Agentes Administrativos: são aqueles que exercem um vínculo profissional


com o Estado. Logo, são remunerados e estão subordinados ao poder
hierárquico. São divididos em:

a) Servidor Público: é o agente público ocupante de cargo público. O cargo


público é um conjunto de competências e atribuições que deve ser executado
por pessoa habilitada em concurso público (art. 37, II, CF/88). Dessa forma,
seguindo a citada previsão constitucional, são servidores públicos aqueles
servidores concursados da administração pública direta, suas autarquias e
fundações públicas. Ex: Auditor de Controle Externo, Delegado de Polícia,
Auditor Fiscal, Defensor Público...

b) Empregado Público: é o agente público ocupante de emprego público. O


emprego público é um conjunto de competências e atribuições de pessoas
contratadas e submetidas ao regime da legislação trabalhista (CLT). São os
integrantes das pessoas jurídicas de direito privado da administração pública
indireta, ou seja, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e suas
respectivas subsidiárias. A previsão constitucional é de que o acesso ao
emprego público será por concurso público, porém não existe previsão de
estabilidade para os empregados públicos. Ex: empregados da Petrobras, Banco
do Brasil, Banestes, Cesan, Caixa Econômica Federal...
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

Mas, a jurisprudência deixa explícito que a demissão do empregado público não


ocorre nas mesmas condições que nas empresas privadas, sendo necessário
seguir rito mais rigoroso especialmente caracterizando o motivo do
desligamento. Veja a decisão do STF:

Súmula 20 STF

É necessário processo administrativo com ampla defesa, para


demissão de funcionário admitido por concurso.

Recentemente o Supremo Tribunal Federal voltou ao tema para julgar a


necessidade ou não de justa causa em demissão de empresas estatais:

Maioria do STF é contra permitir demissão sem justificativa


em empresa pública

Seis ministros entenderam que é preciso explicar o motivo da


dispensa; Corte ainda precisa definir qual procedimento deverá
ser adotado para demitir o funcionário.

Lucas Mendes da CNN Brasília 09/02/2024 às 15:05 | Atualizado 09/02/2024


às 16:02

O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria de votos


nesta quinta-feira (8) contra a possibilidade de demissão sem
justificativa ou explicação dos funcionários de empresa pública
ou de sociedade de economia mista que sejam admitidos por
concurso público.

Ainda não foi definido qual o procedimento deverá ser seguido


por empresas do tipo, como a Petrobras, a Caixa Econômica
Federal e o Banco do Brasil. Essa definição será feita em um
outro julgamento, ainda sem data marcada.

Os funcionários dessas empresas são admitidos por concurso


público, mas o regime jurídico do trabalho é o mesmo das
empresas privadas, regido pela consolidação das leis do
trabalho (CLT).
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

Por enquanto, a maioria que se formou é contrária à


possibilidade da demissão imotivada, ou seja, sem que a
empresa pública ofereça ao funcionário uma justificação por
escrito da razão de sua dispensa.

Essa posição não significa a adoção de estabilidade para


funcionários das empresas públicas ou sociedades de economia
mista, e nem que esses empregados estariam protegidos das
dispensas sem justa causa, por exemplo.

Votaram nesse sentido os ministros Roberto Barroso, Cristiano


Zanin, Dias Toffoli, Cármen Lúcia, André Mendonça e Edson
Fachin.

Eles divergem quanto ao alcance dessa posição (se vale a todos


os casos em aberto na Justiça ou só daqui para frente) e quanto
a qual procedimento deverá ser adotado para a demissão de
funcionários.

Ficaram vencidos o relator, ministro Alexandre de Moraes,


Nunes Marques e Gilmar Mendes. Eles defendiam a tese de que
não seria necessário dar um motivo para a demissão do
funcionário.

O ministro Luiz Fux não votou neste julgamento.

Entenda

O Supremo julga se é constitucional ou não a demissão em que


não é apresentado um motivo para dispensar o funcionário de
empresa pública ou sociedade de economia mista.

O julgamento começou na quarta-feira (7), com o voto de


Moraes.

O caso tem repercussão geral, ou seja, o que for decidido valerá


para todos os casos semelhantes na Justiça. Todos os
processos judiciais que discutem a questão estão suspensos até
que haja uma definição no STF.
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

Votos

A proposta que recebeu maior apoio até aqui é a do ministro


Roberto Barroso. Ele defendeu a adoção de uma justificação por
escrito sobre o motivo da dispensa. O magistrado propôs que
esse entendimento tenha validade só para o futuro.

Barroso foi acompanhado por Zanin, Cármen e Toffoli.

“Não se compara com a estabilidade, mas minha preocupação é


alguém admitido por concurso ser discricionariamente demitido
sem o mínimo de motivação”, afirmou Barroso.

“Não é uma proteção que exija as justificativas da justa causa.


Mas em nome da impessoalidade, é preciso haver um mínimo
de justificativa”, disse o ministro.

André Mendonça votou no mesmo sentido de Barroso, mas não


defendeu a validade futura do entendimento. Essa posição abre
a possibilidade de questionamentos de demissões que tenham
sido consideradas arbitrárias.

Já Edson Fachin defendeu requisitos mais rigorosos para o caso


de demissões. Ele propôs que para um funcionário ser mandado
embora deve haver um procedimento mínimo de avaliação do
caso, com direito ao contraditório e à ampla defesa.

Moraes, Nunes e Gilmar foram a favor de validar a dispensa


imotivada. O relator afirmou que não se trata de uma ação
“arbitrária” e que a demissão pode ser aplicada por “razões de
sobrevivência concorrencial”.

Moraes que não há relação direta entre a exigência do concurso


público para entrar na empresa e a necessidade de motivo para
demissão. Ele também citou que existe uma súmula editada em
2007 pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) que valida a
dispensa imotivada em empresa pública ou sociedade de
economia mista.
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

O caso

O caso concreto do processo em análise envolve uma disputa


entre o Banco do Brasil e empregados demitidos da instituição.

Os trabalhadores acionaram o Supremo depois de derrotas na


Justiça do Trabalho, que entendeu que empresas públicas se
sujeitam ao regime jurídico das empresas privadas.

De acordo com o processo, depois de serem aprovados em


concurso público, os empregados vinham desempenhando suas
atividades no banco quando, em abril de 1997, receberam cartas
da direção do Banco comunicando sumariamente suas
demissões.

Para os ex-funcionários, a dispensa só poderia se dar com


algum motivo.

O banco, por sua vez, argumenta que a estabilidade dos


servidores públicos não vale para funcionários de empresa de
economia mista.

Fonte:https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/maioria-do-stf-
e-contra-permitir-demissao-sem-justificativa-em-empresa-publica/

Caso a demissão ocorra “sem justa causa” poderá ser anulada pelo Poder
Judiciário ou pela própria administração pública.

c) Servidores Comissionados: são ocupantes de cargo em comissão e exercem


as competências e atribuições de assessoramento, chefia e direção ocupadas
por intermédio de nomeações. Os cargos em comissão são de preenchimento
preferencial dos servidores efetivos, mas qualquer pessoa habilitada poderá ser
escolhida em decorrência a livre nomeação e exoneração (ato discricionário).
Normalmente são os executores do plano de governo do grupo político vitorioso,
sendo comum que ao fim de mandato sejam substituídos pelas pessoas de
confiança do próximo governante. Ex: chefes de gabinetes, diretores, gerentes...
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

d) Servidores temporários: são aqueles selecionados por intermédio de


processos seletivos para situações emergenciais ou excepcionais de interesse
público. Ao fim de seu contrato ou com a normalização da situação serão
dispensados. Ex: os contratados pelo IBGE para realização do CENSO,
professores em designações temporárias...

III) Particulares em colaboração com o Poder Público: são os particulares que,


sem perder essa condição, atuam em prol do Estado. A atividade pode ser
ocasional ou temporária, remunerada ou não. São divididos em:

a) Agentes Honoríficos: são os requisitados, nomeados ou designados para


exercer função pública tendo a obrigação de participar sob pena de sanção. O
termo “honorífico” vem do fato de exercerem uma atividade respeito e honra. A
convocação se reveste de caráter obrigatório, devendo o particular atender
mesmo que contra sua vontade. Ex: os selecionados para o serviço militar
obrigatório, os jurados no tribunal do júri, os mesários na eleição... Perceba que
no caso dos jurados e dos mesários não há remuneração para o exercício da
atividade. Outra característica importante: as funções são de grande relevância
e essenciais para a democracia e o desenvolvimento da sociedade.

b) Agentes Delegados: são os particulares que recebem a delegação estatal para


a prestação de um serviço público. A previsão da delegação está presente no
artigo 175 da Constituição Federal. Trata-se das empresas contratadas pelo
regime de concessão e permissão para execução de obras públicas, transporte
coletivo, serviço de água e esgoto... Apesar de não perderem a condição de
particulares as empresas privadas respondem objetivamente (responsabilidade
civil objetiva) pelos danos causados a terceiros por seus agentes em
conformidade com o artigo 37, § 6º da Constituição Federal. Nesta classificação
também se enquadram, além das concessionárias e as permissionárias, outros
particulares como os destinatários de autorização, os leiloeiros e os tradutores
públicos, entre outros.

c) Agentes Credenciados: são os particulares que recebem a tarefa de


representar o Estado em ato ou atividade determinado mediante remuneração.
Ex: peritos credenciados pelo Poder Judiciário, clinicas especializadas
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

credenciadas pelo Detran, clinicas e hospitais credenciados pelo SUS... É


importante ressaltar que os agentes credenciados também respondem
objetivamente (responsabilidade civil objetiva) pelos danos causados a terceiros
por seus agentes em conformidade com o artigo 37, § 6º da Constituição Federal.

A classificação apresentada acima expressa aquela mais exigida nos concursos.

Algumas observações sobre assuntos recorrentes na mídia e em exames:

a) Militares são servidores públicos e não agentes políticos (político armado é


sequestrar os direitos do povo que emanou o poder);

b) A remuneração do serviço militar obrigatório, vulgo “recruta”, pode ser menor


que um salário mínimo. Isso porque não são classificados como trabalhadores e
sim agente honorários conforme visto. Desta forma, a remuneração não retira o
caráter de requisição da atividade, ou seja, o “múnus público” relacionado com
a defesa da soberania da pátria. Trata-se apenas de uma ajuda de custo
necessária a prestação do serviço militar. Essa afirmação está contida na
Súmula Vinculante nº 6 do STF;

c) Servidores públicos demitidos podem reverter essa decisão na própria


Administração Pública (autotutela) ou por decisão judicial (controle judicial).
Assim, poderão ocupar novamente os cargos públicos em uma forma de
provimento denominada reintegração;

d) Todos os servidores públicos (federais, estaduais e municipais) serão regidos


por uma lei específica que é o regime jurídico. Porém, as carreiras terão leis
específicas com as suas atribuições e competências;

e) As funções gratificadas são de ocupação exclusiva por servidores efetivos


(ainda que em estágio probatório). Já os cargos em comissão são
preferencialmente preenchidos pelos servidores efetivos, mas por serem de livre
nomeação e exoneração também poderão comportar qualquer um do povo
desde que habilitado e capacitado para o exercício das atribuições que sempre
serão de assessoramento, chefia e direção;
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

f) O estágio probatório é um período de 3 (três) anos onde o servidor aprovado


em concurso público e em pleno exercício provará na sua rotina ser capacitado
ao cargo público. Ultrapassado este período e avaliado positivamente o servidor
público passa a ser estabilizado, o que cria condições especiais a sua demissão
ou exoneração sendo vedado qualquer desligamento sem justa causa;

g) Os empregados públicos (integrantes das empresas públicas e sociedades de


economia mista), apesar de serem regidos pela CLT em igualdade de condições
com os empregados das empresas privadas, só poderão ser demitidos com
motivação. O tema é bastante polêmico pois envolve, por exemplo, as condições
dos empregados públicos em caso de privatização. O certo é que o procedimento
disciplinar administrativo – PAD, obrigatório ao servidor público em caso de
demissão, é, ao menos até este momento, facultativo para os empregados
públicos. Neste caso dependerá da falta cometida e do nível de preocupação
com o contraditório e a ampla defesa.

5.3 Teto remuneratório do serviço público

Os agentes públicos servirão ao Estado e a sua obrigação de atender ao


interesse social. Pelos serviços prestados, assim como ocorre com os
trabalhadores da iniciativa privada, serão remunerados.

Em regra, é quase tudo igual entre o trabalhador do serviço público e da iniciativa


privada incluindo salário e direitos trabalhistas como férias, 13º salário... Porém,
algumas coisas são diferentes e uma delas é o teto remuneratório.

O teto remuneratório é o valor máximo que um agente público poderá receber


do Estado pelos seus serviços prestados.

Vamos refletir!

Os trabalhadores da iniciativa privada não possuem nenhum teto, somente piso


(lembre-se que qualquer trabalhador urbano ou rural é garantido ao menos o
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

salário-mínimo – Art. 7º, IV, CF 88). O teto remuneratório considera que o agente
público deve buscar atender o interesse social, não o enriquecimento pessoal.

O teto remuneratório está previsto no art. 39, XI, da CF/88, a saber:


XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos,
funções e empregos públicos da administração direta,
autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais
agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie
remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as
vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão
exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do
Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos
Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito
Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder
Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no
âmbito do Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargadores
do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco
centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos
Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder
Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério
Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos;

Do texto constitucional se retira que o teto remuneratório é o subsídio do Ministro


do Supremo Tribunal Federal, ou seja, nenhum agente público pode ter
remuneração maior que os dos membros da Suprema Corte.

Vamos refletir!

A partir dessa premissa e observando o texto constitucional conclui-se que o teto


remuneratório do serviço público municipal será o subsídio do Prefeito, tanto
para o Poder Executivo quanto para o Poder Legislativo.
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

Para as remunerações estaduais existem três referências. Para o Poder


Executivo estadual o subsídio do Governador, para o Poder Legislativo estadual
o subsídio do Deputado Estadual e para o Poder Judiciário estadual o subsídio
do Desembargador (limitado a 90,25% do subsídio do Ministro do STF).

Algumas coisas importantes que você necessita saber antes de encerramos o


assunto.

A primeira é que o subsídio é o salário em parcela única, ou seja, não poderá


ser pago adicionais, como por exemplo o adicional de tempo de serviço. Já o
vencimento é a forma de remuneração que permite receber adicionais
remuneratórios.

Perceba que o texto constitucional fala em subsídio e a remuneração, logo, o


teto alcança o vencimento.

Outra coisa importante: apesar do disposto no art. 37, XI, da CF/88, a Carta
Magna possibilita aos Estado e ao Distrito Federal, mediante emenda à
Constituição Estadual ou à Lei Orgânica do DF, estabelecerem outro valor para
o teto remuneratório.

Nesse sentido, a CF/88 possibilita a instituição de um teto remuneratório único


para todos os Poderes do Ente Federativo no valor de 90,25% da remuneração
em espécie dos Ministros do STF.

Todavia, o texto constitucional esclarece que esse teto remuneratório não se


aplica aos Deputados Estaduais e Distritais e aos Vereadores.

Sobre isso, devemos esclarecer que os Deputados Estaduais têm o valor de


seus subsídios definidos em lei de iniciativa da respectiva Assembleia
Legislativa, limitado a 75% do subsídio dos Deputados Federais (art. 27, §2º, da
CF/88).
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

Ademais, os vereadores têm seus subsídios definidos pela respectiva Câmara


Municipal, em cada legislatura, em percentuais que variam de 20% a 75% do
subsídio dos Deputados Estaduais, dependendo do número de habitantes do
Município (art. 29, VI, da CF/88).

Outro ponto importante para você ficar atento é sobre a remuneração dos
empregados públicos das empresas estatais.

As empresas estatais e suas subsidiárias não foram incluídas no comando do


art. 37, XI, da CF/88 (que se refere apenas à administração direta, às autarquias
e às fundações).

Todavia, o §9º do art. 37 da CF/88 estabeleceu que o teto remuneratório se


aplica também às empresas públicas, às sociedades de economia mista e às
subsidiárias que recebem recursos públicos dos entes federativos para custeio
em geral ou para o pagamento de despesas com pessoal.

Assim, pode-se dizer, de forma simplificada, acerca das empresas estatais, que
apenas as dependentes se submetem ao teto remuneratório do serviço público.

Empresas dependentes são aquelas que recebem recursos públicos para


custeio de suas atividades ou pagamento de pessoal.

Vamos refletir!

Se a empresa pública não consegue sobreviver com os próprios recursos e


necessita receber recursos públicos deve obedecer às mesmas regras dos
agentes, visto que a fonte do recurso é a mesma: os cofres públicos.

Dessa forma, as estatais e as subsidiárias que não recebem recursos públicos


para custeio ou pagamento de pessoal podem pagar a seus empregados valores
superiores ao teto remuneratório. Esse é o caso da Petrobrás, por exemplo, veja:
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

Vaga cobiçada: presidente da Petrobras tem salário de até


R$ 260 mil

Executivo da maior estatal brasileira vale 6,5 ministros do STF e


230 petroleiros. Cargo acumula poder e prestígio superiores aos
de vários ministérios

CHRISTINA LEMOS | Do R7
05/04/2022 - 16H46 (ATUALIZADO EM 05/04/2022 - 21H39)

A busca do novo presidente da Petrobras, que completa uma


semana, envolve a disputa pelo mais poderoso cargo entre todas
as estatais do país — superando até o de vários ministros de
Estado, a julgar pelo orçamento e pelo poder de influência da
empresa. A tarefa delicada de comandá-la justificaria um salário
que pode variar dos R$ 200 mil aos R$ 260 mil, a depender dos
adicionais de ocasião, a serem acrescidos ao vencimento do
dirigente.

Após a renúncia de Adriano Pires à indicação presidencial, cujo


conflito de interesses, além de afetar o próprio filho, projetava
prejuízos para depois da saída do posto — já que um ex-
presidente da Petrobras está sujeito a quarentena —, a busca
se tornou mais complexa. O novo titular da estatal dificilmente
permanecerá no posto por mais de oito meses, já que deve ser
substituído pelo novo presidente da República, em janeiro de
2023, quando o Brasil estará mergulhado num contexto político
diferente, seja qual for o eleito.

O atrativo salarial é apenas um dos fatores, no entanto, para o


novo candidato à vaga de Silva e Luna. Ainda assim, o
representante do acionista majoritário da empresa, que precisa
ser submetido ao crivo da diretoria para assumir a função, está
longe de ser considerado um servidor público. Considerando-se
o teto salarial do funcionalismo, de R$ 39,3 mil, vencimento
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

recebido pelos magistrados da Suprema Corte brasileira, um


presidente da Petrobras vale 6,5 ministros do STF.

Segundo o Sindipetro, sindicato da categoria, o executivo no


comando da superestatal recebe o equivalente aos vencimentos
de 230 trabalhadores da Petrobras. O próprio Silva e Luna, que
veio do comando da Itaipu para assumir a presidência da
empresa em meio a mais uma crise de preços dos combustíveis,
saltou de um salário de R$ 110 mil — que já era o triplo de seu
vencimento como general da reserva — para uma impensável
renda mensal, mesmo para um oficial militar de carreira e
prestígio.

“Os caras têm de trabalhar! Têm de apresentar solução!” —


protestou Bolsonaro, em fevereiro, quando já tinha em mente
trocar Silva e Luna. Na ocasião, o presidente usou justamente
os altos salários dos dirigentes da estatal como base de sua
reclamação quanto à indiferença da empresa ante a dramática
escalada de preços dos combustíveis, com impacto direto sobre
a inflação.

A paridade internacional de preços adotada pela Petrobras foi


fixada durante o governo de Michel Temer, pelo então presidente
da empresa, Pedro Parente, escolhido para o cargo para tirar a
estatal da crise pós-Lava Jato — missão que executou com
sucesso, inclusive com a aprovação da Lei das Estatais, hoje
questionada pelo comando do Centrão. O próprio Pedro Parente
deixou o cargo no auge da crise dos caminhoneiros, motivada
justamente pela alta no preço dos combustíveis. No ano
passado, a Petrobras comemorou um lucro recorde: R$ 106,6
bilhões — um ganho superior a R$ 7,10 bilhões.

Logo, o subsídio do ministro do STF será o teto remuneratório, salvo as


empresas estatais independentes.
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

Atualmente, o valor do subsídio do ministro do STF é de R$ 39.293,32, passará


para R$ 41.650,92 a partir de 1º de abril de 2023; para R$ 44.008,52 a partir de
1º de fevereiro de 2024 e para R$ 46.366,19 a partir de 1º de fevereiro de 2025.

Por ser iniciativa de lei privativa do próprio Poder Judiciário, a aprovação de um


novo salário passa pela aprovação do Congresso Nacional e pela sanção do
Presidente da República. Veja:

Lula sanciona aumento de salário de ministros do Supremo

Reajuste em três parcelas foi aprovado na Câmara e no Senado


em dezembro. Outros reajustes também foram sancionados,
como o do salário do PGR e de servidores.

Por Guilherme Mazui, G1 — Brasília


11/01/2023 15h30 Atualizado há 2 semanas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou o reajuste


parcelado de 18% do salário dos ministros do Supremo Tribunal
Federal (STF). A remuneração irá dos atuais R$ 39,3 mil para
46,36 mil em fevereiro de 2025.

Outros reajustes também foram sancionados, como do


procurador-geral da República e servidores (veja mais abaixo).

A sanção foi publicada em edição extra do 'Diário Oficial da


União' desta terça-feira (10).

A remuneração dos ministros do STF é o teto do funcionalismo


público e serve de referência para os vencimentos de juízes e
desembargadores. Logo, o reajuste provocará efeito cascata no
funcionalismo.

Apesar de não ser de repasse obrigatório, quando ocorre o aumento do subsídio


dos ministros do STF gera o “efeito cascata” nas demais remunerações. Isso
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

porque como visto ele é a referência constitucional para diversas outras carreiras
públicas.

Saiba que o comando constitucional é bastante amplo acerca das espécies


remuneratórias computadas para fins de apuração do teto remuneratório.

Assim, considera-se a remuneração ou subsídio, os proventos, as pensões e as


vantagens pessoais ou de qualquer natureza. Portanto, basicamente, apenas as
verbas de natureza indenizatória não contribuem para a apuração.

As verbas indenizatórias visam indenizar o agente público em decorrência de


algum gasto realizado na prestação do serviço público. Portanto, não faz sentido
limitar esse gasto ao teto já que isso seria, em última análise, uma penalização
ao agente público.

São exemplos de verbas indenizatórias, não computadas para fins do teto


remuneratório: as diárias, o auxílio alimentação e o auxílio remoção.

Vamos refletir!

É comum no noticiário midiático se verificar pagamentos de valores aos agentes


públicos que vão além do teto remuneratório. Ao analisar a informação deve-se
ter o cuidado de diferenciar as verbas indenizatórias das remuneratórias. Logo,
por exemplo, determinado agente público pode passar anos sem receber o seu
auxílio alimentação e requerer o pagamento integral em determinado momento.
Como visto, se houver norma que regulamente essa conduta (princípio da
legalidade) será direito do agente público o recebimento dos valores.

E se o agente público acumular cargos públicos? Antes de responder saiba que


o Art. 37, XVI, da CF limita a acumulação as seguintes condições:
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos,


exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado
em qualquer caso o disposto no inciso XI:
a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de
saúde, com profissões regulamentadas;

Perceba que a possibilidade de acumulação de cargos públicos é bastante


limitada, fazendo com que a regra seja a vedação ao acúmulo.

Portanto, conforme a jurisprudência do STF, nos casos de acúmulo lícito de


cargos ou empregos públicos, o teto remuneratório será avaliado para cada
cargo isoladamente.

Vamos refletir!

Assim, por exemplo, caso uma pessoa acumule o cargo de Auditor de Controle
Externo do Tribunal de Contas com o cargo de Professor Universitário da UFES,
ela poderá atingir o teto remuneratório dos dois cargos. Ou seja, poderá perceber
até o subsídio dos Ministros do STF relativamente ao cargo de Auditor e até o
subsídio dos Ministros do STF relativamente ao cargo de Professor.

Ademais, vale ressaltar que nos casos de acumulação de cargo público com os
proventos de aposentadoria, quando lícita a acumulação, adota-se a mesma
lógica supracitada. Nesse sentido, vale a regra de que tudo que é acumulável na
atividade também o é na inatividade.

Por outro lado, acerca da acumulação da remuneração de cargo público com os


valores decorrentes de pensão, o STF fixou recentemente o seu entendimento
acerca da matéria.
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

Conforme o Tema 359/STF (RE 602584), caso a morte do instituidor da pensão


tenha ocorrido posteriormente à Emenda Constitucional n° 19/1998, o teto
remuneratório será considerado sobre o total da soma da remuneração do
agente público com o valor da pensão recebida.

Fique atento porque no caso da acumulação de remuneração com pensão temos


um entendimento diferente em relação às situações explanadas previamente.

Olhando para baixo e não mais para o teto para que você saiba de uma coisa
importante: o salário base do serviço público pode ser menor que um salário-
mínimo. Porém, a remuneração final deve ser igual ou maior que o salário-
mínimo. Fique atento, pois essa “pegadinha” foi tema de questão objetiva do
Exame da Ordem em 2022.

Outras informações importantes oriundas de julgados recentes do STF:

I) Referentemente ao poder judiciário dos Estados e do DF, o STF reconheceu


a impossibilidade de estabelecimento, para os magistrados estaduais, de teto
remuneratório inferior ao da magistratura federal. Assim, o STF reconheceu o
caráter nacional da estrutura judiciária brasileira;

II) O STF reconheceu a aplicabilidade, para os procuradores municipais, do teto


remuneratório de 90,25% do subsídio dos Ministros do STF, tendo em vista a
redação do art. 37, XI, da CF/88, in fine. Logo, os procuradores municipais não
se submetem ao teto remuneratório do subsídio do prefeito.

Por fim: o tema teto remuneratório é recorrente nos exames da Ordem pelo
simples motivo de ser alvo de diversas ações populares. Qualquer cidadão
poderá impetrar a ação contra abusos remuneratórios dos agentes públicos. Isso
é o que diz o art. 1º da Lei 4.717/1965 (Lei da Ação Popular), a saber:

Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a


anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao
patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de


economia mista (Constituição, art. 141, § 38), de sociedades
mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados
ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais autônomos,
de instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o
tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de
cinquenta por cento do patrimônio ou da receita ânua, de
empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito
Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas
jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos.

Logo, se qualquer um da sociedade entender que o aumento remuneratório ou


criação de benefícios (os famosos “penduricalhos”) foi abusivo aos interesses
públicos poderá acionar o Poder Judiciário para inibir tal prática. Veja alguns
exemplos:
Ação popular pede suspensão da sessão e de auxílios para
deputados estaduais em Pernambuco: ''Imoralidade
absoluta''

Os deputados devem votar nesta terça (17) a criação de auxílios


Publicado em 17/01/2023 às 9:28 | Atualizado em 17/01/2023 às 9:28

Uma ação popular no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE)


pede a anulação da sessão de votação e da possível criação dos
auxílios-saúde, alimentação e moradia para os deputados
estaduais que podem custar mais de R$ 7 milhões por ano ao
Legislativo.

A ação, assinada por diversos advogados, visa "anular o ato


lesivo ao patrimônio público praticado pela Mesa Diretora da
Assembléia Legislativa de Pernambuco e seus deputados, que
não satisfeitos com o aumento dos próprios salários
exorbitantes, estão para votar em benefícios próprios de forma
abusiva e desarrazoados auxílios parlamentares, entre eles
auxílio moradia, auxílio alimentação e auxílio saúde".
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

Fonte: https://jc.ne10.uol.com.br/politica/2023/01/15161344-acao-popular-
pede-suspensao-da-sessao-e-de-auxilios-para-deputados-estaduais-em-
pernambuco-imoralidade-absoluta.html

Dez cidades do Ceará brigam na Justiça para aumentar


salário de prefeitos, vereadores ou secretários

Leis foram aprovadas nas Câmaras Municipais no final de 2020,


período crítico da pandemia de Covid-19

Escrito por Felipe Azevedo, felipe.azevedo@svm.com.br 09:56 - 18 de Outubro


de 2022. Atualizado às 10:01

Ao menos dez cidades cearenses lutam na Justiça para


aumentar os salários de prefeitos, secretários ou vereadores.
Todos os reajustes foram aprovados ainda no final de 2020 nas
Câmaras Municipais em pleno decreto estadual de calamidade
pública por causa da pandemia da Covid-19 – um dos momentos
mais críticos da crise sanitária.

Essa "batalha judicial" se dá porque esses aumentos de


remuneração estão suspensos por decisão liminar em quatro
municípios. Uma série de ações populares aponta a ilegalidade
do reajuste aprovado pelos vereadores. Em outras seis cidades
a contestação aguarda julgamento do Poder Judiciário.
Fonte:https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/pontopoder/dez-cidades-
do-ceara-brigam-na-justica-para-aumentar-salario-de-prefeitos-vereadores-
ou-secretarios-1.3289196

Juiz acaba com farra: vereadores não podem receber férias


e deverão devolver dinheiro
Edivaldo BitencourtBy Edivaldo Bitencourt17/11/20223 Mins Read

Em sentença publicada nesta quarta-feira (16), o juiz José


Domingues Filho, da 6ª Vara Cível de Dourados, julgou
procedente ação popular contra o pagamento do um terço de
férias aos 19 vereadores. Além de considerar inconstitucional o
pagamento do benefício, o magistrado determinou a devolução
dos valores pagos pelos cofres públicos douradenses.
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

A Justiça colocou um fim a farra com o dinheiro público na 2ª


maior cidade do Estado graças ao advogado Daniel Ribas da
Cunha, que protocolou ação popular contra a manobra dos
parlamentares.
Os vereadores de Dourados deram o famoso jeitinho brasileiro
e começaram a receber em 2020, um adicional de R$ 4,2 mil no
salário de dezembro. O valor se refere a um terço de férias,
instituído ao incluir um parágrafo na Lei 4.554, de 16 de outubro
de 2020. Com a manobra, cada um dos 19 parlamentares
douradenses passa a ganhar R$ 16,8 mil no final de cada ano.

“Aqui a pretensão visa pronunciamento judicial sobre ilicitude na


concessão de 1/3 das férias aos vereadores de Dourados no
exercício da mesma legislatura, com a consequente devolução
do quantum indevidamente pago”, pontuou o magistrado.

“No caso posto em juízo, efetivamente ‘a Lei nº 4.758/2021 do


Município de Dourados viola frontalmente o princípio da
anterioridade, pois foi editada, aprovada e sancionada de modo
a estabelecer o pagamento de 1/3 de férias aos vereadores na
mesma legislatura vigente’”, destacou o juiz.

“Acolhendo o pedido inicial, nos termos do parecer, e declarando


nulos os atos que autorizaram o pagamento das verbas
remuneratórias aos parlamentares municipais no exercício da
mesma legislatura, consoante ao terço constitucional de férias,
com o devido ressarcimento ao erário”, determinou José
Domingues Filho.

A Câmara de Dourados deverá recorrer contra a sentença para


tentar manter a mamata.

O advogado Daniel Ribas festejou a decisão. Ele também


conseguiu suspender, em decisão no Tribunal de Justiça, o
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

aumento no salário do prefeito de Amambai, Dr. Bandeira


(PSDB), do vice-prefeito e dos secretários municipais.

Ribas também recorreu contra o aumento de 14,58% no salário


do prefeito Jeferson Tomazoni (PSDB), de São Gabriel do
Oeste, que passou a receber R$ 25,364,28.

Os vereadores de Campo Grande planejam votar reajuste no


salário da prefeita Adriane Lopes (Patri). A proposta foi retirada
de votação por causa da eleição, mas deve voltar a ser discutida
até o fim deste ano.
Fonte: https://ojacare.com.br/2022/11/17/juiz-acaba-com-farra-vereadores-
nao-podem-receber-ferias-e-deverao-devolver-dinheiro/

Agente público é um tema que demandou o STF e o STJ em diversas situações.


A seguir um compilado das principais súmulas emitidas pelas Cortes Superiores
ao longo do tempo:

Servidores Públicos - âmbito federal

Súmula Vinculante 4 STF


Salvo nos casos previstos na constituição, o salário mínimo não
pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem
de servidor público ou de empregado, nem ser substituído por
decisão judicial.

Súmula Vinculante 5 STF


A falta de defesa técnica por advogado no processo
administrativo disciplinar não ofende a constituição.

Súmula Vinculante 13 STF


A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta,
colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da
autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica,
investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para
o exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda,
de função gratificada na Administração Pública direta e indireta,
em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

Federal e dos municípios, compreendido o ajuste mediante


designações recíprocas, viola a Constituição Federal.

Súmula Vinculante 15 STF


O cálculo de gratificações e outras vantagens do servidor público
não incide sobre o abono utilizado para se atingir o salário
mínimo.

Súmula Vinculante 16 STF


Os artigos 7º, IV, e 39, § 3º (redação da EC 19/98), da
Constituição, referem-se ao total da remuneração percebida
pelo servidor público.

Súmula Vinculante 20 STF


A Gratificação de Desempenho de Atividade Técnico-
Administrativa – GDATA, instituída pela Lei nº 10.404/2002,
deve ser deferida aos inativos nos valores correspondentes a
37,5 (trinta e sete vírgula cinco) pontos no período de fevereiro
a maio de 2002 e, nos termos do artigo 5º, parágrafo único, da
Lei nº 10.404/2002, no período de junho de 2002 até a conclusão
dos efeitos do último ciclo de avaliação a que se refere o artigo
1º da Medida Provisória no 198/2004, a partir da qual passa a
ser de 60 (sessenta) pontos.

Súmula Vinculante 21 STF


É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento
prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso
administrativo.

Súmula Vinculante 33 STF


Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do
regime geral da previdência social sobre aposentadoria especial
de que trata o artigo 40, § 4º, inciso III da Constituição Federal,
até a edição de lei complementar específica.

Súmula Vinculante 34 STF


PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

A Gratificação de Desempenho de Atividade de Seguridade


Social e do Trabalho – GDASST, instituída pela Lei 10.483/2002,
deve ser estendida aos inativos no valor correspondente a 60
(sessenta) pontos, desde o advento da Medida Provisória
198/2004, convertida na Lei 10.971/2004, quando tais inativos
façam jus à paridade constitucional (EC 20/1998, 41/2003 e
47/2005).

Súmula Vinculante 37 STF


Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa,
aumentar vencimentos de servidores públicos sob o fundamento
de isonomia.

Súmula Vinculante 42 STF


É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de
servidores estaduais ou municipais a índices federais de
correção monetária.

Súmula Vinculante 51 STF


O reajuste de 28,86%, concedido aos servidores militares pelas
Leis 8.622/1993 e 8.627/1993, estende-se aos servidores civis
do Poder Executivo, observadas as eventuais compensações
decorrentes dos reajustes diferenciados concedidos pelos
mesmos diplomas legais.

Súmula Vinculante 55 STF


O direito ao auxílio-alimentação não se estende aos servidores
inativos.

Súmula 6 STF
A revogação ou anulação, pelo poder executivo, de
aposentadoria, ou qualquer outro ato aprovado pelo tribunal de
contas, não produz efeitos antes de aprovada por aquele
tribunal, ressalvada a competência revisora do judiciário.

Súmula 11 STF
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A vitaliciedade não impede a extinção do cargo, ficando o


funcionário em disponibilidade, com todos os vencimentos.
(SUPERADA pelo art. 41, §3°, da CF/88)

Súmula 18 STF
Pela falta residual, não compreendida na absolvição pelo juízo
criminal, é admissível a punição administrativa do servidor
público.

Súmula 19, STF


É inadmissível segunda punição de servidor público, baseada no
mesmo processo em que se fundou a primeira.

Súmula 21 STF
Funcionário em estágio probatório não pode ser exonerado nem
demitido sem inquérito ou sem as formalidades legais de
apuração de sua capacidade.

Súmula 22 STF
O estágio probatório não protege o funcionário contra a extinção
do cargo.

Súmula 25 STF
A nomeação a termo não impede a livre demissão pelo
presidente da república, de ocupante de cargo dirigente de
autarquia.

Súmula 36 STF
Servidor vitalício está sujeito à aposentadoria compulsória, em
razão da idade.

Súmula 39 STF
À falta de lei, funcionário em disponibilidade não pode exigir,
judicialmente, o seu aproveitamento, que fica subordinado ao
critério de conveniência da administração.
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

Súmula 47 STF
Reitor de universidade não é livremente demissível pelo
presidente da república durante o prazo de sua investidura.

Súmula 359 STF


Ressalvada a revisão prevista em lei, os proventos da
inatividade regulam-se pela lei vigente ao tempo em que o
militar, ou o servidor civil, reuniu os requisitos necessários.

Súmula 567 STF


A Constituição ao assegurar, no parágrafo 3º do art. 102, a
contagem integral do tempo de serviço público federal, estadual
ou municipal para o efeito de aposentadoria e disponibilidade
não proíbe a União, aos Estados e aos Municípios mandarem
contar, mediante lei, para efeito diverso, tempo de serviço
prestado a outra pessoa de direito público interno.

Súmula 680 STF


O direito ao auxílio-alimentação não se estende aos servidores
inativos.

Súmula 681 STF


É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de
servidores estaduais ou municipais a índices federais de
correção monetária.

Súmula 682 STF


Não ofende a constituição a correção monetária no pagamento
com atraso dos vencimentos de servidores públicos.

Súmula 726 STF


Para efeito de aposentadoria especial de professores, não se
computa o tempo de serviço prestado fora da sala de aula.

Súmula 120 STJ


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O oficial de farmácia, inscrito no conselho regional de farmácia,


pode ser responsável técnico por drogaria.

Súmula 378 STJ


Reconhecido o desvio de função, o servidor faz jus às diferenças
salariais decorrentes.

Súmula 635 STJ


Os prazos prescricionais previstos no art. 142 da Lei n.
8.112/1990 iniciam-se na data em que a autoridade competente
para a abertura
do procedimento administrativo toma conhecimento do fato,
interrompem-se com o primeiro ato de instauração válido -
sindicância de caráter punitivo ou processo disciplinar - e voltam
a fluir por inteiro, após decorridos 140 dias desde a interrupção.

Súmula 641 STJ


A portaria de instauração do processo administrativo disciplinar
prescinde da exposição detalhada dos fatos a serem apurados.

Empregados Públicos

Súmula 20 STF
É necessário processo administrativo com ampla defesa, para
demissão de funcionário admitido por concurso.

Súmula 466 STJ


O titular da conta vinculada ao FGTS tem o direito de sacar o
saldo respectivo quando declarado nulo seu contrato de trabalho
por ausência de prévia aprovação em concurso público.

Concurso Público

Súmula Vinculante 43 STF


É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie
ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso
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público destinada ao seu provimento, em cargo que não integra


a carreira na qual anteriormente investido.

Súmula Vinculante 44 STF


Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de
candidato a cargo público.

Súmula 15 STF
Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato aprovado
tem o direito à nomeação, quando o cargo for preenchido sem
observância da classificação.

Súmula 16, STF


Funcionário nomeado por concurso tem direito à posse.

Súmula 17 STF
A nomeação de funcionário sem concurso pode ser desfeita
antes da posse.

5.4 Lei de Improbidade Administrativa – LIA

Vamos aprofundar o estudo de agentes públicos com a análise da Lei de


Improbidade Administrativa – LIA (Lei nº 8.429/92), que sofreu uma alteração em
sua essência recentemente.

Improbidade administrativa é a conduta ilegal ou contrária aos princípios da


administração pública, independente de causar danos aos cofres públicos. É o
caso do servidor público que executa algo que não é previsto em lei afrontando
o princípio da legalidade.

Recentemente, por intermédio da Lei 14.230/2021, foi realizada uma alteração


fundamental no entendimento do conceito de improbidade administrativa. Antes
da alteração considerava-se possível cometer improbidade administrativa tanto
por culpa como por dolo. Agora, a LIA só admite a ocorrência se for provado que
o agente atuou com dolo (vontade livre e consciente de alcançar o resultado
ilícito tipificado).
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Vamos refletir!

Qualquer agente público, remunerado ou não, pode ser enquadrado na LIA. Já


o particular só poderá ser punido pela LIA em caso de conluio com o agente, não
sendo possível a sua punição isoladamente (induza ou concorra dolosamente
para a prática do ato de improbidade). Isso se deve ao fato de que a improbidade
administrativa é própria de agente público, não sendo possível o particular
sozinho ferir a norma.

Os atos que causam improbidade administrativa são:

a) Enriquecimento Ilícito (art. 9º LIA): constitui ato de improbidade administrativa


importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial
indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou
atividade. Ex: receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel.

b) Prejuízo ao Erário (art 10 LIA): constitui ato de improbidade administrativa que


causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje
perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens
ou haveres das entidades. Ex: permitir ou concorrer para que pessoa física ou
jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo
patrimonial das entidades, sem a observância das formalidades legais ou
regulamentares aplicáveis à espécie.

c) Atentar Contra os Princípios da Administração Pública (art. 11 LIA): Constitui


ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
administração pública a ação ou omissão dolosa que viole os deveres de
honestidade, de imparcialidade e de legalidade. Ex: negar publicidade aos atos
oficiais, exceto em razão de sua imprescindibilidade para a segurança da
sociedade e do Estado ou de outras hipóteses instituídas em lei.

As penas aplicáveis são:

Para a previsão do Art. 9º (enriquecimento ilícito): perda dos bens ou valores


acrescidos ilicitamente ao patrimônio, perda da função pública, suspensão dos
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

direitos políticos até 14 (catorze) anos, pagamento de multa civil equivalente ao


valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o poder público ou
de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente,
ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo
prazo não superior a 14 (catorze) anos;

Para a previsão do Art. 10 (prejuízo ao erário): perda dos bens ou valores


acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da
função pública, suspensão dos direitos políticos até 12 (doze) anos, pagamento
de multa civil equivalente ao valor do dano e proibição de contratar com o poder
público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
majoritário, pelo prazo não superior a 12 (doze) anos;

Para a previsão do Art. 11 (atentar contra os princípios da Administração


Pública): pagamento de multa civil de até 24 (vinte e quatro) vezes o valor da
remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar com o poder público
ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
majoritário, pelo prazo não superior a 4 (quatro) anos.

Guarde isso: a LIA revelou uma preocupação com a saúde financeira das
empresas punidas para evitar sua falência. Isso porque, por vezes, deve-se punir
mas sem esquecer de preservar o interesse público (empregos, renda,
impostos...).

Vamos refletir!

A LIA não está protegendo a empresa infratora, mas tão somente buscando
preservar o interesse público. Na responsabilização da pessoa jurídica, deverão
ser considerados os efeitos econômicos e sociais das sanções, de modo a
viabilizar a manutenção de suas atividades.
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

A lei também se preocupou em inibir a ação de improbidade administrativa desde


a entrada no serviço público. Por isso, a posse e o exercício de agente público
ficam condicionados à apresentação de declaração de imposto de renda e
proventos de qualquer natureza, que tenha sido apresentada à Secretaria
Especial da Receita Federal do Brasil, a fim de ser arquivada no serviço de
pessoal competente.

E anualmente o agente público deverá encaminhar sua declaração de renda e


proventos para que, se necessário, os órgãos de controle façam o
acompanhamento do crescimento patrimonial do agente e analisem sua
compatibilidade. A não entrega da declaração poderá ensejar a demissão do
agente público, sem prejuízo de outras sanções.

Guarde isso! Qualquer pessoa poderá representar à autoridade


administrativa competente para que seja instaurada investigação destinada a
apurar a prática de ato de improbidade.

Por fim, algo fundamental: improbidade administrativa não é crime, possuindo a


natureza civil. Os crimes contra a Administração Pública estão previstos no
Código Penal (arts. 312 a 359). Muito cuidado para não confundir corrupção
(ativa e passiva) com improbidade. Porém, nada impede que ao longo do curso
da investigação seja descoberto que o agente incidiu em ambos os lados. Assim,
ele responderá na esfera civil por improbidade e da penal por corrupção.

5.5 Lei de Acesso à Informação – LAI

Pessoal, vamos recordar um princípio muito importante e que é base da Lei de


Acesso à Informação. É o princípio da publicidade, previsto no caput do artigo
37 da Constituição Federal e que em síntese comanda que a regra para os atos
administrativos é a publicidade, ou seja, o que a Administração Pública faz deve
ser do conhecimento do povo, titular do poder. Existem exceções como por
exemplos atos ligados a segurança nacional e a intimidade da pessoa, mas
vejam, são exceções.
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

É direito fundamental de qualquer pessoa receber da Administração Pública


informações de seu interesse individual e da coletividade e isso está previsto no
artigo 5º, inciso XXXIII, a saber:

XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos


informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo
ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;

Foram desses dois comandos constitucionais que surgiu a necessidade de uma


lei que pudesse detalhar a concretização do direito de “qualquer um do povo”
acessar as informações da Administração Pública que surge a Lei nº 12527/11
conhecida como a Lei de Acesso à Informação ou simplesmente LAI.

Vamos refletir!

A quem se aplica a LAI? A toda a Administração Pública direta e indireta e a


todas as entidades privadas que recebam recursos públicos para realização de
ações de interesse público.

Resumindo: recebeu recursos públicos a sociedade possui interesse e direito a


receber às informações da destinação do recurso.

Guarde isso: as entidades privadas só devem informações sobre a parcela


de recursos públicos recebidos. As ações realizadas com recursos privados não
são passíveis de enquadramento na LAI.

É importante lembrar que a prestação de contas dos recursos públicos é enviada


aos respectivos Tribunais de Contas para a sua análise. Aqui também se
enquadra as entidades privadas recebedoras de recursos públicos.
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

Para fechar essa parte da matéria: quem são essas entidades privadas que
recebem recursos públicos? São as Organizações Sociais – OS (contrato de
gestão) e Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP (termo
de parceria).

Quais são as diretrizes gerais da LAI? O artigo 3º responde essa pergunta:

I - observância da publicidade como preceito geral e do sigilo


como exceção;
II - divulgação de informações de interesse público,
independentemente de solicitações;
III - utilização de meios de comunicação viabilizados pela
tecnologia da informação;
IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na
administração pública;
V - desenvolvimento do controle social da administração pública.

Perceba que as diretrizes expandem o acesso à informação a todos os meios e


formas.

No artigo 4º a LAI nos apresenta alguns conceitos importantes, que são:


I - informação: dados, processados ou não, que podem ser
utilizados para produção e transmissão de conhecimento,
contidos em qualquer meio, suporte ou formato;
II - documento: unidade de registro de informações, qualquer
que seja o suporte ou formato;
III - informação sigilosa: aquela submetida temporariamente à
restrição de acesso público em razão de sua imprescindibilidade
para a segurança da sociedade e do Estado;
IV - informação pessoal: aquela relacionada à pessoa natural
identificada ou identificável;
V - tratamento da informação: conjunto de ações referentes à
produção, recepção, classificação, utilização, acesso,
reprodução, transporte, transmissão, distribuição, arquivamento,
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

armazenamento, eliminação, avaliação, destinação ou controle


da informação;
VI - disponibilidade: qualidade da informação que pode ser
conhecida e utilizada por indivíduos, equipamentos ou sistemas
autorizados;
VII - autenticidade: qualidade da informação que tenha sido
produzida, expedida, recebida ou modificada por determinado
indivíduo, equipamento ou sistema;
VIII - integridade: qualidade da informação não modificada,
inclusive quanto à origem, trânsito e destino;
IX - primariedade: qualidade da informação coletada na fonte,
com o máximo de detalhamento possível, sem modificações.

5.5.1 Direitos propostos pela LAI

A própria LAI já apresenta alguns direitos. Esse rol não é exaustivo, mas servem
para balizar o correto uso da norma. Estão presentes no artigo 7º, assim
expostos:
I - orientação sobre os procedimentos para a consecução de
acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encontrada ou
obtida a informação almejada;
II - informação contida em registros ou documentos, produzidos
ou acumulados por seus órgãos ou entidades, recolhidos ou não
a arquivos públicos;
III - informação produzida ou custodiada por pessoa física ou
entidade privada decorrente de qualquer vínculo com seus
órgãos ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessado;
IV - informação primária, íntegra, autêntica e atualizada;
V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e
entidades, inclusive as relativas à sua política, organização e
serviços;
VI - informação pertinente à administração do patrimônio
público, utilização de recursos públicos, licitação, contratos
administrativos; e
VII - informação relativa:
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

a) à implementação, acompanhamento e resultados dos


programas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas,
bem como metas e indicadores propostos;
b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas
de contas realizadas pelos órgãos de controle interno e externo,
incluindo prestações de contas relativas a exercícios anteriores.

Porém, o mesmo artigo e seus parágrafos apontam importantes observações:

a) O acesso à informação não compreende as informações referentes a projetos


de pesquisa e desenvolvimento científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;

b) Quando não for autorizado acesso integral à informação por ser ela
parcialmente sigilosa, é assegurado o acesso à parte não sigilosa por meio de
certidão, extrato ou cópia com ocultação da parte sob sigilo;

c) O direito de acesso aos documentos ou às informações neles contidas


utilizados como fundamento da tomada de decisão e do ato administrativo será
assegurado com a edição do ato decisório respectivo;

d) A negativa de acesso às informações objeto de pedido formulado aos órgãos


e entidades, quando não fundamentada, sujeitará o responsável a medidas
disciplinares;

e) Informado do extravio da informação solicitada, poderá o interessado requerer


à autoridade competente a imediata abertura de sindicância para apurar o
desaparecimento da respectiva documentação. O responsável pela guarda da
informação extraviada deverá, no prazo de 10 (dez) dias justificar o fato e indicar
testemunhas que comprovem sua alegação.

5.5.2 Divulgação na Internet

Atualmente a forma de divulgação pode representar óbice à publicidade. Dessa


PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

forma, dispõe a Lei que os órgãos e entidades públicas deverão utilizar todos os
meios e instrumentos legítimos de que dispuserem, sendo obrigatória a
divulgação em sítios oficiais da rede mundial de computadores (internet).

Todavia, os Municípios com população de até 10.000 habitantes ficam


dispensados da divulgação obrigatória na internet.

5.5.3 Interessados nas informações

Qualquer interessado poderá apresentar pedido de acesso por qualquer meio


legítimo, devendo o pedido conter a identificação do requerente e a
especificação da informação requerida.

Vamos refletir!

Pode o órgão exigir o motivo do pedido? Não! Lembre-se que a publicidade é a


regra e esse já é o motivo.

Qual o prazo para o fornecimento da informação? As informações solicitadas


deverão ser disponibilizadas imediatamente, mas em alguns casos serão
necessárias pesquisas e consolidações.

Guarde isso: o prazo máximo para resposta não pode ser superior a 20 (vinte)
dias.

Dentro desse prazo o solicitado deverá:


I – comunicar a data, local e modo para se realizar a consulta,
efetuar a reprodução ou obter a certidão;
II – indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total ou
parcial, do acesso pretendido; ou
III – comunicar que não possui a informação, indicar, se for do
seu conhecimento, o órgão ou a entidade que a detém, ou,
ainda, remeter o requerimento a esse órgão ou entidade,
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

cientificando o interessado da remessa de seu pedido de


informação.

Veja que inclusive a recusa, total ou parcial, deverá ocorrer dentro do prazo.

5.5.4 Classificação da Informação

As informações dos órgãos serão classificadas segundo o seu grau de sigilo.


Esse grau é definido em razão da sua razão de sua imprescindibilidade à
segurança da sociedade ou do Estado e serão classificadas em reservada,
secreta e ultrassecreta.

Bem, mas o que será uma informação reservada, secreta e ultrassecreta? Isso
vai depender de quem classifica a informação e seu teor. Logo, são
competentes:

a) Ultrassecreta: Presidente da República, Vice-Presidente da República,


Ministros de Estado e autoridades com a mesmas prerrogativas, Comandantes
da Marinha, do Exército e da Aeronáutica e Chefes de Missões Diplomáticas e
Consulares permanentes no exterior (no tocante aos agentes públicos militares
e diplomáticos citados, a classificação realizada deve ser ratificada pelo
Ministério a qual se vinculam os referidos servidores);

b) Secreta: todos os autorizados a classificar informações sigilosas em


ultrassecreta, bem como titulares de autarquias, fundações ou empresas
públicas e sociedades de economia mista e

c) Reservada: todas as autoridades autorizadas para classificação ultrassecreta


e secreta, bem como, ainda, autoridades que exerçam função de direção,
comando ou chefia, nível DAS 101.5, ou superior, do Grupo-Direção e
Assessoramento Superiores, ou de hierarquia equivalente, de acordo com
regulamentação específica de cada órgão ou entidade, observado o disposto na
Lei de Acesso à Informação.
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

Vamos refletir!

E por qual prazo essas informações ficarão longe do acesso público? A previsão
da lei considera o momento da produção da informação e os prazos são esses:
I – ultrassecreta: 25 anos;
II – secreta: 15 anos; e
III – reservada: 05 anos.

Dica: 0, 1 e 2 ao lado do cinco. Fica 05 anos (reservada), 15 anos (secreta) e 25


anos (ultrassecreta). Guarde bem essa informação!

Guarde isso: não existe informação eternamente secreta! Assim, findo os


prazos as informações se tornam automaticamente pública.

Porém, a LAI deu tratamento diferenciado para algumas informações, permitindo


que o prazo do sigilo seja de cem anos, a saber:

Art. 31. O tratamento das informações pessoais deve ser feito


de forma transparente e com respeito à intimidade, vida privada,
honra e imagem das pessoas, bem como às liberdades e
garantias individuais.
§ 1º As informações pessoais, a que se refere este artigo,
relativas à intimidade, vida privada, honra e imagem:
I - terão seu acesso restrito, independentemente de classificação
de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos a contar da
sua data de produção, a agentes públicos legalmente
autorizados e à pessoa a que elas se referirem; e
II - poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por
terceiros diante de previsão legal ou consentimento expresso da
pessoa a que elas se referirem.

Guarde isso: informações de cunho pessoal relativas à intimidade, vida


privada, honra e imagem poderão ter sigilo de até 100 anos.
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

Mesmo essas informações terão publicidade em algum momento, confirmando


a regra de publicidade e reafirmando que não existirá sigilo eterno.

Vamos refletir!

O motivo pelo qual não pode existir sigilo eterno é o interesse social, mesmo que
essas informações sejam relativas as áreas nuclear, aeroespacial, defesa
nacional e na relação com outros países.

Algumas outras informações:

a) As informações que puderem colocar em risco a segurança do Presidente e


Vice-Presidente da República e respectivos cônjuges e filhos(as) serão
classificadas como RESERVADAS e ficarão sob sigilo até o término do mandato
em exercício ou do último mandato, em caso de reeleição;

b) Além dos prazos mencionados acima, as informações pessoais relativas à


intimidade, vida privada, honra e imagem terão seu acesso restrito,
independentemente de classificação de sigilo e pelo prazo máximo de 100 anos.
A previsão da letra “b” está prevista no artigo 31, § 1º, inciso I da LAI e é muito
usada em assuntos políticos controversos.

c) A competência prevista de classificação das informações secreta e


ultrassecreta, poderá ser delegada pela autoridade responsável a agente
público, inclusive em missão no exterior, vedada a subdelegação.

Por fim, não se esqueça que o princípio da publicidade deve ser respeitado e
isso afasta o sigilo em algum momento. Logo, não haverá documento ou
informação que será eternamente desconhecida do titular do poder que é o povo.
PROFESSOR FABIO BRAMBILLA – DIREITO ADMINISTRATIVO I

Bibliografia sugerida

A seguir sugestões de obras do Direito Administrativo:

ALEXANDRINO, Marcelo e PAULO, Vicente: Direito Administrativo


Descomplicado. 31ª ed. Niterói-RJ: Impetus, 2022.
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo, 34ª ed.
São Paulo, Atlas, 2020.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 29.ed. Rev., atual. e
ampl. - Rio de Janeiro: Forense, 2016.
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. 13ª Edição. São Paulo:
Saraiva, 2018.
MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo, 10ª ed. São Paulo,
Saraiva, 2020
MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Impetus, 2014
MEIRELLES, Hely L.. Direito administrativo brasileiro. 39. ed. São Paulo:
Malheiros, 2013.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. Imprenta:
São Paulo, Malheiros, 2021

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