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Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais

Poder Judiciário do Estado de Minas Gerais

O documento a seguir foi juntado aos autos do processo de número 5071312-41.2020.8.13.0024


em 04/11/2020 16:36:09 por SARAH CAMPOS
Documento assinado por:

- SARAH CAMPOS

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ID do documento: 1252420031
Agravo de Instrumento-Cv Nº 1.0000.20.446047-1/001

<CABBCAADDAABCCBAADCBABDACAADCBBAACDAADDADAAAD>
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO ORDINÁRIA – TUTELA
DE URGÊNCIA – FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO – PLANO DE
SAÚDE –– ENFERMIDADE OBJETO DE COBERTURA PELO CONTRATO –
PRECEDENTES DO STJ – VERIFICAÇÃO DOS REQUISITOS PARA O
DEFERIMENTO – POSSIBILIDADE. Nos termos do art. 300, do CPC, a
tutela de urgência será concedida quando presentes os requisitos
(probabilidade do direito e perigo de dano ou risco ao resultado útil do
processo). O Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento de que
é "abusiva a recusa de custeio do medicamento prescrito pelo médico
responsável pelo tratamento do beneficiário, ainda que ministrado em
ambiente domiciliar”. Ante a comprovação da necessidade do fármaco,
impõe-se o fornecimento deste.
V.v. 1. Para a concessão da tutela provisória de urgência de natureza
antecipada, nos termos do art.300 do NCPC, mostra-se indispensável a
comprovação de elementos que evidenciem a probabilidade do direito
invocado pelo autor, somado ao perigo de dano ou o risco ao resultado
útil do processo. 2. A luz do art. 10, VI, da Lei 9.656/98, tem-se a
obrigatoriedade da cobertura mínima de tratamentos pelos planos de
saúde, o qual exclui o fornecimento de medicamentos para tratamento
domiciliar, com exceção de medicamentos neoplásicos, ou seja, para o
tratamento de câncer, o que não seria o caso dos autos. 3. Assim,
considerando que a autora foi diagnosticada com “Migrânea com Aura”
(enxaqueca), a prescrição para o tratamento domiciliar por meio do
medicamento “Emgality (Galcanezumabe)”, o que afasta a probabilidade
do direito invocado a permitir a concessão da tutela de urgência de
natureza antecipada. 4. Recurso conhecido e provido.
AGRAVO DE INSTRUMENTO-CV Nº 1.0000.20.446047-1/001 - COMARCA DE BELO HORIZONTE - AGRAVANTE(S):
UNIMED BELO HORIZONTE COOPERATIVA DE TRABALHO MEDICO - AGRAVADO(A)(S): NUBIA MARTINS
DOMINGUES

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 11ª CÂMARA CÍVEL do


Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da
ata dos julgamentos, em NEGAR PROVIMENTO AO AGRAVO DE
INSTRUMENTO, VENCIDA A RELATORA.

DESA. SHIRLEY FENZI BERTÃO


RELATORA.

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Número Verificador: 1000020446047100120201171995


Agravo de Instrumento-Cv Nº 1.0000.20.446047-1/001

DESA. SHIRLEY FENZI BERTÃO (RELATORA)

VOTO

I – RELATÓRIO

Trata-se de agravo de instrumento interposto por UNIMED


BELO HORIZONTE COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO contra
decisão interlocutória proferida pelo MM. Juiz de Direito, Sebastião P.
dos Santos Neto, da 2ª Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte que,
nos autos da “ação ordinária para obtenção de medicamento e danos
morais com pedido de tutela antecipada” ajuizada por NUBIA
MARTINS DOMINGUES, deferiu parcialmente o pedido de tutela de
urgência da autora, ora agravada, para determinar que a agravante
forneça o medicamento Emgality (Galcanezumabe), prescrito no
relatório médico de ordem n.21.
Assim decidiu o MM. Juiz:
“[...]Isso posto, defiro parcialmente o pedido liminar e
determino nos termos dos artigos 296 e 300 do NCPC
que a requerida forneça à paciente o medicamento
Emgality (Galcanezumab), conforme descrito no
relatório de Evento ID n° 117438597, no prazo de 48
(quarenta e oito) horas, sob pena de pagamento de
multa diária que fixo em R$ 2.000,00 (dois mil reais)
limitada ao montante de 60.000,00 (sessenta mil
reais). [...]”

Aduz a recorrente, em síntese, que a parte autora ajuizou a


demanda originária requerendo o fornecimento do medicamento
Galcanezumabe para tratamento de “Migrânea com Aura (CID 10=G
43.1 – forma episódica frequente)”, popularmente conhecida como
“enxaqueca”, que lhe acomete há doze anos. Contudo, o pedido foi

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negado pelo plano de saúde em 18.03.2020, sob o fundamento de que


a droga não constava no rol de procedimentos da ANS.
Sustenta que a decisão judicial que concedeu o fármaco à
agravada deve ser reformada, pois não estão presentes os requisitos
exigidos pelo art.300, do CPC.
Afirma que o plano de saúde contratado não cobre
procedimentos não constantes no Rol da ANS.
Discorre que a Lei 9.656/98 e o Rol de Procedimentos e Eventos
em Saúde da ANS não incluem o tratamento com medicamento de uso
domiciliar. Admite-se, excepcionalmente, apenas o fornecimento de
fármacos destinados ao controle do câncer, o que não é o caso.
Esclarece que não há qualquer comprovação ou evidência de
que a enxaqueca cause qualquer dano ao sistema nervoso central e
que existem inúmeras opções de tratamento para a condição da
agravada, não tendo sido demonstrada a falha de todos os agentes
disponíveis de primeira, segunda ou terceira linha.
Argumenta que devido a seu alto custo, o Galcanezumabe é
recomendado, somente após a falha comprovada dos demais
tratamentos possíveis, até porque se trata de droga nova, tendo
recebido aprovação regulatória da Anvisa há poucos meses. Logo, não
existem dados sobre seus possíveis efeitos adversos ao longo prazo.
Reitera que o Rol da ANS não é exemplificativo, mas sim
taxativo, sendo certo que a obrigatoriedade de cobertura se restringe
aos procedimentos ali dispostos. Nesse sentido, cita recente
julgamento proferido pelo Superior Tribunal de Justiça no REsp
1733013/PR, em 20.02.2020.
Tece considerações sobre a insegurança jurídica causada pela
exigência de cobertura ampla e irrestrita de todo e qualquer tipo de
procedimento pelos planos de saúde, obrigação que compete ao
Estado.

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Acrescenta, por fim, que não foi demonstrado risco imediato de


vida ou de lesões irreparáveis, indispensáveis à concessão tutela
provisória de urgência.
Dessa forma, requer que o presente recurso seja recebido em
sua modalidade suspensiva.
Ao final, pugna pelo provimento do agravo de instrumento para
revogar a decisão agravada.
Preparo recolhido conforme doc. de ordem 03.
Intimada, a agravada apresentou contraminuta (ordem
n.100/103) refutando as razões recursais.
É o relatório.

II – JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE

Vistos os pressupostos extrínsecos e intrínsecos de


admissibilidade, conheço do AGRAVO de INSTRUMENTO, razão
pela qual passo ao exame do mérito.
III – MÉRITO

Trata-se de agravo de instrumento interposto por UNIMED


BELO HORIZONTE COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO contra
decisão interlocutória que, nos autos da “ação ordinária para obtenção
de medicamento e danos morais com pedido de tutela antecipada”
ajuizada por NUBIA MARTINS DOMINGUES, deferiu parcialmente o
pedido de tutela de urgência da autora, ora agravada, para determinar
que a agravante forneça o medicamento Emgality (Galcanezumabe)
120mg, prescrito no relatório médico de ordem n.21.
Pretende a parte agravante, operadora de saúde, a revogação
da decisão agravada que deferiu a tutela de urgência, porquanto
ausentes os requisitos legais do art.300 do CPC/15, uma vez que

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implica em fornecimento de medicamento de uso domiciliar não


previsto no rol da ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar para
o tratamento de “Migrânea com Aura (CID G 43.1 – forma episódica
frequente)”.
Como cediço, para a concessão da tutela provisória de urgência
de natureza antecipada, nos termos do art.300 do NCPC, mostra-se
indispensável a comprovação de elementos que evidenciem a
probabilidade do direito invocado pelo autor, somado ao perigo de
dano ou o risco ao resultado útil do processo, ex vi:

“Art. 300. A tutela de urgência será concedida


quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco
ao resultado útil do processo.
§ 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz
pode, conforme o caso, exigir caução real ou
fidejussória idônea para ressarcir os danos que a
outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser
dispensada se a parte economicamente
hipossuficiente não puder oferecê-la.
§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida
liminarmente ou após justificação prévia.
§ 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não
será concedida quando houver perigo de
irreversibilidade dos efeitos da decisão.”

Tem-se como probabilidade do direito, o convencimento do juiz


pelos argumentos e indícios de prova colacionados aos autos que
demonstram a plausibilidade do direito invocado pelo requerente.
No que tange ao perigo de dano ou risco ao resultado útil do
processo, é a necessidade de se proteger o direito invocado de forma
imediata, porquanto, do contrário, nada adiantará uma proteção futura
em razão do perecimento de seu direito.
Nesse sentido, ensina Daniel Amorim Assumpção Neves:
“(...) Segundo o art.300, caput, do Novo CPC, tanto
para a tutela cautelar como para a tutela antecipada
exige-se o convencimento do juiz da existência de

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elementos que evidenciem a probabilidade do direito.


A norma encerra qualquer dúvida a respeito do tema,
sendo a mesma probabilidade de o direito existir
suficiente para a concessão de tutela cautelar e de
tutela antecipada.
O legislador não especificou que elementos são
esses capazes de convencer o juiz, ainda que
mediante uma cognição sumária, a conceder a tutela
de urgência pretendida. É natural que o
convencimento do juiz para a concessão da tutela de
urgência passa pela parte fática da demanda, já que o
juiz só aplicará o direito ao caso concreto em favor da
parte se estiver convencido, ainda que em juízo de
probabilidade, da veracidade das alegações de fato
da parte.
(...)
Ao não exigir nada além de elementos que
evidenciem a probabilidade de o direito existir, o
legislador permite que o juiz decida, desde que o faça
justificadamente, que se convenceu em razão de
elementos meramente argumentativos da parte, sem
a necessidade, portanto, de provas que corroborem
tais alegações. É natural que, nesse caso, as
alegações de fato sejam verossímeis, ou seja, que
sejam aparentemente verdadeiras em razão das
regras de experiência.
(...) Quanto aos requisitos que na vigência do CPC/73
eram, para a tutela antecipada, o fundado receio de
dano irreparável ou de difícil reparação, e para a
tutela cautelar, o periculum in mora, sempre se
entendeu que, apesar das diferenças nas
nomenclaturas, representavam exatamente o mesmo
fenômeno. (...)
No art.300, caput, do Novo CPC é confirmado esse
entendimento com a unificação do requisito como
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo.
Numa primeira leitura, pode-se concluir que o perigo
de dano se mostraria mais adequado à tutela
antecipada, enquanto o risco ao resultado útil do
processo, à tutela cautelar. A distinção, entretanto,
não deve ser prestigiada porque, nos dois casos, o
fundamento será o mesmo: a impossibilidade de
espera da concessão da tutela definitiva sob pena de
grave prejuízo ao direito a ser tutelado e de tornar-se
o resultado final inútil em razão do tempo. (in Novo
Código de Processo Civil Comentado artigo por artigo,
Salvador, Editora JusPodivm, 2016, pág.476)

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No presente caso, a parte autora ingressou em juízo para


compelir a ré, ora agravante, a custear o tratamento de “Migrânea com
Aura (CID G 43.1 – forma episódica frequente)”, com fornecimento do
medicamento Emgality (Galcanezumabe) 120mg/l injetável todo mês,
por defender ser a melhor técnica de tratamento para sua doença.
Em juízo de cognição sumária, após detida análise das razões e
dos documentos que formam este instrumento, tenho que a
fundamentação expendida pela operadora de saúde agravante é apta
a desconstituir a decisão proferida pelo ilustre Magistrado primevo que
deferiu o pedido de tutela provisória de urgência de natureza
antecipada.
É incontroverso nos autos que a agravada está em tratamento
da doença de “Migrânea com Aura (CID G 43.1 – forma episódica
frequente)” há doze anos e, desde outubro de 2019, houve um
agravamento da intensidade e frequência das crises, com várias
semanas de cefaleias diárias, além de intensa fotofobia, fonofobia,
dificuldade para leitura e concentração, intolerância a telas de
computador e grande mal-estar.
Verifico que o médico que assiste a autora prescreveu diversos
medicamentos para a melhora do quadro clínico da paciente, sem
êxito, tais como “beta-bloqueadores, inibidores da receptação de
serotonina e noradrenalina”, “drogas antipsicóticas, antagonistas
glumatérgicos, bloqueadores alfa-2-delta-1, nutracêuticos”, “aplicação
de toxina botulínica” e, atualmente, está em uso de “topiramato
50mg/dia, nortriptilina 50mh/dia e ácido valpróoico 500mg/dia”, dentre
outros (ordem n.103).
Contudo, considerando a ausência de sucesso no tratamento,
prescreveu o medicamento Emgality (Galcanezumabe) 120mg/l
injetável, todo mês, haja vista que a paciente apresentou melhora ao
testá-lo.

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Como é cediço, os contratos de plano de saúde submetem-se


as normas do Código de Defesa do Consumidor, motivo pelo qual suas
cláusulas serão interpretadas de maneiro mais favorável ao
consumidor, parte hipossuficiente na relação havida com a operadora
de saúde, conforme preceitua o art.47 da Lei nº.8.078/90.
Entretanto, a Lei nº.9.656/98 prescreve a obrigatoriedade da
cobertura mínima obrigatória que os planos de saúde estão obrigados
a cumprir, o qual exclui o fornecimento de medicamentos para
tratamento domiciliar, com exceção de medicamentos antineoplásicos,
ou seja, para o tratamento de câncer, o que não é o caso dos autos,
vejamos:

Art. 10. É instituído o plano-referência de assistência à saúde,


com cobertura assistencial médico-ambulatorial e hospitalar,
compreendendo partos e tratamentos, realizados
exclusivamente no Brasil, com padrão de enfermaria, centro
de terapia intensiva, ou similar, quando necessária a
internação hospitalar, das doenças listadas na Classificação
Estatística Internacional de Doenças e Problemas
Relacionados com a Saúde, da Organização Mundial de
Saúde, respeitadas as exigências mínimas estabelecidas no
art. 12 desta Lei, exceto

(...)

VI - fornecimento de medicamentos para tratamento domiciliar,


ressalvado o disposto nas alíneas „c‟ do inciso I e „g‟ do inciso
II do art. 12;

Art. 12. São facultadas a oferta, a contratação e a vigência


o o
dos produtos de que tratam o inciso I e o § 1 do art. 1 desta
Lei, nas segmentações previstas nos incisos I a IV deste
artigo, respeitadas as respectivas amplitudes de cobertura
definidas no plano-referência de que trata o art. 10, segundo
as seguintes exigências mínimas:

I - quando incluir atendimento ambulatorial:

(...)

c) cobertura de tratamentos antineoplásicos domiciliares de


uso oral, incluindo medicamentos para o controle de efeitos
adversos relacionados ao tratamento e adjuvantes

II - quando incluir internação hospitalar:

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(...)

g) cobertura para tratamentos antineoplásicos ambulatoriais e


domiciliares de uso oral, procedimentos radioterápicos para
tratamento de câncer e hemoterapia, na qualidade de
procedimentos cuja necessidade esteja relacionada à
continuidade da assistência prestada em âmbito de internação
hospitalar

Na espécie, constato que o medicamento foi prescrito para a


autora/agravada para o tratamento domiciliar de outra doença que não
se enquadra em tratamento antineoplásico.
Assim, a título de cognição sumária, não obstante o
medicamento ter sido aprovado pela ANVISA para o tratamento da
“Migrânea com Aura”, popularmente conhecida como “enxaqueca”,
entendo estar ausente a probabilidade do direito invocado pela
autora/agravada, haja vista que a operadora de saúde agravante, em
tese, não estaria obrigada a custear o fornecimento de medicamento
para tratamento domiciliar de doença diversa de câncer.
Até porque, a despeito da recomendação médica de que a
ausência de fornecimento do medicamento poderá ocasionar grave
comprometimento do bem estar - o que é inegável para quem sofre de
enxaqueca - não se pode desconsiderar que a paciente não corre risco
de morte ou de ter perda irreversível de quaisquer órgãos ou funções,
o que afasta a urgência necessária ao imediato custeio do tratamento
pelo plano de saúde.
Não se pode olvidar que a prestação do serviço de saúde
consistente no fornecimento de fármaco para uso em tratamento
domiciliar de doença, a priori, não pode ser voltada para operadora de
saúde, sob pena de ensejar risco a atividade e a todo o sistema de
custeio de tratamentos de doenças, conforme normas e protocolos
legais que regem as operadoras particulares de assistência à saúde,

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podendo o pedido ser voltado para o Estado, que compete segundo a


Constituição Federal, a proteção e a defesa da saúde do cidadão.
Desta feita, não comprovada a probabilidade do direito invocado
pela autora (art.300 do NCPC), a meu ver, merece reparo a decisão do
juízo a quo que deferiu o pedido de tutela provisória de urgência de
natureza antecipada.

IV - DISPOSITIVO

POSTO ISSO, DOU PROVIMENTO AO AGRAVO DE


INSTRUMENTO para reformar a decisão agravada e indeferir o pedido
de tutela de urgência requerido pela agravada.
Custas pela agravada, suspensa a exigibilidade nos termos do
art.98, §3º, do CPC.
É o voto.

DES. ADRIANO DE MESQUITA CARNEIRO

VOTO

Cuida-se, conforme relatado, de agravo de instrumento


interposto por UNIMED BELO HORIZONTE COOPERATIVA DE
TRABALHO MÉDICO, contra decisão interlocutória proferida pelo MM.
Juiz de Direito da 2ª Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte que,
nos autos da ação ordinária movida por NUBIA MARTINS
DOMINGUES em face do agravante, deferiu parcialmente o pedido
liminar e determino que a requerida forneça à paciente o medicamento
Emgality (Galcanezumab), conforme descrito no relatório de Evento ID
n° 117438597, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, sob pena de

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pagamento de multa diária que fixo em R$ 2.000,00 (dois mil reais)


limitada ao montante de 60.000,00 (sessenta mil reais)
Com a devida vênia à eminente Relatora, Desembargadora
Shirley Fenzi Bertão, ouso divergir de seu judicioso voto, por entender
que deve ser mantida a decisão agravada.
Pois bem.
Cinge-se a discussão, em apertada síntese, em relação à
possibilidade de determinação de fornecimento de medicamento por
plano de saúde em sede de antecipação de tutela.
Como sabido, para a concessão da tutela de urgência,
necessário se mostra a presença dos requisitos estabelecidos no art.
300, caput e § 3º, do CPC, in verbis:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando


houver elementos que evidenciem a probabilidade do
direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil
do processo.
§ 1º Para a concessão da tutela de urgência, o juiz
pode, conforme o caso, exigir caução real ou
fidejussória idônea para ressarcir os danos que a
outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser
dispensada se a parte economicamente
hipossuficiente não puder oferecê-la.
§ 2° A tutela de urgência pode ser concedida
liminarmente ou após justificação prévia.
§ 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não
será concedida quando houver perigo de
irreversibilidade dos efeitos da decisão.

Na lição de Elpídio Donizetti, sobre o tema, explica:

"Dá-se o nome de tutela provisória ao provimento


jurisdicional que visa adiantar os efeitos da decisão
final no processo ou assegurar o seu resultado
prático. A tutela provisória (cautelar ou antecipada)
exige dois requisitos: a probabilidade do direito
substancial (o chamado fumus boni iuris) e o perigo
de dano ou risco do resultado útil do processo
(periculum in mora). A soma desses dois requisitos

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deve ser igual a 100%, de forma que um compensa o


outro. Se a urgência é muito acentuada (perigo de
dano ao direito substancial ou risco de resultado útil
do processo), a exigência quanto à probabilidade
diminui. Ao revés, se a probabilidade do direito
substancial é proeminente, diminui-se o grau da
urgência.
(...)
A probabilidade do direito deve estar evidenciada por
prova suficiente, de forma que possa levar o juiz a
acreditar que a parte é titular do direito material
disputado. Trata-se de um juízo provisório. Basta que,
no momento da análise do pedido, todos os
elementos convirjam no sentido de aparentar a
probabilidade das alegações.
(...)
Quanto ao perigo na demora da prestação
jurisdicional (periculum in mora), ou seja, o perigo de
dano ou risco de que a não concessão da medida
acarretará à utilidade do processo, trata-se de
requisito que pode ser definido como o fundado receio
de que o direito afirmado pela parte, cuja existência é
apenas provável, sofra dano irreparável ou de difícil
reparação." (DONIZETTI, Elpídio; Curso Didático de
Direito Processual Civil; 19ª ed. São Paulo: Atlas,
2016. p.456 e pp. 469/470).

No caso dos autos, no relatório médico (ordem nº 21) o


profissional que acompanha a paciente relata o seguinte:

Solicito dispensação do tratamento com


Galcanezumabe 240mg/ml (EMGALITY®), como dose
de ataque, por via de aplicação subcutâneas e 120
mg/ml, durante seis a 12 meses, para a paciente
supracitada.

Paciente é portadora de migrânea, cujas crises foram


iniciadas há mais de dez anos e evolui com piora na
evolução da doença há vários meses. Já fora
assistida em regime hospitalar durante episódios de
dores de forte intensidade, quando era submetida a
propedêutica neurológica desnecessária. A mesma já
recebeu muitos esquemas de medicamentos
profiláticos, sendo alguns interrompidos em função de
efeitos adversos intoleráveis como: sedação
excessiva (nortriptilina e buspirona), insônia,
ansiedade paradoxial e hipomania (Venlafaxina) e

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outros em função de ineficácia terapêutica


(Divalproato de sódio, duloxetina). Houve também
assistência do serviço de fisioterapia motora cervical e
sessões de acupuntura, todas sem sucesso
esperado. Durantes as crises migranosas, a paciente
faz uso excessivo de analgésicos, prejuízo laboral
(Atestados de afastamentos do trabalho em dias de
cefaleia intensa) e frente ao perfil favorável de tal
medicação, expostos em estudos clínicos pivotais,
que demonstram altas eficácia e tolerabilidade.
Ressalta-se ainda o mecanismo de ação inédito do
Emgality®, relacionado ao antagonismo do CGRP, o
qual tem importante papel na fisiopatologia da
migrânea.

No Relatório Médico para Judicialização do Acesso à Saúde


constou que:
Paciente tem diagnóstico de migrânea desde os seus
20 anos de idade e apresenta crises de fortes dores
de cabeça, refratárias a medicações analgésicas
específicas, além de maior sensibilidade aos efeitos
adversos de medicações profiláticas. Há grande
comprometimento em sua vida pessoal e profissional,
com relato de perdas de dias de trabalho.

Constou, ainda, no referido relatório, se tratar de medicamento


aprovado pela ANVISA, imprescindível para a paciente e de
necessidade urgente.
Daí porque examinando os elementos fático-probatórios até
agora produzidos e ante a provisoriedade inerente a este momento
processual, tenho que o presente recurso não merece provimento,
sendo o caso de se manter a decisão recorrida que concedeu a
antecipação da tutela.
Isso porque, aplica-se, no caso em tela, o Código de Defesa do
Consumidor, que dispõe o seguinte:

Art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses


protegidos por este código são admissíveis todas as
espécies de ações capazes de propiciar sua
adequada e efetiva tutela.

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Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento


da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a
tutela específica da obrigação ou determinará
providências que assegurem o resultado prático
equivalente ao do adimplemento.
[...]
§ 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e
havendo justificado receio de ineficácia do provimento
final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou
após justificação prévia, citado o réu.
§ 4° O juiz poderá, na hipótese do § 3° ou na
sentença, impor multa diária ao réu,
independentemente de pedido do autor, se for
suficiente ou compatível com a obrigação, fixando
prazo razoável para o cumprimento do preceito.

Com efeito, infere-se da elocução dos dispositivos


supramencionados, a necessidade de se garantir a efetividade da
tutela jurisdicional em favor do consumidor, admitindo-se a antecipação
da tutela quando o fundamento da demanda for relevante e houver
justificado receio de ineficácia do provimento final.
Ademais, o que se vê é que o bem a ser tutelado diz respeito a
direito à saúde e à vida, cuja proteção encontra respaldo na
Constituição Federal, nos arts. 196 e 5º, respectivamente,
sobrepujando a impossibilidade de deferimento de tutela de urgência
quando houver o referido risco de irreversibilidade.
Imperioso registrar que se revela cristalino o perigo de dano à
recorrida, por tratar-se de medicamento necessário à manutenção de
sua saúde e bem estar.
Outrossim, conforme documento constante de ordem nº 23, o
pedido referente ao medicamento que a agravada necessita, segundo
prescrição médica, foi indeferido por não constar no rol de
procedimentos da Agência Nacional de Saúde – ANS.
Contudo, a obrigação das operadoras privadas de planos de
saúde não se restringe às coberturas descritas no rol de

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Agravo de Instrumento-Cv Nº 1.0000.20.446047-1/001

procedimentos médicos editados pela ANS, eis que trata-se de rol


exemplificativo.
Destaco jurisprudência nesse sentido, a saber:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CIVIL


PÚBLICA. DEFESA DE INTERESSE INDIVIDUAL
INDISPONÍVEL. DIREITO À SAÚDE. LEGITIMIDADE
PROCESSUAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO.
CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA.
TRATAMENTO MÉDICO. FORNECIMENTO DE
MEDICAMENTO A GRÁVIDA. COBERTURA PELO
PLANO DE SAÚDE. NECESSIDADE. ALEGAÇÃO
DE PROCEDIMENTO NÃO PREVISTO NO ROL DA
ANS. ROL EXEMPLIFICATIVO. SENTENÇA
MANTIDA. (...) - É vedado à operadora de plano de
saúde negar o fornecimento de medicamento
necessário a tratamento, ao argumento de que não há
previsão do procedimento no rol da ANS, tendo em
vista que referido rol é meramente exemplificativo.
(TJMG - Apelação Cível 1.0000.18.001544-8/002,
Relator: Des. Luiz Artur Hilário, 9ª CÂMARA CÍVEL,
julgamento em 21/05/2019, publicação da súmula em
03/06/2019.) Destacou-se.

Cediço é que o rol de procedimento da Agência Nacional de


Saúde Suplementar, utilizado como referência pelas operadoras de
planos de saúde, dispõe sobre os procedimentos mínimos e básicos
que devem ser obrigatoriamente cobertos, o que não significa que a
cobertura não se dará em relação a outros meios necessários ao
tratamento do segurado, cuja patologia encontra-se prevista em
contrato.
Ainda que assim não fosse, o Superior Tribunal de Justiça
firmou o entendimento de que é "abusiva a recusa de custeio do
medicamento prescrito pelo médico responsável pelo tratamento do
beneficiário, ainda que ministrado em ambiente domiciliar”:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO


AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. FALTA DE

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Agravo de Instrumento-Cv Nº 1.0000.20.446047-1/001

DEMONSTRAÇÃO DE OFENSA AO ART. 1.022 DO


CPC/2015. SÚMULA N. 284 DO STF. PLANO DE
SAÚDE. RECUSA INDEVIDA. MEDICAMENTO
DOMICILIAR. APLICAÇÃO DO CDC. CLÁUSULA
ABUSIVA. ACÓRDÃO RECORRIDO EM
CONSONÂNCIA COM JURISPRUDÊNCIA DESTA
CORTE. SÚMULA N. 83 DO STJ. DANOS MORAIS.
VALOR. REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-
PROBATÓRIO DOS AUTOS. SÚMULA N. 7/STJ.
DECISÃO MANTIDA. 1. Considera-se deficiente a
fundamentação de recurso especial que alega
violação do art. 1.022 do CPC/2015 e não demonstra,
clara e objetivamente, qual ponto omisso,
contraditório ou obscuro do acórdão recorrido não foi
sanado no julgamento dos embargos de declaração.
Incidência da Súmula n. 284 do STF. 2. A
jurisprudência desta Corte Superior firmou o
entendimento de que é "abusiva a recusa de
custeio do medicamento prescrito pelo médico
responsável pelo tratamento do beneficiário, ainda
que ministrado em ambiente domiciliar" (AgInt no
AREsp 1.433.371/SP, Rel. Ministra MARIA ISABEL
GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 17/9/2019,
DJe 24/9/2019). 3. Inadmissível o recurso especial
quando o entendimento adotado pelo Tribunal de
origem coincide com a jurisprudência do STJ (Súmula
n. 83 do STJ). 4. O recurso especial não comporta
exame de questões que impliquem revolvimento do
contexto fático-probatório dos autos (Súmula n. 7 do
STJ). 5. Somente em hipóteses excepcionais, quando
irrisório ou exorbitante o valor da indenização por
danos morais arbitrado na origem, a jurisprudência
desta Corte permite o afastamento do referido óbice,
para possibilitar a revisão. No caso, o valor
estabelecido pelo Tribunal de origem não se mostra
excessivo, a justificar sua reavaliação em recurso
especial. 6. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no AREsp 1615038/RJ, Rel. Ministro ANTONIO
CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em
28/09/2020, DJe 01/10/2020 - Grifei)

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO


RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE
FAZER CUMULADA COM REPARAÇÃO POR
DANOS MORAIS. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.
OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE.
NÃO OCORRÊNCIA. HARMONIA ENTRE O
ACÓRDÃO RECORRIDO E A JURISPRUDÊNCIA DO
STJ. SÚMULA 568/STJ. 1. Ação de obrigação de

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Agravo de Instrumento-Cv Nº 1.0000.20.446047-1/001

fazer cumulada com reparação por danos morais,


fundada na negativa de cobertura de medicamento. 2.
Ausentes os vícios do art. 1022 do CPC, rejeitam-se
os embargos de declaração. 3. É abusiva a recusa
da operadora do plano de saúde de arcar com a
cobertura do medicamento prescrito pelo médico
para o tratamento do beneficiário, sendo ele off
label, de uso domiciliar, ou ainda não previsto em
rol da ANS, e, portanto, experimental, quando
necessário ao tratamento de enfermidade objeto
de cobertura pelo contrato. Precedentes. 4. Agravo
interno no recurso especial não provido. (AgInt no
REsp 1849149/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,
TERCEIRA TURMA, julgado em 30/03/2020, DJe
01/04/2020 - Grifei)

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL.


PLANO DE SAÚDE. NEGATIVA DE
FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO. CLÁUSULA
ABUSIVA. SÚMULA 83/STJ. DANO MORAL.
RECUSA INJUSTIFICADA. CARACTERIZAÇÃO.
AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. O Superior Tribunal de
Justiça possui entendimento de que, havendo
cobertura para a doença, consequentemente
deverá haver cobertura para procedimento ou
medicamento necessário para assegurar o
tratamento de doenças previstas no referido
plano, ainda que se trate de medicamento
experimental. Incidência da Súmula 83/STJ. 2. É
abusiva a recusa da operadora do plano de saúde de
arcar com a cobertura do medicamento registrado na
ANVISA e prescrito pelo médico, para o tratamento do
beneficiário, ainda que se trate de fármaco off label,
ou utilizado em caráter experimental. Precedentes. 3.
Agravo interno a que se nega provimento. (AgInt no
REsp 1793874/MT, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO,
QUARTA TURMA, julgado em 11/06/2019, DJe
26/06/2019 - Grifei)

No mesmo sentido é a jurisprudência deste e. Tribunal de


Justiça sobre o tema:
DIREITO CIVIL, DO CONSUMIDOR E PROCESSUAL
CIVIL - APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO COMINATÓRIA
C/C INDENIZAÇÃO - PLANO DE SAÚDE - CÓDIGO
DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR -
APLICABILIDADE - TRATAMENTO
OFTALMOLÓGICO - NEGATIVA DE COBERTURA
DE FÁRMACO INDICADO, PELO MÉDICO

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Número Verificador: 1000020446047100120201171995


Agravo de Instrumento-Cv Nº 1.0000.20.446047-1/001

ASSISTENTE, COMO IMPRESCINDÍVEL AO ÊXITO


DO TRATAMENTO - CUSTEIO PELA OPERADORA -
OBRIGAÇÃO - DANO MORAL - CARACTERIZAÇÃO
- MONTANTE INDENIZATÓRIO - FIXAÇÃO -
PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA
PROPORCIONALIDADE - SENTENÇA MANTIDA.
- Submetem-se ao Código de Proteção e Defesa do
Consumidor as relações jurídicas oriundas de
contrato de prestação de serviço de assistência à
saúde.
- A obrigatoriedade de cobertura, prevista em
contrato firmado entre as partes, de despesas
relativas a tratamentos oftalmológicos, envolve os
materiais e insumos necessários à realização do
tratamento, inclusive fármacos. - A negativa de
fornecimento de medicamento consiste em ilícito que
impõe de maneira desnecessária sofrimento ao
consumidor, gerando sentimento de ansiedade e
angústia, mormente em se tratando de caso cuja
gravidade enseja risco de morte. - A reparação deve
ser fixada segundo os princípios da razoabilidade e
proporcionalidade, de acordo com as peculiaridades
do caso, levando-se em conta a extensão do dano.
(V.V.) DANO MORAL - NÃO CONFIGURAÇÃO -
MERO DESCUMPRIMENTO CONTRATUAL.
- A negativa de cobertura motivada na interpretação
de cláusula contratual ou ato normativo, ainda que
não possa prevalecer, não enseja a configuração de
danos morais passíveis de reparação pecuniária.
(TJMG - Apelação Cível 1.0000.17.097729-2/002,
Relator(a): Des.(a) Márcio Idalmo Santos Miranda , 9ª
CÂMARA CÍVEL, julgamento em 27/08/2019,
publicação da súmula em 02/09/2019 - Grifei)

Desta feita, comprovados os requisitos para a concessão da


tutela antecipada, nos termos do art. 300, do CPC/15, impõe-se a
manutenção do decisum.
Assim, diante do exposto, com a devida vênia à em. Relatora,
NEGO PROVIMENTO AO RECURSO para manter incólume a
decisão agravada.
É como voto.

DES. FABIANO RUBINGER DE QUEIROZ

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Agravo de Instrumento-Cv Nº 1.0000.20.446047-1/001

Peço vênia a Ilustre Relatora para acompanhar a divergência


suscitada pelo Desembargador Adriano de Mesquita Carneiro pelos
fatos e fundamentos expostos.

SÚMULA: "NEGARAM PROVIMENTO AO AGRAVO


DE INSTRUMENTO, VENCIDA A RELATORA"
Documento assinado eletronicamente, Medida Provisória nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001.
Signatário: Desembargadora SHIRLEY FENZI BERTAO, Certificado:
6CF39E43416B602ED449C55B5D4BBC23, Belo Horizonte, 22 de outubro de 2020 às 13:54:50.
Signatário: Desembargador ADRIANO DE MESQUITA CARNEIRO, Certificado:
008ED86DC3E3DA68BCD5E7696F1409EB10, Belo Horizonte, 23 de outubro de 2020 às 13:21:43.
Signatário: Desembargador FABIANO RUBINGER DE QUEIROZ, Certificado:
700A98777F4B4C66C127064D95640093, Belo Horizonte, 29 de outubro de 2020 às 17:03:45.
Julgamento concluído em: 19 de outubro de 2020.
Verificação da autenticidade deste documento disponível em http://www.tjmg.jus.br - nº verificador:
1000020446047100120201171995

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