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Linhas orientadoras da AF1

O que é o Direito Administrativo?

As necessidades humanas de cultura, segurança e bem-estar variam no espaço e no tempo


e podem ser resolvidas de várias formas.

Ao poder político cabe definir os objetivos gerais e as opções fundamentais.

O poder administrativo executa as grandes opções tomadas pelo poder político (embora
também possa influenciá-las). A sua ação pode ir de aspetos muito importantes até aos
atos mais simples do interesse coletivo.

O papel maior ou menor da Administração Pública (AP) na prossecução de necessidades


coletivas ao longo dos tempos depende das opções referidas atrás, sendo que nas
sociedades atuais a tendência é ser cada vez mais amplo.

O Direito Administrativo tem na sua base as relações entre duas entidades: a AP, de que
se destaca o Estado, e os particulares. A AP surge a partir do momento em que há uma
autoridade subordinada ao poder político.

O Direito Administrativo (DA) surge a partir do momento em que essa autoridade é


normativamente regulada e os particulares possuem direitos que podem fazer valer frente
a essa autoridade, graças ao conjunto normativo que a rege e às normas que lhes conferem
direitos.

O DA surge com três propósitos fundamentais:

• Regulamentação da atividade da AP com normas específicas, diferentes das que


regulam a atividade de outras pessoas coletivas que não a integram;
• Outorgar direitos e garantias a particulares face a Estado Administração e outras
pessoas coletivas públicas;
• Instituir meios de fazer valer direitos ou interesses face à AP nos tribunais.
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Caracterize a estrutura, composição e funções do Governo enquanto órgão da Administração


Pública.

- O Governo, sendo um órgão político, legislativo e administrativo, é o principal órgão


da Administração Pública.

- Consoante as formas de goveno (Presidencial, Parlamentar ou Semipresidencial), o


Governo terá uma função mais administrativa no sistema presidencial, mais política no
parlamentar e um misto das duas funções no sistema semipresidencial, no qual Portugal
se insere.

- Segundo a Constituição da República Portuguesa (CPR), o Governo é “o órgão de


condução da política geral do país e o órgão superior da administração pública”.
Compete-lhe executar as leis, assegurar o funcionamento da Administração, promover a
satisfação das necessidades coletivas.

- O Governo é composto pelo Primeiro-Ministro, pelos Ministros, Secretários de Estado.


Pode existir ainda um Vice-Primeiro-Ministro, o que é mais habitual em governos de
coligação, e ainda subsecretários de Estado.

- A competência do Primeiro-Ministro é de ordem política e administrativa, dirige a


política geral do País, é o chefe do Governo, orientando e coordenando a ação de todos
os Ministros.

- Os Ministros fazem regulamentos administrativos, exercem poderes de tutela sobre as


instituições dependentes do seu ministério, resolvendo, ajudados pelos secretários de
Estado, todos os casos relativos ao seu ministério.

- Em suma, compete ao Governo assegurar a satisfação das necessidades de segurança,


cultura e bem-estar da sociedade
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Caracterize e distinga desconcentração e descentralização

- A atividade administrativa pode ser prestada de duas formas, uma é a centralizada,


pela qual o serviço é prestado pela Administração Direta, e a outra é a descentralizada,
em que a prestação é deslocada para outras Pessoas Jurídicas, ou seja, a descentralização
goza de personalidade jurídica própria.

- A descentralização consiste na Administração Direta deslocar, distribuir ou transferir


a prestação do serviço para a Administração Indireta ou para o particular. A nova Pessoa
Jurídica não ficará subordinada à Administração Direta, pois não há relação de
hierarquia, mas esta manterá o controle (tutela) e fiscalização sobre o serviço
descentralizado.

- O conceito de descentralização está relacionado com o poder de autoadministração.


Sendo os órgãos das autarquias locais livremente eleitos pelas respetivas populações
(democracia), se a lei os considerar independentes face às suas atribuições e competências
e se estiverem sujeitos a formas atenuadas de tutela administrativa, estaremos perante
uma descentralização. De outro modo, dir-se-á que estamos perante uma centralização
quando os órgãos das autarquias locais forem livremente nomeados e demitidos pelo
Governo, ou caso se encontrem sujeitos a formas particularmente intensas de tutela
administrativa, sendo consideravelmente restrita a sua margem de liberdade (ex. ditadura
do Estado Novo em Portugal).

- A desconcentração é a distribuição do serviço dentro da mesma Pessoa Jurídica


(delegação de poderes), no mesmo núcleo, razão pela qual será uma transferência com
hierarquia, tendo na base a organização vertical dos serviços públicos.

- Será «um sistema em que o poder decisório se reparte entre o superior e um ou vários
órgãos subalternos, os quais permanecem, em regra, sujeitos à direção e supervisão
daquele», sem personalidade jurídica própria.
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Defina pessoa coletiva pública e explique a sua importância na teoria da organização


administrativa

- A pessoa coletiva pública é criada por iniciativa pública, para assegurar a prossecução
necessária de interesses públicos e, por isso, dotada, em nome próprio de prerrogativas
de autoridade, isto é, exorbitantes do direito privado (poderes e deveres públicos).

- Espécies de pessoas coletivas públicas, apresentadas num critério de maior dependência


para menor dependência do Estado: Estado, institutos públicos, Associações públicas,
autarquias locais, regiões autónomas.

- As pessoas coletivas públicas existem para prosseguir determinados fins, esses fins
chamam-se atribuições. As atribuições são, por conseguinte, fins ou interesses que a lei
incumbe as pessoas coletivas públicas de prosseguir.

- As atribuições podem classificar-se em atribuições principais (soberania – defesa


nacional, relações externas, polícia; económicas; sociais; educativas e culturais),
atribuições auxiliares (gestão do pessoal: gestão de recursos humanos da administração
pública; gestão do material: gestão de tudo o que garante o funcionamento da
administração; gestão financeira; funções jurídicas e de contencioso; funções de
documentação; relações públicas) e atribuições de comando (estudos e planeamento,
previsão, organização e controlo).

- A definição das atribuições das pessoas coletivas públicas reveste-se de grande


importância porque permite avaliar a razão de ser dessa pessoa coletiva e em que medida
cumpre a sua missão na organização administrativa.
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Distinga direito subjetivo de interesse público, referindo o que implica cada um

- A conhecida distinção entre direito subjetivo e interesse legalmente protegido, está


diretamente ligada a alguns dos mais importantes princípios constitucionais sobre o poder
administrativo, a saber: princípio da prossecução do interesse público, princípio da legalidade e
princípio do respeito pelos direitos e interesses legalmente protegidos dos cidadãos.

- Segundo o artigo 266º/1 da CRP, a atividade da Administração Pública tem como objetivo
principal a prossecução do interesse público, ou seja, tem como finalidade o chamado bem
comum, que por sua vez se traduz na satisfação das necessidades coletivas.

- Diogo Freitas do Amaral classifica o direito subjetivo como um ou mais poderes legais que
permitem manter ou obter a satisfação plena de um interesse privado (por exemplo, direito ao
subsídio de maternidade ou a ser indemnizado por expropriação de um terreno para a
construção de uma estrada ou de uma barragem), enquanto que o interesse legalmente
protegido consiste apenas no poder legal de garantir que o eventual sacrifício de um interesse
privado seja sempre decidido com total respeito pela legalidade administrativa vigente e, em
caso de ilegalidade, o poder de exigir que a questão seja novamente apreciada pela
Administração Pública ou pelos tribunais.

- O interesse público é sinónimo de “bem comum”, existe o dever de boa administração, de


escolher a melhor solução técnica e financeira para cada problema. O vício de desvio de poder
e a leviandade nos atos praticados compromete o interesse público conduzindo à prática de
crimes como o de corrupção.
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- Defina Ato Administrativo

Freitas do Amaral diz que o ato administrativo consiste no “ato jurídico unilateral
praticado, no exercício do poder administrativo, por um órgão da Administração ou por
outra entidade pública ou privada para tal habilitada por lei, e que traduz a decisão de
um caso considerado pela Administração, visando produzir efeitos jurídicos numa
situação individual e concreta”. FREITAS DO AMARAL, Diogo. (2013) Curso de Direito
Administrativo, Vol. II. 3ª edição. Coimbra: Almedina.

O CPA considera, no seu art. 148º, atos administrativos “as decisões que, no exercício
de poderes jurídico-administrativos, visem produzir efeitos jurídicos externos numa
situação individual e concreta”.

O conceito de ato administrativo tem início com a Revolução Liberal e começa por
definir atos subtraídos à fiscalização dos tribunais judiciais, de acordo com a Separação
dos Poderes, passando a funcionar nos tribunais administrativos acima de tudo ao serviço
dos direitos e interesses dos particulares.

Características fundamentais de ato administrativo:

1. Subordinação à lei;
2. Presunção de legalidade (até decisão em contrário do tribunal competente);
3. Imperatividade tanto para funcionários como para os particulares;
4. Revogabilidade como regra (pode ser revogado, com as exceções que a lei enumera);
5. Sanabilidade da ilegalidade do ato em certos casos (designadamente com o decurso do
tempo sem ser impugnado ou por outras formas);
6. Impugnabilidade do ato para os tribunais ou eventualmente para a própria Administração
nos termos que a CPR e a lei referem.
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- Que tipos de Tribunais Administrativos conhece?

No âmbito dos tribunais administrativos podemos distinguir:


• O Supremo Tribunal Administrativo;
• O Tribunal Central Administrativo;
• Os tribunais administrativos de círculo.

A sus competência define-se em função da matéria, em função do autor da questão


recorrida e em função do território.
A Constituição da República Portuguesa (CRP) consagra a existência do Supremo
Tribunal Administrativo, órgão de cúpula da hierarquia dos tribunais administrativos e
fiscais, aos quais compete o julgamento de litígios emergentes das relações jurídicas
administrativas e fiscais, nos termos compreendidos pelo âmbito de jurisdição previsto
no artigo 4.º do Estatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais (ETAF). A sua sede
situa-se em Lisboa e tem jurisdição sobre todo o território nacional.
O Supremo Tribunal Administrativo funciona por secções e em plenário. Compreende
duas secções, a de Contencioso Administrativo (1.ª Secção) e a de Contencioso Tributário
(2.ª Secção), que funcionam em formação de três juízes ou em pleno. Cada secção do
Supremo Tribunal Administrativo é composta pelo presidente do Tribunal, pelo respetivo
vice-presidente e pelos restantes juízes para ela nomeados.
O julgamento em cada Secção compete ao relator e a dois juízes. As sessões têm lugar
ordinariamente uma vez por semana e extraordinariamente quando o presidente o
determinar.
O julgamento no Pleno compete ao relator e aos demais juízes em exercício na secção, e
só pode funcionar com a presença de, pelo menos, dois terços dos juízes.

Os Tribunais Centrais Administrativos (do Norte e do Sul) são os Tribunais de


apelação que julgam os recursos das decisões dos Tribunais de 1ª instância.

1- A área de jurisdição do Tribunal Central Administrativo Norte abrange o conjunto


das áreas de jurisdição atribuídas aos Tribunais Administrativos de Círculo e
Tributários de Aveiro, Braga, Coimbra, Mirandela, Penafiel, Porto e Viseu.
2 - A área de jurisdição do Tribunal Central Administrativo Sul abrange o
conjunto das áreas de jurisdição atribuídas aos Tribunais Administrativos de
Círculo e Tributários de Almada, Beja, Castelo Branco, Funchal, Leiria, Lisboa,
Loulé, Ponta Delgada e Sintra.

3 - A organização e o funcionamento do Tribunal Central Administrativo Norte e


do Tribunal Central Administrativo Sul são objeto de regulação em diploma
próprio.

Os Tribunais Administrativos de Círculo procedem ao julgamento das causas no


âmbito do Processo Administrativo e do Processo Tributário.

1 - Os Tribunais Administrativos de Círculo e os Tribunais Tributários têm sede em


Almada, Aveiro, Beja, Braga, Castelo Branco, Coimbra, Funchal, Leiria, Lisboa, Loulé,
Mirandela, Penafiel, Ponta Delgada, Porto, Sintra e Viseu.
2 - Quando funcionem agregados, os tribunais administrativos de círculo e os tribunais
tributários assumem a designação unitária de tribunais administrativos e fiscais.
3 - Nos tribunais administrativos e fiscais agregados cujo quadro de juízes seja em número
superior a dois, os lugares do quadro são identificados por referência à matéria
especializada, administrativa ou tributária, em que cada juiz irá exercer funções.

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