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Disciplina: Direito Constitucional

Professor: Jonathas de Oliveira


Direito Constitucional - Teoria
Professor Jonathas de Oliveira

Sumário
Administração pública. Disposições gerais. Servidores públicos. 2

Administração pública. Disposições gerais. Servidores públicos.

O Estado brasileiro se organiza repartindo suas competências e atividades em


funções estatais denominadas de Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder
Judiciário.
Apesar de tais Poderes terem funções específicas, todos possuem determinadas
atribuições (atividades-meio ou fim) relativamente comuns, conjugáveis na
ideia de administração pública.
Esse conjunto de atribuições comum aos três Poderes é regida por normas
gerais que passaremos a estudar a seguir.

Válido ressaltar que nos Poderes Legislativo e Judiciário a atividade


administrativa, ao contrário do que ocorre no Poder Executivo, encontra-se
diretamente vinculada às suas atividades-meio, não às suas atividades-fim, pois
as funções de legislar e de resolver conflitos são exercidas diretamente por
membros de Poder (magistrados e parlamentares).
Aqueles, apenas secundariamente estão vinculados às normas da administração
pública1, e na maioria das vezes possuem seus estatutos próprios, com
prescrições na própria Constituição (vide a disciplina constitucional acerca do
Poder Legislativo, em especial nos artigos 53 a 56, e do Poder Judiciário, em
especial nos artigos 92 a 99) e em nível infraconstitucional.

Por fim, cumpre aqui revisar que a Constituição Federal adotou como forma de
Estado a federação, integrada por diferentes centros de poder político.
Desta forma, temos o poder político central (União), poderes políticos regionais
(Estados) e poderes políticos locais (Municípios), além do Distrito Federal, que
acumula competências regionais e locais em caráter sui generis (CF/88, art.
32).
Nesse cenário, a disciplina constitucional relativa à administração pública, salvo
disposição em contrário, alcança a administração pública federal (União), a
administração pública distrital (Distrito Federal), as administrações públicas

1
Vinculam-se, por exemplo, às regras remuneratórias e de aposentadoria gerais, assim
como aos princípios da administração pública, dentre outras imposições.

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estaduais (Estados-membros) e as administrações públicas municipais


(Municípios).
CAPÍTULO VII
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Seção I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte:

(1) Como estudamos em Direito Administrativo (Alexandrino e Paulo, 2012),


entre administração pública direta e indireta podemos fazer as seguintes
distinções de ordem básica:

ADMINISTRAÇÃO DIRETA ADMINISTRAÇÃO INDIRETA

• O conjunto de pessoas jurídicas (de


• Conjunto de órgãos (de direito direito público ou privado),
público) que integram a União, vinculadas (não subordinadas) à
Estados, Distrito Federal e administração direta, aos quais é
Municípios, aos quais é atribuída a atribuída a competência para o
competência para o exercício exercício descentralizado de
centralizado, de atividades funções públicas.
administrativas.
• Exemplos: o Banco Central, a
• Exemplos: o Ministério da Saúde, as Agência Nacional de Vigilância
Procuradorias Gerais dos Estados, as Sanitária, a Caixa Econômica
Secretarias Municipais de Fazenda Federal, a Petrobras etc.
etc.
• Compreende: autarquias,
empresas públicas, sociedades
de economia mista, fundações
públicas e consórcios públicos.

Feita esta breve revisão, devemos notar que os princípios explícitos


acima descritos (LIMPE) se aplicam generalizadamente na estrutura funcional
do Estado brasileiro, a todos os Poderes.
(2) É de importância nuclear termos bem fixado o que transmite cada princípio.
Adotando a análise de Alexandrino e Paulo (2012), analisaremos
resumidamente cada qual.

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Art. 5º, II: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de


fazer alguma coisa senão em virtude de lei”.

Para os particulares, a regra é a autonomia da


vontade (é lícito fazer tudo aquilo que a lei não proíba).
Legalidade
Já a Administração Pública não tem vontade
autônoma, estando vinculada às determinações da lei.

Atos praticados contra a lei ou além da lei são atos


inválidos e podem ter sua invalidade decretada pela
própria Administração que os editou (autotutela
administrativa/sindicabilidade) ou pelo Poder Judiciário.

Toda atuação da Administração deve visar ao


interesse público, e não tem como finalidade a
satisfação de interesses pessoais.
Impessoalidade

Vedação a que o agente público se promova às custas


das realizações da Administração Pública.

A moral administrativa difere da moral comum, uma


vez que é jurídica e objetiva e pela possibilidade de
invalidação (anulação, seja pela Administração, como
Moralidade pelo Poder Judiciário, se provocado) dos atos
administrativos que sejam praticados em inobservância
deste princípio.

Exige-se transparência da atuação administrativa. Em


tese, assim é possibilitado, da forma mais ampla
possível, o controle da Administração Pública pelos
administrados.
Publicidade

Em sentido mais estrito, é a exigência de publicação


oficial (como requisito de eficácia) dos atos
administrativos que devam produzir efeitos externos e
dos atos que impliquem ônus para o patrimônio público.

No que concerne à atuação do agente público, espera-


se o melhor desempenho possível de suas atribuições e
a obtenção dos melhores resultados (com
Eficiência economicidade).

Em relação ao modo de organizar, estruturar e disciplinar


a administração pública, exige-se que este seja o mais
racional possível.

(3) Além dos princípios explícitos, a administração pública também é regida por
outros princípios que não constam expressamente no texto constitucional. São

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eles os princípios implícitos, tais como, o da supremacia do interesse público,


da razoabilidade e da proporcionalidade, da eficácia, da segurança jurídica, da
continuidade, da presunção de legitimidade, dentre outros.

No que concerne ao princípio da impessoalidade, objeto frequente de


questão é a súmula vinculante abaixo descrita:
STF - Súmula Vinculante nº 13 - A nomeação de cônjuge, companheiro ou
parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive,
da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em
cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em
comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração
pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações
recíprocas [nepotismo cruzado], viola a Constituição Federal.

I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros


que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos
estrangeiros, na forma da lei;

(1) Não se pode esquecer que o próprio constituinte definiu expressamente


alguns cargos privativos de brasileiro nato:
(Art. 12) § 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas
VII - de Ministro de Estado da Defesa.

Quanto às demais restrições, a lei pode estabelecer critérios adicionais, desde


que sejam justificáveis e não contrariem os princípios constitucionais.
Nossa jurisprudência é pacífica nesse sentido:

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STF – Súmula nº 14 – Não é admissível, por ato administrativo, restringir, em


razão da idade, inscrição em concurso para cargo público.
STF - Súmula nº 683 - O limite de idade para a inscrição em concurso público
só se legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser
justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.
STF - Súmula Vinculante nº 44 – Só por lei se pode sujeitar a exame
psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público.

Assim, de regra, importa em ofensa constitucional a exigência de requisito


estabelecida apenas em edital, sem lastro legal.

II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia


em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a
natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei,
ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de
livre nomeação e exoneração;

(1) Podemos, pois, estabelecer uma separação:

depende sempre de aprovação


Cargos/empregos
em concurso público de
públicos de
provas ou de provas e
provimento efetivo
títulos

Investidura mesmo sem aprovação em


concurso, pode haver
investidura no caso dos
cargos em comissão (art.
Cargos/empregos
37, II) e de contratação por
públicos de
tempo determinado para
provimento precário
atender a necessidade
temporária de excepcional
interesse público (art. 37,
IX)

Observa-se, portanto, que a investidura em cargos ou empregos públicos não


depende necessariamente de aprovação prévia em concurso público de provas
ou de provas e títulos.
A regra da necessidade de concurso se aplica para o provimento efetivo. É
perfeitamente possível, por exemplo, que indivíduo que nunca prestou um
concurso seja nomeado para ocupar cargo em comissão a fim de exercer

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atribuições de direção, chefia e assessoramento no âmbito de determinado


órgão da administração pública.
(2) Recentemente, o Supremo Tribunal Federal reforçou tese no sentido que a
reestruturação de cargos, fundada em aproximação e na progressiva
identificação de atribuições, não viola o princípio do concurso público quando
há: (i) uniformidade de atribuições entre os cargos extintos e aquele no qual
serão os servidores reenquadrados; (ii) identidade dos requisitos de
escolaridade para ingresso no cargo público; (iii) identidade remuneratória entre
o cargo criado e aqueles extintos (ADI 5.406).
Por exemplo, imagine-se hipoteticamente que existam dois cargos
públicos no Executivo federal, o de “administrador público” e do “gerente
público”, cujo ingresso exige, em ambos, dentre outros requisitos, diploma de
nível superior em qualquer área, são remunerados nos mesmos x mil reais
mensais, e têm por competências, o primeiro, “A” e “B”, e o segundo cargo, “C”
e “D”, todas correlatas.
Nesse cenário, caso o Executivo deseje reestruturar os cargos,
unificando-os num cargo único de “gestor público”, mantidos os requisitos de
ingresso, com a mesma remuneração, e tendo por competências “A”, “B”, “C” e
“D”, não haveria violação à Constituição Federal.
Noutra via, seguindo essa mesma inteligência, a Corte já declarou
expressamente inconstitucional, por dispensar o concurso público, a
reestruturação de quadro funcional por meio de aglutinação, em uma única
carreira, de cargos diversos, quando a nova carreira tiver atribuições e
responsabilidades diferentes dos cargos originais (RE 642.895).

III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos,


prorrogável uma vez, por igual período;
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele
aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado
com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego,
na carreira;

(1) Incisos sempre caros aos concurseiros de plantão!


Durante o prazo de validade do concurso, que é contado a partir de sua
homologação, a administração pública pode nomear os aprovados para o
provimento dos cargos ou empregos aos quais ele se destinava.
Ainda que, eventualmente, durante a validade do concurso, a
administração resolva organizar outro certame, aqueles aprovados no primeiro
terão prioridade na sua nomeação sobre os novos concursados.

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Noutra via, importa destacar que se verifica total impossibilidade de nomeação


de candidato após expirado o prazo de validade do concurso (ARE 899.816 AgR).

Há farta jurisprudência sobre esta passagem constitucional.

Nosso Supremo já se posicionou (RE 598.099/MS) no sentido de que,


ressalvados casos bastante excepcionais e devidamente
fundamentados, o candidato aprovado em concurso público, dentro do
número de vagas definido no edital, tem direito subjetivo à nomeação.
Dentro do prazo de validade do concurso, a administração pode escolher
o momento no qual se realizará a nomeação, mas não pode dispor sobre a
própria nomeação, a qual, de acordo com o edital, passa a constituir um direito
do concursando aprovado e, dessa forma, um dever imposto ao poder público.
Uma vez publicado o edital do concurso com número específico de vagas, o ato
da administração que declara os candidatos aprovados no certame cria um
dever de nomeação para a própria administração e, portanto, um direito à
nomeação titularizado pelo candidato aprovado dentro desse número de vagas.
Outra compreensão pacificada é a que segue:
STF - Súmula nº 15 – Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato
aprovado tem o direito à nomeação, quando o cargo for preenchido sem
observância da classificação.
Por exemplo: determinado concurso previa 10 vagas para certo cargo e
só são nomeados os 8 primeiros mais o 13º, o 14º e o 15º. Pois bem, os
candidatos 9 e 10 já possuíam direito à nomeação. Já o 11º e o 12º adquirem
direito subjetivo à nomeação. Isso mesmo que, no fim das contas, o total de
candidatos que devem ser nomeados supere as vagas originalmente
previstas.

Já a jurisprudência do STJ (RMS 34.075/SP), corroborada pelo Supremo, é na


linha que o candidato aprovado como excedente em concurso público, adquire
direito subjetivo líquido e certo à nomeação no caso de: (i) as vagas
originalmente abertas não serem totalmente ocupadas pelos aprovados em
melhor classificação, (ii) ser aberto novo concurso público na vigência do
anterior, (iii) durante o prazo de validade do concurso, ser contratado outro
servidor a título precário para exercer as mesmas funções do cargo para o qual
o candidato foi aprovado.

V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores


ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos
por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos
em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento;

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Somente DIREÇÃO / CHEFIA / ASSESSORAMENTO

FUNÇÃO DE CONFIANÇA CARGO EM COMISSÃO

Devem ser ocupadas Devem ser ocupados


apenas por servidores apenas por servidores
efetivos? efetivos?

Parcialmente, nas
Sim condições e percentuais
mínimos previstos em lei

Se as atribuições são meramente técnicas e, portanto, não possuem o caráter


de assessoramento, chefia ou direção, é inadmissível a ocupação por servidores
exclusivamente comissionados (ADI 3.706).
Para o STF (RE 1.041.210 RG), a criação de cargos em comissão: a)
somente se justifica para o exercício de funções de direção, chefia e
assessoramento, não se prestando ao desempenho de atividades burocráticas,
técnicas ou operacionais; b) tal criação deve pressupor a necessária relação de
confiança entre a autoridade nomeante e o servidor nomeado; c) o número de
cargos comissionados criados deve guardar proporcionalidade com a
necessidade que eles visam suprir e com o número de servidores ocupantes de
cargos efetivos no ente federativo que os criar; e d) as atribuições dos cargos
em comissão devem estar descritas, de forma clara e objetiva, na própria lei
que os instituir.

VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação


sindical;
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em
lei específica;

(1) Em relação aos servidores militares, cumpre observar que a própria


Constituição Federal assim determina (art. 142, §3º):
IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve; [...]

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Em recente julgado com repercussão geral (ARE 654.432), o STF esposou o


entendimento de que o exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou
modalidade, também é vedado aos policiais civis e a todos os servidores
públicos que atuem diretamente na área de segurança pública.
(2) Em relação ao inciso VII, a referida lei ainda não foi editada.
Em razão da mora do legislador, o STF, em sede de mandado de injunção,
determinou a aplicação subsidiária, aos servidores públicos estatutários, da Lei
nº 7.783/1989, a “lei geral de greve”, aplicável aos trabalhadores em geral
(celetistas) (MI 708/DF).

VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas
portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão;

(1) Em âmbito federal este percentual é de até 20% (Lei nº 8.112/1990, art.
5º, §2º).
E se o concurso federal for para provimento de, por exemplo, apenas 3
vagas, o que fazer?
Nesses casos, resta pacificado por nossa Corte Maior que a reserva acima
aludida é inviável, uma vez que a delimitação de qualquer quantitativo
promoveria majoração da porcentagem máxima prevista (MS 26.310/DF).

IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para


atender a necessidade temporária de excepcional interesse público;

(1) É válido destacar dois pontos:


(i) A supracitada contratação pode ser feita por método seletivo, sujeito à
ampla divulgação, que não o concurso público. Em casos extremos (vide lei
nº 8.754/1993) pode mesmo haver dispensa de processo seletivo.
(ii) Os selecionados não são servidores estatutários. Tampouco são
detentores de emprego público. O regime aqui é especial (contratual de
Direito Público).
Trata-se de provimento precário em cargo público, sendo inconstitucionais a
permissão de prorrogação indefinida do prazo de contratações temporárias (ADI
3.662).
(2) O STF já decidiu que, ao regulamentar o art. 37, IX, os entes federativos
não podem prever hipóteses abrangentes e genéricas de contratações

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temporárias sem concurso público. Vale dizer, a lei deverá especificar a


contingência fática que caracteriza a situação de emergência.

X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do


art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica,
observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual,
sempre na mesma data e sem distinção de índices;

(1) No que diz com a iniciativa para fixação/alteração da remuneração dos


servidores públicos temos as seguintes competências estabelecidas ao longo do
texto da CF/88:
Cargos Iniciativa privativa das leis que fixem ou
alterem remunerações

Estrutura organizacional do Presidente da República (CF, art. 61, §1º, II, “a”)
Poder Executivo Federal

Estrutura organizacional da Câmara dos Deputados (CF, art. 51, IV) – SVPR
Câmara dos Deputados

Estrutura organizacional do Senado Federal (CF, art. 52, XIII) – SVPR


Senado Federal

Estrutura organizacional do Cada tribunal (CF, art. 96, II, “b”) [aplica-se
Poder Judiciário analogamente ao Tribunal de Contas da União,
mesmo não sendo órgão do Judiciário] – SVPR

Subsídio dos Ministros do STF – SVPR


STF

Subsídio dos deputados Congresso Nacional – NSVPR


federais, senadores,
Presidente e Vice-
Presidente e ministros do
Estado

SVPR – Sujeito à sanção ou veto do Presidente da República


NSVPR – Não sujeito à sanção ou veto do Presidente da República

STF – Súmula Vinculante nº 37 – Não cabe ao poder Judiciário, que não tem
função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob o
fundamento de isonomia.

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XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos


públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e
os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos
cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra
natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do
Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio
do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do
Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais
e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores
do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos
por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal
Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do
Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos;

(1) O inciso acima traz a formulação genérica do chamado “teto constitucional”.


Vamos esquematizar!
LIMITE GERAL LIMITES ESPECÍFICOS

Poder Executivo Estados + DF: Subsídio do Governador


(ver art. 37, §12)
(exceto Procuradores SUBSÍDIO DOS
e Defensores Públicos) MINISTROS DO Municípios: Subsídio do Prefeito
STF
Poder Legislativo Estados + DF: Subsídio dos Deputados
(X) Estaduais ou Distritais

Poder Judiciário Teto Estados + DF: Subsídio dos


constitucional Desembargadores dos Tribunais de
Justiça (0,9025X)

Outros ressalvados Subsídio dos Desembargadores dos


pelo inciso XI Tribunais de Justiça (0,9025X)
(Ministério Público,
Procuradores e
Defensores Públicos)

→ Ver §11 (exceção no cômputo do teto remuneratório) e §12 (exceção ao


limite específico no âmbito do Executivo e Judiciário dos Estados e DF).

XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não


poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo;

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(1) Este inciso é praticamente letra morta da Constituição Federal.


De todo modo, o ânimo do constituinte foi valorizar o Poder Executivo, que,
sobretudo por meio do trabalho dos seus Auditores/Agentes Fiscais, é o principal
Poder responsável pela garantia de receitas aos cofres públicos.

XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies


remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público;

(1) Vincular é promover o reajuste automático da remuneração tendo por base


determinados índices ou indexadores.
Nesse sentido, o STF editou a seguinte Súmula Vinculante:
STF - Súmula Vinculante nº 42 - É inconstitucional a vinculação do reajuste
de vencimentos de servidores estaduais ou municipais a índices federais de
correção monetária.

Por seu turno, equiparar é estabelecer uma conexão entre carreiras, de forma
que o reajuste de uma encadeie automaticamente, numa relação de igualdade
horizontal, o de outra.

As exceções são as disposições da própria Constituição que se utilizam de tais


instrumentos. Por exemplo, na vinculação do subsídio máximo dos
Desembargadores dos Tribunais de Justiça (0,9025x) ao dos Ministros do STF
(x).

XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão


computados nem acumulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores;

(1) Imagine-se que um servidor público remunerado por subsídio assuma a


função gratificada de supervisor no órgão em que está lotado.
Pois bem.

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Este vencimento adicional (que é precário) não será considerado no caso de


haver posteriormente, por exemplo, uma promoção na sua carreira. O
acréscimo ulterior levará em consideração somente seu subsídio “puro”.

XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos


são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo [...];

(1) O STF tem posição consolidada sobre a inexistência de direito adquirido a


regime jurídico-administrativo e forma de cálculo de vencimentos, contanto
que não haja redução destes (RE 593.304-AgR; AI 450.268-AgR/MG).
Ainda a este propósito, entende nossa Corte que a irredutibilidade das
remunerações é nominal e não real (AI-AgR 618.777/RJ), ou seja,
desconsidera os efeitos da inflação.

XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto,


quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o
disposto no inciso XI:

(1) Aqui pediremos vênia para ilustrar as três alíneas do inciso XVI em conjunto
com demais disposições ao longo do texto constitucional que definem outras
hipóteses de acumulação lícita remunerada de cargos públicos.

2 cargos de professor (art. 37, XVI, "a")

1 cargo de professor + 1 cargo técnico ou


científico (art. 37, XVI, "b")

Acumulação 2 cargos ou empregos privativos de profissionais


remunerada de de saúde, com profissões regulamentadas (art. 37,
cargos públicos XVI, "c")
(havendo
compatibilidade de
horários) 1 cargo público + Mandato de vereador (art. 38, III)

1 cargo de Magistrado + 1 cargo no Magistério


(art. 95, parágrafo único, I)

1 cargo de Procurador do Ministério Público + 1


cargo no Magistério (art. 128, §5º, II, "d")

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(2) De acordo com jurisprudência do STF (RE 612.975 e 602.043), nos casos
constitucionalmente autorizados de acumulação de cargos, empregos e funções,
a incidência do artigo 37, inciso XI, da Constituição Federal, pressupõe
consideração de cada um dos vínculos formalizados, afastada a observância do
teto remuneratório quanto ao somatório dos ganhos do agente público.
Vale dizer, deve ser aplicado o teto remuneratório constitucional de forma
isolada para cada cargo público acumulado, nas formas autorizadas pela
Constituição.
(3) Por fim, já é pacífica a posição do STF de que não é possível a acumulação
tríplice de cargos públicos (ARE 848.993 RG).

XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange


autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas
subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder
público;

(1) Todas aqueles entidades que de algum modo foram criadas com recursos
do Erário público ou dele dependem para sua manutenção estão sujeitas à
vedação acima.

XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro


de suas áreas de competência e jurisdição, precedência sobre os demais
setores administrativos, na forma da lei;

(1) Este dispositivo não está regulamentado em nível único. Vale dizer, a
“precedência na forma da lei”, ao menos por enquanto, se apresenta difusa e
de formas variadas no nível da União, de cada Estado, do DF e dos Municípios.
Ainda assim, genericamente, podemos extrair que os servidores fiscais terão
precedência no acesso a informações e lugares (particulares e públicos), a
recursos do erário para desenvolver suas atividades-fim (vide o art. 167 IV),
dentre outros. Observe-se que a atividade por eles desempenhada é de
fundamental importância para a própria existência do Estado. Daí o comando
constitucional.

XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a
instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação,

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cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua


atuação;

(1)

Depende diretamente
Autarquia
de lei

Criação de
Empresa Pública + Depende de
Sociedade de Economia autorização e
Mista + Fundação indiretamente de lei

Conforme nos descrevem os administrativistas, vale lembrar que, no caso


das fundações, podemos ainda ter dois cenários:
▪ Criação direta por lei específica → Autarquia fundacional (pessoa
jurídica de direito público)
▪ Simples autorização e registro → Fundação pública (pessoa jurídica
de direito privado)

XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de


subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, assim como a
participação de qualquer delas em empresa privada;

(1) Subsidiárias são espécies de sociedades controladas, ou seja, têm sua


condução subordinada a outra(s) sociedade(s). São pessoas jurídicas de direito
privado que, segundo o STF (ADI 1.649/DF) não integram a administração
pública.

XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços,


compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação
pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com
cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências
de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento
das obrigações.

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(1) Os casos ressalvados são os de inexigibilidade (licitação impossível) e


dispensa (licitação dispensável ou licitação dispensada).
(2) Válido observar que, quando se trata de licitação para prestação
serviços públicos, a CF/88 não abre qualquer exceção.
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime
de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de
serviços públicos.

XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito


Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funcionamento do Estado,
exercidas por servidores de carreiras específicas, terão recursos
prioritários para a realização de suas atividades e atuarão de forma
integrada, inclusive com o compartilhamento de cadastros e de informações
fiscais, na forma da lei ou convênio.

(1) Observe-se que o comando é impositivo (“atuarão”). Além disso, atente-se


que o intercâmbio de informações é norma de eficácia limitada, vez que depende
de lei ou convênio que a regulamente.
(2) Outro ponto de destaque é o fato de, sendo tão indispensáveis ao Estado,
as administrações tributárias se enquadrarem como exceções ao princípio
da não vinculação de impostos.
Art. 167. São vedados: [...]
IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa,
ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se
referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços
públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para
realização de atividades da administração tributária, como determinado,
respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de
garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art.
165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo; [...]

§ 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos


órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação
social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que
caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.

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(1) Clássico exemplo de aplicação do princípio da impessoalidade.


§ 2º - A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a nulidade
do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos da lei.

(1) O ato nulo, como regra, contém vício insanável em um dos seus
elementos constitutivos (finalidade, forma, motivo, objeto e competência).

§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração


pública direta e indireta, regulando especialmente:
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em geral,
asseguradas a manutenção de serviços de atendimento ao usuário e a avaliação
periódica, externa e interna, da qualidade dos serviços;
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos
de governo, observado o disposto no art. 5º, X e XXXIII;
III - a disciplina da representação contra o exercício negligente ou abusivo de
cargo, emprego ou função na administração pública.
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos
direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos
bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem
prejuízo da ação penal cabível.

(1) A Lei nº 8.429/1992 distingue três espécies de improbidade:


• Que importem enriquecimento ilícito
• Que causem prejuízo ao erário
• Que atentem contra os princípios da administração pública

Importante destacar que as sanções previstas no §4º podem ser cumulativas.


Por exemplo, em caso se enriquecimento ilícito, o agente público ou o
equiparado a tal, poderá perder os bens ou valores acrescidos ilicitamente ao
patrimônio, ser obrigado a ressarcir integralmente o dano (quando houver),
perder a função pública, ter suspensos os direitos políticos de oito a dez anos,
ser obrigado a pagar multa civil de até três vezes o valor do acréscimo
patrimonial, além de ser proibido de contratar com o Poder Público ou receber

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benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que


por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de
dez anos.

§ 5º - A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por


qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas
as respectivas ações de ressarcimento.

(1) Prescrição é a extinção da pretensão legítima que alguém tinha para agir
visando a proteger ou a reparar um direito violado.
Em matéria de ilícitos, a prescrição extingue a punibilidade, que nada mais é
que a possibilidade de punição do agente que cometeu o ilícito.
Contudo, ao contrário das demais sanções possíveis, o ressarcimento
ao erário, fruto de conduta lesiva, ativa ou omissiva, dolosa ou culposa, é
imprescritível!

§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado


prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

(1) A responsabilidade civil acima transcrita é do tipo objetiva (independe de


dolo ou culpa).
A ação por danos causados por agente público deve ser ajuizada contra
o Estado ou a pessoa jurídica privada prestadora de serviço público, sendo parte
ilegítima passiva, num primeiro momento, o autor do ato.
Não obstante, condenadas a indenizar o prejudicado pelo dano causado, as
pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de
serviços públicos podem ajuizar ação regressiva contra o agente público ou
pessoa investida de prerrogativas públicas (“indivíduo”) que provocou imediata
e diretamente o dano. No entanto, no que concerne a esse segundo aspecto,
deve ser constatada a existência de culpa ou dolo por parte deste.
* Em Direito Administrativo, esta responsabilidade se enquadra na modalidade
risco administrativo. Remetemos os candidatos às aulas pertinentes naquele
curso. No âmbito do Direito Constitucional, a cobrança do §6º é
fundamentalmente literal.

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§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupante de cargo ou


emprego da administração direta e indireta que possibilite o acesso a
informações privilegiadas.
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades
da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser
firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a
fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor
sobre:
I - o prazo de duração do contrato;
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e
responsabilidade dos dirigentes;
III - a remuneração do pessoal.

(1) O §8º versa sobre os denominados contratos de gestão.


Voltando novamente ao Direito Administrativo, é válido lembrar que
autarquias e fundações públicas que obtenham maior autonomia mediante
esse instrumento, recebem a qualificação de agências executivas.
Outras entidades da administração pública também podem celebrar tais
contratos, no entanto, não obterão a referida qualificação.

§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às sociedades de


economia mista, e suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos
Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento de despesas de
pessoal ou de custeio em geral.

(1) As pessoas jurídicas supracitadas são todas de direito privado.


No entanto, por perceberem recursos do erário, também terão suas despesas
remuneratórias individuais limitadas ao teto constitucional.

§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria


decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo,
emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma
desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão
declarados em lei de livre nomeação e exoneração.

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(1) O art. 40 trata do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) dos


servidores públicos estatutários e os art. 42 e 142 tratam especificamente dos
militares.
Destacamos as seguintes hipóteses:
Hipóteses de acúmulo de proventos de aposentadoria Permitida?
com remuneração de cargo, emprego ou função pública

PROVENTOS DE APOSENTADORIA RPPS + 1 CARGO PÚBLICO Sim


(NOS CASOS DE ACUMULAÇÃO PERMITIDA)

PROVENTOS DE APOSENTADORIA RPPS + SUBSÍDIO DE Sim


CARGO ELETIVO

PROVENTOS DE APOSENTADORIA RPPS + CARGO EM Sim


COMISSÃO

§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remuneratórios de que
trata o inciso XI do caput deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório
previstas em lei.
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo, fica facultado
aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às
respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite único, o subsídio
mensal dos Desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado
a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos
Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste
parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores.

(1) O §11 trata de “exceção” ao teto constitucional.


Imaginemos um exemplo. Suponha-se que o teto constitucional seja de
R$ 40.000,00 mensais em determinado ano.
Caso determinado servidor obtenha, a título de subsídio, R$ 28.000,00
mensais, não há impedimento constitucional de que determinadas parcelas
indenizatórias no valor de R$ 15.000,00 sejam incorporadas integralmente a
sua remuneração em determinado período.
(2) No caso do §12, no que concerne ao subteto dos servidores estaduais, a
Constituição Federal estabeleceu a possibilidade de o Estado ou DF optar entre:

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(i) a definição de um subteto por Poder, hipótese em que o teto dos servidores
da Justiça corresponderá ao subsídio dos desembargadores do Tribunal de
Justiça (art. 37, XI); e
(ii) a definição de um subteto único, correspondente ao subsídio mensal dos
desembargadores do Tribunal de Justiça, para todo e qualquer servidor de
qualquer Poder.
A atenção deve ser dada ao fato que a possível uniformização do teto das
remunerações no âmbito dos Estados e DF se aplica não se aplica aos subsídios
dos Deputados Estaduais, Distritais ou Vereadores, cujas regras estão nos
artigos 25 e 29 da Carta Magna.

§ 13. O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser readaptado para
exercício de cargo cujas atribuições e responsabilidades sejam compatíveis com
a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental, enquanto
permanecer nesta condição, desde que possua a habilitação e o nível de
escolaridade exigidos para o cargo de destino, mantida a remuneração do cargo
de origem.

(1) Com a reforma da previdência promovida pela EC nº 103/2019, o instituto


da readaptação ganhou estatura constitucional direta, sendo incorporada ao
texto da Carta Magna previsão que usualmente já constava nos estatutos dos
servidores públicos de cada ente.

§ 14. A aposentadoria concedida com a utilização de tempo de contribuição


decorrente de cargo, emprego ou função pública, inclusive do Regime Geral de
Previdência Social, acarretará o rompimento do vínculo que gerou o referido
tempo de contribuição.

(1) A justificativa para tal dispositivo é que, anteriormente, era possível que o
servidor permanecesse no exercício do cargo do qual decorreu a aposentadoria,
o que em muitos casos resultava na percepção simultânea de proventos de
aposentadoria com a remuneração do cargo ou emprego, situação que agora é
tolhida.

§ 15. É vedada a complementação de aposentadorias de servidores públicos e


de pensões por morte a seus dependentes que não seja decorrente do disposto
nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que não seja prevista em lei que extinga regime
próprio de previdência social.

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§ 16. Os órgãos e entidades da administração pública, individual ou


conjuntamente, devem realizar avaliação das políticas públicas, inclusive
com divulgação do objeto a ser avaliado e dos resultados alcançados, na forma
da lei.

(1) Para o estudo do instituto da complementação de aposentadoria remetemos


os alunos às lições de direito administrativo e, especialmente, previdenciário.

Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional,


no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:

I - tratando-se de mandato eletivo


federal, estadual ou distrital, ficará
afastado de seu cargo, emprego
ou função
REGRA
II - investido no mandato de
Prefeito, será afastado do cargo,
emprego ou função, sendo-lhe
Servidor facultado optar pela sua
remuneração
+
Mandato
eletivo III - investido no mandato de
Vereador, havendo
compatibilidade de horários,
perceberá as vantagens de seu
EXCEÇÃO cargo, emprego ou função, sem
prejuízo da remuneração do cargo
eletivo, e, não havendo
compatibilidade, será aplicada a
norma do inciso II

(1) Existem diversos casos em que a remuneração de determinado cargo,


emprego ou função públicos supera o de Prefeito, daí o inciso II e a
possibilidade de opção da maior remuneração.
Já no caso dos Vereadores o que se tem é a possibilidade de acúmulo
de funções (e das respectivas remunerações), desde que haja
compatibilidade de horários.

IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato


eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos os efeitos legais, exceto
para promoção por merecimento;

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V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de afastamento, os valores


serão determinados como se no exercício estivesse.

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no


âmbito de sua competência, regime jurídico único e planos de carreira para
os servidores da administração pública direta, das autarquias e das
fundações públicas.

(1) Quem já está afinado em Direito Administrativo conhece bem a história da


redação do caput do art. 39.
Em função de medida cautelar concedida na ADI 2.135-4/DF (em 2007), o texto
trazido pela EC nº 19/98 (que possibilitava a existência de mais de um regime
jurídico nos entes, posto que removeu a imposição da redação original) teve
sua eficácia suspensa com efeito prospectivo (ex nunc) e o original voltou a
viger.
No entanto, como os efeitos foram modulados, toda legislação que foi
editada no interstício 1998-2007 admitindo, por exemplo, vínculo sob regime
celetista em autarquia, permanece válida.

§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais componentes do


sistema remuneratório observará:
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos
componentes de cada carreira;
II - os requisitos para a investidura;
III - as peculiaridades dos cargos.
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas de governo para
a formação e o aperfeiçoamento dos servidores públicos, constituindo-se a
participação nos cursos um dos requisitos para a promoção na carreira,
facultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos entre os entes
federados.

§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º,


IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo
a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do
cargo o exigir.

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(1) Façamos uma breve revisão prática do art. 7º.


art. 7º, IV salário mínimo
art. 7º, VII garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que
percebem remuneração variável
art. 7º, VIII décimo terceiro salário com base na remuneração integral
ou no valor da aposentadoria
art. 7º, IX remuneração do trabalho noturno superior à do diurno
art. 7º, XII salário-família pago em razão do dependente do trabalhador
de baixa renda nos termos da lei
art. 7º, XIII duração do trabalho normal não superior a oito horas
diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a
compensação de horários e a redução da jornada, mediante
acordo ou convenção coletiva de trabalho
art. 7º, XV repouso semanal remunerado, preferencialmente aos
domingos
art. 7º, XVI remuneração do serviço extraordinário superior, no
mínimo, em cinquenta por cento à do normal
art. 7º, XVII gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um
terço a mais do que o salário normal
art. 7º, licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário,
XVIII com a duração de cento e vinte dias
art. 7º, XIX licença-paternidade
art. 7º, XX proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante
incentivos específicos, nos termos da lei
art. 7º, XXII redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de
normas de saúde, higiene e segurança
art. 7º, XXX proibição de diferença de salários, de exercício de funções
e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou
estado civil

§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado


e os Secretários Estaduais e Municipais serão remunerados exclusivamente por
subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer

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gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra


espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37,
X e XI.

(1) O parágrafo acima poderia ser resumido em: agentes políticos e membros
de Poder serão remunerados por subsídio.
Adotando a lição de Alexandrino e Paulo (2012), podemos resumir (para
fins meramente ilustrativos):

para os agentes políticos e


membros de Poder

para alguns servidores públicos


(servidores de carreira
pertencentes à Advocacia-Geral
Obrigatória da União, à Procuradoria Geral
da Fazenda Nacional, às
procuradorias dos estados e
do DF, e os servidores da
O subsídio é Polícia Federal, Polícia
modalidade de Rodoviária Federal, policias civis,
remuneração polícias militares e corpos de
bombeiros militares)

para os demais servidores


públicos organizados em carreira;
Facultativa desde que assim disponham as
leis em cada âmbito

(2) Além das verbas indenizatórias, os agentes públicos remunerados por


subsídio que exercem atividades extraordinárias ou atuam em condições
diferenciadas (sendo-lhes exigido resultados além das atribuições normais do
cargo), podem receber gratificações por produtividade, entendidas pelo STF
(ADI 4.941) como compatíveis com o princípio da eficiência administrativa,
podendo ser pagas em paralelo ao subsídio.

§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios poderá


estabelecer a relação entre a maior e a menor remuneração dos
servidores públicos, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI.
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão anualmente os
valores do subsídio e da remuneração dos cargos e empregos públicos.
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios disciplinará
a aplicação de recursos orçamentários provenientes da economia com
despesas correntes em cada órgão, autarquia e fundação, para aplicação no
desenvolvimento de programas de qualidade e produtividade,
treinamento e desenvolvimento, modernização, reaparelhamento e

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racionalização do serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou


prêmio de produtividade.
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em carreira poderá ser
fixada nos termos do § 4º [subsídio].
§ 9º É vedada a incorporação de vantagens de caráter temporário ou
vinculadas ao exercício de função de confiança ou de cargo em comissão à
remuneração do cargo efetivo.

(1) Conforme será descrito mais adiante, o art. 40, §2º, já acabava por vedar
a incorporação de vantagens (inclusive remuneratórias) de caráter temporário
à remuneração do cargo efetivo quando da aposentadoria do servidor.
Ocorre que diversos entes editaram leis possibilitando que, durante o
tempo de regular exercício do cargo, o servidor poderia incorporar vantagens
de caráter temporário ou vinculadas ao exercício de função de confiança ou de
cargo em comissão à remuneração do cargo efetivo.
Vale dizer, suponhamos que dado servidor percebesse R$ 4.000 a título
de remuneração do cargo efetivo. Suponha-se ainda que ele ocupou por 5 anos
cargo em comissão que lhe remunerava R$ 2.000. Em diversos entes, após
preencher alguns requisitos, era possível incorporar esse “extra” à remuneração
do cargo efetivo, enquanto o servidor não se aposentasse.
Agora, com o novo §9º do art. 39, trazido pela EC nº 103/2019, essas
incorporações são vedadas, mesmo durante o período de atividade.

Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargos
efetivos terá caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do
respectivo ente federativo, de servidores ativos, de aposentados e de
pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e
atuarial.

(1) Nosso curso é de Direito Constitucional, não de Direito Administrativo ou de


Direito Previdenciário.
Importante, pois, ressaltar que os art. 40 e 41 têm incidência esparsa e
superficial nas provas da nossa disciplina.
O caput do art. 40 trata do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS).
Apresentemos algumas de suas características mais relevantes.

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Solidário Contributivo
Todos (ente público, Por meio das espécies
servidores ativos, inativos e Regime Próprio de tributárias do gênero
pensionistas) contribuem para Previdência Social Contribuições Especiais
a sustentação do Regime (Sociais - Para Seguridade
* Uma diferença: no RGPS Social)
não incide contribuição sobre
aposentadorias e pensões

Vedada a existência de A lei não poderá É vedada a adoção de


mais de um regime estabelecer qualquer requisitos e critérios
próprio de previdência forma de contagem de diferenciados para a
social para os servidores tempo de contribuição concessão de
titulares de cargos fictício. (art. 40, §10) aposentadoria pelo RPPS,
efetivos, e de mais de ressalvados, ressalvado
uma unidade gestora Apenas as contribuições o disposto nos §§ 4º-A,
do respectivo regime em efetivas são computadas 4º-B, 4º-C e 5º (exceções
cada ente estatal. (art. para fins de cálculo dos tratadas em lei
40, §20) proventos. complementar):
I – portadores de deficiência previamente submetidos a avaliação
biopsicossocial realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar (§4º-A);
II – ocupantes do cargo de agente penitenciário, de agente socioeducativo
ou de policial dos órgãos de que tratam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso
XIII do caput do art. 52 e os incisos I a IV do caput do art. 144 (§4º-B);
III - cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes
químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses
agentes, vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação (§4º-
C).

RGPS – Regime Geral de Previdência Social

Desde a promulgação da CF/88, a previdência social passou por três expressivas


reformas: a primeira, mediante a Emenda Constitucional nº 20/1998, a
segunda, por meio da Emenda Constitucional nº 41/2003, e a terceira por meio
da EC nº 103/2019.
Até o advento da EC nº 41/2003, aqueles que ingressaram no serviço
público antes de sua vigência podiam (podem) se aposentar com proventos
integrais, a chamada integralidade.
Após o advento da EC nº 41/2003, os ingressantes no serviço público
podiam (podem) se aposentar pela regra de proventos proporcionais.
A partir de 2012, com fundamento nos §§14, 15 e 16 do art. 37 da CF/88,
no âmbito da União (Lei nº 12.618/2012) e de alguns outros entes, começaram
a ser instituídos e regulamentados os regimes de previdência complementar.
Com o advento de tal regime nesses entes, os ingressantes no serviço público
após sua instituição podem se aposentar no máximo com o limite remuneratório
do regime geral (RGPS), acrescido do montante que conseguirem agregar pela
previdência complementar.
Por seu turno, a EC nº 103/2019 trouxe algumas novidades, destacando-
se o estabelecimento, como regra geral, de idade mínima de 62 anos para

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mulheres e 65 anos para homens (após o período de transição), excetuadas


algumas categorias.
Minúcias a respeito das mudanças nas regras previdenciárias não são
cobradas em Direito Constitucional. Vamos procurar nos ater à literalidade do
disposto na Constituição Federal em seu texto atual, portanto, que é o que nos
será cobrado na quase totalidade das questões.

Assim, estamos desconsiderando algumas regras de transição


previdenciárias nesta análise, seja para aqueles que ingressaram no
serviço público antes da EC nº 20/1998, seja entre esta e a EC nº
41/2003, seja após a regulamentação dos regimes de previdência
complementar, seja com o advento da EC nº 103/2019.

§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência social será


aposentado:
I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em que estiver
investido, quando insuscetível de readaptação, hipótese em que será obrigatória
a realização de avaliações periódicas para verificação da continuidade das
condições que ensejaram a concessão da aposentadoria, na forma de lei do
respectivo ente federativo;
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de
contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos
de idade, na forma de lei complementar;
III - [de forma ordinária] no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois)
anos de idade, se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se
homem, e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na
idade mínima estabelecida mediante emenda às respectivas Constituições e Leis
Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os demais requisitos
estabelecidos em lei complementar do respectivo ente federativo.

§ 2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser inferiores ao valor mínimo


a que se refere o § 2º do art. 201 [salário mínimo] ou superiores ao limite
máximo estabelecido para o Regime Geral de Previdência Social, observado o
disposto nos §§ 14 a 16.
§ 3º As regras para cálculo de proventos de aposentadoria serão disciplinadas
em lei do respectivo ente federativo.

§ 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima reduzida em 5


(cinco) anos em relação às idades decorrentes da aplicação do disposto no inciso
III do § 1º, desde que comprovem tempo de efetivo exercício das

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funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e


médio fixado em lei complementar do respectivo ente federativo.

(1) Assim, para os professores (com efetivo exercício de magistério), a idade


mínima de contribuição é de 57 (cinquenta e sete) anos de idade, se mulher, e
aos 60 (sessenta) anos de idade, se homem.

§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos


acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção de mais
de uma aposentadoria à conta de regime próprio de previdência social,
aplicando-se outras vedações, regras e condições para a acumulação de
benefícios previdenciários estabelecidas no Regime Geral de Previdência Social.

§ 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quando se tratar da única fonte


de renda formal auferida pelo dependente, o benefício de pensão por morte
será concedido nos termos de lei do respectivo ente federativo, a qual tratará
de forma diferenciada a hipótese de morte dos servidores de que trata o § 4º-
B decorrente de agressão sofrida no exercício ou em razão da função.
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em
caráter permanente, o valor real, conforme critérios estabelecidos em lei.
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual, distrital ou municipal será
contado para fins de aposentadoria, observado o disposto nos §§ 9º e 9º-A
do art. 201, e o tempo de serviço correspondente será contado para fins de
disponibilidade.

(1) Tempo de contribuição e tempo de serviço não são necessariamente


sinônimos. Isso porque pode haver situações em que o vínculo empregatício
não é acompanhado da efetiva contribuição previdenciária.
“E professor, e o que é disponibilidade?”
Vejamos a Constituição Federal:
[Art. 41] § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor
estável ficará em disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de
serviço, até seu adequado aproveitamento em outro cargo.

Agora fica mais fácil entender o ânimo do art. 40, § 9º.

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A remuneração a ser concedida em caso de disponibilidade considerará o tempo


de serviço, ou seja, de exercício da função e não o de efetivo desembolso de
contribuição previdenciária (tempo de contribuição).

§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos proventos de
inatividade, inclusive quando decorrentes da acumulação de cargos ou
empregos públicos, bem como de outras atividades sujeitas a
contribuição para o regime geral de previdência social, e ao montante
resultante da adição de proventos de inatividade com remuneração de cargo
acumulável na forma desta Constituição, cargo em comissão declarado em lei
de livre nomeação e exoneração, e de cargo eletivo.

(1) O§11 trata novamente do teto constitucional (subsídios dos Ministros do


STF) para fins previdenciários.

§ 12. Além do disposto neste artigo, serão observados, em regime próprio de


previdência social, no que couber, os requisitos e critérios fixados para o Regime
Geral de Previdência Social.
§ 13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente, de cargo em
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração, de outro
cargo temporário, inclusive mandato eletivo, ou de emprego público, o
Regime Geral de Previdência Social.

(1) A parte negritada é especialmente interessante. Frise-se, o RPPS é regime


dos servidores estatutários.
No entanto, a administração pública admite outros vínculos precários como o
celetista, o exclusivamente comissionado e o contratual de Direito Público – este
último para atender à necessidade temporária de excepcional interesse público
–, estando os respectivos servidores vinculados ao RGPS.
A reforma trazida pela EC nº 103/2019, amplou os agentes públicos
sujeitos ao RGPS, incluindo os detentores de mandato eletivo, que agora não se
aposentarão mais por formas especiais de aposentadoria, mas sim pelo regime
geral.

§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, por lei


de iniciativa do respectivo Poder Executivo, regime de previdência
complementar para servidores públicos ocupantes de cargo efetivo, observado

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o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social para o


valor das aposentadorias e das pensões em regime próprio de previdência
social, ressalvado o disposto no § 16.
§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o § 14 oferecerá
plano de benefícios somente na modalidade contribuição definida, observará
o disposto no art. 202 e será efetivado por intermédio de entidade fechada de
previdência complementar ou de entidade aberta de previdência
complementar.

(1) Via de regra, a instituição da previdência complementar não é obrigatória


(conforme se depreende da leitura do §14), muito embora esteja se
disseminando pelos entes federados.
De forma geral, é adotado um sistema híbrido para os servidores públicos
que ingressam após sua instituição: temos um benefício definido até o teto de
contribuição do RGPS mais um sistema de contribuição definida do montante
que superar esse teto.
(2) Contribuição definida é modalidade em que não há determinação prévia do
valor dos proventos a serem recebidos no futuro. Isso será definido
matematicamente ao serem consideradas as contribuições efetivas.
O que se tem é um percentual definido dos aportes a serem feitos pelo
patrocinador (o ente público) e pelo participante (o servidor público), a título de
contribuição.

§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o disposto nos §§


14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver ingressado no serviço público
até a data da publicação do ato de instituição do correspondente regime de
previdência complementar.

(1) Exemplo:

Facultativo 01 de Junho de Obrigatório


2021

Entrada em Publicação da Entrada em


exercício do instituição do regime exercício do
servidor A de previdência servidor B
complementar

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§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias e


pensões concedidas pelo regime [RPPS] de que trata este artigo que superem
o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência
social de que trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido para os
servidores titulares de cargos efetivos

(1) Por exemplo: imagine-se um aposentado pelo RPPS que receba


mensalmente R$ 10.000,00 e uma alíquota de 11% de contribuição.
Considere-se também, hipoteticamente, que o teto dos benefícios do
regime geral (RGPS) seja de R$ 6.000,00.
Teríamos:
R$ 10.000,00 → proventos de aposentadoria e pensão pelo RPPS
(R$ 6.000,00)→ limite do RGPS
R$ 4.000,00
X 11% = R$ 440,00 (contribuição previdenciária pelo RPPS)

De todo modo, ressaltamos que é extremamente difícil que uma questão de


Direito Constitucional verse além da literalidade do artigo 40.
As notas são apenas um recurso explicativo para facilitar a compreensão.
§ 19. Observados critérios a serem estabelecidos em lei do respectivo ente
federativo, o servidor titular de cargo efetivo que tenha completado as
exigências para a aposentadoria voluntária e que opte por permanecer em
atividade poderá fazer jus a um abono de permanência equivalente, no
máximo, ao valor da sua contribuição previdenciária, até completar a
idade para aposentadoria compulsória.
§ 20. É vedada a existência de mais de um regime próprio de previdência
social e de mais de um órgão ou entidade gestora desse regime em cada
ente federativo, abrangidos todos os poderes, órgãos e entidades autárquicas
e fundacionais, que serão responsáveis pelo seu financiamento, observados os
critérios, os parâmetros e a natureza jurídica definidos na lei complementar de
que trata o § 22.

§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá apenas sobre as


parcelas de proventos de aposentadoria e de pensão que superem o dobro do
limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência
social de que trata o art. 201 desta Constituição, quando o beneficiário, na forma
da lei, for portador de doença incapacitante.

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(1) Trata-se basicamente de uma aplicação mais relaxada do parágrafo 18.

§ 22. Vedada a instituição de novos regimes próprios de previdência social, lei


complementar federal estabelecerá, para os que já existam, normas gerais de
organização, de funcionamento e de responsabilidade em sua gestão, dispondo,
entre outros aspectos, sobre:
I - requisitos para sua extinção e consequente migração para o Regime Geral
de Previdência Social;
II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utilização dos recursos;
III - fiscalização pela União e controle externo e social;
IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial;
V - condições para instituição do fundo com finalidade previdenciária de que
trata o art. 249 e para vinculação a ele dos recursos provenientes de
contribuições e dos bens, direitos e ativos de qualquer natureza;
VI - mecanismos de equacionamento do deficit atuarial;
VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do regime, observados os
princípios relacionados com governança, controle interno e transparência;
VIII - condições e hipóteses para responsabilização daqueles que desempenhem
atribuições relacionadas, direta ou indiretamente, com a gestão do regime;
IX - condições para adesão a consórcio público;
X - parâmetros para apuração da base de cálculo e definição de alíquota de
contribuições ordinárias e extraordinárias.

Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores
nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.

(1) A estabilidade é instituto que se justifica uma vez que as carreiras públicas
devem gozar de certa proteção em relação aos governos (transitórios) e a
eventuais pressões externas de particulares.
A partir da Emenda Constitucional nº 19/1998 (“reforma administrativa”)
e atendendo, sobretudo, ao princípio da eficiência, esse instrumento sofreu
maior flexibilização.
Assim dispõe o §4º do supracitado artigo:

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§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a


avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa
finalidade.

§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:

(1) Este parágrafo deve ser concatenado ao art. 169, §§3º e 4º:

I - em virtude de sentença judicial transitada em


julgado;

II - mediante processo administrativo em que lhe seja


assegurada ampla defesa;

III - mediante procedimento de avaliação periódica de


A perda de cargo desempenho, na forma de lei complementar,
do servidor estável assegurada ampla defesa.
pode ocorrer

[Art. 169, §4º] Se as medidas adotadas [para o


cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal]
não forem suficientes [...], desde que ato normativo
motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade
funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da
redução de pessoal.

(2) E o servidor concursado, porém não estável? Pode ele perder o cargo de
qualquer forma?
Não.
É necessário processo administrativo com ampla defesa, para demissão de
servidor admitido por concurso (Súmula nº 20 do STF).

§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será


ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao
cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou
posto em disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço.

(1) Uma ilustração bastante sintética (os detalhes devem ser estudados em
Direito Administrativo) pode nos ajudar a melhor analisar o supracitado
parágrafo.
Em âmbito federal, a Lei nº 8.112/1990 apresenta as seguintes formas de
provimento (originário e derivado) de cargo público:

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Para cargo de provimento efetivo, demanda aprovação


nomeação
em concurso público.

Se dá pela passagem do servidor por níveis


promoção
ascendentes e sucessivos da carreira.

Remanejamento de servidor que tenha sofrido


readaptação
limitação física ou mental

Retorno de servidor aposentado (sob determinadas


reversão
condições) à ativa

Provimento de servidor estável que havia sido posto


aproveitamento
em disponibilidade

Retorno de servidor estável, anteriormente demitido


reintegração e que tem sua demissão invalidada por decisão
administrativa ou judicial

(i) Retorno de servidor (ao cargo A) que adquiriu


estabilidade em determinado cargo (A) e foi inabilitado em
recondução estágio probatório de outro cargo (B);
(ii) Remanejamento de servidor que ocupava a "vaga de
servidor reintegrado"

§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável


ficará em disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço,
até seu adequado aproveitamento em outro cargo.

(1) Em especial no que tange à reintegração e à recondução, o que ocorre se o


servidor não for estável? Perderá ele o cargo público que ocupa?
A questão não é pacífica, seja doutrinária, seja jurisprudencialmente, e
dificilmente será objeto de questão.
Em casos assim, recomenda-se a observância à literalidade do texto
constitucional.
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação
especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade.

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SEÇÃO III
DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS
TERRITÓRIOS
Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares,
instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares dos
Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios,
além do que vier a ser fixado em lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40,
§ 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor sobre
as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas
pelos respectivos governadores.
§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios aplica-se o que for fixado em lei específica do respectivo ente estatal.
§ 3º Aplica-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios o
disposto no art. 37, inciso XVI, com prevalência da atividade militar.

(1)
Art. 14, §8º → Estabelece condições para elegibilidade dos militares
Art. 40, §9º → Estabelece o tempo de contribuição para efeito de aposentadoria
e o de serviço para disponibilidade
Art. 142, §2º → Estabelece que não caberá habeas corpus em relação a punições
disciplinares militares
Art. 142, §3º → Traz disposições gerais para os militares

O estudo geral dos militares é feito na aula que trata da defesa do Estado e das
instituições democráticas.

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