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1º OFÍCIO GERAL – Boa Vista/RR

AO JUÍZO DA 3ª VARA FEDERAL DE JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA SJRR

 
URGENTE – MEDICAMENTO
(TUTELA DA SAÚDE)

Número de Origem: 1001466-22.2021.4.01.4200


Agravante:   Marcos Junior Camacaro Iruiz (Defensoria Pública da União)
Agravados:   União, Estado de Roraima e Município de Boa Vista
PAJ nº 2021/005-00106

MARCOS JUNIOR CAMACARO IRUIZ, já devidamente qualificado nos autos


originários do presente recurso, assistido pela Defensora Pública Federal signatária, no
exercício de suas atribuições constitucionais e legais, vem, tempestiva e respeitosamente à
presença de Vossa Excelência, interpor o presente
 

AGRAVO DE INSTRUMENTO COM PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO ATIVO


(ANTECIPAÇÃO DA TUTELA RECURSAL)

 
Com fundamento nos artigos 1.015 e seguintes do Código de Processo Civil, em
face da r. decisão que indeferiu os efeitos da tutela antecipada em ação para fornecimento
de medicamentos Lumigan, Drusolol e Diamox, em face da União, Estado de Roraima e
Município de Boa Vista.

Desde já, é imperioso informar que, em cumprimento ao disposto no art. 1016,


inciso IV, do CPC/2015, a Defensoria Pública da União em Boa Vista/RR situa-se na Av.
Nossa Senhora da Consolata, 613, Centro, CEP 69301-011.

Ademais, o presente recurso é instruído com a cópia integral do processo de


origem (art. 1.017 do CPC/2015).

Nestes termos, pede pelo recebimento, conhecimento e posterior provimento.

I – DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE

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 O presente recurso é adequado, nos termos do art. 1.015, inciso I, do


CPC/2015, por atacar decisão interlocutória que versa sobre tutela provisória.

Outrossim, trata-se de recurso interposto tempestivamente. O prazo de


interposição de agravo de instrumento é de 15 (quinze) dias (art.1.003, §5º, do CPC/2015).
Portanto, o presente recurso foi apresentado tempestivamente.

As partes são legítimas e estão devidamente representadas. Salienta-se que há


o interesse recursal, visto que a decisão interlocutória em anexo é desfavorável para o autor
e demanda reforma urgente, que não pode ser postergada para momento de interposição de
eventual apelação.

Deixa de juntar comprovação de recolhimento do preparo recursal vez que, a


agravante não possui meios de arcar com as custas processuais e honorários advocatícios
sem prejuízo do próprio sustento e de sua família, razão pela qual lhe deve ser garantido o
benefício da Justiça Gratuita, nos termos da Lei n.º 1.060/1950. É o que se requer.

Desta feita, estão preenchidos todos os pressupostos de admissibilidade.

II – BREVE RELATO

 Através da presente demanda, o agravante buscou provimento jurisdicional, por


meio de tutela provisória de urgência, para o fornecimento de medicamentos essenciais
para o tratamento da enfermidade que lhe acomete, sendo esses medicamentos de alto
custo: Lumigan, Drusolol e Diamox.

O autor, com idade de 30 anos, foi diagnosticado com glaucoma primário de


ângulo aberto (CID H40.1), e cegueira PARCIAL em ambos os olhos (CID H54.0),
comprometendo sua visão, ou seja, com risco eminente. O glaucoma é uma condição
capaz de afetar os olhos, causando danos ao nervo ocular e fazendo com que o paciente
tenha seu campo visual reduzido aos poucos.
Em Laudo Oftalmológico formulado no dia 14.08.2020, o Dr. Amarildo
Rodrigues Melo (CRM 756 RR), atestou que: “O paciente . Marcos Junior Camacaro
Iruiz, apresenta quadro de glaucoma e cegueira em ambos os olhos (sendo olho direito
mais prejudicado, com 95% da visão comprometida). Necessita da realização de

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tratamento ocular quimioterápico com uso de colírios e pílulas sendo esses: Lumigan,
Drusolol, Diamox (comprimido).
E em receituário médico foi indicado o uso ocular do Lumigan, uma gota a
noite, uma gota de Drusolol em 12h-12h ao dia e o uso oral de Diamox (um
comprimido) em 6h-6h. Tal procedimento deve ser realizado em caráter de urgência
devido ao risco de danos irreversíveis à visão [...]”.

A urgência quanto à necessidade do medicamento também é atestada pelo


Ofício de Indagações médicas (Ofício n° 4254351/2021em anexo, p. 49), em que o Dr.
Amarildo Rodrigues Melo relatou que a parte autora possui glaucoma de ângulo aberto em
estado severo, além de cegueira parcial em ambos os olhos sendo que o direito já está mais
afetado, e caso não seja logo tratada com os medicamentos indicados pode levar um
agravamento pior que irá resultar na piora da acuidade visual, além da perda total da
visão.

Ao ser indagado quanto a imprescindibilidade dos medicamentos para o


tratamento da patologia e se havia outros medicamentos alternativos viáveis e disponíveis
pelo SUS que pudessem substituir o fármaco prescrito, o médico supracitado informou que
existem outras opções, que possam substitui-los, e que sim são fornecidos pelo SUS,
ou pelo menos deveriam ser. Pois, pela rede do SUS os medicamento até o presente
momento estão INDISPONÍVEIS.

Frise-se que os medicamentos são de altíssimo custo e a parte autora não


possui condições financeiras para custeá-los, além do mais os medicamentos seriam para a
vida toda. Contudo, tal demanda não fora acatada pelo magistrado, entendendo ele haver
óbice de cunho material e processual. Data vênia ao entendimento do douto juízo de
primeira instância, a decisão em questão merece reparos.

III – DAS RAZÕES PARA REFORMA DA DECISÃO RECORRIDA

 O magistrado indeferiu o pedido de antecipação dos efeitos da tutela, sem


apresentação de fundamentos para o indeferimento.

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No caso concreto em exame, o direito à saúde, tão caro à Constituição da


República e ao ordenamento jurídico pátrio de um modo geral, está sendo obstado pela
recusa do fornecimento à parte autora do tratamento médico de que necessita.

Impende, pois, ressaltar que é indispensável o fornecimento dos mencionados


medicamentos para que seja minorado o sofrimento causado pela moléstia de que parte
autora é acometida. Há de ser respeitada a Constituição da República, que alça a saúde ao
patamar de direito fundamental.

No ordenamento jurídico infraconstitucional, tem-se que o artigo 2º da Lei n.º


8.080/1990 reafirma que “a saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o
Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício”.

Como bem expõe Alexandre de Moraes (MORAES, Alexandre de. Direito


Constitucional. 20ª Edição. São Paulo: Atlas. 2006.), em útil síntese dos pensamentos
doutrinários majoritários, as normas constitucionais, quanto à eficácia, podem ser divididas
da seguinte forma: eficácia plena, contida ou limitada (classificação tradicional de José
Afonso da Silva); absoluta, plena, relativa restringível e relativa complementável (didática
adotada por Maria Helena Diniz); ou ainda serem consideradas meras normas
programáticas, que, no entender de Jorge Miranda,  explicitam comandos-valores, dotando
o ordenamento constitucional de maior elasticidade, sendo destinadas especialmente ao
legislador. Os direitos fundamentais, contudo, nunca poderão ser tidos como normas
meramente programáticas, a teor do que dispõe o §1º do artigo 5º da Constituição Federal
de 1988.

Vale frisar que o princípio da máxima efetividade dos direitos fundamentais,


invocado no julgado acima colacionado, constitui-se em norma de hermenêutica
constitucional que visa privilegiar os direitos humanos, dando-lhes a maior eficácia
possível. Isso se desdobra, também, na garantia do acesso à justiça, principalmente
quando a demanda busca tutelar direito à saúde.

A efetivação da tutela in casu está relacionada à preservação da saúde do


indivíduo, de modo que a ponderação das normas deve privilegiar a proteção do bem
maior que é a vida. A propósito, vale transcrever as disposições insertas nos arts. 6º. e 196
da Carta Magna. 

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Art. 6o. - São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia,


o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

Art. 196 - A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido


mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de
doença e de outros agravos e ao acesso universal igualitário às ações e
serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Em consonância com os referidos dispositivos constitucionais, a Lei 8.080/90


determina em seus arts. 2º e 4. que a saúde pública consubstancia direito fundamental do
homem e dever do Poder Público: 

Art. 2o. A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o


Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício. § 1o. O
dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução
de políticas econômicas e sociais que visem à redução de serviços de
saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e
municipais, da Administração riscos de doenças e de outros agravos e no
estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e
igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e
recuperação...

Art. 4o. O conjunto de ações e direta e indireta e das fundações mantidas


pelo Poder Público, constitui o Sistema Único de Saúde (SUS).

Comprovado o acometimento do indivíduo por determinada moléstia e


necessitando de medicamento ou outro procedimento médico para combatê-la, este deve
ser fornecido pelo Estado de modo a atender ao princípio maior da garantia à vida e à
saúde. (AgRg no Recurso em Mandado de Segurança Nº 26.647 - RJ (2008/0070436-2).

A alegação de que não há questões médicas não suficientemente esclarecidas,


não deve prosperar, uma vez que nos autos há ampla comprovação através de laudos
médicos que atestam a necessidade do tratamento medicamentoso pleiteado.

A máxima efetividade dos direitos fundamentais é norma hermenêutica que


dirige o Estado Democrático de Direito. No âmbito do direito à saúde, o tema é ainda mais
sensível. É o no mesmo sentido o entendimento do Supremo Tribunal Federal:  

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O caráter programático da regra inscrita no art. 196 da Carta Política - que


tem por destinatários todos os entes políticos que compõem, no plano
institucional, a organização federativa do Estado brasileiro - não pode
converter-se em promessa constitucional inconsequente, sob pena de o
Poder Público, fraudando justas expectativas nele depositadas pela
coletividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento de seu
impostergável dever, por um gesto irresponsável de infidelidade
governamental ao que determina a própria Lei Fundamental do Estado.
( RE 393175 AgR, Relator(a):  Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma,
julgado em 12/12/2006, DJ 02-02-2007 PP-00140 EMENT VOL-02262-08
PP-01524).

Se tais Poderes do Estado agirem de modo irrazoável (…) afetando, como


decorrência causal de uma injustificável inércia estatal ou de um abusivo
comportamento governamental, aquele núcleo intangível consubstanciador
de um conjunto irredutível de condições mínimas necessárias a uma
existência digna e essenciais à própria sobrevivência do indivíduo, aí,
então, justificar-se-á (…) a possibilidade de intervenção do Poder
Judiciário, em ordem a viabilizar, a todos, o acesso aos bens cuja fruição
lhes haja sido injustamente recusada pelo Estado. (ADPF 45 MC,
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, julgado em 29/04/2004, publicado em
DJ 04/05/2004 PP-00012 RTJ VOL-00200-01 PP-00191).

O rumo é também trilhado pelo Superior Tribunal de Justiça, reconhecendo o


princípio do acesso à justiça e a possibilidade de concretização de direitos pelo Judiciário
quando o legislador falhar em sua tarefa constitucional:  

Não podem os direitos sociais ficar condicionados à boa vontade do


Administrador, sendo de fundamental importância que o Judiciário atue
como órgão controlador da atividade administrativa. Seria uma distorção
pensar que o princípio da separação dos poderes, originalmente
concebido com o escopo de garantia dos direitos fundamentais, pudesse
ser utilizado justamente como óbice à realização dos direitos sociais,
igualmente fundamentais.

Tratando-se de direito fundamental, incluso no conceito de mínimo


existencial, inexistirá empecilho jurídico para que o Judiciário
estabeleça a inclusão de determinada política pública nos planos
orçamentários do ente político, mormente quando não houver
comprovação objetiva da incapacidade econômico-financeira da
pessoa estatal. (AgRg no REsp 1136549/RS, Rel. Ministro HUMBERTO
MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 08/06/2010, DJe 21/06/2010.)

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 A alegação por parte do magistrado em que sua decisão para o


INDEFERIMENTO, baseia-se que:

“Na situação dos autos, em juízo de cognição sumária, inerente à fase em


que se encontra o processo, entendo ausentes os requisitos necessários
à concessão da tutela de urgência, na medida em que o laudo juntado de
14/08/2020 (ID 481599346 - Pág. 11) indica que a parte autora já possui
cegueira em ambos os olhos, não havendo menção à urgência no uso
da medicação requerida ou sobre a possibilidade do restabelecimento
da visão, o que a afasta a urgência da medida. (grifo nosso).

Quanto a afirmação de “ausentes os requisitos necessários”, solicitamos que o autor


levasse para o médico que faz seu acompanhamento responder o Ofício de Indagações
Médicas, com o fim de corroborar com os laudos médicos já apresentados .

A urgência quanto à necessidade do medicamento também foi atestada pelo Ofício


de Indagações médicas (Ofício n° 4254351/2021 em anexo, p.49), no qual o Dr. Amarildo
Rodrigues Melo (CRM 756 RR), relatou que a parte autora possui glaucoma severo em
ambos os olhos (CID H40.1) e cegueira em ambos os olhos (CID H54.0), destacando que o
médico usa o termo “cego em ambos os olhos”, pois como já mencionado
anteriormente a patologia da parte autora apresenta condição capaz de afetar os
olhos, causando danos ao nervo ocular e fazendo com que o paciente tenha seu
campo visual reduzido aos poucos , ou seja vai perdendo o sentido da visão
gradativamente até está completamente cego.

A visão é um dos sentidos mais importantes, diante disso, se faz necessário


esclarecer que o requerente ainda não perdeu TOTAL sentindo da visão, mas já
encontra-se em um estado extremamente crítico.O Dr. Amarildo Rodrigues Melo (CRM 756
RR), até especifica que o valor normal da pressão intra-ocular  é entre 10 e 20 mmHg, e
o do paciente está apresentando os valores de 336 x 263 mmHg, um valor muito
superior.
Além disso, ainda neste mesmo ofício de indagações médicas o Dr. Amarildo
Rodrigues Melo (CRM 756 RR), salientou novamente que o paciente apresenta “cegueira
mais severa no olho direito (perda de visão 95%) , e em ambos a visão é subnormal e

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tubular e que seu agravamento pode levar piora da acuidade visual, além de correr o
risco de irreversivelmente PERDA TOTAL DA VISÃO”.
Cabe aqui citar que em consoante com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia
(CBO), “uma pessoa com visão subnormal apresenta uma acuidade visual (capacidade de
ver detalhes) abaixo de 20/200 ou 0,1 (Tabela de Snellen), ou campo visual inferior a 20º
(visão tubular) ou ambos”. E é assim que encontra-se a visão e situação do paciente e aqui
autor. Dando continuidade nas explicações apresentadas pelo Conselho Brasileiro de
Oftalmologia, este exemplifica que a visão tubular é como:

“Uma sensação de que há um tubo a frente, sem visão das laterais. A


pessoa com visão tubular costuma tropeçar e esbarrar em objetos, por não
ter visão periférica, com prejuízo na realização de atividades rotineiras”.
(CBO, 2019).1

Ao ser indagado quanto a imprescindibilidade dos medicamentos para o


tratamento da patologia e se havia outros medicamentos alternativos viáveis e disponíveis
pelo SUS que pudessem substituir o fármaco prescrito, o médico supracitado informou que
existem outras opções, que possam substitui-los, e que sim são fornecidos pelo SUS,
ou deveriam ser.

Dessa forma, o médico mencionou os seguintes medicamentos possíveis para


substituição dos que ele havia indicado que eram: Lumigan, Drusolol e Diamox. Os
medicamentos que poderiam substituir (genericamente por possuir o principio ativo), seriam
conforme o médico : a Dorzolamida, Latunorpioto, Brimonidina e Travoprosta.

Esta Defensoria encaminhou um Ofício para a prefeitura de Boa Vista e obteve


resposta no dia 04 de março de 2021 (ofício Nº 6006-PGM/ASS/2021, p. 32), sobre a
concessão dos medicamentos substitutos listados acima pelo Dr. Amarildo Rodrigues Melo,
que deveriam ser fornecidos pelo SUS, em resposta (ofício de resposta em6t7 anexo), foi
informado que: “atualmente, os fármacos solicitados encontram-se indisponíveis em
estoque, no entanto, estão contemplados pelo Processo de Aquisição nº
20101.022658/2020.01 onde se encontra no Setor CSL (Comissão Setorial de Licitação).

1
Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). O que é considerado deficiência visual? Disponível em:
<http://www.cbo.net.br/novo/publicacoes/revista_vejabem_14.pdf>. Acesso em 14/04/2021.

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Comprovado o acometimento do indivíduo por determinada moléstia e


necessitando de medicamento ou outro procedimento médico para combatê-la, este
deve ser fornecido pelo Estado de modo a atender ao princípio maior da garantia à
vida e à saúde. (AgRg no Recurso em Mandado de Segurança Nº 26.647 - RJ
(2008/0070436-2).

Ou seja, verifica-se, através do teor dos laudos médicos anexados aos autos,
que este é o tratamento adequado, passando a ser indispensável para manter-se saudável.
Não é admissível que as especificações dos profissionais da saúde, responsáveis pelo
acompanhamento da agravante, não sejam levadas em consideração, pois estes são quem
têm responsabilidade direta pelo tratamento do requerente.

IV - DA TUTELA DE URGÊNCIA RECURSAL 

Considerando as afirmações médicas constantes dos relatórios, evidente que o


não fornecimento dos medicamentos trará graves prejuízos à vida do agravante.

O art. 300 do CPC/2015 prevê que a tutela de urgência será concedida quando
houver elementos que evidenciam a probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao
resultado útil do processo.

Quanto ao receio de dano, este é cristalino, haja vista que a negativa de


fornecimento de medicamentos pelo Estado é ato que possui expressa
lesividade, considerando que a patologia que acomete o agravante pode acarretar uma
série de complicações se não devidamente tratada, como a perca TOTAL da visão em
ambos os olhos.

A probabilidade do direito repousa na prova documental acostada nos autos


(relatórios e receituários médicos), bem como decorre de todos os dispositivos legais
supramencionados e da jurisprudência consolidada acerca do fornecimento de exames
médicos.

Importante frisar que os requisitos da concessão da tutela de urgência contra o


Poder Público devem ser interpretados em conformidade com o texto constitucional,

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especialmente com os ditames máximos de proteção à vida, à saúde e à dignidade da


pessoa humana. 

In casu, a tutela pretendida afigura-se necessária para a preservação de sua


saúde, pois esta não pode arcar com os custos de aquisição dos medicamentos capazes de
lhe garantirem uma qualidade de vida razoável. Importante destacar que a demora no
atendimento a esse direito tem consequências relevantes o que poderá acarretar para
o Poder Público um aumento desnecessário nos custos para o tratamento e/ou
ressarcimento das complicações decorrentes. Diante disso, solicita a concessão da
tutela de urgência.

V- PEDIDOS E REQUERIMENTOS 

Pelo exposto, nos termos da fundamentação ora expendida, requer que o


presente recurso seja CONHECIDO, e, em seu mérito, PROVIDO para, reformando a
decisão recorrida, conceder a antecipação dos efeitos da tutela, determinando que a União
e/ou o Estado de Roraima e/ou o Município de Boa Vista/RR forneçam os medicamentos
Lumigan, Drusolol e Diamox, ou os medicamentos que possam substituí-los.

Por fim, assinala que deixa de recolher o preparo, em razão de ser a agravante
beneficiária da justiça gratuita, nos moldes do artigo 98 do CPC/2015. 

Boa Vista/RR, 15 de abril de 2021.

RAQUEL GIOVANINI DE MOURA


Defensora Pública Federal

NATHÁLIA KAROLINE GOMES RODRIGUES


Estagiária da Defensoria Pública da União

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