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EXCELENTÍSSIMO SR (a) JUIZ (íza) de DIREITO DE UM DOS JUIZADOS DOS

JUIZADOS DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE MOSSORÓ

TUTELA DE URGÊNCIA – REALIZAÇÃO DE CIRURGIA EM CARÁTER


URGENTE – PACIENTE JÁ INSCRITO NA CENTRAL DE REGULAÇÃO
DO SUS – Sistema Único de Saúde

SILAS DANIEL COSTA DE OLIVEIRA, brasileiro, casado, frentista, residente e domiciliado


à residente e domiciliado à Rua Santa Catarina, n.º 45, Bairro São Sebastião – Área Urbana,
Governo Dix Sept Rosado/RN, CEP 59790-000, inscrito no CPF sob o n.º 017.012.384-70 e RG
nº 3170008., vem, por intermédio de seus advogados, propor a presente a presente AÇÃO DE
OBRIGAÇÃO DE FAZER c/c PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA
em desfavor do ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE pessoa jurídica de direito
público, inscrito no CNPJ nº 08.241.739/0001-05, com endereço para citação na Av. Afonso Pena,
1155, Tirol, CEP: 59020-100, Natal/RN e do MUNICÍPIO DE GOVERNADOR DIX-SEPT
ROSADO, pessoa jurídica de direito público, inscrito no CNPJ de n.º 08.349.094/0001-10, com
endereço para citação na. Rua Machado de Aguiar, n.º 88, Centro, CEP: 59790-000 Governador
Dix Sep Rosado/RN, o que faz com fundamento nos arts. 5º, LXIX, 6º, 196, 200, todos da
Constituição da República Federativa do Brasil e nas Leis de n.° 8.080/90 e 8.142/90, pelos fatos e
fundamentos a seguir expostos:
1 – BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA

O requerente é pessoa hipossuficiente, não dispondo de condições econômicas para


arcar com as despesas de custas processuais e dos honorários advocatícios sem prejuízo do seu
próprio sustento e do da sua família e pugna pelos benefícios da justiça gratuita, nos termos do
que preconiza o art. 5º, LXXIV, da Constituição Federal, bem como o art. 98 do Código de
Processo Civil.

2 – DOS FATOS

A parte autora, é pessoa jovem, trabalhadora e sofreu uma lesão em seu joelho há
cerca de alguns meses. Atualmente, vem sentindo fortes dores em seu joelho esquerdo, de maneira
que não consegue exercer suas atividades habituais.

Por essa razão, procurou a rede pública de saúde, na tentativa de obter a melhora
nas dores intensas que vem sentindo em seu joelho.

Nessse sentido, conforme se constata da documentação juntada aos autos, a parte


demandante necessita em caráter de URGÊNCIA a realização de cirurgia ortopédica em seu
joelho esquerdo.

Os documentos juntados aos autos indicam:

a) lesão no joelho do autor, o que ocasiona fortes dores em seus joelhos;

b) laudo médico circunstanciado indicando a necessidade de realização da


cirurgia em caráter de URGÊNCIA;

c) comprovante de que o autor está inserido na Central de Regulação (fila do


SUS);

d) exames demonstrando a lesão e a sua gravidade.

Nesse sentido, a realização da cirurgia ortopédica em favor do autor é necessária no


presente caso, uma vez que os laudos médicos indicam que a cirurgia do autor deve ser feita em
caráter de urgência.
O relato do autor, acrescidos dos laudos médicos, demonstram que o demandante
sente fortes dores em seu joelho, o que o que impede de realizar as tarefas mais básicas do seu
cotidiano, como trabalhar, se locomover, estudar, entre outras.

O demandante, repise-se, sent fortes dores em seu joelho e há tempos vem


procurando o Sistema Único de Saúde para a realização de cirurgia ortopédica. Trata-se de cirurgia
NÃO ELETIVA, mas sim em caráter de URGÊNCIA.

Ressalve-se também que o autor já realizou os exames necessários para a realização


de cirurgia.

3 – DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

3.1 – DOS REQUISITOS PARA REALIZAÇÃO DA CIRURGIA

Inicialmente, neste tópico, se demonstrará que estão presentes TODOS os


requisitos para a concessão da medida, notadamente em sede liminar – o que será melhor
detalhado em tópico posterior.

Como dito, a parte demandante se encontra em fila de espera do SUS (Central de


Regulação). No mais, a cirurgia ortopédica está inserida no rol de políticas públicas do Estado do
Rio Grande do Norte e do Município Governador Dix Sept Rosado e não se trata de cirurgia
eletiva e sim cirugia de URGÊNCIA.

Nesse sentido, considerando que a parte autora é hipossuficiente, que a cirurgia aqui
pleietada é de caráter de urgência e que o procedimento está regulado pelo SUS, vem o autor
requerer que o Judiciário determine a sua realização.

3.2 – O DIREITO FUNDAMENTAL À SAÚDE – PACIENTE EM ESTADO GRAVE –


NECESSIDADE DE CIRURGIA ORTOPÉDICA – OMISSÃO DO PODER PÚBLICO
ESTADUAL – NECESSIDADE DE INTERVENÇÃO JUDICIAL

Os direitos fundamentais, como prerrogativas e garantias inerentes a todo e


qualquer ser humano, têm por finalidade básica o respeito à dignidade do homem, mediante a
proteção contra o arbítrio do poder estatal, bem como com o estabelecimento de condições
mínimas de vida e bem-estar social.
Esses direitos, em seu aspecto individual ou coletivo, devem ser reconhecidos e
respeitados por toda e qualquer autoridade, seja ela pública ou privada. Aliás, tão grande é a
importância dos mesmos que foram erigidos à categoria de direitos constitucionais de aplicação
plena e imediata (art. 5º, CF/88).

A realização de cirurgia ortoédica é necessária no presente caso, uma vez que o


paciente vem sentindo fortes dores em seu joelho, se encontrando impedido de exercer atividades
básicas do dia a dia, conforme se depreende do laudo médico juntado aos autos.

Acrescente-se que a paciente sofre o risco de PIORA DO QUADRO CLÍNICO,


razão pela qual é URGENTE a necessidade de cirurgia ortopédica em unidade hospitalar
capacitada.

Mister relatar que foi realizada a solicitação de vaga para cirurgia pelo
próprio hospital, contudo ainda não houve respostas concretas sobre a realização o
procedimento aqui vindicado da demandante.

Importante mencionar, novamente, que o requerente não reúne condições


financeiras de custear o tratamento de saúde em rede privada, haja vista ser pessoa de parcos
recursos financeiros.

Analisando casos análogos, os Tribunais Pátrios firmaram o entendimento de que é


dever do Estado assegurar aos cidadãos carentes de recursos financeiros o tratamento médico
necessário, ainda que de elevado custo, haja vista que nenhum bem jurídico merece maior
proteção que a vida. Veja-se:

CONSTITUCIONAL, CIVIL E PROCESSUAL CIVIL


- OBRIGAÇÃO DE FAZER - PORTADOR DE DOENÇA GRAVE -
NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO DE CIRURGIA - AUSÊNCIA DE
VAGA NA REDE PÚBLICA - UTILIZAÇÃO DE HOSPITAL
PRIVADO ÀS CUSTAS DO DISTRITO FEDERAL - POSSIBILIDADE
- DEVER DE ASSISTÊNCIA INTEGRAL À SAÚDE - ARTIGO 196,
DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E ARTIGOS 204/216 DA LEI
ORGÂNICA DO DISTRITO FEDERAL - EFICÁCIA
MANDAMENTAL E DECLARATÓRIA DA DECISÃO JUDICIAL -
CORRELAÇÃO ENTRE O PEDIDO E A SENTENÇA -
OCORRÊNCIA - ARTIGOS 128, 286 E 460 DO CPC - RECURSO
IMPROVIDO.(TJDF, 20070110906525APC,
Relator DÁCIO VIEIRA, 5ª Turma Cível, julgado em 05/11/2008, DJ
11/12/2008 p. 119).

4 – DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA:

De acordo com o art. 300 do Código de Processo Civil:

“Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos


que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.
§ 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso,
exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra
parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte
economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.
§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após
justificação prévia.
§ 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando
houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.”

Conforme se vislumbra da dicção legal, a tutela provisória de urgência pressupõe o


preenchimento de apenas dois requisitos: 1) a probabilidade do direito alegado que, in casu, se
encontra consubstanciado no laudo médico comprobatório da necessidade de realização de
cirurgia; 2) perigo de dano, decorrente da gravidade dos sintomas que acometem o requerente,
bem como na urgência atestada por dois médicos.

No mais, sabe-se que é vedada, como princípio geral, a concessão de liminar de


caráter eminentemente satisfativo, EXCEPCIONANDO-SE AS HIPÓTESES DE
PROVIDÊNCIAS MÉDICAS URGENTES" (In.RSTJ 127/227) .

Ressalve-se também que, caso a medida não seja deferida, estará sendo usurpado o
direito constitucional à saúde e à vida do requerente. Ademais, a busca pela entrega satisfativa da
prestação jurisdicional deve ser prestigiada pelo Magistrado, de modo que o cidadão tenha cada
vez mais facilitada, com a contribuição do Poder Judiciário, a sua atuação em sociedade e a
garantia de exercício pleno de seus direitos individuais. Daí preciosa a lição de Chiovenda, segundo
o qual “UM PROCESSO NÃO PODE REPRESENTAR UM MALEFÍCIO PARA QUEM
DELE SE SERVE” (ALVIM, Arruda. Revista de Processo nº. 39. Ano 10. p. 38).
5 – DO PEDIDO:

Ante o exposto, requer-se a Vossa Excelência:

a) a concessão do benefício da Gratuidade da Justiça, por se tratar de pessoa


necessitada na forma da lei, sem condições de arcar com despesas de custas processuais sem
prejuízo do seu próprio sustento e do da sua família, nos termos do que preconiza o inciso
LXXIV, do art. 5º, da Constituição Federal e do artigo 98 do CPC;

b) com fundamento nos artigos 5º, LXIX, 6º, 196 e outros da Constituição da
República Federativa do Brasil, presentes os requisitos do preconizados no art. 300 do CPC, o
deferimento, liminarmente e “inaudita altera pars”, da tutela provisória de urgência,
DETERMINANDO-SE AOS DEMANDADOS que providencie, COM URGÊNCIA, a
realização de cirurgia ortopédica em seu joelho esquerdo em rede pública de saúde, ou na rede
privada de saúde, caso não seja possível realizar a realização da cirurgia na rede pública de saúde,
garantindo – se ao autor todo o tratamento necessário, autorizando-se, desde logo, o bloqueio de
verbas públicas, na hipótese de descumprimento da ordem judicial;

c) a citação dos entes públicos, para, querendo, apresentar defesa no prazo legal;

d) a notificação do Ilustre Representante do Ministério Público Estadual, para atuar


como fiscal da ordem jurídica justa;

e) a procedência do pedido constante no item “b”, em todos os seus termos.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos,


máxime pelos documentos colacionados, sem prejuízo de quaisquer outros que se fizerem
necessários, dentre as que em direito forem permitidas, o que fica, desde logo, requerido.

Dá-se a causa o valor de R$ 1.000,00 (mil Reais) apenas para fins fiscais.

Nesses termos, pede deferimento.

Governador Dix Sept Rosado/RN, 8 de maio de 2022.

MARIA DA SALETE COSTA MARINHO


OAB/RN 18.093

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