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ESCOLA SUPERIOR DA MAGISTRATURA

FEDERAL DE SANTA CATARINA


Administração Pública
Pontos 2 e 3 do Edital

Disciplina: Direito Administrativo


Professora: Erika Giovanini Reupke
Florianópolis, 11 de abril de 2018
Administração Direta e indireta
 No Estado Liberal não havia necessidade de
descentralização (as funções do Estado se resumiam
a defesa). Eram indelegáveis.
 No Estado Social sentiu-se necessidade de novas
formas de gestão do serviço público. Surgiu a ideia
de especialização para melhores resultados e a
utilização de métodos de gestão privada (mais
flexíveis). O conceito de serviço público entra em
crise e a Administração passa a prestá-lo
predominantemente sob o regime de direito
privado. Ex: delegação por concessão.
 Após, surgiu necessidade de ajuda financeira cada
vez maior das concessionárias e surgimento de
teorias que buscavam preservar o equilíbrio
econômico-financeiro do contrato. Estado começa a
participar dos riscos do empreendimento. Surgem as
EP/SEM.
 Depois da 2ª guerra mundial Estado passa a intervir
no domínio econômico (subsidia a atividade privada
quando insuficiente).
 Atualmente: privatizações (diminuição do
aparelhamento do Estado), concessionárias e
permissionárias de serviço público (delegação a
empresas privadas). 3º setor.
DESCENTRALIZAÇÃO (funcional ou técnica) - criação
de pessoas jurídicas destacadas do centro,
atribuindo-se-lhes competências próprias, tudo
mediante Lei (que a cria - autarquias; ou autoriza
sua criação - fundação, empresas públicas e
sociedades de economia mista) ou Contrato
(concessionárias, permissionárias ou
autorizatárias).

Estudada no serviço público, como se verá adiante,


por agora cabe complementar com a nova
modalidade de contratação, que são as parcerias
público-privada (blindagem do contrato de
concessão).
 Difere de desconcentração, que é apenas uma
distribuição interna de competências, ou seja, dentro
da mesma pessoa jurídica.

 A desconcentração se liga a hierarquia (pirâmide,


cujo ápice é ocupado pelo Chefe do Poder Executivo).
Há uma relação de coordenação e subordinação
entre os vários órgãos da administração pública.*Ex:
criação de novos Ministérios.

 Já a descentralização, pressupõe, pelo menos, duas


pessoas entre as quais se repartem as competências.
Há apenas controle finalístico (ou supervisão
ministerial).
(poder de influir sobre a pessoa descentralizada).
 A descentralização pode ser política (Estados-membros) e
administrativa (atribuições decorrem do poder central.
Possuem capacidade de auto-administração, mas não
autonomia).

 MSZP- diferencia descentralização por serviço (ente


descentralizado detém a titularidade e a execução; ex:
autarquia) e por colaboração (se transfere apenas a execução
do serviço público; ex: concessão, permissão e autorização de
serviço público).

 Originariamente se tratava de delegação a empresas privadas,


através de concessão, permissão e autorização de serviço
público. Depois, adotou-se a execução do serviço público a
empresas sob controle acionário do poder público (arts. 37,
XVII, e 165, § 5º, II). Com a Reforma do Estado e a
privatização, a forma originária de delegação por colaboração
voltou a ser adotada.
 No Brasil o conceito de administração pública
pode ser dividido em formal ou material. Em
sentido formal (subjetivo) resulta da soma da
administração direta com a indireta (OS e
OSCIP não fazem parte da administração
pública em sentido formal). Só em sentido
material (direta, indireta e terceiro setor)
Conceito perguntado na fase oral do XV
Concurso da Magistratura Federal!
 A Administração direta é também denominada
administração centralizada e a indireta é a
descentralizada. O conceito de Poder Público
também resulta da soma da administração
direta com a indireta.
*ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA - art. 4º, I, DL 200/67 e Lei
9.649/98 (atualmente na Lei 10.683/03). Conjunto de órgãos
integrados na estrutura da Chefia do Executivo e dos órgãos
auxiliares da Chefia do Executivo.
 É formada por um conjunto de órgãos públicos sem
personalidade jurídica com eventual capacidade processual e
em sua maioria ligados a um dos três Poderes.
 Não é formada por pessoas jurídicas, mas sim por órgãos
públicos. Ex1: Presidência da República. Ligada a ela há o
Ministério da Justiça e o Ministério da Fazenda, que são órgãos
públicos. Não são entes públicos, nem entidades públicas. Ex2:
Senado e Câmara, são órgãos do Poder Legislativo e da
Administração Direta. Ex3: STF, STJ, CNJ são órgãos do Poder
Judiciário e da Administração Direta.
 Alguns órgãos públicos da administração direta, tais como TCU e
MPF, são órgãos da União, mas não estão dentro de nenhum dos 3
Poderes.
 Todos esses órgãos estão dentro de uma mesma pessoa jurídica de
direito público. No âmbito federal a União. Os órgãos dos Poderes,
o TCU e o MPF são órgãos dentro de uma pessoa (mesma ideia da
medicina), no caso a União (ente da federação ou entidade política).
Ou seja, é uma pessoa com vários órgãos!
 É a denominada teoria da imputação volitiva de Otto Gierke.
 Qual a importância desta diferenciação?
 Ex1: Se sou Policial Federal e causo danos a terceiros a ação é
contra a Polícia Federal ou contra a União? A PF é órgão (37, § 6º). E
quem responde é a pessoa. Assim, a União responde.
 Ex2: De outra forma, se sou Procurador do Banco Central e causo
danos a alguém, o BC é uma Autarquia, pertence a Administração
Indireta, que é uma pessoa. Quem responde? Aqui a ação é contra a
pessoa jurídica Banco Central.
 Que competências são geralmente atribuídas a
Administração Direta? Os livros vão dizer duas. Não há
em leis. 1) prestar serviço público. 2) exercer o poder
de polícia (administrativa, judiciária e ostensiva).
Eventualmente cai uma terceira hipótese: 3) atividade
de fomento (que normalmente fica absorvido no
conceito de serviço público).
 Diante da ampliação das competências do Poder
Público tornou-se inevitável o surgimento da
administração indireta desencadeando um processo
de descentralização. Aqui se dá origem a novas
pessoas jurídicas. (provas do CESPE misturaram as
coisas em questões - criar BACEN é descentralização,
mas o BACEN tem várias unidades regionais, isto é há
desconcentração, ou seja, criação de novos órgãos
dentro da pessoa jurídica).
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA - art. 4º, II, DL
200/67 e Lei 13.303/16. Abrange as prestadoras de
serviços públicos e as de intervenção no domínio
econômico (crítica de parte da doutrina). Cria-se ou
contrata-se pessoas jurídicas para desempenhar o
serviço público. São elas: autarquias, fundações,
consórcios públicos de direito público, sociedades
de economia mista e empresas públicas. As EP e
SEM também são chamadas de empresas estatais
(artigos 37, XVII, 71, II, 165, § 5º, II, 173 § 1º). A
eficiência norteia a sistemática da administração
(especialização e utilização de métodos de gestão
privada).
 Quais são as competências atribuídas à Administração
Indireta?
 Pessoas jurídicas de direito público- são duas
competências: 1) prestar serviço público; 2) exercer o
poder de polícia (administrativa, só. Não exerce a
polícia judiciária e ostensiva).
 Pessoas jurídicas de direito privado- 1) prestar serviço
público (ex: Correios); 2) exercer atividade econômica
(ex: CEF; Banco do Brasil). Conforme o caminho, várias
são as diferenças (regime de bens, questão do
trabalhador, imunidade tributária, poder ou não falir,
aplicação do artigo 37, § 6º).
 Assim, pessoa jurídica de direito público não exerce
atividade econômica e pessoa jurídica de direito
privado não exerce poder de polícia.
 Quais são as pessoas jurídicas de direito público?
Autarquias, Consórcios de Direito Público (chamados de
associações públicas) e Fundações de Direito Público.
 Quais são as pessoas jurídicas de direito privado?
Fundações de Direito Privado (só prestam serviço
público), Empresas Públicas e Sociedades de Economia
Mista (essas duas é que se dividem em serviço público e
atividade econômica).
 Questão de concurso: Petrobrás (SEM) exerce atividade
econômica e causou dano a terceiros. Essa ação contra
a Petrobrás é abrangida pelo artigo 37, § 6º da CF? Não.
Responde como qualquer empresa privada (173, § 1º da
CF). E se o Banco do Brasil (SEM) causa danos a
terceiros, ele não responde pelo 37, § 6º, mas ainda
assim aplico a teoria da responsabilidade objetiva?
Continua a objetiva, aplico o CDC.
 O que o ente de administração indireta possui?

 Personalidade jurídica;
 Capacidade de auto-determinação com certa
independência em relação ao poder central;
 Patrimônio próprio;
 Capacidade apenas para execução do serviço
público que lhe foi transferido;
 Sujeição a controle ou tutela, nos limites da lei
pelo ente instituidor;
 E qual a diferença entre as pessoas de direito privado
criadas pelo Estado e as de direito público?

 As pessoas públicas (autarquias, consórcios de Direito


Público e fundações de direito público) tem
praticamente as mesmas prerrogativas e sofrem as
mesmas restrições que os órgãos da Administração
Direta.
 As pessoas de direito privado (SEM e EP) só possuem
prerrogativas e sujeitam-se às restrições
expressamente previstas em lei. Nas relações com
terceiros aplica-se basicamente o direito privado, salvo
algumas alterações decorrentes expressamente de
normas publicísticas. Mas nunca se sujeitam
inteiramente ao direito privado (regime jurídico híbrido).
Continua existindo a Supremacia da Administração,
porém, com mais liberdade de atuação.
Autarquia
- "serviço autônomo, criado por lei, com
personalidade jurídica, patrimônio e receita
próprios, para executar atividades típicas da
Administração Pública, que requeiram, para seu
melhor funcionamento, gestão administrativa e
financeira descentralizada.” (art. 5º, I, DL 200/67).
Ex: INSS/IBAMA/INCRA/UFSC (Lei n. 3.849/60).
- Criação por lei; personalidade jurídica pública;
capacidade de auto-administração; especialização
dos fins ou atividades; sujeição ao controle ou
tutela.
Responsabilidade civil própria. O Estado tem
responsabilidade subsidiária. Imunidade
tributária em relação a suas finalidades
essenciais ou dela decorrentes (art. 150, par. 2º
CF).
Diferenciam-se das pessoas políticas (U, E, M)
por não poderem criar o próprio direito
(produzir leis).
Perante a Administração Pública Central: possui
direitos e obrigações; perante os particulares a
autarquia aparece como se fosse o próprio
Estado*. Nas relações internas: servidores
autárquicos possuem regime estatutário.
A responsabilidade é a do artigo 37, § 6º-
objetiva. Os bens autárquicos são bens
públicos.

Reexame necessário das sentenças contra


elas proferidas (MP 1570, hoje Lei 9.464). É
constitucional? Em que limites?

Súmula 620 do STF. A SENTENÇA


PROFERIDA CONTRA AUTARQUIAS NÃO ESTÁ
SUJEITA A REEXAME NECESSÁRIO, SALVO
QUANDO SUCUMBENTE EM EXECUÇÃO DE
DÍVIDA ATIVA.
 
As agências reguladoras, ANEEL (Lei
9.427/96), ANATEL (Lei 9.472/97) e ANP
(Lei 9.478/97) são autarquias em regime
especial, com autonomia administrativa,
financeira, além de não subordinar-se
hierarquicamente e conferir estabilidade
a seus dirigentes (mandato fixo).
Pergunta de concurso: A CF exige que as
agências reguladoras sejam autarquias?
Não. As leis que foram propostas é que
colocaram as reguladoras como
autarquias em regime especial.
 OAB é autarquia sujeita a regime jurídico de direito
público?
 STF na Adin 3.026-4/DF ao apreciar a
constitucionalidade do artigo 79, § 1º do
Estatuto da OAB entendeu que: “não procede
a alegação de que a OAB sujeita-se aos
ditames impostos à Administração Pública
Indireta da União”.
 A OAB é serviço público independente, não
estando sujeito a controle da Administração.
 MSZP discorda, pois a OAB desempenha
atividade típica do Estado (poder de polícia) e,
portanto, função administrativa
descentralizada do Estado.
 Consórcios públicos de direito público- A CF, no artigo
241, regulamentado pela lei 11.107/05 (cai em
concurso) e pelo decreto 60.017/07 criam a
possibilidade do surgimento de consórcios públicos de
direito público (associação pública- artigo 41 do CC) e
de direito privado (não pertencem nem a Administração
direta, nem a indireta).
 Essas entidades são criadas a partir da vontade de
Chefes de Poder Executivo e das Casas Legislativas dos
entes da federação. Assim, 3 estados podem se reunir e
criar consórcios públicos de direito público (que
pertencerá à estrutura da administração indireta de
cada um deles).
 Ex1: Muito comum com Municípios pequenos.
Se juntam e criam uma nova pessoa jurídica que
vai licitar, por exemplo, a compra de
medicamentos. Formam um consórcio público
de direito público que comprará uma
quantidade maior de medicamentos por um
valor mais baixo.
 Ex2: Município pequeno em que ninguém
participa de licitação para dispor sobre o lixo.
Municípios concentram as tarefas em uma
mesma licitação: varrer, recolher lixo comum,
lixo hospitalar e levar para algum lugar. Ainda
assim para trabalhar com grandes empresas, os
Municípios devem se reunir em Consórcio.
 Se fala em federalismo cooperativo. Vários
estados ou municípios com o mesmo problema
se reúnem para enfrentar o problema comum e
criam uma pessoa jurídica para isso.
 Como eles nascem? Ex: dez prefeitos e dois
governadores se reúnem (doze entes da
federação) formalizam o projeto (cada ente
entra com uma parte), depois todos precisam
passar pelo filtro das Casas Legislativas. Assinam
o contrato e nasce essa nova entidade.
 Regime jurídico muito próximo da autarquia.
Como não há lei intermunicipal nem
interestadual, se cria um consórcio público. A
diferença é que as autarquias são criadas por lei.
 As autarquias são criadas por lei, enquanto os
consórcios públicos dependem de autorização
legislativa, de aprovação do pacto de associação
pelas casas legislativas correspondentes, o que
dá origem a uma pessoa jurídica de direito
público com as mesmas competências de uma
autarquia.
 Peculiaridade: para relacionar Municípios à
União o Estado correspondente deve fazer parte
do consórcio (isso é para evitar que Municípios
“pulem” seus estados para conseguir recursos
federais). Gera movimento contrário a ideia de
fragmentação!
 O consórcio é uma pessoa jurídica, faz licitações, concursos
públicos para contratar trabalhadores (aqui várias leis autorizam
a criação dessa pessoa jurídica).
 A entidade será dirigida por um Chefe de Poder Executivo eleito
entre os participantes e isso determinará o Tribunal de Contas
que fiscalizará a entidade.
 É importante observar que a lei dos consórcios modificou o
artigo 41 do C.C.; a lei 8.666/93 nos artigos 23,§ 8º e 24, § 1º
(agora tem associação pública prevista, o que é sinônimo de
consórcio público de direito público) e a lei 8.429/92, artigo 10
(considera improbidade por dano ao erário descumprir o
pactuado na criação do consórcio).
 Na lei 8.666/93 o artigo 23, § 8º exige a multiplicação dos valores
previstos no artigo 23 para se identificar nos Consórcios quando
é possível realizar convite, tomada de preços ou concorrência.
Até 3 entes multiplico aqueles valores por 2. Assim, fica mais fácil
fazer licitação em modalidade convite. Mais de 3 entes,
multiplico os valores por 3 (margem maior para não precisar
fazer concorrência).
 Margem de dispensa de licitação (artigo 24, §
1º da lei 8.666/93)- o normal é 10% de valor
limite de uma carta convite (obras até R$
15.000,00). Para o consórcio o percentual é de
20% do valor multiplicado (o número de entes
vai determinar a multiplicação). É um
desequilíbrio matemático para se estimular a
formação dos consórcios.
Objetivos determinados pelos participantes
(art. 2º) e protocolo de intenções (art. 4º e
5º), que deve ser ratificado por lei para
posterior celebração do contrato.
Responsabilidade solidária e direito de
regresso, somente em caso de esgotamento
do patrimônio do consórcio (art. 12), (Sylvia
Di Pietro observa que o art. 37, § 6º não
impõe a obrigação solidária perante
terceiros).
Ente que não consignar na Lei orçamentária as
dotações assumidas será suspenso e, só após, até
mesmo excluído (art. 8º, § 5º), não esclarecendo a
Lei, contudo, quem o fará.
Conforme o art. 57 CC, com a redação dada pela Lei
11.127/05, é necessário, para a exclusão, processo
administrativo e justa causa.

Privilégios do Consórcio Público- poder de


promover desapropriações; possibilidade de
ser contratado pela Administração, com
dispensa de licitação.
 Com a celebração do consórcio, as entidades
que o constituem poderão ceder-lhe
servidores (art.4º, § 4º). Ademais, cabível a
entrega de recursos públicos. Nesse caso,
imprescindível a formalização por meio de
contrato de rateio (art.8º).
Fundações
Definição DL 200/67: “entidade dotada de personalidade
jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, instituída por
autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades
que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito
público, com autonomia administrativa, patrimônio gerido
pelos respectivos órgãos de direção e funcionamento
custeado por recursos da União e de outras fontes.”

Mais importante: patrimônio destinado à realização de


certos fins, indo beneficiar terceiros estranhos a ela.
Desempenham atividade estatal no âmbito social. Ex: FUNAI,
Fundação Nacional de Saúde e UDESC.
Na sua criação, TRÊS correntes quanto a
natureza jurídica: 1) privatística (DL 200/67, Hely e
Eros Grau); 2) pode ter personalidade pública ou
privada (MSZP), dependendo da lei instituidora e dos
estatutos. (ex: Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio
de Janeiro e Fundação Padre Anchieta); 3) Depois da
EC19, apenas de direito público (CABM).

EC 19 alterou art. 37, XIX, CF, dispondo que lei


autorizará a instituição da fundação, e não a criará,
além do que dispõe que lei complementar definirá as
áreas de atuação das Fundações (muito perguntado
em concurso).
Observe que o art. 37, XIX da CF, na redação original
cogitava de fundação pública, e agora, após a EC
19/98, passou a utilizar-se apenas do termo
fundação.

Mesmo antes da CF/88 já se admitia a existência de


fundações públicas, com o mesmo regime das
autarquias.
 
Após a CF/88, há entendimentos de que toda
fundação governamental é de direito público (MSZP
admite as duas modalidades, o que é lógico, à
míngua de proibição legal e porque a administração
pode agir em atividades privadas desde que não seja
favorecida pela sua posição de supremacia, a
exemplo do que ocorre quando atua como
empresário).
 Posição prevalente: podem constituir-
se sob natureza pública ou privada.
Mesmo entendimento adotado pelo
STF (Adin 2.794, relator Ministro
Sepúlveda Pertence, em 14-12-2006).
 A fundação de direito público também
é chamada de autarquia fundacional.
 O seu estatuto é feito pela pessoa por ele
designada ou pelo Ministério Público, a quem
compete velar pela fundação.
 O papel do instituidor exaure-se com o ato da
instituição. A partir do momento em que a
fundação é criada, ela ganha vida própria.
 Além da dotação inicial, ela depende de
verbas orçamentárias que o Estado lhe
destina periodicamente.
 O Poder Público pode extingui-la a qualquer
momento.
Apenas deve-se alterar os motivos por lei
(ou pelo mesmo instrumento de sua criação).

Já na fundação instituída por particular,


conforme art. 30 CC, impossível sua manutenção
vencido o prazo fixado pelo instituidor, seu
patrimônio deverá ser absorvido por fundações
de fins semelhantes, mas sem a possibilidade de
manutenção da mesma fundação.
 Normas de direito público nas Fundações de Direito
privado

 subordinação a controle pelo TCU;


 equiparação de seus empregados aos funcionários
públicos para os fins previstos no artigo 37 da CF,
inclusive acumulação de cargos, para fins criminais e
de improbidade administrativa;
 sujeição de seus dirigentes a mandado de
segurança, quando exerçam funções delegadas do
poder público;
 submissão a lei de licitações;
 juízo privativo na esfera estadual;
 imunidade tributária sobre patrimônio, renda ou
serviços vinculados a suas finalidades essenciais.
 As de direito público ainda possuem:
presunção de veracidade e
executoriedade; não submissão a
fiscalização do MP; impenhorabilidade de
bens; processo especial de execução
(pelo NCPC os prazos da Fazenda são em
dobro para recorrer, contestar e
responder recurso) e juízo privativo.
Praticamente os mesmos privilégios e
prerrogativas do Estado.
EMPRESAS PÚBLICAS

 Art. 3º da Lei 13.303/16. Empresa pública é a entidade dotada de


personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada por lei e
com patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente detido pela
União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios. 
 Parágrafo único.  Desde que a maioria do capital votante permaneça em
propriedade da União, do Estado, do Distrito Federal ou do Município, será
admitida, no capital da empresa pública, a participação de outras pessoas
jurídicas de direito público interno, bem como de entidades da
administração indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios. 

 Sujeitas ao regime constitucional especial previsto no artigo 173 CF. Ex:


Correios, BNDES, CEF e INFRAERO.
Estado como empresário. Controle da
Administração.
 
A autorização de sua instituição se dá por
lei. (OBS. EC 19 alterou art. 37, XIX).
 
Patrimônio: pode ser alienado ou onerado
na mesma forma que o da empresa privada (CC
artigo 98). Quando afetados à prestação de serviço público são
considerados impenhoráveis (STF- RE 220.906).
 
Servidores regidos pela CLT (artigo 173, §
1º). Equiparados a servidores públicos para fins
criminais (art. 327, par. 1º CP). Há derrogações do
artigo 37 da CF (concurso público, proibição de acumulação de
cargos). Não há a estabilidade do artigo 41 da CF (RE 589998 do STF), ou
seja, para demitir não se utiliza PAD – basta motivar nas que prestam sp.
 Observação quanto ao capital inteiramente
público- MSZP entende que o artigo 5º do
Decreto-lei 900/69 veio permitir que, desde
que a maioria do capital votante permaneça
de propriedade da União, seja admitida, no
seu capital a participação de outras pessoas
de direito público interno, inclusive de SEM.
 Com relação a MS os dirigentes são tidos
como autoridades coatoras.
 Exigível licitação e contratos.
 Responsabilidade por danos causados por
seus agentes é objetiva (artigo 37, § 6º)
quando presta serviço público. A pessoa que
a instituiu só responde subsidiariamente
quando se exaure o patrimônio da entidade.
 Não está sujeita à falência, conforme
expresso no artigo 2º da Lei nº 11.101/2005,
quando presta serviço público.
 O STF tem entendido que também os bens
das empresas estatais de direito privado
prestadoras de serviços públicos são
impenhoráveis, aplicando-se à entidade o
regime dos precatórios previsto no artigo 100
da Constituição Federal (RE 220.906-DF).
 Assim, são bens públicos os das seguintes
entidades: A, FP, Consórcios de Direito
Público bem como de entidades de direito
privado prestadoras de serviço público.
SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA

Art. 4º da Lei 13.303/16- Sociedade de economia mista é


a entidade dotada de personalidade jurídica de direito
privado, com criação autorizada por lei, sob a forma de
sociedade anônima, cujas ações com direito a voto
pertençam em sua maioria à União, aos Estados, ao
Distrito Federal, aos Municípios ou a entidade da
administração indireta. 

Admitem lucro. Ex: Petrobrás, Banco do Brasil, Rede


Rodoviária Federal S.A (hoje extinta), Bacen, Companhia
de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp).
 
Quanto a responsabilidade, a entidade
pública instituidora responde
subsidiariamente- artigo 37, § 6º da CF (MSZP
discorda, porquanto a entidade estatal a que
se encontra vinculada não deve responder,
seja solidária ou subsidiariamente).
Maioria entende que esgotado o
patrimônio da estatal a Administração Pública
responde pelo remanescente.
Não se sujeitam à falência (Lei 6.404. Há nova
lei das S/As). No entanto, para CABM, a regra
aplica-se apenas às prestadoras de serviço
público (artigo 173, § 1º, II em cotejo com
artigo 2º da Lei 11.101/05). Se explorar
atividade econômica a falência terá seu curso
normal.

Os bens são privados, sendo penhoráveis e


executáveis (salvo se estiverem vinculados a
prestação de serviço público, Gasparini).
Funcionários regidos pela CLT (artigo
173, § 1º, II da CF). A acessibilidade se
faz por meio de concurso público (artigo
37, II da CF). Equiparam-se a servidores
públicos para fins criminais (art. 327,
parágrafo único do Código Penal) e de
improbidade administrativa.
 Semelhanças entre EP e SEM:
 São chamadas de empresas estatais ou
empresas governamentais.
 São de direito privado.
 As duas exigem autorização legislativa para
serem constituídas.
 Podem assumir duas finalidades: ou prestam
serviços públicos ou exploram atividade
econômica (artigo 173, § 1º, II da CF), o que
repercute em seu regime jurídico.
Diferenças entre EP e SEM

Qualquer forma admitida em direito/só S.A


(art. 4º da Lei 13.303/16).

Forma de composição do capital-totalmente


público/público e privado.

Justiça Federal (artigo 109, I da CF)/Justiça


Comum (Súmula 556 do STF e Súmula 42 do
STJ).
 Segunda fase de concurso. Licitação nas
estatais. Caso explore atividade econômica,
a Constituição permite que a lei discipline
de maneira específica o procedimento
licitatório (artigo 173, § 1º, III combinado
com 22, XXVII, com as redações dadas pela
EC 19/98).
 Ou seja, a norma disciplinadora do estatuto
das empresas estatais pode estabelecer
processo de licitação próprio, mais célere e
dinâmico, restando afastada a incidência da
lei 8.666/93. Hoje há a Lei 13.303/16 para
as estatais.
 Exemplo: Petrobrás se valia de licitação simplificada disciplinada
pelo Decreto 2.745/98, ex vi do artigo 67 da lei 9.478/97. Cuidado:
a Petrobras na lei 9.478/97, em seu artigo 67 relatava a previsão
de processo licitatório simplificado que seria regulamentado por
decreto. A Petrobrás tinha esse decreto, mas o TCU não aceitava o
seu uso. STF aceitava em decisões liminares, esta possibilidade
(MS 26.783, Min. Ellen Gracie, DJ 1/08/07; MS 27.796, Min. Carlos
Britto, DJ 9/02/09). “Vai usando o decreto enquanto a lei não
regulamentar”.
 Quando prestam serviço público seguiam a lei 8.666/93 e quando
exerciam atividade econômica (depende do escopo da licitação do
que está se licitando)- se envolvesse atividade meio ou atividade
fim. BB quer comprar veículos novos para transportar seus
gerentes (aplica a lei 8.666/93); atividade fim, tais como compra
de computadores para qualificar atendimento aos clientes (não
precisa licitar). Hoje se aplica a Lei 13.303/16 para as duas
hipóteses.
 Cuidado! O que mais aparece em concurso (SEM e EP)
são as que prestam serviço público, que são diferentes
das que exercem atividade econômica.
 Tudo que envolver regime de bens (privados
penhoráveis ou impenhoráveis); regime de pessoal
(todos são CLT, mas nas que prestam sp despedida deve
ser motivada (RE589998-STF) e nas que exploram
atividade econômica não); responsabilidade por danos
causados (artigo 37, § 6º ou não); imunidade tributária
(se presta sp tem RE 407.089); regime de licitações
(regime licitatório próprio e diferenciado-ver 173, § 1º,
III da CF e Lei 13.303/16) e o tema da falência (as que
prestam serviço público não podem falir).
AGÊNCIAS REGULADORAS - ANEEL (Lei 9.427/96),
ANATEL (Lei 9.472/97), ANP (Lei 9.478/97), ANVISA
(Lei 9.782/99), ANS (9.961/00), ANA (Lei 9.984/00) e
ANTT e ANTAQ (Lei 10.233/01) são autarquias
especiais, com autonomia administrativa, financeira,
além de não subordinar-se hierarquicamente e
conferir estabilidade a seus dirigentes. Funções várias
(normativa). Maior liberdade que as demais
autarquias (dirigentes exercem mandato, por escolha
do Presidente da República, sob a aprovação do
Senado).
AGÊNCIAS EXECUTIVAS (Lei 9.649/98 e Decreto
2.487/98) são autarquias ou fundações públicas que
preencham determinados requisitos estabelecidos
em lei e que tenham esta qualificação específica por
outorga do Presidente da República. "Contratos de
Gestão" (temporário), título confere-se por Decreto
específico, mantendo funções de execução de
serviços públicos de forma direta, com maior
autonomia, podendo desvincular-se se não
obedecido o plano estratégico fixado em contrato.

Autarquia/fundação que já existe- contrato de


gestão-agência executiva. Há maior autonomia e em
contrapartida são estabelecidas metas (eficiência).
- AGÊNCIAS REGULADORAS
 
Necessárias para passagem dos serviços
públicos à execução privada. As EC 5, 6, 7, 8 e
9, ao tempo em que abriam para o capital
privado, determinaram expressamente criação
de órgãos reguladores. Reforma do Estado em
3 fases: a) extinção das restrições ao capital
estrangeiro, b) flexibilização dos monopólios
estatais, c) privatização (Lei 8031 e
revitalização com a Lei 9491/97). Função de
regular matéria específica que lhe é afeta.
Existem reguladoras que exercem poder de
polícia (Agência Nacional de Águas e Anvisa).
 
 Qual é o papel das agências reguladoras?

 Exercer o poder regulamentar e o poder de


polícia administrativa, pois ao mesmo tempo
produzem atos normativos de caráter infra-legal
e depois fiscalizam o seu cumprimento por
aqueles que têm delegação para prestar serviço
público (ANATEL, ANEEL) ou exercer atividade
econômica no lugar do Estado (ANP).
Criadas como autarquias especiais (maior
autonomia), por lei específica (art. 37, XIX)
que poderá atribuir características especiais
dependendo do setor de atuação da Agência.
Na concessão, permissão e autorização
assumem poderes da própria administração
pública (ANATEL e ANEEL).
 
ANATEL Lei 9472/97, ANP 9478/97, ANEEL
9427/96, ANVISA 9782/99, ANS 9961/00, ANA
9984/00, ANTT/ANTAQ 10233/01. Não existe
regime jurídico único. Cada uma delas tem
legislação específica.
Contradição: a privatização importou em
ampla publicização, na prática (Diogo
Figueiredo Moreira Neto).
 
Função de prevenção, proteção, fixação de
planos (metas), fiscalização, NORMATIVA.
Substitui, em alguma medida, o regime das
concessões.
 
Independência administrativa (e funcional -
para evitar as influências políticas –
politiqueiras) com não subordinação
hierárquica – estabilidade dos dirigentes e
autonomia financeira.
 
 Há estabilidade de seus dirigentes, ficando
afastada a possibilidade de demissão ad
nutum.
 Os dirigentes são escolhidos pelo Presidente
da República, dependendo a escolha de
aprovação pelo Senado Federal.
 As Agências são dirigidas em regime de
colegiado. O Presidente ou Diretor-geral
deve ser brasileiro, de reputação ilibada,
formação universitária e elevado conceito
no campo de especialidade dos cargos para
os quais serão nomeados.
 O mandato será estabelecido pela lei
instituidora de cada agência.
 A quarentena tem caráter moralizador.
Período de 4 meses para grande parte das
agências. Violação: advocacia administrativa
(artigo 321 do Código Penal).
 Servidores- era regime de CLT, suspenso
liminarmente pela ADI 2310. Assim, é regime
estatutário, já que desempenham atividade
típica do Estado.
Especialização (por setor) – predomínio
dos juízos técnicos sobre os políticos
(eleitoreiros). Atribuições quanto às
concessões e permissões: regulamentar os
serviços, realizar o procedimento licitatório
para escolha do concessionário; definir o valor
da tarifa e de sua revisão ou ajuste...

Independência decisória – de objetivos –


de instrumentos e financeira.Titularidade do
Chefe do Executivo. Pode-se dizer que
constitui a administração indireta federal,
sujeita ao Poder Executivo.
Agências constitucionais (ANATEL – art. 21, XI e
ANP – art. 177, § 2º, III). Somente estas Agências
teriam poder regulamentar porque estes emergeriam
da própria Constituição?
Delegação para exercer poder normativo pelo próprio
Congresso – Ministro Alexandre de Moraes. Busca de
zerar o déficit democrático. Delegação de funções é
vedada (art. 68 CF/88 e art. 6º, § único CF/67).
Permanece válido no nosso sistema a indelegabilidade
de funções entre poderes. Ainda que se tenha já
admitido, a delegação tem que ter parâmetros na
própria lei que delega (STF RE 264289/CE).
Teoria da Deslegalização (seria a retirada, pelo próprio
legislador, de certas matérias do domínio da lei, para
atribuí-las à disciplina das agências) - art. 68 CF
(temporária e parcial).
MSZP- A ANATEL e ANP pode-se reconhecer função
normativa mais ampla, já que previstas na CF. As
demais possuem delegação pela própria lei
instituidora da agência.
Por essa razão, a função normativa que exercem não
pode, sob pena de inconstitucionalidade, ser maior
do que a exercida por qualquer outro órgão
administrativo ou entidade da Administração
Indireta.
Não podem regular matéria não disciplinada em lei,
porque os regulamentos autônomos não existem no
Brasil.
O que as demais agências podem regular? Preencher
conceitos jurídicos indeterminados.
  - AGÊNCIAS EXECUTIVAS
Lei 9649/98 – art. 51 a 54 e Dec. 2487/98 – órgãos
internos no processo de desconcentração com
autonomia operacional traduzida em contratos de
gestão.
Contratos de gestão (não são verdadeiros contratos
por faltar a bilateralidade, mas são convênios). É
mera qualificação jurídica dada a uma autarquia ou
fundação, ampliando sua autonomia gerencial
interna, orçamentária e financeira, por contrato de
gestão com comprometimento de atingimento de
metas, com prerrogativas, sem alterar-lhe a feição de
autarquia ou fundação.
Hoje temos autarquias (podem ser
especiais e, dentro das especiais, teremos as
reguladoras: qualificadas por lei com a marca
do poder regulatório; e as executivas:
qualificadas por contrato, sem outra marca
especial).
Pode ser autarquia ou fundação (Dec.
2478/98) e exige contrato de gestão com o
Ministério supervisor e plano estratégico.
Agência executiva não é uma nova pessoa
jurídica, mas simples autarquias ou
fundações qualificadas. A qualificação jurídica
só terá efeitos se realizada nos termos da lei
regulamentadora prevista no art. 37, § 8º.
No plano federal há o INMETRO que é uma
autarquia federal brasileira, no formato de uma
agência executiva, vinculada ao
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comé
rcio Exterior
.
 
Funções administrativas de execução de
serviço público de forma direta (maior
autonomia, mas podem perder prerrogativas se
não cumprirem o contrato de gestão).
Distinguem-se das Agências Reguladoras
porque, enquanto estas tem funções normativas
e fiscalizadoras, para “regular” o setor, as
Executivas executam serviço público de forma
direta.
Título conferido por Decreto do PR (art. 51, § 1º
da Lei 9649/98 e Dec. 2487/98) que deve ser
específico: um Decreto para cada agência.
Discricionariedade.
Duração do contrato (mínimo de 1 ano)
renovável, só expressamente, e se cumprido o
plano. Representam apenas maior autonomia
gerencial interna (visam flexibilização
administrativa).
Art. 24, § único da Lei 8.666/93 dispensa de
licitação nas agências executivas, na forma da lei
(ainda não editada), além de elevar os limites que
determinam as modalidades de licitação por
concorrência, tomada de preços e convite (em
20%).
ENTIDADES PARAESTATAIS
CABM- paralelas ao Estado, são entidades privadas,
particulares, para desempenho de atividade não
exclusiva do Estado, mas em colaboração com ele,
recebendo algum tipo de incentivo público. Sujeitas
ao controle do TC e podendo expedir regulamentos
para licitar, os quais terão que ser compatíveis com
a Lei 8.666/93. Para ele não abrange SEM e EP. Exs:
SESI, SENAI, SESC.

Hely- são pessoas jurídicas de direito privado,


sendo o meio termo entre o público e o privado.
Compreendem: EP, SEM, Fs, serviços sociais
autônomos.
MSZP- Trata-se do terceiro setor e
caracteriza-se por prestar atividade de
interesse público pela iniciativa
privada. São os serviços sociais
autônomos, as fundações de apoio, as
organizações sociais e as organizações
da sociedade civil de interesse público.
Estão ao lado do Estado, não fazendo
parte da Administração.
O termo se vulgarizou, sendo usado mais no
sentido do Hely Lopes em provas de
concurso.
Conceito mais correto CABM e MSZP:
atividade de interesse público prestada por
particulares com a contrapartida de
incentivos.
Obs: na Lei 8.666/93 é utilizada a expressão
em sentido mais restrito: Fs, EP, SEM, e
demais entidades sobre controle direto ou
indireto do Poder Público. Exclui serviços
sociais autônomos e outras entidades
semelhantes.
MSZP- Pessoas jurídicas de direito privado, criadas
por lei, com patrimônio público ou misto para a
realização de obras, atividades ou serviços de
interesse coletivo, sob controle do Estado.
As atividades públicas aqui não são típicas e
próprias do Estado, como nas autarquias, mas
impróprias, ou seja, serviços de interesse
geral, de utilidade pública, e que só
reflexamente interessam ao Estado, que os
fomenta.
Tecnicamente, conforme ensina MSZP, são entes que
caminham ao lado do Estado, mas dele não fazem
parte, seja como administração direta ou indireta.
MSZP- Entidades de apoio e organizações
sociais fogem do enquadramento da
administração indireta, como na licitação,
concurso público e controle. No entanto, não
escapam do conceito de entidade paraestatal,
já que se utilizam de patrimônio público.

Normas a que se submetem: Decreto nº


5.504/05, Decreto 6.170/07 e LDO 12.309/10:
todos impõe regramentos de direito público.
Se aplicam a entidades privadas sem fins
lucrativos, fundações de apoio, organizações
sociais, Oscips e outras entidades congêneres
que recebam recursos da União.
ORGANIZAÇÕES SOCIAIS – OS

- forma de descentralização por colaboração,


constituem paraestatais do “terceiro setor”, tendentes
a inaugurar uma nova “cultura gerencial” da coisa
pública, atuando na prestação de serviços públicos
não exclusivos.

Inúmeras definições (ver RDA 225/273), que vão desde o


objetivo de “... fugir das amarras do regime jurídico
administrativo... eis que são consideradas ‘entidades públicas
estatais’ não integrante da administração indireta... escapando às
‘ingerências’ do regime jurídico administrativo...” conforme
Luciano Ferraz e Maria Sylvia, que diz “... forma de parceria
indevida cujo objetivo é o de fugir ao regime publicístico”, até o de
“serem entes intermédios entre a sociedade e o Estado”, segundo
Diogo de Figueiredo Moreira Neto, e “forma de parceria do Estado
com as instituições privadas de fins públicos... forma de
participação popular na gestão administrativa”, de acordo com
Paulo Modesto.
Justificativa: princípio de eficiência.
- criadas pela MP 1591/97 e Lei 9637/98. ADIN 1923-
5 julgada em 2015). Qualificação atribuída (ou
titulação jurídica) a pessoa jurídica de direito privado
(em colaboração com o poder público para perseguir
metas comuns) atendidos os requisitos da lei. Sem
fins lucrativos e sujeita fiscalização TC (art. 8º e 9º). É
uma associação ou fundação.
 
- *qualificação pelo PR e contrato de gestão por um
Ministério. Outorga como ato discricionário:
educação, ensino, pesquisa científica e
desenvolvimento tecnológico, meio ambiente,
cultura e saúde. Serviço público de natureza social.
 No contrato de gestão são definidas as
espécies de fomento (repasse de
recursos orçamentários, transferência
de bens públicos, cessão de servidores
públicos) e as metas a serem
perseguidas pela organização (controle
de resultados).
Quanto aos bens públicos é só
permissão de uso, sem transferência, numa
espécie de usufruto. É cessionária de
servidores públicos (um dos pontos mais
polêmicos).

Desqualifica-se se não cumprido o contrato


de gestão. Para desqualificar, não seria
suficiente novo ato discricionário, mas sim
processo administrativo (RDA 232/139), a
partir do art. 16, § 1º. Juarez Freitas, ao
mesmo tempo que critica a ampla
discricionariedade para qualificar, também a
critica para desqualificar, já que o art. 16 usa
o termo “poderá...”
  *Maiores pontos de polêmica: sua
natureza jurídica; prestam ou não serviços
públicos? Quais os pontos de contato com as
concessionárias e permissionárias? Importa
em privatização ou publicização? MSZP-
forma de privatizar a gestão do serviço
público delegado pelo Estado. Vão absorver
atividades hoje desempenhadas por órgãos
ou entidades estatais.
 
Licitação dispensada (casos art. 12, § 3º Lei
9.637 e 24, XXIV Lei 8666/93).
 O decreto 5.504/05 exige que as entidades
qualificadas como organizações sociais,
relativamente aos recursos por ela
administrados, realizem licitação para obras,
compras, serviços e alienações (artigo 1º). No
caso de aquisição de bens e serviços, seria na
modalidade de pregão, preferencialmente na
forma eletrônica.
 Muitas críticas foram feitas às organizações
sociais. No entanto, o STF, por maioria,
indeferiu medida cautelar em ação direta de
inconstitucionalidade proposta contra a Lei
nº 9.637/98 (ADI 1923/DF). “Entidades
fantasmas” - sem patrimônio, sede, vida. Exs:
orquestra sinfônica do Estado de São Paulo é
gerida por uma OS/Pinacoteca.
 O Plenário do Supremo Tribunal Federal concluiu o
julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade
1.923 (em 23/06/2015), ajuizada com o objetivo de
ver declarada a inconstitucionalidade de toda a Lei
federal 9.637/1998, que implantou o modelo de
parceria entre o Poder Público e as entidades
qualificadas como “Organizações Sociais”, e do inciso
XXIV do artigo 24 da Lei 8.666/93, que autorizou a
dispensa de licitação para a celebração de contratos
de prestação de serviços com as organizações sociais,
qualificadas no âmbito das respectivas esferas de
governo, para atividades contempladas no contrato de
gestão.
 Critérios fixados pelo STF no julgamento:
 a) se trata de relação jurídica de parceria travada entre Poder Público e organização da
sociedade civil, no âmbito da denominada administrativa de fomento, autorizada
pela Lei Maior;
 b) o contrato de gestão possui típica natureza jurídica de convênio (figura
clássica), com todas as características inerentes a este tipo de ajuste;
 c) na esfera dos serviços públicos sociais a atuação das entidades privadas sem
fins lucrativos se dá de modo complementar, sem que isso importe na
substituição da prestação direta dos serviços públicos sociais a cargo do Estado
pela prestação indireta, mediante o fomento, na forma delineada pelo Texto
Constitucional;
 d) as exigências de procedimentos (i) de qualificação da entidade, (ii) para a
celebração do contrato de gestão e (iii) para a dispensa de licitação para
contratações (Lei 8.666/93, artigo 24, XXIV) e de outorga de permissão de uso
de bem público (Lei nº 9.637/98, artigo 12, parágrafo 3º) conduzidos de forma
pública, objetiva e impessoal, com observância dos princípios do caput do
artigo 37 da CF;
 e) o procedimento para a celebração de contratos pela Organização Social com
terceiros, com recursos públicos, bem como o procedimento para a seleção de
pessoal pelas Organizações Sociais sejam conduzidos de forma pública,
objetiva e impessoal, com observância dos princípios do caput do artigo 37 da
CF, e nos termos do regulamento próprio a ser editado por cada entidade;
 f) seja afastada qualquer interpretação que restrinja o controle, pelo Ministério
Público e pelo TCU, da aplicação de verbas públicas.
 OS bem sucedidas no Brasil: Museu do
Futebol, Museu da Língua Portuguesa,
Complexo turístico e cultural Estação das
Docas, em Belém (sendo modelo de
exploração portuária).
ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE
PÚBLICO – OSCIP

Lei 9.790/99. Desempenha atividades de interesse


público com incentivo e fiscalização do Poder
Público.
 
Maior distanciamento do Estado, que não pode
ceder servidores ou participar da gestão interna.
Objeto mais amplo que o da OS (art. 3º, incluindo
doze áreas). Também pessoas jurídicas de direito
privado, sem fins lucrativos.
 
Após qualificada pelo Ministro da Justiça (art. 6º) é
que a OSCIP poderá firmar o termo de parceria (acordo de

, art. 9º Lei 9790/99 (que


vontades em que os partícipes objetivam um fim de interesse em comum)

aqui substitui o contrato de gestão).


Termo de parceria sofre acompanhamento
por comissão mista, que apresenta relatório
conclusivo sobre o cumprimento ou não das
metas e resultados (art. 11)
 
Recebe recursos públicos, nos termos do
termo de parceria (a verba que o Poder Público repassa não tem natureza de preço ou remuneração. Mantém

.
natureza de dinheiro público e a entidade está obrigada a prestar contas)

Licitação por regulamento próprio (art. 14)


Sujeita à fiscalização TC (art. 4º, VII, “d”) e
sem fins lucrativos. Ex: Agência Empreender de Florianópolis, apresenta seu trabalho como OSCIP, desde 2006,
com os artesãos do Estado de Santa Catarina. Outro exemplo: governo tem dificuldades na gestão dos seus museus e teatros, havendo necessidade de parcerias.
Semelhanças e Diferenças entre OS
e OSCIP
 Semelhanças - entidades privadas, sem fins
lucrativos, recebem qualificação e incentivos pelo
Poder Público; atuam no mesmo campo.
 Diferenças - OS recebe ou pode receber delegação
para gestão de serviço público, enquanto OSCIP
exerce atividade de natureza privada; OS contrato
de gestão; OSCIP termo de parceria; OSCIP possuem
objeto mais amplo e podem remunerar seus
dirigentes; OSCIP e OS perdem a classificação
somente mediante processo administrativo; OSCIP
tem que ter existência legal, o que evita entidades
fantasma (real atividade de fomento e de parceria).
 Normalmente a saúde se organiza dentro da
administração direta (posto de saúde, pronto
socorro). Há vontade dos municípios de
terceirizar a atuação do poder público as OS e
OSCPIS, mas também pode ser através de
fundações públicas de direito privado na área
da saúde, criando a possibilidade de uma
gestão mais rígida do quadro de pessoal, no
que envolve o controle de horário (controladas
pelo Tribunal de Contas, se submetem a lei de
licitações).
SERVIÇOS SOCIAIS AUTÔNOMOS

criados por lei, com personalidade de direito privado,


para ministrar assistência ou ensino a certas
categorias sociais ou profissionais, sem fins lucrativos
e destinatárias de contribuições paraestatais. (SESI,
SESC, SENAC, SENAI, SEBRAE). São entes paraestatais de
colaboração com o poder público (não integram nem a
administração direta nem a indireta). Colaboram e recebem
autorização legal para arrecadarem e utilizarem na sua
manutenção contribuições parafiscais, quando não
subsidiadas diretamente pela entidade que as criou.
 Não prestam serviço público, mas sim
atividade privada de interesse público e por
essa razão são incentivadas pelo Poder
Público.
 Licitações? TCU tem jurisprudência
consolidada de que não são exigíveis, pois
esses entes não integram a Administração
Pública. Para MSZP deveriam se sujeitar,
além de seus empregados serem
equiparados a servidores públicos para fins
criminais e de improbidade administrativa.
 17 de setembro de 2014

 Entidade do "Sistema S" não está obrigada a realizar concurso

 Por unanimidade, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que


o Serviço Social do Transporte (Sest) não está obrigado a realizar concurso
público para a contratação de pessoal. O relator do Recurso Extraordinário
(RE) 789874, ministro Teori Zavascki, sustentou que as entidades que
compõem os serviços sociais autônomos, por possuírem natureza jurídica
de direito privado e não integrarem a administração indireta, não estão
sujeitas à regra prevista no artigo 37, inciso II da Constituição Federal,
mesmo que desempenhem atividades de interesse público em cooperação
com o Estado. O recurso teve repercussão geral reconhecida e a decisão do
STF vai impactar pelo menos 57 processos com o mesmo tema que estão
sobrestados (suspensos).
 O RE foi interposto pelo Ministério Público do Trabalho contra acórdão do
Tribunal Superior do Trabalho, sob a alegação de que os serviços sociais
autônomos, integrantes do chamado “Sistema S”, deveriam realizar
processo seletivo para contratação de empregados, com base em critérios
objetivos e impessoais, pois se tratam de pessoas jurídicas de criação
autorizada por lei que arrecadam contribuições parafiscais de recolhimento
obrigatório, na forma do artigo 240 da Constituição Federal de 1988,
caracterizadas como dinheiro público.
 O ministro observou que as entidades do Sistema S são
patrocinadas por recursos recolhidos do setor produtivo
beneficiado, tendo recebido inegável autonomia
administrativa e, embora se submetam à fiscalização do
Tribunal de Contas da União (TCU), ela se limita formalmente
apenas ao controle finalístico da aplicação dos recursos
recebidos. Argumentou, ainda, que essas entidades dedicam-
se a atividades privadas de interesse coletivo, atuam em
regime de colaboração com o poder público,  possuem
patrimônio e receitas próprias e têm prerrogativa de
autogestão de seus recursos, inclusive na elaboração de
orçamentos.
Entidades de apoio regime jurídico semelhante ao dos serviços sociais autônomos

 Pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos,


instituídas por servidores públicos, porém em nome próprio,
sob a forma de fundação, associação ou cooperativa, para
prestação, em caráter privado, de serviços sociais não
exclusivos dos Estados. Mantém vínculo com a administração
direta e indireta por meio de convênio.
 MSZP- bastante duvidosa a legalidade da forma de atuação
dessas entidades.
 O serviço é prestado por servidores públicos, na própria sede
da entidade pública com a qual cooperam. Só que quem
arrecada toda a receita e a administra é a entidade de apoio.
 Trata-se de roupagem para escapar às normas de direito
público.
 TCU tem apontado irregularidades.
 Exs: fundações de apoio vinculadas as
Instituições Federais de Ensino Superior (IFES)
e as Instituições Científicas e Tecnológicas
(ICTs).
 Lei 8.958/94 e Lei 12.349/10- É prevista a
possibilidade de concessão de bolsas de
ensino, pesquisa e extensão e de estímulo à
inovação, pelas fundações de apoio aos
alunos de graduação e pós-graduação,
vinculadas a projetos das IFES e ICTs.
 Lei 12.349/10 possui medidas moralizadoras.
Lei 13.019/14
 Institui novo instrumento de cooperação entre
Administração e as organizações da sociedade
civil visando finalidades de interesse público, as
denominadas parcerias voluntárias.
 Essa lei tem natureza nacional, aplicando-se
simultaneamente a todas as esferas federativas.
Diferentemente das leis das OSCIPs e das OS,
que somente valem em âmbito federal.
 A escolha da entidade que celebra a parceria
não ocorre mediante licitação, mas por meio do
chamamento público (artigo 24).

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