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DIREITO ADMINISTRATIVO I

2º ANO / NOITE (2010-2011)

BLOCO DE CASOS PRÁTICOS

Caso n.º 1

Identifique quais as entidades competentes para decidirem sobre as seguintes


matérias e o órgãos competentes para decidirem, em recurso, sobre a respectiva decisão:

a) Matrícula de estudante numa escola pública do 1º ciclo;


b) Matrícula de estudante numa faculdade pública;
c) Tratamento médico nas urgências do Hospital de Santa Maria;
d) Licença para ocupação da via pública com andaimes de obras em prédio
privado;
e) Subsídio ao abrigo de programa comparticipado pela União Europeia;
f) Multa aplicada a empresa por violação de regras europeias de concorrência;
g) Visto de turismo para viagem a país estrangeiro.
h) Subsídio de desemprego.
i) Multa por não pagamento de parquímetro.

Caso n.º 2

Analise o Acórdão n.º 304/08, do Tribunal Constitucional 1, na perspectiva da


dicotomia “reserva de lei Vs reserva de administração” e redija um projecto de decisão
relativa à questão (não apreciada pelo Acórdão n.º 304/08) da exigência de forma do
regulamento administrativo previsto pelo artigo 22º, n.º 2 e 29.º, n.º 1 do Decreto n.º
204/X, da Assembleia da República.

Caso n.º 3

Nos termos do n.º 1 do artigo 17º e do n.º 1 do artigo 24º do Decreto-Lei n.º
185/93, de 22 de Maio (alterado pelo Decreto-Lei n.º 120/98, de 08 de Maio, e
republicado em anexo à Lei n.º 31/2003, de 22 de Agosto)2, a manifestação de vontade
de adoptar e a recepção de certidão de aptidão para adoptar internacionalmente pode ser
feita através de entidade privada autorizada a exercer a mediação internacional. Por sua
1
A jurisprudência do Tribunal Constitucional pode ser consultada in www.tribunalconstitucional.pt.
2
A legislação referida encontra-se em vigor no ordenamento jurídico português e pode ser consultada in
www.dre.pt.
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vez, ao abrigo do n.º 4 do artigo do artigo 29º do referido Decreto-Lei n.º 185/93, as
condições de acesso à actividade de mediador internacional de adopção são fixados por
decreto regulamentar (actualmente, o Decreto Regulamentar n.º 17/98, de 14 de
Agosto).

Imagine que o Conselho de Ministros aprova uma alteração ao referido Decreto


Regulamentar n.º 17/98 que exige que, para além dos requisitos previstos no artigo 11º
do Decreto-Lei n.º 185/93, as equipas profissionais das entidades privadas que exerçam
funções de mediação internacional disponham de, pelo menos, 50% de profissionais
com experiência em outros organismos similares de âmbito internacional. Considerando
que tal constitui uma restrição inadmissível ao direito de acesso à actividade de
mediação de adopção internacional, o Presidente da República envia o referido diploma
para o Tribunal Constitucional.

Após recusa de conhecimento do pedido de fiscalização, pelo Presidente do


Tribunal Constitucional, várias instituições particulares de segurança social (IPSS´s)
que exerciam a actividade de mediação de adopção internacional pretendem impugnar
perante os tribunais administrativos o novo decreto regulamentar aprovado pelo
Governo.

“Quid iuris”?

Caso n.º 4

Após publicação das listas de colocação no Ensino Superior, ADÉRITO POUCA-


SORTE constata que foi o primeiro dos candidatos não colocados no Curso de Medicina
da Universidade de Lisboa. Ao conversar com um dos alunos colocados, BERNARDO
XICO-ESPERTO, que havia sido seu colega de liceu, verifica, com revolta e indignação,
que aquele tinha apresentado um certificado de habilitações adulterado, o que havia
provocado uma inflação da respectiva média de entrada.

ADÉRITO POUCA-SORTE solicita ao Ministério do Ensino Superior que lhe


disponibilize uma cópia do certificado de habilitações do colega, mas tal pedido é-lhe
recusado. Perante isto, ADÉRITO POUCA-SORTE decide consultar o Advogado
CRISTIANO VIGÁRIO que requer ao tribunal administrativo de Lisboa a decretação de
uma providência cautelar para obter a matrícula imediata na Faculdade de Medicina da
Universidade de Lisboa.

Sustentado na prova testemunhal apresentada por ADÉRITO POUCA-SORTE, o


tribunal administrativo proferiu uma sentença que declarava o seguinte:
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“A presente sentença vale como título bastante para que o requerente


obtenha a sua matrícula na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa
e possa frequentar as aulas respectivas, a título provisório, até ao trânsito em
julgado da decisão que venha a ser tomado no âmbito da acção administrativa
principal de que depende o presente procedimento cautelar”.

Porém, os órgãos competentes da Faculdade de Medicina da Universidade de


Lisboa permanecem com dúvidas quanto à actuação administrativa a adoptar.

Imagine que é consultor jurídico da Faculdade de Medicina da Universidade


de Lisboa e emita o seu parecer.

Caso n.º 5

Depois de analisar os Estatutos da ERC – Entidade Reguladora para a


Comunicação Social (aprovados pela Lei n.º 53/2005, de 08 de Novembro3), imagine a
seguinte hipótese:

Perante a urgência da decisão quanto à atribuição de título habilitador do


exercício da actividade de televisão a um novo operador privado, o Director Executivo
da ERC, incumbido para tal pelo Presidente do Conselho Regulador, em 13 de Outubro
de 2010, convocou uma reunião da Direcção Executiva para o dia seguinte, com a
seguinte ordem do dia:

“1 – Atribuição de título habilitador para o exercício da actividade de


televisão, no âmbito do concurso público em curso
2 – Outros assuntos”

Estupefactos com o facto de uma decisão daquela importância ter sido remetida
para a Direcção Executiva, os membros do Conselho Regulador que não fazem parte
daqueloutro órgão, afirmam o seguinte:

a) O Conselho Executivo foi irregularmente convocado;


b) O Conselho Executivo não dispõe de poderes para deliberar sobre aquela
matéria, pelo que a deliberação é nula;
c) O Director Executivo votou a favor da atribuição do título ao concorrente
“A” e o Vice-Presidente a favor do concorrente “B”, tendo-se o Presidente
abstido, num primeiro momento, mas tendo alterado a sua posição em
sentido favoravelmente ao concorrente “B”, quando observou a existência de

3
O referido diploma legal pode ser consultado in http://www.erc.pt, ou através do sítio electrónico do
«Diário da República» (http://www.dre.pt).
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um empate. Deste modo, não deveria ser contabilizado o voto


favoravelmente do Presidente;
d) A reunião decorreu à porta fechada, tendo os membros do Conselho
Regulador sido impedidos de a ela assistir ou de nela participar.

Analise a procedência dos argumentos esgrimidos.

Caso n.º 6

ALCINDO BEM-POSTO, Presidente da Junta de Freguesia de Muxagata, Concelho


de Vila Nova de Foz Côa, encarregou BELMIRO DA SERRA, cantoneiro e funcionário da
referida Freguesia, de arrancar os marcos que delimitavam um terreno de cultivo
abandonado que pertencia a CLEMENTE UNHAS-DE-FOME e que confinava com um
terreno pertencente àquela Junta de Freguesia4, com vista a construir naqueloutro
terreno um edifício para albergar uma Escola Pré-Primária.

Alegando que não achava bem que se colocasse em causa a propriedade alheia,
BELMIRO DA SERRA recusa-se a cumprir a ordem e ALCINDO BEM-POSTO encarrega o
chefe dos cantoneiros da Freguesia de executar pessoalmente aquela ordem e de abrir
um procedimento disciplinar contra o funcionário incumpridor. Informado pela sua
filha, DENISE DA SERRA, que era estudante de Direito, BELMIRO decide apresentar
queixa ao Secretário de Estado da Administração Local e ao Plenário da Junta de
Freguesia para que aqueles revoguem a ordem de destruição de marcos e a decisão de
abertura do respectivo procedimento disciplinar.

Solidário com o seu Presidente, o Plenário da Junta de Freguesia de Muxagata


nada responde ao requerente.

Invocando o seu poder de tutela administrativa, o Secretário de Estado da


Administração Local decide revogar a ordem de destruição de marcos e a decisão de
abertura do respectivo procedimento disciplinar. Ao receber um ofício, nos termos do
qual é dada conta daquela decisão, ALCINDO BEM-POSTO fica estupefacto, por nunca ter
sido previamente ouvido pelo Secretário de Estado da Administração Local.

1. Pronuncie-se sobre a recusa de Belmiro da Serra e sobre a correspondente


reacção por parte de Alcindo Bem-Posto.

2. Comente a actuação do Plenário da Junta de Freguesia de Muxagata e do


Secretário de Estado da Administração Local.

4
Artigo 216º do Código Penal: “1 – Quem, com intenção de apropriação, total ou parcial, de coisa
móvel alheia, para si ou para outra pessoa, arrancar ou alterar marco é punido com pena de prisão até
seis meses ou com pena de multa até 60 dias.”
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Caso n.º 7

Tendo por base os elementos verídicos relativos à situação concretamente


apreciada pelo Acórdão n.º 471/08, do Tribunal Constitucional (disponível in
www.tribunalconstitucional.pt), de 01 de Outubro de 2008, aprecie agora a
seguinte hipótese académica:

Perante a divergência entre a CNE – Comissão Nacional de Eleições e a INCM -


Imprensa Nacional Casa da Moeda, S.A., quanto à publicação em «Diário da
República» dos resultados das eleições autárquicas intercalares ocorridas em 2010, a
Secretária de Estado da Administração Local solicitou ao CEJUR – Centro Jurídico da
Presidência do Conselho de Ministros um parecer jurídico sobre a questão em
discussão.

Após parecer no sentido de que a publicação deveria ocorrer na Iª Série do


«Diário da República», na medida em que o artigo 154º da Lei Eleitoral das Autarquias
Locais (aprovada pela Lei Orgânica n.º 1/2004, de 14 de Agosto), por constar de lei de
valor reforçada, deve prevalecer sobre a alínea a) do n.º 3 do artigo 3º da Lei
Formulário (aprovada pela Lei n.º 74/98, de 11 de Novembro, e republicada em anexo à
Lei n.º 42/2007, de 24 de Agosto), a Secretária de Estado da Administração Local deu
instruções expressas ao director do CEJUR para que seja elaborado um parecer em
sentido contrário, a elaborar por jurista distinto do autor do primeiro parecer.

Munida do segundo parecer, a Secretária de Estado da Administração Local


envia um ofício ao Presidente do Conselho de Administração da INCM, S.A.,
determinando que sejam adoptados todos os procedimentos necessários à publicação
dos resultados das eleições autárquicas intercalares ocorridas em 2010.

Por sua vez, o Presidente do Conselho de Administração da INCM, S.A.


responde ao Gabinete da Secretária de Estado da Administração Local que recusa
cumprir aquela instrução com os seguintes fundamentos:

a) Nos termos do regime jurídico aplicável à INCM, S.A.5, a referida


Secretária de Estado não dispõe dos poderes necessários para emitir
aquela instrução;

5
Cfr. Decreto-Lei n.º 170/99, de 19 de Maio, disponível in www.dre.pt.
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b) Por ofício da CNE, foi informado que o incumprimento de deliberação


daquela entidade administrativa constitui crime de desobediência
qualificada, previsto e punido pelo artigo 348º do Código Penal.

Aprecie a procedência dos fundamentos de recusa aduzidos.


Caso n.º 8

A solicitação do Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, foi discutida em


Conselho de Ministros a candidatura de Portugal aos Jogos Olímpicos de 2020. Mediante a
Resolução n.º 666/10, do Conselho de Ministros, foi criado um grupo de coordenação,
encarregue de adoptar os procedimentos necessários à referida candidatura e constituído por
um representante de cada um dos seguintes membros do Governo: Ministro da Presidência,
Ministro de Estado e das Finanças, Ministro das Obras Públicas e Comunicações e Ministro
da Economia e Inovação.

Após convocação pelo representante do Ministro da Presidência, o plenário do grupo


de coordenação inter-ministerial aprovou a Portaria Conjunta n.º 333/10, que procedeu à
fixação dos procedimentos a adoptar com vista à elaboração da referida candidatura. Por
sugestão do representante do Ministro das Obras Públicas e Comunicação, apenas
comunicada no decurso daquela reunião, foi deliberado que os municípios onde fossem
instalados equipamento desportivos ficavam encarregues de apresentar um programa de
construção e requalificação de infra-estruturas desportivas de alta competição, de nível
internacional, até 30 de Junho de 2011.

Em 30 de Junho de 2011, o IDP, I.P. entrega ao Secretário de Estado da Juventude e


do Desporto uma proposta de Plano de Intervenção em Infra-Estruturas Desportivas de Alta
Competição que foi elaborado pelo Departamento de Gestão de Infra-Estruturas Desportivas,
serviço administrativo integrado naquela entidade pública 6. Por preferir a construção de um
Estádio Olímpico de raiz e discordar do aproveitamento do Estádio Nacional do Jamor, o
referido Secretário de Estado dá ordens precisas a um dos Vice-Presidentes do IDP, I.P. para
que ordene ao Director do Departamento de Gestão de Infra-Estruturas Desportivas que
reformule o referido Plano de Intervenção.

O Director do referido Departamento recusa-se a cumprir aquela ordem,


argumentando que:

A) A Portaria Conjunta n.º 333/10 e o mandato concedido ao IDP, I.P. para proceder a
um programa de construção e requalificação de infra-estruturas foram ilegalmente
aprovados;

6
Previsto pelo artigo 7º dos Estatutos do IDP, I.P., aprovados pela Portaria n.º 662-L/2007, de 31 de
Maio, que regulamentou o Decreto-Lei n.º 169/2007, de 03 de Maio.
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B) Não responde perante ordens do Secretário de Estado da Juventude e do Desporto e,


muito menos, perante ordens do Vice-Presidente do IDP, I.P.;

C) Mesmo que assim fosse, os estudos necessários à construção de um novo Estádio


Olímpico, de raiz, implicariam custos financeiros que violariam os limites legais à
contracção de dívidas para construção de obras públicas, fixados pela Lei do
Orçamento de Estado para 2011.

1. Aprecie os fundamentos de recusa do Director do Departamento de Gestão de


Infra-Estruturas Desportivas.

2. Analise, de modo crítico, a conduta do Secretário de Estado da Juventude e do


Desporto.
Caso n.º 9

Perante a necessidade de aumentar o grau de cobertura do programa “Escola


Segura”, o Ministério da Administração Interna celebrou diversos protocolos com
municípios com vista a transferir poderes para esses municípios relativamente aos
agentes da Polícia de Segurança Pública das divisões neles existentes.

Sob proposta do Presidente da Junta de Freguesia do Cacém, a Assembleia


Municipal de Sintra deliberou que a Câmara Municipal de Sintra deveria propor,
negociar e assinar um protocolo idêntico com o Ministério da Administração Interna.
Notificado dessa deliberação, o Presidente da Câmara Municipal de Sintra opta por
transferir para as freguesias o poder de decidir sobre a celebração de protocolos
relativamente às esquadras de polícia existentes no respectivo território.

No uso desses poderes, a Junta de Freguesia de Algueirão decide criar a empresa


pública SEGURÃO, E.F., que tem como objecto garantir a segurança nas escolas da
freguesia, mediante recurso a profissionais de segurança não policiais.

Revoltados com o facto de o Presidente da Câmara Municipal de Sintra não ter


informado a Câmara sobre aquela decisão, os Vereadores da oposição decidem discutir
aquela matéria em plenário e conseguem cancelar a decisão de transferência para as
freguesias daqueles poderes. Simultaneamente, na sequência de uma denúncia anónima,
a Inspecção-Geral das Autarquias Locais elabora um relatório sobre o facto de a
empresa pública criada pela Junta de Freguesia de Algueirão nunca ter chegado a
desempenhar as actividades para as quais foi criada, apesar de vários familiares dos
membros da Junta de Freguesia terem sido nomeados para os órgãos daquelas empresas,
com remunerações equiparadas a dirigentes de direcção superior de 1º grau.
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No dia seguinte à recepção do referido relatório, a Ministra do Ambiente,


Ordenamento do Território e Desenvolvimento Regional decide demitir o Presidente da
Junta de Freguesia de Algueirão e comunicar os factos ao Ministério Público, para que
este dê início à competente acção penal contra aquele.

O Presidente da Junta de Freguesia considera que a referida “demissão” pela


Ministra do Ambiente é ilegal e instaura uma acção administrativa para impugnação da
validade do acto administrativo, simultaneamente à apresentação de um pedido de
decretação de providência cautelar.

Quid iuris?
Caso n.º 10

Após ter recebido uma carta de um contribuinte que alega ser objector fiscal
relativamente a despesas públicas necessárias a assegurar as intervenções médicas
destinadas à interrupção voluntária de gravidez permitida por lei, o Director-Geral das
Contribuições e Impostos decide dar ordens ao serviço de finanças competente para que
não seja cobrada a parcela da liquidação de imposto daquele contribuinte que
corresponde àquelas despesas públicas, apenas com fundamento no direito fundamental
à objecção de consciência (artigo 41º, n.º 6, da CRP).

Poderia o Director-Geral das Contribuições e Impostos adoptar aquela decisão


administrativa invocando apenas como base habilitadora aquele preceito
constitucional?

Caso n.º 11

Na sequência da abertura de um concurso público, a Presidente do Conselho de


Administração da empresa municipal LISBOA VIVA, E.M. decide, ao abrigo dos poderes
que a lei lhe confere, escolher a empresa PIRILAMPO MÁGICO, LDA., de entre 12
concorrentes, para colocar as iluminações de Natal em locais históricos da cidade.

Apesar de aquela empresa cumprir todos os requisitos legais exigidos para


candidatura ao concurso, a sua proposta era a mais dispendiosa e a que menos ruas da
cidade abrangia. Ainda assim, a Presidente do Conselho de Administração da LISBOA
VIVA, E.M. escolheu-a por ter considerado como critério preferencial o facto de aquela
empresa ter mais de 50% dos seus trabalhadores contratados entre pessoas portadoras de
deficiências.

A CANDEIA DO PAI NATAL, S.A., empresa derrotada no concurso, decidiu


reclamar perante o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, solicitando que aquele
altere a decisão anteriormente tomada pelo Presidente do Conselho de Administração,
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na medida em que, em concursos anteriores, os dirigentes dos serviços administrativos


daquela Câmara sempre tinham adoptado a regra de escolha do concorrente que
apresentava a proposta menos dispendiosa. Desta feita, o Presidente da Câmara mantém
a decisão, mas fundamenta-la em pareceres técnicos que demonstravam que as
iluminações da empresa vencedora eram as mais brilhantes e mais seguras para os
transeuntes.

Permanecendo insatisfeita com o resultado do concurso, a CANDEIA DO PAI


NATAL, S.A. decide:

a) Apelar ao Secretário de Estado Adjunto e da Administração Local,


para que aquele altere a decisão do Presidente da Câmara Municipal
de Lisboa;

b) Instaurar uma acção administrativa para impugnação da validade do


acto administrativo que outorgou o contrato à empresa vencedora
perante o Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa.

Em sede de contestação, o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa afirma em


sua defesa que a lei não permitia a impugnação jurisdicional do acto sem que primeiro
fosse interposto recurso para o plenário da Câmara Municipal. Mais invoca que o
Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa não pode sindicar a justeza dos pareceres
técnicos que impuseram a decisão administrativa.

1. Comente a decisão tomada pela Presidente do Conselho de Administração.

2. Analise a reacção da empresa derrotada e pronuncie-se sobre os


fundamentos de oposição invocados pelo Presidente da Câmara Municipal.

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