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Processo nº …
DEFENSOR PÚBLICO
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Art. 80. É cabível o agravo de instrumento contra decisão:
I - que deferir ou indeferir providências cautelares ou antecipatórias de tutela, nos juizados especiais da
fazenda pública;
I. DA TEMPESTIVIDADE
Considerando o disposto no art. 1.003, §5º, do CPC, tem-se que o prazo para
interposição de agravo de instrumento é de 15 (quinze) dias. No entanto, deve-se
levar em conta o disposto no art. 186 do mesmo diploma, que determina que a
Defensoria Pública dispõe de prazo em dobro para suas manifestações. Assim, o
prazo in casu é de 30 (trinta) dias úteis.
Assim, uma vez que a Defensoria recebeu os autos no dia 15.06.23, com prazo
devolvido integralmente, o recurso encontra-se tempestivo.
(i) não haveria obrigação de o Distrito Federal fornecer medicamentos off-label e sem
registro na ANVISA, notadamente porque existe pedido de registro pendente de
análise, o que demanda análise técnica que não pode ser substituída por
determinação judicial;
(ii) o deferimento da liminar violaria a reserva do possível, uma vez que o
medicamento possui custo significativo e que o Distrito Federal não possui
orçamento para custeio de pedidos de saúde de toda a população;
(iii) em razão de a parte autora ser momentaneamente incapaz, a ação deveria ser
ajuizada em uma das Varas de Fazenda Pública do DF, pois o art. 8º da Lei nº 9.099/95
veda a participação de incapazes em Juizados;
(iv) considerando o valor do fármaco e o prazo do tratamento, o valor da causa
superaria R$60.000,00, o que inviabilizaria a apreciação do pedido pelo Juizado
Especial da Fazenda Pública, o que demanda declínio da competência para uma das
Varas de Fazenda do DF;
(v) sem prejuízo da competência primordial da Vara de Fazenda, o pedido de
medicamento não registrado na ANVISA deveria ser, obrigatoriamente, proposto
contra a União, o que atrairia a competência da Seção Judiciária da Justiça Federal do
DF, situação que deveria ser analisada pela Vara de Fazenda no momento da
redistribuição.
Entretanto, com a devida vênia, a decisão agravada merece ser reformada,
como se demonstrará a seguir.
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LIMA, Flávia Danielle. EM BUSCA DA EFETIVIDADE DOS DIREITOS SOCIAIS
PRESTACIONAIS: CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONCEITO DE RESERVA DO POSSÍVEL.
garantido, deve se sobrepor ao interesse financeiro do Estado. Nesse sentido, explica
o Ministro Celso de Mello, ao apreciar a Pet. 1.246-SC do STF:
“(...) entre proteger a inviolabilidade do direito à vida e à saúde, que
se qualifica como direito subjetivo inalienável assegurado a todos
pela própria Constituição da República (art. 5º, caput e art. 196), ou
fazer prevalecer, contra essa prerrogativa fundamental, um interesse
financeiro e secundário do Estado, entendo - uma vez configurado
esse dilema - que razões de ordem ético-jurídica impõem ao julgador
uma só e possível opção: aquela que privilegia o respeito indeclinável
à vida e à saúde humana.” (Pet 1246, Relator(a): Min. Celso de
Mello, Decisão Monocrática, Dje: 01/03/1999)
forma estimativa, é irrelevante para fins de definição da competência”, de modo que também
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Acórdão 1023716, 20160020245629IDR, Relator: GILBERTO PEREIRA DE OLIVEIRA, Câmara de
Uniformização. DJE: 12/6/2017.
justificativa de que o pedido de medicamento não registrado na ANVISA deveria ser,
obrigatoriamente, proposto contra a União.
Não obstante a ausência de registro do Unhatelax advir da mora da Agência
Nacional da Vigilância Sanitária em apreciar o pedido, a responsabilidade entre os
entes federados pelo dever de prestar assistência à saúde é solidária. Nesse
sentido, concluiu o Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Tema 793 da Repercussão
Geral:
agravada.
V. DOS PEDIDOS
7.347/85;
antecipação dos efeitos da tutela recursal, haja vista demonstração da fumaça do bom
da Lei 7.347/85 e art. 921, VII, do CPC, atuar como fiscal da ordem jurídica;
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