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SENADO FEDERAL

Omar Aziz nasceu em 1 3 de agosto de 1 958, na


cidade de Garça, interior de São Paulo, onde viveu os
primeiros anos da sua infância. Filho de pai palestino
e mãe brasileira, é o mais velho dos seis filhos do casal
Muhamad e Delfina Aziz.

Foi aluno do Colégio Amazonense Dom Pedro 11,


da Escola Técnica Federal do Amazonas (atual IFAM) e
graduou-se em Engenharia Civil pela Universidade do
Amazonas (atual UFAM).

Sua carreira política iniciou no começo da década


de 80, no movimento estudantil. Em 1981, foi eleito
presidente da Engenhoca, que antecedeu a criação do
Diretório Acadêmico de Engenharia da UFAM e, em
Senador Omar Aziz 1984, foi diretor do Diretório Central dos Estudantes
(DCE). Filiado à época ao Partido Comunista do Brasil,
participou ativamente de vários movimentos visando a redemocratização do País, entre
eles o das "Diretas Já". Assumiu a direção da Fundação de Desenvolvimento e Apoio Co-
munitário (FUNDAC), em 1987, seu primeiro cargo na vida pública.
Foi eleito vereador na cidade de Manaus por dois mandatos consecutivos (1 988 e
1992), sendo no último deles o mais votado, quando assumiu a presidência da Câmara
Municipal. Foi também o deputado estadual mais votado (1994) e vice-prefeito em
duas ocasiões, quando acumulou o cargo como secretário municipal de obras, sendo
responsável pela execução das maiores obras viárias até então implantadas na cidade.

Em 2001, esteve à frente da Secretaria Estadual de Segurança Pública, ocasião em que


pôs em prática um arrojado plano de combate à criminalidade, mas não deixou de atuar
na prevenção e recuperação de jovens em situação de risco social, criando o reconhecido
programa Galera Nota Dez.

Desincompatibilizou-se em abril de 2002 para concorrer ao cargo de vice-governador,


foi eleito e reeleito em 2006.
Em 31 de março de 201 O, Omar foi empossado governador do estado do Amazonas.
Candidato à reeleição no mesmo ano, foi o governador mais votado da história do Ama-
zonas com mais de 940 mil votos (63,9% do total de votos).
Em 2011, ainda no governo do Amazonas, Omar Aziz fundou o Partido Social Demo-
crático (PSD), que tem a manutenção da Zona Franca de Manaus como cláusula pétrea
de seu estatuto.

Em 4 de abril de 2014, Omar Aziz se desincompatibilizou do cargo de governa-


dor para disputar uma vaga no Senado Federal. Seis meses depois, foi eleito com
larg a vantagem sobre o segundo colocado.
Após quatro anos, exercendo a função de senador pelo estado do Amazonas, Omar
Aziz foi eleito presidente da Comissão de Assuntos Econômicos para o período 2019-2020.
Em 2021, Omar Aziz preside a Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia e a
Comissão de Segurança Pública do Senado Federal.
Nas eleições de 2022, Omar Aziz foi reeleito Senador da República pelo estado do
Amazonas, para o mandato legislativo de 20 23-203 1.
VADE
MECUM
2023
Senador
Omar Aziz

VADE
MECUM
2023

Brasília – DF
Mesa Diretora do Senado Federal
Biênio 2023–2024

Senador Rodrigo Pacheco


PRESIDENTE

Senador Veneziano Vital do Rêgo


PRIMEIRO-VICE-PRESIDENTE

Senador Rodrigo Cunha


SEGUNDO-VICE-PRESIDENTE

Senador Rogério Carvalho


PRIMEIRO-SECRETÁRIO

Senador Weverton
SEGUNDO-SECRETÁRIO

Senador Chico Rodrigues


TERCEIRO-SECRETÁRIO

Senador Styvenson Valentim


QUARTO-SECRETÁRIO

Ilana Trombka
DIRETORA-GERAL

Gustavo A. Sabóia Vieira


SECRETÁRIO-GERAL DA MESA
Nesta obra, o leitor irá dispor das seguintes legislações:

• Constituição da República Federativa do Brasil

• Código Civil

• Código de Processo Civil

• Código Penal

• Código de Processo Penal

• Código Eleitoral

• Consolidação das Leis do Trabalho

• Código de Defesa do Consumidor

• Estatuto da Criança e do Adolescente

• Estatuto da Pessoa Idosa

• Estatuto da Pessoa com Deficiência

• Estatuto da Igualdade Racial

• Lei Maria da Penha

• Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro

• Lei de Improbidade Administrativa

• Lei de Licitações

• Código Tributário Nacional


Sumário

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL................................ 9

CÓDIGO CIVIL........................................................................................... 119

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.....................................................................265

CÓDIGO PENAL........................................................................................393

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL................................................................. 445

CÓDIGO ELEITORAL................................................................................. 521

CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO.................................................. 571

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR........................................................683

ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE............................................705

ESTATUTO DA PESSOA IDOSA.................................................................. 751

ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA..................................................767

ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL...........................................................789

LEI MARIA DA PENHA.............................................................................. 801

LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO.......................... 813

LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA..................................................... 819

LEI DE LICITAÇÕES................................................................................. 833

CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL................................................................865


Constituição da República
Federativa do Brasil
ATUALIZADA ATÉ A EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 128/2022

Atualização e revisão técnica: Coordenação de Edições Técnicas


A norma aqui apresentada não substitui as publicações do Diário Oficial da União.
Sumário

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

15 Preâmbulo
15 TÍTULO I – DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
15 TÍTULO II – DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
15 CAPÍTULO I – DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
18 CAPÍTULO II – DOS DIREITOS SOCIAIS
19 CAPÍTULO III – DA NACIONALIDADE
20 CAPÍTULO IV – DOS DIREITOS POLÍTICOS
21 CAPÍTULO V – DOS PARTIDOS POLÍTICOS
21 TÍTULO III – DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
21 CAPÍTULO I – DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
22 CAPÍTULO II – DA UNIÃO
24 CAPÍTULO III – DOS ESTADOS FEDERADOS
25 CAPÍTULO IV – DOS MUNICÍPIOS
27 CAPÍTULO V – DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
27 Seção I – Do Distrito Federal
27 Seção II – Dos Territórios
27 CAPÍTULO VI – DA INTERVENÇÃO
28 CAPÍTULO VII – DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
28 Seção I – Disposições Gerais
30 Seção II – Dos Servidores Públicos
33 Seção III – Dos Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios
33 Seção IV – Das Regiões
33 TÍTULO IV – DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
33 CAPÍTULO I – DO PODER LEGISLATIVO
33 Seção I – Do Congresso Nacional
34 Seção II – Das Atribuições do Congresso Nacional
35 Seção III – Da Câmara dos Deputados
35 Seção IV – Do Senado Federal
35 Seção V – Dos Deputados e dos Senadores
36 Seção VI – Das Reuniões
37 Seção VII – Das Comissões
37 Seção VIII – Do Processo Legislativo
37 Subseção I – Disposição Geral
37 Subseção II – Da Emenda à Constituição
38 Subseção III – Das Leis
39 Seção IX – Da Fiscalização Contábil, Financeira e Orçamentária
41 CAPÍTULO II – DO PODER EXECUTIVO
41 Seção I – Do Presidente e do Vice-Presidente da República
42 Seção II – Das Atribuições do Presidente da República
42 Seção III – Da Responsabilidade do Presidente da República
43 Seção IV – Dos Ministros de Estado
43 Seção V – Do Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional
43 Subseção I – Do Conselho da República
43 Subseção II – Do Conselho de Defesa Nacional
44 CAPÍTULO III – DO PODER JUDICIÁRIO
44 Seção I – Disposições Gerais
48 Seção II – Do Supremo Tribunal Federal
50 Seção III – Do Superior Tribunal de Justiça
51 Seção IV – Dos Tribunais Regionais Federais e dos Juízes Federais
52 Seção V – Do Tribunal Superior do Trabalho, dos Tribunais Regionais do Trabalho e dos
Juízes do Trabalho
53 Seção VI – Dos Tribunais e Juízes Eleitorais
54 Seção VII – Dos Tribunais e Juízes Militares
54 Seção VIII – Dos Tribunais e Juízes dos Estados
55 CAPÍTULO IV – DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA
55 Seção I – Do Ministério Público
57 Seção II – Da Advocacia Pública
57 Seção III – Da Advocacia
57 Seção IV – Da Defensoria Pública
57 TÍTULO V – DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS
57 CAPÍTULO I – DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE SÍTIO
57 Seção I – Do Estado de Defesa
58 Seção II – Do Estado de Sítio
58 Seção III – Disposições Gerais
58 CAPÍTULO II – DAS FORÇAS ARMADAS
59 CAPÍTULO III – DA SEGURANÇA PÚBLICA
60 TÍTULO VI – DA TRIBUTAÇÃO E DO ORÇAMENTO
60 CAPÍTULO I – DO SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL
60 Seção I – Dos Princípios Gerais
61 Seção II – Das Limitações do Poder de Tributar
62 Seção III – Dos Impostos da União
62 Seção IV – Dos Impostos dos Estados e do Distrito Federal
64 Seção V – Dos Impostos dos Municípios
64 Seção VI – Da Repartição das Receitas Tributárias
66 CAPÍTULO II – DAS FINANÇAS PÚBLICAS
66 Seção I – Normas Gerais
66 Seção II – Dos Orçamentos
72 TÍTULO VII – DA ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA
72 CAPÍTULO I – DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA
74 CAPÍTULO II – DA POLÍTICA URBANA
74 CAPÍTULO III – DA POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA E DA REFORMA AGRÁRIA
75 CAPÍTULO IV – DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
75 TÍTULO VIII – DA ORDEM SOCIAL
75 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÃO GERAL
76 CAPÍTULO II – DA SEGURIDADE SOCIAL
76 Seção I – Disposições Gerais
77 Seção II – Da Saúde
78 Seção III – Da Previdência Social
80 Seção IV – Da Assistência Social
80 CAPÍTULO III – DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO
80 Seção I – Da Educação
83 Seção II – Da Cultura
84 Seção III – Do Desporto
84 CAPÍTULO IV – DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
85 CAPÍTULO V – DA COMUNICAÇÃO SOCIAL
86 CAPÍTULO VI – DO MEIO AMBIENTE
86 CAPÍTULO VII – DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE, DO JOVEM E DO IDOSO
88 CAPÍTULO VIII – DOS ÍNDIOS
88 TÍTULO IX – DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS GERAIS
92 Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
Constituição da República
Federativa do Brasil
Preâmbulo Art. 3o  Constituem objetivos TÍTULO II – DOS
Nós, representantes do povo fundamentais da República Fe- DIREITOS E GARANTIAS
brasileiro, reunidos em Assem- derativa do Brasil: FUNDAMENTAIS
bleia Nacional Constituinte para I – construir uma sociedade
instituir um Estado democrático, livre, justa e solidária; CAPÍTULO I – DOS
destinado a assegurar o exercí- II – garantir o desenvolvimen- DIREITOS E DEVERES
cio dos direitos sociais e indivi- to nacional; INDIVIDUAIS E COLETIVOS
duais, a liberdade, a segurança, o III – erradicar a pobreza e a
bem-estar, o desenvolvimento, a marginalização e reduzir as de- Art. 5o  Todos são iguais perante
igualdade e a justiça como valo- sigualdades sociais e regionais; a lei, sem distinção de qualquer
res supremos de uma sociedade IV – promover o bem de to- natureza, garantindo-se aos bra-
fraterna, pluralista e sem pre- dos, sem preconceitos de origem, sileiros e aos estrangeiros resi-
conceitos, fundada na harmonia raça, sexo, cor, idade e quaisquer dentes no País a inviolabilidade
social e comprometida, na ordem outras formas de discriminação. do direito à vida, à liberdade, à
interna e internacional, com a so- igualdade, à segurança e à pro-
lução pacífica das controvérsias, Art. 4o  A República Federativa priedade, nos termos seguintes:
promulgamos, sob a proteção de do Brasil rege-se nas suas rela- I – homens e mulheres são
Deus, a seguinte Constituição da ções internacionais pelos seguin- iguais em direitos e obrigações,
República Federativa do Brasil. tes princípios: nos termos desta Constituição;
I – independência nacional; II – ninguém será obrigado a
II – prevalência dos direitos fazer ou deixar de fazer alguma
TÍTULO I – DOS PRINCÍPIOS humanos; coisa senão em virtude de lei;
FUNDAMENTAIS III – autodeterminação dos III – ninguém será submetido
povos; a tortura nem a tratamento de-
Art. 1o  A República Federativa do IV – não intervenção; sumano ou degradante;
Brasil, formada pela união indis- V – igualdade entre os Es- IV – é livre a manifestação
solúvel dos Estados e Municípios tados; do pensamento, sendo vedado o
e do Distrito Federal, constitui-se VI – defesa da paz; anonimato;
em Estado Democrático de Direito VII – solução pacífica dos V – é assegurado o direito de
e tem como fundamentos: conflitos; resposta, proporcional ao agravo,
I – a soberania; VIII – repúdio ao terrorismo além da indenização por dano ma-
II – a cidadania; e ao racismo; terial, moral ou à imagem;
III – a dignidade da pessoa IX – cooperação entre os po- VI – é inviolável a liberdade de
humana; vos para o progresso da huma- consciência e de crença, sendo
IV – os valores sociais do tra- nidade; assegurado o livre exercício dos
balho e da livre iniciativa; X – concessão de asilo po- cultos religiosos e garantida, na
V – o pluralismo político. lítico. forma da lei, a proteção aos locais
Parágrafo único.  Todo o po- Parágrafo único.  A República de culto e a suas liturgias;
der emana do povo, que o exerce Federativa do Brasil buscará a VII – é assegurada, nos ter-
por meio de representantes elei- integração econômica, política, mos da lei, a prestação de as-
tos ou diretamente, nos termos social e cultural dos povos da sistência religiosa nas entidades
desta Constituição. América Latina, visando à for- civis e militares de internação
mação de uma comunidade lati- coletiva;
Art. 2o  São Poderes da União, no-americana de nações. VIII – ninguém será privado
independentes e harmônicos en- de direitos por motivo de crença
tre si, o Legislativo, o Executivo religiosa ou de convicção filosófi-
e o Judiciário. ca ou política, salvo se as invocar
para eximir-se de obrigação legal
a todos imposta e recusar-se a

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Constituição da República Federativa do Brasil
cumprir prestação alternativa, ferência estatal em seu funcio- ciativas;
fixada em lei; namento; XXIX – a lei assegurará aos
IX – é livre a expressão da XIX – as associações só po- autores de inventos industriais
atividade intelectual, artística, derão ser compulsoriamente dis- privilégio temporário para sua
científica e de comunicação, in- solvidas ou ter suas atividades utilização, bem como proteção
dependentemente de censura suspensas por decisão judicial, às criações industriais, à pro-
ou licença; exigindo-se, no primeiro caso, o priedade das marcas, aos nomes
X – são invioláveis a intimi- trânsito em julgado; de empresas e a outros signos
dade, a vida privada, a honra e a XX – ninguém poderá ser distintivos, tendo em vista o inte-
imagem das pessoas, assegurado compelido a associar-se ou a resse social e o desenvolvimento
o direito a indenização pelo dano permanecer associado; tecnológico e econômico do País;
material ou moral decorrente de XXI – as entidades associati- XXX – é garantido o direito
sua violação; vas, quando expressamente au- de herança;
XI – a casa é asilo inviolável torizadas, têm legitimidade para XXXI – a sucessão de bens de
do indivíduo, ninguém nela poden- representar seus filiados judicial estrangeiros situados no País será
do penetrar sem consentimento ou extrajudicialmente; regulada pela lei brasileira em be-
do morador, salvo em caso de XXII – é garantido o direito de nefício do cônjuge ou dos filhos
flagrante delito ou desastre, ou propriedade; brasileiros, sempre que não lhes
para prestar socorro, ou, durante XXIII – a propriedade atenderá seja mais favorável a lei pessoal
o dia, por determinação judicial; a sua função social; do de cujus;
XII – é inviolável o sigilo da XXIV – a lei estabelecerá o XXXII – o Estado promove-
correspondência e das comuni- procedimento para desapropria- rá, na forma da lei, a defesa do
cações telegráficas, de dados e ção por necessidade ou utilidade consumidor;
das comunicações telefônicas, pública, ou por interesse social, XXXIII – todos têm direito a
salvo, no último caso, por ordem mediante justa e prévia indeni- receber dos órgãos públicos in-
judicial, nas hipóteses e na forma zação em dinheiro, ressalvados formações de seu interesse par-
que a lei estabelecer para fins de os casos previstos nesta Cons- ticular, ou de interesse coletivo
investigação criminal ou instru- tituição; ou geral, que serão prestadas no
ção processual penal; XXV – no caso de iminente prazo da lei, sob pena de respon-
XIII – é livre o exercício de perigo público, a autoridade com- sabilidade, ressalvadas aquelas
qualquer trabalho, ofício ou pro- petente poderá usar de proprie- cujo sigilo seja imprescindível
fissão, atendidas as qualifica- dade particular, assegurada ao à segurança da sociedade e do
ções profissionais que a lei es- proprietário indenização ulterior, Estado;
tabelecer; se houver dano; XXXIV – são a todos assegu-
XIV – é assegurado a todos o XXVI – a pequena propriedade rados, independentemente do
acesso à informação e resguar- rural, assim definida em lei, desde pagamento de taxas:
dado o sigilo da fonte, quando ne- que trabalhada pela família, não a)  o direito de petição aos
cessário ao exercício profissional; será objeto de penhora para paga- Poderes Públicos em defesa de
XV – é livre a locomoção no mento de débitos decorrentes de direitos ou contra ilegalidade ou
território nacional em tempo de sua atividade produtiva, dispondo abuso de poder;
paz, podendo qualquer pessoa, a lei sobre os meios de financiar b)  a obtenção de certidões
nos termos da lei, nele entrar, o seu desenvolvimento; em repartições públicas, para de-
permanecer ou dele sair com XXVII – aos autores pertence fesa de direitos e esclarecimento
seus bens; o direito exclusivo de utilização, de situações de interesse pessoal;
XVI – todos podem reunir-se publicação ou reprodução de suas XXXV – a lei não excluirá da
pacificamente, sem armas, em obras, transmissível aos herdeiros apreciação do Poder Judiciário
locais abertos ao público, inde- pelo tempo que a lei fixar; lesão ou ameaça a direito;
pendentemente de autorização, XXVIII – são assegurados, nos XXXVI – a lei não prejudicará
desde que não frustrem outra termos da lei: o direito adquirido, o ato jurídico
reunião anteriormente convocada a)  a proteção às participa- perfeito e a coisa julgada;
para o mesmo local, sendo apenas ções individuais em obras cole- XXXVII – não haverá juízo ou
exigido prévio aviso à autoridade tivas e à reprodução da imagem tribunal de exceção;
competente; e voz humanas, inclusive nas ati- XXXVIII – é reconhecida a ins-
XVII – é plena a liberdade de vidades desportivas; tituição do júri, com a organização
associação para fins lícitos, ve- b)  o direito de fiscalização que lhe der a lei, assegurados:
dada a de caráter paramilitar; do aproveitamento econômico a)  a plenitude de defesa;
XVIII – a criação de associa- das obras que criarem ou de que b)  o sigilo das votações;
ções e, na forma da lei, a de co- participarem aos criadores, aos c)  a soberania dos veredic-
operativas independem de au- intérpretes e às respectivas re- tos;
torização, sendo vedada a inter- presentações sindicais e asso- d)  a competência para o jul-

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Constituição da República Federativa do Brasil
gamento dos crimes dolosos con- XLIX – é assegurado aos pre- família do preso ou à pessoa por
tra a vida; sos o respeito à integridade física ele indicada;
XXXIX – não há crime sem lei e moral; LXIII – o preso será informado
anterior que o defina, nem pena L – às presidiárias serão as- de seus direitos, entre os quais
sem prévia cominação legal; seguradas condições para que o de permanecer calado, sendo-
XL – a lei penal não retroagirá, possam permanecer com seus -lhe assegurada a assistência da
salvo para beneficiar o réu; filhos durante o período de ama- família e de advogado;
XLI – a lei punirá qualquer mentação; LXIV – o preso tem direito à
discriminação atentatória dos di- LI – nenhum brasileiro será identificação dos responsáveis
reitos e liberdades fundamentais; extraditado, salvo o naturalizado, por sua prisão ou por seu inter-
XLII – a prática do racismo em caso de crime comum, prati- rogatório policial;
constitui crime inafiançável e cado antes da naturalização, ou LXV – a prisão ilegal será ime-
imprescritível, sujeito à pena de de comprovado envolvimento em diatamente relaxada pela autori-
reclusão, nos termos da lei; tráfico ilícito de entorpecentes dade judiciária;
XLIII – a lei considerará cri- e drogas afins, na forma da lei; LXVI – ninguém será levado à
mes inafiançáveis e insuscetíveis LII – não será concedida ex- prisão ou nela mantido, quando a
de graça ou anistia a prática da tradição de estrangeiro por crime lei admitir a liberdade provisória,
tortura, o tráfico ilícito de entor- político ou de opinião; com ou sem fiança;
pecentes e drogas afins, o terro- LIII – ninguém será processa- LXVII – não haverá prisão civil
rismo e os definidos como crimes do nem sentenciado senão pela por dívida, salvo a do responsável
hediondos, por eles responden- autoridade competente; pelo inadimplemento voluntário
do os mandantes, os executores LIV – ninguém será privado da e inescusável de obrigação ali-
e os que, podendo evitá-los, se liberdade ou de seus bens sem o mentícia e a do depositário infiel;
omitirem; devido processo legal; LXVIII – conceder-se-á ha-
XLIV – constitui crime inafian- LV – aos litigantes, em pro- beas corpus sempre que alguém
çável e imprescritível a ação de cesso judicial ou administrativo, sofrer ou se achar ameaçado de
grupos armados, civis ou milita- e aos acusados em geral são as- sofrer violência ou coação em
res, contra a ordem constitucional segurados o contraditório e ampla sua liberdade de locomoção, por
e o Estado Democrático; defesa, com os meios e recursos ilegalidade ou abuso de poder;
XLV – nenhuma pena passará a ela inerentes; LXIX – conceder-se-á man-
da pessoa do condenado, poden- LVI – são inadmissíveis, no dado de segurança para proteger
do a obrigação de reparar o dano processo, as provas obtidas por direito líquido e certo, não ampa-
e a decretação do perdimento de meios ilícitos; rado por habeas corpus ou habeas
bens ser, nos termos da lei, es- LVII – ninguém será consi- data, quando o responsável pela
tendidas aos sucessores e contra derado culpado até o trânsito ilegalidade ou abuso de poder
eles executadas, até o limite do em julgado de sentença penal for autoridade pública ou agente
valor do patrimônio transferido; condenatória; de pessoa jurídica no exercício
XLVI – a lei regulará a indi- LVIII – o civilmente identifica- de atribuições do Poder Público;
vidualização da pena e adotará, do não será submetido a identi- LXX – o mandado de segu-
entre outras, as seguintes: ficação criminal, salvo nas hipó- rança coletivo pode ser impe-
a)  privação ou restrição da teses previstas em lei; trado por:
liberdade; LIX – será admitida ação pri- a)  partido político com repre-
b)  perda de bens; vada nos crimes de ação públi- sentação no Congresso Nacional;
c) multa; ca, se esta não for intentada no b)  organização sindical, en-
d)  prestação social alter- prazo legal; tidade de classe ou associação
nativa; LX – a lei só poderá restringir legalmente constituída e em fun-
e)  suspensão ou interdição a publicidade dos atos processu- cionamento há pelo menos um
de direitos; ais quando a defesa da intimidade ano, em defesa dos interesses
XLVII – não haverá penas: ou o interesse social o exigirem; de seus membros ou associados;
a)  de morte, salvo em caso LXI – ninguém será preso se- LXXI – conceder-se-á manda-
de guerra declarada, nos termos não em flagrante delito ou por or- do de injunção sempre que a falta
do art. 84, XIX; dem escrita e fundamentada de de norma regulamentadora tor-
b)  de caráter perpétuo; autoridade judiciária competente, ne inviável o exercício dos direi-
c)  de trabalhos forçados; salvo nos casos de transgressão tos e liberdades constitucionais
d)  de banimento; militar ou crime propriamente e das prerrogativas inerentes à
e) cruéis; militar, definidos em lei; nacionalidade, à soberania e à
XLVIII – a pena será cumprida LXII – a prisão de qualquer cidadania;
em estabelecimentos distintos, pessoa e o local onde se encon- LXXII – conceder-se-á ­habeas
de acordo com a natureza do de- tre serão comunicados imedia- data:
lito, a idade e o sexo do apenado; tamente ao juiz competente e à a)  para assegurar o conheci-

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Constituição da República Federativa do Brasil
mento de informações relativas à ções internacionais sobre direitos V – piso salarial proporcional
pessoa do impetrante, constantes humanos que forem aprovados, à extensão e à complexidade do
de registros ou bancos de dados em cada Casa do Congresso Na- trabalho;
de entidades governamentais ou cional, em dois turnos, por três VI – irredutibilidade do salário,
de caráter público; quintos dos votos dos respectivos salvo o disposto em convenção ou
b)  para a retificação de da- membros, serão equivalentes às acordo coletivo;
dos, quando não se prefira fazê-lo emendas constitucionais. VII – garantia de salário, nun-
por processo sigiloso, judicial ou § 4o  O Brasil se submete à ca inferior ao mínimo, para os que
administrativo; jurisdição de Tribunal Penal In- percebem remuneração variável;
LXXIII – qualquer cidadão é ternacional a cuja criação tenha VIII – décimo terceiro salário
parte legítima para propor ação manifestado adesão. com base na remuneração inte-
popular que vise a anular ato le- gral ou no valor da aposentadoria;
sivo ao patrimônio público ou de IX – remuneração do traba-
entidade de que o Estado partici- CAPÍTULO II – DOS lho noturno superior à do diurno;
pe, à moralidade administrativa, DIREITOS SOCIAIS X – proteção do salário na
ao meio ambiente e ao patrimô- forma da lei, constituindo crime
nio histórico e cultural, ficando o Art. 6o  São direitos sociais a sua retenção dolosa;
autor, salvo comprovada má-fé, educação, a saúde, a alimen- XI – participação nos lucros,
isento de custas judiciais e do tação, o trabalho, a moradia, o ou resultados, desvinculada da
ônus da sucumbência; transporte, o lazer, a segurança, remuneração, e, excepcionalmen-
LXXIV – o Estado prestará a previdência social, a proteção te, participação na gestão da em-
assistência jurídica integral e à maternidade e à infância, a as- presa, conforme definido em lei;
gratuita aos que comprovarem sistência aos desamparados, na XII – salário-família pago em
insuficiência de recursos; forma desta Constituição. razão do dependente do traba-
LXXV – o Estado indenizará o Parágrafo único.  Todo bra- lhador de baixa renda nos ter-
condenado por erro judiciário, as- sileiro em situação de vulnera- mos da lei;
sim como o que ficar preso além bilidade social terá direito a uma XIII – duração do trabalho
do tempo fixado na sentença; renda básica familiar, garantida normal não superior a oito ho-
LXXVI – são gratuitos para pelo poder público em programa ras diárias e quarenta e quatro
os reconhecidamente pobres, permanente de transferência de semanais, facultada a compen-
na forma da lei: renda, cujas normas e requisitos sação de horários e a redução
a)  o registro civil de nasci- de acesso serão determinados em da jornada, mediante acordo ou
mento; lei, observada a legislação fiscal convenção coletiva de trabalho;
b)  a certidão de óbito; e orçamentária. XIV – jornada de seis horas
LXXVII – são gratuitas as para o trabalho realizado em tur-
ações de habeas corpus e ha- Art. 7o  São direitos dos traba- nos ininterruptos de revezamen-
beas data, e, na forma da lei, os lhadores urbanos e rurais, além to, salvo negociação coletiva;
atos necessários ao exercício da de outros que visem à melhoria XV – repouso semanal remu-
cidadania; de sua condição social: nerado, preferencialmente aos
LXXVIII – a todos, no âmbi- I – relação de emprego prote- domingos;
to judicial e administrativo, são gida contra despedida arbitrária XVI – remuneração do ser-
assegurados a razoável duração ou sem justa causa, nos termos viço extraordinário superior, no
do processo e os meios que ga- de lei complementar, que preverá mínimo, em cinquenta por cento
rantam a celeridade de sua tra- indenização compensatória, den- à do normal;
mitação; tre outros direitos; XVII – gozo de férias anuais
LXXIX – é assegurado, nos II – seguro-desemprego, em remuneradas com, pelo menos,
termos da lei, o direito à proteção caso de desemprego involuntário; um terço a mais do que o salário
dos dados pessoais, inclusive nos III – fundo de garantia do tem- normal;
meios digitais. po de serviço; XVIII – licença à gestante,
§ 1o  As normas definidoras IV – salário mínimo, fixado em sem prejuízo do emprego e do
dos direitos e garantias funda- lei, nacionalmente unificado, ca- salário, com a duração de cento
mentais têm aplicação imediata. paz de atender a suas necessida- e vinte dias;
§ 2o  Os direitos e garantias des vitais básicas e às de sua fa- XIX – licença-paternidade,
expressos nesta Constituição não mília com moradia, alimentação, nos termos fixados em lei;
excluem outros decorrentes do educação, saúde, lazer, vestuário, XX – proteção do mercado
regime e dos princípios por ela higiene, transporte e previdência de trabalho da mulher, median-
adotados, ou dos tratados inter- social, com reajustes periódicos te incentivos específicos, nos
nacionais em que a República que lhe preservem o poder aquisi- termos da lei;
Federativa do Brasil seja parte. tivo, sendo vedada sua vinculação XXI – aviso prévio proporcio-
§ 3o  Os tratados e conven- para qualquer fim; nal ao tempo de serviço, sendo

18
Constituição da República Federativa do Brasil
no mínimo de trinta dias, nos ter- previstos nos incisos IV, VI, VII, plente, até um ano após o final do
mos da lei; VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, mandato, salvo se cometer falta
XXII – redução dos riscos ine- XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e grave nos termos da lei.
rentes ao trabalho, por meio de XXXIII e, atendidas as condições Parágrafo único.  As dispo-
normas de saúde, higiene e se- estabelecidas em lei e observada sições deste artigo aplicam-se
gurança; a simplificação do cumprimento à organização de sindicatos ru-
XXIII – adicional de remune- das obrigações tributárias, prin- rais e de colônias de pescadores,
ração para as atividades peno- cipais e acessórias, decorrentes atendidas as condições que a lei
sas, insalubres ou perigosas, na da relação de trabalho e suas estabelecer.
forma da lei; peculiaridades, os previstos nos
XXIV – aposentadoria; incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XX- Art. 9o  É assegurado o direito
XXV – assistência gratuita VIII, bem como a sua integração de greve, competindo aos tra-
aos filhos e dependentes desde o à previdência social. balhadores decidir sobre a opor-
nascimento até 5 (cinco) anos de tunidade de exercê-lo e sobre os
idade em creches e pré-escolas; Art. 8o  É livre a associação pro- interesses que devam por meio
XXVI – reconhecimento das fissional ou sindical, observado o dele defender.
convenções e acordos coletivos seguinte: § 1o  A lei definirá os serviços
de trabalho; I – a lei não poderá exigir au- ou atividades essenciais e disporá
XXVII – proteção em face da torização do Estado para a fun- sobre o atendimento das necessi-
automação, na forma da lei; dação de sindicato, ressalvado dades inadiáveis da comunidade.
XXVIII – seguro contra aci- o registro no órgão competente, § 2o  Os abusos cometidos
dentes de trabalho, a cargo do vedadas ao Poder Público a in- sujeitam os responsáveis às pe-
empregador, sem excluir a inde- terferência e a intervenção na nas da lei.
nização a que este está obrigado, organização sindical;
quando incorrer em dolo ou culpa; II – é vedada a criação de mais Art. 10.  É assegurada a partici-
XXIX – ação, quanto aos cré- de uma organização sindical, em pação dos trabalhadores e em-
ditos resultantes das relações de qualquer grau, representativa de pregadores nos colegiados dos
trabalho, com prazo prescricional categoria profissional ou econô- órgãos públicos em que seus inte-
de cinco anos para os trabalhado- mica, na mesma base territorial, resses profissionais ou previden-
res urbanos e rurais, até o limite que será definida pelos trabalha- ciários sejam objeto de discussão
de dois anos após a extinção do dores ou empregadores interes- e deliberação.
contrato de trabalho; sados, não podendo ser inferior
a) (Revogada); à área de um Município; Art. 11.  Nas empresas de mais
b) (Revogada); III – ao sindicato cabe a defe- de duzentos empregados, é as-
XXX – proibição de diferença sa dos direitos e interesses cole- segurada a eleição de um repre-
de salários, de exercício de fun- tivos ou individuais da categoria, sentante destes com a finalida-
ções e de critério de admissão inclusive em questões judiciais ou de exclusiva de promover-lhes
por motivo de sexo, idade, cor administrativas; o entendimento direto com os
ou estado civil; IV – a assembleia geral fixará empregadores.
XXXI – proibição de qualquer a contribuição que, em se tra-
discriminação no tocante a salário tando de categoria profissional,
e critérios de admissão do traba- será descontada em folha, para CAPÍTULO III – DA
lhador portador de deficiência; custeio do sistema confedera- NACIONALIDADE
XXXII – proibição de distinção tivo da representação sindical
entre trabalho manual, técnico e respectiva, independentemente Art. 12.  São brasileiros:
intelectual ou entre os profissio- da contribuição prevista em lei; I – natos:
nais respectivos; V – ninguém será obrigado a a)  os nascidos na República
XXXIII – proibição de trabalho filiar-se ou a manter-se filiado a Federativa do Brasil, ainda que
noturno, perigoso ou insalubre a sindicato; de pais estrangeiros, desde que
menores de dezoito e de qualquer VI – é obrigatória a participa- estes não estejam a serviço de
trabalho a menores de dezesseis ção dos sindicatos nas negocia- seu país;
anos, salvo na condição de apren- ções coletivas de trabalho; b)  os nascidos no estran-
diz, a partir de quatorze anos; VII – o aposentado filiado tem geiro, de pai brasileiro ou mãe
XXXIV – igualdade de direitos direito a votar e ser votado nas brasileira, desde que qualquer
entre o trabalhador com vínculo organizações sindicais; deles esteja a serviço da Repú-
empregatício permanente e o VIII – é vedada a dispensa do blica Federativa do Brasil;
trabalhador avulso. empregado sindicalizado a partir c)  os nascidos no estrangeiro
Parágrafo único.  São asse- do registro da candidatura a car- de pai brasileiro ou de mãe bra-
gurados à categoria dos traba- go de direção ou representação sileira, desde que sejam regis-
lhadores domésticos os direitos sindical e, se eleito, ainda que su- trados em repartição brasileira

19
Constituição da República Federativa do Brasil
competente ou venham a residir ao brasileiro residente em Estado dual ou Distrital, Prefeito, Vice-
na República Federativa do Bra- estrangeiro, como condição para -Prefeito e juiz de paz;
sil e optem, em qualquer tempo, permanência em seu território ou d)  dezoito anos para Vere-
depois de atingida a maioridade, para o exercício de direitos civis. ador.
pela nacionalidade brasileira; § 4o  São inelegíveis os inalis-
II – naturalizados: Art. 13.  A língua portuguesa é o táveis e os analfabetos.
a)  os que, na forma da lei, idioma oficial da República Fede- § 5o  O Presidente da Repúbli-
adquiram a nacionalidade bra- rativa do Brasil. ca, os Governadores de Estado e
sileira, exigidas aos originários § 1o  São símbolos da Repú- do Distrito Federal, os Prefeitos
de países de língua portuguesa blica Federativa do Brasil a ban- e quem os houver sucedido ou
apenas residência por um ano deira, o hino, as armas e o selo substituído no curso dos man-
ininterrupto e idoneidade moral; nacionais. datos poderão ser reeleitos para
b)  os estrangeiros de qual- § 2o  Os Estados, o Distrito um único período subsequente.
quer nacionalidade residentes na Federal e os Municípios poderão § 6o  Para concorrerem a
República Federativa do Brasil há ter símbolos próprios. outros cargos, o Presidente da
mais de quinze anos ininterruptos República, os Governadores de
e sem condenação penal, desde Estado e do Distrito Federal e os
que requeiram a nacionalidade CAPÍTULO IV – DOS Prefeitos devem renunciar aos
brasileira. DIREITOS POLÍTICOS respectivos mandatos até seis
§ 1o  Aos portugueses com meses antes do pleito.
residência permanente no País, Art. 14.  A soberania popular será § 7o  São inelegíveis, no ter-
se houver reciprocidade em favor exercida pelo sufrágio universal ritório de jurisdição do titular, o
de brasileiros, serão atribuídos os e pelo voto direto e secreto, com cônjuge e os parentes consan-
direitos inerentes ao brasileiro, valor igual para todos, e, nos ter- guíneos ou afins, até o segundo
salvo os casos previstos nesta mos da lei, mediante: grau ou por adoção, do Presidente
Constituição. I – plebiscito; da República, de Governador de
§ 2o  A lei não poderá estabe- II – referendo; Estado ou Território, do Distrito
lecer distinção entre brasileiros III – iniciativa popular. Federal, de Prefeito ou de quem
natos e naturalizados, salvo nos § 1o  O alistamento eleitoral os haja substituído dentro dos
casos previstos nesta Consti- e o voto são: seis meses anteriores ao pleito,
tuição. I – obrigatórios para os maio- salvo se já titular de mandato
§ 3o  São privativos de brasi- res de dezoito anos; eletivo e candidato à reeleição.
leiro nato os cargos: II – facultativos para: § 8o  O militar alistável é ele-
I – de Presidente e Vice-Pre- a)  os analfabetos; gível, atendidas as seguintes con-
sidente da República; b)  os maiores de setenta dições:
II – de Presidente da Câmara anos; I – se contar menos de dez
dos Deputados; c)  os maiores de dezesseis e anos de serviço, deverá afastar-
III – de Presidente do Senado menores de dezoito anos. -se da atividade;
Federal; § 2o  Não podem alistar-se II – se contar mais de dez anos
IV – de Ministro do Supremo como eleitores os estrangeiros de serviço, será agregado pela
Tribunal Federal; e, durante o período do serviço autoridade superior e, se eleito,
V – da carreira diplomática; militar obrigatório, os conscritos. passará automaticamente, no ato
VI – de oficial das Forças Ar- § 3o  São condições de elegi- da diplomação, para a inatividade.
madas; bilidade, na forma da lei: § 9o  Lei complementar esta-
VII – de Ministro de Estado I – a nacionalidade brasileira; belecerá outros casos de inelegi-
da Defesa. II – o pleno exercício dos di- bilidade e os prazos de sua cessa-
§ 4o  Será declarada a per- reitos políticos; ção, a fim de proteger a probidade
da da nacionalidade do brasi- III – o alistamento eleitoral; administrativa, a moralidade para
leiro que: IV – o domicílio eleitoral na o exercício do mandato, conside-
I – tiver cancelada sua natu- circunscrição; rada a vida pregressa do candida-
ralização, por sentença judicial, V – a filiação partidária; to, e a normalidade e legitimidade
em virtude de atividade nociva VI – a idade mínima de: das eleições contra a influência
ao interesse nacional; a)  trinta e cinco anos para do poder econômico ou o abuso
II – adquirir outra nacionali- Presidente e Vice-Presidente da do exercício de função, cargo ou
dade, salvo nos casos: República e Senador; emprego na administração direta
a)  de reconhecimento de b)  trinta anos para Governa- ou indireta.
nacionalidade originária pela lei dor e Vice-Governador de Estado § 10.  O mandato eletivo po-
estrangeira; e do Distrito Federal; derá ser impugnado ante a Jus-
b)  de imposição de natura- c)  vinte e um anos para De- tiça Eleitoral no prazo de quinze
lização, pela norma estrangeira, putado Federal, Deputado Esta- dias contados da diplomação,

20
Constituição da República Federativa do Brasil
instruída a ação com provas de direitos fundamentais da pessoa a outro partido que os tenha atin-
abuso do poder econômico, cor- humana e observados os seguin- gido, não sendo essa filiação con-
rupção ou fraude. tes preceitos: siderada para fins de distribuição
§ 11.  A ação de impugnação I – caráter nacional; dos recursos do fundo partidário
de mandato tramitará em segredo II – proibição de recebimento e de acesso gratuito ao tempo de
de justiça, respondendo o autor, de recursos financeiros de enti- rádio e de televisão.
na forma da lei, se temerária ou dade ou governo estrangeiros ou § 6o  Os Deputados Federais,
de manifesta má-fé. de subordinação a estes; os Deputados Estaduais, os De-
§ 12.  Serão realizadas con- III – prestação de contas à putados Distritais e os Vereado-
comitantemente às eleições mu- Justiça Eleitoral; res que se desligarem do partido
nicipais as consultas populares IV – funcionamento parla- pelo qual tenham sido eleitos
sobre questões locais aprovadas mentar de acordo com a lei. perderão o mandato, salvo nos
pelas Câmaras Municipais e en- § 1o  É assegurada aos par- casos de anuência do partido
caminhadas à Justiça Eleitoral tidos políticos autonomia para ou de outras hipóteses de justa
até 90 (noventa) dias antes da definir sua estrutura interna e causa estabelecidas em lei, não
data das eleições, observados os estabelecer regras sobre esco- computada, em qualquer caso, a
limites operacionais relativos ao lha, formação e duração de seus migração de partido para fins de
número de quesitos. órgãos permanentes e provisó- distribuição de recursos do fundo
§ 13.  As manifestações favo- rios e sobre sua organização e partidário ou de outros fundos
ráveis e contrárias às questões funcionamento e para adotar os públicos e de acesso gratuito ao
submetidas às consultas popula- critérios de escolha e o regime rádio e à televisão.
res nos termos do § 12 ocorrerão de suas coligações nas eleições § 7o  Os partidos políticos de-
durante as campanhas eleitorais, majoritárias, vedada a sua ce- vem aplicar no mínimo 5% (cin-
sem a utilização de propaganda lebração nas eleições propor- co por cento) dos recursos do
gratuita no rádio e na televisão. cionais, sem obrigatoriedade de fundo partidário na criação e na
vinculação entre as candidaturas manutenção de programas de
Art. 15.  É vedada a cassação em âmbito nacional, estadual, dis- promoção e difusão da partici-
de direitos políticos, cuja per- trital ou municipal, devendo seus pação política das mulheres, de
da ou suspensão só se dará nos estatutos estabelecer normas de acordo com os interesses intra-
casos de: disciplina e fidelidade partidária. partidários.
I – cancelamento da natura- § 2o  Os partidos políticos, § 8o  O montante do Fundo
lização por sentença transitada após adquirirem personalidade Especial de Financiamento de
em julgado; jurídica, na forma da lei civil, re- Campanha e da parcela do fundo
II – incapacidade civil abso- gistrarão seus estatutos no Tri- partidário destinada a campanhas
luta; bunal Superior Eleitoral. eleitorais, bem como o tempo de
III – condenação criminal § 3o  Somente terão direito propaganda gratuita no rádio e na
transitada em julgado, enquan- a recursos do fundo partidário e televisão a ser distribuído pelos
to durarem seus efeitos; acesso gratuito ao rádio e à tele- partidos às respectivas candi-
IV – recusa de cumprir obri- visão, na forma da lei, os partidos datas, deverão ser de no mínimo
gação a todos imposta ou pres- políticos que alternativamente: 30% (trinta por cento), proporcio-
tação alternativa, nos termos do I – obtiverem, nas eleições nal ao número de candidatas, e a
art. 5o, VIII; para a Câmara dos Deputados, no distribuição deverá ser realizada
V – improbidade administra- mínimo, 3% (três por cento) dos conforme critérios definidos pe-
tiva, nos termos do art. 37, § 4o. votos válidos, distribuídos em pelo los respectivos órgãos de direção
menos um terço das unidades da e pelas normas estatutárias, con-
Art. 16.  A lei que alterar o pro- Federação, com um mínimo de siderados a autonomia e o inte-
cesso eleitoral entrará em vigor 2% (dois por cento) dos votos resse partidário.
na data de sua publicação, não se válidos em cada uma delas; ou
aplicando à eleição que ocorra até II – tiverem elegido pelo me-
um ano da data de sua vigência. nos quinze Deputados Federais TÍTULO III – DA
distribuídos em pelo menos um ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
terço das unidades da Federação.
CAPÍTULO V – DOS § 4o  É vedada a utilização CAPÍTULO I – DA
PARTIDOS POLÍTICOS pelos partidos políticos de orga- ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-
nização paramilitar. ADMINISTRATIVA
Art. 17.  É livre a criação, fusão, § 5o  Ao eleito por partido que
incorporação e extinção de par- não preencher os requisitos pre- Art. 18.  A organização político-
tidos políticos, resguardados a vistos no § 3o deste artigo é asse- -administrativa da República Fe-
soberania nacional, o regime de- gurado o mandato e facultada a derativa do Brasil compreende
mocrático, o pluripartidarismo, os filiação, sem perda do mandato, a União, os Estados, o Distrito

21
Constituição da República Federativa do Brasil
Federal e os Municípios, todos militares, das vias federais de I – manter relações com Es-
autônomos, nos termos desta comunicação e à preservação tados estrangeiros e participar
Constituição. ambiental, definidas em lei; de organizações internacionais;
§ 1o  Brasília é a Capital Fe- III – os lagos, rios e quaisquer II – declarar a guerra e cele-
deral. correntes de água em terrenos brar a paz;
§ 2o  Os Territórios Federais de seu domínio, ou que banhem III – assegurar a defesa na-
integram a União, e sua criação, mais de um Estado, sirvam de cional;
transformação em Estado ou rein- limites com outros países, ou se IV – permitir, nos casos pre-
tegração ao Estado de origem estendam a território estrangeiro vistos em lei complementar, que
serão reguladas em lei comple- ou dele provenham, bem como os forças estrangeiras transitem
mentar. terrenos marginais e as praias pelo território nacional ou nele
§ 3o  Os Estados podem in- fluviais; permaneçam temporariamente;
corporar-se entre si, subdividir- IV – as ilhas fluviais e lacus- V – decretar o estado de sítio,
-se ou desmembrar-se para se tres nas zonas limítrofes com ou- o estado de defesa e a interven-
anexarem a outros, ou forma- tros países; as praias marítimas; ção federal;
rem novos Estados ou Territórios as ilhas oceânicas e as costeiras, VI – autorizar e fiscalizar a
Federais, mediante aprovação excluídas, destas, as que con- produção e o comércio de ma-
da população diretamente inte- tenham a sede de Municípios, terial bélico;
ressada, através de plebiscito, e exceto aquelas áreas afetadas VII – emitir moeda;
do Congresso Nacional, por lei ao serviço público e a unidade VIII – administrar as reser-
complementar. ambiental federal, e as referidas vas cambiais do País e fiscali-
§ 4o  A criação, a incorpora- no art. 26, II; zar as operações de natureza
ção, a fusão e o desmembramen- V – os recursos naturais da financeira, especialmente as de
to de Municípios, far-se-ão por lei plataforma continental e da zona crédito, câmbio e capitalização,
estadual, dentro do período de- econômica exclusiva; bem como as de seguros e de
terminado por lei complementar VI – o mar territorial; previdência privada;
federal, e dependerão de consulta VII – os terrenos de marinha IX – elaborar e executar pla-
prévia, mediante plebiscito, às e seus acrescidos; nos nacionais e regionais de or-
populações dos Municípios en- VIII – os potenciais de energia denação do território e de desen-
volvidos, após divulgação dos hidráulica; volvimento econômico e social;
Estudos de Viabilidade Munici- IX – os recursos minerais, X – manter o serviço postal e
pal, apresentados e publicados inclusive os do subsolo; o correio aéreo nacional;
na forma da lei. X – as cavidades naturais sub- XI – explorar, diretamente ou
terrâneas e os sítios arqueológi- mediante autorização, concessão
Art. 19.  É vedado à União, aos cos e pré-históricos; ou permissão, os serviços de tele-
Estados, ao Distrito Federal e aos XI – as terras tradicionalmen- comunicações, nos termos da lei,
Municípios: te ocupadas pelos índios. que disporá sobre a organização
I – estabelecer cultos religio- § 1o  É assegurada, nos ter- dos serviços, a criação de um ór-
sos ou igrejas, subvencioná-los, mos da lei, à União, aos Estados, gão regulador e outros aspectos
embaraçar-lhes o funcionamento ao Distrito Federal e aos Municí- institucionais;
ou manter com eles ou seus re- pios a participação no resultado XII – explorar, diretamente ou
presentantes relações de depen- da exploração de petróleo ou gás mediante autorização, concessão
dência ou aliança, ressalvada, na natural, de recursos hídricos para ou permissão:
forma da lei, a colaboração de fins de geração de energia elétri- a)  os serviços de radiodifu-
interesse público; ca e de outros recursos minerais são sonora e de sons e imagens;
II – recusar fé aos documen- no respectivo território, platafor- b)  os serviços e instalações
tos públicos; ma continental, mar territorial de energia elétrica e o aprovei-
III – criar distinções entre bra- ou zona econômica exclusiva, tamento energético dos cursos
sileiros ou preferências entre si. ou compensação financeira por de água, em articulação com os
essa exploração. Estados onde se situam os po-
§ 2o  A faixa de até cento e tenciais hidroenergéticos;
CAPÍTULO II – DA UNIÃO cinquenta quilômetros de largura, c)  a navegação aérea, aero-
ao longo das fronteiras terrestres, espacial e a infraestrutura aero-
Art. 20.  São bens da União: designada como faixa de frontei- portuária;
I – os que atualmente lhe per- ra, é considerada fundamental d)  os serviços de transpor-
tencem e os que lhe vierem a ser para defesa do território nacional, te ferroviário e aquaviário entre
atribuídos; e sua ocupação e utilização serão portos brasileiros e fronteiras
II – as terras devolutas indis- reguladas em lei. nacionais, ou que transponham
pensáveis à defesa das fronteiras, os limites de Estado ou Território;
das fortificações e construções Art. 21.  Compete à União: e)  os serviços de transporte

22
Constituição da República Federativa do Brasil
rodoviário interestadual e inter- ção e a utilização de radioisótopos XVII – organização judiciária,
nacional de passageiros; para pesquisa e uso agrícolas e do Ministério Público do Distrito
f)  os portos marítimos, flu- industriais; Federal e dos Territórios e da De-
viais e lacustres; c)  sob regime de permissão, fensoria Pública dos Territórios,
XIII – organizar e manter o são autorizadas a produção, a bem como organização adminis-
Poder Judiciário, o Ministério Pú- comercialização e a utilização trativa destes;
blico do Distrito Federal e dos de radioisótopos para pesquisa XVIII – sistema estatístico,
Territórios e a Defensoria Pública e uso médicos; sistema cartográfico e de geo-
dos Territórios; d)  a responsabilidade civil logia nacionais;
XIV – organizar e manter a po- por danos nucleares independe XIX – sistemas de poupança,
lícia civil, a polícia penal, a polícia da existência de culpa; captação e garantia da poupança
militar e o corpo de bombeiros XXIV – organizar, manter e popular;
militar do Distrito Federal, bem executar a inspeção do trabalho; XX – sistemas de consórcios
como prestar assistência finan- XXV – estabelecer as áreas e sorteios;
ceira ao Distrito Federal para a e as condições para o exercício XXI – normas gerais de orga-
execução de serviços públicos, da atividade de garimpagem, em nização, efetivos, material bélico,
por meio de fundo próprio; forma associativa; garantias, convocação, mobiliza-
XV – organizar e manter os XXVI – organizar e fiscalizar ção, inatividades e pensões das
serviços oficiais de estatística, a proteção e o tratamento de da- polícias militares e dos corpos de
geografia, geologia e cartografia dos pessoais, nos termos da lei. bombeiros militares;
de âmbito nacional; XXII – competência da polícia
XVI – exercer a classificação, Art. 22.  Compete privativamen- federal e das polícias rodoviária
para efeito indicativo, de diver- te à União legislar sobre: e ferroviária federais;
sões públicas e de programas I – direito civil, comercial, pe- XXIII – seguridade social;
de rádio e televisão; nal, processual, eleitoral, agrário, XXIV – diretrizes e bases da
XVII – conceder anistia; marítimo, aeronáutico, espacial e educação nacional;
XVIII – planejar e promover do trabalho; XXV – registros públicos;
a defesa permanente contra as II – desapropriação; XXVI – atividades nucleares
calamidades públicas, especial- III – requisições civis e milita- de qualquer natureza;
mente as secas e as inundações; res, em caso de iminente perigo XXVII – normas gerais de lici-
XIX – instituir sistema nacio- e em tempo de guerra; tação e contratação, em todas as
nal de gerenciamento de recur- IV – águas, energia, informá- modalidades, para as administra-
sos hídricos e definir critérios de tica, telecomunicações e radio- ções públicas diretas, autárquicas
outorga de direitos de seu uso; difusão; e fundacionais da União, Estados,
XX – instituir diretrizes para o V – serviço postal; Distrito Federal e Municípios, obe-
desenvolvimento urbano, inclusi- VI – sistema monetário e de decido o disposto no art. 37, XXI,
ve habitação, saneamento básico medidas, títulos e garantias dos e para as empresas públicas e
e transportes urbanos; metais; sociedades de economia mista,
XXI – estabelecer princípios e VII – política de crédito, câm- nos termos do art. 173, § 1o, III;
diretrizes para o sistema nacional bio, seguros e transferência de XXVIII – defesa territorial, de-
de viação; valores; fesa aeroespacial, defesa marí-
XXII – executar os serviços de VIII – comércio exterior e in- tima, defesa civil e mobilização
polícia marítima, aeroportuária e terestadual; nacional;
de fronteiras; IX – diretrizes da política na- XXIX – propaganda comercial;
XXIII – explorar os serviços e cional de transportes; XXX – proteção e tratamento
instalações nucleares de qualquer X – regime dos portos, nave- de dados pessoais.
natureza e exercer monopólio gação lacustre, fluvial, marítima, Parágrafo único.  Lei com-
estatal sobre a pesquisa, a lavra, aérea e aeroespacial; plementar poderá autorizar os
o enriquecimento e reproces- XI – trânsito e transporte; Estados a legislar sobre questões
samento, a industrialização e o XII – jazidas, minas, outros específicas das matérias relacio-
comércio de minérios nucleares recursos minerais e metalurgia; nadas neste artigo.
e seus derivados, atendidos os XIII – nacionalidade, cidadania
seguintes princípios e condições: e naturalização; Art. 23.  É competência comum
a)  toda atividade nuclear em XIV – populações indígenas; da União, dos Estados, do Distrito
território nacional somente será XV – emigração e imigração, Federal e dos Municípios:
admitida para fins pacíficos e me- entrada, extradição e expulsão I – zelar pela guarda da Cons-
diante aprovação do Congresso de estrangeiros; tituição, das leis e das instituições
Nacional; XVI – organização do sistema democráticas e conservar o pa-
b)  sob regime de permissão, nacional de emprego e condições trimônio público;
são autorizadas a comercializa- para o exercício de profissões; II – cuidar da saúde e assis-

23
Constituição da República Federativa do Brasil
tência pública, da proteção e ga- renses; tituições e leis que adotarem,
rantia das pessoas portadoras de V – produção e consumo; observados os princípios desta
deficiência; VI – florestas, caça, pesca, Constituição.
III – proteger os documentos, fauna, conservação da nature- § 1o  São reservadas aos Esta-
as obras e outros bens de valor za, defesa do solo e dos recur- dos as competências que não lhes
histórico, artístico e cultural, os sos naturais, proteção do meio sejam vedadas por esta Consti-
monumentos, as paisagens na- ambiente e controle da poluição; tuição.
turais notáveis e os sítios arque- VII – proteção ao patrimônio § 2o  Cabe aos Estados ex-
ológicos; histórico, cultural, artístico, tu- plorar diretamente, ou mediante
IV – impedir a evasão, a des- rístico e paisagístico; concessão, os serviços locais de
truição e a descaracterização de VIII – responsabilidade por gás canalizado, na forma da lei,
obras de arte e de outros bens dano ao meio ambiente, ao con- vedada a edição de medida provi-
de valor histórico, artístico ou sumidor, a bens e direitos de valor sória para a sua regulamentação.
cultural; artístico, estético, histórico, tu- § 3o  Os Estados poderão, me-
V – proporcionar os meios de rístico e paisagístico; diante lei complementar, instituir
acesso à cultura, à educação, à IX – educação, cultura, en- regiões metropolitanas, aglome-
ciência, à tecnologia, à pesquisa sino, desporto, ciência, tecnolo- rações urbanas e microrregiões,
e à inovação; gia, pesquisa, desenvolvimento constituídas por agrupamentos
VI – proteger o meio ambiente e inovação; de municípios limítrofes, para
e combater a poluição em qual- X – criação, funcionamento integrar a organização, o plane-
quer de suas formas; e processo do juizado de peque- jamento e a execução de funções
VII – preservar as florestas, nas causas; públicas de interesse comum.
a fauna e a flora; XI – procedimentos em ma-
VIII – fomentar a produção téria processual; Art. 26.  Incluem-se entre os
agropecuária e organizar o abas- XII – previdência social, pro- bens dos Estados:
tecimento alimentar; teção e defesa da saúde; I – as águas superficiais ou
IX – promover programas de XIII – assistência jurídica e subterrâneas, fluentes, emergen-
construção de moradias e a me- defensoria pública; tes e em depósito, ressalvadas,
lhoria das condições habitacio- XIV – proteção e integração neste caso, na forma da lei, as
nais e de saneamento básico; social das pessoas portadoras de decorrentes de obras da União;
X – combater as causas da deficiência; II – as áreas, nas ilhas oceâ-
pobreza e os fatores de margi- XV – proteção à infância e à nicas e costeiras, que estiverem
nalização, promovendo a inte- juventude; no seu domínio, excluídas aquelas
gração social dos setores des- XVI – organização, garantias, sob domínio da União, Municípios
favorecidos; direitos e deveres das polícias ou terceiros;
XI – registrar, acompanhar e civis. III – as ilhas fluviais e lacus-
fiscalizar as concessões de direi- § 1o  No âmbito da legislação tres não pertencentes à União;
tos de pesquisa e exploração de concorrente, a competência da IV – as terras devolutas não
recursos hídricos e minerais em União limitar-se-á a estabelecer compreendidas entre as da União.
seus territórios; normas gerais.
XII – estabelecer e implantar § 2o  A competência da União Art. 27.  O número de Deputados
política de educação para a se- para legislar sobre normas gerais à Assembleia Legislativa corres-
gurança do trânsito. não exclui a competência suple- ponderá ao triplo da represen-
Parágrafo único.  Leis com- mentar dos Estados. tação do Estado na Câmara dos
plementares fixarão normas para § 3o  Inexistindo lei federal Deputados e, atingido o número
a cooperação entre a União e sobre normas gerais, os Estados de trinta e seis, será acrescido
os Estados, o Distrito Federal e exercerão a competência legis- de tantos quantos forem os De-
os Municípios, tendo em vista o lativa plena, para atender a suas putados Federais acima de doze.
equilíbrio do desenvolvimento e peculiaridades. § 1o  Será de quatro anos o
do bem-estar em âmbito nacional. § 4o  A superveniência de lei mandato dos Deputados Estadu-
federal sobre normas gerais sus- ais, aplicando-se-lhes as regras
Art. 24.  Compete à União, aos pende a eficácia da lei estadual, desta Constituição sobre sistema
Estados e ao Distrito Federal le- no que lhe for contrário. eleitoral, inviolabilidade, imunida-
gislar concorrentemente sobre: des, remuneração, perda de man-
I – direito tributário, finan- dato, licença, impedimentos e
ceiro, penitenciário, econômico CAPÍTULO III – DOS incorporação às Forças Armadas.
e urbanístico; ESTADOS FEDERADOS § 2o  O subsídio dos Deputa-
II – orçamento; dos Estaduais será fixado por lei
III – juntas comerciais; Art. 25.  Os Estados organi- de iniciativa da Assembleia Le-
IV – custas dos serviços fo- zam-se e regem-se pelas Cons- gislativa, na razão de, no máximo,

24
Constituição da República Federativa do Brasil
setenta e cinco por cento daquele ra Municipal, que a promulgará, res, nos Municípios de mais de
estabelecido, em espécie, para os atendidos os princípios estabe- 450.000 (quatrocentos e cinquen-
Deputados Federais, observado o lecidos nesta Constituição, na ta mil) habitantes e de até 600.000
que dispõem os arts. 39, § 4o, 57, Constituição do respectivo Estado (seiscentos mil) habitantes;
§ 7o, 150, II, 153, III, e 153, § 2o, I. e os seguintes preceitos: j)  27 (vinte e sete) Vereado-
§ 3o  Compete às Assembleias I – eleição do Prefeito, do Vi- res, nos Municípios de mais de
Legislativas dispor sobre seu re- ce-Prefeito e dos Vereadores, 600.000 (seiscentos mil) habitan-
gimento interno, polícia e serviços para mandato de quatro anos, tes e de até 750.000 (setecentos e
administrativos de sua secretaria, mediante pleito direto e simul- cinquenta mil) habitantes;
e prover os respectivos cargos. tâneo realizado em todo o País; k)  29 (vinte e nove) Vereado-
§ 4o  A lei disporá sobre a ini- II – eleição do Prefeito e do Vi- res, nos Municípios de mais de
ciativa popular no processo legis- ce-Prefeito realizada no primeiro 750.000 (setecentos e cinquenta
lativo estadual. domingo de outubro do ano ante- mil) habitantes e de até 900.000
rior ao término do mandato dos (novecentos mil) habitantes;
Art. 28.  A eleição do Governador que devam suceder, aplicadas as l)  31 (trinta e um) Vereado-
e do Vice-Governador de Estado, regras do art. 77 no caso de Mu- res, nos Municípios de mais de
para mandato de 4 (quatro) anos, nicípios com mais de duzentos 900.000 (novecentos mil) habitan-
realizar-se-á no primeiro domingo mil eleitores; tes e de até 1.050.000 (um milhão
de outubro, em primeiro turno, e III – posse do Prefeito e do Vi- e cinquenta mil) habitantes;
no último domingo de outubro, ce-Prefeito no dia 1o de janeiro do m)  33 (trinta e três) Verea-
em segundo turno, se houver, ano subsequente ao da eleição; dores, nos Municípios de mais
do ano anterior ao do término do IV – para a composição das de 1.050.000 (um milhão e cin-
mandato de seus antecessores, e Câmaras Municipais, será obser- quenta mil) habitantes e de até
a posse ocorrerá em 6 de janeiro vado o limite máximo de: 1.200.000 (um milhão e duzentos
do ano subsequente, observado, a)  9 (nove) Vereadores, nos mil) habitantes;
quanto ao mais, o disposto no Municípios de até 15.000 (quinze n)  35 (trinta e cinco) Verea-
art. 77 desta Constituição.1 mil) habitantes; dores, nos Municípios de mais de
§ 1o  Perderá o mandato o Go- b)  11 (onze) Vereadores, nos 1.200.000 (um milhão e duzentos
vernador que assumir outro cargo Municípios de mais de 15.000 mil) habitantes e de até 1.350.000
ou função na administração públi- (quinze mil) habitantes e de até (um milhão e trezentos e cinquen-
ca direta ou indireta, ressalvada 30.000 (trinta mil) habitantes; ta mil) habitantes;
a posse em virtude de concurso c)  13 (treze) Vereadores, nos o)  37 (trinta e sete) Vereado-
público e observado o disposto Municípios com mais de 30.000 res, nos Municípios de 1.350.000
no art. 38, I, IV e V. (trinta mil) habitantes e de até (um milhão e trezentos e cin-
§ 2o  Os subsídios do Gover- 50.000 (cinquenta mil) habitantes; quenta mil) habitantes e de até
nador, do Vice-Governador e dos d)  15 (quinze) Vereadores, nos 1.500.000 (um milhão e quinhen-
Secretários de Estado serão fi- Municípios de mais de 50.000 (cin- tos mil) habitantes;
xados por lei de iniciativa da As- quenta mil) habitantes e de até p)  39 (trinta e nove) Verea-
sembleia Legislativa, observado 80.000 (oitenta mil) habitantes; dores, nos Municípios de mais
o que dispõem os arts. 37, XI, 39, e)  17 (dezessete) Vereado- de 1.500.000 (um milhão e qui-
§ 4o, 150, II, 153, III, e 153, § 2o, I. res, nos Municípios de mais de nhentos mil) habitantes e de até
80.000 (oitenta mil) habitantes e 1.800.000 (um milhão e oitocentos
de até 120.000 (cento e vinte mil) mil) habitantes;
CAPÍTULO IV – DOS habitantes; q)  41 (quarenta e um) Verea-
MUNICÍPIOS f)  19 (dezenove) Vereadores, dores, nos Municípios de mais de
nos Municípios de mais de 120.000 1.800.000 (um milhão e oitocentos
Art. 29.  O Município reger-se-á (cento e vinte mil) habitantes e de mil) habitantes e de até 2.400.000
por lei orgânica, votada em dois até 160.000 (cento e sessenta mil) (dois milhões e quatrocentos mil)
turnos, com o interstício mínimo habitantes; habitantes;
de dez dias, e aprovada por dois g)  21 (vinte e um) Vereadores, r)  43 (quarenta e três) Verea-
terços dos membros da Câma- nos Municípios de mais de 160.000 dores, nos Municípios de mais de
(cento e sessenta mil) habitantes 2.400.000 (dois milhões e qua-
e de até 300.000 (trezentos mil) trocentos mil) habitantes e de
1
  Nota do Editor (NE): a EC no 111/2021 alterou habitantes; até 3.000.000 (três milhões) de
a data de posse de 1o de janeiro para 6 de
janeiro; contudo, a mudança será aplicada h)  23 (vinte e três) Vereado- habitantes;
somente a partir das eleições de 2026. Os res, nos Municípios de mais de s)  45 (quarenta e cinco) Ve-
Governadores de Estado e do Distrito Fede- 300.000 (trezentos mil) habitantes readores, nos Municípios de mais
ral eleitos em 2022 tomarão posse em 1o de e de até 450.000 (quatrocentos e de 3.000.000 (três milhões) de
janeiro de 2023, e seus mandatos durarão
até a posse de seus sucessores, em 6 de cinquenta mil) habitantes; habitantes e de até 4.000.000
janeiro de 2027. i)  25 (vinte e cinco) Vereado- (quatro milhões) de habitantes;

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Constituição da República Federativa do Brasil
t)  47 (quarenta e sete) Vere- corresponderá a cinquenta por ao somatório da receita tributá-
adores, nos Municípios de mais cento do subsídio dos Deputados ria e das transferências previstas
de 4.000.000 (quatro milhões) Estaduais; no § 5o do art. 153 e nos arts. 158
de habitantes e de até 5.000.000 e)  em Municípios de trezen- e 159, efetivamente realizado no
(cinco milhões) de habitantes; tos mil e um a quinhentos mil exercício anterior:3
u)  49 (quarenta e nove) Vere- habitantes, o subsídio máximo I – 7% (sete por cento) para
adores, nos Municípios de mais de dos Vereadores corresponderá Municípios com população de
5.000.000 (cinco milhões) de ha- a sessenta por cento do subsídio até 100.000 (cem mil) habitantes;
bitantes e de até 6.000.000 (seis dos Deputados Estaduais; II – 6% (seis por cento) para
milhões) de habitantes; f)  em Municípios de mais de Municípios com população entre
v)  51 (cinquenta e um) Verea- quinhentos mil habitantes, o sub- 100.000 (cem mil) e 300.000 (tre-
dores, nos Municípios de mais de sídio máximo dos Vereadores cor- zentos mil) habitantes;
6.000.000 (seis milhões) de habi- responderá a setenta e cinco por III – 5% (cinco por cento) para
tantes e de até 7.000.000 (sete cento do subsídio dos Deputados Municípios com população entre
milhões) de habitantes; Estaduais; 300.001 (trezentos mil e um) e
w)  53 (cinquenta e três) Ve- VII – o total da despesa com a 500.000 (quinhentos mil) habi-
readores, nos Municípios de mais remuneração dos Vereadores não tantes;
de 7.000.000 (sete milhões) de ha- poderá ultrapassar o montante IV – 4,5% (quatro inteiros e
bitantes e de até 8.000.000 (oito de cinco por cento da receita do cinco décimos por cento) para
milhões) de habitantes; Município; Municípios com população entre
x)  55 (cinquenta e cinco) Ve- VIII – inviolabilidade dos Ve- 500.001 (quinhentos mil e um) e
readores, nos Municípios de mais readores por suas opiniões, pa- 3.000.000 (três milhões) de ha-
de 8.000.000 (oito milhões) de lavras e votos no exercício do bitantes;
habitantes; mandato e na circunscrição do V – 4% (quatro por cento)
V – subsídios do Prefeito, do Município; para Municípios com população
Vice-Prefeito e dos Secretários IX – proibições e incompatibi- entre 3.000.001 (três milhões e
Municipais fixados por lei de ini- lidades, no exercício da vereança, um) e 8.000.000 (oito milhões)
ciativa da Câmara Municipal, ob- similares, no que couber, ao dis- de habitantes;
servado o que dispõem os arts. 37, posto nesta Constituição para os VI – 3,5% (três inteiros e cinco
XI, 39, § 4o, 150, II, 153, III, e 153, membros do Congresso Nacional décimos por cento) para Municí-
§ 2o, I; e, na Constituição do respectivo pios com população acima de
VI – o subsídio dos Vereado- Estado, para os membros da As- 8.000.0001 (oito milhões e um)
res será fixado pelas respectivas sembleia Legislativa; habitantes.
Câmaras Municipais em cada le- X – julgamento do Prefeito § 1o  A Câmara Municipal não
gislatura para a subsequente, ob- perante o Tribunal de Justiça; gastará mais de setenta por cento
servado o que dispõe esta Cons- XI – organização das funções de sua receita com folha de pa-
tituição, observados os critérios legislativas e fiscalizadoras da gamento, incluído o gasto com
estabelecidos na respectiva Lei Câmara Municipal; o subsídio de seus Vereadores.
Orgânica e os seguintes limites XII – cooperação das asso- § 2o  Constitui crime de res-
máximos: ciações representativas no pla- ponsabilidade do Prefeito Mu-
a)  em Municípios de até dez nejamento municipal; nicipal:
mil habitantes, o subsídio máximo XIII – iniciativa popular de I – efetuar repasse que supere
dos Vereadores corresponderá a projetos de lei de interesse es- os limites definidos neste artigo;
vinte por cento do subsídio dos pecífico do Município, da cidade II – não enviar o repasse até o
Deputados Estaduais; ou de bairros, através de mani- dia vinte de cada mês; ou
b)  em Municípios de dez mil e festação de, pelo menos, cinco III – enviá-lo a menor em re-
um a cinquenta mil habitantes, o por cento do eleitorado; lação à proporção fixada na Lei
subsídio máximo dos Vereadores XIV – perda do mandato do Orçamentária.
corresponderá a trinta por cen- Prefeito, nos termos do art. 28, § 3o  Constitui crime de res-
to do subsídio dos Deputados parágrafo único2.
Estaduais; 3
  NE: a EC no 109/2021 alterou a redação do
c)  em Municípios de cinquen- Art. 29-A.  O total da despesa do caput do art. 29‑A para “O total da despesa
ta mil e um a cem mil habitantes, Poder Legislativo Municipal, inclu- do Poder Legislativo Municipal, incluídos os
o subsídio máximo dos Vereado- ídos os subsídios dos Vereadores subsídios dos Vereadores e os demais gas-
tos com pessoal inativo e pensionistas, não
res corresponderá a quarenta por e excluídos os gastos com inati- poderá ultrapassar os seguintes percentuais,
cento do subsídio dos Deputados vos, não poderá ultrapassar os relativos ao somatório da receita tributária e
Estaduais; seguintes percentuais, relativos das transferências previstas no § 5o do art. 153
d)  em Municípios de cem mil e nos arts. 158 e 159 desta Constituição, efe-
tivamente realizado no exercício anterior:”. A
e um a trezentos mil habitantes, o 2
  NE: leia-se “§ 1o”, por força do disposto na alteração entra em vigor a partir do início da
subsídio máximo dos Vereadores EC no 19/1998. primeira legislatura municipal após 16/3/2021.

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Constituição da República Federativa do Brasil
ponsabilidade do Presidente da do pelo órgão competente sobre ser divididos em Municípios, aos
Câmara Municipal o desrespeito as contas que o Prefeito deve quais se aplicará, no que cou-
ao § 1o deste artigo. anualmente prestar, só deixará ber, o disposto no Capítulo IV
de prevalecer por decisão de dois deste Título.
Art. 30.  Compete aos Municí- terços dos membros da Câmara § 2o  As contas do Governo do
pios: Municipal. Território serão submetidas ao
I – legislar sobre assuntos de § 3o  As contas dos Municí- Congresso Nacional, com pare-
interesse local; pios ficarão, durante sessenta cer prévio do Tribunal de Contas
II – suplementar a legisla- dias, anualmente, à disposição de da União.
ção federal e a estadual no que qualquer contribuinte, para exa- § 3o  Nos Territórios Federais
couber; me e apreciação, o qual poderá com mais de cem mil habitantes,
III – instituir e arrecadar os questionar-lhes a legitimidade, além do Governador nomeado na
tributos de sua competência, bem nos termos da lei. forma desta Constituição, haverá
como aplicar suas rendas, sem § 4o  É vedada a criação de órgãos judiciários de primeira e
prejuízo da obrigatoriedade de Tribunais, Conselhos ou órgãos segunda instância, membros do
prestar contas e publicar balan- de Contas Municipais. Ministério Público e defensores
cetes nos prazos fixados em lei; públicos federais; a lei disporá
IV – criar, organizar e suprimir sobre as eleições para a Câma-
distritos, observada a legislação CAPÍTULO V – DO ra Territorial e sua competência
estadual; DISTRITO FEDERAL E DOS deliberativa.
V – organizar e prestar, dire- TERRITÓRIOS
tamente ou sob regime de con-
cessão ou permissão, os serviços Seção I – Do Distrito Federal CAPÍTULO VI – DA
públicos de interesse local, inclu- INTERVENÇÃO
ído o de transporte coletivo, que Art. 32.  O Distrito Federal, ve-
tem caráter essencial; dada sua divisão em Municípios, Art. 34.  A União não intervirá
VI – manter, com a coope- reger-se-á por lei orgânica, vota- nos Estados nem no Distrito Fe-
ração técnica e financeira da da em dois turnos com interstício deral, exceto para:
União e do Estado, programas mínimo de dez dias, e aprovada I – manter a integridade na-
de educação infantil e de ensino por dois terços da Câmara Legis- cional;
fundamental; lativa, que a promulgará, atendi- II – repelir invasão estrangeira
VII – prestar, com a coopera- dos os princípios estabelecidos ou de uma unidade da Federação
ção técnica e financeira da União nesta Constituição. em outra;
e do Estado, serviços de aten- § 1o  Ao Distrito Federal são III – pôr termo a grave com-
dimento à saúde da população; atribuídas as competências legis- prometimento da ordem pública;
VIII – promover, no que cou- lativas reservadas aos Estados e IV – garantir o livre exercício
ber, adequado ordenamento ter- Municípios. de qualquer dos Poderes nas uni-
ritorial, mediante planejamento e § 2o  A eleição do Governador dades da Federação;
controle do uso, do parcelamento e do Vice-Governador, observadas V – reorganizar as finanças
e da ocupação do solo urbano; as regras do art. 77, e dos Depu- da unidade da Federação que:
IX – promover a proteção do tados Distritais coincidirá com a a)  suspender o pagamento
patrimônio histórico-cultural lo- dos Governadores e Deputados da dívida fundada por mais de
cal, observada a legislação e a Estaduais, para mandato de igual dois anos consecutivos, salvo
ação fiscalizadora federal e es- duração. motivo de força maior;
tadual. § 3o  Aos Deputados Distritais b)  deixar de entregar aos
e à Câmara Legislativa aplica-se Municípios receitas tributárias
Art. 31.  A fiscalização do Mu- o disposto no art. 27. fixadas nesta Constituição, dentro
nicípio será exercida pelo Poder § 4o  Lei federal disporá so- dos prazos estabelecidos em lei;
Legislativo Municipal, mediante bre a utilização, pelo Governo do VI – prover a execução de lei
controle externo, e pelos sistemas Distrito Federal, da polícia civil, federal, ordem ou decisão judicial;
de controle interno do Poder Exe- da polícia penal, da polícia militar VII – assegurar a observância
cutivo Municipal, na forma da lei. e do corpo de bombeiros militar. dos seguintes princípios consti-
§ 1o  O controle externo da tucionais:
Câmara Municipal será exercido a)  forma republicana, sis-
com o auxílio dos Tribunais de
Seção II – Dos Territórios tema representativo e regime
Contas dos Estados ou do Mu- democrático;
nicípio ou dos Conselhos ou Tri- Art. 33.  A lei disporá sobre a b)  direitos da pessoa hu-
bunais de Contas dos Municípios, organização administrativa e ju- mana;
onde houver. diciária dos Territórios. c)  autonomia municipal;
§ 2o  O parecer prévio, emiti- § 1o  Os Territórios poderão d)  prestação de contas da

27
Constituição da República Federativa do Brasil
administração pública, direta e apreciação do Congresso Nacio- rogável previsto no edital de con-
indireta; nal ou da Assembleia Legislativa vocação, aquele aprovado em
e)  aplicação do mínimo exi- do Estado, no prazo de vinte e concurso público de provas ou
gido da receita resultante de im- quatro horas. de provas e títulos será convo-
postos estaduais, compreendida § 2o  Se não estiver funcio- cado com prioridade sobre novos
a proveniente de transferências, nando o Congresso Nacional ou concursados para assumir cargo
na manutenção e desenvolvimen- a Assembleia Legislativa, far-se-á ou emprego, na carreira;
to do ensino e nas ações e servi- convocação extraordinária, no V – as funções de confiança,
ços públicos de saúde. mesmo prazo de vinte e quatro exercidas exclusivamente por
horas. servidores ocupantes de cargo
Art. 35.  O Estado não intervirá § 3o  Nos casos do art. 34, VI efetivo, e os cargos em comis-
em seus Municípios, nem a União e VII, ou do art. 35, IV, dispensa- são, a serem preenchidos por
nos Municípios localizados em da a apreciação pelo Congresso servidores de carreira nos casos,
Território Federal, exceto quando: Nacional ou pela Assembleia Le- condições e percentuais mínimos
I – deixar de ser paga, sem gislativa, o decreto limitar-se- previstos em lei, destinam-se
motivo de força maior, por dois -á a suspender a execução do apenas às atribuições de direção,
anos consecutivos, a dívida fun- ato impugnado, se essa medida chefia e assessoramento;
dada; bastar ao restabelecimento da VI – é garantido ao servidor
II – não forem prestadas con- normalidade. público civil o direito à livre as-
tas devidas, na forma da lei; § 4o  Cessados os motivos sociação sindical;
III – não tiver sido aplicado o da intervenção, as autoridades VII – o direito de greve será
mínimo exigido da receita muni- afastadas de seus cargos a estes exercido nos termos e nos limi-
cipal na manutenção e desenvol- voltarão, salvo impedimento legal. tes definidos em lei específica;
vimento do ensino e nas ações e VIII – a lei reservará percentu-
serviços públicos de saúde; al dos cargos e empregos públicos
IV – o Tribunal de Justiça der CAPÍTULO VII – DA para as pessoas portadoras de
provimento a representação para ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA deficiência e definirá os critérios
assegurar a observância de prin- de sua admissão;
Seção I – Disposições Gerais
cípios indicados na Constituição IX – a lei estabelecerá os ca-
Estadual, ou para prover a execu- sos de contratação por tempo
ção de lei, de ordem ou de deci- Art. 37.  A administração pública determinado para atender a ne-
são judicial. direta e indireta de qualquer dos cessidade temporária de excep-
Poderes da União, dos Estados, cional interesse público;
Art. 36.  A decretação da inter- do Distrito Federal e dos Municí- X – a remuneração dos ser-
venção dependerá: pios obedecerá aos princípios de vidores públicos e o subsídio de
I – no caso do art. 34, IV, de legalidade, impessoalidade, mo- que trata o § 4o do art. 39 somente
solicitação do Poder Legislativo ralidade, publicidade e eficiência poderão ser fixados ou alterados
ou do Poder Executivo coacto e, também, ao seguinte: por lei específica, observada a
ou impedido, ou de requisição I – os cargos, empregos e iniciativa privativa em cada caso,
do Supremo Tribunal Federal, se funções públicas são acessíveis assegurada revisão geral anual,
a coação for exercida contra o aos brasileiros que preencham os sempre na mesma data e sem
Poder Judiciário; requisitos estabelecidos em lei, distinção de índices;
II – no caso de desobediência assim como aos estrangeiros, na XI – a remuneração e o sub-
a ordem ou decisão judiciária, de forma da lei; sídio dos ocupantes de cargos,
requisição do Supremo Tribunal II – a investidura em cargo funções e empregos públicos da
Federal, do Superior Tribunal de ou emprego público depende de administração direta, autárquica
Justiça ou do Tribunal Superior aprovação prévia em concurso e fundacional, dos membros de
Eleitoral; público de provas ou de provas e qualquer dos Poderes da União,
III – de provimento, pelo Su- títulos, de acordo com a nature- dos Estados, do Distrito Federal
premo Tribunal Federal, de repre- za e a complexidade do cargo ou e dos Municípios, dos detentores
sentação do Procurador-Geral da emprego, na forma prevista em de mandato eletivo e dos demais
República, na hipótese do art. 34, lei, ressalvadas as nomeações agentes políticos e os proventos,
VII, e no caso de recusa à execu- para cargo em comissão decla- pensões ou outra espécie remu-
ção de lei federal; rado em lei de livre nomeação e neratória, percebidos cumulativa-
IV – (Revogado). exoneração; mente ou não, incluídas as vanta-
§ 1o  O decreto de interven- III – o prazo de validade do gens pessoais ou de qualquer ou-
ção, que especificará a amplitude, concurso público será de até dois tra natureza, não poderão exceder
o prazo e as condições de execu- anos, prorrogável uma vez, por o subsídio mensal, em espécie,
ção e que, se couber, nomeará igual período; dos Ministros do Supremo Tribu-
o interventor, será submetido à IV – durante o prazo impror- nal Federal, aplicando-se como

28
Constituição da República Federativa do Brasil
limite, nos Municípios, o subsídio controladas, direta ou indireta- § 2o  A não observância do
do Prefeito, e nos Estados e no mente, pelo poder público; disposto nos incisos II e III impli-
Distrito Federal, o subsídio men- XVIII – a administração fazen- cará a nulidade do ato e a punição
sal do Governador no âmbito do dária e seus servidores fiscais da autoridade responsável, nos
Poder Executivo, o subsídio dos terão, dentro de suas áreas de termos da lei.
Deputados Estaduais e Distritais competência e jurisdição, prece- § 3o  A lei disciplinará as for-
no âmbito do Poder Legislativo e dência sobre os demais setores mas de participação do usuário na
o subsídio dos Desembargadores administrativos, na forma da lei; administração pública direta e in-
do Tribunal de Justiça, limitado a XIX – somente por lei especí- direta, regulando especialmente:
noventa inteiros e vinte e cinco fica poderá ser criada autarquia I – as reclamações relativas à
centésimos por cento do subsídio e autorizada a instituição de em- prestação dos serviços públicos
mensal, em espécie, dos Ministros presa pública, de sociedade de em geral, asseguradas a manu-
do Supremo Tribunal Federal, no economia mista e de fundação, tenção de serviços de atendi-
âmbito do Poder Judiciário, apli- cabendo à lei complementar, nes- mento ao usuário e a avaliação
cável este limite aos membros do te último caso, definir as áreas de periódica, externa e interna, da
Ministério Público, aos Procura- sua atuação; qualidade dos serviços;
dores e aos Defensores Públicos; XX – depende de autorização II – o acesso dos usuários a
XII – os vencimentos dos car- legislativa, em cada caso, a cria- registros administrativos e a in-
gos do Poder Legislativo e do ção de subsidiárias das entidades formações sobre atos de governo,
Poder Judiciário não poderão ser mencionadas no inciso anterior, observado o disposto no art. 5o,
superiores aos pagos pelo Poder assim como a participação de X e XXXIII;
Executivo; qualquer delas em empresa pri- III – a disciplina da represen-
XIII – é vedada a vinculação ou vada; tação contra o exercício negligen-
equiparação de quaisquer espé- XXI – ressalvados os casos te ou abusivo de cargo, empre-
cies remuneratórias para o efeito especificados na legislação, as go ou função na administração
de remuneração de pessoal do obras, serviços, compras e aliena- pública.
serviço público; ções serão contratados mediante § 4o  Os atos de improbida-
XIV – os acréscimos pecu- processo de licitação pública que de administrativa importarão a
niários percebidos por servidor assegure igualdade de condições suspensão dos direitos políti-
público não serão computados a todos os concorrentes, com cos, a perda da função pública,
nem acumulados para fins de cláusulas que estabeleçam obri- a indisponibilidade dos bens e o
concessão de acréscimos ulte- gações de pagamento, mantidas ressarcimento ao erário, na forma
riores; as condições efetivas da pro- e gradação previstas em lei, sem
XV – o subsídio e os venci- posta, nos termos da lei, o qual prejuízo da ação penal cabível.
mentos dos ocupantes de cargos somente permitirá as exigências § 5o  A lei estabelecerá os
e empregos públicos são irredu- de qualificação técnica e econô- prazos de prescrição para ilíci-
tíveis, ressalvado o disposto nos mica indispensáveis à garantia tos praticados por qualquer agen-
incisos XI e XIV deste artigo e do cumprimento das obrigações; te, servidor ou não, que causem
nos arts. 39, § 4o, 150, II, 153, III, XXII – as administrações tri- prejuízos ao erário, ressalvadas
e 153, § 2o, I; butárias da União, dos Estados, as respectivas ações de ressar-
XVI – é vedada a acumulação do Distrito Federal e dos Muni- cimento.
remunerada de cargos públicos, cípios, atividades essenciais ao § 6o  As pessoas jurídicas de
exceto, quando houver compati- funcionamento do Estado, exer- direito público e as de direito
bilidade de horários, observado cidas por servidores de carreiras privado prestadoras de servi-
em qualquer caso o disposto no específicas, terão recursos prio- ços públicos responderão pelos
inciso XI: ritários para a realização de suas danos que seus agentes, nessa
a)  a de dois cargos de pro- atividades e atuarão de forma qualidade, causarem a terceiros,
fessor; integrada, inclusive com o com- assegurado o direito de regresso
b)  a de um cargo de professor partilhamento de cadastros e de contra o responsável nos casos
com outro, técnico ou científico; informações fiscais, na forma da de dolo ou culpa.
c)  a de dois cargos ou em- lei ou convênio. § 7o  A lei disporá sobre os
pregos privativos de profissio- § 1o  A publicidade dos atos, requisitos e as restrições ao ocu-
nais de saúde, com profissões programas, obras, serviços e pante de cargo ou emprego da
regulamentadas; campanhas dos órgãos públicos administração direta e indireta
XVII – a proibição de acu- deverá ter caráter educativo, in- que possibilite o acesso a infor-
mular estende-se a empregos e formativo ou de orientação social, mações privilegiadas.
funções e abrange autarquias, dela não podendo constar nomes, § 8o  A autonomia gerencial,
fundações, empresas públicas, símbolos ou imagens que carac- orçamentária e financeira dos
sociedades de economia mista, terizem promoção pessoal de au- órgãos e entidades da adminis-
suas subsidiárias, e sociedades toridades ou servidores públicos. tração direta e indireta poderá

29
Constituição da República Federativa do Brasil
ser ampliada mediante contrato, adaptado para exercício de cargo IV – em qualquer caso que exi-
a ser firmado entre seus admi- cujas atribuições e responsabili- ja o afastamento para o exercício
nistradores e o poder público, dades sejam compatíveis com a de mandato eletivo, seu tempo de
que tenha por objeto a fixação limitação que tenha sofrido em serviço será contado para todos
de metas de desempenho para sua capacidade física ou men- os efeitos legais, exceto para pro-
o órgão ou entidade, cabendo à tal, enquanto permanecer nesta moção por merecimento;
lei dispor sobre: condição, desde que possua a V – na hipótese de ser segura-
I – o prazo de duração do habilitação e o nível de escola- do de regime próprio de previdên-
contrato; ridade exigidos para o cargo de cia social, permanecerá filiado a
II – os controles e critérios destino, mantida a remuneração esse regime, no ente federativo
de avaliação de desempenho, do cargo de origem. de origem.
direitos, obrigações e responsa- § 14.  A aposentadoria conce-
bilidade dos dirigentes; dida com a utilização de tempo
III – a remuneração do pes- de contribuição decorrente de
Seção II – Dos Servidores
soal. cargo, emprego ou função públi- Públicos
§ 9o  O disposto no inciso XI ca, inclusive do Regime Geral de
aplica-se às empresas públicas Previdência Social, acarretará o Art. 39.  A União, os Estados, o
e às sociedades de economia rompimento do vínculo que gerou Distrito Federal e os Municípios
mista, e suas subsidiárias, que o referido tempo de contribuição. instituirão conselho de política
receberem recursos da União, § 15.  É vedada a complemen- de administração e remuneração
dos Estados, do Distrito Federal tação de aposentadorias de ser- de pessoal, integrado por servido-
ou dos Municípios para pagamen- vidores públicos e de pensões res designados pelos respectivos
to de despesas de pessoal ou de por morte a seus dependentes Poderes.4
custeio em geral. que não seja decorrente do dis- § 1o  A fixação dos padrões de
§ 10.  É vedada a percepção posto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou vencimento e dos demais compo-
simultânea de proventos de apo- que não seja prevista em lei que nentes do sistema remuneratório
sentadoria decorrentes do art. 40 extinga regime próprio de previ- observará:
ou dos arts. 42 e 142 com a re- dência social. I – a natureza, o grau de res-
muneração de cargo, emprego § 16.  Os órgãos e entidades ponsabilidade e a complexidade
ou função pública, ressalvados da administração pública, indi- dos cargos componentes de cada
os cargos acumuláveis na forma vidual ou conjuntamente, devem carreira;
desta Constituição, os cargos realizar avaliação das políticas II – os requisitos para a in-
eletivos e os cargos em comissão públicas, inclusive com divulga- vestidura;
declarados em lei de livre nome- ção do objeto a ser avaliado e III – as peculiaridades dos
ação e exoneração. dos resultados alcançados, na cargos.
§ 11.  Não serão computadas, forma da lei. § 2o  A União, os Estados e o
para efeito dos limites remune- Distrito Federal manterão escolas
ratórios de que trata o inciso XI Art. 38.  Ao servidor público da de governo para a formação e o
do caput deste artigo, as parcelas administração direta, autárquica aperfeiçoamento dos servido-
de caráter indenizatório previs- e fundacional, no exercício de res públicos, constituindo-se a
tas em lei. mandato eletivo, aplicam-se as participação nos cursos um dos
§ 12.  Para os fins do disposto seguintes disposições: requisitos para a promoção na
no inciso XI do caput deste arti- I – tratando-se de mandato carreira, facultada, para isso, a
go, fica facultado aos Estados e eletivo federal, estadual ou distri- celebração de convênios ou con-
ao Distrito Federal fixar, em seu tal, ficará afastado de seu cargo, tratos entre os entes federados.
âmbito, mediante emenda às res- emprego ou função; § 3o  Aplica-se aos servido-
pectivas Constituições e Lei Orgâ- II – investido no mandato de res ocupantes de cargo público
nica, como limite único, o subsídio Prefeito, será afastado do cargo, o disposto no art. 7o, IV, VII, VIII,
mensal dos Desembargadores do emprego ou função, sendo-lhe IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX,
respectivo Tribunal de Justiça, li- facultado optar pela sua remu- XX, XXII e XXX, podendo a lei esta-
mitado a noventa inteiros e vinte neração; belecer requisitos diferenciados
e cinco centésimos por cento do III – investido no mandato de admissão quando a natureza
subsídio mensal dos Ministros do de Vereador, havendo compati-
Supremo Tribunal Federal, não bilidade de horários, perceberá 4
  NE: o caput deste artigo teve a sua aplica-
se aplicando o disposto neste as vantagens de seu cargo, em- ção suspensa em caráter liminar, por força
parágrafo aos subsídios dos De- prego ou função, sem prejuízo da da ADI no 2.135. Redação anterior: “A União,
putados Estaduais e Distritais e remuneração do cargo eletivo, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
dos Vereadores. e, não havendo compatibilidade, instituirão, no âmbito de sua competência, re-
gime jurídico único e planos de carreira para
§ 13.  O servidor público titu- será aplicada a norma do inciso os servidores da administração pública direta,
lar de cargo efetivo poderá ser re- anterior; das autarquias e das fundações públicas”.

30
Constituição da República Federativa do Brasil
do cargo o exigir. térios que preservem o equilíbrio liação biopsicossocial realizada
§ 4o  O membro de Poder, o financeiro e atuarial. por equipe multiprofissional e
detentor de mandato eletivo, os § 1o  O servidor abrangido por interdisciplinar.
Ministros de Estado e os Secretá- regime próprio de previdência § 4o-B.  Poderão ser estabe-
rios Estaduais e Municipais serão social será aposentado: lecidos por lei complementar do
remunerados exclusivamente por I – por incapacidade perma- respectivo ente federativo idade
subsídio fixado em parcela única, nente para o trabalho, no cargo e tempo de contribuição diferen-
vedado o acréscimo de qualquer em que estiver investido, quan- ciados para aposentadoria de
gratificação, adicional, abono, do insuscetível de readaptação, ocupantes do cargo de agente
prêmio, verba de representação hipótese em que será obriga- penitenciário, de agente socioe-
ou outra espécie remuneratória, tória a realização de avaliações ducativo ou de policial dos órgãos
obedecido, em qualquer caso, o periódicas para verificação da de que tratam o inciso IV do caput
disposto no art. 37, X e XI. continuidade das condições que do art. 51, o inciso XIII do caput do
§ 5o  Lei da União, dos Es- ensejaram a concessão da apo- art. 52 e os incisos I a IV do caput
tados, do Distrito Federal e dos sentadoria, na forma de lei do do art. 144.
Municípios poderá estabelecer respectivo ente federativo; § 4o-C.  Poderão ser estabe-
a relação entre a maior e a me- II – compulsoriamente, com lecidos por lei complementar do
nor remuneração dos servidores proventos proporcionais ao tem- respectivo ente federativo idade
públicos, obedecido, em qualquer po de contribuição, aos 70 (se- e tempo de contribuição diferen-
caso, o disposto no art. 37, XI. tenta) anos de idade, ou aos 75 ciados para aposentadoria de
§ 6o  Os Poderes Executivo, (setenta e cinco) anos de idade, servidores cujas atividades sejam
Legislativo e Judiciário publicarão na forma de lei complementar; exercidas com efetiva exposição a
anualmente os valores do subsídio III – no âmbito da União, aos agentes químicos, físicos e bioló-
e da remuneração dos cargos e 62 (sessenta e dois) anos de idade, gicos prejudiciais à saúde, ou as-
empregos públicos. se mulher, e aos 65 (sessenta e sociação desses agentes, vedada
§ 7o  Lei da União, dos Es- cinco) anos de idade, se homem, a caracterização por categoria
tados, do Distrito Federal e dos e, no âmbito dos Estados, do Dis- profissional ou ocupação.
Municípios disciplinará a aplica- trito Federal e dos Municípios, § 5o  Os ocupantes do cargo
ção de recursos orçamentários na idade mínima estabelecida de professor terão idade mínima
provenientes da economia com mediante emenda às respectivas reduzida em 5 (cinco) anos em
despesas correntes em cada ór- Constituições e Leis Orgânicas, relação às idades decorrentes da
gão, autarquia e fundação, para observados o tempo de contri- aplicação do disposto no inciso
aplicação no desenvolvimento de buição e os demais requisitos es- III do §  1o, desde que compro-
programas de qualidade e pro- tabelecidos em lei complementar vem tempo de efetivo exercício
dutividade, treinamento e de- do respectivo ente federativo. das funções de magistério na
senvolvimento, modernização, § 2o  Os proventos de aposen- educação infantil e no ensino
reaparelhamento e racionalização tadoria não poderão ser inferiores fundamental e médio fixado em
do serviço público, inclusive sob ao valor mínimo a que se refere o lei complementar do respectivo
a forma de adicional ou prêmio § 2o do art. 201 ou superiores ao ente federativo.
de produtividade. limite máximo estabelecido para § 6o  Ressalvadas as aposen-
§ 8o  A remuneração dos ser- o Regime Geral de Previdência tadorias decorrentes dos car-
vidores públicos organizados em Social, observado o disposto nos gos acumuláveis na forma desta
carreira poderá ser fixada nos §§ 14 a 16. Constituição, é vedada a percep-
termos do § 4o. § 3o  As regras para cálculo de ção de mais de uma aposenta-
§ 9o  É vedada a incorporação proventos de aposentadoria serão doria à conta de regime próprio
de vantagens de caráter temporá- disciplinadas em lei do respectivo de previdência social, aplican-
rio ou vinculadas ao exercício de ente federativo. do-se outras vedações, regras
função de confiança ou de cargo § 4o  É vedada a adoção de e condições para a acumulação
em comissão à remuneração do requisitos ou critérios diferencia- de benefícios previdenciários es-
cargo efetivo. dos para concessão de benefícios tabelecidas no Regime Geral de
em regime próprio de previdência Previdência Social.
Art. 40.  O regime próprio de social, ressalvado o disposto nos § 7o  Observado o disposto no
previdência social dos servidores §§ 4o‑A, 4o‑B, 4o‑C e 5o. § 2o do art. 201, quando se tratar
titulares de cargos efetivos terá § 4o-A.  Poderão ser estabe- da única fonte de renda formal
caráter contributivo e solidário, lecidos por lei complementar do auferida pelo dependente, o be-
mediante contribuição do res- respectivo ente federativo idade nefício de pensão por morte será
pectivo ente federativo, de ser- e tempo de contribuição dife- concedido nos termos de lei do
vidores ativos, de aposentados e renciados para aposentadoria respectivo ente federativo, a qual
de pensionistas, observados cri- de servidores com deficiência, tratará de forma diferenciada a
previamente submetidos a ava- hipótese de morte dos servidores

31
Constituição da República Federativa do Brasil
de que trata o § 4o‑B decorrente dorias e das pensões em regime nanciamento, observados os cri-
de agressão sofrida no exercício próprio de previdência social, térios, os parâmetros e a natureza
ou em razão da função. ressalvado o disposto no § 16. jurídica definidos na lei comple-
§ 8o  É assegurado o rea- § 15.  O regime de previdência mentar de que trata o § 22.
justamento dos benefícios para complementar de que trata o § 14 § 21.  (Revogado)
preservar-lhes, em caráter per- oferecerá plano de benefícios so- § 22.  Vedada a instituição de
manente, o valor real, conforme mente na modalidade contribui- novos regimes próprios de pre-
critérios estabelecidos em lei. ção definida, observará o disposto vidência social, lei complemen-
§ 9o  O tempo de contribuição no art. 202 e será efetivado por tar federal estabelecerá, para os
federal, estadual, distrital ou mu- intermédio de entidade fechada que já existam, normas gerais de
nicipal será contado para fins de de previdência complementar ou organização, de funcionamento
aposentadoria, observado o dis- de entidade aberta de previdência e de responsabilidade em sua
posto nos §§ 9o e 9o‑A do art. 201, complementar. gestão, dispondo, entre outros
e o tempo de serviço correspon- § 16.  Somente mediante sua aspectos, sobre:
dente será contado para fins de prévia e expressa opção, o dis- I – requisitos para sua ex-
disponibilidade. posto nos §§ 14 e 15 poderá ser tinção e consequente migração
§ 10.  A lei não poderá esta- aplicado ao servidor que tiver para o Regime Geral de Previdên-
belecer qualquer forma de con- ingressado no serviço público cia Social;
tagem de tempo de contribuição até a data da publicação do ato II – modelo de arrecadação,
fictício. de instituição do corresponden- de aplicação e de utilização dos
§ 11.  Aplica-se o limite fixado te regime de previdência com- recursos;
no art. 37, XI, à soma total dos pro- plementar. III – fiscalização pela União e
ventos de inatividade, inclusive § 17.  Todos os valores de re- controle externo e social;
quando decorrentes da acumu- muneração considerados para o IV – definição de equilíbrio
lação de cargos ou empregos cálculo do benefício previsto no financeiro e atuarial;
públicos, bem como de outras § 3o serão devidamente atualiza- V – condições para instituição
atividades sujeitas a contribuição dos, na forma da lei. do fundo com finalidade previ-
para o regime geral de previdên- § 18.  Incidirá contribuição denciária de que trata o art. 249 e
cia social, e ao montante resul- sobre os proventos de aposenta- para vinculação a ele dos recursos
tante da adição de proventos de dorias e pensões concedidas pelo provenientes de contribuições
inatividade com remuneração regime de que trata este artigo e dos bens, direitos e ativos de
de cargo acumulável na forma que superem o limite máximo qualquer natureza;
desta Constituição, cargo em co- estabelecido para os benefícios VI – mecanismos de equa-
missão declarado em lei de livre do regime geral de previdência cionamento do déficit atuarial;
nomeação e exoneração, e de social de que trata o art. 201, com VII – estruturação do órgão
cargo eletivo. percentual igual ao estabelecido ou entidade gestora do regime,
§ 12.  Além do disposto neste para os servidores titulares de observados os princípios relacio-
artigo, serão observados, em re- cargos efetivos. nados com governança, controle
gime próprio de previdência so- § 19.  Observados critérios a interno e transparência;
cial, no que couber, os requisitos serem estabelecidos em lei do VIII – condições e hipóteses
e critérios fixados para o Regime respectivo ente federativo, o ser- para responsabilização daqueles
Geral de Previdência Social. vidor titular de cargo efetivo que que desempenhem atribuições
§ 13.  Aplica-se ao agente pú- tenha completado as exigências relacionadas, direta ou indireta-
blico ocupante, exclusivamente, para a aposentadoria voluntária mente, com a gestão do regime;
de cargo em comissão declarado e que opte por permanecer em IX – condições para adesão a
em lei de livre nomeação e exone- atividade poderá fazer jus a um consórcio público;
ração, de outro cargo temporário, abono de permanência equiva- X – parâmetros para apuração
inclusive mandato eletivo, ou de lente, no máximo, ao valor da sua da base de cálculo e definição de
emprego público, o Regime Geral contribuição previdenciária, até alíquota de contribuições ordiná-
de Previdência Social. completar a idade para aposen- rias e extraordinárias.
§ 14.  A União, os Estados, o tadoria compulsória.
Distrito Federal e os Municípios § 20.  É vedada a existência Art. 41.  São estáveis após três
instituirão, por lei de iniciativa do de mais de um regime próprio anos de efetivo exercício os ser-
respectivo Poder Executivo, regi- de previdência social e de mais vidores nomeados para cargo de
me de previdência complementar de um órgão ou entidade gesto- provimento efetivo em virtude de
para servidores públicos ocupan- ra desse regime em cada ente concurso público.
tes de cargo efetivo, observado federativo, abrangidos todos os § 1o  O servidor público está-
o limite máximo dos benefícios poderes, órgãos e entidades au- vel só perderá o cargo:
do Regime Geral de Previdência tárquicas e fundacionais, que I – em virtude de sentença
Social para o valor das aposenta- serão responsáveis pelo seu fi- judicial transitada em julgado;

32
Constituição da República Federativa do Brasil
II – mediante processo admi- dos Estados, do Distrito Federal TÍTULO IV – DA
nistrativo em que lhe seja asse- e dos Territórios o disposto no ORGANIZAÇÃO DOS
gurada ampla defesa; art. 37, inciso XVI, com prevalên-
III – mediante procedimento cia da atividade militar.
PODERES
de avaliação periódica de de- CAPÍTULO I – DO PODER
sempenho, na forma de lei com- LEGISLATIVO
plementar, assegurada ampla
Seção IV – Das Regiões
defesa. Seção I – Do Congresso
§ 2o  Invalidada por sentença Art. 43.  Para efeitos adminis- Nacional
judicial a demissão do servidor trativos, a União poderá articular
estável, será ele reintegrado, e sua ação em um mesmo complexo Art. 44.  O Poder Legislativo é
o eventual ocupante da vaga, se geoeconômico e social, visando exercido pelo Congresso Nacio-
estável, reconduzido ao cargo de a seu desenvolvimento e à redu- nal, que se compõe da Câma-
origem, sem direito a indeniza- ção das desigualdades regionais. ra dos Deputados e do Senado
ção, aproveitado em outro car- § 1o  Lei complementar dis- Federal.
go ou posto em disponibilidade porá sobre: Parágrafo único.  Cada legis-
com remuneração proporcional I – as condições para inte- latura terá a duração de quatro
ao tempo de serviço. gração de regiões em desenvol- anos.
§ 3o  Extinto o cargo ou de- vimento;
clarada a sua desnecessidade, II – a composição dos organis- Art. 45.  A Câmara dos Deputa-
o servidor estável ficará em dis- mos regionais que executarão, na dos compõe-se de representan-
ponibilidade, com remuneração forma da lei, os planos regionais, tes do povo, eleitos, pelo sistema
proporcional ao tempo de serviço, integrantes dos planos nacionais proporcional, em cada Estado,
até seu adequado aproveitamento de desenvolvimento econômico em cada Território e no Distrito
em outro cargo. e social, aprovados juntamente Federal.
§ 4o  Como condição para com estes. § 1o  O número total de De-
a aquisição da estabilidade, é § 2o  Os incentivos regionais putados, bem como a represen-
obrigatória a avaliação especial compreenderão, além de outros, tação por Estado e pelo Distrito
de desempenho por comissão na forma da lei: Federal, será estabelecido por lei
instituída para essa finalidade. I – igualdade de tarifas, fretes, complementar, proporcionalmen-
seguros e outros itens de custos te à população, procedendo-se
e preços de responsabilidade do aos ajustes necessários, no ano
Seção III – Dos Militares dos Poder Público; anterior às eleições, para que
Estados, do Distrito Federal II – juros favorecidos para fi- nenhuma daquelas unidades da
e dos Territórios nanciamento de atividades prio- Federação tenha menos de oito
ritárias; ou mais de setenta Deputados.
Art. 42.  Os membros das Polí- III – isenções, reduções ou § 2o  Cada Território elegerá
cias Militares e Corpos de Bom- diferimento temporário de tribu- quatro Deputados.
beiros Militares, instituições or- tos federais devidos por pessoas
ganizadas com base na hierarquia físicas ou jurídicas; Art. 46.  O Senado Federal com-
e disciplina, são militares dos IV – prioridade para o apro- põe-se de representantes dos Es-
Estados, do Distrito Federal e veitamento econômico e social tados e do Distrito Federal, eleitos
dos Territórios. dos rios e das massas de água segundo o princípio majoritário.
§ 1o  Aplicam-se aos militares represadas ou represáveis nas § 1o  Cada Estado e o Distrito
dos Estados, do Distrito Federal e regiões de baixa renda, sujeitas Federal elegerão três Senadores,
dos Territórios, além do que vier a a secas periódicas. com mandato de oito anos.
ser fixado em lei, as disposições § 3o  Nas áreas a que se re- § 2o  A representação de cada
do art. 14, § 8o; do art. 40, § 9o; e fere o § 2o, IV, a União incentivará Estado e do Distrito Federal será
do art. 142, §§ 2o e 3o, cabendo a a recuperação de terras áridas renovada de quatro em quatro
lei estadual específica dispor so- e cooperará com os pequenos e anos, alternadamente, por um e
bre as matérias do art. 142, § 3o, médios proprietários rurais para o dois terços.
inciso X, sendo as patentes dos estabelecimento, em suas glebas, § 3o  Cada Senador será eleito
oficiais conferidas pelos respec- de fontes de água e de pequena com dois suplentes.
tivos governadores. irrigação.
§ 2o  Aos pensionistas dos Art. 47.  Salvo disposição consti-
militares dos Estados, do Distrito tucional em contrário, as delibera-
Federal e dos Territórios aplica-se ções de cada Casa e de suas Co-
o que for fixado em lei específica missões serão tomadas por maio-
do respectivo ente estatal. ria dos votos, presente a maioria
§ 3o  Aplica-se aos militares absoluta de seus membros.

33
Constituição da República Federativa do Brasil
Seção II – Das Atribuições do Art. 49.  É da competência ex- da União;
Congresso Nacional clusiva do Congresso Nacional: XIV – aprovar iniciativas do
I – resolver definitivamente Poder Executivo referentes a ati-
Art. 48.  Cabe ao Congresso Na- sobre tratados, acordos ou atos vidades nucleares;
cional, com a sanção do Presiden- internacionais que acarretem en- XV – autorizar referendo e
te da República, não exigida esta cargos ou compromissos gravo- convocar plebiscito;
para o especificado nos arts. 49, sos ao patrimônio nacional; XVI – autorizar, em terras in-
51 e 52, dispor sobre todas as ma- II – autorizar o Presidente dígenas, a exploração e o apro-
térias de competência da União, da República a declarar guerra, veitamento de recursos hídricos
especialmente sobre: a celebrar a paz, a permitir que e a pesquisa e lavra de riquezas
I – sistema tributário, arreca- forças estrangeiras transitem minerais;
dação e distribuição de rendas; pelo território nacional ou nele XVII – aprovar, previamente, a
II – plano plurianual, diretri- permaneçam temporariamente, alienação ou concessão de terras
zes orçamentárias, orçamento ressalvados os casos previstos públicas com área superior a dois
anual, operações de crédito, dí- em lei complementar; mil e quinhentos hectares;
vida pública e emissões de curso III – autorizar o Presidente e XVIII – decretar o estado de
forçado; o Vice-Presidente da República a calamidade pública de âmbito
III – fixação e modificação se ausentarem do País, quando a nacional previsto nos arts. 167‑B,
do efetivo das Forças Armadas; ausência exceder a quinze dias; 167‑C, 167‑D, 167‑E, 167‑F e 167‑G
IV – planos e programas na- IV – aprovar o estado de de- desta Constituição.
cionais, regionais e setoriais de fesa e a intervenção federal,
desenvolvimento; autorizar o estado de sítio, ou Art. 50.  A Câmara dos Deputa-
V – limites do território na- suspender qualquer uma dessas dos e o Senado Federal, ou qual-
cional, espaço aéreo e marítimo medidas; quer de suas Comissões, poderão
e bens do domínio da União; V – sustar os atos normativos convocar Ministro de Estado ou
VI – incorporação, subdivisão do Poder Executivo que exorbitem quaisquer titulares de órgãos di-
ou desmembramento de áreas do poder regulamentar ou dos retamente subordinados à Presi-
de Territórios ou Estados, ouvi- limites de delegação legislativa; dência da República para presta-
das as respectivas Assembleias VI – mudar temporariamente rem, pessoalmente, informações
Legislativas; sua sede; sobre assunto previamente deter-
VII – transferência temporá- VII – fixar idêntico subsídio minado, importando em crime de
ria da sede do Governo Federal; para os Deputados Federais e responsabilidade a ausência sem
VIII – concessão de anistia; os Senadores, observado o que justificação adequada.
IX – organização administra- dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4o, § 1o  Os Ministros de Estado
tiva, judiciária, do Ministério Pú- 150, II, 153, III, e 153, § 2o, I; poderão comparecer ao Senado
blico e da Defensoria Pública da VIII – fixar os subsídios do Federal, à Câmara dos Deputados,
União e dos Territórios e organi- Presidente e do Vice-Presidente ou a qualquer de suas Comissões,
zação judiciária e do Ministério da República e dos Ministros de por sua iniciativa e mediante en-
Público do Distrito Federal; Estado, observado o que dispõem tendimentos com a Mesa respec-
X – criação, transformação os arts. 37, XI, 39, § 4o, 150, II, 153, tiva, para expor assunto de rele-
e extinção de cargos, empregos III, e 153, § 2o, I; vância de seu Ministério.
e funções públicas, observado o IX – julgar anualmente as con- § 2o  As Mesas da Câmara dos
que estabelece o art. 84, VI, “b”; tas prestadas pelo Presidente da Deputados e do Senado Fede-
XI – criação e extinção de República e apreciar os relatórios ral poderão encaminhar pedidos
Ministérios e órgãos da adminis- sobre a execução dos planos de escritos de informação a Minis-
tração pública; governo; tros de Estado ou a qualquer das
XII – telecomunicações e ra- X – fiscalizar e controlar, di- pessoas referidas no caput deste
diodifusão; retamente, ou por qualquer de artigo, importando em crime de
XIII – matéria financeira, cam- suas Casas, os atos do Poder responsabilidade a recusa, ou
bial e monetária, instituições fi- Executivo, incluídos os da admi- o não atendimento no prazo de
nanceiras e suas operações; nistração indireta; trinta dias, bem como a prestação
XIV – moeda, seus limites de XI – zelar pela preservação de de informações falsas.
emissão, e montante da dívida sua competência legislativa em
mobiliária federal; face da atribuição normativa dos
XV – fixação do subsídio dos outros Poderes;
Ministros do Supremo Tribunal XII – apreciar os atos de con-
Federal, observado o que dispõem cessão e renovação de concessão
os arts. 39, § 4o; 150, II; 153, III; e de emissoras de rádio e televisão;
153, § 2o, I. XIII – escolher dois terços dos
membros do Tribunal de Contas

34
Constituição da República Federativa do Brasil
Seção III – Da Câmara dos Presidente da República; os parâmetros estabelecidos na
Deputados c)  Governador de Território; lei de diretrizes orçamentárias;
d)  presidente e diretores do XIV – eleger membros do Con-
Art. 51.  Compete privativamente banco central; selho da República, nos termos
à Câmara dos Deputados: e)  Procurador-Geral da Re- do art. 89, VII;
I – autorizar, por dois terços pública; XV – avaliar periodicamente a
de seus membros, a instauração f)  titulares de outros cargos funcionalidade do Sistema Tribu-
de processo contra o Presidente que a lei determinar; tário Nacional, em sua estrutura
e o Vice-Presidente da República IV – aprovar previamente, por e seus componentes, e o desem-
e os Ministros de Estado; voto secreto, após arguição em penho das administrações tribu-
II – proceder à tomada de sessão secreta, a escolha dos tárias da União, dos Estados e do
contas do Presidente da Repú- chefes de missão diplomática de Distrito Federal e dos Municípios.
blica, quando não apresentadas caráter permanente; Parágrafo único.  Nos casos
ao Congresso Nacional dentro de V – autorizar operações ex- previstos nos incisos I e II, funcio-
sessenta dias após a abertura da ternas de natureza financeira, de nará como Presidente o do Supre-
sessão legislativa; interesse da União, dos Estados, mo Tribunal Federal, limitando-se
III – elaborar seu regimento do Distrito Federal, dos Territórios a condenação, que somente será
interno; e dos Municípios; proferida por dois terços dos vo-
IV – dispor sobre sua orga- VI – fixar, por proposta do tos do Senado Federal, à perda do
nização, funcionamento, polícia, Presidente da República, limites cargo, com inabilitação, por oito
criação, transformação ou ex- globais para o montante da dí- anos, para o exercício de função
tinção dos cargos, empregos e vida consolidada da União, dos pública, sem prejuízo das demais
funções de seus serviços, e a ini- Estados, do Distrito Federal e sanções judiciais cabíveis.
ciativa de lei para fixação da res- dos Municípios;
pectiva remuneração, observados VII – dispor sobre limites glo-
os parâmetros estabelecidos na bais e condições para as opera-
Seção V – Dos Deputados e
lei de diretrizes orçamentárias; ções de crédito externo e interno dos Senadores
V – eleger membros do Con- da União, dos Estados, do Distrito
selho da República, nos termos Federal e dos Municípios, de suas Art. 53.  Os Deputados e Sena-
do art. 89, VII. autarquias e demais entidades dores são invioláveis, civil e pe-
controladas pelo Poder Público nalmente, por quaisquer de suas
federal; opiniões, palavras e votos.
Seção IV – Do Senado VIII – dispor sobre limites e § 1o  Os Deputados e Sena-
Federal condições para a concessão de dores, desde a expedição do di-
garantia da União em operações ploma, serão submetidos a julga-
Art. 52.  Compete privativamen- de crédito externo e interno; mento perante o Supremo Tribu-
te ao Senado Federal: IX – estabelecer limites glo- nal Federal.
I – processar e julgar o Pre- bais e condições para o mon- § 2o  Desde a expedição do
sidente e o Vice-Presidente da tante da dívida mobiliária dos diploma, os membros do Con-
República nos crimes de respon- Estados, do Distrito Federal e gresso Nacional não poderão ser
sabilidade, bem como os Ministros dos Municípios; presos, salvo em flagrante de
de Estado e os Comandantes da X – suspender a execução, no crime inafiançável. Nesse caso,
Marinha, do Exército e da Aero- todo ou em parte, de lei declara- os autos serão remetidos dentro
náutica nos crimes da mesma da inconstitucional por decisão de vinte e quatro horas à Casa
natureza conexos com aqueles; definitiva do Supremo Tribunal respectiva, para que, pelo voto
II – processar e julgar os Mi- Federal; da maioria de seus membros,
nistros do Supremo Tribunal Fe- XI – aprovar, por maioria ab- resolva sobre a prisão.
deral, os membros do Conselho soluta e por voto secreto, a exo- § 3o  Recebida a denúncia
Nacional de Justiça e do Conselho neração, de ofício, do Procura- contra Senador ou Deputado, por
Nacional do Ministério Público, o dor-Geral da República antes do crime ocorrido após a diploma-
Procurador-Geral da República e término de seu mandato; ção, o Supremo Tribunal Federal
o Advogado-Geral da União nos XII – elaborar seu regimento dará ciência à Casa respectiva,
crimes de responsabilidade; interno; que, por iniciativa de partido polí-
III – aprovar previamente, por XIII – dispor sobre sua orga- tico nela representado e pelo voto
voto secreto, após arguição pú- nização, funcionamento, polícia, da maioria de seus membros, po-
blica, a escolha de: criação, transformação ou ex- derá, até a decisão final, sustar o
a)  magistrados, nos casos tinção dos cargos, empregos e andamento da ação.
estabelecidos nesta Constituição; funções de seus serviços, e a ini- § 4o  O pedido de sustação
b)  Ministros do Tribunal de ciativa de lei para a fixação da res- será apreciado pela Casa res-
Contas da União indicados pelo pectiva remuneração, observados pectiva no prazo improrrogável

35
Constituição da República Federativa do Brasil
de quarenta e cinco dias do seu ciso I, “a”; I – investido no cargo de Mi-
recebimento pela Mesa Diretora. d)  ser titulares de mais de um nistro de Estado, Governador de
§ 5o  A sustação do processo cargo ou mandato público eletivo. Território, Secretário de Esta-
suspende a prescrição, enquanto do, do Distrito Federal, de Ter-
durar o mandato. Art. 55.  Perderá o mandato o ritório, de Prefeitura de Capital
§ 6o  Os Deputados e Senado- Deputado ou Senador: ou chefe de missão diplomática
res não serão obrigados a teste- I – que infringir qualquer das temporária;
munhar sobre informações rece- proibições estabelecidas no arti- II – licenciado pela respectiva
bidas ou prestadas em razão do go anterior; Casa por motivo de doença, ou
exercício do mandato, nem sobre II – cujo procedimento for para tratar, sem remuneração,
as pessoas que lhes confiaram ou declarado incompatível com o de interesse particular, desde
deles receberam informações. decoro parlamentar; que, neste caso, o afastamento
§ 7o  A incorporação às For- III – que deixar de compare- não ultrapasse cento e vinte dias
ças Armadas de Deputados e cer, em cada sessão legislativa, por sessão legislativa.
Senadores, embora militares e à terça parte das sessões ordi- § 1o  O suplente será convoca-
ainda que em tempo de guerra, nárias da Casa a que pertencer, do nos casos de vaga, de investi-
dependerá de prévia licença da salvo licença ou missão por esta dura em funções previstas neste
Casa respectiva. autorizada; artigo ou de licença superior a
§ 8o  As imunidades de Depu- IV – que perder ou tiver sus- cento e vinte dias.
tados ou Senadores subsistirão pensos os direitos políticos; § 2o  Ocorrendo vaga e não
durante o estado de sítio, só po- V – quando o decretar a Jus- havendo suplente, far-se-á elei-
dendo ser suspensas mediante o tiça Eleitoral, nos casos previstos ção para preenchê-la se faltarem
voto de dois terços dos membros nesta Constituição; mais de quinze meses para o tér-
da Casa respectiva, nos casos de VI – que sofrer condenação mino do mandato.
atos praticados fora do recinto do criminal em sentença transitada § 3o  Na hipótese do inciso
Congresso Nacional, que sejam em julgado. I, o Deputado ou Senador pode-
incompatíveis com a execução § 1o  É incompatível com o rá optar pela remuneração do
da medida. decoro parlamentar, além dos mandato.
casos definidos no regimento in-
Art. 54.  Os Deputados e Sena- terno, o abuso das prerrogativas
dores não poderão: asseguradas a membro do Con-
Seção VI – Das Reuniões
I – desde a expedição do di- gresso Nacional ou a percepção
ploma: de vantagens indevidas. Art. 57.  O Congresso Nacional
a)  firmar ou manter contra- § 2o  Nos casos dos incisos I, reunir-se-á, anualmente, na Ca-
to com pessoa jurídica de direi- II e VI, a perda do mandato será pital Federal, de 2 de fevereiro a
to público, autarquia, empresa decidida pela Câmara dos Depu- 17 de julho e de 1o de agosto a 22
pública, sociedade de economia tados ou pelo Senado Federal, por de dezembro.
mista ou empresa concessionária maioria absoluta, mediante pro- § 1o  As reuniões marcadas
de serviço público, salvo quando vocação da respectiva Mesa ou de para essas datas serão transfe-
o contrato obedecer a cláusulas partido político representado no ridas para o primeiro dia útil sub-
uniformes; Congresso Nacional, assegurada sequente, quando recaírem em
b)  aceitar ou exercer cargo, ampla defesa. sábados, domingos ou feriados.
função ou emprego remunerado, § 3o  Nos casos previstos nos § 2o  A sessão legislativa não
inclusive os de que sejam demis- incisos III a V, a perda será de- será interrompida sem a aprova-
síveis ad nutum, nas entidades clarada pela Mesa da Casa res- ção do projeto de lei de diretrizes
constantes da alínea anterior; pectiva, de ofício ou mediante orçamentárias.
II – desde a posse: provocação de qualquer de seus § 3o  Além de outros casos
a)  ser proprietários, contro- membros, ou de partido político previstos nesta Constituição, a
ladores ou diretores de empresa representado no Congresso Na- Câmara dos Deputados e o Se-
que goze de favor decorrente de cional, assegurada ampla defesa. nado Federal reunir-se-ão em
contrato com pessoa jurídica de § 4o  A renúncia de parlamen- sessão conjunta para:
direito público, ou nela exercer tar submetido a processo que I – inaugurar a sessão legis-
função remunerada; vise ou possa levar à perda do lativa;
b)  ocupar cargo ou função mandato, nos termos deste arti- II – elaborar o regimento co-
de que sejam demissíveis ad nu- go, terá seus efeitos suspensos mum e regular a criação de servi-
tum, nas entidades referidas no até as deliberações finais de que ços comuns às duas Casas;
inciso I, “a”; tratam os §§ 2o e 3o. III – receber o compromisso
c)  patrocinar causa em que do Presidente e do Vice-Presi-
seja interessada qualquer das Art. 56.  Não perderá o mandato dente da República;
entidades a que se refere o in- o Deputado ou Senador: IV – conhecer do veto e sobre

36
Constituição da República Federativa do Brasil
ele deliberar. Seção VII – Das Comissões rá uma Comissão representativa
§ 4o  Cada uma das Casas do Congresso Nacional, eleita
reunir-se-á em sessões prepa- Art. 58.  O Congresso Nacional por suas Casas na última sessão
ratórias, a partir de 1o de fevereiro, e suas Casas terão comissões ordinária do período legislativo,
no primeiro ano da legislatura, permanentes e temporárias, com atribuições definidas no regi-
para a posse de seus membros constituídas na forma e com as mento comum, cuja composição
e eleição das respectivas Mesas, atribuições previstas no respec- reproduzirá, quanto possível, a
para mandato de 2 (dois) anos, ve- tivo regimento ou no ato de que proporcionalidade da represen-
dada a recondução para o mesmo resultar sua criação. tação partidária.
cargo na eleição imediatamente § 1o  Na constituição das Me-
subsequente. sas e de cada Comissão, é asse-
§ 5o  A Mesa do Congresso gurada, tanto quanto possível, a
Seção VIII – Do Processo
Nacional será presidida pelo Pre- representação proporcional dos Legislativo
sidente do Senado Federal, e os partidos ou dos blocos parlamen- Subseção I – Disposição
demais cargos serão exercidos, tares que participam da respec- Geral
alternadamente, pelos ocupan- tiva Casa.
tes de cargos equivalentes na § 2o  Às comissões, em razão Art. 59.  O processo legislativo
Câmara dos Deputados e no Se- da matéria de sua competência, compreende a elaboração de:
nado Federal. cabe: I – emendas à Constituição;
§ 6o  A convocação extraor- I – discutir e votar projeto de II – leis complementares;
dinária do Congresso Nacional lei que dispensar, na forma do re- III – leis ordinárias;
far-se-á: gimento, a competência do Ple- IV – leis delegadas;
I – pelo Presidente do Senado nário, salvo se houver recurso de V – medidas provisórias;
Federal, em caso de decretação um décimo dos membros da Casa; VI – decretos legislativos;
de estado de defesa ou de in- II – realizar audiências pú- VII – resoluções.
tervenção federal, de pedido de blicas com entidades da socie- Parágrafo único.  Lei com-
autorização para a decretação de dade civil; plementar disporá sobre a ela-
estado de sítio e para o compro- III – convocar Ministros de boração, redação, alteração e
misso e a posse do Presidente e Estado para prestar informações consolidação das leis.
do Vice-Presidente da República; sobre assuntos inerentes a suas
II – pelo Presidente da Repú- atribuições;
blica, pelos Presidentes da Câma- IV – receber petições, recla-
Subseção II – Da Emenda à
ra dos Deputados e do Senado mações, representações ou quei- Constituição
Federal ou a requerimento da xas de qualquer pessoa contra
maioria dos membros de ambas atos ou omissões das autoridades Art. 60.  A Constituição pode-
as Casas, em caso de urgência ou entidades públicas; rá ser emendada mediante pro-
ou interesse público relevante, V – solicitar depoimento de posta:
em todas as hipóteses deste in- qualquer autoridade ou cidadão; I – de um terço, no mínimo,
ciso com a aprovação da maioria VI – apreciar programas de dos membros da Câmara dos De-
absoluta de cada uma das Casas obras, planos nacionais, regionais putados ou do Senado Federal;
do Congresso Nacional. e setoriais de desenvolvimento e II – do Presidente da Repú-
§ 7o  Na sessão legislativa sobre eles emitir parecer. blica;
extraordinária, o Congresso Na- § 3o  As comissões parlamen- III – de mais da metade das
cional somente deliberará sobre tares de inquérito, que terão po- Assembleias Legislativas das uni-
a matéria para a qual foi convoca- deres de investigação próprios dades da Federação, manifestan-
do, ressalvada a hipótese do § 8o das autoridades judiciais, além de do-se, cada uma delas, pela maio-
deste artigo, vedado o pagamento outros previstos nos regimentos ria relativa de seus membros.
de parcela indenizatória, em razão das respectivas Casas, serão cria- § 1o  A Constituição não po-
da convocação. das pela Câmara dos Deputados e derá ser emendada na vigência
§ 8o  Havendo medidas pro- pelo Senado Federal, em conjunto de intervenção federal, de estado
visórias em vigor na data de ou separadamente, mediante re- de defesa ou de estado de sítio.
convocação extraordinária do querimento de um terço de seus § 2o  A proposta será discuti-
Congresso Nacional, serão elas membros, para a apuração de fato da e votada em cada Casa do Con-
automaticamente incluídas na determinado e por prazo certo, gresso Nacional, em dois turnos,
pauta da convocação. sendo suas conclusões, se for o considerando-se aprovada se ob-
caso, encaminhadas ao Ministé- tiver, em ambos, três quintos dos
rio Público, para que promova a votos dos respectivos membros.
responsabilidade civil ou criminal § 3o  A emenda à Constituição
dos infratores. será promulgada pelas Mesas da
§ 4o  Durante o recesso, have- Câmara dos Deputados e do Se-

37
Constituição da República Federativa do Brasil
nado Federal, com o respectivo ção pública, observado o disposto e 12 perderão eficácia, desde a
número de ordem. no art. 84, VI; edição, se não forem converti-
§ 4o  Não será objeto de de- f)  militares das Forças Ar- das em lei no prazo de sessenta
liberação a proposta de emenda madas, seu regime jurídico, pro- dias, prorrogável, nos termos do
tendente a abolir: vimento de cargos, promoções, § 7o, uma vez por igual período,
I – a forma federativa de Es- estabilidade, remuneração, refor- devendo o Congresso Nacional
tado; ma e transferência para a reserva. disciplinar, por decreto legisla-
II – o voto direto, secreto, uni- § 2o  A iniciativa popular pode tivo, as relações jurídicas delas
versal e periódico; ser exercida pela apresentação à decorrentes.
III – a separação dos Poderes; Câmara dos Deputados de projeto § 4o  O prazo a que se refere
IV – os direitos e garantias de lei subscrito por, no mínimo, o § 3o contar-se-á da publicação
individuais. um por cento do eleitorado na- da medida provisória, suspen-
§ 5o  A matéria constante de cional, distribuído pelo menos dendo-se durante os períodos de
proposta de emenda rejeitada ou por cinco Estados, com não me- recesso do Congresso Nacional.
havida por prejudicada não pode nos de três décimos por cento § 5o  A deliberação de cada
ser objeto de nova proposta na dos eleitores de cada um deles. uma das Casas do Congresso Na-
mesma sessão legislativa. cional sobre o mérito das medi-
Art. 62.  Em caso de relevância das provisórias dependerá de
e urgência, o Presidente da Re- juízo prévio sobre o atendimento
Subseção III – Das Leis pública poderá adotar medidas de seus pressupostos constitu-
provisórias, com força de lei, de- cionais.
Art. 61.  A iniciativa das leis com- vendo submetê-las de imediato § 6o  Se a medida provisória
plementares e ordinárias cabe a ao Congresso Nacional. não for apreciada em até quaren-
qualquer membro ou Comissão § 1o  É vedada a edição de me- ta e cinco dias contados de sua
da Câmara dos Deputados, do didas provisórias sobre matéria: publicação, entrará em regime de
Senado Federal ou do Congresso I – relativa a: urgência, subsequentemente, em
Nacional, ao Presidente da Repú- a)  nacionalidade, cidadania, cada uma das Casas do Congres-
blica, ao Supremo Tribunal Fede- direitos políticos, partidos políti- so Nacional, ficando sobrestadas,
ral, aos Tribunais Superiores, ao cos e direito eleitoral; até que se ultime a votação, todas
Procurador-Geral da República e b)  direito penal, processual as demais deliberações legis-
aos cidadãos, na forma e nos ca- penal e processual civil; lativas da Casa em que estiver
sos previstos nesta Constituição. c)  organização do Poder Ju- tramitando.
§ 1o  São de iniciativa priva- diciário e do Ministério Público, § 7o  Prorrogar-se-á uma úni-
tiva do Presidente da República a carreira e a garantia de seus ca vez por igual período a vigên-
as leis que: membros; cia de medida provisória que, no
I – fixem ou modifiquem os d)  planos plurianuais, diretri- prazo de sessenta dias, contado
efetivos das Forças Armadas; zes orçamentárias, orçamento e de sua publicação, não tiver a
II – disponham sobre: créditos adicionais e suplemen- sua votação encerrada nas duas
a)  criação de cargos, funções tares, ressalvado o previsto no Casas do Congresso Nacional.
ou empregos públicos na admi- art. 167, § 3o; § 8o  As medidas provisórias
nistração direta e autárquica ou II – que vise a detenção ou terão sua votação iniciada na
aumento de sua remuneração; sequestro de bens, de poupança Câmara dos Deputados.
b)  organização administrati- popular ou qualquer outro ativo § 9o  Caberá à comissão mista
va e judiciária, matéria tributária financeiro; de Deputados e Senadores exa-
e orçamentária, serviços públicos III – reservada a lei comple- minar as medidas provisórias e
e pessoal da administração dos mentar; sobre elas emitir parecer, antes
Territórios; IV – já disciplinada em projeto de serem apreciadas, em sessão
c)  servidores públicos da de lei aprovado pelo Congresso separada, pelo plenário de cada
União e Territórios, seu regime Nacional e pendente de sanção ou uma das Casas do Congresso Na-
jurídico, provimento de cargos, veto do Presidente da República. cional.
estabilidade e aposentadoria; § 2o  Medida provisória que § 10.  É vedada a reedição,
d)  organização do Ministério implique instituição ou majoração na mesma sessão legislativa, de
Público e da Defensoria Pública da de impostos, exceto os previstos medida provisória que tenha sido
União, bem como normas gerais nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, rejeitada ou que tenha perdido
para a organização do Ministério só produzirá efeitos no exercício sua eficácia por decurso de prazo.
Público e da Defensoria Pública financeiro seguinte se houver sido § 11.  Não editado o decreto
dos Estados, do Distrito Federal convertida em lei até o último dia legislativo a que se refere o § 3o
e dos Territórios; daquele em que foi editada. até sessenta dias após a rejeição
e)  criação e extinção de Mi- § 3o  As medidas provisórias, ou perda de eficácia de medida
nistérios e órgãos da administra- ressalvado o disposto nos §§  11 provisória, as relações jurídicas

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Constituição da República Federativa do Brasil
constituídas e decorrentes de revisora o aprovar, ou arquivado, de qualquer das Casas do Con-
atos praticados durante sua vi- se o rejeitar. gresso Nacional.
gência conservar-se-ão por ela Parágrafo único.  Sendo o
regidas. projeto emendado, voltará à Casa Art. 68.  As leis delegadas serão
§ 12.  Aprovado projeto de lei iniciadora. elaboradas pelo Presidente da
de conversão alterando o texto República, que deverá solicitar a
original da medida provisória, Art. 66.  A Casa na qual tenha delegação ao Congresso Nacional.
esta manter-se-á integralmente sido concluída a votação enviará § 1o  Não serão objeto de de-
em vigor até que seja sancionado o projeto de lei ao Presidente da legação os atos de competência
ou vetado o projeto. República, que, aquiescendo, o exclusiva do Congresso Nacio-
sancionará. nal, os de competência privativa
Art. 63.  Não será admitido au- § 1o  Se o Presidente da Re- da Câmara dos Deputados ou do
mento da despesa prevista: pública considerar o projeto, no Senado Federal, a matéria reser-
I – nos projetos de iniciativa todo ou em parte, inconstitucional vada à lei complementar, nem a
exclusiva do Presidente da Re- ou contrário ao interesse público, legislação sobre:
pública, ressalvado o disposto vetá-lo-á total ou parcialmente, I – organização do Poder Ju-
no art. 166, §§ 3o e 4o; no prazo de quinze dias úteis, diciário e do Ministério Público,
II – nos projetos sobre orga- contados da data do recebimento, a carreira e a garantia de seus
nização dos serviços administra- e comunicará, dentro de quarenta membros;
tivos da Câmara dos Deputados, e oito horas, ao Presidente do Se- II – nacionalidade, cidadania,
do Senado Federal, dos Tribunais nado Federal os motivos do veto. direitos individuais, políticos e
Federais e do Ministério Público. § 2o  O veto parcial somente eleitorais;
abrangerá texto integral de ar- III – planos plurianuais, di-
Art. 64.  A discussão e votação tigo, de parágrafo, de inciso ou retrizes orçamentárias e orça-
dos projetos de lei de iniciativa de alínea. mentos.
do Presidente da República, do § 3o  Decorrido o prazo de § 2o  A delegação ao Presi-
Supremo Tribunal Federal e dos quinze dias, o silêncio do Pre- dente da República terá a forma
Tribunais Superiores terão início sidente da República importará de resolução do Congresso Nacio-
na Câmara dos Deputados. sanção. nal, que especificará seu conteú-
§ 1o  O Presidente da Repú- § 4o  O veto será apreciado do e os termos de seu exercício.
blica poderá solicitar urgência em sessão conjunta, dentro de § 3o  Se a resolução determi-
para apreciação de projetos de trinta dias a contar de seu rece- nar a apreciação do projeto pelo
sua iniciativa. bimento, só podendo ser rejeitado Congresso Nacional, este a fará
§ 2o  Se, no caso do § 1o, a Câ- pelo voto da maioria absoluta dos em votação única, vedada qual-
mara dos Deputados e o Senado Deputados e Senadores. quer emenda.
Federal não se manifestarem so- § 5o  Se o veto não for man-
bre a proposição, cada qual su- tido, será o projeto enviado, para Art. 69.  As leis complementa-
cessivamente, em até quarenta e promulgação, ao Presidente da res serão aprovadas por maioria
cinco dias, sobrestar-se-ão todas República. absoluta.
as demais deliberações legisla- § 6o  Esgotado sem delibera-
tivas da respectiva Casa, com ção o prazo estabelecido no § 4o,
exceção das que tenham prazo o veto será colocado na ordem do
Seção IX – Da Fiscalização
constitucional determinado, até dia da sessão imediata, sobresta- Contábil, Financeira e
que se ultime a votação. das as demais proposições, até Orçamentária
§ 3o  A apreciação das emen- sua votação final.
das do Senado Federal pela Câ- § 7o  Se a lei não for promul- Art. 70.  A fiscalização contábil,
mara dos Deputados far-se-á gada dentro de quarenta e oito financeira, orçamentária, ope-
no prazo de dez dias, observado horas pelo Presidente da Repú- racional e patrimonial da União
quanto ao mais o disposto no blica, nos casos dos §§ 3o e 5o, o e das entidades da administra-
parágrafo anterior. Presidente do Senado a promul- ção direta e indireta, quanto à
§ 4o  Os prazos do §  2o não gará, e, se este não o fizer em legalidade, legitimidade, econo-
correm nos períodos de recesso igual prazo, caberá ao Vice-Pre- micidade, aplicação das subven-
do Congresso Nacional, nem se sidente do Senado fazê-lo. ções e renúncia de receitas, será
aplicam aos projetos de código. exercida pelo Congresso Nacio-
Art. 67.  A matéria constante de nal, mediante controle externo, e
Art. 65.  O projeto de lei apro- projeto de lei rejeitado somente pelo sistema de controle interno
vado por uma Casa será revisto poderá constituir objeto de novo de cada Poder.
pela outra, em um só turno de projeto, na mesma sessão le- Parágrafo único. Prestará
discussão e votação, e enviado à gislativa, mediante proposta da contas qualquer pessoa física
sanção ou promulgação, se a Casa maioria absoluta dos membros ou jurídica, pública ou privada,

39
Constituição da República Federativa do Brasil
que utilize, arrecade, guarde, ge- VI – fiscalizar a aplicação de sob a forma de investimentos
rencie ou administre dinheiros, quaisquer recursos repassados não programados ou de subsídios
bens e valores públicos ou pelos pela União mediante convênio, não aprovados, poderá solicitar à
quais a União responda, ou que, acordo, ajuste ou outros instru- autoridade governamental res-
em nome desta, assuma obri- mentos congêneres, a Estado, ao ponsável que, no prazo de cinco
gações de natureza pecuniária. Distrito Federal ou a Município; dias, preste os esclarecimentos
VII – prestar as informações necessários.
Art. 71.  O controle externo, a solicitadas pelo Congresso Nacio- § 1o  Não prestados os es-
cargo do Congresso Nacional, nal, por qualquer de suas Casas, clarecimentos, ou considerados
será exercido com o auxílio do ou por qualquer das respectivas estes insuficientes, a Comissão
Tribunal de Contas da União, ao Comissões, sobre a fiscalização solicitará ao Tribunal pronuncia-
qual compete: contábil, financeira, orçamen- mento conclusivo sobre a maté-
I – apreciar as contas presta- tária, operacional e patrimonial ria, no prazo de trinta dias.
das anualmente pelo Presidente e sobre resultados de auditorias § 2o  Entendendo o Tribunal
da República, mediante parecer e inspeções realizadas; irregular a despesa, a Comissão,
prévio que deverá ser elaborado VIII – aplicar aos responsá- se julgar que o gasto possa causar
em sessenta dias a contar de seu veis, em caso de ilegalidade de dano irreparável ou grave lesão
recebimento; despesa ou irregularidade de con- à economia pública, proporá ao
II – julgar as contas dos admi- tas, as sanções previstas em lei, Congresso Nacional sua sustação.
nistradores e demais responsá- que estabelecerá, entre outras
veis por dinheiros, bens e valores cominações, multa proporcional Art. 73.  O Tribunal de Contas da
públicos da administração direta ao dano causado ao erário; União, integrado por nove Minis-
e indireta, incluídas as fundações IX – assinar prazo para que o tros, tem sede no Distrito Federal,
e sociedades instituídas e man- órgão ou entidade adote as pro- quadro próprio de pessoal e juris-
tidas pelo Poder Público federal, vidências necessárias ao exato dição em todo o território nacio-
e as contas daqueles que derem cumprimento da lei, se verificada nal, exercendo, no que couber, as
causa a perda, extravio ou outra ilegalidade; atribuições previstas no art. 96.
irregularidade de que resulte pre- X – sustar, se não atendido, § 1o  Os Ministros do Tribunal
juízo ao erário público; a execução do ato impugnado, de Contas da União serão nome-
III – apreciar, para fins de re- comunicando a decisão à Câ- ados dentre brasileiros que satis-
gistro, a legalidade dos atos de mara dos Deputados e ao Sena- façam os seguintes requisitos:
admissão de pessoal, a qualquer do Federal; I – mais de trinta e cinco e
título, na administração direta e XI – representar ao Poder menos de setenta anos de idade;
indireta, incluídas as fundações competente sobre irregularida- II – idoneidade moral e repu-
instituídas e mantidas pelo Poder des ou abusos apurados. tação ilibada;
Público, excetuadas as nomea- § 1o  No caso de contrato, o III – notórios conhecimentos
ções para cargo de provimento ato de sustação será adotado jurídicos, contábeis, econômicos
em comissão, bem como a das diretamente pelo Congresso Na- e financeiros ou de administra-
concessões de aposentadorias, cional, que solicitará, de imediato, ção pública;
reformas e pensões, ressalvadas ao Poder Executivo as medidas IV – mais de dez anos de exer-
as melhorias posteriores que não cabíveis. cício de função ou de efetiva ati-
alterem o fundamento legal do ato § 2o  Se o Congresso Nacional vidade profissional que exija os
concessório; ou o Poder Executivo, no prazo conhecimentos mencionados no
IV – realizar, por iniciativa pró- de noventa dias, não efetivar as inciso anterior.
pria, da Câmara dos Deputados, medidas previstas no parágrafo § 2o  Os Ministros do Tribunal
do Senado Federal, de Comissão anterior, o Tribunal decidirá a de Contas da União serão esco-
técnica ou de inquérito, inspeções respeito. lhidos:
e auditorias de natureza contábil, § 3o  As decisões do Tribu- I – um terço pelo Presidente
financeira, orçamentária, opera- nal de que resulte imputação de da República, com aprovação do
cional e patrimonial, nas unidades débito ou multa terão eficácia de Senado Federal, sendo dois alter-
administrativas dos Poderes Le- título executivo. nadamente dentre auditores e
gislativo, Executivo e Judiciário, § 4o  O Tribunal encaminhará membros do Ministério Público
e demais entidades referidas no ao Congresso Nacional, trimestral junto ao Tribunal, indicados em
inciso II; e anualmente, relatório de suas lista tríplice pelo Tribunal, segun-
V – fiscalizar as contas na- atividades. do os critérios de antiguidade e
cionais das empresas suprana- merecimento;
cionais de cujo capital social a Art. 72.  A Comissão mista per- II – dois terços pelo Congres-
União participe, de forma direta manente a que se refere o art. 166, so Nacional.
ou indireta, nos termos do tratado § 1o, diante de indícios de despe- § 3o  Os Ministros do Tribu-
constitutivo; sas não autorizadas, ainda que nal de Contas da União terão as

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Constituição da República Federativa do Brasil
mesmas garantias, prerrogati- Tribunais e Conselhos de Contas Art. 78.  O Presidente e o Vice-
vas, impedimentos, vencimen- dos Municípios. -Presidente da República tomarão
tos e vantagens dos Ministros Parágrafo único.  As Consti- posse em sessão do Congres-
do Superior Tribunal de Justiça, tuições estaduais disporão sobre so Nacional, prestando o com-
aplicando-se-lhes, quanto à apo- os Tribunais de Contas respec- promisso de manter, defender e
sentadoria e pensão, as normas tivos, que serão integrados por cumprir a Constituição, observar
constantes do art. 40. sete Conselheiros. as leis, promover o bem geral do
§ 4o  O auditor, quando em povo brasileiro, sustentar a união,
substituição a Ministro, terá as a integridade e a independência
mesmas garantias e impedimen- CAPÍTULO II – DO PODER do Brasil.
tos do titular e, quando no exer- EXECUTIVO Parágrafo único.  Se, decorri-
cício das demais atribuições da dos dez dias da data fixada para
Seção I – Do Presidente
judicatura, as de juiz de Tribunal a posse, o Presidente ou o Vice-
Regional Federal. e do Vice-Presidente da -Presidente, salvo motivo de força
República maior, não tiver assumido o cargo,
Art. 74.  Os Poderes Legislativo, este será declarado vago.
Executivo e Judiciário manterão, Art. 76.  O Poder Executivo é
de forma integrada, sistema de exercido pelo Presidente da Re- Art. 79.  Substituirá o Presiden-
controle interno com a finalida- pública, auxiliado pelos Ministros te, no caso de impedimento, e
de de: de Estado. suceder-lhe-á, no de vaga, o Vi-
I – avaliar o cumprimento das ce-Presidente.
metas previstas no plano pluria- Art. 77.  A eleição do Presidente Parágrafo único.  O Vice-Pre-
nual, a execução dos programas e do Vice-Presidente da República sidente da República, além de
de governo e dos orçamentos realizar-se-á, simultaneamente, outras atribuições que lhe forem
da União; no primeiro domingo de outubro, conferidas por lei complementar,
II – comprovar a legalidade em primeiro turno, e no último auxiliará o Presidente, sempre
e avaliar os resultados, quanto à domingo de outubro, em segundo que por ele convocado para mis-
eficácia e eficiência, da gestão turno, se houver, do ano anterior sões especiais.
orçamentária, financeira e patri- ao do término do mandato presi-
monial nos órgãos e entidades da dencial vigente. Art. 80.  Em caso de impedi-
administração federal, bem como § 1o  A eleição do Presidente mento do Presidente e do Vi-
da aplicação de recursos públicos da República importará a do Vi- ce-Presidente, ou vacância dos
por entidades de direito privado; ce-Presidente com ele registrado. respectivos cargos, serão suces-
III – exercer o controle das § 2o  Será considerado eleito sivamente chamados ao exercí-
operações de crédito, avais e ga- Presidente o candidato que, re- cio da Presidência o Presidente
rantias, bem como dos direitos e gistrado por partido político, ob- da Câmara dos Deputados, o do
haveres da União; tiver a maioria absoluta de votos, Senado Federal e o do Supremo
IV – apoiar o controle exter- não computados os em branco e Tribunal Federal.
no no exercício de sua missão os nulos.
institucional. § 3o  Se nenhum candida- Art. 81.  Vagando os cargos de
§ 1o  Os responsáveis pelo to alcançar maioria absoluta na Presidente e Vice-Presidente da
controle interno, ao tomarem co- primeira votação, far-se-á nova República, far-se-á eleição no-
nhecimento de qualquer irregula- eleição em até vinte dias após a venta dias depois de aberta a
ridade ou ilegalidade, dela darão proclamação do resultado, con- última vaga.
ciência ao Tribunal de Contas da correndo os dois candidatos mais § 1o  Ocorrendo a vacância
União, sob pena de responsabi- votados e considerando-se eleito nos últimos dois anos do período
lidade solidária. aquele que obtiver a maioria dos presidencial, a eleição para am-
§ 2o  Qualquer cidadão, parti- votos válidos. bos os cargos será feita trinta dias
do político, associação ou sindica- § 4o  Se, antes de realizado depois da última vaga, pelo Con-
to é parte legítima para, na forma o segundo turno, ocorrer morte, gresso Nacional, na forma da lei.
da lei, denunciar irregularidades desistência ou impedimento le- § 2o  Em qualquer dos casos,
ou ilegalidades perante o Tribunal gal de candidato, convocar-se-á, os eleitos deverão completar o
de Contas da União. dentre os remanescentes, o de período de seus antecessores.
maior votação.
Art. 75.  As normas estabeleci- § 5o  Se, na hipótese dos pa- Art. 82.  O mandato do Presi-
das nesta seção aplicam-se, no rágrafos anteriores, remanescer, dente da República é de 4 (qua-
que couber, à organização, com- em segundo lugar, mais de um tro) anos e terá início em 5 de
posição e fiscalização dos Tribu- candidato com a mesma vota-
nais de Contas dos Estados e do ção, qualificar-se-á o mais idoso.
Distrito Federal, bem como dos

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Constituição da República Federativa do Brasil
janeiro do ano seguinte ao de Nacional por ocasião da abertu- orçamento previstos nesta Cons-
sua eleição.5 ra da sessão legislativa, expondo tituição;
a situação do País e solicitando XXIV – prestar, anualmente,
Art. 83.  O Presidente e o Vice- as providências que julgar ne- ao Congresso Nacional, dentro
-Presidente da República não po- cessárias; de sessenta dias após a abertura
derão, sem licença do Congresso XII – conceder indulto e co- da sessão legislativa, as contas
Nacional, ausentar-se do País por mutar penas, com audiência, se referentes ao exercício anterior;
período superior a quinze dias, necessário, dos órgãos instituí- XXV – prover e extinguir os
sob pena de perda do cargo. dos em lei; cargos públicos federais, na for-
XIII – exercer o comando su- ma da lei;
premo das Forças Armadas, no- XXVI – editar medidas provi-
Seção II – Das Atribuições do mear os Comandantes da Mari- sórias com força de lei, nos ter-
Presidente da República nha, do Exército e da Aeronáutica, mos do art. 62;
promover seus oficiais-generais XXVII – exercer outras atri-
Art. 84.  Compete privativamen- e nomeá-los para os cargos que buições previstas nesta Cons-
te ao Presidente da República: lhes são privativos; tituição;
I – nomear e exonerar os Mi- XIV – nomear, após aprovação XXVIII – propor ao Congresso
nistros de Estado; pelo Senado Federal, os Minis- Nacional a decretação do estado
II – exercer, com o auxílio dos tros do Supremo Tribunal Federal de calamidade pública de âmbito
Ministros de Estado, a direção su- e dos Tribunais Superiores, os nacional previsto nos arts. 167‑B,
perior da administração federal; Governadores de Territórios, o 167‑C, 167‑D, 167‑E, 167‑F e 167‑G
III – iniciar o processo legis- Procurador-Geral da República, desta Constituição.
lativo, na forma e nos casos pre- o presidente e os diretores do Parágrafo único.  O Presiden-
vistos nesta Constituição; banco central e outros servido- te da República poderá delegar
IV – sancionar, promulgar e res, quando determinado em lei; as atribuições mencionadas nos
fazer publicar as leis, bem como XV – nomear, observado o incisos VI, XII e XXV, primeira par-
expedir decretos e regulamentos disposto no art. 73, os Ministros te, aos Ministros de Estado, ao
para sua fiel execução; do Tribunal de Contas da União; Procurador-Geral da República
V – vetar projetos de lei, total XVI – nomear os magistra- ou ao Advogado-Geral da União,
ou parcialmente; dos, nos casos previstos nesta que observarão os limites traça-
VI – dispor, mediante decre- Constituição, e o Advogado-Geral dos nas respectivas delegações.
to, sobre: da União;
a)  organização e funciona- XVII – nomear membros do
mento da administração federal, Conselho da República, nos ter-
Seção III – Da
quando não implicar aumento de mos do art. 89, VII; Responsabilidade do
despesa nem criação ou extinção XVIII – convocar e presidir o Presidente da República
de órgãos públicos; Conselho da República e o Con-
b)  extinção de funções ou selho de Defesa Nacional; Art. 85.  São crimes de respon-
cargos públicos, quando vagos; XIX – declarar guerra, no caso sabilidade os atos do Presidente
VII – manter relações com de agressão estrangeira, auto- da República que atentem contra
Estados estrangeiros e acredi- rizado pelo Congresso Nacional a Constituição Federal e, espe-
tar seus representantes diplo- ou referendado por ele, quando cialmente, contra:
máticos; ocorrida no intervalo das sessões I – a existência da União;
VIII – celebrar tratados, con- legislativas, e, nas mesmas con- II – o livre exercício do Poder
venções e atos internacionais, dições, decretar, total ou parcial- Legislativo, do Poder Judiciário,
sujeitos a referendo do Congresso mente, a mobilização nacional; do Ministério Público e dos Pode-
Nacional; XX – celebrar a paz, autoriza- res constitucionais das unidades
IX – decretar o estado de de- do ou com o referendo do Con- da Federação;
fesa e o estado de sítio; gresso Nacional; III – o exercício dos direitos
X – decretar e executar a in- XXI – conferir condecorações políticos, individuais e sociais;
tervenção federal; e distinções honoríficas; IV – a segurança interna do
XI – remeter mensagem e XXII – permitir, nos casos pre- País;
plano de governo ao Congresso vistos em lei complementar, que V – a probidade na adminis-
forças estrangeiras transitem tração;
5
  NE: a EC no 111/2021 alterou a data de posse pelo território nacional ou nele VI – a lei orçamentária;
de 1o de janeiro para 5 de janeiro; contudo, a permaneçam temporariamente; VII – o cumprimento das leis
mudança será aplicada somente a partir das XXIII – enviar ao Congresso e das decisões judiciais.
eleições de 2026. O Presidente da República Nacional o plano plurianual, o Parágrafo único.  Esses cri-
eleito em 2022 tomará posse em 1o de janeiro
de 2023, e seu mandato durará até a posse projeto de lei de diretrizes or- mes serão definidos em lei espe-
de seu sucessor, em 5 de janeiro de 2027. çamentárias e as propostas de cial, que estabelecerá as normas

42
Constituição da República Federativa do Brasil
de processo e julgamento. da República relatório anual de nização e o funcionamento do
sua gestão no Ministério; Conselho da República.
Art. 86.  Admitida a acusação IV – praticar os atos pertinen-
contra o Presidente da Repúbli- tes às atribuições que lhe forem
ca, por dois terços da Câmara dos outorgadas ou delegadas pelo
Subseção II – Do Conselho de
Deputados, será ele submetido a Presidente da República. Defesa Nacional
julgamento perante o Supremo
Tribunal Federal, nas infrações Art. 88.  A lei disporá sobre a Art. 91.  O Conselho de Defesa
penais comuns, ou perante o Se- criação e extinção de Ministé- Nacional é órgão de consulta do
nado Federal, nos crimes de res- rios e órgãos da administração Presidente da República nos as-
ponsabilidade. pública. suntos relacionados com a so-
§ 1o  O Presidente ficará sus- berania nacional e a defesa do
penso de suas funções: Estado democrático, e dele par-
I – nas infrações penais co-
Seção V – Do Conselho da ticipam como membros natos:
muns, se recebida a denúncia República e do Conselho de I – o Vice-Presidente da Re-
ou queixa-crime pelo Supremo Defesa Nacional pública;
Tribunal Federal; Subseção I – Do Conselho da II – o Presidente da Câmara
II – nos crimes de responsa- dos Deputados;
República
bilidade, após a instauração do III – o Presidente do Senado
processo pelo Senado Federal. Federal;
§ 2o  Se, decorrido o prazo de Art. 89.  O Conselho da República IV – o Ministro da Justiça;
cento e oitenta dias, o julgamento é órgão superior de consulta do V – o Ministro de Estado da
não estiver concluído, cessará o Presidente da República, e dele Defesa;
afastamento do Presidente, sem participam: VI – o Ministro das Relações
prejuízo do regular prosseguimen- I – o Vice-Presidente da Re- Exteriores;
to do processo. pública; VII – o Ministro do Planeja-
§ 3o  Enquanto não sobre- II – o Presidente da Câmara mento;
vier sentença condenatória, nas dos Deputados; VIII – os Comandantes da
infrações comuns, o Presidente III – o Presidente do Senado Marinha, do Exército e da Ae-
da República não estará sujeito Federal; ronáutica.
a prisão. IV – os líderes da maioria e § 1o  Compete ao Conselho de
§ 4o  O Presidente da Repúbli- da minoria na Câmara dos De- Defesa Nacional:
ca, na vigência de seu mandato, putados; I – opinar nas hipóteses de
não pode ser responsabilizado V – os líderes da maioria e da declaração de guerra e de cele-
por atos estranhos ao exercício minoria no Senado Federal; bração da paz, nos termos desta
de suas funções. VI – o Ministro da Justiça; Constituição;
VII – seis cidadãos brasileiros II – opinar sobre a decretação
natos, com mais de trinta e cinco do estado de defesa, do estado
Seção IV – Dos Ministros de anos de idade, sendo dois nomea- de sítio e da intervenção federal;
Estado dos pelo Presidente da República, III – propor os critérios e con-
dois eleitos pelo Senado Federal e dições de utilização de áreas in-
Art. 87.  Os Ministros de Estado dois eleitos pela Câmara dos De- dispensáveis à segurança do ter-
serão escolhidos dentre brasilei- putados, todos com mandato de ritório nacional e opinar sobre
ros maiores de vinte e um anos e três anos, vedada a recondução. seu efetivo uso, especialmente
no exercício dos direitos políticos. na faixa de fronteira e nas rela-
Parágrafo único.  Compete ao Art. 90.  Compete ao Conselho cionadas com a preservação e a
Ministro de Estado, além de outras da República pronunciar-se so- exploração dos recursos naturais
atribuições estabelecidas nesta bre: de qualquer tipo;
Constituição e na lei: I – intervenção federal, estado IV – estudar, propor e acom-
I – exercer a orientação, coor- de defesa e estado de sítio; panhar o desenvolvimento de ini-
denação e supervisão dos órgãos II – as questões relevantes ciativas necessárias a garantir a
e entidades da administração fe- para a estabilidade das institui- independência nacional e a defe-
deral na área de sua competência ções democráticas. sa do Estado democrático.
e referendar os atos e decretos § 1o  O Presidente da Repúbli- § 2o  A lei regulará a orga-
assinados pelo Presidente da Re- ca poderá convocar Ministro de nização e o funcionamento do
pública; Estado para participar da reunião Conselho de Defesa Nacional.
II – expedir instruções para do Conselho, quando constar da
a execução das leis, decretos e pauta questão relacionada com
regulamentos; o respectivo Ministério.
III – apresentar ao Presidente § 2o  A lei regulará a orga-

43
Constituição da República Federativa do Brasil
CAPÍTULO III – DO PODER mento pressupõe dois anos de obedecido, em qualquer caso, o
JUDICIÁRIO exercício na respectiva entrân- disposto nos arts. 37, XI, e 39, § 4o;
cia e integrar o juiz a primeira VI – a aposentadoria dos ma-
Seção I – Disposições Gerais quinta parte da lista de antigui- gistrados e a pensão de seus de-
dade desta, salvo se não houver pendentes observarão o disposto
Art. 92.  São órgãos do Poder com tais requisitos quem aceite no art. 40;
Judiciário: o lugar vago; VII – o juiz titular residirá na
I – o Supremo Tribunal Fe- c)  aferição do merecimento respectiva comarca, salvo auto-
deral; conforme o desempenho e pelos rização do tribunal;
I-A – o Conselho Nacional de critérios objetivos de produtivi- VIII – o ato de remoção ou de
Justiça; dade e presteza no exercício da disponibilidade do magistrado,
II – o Superior Tribunal de jurisdição e pela frequência e por interesse público, fundar-se-á
Justiça; aproveitamento em cursos ofi- em decisão por voto da maioria
II-A – o Tribunal Superior do ciais ou reconhecidos de aper- absoluta do respectivo tribunal ou
Trabalho; feiçoamento; do Conselho Nacional de Justiça,
III – os Tribunais Regionais d)  na apuração de antigui- assegurada ampla defesa;
Federais e Juízes Federais; dade, o tribunal somente poderá VIII-A – a remoção a pedido
IV – os Tribunais e Juízes do recusar o juiz mais antigo pelo ou a permuta de magistrados
Trabalho; voto fundamentado de dois ter- de comarca de igual entrância
V – os Tribunais e Juízes Elei- ços de seus membros, conforme atenderá, no que couber, ao dis-
torais; procedimento próprio, e assegu- posto nas alíneas “a”, “b”, “c” e “e”
VI – os Tribunais e Juízes Mi- rada ampla defesa, repetindo-se a do inciso II;
litares; votação até fixar-se a indicação; IX – todos os julgamentos dos
VII – os Tribunais e Juízes dos e)  não será promovido o juiz órgãos do Poder Judiciário se-
Estados e do Distrito Federal e que, injustificadamente, retiver rão públicos, e fundamentadas
Territórios. autos em seu poder além do prazo todas as decisões, sob pena de
§ 1o  O Supremo Tribunal Fe- legal, não podendo devolvê-los ao nulidade, podendo a lei limitar
deral, o Conselho Nacional de cartório sem o devido despacho a presença, em determinados
Justiça e os Tribunais Superio- ou decisão; atos, às próprias partes e a seus
res têm sede na Capital Federal. III – o acesso aos tribunais de advogados, ou somente a estes,
§ 2o  O Supremo Tribunal Fe- segundo grau far-se-á por anti- em casos nos quais a preservação
deral e os Tribunais Superiores guidade e merecimento, alterna- do direito à intimidade do inte-
têm jurisdição em todo o terri- damente, apurados na última ou ressado no sigilo não prejudique
tório nacional. única entrância; o interesse público à informação;
IV – previsão de cursos ofi- X – as decisões administrati-
Art. 93.  Lei complementar, de ciais de preparação, aperfeiçoa- vas dos tribunais serão motiva-
iniciativa do Supremo Tribunal mento e promoção de magistra- das e em sessão pública, sendo
Federal, disporá sobre o Estatuto dos, constituindo etapa obrigató- as disciplinares tomadas pelo
da Magistratura, observados os ria do processo de vitaliciamento voto da maioria absoluta de seus
seguintes princípios: a participação em curso oficial ou membros;
I – ingresso na carreira, cujo reconhecido por escola nacional XI – nos tribunais com número
cargo inicial será o de juiz subs- de formação e aperfeiçoamento superior a vinte e cinco julgado-
tituto, mediante concurso pú- de magistrados; res, poderá ser constituído órgão
blico de provas e títulos, com a V – o subsídio dos Ministros especial, com o mínimo de onze e
participação da Ordem dos Ad- dos Tribunais Superiores corres- o máximo de vinte e cinco mem-
vogados do Brasil em todas as ponderá a noventa e cinco por bros, para o exercício das atribui-
fases, exigindo-se do bacharel cento do subsídio mensal fixado ções administrativas e jurisdicio-
em direito, no mínimo, três anos para os Ministros do Supremo nais delegadas da competência
de atividade jurídica e obedecen- Tribunal Federal e os subsídios do tribunal pleno, provendo-se
do-se, nas nomeações, à ordem dos demais magistrados serão metade das vagas por antiguidade
de classificação; fixados em lei e escalonados, em e a outra metade por eleição pelo
II – promoção de entrância nível federal e estadual, confor- tribunal pleno;
para entrância, alternadamente, me as respectivas categorias da XII – a atividade jurisdicional
por antiguidade e merecimento, estrutura judiciária nacional, não será ininterrupta, sendo vedado
atendidas as seguintes normas: podendo a diferença entre uma e férias coletivas nos juízos e tribu-
a)  é obrigatória a promoção outra ser superior a dez por cento nais de segundo grau, funcionan-
do juiz que figure por três vezes ou inferior a cinco por cento, nem do, nos dias em que não houver
consecutivas ou cinco alternadas exceder a noventa e cinco por expediente forense normal, juízes
em lista de merecimento; cento do subsídio mensal dos Mi- em plantão permanente;
b)  a promoção por mereci- nistros dos Tribunais Superiores, XIII – o número de juízes na

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Constituição da República Federativa do Brasil
unidade jurisdicional será propor- tribuições de pessoas físicas, seus membros e dos juízes, in-
cional à efetiva demanda judicial entidades públicas ou privadas, clusive dos tribunais inferiores,
e à respectiva população; ressalvadas as exceções previs- onde houver;
XIV – os servidores receberão tas em lei; c)  a criação ou extinção dos
delegação para a prática de atos V – exercer a advocacia no ju- tribunais inferiores;
de administração e atos de mero ízo ou tribunal do qual se afastou, d)  a alteração da organização
expediente sem caráter decisório; antes de decorridos três anos do e da divisão judiciárias;
XV – a distribuição de pro- afastamento do cargo por apo- III – aos Tribunais de Justiça
cessos será imediata, em todos sentadoria ou exoneração. julgar os juízes estaduais e do
os graus de jurisdição. Distrito Federal e Territórios, bem
Art. 96.  Compete privativa- como os membros do Ministério
Art. 94.  Um quinto dos lugares mente: Público, nos crimes comuns e de
dos Tribunais Regionais Fede- I – aos tribunais: responsabilidade, ressalvada a
rais, dos Tribunais dos Estados, a)  eleger seus órgãos dire- competência da Justiça Eleitoral.
e do Distrito Federal e Territórios tivos e elaborar seus regimentos
será composto de membros, do internos, com observância das Art. 97.  Somente pelo voto da
Ministério Público, com mais de normas de processo e das ga- maioria absoluta de seus mem-
dez anos de carreira, e de advo- rantias processuais das partes, bros ou dos membros do respec-
gados de notório saber jurídico e dispondo sobre a competência tivo órgão especial poderão os
de reputação ilibada, com mais e o funcionamento dos respec- tribunais declarar a inconstitucio-
de dez anos de efetiva atividade tivos órgãos jurisdicionais e ad- nalidade de lei ou ato normativo
profissional, indicados em lista ministrativos; do Poder Público.
sêxtupla pelos órgãos de repre- b)  organizar suas secretarias
sentação das respectivas classes. e serviços auxiliares e os dos juí- Art. 98.  A União, no Distrito Fe-
Parágrafo único. Recebidas zos que lhes forem vinculados, ve- deral e nos Territórios, e os Esta-
as indicações, o tribunal formará lando pelo exercício da atividade dos criarão:
lista tríplice, enviando-a ao Poder correicional respectiva; I – juizados especiais, provi-
Executivo, que, nos vinte dias c)  prover, na forma prevista dos por juízes togados, ou toga-
subsequentes, escolherá um de nesta Constituição, os cargos dos e leigos, competentes para
seus integrantes para nomeação. de juiz de carreira da respectiva a conciliação, o julgamento e a
jurisdição; execução de causas cíveis de
Art. 95.  Os juízes gozam das d)  propor a criação de novas menor complexidade e infrações
seguintes garantias: varas judiciárias; penais de menor potencial ofen-
I – vitaliciedade, que, no pri- e)  prover, por concurso pú- sivo, mediante os procedimentos
meiro grau, só será adquirida após blico de provas, ou de provas e oral e sumariíssimo, permitidos,
dois anos de exercício, dependen- títulos, obedecido o disposto no nas hipóteses previstas em lei,
do a perda do cargo, nesse perí- art. 169, parágrafo único6, os car- a transação e o julgamento de
odo, de deliberação do tribunal gos necessários à administração recursos por turmas de juízes de
a que o juiz estiver vinculado, e, da Justiça, exceto os de confian- primeiro grau;
nos demais casos, de sentença ça assim definidos em lei; II – justiça de paz, remunera-
judicial transitada em julgado; f)  conceder licença, férias da, composta de cidadãos eleitos
II – inamovibilidade, salvo por e outros afastamentos a seus pelo voto direto, universal e se-
motivo de interesse público, na membros e aos juízes e servido- creto, com mandato de quatro
forma do art. 93, VIII; res que lhes forem imediatamente anos e competência para, na for-
III – irredutibilidade de sub- vinculados; ma da lei, celebrar casamentos,
sídio, ressalvado o disposto nos II – ao Supremo Tribunal Fe- verificar, de ofício ou em face
arts. 37, X e XI, 39, § 4o, 150, II, 153, deral, aos Tribunais Superiores e de impugnação apresentada, o
III, e 153, § 2o, I. aos Tribunais de Justiça propor processo de habilitação e exer-
Parágrafo único.  Aos juízes ao Poder Legislativo respectivo, cer atribuições conciliatórias,
é vedado: observado o disposto no art. 169: sem caráter jurisdicional, além
I – exercer, ainda que em dis- a)  a alteração do número de de outras previstas na legislação.
ponibilidade, outro cargo ou fun- membros dos tribunais inferiores; § 1o  Lei federal disporá sobre
ção, salvo uma de magistério; b)  a criação e a extinção de a criação de juizados especiais no
II – receber, a qualquer título cargos e a remuneração dos seus âmbito da Justiça Federal.
ou pretexto, custas ou participa- serviços auxiliares e dos juízos § 2o  As custas e emolumen-
ção em processo; que lhes forem vinculados, bem tos serão destinados exclusiva-
III – dedicar-se à atividade como a fixação do subsídio de mente ao custeio dos serviços
político-partidária; afetos às atividades específicas
IV – receber, a qualquer títu- 6
  NE: leia-se “§ 1o”, por força do disposto na da Justiça.
lo ou pretexto, auxílios ou con- EC no 19/1998.

45
Constituição da República Federativa do Brasil
Art. 99.  Ao Poder Judiciário é à conta dos créditos respectivos, precatórios judiciários apresen-
assegurada autonomia adminis- proibida a designação de casos tados até 2 de abril, fazendo-se o
trativa e financeira. ou de pessoas nas dotações or- pagamento até o final do exercício
§ 1o  Os tribunais elaborarão çamentárias e nos créditos adi- seguinte, quando terão seus valo-
suas propostas orçamentárias cionais abertos para este fim. res atualizados monetariamente.
dentro dos limites estipulados § 1o  Os débitos de natureza § 6o  As dotações orçamentá-
conjuntamente com os demais alimentícia compreendem aque- rias e os créditos abertos serão
Poderes na lei de diretrizes or- les decorrentes de salários, ven- consignados diretamente ao Po-
çamentárias. cimentos, proventos, pensões e der Judiciário, cabendo ao Pre-
§ 2o  O encaminhamento da suas complementações, benefí- sidente do Tribunal que proferir
proposta, ouvidos os outros tri- cios previdenciários e indeniza- a decisão exequenda determinar
bunais interessados, compete: ções por morte ou por invalidez, o pagamento integral e autorizar,
I – no âmbito da União, aos fundadas em responsabilidade a requerimento do credor e ex-
Presidentes do Supremo Tribu- civil, em virtude de sentença ju- clusivamente para os casos de
nal Federal e dos Tribunais Su- dicial transitada em julgado, e se- preterimento de seu direito de
periores, com a aprovação dos rão pagos com preferência sobre precedência ou de não alocação
respectivos tribunais; todos os demais débitos, exceto orçamentária do valor necessá-
II – no âmbito dos Estados e sobre aqueles referidos no § 2o rio à satisfação do seu débito, o
no do Distrito Federal e Territó- deste artigo. sequestro da quantia respectiva.
rios, aos Presidentes dos Tribu- § 2o  Os débitos de natureza § 7o  O Presidente do Tribunal
nais de Justiça, com a aprovação alimentícia cujos titulares, origi- competente que, por ato comissi-
dos respectivos tribunais. nários ou por sucessão hereditá- vo ou omissivo, retardar ou tentar
§ 3o  Se os órgãos referidos ria, tenham 60 (sessenta) anos de frustrar a liquidação regular de
no §  2o não encaminharem as idade, ou sejam portadores de precatórios incorrerá em crime
respectivas propostas orçamen- doença grave, ou pessoas com de responsabilidade e responde-
tárias dentro do prazo estabele- deficiência, assim definidos na rá, também, perante o Conselho
cido na lei de diretrizes orçamen- forma da lei, serão pagos com Nacional de Justiça.
tárias, o Poder Executivo consi- preferência sobre todos os de- § 8o  É vedada a expedição de
derará, para fins de consolidação mais débitos, até o valor equiva- precatórios complementares ou
da proposta orçamentária anual, lente ao triplo fixado em lei para suplementares de valor pago, bem
os valores aprovados na lei orça- os fins do disposto no § 3o deste como o fracionamento, repartição
mentária vigente, ajustados de artigo, admitido o fracionamento ou quebra do valor da execução
acordo com os limites estipula- para essa finalidade, sendo que para fins de enquadramento de
dos na forma do § 1o deste artigo. o restante será pago na ordem parcela do total ao que dispõe o
§ 4o  Se as propostas orça- cronológica de apresentação do § 3o deste artigo.
mentárias de que trata este artigo precatório. § 9o  Sem que haja interrup-
forem encaminhadas em desa- § 3o  O disposto no caput des- ção no pagamento do precatório
cordo com os limites estipulados te artigo relativamente à expedi- e mediante comunicação da Fa-
na forma do § 1o, o Poder Executivo ção de precatórios não se aplica zenda Pública ao Tribunal, o valor
procederá aos ajustes necessá- aos pagamentos de obrigações correspondente aos eventuais
rios para fins de consolidação definidas em leis como de pe- débitos inscritos em dívida ativa
da proposta orçamentária anual. queno valor que as Fazendas re- contra o credor do requisitório
§ 5o  Durante a execução or- feridas devam fazer em virtude e seus substituídos deverá ser
çamentária do exercício, não po- de sentença judicial transitada depositado à conta do juízo res-
derá haver a realização de des- em julgado. ponsável pela ação de cobrança,
pesas ou a assunção de obriga- § 4o  Para os fins do disposto que decidirá pelo seu destino
ções que extrapolem os limites no § 3o, poderão ser fixados, por definitivo.
estabelecidos na lei de diretrizes leis próprias, valores distintos § 10.  Antes da expedição dos
orçamentárias, exceto se previa- às entidades de direito público, precatórios, o Tribunal solicitará
mente autorizadas, mediante a segundo as diferentes capacida- à Fazenda Pública devedora, para
abertura de créditos suplemen- des econômicas, sendo o mínimo resposta em até 30 (trinta) dias,
tares ou especiais. igual ao valor do maior benefício sob pena de perda do direito de
do regime geral de previdência abatimento, informação sobre os
Art. 100.  Os pagamentos de- social. débitos que preencham as condi-
vidos pelas Fazendas Públicas § 5o  É obrigatória a inclusão ções estabelecidas no § 9o, para
Federal, Estaduais, Distrital e Mu- no orçamento das entidades de os fins nele previstos.7
nicipais, em virtude de sentença direito público de verba necessá- § 11.  É facultada ao credor,
judiciária, far-se-ão exclusiva- ria ao pagamento de seus débitos conforme estabelecido em lei
mente na ordem cronológica de oriundos de sentenças transita-
apresentação dos precatórios e das em julgado constantes de   NE: ver ADIs nos 4.357 e 4.425.
7

46
Constituição da República Federativa do Brasil
do ente federativo devedor, com nos §§ 2o e 3o. compensação financeira referida
autoaplicabilidade para a União, a § 14.  A cessão de precató- no § 9o do art. 201 da Constitui-
oferta de créditos líquidos e cer- rios, observado o disposto no § 9o ção Federal.
tos que originalmente lhe são pró- deste artigo, somente produzirá § 19.  Caso o montante total
prios ou adquiridos de terceiros efeitos após comunicação, por de débitos decorrentes de conde-
reconhecidos pelo ente federativo meio de petição protocolizada, nações judiciais em precatórios
ou por decisão judicial transitada ao Tribunal de origem e ao ente e obrigações de pequeno valor,
em julgado para: federativo devedor. em período de 12 (doze) meses,
I – quitação de débitos par- § 15.  Sem prejuízo do dispos- ultrapasse a média do compro-
celados ou débitos inscritos em to neste artigo, lei complementar metimento percentual da receita
dívida ativa do ente federativo a esta Constituição Federal pode- corrente líquida nos 5 (cinco) anos
devedor, inclusive em transação rá estabelecer regime especial imediatamente anteriores, a par-
resolutiva de litígio, e, subsidia- para pagamento de crédito de cela que exceder esse percentual
riamente, débitos com a adminis- precatórios de Estados, Distrito poderá ser financiada, excetuada
tração autárquica e fundacional Federal e Municípios, dispondo dos limites de endividamento de
do mesmo ente; sobre vinculações à receita cor- que tratam os incisos VI e VII do
II – compra de imóveis públi- rente líquida e forma e prazo de art. 52 da Constituição Federal e
cos de propriedade do mesmo liquidação. de quaisquer outros limites de
ente disponibilizados para venda; § 16.  A seu critério exclusivo endividamento previstos, não se
III – pagamento de outorga de e na forma de lei, a União pode- aplicando a esse financiamento a
delegações de serviços públicos rá assumir débitos, oriundos de vedação de vinculação de receita
e demais espécies de concessão precatórios, de Estados, Distrito prevista no inciso IV do art. 167 da
negocial promovidas pelo mes- Federal e Municípios, refinancian- Constituição Federal.
mo ente; do-os diretamente. § 20.  Caso haja precatório
IV – aquisição, inclusive mi- § 17.  A União, os Estados, o com valor superior a 15% (quin-
noritária, de participação socie- Distrito Federal e os Municípios ze por cento) do montante dos
tária, disponibilizada para venda, aferirão mensalmente, em base precatórios apresentados nos
do respectivo ente federativo; ou anual, o comprometimento de termos do § 5o deste artigo, 15%
V – compra de direitos, dispo- suas respectivas receitas cor- (quinze por cento) do valor des-
nibilizados para cessão, do res- rentes líquidas com o pagamento te precatório serão pagos até o
pectivo ente federativo, inclusive, de precatórios e obrigações de final do exercício seguinte e o
no caso da União, da antecipação pequeno valor. restante em parcelas iguais nos
de valores a serem recebidos a § 18.  Entende-se como recei- cinco exercícios subsequentes,
título do excedente em óleo em ta corrente líquida, para os fins acrescidas de juros de mora e
contratos de partilha de petróleo. de que trata o § 17, o somatório correção monetária, ou mediante
§ 12.  A partir da promulgação das receitas tributárias, patrimo- acordos diretos, perante Juízos
desta Emenda Constitucional8, niais, industriais, agropecuárias, Auxiliares de Conciliação de Pre-
a atualização de valores de re- de contribuições e de serviços, de catórios, com redução máxima de
quisitórios, após sua expedição, transferências correntes e outras 40% (quarenta por cento) do valor
até o efetivo pagamento, inde- receitas correntes, incluindo as do crédito atualizado, desde que
pendentemente de sua natureza, oriundas do §  1o do art.  20 da em relação ao crédito não penda
será feita pelo índice oficial de Constituição Federal, verificado recurso ou defesa judicial e que
remuneração básica da cader- no período compreendido pelo se- sejam observados os requisitos
neta de poupança, e, para fins gundo mês imediatamente ante- definidos na regulamentação edi-
de compensação da mora, in- rior ao de referência e os 11 (onze) tada pelo ente federado.
cidirão juros simples no mesmo meses precedentes, excluídas as § 21.  Ficam a União e os
percentual de juros incidentes duplicidades, e deduzidas: demais entes federativos, nos
sobre a caderneta de poupança, I – na União, as parcelas en- montantes que lhes são próprios,
ficando excluída a incidência de tregues aos Estados, ao Distrito desde que aceito por ambas as
juros compensatórios.9 Federal e aos Municípios por de- partes, autorizados a utilizar valo-
§ 13.  O credor poderá ceder, terminação constitucional; res objeto de sentenças transita-
total ou parcialmente, seus cré- II – nos Estados, as parcelas das em julgado devidos a pessoa
ditos em precatórios a terceiros, entregues aos Municípios por de- jurídica de direito público para
independentemente da concor- terminação constitucional; amortizar dívidas, vencidas ou
dância do devedor, não se apli- III – na União, nos Estados, no vincendas:
cando ao cessionário o disposto Distrito Federal e nos Municípios, I – nos contratos de refinan-
a contribuição dos servidores ciamento cujos créditos sejam
8
  NE: leia-se “da Emenda Constitucional para custeio de seu sistema de detidos pelo ente federativo que
no 62, de 2009”. previdência e assistência social figure como devedor na sentença
  NE: ver ADIs nos 4.357 e 4.425.
9 e as receitas provenientes da de que trata o caput deste artigo;

47
Constituição da República Federativa do Brasil
II – nos contratos em que hou- Exército e da Aeronáutica, ressal- Justiça e quaisquer tribunais, en-
ve prestação de garantia a outro vado o disposto no art. 52, I, os tre Tribunais Superiores, ou entre
ente federativo; membros dos Tribunais Superio- estes e qualquer outro tribunal;
III – nos parcelamentos de res, os do Tribunal de Contas da p)  o pedido de medida caute-
tributos ou de contribuições so- União e os chefes de missão di- lar das ações diretas de incons-
ciais; e plomática de caráter permanente; titucionalidade;
IV – nas obrigações decor- d) o habeas corpus, sendo q)  o mandado de injunção,
rentes do descumprimento de paciente qualquer das pessoas quando a elaboração da norma
prestação de contas ou de desvio referidas nas alíneas anteriores; regulamentadora for atribuição
de recursos. o mandado de segurança e o ha- do Presidente da República, do
§ 22.  A amortização de que beas data contra atos do Presi- Congresso Nacional, da Câmara
trata o § 21 deste artigo: dente da República, das Mesas dos Deputados, do Senado Fe-
I – nas obrigações vencidas, da Câmara dos Deputados e do deral, das Mesas de uma dessas
será imputada primeiramente às Senado Federal, do Tribunal de Casas Legislativas, do Tribunal
parcelas mais antigas; Contas da União, do Procurador- de Contas da União, de um dos
II – nas obrigações vincendas, -Geral da República e do próprio Tribunais Superiores, ou do pró-
reduzirá uniformemente o valor Supremo Tribunal Federal; prio Supremo Tribunal Federal;
de cada parcela devida, mantida e)  o litígio entre Estado es- r)  as ações contra o Conse-
a duração original do respectivo trangeiro ou organismo inter- lho Nacional de Justiça e contra
contrato ou parcelamento. nacional e a União, o Estado, o o Conselho Nacional do Ministé-
Distrito Federal ou o Território; rio Público;
f)  as causas e os conflitos II – julgar, em recurso ordi-
Seção II – Do Supremo entre a União e os Estados, a nário:
Tribunal Federal União e o Distrito Federal, ou a) o habeas corpus, o manda-
entre uns e outros, inclusive as do de segurança, o habeas data e
Art. 101.  O Supremo Tribunal respectivas entidades da admi- o mandado de injunção decididos
Federal compõe-se de onze Mi- nistração indireta; em única instância pelos Tribu-
nistros, escolhidos dentre cida- g)  a extradição solicitada por nais Superiores, se denegatória
dãos com mais de trinta e cinco e Estado estrangeiro; a decisão;
menos de setenta anos de idade, h) (Revogada); b)  o crime político;
de notável saber jurídico e repu- i) o habeas corpus, quando III – julgar, mediante recurso
tação ilibada. o coator for Tribunal Superior ou extraordinário, as causas decidi-
Parágrafo único.  Os Ministros quando o coator ou o paciente for das em única ou última instância,
do Supremo Tribunal Federal se- autoridade ou funcionário cujos quando a decisão recorrida:
rão nomeados pelo Presidente da atos estejam sujeitos diretamente a)  contrariar dispositivo des-
República, depois de aprovada a à jurisdição do Supremo Tribunal ta Constituição;
escolha pela maioria absoluta do Federal, ou se trate de crime su- b)  declarar a inconstitucio-
Senado Federal. jeito à mesma jurisdição em uma nalidade de tratado ou lei federal;
única instância; c)  julgar válida lei ou ato de
Art. 102.  Compete ao Supremo j)  a revisão criminal e a ação governo local contestado em face
Tribunal Federal, precipuamen- rescisória de seus julgados; desta Constituição;
te, a guarda da Constituição, ca- l)  a reclamação para a pre- d)  julgar válida lei local con-
bendo-lhe: servação de sua competência e testada em face de lei federal.
I – processar e julgar, origi- garantia da autoridade de suas § 1o  A arguição de descum-
nariamente: decisões; primento de preceito fundamen-
a)  a ação direta de inconsti- m)  a execução de sentença tal, decorrente desta Constitui-
tucionalidade de lei ou ato norma- nas causas de sua competência ção, será apreciada pelo Supremo
tivo federal ou estadual e a ação originária, facultada a delegação Tribunal Federal, na forma da lei.
declaratória de constitucionalida- de atribuições para a prática de § 2o  As decisões definitivas
de de lei ou ato normativo federal; atos processuais; de mérito, proferidas pelo Supre-
b)  nas infrações penais co- n)  a ação em que todos os mo Tribunal Federal, nas ações
muns, o Presidente da República, membros da magistratura sejam diretas de inconstitucionalida-
o Vice-Presidente, os membros direta ou indiretamente interes- de e nas ações declaratórias de
do Congresso Nacional, seus pró- sados, e aquela em que mais da constitucionalidade produzirão
prios Ministros e o Procurador- metade dos membros do tribunal eficácia contra todos e efeito
-Geral da República; de origem estejam impedidos ou vinculante, relativamente aos de-
c)  nas infrações penais co- sejam direta ou indiretamente mais órgãos do Poder Judiciário
muns e nos crimes de responsa- interessados; e à administração pública direta
bilidade, os Ministros de Estado e o)  os conflitos de competên- e indireta, nas esferas federal,
os Comandantes da Marinha, do cia entre o Superior Tribunal de estadual e municipal.

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Constituição da República Federativa do Brasil
§ 3o  No recurso extraordiná- dois terços dos seus membros, pelo Supremo Tribunal Federal;
rio o recorrente deverá demons- após reiteradas decisões sobre VI – um juiz de Tribunal Regio-
trar a repercussão geral das ques- matéria constitucional, aprovar nal Federal, indicado pelo Supe-
tões constitucionais discutidas no súmula que, a partir de sua pu- rior Tribunal de Justiça;
caso, nos termos da lei, a fim de blicação na imprensa oficial, terá VII – um juiz federal, indicado
que o Tribunal examine a admis- efeito vinculante em relação aos pelo Superior Tribunal de Justiça;
são do recurso, somente podendo demais órgãos do Poder Judici- VIII – um juiz de Tribunal Re-
recusá-lo pela manifestação de ário e à administração pública gional do Trabalho, indicado pelo
dois terços de seus membros. direta e indireta, nas esferas fe- Tribunal Superior do Trabalho;
deral, estadual e municipal, bem IX – um juiz do trabalho, in-
Art. 103.  Podem propor a ação como proceder à sua revisão ou dicado pelo Tribunal Superior do
direta de inconstitucionalidade e cancelamento, na forma estabe- Trabalho;
a ação declaratória de constitu- lecida em lei. X – um membro do Ministério
cionalidade: § 1o  A súmula terá por objeti- Público da União, indicado pelo
I – o Presidente da República; vo a validade, a interpretação e a Procurador-Geral da República;
II – a Mesa do Senado Federal; eficácia de normas determinadas, XI – um membro do Ministério
III – a Mesa da Câmara dos acerca das quais haja controvér- Público estadual, escolhido pelo
Deputados; sia atual entre órgãos judiciários Procurador-Geral da República
IV – a Mesa de Assembleia ou entre esses e a administra- dentre os nomes indicados pelo
Legislativa ou da Câmara Legis- ção pública que acarrete grave órgão competente de cada insti-
lativa do Distrito Federal; insegurança jurídica e relevante tuição estadual;
V – o Governador de Estado multiplicação de processos sobre XII – dois advogados, indi-
ou do Distrito Federal; questão idêntica. cados pelo Conselho Federal da
VI – o Procurador-Geral da § 2o  Sem prejuízo do que vier Ordem dos Advogados do Brasil;
República; a ser estabelecido em lei, a apro- XIII – dois cidadãos, de no-
VII – o Conselho Federal da vação, revisão ou cancelamento tável saber jurídico e reputação
Ordem dos Advogados do Brasil; de súmula poderá ser provocada ilibada, indicados um pela Câmara
VIII – partido político com re- por aqueles que podem propor dos Deputados e outro pelo Se-
presentação no Congresso Na- a ação direta de inconstitucio- nado Federal.
cional; nalidade. § 1o  O Conselho será presi-
IX – confederação sindical § 3o  Do ato administrativo dido pelo Presidente do Supre-
ou entidade de classe de âmbito ou decisão judicial que contra- mo Tribunal Federal e, nas suas
nacional. riar a súmula aplicável ou que ausências e impedimentos, pelo
§ 1o  O Procurador-Geral da indevidamente a aplicar, caberá Vice-Presidente do Supremo Tri-
República deverá ser previamente reclamação ao Supremo Tribunal bunal Federal.
ouvido nas ações de inconstitu- Federal que, julgando-a proce- § 2o  Os demais membros do
cionalidade e em todos os proces- dente, anulará o ato administra- Conselho serão nomeados pelo
sos de competência do Supremo tivo ou cassará a decisão judicial Presidente da República, depois
Tribunal Federal. reclamada, e determinará que de aprovada a escolha pela maio-
§ 2o  Declarada a inconstitu- outra seja proferida com ou sem ria absoluta do Senado Federal.
cionalidade por omissão de me- a aplicação da súmula, conforme § 3o  Não efetuadas, no pra-
dida para tornar efetiva norma o caso. zo legal, as indicações previstas
constitucional, será dada ciên- neste artigo, caberá a escolha ao
cia ao Poder competente para a Art. 103-B.  O Conselho Nacio- Supremo Tribunal Federal.
adoção das providências neces- nal de Justiça compõe-se de 15 § 4o  Compete ao Conselho o
sárias e, em se tratando de órgão (quinze) membros com mandato controle da atuação administrati-
administrativo, para fazê-lo em de 2 (dois) anos, admitida 1 (uma) va e financeira do Poder Judiciá-
trinta dias. recondução, sendo: rio e do cumprimento dos deveres
§ 3o  Quando o Supremo Tri- I – o Presidente do Supremo funcionais dos juízes, cabendo-
bunal Federal apreciar a inconsti- Tribunal Federal; -lhe, além de outras atribuições
tucionalidade, em tese, de norma II – um Ministro do Superior que lhe forem conferidas pelo
legal ou ato normativo, citará, Tribunal de Justiça, indicado pelo Estatuto da Magistratura:
previamente, o Advogado-Geral respectivo tribunal; I – zelar pela autonomia do
da União, que defenderá o ato III – um Ministro do Tribunal Poder Judiciário e pelo cumpri-
ou texto impugnado. Superior do Trabalho, indicado mento do Estatuto da Magistra-
§ 4o (Revogado) pelo respectivo tribunal; tura, podendo expedir atos re-
IV – um desembargador de gulamentares, no âmbito de sua
Art. 103-A.  O Supremo Tribunal Tribunal de Justiça, indicado pelo competência, ou recomendar
Federal poderá, de ofício ou por Supremo Tribunal Federal; providências;
provocação, mediante decisão de V – um juiz estadual, indicado II – zelar pela observância

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Constituição da República Federativa do Brasil
do art.  37 e apreciar, de ofício I – receber as reclamações e Art. 105.  Compete ao Superior
ou mediante provocação, a le- denúncias, de qualquer interes- Tribunal de Justiça:
galidade dos atos administrati- sado, relativas aos magistrados I – processar e julgar, origi-
vos praticados por membros ou e aos serviços judiciários; nariamente:
órgãos do Poder Judiciário, po- II – exercer funções execu- a)  nos crimes comuns, os
dendo desconstituí-los, revê-los tivas do Conselho, de inspeção Governadores dos Estados e do
ou fixar prazo para que se adotem e de correição geral; Distrito Federal, e, nestes e nos de
as providências necessárias ao III – requisitar e designar ma- responsabilidade, os desembar-
exato cumprimento da lei, sem gistrados, delegando-lhes atri- gadores dos Tribunais de Justiça
prejuízo da competência do Tri- buições, e requisitar servidores dos Estados e do Distrito Federal,
bunal de Contas da União; de juízos ou tribunais, inclusive os membros dos Tribunais de
III – receber e conhecer das nos Estados, Distrito Federal e Contas dos Estados e do Distrito
reclamações contra membros Territórios. Federal, os dos Tribunais Regio-
ou órgãos do Poder Judiciário, § 6o  Junto ao Conselho ofi- nais Federais, dos Tribunais Re-
inclusive contra seus serviços ciarão o Procurador-Geral da Re- gionais Eleitorais e do Trabalho,
auxiliares, serventias e órgãos pública e o Presidente do Conse- os membros dos Conselhos ou
prestadores de serviços nota- lho Federal da Ordem dos Advo- Tribunais de Contas dos Muni-
riais e de registro que atuem por gados do Brasil. cípios e os do Ministério Público
delegação do poder público ou § 7o  A União, inclusive no da União que oficiem perante
oficializados, sem prejuízo da Distrito Federal e nos Territó- tribunais;
competência disciplinar e cor- rios, criará ouvidorias de justiça, b)  os mandados de seguran-
reicional dos tribunais, podendo competentes para receber recla- ça e os habeas data contra ato de
avocar processos disciplinares mações e denúncias de qualquer Ministro de Estado, dos Coman-
em curso, determinar a remo- interessado contra membros ou dantes da Marinha, do Exército
ção ou a disponibilidade e aplicar órgãos do Poder Judiciário, ou e da Aeronáutica ou do próprio
outras sanções administrativas, contra seus serviços auxiliares, Tribunal;
assegurada ampla defesa; representando diretamente ao c) os habeas corpus, quando
IV – representar ao Ministério Conselho Nacional de Justiça. o coator ou paciente for qualquer
Público, no caso de crime contra das pessoas mencionadas na alí-
a administração pública ou de nea “a”, ou quando o coator for
abuso de autoridade;
Seção III – Do Superior tribunal sujeito à sua jurisdição,
V – rever, de ofício ou me- Tribunal de Justiça Ministro de Estado ou Coman-
diante provocação, os processos dante da Marinha, do Exército
disciplinares de juízes e membros Art. 104.  O Superior Tribunal de ou da Aeronáutica, ressalvada a
de tribunais julgados há menos Justiça compõe-se de, no míni- competência da Justiça Eleitoral;
de um ano; mo, trinta e três Ministros. d)  os conflitos de compe-
VI – elaborar semestralmente Parágrafo único.  Os Ministros tência entre quaisquer tribunais,
relatório estatístico sobre pro- do Superior Tribunal de Justiça ressalvado o disposto no art. 102,
cessos e sentenças prolatadas, serão nomeados pelo Presidente I, “o”, bem como entre tribunal e
por unidade da Federação, nos da República, dentre brasileiros juízes a ele não vinculados e en-
diferentes órgãos do Poder Ju- com mais de trinta e cinco e me- tre juízes vinculados a tribunais
diciário; nos de setenta anos de idade, de diversos;
VII – elaborar relatório anual, notável saber jurídico e reputa- e)  as revisões criminais e
propondo as providências que ção ilibada, depois de aprovada as ações rescisórias de seus jul-
julgar necessárias, sobre a si- a escolha pela maioria absoluta gados;
tuação do Poder Judiciário no do Senado Federal, sendo: f)  a reclamação para a pre-
País e as atividades do Conselho, I – um terço dentre juízes dos servação de sua competência e
o qual deve integrar mensagem Tribunais Regionais Federais e um garantia da autoridade de suas
do Presidente do Supremo Tri- terço dentre desembargadores decisões;
bunal Federal a ser remetida ao dos Tribunais de Justiça, indi- g)  os conflitos de atribuições
Congresso Nacional, por ocasião cados em lista tríplice elaborada entre autoridades administra-
da abertura da sessão legislativa. pelo próprio Tribunal; tivas e judiciárias da União, ou
§ 5o  O Ministro do Superior II – um terço, em partes entre autoridades judiciárias de
Tribunal de Justiça exercerá a iguais, dentre advogados e mem- um Estado e administrativas de
função de Ministro-Corregedor e bros do Ministério Público Fede- outro ou do Distrito Federal, ou
ficará excluído da distribuição de ral, Estadual, do Distrito Federal entre as deste e da União;
processos no Tribunal, competin- e Territórios, alternadamente, h)  o mandado de injunção,
do-lhe, além das atribuições que indicados na forma do art. 94. quando a elaboração da norma
lhe forem conferidas pelo Estatu- regulamentadora for atribuição
to da Magistratura, as seguintes: de órgão, entidade ou autoridade

50
Constituição da República Federativa do Brasil
federal, da administração direta e segundo graus, como órgão II – os demais, mediante pro-
ou indireta, excetuados os ca- central do sistema e com pode- moção de juízes federais com
sos de competência do Supremo res correicionais, cujas decisões mais de cinco anos de exercício,
Tribunal Federal e dos órgãos da terão caráter vinculante. por antiguidade e merecimento,
Justiça Militar, da Justiça Eleito- § 2o  No recurso especial, o alternadamente.
ral, da Justiça do Trabalho e da recorrente deve demonstrar a § 1o  A lei disciplinará a remo-
Justiça Federal; relevância das questões de direito ção ou a permuta de juízes dos
i)  a homologação de senten- federal infraconstitucional discu- Tribunais Regionais Federais e
ças estrangeiras e a concessão tidas no caso, nos termos da lei, a determinará sua jurisdição e sede.
de exequatur às cartas rogatórias; fim de que a admissão do recurso § 2o  Os Tribunais Regionais
II – julgar, em recurso ordi- seja examinada pelo Tribunal, o Federais instalarão a justiça iti-
nário: qual somente pode dele não co- nerante, com a realização de au-
a) os habeas corpus deci- nhecer com base nesse motivo diências e demais funções da
didos em única ou última ins- pela manifestação de 2/3 (dois atividade jurisdicional, nos limites
tância pelos Tribunais Regionais terços) dos membros do órgão territoriais da respectiva jurisdi-
Federais ou pelos tribunais dos competente para o julgamento. ção, servindo-se de equipamen-
Estados, do Distrito Federal e § 3o  Haverá a relevância de tos públicos e comunitários.
Territórios, quando a decisão for que trata o § 2o deste artigo nos § 3o  Os Tribunais Regionais
denegatória; seguintes casos: Federais poderão funcionar des-
b)  os mandados de segu- I – ações penais; centralizadamente, constituindo
rança decididos em única ins- II – ações de improbidade Câmaras regionais, a fim de as-
tância pelos Tribunais Regionais administrativa; segurar o pleno acesso do juris-
Federais ou pelos tribunais dos III – ações cujo valor da cau- dicionado à justiça em todas as
Estados, do Distrito Federal e sa ultrapasse 500 (quinhentos) fases do processo.
Territórios, quando denegatória salários mínimos;
a decisão; IV – ações que possam gerar Art. 108.  Compete aos Tribunais
c)  as causas em que forem inelegibilidade; Regionais Federais:
partes Estado estrangeiro ou or- V – hipóteses em que o acór- I – processar e julgar, origi-
ganismo internacional, de um dão recorrido contrariar jurispru- nariamente:
lado, e, do outro, Município ou dência dominante do Superior a)  os juízes federais da área
pessoa residente ou domicilia- Tribunal de Justiça; de sua jurisdição, incluídos os da
da no País; VI – outras hipóteses previs- Justiça Militar e da Justiça do
III – julgar, em recurso es- tas em lei. Trabalho, nos crimes comuns e de
pecial, as causas decididas, em responsabilidade, e os membros
única ou última instância, pe- do Ministério Público da União,
los Tribunais Regionais Federais
Seção IV – Dos Tribunais ressalvada a competência da Jus-
ou pelos tribunais dos Estados, Regionais Federais e dos tiça Eleitoral;
do Distrito Federal e Territórios, Juízes Federais b)  as revisões criminais e
quando a decisão recorrida: as ações rescisórias de julga-
a)  contrariar tratado ou lei Art. 106.  São órgãos da Justiça dos seus ou dos juízes federais
federal, ou negar-lhes vigência; Federal: da região;
b)  julgar válido ato de gover- I – os Tribunais Regionais Fe- c)  os mandados de seguran-
no local contestado em face de derais; ça e os habeas data contra ato do
lei federal; II – os Juízes Federais. próprio Tribunal ou de juiz federal;
c)  der a lei federal interpre- d) os habeas corpus, quan-
tação divergente da que lhe haja Art. 107.  Os Tribunais Regio- do a autoridade coatora for juiz
atribuído outro tribunal. nais Federais compõem-se de, federal;
§ 1o  Funcionarão junto ao Su- no mínimo, sete juízes, recru- e)  os conflitos de competên-
perior Tribunal de Justiça: tados, quando possível, na res- cia entre juízes federais vincula-
I – a Escola Nacional de For- pectiva região e nomeados pelo dos ao Tribunal;
mação e Aperfeiçoamento de Presidente da República dentre II – julgar, em grau de recurso,
Magistrados, cabendo-lhe, dentre brasileiros com mais de trinta e as causas decididas pelos juízes
outras funções, regulamentar os menos de setenta anos de ida- federais e pelos juízes estaduais
cursos oficiais para o ingresso e de, sendo: no exercício da competência fe-
promoção na carreira; I – um quinto dentre advo- deral da área de sua jurisdição.
II – o Conselho da Justiça gados com mais de dez anos de
Federal, cabendo-lhe exercer, efetiva atividade profissional e Art. 109.  Aos juízes federais
na forma da lei, a supervisão membros do Ministério Público compete processar e julgar:
administrativa e orçamentária Federal com mais de dez anos I – as causas em que a União,
da Justiça Federal de primeiro de carreira; entidade autárquica ou empresa

51
Constituição da República Federativa do Brasil
pública federal forem interessa- XI – a disputa sobre direitos Seção V – Do Tribunal
das na condição de autoras, rés, indígenas. Superior do Trabalho, dos
assistentes ou oponentes, exceto § 1o  As causas em que a Tribunais Regionais do
as de falência, as de acidentes de União for autora serão aforadas Trabalho e dos Juízes do
trabalho e as sujeitas à Justiça na seção judiciária onde tiver Trabalho
Eleitoral e à Justiça do Trabalho; domicílio a outra parte.
II – as causas entre Estado § 2o  As causas intentadas Art. 111.  São órgãos da Justiça
estrangeiro ou organismo inter- contra a União poderão ser afora- do Trabalho:
nacional e Município ou pessoa das na seção judiciária em que for I – o Tribunal Superior do Tra-
domiciliada ou residente no País; domiciliado o autor, naquela onde balho;
III – as causas fundadas em houver ocorrido o ato ou fato que II – os Tribunais Regionais
tratado ou contrato da União com deu origem à demanda ou onde do Trabalho;
Estado estrangeiro ou organismo esteja situada a coisa, ou, ainda, III – Juízes do Trabalho.
internacional; no Distrito Federal. § 1o (Revogado)
IV – os crimes políticos e as § 3o  Lei poderá autorizar que § 2o (Revogado)
infrações penais praticadas em as causas de competência da § 3o (Revogado)
detrimento de bens, serviços ou Justiça Federal em que forem
interesse da União ou de suas en- parte instituição de previdência Art. 111-A.  O Tribunal Superior
tidades autárquicas ou empresas social e segurado possam ser do Trabalho compõe-se de vinte e
públicas, excluídas as contraven- processadas e julgadas na jus- sete Ministros, escolhidos dentre
ções e ressalvada a competência tiça estadual quando a comarca brasileiros com mais de trinta e
da Justiça Militar e da Justiça do domicílio do segurado não for cinco e menos de setenta anos de
Eleitoral; sede de vara federal. idade, de notável saber jurídico e
V – os crimes previstos em § 4o  Na hipótese do parágra- reputação ilibada, nomeados pelo
tratado ou convenção internacio- fo anterior, o recurso cabível será Presidente da República após
nal, quando, iniciada a execução sempre para o Tribunal Regional aprovação pela maioria absoluta
no País, o resultado tenha ou de- Federal na área de jurisdição do do Senado Federal, sendo:
vesse ter ocorrido no estrangeiro, juiz de primeiro grau. I – um quinto dentre advo-
ou reciprocamente; § 5o  Nas hipóteses de grave gados com mais de dez anos de
V-A – as causas relativas a violação de direitos humanos, o efetiva atividade profissional e
direitos humanos a que se refere Procurador-Geral da República, membros do Ministério Público do
o § 5o deste artigo; com a finalidade de assegurar Trabalho com mais de dez anos
VI – os crimes contra a or- o cumprimento de obrigações de efetivo exercício, observado o
ganização do trabalho e, nos ca- decorrentes de tratados interna- disposto no art. 94;
sos determinados por lei, contra cionais de direitos humanos dos II – os demais dentre juízes
o sistema financeiro e a ordem quais o Brasil seja parte, poderá dos Tribunais Regionais do Tra-
econômico-financeira; suscitar, perante o Superior Tri- balho, oriundos da magistratura
VII – os habeas corpus, em bunal de Justiça, em qualquer da carreira, indicados pelo próprio
matéria criminal de sua compe- fase do inquérito ou processo, in- Tribunal Superior.
tência ou quando o constrangi- cidente de deslocamento de com- § 1o  A lei disporá sobre a
mento provier de autoridade cujos petência para a Justiça Federal. competência do Tribunal Supe-
atos não estejam diretamente rior do Trabalho.
sujeitos a outra jurisdição; Art. 110.  Cada Estado, bem como § 2o  Funcionarão junto ao
VIII – os mandados de segu- o Distrito Federal, constituirá uma Tribunal Superior do Trabalho:
rança e os habeas data contra seção judiciária que terá por sede I – a Escola Nacional de For-
ato de autoridade federal, exce- a respectiva Capital, e varas lo- mação e Aperfeiçoamento de
tuados os casos de competência calizadas segundo o estabeleci- Magistrados do Trabalho, caben-
dos tribunais federais; do em lei. do-lhe, dentre outras funções,
IX – os crimes cometidos a Parágrafo único.  Nos Terri- regulamentar os cursos oficiais
bordo de navios ou aeronaves, tórios Federais, a jurisdição e as para o ingresso e promoção na
ressalvada a competência da Jus- atribuições cometidas aos juí- carreira;
tiça Militar; zes federais caberão aos juízes II – o Conselho Superior da
X – os crimes de ingresso da justiça local, na forma da lei. Justiça do Trabalho, cabendo-
ou permanência irregular de es- -lhe exercer, na forma da lei, a
trangeiro, a execução de carta supervisão administrativa, or-
rogatória, após o exequatur, e de çamentária, financeira e patri-
sentença estrangeira, após a ho- monial da Justiça do Trabalho de
mologação, as causas referentes primeiro e segundo graus, como
à nacionalidade, inclusive a res- órgão central do sistema, cujas
pectiva opção, e à naturalização; decisões terão efeito vinculante.

52
Constituição da República Federativa do Brasil
§ 3o  Compete ao Tribunal correntes da relação de trabalho, Art. 116.  Nas Varas do Trabalho,
Superior do Trabalho processar na forma da lei. a jurisdição será exercida por um
e julgar, originariamente, a re- § 1o  Frustrada a negociação juiz singular.
clamação para a preservação coletiva, as partes poderão ele- Parágrafo único. (Revogado)
de sua competência e garantia ger árbitros.
da autoridade de suas decisões. § 2o  Recusando-se qualquer Art. 117.  (Revogado)
das partes à negociação coletiva
Art. 112.  A lei criará varas da ou à arbitragem, é facultado às
Justiça do Trabalho, podendo, mesmas, de comum acordo, ajui-
Seção VI – Dos Tribunais e
nas comarcas não abrangidas zar dissídio coletivo de natureza Juízes Eleitorais
por sua jurisdição, atribuí-la aos econômica, podendo a Justiça do
juízes de direito, com recurso para Trabalho decidir o conflito, res- Art. 118.  São órgãos da Justiça
o respectivo Tribunal Regional do peitadas as disposições mínimas Eleitoral:
Trabalho. legais de proteção ao trabalho, I – o Tribunal Superior Elei-
bem como as convencionadas toral;
Art. 113.  A lei disporá sobre a anteriormente. II – os Tribunais Regionais
constituição, investidura, juris- § 3o  Em caso de greve em Eleitorais;
dição, competência, garantias e atividade essencial, com possi- III – os Juízes Eleitorais;
condições de exercício dos ór- bilidade de lesão do interesse IV – as Juntas Eleitorais.
gãos da Justiça do Trabalho. público, o Ministério Público do
Trabalho poderá ajuizar dissídio Art. 119.  O Tribunal Superior Elei-
Art. 114.  Compete à Justiça do coletivo, competindo à Justiça do toral compor-se-á, no mínimo, de
Trabalho processar e julgar: Trabalho decidir o conflito. sete membros, escolhidos:
I – as ações oriundas da re- I – mediante eleição, pelo voto
lação de trabalho, abrangidos os Art. 115.  Os Tribunais Regionais secreto:
entes de direito público externo e do Trabalho compõem-se de, no a)  três juízes dentre os Minis-
da administração pública direta e mínimo, sete juízes, recrutados, tros do Supremo Tribunal Federal;
indireta da União, dos Estados, do quando possível, na respectiva re- b)  dois juízes dentre os Mi-
Distrito Federal e dos Municípios; gião e nomeados pelo Presidente nistros do Superior Tribunal de
II – as ações que envolvam da República dentre brasileiros Justiça;
exercício do direito de greve; com mais de trinta e menos de II – por nomeação do Presi-
III – as ações sobre represen- setenta anos de idade, sendo: dente da República, dois juízes
tação sindical, entre sindicatos, I – um quinto dentre advo- dentre seis advogados de notá-
entre sindicatos e trabalhado- gados com mais de dez anos de vel saber jurídico e idoneidade
res, e entre sindicatos e empre- efetiva atividade profissional e moral, indicados pelo Supremo
gadores; membros do Ministério Público do Tribunal Federal.
IV – os mandados de segu- Trabalho com mais de dez anos Parágrafo único.  O Tribunal
rança, habeas corpus e habeas de efetivo exercício, observado o Superior Eleitoral elegerá seu
data, quando o ato questionado disposto no art. 94; Presidente e o Vice-Presidente
envolver matéria sujeita à sua II – os demais, mediante pro- dentre os Ministros do Supremo
jurisdição; moção de juízes do trabalho por Tribunal Federal, e o Corregedor
V – os conflitos de competên- antiguidade e merecimento, al- Eleitoral dentre os Ministros do
cia entre órgãos com jurisdição ternadamente. Superior Tribunal de Justiça.
trabalhista, ressalvado o disposto § 1o  Os Tribunais Regionais
no art. 102, I, “o”; do Trabalho instalarão a justiça Art. 120.  Haverá um Tribunal
VI – as ações de indenização itinerante, com a realização de Regional Eleitoral na Capital de
por dano moral ou patrimonial, audiências e demais funções de cada Estado e no Distrito Federal.
decorrentes da relação de tra- atividade jurisdicional, nos limites § 1o  Os Tribunais Regionais
balho; territoriais da respectiva jurisdi- Eleitorais compor-se-ão:
VII – as ações relativas às ção, servindo-se de equipamen- I – mediante eleição, pelo voto
penalidades administrativas im- tos públicos e comunitários. secreto:
postas aos empregadores pelos § 2o  Os Tribunais Regionais a)  de dois juízes dentre os
órgãos de fiscalização das rela- do Trabalho poderão funcionar desembargadores do Tribunal
ções de trabalho; descentralizadamente, consti- de Justiça;
VIII – a execução, de ofício, tuindo Câmaras regionais, a fim b)  de dois juízes, dentre ju-
das contribuições sociais previs- de assegurar o pleno acesso do ízes de direito, escolhidos pelo
tas no art. 195, I, “a”, e II, e seus jurisdicionado à justiça em todas Tribunal de Justiça;
acréscimos legais, decorrentes as fases do processo. II – de um juiz do Tribunal
das sentenças que proferir; Regional Federal com sede na
IX – outras controvérsias de- Capital do Estado ou no Distrito

53
Constituição da República Federativa do Brasil
Federal, ou, não havendo, de juiz Seção VII – Dos Tribunais e atos normativos estaduais ou
federal, escolhido, em qualquer Juízes Militares municipais em face da Consti-
caso, pelo Tribunal Regional Fe- tuição Estadual, vedada a atri-
deral respectivo; Art. 122.  São órgãos da Justi- buição da legitimação para agir
III – por nomeação, pelo Presi- ça Militar: a um único órgão.
dente da República, de dois juízes I – o Superior Tribunal Militar; § 3o  A lei estadual poderá
dentre seis advogados de notá- II – os Tribunais e Juízes Mi- criar, mediante proposta do Tri-
vel saber jurídico e idoneidade litares instituídos por lei. bunal de Justiça, a Justiça Militar
moral, indicados pelo Tribunal estadual, constituída, em primei-
de Justiça. Art. 123.  O Superior Tribunal ro grau, pelos juízes de direito e
§ 2o  O Tribunal Regional Elei- Militar compor-se-á de quinze pelos Conselhos de Justiça e, em
toral elegerá seu Presidente e o Ministros vitalícios, nomeados segundo grau, pelo próprio Tribu-
Vice-Presidente dentre os de- pelo Presidente da República, de- nal de Justiça, ou por Tribunal de
sembargadores. pois de aprovada a indicação pelo Justiça Militar nos Estados em
Senado Federal, sendo três den- que o efetivo militar seja superior
Art. 121.  Lei complementar dis- tre oficiais-generais da Marinha, a vinte mil integrantes.
porá sobre a organização e com- quatro dentre oficiais-generais § 4o  Compete à Justiça Mili-
petência dos tribunais, dos juízes do Exército, três dentre oficiais- tar estadual processar e julgar os
de direito e das juntas eleitorais. -generais da Aeronáutica, todos militares dos Estados, nos crimes
§ 1o  Os membros dos tribu- da ativa e do posto mais elevado militares definidos em lei e as
nais, os juízes de direito e os in- da carreira, e cinco dentre civis. ações judiciais contra atos dis-
tegrantes das juntas eleitorais, Parágrafo único.  Os Minis- ciplinares militares, ressalvada a
no exercício de suas funções, e tros civis serão escolhidos pelo competência do júri quando a ví-
no que lhes for aplicável, goza- Presidente da República dentre tima for civil, cabendo ao tribunal
rão de plenas garantias e serão brasileiros com mais de trinta e competente decidir sobre a perda
inamovíveis. cinco e menos de setenta anos do posto e da patente dos oficiais
§ 2o  Os juízes dos tribunais de idade, sendo: e da graduação das praças.
eleitorais, salvo motivo justificado, I – três dentre advogados de § 5o  Compete aos juízes de
servirão por dois anos, no mínimo, notório saber jurídico e conduta direito do juízo militar processar
e nunca por mais de dois biênios ilibada, com mais de dez anos e julgar, singularmente, os crimes
consecutivos, sendo os substitu- de efetiva atividade profissional; militares cometidos contra civis
tos escolhidos na mesma ocasião II – dois, por escolha pari- e as ações judiciais contra atos
e pelo mesmo processo, em nú- tária, dentre juízes auditores e disciplinares militares, caben-
mero igual para cada categoria. membros do Ministério Público do ao Conselho de Justiça, sob
§ 3o  São irrecorríveis as deci- da Justiça Militar. a presidência de juiz de direito,
sões do Tribunal Superior Eleito- processar e julgar os demais cri-
ral, salvo as que contrariarem esta Art. 124.  À Justiça Militar com- mes militares.
Constituição e as denegatórias pete processar e julgar os crimes § 6o  O Tribunal de Justiça
de habeas corpus ou mandado militares definidos em lei. poderá funcionar descentraliza-
de segurança. Parágrafo único.  A lei dis- damente, constituindo Câmaras
§ 4o  Das decisões dos Tribu- porá sobre a organização, o fun- regionais, a fim de assegurar o
nais Regionais Eleitorais somente cionamento e a competência da pleno acesso do jurisdicionado
caberá recurso quando: Justiça Militar. à justiça em todas as fases do
I – forem proferidas contra processo.
disposição expressa desta Cons- § 7o  O Tribunal de Justiça
tituição ou de lei;
Seção VIII – Dos Tribunais e instalará a justiça itinerante, com
II – ocorrer divergência na Juízes dos Estados a realização de audiências e de-
interpretação de lei entre dois ou mais funções da atividade juris-
mais tribunais eleitorais; Art. 125.  Os Estados organiza- dicional, nos limites territoriais
III – versarem sobre inele- rão sua Justiça, observados os da respectiva jurisdição, servin-
gibilidade ou expedição de di- princípios estabelecidos nesta do-se de equipamentos públicos
plomas nas eleições federais ou Constituição. e comunitários.
estaduais; § 1o  A competência dos tribu-
IV – anularem diplomas ou nais será definida na Constituição Art. 126.  Para dirimir conflitos
decretarem a perda de mandatos do Estado, sendo a lei de organi- fundiários, o Tribunal de Justiça
eletivos federais ou estaduais; zação judiciária de iniciativa do proporá a criação de varas es-
V – denegarem habeas cor- Tribunal de Justiça. pecializadas, com competência
pus, mandado de segurança, § 2o  Cabe aos Estados a ins- exclusiva para questões agrárias.
habeas data ou mandado de in- tituição de representação de in- Parágrafo único.  Sempre que
junção. constitucionalidade de leis ou necessário à eficiente prestação

54
Constituição da República Federativa do Brasil
jurisdicional, o juiz far-se-á pre- derá haver a realização de des- rão a organização, as atribuições
sente no local do litígio. pesas ou a assunção de obriga- e o estatuto de cada Ministério
ções que extrapolem os limites Público, observadas, relativamen-
estabelecidos na lei de diretrizes te a seus membros:
CAPÍTULO IV – DAS orçamentárias, exceto se previa- I – as seguintes garantias:
FUNÇÕES ESSENCIAIS À mente autorizadas, mediante a a)  vitaliciedade, após dois
JUSTIÇA abertura de créditos suplemen- anos de exercício, não podendo
tares ou especiais. perder o cargo senão por senten-
Seção I – Do Ministério ça judicial transitada em julgado;
Público Art. 128.  O Ministério Público b)  inamovibilidade, salvo por
abrange: motivo de interesse público, me-
Art. 127.  O Ministério Público é I – o Ministério Público da diante decisão do órgão colegiado
instituição permanente, essencial União, que compreende: competente do Ministério Público,
à função jurisdicional do Estado, a)  o Ministério Público Fe- pelo voto da maioria absoluta de
incumbindo-lhe a defesa da or- deral; seus membros, assegurada am-
dem jurídica, do regime demo- b)  o Ministério Público do pla defesa;
crático e dos interesses sociais Trabalho; c)  irredutibilidade de subsí-
e individuais indisponíveis. c)  o Ministério Público Militar; dio, fixado na forma do art.  39,
§ 1o  São princípios institu- d)  o Ministério Público do Dis- § 4o, e ressalvado o disposto nos
cionais do Ministério Público a trito Federal e Territórios; arts.  37, X e XI, 150, II, 153, III,
unidade, a indivisibilidade e a in- II – os Ministérios Públicos 153, § 2o, I;
dependência funcional. dos Estados. II – as seguintes vedações:
§ 2o  Ao Ministério Público é § 1o  O Ministério Público da a)  receber, a qualquer título
assegurada autonomia funcional União tem por chefe o Procura- e sob qualquer pretexto, hono-
e administrativa, podendo, ob- dor-Geral da República, nomeado rários, percentagens ou custas
servado o disposto no art.  169, pelo Presidente da República den- processuais;
propor ao Poder Legislativo a tre integrantes da carreira, maio- b)  exercer a advocacia;
criação e extinção de seus cargos res de trinta e cinco anos, após c)  participar de sociedade
e serviços auxiliares, provendo-os a aprovação de seu nome pela comercial, na forma da lei;
por concurso público de provas maioria absoluta dos membros d)  exercer, ainda que em
ou de provas e títulos, a política do Senado Federal, para man- disponibilidade, qualquer outra
remuneratória e os planos de dato de dois anos, permitida a função pública, salvo uma de ma-
carreira; a lei disporá sobre sua recondução. gistério;
organização e funcionamento. § 2o  A destituição do Pro- e)  exercer atividade políti-
§ 3o  O Ministério Público ela- curador-Geral da República, por co-partidária;
borará sua proposta orçamentária iniciativa do Presidente da Re- f)  receber, a qualquer títu-
dentro dos limites estabelecidos pública, deverá ser precedida de lo ou pretexto, auxílios ou con-
na lei de diretrizes orçamentárias. autorização da maioria absoluta tribuições de pessoas físicas,
§ 4o  Se o Ministério Públi- do Senado Federal. entidades públicas ou privadas,
co não encaminhar a respectiva § 3o  Os Ministérios Públicos ressalvadas as exceções previs-
proposta orçamentária dentro dos Estados e o do Distrito Fe- tas em lei.
do prazo estabelecido na lei de deral e Territórios formarão lista § 6o  Aplica-se aos membros
diretrizes orçamentárias, o Po- tríplice dentre integrantes da car- do Ministério Público o disposto
der Executivo considerará, para reira, na forma da lei respectiva, no art. 95, parágrafo único, V.
fins de consolidação da proposta para escolha de seu Procurador-
orçamentária anual, os valores -Geral, que será nomeado pelo Art. 129.  São funções institucio-
aprovados na lei orçamentária Chefe do Poder Executivo, para nais do Ministério Público:
vigente, ajustados de acordo com mandato de dois anos, permitida I – promover, privativamen-
os limites estipulados na forma uma recondução. te, a ação penal pública, na for-
do § 3o. § 4o  Os Procuradores-Gerais ma da lei;
§ 5o  Se a proposta orçamen- nos Estados e no Distrito Federal II – zelar pelo efetivo respei-
tária de que trata este artigo for e Territórios poderão ser destitu- to dos Poderes Públicos e dos
encaminhada em desacordo com ídos por deliberação da maioria serviços de relevância pública
os limites estipulados na forma do absoluta do Poder Legislativo, aos direitos assegurados nesta
§ 3o, o Poder Executivo procederá na forma da lei complementar Constituição, promovendo as me-
aos ajustes necessários para fins respectiva. didas necessárias a sua garantia;
de consolidação da proposta or- § 5o  Leis complementares da III – promover o inquérito civil
çamentária anual. União e dos Estados, cuja inicia- e a ação civil pública, para a pro-
§ 6o  Durante a execução or- tiva é facultada aos respectivos teção do patrimônio público e so-
çamentária do exercício, não po- Procuradores-Gerais, estabelece- cial, do meio ambiente e de outros

55
Constituição da República Federativa do Brasil
interesses difusos e coletivos; Art. 130.  Aos membros do Minis- União e dos Estados, podendo
IV – promover a ação de in- tério Público junto aos Tribunais desconstituí-los, revê-los ou fi-
constitucionalidade ou represen- de Contas aplicam-se as dispo- xar prazo para que se adotem
tação para fins de intervenção da sições desta seção pertinentes as providências necessárias ao
União e dos Estados, nos casos a direitos, vedações e forma de exato cumprimento da lei, sem
previstos nesta Constituição; investidura. prejuízo da competência dos Tri-
V – defender judicialmente os bunais de Contas;
direitos e interesses das popula- Art. 130-A.  O Conselho Nacional III – receber e conhecer das
ções indígenas; do Ministério Público compõe-se reclamações contra membros
VI – expedir notificações nos de quatorze membros nomeados ou órgãos do Ministério Público
procedimentos administrativos pelo Presidente da República, da União ou dos Estados, inclu-
de sua competência, requisitando depois de aprovada a escolha sive contra seus serviços auxi-
informações e documentos para pela maioria absoluta do Sena- liares, sem prejuízo da compe-
instruí-los, na forma da lei com- do Federal, para um mandato de tência disciplinar e correicional
plementar respectiva; dois anos, admitida uma recon- da instituição, podendo avocar
VII – exercer o controle exter- dução, sendo: processos disciplinares em cur-
no da atividade policial, na forma I – o Procurador-Geral da Re- so, determinar a remoção ou a
da lei complementar mencionada pública, que o preside; disponibilidade e aplicar outras
no artigo anterior; II – quatro membros do Mi- sanções administrativas, asse-
VIII – requisitar diligências nistério Público da União, asse- gurada ampla defesa;
investigatórias e a instauração gurada a representação de cada IV – rever, de ofício ou me-
de inquérito policial, indicados uma de suas carreiras; diante provocação, os proces-
os fundamentos jurídicos de suas III – três membros do Minis- sos disciplinares de membros
manifestações processuais; tério Público dos Estados; do Ministério Público da União ou
IX – exercer outras funções IV – dois juízes, indicados um dos Estados julgados há menos
que lhe forem conferidas, desde pelo Supremo Tribunal Federal de um ano;
que compatíveis com sua finali- e outro pelo Superior Tribunal V – elaborar relatório anual,
dade, sendo-lhe vedada a repre- de Justiça; propondo as providências que
sentação judicial e a consultoria V – dois advogados, indicados julgar necessárias sobre a situ-
jurídica de entidades públicas. pelo Conselho Federal da Ordem ação do Ministério Público no
§ 1o  A legitimação do Minis- dos Advogados do Brasil; País e as atividades do Conselho,
tério Público para as ações civis VI – dois cidadãos de notável o qual deve integrar a mensagem
previstas neste artigo não impede saber jurídico e reputação ilibada, prevista no art. 84, XI.
a de terceiros, nas mesmas hipó- indicados um pela Câmara dos § 3o  O Conselho escolherá,
teses, segundo o disposto nesta Deputados e outro pelo Senado em votação secreta, um Corre-
Constituição e na lei. Federal. gedor nacional, dentre os mem-
§ 2o  As funções do Ministério § 1o  Os membros do Conselho bros do Ministério Público que o
Público só podem ser exercidas oriundos do Ministério Público integram, vedada a recondução,
por integrantes da carreira, que serão indicados pelos respecti- competindo-lhe, além das atri-
deverão residir na comarca da vos Ministérios Públicos, na for- buições que lhe forem conferidas
respectiva lotação, salvo auto- ma da lei. pela lei, as seguintes:
rização do chefe da instituição. § 2o  Compete ao Conselho I – receber reclamações e de-
§ 3o  O ingresso na carreira Nacional do Ministério Público núncias, de qualquer interessado,
do Ministério Público far-se-á o controle da atuação adminis- relativas aos membros do Minis-
mediante concurso público de trativa e financeira do Ministé- tério Público e dos seus serviços
provas e títulos, assegurada a rio Público e do cumprimento auxiliares;
participação da Ordem dos Ad- dos deveres funcionais de seus II – exercer funções execu-
vogados do Brasil em sua reali- membros, cabendo-lhe: tivas do Conselho, de inspeção
zação, exigindo-se do bacharel I – zelar pela autonomia fun- e correição geral;
em direito, no mínimo, três anos cional e administrativa do Minis- III – requisitar e designar
de atividade jurídica e observan- tério Público, podendo expedir membros do Ministério Público,
do-se, nas nomeações, a ordem atos regulamentares, no âmbito delegando-lhes atribuições, e re-
de classificação. de sua competência, ou reco- quisitar servidores de órgãos do
§ 4o  Aplica-se ao Ministério mendar providências; Ministério Público.
Público, no que couber, o disposto II – zelar pela observância § 4o  O Presidente do Conse-
no art. 93. do art.  37 e apreciar, de ofício lho Federal da Ordem dos Advo-
§ 5o  A distribuição de pro- ou mediante provocação, a le- gados do Brasil oficiará junto ao
cessos no Ministério Público será galidade dos atos administrati- Conselho.
imediata. vos praticados por membros ou § 5o  Leis da União e dos Es-
órgãos do Ministério Público da tados criarão ouvidorias do Minis-

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Constituição da República Federativa do Brasil
tério Público, competentes para Seção III – Da Advocacia nas Seções II e III deste Capítulo
receber reclamações e denúncias serão remunerados na forma do
de qualquer interessado contra Art. 133.  O advogado é indispen- art. 39, § 4o.
membros ou órgãos do Ministério sável à administração da justiça,
Público, inclusive contra seus ser- sendo inviolável por seus atos e
viços auxiliares, representando manifestações no exercício da TÍTULO V – DA
diretamente ao Conselho Nacio- profissão, nos limites da lei. DEFESA DO ESTADO
nal do Ministério Público. E DAS INSTITUIÇÕES
Seção IV – Da Defensoria DEMOCRÁTICAS
Seção II – Da Advocacia Pública CAPÍTULO I – DO ESTADO
Pública
DE DEFESA E DO ESTADO
Art. 134.  A Defensoria Pública é DE SÍTIO
Art. 131.  A Advocacia-Geral da instituição permanente, essencial
União é a instituição que, direta- à função jurisdicional do Estado, Seção I – Do Estado de
mente ou através de órgão vincu- incumbindo-lhe, como expressão Defesa
lado, representa a União, judicial e instrumento do regime demo-
e extrajudicialmente, cabendo- crático, fundamentalmente, a Art. 136.  O Presidente da Repú-
-lhe, nos termos da lei comple- orientação jurídica, a promoção blica pode, ouvidos o Conselho
mentar que dispuser sobre sua dos direitos humanos e a defesa, da República e o Conselho de
organização e funcionamento, em todos os graus, judicial e ex- Defesa Nacional, decretar esta-
as atividades de consultoria e trajudicial, dos direitos individu- do de defesa para preservar ou
assessoramento jurídico do Po- ais e coletivos, de forma integral prontamente restabelecer, em
der Executivo. e gratuita, aos necessitados, na locais restritos e determinados,
§ 1o  A Advocacia-Geral da forma do inciso LXXIV do art. 5o a ordem pública ou a paz social
União tem por chefe o Advoga- desta Constituição Federal. ameaçadas por grave e iminente
do-Geral da União, de livre nome- § 1o  Lei complementar or- instabilidade institucional ou atin-
ação pelo Presidente da República ganizará a Defensoria Pública da gidas por calamidades de grandes
dentre cidadãos maiores de trinta União e do Distrito Federal e dos proporções na natureza.
e cinco anos, de notável saber ju- Territórios e prescreverá normas § 1o  O decreto que instituir o
rídico e reputação ilibada. gerais para sua organização nos estado de defesa determinará o
§ 2o  O ingresso nas classes Estados, em cargos de carreira, tempo de sua duração, especifi-
iniciais das carreiras da institui- providos, na classe inicial, me- cará as áreas a serem abrangidas
ção de que trata este artigo far- diante concurso público de pro- e indicará, nos termos e limites
-se-á mediante concurso público vas e títulos, assegurada a seus da lei, as medidas coercitivas a
de provas e títulos. integrantes a garantia da inamo- vigorarem, dentre as seguintes:
§ 3o  Na execução da dívida vibilidade e vedado o exercício da I – restrições aos direitos de:
ativa de natureza tributária, a re- advocacia fora das atribuições a)  reunião, ainda que exer-
presentação da União cabe à Pro- institucionais. cida no seio das associações;
curadoria-Geral da Fazenda Nacio- § 2o  Às Defensorias Públicas b)  sigilo de correspondência;
nal, observado o disposto em lei. Estaduais são asseguradas auto- c)  sigilo de comunicação te-
nomia funcional e administrativa legráfica e telefônica;
Art. 132.  Os Procuradores dos e a iniciativa de sua proposta II – ocupação e uso temporá-
Estados e do Distrito Federal, or- orçamentária dentro dos limites rio de bens e serviços públicos, na
ganizados em carreira, na qual o estabelecidos na lei de diretrizes hipótese de calamidade pública,
ingresso dependerá de concurso orçamentárias e subordinação ao respondendo a União pelos danos
público de provas e títulos, com a disposto no art. 99, § 2o. e custos decorrentes.
participação da Ordem dos Advo- § 3o  Aplica-se o disposto no § 2o  O tempo de duração do
gados do Brasil em todas as suas § 2o às Defensorias Públicas da estado de defesa não será su-
fases, exercerão a representação União e do Distrito Federal. perior a trinta dias, podendo ser
judicial e a consultoria jurídica das § 4o  São princípios institu- prorrogado uma vez, por igual
respectivas unidades federadas. cionais da Defensoria Pública a período, se persistirem as ra-
Parágrafo único.  Aos pro- unidade, a indivisibilidade e a in- zões que justificaram a sua de-
curadores referidos neste artigo dependência funcional, aplican- cretação.
é assegurada estabilidade após do-se também, no que couber, o § 3o  Na vigência do estado
três anos de efetivo exercício, disposto no art. 93 e no inciso II do de defesa:
mediante avaliação de desempe- art. 96 desta Constituição Federal. I – a prisão por crime contra
nho perante os órgãos próprios, o Estado, determinada pelo exe-
após relatório circunstanciado Art. 135.  Os servidores integran- cutor da medida, será por este
das corregedorias. tes das carreiras disciplinadas comunicada imediatamente ao

57
Constituição da República Federativa do Brasil
juiz competente, que a relaxa- Art. 138.  O decreto do estado Seção III – Disposições
rá, se não for legal, facultado ao de sítio indicará sua duração, as Gerais
preso requerer exame de corpo normas necessárias a sua execu-
de delito à autoridade policial; ção e as garantias constitucionais Art. 140.  A Mesa do Congresso
II – a comunicação será que ficarão suspensas, e, depois Nacional, ouvidos os líderes parti-
acompanhada de declaração, de publicado, o Presidente da Re- dários, designará Comissão com-
pela autoridade, do estado físico pública designará o executor das posta de cinco de seus membros
e mental do detido no momento medidas específicas e as áreas para acompanhar e fiscalizar a
de sua autuação; abrangidas. execução das medidas referentes
III – a prisão ou detenção de § 1o  O estado de sítio, no caso ao estado de defesa e ao estado
qualquer pessoa não poderá ser do art. 137, I, não poderá ser de- de sítio.
superior a dez dias, salvo quando cretado por mais de trinta dias,
autorizada pelo Poder Judiciário; nem prorrogado, de cada vez, por Art. 141.  Cessado o estado de
IV – é vedada a incomunica- prazo superior; no do inciso II, defesa ou o estado de sítio, ces-
bilidade do preso. poderá ser decretado por todo o sarão também seus efeitos, sem
§ 4o  Decretado o estado de tempo que perdurar a guerra ou prejuízo da responsabilidade pe-
defesa ou sua prorrogação, o Pre- a agressão armada estrangeira. los ilícitos cometidos por seus
sidente da República, dentro de § 2o  Solicitada autorização executores ou agentes.
vinte e quatro horas, submeterá para decretar o estado de sítio Parágrafo único.  Logo que
o ato com a respectiva justifica- durante o recesso parlamentar, cesse o estado de defesa ou o
ção ao Congresso Nacional, que o Presidente do Senado Federal, estado de sítio, as medidas apli-
decidirá por maioria absoluta. de imediato, convocará extraor- cadas em sua vigência serão re-
§ 5o  Se o Congresso Nacional dinariamente o Congresso Na- latadas pelo Presidente da Repú-
estiver em recesso, será convo- cional para se reunir dentro de blica, em mensagem ao Congres-
cado, extraordinariamente, no cinco dias, a fim de apreciar o ato. so Nacional, com especificação
prazo de cinco dias. § 3o  O Congresso Nacional e justificação das providências
§ 6o  O Congresso Nacional permanecerá em funcionamen- adotadas, com relação nominal
apreciará o decreto dentro de to até o término das medidas dos atingidos e indicação das
dez dias contados de seu recebi- coercitivas. restrições aplicadas.
mento, devendo continuar funcio-
nando enquanto vigorar o estado Art. 139.  Na vigência do estado
de defesa. de sítio decretado com funda- CAPÍTULO II – DAS FORÇAS
§ 7o  Rejeitado o decreto, mento no art. 137, I, só poderão ARMADAS
cessa imediatamente o estado ser tomadas contra as pessoas
de defesa. as seguintes medidas: Art. 142.  As Forças Armadas,
I – obrigação de permanência constituídas pela Marinha, pelo
em localidade determinada; Exército e pela Aeronáutica, são
Seção II – Do Estado de Sítio II – detenção em edifício não instituições nacionais permanen-
destinado a acusados ou conde- tes e regulares, organizadas com
Art. 137.  O Presidente da Repú- nados por crimes comuns; base na hierarquia e na disciplina,
blica pode, ouvidos o Conselho da III – restrições relativas à in- sob a autoridade suprema do Pre-
República e o Conselho de Defesa violabilidade da correspondên- sidente da República, e destinam-
Nacional, solicitar ao Congresso cia, ao sigilo das comunicações, -se à defesa da Pátria, à garantia
Nacional autorização para decre- à prestação de informações e à dos poderes constitucionais e,
tar o estado de sítio nos casos de: liberdade de imprensa, radiodifu- por iniciativa de qualquer destes,
I – comoção grave de reper- são e televisão, na forma da lei; da lei e da ordem.
cussão nacional ou ocorrência de IV – suspensão da liberdade § 1o  Lei complementar es-
fatos que comprovem a ineficá- de reunião; tabelecerá as normas gerais a
cia de medida tomada durante o V – busca e apreensão em serem adotadas na organização,
estado de defesa; domicílio; no preparo e no emprego das
II – declaração de estado de VI – intervenção nas empre- Forças Armadas.
guerra ou resposta a agressão sas de serviços públicos; § 2o  Não caberá habeas cor-
armada estrangeira. VII – requisição de bens. pus em relação a punições disci-
Parágrafo único.  O Presiden- Parágrafo único.  Não se in- plinares militares.
te da República, ao solicitar auto- clui nas restrições do inciso III a § 3o  Os membros das Forças
rização para decretar o estado de difusão de pronunciamentos de Armadas são denominados milita-
sítio ou sua prorrogação, relatará parlamentares efetuados em suas res, aplicando-se-lhes, além das
os motivos determinantes do pe- Casas Legislativas, desde que que vierem a ser fixadas em lei,
dido, devendo o Congresso Nacio- liberada pela respectiva Mesa. as seguintes disposições:
nal decidir por maioria absoluta. I – as patentes, com prer-

58
Constituição da República Federativa do Brasil
rogativas, direitos e deveres a prevalência da atividade militar, contra a ordem política e social
elas inerentes, são conferidas no art. 37, inciso XVI, alínea “c”; ou em detrimento de bens, ser-
pelo Presidente da República e IX – (Revogado); viços e interesses da União ou
asseguradas em plenitude aos X – a lei disporá sobre o in- de suas entidades autárquicas e
oficiais da ativa, da reserva ou gresso nas Forças Armadas, os empresas públicas, assim como
reformados, sendo-lhes privati- limites de idade, a estabilidade outras infrações cuja prática te-
vos os títulos e postos militares e outras condições de transfe- nha repercussão interestadual ou
e, juntamente com os demais rência do militar para a inativi- internacional e exija repressão
membros, o uso dos uniformes dade, os direitos, os deveres, a uniforme, segundo se dispuser
das Forças Armadas; remuneração, as prerrogativas em lei;
II – o militar em atividade que e outras situações especiais dos II – prevenir e reprimir o trá-
tomar posse em cargo ou em- militares, consideradas as pe- fico ilícito de entorpecentes e
prego público civil permanente, culiaridades de suas atividades, drogas afins, o contrabando e o
ressalvada a hipótese prevista no inclusive aquelas cumpridas por descaminho, sem prejuízo da ação
art. 37, inciso XVI, alínea “c”, será força de compromissos interna- fazendária e de outros órgãos
transferido para a reserva, nos cionais e de guerra. públicos nas respectivas áreas
termos da lei; de competência;
III – o militar da ativa que, de Art. 143.  O serviço militar é obri- III – exercer as funções de
acordo com a lei, tomar posse em gatório nos termos da lei. polícia marítima, aeroportuária
cargo, emprego ou função pública § 1o  Às Forças Armadas com- e de fronteiras;
civil temporária, não eletiva, ain- pete, na forma da lei, atribuir ser- IV – exercer, com exclusivida-
da que da administração indireta, viço alternativo aos que, em tem- de, as funções de polícia judiciária
ressalvada a hipótese prevista no po de paz, após alistados, alega- da União.
art. 37, inciso XVI, alínea “c”, fica- rem imperativo de consciência, § 2o  A polícia rodoviária fede-
rá agregado ao respectivo qua- entendendo-se como tal o de- ral, órgão permanente, organiza-
dro e somente poderá, enquanto corrente de crença religiosa e de do e mantido pela União e estru-
permanecer nessa situação, ser convicção filosófica ou política, turado em carreira, destina-se, na
promovido por antiguidade, con- para se eximirem de atividades de forma da lei, ao patrulhamento
tando-se-lhe o tempo de serviço caráter essencialmente militar. ostensivo das rodovias federais.
apenas para aquela promoção § 2o  As mulheres e os eclesi- § 3o  A polícia ferroviária fe-
e transferência para a reserva, ásticos ficam isentos do serviço deral, órgão permanente, organi-
sendo depois de dois anos de militar obrigatório em tempo de zado e mantido pela União e es-
afastamento, contínuos ou não, paz, sujeitos, porém, a outros truturado em carreira, destina-se,
transferido para a reserva, nos encargos que a lei lhes atribuir. na forma da lei, ao patrulhamento
termos da lei; ostensivo das ferrovias federais.
IV – ao militar são proibidas a § 4o  Às polícias civis, dirigi-
sindicalização e a greve; CAPÍTULO III – DA das por delegados de polícia de
V – o militar, enquanto em SEGURANÇA PÚBLICA carreira, incumbem, ressalvada a
serviço ativo, não pode estar fi- competência da União, as funções
liado a partidos políticos; Art. 144.  A segurança pública, de polícia judiciária e a apuração
VI – o oficial só perderá o dever do Estado, direito e respon- de infrações penais, exceto as
posto e a patente se for julga- sabilidade de todos, é exercida militares.
do indigno do oficialato ou com para a preservação da ordem § 5o  Às polícias militares ca-
ele incompatível, por decisão de pública e da incolumidade das bem a polícia ostensiva e a pre-
tribunal militar de caráter per- pessoas e do patrimônio, através servação da ordem pública; aos
manente, em tempo de paz, ou dos seguintes órgãos: corpos de bombeiros militares,
de tribunal especial, em tempo I – polícia federal; além das atribuições definidas
de guerra; II – polícia rodoviária federal; em lei, incumbe a execução de
VII – o oficial condenado na III – polícia ferroviária federal; atividades de defesa civil.
justiça comum ou militar a pena IV – polícias civis; § 5o-A.  Às polícias penais,
privativa de liberdade superior a V – polícias militares e corpos vinculadas ao órgão administra-
dois anos, por sentença transi- de bombeiros militares; dor do sistema penal da unidade
tada em julgado, será submetido VI – polícias penais federal, federativa a que pertencem, cabe
ao julgamento previsto no inciso estaduais e distrital. a segurança dos estabelecimen-
anterior; § 1o  A polícia federal, insti- tos penais.
VIII – aplica-se aos militares tuída por lei como órgão perma- § 6o  As polícias militares e
o disposto no art. 7o, incisos VIII, nente, organizado e mantido pela os corpos de bombeiros milita-
XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no União e estruturado em carreira, res, forças auxiliares e reserva
art. 37, incisos XI, XIII, XIV e XV, destina-se a: do Exército subordinam-se, jun-
bem como, na forma da lei e com I – apurar infrações penais tamente com as polícias civis e

59
Constituição da República Federativa do Brasil
as polícias penais estaduais e III – contribuição de melhoria, vado que:
distrital, aos Governadores dos decorrente de obras públicas. I – será opcional para o con-
Estados, do Distrito Federal e § 1o  Sempre que possível, os tribuinte;
dos Territórios. impostos terão caráter pessoal e II – poderão ser estabelecidas
§ 7o  A lei disciplinará a or- serão graduados segundo a ca- condições de enquadramento di-
ganização e o funcionamento pacidade econômica do contri- ferenciadas por Estado;
dos órgãos responsáveis pela buinte, facultado à administração III – o recolhimento será uni-
segurança pública, de maneira tributária, especialmente para ficado e centralizado e a distri-
a garantir a eficiência de suas conferir efetividade a esses ob- buição da parcela de recursos
atividades. jetivos, identificar, respeitados os pertencentes aos respectivos
§ 8o  Os Municípios poderão direitos individuais e nos termos entes federados será imediata,
constituir guardas municipais da lei, o patrimônio, os rendimen- vedada qualquer retenção ou con-
destinadas à proteção de seus tos e as atividades econômicas dicionamento;
bens, serviços e instalações, con- do contribuinte. IV – a arrecadação, a fiscali-
forme dispuser a lei. § 2o  As taxas não poderão zação e a cobrança poderão ser
§ 9o  A remuneração dos ser- ter base de cálculo própria de compartilhadas pelos entes fede-
vidores policiais integrantes dos impostos. rados, adotado cadastro nacional
órgãos relacionados neste arti- único de contribuintes.
go será fixada na forma do § 4o Art. 146.  Cabe à lei comple-
do art. 39. mentar: Art. 146-A.  Lei complementar
§ 10.  A segurança viária, I – dispor sobre conflitos de poderá estabelecer critérios es-
exercida para a preservação da competência, em matéria tribu- peciais de tributação, com o ob-
ordem pública e da incolumidade tária, entre a União, os Estados, jetivo de prevenir desequilíbrios
das pessoas e do seu patrimônio o Distrito Federal e os Municípios; da concorrência, sem prejuízo
nas vias públicas: II – regular as limitações da competência de a União, por
I – compreende a educação, constitucionais ao poder de tri- lei, estabelecer normas de igual
engenharia e fiscalização de trân- butar; objetivo.
sito, além de outras atividades III – estabelecer normas ge-
previstas em lei, que assegurem rais em matéria de legislação Art. 147.  Competem à União,
ao cidadão o direito à mobilidade tributária, especialmente sobre: em Território Federal, os impos-
urbana eficiente; e a)  definição de tributos e de tos estaduais e, se o Território
II – compete, no âmbito dos suas espécies, bem como, em re- não for dividido em Municípios,
Estados, do Distrito Federal e lação aos impostos discriminados cumulativamente, os impostos
dos Municípios, aos respectivos nesta Constituição, a dos respec- municipais; ao Distrito Federal
órgãos ou entidades executivos e tivos fatos geradores, bases de cabem os impostos municipais.
seus agentes de trânsito, estrutu- cálculo e contribuintes;
rados em Carreira, na forma da lei. b)  obrigação, lançamento, Art. 148.  A União, mediante lei
crédito, prescrição e decadência complementar, poderá instituir
tributários; empréstimos compulsórios:
TÍTULO VI – DA c)  adequado tratamento tri- I – para atender a despesas
TRIBUTAÇÃO E DO butário ao ato cooperativo pra- extraordinárias, decorrentes de
ORÇAMENTO ticado pelas sociedades coope- calamidade pública, de guerra
rativas; externa ou sua iminência;
CAPÍTULO I – DO SISTEMA d)  definição de tratamento II – no caso de investimen-
TRIBUTÁRIO NACIONAL diferenciado e favorecido para as to público de caráter urgente e
microempresas e para as empre- de relevante interesse nacional,
Seção I – Dos Princípios sas de pequeno porte, inclusive observado o disposto no art. 150,
Gerais regimes especiais ou simplifica- III, “b”.
dos no caso do imposto previsto Parágrafo único.  A aplicação
Art. 145.  A União, os Estados, o no art. 155, II, das contribuições dos recursos provenientes de
Distrito Federal e os Municípios previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, empréstimo compulsório será
poderão instituir os seguintes e da contribuição a que se refere vinculada à despesa que funda-
tributos: o art. 239. mentou sua instituição.
I – impostos; Parágrafo único.  A lei com-
II – taxas, em razão do exer- plementar de que trata o inciso Art. 149.  Compete exclusiva-
cício do poder de polícia ou pela III, “d”, também poderá instituir mente à União instituir contribui-
utilização, efetiva ou potencial, um regime único de arrecadação ções sociais, de intervenção no
de serviços públicos específicos dos impostos e contribuições da domínio econômico e de interesse
e divisíveis, prestados ao contri- União, dos Estados, do Distrito das categorias profissionais ou
buinte ou postos a sua disposição; Federal e dos Municípios, obser- econômicas, como instrumento

60
Constituição da República Federativa do Brasil
de sua atuação nas respectivas portação poderá ser equiparada VI – instituir impostos sobre:
áreas, observado o disposto nos a pessoa jurídica, na forma da lei. a)  patrimônio, renda ou ser-
arts. 146, III, e 150, I e III, e sem § 4o  A lei definirá as hipó- viços, uns dos outros;
prejuízo do previsto no art. 195, teses em que as contribuições b)  templos de qualquer culto;
§ 6o, relativamente às contribui- incidirão uma única vez. c)  patrimônio, renda ou ser-
ções a que alude o dispositivo. viços dos partidos políticos, inclu-
§ 1o  A União, os Estados, o Art. 149-A.  Os Municípios e o sive suas fundações, das entida-
Distrito Federal e os Municípios Distrito Federal poderão instituir des sindicais dos trabalhadores,
instituirão, por meio de lei, con- contribuição, na forma das res- das instituições de educação e
tribuições para custeio de regime pectivas leis, para o custeio do de assistência social, sem fins
próprio de previdência social, co- serviço de iluminação pública, lucrativos, atendidos os requi-
bradas dos servidores ativos, dos observado o disposto no art. 150, sitos da lei;
aposentados e dos pensionistas, I e III. d)  livros, jornais, periódicos
que poderão ter alíquotas pro- Parágrafo único.  É faculta- e o papel destinado a sua im-
gressivas de acordo com o valor da a cobrança da contribuição a pressão;
da base de contribuição ou dos que se refere o caput, na fatura e)  fonogramas e videofono-
proventos de aposentadoria e de consumo de energia elétrica. gramas musicais produzidos no
de pensões. Brasil contendo obras musicais ou
§ 1o-A.  Quando houver déficit literomusicais de autores brasi-
atuarial, a contribuição ordinária
Seção II – Das Limitações do leiros e/ou obras em geral inter-
dos aposentados e pensionistas Poder de Tributar pretadas por artistas brasileiros
poderá incidir sobre o valor dos bem como os suportes materiais
proventos de aposentadoria e Art. 150.  Sem prejuízo de ou- ou arquivos digitais que os conte-
de pensões que supere o salário tras garantias asseguradas ao nham, salvo na etapa de replica-
mínimo. contribuinte, é vedado à União, ção industrial de mídias ópticas
§ 1o-B.  Demonstrada a insu- aos Estados, ao Distrito Federal de leitura a laser.
ficiência da medida prevista no e aos Municípios: § 1o  A vedação do inciso III,
§ 1o‑A para equacionar o déficit I – exigir ou aumentar tributo “b”, não se aplica aos tributos pre-
atuarial, é facultada a instituição sem lei que o estabeleça; vistos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e
de contribuição extraordinária, no II – instituir tratamento desi- V; e 154, II; e a vedação do inciso
âmbito da União, dos servidores gual entre contribuintes que se III, “c”, não se aplica aos tributos
públicos ativos, dos aposentados encontrem em situação equiva- previstos nos arts. 148, I, 153, I,
e dos pensionistas. lente, proibida qualquer distinção II, III e V; e 154, II, nem à fixação
§ 1o-C.  A contribuição extra- em razão de ocupação profissio- da base de cálculo dos impostos
ordinária de que trata o §  1o‑B nal ou função por eles exercida, previstos nos arts. 155, III, e 156, I.
deverá ser instituída simulta- independentemente da denomi- § 2o  A vedação do inciso VI,
neamente com outras medidas nação jurídica dos rendimentos, “a”, é extensiva às autarquias e
para equacionamento do déficit títulos ou direitos; às fundações instituídas e man-
e vigorará por período determi- III – cobrar tributos: tidas pelo Poder Público, no que
nado, contado da data de sua a)  em relação a fatos gera- se refere ao patrimônio, à renda
instituição. dores ocorridos antes do início e aos serviços, vinculados a suas
§ 2o  As contribuições sociais da vigência da lei que os houver finalidades essenciais ou às delas
e de intervenção no domínio eco- instituído ou aumentado; decorrentes.
nômico de que trata o caput des- b)  no mesmo exercício finan- § 3o  As vedações do inciso
te artigo: ceiro em que haja sido publicada VI, “a”, e do parágrafo anterior
I – não incidirão sobre as re- a lei que os instituiu ou aumentou; não se aplicam ao patrimônio, à
ceitas decorrentes de exporta- c)  antes de decorridos no- renda e aos serviços, relaciona-
ção; venta dias da data em que haja dos com exploração de ativida-
II – incidirão também sobre a sido publicada a lei que os insti- des econômicas regidas pelas
importação de produtos estran- tuiu ou aumentou, observado o normas aplicáveis a empreendi-
geiros ou serviços; disposto na alínea “b”; mentos privados, ou em que haja
III – poderão ter alíquotas: IV – utilizar tributo com efeito contraprestação ou pagamento
a)  ad valorem, tendo por base de confisco; de preços ou tarifas pelo usuá-
o faturamento, a receita bruta ou V – estabelecer limitações ao rio, nem exoneram o promiten-
o valor da operação e, no caso de tráfego de pessoas ou bens, por te comprador da obrigação de
importação, o valor aduaneiro; meio de tributos interestaduais pagar imposto relativamente ao
b)  específica, tendo por base ou intermunicipais, ressalvada a bem imóvel.
a unidade de medida adotada. cobrança de pedágio pela utili- § 4o  As vedações expres-
§ 3o  A pessoa natural des- zação de vias conservadas pelo sas no inciso VI, alíneas “b” e “c”,
tinatária das operações de im- Poder Público; compreendem somente o pa-

61
Constituição da República Federativa do Brasil
trimônio, a renda e os serviços, pios estabelecer diferença tri- II – não incidirá sobre peque-
relacionados com as finalidades butária entre bens e serviços, nas glebas rurais, definidas em lei,
essenciais das entidades nelas de qualquer natureza, em razão quando as explore o proprietário
mencionadas. de sua procedência ou destino. que não possua outro imóvel;
§ 5o  A lei determinará me- III – será fiscalizado e cobra-
didas para que os consumido- do pelos Municípios que assim
res sejam esclarecidos acerca
Seção III – Dos Impostos da optarem, na forma da lei, desde
dos impostos que incidam sobre União que não implique redução do im-
mercadorias e serviços. posto ou qualquer outra forma de
§ 6o  Qualquer subsídio ou Art. 153.  Compete à União ins- renúncia fiscal.
isenção, redução de base de tituir impostos sobre: § 5o  O ouro, quando definido
cálculo, concessão de crédito I – importação de produtos em lei como ativo financeiro ou
presumido, anistia ou remissão, estrangeiros; instrumento cambial, sujeita-se
relativos a impostos, taxas ou II – exportação, para o exte- exclusivamente à incidência do
contribuições, só poderá ser con- rior, de produtos nacionais ou imposto de que trata o inciso V
cedido mediante lei específica, nacionalizados; do caput deste artigo, devido na
federal, estadual ou municipal, III – renda e proventos de operação de origem; a alíquota
que regule exclusivamente as qualquer natureza; mínima será de um por cento,
matérias acima enumeradas ou o IV – produtos industrializados; assegurada a transferência do
correspondente tributo ou contri- V – operações de crédito, montante da arrecadação nos
buição, sem prejuízo do disposto câmbio e seguro, ou relativas seguintes termos:
no art. 155, § 2o, XII, “g”. a títulos ou valores mobiliários; I – trinta por cento para o
§ 7o  A lei poderá atribuir a VI – propriedade territorial Estado, o Distrito Federal ou o
sujeito passivo de obrigação tri- rural; Território, conforme a origem;
butária a condição de responsável VII – grandes fortunas, nos II – setenta por cento para o
pelo pagamento de imposto ou termos de lei complementar. Município de origem.
contribuição, cujo fato gerador § 1o  É facultado ao Poder
deva ocorrer posteriormente, as- Executivo, atendidas as condi- Art. 154.  A União poderá ins-
segurada a imediata e preferen- ções e os limites estabelecidos tituir:
cial restituição da quantia paga, em lei, alterar as alíquotas dos I – mediante lei complemen-
caso não se realize o fato gerador impostos enumerados nos inci- tar, impostos não previstos no
presumido. sos I, II, IV e V. artigo anterior, desde que sejam
§ 2o  O imposto previsto no não cumulativos e não tenham
Art. 151.  É vedado à União: inciso III: fato gerador ou base de cálculo
I – instituir tributo que não I – será informado pelos cri- próprios dos discriminados nesta
seja uniforme em todo o território térios da generalidade, da univer- Constituição;
nacional ou que implique distin- salidade e da progressividade, na II – na iminência ou no caso de
ção ou preferência em relação forma da lei; guerra externa, impostos extraor-
a Estado, ao Distrito Federal ou II – (Revogado). dinários, compreendidos ou não
a Município, em detrimento de § 3o  O imposto previsto no em sua competência tributária,
outro, admitida a concessão de inciso IV: os quais serão suprimidos, gra-
incentivos fiscais destinados a I – será seletivo, em função dativamente, cessadas as causas
promover o equilíbrio do desen- da essencialidade do produto; de sua criação.
volvimento socioeconômico entre II – será não cumulativo, com-
as diferentes regiões do País; pensando-se o que for devido em
II – tributar a renda das obri- cada operação com o montante
Seção IV – Dos Impostos dos
gações da dívida pública dos Es- cobrado nas anteriores; Estados e do Distrito Federal
tados, do Distrito Federal e dos III – não incidirá sobre produ-
Municípios, bem como a remune- tos industrializados destinados Art. 155.  Compete aos Estados
ração e os proventos dos respec- ao exterior; e ao Distrito Federal instituir im-
tivos agentes públicos, em níveis IV – terá reduzido seu impacto postos sobre:
superiores aos que fixar para suas sobre a aquisição de bens de ca- I – transmissão causa mortis
obrigações e para seus agentes; pital pelo contribuinte do imposto, e doação, de quaisquer bens ou
III – instituir isenções de tri- na forma da lei. direitos;
butos da competência dos Es- § 4o  O imposto previsto no II – operações relativas à cir-
tados, do Distrito Federal ou dos inciso VI do caput: culação de mercadorias e sobre
Municípios. I – será progressivo e terá prestações de serviços de trans-
suas alíquotas fixadas de forma porte interestadual e intermunici-
Art. 152.  É vedado aos Estados, a desestimular a manutenção de pal e de comunicação, ainda que
ao Distrito Federal e aos Municí- propriedades improdutivas; as operações e as prestações se

62
Constituição da República Federativa do Brasil
iniciem no exterior; ria absoluta de seus membros, no exterior, cabendo o imposto
III – propriedade de veículos estabelecerá as alíquotas aplicá- ao Estado onde estiver situado o
automotores. veis às operações e prestações, domicílio ou o estabelecimento do
§ 1o  O imposto previsto no interestaduais e de exportação; destinatário da mercadoria, bem
inciso I: V – é facultado ao Senado ou serviço;
I – relativamente a bens imó- Federal: b)  sobre o valor total da ope-
veis e respectivos direitos, com- a)  estabelecer alíquotas mí- ração, quando mercadorias fo-
pete ao Estado da situação do nimas nas operações internas, rem fornecidas com serviços não
bem, ou ao Distrito Federal; mediante resolução de iniciati- compreendidos na competência
II – relativamente a bens mó- va de um terço e aprovada pela tributária dos Municípios;
veis, títulos e créditos, compete maioria absoluta de seus mem- X – não incidirá:
ao Estado onde se processar o bros; a)  sobre operações que des-
inventário ou arrolamento, ou b)  fixar alíquotas máximas tinem mercadorias para o exte-
tiver domicílio o doador, ou ao nas mesmas operações para re- rior, nem sobre serviços presta-
Distrito Federal; solver conflito específico que en- dos a destinatários no exterior,
III – terá a competência para volva interesse de Estados, me- assegurada a manutenção e o
sua instituição regulada por lei diante resolução de iniciativa da aproveitamento do montante do
complementar: maioria absoluta e aprovada por imposto cobrado nas operações
a)  se o doador tiver domicílio dois terços de seus membros; e prestações anteriores;
ou residência no exterior; VI – salvo deliberação em con- b)  sobre operações que des-
b)  se o de cujus possuía bens, trário dos Estados e do Distrito tinem a outros Estados petróleo,
era residente ou domiciliado ou Federal, nos termos do disposto inclusive lubrificantes, combustí-
teve o seu inventário processado no inciso XII, “g”, as alíquotas in- veis líquidos e gasosos dele deri-
no exterior; ternas, nas operações relativas à vados, e energia elétrica;
IV – terá suas alíquotas máxi- circulação de mercadorias e nas c)  sobre o ouro, nas hipó-
mas fixadas pelo Senado Federal; prestações de serviços, não po- teses definidas no art. 153, § 5o;
V – não incidirá sobre as doa- derão ser inferiores às previstas d)  nas prestações de servi-
ções destinadas, no âmbito do Po- para as operações interestaduais; ço de comunicação nas modali-
der Executivo da União, a projetos VII – nas operações e presta- dades de radiodifusão sonora e
socioambientais ou destinados a ções que destinem bens e servi- de sons e imagens de recepção
mitigar os efeitos das mudanças ços a consumidor final, contri- livre e gratuita;
climáticas e às instituições fede- buinte ou não do imposto, loca- XI – não compreenderá, em
rais de ensino. lizado em outro Estado, adotar- sua base de cálculo, o montante
§ 2o  O imposto previsto no -se-á a alíquota interestadual e do imposto sobre produtos indus-
inciso II atenderá ao seguinte: caberá ao Estado de localização trializados, quando a operação,
I – será não cumulativo, com- do destinatário o imposto cor- realizada entre contribuintes e
pensando-se o que for devido em respondente à diferença entre a relativa a produto destinado à
cada operação relativa à circula- alíquota interna do Estado desti- industrialização ou à comercia-
ção de mercadorias ou prestação natário e a alíquota interestadual; lização, configure fato gerador
de serviços com o montante co- a) (Revogada); dos dois impostos;
brado nas anteriores pelo mesmo b) (Revogada); XII – cabe à lei complementar:
ou outro Estado ou pelo Distrito VIII – a responsabilidade pelo a)  definir seus contribuintes;
Federal; recolhimento do imposto cor- b)  dispor sobre substituição
II – a isenção ou não inci- respondente à diferença entre a tributária;
dência, salvo determinação em alíquota interna e a interestadu- c)  disciplinar o regime de
contrário da legislação: al de que trata o inciso VII será compensação do imposto;
a)  não implicará crédito para atribuída: d)  fixar, para efeito de sua
compensação com o montante a)  ao destinatário, quando cobrança e definição do estabele-
devido nas operações ou pres- este for contribuinte do imposto; cimento responsável, o local das
tações seguintes; b)  ao remetente, quando o operações relativas à circulação
b)  acarretará a anulação do destinatário não for contribuinte de mercadorias e das prestações
crédito relativo às operações an- do imposto; de serviços;
teriores; IX – incidirá também: e)  excluir da incidência do
III – poderá ser seletivo, em a)  sobre a entrada de bem ou imposto, nas exportações para
função da essencialidade das mercadoria importados do exte- o exterior, serviços e outros pro-
mercadorias e dos serviços; rior por pessoa física ou jurídica, dutos além dos mencionados no
IV – resolução do Senado Fe- ainda que não seja contribuinte inciso X, “a”;
deral, de iniciativa do Presidente habitual do imposto, qualquer f)  prever casos de manuten-
da República ou de um terço dos que seja a sua finalidade, assim ção de crédito, relativamente à
Senadores, aprovada pela maio- como sobre o serviço prestado remessa para outro Estado e ex-

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Constituição da República Federativa do Brasil
portação para o exterior, de ser- b)  poderão ser específicas, que trata a alínea “b” do inciso VI
viços e de mercadorias; por unidade de medida adotada, do caput do art. 150 desta Cons-
g)  regular a forma como, me- ou ad valorem, incidindo sobre tituição sejam apenas locatárias
diante deliberação dos Estados o valor da operação ou sobre o do bem imóvel.
e do Distrito Federal, isenções, preço que o produto ou seu simi- § 2o  O imposto previsto no
incentivos e benefícios fiscais lar alcançaria em uma venda em inciso II:
serão concedidos e revogados; condições de livre concorrência; I – não incide sobre a trans-
h)  definir os combustíveis c)  poderão ser reduzidas e missão de bens ou direitos incor-
e lubrificantes sobre os quais o restabelecidas, não se lhes apli- porados ao patrimônio de pessoa
imposto incidirá uma única vez, cando o disposto no art. 150, III, jurídica em realização de capital,
qualquer que seja a sua finalidade, “b”. nem sobre a transmissão de bens
hipótese em que não se aplicará § 5o  As regras necessárias ou direitos decorrente de fusão,
o disposto no inciso X, “b”; à aplicação do disposto no § 4o, incorporação, cisão ou extinção
i)  fixar a base de cálculo, de inclusive as relativas à apuração de pessoa jurídica, salvo se, nes-
modo que o montante do imposto e à destinação do imposto, serão ses casos, a atividade preponde-
a integre, também na importação estabelecidas mediante delibe- rante do adquirente for a compra
do exterior de bem, mercadoria ração dos Estados e do Distrito e venda desses bens ou direitos,
ou serviço. Federal, nos termos do § 2o, XII, “g”. locação de bens imóveis ou ar-
§ 3o  À exceção dos impos- § 6o  O imposto previsto no rendamento mercantil;
tos de que tratam o inciso II do inciso III: II – compete ao Município da
caput deste artigo e o art. 153, I e I – terá alíquotas mínimas fi- situação do bem.
II, nenhum outro imposto poderá xadas pelo Senado Federal; § 3o  Em relação ao imposto
incidir sobre operações relativas II – poderá ter alíquotas di- previsto no inciso III do caput
a energia elétrica, serviços de ferenciadas em função do tipo deste artigo, cabe à lei comple-
telecomunicações, derivados de e utilização. mentar:
petróleo, combustíveis e minerais I – fixar as suas alíquotas má-
do País. ximas e mínimas;
§ 4o  Na hipótese do inciso
Seção V – Dos Impostos dos II – excluir da sua incidência
XII, “h”, observar-se-á o seguinte: Municípios exportações de serviços para o
I – nas operações com os lu- exterior;
brificantes e combustíveis de- Art. 156.  Compete aos Municí- III – regular a forma e as con-
rivados de petróleo, o imposto pios instituir impostos sobre: dições como isenções, incentivos
caberá ao Estado onde ocorrer I – propriedade predial e ter- e benefícios fiscais serão conce-
o consumo; ritorial urbana; didos e revogados.
II – nas operações interesta- II – transmissão inter vivos, a § 4o (Revogado)
duais, entre contribuintes, com qualquer título, por ato oneroso,
gás natural e seus derivados, e de bens imóveis, por natureza
lubrificantes e combustíveis não ou acessão física, e de direitos
Seção VI – Da Repartição das
incluídos no inciso I deste pará- reais sobre imóveis, exceto os Receitas Tributárias
grafo, o imposto será repartido de garantia, bem como cessão
entre os Estados de origem e de de direitos a sua aquisição; Art. 157.  Pertencem aos Estados
destino, mantendo-se a mesma III – serviços de qualquer na- e ao Distrito Federal:
proporcionalidade que ocorre nas tureza, não compreendidos no I – o produto da arrecadação
operações com as demais mer- art. 155, II, definidos em lei com- do imposto da União sobre renda
cadorias; plementar; e proventos de qualquer natu-
III – nas operações interes- IV – (Revogado). reza, incidente na fonte, sobre
taduais com gás natural e seus § 1o  Sem prejuízo da progres- rendimentos pagos, a qualquer
derivados, e lubrificantes e com- sividade no tempo a que se refere título, por eles, suas autarquias e
bustíveis não incluídos no inciso I o art. 182, § 4o, inciso II, o imposto pelas fundações que instituírem
deste parágrafo, destinadas a não previsto no inciso I poderá: e mantiverem;
contribuinte, o imposto caberá ao I – ser progressivo em razão II – vinte por cento do produto
Estado de origem; do valor do imóvel; e da arrecadação do imposto que
IV – as alíquotas do imposto II – ter alíquotas diferentes a União instituir no exercício da
serão definidas mediante deli- de acordo com a localização e o competência que lhe é atribuída
beração dos Estados e Distrito uso do imóvel. pelo art. 154, I.
Federal, nos termos do § 2o, XII, § 1o-A.  O imposto previsto
“g”, observando-se o seguinte: no inciso I do caput deste artigo Art. 158.  Pertencem aos Mu-
a)  serão uniformes em todo não incide sobre templos de qual- nicípios:
o território nacional, podendo ser quer culto, ainda que as entidades I – o produto da arrecadação
diferenciadas por produto; abrangidas pela imunidade de do imposto da União sobre renda

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Constituição da República Federativa do Brasil
e proventos de qualquer natu- Distrito Federal; II, devendo o eventual excedente
reza, incidente na fonte, sobre b)  vinte e dois inteiros e cin- ser distribuído entre os demais
rendimentos pagos, a qualquer co décimos por cento ao Fundo participantes, mantido, em rela-
título, por eles, suas autarquias e de Participação dos Municípios; ção a esses, o critério de partilha
pelas fundações que instituírem c)  três por cento, para apli- nele estabelecido.
e mantiverem; cação em programas de finan- § 3o  Os Estados entregarão
II – cinquenta por cento do ciamento ao setor produtivo das aos respectivos Municípios vinte e
produto da arrecadação do im- Regiões Norte, Nordeste e Cen- cinco por cento dos recursos que
posto da União sobre a proprieda- tro-Oeste, através de suas ins- receberem nos termos do inciso
de territorial rural, relativamente tituições financeiras de caráter II, observados os critérios esta-
aos imóveis neles situados, ca- regional, de acordo com os planos belecidos no art. 158, parágrafo
bendo a totalidade na hipótese da regionais de desenvolvimento, único, I e II.
opção a que se refere o art. 153, ficando assegurada ao semiá- § 4o  Do montante de recur-
§ 4o, III; rido do Nordeste a metade dos sos de que trata o inciso III que
III – cinquenta por cento do recursos destinados à Região, cabe a cada Estado, vinte e cinco
produto da arrecadação do im- na forma que a lei estabelecer; por cento serão destinados aos
posto do Estado sobre a proprie- d)  um por cento ao Fundo seus Municípios, na forma da lei
dade de veículos automotores de Participação dos Municípios, a que se refere o mencionado
licenciados em seus territórios; que será entregue no primeiro inciso.
IV – vinte e cinco por cento decêndio do mês de dezembro
do produto da arrecadação do de cada ano; Art. 160.  É vedada a retenção
imposto do Estado sobre ope- e)  1% (um por cento) ao Fun- ou qualquer restrição à entrega e
rações relativas à circulação de do de Participação dos Municí- ao emprego dos recursos atribuí-
mercadorias e sobre prestações pios, que será entregue no pri- dos, nesta seção, aos Estados, ao
de serviços de transporte inte- meiro decêndio do mês de julho Distrito Federal e aos Municípios,
restadual e intermunicipal e de de cada ano; neles compreendidos adicionais e
comunicação. f)  1% (um por cento) ao Fundo acréscimos relativos a impostos.
Parágrafo único.  As parcelas de Participação dos Municípios, § 1o  A vedação prevista nes-
de receita pertencentes aos Mu- que será entregue no primeiro te artigo não impede a União e
nicípios, mencionadas no inciso decêndio do mês de setembro os Estados de condicionarem a
IV, serão creditadas conforme os de cada ano; entrega de recursos:
seguintes critérios: II – do produto da arrecada- I – ao pagamento de seus
I – 65% (sessenta e cinco por ção do imposto sobre produtos créditos, inclusive de suas au-
cento), no mínimo, na proporção industrializados, dez por cento tarquias;
do valor adicionado nas opera- aos Estados e ao Distrito Fede- II – ao cumprimento do dis-
ções relativas à circulação de ral, proporcionalmente ao valor posto no art.  198, §  2o, incisos
mercadorias e nas prestações das respectivas exportações de II e III.
de serviços, realizadas em seus produtos industrializados; § 2o  Os contratos, os acor-
territórios; III – do produto da arrecada- dos, os ajustes, os convênios,
II – até 35% (trinta e cinco ção da contribuição de interven- os parcelamentos ou as renego-
por cento), de acordo com o que ção no domínio econômico pre- ciações de débitos de qualquer
dispuser lei estadual, observada, vista no art. 177, § 4o, 29% (vinte e espécie, inclusive tributários, fir-
obrigatoriamente, a distribuição nove por cento) para os Estados e mados pela União com os entes
de, no mínimo, 10 (dez) pontos o Distrito Federal, distribuídos na federativos conterão cláusulas
percentuais com base em indica- forma da lei, observada a desti- para autorizar a dedução dos va-
dores de melhoria nos resultados nação a que se refere o inciso II, lores devidos dos montantes a
de aprendizagem e de aumento “c”, do referido parágrafo. serem repassados relacionados
da equidade, considerado o nível § 1o  Para efeito de cálculo da às respectivas cotas nos Fundos
socioeconômico dos educandos. entrega a ser efetuada de acordo de Participação ou aos precató-
com o previsto no inciso I, excluir- rios federais.
Art. 159.  A União entregará: -se-á a parcela da arrecadação do
I – do produto da arrecada- imposto de renda e proventos de Art. 161.  Cabe à lei complemen-
ção dos impostos sobre renda e qualquer natureza pertencente tar:
proventos de qualquer natureza e aos Estados, ao Distrito Federal I – definir valor adicionado
sobre produtos industrializados, e aos Municípios, nos termos do para fins do disposto no art. 158,
50% (cinquenta por cento), da disposto nos arts. 157, I, e 158, I. parágrafo único, I;
seguinte forma: § 2o  A nenhuma unidade fe- II – estabelecer normas sobre
a)  vinte e um inteiros e cinco derada poderá ser destinada par- a entrega dos recursos de que
décimos por cento ao Fundo de cela superior a vinte por cento do trata o art.  159, especialmente
Participação dos Estados e do montante a que se refere o inciso sobre os critérios de rateio dos

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Constituição da República Federativa do Brasil
fundos previstos em seu inciso I, VIII – sustentabilidade da dí- Art. 164-A.  A União, os Estados,
objetivando promover o equilíbrio vida, especificando: o Distrito Federal e os Municípios
socioeconômico entre Estados e a)  indicadores de sua apu- devem conduzir suas políticas fis-
entre Municípios; ração; cais de forma a manter a dívida
III – dispor sobre o acompa- b)  níveis de compatibilidade pública em níveis sustentáveis,
nhamento, pelos beneficiários, do dos resultados fiscais com a tra- na forma da lei complementar
cálculo das quotas e da liberação jetória da dívida; referida no inciso VIII do caput
das participações previstas nos c)  trajetória de convergência do art. 163 desta Constituição.
arts. 157, 158 e 159. do montante da dívida com os Parágrafo único.  A elabo-
Parágrafo único.  O Tribunal limites definidos em legislação; ração e a execução de planos
de Contas da União efetuará o d)  medidas de ajuste, sus- e orçamentos devem refletir a
cálculo das quotas referentes pensões e vedações; compatibilidade dos indicadores
aos fundos de participação a que e)  planejamento de alienação fiscais com a sustentabilidade
alude o inciso II. de ativos com vistas à redução do da dívida.
montante da dívida.
Art. 162.  A União, os Estados, o Parágrafo único.  A lei com-
Distrito Federal e os Municípios di- plementar de que trata o inciso
Seção II – Dos Orçamentos
vulgarão, até o último dia do mês VIII do caput deste artigo pode
subsequente ao da arrecadação, autorizar a aplicação das veda- Art. 165.  Leis de iniciativa do
os montantes de cada um dos tri- ções previstas no art. 167‑A desta Poder Executivo estabelecerão:
butos arrecadados, os recursos Constituição. I – o plano plurianual;
recebidos, os valores de origem II – as diretrizes orçamen-
tributária entregues e a entregar Art. 163-A.  A União, os Estados, tárias;
e a expressão numérica dos cri- o Distrito Federal e os Municípios III – os orçamentos anuais.
térios de rateio. disponibilizarão suas informações § 1o  A lei que instituir o plano
Parágrafo único.  Os dados di- e dados contábeis, orçamentários plurianual estabelecerá, de forma
vulgados pela União serão discri- e fiscais, conforme periodicidade, regionalizada, as diretrizes, obje-
minados por Estado e por Municí- formato e sistema estabelecidos tivos e metas da administração
pio; os dos Estados, por Município. pelo órgão central de contabilida- pública federal para as despesas
de da União, de forma a garantir de capital e outras delas decor-
a rastreabilidade, a comparabili- rentes e para as relativas aos pro-
CAPÍTULO II – DAS dade e a publicidade dos dados gramas de duração continuada.
FINANÇAS PÚBLICAS coletados, os quais deverão ser § 2o  A lei de diretrizes orça-
divulgados em meio eletrônico mentárias compreenderá as me-
Seção I – Normas Gerais
de amplo acesso público. tas e prioridades da administra-
ção pública federal, estabelecerá
Art. 163.  Lei complementar dis- Art. 164.  A competência da as diretrizes de política fiscal e
porá sobre: União para emitir moeda será respectivas metas, em consonân-
I – finanças públicas; exercida exclusivamente pelo cia com trajetória sustentável da
II – dívida pública externa e banco central. dívida pública, orientará a elabo-
interna, incluída a das autarquias, § 1o  É vedado ao banco cen- ração da lei orçamentária anual,
fundações e demais entidades tral conceder, direta ou indireta- disporá sobre as alterações na
controladas pelo Poder Público; mente, empréstimos ao Tesouro legislação tributária e estabele-
III – concessão de garantias Nacional e a qualquer órgão ou cerá a política de aplicação das
pelas entidades públicas; entidade que não seja instituição agências financeiras oficiais de
IV – emissão e resgate de tí- financeira. fomento.
tulos da dívida pública; § 2o  O banco central poderá § 3o  O Poder Executivo pu-
V – fiscalização financeira comprar e vender títulos de emis- blicará, até trinta dias após o
da administração pública direta são do Tesouro Nacional, com o encerramento de cada bimestre,
e indireta; objetivo de regular a oferta de relatório resumido da execução
VI – operações de câmbio re- moeda ou a taxa de juros. orçamentária.
alizadas por órgãos e entidades § 3o  As disponibilidades de § 4o  Os planos e programas
da União, dos Estados, do Distrito caixa da União serão depositadas nacionais, regionais e setoriais
Federal e dos Municípios; no banco central; as dos Estados, previstos nesta Constituição se-
VII – compatibilização das do Distrito Federal, dos Municípios rão elaborados em consonância
funções das instituições oficiais e dos órgãos ou entidades do po- com o plano plurianual e apre-
de crédito da União, resguardadas der público e das empresas por ciados pelo Congresso Nacional.
as características e condições ele controladas, em instituições § 5o  A lei orçamentária anual
operacionais plenas das volta- financeiras oficiais, ressalvados compreenderá:
das ao desenvolvimento regional; os casos previstos em lei. I – o orçamento fiscal refe-

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Constituição da República Federativa do Brasil
rente aos Poderes da União, seus tos legais e técnicos, cumprimen- couber, os resultados do moni-
fundos, órgãos e entidades da to de restos a pagar e limitação toramento e da avaliação das
administração direta e indireta, das programações de caráter políticas públicas previstos no
inclusive fundações instituídas obrigatório, para a realização do § 16 do art. 37 desta Constituição.
e mantidas pelo Poder Público; disposto nos §§ 11 e 12 do art. 166.
II – o orçamento de investi- § 10.  A administração tem o Art. 166.  Os projetos de lei relati-
mento das empresas em que a dever de executar as programa- vos ao plano plurianual, às diretri-
União, direta ou indiretamente, ções orçamentárias, adotando os zes orçamentárias, ao orçamento
detenha a maioria do capital so- meios e as medidas necessários, anual e aos créditos adicionais se-
cial com direito a voto; com o propósito de garantir a efe- rão apreciados pelas duas Casas
III – o orçamento da seguri- tiva entrega de bens e serviços do Congresso Nacional, na forma
dade social, abrangendo todas as à sociedade. do regimento comum.
entidades e órgãos a ela vincula- § 11.  O disposto no § 10 deste § 1o  Caberá a uma Comissão
dos, da administração direta ou artigo, nos termos da lei de dire- mista permanente de Senadores
indireta, bem como os fundos e trizes orçamentárias: e Deputados:
fundações instituídos e mantidos I – subordina-se ao cumpri- I – examinar e emitir pare-
pelo Poder Público. mento de dispositivos constitu- cer sobre os projetos referidos
§ 6o  O projeto de lei orça- cionais e legais que estabeleçam neste artigo e sobre as contas
mentária será acompanhado de metas fiscais ou limites de despe- apresentadas anualmente pelo
demonstrativo regionalizado do sas e não impede o cancelamento Presidente da República;
efeito, sobre as receitas e des- necessário à abertura de créditos II – examinar e emitir pare-
pesas, decorrente de isenções, adicionais; cer sobre os planos e programas
anistias, remissões, subsídios e II – não se aplica nos casos de nacionais, regionais e setoriais
benefícios de natureza financeira, impedimentos de ordem técnica previstos nesta Constituição e
tributária e creditícia. devidamente justificados; exercer o acompanhamento e a
§ 7o  Os orçamentos previs- III – aplica-se exclusivamen- fiscalização orçamentária, sem
tos no §  5o, I e II, deste artigo, te às despesas primárias discri- prejuízo da atuação das demais
compatibilizados com o plano cionárias. comissões do Congresso Nacio-
plurianual, terão entre suas fun- § 12.  Integrará a lei de di- nal e de suas Casas, criadas de
ções a de reduzir desigualdades retrizes orçamentárias, para o acordo com o art. 58.
inter-regionais, segundo critério exercício a que se refere e, pelo § 2o  As emendas serão apre-
populacional. menos, para os 2 (dois) exercí- sentadas na Comissão mista,
§ 8o  A lei orçamentária anual cios subsequentes, anexo com que sobre elas emitirá parecer,
não conterá dispositivo estranho previsão de agregados fiscais e e apreciadas, na forma regimen-
à previsão da receita e à fixa- a proporção dos recursos para tal, pelo Plenário das duas Casas
ção da despesa, não se incluin- investimentos que serão aloca- do Congresso Nacional.
do na proibição a autorização dos na lei orçamentária anual § 3o  As emendas ao proje-
para abertura de créditos su- para a continuidade daqueles em to de lei do orçamento anual ou
plementares e contratação de andamento. aos projetos que o modifiquem
operações de crédito, ainda que § 13.  O disposto no inciso III somente podem ser aprovadas
por antecipação de receita, nos do § 9o e nos §§ 10, 11 e 12 deste caso:
termos da lei. artigo aplica-se exclusivamente I – sejam compatíveis com
§ 9o  Cabe à lei complemen- aos orçamentos fiscal e da segu- o plano plurianual e com a lei de
tar: ridade social da União. diretrizes orçamentárias;
I – dispor sobre o exercício § 14.  A lei orçamentária anual II – indiquem os recursos
financeiro, a vigência, os prazos, poderá conter previsões de des- necessários, admitidos apenas
a elaboração e a organização do pesas para exercícios seguintes, os provenientes de anulação de
plano plurianual, da lei de diretri- com a especificação dos inves- despesa, excluídas as que inci-
zes orçamentárias e da lei orça- timentos plurianuais e daqueles dam sobre:
mentária anual; em andamento. a)  dotações para pessoal e
II – estabelecer normas de § 15.  A União organizará e seus encargos;
gestão financeira e patrimonial manterá registro centralizado de b)  serviço da dívida;
da administração direta e indi- projetos de investimento conten- c)  transferências tributárias
reta, bem como condições para do, por Estado ou Distrito Federal, constitucionais para Estados, Mu-
a instituição e funcionamento pelo menos, análises de viabi- nicípios e Distrito Federal; ou
de fundos; lidade, estimativas de custos e III – sejam relacionadas:
III – dispor sobre critérios informações sobre a execução a)  com a correção de erros
para a execução equitativa, além física e financeira. ou omissões; ou
de procedimentos que serão ado- § 16.  As leis de que trata este b)  com os dispositivos do
tados quando houver impedimen- artigo devem observar, no que texto do projeto de lei.

67
Constituição da República Federativa do Brasil
§ 4o  As emendas ao projeto das programações oriundas de mite de 1% (um por cento) da re-
de lei de diretrizes orçamentá- emendas individuais, em mon- ceita corrente líquida do exercício
rias não poderão ser aprovadas tante correspondente ao limite a anterior ao do encaminhamento
quando incompatíveis com o pla- que se refere o § 9o deste artigo, do projeto de lei orçamentária,
no plurianual. conforme os critérios para a exe- para as programações das emen-
§ 5o  O Presidente da Repúbli- cução equitativa da programação das individuais, e até o limite de
ca poderá enviar mensagem ao definidos na lei complementar 0,5% (cinco décimos por cento),
Congresso Nacional para propor prevista no § 9o do art. 165 desta para as programações das emen-
modificação nos projetos a que se Constituição, observado o dispos- das de iniciativa de bancada de
refere este artigo enquanto não to no § 9o‑A deste artigo. parlamentares de Estado ou do
iniciada a votação, na Comissão § 12.  A garantia de execução Distrito Federal.
mista, da parte cuja alteração é de que trata o § 11 deste artigo § 18.  Se for verificado que
proposta. aplica-se também às programa- a reestimativa da receita e da
§ 6o  Os projetos de lei do pla- ções incluídas por todas as emen- despesa poderá resultar no não
no plurianual, das diretrizes orça- das de iniciativa de bancada de cumprimento da meta de resul-
mentárias e do orçamento anual parlamentares de Estado ou do tado fiscal estabelecida na lei
serão enviados pelo Presidente da Distrito Federal, no montante de de diretrizes orçamentárias, os
República ao Congresso Nacional, até 1% (um por cento) da recei- montantes previstos nos §§ 11 e
nos termos da lei complementar ta corrente líquida realizada no 12 deste artigo poderão ser redu-
a que se refere o art. 165, § 9o. exercício anterior. zidos em até a mesma proporção
§ 7o  Aplicam-se aos projetos § 13.  As programações or- da limitação incidente sobre o
mencionados neste artigo, no que çamentárias previstas nos §§ 11 e conjunto das demais despesas
não contrariar o disposto nesta 12 deste artigo não serão de exe- discricionárias.
seção, as demais normas relativas cução obrigatória nos casos dos § 19.  Considera-se equitativa
ao processo legislativo. impedimentos de ordem técnica. a execução das programações de
§ 8o  Os recursos que, em de- § 14.  Para fins de cumpri- caráter obrigatório que observe
corrência de veto, emenda ou mento do disposto nos §§ 11 e 12 critérios objetivos e imparciais e
rejeição do projeto de lei orça- deste artigo, os órgãos de execu- que atenda de forma igualitária
mentária anual, ficarem sem des- ção deverão observar, nos termos e impessoal às emendas apre-
pesas correspondentes poderão da lei de diretrizes orçamentárias, sentadas, independentemente
ser utilizados, conforme o caso, cronograma para análise e verifi- da autoria, observado o disposto
mediante créditos especiais ou cação de eventuais impedimentos no § 9o‑A deste artigo.
suplementares, com prévia e es- das programações e demais pro- § 20.  As programações de
pecífica autorização legislativa. cedimentos necessários à viabi- que trata o § 12 deste artigo, quan-
§ 9o  As emendas individuais lização da execução dos respec- do versarem sobre o início de
ao projeto de lei orçamentária tivos montantes. investimentos com duração de
serão aprovadas no limite de 2% I – (Revogado); mais de 1 (um) exercício finan-
(dois por cento) da receita corren- II – (Revogado); ceiro ou cuja execução já tenha
te líquida do exercício anterior ao III – (Revogado); sido iniciada, deverão ser objeto
do encaminhamento do projeto, IV – (Revogado). de emenda pela mesma bancada
observado que a metade desse § 15.  (Revogado) estadual, a cada exercício, até a
percentual será destinada a ações § 16.  Quando a transferên- conclusão da obra ou do empre-
e serviços públicos de saúde. cia obrigatória da União para a endimento.
§ 9o-A.  Do limite a que se execução da programação pre-
refere o § 9o deste artigo, 1,55% vista nos §§  11 e 12 deste arti- Art. 166-A.  As emendas indivi-
(um inteiro e cinquenta e cinco go for destinada a Estados, ao duais impositivas apresentadas
centésimos por cento) caberá às Distrito Federal e a Municípios, ao projeto de lei orçamentária
emendas de Deputados e 0,45% independerá da adimplência do anual poderão alocar recursos a
(quarenta e cinco centésimos por ente federativo destinatário e Estados, ao Distrito Federal e a
cento) às de Senadores. não integrará a base de cálculo Municípios por meio de:
§ 10.  A execução do montan- da receita corrente líquida para I – transferência especial; ou
te destinado a ações e serviços fins de aplicação dos limites de II – transferência com finali-
públicos de saúde previsto no § 9o, despesa de pessoal de que trata dade definida.
inclusive custeio, será computa- o caput do art. 169. § 1o  Os recursos transferidos
da para fins do cumprimento do § 17.  Os restos a pagar prove- na forma do caput deste artigo
inciso I do § 2o do art. 198, veda- nientes das programações orça- não integrarão a receita do Esta-
da a destinação para pagamento mentárias previstas nos §§ 11 e 12 do, do Distrito Federal e dos Mu-
de pessoal ou encargos sociais. deste artigo poderão ser conside- nicípios para fins de repartição e
§ 11.  É obrigatória a execu- rados para fins de cumprimento para o cálculo dos limites da des-
ção orçamentária e financeira da execução financeira até o li- pesa com pessoal ativo e inativo,

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Constituição da República Federativa do Brasil
nos termos do § 16 do art. 166, e ou a assunção de obrigações di- com pessoal ativo, inativo e pen-
de endividamento do ente fede- retas que excedam os créditos sionista, dos Estados, do Distrito
rado, vedada, em qualquer caso, orçamentários ou adicionais; Federal e dos Municípios;
a aplicação dos recursos a que III – a realização de operações XI – a utilização dos recursos
se refere o caput deste artigo no de créditos que excedam o mon- provenientes das contribuições
pagamento de: tante das despesas de capital, sociais de que trata o art. 195, I,
I – despesas com pessoal e ressalvadas as autorizadas me- “a”, e II, para a realização de des-
encargos sociais relativas a ativos diante créditos suplementares ou pesas distintas do pagamento de
e inativos, e com pensionistas; e especiais com finalidade precisa, benefícios do regime geral de
II – encargos referentes ao aprovados pelo Poder Legislativo previdência social de que trata
serviço da dívida. por maioria absoluta; o art. 201;
§ 2o  Na transferência espe- IV – a vinculação de receita XII – na forma estabelecida
cial a que se refere o inciso I do de impostos a órgão, fundo ou na lei complementar de que tra-
caput deste artigo, os recursos: despesa, ressalvadas a reparti- ta o § 22 do art. 40, a utilização
I – serão repassados direta- ção do produto da arrecadação de recursos de regime próprio
mente ao ente federado bene- dos impostos a que se referem de previdência social, incluídos
ficiado, independentemente de os arts. 158 e 159, a destinação de os valores integrantes dos fun-
celebração de convênio ou de recursos para as ações e serviços dos previstos no art. 249, para a
instrumento congênere; públicos de saúde, para manuten- realização de despesas distintas
II – pertencerão ao ente fe- ção e desenvolvimento do ensino do pagamento dos benefícios pre-
derado no ato da efetiva trans- e para realização de atividades da videnciários do respectivo fundo
ferência financeira; e administração tributária, como vinculado àquele regime e das
III – serão aplicadas em pro- determinado, respectivamente, despesas necessárias à sua orga-
gramações finalísticas das áreas pelos arts. 198, § 2o, 212 e 37, XXII, nização e ao seu funcionamento;
de competência do Poder Execu- e a prestação de garantias às ope- XIII – a transferência voluntá-
tivo do ente federado beneficia- rações de crédito por antecipação ria de recursos, a concessão de
do, observado o disposto no § 5o de receita, previstas no art. 165, avais, as garantias e as subven-
deste artigo. § 8o, bem como o disposto no § 4o ções pela União e a concessão de
§ 3o  O ente federado benefi- deste artigo; empréstimos e de financiamen-
ciado da transferência especial a V – a abertura de crédito su- tos por instituições financeiras
que se refere o inciso I do caput plementar ou especial sem pré- federais aos Estados, ao Distrito
deste artigo poderá firmar contra- via autorização legislativa e sem Federal e aos Municípios na hi-
tos de cooperação técnica para indicação dos recursos corres- pótese de descumprimento das
fins de subsidiar o acompanha- pondentes; regras gerais de organização e de
mento da execução orçamentária VI – a transposição, o rema- funcionamento de regime próprio
na aplicação dos recursos. nejamento ou a transferência de de previdência social;
§ 4o  Na transferência com fi- recursos de uma categoria de XIV – a criação de fundo pú-
nalidade definida a que se refere programação para outra ou de blico, quando seus objetivos pu-
o inciso II do caput deste artigo, um órgão para outro, sem prévia derem ser alcançados mediante a
os recursos serão: autorização legislativa; vinculação de receitas orçamen-
I – vinculados à programação VII – a concessão ou utilização tárias específicas ou mediante a
estabelecida na emenda parla- de créditos ilimitados; execução direta por programação
mentar; e VIII – a utilização, sem auto- orçamentária e financeira de ór-
II – aplicados nas áreas de rização legislativa específica, de gão ou entidade da administração
competência constitucional da recursos dos orçamentos fiscal e pública.
União. da seguridade social para suprir § 1o  Nenhum investimento
§ 5o  Pelo menos 70% (seten- necessidade ou cobrir déficit de cuja execução ultrapasse um
ta por cento) das transferências empresas, fundações e fundos, exercício financeiro poderá ser
especiais de que trata o inciso inclusive dos mencionados no iniciado sem prévia inclusão no
I do caput deste artigo deverão art. 165, § 5o; plano plurianual, ou sem lei que
ser aplicadas em despesas de IX – a instituição de fundos autorize a inclusão, sob pena de
capital, observada a restrição de qualquer natureza, sem prévia crime de responsabilidade.
a que se refere o inciso II do § 1o autorização legislativa; § 2o  Os créditos especiais e
deste artigo. X – a transferência voluntá- extraordinários terão vigência no
ria de recursos e a concessão exercício financeiro em que forem
Art. 167.  São vedados: de empréstimos, inclusive por autorizados, salvo se o ato de
I – o início de programas ou antecipação de receita, pelos autorização for promulgado nos
projetos não incluídos na lei or- Governos Federal e Estaduais últimos quatro meses daquele
çamentária anual; e suas instituições financeiras, exercício, caso em que, reabertos
II – a realização de despesas para pagamento de despesas nos limites de seus saldos, serão

69
Constituição da República Federativa do Brasil
incorporados ao orçamento do Art. 167-A.  Apurado que, no pe- res e empregados públicos e de
exercício financeiro subsequente. ríodo de 12 (doze) meses, a rela- militares, ou ainda de seus depen-
§ 3o  A abertura de crédito ção entre despesas correntes e dentes, exceto quando derivados
extraordinário somente será ad- receitas correntes supera 95% de sentença judicial transitada em
mitida para atender a despesas (noventa e cinco por cento), no julgado ou de determinação legal
imprevisíveis e urgentes, como as âmbito dos Estados, do Distrito anterior ao início da aplicação das
decorrentes de guerra, comoção Federal e dos Municípios, é fa- medidas de que trata este artigo;
interna ou calamidade pública, cultado aos Poderes Executivo, VII – criação de despesa obri-
observado o disposto no art. 62. Legislativo e Judiciário, ao Mi- gatória;
§ 4o  É permitida a vinculação nistério Público, ao Tribunal de VIII – adoção de medida que
das receitas a que se referem os Contas e à Defensoria Pública implique reajuste de despesa
arts. 155, 156, 157, 158 e as alíneas do ente, enquanto permanecer obrigatória acima da variação
“a”, “b”, “d” e “e” do inciso I e o in- a situação, aplicar o mecanismo da inflação, observada a preser-
ciso II do caput do art. 159 desta de ajuste fiscal de vedação da: vação do poder aquisitivo referida
Constituição para pagamento de I – concessão, a qualquer títu- no inciso IV do caput do art.  7o
débitos com a União e para pres- lo, de vantagem, aumento, reajus- desta Constituição;
tar-lhe garantia ou contragarantia. te ou adequação de remuneração IX – criação ou expansão de
§ 5o  A transposição, o rema- de membros de Poder ou de ór- programas e linhas de financia-
nejamento ou a transferência de gão, de servidores e empregados mento, bem como remissão, rene-
recursos de uma categoria de públicos e de militares, exceto gociação ou refinanciamento de
programação para outra pode- dos derivados de sentença judi- dívidas que impliquem ampliação
rão ser admitidos, no âmbito das cial transitada em julgado ou de das despesas com subsídios e
atividades de ciência, tecnologia determinação legal anterior ao subvenções;
e inovação, com o objetivo de início da aplicação das medidas X – concessão ou ampliação
viabilizar os resultados de pro- de que trata este artigo; de incentivo ou benefício de na-
jetos restritos a essas funções, II – criação de cargo, emprego tureza tributária.
mediante ato do Poder Execu- ou função que implique aumento § 1o  Apurado que a despesa
tivo, sem necessidade da prévia de despesa; corrente supera 85% (oitenta e
autorização legislativa prevista III – alteração de estrutura de cinco por cento) da receita cor-
no inciso VI deste artigo. carreira que implique aumento rente, sem exceder o percentual
§ 6o  Para fins da apuração de despesa; mencionado no caput deste ar-
ao término do exercício finan- IV – admissão ou contrata- tigo, as medidas nele indicadas
ceiro do cumprimento do limite ção de pessoal, a qualquer título, podem ser, no todo ou em par-
de que trata o inciso III do caput ressalvadas: te, implementadas por atos do
deste artigo, as receitas das ope- a)  as reposições de cargos Chefe do Poder Executivo com
rações de crédito efetuadas no de chefia e de direção que não vigência imediata, facultado aos
contexto da gestão da dívida pú- acarretem aumento de despesa; demais Poderes e órgãos autô-
blica mobiliária federal somente b)  as reposições decorrentes nomos implementá-las em seus
serão consideradas no exercício de vacâncias de cargos efetivos respectivos âmbitos.
financeiro em que for realizada a ou vitalícios; § 2o  O ato de que trata o § 1o
respectiva despesa. c)  as contratações tempo- deste artigo deve ser submetido,
§ 7o  A lei não imporá nem rárias de que trata o inciso IX em regime de urgência, à aprecia-
transferirá qualquer encargo fi- do caput do art. 37 desta Cons- ção do Poder Legislativo.
nanceiro decorrente da prestação tituição; e § 3o  O ato perde a eficá-
de serviço público, inclusive des- d)  as reposições de tempo- cia, reconhecida a validade dos
pesas de pessoal e seus encargos, rários para prestação de serviço atos praticados na sua vigência,
para a União, os Estados, o Distri- militar e de alunos de órgãos de quando:
to Federal ou os Municípios, sem a formação de militares; I – rejeitado pelo Poder Le-
previsão de fonte orçamentária e V – realização de concurso gislativo;
financeira necessária à realização público, exceto para as reposi- II – transcorrido o prazo de
da despesa ou sem a previsão da ções de vacâncias previstas no 180 (cento e oitenta) dias sem que
correspondente transferência de inciso IV deste caput; se ultime a sua apreciação; ou
recursos financeiros necessários VI – criação ou majoração de III – apurado que não mais se
ao seu custeio, ressalvadas as auxílios, vantagens, bônus, abo- verifica a hipótese prevista no § 1o
obrigações assumidas esponta- nos, verbas de representação ou deste artigo, mesmo após a sua
neamente pelos entes federados benefícios de qualquer natureza, aprovação pelo Poder Legislativo.
e aquelas decorrentes da fixação inclusive os de cunho indeniza- § 4o  A apuração referida
do salário mínimo, na forma do tório, em favor de membros de neste artigo deve ser realizada
inciso IV do caput do art. 7o desta Poder, do Ministério Público ou da bimestralmente.
Constituição. Defensoria Pública e de servido-

70
Constituição da República Federativa do Brasil
§ 5o  As disposições de que simplificados de contratação de II – o superávit financeiro
trata este artigo: pessoal, em caráter temporário apurado em 31 de dezembro do
I – não constituem obrigação e emergencial, e de obras, ser- ano imediatamente anterior ao
de pagamento futuro pelo ente da viços e compras que assegurem, reconhecimento pode ser des-
Federação ou direitos de outrem quando possível, competição e tinado à cobertura de despesas
sobre o erário; igualdade de condições a todos oriundas das medidas de combate
II – não revogam, dispensam os concorrentes, dispensada a à calamidade pública de âmbito
ou suspendem o cumprimento observância do § 1o do art. 169 na nacional e ao pagamento da dí-
de dispositivos constitucionais contratação de que trata o inciso vida pública.
e legais que disponham sobre IX do caput do art. 37 desta Cons- § 1o  Lei complementar pode
metas fiscais ou limites máximos tituição, limitada a dispensa às definir outras suspensões, dis-
de despesas. situações de que trata o referido pensas e afastamentos aplicáveis
§ 6o  Ocorrendo a hipótese de inciso, sem prejuízo do controle durante a vigência do estado de
que trata o caput deste artigo, até dos órgãos competentes. calamidade pública de âmbito
que todas as medidas nele pre- nacional.
vistas tenham sido adotadas por Art. 167-D.  As proposições legis- § 2o  O disposto no inciso II do
todos os Poderes e órgãos nele lativas e os atos do Poder Execu- caput deste artigo não se aplica
mencionados, de acordo com tivo com propósito exclusivo de às fontes de recursos:
declaração do respectivo Tribunal enfrentar a calamidade e suas I – decorrentes de repartição
de Contas, é vedada: consequências sociais e eco- de receitas a Estados, ao Distrito
I – a concessão, por qualquer nômicas, com vigência e efeitos Federal e a Municípios;
outro ente da Federação, de ga- restritos à sua duração, desde que II – decorrentes das vin-
rantias ao ente envolvido; não impliquem despesa obrigató- culações estabelecidas pelos
II – a tomada de operação de ria de caráter continuado, ficam arts.  195, 198, 201, 212, 212‑A e
crédito por parte do ente envolvi- dispensados da observância das 239 desta Constituição;
do com outro ente da Federação, limitações legais quanto à cria- III – destinadas ao registro de
diretamente ou por intermédio de ção, à expansão ou ao aperfeiço- receitas oriundas da arrecadação
seus fundos, autarquias, funda- amento de ação governamental de doações ou de empréstimos
ções ou empresas estatais de- que acarrete aumento de despesa compulsórios, de transferências
pendentes, ainda que sob a forma e à concessão ou à ampliação de recebidas para o atendimento
de novação, refinanciamento ou incentivo ou benefício de natu- de finalidades determinadas ou
postergação de dívida contraí- reza tributária da qual decorra das receitas de capital produto
da anteriormente, ressalvados renúncia de receita. de operações de financiamen-
os financiamentos destinados a Parágrafo único.  Durante a to celebradas com finalidades
projetos específicos celebrados vigência da calamidade pública contratualmente determinadas.
na forma de operações típicas de âmbito nacional de que trata
das agências financeiras oficiais o art. 167‑B, não se aplica o dis- Art. 167-G.  Na hipótese de que
de fomento. posto no §  3o do art.  195 desta trata o art.  167‑B, aplicam-se à
Constituição. União, até o término da calamida-
Art. 167-B.  Durante a vigência de de pública, as vedações previstas
estado de calamidade pública de Art. 167-E.  Fica dispensada, no art. 167‑A desta Constituição.
âmbito nacional, decretado pelo durante a integralidade do exer- § 1o  Na hipótese de medi-
Congresso Nacional por iniciativa cício financeiro em que vigore a das de combate à calamidade
privativa do Presidente da Repú- calamidade pública de âmbito pública cuja vigência e efeitos
blica, a União deve adotar regime nacional, a observância do inci- não ultrapassem a sua duração,
extraordinário fiscal, financeiro e so III do caput do art. 167 desta não se aplicam as vedações re-
de contratações para atender às Constituição. feridas nos incisos II, IV, VII, IX
necessidades dele decorrentes, e X do caput do art. 167‑A desta
somente naquilo em que a urgên- Art. 167-F.  Durante a vigência Constituição.
cia for incompatível com o regime da calamidade pública de âmbito § 2o  Na hipótese de que trata
regular, nos termos definidos nos nacional de que trata o art. 167‑B o art. 167‑B, não se aplica a alínea
arts. 167‑C, 167‑D, 167‑E, 167‑F e desta Constituição: “c” do inciso I do caput do art. 159
167‑G desta Constituição. I – são dispensados, durante a desta Constituição, devendo a
integralidade do exercício finan- transferência a que se refere
Art. 167-C.  Com o propósito ex- ceiro em que vigore a calamidade aquele dispositivo ser efetuada
clusivo de enfrentamento da cala- pública, os limites, as condições nos mesmos montantes trans-
midade pública e de seus efeitos e demais restrições aplicáveis à feridos no exercício anterior à
sociais e econômicos, no seu pe- União para a contratação de ope- decretação da calamidade.
ríodo de duração, o Poder Executi- rações de crédito, bem como sua § 3o  É facultada aos Estados,
vo federal pode adotar processos verificação; ao Distrito Federal e aos Municí-

71
Constituição da República Federativa do Brasil
pios a aplicação das vedações empresas públicas e as socieda- TÍTULO VII – DA ORDEM
referidas no caput, nos termos des de economia mista. ECONÔMICA E FINANCEIRA
deste artigo, e, até que as tenham § 2o  Decorrido o prazo es-
adotado na integralidade, estarão tabelecido na lei complemen- CAPÍTULO I – DOS
submetidos às restrições do § 6o tar referida neste artigo para a PRINCÍPIOS GERAIS DA
do art. 167‑A desta Constituição, adaptação aos parâmetros ali ATIVIDADE ECONÔMICA
enquanto perdurarem seus efei- previstos, serão imediatamente
tos para a União. suspensos todos os repasses de
verbas federais ou estaduais aos Art. 170.  A ordem econômica,
Art. 168.  Os recursos corres- Estados, ao Distrito Federal e aos fundada na valorização do traba-
pondentes às dotações orça- Municípios que não observarem lho humano e na livre iniciativa,
mentárias, compreendidos os os referidos limites. tem por fim assegurar a todos
créditos suplementares e espe- § 3o  Para o cumprimento existência digna, conforme os
ciais, destinados aos órgãos dos dos limites estabelecidos com ditames da justiça social, obser-
Poderes Legislativo e Judiciário, base neste artigo, durante o pra- vados os seguintes princípios:
do Ministério Público e da Defen- zo fixado na lei complementar I – soberania nacional;
soria Pública, ser-lhes-ão entre- referida no caput, a União, os II – propriedade privada;
gues até o dia 20 de cada mês, Estados, o Distrito Federal e os III – função social da proprie-
em duodécimos, na forma da lei Municípios adotarão as seguintes dade;
complementar a que se refere o providências: IV – livre concorrência;
art. 165, § 9o. I – redução em pelo menos V – defesa do consumidor;
§ 1o  É vedada a transferência vinte por cento das despesas com VI – defesa do meio ambiente,
a fundos de recursos financei- cargos em comissão e funções inclusive mediante tratamento
ros oriundos de repasses duo- de confiança; diferenciado conforme o impacto
decimais. II – exoneração dos servido- ambiental dos produtos e serviços
§ 2o  O saldo financeiro de- res não estáveis. e de seus processos de elabora-
corrente dos recursos entregues § 4o  Se as medidas adotadas ção e prestação;
na forma do caput deste artigo com base no parágrafo anterior VII – redução das desigualda-
deve ser restituído ao caixa único não forem suficientes para asse- des regionais e sociais;
do Tesouro do ente federativo, ou gurar o cumprimento da determi- VIII – busca do pleno empre-
terá seu valor deduzido das pri- nação da lei complementar referi- go;
meiras parcelas duodecimais do da neste artigo, o servidor estável IX – tratamento favorecido
exercício seguinte. poderá perder o cargo, desde que para as empresas de pequeno
ato normativo motivado de cada porte constituídas sob as leis bra-
Art. 169.  A despesa com pessoal um dos Poderes especifique a sileiras e que tenham sua sede e
ativo e inativo e pensionistas da atividade funcional, o órgão ou administração no País.
União, dos Estados, do Distrito unidade administrativa objeto Parágrafo único.  É assegu-
Federal e dos Municípios não pode da redução de pessoal. rado a todos o livre exercício de
exceder os limites estabelecidos § 5o  O servidor que perder qualquer atividade econômica,
em lei complementar. o cargo na forma do parágrafo independentemente de autori-
§ 1o  A concessão de qualquer anterior fará jus a indenização zação de órgãos públicos, salvo
vantagem ou aumento de remu- correspondente a um mês de nos casos previstos em lei.
neração, a criação de cargos, remuneração por ano de serviço.
empregos e funções ou altera- § 6o  O cargo objeto da re- Art. 171.  (Revogado)
ção de estrutura de carreiras, dução prevista nos parágrafos
bem como a admissão ou con- anteriores será considerado ex- Art. 172.  A lei disciplinará, com
tratação de pessoal, a qualquer tinto, vedada a criação de cargo, base no interesse nacional, os in-
título, pelos órgãos e entidades da emprego ou função com atribui- vestimentos de capital estrangei-
administração direta ou indireta, ções iguais ou assemelhadas pelo ro, incentivará os reinvestimentos
inclusive fundações instituídas e prazo de quatro anos. e regulará a remessa de lucros.
mantidas pelo poder público, só § 7o  Lei federal disporá sobre
poderão ser feitas: as normas gerais a serem obede- Art. 173.  Ressalvados os casos
I – se houver prévia dotação cidas na efetivação do disposto previstos nesta Constituição, a
orçamentária suficiente para no § 4o. exploração direta de atividade
atender às projeções de despe- econômica pelo Estado só será
sa de pessoal e aos acréscimos permitida quando necessária aos
dela decorrentes; imperativos da segurança nacio-
II – se houver autorização nal ou a relevante interesse cole-
específica na lei de diretrizes tivo, conforme definidos em lei.
orçamentárias, ressalvadas as § 1o  A lei estabelecerá o esta-

72
Constituição da República Federativa do Brasil
tuto jurídico da empresa pública, to do desenvolvimento nacional são da União, no interesse nacio-
da sociedade de economia mista equilibrado, o qual incorporará nal, por brasileiros ou empresa
e de suas subsidiárias que ex- e compatibilizará os planos na- constituída sob as leis brasileiras
plorem atividade econômica de cionais e regionais de desenvol- e que tenha sua sede e adminis-
produção ou comercialização de vimento. tração no País, na forma da lei,
bens ou de prestação de serviços, § 2o  A lei apoiará e estimulará que estabelecerá as condições
dispondo sobre: o cooperativismo e outras formas específicas quando essas ativi-
I – sua função social e formas de associativismo. dades se desenvolverem em faixa
de fiscalização pelo Estado e pela § 3o  O Estado favorecerá a de fronteira ou terras indígenas.
sociedade; organização da atividade garim- § 2o  É assegurada participa-
II – a sujeição ao regime jurí- peira em cooperativas, levando ção ao proprietário do solo nos
dico próprio das empresas priva- em conta a proteção do meio resultados da lavra, na forma e
das, inclusive quanto aos direitos ambiente e a promoção econômi- no valor que dispuser a lei.
e obrigações civis, comerciais, co-social dos garimpeiros. § 3o  A autorização de pes-
trabalhistas e tributários; § 4o  As cooperativas a que quisa será sempre por prazo
III – licitação e contratação se refere o parágrafo anterior determinado, e as autorizações
de obras, serviços, compras e terão prioridade na autorização e concessões previstas neste
alienações, observados os prin- ou concessão para pesquisa e artigo não poderão ser cedidas
cípios da administração pública; lavra dos recursos e jazidas de ou transferidas, total ou parcial-
IV – a constituição e o fun- minerais garimpáveis, nas áreas mente, sem prévia anuência do
cionamento dos conselhos de onde estejam atuando, e naquelas poder concedente.
administração e fiscal, com a fixadas de acordo com o art. 21, § 4o  Não dependerá de auto-
participação de acionistas mi- XXV, na forma da lei. rização ou concessão o aproveita-
noritários; mento do potencial de energia re-
V – os mandatos, a avaliação Art. 175.  Incumbe ao Poder Pú- novável de capacidade reduzida.
de desempenho e a responsabili- blico, na forma da lei, diretamente
dade dos administradores. ou sob regime de concessão ou Art. 177.  Constituem monopólio
§ 2o  As empresas públicas e permissão, sempre através de da União:
as sociedades de economia mista licitação, a prestação de servi- I – a pesquisa e a lavra das
não poderão gozar de privilégios ços públicos. jazidas de petróleo e gás natural
fiscais não extensivos às do se- Parágrafo único.  A lei dis- e outros hidrocarbonetos fluidos;
tor privado. porá sobre: II – a refinação do petróleo
§ 3o  A lei regulamentará as I – o regime das empresas nacional ou estrangeiro;
relações da empresa pública com concessionárias e permissioná- III – a importação e exporta-
o Estado e a sociedade. rias de serviços públicos, o cará- ção dos produtos e derivados bá-
§ 4o  A lei reprimirá o abuso ter especial de seu contrato e de sicos resultantes das atividades
do poder econômico que vise à sua prorrogação, bem como as previstas nos incisos anteriores;
dominação dos mercados, à eli- condições de caducidade, fisca- IV – o transporte marítimo do
minação da concorrência e ao lização e rescisão da concessão petróleo bruto de origem nacional
aumento arbitrário dos lucros. ou permissão; ou de derivados básicos de pe-
§ 5o  A lei, sem prejuízo da II – os direitos dos usuários; tróleo produzidos no País, bem
responsabilidade individual dos III – política tarifária; assim o transporte, por meio de
dirigentes da pessoa jurídica, es- IV – a obrigação de manter conduto, de petróleo bruto, seus
tabelecerá a responsabilidade serviço adequado. derivados e gás natural de qual-
desta, sujeitando-a às punições quer origem;
compatíveis com sua natureza, Art. 176.  As jazidas, em lavra ou V – a pesquisa, a lavra, o enri-
nos atos praticados contra a or- não, e demais recursos minerais quecimento, o reprocessamento,
dem econômica e financeira e e os potenciais de energia hi- a industrialização e o comércio de
contra a economia popular. dráulica constituem propriedade minérios e minerais nucleares e
distinta da do solo, para efeito de seus derivados, com exceção dos
Art. 174.  Como agente normati- exploração ou aproveitamento, e radioisótopos cuja produção, co-
vo e regulador da atividade econô- pertencem à União, garantida ao mercialização e utilização pode-
mica, o Estado exercerá, na forma concessionário a propriedade do rão ser autorizadas sob regime de
da lei, as funções de fiscalização, produto da lavra. permissão, conforme as alíneas
incentivo e planejamento, sendo § 1o  A pesquisa e a lavra de “b” e “c” do inciso XXIII do caput do
este determinante para o setor recursos minerais e o aprovei- art. 21 desta Constituição Federal.
público e indicativo para o setor tamento dos potenciais a que § 1o  A União poderá contratar
privado. se refere o caput deste artigo com empresas estatais ou priva-
§ 1o  A lei estabelecerá as di- somente poderão ser efetuados das a realização das atividades
retrizes e bases do planejamen- mediante autorização ou conces- previstas nos incisos I a IV deste

73
Constituição da República Federativa do Brasil
artigo, observadas as condições Art. 179.  A União, os Estados, o urbano não edificado, subutilizado
estabelecidas em lei. Distrito Federal e os Municípios ou não utilizado, que promova seu
§ 2o  A lei a que se refere o dispensarão às microempresas adequado aproveitamento, sob
§ 1 disporá sobre:
o
e às empresas de pequeno porte, pena, sucessivamente, de:
I – a garantia do fornecimen- assim definidas em lei, tratamen- I – parcelamento ou edifica-
to dos derivados de petróleo em to jurídico diferenciado, visando a ção compulsórios;
todo o território nacional; incentivá-las pela simplificação II – imposto sobre a proprie-
II – as condições de contra- de suas obrigações administrati- dade predial e territorial urbana
tação; vas, tributárias, previdenciárias e progressivo no tempo;
III – a estrutura e atribuições creditícias, ou pela eliminação ou III – desapropriação com
do órgão regulador do monopólio redução destas por meio de lei. pagamento mediante títulos da
da União. dívida pública de emissão pre-
§ 3o  A lei disporá sobre o Art. 180.  A União, os Estados, viamente aprovada pelo Senado
transporte e a utilização de ma- o Distrito Federal e os Municí- Federal, com prazo de resgate de
teriais radioativos no território pios promoverão e incentivarão até dez anos, em parcelas anuais,
nacional. o turismo como fator de desen- iguais e sucessivas, assegurados
§ 4o  A lei que instituir contri- volvimento social e econômico. o valor real da indenização e os
buição de intervenção no domínio juros legais.
econômico relativa às atividades Art. 181.  O atendimento de requi-
de importação ou comercializa- sição de documento ou informa- Art. 183.  Aquele que possuir
ção de petróleo e seus derivados, ção de natureza comercial, feita como sua área urbana de até
gás natural e seus derivados e ál- por autoridade administrativa ou duzentos e cinquenta metros
cool combustível deverá atender judiciária estrangeira, a pessoa quadrados, por cinco anos, inin-
aos seguintes requisitos: física ou jurídica residente ou terruptamente e sem oposição,
I – a alíquota da contribuição domiciliada no País dependerá utilizando-a para sua moradia
poderá ser: de autorização do Poder com- ou de sua família, adquirir-lhe-á
a)  diferenciada por produto petente. o domínio, desde que não seja
ou uso; proprietário de outro imóvel ur-
b)  reduzida e restabelecida bano ou rural.
por ato do Poder Executivo, não CAPÍTULO II – DA POLÍTICA § 1o  O título de domínio e a
se lhe aplicando o disposto no URBANA concessão de uso serão confe-
art. 150, III, “b”; ridos ao homem ou à mulher, ou
II – os recursos arrecadados Art. 182.  A política de desenvol- a ambos, independentemente do
serão destinados: vimento urbano, executada pelo estado civil.
a)  ao pagamento de subsídios Poder Público municipal, confor- § 2o  Esse direito não será re-
a preços ou transporte de álcool me diretrizes gerais fixadas em conhecido ao mesmo possuidor
combustível, gás natural e seus lei, tem por objetivo ordenar o mais de uma vez.
derivados e derivados de petróleo; pleno desenvolvimento das fun- § 3o  Os imóveis públicos não
b)  ao financiamento de pro- ções sociais da cidade e garantir serão adquiridos por usucapião.
jetos ambientais relacionados o bem-estar de seus habitantes.
com a indústria do petróleo e § 1o  O plano diretor, aprovado
do gás; pela Câmara Municipal, obrigató- CAPÍTULO III – DA POLÍTICA
c) ao financiamento de rio para cidades com mais de vin- AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA E
programas de infraestrutura de te mil habitantes, é o instrumento DA REFORMA AGRÁRIA
transportes. básico da política de desenvol-
vimento e de expansão urbana. Art. 184.  Compete à União desa-
Art. 178.  A lei disporá sobre a § 2o  A propriedade urbana propriar por interesse social, para
ordenação dos transportes aéreo, cumpre sua função social quando fins de reforma agrária, o imóvel
aquático e terrestre, devendo, atende às exigências fundamen- rural que não esteja cumprindo
quanto à ordenação do transporte tais de ordenação da cidade ex- sua função social, mediante pré-
internacional, observar os acor- pressas no plano diretor. via e justa indenização em títulos
dos firmados pela União, atendi- § 3o  As desapropriações de da dívida agrária, com cláusula de
do o princípio da reciprocidade. imóveis urbanos serão feitas com preservação do valor real, resga-
Parágrafo único.  Na ordena- prévia e justa indenização em táveis no prazo de até vinte anos,
ção do transporte aquático, a lei dinheiro. a partir do segundo ano de sua
estabelecerá as condições em § 4o  É facultado ao Poder emissão, e cuja utilização será
que o transporte de mercadorias Público municipal, mediante lei definida em lei.
na cabotagem e a navegação in- específica para área incluída no § 1o  As benfeitorias úteis e
terior poderão ser feitos por em- plano diretor, exigir, nos termos da necessárias serão indenizadas
barcações estrangeiras. lei federal, do proprietário do solo em dinheiro.

74
Constituição da República Federativa do Brasil
§ 2o  O decreto que declarar o cialização, de armazenamento e de propriedade rural por pes-
imóvel como de interesse social, de transportes, levando em conta, soa física ou jurídica estrangei-
para fins de reforma agrária, au- especialmente: ra e estabelecerá os casos que
toriza a União a propor a ação de I – os instrumentos credití- dependerão de autorização do
desapropriação. cios e fiscais; Congresso Nacional.
§ 3o  Cabe à lei complemen- II – os preços compatíveis
tar estabelecer procedimento com os custos de produção e Art. 191.  Aquele que, não sendo
contraditório especial, de rito a garantia de comercialização; proprietário de imóvel rural ou
sumário, para o processo judicial III – o incentivo à pesquisa e urbano, possua como seu, por
de desapropriação. à tecnologia; cinco anos ininterruptos, sem
§ 4o  O orçamento fixará anu- IV – a assistência técnica e oposição, área de terra, em zona
almente o volume total de títulos extensão rural; rural, não superior a cinquenta
da dívida agrária, assim como o V – o seguro agrícola; hectares, tornando-a produtiva
montante de recursos para aten- VI – o cooperativismo; por seu trabalho ou de sua família,
der ao programa de reforma agrá- VII – a eletrificação rural e tendo nela sua moradia, adquirir-
ria no exercício. irrigação; -lhe-á a propriedade.
§ 5o  São isentas de impostos VIII – a habitação para o tra- Parágrafo único.  Os imóveis
federais, estaduais e municipais balhador rural. públicos não serão adquiridos por
as operações de transferência de § 1o  Incluem-se no plane- usucapião.
imóveis desapropriados para fins jamento agrícola as atividades
de reforma agrária. agroindustriais, agropecuárias,
pesqueiras e florestais. CAPÍTULO IV – DO SISTEMA
Art. 185.  São insuscetíveis de § 2o  Serão compatibilizadas FINANCEIRO NACIONAL
desapropriação para fins de re- as ações de política agrícola e de
forma agrária: reforma agrária. Art. 192.  O sistema financeiro
I – a pequena e média proprie- nacional, estruturado de forma
dade rural, assim definida em lei, Art. 188.  A destinação de terras a promover o desenvolvimento
desde que seu proprietário não públicas e devolutas será compa- equilibrado do País e a servir aos
possua outra; tibilizada com a política agrícola interesses da coletividade, em
II – a propriedade produtiva. e com o plano nacional de refor- todas as partes que o compõem,
Parágrafo único.  A lei garanti- ma agrária. abrangendo as cooperativas de
rá tratamento especial à proprie- § 1o  A alienação ou a con- crédito, será regulado por leis
dade produtiva e fixará normas cessão, a qualquer título, de ter- complementares que disporão,
para o cumprimento dos requisi- ras públicas com área superior a inclusive, sobre a participação
tos relativos a sua função social. dois mil e quinhentos hectares a do capital estrangeiro nas insti-
pessoa física ou jurídica, ainda tuições que o integram.
Art. 186.  A função social é cum- que por interposta pessoa, de- I – (Revogado);
prida quando a propriedade rural penderá de prévia aprovação do II – (Revogado);
atende, simultaneamente, segun- Congresso Nacional. III – (Revogado):
do critérios e graus de exigência § 2o  Excetuam-se do dis- a) (Revogada);
estabelecidos em lei, aos seguin- posto no parágrafo anterior as b) (Revogada);
tes requisitos: alienações ou as concessões de IV – (Revogado);
I – aproveitamento racional terras públicas para fins de re- V – (Revogado);
e adequado; forma agrária. VI – (Revogado);
II – utilização adequada dos VII – (Revogado);
recursos naturais disponíveis e Art. 189.  Os beneficiários da dis- VIII – (Revogado).
preservação do meio ambiente; tribuição de imóveis rurais pela § 1o (Revogado)
III – observância das dispo- reforma agrária receberão títu- § 2o (Revogado)
sições que regulam as relações los de domínio ou de concessão § 3o (Revogado)
de trabalho; de uso, inegociáveis pelo prazo
IV – exploração que favoreça de dez anos.
o bem-estar dos proprietários e Parágrafo único.  O título de TÍTULO VIII – DA ORDEM
dos trabalhadores. domínio e a concessão de uso SOCIAL
serão conferidos ao homem ou à
Art. 187.  A política agrícola será mulher, ou a ambos, independen- CAPÍTULO I – DISPOSIÇÃO
planejada e executada na forma temente do estado civil, nos ter- GERAL
da lei, com a participação efetiva mos e condições previstos em lei.
do setor de produção, envolvendo Art. 193.  A ordem social tem
produtores e trabalhadores rurais, Art. 190.  A lei regulará e limitará como base o primado do trabalho,
bem como dos setores de comer- a aquisição ou o arrendamento

75
Constituição da República Federativa do Brasil
e como objetivo o bem-estar e a nos termos da lei, mediante recur- serviço da seguridade social po-
justiça sociais. sos provenientes dos orçamentos derá ser criado, majorado ou es-
Parágrafo único.  O Estado da União, dos Estados, do Distrito tendido sem a correspondente
exercerá a função de planejamen- Federal e dos Municípios, e das fonte de custeio total.
to das políticas sociais, assegura- seguintes contribuições sociais: § 6o  As contribuições sociais
da, na forma da lei, a participação I – do empregador, da empre- de que trata este artigo só pode-
da sociedade nos processos de sa e da entidade a ela equiparada rão ser exigidas após decorridos
formulação, de monitoramento, na forma da lei, incidentes sobre: noventa dias da data da publica-
de controle e de avaliação des- a)  a folha de salários e de- ção da lei que as houver institu-
sas políticas. mais rendimentos do trabalho ído ou modificado, não se lhes
pagos ou creditados, a qualquer aplicando o disposto no art. 150,
título, à pessoa física que lhe III, “b”.
CAPÍTULO II – DA preste serviço, mesmo sem vín- § 7o  São isentas de contri-
SEGURIDADE SOCIAL culo empregatício; buição para a seguridade social
b)  a receita ou o faturamen- as entidades beneficentes de as-
Seção I – Disposições Gerais
to; sistência social que atendam às
c)  o lucro; exigências estabelecidas em lei.
Art. 194.  A seguridade social II – do trabalhador e dos de- § 8o  O produtor, o parceiro, o
compreende um conjunto inte- mais segurados da previdência meeiro e o arrendatário rurais e o
grado de ações de iniciativa dos social, podendo ser adotadas alí- pescador artesanal, bem como os
Poderes Públicos e da sociedade, quotas progressivas de acordo respectivos cônjuges, que exer-
destinadas a assegurar os direitos com o valor do salário de contri- çam suas atividades em regime
relativos à saúde, à previdência e buição, não incidindo contribui- de economia familiar, sem empre-
à assistência social. ção sobre aposentadoria e pensão gados permanentes, contribuirão
Parágrafo único. Compete concedidas pelo Regime Geral de para a seguridade social mediante
ao Poder Público, nos termos da Previdência Social; a aplicação de uma alíquota sobre
lei, organizar a seguridade social, III – sobre a receita de con- o resultado da comercialização da
com base nos seguintes objetivos: cursos de prognósticos; produção e farão jus aos benefí-
I – universalidade da cober- IV – do importador de bens ou cios nos termos da lei.
tura e do atendimento; serviços do exterior, ou de quem § 9o  As contribuições sociais
II – uniformidade e equiva- a lei a ele equiparar. previstas no inciso I do caput des-
lência dos benefícios e serviços § 1o  As receitas dos Estados, te artigo poderão ter alíquotas di-
às populações urbanas e rurais; do Distrito Federal e dos Muni- ferenciadas em razão da atividade
III – seletividade e distributivi- cípios destinadas à seguridade econômica, da utilização intensi-
dade na prestação dos benefícios social constarão dos respectivos va de mão de obra, do porte da
e serviços; orçamentos, não integrando o empresa ou da condição estrutu-
IV – irredutibilidade do valor orçamento da União. ral do mercado de trabalho, sendo
dos benefícios; § 2o  A proposta de orçamen- também autorizada a adoção de
V – equidade na forma de par- to da seguridade social será ela- bases de cálculo diferenciadas
ticipação no custeio; borada de forma integrada pelos apenas no caso das alíneas “b” e
VI – diversidade da base de órgãos responsáveis pela saúde, “c” do inciso I do caput.
financiamento, identificando-se, previdência social e assistência § 10.  A lei definirá os crité-
em rubricas contábeis especí- social, tendo em vista as metas rios de transferência de recursos
ficas para cada área, as recei- e prioridades estabelecidas na para o sistema único de saúde e
tas e as despesas vinculadas a lei de diretrizes orçamentárias, ações de assistência social da
ações de saúde, previdência e assegurada a cada área a gestão União para os Estados, o Distrito
assistência social, preservado de seus recursos. Federal e os Municípios, e dos Es-
o caráter contributivo da previ- § 3o  A pessoa jurídica em dé- tados para os Municípios, obser-
dência social; bito com o sistema da seguridade vada a respectiva contrapartida
VII – caráter democrático e social, como estabelecido em de recursos.
descentralizado da administra- lei, não poderá contratar com o § 11.  São vedados a moratória
ção, mediante gestão quadripar- Poder Público nem dele receber e o parcelamento em prazo su-
tite, com participação dos traba- benefícios ou incentivos fiscais perior a 60 (sessenta) meses e,
lhadores, dos empregadores, dos ou creditícios. na forma de lei complementar,
aposentados e do Governo nos § 4o  A lei poderá instituir ou- a remissão e a anistia das con-
órgãos colegiados. tras fontes destinadas a garantir tribuições sociais de que tratam
a manutenção ou expansão da a alínea “a” do inciso I e o inciso
Art. 195.  A seguridade social seguridade social, obedecido o II do caput.
será financiada por toda a socie- disposto no art. 154, I. § 12.  A lei definirá os setores
dade, de forma direta e indireta, § 5o  Nenhum benefício ou de atividade econômica para os

76
Constituição da República Federativa do Brasil
quais as contribuições incidentes § 2o  A União, os Estados, o de agente comunitário de saúde
na forma dos incisos I, “b”; e IV do Distrito Federal e os Municípios e agente de combate às ende-
caput, serão não cumulativas. aplicarão, anualmente, em ações mias, competindo à União, nos
§ 13.  (Revogado) e serviços públicos de saúde re- termos da lei, prestar assistên-
§ 14.  O segurado somente cursos mínimos derivados da apli- cia financeira complementar aos
terá reconhecida como tempo de cação de percentuais calculados Estados, ao Distrito Federal e aos
contribuição ao Regime Geral de sobre: Municípios, para o cumprimento
Previdência Social a competência I – no caso da União, a recei- do referido piso salarial.
cuja contribuição seja igual ou ta corrente líquida do respectivo § 6o  Além das hipóteses pre-
superior à contribuição mínima exercício financeiro, não poden- vistas no § 1o do art. 41 e no § 4o do
mensal exigida para sua catego- do ser inferior a 15% (quinze por art. 169 da Constituição Federal,
ria, assegurado o agrupamento de cento); o servidor que exerça funções
contribuições. II – no caso dos Estados e equivalentes às de agente co-
do Distrito Federal, o produto da munitário de saúde ou de agente
arrecadação dos impostos a que de combate às endemias poderá
Seção II – Da Saúde se refere o art. 155 e dos recur- perder o cargo em caso de des-
sos de que tratam os arts. 157 e cumprimento dos requisitos es-
Art. 196.  A saúde é direito de 159, inciso I, alínea “a”, e inciso II, pecíficos, fixados em lei, para o
todos e dever do Estado, garan- deduzidas as parcelas que forem seu exercício.
tido mediante políticas sociais e transferidas aos respectivos Mu- § 7o  O vencimento dos agen-
econômicas que visem à redução nicípios; tes comunitários de saúde e dos
do risco de doença e de outros III – no caso dos Municípios e agentes de combate às ende-
agravos e ao acesso universal e do Distrito Federal, o produto da mias fica sob responsabilidade
igualitário às ações e serviços arrecadação dos impostos a que da União, e cabe aos Estados, ao
para sua promoção, proteção e se refere o art. 156 e dos recursos Distrito Federal e aos Municípios
recuperação. de que tratam os arts. 158 e 159, estabelecer, além de outros con-
inciso I, alínea “b” e § 3o. sectários e vantagens, incentivos,
Art. 197.  São de relevância públi- § 3o  Lei complementar, que auxílios, gratificações e indeniza-
ca as ações e serviços de saúde, será reavaliada pelo menos a cada ções, a fim de valorizar o trabalho
cabendo ao Poder Público dis- cinco anos, estabelecerá: desses profissionais.
por, nos termos da lei, sobre sua I – os percentuais de que tra- § 8o  Os recursos destinados
regulamentação, fiscalização e tam os incisos II e III do § 2o; ao pagamento do vencimento dos
controle, devendo sua execução II – os critérios de rateio dos agentes comunitários de saúde
ser feita diretamente ou através recursos da União vinculados à e dos agentes de combate às
de terceiros e, também, por pes- saúde destinados aos Estados, endemias serão consignados no
soa física ou jurídica de direito ao Distrito Federal e aos Municí- orçamento geral da União com
privado. pios, e dos Estados destinados dotação própria e exclusiva.
a seus respectivos Municípios, § 9o  O vencimento dos agen-
Art. 198.  As ações e serviços objetivando a progressiva redu- tes comunitários de saúde e dos
públicos de saúde integram uma ção das disparidades regionais; agentes de combate às endemias
rede regionalizada e hierarqui- III – as normas de fiscaliza- não será inferior a 2 (dois) salários
zada e constituem um sistema ção, avaliação e controle das mínimos, repassados pela União
único, organizado de acordo com despesas com saúde nas esfe- aos Municípios, aos Estados e ao
as seguintes diretrizes: ras federal, estadual, distrital e Distrito Federal.
I – descentralização, com di- municipal; § 10.  Os agentes comunitá-
reção única em cada esfera de IV – (Revogado). rios de saúde e os agentes de
governo; § 4o  Os gestores locais do combate às endemias terão tam-
II – atendimento integral, com sistema único de saúde poderão bém, em razão dos riscos ineren-
prioridade para as atividades pre- admitir agentes comunitários de tes às funções desempenhadas,
ventivas, sem prejuízo dos servi- saúde e agentes de combate às aposentadoria especial e, somado
ços assistenciais; endemias por meio de processo aos seus vencimentos, adicional
III – participação da comu- seletivo público, de acordo com a de insalubridade.
nidade. natureza e complexidade de suas § 11.  Os recursos financeiros
§ 1o  O sistema único de saúde atribuições e requisitos específi- repassados pela União aos Es-
será financiado, nos termos do cos para sua atuação. tados, ao Distrito Federal e aos
art. 195, com recursos do orça- § 5o  Lei federal disporá sobre Municípios para pagamento do
mento da seguridade social, da o regime jurídico, o piso salarial vencimento ou de qualquer outra
União, dos Estados, do Distrito profissional nacional, as diretri- vantagem dos agentes comuni-
Federal e dos Municípios, além zes para os Planos de Carreira e tários de saúde e dos agentes de
de outras fontes. a regulamentação das atividades combate às endemias não serão

77
Constituição da República Federativa do Brasil
objeto de inclusão no cálculo para § 2o  É vedada a destinação Seção III – Da Previdência
fins do limite de despesa com de recursos públicos para auxílios Social
pessoal. ou subvenções às instituições pri-
§ 12.  Lei federal instituirá vadas com fins lucrativos. Art. 201.  A previdência social
pisos salariais profissionais na- § 3o  É vedada a participação será organizada sob a forma do
cionais para o enfermeiro, o téc- direta ou indireta de empresas Regime Geral de Previdência So-
nico de enfermagem, o auxiliar ou capitais estrangeiros na as- cial, de caráter contributivo e de
de enfermagem e a parteira, a sistência à saúde no País, salvo filiação obrigatória, observados
serem observados por pessoas nos casos previstos em lei. critérios que preservem o equilí-
jurídicas de direito público e de § 4o  A lei disporá sobre as brio financeiro e atuarial, e aten-
direito privado. condições e os requisitos que derá, na forma da lei, a:
§ 13.  A União, os Estados, o facilitem a remoção de órgãos, I – cobertura dos eventos de
Distrito Federal e os Municípios, tecidos e substâncias humanas incapacidade temporária ou per-
até o final do exercício financeiro para fins de transplante, pesquisa manente para o trabalho e idade
em que for publicada a lei de que e tratamento, bem como a coleta, avançada;
trata o § 12 deste artigo, adequa- processamento e transfusão de II – proteção à maternidade,
rão a remuneração dos cargos ou sangue e seus derivados, sendo especialmente à gestante;
dos respectivos planos de carrei- vedado todo tipo de comercia- III – proteção ao trabalhador
ras, quando houver, de modo a lização. em situação de desemprego in-
atender aos pisos estabelecidos voluntário;
para cada categoria profissional. Art. 200.  Ao sistema único de IV – salário-família e auxílio-
§ 14.  Compete à União, nos saúde compete, além de outras -reclusão para os dependentes
termos da lei, prestar assistên- atribuições, nos termos da lei: dos segurados de baixa renda;
cia financeira complementar aos I – controlar e fiscalizar pro- V – pensão por morte do se-
Estados, ao Distrito Federal e aos cedimentos, produtos e subs- gurado, homem ou mulher, ao
Municípios e às entidades filan- tâncias de interesse para a saú- cônjuge ou companheiro e de-
trópicas, bem como aos presta- de e participar da produção de pendentes, observado o dispos-
dores de serviços contratuali- medicamentos, equipamentos, to no § 2o.
zados que atendam, no mínimo, imunobiológicos, hemoderivados § 1o  É vedada a adoção de
60% (sessenta por cento) de seus e outros insumos; requisitos ou critérios diferen-
pacientes pelo sistema único de II – executar as ações de vi- ciados para concessão de bene-
saúde, para o cumprimento dos gilância sanitária e epidemioló- fícios, ressalvada, nos termos de
pisos salariais de que trata o § 12 gica, bem como as de saúde do lei complementar, a possibilidade
deste artigo. trabalhador; de previsão de idade e tempo de
§ 15.  Os recursos federais III – ordenar a formação de contribuição distintos da regra
destinados aos pagamentos da recursos humanos na área de geral para concessão de aposen-
assistência financeira comple- saúde; tadoria exclusivamente em favor
mentar aos Estados, ao Distrito IV – participar da formulação dos segurados:
Federal e aos Municípios e às en- da política e da execução das I – com deficiência, previa-
tidades filantrópicas, bem como ações de saneamento básico; mente submetidos a avaliação
aos prestadores de serviços con- V – incrementar, em sua área biopsicossocial realizada por
tratualizados que atendam, no mí- de atuação, o desenvolvimen- equipe multiprofissional e inter-
nimo, 60% (sessenta por cento) de to científico e tecnológico e a disciplinar;
seus pacientes pelo sistema único inovação; II – cujas atividades sejam
de saúde, para o cumprimento VI – fiscalizar e inspecionar exercidas com efetiva exposi-
dos pisos salariais de que trata o alimentos, compreendido o con- ção a agentes químicos, físicos
§ 12 deste artigo serão consigna- trole de seu teor nutricional, bem e biológicos prejudiciais à saúde,
dos no orçamento geral da União como bebidas e águas para con- ou associação desses agentes,
com dotação própria e exclusiva. sumo humano; vedada a caracterização por ca-
VII – participar do controle e tegoria profissional ou ocupação.
Art. 199.  A assistência à saúde fiscalização da produção, trans- § 2o  Nenhum benefício que
é livre à iniciativa privada. porte, guarda e utilização de subs- substitua o salário de contribui-
§ 1o  As instituições privadas tâncias e produtos psicoativos, ção ou o rendimento do trabalho
poderão participar de forma com- tóxicos e radioativos; do segurado terá valor mensal
plementar do sistema único de VIII – colaborar na proteção inferior ao salário mínimo.
saúde, segundo diretrizes des- do meio ambiente, nele compre- § 3o  Todos os salários de
te, mediante contrato de direito endido o do trabalho. contribuição considerados para
público ou convênio, tendo prefe- o cálculo de benefício serão de-
rência as entidades filantrópicas vidamente atualizados, na for-
e as sem fins lucrativos. ma da lei.

78
Constituição da República Federativa do Brasil
§ 4o  É assegurado o rea- financeira será devida entre as geral de previdência social, será
justamento dos benefícios para receitas de contribuição referen- facultativo, baseado na constitui-
preservar-lhes, em caráter per- tes aos militares e as receitas de ção de reservas que garantam o
manente, o valor real, conforme contribuição aos demais regimes. benefício contratado, e regulado
critérios definidos em lei. § 10.  Lei complementar po- por lei complementar.
§ 5o  É vedada a filiação ao re- derá disciplinar a cobertura de § 1o  A lei complementar de
gime geral de previdência social, benefícios não programados, que trata este artigo assegura-
na qualidade de segurado facul- inclusive os decorrentes de aci- rá ao participante de planos de
tativo, de pessoa participante de dente do trabalho, a ser atendida benefícios de entidades de pre-
regime próprio de previdência. concorrentemente pelo Regime vidência privada o pleno acesso
§ 6o  A gratificação natalina Geral de Previdência Social e pelo às informações relativas à gestão
dos aposentados e pensionistas setor privado. de seus respectivos planos.
terá por base o valor dos pro- § 11.  Os ganhos habituais do § 2o  As contribuições do em-
ventos do mês de dezembro de empregado, a qualquer título, se- pregador, os benefícios e as con-
cada ano. rão incorporados ao salário para dições contratuais previstas nos
§ 7o  É assegurada aposenta- efeito de contribuição previdenci- estatutos, regulamentos e planos
doria no regime geral de previdên- ária e consequente repercussão de benefícios das entidades de
cia social, nos termos da lei, obe- em benefícios, nos casos e na previdência privada não integram
decidas as seguintes condições: forma da lei. o contrato de trabalho dos par-
I – 65 (sessenta e cinco) anos § 12.  Lei instituirá sistema ticipantes, assim como, à exce-
de idade, se homem, e 62 (ses- especial de inclusão previdenci- ção dos benefícios concedidos,
senta e dois) anos de idade, se ária, com alíquotas diferenciadas, não integram a remuneração dos
mulher, observado tempo mínimo para atender aos trabalhadores participantes, nos termos da lei.
de contribuição; de baixa renda, inclusive os que § 3o  É vedado o aporte de
II – 60 (sessenta) anos de ida- se encontram em situação de in- recursos a entidade de previdên-
de, se homem, e 55 (cinquenta e formalidade, e àqueles sem renda cia privada pela União, Estados,
cinco) anos de idade, se mulher, própria que se dediquem exclusi- Distrito Federal e Municípios, suas
para os trabalhadores rurais e vamente ao trabalho doméstico autarquias, fundações, empresas
para os que exerçam suas ati- no âmbito de sua residência, des- públicas, sociedades de economia
vidades em regime de econo- de que pertencentes a famílias de mista e outras entidades públicas,
mia familiar, nestes incluídos o baixa renda. salvo na qualidade de patrocina-
produtor rural, o garimpeiro e o § 13.  A aposentadoria con- dor, situação na qual, em hipótese
pescador artesanal. cedida ao segurado de que trata alguma, sua contribuição normal
§ 8o  O requisito de idade a o § 12 terá valor de 1 (um) salário poderá exceder a do segurado.
que se refere o inciso I do § 7o será mínimo. § 4o  Lei complementar dis-
reduzido em 5 (cinco) anos, para o § 14.  É vedada a contagem ciplinará a relação entre a União,
professor que comprove tempo de de tempo de contribuição fictí- Estados, Distrito Federal ou Muni-
efetivo exercício das funções de cio para efeito de concessão dos cípios, inclusive suas autarquias,
magistério na educação infantil benefícios previdenciários e de fundações, sociedades de econo-
e no ensino fundamental e mé- contagem recíproca. mia mista e empresas controla-
dio fixado em lei complementar. § 15.  Lei complementar es- das direta ou indiretamente, en-
§ 9o  Para fins de aposenta- tabelecerá vedações, regras e quanto patrocinadores de planos
doria, será assegurada a conta- condições para a acumulação de benefícios previdenciários,
gem recíproca do tempo de con- de benefícios previdenciários. e as entidades de previdência
tribuição entre o Regime Geral de § 16.  Os empregados dos complementar.
Previdência Social e os regimes consórcios públicos, das em- § 5o  A lei complementar de
próprios de previdência social, e presas públicas, das socieda- que trata o § 4o aplicar-se-á, no
destes entre si, observada a com- des de economia mista e das suas que couber, às empresas privadas
pensação financeira, de acordo subsidiárias serão aposentados permissionárias ou concessio-
com os critérios estabelecidos compulsoriamente, observado o nárias de prestação de serviços
em lei. cumprimento do tempo mínimo públicos, quando patrocinado-
§ 9o-A.  O tempo de serviço de contribuição, ao atingir a idade ras de planos de benefícios em
militar exercido nas atividades de máxima de que trata o inciso II do entidades de previdência com-
que tratam os arts. 42, 142 e 143 e § 1o do art. 40, na forma estabe- plementar.
o tempo de contribuição ao Regi- lecida em lei. § 6o  Lei complementar es-
me Geral de Previdência Social ou tabelecerá os requisitos para a
a regime próprio de previdência Art. 202.  O regime de previdên- designação dos membros das
social terão contagem recíproca cia privada, de caráter comple- diretorias das entidades fecha-
para fins de inativação militar ou mentar e organizado de forma das de previdência complementar
aposentadoria, e a compensação autônoma em relação ao regime instituídas pelos patrocinadores

79
Constituição da República Federativa do Brasil
de que trata o § 4o e disciplinará Parágrafo único.  É facultado nacional para os profissionais da
a inserção dos participantes nos aos Estados e ao Distrito Federal educação escolar pública, nos
colegiados e instâncias de deci- vincular a programa de apoio à termos de lei federal;
são em que seus interesses sejam inclusão e promoção social até IX – garantia do direito à edu-
objeto de discussão e deliberação. cinco décimos por cento de sua cação e à aprendizagem ao longo
receita tributária líquida, vedada da vida.
a aplicação desses recursos no Parágrafo único.  A lei disporá
Seção IV – Da Assistência pagamento de: sobre as categorias de trabalha-
Social I – despesas com pessoal e dores considerados profissionais
encargos sociais; da educação básica e sobre a fi-
Art. 203.  A assistência social II – serviço da dívida; xação de prazo para a elaboração
será prestada a quem dela ne- III – qualquer outra despe- ou adequação de seus planos de
cessitar, independentemente de sa corrente não vinculada dire- carreira, no âmbito da União, dos
contribuição à seguridade social, tamente aos investimentos ou Estados, do Distrito Federal e dos
e tem por objetivos: ações apoiados. Municípios.
I – a proteção à família, à ma-
ternidade, à infância, à adoles- Art. 207.  As universidades go-
cência e à velhice; CAPÍTULO III – DA zam de autonomia didático-cien-
II – o amparo às crianças e EDUCAÇÃO, DA CULTURA E tífica, administrativa e de gestão
adolescentes carentes; DO DESPORTO financeira e patrimonial, e obe-
III – a promoção da integração decerão ao princípio de indisso-
ao mercado de trabalho; Seção I – Da Educação ciabilidade entre ensino, pesquisa
IV – a habilitação e reabilita- e extensão.
ção das pessoas portadoras de Art. 205.  A educação, direito de § 1o  É facultado às universi-
deficiência e a promoção de sua todos e dever do Estado e da famí- dades admitir professores, téc-
integração à vida comunitária; lia, será promovida e incentivada nicos e cientistas estrangeiros,
V – a garantia de um salário com a colaboração da sociedade, na forma da lei.
mínimo de benefício mensal à visando ao pleno desenvolvimen- § 2o  O disposto neste artigo
pessoa portadora de deficiência to da pessoa, seu preparo para o aplica-se às instituições de pes-
e ao idoso que comprovem não exercício da cidadania e sua qua- quisa científica e tecnológica.
possuir meios de prover à própria lificação para o trabalho.
manutenção ou de tê-la provida Art. 208.  O dever do Estado com
por sua família, conforme dis- Art. 206.  O ensino será minis- a educação será efetivado me-
puser a lei; trado com base nos seguintes diante a garantia de:
VI – a redução da vulnerabili- princípios: I – educação básica obrigató-
dade socioeconômica de famílias I – igualdade de condições ria e gratuita dos 4 (quatro) aos 17
em situação de pobreza ou de para o acesso e permanência (dezessete) anos de idade, asse-
extrema pobreza. na escola; gurada inclusive sua oferta gra-
II – liberdade de aprender, tuita para todos os que a ela não
Art. 204.  As ações governamen- ensinar, pesquisar e divulgar o tiveram acesso na idade própria;
tais na área da assistência social pensamento, a arte e o saber; II – progressiva universali-
serão realizadas com recursos do III – pluralismo de ideias e de zação do ensino médio gratuito;
orçamento da seguridade social, concepções pedagógicas, e coe- III – atendimento educacional
previstos no art. 195, além de ou- xistência de instituições públicas especializado aos portadores de
tras fontes, e organizadas com e privadas de ensino; deficiência, preferencialmente na
base nas seguintes diretrizes: IV – gratuidade do ensino rede regular de ensino;
I – descentralização político- público em estabelecimentos IV – educação infantil, em cre-
-administrativa, cabendo a co- oficiais; che e pré-escola, às crianças até
ordenação e as normas gerais à V – valorização dos profissio- 5 (cinco) anos de idade;
esfera federal e a coordenação nais da educação escolar, garan- V – acesso aos níveis mais
e a execução dos respectivos tidos, na forma da lei, planos de elevados do ensino, da pesquisa
programas às esferas estadual carreira, com ingresso exclusiva- e da criação artística, segundo a
e municipal, bem como a enti- mente por concurso público de capacidade de cada um;
dades beneficentes e de assis- provas e títulos, aos das redes VI – oferta de ensino noturno
tência social; públicas; regular, adequado às condições
II – participação da popula- VI – gestão democrática do do educando;
ção, por meio de organizações ensino público, na forma da lei; VII – atendimento ao educan-
representativas, na formulação VII – garantia de padrão de do, em todas as etapas da educa-
das políticas e no controle das qualidade; ção básica, por meio de progra-
ações em todos os níveis. VIII – piso salarial profissional mas suplementares de material

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Constituição da República Federativa do Brasil
didático-escolar, transporte, ali- § 2o  Os Municípios atuarão que se refere a universalização,
mentação e assistência à saúde. prioritariamente no ensino fun- garantia de padrão de qualidade
§ 1o  O acesso ao ensino obri- damental e na educação infantil. e equidade, nos termos do plano
gatório e gratuito é direito público § 3o  Os Estados e o Distrito nacional de educação.
subjetivo. Federal atuarão prioritariamente § 4o  Os programas suple-
§ 2o  O não oferecimento do no ensino fundamental e médio. mentares de alimentação e as-
ensino obrigatório pelo Poder § 4o  Na organização de seus sistência à saúde previstos no
Público, ou sua oferta irregular, sistemas de ensino, a União, os art.  208, VII, serão financiados
importa responsabilidade da au- Estados, o Distrito Federal e os com recursos provenientes de
toridade competente. Municípios definirão formas de contribuições sociais e outros
§ 3o  Compete ao Poder Pú- colaboração, de forma a asse- recursos orçamentários.
blico recensear os educandos no gurar a universalização, a qua- § 5o  A educação básica pú-
ensino fundamental, fazer-lhes a lidade e a equidade do ensino blica terá como fonte adicional
chamada e zelar, junto aos pais obrigatório. de financiamento a contribui-
ou responsáveis, pela frequên- § 5o  A educação básica pú- ção social do salário-educação,
cia à escola. blica atenderá prioritariamente recolhida pelas empresas na for-
ao ensino regular. ma da lei.
Art. 209.  O ensino é livre à ini- § 6o  A União, os Estados, o § 6o  As cotas estaduais e
ciativa privada, atendidas as se- Distrito Federal e os Municípios municipais da arrecadação da
guintes condições: exercerão ação redistributiva em contribuição social do salário-e-
I – cumprimento das normas relação a suas escolas. ducação serão distribuídas pro-
gerais da educação nacional; § 7o  O padrão mínimo de qua- porcionalmente ao número de
II – autorização e avaliação lidade de que trata o § 1o deste alunos matriculados na educação
de qualidade pelo Poder Público. artigo considerará as condições básica nas respectivas redes pú-
adequadas de oferta e terá como blicas de ensino.
Art. 210.  Serão fixados conteú- referência o Custo Aluno Qualida- § 7o  É vedado o uso dos re-
dos mínimos para o ensino fun- de (CAQ), pactuados em regime de cursos referidos no caput e nos
damental, de maneira a assegu- colaboração na forma disposta §§ 5o e 6o deste artigo para pa-
rar formação básica comum e em lei complementar, conforme gamento de aposentadorias e
respeito aos valores culturais e o parágrafo único do art. 23 desta de pensões.
artísticos, nacionais e regionais. Constituição. § 8o  Na hipótese de extinção
§ 1o  O ensino religioso, de ou de substituição de impostos,
matrícula facultativa, constituirá Art. 212.  A União aplicará, anual- serão redefinidos os percentuais
disciplina dos horários normais mente, nunca menos de dezoito, e referidos no caput deste artigo e
das escolas públicas de ensino os Estados, o Distrito Federal e os no inciso II do caput do art. 212‑A,
fundamental. Municípios vinte e cinco por cento, de modo que resultem recur-
§ 2o  O ensino fundamental no mínimo, da receita resultan- sos vinculados à manutenção e
regular será ministrado em lín- te de impostos, compreendida a ao desenvolvimento do ensino,
gua portuguesa, assegurada às proveniente de transferências, na bem como os recursos subvin-
comunidades indígenas também manutenção e desenvolvimento culados aos fundos de que trata
a utilização de suas línguas ma- do ensino. o art. 212‑A desta Constituição,
ternas e processos próprios de § 1o  A parcela da arrecada- em aplicações equivalentes às
aprendizagem. ção de impostos transferida pela anteriormente praticadas.
União aos Estados, ao Distrito Fe- § 9o  A lei disporá sobre nor-
Art. 211.  A União, os Estados, o deral e aos Municípios, ou pelos mas de fiscalização, de avaliação
Distrito Federal e os Municípios Estados aos respectivos Muni- e de controle das despesas com
organizarão em regime de cola- cípios, não é considerada, para educação nas esferas estadual,
boração seus sistemas de ensino. efeito do cálculo previsto neste distrital e municipal.
§ 1o  A União organizará o sis- artigo, receita do governo que a
tema federal de ensino e o dos transferir. Art. 212-A.  Os Estados, o Distrito
Territórios, financiará as institui- § 2o  Para efeito do cumpri- Federal e os Municípios destinarão
ções de ensino públicas federais e mento do disposto no caput des- parte dos recursos a que se refere
exercerá, em matéria educacional, te artigo, serão considerados os o caput do art. 212 desta Consti-
função redistributiva e supletiva, sistemas de ensino federal, es- tuição à manutenção e ao desen-
de forma a garantir equalização tadual e municipal e os recursos volvimento do ensino na educação
de oportunidades educacionais aplicados na forma do art. 213. básica e à remuneração condigna
e padrão mínimo de qualidade do § 3o  A distribuição dos recur- de seus profissionais, respeitadas
ensino mediante assistência téc- sos públicos assegurará priorida- as seguintes disposições:
nica e financeira aos Estados, ao de ao atendimento das necessi- I – a distribuição dos recur-
Distrito Federal e aos Municípios. dades do ensino obrigatório, no sos e de responsabilidades entre

81
Constituição da República Federativa do Brasil
o Distrito Federal, os Estados e c)  2,5 (dois inteiros e cinco da jornada e tipos de estabele-
seus Municípios é assegurada décimos) pontos percentuais nas cimento de ensino, observados
mediante a instituição, no âmbito redes públicas que, cumpridas as respectivas especificidades
de cada Estado e do Distrito Fede- condicionalidades de melhoria e os insumos necessários para a
ral, de um Fundo de Manutenção de gestão previstas em lei, alcan- garantia de sua qualidade;
e Desenvolvimento da Educação çarem evolução de indicadores a b)  a forma de cálculo do VAAF
Básica e de Valorização dos Pro- serem definidos, de atendimento decorrente do inciso III do caput
fissionais da Educação (Fundeb), e melhoria da aprendizagem com deste artigo e do VAAT referido
de natureza contábil; redução das desigualdades, nos no inciso VI do caput deste artigo;
II – os fundos referidos no in- termos do sistema nacional de c)  a forma de cálculo para
ciso I do caput deste artigo serão avaliação da educação básica; distribuição prevista na alínea “c”
constituídos por 20% (vinte por VI – o VAAT será calculado, na do inciso V do caput deste artigo;
cento) dos recursos a que se re- forma da lei de que trata o inciso d)  a transparência, o mo-
ferem os incisos I, II e III do caput X do caput deste artigo, com base nitoramento, a fiscalização e o
do art. 155, o inciso II do caput do nos recursos a que se refere o controle interno, externo e social
art. 157, os incisos II, III e IV do inciso II do caput deste artigo, dos fundos referidos no inciso I
caput do art. 158 e as alíneas “a” e acrescidos de outras receitas e do caput deste artigo, assegu-
“b” do inciso I e o inciso II do caput de transferências vinculadas à rada a criação, a autonomia, a
do art. 159 desta Constituição; educação, observado o disposto manutenção e a consolidação de
III – os recursos referidos no no § 1o e consideradas as matrí- conselhos de acompanhamento
inciso II do caput deste artigo se- culas nos termos do inciso III do e controle social, admitida sua
rão distribuídos entre cada Estado caput deste artigo; integração aos conselhos de edu-
e seus Municípios, proporcional- VII – os recursos de que tra- cação;
mente ao número de alunos das tam os incisos II e IV do caput e)  o conteúdo e a periodici-
diversas etapas e modalidades deste artigo serão aplicados pe- dade da avaliação, por parte do
da educação básica presencial los Estados e pelos Municípios órgão responsável, dos efeitos
matriculados nas respectivas exclusivamente nos respectivos redistributivos, da melhoria dos
redes, nos âmbitos de atuação âmbitos de atuação prioritária, indicadores educacionais e da
prioritária, conforme estabeleci- conforme estabelecido nos §§ 2o ampliação do atendimento;
do nos §§ 2o e 3o do art. 211 des- e 3o do art. 211 desta Constituição; XI – proporção não inferior a
ta Constituição, observadas as VIII – a vinculação de recursos 70% (setenta por cento) de cada
ponderações referidas na alínea à manutenção e ao desenvolvi- fundo referido no inciso I do caput
“a” do inciso X do caput e no § 2o mento do ensino estabelecida deste artigo, excluídos os recur-
deste artigo; no art.  212 desta Constituição sos de que trata a alínea “c” do
IV – a União complementará suportará, no máximo, 30% (trinta inciso V do caput deste artigo,
os recursos dos fundos a que se por cento) da complementação da será destinada ao pagamento dos
refere o inciso II do caput deste União, considerados para os fins profissionais da educação básica
artigo; deste inciso os valores previstos em efetivo exercício, observado,
V – a complementação da no inciso V do caput deste artigo; em relação aos recursos previstos
União será equivalente a, no mí- IX – o disposto no caput do na alínea “b” do inciso V do caput
nimo, 23% (vinte e três por cento) art. 160 desta Constituição apli- deste artigo, o percentual mínimo
do total de recursos a que se refe- ca-se aos recursos referidos nos de 15% (quinze por cento) para
re o inciso II do caput deste artigo, incisos II e IV do caput deste ar- despesas de capital;
distribuída da seguinte forma: tigo, e seu descumprimento pela XII – lei específica disporá
a)  10 (dez) pontos percentu- autoridade competente importará sobre o piso salarial profissional
ais no âmbito de cada Estado e em crime de responsabilidade; nacional para os profissionais
do Distrito Federal, sempre que o X – a lei disporá, observadas do magistério da educação bá-
valor anual por aluno (VAAF), nos as garantias estabelecidas nos in- sica pública;
termos do inciso III do caput des- cisos I, II, III e IV do caput e no § 1o XIII – a utilização dos recursos
te artigo, não alcançar o mínimo do art. 208 e as metas pertinentes a que se refere o § 5o do art. 212
definido nacionalmente; do plano nacional de educação, desta Constituição para a com-
b)  no mínimo, 10,5 (dez in- nos termos previstos no art. 214 plementação da União ao Fundeb,
teiros e cinco décimos) pontos desta Constituição, sobre: referida no inciso V do caput deste
percentuais em cada rede pública a)  a organização dos fundos artigo, é vedada.
de ensino municipal, estadual ou referidos no inciso I do caput des- § 1o  O cálculo do VAAT, refe-
distrital, sempre que o valor anual te artigo e a distribuição propor- rido no inciso VI do caput deste
total por aluno (VAAT), referido no cional de seus recursos, as dife- artigo, deverá considerar, além
inciso VI do caput deste artigo, renças e as ponderações quanto dos recursos previstos no inciso II
não alcançar o mínimo definido ao valor anual por aluno entre do caput deste artigo, pelo menos,
nacionalmente; etapas, modalidades, duração as seguintes disponibilidades:

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Constituição da República Federativa do Brasil
I – receitas de Estados, do rede na localidade. à integração das ações do poder
Distrito Federal e de Municípios § 2o  As atividades de pesqui- público que conduzem à:
vinculadas à manutenção e ao sa, de extensão e de estímulo e I – defesa e valorização do
desenvolvimento do ensino não fomento à inovação realizadas patrimônio cultural brasileiro;
integrantes dos fundos referidos por universidades e/ou por insti- II – produção, promoção e
no inciso I do caput deste artigo; tuições de educação profissional difusão de bens culturais;
II – cotas estaduais e munici- e tecnológica poderão receber III – formação de pessoal qua-
pais da arrecadação do salário- apoio financeiro do Poder Público. lificado para a gestão da cultura
-educação de que trata o § 6o do em suas múltiplas dimensões;
art. 212 desta Constituição; Art. 214.  A lei estabelecerá o IV – democratização do aces-
III – complementação da plano nacional de educação, de so aos bens de cultura;
União transferida a Estados, ao duração decenal, com o objetivo V – valorização da diversidade
Distrito Federal e a Municípios de articular o sistema nacional de étnica e regional.
nos termos da alínea “a” do inciso educação em regime de colabora-
V do caput deste artigo. ção e definir diretrizes, objetivos, Art. 216.  Constituem patrimônio
§ 2o  Além das ponderações metas e estratégias de implemen- cultural brasileiro os bens de na-
previstas na alínea “a” do inciso X tação para assegurar a manuten- tureza material e imaterial, toma-
do caput deste artigo, a lei definirá ção e desenvolvimento do ensino dos individualmente ou em con-
outras relativas ao nível socioe- em seus diversos níveis, etapas e junto, portadores de referência
conômico dos educandos e aos modalidades por meio de ações à identidade, à ação, à memória
indicadores de disponibilidade de integradas dos poderes públicos dos diferentes grupos formado-
recursos vinculados à educação das diferentes esferas federativas res da sociedade brasileira, nos
e de potencial de arrecadação que conduzam a: quais se incluem:
tributária de cada ente federa- I – erradicação do analfabe- I – as formas de expressão;
do, bem como seus prazos de tismo; II – os modos de criar, fazer
implementação. II – universalização do aten- e viver;
§ 3o  Será destinada à edu- dimento escolar; III – as criações científicas,
cação infantil a proporção de III – melhoria da qualidade artísticas e tecnológicas;
50% (cinquenta por cento) dos do ensino; IV – as obras, objetos, docu-
recursos globais a que se refere IV – formação para o trabalho; mentos, edificações e demais
a alínea “b” do inciso V do caput V – promoção humanística, espaços destinados às manifes-
deste artigo, nos termos da lei. científica e tecnológica do País; tações artístico-culturais;
VI – estabelecimento de meta V – os conjuntos urbanos e
Art. 213.  Os recursos públicos de aplicação de recursos públicos sítios de valor histórico, paisagís-
serão destinados às escolas pú- em educação como proporção do tico, artístico, arqueológico, pale-
blicas, podendo ser dirigidos a produto interno bruto. ontológico, ecológico e científico.
escolas comunitárias, confes- § 1o  O Poder Público, com a
sionais ou filantrópicas, definidas colaboração da comunidade, pro-
em lei, que:
Seção II – Da Cultura moverá e protegerá o patrimônio
I – comprovem finalidade não cultural brasileiro, por meio de
lucrativa e apliquem seus exce- Art. 215.  O Estado garantirá a inventários, registros, vigilância,
dentes financeiros em educação; todos o pleno exercício dos direi- tombamento e desapropriação,
II – assegurem a destinação tos culturais e acesso às fontes e de outras formas de acautela-
de seu patrimônio a outra escola da cultura nacional, e apoiará e mento e preservação.
comunitária, filantrópica ou con- incentivará a valorização e a difu- § 2o  Cabem à administração
fessional, ou ao Poder Público, no são das manifestações culturais. pública, na forma da lei, a gestão
caso de encerramento de suas § 1o  O Estado protegerá as da documentação governamental
atividades. manifestações das culturas po- e as providências para franque-
§ 1o  Os recursos de que trata pulares, indígenas e afro-brasi- ar sua consulta a quantos dela
este artigo poderão ser destina- leiras, e das de outros grupos necessitem.
dos a bolsas de estudo para o participantes do processo civi- § 3o  A lei estabelecerá incen-
ensino fundamental e médio, na lizatório nacional. tivos para a produção e o conheci-
forma da lei, para os que demons- § 2o  A lei disporá sobre a fi- mento de bens e valores culturais.
trarem insuficiência de recursos, xação de datas comemorativas de § 4o  Os danos e ameaças ao
quando houver falta de vagas e alta significação para os diferen- patrimônio cultural serão puni-
cursos regulares da rede públi- tes segmentos étnicos nacionais. dos, na forma da lei.
ca na localidade da residência § 3o  A lei estabelecerá o Pla- § 5o  Ficam tombados todos
do educando, ficando o Poder no Nacional de Cultura, de dura- os documentos e os sítios deten-
Público obrigado a investir prio- ção plurianual, visando ao de- tores de reminiscências históri-
ritariamente na expansão de sua senvolvimento cultural do País e cas dos antigos quilombos.

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Constituição da República Federativa do Brasil
§ 6o  É facultado aos Estados X – democratização dos pro- § 1o  O Poder Judiciário só
e ao Distrito Federal vincular a cessos decisórios com participa- admitirá ações relativas à dis-
fundo estadual de fomento à cul- ção e controle social; ciplina e às competições des-
tura até cinco décimos por cento XI – descentralização articu- portivas após esgotarem-se as
de sua receita tributária líquida, lada e pactuada da gestão, dos instâncias da justiça desportiva,
para o financiamento de progra- recursos e das ações; regulada em lei.
mas e projetos culturais, vedada XII – ampliação progressiva § 2o  A justiça desportiva terá
a aplicação desses recursos no dos recursos contidos nos orça- o prazo máximo de sessenta dias,
pagamento de: mentos públicos para a cultura. contados da instauração do pro-
I – despesas com pessoal e § 2o  Constitui a estrutura cesso, para proferir decisão final.
encargos sociais; do Sistema Nacional de Cultu- § 3o  O Poder Público incen-
II – serviço da dívida; ra, nas respectivas esferas da tivará o lazer, como forma de
III – qualquer outra despe- Federação: promoção social.
sa corrente não vinculada dire- I – órgãos gestores da cultura;
tamente aos investimentos ou II – conselhos de política cul-
ações apoiados. tural; CAPÍTULO IV – DA CIÊNCIA,
III – conferências de cultura; TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
Art. 216-A.  O Sistema Nacional IV – comissões intergestores;
de Cultura, organizado em re- V – planos de cultura; Art. 218.  O Estado promoverá
gime de colaboração, de forma VI – sistemas de financiamen- e incentivará o desenvolvimento
descentralizada e participativa, to à cultura; científico, a pesquisa, a capaci-
institui um processo de gestão e VII – sistemas de informações tação científica e tecnológica e
promoção conjunta de políticas e indicadores culturais; a inovação.
públicas de cultura, democráticas VIII – programas de formação § 1o  A pesquisa científica bá-
e permanentes, pactuadas entre na área da cultura; e sica e tecnológica receberá tra-
os entes da Federação e a socie- IX – sistemas setoriais de tamento prioritário do Estado,
dade, tendo por objetivo promo- cultura. tendo em vista o bem público e o
ver o desenvolvimento humano, § 3o  Lei federal disporá sobre progresso da ciência, tecnologia
social e econômico com pleno a regulamentação do Sistema Na- e inovação.
exercício dos direitos culturais. cional de Cultura, bem como de § 2o  A pesquisa tecnológica
§ 1o  O Sistema Nacional de sua articulação com os demais voltar-se-á preponderantemen-
Cultura fundamenta-se na políti- sistemas nacionais ou políticas te para a solução dos problemas
ca nacional de cultura e nas suas setoriais de governo. brasileiros e para o desenvol-
diretrizes, estabelecidas no Plano § 4o  Os Estados, o Distrito vimento do sistema produtivo
Nacional de Cultura, e rege-se Federal e os Municípios organiza- nacional e regional.
pelos seguintes princípios: rão seus respectivos sistemas de § 3o  O Estado apoiará a for-
I – diversidade das expres- cultura em leis próprias. mação de recursos humanos nas
sões culturais; áreas de ciência, pesquisa, tec-
II – universalização do acesso nologia e inovação, inclusive por
aos bens e serviços culturais;
Seção III – Do Desporto meio do apoio às atividades de ex-
III – fomento à produção, difu- tensão tecnológica, e concederá
são e circulação de conhecimento Art. 217.  É dever do Estado fo- aos que delas se ocupem meios e
e bens culturais; mentar práticas desportivas for- condições especiais de trabalho.
IV – cooperação entre os en- mais e não formais, como direito § 4o  A lei apoiará e estimula-
tes federados, os agentes públi- de cada um, observados: rá as empresas que invistam em
cos e privados atuantes na área I – a autonomia das entidades pesquisa, criação de tecnologia
cultural; desportivas dirigentes e associa- adequada ao País, formação e
V – integração e interação ções, quanto a sua organização aperfeiçoamento de seus recur-
na execução das políticas, pro- e funcionamento; sos humanos e que pratiquem
gramas, projetos e ações desen- II – a destinação de recursos sistemas de remuneração que
volvidas; públicos para a promoção prio- assegurem ao empregado, des-
VI – complementaridade nos ritária do desporto educacional vinculada do salário, participação
papéis dos agentes culturais; e, em casos específicos, para a nos ganhos econômicos resul-
VII – transversalidade das po- do desporto de alto rendimento; tantes da produtividade de seu
líticas culturais; III – o tratamento diferenciado trabalho.
VIII – autonomia dos entes para o desporto profissional e o § 5o  É facultado aos Estados
federados e das instituições da não profissional; e ao Distrito Federal vincular par-
sociedade civil; IV – a proteção e o incentivo cela de sua receita orçamentária
IX – transparência e com- às manifestações desportivas de a entidades públicas de fomento
partilhamento das informações; criação nacional. ao ensino e à pesquisa científica

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Constituição da República Federativa do Brasil
e tecnológica. bre as normas gerais do Sistema § 6o  A publicação de veículo
§ 6o  O Estado, na execução Nacional de Ciência, Tecnologia impresso de comunicação inde-
das atividades previstas no caput, e Inovação. pende de licença de autoridade.
estimulará a articulação entre § 2o  Os Estados, o Distrito
entes, tanto públicos quanto pri- Federal e os Municípios legislarão Art. 221.  A produção e a progra-
vados, nas diversas esferas de concorrentemente sobre suas mação das emissoras de rádio e
governo. peculiaridades. televisão atenderão aos seguintes
§ 7o  O Estado promoverá e princípios:
incentivará a atuação no exterior I – preferência a finalidades
das instituições públicas de ciên- CAPÍTULO V – DA educativas, artísticas, culturais
cia, tecnologia e inovação, com COMUNICAÇÃO SOCIAL e informativas;
vistas à execução das atividades II – promoção da cultura na-
previstas no caput. Art. 220.  A manifestação do cional e regional e estímulo à pro-
pensamento, a criação, a expres- dução independente que objetive
Art. 219.  O mercado interno in- são e a informação, sob qualquer sua divulgação;
tegra o patrimônio nacional e forma, processo ou veículo não III – regionalização da pro-
será incentivado de modo a via- sofrerão qualquer restrição, ob- dução cultural, artística e jor-
bilizar o desenvolvimento cultural servado o disposto nesta Cons- nalística, conforme percentuais
e socioeconômico, o bem-estar tituição. estabelecidos em lei;
da população e a autonomia tec- § 1o  Nenhuma lei conterá IV – respeito aos valores éti-
nológica do País, nos termos de dispositivo que possa constituir cos e sociais da pessoa e da fa-
lei federal. embaraço à plena liberdade de in- mília.
Parágrafo único.  O Estado formação jornalística em qualquer
estimulará a formação e o for- veículo de comunicação social, Art. 222.  A propriedade de em-
talecimento da inovação nas em- observado o disposto no art. 5o, presa jornalística e de radiodifu-
presas, bem como nos demais IV, V, X, XIII e XIV. são sonora e de sons e imagens
entes, públicos ou privados, a § 2o  É vedada toda e qual- é privativa de brasileiros natos
constituição e a manutenção de quer censura de natureza política, ou naturalizados há mais de dez
parques e polos tecnológicos e ideológica e artística. anos, ou de pessoas jurídicas
de demais ambientes promotores § 3o  Compete à lei federal: constituídas sob as leis brasilei-
da inovação, a atuação dos inven- I – regular as diversões e es- ras e que tenham sede no País.
tores independentes e a criação, petáculos públicos, cabendo ao § 1o  Em qualquer caso, pelo
absorção, difusão e transferência Poder Público informar sobre a menos setenta por cento do ca-
de tecnologia. natureza deles, as faixas etárias pital total e do capital votante
a que não se recomendem, locais das empresas jornalísticas e de
Art. 219-A.  A União, os Estados, e horários em que sua apresenta- radiodifusão sonora e de sons e
o Distrito Federal e os Municípios ção se mostre inadequada; imagens deverá pertencer, direta
poderão firmar instrumentos de II – estabelecer os meios le- ou indiretamente, a brasileiros
cooperação com órgãos e en- gais que garantam à pessoa e natos ou naturalizados há mais
tidades públicos e com entida- à família a possibilidade de se de dez anos, que exercerão obri-
des privadas, inclusive para o defenderem de programas ou gatoriamente a gestão das ativi-
compartilhamento de recursos programações de rádio e televi- dades e estabelecerão o conteúdo
humanos especializados e ca- são que contrariem o disposto no da programação.
pacidade instalada, para a exe- art. 221, bem como da propaganda § 2o  A responsabilidade edi-
cução de projetos de pesquisa, de produtos, práticas e serviços torial e as atividades de seleção
de desenvolvimento científico e que possam ser nocivos à saúde e direção da programação veicu-
tecnológico e de inovação, me- e ao meio ambiente. lada são privativas de brasileiros
diante contrapartida financeira § 4o  A propaganda comer- natos ou naturalizados há mais
ou não financeira assumida pelo cial de tabaco, bebidas alcoóli- de dez anos, em qualquer meio
ente beneficiário, na forma da lei. cas, agrotóxicos, medicamen- de comunicação social.
tos e terapias estará sujeita a § 3o  Os meios de comunica-
Art. 219-B.  O Sistema Nacional restrições legais, nos termos do ção social eletrônica, indepen-
de Ciência, Tecnologia e Inovação inciso II do parágrafo anterior, e dentemente da tecnologia utili-
será organizado em regime de conterá, sempre que necessário, zada para a prestação do serviço,
colaboração entre entes, tanto advertência sobre os malefícios deverão observar os princípios
públicos quanto privados, com decorrentes de seu uso. enunciados no art. 221, na forma
vistas a promover o desenvolvi- § 5o  Os meios de comuni- de lei específica, que também
mento científico e tecnológico e cação social não podem, direta garantirá a prioridade de profis-
a inovação. ou indiretamente, ser objeto de sionais brasileiros na execução
§ 1o  Lei federal disporá so- monopólio ou oligopólio. de produções nacionais.

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Constituição da República Federativa do Brasil
§ 4o  Lei disciplinará a par- ao Poder Público: § 2o  Aquele que explorar re-
ticipação de capital estrangeiro I – preservar e restaurar os cursos minerais fica obrigado a
nas empresas de que trata o § 1o. processos ecológicos essenciais recuperar o meio ambiente de-
§ 5o  As alterações de contro- e prover o manejo ecológico das gradado, de acordo com solução
le societário das empresas de que espécies e ecossistemas; técnica exigida pelo órgão públi-
trata o § 1o serão comunicadas ao II – preservar a diversidade co competente, na forma da lei.
Congresso Nacional. e a integridade do patrimônio § 3o  As condutas e ativida-
genético do País e fiscalizar as des consideradas lesivas ao meio
Art. 223.  Compete ao Poder entidades dedicadas à pesqui- ambiente sujeitarão os infratores,
Executivo outorgar e renovar sa e manipulação de material pessoas físicas ou jurídicas, a
concessão, permissão e autori- genético; sanções penais e administrativas,
zação para o serviço de radio- III – definir, em todas as uni- independentemente da obrigação
difusão sonora e de sons e ima- dades da Federação, espaços de reparar os danos causados.
gens, observado o princípio da territoriais e seus componentes a § 4o  A Floresta Amazônica
complementaridade dos sistemas serem especialmente protegidos, brasileira, a Mata Atlântica, a Ser-
privado, público e estatal. sendo a alteração e a supressão ra do Mar, o Pantanal Mato-Gros-
§ 1o O Congresso Nacio- permitidas somente através de sense e a Zona Costeira são patri-
nal apreciará o ato no prazo do lei, vedada qualquer utilização mônio nacional, e sua utilização
art. 64, §§ 2o e 4o, a contar do re- que comprometa a integridade far-se-á, na forma da lei, dentro
cebimento da mensagem. dos atributos que justifiquem sua de condições que assegurem a
§ 2o  A não renovação da con- proteção; preservação do meio ambiente,
cessão ou permissão dependerá IV – exigir, na forma da lei, inclusive quanto ao uso dos re-
de aprovação de, no mínimo, dois para instalação de obra ou ativi- cursos naturais.
quintos do Congresso Nacional, dade potencialmente causadora § 5o  São indisponíveis as ter-
em votação nominal. de significativa degradação do ras devolutas ou arrecadadas
§ 3o  O ato de outorga ou re- meio ambiente, estudo prévio de pelos Estados, por ações discri-
novação somente produzirá efei- impacto ambiental, a que se dará minatórias, necessárias à prote-
tos legais após deliberação do publicidade; ção dos ecossistemas naturais.
Congresso Nacional, na forma V – controlar a produção, a § 6o  As usinas que operem
dos parágrafos anteriores. comercialização e o emprego com reator nuclear deverão ter
§ 4o  O cancelamento da con- de técnicas, métodos e substân- sua localização definida em lei
cessão ou permissão, antes de cias que comportem risco para a federal, sem o que não poderão
vencido o prazo, depende de de- vida, a qualidade de vida e o meio ser instaladas.
cisão judicial. ambiente; § 7o  Para fins do disposto
§ 5o  O prazo da concessão ou VI – promover a educação na parte final do inciso VII do § 1o
permissão será de dez anos para ambiental em todos os níveis de deste artigo, não se consideram
as emissoras de rádio e de quinze ensino e a conscientização pú- cruéis as práticas desportivas
para as de televisão. blica para a preservação do meio que utilizem animais, desde que
ambiente; sejam manifestações culturais,
Art. 224.  Para os efeitos do dis- VII – proteger a fauna e a flo- conforme o § 1o do art. 215 desta
posto neste capítulo, o Congresso ra, vedadas, na forma da lei, as Constituição Federal, registradas
Nacional instituirá, como órgão práticas que coloquem em risco como bem de natureza imaterial
auxiliar, o Conselho de Comu- sua função ecológica, provoquem integrante do patrimônio cultural
nicação Social, na forma da lei. a extinção de espécies ou sub- brasileiro, devendo ser regula-
metam os animais a crueldade; mentadas por lei específica que
VIII – manter regime fiscal assegure o bem-estar dos ani-
CAPÍTULO VI – DO MEIO favorecido para os biocombustí- mais envolvidos.
AMBIENTE veis destinados ao consumo final,
na forma de lei complementar, a
Art. 225.  Todos têm direito ao fim de assegurar-lhes tributa- CAPÍTULO VII – DA
meio ambiente ecologicamente ção inferior à incidente sobre os FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO
equilibrado, bem de uso comum combustíveis fósseis, capaz de ADOLESCENTE, DO JOVEM
do povo e essencial à sadia qua- garantir diferencial competitivo E DO IDOSO
lidade de vida, impondo-se ao em relação a estes, especialmen-
Poder Público e à coletividade o te em relação às contribuições de Art. 226.  A família, base da so-
dever de defendê-lo e preservá- que tratam a alínea “b” do inciso I ciedade, tem especial proteção
-lo para as presentes e futuras e o inciso IV do caput do art. 195 do Estado.
gerações. e o art. 239 e ao imposto a que § 1o  O casamento é civil e
§ 1o  Para assegurar a efe- se refere o inciso II do caput do gratuita a celebração.
tividade desse direito, incumbe art. 155 desta Constituição. § 2o  O casamento religioso

86
Constituição da República Federativa do Brasil
tem efeito civil, nos termos da lei. II – criação de programas de ção sexual da criança e do ado-
§ 3o  Para efeito da proteção prevenção e atendimento espe- lescente.
do Estado, é reconhecida a união cializado para as pessoas porta- § 5o  A adoção será assisti-
estável entre o homem e a mulher doras de deficiência física, sen- da pelo Poder Público, na forma
como entidade familiar, devendo sorial ou mental, bem como de da lei, que estabelecerá casos e
a lei facilitar sua conversão em integração social do adolescente condições de sua efetivação por
casamento. e do jovem portador de deficiên- parte de estrangeiros.
§ 4o  Entende-se, também, cia, mediante o treinamento para § 6o  Os filhos, havidos ou não
como entidade familiar a comu- o trabalho e a convivência, e a da relação do casamento, ou por
nidade formada por qualquer dos facilitação do acesso aos bens adoção, terão os mesmos direitos
pais e seus descendentes. e serviços coletivos, com a eli- e qualificações, proibidas quais-
§ 5o  Os direitos e deveres minação de obstáculos arquite- quer designações discriminató-
referentes à sociedade conjugal tônicos e de todas as formas de rias relativas à filiação.
são exercidos igualmente pelo discriminação. § 7o  No atendimento dos di-
homem e pela mulher. § 2o  A lei disporá sobre nor- reitos da criança e do adolescen-
§ 6o  O casamento civil pode mas de construção dos logradou- te levar-se-á em consideração o
ser dissolvido pelo divórcio. ros e dos edifícios de uso público disposto no art. 204.
§ 7o  Fundado nos princípios e de fabricação de veículos de § 8o  A lei estabelecerá:
da dignidade da pessoa humana transporte coletivo, a fim de ga- I – o estatuto da juventude,
e da paternidade responsável, rantir acesso adequado às pes- destinado a regular os direitos
o planejamento familiar é livre soas portadoras de deficiência. dos jovens;
decisão do casal, competindo ao § 3o  O direito a proteção es- II – o plano nacional de juven-
Estado propiciar recursos edu- pecial abrangerá os seguintes tude, de duração decenal, visando
cacionais e científicos para o aspectos: à articulação das várias esferas
exercício desse direito, vedada I – idade mínima de quatorze do poder público para a execução
qualquer forma coercitiva por anos para admissão ao trabalho, de políticas públicas.
parte de instituições oficiais ou observado o disposto no art. 7o,
privadas. XXXIII; Art. 228.  São penalmente inim-
§ 8o  O Estado assegurará a II – garantia de direitos previ- putáveis os menores de dezoito
assistência à família na pessoa denciários e trabalhistas; anos, sujeitos às normas da le-
de cada um dos que a integram, III – garantia de acesso do gislação especial.
criando mecanismos para coibir trabalhador adolescente e jovem
a violência no âmbito de suas à escola; Art. 229.  Os pais têm o dever
relações. IV – garantia de pleno e for- de assistir, criar e educar os fi-
mal conhecimento da atribuição lhos menores, e os filhos maiores
Art. 227.  É dever da família, da de ato infracional, igualdade na têm o dever de ajudar e amparar
sociedade e do Estado assegurar relação processual e defesa téc- os pais na velhice, carência ou
à criança, ao adolescente e ao nica por profissional habilitado, enfermidade.
jovem, com absoluta prioridade, segundo dispuser a legislação
o direito à vida, à saúde, à ali- tutelar específica; Art. 230.  A família, a sociedade e
mentação, à educação, ao lazer, V – obediência aos princípios o Estado têm o dever de amparar
à profissionalização, à cultura, à de brevidade, excepcionalidade as pessoas idosas, assegurando
dignidade, ao respeito, à liber- e respeito à condição peculiar sua participação na comunida-
dade e à convivência familiar e de pessoa em desenvolvimento, de, defendendo sua dignidade e
comunitária, além de colocá-los a quando da aplicação de qualquer bem-estar e garantindo-lhes o
salvo de toda forma de negligên- medida privativa da liberdade; direito à vida.
cia, discriminação, exploração, VI – estímulo do Poder Públi- § 1o  Os programas de ampa-
violência, crueldade e opressão. co, através de assistência jurídica, ro aos idosos serão executados
§ 1o  O Estado promoverá pro- incentivos fiscais e subsídios, nos preferencialmente em seus lares.
gramas de assistência integral à termos da lei, ao acolhimento, sob § 2o  Aos maiores de sessenta
saúde da criança, do adolescente a forma de guarda, de criança e cinco anos é garantida a gratui-
e do jovem, admitida a partici- ou adolescente órfão ou aban- dade dos transportes coletivos
pação de entidades não gover- donado; urbanos.
namentais, mediante políticas VII – programas de preven-
específicas e obedecendo aos ção e atendimento especializado
seguintes preceitos: à criança, ao adolescente e ao
I – aplicação de percentual jovem dependente de entorpe-
dos recursos públicos destinados centes e drogas afins.
à saúde na assistência materno- § 4o  A lei punirá severamente
-infantil; o abuso, a violência e a explora-

87
Constituição da República Federativa do Brasil
CAPÍTULO VIII – DOS artigo, ou a exploração das rique- V – os primeiros Desembar-
ÍNDIOS zas naturais do solo, dos rios e dos gadores serão nomeados pelo
lagos nelas existentes, ressalva- Governador eleito, escolhidos da
Art. 231.  São reconhecidos aos do relevante interesse público da seguinte forma:
índios sua organização social, União, segundo o que dispuser a)  cinco dentre os magistra-
costumes, línguas, crenças e tra- lei complementar, não gerando dos com mais de trinta e cinco
dições, e os direitos originários a nulidade e a extinção direito a anos de idade, em exercício na
sobre as terras que tradicional- indenização ou a ações contra área do novo Estado ou do Esta-
mente ocupam, competindo à a União, salvo, na forma da lei, do originário;
União demarcá-las, proteger e fa- quanto às benfeitorias derivadas b)  dois dentre promotores,
zer respeitar todos os seus bens. da ocupação de boa-fé. nas mesmas condições, e advo-
§ 1o  São terras tradicional- § 7o  Não se aplica às terras gados de comprovada idoneidade
mente ocupadas pelos índios as indígenas o disposto no art. 174, e saber jurídico, com dez anos, no
por eles habitadas em caráter §§ 3o e 4o. mínimo, de exercício profissional,
permanente, as utilizadas para obedecido o procedimento fixado
suas atividades produtivas, as im- Art. 232.  Os índios, suas co- na Constituição;
prescindíveis à preservação dos munidades e organizações são VI – no caso de Estado pro-
recursos ambientais necessários partes legítimas para ingressar veniente de Território Federal, os
a seu bem-estar e as necessárias em juízo em defesa de seus di- cinco primeiros Desembargado-
a sua reprodução física e cultural, reitos e interesses, intervindo o res poderão ser escolhidos den-
segundo seus usos, costumes e Ministério Público em todos os tre juízes de direito de qualquer
tradições. atos do processo. parte do País;
§ 2o  As terras tradicional- VII – em cada Comarca, o pri-
mente ocupadas pelos índios meiro Juiz de Direito, o primeiro
destinam-se a sua posse per- TÍTULO IX – DAS Promotor de Justiça e o primeiro
manente, cabendo-lhes o usu- DISPOSIÇÕES Defensor Público serão nomeados
fruto exclusivo das riquezas do CONSTITUCIONAIS GERAIS pelo Governador eleito após con-
solo, dos rios e dos lagos nelas curso público de provas e títulos;
existentes. Art. 233.  (Revogado) VIII – até a promulgação da
§ 3o  O aproveitamento dos Constituição Estadual, responde-
recursos hídricos, incluídos os Art. 234.  É vedado à União, di- rão pela Procuradoria-Geral, pela
potenciais energéticos, a pesqui- reta ou indiretamente, assumir, Advocacia-Geral e pela Defenso-
sa e a lavra das riquezas minerais em decorrência da criação de ria-Geral do Estado advogados
em terras indígenas só podem Estado, encargos referentes a de notório saber, com trinta e
ser efetivados com autorização despesas com pessoal inativo cinco anos de idade, no mínimo,
do Congresso Nacional, ouvidas e com encargos e amortizações nomeados pelo Governador eleito
as comunidades afetadas, fican- da dívida interna ou externa da e demissíveis ad nutum;
do-lhes assegurada participação administração pública, inclusive IX – se o novo Estado for re-
nos resultados da lavra, na for- da indireta. sultado de transformação de Ter-
ma da lei. ritório Federal, a transferência de
§ 4o  As terras de que trata Art. 235.  Nos dez primeiros anos encargos financeiros da União
este artigo são inalienáveis e in- da criação de Estado, serão ob- para pagamento dos servidores
disponíveis, e os direitos sobre servadas as seguintes normas optantes que pertenciam à Ad-
elas, imprescritíveis. básicas: ministração Federal ocorrerá da
§ 5o  É vedada a remoção I – a Assembleia Legislativa seguinte forma:
dos grupos indígenas de suas será composta de dezessete De- a)  no sexto ano de instala-
terras, salvo, ad referendum do putados se a população do Estado ção, o Estado assumirá vinte por
Congresso Nacional, em caso de for inferior a seiscentos mil ha- cento dos encargos financeiros
catástrofe ou epidemia que ponha bitantes, e de vinte e quatro, se para fazer face ao pagamento
em risco sua população, ou no igual ou superior a esse número, dos servidores públicos, ficando
interesse da soberania do País, até um milhão e quinhentos mil; ainda o restante sob a responsa-
após deliberação do Congresso II – o Governo terá no máximo bilidade da União;
Nacional, garantido, em qualquer dez Secretarias; b)  no sétimo ano, os encar-
hipótese, o retorno imediato logo III – o Tribunal de Contas terá gos do Estado serão acrescidos
que cesse o risco. três membros, nomeados, pelo de trinta por cento e, no oita-
§ 6o  São nulos e extintos, não Governador eleito, dentre brasi- vo, dos restantes cinquenta por
produzindo efeitos jurídicos, os leiros de comprovada idoneidade cento;
atos que tenham por objeto a e notório saber; X – as nomeações que se se-
ocupação, o domínio e a posse IV – o Tribunal de Justiça terá guirem às primeiras, para os car-
das terras a que se refere este sete Desembargadores; gos mencionados neste artigo,

88
Constituição da República Federativa do Brasil
serão disciplinadas na Consti- go, outras ações da previdência contribuições compulsórias dos
tuição Estadual; social e o abono de que trata o empregadores sobre a folha de
XI – as despesas orçamen- § 3o deste artigo. salários, destinadas às entidades
tárias com pessoal não poderão § 1o  Dos recursos mencio- privadas de serviço social e de
ultrapassar cinquenta por cento nados no caput, no mínimo 28% formação profissional vinculadas
da receita do Estado. (vinte e oito por cento) serão des- ao sistema sindical.
tinados para o financiamento de
Art. 236.  Os serviços notariais programas de desenvolvimento Art. 241.  A União, os Estados,
e de registro são exercidos em econômico, por meio do Banco o Distrito Federal e os Municí-
caráter privado, por delegação Nacional de Desenvolvimento pios disciplinarão por meio de
do Poder Público. Econômico e Social, com crité- lei os consórcios públicos e os
§ 1o  Lei regulará as ativida- rios de remuneração que pre- convênios de cooperação entre
des, disciplinará a responsabili- servem o seu valor. os entes federados, autorizando
dade civil e criminal dos notários, § 2o  Os patrimônios acumu- a gestão associada de serviços
dos oficiais de registro e de seus lados do Programa de Integração públicos, bem como a transferên-
prepostos, e definirá a fiscali- Social e do Programa de Formação cia total ou parcial de encargos,
zação de seus atos pelo Poder do Patrimônio do Servidor Público serviços, pessoal e bens essen-
Judiciário. são preservados, mantendo-se os ciais à continuidade dos serviços
§ 2o  Lei federal estabelecerá critérios de saque nas situações transferidos.
normas gerais para fixação de previstas nas leis específicas, com
emolumentos relativos aos atos exceção da retirada por motivo de Art. 242.  O princípio do art. 206,
praticados pelos serviços nota- casamento, ficando vedada a dis- IV, não se aplica às instituições
riais e de registro. tribuição da arrecadação de que educacionais oficiais criadas por
§ 3o  O ingresso na atividade trata o caput deste artigo, para lei estadual ou municipal e exis-
notarial e de registro depende depósito nas contas individuais tentes na data da promulgação
de concurso público de provas dos participantes. desta Constituição, que não se-
e títulos, não se permitindo que § 3o  Aos empregados que jam total ou preponderantemente
qualquer serventia fique vaga, percebam de empregadores que mantidas com recursos públicos.
sem abertura de concurso de contribuem para o Programa de § 1o  O ensino da História do
provimento ou de remoção, por Integração Social ou para o Pro- Brasil levará em conta as contri-
mais de seis meses. grama de Formação do Patrimô- buições das diferentes culturas e
nio do Servidor Público, até dois etnias para a formação do povo
Art. 237.  A fiscalização e o con- salários mínimos de remuneração brasileiro.
trole sobre o comércio exterior, mensal, é assegurado o pagamen- § 2o  O Colégio Pedro II, locali-
essenciais à defesa dos interes- to de um salário mínimo anual, zado na cidade do Rio de Janeiro,
ses fazendários nacionais, se- computado neste valor o ren- será mantido na órbita federal.
rão exercidos pelo Ministério da dimento das contas individuais,
Fazenda. no caso daqueles que já partici- Art. 243.  As propriedades ru-
pavam dos referidos programas, rais e urbanas de qualquer região
Art. 238.  A lei ordenará a ven- até a data da promulgação desta do País onde forem localizadas
da e revenda de combustíveis Constituição. culturas ilegais de plantas psi-
de petróleo, álcool carburante e § 4o  O financiamento do se- cotrópicas ou a exploração de
outros combustíveis derivados guro-desemprego receberá uma trabalho escravo na forma da lei
de matérias-primas renováveis, contribuição adicional da empre- serão expropriadas e destinadas
respeitados os princípios desta sa cujo índice de rotatividade da à reforma agrária e a programas
Constituição. força de trabalho superar o índice de habitação popular, sem qual-
médio da rotatividade do setor, na quer indenização ao proprietário
Art. 239.  A arrecadação decor- forma estabelecida por lei. e sem prejuízo de outras sanções
rente das contribuições para o § 5o  Os programas de de- previstas em lei, observado, no
Programa de Integração Social, senvolvimento econômico finan- que couber, o disposto no art. 5o.
criado pela Lei Complementar ciados na forma do §  1o e seus Parágrafo único.  Todo e qual-
no 7, de 7 de setembro de 1970, e resultados serão anualmente ava- quer bem de valor econômico
para o Programa de Formação do liados e divulgados em meio de apreendido em decorrência do
Patrimônio do Servidor Público, comunicação social eletrônico tráfico ilícito de entorpecentes e
criado pela Lei Complementar e apresentados em reunião da drogas afins e da exploração de
no 8, de 3 de dezembro de 1970, comissão mista permanente de trabalho escravo será confisca-
passa, a partir da promulgação que trata o § 1o do art. 166. do e reverterá a fundo especial
desta Constituição, a financiar, com destinação específica, na
nos termos que a lei dispuser, o Art. 240.  Ficam ressalvadas forma da lei.
programa do seguro-desempre- do disposto no art. 195 as atuais

89
Constituição da República Federativa do Brasil
Art. 244.  A lei disporá sobre segurar recursos para o paga- Aloysio Chaves – Aloysio Teixeira
a adaptação dos logradouros, mento de proventos de aposen- – Aluizio Bezerra – Aluízio Campos
dos edifícios de uso público e tadoria e pensões concedidas – Álvaro Antônio – Álvaro Pacheco
dos veículos de transporte cole- aos respectivos servidores e seus – Álvaro Valle – Alysson Paulinel-
tivo atualmente existentes a fim dependentes, em adição aos re- li – Amaral Netto – Amaury Müller
de garantir acesso adequado às cursos dos respectivos tesouros, – Amilcar Moreira – Ângelo Maga-
pessoas portadoras de defici- a União, os Estados, o Distrito lhães – Anna Maria Rattes – An-
ência, conforme o disposto no Federal e os Municípios pode- nibal Barcellos – Antero de Barros
art. 227, § 2o. rão constituir fundos integrados – Antônio Câmara – Antônio Car-
pelos recursos provenientes de los Franco – Antonio Carlos Men-
Art. 245.  A lei disporá sobre as contribuições e por bens, direi- des Thame – Antônio de Jesus –
hipóteses e condições em que o tos e ativos de qualquer natureza, Antonio Ferreira – Antonio Gaspar
Poder Público dará assistência mediante lei que disporá sobre a – Antonio Mariz – Antonio Perosa
aos herdeiros e dependentes ca- natureza e a administração des- – Antônio Salim Curiati – Antonio
rentes de pessoas vitimadas por ses fundos. Ueno – Arnaldo Martins – Arnaldo
crime doloso, sem prejuízo da Moraes – Arnaldo Prieto – Arnold
responsabilidade civil do autor Art. 250.  Com o objetivo de as- Fioravante – Arolde de Oliveira –
do ilícito. segurar recursos para o paga- Artenir Werner – Artur da Távola
mento dos benefícios concedidos – Asdrubal Bentes – Assis Canuto
Art. 246.  É vedada a adoção de pelo regime geral de previdência – Átila Lira – Augusto Carvalho –
medida provisória na regulamen- social, em adição aos recursos de Áureo Mello – Basílio Villani – Be-
tação de artigo da Constituição sua arrecadação, a União poderá nedicto Monteiro – Benito Gama
cuja redação tenha sido alterada constituir fundo integrado por – Beth Azize – Bezerra de Melo –
por meio de emenda promulga- bens, direitos e ativos de qual- Bocayuva Cunha – Bonifácio de
da entre 1o de janeiro de 1995 até quer natureza, mediante lei que Andrada – Bosco França – Bran-
a promulgação desta emenda10, disporá sobre a natureza e admi- dão Monteiro – Caio Pompeu –
inclusive. nistração desse fundo. Carlos Alberto – Carlos Alberto
Caó – Carlos Benevides – Carlos
Art. 247.  As leis previstas no in- Brasília, 5 de outubro de 1988. Cardinal – Carlos Chiarelli – Carlos
ciso III do § 1o do art. 41 e no § 7o do – Ulysses Guimarães, Presidente Cotta – Carlos De’Carli – Carlos
art. 169 estabelecerão critérios e – Mauro Benevides, Vice-Presi- Mosconi – Carlos Sant’Anna – Car-
garantias especiais para a perda dente – Jorge Arbage, Vice-Pre- los Vinagre – Carlos Virgílio – Car-
do cargo pelo servidor público sidente – Marcelo Cordeiro, Se- rel Benevides – Cássio Cunha Lima
estável que, em decorrência das cretário – Mário Maia, Secretário – Célio de Castro – Celso Dourado
atribuições de seu cargo efetivo, – Arnaldo Faria de Sá, Secretário – César Cals Neto – César Maia –
desenvolva atividades exclusivas – Benedita da Silva, Suplente de Chagas Duarte – Chagas Neto –
de Estado. Secretário – Luiz Soyer, Suplen- Chagas Rodrigues – Chico Hum-
Parágrafo único.  Na hipótese te de Secretário – Sotero Cunha, berto – Christóvam Chiaradia – Cid
de insuficiência de desempe- Suplente de Secretário – Bernar- Carvalho – Cid Sabóia de Carvalho
nho, a perda do cargo somen- do Cabral, Relator Geral – Adolfo – Cláudio Ávila – Cleonâncio Fon-
te ocorrerá mediante processo Oliveira, Relator Adjunto – Antônio seca – Costa Ferreira – Cristina
administrativo em que lhe sejam Carlos Konder Reis, Relator Ad- Tavares – Cunha Bueno – Dálton
assegurados o contraditório e a junto – José Fogaça, Relator Ad- Canabrava – Darcy Deitos – Darcy
ampla defesa. junto – Abigail Feitosa – Acival Pozza – Daso Coimbra – Davi Alves
Gomes – Adauto Pereira – Ademir Silva – Del Bosco Amaral – Delfim
Art. 248.  Os benefícios pagos, Andrade – Adhemar de Barros Netto – Délio Braz – Denisar Ar-
a qualquer título, pelo órgão res- Filho – Adroaldo Streck – Adylson neiro – Dionisio Dal Prá – Dionísio
ponsável pelo regime geral de Motta – Aécio de Borba – Aécio Hage – Dirce Tutu Quadros – Dirceu
previdência social, ainda que à Neves – Affonso Camargo – Afif Carneiro – Divaldo Suruagy – Dje-
conta do Tesouro Nacional, e os Domingos – Afonso Arinos – Afon- nal Gonçalves – Domingos Juve-
não sujeitos ao limite máximo so Sancho – Agassiz Almeida – nil – Domingos Leonelli – Doreto
de valor fixado para os benefí- Agripino de Oliveira Lima – Airton Campanari – Edésio Frias – Edison
cios concedidos por esse regime Cordeiro – Airton Sandoval – Ala- Lobão – Edivaldo Motta – Edme
observarão os limites fixados no rico Abib – Albano Franco – Albé- Tavares – Edmilson Valentim –
art. 37, XI. rico Cordeiro – Albérico Filho – Eduardo Bonfim – Eduardo Jorge
Alceni Guerra – Alcides Saldanha – Eduardo Moreira – Egídio Fer-
Art. 249.  Com o objetivo de as- – Aldo Arantes – Alércio Dias – reira Lima – Elias Murad – Eliel
Alexandre Costa – Alexandre Pu- Rodrigues – Eliézer Moreira – Enoc
  NE: leia-se “da Emenda Constitucional
10 zyna – Alfredo Campos – Almir Vieira – Eraldo Tinoco – Eraldo
no 32, de 2001”. Gabriel – Aloisio Vasconcelos – Trindade – Erico Pegoraro – Ervin

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Constituição da República Federativa do Brasil
Bonkoski – Etevaldo Nogueira – João Carlos Bacelar – João Cas- – Maria de Lourdes Abadia – Maria
Euclides Scalco – Eunice Michiles telo – João Cunha – João da Mata Lúcia – Mário Assad – Mário Covas
– Evaldo Gonçalves – Expedito – João de Deus Antunes – João – Mário de Oliveira – Mário Lima
Machado – Ézio Ferreira – Fábio Herrmann Neto – João Lobo – – Marluce Pinto – Matheus Iensen
Feldmann – Fábio Raunheitti – João Machado Rollemberg – João – Mattos Leão – Maurício Campos
Farabulini Júnior – Fausto Fer- Menezes – João Natal – João Pau- – Maurício Correa – Maurício Fruet
nandes – Fausto Rocha – Felipe lo – João Rezek – Joaquim Bevi- – Maurício Nasser – Maurício Pá-
Mendes – Feres Nader – Fernando lácqua – Joaquim Francisco – dua – Maurílio Ferreira Lima –
Bezerra Coelho – Fernando Cunha Joaquim Hayckel – Joaquim Mauro Borges – Mauro Campos
– Fernando Gasparian – Fernando Sucena – Jofran Frejat – Jonas – Mauro Miranda – Mauro Sampaio
Gomes – Fernando Henrique Car- Pinheiro – Jonival Lucas – Jorge – Max Rosenmann – Meira Filho
doso – Fernando Lyra – Fernando Bornhausen – Jorge Hage – Jorge – Melo Freire – Mello Reis – Mendes
Santana – Fernando Velasco – Leite – Jorge Uequed – Jorge Vian- Botelho – Mendes Canale – Mendes
Firmo de Castro – Flavio Palmier na – José Agripino – José Camar- Ribeiro – Messias Góis – Messias
da Veiga – Flávio Rocha – Flores- go – José Carlos Coutinho – José Soares – Michel Temer – Milton
tan Fernandes – Floriceno Paixão Carlos Grecco – José Carlos Mar- Barbosa – Milton Lima – Milton
– França Teixeira – Francisco tinez – José Carlos Sabóia – José Reis – Miraldo Gomes – Miro Tei-
Amaral – Francisco Benjamim – Carlos Vasconcelos – José Costa xeira – Moema São Thiago – Moy-
Francisco Carneiro – Francisco – José da Conceição – José Dutra sés Pimentel – Mozarildo Caval-
Coelho – Francisco Diógenes – – José Egreja – José Elias – José canti – Mussa Demes – Myrian
Francisco Dornelles – Francisco Fernandes – José Freire – José Portella – Nabor Júnior – Naphta-
Küster – Francisco Pinto – Fran- Genoíno – José Geraldo – José li Alves de Souza – Narciso Mendes
cisco Rollemberg – Francisco Ros- Guedes – José Ignácio Ferreira – Nelson Aguiar – Nelson Carnei-
si – Francisco Sales – Furtado – José Jorge – José Lins – José ro – Nelson Jobim – Nelson Sabrá
Leite – Gabriel Guerreiro – Gandi Lourenço – José Luiz de Sá – José – Nelson Seixas – Nelson Wedekin
Jamil – Gastone Righi – Genebal- Luiz Maia – José Maranhão – José – Nelton Friedrich – Nestor Duar-
do Correia – Genésio Bernardino Maria Eymael – José Maurício – te – Ney Maranhão – Nilso Sgua-
– Geovani Borges – Geraldo Alck- José Melo – José Mendonça Be- rezi – Nilson Gibson – Nion Alber-
min Filho – Geraldo Bulhões – Ge- zerra – José Moura – José Paulo naz – Noel de Carvalho – Nyder
raldo Campos – Geraldo Fleming Bisol – José Queiroz – José Richa Barbosa – Octávio Elísio – Odacir
– Geraldo Melo – Gerson Camata – José Santana de Vasconcellos Soares – Olavo Pires – Olívio Dutra
– Gerson Marcondes – Gerson Pe- – José Serra – José Tavares – José – Onofre Corrêa – Orlando Bezer-
res – Gidel Dantas – Gil César – Teixeira – José Thomaz Nonô – ra – Orlando Pacheco – Oscar Cor-
Gilson Machado – Gonzaga Patrio- José Tinoco – José Ulísses de rêa – Osmar Leitão – Osmir Lima
ta – Guilherme Palmeira Oliveira – José Viana – José Yunes – Osmundo Rebouças – Osvaldo
– Gumercindo Milhomem – Gus- – Jovanni Masini – Juarez Antunes Bender – Osvaldo Coelho – Osval-
tavo de Faria – Harlan Gadelha – – Júlio Campos – Júlio Costamilan do Macedo – Osvaldo Sobrinho –
Haroldo Lima – Haroldo Sabóia – Jutahy Júnior – Jutahy Maga- Oswaldo Almeida – Oswaldo Tre-
– Hélio Costa – Hélio Duque – Hé- lhães – Koyu Iha – Lael Varella – visan – Ottomar Pinto – Paes de
lio Manhães – Hélio Rosas – Hen- Lavoisier Maia – Leite Chaves – Andrade – Paes Landim – Paulo
rique Córdova – Henrique Eduar- Lélio Souza – Leopoldo Peres Delgado – Paulo Macarini – Paulo
d o – Leur Lomanto – Levy Dias – Lé- Marques – Paulo Mincarone – Pau-
Alves – Heráclito Fortes – Hermes zio Sathler – Lídice da Mata – Lou- lo Paim – Paulo Pimentel – Paulo
Zaneti – Hilário Braun – Homero remberg Nunes Rocha – Lourival Ramos – Paulo Roberto – Paulo
Santos – Humberto Lucena – Hum- Baptista – Lúcia Braga – Lúcia Roberto Cunha – Paulo Silva –
berto Souto – Iberê Ferreira – Ib- Vânia – Lúcio Alcântara – Luís Paulo Zarzur – Pedro Canedo –
sen Pinheiro – Inocêncio Oliveira Eduardo – Luís Roberto Ponte – Pedro Ceolin – Percival Muniz –
– Irajá Rodrigues – Iram Saraiva Luiz Alberto Rodrigues – Luiz Frei- Pimenta da Veiga – Plínio Arruda
– Irapuan Costa Júnior – Irma re – Luiz Gushiken – Luiz Henrique Sampaio – Plínio Martins – Pompeu
Passoni – Ismael Wanderley – Is- – Luiz Inácio Lula da Silva – Luiz de Sousa – Rachid Saldanha Der-
rael Pinheiro – Itamar Franco – Ivo Leal – Luiz Marques – Luiz Salo- zi – Raimundo Bezerra – Raimun-
Cersósimo – Ivo Lech – Ivo Mai- mão – Luiz Viana – Luiz Viana Neto do Lira – Raimundo Rezende – Ra-
nardi – Ivo Vanderlinde – Jacy – Lysâneas Maciel – Maguito Vile- quel Cândido – Raquel Capiberibe
Scanagatta – Jairo Azi – Jairo la – Maluly Neto – Manoel Castro – Raul Belém – Raul Ferraz – Renan
Carneiro – Jalles Fontoura – Jamil – Manoel Moreira – Manoel Ribei- Calheiros – Renato Bernardi – Re-
Haddad – Jarbas Passarinho – ro – Mansueto de Lavor – Manuel nato Johnsson – Renato Vianna
Jayme Paliarin – Jayme Santana Viana – Márcia Kubitschek – Már- – Ricardo Fiuza – Ricardo Izar –
– Jesualdo Cavalcanti – Jesus cio Braga – Márcio Lacerda – Mar- Rita Camata – Rita Furtado – Ro-
Tajra – Joaci Góes – João Agripi- co Maciel – Marcondes Gadelha berto Augusto – Roberto Balestra
no – João Alves – João Calmon – – Marcos Lima – Marcos Queiroz – Roberto Brant – Roberto Campos

91
Constituição da República Federativa do Brasil
– Roberto D’Ávila – Roberto Freire Ato das Disposições de janeiro de 1989, com a posse
– Roberto Jefferson – Roberto Constitucionais dos eleitos.
Rollemberg – Roberto Torres –
Roberto Vital – Robson Marinho
Transitórias Art. 5o  Não se aplicam às elei-
– Rodrigues Palma – Ronaldo Ara- ções previstas para 15 de no-
gão – Ronaldo Carvalho – Ronaldo Art. 1o  O Presidente da Repú- vembro de 1988 o disposto no
Cezar Coelho – Ronan Tito – Ro- blica, o Presidente do Supremo art. 16 e as regras do art. 77 da
naro Corrêa – Rosa Prata – Rose Tribunal Federal e os membros do Constituição.
de Freitas – Rospide Netto – Ru- Congresso Nacional prestarão o § 1o  Para as eleições de 15
bem Branquinho – Rubem Medina compromisso de manter, defen- de novembro de 1988 será exi-
– Ruben Figueiró – Ruberval Pi- der e cumprir a Constituição, no gido domicílio eleitoral na cir-
lotto – Ruy Bacelar – Ruy Nedel – ato e na data de sua promulgação. cunscrição pelo menos durante
Sadie Hauache – Salatiel Carvalho os quatro meses anteriores ao
– Samir Achôa – Sandra Caval- Art. 2o  No dia 7 de setembro de pleito, podendo os candidatos
canti – Santinho Furtado – Sarney 1993 o eleitorado definirá, através que preencham este requisito,
Filho – Saulo Queiroz – Sérgio Bri- de plebiscito, a forma (república atendidas as demais exigências
to – Sérgio Spada – Sérgio Wer- ou monarquia constitucional) e o da lei, ter seu registro efetivado
neck – Severo Gomes – Sigmarin- sistema de governo (parlamenta- pela Justiça Eleitoral após a pro-
ga Seixas – Sílvio Abreu – Simão rismo ou presidencialismo) que mulgação da Constituição.
Sessim – Siqueira Campos – Sólon devem vigorar no País. § 2o  Na ausência de norma
Borges dos Reis – Stélio Dias – § 1o  Será assegurada gratui- legal específica, caberá ao Tri-
Tadeu França – Telmo Kirst – Teo- dade na livre divulgação dessas bunal Superior Eleitoral editar as
tonio Vilela Filho – Theodoro Men- formas e sistemas, através dos normas necessárias à realização
des – Tito Costa – Ubiratan Aguiar meios de comunicação de massa das eleições de 1988, respeitada
– Ubiratan Spinelli – Uldurico Pin- cessionários de serviço público. a legislação vigente.
to – Valmir Campelo – Valter Pe- § 2o  O Tribunal Superior Elei- § 3o  Os atuais parlamenta-
reira – Vasco Alves – Vicente Bogo toral, promulgada a Constituição, res federais e estaduais eleitos
– Victor Faccioni – Victor Fontana expedirá as normas regulamen- Vice-Prefeitos, se convocados a
– Victor Trovão – Vieira da Silva tadoras deste artigo. exercer a função de Prefeito, não
– Vilson Souza – Vingt Rosado – perderão o mandato parlamentar.
Vinicius Cansanção – Virgildásio Art. 3o  A revisão constitucional § 4o  O número de vereadores
de Senna – Virgílio Galassi – Vir- será realizada após cinco anos, por município será fixado, para
gílio Guimarães – Vitor Buaiz – Vi- contados da promulgação da a representação a ser eleita em
valdo Barbosa – Vladimir Palmei- Constituição, pelo voto da maio- 1988, pelo respectivo Tribunal
ra – Wagner Lago – Waldeck ria absoluta dos membros do Regional Eleitoral, respeitados os
Ornélas – Waldyr Pugliesi – Walmor Congresso Nacional, em sessão limites estipulados no art. 29, IV,
de Luca – Wilma Maia – Wilson unicameral. da Constituição.
Campos – Wilson Martins – Ziza § 5o  Para as eleições de 15 de
Valadares. Art. 4o  O mandato do atual Pre- novembro de 1988, ressalvados os
sidente da República terminará que já exercem mandato eletivo,
PARTICIPANTES: Álvaro Dias – em 15 de março de 1990. são inelegíveis para qualquer car-
Antônio Britto – Bete Mendes – § 1o  A primeira eleição para go, no território de jurisdição do
Borges da Silveira – Cardoso Alves Presidente da República após titular, o cônjuge e os parentes
– Edivaldo Holanda – Expedito Jú- a promulgação da Constituição por consanguinidade ou afini-
nior – Fadah Gattass – Francisco será realizada no dia 15 de no- dade, até o segundo grau, ou por
Dias – Geovah Amarante – Hélio vembro de 1989, não se lhe apli- adoção, do Presidente da Repú-
Gueiros – Horácio Ferraz – Hugo cando o disposto no art.  16 da blica, do Governador de Estado,
Napoleão – Iturival Nascimento Constituição. do Governador do Distrito Federal
– Ivan Bonato – Jorge Medauar – § 2o  É assegurada a irredu- e do Prefeito que tenham exerci-
José Mendonça de Morais – Leo- tibilidade da atual representação do mais da metade do mandato.
poldo Bessone – Marcelo Miranda dos Estados e do Distrito Federal
– Mauro Fecury – Neuto de Conto na Câmara dos Deputados. Art. 6o  Nos seis meses poste-
– Nivaldo Machado – Oswaldo Lima § 3o  Os mandatos dos Gover- riores à promulgação da Consti-
Filho – Paulo Almada – Prisco Via- nadores e dos Vice-Governadores tuição, parlamentares federais,
na – Ralph Biasi – Rosário Congro eleitos em 15 de novembro de reunidos em número não infe-
Neto – Sérgio Naya – Tidei de Lima. 1986 terminarão em 15 de mar- rior a trinta, poderão requerer
ço de 1991. ao Tribunal Superior Eleitoral o
IN MEMORIAM: Alair Ferreira – An- § 4o  Os mandatos dos atu- registro de novo partido políti-
tônio Farias – Fábio Lucena – Nor- ais Prefeitos, Vice-Prefeitos e co, juntando ao requerimento o
berto Schwantes – Virgílio Távora. Vereadores terminarão no dia 1o manifesto, o estatuto e o progra-

92
Constituição da República Federativa do Brasil
ma devidamente assinados pelos punidos, demitidos ou compelidos Parágrafo único.  O Supre-
requerentes. ao afastamento das atividades mo Tribunal Federal proferirá a
§ 1o  O registro provisório, que remuneradas que exerciam, bem decisão no prazo de cento e vin-
será concedido de plano pelo Tri- como aos que foram impedidos de te dias, a contar do pedido do
bunal Superior Eleitoral, nos ter- exercer atividades profissionais interessado.
mos deste artigo, defere ao novo em virtude de pressões ostensivas
partido todos os direitos, deveres ou expedientes oficiais sigilosos. Art. 10.  Até que seja promulga-
e prerrogativas dos atuais, entre § 3o  Aos cidadãos que foram da a lei complementar a que se
eles o de participar, sob legenda impedidos de exercer, na vida ci- refere o art. 7o, I, da Constituição:
própria, das eleições que vierem vil, atividade profissional específi- I – fica limitada a proteção
a ser realizadas nos doze meses ca, em decorrência das Portarias nele referida ao aumento, para
seguintes a sua formação. Reservadas do Ministério da Aero- quatro vezes, da porcentagem
§ 2o  O novo partido perderá náutica no S‑50‑GM5, de 19 de ju- prevista no art. 6o, caput e § 1o,
automaticamente seu registro nho de 1964, e no S‑285‑GM5 será da Lei no 5.10711, de 13 de setem-
provisório se, no prazo de vinte concedida reparação de natureza bro de 1966;
e quatro meses, contados de sua econômica, na forma que dispu- II – fica vedada a dispensa
formação, não obtiver registro de- ser lei de iniciativa do Congresso arbitrária ou sem justa causa:
finitivo no Tribunal Superior Elei- Nacional e a entrar em vigor no a)  do empregado eleito para
toral, na forma que a lei dispuser. prazo de doze meses a contar da cargo de direção de comissões
promulgação da Constituição. internas de prevenção de aci-
Art. 7o  O Brasil propugnará pela § 4o  Aos que, por força de dentes, desde o registro de sua
formação de um tribunal inter- atos institucionais, tenham exer- candidatura até um ano após o
nacional dos direitos humanos. cido gratuitamente mandato ele- final de seu mandato;
tivo de vereador serão computa- b)  da empregada gestante,
Art. 8o  É concedida anistia aos dos, para efeito de aposentadoria desde a confirmação da gravidez
que, no período de 18 de setembro no serviço público e previdência até cinco meses após o parto.
de 1946 até a data da promulgação social, os respectivos períodos. § 1o  Até que a lei venha a dis-
da Constituição, foram atingi- § 5o  A anistia concedida nos ciplinar o disposto no art. 7o, XIX,
dos, em decorrência de motiva- termos deste artigo aplica-se da Constituição, o prazo da licen-
ção exclusivamente política, por aos servidores públicos civis e ça-paternidade a que se refere o
atos de exceção, institucionais ou aos empregados em todos os inciso é de cinco dias.
complementares, aos que foram níveis de governo ou em suas § 2o  Até ulterior disposição
abrangidos pelo Decreto Legisla- fundações, empresas públicas legal, a cobrança das contribui-
tivo no 18, de 15 de dezembro de ou empresas mistas sob contro- ções para o custeio das atividades
1961, e aos atingidos pelo Decre- le estatal, exceto nos Ministérios dos sindicatos rurais será feita
to-lei no 864, de 12 de setembro de militares, que tenham sido puni- juntamente com a do imposto
1969, asseguradas as promoções, dos ou demitidos por atividades territorial rural, pelo mesmo ór-
na inatividade, ao cargo, emprego, profissionais interrompidas em gão arrecadador.
posto ou graduação a que teriam virtude de decisão de seus tra- § 3o  Na primeira comprova-
direito se estivessem em serviço balhadores, bem como em de- ção do cumprimento das obriga-
ativo, obedecidos os prazos de corrência do Decreto-lei no 1.632, ções trabalhistas pelo emprega-
permanência em atividade pre- de 4 de agosto de 1978, ou por dor rural, na forma do art. 23312,
vistos nas leis e regulamentos motivos exclusivamente políticos, após a promulgação da Consti-
vigentes, respeitadas as carac- assegurada a readmissão dos que tuição, será certificada perante
terísticas e peculiaridades das foram atingidos a partir de 1979, a Justiça do Trabalho a regulari-
carreiras dos servidores públicos observado o disposto no § 1o. dade do contrato e das atualiza-
civis e militares e observados os ções das obrigações trabalhistas
respectivos regimes jurídicos. Art. 9o  Os que, por motivos ex- de todo o período.
§ 1o  O disposto neste artigo clusivamente políticos, foram
somente gerará efeitos finan- cassados ou tiveram seus direitos Art. 11.  Cada Assembleia Legis-
ceiros a partir da promulgação políticos suspensos no período de lativa, com poderes constituintes,
da Constituição, vedada a remu- 15 de julho a 31 de dezembro de elaborará a Constituição do Esta-
neração de qualquer espécie em 1969, por ato do então Presidente do, no prazo de um ano, contado
caráter retroativo. da República, poderão requerer da promulgação da Constituição
§ 2o  Ficam assegurados os ao Supremo Tribunal Federal o Federal, obedecidos os princí-
benefícios estabelecidos neste ar- reconhecimento dos direitos e pios desta.
tigo aos trabalhadores do setor pri- vantagens interrompidos pelos
vado, dirigentes e representantes atos punitivos, desde que com-   NE: revogada pela Lei no 7.839/1989, por sua
11

sindicais que, por motivos exclu- provem terem sido estes eivados vez revogada pela Lei no 8.036/1990.
sivamente políticos, tenham sido de vício grave. 12
  NE: artigo revogado pela EC no 28/2000.

93
Constituição da República Federativa do Brasil
Parágrafo único. Promulgada serviços técnico-especializados diretórios regionais dos partidos
a Constituição do Estado, caberá do Instituto Brasileiro de Geogra- políticos do Estado de Goiás, ca-
à Câmara Municipal, no prazo de fia e Estatística. bendo às comissões executivas
seis meses, votar a Lei Orgânica nacionais designar comissões
respectiva, em dois turnos de Art. 13.  É criado o Estado do To- provisórias no Estado do Tocan-
discussão e votação, respeitado o cantins, pelo desmembramento tins, nos termos e para os fins
disposto na Constituição Federal da área descrita neste artigo, dan- previstos na lei.
e na Constituição Estadual. do-se sua instalação no quadra- § 4o  Os mandatos do Gover-
gésimo sexto dia após a eleição nador, do Vice-Governador, dos
Art. 12.  Será criada, dentro de prevista no § 3o, mas não antes Deputados Federais e Estaduais
noventa dias da promulgação da de 1o de janeiro de 1989. eleitos na forma do parágrafo
Constituição, Comissão de Estu- § 1o  O Estado do Tocantins anterior extinguir-se-ão conco-
dos Territoriais, com dez mem- integra a Região Norte e limita- mitantemente aos das demais
bros indicados pelo Congresso -se com o Estado de Goiás pelas unidades da Federação; o man-
Nacional e cinco pelo Poder Exe- divisas norte dos Municípios de dato do Senador eleito menos
cutivo, com a finalidade de apre- São Miguel do Araguaia, Poranga- votado extinguir-se-á nessa
sentar estudos sobre o território tu, Formoso, Minaçu, Cavalcante, mesma oportunidade, e os dos
nacional e anteprojetos relativos Monte Alegre de Goiás e Campos outros dois, juntamente com os
a novas unidades territoriais, no- Belos, conservando a leste, norte dos Senadores eleitos em 1986
tadamente na Amazônia Legal e e oeste as divisas atuais de Goiás nos demais Estados.
em áreas pendentes de solução. com os Estados da Bahia, Piauí, § 5o  A Assembleia Estadual
§ 1o  No prazo de um ano, a Maranhão, Pará e Mato Grosso. Constituinte será instalada no
Comissão submeterá ao Con- § 2o  O Poder Executivo desig- quadragésimo sexto dia da elei-
gresso Nacional os resultados de nará uma das cidades do Estado ção de seus integrantes, mas não
seus estudos para, nos termos da para sua Capital provisória até a antes de 1o de janeiro de 1989,
Constituição, serem apreciados aprovação da sede definitiva do sob a presidência do Presidente
nos doze meses subsequentes, governo pela Assembleia Cons- do Tribunal Regional Eleitoral do
extinguindo-se logo após. tituinte. Estado de Goiás, e dará posse, na
§ 2o  Os Estados e os Muni- § 3o  O Governador, o Vice- mesma data, ao Governador e ao
cípios deverão, no prazo de três -Governador, os Senadores, os Vice-Governador eleitos.
anos, a contar da promulgação da Deputados Federais e os Depu- § 6o  Aplicam-se à criação e
Constituição, promover, mediante tados Estaduais serão eleitos, instalação do Estado do Tocan-
acordo ou arbitramento, a demar- em um único turno, até setenta tins, no que couber, as normas
cação de suas linhas divisórias e cinco dias após a promulgação legais disciplinadoras da divisão
atualmente litigiosas, podendo da Constituição, mas não antes do Estado de Mato Grosso, ob-
para isso fazer alterações e com- de 15 de novembro de 1988, a cri- servado o disposto no art.  234
pensações de área que atendam tério do Tribunal Superior Eleito- da Constituição.
aos acidentes naturais, critérios ral, obedecidas, entre outras, as § 7o  Fica o Estado de Goiás
históricos, conveniências admi- seguintes normas: liberado dos débitos e encargos
nistrativas e comodidade das po- I – o prazo de filiação partidá- decorrentes de empreendimen-
pulações limítrofes. ria dos candidatos será encerrado tos no território do novo Estado, e
§ 3o  Havendo solicitação dos setenta e cinco dias antes da data autorizada a União, a seu critério,
Estados e Municípios interessa- das eleições; a assumir os referidos débitos.
dos, a União poderá encarregar- II – as datas das convenções
-se dos trabalhos demarcatórios. regionais partidárias destinadas Art. 14.  Os Territórios Federais
§ 4o  Se, decorrido o prazo de a deliberar sobre coligações e de Roraima e do Amapá são trans-
três anos, a contar da promulga- escolha de candidatos, de apre- formados em Estados Federados,
ção da Constituição, os traba- sentação de requerimento de re- mantidos seus atuais limites ge-
lhos demarcatórios não tiverem gistro dos candidatos escolhidos ográficos.
sido concluídos, caberá à União e dos demais procedimentos le- § 1o  A instalação dos Estados
determinar os limites das áreas gais serão fixadas, em calendário dar-se-á com a posse dos gover-
litigiosas. especial, pela Justiça Eleitoral; nadores eleitos em 1990.
§ 5o  Ficam reconhecidos e III – são inelegíveis os ocu- § 2o  Aplicam-se à transfor-
homologados os atuais limites do pantes de cargos estaduais ou mação e instalação dos Estados
Estado do Acre com os Estados municipais que não se tenham de Roraima e Amapá as normas
do Amazonas e de Rondônia, con- deles afastado, em caráter defi- e critérios seguidos na criação
forme levantamentos cartográfi- nitivo, setenta e cinco dias antes do Estado de Rondônia, respei-
cos e geodésicos realizados pela da data das eleições previstas tado o disposto na Constituição
Comissão Tripartite integrada por neste parágrafo; e neste Ato.
representantes dos Estados e dos IV – ficam mantidos os atuais § 3o  O Presidente da Repúbli-

94
Constituição da República Federativa do Brasil
ca, até quarenta e cinco dias após § 1o  É assegurado o exercí- neração, cujo tempo de serviço
a promulgação da Constituição, cio cumulativo de dois cargos ou não será computado para os fins
encaminhará à apreciação do empregos privativos de médico do caput deste artigo, exceto se
Senado Federal os nomes dos que estejam sendo exercidos por se tratar de servidor.
governadores dos Estados de Ro- médico militar na administração § 3o  O disposto neste artigo
raima e do Amapá que exercerão pública direta ou indireta. não se aplica aos professores de
o Poder Executivo até a instalação § 2o  É assegurado o exer- nível superior, nos termos da lei.
dos novos Estados com a posse cício cumulativo de dois cargos
dos governadores eleitos. ou empregos privativos de pro- Art. 20.  Dentro de cento e oi-
§ 4o  Enquanto não concreti- fissionais de saúde que estejam tenta dias, proceder-se-á à re-
zada a transformação em Estados, sendo exercidos na administração visão dos direitos dos servidores
nos termos deste artigo, os Terri- pública direta ou indireta. públicos inativos e pensionistas
tórios Federais de Roraima e do e à atualização dos proventos e
Amapá serão beneficiados pela Art. 18.  Ficam extintos os efeitos pensões a eles devidos, a fim de
transferência de recursos prevista jurídicos de qualquer ato legisla- ajustá-los ao disposto na Cons-
nos arts. 159, I, “a”, da Constituição, tivo ou administrativo, lavrado a tituição.
e 34, § 2o, II, deste Ato. partir da instalação da Assem-
bleia Nacional Constituinte, que Art. 21.  Os juízes togados de
Art. 15.  Fica extinto o Território tenha por objeto a concessão de investidura limitada no tempo,
Federal de Fernando de Noronha, estabilidade a servidor admitido admitidos mediante concurso
sendo sua área reincorporada ao sem concurso público, da admi- público de provas e títulos e que
Estado de Pernambuco. nistração direta ou indireta, in- estejam em exercício na data
clusive das fundações instituídas da promulgação da Constitui-
Art. 16.  Até que se efetive o dis- e mantidas pelo poder público. ção, adquirem estabilidade, ob-
posto no art. 32, § 2o, da Consti- servado o estágio probatório, e
tuição, caberá ao Presidente da Art. 18-A.  Os atos administra- passam a compor quadro em ex-
República, com a aprovação do tivos praticados no Estado do tinção, mantidas as competên-
Senado Federal, indicar o Go- Tocantins, decorrentes de sua cias, prerrogativas e restrições
vernador e o Vice-Governador instalação, entre 1o de janeiro de da legislação a que se achavam
do Distrito Federal. 1989 e 31 de dezembro de 1994, submetidos, salvo as inerentes
§ 1o  A competência da Câma- eivados de qualquer vício jurídi- à transitoriedade da investidura.
ra Legislativa do Distrito Federal, co e dos quais decorram efeitos Parágrafo único.  A aposen-
até que se instale, será exercida favoráveis para os destinatários tadoria dos juízes de que trata
pelo Senado Federal. ficam convalidados após 5 (cinco) este artigo regular-se-á pelas
§ 2o  A fiscalização contábil, anos, contados da data em que normas fixadas para os demais
financeira, orçamentária, opera- foram praticados, salvo compro- juízes estaduais.
cional e patrimonial do Distrito vada má-fé.
Federal, enquanto não for insta- Art. 22.  É assegurado aos de-
lada a Câmara Legislativa, será Art. 19.  Os servidores públicos fensores públicos investidos na
exercida pelo Senado Federal, civis da União, dos Estados, do função até a data de instalação da
mediante controle externo, com Distrito Federal e dos Municípios, Assembleia Nacional Constituinte
o auxílio do Tribunal de Contas do da administração direta, autár- o direito de opção pela carreira,
Distrito Federal, observado o dis- quica e das fundações públicas, com a observância das garantias
posto no art. 72 da Constituição. em exercício na data da promul- e vedações previstas no art. 134,
§ 3o  Incluem-se entre os gação da Constituição, há pelo parágrafo único13, da Constituição.
bens do Distrito Federal aqueles menos cinco anos continuados,
que lhe vierem a ser atribuídos e que não tenham sido admitidos Art. 23.  Até que se edite a re-
pela União na forma da lei. na forma regulada no art. 37, da gulamentação do art. 21, XVI, da
Constituição, são considerados Constituição, os atuais ocupan-
Art. 17.  Os vencimentos, a remu- estáveis no serviço público. tes do cargo de censor federal
neração, as vantagens e os adi- § 1o  O tempo de serviço dos continuarão exercendo funções
cionais, bem como os proventos servidores referidos neste artigo com este compatíveis, no De-
de aposentadoria que estejam será contado como título quando partamento de Polícia Federal,
sendo percebidos em desacordo se submeterem a concurso para observadas as disposições cons-
com a Constituição serão imedia- fins de efetivação, na forma da lei. titucionais.
tamente reduzidos aos limites § 2o  O disposto neste artigo Parágrafo único.  A lei refe-
dela decorrentes, não se admi- não se aplica aos ocupantes de rida disporá sobre o aproveita-
tindo, neste caso, invocação de cargos, funções e empregos de
direito adquirido ou percepção de confiança ou em comissão, nem   NE: leia-se “§ 1o”, por força do disposto na
13

excesso a qualquer título. aos que a lei declare de livre exo- EC no 45/2004.

95
Constituição da República Federativa do Brasil
mento dos Censores Federais, -se-lhes as regras estabelecidas refere o § 2o, II, serão indicados
nos termos deste artigo. no art. 62, parágrafo único14. em lista tríplice pelo Tribunal Fe-
deral de Recursos, observado o
Art. 24.  A União, os Estados, o Art. 26.  No prazo de um ano a disposto no art.  104, parágrafo
Distrito Federal e os Municípios contar da promulgação da Cons- único, da Constituição.
editarão leis que estabeleçam tituição, o Congresso Nacional § 6o  Ficam criados cinco Tri-
critérios para a compatibiliza- promoverá, através de Comissão bunais Regionais Federais, a se-
ção de seus quadros de pessoal mista, exame analítico e pericial rem instalados no prazo de seis
ao disposto no art. 39 da Consti- dos atos e fatos geradores do meses a contar da promulgação
tuição e à reforma administrati- endividamento externo brasileiro. da Constituição, com a jurisdição
va dela decorrente, no prazo de § 1o  A Comissão terá a força e sede que lhes fixar o Tribunal
dezoito meses, contados da sua legal de Comissão parlamentar de Federal de Recursos, tendo em
promulgação. inquérito para os fins de requisi- conta o número de processos e
ção e convocação, e atuará com sua localização geográfica.
Art. 25.  Ficam revogados, a par- o auxílio do Tribunal de Contas § 7o  Até que se instalem os
tir de cento e oitenta dias da pro- da União. Tribunais Regionais Federais,
mulgação da Constituição, sujeito § 2o  Apurada irregularidade, o Tribunal Federal de Recursos
este prazo a prorrogação por lei, o Congresso Nacional proporá ao exercerá a competência a eles
todos os dispositivos legais que Poder Executivo a declaração de atribuída em todo o território na-
atribuam ou deleguem a órgão nulidade do ato e encaminhará o cional, cabendo-lhe promover sua
do Poder Executivo competência processo ao Ministério Público Fe- instalação e indicar os candidatos
assinalada pela Constituição ao deral, que formalizará, no prazo a todos os cargos da composição
Congresso Nacional, especial- de sessenta dias, a ação cabível. inicial, mediante lista tríplice, po-
mente no que tange a: dendo desta constar juízes fede-
I – ação normativa; Art. 27.  O Superior Tribunal de rais de qualquer região, observa-
II – alocação ou transferência Justiça será instalado sob a Pre- do o disposto no § 9o.
de recursos de qualquer espécie. sidência do Supremo Tribunal § 8o  É vedado, a partir da
§ 1o  Os decretos-leis em tra- Federal. promulgação da Constituição, o
mitação no Congresso Nacional § 1o  Até que se instale o Su- provimento de vagas de Ministros
e por este não apreciados até perior Tribunal de Justiça, o Su- do Tribunal Federal de Recursos.
a promulgação da Constituição premo Tribunal Federal exercerá § 9o  Quando não houver juiz
terão seus efeitos regulados da as atribuições e competências federal que conte o tempo mí-
seguinte forma: definidas na ordem constitucio- nimo previsto no art.  107, II, da
I – se editados até 2 de setem- nal precedente. Constituição, a promoção poderá
bro de 1988, serão apreciados pelo § 2o  A composição inicial contemplar juiz com menos de
Congresso Nacional no prazo de do Superior Tribunal de Justiça cinco anos no exercício do cargo.
até cento e oitenta dias a contar far-se-á: § 10.  Compete à Justiça Fe-
da promulgação da Constitui- I – pelo aproveitamento dos deral julgar as ações nela propos-
ção, não computado o recesso Ministros do Tribunal Federal de tas até a data da promulgação
parlamentar; Recursos; da Constituição, e aos Tribunais
II – decorrido o prazo definido II – pela nomeação dos Minis- Regionais Federais bem como ao
no inciso anterior, e não havendo tros que sejam necessários para Superior Tribunal de Justiça julgar
apreciação, os decretos-leis ali completar o número estabelecido as ações rescisórias das decisões
mencionados serão considera- na Constituição. até então proferidas pela Justi-
dos rejeitados; § 3o  Para os efeitos do dis- ça Federal, inclusive daquelas
III – nas hipóteses definidas posto na Constituição, os atu- cuja matéria tenha passado à
nos incisos I e II, terão plena vali- ais Ministros do Tribunal Federal competência de outro ramo do
dade os atos praticados na vigên- de Recursos serão considerados Judiciário.
cia dos respectivos decretos-leis, pertencentes à classe de que pro- § 11.  São criados, ainda, os
podendo o Congresso Nacional, vieram, quando de sua nomeação. seguintes Tribunais Regionais Fe-
se necessário, legislar sobre os § 4o  Instalado o Tribunal, os derais: o da 6a Região, com sede
efeitos deles remanescentes. Ministros aposentados do Tribunal em Curitiba, Estado do Paraná, e
§ 2o  Os decretos-leis edita- Federal de Recursos tornar-se- jurisdição nos Estados do Paraná,
dos entre 3 de setembro de 1988 -ão, automaticamente, Ministros Santa Catarina e Mato Grosso do
e a promulgação da Constituição aposentados do Superior Tribunal Sul; o da 7a Região, com sede em
serão convertidos, nesta data, em de Justiça. Belo Horizonte, Estado de Minas
medidas provisórias, aplicando- § 5o  Os Ministros a que se Gerais, e jurisdição no Estado
de Minas Gerais; o da 8a Região,
  NE: leia-se “§ 3o”, por força do disposto na
14 com sede em Salvador, Estado da
EC no 32/2001. Bahia, e jurisdição nos Estados da

96
Constituição da República Federativa do Brasil
Bahia e Sergipe; e o da 9a Região, § 4o  Os atuais integrantes para efeito do limite global de
com sede em Manaus, Estado do do quadro suplementar dos Mi- endividamento.
Amazonas, e jurisdição nos Esta- nistérios Públicos do Trabalho e
dos do Amazonas, Acre, Rondônia Militar que tenham adquirido es- Art. 34.  O sistema tributário na-
e Roraima. tabilidade nessas funções passam cional entrará em vigor a partir
a integrar o quadro da respectiva do primeiro dia do quinto mês
Art. 28.  Os juízes federais de carreira. seguinte ao da promulgação da
que trata o art. 123, § 2o, da Cons- § 5o  Cabe à atual Procurado- Constituição, mantido, até então,
tituição de 1967, com a redação ria-Geral da Fazenda Nacional, di- o da Constituição de 1967, com a
dada pela Emenda Constitucional retamente ou por delegação, que redação dada pela Emenda no 1,
no 7, de 1977, ficam investidos na pode ser ao Ministério Público Es- de 1969, e pelas posteriores.
titularidade de varas na Seção tadual, representar judicialmente § 1o  Entrarão em vigor com a
Judiciária para a qual tenham a União nas causas de natureza promulgação da Constituição os
sido nomeados ou designados; fiscal, na área da respectiva com- arts. 148, 149, 150, 154, I, 156, III, e
na inexistência de vagas, proce- petência, até a promulgação das 159, I, “c”, revogadas as disposi-
der-se-á ao desdobramento das leis complementares previstas ções em contrário da Constitui-
varas existentes. neste artigo. ção de 1967 e das Emendas que
Parágrafo único.  Para efeito a modificaram, especialmente de
de promoção por antiguidade, o Art. 30.  A legislação que criar a seu art. 25, III.
tempo de serviço desses juízes justiça de paz manterá os atuais § 2o  O Fundo de Participação
será computado a partir do dia juízes de paz até a posse dos no- dos Estados e do Distrito Federal
de sua posse. vos titulares, assegurando-lhes os e o Fundo de Participação dos Mu-
direitos e atribuições conferidos nicípios obedecerão às seguintes
Art. 29.  Enquanto não aprova- a estes, e designará o dia para a determinações:
das as leis complementares re- eleição prevista no art. 98, II, da I – a partir da promulgação da
lativas ao Ministério Público e Constituição. Constituição, os percentuais se-
à Advocacia-Geral da União, o rão, respectivamente, de dezoito
Ministério Público Federal, a Pro- Art. 31.  Serão estatizadas as por cento e de vinte por cento,
curadoria-Geral da Fazenda Na- serventias do foro judicial, assim calculados sobre o produto da
cional, as Consultorias Jurídicas definidas em lei, respeitados os arrecadação dos impostos refe-
dos Ministérios, as Procuradorias direitos dos atuais titulares. ridos no art. 153, III e IV, mantidos
e Departamentos Jurídicos de au- os atuais critérios de rateio até a
tarquias federais com represen- Art. 32.  O disposto no art. 236 entrada em vigor da lei comple-
tação própria e os membros das não se aplica aos serviços nota- mentar a que se refere o art. 161, II;
Procuradorias das Universidades riais e de registro que já tenham II – o percentual relativo ao
fundacionais públicas continua- sido oficializados pelo Poder Pú- Fundo de Participação dos Es-
rão a exercer suas atividades na blico, respeitando-se o direito de tados e do Distrito Federal será
área das respectivas atribuições. seus servidores. acrescido de um ponto percentual
§ 1o  O Presidente da Repú- no exercício financeiro de 1989 e,
blica, no prazo de cento e vinte Art. 33.  Ressalvados os créditos a partir de 1990, inclusive, à ra-
dias, encaminhará ao Congresso de natureza alimentar, o valor dos zão de meio ponto por exercício,
Nacional projeto de lei comple- precatórios judiciais pendentes até 1992, inclusive, atingindo em
mentar dispondo sobre a orga- de pagamento na data da promul- 1993 o percentual estabelecido
nização e o funcionamento da gação da Constituição, incluído o no art. 159, I, “a”;
Advocacia-Geral da União. remanescente de juros e correção III – o percentual relativo ao
§ 2o  Aos atuais Procuradores monetária, poderá ser pago em Fundo de Participação dos Muni-
da República, nos termos da lei moeda corrente, com atualização, cípios, a partir de 1989, inclusive,
complementar, será facultada em prestações anuais, iguais e será elevado à razão de meio
a opção, de forma irretratável, sucessivas, no prazo máximo de ponto percentual por exercício
entre as carreiras do Ministério oito anos, a partir de 1o de julho financeiro, até atingir o estabe-
Público Federal e da Advocacia- de 1989, por decisão editada pelo lecido no art. 159, I, “b”.
-Geral da União. Poder Executivo até cento e oi- § 3o  Promulgada a Consti-
§ 3o  Poderá optar pelo regi- tenta dias da promulgação da tuição, a União, os Estados, o
me anterior, no que respeita às Constituição. Distrito Federal e os Municípios
garantias e vantagens, o membro Parágrafo único.  Poderão as poderão editar as leis necessárias
do Ministério Público admitido entidades devedoras, para o cum- à aplicação do sistema tributário
antes da promulgação da Cons- primento do disposto neste arti- nacional nela previsto.
tituição, observando-se, quanto go, emitir, em cada ano, no exato § 4o  As leis editadas nos ter-
às vedações, a situação jurídica montante do dispêndio, títulos de mos do parágrafo anterior produ-
na data desta. dívida pública não computáveis zirão efeitos a partir da entrada

97
Constituição da República Federativa do Brasil
em vigor do sistema tributário ral, conforme o local onde deva § 2o  Até a entrada em vigor
nacional previsto na Constituição. ocorrer essa operação. da lei complementar a que se
§ 5o  Vigente o novo sistema § 10.  Enquanto não entrar em refere o art. 165, § 9o, I e II, serão
tributário nacional, fica assegu- vigor a lei prevista no art. 159, I, obedecidas as seguintes normas:
rada a aplicação da legislação “c”, cuja promulgação se fará até I – o projeto do plano pluria-
anterior, no que não seja incom- 31 de dezembro de 1989, é asse- nual, para vigência até o final do
patível com ele e com a legislação gurada a aplicação dos recursos primeiro exercício financeiro do
referida nos §§ 3o e 4o. previstos naquele dispositivo da mandato presidencial subsequen-
§ 6o  Até 31 de dezembro de seguinte maneira: te, será encaminhado até quatro
1989, o disposto no art.  150, III, I – seis décimos por cento na meses antes do encerramento do
“b”, não se aplica aos impostos Região Norte, através do Banco primeiro exercício financeiro e
de que tratam os arts. 155, I, “a” da Amazônia S.A.; devolvido para sanção até o en-
e “b”15, e 156, II e III16, que podem II – um inteiro e oito décimos cerramento da sessão legislativa;
ser cobrados trinta dias após a por cento na Região Nordeste, II – o projeto de lei de dire-
publicação da lei que os tenha através do Banco do Nordeste trizes orçamentárias será enca-
instituído ou aumentado. do Brasil S.A.; minhado até oito meses e meio
§ 7o  Até que sejam fixadas III – seis décimos por cento antes do encerramento do exer-
em lei complementar, as alíquo- na Região Centro-Oeste, através cício financeiro e devolvido para
tas máximas do imposto muni- do Banco do Brasil S.A. sanção até o encerramento do
cipal sobre vendas a varejo de § 11.  Fica criado, nos termos primeiro período da sessão le-
combustíveis líquidos e gasosos da lei, o Banco de Desenvolvi- gislativa;
não excederão a três por cento. mento do Centro-Oeste, para dar III – o projeto de lei orçamen-
§ 8o  Se, no prazo de sessenta cumprimento, na referida região, tária da União será encaminhado
dias contados da promulgação da ao que determinam os arts. 159, até quatro meses antes do encer-
Constituição, não for editada a lei I, “c”, e 192, § 2o, da Constituição. ramento do exercício financeiro e
complementar necessária à insti- § 12.  A urgência prevista no devolvido para sanção até o en-
tuição do imposto de que trata o art.  148, II, não prejudica a co- cerramento da sessão legislativa.
art. 155, I, “b”17, os Estados e o Dis- brança do empréstimo compul-
trito Federal, mediante convênio sório instituído, em benefício das Art. 36.  Os fundos existentes na
celebrado nos termos da Lei Com- Centrais Elétricas Brasileiras S.A. data da promulgação da Consti-
plementar no 24, de 7 de janeiro de (Eletrobrás), pela Lei no 4.156, de tuição, excetuados os resultantes
1975, fixarão normas para regular 28 de novembro de 1962, com as de isenções fiscais que passem a
provisoriamente a matéria. alterações posteriores. integrar patrimônio privado e os
§ 9o  Até que lei complemen- que interessem à defesa nacional,
tar disponha sobre a matéria, as Art. 35.  O disposto no art. 165, extinguir-se-ão, se não forem ra-
empresas distribuidoras de ener- §  7o, será cumprido de forma tificados pelo Congresso Nacional
gia elétrica, na condição de con- progressiva, no prazo de até dez no prazo de dois anos.
tribuintes ou de substitutos tri- anos, distribuindo-se os recursos
butários, serão as responsáveis, entre as regiões macroeconô- Art. 37.  A adaptação ao que es-
por ocasião da saída do produto micas em razão proporcional à tabelece o art. 167, III, deverá pro-
de seus estabelecimentos, ainda população, a partir da situação cessar-se no prazo de cinco anos,
que destinado a outra unidade da verificada no biênio 1986‑87. reduzindo-se o excesso à base de,
Federação, pelo pagamento do § 1o  Para aplicação dos cri- pelo menos, um quinto por ano.
imposto sobre operações relati- térios de que trata este artigo,
vas à circulação de mercadorias excluem-se das despesas totais Art. 38.  Até a promulgação da
incidente sobre energia elétrica, as relativas: lei complementar referida no
desde a produção ou importação I – aos projetos considerados art.  169, a União, os Estados, o
até a última operação, calcula- prioritários no plano plurianual; Distrito Federal e os Municípios
do o imposto sobre o preço en- II – à segurança e defesa na- não poderão despender com pes-
tão praticado na operação final cional; soal mais do que sessenta e cinco
e assegurado seu recolhimento III – à manutenção dos órgãos por cento do valor das respectivas
ao Estado ou ao Distrito Fede- federais no Distrito Federal; receitas correntes.
IV – ao Congresso Nacional, § 1o  A União, os Estados, o
  NE: leia-se “art. 155, I e II”, por força do
15
ao Tribunal de Contas da União e Distrito Federal e os Municípios,
disposto na EC no 3/1993. ao Poder Judiciário; quando a respectiva despesa de
  NE: o texto do art. 156, III, foi alterado pela
16
V – ao serviço da dívida da pessoal exceder o limite previs-
EC no 3/1993. Redação anterior: “vendas a
varejo de combustíveis líquidos e gasosos,
administração direta e indireta to neste artigo, deverão retornar
exceto óleo diesel”. da União, inclusive fundações àquele limite, reduzindo o per-
  NE: leia-se “art. 155, II”, por força do dis-
17 instituídas e mantidas pelo Poder centual excedente à razão de um
posto na EC no 3/1993. Público federal. quinto por ano.

98
Constituição da República Federativa do Brasil
§ 2o  As despesas com pes- fiscais de natureza setorial ora anos, a partir da promulgação da
soal resultantes do cumprimento em vigor, propondo aos Poderes Constituição, para cumprir os re-
do disposto nos §§ 12, 13, 14 e 15 Legislativos respectivos as me- quisitos do art. 176, § 1o.
do art.  198 da Constituição Fe- didas cabíveis. § 1o  Ressalvadas as disposi-
deral serão contabilizadas, para § 1o  Considerar-se-ão revo- ções de interesse nacional pre-
fins dos limites de que trata o gados após dois anos, a partir da vistas no texto constitucional,
art. 169 da Constituição Federal, data da promulgação da Cons- as empresas brasileiras ficarão
da seguinte forma: tituição, os incentivos que não dispensadas do cumprimento
I – até o fim do exercício fi- forem confirmados por lei. do disposto no art. 176, § 1o, des-
nanceiro subsequente ao da pu- § 2o  A revogação não preju- de que, no prazo de até quatro
blicação deste dispositivo, não dicará os direitos que já tiverem anos da data da promulgação da
serão contabilizadas para esses sido adquiridos, àquela data, em Constituição, tenham o produto
limites; relação a incentivos concedidos de sua lavra e beneficiamento
II – no segundo exercício fi- sob condição e com prazo certo. destinado a industrialização no
nanceiro subsequente ao da pu- § 3o  Os incentivos concedi- território nacional, em seus pró-
blicação deste dispositivo, serão dos por convênio entre Estados, prios estabelecimentos ou em
deduzidas em 90% (noventa por celebrados nos termos do art. 23, empresa industrial controladora
cento) do seu valor; § 6o, da Constituição de 1967, com ou controlada.
III – entre o terceiro e o déci- a redação da Emenda no 1, de 17 de § 2o  Ficarão também dispen-
mo segundo exercício financeiro outubro de 1969, também deverão sadas do cumprimento do dispos-
subsequente ao da publicação ser reavaliados e reconfirmados to no art. 176, § 1o, as empresas
deste dispositivo, a dedução de nos prazos deste artigo. brasileiras titulares de concessão
que trata o inciso II deste pará- de energia hidráulica para uso em
grafo será reduzida anualmente Art. 42.  Durante 40 (quarenta) seu processo de industrialização.
na proporção de 10% (dez por anos, a União aplicará dos recur- § 3o  As empresas brasileiras
cento) de seu valor. sos destinados à irrigação: referidas no § 1o somente poderão
I – 20% (vinte por cento) na ter autorizações de pesquisa e
Art. 39.  Para efeito do cumpri- Região Centro-Oeste; concessões de lavra ou poten-
mento das disposições constitu- II – 50% (cinquenta por cento) ciais de energia hidráulica, desde
cionais que impliquem variações na Região Nordeste, preferencial- que a energia e o produto da lavra
de despesas e receitas da União, mente no Semiárido. sejam utilizados nos respectivos
após a promulgação da Consti- Parágrafo único.  Dos percen- processos industriais.
tuição, o Poder Executivo deve- tuais previstos nos incisos I e II do
rá elaborar e o Poder Legislativo caput, no mínimo 50% (cinquen- Art. 45.  Ficam excluídas do mo-
apreciar projeto de revisão da lei ta por cento) serão destinados a nopólio estabelecido pelo art. 177,
orçamentária referente ao exer- projetos de irrigação que benefi- II, da Constituição as refinarias
cício financeiro de 1989. ciem agricultores familiares que em funcionamento no País ampa-
Parágrafo único.  O Congres- atendam aos requisitos previstos radas pelo art. 43 e nas condições
so Nacional deverá votar no prazo em legislação específica. do art. 45 da Lei no 2.004, de 3 de
de doze meses a lei complemen- outubro de 195318.
tar prevista no art. 161, II. Art. 43.  Na data da promulgação Parágrafo único.  Ficam res-
da lei que disciplinar a pesquisa e salvados da vedação do art. 177,
Art. 40.  É mantida a Zona Fran- a lavra de recursos e jazidas mi- § 1o, os contratos de risco feitos
ca de Manaus, com suas caracte- nerais, ou no prazo de um ano, a com a Petróleo Brasileiro S.A. (Pe-
rísticas de área livre de comércio, contar da promulgação da Cons- trobrás), para pesquisa de petró-
de exportação e importação, e tituição, tornar-se-ão sem efeito leo, que estejam em vigor na data
de incentivos fiscais, pelo prazo as autorizações, concessões e da promulgação da Constituição.
de vinte e cinco anos, a partir da demais títulos atributivos de di-
promulgação da Constituição. reitos minerários, caso os traba- Art. 46.  São sujeitos à correção
Parágrafo único. Somente lhos de pesquisa ou de lavra não monetária desde o vencimento,
por lei federal podem ser modi- hajam sido comprovadamente até seu efetivo pagamento, sem
ficados os critérios que discipli- iniciados nos prazos legais ou interrupção ou suspensão, os
naram ou venham a disciplinar a estejam inativos. créditos junto a entidades subme-
aprovação dos projetos na Zona tidas aos regimes de intervenção
Franca de Manaus. Art. 44.  As atuais empresas bra- ou liquidação extrajudicial, mes-
sileiras titulares de autorização de mo quando esses regimes sejam
Art. 41.  Os Poderes Executivos pesquisa, concessão de lavra de convertidos em falência.
da União, dos Estados, do Dis- recursos minerais e de aproveita- Parágrafo único.  O disposto
trito Federal e dos Municípios mento dos potenciais de energia
reavaliarão todos os incentivos hidráulica em vigor terão quatro   NE: revogada pela Lei no 9.478/1997.
18

99
Constituição da República Federativa do Brasil
neste artigo aplica-se também: artigo só será concedida nos se- Art. 49.  A lei disporá sobre o
I – às operações realizadas guintes casos: instituto da enfiteuse em imóveis
posteriormente à decretação dos I – se a liquidação do débito urbanos, sendo facultada aos fo-
regimes referidos no caput des- inicial, acrescido de juros legais reiros, no caso de sua extinção,
te artigo; e taxas judiciais, vier a ser efeti- a remição dos aforamentos me-
II – às operações de emprés- vada no prazo de noventa dias, a diante aquisição do domínio dire-
timo, financiamento, refinancia- contar da data da promulgação to, na conformidade do que dispu-
mento, assistência financeira de da Constituição; serem os respectivos contratos.
liquidez, cessão ou sub-rogação II – se a aplicação dos recur- § 1o  Quando não existir cláu-
de créditos ou cédulas hipote- sos não contrariar a finalidade do sula contratual, serão adotados
cárias, efetivação de garantia financiamento, cabendo o ônus os critérios e bases hoje vigentes
de depósitos do público ou de da prova à instituição credora; na legislação especial dos imóveis
compra de obrigações passivas, III – se não for demonstrado da União.
inclusive as realizadas com recur- pela instituição credora que o § 2o  Os direitos dos atuais
sos de fundos que tenham essas mutuário dispõe de meios para o ocupantes inscritos ficam asse-
destinações; pagamento de seu débito, excluí- gurados pela aplicação de outra
III – aos créditos anteriores do desta demonstração seu esta- modalidade de contrato.
à promulgação da Constituição; belecimento, a casa de moradia § 3o  A enfiteuse continuará
IV – aos créditos das enti- e os instrumentos de trabalho e sendo aplicada aos terrenos de
dades da administração públi- produção; marinha e seus acrescidos, si-
ca anteriores à promulgação da IV – se o financiamento ini- tuados na faixa de segurança, a
Constituição, não liquidados até cial não ultrapassar o limite de partir da orla marítima.
1o de janeiro de 1988. cinco mil Obrigações do Tesouro § 4o  Remido o foro, o antigo
Nacional; titular do domínio direto deverá,
Art. 47.  Na liquidação dos débi- V – se o beneficiário não for no prazo de noventa dias, sob
tos, inclusive suas renegociações proprietário de mais de cinco pena de responsabilidade, confiar
e composições posteriores, ainda módulos rurais. à guarda do registro de imóveis
que ajuizados, decorrentes de § 4o  Os benefícios de que competente toda a documenta-
quaisquer empréstimos concedi- trata este artigo não se estendem ção a ele relativa.
dos por bancos e por instituições aos débitos já quitados e aos de-
financeiras, não existirá correção vedores que sejam constituintes. Art. 50.  Lei agrícola a ser pro-
monetária desde que o emprésti- § 5o  No caso de operações mulgada no prazo de um ano dis-
mo tenha sido concedido: com prazos de vencimento poste- porá, nos termos da Constituição,
I – aos micro e pequenos em- riores à data-limite de liquidação sobre os objetivos e instrumentos
presários ou seus estabelecimen- da dívida, havendo interesse do de política agrícola, prioridades,
tos no período de 28 de fevereiro mutuário, os bancos e as institui- planejamento de safras, comer-
de 1986 a 28 de fevereiro de 1987; ções financeiras promoverão, por cialização, abastecimento inter-
II – aos mini, pequenos e mé- instrumento próprio, alteração no, mercado externo e instituição
dios produtores rurais no período nas condições contratuais ori- de crédito fundiário.
de 28 de fevereiro de 1986 a 31 ginais de forma a ajustá-las ao
de dezembro de 1987, desde que presente benefício. Art. 51.  Serão revistos pelo Con-
relativos a crédito rural. § 6o  A concessão do presente gresso Nacional, através de Co-
§ 1o  Consideram-se, para benefício por bancos comerciais missão mista, nos três anos a
efeito deste artigo, microem- privados em nenhuma hipótese contar da data da promulgação
presas as pessoas jurídicas e as acarretará ônus para o Poder da Constituição, todas as doa-
firmas individuais com receitas Público, ainda que através de ções, vendas e concessões de
anuais de até dez mil Obrigações refinanciamento e repasse de terras públicas com área superior
do Tesouro Nacional, e pequenas recursos pelo banco central. a três mil hectares, realizadas no
empresas as pessoas jurídicas e § 7o  No caso de repasse a período de 1o de janeiro de 1962 a
as firmas individuais com recei- agentes financeiros oficiais ou 31 de dezembro de 1987.
ta anual de até vinte e cinco mil cooperativas de crédito, o ônus § 1o  No tocante às vendas,
Obrigações do Tesouro Nacional. recairá sobre a fonte de recursos a revisão será feita com base
§ 2o  A classificação de mini, originária. exclusivamente no critério de
pequeno e médio produtor rural legalidade da operação.
será feita obedecendo-se às nor- Art. 48.  O Congresso Nacional, § 2o  No caso de concessões e
mas de crédito rural vigentes à dentro de cento e vinte dias da doações, a revisão obedecerá aos
época do contrato. promulgação da Constituição, critérios de legalidade e de con-
§ 3o  A isenção da correção elaborará código de defesa do veniência do interesse público.
monetária a que se refere este consumidor. § 3o  Nas hipóteses previstas
nos parágrafos anteriores, com-

100
Constituição da República Federativa do Brasil
provada a ilegalidade, ou havendo Parágrafo único.  A conces- a receita da seguridade social,
interesse público, as terras rever- são da pensão especial do inciso ressalvados, exclusivamente no
terão ao patrimônio da União, dos II substitui, para todos os efeitos exercício de 1988, os compromis-
Estados, do Distrito Federal ou legais, qualquer outra pensão já sos assumidos com programas e
dos Municípios. concedida ao ex-combatente. projetos em andamento.

Art. 52.  Até que sejam fixadas Art. 54.  Os seringueiros recru- Art. 57.  Os débitos dos Esta-
as condições do art. 192, são ve- tados nos termos do Decreto-lei dos e dos Municípios relativos
dados: no  5.813, de 14 de setembro de às contribuições previdenciárias
I – a instalação, no País, de 1943, e amparados pelo Decreto- até 30 de junho de 1988 serão li-
novas agências de instituições -lei no 9.882, de 16 de setembro de quidados, com correção mone-
financeiras domiciliadas no ex- 1946, receberão, quando carentes, tária, em cento e vinte parcelas
terior; pensão mensal vitalícia no valor mensais, dispensados os juros
II – o aumento do percen- de dois salários mínimos. e multas sobre eles incidentes,
tual de participação, no capital § 1o  O benefício é estendido desde que os devedores requei-
de instituições financeiras com aos seringueiros que, atendendo ram o parcelamento e iniciem seu
sede no País, de pessoas físicas a apelo do Governo brasileiro, pagamento no prazo de cento e
ou jurídicas residentes ou domi- contribuíram para o esforço de oitenta dias a contar da promul-
ciliadas no exterior. guerra, trabalhando na produção gação da Constituição.
Parágrafo único.  A vedação de borracha, na Região Amazô- § 1o  O montante a ser pago
a que se refere este artigo não se nica, durante a Segunda Guerra em cada um dos dois primeiros
aplica às autorizações resultan- Mundial. anos não será inferior a cinco por
tes de acordos internacionais, de § 2o  Os benefícios estabele- cento do total do débito consoli-
reciprocidade, ou de interesse do cidos neste artigo são transferí- dado e atualizado, sendo o restan-
Governo brasileiro. veis aos dependentes reconhe- te dividido em parcelas mensais
cidamente carentes. de igual valor.
Art. 53.  Ao ex-combatente que § 3o  A concessão do bene- § 2o  A liquidação poderá
tenha efetivamente participado fício far-se-á conforme lei a ser incluir pagamentos na forma
de operações bélicas durante proposta pelo Poder Executivo de cessão de bens e prestação
a Segunda Guerra Mundial, nos dentro de cento e cinquenta dias de serviços, nos termos da Lei
termos da Lei no 5.315, de 12 de da promulgação da Constituição. no 7.578, de 23 de dezembro de
setembro de 1967, serão assegu- 1986.
rados os seguintes direitos: Art. 54-A.  Os seringueiros de § 3o  Em garantia do cum-
I – aproveitamento no serviço que trata o art. 54 deste Ato das primento do parcelamento, os
público, sem a exigência de con- Disposições Constitucionais Tran- Estados e os Municípios consig-
curso, com estabilidade; sitórias receberão indenização, narão, anualmente, nos respec-
II – pensão especial corres- em parcela única, no valor de tivos orçamentos as dotações
pondente à deixada por segundo- R$  25.000,00 (vinte e cinco mil necessárias ao pagamento de
-tenente das Forças Armadas, que reais). seus débitos.
poderá ser requerida a qualquer § 4o  Descumprida qualquer
tempo, sendo inacumulável com Art. 55.  Até que seja aprovada das condições estabelecidas para
quaisquer rendimentos recebidos a lei de diretrizes orçamentárias, concessão do parcelamento, o
dos cofres públicos, exceto os trinta por cento, no mínimo, do débito será considerado venci-
benefícios previdenciários, res- orçamento da seguridade so- do em sua totalidade, sobre ele
salvado o direito de opção; cial, excluído o seguro-desem- incidindo juros de mora; nesta
III – em caso de morte, pensão prego, serão destinados ao setor hipótese, parcela dos recursos
à viúva ou companheira ou depen- de saúde. correspondentes aos Fundos de
dente, de forma proporcional, de Participação, destinada aos Esta-
valor igual à do inciso anterior; Art. 56.  Até que a lei disponha dos e Municípios devedores, será
IV – assistência médica, hos- sobre o art. 195, I, a arrecadação bloqueada e repassada à previ-
pitalar e educacional gratuita, decorrente de, no mínimo, cinco dência social para pagamento
extensiva aos dependentes; dos seis décimos percentuais de seus débitos.
V – aposentadoria com pro- correspondentes à alíquota da
ventos integrais aos vinte e cinco contribuição de que trata o De- Art. 58.  Os benefícios de pres-
anos de serviço efetivo, em qual- creto-lei no 1.940, de 25 de maio tação continuada, mantidos pela
quer regime jurídico; de 1982, alterada pelo Decreto-lei previdência social na data da pro-
VI – prioridade na aquisição no 2.049, de 1o de agosto de 1983, mulgação da Constituição, terão
da casa própria, para os que não pelo Decreto no  91.236, de 8 de seus valores revistos, a fim de
a possuam ou para suas viúvas ou maio de 1985, e pela Lei no 7.611, de que seja restabelecido o poder
companheiras. 8 de julho de 1987, passa a integrar aquisitivo, expresso em número

101
Constituição da República Federativa do Brasil
de salários mínimos, que tinham centuais, no terceiro ano; sendo três do Poder Legislativo,
na data de sua concessão, obe- IV – 7,5 (sete inteiros e cinco três do Poder Judiciário e três do
decendo-se a esse critério de décimos) pontos percentuais, no Poder Executivo, para promover
atualização até a implantação quarto ano; as comemorações do centenário
do plano de custeio e benefícios V – 9 (nove) pontos percen- da proclamação da República
referidos no artigo seguinte. tuais, no quinto ano; e da promulgação da primeira
Parágrafo único.  As pres- VI – 10,5 (dez inteiros e cinco Constituição republicana do País,
tações mensais dos benefícios décimos) pontos percentuais, no podendo, a seu critério, desdo-
atualizadas de acordo com este sexto ano. brar-se em tantas subcomissões
artigo serão devidas e pagas a § 2o  A parcela da comple- quantas forem necessárias.
partir do sétimo mês a contar mentação de que trata a alínea “c” Parágrafo único.  No desen-
da promulgação da Constituição. do inciso V do caput do art. 212‑A volvimento de suas atribuições,
da Constituição Federal observará a Comissão promoverá estudos,
Art. 59.  Os projetos de lei relati- os seguintes valores: debates e avaliações sobre a evo-
vos à organização da seguridade I – 0,75 (setenta e cinco cen- lução política, social, econômica e
social e aos planos de custeio e de tésimos) ponto percentual, no cultural do País, podendo articu-
benefício serão apresentados no terceiro ano; lar-se com os governos estaduais
prazo máximo de seis meses da II – 1,5 (um inteiro e cinco e municipais e com instituições
promulgação da Constituição ao décimos) ponto percentual, no públicas e privadas que desejem
Congresso Nacional, que terá seis quarto ano; participar dos eventos.
meses para apreciá-los. III – 2 (dois) pontos percentu-
Parágrafo único. Aprovados ais, no quinto ano; Art. 64.  A Imprensa Nacional
pelo Congresso Nacional, os pla- IV – 2,5 (dois inteiros e cinco e demais gráficas da União, dos
nos serão implantados progres- décimos) pontos percentuais, no Estados, do Distrito Federal e dos
sivamente nos dezoito meses sexto ano. Municípios, da administração di-
seguintes. reta ou indireta, inclusive funda-
Art. 60-A.  Os critérios de dis- ções instituídas e mantidas pelo
Art. 60.  A complementação da tribuição da complementação da Poder Público, promoverão edição
União referida no inciso IV do União e dos fundos a que se refere popular do texto integral da Cons-
caput do art. 212‑A da Constitui- o inciso I do caput do art. 212‑A tituição, que será posta à disposi-
ção Federal será implementada da Constituição Federal serão ção das escolas e dos cartórios,
progressivamente até alcançar a revistos em seu sexto ano de vi- dos sindicatos, dos quartéis, das
proporção estabelecida no inci- gência e, a partir dessa primeira igrejas e de outras instituições
so V do caput do mesmo artigo, revisão, periodicamente, a cada representativas da comunidade,
a partir de 1o de janeiro de 2021, 10 (dez) anos. gratuitamente, de modo que cada
nos seguintes valores mínimos: cidadão brasileiro possa receber
I – 12% (doze por cento), no Art. 61.  As entidades educacio- do Estado um exemplar da Cons-
primeiro ano; nais a que se refere o art. 213, bem tituição do Brasil.
II – 15% (quinze por cento), no como as fundações de ensino e
segundo ano; pesquisa cuja criação tenha sido Art. 65.  O Poder Legislativo re-
III – 17% (dezessete por cen- autorizada por lei, que preencham gulamentará, no prazo de doze
to), no terceiro ano; os requisitos dos incisos I e II do meses, o art. 220, § 4o.
IV – 19% (dezenove por cento), referido artigo e que, nos últimos
no quarto ano; três anos, tenham recebido recur- Art. 66.  São mantidas as con-
V – 21% (vinte e um por cento), sos públicos, poderão continuar a cessões de serviços públicos de
no quinto ano; recebê-los, salvo disposição legal telecomunicações atualmente em
VI – 23% (vinte e três por cen- em contrário. vigor, nos termos da lei.
to), no sexto ano.
§ 1o  A parcela da comple- Art. 62.  A lei criará o Serviço Art. 67.  A União concluirá a de-
mentação de que trata a alínea “b” Nacional de Aprendizagem Rural marcação das terras indígenas
do inciso V do caput do art. 212‑A (SENAR) nos moldes da legislação no prazo de cinco anos a partir
da Constituição Federal obser- relativa ao Serviço Nacional de da promulgação da Constituição.
vará, no mínimo, os seguintes Aprendizagem Industrial (SENAI)
valores: e ao Serviço Nacional de Aprendi- Art. 68.  Aos remanescentes das
I – 2 (dois) pontos percentuais, zagem do Comércio (SENAC), sem comunidades dos quilombos que
no primeiro ano; prejuízo das atribuições dos ór- estejam ocupando suas terras é
II – 5 (cinco) pontos percen- gãos públicos que atuam na área. reconhecida a propriedade defini-
tuais, no segundo ano; tiva, devendo o Estado emitir-lhes
III – 6,25 (seis inteiros e vinte Art. 63.  É criada uma Comis- os títulos respectivos.
e cinco centésimos) pontos per- são composta de nove membros,

102
Constituição da República Federativa do Brasil
Art. 69.  Será permitido aos Es- proventos de qualquer natureza § 1o  As alíquotas e a base de
tados manter consultorias jurí- incidente na fonte sobre paga- cálculo previstas nos incisos III e V
dicas separadas de suas Procu- mentos efetuados, a qualquer aplicar-se-ão a partir do primeiro
radorias-Gerais ou Advocacias- título, pela União, inclusive suas dia do mês seguinte aos noventa
-Gerais, desde que, na data da autarquias e fundações; dias posteriores à promulgação
promulgação da Constituição, II – a parcela do produto da desta Emenda19.
tenham órgãos distintos para as arrecadação do imposto sobre § 2o  As parcelas de que tra-
respectivas funções. renda e proventos de qualquer tam os incisos I, II, III e V, serão
natureza e do imposto sobre previamente deduzidas da base
Art. 70.  Fica mantida a atual operações de crédito, câmbio de cálculo de qualquer vinculação
competência dos tribunais es- e seguro, ou relativas a títulos e ou participação constitucional
taduais até que a mesma seja valores mobiliários, decorrente ou legal, não se lhes aplicando o
definida na Constituição do Es- das alterações produzidas pela disposto nos arts. 159, 212 e 239
tado, nos termos do art. 125, § 1o, Lei no  8.894, de 21 de junho de da Constituição.
da Constituição. 1994 e pelas Leis nos 8.849 e 8.848, § 3o  A parcela de que tra-
ambas de 28 de janeiro de 1994 e ta o inciso IV será previamen-
Art. 71.  É instituído, nos exercí- modificações posteriores; te deduzida da base de cálculo
cios financeiros de 1994 e 1995, III – a parcela do produto de das vinculações ou participa-
bem assim nos períodos de 1o de arrecadação resultante da eleva- ções constitucionais previstas
janeiro de 1996 a 30 de junho de ção da alíquota da contribuição nos arts.  153, §  5o, 157, II, 212 e
1997 e 1o de julho de 1997 a 31 de social sobre o lucro dos contri- 239 da Constituição.
dezembro de 1999, o Fundo So- buintes a que se refere o § 1o do § 4o  O disposto no parágrafo
cial de Emergência, com o obje- art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de anterior não se aplica aos recur-
tivo de saneamento financeiro julho de 1991, a qual nos exercí- sos previstos nos arts. 158, II, e
da Fazenda Pública Federal e de cios financeiros de 1994 e 1995, 159 da Constituição.
estabilização econômica, cujos bem assim no período de 1o de § 5o  A parcela dos recursos
recursos serão aplicados priori- janeiro de 1996 a 30 de junho de provenientes do imposto sobre
tariamente no custeio das ações 1997, passa a ser de trinta por renda e proventos de qualquer
dos sistemas de saúde e educa- cento, sujeita a alteração por lei natureza, destinada ao Fundo
ção, incluindo a complementação ordinária, mantidas as demais Social de Emergência, nos ter-
de recursos de que trata o § 3o do normas da Lei no 7.689, de 15 de mos do inciso II deste artigo, não
art.  60 do Ato das Disposições dezembro de 1988; poderá exceder a cinco inteiros e
Constitucionais Transitórias, be- IV – vinte por cento do pro- seis décimos por cento do total
nefícios previdenciários e auxílios duto da arrecadação de todos do produto da sua arrecadação.
assistenciais de prestação con- os impostos e contribuições da
tinuada, inclusive liquidação de União, já instituídos ou a serem Art. 73.  Na regulação do Fundo
passivo previdenciário, e despe- criados, excetuado o previsto nos Social de Emergência não po-
sas orçamentárias associadas a incisos I, II e III, observado o dis- derá ser utilizado o instrumento
programas de relevante interesse posto nos §§ 3o e 4o; previsto no inciso V do art. 59 da
econômico e social. V – a parcela do produto da Constituição.
§ 1o  Ao Fundo criado por este arrecadação da contribuição de
artigo não se aplica o disposto na que trata a Lei Complementar no 7, Art. 74.  A União poderá instituir
parte final do inciso II do § 9o do de 7 de setembro de 1970, devida contribuição provisória sobre mo-
art. 165 da Constituição. pelas pessoas jurídicas a que se vimentação ou transmissão de
§ 2o  O Fundo criado por este refere o inciso III deste artigo, a valores e de créditos e direitos
artigo passa a ser denominado qual será calculada, nos exercí- de natureza financeira.
Fundo de Estabilização Fiscal a cios financeiros de 1994 a 1995, § 1o  A alíquota da contribui-
partir do início do exercício fi- bem assim nos períodos de 1o de ção de que trata este artigo não
nanceiro de 1996. janeiro de 1996 a 30 de junho de excederá a vinte e cinco centési-
§ 3o  O Poder Executivo publi- 1997 e de 1o de julho de 1997 a 31 mos por cento, facultado ao Poder
cará demonstrativo da execução de dezembro de 1999, mediante a Executivo reduzi-la ou restabele-
orçamentária, de periodicidade aplicação da alíquota de setenta cê-la, total ou parcialmente, nas
bimestral, no qual se discrimi- e cinco centésimos por cento, su- condições e limites fixados em lei.
narão as fontes e usos do Fundo jeita a alteração por lei ordinária § 2o  À contribuição de que
criado por este artigo. posterior, sobre a receita bruta trata este artigo não se aplica o
operacional, como definida na disposto nos arts. 153, § 5o, e 154,
Art. 72.  Integram o Fundo Social legislação do imposto sobre renda I, da Constituição.
de Emergência: e proventos de qualquer natureza;
I – o produto da arrecada- VI – outras receitas previstas 19
  NE: leia-se “da Emenda Constitucional de
ção do imposto sobre renda e em lei específica. Revisão no 1, de 1994”.

103
Constituição da República Federativa do Brasil
§ 3o  O produto da arrecada- contribuições de intervenção no 31 de dezembro de 2023, 30%
ção da contribuição de que trata domínio econômico e às taxas, já (trinta por cento) das receitas dos
este artigo será destinado inte- instituídas ou que vierem a ser Municípios relativas a impostos,
gralmente ao Fundo Nacional de criadas até a referida data. taxas e multas, já instituídos ou
Saúde, para financiamento das § 1o (Revogado) que vierem a ser criados até a
ações e serviços de saúde. § 2o  Excetua-se da desvincu- referida data, seus adicionais e
§ 4o  A contribuição de que lação de que trata o caput a arre- respectivos acréscimos legais, e
trata este artigo terá sua exigi- cadação da contribuição social do outras receitas correntes.
bilidade subordinada ao disposto salário-educação a que se refere Parágrafo único. Excetuam-
no art. 195, § 6o, da Constituição, e o § 5o do art. 212 da Constituição -se da desvinculação de que trata
não poderá ser cobrada por prazo Federal. o caput:
superior a dois anos. § 3o (Revogado) I – recursos destinados ao
§ 4o  A desvinculação de que financiamento das ações e ser-
Art. 75.  É prorrogada, por trin- trata o caput não se aplica às re- viços públicos de saúde e à ma-
ta e seis meses, a cobrança da ceitas das contribuições sociais nutenção e desenvolvimento do
contribuição provisória sobre mo- destinadas ao custeio da seguri- ensino de que tratam, respecti-
vimentação ou transmissão de dade social. vamente, os incisos II e III do § 2o
valores e de créditos e direitos do art. 198 e o art. 212 da Consti-
de natureza financeira de que Art. 76-A.  São desvinculados tuição Federal;
trata o art. 74, instituída pela Lei de órgão, fundo ou despesa, até II – receitas de contribuições
no 9.311, de 24 de outubro de 1996, 31 de dezembro de 2023, 30% previdenciárias e de assistência
modificada pela Lei no 9.539, de (trinta por cento) das receitas dos à saúde dos servidores;
12 de dezembro de 1997, cuja vi- Estados e do Distrito Federal rela- III – transferências obriga-
gência é também prorrogada por tivas a impostos, taxas e multas, tórias e voluntárias entre entes
idêntico prazo. já instituídos ou que vierem a ser da Federação com destinação
§ 1o  Observado o disposto no criados até a referida data, seus especificada em lei;
§ 6o do art. 195 da Constituição Fe- adicionais e respectivos acrés- IV – fundos instituídos pelo
deral, a alíquota da contribuição cimos legais, e outras receitas Tribunal de Contas do Município.
será de trinta e oito centésimos correntes.
por cento, nos primeiros doze me- Parágrafo único. Excetuam- Art. 77.  Até o exercício financei-
ses, e de trinta centésimos, nos -se da desvinculação de que trata ro de 2004, os recursos mínimos
meses subsequentes, facultado o caput: aplicados nas ações e serviços
ao Poder Executivo reduzi-la to- I – recursos destinados ao públicos de saúde serão equi-
tal ou parcialmente, nos limites financiamento das ações e ser- valentes:
aqui definidos. viços públicos de saúde e à ma- I – no caso da União:
§ 2o  O resultado do aumento nutenção e desenvolvimento do a)  no ano 2000, o montante
da arrecadação, decorrente da ensino de que tratam, respecti- empenhado em ações e serviços
alteração da alíquota, nos exer- vamente, os incisos II e III do § 2o públicos de saúde no exercício
cícios financeiros de 1999, 2000 do art. 198 e o art. 212 da Consti- financeiro de 1999 acrescido de,
e 2001, será destinado ao custeio tuição Federal; no mínimo, cinco por cento;
da previdência social. II – receitas que pertencem b)  do ano 2001 ao ano 2004,
§ 3o  É a União autorizada a aos Municípios decorrentes de o valor apurado no ano anterior,
emitir títulos da dívida pública transferências previstas na Cons- corrigido pela variação nominal
interna, cujos recursos serão des- tituição Federal; do Produto Interno Bruto – PIB;
tinados ao custeio da saúde e da III – receitas de contribuições II – no caso dos Estados e do
previdência social, em montante previdenciárias e de assistência Distrito Federal, doze por cento
equivalente ao produto da arreca- à saúde dos servidores; do produto da arrecadação dos
dação da contribuição, prevista e IV – demais transferências impostos a que se refere o art. 155
não realizada em 1999.20 obrigatórias e voluntárias entre e dos recursos de que tratam os
entes da Federação com desti- arts. 157 e 159, inciso I, alínea “a”,
Art. 76.  São desvinculados de nação especificada em lei; e inciso II, deduzidas as parcelas
órgão, fundo ou despesa, até 31 V – fundos instituídos pelo que forem transferidas aos res-
de dezembro de 2024, 30% (trin- Poder Judiciário, pelos Tribunais pectivos Municípios; e
ta por cento) da arrecadação da de Contas, pelo Ministério Público, III – no caso dos Municípios
União relativa às contribuições pelas Defensorias Públicas e pelas e do Distrito Federal, quinze por
sociais, sem prejuízo do paga- Procuradorias-Gerais dos Estados cento do produto da arrecadação
mento das despesas do Regime e do Distrito Federal. dos impostos a que se refere o
Geral de Previdência Social, às art.  156 e dos recursos de que
Art. 76-B.  São desvinculados tratam os arts. 158 e 159, inciso
  NE: ver ADI no 2.031.
20 de órgão, fundo ou despesa, até I, alínea “b” e § 3o.

104
Constituição da República Federativa do Brasil
§ 1o  Os Estados, o Distrito § 1o  É permitida a decom- de 2000 a 17 de junho de 2002,
Federal e os Municípios que apli- posição de parcelas, a critério na alíquota da contribuição so-
quem percentuais inferiores aos do credor. cial de que trata o art. 75 do Ato
fixados nos incisos II e III deve- § 2o  As prestações anuais a das Disposições Constitucionais
rão elevá-los gradualmente, até que se refere o caput deste artigo Transitórias;
o exercício financeiro de 2004, terão, se não liquidadas até o final II – a parcela do produto da
reduzida a diferença à razão de, do exercício a que se referem, arrecadação correspondente a
pelo menos, um quinto por ano, poder liberatório do pagamento um adicional de cinco pontos
sendo que, a partir de 2000, a de tributos da entidade devedora. percentuais na alíquota do Im-
aplicação será de pelo menos § 3o  O prazo referido no caput posto sobre Produtos Industria-
sete por cento. deste artigo fica reduzido para lizados – IPI, ou do imposto que
§ 2o  Dos recursos da União dois anos, nos casos de precató- vier a substituí-lo, incidente sobre
apurados nos termos deste arti- rios judiciais originários de desa- produtos supérfluos e aplicável
go, quinze por cento, no mínimo, propriação de imóvel residencial até a extinção do Fundo;
serão aplicados nos Municípios, do credor, desde que comprova- III – o produto da arrecadação
segundo o critério populacional, damente único à época da imissão do imposto de que trata o art. 153,
em ações e serviços básicos de na posse. inciso VII, da Constituição;
saúde, na forma da lei. § 4o  O Presidente do Tribu- IV – dotações orçamentárias;
§ 3o  Os recursos dos Esta- nal competente deverá, vencido V – doações, de qualquer
dos, do Distrito Federal e dos o prazo ou em caso de omissão natureza, de pessoas físicas ou
Municípios destinados às ações no orçamento, ou preterição ao jurídicas do País ou do exterior;
e serviços públicos de saúde e direito de precedência, a reque- VI – outras receitas, a serem
os transferidos pela União para a rimento do credor, requisitar ou definidas na regulamentação do
mesma finalidade serão aplicados determinar o sequestro de recur- referido Fundo.
por meio de Fundo de Saúde que sos financeiros da entidade exe- § 1o  Aos recursos integran-
será acompanhado e fiscaliza- cutada, suficientes à satisfação tes do Fundo de que trata este
do por Conselho de Saúde, sem da prestação. artigo não se aplica o disposto
prejuízo do disposto no art. 74 da nos arts. 159 e 167, inciso IV, da
Constituição Federal. Art. 79.  É instituído, para vigorar Constituição, assim como qual-
§ 4 o Na ausência da lei até o ano de 201022, no âmbito do quer desvinculação de recursos
complementar a que se refere o Poder Executivo Federal, o Fun- orçamentários.
art. 198, § 3o, a partir do exercício do de Combate e Erradicação da § 2o  A arrecadação decorren-
financeiro de 2005, aplicar-se-á Pobreza, a ser regulado por lei te do disposto no inciso I deste
à União, aos Estados, ao Distrito complementar com o objetivo de artigo, no período compreendido
Federal e aos Municípios o dis- viabilizar a todos os brasileiros entre 18 de junho de 2000 e o início
posto neste artigo. acesso a níveis dignos de subsis- da vigência da lei complementar
tência, cujos recursos serão apli- a que se refere o art. 79, será in-
Art. 78.  Ressalvados os créditos cados em ações suplementares tegralmente repassada ao Fundo,
definidos em lei como de pequeno de nutrição, habitação, educação, preservado o seu valor real, em
valor, os de natureza alimentícia, saúde, reforço de renda familiar títulos públicos federais, progres-
os de que trata o art. 33 deste Ato e outros programas de relevan- sivamente resgatáveis após 18 de
das Disposições Constitucionais te interesse social voltados para junho de 2002, na forma da lei.
Transitórias e suas complemen- melhoria da qualidade de vida.
tações e os que já tiverem os Parágrafo único.  O Fundo Art. 81.  É instituído Fundo cons-
seus respectivos recursos libe- previsto neste artigo terá Con- tituído pelos recursos recebidos
rados ou depositados em juízo, selho Consultivo e de Acompa- pela União em decorrência da
os precatórios pendentes na data nhamento que conte com a par- desestatização de sociedades
de promulgação desta Emenda21 ticipação de representantes da de economia mista ou empresas
e os que decorram de ações ini- sociedade civil, nos termos da lei. públicas por ela controladas, di-
ciais ajuizadas até 31 de dezem- reta ou indiretamente, quando a
bro de 1999 serão liquidados pelo Art. 80.  Compõem o Fundo de operação envolver a alienação do
seu valor real, em moeda cor- Combate e Erradicação da Po- respectivo controle acionário a
rente, acrescido de juros legais, breza: pessoa ou entidade não integran-
em prestações anuais, iguais e I – a parcela do produto da te da Administração Pública, ou
sucessivas, no prazo máximo de arrecadação correspondente a de participação societária rema-
dez anos, permitida a cessão dos um adicional de oito centésimos nescente após a alienação, cujos
créditos. por cento, aplicável de 18 de junho rendimentos, gerados a partir de
18 de junho de 2002, reverterão ao
  NE: leia-se “da Emenda Constitucional
21
  NE: prazo prorrogado, conforme a EC
22 Fundo de Combate e Erradicação
no 30, de 2000”. no 67/2010. da Pobreza.

105
Constituição da República Federativa do Brasil
§ 1o  Caso o montante anual Art. 84.  A contribuição provisó- financeiro;
previsto nos rendimentos trans- ria sobre movimentação ou trans- II – em contas correntes de
feridos ao Fundo de Combate e missão de valores e de créditos depósito, relativos a:
Erradicação da Pobreza, na for- e direitos de natureza financeira, a)  operações de compra e
ma deste artigo, não alcance o prevista nos arts. 74, 75 e 80, I, venda de ações, realizadas em
valor de quatro bilhões de reais, deste Ato das Disposições Cons- recintos ou sistemas de nego-
far-se-á complementação na for- titucionais Transitórias, será co- ciação de bolsas de valores e no
ma do art. 80, inciso IV, do Ato brada até 31 de dezembro de 2004. mercado de balcão organizado;
das Disposições Constitucionais § 1o  Fica prorrogada, até a b)  contratos referenciados
Transitórias. data referida no caput deste ar- em ações ou índices de ações,
§ 2o  Sem prejuízo do dispos- tigo, a vigência da Lei no  9.311, em suas diversas modalidades,
to no § 1o, o Poder Executivo po- de 24 de outubro de 1996, e suas negociados em bolsas de valo-
derá destinar ao Fundo a que se alterações. res, de mercadorias e de futuros;
refere este artigo outras receitas § 2o  Do produto da arreca- III – em contas de investidores
decorrentes da alienação de bens dação da contribuição social de estrangeiros, relativos a entra-
da União. que trata este artigo será desti- das no País e a remessas para o
§ 3o  A constituição do Fundo nada a parcela correspondente exterior de recursos financeiros
a que se refere o caput, a trans- à alíquota de: empregados, exclusivamente, em
ferência de recursos ao Fundo I – vinte centésimos por cen- operações e contratos referidos
de Combate e Erradicação da to ao Fundo Nacional de Saúde, no inciso II deste artigo.
Pobreza e as demais disposições para financiamento das ações e § 1o  O Poder Executivo dis-
referentes ao § 1o deste artigo se- serviços de saúde; ciplinará o disposto neste artigo
rão disciplinadas em lei, não se II – dez centésimos por cento no prazo de trinta dias da data de
aplicando o disposto no art. 165, ao custeio da previdência social; publicação desta Emenda Cons-
§ 9o, inciso II, da Constituição. III – oito centésimos por cento titucional23.
ao Fundo de Combate e Erradica- § 2o  O disposto no inciso I
Art. 82.  Os Estados, o Distrito ção da Pobreza, de que tratam os deste artigo aplica-se somente
Federal e os Municípios devem arts. 80 e 81 deste Ato das Disposi- às operações relacionadas em
instituir Fundos de Combate à ções Constitucionais Transitórias. ato do Poder Executivo, dentre
Pobreza, com os recursos de § 3o  A alíquota da contri- aquelas que constituam o objeto
que trata este artigo e outros buição de que trata este artigo social das referidas entidades.
que vierem a destinar, devendo será de: § 3o  O disposto no inciso II
os referidos Fundos ser geridos I – trinta e oito centésimos deste artigo aplica-se somente a
por entidades que contem com a por cento, nos exercícios finan- operações e contratos efetuados
participação da sociedade civil. ceiros de 2002 e 2003; por intermédio de instituições
§ 1o  Para o financiamento II – (Revogado). financeiras, sociedades corre-
dos Fundos Estaduais e Distrital, toras de títulos e valores mobili-
poderá ser criado adicional de Art. 85.  A contribuição a que ários, sociedades distribuidoras
até dois pontos percentuais na se refere o art. 84 deste Ato das de títulos e valores mobiliários e
alíquota do Imposto sobre Circu- Disposições Constitucionais Tran- sociedades corretoras de mer-
lação de Mercadorias e Serviços sitórias não incidirá, a partir do cadorias.
– ICMS, sobre os produtos e ser- trigésimo dia da data de publica-
viços supérfluos e nas condições ção desta Emenda Constitucional, Art. 86.  Serão pagos conforme
definidas na lei complementar de nos lançamentos: disposto no art. 100 da Constitui-
que trata o art. 155, § 2o, XII, da I – em contas correntes de ção Federal, não se lhes aplicando
Constituição, não se aplicando, depósito especialmente abertas a regra de parcelamento estabe-
sobre este percentual, o disposto e exclusivamente utilizadas para lecida no caput do art. 78 deste
no art. 158, IV, da Constituição. operações de: Ato das Disposições Constitu-
§ 2o  Para o financiamento a)  câmaras e prestadoras de cionais Transitórias, os débitos
dos Fundos Municipais, poderá serviços de compensação e de li- da Fazenda Federal, Estadual,
ser criado adicional de até meio quidação de que trata o parágrafo Distrital ou Municipal oriundos de
ponto percentual na alíquota do único do art. 2o da Lei no 10.214, sentenças transitadas em julgado,
Imposto sobre Serviços ou do de 27 de março de 2001; que preencham, cumulativamen-
imposto que vier a substituí-lo, b)  companhias securitizado- te, as seguintes condições:
sobre serviços supérfluos. ras de que trata a Lei no 9.514, de I – ter sido objeto de emissão
20 de novembro de 1997; de precatórios judiciários;
Art. 83.  Lei federal definirá os c)  sociedades anônimas que II – ter sido definidos como de
produtos e serviços supérfluos tenham por objeto exclusivo a
a que se referem os arts. 80, II, aquisição de créditos oriundos de   NE: leia-se “da Emenda Constitucional
23

e 82, § 2o. operações praticadas no mercado no 37, de 2002”.

106
Constituição da República Federativa do Brasil
pequeno valor pela lei de que trata que possa optar pelo pagamen- entidade da administração federal
o § 3o do art. 100 da Constituição to do saldo sem o precatório, da direta, autárquica ou fundacional.
Federal ou pelo art. 87 deste Ato forma prevista no § 3o do art. 100.
das Disposições Constitucionais Art. 90.  O prazo previsto no
Transitórias; Art. 88.  Enquanto lei comple- caput do art.  84 deste Ato das
III – estar, total ou parcial- mentar não disciplinar o disposto Disposições Constitucionais Tran-
mente, pendentes de pagamen- nos incisos I e III do § 3o do art. 156 sitórias fica prorrogado até 31 de
to na data da publicação desta da Constituição Federal, o impos- dezembro de 2007.
Emenda Constitucional24. to a que se refere o inciso III do § 1o  Fica prorrogada, até a
§ 1o  Os débitos a que se re- caput do mesmo artigo: data referida no caput deste ar-
fere o caput deste artigo, ou os I – terá alíquota mínima de tigo, a vigência da Lei no  9.311,
respectivos saldos, serão pagos dois por cento, exceto para os de 24 de outubro de 1996, e suas
na ordem cronológica de apre- serviços a que se referem os itens alterações.
sentação dos respectivos preca- 32, 33 e 34 da Lista de Serviços § 2o  Até a data referida no
tórios, com precedência sobre os anexa ao Decreto-lei no 406, de caput deste artigo, a alíquota
de maior valor. 31 de dezembro de 1968; da contribuição de que trata o
§ 2o  Os débitos a que se refe- II – não será objeto de con- art.  84 deste Ato das Disposi-
re o caput deste artigo, se ainda cessão de isenções, incentivos e ções Constitucionais Transitórias
não tiverem sido objeto de pa- benefícios fiscais, que resulte, di- será de trinta e oito centésimos
gamento parcial, nos termos do reta ou indiretamente, na redução por cento.
art. 78 deste Ato das Disposições da alíquota mínima estabelecida
Constitucionais Transitórias, po- no inciso I. Art. 91.  (Revogado)
derão ser pagos em duas parcelas
anuais, se assim dispuser a lei. Art. 89.  Os integrantes da car- Art. 92.  São acrescidos dez anos
§ 3o  Observada a ordem cro- reira policial militar e os servido- ao prazo fixado no art. 40 deste
nológica de sua apresentação, os res municipais do ex-Território Ato das Disposições Constitucio-
débitos de natureza alimentícia Federal de Rondônia que, com- nais Transitórias.
previstos neste artigo terão pre- provadamente, se encontravam
cedência para pagamento sobre no exercício regular de suas fun- Art. 92-A.  São acrescidos 50
todos os demais. ções prestando serviço àquele (cinquenta) anos ao prazo fixado
ex-Território na data em que foi pelo art. 92 deste Ato das Disposi-
Art. 87.  Para efeito do que dis- transformado em Estado, bem ções Constitucionais Transitórias.
põem o § 3o do art. 100 da Consti- como os servidores e os policiais
tuição Federal e o art. 78 deste Ato militares alcançados pelo dispos- Art. 93.  A vigência do disposto
das Disposições Constitucionais to no art. 36 da Lei Complemen- no art. 159, III, e § 4o, iniciará so-
Transitórias serão considerados tar no 41, de 22 de dezembro de mente após a edição da lei de que
de pequeno valor, até que se dê a 1981, e aqueles admitidos regular- trata o referido inciso III.
publicação oficial das respectivas mente nos quadros do Estado de
leis definidoras pelos entes da Rondônia até a data de posse do Art. 94.  Os regimes especiais de
Federação, observado o disposto primeiro Governador eleito, em 15 tributação para microempresas
no § 4o do art. 100 da Constituição de março de 1987, constituirão, e empresas de pequeno porte
Federal, os débitos ou obrigações mediante opção, quadro em ex- próprios da União, dos Estados,
consignados em precatório judi- tinção da administração federal, do Distrito Federal e dos Municí-
ciário, que tenham valor igual ou assegurados os direitos e as van- pios cessarão a partir da entrada
inferior a: tagens a eles inerentes, vedado em vigor do regime previsto no
I – quarenta salários mínimos, o pagamento, a qualquer título, art. 146, III, “d”, da Constituição.
perante a Fazenda dos Estados e de diferenças remuneratórias.
do Distrito Federal; § 1o  Os membros da Polícia Art. 95.  Os nascidos no estran-
II – trinta salários mínimos, Militar continuarão prestando ser- geiro entre 7 de junho de 1994
perante a Fazenda dos Municípios. viços ao Estado de Rondônia, na e a data da promulgação desta
Parágrafo único.  Se o valor condição de cedidos, submetidos Emenda Constitucional25, filhos
da execução ultrapassar o es- às corporações da Polícia Mili- de pai brasileiro ou mãe brasileira,
tabelecido neste artigo, o paga- tar, observadas as atribuições de poderão ser registrados em re-
mento far-se-á, sempre, por meio função compatíveis com o grau partição diplomática ou consular
de precatório, sendo facultada à hierárquico. brasileira competente ou em ofício
parte exequente a renúncia ao § 2o  Os servidores a que se de registro, se vierem a residir na
crédito do valor excedente, para refere o caput continuarão pres- República Federativa do Brasil.
tando serviços ao Estado de Ron-
  NE: leia-se “da Emenda Constitucional
24 dônia na condição de cedidos, até   NE: leia-se “da Emenda Constitucional
25

no 37, de 2002”. seu aproveitamento em órgão ou no 54, de 2007”.

107
Constituição da República Federativa do Brasil
Art. 96.  Ficam convalidados número de anos restantes no das receitas tributárias, patrimo-
os atos de criação, fusão, incor- regime especial de pagamento. niais, industriais, agropecuárias,
poração e desmembramento de § 2o  Para saldar os preca- de contribuições e de serviços,
Municípios, cuja lei tenha sido tórios, vencidos e a vencer, pelo transferências correntes e ou-
publicada até 31 de dezembro regime especial, os Estados, o tras receitas correntes, incluindo
de 2006, atendidos os requisi- Distrito Federal e os Municípios as oriundas do § 1o do art. 20 da
tos estabelecidos na legislação devedores depositarão mensal- Constituição Federal, verificado
do respectivo Estado à época de mente, em conta especial criada no período compreendido pelo
sua criação. para tal fim, 1/12 (um doze avos) do mês de referência e os 11 (onze)
valor calculado percentualmen- meses anteriores, excluídas as
Art. 97.  Até que seja editada a te sobre as respectivas receitas duplicidades, e deduzidas:
lei complementar de que trata o correntes líquidas, apuradas no I – nos Estados, as parcelas
§ 15 do art. 100 da Constituição segundo mês anterior ao mês de entregues aos Municípios por de-
Federal, os Estados, o Distrito pagamento, sendo que esse per- terminação constitucional;
Federal e os Municípios que, na centual, calculado no momento II – nos Estados, no Distri-
data de publicação desta Emen- de opção pelo regime e mantido to Federal e nos Municípios, a
da Constitucional26, estejam em fixo até o final do prazo a que se contribuição dos servidores para
mora na quitação de precatórios refere o § 14 deste artigo, será: custeio do seu sistema de previ-
vencidos, relativos às suas ad- I – para os Estados e para o dência e assistência social e as
ministrações direta e indireta, Distrito Federal: receitas provenientes da com-
inclusive os emitidos durante o a)  de, no mínimo, 1,5% (um pensação financeira referida no
período de vigência do regime inteiro e cinco décimos por cen- § 9o do art. 201 da Constituição
especial instituído por este arti- to), para os Estados das regiões Federal.
go, farão esses pagamentos de Norte, Nordeste e Centro-Oeste, § 4o  As contas especiais de
acordo com as normas a seguir além do Distrito Federal, ou cujo que tratam os §§  1o e 2o serão
estabelecidas, sendo inaplicá- estoque de precatórios penden- administradas pelo Tribunal de
vel o disposto no art. 100 desta tes das suas administrações di- Justiça local, para pagamento
Constituição Federal, exceto em reta e indireta corresponder a até de precatórios expedidos pelos
seus §§ 2o, 3o, 9o, 10, 11, 12, 13 e 14, 35% (trinta e cinco por cento) do tribunais.
e sem prejuízo dos acordos de total da receita corrente líquida; § 5o  Os recursos deposita-
juízos conciliatórios já formali- b)  de, no mínimo, 2% (dois dos nas contas especiais de que
zados na data de promulgação por cento), para os Estados das tratam os §§ 1o e 2o deste artigo
desta Emenda Constitucional. regiões Sul e Sudeste, cujo es- não poderão retornar para Esta-
§ 1o  Os Estados, o Distrito toque de precatórios pendentes dos, Distrito Federal e Municípios
Federal e os Municípios sujeitos das suas administrações direta e devedores.
ao regime especial de que trata indireta corresponder a mais de § 6o  Pelo menos 50% (cin-
este artigo optarão, por meio de 35% (trinta e cinco por cento) da quenta por cento) dos recursos
ato do Poder Executivo: receita corrente líquida; de que tratam os §§ 1o e 2o des-
I – pelo depósito em conta II – para Municípios: te artigo serão utilizados para
especial do valor referido pelo a)  de, no mínimo, 1% (um pagamento de precatórios em
§ 2o deste artigo; ou por cento), para Municípios das ordem cronológica de apresenta-
II – pela adoção do regime es- regiões Norte, Nordeste e Cen- ção, respeitadas as preferências
pecial pelo prazo de até 15 (quinze) tro-Oeste, ou cujo estoque de definidas no § 1o, para os requi-
anos, caso em que o percentual a precatórios pendentes das suas sitórios do mesmo ano e no § 2o
ser depositado na conta especial administrações direta e indireta do art. 100, para requisitórios de
a que se refere o § 2o deste artigo corresponder a até 35% (trinta e todos os anos.
corresponderá, anualmente, ao cinco por cento) da receita cor- § 7o  Nos casos em que não se
saldo total dos precatórios devi- rente líquida; possa estabelecer a precedência
dos, acrescido do índice oficial de b)  de, no mínimo, 1,5% (um cronológica entre 2 (dois) preca-
remuneração básica da caderneta inteiro e cinco décimos por cen- tórios, pagar-se-á primeiramente
de poupança e de juros simples no to), para Municípios das regiões o precatório de menor valor.
mesmo percentual de juros inci- Sul e Sudeste, cujo estoque de § 8o  A aplicação dos recursos
dentes sobre a caderneta de pou- precatórios pendentes das suas restantes dependerá de opção a
pança para fins de compensação administrações direta e indireta ser exercida por Estados, Distrito
da mora, excluída a incidência de corresponder a mais de 35% (trin- Federal e Municípios devedores,
juros compensatórios, diminuído ta e cinco por cento) da receita por ato do Poder Executivo, obe-
das amortizações e dividido pelo corrente líquida. decendo à seguinte forma, que
§ 3o  Entende-se como recei- poderá ser aplicada isoladamente
  NE: leia-se “da Emenda Constitucional
26 ta corrente líquida, para os fins de ou simultaneamente:
no 62, de 2009”. que trata este artigo, o somatório I – destinados ao pagamen-

108
Constituição da República Federativa do Brasil
to dos precatórios por meio do deságio, podendo ser fixado valor catório, por credor, e, por este,
leilão; máximo por credor, ou por outro a habilitação do valor total a que
II – destinados a pagamento a critério a ser definido em edital; tem direito, não se aplicando,
vista de precatórios não quitados VIII – o mecanismo de forma- neste caso, a regra do §  3o do
na forma do § 6o e do inciso I, em ção de preço constará nos editais art. 100 da Constituição Federal.
ordem única e crescente de valor publicados para cada leilão; § 12.  Se a lei a que se refere o
por precatório; IX – a quitação parcial dos § 4o do art. 100 não estiver publi-
III – destinados a pagamento precatórios será homologada pelo cada em até 180 (cento e oitenta)
por acordo direto com os credo- respectivo Tribunal que o expediu. dias, contados da data de publi-
res, na forma estabelecida por § 10.  No caso de não libera- cação desta Emenda Constitu-
lei própria da entidade devedora, ção tempestiva dos recursos de cional27, será considerado, para
que poderá prever criação e for- que tratam o inciso II do § 1o e os os fins referidos, em relação a
ma de funcionamento de câmara §§ 2o e 6o deste artigo: Estados, Distrito Federal e Mu-
de conciliação. I – haverá o sequestro de nicípios devedores, omissos na
§ 9o  Os leilões de que trata o quantia nas contas de Estados, regulamentação, o valor de:
inciso I do § 8o deste artigo: Distrito Federal e Municípios de- I – 40 (quarenta) salários mí-
I – serão realizados por meio vedores, por ordem do Presidente nimos para Estados e para o Dis-
de sistema eletrônico administra- do Tribunal referido no § 4o, até o trito Federal;
do por entidade autorizada pela limite do valor não liberado; II – 30 (trinta) salários míni-
Comissão de Valores Mobiliários II – constituir-se-á, alterna- mos para Municípios.
ou pelo Banco Central do Brasil; tivamente, por ordem do Presi- § 13.  Enquanto Estados, Dis-
II – admitirão a habilitação de dente do Tribunal requerido, em trito Federal e Municípios deve-
precatórios, ou parcela de cada favor dos credores de precatórios, dores estiverem realizando pa-
precatório indicada pelo seu de- contra Estados, Distrito Federal gamentos de precatórios pelo
tentor, em relação aos quais não e Municípios devedores, direito regime especial, não poderão
esteja pendente, no âmbito do líquido e certo, autoaplicável e sofrer sequestro de valores, ex-
Poder Judiciário, recurso ou im- independentemente de regula- ceto no caso de não liberação
pugnação de qualquer natureza, mentação, à compensação au- tempestiva dos recursos de que
permitida por iniciativa do Poder tomática com débitos líquidos tratam o inciso II do § 1o e o § 2o
Executivo a compensação com lançados por esta contra aqueles, deste artigo.
débitos líquidos e certos, inscritos e, havendo saldo em favor do cre- § 14.  O regime especial de
ou não em dívida ativa e consti- dor, o valor terá automaticamente pagamento de precatório pre-
tuídos contra devedor originário poder liberatório do pagamento visto no inciso I do § 1o vigorará
pela Fazenda Pública devedora de tributos de Estados, Distrito enquanto o valor dos precatórios
até a data da expedição do pre- Federal e Municípios devedores, devidos for superior ao valor dos
catório, ressalvados aqueles cuja até onde se compensarem; recursos vinculados, nos termos
exigibilidade esteja suspensa nos III – o chefe do Poder Executi- do § 2o, ambos deste artigo, ou
termos da legislação, ou que já te- vo responderá na forma da legis- pelo prazo fixo de até 15 (quinze)
nham sido objeto de abatimento lação de responsabilidade fiscal anos, no caso da opção prevista
nos termos do § 9o do art. 100 da e de improbidade administrativa; no inciso II do § 1o.
Constituição Federal; IV – enquanto perdurar a § 15.  Os precatórios parce-
III – ocorrerão por meio de omissão, a entidade devedora: lados na forma do art. 33 ou do
oferta pública a todos os credores a)  não poderá contrair em- art. 78 deste Ato das Disposições
habilitados pelo respectivo ente préstimo externo ou interno; Constitucionais Transitórias e
federativo devedor; b)  ficará impedida de receber ainda pendentes de pagamento
IV – considerarão automati- transferências voluntárias; ingressarão no regime especial
camente habilitado o credor que V – a União reterá os repasses com o valor atualizado das par-
satisfaça o que consta no inciso II; relativos ao Fundo de Participa- celas não pagas relativas a cada
V – serão realizados tantas ção dos Estados e do Distrito Fe- precatório, bem como o saldo dos
vezes quanto necessário em fun- deral e ao Fundo de Participação acordos judiciais e extrajudiciais.
ção do valor disponível; dos Municípios, e os depositará § 16.  A partir da promulgação
VI – a competição por parcela nas contas especiais referidas desta Emenda Constitucional28, a
do valor total ocorrerá a critério no §  1o, devendo sua utilização atualização de valores de requi-
do credor, com deságio sobre o obedecer ao que prescreve o § 5o, sitórios, até o efetivo pagamen-
valor desta; ambos deste artigo. to, independentemente de sua
VII – ocorrerão na modalida- § 11.  No caso de precatórios
de deságio, associado ao maior relativos a diversos credores, em   NE: leia-se “da Emenda Constitucional
27

volume ofertado cumulado ou litisconsórcio, admite-se o des- no 62, de 2009”.


não com o maior percentual de membramento do valor, realizado   NE: leia-se “da Emenda Constitucional
28

deságio, pelo maior percentual de pelo Tribunal de origem do pre- no 62, de 2009”.

109
Constituição da República Federativa do Brasil
natureza, será feita pelo índice imposto correspondente à dife- em cada exercício, ao percentual
oficial de remuneração básica da rença entre a alíquota interna e praticado na data da entrada em
caderneta de poupança, e, para a interestadual será partilhado vigor do regime especial a que se
fins de compensação da mora, entre os Estados de origem e de refere este artigo, em conformi-
incidirão juros simples no mesmo destino, na seguinte proporção: dade com plano de pagamento a
percentual de juros incidentes I – para o ano de 2015: 20% ser anualmente apresentado ao
sobre a caderneta de poupança, (vinte por cento) para o Estado de Tribunal de Justiça local.
ficando excluída a incidência de destino e 80% (oitenta por cento) § 1o  Entende-se como receita
juros compensatórios. para o Estado de origem; corrente líquida, para os fins de
§ 17.  O valor que exceder o li- II – para o ano de 2016: 40% que trata este artigo, o somatório
mite previsto no § 2o do art. 100 da (quarenta por cento) para o Esta- das receitas tributárias, patrimo-
Constituição Federal será pago, do de destino e 60% (sessenta por niais, industriais, agropecuárias,
durante a vigência do regime es- cento) para o Estado de origem; de contribuições e de serviços, de
pecial, na forma prevista nos §§ 6o III – para o ano de 2017: 60% transferências correntes e outras
e 7o ou nos incisos I, II e III do § 8o (sessenta por cento) para o Esta- receitas correntes, incluindo as
deste artigo, devendo os valores do de destino e 40% (quarenta por oriundas do §  1o do art.  20 da
dispendidos para o atendimento cento) para o Estado de origem; Constituição Federal, verificado
do disposto no §  2o do art.  100 IV – para o ano de 2018: 80% no período compreendido pelo se-
da Constituição Federal serem (oitenta por cento) para o Estado gundo mês imediatamente ante-
computados para efeito do § 6o de destino e 20% (vinte por cento) rior ao de referência e os 11 (onze)
deste artigo. para o Estado de origem; meses precedentes, excluídas as
§ 18.  Durante a vigência do V – a partir do ano de 2019: duplicidades, e deduzidas:
regime especial a que se refe- 100% (cem por cento) para o Es- I – nos Estados, as parcelas
re este artigo, gozarão também tado de destino. entregues aos Municípios por de-
da preferência a que se refere o terminação constitucional;
§ 6o os titulares originais de pre- Art. 100.  Até que entre em vigor II – nos Estados, no Distri-
catórios que tenham completa- a lei complementar de que trata o to Federal e nos Municípios, a
do 60 (sessenta) anos de idade inciso II do § 1o do art. 40 da Cons- contribuição dos servidores para
até a data da promulgação desta tituição Federal, os Ministros do custeio de seu sistema de previ-
Emenda Constitucional29. Supremo Tribunal Federal, dos dência e assistência social e as
Tribunais Superiores e do Tribu- receitas provenientes da com-
Art. 98.  O número de defensores nal de Contas da União aposen- pensação financeira referida no
públicos na unidade jurisdicional tar-se-ão, compulsoriamente, § 9o do art. 201 da Constituição
será proporcional à efetiva de- aos 75 (setenta e cinco) anos de Federal.
manda pelo serviço da Defensoria idade, nas condições do art. 52 § 2o  O débito de precatórios
Pública e à respectiva população. da Constituição Federal. será pago com recursos orça-
§ 1o  No prazo de 8 (oito) anos, mentários próprios provenientes
a União, os Estados e o Distrito Art. 101.  Os Estados, o Distrito das fontes de receita corrente
Federal deverão contar com de- Federal e os Municípios que, em líquida referidas no §  1o deste
fensores públicos em todas as 25 de março de 2015, se encon- artigo e, adicionalmente, pode-
unidades jurisdicionais, obser- travam em mora no pagamento rão ser utilizados recursos dos
vado o disposto no caput deste de seus precatórios quitarão, até seguintes instrumentos:
artigo. 31 de dezembro de 2029, seus dé- I – até 75% (setenta e cinco
§ 2o  Durante o decurso do bitos vencidos e os que vencerão por cento) dos depósitos judiciais
prazo previsto no § 1o deste artigo, dentro desse período, atualizados e dos depósitos administrativos
a lotação dos defensores públi- pelo Índice Nacional de Preços em dinheiro referentes a proces-
cos ocorrerá, prioritariamente, ao Consumidor Amplo Especial sos judiciais ou administrativos,
atendendo as regiões com maio- (IPCA‑E), ou por outro índice que tributários ou não tributários, nos
res índices de exclusão social e venha a substituí-lo, depositando quais sejam parte os Estados,
adensamento populacional. mensalmente em conta especial o Distrito Federal ou os Municí-
do Tribunal de Justiça local, sob pios, e as respectivas autarquias,
Art. 99.  Para efeito do disposto única e exclusiva administração fundações e empresas estatais
no inciso VII do § 2o do art. 155, no deste, 1/12 (um doze avos) do va- dependentes, mediante a insti-
caso de operações e prestações lor calculado percentualmente tuição de fundo garantidor em
que destinem bens e serviços a sobre suas receitas correntes lí- montante equivalente a 1/3 (um
consumidor final não contribuin- quidas apuradas no segundo mês terço) dos recursos levantados,
te localizado em outro Estado, o anterior ao mês de pagamento, constituído pela parcela restante
em percentual suficiente para a dos depósitos judiciais e remu-
  NE: leia-se “da Emenda Constitucional
29 quitação de seus débitos e, ain- nerado pela taxa referencial do
no 62, de 2009”. da que variável, nunca inferior, Sistema Especial de Liquidação

110
Constituição da República Federativa do Brasil
e de Custódia (Selic) para títulos gações, assegurada a revalidação exercida por Estados, Distrito
federais, nunca inferior aos ín- dos requisitórios pelos juízos dos Federal e Municípios, por ato do
dices e critérios aplicados aos processos perante os Tribunais, respectivo Poder Executivo, ob-
depósitos levantados; a requerimento dos credores e servada a ordem de preferência
II – até 30% (trinta por cento) após a oitiva da entidade devedo- dos credores, poderá ser des-
dos demais depósitos judiciais ra, mantidas a posição de ordem tinada ao pagamento mediante
da localidade sob jurisdição do cronológica original e a remune- acordos diretos, perante Juízos
respectivo Tribunal de Justiça, ração de todo o período. Auxiliares de Conciliação de Pre-
mediante a instituição de fundo § 3o  Os recursos adicionais catórios, com redução máxima de
garantidor em montante equiva- previstos nos incisos I, II e IV do 40% (quarenta por cento) do valor
lente aos recursos levantados, § 2o deste artigo serão transfe- do crédito atualizado, desde que
constituído pela parcela restante ridos diretamente pela institui- em relação ao crédito não penda
dos depósitos judiciais e remu- ção financeira depositária para a recurso ou defesa judicial e que
nerado pela taxa referencial do conta especial referida no caput sejam observados os requisitos
Sistema Especial de Liquidação e deste artigo, sob única e exclusi- definidos na regulamentação edi-
de Custódia (Selic) para títulos fe- va administração do Tribunal de tada pelo ente federado.
derais, nunca inferior aos índices Justiça local, e essa transferência § 2o  Na vigência do regime
e critérios aplicados aos depósi- deverá ser realizada em até ses- especial previsto no art. 101 deste
tos levantados, destinando-se: senta dias contados a partir da Ato das Disposições Constitucio-
a)  no caso do Distrito Fede- entrada em vigor deste parágrafo, nais Transitórias, as preferências
ral, 100% (cem por cento) des- sob pena de responsabilização relativas à idade, ao estado de
ses recursos ao próprio Distrito pessoal do dirigente da institui- saúde e à deficiência serão aten-
Federal; ção financeira por improbidade. didas até o valor equivalente ao
b)  no caso dos Estados, 50% § 4o (Revogado) quíntuplo fixado em lei para os
(cinquenta por cento) desses re- I – (Revogado); fins do disposto no § 3o do art. 100
cursos ao próprio Estado e 50% II – (Revogado); da Constituição Federal, admitido
(cinquenta por cento) aos res- III – (Revogado); o fracionamento para essa finali-
pectivos Municípios, conforme IV – (Revogado). dade, e o restante será pago em
a circunscrição judiciária onde § 5o  Os empréstimos de que ordem cronológica de apresen-
estão depositados os recursos, e, trata o inciso III do § 2o deste ar- tação do precatório.
se houver mais de um Município tigo poderão ser destinados, por
na mesma circunscrição judici- meio de ato do Poder Executivo, Art. 103.  Enquanto os Estados,
ária, os recursos serão rateados exclusivamente ao pagamento de o Distrito Federal e os Municípios
entre os Municípios concorrentes, precatórios por acordo direto com estiverem efetuando o pagamen-
proporcionalmente às respecti- os credores, na forma do disposto to da parcela mensal devida como
vas populações, utilizado como no inciso III do § 8o do art. 97 deste previsto no caput do art. 101 deste
referência o último levantamento Ato das Disposições Constitucio- Ato das Disposições Constitu-
censitário ou a mais recente esti- nais Transitórias. cionais Transitórias, nem eles,
mativa populacional da Fundação nem as respectivas autarquias,
Instituto Brasileiro de Geografia Art. 102.  Enquanto viger o regi- fundações e empresas estatais
e Estatística (IBGE); me especial previsto nesta Emen- dependentes poderão sofrer se-
III – empréstimos, excetuados da Constitucional, pelo menos questro de valores, exceto no
para esse fim os limites de endi- 50% (cinquenta por cento) dos caso de não liberação tempestiva
vidamento de que tratam os inci- recursos que, nos termos do dos recursos.
sos VI e VII do caput do art. 52 da art.  101 deste Ato das Disposi- Parágrafo único.  Na vigência
Constituição Federal e quaisquer ções Constitucionais Transitó- do regime especial previsto no
outros limites de endividamento rias, forem destinados ao paga- art. 101 deste Ato das Disposições
previstos em lei, não se aplicando mento dos precatórios em mora Constitucionais Transitórias, fi-
a esses empréstimos a vedação serão utilizados no pagamento cam vedadas desapropriações
de vinculação de receita prevista segundo a ordem cronológica pelos Estados, pelo Distrito Fe-
no inciso IV do caput do art. 167 de apresentação, respeitadas deral e pelos Municípios, cujos
da Constituição Federal; as preferências dos créditos ali- estoques de precatórios ainda
IV – a totalidade dos depósi- mentares, e, nessas, as relativas pendentes de pagamento, inclu-
tos em precatórios e requisições à idade, ao estado de saúde e à ídos os precatórios a pagar de
diretas de pagamento de obriga- deficiência, nos termos do § 2o do suas entidades da administração
ções de pequeno valor efetua- art. 100 da Constituição Federal, indireta, sejam superiores a 70%
dos até 31 de dezembro de 2009 sobre todos os demais créditos (setenta por cento) das respec-
e ainda não levantados, com o de todos os anos. tivas receitas correntes líquidas,
cancelamento dos respectivos § 1o  A aplicação dos recursos excetuadas as desapropriações
requisitórios e a baixa das obri- remanescentes, por opção a ser para fins de necessidade pública

111
Constituição da República Federativa do Brasil
nas áreas de saúde, educação, inscritos na dívida ativa dos Es- equivalerá:
segurança pública, transporte tados, do Distrito Federal ou dos I – para o exercício de 2017, à
público, saneamento básico e Municípios, observados os requi- despesa primária paga no exercí-
habitação de interesse social. sitos definidos em lei própria do cio de 2016, incluídos os restos a
ente federado. pagar pagos e demais operações
Art. 104.  Se os recursos refe- § 1o  Não se aplica às com- que afetam o resultado primário,
ridos no art.  101 deste Ato das pensações referidas no caput corrigida em 7,2% (sete inteiros e
Disposições Constitucionais deste artigo qualquer tipo de vin- dois décimos por cento); e
Transitórias para o pagamento culação, como as transferências II – para os exercícios poste-
de precatórios não forem tem- a outros entes e as destinadas riores, ao valor do limite referente
pestivamente liberados, no todo à educação, à saúde e a outras ao exercício imediatamente an-
ou em parte: finalidades. terior, corrigido pela variação do
I – o Presidente do Tribunal § 2o  Os Estados, o Distrito Índice Nacional de Preços ao Con-
de Justiça local determinará o Federal e os Municípios regula- sumidor Amplo (IPCA), publicado
sequestro, até o limite do valor mentarão nas respectivas leis o pela Fundação Instituto Brasileiro
não liberado, das contas do ente disposto no caput deste artigo em de Geografia e Estatística, ou de
federado inadimplente; até cento e vinte dias a partir de outro índice que vier a substituí-
II – o chefe do Poder Executi- 1o de janeiro de 2018. -lo, apurado no exercício anterior
vo do ente federado inadimplente § 3o  Decorrido o prazo esta- a que se refere a lei orçamentária.
responderá, na forma da legisla- belecido no § 2o deste artigo sem § 2o  Os limites estabelecidos
ção de responsabilidade fiscal e a regulamentação nele prevista, na forma do inciso IV do caput do
de improbidade administrativa; ficam os credores de precató- art. 51, do inciso XIII do caput do
III – a União reterá os recursos rios autorizados a exercer a fa- art. 52, do § 1o do art. 99, do § 3o
referentes aos repasses ao Fun- culdade a que se refere o caput do art. 127 e do § 3o do art. 134 da
do de Participação dos Estados deste artigo. Constituição Federal não poderão
e do Distrito Federal e ao Fundo ser superiores aos estabelecidos
de Participação dos Municípios Art. 106.  Fica instituído o Novo nos termos deste artigo.
e os depositará na conta espe- Regime Fiscal no âmbito dos Or- § 3o  A mensagem que en-
cial referida no art. 101 deste Ato çamentos Fiscal e da Seguridade caminhar o projeto de lei orça-
das Disposições Constitucionais Social da União, que vigorará por mentária demonstrará os valores
Transitórias, para utilização como vinte exercícios financeiros, nos máximos de programação com-
nele previsto; termos dos arts. 107 a 114 deste patíveis com os limites individu-
IV – os Estados reterão os Ato das Disposições Constitucio- alizados calculados na forma do
repasses previstos no parágrafo nais Transitórias. § 1o deste artigo, observados os
único do art. 158 da Constituição §§ 7o a 9o deste artigo.
Federal e os depositarão na conta Art. 107.  Ficam estabelecidos, § 4o  As despesas primárias
especial referida no art. 101 deste para cada exercício, limites in- autorizadas na lei orçamentária
Ato das Disposições Constitucio- dividualizados para as despesas anual sujeitas aos limites de que
nais Transitórias, para utilização primárias: trata este artigo não poderão
como nele previsto. I – do Poder Executivo; exceder os valores máximos de-
Parágrafo único. Enquanto II – do Supremo Tribunal Fe- monstrados nos termos do § 3o
perdurar a omissão, o ente fede- deral, do Superior Tribunal de deste artigo.
rado não poderá contrair emprés- Justiça, do Conselho Nacional § 5o  É vedada a abertura de
timo externo ou interno, exceto de Justiça, da Justiça do Traba- crédito suplementar ou espe-
para os fins previstos no § 2o do lho, da Justiça Federal, da Jus- cial que amplie o montante total
art. 101 deste Ato das Disposições tiça Militar da União, da Justiça autorizado de despesa primária
Constitucionais Transitórias, e fi- Eleitoral e da Justiça do Distrito sujeita aos limites de que trata
cará impedido de receber trans- Federal e Territórios, no âmbito este artigo.
ferências voluntárias. do Poder Judiciário; § 6o  Não se incluem na base
III – do Senado Federal, da Câ- de cálculo e nos limites estabe-
Art. 105.  Enquanto viger o regi- mara dos Deputados e do Tribunal lecidos neste artigo:
me de pagamento de precatórios de Contas da União, no âmbito do I – transferências constitu-
previsto no art. 101 deste Ato das Poder Legislativo; cionais estabelecidas no § 1o do
Disposições Constitucionais Tran- IV – do Ministério Público da art. 20, no inciso III do parágra-
sitórias, é facultada aos credores União e do Conselho Nacional do fo único do art.  146, no §  5o do
de precatórios, próprios ou de Ministério Público; e art. 153, no art. 157, nos incisos I e
terceiros, a compensação com V – da Defensoria Pública da II do caput do art. 158, no art. 159
débitos de natureza tributária União. e no § 6o do art. 212, as despesas
ou de outra natureza que até 25 § 1o  Cada um dos limites a referentes ao inciso XIV do caput
de março de 2015 tenham sido que se refere o caput deste artigo do art. 21 e as complementações

112
Constituição da República Federativa do Brasil
de que tratam os incisos IV e V execução direta de obras e ser- primário dos Orçamentos Fiscal e
do caput do art. 212A, todos da viços de engenharia. da Seguridade Social do exercício
Constituição Federal; §  6o-B.  Não se incluem no em relação à meta fixada na lei de
II – créditos extraordinários a limite estabelecido no inciso I do diretrizes orçamentárias.
que se refere o § 3o do art. 167 da caput deste artigo as despesas § 12.  Para fins da elaboração
Constituição Federal; com investimentos em montan- do projeto de lei orçamentária
III – despesas não recorrentes te que corresponda ao excesso anual, o Poder Executivo consi-
da Justiça Eleitoral com a reali- de arrecadação de receitas cor- derará o valor realizado até junho
zação de eleições; rentes do exercício anterior ao do índice previsto no inciso II do
IV – despesas com aumento que se refere a lei orçamentária, § 1o deste artigo, relativo ao ano
de capital de empresas estatais limitadas a 6,5% (seis inteiros e de encaminhamento do projeto,
não dependentes; cinco décimos por cento) do ex- e o valor estimado até dezembro
V – transferências a Estados, cesso de arrecadação de receitas desse mesmo ano.
Distrito Federal e Municípios de correntes do exercício de 2021. § 13.  A estimativa do índice
parte dos valores arrecadados § 6o-C.  As despesas previstas a que se refere o § 12 deste arti-
com os leilões dos volumes exce- no § 6o-B deste artigo não serão go, juntamente com os demais
dentes ao limite a que se refere o consideradas para fins de verifi- parâmetros macroeconômicos,
§ 2o do art. 1o da Lei no 12.276, de cação do cumprimento da meta serão elaborados mensalmente
30 de junho de 2010, e a despesa de resultado primário estabele- pelo Poder Executivo e enviados
decorrente da revisão do contrato cida no caput do art.  2o da Lei à comissão mista de que trata o
de cessão onerosa de que trata no 14.436, de 9 de agosto de 2022. §  1o do art.  166 da Constituição
a mesma Lei; § 7o  Nos três primeiros exer- Federal.
VI – despesas correntes ou cícios financeiros da vigência do § 14.  O resultado da diferença
transferências aos fundos de saú- Novo Regime Fiscal, o Poder Exe- aferida entre as projeções refe-
de dos Estados, do Distrito Fede- cutivo poderá compensar com re- ridas nos §§ 12 e 13 deste artigo
ral e dos Municípios, destinadas dução equivalente na sua despesa e a efetiva apuração do índice
ao pagamento de despesas com primária, consoante os valores previsto no inciso II do § 1o deste
pessoal para cumprimento dos estabelecidos no projeto de lei artigo será calculado pelo Poder
pisos nacionais salariais para o orçamentária encaminhado pelo Executivo, para fins de definição
enfermeiro, o técnico de enfer- Poder Executivo no respectivo da base de cálculo dos respecti-
magem, o auxiliar de enferma- exercício, o excesso de despesas vos limites do exercício seguin-
gem e a parteira, de acordo com primárias em relação aos limites te, a qual será comunicada aos
os §§ 12, 13, 14 e 15 do art. 198 da de que tratam os incisos II a V do demais Poderes por ocasião da
Constituição Federal. caput deste artigo. elaboração do projeto de lei or-
§  6o-A.  Não se incluem no § 8o  A compensação de que çamentária.
limite estabelecido no inciso I trata o § 7o deste artigo não ex-
do caput deste artigo, a partir cederá a 0,25% (vinte e cinco Art. 107-A.  Até o fim de 2026,
do exercício financeiro de 2023: centésimos por cento) do limite fica estabelecido, para cada exer-
I – despesas com projetos do Poder Executivo. cício financeiro, limite para alo-
socioambientais ou relativos às § 9o  Respeitado o somatório cação na proposta orçamentária
mudanças climáticas custeadas em cada um dos incisos de II a das despesas com pagamentos
com recursos de doações, bem IV do caput deste artigo, a lei de em virtude de sentença judiciária
como despesas com projetos cus- diretrizes orçamentárias poderá de que trata o art. 100 da Cons-
teados com recursos decorrentes dispor sobre a compensação en- tituição Federal, equivalente ao
de acordos judiciais ou extraju- tre os limites individualizados dos valor da despesa paga no exer-
diciais firmados em função de órgãos elencados em cada inciso. cício de 2016, incluídos os restos
desastres ambientais; § 10.  Para fins de verificação a pagar pagos, corrigido, para o
II – despesas das instituições do cumprimento dos limites de exercício de 2017, em 7,2% (sete
federais de ensino e das Institui- que trata este artigo, serão con- inteiros e dois décimos por cento)
ções Científicas, Tecnológicas e sideradas as despesas primárias e, para os exercícios posteriores,
de Inovação (ICTs) custeadas com pagas, incluídos os restos a pagar pela variação do Índice Nacional
receitas próprias, de doações ou pagos e demais operações que de Preços ao Consumidor Amplo
de convênios, contratos ou outras afetam o resultado primário no (IPCA), publicado pela Fundação
fontes, celebrados com os demais exercício. Instituto Brasileiro de Geografia
entes da Federação ou entidades § 11.  O pagamento de restos e Estatística, ou de outro índice
privadas; a pagar inscritos até 31 de dezem- que vier a substituí-lo, apurado no
III – despesas custeadas com bro de 2015 poderá ser excluído exercício anterior a que se refere
recursos oriundos de transferên- da verificação do cumprimento a lei orçamentária, devendo o es-
cias dos demais entes da Fede- dos limites de que trata este ar- paço fiscal decorrente da diferen-
ração para a União destinados à tigo, até o excesso de resultado ça entre o valor dos precatórios

113
Constituição da República Federativa do Brasil
expedidos e o respectivo limite tra a Fazenda Pública Federal, lor previsto no inciso III deste
ser destinado ao programa pre- em parcela única, até o final do parágrafo;
visto no parágrafo único do art. 6o exercício seguinte, com renúncia V – demais precatórios.
e à seguridade social, nos termos de 40% (quarenta por cento) do
do art. 194, ambos da Constitui- valor desse crédito. Art. 108.  (Revogado)
ção Federal, a ser calculado da § 4o  O Conselho Nacional de
seguinte forma: Justiça regulamentará a atuação Art. 109.  Se verificado, na apro-
I – no exercício de 2022, o es- dos Presidentes dos Tribunais vação da lei orçamentária, que,
paço fiscal decorrente da diferen- competentes para o cumprimento no âmbito das despesas sujei-
ça entre o valor dos precatórios deste artigo. tas aos limites do art. 107 deste
expedidos e o limite estabelecido § 5o  Não se incluem no limite Ato das Disposições Constitucio-
no caput deste artigo deverá ser estabelecido neste artigo as des- nais Transitórias, a proporção da
destinado ao programa previsto pesas para fins de cumprimento despesa obrigatória primária em
no parágrafo único do art. 6o e à do disposto nos §§ 11, 20 e 21 do relação à despesa primária total
seguridade social, nos termos art. 100 da Constituição Federal foi superior a 95% (noventa e
do art. 194, ambos da Constitui- e no § 3o deste artigo, bem como cinco por cento), aplicam-se ao
ção Federal; a atualização monetária dos pre- respectivo Poder ou órgão, até o
II – no exercício de 2023, pela catórios inscritos no exercício. final do exercício a que se refere
diferença entre o total de preca- § 6o  Não se incluem nos li- a lei orçamentária, sem prejuízo
tórios expedidos entre 2 de julho mites estabelecidos no art.  107 de outras medidas, as seguintes
de 2021 e 2 de abril de 2022 e o deste Ato das Disposições Cons- vedações:
limite de que trata o caput des- titucionais Transitórias o previsto I – concessão, a qualquer títu-
te artigo válido para o exercício nos §§ 11, 20 e 21 do art. 100 da lo, de vantagem, aumento, reajus-
de 2023; e Constituição Federal e no §  3o te ou adequação de remuneração
III – nos exercícios de 2024 a deste artigo. de membros de Poder ou de ór-
2026, pela diferença entre o total § 7o  Na situação prevista no gão, de servidores e empregados
de precatórios expedidos entre 3 § 3o deste artigo, para os preca- públicos e de militares, exceto
de abril de dois anos anteriores tórios não incluídos na proposta dos derivados de sentença judi-
e 2 de abril do ano anterior ao orçamentária de 2022, os valores cial transitada em julgado ou de
exercício e o limite de que trata necessários à sua quitação se- determinação legal anterior ao
o caput deste artigo válido para rão providenciados pela abertura início da aplicação das medidas
o mesmo exercício. de créditos adicionais durante o de que trata este artigo;
§ 1o  O limite para o pagamen- exercício de 2022. II – criação de cargo, emprego
to de precatórios corresponderá, § 8o  Os pagamentos em vir- ou função que implique aumento
em cada exercício, ao limite pre- tude de sentença judiciária de de despesa;
visto no caput deste artigo, redu- que trata o art. 100 da Constitui- III – alteração de estrutura de
zido da projeção para a despesa ção Federal serão realizados na carreira que implique aumento
com o pagamento de requisições seguinte ordem: de despesa;
de pequeno valor para o mesmo I – obrigações definidas em lei IV – admissão ou contrata-
exercício, que terão prioridade como de pequeno valor, previstas ção de pessoal, a qualquer título,
no pagamento. no § 3o do art. 100 da Constitui- ressalvadas:
§ 2o  Os precatórios que não ção Federal; a)  as reposições de cargos
forem pagos em razão do previs- II – precatórios de natureza de chefia e de direção que não
to neste artigo terão prioridade alimentícia cujos titulares, ori- acarretem aumento de despesa;
para pagamento em exercícios ginários ou por sucessão here- b)  as reposições decorrentes
seguintes, observada a ordem ditária, tenham no mínimo 60 de vacâncias de cargos efetivos
cronológica e o disposto no § 8o (sessenta) anos de idade, ou se- ou vitalícios;
deste artigo. jam portadores de doença gra- c)  as contratações tempo-
§ 3o  É facultado ao credor ve ou pessoas com deficiência, rárias de que trata o inciso IX do
de precatório que não tenha sido assim definidos na forma da lei, caput do art. 37 da Constituição
pago em razão do disposto neste até o valor equivalente ao triplo Federal; e
artigo, além das hipóteses previs- do montante fixado em lei como d)  as reposições de tempo-
tas no § 11 do art. 100 da Consti- obrigação de pequeno valor; rários para prestação de serviço
tuição Federal e sem prejuízo dos III – demais precatórios de militar e de alunos de órgãos de
procedimentos previstos nos §§ 9o natureza alimentícia até o valor formação de militares;
e 21 do referido artigo, optar pelo equivalente ao triplo do montante V – realização de concurso
recebimento, mediante acordos fixado em lei como obrigação de público, exceto para as reposi-
diretos perante Juízos Auxiliares pequeno valor; ções de vacâncias previstas no
de Conciliação de Pagamento IV – demais precatórios de inciso IV;
de Condenações Judiciais con- natureza alimentícia além do va- VI – criação ou majoração de

114
Constituição da República Federativa do Brasil
auxílios, vantagens, bônus, abo- acionadas, fica vedada a con- Regime Fiscal, a aprovação e a
nos, verbas de representação ou cessão da revisão geral prevista execução previstas nos §§ 9o e 11
benefícios de qualquer natureza, no inciso X do caput do art. 37 da do art. 166 da Constituição Federal
inclusive os de cunho indeniza- Constituição Federal. corresponderão ao montante de
tório, em favor de membros de § 4o  As disposições deste execução obrigatória para o exer-
Poder, do Ministério Público ou da artigo: cício de 2023, corrigido na forma
Defensoria Pública, de servidores I – não constituem obrigação estabelecida no inciso II do § 1o do
e empregados públicos e de mi- de pagamento futuro pela União art. 107 deste Ato das Disposições
litares, ou ainda de seus depen- ou direitos de outrem sobre o Constitucionais Transitórias.
dentes, exceto quando derivados erário;
de sentença judicial transitada em II – não revogam, dispensam Art. 112.  As disposições intro-
julgado ou de determinação legal ou suspendem o cumprimento duzidas pelo Novo Regime Fiscal:
anterior ao início da aplicação das de dispositivos constitucionais I – não constituirão obrigação
medidas de que trata este artigo; e legais que disponham sobre de pagamento futuro pela União
VII – criação de despesa obri- metas fiscais ou limites máximos ou direitos de outrem sobre o
gatória; de despesas; e erário; e
VIII – adoção de medida que III – aplicam-se também a II – não revogam, dispensam
implique reajuste de despesa proposições legislativas. ou suspendem o cumprimento
obrigatória acima da variação § 5o  O disposto nos incisos II, de dispositivos constitucionais
da inflação, observada a preser- IV, VII e VIII do caput e no § 2o des- e legais que disponham sobre
vação do poder aquisitivo referida te artigo não se aplica a medidas metas fiscais ou limites máximos
no inciso IV do caput do art. 7o da de combate a calamidade pública de despesas.
Constituição Federal; nacional cuja vigência e efeitos
IX – aumento do valor de be- não ultrapassem a sua duração. Art. 113.  A proposição legisla-
nefícios de cunho indenizatório tiva que crie ou altere despesa
destinados a qualquer membro Art. 110.  Na vigência do Novo obrigatória ou renúncia de re-
de Poder, servidor ou empre- Regime Fiscal, as aplicações mí- ceita deverá ser acompanhada
gado da administração pública nimas em ações e serviços pú- da estimativa do seu impacto
e a seus dependentes, exceto blicos de saúde e em manuten- orçamentário e financeiro.
quando derivado de sentença ção e desenvolvimento do ensino
judicial transitada em julgado ou equivalerão: Art. 114.  A tramitação de pro-
de determinação legal anterior ao I – no exercício de 2017, às posição elencada no caput do
início da aplicação das medidas aplicações mínimas calculadas art. 59 da Constituição Federal,
de que trata este artigo. nos termos do inciso I do § 2o do ressalvada a referida no seu inciso
§ 1o  As vedações previstas art. 198 e do caput do art. 212, da V, quando acarretar aumento de
nos incisos I, III e VI do caput Constituição Federal; e despesa ou renúncia de receita,
deste artigo, quando acionadas II – nos exercícios posterio- será suspensa por até vinte dias,
as vedações para qualquer dos res, aos valores calculados para a requerimento de um quinto dos
órgãos elencados nos incisos II, as aplicações mínimas do exercí- membros da Casa, nos termos
III e IV do caput do art. 107 deste cio imediatamente anterior, corri- regimentais, para análise de sua
Ato das Disposições Constitucio- gidos na forma estabelecida pelo compatibilidade com o Novo Re-
nais Transitórias, aplicam-se ao inciso II do § 1o do art. 107 deste gime Fiscal.
conjunto dos órgãos referidos em Ato das Disposições Constitucio-
cada inciso. nais Transitórias. Art. 115.  Fica excepcionalmente
§ 2o  Caso as vedações de que autorizado o parcelamento das
trata o caput deste artigo sejam Art. 111.  A partir do exercício fi- contribuições previdenciárias e
acionadas para o Poder Executivo, nanceiro de 2018, até o exercício dos demais débitos dos Municí-
ficam vedadas: financeiro de 2022, a aprovação e pios, incluídas suas autarquias e
I – a criação ou expansão de a execução previstas nos §§ 9o e 11 fundações, com os respectivos
programas e linhas de financia- do art. 166 da Constituição Federal regimes próprios de previdên-
mento, bem como a remissão, corresponderão ao montante de cia social, com vencimento até
renegociação ou refinanciamento execução obrigatória para o exer- 31 de outubro de 2021, inclusive
de dívidas que impliquem amplia- cício de 2017, corrigido na forma os parcelados anteriormente, no
ção das despesas com subsídios estabelecida no inciso II do § 1o do prazo máximo de 240 (duzentos
e subvenções; e art. 107 deste Ato das Disposições e quarenta) prestações men-
II – a concessão ou a amplia- Constitucionais Transitórias. sais, mediante autorização em
ção de incentivo ou benefício de lei municipal específica, desde
natureza tributária. Art. 111-A.  A partir do exercício que comprovem ter alterado a
§ 3o  Caso as vedações de que financeiro de 2024, até o último legislação do regime próprio de
trata o caput deste artigo sejam exercício de vigência do Novo previdência social para atendi-

115
Constituição da República Federativa do Brasil
mento das seguintes condições, de obrigações acessórias e os cípios para fins de pagamento das
cumulativamente: parcelados anteriormente, no prestações acordadas nos termos
I – adoção de regras de ele- prazo máximo de 240 (duzentos de parcelamento, observada a
gibilidade, de cálculo e de rea- e quarenta) prestações mensais. seguinte ordem de preferência:
justamento dos benefícios que § 1o  Os Municípios que possu- I – a prestação de garantia ou
contemplem, nos termos pre- am regime próprio de previdência de contragarantia à União ou os
vistos nos incisos I e III do § 1o e social deverão comprovar, para pagamentos de débitos em fa-
nos §§ 3o a 5o, 7o e 8o do art. 40 fins de formalização do parce- vor da União, na forma do § 4o do
da Constituição Federal, regras lamento com o Regime Geral de art. 167 da Constituição Federal;
assemelhadas às aplicáveis aos Previdência Social, de que trata II – as contribuições parcela-
servidores públicos do regime este artigo, terem atendido as das devidas ao Regime Geral de
próprio de previdência social da condições estabelecidas nos inci- Previdência Social;
União e que contribuam efeti- sos I, II, III e IV do caput do art. 115 III – as contribuições parcela-
vamente para o atingimento e a deste Ato das Disposições Cons- das devidas ao respectivo regime
manutenção do equilíbrio finan- titucionais Transitórias. próprio de previdência social.
ceiro e atuarial; § 2o  Os débitos parcelados
II – adequação do rol de bene- terão redução de 40% (quarenta Art. 118.  Os limites, as condi-
fícios ao disposto nos §§ 2o e 3o do por cento) das multas de mora, de ções, as normas de acesso e os
art. 9o da Emenda Constitucional ofício e isoladas, de 80% (oitenta demais requisitos para o atendi-
no 103, de 12 de novembro de 2019; por cento) dos juros de mora, de mento do disposto no parágrafo
III – adequação da alíquota de 40% (quarenta por cento) dos único do art. 6o e no inciso VI do
contribuição devida pelos servi- encargos legais e de 25% (vinte caput do art. 203 da Constituição
dores, nos termos do § 4o do art. 9o e cinco por cento) dos honorários Federal serão determinados, na
da Emenda Constitucional no 103, advocatícios. forma da lei e respectivo regu-
de 12 de novembro de 2019; e § 3o  O valor de cada parcela lamento, até 31 de dezembro de
IV – instituição do regime será acrescido de juros equiva- 2022, dispensada, exclusivamente
de previdência complementar e lentes à taxa referencial do Sis- no exercício de 2022, a observân-
adequação do órgão ou entida- tema Especial de Liquidação e cia das limitações legais quanto à
de gestora do regime próprio de de Custódia (Selic), acumulada criação, à expansão ou ao aperfei-
previdência social, nos termos do mensalmente, calculados a partir çoamento de ação governamental
§ 6o do art. 9o da Emenda Consti- do mês subsequente ao da con- que acarrete aumento de despesa
tucional no 103, de 12 de novem- solidação até o mês anterior ao no referido exercício.
bro de 2019. do pagamento.
Parágrafo único.  Ato do Mi- § 4o  Não constituem débitos Art. 119.  Em decorrência do
nistério do Trabalho e Previdên- dos Municípios aqueles conside- estado de calamidade pública
cia, no âmbito de suas compe- rados prescritos ou atingidos pela provocado pela pandemia da Co-
tências, definirá os critérios para decadência. vid‑19, os Estados, o Distrito Fe-
o parcelamento previsto neste § 5o  A Secretaria Especial deral, os Municípios e os agentes
artigo, inclusive quanto ao cum- da Receita Federal do Brasil e públicos desses entes federados
primento do disposto nos incisos a Procuradoria-Geral da Fazen- não poderão ser responsabiliza-
I, II, III e IV do caput deste artigo, da Nacional, no âmbito de suas dos administrativa, civil ou crimi-
bem como disponibilizará as in- competências, deverão fixar os nalmente pelo descumprimento,
formações aos Municípios sobre o critérios para o parcelamento exclusivamente nos exercícios
montante das dívidas, as formas previsto neste artigo, bem como financeiros de 2020 e 2021, do
de parcelamento, os juros e os disponibilizar as informações aos disposto no caput do art. 212 da
encargos incidentes, de modo a Municípios sobre o montante das Constituição Federal.
possibilitar o acompanhamento dívidas, as formas de parcela- Parágrafo único.  Para efeitos
da evolução desses débitos. mento, os juros e os encargos do disposto no caput deste artigo,
incidentes, de modo a possibilitar o ente deverá complementar na
Art. 116.  Fica excepcionalmente o acompanhamento da evolução aplicação da manutenção e de-
autorizado o parcelamento dos desses débitos. senvolvimento do ensino, até o
débitos decorrentes de contribui- exercício financeiro de 2023, a
ções previdenciárias dos Municí- Art. 117.  A formalização dos par- diferença a menor entre o valor
pios, incluídas suas autarquias e celamentos de que tratam os aplicado, conforme informação
fundações, com o Regime Geral arts. 115 e 116 deste Ato das Dis- registrada no sistema integrado
de Previdência Social, com venci- posições Constitucionais Transi- de planejamento e orçamento, e
mento até 31 de outubro de 2021, tórias deverá ocorrer até 30 de ju- o valor mínimo exigível constitu-
ainda que em fase de execução nho de 2022 e ficará condicionada cionalmente para os exercícios de
fiscal ajuizada, inclusive os de- à autorização de vinculação do 2020 e 2021.
correntes do descumprimento Fundo de Participação dos Muni-

116
Constituição da República Federativa do Brasil
Art. 120.  Fica reconhecido, no referido prazo.
ano de 2022, o estado de emer- Parágrafo único.  Os valores
gência decorrente da elevação referidos no caput deste artigo
extraordinária e imprevisível dos serão tidos por abandonados, nos
preços do petróleo, combustíveis termos do inciso III do caput do
e seus derivados e dos impactos art. 1.275 da Lei no 10.406, de 10
sociais dela decorrentes. de janeiro de 2002 (Código Civil),
Parágrafo único.  Para en- e serão apropriados pelo Tesouro
frentamento ou mitigação dos Nacional como receita primá-
impactos decorrentes do esta- ria para realização de despesas
do de emergência reconhecido, de investimento de que trata o
as medidas implementadas, até § 6o‑B do art. 107, que não serão
os limites de despesas previstos computadas nos limites previstos
em uma única e exclusiva nor- no art. 107, ambos deste Ato das
ma constitucional observarão Disposições Constitucionais Tran-
o seguinte: sitórias, podendo o interessado
I – quanto às despesas: reclamar ressarcimento à União
a)  serão atendidas por meio no prazo de até 5 (cinco) anos do
de crédito extraordinário; encerramento das contas.
b)  não serão consideradas
para fins de apuração da meta de Art. 122.  As transferências fi-
resultado primário estabelecida nanceiras realizadas pelo Fundo
no caput do art. 2o da Lei no 14.194, Nacional de Saúde e pelo Fundo
de 20 de agosto de 2021, e do limi- Nacional de Assistência Social
te estabelecido para as despesas diretamente aos fundos de saú-
primárias, conforme disposto no de e assistência social estadu-
inciso I do caput do art. 107 do Ato ais, municipais e distritais, para
das Disposições Constitucionais enfrentamento da pandemia da
Transitórias; e Covid‑19, poderão ser executadas
c)  ficarão ressalvadas do dis- pelos entes federativos até 31 de
posto no inciso III do caput do dezembro de 2023.
art. 167 da Constituição Federal;
II – a abertura do crédito ex- Brasília, 5 de outubro de 1988.
traordinário para seu atendimen-
to dar-se-á independentemente
da observância dos requisitos
exigidos no §  3o do art.  167 da
Constituição Federal; e
III – a dispensa das limitações
legais, inclusive quanto à neces-
sidade de compensação:
a)  à criação, à expansão ou
ao aperfeiçoamento de ação go-
vernamental que acarrete aumen-
to de despesa; e
b)  à renúncia de receita que
possa ocorrer.

Art. 121.  As contas referentes


aos patrimônios acumulados de
que trata o §  2o do art.  239 da
Constituição Federal cujos re-
cursos não tenham sido recla-
mados por prazo superior a 20
(vinte) anos serão encerradas
após o prazo de 60 (sessenta)
dias da publicação de aviso no
Diário Oficial da União, ressal-
vada reivindicação por eventual
interessado legítimo dentro do

117
Código Civil
ATUALIZADA ATÉ SETEMBRO DE 2022

Atualização e revisão técnica: Coordenação de Edições Técnicas


A norma aqui apresentada não substitui as publicações do Diário Oficial da União.
Sumário

CÓDIGO CIVIL

Lei no 10.406/2002
131 PARTE GERAL
131 LIVRO I – DAS PESSOAS
131 TÍTULO I – DAS PESSOAS NATURAIS
131 CAPÍTULO I – DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE
132 CAPÍTULO II – DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE
132 CAPÍTULO III – DA AUSÊNCIA
132 Seção I – Da Curadoria dos Bens do Ausente
132 Seção II – Da Sucessão Provisória
133 Seção III – Da Sucessão Definitiva
133 TÍTULO II – DAS PESSOAS JURÍDICAS
133 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
135 CAPÍTULO II – DAS ASSOCIAÇÕES
135 CAPÍTULO III – DAS FUNDAÇÕES
136 TÍTULO III – DO DOMICÍLIO
137 LIVRO II – DOS BENS
137 TÍTULO ÚNICO – DAS DIFERENTES CLASSES DE BENS
137 CAPÍTULO I – DOS BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS
137 Seção I – Dos Bens Imóveis
137 Seção II – Dos Bens Móveis
137 Seção III – Dos Bens Fungíveis e Consumíveis
137 Seção IV – Dos Bens Divisíveis
137 Seção V – Dos Bens Singulares e Coletivos
137 CAPÍTULO II – DOS BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS
137 CAPÍTULO III – DOS BENS PÚBLICOS
138 LIVRO III – DOS FATOS JURÍDICOS
138 TÍTULO I – DO NEGÓCIO JURÍDICO
138 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
138 CAPÍTULO II – DA REPRESENTAÇÃO
139 CAPÍTULO III – DA CONDIÇÃO, DO TERMO E DO ENCARGO
140 CAPÍTULO IV – DOS DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
140 Seção I – Do Erro ou Ignorância
140 Seção II – Do Dolo
140 Seção III – Da Coação
140 Seção IV – Do Estado de Perigo
140 Seção V – Da Lesão
141 Seção VI – Da Fraude contra Credores
141 CAPÍTULO V – DA INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO
142 TÍTULO II – DOS ATOS JURÍDICOS LÍCITOS
142 TÍTULO III – DOS ATOS ILÍCITOS
142 TÍTULO IV – DA PRESCRIÇÃO E DA DECADÊNCIA
142 CAPÍTULO I – DA PRESCRIÇÃO
142 Seção I – Disposições Gerais
143 Seção II – Das Causas que Impedem ou Suspendem a Prescrição
143 Seção III – Das Causas que Interrompem a Prescrição
143 Seção IV – Dos Prazos da Prescrição
144 CAPÍTULO II – DA DECADÊNCIA
144 TÍTULO V – DA PROVA
145 PARTE ESPECIAL
145 LIVRO I – DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
145 TÍTULO I – DAS MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES
145 CAPÍTULO I – DAS OBRIGAÇÕES DE DAR
145 Seção I – Das Obrigações de Dar Coisa Certa
146 Seção II – Das Obrigações de Dar Coisa Incerta
146 CAPÍTULO II – DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER
146 CAPÍTULO III – DAS OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER
146 CAPÍTULO IV – DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS
147 CAPÍTULO V – DAS OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS
147 CAPÍTULO VI – DAS OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS
147 Seção I – Disposições Gerais
147 Seção II – Da Solidariedade Ativa
147 Seção III – Da Solidariedade Passiva
148 TÍTULO II – DA TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES
148 CAPÍTULO I – DA CESSÃO DE CRÉDITO
148 CAPÍTULO II – DA ASSUNÇÃO DE DÍVIDA
149 TÍTULO III – DO ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
149 CAPÍTULO I – DO PAGAMENTO
149 Seção I – De Quem Deve Pagar
149 Seção II – Daqueles a Quem Se Deve Pagar
149 Seção III – Do Objeto do Pagamento e Sua Prova
150 Seção IV – Do Lugar do Pagamento
150 Seção V – Do Tempo do Pagamento
150 CAPÍTULO II – DO PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO
151 CAPÍTULO III – DO PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO
151 CAPÍTULO IV – DA IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO
151 CAPÍTULO V – DA DAÇÃO EM PAGAMENTO
151 CAPÍTULO VI – DA NOVAÇÃO
152 CAPÍTULO VII – DA COMPENSAÇÃO
152 CAPÍTULO VIII – DA CONFUSÃO
152 CAPÍTULO IX – DA REMISSÃO DAS DÍVIDAS
153 TÍTULO IV – DO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES
153 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
153 CAPÍTULO II – DA MORA
153 CAPÍTULO III – DAS PERDAS E DANOS
153 CAPÍTULO IV – DOS JUROS LEGAIS
154 CAPÍTULO V – DA CLÁUSULA PENAL
154 CAPÍTULO VI – DAS ARRAS OU SINAL
154 TÍTULO V – DOS CONTRATOS EM GERAL
154 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
154 Seção I – Preliminares
155 Seção II – Da Formação dos Contratos
155 Seção III – Da Estipulação em Favor de Terceiro
155 Seção IV – Da Promessa de Fato de Terceiro
155 Seção V – Dos Vícios Redibitórios
156 Seção VI – Da Evicção
156 Seção VII – Dos Contratos Aleatórios
156 Seção VIII – Do Contrato Preliminar
157 Seção IX – Do Contrato com Pessoa a Declarar
157 CAPÍTULO II – DA EXTINÇÃO DO CONTRATO
157 Seção I – Do Distrato
157 Seção II – Da Cláusula Resolutiva
157 Seção III – Da Exceção de Contrato Não Cumprido
157 Seção IV – Da Resolução por Onerosidade Excessiva
158 TÍTULO VI – DAS VÁRIAS ESPÉCIES DE CONTRATO
158 CAPÍTULO I – DA COMPRA E VENDA
158 Seção I – Disposições Gerais
159 Seção II – Das Cláusulas Especiais à Compra e Venda
159 Subseção I – Da Retrovenda
159 Subseção II – Da Venda a Contento e da Sujeita a Prova
159 Subseção III – Da Preempção ou Preferência
160 Subseção IV – Da Venda com Reserva de Domínio
160 Subseção V – Da Venda sobre Documentos
160 CAPÍTULO II – DA TROCA OU PERMUTA
161 CAPÍTULO III – DO CONTRATO ESTIMATÓRIO
161 CAPÍTULO IV – DA DOAÇÃO
161 Seção I – Disposições Gerais
161 Seção II – Da Revogação da Doação
162 CAPÍTULO V – DA LOCAÇÃO DE COISAS
163 CAPÍTULO VI – DO EMPRÉSTIMO
163 Seção I – Do Comodato
163 Seção II – Do Mútuo
163 CAPÍTULO VII – DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
164 CAPÍTULO VIII – DA EMPREITADA
165 CAPÍTULO IX – DO DEPÓSITO
165 Seção I – Do Depósito Voluntário
166 Seção II – Do Depósito Necessário
167 CAPÍTULO X – DO MANDATO
167 Seção I – Disposições Gerais
167 Seção II – Das Obrigações do Mandatário
168 Seção III – Das Obrigações do Mandante
168 Seção IV – Da Extinção do Mandato
169 Seção V – Do Mandato Judicial
169 CAPÍTULO XI – DA COMISSÃO
170 CAPÍTULO XII – DA AGÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO
170 CAPÍTULO XIII – DA CORRETAGEM
171 CAPÍTULO XIV – DO TRANSPORTE
171 Seção I – Disposições Gerais
171 Seção II – Do Transporte de Pessoas
172 Seção III – Do Transporte de Coisas
173 CAPÍTULO XV – DO SEGURO
173 Seção I – Disposições Gerais
174 Seção II – Do Seguro de Dano
174 Seção III – Do Seguro de Pessoa
175 CAPÍTULO XVI – DA CONSTITUIÇÃO DE RENDA
176 CAPÍTULO XVII – DO JOGO E DA APOSTA
176 CAPÍTULO XVIII – DA FIANÇA
176 Seção I – Disposições Gerais
176 Seção II – Dos Efeitos da Fiança
177 Seção III – Da Extinção da Fiança
177 CAPÍTULO XIX – DA TRANSAÇÃO
177 CAPÍTULO XX – DO COMPROMISSO
178 TÍTULO VII – DOS ATOS UNILATERAIS
178 CAPÍTULO I – DA PROMESSA DE RECOMPENSA
178 CAPÍTULO II – DA GESTÃO DE NEGÓCIOS
179 CAPÍTULO III – DO PAGAMENTO INDEVIDO
179 CAPÍTULO IV – DO ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA
179 TÍTULO VIII – DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
179 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
180 CAPÍTULO II – DO TÍTULO AO PORTADOR
181 CAPÍTULO III – DO TÍTULO À ORDEM
181 CAPÍTULO IV – DO TÍTULO NOMINATIVO
182 TÍTULO IX – DA RESPONSABILIDADE CIVIL
182 CAPÍTULO I – DA OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR
183 CAPÍTULO II – DA INDENIZAÇÃO
183 TÍTULO X – DAS PREFERÊNCIAS E PRIVILÉGIOS CREDITÓRIOS
184 LIVRO II – DO DIREITO DE EMPRESA
184 TÍTULO I – DO EMPRESÁRIO
184 CAPÍTULO I – DA CARACTERIZAÇÃO E DA INSCRIÇÃO
185 CAPÍTULO II – DA CAPACIDADE
185 TÍTULO I-A – DA EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA
186 TÍTULO II – DA SOCIEDADE
186 CAPÍTULO ÚNICO – DISPOSIÇÕES GERAIS
186 SUBTÍTULO I – DA SOCIEDADE NÃO PERSONIFICADA
186 CAPÍTULO I – DA SOCIEDADE EM COMUM
186 CAPÍTULO II – DA SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO
187 SUBTÍTULO II – DA SOCIEDADE PERSONIFICADA
187 CAPÍTULO I – DA SOCIEDADE SIMPLES
187 Seção I – Do Contrato Social
187 Seção II – Dos Direitos e Obrigações dos Sócios
188 Seção III – Da Administração
189 Seção IV – Das Relações com Terceiros
189 Seção V – Da Resolução da Sociedade em Relação a um Sócio
189 Seção VI – Da Dissolução
190 CAPÍTULO II – DA SOCIEDADE EM NOME COLETIVO
190 CAPÍTULO III – DA SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES
191 CAPÍTULO IV – DA SOCIEDADE LIMITADA
191 Seção I – Disposições Preliminares
191 Seção II – Das Quotas
191 Seção III – Da Administração
192 Seção IV – Do Conselho Fiscal
192 Seção V – Das Deliberações dos Sócios
193 Seção VI – Do Aumento e da Redução do Capital
194 Seção VII – Da Resolução da Sociedade em Relação a Sócios Minoritários
194 Seção VIII – Da Dissolução
194 CAPÍTULO V – DA SOCIEDADE ANÔNIMA
194 Seção Única – Da Caracterização
194 CAPÍTULO VI – DA SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES
194 CAPÍTULO VII – DA SOCIEDADE COOPERATIVA
195 CAPÍTULO VIII – DAS SOCIEDADES COLIGADAS
195 CAPÍTULO IX – DA LIQUIDAÇÃO DA SOCIEDADE
196 CAPÍTULO X – DA TRANSFORMAÇÃO, DA INCORPORAÇÃO, DA FUSÃO E DA CISÃO DAS
SOCIEDADES
197 CAPÍTULO XI – DA SOCIEDADE DEPENDENTE DE AUTORIZAÇÃO
197 Seção I – Disposições Gerais
197 Seção II – Da Sociedade Nacional
197 Seção III – Da Sociedade Estrangeira
198 TÍTULO III – DO ESTABELECIMENTO
198 CAPÍTULO ÚNICO – DISPOSIÇÕES GERAIS
199 TÍTULO IV – DOS INSTITUTOS COMPLEMENTARES
199 CAPÍTULO I – DO REGISTRO
199 CAPÍTULO II – DO NOME EMPRESARIAL
200 CAPÍTULO III – DOS PREPOSTOS
200 Seção I – Disposições Gerais
200 Seção II – Do Gerente
201 Seção III – Do Contabilista e Outros Auxiliares
201 CAPÍTULO IV – DA ESCRITURAÇÃO
202 LIVRO III – DO DIREITO DAS COISAS
202 TÍTULO I – DA POSSE
202 CAPÍTULO I – DA POSSE E SUA CLASSIFICAÇÃO
203 CAPÍTULO II – DA AQUISIÇÃO DA POSSE
203 CAPÍTULO III – DOS EFEITOS DA POSSE
204 CAPÍTULO IV – DA PERDA DA POSSE
204 TÍTULO II – DOS DIREITOS REAIS
204 CAPÍTULO ÚNICO – DISPOSIÇÕES GERAIS
204 TÍTULO III – DA PROPRIEDADE
204 CAPÍTULO I – DA PROPRIEDADE EM GERAL
204 Seção I – Disposições Preliminares
204 Seção II – Da Descoberta
205 CAPÍTULO II – DA AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
205 Seção I – Da Usucapião
205 Seção II – Da Aquisição pelo Registro do Título
206 Seção III – Da Aquisição por Acessão
206 Subseção I – Das Ilhas
206 Subseção II – Da Aluvião
206 Subseção III – Da Avulsão
206 Subseção IV – Do Álveo Abandonado
206 Subseção V – Das Construções e Plantações
207 CAPÍTULO III – DA AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL
207 Seção I – Da Usucapião
207 Seção II – Da Ocupação
207 Seção III – Do Achado do Tesouro
207 Seção IV – Da Tradição
207 Seção V – Da Especificação
207 Seção VI – Da Confusão, da Comissão e da Adjunção
208 CAPÍTULO IV – DA PERDA DA PROPRIEDADE
208 CAPÍTULO V – DOS DIREITOS DE VIZINHANÇA
208 Seção I – Do Uso Anormal da Propriedade
208 Seção II – Das Árvores Limítrofes
208 Seção III – Da Passagem Forçada
208 Seção IV – Da Passagem de Cabos e Tubulações
209 Seção V – Das Águas
209 Seção VI – Dos Limites entre Prédios e do Direito de Tapagem
210 Seção VII – Do Direito de Construir
211 CAPÍTULO VI – DO CONDOMÍNIO GERAL
211 Seção I – Do Condomínio Voluntário
211 Subseção I – Dos Direitos e Deveres dos Condôminos
211 Subseção II – Da Administração do Condomínio
211 Seção II – Do Condomínio Necessário
212 CAPÍTULO VII – DO CONDOMÍNIO EDILÍCIO
212 Seção I – Disposições Gerais
213 Seção II – Da Administração do Condomínio
215 Seção III – Da Extinção do Condomínio
215 Seção IV – Do Condomínio de Lotes
215 CAPÍTULO VII-A – DO CONDOMÍNIO EM MULTIPROPRIEDADE
215 Seção I – Disposições Gerais
215 Seção II – Da Instituição da Multipropriedade
216 Seção III – Dos Direitos e das Obrigações do Multiproprietário
216 Seção IV – Da Transferência da Multipropriedade
217 Seção V – Da Administração da Multipropriedade
217 Seção VI – Disposições Específicas Relativas às Unidades Autônomas de Condomínios
Edilícios
218 CAPÍTULO VIII – DA PROPRIEDADE RESOLÚVEL
219 CAPÍTULO IX – DA PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA
219 CAPÍTULO X – DO FUNDO DE INVESTIMENTO
220 TÍTULO IV – DA SUPERFÍCIE
220 TÍTULO V – DAS SERVIDÕES
220 CAPÍTULO I – DA CONSTITUIÇÃO DAS SERVIDÕES
220 CAPÍTULO II – DO EXERCÍCIO DAS SERVIDÕES
221 CAPÍTULO III – DA EXTINÇÃO DAS SERVIDÕES
221 TÍTULO VI – DO USUFRUTO
221 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
221 CAPÍTULO II – DOS DIREITOS DO USUFRUTUÁRIO
222 CAPÍTULO III – DOS DEVERES DO USUFRUTUÁRIO
222 CAPÍTULO IV – DA EXTINÇÃO DO USUFRUTO
223 TÍTULO VII – DO USO
223 TÍTULO VIII – DA HABITAÇÃO
223 TÍTULO IX – DO DIREITO DO PROMITENTE COMPRADOR
223 TÍTULO X – DO PENHOR, DA HIPOTECA E DA ANTICRESE
223 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
224 CAPÍTULO II – DO PENHOR
224 Seção I – Da Constituição do Penhor
224 Seção II – Dos Direitos do Credor Pignoratício
224 Seção III – Das Obrigações do Credor Pignoratício
224 Seção IV – Da Extinção do Penhor
225 Seção V – Do Penhor Rural
225 Subseção I – Disposições Gerais
225 Subseção II – Do Penhor Agrícola
225 Subseção III – Do Penhor Pecuário
225 Seção VI – Do Penhor Industrial e Mercantil
226 Seção VII – Do Penhor de Direitos e Títulos de Crédito
226 Seção VIII – Do Penhor de Veículos
226 Seção IX – Do Penhor Legal
227 CAPÍTULO III – DA HIPOTECA
227 Seção I – Disposições Gerais
228 Seção II – Da Hipoteca Legal
228 Seção III – Do Registro da Hipoteca
229 Seção IV – Da Extinção da Hipoteca
229 Seção V – Da Hipoteca de Vias Férreas
229 CAPÍTULO IV – DA ANTICRESE
229 TÍTULO XI – DA LAJE
230 LIVRO IV – DO DIREITO DE FAMÍLIA
230 TÍTULO I – DO DIREITO PESSOAL
230 SUBTÍTULO I – DO CASAMENTO
230 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
231 CAPÍTULO II – DA CAPACIDADE PARA O CASAMENTO
231 CAPÍTULO III – DOS IMPEDIMENTOS
231 CAPÍTULO IV – DAS CAUSAS SUSPENSIVAS
231 CAPÍTULO V – DO PROCESSO DE HABILITAÇÃO PARA O CASAMENTO
232 CAPÍTULO VI – DA CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO
233 CAPÍTULO VII – DAS PROVAS DO CASAMENTO
233 CAPÍTULO VIII – DA INVALIDADE DO CASAMENTO
234 CAPÍTULO IX – DA EFICÁCIA DO CASAMENTO
235 CAPÍTULO X – DA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE E DO VÍNCULO CONJUGAL
236 CAPÍTULO XI – DA PROTEÇÃO DA PESSOA DOS FILHOS
237 SUBTÍTULO II – DAS RELAÇÕES DE PARENTESCO
237 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
237 CAPÍTULO II – DA FILIAÇÃO
238 CAPÍTULO III – DO RECONHECIMENTO DOS FILHOS
238 CAPÍTULO IV – DA ADOÇÃO
238 CAPÍTULO V – DO PODER FAMILIAR
238 Seção I – Disposições Gerais
238 Seção II – Do Exercício do Poder Familiar
239 Seção III – Da Suspensão e Extinção do Poder Familiar
239 TÍTULO II – DO DIREITO PATRIMONIAL
239 SUBTÍTULO I – DO REGIME DE BENS ENTRE OS CÔNJUGES
239 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
240 CAPÍTULO II – DO PACTO ANTENUPCIAL
240 CAPÍTULO III – DO REGIME DE COMUNHÃO PARCIAL
241 CAPÍTULO IV – DO REGIME DE COMUNHÃO UNIVERSAL
241 CAPÍTULO V – DO REGIME DE PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS
242 CAPÍTULO VI – DO REGIME DE SEPARAÇÃO DE BENS
242 SUBTÍTULO II – DO USUFRUTO E DA ADMINISTRAÇÃO DOS BENS DE FILHOS MENORES
243 SUBTÍTULO III – DOS ALIMENTOS
243 SUBTÍTULO IV – DO BEM DE FAMÍLIA
244 TÍTULO III – DA UNIÃO ESTÁVEL
245 TÍTULO IV – DA TUTELA, DA CURATELA E DA TOMADA DE DECISÃO APOIADA
245 CAPÍTULO I – DA TUTELA
245 Seção I – Dos Tutores
245 Seção II – Dos Incapazes de Exercer a Tutela
245 Seção III – Da Escusa dos Tutores
245 Seção IV – Do Exercício da Tutela
246 Seção V – Dos Bens do Tutelado
247 Seção VI – Da Prestação de Contas
247 Seção VII – Da Cessação da Tutela
247 CAPÍTULO II – DA CURATELA
247 Seção I – Dos Interditos
248 Seção II – Da Curatela do Nascituro e do Enfermo ou Portador de Deficiência Física
248 Seção III – Do Exercício da Curatela
248 CAPÍTULO III – DA TOMADA DE DECISÃO APOIADA
248 LIVRO V – DO DIREITO DAS SUCESSÕES
248 TÍTULO I – DA SUCESSÃO EM GERAL
248 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
249 CAPÍTULO II – DA HERANÇA E DE SUA ADMINISTRAÇÃO
249 CAPÍTULO III – DA VOCAÇÃO HEREDITÁRIA
250 CAPÍTULO IV – DA ACEITAÇÃO E RENÚNCIA DA HERANÇA
250 CAPÍTULO V – DOS EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO
251 CAPÍTULO VI – DA HERANÇA JACENTE
251 CAPÍTULO VII – DA PETIÇÃO DE HERANÇA
251 TÍTULO II – DA SUCESSÃO LEGÍTIMA
251 CAPÍTULO I – DA ORDEM DA VOCAÇÃO HEREDITÁRIA
252 CAPÍTULO II – DOS HERDEIROS NECESSÁRIOS
252 CAPÍTULO III – DO DIREITO DE REPRESENTAÇÃO
252 TÍTULO III – DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
252 CAPÍTULO I – DO TESTAMENTO EM GERAL
253 CAPÍTULO II – DA CAPACIDADE DE TESTAR
253 CAPÍTULO III – DAS FORMAS ORDINÁRIAS DO TESTAMENTO
253 Seção I – Disposições Gerais
253 Seção II – Do Testamento Público
253 Seção III – Do Testamento Cerrado
254 Seção IV – Do Testamento Particular
254 CAPÍTULO IV – DOS CODICILOS
254 CAPÍTULO V – DOS TESTAMENTOS ESPECIAIS
254 Seção I – Disposições Gerais
254 Seção II – Do Testamento Marítimo e do Testamento Aeronáutico
254 Seção III – Do Testamento Militar
255 CAPÍTULO VI – DAS DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS
256 CAPÍTULO VII – DOS LEGADOS
256 Seção I – Disposições Gerais
256 Seção II – Dos Efeitos do Legado e do Seu Pagamento
257 Seção III – Da Caducidade dos Legados
257 CAPÍTULO VIII – DO DIREITO DE ACRESCER ENTRE HERDEIROS E LEGATÁRIOS
258 CAPÍTULO IX – DAS SUBSTITUIÇÕES
258 Seção I – Da Substituição Vulgar e da Recíproca
258 Seção II – Da Substituição Fideicomissária
258 CAPÍTULO X – DA DESERDAÇÃO
258 CAPÍTULO XI – DA REDUÇÃO DAS DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS
259 CAPÍTULO XII – DA REVOGAÇÃO DO TESTAMENTO
259 CAPÍTULO XIII – DO ROMPIMENTO DO TESTAMENTO
259 CAPÍTULO XIV – DO TESTAMENTEIRO
260 TÍTULO IV – DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA
260 CAPÍTULO I – DO INVENTÁRIO
260 CAPÍTULO II – DOS SONEGADOS
260 CAPÍTULO III – DO PAGAMENTO DAS DÍVIDAS
261 CAPÍTULO IV – DA COLAÇÃO
261 CAPÍTULO V – DA PARTILHA
262 CAPÍTULO VI – DA GARANTIA DOS QUINHÕES HEREDITÁRIOS
262 CAPÍTULO VII – DA ANULAÇÃO DA PARTILHA
262 LIVRO COMPLEMENTAR – DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Código Civil

Lei no 10.406/2002

Institui o Código Civil. III – aqueles que, por causa vável a morte de quem estava em
transitória ou permanente, não perigo de vida;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA puderem exprimir sua vontade; II – se alguém, desaparecido
IV – os pródigos. em campanha ou feito prisioneiro,
Faço saber que o Congresso Na- Parágrafo único.  A capacida- não for encontrado até dois anos
cional decreta e eu sanciono a de dos indígenas será regulada após o término da guerra.
seguinte Lei: por legislação especial. Parágrafo único.  A declara-
ção da morte presumida, nesses
Art. 5o  A menoridade cessa aos casos, somente poderá ser re-
PARTE GERAL dezoito anos completos, quando querida depois de esgotadas as
LIVRO I – DAS PESSOAS a pessoa fica habilitada à prática buscas e averiguações, devendo
de todos os atos da vida civil. a sentença fixar a data provável
TÍTULO I – DAS PESSOAS Parágrafo único. Cessará, do falecimento.
NATURAIS para os menores, a incapacidade:
I – pela concessão dos pais, Art. 8o  Se dois ou mais indivídu-
CAPÍTULO I – DA ou de um deles na falta do outro, os falecerem na mesma ocasião,
PERSONALIDADE E DA mediante instrumento público, não se podendo averiguar se al-
independentemente de homo- gum dos comorientes precedeu
CAPACIDADE logação judicial, ou por sentença aos outros, presumir-se-ão si-
do juiz, ouvido o tutor, se o menor multaneamente mortos.
Art. 1o  Toda pessoa é capaz de tiver dezesseis anos completos;
direitos e deveres na ordem civil. II – pelo casamento; Art. 9o  Serão registrados em
III – pelo exercício de emprego registro público:
Art. 2o  A personalidade civil da público efetivo; I – os nascimentos, casamen-
pessoa começa do nascimento IV – pela colação de grau em tos e óbitos;
com vida; mas a lei põe a salvo, curso de ensino superior; II – a emancipação por ou-
desde a concepção, os direitos V – pelo estabelecimento civil torga dos pais ou por sentença
do nascituro. ou comercial, ou pela existência do juiz;
de relação de emprego, desde III – a interdição por incapaci-
Art. 3o  São absolutamente inca- que, em função deles, o menor dade absoluta ou relativa;
pazes de exercer pessoalmente com dezesseis anos completos IV – a sentença declaratória
os atos da vida civil os menores tenha economia própria. de ausência e de morte presu-
de 16 (dezesseis) anos. mida.
I – (Revogado); Art. 6o  A existência da pessoa
II – (Revogado); natural termina com a morte; Art. 10.  Far-se-á averbação em
III – (Revogado). presume-se esta, quanto aos au- registro público:
sentes, nos casos em que a lei I – das sentenças que decre-
Art. 4o  São incapazes, relativa- autoriza a abertura de sucessão tarem a nulidade ou anulação do
mente a certos atos ou à maneira definitiva. casamento, o divórcio, a separa-
de os exercer: ção judicial e o restabelecimento
I – os maiores de dezesseis e Art. 7o  Pode ser declarada a da sociedade conjugal;
menores de dezoito anos; morte presumida, sem decreta- II – dos atos judiciais ou ex-
II – os ébrios habituais e os ção de ausência: trajudiciais que declararem ou
viciados em tóxico; I – se for extremamente pro- reconhecerem a filiação;

131
Código Civil
III – (Revogado). público, ainda quando não haja tário que não queira ou não possa
intenção difamatória. exercer ou continuar o mandato,
ou se os seus poderes forem in-
CAPÍTULO II – Art. 18.  Sem autorização, não suficientes.
DOS DIREITOS DA se pode usar o nome alheio em
PERSONALIDADE propaganda comercial. Art. 24.  O juiz, que nomear o
curador, fixar-lhe-á os poderes e
Art. 11.  Com exceção dos ca- Art. 19.  O pseudônimo adota- obrigações, conforme as circuns-
sos previstos em lei, os direitos do para atividades lícitas goza tâncias, observando, no que for
da personalidade são intrans- da proteção que se dá ao nome. aplicável, o disposto a respeito
missíveis e irrenunciáveis, não dos tutores e curadores.
podendo o seu exercício sofrer Art. 20.  Salvo se autorizadas, ou
limitação voluntária. se necessárias à administração Art. 25.  O cônjuge do ausente,
da justiça ou à manutenção da sempre que não esteja separado
Art. 12.  Pode-se exigir que cesse ordem pública, a divulgação de judicialmente, ou de fato por mais
a ameaça, ou a lesão, a direito da escritos, a transmissão da pala- de dois anos antes da declaração
personalidade, e reclamar perdas vra, ou a publicação, a exposição da ausência, será o seu legítimo
e danos, sem prejuízo de outras ou a utilização da imagem de uma curador.
sanções previstas em lei. pessoa poderão ser proibidas, a § 1o  Em falta do cônjuge, a
Parágrafo único.  Em se tra- seu requerimento e sem prejuízo curadoria dos bens do ausente
tando de morto, terá legitimação da indenização que couber, se lhe incumbe aos pais ou aos descen-
para requerer a medida prevista atingirem a honra, a boa fama ou dentes, nesta ordem, não haven-
neste artigo o cônjuge sobrevi- a respeitabilidade, ou se se desti- do impedimento que os iniba de
vente, ou qualquer parente em narem a fins comerciais.1 exercer o cargo.
linha reta, ou colateral até o quar- Parágrafo único.  Em se tra- § 2o  Entre os descendentes,
to grau. tando de morto ou de ausente, os mais próximos precedem os
são partes legítimas para reque- mais remotos.
Art. 13.  Salvo por exigência mé- rer essa proteção o cônjuge, os § 3o  Na falta das pessoas
dica, é defeso o ato de disposição ascendentes ou os descendentes. mencionadas, compete ao juiz
do próprio corpo, quando impor- a escolha do curador.
tar diminuição permanente da Art. 21.  A vida privada da pessoa
integridade física, ou contrariar natural é inviolável, e o juiz, a re-
os bons costumes. querimento do interessado, ado-
Seção II – Da Sucessão
Parágrafo único.  O ato pre- tará as providências necessárias Provisória
visto neste artigo será admitido para impedir ou fazer cessar ato
para fins de transplante, na for- contrário a esta norma.2 Art. 26.  Decorrido um ano da
ma estabelecida em lei especial. arrecadação dos bens do ausente,
ou, se ele deixou representante
Art. 14.  É válida, com objetivo CAPÍTULO III – DA ou procurador, em se passando
científico, ou altruístico, a dispo- AUSÊNCIA três anos, poderão os interessa-
sição gratuita do próprio corpo, dos requerer que se declare a au-
Seção I – Da Curadoria dos
no todo ou em parte, para depois sência e se abra provisoriamente
da morte. Bens do Ausente a sucessão.
Parágrafo único.  O ato de
disposição pode ser livremente Art. 22.  Desaparecendo uma Art. 27.  Para o efeito previsto
revogado a qualquer tempo. pessoa do seu domicílio sem dela no artigo anterior, somente se
haver notícia, se não houver dei- consideram interessados:
Art. 15.  Ninguém pode ser cons- xado representante ou procura- I – o cônjuge não separado
trangido a submeter-se, com ris- dor a quem caiba administrar-lhe judicialmente;
co de vida, a tratamento médico os bens, o juiz, a requerimento II – os herdeiros presumidos,
ou a intervenção cirúrgica. de qualquer interessado ou do legítimos ou testamentários;
Ministério Público, declarará a au- III – os que tiverem sobre os
Art. 16.  Toda pessoa tem direito sência, e nomear-lhe-á curador. bens do ausente direito depen-
ao nome, nele compreendidos o dente de sua morte;
prenome e o sobrenome. Art. 23.  Também se declarará a IV – os credores de obriga-
ausência, e se nomeará curador, ções vencidas e não pagas.
Art. 17.  O nome da pessoa não quando o ausente deixar manda-
pode ser empregado por outrem Art. 28.  A sentença que determi-
em publicações ou representa-   Nota do Editor (NE): ver ADI no 4.815.
1
nar a abertura da sucessão provi-
ções que a exponham ao desprezo 2
  NE: ver ADI no 4.815. sória só produzirá efeito cento e

132
Código Civil
oitenta dias depois de publicada mente o ausente, de modo que Art. 38.  Pode-se requerer a su-
pela imprensa; mas, logo que contra eles correrão as ações cessão definitiva, também, pro-
passe em julgado, proceder-se- pendentes e as que de futuro vando-se que o ausente conta
-á à abertura do testamento, se àquele forem movidas. oitenta anos de idade, e que de
houver, e ao inventário e partilha cinco datam as últimas notícias
dos bens, como se o ausente fos- Art. 33.  O descendente, ascen- dele.
se falecido. dente ou cônjuge que for sucessor
§ 1o  Findo o prazo a que se provisório do ausente, fará seus Art. 39.  Regressando o ausente
refere o art. 26, e não havendo in- todos os frutos e rendimentos nos dez anos seguintes à aber-
teressados na sucessão provisó- dos bens que a este couberem; tura da sucessão definitiva, ou
ria, cumpre ao Ministério Público os outros sucessores, porém, de- algum de seus descendentes ou
requerê-la ao juízo competente. verão capitalizar metade desses ascendentes, aquele ou estes
§ 2o  Não comparecendo her- frutos e rendimentos, segundo haverão só os bens existentes
deiro ou interessado para reque- o disposto no art. 29, de acordo no estado em que se acharem,
rer o inventário até trinta dias com o representante do Ministé- os sub-rogados em seu lugar,
depois de passar em julgado a rio Público, e prestar anualmente ou o preço que os herdeiros e
sentença que mandar abrir a su- contas ao juiz competente. demais interessados houverem
cessão provisória, proceder-se-á Parágrafo único.  Se o ausen- recebido pelos bens alienados
à arrecadação dos bens do au- te aparecer, e ficar provado que depois daquele tempo.
sente pela forma estabelecida a ausência foi voluntária e injus- Parágrafo único.  Se, nos dez
nos arts. 1.819 a 1.823. tificada, perderá ele, em favor do anos a que se refere este artigo, o
sucessor, sua parte nos frutos e ausente não regressar, e nenhum
Art. 29.  Antes da partilha, o juiz, rendimentos. interessado promover a sucessão
quando julgar conveniente, orde- definitiva, os bens arrecadados
nará a conversão dos bens mó- Art. 34.  O excluído, segundo o passarão ao domínio do Muni-
veis, sujeitos a deterioração ou a art. 30, da posse provisória po- cípio ou do Distrito Federal, se
extravio, em imóveis ou em títulos derá, justificando falta de meios, localizados nas respectivas cir-
garantidos pela União. requerer lhe seja entregue meta- cunscrições, incorporando-se ao
de dos rendimentos do quinhão domínio da União, quando situa-
Art. 30.  Os herdeiros, para se que lhe tocaria. dos em território federal.
imitirem na posse dos bens do
ausente, darão garantias da resti- Art. 35.  Se durante a posse pro-
tuição deles, mediante penhores visória se provar a época exata do TÍTULO II – DAS PESSOAS
ou hipotecas equivalentes aos falecimento do ausente, consi- JURÍDICAS
quinhões respectivos. derar-se-á, nessa data, aberta a
§ 1o  Aquele que tiver direito à sucessão em favor dos herdeiros, CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
posse provisória, mas não puder que o eram àquele tempo. GERAIS
prestar a garantia exigida neste
artigo, será excluído, mantendo- Art. 36.  Se o ausente apare- Art. 40.  As pessoas jurídicas
-se os bens que lhe deviam caber cer, ou se lhe provar a existência, são de direito público, interno
sob a administração do curador, depois de estabelecida a posse ou externo, e de direito privado.
ou de outro herdeiro designa- provisória, cessarão para logo as
do pelo juiz, e que preste essa vantagens dos sucessores nela Art. 41.  São pessoas jurídicas de
garantia. imitidos, ficando, todavia, obri- direito público interno:
§ 2o  Os ascendentes, os des- gados a tomar as medidas asse- I – a União;
cendentes e o cônjuge, uma vez curatórias precisas, até a entrega II – os Estados, o Distrito Fe-
provada a sua qualidade de her- dos bens a seu dono. deral e os Territórios;
deiros, poderão, independente- III – os Municípios;
mente de garantia, entrar na pos- IV – as autarquias, inclusive
se dos bens do ausente.
Seção III – Da Sucessão as associações públicas;
Definitiva V – as demais entidades de
Art. 31.  Os imóveis do ausente caráter público criadas por lei.
só se poderão alienar, não sendo Art. 37.  Dez anos depois de pas- Parágrafo único.  Salvo dis-
por desapropriação, ou hipotecar, sada em julgado a sentença que posição em contrário, as pessoas
quando o ordene o juiz, para lhes concede a abertura da sucessão jurídicas de direito público, a que
evitar a ruína. provisória, poderão os interessa- se tenha dado estrutura de direito
dos requerer a sucessão definitiva privado, regem-se, no que couber,
Art. 32.  Empossados nos bens, e o levantamento das cauções quanto ao seu funcionamento,
os sucessores provisórios ficarão prestadas. pelas normas deste Código.
representando ativa e passiva-

133
Código Civil
Art. 42.  São pessoas jurídicas de Art. 46.  O registro declarará: ministradores.
direito público externo os Estados I – a denominação, os fins, Parágrafo único.  A autono-
estrangeiros e todas as pessoas a sede, o tempo de duração e mia patrimonial das pessoas ju-
que forem regidas pelo direito o fundo social, quando houver; rídicas é um instrumento lícito de
internacional público. II – o nome e a individualiza- alocação e segregação de riscos,
ção dos fundadores ou institui- estabelecido pela lei com a fina-
Art. 43.  As pessoas jurídicas de dores, e dos diretores; lidade de estimular empreendi-
direito público interno são civil- III – o modo por que se ad- mentos, para a geração de em-
mente responsáveis por atos dos ministra e representa, ativa e pregos, tributo, renda e inovação
seus agentes que nessa qualidade passivamente, judicial e extra- em benefício de todos.
causem danos a terceiros, ressal- judicialmente;
vado direito regressivo contra os IV – se o ato constitutivo é Art. 50.  Em caso de abuso da
causadores do dano, se houver, reformável no tocante à admi- personalidade jurídica, caracteri-
por parte destes, culpa ou dolo. nistração, e de que modo; zado pelo desvio de finalidade ou
V – se os membros respon- pela confusão patrimonial, pode
Art. 44.  São pessoas jurídicas dem, ou não, subsidiariamente, o juiz, a requerimento da parte,
de direito privado: pelas obrigações sociais; ou do Ministério Público quando
I – as associações; VI – as condições de extinção lhe couber intervir no proces-
II – as sociedades; da pessoa jurídica e o destino do so, desconsiderá-la para que os
III – as fundações; seu patrimônio, nesse caso. efeitos de certas e determinadas
IV – as organizações religio- relações de obrigações sejam es-
sas; Art. 47.  Obrigam a pessoa ju- tendidos aos bens particulares de
V – os partidos políticos; rídica os atos dos administra- administradores ou de sócios da
VI – (Revogado). dores, exercidos nos limites de pessoa jurídica beneficiados dire-
§ 1o  São livres a criação, a seus poderes definidos no ato ta ou indiretamente pelo abuso.
organização, a estruturação in- constitutivo. § 1o  Para os fins do disposto
terna e o funcionamento das or- neste artigo, desvio de finalidade
ganizações religiosas, sendo ve- Art. 48.  Se a pessoa jurídica é a utilização da pessoa jurídica
dado ao poder público negar-lhes tiver administração coletiva, as com o propósito de lesar credores
reconhecimento ou registro dos decisões se tomarão pela maio- e para a prática de atos ilícitos de
atos constitutivos e necessários ria de votos dos presentes, salvo qualquer natureza.
ao seu funcionamento. se o ato constitutivo dispuser de § 2o  Entende-se por confu-
§ 2o  As disposições concer- modo diverso. são patrimonial a ausência de
nentes às associações aplicam-se Parágrafo único.  Decai em separação de fato entre os patri-
subsidiariamente às sociedades três anos o direito de anular as mônios, caracterizada por:
que são objeto do Livro II da Parte decisões a que se refere este I – cumprimento repetitivo
Especial deste Código. artigo, quando violarem a lei ou pela sociedade de obrigações
§ 3o  Os partidos políticos estatuto, ou forem eivadas de do sócio ou do administrador ou
serão organizados e funciona- erro, dolo, simulação ou fraude. vice-versa;
rão conforme o disposto em lei II – transferência de ativos
específica. Art. 48-A.  As pessoas jurídicas ou de passivos sem efetivas con-
de direito privado, sem prejuízo do traprestações, exceto os de va-
Art. 45.  Começa a existência previsto em legislação especial e lor proporcionalmente insigni-
legal das pessoas jurídicas de em seus atos constitutivos, po- ficante; e
direito privado com a inscrição derão realizar suas assembleias III – outros atos de descum-
do ato constitutivo no respec- gerais por meio eletrônico, inclu- primento da autonomia patri-
tivo registro, precedida, quando sive para os fins do disposto no monial.
necessário, de autorização ou art. 59 deste Código, respeitados § 3o  O disposto no caput e
aprovação do Poder Executivo, os direitos previstos de participa- nos §§ 1o e 2o deste artigo tam-
averbando-se no registro todas ção e de manifestação. bém se aplica à extensão das
as alterações por que passar o obrigações de sócios ou de ad-
ato constitutivo. Art. 49.  Se a administração da ministradores à pessoa jurídica.
Parágrafo único.  Decai em pessoa jurídica vier a faltar, o § 4o  A mera existência de
três anos o direito de anular a juiz, a requerimento de qualquer grupo econômico sem a presen-
constituição das pessoas jurídi- interessado, nomear-lhe-á admi- ça dos requisitos de que trata o
cas de direito privado, por defeito nistrador provisório. caput deste artigo não autoriza a
do ato respectivo, contado o pra- desconsideração da personalida-
zo da publicação de sua inscrição Art. 49-A.  A pessoa jurídica não de da pessoa jurídica.
no registro. se confunde com os seus sócios, § 5o  Não constitui desvio de
associados, instituidores ou ad- finalidade a mera expansão ou a

134
Código Civil
alteração da finalidade original da Art. 55.  Os associados devem à entidade de fins não econômi-
atividade econômica específica ter iguais direitos, mas o estatuto cos designada no estatuto, ou,
da pessoa jurídica. poderá instituir categorias com omisso este, por deliberação dos
vantagens especiais. associados, à instituição munici-
Art. 51.  Nos casos de dissolução pal, estadual ou federal, de fins
da pessoa jurídica ou cassada Art. 56.  A qualidade de associa- idênticos ou semelhantes.
a autorização para seu funcio- do é intransmissível, se o estatuto § 1o  Por cláusula do estatuto
namento, ela subsistirá para os não dispuser o contrário. ou, no seu silêncio, por delibera-
fins de liquidação, até que esta Parágrafo único.  Se o as- ção dos associados, podem estes,
se conclua. sociado for titular de quota ou antes da destinação do remanes-
§ 1o  Far-se-á, no registro fração ideal do patrimônio da cente referida neste artigo, rece-
onde a pessoa jurídica estiver associação, a transferência da- ber em restituição, atualizado o
inscrita, a averbação de sua dis- quela não importará, de per si, respectivo valor, as contribuições
solução. na atribuição da qualidade de que tiverem prestado ao patrimô-
§ 2o  As disposições para a associado ao adquirente ou ao nio da associação.
liquidação das sociedades apli- herdeiro, salvo disposição diversa § 2o  Não existindo no Mu-
cam-se, no que couber, às de- do estatuto. nicípio, no Estado, no Distrito
mais pessoas jurídicas de direito Federal ou no Território, em que
privado. Art. 57.  A exclusão do associa- a associação tiver sede, insti-
§ 3o  Encerrada a liquidação, do só é admissível havendo justa tuição nas condições indicadas
promover-se-á o cancelamento causa, assim reconhecida em pro- neste artigo, o que remanescer
da inscrição da pessoa jurídica. cedimento que assegure direito do seu patrimônio se devolverá
de defesa e de recurso, nos ter- à Fazenda do Estado, do Distrito
Art. 52.  Aplica-se às pessoas ju- mos previstos no estatuto. Federal ou da União.
rídicas, no que couber, a proteção Parágrafo único. (Revogado)
dos direitos da personalidade.
Art. 58.  Nenhum associado po- CAPÍTULO III – DAS
derá ser impedido de exercer FUNDAÇÕES
CAPÍTULO II – DAS direito ou função que lhe tenha
ASSOCIAÇÕES sido legitimamente conferido, a Art. 62.  Para criar uma funda-
não ser nos casos e pela forma ção, o seu instituidor fará, por
Art. 53.  Constituem-se as as- previstos na lei ou no estatuto. escritura pública ou testamento,
sociações pela união de pessoas dotação especial de bens livres,
que se organizem para fins não Art. 59.  Compete privativamen- especificando o fim a que se des-
econômicos. te à assembleia geral: tina, e declarando, se quiser, a
Parágrafo único.  Não há, en- I – destituir os administra- maneira de administrá-la.
tre os associados, direitos e obri- dores; Parágrafo único.  A fundação
gações recíprocos. II – alterar o estatuto. somente poderá constituir-se
Parágrafo único.  Para as para fins de:
Art. 54.  Sob pena de nulida- deliberações a que se referem I – assistência social;
de, o estatuto das associações os incisos I e II deste artigo é II – cultura, defesa e conser-
conterá: exigido deliberação da assem- vação do patrimônio histórico e
I – a denominação, os fins e bleia especialmente convocada artístico;
a sede da associação; para esse fim, cujo quórum será III – educação;
II – os requisitos para a ad- o estabelecido no estatuto, bem IV – saúde;
missão, demissão e exclusão dos como os critérios de eleição dos V – segurança alimentar e
associados; administradores. nutricional;
III – os direitos e deveres dos VI – defesa, preservação e
associados; Art. 60.  A convocação dos ór- conservação do meio ambiente
IV – as fontes de recursos gãos deliberativos far-se-á na e promoção do desenvolvimento
para sua manutenção; forma do estatuto, garantido a sustentável;
V – o modo de constituição 1/5 (um quinto) dos associados o VII – pesquisa científica, de-
e de funcionamento dos órgãos direito de promovê-la. senvolvimento de tecnologias
deliberativos; alternativas, modernização de
VI – as condições para a al- Art. 61.  Dissolvida a associação, sistemas de gestão, produção
teração das disposições estatu- o remanescente do seu patrimô- e divulgação de informações e
tárias e para a dissolução; nio líquido, depois de deduzidas, conhecimentos técnicos e cien-
VII – a forma de gestão ad- se for o caso, as quotas ou fra- tíficos;
ministrativa e de aprovação das ções ideais referidas no parágrafo VIII – promoção da ética, da
respectivas contas. único do art. 56, será destinado cidadania, da democracia e dos

135
Código Civil
direitos humanos; máximo de 45 (quarenta e cinco) Parágrafo único.  A prova da
IX – atividades religiosas; e dias, findo o qual ou no caso de intenção resultará do que declarar
X – (Vetado). o Ministério Público a denegar, a pessoa às municipalidades dos
poderá o juiz supri-la, a requeri- lugares, que deixa, e para onde
Art. 63.  Quando insuficientes mento do interessado. vai, ou, se tais declarações não
para constituir a fundação, os fizer, da própria mudança, com
bens a ela destinados serão, se Art. 68.  Quando a alteração não as circunstâncias que a acom-
de outro modo não dispuser o houver sido aprovada por votação panharem.
instituidor, incorporados em outra unânime, os administradores da
fundação que se proponha a fim fundação, ao submeterem o esta- Art. 75.  Quanto às pessoas ju-
igual ou semelhante. tuto ao órgão do Ministério Públi- rídicas, o domicílio é:
co, requererão que se dê ciência à I – da União, o Distrito Federal;
Art. 64.  Constituída a funda- minoria vencida para impugná-la, II – dos Estados e Territórios,
ção por negócio jurídico entre se quiser, em dez dias. as respectivas capitais;
vivos, o instituidor é obrigado a III – do Município, o lugar onde
transferir-lhe a propriedade, ou Art. 69.  Tornando-se ilícita, im- funcione a administração mu-
outro direito real, sobre os bens possível ou inútil a finalidade a nicipal;
dotados, e, se não o fizer, serão que visa a fundação, ou vencido IV – das demais pessoas jurí-
registrados, em nome dela, por o prazo de sua existência, o órgão dicas, o lugar onde funcionarem
mandado judicial. do Ministério Público, ou qualquer as respectivas diretorias e ad-
interessado, lhe promoverá a ex- ministrações, ou onde elegerem
Art. 65.  Aqueles a quem o ins- tinção, incorporando-se o seu domicílio especial no seu estatuto
tituidor cometer a aplicação do patrimônio, salvo disposição em ou atos constitutivos.
patrimônio, em tendo ciência contrário no ato constitutivo, ou § 1o  Tendo a pessoa jurídica
do encargo, formularão logo, no estatuto, em outra fundação, diversos estabelecimentos em
de acordo com as suas bases designada pelo juiz, que se pro- lugares diferentes, cada um deles
(art. 62), o estatuto da fundação ponha a fim igual ou semelhante. será considerado domicílio para
projetada, submetendo-o, em se- os atos nele praticados.
guida, à aprovação da autoridade § 2o  Se a administração, ou
competente, com recurso ao juiz. TÍTULO III – DO DOMICÍLIO diretoria, tiver a sede no estran-
Parágrafo único.  Se o esta- geiro, haver-se-á por domicílio
tuto não for elaborado no prazo Art. 70.  O domicílio da pessoa da pessoa jurídica, no tocante às
assinado pelo instituidor, ou, não natural é o lugar onde ela estabe- obrigações contraídas por cada
havendo prazo, em cento e oiten- lece a sua residência com ânimo uma das suas agências, o lugar do
ta dias, a incumbência caberá ao definitivo. estabelecimento, sito no Brasil, a
Ministério Público. que ela corresponder.
Art. 71.  Se, porém, a pessoa na-
Art. 66.  Velará pelas fundações tural tiver diversas residências, Art. 76.  Têm domicílio necessá-
o Ministério Público do Estado onde, alternadamente, viva, con- rio o incapaz, o servidor público,
onde situadas. siderar-se-á domicílio seu qual- o militar, o marítimo e o preso.
§ 1o  Se funcionarem no Dis- quer delas. Parágrafo único.  O domicílio
trito Federal ou em Território, do incapaz é o do seu represen-
caberá o encargo ao Ministério Art. 72.  É também domicílio da tante ou assistente; o do servidor
Público do Distrito Federal e Ter- pessoa natural, quanto às rela- público, o lugar em que exercer
ritórios. ções concernentes à profissão, o permanentemente suas funções;
§ 2o  Se estenderem a ativida- lugar onde esta é exercida. o do militar, onde servir, e, sendo
de por mais de um Estado, cabe- Parágrafo único.  Se a pessoa da Marinha ou da Aeronáutica, a
rá o encargo, em cada um deles, exercitar profissão em lugares di- sede do comando a que se encon-
ao respectivo Ministério Público. versos, cada um deles constituirá trar imediatamente subordinado;
domicílio para as relações que lhe o do marítimo, onde o navio esti-
Art. 67.  Para que se possa al- corresponderem. ver matriculado; e o do preso, o
terar o estatuto da fundação é lugar em que cumprir a sentença.
mister que a reforma: Art. 73.  Ter-se-á por domicílio
I – seja deliberada por dois da pessoa natural, que não tenha Art. 77.  O agente diplomático do
terços dos competentes para residência habitual, o lugar onde Brasil, que, citado no estrangeiro,
gerir e representar a fundação; for encontrada. alegar extraterritorialidade sem
II – não contrarie ou desvirtue designar onde tem, no país, o seu
o fim desta; Art. 74.  Muda-se o domicílio, domicílio, poderá ser demanda-
III – seja aprovada pelo órgão transferindo a residência, com a do no Distrito Federal ou no últi-
do Ministério Público no prazo intenção manifesta de o mudar. mo ponto do território brasileiro

136
Código Civil
onde o teve. vas ações. Art. 91.  Constitui universalidade
de direito o complexo de relações
Art. 78.  Nos contratos escritos, Art. 84.  Os materiais destinados jurídicas, de uma pessoa, dotadas
poderão os contratantes especifi- a alguma construção, enquanto de valor econômico.
car domicílio onde se exercitem e não forem empregados, conser-
cumpram os direitos e obrigações vam sua qualidade de móveis;
deles resultantes. readquirem essa qualidade os CAPÍTULO II – DOS BENS
provenientes da demolição de RECIPROCAMENTE
algum prédio. CONSIDERADOS
LIVRO II – DOS BENS
TÍTULO ÚNICO – DAS Art. 92.  Principal é o bem que
Seção III – Dos Bens existe sobre si, abstrata ou con-
DIFERENTES CLASSES DE Fungíveis e Consumíveis cretamente; acessório, aquele
BENS cuja existência supõe a do prin-
Art. 85.  São fungíveis os móveis cipal.
CAPÍTULO I – DOS BENS que podem substituir-se por ou-
CONSIDERADOS EM SI tros da mesma espécie, qualidade Art. 93.  São pertenças os bens
MESMOS e quantidade. que, não constituindo partes in-
tegrantes, se destinam, de modo
Seção I – Dos Bens Imóveis Art. 86.  São consumíveis os duradouro, ao uso, ao serviço ou
bens móveis cujo uso importa ao aformoseamento de outro.
Art. 79.  São bens imóveis o solo destruição imediata da própria
e tudo quanto se lhe incorporar substância, sendo também con- Art. 94.  Os negócios jurídicos
natural ou artificialmente. siderados tais os destinados à que dizem respeito ao bem prin-
alienação. cipal não abrangem as pertenças,
Art. 80.  Consideram-se imóveis salvo se o contrário resultar da
para os efeitos legais: lei, da manifestação de vontade,
I – os direitos reais sobre imó-
Seção IV – Dos Bens ou das circunstâncias do caso.
veis e as ações que os asseguram; Divisíveis
II – o direito à sucessão aber- Art. 95.  Apesar de ainda não
ta. Art. 87.  Bens divisíveis são os separados do bem principal, os
que se podem fracionar sem al- frutos e produtos podem ser ob-
Art. 81.  Não perdem o caráter teração na sua substância, dimi- jeto de negócio jurídico.
de imóveis: nuição considerável de valor, ou
I – as edificações que, sepa- prejuízo do uso a que se destinam. Art. 96.  As benfeitorias podem
radas do solo, mas conservando ser voluptuárias, úteis ou neces-
a sua unidade, forem removidas Art. 88.  Os bens naturalmente sárias.
para outro local; divisíveis podem tornar-se indi- § 1o  São voluptuárias as de
II – os materiais provisoria- visíveis por determinação da lei mero deleite ou recreio, que não
mente separados de um prédio, ou por vontade das partes. aumentam o uso habitual do bem,
para nele se reempregarem. ainda que o tornem mais agra-
dável ou sejam de elevado valor.
Seção V – Dos Bens § 2o  São úteis as que aumen-
Seção II – Dos Bens Móveis Singulares e Coletivos tam ou facilitam o uso do bem.
§ 3o  São necessárias as que
Art. 82.  São móveis os bens sus- Art. 89.  São singulares os bens têm por fim conservar o bem ou
cetíveis de movimento próprio, que, embora reunidos, se consi- evitar que se deteriore.
ou de remoção por força alheia, deram de per si, independente-
sem alteração da substância ou mente dos demais. Art. 97.  Não se consideram ben-
da destinação econômico-social. feitorias os melhoramentos ou
Art. 90.  Constitui universalidade acréscimos sobrevindos ao bem
Art. 83.  Consideram-se móveis de fato a pluralidade de bens sin- sem a intervenção do proprietá-
para os efeitos legais: gulares que, pertinentes à mes- rio, possuidor ou detentor.
I – as energias que tenham ma pessoa, tenham destinação
valor econômico; unitária.
II – os direitos reais sobre Parágrafo único.  Os bens que CAPÍTULO III – DOS BENS
objetos móveis e as ações cor- formam essa universalidade po- PÚBLICOS
respondentes; dem ser objeto de relações jurí-
III – os direitos pessoais de dicas próprias. Art. 98.  São públicos os bens do
caráter patrimonial e respecti- domínio nacional pertencentes

137
Código Civil
às pessoas jurídicas de direito II – objeto lícito, possível, de- Art. 113.  Os negócios jurídicos
público interno; todos os outros terminado ou determinável; devem ser interpretados confor-
são particulares, seja qual for a III – forma prescrita ou não me a boa-fé e os usos do lugar de
pessoa a que pertencerem. defesa em lei. sua celebração.
§ 1o  A interpretação do ne-
Art. 99.  São bens públicos: Art. 105.  A incapacidade relativa gócio jurídico deve lhe atribuir o
I – os de uso comum do povo, de uma das partes não pode ser sentido que:
tais como rios, mares, estradas, invocada pela outra em benefí- I – for confirmado pelo com-
ruas e praças; cio próprio, nem aproveita aos portamento das partes posterior
II – os de uso especial, tais cointeressados capazes, salvo à celebração do negócio;
como edifícios ou terrenos des- se, neste caso, for indivisível o II – corresponder aos usos,
tinados a serviço ou estabeleci- objeto do direito ou da obriga- costumes e práticas do merca-
mento da administração federal, ção comum. do relativas ao tipo de negócio;
estadual, territorial ou municipal, III – corresponder à boa-fé;
inclusive os de suas autarquias; Art. 106.  A impossibilidade ini- IV – for mais benéfico à parte
III – os dominicais, que cons- cial do objeto não invalida o ne- que não redigiu o dispositivo, se
tituem o patrimônio das pessoas gócio jurídico se for relativa, ou identificável; e
jurídicas de direito público, como se cessar antes de realizada a V – corresponder a qual seria
objeto de direito pessoal, ou real, condição a que ele estiver su- a razoável negociação das par-
de cada uma dessas entidades. bordinado. tes sobre a questão discutida,
Parágrafo único.  Não dis- inferida das demais disposições
pondo a lei em contrário, con- Art. 107.  A validade da declara- do negócio e da racionalidade
sideram-se dominicais os bens ção de vontade não dependerá de econômica das partes, conside-
pertencentes às pessoas jurídicas forma especial, senão quando a radas as informações disponíveis
de direito público a que se tenha lei expressamente a exigir. no momento de sua celebração.
dado estrutura de direito privado. § 2o  As partes poderão li-
Art. 108.  Não dispondo a lei em vremente pactuar regras de in-
Art. 100.  Os bens públicos de contrário, a escritura pública é terpretação, de preenchimento
uso comum do povo e os de uso essencial à validade dos negócios de lacunas e de integração dos
especial são inalienáveis, en- jurídicos que visem à constitui- negócios jurídicos diversas da-
quanto conservarem a sua qua- ção, transferência, modificação quelas previstas em lei.
lificação, na forma que a lei de- ou renúncia de direitos reais so-
terminar. bre imóveis de valor superior a Art. 114.  Os negócios jurídicos
trinta vezes o maior salário mí- benéficos e a renúncia interpre-
Art. 101.  Os bens públicos do- nimo vigente no País. tam-se estritamente.
minicais podem ser alienados,
observadas as exigências da lei. Art. 109.  No negócio jurídico ce-
lebrado com a cláusula de não CAPÍTULO II – DA
Art. 102.  Os bens públicos não valer sem instrumento público, REPRESENTAÇÃO
estão sujeitos a usucapião. este é da substância do ato.
Art. 115.  Os poderes de repre-
Art. 103.  O uso comum dos bens Art. 110.  A manifestação de von- sentação conferem-se por lei ou
públicos pode ser gratuito ou re- tade subsiste ainda que o seu pelo interessado.
tribuído, conforme for estabele- autor haja feito a reserva mental
cido legalmente pela entidade a de não querer o que manifestou, Art. 116.  A manifestação de von-
cuja administração pertencerem. salvo se dela o destinatário tinha tade pelo representante, nos limi-
conhecimento. tes de seus poderes, produz efei-
tos em relação ao representado.
LIVRO III – DOS FATOS Art. 111.  O silêncio importa anu-
JURÍDICOS ência, quando as circunstâncias Art. 117.  Salvo se o permitir a
ou os usos o autorizarem, e não lei ou o representado, é anulável
TÍTULO I – DO NEGÓCIO for necessária a declaração de o negócio jurídico que o repre-
JURÍDICO vontade expressa. sentante, no seu interesse ou
por conta de outrem, celebrar
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES Art. 112.  Nas declarações de consigo mesmo.
GERAIS vontade se atenderá mais à in- Parágrafo único.  Para esse
tenção nelas consubstanciada efeito, tem-se como celebrado
Art. 104.  A validade do negócio do que ao sentido literal da lin- pelo representante o negócio re-
jurídico requer: guagem. alizado por aquele em quem os
I – agente capaz; poderes houverem sido subes-

138
Código Civil
tabelecidos. Art. 124.  Têm-se por inexisten- ou convencional em contrário,
tes as condições impossíveis, computam-se os prazos, excluído
Art. 118.  O representante é obri- quando resolutivas, e as de não o dia do começo, e incluído o do
gado a provar às pessoas, com fazer coisa impossível. vencimento.
quem tratar em nome do repre- § 1o  Se o dia do vencimento
sentado, a sua qualidade e a ex- Art. 125.  Subordinando-se a cair em feriado, considerar-se-á
tensão de seus poderes, sob pena eficácia do negócio jurídico à prorrogado o prazo até o seguin-
de, não o fazendo, responder pe- condição suspensiva, enquanto te dia útil.
los atos que a estes excederem. esta se não verificar, não se terá § 2o  Meado considera-se,
adquirido o direito, a que ele visa. em qualquer mês, o seu décimo
Art. 119.  É anulável o negócio quinto dia.
concluído pelo representante Art. 126.  Se alguém dispuser § 3o  Os prazos de meses e
em conflito de interesses com o de uma coisa sob condição sus- anos expiram no dia de igual nú-
representado, se tal fato era ou pensiva, e, pendente esta, fizer mero do de início, ou no imediato,
devia ser do conhecimento de quanto àquela novas disposições, se faltar exata correspondência.
quem com aquele tratou. estas não terão valor, realizada § 4o  Os prazos fixados por
Parágrafo único.  É de cento a condição, se com ela forem hora contar-se-ão de minuto a
e oitenta dias, a contar da con- incompatíveis. minuto.
clusão do negócio ou da cessa-
ção da incapacidade, o prazo de Art. 127.  Se for resolutiva a con- Art. 133.  Nos testamentos, pre-
decadência para pleitear-se a dição, enquanto esta se não re- sume-se o prazo em favor do
anulação prevista neste artigo. alizar, vigorará o negócio jurídi- herdeiro, e, nos contratos, em
co, podendo exercer-se desde a proveito do devedor, salvo, quanto
Art. 120.  Os requisitos e os efei- conclusão deste o direito por ele a esses, se do teor do instrumen-
tos da representação legal são os estabelecido. to, ou das circunstâncias, resultar
estabelecidos nas normas res- que se estabeleceu a benefício
pectivas; os da representação Art. 128.  Sobrevindo a condi- do credor, ou de ambos os con-
voluntária são os da Parte Espe- ção resolutiva, extingue-se, para tratantes.
cial deste Código. todos os efeitos, o direito a que
ela se opõe; mas, se aposta a um Art. 134.  Os negócios jurídicos
negócio de execução continuada entre vivos, sem prazo, são exe-
CAPÍTULO III – DA ou periódica, a sua realização, sal- quíveis desde logo, salvo se a exe-
CONDIÇÃO, DO TERMO E DO vo disposição em contrário, não cução tiver de ser feita em lugar
ENCARGO tem eficácia quanto aos atos já diverso ou depender de tempo.
praticados, desde que compatí-
Art. 121.  Considera-se condição veis com a natureza da condição Art. 135.  Ao termo inicial e final
a cláusula que, derivando exclusi- pendente e conforme aos ditames aplicam-se, no que couber, as
vamente da vontade das partes, de boa-fé. disposições relativas à condição
subordina o efeito do negócio suspensiva e resolutiva.
jurídico a evento futuro e incerto. Art. 129.  Reputa-se verificada,
quanto aos efeitos jurídicos, a Art. 136.  O encargo não sus-
Art. 122.  São lícitas, em geral, condição cujo implemento for ma- pende a aquisição nem o exercí-
todas as condições não contrárias liciosamente obstado pela parte cio do direito, salvo quando ex-
à lei, à ordem pública ou aos bons a quem desfavorecer, conside- pressamente imposto no negócio
costumes; entre as condições de- rando-se, ao contrário, não veri- jurídico, pelo disponente, como
fesas se incluem as que privarem ficada a condição maliciosamente condição suspensiva.
de todo efeito o negócio jurídico, levada a efeito por aquele a quem
ou o sujeitarem ao puro arbítrio aproveita o seu implemento. Art. 137.  Considera-se não escri-
de uma das partes. to o encargo ilícito ou impossível,
Art. 130.  Ao titular do direito salvo se constituir o motivo deter-
Art. 123.  Invalidam os negócios eventual, nos casos de condição minante da liberalidade, caso em
jurídicos que lhes são subordi- suspensiva ou resolutiva, é permi- que se invalida o negócio jurídico.
nados: tido praticar os atos destinados
I – as condições física ou ju- a conservá-lo.
ridicamente impossíveis, quando
suspensivas; Art. 131.  O termo inicial suspen-
II – as condições ilícitas, ou de o exercício, mas não a aquisi-
de fazer coisa ilícita; ção do direito.
III – as condições incompre-
ensíveis ou contraditórias. Art. 132.  Salvo disposição legal

139
Código Civil
CAPÍTULO IV – DOS Seção II – Do Dolo Art. 152.  No apreciar a coação,
DEFEITOS DO NEGÓCIO ter-se-ão em conta o sexo, a ida-
Art. 145.  São os negócios jurí- de, a condição, a saúde, o tem-
JURÍDICO dicos anuláveis por dolo, quando peramento do paciente e todas
Seção I – Do Erro ou este for a sua causa. as demais circunstâncias que
Ignorância possam influir na gravidade dela.
Art. 146.  O dolo acidental só
Art. 138.  São anuláveis os negó- obriga à satisfação das perdas Art. 153.  Não se considera co-
cios jurídicos, quando as decla- e danos, e é acidental quando, a ação a ameaça do exercício nor-
rações de vontade emanarem de seu despeito, o negócio seria re- mal de um direito, nem o simples
erro substancial que poderia ser alizado, embora por outro modo. temor reverencial.
percebido por pessoa de diligên-
cia normal, em face das circuns- Art. 147.  Nos negócios jurídicos Art. 154.  Vicia o negócio jurídico
tâncias do negócio. bilaterais, o silêncio intencional a coação exercida por terceiro, se
de uma das partes a respeito dela tivesse ou devesse ter conhe-
Art. 139.  O erro é substancial de fato ou qualidade que a ou- cimento a parte a que aproveite,
quando: tra parte haja ignorado, consti- e esta responderá solidariamente
I – interessa à natureza do tui omissão dolosa, provando-se com aquele por perdas e danos.
negócio, ao objeto principal da que sem ela o negócio não se teria
declaração, ou a alguma das qua- celebrado. Art. 155.  Subsistirá o negócio
lidades a ele essenciais; jurídico, se a coação decorrer de
II – concerne à identidade ou Art. 148.  Pode também ser anu- terceiro, sem que a parte a que
à qualidade essencial da pessoa lado o negócio jurídico por dolo de aproveite dela tivesse ou devesse
a quem se refira a declaração de terceiro, se a parte a quem apro- ter conhecimento; mas o autor da
vontade, desde que tenha influído veite dele tivesse ou devesse ter coação responderá por todas as
nesta de modo relevante; conhecimento; em caso contrá- perdas e danos que houver cau-
III – sendo de direito e não rio, ainda que subsista o negócio sado ao coacto.
implicando recusa à aplicação da jurídico, o terceiro responderá por
lei, for o motivo único ou principal todas as perdas e danos da parte
do negócio jurídico. a quem ludibriou.
Seção IV – Do Estado de
Perigo
Art. 140.  O falso motivo só vicia Art. 149.  O dolo do represen-
a declaração de vontade quando tante legal de uma das partes só Art. 156.  Configura-se o estado
expresso como razão determi- obriga o representado a respon- de perigo quando alguém, premi-
nante. der civilmente até a importância do da necessidade de salvar-se,
do proveito que teve; se, porém, ou a pessoa de sua família, de
Art. 141.  A transmissão errônea o dolo for do representante con- grave dano conhecido pela outra
da vontade por meios interpostos vencional, o representado res- parte, assume obrigação exces-
é anulável nos mesmos casos em ponderá solidariamente com ele sivamente onerosa.
que o é a declaração direta. por perdas e danos. Parágrafo único. Tratando-se
de pessoa não pertencente à fa-
Art. 142.  O erro de indicação Art. 150.  Se ambas as partes mília do declarante, o juiz decidirá
da pessoa ou da coisa, a que se procederem com dolo, nenhuma segundo as circunstâncias.
referir a declaração de vontade, pode alegá-lo para anular o ne-
não viciará o negócio quando, por gócio, ou reclamar indenização.
seu contexto e pelas circunstân-
Seção V – Da Lesão
cias, se puder identificar a coisa
ou pessoa cogitada.
Seção III – Da Coação Art. 157.  Ocorre a lesão quando
uma pessoa, sob premente ne-
Art. 143.  O erro de cálculo ape- Art. 151.  A coação, para viciar a cessidade, ou por inexperiência,
nas autoriza a retificação da de- declaração da vontade, há de ser se obriga a prestação manifesta-
claração de vontade. tal que incuta ao paciente fun- mente desproporcional ao valor
dado temor de dano iminente e da prestação oposta.
Art. 144.  O erro não prejudica considerável à sua pessoa, à sua § 1o  Aprecia-se a despropor-
a validade do negócio jurídico família, ou aos seus bens. ção das prestações segundo os
quando a pessoa, a quem a ma- Parágrafo único.  Se disser valores vigentes ao tempo em que
nifestação de vontade se dirige, respeito a pessoa não perten- foi celebrado o negócio jurídico.
se oferecer para executá-la na cente à família do paciente, o § 2o  Não se decretará a anu-
conformidade da vontade real juiz, com base nas circunstâncias, lação do negócio, se for oferecido
do manifestante. decidirá se houve coação. suplemento suficiente, ou se a

140
Código Civil
parte favorecida concordar com Art. 163.  Presumem-se frau- versas daquelas às quais real-
a redução do proveito. datórias dos direitos dos outros mente se conferem, ou trans-
credores as garantias de dívidas mitem;
que o devedor insolvente tiver II – contiverem declaração,
Seção VI – Da Fraude contra dado a algum credor. confissão, condição ou cláusula
Credores não verdadeira;
Art. 164.  Presumem-se, porém, III – os instrumentos parti-
Art. 158.  Os negócios de trans- de boa-fé e valem os negócios culares forem antedatados, ou
missão gratuita de bens ou re- ordinários indispensáveis à ma- pós-datados.
missão de dívida, se os praticar nutenção de estabelecimento § 2o  Ressalvam-se os direitos
o devedor já insolvente, ou por mercantil, rural, ou industrial, de terceiros de boa-fé em face
eles reduzido à insolvência, ain- ou à subsistência do devedor e dos contraentes do negócio ju-
da quando o ignore, poderão ser de sua família. rídico simulado.
anulados pelos credores quiro-
grafários, como lesivos dos seus Art. 165.  Anulados os negócios Art. 168.  As nulidades dos ar-
direitos. fraudulentos, a vantagem resul- tigos antecedentes podem ser
§ 1o  Igual direito assiste aos tante reverterá em proveito do alegadas por qualquer interes-
credores cuja garantia se tornar acervo sobre que se tenha de sado, ou pelo Ministério Público,
insuficiente. efetuar o concurso de credores. quando lhe couber intervir.
§ 2o  Só os credores que já Parágrafo único.  Se esses Parágrafo único.  As nulida-
o eram ao tempo daqueles atos negócios tinham por único obje- des devem ser pronunciadas pelo
podem pleitear a anulação deles. to atribuir direitos preferenciais, juiz, quando conhecer do negócio
mediante hipoteca, penhor ou an- jurídico ou dos seus efeitos e as
Art. 159.  Serão igualmente anu- ticrese, sua invalidade importará encontrar provadas, não lhe sen-
láveis os contratos onerosos do somente na anulação da prefe- do permitido supri-las, ainda que
devedor insolvente, quando a in- rência ajustada. a requerimento das partes.
solvência for notória, ou houver
motivo para ser conhecida do Art. 169.  O negócio jurídico nulo
outro contratante. CAPÍTULO V – DA não é suscetível de confirmação,
INVALIDADE DO NEGÓCIO nem convalesce pelo decurso
Art. 160.  Se o adquirente dos JURÍDICO do tempo.
bens do devedor insolvente ainda
não tiver pago o preço e este for, Art. 166.  É nulo o negócio jurí- Art. 170.  Se, porém, o negócio
aproximadamente, o corrente, dico quando: jurídico nulo contiver os requisitos
desobrigar-se-á depositando-o I – celebrado por pessoa ab- de outro, subsistirá este quando o
em juízo, com a citação de todos solutamente incapaz; fim a que visavam as partes per-
os interessados. II – for ilícito, impossível ou mitir supor que o teriam querido,
Parágrafo único.  Se inferior, indeterminável o seu objeto; se houvessem previsto a nulidade.
o adquirente, para conservar os III – o motivo determinante,
bens, poderá depositar o preço comum a ambas as partes, for Art. 171.  Além dos casos expres-
que lhes corresponda ao valor ilícito; samente declarados na lei, é anu-
real. IV – não revestir a forma pres- lável o negócio jurídico:
crita em lei; I – por incapacidade relativa
Art. 161.  A ação, nos casos dos V – for preterida alguma sole- do agente;
arts. 158 e 159, poderá ser inten- nidade que a lei considere essen- II – por vício resultante de
tada contra o devedor insolvente, cial para a sua validade; erro, dolo, coação, estado de
a pessoa que com ele celebrou a VI – tiver por objetivo fraudar perigo, lesão ou fraude contra
estipulação considerada fraudu- lei imperativa; credores.
lenta, ou terceiros adquirentes VII – a lei taxativamente o
que hajam procedido de má-fé. declarar nulo, ou proibir-lhe a Art. 172.  O negócio anulável
prática, sem cominar sanção. pode ser confirmado pelas par-
Art. 162.  O credor quirografá- tes, salvo direito de terceiro.
rio, que receber do devedor in- Art. 167.  É nulo o negócio jurí-
solvente o pagamento da dívida dico simulado, mas subsistirá o Art. 173.  O ato de confirmação
ainda não vencida, ficará obrigado que se dissimulou, se válido for deve conter a substância do ne-
a repor, em proveito do acervo na substância e na forma. gócio celebrado e a vontade ex-
sobre que se tenha de efetuar § 1o  Haverá simulação nos pressa de mantê-lo.
o concurso de credores, aquilo negócios jurídicos quando:
que recebeu. I – aparentarem conferir ou Art. 174.  É escusada a confir-
transmitir direitos a pessoas di- mação expressa, quando o ne-

141
Código Civil
gócio já foi cumprido em parte Art. 182.  Anulado o negócio ju- mente quando as circunstâncias
pelo devedor, ciente do vício que rídico, restituir-se-ão as partes o tornarem absolutamente neces-
o inquinava. ao estado em que antes dele se sário, não excedendo os limites
achavam, e, não sendo possível do indispensável para a remoção
Art. 175.  A confirmação expres- restituí-las, serão indenizadas do perigo.
sa, ou a execução voluntária de com o equivalente.
negócio anulável, nos termos dos
arts. 172 a 174, importa a extinção Art. 183.  A invalidade do instru- TÍTULO IV – DA
de todas as ações, ou exceções, mento não induz a do negócio PRESCRIÇÃO E DA
de que contra ele dispusesse o jurídico sempre que este puder DECADÊNCIA
devedor. provar-se por outro meio.
CAPÍTULO I – DA
Art. 176.  Quando a anulabilidade Art. 184.  Respeitada a inten- PRESCRIÇÃO
do ato resultar da falta de autori- ção das partes, a invalidade par-
zação de terceiro, será validado cial de um negócio jurídico não Seção I – Disposições Gerais
se este a der posteriormente. o prejudicará na parte válida, se
esta for separável; a invalidade Art. 189.  Violado o direito, nasce
Art. 177.  A anulabilidade não da obrigação principal implica a para o titular a pretensão, a qual
tem efeito antes de julgada por das obrigações acessórias, mas se extingue, pela prescrição, nos
sentença, nem se pronuncia de a destas não induz a da obriga- prazos a que aludem os arts. 205
ofício; só os interessados a po- ção principal. e 206.
dem alegar, e aproveita exclu-
sivamente aos que a alegarem, Art. 190.  A exceção prescreve
salvo o caso de solidariedade ou TÍTULO II – DOS ATOS no mesmo prazo em que a pre-
indivisibilidade. JURÍDICOS LÍCITOS tensão.

Art. 178.  É de quatro anos o pra- Art. 185.  Aos atos jurídicos líci- Art. 191.  A renúncia da prescri-
zo de decadência para pleitear-se tos, que não sejam negócios jurí- ção pode ser expressa ou táci-
a anulação do negócio jurídico, dicos, aplicam-se, no que couber, ta, e só valerá, sendo feita, sem
contado: as disposições do Título anterior. prejuízo de terceiro, depois que
I – no caso de coação, do dia a prescrição se consumar; tácita
em que ela cessar; é a renúncia quando se presume
II – no de erro, dolo, fraude TÍTULO III – DOS ATOS de fatos do interessado, incom-
contra credores, estado de pe- ILÍCITOS patíveis com a prescrição.
rigo ou lesão, do dia em que se
realizou o negócio jurídico; Art. 186.  Aquele que, por ação ou Art. 192.  Os prazos de prescri-
III – no de atos de incapazes, omissão voluntária, negligência ção não podem ser alterados por
do dia em que cessar a incapa- ou imprudência, violar direito e acordo das partes.
cidade. causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete Art. 193.  A prescrição pode
Art. 179.  Quando a lei dispuser ato ilícito. ser alegada em qualquer grau
que determinado ato é anulável, de jurisdição, pela parte a quem
sem estabelecer prazo para plei- Art. 187.  Também comete ato aproveita.
tear-se a anulação, será este de ilícito o titular de um direito que,
dois anos, a contar da data da ao exercê-lo, excede manifesta- Art. 194.  (Revogado)
conclusão do ato. mente os limites impostos pelo
seu fim econômico ou social, pela Art. 195.  Os relativamente inca-
Art. 180.  O menor, entre dezes- boa-fé ou pelos bons costumes. pazes e as pessoas jurídicas têm
seis e dezoito anos, não pode, ação contra os seus assistentes
para eximir-se de uma obrigação, Art. 188.  Não constituem atos ou representantes legais, que
invocar a sua idade se dolosa- ilícitos: derem causa à prescrição, ou
mente a ocultou quando inquirido I – os praticados em legítima não a alegarem oportunamente.
pela outra parte, ou se, no ato de defesa ou no exercício regular de
obrigar-se, declarou-se maior. um direito reconhecido; Art. 196.  A prescrição iniciada
II – a deterioração ou destrui- contra uma pessoa continua a
Art. 181.  Ninguém pode reclamar ção da coisa alheia, ou a lesão a correr contra o seu sucessor.
o que, por uma obrigação anula- pessoa, a fim de remover perigo
da, pagou a um incapaz, se não iminente.
provar que reverteu em proveito Parágrafo único.  No caso do
dele a importância paga. inciso II, o ato será legítimo so-

142
Código Civil
Seção II – Das Causas que IV – pela apresentação do tí- contra aquele, contado o prazo:
Impedem ou Suspendem a tulo de crédito em juízo de inven- a)  para o segurado, no caso
Prescrição tário ou em concurso de credores; de seguro de responsabilidade
V – por qualquer ato judicial civil, da data em que é citado para
Art. 197.  Não corre a prescrição: que constitua em mora o devedor; responder à ação de indenização
I – entre os cônjuges, na cons- VI – por qualquer ato inequí- proposta pelo terceiro prejudica-
tância da sociedade conjugal; voco, ainda que extrajudicial, que do, ou da data que a este indeniza,
II – entre ascendentes e des- importe reconhecimento do direi- com a anuência do segurador;
cendentes, durante o poder fa- to pelo devedor. b)  quanto aos demais segu-
miliar; Parágrafo único.  A prescri- ros, da ciência do fato gerador da
III – entre tutelados ou cura- ção interrompida recomeça a pretensão;
telados e seus tutores ou curado- correr da data do ato que a in- III – a pretensão dos tabeliães,
res, durante a tutela ou curatela. terrompeu, ou do último ato do auxiliares da justiça, serventuá-
processo para a interromper. rios judiciais, árbitros e peritos,
Art. 198.  Também não corre a pela percepção de emolumentos,
prescrição: Art. 203.  A prescrição pode ser custas e honorários;
I – contra os incapazes de que interrompida por qualquer inte- IV – a pretensão contra os
trata o art. 3o; ressado. peritos, pela avaliação dos bens
II – contra os ausentes do País que entraram para a formação
em serviço público da União, dos Art. 204.  A interrupção da pres- do capital de sociedade anônima,
Estados ou dos Municípios; crição por um credor não apro- contado da publicação da ata da
III – contra os que se acharem veita aos outros; semelhante- assembleia que aprovar o laudo;
servindo nas Forças Armadas, em mente, a interrupção operada V – a pretensão dos credores
tempo de guerra. contra o codevedor, ou seu her- não pagos contra os sócios ou
deiro, não prejudica aos demais acionistas e os liquidantes, con-
Art. 199.  Não corre igualmente coobrigados. tado o prazo da publicação da ata
a prescrição: § 1o  A interrupção por um dos de encerramento da liquidação
I – pendendo condição sus- credores solidários aproveita aos da sociedade.
pensiva; outros; assim como a interrupção § 2o  Em dois anos, a pre-
II – não estando vencido o efetuada contra o devedor soli- tensão para haver prestações
prazo; dário envolve os demais e seus alimentares, a partir da data em
III – pendendo ação de evic- herdeiros. que se vencerem.
ção. § 2o  A interrupção operada § 3o  Em três anos:
contra um dos herdeiros do de- I – a pretensão relativa a
Art. 200.  Quando a ação se origi- vedor solidário não prejudica os aluguéis de prédios urbanos ou
nar de fato que deva ser apurado outros herdeiros ou devedores, rústicos;
no juízo criminal, não correrá a senão quando se trate de obriga- II – a pretensão para receber
prescrição antes da respectiva ções e direitos indivisíveis. prestações vencidas de rendas
sentença definitiva. § 3o  A interrupção produzida temporárias ou vitalícias;
contra o principal devedor preju- III – a pretensão para haver
Art. 201.  Suspensa a prescrição dica o fiador. juros, dividendos ou quaisquer
em favor de um dos credores so- prestações acessórias, pagá-
lidários, só aproveitam os outros veis, em períodos não maiores
se a obrigação for indivisível.
Seção IV – Dos Prazos da de um ano, com capitalização
Prescrição ou sem ela;
IV – a pretensão de ressarci-
Seção III – Das Causas que Art. 205.  A prescrição ocorre mento de enriquecimento sem
Interrompem a Prescrição em dez anos, quando a lei não lhe causa;
haja fixado prazo menor. V – a pretensão de repara-
Art. 202.  A interrupção da pres- ção civil;
crição, que somente poderá ocor- Art. 206.  Prescreve: VI – a pretensão de restituição
rer uma vez, dar-se-á: § 1o  Em um ano: dos lucros ou dividendos recebi-
I – por despacho do juiz, mes- I – a pretensão dos hospe- dos de má-fé, correndo o prazo
mo incompetente, que ordenar a deiros ou fornecedores de ví- da data em que foi deliberada a
citação, se o interessado a pro- veres destinados a consumo no distribuição;
mover no prazo e na forma da lei próprio estabelecimento, para o VII – a pretensão contra as
processual; pagamento da hospedagem ou pessoas em seguida indicadas
II – por protesto, nas condi- dos alimentos; por violação da lei ou do estatuto,
ções do inciso antecedente; II – a pretensão do segurado contado o prazo:
III – por protesto cambial; contra o segurador, ou a deste a)  para os fundadores, da

143
Código Civil
publicação dos atos constitutivos Art. 208.  Aplica-se à decadên- residência das partes e demais
da sociedade anônima; cia o disposto nos arts. 195 e 198, comparecentes, com a indicação,
b)  para os administradores, inciso I. quando necessário, do regime
ou fiscais, da apresentação, aos de bens do casamento, nome do
sócios, do balanço referente ao Art. 209.  É nula a renúncia à outro cônjuge e filiação;
exercício em que a violação tenha decadência fixada em lei. IV – manifestação clara da
sido praticada, ou da reunião ou vontade das partes e dos inter-
assembleia geral que dela deva Art. 210.  Deve o juiz, de ofício, venientes;
tomar conhecimento; conhecer da decadência, quando V – referência ao cumprimen-
c)  para os liquidantes, da estabelecida por lei. to das exigências legais e fiscais
primeira assembleia semestral inerentes à legitimidade do ato;
posterior à violação; Art. 211.  Se a decadência for VI – declaração de ter sido
VIII – a pretensão para haver convencional, a parte a quem lida na presença das partes e
o pagamento de título de crédito, aproveita pode alegá-la em qual- demais comparecentes, ou de
a contar do vencimento, ressalva- quer grau de jurisdição, mas o que todos a leram;
das as disposições de lei especial; juiz não pode suprir a alegação. VII – assinatura das partes
IX – a pretensão do benefi- e dos demais comparecentes,
ciário contra o segurador, e a do bem como a do tabelião ou seu
terceiro prejudicado, no caso de TÍTULO V – DA PROVA substituto legal, encerrando o ato.
seguro de responsabilidade civil § 2o  Se algum comparecente
obrigatório. Art. 212.  Salvo o negócio a que não puder ou não souber escre-
§ 4o  Em quatro anos, a pre- se impõe forma especial, o fato ju- ver, outra pessoa capaz assinará
tensão relativa à tutela, a contar rídico pode ser provado mediante: por ele, a seu rogo.
da data da aprovação das contas. I – confissão; § 3o  A escritura será redigida
§ 5o  Em cinco anos: II – documento; na língua nacional.
I – a pretensão de cobrança III – testemunha; § 4o  Se qualquer dos com-
de dívidas líquidas constantes de IV – presunção; parecentes não souber a língua
instrumento público ou particular; V – perícia. nacional e o tabelião não enten-
II – a pretensão dos profis- der o idioma em que se expres-
sionais liberais em geral, procu- Art. 213.  Não tem eficácia a con- sa, deverá comparecer tradutor
radores judiciais, curadores e pro- fissão se provém de quem não é público para servir de intérprete,
fessores pelos seus honorários, capaz de dispor do direito a que ou, não o havendo na localidade,
contado o prazo da conclusão dos se referem os fatos confessados. outra pessoa capaz que, a juízo
serviços, da cessação dos res- Parágrafo único.  Se feita a do tabelião, tenha idoneidade e
pectivos contratos ou mandato; confissão por um representan- conhecimento bastantes.
III – a pretensão do vencedor te, somente é eficaz nos limites § 5o  Se algum dos compare-
para haver do vencido o que des- em que este pode vincular o re- centes não for conhecido do tabe-
pendeu em juízo. presentado. lião, nem puder identificar-se por
documento, deverão participar do
Art. 206-A.  A prescrição inter- Art. 214.  A confissão é irrevo- ato pelo menos duas testemunhas
corrente observará o mesmo pra- gável, mas pode ser anulada se que o conheçam e atestem sua
zo de prescrição da pretensão, decorreu de erro de fato ou de identidade.
observadas as causas de impe- coação.
dimento, de suspensão e de in- Art. 216.  Farão a mesma prova
terrupção da prescrição previstas Art. 215.  A escritura pública, que os originais as certidões tex-
neste Código e observado o dis- lavrada em notas de tabelião, é tuais de qualquer peça judicial, do
posto no art. 921 da Lei no 13.105, documento dotado de fé pública, protocolo das audiências, ou de
de 16 de março de 2015 (Código fazendo prova plena. outro qualquer livro a cargo do
de Processo Civil). § 1o  Salvo quando exigidos escrivão, sendo extraídas por ele,
por lei outros requisitos, a escri- ou sob a sua vigilância, e por ele
tura pública deve conter: subscritas, assim como os tras-
CAPÍTULO II – DA I – data e local de sua rea- lados de autos, quando por outro
DECADÊNCIA lização; escrivão consertados.
II – reconhecimento da identi-
Art. 207.  Salvo disposição legal dade e capacidade das partes e de Art. 217.  Terão a mesma força
em contrário, não se aplicam à quantos hajam comparecido ao probante os traslados e as cer-
decadência as normas que impe- ato, por si, como representantes, tidões, extraídos por tabelião ou
dem, suspendem ou interrompem intervenientes ou testemunhas; oficial de registro, de instrumen-
a prescrição. III – nome, nacionalidade, es- tos ou documentos lançados em
tado civil, profissão, domicílio e suas notas.

144
Código Civil
Art. 218.  Os traslados e as cer- traduzidos para o português para Art. 229.  (Revogado)
tidões considerar-se-ão instru- ter efeitos legais no País.
mentos públicos, se os originais Art. 230.  (Revogado)
se houverem produzido em juízo Art. 225.  As reproduções foto-
como prova de algum ato. gráficas, cinematográficas, os Art. 231.  Aquele que se nega
registros fonográficos e, em ge- a submeter-se a exame médico
Art. 219.  As declarações cons- ral, quaisquer outras reproduções necessário não poderá aprovei-
tantes de documentos assinados mecânicas ou eletrônicas de fatos tar-se de sua recusa.
presumem-se verdadeiras em ou de coisas fazem prova plena
relação aos signatários. destes, se a parte, contra quem Art. 232.  A recusa à perícia mé-
Parágrafo único.  Não tendo forem exibidos, não lhes impug- dica ordenada pelo juiz poderá
relação direta, porém, com as nar a exatidão. suprir a prova que se pretendia
disposições principais ou com a obter com o exame.
legitimidade das partes, as decla- Art. 226.  Os livros e fichas dos
rações enunciativas não eximem empresários e sociedades provam
os interessados em sua veracida- contra as pessoas a que perten- PARTE ESPECIAL
de do ônus de prová-las. cem, e, em seu favor, quando, LIVRO I – DO DIREITO DAS
escriturados sem vício extrínseco
Art. 220.  A anuência ou a au- ou intrínseco, forem confirmados OBRIGAÇÕES
torização de outrem, necessária por outros subsídios. TÍTULO I – DAS
à validade de um ato, provar-se- Parágrafo único.  A prova re-
-á do mesmo modo que este, e sultante dos livros e fichas não é MODALIDADES DAS
constará, sempre que se possa, bastante nos casos em que a lei OBRIGAÇÕES
do próprio instrumento. exige escritura pública, ou escrito
particular revestido de requisitos
CAPÍTULO I – DAS
Art. 221.  O instrumento particu- especiais, e pode ser ilidida pela OBRIGAÇÕES DE DAR
lar, feito e assinado, ou somente comprovação da falsidade ou ine- Seção I – Das Obrigações de
assinado por quem esteja na livre xatidão dos lançamentos.
Dar Coisa Certa
disposição e administração de
seus bens, prova as obrigações Art. 227.  (Revogado)
convencionais de qualquer valor; Parágrafo único. Qualquer Art. 233.  A obrigação de dar
mas os seus efeitos, bem como que seja o valor do negócio jurídi- coisa certa abrange os acessó-
os da cessão, não se operam, a co, a prova testemunhal é admis- rios dela embora não menciona-
respeito de terceiros, antes de sível como subsidiária ou com- dos, salvo se o contrário resultar
registrado no registro público. plementar da prova por escrito. do título ou das circunstâncias
Parágrafo único.  A prova do do caso.
instrumento particular pode su- Art. 228.  Não podem ser admi-
prir-se pelas outras de caráter tidos como testemunhas: Art. 234.  Se, no caso do artigo
legal. I – os menores de dezesseis antecedente, a coisa se perder,
anos; sem culpa do devedor, antes da
Art. 222.  O telegrama, quando II – (Revogado); tradição, ou pendente a condição
lhe for contestada a autentici- III – (Revogado); suspensiva, fica resolvida a obri-
dade, faz prova mediante confe- IV – o interessado no litígio, o gação para ambas as partes; se a
rência com o original assinado. amigo íntimo ou o inimigo capital perda resultar de culpa do deve-
das partes; dor, responderá este pelo equi-
Art. 223.  A cópia fotográfica de V – os cônjuges, os ascen- valente e mais perdas e danos.
documento, conferida por tabe- dentes, os descendentes e os
lião de notas, valerá como prova colaterais, até o terceiro grau de Art. 235.  Deteriorada a coisa,
de declaração da vontade, mas, alguma das partes, por consan- não sendo o devedor culpado,
impugnada sua autenticidade, guinidade, ou afinidade. poderá o credor resolver a obri-
deverá ser exibido o original. § 1o  Para a prova de fatos que gação, ou aceitar a coisa, abatido
Parágrafo único.  A prova não só elas conheçam, pode o juiz ad- de seu preço o valor que perdeu.
supre a ausência do título de cré- mitir o depoimento das pessoas a
dito, ou do original, nos casos em que se refere este artigo. Art. 236.  Sendo culpado o de-
que a lei ou as circunstâncias con- § 2o  A pessoa com defici- vedor, poderá o credor exigir o
dicionarem o exercício do direito ência poderá testemunhar em equivalente, ou aceitar a coisa
à sua exibição. igualdade de condições com as no estado em que se acha, com
demais pessoas, sendo-lhe as- direito a reclamar, em um ou em
Art. 224.  Os documentos redigi- segurados todos os recursos de outro caso, indenização das per-
dos em língua estrangeira serão tecnologia assistiva. das e danos.

145
Código Civil
Art. 237.  Até a tradição pertence Art. 244.  Nas coisas determi- à sua custa, ressarcindo o culpado
ao devedor a coisa, com os seus nadas pelo gênero e pela quan- perdas e danos.
melhoramentos e acrescidos, pe- tidade, a escolha pertence ao Parágrafo único.  Em caso de
los quais poderá exigir aumento devedor, se o contrário não re- urgência, poderá o credor des-
no preço; se o credor não anuir, sultar do título da obrigação; mas fazer ou mandar desfazer, inde-
poderá o devedor resolver a obri- não poderá dar a coisa pior, nem pendentemente de autorização
gação. será obrigado a prestar a melhor. judicial, sem prejuízo do ressar-
Parágrafo único.  Os frutos cimento devido.
percebidos são do devedor, ca- Art. 245.  Cientificado da esco-
bendo ao credor os pendentes. lha o credor, vigorará o disposto
na Seção antecedente. CAPÍTULO IV –
Art. 238.  Se a obrigação for de DAS OBRIGAÇÕES
restituir coisa certa, e esta, sem Art. 246.  Antes da escolha, não ALTERNATIVAS
culpa do devedor, se perder antes poderá o devedor alegar perda ou
da tradição, sofrerá o credor a deterioração da coisa, ainda que Art. 252.  Nas obrigações al-
perda, e a obrigação se resolverá, por força maior ou caso fortuito. ternativas, a escolha cabe ao
ressalvados os seus direitos até devedor, se outra coisa não se
o dia da perda. estipulou.
CAPÍTULO II – DAS § 1o  Não pode o devedor obri-
Art. 239.  Se a coisa se perder OBRIGAÇÕES DE FAZER gar o credor a receber parte em
por culpa do devedor, respon- uma prestação e parte em outra.
derá este pelo equivalente, mais Art. 247.  Incorre na obrigação § 2o  Quando a obrigação for
perdas e danos. de indenizar perdas e danos o de prestações periódicas, a facul-
devedor que recusar a presta- dade de opção poderá ser exer-
Art. 240.  Se a coisa restituí- ção a ele só imposta, ou só por cida em cada período.
vel se deteriorar sem culpa do ele exequível. § 3o  No caso de pluralidade
devedor, recebê-la-á o credor, de optantes, não havendo acordo
tal qual se ache, sem direito a Art. 248.  Se a prestação do fato unânime entre eles, decidirá o
indenização; se por culpa do de- tornar-se impossível sem culpa do juiz, findo o prazo por este assi-
vedor, observar-se-á o disposto devedor, resolver-se-á a obriga- nado para a deliberação.
no art. 239. ção; se por culpa dele, responderá § 4o  Se o título deferir a op-
por perdas e danos. ção a terceiro, e este não quiser,
Art. 241.  Se, no caso do art. 238, ou não puder exercê-la, caberá
sobrevier melhoramento ou Art. 249.  Se o fato puder ser ao juiz a escolha se não houver
acréscimo à coisa, sem despe- executado por terceiro, será livre acordo entre as partes.
sa ou trabalho do devedor, lu- ao credor mandá-lo executar à
crará o credor, desobrigado de custa do devedor, havendo recusa Art. 253.  Se uma das duas pres-
indenização. ou mora deste, sem prejuízo da tações não puder ser objeto de
indenização cabível. obrigação ou se tornada inexe-
Art. 242.  Se para o melhora- Parágrafo único.  Em caso de quível, subsistirá o débito quan-
mento, ou aumento, empregou urgência, pode o credor, indepen- to à outra.
o devedor trabalho ou dispêndio, dentemente de autorização judi-
o caso se regulará pelas normas cial, executar ou mandar executar Art. 254.  Se, por culpa do deve-
deste Código atinentes às benfei- o fato, sendo depois ressarcido. dor, não se puder cumprir nenhu-
torias realizadas pelo possuidor ma das prestações, não compe-
de boa-fé ou de má-fé. tindo ao credor a escolha, ficará
Parágrafo único.  Quanto aos CAPÍTULO III – DAS aquele obrigado a pagar o valor
frutos percebidos, observar-se-á, OBRIGAÇÕES DE NÃO da que por último se impossibili-
do mesmo modo, o disposto neste FAZER tou, mais as perdas e danos que
Código, acerca do possuidor de o caso determinar.
boa-fé ou de má-fé. Art. 250.  Extingue-se a obriga-
ção de não fazer, desde que, sem Art. 255.  Quando a escolha cou-
culpa do devedor, se lhe torne ber ao credor e uma das presta-
Seção II – Das Obrigações de impossível abster-se do ato, que ções tornar-se impossível por
Dar Coisa Incerta se obrigou a não praticar. culpa do devedor, o credor terá
direito de exigir a prestação sub-
Art. 243.  A coisa incerta será Art. 251.  Praticado pelo devedor sistente ou o valor da outra, com
indicada, ao menos, pelo gênero o ato, a cuja abstenção se obriga- perdas e danos; se, por culpa do
e pela quantidade. ra, o credor pode exigir dele que o devedor, ambas as prestações
desfaça, sob pena de se desfazer se tornarem inexequíveis, po-

146
Código Civil
derá o credor reclamar o valor Parágrafo único.  O mesmo solidários falecer deixando her-
de qualquer das duas, além da critério se observará no caso de deiros, cada um destes só terá
indenização por perdas e danos. transação, novação, compensa- direito a exigir e receber a quota
ção ou confusão. do crédito que corresponder ao
Art. 256.  Se todas as prestações seu quinhão hereditário, salvo se
se tornarem impossíveis sem cul- Art. 263.  Perde a qualidade de a obrigação for indivisível.
pa do devedor, extinguir-se-á a indivisível a obrigação que se re-
obrigação. solver em perdas e danos. Art. 271.  Convertendo-se a pres-
§ 1o  Se, para efeito do dispos- tação em perdas e danos, sub-
to neste artigo, houver culpa de siste, para todos os efeitos, a
CAPÍTULO V – DAS todos os devedores, responderão solidariedade.
OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E todos por partes iguais.
INDIVISÍVEIS § 2o  Se for de um só a culpa, Art. 272.  O credor que tiver re-
ficarão exonerados os outros, mitido a dívida ou recebido o pa-
Art. 257.  Havendo mais de um respondendo só esse pelas per- gamento responderá aos outros
devedor ou mais de um credor em das e danos. pela parte que lhes caiba.
obrigação divisível, esta presume-
-se dividida em tantas obrigações, Art. 273.  A um dos credores so-
iguais e distintas, quantos os cre- CAPÍTULO VI – DAS lidários não pode o devedor opor
dores ou devedores. OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS as exceções pessoais oponíveis
aos outros.
Seção I – Disposições Gerais
Art. 258.  A obrigação é indivisí-
vel quando a prestação tem por Art. 274.  O julgamento contrário
objeto uma coisa ou um fato não Art. 264.  Há solidariedade, a um dos credores solidários não
suscetíveis de divisão, por sua quando na mesma obrigação con- atinge os demais, mas o julga-
natureza, por motivo de ordem corre mais de um credor, ou mais mento favorável aproveita-lhes,
econômica, ou dada a razão de- de um devedor, cada um com di- sem prejuízo de exceção pessoal
terminante do negócio jurídico. reito, ou obrigado, à dívida toda. que o devedor tenha direito de
invocar em relação a qualquer
Art. 259.  Se, havendo dois ou Art. 265.  A solidariedade não deles.
mais devedores, a prestação não se presume; resulta da lei ou da
for divisível, cada um será obri- vontade das partes.
gado pela dívida toda.
Seção III – Da Solidariedade
Parágrafo único.  O devedor, Art. 266.  A obrigação solidária Passiva
que paga a dívida, sub-roga-se pode ser pura e simples para um
no direito do credor em relação dos cocredores ou codevedores, Art. 275.  O credor tem direito
aos outros coobrigados. e condicional, ou a prazo, ou pa- a exigir e receber de um ou de
gável em lugar diferente, para alguns dos devedores, parcial ou
Art. 260.  Se a pluralidade for o outro. totalmente, a dívida comum; se
dos credores, poderá cada um o pagamento tiver sido parcial,
destes exigir a dívida inteira; mas todos os demais devedores con-
o devedor ou devedores se deso-
Seção II – Da Solidariedade tinuam obrigados solidariamente
brigarão, pagando: Ativa pelo resto.
I – a todos conjuntamente; Parágrafo único.  Não impor-
II – a um, dando este cau- Art. 267.  Cada um dos credores tará renúncia da solidariedade a
ção de ratificação dos outros solidários tem direito a exigir do propositura de ação pelo credor
credores. devedor o cumprimento da pres- contra um ou alguns dos deve-
tação por inteiro. dores.
Art. 261.  Se um só dos credores
receber a prestação por inteiro, Art. 268.  Enquanto alguns dos Art. 276.  Se um dos devedo-
a cada um dos outros assistirá o credores solidários não deman- res solidários falecer deixando
direito de exigir dele em dinheiro darem o devedor comum, a qual- herdeiros, nenhum destes será
a parte que lhe caiba no total. quer daqueles poderá este pagar. obrigado a pagar senão a quota
que corresponder ao seu quinhão
Art. 262.  Se um dos credores Art. 269.  O pagamento feito a hereditário, salvo se a obrigação
remitir a dívida, a obrigação não um dos credores solidários ex- for indivisível; mas todos reuni-
ficará extinta para com os outros; tingue a dívida até o montante dos serão considerados como um
mas estes só a poderão exigir, do que foi pago. devedor solidário em relação aos
descontada a quota do credor demais devedores.
remitente. Art. 270.  Se um dos credores

147
Código Civil
Art. 277.  O pagamento parcial Art. 285.  Se a dívida solidária o da obrigação cedida; quando o
feito por um dos devedores e interessar exclusivamente a um crédito constar de escritura pú-
a remissão por ele obtida não dos devedores, responderá este blica, prevalecerá a prioridade da
aproveitam aos outros devedo- por toda ela para com aquele notificação.
res, senão até à concorrência da que pagar.
quantia paga ou relevada. Art. 293.  Independentemente
do conhecimento da cessão pelo
Art. 278.  Qualquer cláusula, con- TÍTULO II – DA devedor, pode o cessionário exer-
dição ou obrigação adicional, es- TRANSMISSÃO DAS cer os atos conservatórios do
tipulada entre um dos devedores OBRIGAÇÕES direito cedido.
solidários e o credor, não poderá
agravar a posição dos outros sem CAPÍTULO I – DA CESSÃO Art. 294.  O devedor pode opor
consentimento destes. DE CRÉDITO ao cessionário as exceções que
lhe competirem, bem como as
Art. 279.  Impossibilitando-se a Art. 286.  O credor pode ceder o que, no momento em que veio
prestação por culpa de um dos seu crédito, se a isso não se opu- a ter conhecimento da cessão,
devedores solidários, subsiste ser a natureza da obrigação, a lei, tinha contra o cedente.
para todos o encargo de pagar ou a convenção com o devedor; a
o equivalente; mas pelas perdas cláusula proibitiva da cessão não Art. 295.  Na cessão por título
e danos só responde o culpado. poderá ser oposta ao cessionário oneroso, o cedente, ainda que não
de boa-fé, se não constar do ins- se responsabilize, fica responsá-
Art. 280.  Todos os devedores trumento da obrigação. vel ao cessionário pela existência
respondem pelos juros da mora, do crédito ao tempo em que lhe
ainda que a ação tenha sido pro- Art. 287.  Salvo disposição em cedeu; a mesma responsabili-
posta somente contra um; mas o contrário, na cessão de um cré- dade lhe cabe nas cessões por
culpado responde aos outros pela dito abrangem-se todos os seus título gratuito, se tiver procedido
obrigação acrescida. acessórios. de má-fé.

Art. 281.  O devedor demandado Art. 288.  É ineficaz, em relação Art. 296.  Salvo estipulação em


pode opor ao credor as exceções a terceiros, a transmissão de um contrário, o cedente não respon-
que lhe forem pessoais e as co- crédito, se não celebrar-se me- de pela solvência do devedor.
muns a todos; não lhe aproveitan- diante instrumento público, ou
do as exceções pessoais a outro instrumento particular revestido Art. 297.  O cedente, responsável
codevedor. das solenidades do § 1o do art. 654. ao cessionário pela solvência do
devedor, não responde por mais
Art. 282.  O credor pode renun- Art. 289.  O cessionário de cré- do que daquele recebeu, com os
ciar à solidariedade em favor de dito hipotecário tem o direito de respectivos juros; mas tem de
um, de alguns ou de todos os fazer averbar a cessão no registro ressarcir-lhe as despesas da ces-
devedores. do imóvel. são e as que o cessionário houver
Parágrafo único.  Se o credor feito com a cobrança.
exonerar da solidariedade um ou Art. 290.  A cessão do crédito
mais devedores, subsistirá a dos não tem eficácia em relação ao Art. 298.  O crédito, uma vez
demais. devedor, senão quando a este penhorado, não pode mais ser
notificada; mas por notificado transferido pelo credor que tiver
Art. 283.  O devedor que satisfez se tem o devedor que, em escrito conhecimento da penhora; mas o
a dívida por inteiro tem direito a público ou particular, se declarou devedor que o pagar, não tendo
exigir de cada um dos codeve- ciente da cessão feita. notificação dela, fica exonera-
dores a sua quota, dividindo-se do, subsistindo somente contra
igualmente por todos a do insol- Art. 291.  Ocorrendo várias ces- o credor os direitos de terceiro.
vente, se o houver, presumindo- sões do mesmo crédito, prevalece
-se iguais, no débito, as partes de a que se completar com a tradição
todos os codevedores. do título do crédito cedido. CAPÍTULO II – DA
ASSUNÇÃO DE DÍVIDA
Art. 284.  No caso de rateio en- Art. 292.  Fica desobrigado o
tre os codevedores, contribuirão devedor que, antes de ter co- Art. 299.  É facultado a terceiro
também os exonerados da soli- nhecimento da cessão, paga ao assumir a obrigação do devedor,
dariedade pelo credor, pela parte credor primitivo, ou que, no caso com o consentimento expresso
que na obrigação incumbia ao de mais de uma cessão notifica- do credor, ficando exonerado o
insolvente. da, paga ao cessionário que lhe devedor primitivo, salvo se aque-
apresenta, com o título de cessão, le, ao tempo da assunção, era

148
Código Civil
insolvente e o credor o ignorava. a reembolsar-se do que pagar; valerá contra estes, que poderão
Parágrafo único. Qualquer mas não se sub-roga nos direitos constranger o devedor a pagar de
das partes pode assinar prazo do credor. novo, ficando-lhe ressalvado o
ao credor para que consinta na Parágrafo único.  Se pagar regresso contra o credor.
assunção da dívida, interpretan- antes de vencida a dívida, só terá
do-se o seu silêncio como recusa. direito ao reembolso no venci-
mento.
Seção III – Do Objeto do
Art. 300.  Salvo assentimento Pagamento e Sua Prova
expresso do devedor primitivo, Art. 306.  O pagamento feito por
consideram-se extintas, a partir terceiro, com desconhecimen- Art. 313.  O credor não é obriga-
da assunção da dívida, as garan- to ou oposição do devedor, não do a receber prestação diversa
tias especiais por ele originaria- obriga a reembolsar aquele que da que lhe é devida, ainda que
mente dadas ao credor. pagou, se o devedor tinha meios mais valiosa.
para ilidir a ação.
Art. 301.  Se a substituição do Art. 314.  Ainda que a obriga-
devedor vier a ser anulada, res- Art. 307.  Só terá eficácia o paga- ção tenha por objeto prestação
taura-se o débito, com todas as mento que importar transmissão divisível, não pode o credor ser
suas garantias, salvo as garantias da propriedade, quando feito por obrigado a receber, nem o deve-
prestadas por terceiros, exceto se quem possa alienar o objeto em dor a pagar, por partes, se assim
este conhecia o vício que inqui- que ele consistiu. não se ajustou.
nava a obrigação. Parágrafo único.  Se se der
em pagamento coisa fungível, Art. 315.  As dívidas em dinheiro
Art. 302.  O novo devedor não não se poderá mais reclamar do deverão ser pagas no vencimento,
pode opor ao credor as exceções credor que, de boa-fé, a recebeu em moeda corrente e pelo valor
pessoais que competiam ao de- e consumiu, ainda que o solvente nominal, salvo o disposto nos
vedor primitivo. não tivesse o direito de aliená-la. artigos subsequentes.

Art. 303.  O adquirente de imó- Art. 316.  É lícito convencionar


vel hipotecado pode tomar a seu
Seção II – Daqueles a Quem o aumento progressivo de pres-
cargo o pagamento do crédito Se Deve Pagar tações sucessivas.
garantido; se o credor, notifica-
do, não impugnar em trinta dias Art. 308.  O pagamento deve ser Art. 317.  Quando, por motivos
a transferência do débito, enten- feito ao credor ou a quem de di- imprevisíveis, sobrevier despro-
der-se-á dado o assentimento. reito o represente, sob pena de porção manifesta entre o valor da
só valer depois de por ele ratifi- prestação devida e o do momento
cado, ou tanto quanto reverter de sua execução, poderá o juiz
TÍTULO III – DO em seu proveito. corrigi-lo, a pedido da parte, de
ADIMPLEMENTO modo que assegure, quanto pos-
E EXTINÇÃO DAS Art. 309.  O pagamento feito de sível, o valor real da prestação.
OBRIGAÇÕES boa-fé ao credor putativo é váli-
do, ainda provado depois que não Art. 318.  São nulas as conven-
CAPÍTULO I – DO era credor. ções de pagamento em ouro ou
PAGAMENTO em moeda estrangeira, bem como
Art. 310.  Não vale o pagamen- para compensar a diferença en-
Seção I – De Quem Deve to cientemente feito ao credor tre o valor desta e o da moeda
Pagar incapaz de quitar, se o devedor nacional, excetuados os casos
não provar que em benefício dele previstos na legislação especial.
Art. 304.  Qualquer interessa- efetivamente reverteu.
do na extinção da dívida pode Art. 319.  O devedor que paga
pagá-la, usando, se o credor se Art. 311.  Considera-se autori- tem direito a quitação regular, e
opuser, dos meios conducentes zado a receber o pagamento o pode reter o pagamento, enquan-
à exoneração do devedor. portador da quitação, salvo se to não lhe seja dada.
Parágrafo único.  Igual direito as circunstâncias contrariarem
cabe ao terceiro não interessado, a presunção daí resultante. Art. 320.  A quitação, que sem-
se o fizer em nome e à conta do pre poderá ser dada por instru-
devedor, salvo oposição deste. Art. 312.  Se o devedor pagar mento particular, designará o va-
ao credor, apesar de intimado lor e a espécie da dívida quitada,
Art. 305.  O terceiro não inte- da penhora feita sobre o crédito, o nome do devedor, ou quem por
ressado, que paga a dívida em ou da impugnação a ele oposta este pagou, o tempo e o lugar do
seu próprio nome, tem direito por terceiros, o pagamento não pagamento, com a assinatura do

149
Código Civil
credor, ou do seu representante. sistir na tradição de um imóvel, ou CAPÍTULO II – DO
Parágrafo único.  Ainda sem em prestações relativas a imóvel, PAGAMENTO EM
os requisitos estabelecidos nes- far-se-á no lugar onde situado
te artigo valerá a quitação, se o bem.
CONSIGNAÇÃO
de seus termos ou das circuns-
tâncias resultar haver sido paga Art. 329.  Ocorrendo motivo Art. 334.  Considera-se paga-
a dívida. grave para que se não efetue o mento, e extingue a obrigação,
pagamento no lugar determina- o depósito judicial ou em esta-
Art. 321.  Nos débitos, cuja quita- do, poderá o devedor fazê-lo em belecimento bancário da coisa
ção consista na devolução do títu- outro, sem prejuízo para o credor. devida, nos casos e forma legais.
lo, perdido este, poderá o devedor
exigir, retendo o pagamento, de- Art. 330.  O pagamento reite- Art. 335.  A consignação tem
claração do credor que inutilize radamente feito em outro local lugar:
o título desaparecido. faz presumir renúncia do cre- I – se o credor não puder, ou,
dor relativamente ao previsto no sem justa causa, recusar receber
Art. 322.  Quando o pagamento contrato. o pagamento, ou dar quitação na
for em quotas periódicas, a qui- devida forma;
tação da última estabelece, até II – se o credor não for, nem
prova em contrário, a presunção
Seção V – Do Tempo do mandar receber a coisa no lugar,
de estarem solvidas as anteriores. Pagamento tempo e condição devidos;
III – se o credor for incapaz
Art. 323.  Sendo a quitação do Art. 331.  Salvo disposição legal de receber, for desconhecido,
capital sem reserva dos juros, em contrário, não tendo sido ajus- declarado ausente, ou residir em
estes presumem-se pagos. tada época para o pagamento, lugar incerto ou de acesso peri-
pode o credor exigi-lo imedia- goso ou difícil;
Art. 324.  A entrega do título ao tamente. IV – se ocorrer dúvida sobre
devedor firma a presunção do quem deva legitimamente rece-
pagamento. Art. 332.  As obrigações condi- ber o objeto do pagamento;
Parágrafo único.  Ficará sem cionais cumprem-se na data do V – se pender litígio sobre o
efeito a quitação assim operada implemento da condição, caben- objeto do pagamento.
se o credor provar, em sessenta do ao credor a prova de que deste
dias, a falta do pagamento. teve ciência o devedor. Art. 336.  Para que a consigna-
ção tenha força de pagamento,
Art. 325.  Presumem-se a cargo Art. 333.  Ao credor assistirá o será mister concorram, em rela-
do devedor as despesas com o pa- direito de cobrar a dívida antes ção às pessoas, ao objeto, modo e
gamento e a quitação; se ocorrer de vencido o prazo estipulado tempo, todos os requisitos sem os
aumento por fato do credor, su- no contrato ou marcado neste quais não é válido o pagamento.
portará este a despesa acrescida. Código:
I – no caso de falência do Art. 337.  O depósito requerer-
Art. 326.  Se o pagamento se devedor, ou de concurso de cre- -se-á no lugar do pagamento,
houver de fazer por medida, ou dores; cessando, tanto que se efetue,
peso, entender-se-á, no silêncio II – se os bens, hipotecados ou para o depositante, os juros da
das partes, que aceitaram os do empenhados, forem penhorados dívida e os riscos, salvo se for
lugar da execução. em execução por outro credor; julgado improcedente.
III – se cessarem, ou se se tor-
narem insuficientes, as garantias Art. 338.  Enquanto o credor não
Seção IV – Do Lugar do do débito, fidejussórias, ou reais, declarar que aceita o depósito,
Pagamento e o devedor, intimado, se negar a ou não o impugnar, poderá o de-
reforçá-las. vedor requerer o levantamento,
Art. 327.  Efetuar-se-á o paga- Parágrafo único.  Nos casos pagando as respectivas despesas,
mento no domicílio do devedor, deste artigo, se houver, no débito, e subsistindo a obrigação para to-
salvo se as partes convenciona- solidariedade passiva, não se re- das as consequências de direito.
rem diversamente, ou se o contrá- putará vencido quanto aos outros
rio resultar da lei, da natureza da devedores solventes. Art. 339.  Julgado procedente
obrigação ou das circunstâncias. o depósito, o devedor já não po-
Parágrafo único. Designados derá levantá-lo, embora o credor
dois ou mais lugares, cabe ao cre- consinta, senão de acordo com
dor escolher entre eles. os outros devedores e fiadores.

Art. 328.  Se o pagamento con- Art. 340.  O credor que, depois

150
Código Civil
de contestar a lide ou aceitar o III – do terceiro interessado, pagamento, se aceitar a quitação
depósito, aquiescer no levan- que paga a dívida pela qual era de uma delas, não terá direito a
tamento, perderá a preferência ou podia ser obrigado, no todo reclamar contra a imputação feita
e a garantia que lhe competiam ou em parte. pelo credor, salvo provando haver
com respeito à coisa consignada, ele cometido violência ou dolo.
ficando para logo desobrigados Art. 347.  A sub-rogação é con-
os codevedores e fiadores que vencional: Art. 354.  Havendo capital e ju-
não tenham anuído. I – quando o credor recebe o ros, o pagamento imputar-se-á
pagamento de terceiro e expres- primeiro nos juros vencidos, e
Art. 341.  Se a coisa devida for samente lhe transfere todos os depois no capital, salvo estipu-
imóvel ou corpo certo que deva seus direitos; lação em contrário, ou se o cre-
ser entregue no mesmo lugar II – quando terceira pessoa dor passar a quitação por conta
onde está, poderá o devedor citar empresta ao devedor a quantia do capital.
o credor para vir ou mandar rece- precisa para solver a dívida, sob
bê-la, sob pena de ser depositada. a condição expressa de ficar o Art. 355.  Se o devedor não fi-
mutuante sub-rogado nos direi- zer a indicação do art. 352, e a
Art. 342.  Se a escolha da coisa tos do credor satisfeito. quitação for omissa quanto à im-
indeterminada competir ao cre- putação, esta se fará nas dívidas
dor, será ele citado para esse fim, Art. 348.  Na hipótese do inciso líquidas e vencidas em primeiro
sob cominação de perder o direito I do artigo antecedente, vigora- lugar. Se as dívidas forem todas
e de ser depositada a coisa que rá o disposto quanto à cessão líquidas e vencidas ao mesmo
o devedor escolher; feita a esco- do crédito. tempo, a imputação far-se-á na
lha pelo devedor, proceder-se-á mais onerosa.
como no artigo antecedente. Art. 349.  A sub-rogação trans-
fere ao novo credor todos os direi-
Art. 343.  As despesas com o tos, ações, privilégios e garantias CAPÍTULO V – DA DAÇÃO
depósito, quando julgado proce- do primitivo, em relação à dívida, EM PAGAMENTO
dente, correrão à conta do credor, contra o devedor principal e os
e, no caso contrário, à conta do fiadores. Art. 356.  O credor pode consen-
devedor. tir em receber prestação diversa
Art. 350.  Na sub-rogação legal da que lhe é devida.
Art. 344.  O devedor de obriga- o sub-rogado não poderá exercer
ção litigiosa exonerar-se-á me- os direitos e as ações do credor, Art. 357.  Determinado o preço
diante consignação, mas, se pa- senão até à soma que tiver de- da coisa dada em pagamento, as
gar a qualquer dos pretendidos sembolsado para desobrigar o relações entre as partes regular-
credores, tendo conhecimento devedor. -se-ão pelas normas do contrato
do litígio, assumirá o risco do de compra e venda.
pagamento. Art. 351.  O credor originário, só
em parte reembolsado, terá pre- Art. 358.  Se for título de cré-
Art. 345.  Se a dívida se vencer, ferência ao sub-rogado, na co- dito a coisa dada em pagamen-
pendendo litígio entre credores brança da dívida restante, se os to, a transferência importará em
que se pretendem mutuamente bens do devedor não chegarem cessão.
excluir, poderá qualquer deles para saldar inteiramente o que a
requerer a consignação. um e outro dever. Art. 359.  Se o credor for evicto
da coisa recebida em pagamento,
restabelecer-se-á a obrigação
CAPÍTULO III – DO CAPÍTULO IV – DA primitiva, ficando sem efeito a
PAGAMENTO COM IMPUTAÇÃO DO quitação dada, ressalvados os
SUB-ROGAÇÃO PAGAMENTO direitos de terceiros.

Art. 346.  A sub-rogação ope- Art. 352.  A pessoa obrigada por


ra-se, de pleno direito, em favor: dois ou mais débitos da mesma CAPÍTULO VI – DA
I – do credor que paga a dívida natureza, a um só credor, tem o NOVAÇÃO
do devedor comum; direito de indicar a qual deles ofe-
II – do adquirente do imóvel rece pagamento, se todos forem Art. 360.  Dá-se a novação:
hipotecado, que paga a credor líquidos e vencidos. I – quando o devedor contrai
hipotecário, bem como do ter- com o credor nova dívida para
ceiro que efetiva o pagamento Art. 353.  Não tendo o devedor extinguir e substituir a anterior;
para não ser privado de direito declarado em qual das dívidas lí- II – quando novo devedor su-
sobre imóvel; quidas e vencidas quer imputar o cede ao antigo, ficando este quite

151
Código Civil
com o credor; onde se compensarem. sem dedução das despesas ne-
III – quando, em virtude de cessárias à operação.
obrigação nova, outro credor é Art. 369.  A compensação efetu-
substituído ao antigo, ficando o a-se entre dívidas líquidas, venci- Art. 379.  Sendo a mesma pes-
devedor quite com este. das e de coisas fungíveis. soa obrigada por várias dívidas
compensáveis, serão observadas,
Art. 361.  Não havendo ânimo Art. 370.  Embora sejam do mes- no compensá-las, as regras es-
de novar, expresso ou tácito mas mo gênero as coisas fungíveis, tabelecidas quanto à imputação
inequívoco, a segunda obriga- objeto das duas prestações, não do pagamento.
ção confirma simplesmente a se compensarão, verificando-se
primeira. que diferem na qualidade, quando Art. 380.  Não se admite a com-
especificada no contrato. pensação em prejuízo de direito
Art. 362.  A novação por substi- de terceiro. O devedor que se tor-
tuição do devedor pode ser efetu- Art. 371.  O devedor somente ne credor do seu credor, depois
ada independentemente de con- pode compensar com o credor de penhorado o crédito deste,
sentimento deste. o que este lhe dever; mas o fiador não pode opor ao exequente a
pode compensar sua dívida com compensação, de que contra o
Art. 363.  Se o novo devedor for a de seu credor ao afiançado. próprio credor disporia.
insolvente, não tem o credor, que
o aceitou, ação regressiva contra Art. 372.  Os prazos de favor,
o primeiro, salvo se este obteve embora consagrados pelo uso ge- CAPÍTULO VIII – DA
por má-fé a substituição. ral, não obstam a compensação. CONFUSÃO
Art. 364.  A novação extingue os Art. 373.  A diferença de causa Art. 381.  Extingue-se a obriga-
acessórios e garantias da dívida, nas dívidas não impede a com- ção, desde que na mesma pessoa
sempre que não houver estipula- pensação, exceto: se confundam as qualidades de
ção em contrário. Não aproveita- I – se provier de esbulho, furto credor e devedor.
rá, contudo, ao credor ressalvar o ou roubo;
penhor, a hipoteca ou a anticrese, II – se uma se originar de co- Art. 382.  A confusão pode verifi-
se os bens dados em garantia modato, depósito ou alimentos; car-se a respeito de toda a dívida,
pertencerem a terceiro que não III – se uma for de coisa não ou só de parte dela.
foi parte na novação. suscetível de penhora.
Art. 383.  A confusão operada
Art. 365.  Operada a novação Art. 374.  (Revogado) na pessoa do credor ou devedor
entre o credor e um dos devedo- solidário só extingue a obrigação
res solidários, somente sobre os Art. 375.  Não haverá compensa- até a concorrência da respecti-
bens do que contrair a nova obri- ção quando as partes, por mútuo va parte no crédito, ou na dívida,
gação subsistem as preferências acordo, a excluírem, ou no caso subsistindo quanto ao mais a so-
e garantias do crédito novado. Os de renúncia prévia de uma delas. lidariedade.
outros devedores solidários ficam
por esse fato exonerados. Art. 376.  Obrigando-se por ter- Art. 384.  Cessando a confusão,
ceiro uma pessoa, não pode com- para logo se restabelece, com
Art. 366.  Importa exoneração pensar essa dívida com a que o todos os seus acessórios, a obri-
do fiador a novação feita sem credor dele lhe dever. gação anterior.
seu consenso com o devedor
principal. Art. 377.  O devedor que, notifi-
cado, nada opõe à cessão que o CAPÍTULO IX – DA
Art. 367.  Salvo as obrigações credor faz a terceiros dos seus REMISSÃO DAS DÍVIDAS
simplesmente anuláveis, não po- direitos, não pode opor ao cessio-
dem ser objeto de novação obri- nário a compensação, que antes Art. 385.  A remissão da dívida,
gações nulas ou extintas. da cessão teria podido opor ao aceita pelo devedor, extingue a
cedente. Se, porém, a cessão lhe obrigação, mas sem prejuízo de
não tiver sido notificada, poderá terceiro.
CAPÍTULO VII – DA opor ao cessionário compensação
COMPENSAÇÃO do crédito que antes tinha contra Art. 386.  A devolução voluntá-
o cedente. ria do título da obrigação, quan-
Art. 368.  Se duas pessoas fo- do por escrito particular, prova
rem ao mesmo tempo credor e Art. 378.  Quando as duas dívi- desoneração do devedor e seus
devedor uma da outra, as duas das não são pagáveis no mesmo coobrigados, se o credor for ca-
obrigações extinguem-se, até lugar, não se podem compensar paz de alienar, e o devedor capaz

152
Código Civil
de adquirir. CAPÍTULO II – DA MORA lecido para o pagamento e o da
sua efetivação.
Art. 387.  A restituição voluntária Art. 394.  Considera-se em mora
do objeto empenhado prova a re- o devedor que não efetuar o pa- Art. 401.  Purga-se a mora:
núncia do credor à garantia real, gamento e o credor que não qui- I – por parte do devedor, ofe-
não a extinção da dívida. ser recebê-lo no tempo, lugar e recendo este a prestação mais a
forma que a lei ou a convenção importância dos prejuízos decor-
Art. 388.  A remissão concedida estabelecer. rentes do dia da oferta;
a um dos codevedores extingue a II – por parte do credor, ofere-
dívida na parte a ele correspon- Art. 395.  Responde o devedor cendo-se este a receber o paga-
dente; de modo que, ainda reser- pelos prejuízos a que sua mora mento e sujeitando-se aos efeitos
vando o credor a solidariedade der causa, mais juros, atualização da mora até a mesma data.
contra os outros, já lhes não pode dos valores monetários segun-
cobrar o débito sem dedução da do índices oficiais regularmente
parte remitida. estabelecidos, e honorários de CAPÍTULO III – DAS
advogado. PERDAS E DANOS
Parágrafo único.  Se a pres-
TÍTULO IV – DO tação, devido à mora, se tornar Art. 402.  Salvo as exceções ex-
INADIMPLEMENTO DAS inútil ao credor, este poderá en- pressamente previstas em lei,
OBRIGAÇÕES jeitá-la, e exigir a satisfação das as perdas e danos devidas ao
perdas e danos. credor abrangem, além do que
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES ele efetivamente perdeu, o que
GERAIS Art. 396.  Não havendo fato ou razoavelmente deixou de lucrar.
omissão imputável ao devedor,
Art. 389.  Não cumprida a obri- não incorre este em mora. Art. 403.  Ainda que a inexecu-
gação, responde o devedor por ção resulte de dolo do devedor,
perdas e danos, mais juros e Art. 397.  O inadimplemento da as perdas e danos só incluem
atualização monetária segun- obrigação, positiva e líquida, no os prejuízos efetivos e os lucros
do índices oficiais regularmente seu termo, constitui de pleno di- cessantes por efeito dela direto
estabelecidos, e honorários de reito em mora o devedor. e imediato, sem prejuízo do dis-
advogado. Parágrafo único.  Não haven- posto na lei processual.
do termo, a mora se constitui
Art. 390.  Nas obrigações ne- mediante interpelação judicial Art. 404.  As perdas e danos,
gativas o devedor é havido por ou extrajudicial. nas obrigações de pagamento em
inadimplente desde o dia em que dinheiro, serão pagas com atuali-
executou o ato de que se devia Art. 398.  Nas obrigações prove- zação monetária segundo índices
abster. nientes de ato ilícito, considera-se oficiais regularmente estabele-
o devedor em mora, desde que o cidos, abrangendo juros, custas
Art. 391.  Pelo inadimplemento praticou. e honorários de advogado, sem
das obrigações respondem todos prejuízo da pena convencional.
os bens do devedor. Art. 399.  O devedor em mora Parágrafo único.  Provado que
responde pela impossibilidade da os juros da mora não cobrem o
Art. 392.  Nos contratos benéfi- prestação, embora essa impossi- prejuízo, e não havendo pena con-
cos, responde por simples culpa bilidade resulte de caso fortuito vencional, pode o juiz conceder ao
o contratante, a quem o contra- ou de força maior, se estes ocor- credor indenização suplementar.
to aproveite, e por dolo aquele rerem durante o atraso; salvo se
a quem não favoreça. Nos con- provar isenção de culpa, ou que Art. 405.  Contam-se os juros
tratos onerosos, responde cada o dano sobreviria ainda quando a de mora desde a citação inicial.
uma das partes por culpa, salvo obrigação fosse oportunamente
as exceções previstas em lei. desempenhada.
CAPÍTULO IV – DOS JUROS
Art. 393.  O devedor não respon- Art. 400.  A mora do credor sub- LEGAIS
de pelos prejuízos resultantes de trai o devedor isento de dolo à
caso fortuito ou força maior, se responsabilidade pela conser- Art. 406.  Quando os juros mora-
expressamente não se houver por vação da coisa, obriga o credor a tórios não forem convencionados,
eles responsabilizado. ressarcir as despesas emprega- ou o forem sem taxa estipula-
Parágrafo único.  O caso for- das em conservá-la, e sujeita-o da, ou quando provierem de de-
tuito ou de força maior verifica-se a recebê-la pela estimação mais terminação da lei, serão fixados
no fato necessário, cujos efeitos favorável ao devedor, se o seu segundo a taxa que estiver em
não era possível evitar ou impedir. valor oscilar entre o dia estabe- vigor para a mora do pagamento

153
Código Civil
de impostos devidos à Fazenda Art. 414.  Sendo indivisível a obri- as arras como taxa mínima. Pode,
Nacional. gação, todos os devedores, cain- também, a parte inocente exigir
do em falta um deles, incorrerão a execução do contrato, com as
Art. 407.  Ainda que se não ale- na pena; mas esta só se poderá perdas e danos, valendo as arras
gue prejuízo, é obrigado o devedor demandar integralmente do cul- como o mínimo da indenização.
aos juros da mora que se conta- pado, respondendo cada um dos
rão assim às dívidas em dinhei- outros somente pela sua quota. Art. 420.  Se no contrato for es-
ro, como às prestações de outra Parágrafo único.  Aos não tipulado o direito de arrependi-
natureza, uma vez que lhes esteja culpados fica reservada a ação mento para qualquer das partes,
fixado o valor pecuniário por sen- regressiva contra aquele que deu as arras ou sinal terão função
tença judicial, arbitramento, ou causa à aplicação da pena. unicamente indenizatória. Neste
acordo entre as partes. caso, quem as deu perdê-las-á em
Art. 415.  Quando a obrigação benefício da outra parte; e quem
for divisível, só incorre na pena o as recebeu devolvê-las-á, mais o
CAPÍTULO V – DA devedor ou o herdeiro do devedor equivalente. Em ambos os casos
CLÁUSULA PENAL que a infringir, e proporcional- não haverá direito a indenização
mente à sua parte na obrigação. suplementar.
Art. 408.  Incorre de pleno direi-
to o devedor na cláusula penal, Art. 416.  Para exigir a pena con-
desde que, culposamente, deixe vencional, não é necessário que TÍTULO V – DOS
de cumprir a obrigação ou se o credor alegue prejuízo. CONTRATOS EM GERAL
constitua em mora. Parágrafo único.  Ainda que
o prejuízo exceda ao previsto na CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
Art. 409.  A cláusula penal es- cláusula penal, não pode o credor GERAIS
tipulada conjuntamente com a exigir indenização suplementar Seção I – Preliminares
obrigação, ou em ato posterior, se assim não foi convencionado.
pode referir-se à inexecução Se o tiver sido, a pena vale como
completa da obrigação, à de al- mínimo da indenização, compe- Art. 421.  A liberdade contratual
guma cláusula especial ou sim- tindo ao credor provar o prejuízo será exercida nos limites da fun-
plesmente à mora. excedente. ção social do contrato.
Parágrafo único.  Nas rela-
Art. 410.  Quando se estipular ções contratuais privadas, preva-
a cláusula penal para o caso de CAPÍTULO VI – DAS ARRAS lecerão o princípio da intervenção
total inadimplemento da obri- OU SINAL mínima e a excepcionalidade da
gação, esta converter-se-á em revisão contratual.
alternativa a benefício do credor. Art. 417.  Se, por ocasião da con-
clusão do contrato, uma parte der Art. 421-A.  Os contratos civis e
Art. 411.  Quando se estipular a à outra, a título de arras, dinheiro empresariais presumem-se pari-
cláusula penal para o caso de ou outro bem móvel, deverão as tários e simétricos até a presen-
mora, ou em segurança especial arras, em caso de execução, ser ça de elementos concretos que
de outra cláusula determinada, restituídas ou computadas na justifiquem o afastamento dessa
terá o credor o arbítrio de exigir prestação devida, se do mesmo presunção, ressalvados os regi-
a satisfação da pena cominada, gênero da principal. mes jurídicos previstos em leis
juntamente com o desempenho especiais, garantido também que:
da obrigação principal. Art. 418.  Se a parte que deu as I – as partes negociantes po-
arras não executar o contrato, derão estabelecer parâmetros
Art. 412.  O valor da cominação poderá a outra tê-lo por desfeito, objetivos para a interpretação
imposta na cláusula penal não retendo-as; se a inexecução for das cláusulas negociais e de seus
pode exceder o da obrigação de quem recebeu as arras, pode- pressupostos de revisão ou de
principal. rá quem as deu haver o contrato resolução;
por desfeito, e exigir sua devo- II – a alocação de riscos de-
Art. 413.  A penalidade deve ser lução mais o equivalente, com finida pelas partes deve ser res-
reduzida equitativamente pelo atualização monetária segundo peitada e observada; e
juiz se a obrigação principal tiver índices oficiais regularmente es- III – a revisão contratual so-
sido cumprida em parte, ou se o tabelecidos, juros e honorários mente ocorrerá de maneira ex-
montante da penalidade for ma- de advogado. cepcional e limitada.
nifestamente excessivo, tendo-se
em vista a natureza e a finalidade Art. 419.  A parte inocente pode Art. 422.  Os contratantes são
do negócio. pedir indenização suplementar, obrigados a guardar, assim na
se provar maior prejuízo, valendo conclusão do contrato, como em

154
Código Civil
sua execução, os princípios de dos usos. trato, se a ele anuir, e o estipu-
probidade e boa-fé. Parágrafo único.  Pode revo- lante não o inovar nos termos
gar-se a oferta pela mesma via de do art. 438.
Art. 423.  Quando houver no con- sua divulgação, desde que res-
trato de adesão cláusulas ambí- salvada esta faculdade na oferta Art. 437.  Se ao terceiro, em fa-
guas ou contraditórias, dever-se- realizada. vor de quem se fez o contrato, se
-á adotar a interpretação mais deixar o direito de reclamar-lhe a
favorável ao aderente. Art. 430.  Se a aceitação, por execução, não poderá o estipu-
circunstância imprevista, che- lante exonerar o devedor.
Art. 424.  Nos contratos de ade- gar tarde ao conhecimento do
são, são nulas as cláusulas que proponente, este comunicá-lo-á Art. 438.  O estipulante pode re-
estipulem a renúncia antecipada imediatamente ao aceitante, sob servar-se o direito de substituir o
do aderente a direito resultante pena de responder por perdas terceiro designado no contrato,
da natureza do negócio. e danos. independentemente da sua anu-
ência e da do outro contratante.
Art. 425.  É lícito às partes esti- Art. 431.  A aceitação fora do Parágrafo único.  A substitui-
pular contratos atípicos, obser- prazo, com adições, restrições, ção pode ser feita por ato entre
vadas as normas gerais fixadas ou modificações, importará nova vivos ou por disposição de última
neste Código. proposta. vontade.

Art. 426.  Não pode ser objeto Art. 432.  Se o negócio for da-


de contrato a herança de pes- queles em que não seja costume
Seção IV – Da Promessa de
soa viva. a aceitação expressa, ou o pro- Fato de Terceiro
ponente a tiver dispensado, re-
putar-se-á concluído o contrato, Art. 439.  Aquele que tiver pro-
Seção II – Da Formação dos não chegando a tempo a recusa. metido fato de terceiro respon-
Contratos derá por perdas e danos, quando
Art. 433.  Considera-se inexis- este o não executar.
Art. 427.  A proposta de contrato tente a aceitação, se antes dela Parágrafo único.  Tal respon-
obriga o proponente, se o contrá- ou com ela chegar ao proponente sabilidade não existirá se o ter-
rio não resultar dos termos dela, a retratação do aceitante. ceiro for o cônjuge do promitente,
da natureza do negócio, ou das dependendo da sua anuência o
circunstâncias do caso. Art. 434.  Os contratos entre ato a ser praticado, e desde que,
ausentes tornam-se perfeitos pelo regime do casamento, a in-
Art. 428.  Deixa de ser obriga- desde que a aceitação é expe- denização, de algum modo, venha
tória a proposta: dida, exceto: a recair sobre os seus bens.
I – se, feita sem prazo a pes- I – no caso do artigo ante-
soa presente, não foi imediata- cedente; Art. 440.  Nenhuma obrigação
mente aceita. Considera-se tam- II – se o proponente se hou- haverá para quem se comprome-
bém presente a pessoa que con- ver comprometido a esperar res- ter por outrem, se este, depois de
trata por telefone ou por meio de posta; se ter obrigado, faltar à prestação.
comunicação semelhante; III – se ela não chegar no pra-
II – se, feita sem prazo a zo convencionado.
pessoa ausente, tiver decorrido
Seção V – Dos Vícios
tempo suficiente para chegar a Art. 435.  Reputar-se-á celebra- Redibitórios
resposta ao conhecimento do do o contrato no lugar em que foi
proponente; proposto. Art. 441.  A coisa recebida em
III – se, feita a pessoa ausente, virtude de contrato comutativo
não tiver sido expedida a resposta pode ser enjeitada por vícios ou
dentro do prazo dado;
Seção III – Da Estipulação em defeitos ocultos, que a tornem
IV – se, antes dela, ou simul- Favor de Terceiro imprópria ao uso a que é desti-
taneamente, chegar ao conheci- nada, ou lhe diminuam o valor.
mento da outra parte a retratação Art. 436.  O que estipula em fa- Parágrafo único.  É aplicável
do proponente. vor de terceiro pode exigir o cum- a disposição deste artigo às doa-
primento da obrigação. ções onerosas.
Art. 429.  A oferta ao público Parágrafo único.  Ao terceiro,
equivale a proposta quando en- em favor de quem se estipulou a Art. 442.  Em vez de rejeitar
cerra os requisitos essenciais obrigação, também é permitido a coisa, redibindo o contrato
ao contrato, salvo se o contrário exigi-la, ficando, todavia, sujeito (art. 441), pode o adquirente re-
resultar das circunstâncias ou às condições e normas do con- clamar abatimento no preço.

155
Código Civil
Art. 443.  Se o alienante conhe- Art. 449.  Não obstante a cláu- Art. 456.  (Revogado)
cia o vício ou defeito da coisa, res- sula que exclui a garantia contra
tituirá o que recebeu com perdas a evicção, se esta se der, tem di- Art. 457.  Não pode o adquirente
e danos; se o não conhecia, tão reito o evicto a receber o preço demandar pela evicção, se sabia
somente restituirá o valor recebi- que pagou pela coisa evicta, se que a coisa era alheia ou litigiosa.
do, mais as despesas do contrato. não soube do risco da evicção, ou,
dele informado, não o assumiu.
Art. 444.  A responsabilidade
Seção VII – Dos Contratos
do alienante subsiste ainda que a Art. 450.  Salvo estipulação em Aleatórios
coisa pereça em poder do aliena- contrário, tem direito o evicto,
tário, se perecer por vício oculto, além da restituição integral do Art. 458.  Se o contrato for ale-
já existente ao tempo da tradição. preço ou das quantias que pagou: atório, por dizer respeito a coisas
I – à indenização dos frutos ou fatos futuros, cujo risco de não
Art. 445.  O adquirente decai do que tiver sido obrigado a restituir; virem a existir um dos contratan-
direito de obter a redibição ou II – à indenização pelas des- tes assuma, terá o outro direito
abatimento no preço no prazo de pesas dos contratos e pelos preju- de receber integralmente o que
trinta dias se a coisa for móvel, e ízos que diretamente resultarem lhe foi prometido, desde que de
de um ano se for imóvel, contado da evicção; sua parte não tenha havido dolo
da entrega efetiva; se já estava III – às custas judiciais e aos ou culpa, ainda que nada do aven-
na posse, o prazo conta-se da honorários do advogado por ele çado venha a existir.
alienação, reduzido à metade. constituído.
§ 1o  Quando o vício, por sua Parágrafo único.  O preço, Art. 459.  Se for aleatório, por
natureza, só puder ser conhecido seja a evicção total ou parcial, serem objeto dele coisas futuras,
mais tarde, o prazo contar-se-á será o do valor da coisa, na época tomando o adquirente a si o risco
do momento em que dele tiver em que se evenceu, e proporcio- de virem a existir em qualquer
ciência, até o prazo máximo de nal ao desfalque sofrido, no caso quantidade, terá também direito
cento e oitenta dias, em se tra- de evicção parcial. o alienante a todo o preço, desde
tando de bens móveis; e de um que de sua parte não tiver con-
ano, para os imóveis. Art. 451.  Subsiste para o alie- corrido culpa, ainda que a coisa
§ 2o  Tratando-se de venda nante esta obrigação, ainda que venha a existir em quantidade
de animais, os prazos de garantia a coisa alienada esteja deterio- inferior à esperada.
por vícios ocultos serão os es- rada, exceto havendo dolo do Parágrafo único.  Mas, se da
tabelecidos em lei especial, ou, adquirente. coisa nada vier a existir, alienação
na falta desta, pelos usos locais, não haverá, e o alienante restitui-
aplicando-se o disposto no pará- Art. 452.  Se o adquirente tiver rá o preço recebido.
grafo antecedente se não houver auferido vantagens das deteriora-
regras disciplinando a matéria. ções, e não tiver sido condenado Art. 460.  Se for aleatório o
a indenizá-las, o valor das vanta- contrato, por se referir a coisas
Art. 446.  Não correrão os pra- gens será deduzido da quantia existentes, mas expostas a risco,
zos do artigo antecedente na que lhe houver de dar o alienante. assumido pelo adquirente, terá
constância de cláusula de ga- igualmente direito o alienante a
rantia; mas o adquirente deve Art. 453.  As benfeitorias neces- todo o preço, posto que a coisa
denunciar o defeito ao alienante sárias ou úteis, não abonadas ao já não existisse, em parte, ou de
nos trinta dias seguintes ao seu que sofreu a evicção, serão pagas todo, no dia do contrato.
descobrimento, sob pena de de- pelo alienante.
cadência. Art. 461.  A alienação aleatória
Art. 454.  Se as benfeitorias abo- a que se refere o artigo antece-
nadas ao que sofreu a evicção ti- dente poderá ser anulada como
Seção VI – Da Evicção verem sido feitas pelo alienante, o dolosa pelo prejudicado, se pro-
valor delas será levado em conta var que o outro contratante não
Art. 447.  Nos contratos onero- na restituição devida. ignorava a consumação do risco,
sos, o alienante responde pela a que no contrato se considerava
evicção. Subsiste esta garantia Art. 455.  Se parcial, mas con- exposta a coisa.
ainda que a aquisição se tenha siderável, for a evicção, poderá
realizado em hasta pública. o evicto optar entre a rescisão
do contrato e a restituição da
Seção VIII – Do Contrato
Art. 448.  Podem as partes, por parte do preço correspondente Preliminar
cláusula expressa, reforçar, dimi- ao desfalque sofrido. Se não for
nuir ou excluir a responsabilidade considerável, caberá somente Art. 462.  O contrato preliminar,
pela evicção. direito a indenização. exceto quanto à forma, deve con-

156
Código Civil
ter todos os requisitos essenciais Art. 469.  A pessoa, nomeada inadimplemento pode pedir a re-
ao contrato a ser celebrado. de conformidade com os arti- solução do contrato, se não pre-
gos antecedentes, adquire os ferir exigir-lhe o cumprimento,
Art. 463.  Concluído o contrato direitos e assume as obrigações cabendo, em qualquer dos casos,
preliminar, com observância do decorrentes do contrato, a par- indenização por perdas e danos.
disposto no artigo antecedente, e tir do momento em que este foi
desde que dele não conste cláu- celebrado.
sula de arrependimento, qual-
Seção III – Da Exceção de
quer das partes terá o direito de Art. 470.  O contrato será eficaz Contrato Não Cumprido
exigir a celebração do definitivo, somente entre os contratantes
assinando prazo à outra para que originários: Art. 476.  Nos contratos bilate-
o efetive. I – se não houver indicação rais, nenhum dos contratantes,
Parágrafo único.  O contrato de pessoa, ou se o nomeado se antes de cumprida a sua obriga-
preliminar deverá ser levado ao recusar a aceitá-la; ção, pode exigir o implemento
registro competente. II – se a pessoa nomeada era da do outro.
insolvente, e a outra pessoa o
Art. 464.  Esgotado o prazo, po- desconhecia no momento da in- Art. 477.  Se, depois de conclu-
derá o juiz, a pedido do interes- dicação. ído o contrato, sobrevier a uma
sado, suprir a vontade da parte das partes contratantes diminui-
inadimplente, conferindo caráter Art. 471.  Se a pessoa a nomear ção em seu patrimônio capaz de
definitivo ao contrato preliminar, era incapaz ou insolvente no mo- comprometer ou tornar duvidosa
salvo se a isto se opuser a natu- mento da nomeação, o contrato a prestação pela qual se obrigou,
reza da obrigação. produzirá seus efeitos entre os pode a outra recusar-se à pres-
contratantes originários. tação que lhe incumbe, até que
Art. 465.  Se o estipulante não aquela satisfaça a que lhe com-
der execução ao contrato preli- pete ou dê garantia bastante de
minar, poderá a outra parte con- CAPÍTULO II – DA satisfazê-la.
siderá-lo desfeito, e pedir perdas EXTINÇÃO DO CONTRATO
e danos.
Seção I – Do Distrato Seção IV – Da Resolução por
Art. 466.  Se a promessa de con- Onerosidade Excessiva
trato for unilateral, o credor, sob Art. 472.  O distrato faz-se pela
pena de ficar a mesma sem efeito, mesma forma exigida para o con- Art. 478.  Nos contratos de exe-
deverá manifestar-se no prazo trato. cução continuada ou diferida, se
nela previsto, ou, inexistindo este, a prestação de uma das partes se
no que lhe for razoavelmente as- Art. 473.  A resilição unilateral, tornar excessivamente onerosa,
sinado pelo devedor. nos casos em que a lei expressa com extrema vantagem para a
ou implicitamente o permita, ope- outra, em virtude de aconteci-
ra mediante denúncia notificada mentos extraordinários e impre-
Seção IX – Do Contrato com à outra parte. visíveis, poderá o devedor pedir a
Pessoa a Declarar Parágrafo único.  Se, porém, resolução do contrato. Os efeitos
dada a natureza do contrato, uma da sentença que a decretar retro-
Art. 467.  No momento da con- das partes houver feito inves- agirão à data da citação.
clusão do contrato, pode uma das timentos consideráveis para a
partes reservar-se a faculdade de sua execução, a denúncia unila- Art. 479.  A resolução poderá
indicar a pessoa que deve adquirir teral só produzirá efeito depois ser evitada, oferecendo-se o réu
os direitos e assumir as obriga- de transcorrido prazo compatí- a modificar equitativamente as
ções dele decorrentes. vel com a natureza e o vulto dos condições do contrato.
investimentos.
Art. 468.  Essa indicação deve Art. 480.  Se no contrato as obri-
ser comunicada à outra parte no gações couberem a apenas uma
prazo de cinco dias da conclusão
Seção II – Da Cláusula das partes, poderá ela pleitear
do contrato, se outro não tiver Resolutiva que a sua prestação seja reduzida,
sido estipulado. ou alterado o modo de executá-
Parágrafo único.  A aceitação Art. 474.  A cláusula resolutiva -la, a fim de evitar a onerosidade
da pessoa nomeada não será efi- expressa opera de pleno direito; excessiva.
caz se não se revestir da mesma a tácita depende de interpelação
forma que as partes usaram para judicial.
o contrato.
Art. 475.  A parte lesada pelo

157
Código Civil
TÍTULO VI – DAS VÁRIAS da sem fixação de preço ou de Art. 495.  Não obstante o prazo
ESPÉCIES DE CONTRATO critérios para a sua determinação, ajustado para o pagamento, se
se não houver tabelamento ofi- antes da tradição o comprador
CAPÍTULO I – DA COMPRA cial, entende-se que as partes se cair em insolvência, poderá o
E VENDA sujeitaram ao preço corrente nas vendedor sobrestar na entrega
vendas habituais do vendedor. da coisa, até que o comprador
Seção I – Disposições Gerais Parágrafo único.  Na falta de lhe dê caução de pagar no tem-
acordo, por ter havido diversida- po ajustado.
Art. 481.  Pelo contrato de com- de de preço, prevalecerá o termo
pra e venda, um dos contratantes médio. Art. 496.  É anulável a venda de
se obriga a transferir o domínio de ascendente a descendente, sal-
certa coisa, e o outro, a pagar-lhe Art. 489.  Nulo é o contrato de vo se os outros descendentes e
certo preço em dinheiro. compra e venda, quando se deixa o cônjuge do alienante expres-
ao arbítrio exclusivo de uma das samente houverem consentido.
Art. 482.  A compra e venda, partes a fixação do preço. Parágrafo único.  Em ambos
quando pura, considerar-se-á os casos, dispensa-se o consen-
obrigatória e perfeita, desde que Art. 490.  Salvo cláusula em con- timento do cônjuge se o regime
as partes acordarem no objeto e trário, ficarão as despesas de de bens for o da separação obri-
no preço. escritura e registro a cargo do gatória.
comprador, e a cargo do vende-
Art. 483.  A compra e venda pode dor as da tradição. Art. 497.  Sob pena de nulidade,
ter por objeto coisa atual ou futu- não podem ser comprados, ainda
ra. Neste caso, ficará sem efeito o Art. 491.  Não sendo a venda a que em hasta pública:
contrato se esta não vier a existir, crédito, o vendedor não é obri- I – pelos tutores, curadores,
salvo se a intenção das partes era gado a entregar a coisa antes de testamenteiros e administrado-
de concluir contrato aleatório. receber o preço. res, os bens confiados à sua guar-
da ou administração;
Art. 484.  Se a venda se realizar Art. 492.  Até o momento da tra- II – pelos servidores públicos,
à vista de amostras, protótipos dição, os riscos da coisa correm em geral, os bens ou direitos da
ou modelos, entender-se-á que por conta do vendedor, e os do pessoa jurídica a que servirem, ou
o vendedor assegura ter a coisa preço por conta do comprador. que estejam sob sua administra-
as qualidades que a elas corres- § 1o  Todavia, os casos fortui- ção direta ou indireta;
pondem. tos, ocorrentes no ato de contar, III – pelos juízes, secretários
Parágrafo único.  Prevalece a marcar ou assinalar coisas, que de tribunais, arbitradores, peritos
amostra, o protótipo ou o modelo, comumente se recebem, contan- e outros serventuários ou auxilia-
se houver contradição ou dife- do, pesando, medindo ou assina- res da justiça, os bens ou direitos
rença com a maneira pela qual lando, e que já tiverem sido pos- sobre que se litigar em tribunal,
se descreveu a coisa no contrato. tas à disposição do comprador, juízo ou conselho, no lugar onde
correrão por conta deste. servirem, ou a que se estender a
Art. 485.  A fixação do preço § 2o  Correrão também por sua autoridade;
pode ser deixada ao arbítrio de conta do comprador os riscos IV – pelos leiloeiros e seus
terceiro, que os contratantes logo das referidas coisas, se estiver prepostos, os bens de cuja venda
designarem ou prometerem de- em mora de as receber, quando estejam encarregados.
signar. Se o terceiro não aceitar postas à sua disposição no tem- Parágrafo único.  As proibi-
a incumbência, ficará sem efeito po, lugar e pelo modo ajustados. ções deste artigo estendem-se
o contrato, salvo quando acor- à cessão de crédito.
darem os contratantes designar Art. 493.  A tradição da coisa
outra pessoa. vendida, na falta de estipulação Art. 498.  A proibição contida no
expressa, dar-se-á no lugar onde inciso III do artigo antecedente,
Art. 486.  Também se poderá ela se encontrava, ao tempo da não compreende os casos de
deixar a fixação do preço à taxa venda. compra e venda ou cessão entre
de mercado ou de bolsa, em certo coerdeiros, ou em pagamento de
e determinado dia e lugar. Art. 494.  Se a coisa for expedida dívida, ou para garantia de bens
para lugar diverso, por ordem do já pertencentes a pessoas desig-
Art. 487.  É lícito às partes fixar comprador, por sua conta corre- nadas no referido inciso.
o preço em função de índices ou rão os riscos, uma vez entregue a
parâmetros, desde que suscetí- quem haja de transportá-la, salvo Art. 499.  É lícita a compra e ven-
veis de objetiva determinação. se das instruções dele se afastar da entre cônjuges, com relação
o vendedor. a bens excluídos da comunhão.
Art. 488.  Convencionada a ven-

158
Código Civil
Art. 500.  Se, na venda de um Art. 504.  Não pode um condô- intimar as outras para nele acor-
imóvel, se estipular o preço por mino em coisa indivisível vender darem, prevalecendo o pacto em
medida de extensão, ou se deter- a sua parte a estranhos, se outro favor de quem haja efetuado o de-
minar a respectiva área, e esta consorte a quiser, tanto por tanto. pósito, contanto que seja integral.
não corresponder, em qualquer O condômino, a quem não se der
dos casos, às dimensões dadas, conhecimento da venda, poderá,
o comprador terá o direito de depositando o preço, haver para
Subseção II – Da Venda a
exigir o complemento da área, si a parte vendida a estranhos, Contento e da Sujeita a
e, não sendo isso possível, o de se o requerer no prazo de cento Prova
reclamar a resolução do contra- e oitenta dias, sob pena de de-
to ou abatimento proporcional cadência. Art. 509.  A venda feita a con-
ao preço. Parágrafo único.  Sendo mui- tento do comprador entende-se
§ 1o  Presume-se que a re- tos os condôminos, preferirá o realizada sob condição suspen-
ferência às dimensões foi sim- que tiver benfeitorias de maior siva, ainda que a coisa lhe tenha
plesmente enunciativa, quando valor e, na falta de benfeitorias, sido entregue; e não se reputará
a diferença encontrada não ex- o de quinhão maior. Se as partes perfeita, enquanto o adquirente
ceder de um vigésimo da área forem iguais, haverão a parte não manifestar seu agrado.
total enunciada, ressalvado ao vendida os comproprietários, que
comprador o direito de provar a quiserem, depositando previa- Art. 510.  Também a venda sujei-
que, em tais circunstâncias, não mente o preço. ta a prova presume-se feita sob
teria realizado o negócio. a condição suspensiva de que a
§ 2o  Se em vez de falta hou- coisa tenha as qualidades asse-
ver excesso, e o vendedor provar
Seção II – Das Cláusulas guradas pelo vendedor e seja idô-
que tinha motivos para ignorar a Especiais à Compra e Venda nea para o fim a que se destina.
medida exata da área vendida, ca- Subseção I – Da Retrovenda
berá ao comprador, à sua escolha, Art. 511.  Em ambos os casos, as
completar o valor correspondente Art. 505.  O vendedor de coisa obrigações do comprador, que
ao preço ou devolver o excesso. imóvel pode reservar-se o direi- recebeu, sob condição suspen-
§ 3o  Não haverá complemen- to de recobrá-la no prazo máxi- siva, a coisa comprada, são as
to de área, nem devolução de mo de decadência de três anos, de mero comodatário, enquanto
excesso, se o imóvel for vendido restituindo o preço recebido e não manifeste aceitá-la.
como coisa certa e discrimina- reembolsando as despesas do
da, tendo sido apenas enuncia- comprador, inclusive as que, du- Art. 512.  Não havendo prazo
tiva a referência às suas dimen- rante o período de resgate, se estipulado para a declaração do
sões, ainda que não conste, de efetuaram com a sua autorização comprador, o vendedor terá di-
modo expresso, ter sido a venda escrita, ou para a realização de reito de intimá-lo, judicial ou ex-
ad corpus. benfeitorias necessárias. trajudicialmente, para que o faça
em prazo improrrogável.
Art. 501.  Decai do direito de Art. 506.  Se o comprador se
propor as ações previstas no ar- recusar a receber as quantias
tigo antecedente o vendedor ou a que faz jus, o vendedor, para
Subseção III – Da Preempção
o comprador que não o fizer no exercer o direito de resgate, as ou Preferência
prazo de um ano, a contar do re- depositará judicialmente.
gistro do título. Parágrafo único.  Verificada a Art. 513.  A preempção, ou pre-
Parágrafo único.  Se houver insuficiência do depósito judicial, ferência, impõe ao comprador a
atraso na imissão de posse no não será o vendedor restituído no obrigação de oferecer ao vende-
imóvel, atribuível ao alienante, domínio da coisa, até e enquan- dor a coisa que aquele vai vender,
a partir dela fluirá o prazo de to não for integralmente pago o ou dar em pagamento, para que
decadência. comprador. este use de seu direito de prela-
ção na compra, tanto por tanto.
Art. 502.  O vendedor, salvo con- Art. 507.  O direito de retrato, Parágrafo único.  O prazo para
venção em contrário, responde que é cessível e transmissível a exercer o direito de preferência
por todos os débitos que gravem a herdeiros e legatários, poderá não poderá exceder a cento e oi-
coisa até o momento da tradição. ser exercido contra o terceiro tenta dias, se a coisa for móvel,
adquirente. ou a dois anos, se imóvel.
Art. 503.  Nas coisas vendidas
conjuntamente, o defeito oculto Art. 508.  Se a duas ou mais pes- Art. 514.  O vendedor pode tam-
de uma não autoriza a rejeição soas couber o direito de retrato bém exercer o seu direito de pre-
de todas. sobre o mesmo imóvel, e só uma lação, intimando o comprador,
o exercer, poderá o comprador quando lhe constar que este vai

159
Código Civil
vender a coisa. escrito e depende de registro Subseção V – Da Venda sobre
no domicílio do comprador para Documentos
Art. 515.  Aquele que exerce a valer contra terceiros.
preferência está, sob pena de a Art. 529.  Na venda sobre do-
perder, obrigado a pagar, em con- Art. 523.  Não pode ser objeto de cumentos, a tradição da coisa é
dições iguais, o preço encontrado, venda com reserva de domínio a substituída pela entrega do seu
ou o ajustado. coisa insuscetível de caracteri- título representativo e dos ou-
zação perfeita, para estremá-la tros documentos exigidos pelo
Art. 516.  Inexistindo prazo es- de outras congêneres. Na dúvi- contrato ou, no silêncio deste,
tipulado, o direito de preempção da, decide-se a favor do terceiro pelos usos.
caducará, se a coisa for móvel, adquirente de boa-fé. Parágrafo único. Achando-
não se exercendo nos três dias, -se a documentação em ordem,
e, se for imóvel, não se exercendo Art. 524.  A transferência de pro- não pode o comprador recusar o
nos sessenta dias subsequentes priedade ao comprador dá-se no pagamento, a pretexto de defei-
à data em que o comprador tiver momento em que o preço este- to de qualidade ou do estado da
notificado o vendedor. ja integralmente pago. Todavia, coisa vendida, salvo se o defeito
pelos riscos da coisa responde já houver sido comprovado.
Art. 517.  Quando o direito de o comprador, a partir de quando
preempção for estipulado a fa- lhe foi entregue. Art. 530.  Não havendo estipula-
vor de dois ou mais indivíduos ção em contrário, o pagamento
em comum, só pode ser exercido Art. 525.  O vendedor somente deve ser efetuado na data e no
em relação à coisa no seu todo. poderá executar a cláusula de re- lugar da entrega dos documentos.
Se alguma das pessoas, a quem serva de domínio após constituir
ele toque, perder ou não exercer o comprador em mora, mediante Art. 531.  Se entre os documen-
o seu direito, poderão as demais protesto do título ou interpelação tos entregues ao comprador figu-
utilizá-lo na forma sobredita. judicial. rar apólice de seguro que cubra
os riscos do transporte, correm
Art. 518.  Responderá por perdas Art. 526.  Verificada a mora do estes à conta do comprador, salvo
e danos o comprador, se alienar a comprador, poderá o vendedor se, ao ser concluído o contrato,
coisa sem ter dado ao vendedor mover contra ele a competente tivesse o vendedor ciência da
ciência do preço e das vantagens ação de cobrança das prestações perda ou avaria da coisa.
que por ela lhe oferecem. Respon- vencidas e vincendas e o mais que
derá solidariamente o adquirente, lhe for devido; ou poderá recu- Art. 532.  Estipulado o pagamen-
se tiver procedido de má-fé. perar a posse da coisa vendida. to por intermédio de estabeleci-
mento bancário, caberá a este
Art. 519.  Se a coisa expropriada Art. 527.  Na segunda hipótese efetuá-lo contra a entrega dos
para fins de necessidade ou uti- do artigo antecedente, é faculta- documentos, sem obrigação de
lidade pública, ou por interesse do ao vendedor reter as presta- verificar a coisa vendida, pela
social, não tiver o destino para ções pagas até o necessário para qual não responde.
que se desapropriou, ou não for cobrir a depreciação da coisa, as Parágrafo único.  Nesse caso,
utilizada em obras ou serviços despesas feitas e o mais que de somente após a recusa do esta-
públicos, caberá ao expropriado direito lhe for devido. O excedente belecimento bancário a efetuar
direito de preferência, pelo preço será devolvido ao comprador; e o o pagamento, poderá o vende-
atual da coisa. que faltar lhe será cobrado, tudo dor pretendê-lo, diretamente do
na forma da lei processual. comprador.
Art. 520.  O direito de preferên-
cia não se pode ceder nem passa Art. 528.  Se o vendedor receber
aos herdeiros. o pagamento à vista, ou, poste- CAPÍTULO II – DA TROCA
riormente, mediante financia- OU PERMUTA
mento de instituição do mercado
Subseção IV – Da Venda com de capitais, a esta caberá exercer Art. 533.  Aplicam-se à troca as
Reserva de Domínio os direitos e ações decorrentes do disposições referentes à compra
contrato, a benefício de qualquer e venda, com as seguintes modi-
Art. 521.  Na venda de coisa mó- outro. A operação financeira e a ficações:
vel, pode o vendedor reservar respectiva ciência do comprador I – salvo disposição em con-
para si a propriedade, até que o constarão do registro do contrato. trário, cada um dos contratantes
preço esteja integralmente pago. pagará por metade as despesas
com o instrumento da troca;
Art. 522.  A cláusula de reserva II – é anulável a troca de valo-
de domínio será estipulada por res desiguais entre ascendentes e

160
Código Civil
descendentes, sem consentimen- ou ao encargo imposto. da liberalidade, poderia dispor
to dos outros descendentes e do em testamento.
cônjuge do alienante. Art. 541.  A doação far-se-á por
escritura pública ou instrumento Art. 550.  A doação do cônjuge
particular. adúltero ao seu cúmplice pode
CAPÍTULO III – DO Parágrafo único.  A doação ser anulada pelo outro cônjuge, ou
CONTRATO ESTIMATÓRIO verbal será válida, se, versando por seus herdeiros necessários,
sobre bens móveis e de pequeno até dois anos depois de dissolvida
Art. 534.  Pelo contrato estima- valor, se lhe seguir incontinenti a a sociedade conjugal.
tório, o consignante entrega bens tradição.
móveis ao consignatário, que fica Art. 551.  Salvo declaração em
autorizado a vendê-los, pagando Art. 542.  A doação feita ao nas- contrário, a doação em comum a
àquele o preço ajustado, salvo se cituro valerá, sendo aceita pelo mais de uma pessoa entende-se
preferir, no prazo estabelecido, seu representante legal. distribuída entre elas por igual.
restituir-lhe a coisa consignada. Parágrafo único.  Se os dona-
Art. 543.  Se o donatário for ab- tários, em tal caso, forem marido
Art. 535.  O consignatário não se solutamente incapaz, dispensa- e mulher, subsistirá na totali-
exonera da obrigação de pagar o -se a aceitação, desde que se dade a doação para o cônjuge
preço, se a restituição da coisa, trate de doação pura. sobrevivo.
em sua integridade, se tornar
impossível, ainda que por fato a Art. 544.  A doação de ascen- Art. 552.  O doador não é obri-
ele não imputável. dentes a descendentes, ou de um gado a pagar juros moratórios,
cônjuge a outro, importa adian- nem é sujeito às consequências
Art. 536.  A coisa consignada tamento do que lhes cabe por da evicção ou do vício redibitó-
não pode ser objeto de penhora herança. rio. Nas doações para casamento
ou sequestro pelos credores do com certa e determinada pessoa,
consignatário, enquanto não pago Art. 545.  A doação em forma o doador ficará sujeito à evicção,
integralmente o preço. de subvenção periódica ao be- salvo convenção em contrário.
neficiado extingue-se morren-
Art. 537.  O consignante não do o doador, salvo se este outra Art. 553.  O donatário é obrigado
pode dispor da coisa antes de coisa dispuser, mas não poderá a cumprir os encargos da doação,
lhe ser restituída ou de lhe ser ultrapassar a vida do donatário. caso forem a benefício do doador,
comunicada a restituição. de terceiro, ou do interesse geral.
Art. 546.  A doação feita em con- Parágrafo único.  Se desta
templação de casamento futuro última espécie for o encargo, o
CAPÍTULO IV – DA DOAÇÃO com certa e determinada pes- Ministério Público poderá exigir
Seção I – Disposições Gerais soa, quer pelos nubentes entre sua execução, depois da morte
si, quer por terceiro a um deles, do doador, se este não tiver feito.
Art. 538.  Considera-se doação a ambos, ou aos filhos que, de fu-
o contrato em que uma pessoa, turo, houverem um do outro, não Art. 554.  A doação a entidade
por liberalidade, transfere do seu pode ser impugnada por falta de futura caducará se, em dois anos,
patrimônio bens ou vantagens aceitação, e só ficará sem efeito esta não estiver constituída re-
para o de outra. se o casamento não se realizar. gularmente.

Art. 539.  O doador pode fixar Art. 547.  O doador pode estipu-


prazo ao donatário, para declarar lar que os bens doados voltem ao
Seção II – Da Revogação da
se aceita ou não a liberalidade. seu patrimônio, se sobreviver ao Doação
Desde que o donatário, ciente donatário.
do prazo, não faça, dentro dele, Parágrafo único.  Não pre- Art. 555.  A doação pode ser re-
a declaração, entender-se-á que valece cláusula de reversão em vogada por ingratidão do donatá-
aceitou, se a doação não for su- favor de terceiro. rio, ou por inexecução do encargo.
jeita a encargo.
Art. 548.  É nula a doação de Art. 556.  Não se pode renunciar
Art. 540.  A doação feita em todos os bens sem reserva de antecipadamente o direito de re-
contemplação do merecimento parte, ou renda suficiente para vogar a liberalidade por ingratidão
do donatário não perde o cará- a subsistência do doador. do donatário.
ter de liberalidade, como não o
perde a doação remuneratória, Art. 549.  Nula é também a do- Art. 557.  Podem ser revogadas
ou a gravada, no excedente ao ação quanto à parte que exceder por ingratidão as doações:
valor dos serviços remunerados à de que o doador, no momento I – se o donatário atentou

161
Código Civil
contra a vida do doador ou co- termo do seu valor. II – a pagar pontualmente o
meteu crime de homicídio doloso aluguel nos prazos ajustados,
contra ele; Art. 564.  Não se revogam por e, em falta de ajuste, segundo o
II – se cometeu contra ele ingratidão: costume do lugar;
ofensa física; I – as doações puramente III – a levar ao conhecimento
III – se o injuriou gravemente remuneratórias; do locador as turbações de tercei-
ou o caluniou; II – as oneradas com encargo ros, que se pretendam fundadas
IV – se, podendo ministrá-los, já cumprido; em direito;
recusou ao doador os alimentos III – as que se fizerem em IV – a restituir a coisa, finda
de que este necessitava. cumprimento de obrigação na- a locação, no estado em que a
tural; recebeu, salvas as deteriorações
Art. 558.  Pode ocorrer também IV – as feitas para determi- naturais ao uso regular.
a revogação quando o ofendido, nado casamento.
nos casos do artigo anterior, for Art. 570.  Se o locatário empre-
o cônjuge, ascendente, descen- gar a coisa em uso diverso do
dente, ainda que adotivo, ou irmão CAPÍTULO V – DA LOCAÇÃO ajustado, ou do a que se destina,
do doador. DE COISAS ou se ela se danificar por abuso
do locatário, poderá o locador,
Art. 559.  A revogação por qual- Art. 565.  Na locação de coisas, além de rescindir o contrato, exi-
quer desses motivos deverá ser uma das partes se obriga a ceder gir perdas e danos.
pleiteada dentro de um ano, a à outra, por tempo determinado
contar de quando chegue ao co- ou não, o uso e gozo de coisa Art. 571.  Havendo prazo estipu-
nhecimento do doador o fato que não fungível, mediante certa re- lado à duração do contrato, antes
a autorizar, e de ter sido o dona- tribuição. do vencimento não poderá o loca-
tário o seu autor. dor reaver a coisa alugada, senão
Art. 566.  O locador é obrigado: ressarcindo ao locatário as perdas
Art. 560.  O direito de revogar I – a entregar ao locatário e danos resultantes, nem o loca-
a doação não se transmite aos a coisa alugada, com suas per- tário devolvê-la ao locador, senão
herdeiros do doador, nem preju- tenças, em estado de servir ao pagando, proporcionalmente, a
dica os do donatário. Mas aque- uso a que se destina, e a mantê- multa prevista no contrato.
les podem prosseguir na ação -la nesse estado, pelo tempo do Parágrafo único.  O locatário
iniciada pelo doador, continu- contrato, salvo cláusula expressa gozará do direito de retenção, en-
ando-a contra os herdeiros do em contrário; quanto não for ressarcido.
donatário, se este falecer depois II – a garantir-lhe, durante o
de ajuizada a lide. tempo do contrato, o uso pacífi- Art. 572.  Se a obrigação de pa-
co da coisa. gar o aluguel pelo tempo que fal-
Art. 561.  No caso de homicídio tar constituir indenização exces-
doloso do doador, a ação caberá Art. 567.  Se, durante a locação, siva, será facultado ao juiz fixá-la
aos seus herdeiros, exceto se se deteriorar a coisa alugada, sem em bases razoáveis.
aquele houver perdoado. culpa do locatário, a este caberá
pedir redução proporcional do Art. 573.  A locação por tem-
Art. 562.  A doação onerosa pode aluguel, ou resolver o contrato, po determinado cessa de pleno
ser revogada por inexecução do caso já não sirva a coisa para o direito findo o prazo estipulado,
encargo, se o donatário incorrer fim a que se destinava. independentemente de notifica-
em mora. Não havendo prazo ção ou aviso.
para o cumprimento, o doador Art. 568.  O locador resguardará
poderá notificar judicialmente o locatário dos embaraços e tur- Art. 574.  Se, findo o prazo, o
o donatário, assinando-lhe pra- bações de terceiros, que tenham locatário continuar na posse da
zo razoável para que cumpra a ou pretendam ter direitos sobre coisa alugada, sem oposição do
obrigação assumida. a coisa alugada, e responderá locador, presumir-se-á prorroga-
pelos seus vícios, ou defeitos, da a locação pelo mesmo aluguel,
Art. 563.  A revogação por in- anteriores à locação. mas sem prazo determinado.
gratidão não prejudica os direi-
tos adquiridos por terceiros, nem Art. 569.  O locatário é obrigado: Art. 575.  Se, notificado o locatá-
obriga o donatário a restituir os I – a servir-se da coisa aluga- rio, não restituir a coisa, pagará,
frutos percebidos antes da cita- da para os usos convencionados enquanto a tiver em seu poder, o
ção válida; mas sujeita-o a pagar ou presumidos, conforme a na- aluguel que o locador arbitrar, e
os posteriores, e, quando não pos- tureza dela e as circunstâncias, responderá pelo dano que ela ve-
sa restituir em espécie as coisas bem como tratá-la com o mesmo nha a sofrer, embora proveniente
doadas, a indenizá-la pelo meio cuidado como se sua fosse; de caso fortuito.

162
Código Civil
Parágrafo único.  Se o aluguel mir-se-lhe-á o necessário para daquele sob cuja guarda esti-
arbitrado for manifestamente ex- o uso concedido; não podendo o ver, não pode ser reavido nem do
cessivo, poderá o juiz reduzi-lo, comodante, salvo necessidade mutuário, nem de seus fiadores.
mas tendo sempre em conta o imprevista e urgente, reconhe-
seu caráter de penalidade. cida pelo juiz, suspender o uso e Art. 589.  Cessa a disposição do
gozo da coisa emprestada, antes artigo antecedente:
Art. 576.  Se a coisa for alienada de findo o prazo convencional, I – se a pessoa, de cuja auto-
durante a locação, o adquirente ou o que se determine pelo uso rização necessitava o mutuário
não ficará obrigado a respeitar o outorgado. para contrair o empréstimo, o
contrato, se nele não for consig- ratificar posteriormente;
nada a cláusula da sua vigência no Art. 582.  O comodatário é obri- II – se o menor, estando au-
caso de alienação, e não constar gado a conservar, como se sua sente essa pessoa, se viu obri-
de registro. própria fora, a coisa empresta- gado a contrair o empréstimo
§ 1o  O registro a que se refere da, não podendo usá-la senão de para os seus alimentos habituais;
este artigo será o de Títulos e Do- acordo com o contrato ou a natu- III – se o menor tiver bens ga-
cumentos do domicílio do locador, reza dela, sob pena de responder nhos com o seu trabalho. Mas, em
quando a coisa for móvel; e será o por perdas e danos. O comoda- tal caso, a execução do credor não
Registro de Imóveis da respectiva tário constituído em mora, além lhes poderá ultrapassar as forças;
circunscrição, quando imóvel. de por ela responder, pagará, até IV – se o empréstimo reverteu
§ 2o  Em se tratando de imó- restituí-la, o aluguel da coisa que em benefício do menor;
vel, e ainda no caso em que o for arbitrado pelo comodante. V – se o menor obteve o em-
locador não esteja obrigado a préstimo maliciosamente.
respeitar o contrato, não poderá Art. 583.  Se, correndo risco o
ele despedir o locatário, senão objeto do comodato juntamente Art. 590.  O mutuante pode exigir
observado o prazo de noventa com outros do comodatário, an- garantia da restituição, se antes
dias após a notificação. tepuser este a salvação dos seus do vencimento o mutuário sofrer
abandonando o do comodante, notória mudança em sua situação
Art. 577.  Morrendo o locador ou responderá pelo dano ocorrido, econômica.
o locatário, transfere-se aos seus ainda que se possa atribuir a caso
herdeiros a locação por tempo fortuito, ou força maior. Art. 591.  Destinando-se o mútuo
determinado. a fins econômicos, presumem-se
Art. 584.  O comodatário não devidos juros, os quais, sob pena
Art. 578.  Salvo disposição em poderá jamais recobrar do como- de redução, não poderão exceder
contrário, o locatário goza do dante as despesas feitas com o a taxa a que se refere o art. 406,
direito de retenção, no caso de uso e gozo da coisa emprestada. permitida a capitalização anual.
benfeitorias necessárias, ou no de
benfeitorias úteis, se estas hou- Art. 585.  Se duas ou mais pes- Art. 592.  Não se tendo conven-
verem sido feitas com expresso soas forem simultaneamente co- cionado expressamente, o prazo
consentimento do locador. modatárias de uma coisa, ficarão do mútuo será:
solidariamente responsáveis para I – até a próxima colheita, se o
com o comodante. mútuo for de produtos agrícolas,
CAPÍTULO VI – DO assim para o consumo, como para
EMPRÉSTIMO semeadura;
Seção II – Do Mútuo II – de trinta dias, pelo menos,
Seção I – Do Comodato
se for de dinheiro;
Art. 586.  O mútuo é o emprés- III – do espaço de tempo que
Art. 579.  O comodato é o em- timo de coisas fungíveis. O mu- declarar o mutuante, se for de
préstimo gratuito de coisas não tuário é obrigado a restituir ao qualquer outra coisa fungível.
fungíveis. Perfaz-se com a tradi- mutuante o que dele recebeu em
ção do objeto. coisa do mesmo gênero, qualida-
de e quantidade. CAPÍTULO VII – DA
Art. 580.  Os tutores, curadores e PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
em geral todos os administrado- Art. 587.  Este empréstimo
res de bens alheios não poderão transfere o domínio da coisa em- Art. 593.  A prestação de servi-
dar em comodato, sem autoriza- prestada ao mutuário, por cuja ço, que não estiver sujeita às leis
ção especial, os bens confiados conta correm todos os riscos trabalhistas ou a lei especial, re-
à sua guarda. dela desde a tradição. ger-se-á pelas disposições deste
Capítulo.
Art. 581.  Se o comodato não Art. 588.  O mútuo feito a pessoa
tiver prazo convencional, presu- menor, sem prévia autorização Art. 594.  Toda a espécie de ser-

163
Código Civil
viço ou trabalho lícito, material ou de serviço contratado para certo dem pública.
imaterial, pode ser contratada e determinado trabalho, enten-
mediante retribuição. der-se-á que se obrigou a todo Art. 607.  O contrato de presta-
e qualquer serviço compatível ção de serviço acaba com a morte
Art. 595.  No contrato de presta- com as suas forças e condições. de qualquer das partes. Termina,
ção de serviço, quando qualquer ainda, pelo escoamento do pra-
das partes não souber ler, nem Art. 602.  O prestador de servi- zo, pela conclusão da obra, pela
escrever, o instrumento poderá ço contratado por tempo certo, rescisão do contrato mediante
ser assinado a rogo e subscrito ou por obra determinada, não se aviso prévio, por inadimplemento
por duas testemunhas. pode ausentar, ou despedir, sem de qualquer das partes ou pela
justa causa, antes de preenchido impossibilidade da continuação
Art. 596.  Não se tendo estipu- o tempo, ou concluída a obra. do contrato, motivada por for-
lado, nem chegado a acordo as Parágrafo único.  Se se des- ça maior.
partes, fixar-se-á por arbitra- pedir sem justa causa, terá di-
mento a retribuição, segundo o reito à retribuição vencida, mas Art. 608.  Aquele que aliciar pes-
costume do lugar, o tempo de responderá por perdas e danos. soas obrigadas em contrato escri-
serviço e sua qualidade. O mesmo dar-se-á, se despedido to a prestar serviço a outrem pa-
por justa causa. gará a este a importância que ao
Art. 597.  A retribuição pagar-se- prestador de serviço, pelo ajuste
-á depois de prestado o serviço, Art. 603.  Se o prestador de ser- desfeito, houvesse de caber du-
se, por convenção, ou costume, viço for despedido sem justa cau- rante dois anos.
não houver de ser adiantada, ou sa, a outra parte será obrigada a
paga em prestações. pagar-lhe por inteiro a retribuição Art. 609.  A alienação do pré-
vencida, e por metade a que lhe dio agrícola, onde a prestação
Art. 598.  A prestação de serviço tocaria de então ao termo legal dos serviços se opera, não im-
não se poderá convencionar por do contrato. porta a rescisão do contrato,
mais de quatro anos, embora o salvo ao prestador opção entre
contrato tenha por causa o paga- Art. 604.  Findo o contrato, o continuá-lo com o adquirente da
mento de dívida de quem o presta, prestador de serviço tem direi- propriedade ou com o primitivo
ou se destine à execução de certa to a exigir da outra parte a de- contratante.
e determinada obra. Neste caso, claração de que o contrato está
decorridos quatro anos, dar-se-á findo. Igual direito lhe cabe, se
por findo o contrato, ainda que for despedido sem justa causa, CAPÍTULO VIII – DA
não concluída a obra. ou se tiver havido motivo justo EMPREITADA
para deixar o serviço.
Art. 599.  Não havendo prazo es- Art. 610.  O empreiteiro de uma
tipulado, nem se podendo inferir Art. 605.  Nem aquele a quem os obra pode contribuir para ela só
da natureza do contrato, ou do serviços são prestados, poderá com seu trabalho ou com ele e
costume do lugar, qualquer das transferir a outrem o direito aos os materiais.
partes, a seu arbítrio, median- serviços ajustados, nem o presta- § 1o  A obrigação de fornecer
te prévio aviso, pode resolver o dor de serviços, sem aprazimento os materiais não se presume;
contrato. da outra parte, dar substituto que resulta da lei ou da vontade das
Parágrafo único. Dar-se-á os preste. partes.
o aviso: § 2o  O contrato para elabo-
I – com antecedência de oito Art. 606.  Se o serviço for presta- ração de um projeto não implica
dias, se o salário se houver fixado do por quem não possua título de a obrigação de executá-lo, ou de
por tempo de um mês, ou mais; habilitação, ou não satisfaça re- fiscalizar-lhe a execução.
II – com antecipação de qua- quisitos outros estabelecidos em
tro dias, se o salário se tiver ajus- lei, não poderá quem os prestou Art. 611.  Quando o empreiteiro
tado por semana, ou quinzena; cobrar a retribuição normalmen- fornece os materiais, correm por
III – de véspera, quando se te correspondente ao trabalho sua conta os riscos até o momen-
tenha contratado por menos de executado. Mas se deste resul- to da entrega da obra, a contento
sete dias. tar benefício para a outra parte, de quem a encomendou, se este
o juiz atribuirá a quem o prestou não estiver em mora de receber.
Art. 600.  Não se conta no prazo uma compensação razoável, des- Mas se estiver, por sua conta cor-
do contrato o tempo em que o de que tenha agido com boa-fé. rerão os riscos.
prestador de serviço, por culpa Parágrafo único.  Não se apli-
sua, deixou de servir. ca a segunda parte deste artigo, Art. 612.  Se o empreiteiro só
quando a proibição da prestação forneceu mão de obra, todos os
Art. 601.  Não sendo o prestador de serviço resultar de lei de or- riscos em que não tiver culpa cor-

164
Código Civil
rerão por conta do dono. como do solo. no art. 618 e seu parágrafo único.
Parágrafo único.  Decairá do
Art. 613.  Sendo a empreitada direito assegurado neste artigo o Art. 623.  Mesmo após iniciada a
unicamente de lavor (art. 610), se a dono da obra que não propuser construção, pode o dono da obra
coisa perecer antes de entregue, a ação contra o empreiteiro, nos suspendê-la, desde que pague
sem mora do dono nem culpa do cento e oitenta dias seguintes ao ao empreiteiro as despesas e
empreiteiro, este perderá a retri- aparecimento do vício ou defeito. lucros relativos aos serviços já
buição, se não provar que a perda feitos, mais indenização razoável,
resultou de defeito dos materiais Art. 619.  Salvo estipulação em calculada em função do que ele
e que em tempo reclamara contra contrário, o empreiteiro que se teria ganho, se concluída a obra.
a sua quantidade ou qualidade. incumbir de executar uma obra,
segundo plano aceito por quem Art. 624.  Suspensa a execução
Art. 614.  Se a obra constar de a encomendou, não terá direito a da empreitada sem justa causa,
partes distintas, ou for de na- exigir acréscimo no preço, ainda responde o empreiteiro por per-
tureza das que se determinam que sejam introduzidas modifi- das e danos.
por medida, o empreiteiro terá cações no projeto, a não ser que
direito a que também se verifi- estas resultem de instruções es- Art. 625.  Poderá o empreiteiro
que por medida, ou segundo as critas do dono da obra. suspender a obra:
partes em que se dividir, podendo Parágrafo único.  Ainda que I – por culpa do dono, ou por
exigir o pagamento na proporção não tenha havido autorização es- motivo de força maior;
da obra executada. crita, o dono da obra é obrigado a II – quando, no decorrer dos
§ 1o  Tudo o que se pagou pre- pagar ao empreiteiro os aumentos serviços, se manifestarem dificul-
sume-se verificado. e acréscimos, segundo o que for dades imprevisíveis de execução,
§ 2o  O que se mediu presu- arbitrado, se, sempre presente resultantes de causas geológicas
me-se verificado se, em trinta à obra, por continuadas visitas, ou hídricas, ou outras semelhan-
dias, a contar da medição, não não podia ignorar o que se esta- tes, de modo que torne a emprei-
forem denunciados os vícios ou va passando, e nunca protestou. tada excessivamente onerosa, e
defeitos pelo dono da obra ou o dono da obra se opuser ao rea-
por quem estiver incumbido da Art. 620.  Se ocorrer diminuição juste do preço inerente ao projeto
sua fiscalização. no preço do material ou da mão por ele elaborado, observados
de obra superior a um décimo os preços;
Art. 615.  Concluída a obra de do preço global convencionado, III – se as modificações exi-
acordo com o ajuste, ou o cos- poderá este ser revisto, a pedido gidas pelo dono da obra, por seu
tume do lugar, o dono é obriga- do dono da obra, para que se lhe vulto e natureza, forem despro-
do a recebê-la. Poderá, porém, assegure a diferença apurada. porcionais ao projeto aprovado,
rejeitá-la, se o empreiteiro se ainda que o dono se disponha a
afastou das instruções recebi- Art. 621.  Sem anuência de seu arcar com o acréscimo de preço.
das e dos planos dados, ou das autor, não pode o proprietário da
regras técnicas em trabalhos de obra introduzir modificações no Art. 626.  Não se extingue o con-
tal natureza. projeto por ele aprovado, ainda trato de empreitada pela morte
que a execução seja confiada a de qualquer das partes, salvo se
Art. 616.  No caso da segunda terceiros, a não ser que, por moti- ajustado em consideração às qua-
parte do artigo antecedente, pode vos supervenientes ou razões de lidades pessoais do empreiteiro.
quem encomendou a obra, em ordem técnica, fique comprovada
vez de enjeitá-la, recebê-la com a inconveniência ou a excessi-
abatimento no preço. va onerosidade de execução do CAPÍTULO IX – DO
projeto em sua forma originária. DEPÓSITO
Art. 617.  O empreiteiro é obri- Parágrafo único.  A proibição
Seção I – Do Depósito
gado a pagar os materiais que deste artigo não abrange altera-
recebeu, se por imperícia ou ne- ções de pouca monta, ressalva- Voluntário
gligência os inutilizar. da sempre a unidade estética da
obra projetada. Art. 627.  Pelo contrato de de-
Art. 618.  Nos contratos de em- pósito recebe o depositário um
preitada de edifícios ou outras Art. 622.  Se a execução da obra objeto móvel, para guardar, até
construções consideráveis, o for confiada a terceiros, a res- que o depositante o reclame.
empreiteiro de materiais e exe- ponsabilidade do autor do pro-
cução responderá, durante o pra- jeto respectivo, desde que não Art. 628.  O contrato de depó-
zo irredutível de cinco anos, pela assuma a direção ou fiscalização sito é gratuito, exceto se houver
solidez e segurança do trabalho, daquela, ficará limitada aos danos convenção em contrário, se re-
assim em razão dos materiais, resultantes de defeitos previstos sultante de atividade negocial

165
Código Civil
ou se o depositário o praticar possa guardar, e o depositante Art. 643.  O depositante é obri-
por profissão. não queira recebê-la. gado a pagar ao depositário as
Parágrafo único.  Se o depó- despesas feitas com a coisa, e
sito for oneroso e a retribuição do Art. 636.  O depositário, que por os prejuízos que do depósito pro-
depositário não constar de lei, força maior houver perdido a coi- vierem.
nem resultar de ajuste, será de- sa depositada e recebido outra
terminada pelos usos do lugar, e, em seu lugar, é obrigado a entre- Art. 644.  O depositário pode-
na falta destes, por arbitramento. gar a segunda ao depositante, e rá reter o depósito até que se
ceder-lhe as ações que no caso lhe pague a retribuição devida,
Art. 629.  O depositário é obriga- tiver contra o terceiro responsá- o líquido valor das despesas, ou
do a ter na guarda e conservação vel pela restituição da primeira. dos prejuízos a que se refere o
da coisa depositada o cuidado e artigo anterior, provando ime-
diligência que costuma com o Art. 637.  O herdeiro do depositá- diatamente esses prejuízos ou
que lhe pertence, bem como a rio, que de boa-fé vendeu a coisa essas despesas.
restituí-la, com todos os frutos depositada, é obrigado a assistir Parágrafo único.  Se essas dí-
e acrescidos, quando o exija o o depositante na reivindicação, e vidas, despesas ou prejuízos não
depositante. a restituir ao comprador o preço forem provados suficientemente,
recebido. ou forem ilíquidos, o depositário
Art. 630.  Se o depósito se en- poderá exigir caução idônea do
tregou fechado, colado, selado, Art. 638.  Salvo os casos pre- depositante ou, na falta desta, a
ou lacrado, nesse mesmo estado vistos nos arts.  633 e 634, não remoção da coisa para o Depó-
se manterá. poderá o depositário furtar-se à sito Público, até que se liquidem.
restituição do depósito, alegando
Art. 631.  Salvo disposição em não pertencer a coisa ao depo- Art. 645.  O depósito de coisas
contrário, a restituição da coisa sitante, ou opondo compensa- fungíveis, em que o depositário
deve dar-se no lugar em que tiver ção, exceto se noutro depósito se obrigue a restituir objetos do
de ser guardada. As despesas de se fundar. mesmo gênero, qualidade e quan-
restituição correm por conta do tidade, regular-se-á pelo disposto
depositante. Art. 639.  Sendo dois ou mais acerca do mútuo.
depositantes, e divisível a coisa,
Art. 632.  Se a coisa houver sido a cada um só entregará o deposi- Art. 646.  O depósito voluntário
depositada no interesse de ter- tário a respectiva parte, salvo se provar-se-á por escrito.
ceiro, e o depositário tiver sido houver entre eles solidariedade.
cientificado deste fato pelo de-
positante, não poderá ele exone- Art. 640.  Sob pena de responder
Seção II – Do Depósito
rar-se restituindo a coisa a este, por perdas e danos, não poderá o Necessário
sem consentimento daquele. depositário, sem licença expres-
sa do depositante, servir-se da Art. 647.  É depósito necessário:
Art. 633.  Ainda que o contrato coisa depositada, nem a dar em I – o que se faz em desempe-
fixe prazo à restituição, o depo- depósito a outrem. nho de obrigação legal;
sitário entregará o depósito logo Parágrafo único.  Se o depo- II – o que se efetua por oca-
que se lhe exija, salvo se tiver o sitário, devidamente autoriza- sião de alguma calamidade, como
direito de retenção a que se refere do, confiar a coisa em depósito o incêndio, a inundação, o naufrá-
o art. 644, se o objeto for judicial- a terceiro, será responsável se gio ou o saque.
mente embargado, se sobre ele agiu com culpa na escolha deste.
pender execução, notificada ao Art. 648.  O depósito a que se
depositário, ou se houver motivo Art. 641.  Se o depositário se refere o inciso I do artigo antece-
razoável de suspeitar que a coisa tornar incapaz, a pessoa que lhe dente, reger-se-á pela disposição
foi dolosamente obtida. assumir a administração dos bens da respectiva lei, e, no silêncio
diligenciará imediatamente res- ou deficiência dela, pelas con-
Art. 634.  No caso do artigo an- tituir a coisa depositada e, não cernentes ao depósito voluntário.
tecedente, última parte, o deposi- querendo ou não podendo o de- Parágrafo único.  As disposi-
tário, expondo o fundamento da positante recebê-la, recolhê-la-á ções deste artigo aplicam-se aos
suspeita, requererá que se reco- ao Depósito Público ou promoverá depósitos previstos no inciso II do
lha o objeto ao Depósito Público. nomeação de outro depositário. artigo antecedente, podendo es-
tes certificarem-se por qualquer
Art. 635.  Ao depositário será Art. 642.  O depositário não res- meio de prova.
facultado, outrossim, requerer ponde pelos casos de força maior;
depósito judicial da coisa, quan- mas, para que lhe valha a escusa, Art. 649.  Aos depósitos pre-
do, por motivo plausível, não a terá de prová-los. vistos no artigo antecedente é

166
Código Civil
equiparado o das bagagens dos público, pode substabelecer-se Art. 663.  Sempre que o manda-
viajantes ou hóspedes nas hos- mediante instrumento particular. tário estipular negócios expres-
pedarias onde estiverem. samente em nome do mandante,
Parágrafo único.  Os hospe- Art. 656.  O mandato pode ser será este o único responsável; fi-
deiros responderão como depo- expresso ou tácito, verbal ou es- cará, porém, o mandatário pesso-
sitários, assim como pelos furtos crito. almente obrigado, se agir no seu
e roubos que perpetrarem as pes- próprio nome, ainda que o negó-
soas empregadas ou admitidas Art. 657.  A outorga do mandato cio seja de conta do mandante.
nos seus estabelecimentos. está sujeita à forma exigida por
lei para o ato a ser praticado. Art. 664.  O mandatário tem
Art. 650.  Cessa, nos casos do Não se admite mandato verbal o direito de reter, do objeto da
artigo antecedente, a responsa- quando o ato deva ser celebrado operação que lhe foi cometida,
bilidade dos hospedeiros, se pro- por escrito. quanto baste para pagamento
varem que os fatos prejudiciais de tudo que lhe for devido em
aos viajantes ou hóspedes não Art. 658.  O mandato presume- consequência do mandato.
podiam ter sido evitados. -se gratuito quando não houver
sido estipulada retribuição, exce- Art. 665.  O mandatário que ex-
Art. 651.  O depósito necessário to se o seu objeto corresponder ceder os poderes do mandato, ou
não se presume gratuito. Na hipó- ao daqueles que o mandatário proceder contra eles, será consi-
tese do art. 649, a remuneração trata por ofício ou profissão lu- derado mero gestor de negócios,
pelo depósito está incluída no crativa. enquanto o mandante lhe não
preço da hospedagem. Parágrafo único.  Se o man- ratificar os atos.
dato for oneroso, caberá ao man-
Art. 652.  Seja o depósito volun- datário a retribuição prevista em Art. 666.  O maior de dezesseis e
tário ou necessário, o depositário lei ou no contrato. Sendo estes menor de dezoito anos não eman-
que não o restituir quando exigido omissos, será ela determinada cipado pode ser mandatário, mas
será compelido a fazê-lo median- pelos usos do lugar, ou, na falta o mandante não tem ação contra
te prisão não excedente a um ano, destes, por arbitramento. ele senão de conformidade com
e ressarcir os prejuízos. as regras gerais, aplicáveis às
Art. 659.  A aceitação do man- obrigações contraídas por me-
dato pode ser tácita, e resulta nores.
CAPÍTULO X – DO MANDATO do começo de execução.
Seção I – Disposições Gerais Seção II – Das Obrigações do
Art. 660.  O mandato pode ser
Art. 653.  Opera-se o mandato especial a um ou mais negócios Mandatário
quando alguém recebe de outrem determinadamente, ou geral a
poderes para, em seu nome, pra- todos os do mandante. Art. 667.  O mandatário é obri-
ticar atos ou administrar interes- gado a aplicar toda sua diligência
ses. A procuração é o instrumento Art. 661.  O mandato em termos habitual na execução do mandato,
do mandato. gerais só confere poderes de ad- e a indenizar qualquer prejuízo
ministração. causado por culpa sua ou da-
Art. 654.  Todas as pessoas ca- § 1o  Para alienar, hipotecar, quele a quem substabelecer, sem
pazes são aptas para dar pro- transigir, ou praticar outros quais- autorização, poderes que devia
curação mediante instrumento quer atos que exorbitem da ad- exercer pessoalmente.
particular, que valerá desde que ministração ordinária, depende a § 1o  Se, não obstante proibi-
tenha a assinatura do outorgante. procuração de poderes especiais ção do mandante, o mandatário
§ 1o  O instrumento particular e expressos. se fizer substituir na execução
deve conter a indicação do lugar § 2o  O poder de transigir não do mandato, responderá ao seu
onde foi passado, a qualificação importa o de firmar compromisso. constituinte pelos prejuízos ocor-
do outorgante e do outorgado, a ridos sob a gerência do substituto,
data e o objetivo da outorga com Art. 662.  Os atos praticados por embora provenientes de caso for-
a designação e a extensão dos quem não tenha mandato, ou o tuito, salvo provando que o caso
poderes conferidos. tenha sem poderes suficientes, teria sobrevindo, ainda que não ti-
§ 2o  O terceiro com quem o são ineficazes em relação àquele vesse havido substabelecimento.
mandatário tratar poderá exigir em cujo nome foram praticados, § 2o  Havendo poderes de
que a procuração traga a firma salvo se este os ratificar. substabelecer, só serão impu-
reconhecida. Parágrafo único.  A ratifica- táveis ao mandatário os danos
ção há de ser expressa, ou resul- causados pelo substabelecido,
Art. 655.  Ainda quando se ou- tar de ato inequívoco, e retroagirá se tiver agido com culpa na es-
torgue mandato por instrumento à data do ato. colha deste ou nas instruções

167
Código Civil
dadas a ele. não tem ação contra o mandatá- os compromissos e efeitos do
§ 3o  Se a proibição de subs- rio, salvo se este lhe prometeu mandato, salvo direito regressivo,
tabelecer constar da procuração, ratificação do mandante ou se pelas quantias que pagar, contra
os atos praticados pelo substabe- responsabilizou pessoalmente. os outros mandantes.
lecido não obrigam o mandante,
salvo ratificação expressa, que Art. 674.  Embora ciente da Art. 681.  O mandatário tem so-
retroagirá à data do ato. morte, interdição ou mudança bre a coisa de que tenha a posse
§ 4o  Sendo omissa a procura- de estado do mandante, deve o em virtude do mandato, direito de
ção quanto ao substabelecimen- mandatário concluir o negócio retenção, até se reembolsar do
to, o procurador será responsável já começado, se houver perigo que no desempenho do encargo
se o substabelecido proceder na demora. despendeu.
culposamente.

Art. 668.  O mandatário é obriga-


Seção III – Das Obrigações Seção IV – Da Extinção do
do a dar contas de sua gerência do Mandante Mandato
ao mandante, transferindo-lhe as
vantagens provenientes do man- Art. 675.  O mandante é obrigado Art. 682.  Cessa o mandato:
dato, por qualquer título que seja. a satisfazer todas as obrigações I – pela revogação ou pela
contraídas pelo mandatário, na renúncia;
Art. 669.  O mandatário não pode conformidade do mandato con- II – pela morte ou interdição
compensar os prejuízos a que deu ferido, e adiantar a importância de uma das partes;
causa com os proveitos que, por das despesas necessárias à exe- III – pela mudança de estado
outro lado, tenha granjeado ao cução dele, quando o mandatário que inabilite o mandante a con-
seu constituinte. lho pedir. ferir os poderes, ou o mandatário
para os exercer;
Art. 670.  Pelas somas que devia Art. 676.  É obrigado o mandante IV – pelo término do prazo ou
entregar ao mandante ou recebeu a pagar ao mandatário a remune- pela conclusão do negócio.
para despesa, mas empregou em ração ajustada e as despesas da
proveito seu, pagará o mandatá- execução do mandato, ainda que Art. 683.  Quando o mandato
rio juros, desde o momento em o negócio não surta o esperado contiver a cláusula de irrevoga-
que abusou. efeito, salvo tendo o mandatá- bilidade e o mandante o revogar,
rio culpa. pagará perdas e danos.
Art. 671.  Se o mandatário, tendo
fundos ou crédito do mandante, Art. 677.  As somas adiantadas Art. 684.  Quando a cláusula de
comprar, em nome próprio, algo pelo mandatário, para a execução irrevogabilidade for condição de
que devera comprar para o man- do mandato, vencem juros desde um negócio bilateral, ou tiver sido
dante, por ter sido expressamente a data do desembolso. estipulada no exclusivo interesse
designado no mandato, terá este do mandatário, a revogação do
ação para obrigá-lo à entrega da Art. 678.  É igualmente obrigado mandato será ineficaz.
coisa comprada. o mandante a ressarcir ao man-
datário as perdas que este sofrer Art. 685.  Conferido o mandato
Art. 672.  Sendo dois ou mais os com a execução do mandato, com a cláusula “em causa própria”,
mandatários nomeados no mes- sempre que não resultem de culpa a sua revogação não terá eficácia,
mo instrumento, qualquer deles sua ou de excesso de poderes. nem se extinguirá pela morte de
poderá exercer os poderes ou- qualquer das partes, ficando o
torgados, se não forem expressa- Art. 679.  Ainda que o manda- mandatário dispensado de pres-
mente declarados conjuntos, nem tário contrarie as instruções do tar contas, e podendo transferir
especificamente designados para mandante, se não exceder os li- para si os bens móveis ou imóveis
atos diferentes, ou subordinados mites do mandato, ficará o man- objeto do mandato, obedecidas
a atos sucessivos. Se os mandatá- dante obrigado para com aqueles as formalidades legais.
rios forem declarados conjuntos, com quem o seu procurador con-
não terá eficácia o ato praticado tratou; mas terá contra este ação Art. 686.  A revogação do man-
sem interferência de todos, salvo pelas perdas e danos resultantes dato, notificada somente ao man-
havendo ratificação, que retroa- da inobservância das instruções. datário, não se pode opor aos
girá à data do ato. terceiros que, ignorando-a, de
Art. 680.  Se o mandato for ou- boa-fé com ele trataram; mas
Art. 673.  O terceiro que, depois torgado por duas ou mais pesso- ficam salvas ao constituinte as
de conhecer os poderes do man- as, e para negócio comum, cada ações que no caso lhe possam
datário, com ele celebrar negócio uma ficará solidariamente res- caber contra o procurador.
jurídico exorbitante do mandato, ponsável ao mandatário por todos Parágrafo único.  É irrevo-

168
Código Civil
gável o mandato que contenha CAPÍTULO XI – DA estipulação em contrário, o co-
poderes de cumprimento ou con- COMISSÃO missário tem direito a remunera-
firmação de negócios encetados, ção mais elevada, para compen-
aos quais se ache vinculado. Art. 693.  O contrato de comis- sar o ônus assumido.
são tem por objeto a aquisição ou
Art. 687.  Tanto que for comuni- a venda de bens pelo comissário, Art. 699.  Presume-se o comis-
cada ao mandatário a nomeação em seu próprio nome, à conta do sário autorizado a conceder dila-
de outro, para o mesmo negócio, comitente. ção do prazo para pagamento, na
considerar-se-á revogado o man- conformidade dos usos do lugar
dato anterior. Art. 694.  O comissário fica di- onde se realizar o negócio, se
retamente obrigado para com não houver instruções diversas
Art. 688.  A renúncia do mandato as pessoas com quem contra- do comitente.
será comunicada ao mandante, tar, sem que estas tenham ação
que, se for prejudicado pela sua contra o comitente, nem este Art. 700.  Se houver instruções
inoportunidade, ou pela falta de contra elas, salvo se o comissá- do comitente proibindo prorroga-
tempo, a fim de prover à substi- rio ceder seus direitos a qualquer ção de prazos para pagamento,
tuição do procurador, será inde- das partes. ou se esta não for conforme os
nizado pelo mandatário, salvo se usos locais, poderá o comitente
este provar que não podia con- Art. 695.  O comissário é obriga- exigir que o comissário pague
tinuar no mandato sem prejuízo do a agir de conformidade com incontinenti ou responda pelas
considerável, e que não lhe era as ordens e instruções do comi- consequências da dilação con-
dado substabelecer. tente, devendo, na falta destas, cedida, procedendo-se de igual
não podendo pedi-las a tempo, modo se o comissário não der
Art. 689.  São válidos, a respei- proceder segundo os usos em ciência ao comitente dos pra-
to dos contratantes de boa-fé, casos semelhantes. zos concedidos e de quem é seu
os atos com estes ajustados em Parágrafo único. Ter-se-ão beneficiário.
nome do mandante pelo man- por justificados os atos do comis-
datário, enquanto este ignorar sário, se deles houver resultado Art. 701.  Não estipulada a re-
a morte daquele ou a extinção vantagem para o comitente, e muneração devida ao comissário,
do mandato, por qualquer ou- ainda no caso em que, não ad- será ela arbitrada segundo os
tra causa. mitindo demora a realização do usos correntes no lugar.
negócio, o comissário agiu de
Art. 690.  Se falecer o manda- acordo com os usos. Art. 702.  No caso de morte do
tário, pendente o negócio a ele comissário, ou, quando, por mo-
cometido, os herdeiros, tendo Art. 696.  No desempenho das tivo de força maior, não puder
ciência do mandato, avisarão o suas incumbências o comissário concluir o negócio, será devida
mandante, e providenciarão a é obrigado a agir com cuidado pelo comitente uma remunera-
bem dele, como as circunstân- e diligência, não só para evitar ção proporcional aos trabalhos
cias exigirem. qualquer prejuízo ao comitente, realizados.
mas ainda para lhe proporcionar o
Art. 691.  Os herdeiros, no caso lucro que razoavelmente se podia Art. 703.  Ainda que tenha dado
do artigo antecedente, devem esperar do negócio. motivo à dispensa, terá o comis-
limitar-se às medidas conserva- Parágrafo único. Responde- sário direito a ser remunerado
tórias, ou continuar os negócios rá o comissário, salvo motivo de pelos serviços úteis prestados
pendentes que se não possam de- força maior, por qualquer pre- ao comitente, ressalvado a este
morar sem perigo, regulando-se juízo que, por ação ou omissão, o direito de exigir daquele os pre-
os seus serviços dentro desse li- ocasionar ao comitente. juízos sofridos.
mite, pelas mesmas normas a que
os do mandatário estão sujeitos. Art. 697.  O comissário não res- Art. 704.  Salvo disposição em
ponde pela insolvência das pes- contrário, pode o comitente, a
soas com quem tratar, exceto qualquer tempo, alterar as ins-
Seção V – Do Mandato em caso de culpa e no do artigo truções dadas ao comissário,
Judicial seguinte. entendendo-se por elas regidos
também os negócios pendentes.
Art. 692.  O mandato judicial Art. 698.  Se do contrato de co-
fica subordinado às normas que missão constar a cláusula del Art. 705.  Se o comissário for
lhe dizem respeito, constantes credere, responderá o comissário despedido sem justa causa, terá
da legislação processual, e, su- solidariamente com as pessoas direito a ser remunerado pelos
pletivamente, às estabelecidas com que houver tratado em nome trabalhos prestados, bem como a
neste Código. do comitente, caso em que, salvo ser ressarcido pelas perdas e da-

169
Código Civil
nos resultantes de sua dispensa. agir com toda diligência, atendo- Parágrafo único.  No caso de
-se às instruções recebidas do divergência entre as partes, o juiz
Art. 706.  O comitente e o comis- proponente. decidirá da razoabilidade do prazo
sário são obrigados a pagar juros e do valor devido.
um ao outro; o primeiro pelo que o Art. 713.  Salvo estipulação di-
comissário houver adiantado para versa, todas as despesas com a Art. 721.  Aplicam-se ao contrato
cumprimento de suas ordens; e agência ou distribuição correm a de agência e distribuição, no que
o segundo pela mora na entrega cargo do agente ou distribuidor. couber, as regras concernentes
dos fundos que pertencerem ao ao mandato e à comissão e as
comitente. Art. 714.  Salvo ajuste, o agente constantes de lei especial.
ou distribuidor terá direito à re-
Art. 707.  O crédito do comissá- muneração correspondente aos
rio, relativo a comissões e despe- negócios concluídos dentro de CAPÍTULO XIII – DA
sas feitas, goza de privilégio geral, sua zona, ainda que sem a sua CORRETAGEM
no caso de falência ou insolvência interferência.
do comitente. Art. 722.  Pelo contrato de cor-
Art. 715.  O agente ou distribui- retagem, uma pessoa, não ligada
Art. 708.  Para reembolso das dor tem direito à indenização se a outra em virtude de mandato,
despesas feitas, bem como para o proponente, sem justa causa, de prestação de serviços ou por
recebimento das comissões de- cessar o atendimento das pro- qualquer relação de dependência,
vidas, tem o comissário direito postas ou reduzi-lo tanto que se obriga-se a obter para a segunda
de retenção sobre os bens e va- torna antieconômica a continu- um ou mais negócios, conforme
lores em seu poder em virtude ação do contrato. as instruções recebidas.
da comissão.
Art. 716.  A remuneração será Art. 723.  O corretor é obrigado
Art. 709.  São aplicáveis à co- devida ao agente também quando a executar a mediação com dili-
missão, no que couber, as regras o negócio deixar de ser realizado gência e prudência, e a prestar ao
sobre mandato. por fato imputável ao proponente. cliente, espontaneamente, todas
as informações sobre o andamen-
Art. 717.  Ainda que dispensado to do negócio.
CAPÍTULO XII – DA por justa causa, terá o agente Parágrafo único.  Sob pena de
AGÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO direito a ser remunerado pelos responder por perdas e danos, o
serviços úteis prestados ao pro- corretor prestará ao cliente todos
Art. 710.  Pelo contrato de agên- ponente, sem embargo de haver os esclarecimentos acerca da se-
cia, uma pessoa assume, em ca- este perdas e danos pelos preju- gurança ou do risco do negócio,
ráter não eventual e sem víncu- ízos sofridos. das alterações de valores e de
los de dependência, a obrigação outros fatores que possam influir
de promover, à conta de outra, Art. 718.  Se a dispensa se der nos resultados da incumbência.
mediante retribuição, a realiza- sem culpa do agente, terá ele
ção de certos negócios, em zona direito à remuneração até então Art. 724.  A remuneração do cor-
determinada, caracterizando-se devida, inclusive sobre os negó- retor, se não estiver fixada em lei,
a distribuição quando o agente cios pendentes, além das indeni- nem ajustada entre as partes,
tiver à sua disposição a coisa a zações previstas em lei especial. será arbitrada segundo a natu-
ser negociada. reza do negócio e os usos locais.
Parágrafo único.  O propo- Art. 719.  Se o agente não puder
nente pode conferir poderes ao continuar o trabalho por motivo Art. 725.  A remuneração é devi-
agente para que este o represen- de força maior, terá direito à re- da ao corretor uma vez que tenha
te na conclusão dos contratos. muneração correspondente aos conseguido o resultado previs-
serviços realizados, cabendo esse to no contrato de mediação, ou
Art. 711.  Salvo ajuste, o propo- direito aos herdeiros no caso de ainda que este não se efetive
nente não pode constituir, ao morte. em virtude de arrependimento
mesmo tempo, mais de um agen- das partes.
te, na mesma zona, com idêntica Art. 720.  Se o contrato for por
incumbência; nem pode o agente tempo indeterminado, qualquer Art. 726.  Iniciado e concluído
assumir o encargo de nela tratar das partes poderá resolvê-lo, me- o negócio diretamente entre as
de negócios do mesmo gênero, diante aviso prévio de noventa partes, nenhuma remuneração
à conta de outros proponentes. dias, desde que transcorrido pra- será devida ao corretor; mas se,
zo compatível com a natureza e por escrito, for ajustada a corre-
Art. 712.  O agente, no desem- o vulto do investimento exigido tagem com exclusividade, terá o
penho que lhe foi cometido, deve do agente. corretor direito à remuneração

170
Código Civil
integral, ainda que realizado o respectivo percurso, responden- ção normal do serviço.
negócio sem a sua mediação, do pelos danos nele causados a Parágrafo único.  Se o pre-
salvo se comprovada sua inércia pessoas e coisas. juízo sofrido pela pessoa trans-
ou ociosidade. § 1o  O dano, resultante do portada for atribuível à trans-
atraso ou da interrupção da via- gressão de normas e instruções
Art. 727.  Se, por não haver prazo gem, será determinado em razão regulamentares, o juiz reduzirá
determinado, o dono do negócio da totalidade do percurso. equitativamente a indenização,
dispensar o corretor, e o negó- § 2o  Se houver substituição na medida em que a vítima hou-
cio se realizar posteriormente, de algum dos transportadores no ver concorrido para a ocorrência
como fruto da sua mediação, a decorrer do percurso, a responsa- do dano.
corretagem lhe será devida; igual bilidade solidária estender-se-á
solução se adotará se o negócio ao substituto. Art. 739.  O transportador não
se realizar após a decorrência do pode recusar passageiros, salvo
prazo contratual, mas por efeito os casos previstos nos regula-
dos trabalhos do corretor.
Seção II – Do Transporte de mentos, ou se as condições de
Pessoas higiene ou de saúde do interes-
Art. 728.  Se o negócio se con- sado o justificarem.
cluir com a intermediação de mais Art. 734.  O transportador res-
de um corretor, a remuneração ponde pelos danos causados às Art. 740.  O passageiro tem di-
será paga a todos em partes pessoas transportadas e suas reito a rescindir o contrato de
iguais, salvo ajuste em contrário. bagagens, salvo motivo de for- transporte antes de iniciada a
ça maior, sendo nula qualquer viagem, sendo-lhe devida a res-
Art. 729.  Os preceitos sobre cor- cláusula excludente da respon- tituição do valor da passagem,
retagem constantes deste Código sabilidade. desde que feita a comunicação
não excluem a aplicação de outras Parágrafo único.  É lícito ao ao transportador em tempo de
normas da legislação especial. transportador exigir a declara- ser renegociada.
ção do valor da bagagem a fim § 1o  Ao passageiro é faculta-
de fixar o limite da indenização. do desistir do transporte, mes-
CAPÍTULO XIV – DO mo depois de iniciada a viagem,
TRANSPORTE Art. 735.  A responsabilidade sendo-lhe devida a restituição do
contratual do transportador por valor correspondente ao trecho
Seção I – Disposições Gerais
acidente com o passageiro não não utilizado, desde que provado
é elidida por culpa de terceiro, que outra pessoa haja sido trans-
Art. 730.  Pelo contrato de trans- contra o qual tem ação regressiva. portada em seu lugar.
porte alguém se obriga, median- § 2o  Não terá direito ao re-
te retribuição, a transportar, de Art. 736.  Não se subordina às embolso do valor da passagem o
um lugar para outro, pessoas ou normas do contrato de trans- usuário que deixar de embarcar,
coisas. porte o feito gratuitamente, por salvo se provado que outra pes-
amizade ou cortesia. soa foi transportada em seu lugar,
Art. 731.  O transporte exercido Parágrafo único. Não se caso em que lhe será restituído
em virtude de autorização, per- considera gratuito o transporte o valor do bilhete não utilizado.
missão ou concessão, rege-se quando, embora feito sem remu- § 3o  Nas hipóteses previstas
pelas normas regulamentares e neração, o transportador auferir neste artigo, o transportador terá
pelo que for estabelecido naque- vantagens indiretas. direito de reter até cinco por cen-
les atos, sem prejuízo do disposto to da importância a ser restituída
neste Código. Art. 737.  O transportador está ao passageiro, a título de multa
sujeito aos horários e itinerários compensatória.
Art. 732.  Aos contratos de previstos, sob pena de responder
transporte, em geral, são apli- por perdas e danos, salvo motivo Art. 741.  Interrompendo-se
cáveis, quando couber, desde de força maior. a viagem por qualquer motivo
que não contrariem as disposi- alheio à vontade do transporta-
ções deste Código, os preceitos Art. 738.  A pessoa transportada dor, ainda que em consequência
constantes da legislação espe- deve sujeitar-se às normas es- de evento imprevisível, fica ele
cial e de tratados e convenções tabelecidas pelo transportador, obrigado a concluir o transpor-
internacionais. constantes no bilhete ou afixadas te contratado em outro veículo
à vista dos usuários, abstendo-se da mesma categoria, ou, com a
Art. 733.  Nos contratos de de quaisquer atos que causem anuência do passageiro, por mo-
transporte cumulativo, cada incômodo ou prejuízo aos passa- dalidade diferente, à sua custa,
transportador se obriga a cum- geiros, danifiquem o veículo, ou correndo também por sua conta
prir o contrato relativamente ao dificultem ou impeçam a execu- as despesas de estada e alimen-

171
Código Civil
tação do usuário, durante a es- zação não sejam permitidos, ou le depositar a coisa em juízo, ou
pera de novo transporte. que venha desacompanhada dos vendê-la, obedecidos os preceitos
documentos exigidos por lei ou legais e regulamentares, ou os
Art. 742.  O transportador, uma regulamento. usos locais, depositando o valor.
vez executado o transporte, tem § 2o  Se o impedimento for
direito de retenção sobre a baga- Art. 748.  Até a entrega da coi- responsabilidade do transpor-
gem de passageiro e outros obje- sa, pode o remetente desistir do tador, este poderá depositar a
tos pessoais deste, para garan- transporte e pedi-la de volta, ou coisa, por sua conta e risco, mas
tir-se do pagamento do valor da ordenar seja entregue a outro só poderá vendê-la se perecível.
passagem que não tiver sido feito destinatário, pagando, em am- § 3o  Em ambos os casos, o
no início ou durante o percurso. bos os casos, os acréscimos de transportador deve informar o
despesa decorrentes da contra- remetente da efetivação do de-
ordem, mais as perdas e danos pósito ou da venda.
Seção III – Do Transporte de que houver. § 4o  Se o transportador man-
Coisas tiver a coisa depositada em seus
Art. 749.  O transportador con- próprios armazéns, continuará
Art. 743.  A coisa, entregue ao duzirá a coisa ao seu destino, a responder pela sua guarda e
transportador, deve estar carac- tomando todas as cautelas ne- conservação, sendo-lhe devi-
terizada pela sua natureza, valor, cessárias para mantê-la em bom da, porém, uma remuneração
peso e quantidade, e o mais que estado e entregá-la no prazo ajus- pela custódia, a qual poderá ser
for necessário para que não se tado ou previsto. contratualmente ajustada ou se
confunda com outras, devendo conformará aos usos adotados
o destinatário ser indicado ao Art. 750.  A responsabilidade do em cada sistema de transporte.
menos pelo nome e endereço. transportador, limitada ao valor
constante do conhecimento, co- Art. 754.  As mercadorias devem
Art. 744.  Ao receber a coisa, o meça no momento em que ele, ser entregues ao destinatário, ou
transportador emitirá conheci- ou seus prepostos, recebem a a quem apresentar o conheci-
mento com a menção dos dados coisa; termina quando é entre- mento endossado, devendo aque-
que a identifiquem, obedecido o gue ao destinatário, ou deposi- le que as receber conferi-las e
disposto em lei especial. tada em juízo, se aquele não for apresentar as reclamações que
Parágrafo único.  O transpor- encontrado. tiver, sob pena de decadência
tador poderá exigir que o reme- dos direitos.
tente lhe entregue, devidamente Art. 751.  A coisa, depositada ou Parágrafo único.  No caso de
assinada, a relação discriminada guardada nos armazéns do trans- perda parcial ou de avaria não
das coisas a serem transportadas, portador, em virtude de contrato perceptível à primeira vista, o
em duas vias, uma das quais, por de transporte, rege-se, no que destinatário conserva a sua ação
ele devidamente autenticada, fi- couber, pelas disposições rela- contra o transportador, desde que
cará fazendo parte integrante do tivas a depósito. denuncie o dano em dez dias a
conhecimento. contar da entrega.
Art. 752.  Desembarcadas as
Art. 745.  Em caso de informa- mercadorias, o transportador Art. 755.  Havendo dúvida acer-
ção inexata ou falsa descrição no não é obrigado a dar aviso ao ca de quem seja o destinatário,
documento a que se refere o arti- destinatário, se assim não foi con- o transportador deve depositar a
go antecedente, será o transpor- vencionado, dependendo também mercadoria em juízo, se não lhe
tador indenizado pelo prejuízo que de ajuste a entrega a domicílio, e for possível obter instruções do
sofrer, devendo a ação respectiva devem constar do conhecimen- remetente; se a demora puder
ser ajuizada no prazo de cento e to de embarque as cláusulas de ocasionar a deterioração da coisa,
vinte dias, a contar daquele ato, aviso ou de entrega a domicílio. o transportador deverá vendê-la,
sob pena de decadência. depositando o saldo em juízo.
Art. 753.  Se o transporte não
Art. 746.  Poderá o transporta- puder ser feito ou sofrer longa Art. 756.  No caso de transporte
dor recusar a coisa cuja embala- interrupção, o transportador soli- cumulativo, todos os transporta-
gem seja inadequada, bem como citará, incontinenti, instruções ao dores respondem solidariamen-
a que possa pôr em risco a saúde remetente, e zelará pela coisa, por te pelo dano causado perante
das pessoas, ou danificar o veí- cujo perecimento ou deterioração o remetente, ressalvada a apu-
culo e outros bens. responderá, salvo força maior. ração final da responsabilidade
§ 1o  Perdurando o impedi- entre eles, de modo que o res-
Art. 747.  O transportador deverá mento, sem motivo imputável ao sarcimento recaia, por inteiro,
obrigatoriamente recusar a coisa transportador e sem manifesta- ou proporcionalmente, naquele
cujo transporte ou comerciali- ção do remetente, poderá aque- ou naqueles em cujo percurso

172
Código Civil
houver ocorrido o dano. denização o segurado que estiver por escrito, de sua decisão de
em mora no pagamento do prê- resolver o contrato.
mio, se ocorrer o sinistro antes § 2o  A resolução só será efi-
CAPÍTULO XV – DO de sua purgação. caz trinta dias após a notificação,
SEGURO devendo ser restituída pelo se-
Art. 764.  Salvo disposição espe- gurador a diferença do prêmio.
Seção I – Disposições Gerais
cial, o fato de se não ter verificado
o risco, em previsão do qual se faz Art. 770.  Salvo disposição em
Art. 757.  Pelo contrato de se- o seguro, não exime o segurado contrário, a diminuição do risco
guro, o segurador se obriga, me- de pagar o prêmio. no curso do contrato não acarreta
diante o pagamento do prêmio, a redução do prêmio estipulado;
a garantir interesse legítimo do Art. 765.  O segurado e o segu- mas, se a redução do risco for
segurado, relativo a pessoa ou rador são obrigados a guardar considerável, o segurado poderá
a coisa, contra riscos predeter- na conclusão e na execução do exigir a revisão do prêmio, ou a
minados. contrato, a mais estrita boa-fé e resolução do contrato.
Parágrafo único. Somente veracidade, tanto a respeito do
pode ser parte, no contrato de objeto como das circunstâncias Art. 771.  Sob pena de perder o
seguro, como segurador, enti- e declarações a ele concernentes. direito à indenização, o segurado
dade para tal fim legalmente au- participará o sinistro ao segura-
torizada. Art. 766.  Se o segurado, por si dor, logo que o saiba, e tomará
ou por seu representante, fizer as providências imediatas para
Art. 758.  O contrato de segu- declarações inexatas ou omitir minorar-lhe as consequências.
ro prova-se com a exibição da circunstâncias que possam influir Parágrafo único.  Correm à
apólice ou do bilhete do seguro, na aceitação da proposta ou na conta do segurador, até o limite
e, na falta deles, por documento taxa do prêmio, perderá o direito fixado no contrato, as despesas
comprobatório do pagamento do à garantia, além de ficar obrigado de salvamento consequente ao
respectivo prêmio. ao prêmio vencido. sinistro.
Parágrafo único.  Se a inexa-
Art. 759.  A emissão da apólice tidão ou omissão nas declarações Art. 772.  A mora do segurador
deverá ser precedida de proposta não resultar de má-fé do segu- em pagar o sinistro obriga à atua-
escrita com a declaração dos ele- rado, o segurador terá direito a lização monetária da indenização
mentos essenciais do interesse a resolver o contrato, ou a cobrar, devida segundo índices oficiais
ser garantido e do risco. mesmo após o sinistro, a diferen- regularmente estabelecidos, sem
ça do prêmio. prejuízo dos juros moratórios.
Art. 760.  A apólice ou o bilhete
de seguro serão nominativos, à Art. 767.  No seguro à conta de Art. 773.  O segurador que, ao
ordem ou ao portador, e men- outrem, o segurador pode opor tempo do contrato, sabe estar
cionarão os riscos assumidos, o ao segurado quaisquer defesas passado o risco de que o segurado
início e o fim de sua validade, o que tenha contra o estipulante, se pretende cobrir, e, não obstan-
limite da garantia e o prêmio de- por descumprimento das normas te, expede a apólice, pagará em
vido, e, quando for o caso, o nome de conclusão do contrato, ou de dobro o prêmio estipulado.
do segurado e o do beneficiário. pagamento do prêmio.
Parágrafo único.  No seguro Art. 774.  A recondução tácita
de pessoas, a apólice ou o bilhete Art. 768.  O segurado perderá do contrato pelo mesmo prazo,
não podem ser ao portador. o direito à garantia se agravar mediante expressa cláusula con-
intencionalmente o risco objeto tratual, não poderá operar mais
Art. 761.  Quando o risco for as- do contrato. de uma vez.
sumido em cosseguro, a apólice
indicará o segurador que admi- Art. 769.  O segurado é obrigado Art. 775.  Os agentes autoriza-
nistrará o contrato e represen- a comunicar ao segurador, logo dos do segurador presumem-se
tará os demais, para todos os que saiba, todo incidente suscetí- seus representantes para todos
seus efeitos. vel de agravar consideravelmente os atos relativos aos contratos
o risco coberto, sob pena de per- que agenciarem.
Art. 762.  Nulo será o contrato der o direito à garantia, se provar
para garantia de risco provenien- que silenciou de má-fé. Art. 776.  O segurador é obriga-
te de ato doloso do segurado, do § 1o  O segurador, desde que do a pagar em dinheiro o prejuízo
beneficiário, ou de representante o faça nos quinze dias seguin- resultante do risco assumido,
de um ou de outro. tes ao recebimento do aviso da salvo se convencionada a repo-
agravação do risco sem culpa do sição da coisa.
Art. 763.  Não terá direito a in- segurado, poderá dar-lhe ciência,

173
Código Civil
Art. 777.  O disposto no presente intrínseco da coisa segurada, não lide ao segurador.
Capítulo aplica-se, no que cou- declarado pelo segurado. § 4o  Subsistirá a responsa-
ber, aos seguros regidos por leis Parágrafo único. Entende- bilidade do segurado perante o
próprias. -se por vício intrínseco o defeito terceiro, se o segurador for in-
próprio da coisa, que se não en- solvente.
contra normalmente em outras
Seção II – Do Seguro de Dano da mesma espécie. Art. 788.  Nos seguros de res-
ponsabilidade legalmente obriga-
Art. 778.  Nos seguros de dano, Art. 785.  Salvo disposição em tórios, a indenização por sinistro
a garantia prometida não pode contrário, admite-se a transferên- será paga pelo segurador direta-
ultrapassar o valor do interesse cia do contrato a terceiro com a mente ao terceiro prejudicado.
segurado no momento da con- alienação ou cessão do interesse Parágrafo único. Demanda-
clusão do contrato, sob pena do segurado. do em ação direta pela vítima do
disposto no art. 766, e sem pre- § 1o  Se o instrumento contra- dano, o segurador não poderá
juízo da ação penal que no caso tual é nominativo, a transferência opor a exceção de contrato não
couber. só produz efeitos em relação ao cumprido pelo segurado, sem
segurador mediante aviso escri- promover a citação deste para
Art. 779.  O risco do seguro com- to assinado pelo cedente e pelo integrar o contraditório.
preenderá todos os prejuízos re- cessionário.
sultantes ou consequentes, como § 2o  A apólice ou o bilhete à
sejam os estragos ocasionados ordem só se transfere por endos-
Seção III – Do Seguro de
para evitar o sinistro, minorar o so em preto, datado e assinado Pessoa
dano, ou salvar a coisa. pelo endossante e pelo endos-
satário. Art. 789.  Nos seguros de pesso-
Art. 780.  A vigência da garantia, as, o capital segurado é livremen-
no seguro de coisas transporta- Art. 786.  Paga a indenização, o te estipulado pelo proponente,
das, começa no momento em que segurador sub-roga-se, nos limi- que pode contratar mais de um
são pelo transportador recebidas, tes do valor respectivo, nos direi- seguro sobre o mesmo interes-
e cessa com a sua entrega ao tos e ações que competirem ao se, com o mesmo ou diversos
destinatário. segurado contra o autor do dano. seguradores.
§ 1o  Salvo dolo, a sub-roga-
Art. 781.  A indenização não pode ção não tem lugar se o dano foi Art. 790.  No seguro sobre a
ultrapassar o valor do interesse causado pelo cônjuge do segura- vida de outros, o proponente é
segurado no momento do sinistro, do, seus descendentes ou ascen- obrigado a declarar, sob pena
e, em hipótese alguma, o limite dentes, consanguíneos ou afins. de falsidade, o seu interesse pela
máximo da garantia fixado na § 2o  É ineficaz qualquer ato preservação da vida do segurado.
apólice, salvo em caso de mora do segurado que diminua ou ex- Parágrafo único.  Até prova
do segurador. tinga, em prejuízo do segurador, em contrário, presume-se o inte-
os direitos a que se refere este resse, quando o segurado é côn-
Art. 782.  O segurado que, na artigo. juge, ascendente ou descendente
vigência do contrato, pretender do proponente.
obter novo seguro sobre o mes- Art. 787.  No seguro de respon-
mo interesse, e contra o mesmo sabilidade civil, o segurador ga- Art. 791.  Se o segurado não re-
risco junto a outro segurador, rante o pagamento de perdas e nunciar à faculdade, ou se o segu-
deve previamente comunicar sua danos devidos pelo segurado a ro não tiver como causa declarada
intenção por escrito ao primeiro, terceiro. a garantia de alguma obrigação,
indicando a soma por que preten- § 1o  Tão logo saiba o segu- é lícita a substituição do benefi-
de segurar-se, a fim de se com- rado das consequências de ato ciário, por ato entre vivos ou de
provar a obediência ao disposto seu, suscetível de lhe acarretar última vontade.
no art. 778. a responsabilidade incluída na Parágrafo único.  O segura-
garantia, comunicará o fato ao dor, que não for cientificado opor-
Art. 783.  Salvo disposição em segurador. tunamente da substituição, de-
contrário, o seguro de um inte- § 2o  É defeso ao segurado re- sobrigar-se-á pagando o capital
resse por menos do que valha conhecer sua responsabilidade ou segurado ao antigo beneficiário.
acarreta a redução proporcional confessar a ação, bem como tran-
da indenização, no caso de sinis- sigir com o terceiro prejudicado, Art. 792.  Na falta de indicação
tro parcial. ou indenizá-lo diretamente, sem da pessoa ou beneficiário, ou se
anuência expressa do segurador. por qualquer motivo não preva-
Art. 784.  Não se inclui na garan- § 3o  Intentada a ação contra lecer a que for feita, o capital
tia o sinistro provocado por vício o segurado, dará este ciência da segurado será pago por metade

174
Código Civil
ao cônjuge não separado judicial- cia inicial do contrato, ou da sua Art. 804.  O contrato pode ser
mente, e o restante aos herdeiros recondução depois de suspenso, também a título oneroso, entre-
do segurado, obedecida a ordem observado o disposto no parágra- gando-se bens móveis ou imóveis
da vocação hereditária. fo único do artigo antecedente. à pessoa que se obriga a satis-
Parágrafo único.  Na falta das Parágrafo único. Ressalvada fazer as prestações a favor do
pessoas indicadas neste artigo, a hipótese prevista neste artigo, credor ou de terceiros.
serão beneficiários os que pro- é nula a cláusula contratual que
varem que a morte do segurado exclui o pagamento do capital por Art. 805.  Sendo o contrato a
os privou dos meios necessários suicídio do segurado. título oneroso, pode o credor,
à subsistência. ao contratar, exigir que o ren-
Art. 799.  O segurador não pode deiro lhe preste garantia real, ou
Art. 793.  É válida a instituição do eximir-se ao pagamento do segu- fidejussória.
companheiro como beneficiário, ro, ainda que da apólice conste a
se ao tempo do contrato o segura- restrição, se a morte ou a inca- Art. 806.  O contrato de consti-
do era separado judicialmente, ou pacidade do segurado provier da tuição de renda será feito a pra-
já se encontrava separado de fato. utilização de meio de transporte zo certo, ou por vida, podendo
mais arriscado, da prestação de ultrapassar a vida do devedor
Art. 794.  No seguro de vida ou serviço militar, da prática de es- mas não a do credor, seja ele o
de acidentes pessoais para o caso porte, ou de atos de humanidade contratante, seja terceiro.
de morte, o capital estipulado não em auxílio de outrem.
está sujeito às dívidas do segu- Art. 807.  O contrato de consti-
rado, nem se considera herança Art. 800.  Nos seguros de pes- tuição de renda requer escritura
para todos os efeitos de direito. soas, o segurador não pode sub- pública.
-rogar-se nos direitos e ações
Art. 795.  É nula, no seguro de do segurado, ou do beneficiário, Art. 808.  É nula a constituição
pessoa, qualquer transação para contra o causador do sinistro. de renda em favor de pessoa já
pagamento reduzido do capital falecida, ou que, nos trinta dias
segurado. Art. 801.  O seguro de pessoas seguintes, vier a falecer de mo-
pode ser estipulado por pessoa léstia que já sofria, quando foi
Art. 796.  O prêmio, no seguro de natural ou jurídica em proveito celebrado o contrato.
vida, será conveniado por prazo de grupo que a ela, de qualquer
limitado, ou por toda a vida do modo, se vincule. Art. 809.  Os bens dados em
segurado. § 1o  O estipulante não re- compensação da renda caem,
Parágrafo único.  Em qual- presenta o segurador perante o desde a tradição, no domínio da
quer hipótese, no seguro individu- grupo segurado, e é o único res- pessoa que por aquela se obrigou.
al, o segurador não terá ação para ponsável, para com o segurador,
cobrar o prêmio vencido, cuja pelo cumprimento de todas as Art. 810.  Se o rendeiro, ou cen-
falta de pagamento, nos prazos obrigações contratuais. suário, deixar de cumprir a obri-
previstos, acarretará, conforme § 2o  A modificação da apólice gação estipulada, poderá o credor
se estipular, a resolução do con- em vigor dependerá da anuência da renda acioná-lo, tanto para que
trato, com a restituição da reserva expressa de segurados que repre- lhe pague as prestações atrasa-
já formada, ou a redução do capi- sentem três quartos do grupo. das como para que lhe dê ga-
tal garantido proporcionalmente rantias das futuras, sob pena de
ao prêmio pago. Art. 802.  Não se compreende rescisão do contrato.
nas disposições desta Seção a
Art. 797.  No seguro de vida para garantia do reembolso de des- Art. 811.  O credor adquire o di-
o caso de morte, é lícito estipular- pesas hospitalares ou de trata- reito à renda dia a dia, se a pres-
-se um prazo de carência, durante mento médico, nem o custeio das tação não houver de ser paga
o qual o segurador não responde despesas de luto e de funeral do adiantada, no começo de cada
pela ocorrência do sinistro. segurado. um dos períodos prefixos.
Parágrafo único.  No caso
deste artigo o segurador é obri- Art. 812.  Quando a renda for
gado a devolver ao beneficiário CAPÍTULO XVI – DA constituída em benefício de duas
o montante da reserva técnica CONSTITUIÇÃO DE RENDA ou mais pessoas, sem determina-
já formada. ção da parte de cada uma, enten-
Art. 803.  Pode uma pessoa, pelo de-se que os seus direitos são
Art. 798.  O beneficiário não contrato de constituição de ren- iguais; e, salvo estipulação diver-
tem direito ao capital estipula- da, obrigar-se para com outra a sa, não adquirirão os sobrevivos
do quando o segurado se suicida uma prestação periódica, a título direito à parte dos que morrerem.
nos primeiros dois anos de vigên- gratuito.

175
Código Civil
Art. 813.  A renda constituída partilha ou processo de transa- pode ser obrigado a aceitá-lo se
por título gratuito pode, por ato ção, conforme o caso. não for pessoa idônea, domici-
do instituidor, ficar isenta de to- liada no município onde tenha
das as execuções pendentes e de prestar a fiança, e não possua
futuras. CAPÍTULO XVIII – DA bens suficientes para cumprir a
Parágrafo único.  A isenção FIANÇA obrigação.
prevista neste artigo prevalece de
Seção I – Disposições Gerais
pleno direito em favor dos mon- Art. 826.  Se o fiador se tornar
tepios e pensões alimentícias. insolvente ou incapaz, poderá o
Art. 818.  Pelo contrato de fiança, credor exigir que seja substituído.
uma pessoa garante satisfazer ao
CAPÍTULO XVII – DO JOGO credor uma obrigação assumida
E DA APOSTA pelo devedor, caso este não a
Seção II – Dos Efeitos da
cumpra. Fiança
Art. 814.  As dívidas de jogo ou
de aposta não obrigam a paga- Art. 819.  A fiança dar-se-á por Art. 827.  O fiador demandado
mento; mas não se pode recobrar escrito, e não admite interpreta- pelo pagamento da dívida tem
a quantia, que voluntariamente ção extensiva. direito a exigir, até a contesta-
se pagou, salvo se foi ganha por ção da lide, que sejam primeiro
dolo, ou se o perdente é menor Art. 819-A.  (Vetado) executados os bens do devedor.
ou interdito. Parágrafo único.  O fiador que
§ 1o  Estende-se esta disposi- Art. 820.  Pode-se estipular a alegar o benefício de ordem, a
ção a qualquer contrato que encu- fiança, ainda que sem consen- que se refere este artigo, deve
bra ou envolva reconhecimento, timento do devedor ou contra a nomear bens do devedor, sitos
novação ou fiança de dívida de sua vontade. no mesmo município, livres e de-
jogo; mas a nulidade resultante sembargados, quantos bastem
não pode ser oposta ao terceiro Art. 821.  As dívidas futuras po- para solver o débito.
de boa-fé. dem ser objeto de fiança; mas o
§ 2o  O preceito contido neste fiador, neste caso, não será de- Art. 828.  Não aproveita este be-
artigo tem aplicação, ainda que mandado senão depois que se nefício ao fiador:
se trate de jogo não proibido, só fizer certa e líquida a obrigação I – se ele o renunciou expres-
se excetuando os jogos e apostas do principal devedor. samente;
legalmente permitidos. II – se se obrigou como princi-
§ 3o Excetuam-se, igual- Art. 822.  Não sendo limitada, pal pagador, ou devedor solidário;
mente, os prêmios oferecidos a fiança compreenderá todos os III – se o devedor for insol-
ou prometidos para o vencedor acessórios da dívida principal, vente, ou falido.
em competição de natureza es- inclusive as despesas judiciais,
portiva, intelectual ou artística, desde a citação do fiador. Art. 829.  A fiança conjuntamen-
desde que os interessados se te prestada a um só débito por
submetam às prescrições legais Art. 823.  A fiança pode ser de mais de uma pessoa importa o
e regulamentares. valor inferior ao da obrigação compromisso de solidariedade
principal e contraída em condi- entre elas, se declaradamente
Art. 815.  Não se pode exigir re- ções menos onerosas, e, quando não se reservarem o benefício
embolso do que se emprestou exceder o valor da dívida, ou for de divisão.
para jogo ou aposta, no ato de mais onerosa que ela, não valerá Parágrafo único. Estipula-
apostar ou jogar. senão até ao limite da obrigação do este benefício, cada fiador
afiançada. responde unicamente pela parte
Art. 816.  As disposições dos que, em proporção, lhe couber no
arts.  814 e 815 não se aplicam Art. 824.  As obrigações nulas pagamento.
aos contratos sobre títulos de não são suscetíveis de fiança,
bolsa, mercadorias ou valores, exceto se a nulidade resultar ape- Art. 830.  Cada fiador pode fixar
em que se estipulem a liquida- nas de incapacidade pessoal do no contrato a parte da dívida que
ção exclusivamente pela dife- devedor. toma sob sua responsabilidade,
rença entre o preço ajustado e Parágrafo único.  A exceção caso em que não será por mais
a cotação que eles tiverem no estabelecida neste artigo não obrigado.
vencimento do ajuste. abrange o caso de mútuo feito
a menor. Art. 831.  O fiador que pagar in-
Art. 817.  O sorteio para dirimir tegralmente a dívida fica sub-ro-
questões ou dividir coisas co- Art. 825.  Quando alguém houver gado nos direitos do credor; mas
muns considera-se sistema de de oferecer fiador, o credor não só poderá demandar a cada um

176
Código Civil
dos outros fiadores pela respec- III – se o credor, em pagamen- codevedores.
tiva quota. to da dívida, aceitar amigavelmen-
Parágrafo único.  A parte do te do devedor objeto diverso do Art. 845.  Dada a evicção da coi-
fiador insolvente distribuir-se-á que este era obrigado a lhe dar, sa renunciada por um dos tran-
pelos outros. ainda que depois venha a perdê-lo sigentes, ou por ele transferida
por evicção. à outra parte, não revive a obri-
Art. 832.  O devedor responde gação extinta pela transação;
também perante o fiador por to- Art. 839.  Se for invocado o be- mas ao evicto cabe o direito de
das as perdas e danos que este nefício da excussão e o devedor, reclamar perdas e danos.
pagar, e pelos que sofrer em ra- retardando-se a execução, cair Parágrafo único.  Se um dos
zão da fiança. em insolvência, ficará exonerado transigentes adquirir, depois da
o fiador que o invocou, se provar transação, novo direito sobre a
Art. 833.  O fiador tem direito aos que os bens por ele indicados coisa renunciada ou transferida,
juros do desembolso pela taxa es- eram, ao tempo da penhora, su- a transação feita não o inibirá de
tipulada na obrigação principal, e, ficientes para a solução da dívida exercê-lo.
não havendo taxa convencionada, afiançada.
aos juros legais da mora. Art. 846.  A transação concer-
nente a obrigações resultantes
Art. 834.  Quando o credor, sem CAPÍTULO XIX – DA de delito não extingue a ação
justa causa, demorar a execu- TRANSAÇÃO penal pública.
ção iniciada contra o devedor,
poderá o fiador promover-lhe o Art. 840.  É lícito aos interessa- Art. 847.  É admissível, na tran-
andamento. dos prevenirem ou terminarem sação, a pena convencional.
o litígio mediante concessões
Art. 835.  O fiador poderá exo- mútuas. Art. 848.  Sendo nula qualquer
nerar-se da fiança que tiver as- das cláusulas da transação, nula
sinado sem limitação de tempo, Art. 841.  Só quanto a direitos será esta.
sempre que lhe convier, ficando patrimoniais de caráter privado Parágrafo único.  Quando a
obrigado por todos os efeitos se permite a transação. transação versar sobre diversos
da fiança, durante sessenta dias direitos contestados, indepen-
após a notificação do credor. Art. 842.  A transação far-se-á dentes entre si, o fato de não
por escritura pública, nas obriga- prevalecer em relação a um não
Art. 836.  A obrigação do fiador ções em que a lei o exige, ou por prejudicará os demais.
passa aos herdeiros; mas a res- instrumento particular, nas em
ponsabilidade da fiança se limita que ela o admite; se recair sobre Art. 849.  A transação só se anu-
ao tempo decorrido até a morte direitos contestados em juízo, la por dolo, coação, ou erro es-
do fiador, e não pode ultrapassar será feita por escritura pública, sencial quanto à pessoa ou coisa
as forças da herança. ou por termo nos autos, assinado controversa.
pelos transigentes e homologado Parágrafo único.  A transação
pelo juiz. não se anula por erro de direito
Seção III – Da Extinção da a respeito das questões que fo-
Fiança Art. 843.  A transação interpre- ram objeto de controvérsia entre
ta-se restritivamente, e por ela as partes.
Art. 837.  O fiador pode opor ao não se transmitem, apenas se
credor as exceções que lhe fo- declaram ou reconhecem direitos. Art. 850.  É nula a transação a
rem pessoais, e as extintivas da respeito do litígio decidido por
obrigação que competem ao de- Art. 844.  A transação não apro- sentença passada em julgado,
vedor principal, se não provierem veita, nem prejudica senão aos se dela não tinha ciência algum
simplesmente de incapacidade que nela intervierem, ainda que dos transatores, ou quando, por
pessoal, salvo o caso do mútuo diga respeito a coisa indivisível. título ulteriormente descoberto,
feito a pessoa menor. § 1o  Se for concluída entre o se verificar que nenhum deles
credor e o devedor, desobrigará tinha direito sobre o objeto da
Art. 838.  O fiador, ainda que so- o fiador. transação.
lidário, ficará desobrigado: § 2o  Se entre um dos credo-
I – se, sem consentimento res solidários e o devedor, extin-
seu, o credor conceder moratória gue a obrigação deste para com CAPÍTULO XX – DO
ao devedor; os outros credores. COMPROMISSO
II – se, por fato do credor, for § 3o  Se entre um dos deve-
impossível a sub-rogação nos dores solidários e seu credor, Art. 851.  É admitido compromis-
seus direitos e preferências; extingue a dívida em relação aos so, judicial ou extrajudicial, para

177
Código Civil
resolver litígios entre pessoas esta não for divisível, conferir- comunicará o gestor ao dono do
que podem contratar. -se-á por sorteio, e o que obtiver negócio a gestão que assumiu,
a coisa dará ao outro o valor de aguardando-lhe a resposta, se
Art. 852.  É vedado compromis- seu quinhão. da espera não resultar perigo.
so para solução de questões de
estado, de direito pessoal de fa- Art. 859.  Nos concursos que se Art. 865.  Enquanto o dono não
mília e de outras que não tenham abrirem com promessa pública de providenciar, velará o gestor pelo
caráter estritamente patrimonial. recompensa, é condição essen- negócio, até o levar a cabo, espe-
cial, para valerem, a fixação de rando, se aquele falecer durante a
Art. 853.  Admite-se nos con- um prazo, observadas também gestão, as instruções dos herdei-
tratos a cláusula compromissó- as disposições dos parágrafos ros, sem se descuidar, entretanto,
ria, para resolver divergências seguintes. das medidas que o caso reclame.
mediante juízo arbitral, na forma § 1o  A decisão da pessoa no-
estabelecida em lei especial. meada, nos anúncios, como juiz, Art. 866.  O gestor envidará toda
obriga os interessados. sua diligência habitual na admi-
§ 2o  Em falta de pessoa de- nistração do negócio, ressarcindo
TÍTULO VII – DOS ATOS signada para julgar o mérito dos ao dono o prejuízo resultante de
UNILATERAIS trabalhos que se apresentarem, qualquer culpa na gestão.
entender-se-á que o promitente
CAPÍTULO I – DA se reservou essa função. Art. 867.  Se o gestor se fizer
PROMESSA DE § 3o  Se os trabalhos tiverem substituir por outrem, respon-
RECOMPENSA mérito igual, proceder-se-á de derá pelas faltas do substituto,
acordo com os arts. 857 e 858. ainda que seja pessoa idônea,
Art. 854.  Aquele que, por anún- sem prejuízo da ação que a ele,
cios públicos, se comprometer Art. 860.  As obras premiadas, ou ao dono do negócio, contra ela
a recompensar, ou gratificar, a nos concursos de que trata o possa caber.
quem preencha certa condição, artigo antecedente, só ficarão Parágrafo único. Havendo
ou desempenhe certo serviço, pertencendo ao promitente, se mais de um gestor, solidária será
contrai obrigação de cumprir o assim for estipulado na publica- a sua responsabilidade.
prometido. ção da promessa.
Art. 868.  O gestor responde pelo
Art. 855.  Quem quer que, nos caso fortuito quando fizer ope-
termos do artigo antecedente, CAPÍTULO II – DA GESTÃO rações arriscadas, ainda que o
fizer o serviço, ou satisfizer a DE NEGÓCIOS dono costumasse fazê-las, ou
condição, ainda que não pelo inte- quando preterir interesse deste
resse da promessa, poderá exigir Art. 861.  Aquele que, sem auto- em proveito de interesses seus.
a recompensa estipulada. rização do interessado, intervém Parágrafo único. Querendo
na gestão de negócio alheio, di- o dono aproveitar-se da gestão,
Art. 856.  Antes de prestado o rigi-lo-á segundo o interesse e a será obrigado a indenizar o gestor
serviço ou preenchida a condição, vontade presumível de seu dono, das despesas necessárias, que ti-
pode o promitente revogar a pro- ficando responsável a este e às ver feito, e dos prejuízos, que por
messa, contanto que o faça com pessoas com que tratar. motivo da gestão, houver sofrido.
a mesma publicidade; se houver
assinado prazo à execução da ta- Art. 862.  Se a gestão foi inicia- Art. 869.  Se o negócio for util-
refa, entender-se-á que renuncia da contra a vontade manifesta mente administrado, cumprirá ao
o arbítrio de retirar, durante ele, ou presumível do interessado, dono as obrigações contraídas
a oferta. responderá o gestor até pelos em seu nome, reembolsando ao
Parágrafo único.  O candidato casos fortuitos, não provando que gestor as despesas necessárias
de boa-fé, que houver feito des- teriam sobrevindo, ainda quando ou úteis que houver feito, com os
pesas, terá direito a reembolso. se houvesse abatido. juros legais, desde o desembolso,
respondendo ainda pelos preju-
Art. 857.  Se o ato contemplado Art. 863.  No caso do artigo an- ízos que este houver sofrido por
na promessa for praticado por tecedente, se os prejuízos da ges- causa da gestão.
mais de um indivíduo, terá direi- tão excederem o seu proveito, § 1o  A utilidade, ou necessi-
to à recompensa o que primeiro poderá o dono do negócio exigir dade, da despesa, apreciar-se-á
o executou. que o gestor restitua as coisas ao não pelo resultado obtido, mas
estado anterior, ou o indenize da segundo as circunstâncias da
Art. 858.  Sendo simultânea a diferença. ocasião em que se fizerem.
execução, a cada um tocará qui- § 2o  Vigora o disposto neste
nhão igual na recompensa; se Art. 864.  Tanto que se possa, artigo, ainda quando o gestor, em

178
Código Civil
erro quanto ao dono do negócio, CAPÍTULO III – DO Art. 883.  Não terá direito à re-
der a outra pessoa as contas da PAGAMENTO INDEVIDO petição aquele que deu alguma
gestão. coisa para obter fim ilícito, imoral,
Art. 876.  Todo aquele que rece- ou proibido por lei.
Art. 870.  Aplica-se a disposição beu o que lhe não era devido fica Parágrafo único.  No caso
do artigo antecedente, quando obrigado a restituir; obrigação deste artigo, o que se deu re-
a gestão se proponha a acudir a que incumbe àquele que recebe verterá em favor de estabeleci-
prejuízos iminentes, ou redunde dívida condicional antes de cum- mento local de beneficência, a
em proveito do dono do negócio prida a condição. critério do juiz.
ou da coisa; mas a indenização
ao gestor não excederá, em im- Art. 877.  Àquele que voluntaria-
portância, as vantagens obtidas mente pagou o indevido incumbe CAPÍTULO IV – DO
com a gestão. a prova de tê-lo feito por erro. ENRIQUECIMENTO SEM
CAUSA
Art. 871.  Quando alguém, na Art. 878.  Aos frutos, acessões,
ausência do indivíduo obrigado benfeitorias e deteriorações so- Art. 884.  Aquele que, sem jus-
a alimentos, por ele os prestar brevindas à coisa dada em pa- ta causa, se enriquecer à custa
a quem se devem, poder-lhes-á gamento indevido, aplica-se o de outrem, será obrigado a res-
reaver do devedor a importância, disposto neste Código sobre o tituir o indevidamente auferido,
ainda que este não ratifique o ato. possuidor de boa-fé ou de má-fé, feita a atualização dos valores
conforme o caso. monetários.
Art. 872.  Nas despesas do en- Parágrafo único.  Se o enri-
terro, proporcionadas aos usos Art. 879.  Se aquele que indevi- quecimento tiver por objeto coisa
locais e à condição do falecido, damente recebeu um imóvel o ti- determinada, quem a recebeu é
feitas por terceiro, podem ser ver alienado em boa-fé, por título obrigado a restituí-la, e, se a coisa
cobradas da pessoa que teria a oneroso, responde somente pela não mais subsistir, a restituição
obrigação de alimentar a que veio quantia recebida; mas, se agiu de se fará pelo valor do bem na época
a falecer, ainda mesmo que esta má-fé, além do valor do imóvel, em que foi exigido.
não tenha deixado bens. responde por perdas e danos.
Parágrafo único.  Cessa o Parágrafo único.  Se o imóvel Art. 885.  A restituição é devida,
disposto neste artigo e no ante- foi alienado por título gratuito, ou não só quando não tenha havido
cedente, em se provando que o se, alienado por título oneroso, o causa que justifique o enrique-
gestor fez essas despesas com terceiro adquirente agiu de má- cimento, mas também se esta
o simples intento de bem-fazer. -fé, cabe ao que pagou por erro deixou de existir.
o direito de reivindicação.
Art. 873.  A ratificação pura e Art. 886.  Não caberá a resti-
simples do dono do negócio re- Art. 880.  Fica isento de restituir tuição por enriquecimento, se
troage ao dia do começo da ges- pagamento indevido aquele que, a lei conferir ao lesado outros
tão, e produz todos os efeitos do recebendo-o como parte de dívi- meios para se ressarcir do pre-
mandato. da verdadeira, inutilizou o título, juízo sofrido.
deixou prescrever a pretensão
Art. 874.  Se o dono do negócio, ou abriu mão das garantias que
ou da coisa, desaprovar a ges- asseguravam seu direito; mas TÍTULO VIII – DOS TÍTULOS
tão, considerando-a contrária aquele que pagou dispõe de ação DE CRÉDITO
aos seus interesses, vigorará o regressiva contra o verdadeiro
disposto nos arts. 862 e 863, salvo devedor e seu fiador. CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
o estabelecido nos arts. 869 e 870. GERAIS
Art. 881.  Se o pagamento inde-
Art. 875.  Se os negócios alheios vido tiver consistido no desem- Art. 887.  O título de crédito, do-
forem conexos ao do gestor, de penho de obrigação de fazer ou cumento necessário ao exercício
tal arte que se não possam ge- para eximir-se da obrigação de do direito literal e autônomo nele
rir separadamente, haver-se-á não fazer, aquele que recebeu a contido, somente produz efeito
o gestor por sócio daquele cujos prestação fica na obrigação de quando preencha os requisitos
interesses agenciar de envolta indenizar o que a cumpriu, na da lei.
com os seus. medida do lucro obtido.
Parágrafo único.  No caso Art. 888.  A omissão de qualquer
deste artigo, aquele em cujo be- Art. 882.  Não se pode repetir o requisito legal, que tire ao escri-
nefício interveio o gestor só é que se pagou para solver dívida to a sua validade como título de
obrigado na razão das vantagens prescrita, ou cumprir obrigação crédito, não implica a invalidade
que lograr. judicialmente inexigível. do negócio jurídico que lhe deu

179
Código Civil
origem. representativo de mercadoria no vencimento, sem oposição,
tem o direito de transferi-lo, de salvo se agiu de má-fé.
Art. 889.  Deve o título de cré- conformidade com as normas que Parágrafo único. Pagando,
dito conter a data da emissão, regulam a sua circulação, ou de pode o devedor exigir do credor,
a indicação precisa dos direitos receber aquela independente- além da entrega do título, quita-
que confere, e a assinatura do mente de quaisquer formalida- ção regular.
emitente. des, além da entrega do título
§ 1o  É à vista o título de cré- devidamente quitado. Art. 902.  Não é o credor obriga-
dito que não contenha indicação do a receber o pagamento antes
de vencimento. Art. 895.  Enquanto o título de do vencimento do título, e aquele
§ 2o  Considera-se lugar de crédito estiver em circulação, só que o paga, antes do vencimento,
emissão e de pagamento, quando ele poderá ser dado em garantia, fica responsável pela validade do
não indicado no título, o domicílio ou ser objeto de medidas judiciais, pagamento.
do emitente. e não, separadamente, os direitos § 1o  No vencimento, não pode
§ 3o  O título poderá ser emiti- ou mercadorias que representa. o credor recusar pagamento, ain-
do a partir dos caracteres criados da que parcial.
em computador ou meio técnico Art. 896.  O título de crédito não § 2o  No caso de pagamento
equivalente e que constem da pode ser reivindicado do por- parcial, em que se não opera a
escrituração do emitente, ob- tador que o adquiriu de boa-fé tradição do título, além da qui-
servados os requisitos mínimos e na conformidade das normas tação em separado, outra deve-
previstos neste artigo. que disciplinam a sua circulação. rá ser firmada no próprio título.

Art. 890.  Consideram-se não Art. 897.  O pagamento de título Art. 903.  Salvo disposição di-
escritas no título a cláusula de de crédito, que contenha obriga- versa em lei especial, regem-se
juros, a proibitiva de endosso, a ção de pagar soma determinada, os títulos de crédito pelo disposto
excludente de responsabilidade pode ser garantido por aval. neste Código.
pelo pagamento ou por despesas, Parágrafo único.  É vedado o
a que dispense a observância de aval parcial.
termos e formalidade prescritas, CAPÍTULO II – DO TÍTULO
e a que, além dos limites fixados Art. 898.  O aval deve ser dado AO PORTADOR
em lei, exclua ou restrinja direitos no verso ou no anverso do pró-
e obrigações. prio título. Art. 904.  A transferência de tí-
§ 1o  Para a validade do aval, tulo ao portador se faz por sim-
Art. 891.  O título de crédito, in- dado no anverso do título, é su- ples tradição.
completo ao tempo da emissão, ficiente a simples assinatura do
deve ser preenchido de conformi- avalista. Art. 905.  O possuidor de título ao
dade com os ajustes realizados. § 2o  Considera-se não escri- portador tem direito à prestação
Parágrafo único.  O descum- to o aval cancelado. nele indicada, mediante a sua
primento dos ajustes previstos simples apresentação ao devedor.
neste artigo pelos que deles par- Art. 899.  O avalista equipara-se Parágrafo único.  A prestação
ticiparam, não constitui motivo àquele cujo nome indicar; na fal- é devida ainda que o título tenha
de oposição ao terceiro portador, ta de indicação, ao emitente ou entrado em circulação contra a
salvo se este, ao adquirir o título, devedor final. vontade do emitente.
tiver agido de má-fé. § 1o  Pagando o título, tem o
avalista ação de regresso contra Art. 906.  O devedor só poderá
Art. 892.  Aquele que, sem ter o seu avalizado e demais coobri- opor ao portador exceção fun-
poderes, ou excedendo os que gados anteriores. dada em direito pessoal, ou em
tem, lança a sua assinatura em § 2o  Subsiste a responsabi- nulidade de sua obrigação.
título de crédito, como mandatá- lidade do avalista, ainda que nula
rio ou representante de outrem, a obrigação daquele a quem se Art. 907.  É nulo o título ao por-
fica pessoalmente obrigado, e, equipara, a menos que a nulidade tador emitido sem autorização
pagando o título, tem ele os mes- decorra de vício de forma. de lei especial.
mos direitos que teria o suposto
mandante ou representado. Art. 900.  O aval posterior ao Art. 908.  O possuidor de título
vencimento produz os mesmos dilacerado, porém identificável,
Art. 893.  A transferência do tí- efeitos do anteriormente dado. tem direito a obter do emitente
tulo de crédito implica a de todos a substituição do anterior, me-
os direitos que lhe são inerentes. Art. 901.  Fica validamente deso- diante a restituição do primeiro
nerado o devedor que paga título e o pagamento das despesas.
Art. 894.  O portador de título de crédito ao legítimo portador,

180
Código Civil
Art. 909.  O proprietário, que expressa em contrário, constante ao endossatário de endosso-pe-
perder ou extraviar título, ou for do endosso, não responde o en- nhor as exceções que tinha con-
injustamente desapossado dele, dossante pelo cumprimento da tra o endossante, salvo se aquele
poderá obter novo título em juízo, prestação constante do título. tiver agido de má-fé.
bem como impedir sejam pagos § 1o  Assumindo responsabi-
a outrem capital e rendimentos. lidade pelo pagamento, o endos- Art. 919.  A aquisição de título à
Parágrafo único.  O pagamen- sante se torna devedor solidário. ordem, por meio diverso do en-
to, feito antes de ter ciência da § 2o  Pagando o título, tem dosso, tem efeito de cessão civil.
ação referida neste artigo, exo- o endossante ação de regresso
nera o devedor, salvo se se pro- contra os coobrigados anteriores. Art. 920.  O endosso posterior ao
var que ele tinha conhecimento vencimento produz os mesmos
do fato. Art. 915.  O devedor, além das efeitos do anterior.
exceções fundadas nas relações
pessoais que tiver com o por-
CAPÍTULO III – DO TÍTULO tador, só poderá opor a este as CAPÍTULO IV – DO TÍTULO
À ORDEM exceções relativas à forma do NOMINATIVO
título e ao seu conteúdo literal, à
Art. 910.  O endosso deve ser lan- falsidade da própria assinatura, Art. 921.  É título nominativo
çado pelo endossante no verso ou a defeito de capacidade ou de o emitido em favor de pessoa
anverso do próprio título. representação no momento da cujo nome conste no registro do
§ 1o  Pode o endossante de- subscrição, e à falta de requisito emitente.
signar o endossatário, e para va- necessário ao exercício da ação.
lidade do endosso, dado no verso Art. 922.  Transfere-se o título
do título, é suficiente a simples Art. 916.  As exceções, fundadas nominativo mediante termo, em
assinatura do endossante. em relação do devedor com os registro do emitente, assinado
§ 2o  A transferência por en- portadores precedentes, somente pelo proprietário e pelo adqui-
dosso completa-se com a tradi- poderão ser por ele opostas ao rente.
ção do título. portador, se este, ao adquirir o
§ 3o  Considera-se não escri- título, tiver agido de má-fé. Art. 923.  O título nominativo
to o endosso cancelado, total ou também pode ser transferido por
parcialmente. Art. 917.  A cláusula constitutiva endosso que contenha o nome do
de mandato, lançada no endosso, endossatário.
Art. 911.  Considera-se legítimo confere ao endossatário o exer- § 1o  A transferência mediante
possuidor o portador do título à cício dos direitos inerentes ao endosso só tem eficácia perante
ordem com série regular e inin- título, salvo restrição expressa- o emitente, uma vez feita a com-
terrupta de endossos, ainda que mente estatuída. petente averbação em seu regis-
o último seja em branco. § 1o  O endossatário de en- tro, podendo o emitente exigir do
Parágrafo único.  Aquele que dosso-mandato só pode endossar endossatário que comprove a
paga o título está obrigado a ve- novamente o título na qualidade autenticidade da assinatura do
rificar a regularidade da série de de procurador, com os mesmos endossante.
endossos, mas não a autenticida- poderes que recebeu. § 2o  O endossatário, legiti-
de das assinaturas. § 2o  Com a morte ou a su- mado por série regular e ininter-
perveniente incapacidade do en- rupta de endossos, tem o direito
Art. 912.  Considera-se não es- dossante, não perde eficácia o de obter a averbação no registro
crita no endosso qualquer con- endosso-mandato. do emitente, comprovada a au-
dição a que o subordine o en- § 3o  Pode o devedor opor ao tenticidade das assinaturas de
dossante. endossatário de endosso-manda- todos os endossantes.
Parágrafo único.  É nulo o en- to somente as exceções que tiver § 3o  Caso o título original
dosso parcial. contra o endossante. contenha o nome do primitivo
proprietário, tem direito o adqui-
Art. 913.  O endossatário de en- Art. 918.  A cláusula constitutiva rente a obter do emitente novo
dosso em branco pode mudá-lo de penhor, lançada no endos- título, em seu nome, devendo a
para endosso em preto, comple- so, confere ao endossatário o emissão do novo título constar
tando-o com o seu nome ou de exercício dos direitos inerentes no registro do emitente.
terceiro; pode endossar nova- ao título.
mente o título, em branco ou em § 1o  O endossatário de en- Art. 924.  Ressalvada proibição
preto; ou pode transferi-lo sem dosso-penhor só pode endossar legal, pode o título nominativo ser
novo endosso. novamente o título na qualidade transformado em à ordem ou ao
de procurador. portador, a pedido do proprietário
Art. 914.  Ressalvada cláusula § 2o  Não pode o devedor opor e à sua custa.

181
Código Civil
Art. 925.  Fica desonerado de em defesa de quem se causou o causado, se não provar culpa da
responsabilidade o emitente que dano (art. 188, inciso I). vítima ou força maior.
de boa-fé fizer a transferência pe-
los modos indicados nos artigos Art. 931.  Ressalvados outros Art. 937.  O dono de edifício ou
antecedentes. casos previstos em lei especial, construção responde pelos da-
os empresários individuais e as nos que resultarem de sua ru-
Art. 926.  Qualquer negócio ou empresas respondem indepen- ína, se esta provier de falta de
medida judicial, que tenha por dentemente de culpa pelos danos reparos, cuja necessidade fosse
objeto o título, só produz efeito causados pelos produtos postos manifesta.
perante o emitente ou terceiros, em circulação. § 1o (Vetado)
uma vez feita a competente aver- § 2o (Vetado)
bação no registro do emitente. Art. 932.  São também respon-
sáveis pela reparação civil: Art. 938.  Aquele que habitar
I – os pais, pelos filhos meno- prédio, ou parte dele, responde
TÍTULO IX – DA res que estiverem sob sua autori- pelo dano proveniente das coisas
RESPONSABILIDADE CIVIL dade e em sua companhia; que dele caírem ou forem lança-
II – o tutor e o curador, pe- das em lugar indevido.
CAPÍTULO I – DA los pupilos e curatelados, que se
OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR acharem nas mesmas condições; Art. 939.  O credor que deman-
III – o empregador ou comi- dar o devedor antes de vencida
Art. 927.  Aquele que, por ato ilí- tente, por seus empregados, ser- a dívida, fora dos casos em que
cito (arts. 186 e 187), causar dano a viçais e prepostos, no exercício a lei o permita, ficará obrigado a
outrem, fica obrigado a repará-lo. do trabalho que lhes competir, esperar o tempo que faltava para
Parágrafo único.  Haverá obri- ou em razão dele; o vencimento, a descontar os
gação de reparar o dano, inde- IV – os donos de hotéis, hos- juros correspondentes, embora
pendentemente de culpa, nos pedarias, casas ou estabeleci- estipulados, e a pagar as custas
casos especificados em lei, ou mentos onde se albergue por di- em dobro.
quando a atividade normalmente nheiro, mesmo para fins de edu-
desenvolvida pelo autor do dano cação, pelos seus hóspedes, mo- Art. 940.  Aquele que demandar
implicar, por sua natureza, risco radores e educandos; por dívida já paga, no todo ou em
para os direitos de outrem. V – os que gratuitamente hou- parte, sem ressalvar as quantias
verem participado nos produ- recebidas ou pedir mais do que
Art. 928.  O incapaz responde tos do crime, até a concorrente for devido, ficará obrigado a pa-
pelos prejuízos que causar, se quantia. gar ao devedor, no primeiro caso,
as pessoas por ele responsáveis o dobro do que houver cobrado
não tiverem obrigação de fazê- Art. 933.  As pessoas indicadas e, no segundo, o equivalente do
-lo ou não dispuserem de meios nos incisos I a V do artigo antece- que dele exigir, salvo se houver
suficientes. dente, ainda que não haja culpa prescrição.
Parágrafo único.  A indeni- de sua parte, responderão pelos
zação prevista neste artigo, que atos praticados pelos terceiros Art. 941.  As penas previstas nos
deverá ser equitativa, não terá ali referidos. arts. 939 e 940 não se aplicarão
lugar se privar do necessário o quando o autor desistir da ação
incapaz ou as pessoas que dele Art. 934.  Aquele que ressarcir antes de contestada a lide, salvo
dependem. o dano causado por outrem pode ao réu o direito de haver indeniza-
reaver o que houver pago daquele ção por algum prejuízo que prove
Art. 929.  Se a pessoa lesada, ou por quem pagou, salvo se o cau- ter sofrido.
o dono da coisa, no caso do inciso sador do dano for descendente
II do art. 188, não forem culpados seu, absoluta ou relativamente Art. 942.  Os bens do respon-
do perigo, assistir-lhes-á direito incapaz. sável pela ofensa ou violação do
à indenização do prejuízo que direito de outrem ficam sujeitos
sofreram. Art. 935.  A responsabilidade à reparação do dano causado;
civil é independente da crimi- e, se a ofensa tiver mais de um
Art. 930.  No caso do inciso II do nal, não se podendo questionar autor, todos responderão solida-
art. 188, se o perigo ocorrer por mais sobre a existência do fato, riamente pela reparação.
culpa de terceiro, contra este terá ou sobre quem seja o seu autor, Parágrafo único.  São solida-
o autor do dano ação regressiva quando estas questões se acha- riamente responsáveis com os
para haver a importância que tiver rem decididas no juízo criminal. autores os coautores e as pessoas
ressarcido ao lesado. designadas no art. 932.
Parágrafo único.  A mesma Art. 936.  O dono, ou detentor, do
ação competirá contra aquele animal ressarcirá o dano por este Art. 943.  O direito de exigir re-

182
Código Civil
paração e a obrigação de prestá- nização, além das despesas do I – o cárcere privado;
-la transmitem-se com a herança. tratamento e lucros cessantes II – a prisão por queixa ou de-
até ao fim da convalescença, in- núncia falsa e de má-fé;
cluirá pensão correspondente à III – a prisão ilegal.
CAPÍTULO II – DA importância do trabalho para que
INDENIZAÇÃO se inabilitou, ou da depreciação
que ele sofreu. TÍTULO X – DAS
Art. 944.  A indenização mede- Parágrafo único.  O prejudi- PREFERÊNCIAS E
-se pela extensão do dano. cado, se preferir, poderá exigir PRIVILÉGIOS CREDITÓRIOS
Parágrafo único.  Se houver que a indenização seja arbitrada
excessiva desproporção entre e paga de uma só vez. Art. 955.  Procede-se à declara-
a gravidade da culpa e o dano, ção de insolvência toda vez que
poderá o juiz reduzir, equitati- Art. 951.  O disposto nos as dívidas excedam à importância
vamente, a indenização. arts.  948, 949 e 950 aplica-se dos bens do devedor.
ainda no caso de indenização
Art. 945.  Se a vítima tiver con- devida por aquele que, no exer- Art. 956.  A discussão entre os
corrido culposamente para o cício de atividade profissional, credores pode versar quer sobre a
evento danoso, a sua indenização por negligência, imprudência ou preferência entre eles disputada,
será fixada tendo-se em conta a imperícia, causar a morte do pa- quer sobre a nulidade, simulação,
gravidade de sua culpa em con- ciente, agravar-lhe o mal, causar- fraude, ou falsidade das dívidas
fronto com a do autor do dano. -lhe lesão, ou inabilitá-lo para o e contratos.
trabalho.
Art. 946.  Se a obrigação for in- Art. 957.  Não havendo título le-
determinada, e não houver na lei Art. 952.  Havendo usurpação ou gal à preferência, terão os credo-
ou no contrato disposição fixando esbulho do alheio, além da res- res igual direito sobre os bens do
a indenização devida pelo inadim- tituição da coisa, a indenização devedor comum.
plente, apurar-se-á o valor das consistirá em pagar o valor das
perdas e danos na forma que a suas deteriorações e o devido a Art. 958.  Os títulos legais de
lei processual determinar. título de lucros cessantes; faltan- preferência são os privilégios e
do a coisa, dever-se-á reembolsar os direitos reais.
Art. 947.  Se o devedor não puder o seu equivalente ao prejudicado.
cumprir a prestação na espécie Parágrafo único.  Para se res- Art. 959.  Conservam seus res-
ajustada, substituir-se-á pelo seu tituir o equivalente, quando não pectivos direitos os credores, hi-
valor, em moeda corrente. exista a própria coisa, estimar-se- potecários ou privilegiados:
-á ela pelo seu preço ordinário e I – sobre o preço do seguro da
Art. 948.  No caso de homicídio, pelo de afeição, contanto que este coisa gravada com hipoteca ou
a indenização consiste, sem ex- não se avantaje àquele. privilégio, ou sobre a indenização
cluir outras reparações: devida, havendo responsável pela
I – no pagamento das despe- Art. 953.  A indenização por in- perda ou danificação da coisa;
sas com o tratamento da vítima, júria, difamação ou calúnia con- II – sobre o valor da indeniza-
seu funeral e o luto da família; sistirá na reparação do dano que ção, se a coisa obrigada a hipote-
II – na prestação de alimentos delas resulte ao ofendido. ca ou privilégio for desapropriada.
às pessoas a quem o morto os Parágrafo único.  Se o ofen-
devia, levando-se em conta a du- dido não puder provar prejuízo Art. 960.  Nos casos a que se
ração provável da vida da vítima. material, caberá ao juiz fixar, refere o artigo antecedente, o
equitativamente, o valor da in- devedor do seguro, ou da indeni-
Art. 949.  No caso de lesão ou denização, na conformidade das zação, exonera-se pagando sem
outra ofensa à saúde, o ofen- circunstâncias do caso. oposição dos credores hipotecá-
sor indenizará o ofendido das rios ou privilegiados.
despesas do tratamento e dos Art. 954.  A indenização por
lucros cessantes até ao fim da ofensa à liberdade pessoal con- Art. 961.  O crédito real prefere
convalescença, além de algum sistirá no pagamento das per- ao pessoal de qualquer espécie;
outro prejuízo que o ofendido das e danos que sobrevierem o crédito pessoal privilegiado, ao
prove haver sofrido. ao ofendido, e se este não puder simples; e o privilégio especial,
provar prejuízo, tem aplicação o ao geral.
Art. 950.  Se da ofensa resultar disposto no parágrafo único do
defeito pelo qual o ofendido não artigo antecedente. Art. 962.  Quando concorrerem
possa exercer o seu ofício ou Parágrafo único. Conside- aos mesmos bens, e por título
profissão, ou se lhe diminua a ram-se ofensivos da liberdade igual, dois ou mais credores da
capacidade de trabalho, a inde- pessoal: mesma classe especialmente

183
Código Civil
privilegiados, haverá entre eles I – o crédito por despesa de sário far-se-á mediante requeri-
rateio proporcional ao valor dos seu funeral, feito segundo a con- mento que contenha:
respectivos créditos, se o produ- dição do morto e o costume do I – o seu nome, nacionalidade,
to não bastar para o pagamento lugar; domicílio, estado civil e, se casa-
integral de todos. II – o crédito por custas judi- do, o regime de bens;
ciais, ou por despesas com a ar- II – a firma, com a respectiva
Art. 963.  O privilégio especial recadação e liquidação da massa; assinatura autógrafa que poderá
só compreende os bens sujei- III – o crédito por despesas ser substituída pela assinatu-
tos, por expressa disposição de com o luto do cônjuge sobrevivo ra autenticada com certificação
lei, ao pagamento do crédito que e dos filhos do devedor falecido, digital ou meio equivalente que
ele favorece; e o geral, todos os se foram moderadas; comprove a sua autenticidade,
bens não sujeitos a crédito real IV – o crédito por despesas ressalvado o disposto no inciso I
nem a privilégio especial. com a doença de que faleceu o do § 1o do art. 4o da Lei Comple-
devedor, no semestre anterior à mentar no 123, de 14 de dezembro
Art. 964.  Têm privilégio espe- sua morte; de 2006;
cial: V – o crédito pelos gastos III – o capital;
I – sobre a coisa arrecadada necessários à mantença do de- IV – o objeto e a sede da em-
e liquidada, o credor de custas e vedor falecido e sua família, no presa.
despesas judiciais feitas com a trimestre anterior ao falecimento; § 1o  Com as indicações esta-
arrecadação e liquidação; VI – o crédito pelos impostos belecidas neste artigo, a inscrição
II – sobre a coisa salvada, devidos à Fazenda Pública, no ano será tomada por termo no livro
o credor por despesas de sal- corrente e no anterior; próprio do Registro Público de
vamento; VII – o crédito pelos salários Empresas Mercantis, e obedecerá
III – sobre a coisa beneficiada, dos empregados do serviço do- a número de ordem contínuo para
o credor por benfeitorias neces- méstico do devedor, nos seus todos os empresários inscritos.
sárias ou úteis; derradeiros seis meses de vida; § 2o  À margem da inscrição,
IV – sobre os prédios rústicos VIII – os demais créditos de e com as mesmas formalidades,
ou urbanos, fábricas, oficinas, ou privilégio geral. serão averbadas quaisquer mo-
quaisquer outras construções, o dificações nela ocorrentes.
credor de materiais, dinheiro, ou § 3o  Caso venha a admitir
serviços para a sua edificação, LIVRO II – DO DIREITO DE sócios, o empresário individual
reconstrução, ou melhoramento; EMPRESA poderá solicitar ao Registro Pú-
V – sobre os frutos agrícolas, blico de Empresas Mercantis a
o credor por sementes, instru- TÍTULO I – DO EMPRESÁRIO transformação de seu registro
mentos e serviços à cultura, ou CAPÍTULO I – DA de empresário para registro de
à colheita; sociedade empresária, obser-
VI – sobre as alfaias e utensí- CARACTERIZAÇÃO E DA vado, no que couber, o disposto
lios de uso doméstico, nos prédios INSCRIÇÃO nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código.
rústicos ou urbanos, o credor de § 4o  O processo de abertu-
aluguéis, quanto às prestações do Art. 966.  Considera-se empre- ra, registro, alteração e baixa do
ano corrente e do anterior; sário quem exerce profissional- microempreendedor individual
VII – sobre os exemplares da mente atividade econômica or- de que trata o art.  18‑A da Lei
obra existente na massa do editor, ganizada para a produção ou a Complementar no  123, de 14 de
o autor dela, ou seus legítimos circulação de bens ou de serviços. dezembro de 2006, bem como
representantes, pelo crédito fun- Parágrafo único.  Não se con- qualquer exigência para o início
dado contra aquele no contrato sidera empresário quem exerce de seu funcionamento deverão
da edição; profissão intelectual, de natureza ter trâmite especial e simplifica-
VIII – sobre o produto da co- científica, literária ou artística, do, preferentemente eletrônico,
lheita, para a qual houver con- ainda com o concurso de auxilia- opcional para o empreendedor,
corrido com o seu trabalho, e res ou colaboradores, salvo se o na forma a ser disciplinada pelo
precipuamente a quaisquer ou- exercício da profissão constituir Comitê para Gestão da Rede Na-
tros créditos, ainda que reais, o elemento de empresa. cional para a Simplificação do
trabalhador agrícola, quanto à Registro e da Legalização de Em-
dívida dos seus salários; Art. 967.  É obrigatória a inscri- presas e Negócios – CGSIM, de
IX – sobre os produtos do aba- ção do empresário no Registro que trata o inciso III do art. 2o da
te, o credor por animais. Público de Empresas Mercantis mesma Lei.
da respectiva sede, antes do iní- § 5o  Para fins do disposto no
Art. 965.  Goza de privilégio ge- cio de sua atividade. § 4 , poderão ser dispensados o
o

ral, na ordem seguinte, sobre os uso da firma, com a respectiva


bens do devedor: Art. 968.  A inscrição do empre- assinatura autógrafa, o capital,

184
Código Civil
requerimentos, demais assinatu- própria de empresário, se a exer- da responsabilidade pelos atos
ras, informações relativas à na- cer, responderá pelas obrigações dos gerentes nomeados.
cionalidade, estado civil e regime contraídas.
de bens, bem como remessa de Art. 976.  A prova da emancipa-
documentos, na forma estabele- Art. 974.  Poderá o incapaz, por ção e da autorização do incapaz,
cida pelo CGSIM. meio de representante ou devi- nos casos do art. 974, e a de even-
damente assistido, continuar a tual revogação desta, serão ins-
Art. 969.  O empresário que ins- empresa antes exercida por ele critas ou averbadas no Registro
tituir sucursal, filial ou agência, enquanto capaz, por seus pais ou Público de Empresas Mercantis.
em lugar sujeito à jurisdição de pelo autor de herança. Parágrafo único.  O uso da
outro Registro Público de Em- § 1o  Nos casos deste artigo, nova firma caberá, conforme o
presas Mercantis, neste deverá precederá autorização judicial, caso, ao gerente; ou ao repre-
também inscrevê-la, com a prova após exame das circunstâncias sentante do incapaz; ou a este,
da inscrição originária. e dos riscos da empresa, bem quando puder ser autorizado.
Parágrafo único.  Em qual- como da conveniência em con-
quer caso, a constituição do es- tinuá-la, podendo a autorização Art. 977.  Faculta-se aos cônju-
tabelecimento secundário deverá ser revogada pelo juiz, ouvidos os ges contratar sociedade, entre si
ser averbada no Registro Público pais, tutores ou representantes ou com terceiros, desde que não
de Empresas Mercantis da res- legais do menor ou do interdito, tenham casado no regime da co-
pectiva sede. sem prejuízo dos direitos adqui- munhão universal de bens, ou no
ridos por terceiros. da separação obrigatória.
Art. 970.  A lei assegurará trata- § 2o  Não ficam sujeitos ao
mento favorecido, diferenciado e resultado da empresa os bens que Art. 978.  O empresário casado
simplificado ao empresário rural o incapaz já possuía, ao tempo da pode, sem necessidade de outor-
e ao pequeno empresário, quanto sucessão ou da interdição, desde ga conjugal, qualquer que seja o
à inscrição e aos efeitos daí de- que estranhos ao acervo daquela, regime de bens, alienar os imóveis
correntes. devendo tais fatos constar do al- que integrem o patrimônio da em-
vará que conceder a autorização. presa ou gravá-los de ônus real.
Art. 971.  O empresário, cuja ati- § 3o  O Registro Público de
vidade rural constitua sua princi- Empresas Mercantis a cargo das Art. 979.  Além de no Registro
pal profissão, pode, observadas Juntas Comerciais deverá re- Civil, serão arquivados e aver-
as formalidades de que tratam gistrar contratos ou alterações bados, no Registro Público de
o art. 968 e seus parágrafos, re- contratuais de sociedade que Empresas Mercantis, os pactos
querer inscrição no Registro Pú- envolva sócio incapaz, desde que e declarações antenupciais do
blico de Empresas Mercantis da atendidos, de forma conjunta, os empresário, o título de doação,
respectiva sede, caso em que, seguintes pressupostos: herança, ou legado, de bens clau-
depois de inscrito, ficará equi- I – o sócio incapaz não pode sulados de incomunicabilidade ou
parado, para todos os efeitos, exercer a administração da so- inalienabilidade.
ao empresário sujeito a registro. ciedade;
Parágrafo único.  Aplica-se o II – o capital social deve ser Art. 980.  A sentença que de-
disposto no caput deste artigo à totalmente integralizado; cretar ou homologar a separação
associação que desenvolva ati- III – o sócio relativamente judicial do empresário e o ato
vidade futebolística em caráter incapaz deve ser assistido e o de reconciliação não podem ser
habitual e profissional, caso em absolutamente incapaz deve ser opostos a terceiros, antes de ar-
que, com a inscrição, será con- representado por seus represen- quivados e averbados no Registro
siderada empresária, para todos tantes legais. Público de Empresas Mercantis.
os efeitos.
Art. 975.  Se o representante ou
assistente do incapaz for pessoa TÍTULO I-A – DA
CAPÍTULO II – DA que, por disposição de lei, não EMPRESA INDIVIDUAL
CAPACIDADE puder exercer atividade de em- DE RESPONSABILIDADE
presário, nomeará, com a aprova- LIMITADA
Art. 972.  Podem exercer a ativi- ção do juiz, um ou mais gerentes.
dade de empresário os que esti- § 1o  Do mesmo modo será Art. 980-A.  (Revogado)
verem em pleno gozo da capaci- nomeado gerente em todos os
dade civil e não forem legalmente casos em que o juiz entender ser
impedidos. conveniente.
§ 2o  A aprovação do juiz não
Art. 973.  A pessoa legalmente exime o representante ou assis-
impedida de exercer atividade tente do menor ou do interdito

185
Código Civil
TÍTULO II – DA SOCIEDADE constituída a sociedade segun- CAPÍTULO II – DA
do um daqueles tipos, o pedido SOCIEDADE EM CONTA DE
CAPÍTULO ÚNICO – de inscrição se subordinará, no
PARTICIPAÇÃO
DISPOSIÇÕES GERAIS que for aplicável, às normas que
regem a transformação.
Art. 981.  Celebram contrato de Art. 991.  Na sociedade em conta
sociedade as pessoas que reci- Art. 985.  A sociedade adqui- de participação, a atividade cons-
procamente se obrigam a contri- re personalidade jurídica com titutiva do objeto social é exercida
buir, com bens ou serviços, para a inscrição, no registro próprio unicamente pelo sócio ostensivo,
o exercício de atividade econô- e na forma da lei, dos seus atos em seu nome individual e sob sua
mica e a partilha, entre si, dos constitutivos (arts. 45 e 1.150). própria e exclusiva responsabi-
resultados. lidade, participando os demais
Parágrafo único.  A atividade dos resultados correspondentes.
pode restringir-se à realização SUBTÍTULO I – DA Parágrafo único. Obriga-se
de um ou mais negócios deter- SOCIEDADE NÃO perante terceiro tão somente o
minados. PERSONIFICADA sócio ostensivo; e, exclusivamen-
te perante este, o sócio partici-
Art. 982.  Salvo as exceções ex- CAPÍTULO I – DA pante, nos termos do contrato
pressas, considera-se empresária SOCIEDADE EM COMUM social.
a sociedade que tem por objeto
o exercício de atividade própria Art. 986.  Enquanto não inscritos Art. 992.  A constituição da so-
de empresário sujeito a registro os atos constitutivos, reger-se-á ciedade em conta de participação
(art. 967); e, simples, as demais. a sociedade, exceto por ações independe de qualquer formali-
Parágrafo único. Indepen- em organização, pelo disposto dade e pode provar-se por todos
dentemente de seu objeto, con- neste Capítulo, observadas, sub- os meios de direito.
sidera-se empresária a sociedade sidiariamente e no que com ele
por ações; e, simples, a coope- forem compatíveis, as normas da Art. 993.  O contrato social pro-
rativa. sociedade simples. duz efeito somente entre os só-
cios, e a eventual inscrição de seu
Art. 983.  A sociedade empresá- Art. 987.  Os sócios, nas relações instrumento em qualquer registro
ria deve constituir-se segundo um entre si ou com terceiros, so- não confere personalidade jurídi-
dos tipos regulados nos arts. 1.039 mente por escrito podem provar ca à sociedade.
a 1.092; a sociedade simples pode a existência da sociedade, mas Parágrafo único.  Sem pre-
constituir-se de conformidade os terceiros podem prová-la de juízo do direito de fiscalizar a
com um desses tipos, e, não o qualquer modo. gestão dos negócios sociais, o
fazendo, subordina-se às normas sócio participante não pode to-
que lhe são próprias. Art. 988.  Os bens e dívidas so- mar parte nas relações do sócio
Parágrafo único. Ressalvam- ciais constituem patrimônio es- ostensivo com terceiros, sob pena
-se as disposições concernentes pecial, do qual os sócios são ti- de responder solidariamente com
à sociedade em conta de partici- tulares em comum. este pelas obrigações em que
pação e à cooperativa, bem como intervier.
as constantes de leis especiais Art. 989.  Os bens sociais res-
que, para o exercício de certas pondem pelos atos de gestão pra- Art. 994.  A contribuição do só-
atividades, imponham a cons- ticados por qualquer dos sócios, cio participante constitui, com
tituição da sociedade segundo salvo pacto expresso limitativo a do sócio ostensivo, patrimô-
determinado tipo. de poderes, que somente terá nio especial, objeto da conta de
eficácia contra o terceiro que o participação relativa aos negó-
Art. 984.  A sociedade que tenha conheça ou deva conhecer. cios sociais.
por objeto o exercício de atividade § 1o  A especialização patri-
própria de empresário rural e seja Art. 990.  Todos os sócios res- monial somente produz efeitos
constituída, ou transformada, de pondem solidária e ilimitada- em relação aos sócios.
acordo com um dos tipos de so- mente pelas obrigações sociais, § 2o  A falência do sócio os-
ciedade empresária, pode, com as excluído do benefício de ordem, tensivo acarreta a dissolução da
formalidades do art. 968, requerer previsto no art. 1.024, aquele que sociedade e a liquidação da res-
inscrição no Registro Público de contratou pela sociedade. pectiva conta, cujo saldo consti-
Empresas Mercantis da sua sede, tuirá crédito quirografário.
caso em que, depois de inscrita, § 3o  Falindo o sócio partici-
ficará equiparada, para todos os pante, o contrato social fica su-
efeitos, à sociedade empresária. jeito às normas que regulam os
Parágrafo único.  Embora já efeitos da falência nos contratos

186
Código Civil
bilaterais do falido. VII – a participação de cada Seção II – Dos Direitos e
sócio nos lucros e nas perdas; Obrigações dos Sócios
Art. 995.  Salvo estipulação em VIII – se os sócios respondem,
contrário, o sócio ostensivo não ou não, subsidiariamente, pelas Art. 1.001.  As obrigações dos
pode admitir novo sócio sem o obrigações sociais. sócios começam imediatamente
consentimento expresso dos Parágrafo único.  É ineficaz com o contrato, se este não fixar
demais. em relação a terceiros qualquer outra data, e terminam quando, li-
pacto separado, contrário ao dis- quidada a sociedade, se extingui-
Art. 996.  Aplica-se à sociedade posto no instrumento do contrato. rem as responsabilidades sociais.
em conta de participação, sub-
sidiariamente e no que com ela Art. 998.  Nos trinta dias sub- Art. 1.002.  O sócio não pode ser
for compatível, o disposto para sequentes à sua constituição, substituído no exercício das suas
a sociedade simples, e a sua li- a sociedade deverá requerer a funções, sem o consentimento
quidação rege-se pelas normas inscrição do contrato social no dos demais sócios, expresso em
relativas à prestação de contas, Registro Civil das Pessoas Jurí- modificação do contrato social.
na forma da lei processual. dicas do local de sua sede.
Parágrafo único. Havendo § 1o  O pedido de inscrição Art. 1.003.  A cessão total ou par-
mais de um sócio ostensivo, as será acompanhado do instru- cial de quota, sem a correspon-
respectivas contas serão pres- mento autenticado do contrato, dente modificação do contrato
tadas e julgadas no mesmo pro- e, se algum sócio nele houver sido social com o consentimento dos
cesso. representado por procurador, o demais sócios, não terá eficácia
da respectiva procuração, bem quanto a estes e à sociedade.
como, se for o caso, da prova de Parágrafo único.  Até dois
SUBTÍTULO II – autorização da autoridade com- anos depois de averbada a mo-
DA SOCIEDADE petente. dificação do contrato, responde
PERSONIFICADA § 2o  Com todas as indicações o cedente solidariamente com o
enumeradas no artigo antece- cessionário, perante a sociedade
CAPÍTULO I – DA dente, será a inscrição tomada e terceiros, pelas obrigações que
SOCIEDADE SIMPLES por termo no livro de registro tinha como sócio.
próprio, e obedecerá a número
Seção I – Do Contrato Social de ordem contínua para todas Art. 1.004.  Os sócios são obri-
as sociedades inscritas. gados, na forma e prazo previs-
Art. 997.  A sociedade constitui- tos, às contribuições estabeleci-
-se mediante contrato escrito, Art. 999.  As modificações do das no contrato social, e aquele
particular ou público, que, além contrato social, que tenham que deixar de fazê-lo, nos trinta
de cláusulas estipuladas pelas por objeto matéria indicada no dias seguintes ao da notificação
partes, mencionará: art. 997, dependem do consen- pela sociedade, responderá pe-
I – nome, nacionalidade, es- timento de todos os sócios; as rante esta pelo dano emergente
tado civil, profissão e residência demais podem ser decididas por da mora.
dos sócios, se pessoas naturais, maioria absoluta de votos, se o Parágrafo único.  Verificada a
e a firma ou a denominação, na- contrato não determinar a neces- mora, poderá a maioria dos de-
cionalidade e sede dos sócios, sidade de deliberação unânime. mais sócios preferir, à indeniza-
se jurídicas; Parágrafo único. Qualquer ção, a exclusão do sócio remisso,
II – denominação, objeto, sede modificação do contrato social ou reduzir-lhe a quota ao mon-
e prazo da sociedade; será averbada, cumprindo-se as tante já realizado, aplicando-se,
III – capital da sociedade, ex- formalidades previstas no artigo em ambos os casos, o disposto
presso em moeda corrente, po- antecedente. no § 1o do art. 1.031.
dendo compreender qualquer
espécie de bens, suscetíveis de Art. 1.000.  A sociedade sim- Art. 1.005.  O sócio que, a título
avaliação pecuniária; ples que instituir sucursal, filial de quota social, transmitir domí-
IV – a quota de cada sócio ou agência na circunscrição de nio, posse ou uso, responde pela
no capital social, e o modo de outro Registro Civil das Pessoas evicção; e pela solvência do deve-
realizá-la; Jurídicas, neste deverá também dor, aquele que transferir crédito.
V – as prestações a que se inscrevê-la, com a prova da ins-
obriga o sócio, cuja contribuição crição originária. Art. 1.006.  O sócio, cuja contri-
consista em serviços; Parágrafo único.  Em qual- buição consista em serviços, não
VI – as pessoas naturais in- quer caso, a constituição da su- pode, salvo convenção em con-
cumbidas da administração da cursal, filial ou agência deverá trário, empregar-se em atividade
sociedade, e seus poderes e atri- ser averbada no Registro Civil da estranha à sociedade, sob pena
buições; respectiva sede. de ser privado de seus lucros e

187
Código Civil
dela excluído. que temporariamente, o acesso a Art. 1.016.  Os administradores
cargos públicos; ou por crime fali- respondem solidariamente pe-
Art. 1.007.  Salvo estipulação em mentar, de prevaricação, peita ou rante a sociedade e os terceiros
contrário, o sócio participa dos suborno, concussão, peculato; ou prejudicados, por culpa no de-
lucros e das perdas, na propor- contra a economia popular, con- sempenho de suas funções.
ção das respectivas quotas, mas tra o sistema financeiro nacional,
aquele, cuja contribuição consiste contra as normas de defesa da Art. 1.017.  O administrador que,
em serviços, somente participa concorrência, contra as relações sem consentimento escrito dos
dos lucros na proporção da média de consumo, a fé pública ou a pro- sócios, aplicar créditos ou bens
do valor das quotas. priedade, enquanto perdurarem sociais em proveito próprio ou
os efeitos da condenação. de terceiros, terá de restituí-los
Art. 1.008.  É nula a estipulação § 2o  Aplicam-se à atividade à sociedade, ou pagar o equiva-
contratual que exclua qualquer dos administradores, no que cou- lente, com todos os lucros resul-
sócio de participar dos lucros e ber, as disposições concernentes tantes, e, se houver prejuízo, por
das perdas. ao mandato. ele também responderá.
Parágrafo único.  Fica sujeito
Art. 1.009.  A distribuição de lu- Art. 1.012.  O administrador, no- às sanções o administrador que,
cros ilícitos ou fictícios acarreta meado por instrumento em sepa- tendo em qualquer operação inte-
responsabilidade solidária dos rado, deve averbá-lo à margem da resse contrário ao da sociedade,
administradores que a realizarem inscrição da sociedade, e, pelos tome parte na correspondente
e dos sócios que os receberem, atos que praticar, antes de re- deliberação.
conhecendo ou devendo conhe- querer a averbação, responde
cer-lhes a ilegitimidade. pessoal e solidariamente com a Art. 1.018.  Ao administrador é
sociedade. vedado fazer-se substituir no
exercício de suas funções, sen-
Seção III – Da Administração Art. 1.013.  A administração da do-lhe facultado, nos limites de
sociedade, nada dispondo o con- seus poderes, constituir man-
Art. 1.010.  Quando, por lei ou trato social, compete separada- datários da sociedade, especifi-
pelo contrato social, competir aos mente a cada um dos sócios. cados no instrumento os atos e
sócios decidir sobre os negócios § 1o  Se a administração com- operações que poderão praticar.
da sociedade, as deliberações petir separadamente a vários ad-
serão tomadas por maioria de ministradores, cada um pode im- Art. 1.019.  São irrevogáveis os
votos, contados segundo o valor pugnar operação pretendida por poderes do sócio investido na ad-
das quotas de cada um. outro, cabendo a decisão aos só- ministração por cláusula expres-
§ 1o  Para formação da maio- cios, por maioria de votos. sa do contrato social, salvo justa
ria absoluta são necessários vo- § 2o  Responde por perdas causa, reconhecida judicialmente,
tos correspondentes a mais de e danos perante a sociedade o a pedido de qualquer dos sócios.
metade do capital. administrador que realizar opera- Parágrafo único.  São revogá-
§ 2o  Prevalece a decisão su- ções, sabendo ou devendo saber veis, a qualquer tempo, os pode-
fragada por maior número de só- que estava agindo em desacordo res conferidos a sócio por ato se-
cios no caso de empate, e, se este com a maioria. parado, ou a quem não seja sócio.
persistir, decidirá o juiz.
§ 3o  Responde por perdas e Art. 1.014.  Nos atos de compe- Art. 1.020.  Os administradores
danos o sócio que, tendo em algu- tência conjunta de vários admi- são obrigados a prestar aos só-
ma operação interesse contrário nistradores, torna-se necessário cios contas justificadas de sua
ao da sociedade, participar da o concurso de todos, salvo nos administração, e apresentar-lhes
deliberação que a aprove graças casos urgentes, em que a omis- o inventário anualmente, bem
a seu voto. são ou retardo das providências como o balanço patrimonial e o
possa ocasionar dano irreparável de resultado econômico.
Art. 1.011.  O administrador da ou grave.
sociedade deverá ter, no exercí- Art. 1.021.  Salvo estipulação que
cio de suas funções, o cuidado e Art. 1.015.  No silêncio do con- determine época própria, o sócio
a diligência que todo homem ati- trato, os administradores podem pode, a qualquer tempo, exami-
vo e probo costuma empregar na praticar todos os atos pertinentes nar os livros e documentos, e o
administração de seus próprios à gestão da sociedade; não cons- estado da caixa e da carteira da
negócios. tituindo objeto social, a onera- sociedade.
§ 1o  Não podem ser adminis- ção ou a venda de bens imóveis
tradores, além das pessoas im- depende do que a maioria dos
pedidas por lei especial, os con- sócios decidir.
denados a pena que vede, ainda Parágrafo único. (Revogado)

188
Código Civil
Seção IV – Das Relações com de sócio, liquidar-se-á sua quo- Art. 1.032.  A retirada, exclusão
Terceiros ta, salvo: ou morte do sócio, não o exime,
I – se o contrato dispuser di- ou a seus herdeiros, da responsa-
Art. 1.022.  A sociedade adquire ferentemente; bilidade pelas obrigações sociais
direitos, assume obrigações e II – se os sócios remanes- anteriores, até dois anos após
procede judicialmente, por meio centes optarem pela dissolução averbada a resolução da socie-
de administradores com poderes da sociedade; dade; nem nos dois primeiros ca-
especiais, ou, não os havendo, III – se, por acordo com os sos, pelas posteriores e em igual
por intermédio de qualquer ad- herdeiros, regular-se a substi- prazo, enquanto não se requerer
ministrador. tuição do sócio falecido. a averbação.

Art. 1.023.  Se os bens da socie- Art. 1.029.  Além dos casos pre-


dade não lhe cobrirem as dívidas, vistos na lei ou no contrato, qual-
Seção VI – Da Dissolução
respondem os sócios pelo saldo, quer sócio pode retirar-se da so-
na proporção em que participem ciedade; se de prazo indetermi- Art. 1.033.  Dissolve-se a socie-
das perdas sociais, salvo cláusula nado, mediante notificação aos dade quando ocorrer:
de responsabilidade solidária. demais sócios, com antecedência I – o vencimento do prazo de
mínima de sessenta dias; se de duração, salvo se, vencido este e
Art. 1.024.  Os bens particulares prazo determinado, provando ju- sem oposição de sócio, não entrar
dos sócios não podem ser execu- dicialmente justa causa. a sociedade em liquidação, caso
tados por dívidas da sociedade, Parágrafo único.  Nos trinta em que se prorrogará por tempo
senão depois de executados os dias subsequentes à notificação, indeterminado;
bens sociais. podem os demais sócios optar II – o consenso unânime dos
pela dissolução da sociedade. sócios;
Art. 1.025.  O sócio, admitido em III – a deliberação dos sócios,
sociedade já constituída, não se Art. 1.030.  Ressalvado o dispos- por maioria absoluta, na socieda-
exime das dívidas sociais ante- to no art. 1.004 e seu parágrafo de de prazo indeterminado;
riores à admissão. único, pode o sócio ser excluído IV – (Revogado);
judicialmente, mediante iniciati- V – a extinção, na forma da
Art. 1.026.  O credor particular va da maioria dos demais sócios, lei, de autorização para funcionar.
de sócio pode, na insuficiência por falta grave no cumprimento Parágrafo único. (Revogado)
de outros bens do devedor, fazer de suas obrigações, ou, ainda,
recair a execução sobre o que a por incapacidade superveniente. Art. 1.034.  A sociedade pode
este couber nos lucros da socie- Parágrafo único.  Será de ple- ser dissolvida judicialmente, a
dade, ou na parte que lhe tocar no direito excluído da sociedade o requerimento de qualquer dos
em liquidação. sócio declarado falido, ou aquele sócios, quando:
Parágrafo único.  Se a socie- cuja quota tenha sido liquidada I – anulada a sua constituição;
dade não estiver dissolvida, pode nos termos do parágrafo único II – exaurido o fim social, ou
o credor requerer a liquidação da do art. 1.026. verificada a sua inexequibilidade.
quota do devedor, cujo valor, apu-
rado na forma do art. 1.031, será Art. 1.031.  Nos casos em que a Art. 1.035.  O contrato pode pre-
depositado em dinheiro, no juízo sociedade se resolver em relação ver outras causas de dissolução,
da execução, até noventa dias a um sócio, o valor da sua quota, a serem verificadas judicialmente
após aquela liquidação. considerada pelo montante efeti- quando contestadas.
vamente realizado, liquidar-se-á,
Art. 1.027.  Os herdeiros do côn- salvo disposição contratual em Art. 1.036.  Ocorrida a dissolu-
juge de sócio, ou o cônjuge do contrário, com base na situação ção, cumpre aos administradores
que se separou judicialmente, patrimonial da sociedade, à data providenciar imediatamente a in-
não podem exigir desde logo a da resolução, verificada em ba- vestidura do liquidante, e restrin-
parte que lhes couber na quota lanço especialmente levantado. gir a gestão própria aos negócios
social, mas concorrer à divisão § 1o  O capital social sofrerá inadiáveis, vedadas novas opera-
periódica dos lucros, até que se a correspondente redução, salvo ções, pelas quais responderão
liquide a sociedade. se os demais sócios suprirem o solidária e ilimitadamente.
valor da quota. Parágrafo único. Dissolvida
§ 2o  A quota liquidada será de pleno direito a sociedade, pode
Seção V – Da Resolução da paga em dinheiro, no prazo de o sócio requerer, desde logo, a
Sociedade em Relação a um noventa dias, a partir da liquida- liquidação judicial.
Sócio ção, salvo acordo, ou estipulação
contratual em contrário. Art. 1.037.  Ocorrendo a hipótese
Art. 1.028.  No caso de morte prevista no inciso V do art. 1.033,

189
Código Civil
o Ministério Público, tão logo lhe Art. 1.040.  A sociedade em Parágrafo único.  Aos co-
comunique a autoridade com- nome coletivo se rege pelas manditados cabem os mesmos
petente, promoverá a liquidação normas deste Capítulo e, no que direitos e obrigações dos sócios
judicial da sociedade, se os ad- seja omisso, pelas do Capítulo da sociedade em nome coletivo.
ministradores não o tiverem feito antecedente.
nos trinta dias seguintes à perda Art. 1.047.  Sem prejuízo da fa-
da autorização, ou se o sócio não Art. 1.041.  O contrato deve men- culdade de participar das deli-
houver exercido a faculdade as- cionar, além das indicações refe- berações da sociedade e de lhe
segurada no parágrafo único do ridas no art. 997, a firma social. fiscalizar as operações, não pode
artigo antecedente. o comanditário praticar qualquer
Parágrafo único.  Caso o Mi- Art. 1.042.  A administração da ato de gestão, nem ter o nome na
nistério Público não promova a sociedade compete exclusiva- firma social, sob pena de ficar
liquidação judicial da sociedade mente a sócios, sendo o uso da sujeito às responsabilidades de
nos quinze dias subsequentes ao firma, nos limites do contrato, sócio comanditado.
recebimento da comunicação, privativo dos que tenham os ne- Parágrafo único.  Pode o co-
a autoridade competente para cessários poderes. manditário ser constituído pro-
conceder a autorização nomea- curador da sociedade, para negó-
rá interventor com poderes para Art. 1.043.  O credor particular cio determinado e com poderes
requerer a medida e administrar a de sócio não pode, antes de dis- especiais.
sociedade até que seja nomeado solver-se a sociedade, pretender
o liquidante. a liquidação da quota do devedor. Art. 1.048.  Somente após aver-
Parágrafo único.  Poderá fa- bada a modificação do contrato,
Art. 1.038.  Se não estiver desig- zê-lo quando: produz efeito, quanto a terceiros,
nado no contrato social, o liqui- I – a sociedade houver sido a diminuição da quota do coman-
dante será eleito por deliberação prorrogada tacitamente; ditário, em consequência de ter
dos sócios, podendo a escolha II – tendo ocorrido prorroga- sido reduzido o capital social,
recair em pessoa estranha à so- ção contratual, for acolhida ju- sempre sem prejuízo dos credo-
ciedade. dicialmente oposição do credor, res preexistentes.
§ 1o  O liquidante pode ser levantada no prazo de noventa
destituído, a todo tempo: dias, contado da publicação do Art. 1.049.  O sócio comanditá-
I – se eleito pela forma pre- ato dilatório. rio não é obrigado à reposição de
vista neste artigo, mediante de- lucros recebidos de boa-fé e de
liberação dos sócios; Art. 1.044.  A sociedade se dis- acordo com o balanço.
II – em qualquer caso, por solve de pleno direito por qual- Parágrafo único.  Diminuído o
via judicial, a requerimento de quer das causas enumeradas no capital social por perdas superve-
um ou mais sócios, ocorrendo art. 1.033 e, se empresária, tam- nientes, não pode o comanditário
justa causa. bém pela declaração da falência. receber quaisquer lucros, antes
§ 2o  A liquidação da socieda- de reintegrado aquele.
de se processa de conformidade
com o disposto no Capítulo IX, CAPÍTULO III – DA Art. 1.050.  No caso de morte de
deste Subtítulo. SOCIEDADE EM COMANDITA sócio comanditário, a socieda-
SIMPLES de, salvo disposição do contrato,
continuará com os seus suces-
CAPÍTULO II – DA Art. 1.045.  Na sociedade em sores, que designarão quem os
SOCIEDADE EM NOME comandita simples tomam par- represente.
COLETIVO te sócios de duas categorias: os
comanditados, pessoas físicas, Art. 1.051.  Dissolve-se de pleno
Art. 1.039.  Somente pessoas responsáveis solidária e ilimitada- direito a sociedade:
físicas podem tomar parte na mente pelas obrigações sociais; I – por qualquer das causas
sociedade em nome coletivo, e os comanditários, obrigados previstas no art. 1.044;
respondendo todos os sócios, somente pelo valor de sua quota. II – quando por mais de cen-
solidária e ilimitadamente, pelas Parágrafo único.  O contrato to e oitenta dias perdurar a falta
obrigações sociais. deve discriminar os comandita- de uma das categorias de sócio.
Parágrafo único.  Sem preju- dos e os comanditários. Parágrafo único.  Na falta de
ízo da responsabilidade perante sócio comanditado, os comandi-
terceiros, podem os sócios, no Art. 1.046.  Aplicam-se à socie- tários nomearão administrador
ato constitutivo, ou por unânime dade em comandita simples as provisório para praticar, durante o
convenção posterior, limitar entre normas da sociedade em nome período referido no inciso II e sem
si a responsabilidade de cada um. coletivo, no que forem compatí- assumir a condição de sócio, os
veis com as deste Capítulo. atos de administração.

190
Código Civil
CAPÍTULO IV – DA tes somente podem ser exercidos ministradores não sócios depen-
SOCIEDADE LIMITADA pelo condômino representante, derá de aprovação da unanimida-
ou pelo inventariante do espólio de dos sócios, enquanto o capital
Seção I – Disposições de sócio falecido. não estiver integralizado, e de 2/3
Preliminares § 2o  Sem prejuízo do dispos- (dois terços), no mínimo, após a
to no art. 1.052, os condôminos integralização.
Art. 1.052.  Na sociedade limi- de quota indivisa respondem so-
tada, a responsabilidade de cada lidariamente pelas prestações Art. 1.062.  O administrador de-
sócio é restrita ao valor de suas necessárias à sua integralização. signado em ato separado inves-
quotas, mas todos respondem tir-se-á no cargo mediante termo
solidariamente pela integraliza- Art. 1.057.  Na omissão do con- de posse no livro de atas da ad-
ção do capital social. trato, o sócio pode ceder sua ministração.
§ 1o  A sociedade limitada quota, total ou parcialmente, a § 1o  Se o termo não for as-
pode ser constituída por 1 (uma) quem seja sócio, independente- sinado nos trinta dias seguintes
ou mais pessoas. mente de audiência dos outros, à designação, esta se tornará
§ 2o  Se for unipessoal, apli- ou a estranho, se não houver opo- sem efeito.
car-se-ão ao documento de cons- sição de titulares de mais de um § 2o  Nos dez dias seguintes
tituição do sócio único, no que quarto do capital social. ao da investidura, deve o adminis-
couber, as disposições sobre o Parágrafo único.  A cessão trador requerer seja averbada sua
contrato social. terá eficácia quanto à sociedade nomeação no registro competen-
e terceiros, inclusive para os fins te, mencionando o seu nome, na-
Art. 1.053.  A sociedade limita- do parágrafo único do art. 1.003, cionalidade, estado civil, residên-
da rege-se, nas omissões deste a partir da averbação do respec- cia, com exibição de documento
Capítulo, pelas normas da socie- tivo instrumento, subscrito pelos de identidade, o ato e a data da
dade simples. sócios anuentes. nomeação e o prazo de gestão.
Parágrafo único.  O contrato
social poderá prever a regência Art. 1.058.  Não integralizada a Art. 1.063.  O exercício do car-
supletiva da sociedade limita- quota de sócio remisso, os outros go de administrador cessa pela
da pelas normas da sociedade sócios podem, sem prejuízo do destituição, em qualquer tem-
anônima. disposto no art. 1.004 e seu pa- po, do titular, ou pelo término
rágrafo único, tomá-la para si ou do prazo se, fixado no contrato
Art. 1.054.  O contrato mencio- transferi-la a terceiros, excluindo ou em ato separado, não houver
nará, no que couber, as indica- o primitivo titular e devolvendo- recondução.
ções do art. 997, e, se for o caso, -lhe o que houver pago, deduzidos § 1o  Tratando-se de sócio no-
a firma social. os juros da mora, as prestações meado administrador no contrato,
estabelecidas no contrato mais sua destituição somente se ope-
as despesas. ra pela aprovação de titulares de
Seção II – Das Quotas quotas correspondentes a mais
Art. 1.059.  Os sócios serão obri- da metade do capital social, salvo
Art. 1.055.  O capital social divi- gados à reposição dos lucros e disposição contratual diversa.
de-se em quotas, iguais ou desi- das quantias retiradas, a qual- § 2o  A cessação do exercício
guais, cabendo uma ou diversas quer título, ainda que autorizados do cargo de administrador deve
a cada sócio. pelo contrato, quando tais lucros ser averbada no registro com-
§ 1o  Pela exata estimação de ou quantia se distribuírem com petente, mediante requerimento
bens conferidos ao capital so- prejuízo do capital. apresentado nos dez dias seguin-
cial respondem solidariamente tes ao da ocorrência.
todos os sócios, até o prazo de § 3o  A renúncia de adminis-
cinco anos da data do registro
Seção III – Da Administração trador torna-se eficaz, em relação
da sociedade. à sociedade, desde o momento
§ 2o  É vedada contribuição Art. 1.060.  A sociedade limitada em que esta toma conhecimento
que consista em prestação de é administrada por uma ou mais da comunicação escrita do renun-
serviços. pessoas designadas no contrato ciante; e, em relação a terceiros,
social ou em ato separado. após a averbação e publicação.
Art. 1.056.  A quota é indivisível Parágrafo único.  A adminis-
em relação à sociedade, salvo tração atribuída no contrato a to- Art. 1.064.  O uso da firma ou
para efeito de transferência, caso dos os sócios não se estende de denominação social é privativo
em que se observará o disposto pleno direito aos que posterior- dos administradores que tenham
no artigo seguinte. mente adquiram essa qualidade. os necessários poderes.
§ 1o  No caso de condomínio
de quota, os direitos a ela ineren- Art. 1.061.  A designação de ad- Art. 1.065.  Ao término de cada

191
Código Civil
exercício social, proceder-se-á deveres seguintes: administração;
à elaboração do inventário, do I – examinar, pelo menos tri- II – a designação dos admi-
balanço patrimonial e do balanço mestralmente, os livros e papéis nistradores, quando feita em ato
de resultado econômico. da sociedade e o estado da caixa separado;
e da carteira, devendo os adminis- III – a destituição dos admi-
tradores ou liquidantes prestar- nistradores;
Seção IV – Do Conselho -lhes as informações solicitadas; IV – o modo de sua remune-
Fiscal II – lavrar no livro de atas e ração, quando não estabelecido
pareceres do conselho fiscal o no contrato;
Art. 1.066.  Sem prejuízo dos po- resultado dos exames referidos V – a modificação do con-
deres da assembleia dos sócios, no inciso I deste artigo; trato social;
pode o contrato instituir conselho III – exarar no mesmo livro e VI – a incorporação, a fusão
fiscal composto de três ou mais apresentar à assembleia anual e a dissolução da sociedade, ou a
membros e respectivos suplen- dos sócios parecer sobre os ne- cessação do estado de liquidação;
tes, sócios ou não, residentes no gócios e as operações sociais VII – a nomeação e destitui-
País, eleitos na assembleia anual do exercício em que servirem, ção dos liquidantes e o julgamen-
prevista no art. 1.078. tomando por base o balanço pa- to das suas contas;
§ 1o  Não podem fazer parte trimonial e o de resultado eco- VIII – o pedido de concordata.
do conselho fiscal, além dos ine- nômico;
legíveis enumerados no §  1o do IV – denunciar os erros, frau- Art. 1.072.  As deliberações dos
art. 1.011, os membros dos demais des ou crimes que descobrirem, sócios, obedecido o disposto no
órgãos da sociedade ou de outra sugerindo providências úteis à art. 1.010, serão tomadas em reu-
por ela controlada, os emprega- sociedade; nião ou em assembleia, confor-
dos de quaisquer delas ou dos V – convocar a assembleia me previsto no contrato social,
respectivos administradores, o dos sócios se a diretoria retar- devendo ser convocadas pelos
cônjuge ou parente destes até o dar por mais de trinta dias a sua administradores nos casos pre-
terceiro grau. convocação anual, ou sempre vistos em lei ou no contrato.
§ 2o  É assegurado aos sócios que ocorram motivos graves e § 1o  A deliberação em assem-
minoritários, que representarem urgentes; bleia será obrigatória se o número
pelo menos um quinto do capital VI – praticar, durante o perío- dos sócios for superior a dez.
social, o direito de eleger, sepa- do da liquidação da sociedade, os § 2o  Dispensam-se as for-
radamente, um dos membros do atos a que se refere este artigo, malidades de convocação previs-
conselho fiscal e o respectivo tendo em vista as disposições es- tas no § 3o do art. 1.152, quando
suplente. peciais reguladoras da liquidação. todos os sócios comparecerem
ou se declararem, por escrito,
Art. 1.067.  O membro ou suplen- Art. 1.070.  As atribuições e cientes do local, data, hora e or-
te eleito, assinando termo de pos- poderes conferidos pela lei ao dem do dia.
se lavrado no livro de atas e pare- conselho fiscal não podem ser § 3o  A reunião ou a assem-
ceres do conselho fiscal, em que outorgados a outro órgão da so- bleia tornam-se dispensáveis
se mencione o seu nome, nacio- ciedade, e a responsabilidade de quando todos os sócios decidi-
nalidade, estado civil, residência e seus membros obedece à regra rem, por escrito, sobre a matéria
a data da escolha, ficará investido que define a dos administradores que seria objeto delas.
nas suas funções, que exercerá, (art. 1.016). § 4o  No caso do inciso VIII
salvo cessação anterior, até a Parágrafo único.  O conselho do artigo antecedente, os admi-
subsequente assembleia anual. fiscal poderá escolher para assis- nistradores, se houver urgência
Parágrafo único.  Se o termo ti-lo no exame dos livros, dos ba- e com autorização de titulares
não for assinado nos trinta dias lanços e das contas, contabilista de mais da metade do capital so-
seguintes ao da eleição, esta se legalmente habilitado, mediante cial, podem requerer concordata
tornará sem efeito. remuneração aprovada pela as- preventiva.
sembleia dos sócios. § 5o  As deliberações toma-
Art. 1.068.  A remuneração dos das de conformidade com a lei
membros do conselho fiscal será e o contrato vinculam todos os
fixada, anualmente, pela assem-
Seção V – Das Deliberações sócios, ainda que ausentes ou
bleia dos sócios que os eleger. dos Sócios dissidentes.
§ 6o  Aplica-se às reuniões
Art. 1.069.  Além de outras atri- Art. 1.071.  Dependem da delibe- dos sócios, nos casos omissos no
buições determinadas na lei ou ração dos sócios, além de outras contrato, o disposto na presente
no contrato social, aos membros matérias indicadas na lei ou no Seção sobre a assembleia.
do conselho fiscal incumbem, contrato:
individual ou conjuntamente, os I – a aprovação das contas da Art. 1.073.  A reunião ou a as-

192
Código Civil
sembleia podem também ser I – pelos votos corresponden- de responsabilidade os membros
convocadas: tes, no mínimo, a três quartos do da administração e, se houver, os
I – por sócio, quando os ad- capital social, nos casos previstos do conselho fiscal.
ministradores retardarem a con- nos incisos V e VI do art. 1.071; § 4o  Extingue-se em dois
vocação, por mais de sessenta II – pelos votos corresponden- anos o direito de anular a apro-
dias, nos casos previstos em lei tes a mais de metade do capital vação a que se refere o parágrafo
ou no contrato, ou por titulares social, nos casos previstos nos antecedente.
de mais de um quinto do capital, incisos II, III, IV e VIII do art. 1.071;
quando não atendido, no prazo de III – pela maioria de votos Art. 1.079.  Aplica-se às reuni-
oito dias, pedido de convocação dos presentes, nos demais casos ões dos sócios, nos casos omis-
fundamentado, com indicação previstos na lei ou no contrato, sos no contrato, o estabelecido
das matérias a serem tratadas; se este não exigir maioria mais nesta Seção sobre a assembleia,
II – pelo conselho fiscal, se elevada. obedecido o disposto no § 1o do
houver, nos casos a que se refere art. 1.072.
o inciso V do art. 1.069. Art. 1.077.  Quando houver mo-
dificação do contrato, fusão da Art. 1.080.  As deliberações in-
Art. 1.074.  A assembleia dos só- sociedade, incorporação de ou- fringentes do contrato ou da lei
cios instala-se com a presença, tra, ou dela por outra, terá o sócio tornam ilimitada a responsabili-
em primeira convocação, de titu- que dissentiu o direito de retirar- dade dos que expressamente as
lares de no mínimo três quartos -se da sociedade, nos trinta dias aprovaram.
do capital social, e, em segunda, subsequentes à reunião, aplican-
com qualquer número. do-se, no silêncio do contrato Art. 1.080-A.  O sócio poderá
§ 1o  O sócio pode ser repre- social antes vigente, o disposto participar e votar a distância em
sentado na assembleia por outro no art. 1.031. reunião ou em assembleia, nos
sócio, ou por advogado, mediante termos do regulamento do órgão
outorga de mandato com espe- Art. 1.078.  A assembleia dos só- competente do Poder Executivo
cificação dos atos autorizados, cios deve realizar-se ao menos federal.
devendo o instrumento ser levado uma vez por ano, nos quatro me- Parágrafo único.  A reunião ou
a registro, juntamente com a ata. ses seguintes ao término do exer- a assembleia poderá ser realizada
§ 2o  Nenhum sócio, por si cício social, com o objetivo de: de forma digital, respeitados os
ou na condição de mandatário, I – tomar as contas dos ad- direitos legalmente previstos de
pode votar matéria que lhe diga ministradores e deliberar sobre participação e de manifestação
respeito diretamente. o balanço patrimonial e o de re- dos sócios e os demais requisitos
sultado econômico; regulamentares.
Art. 1.075.  A assembleia será II – designar administradores,
presidida e secretariada por só- quando for o caso;
cios escolhidos entre os presen- III – tratar de qualquer ou-
Seção VI – Do Aumento e da
tes. tro assunto constante da ordem Redução do Capital
§ 1o  Dos trabalhos e delibe- do dia.
rações será lavrada, no livro de § 1o  Até trinta dias antes da Art. 1.081.  Ressalvado o dispos-
atas da assembleia, ata assinada data marcada para a assembleia, to em lei especial, integralizadas
pelos membros da mesa e por os documentos referidos no inci- as quotas, pode ser o capital au-
sócios participantes da reunião, so I deste artigo devem ser pos- mentado, com a correspondente
quantos bastem à validade das tos, por escrito, e com a prova do modificação do contrato.
deliberações, mas sem prejuízo respectivo recebimento, à dispo- § 1o  Até trinta dias após a
dos que queiram assiná-la. sição dos sócios que não exerçam deliberação, terão os sócios pre-
§ 2o  Cópia da ata autenticada a administração. ferência para participar do au-
pelos administradores, ou pela § 2o  Instalada a assembleia, mento, na proporção das quotas
mesa, será, nos vinte dias subse- proceder-se-á à leitura dos do- de que sejam titulares.
quentes à reunião, apresentada cumentos referidos no parágra- § 2o  À cessão do direito de
ao Registro Público de Empresas fo antecedente, os quais serão preferência, aplica-se o disposto
Mercantis para arquivamento e submetidos, pelo presidente, a no caput do art. 1.057.
averbação. discussão e votação, nesta não § 3o  Decorrido o prazo da
§ 3o  Ao sócio, que a solicitar, podendo tomar parte os membros preferência, e assumida pelos
será entregue cópia autenticada da administração e, se houver, os sócios, ou por terceiros, a totali-
da ata. do conselho fiscal. dade do aumento, haverá reunião
§ 3o  A aprovação, sem reser- ou assembleia dos sócios, para
Art. 1.076.  Ressalvado o dispos- va, do balanço patrimonial e do que seja aprovada a modificação
to no art. 1.061, as deliberações de resultado econômico, salvo do contrato.
dos sócios serão tomadas: erro, dolo ou simulação, exonera

193
Código Civil
Art. 1.082.  Pode a sociedade de atos de inegável gravidade, Art. 1.091.  Somente o acionista
reduzir o capital, mediante a poderá excluí-los da sociedade, tem qualidade para administrar a
correspondente modificação do mediante alteração do contrato sociedade e, como diretor, res-
contrato: social, desde que prevista neste ponde subsidiária e ilimitadamen-
I – depois de integralizado, a exclusão por justa causa. te pelas obrigações da sociedade.
se houver perdas irreparáveis; Parágrafo único. Ressalvado § 1o  Se houver mais de um
II – se excessivo em relação o caso em que haja apenas dois diretor, serão solidariamente res-
ao objeto da sociedade. sócios na sociedade, a exclusão ponsáveis, depois de esgotados
de um sócio somente poderá ser os bens sociais.
Art. 1.083.  No caso do inciso I determinada em reunião ou as- § 2o  Os diretores serão no-
do artigo antecedente, a redução sembleia especialmente convoca- meados no ato constitutivo da so-
do capital será realizada com a da para esse fim, ciente o acusado ciedade, sem limitação de tempo,
diminuição proporcional do valor em tempo hábil para permitir seu e somente poderão ser destituí-
nominal das quotas, tornando-se comparecimento e o exercício do dos por deliberação de acionistas
efetiva a partir da averbação, no direito de defesa. que representem no mínimo dois
Registro Público de Empresas terços do capital social.
Mercantis, da ata da assembleia Art. 1.086.  Efetuado o registro § 3o  O diretor destituído ou
que a tenha aprovado. da alteração contratual, aplicar- exonerado continua, durante dois
-se-á o disposto nos arts.  1.031 anos, responsável pelas obriga-
Art. 1.084.  No caso do inciso II e 1.032. ções sociais contraídas sob sua
do art. 1.082, a redução do capital administração.
será feita restituindo-se parte do
valor das quotas aos sócios, ou
Seção VIII – Da Dissolução Art. 1.092.  A assembleia geral
dispensando-se as prestações não pode, sem o consentimento
ainda devidas, com diminuição Art. 1.087.  A sociedade dissolve- dos diretores, mudar o objeto
proporcional, em ambos os ca- -se, de pleno direito, por qualquer essencial da sociedade, prorro-
sos, do valor nominal das quotas. das causas previstas no art. 1.044. gar-lhe o prazo de duração, au-
§ 1o  No prazo de noventa mentar ou diminuir o capital so-
dias, contado da data da publi- cial, criar debêntures, ou partes
cação da ata da assembleia que CAPÍTULO V – DA beneficiárias.
aprovar a redução, o credor qui- SOCIEDADE ANÔNIMA
rografário, por título líquido ante-
Seção Única – Da CAPÍTULO VII – DA
rior a essa data, poderá opor-se
ao deliberado. Caracterização SOCIEDADE COOPERATIVA
§ 2o  A redução somente se
tornará eficaz se, no prazo esta- Art. 1.088.  Na sociedade anô- Art. 1.093.  A sociedade coope-
belecido no parágrafo antece- nima ou companhia, o capital rativa reger-se-á pelo disposto
dente, não for impugnada, ou se divide-se em ações, obrigando-se no presente Capítulo, ressalvada
provado o pagamento da dívida cada sócio ou acionista somente a legislação especial.
ou o depósito judicial do respec- pelo preço de emissão das ações
tivo valor. que subscrever ou adquirir. Art. 1.094.  São características
§ 3o  Satisfeitas as condições da sociedade cooperativa:
estabelecidas no parágrafo ante- Art. 1.089.  A sociedade anônima I – variabilidade, ou dispensa
cedente, proceder-se-á à aver- rege-se por lei especial, aplican- do capital social;
bação, no Registro Público de do-se-lhe, nos casos omissos, as II – concurso de sócios em
Empresas Mercantis, da ata que disposições deste Código. número mínimo necessário a
tenha aprovado a redução. compor a administração da so-
ciedade, sem limitação de nú-
CAPÍTULO VI – DA mero máximo;
Seção VII – Da Resolução SOCIEDADE EM COMANDITA III – limitação do valor da
da Sociedade em Relação a POR AÇÕES soma de quotas do capital so-
Sócios Minoritários cial que cada sócio poderá tomar;
Art. 1.090.  A sociedade em co- IV – intransferibilidade das
Art. 1.085.  Ressalvado o dispos- mandita por ações tem o capital quotas do capital a terceiros es-
to no art. 1.030, quando a maio- dividido em ações, regendo-se tranhos à sociedade, ainda que
ria dos sócios, representativa de pelas normas relativas à socie- por herança;
mais da metade do capital social, dade anônima, sem prejuízo das V – quórum, para a assem-
entender que um ou mais sócios modificações constantes deste bleia geral funcionar e deliberar,
estão pondo em risco a conti- Capítulo, e opera sob firma ou fundado no número de sócios
nuidade da empresa, em virtude denominação. presentes à reunião, e não no

194
Código Civil
capital social representado; referido no inciso antecedente, quer que estejam;
VI – direito de cada sócio a esteja em poder de outra, me- III – proceder, nos quinze dias
um só voto nas deliberações, te- diante ações ou quotas possuídas seguintes ao da sua investidura
nha ou não capital a sociedade, e por sociedades ou sociedades por e com a assistência, sempre que
qualquer que seja o valor de sua esta já controladas. possível, dos administradores, à
participação; elaboração do inventário e do ba-
VII – distribuição dos resulta- Art. 1.099.  Diz-se coligada ou lanço geral do ativo e do passivo;
dos, proporcionalmente ao valor filiada a sociedade de cujo capi- IV – ultimar os negócios da
das operações efetuadas pelo tal outra sociedade participa com sociedade, realizar o ativo, pa-
sócio com a sociedade, podendo dez por cento ou mais, do capital gar o passivo e partilhar o re-
ser atribuído juro fixo ao capital da outra, sem controlá-la. manescente entre os sócios ou
realizado; acionistas;
VIII – indivisibilidade do fundo Art. 1.100.  É de simples partici- V – exigir dos quotistas, quan-
de reserva entre os sócios, ainda pação a sociedade de cujo capital do insuficiente o ativo à solução
que em caso de dissolução da outra sociedade possua menos do passivo, a integralização de
sociedade. de dez por cento do capital com suas quotas e, se for o caso, as
direito de voto. quantias necessárias, nos limites
Art. 1.095.  Na sociedade co- da responsabilidade de cada um e
operativa, a responsabilidade Art. 1.101.  Salvo disposição es- proporcionalmente à respectiva
dos sócios pode ser limitada ou pecial de lei, a sociedade não participação nas perdas, repartin-
ilimitada. pode participar de outra, que seja do-se, entre os sócios solventes
§ 1o  É limitada a responsa- sua sócia, por montante supe- e na mesma proporção, o devido
bilidade na cooperativa em que rior, segundo o balanço, ao das pelo insolvente;
o sócio responde somente pelo próprias reservas, excluída a re- VI – convocar assembleia dos
valor de suas quotas e pelo pre- serva legal. quotistas, cada seis meses, para
juízo verificado nas operações Parágrafo único. Aprovado apresentar relatório e balanço
sociais, guardada a proporção o balanço em que se verifique do estado da liquidação, pres-
de sua participação nas mesmas ter sido excedido esse limite, a tando conta dos atos praticados
operações. sociedade não poderá exercer o durante o semestre, ou sempre
§ 2o  É ilimitada a responsa- direito de voto correspondente que necessário;
bilidade na cooperativa em que às ações ou quotas em excesso, VII – confessar a falência da
o sócio responde solidária e ili- as quais devem ser alienadas nos sociedade e pedir concordata,
mitadamente pelas obrigações cento e oitenta dias seguintes de acordo com as formalidades
sociais. àquela aprovação. prescritas para o tipo de socie-
dade liquidanda;
Art. 1.096.  No que a lei for omis- VIII – finda a liquidação, apre-
sa, aplicam-se as disposições CAPÍTULO IX – DA sentar aos sócios o relatório da
referentes à sociedade simples, LIQUIDAÇÃO DA SOCIEDADE liquidação e as suas contas finais;
resguardadas as características IX – averbar a ata da reunião
estabelecidas no art. 1.094. Art. 1.102.  Dissolvida a socie- ou da assembleia, ou o instrumen-
dade e nomeado o liquidante na to firmado pelos sócios, que con-
forma do disposto neste Livro, siderar encerrada a liquidação.
CAPÍTULO VIII – DAS procede-se à sua liquidação, de Parágrafo único.  Em todos
SOCIEDADES COLIGADAS conformidade com os preceitos os atos, documentos ou publi-
deste Capítulo, ressalvado o dis- cações, o liquidante empregará
Art. 1.097.  Consideram-se co- posto no ato constitutivo ou no a firma ou denominação social
ligadas as sociedades que, em instrumento da dissolução. sempre seguida da cláusula “em
suas relações de capital, são con- Parágrafo único.  O liquidan- liquidação” e de sua assinatura
troladas, filiadas, ou de simples te, que não seja administrador da individual, com a declaração de
participação, na forma dos artigos sociedade, investir-se-á nas fun- sua qualidade.
seguintes. ções, averbada a sua nomeação
no registro próprio. Art. 1.104.  As obrigações e a
Art. 1.098.  É controlada: responsabilidade do liquidante
I – a sociedade de cujo capital Art. 1.103.  Constituem deveres regem-se pelos preceitos pecu-
outra sociedade possua a maioria do liquidante: liares às dos administradores da
dos votos nas deliberações dos I – averbar e publicar a ata, sociedade liquidanda.
quotistas ou da assembleia geral sentença ou instrumento de dis-
e o poder de eleger a maioria dos solução da sociedade; Art. 1.105.  Compete ao liquidan-
administradores; II – arrecadar os bens, livros e te representar a sociedade e pra-
II – a sociedade cujo controle, documentos da sociedade, onde ticar todos os atos necessários à

195
Código Civil
sua liquidação, inclusive alienar de perdas e danos. respectivos tipos.
bens móveis ou imóveis, transigir,
receber e dar quitação. Art. 1.111.  No caso de liquidação Art. 1.117.  A deliberação dos só-
Parágrafo único.  Sem estar judicial, será observado o dispos- cios da sociedade incorporada
expressamente autorizado pelo to na lei processual. deverá aprovar as bases da ope-
contrato social, ou pelo voto da ração e o projeto de reforma do
maioria dos sócios, não pode o Art. 1.112.  No curso de liquidação ato constitutivo.
liquidante gravar de ônus reais judicial, o juiz convocará, se ne- § 1o  A sociedade que houver
os móveis e imóveis, contrair cessário, reunião ou assembleia de ser incorporada tomará conhe-
empréstimos, salvo quando in- para deliberar sobre os interes- cimento desse ato, e, se o aprovar,
dispensáveis ao pagamento de ses da liquidação, e as presidi- autorizará os administradores a
obrigações inadiáveis, nem pros- rá, resolvendo sumariamente as praticar o necessário à incor-
seguir, embora para facilitar a questões suscitadas. poração, inclusive a subscrição
liquidação, na atividade social. Parágrafo único.  As atas das em bens pelo valor da diferença
assembleias serão, em cópia au- que se verificar entre o ativo e
Art. 1.106.  Respeitados os direi- têntica, apensadas ao processo o passivo.
tos dos credores preferenciais, judicial. § 2o  A deliberação dos só-
pagará o liquidante as dívidas cios da sociedade incorporadora
sociais proporcionalmente, sem compreenderá a nomeação dos
distinção entre vencidas e vin- CAPÍTULO X – DA peritos para a avaliação do patri-
cendas, mas, em relação a estas, TRANSFORMAÇÃO, DA mônio líquido da sociedade, que
com desconto. INCORPORAÇÃO, DA tenha de ser incorporada.
Parágrafo único.  Se o ativo FUSÃO E DA CISÃO DAS
for superior ao passivo, pode o SOCIEDADES Art. 1.118.  Aprovados os atos da
liquidante, sob sua responsabili- incorporação, a incorporadora
dade pessoal, pagar integralmen- Art. 1.113.  O ato de transforma- declarará extinta a incorporada,
te as dívidas vencidas. ção independe de dissolução ou e promoverá a respectiva aver-
liquidação da sociedade, e obede- bação no registro próprio.
Art. 1.107.  Os sócios podem re- cerá aos preceitos reguladores da
solver, por maioria de votos, an- constituição e inscrição próprios Art. 1.119.  A fusão determina a
tes de ultimada a liquidação, mas do tipo em que vai converter-se. extinção das sociedades que se
depois de pagos os credores, que unem, para formar sociedade
o liquidante faça rateios por ante- Art. 1.114.  A transformação de- nova, que a elas sucederá nos
cipação da partilha, à medida em pende do consentimento de todos direitos e obrigações.
que se apurem os haveres sociais. os sócios, salvo se prevista no ato
constitutivo, caso em que o dis- Art. 1.120.  A fusão será decidi-
Art. 1.108.  Pago o passivo e par- sidente poderá retirar-se da so- da, na forma estabelecida para
tilhado o remanescente, convo- ciedade, aplicando-se, no silêncio os respectivos tipos, pelas so-
cará o liquidante assembleia dos do estatuto ou do contrato social, ciedades que pretendam unir-se.
sócios para a prestação final de o disposto no art. 1.031. § 1o  Em reunião ou assem-
contas. bleia dos sócios de cada socie-
Art. 1.115.  A transformação não dade, deliberada a fusão e apro-
Art. 1.109.  Aprovadas as con- modificará nem prejudicará, em vado o projeto do ato constitutivo
tas, encerra-se a liquidação, e qualquer caso, os direitos dos da nova sociedade, bem como o
a sociedade se extingue, ao ser credores. plano de distribuição do capital
averbada no registro próprio a Parágrafo único.  A falên- social, serão nomeados os peritos
ata da assembleia. cia da sociedade transformada para a avaliação do patrimônio da
Parágrafo único.  O dissidente somente produzirá efeitos em sociedade.
tem o prazo de trinta dias, a con- relação aos sócios que, no tipo § 2o  Apresentados os laudos,
tar da publicação da ata, devida- anterior, a eles estariam sujeitos, os administradores convocarão
mente averbada, para promover se o pedirem os titulares de cré- reunião ou assembleia dos sócios
a ação que couber. ditos anteriores à transformação, para tomar conhecimento deles,
e somente a estes beneficiará. decidindo sobre a constituição
Art. 1.110.  Encerrada a liquida- definitiva da nova sociedade.
ção, o credor não satisfeito só Art. 1.116.  Na incorporação, uma § 3o  É vedado aos sócios vo-
terá direito a exigir dos sócios, ou várias sociedades são absor- tar o laudo de avaliação do pa-
individualmente, o pagamento do vidas por outra, que lhes sucede trimônio da sociedade de que
seu crédito, até o limite da soma em todos os direitos e obriga- façam parte.
por eles recebida em partilha, e a ções, devendo todas aprová-la,
propor contra o liquidante ação na forma estabelecida para os Art. 1.121.  Constituída a nova

196
Código Civil
sociedade, aos administradores no seu estatuto. autorização, cumprirá à socieda-
incumbe fazer inscrever, no re- de publicar os atos referidos nos
gistro próprio da sede, os atos arts. 1.128 e 1.129, em trinta dias,
relativos à fusão.
Seção II – Da Sociedade no órgão oficial da União, cujo
Nacional exemplar representará prova para
Art. 1.122.  Até noventa dias após inscrição, no registro próprio, dos
publicados os atos relativos à in- Art. 1.126.  É nacional a socieda- atos constitutivos da sociedade.
corporação, fusão ou cisão, o cre- de organizada de conformidade Parágrafo único.  A sociedade
dor anterior, por ela prejudicado, com a lei brasileira e que tenha no promoverá, também no órgão ofi-
poderá promover judicialmente a País a sede de sua administração. cial da União e no prazo de trinta
anulação deles. Parágrafo único.  Quando a lei dias, a publicação do termo de
§ 1o  A consignação em pa- exigir que todos ou alguns sócios inscrição.
gamento prejudicará a anulação sejam brasileiros, as ações da
pleiteada. sociedade anônima revestirão, Art. 1.132.  As sociedades anôni-
§ 2o  Sendo ilíquida a dívida, no silêncio da lei, a forma nomi- mas nacionais, que dependam de
a sociedade poderá garantir-lhe nativa. Qualquer que seja o tipo autorização do Poder Executivo
a execução, suspendendo-se o da sociedade, na sua sede fica- para funcionar, não se consti-
processo de anulação. rá arquivada cópia autêntica do tuirão sem obtê-la, quando seus
§ 3o  Ocorrendo, no prazo documento comprobatório da fundadores pretenderem recor-
deste artigo, a falência da so- nacionalidade dos sócios. rer a subscrição pública para a
ciedade incorporadora, da socie- formação do capital.
dade nova ou da cindida, qualquer Art. 1.127.  Não haverá mudança § 1o  Os fundadores deverão
credor anterior terá direito a pe- de nacionalidade de sociedade juntar ao requerimento cópias
dir a separação dos patrimônios, brasileira sem o consentimento autênticas do projeto do estatuto
para o fim de serem os créditos unânime dos sócios ou acionistas. e do prospecto.
pagos pelos bens das respecti- § 2o  Obtida a autorização e
vas massas. Art. 1.128.  O requerimento de constituída a sociedade, proce-
autorização de sociedade na- der-se-á à inscrição dos seus atos
cional deve ser acompanhado de constitutivos.
CAPÍTULO XI – DA cópia do contrato, assinada por
SOCIEDADE DEPENDENTE todos os sócios, ou, tratando-se Art. 1.133.  Dependem de apro-
DE AUTORIZAÇÃO de sociedade anônima, de cópia, vação as modificações do con-
autenticada pelos fundadores, trato ou do estatuto de sociedade
Seção I – Disposições Gerais dos documentos exigidos pela sujeita a autorização do Poder
lei especial. Executivo, salvo se decorrerem
Art. 1.123.  A sociedade que de- Parágrafo único.  Se a socie- de aumento do capital social, em
penda de autorização do Poder dade tiver sido constituída por virtude de utilização de reservas
Executivo para funcionar reger- escritura pública, bastará juntar- ou reavaliação do ativo.
-se-á por este título, sem prejuízo -se ao requerimento a respectiva
do disposto em lei especial. certidão.
Parágrafo único.  A compe-
Seção III – Da Sociedade
tência para a autorização será Art. 1.129.  Ao Poder Executivo é Estrangeira
sempre do Poder Executivo fe- facultado exigir que se procedam
deral. a alterações ou aditamento no Art. 1.134.  A sociedade estran-
contrato ou no estatuto, devendo geira, qualquer que seja o seu
Art. 1.124.  Na falta de prazo esti- os sócios, ou, tratando-se de so- objeto, não pode, sem autorização
pulado em lei ou em ato do poder ciedade anônima, os fundadores, do Poder Executivo, funcionar no
público, será considerada caduca cumprir as formalidades legais País, ainda que por estabeleci-
a autorização se a sociedade não para revisão dos atos constitu- mentos subordinados, podendo,
entrar em funcionamento nos tivos, e juntar ao processo pro- todavia, ressalvados os casos
doze meses seguintes à respec- va regular. expressos em lei, ser acionista
tiva publicação. de sociedade anônima brasileira.
Art. 1.130.  Ao Poder Executivo é § 1o  Ao requerimento de au-
Art. 1.125.  Ao Poder Executivo facultado recusar a autorização, torização devem juntar-se:
é facultado, a qualquer tempo, se a sociedade não atender às I – prova de se achar a socie-
cassar a autorização concedida condições econômicas, finan- dade constituída conforme a lei
a sociedade nacional ou estran- ceiras ou jurídicas especifica- de seu país;
geira que infringir disposição de das em lei. II – inteiro teor do contrato
ordem pública ou praticar atos ou do estatuto;
contrários aos fins declarados Art. 1.131.  Expedido o decreto de III – relação dos membros de

197
Código Civil
todos os órgãos da administração sede da sociedade no estrangeiro; econômico das sucursais, filiais
da sociedade, com nome, nacio- II – lugar da sucursal, filial ou ou agências existentes no País.
nalidade, profissão, domicílio e, agência, no País;
salvo quanto a ações ao portador, III – data e número do decreto Art. 1.141.  Mediante autorização
o valor da participação de cada de autorização; do Poder Executivo, a sociedade
um no capital da sociedade; IV – capital destinado às ope- estrangeira admitida a funcio-
IV – cópia do ato que auto- rações no País; nar no País pode nacionalizar-
rizou o funcionamento no Brasil V – individuação do seu re- -se, transferindo sua sede para
e fixou o capital destinado às presentante permanente. o Brasil.
operações no território nacional; § 3o  Inscrita a sociedade, § 1o  Para o fim previsto neste
V – prova de nomeação do promover-se-á a publicação de- artigo, deverá a sociedade, por
representante no Brasil, com po- terminada no parágrafo único seus representantes, oferecer,
deres expressos para aceitar as do art. 1.131. com o requerimento, os docu-
condições exigidas para a auto- mentos exigidos no art. 1.134, e
rização; Art. 1.137.  A sociedade estran- ainda a prova da realização do
VI – último balanço. geira autorizada a funcionar fica- capital, pela forma declarada no
§ 2o  Os documentos serão rá sujeita às leis e aos tribunais contrato, ou no estatuto, e do
autenticados, de conformidade brasileiros, quanto aos atos ou ato em que foi deliberada a na-
com a lei nacional da sociedade operações praticados no Brasil. cionalização.
requerente, legalizados no consu- Parágrafo único.  A sociedade § 2o  O Poder Executivo pode-
lado brasileiro da respectiva sede estrangeira funcionará no territó- rá impor as condições que julgar
e acompanhados de tradução em rio nacional com o nome que tiver convenientes à defesa dos inte-
vernáculo. em seu país de origem, podendo resses nacionais.
acrescentar as palavras “do Brasil” § 3o  Aceitas as condições
Art. 1.135.  É facultado ao Po- ou “para o Brasil”. pelo representante, proceder-se-
der Executivo, para conceder a -á, após a expedição do decreto
autorização, estabelecer condi- Art. 1.138.  A sociedade estran- de autorização, à inscrição da
ções convenientes à defesa dos geira autorizada a funcionar é sociedade e publicação do res-
interesses nacionais. obrigada a ter, permanentemen- pectivo termo.
Parágrafo único.  Aceitas as te, representante no Brasil, com
condições, expedirá o Poder Exe- poderes para resolver quaisquer
cutivo decreto de autorização, questões e receber citação judi- TÍTULO III – DO
do qual constará o montante de cial pela sociedade. ESTABELECIMENTO
capital destinado às operações Parágrafo único.  O represen-
no País, cabendo à sociedade tante somente pode agir perante CAPÍTULO ÚNICO –
promover a publicação dos atos terceiros depois de arquivado e DISPOSIÇÕES GERAIS
referidos no art. 1.131 e no § 1o do averbado o instrumento de sua
art. 1.134. nomeação. Art. 1.142.  Considera-se esta-
belecimento todo complexo de
Art. 1.136.  A sociedade autoriza- Art. 1.139.  Qualquer modificação bens organizado, para exercício
da não pode iniciar sua ativida- no contrato ou no estatuto de- da empresa, por empresário, ou
de antes de inscrita no registro penderá da aprovação do Poder por sociedade empresária.
próprio do lugar em que se deva Executivo, para produzir efeitos § 1o  O estabelecimento não
estabelecer. no território nacional. se confunde com o local onde se
§ 1o  O requerimento de ins- exerce a atividade empresarial,
crição será instruído com exem- Art. 1.140.  A sociedade estran- que poderá ser físico ou virtual.
plar da publicação exigida no pa- geira deve, sob pena de lhe ser § 2o  Quando o local onde se
rágrafo único do artigo antece- cassada a autorização, reproduzir exerce a atividade empresarial
dente, acompanhado de docu- no órgão oficial da União, e do Es- for virtual, o endereço informa-
mento do depósito em dinheiro, tado, se for o caso, as publicações do para fins de registro poderá
em estabelecimento bancário que, segundo a sua lei nacional, ser, conforme o caso, o endere-
oficial, do capital ali mencionado. seja obrigada a fazer relativamen- ço do empresário individual ou o
§ 2o  Arquivados esses do- te ao balanço patrimonial e ao de de um dos sócios da sociedade
cumentos, a inscrição será feita resultado econômico, bem como empresária.
por termo em livro especial para aos atos de sua administração. § 3o  Quando o local onde se
as sociedades estrangeiras, com Parágrafo único.  Sob pena, exerce a atividade empresarial
número de ordem contínuo para também, de lhe ser cassada a for físico, a fixação do horário
todas as sociedades inscritas; no autorização, a sociedade estran- de funcionamento competirá ao
termo constarão: geira deverá publicar o balan- Município, observada a regra geral
I – nome, objeto, duração e ço patrimonial e o de resultado prevista no inciso II do caput do

198
Código Civil
art. 3o da Lei no 13.874, de 20 de se não tiverem caráter pessoal, com o disposto nos parágrafos
setembro de 2019. podendo os terceiros rescindir o deste artigo.
contrato em noventa dias a contar § 1o  Salvo exceção expressa,
Art. 1.143.  Pode o estabeleci- da publicação da transferência, se as publicações ordenadas neste
mento ser objeto unitário de di- ocorrer justa causa, ressalvada, Livro serão feitas no órgão oficial
reitos e de negócios jurídicos, neste caso, a responsabilidade da União ou do Estado, conforme
translativos ou constitutivos, que do alienante. o local da sede do empresário
sejam compatíveis com a sua ou da sociedade, e em jornal de
natureza. Art. 1.149.  A cessão dos créditos grande circulação.
referentes ao estabelecimento § 2o  As publicações das so-
Art. 1.144.  O contrato que tenha transferido produzirá efeito em ciedades estrangeiras serão fei-
por objeto a alienação, o usu- relação aos respectivos deve- tas nos órgãos oficiais da União
fruto ou arrendamento do esta- dores, desde o momento da pu- e do Estado onde tiverem sucur-
belecimento, só produzirá efei- blicação da transferência, mas o sais, filiais ou agências.
tos quanto a terceiros depois de devedor ficará exonerado se de § 3o  O anúncio de convo-
averbado à margem da inscrição boa-fé pagar ao cedente. cação da assembleia de sócios
do empresário, ou da sociedade será publicado por três vezes,
empresária, no Registro Público ao menos, devendo mediar, en-
de Empresas Mercantis, e de pu- TÍTULO IV – DOS tre a data da primeira inserção e
blicado na imprensa oficial. INSTITUTOS a da realização da assembleia, o
COMPLEMENTARES prazo mínimo de oito dias, para a
Art. 1.145.  Se ao alienante não primeira convocação, e de cinco
restarem bens suficientes para CAPÍTULO I – DO REGISTRO dias, para as posteriores.
solver o seu passivo, a eficácia
da alienação do estabelecimento Art. 1.150.  O empresário e a so- Art. 1.153.  Cumpre à autoridade
depende do pagamento de todos ciedade empresária vinculam-se competente, antes de efetivar o
os credores, ou do consentimen- ao Registro Público de Empresas registro, verificar a autenticidade
to destes, de modo expresso ou Mercantis a cargo das Juntas Co- e a legitimidade do signatário do
tácito, em trinta dias a partir de merciais, e a sociedade simples requerimento, bem como fiscali-
sua notificação. ao Registro Civil das Pessoas Ju- zar a observância das prescrições
rídicas, o qual deverá obedecer legais concernentes ao ato ou
Art. 1.146.  O adquirente do es- às normas fixadas para aquele aos documentos apresentados.
tabelecimento responde pelo pa- registro, se a sociedade simples Parágrafo único.  Das irregu-
gamento dos débitos anteriores adotar um dos tipos de sociedade laridades encontradas deve ser
à transferência, desde que regu- empresária. notificado o requerente, que, se
larmente contabilizados, conti- for o caso, poderá saná-las, obe-
nuando o devedor primitivo soli- Art. 1.151.  O registro dos atos decendo às formalidades da lei.
dariamente obrigado pelo prazo sujeitos à formalidade exigida no
de um ano, a partir, quanto aos artigo antecedente será requerido Art. 1.154.  O ato sujeito a re-
créditos vencidos, da publicação, pela pessoa obrigada em lei, e, no gistro, ressalvadas disposições
e, quanto aos outros, da data do caso de omissão ou demora, pelo especiais da lei, não pode, antes
vencimento. sócio ou qualquer interessado. do cumprimento das respecti-
§ 1o  Os documentos neces- vas formalidades, ser oposto a
Art. 1.147.  Não havendo auto- sários ao registro deverão ser terceiro, salvo prova de que este
rização expressa, o alienante do apresentados no prazo de trinta o conhecia.
estabelecimento não pode fa- dias, contado da lavratura dos Parágrafo único.  O terceiro
zer concorrência ao adquirente, atos respectivos. não pode alegar ignorância, des-
nos cinco anos subsequentes à § 2o  Requerido além do prazo de que cumpridas as referidas
transferência. previsto neste artigo, o registro formalidades.
Parágrafo único.  No caso de somente produzirá efeito a partir
arrendamento ou usufruto do es- da data de sua concessão.
tabelecimento, a proibição previs- § 3o  As pessoas obrigadas a CAPÍTULO II – DO NOME
ta neste artigo persistirá durante requerer o registro responderão EMPRESARIAL
o prazo do contrato. por perdas e danos, em caso de
omissão ou demora. Art. 1.155.  Considera-se nome
Art. 1.148.  Salvo disposição em empresarial a firma ou a deno-
contrário, a transferência impor- Art. 1.152.  Cabe ao órgão in- minação adotada, de conformi-
ta a sub-rogação do adquirente cumbido do registro verificar a dade com este Capítulo, para o
nos contratos estipulados para regularidade das publicações exercício de empresa.
exploração do estabelecimento, determinadas em lei, de acordo Parágrafo único. Equipara-se

199
Código Civil
ao nome empresarial, para os tar da denominação o nome do ressado, quando cessar o exer-
efeitos da proteção da lei, a deno- fundador, acionista, ou pessoa cício da atividade para que foi
minação das sociedades simples, que haja concorrido para o bom adotado, ou quando ultimar-se
associações e fundações. êxito da formação da empresa. a liquidação da sociedade que o
inscreveu.
Art. 1.156.  O empresário opera Art. 1.161.  A sociedade em co-
sob firma constituída por seu mandita por ações pode, em lugar
nome, completo ou abreviado, de firma, adotar denominação CAPÍTULO III – DOS
aditando-lhe, se quiser, designa- aditada da expressão comandita PREPOSTOS
ção mais precisa da sua pessoa por ações, facultada a designação
Seção I – Disposições Gerais
ou do gênero de atividade. do objeto social.

Art. 1.157.  A sociedade em que Art. 1.162.  A sociedade em con- Art. 1.169.  O preposto não pode,
houver sócios de responsabilida- ta de participação não pode ter sem autorização escrita, fazer-
de ilimitada operará sob firma, na firma ou denominação. -se substituir no desempenho
qual somente os nomes daqueles da preposição, sob pena de res-
poderão figurar, bastando para Art. 1.163.  O nome de empre- ponder pessoalmente pelos atos
formá-la aditar ao nome de um sário deve distinguir-se de qual- do substituto e pelas obrigações
deles a expressão “e companhia” quer outro já inscrito no mesmo por ele contraídas.
ou sua abreviatura. registro.
Parágrafo único.  Ficam soli- Parágrafo único.  Se o empre- Art. 1.170.  O preposto, salvo
dária e ilimitadamente responsá- sário tiver nome idêntico ao de autorização expressa, não pode
veis pelas obrigações contraídas outros já inscritos, deverá acres- negociar por conta própria ou
sob a firma social aqueles que, centar designação que o distinga. de terceiro, nem participar, em-
por seus nomes, figurarem na bora indiretamente, de operação
firma da sociedade de que trata Art. 1.164.  O nome empresarial do mesmo gênero da que lhe foi
este artigo. não pode ser objeto de alienação. cometida, sob pena de responder
Parágrafo único.  O adquiren- por perdas e danos e de serem
Art. 1.158.  Pode a sociedade li- te de estabelecimento, por ato retidos pelo preponente os lucros
mitada adotar firma ou denomina- entre vivos, pode, se o contrato da operação.
ção, integradas pela palavra final o permitir, usar o nome do alie-
“limitada” ou a sua abreviatura. nante, precedido do seu próprio, Art. 1.171.  Considera-se perfei-
§ 1o  A firma será composta com a qualificação de sucessor. ta a entrega de papéis, bens ou
com o nome de um ou mais só- valores ao preposto, encarregado
cios, desde que pessoas físicas, Art. 1.165.  O nome de sócio que pelo preponente, se os recebeu
de modo indicativo da relação vier a falecer, for excluído ou se sem protesto, salvo nos casos em
social. retirar, não pode ser conservado que haja prazo para reclamação.
§ 2o  A denominação deve de- na firma social.
signar o objeto da sociedade, sen-
do permitido nela figurar o nome Art. 1.166.  A inscrição do em-
Seção II – Do Gerente
de um ou mais sócios. presário, ou dos atos constitu-
§ 3o  A omissão da palavra tivos das pessoas jurídicas, ou Art. 1.172.  Considera-se gerente
“limitada” determina a respon- as respectivas averbações, no o preposto permanente no exer-
sabilidade solidária e ilimitada registro próprio, asseguram o uso cício da empresa, na sede desta,
dos administradores que assim exclusivo do nome nos limites do ou em sucursal, filial ou agência.
empregarem a firma ou a deno- respectivo Estado.
minação da sociedade. Parágrafo único.  O uso pre- Art. 1.173.  Quando a lei não exigir
visto neste artigo estender-se-á poderes especiais, considera-se o
Art. 1.159.  A sociedade coope- a todo o território nacional, se re- gerente autorizado a praticar to-
rativa funciona sob denominação gistrado na forma da lei especial. dos os atos necessários ao exer-
integrada pelo vocábulo “coope- cício dos poderes que lhe foram
rativa”. Art. 1.167.  Cabe ao prejudicado, a outorgados.
qualquer tempo, ação para anular Parágrafo único.  Na falta de
Art. 1.160.  A sociedade anônima a inscrição do nome empresarial estipulação diversa, consideram-
opera sob denominação integrada feita com violação da lei ou do -se solidários os poderes confe-
pelas expressões sociedade anô- contrato. ridos a dois ou mais gerentes.
nima ou companhia, por extenso
ou abreviadamente, facultada a Art. 1.168.  A inscrição do nome Art. 1.174.  As limitações conti-
designação do objeto social. empresarial será cancelada, a das na outorga de poderes, para
Parágrafo único.  Pode cons- requerimento de qualquer inte- serem opostas a terceiros, depen-

200
Código Civil
dem do arquivamento e averba- CAPÍTULO IV – DA rasuras, emendas ou transportes
ção do instrumento no Registro ESCRITURAÇÃO para as margens.
Público de Empresas Mercantis, Parágrafo único.  É permitido
salvo se provado serem conhe- Art. 1.179.  O empresário e a so- o uso de código de números ou
cidas da pessoa que tratou com ciedade empresária são obriga- de abreviaturas, que constem
o gerente. dos a seguir um sistema de conta- de livro próprio, regularmente
Parágrafo único.  Para o mes- bilidade, mecanizado ou não, com autenticado.
mo efeito e com idêntica ressalva, base na escrituração uniforme de
deve a modificação ou revoga- seus livros, em correspondência Art. 1.184.  No Diário serão lan-
ção do mandato ser arquivada e com a documentação respectiva, çadas, com individuação, clareza
averbada no Registro Público de e a levantar anualmente o balan- e caracterização do documento
Empresas Mercantis. ço patrimonial e o de resultado respectivo, dia a dia, por escrita
econômico. direta ou reprodução, todas as
Art. 1.175.  O preponente res- § 1o Salvo o disposto no operações relativas ao exercício
ponde com o gerente pelos atos art. 1.180, o número e a espécie da empresa.
que este pratique em seu próprio de livros ficam a critério dos in- § 1o  Admite-se a escrituração
nome, mas à conta daquele. teressados. resumida do Diário, com totais
§ 2o  É dispensado das exi- que não excedam o período de
Art. 1.176.  O gerente pode estar gências deste artigo o peque- trinta dias, relativamente a contas
em juízo em nome do preponente, no empresário a que se refere cujas operações sejam numero-
pelas obrigações resultantes do o art. 970. sas ou realizadas fora da sede
exercício da sua função. do estabelecimento, desde que
Art. 1.180.  Além dos demais utilizados livros auxiliares regular-
livros exigidos por lei, é indis- mente autenticados, para registro
Seção III – Do Contabilista e pensável o Diário, que pode ser individualizado, e conservados os
Outros Auxiliares substituído por fichas no caso documentos que permitam a sua
de escrituração mecanizada ou perfeita verificação.
Art. 1.177.  Os assentos lançados eletrônica. § 2o  Serão lançados no Diá-
nos livros ou fichas do preponen- Parágrafo único.  A adoção de rio o balanço patrimonial e o de
te, por qualquer dos prepostos fichas não dispensa o uso de livro resultado econômico, devendo
encarregados de sua escritura- apropriado para o lançamento ambos ser assinados por técnico
ção, produzem, salvo se houver do balanço patrimonial e do de em Ciências Contábeis legalmen-
procedido de má-fé, os mesmos resultado econômico. te habilitado e pelo empresário ou
efeitos como se o fossem por sociedade empresária.
aquele. Art. 1.181.  Salvo disposição es-
Parágrafo único.  No exercício pecial de lei, os livros obrigatórios Art. 1.185.  O empresário ou so-
de suas funções, os prepostos são e, se for o caso, as fichas, antes ciedade empresária que adotar o
pessoalmente responsáveis, pe- de postos em uso, devem ser au- sistema de fichas de lançamentos
rante os preponentes, pelos atos tenticados no Registro Público de poderá substituir o livro Diário
culposos; e, perante terceiros, so- Empresas Mercantis. pelo livro Balancetes Diários e
lidariamente com o preponente, Parágrafo único.  A autenti- Balanços, observadas as mesmas
pelos atos dolosos. cação não se fará sem que es- formalidades extrínsecas exigidas
teja inscrito o empresário, ou a para aquele.
Art. 1.178.  Os preponentes são sociedade empresária, que po-
responsáveis pelos atos de quais- derá fazer autenticar livros não Art. 1.186.  O livro Balancetes Di-
quer prepostos, praticados nos obrigatórios. ários e Balanços será escriturado
seus estabelecimentos e relati- de modo que registre:
vos à atividade da empresa, ainda Art. 1.182.  Sem prejuízo do dis- I – a posição diária de cada
que não autorizados por escrito. posto no art. 1.174, a escrituração uma das contas ou títulos con-
Parágrafo único.  Quando tais ficará sob a responsabilidade de tábeis, pelo respectivo saldo, em
atos forem praticados fora do contabilista legalmente habilita- forma de balancetes diários;
estabelecimento, somente obri- do, salvo se nenhum houver na II – o balanço patrimonial e o
garão o preponente nos limites localidade. de resultado econômico, no en-
dos poderes conferidos por es- cerramento do exercício.
crito, cujo instrumento pode ser Art. 1.183.  A escrituração será
suprido pela certidão ou cópia feita em idioma e moeda corrente Art. 1.187.  Na coleta dos elemen-
autêntica do seu teor. nacionais e em forma contábil, tos para o inventário serão obser-
por ordem cronológica de dia, vados os critérios de avaliação a
mês e ano, sem intervalos em seguir determinados:
branco, nem entrelinhas, borrões, I – os bens destinados à ex-

201
Código Civil
ploração da atividade serão ava- Art. 1.188.  O balanço patrimonial Parágrafo único.  A confis-
liados pelo custo de aquisição, deverá exprimir, com fidelidade e são resultante da recusa pode
devendo, na avaliação dos que se clareza, a situação real da empre- ser elidida por prova documental
desgastam ou depreciam com o sa e, atendidas as peculiaridades em contrário.
uso, pela ação do tempo ou ou- desta, bem como as disposições
tros fatores, atender-se à desva- das leis especiais, indicará, dis- Art. 1.193.  As restrições estabe-
lorização respectiva, criando-se tintamente, o ativo e o passivo. lecidas neste Capítulo ao exame
fundos de amortização para as- Parágrafo único.  Lei especial da escrituração, em parte ou por
segurar-lhes a substituição ou a disporá sobre as informações que inteiro, não se aplicam às autori-
conservação do valor; acompanharão o balanço patri- dades fazendárias, no exercício
II – os valores mobiliários, monial, em caso de sociedades da fiscalização do pagamento de
matéria-prima, bens destinados coligadas. impostos, nos termos estritos das
à alienação, ou que constituem respectivas leis especiais.
produtos ou artigos da indústria Art. 1.189.  O balanço de resul-
ou comércio da empresa, podem tado econômico, ou demonstra- Art. 1.194.  O empresário e a so-
ser estimados pelo custo de aqui- ção da conta de lucros e perdas, ciedade empresária são obriga-
sição ou de fabricação, ou pelo acompanhará o balanço patri- dos a conservar em boa guarda
preço corrente, sempre que este monial e dele constarão crédito toda a escrituração, correspon-
for inferior ao preço de custo, e e débito, na forma da lei especial. dência e mais papéis concernen-
quando o preço corrente ou venal tes à sua atividade, enquanto não
estiver acima do valor do custo Art. 1.190.  Ressalvados os ca- ocorrer prescrição ou decadência
de aquisição, ou fabricação, e os sos previstos em lei, nenhuma no tocante aos atos neles con-
bens forem avaliados pelo preço autoridade, juiz ou tribunal, sob signados.
corrente, a diferença entre este e qualquer pretexto, poderá fazer
o preço de custo não será levada ou ordenar diligência para verifi- Art. 1.195.  As disposições deste
em conta para a distribuição de car se o empresário ou a socie- Capítulo aplicam-se às sucursais,
lucros, nem para as percentagens dade empresária observam, ou filiais ou agências, no Brasil, do
referentes a fundos de reserva; não, em seus livros e fichas, as empresário ou sociedade com
III – o valor das ações e dos formalidades prescritas em lei. sede em país estrangeiro.
títulos de renda fixa pode ser de-
terminado com base na respecti- Art. 1.191.  O juiz só poderá auto-
va cotação da Bolsa de Valores; rizar a exibição integral dos livros LIVRO III – DO DIREITO DAS
os não cotados e as participações e papéis de escrituração quando COISAS
não acionárias serão considera- necessária para resolver questões
dos pelo seu valor de aquisição; relativas a sucessão, comunhão TÍTULO I – DA POSSE
IV – os créditos serão consi- ou sociedade, administração ou CAPÍTULO I – DA POSSE E
derados de conformidade com o gestão à conta de outrem, ou em
presumível valor de realização, caso de falência. SUA CLASSIFICAÇÃO
não se levando em conta os pres- § 1o  O juiz ou tribunal que
critos ou de difícil liquidação, sal- conhecer de medida cautelar ou Art. 1.196.  Considera-se pos-
vo se houver, quanto aos últimos, de ação pode, a requerimento ou suidor todo aquele que tem de
previsão equivalente. de ofício, ordenar que os livros de fato o exercício, pleno ou não,
Parágrafo único.  Entre os va- qualquer das partes, ou de ambas, de algum dos poderes inerentes
lores do ativo podem figurar, des- sejam examinados na presença à propriedade.
de que se preceda, anualmente, do empresário ou da sociedade
à sua amortização: empresária a que pertencerem, Art. 1.197.  A posse direta, de pes-
I – as despesas de instalação ou de pessoas por estes nome- soa que tem a coisa em seu poder,
da sociedade, até o limite cor- adas, para deles se extrair o que temporariamente, em virtude de
respondente a dez por cento do interessar à questão. direito pessoal, ou real, não anu-
capital social; § 2o  Achando-se os livros em la a indireta, de quem aquela foi
II – os juros pagos aos acio- outra jurisdição, nela se fará o havida, podendo o possuidor di-
nistas da sociedade anônima, no exame, perante o respectivo juiz. reto defender a sua posse contra
período antecedente ao início das o indireto.
operações sociais, à taxa não su- Art. 1.192.  Recusada a apresen-
perior a doze por cento ao ano, tação dos livros, nos casos do Art. 1.198.  Considera-se deten-
fixada no estatuto; artigo antecedente, serão apre- tor aquele que, achando-se em
III – a quantia efetivamente endidos judicialmente e, no do seu relação de dependência para com
paga a título de aviamento de § 1o, ter-se-á como verdadeiro o outro, conserva a posse em nome
estabelecimento adquirido pelo alegado pela parte contrária para deste e em cumprimento de or-
empresário ou sociedade. se provar pelos livros. dens ou instruções suas.

202
Código Civil
Parágrafo único. Aquele -se aos herdeiros ou legatários gos antecedentes não se aplica
que começou a comportar-se do possuidor com os mesmos às servidões não aparentes, sal-
do modo como prescreve este ar- caracteres. vo quando os respectivos títulos
tigo, em relação ao bem e à outra provierem do possuidor do prédio
pessoa, presume-se detentor, até Art. 1.207.  O sucessor universal serviente, ou daqueles de quem
que prove o contrário. continua de direito a posse do seu este o houve.
antecessor; e ao sucessor singu-
Art. 1.199.  Se duas ou mais pes- lar é facultado unir sua posse à do Art. 1.214.  O possuidor de boa-fé
soas possuírem coisa indivisa, antecessor, para os efeitos legais. tem direito, enquanto ela durar,
poderá cada uma exercer sobre aos frutos percebidos.
ela atos possessórios, contanto Art. 1.208.  Não induzem posse Parágrafo único.  Os frutos
que não excluam os dos outros os atos de mera permissão ou pendentes ao tempo em que
compossuidores. tolerância assim como não au- cessar a boa-fé devem ser res-
torizam a sua aquisição os atos tituídos, depois de deduzidas as
Art. 1.200.  É justa a posse que violentos, ou clandestinos, senão despesas da produção e custeio;
não for violenta, clandestina ou depois de cessar a violência ou a devem ser também restituídos os
precária. clandestinidade. frutos colhidos com antecipação.

Art. 1.201.  É de boa-fé a posse, Art. 1.209.  A posse do imóvel Art. 1.215.  Os frutos naturais


se o possuidor ignora o vício, ou faz presumir, até prova contrá- e industriais reputam-se colhi-
o obstáculo que impede a aqui- ria, a das coisas móveis que nele dos e percebidos, logo que são
sição da coisa. estiverem. separados; os civis reputam-se
Parágrafo único.  O possui- percebidos dia por dia.
dor com justo título tem por si a
presunção de boa-fé, salvo pro- CAPÍTULO III – DOS Art. 1.216.  O possuidor de má-
va em contrário, ou quando a lei EFEITOS DA POSSE -fé responde por todos os frutos
expressamente não admite esta colhidos e percebidos, bem como
presunção. Art. 1.210.  O possuidor tem di- pelos que, por culpa sua, deixou
reito a ser mantido na posse em de perceber, desde o momento
Art. 1.202.  A posse de boa-fé caso de turbação, restituído no de em que se constituiu de má-fé;
só perde este caráter no caso esbulho, e segurado de violência tem direito às despesas da pro-
e desde o momento em que as iminente, se tiver justo receio de dução e custeio.
circunstâncias façam presumir ser molestado.
que o possuidor não ignora que § 1o  O possuidor turbado, ou Art. 1.217.  O possuidor de boa-
possui indevidamente. esbulhado, poderá manter-se ou -fé não responde pela perda ou
restituir-se por sua própria força, deterioração da coisa, a que não
Art. 1.203.  Salvo prova em con- contanto que o faça logo; os atos der causa.
trário, entende-se manter a pos- de defesa, ou de desforço, não
se o mesmo caráter com que foi podem ir além do indispensável Art. 1.218.  O possuidor de má-fé
adquirida. à manutenção, ou restituição da responde pela perda, ou deterio-
posse. ração da coisa, ainda que aciden-
§ 2o  Não obsta à manuten- tais, salvo se provar que de igual
CAPÍTULO II – DA ção ou reintegração na posse a modo se teriam dado, estando ela
AQUISIÇÃO DA POSSE alegação de propriedade, ou de na posse do reivindicante.
outro direito sobre a coisa.
Art. 1.204.  Adquire-se a posse Art. 1.219.  O possuidor de boa-
desde o momento em que se tor- Art. 1.211.  Quando mais de uma -fé tem direito à indenização das
na possível o exercício, em nome pessoa se disser possuidora, benfeitorias necessárias e úteis,
próprio, de qualquer dos poderes manter-se-á provisoriamente a bem como, quanto às voluptuá-
inerentes à propriedade. que tiver a coisa, se não estiver rias, se não lhe forem pagas, a
manifesto que a obteve de algu- levantá-las, quando o puder sem
Art. 1.205.  A posse pode ser ma das outras por modo vicioso. detrimento da coisa, e poderá
adquirida: exercer o direito de retenção pelo
I – pela própria pessoa que Art. 1.212.  O possuidor pode in- valor das benfeitorias necessá-
a pretende ou por seu represen- tentar a ação de esbulho, ou a de rias e úteis.
tante; indenização, contra o terceiro,
II – por terceiro sem mandato, que recebeu a coisa esbulhada Art. 1.220.  Ao possuidor de má-
dependendo de ratificação. sabendo que o era. -fé serão ressarcidas somente as
benfeitorias necessárias; não lhe
Art. 1.206.  A posse transmite- Art. 1.213.  O disposto nos arti- assiste o direito de retenção pela

203
Código Civil
importância destas, nem o de le- tituídos, ou transmitidos por atos siderados pelo juiz de interesse
vantar as voluptuárias. entre vivos, só se adquirem com social e econômico relevante.
a tradição. § 5o  No caso do parágrafo
Art. 1.221.  As benfeitorias com- antecedente, o juiz fixará a justa
pensam-se com os danos, e só Art. 1.227.  Os direitos reais indenização devida ao proprietá-
obrigam ao ressarcimento se ao sobre imóveis constituídos, ou rio; pago o preço, valerá a senten-
tempo da evicção ainda existirem. transmitidos por atos entre vivos, ça como título para o registro do
só se adquirem com o registro no imóvel em nome dos possuidores.
Art. 1.222.  O reivindicante, obri- Cartório de Registro de Imóveis
gado a indenizar as benfeitorias dos referidos títulos (arts. 1.245 a Art. 1.229.  A propriedade do solo
ao possuidor de má-fé, tem o 1.247), salvo os casos expressos abrange a do espaço aéreo e sub-
direito de optar entre o seu va- neste Código. solo correspondentes, em altura
lor atual e o seu custo; ao pos- e profundidade úteis ao seu exer-
suidor de boa-fé indenizará pelo cício, não podendo o proprietário
valor atual. TÍTULO III – DA opor-se a atividades que sejam
PROPRIEDADE realizadas, por terceiros, a uma
altura ou profundidade tais, que
CAPÍTULO IV – DA PERDA CAPÍTULO I – DA não tenha ele interesse legítimo
DA POSSE PROPRIEDADE EM GERAL em impedi-las.
Seção I – Disposições
Art. 1.223.  Perde-se a posse Art. 1.230.  A propriedade do solo
quando cessa, embora contra a Preliminares não abrange as jazidas, minas
vontade do possuidor, o poder e demais recursos minerais, os
sobre o bem, ao qual se refere Art. 1.228.  O proprietário tem a potenciais de energia hidráulica,
o art. 1.196. faculdade de usar, gozar e dispor os monumentos arqueológicos
da coisa, e o direito de reavê-la e outros bens referidos por leis
Art. 1.224.  Só se considera per- do poder de quem quer que in- especiais.
dida a posse para quem não pre- justamente a possua ou detenha. Parágrafo único.  O proprie-
senciou o esbulho, quando, tendo § 1o  O direito de proprieda- tário do solo tem o direito de ex-
notícia dele, se abstém de retor- de deve ser exercido em conso- plorar os recursos minerais de
nar a coisa, ou, tentando recupe- nância com as suas finalidades emprego imediato na construção
rá-la, é violentamente repelido. econômicas e sociais e de modo civil, desde que não submetidos a
que sejam preservados, de con- transformação industrial, obede-
formidade com o estabelecido cido o disposto em lei especial.
TÍTULO II – DOS DIREITOS em lei especial, a flora, a fauna,
REAIS as belezas naturais, o equilíbrio Art. 1.231.  A propriedade pre-
ecológico e o patrimônio histórico sume-se plena e exclusiva, até
CAPÍTULO ÚNICO – e artístico, bem como evitada a prova em contrário.
DISPOSIÇÕES GERAIS poluição do ar e das águas.
§ 2o  São defesos os atos que Art. 1.232.  Os frutos e mais pro-
Art. 1.225.  São direitos reais: não trazem ao proprietário qual- dutos da coisa pertencem, ainda
I – a propriedade; quer comodidade, ou utilidade, e quando separados, ao seu pro-
II – a superfície; sejam animados pela intenção de prietário, salvo se, por precei-
III – as servidões; prejudicar outrem. to jurídico especial, couberem
IV – o usufruto; § 3o  O proprietário pode ser a outrem.
V – o uso; privado da coisa, nos casos de
VI – a habitação; desapropriação, por necessidade
VII – o direito do promitente ou utilidade pública ou interesse
Seção II – Da Descoberta
comprador do imóvel; social, bem como no de requisi-
VIII – o penhor; ção, em caso de perigo público Art. 1.233.  Quem quer que ache
IX – a hipoteca; iminente. coisa alheia perdida há de resti-
X – a anticrese; § 4o  O proprietário também tuí-la ao dono ou legítimo pos-
XI – a concessão de uso espe- pode ser privado da coisa se o suidor.
cial para fins de moradia; imóvel reivindicado consistir em Parágrafo único.  Não o co-
XII – a concessão de direito extensa área, na posse ininterrup- nhecendo, o descobridor fará por
real de uso; e ta e de boa-fé, por mais de cinco encontrá-lo, e, se não o encontrar,
XIII – a laje. anos, de considerável número de entregará a coisa achada à auto-
pessoas, e estas nela houverem ridade competente.
Art. 1.226.  Os direitos reais so- realizado, em conjunto ou sepa-
bre coisas móveis, quando cons- radamente, obras e serviços con- Art. 1.234.  Aquele que restituir

204
Código Civil
a coisa achada, nos termos do ça, a qual servirá de título para o § 2o (Vetado)
artigo antecedente, terá direito registro no Cartório de Registro
a uma recompensa não inferior de Imóveis. Art. 1.241.  Poderá o possuidor
a cinco por cento do seu valor, e Parágrafo único.  O prazo es- requerer ao juiz seja declarada
à indenização pelas despesas que tabelecido neste artigo reduzir- adquirida, mediante usucapião,
houver feito com a conservação -se-á a dez anos se o possuidor a propriedade imóvel.
e transporte da coisa, se o dono houver estabelecido no imóvel Parágrafo único.  A declara-
não preferir abandoná-la. a sua moradia habitual, ou nele ção obtida na forma deste arti-
Parágrafo único.  Na determi- realizado obras ou serviços de go constituirá título hábil para o
nação do montante da recompen- caráter produtivo. registro no Cartório de Registro
sa, considerar-se-á o esforço de- de Imóveis.
senvolvido pelo descobridor para Art. 1.239.  Aquele que, não sen-
encontrar o dono, ou o legítimo do proprietário de imóvel rural ou Art. 1.242.  Adquire também a
possuidor, as possibilidades que urbano, possua como sua, por propriedade do imóvel aquele
teria este de encontrar a coisa e cinco anos ininterruptos, sem que, contínua e incontestada-
a situação econômica de ambos. oposição, área de terra em zona mente, com justo título e boa-fé,
rural não superior a cinquenta o possuir por dez anos.
Art. 1.235.  O descobridor res- hectares, tornando-a produtiva Parágrafo único.  Será de cin-
ponde pelos prejuízos causados por seu trabalho ou de sua família, co anos o prazo previsto neste
ao proprietário ou possuidor le- tendo nela sua moradia, adquirir- artigo se o imóvel houver sido
gítimo, quando tiver procedido -lhe-á a propriedade. adquirido, onerosamente, com
com dolo. base no registro constante do
Art. 1.240.  Aquele que possuir, respectivo cartório, cancelada
Art. 1.236.  A autoridade com- como sua, área urbana de até posteriormente, desde que os
petente dará conhecimento da duzentos e cinquenta metros possuidores nele tiverem estabe-
descoberta através da imprensa quadrados, por cinco anos inin- lecido a sua moradia, ou realizado
e outros meios de informação, terruptamente e sem oposição, investimentos de interesse social
somente expedindo editais se o utilizando-a para sua moradia e econômico.
seu valor os comportar. ou de sua família, adquirir-lhe-á
o domínio, desde que não seja Art. 1.243.  O possuidor pode,
Art. 1.237.  Decorridos sessen- proprietário de outro imóvel ur- para o fim de contar o tempo exi-
ta dias da divulgação da notícia bano ou rural. gido pelos artigos antecedentes,
pela imprensa, ou do edital, não § 1o  O título de domínio e a acrescentar à sua posse a dos
se apresentando quem comprove concessão de uso serão confe- seus antecessores (art.  1.207),
a propriedade sobre a coisa, será ridos ao homem ou à mulher, ou contanto que todas sejam con-
esta vendida em hasta pública e, a ambos, independentemente do tínuas, pacíficas e, nos casos do
deduzidas do preço as despesas, estado civil. art. 1.242, com justo título e de
mais a recompensa do descobri- § 2o  O direito previsto no pa- boa-fé.
dor, pertencerá o remanescente rágrafo antecedente não será re-
ao Município em cuja circunscri- conhecido ao mesmo possuidor Art. 1.244.  Estende-se ao pos-
ção se deparou o objeto perdido. mais de uma vez. suidor o disposto quanto ao deve-
Parágrafo único.  Sendo de dor acerca das causas que obs-
diminuto valor, poderá o Municí- Art. 1.240-A.  Aquele que exer- tam, suspendem ou interrompem
pio abandonar a coisa em favor cer, por 2 (dois) anos ininterrup- a prescrição, as quais também se
de quem a achou. tamente e sem oposição, posse aplicam à usucapião.
direta, com exclusividade, sobre
imóvel urbano de até 250m² (du-
CAPÍTULO II – DA zentos e cinquenta metros qua-
Seção II – Da Aquisição pelo
AQUISIÇÃO DA drados) cuja propriedade divida Registro do Título
PROPRIEDADE IMÓVEL com ex-cônjuge ou ex-compa-
nheiro que abandonou o lar, uti- Art. 1.245.  Transfere-se entre
Seção I – Da Usucapião lizando-o para sua moradia ou vivos a propriedade mediante o
de sua família, adquirir-lhe-á o registro do título translativo no
Art. 1.238.  Aquele que, por quin- domínio integral, desde que não Registro de Imóveis.
ze anos, sem interrupção, nem seja proprietário de outro imóvel § 1o  Enquanto não se regis-
oposição, possuir como seu um urbano ou rural. trar o título translativo, o alienante
imóvel, adquire-lhe a proprieda- § 1o  O direito previsto no continua a ser havido como dono
de, independentemente de título caput não será reconhecido ao do imóvel.
e boa-fé; podendo requerer ao juiz mesmo possuidor mais de uma § 2o  Enquanto não se pro-
que assim o declare por senten- vez. mover, por meio de ação própria,

205
Código Civil
a decretação de invalidade do Subseção II – Da Aluvião planta ou edifica em terreno pró-
registro, e o respectivo cance- prio com sementes, plantas ou
lamento, o adquirente continua a Art. 1.250.  Os acréscimos for- materiais alheios, adquire a pro-
ser havido como dono do imóvel. mados, sucessiva e impercepti- priedade destes; mas fica obriga-
velmente, por depósitos e aterros do a pagar-lhes o valor, além de
Art. 1.246.  O registro é eficaz naturais ao longo das margens responder por perdas e danos, se
desde o momento em que se das correntes, ou pelo desvio das agiu de má-fé.
apresentar o título ao oficial do águas destas, pertencem aos do-
registro, e este o prenotar no nos dos terrenos marginais, sem Art. 1.255.  Aquele que semeia,
protocolo. indenização. planta ou edifica em terreno
Parágrafo único.  O terreno alheio perde, em proveito do pro-
Art. 1.247.  Se o teor do registro aluvial, que se formar em frente prietário, as sementes, plantas
não exprimir a verdade, poderá de prédios de proprietários dife- e construções; se procedeu de
o interessado reclamar que se rentes, dividir-se-á entre eles, na boa-fé, terá direito a indenização.
retifique ou anule. proporção da testada de cada um Parágrafo único.  Se a cons-
Parágrafo único. Cancelado sobre a antiga margem. trução ou a plantação exceder
o registro, poderá o proprietário consideravelmente o valor do
reivindicar o imóvel, independen- terreno, aquele que, de boa-fé,
temente da boa-fé ou do título do
Subseção III – Da Avulsão plantou ou edificou, adquirirá a
terceiro adquirente. propriedade do solo, mediante
Art. 1.251.  Quando, por força na- pagamento da indenização fixa-
tural violenta, uma porção de ter- da judicialmente, se não houver
Seção III – Da Aquisição por ra se destacar de um prédio e se acordo.
Acessão juntar a outro, o dono deste adqui-
rirá a propriedade do acréscimo, Art. 1.256.  Se de ambas as par-
Art. 1.248.  A acessão pode dar- se indenizar o dono do primeiro tes houve má-fé, adquirirá o pro-
-se: ou, sem indenização, se, em um prietário as sementes, plantas e
I – por formação de ilhas; ano, ninguém houver reclamado. construções, devendo ressarcir
II – por aluvião; Parágrafo único. Recusan- o valor das acessões.
III – por avulsão; do-se ao pagamento de indeni- Parágrafo único. Presume-se
IV – por abandono de álveo; zação, o dono do prédio a que se má-fé no proprietário, quando o
V – por plantações ou cons- juntou a porção de terra deverá trabalho de construção, ou lavou-
truções. aquiescer a que se remova a parte ra, se fez em sua presença e sem
acrescida. impugnação sua.
Subseção I – Das Ilhas Art. 1.257.  O disposto no artigo
Subseção IV – Do Álveo antecedente aplica-se ao caso
Art. 1.249.  As ilhas que se for- Abandonado de não pertencerem as semen-
marem em correntes comuns ou tes, plantas ou materiais a quem
particulares pertencem aos pro- Art. 1.252.  O álveo abandonado de boa-fé os empregou em solo
prietários ribeirinhos fronteiros, de corrente pertence aos pro- alheio.
observadas as regras seguintes: prietários ribeirinhos das duas Parágrafo único.  O proprie-
I – as que se formarem no margens, sem que tenham in- tário das sementes, plantas ou
meio do rio consideram-se acrés- denização os donos dos terrenos materiais poderá cobrar do pro-
cimos sobrevindos aos terrenos por onde as águas abrirem novo prietário do solo a indenização
ribeirinhos fronteiros de ambas curso, entendendo-se que os pré- devida, quando não puder havê-la
as margens, na proporção de suas dios marginais se estendem até do plantador ou construtor.
testadas, até a linha que dividir o o meio do álveo.
álveo em duas partes iguais; Art. 1.258.  Se a construção, fei-
II – as que se formarem entre ta parcialmente em solo próprio,
a referida linha e uma das mar-
Subseção V – Das invade solo alheio em proporção
gens consideram-se acréscimos Construções e Plantações não superior à vigésima parte
aos terrenos ribeirinhos frontei- deste, adquire o construtor de
ros desse mesmo lado; Art. 1.253.  Toda construção ou boa-fé a propriedade da parte do
III – as que se formarem pelo plantação existente em um ter- solo invadido, se o valor da cons-
desdobramento de um novo bra- reno presume-se feita pelo pro- trução exceder o dessa parte, e
ço do rio continuam a pertencer prietário e à sua custa, até que responde por indenização que
aos proprietários dos terrenos à se prove o contrário. represente, também, o valor da
custa dos quais se constituíram. área perdida e a desvalorização
Art. 1.254.  Aquele que semeia, da área remanescente.

206
Código Civil
Parágrafo único.  Pagando em Seção III – Do Achado do Seção V – Da Especificação
décuplo as perdas e danos previs- Tesouro
tos neste artigo, o construtor de Art. 1.269.  Aquele que, traba-
má-fé adquire a propriedade da Art. 1.264.  O depósito antigo de lhando em matéria-prima em par-
parte do solo que invadiu, se em coisas preciosas, oculto e de cujo te alheia, obtiver espécie nova,
proporção à vigésima parte deste dono não haja memória, será divi- desta será proprietário, se não se
e o valor da construção exceder dido por igual entre o proprietário puder restituir à forma anterior.
consideravelmente o dessa parte do prédio e o que achar o tesouro
e não se puder demolir a porção casualmente. Art. 1.270.  Se toda a matéria
invasora sem grave prejuízo para for alheia, e não se puder redu-
a construção. Art. 1.265.  O tesouro pertence- zir à forma precedente, será do
rá por inteiro ao proprietário do especificador de boa-fé a espé-
Art. 1.259.  Se o construtor esti- prédio, se for achado por ele, ou cie nova.
ver de boa-fé, e a invasão do solo em pesquisa que ordenou, ou por § 1o  Sendo praticável a re-
alheio exceder a vigésima parte terceiro não autorizado. dução, ou quando impraticável,
deste, adquire a propriedade da se a espécie nova se obteve de
parte do solo invadido, e responde Art. 1.266.  Achando-se em ter- má-fé, pertencerá ao dono da
por perdas e danos que abranjam reno aforado, o tesouro será divi- matéria-prima.
o valor que a invasão acrescer à dido por igual entre o descobridor § 2o  Em qualquer caso, in-
construção, mais o da área per- e o enfiteuta, ou será deste por clusive o da pintura em relação
dida e o da desvalorização da inteiro quando ele mesmo seja o à tela, da escultura, escritura e
área remanescente; se de má-fé, descobridor. outro qualquer trabalho gráfico
é obrigado a demolir o que nele em relação à matéria-prima, a es-
construiu, pagando as perdas e pécie nova será do especificador,
danos apurados, que serão devi-
Seção IV – Da Tradição se o seu valor exceder conside-
dos em dobro. ravelmente o da matéria-prima.
Art. 1.267.  A propriedade das
coisas não se transfere pelos ne- Art. 1.271.  Aos prejudicados, nas
CAPÍTULO III – DA gócios jurídicos antes da tradição. hipóteses dos arts. 1.269 e 1.270,
AQUISIÇÃO DA Parágrafo único. Subenten- se ressarcirá o dano que sofre-
PROPRIEDADE MÓVEL de-se a tradição quando o trans- rem, menos ao especificador de
mitente continua a possuir pelo má-fé, no caso do § 1o do artigo
Seção I – Da Usucapião constituto possessório; quando antecedente, quando irredutível
cede ao adquirente o direito à a especificação.
Art. 1.260.  Aquele que possuir restituição da coisa, que se en-
coisa móvel como sua, contínua contra em poder de terceiro; ou
e incontestadamente durante quando o adquirente já está na
Seção VI – Da Confusão, da
três anos, com justo título e boa- posse da coisa, por ocasião do Comissão e da Adjunção
-fé, adquirir-lhe-á a propriedade. negócio jurídico.
Art. 1.272.  As coisas pertencen-
Art. 1.261.  Se a posse da coi- Art. 1.268.  Feita por quem não tes a diversos donos, confundi-
sa móvel se prolongar por cinco seja proprietário, a tradição não das, misturadas ou adjuntadas
anos, produzirá usucapião, in- aliena a propriedade, exceto se sem o consentimento deles, con-
dependentemente de título ou a coisa, oferecida ao público, em tinuam a pertencer-lhes, sendo
boa-fé. leilão ou estabelecimento comer- possível separá-las sem dete-
cial, for transferida em circuns- rioração.
Art. 1.262.  Aplica-se à usuca- tâncias tais que, ao adquirente de § 1o  Não sendo possível a se-
pião das coisas móveis o disposto boa-fé, como a qualquer pessoa, paração das coisas, ou exigindo
nos arts. 1.243 e 1.244. o alienante se afigurar dono. dispêndio excessivo, subsiste in-
§ 1o  Se o adquirente estiver diviso o todo, cabendo a cada um
de boa-fé e o alienante adquirir dos donos quinhão proporcional
Seção II – Da Ocupação depois a propriedade, conside- ao valor da coisa com que entrou
ra-se realizada a transferência para a mistura ou agregado.
Art. 1.263.  Quem se assenhorear desde o momento em que ocor- § 2o  Se uma das coisas puder
de coisa sem dono para logo lhe reu a tradição. considerar-se principal, o dono
adquire a propriedade, não sen- § 2o  Não transfere a proprie- sê-lo-á do todo, indenizando os
do essa ocupação defesa por lei. dade a tradição, quando tiver por outros.
título um negócio jurídico nulo.
Art. 1.273.  Se a confusão, co-
missão ou adjunção se operou

207
Código Civil
de má-fé, à outra parte caberá CAPÍTULO V – DOS me-se pertencer em comum aos
escolher entre adquirir a proprie- DIREITOS DE VIZINHANÇA donos dos prédios confinantes.
dade do todo, pagando o que não
for seu, abatida a indenização que Seção I – Do Uso Anormal da Art. 1.283.  As raízes e os ramos
lhe for devida, ou renunciar ao que Propriedade de árvore, que ultrapassarem a
lhe pertencer, caso em que será estrema do prédio, poderão ser
indenizado. Art. 1.277.  O proprietário ou o cortados, até o plano vertical di-
possuidor de um prédio tem o visório, pelo proprietário do ter-
Art. 1.274.  Se da união de maté- direito de fazer cessar as interfe- reno invadido.
rias de natureza diversa se formar rências prejudiciais à segurança,
espécie nova, à confusão, comis- ao sossego e à saúde dos que o Art. 1.284.  Os frutos caídos de
são ou adjunção aplicam-se as habitam, provocadas pela utili- árvore do terreno vizinho perten-
normas dos arts. 1.272 e 1.273. zação de propriedade vizinha. cem ao dono do solo onde caí-
Parágrafo único. Proíbem-se ram, se este for de propriedade
as interferências considerando- particular.
CAPÍTULO IV – DA PERDA -se a natureza da utilização, a
DA PROPRIEDADE localização do prédio, atendidas
as normas que distribuem as edi-
Seção III – Da Passagem
Art. 1.275.  Além das causas con- ficações em zonas, e os limites Forçada
sideradas neste Código, perde-se ordinários de tolerância dos mo-
a propriedade: radores da vizinhança. Art. 1.285.  O dono do prédio que
I – por alienação; não tiver acesso a via pública,
II – pela renúncia; Art. 1.278.  O direito a que se re- nascente ou porto, pode, me-
III – por abandono; fere o artigo antecedente não pre- diante pagamento de indenização
IV – por perecimento da coisa; valece quando as interferências cabal, constranger o vizinho a lhe
V – por desapropriação. forem justificadas por interesse dar passagem, cujo rumo será ju-
Parágrafo único.  Nos casos público, caso em que o proprie- dicialmente fixado, se necessário.
dos incisos I e II, os efeitos da per- tário ou o possuidor, causador § 1o  Sofrerá o constrangi-
da da propriedade imóvel serão delas, pagará ao vizinho indeni- mento o vizinho cujo imóvel mais
subordinados ao registro do título zação cabal. natural e facilmente se prestar à
transmissivo ou do ato renuncia- passagem.
tivo no Registro de Imóveis. Art. 1.279.  Ainda que por deci- § 2o  Se ocorrer alienação
são judicial devam ser toleradas parcial do prédio, de modo que
Art. 1.276.  O imóvel urbano que as interferências, poderá o vizinho uma das partes perca o acesso a
o proprietário abandonar, com a exigir a sua redução, ou elimina- via pública, nascente ou porto, o
intenção de não mais o conservar ção, quando estas se tornarem proprietário da outra deve tolerar
em seu patrimônio, e que se não possíveis. a passagem.
encontrar na posse de outrem, § 3o  Aplica-se o disposto
poderá ser arrecadado, como bem Art. 1.280.  O proprietário ou no parágrafo antecedente ainda
vago, e passar, três anos depois, o possuidor tem direito a exigir quando, antes da alienação, exis-
à propriedade do Município ou à do dono do prédio vizinho a de- tia passagem através de imóvel
do Distrito Federal, se se achar molição, ou a reparação deste, vizinho, não estando o proprietá-
nas respectivas circunscrições. quando ameace ruína, bem como rio deste constrangido, depois, a
§ 1o  O imóvel situado na zona que lhe preste caução pelo dano dar uma outra.
rural, abandonado nas mesmas iminente.
circunstâncias, poderá ser arre-
cadado, como bem vago, e passar, Art. 1.281.  O proprietário ou o
Seção IV – Da Passagem de
três anos depois, à propriedade possuidor de um prédio, em que Cabos e Tubulações
da União, onde quer que ele se alguém tenha direito de fazer
localize. obras, pode, no caso de dano Art. 1.286.  Mediante recebimen-
§ 2o  Presumir-se-á de modo iminente, exigir do autor delas to de indenização que atenda,
absoluto a intenção a que se refe- as necessárias garantias contra também, à desvalorização da área
re este artigo, quando, cessados o prejuízo eventual. remanescente, o proprietário é
os atos de posse, deixar o proprie- obrigado a tolerar a passagem,
tário de satisfazer os ônus fiscais. através de seu imóvel, de ca-
Seção II – Das Árvores bos, tubulações e outros condu-
Limítrofes tos subterrâneos de serviços de
utilidade pública, em proveito de
Art. 1.282.  A árvore, cujo tronco proprietários vizinhos, quando
estiver na linha divisória, presu- de outro modo for impossível ou

208
Código Civil
excessivamente onerosa. direito de construir barragens, previstos no art. 1.293, mediante
Parágrafo único.  O proprietá- açudes, ou outras obras para pagamento de indenização aos
rio prejudicado pode exigir que a represamento de água em seu proprietários prejudicados e ao
instalação seja feita de modo me- prédio; se as águas represadas dono do aqueduto, de importân-
nos gravoso ao prédio onerado, invadirem prédio alheio, será o cia equivalente às despesas que
bem como, depois, seja removi- seu proprietário indenizado pelo então seriam necessárias para a
da, à sua custa, para outro local dano sofrido, deduzido o valor do condução das águas até o ponto
do imóvel. benefício obtido. de derivação.
Parágrafo único.  Têm prefe-
Art. 1.287.  Se as instalações Art. 1.293.  É permitido a quem rência os proprietários dos imó-
oferecerem grave risco, será fa- quer que seja, mediante prévia veis atravessados pelo aqueduto.
cultado ao proprietário do prédio indenização aos proprietários
onerado exigir a realização de prejudicados, construir canais,
obras de segurança. através de prédios alheios, para
Seção VI – Dos Limites entre
receber as águas a que tenha di- Prédios e do Direito de
reito, indispensáveis às primeiras Tapagem
Seção V – Das Águas necessidades da vida, e, desde
que não cause prejuízo conside- Art. 1.297.  O proprietário tem
Art. 1.288.  O dono ou o possui- rável à agricultura e à indústria, direito a cercar, murar, valar ou
dor do prédio inferior é obrigado bem como para o escoamento de tapar de qualquer modo o seu
a receber as águas que correm águas supérfluas ou acumuladas, prédio, urbano ou rural, e pode
naturalmente do superior, não ou a drenagem de terrenos. constranger o seu confinante a
podendo realizar obras que em- § 1o  Ao proprietário prejudi- proceder com ele à demarcação
baracem o seu fluxo; porém a cado, em tal caso, também assis- entre os dois prédios, a aviven-
condição natural e anterior do te direito a ressarcimento pelos tar rumos apagados e a renovar
prédio inferior não pode ser agra- danos que de futuro lhe adve- marcos destruídos ou arruinados,
vada por obras feitas pelo dono nham da infiltração ou irrupção repartindo-se proporcionalmente
ou possuidor do prédio superior. das águas, bem como da dete- entre os interessados as respec-
rioração das obras destinadas a tivas despesas.
Art. 1.289.  Quando as águas, canalizá-las. § 1o  Os intervalos, muros,
artificialmente levadas ao prédio § 2o  O proprietário prejudica- cercas e os tapumes divisórios,
superior, ou aí colhidas, correrem do poderá exigir que seja subter- tais como sebes vivas, cercas de
dele para o inferior, poderá o dono rânea a canalização que atravessa arame ou de madeira, valas ou
deste reclamar que se desviem, áreas edificadas, pátios, hortas, banquetas, presumem-se, até
ou se lhe indenize o prejuízo que jardins ou quintais. prova em contrário, pertencer
sofrer. § 3o  O aqueduto será cons- a ambos os proprietários confi-
Parágrafo único.  Da indeni- truído de maneira que cause o nantes, sendo estes obrigados, de
zação será deduzido o valor do menor prejuízo aos proprietá- conformidade com os costumes
benefício obtido. rios dos imóveis vizinhos, e a da localidade, a concorrer, em
expensas do seu dono, a quem partes iguais, para as despesas
Art. 1.290.  O proprietário de incumbem também as despesas de sua construção e conservação.
nascente, ou do solo onde caem de conservação. § 2o  As sebes vivas, as ár-
águas pluviais, satisfeitas as ne- vores, ou plantas quaisquer, que
cessidades de seu consumo, não Art. 1.294.  Aplica-se ao direi- servem de marco divisório, só
pode impedir, ou desviar o curso to de aqueduto o disposto nos podem ser cortadas, ou arran-
natural das águas remanescentes arts. 1.286 e 1.287. cadas, de comum acordo entre
pelos prédios inferiores. proprietários.
Art. 1.295.  O aqueduto não im- § 3o  A construção de tapu-
Art. 1.291.  O possuidor do imó- pedirá que os proprietários cer- mes especiais para impedir a
vel superior não poderá poluir as quem os imóveis e construam passagem de animais de peque-
águas indispensáveis às primeiras sobre ele, sem prejuízo para a no porte, ou para outro fim, pode
necessidades da vida dos possui- sua segurança e conservação; os ser exigida de quem provocou
dores dos imóveis inferiores; as proprietários dos imóveis pode- a necessidade deles, pelo pro-
demais, que poluir, deverá recu- rão usar das águas do aqueduto prietário, que não está obrigado
perar, ressarcindo os danos que para as primeiras necessidades a concorrer para as despesas.
estes sofrerem, se não for possí- da vida.
vel a recuperação ou o desvio do Art. 1.298.  Sendo confusos, os
curso artificial das águas. Art. 1.296.  Havendo no aque- limites, em falta de outro meio,
duto águas supérfluas, outros se determinarão de conformida-
Art. 1.292.  O proprietário tem poderão canalizá-las, para os fins de com a posse justa; e, não se

209
Código Civil
achando ela provada, o terreno ções a menos de três metros do rências prejudiciais ao vizinho.
contestado se dividirá por par- terreno vizinho. Parágrafo único.  A dispo-
tes iguais entre os prédios, ou, sição anterior não abrange as
não sendo possível a divisão cô- Art. 1.304.  Nas cidades, vilas chaminés ordinárias e os fogões
moda, se adjudicará a um deles, e povoados cuja edificação es- de cozinha.
mediante indenização ao outro. tiver adstrita a alinhamento, o
dono de um terreno pode nele Art. 1.309.  São proibidas cons-
edificar, madeirando na parede truções capazes de poluir, ou inu-
Seção VII – Do Direito de divisória do prédio contíguo, se tilizar, para uso ordinário, a água
Construir ela suportar a nova construção; do poço, ou nascente alheia, a
mas terá de embolsar ao vizinho elas preexistentes.
Art. 1.299.  O proprietário pode metade do valor da parede e do
levantar em seu terreno as cons- chão correspondentes. Art. 1.310.  Não é permitido fazer
truções que lhe aprouver, salvo o escavações ou quaisquer obras
direito dos vizinhos e os regula- Art. 1.305.  O confinante, que que tirem ao poço ou à nascente
mentos administrativos. primeiro construir, pode assen- de outrem a água indispensável
tar a parede divisória até meia às suas necessidades normais.
Art. 1.300.  O proprietário cons- espessura no terreno contíguo,
truirá de maneira que o seu prédio sem perder por isso o direito a Art. 1.311.  Não é permitida a
não despeje águas, diretamente, haver meio valor dela se o vizinho execução de qualquer obra ou
sobre o prédio vizinho. a travejar, caso em que o primeiro serviço suscetível de provocar
fixará a largura e a profundidade desmoronamento ou deslocação
Art. 1.301.  É defeso abrir janelas, do alicerce. de terra, ou que comprometa
ou fazer eirado, terraço ou varan- Parágrafo único.  Se a pare- a segurança do prédio vizinho,
da, a menos de metro e meio do de divisória pertencer a um dos senão após haverem sido feitas
terreno vizinho. vizinhos, e não tiver capacidade as obras acautelatórias.
§ 1o  As janelas cuja visão não para ser travejada pelo outro, não Parágrafo único.  O proprietá-
incida sobre a linha divisória, bem poderá este fazer-lhe alicerce ao rio do prédio vizinho tem direito
como as perpendiculares, não pé sem prestar caução àquele, a ressarcimento pelos prejuízos
poderão ser abertas a menos pelo risco a que expõe a cons- que sofrer, não obstante haverem
de setenta e cinco centímetros. trução anterior. sido realizadas as obras acaute-
§ 2o  As disposições deste ar- latórias.
tigo não abrangem as aberturas Art. 1.306.  O condômino da pa-
para luz ou ventilação, não maio- rede-meia pode utilizá-la até ao Art. 1.312.  Todo aquele que violar
res de dez centímetros de largura meio da espessura, não pondo as proibições estabelecidas nes-
sobre vinte de comprimento e em risco a segurança ou a sepa- ta Seção é obrigado a demolir as
construídas a mais de dois metros ração dos dois prédios, e avisando construções feitas, respondendo
de altura de cada piso. previamente o outro condômino por perdas e danos.
das obras que ali tenciona fazer;
Art. 1.302.  O proprietário pode, não pode sem consentimento Art. 1.313.  O proprietário ou ocu-
no lapso de ano e dia após a con- do outro, fazer, na parede-meia, pante do imóvel é obrigado a tole-
clusão da obra, exigir que se des- armários, ou obras semelhan- rar que o vizinho entre no prédio,
faça janela, sacada, terraço ou tes, correspondendo a outras, mediante prévio aviso, para:
goteira sobre o seu prédio; es- da mesma natureza, já feitas do I – dele temporariamente
coado o prazo, não poderá, por lado oposto. usar, quando indispensável à
sua vez, edificar sem atender ao reparação, construção, recons-
disposto no artigo antecedente, Art. 1.307.  Qualquer dos confi- trução ou limpeza de sua casa
nem impedir, ou dificultar, o esco- nantes pode altear a parede divi- ou do muro divisório;
amento das águas da goteira, com sória, se necessário reconstruin- II – apoderar-se de coisas
prejuízo para o prédio vizinho. do-a, para suportar o alteamento; suas, inclusive animais que aí se
Parágrafo único.  Em se tra- arcará com todas as despesas, encontrem casualmente.
tando de vãos, ou aberturas para inclusive de conservação, ou com § 1o  O disposto neste artigo
luz, seja qual for a quantidade, metade, se o vizinho adquirir mea- aplica-se aos casos de limpeza
altura e disposição, o vizinho po- ção também na parte aumentada. ou reparação de esgotos, gotei-
derá, a todo tempo, levantar a sua ras, aparelhos higiênicos, poços
edificação, ou contramuro, ainda Art. 1.308.  Não é lícito encostar e nascentes e ao aparo de cer-
que lhes vede a claridade. à parede divisória chaminés, fo- ca viva.
gões, fornos ou quaisquer apare- § 2o  Na hipótese do inciso
Art. 1.303.  Na zona rural, não lhos ou depósitos suscetíveis de II, uma vez entregues as coisas
será permitido levantar edifica- produzir infiltrações ou interfe- buscadas pelo vizinho, poderá ser

210
Código Civil
impedida a sua entrada no imóvel. gou proporcionalmente ao seu a quem afinal oferecer melhor
§ 3o  Se do exercício do direito quinhão na coisa comum. lanço, preferindo, em condições
assegurado neste artigo provier iguais, o condômino ao estranho.
dano, terá o prejudicado direito Art. 1.318.  As dívidas contraí-
a ressarcimento. das por um dos condôminos em
proveito da comunhão, e durante
Subseção II – Da
ela, obrigam o contratante; mas Administração do
CAPÍTULO VI – DO terá este ação regressiva contra Condomínio
CONDOMÍNIO GERAL os demais.
Art. 1.323.  Deliberando a maio-
Seção I – Do Condomínio
Art. 1.319.  Cada condômino res- ria sobre a administração da coisa
Voluntário ponde aos outros pelos frutos que comum, escolherá o administra-
Subseção I – Dos Direitos e percebeu da coisa e pelo dano dor, que poderá ser estranho ao
Deveres dos Condôminos que lhe causou. condomínio; resolvendo alugá-
-la, preferir-se-á, em condições
Art. 1.314.  Cada condômino Art. 1.320.  A todo tempo será lí- iguais, o condômino ao que não
pode usar da coisa conforme cito ao condômino exigir a divisão o é.
sua destinação, sobre ela exer- da coisa comum, respondendo
cer todos os direitos compatíveis o quinhão de cada um pela sua Art. 1.324.  O condômino que
com a indivisão, reivindicá-la de parte nas despesas da divisão. administrar sem oposição dos
terceiro, defender a sua posse e § 1o  Podem os condôminos outros presume-se representan-
alhear a respectiva parte ideal, acordar que fique indivisa a coisa te comum.
ou gravá-la. comum por prazo não maior de
Parágrafo único. Nenhum cinco anos, suscetível de prorro- Art. 1.325.  A maioria será cal-
dos condôminos pode alterar a gação ulterior. culada pelo valor dos quinhões.
destinação da coisa comum, nem § 2o  Não poderá exceder de § 1o  As deliberações serão
dar posse, uso ou gozo dela a cinco anos a indivisão estabele- obrigatórias, sendo tomadas por
estranhos, sem o consenso dos cida pelo doador ou pelo testador. maioria absoluta.
outros. § 3o  A requerimento de qual- § 2o  Não sendo possível al-
quer interessado e se graves ra- cançar maioria absoluta, decidirá
Art. 1.315.  O condômino é obri- zões o aconselharem, pode o juiz o juiz, a requerimento de qualquer
gado, na proporção de sua parte, determinar a divisão da coisa condômino, ouvidos os outros.
a concorrer para as despesas de comum antes do prazo. § 3o  Havendo dúvida quanto
conservação ou divisão da coisa, ao valor do quinhão, será este
e a suportar os ônus a que esti- Art. 1.321.  Aplicam-se à divisão avaliado judicialmente.
ver sujeita. do condomínio, no que couber,
Parágrafo único. Presumem- as regras de partilha de herança Art. 1.326.  Os frutos da coisa
-se iguais as partes ideais dos (arts. 2.013 a 2.022). comum, não havendo em contrá-
condôminos. rio estipulação ou disposição de
Art. 1.322.  Quando a coisa for última vontade, serão partilhados
Art. 1.316.  Pode o condômino indivisível, e os consortes não na proporção dos quinhões.
eximir-se do pagamento das des- quiserem adjudicá-la a um só, in-
pesas e dívidas, renunciando à denizando os outros, será vendida
parte ideal. e repartido o apurado, preferin-
Seção II – Do Condomínio
§ 1o  Se os demais condômi- do-se, na venda, em condições Necessário
nos assumem as despesas e as iguais de oferta, o condômino
dívidas, a renúncia lhes aproveita, ao estranho, e entre os condô- Art. 1.327.  O condomínio por
adquirindo a parte ideal de quem minos aquele que tiver na coisa meação de paredes, cercas, mu-
renunciou, na proporção dos pa- benfeitorias mais valiosas, e, não ros e valas regula-se pelo dis-
gamentos que fizerem. as havendo, o de quinhão maior. posto neste Código (arts. 1.297 e
§ 2o  Se não há condômino Parágrafo único.  Se nenhum 1.298; 1.304 a 1.307).
que faça os pagamentos, a coisa dos condôminos tem benfeitorias
comum será dividida. na coisa comum e participam Art. 1.328.  O proprietário que
todos do condomínio em partes tiver direito a estremar um imóvel
Art. 1.317.  Quando a dívida hou- iguais, realizar-se-á licitação en- com paredes, cercas, muros, va-
ver sido contraída por todos os tre estranhos e, antes de adjudi- las ou valados, tê-lo-á igualmen-
condôminos, sem se discriminar cada a coisa àquele que ofereceu te a adquirir meação na parede,
a parte de cada um na obrigação, maior lanço, proceder-se-á à li- muro, valado ou cerca do vizinho,
nem se estipular solidariedade, citação entre os condôminos, a embolsando-lhe metade do que
entende-se que cada qual se obri- fim de que a coisa seja adjudicada atualmente valer a obra e o ter-

211
Código Civil
reno por ela ocupado (art. 1.297). biliária pode ser privada do acesso feita por escritura pública ou por
ao logradouro público. instrumento particular.
Art. 1.329.  Não convindo os dois § 5o  O terraço de cobertura § 2o  São equiparados aos
no preço da obra, será este arbi- é parte comum, salvo disposição proprietários, para os fins deste
trado por peritos, a expensas de contrária da escritura de consti- artigo, salvo disposição em con-
ambos os confinantes. tuição do condomínio. trário, os promitentes comprado-
res e os cessionários de direitos
Art. 1.330.  Qualquer que seja o Art. 1.332.  Institui-se o condo- relativos às unidades autônomas.
valor da meação, enquanto aque- mínio edilício por ato entre vivos
le que pretender a divisão não o ou testamento, registrado no Car- Art. 1.335.  São direitos do con-
pagar ou depositar, nenhum uso tório de Registro de Imóveis, de- dômino:
poderá fazer na parede, muro, vendo constar daquele ato, além I – usar, fruir e livremente
vala, cerca ou qualquer outra obra do disposto em lei especial: dispor das suas unidades;
divisória. I – a discriminação e individu- II – usar das partes comuns,
alização das unidades de proprie- conforme a sua destinação, e
dade exclusiva, estremadas uma contanto que não exclua a utiliza-
CAPÍTULO VII – DO das outras e das partes comuns; ção dos demais compossuidores;
CONDOMÍNIO EDILÍCIO II – a determinação da fração III – votar nas deliberações
ideal atribuída a cada unidade, da assembleia e delas participar,
Seção I – Disposições Gerais
relativamente ao terreno e par- estando quite.
tes comuns;
Art. 1.331.  Pode haver, em edifi- III – o fim a que as unidades Art. 1.336.  São deveres do con-
cações, partes que são proprie- se destinam. dômino:
dade exclusiva, e partes que são I – contribuir para as despe-
propriedade comum dos con- Art. 1.333.  A convenção que sas do condomínio na proporção
dôminos. constitui o condomínio edilício das suas frações ideais, salvo
§ 1o  As partes suscetíveis deve ser subscrita pelos titulares disposição em contrário na con-
de utilização independente, tais de, no mínimo, dois terços das venção;
como apartamentos, escritórios, frações ideais e torna-se, desde II – não realizar obras que
salas, lojas e sobrelojas, com as logo, obrigatória para os titulares comprometam a segurança da
respectivas frações ideais no solo de direito sobre as unidades, ou edificação;
e nas outras partes comuns, su- para quantos sobre elas tenham III – não alterar a forma e a
jeitam-se a propriedade exclusiva, posse ou detenção. cor da fachada, das partes e es-
podendo ser alienadas e gravadas Parágrafo único.  Para ser quadrias externas;
livremente por seus proprietários, oponível contra terceiros, a con- IV – dar às suas partes a mes-
exceto os abrigos para veículos, venção do condomínio deverá ser ma destinação que tem a edifica-
que não poderão ser alienados registrada no Cartório de Registro ção, e não as utilizar de maneira
ou alugados a pessoas estranhas de Imóveis. prejudicial ao sossego, salubrida-
ao condomínio, salvo autoriza- de e segurança dos possuidores,
ção expressa na convenção de Art. 1.334.  Além das cláusulas ou aos bons costumes.
condomínio. referidas no art. 1.332 e das que § 1o  O condômino que não
§ 2o  O solo, a estrutura do os interessados houverem por pagar a sua contribuição fica-
prédio, o telhado, a rede geral bem estipular, a convenção de- rá sujeito aos juros moratórios
de distribuição de água, esgoto, terminará: convencionados ou, não sendo
gás e eletricidade, a calefação e I – a quota proporcional e o previstos, os de um por cento
refrigeração centrais, e as de- modo de pagamento das contri- ao mês e multa de até dois por
mais partes comuns, inclusive buições dos condôminos para cento sobre o débito.
o acesso ao logradouro público, atender às despesas ordinárias § 2o  O condômino, que não
são utilizados em comum pe- e extraordinárias do condomínio; cumprir qualquer dos deveres
los condôminos, não podendo II – sua forma de adminis- estabelecidos nos incisos II a IV,
ser alienados separadamente, tração; pagará a multa prevista no ato
ou divididos. III – a competência das as- constitutivo ou na convenção, não
§ 3o  A cada unidade imobiliá- sembleias, forma de sua convo- podendo ela ser superior a cinco
ria caberá, como parte insepará- cação e quórum exigido para as vezes o valor de suas contribui-
vel, uma fração ideal no solo e nas deliberações; ções mensais, independentemen-
outras partes comuns, que será IV – as sanções a que estão te das perdas e danos que se apu-
identificada em forma decimal sujeitos os condôminos, ou pos- rarem; não havendo disposição
ou ordinária no instrumento de suidores; expressa, caberá à assembleia
instituição do condomínio. V – o regimento interno. geral, por dois terços no mínimo
§ 4o  Nenhuma unidade imo- § 1o  A convenção poderá ser dos condôminos restantes, deli-

212
Código Civil
berar sobre a cobrança da multa. Art. 1.341.  A realização de obras de modo que não haja danos às
no condomínio depende: unidades imobiliárias inferiores.
Art. 1337.  O condômino, ou pos- I – se voluptuárias, de voto
suidor, que não cumpre reitera- de dois terços dos condôminos; Art. 1.345.  O adquirente de uni-
damente com os seus deveres II – se úteis, de voto da maio- dade responde pelos débitos do
perante o condomínio poderá, ria dos condôminos. alienante, em relação ao condo-
por deliberação de três quar- § 1o  As obras ou reparações mínio, inclusive multas e juros
tos dos condôminos restantes, necessárias podem ser realiza- moratórios.
ser constrangido a pagar multa das, independentemente de au-
correspondente até ao quíntuplo torização, pelo síndico, ou, em Art. 1.346.  É obrigatório o segu-
do valor atribuído à contribuição caso de omissão ou impedimento ro de toda a edificação contra o
para as despesas condominiais, deste, por qualquer condômino. risco de incêndio ou destruição,
conforme a gravidade das faltas § 2o  Se as obras ou reparos total ou parcial.
e a reiteração, independente- necessários forem urgentes e
mente das perdas e danos que importarem em despesas exces-
se apurem. sivas, determinada sua realiza-
Seção II – Da Administração
Parágrafo único.  O condô- ção, o síndico ou o condômino do Condomínio
mino ou possuidor que, por seu que tomou a iniciativa delas dará
reiterado comportamento antis- ciência à assembleia, que deverá Art. 1.347.  A assembleia esco-
social, gerar incompatibilidade de ser convocada imediatamente. lherá um síndico, que poderá não
convivência com os demais con- § 3o  Não sendo urgentes, as ser condômino, para administrar
dôminos ou possuidores, poderá obras ou reparos necessários, o condomínio, por prazo não su-
ser constrangido a pagar multa que importarem em despesas perior a dois anos, o qual poderá
correspondente ao décuplo do excessivas, somente poderão ser renovar-se.
valor atribuído à contribuição para efetuadas após autorização da as-
as despesas condominiais, até ul- sembleia, especialmente convo- Art. 1.348.  Compete ao síndico:
terior deliberação da assembleia. cada pelo síndico, ou, em caso de I – convocar a assembleia dos
omissão ou impedimento deste, condôminos;
Art. 1.338.  Resolvendo o con- por qualquer dos condôminos. II – representar, ativa e pas-
dômino alugar área no abrigo § 4o  O condômino que reali- sivamente, o condomínio, prati-
para veículos, preferir-se-á, em zar obras ou reparos necessários cando, em juízo ou fora dele, os
condições iguais, qualquer dos será reembolsado das despesas atos necessários à defesa dos
condôminos a estranhos, e, entre que efetuar, não tendo direito interesses comuns;
todos, os possuidores. à restituição das que fizer com III – dar imediato conheci-
obras ou reparos de outra nature- mento à assembleia da existên-
Art. 1.339.  Os direitos de cada za, embora de interesse comum. cia de procedimento judicial ou
condômino às partes comuns são administrativo, de interesse do
inseparáveis de sua propriedade Art. 1.342.  A realização de condomínio;
exclusiva; são também insepará- obras, em partes comuns, em IV – cumprir e fazer cumprir a
veis das frações ideais correspon- acréscimo às já existentes, a fim convenção, o regimento interno e
dentes as unidades imobiliárias, de lhes facilitar ou aumentar a as determinações da assembleia;
com as suas partes acessórias. utilização, depende da aprova- V – diligenciar a conservação
§ 1o  Nos casos deste artigo ção de dois terços dos votos dos e a guarda das partes comuns e
é proibido alienar ou gravar os condôminos, não sendo permiti- zelar pela prestação dos serviços
bens em separado. das construções, nas partes co- que interessem aos possuidores;
§ 2o  É permitido ao condô- muns, suscetíveis de prejudicar VI – elaborar o orçamento
mino alienar parte acessória de a utilização, por qualquer dos da receita e da despesa relativa
sua unidade imobiliária a outro condôminos, das partes próprias, a cada ano;
condômino, só podendo fazê-lo a ou comuns. VII – cobrar dos condôminos
terceiro se essa faculdade cons- as suas contribuições, bem como
tar do ato constitutivo do condo- Art. 1.343.  A construção de ou- impor e cobrar as multas devidas;
mínio, e se a ela não se opuser a tro pavimento, ou, no solo comum, VIII – prestar contas à as-
respectiva assembleia geral. de outro edifício, destinado a con- sembleia, anualmente e quando
ter novas unidades imobiliárias, exigidas;
Art. 1.340.  As despesas relativas depende da aprovação da unani- IX – realizar o seguro da edi-
a partes comuns de uso exclusivo midade dos condôminos. ficação.
de um condômino, ou de alguns § 1o  Poderá a assembleia in-
deles, incumbem a quem delas Art. 1.344.  Ao proprietário do vestir outra pessoa, em lugar do
se serve. terraço de cobertura incumbem síndico, em poderes de repre-
as despesas da sua conservação, sentação.

213
Código Civil
§ 2o  O síndico pode transferir presentes, salvo quando exigido Art. 1.354-A.  A convocação,
a outrem, total ou parcialmente, quórum especial. a realização e a deliberação de
os poderes de representação ou § 1o  Quando a deliberação quaisquer modalidades de assem-
as funções administrativas, me- exigir quórum especial previsto bleia poderão dar-se de forma
diante aprovação da assembleia, em lei ou em convenção e ele eletrônica, desde que:
salvo disposição em contrário da não for atingido, a assembleia I – tal possibilidade não seja
convenção. poderá, por decisão da maioria vedada na convenção de con-
dos presentes, autorizar o presi- domínio;
Art. 1.349.  A assembleia, espe- dente a converter a reunião em II – sejam preservados aos
cialmente convocada para o fim sessão permanente, desde que condôminos os direitos de voz,
estabelecido no § 2o do artigo an- cumulativamente: de debate e de voto.
tecedente, poderá, pelo voto da I – sejam indicadas a data e a § 1o  Do instrumento de con-
maioria absoluta de seus mem- hora da sessão em seguimento, vocação deverá constar que a
bros, destituir o síndico que pra- que não poderá ultrapassar 60 assembleia será realizada por
ticar irregularidades, não prestar (sessenta) dias, e identificadas meio eletrônico, bem como as
contas, ou não administrar con- as deliberações pretendidas, em instruções sobre acesso, mani-
venientemente o condomínio. razão do quórum especial não festação e forma de coleta de
atingido; votos dos condôminos.
Art. 1.350.  Convocará o síndi- II – fiquem expressamente § 2o A administração do
co, anualmente, reunião da as- convocados os presentes e sejam condomínio não poderá ser res-
sembleia dos condôminos, na obrigatoriamente convocadas ponsabilizada por problemas
forma prevista na convenção, as unidades ausentes, na forma decorrentes dos equipamentos
a fim de aprovar o orçamento prevista em convenção; de informática ou da conexão à
das despesas, as contribuições III – seja lavrada ata parcial, internet dos condôminos ou de
dos condôminos e a prestação relativa ao segmento presencial seus representantes nem por
de contas, e eventualmente ele- da reunião da assembleia, da qual quaisquer outras situações que
ger-lhe o substituto e alterar o deverão constar as transcrições não estejam sob o seu controle.
regimento interno. circunstanciadas de todos os ar- § 3o  Somente após a soma-
§ 1o  Se o síndico não convo- gumentos até então apresenta- tória de todos os votos e a sua
car a assembleia, um quarto dos dos relativos à ordem do dia, que divulgação será lavrada a res-
condôminos poderá fazê-lo. deverá ser remetida aos condô- pectiva ata, também eletrônica,
§ 2o  Se a assembleia não se minos ausentes; e encerrada a assembleia geral.
reunir, o juiz decidirá, a requeri- IV – seja dada continuidade § 4o  A assembleia eletrônica
mento de qualquer condômino. às deliberações no dia e na hora deverá obedecer aos preceitos
designados, e seja a ata corres- de instalação, de funcionamento
Art. 1.351.  Depende da aprova- pondente lavrada em seguimento e de encerramento previstos no
ção de 2/3 (dois terços) dos votos à que estava parcialmente redigi- edital de convocação e poderá
dos condôminos a alteração da da, com a consolidação de todas ser realizada de forma híbrida,
convenção, bem como a mudança as deliberações. com a presença física e virtual de
da destinação do edifício ou da § 2o  Os votos consignados na condôminos concomitantemente
unidade imobiliária. primeira sessão ficarão registra- no mesmo ato.
dos, sem que haja necessidade de § 5o  Normas complementa-
Art. 1.352.  Salvo quando exigido comparecimento dos condôminos res relativas às assembleias ele-
quórum especial, as deliberações para sua confirmação, os quais trônicas poderão ser previstas no
da assembleia serão tomadas, em poderão, se estiverem presentes regimento interno do condomínio
primeira convocação, por maioria no encontro seguinte, requerer a e definidas mediante aprovação
de votos dos condôminos presen- alteração do seu voto até o des- da maioria simples dos presentes
tes que representem pelo menos fecho da deliberação pretendida. em assembleia convocada para
metade das frações ideais. § 3o  A sessão permanente essa finalidade.
Parágrafo único.  Os votos poderá ser prorrogada tantas ve- § 6o  Os documentos perti-
serão proporcionais às frações zes quantas necessárias, desde nentes à ordem do dia poderão
ideais no solo e nas outras partes que a assembleia seja concluí- ser disponibilizados de forma
comuns pertencentes a cada con- da no prazo total de 90 (noven- física ou eletrônica aos partici-
dômino, salvo disposição diversa ta) dias, contado da data de sua pantes.
da convenção de constituição do abertura inicial.
condomínio. Art. 1.355.  Assembleias extraor-
Art. 1.354.  A assembleia não dinárias poderão ser convocadas
Art. 1.353.  Em segunda convo- poderá deliberar se todos os con- pelo síndico ou por um quarto dos
cação, a assembleia poderá deli- dôminos não forem convocados condôminos.
berar por maioria dos votos dos para a reunião.

214
Código Civil
Art. 1.356.  Poderá haver no con- corporações imobiliárias de que II – flutuante, caso em que
domínio um conselho fiscal, com- trata o Capítulo I do Título II da a determinação do período será
posto de três membros, eleitos Lei no 4.591, de 16 de dezembro realizada de forma periódica, me-
pela assembleia, por prazo não de 1964, equiparando-se o empre- diante procedimento objetivo que
superior a dois anos, ao qual com- endedor ao incorporador quanto respeite, em relação a todos os
pete dar parecer sobre as contas aos aspectos civis e registrários. multiproprietários, o princípio
do síndico. § 3o  Para fins de incorpo- da isonomia, devendo ser pre-
ração imobiliária, a implantação viamente divulgado; ou
de toda a infraestrutura ficará a III – misto, combinando os
Seção III – Da Extinção do cargo do empreendedor. sistemas fixo e flutuante.
Condomínio § 2o  Todos os multiproprie-
tários terão direito a uma mesma
Art. 1.357.  Se a edificação for to- CAPÍTULO VII-A – quantidade mínima de dias segui-
tal ou consideravelmente destru- DO CONDOMÍNIO EM dos durante o ano, podendo haver
ída, ou ameace ruína, os condô- MULTIPROPRIEDADE a aquisição de frações maiores
minos deliberarão em assembleia que a mínima, com o correspon-
sobre a reconstrução, ou venda, Seção I – Disposições Gerais dente direito ao uso por períodos
por votos que representem meta- também maiores.
de mais uma das frações ideais. Art. 1.358-B.  A multipropriedade
§ 1o  Deliberada a reconstru- reger-se-á pelo disposto neste
ção, poderá o condômino eximir- Capítulo e, de forma supletiva e
Seção II – Da Instituição da
-se do pagamento das despesas subsidiária, pelas demais dispo- Multipropriedade
respectivas, alienando os seus sições deste Código e pelas dis-
direitos a outros condôminos, posições das Leis nos 4.591, de 16 Art. 1.358-F.  Institui-se a mul-
mediante avaliação judicial. de dezembro de 1964, e 8.078, de tipropriedade por ato entre vi-
§ 2o  Realizada a venda, em 11 de setembro de 1990 (Código de vos ou testamento, registrado no
que se preferirá, em condições Defesa do Consumidor). competente cartório de registro
iguais de oferta, o condômino ao de imóveis, devendo constar da-
estranho, será repartido o apu- Art. 1.358-C.  Multipropriedade é quele ato a duração dos períodos
rado entre os condôminos, pro- o regime de condomínio em que correspondentes a cada fração
porcionalmente ao valor das suas cada um dos proprietários de um de tempo.
unidades imobiliárias. mesmo imóvel é titular de uma
fração de tempo, à qual corres- Art. 1.358-G.  Além das cláusulas
Art. 1.358.  Se ocorrer desapro- ponde a faculdade de uso e gozo, que os multiproprietários deci-
priação, a indenização será repar- com exclusividade, da totalidade direm estipular, a convenção de
tida na proporção a que se refere do imóvel, a ser exercida pelos condomínio em multipropriedade
o § 2o do artigo antecedente. proprietários de forma alternada. determinará:
Parágrafo único.  A multipro- I – os poderes e deveres dos
priedade não se extinguirá auto- multiproprietários, especialmen-
Seção IV – Do Condomínio de maticamente se todas as frações te em matéria de instalações,
Lotes de tempo forem do mesmo mul- equipamentos e mobiliário do
tiproprietário. imóvel, de manutenção ordinária
Art. 1.358-A.  Pode haver, em e extraordinária, de conservação
terrenos, partes designadas de Art. 1.358-D.  O imóvel objeto da e limpeza e de pagamento da con-
lotes que são propriedade exclu- multipropriedade: tribuição condominial;
siva e partes que são propriedade I – é indivisível, não se su- II – o número máximo de pes-
comum dos condôminos. jeitando a ação de divisão ou de soas que podem ocupar simul-
§ 1o  A fração ideal de cada extinção de condomínio; taneamente o imóvel no período
condômino poderá ser propor- II – inclui as instalações, os correspondente a cada fração
cional à área do solo de cada equipamentos e o mobiliário des- de tempo;
unidade autônoma, ao respec- tinados a seu uso e gozo. III – as regras de acesso do
tivo potencial construtivo ou a administrador condominial ao
outros critérios indicados no ato Art. 1.358-E.  Cada fração de imóvel para cumprimento do de-
de instituição. tempo é indivisível. ver de manutenção, conservação
§ 2o  Aplica-se, no que cou- § 1o  O período corresponden- e limpeza;
ber, ao condomínio de lotes: te a cada fração de tempo será de, IV – a criação de fundo de
I – o disposto sobre condomí- no mínimo, 7 (sete) dias, seguidos reserva para reposição e manu-
nio edilício neste Capítulo, respei- ou intercalados, e poderá ser: tenção dos equipamentos, insta-
tada a legislação urbanística; e I – fixo e determinado, no lações e mobiliário;
II – o regime jurídico das in- mesmo período de cada ano; V – o regime aplicável em

215
Código Civil
caso de perda ou destruição par- de tempo no imóvel; IX – permitir a realização de
cial ou total do imóvel, inclusive b)  assembleia geral do con- obras ou reparos urgentes.
para efeitos de participação no domínio edilício, quando for o § 1o  Conforme previsão que
risco ou no valor do seguro, da caso, e o voto do multiproprie- deverá constar da respectiva con-
indenização ou da parte restante; tário corresponderá à quota de venção de condomínio em multi-
VI – as multas aplicáveis ao sua fração de tempo em relação propriedade, o multiproprietário
multiproprietário nas hipóteses à quota de poder político atribuído estará sujeito a:
de descumprimento de deveres. à unidade autônoma na respec- I – multa, no caso de descum-
tiva convenção de condomínio primento de qualquer de seus
Art. 1.358-H.  O instrumento de edilício. deveres;
instituição da multiproprieda- II – multa progressiva e perda
de ou a convenção de condomí- Art. 1.358-J.  São obrigações temporária do direito de utilização
nio em multipropriedade poderá do multiproprietário, além da- do imóvel no período correspon-
estabelecer o limite máximo de quelas previstas no instrumento dente à sua fração de tempo, no
frações de tempo no mesmo imó- de instituição e na convenção de caso de descumprimento reite-
vel que poderão ser detidas pela condomínio em multipropriedade: rado de deveres.
mesma pessoa natural ou jurídica. I – pagar a contribuição con- § 2o  A responsabilidade pelas
Parágrafo único.  Em caso dominial do condomínio em multi- despesas referentes a reparos
de instituição da multiproprie- propriedade e, quando for o caso, no imóvel, bem como suas ins-
dade para posterior venda das do condomínio edilício, ainda que talações, equipamentos e mobi-
frações de tempo a terceiros, renuncie ao uso e gozo, total ou liário, será:
o atendimento a eventual limite parcial, do imóvel, das áreas co- I – de todos os multiproprie-
de frações de tempo por titular muns ou das respectivas instala- tários, quando decorrentes do
estabelecido no instrumento de ções, equipamentos e mobiliário; uso normal e do desgaste natural
instituição será obrigatório so- II – responder por danos cau- do imóvel;
mente após a venda das frações. sados ao imóvel, às instalações, II – exclusivamente do mul-
aos equipamentos e ao mobiliá- tiproprietário responsável pelo
rio por si, por qualquer de seus uso anormal, sem prejuízo de
Seção III – Dos Direitos acompanhantes, convidados ou multa, quando decorrentes de
e das Obrigações do prepostos ou por pessoas por ele uso anormal do imóvel.
Multiproprietário autorizadas; § 3o (Vetado)
III – comunicar imediatamen- § 4o (Vetado)
Art. 1.358-I.  São direitos do te ao administrador os defeitos, § 5o (Vetado)
multiproprietário, além daque- avarias e vícios no imóvel dos
les previstos no instrumento de quais tiver ciência durante a uti- Art. 1.358-K.  Para os efeitos do
instituição e na convenção de lização; disposto nesta Seção, são equi-
condomínio em multipropriedade: IV – não modificar, alterar ou parados aos multiproprietários
I – usar e gozar, durante o substituir o mobiliário, os equi- os promitentes compradores e os
período correspondente à sua pamentos e as instalações do cessionários de direitos relativos
fração de tempo, do imóvel e de imóvel; a cada fração de tempo.
suas instalações, equipamentos V – manter o imóvel em es-
e mobiliário; tado de conservação e limpeza
II – ceder a fração de tempo condizente com os fins a que
Seção IV – Da Transferência
em locação ou comodato; se destina e com a natureza da da Multipropriedade
III – alienar a fração de tem- respectiva construção;
po, por ato entre vivos ou por VI – usar o imóvel, bem como Art. 1.358-L.  A transferência
causa de morte, a título oneroso suas instalações, equipamentos e do direito de multipropriedade e
ou gratuito, ou onerá-la, devendo mobiliário, conforme seu destino a sua produção de efeitos peran-
a alienação e a qualificação do e natureza; te terceiros dar-se-ão na forma
sucessor, ou a oneração, ser in- VII – usar o imóvel exclusiva- da lei civil e não dependerão da
formadas ao administrador; mente durante o período corres- anuência ou cientificação dos
IV – participar e votar, pes- pondente à sua fração de tempo; demais multiproprietários.
soalmente ou por intermédio de VIII – desocupar o imóvel, im- § 1o  Não haverá direito de
representante ou procurador, preterivelmente, até o dia e hora preferência na alienação de fra-
desde que esteja quite com as fixados no instrumento de insti- ção de tempo, salvo se estabele-
obrigações condominiais, em: tuição ou na convenção de con- cido no instrumento de instituição
a)  assembleia geral do con- domínio em multipropriedade, sob ou na convenção do condomínio
domínio em multipropriedade, e pena de multa diária, conforme em multipropriedade em favor
o voto do multiproprietário cor- convencionado no instrumento dos demais multiproprietários
responderá à quota de sua fração pertinente; ou do instituidor do condomínio

216
Código Civil
em multipropriedade. do condomínio edilício ou vo- art.  1.358‑O, a convenção de
§ 2o  O adquirente será soli- luntário, com os fundos comuns condomínio edilício deve prever,
dariamente responsável com o arrecadados, de todas as despe- além das matérias elencadas nos
alienante pelas obrigações de que sas comuns. arts. 1.332, 1.334 e, se for o caso,
trata o § 5o do art. 1.358‑J deste § 2o  A convenção de condo- 1.358‑G deste Código:
Código caso não obtenha a decla- mínio em multipropriedade po- I – a identificação das unida-
ração de inexistência de débitos derá regrar de forma diversa a des sujeitas ao regime da multi-
referente à fração de tempo no atribuição prevista no inciso IV propriedade, no caso de empre-
momento de sua aquisição. do § 1o deste artigo. endimentos mistos;
II – a indicação da duração
Art. 1.358-N.  O instrumento de das frações de tempo de cada
Seção V – Da Administração instituição poderá prever fração unidade autônoma sujeita ao re-
da Multipropriedade de tempo destinada à realização, gime da multipropriedade;
no imóvel e em suas instalações, III – a forma de rateio, entre os
Art. 1.358-M.  A administração em seus equipamentos e em seu multiproprietários de uma mesma
do imóvel e de suas instalações, mobiliário, de reparos indispensá- unidade autônoma, das contri-
equipamentos e mobiliário será veis ao exercício normal do direito buições condominiais relativas à
de responsabilidade da pessoa de multipropriedade. unidade, que, salvo se disciplinada
indicada no instrumento de ins- § 1o  A fração de tempo de que de forma diversa no instrumento
tituição ou na convenção de con- trata o caput deste artigo poderá de instituição ou na convenção de
domínio em multipropriedade, ou, ser atribuída: condomínio em multiproprieda-
na falta de indicação, de pessoa I – ao instituidor da multipro- de, será proporcional à fração de
escolhida em assembleia geral priedade; ou tempo de cada multiproprietário;
dos condôminos. II – aos multiproprietários, IV – a especificação das des-
§ 1o  O administrador exerce- proporcionalmente às respecti- pesas ordinárias, cujo custeio
rá, além daquelas previstas no vas frações. será obrigatório, independente-
instrumento de instituição e na § 2o  Em caso de emergência, mente do uso e gozo do imóvel e
convenção de condomínio em os reparos de que trata o caput das áreas comuns;
multipropriedade, as seguintes deste artigo poderão ser feitos V – os órgãos de administra-
atribuições: durante o período corresponden- ção da multipropriedade;
I – coordenação da utilização te à fração de tempo de um dos VI – a indicação, se for o caso,
do imóvel pelos multiproprietários multiproprietários. de que o empreendimento conta
durante o período corresponden- com sistema de administração de
te a suas respectivas frações de intercâmbio, na forma prevista no
tempo;
Seção VI – Disposições § 2o do art. 23 da Lei no 11.771, de
II – determinação, no caso dos Específicas Relativas às 17 de setembro de 2008, seja do
sistemas flutuante ou misto, dos Unidades Autônomas de período de fruição da fração de
períodos concretos de uso e gozo Condomínios Edilícios tempo, seja do local de fruição,
exclusivos de cada multiproprie- caso em que a responsabilidade
tário em cada ano; Art. 1.358-O.  O condomínio edi- e as obrigações da companhia de
III – manutenção, conserva- lício poderá adotar o regime de intercâmbio limitam-se ao con-
ção e limpeza do imóvel; multipropriedade em parte ou tido na documentação de sua
IV – troca ou substituição de na totalidade de suas unidades contratação;
instalações, equipamentos ou autônomas, mediante: VII – a competência para a im-
mobiliário, inclusive: I – previsão no instrumento posição de sanções e o respectivo
a)  determinar a necessidade de instituição; ou procedimento, especialmente nos
da troca ou substituição; II – deliberação da maioria casos de mora no cumprimento
b)  providenciar os orçamen- absoluta dos condôminos. das obrigações de custeio e nos
tos necessários para a troca ou Parágrafo único.  No caso casos de descumprimento da
substituição; previsto no inciso I do caput deste obrigação de desocupar o imóvel
c)  submeter os orçamentos artigo, a iniciativa e a responsa- até o dia e hora previstos;
à aprovação pela maioria simples bilidade para a instituição do re- VIII – o quórum exigido para
dos condôminos em assembleia; gime da multipropriedade serão a deliberação de adjudicação da
V – elaboração do orçamento atribuídas às mesmas pessoas e fração de tempo na hipótese de
anual, com previsão das receitas observarão os mesmos requisitos inadimplemento do respectivo
e despesas; indicados nas alíneas “a”, “b” e “c” multiproprietário;
VI – cobrança das quotas de e no § 1o do art. 31 da Lei no 4.591, IX – o quórum exigido para
custeio de responsabilidade dos de 16 de dezembro de 1964. a deliberação de alienação, pelo
multiproprietários; condomínio edilício, da fração de
VII – pagamento, por conta Art. 1.358-P.  Na hipótese do tempo adjudicada em virtude do

217
Código Civil
inadimplemento do respectivo mento particular. condomínio edilício regrar que em
multiproprietário. caso de inadimplência:
Art. 1.358-R.  O condomínio edi- I – o inadimplente fique proi-
Art. 1.358-Q.  Na hipótese do lício em que tenha sido instituído bido de utilizar o imóvel até a in-
art. 1.358‑O deste Código, o re- o regime de multipropriedade em tegral quitação da dívida;
gimento interno do condomínio parte ou na totalidade de suas II – a fração de tempo do ina-
edilício deve prever: unidades autônomas terá neces- dimplente passe a integrar o pool
I – os direitos dos multipro- sariamente um administrador da administradora;
prietários sobre as partes comuns profissional. III – a administradora do sis-
do condomínio edilício; § 1o  O prazo de duração do tema de locação fique automa-
II – os direitos e obrigações do contrato de administração será ticamente munida de poderes
administrador, inclusive quanto livremente convencionado. e obrigada a, por conta e ordem
ao acesso ao imóvel para cumpri- § 2o  O administrador do con- do inadimplente, utilizar a inte-
mento do dever de manutenção, domínio referido no caput deste gralidade dos valores líquidos a
conservação e limpeza; artigo será também o administra- que o inadimplente tiver direito
III – as condições e regras dor de todos os condomínios em para amortizar suas dívidas con-
para uso das áreas comuns; multipropriedade de suas unida- dominiais, seja do condomínio
IV – os procedimentos a se- des autônomas. edilício, seja do condomínio em
rem observados para uso e gozo § 3o  O administrador será multipropriedade, até sua integral
dos imóveis e das instalações, mandatário legal de todos os mul- quitação, devendo eventual saldo
equipamentos e mobiliário des- tiproprietários, exclusivamente ser imediatamente repassado ao
tinados ao regime da multipro- para a realização dos atos de ges- multiproprietário.
priedade; tão ordinária da multipropriedade,
V – o número máximo de pes- incluindo manutenção, conser- Art. 1.358-T.  O multiproprietá-
soas que podem ocupar simul- vação e limpeza do imóvel e de rio somente poderá renunciar de
taneamente o imóvel no período suas instalações, equipamentos forma translativa a seu direito de
correspondente a cada fração e mobiliário. multipropriedade em favor do
de tempo; § 4o  O administrador pode- condomínio edilício.
VI – as regras de convivência rá modificar o regimento inter- Parágrafo único.  A renúncia
entre os multiproprietários e os no quanto aos aspectos estrita- de que trata o caput deste artigo
ocupantes de unidades autôno- mente operacionais da gestão da só é admitida se o multiproprie-
mas não sujeitas ao regime da multipropriedade no condomínio tário estiver em dia com as con-
multipropriedade, quando se tra- edilício. tribuições condominiais, com os
tar de empreendimentos mistos; § 5o  O administrador pode tributos imobiliários e, se houver,
VII – a forma de contribuição, ser ou não um prestador de ser- com o foro ou a taxa de ocupação.
destinação e gestão do fundo de viços de hospedagem.
reserva específico para cada imó- Art. 1.358-U.  As convenções dos
vel, para reposição e manutenção Art. 1.358-S.  Na hipótese de condomínios edilícios, os memo-
dos equipamentos, instalações e inadimplemento, por parte do riais de loteamentos e os instru-
mobiliário, sem prejuízo do fundo multiproprietário, da obrigação mentos de venda dos lotes em
de reserva do condomínio edilício; de custeio das despesas ordiná- loteamentos urbanos poderão
VIII – a possibilidade de rea- rias ou extraordinárias, é cabível, limitar ou impedir a instituição da
lização de assembleias não pre- na forma da lei processual civil, a multipropriedade nos respectivos
senciais, inclusive por meio ele- adjudicação ao condomínio edi- imóveis, vedação que somente
trônico; lício da fração de tempo corres- poderá ser alterada no mínimo
IX – os mecanismos de par- pondente. pela maioria absoluta dos con-
ticipação e representação dos Parágrafo único.  Na hipótese dôminos.
titulares; de o imóvel objeto da multipro-
X – o funcionamento do siste- priedade ser parte integrante de
ma de reserva, os meios de con- empreendimento em que haja CAPÍTULO VIII – DA
firmação e os requisitos a serem sistema de locação das frações PROPRIEDADE RESOLÚVEL
cumpridos pelo multiproprietário de tempo no qual os titulares
quando não exercer diretamente possam ou sejam obrigados a Art. 1.359.  Resolvida a proprie-
sua faculdade de uso; locar suas frações de tempo ex- dade pelo implemento da condi-
XI – a descrição dos servi- clusivamente por meio de uma ção ou pelo advento do termo, en-
ços adicionais, se existentes, e administração única, repartindo tendem-se também resolvidos os
as regras para seu uso e custeio. entre si as receitas das locações direitos reais concedidos na sua
Parágrafo único.  O regimento independentemente da efetiva pendência, e o proprietário, em
interno poderá ser instituído por ocupação de cada unidade au- cujo favor se opera a resolução,
escritura pública ou por instru- tônoma, poderá a convenção do pode reivindicar a coisa do poder

218
Código Civil
de quem a possua ou detenha. e risco, pode usar a coisa segundo não for incompatível com a legis-
sua destinação, sendo obrigado, lação especial.
Art. 1.360.  Se a propriedade se como depositário:
resolver por outra causa super- I – a empregar na guarda da Art. 1.368-B.  A alienação fidu-
veniente, o possuidor, que a tiver coisa a diligência exigida por sua ciária em garantia de bem móvel
adquirido por título anterior à natureza; ou imóvel confere direito real de
sua resolução, será considerado II – a entregá-la ao credor, aquisição ao fiduciante, seu ces-
proprietário perfeito, restando à se a dívida não for paga no ven- sionário ou sucessor.
pessoa, em cujo benefício houve cimento. Parágrafo único.  O credor
a resolução, ação contra aque- fiduciário que se tornar proprie-
le cuja propriedade se resolveu Art. 1.364.  Vencida a dívida, e tário pleno do bem, por efeito de
para haver a própria coisa ou o não paga, fica o credor obrigado realização da garantia, mediante
seu valor. a vender, judicial ou extrajudi- consolidação da propriedade, ad-
cialmente, a coisa a terceiros, judicação, dação ou outra forma
a aplicar o preço no pagamento pela qual lhe tenha sido transmi-
CAPÍTULO IX – DA de seu crédito e das despesas de tida a propriedade plena, passa a
PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA cobrança, e a entregar o saldo, se responder pelo pagamento dos
houver, ao devedor. tributos sobre a propriedade e a
Art. 1.361.  Considera-se fidu- posse, taxas, despesas condomi-
ciária a propriedade resolúvel Art. 1.365.  É nula a cláusula que niais e quaisquer outros encar-
de coisa móvel infungível que o autoriza o proprietário fiduciário gos, tributários ou não, incidentes
devedor, com escopo de garantia, a ficar com a coisa alienada em sobre o bem objeto da garantia,
transfere ao credor. garantia, se a dívida não for paga a partir da data em que vier a ser
§ 1o  Constitui-se a proprie- no vencimento. imitido na posse direta do bem.
dade fiduciária com o registro Parágrafo único.  O devedor
do contrato, celebrado por ins- pode, com a anuência do credor,
trumento público ou particular, dar seu direito eventual à coisa CAPÍTULO X – DO FUNDO
que lhe serve de título, no Regis- em pagamento da dívida, após o DE INVESTIMENTO
tro de Títulos e Documentos do vencimento desta.
domicílio do devedor, ou, em se Art. 1.368-C.  O fundo de investi-
tratando de veículos, na reparti- Art. 1.366.  Quando, vendida a mento é uma comunhão de recur-
ção competente para o licencia- coisa, o produto não bastar para sos, constituído sob a forma de
mento, fazendo-se a anotação no o pagamento da dívida e das des- condomínio de natureza especial,
certificado de registro. pesas de cobrança, continuará o destinado à aplicação em ativos
§ 2o  Com a constituição da devedor obrigado pelo restante. financeiros, bens e direitos de
propriedade fiduciária, dá-se o qualquer natureza.
desdobramento da posse, tor- Art. 1.367.  A propriedade fiduci- § 1o  Não se aplicam ao fun-
nando-se o devedor possuidor ária em garantia de bens móveis do de investimento as disposi-
direto da coisa. ou imóveis sujeita-se às disposi- ções constantes dos arts.  1.314
§ 3o  A propriedade superve- ções do Capítulo I do Título X do ao 1.358‑A deste Código.
niente, adquirida pelo devedor, Livro III da Parte Especial deste § 2o  Competirá à Comissão
torna eficaz, desde o arquivamen- Código e, no que for específico, de Valores Mobiliários disciplinar
to, a transferência da propriedade à legislação especial pertinente, o disposto no caput deste artigo.
fiduciária. não se equiparando, para quais- § 3o  O registro dos regula-
quer efeitos, à propriedade plena mentos dos fundos de investi-
Art. 1.362.  O contrato, que serve de que trata o art. 1.231. mentos na Comissão de Valores
de título à propriedade fiduciária, Mobiliários é condição suficiente
conterá: Art. 1.368.  O terceiro, interes- para garantir a sua publicidade
I – o total da dívida, ou sua sado ou não, que pagar a dívida, e a oponibilidade de efeitos em
estimativa; se sub-rogará de pleno direito relação a terceiros.
II – o prazo, ou a época do no crédito e na propriedade fi-
pagamento; duciária. Art. 1.368-D.  O regulamento do
III – a taxa de juros, se houver; fundo de investimento poderá,
IV – a descrição da coisa ob- Art. 1.368-A.  As demais espé- observado o disposto na regu-
jeto da transferência, com os cies de propriedade fiduciária lamentação a que se refere o
elementos indispensáveis à sua ou de titularidade fiduciária sub- §  2o do art.  1.368‑C desta Lei,
identificação. metem-se à disciplina específica estabelecer:
das respectivas leis especiais, I – a limitação da responsabi-
Art. 1.363.  Antes de vencida a somente se aplicando as dispo- lidade de cada investidor ao valor
dívida, o devedor, a suas expensas sições deste Código naquilo que de suas cotas;

219
Código Civil
II – a limitação da responsabi- timento constituído por lei es- Art. 1.376.  No caso de extinção
lidade, bem como parâmetros de pecífica e regulamentado pela do direito de superfície em con-
sua aferição, dos prestadores de Comissão de Valores Mobiliários sequência de desapropriação, a
serviços do fundo de investimen- deverá, no que couber, seguir as indenização cabe ao proprietá-
to, perante o condomínio e entre disposições deste Capítulo. rio e ao superficiário, no valor
si, ao cumprimento dos deveres correspondente ao direito real
particulares de cada um, sem de cada um.
solidariedade; e TÍTULO IV – DA
III – classes de cotas com SUPERFÍCIE Art. 1.377.  O direito de super-
direitos e obrigações distintos, fície, constituído por pessoa ju-
com possibilidade de constituir Art. 1.369.  O proprietário pode rídica de direito público interno,
patrimônio segregado para cada conceder a outrem o direito de rege-se por este Código, no que
classe. construir ou de plantar em seu não for diversamente disciplinado
§ 1o  A adoção da responsa- terreno, por tempo determinado, em lei especial.
bilidade limitada por fundo de mediante escritura pública devi-
investimento constituído sem a damente registrada no Cartório
limitação de responsabilidade de Registro de Imóveis. TÍTULO V – DAS
somente abrangerá fatos ocor- Parágrafo único.  O direito SERVIDÕES
ridos após a respectiva mudança de superfície não autoriza obra
em seu regulamento. no subsolo, salvo se for inerente CAPÍTULO I – DA
§ 2o  A avaliação de respon- ao objeto da concessão. CONSTITUIÇÃO DAS
sabilidade dos prestadores de SERVIDÕES
serviço deverá levar sempre em Art. 1.370.  A concessão da su-
consideração os riscos inerentes perfície será gratuita ou onerosa; Art. 1.378.  A servidão proporcio-
às aplicações nos mercados de se onerosa, estipularão as partes na utilidade para o prédio domi-
atuação do fundo de investimen- se o pagamento será feito de uma nante, e grava o prédio serviente,
to e a natureza de obrigação de só vez, ou parceladamente. que pertence a diverso dono, e
meio de seus serviços. constitui-se mediante declaração
§ 3o  O patrimônio segrega- Art. 1.371.  O superficiário res- expressa dos proprietários, ou
do referido no inciso III do caput ponderá pelos encargos e tribu- por testamento, e subsequente
deste artigo só responderá por tos que incidirem sobre o imóvel. registro no Cartório de Registro
obrigações vinculadas à classe de Imóveis.
respectiva, nos termos do re- Art. 1.372.  O direito de superfí-
gulamento. cie pode transferir-se a terceiros Art. 1.379.  O exercício incontes-
e, por morte do superficiário, aos tado e contínuo de uma servidão
Art. 1.368-E.  Os fundos de in- seus herdeiros. aparente, por dez anos, nos ter-
vestimento respondem direta- Parágrafo único.  Não poderá mos do art. 1.242, autoriza o in-
mente pelas obrigações legais e ser estipulado pelo concedente, teressado a registrá-la em seu
contratuais por eles assumidas, a nenhum título, qualquer paga- nome no Registro de Imóveis,
e os prestadores de serviço não mento pela transferência. valendo-lhe como título a sen-
respondem por essas obrigações, tença que julgar consumado a
mas respondem pelos prejuízos Art. 1.373.  Em caso de alienação usucapião.
que causarem quando procede- do imóvel ou do direito de super- Parágrafo único.  Se o pos-
rem com dolo ou má-fé. fície, o superficiário ou o proprie- suidor não tiver título, o prazo
§ 1o  Se o fundo de investi- tário tem direito de preferência, da usucapião será de vinte anos.
mento com limitação de respon- em igualdade de condições.
sabilidade não possuir patrimô-
nio suficiente para responder Art. 1.374.  Antes do termo fi- CAPÍTULO II – DO
por suas dívidas, aplicam-se as nal, resolver-se-á a concessão EXERCÍCIO DAS SERVIDÕES
regras de insolvência previstas se o superficiário der ao terreno
nos arts. 955 a 965 deste Código. destinação diversa daquela para Art. 1.380.  O dono de uma ser-
§ 2o  A insolvência pode ser que foi concedida. vidão pode fazer todas as obras
requerida judicialmente por cre- necessárias à sua conservação
dores, por deliberação própria dos Art. 1.375.  Extinta a concessão, e uso, e, se a servidão perten-
cotistas do fundo de investimen- o proprietário passará a ter a pro- cer a mais de um prédio, serão
to, nos termos de seu regulamen- priedade plena sobre o terreno, as despesas rateadas entre os
to, ou pela Comissão de Valores construção ou plantação, inde- respectivos donos.
Mobiliários. pendentemente de indenização,
se as partes não houverem esti- Art. 1.381.  As obras a que se re-
Art. 1.368-F.  O fundo de inves- pulado o contrário. fere o artigo antecedente devem

220
Código Civil
ser feitas pelo dono do prédio ou de outro. quando não resulte de usuca-
dominante, se o contrário não pião, constituir-se-á mediante
dispuser expressamente o título. registro no Cartório de Registro
CAPÍTULO III – DA de Imóveis.
Art. 1.382.  Quando a obrigação EXTINÇÃO DAS SERVIDÕES
incumbir ao dono do prédio ser- Art. 1.392.  Salvo disposição em
viente, este poderá exonerar-se, Art. 1.387.  Salvo nas desapro- contrário, o usufruto estende-se
abandonando, total ou parcial- priações, a servidão, uma vez aos acessórios da coisa e seus
mente, a propriedade ao dono registrada, só se extingue, com acrescidos.
do dominante. respeito a terceiros, quando can- § 1o  Se, entre os acessórios
Parágrafo único.  Se o pro- celada. e os acrescidos, houver coisas
prietário do prédio dominante se Parágrafo único.  Se o prédio consumíveis, terá o usufrutuário
recusar a receber a propriedade dominante estiver hipotecado, e o dever de restituir, findo o usu-
do serviente, ou parte dela, ca- a servidão se mencionar no título fruto, as que ainda houver e, das
ber-lhe-á custear as obras. hipotecário, será também preciso, outras, o equivalente em gênero,
para a cancelar, o consentimento qualidade e quantidade, ou, não
Art. 1.383.  O dono do prédio ser- do credor. sendo possível, o seu valor, esti-
viente não poderá embaraçar de mado ao tempo da restituição.
modo algum o exercício legítimo Art. 1.388.  O dono do prédio ser- § 2o  Se há no prédio em que
da servidão. viente tem direito, pelos meios recai o usufruto florestas ou os
judiciais, ao cancelamento do recursos minerais a que se re-
Art. 1.384.  A servidão pode ser registro, embora o dono do prédio fere o art. 1.230, devem o dono
removida, de um local para outro, dominante lho impugne: e o usufrutuário prefixar-lhe a
pelo dono do prédio serviente e à I – quando o titular houver extensão do gozo e a maneira
sua custa, se em nada diminuir as renunciado a sua servidão; de exploração.
vantagens do prédio dominante, II – quando tiver cessado, para § 3o  Se o usufruto recai sobre
ou pelo dono deste e à sua custa, o prédio dominante, a utilidade ou universalidade ou quota-parte de
se houver considerável incremen- a comodidade, que determinou a bens, o usufrutuário tem direito
to da utilidade e não prejudicar o constituição da servidão; à parte do tesouro achado por
prédio serviente. III – quando o dono do prédio outrem, e ao preço pago pelo vi-
serviente resgatar a servidão. zinho do prédio usufruído, para
Art. 1.385.  Restringir-se-á o obter meação em parede, cerca,
exercício da servidão às neces- Art. 1.389.  Também se extin- muro, vala ou valado.
sidades do prédio dominante, evi- gue a servidão, ficando ao dono
tando-se, quanto possível, agra- do prédio serviente a faculdade Art. 1.393.  Não se pode transfe-
var o encargo ao prédio serviente. de fazê-la cancelar, mediante a rir o usufruto por alienação; mas
§ 1o  Constituída para certo prova da extinção: o seu exercício pode ceder-se por
fim, a servidão não se pode am- I – pela reunião dos dois pré- título gratuito ou oneroso.
pliar a outro. dios no domínio da mesma pes-
§ 2o  Nas servidões de trân- soa;
sito, a de maior inclui a de menor II – pela supressão das res- CAPÍTULO II –
ônus, e a menor exclui a mais pectivas obras por efeito de con- DOS DIREITOS DO
onerosa. trato, ou de outro título expresso; USUFRUTUÁRIO
§ 3o  Se as necessidades da III – pelo não uso, durante dez
cultura, ou da indústria, do prédio anos contínuos. Art. 1.394.  O usufrutuário tem
dominante impuserem à servi- direito à posse, uso, administra-
dão maior largueza, o dono do ção e percepção dos frutos.
serviente é obrigado a sofrê-la; TÍTULO VI – DO USUFRUTO
mas tem direito a ser indenizado CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES Art. 1.395.  Quando o usufruto
pelo excesso. recai em títulos de crédito, o usu-
GERAIS frutuário tem direito a perceber
Art. 1.386.  As servidões pre- os frutos e a cobrar as respecti-
diais são indivisíveis, e subsistem, Art. 1.390.  O usufruto pode re- vas dívidas.
no caso de divisão dos imóveis, cair em um ou mais bens, móveis Parágrafo único.  Cobradas as
em benefício de cada uma das ou imóveis, em um patrimônio dívidas, o usufrutuário aplicará,
porções do prédio dominante, inteiro, ou parte deste, abran- de imediato, a importância em tí-
e continuam a gravar cada uma gendo-lhe, no todo ou em parte, tulos da mesma natureza, ou em
das do prédio serviente, salvo os frutos e utilidades. títulos da dívida pública federal,
se, por natureza, ou destino, só com cláusula de atualização mo-
se aplicarem a certa parte de um Art. 1.391.  O usufruto de imóveis, netária segundo índices oficiais

221
Código Civil
regularmente estabelecidos. pesas de administração, entre as -rogado no valor da indenização
quais se incluirá a quantia fixada do seguro.
Art. 1.396.  Salvo direito adquiri- pelo juiz como remuneração do
do por outrem, o usufrutuário faz administrador. Art. 1.408.  Se um edifício sujeito
seus os frutos naturais, penden- a usufruto for destruído sem cul-
tes ao começar o usufruto, sem Art. 1.402.  O usufrutuário não é pa do proprietário, não será este
encargo de pagar as despesas obrigado a pagar as deteriorações obrigado a reconstruí-lo, nem o
de produção. resultantes do exercício regular usufruto se restabelecerá, se o
Parágrafo único.  Os frutos do usufruto. proprietário reconstruir à sua
naturais, pendentes ao tempo em custa o prédio; mas se a inde-
que cessa o usufruto, pertencem Art. 1.403.  Incumbem ao usu- nização do seguro for aplicada à
ao dono, também sem compen- frutuário: reconstrução do prédio, restabe-
sação das despesas. I – as despesas ordinárias de lecer-se-á o usufruto.
conservação dos bens no estado
Art. 1.397.  As crias dos animais em que os recebeu; Art. 1.409.  Também fica sub-
pertencem ao usufrutuário, dedu- II – as prestações e os tribu- -rogada no ônus do usufruto, em
zidas quantas bastem para intei- tos devidos pela posse ou rendi- lugar do prédio, a indenização
rar as cabeças de gado existentes mento da coisa usufruída. paga, se ele for desapropriado, ou
ao começar o usufruto. a importância do dano, ressarcido
Art. 1.404.  Incumbem ao dono pelo terceiro responsável no caso
Art. 1.398.  Os frutos civis, ven- as reparações extraordinárias e de danificação ou perda.
cidos na data inicial do usufruto, as que não forem de custo módi-
pertencem ao proprietário, e ao co; mas o usufrutuário lhe pagará
usufrutuário os vencidos na data os juros do capital despendido CAPÍTULO IV – DA
em que cessa o usufruto. com as que forem necessárias à EXTINÇÃO DO USUFRUTO
conservação, ou aumentarem o
Art. 1.399.  O usufrutuário pode rendimento da coisa usufruída. Art. 1.410.  O usufruto extingue-
usufruir em pessoa, ou mediante § 1o  Não se consideram mó- -se, cancelando-se o registro no
arrendamento, o prédio, mas não dicas as despesas superiores a Cartório de Registro de Imóveis:
mudar-lhe a destinação econômi- dois terços do líquido rendimento I – pela renúncia ou morte do
ca, sem expressa autorização do em um ano. usufrutuário;
proprietário. § 2o  Se o dono não fizer as II – pelo termo de sua du-
reparações a que está obrigado, ração;
e que são indispensáveis à con- III – pela extinção da pessoa
CAPÍTULO III – servação da coisa, o usufrutuário jurídica, em favor de quem o usu-
DOS DEVERES DO pode realizá-las, cobrando da- fruto foi constituído, ou, se ela
USUFRUTUÁRIO quele a importância despendida. perdurar, pelo decurso de trinta
anos da data em que se começou
Art. 1.400.  O usufrutuário, antes Art. 1.405.  Se o usufruto recair a exercer;
de assumir o usufruto, inventa- num patrimônio, ou parte deste, IV – pela cessação do motivo
riará, à sua custa, os bens que será o usufrutuário obrigado aos de que se origina;
receber, determinando o estado juros da dívida que onerar o pa- V – pela destruição da coisa,
em que se acham, e dará cau- trimônio ou a parte dele. guardadas as disposições dos
ção, fidejussória ou real, se lha arts. 1.407, 1.408, 2a parte, e 1.409;
exigir o dono, de velar-lhes pela Art. 1.406.  O usufrutuário é obri- VI – pela consolidação;
conservação, e entregá-los findo gado a dar ciência ao dono de VII – por culpa do usufrutu-
o usufruto. qualquer lesão produzida contra ário, quando aliena, deteriora,
Parágrafo único.  Não é obri- a posse da coisa, ou os direitos ou deixa arruinar os bens, não
gado à caução o doador que se re- deste. lhes acudindo com os reparos
servar o usufruto da coisa doada. de conservação, ou quando, no
Art. 1.407.  Se a coisa estiver usufruto de títulos de crédito, não
Art. 1.401.  O usufrutuário que segurada, incumbe ao usufrutu- dá às importâncias recebidas a
não quiser ou não puder dar cau- ário pagar, durante o usufruto, as aplicação prevista no parágrafo
ção suficiente perderá o direito de contribuições do seguro. único do art. 1.395;
administrar o usufruto; e, neste § 1o  Se o usufrutuário fizer VIII – pelo não uso, ou não
caso, os bens serão administra- o seguro, ao proprietário caberá fruição, da coisa em que o usu-
dos pelo proprietário, que ficará o direito dele resultante contra fruto recai (arts. 1.390 e 1.399).
obrigado, mediante caução, a o segurador.
entregar ao usufrutuário o ren- § 2o  Em qualquer hipótese, o Art. 1.411.  Constituído o usu-
dimento deles, deduzidas as des- direito do usufrutuário fica sub- fruto em favor de duas ou mais

222
Código Civil
pessoas, extinguir-se-á a parte não pactuou arrependimento, penhada, e preferir, no pagamen-
em relação a cada uma das que celebrada por instrumento públi- to, a outros credores, observada,
falecerem, salvo se, por estipu- co ou particular, e registrada no quanto à hipoteca, a prioridade
lação expressa, o quinhão desses Cartório de Registro de Imóveis, no registro.
couber ao sobrevivente. adquire o promitente comprador Parágrafo único. Excetuam-
direito real à aquisição do imóvel. -se da regra estabelecida neste
artigo as dívidas que, em virtude
TÍTULO VII – DO USO Art. 1.418.  O promitente compra- de outras leis, devam ser pagas
dor, titular de direito real, pode precipuamente a quaisquer ou-
Art. 1.412.  O usuário usará da exigir do promitente vendedor, ou tros créditos.
coisa e perceberá os seus frutos, de terceiros, a quem os direitos
quanto o exigirem as necessida- deste forem cedidos, a outorga Art. 1.423.  O credor anticrético
des suas e de sua família. da escritura definitiva de com- tem direito a reter em seu poder
§ 1o  Avaliar-se-ão as neces- pra e venda, conforme o disposto o bem, enquanto a dívida não for
sidades pessoais do usuário con- no instrumento preliminar; e, se paga; extingue-se esse direito
forme a sua condição social e o houver recusa, requerer ao juiz a decorridos quinze anos da data
lugar onde viver. adjudicação do imóvel. de sua constituição.
§ 2o  As necessidades da fa-
mília do usuário compreendem as Art. 1.424.  Os contratos de pe-
de seu cônjuge, dos filhos soltei- TÍTULO X – DO PENHOR, DA nhor, anticrese ou hipoteca de-
ros e das pessoas de seu serviço HIPOTECA E DA ANTICRESE clararão, sob pena de não terem
doméstico. eficácia:
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES I – o valor do crédito, sua es-
Art. 1.413.  São aplicáveis ao uso, GERAIS timação, ou valor máximo;
no que não for contrário à sua na- II – o prazo fixado para pa-
tureza, as disposições relativas Art. 1.419.  Nas dívidas garanti- gamento;
ao usufruto. das por penhor, anticrese ou hi- III – a taxa dos juros, se hou-
poteca, o bem dado em garantia ver;
fica sujeito, por vínculo real, ao IV – o bem dado em garantia
TÍTULO VIII – DA cumprimento da obrigação. com as suas especificações.
HABITAÇÃO
Art. 1.420.  Só aquele que pode Art. 1.425.  A dívida considera-
Art. 1.414.  Quando o uso consis- alienar poderá empenhar, hipo- -se vencida:
tir no direito de habitar gratuita- tecar ou dar em anticrese; só I – se, deteriorando-se, ou
mente casa alheia, o titular deste os bens que se podem alienar depreciando-se o bem dado em
direito não a pode alugar, nem poderão ser dados em penhor, segurança, desfalcar a garantia,
emprestar, mas simplesmente anticrese ou hipoteca. e o devedor, intimado, não a re-
ocupá-la com sua família. § 1o  A propriedade superve- forçar ou substituir;
niente torna eficaz, desde o re- II – se o devedor cair em in-
Art. 1.415.  Se o direito real de gistro, as garantias reais estabe- solvência ou falir;
habitação for conferido a mais lecidas por quem não era dono. III – se as prestações não fo-
de uma pessoa, qualquer delas § 2o  A coisa comum a dois rem pontualmente pagas, toda
que sozinha habite a casa não ou mais proprietários não pode vez que deste modo se achar
terá de pagar aluguel à outra, ou ser dada em garantia real, na sua estipulado o pagamento. Neste
às outras, mas não as pode inibir totalidade, sem o consentimen- caso, o recebimento posterior
de exercerem, querendo, o direi- to de todos; mas cada um pode da prestação atrasada importa
to, que também lhes compete, de individualmente dar em garantia renúncia do credor ao seu direito
habitá-la. real a parte que tiver. de execução imediata;
IV – se perecer o bem dado
Art. 1.416.  São aplicáveis à ha- Art. 1.421.  O pagamento de uma em garantia, e não for substituído;
bitação, no que não for contrário ou mais prestações da dívida não V – se se desapropriar o bem
à sua natureza, as disposições importa exoneração correspon- dado em garantia, hipótese na
relativas ao usufruto. dente da garantia, ainda que esta qual se depositará a parte do
compreenda vários bens, salvo preço que for necessária para o
disposição expressa no título ou pagamento integral do credor.
TÍTULO IX – DO DIREITO DO na quitação. § 1o  Nos casos de perecimen-
PROMITENTE COMPRADOR to da coisa dada em garantia, esta
Art. 1.422.  O credor hipotecário se sub-rogará na indenização
Art. 1.417.  Mediante promessa e o pignoratício têm o direito de do seguro, ou no ressarcimento
de compra e venda, em que se excutir a coisa hipotecada ou em- do dano, em benefício do cre-

223
Código Civil
dor, a quem assistirá sobre ela CAPÍTULO II – DO PENHOR Art. 1.434.  O credor não pode
preferência até seu completo ser constrangido a devolver a coi-
reembolso. Seção I – Da Constituição do sa empenhada, ou uma parte dela,
§ 2o  Nos casos dos incisos Penhor antes de ser integralmente pago,
IV e V, só se vencerá a hipoteca podendo o juiz, a requerimento do
antes do prazo estipulado, se o Art. 1.431.  Constitui-se o penhor proprietário, determinar que seja
perecimento, ou a desapropria- pela transferência efetiva da pos- vendida apenas uma das coisas,
ção recair sobre o bem dado em se que, em garantia do débito ao ou parte da coisa empenhada,
garantia, e esta não abranger credor ou a quem o represente, suficiente para o pagamento do
outras; subsistindo, no caso con- faz o devedor, ou alguém por ele, credor.
trário, a dívida reduzida, com a de uma coisa móvel, suscetível
respectiva garantia sobre os de- de alienação.
mais bens, não desapropriados Parágrafo único.  No penhor
Seção III – Das Obrigações
ou destruídos. rural, industrial, mercantil e de do Credor Pignoratício
veículos, as coisas empenhadas
Art. 1.426.  Nas hipóteses do ar- continuam em poder do devedor, Art. 1.435.  O credor pignoratício
tigo anterior, de vencimento ante- que as deve guardar e conservar. é obrigado:
cipado da dívida, não se compre- I – à custódia da coisa, como
endem os juros correspondentes Art. 1.432.  O instrumento do depositário, e a ressarcir ao dono
ao tempo ainda não decorrido. penhor deverá ser levado a re- a perda ou deterioração de que
gistro, por qualquer dos contra- for culpado, podendo ser com-
Art. 1.427.  Salvo cláusula ex- tantes; o do penhor comum será pensada na dívida, até a concor-
pressa, o terceiro que presta ga- registrado no Cartório de Títulos rente quantia, a importância da
rantia real por dívida alheia não e Documentos. responsabilidade;
fica obrigado a substituí-la, ou II – à defesa da posse da coi-
reforçá-la, quando, sem culpa sa empenhada e a dar ciência, ao
sua, se perca, deteriore, ou des-
Seção II – Dos Direitos do dono dela, das circunstâncias que
valorize. Credor Pignoratício tornarem necessário o exercício
de ação possessória;
Art. 1.428.  É nula a cláusula que Art. 1.433.  O credor pignoratício III – a imputar o valor dos fru-
autoriza o credor pignoratício, tem direito: tos, de que se apropriar (art. 1.433,
anticrético ou hipotecário a ficar I – à posse da coisa empe- inciso V) nas despesas de guarda
com o objeto da garantia, se a dí- nhada; e conservação, nos juros e no
vida não for paga no vencimento. II – à retenção dela, até que capital da obrigação garantida,
Parágrafo único.  Após o ven- o indenizem das despesas devi- sucessivamente;
cimento, poderá o devedor dar a damente justificadas, que tiver IV – a restituí-la, com os res-
coisa em pagamento da dívida. feito, não sendo ocasionadas por pectivos frutos e acessões, uma
culpa sua; vez paga a dívida;
Art. 1.429.  Os sucessores do III – ao ressarcimento do pre- V – a entregar o que sobeje do
devedor não podem remir par- juízo que houver sofrido por vício preço, quando a dívida for paga,
cialmente o penhor ou a hipoteca da coisa empenhada; no caso do inciso IV do art. 1.433.
na proporção dos seus quinhões; IV – a promover a execução
qualquer deles, porém, pode fa- judicial, ou a venda amigável, se
zê-lo no todo. lhe permitir expressamente o
Seção IV – Da Extinção do
Parágrafo único.  O herdeiro contrato, ou lhe autorizar o de- Penhor
ou sucessor que fizer a remição vedor mediante procuração;
fica sub-rogado nos direitos do V – a apropriar-se dos frutos Art. 1.436.  Extingue-se o pe-
credor pelas quotas que houver da coisa empenhada que se en- nhor:
satisfeito. contra em seu poder; I – extinguindo-se a obriga-
VI – a promover a venda an- ção;
Art. 1.430.  Quando, excutido o tecipada, mediante prévia auto- II – perecendo a coisa;
penhor, ou executada a hipoteca, rização judicial, sempre que haja III – renunciando o credor;
o produto não bastar para paga- receio fundado de que a coisa IV – confundindo-se na mes-
mento da dívida e despesas judi- empenhada se perca ou deteriore, ma pessoa as qualidades de cre-
ciais, continuará o devedor obri- devendo o preço ser depositado. dor e de dono da coisa;
gado pessoalmente pelo restante. O dono da coisa empenhada pode V – dando-se a adjudicação
impedir a venda antecipada, subs- judicial, a remissão ou a venda
tituindo-a, ou oferecendo outra da coisa empenhada, feita pelo
garantia real idônea. credor ou por ele autorizada.
§ 1o  Presume-se a renúncia

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Código Civil
do credor quando consentir na empenhadas, inspecionando-as ma espécie, comprados para
venda particular do penhor sem onde se acharem, por si ou por substituir os mortos, ficam sub-
reserva de preço, quando resti- pessoa que credenciar. -rogados no penhor.
tuir a sua posse ao devedor, ou Parágrafo único. Presume-
quando anuir à sua substituição -se a substituição prevista nes-
por outra garantia.
Subseção II – Do Penhor te artigo, mas não terá eficácia
§ 2o  Operando-se a confu- Agrícola contra terceiros, se não constar
são tão somente quanto a parte de menção adicional ao respec-
da dívida pignoratícia, subsistirá Art. 1.442.  Podem ser objeto tivo contrato, a qual deverá ser
inteiro o penhor quanto ao resto. de penhor: averbada.
I – máquinas e instrumentos
Art. 1.437.  Produz efeitos a ex- de agricultura;
tinção do penhor depois de aver- II – colheitas pendentes, ou
Seção VI – Do Penhor
bado o cancelamento do registro, em via de formação; Industrial e Mercantil
à vista da respectiva prova. III – frutos acondicionados ou
armazenados; Art. 1.447.  Podem ser objeto
IV – lenha cortada e carvão de penhor máquinas, aparelhos,
Seção V – Do Penhor Rural vegetal; materiais, instrumentos, instala-
Subseção I – Disposições V – animais do serviço ordiná- dos e em funcionamento, com os
Gerais rio de estabelecimento agrícola. acessórios ou sem eles; animais,
utilizados na indústria; sal e bens
Art. 1.438.  Constitui-se o penhor Art. 1.443.  O penhor agrícola destinados à exploração das sa-
rural mediante instrumento pú- que recai sobre colheita penden- linas; produtos de suinocultura,
blico ou particular, registrado no te, ou em via de formação, abran- animais destinados à industria-
Cartório de Registro de Imóveis da ge a imediatamente seguinte, no lização de carnes e derivados;
circunscrição em que estiverem caso de frustrar-se ou ser insufi- matérias-primas e produtos in-
situadas as coisas empenhadas. ciente a que se deu em garantia. dustrializados.
Parágrafo único. Prometen- Parágrafo único.  Se o credor Parágrafo único. Regula-se
do pagar em dinheiro a dívida, não financiar a nova safra, poderá pelas disposições relativas aos
que garante com penhor rural, o o devedor constituir com outrem armazéns gerais o penhor das
devedor poderá emitir, em favor novo penhor, em quantia máxima mercadorias neles depositadas.
do credor, cédula rural pignora- equivalente à do primeiro; o se-
tícia, na forma determinada em gundo penhor terá preferência Art. 1.448.  Constitui-se o pe-
lei especial. sobre o primeiro, abrangendo nhor industrial, ou o mercantil,
este apenas o excesso apurado mediante instrumento público
Art. 1.439.  O penhor agrícola na colheita seguinte. ou particular, registrado no Car-
e o penhor pecuário não podem tório de Registro de Imóveis da
ser convencionados por prazos circunscrição onde estiverem
superiores aos das obrigações
Subseção III – Do Penhor situadas as coisas empenhadas.
garantidas. Pecuário Parágrafo único. Prometendo
§ 1o  Embora vencidos os pra- pagar em dinheiro a dívida, que
zos, permanece a garantia, en- Art. 1.444.  Podem ser objeto de garante com penhor industrial
quanto subsistirem os bens que penhor os animais que integram ou mercantil, o devedor poderá
a constituem. a atividade pastoril, agrícola ou emitir, em favor do credor, cédula
§ 2o  A prorrogação deve ser de lacticínios. do respectivo crédito, na forma
averbada à margem do registro e para os fins que a lei especial
respectivo, mediante requeri- Art. 1.445.  O devedor não pode- determinar.
mento do credor e do devedor. rá alienar os animais empenhados
sem prévio consentimento, por Art. 1.449.  O devedor não pode,
Art. 1.440.  Se o prédio estiver escrito, do credor. sem o consentimento por escrito
hipotecado, o penhor rural poderá Parágrafo único.  Quando o do credor, alterar as coisas em-
constituir-se independentemente devedor pretende alienar o gado penhadas ou mudar-lhes a situa-
da anuência do credor hipotecá- empenhado ou, por negligência, ção, nem delas dispor. O devedor
rio, mas não lhe prejudica o direi- ameace prejudicar o credor, po- que, anuindo o credor, alienar
to de preferência, nem restringe derá este requerer se depositem as coisas empenhadas, deverá
a extensão da hipoteca, ao ser os animais sob a guarda de ter- repor outros bens da mesma na-
executada. ceiro, ou exigir que se lhe pague tureza, que ficarão sub-rogados
a dívida de imediato. no penhor.
Art. 1.441.  Tem o credor direito
a verificar o estado das coisas Art. 1.446.  Os animais da mes- Art. 1.450.  Tem o credor direito

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Código Civil
a verificar o estado das coisas só ao credor pignoratício, cujo Seção VIII – Do Penhor de
empenhadas, inspecionando-as direito prefira aos demais, o de- Veículos
onde se acharem, por si ou por vedor deve pagar; responde por
pessoa que credenciar. perdas e danos aos demais cre- Art. 1.461.  Podem ser objeto de
dores o credor preferente que, penhor os veículos empregados
notificado por qualquer um deles, em qualquer espécie de trans-
Seção VII – Do Penhor de não promover oportunamente a porte ou condução.
Direitos e Títulos de Crédito cobrança.
Art. 1.462.  Constitui-se o pe-
Art. 1.451.  Podem ser objeto de Art. 1.457.  O titular do crédi- nhor, a que se refere o artigo
penhor direitos, suscetíveis de to empenhado só pode receber antecedente, mediante instru-
cessão, sobre coisas móveis. o pagamento com a anuência, mento público ou particular, re-
por escrito, do credor pignora- gistrado no Cartório de Títulos e
Art. 1.452.  Constitui-se o penhor tício, caso em que o penhor se Documentos do domicílio do de-
de direito mediante instrumento extinguirá. vedor, e anotado no certificado
público ou particular, registrado de propriedade.
no Registro de Títulos e Docu- Art. 1.458.  O penhor, que recai Parágrafo único. Prometendo
mentos. sobre título de crédito, constitui- pagar em dinheiro a dívida ga-
Parágrafo único.  O titular de -se mediante instrumento público rantida com o penhor, poderá o
direito empenhado deverá entre- ou particular ou endosso pigno- devedor emitir cédula de crédito,
gar ao credor pignoratício os do- ratício, com a tradição do título na forma e para os fins que a lei
cumentos comprobatórios desse ao credor, regendo-se pelas Dis- especial determinar.
direito, salvo se tiver interesse posições Gerais deste Título e, no
legítimo em conservá-los. que couber, pela presente Seção. Art. 1.463.  (Revogado)

Art. 1.453.  O penhor de crédito Art. 1.459.  Ao credor, em penhor Art. 1.464.  Tem o credor direito
não tem eficácia senão quando de título de crédito, compete o a verificar o estado do veículo em-
notificado ao devedor; por noti- direito de: penhado, inspecionando-o onde
ficado tem-se o devedor que, em I – conservar a posse do título se achar, por si ou por pessoa que
instrumento público ou particular, e recuperá-la de quem quer que credenciar.
declarar-se ciente da existência o detenha;
do penhor. II – usar dos meios judiciais Art. 1.465.  A alienação, ou a
convenientes para assegurar os mudança, do veículo empenha-
Art. 1.454.  O credor pignoratício seus direitos, e os do credor do do sem prévia comunicação ao
deve praticar os atos necessários título empenhado; credor importa no vencimento an-
à conservação e defesa do direi- III – fazer intimar ao devedor tecipado do crédito pignoratício.
to empenhado e cobrar os juros do título que não pague ao seu
e mais prestações acessórias credor, enquanto durar o penhor; Art. 1.466.  O penhor de veí-
compreendidas na garantia. IV – receber a importância culos só se pode convencionar
consubstanciada no título e os pelo prazo máximo de dois anos,
Art. 1.455.  Deverá o credor pig- respectivos juros, se exigíveis, prorrogável até o limite de igual
noratício cobrar o crédito em- restituindo o título ao devedor, tempo, averbada a prorrogação à
penhado, assim que se torne quando este solver a obrigação. margem do registro respectivo.
exigível. Se este consistir numa
prestação pecuniária, depositará Art. 1.460.  O devedor do título
a importância recebida, de acordo empenhado que receber a inti-
Seção IX – Do Penhor Legal
com o devedor pignoratício, ou mação prevista no inciso III do
onde o juiz determinar; se con- artigo antecedente, ou se der Art. 1.467.  São credores pigno-
sistir na entrega da coisa, nesta por ciente do penhor, não poderá ratícios, independentemente de
se sub-rogará o penhor. pagar ao seu credor. Se o fizer, convenção:
Parágrafo único. Estando responderá solidariamente por I – os hospedeiros, ou forne-
vencido o crédito pignoratício, este, por perdas e danos, perante cedores de pousada ou alimento,
tem o credor direito a reter, da o credor pignoratício. sobre as bagagens, móveis, joias
quantia recebida, o que lhe é de- Parágrafo único.  Se o cre- ou dinheiro que os seus consumi-
vido, restituindo o restante ao dor der quitação ao devedor do dores ou fregueses tiverem con-
devedor; ou a excutir a coisa a título empenhado, deverá saldar sigo nas respectivas casas ou es-
ele entregue. imediatamente a dívida, em cuja tabelecimentos, pelas despesas
garantia se constituiu o penhor. ou consumo que aí tiverem feito;
Art. 1.456.  Se o mesmo crédito II – o dono do prédio rústico
for objeto de vários penhores, ou urbano, sobre os bens móveis

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Código Civil
que o rendeiro ou inquilino tiver § 1o  A hipoteca dos navios e execução da hipoteca, o credor da
guarnecendo o mesmo prédio, das aeronaves reger-se-á pelo segunda depositará a importância
pelos aluguéis ou rendas. disposto em lei especial. do débito e as despesas judiciais.
§ 2o  Os direitos de garantia
Art. 1.468.  A conta das dívidas instituídos nas hipóteses dos in- Art. 1.479.  O adquirente do imó-
enumeradas no inciso I do artigo cisos IX e X do caput deste artigo vel hipotecado, desde que não se
antecedente será extraída con- ficam limitados à duração da con- tenha obrigado pessoalmente a
forme a tabela impressa, prévia e cessão ou direito de superfície, pagar as dívidas aos credores
ostensivamente exposta na casa, caso tenham sido transferidos hipotecários, poderá exonerar-se
dos preços de hospedagem, da por período determinado. da hipoteca, abandonando-lhes
pensão ou dos gêneros forne- o imóvel.
cidos, sob pena de nulidade do Art. 1.474.  A hipoteca abrange
penhor. todas as acessões, melhoramen- Art. 1.480.  O adquirente noti-
tos ou construções do imóvel. ficará o vendedor e os credores
Art. 1.469.  Em cada um dos ca- Subsistem os ônus reais cons- hipotecários, deferindo-lhes, con-
sos do art. 1.467, o credor poderá tituídos e registrados, anterior- juntamente, a posse do imóvel, ou
tomar em garantia um ou mais mente à hipoteca, sobre o mes- o depositará em juízo.
objetos até o valor da dívida. mo imóvel. Parágrafo único.  Poderá o
adquirente exercer a faculdade de
Art. 1.470.  Os credores, com- Art. 1.475.  É nula a cláusula que abandonar o imóvel hipotecado,
preendidos no art. 1.467, podem proíbe ao proprietário alienar imó- até as vinte e quatro horas sub-
fazer efetivo o penhor, antes de vel hipotecado. sequentes à citação, com que se
recorrerem à autoridade judici- Parágrafo único.  Pode con- inicia o procedimento executivo.
ária, sempre que haja perigo na vencionar-se que vencerá o cré-
demora, dando aos devedores dito hipotecário, se o imóvel for Art. 1.481.  Dentro em trinta dias,
comprovante dos bens de que alienado. contados do registro do título
se apossarem. aquisitivo, tem o adquirente do
Art. 1.476.  O dono do imóvel imóvel hipotecado o direito de
Art. 1.471.  Tomado o penhor, re- hipotecado pode constituir outra remi-lo, citando os credores hi-
quererá o credor, ato contínuo, a hipoteca sobre ele, mediante novo potecários e propondo importân-
sua homologação judicial. título, em favor do mesmo ou de cia não inferior ao preço por que
outro credor. o adquiriu.
Art. 1.472.  Pode o locatário im- § 1o  Se o credor impugnar o
pedir a constituição do penhor Art. 1.477.  Salvo o caso de in- preço da aquisição ou a impor-
mediante caução idônea. solvência do devedor, o credor da tância oferecida, realizar-se-á
segunda hipoteca, embora venci- licitação, efetuando-se a venda
da, não poderá executar o imóvel judicial a quem oferecer maior
CAPÍTULO III – DA antes de vencida a primeira. preço, assegurada preferência
HIPOTECA Parágrafo único.  Não se con- ao adquirente do imóvel.
sidera insolvente o devedor por § 2o  Não impugnado pelo
Seção I – Disposições Gerais
faltar ao pagamento das obriga- credor, o preço da aquisição ou
ções garantidas por hipotecas o preço proposto pelo adquirente,
Art. 1.473.  Podem ser objeto posteriores à primeira. haver-se-á por definitivamente
de hipoteca: fixado para a remissão do imóvel,
I – os imóveis e os acessó- Art. 1.478.  Se o devedor da obri- que ficará livre de hipoteca, uma
rios dos imóveis conjuntamente gação garantida pela primeira vez pago ou depositado o preço.
com eles; hipoteca não se oferecer, no ven- § 3o  Se o adquirente deixar
II – o domínio direto; cimento, para pagá-la, o credor de remir o imóvel, sujeitando-o a
III – o domínio útil; da segunda pode promover-lhe execução, ficará obrigado a res-
IV – as estradas de ferro; a extinção, consignando a im- sarcir os credores hipotecários da
V – os recursos naturais a que portância e citando o primeiro desvalorização que, por sua culpa,
se refere o art. 1.230, independen- credor para recebê-la e o devedor o mesmo vier a sofrer, além das
temente do solo onde se acham; para pagá-la; se este não pagar, despesas judiciais da execução.
VI – os navios; o segundo credor, efetuando o § 4o  Disporá de ação regres-
VII – as aeronaves; pagamento, se sub-rogará nos siva contra o vendedor o adqui-
VIII – o direito de uso especial direitos da hipoteca anterior, sem rente que ficar privado do imóvel
para fins de moradia; prejuízo dos que lhe competirem em consequência de licitação ou
IX – o direito real de uso; contra o devedor comum. penhora, o que pagar a hipoteca,
X – a propriedade superfi- Parágrafo único.  Se o primei- o que, por causa de adjudicação
ciária. ro credor estiver promovendo a ou licitação, desembolsar com o

227
Código Civil
pagamento da hipoteca impor- lote ou unidade autônoma, se o tulos da dívida pública federal ou
tância excedente à da compra e requererem ao juiz o credor, o estadual, recebidos pelo valor de
o que suportar custas e despesas devedor ou os donos, obedecida sua cotação mínima no ano cor-
judiciais. a proporção entre o valor de cada rente; ou por outra garantia, a
um deles e o crédito. critério do juiz, a requerimento
Art. 1.482.  (Revogado) § 1o  O credor só poderá se do devedor.
opor ao pedido de desmembra-
Art. 1.483.  (Revogado) mento do ônus, provando que o
mesmo importa em diminuição
Seção III – Do Registro da
Art. 1.484.  É lícito aos interessa- de sua garantia. Hipoteca
dos fazer constar das escrituras o § 2o  Salvo convenção em
valor entre si ajustado dos imóveis contrário, todas as despesas ju- Art. 1.492.  As hipotecas serão
hipotecados, o qual, devidamente diciais ou extrajudiciais neces- registradas no cartório do lugar
atualizado, será a base para as sárias ao desmembramento do do imóvel, ou no de cada um de-
arrematações, adjudicações e ônus correm por conta de quem les, se o título se referir a mais
remições, dispensada a avaliação. o requerer. de um.
§ 3o O desmembramento Parágrafo único. Compete
Art. 1.485.  Mediante simples do ônus não exonera o devedor aos interessados, exibido o título,
averbação, requerida por ambas originário da responsabilidade a requerer o registro da hipoteca.
as partes, poderá prorrogar-se que se refere o art. 1.430, salvo
a hipoteca, até 30 (trinta) anos anuência do credor. Art. 1.493.  Os registros e aver-
da data do contrato. Desde que bações seguirão a ordem em que
perfaça esse prazo, só poderá forem requeridas, verificando-se
subsistir o contrato de hipoteca
Seção II – Da Hipoteca Legal ela pela da sua numeração suces-
reconstituindo-se por novo título siva no protocolo.
e novo registro; e, nesse caso, lhe Art. 1.489.  A lei confere hipo- Parágrafo único.  O número
será mantida a precedência, que teca: de ordem determina a priorida-
então lhe competir. I – às pessoas de direito pú- de, e esta a preferência entre as
blico interno (art.  41) sobre os hipotecas.
Art. 1.486.  Podem o credor e o imóveis pertencentes aos encar-
devedor, no ato constitutivo da regados da cobrança, guarda ou Art. 1.494.  (Revogado)
hipoteca, autorizar a emissão administração dos respectivos
da correspondente cédula hipo- fundos e rendas; Art. 1.495.  Quando se apresen-
tecária, na forma e para os fins II – aos filhos, sobre os imó- tar ao oficial do registro título de
previstos em lei especial. veis do pai ou da mãe que passar hipoteca que mencione a consti-
a outras núpcias, antes de fazer tuição de anterior, não registra-
Art. 1.487.  A hipoteca pode ser o inventário do casal anterior; da, sobrestará ele na inscrição
constituída para garantia de dívi- III – ao ofendido, ou aos seus da nova, depois de a prenotar,
da futura ou condicionada, desde herdeiros, sobre os imóveis do até trinta dias, aguardando que
que determinado o valor máximo delinquente, para satisfação do o interessado inscreva a prece-
do crédito a ser garantido. dano causado pelo delito e pa- dente; esgotado o prazo, sem que
§ 1o  Nos casos deste artigo, gamento das despesas judiciais; se requeira a inscrição desta, a
a execução da hipoteca depen- IV – ao coerdeiro, para ga- hipoteca ulterior será registrada
derá de prévia e expressa con- rantia do seu quinhão ou torna e obterá preferência.
cordância do devedor quanto à da partilha, sobre o imóvel ad-
verificação da condição, ou ao judicado ao herdeiro reponente; Art. 1.496.  Se tiver dúvida sobre
montante da dívida. V – ao credor sobre o imóvel a legalidade do registro requerido,
§ 2o  Havendo divergência en- arrematado, para garantia do pa- o oficial fará, ainda assim, a pre-
tre o credor e o devedor, caberá gamento do restante do preço da notação do pedido. Se a dúvida,
àquele fazer prova de seu crédito. arrematação. dentro em noventa dias, for julga-
Reconhecido este, o devedor res- da improcedente, o registro efe-
ponderá, inclusive, por perdas e Art. 1.490.  O credor da hipote- tuar-se-á com o mesmo número
danos, em razão da superveniente ca legal, ou quem o represente, que teria na data da prenotação;
desvalorização do imóvel. poderá, provando a insuficiência no caso contrário, cancelada esta,
dos imóveis especializados, exigir receberá o registro o número
Art. 1.488.  Se o imóvel, dado do devedor que seja reforçado correspondente à data em que
em garantia hipotecária, vier a com outros. se tornar a requerer.
ser loteado, ou se nele se consti-
tuir condomínio edilício, poderá o Art. 1.491.  A hipoteca legal pode Art. 1.497.  As hipotecas legais,
ônus ser dividido, gravando cada ser substituída por caução de tí- de qualquer natureza, deverão

228
Código Civil
ser registradas e especializadas. Art. 1.503.  Os credores hipo- anualmente balanço, exato e fiel,
§ 1o  O registro e a especia- tecários não podem embaraçar de sua administração.
lização das hipotecas legais in- a exploração da linha, nem con- § 1o  Se o devedor anticrético
cumbem a quem está obrigado trariar as modificações, que a ad- não concordar com o que se con-
a prestar a garantia, mas os in- ministração deliberar, no leito da tém no balanço, por ser inexato,
teressados podem promover a estrada, em suas dependências, ou ruinosa a administração, po-
inscrição delas, ou solicitar ao ou no seu material. derá impugná-lo, e, se o quiser,
Ministério Público que o faça. requerer a transformação em
§ 2o  As pessoas, às quais in- Art. 1.504.  A hipoteca será cir- arrendamento, fixando o juiz o
cumbir o registro e a especializa- cunscrita à linha ou às linhas valor mensal do aluguel, o qual
ção das hipotecas legais, estão especificadas na escritura e ao poderá ser corrigido anualmente.
sujeitas a perdas e danos pela respectivo material de explora- § 2 o O credor anticréti-
omissão. ção, no estado em que ao tempo co pode, salvo pacto em senti-
da execução estiverem; mas os do contrário, arrendar os bens
Art. 1.498.  Vale o registro da credores hipotecários poderão dados em anticrese a terceiro,
hipoteca, enquanto a obrigação opor-se à venda da estrada, à de mantendo, até ser pago, direito
perdurar; mas a especialização, suas linhas, de seus ramais ou de de retenção do imóvel, embora o
em completando vinte anos, deve parte considerável do material aluguel desse arrendamento não
ser renovada. de exploração; bem como à fu- seja vinculativo para o devedor.
são com outra empresa, sempre
que com isso a garantia do débito Art. 1.508.  O credor anticrético
Seção IV – Da Extinção da enfraquecer. responde pelas deteriorações
Hipoteca que, por culpa sua, o imóvel vier
Art. 1.505.  Na execução das hi- a sofrer, e pelos frutos e rendi-
Art. 1.499.  A hipoteca extin- potecas será intimado o repre- mentos que, por sua negligência,
gue-se: sentante da União ou do Estado, deixar de perceber.
I – pela extinção da obrigação para, dentro em quinze dias, remir
principal; a estrada de ferro hipotecada, Art. 1.509.  O credor anticrético
II – pelo perecimento da coi- pagando o preço da arrematação pode vindicar os seus direitos
sa; ou da adjudicação. contra o adquirente dos bens,
III – pela resolução da pro- os credores quirografários e os
priedade; hipotecários posteriores ao re-
IV – pela renúncia do credor; CAPÍTULO IV – DA gistro da anticrese.
V – pela remição; ANTICRESE § 1o  Se executar os bens por
VI – pela arrematação ou ad- falta de pagamento da dívida, ou
judicação. Art. 1.506.  Pode o devedor ou permitir que outro credor o exe-
outrem por ele, com a entrega cute, sem opor o seu direito de
Art. 1.500.  Extingue-se ainda do imóvel ao credor, ceder-lhe retenção ao exequente, não terá
a hipoteca com a averbação, no o direito de perceber, em com- preferência sobre o preço.
Registro de Imóveis, do cance- pensação da dívida, os frutos e § 2o  O credor anticrético não
lamento do registro, à vista da rendimentos. terá preferência sobre a indeni-
respectiva prova. § 1o  É permitido estipular que zação do seguro, quando o pré-
os frutos e rendimentos do imóvel dio seja destruído, nem, se forem
Art. 1.501.  Não extinguirá a hi- sejam percebidos pelo credor à desapropriados os bens, com re-
poteca, devidamente registrada, conta de juros, mas se o seu valor lação à desapropriação.
a arrematação ou adjudicação, ultrapassar a taxa máxima per-
sem que tenham sido notifica- mitida em lei para as operações Art. 1.510.  O adquirente dos bens
dos judicialmente os respectivos financeiras, o remanescente será dados em anticrese poderá re-
credores hipotecários, que não imputado ao capital. mi-los, antes do vencimento da
forem de qualquer modo partes § 2o  Quando a anticrese re- dívida, pagando a sua totalidade
na execução. cair sobre bem imóvel, este pode- à data do pedido de remição e
rá ser hipotecado pelo devedor ao imitir-se-á, se for o caso, na sua
credor anticrético, ou a terceiros, posse.
Seção V – Da Hipoteca de assim como o imóvel hipotecado
Vias Férreas poderá ser dado em anticrese.
TÍTULO XI – DA LAJE
Art. 1.502.  As hipotecas sobre Art. 1.507.  O credor anticrético
as estradas de ferro serão regis- pode administrar os bens dados Art. 1.510-A.  O proprietário de
tradas no Município da estação em anticrese e fruir seus frutos e uma construção-base poderá
inicial da respectiva linha. utilidades, mas deverá apresentar ceder a superfície superior ou

229
Código Civil
inferior de sua construção a fim e o titular da laje, na proporção sobre o subsolo;
de que o titular da laje mantenha que venha a ser estipulada em II – se a construção-base for
unidade distinta daquela original- contrato. reconstruída no prazo de 5 (cin-
mente construída sobre o solo. § 1o  São partes que servem co) anos.
§ 1o  O direito real de laje a todo o edifício: Parágrafo único.  O disposto
contempla o espaço aéreo ou o I – os alicerces, colunas, pila- neste artigo não afasta o direito
subsolo de terrenos públicos ou res, paredes-mestras e todas as a eventual reparação civil contra
privados, tomados em projeção partes restantes que constituam o culpado pela ruína.
vertical, como unidade imobiliária a estrutura do prédio;
autônoma, não contemplando as II – o telhado ou os terraços de
demais áreas edificadas ou não cobertura, ainda que destinados LIVRO IV – DO DIREITO DE
pertencentes ao proprietário da ao uso exclusivo do titular da laje; FAMÍLIA
construção-base. III – as instalações gerais de
§ 2o  O titular do direito real água, esgoto, eletricidade, aque- TÍTULO I – DO DIREITO
de laje responderá pelos encargos cimento, ar condicionado, gás, PESSOAL
e tributos que incidirem sobre a comunicações e semelhantes
sua unidade. que sirvam a todo o edifício; e SUBTÍTULO I – DO
§ 3o  Os titulares da laje, uni- IV – em geral, as coisas que CASAMENTO
dade imobiliária autônoma cons- sejam afetadas ao uso de todo
tituída em matrícula própria, po- o edifício.
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
derão dela usar, gozar e dispor. § 2o  É assegurado, em qual- GERAIS
§ 4o  A instituição do direito quer caso, o direito de qualquer
real de laje não implica a atribui- interessado em promover repa- Art. 1.511.  O casamento esta-
ção de fração ideal de terreno ao rações urgentes na construção belece comunhão plena de vida,
titular da laje ou a participação na forma do parágrafo único do com base na igualdade de direitos
proporcional em áreas já edi- art. 249 deste Código. e deveres dos cônjuges.
ficadas.
§ 5o  Os Municípios e o Distri- Art. 1.510-D.  Em caso de alie- Art. 1.512.  O casamento é civil e
to Federal poderão dispor sobre nação de qualquer das unidades gratuita a sua celebração.
posturas edilícias e urbanísticas sobrepostas, terão direito de pre- Parágrafo único.  A habilita-
associadas ao direito real de laje. ferência, em igualdade de condi- ção para o casamento, o registro e
§ 6o  O titular da laje poderá ções com terceiros, os titulares a primeira certidão serão isentos
ceder a superfície de sua cons- da construção-base e da laje, de selos, emolumentos e custas,
trução para a instituição de um nessa ordem, que serão cienti- para as pessoas cuja pobreza for
sucessivo direito real de laje, des- ficados por escrito para que se declarada, sob as penas da lei.
de que haja autorização expressa manifestem no prazo de trinta
dos titulares da construção-base dias, salvo se o contrato dispuser Art. 1.513.  É defeso a qualquer
e das demais lajes, respeitadas as de modo diverso. pessoa, de direito público ou pri-
posturas edilícias e urbanísticas § 1o  O titular da construção- vado, interferir na comunhão de
vigentes. -base ou da laje a quem não se vida instituída pela família.
der conhecimento da alienação
Art. 1.510-B.  É expressamente poderá, mediante depósito do Art. 1.514.  O casamento se reali-
vedado ao titular da laje preju- respectivo preço, haver para si za no momento em que o homem
dicar com obras novas ou com a parte alienada a terceiros, se e a mulher manifestam, perante
falta de reparação a segurança, o requerer no prazo decadencial o juiz, a sua vontade de estabe-
a linha arquitetônica ou o arranjo de cento e oitenta dias, contado lecer vínculo conjugal, e o juiz os
estético do edifício, observadas da data de alienação. declara casados.
as posturas previstas em legis- § 2o  Se houver mais de uma
lação local. laje, terá preferência, sucessi- Art. 1.515.  O casamento religio-
vamente, o titular das lajes as- so, que atender às exigências da
Art. 1.510-C.  Sem prejuízo, no cendentes e o titular das lajes lei para a validade do casamento
que couber, das normas aplicá- descendentes, assegurada a civil, equipara-se a este, desde
veis aos condomínios edilícios, prioridade para a laje mais pró- que registrado no registro pró-
para fins do direito real de laje, xima à unidade sobreposta a ser prio, produzindo efeitos a partir
as despesas necessárias à con- alienada. da data de sua celebração.
servação e fruição das partes que
sirvam a todo o edifício e ao pa- Art. 1.510-E.  A ruína da cons- Art. 1.516.  O registro do casa-
gamento de serviços de interesse trução-base implica extinção do mento religioso submete-se aos
comum serão partilhadas entre o direito real de laje, salvo: mesmos requisitos exigidos para
proprietário da construção-base I – se este tiver sido instituído o casamento civil.

230
Código Civil
§ 1o  O registro civil do casa- CAPÍTULO III – DOS as causas suspensivas previstas
mento religioso deverá ser pro- IMPEDIMENTOS nos incisos I, III e IV deste artigo,
movido dentro de noventa dias de provando-se a inexistência de
sua realização, mediante comu- Art. 1.521.  Não podem casar: prejuízo, respectivamente, para o
nicação do celebrante ao ofício I – os ascendentes com os herdeiro, para o ex-cônjuge e para
competente, ou por iniciativa de descendentes, seja o parentesco a pessoa tutelada ou curatelada;
qualquer interessado, desde que natural ou civil; no caso do inciso II, a nubente de-
haja sido homologada previamen- II – os afins em linha reta; verá provar nascimento de filho,
te a habilitação regulada neste III – o adotante com quem foi ou inexistência de gravidez, na
Código. Após o referido prazo, cônjuge do adotado e o adotado fluência do prazo.
o registro dependerá de nova com quem o foi do adotante;
habilitação. IV – os irmãos, unilaterais ou Art. 1.524.  As causas suspensi-
§ 2o  O casamento religioso, bilaterais, e demais colaterais, até vas da celebração do casamento
celebrado sem as formalidades o terceiro grau inclusive; podem ser arguidas pelos pa-
exigidas neste Código, terá efeitos V – o adotado com o filho do rentes em linha reta de um dos
civis se, a requerimento do casal, adotante; nubentes, sejam consanguíneos
for registrado, a qualquer tempo, VI – as pessoas casadas; ou afins, e pelos colaterais em
no registro civil, mediante prévia VII – o cônjuge sobrevivente segundo grau, sejam também
habilitação perante a autoridade com o condenado por homicídio consanguíneos ou afins.
competente e observado o prazo ou tentativa de homicídio contra
do art. 1.532. o seu consorte.
§ 3o  Será nulo o registro civil CAPÍTULO V – DO
do casamento religioso se, antes Art. 1.522.  Os impedimentos po- PROCESSO DE
dele, qualquer dos consorciados dem ser opostos, até o momento HABILITAÇÃO PARA O
houver contraído com outrem da celebração do casamento, por CASAMENTO
casamento civil. qualquer pessoa capaz.
Parágrafo único.  Se o juiz, ou Art. 1.525.  O requerimento de
o oficial de registro, tiver conhe- habilitação para o casamento
CAPÍTULO II – DA cimento da existência de algum será firmado por ambos os nuben-
CAPACIDADE PARA O impedimento, será obrigado a tes, de próprio punho, ou, a seu
CASAMENTO declará-lo. pedido, por procurador, e deve
ser instruído com os seguintes
Art. 1.517.  O homem e a mulher documentos:
com dezesseis anos podem casar, CAPÍTULO IV – DAS I – certidão de nascimento ou
exigindo-se autorização de ambos CAUSAS SUSPENSIVAS documento equivalente;
os pais, ou de seus representan- II – autorização por escrito
tes legais, enquanto não atingida Art. 1.523.  Não devem casar: das pessoas sob cuja dependên-
a maioridade civil. I – o viúvo ou a viúva que tiver cia legal estiverem, ou ato judicial
Parágrafo único.  Se houver filho do cônjuge falecido, enquan- que a supra;
divergência entre os pais, apli- to não fizer inventário dos bens do III – declaração de duas tes-
ca-se o disposto no parágrafo casal e der partilha aos herdeiros; temunhas maiores, parentes ou
único do art. 1.631. II – a viúva, ou a mulher cujo não, que atestem conhecê-los e
casamento se desfez por ser nulo afirmem não existir impedimento
Art. 1.518.  Até a celebração do ou ter sido anulado, até dez meses que os iniba de casar;
casamento podem os pais ou depois do começo da viuvez, ou da IV – declaração do estado ci-
tutores revogar a autorização. dissolução da sociedade conjugal; vil, do domicílio e da residência
III – o divorciado, enquan- atual dos contraentes e de seus
Art. 1.519.  A denegação do con- to não houver sido homologada pais, se forem conhecidos;
sentimento, quando injusta, pode ou decidida a partilha dos bens V – certidão de óbito do côn-
ser suprida pelo juiz. do casal; juge falecido, de sentença decla-
IV – o tutor ou o curador e os ratória de nulidade ou de anulação
Art. 1.520.  Não será permitido, seus descendentes, ascendentes, de casamento, transitada em jul-
em qualquer caso, o casamento irmãos, cunhados ou sobrinhos, gado, ou do registro da sentença
de quem não atingiu a idade núbil, com a pessoa tutelada ou cura- de divórcio.
observado o disposto no art. 1.517 telada, enquanto não cessar a tu-
deste Código. tela ou curatela, e não estiverem Art. 1.526.  A habilitação será fei-
saldadas as respectivas contas. ta pessoalmente perante o oficial
Parágrafo único.  É permiti- do Registro Civil, com a audiência
do aos nubentes solicitar ao juiz do Ministério Público.
que não lhes sejam aplicadas Parágrafo único.  Caso haja

231
Código Civil
impugnação do oficial, do Minis- CAPÍTULO VI – DA mes, datas de nascimento ou
tério Público ou de terceiro, a ha- CELEBRAÇÃO DO de morte, domicílio e residência
bilitação será submetida ao juiz. atual dos pais;
CASAMENTO III – o prenome e sobrenome
Art. 1.527.  Estando em ordem a do cônjuge precedente e a data
documentação, o oficial extrairá Art. 1.533.  Celebrar-se-á o ca- da dissolução do casamento an-
o edital, que se afixará durante samento, no dia, hora e lugar pre- terior;
quinze dias nas circunscrições viamente designados pela autori- IV – a data da publicação dos
do Registro Civil de ambos os dade que houver de presidir o ato, proclamas e da celebração do
nubentes, e, obrigatoriamente, mediante petição dos contraen- casamento;
se publicará na imprensa local, tes, que se mostrem habilitados V – a relação dos documen-
se houver. com a certidão do art. 1.531. tos apresentados ao oficial do
Parágrafo único.  A autori- registro;
dade competente, havendo ur- Art. 1.534.  A solenidade reali- VI – o prenome, sobrenome,
gência, poderá dispensar a pu- zar-se-á na sede do cartório, com profissão, domicílio e residência
blicação. toda publicidade, a portas aber- atual das testemunhas;
tas, presentes pelo menos duas VII – o regime do casamen-
Art. 1.528.  É dever do oficial do testemunhas, parentes ou não to, com a declaração da data e
registro esclarecer os nubentes dos contraentes, ou, querendo do cartório em cujas notas foi
a respeito dos fatos que podem as partes e consentindo a auto- lavrada a escritura antenupcial,
ocasionar a invalidade do casa- ridade celebrante, noutro edifício quando o regime não for o da
mento, bem como sobre os di- público ou particular. comunhão parcial, ou o obriga-
versos regimes de bens. § 1o  Quando o casamento for toriamente estabelecido.
em edifício particular, ficará este
Art. 1.529.  Tanto os impedimen- de portas abertas durante o ato. Art. 1.537.  O instrumento da au-
tos quanto as causas suspensivas § 2o  Serão quatro as teste- torização para casar transcrever-
serão opostos em declaração es- munhas na hipótese do parágrafo -se-á integralmente na escritura
crita e assinada, instruída com as anterior e se algum dos contra- antenupcial.
provas do fato alegado, ou com a entes não souber ou não puder
indicação do lugar onde possam escrever. Art. 1.538.  A celebração do
ser obtidas. casamento será imediatamen-
Art. 1.535.  Presentes os contra- te suspensa se algum dos con-
Art. 1.530.  O oficial do regis- entes, em pessoa ou por procu- traentes:
tro dará aos nubentes ou a seus rador especial, juntamente com I – recusar a solene afirmação
representantes nota da oposi- as testemunhas e o oficial do da sua vontade;
ção, indicando os fundamentos, registro, o presidente do ato, ou- II – declarar que esta não é
as provas e o nome de quem a vida aos nubentes a afirmação de livre e espontânea;
ofereceu. que pretendem casar por livre e III – manifestar-se arrepen-
Parágrafo único.  Podem os espontânea vontade, declarará dido.
nubentes requerer prazo razo- efetuado o casamento, nestes Parágrafo único.  O nubente
ável para fazer prova contrária termos: que, por algum dos fatos mencio-
aos fatos alegados, e promover “De acordo com a vontade nados neste artigo, der causa à
as ações civis e criminais contra que ambos acabais de afirmar suspensão do ato, não será admi-
o oponente de má-fé. perante mim, de vos receber- tido a retratar-se no mesmo dia.
des por marido e mulher, eu,
Art. 1.531.  Cumpridas as forma- em nome da lei, vos declaro Art. 1.539.  No caso de molés-
lidades dos arts. 1.526 e 1.527 e casados.” tia grave de um dos nubentes, o
verificada a inexistência de fato presidente do ato irá celebrá-lo
obstativo, o oficial do registro ex- Art. 1.536.  Do casamento, logo onde se encontrar o impedido,
trairá o certificado de habilitação. depois de celebrado, lavrar-se-á sendo urgente, ainda que à noite,
o assento no livro de registro. No perante duas testemunhas que
Art. 1.532.  A eficácia da habi- assento, assinado pelo presidente saibam ler e escrever.
litação será de noventa dias, a do ato, pelos cônjuges, as teste- § 1o  A falta ou impedimento
contar da data em que foi extraído munhas, e o oficial do registro, da autoridade competente para
o certificado. serão exarados: presidir o casamento suprir-se-á
I – os prenomes, sobrenomes, por qualquer dos seus substitutos
datas de nascimento, profissão, legais, e a do oficial do Registro
domicílio e residência atual dos Civil por outro ad hoc, nomeado
cônjuges; pelo presidente do ato.
II – os prenomes, sobreno- § 2o  O termo avulso, lavrado

232
Código Civil
pelo oficial ad hoc, será registrado do registro. celebração legal do casamento
no respectivo registro dentro em resultar de processo judicial, o
cinco dias, perante duas testemu- Art. 1.542.  O casamento pode registro da sentença no livro do
nhas, ficando arquivado. celebrar-se mediante procura- Registro Civil produzirá, tanto
ção, por instrumento público, com no que toca aos cônjuges como
Art. 1.540.  Quando algum dos poderes especiais. no que respeita aos filhos, todos
contraentes estiver em iminen- § 1o  A revogação do mandato os efeitos civis desde a data do
te risco de vida, não obtendo a não necessita chegar ao conhe- casamento.
presença da autoridade à qual cimento do mandatário; mas, ce-
incumba presidir o ato, nem a de lebrado o casamento sem que o Art. 1.547.  Na dúvida entre as
seu substituto, poderá o casa- mandatário ou o outro contraente provas favoráveis e contrárias,
mento ser celebrado na presença tivessem ciência da revogação, julgar-se-á pelo casamento, se os
de seis testemunhas, que com os responderá o mandante por per- cônjuges, cujo casamento se im-
nubentes não tenham parentesco das e danos. pugna, viverem ou tiverem vivido
em linha reta, ou, na colateral, até § 2o  O nubente que não es- na posse do estado de casados.
segundo grau. tiver em iminente risco de vida
poderá fazer-se representar no
Art. 1.541.  Realizado o casa- casamento nuncupativo. CAPÍTULO VIII – DA
mento, devem as testemunhas § 3o  A eficácia do mandato INVALIDADE DO
comparecer perante a autoridade não ultrapassará noventa dias. CASAMENTO
judicial mais próxima, dentro em § 4o  Só por instrumento pú-
dez dias, pedindo que lhes tome blico se poderá revogar o man- Art. 1.548.  É nulo o casamento
por termo a declaração de: dato. contraído:
I – que foram convocadas por I – (Revogado);
parte do enfermo; II – por infringência de im-
II – que este parecia em pe- CAPÍTULO VII – DAS pedimento.
rigo de vida, mas em seu juízo; PROVAS DO CASAMENTO
III – que, em sua presença, Art. 1.549.  A decretação de
declararam os contraentes, livre Art. 1.543.  O casamento ce- nulidade de casamento, pelos
e espontaneamente, receber-se lebrado no Brasil prova-se pela motivos previstos no artigo an-
por marido e mulher. certidão do registro. tecedente, pode ser promovida
§ 1o  Autuado o pedido e to- Parágrafo único. Justificada mediante ação direta, por qual-
madas as declarações, o juiz pro- a falta ou perda do registro civil, quer interessado, ou pelo Minis-
cederá às diligências necessárias é admissível qualquer outra es- tério Público.
para verificar se os contraentes pécie de prova.
podiam ter-se habilitado, na for- Art. 1.550.  É anulável o casa-
ma ordinária, ouvidos os interes- Art. 1.544.  O casamento de bra- mento:
sados que o requererem, dentro sileiro, celebrado no estrangeiro, I – de quem não completou a
em quinze dias. perante as respectivas autorida- idade mínima para casar;
§ 2o  Verificada a idoneidade des ou os cônsules brasileiros, II – do menor em idade núbil,
dos cônjuges para o casamento, deverá ser registrado em cento e quando não autorizado por seu
assim o decidirá a autoridade oitenta dias, a contar da volta de representante legal;
competente, com recurso volun- um ou de ambos os cônjuges ao III – por vício da vontade, nos
tário às partes. Brasil, no cartório do respectivo termos dos arts. 1.556 a 1.558;
§ 3o  Se da decisão não se domicílio, ou, em sua falta, no 1o IV – do incapaz de consentir
tiver recorrido, ou se ela passar Ofício da Capital do Estado em ou manifestar, de modo inequí-
em julgado, apesar dos recur- que passarem a residir. voco, o consentimento;
sos interpostos, o juiz mandará V – realizado pelo mandatário,
registrá-la no livro do Registro Art. 1.545.  O casamento de pes- sem que ele ou o outro contraente
dos Casamentos. soas que, na posse do estado de soubesse da revogação do man-
§ 4o  O assento assim lavra- casadas, não possam manifestar dato, e não sobrevindo coabitação
do retrotrairá os efeitos do ca- vontade, ou tenham falecido, não entre os cônjuges;
samento, quanto ao estado dos se pode contestar em prejuízo da VI – por incompetência da
cônjuges, à data da celebração. prole comum, salvo mediante cer- autoridade celebrante.
§ 5o  Serão dispensadas as tidão do Registro Civil que prove § 1o  Equipara-se à revogação
formalidades deste e do artigo que já era casada alguma delas, a invalidade do mandato judicial-
antecedente, se o enfermo con- quando contraiu o casamento mente decretada.
valescer e puder ratificar o ca- impugnado. § 2o  A pessoa com deficiên-
samento na presença da auto- cia mental ou intelectual em idade
ridade competente e do oficial Art. 1.546.  Quando a prova da núbia poderá contrair matrimô-

233
Código Civil
nio, expressando sua vontade Art. 1.557.  Considera-se erro § 2o  Na hipótese do inciso V
diretamente ou por meio de seu essencial sobre a pessoa do ou- do art. 1.550, o prazo para anula-
responsável ou curador. tro cônjuge: ção do casamento é de cento e
I – o que diz respeito à sua oitenta dias, a partir da data em
Art. 1.551.  Não se anulará, por identidade, sua honra e boa fama, que o mandante tiver conheci-
motivo de idade, o casamento sendo esse erro tal que o seu mento da celebração.
de que resultou gravidez. conhecimento ulterior torne in-
suportável a vida em comum ao Art. 1.561.  Embora anulável ou
Art. 1.552.  A anulação do casa- cônjuge enganado; mesmo nulo, se contraído de bo-
mento dos menores de dezesseis II – a ignorância de crime, a-fé por ambos os cônjuges, o
anos será requerida: anterior ao casamento, que, por casamento, em relação a estes
I – pelo próprio cônjuge me- sua natureza, torne insuportável como aos filhos, produz todos
nor; a vida conjugal; os efeitos até o dia da sentença
II – por seus representantes III – a ignorância, anterior ao anulatória.
legais; casamento, de defeito físico ir- § 1o  Se um dos cônjuges es-
III – por seus ascendentes. remediável que não caracterize tava de boa-fé ao celebrar o ca-
deficiência ou de moléstia grave samento, os seus efeitos civis só
Art. 1.553.  O menor que não e transmissível, por contágio ou a ele e aos filhos aproveitarão.
atingiu a idade núbil poderá, de- por herança, capaz de pôr em § 2o  Se ambos os cônjuges
pois de completá-la, confirmar risco a saúde do outro cônjuge estavam de má-fé ao celebrar o
seu casamento, com a autori- ou de sua descendência; casamento, os seus efeitos civis
zação de seus representantes IV – (Revogado). só aos filhos aproveitarão.
legais, se necessária, ou com
suprimento judicial. Art. 1.558.  É anulável o casa- Art. 1.562.  Antes de mover a
mento em virtude de coação, ação de nulidade do casamen-
Art. 1.554.  Subsiste o casamen- quando o consentimento de um to, a de anulação, a de separa-
to celebrado por aquele que, sem ou de ambos os cônjuges houver ção judicial, a de divórcio direto
possuir a competência exigida sido captado mediante funda- ou a de dissolução de união es-
na lei, exercer publicamente as do temor de mal considerável e tável, poderá requerer a parte,
funções de juiz de casamentos e, iminente para a vida, a saúde e a comprovando sua necessidade,
nessa qualidade, tiver registrado honra, sua ou de seus familiares. a separação de corpos, que será
o ato no Registro Civil. concedida pelo juiz com a possível
Art. 1.559.  Somente o cônjuge brevidade.
Art. 1.555.  O casamento do me- que incidiu em erro, ou sofreu co-
nor em idade núbil, quando não ação, pode demandar a anulação Art. 1.563.  A sentença que de-
autorizado por seu representante do casamento; mas a coabitação, cretar a nulidade do casamento
legal, só poderá ser anulado se havendo ciência do vício, valida retroagirá à data da sua celebra-
a ação for proposta em cento e o ato, ressalvadas as hipóteses ção, sem prejudicar a aquisição
oitenta dias, por iniciativa do in- dos incisos III e IV do art. 1.557. de direitos, a título oneroso, por
capaz, ao deixar de sê-lo, de seus terceiros de boa-fé, nem a re-
representantes legais ou de seus Art. 1.560.  O prazo para ser in- sultante de sentença transitada
herdeiros necessários. tentada a ação de anulação do em julgado.
§ 1o  O prazo estabelecido casamento, a contar da data da
neste artigo será contado do dia celebração, é de: Art. 1.564.  Quando o casamento
em que cessou a incapacidade, no I – cento e oitenta dias, no for anulado por culpa de um dos
primeiro caso; a partir do casa- caso do inciso IV do art. 1.550; cônjuges, este incorrerá:
mento, no segundo; e, no terceiro, II – dois anos, se incompe- I – na perda de todas as van-
da morte do incapaz. tente a autoridade celebrante; tagens havidas do cônjuge ino-
§ 2o  Não se anulará o casa- III – três anos, nos casos dos cente;
mento quando à sua celebração incisos I a IV do art. 1.557; II – na obrigação de cumprir
houverem assistido os represen- IV – quatro anos, se houver as promessas que lhe fez no con-
tantes legais do incapaz, ou tive- coação. trato antenupcial.
rem, por qualquer modo, manifes- § 1o  Extingue-se, em cento
tado sua aprovação. e oitenta dias, o direito de anu-
lar o casamento dos menores de CAPÍTULO IX – DA
Art. 1.556.  O casamento pode dezesseis anos, contado o prazo EFICÁCIA DO CASAMENTO
ser anulado por vício da vonta- para o menor do dia em que per-
de, se houve por parte de um dos fez essa idade; e da data do casa- Art. 1.565.  Pelo casamento, ho-
nubentes, ao consentir, erro es- mento, para seus representantes mem e mulher assumem mutua-
sencial quanto à pessoa do outro. legais ou ascendentes. mente a condição de consortes,

234
Código Civil
companheiros e responsáveis acidente, o outro exercerá com mento, e se o regime dos bens
pelos encargos da família. exclusividade a direção da famí- adotado o permitir, a meação
§ 1o  Qualquer dos nubentes, lia, cabendo-lhe a administração dos adquiridos na constância da
querendo, poderá acrescer ao seu dos bens. sociedade conjugal.
o sobrenome do outro.
§ 2o  O planejamento fami- Art. 1.573.  Podem caracterizar
liar é de livre decisão do casal, CAPÍTULO X – DA a impossibilidade da comunhão
competindo ao Estado propiciar DISSOLUÇÃO DA de vida a ocorrência de algum dos
recursos educacionais e financei- SOCIEDADE E DO VÍNCULO seguintes motivos:
ros para o exercício desse direito, CONJUGAL I – adultério;
vedado qualquer tipo de coerção II – tentativa de morte;
por parte de instituições privadas Art. 1.571.  A sociedade conjugal III – sevícia ou injúria grave;
ou públicas. termina: IV – abandono voluntário do
I – pela morte de um dos côn- lar conjugal, durante um ano con-
Art. 1.566.  São deveres de am- juges; tínuo;
bos os cônjuges: II – pela nulidade ou anulação V – condenação por crime
I – fidelidade recíproca; do casamento; infamante;
II – vida em comum, no do- III – pela separação judicial; VI – conduta desonrosa.
micílio conjugal; IV – pelo divórcio. Parágrafo único.  O juiz po-
III – mútua assistência; § 1o  O casamento válido só derá considerar outros fatos que
IV – sustento, guarda e edu- se dissolve pela morte de um tornem evidente a impossibilida-
cação dos filhos; dos cônjuges ou pelo divórcio, de da vida em comum.
V – respeito e consideração aplicando-se a presunção es-
mútuos. tabelecida neste Código quanto Art. 1.574.  Dar-se-á a separação
ao ausente. judicial por mútuo consentimento
Art. 1.567.  A direção da socie- § 2o  Dissolvido o casamento dos cônjuges se forem casados
dade conjugal será exercida, em pelo divórcio direto ou por conver- por mais de um ano e o manifes-
colaboração, pelo marido e pela são, o cônjuge poderá manter o tarem perante o juiz, sendo por
mulher, sempre no interesse do nome de casado; salvo, no segun- ele devidamente homologada a
casal e dos filhos. do caso, dispondo em contrário a convenção.
Parágrafo único. Havendo sentença de separação judicial. Parágrafo único.  O juiz pode
divergência, qualquer dos cônju- recusar a homologação e não de-
ges poderá recorrer ao juiz, que Art. 1.572.  Qualquer dos côn- cretar a separação judicial se apu-
decidirá tendo em consideração juges poderá propor a ação de rar que a convenção não preserva
aqueles interesses. separação judicial, imputando ao suficientemente os interesses
outro qualquer ato que importe dos filhos ou de um dos cônjuges.
Art. 1.568.  Os cônjuges são obri- grave violação dos deveres do
gados a concorrer, na proporção casamento e torne insuportável Art. 1.575.  A sentença de se-
de seus bens e dos rendimentos a vida em comum. paração judicial importa a se-
do trabalho, para o sustento da § 1o  A separação judicial pode paração de corpos e a partilha
família e a educação dos filhos, também ser pedida se um dos de bens.
qualquer que seja o regime pa- cônjuges provar ruptura da vida Parágrafo único.  A partilha
trimonial. em comum há mais de um ano de bens poderá ser feita median-
e a impossibilidade de sua re- te proposta dos cônjuges e ho-
Art. 1.569.  O domicílio do ca- constituição. mologada pelo juiz ou por este
sal será escolhido por ambos os § 2o  O cônjuge pode ainda decidida.
cônjuges, mas um e outro podem pedir a separação judicial quan-
ausentar-se do domicílio conjugal do o outro estiver acometido de Art. 1.576.  A separação judicial
para atender a encargos públicos, doença mental grave, manifesta- põe termo aos deveres de coabi-
ao exercício de sua profissão, da após o casamento, que torne tação e fidelidade recíproca e ao
ou a interesses particulares re- impossível a continuação da vida regime de bens.
levantes. em comum, desde que, após uma Parágrafo único.  O proce-
duração de dois anos, a enfermi- dimento judicial da separação
Art. 1.570.  Se qualquer dos côn- dade tenha sido reconhecida de caberá somente aos cônjuges, e,
juges estiver em lugar remoto ou cura improvável. no caso de incapacidade, serão
não sabido, encarcerado por mais § 3o  No caso do parágrafo 2o, representados pelo curador, pelo
de cento e oitenta dias, interdi- reverterão ao cônjuge enfermo, ascendente ou pelo irmão.
tado judicialmente ou privado, que não houver pedido a separa-
episodicamente, de consciência, ção judicial, os remanescentes Art. 1.577.  Seja qual for a causa
em virtude de enfermidade ou de dos bens que levou para o casa- da separação judicial e o modo

235
Código Civil
como esta se faça, é lícito aos Art. 1.581.  O divórcio pode ser I – requerida, por consenso,
cônjuges restabelecer, a todo concedido sem que haja prévia pelo pai e pela mãe, ou por qual-
tempo, a sociedade conjugal, por partilha de bens. quer deles, em ação autônoma
ato regular em juízo. de separação, de divórcio, de dis-
Parágrafo único.  A reconci- Art. 1.582.  O pedido de divórcio solução de união estável ou em
liação em nada prejudicará o di- somente competirá aos cônjuges. medida cautelar;
reito de terceiros, adquirido antes Parágrafo único.  Se o cônju- II – decretada pelo juiz, em
e durante o estado de separado, ge for incapaz para propor a ação atenção a necessidades espe-
seja qual for o regime de bens. ou defender-se, poderá fazê-lo o cíficas do filho, ou em razão da
curador, o ascendente ou o irmão. distribuição de tempo necessá-
Art. 1.578.  O cônjuge declarado rio ao convívio deste com o pai e
culpado na ação de separação com a mãe.
judicial perde o direito de usar o CAPÍTULO XI – DA § 1o  Na audiência de conci-
sobrenome do outro, desde que PROTEÇÃO DA PESSOA DOS liação, o juiz informará ao pai e
expressamente requerido pelo FILHOS à mãe o significado da guarda
cônjuge inocente e se a alteração compartilhada, a sua importân-
não acarretar: Art. 1.583.  A guarda será unila- cia, a similitude de deveres e di-
I – evidente prejuízo para a teral ou compartilhada. reitos atribuídos aos genitores e
sua identificação; § 1 o Compreende-se por as sanções pelo descumprimento
II – manifesta distinção entre guarda unilateral a atribuída a de suas cláusulas.
o seu nome de família e o dos fi- um só dos genitores ou a alguém § 2o  Quando não houver acor-
lhos havidos da união dissolvida; que o substitua (art. 1.584, § 5o) do entre a mãe e o pai quanto à
III – dano grave reconhecido e, por guarda compartilhada a guarda do filho, encontrando-se
na decisão judicial. responsabilização conjunta e o ambos os genitores aptos a exer-
§ 1o  O cônjuge inocente na exercício de direitos e deveres do cer o poder familiar, será aplicada
ação de separação judicial poderá pai e da mãe que não vivam sob a guarda compartilhada, salvo se
renunciar, a qualquer momento, o mesmo teto, concernentes ao um dos genitores declarar ao ma-
ao direito de usar o sobrenome poder familiar dos filhos comuns. gistrado que não deseja a guarda
do outro. § 2o  Na guarda compartilha- do menor.
§ 2o  Nos demais casos ca- da, o tempo de convívio com os § 3o  Para estabelecer as atri-
berá a opção pela conservação filhos deve ser dividido de forma buições do pai e da mãe e os pe-
do nome de casado. equilibrada com a mãe e com o ríodos de convivência sob guarda
pai, sempre tendo em vista as compartilhada, o juiz, de ofício
Art. 1.579.  O divórcio não modi- condições fáticas e os interesses ou a requerimento do Ministério
ficará os direitos e deveres dos dos filhos: Público, poderá basear-se em
pais em relação aos filhos. I – (Revogado); orientação técnico-profissional
Parágrafo único.  Novo casa- II – (Revogado); ou de equipe interdisciplinar, que
mento de qualquer dos pais, ou III – (Revogado). deverá visar à divisão equilibrada
de ambos, não poderá importar § 3o  Na guarda compartilha- do tempo com o pai e com a mãe.
restrições aos direitos e deveres da, a cidade considerada base de § 4o  A alteração não autori-
previstos neste artigo. moradia dos filhos será aquela zada ou o descumprimento imo-
que melhor atender aos interes- tivado de cláusula de guarda uni-
Art. 1.580.  Decorrido um ano do ses dos filhos. lateral ou compartilhada poderá
trânsito em julgado da sentença § 4o (Vetado) implicar a redução de prerroga-
que houver decretado a separa- § 5o  A guarda unilateral obri- tivas atribuídas ao seu detentor.
ção judicial, ou da decisão con- ga o pai ou a mãe que não a dete- § 5o  Se o juiz verificar que o
cessiva da medida cautelar de nha a supervisionar os interesses filho não deve permanecer sob a
separação de corpos, qualquer dos filhos, e, para possibilitar tal guarda do pai ou da mãe, deferi-
das partes poderá requerer sua supervisão, qualquer dos geni- rá a guarda a pessoa que revele
conversão em divórcio. tores sempre será parte legítima compatibilidade com a natureza
§ 1o  A conversão em divórcio para solicitar informações e/ou da medida, considerados, de pre-
da separação judicial dos cônju- prestação de contas, objetivas ferência, o grau de parentesco e
ges será decretada por sentença, ou subjetivas, em assuntos ou as relações de afinidade e afe-
da qual não constará referência à situações que direta ou indire- tividade.
causa que a determinou. tamente afetem a saúde física § 6o  Qualquer estabeleci-
§ 2o  O divórcio poderá ser e psicológica e a educação de mento público ou privado é obri-
requerido, por um ou por ambos seus filhos. gado a prestar informações a
os cônjuges, no caso de compro- qualquer dos genitores sobre os
vada separação de fato por mais Art. 1.584.  A guarda, unilateral filhos destes, sob pena de mul-
de dois anos. ou compartilhada, poderá ser: ta de R$ 200,00 (duzentos reais)

236
Código Civil
a R$  500,00 (quinhentos reais) SUBTÍTULO II – DAS II – nascidos nos trezentos
por dia pelo não atendimento da RELAÇÕES DE dias subsequentes à dissolução
solicitação. da sociedade conjugal, por mor-
PARENTESCO te, separação judicial, nulidade e
Art. 1.585.  Em sede de medida CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES anulação do casamento;
cautelar de separação de corpos, GERAIS III – havidos por fecundação
em sede de medida cautelar de artificial homóloga, mesmo que
guarda ou em outra sede de fixa- falecido o marido;
ção liminar de guarda, a decisão Art. 1.591.  São parentes em linha IV – havidos, a qualquer tem-
sobre guarda de filhos, mesmo reta as pessoas que estão umas po, quando se tratar de embriões
que provisória, será proferida para com as outras na relação excedentários, decorrentes de
preferencialmente após a oitiva de ascendentes e descendentes. concepção artificial homóloga;
de ambas as partes perante o juiz, V – havidos por insemina-
salvo se a proteção aos interesses Art. 1.592.  São parentes em li- ção artificial heteróloga, desde
dos filhos exigir a concessão de nha colateral ou transversal, até que tenha prévia autorização do
liminar sem a oitiva da outra par- o quarto grau, as pessoas pro- marido.
te, aplicando-se as disposições venientes de um só tronco, sem
do art. 1.584. descenderem uma da outra. Art. 1.598.  Salvo prova em con-
trário, se, antes de decorrido o
Art. 1.586.  Havendo motivos Art. 1.593.  O parentesco é natu- prazo previsto no inciso II do
graves, poderá o juiz, em qualquer ral ou civil, conforme resulte de art. 1.523, a mulher contrair no-
caso, a bem dos filhos, regular de consanguinidade ou outra origem. vas núpcias e lhe nascer algum
maneira diferente da estabele- filho, este se presume do primei-
cida nos artigos antecedentes a Art. 1.594.  Contam-se, na linha ro marido, se nascido dentro dos
situação deles para com os pais. reta, os graus de parentesco pelo trezentos dias a contar da data
número de gerações, e, na cola- do falecimento deste e, do se-
Art. 1.587.  No caso de invalida- teral, também pelo número delas, gundo, se o nascimento ocorrer
de do casamento, havendo filhos subindo de um dos parentes até após esse período e já decorrido
comuns, observar-se-á o disposto ao ascendente comum, e descen- o prazo a que se refere o inciso I
nos arts. 1.584 e 1.586. do até encontrar o outro parente. do art. 1.597.

Art. 1.588.  O pai ou a mãe que Art. 1.595.  Cada cônjuge ou Art. 1.599.  A prova da impotên-
contrair novas núpcias não perde companheiro é aliado aos pa- cia do cônjuge para gerar, à época
o direito de ter consigo os filhos, rentes do outro pelo vínculo da da concepção, ilide a presunção
que só lhe poderão ser retirados afinidade. da paternidade.
por mandado judicial, provado § 1o  O parentesco por afini-
que não são tratados convenien- dade limita-se aos ascendentes, Art. 1.600.  Não basta o adultério
temente. aos descendentes e aos irmãos do da mulher, ainda que confessado,
cônjuge ou companheiro. para ilidir a presunção legal da
Art. 1.589.  O pai ou a mãe, em § 2o  Na linha reta, a afinida- paternidade.
cuja guarda não estejam os filhos, de não se extingue com a disso-
poderá visitá-los e tê-los em sua lução do casamento ou da união Art. 1.601.  Cabe ao marido o di-
companhia, segundo o que acor- estável. reito de contestar a paternidade
dar com o outro cônjuge, ou for dos filhos nascidos de sua mu-
fixado pelo juiz, bem como fisca- lher, sendo tal ação imprescritível.
lizar sua manutenção e educação. CAPÍTULO II – DA FILIAÇÃO Parágrafo único. Contestada
Parágrafo único.  O direito de a filiação, os herdeiros do impug-
visita estende-se a qualquer dos Art. 1.596.  Os filhos, havidos ou nante têm direito de prosseguir
avós, a critério do juiz, observa- não da relação de casamento, ou na ação.
dos os interesses da criança ou por adoção, terão os mesmos di-
do adolescente. reitos e qualificações, proibidas Art. 1.602.  Não basta a confis-
quaisquer designações discrimi- são materna para excluir a pa-
Art. 1.590.  As disposições rela- natórias relativas à filiação. ternidade.
tivas à guarda e prestação de ali-
mentos aos filhos menores esten- Art. 1.597.  Presumem-se con- Art. 1.603.  A filiação prova-se
dem-se aos maiores incapazes. cebidos na constância do casa- pela certidão do termo de nas-
mento os filhos: cimento registrada no Registro
I – nascidos cento e oitenta Civil.
dias, pelo menos, depois de esta-
belecida a convivência conjugal; Art. 1.604.  Ninguém pode vindi-

237
Código Civil
car estado contrário ao que re- descendentes. de 18 (dezoito) anos dependerá da
sulta do registro de nascimento, assistência efetiva do poder pú-
salvo provando-se erro ou falsi- Art. 1.610.  O reconhecimento blico e de sentença constitutiva,
dade do registro. não pode ser revogado, nem mes- aplicando-se, no que couber, as
mo quando feito em testamento. regras gerais da Lei no 8.069, de
Art. 1.605.  Na falta, ou defeito, 13 de julho de 1990 – Estatuto da
do termo de nascimento, poderá Art. 1.611.  O filho havido fora do Criança e do Adolescente.
provar-se a filiação por qualquer casamento, reconhecido por um
modo admissível em direito: dos cônjuges, não poderá residir Arts.  1.620 a 1.629.  (Revogados)
I – quando houver começo de no lar conjugal sem o consenti-
prova por escrito, proveniente dos mento do outro.
pais, conjunta ou separadamente; CAPÍTULO V – DO PODER
II – quando existirem vee- Art. 1.612.  O filho reconhecido, FAMILIAR
mentes presunções resultantes enquanto menor, ficará sob a
Seção I – Disposições Gerais
de fatos já certos. guarda do genitor que o reco-
nheceu, e, se ambos o reconhe-
Art. 1.606.  A ação de prova de ceram e não houver acordo, sob Art. 1.630.  Os filhos estão sujei-
filiação compete ao filho, enquan- a de quem melhor atender aos tos ao poder familiar, enquanto
to viver, passando aos herdeiros, interesses do menor. menores.
se ele morrer menor ou incapaz.
Parágrafo único.  Se iniciada Art. 1.613.  São ineficazes a con- Art. 1.631.  Durante o casamento
a ação pelo filho, os herdeiros dição e o termo apostos ao ato de e a união estável, compete o po-
poderão continuá-la, salvo se jul- reconhecimento do filho. der familiar aos pais; na falta ou
gado extinto o processo. impedimento de um deles, o outro
Art. 1.614.  O filho maior não o exercerá com exclusividade.
pode ser reconhecido sem o seu Parágrafo único. Divergindo
CAPÍTULO III – DO consentimento, e o menor pode os pais quanto ao exercício do
RECONHECIMENTO DOS impugnar o reconhecimento, nos poder familiar, é assegurado a
FILHOS quatro anos que se seguirem à qualquer deles recorrer ao juiz
maioridade, ou à emancipação. para solução do desacordo.
Art. 1.607.  O filho havido fora
do casamento pode ser reco- Art. 1.615.  Qualquer pessoa, que Art. 1.632.  A separação judicial,
nhecido pelos pais, conjunta ou justo interesse tenha, pode con- o divórcio e a dissolução da união
separadamente. testar a ação de investigação estável não alteram as relações
de paternidade, ou maternidade. entre pais e filhos senão quanto
Art. 1.608.  Quando a materni- ao direito, que aos primeiros cabe,
dade constar do termo do nasci- Art. 1.616.  A sentença que julgar de terem em sua companhia os
mento do filho, a mãe só poderá procedente a ação de investiga- segundos.
contestá-la, provando a falsidade ção produzirá os mesmos efeitos
do termo, ou das declarações nele do reconhecimento; mas poderá Art. 1.633.  O filho, não reco-
contidas. ordenar que o filho se crie e edu- nhecido pelo pai, fica sob poder
que fora da companhia dos pais familiar exclusivo da mãe; se a
Art. 1.609.  O reconhecimento ou daquele que lhe contestou mãe não for conhecida ou ca-
dos filhos havidos fora do casa- essa qualidade. paz de exercê-lo, dar-se-á tutor
mento é irrevogável e será feito: ao menor.
I – no registro do nascimento; Art. 1.617.  A filiação materna ou
II – por escritura pública ou paterna pode resultar de casa-
escrito particular, a ser arquivado mento declarado nulo, ainda mes-
Seção II – Do Exercício do
em cartório; mo sem as condições do putativo. Poder Familiar
III – por testamento, ainda que
incidentalmente manifestado; Art. 1.634.  Compete a ambos os
IV – por manifestação direta CAPÍTULO IV – DA ADOÇÃO pais, qualquer que seja a sua situ-
e expressa perante o juiz, ainda ação conjugal, o pleno exercício
que o reconhecimento não haja Art. 1.618.  A adoção de crianças do poder familiar, que consiste
sido o objeto único e principal do e adolescentes será deferida na em, quanto aos filhos:
ato que o contém. forma prevista pela Lei no 8.069, I – dirigir-lhes a criação e a
Parágrafo único.  O reconhe- de 13 de julho de 1990 – Estatu- educação;
cimento pode preceder o nasci- to da Criança e do Adolescente. II – exercer a guarda unilate-
mento do filho ou ser posterior ral ou compartilhada nos termos
ao seu falecimento, se ele deixar Art. 1.619.  A adoção de maiores do art. 1.584;

238
Código Civil
III – conceder-lhes ou negar- cabe ao juiz, requerendo algum TÍTULO II – DO DIREITO
-lhes consentimento para ca- parente, ou o Ministério Público, PATRIMONIAL
sarem; adotar a medida que lhe pareça
IV – conceder-lhes ou negar- reclamada pela segurança do me- SUBTÍTULO I – DO REGIME
-lhes consentimento para viaja- nor e seus haveres, até suspen- DE BENS ENTRE OS
rem ao exterior; dendo o poder familiar, quando CÔNJUGES
V – conceder-lhes ou negar- convenha.
-lhes consentimento para muda- Parágrafo único. Suspende- CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
rem sua residência permanente -se igualmente o exercício do po- GERAIS
para outro Município; der familiar ao pai ou à mãe con-
VI – nomear-lhes tutor por denados por sentença irrecorrível,
testamento ou documento au- em virtude de crime cuja pena Art. 1.639.  É lícito aos nubentes,
têntico, se o outro dos pais não exceda a dois anos de prisão. antes de celebrado o casamento,
lhe sobreviver, ou o sobrevivo não estipular, quanto aos seus bens,
puder exercer o poder familiar; Art. 1.638.  Perderá por ato ju- o que lhes aprouver.
VII – representá-los judicial dicial o poder familiar o pai ou § 1o  O regime de bens entre
e extrajudicialmente até os 16 a mãe que: os cônjuges começa a vigorar
(dezesseis) anos, nos atos da vida I – castigar imoderadamen- desde a data do casamento.
civil, e assisti-los, após essa ida- te o filho; § 2o  É admissível alteração
de, nos atos em que forem partes, II – deixar o filho em aban- do regime de bens, mediante
suprindo-lhes o consentimento; dono; autorização judicial em pedido
VIII – reclamá-los de quem III – praticar atos contrários motivado de ambos os cônju-
ilegalmente os detenha; à moral e aos bons costumes; ges, apurada a procedência das
IX – exigir que lhes prestem IV – incidir, reiteradamente, razões invocadas e ressalvados
obediência, respeito e os serviços nas faltas previstas no artigo an- os direitos de terceiros.
próprios de sua idade e condição. tecedente;
V – entregar de forma irre- Art. 1.640.  Não havendo con-
gular o filho a terceiros para fins venção, ou sendo ela nula ou ine-
Seção III – Da Suspensão e de adoção. ficaz, vigorará, quanto aos bens
Extinção do Poder Familiar Parágrafo único. Perderá entre os cônjuges, o regime da
também por ato judicial o poder comunhão parcial.
Art. 1.635.  Extingue-se o poder familiar aquele que: Parágrafo único.  Poderão os
familiar: I – praticar contra outrem nubentes, no processo de habi-
I – pela morte dos pais ou igualmente titular do mesmo po- litação, optar por qualquer dos
do filho; der familiar: regimes que este código regula.
II – pela emancipação, nos a)  homicídio, feminicídio ou Quanto à forma, reduzir-se-á a
termos do art. 5o, parágrafo único; lesão corporal de natureza grave termo a opção pela comunhão
III – pela maioridade; ou seguida de morte, quando se parcial, fazendo-se o pacto an-
IV – pela adoção; tratar de crime doloso envolvendo tenupcial por escritura pública,
V – por decisão judicial, na violência doméstica e familiar ou nas demais escolhas.
forma do artigo 1.638. menosprezo ou discriminação à
condição de mulher; Art. 1.641.  É obrigatório o re-
Art. 1.636.  O pai ou a mãe que b)  estupro ou outro crime gime da separação de bens no
contrai novas núpcias, ou esta- contra a dignidade sexual sujeito casamento:
belece união estável, não perde, à pena de reclusão; I – das pessoas que o con-
quanto aos filhos do relaciona- II – praticar contra filho, filha traírem com inobservância das
mento anterior, os direitos ao ou outro descendente: causas suspensivas da celebra-
poder familiar, exercendo-os sem a)  homicídio, feminicídio ou ção do casamento;
qualquer interferência do novo lesão corporal de natureza grave II – da pessoa maior de 70
cônjuge ou companheiro. ou seguida de morte, quando se (setenta) anos;
Parágrafo único.  Igual pre- tratar de crime doloso envolvendo III – de todos os que depen-
ceito ao estabelecido neste artigo violência doméstica e familiar ou derem, para casar, de suprimento
aplica-se ao pai ou à mãe solteiros menosprezo ou discriminação à judicial.
que casarem ou estabelecerem condição de mulher;
união estável. b)  estupro, estupro de vul- Art. 1.642.  Qualquer que seja o
nerável ou outro crime contra a regime de bens, tanto o marido
Art. 1.637.  Se o pai, ou a mãe, dignidade sexual sujeito à pena quanto a mulher podem livre-
abusar de sua autoridade, faltan- de reclusão. mente:
do aos deveres a eles inerentes I – praticar todos os atos de
ou arruinando os bens dos filhos, disposição e de administração ne-

239
Código Civil
cessários ao desempenho de sua separação absoluta: I – como usufrutuário, se o
profissão, com as limitações esta- I – alienar ou gravar de ônus rendimento for comum;
belecidas no inciso I do art. 1.647; real os bens imóveis; II – como procurador, se tiver
II – administrar os bens pró- II – pleitear, como autor ou mandato expresso ou tácito para
prios; réu, acerca desses bens ou di- os administrar;
III – desobrigar ou reivindi- reitos; III – como depositário, se não
car os imóveis que tenham sido III – prestar fiança ou aval; for usufrutuário, nem adminis-
gravados ou alienados sem o seu IV – fazer doação, não sendo trador.
consentimento ou sem suprimen- remuneratória, de bens comuns,
to judicial; ou dos que possam integrar fu-
IV – demandar a rescisão dos tura meação. CAPÍTULO II – DO PACTO
contratos de fiança e doação, ou Parágrafo único.  São válidas ANTENUPCIAL
a invalidação do aval, realizados as doações nupciais feitas aos
pelo outro cônjuge com infração filhos quando casarem ou esta- Art. 1.653.  É nulo o pacto ante-
do disposto nos incisos III e IV do belecerem economia separada. nupcial se não for feito por escri-
art. 1.647; tura pública, e ineficaz se não lhe
V – reivindicar os bens co- Art. 1.648.  Cabe ao juiz, nos ca- seguir o casamento.
muns, móveis ou imóveis, doa- sos do artigo antecedente, suprir
dos ou transferidos pelo outro a outorga, quando um dos cônju- Art. 1.654.  A eficácia do pacto
cônjuge ao concubino, desde que ges a denegue sem motivo justo, antenupcial, realizado por menor,
provado que os bens não foram ou lhe seja impossível concedê-la. fica condicionada à aprovação de
adquiridos pelo esforço comum seu representante legal, salvo as
destes, se o casal estiver separa- Art. 1.649.  A falta de autoriza- hipóteses de regime obrigatório
do de fato por mais de cinco anos; ção, não suprida pelo juiz, quando de separação de bens.
VI – praticar todos os atos necessária (art.  1.647), tornará
que não lhes forem vedados ex- anulável o ato praticado, poden- Art. 1.655.  É nula a convenção
pressamente. do o outro cônjuge pleitear-lhe a ou cláusula dela que contravenha
anulação, até dois anos depois de disposição absoluta de lei.
Art. 1.643.  Podem os cônjuges, terminada a sociedade conjugal.
independentemente de autoriza- Parágrafo único.  A aprova- Art. 1.656.  No pacto antenup-
ção um do outro: ção torna válido o ato, desde que cial, que adotar o regime de par-
I – comprar, ainda a crédito, feita por instrumento público, ou ticipação final nos aquestos, po-
as coisas necessárias à economia particular, autenticado. der-se-á convencionar a livre dis-
doméstica; posição dos bens imóveis, desde
II – obter, por empréstimo, as Art. 1.650.  A decretação de in- que particulares.
quantias que a aquisição dessas validade dos atos praticados sem
coisas possa exigir. outorga, sem consentimento, ou Art. 1.657.  As convenções ante-
sem suprimento do juiz, só pode- nupciais não terão efeito perante
Art. 1.644.  As dívidas contraídas rá ser demandada pelo cônjuge terceiros senão depois de regis-
para os fins do artigo antecedente a quem cabia concedê-la, ou por tradas, em livro especial, pelo
obrigam solidariamente ambos seus herdeiros. oficial do Registro de Imóveis do
os cônjuges. domicílio dos cônjuges.
Art. 1.651.  Quando um dos côn-
Art. 1.645.  As ações fundadas juges não puder exercer a ad-
nos incisos III, IV e V do art. 1.642 ministração dos bens que lhe CAPÍTULO III – DO REGIME
competem ao cônjuge prejudica- incumbe, segundo o regime de DE COMUNHÃO PARCIAL
do e a seus herdeiros. bens, caberá ao outro:
I – gerir os bens comuns e os Art. 1.658.  No regime de comu-
Art. 1.646.  No caso dos incisos do consorte; nhão parcial, comunicam-se os
III e IV do art.  1.642, o terceiro, II – alienar os bens móveis bens que sobrevierem ao casal, na
prejudicado com a sentença fa- comuns; constância do casamento, com as
vorável ao autor, terá direito re- III – alienar os imóveis co- exceções dos artigos seguintes.
gressivo contra o cônjuge, que muns e os móveis ou imóveis do
realizou o negócio jurídico, ou consorte, mediante autorização Art. 1.659.  Excluem-se da co-
seus herdeiros. judicial. munhão:
I – os bens que cada côn-
Art. 1.647.  Ressalvado o dis- Art. 1.652.  O cônjuge, que esti- juge possuir ao casar, e os que
posto no art. 1.648, nenhum dos ver na posse dos bens particula- lhe sobrevierem, na constância
cônjuges pode, sem autorização res do outro, será para com este do casamento, por doação ou
do outro, exceto no regime da e seus herdeiros responsável: sucessão, e os sub-rogados em

240
Código Civil
seu lugar; e os do outro na razão do proveito outro com a cláusula de incomu-
II – os bens adquiridos com que houver auferido. nicabilidade;
valores exclusivamente perten- § 2o  A anuência de ambos V – os bens referidos nos in-
centes a um dos cônjuges em os cônjuges é necessária para os cisos V a VII do art. 1.659.
sub-rogação dos bens particu- atos, a título gratuito, que impli-
lares; quem cessão do uso ou gozo dos Art. 1.669.  A incomunicabilidade
III – as obrigações anteriores bens comuns. dos bens enumerados no artigo
ao casamento; § 3o  Em caso de malversação antecedente não se estende aos
IV – as obrigações provenien- dos bens, o juiz poderá atribuir a frutos, quando se percebam ou
tes de atos ilícitos, salvo reversão administração a apenas um dos vençam durante o casamento.
em proveito do casal; cônjuges.
V – os bens de uso pesso- Art. 1.670.  Aplica-se ao regime
al, os livros e instrumentos de Art. 1.664.  Os bens da comu- da comunhão universal o disposto
profissão; nhão respondem pelas obriga- no Capítulo antecedente, quanto
VI – os proventos do trabalho ções contraídas pelo marido ou à administração dos bens.
pessoal de cada cônjuge; pela mulher para atender aos en-
VII – as pensões, meios-sol- cargos da família, às despesas de Art. 1.671.  Extinta a comunhão,
dos, montepios e outras rendas administração e às decorrentes e efetuada a divisão do ativo e do
semelhantes. de imposição legal. passivo, cessará a responsabili-
dade de cada um dos cônjuges
Art. 1.660.  Entram na comu- Art. 1.665.  A administração e a para com os credores do outro.
nhão: disposição dos bens constitutivos
I – os bens adquiridos na do patrimônio particular compe-
constância do casamento por tem ao cônjuge proprietário, sal- CAPÍTULO V – DO REGIME
título oneroso, ainda que só em vo convenção diversa em pacto DE PARTICIPAÇÃO FINAL
nome de um dos cônjuges; antenupcial. NOS AQUESTOS
II – os bens adquiridos por
fato eventual, com ou sem o con- Art. 1.666.  As dívidas, contra- Art. 1.672.  No regime de parti-
curso de trabalho ou despesa ídas por qualquer dos cônjuges cipação final nos aquestos, cada
anterior; na administração de seus bens cônjuge possui patrimônio pró-
III – os bens adquiridos por particulares e em benefício des- prio, consoante disposto no artigo
doação, herança ou legado, em tes, não obrigam os bens comuns. seguinte, e lhe cabe, à época da
favor de ambos os cônjuges; dissolução da sociedade conjugal,
IV – as benfeitorias em bens direito à metade dos bens adqui-
particulares de cada cônjuge; CAPÍTULO IV – DO REGIME ridos pelo casal, a título oneroso,
V – os frutos dos bens co- DE COMUNHÃO UNIVERSAL na constância do casamento.
muns, ou dos particulares de cada
cônjuge, percebidos na constân- Art. 1.667.  O regime de comu- Art. 1.673.  Integram o patrimô-
cia do casamento, ou pendentes nhão universal importa a comuni- nio próprio os bens que cada côn-
ao tempo de cessar a comunhão. cação de todos os bens presentes juge possuía ao casar e os por ele
e futuros dos cônjuges e suas dí- adquiridos, a qualquer título, na
Art. 1.661.  São incomunicáveis vidas passivas, com as exceções constância do casamento.
os bens cuja aquisição tiver por do artigo seguinte. Parágrafo único.  A adminis-
título uma causa anterior ao ca- tração desses bens é exclusiva de
samento. Art. 1.668.  São excluídos da co- cada cônjuge, que os poderá livre-
munhão: mente alienar, se forem móveis.
Art. 1.662.  No regime da co- I – os bens doados ou herda-
munhão parcial, presumem-se dos com a cláusula de incomuni- Art. 1.674.  Sobrevindo a dissolu-
adquiridos na constância do ca- cabilidade e os sub-rogados em ção da sociedade conjugal, apu-
samento os bens móveis, quando seu lugar; rar-se-á o montante dos aques-
não se provar que o foram em II – os bens gravados de fidei- tos, excluindo-se da soma dos
data anterior. comisso e o direito do herdeiro fi- patrimônios próprios:
deicomissário, antes de realizada I – os bens anteriores ao ca-
Art. 1.663.  A administração do a condição suspensiva; samento e os que em seu lugar
patrimônio comum compete a III – as dívidas anteriores ao se sub-rogaram;
qualquer dos cônjuges. casamento, salvo se provierem de II – os que sobrevieram a cada
§ 1o  As dívidas contraídas no despesas com seus aprestos, ou cônjuge por sucessão ou libe-
exercício da administração obri- reverterem em proveito comum; ralidade;
gam os bens comuns e particula- IV – as doações antenupciais III – as dívidas relativas a es-
res do cônjuge que os administra, feitas por um dos cônjuges ao ses bens.

241
Código Civil
Parágrafo único.  Salvo prova não é renunciável, cessível ou SUBTÍTULO II – DO
em contrário, presumem-se ad- penhorável na vigência do regime USUFRUTO E DA
quiridos durante o casamento os matrimonial.
bens móveis.
ADMINISTRAÇÃO DOS BENS
Art. 1.683.  Na dissolução do re- DE FILHOS MENORES
Art. 1.675.  Ao determinar-se o gime de bens por separação judi-
montante dos aquestos, com- cial ou por divórcio, verificar-se-á Art. 1.689.  O pai e a mãe, en-
putar-se-á o valor das doações o montante dos aquestos à data quanto no exercício do poder
feitas por um dos cônjuges, sem em que cessou a convivência. familiar:
a necessária autorização do ou- I – são usufrutuários dos bens
tro; nesse caso, o bem poderá ser Art. 1.684.  Se não for possível dos filhos;
reivindicado pelo cônjuge preju- nem conveniente a divisão de II – têm a administração dos
dicado ou por seus herdeiros, ou todos os bens em natureza, cal- bens dos filhos menores sob sua
declarado no monte partilhável, cular-se-á o valor de alguns ou de autoridade.
por valor equivalente ao da época todos para reposição em dinheiro
da dissolução. ao cônjuge não proprietário. Art. 1.690.  Compete aos pais,
Parágrafo único.  Não se po- e na falta de um deles ao outro,
Art. 1.676.  Incorpora-se ao mon- dendo realizar a reposição em di- com exclusividade, representar
te o valor dos bens alienados em nheiro, serão avaliados e, median- os filhos menores de dezesseis
detrimento da meação, se não te autorização judicial, alienados anos, bem como assisti-los até
houver preferência do cônjuge tantos bens quantos bastarem. completarem a maioridade ou
lesado, ou de seus herdeiros, de serem emancipados.
os reivindicar. Art. 1.685.  Na dissolução da so- Parágrafo único.  Os pais de-
ciedade conjugal por morte, veri- vem decidir em comum as ques-
Art. 1.677.  Pelas dívidas poste- ficar-se-á a meação do cônjuge tões relativas aos filhos e a seus
riores ao casamento, contraídas sobrevivente de conformidade bens; havendo divergência, po-
por um dos cônjuges, somente com os artigos antecedentes, derá qualquer deles recorrer ao
este responderá, salvo prova de deferindo-se a herança aos her- juiz para a solução necessária.
terem revertido, parcial ou total- deiros na forma estabelecida nes-
mente, em benefício do outro. te Código. Art. 1.691.  Não podem os pais
alienar, ou gravar de ônus real os
Art. 1.678.  Se um dos cônjuges Art. 1.686.  As dívidas de um dos imóveis dos filhos, nem contrair,
solveu uma dívida do outro com cônjuges, quando superiores à em nome deles, obrigações que
bens do seu patrimônio, o valor do sua meação, não obrigam ao ou- ultrapassem os limites da simples
pagamento deve ser atualizado e tro, ou a seus herdeiros. administração, salvo por neces-
imputado, na data da dissolução, sidade ou evidente interesse da
à meação do outro cônjuge. prole, mediante prévia autoriza-
CAPÍTULO VI – DO REGIME ção do juiz.
Art. 1.679.  No caso de bens ad- DE SEPARAÇÃO DE BENS Parágrafo único.  Podem plei-
quiridos pelo trabalho conjunto, tear a declaração de nulidade dos
terá cada um dos cônjuges uma Art. 1.687.  Estipulada a separa- atos previstos neste artigo:
quota igual no condomínio ou ção de bens, estes permanecerão I – os filhos;
no crédito por aquele modo es- sob a administração exclusiva II – os herdeiros;
tabelecido. de cada um dos cônjuges, que III – o representante legal.
os poderá livremente alienar ou
Art. 1.680.  As coisas móveis, em gravar de ônus real. Art. 1.692.  Sempre que no exer-
face de terceiros, presumem-se cício do poder familiar colidir o
do domínio do cônjuge devedor, Art. 1.688.  Ambos os cônjuges interesse dos pais com o do fi-
salvo se o bem for de uso pessoal são obrigados a contribuir para as lho, a requerimento deste ou do
do outro. despesas do casal na proporção Ministério Público o juiz lhe dará
dos rendimentos de seu traba- curador especial.
Art. 1.681.  Os bens imóveis são lho e de seus bens, salvo esti-
de propriedade do cônjuge cujo pulação em contrário no pacto Art. 1.693.  Excluem-se do usu-
nome constar no registro. antenupcial. fruto e da administração dos pais:
Parágrafo único. Impugnada I – os bens adquiridos pelo
a titularidade, caberá ao cônjuge filho havido fora do casamento,
proprietário provar a aquisição antes do reconhecimento;
regular dos bens. II – os valores auferidos pelo
filho maior de dezesseis anos, no
Art. 1.682.  O direito à meação exercício de atividade profissio-

242
Código Civil
nal e os bens com tais recursos de grau imediato; sendo várias obrigado a assegurá-los, fixan-
adquiridos; as pessoas obrigadas a prestar do o juiz o valor indispensável à
III – os bens deixados ou do- alimentos, todas devem concor- sobrevivência.
ados ao filho, sob a condição de rer na proporção dos respectivos
não serem usufruídos, ou admi- recursos, e, intentada ação contra Art. 1.705.  Para obter alimentos,
nistrados, pelos pais; uma delas, poderão as demais ser o filho havido fora do casamen-
IV – os bens que aos filhos chamadas a integrar a lide. to pode acionar o genitor, sendo
couberem na herança, quando os facultado ao juiz determinar, a
pais forem excluídos da sucessão. Art. 1.699.  Se, fixados os ali- pedido de qualquer das partes,
mentos, sobrevier mudança na que a ação se processe em se-
situação financeira de quem os gredo de justiça.
SUBTÍTULO III – DOS supre, ou na de quem os recebe,
ALIMENTOS poderá o interessado reclamar ao Art. 1.706.  Os alimentos provi-
juiz, conforme as circunstâncias, sionais serão fixados pelo juiz,
Art. 1.694.  Podem os parentes, exoneração, redução ou majora- nos termos da lei processual.
os cônjuges ou companheiros ção do encargo.
pedir uns aos outros os alimen- Art. 1.707.  Pode o credor não
tos de que necessitem para viver Art. 1.700.  A obrigação de pres- exercer, porém lhe é vedado re-
de modo compatível com a sua tar alimentos transmite-se aos nunciar o direito a alimentos, sen-
condição social, inclusive para herdeiros do devedor, na forma do o respectivo crédito insusce-
atender às necessidades de sua do art. 1.694. tível de cessão, compensação
educação. ou penhora.
§ 1o  Os alimentos devem ser Art. 1.701.  A pessoa obrigada a
fixados na proporção das neces- suprir alimentos poderá pensio- Art. 1.708.  Com o casamento, a
sidades do reclamante e dos re- nar o alimentando, ou dar-lhe hos- união estável ou o concubinato do
cursos da pessoa obrigada. pedagem e sustento, sem prejuízo credor, cessa o dever de prestar
§ 2o  Os alimentos serão ape- do dever de prestar o necessário alimentos.
nas os indispensáveis à subsis- à sua educação, quando menor. Parágrafo único.  Com rela-
tência, quando a situação de ne- Parágrafo único. Compete ção ao credor cessa, também, o
cessidade resultar de culpa de ao juiz, se as circunstâncias o direito a alimentos, se tiver pro-
quem os pleiteia. exigirem, fixar a forma do cum- cedimento indigno em relação
primento da prestação. ao devedor.
Art. 1.695.  São devidos os ali-
mentos quando quem os pretende Art. 1.702.  Na separação judi- Art. 1.709.  O novo casamento do
não tem bens suficientes, nem cial litigiosa, sendo um dos côn- cônjuge devedor não extingue a
pode prover, pelo seu trabalho, juges inocente e desprovido de obrigação constante da sentença
à própria mantença, e aquele, de recursos, prestar-lhe-á o outro de divórcio.
quem se reclamam, pode fornecê- a pensão alimentícia que o juiz
-los, sem desfalque do necessário fixar, obedecidos os critérios es- Art. 1.710.  As prestações ali-
ao seu sustento. tabelecidos no art. 1.694. mentícias, de qualquer natureza,
serão atualizadas segundo índice
Art. 1.696.  O direito à prestação Art. 1.703.  Para a manutenção oficial regularmente estabelecido.
de alimentos é recíproco entre dos filhos, os cônjuges separa-
pais e filhos, e extensivo a to- dos judicialmente contribuirão
dos os ascendentes, recaindo na proporção de seus recursos. SUBTÍTULO IV – DO BEM
a obrigação nos mais próximos DE FAMÍLIA
em grau, uns em falta de outros. Art. 1.704.  Se um dos cônjuges
separados judicialmente vier a Art. 1.711.  Podem os cônjuges,
Art. 1.697.  Na falta dos ascen- necessitar de alimentos, será o ou a entidade familiar, mediante
dentes cabe a obrigação aos des- outro obrigado a prestá-los me- escritura pública ou testamento,
cendentes, guardada a ordem de diante pensão a ser fixada pelo destinar parte de seu patrimônio
sucessão e, faltando estes, aos juiz, caso não tenha sido decla- para instituir bem de família, des-
irmãos, assim germanos como rado culpado na ação de separa- de que não ultrapasse um terço
unilaterais. ção judicial. do patrimônio líquido existente ao
Parágrafo único.  Se o côn- tempo da instituição, mantidas as
Art. 1.698.  Se o parente, que juge declarado culpado vier a regras sobre a impenhorabilidade
deve alimentos em primeiro lu- necessitar de alimentos, e não do imóvel residencial estabeleci-
gar, não estiver em condições de tiver parentes em condições de da em lei especial.
suportar totalmente o encargo, prestá-los, nem aptidão para o Parágrafo único.  O terceiro
serão chamados a concorrer os trabalho, o outro cônjuge será poderá igualmente instituir bem

243
Código Civil
de família por testamento ou doa- tento familiar, salvo se motivos do casal.
ção, dependendo a eficácia do ato relevantes aconselharem outra
da aceitação expressa de ambos solução, a critério do juiz. Art. 1.722.  Extingue-se, igual-
os cônjuges beneficiados ou da mente, o bem de família com a
entidade familiar beneficiada. Art. 1.716.  A isenção de que trata morte de ambos os cônjuges e a
o artigo antecedente durará en- maioridade dos filhos, desde que
Art. 1.712.  O bem de família con- quanto viver um dos cônjuges, ou, não sujeitos a curatela.
sistirá em prédio residencial urba- na falta destes, até que os filhos
no ou rural, com suas pertenças completem a maioridade.
e acessórios, destinando-se em TÍTULO III – DA UNIÃO
ambos os casos a domicílio fa- Art. 1.717.  O prédio e os valores ESTÁVEL
miliar, e poderá abranger valores mobiliários, constituídos como
mobiliários, cuja renda será apli- bem da família, não podem ter Art. 1.723.  É reconhecida como
cada na conservação do imóvel e destino diverso do previsto no entidade familiar a união estável
no sustento da família. art. 1.712 ou serem alienados sem entre o homem e a mulher, con-
o consentimento dos interessa- figurada na convivência pública,
Art. 1.713.  Os valores mobiliá- dos e seus representantes legais, contínua e duradoura e estabe-
rios, destinados aos fins previs- ouvido o Ministério Público. lecida com o objetivo de consti-
tos no artigo antecedente, não tuição de família.3
poderão exceder o valor do prédio Art. 1.718.  Qualquer forma de § 1o  A união estável não se
instituído em bem de família, à liquidação da entidade adminis- constituirá se ocorrerem os im-
época de sua instituição. tradora, a que se refere o § 3o do pedimentos do art. 1.521; não se
§ 1o  Deverão os valores mo- art. 1.713, não atingirá os valores aplicando a incidência do inciso
biliários ser devidamente indi- a ela confiados, ordenando o juiz VI no caso de a pessoa casada
vidualizados no instrumento de a sua transferência para outra se achar separada de fato ou ju-
instituição do bem de família. instituição semelhante, obede- dicialmente.
§ 2o  Se se tratar de títulos cendo-se, no caso de falência, § 2o  As causas suspensivas
nominativos, a sua instituição ao disposto sobre pedido de res- do art. 1.523 não impedirão a ca-
como bem de família deverá tituição. racterização da união estável.
constar dos respectivos livros
de registro. Art. 1.719.  Comprovada a im- Art. 1.724.  As relações pessoais
§ 3o  O instituidor poderá de- possibilidade da manutenção do entre os companheiros obedece-
terminar que a administração dos bem de família nas condições em rão aos deveres de lealdade, res-
valores mobiliários seja confiada a que foi instituído, poderá o juiz, a peito e assistência, e de guarda,
instituição financeira, bem como requerimento dos interessados, sustento e educação dos filhos.
disciplinar a forma de pagamento extingui-lo ou autorizar a sub-ro-
da respectiva renda aos benefi- gação dos bens que o constituem Art. 1.725.  Na união estável,
ciários, caso em que a respon- em outros, ouvidos o instituidor salvo contrato escrito entre os
sabilidade dos administradores e o Ministério Público. companheiros, aplica-se às rela-
obedecerá às regras do contrato ções patrimoniais, no que couber,
de depósito. Art. 1.720.  Salvo disposição em o regime da comunhão parcial
contrário do ato de instituição, a de bens.
Art. 1.714.  O bem de família, quer administração do bem de família
instituído pelos cônjuges ou por compete a ambos os cônjuges, Art. 1.726.  A união estável po-
terceiro, constitui-se pelo re- resolvendo o juiz em caso de di- derá converter-se em casamen-
gistro de seu título no Registro vergência. to, mediante pedido dos com-
de Imóveis. Parágrafo único.  Com o fale- panheiros ao juiz e assento no
cimento de ambos os cônjuges, Registro Civil.
Art. 1.715.  O bem de família é a administração passará ao filho
isento de execução por dívidas mais velho, se for maior, e, do Art. 1.727.  As relações não even-
posteriores à sua instituição, sal- contrário, a seu tutor. tuais entre o homem e a mulher,
vo as que provierem de tributos impedidos de casar, constituem
relativos ao prédio, ou de despe- Art. 1.721.  A dissolução da so- concubinato.
sas de condomínio. ciedade conjugal não extingue o
Parágrafo único.  No caso de bem de família.
execução pelas dívidas referidas Parágrafo único.  Dissolvida a
neste artigo, o saldo existente sociedade conjugal pela morte de
será aplicado em outro prédio, um dos cônjuges, o sobrevivente
como bem de família, ou em tí- poderá pedir a extinção do bem
tulos da dívida pública, para sus- de família, se for o único bem 3
  NE: ver ADI no 4.277 e ADPF no 132.

244
Código Civil
TÍTULO IV – DA TUTELA, DA testamentária sem indicação de Seção III – Da Escusa dos
CURATELA E DA TOMADA precedência, entende-se que a Tutores
tutela foi cometida ao primeiro, e
DE DECISÃO APOIADA que os outros lhe sucederão pela Art. 1.736.  Podem escusar-se
CAPÍTULO I – DA TUTELA ordem de nomeação, se ocorrer da tutela:
morte, incapacidade, escusa ou I – mulheres casadas;
Seção I – Dos Tutores qualquer outro impedimento. II – maiores de sessenta anos;
§ 2o  Quem institui um menor III – aqueles que tiverem sob
Art. 1.728.  Os filhos menores herdeiro, ou legatário seu, poderá sua autoridade mais de três filhos;
são postos em tutela: nomear-lhe curador especial para IV – os impossibilitados por
I – com o falecimento dos os bens deixados, ainda que o enfermidade;
pais, ou sendo estes julgados beneficiário se encontre sob o V – aqueles que habitarem
ausentes; poder familiar, ou tutela. longe do lugar onde se haja de
II – em caso de os pais deca- exercer a tutela;
írem do poder familiar. Art. 1.734.  As crianças e os VI – aqueles que já exercerem
adolescentes cujos pais forem tutela ou curatela;
Art. 1.729.  O direito de nome- desconhecidos, falecidos ou que VII – militares em serviço.
ar tutor compete aos pais, em tiverem sido suspensos ou des-
conjunto. tituídos do poder familiar terão Art. 1.737.  Quem não for parente
Parágrafo único.  A nomea- tutores nomeados pelo Juiz ou do menor não poderá ser obriga-
ção deve constar de testamento serão incluídos em programa de do a aceitar a tutela, se houver
ou de qualquer outro documento colocação familiar, na forma pre- no lugar parente idôneo, consan-
autêntico. vista pela Lei no 8.069, de 13 de ju- guíneo ou afim, em condições de
lho de 1990 – Estatuto da Criança exercê-la.
Art. 1.730.  É nula a nomeação de e do Adolescente.
tutor pelo pai ou pela mãe que, ao Art. 1.738.  A escusa apresentar-
tempo de sua morte, não tinha o -se-á nos dez dias subsequentes
poder familiar.
Seção II – Dos Incapazes de à designação, sob pena de enten-
Exercer a Tutela der-se renunciado o direito de
Art. 1.731.  Em falta de tutor no- alegá-la; se o motivo escusatório
meado pelos pais incumbe a tu- Art. 1.735.  Não podem ser tuto- ocorrer depois de aceita a tutela,
tela aos parentes consanguíneos res e serão exonerados da tutela, os dez dias contar-se-ão do em
do menor, por esta ordem: caso a exerçam: que ele sobrevier.
I – aos ascendentes, prefe- I – aqueles que não tiverem a
rindo o de grau mais próximo ao livre administração de seus bens; Art. 1.739.  Se o juiz não admitir
mais remoto; II – aqueles que, no momento a escusa, exercerá o nomeado a
II – aos colaterais até o ter- de lhes ser deferida a tutela, se tutela, enquanto o recurso in-
ceiro grau, preferindo os mais acharem constituídos em obriga- terposto não tiver provimento,
próximos aos mais remotos, e, ção para com o menor, ou tiverem e responderá desde logo pelas
no mesmo grau, os mais velhos que fazer valer direitos contra perdas e danos que o menor ve-
aos mais moços; em qualquer dos este, e aqueles cujos pais, filhos nha a sofrer.
casos, o juiz escolherá entre eles ou cônjuges tiverem demanda
o mais apto a exercer a tutela em contra o menor;
benefício do menor. III – os inimigos do menor, ou
Seção IV – Do Exercício da
de seus pais, ou que tiverem sido Tutela
Art. 1.732.  O juiz nomeará tutor por estes expressamente excluí-
idôneo e residente no domicílio dos da tutela; Art. 1.740.  Incumbe ao tutor,
do menor: IV – os condenados por cri- quanto à pessoa do menor:
I – na falta de tutor testamen- me de furto, roubo, estelionato, I – dirigir-lhe a educação, de-
tário ou legítimo; falsidade, contra a família ou os fendê-lo e prestar-lhe alimen-
II – quando estes forem ex- costumes, tenham ou não cum- tos, conforme os seus haveres
cluídos ou escusados da tutela; prido pena; e condição;
III – quando removidos por V – as pessoas de mau proce- II – reclamar do juiz que pro-
não idôneos o tutor legítimo e o dimento, ou falhas em probidade, videncie, como houver por bem,
testamentário. e as culpadas de abuso em tuto- quando o menor haja mister cor-
rias anteriores; reção;
Art. 1.733.  Aos irmãos órfãos VI – aqueles que exercerem III – adimplir os demais de-
dar-se-á um só tutor. função pública incompatível com veres que normalmente cabem
§ 1o  No caso de ser nomeado a boa administração da tutela. aos pais, ouvida a opinião do me-
mais de um tutor por disposição nor, se este já contar doze anos

245
Código Civil
de idade. II – receber as rendas e pen- que não conhecia o débito quando
sões do menor, e as quantias a a assumiu.
Art. 1.741.  Incumbe ao tutor, sob ele devidas;
a inspeção do juiz, administrar III – fazer-lhe as despesas de Art. 1.752.  O tutor responde pe-
os bens do tutelado, em proveito subsistência e educação, bem los prejuízos que, por culpa, ou
deste, cumprindo seus deveres como as de administração, con- dolo, causar ao tutelado; mas tem
com zelo e boa-fé. servação e melhoramentos de direito a ser pago pelo que real-
seus bens; mente despender no exercício da
Art. 1.742.  Para fiscalização dos IV – alienar os bens do menor tutela, salvo no caso do art. 1.734,
atos do tutor, pode o juiz nomear destinados a venda; e a perceber remuneração pro-
um protutor. V – promover-lhe, mediante porcional à importância dos bens
preço conveniente, o arrenda- administrados.
Art. 1.743.  Se os bens e inte- mento de bens de raiz. § 1o  Ao protutor será arbitra-
resses administrativos exigirem da uma gratificação módica pela
conhecimentos técnicos, forem Art. 1.748.  Compete também ao fiscalização efetuada.
complexos, ou realizados em tutor, com autorização do juiz: § 2o  São solidariamente res-
lugares distantes do domicílio I – pagar as dívidas do menor; ponsáveis pelos prejuízos as pes-
do tutor, poderá este, mediante II – aceitar por ele heranças, soas às quais competia fiscalizar
aprovação judicial, delegar a ou- legados ou doações, ainda que a atividade do tutor, e as que
tras pessoas físicas ou jurídicas o com encargos; concorreram para o dano.
exercício parcial da tutela. III – transigir;
IV – vender-lhe os bens mó-
Art. 1.744.  A responsabilidade veis, cuja conservação não con-
Seção V – Dos Bens do
do juiz será: vier, e os imóveis nos casos em Tutelado
I – direta e pessoal, quando que for permitido;
não tiver nomeado o tutor, ou não V – propor em juízo as ações, Art. 1.753.  Os tutores não podem
o houver feito oportunamente; ou nelas assistir o menor, e pro- conservar em seu poder dinheiro
II – subsidiária, quando não mover todas as diligências a bem dos tutelados, além do necessário
tiver exigido garantia legal do deste, assim como defendê-lo nos para as despesas ordinárias com
tutor, nem o removido, tanto que pleitos contra ele movidos. o seu sustento, a sua educação
se tornou suspeito. Parágrafo único.  No caso de e a administração de seus bens.
falta de autorização, a eficácia de § 1o  Se houver necessidade,
Art. 1.745.  Os bens do menor ato do tutor depende da aprova- os objetos de ouro e prata, pedras
serão entregues ao tutor me- ção ulterior do juiz. preciosas e móveis serão avalia-
diante termo especificado deles dos por pessoa idônea e, após
e seus valores, ainda que os pais Art. 1.749.  Ainda com a autori- autorização judicial, alienados,
o tenham dispensado. zação judicial, não pode o tutor, e o seu produto convertido em
Parágrafo único.  Se o pa- sob pena de nulidade: títulos, obrigações e letras de
trimônio do menor for de valor I – adquirir por si, ou por in- responsabilidade direta ou in-
considerável, poderá o juiz con- terposta pessoa, mediante con- direta da União ou dos Estados,
dicionar o exercício da tutela à trato particular, bens móveis ou atendendo-se preferentemente
prestação de caução bastante, imóveis pertencentes ao menor; à rentabilidade, e recolhidos ao
podendo dispensá-la se o tutor II – dispor dos bens do menor estabelecimento bancário oficial
for de reconhecida idoneidade. a título gratuito; ou aplicado na aquisição de imó-
III – constituir-se cessionário veis, conforme for determinado
Art. 1.746.  Se o menor possuir de crédito ou de direito, contra pelo juiz.
bens, será sustentado e educado o menor. § 2o  O mesmo destino pre-
a expensas deles, arbitrando o visto no parágrafo antecedente
juiz para tal fim as quantias que Art. 1.750.  Os imóveis perten- terá o dinheiro proveniente de
lhe pareçam necessárias, consi- centes aos menores sob tutela qualquer outra procedência.
derado o rendimento da fortuna somente podem ser vendidos § 3o  Os tutores respondem
do pupilo quando o pai ou a mãe quando houver manifesta vanta- pela demora na aplicação dos
não as houver fixado. gem, mediante prévia avaliação valores acima referidos, pagan-
judicial e aprovação do juiz. do os juros legais desde o dia em
Art. 1.747.  Compete mais ao que deveriam dar esse destino, o
tutor: Art. 1.751.  Antes de assumir a que não os exime da obrigação,
I – representar o menor, até tutela, o tutor declarará tudo o que o juiz fará efetiva, da referida
os dezesseis anos, nos atos da que o menor lhe deva, sob pena aplicação.
vida civil, e assisti-lo, após essa de não lhe poder cobrar, enquanto
idade, nos atos em que for parte; exerça a tutoria, salvo provando Art. 1.754.  Os valores que exis-

246
Código Civil
tirem em estabelecimento ban- Art. 1.759.  Nos casos de morte, tela:
cário oficial, na forma do artigo ausência, ou interdição do tu- I – aqueles que, por causa
antecedente, não se poderão re- tor, as contas serão prestadas transitória ou permanente, não
tirar, senão mediante ordem do por seus herdeiros ou represen- puderem exprimir sua vontade;
juiz, e somente: tantes. II – (Revogado);
I – para as despesas com o III – os ébrios habituais e os
sustento e educação do tutelado, Art. 1.760.  Serão levadas a cré- viciados em tóxico;
ou a administração de seus bens; dito do tutor todas as despesas IV – (Revogado);
II – para se comprarem bens justificadas e reconhecidamente V – os pródigos.
imóveis e títulos, obrigações ou proveitosas ao menor.
letras, nas condições previstas no Arts.  1.768 a 1.773.  (Revogados)
§ 1o do artigo antecedente; Art. 1.761.  As despesas com a
III – para se empregarem em prestação das contas serão pa- Art. 1.774.  Aplicam-se à curatela
conformidade com o disposto gas pelo tutelado. as disposições concernentes à
por quem os houver doado, ou tutela, com as modificações dos
deixado; Art. 1.762.  O alcance do tutor, artigos seguintes.
IV – para se entregarem aos bem como o saldo contra o tute-
órfãos, quando emancipados, ou lado, são dívidas de valor e ven- Art. 1.775.  O cônjuge ou compa-
maiores, ou, mortos eles, aos seus cem juros desde o julgamento nheiro, não separado judicialmen-
herdeiros. definitivo das contas. te ou de fato, é, de direito, curador
do outro, quando interdito.
§ 1o  Na falta do cônjuge ou
Seção VI – Da Prestação de Seção VII – Da Cessação da companheiro, é curador legítimo
Contas Tutela o pai ou a mãe; na falta destes, o
descendente que se demonstrar
Art. 1.755.  Os tutores, embora Art. 1.763.  Cessa a condição de mais apto.
o contrário tivessem disposto tutelado: § 2o  Entre os descendentes,
os pais dos tutelados, são obri- I – com a maioridade ou a os mais próximos precedem aos
gados a prestar contas da sua emancipação do menor; mais remotos.
administração. II – ao cair o menor sob o § 3o  Na falta das pessoas
poder familiar, no caso de reco- mencionadas neste artigo, com-
Art. 1.756.  No fim de cada ano nhecimento ou adoção. pete ao juiz a escolha do curador.
de administração, os tutores sub-
meterão ao juiz o balanço respec- Art. 1.764.  Cessam as funções Art. 1.775-A.  Na nomeação de
tivo, que, depois de aprovado, se do tutor: curador para a pessoa com defi-
anexará aos autos do inventário. I – ao expirar o termo, em que ciência, o juiz poderá estabelecer
era obrigado a servir; curatela compartilhada a mais de
Art. 1.757.  Os tutores prestarão II – ao sobrevir escusa le- uma pessoa.
contas de dois em dois anos, e gítima;
também quando, por qualquer III – ao ser removido. Art. 1.776.  (Revogado)
motivo, deixarem o exercício da
tutela ou toda vez que o juiz achar Art. 1.765.  O tutor é obrigado a Art. 1.777.  As pessoas referidas
conveniente. servir por espaço de dois anos. no inciso I do art. 1.767 receberão
Parágrafo único.  As contas Parágrafo único.  Pode o tutor todo o apoio necessário para ter
serão prestadas em juízo, e jul- continuar no exercício da tute- preservado o direito à convivên-
gadas depois da audiência dos la, além do prazo previsto neste cia familiar e comunitária, sendo
interessados, recolhendo o tutor artigo, se o quiser e o juiz julgar evitado o seu recolhimento em
imediatamente a estabelecimen- conveniente ao menor. estabelecimento que os afaste
to bancário oficial os saldos, ou desse convívio.
adquirindo bens imóveis, ou tí- Art. 1.766.  Será destituído o tu-
tulos, obrigações ou letras, na tor, quando negligente, prevarica- Art. 1.778.  A autoridade do cura-
forma do § 1o do art. 1.753. dor ou incurso em incapacidade. dor estende-se à pessoa e aos
bens dos filhos do curatelado,
Art. 1.758.  Finda a tutela pela observado o art. 5o.
emancipação ou maioridade, a CAPÍTULO II – DA
quitação do menor não produ- CURATELA
zirá efeito antes de aprovadas
Seção I – Dos Interditos
as contas pelo juiz, subsistindo
inteira, até então, a responsabi-
lidade do tutor. Art. 1.767.  Estão sujeitos a cura-

247
Código Civil
Seção II – Da Curatela do tes do apoio a ser oferecido e os matéria.
Nascituro e do Enfermo ou compromissos dos apoiadores, § 11.  Aplicam-se à tomada
Portador de Deficiência inclusive o prazo de vigência do de decisão apoiada, no que cou-
Física acordo e o respeito à vontade, ber, as disposições referentes à
aos direitos e aos interesses da prestação de contas na curatela.
Art. 1.779.  Dar-se-á curador ao pessoa que devem apoiar.
nascituro, se o pai falecer estando § 2o  O pedido de tomada de
grávida a mulher, e não tendo o decisão apoiada será requerido LIVRO V – DO DIREITO DAS
poder familiar. pela pessoa a ser apoiada, com SUCESSÕES
Parágrafo único.  Se a mulher indicação expressa das pessoas
estiver interdita, seu curador será aptas a prestarem o apoio previs- TÍTULO I – DA SUCESSÃO
o do nascituro. to no caput deste artigo. EM GERAL
§ 3o  Antes de se pronunciar
Art. 1.780.  (Revogado) sobre o pedido de tomada de CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
decisão apoiada, o juiz, assistido GERAIS
por equipe multidisciplinar, após
Seção III – Do Exercício da oitiva do Ministério Público, ouvirá Art. 1.784.  Aberta a sucessão,
Curatela pessoalmente o requerente e as a herança transmite-se, desde
pessoas que lhe prestarão apoio. logo, aos herdeiros legítimos e
Art. 1.781.  As regras a respeito § 4o  A decisão tomada por testamentários.
do exercício da tutela aplicam-se pessoa apoiada terá validade e
ao da curatela, com a restrição do efeitos sobre terceiros, sem res- Art. 1.785.  A sucessão abre-se
art. 1.772 e as desta Seção. trições, desde que esteja inserida no lugar do último domicílio do
nos limites do apoio acordado. falecido.
Art. 1.782.  A interdição do pró- § 5o  Terceiro com quem a
digo só o privará de, sem curador, pessoa apoiada mantenha rela- Art. 1.786.  A sucessão dá-se
emprestar, transigir, dar quitação, ção negocial pode solicitar que por lei ou por disposição de últi-
alienar, hipotecar, demandar ou os apoiadores contra-assinem ma vontade.
ser demandado, e praticar, em o contrato ou acordo, especifi-
geral, os atos que não sejam de cando, por escrito, sua função Art. 1.787.  Regula a sucessão e
mera administração. em relação ao apoiado. a legitimação para suceder a lei
§ 6o  Em caso de negócio ju- vigente ao tempo da abertura
Art. 1.783.  Quando o curador rídico que possa trazer risco ou daquela.
for o cônjuge e o regime de bens prejuízo relevante, havendo diver-
do casamento for de comunhão gência de opiniões entre a pessoa Art. 1.788.  Morrendo a pessoa
universal, não será obrigado à apoiada e um dos apoiadores, sem testamento, transmite a he-
prestação de contas, salvo de- deverá o juiz, ouvido o Ministério rança aos herdeiros legítimos; o
terminação judicial. Público, decidir sobre a questão. mesmo ocorrerá quanto aos bens
§ 7o  Se o apoiador agir com que não forem compreendidos
negligência, exercer pressão in- no testamento; e subsiste a su-
CAPÍTULO III – DA TOMADA devida ou não adimplir as obriga- cessão legítima se o testamento
DE DECISÃO APOIADA ções assumidas, poderá a pes- caducar, ou for julgado nulo.
soa apoiada ou qualquer pessoa
Art. 1.783-A.  A tomada de de- apresentar denúncia ao Ministério Art. 1.789.  Havendo herdeiros
cisão apoiada é o processo pelo Público ou ao juiz. necessários, o testador só pode-
qual a pessoa com deficiência § 8o  Se procedente a denún- rá dispor da metade da herança.
elege pelo menos 2 (duas) pesso- cia, o juiz destituirá o apoiador e
as idôneas, com as quais mante- nomeará, ouvida a pessoa apoiada Art. 1.790.  A companheira ou
nha vínculos e que gozem de sua e se for de seu interesse, outra o companheiro participará da
confiança, para prestar-lhe apoio pessoa para prestação de apoio. sucessão do outro, quanto aos
na tomada de decisão sobre atos § 9o  A pessoa apoiada pode, a bens adquiridos onerosamente
da vida civil, fornecendo-lhes os qualquer tempo, solicitar o térmi- na vigência da união estável, nas
elementos e informações neces- no de acordo firmado em proces- condições seguintes:
sários para que possa exercer sua so de tomada de decisão apoiada. I – se concorrer com filhos
capacidade. § 10.  O apoiador pode so- comuns, terá direito a uma quo-
§ 1o  Para formular pedido licitar ao juiz a exclusão de sua ta equivalente à que por lei for
de tomada de decisão apoiada, participação do processo de to- atribuída ao filho;
a pessoa com deficiência e os mada de decisão apoiada, sendo II – se concorrer com des-
apoiadores devem apresentar seu desligamento condicionado cendentes só do autor da he-
termo em que constem os limi- à manifestação do juiz sobre a rança, tocar-lhe-á a metade do

248
Código Civil
que couber a cada um daqueles; são, poderá, depositado o preço, do artigo antecedente, os bens da
III – se concorrer com outros haver para si a quota cedida a es- herança serão confiados, após a
parentes sucessíveis, terá direito tranho, se o requerer até cento e liquidação ou partilha, a curador
a um terço da herança; oitenta dias após a transmissão. nomeado pelo juiz.
IV – não havendo parentes Parágrafo único.  Sendo vá- § 1o  Salvo disposição testa-
sucessíveis, terá direito à tota- rios os coerdeiros a exercer a mentária em contrário, a curatela
lidade da herança. preferência, entre eles se distri- caberá à pessoa cujo filho o tes-
buirá o quinhão cedido, na pro- tador esperava ter por herdeiro,
porção das respectivas quotas e, sucessivamente, às pessoas
CAPÍTULO II – DA HERANÇA hereditárias. indicadas no art. 1.775.
E DE SUA ADMINISTRAÇÃO § 2o  Os poderes, deveres e
Art. 1.796.  No prazo de trinta responsabilidades do curador,
Art. 1.791.  A herança defere-se dias, a contar da abertura da su- assim nomeado, regem-se pe-
como um todo unitário, ainda que cessão, instaurar-se-á inventário las disposições concernentes à
vários sejam os herdeiros. do patrimônio hereditário, peran- curatela dos incapazes, no que
Parágrafo único.  Até a par- te o juízo competente no lugar da couber.
tilha, o direito dos coerdeiros, sucessão, para fins de liquidação § 3o  Nascendo com vida o
quanto à propriedade e posse da e, quando for o caso, de partilha herdeiro esperado, ser-lhe-á de-
herança, será indivisível, e regu- da herança. ferida a sucessão, com os frutos
lar-se-á pelas normas relativas e rendimentos relativos à deixa,
ao condomínio. Art. 1.797.  Até o compromisso do a partir da morte do testador.
inventariante, a administração da § 4o  Se, decorridos dois anos
Art. 1.792.  O herdeiro não res- herança caberá, sucessivamente: após a abertura da sucessão, não
ponde por encargos superiores I – ao cônjuge ou companhei- for concebido o herdeiro espera-
às forças da herança; incumbe- ro, se com o outro convivia ao do, os bens reservados, salvo dis-
-lhe, porém, a prova do excesso, tempo da abertura da sucessão; posição em contrário do testador,
salvo se houver inventário que a II – ao herdeiro que estiver na caberão aos herdeiros legítimos.
escuse, demostrando o valor dos posse e administração dos bens,
bens herdados. e, se houver mais de um nessas Art. 1.801.  Não podem ser nome-
condições, ao mais velho; ados herdeiros nem legatários:
Art. 1.793.  O direito à sucessão III – ao testamenteiro; I – a pessoa que, a rogo, es-
aberta, bem como o quinhão de IV – a pessoa de confiança do creveu o testamento, nem o seu
que disponha o coerdeiro, pode juiz, na falta ou escusa das indi- cônjuge ou companheiro, ou os
ser objeto de cessão por escri- cadas nos incisos antecedentes, seus ascendentes e irmãos;
tura pública. ou quando tiverem de ser afas- II – as testemunhas do tes-
§ 1o  Os direitos, conferidos tadas por motivo grave levado ao tamento;
ao herdeiro em consequência conhecimento do juiz. III – o concubino do testador
de substituição ou de direito casado, salvo se este, sem culpa
de acrescer, presumem-se não sua, estiver separado de fato do
abrangidos pela cessão feita an- CAPÍTULO III – DA cônjuge há mais de cinco anos;
teriormente. VOCAÇÃO HEREDITÁRIA IV – o tabelião, civil ou militar,
§ 2o  É ineficaz a cessão, pelo ou o comandante ou escrivão, pe-
coerdeiro, de seu direito heredi- Art. 1.798.  Legitimam-se a su- rante quem se fizer, assim como o
tário sobre qualquer bem da he- ceder as pessoas nascidas ou que fizer ou aprovar o testamento.
rança considerado singularmente. já concebidas no momento da
§ 3o  Ineficaz é a disposição, abertura da sucessão. Art. 1.802.  São nulas as disposi-
sem prévia autorização do juiz ções testamentárias em favor de
da sucessão, por qualquer her- Art. 1.799.  Na sucessão testa- pessoas não legitimadas a suce-
deiro, de bem componente do mentária podem ainda ser cha- der, ainda quando simuladas sob a
acervo hereditário, pendente a mados a suceder: forma de contrato oneroso, ou fei-
indivisibilidade. I – os filhos, ainda não conce- tas mediante interposta pessoa.
bidos, de pessoas indicadas pelo Parágrafo único. Presumem-
Art. 1.794.  O coerdeiro não po- testador, desde que vivas estas -se pessoas interpostas os ascen-
derá ceder a sua quota hereditária ao abrir-se a sucessão; dentes, os descendentes, os ir-
a pessoa estranha à sucessão, se II – as pessoas jurídicas; mãos e o cônjuge ou companheiro
outro coerdeiro a quiser, tanto III – as pessoas jurídicas, cuja do não legitimado a suceder.
por tanto. organização for determinada pelo
testador sob a forma de fundação. Art. 1.803.  É lícita a deixa ao
Art. 1.795.  O coerdeiro, a quem filho do concubino, quando tam-
não se der conhecimento da ces- Art. 1.800.  No caso do inciso I bém o for do testador.

249
Código Civil
CAPÍTULO IV – DA Art. 1.809.  Falecendo o herdeiro ge, companheiro, ascendente ou
ACEITAÇÃO E RENÚNCIA antes de declarar se aceita a he- descendente;
rança, o poder de aceitar passa- II – que houverem acusado
DA HERANÇA -lhe aos herdeiros, a menos que caluniosamente em juízo o autor
se trate de vocação adstrita a da herança ou incorrerem em cri-
Art. 1.804.  Aceita a herança, tor- uma condição suspensiva, ainda me contra a sua honra, ou de seu
na-se definitiva a sua transmissão não verificada. cônjuge ou companheiro;
ao herdeiro, desde a abertura da Parágrafo único.  Os chama- III – que, por violência ou
sucessão. dos à sucessão do herdeiro faleci- meios fraudulentos, inibirem ou
Parágrafo único.  A transmis- do antes da aceitação, desde que obstarem o autor da herança de
são tem-se por não verificada concordem em receber a segunda dispor livremente de seus bens
quando o herdeiro renuncia à herança, poderão aceitar ou re- por ato de última vontade.
herança. nunciar a primeira.
Art. 1.815.  A exclusão do her-
Art. 1.805.  A aceitação da he- Art. 1.810.  Na sucessão legítima, deiro ou legatário, em qualquer
rança, quando expressa, faz-se a parte do renunciante acresce à desses casos de indignidade, será
por declaração escrita; quando dos outros herdeiros da mesma declarada por sentença.
tácita, há de resultar tão somente classe e, sendo ele o único desta, § 1o  O direito de demandar a
de atos próprios da qualidade de devolve-se aos da subsequente. exclusão do herdeiro ou legatário
herdeiro. extingue-se em quatro anos, con-
§ 1o  Não exprimem aceita- Art. 1.811.  Ninguém pode su- tados da abertura da sucessão.
ção de herança os atos oficio- ceder, representando herdeiro § 2o  Na hipótese do inciso I
sos, como o funeral do finado, renunciante. Se, porém, ele for do art. 1.814, o Ministério Público
os meramente conservatórios, o único legítimo da sua classe, tem legitimidade para demandar a
ou os de administração e guarda ou se todos os outros da mesma exclusão do herdeiro ou legatário.
provisória. classe renunciarem a herança,
§ 2o  Não importa igualmente poderão os filhos vir à sucessão, Art. 1.816.  São pessoais os efei-
aceitação a cessão gratuita, pura por direito próprio, e por cabeça. tos da exclusão; os descendentes
e simples, da herança, aos demais do herdeiro excluído sucedem,
coerdeiros. Art. 1.812.  São irrevogáveis os como se ele morto fosse antes
atos de aceitação ou de renúncia da abertura da sucessão.
Art. 1.806.  A renúncia da heran- da herança. Parágrafo único.  O excluído
ça deve constar expressamente da sucessão não terá direito ao
de instrumento público ou termo Art. 1.813.  Quando o herdeiro usufruto ou à administração dos
judicial. prejudicar os seus credores, re- bens que a seus sucessores cou-
nunciando à herança, poderão berem na herança, nem à suces-
Art. 1.807.  O interessado em que eles, com autorização do juiz, são eventual desses bens.
o herdeiro declare se aceita, ou aceitá-la em nome do renun-
não, a herança, poderá, vinte dias ciante. Art. 1.817.  São válidas as aliena-
após aberta a sucessão, requerer § 1o  A habilitação dos cre- ções onerosas de bens hereditá-
ao juiz prazo razoável, não maior dores se fará no prazo de trinta rios a terceiros de boa-fé, e os
de trinta dias, para, nele, se pro- dias seguintes ao conhecimento atos de administração legalmente
nunciar o herdeiro, sob pena de do fato. praticados pelo herdeiro, antes
se haver a herança por aceita. § 2o  Pagas as dívidas do re- da sentença de exclusão; mas
nunciante, prevalece a renúncia aos herdeiros subsiste, quando
Art. 1.808.  Não se pode aceitar quanto ao remanescente, que prejudicados, o direito de deman-
ou renunciar a herança em parte, será devolvido aos demais her- dar-lhe perdas e danos.
sob condição ou a termo. deiros. Parágrafo único.  O excluído
§ 1o  O herdeiro, a quem se da sucessão é obrigado a res-
testarem legados, pode aceitá- tituir os frutos e rendimentos
-los, renunciando a herança; ou, CAPÍTULO V – DOS que dos bens da herança houver
aceitando-a, repudiá-los. EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO percebido, mas tem direito a ser
§ 2o  O herdeiro, chamado, indenizado das despesas com a
na mesma sucessão, a mais de Art. 1.814.  São excluídos da su- conservação deles.
um quinhão hereditário, sob tí- cessão os herdeiros ou legatários:
tulos sucessórios diversos, pode I – que houverem sido auto- Art. 1.818.  Aquele que incorreu
livremente deliberar quanto aos res, coautores ou partícipes de em atos que determinem a ex-
quinhões que aceita e aos que homicídio doloso, ou tentativa clusão da herança será admi-
renuncia. deste, contra a pessoa de cuja tido a suceder, se o ofendido o
sucessão se tratar, seu cônju- tiver expressamente reabilitado

250
Código Civil
em testamento, ou em outro ato CAPÍTULO VII – DA vente, salvo se casado este com o
autêntico. PETIÇÃO DE HERANÇA falecido no regime da comunhão
Parágrafo único.  Não haven- universal, ou no da separação
do reabilitação expressa, o indig- Art. 1.824.  O herdeiro pode, em obrigatória de bens (art.  1.640,
no, contemplado em testamento ação de petição de herança, de- parágrafo único); ou se, no regime
do ofendido, quando o testador, mandar o reconhecimento de da comunhão parcial, o autor da
ao testar, já conhecia a causa da seu direito sucessório, para ob- herança não houver deixado bens
indignidade, pode suceder no li- ter a restituição da herança, ou particulares;
mite da disposição testamentária. de parte dela, contra quem, na II – aos ascendentes, em con-
qualidade de herdeiro, ou mesmo corrência com o cônjuge;
sem título, a possua. III – ao cônjuge sobrevivente;
CAPÍTULO VI – DA IV – aos colaterais.
HERANÇA JACENTE Art. 1.825.  A ação de petição
de herança, ainda que exercida Art. 1.830.  Somente é reconhe-
Art. 1.819.  Falecendo alguém por um só dos herdeiros, poderá cido direito sucessório ao côn-
sem deixar testamento nem compreender todos os bens he- juge sobrevivente se, ao tempo
herdeiro legítimo notoriamente reditários. da morte do outro, não estavam
conhecido, os bens da herança, separados judicialmente, nem se-
depois de arrecadados, ficarão Art. 1.826.  O possuidor da he- parados de fato há mais de dois
sob a guarda e administração de rança está obrigado à restituição anos, salvo prova, neste caso, de
um curador, até a sua entrega ao dos bens do acervo, fixando-se- que essa convivência se tornara
sucessor devidamente habilitado -lhe a responsabilidade segundo a impossível sem culpa do sobre-
ou à declaração de sua vacância. sua posse, observado o disposto vivente.
nos arts. 1.214 a 1.222.
Art. 1.820.  Praticadas as diligên- Parágrafo único.  A partir da Art. 1.831.  Ao cônjuge sobrevi-
cias de arrecadação e ultimado o citação, a responsabilidade do vente, qualquer que seja o regime
inventário, serão expedidos edi- possuidor se há de aferir pelas de bens, será assegurado, sem
tais na forma da lei processual, e, regras concernentes à posse de prejuízo da participação que lhe
decorrido um ano de sua primeira má-fé e à mora. caiba na herança, o direito real
publicação, sem que haja herdeiro de habitação relativamente ao
habilitado, ou penda habilitação, Art. 1.827.  O herdeiro pode de- imóvel destinado à residência da
será a herança declarada vacante. mandar os bens da herança, mes- família, desde que seja o único
mo em poder de terceiros, sem daquela natureza a inventariar.
Art. 1.821.  É assegurado aos cre- prejuízo da responsabilidade do
dores o direito de pedir o paga- possuidor originário pelo valor Art. 1.832.  Em concorrência
mento das dívidas reconhecidas, dos bens alienados. com os descendentes (art. 1.829,
nos limites das forças da herança. Parágrafo único.  São efica- inciso I) caberá ao cônjuge qui-
zes as alienações feitas, a título nhão igual ao dos que sucederem
Art. 1.822.  A declaração de va- oneroso, pelo herdeiro aparente por cabeça, não podendo a sua
cância da herança não prejudica- a terceiro de boa-fé. quota ser inferior à quarta parte
rá os herdeiros que legalmente se da herança, se for ascendente
habilitarem; mas, decorridos cin- Art. 1.828.  O herdeiro aparen- dos herdeiros com que concorrer.
co anos da abertura da sucessão, te, que de boa-fé houver pago
os bens arrecadados passarão um legado, não está obrigado a Art. 1.833.  Entre os descenden-
ao domínio do Município ou do prestar o equivalente ao verdadei- tes, os em grau mais próximo ex-
Distrito Federal, se localizados ro sucessor, ressalvado a este o cluem os mais remotos, salvo o
nas respectivas circunscrições, direito de proceder contra quem direito de representação.
incorporando-se ao domínio da o recebeu.
União quando situados em ter- Art. 1.834.  Os descendentes da
ritório federal. mesma classe têm os mesmos
Parágrafo único.  Não se habi- TÍTULO II – DA SUCESSÃO direitos à sucessão de seus as-
litando até a declaração de vacân- LEGÍTIMA cendentes.
cia, os colaterais ficarão excluídos
da sucessão. CAPÍTULO I – DA ORDEM DA Art. 1.835.  Na linha descenden-
VOCAÇÃO HEREDITÁRIA te, os filhos sucedem por cabeça,
Art. 1.823.  Quando todos os cha- e os outros descendentes, por
mados a suceder renunciarem à Art. 1.829.  A sucessão legítima cabeça ou por estirpe, conforme
herança, será esta desde logo defere-se na ordem seguinte: se achem ou não no mesmo grau.
declarada vacante. I – aos descendentes, em con-
corrência com o cônjuge sobrevi- Art. 1.836.  Na falta de descen-

251
Código Civil
dentes, são chamados à sucessão de irmãos unilaterais, herdarão templar.
os ascendentes, em concorrên- por igual.
cia com o cônjuge sobrevivente.
§ 1o  Na classe dos ascenden- Art. 1.844.  Não sobrevivendo CAPÍTULO III – DO DIREITO
tes, o grau mais próximo exclui cônjuge, ou companheiro, nem DE REPRESENTAÇÃO
o mais remoto, sem distinção parente algum sucessível, ou ten-
de linhas. do eles renunciado a herança, Art. 1.851.  Dá-se o direito de
§ 2o  Havendo igualdade em esta se devolve ao Município ou representação, quando a lei cha-
grau e diversidade em linha, os ao Distrito Federal, se localizada ma certos parentes do falecido a
ascendentes da linha paterna her- nas respectivas circunscrições, suceder em todos os direitos, em
dam a metade, cabendo a outra ou à União, quando situada em que ele sucederia, se vivo fosse.
aos da linha materna. território federal.
Art. 1.852.  O direito de represen-
Art. 1.837.  Concorrendo com tação dá-se na linha reta descen-
ascendente em primeiro grau, CAPÍTULO II – DOS dente, mas nunca na ascendente.
ao cônjuge tocará um terço da HERDEIROS NECESSÁRIOS
herança; caber-lhe-á a metade Art. 1.853.  Na linha transversal,
desta se houver um só ascenden- Art. 1.845.  São herdeiros ne- somente se dá o direito de repre-
te, ou se maior for aquele grau. cessários os descendentes, os sentação em favor dos filhos de
ascendentes e o cônjuge. irmãos do falecido, quando com
Art. 1.838.  Em falta de descen- irmãos deste concorrerem.
dentes e ascendentes, será de- Art. 1.846.  Pertence aos herdei-
ferida a sucessão por inteiro ao ros necessários, de pleno direito, Art. 1.854.  Os representantes
cônjuge sobrevivente. a metade dos bens da herança, só podem herdar, como tais, o
constituindo a legítima. que herdaria o representado, se
Art. 1.839.  Se não houver côn- vivo fosse.
juge sobrevivente, nas condições Art. 1.847.  Calcula-se a legítima
estabelecidas no art. 1.830, serão sobre o valor dos bens existentes Art. 1.855.  O quinhão do repre-
chamados a suceder os colaterais na abertura da sucessão, abatidas sentado partir-se-á por igual en-
até o quarto grau. as dívidas e as despesas do fune- tre os representantes.
ral, adicionando-se, em seguida, o
Art. 1.840.  Na classe dos cola- valor dos bens sujeitos a colação. Art. 1.856.  O renunciante à he-
terais, os mais próximos excluem rança de uma pessoa poderá re-
os mais remotos, salvo o direito Art. 1.848.  Salvo se houver justa presentá-la na sucessão de outra.
de representação concedido aos causa, declarada no testamento,
filhos de irmãos. não pode o testador estabelecer
cláusula de inalienabilidade, im- TÍTULO III – DA SUCESSÃO
Art. 1.841.  Concorrendo à heran- penhorabilidade, e de incomu- TESTAMENTÁRIA
ça do falecido irmãos bilaterais nicabilidade, sobre os bens da
com irmãos unilaterais, cada um legítima. CAPÍTULO I – DO
destes herdará metade do que § 1o  Não é permitido ao tes- TESTAMENTO EM GERAL
cada um daqueles herdar. tador estabelecer a conversão
dos bens da legítima em outros Art. 1.857.  Toda pessoa capaz
Art. 1.842.  Não concorrendo à de espécie diversa. pode dispor, por testamento, da
herança irmão bilateral, herdarão, § 2o  Mediante autorização totalidade dos seus bens, ou de
em partes iguais, os unilaterais. judicial e havendo justa causa, parte deles, para depois de sua
podem ser alienados os bens gra- morte.
Art. 1.843.  Na falta de irmãos, vados, convertendo-se o produto § 1o  A legítima dos herdei-
herdarão os filhos destes e, não em outros bens, que ficarão sub- ros necessários não poderá ser
os havendo, os tios. -rogados nos ônus dos primeiros. incluída no testamento.
§ 1o  Se concorrerem à he- § 2o  São válidas as disposi-
rança somente filhos de irmãos Art. 1.849.  O herdeiro necessá- ções testamentárias de caráter
falecidos, herdarão por cabeça. rio, a quem o testador deixar a sua não patrimonial, ainda que o tes-
§ 2o  Se concorrem filhos de parte disponível, ou algum legado, tador somente a elas se tenha
irmãos bilaterais com filhos de ir- não perderá o direito à legítima. limitado.
mãos unilaterais, cada um destes
herdará a metade do que herdar Art. 1.850.  Para excluir da su- Art. 1.858.  O testamento é ato
cada um daqueles. cessão os herdeiros colaterais, personalíssimo, podendo ser mu-
§ 3o  Se todos forem filhos basta que o testador disponha dado a qualquer tempo.
de irmãos bilaterais, ou todos de seu patrimônio sem os con-

252
Código Civil
Art. 1.859.  Extingue-se em cin- pelo tabelião. mento cerrado pode ser escrito
co anos o direito de impugnar a Parágrafo único.  O testamen- mecanicamente, desde que seu
validade do testamento, contado to público pode ser escrito manu- subscritor numere e autentique,
o prazo da data do seu registro. almente ou mecanicamente, bem com a sua assinatura, todas as
como ser feito pela inserção da páginas.
declaração de vontade em partes
CAPÍTULO II – DA impressas de livro de notas, desde Art. 1.869.  O tabelião deve co-
CAPACIDADE DE TESTAR que rubricadas todas as páginas meçar o auto de aprovação ime-
pelo testador, se mais de uma. diatamente depois da última pa-
Art. 1.860.  Além dos incapazes, lavra do testador, declarando,
não podem testar os que, no ato Art. 1.865.  Se o testador não sob sua fé, que o testador lhe
de fazê-lo, não tiverem pleno dis- souber, ou não puder assinar, o entregou para ser aprovado na
cernimento. tabelião ou seu substituto legal presença das testemunhas; pas-
Parágrafo único.  Podem tes- assim o declarará, assinando, sando a cerrar e coser o instru-
tar os maiores de dezesseis anos. neste caso, pelo testador, e, a mento aprovado.
seu rogo, uma das testemunhas Parágrafo único.  Se não hou-
Art. 1.861.  A incapacidade su- instrumentárias. ver espaço na última folha do
perveniente do testador não in- testamento, para início da apro-
valida o testamento, nem o tes- Art. 1.866.  O indivíduo inteira- vação, o tabelião aporá nele o
tamento do incapaz se valida com mente surdo, sabendo ler, lerá o seu sinal público, mencionando
a superveniência da capacidade. seu testamento, e, se não o sou- a circunstância no auto.
ber, designará quem o leia em seu
lugar, presentes as testemunhas. Art. 1.870.  Se o tabelião tiver
CAPÍTULO III – DAS escrito o testamento a rogo do
FORMAS ORDINÁRIAS DO Art. 1.867.  Ao cego só se per- testador, poderá, não obstante,
TESTAMENTO mite o testamento público, que aprová-lo.
lhe será lido, em voz alta, duas
Seção I – Disposições Gerais vezes, uma pelo tabelião ou por Art. 1.871.  O testamento pode
seu substituto legal, e a outra por ser escrito em língua nacional ou
Art. 1.862.  São testamentos or- uma das testemunhas, designa- estrangeira, pelo próprio testador,
dinários: da pelo testador, fazendo-se de ou por outrem, a seu rogo.
I – o público; tudo circunstanciada menção no
II – o cerrado; testamento. Art. 1.872.  Não pode dispor de
III – o particular. seus bens em testamento cerrado
quem não saiba ou não possa ler.
Art. 1.863.  É proibido o testa-
Seção III – Do Testamento
mento conjuntivo, seja simultâ- Cerrado Art. 1.873.  Pode fazer testamen-
neo, recíproco ou correspectivo. to cerrado o surdo-mudo, contan-
Art. 1.868.  O testamento es- to que o escreva todo, e o assine
crito pelo testador, ou por outra de sua mão, e que, ao entregá-lo
Seção II – Do Testamento pessoa, a seu rogo, e por aquele ao oficial público, ante as duas
Público assinado, será válido se aprovado testemunhas, escreva, na face
pelo tabelião ou seu substituto externa do papel ou do envoltório,
Art. 1.864.  São requisitos es- legal, observadas as seguintes que aquele é o seu testamento,
senciais do testamento público: formalidades: cuja aprovação lhe pede.
I – ser escrito por tabelião ou I – que o testador o entregue
por seu substituto legal em seu ao tabelião em presença de duas Art. 1.874.  Depois de aprovado
livro de notas, de acordo com as testemunhas; e cerrado, será o testamento en-
declarações do testador, podendo II – que o testador declare que tregue ao testador, e o tabelião
este servir-se de minuta, notas aquele é o seu testamento e quer lançará, no seu livro, nota do lu-
ou apontamentos; que seja aprovado; gar, dia, mês e ano em que o tes-
II – lavrado o instrumento, ser III – que o tabelião lavre, des- tamento foi aprovado e entregue.
lido em voz alta pelo tabelião ao de logo, o auto de aprovação, na
testador e a duas testemunhas, presença de duas testemunhas, Art. 1.875.  Falecido o testador, o
a um só tempo; ou pelo testador, e o leia, em seguida, ao testador testamento será apresentado ao
se o quiser, na presença destas e testemunhas; juiz, que o abrirá e o fará registrar,
e do oficial; IV – que o auto de aprovação ordenando seja cumprido, se não
III – ser o instrumento, em seja assinado pelo tabelião, pe- achar vício externo que o torne
seguida à leitura, assinado pelo las testemunhas e pelo testador. eivado de nulidade ou suspeito
testador, pelas testemunhas e Parágrafo único.  O testa- de falsidade.

253
Código Civil
Seção IV – Do Testamento particular seu, datado e assinado, tamento público ou ao cerrado.
Particular fazer disposições especiais sobre Parágrafo único.  O registro
o seu enterro, sobre esmolas de do testamento será feito no di-
Art. 1.876.  O testamento par- pouca monta a certas e deter- ário de bordo.
ticular pode ser escrito de pró- minadas pessoas, ou, indetermi-
prio punho ou mediante processo nadamente, aos pobres de certo Art. 1.889.  Quem estiver em via-
mecânico. lugar, assim como legar móveis, gem, a bordo de aeronave militar
§ 1o  Se escrito de próprio pu- roupas ou joias, de pouco valor, ou comercial, pode testar perante
nho, são requisitos essenciais à de seu uso pessoal. pessoa designada pelo coman-
sua validade seja lido e assinado dante, observado o disposto no
por quem o escreveu, na presença Art. 1.882.  Os atos a que se re- artigo antecedente.
de pelo menos três testemunhas, fere o artigo antecedente, salvo
que o devem subscrever. direito de terceiro, valerão como Art. 1.890.  O testamento marí-
§ 2o  Se elaborado por pro- codicilos, deixe ou não testamen- timo ou aeronáutico ficará sob
cesso mecânico, não pode con- to o autor. a guarda do comandante, que o
ter rasuras ou espaços em bran- entregará às autoridades admi-
co, devendo ser assinado pelo Art. 1.883.  Pelo modo estabe- nistrativas do primeiro porto ou
testador, depois de o ter lido na lecido no art. 1.881, poder-se-ão aeroporto nacional, contra reci-
presença de pelo menos três tes- nomear ou substituir testamen- bo averbado no diário de bordo.
temunhas, que o subscreverão. teiros.
Art. 1.891.  Caducará o testamen-
Art. 1.877.  Morto o testador, pu- Art. 1.884.  Os atos previstos nos to marítimo, ou aeronáutico, se o
blicar-se-á em juízo o testamen- artigos antecedentes revogam-se testador não morrer na viagem,
to, com citação dos herdeiros por atos iguais, e consideram- nem nos noventa dias subsequen-
legítimos. -se revogados, se, havendo tes- tes ao seu desembarque em terra,
tamento posterior, de qualquer onde possa fazer, na forma ordi-
Art. 1.878.  Se as testemunhas natureza, este os não confirmar nária, outro testamento.
forem contestes sobre o fato da ou modificar.
disposição, ou, ao menos, sobre Art. 1.892.  Não valerá o testa-
a sua leitura perante elas, e se Art. 1.885.  Se estiver fechado mento marítimo, ainda que feito
reconhecerem as próprias assina- o codicilo, abrir-se-á do mesmo no curso de uma viagem, se, ao
turas, assim como a do testador, modo que o testamento cerrado. tempo em que se fez, o navio
o testamento será confirmado. estava em porto onde o testador
Parágrafo único.  Se falta- pudesse desembarcar e testar na
rem testemunhas, por morte ou CAPÍTULO V – DOS forma ordinária.
ausência, e se pelo menos uma TESTAMENTOS ESPECIAIS
delas o reconhecer, o testamen-
Seção I – Disposições Gerais Seção III – Do Testamento
to poderá ser confirmado, se, a
critério do juiz, houver prova su- Militar
ficiente de sua veracidade. Art. 1.886.  São testamentos
especiais: Art. 1.893.  O testamento dos mi-
Art. 1.879.  Em circunstâncias I – o marítimo; litares e demais pessoas a serviço
excepcionais declaradas na cé- II – o aeronáutico; das Forças Armadas em campa-
dula, o testamento particular de III – o militar. nha, dentro do País ou fora dele,
próprio punho e assinado pelo assim como em praça sitiada, ou
testador, sem testemunhas, po- Art. 1.887.  Não se admitem ou- que esteja de comunicações in-
derá ser confirmado, a critério tros testamentos especiais além terrompidas, poderá fazer-se, não
do juiz. dos contemplados neste Código. havendo tabelião ou seu substitu-
to legal, ante duas, ou três teste-
Art. 1.880.  O testamento parti- munhas, se o testador não puder,
cular pode ser escrito em língua
Seção II – Do Testamento ou não souber assinar, caso em
estrangeira, contanto que as tes- Marítimo e do Testamento que assinará por ele uma delas.
temunhas a compreendam. Aeronáutico § 1o  Se o testador perten-
cer a corpo ou seção de corpo
Art. 1.888.  Quem estiver em via- destacado, o testamento será
CAPÍTULO IV – DOS gem, a bordo de navio nacional, de escrito pelo respectivo coman-
CODICILOS guerra ou mercante, pode testar dante, ainda que de graduação
perante o comandante, em pre- ou posto inferior.
Art. 1.881.  Toda pessoa capaz de sença de duas testemunhas, por § 2o  Se o testador estiver em
testar poderá, mediante escrito forma que corresponda ao tes- tratamento em hospital, o testa-

254
Código Civil
mento será escrito pelo respecti- nas disposições fideicomissárias, Art. 1.903.  O erro na designação
vo oficial de saúde, ou pelo diretor ter-se-á por não escrita. da pessoa do herdeiro, do lega-
do estabelecimento. tário, ou da coisa legada anula a
§ 3o  Se o testador for o ofi- Art. 1.899.  Quando a cláusula disposição, salvo se, pelo con-
cial mais graduado, o testamen- testamentária for suscetível de texto do testamento, por outros
to será escrito por aquele que o interpretações diferentes, pre- documentos, ou por fatos ine-
substituir. valecerá a que melhor assegu- quívocos, se puder identificar a
re a observância da vontade do pessoa ou coisa a que o testador
Art. 1.894.  Se o testador souber testador. queria referir-se.
escrever, poderá fazer o testa-
mento de seu punho, contanto Art. 1.900.  É nula a disposição: Art. 1.904.  Se o testamento
que o date e assine por extenso, I – que institua herdeiro ou le- nomear dois ou mais herdeiros,
e o apresente aberto ou cerrado, gatário sob a condição captatória sem discriminar a parte de cada
na presença de duas testemu- de que este disponha, também um, partilhar-se-á por igual, en-
nhas ao auditor, ou ao oficial de por testamento, em benefício do tre todos, a porção disponível do
patente, que lhe faça as vezes testador, ou de terceiro; testador.
neste mister. II – que se refira a pessoa
Parágrafo único.  O auditor, incerta, cuja identidade não se Art. 1.905.  Se o testador nomear
ou o oficial a quem o testamento possa averiguar; certos herdeiros individualmente
se apresente notará, em qualquer III – que favoreça a pessoa e outros coletivamente, a herança
parte dele, lugar, dia, mês e ano, incerta, cometendo a determina- será dividida em tantas quotas
em que lhe for apresentado, nota ção de sua identidade a terceiro; quantos forem os indivíduos e
esta que será assinada por ele e IV – que deixe a arbítrio do os grupos designados.
pelas testemunhas. herdeiro, ou de outrem, fixar o
valor do legado; Art. 1.906.  Se forem determina-
Art. 1.895.  Caduca o testamento V – que favoreça as pessoas das as quotas de cada herdeiro, e
militar, desde que, depois dele, a que se referem os arts.  1.801 não absorverem toda a herança,
o testador esteja, noventa dias e 1.802. o remanescente pertencerá aos
seguidos, em lugar onde possa herdeiros legítimos, segundo a
testar na forma ordinária, sal- Art. 1.901.  Valerá a disposição: ordem da vocação hereditária.
vo se esse testamento apresen- I – em favor de pessoa incer-
tar as solenidades prescritas no ta que deva ser determinada por Art. 1.907.  Se forem determina-
parágrafo único do artigo ante- terceiro, dentre duas ou mais pes- dos os quinhões de uns e não os
cedente. soas mencionadas pelo testador, de outros herdeiros, distribuir-
ou pertencentes a uma família, ou -se-á por igual a estes últimos
Art. 1.896.  As pessoas designa- a um corpo coletivo, ou a um es- o que restar, depois de comple-
das no art. 1.893, estando empe- tabelecimento por ele designado; tas as porções hereditárias dos
nhadas em combate, ou feridas, II – em remuneração de ser- primeiros.
podem testar oralmente, confian- viços prestados ao testador, por
do a sua última vontade a duas ocasião da moléstia de que fale- Art. 1.908.  Dispondo o testador
testemunhas. ceu, ainda que fique ao arbítrio do que não caiba ao herdeiro insti-
Parágrafo único.  Não terá herdeiro ou de outrem determinar tuído certo e determinado objeto,
efeito o testamento se o testador o valor do legado. dentre os da herança, tocará ele
não morrer na guerra ou conva- aos herdeiros legítimos.
lescer do ferimento. Art. 1.902.  A disposição geral em
favor dos pobres, dos estabeleci- Art. 1.909.  São anuláveis as dis-
mentos particulares de caridade, posições testamentárias inqui-
CAPÍTULO VI – ou dos de assistência pública, en- nadas de erro, dolo ou coação.
DAS DISPOSIÇÕES tender-se-á relativa aos pobres Parágrafo único. Extingue-se
TESTAMENTÁRIAS do lugar do domicílio do testador em quatro anos o direito de anular
ao tempo de sua morte, ou dos a disposição, contados de quando
Art. 1.897.  A nomeação de her- estabelecimentos aí sitos, salvo o interessado tiver conhecimen-
deiro, ou legatário, pode fazer-se se manifestamente constar que to do vício.
pura e simplesmente, sob condi- tinha em mente beneficiar os de
ção, para certo fim ou modo, ou outra localidade. Art. 1.910.  A ineficácia de uma
por certo motivo. Parágrafo único.  Nos casos disposição testamentária impor-
deste artigo, as instituições par- ta a das outras que, sem aquela,
Art. 1.898.  A designação do tem- ticulares preferirão sempre às não teriam sido determinadas
po em que deva começar ou ces- públicas. pelo testador.
sar o direito do herdeiro, salvo

255
Código Civil
Art. 1.911.  A cláusula de inaliena- título transitório. existente na herança transfere
bilidade, imposta aos bens por ato também ao legatário os frutos
de liberalidade, implica impenho- Art. 1.918.  O legado de crédito, que produzir, desde a morte do
rabilidade e incomunicabilidade. ou de quitação de dívida, terá efi- testador, exceto se dependente
Parágrafo único.  No caso de cácia somente até a importância de condição suspensiva, ou de
desapropriação de bens clausu- desta, ou daquele, ao tempo da termo inicial.
lados, ou de sua alienação, por morte do testador.
conveniência econômica do do- § 1o  Cumpre-se o legado, en- Art. 1.924.  O direito de pedir o
natário ou do herdeiro, mediante tregando o herdeiro ao legatário legado não se exercerá, enquan-
autorização judicial, o produto da o título respectivo. to se litigue sobre a validade do
venda converter-se-á em outros § 2o  Este legado não com- testamento, e, nos legados con-
bens, sobre os quais incidirão as preende as dívidas posteriores dicionais, ou a prazo, enquanto
restrições apostas aos primeiros. à data do testamento. esteja pendente a condição ou
o prazo não se vença.
Art. 1.919.  Não o declarando ex-
CAPÍTULO VII – DOS pressamente o testador, não se Art. 1.925.  O legado em dinheiro
LEGADOS reputará compensação da sua só vence juros desde o dia em que
dívida o legado que ele faça ao se constituir em mora a pessoa
Seção I – Disposições Gerais
credor. obrigada a prestá-lo.
Parágrafo único. Subsistirá
Art. 1.912.  É ineficaz o legado de integralmente o legado, se a dí- Art. 1.926.  Se o legado consis-
coisa certa que não pertença ao vida lhe foi posterior, e o testador tir em renda vitalícia ou pensão
testador no momento da abertura a solveu antes de morrer. periódica, esta ou aquela correrá
da sucessão. da morte do testador.
Art. 1.920.  O legado de alimen-
Art. 1.913.  Se o testador ordenar tos abrange o sustento, a cura, Art. 1.927.  Se o legado for de
que o herdeiro ou legatário en- o vestuário e a casa, enquanto o quantidades certas, em presta-
tregue coisa de sua propriedade legatário viver, além da educação, ções periódicas, datará da morte
a outrem, não o cumprindo ele, se ele for menor. do testador o primeiro período,
entender-se-á que renunciou à e o legatário terá direito a cada
herança ou ao legado. Art. 1.921.  O legado de usufruto, prestação, uma vez encetado
sem fixação de tempo, entende- cada um dos períodos sucessi-
Art. 1.914.  Se tão somente em -se deixado ao legatário por toda vos, ainda que venha a falecer
parte a coisa legada pertencer a sua vida. antes do termo dele.
ao testador, ou, no caso do artigo
antecedente, ao herdeiro ou ao Art. 1.922.  Se aquele que legar Art. 1.928.  Sendo periódicas as
legatário, só quanto a essa parte um imóvel lhe ajuntar depois no- prestações, só no termo de cada
valerá o legado. vas aquisições, estas, ainda que período se poderão exigir.
contíguas, não se compreendem Parágrafo único.  Se as pres-
Art. 1.915.  Se o legado for de coi- no legado, salvo expressa decla- tações forem deixadas a título de
sa que se determine pelo gênero, ração em contrário do testador. alimentos, pagar-se-ão no come-
será o mesmo cumprido, ainda Parágrafo único.  Não se apli- ço de cada período, sempre que
que tal coisa não exista entre ca o disposto neste artigo às ben- outra coisa não tenha disposto
os bens deixados pelo testador. feitorias necessárias, úteis ou vo- o testador.
luptuárias feitas no prédio legado.
Art. 1.916.  Se o testador legar Art. 1.929.  Se o legado consiste
coisa sua, singularizando-a, só em coisa determinada pelo gêne-
terá eficácia o legado se, ao tem-
Seção II – Dos Efeitos do ro, ao herdeiro tocará escolhê-la,
po do seu falecimento, ela se Legado e do Seu Pagamento guardando o meio-termo entre
achava entre os bens da heran- as congêneres da melhor e pior
ça; se a coisa legada existir en- Art. 1.923.  Desde a abertura da qualidade.
tre os bens do testador, mas em sucessão, pertence ao legatário
quantidade inferior à do legado, a coisa certa, existente no acer- Art. 1.930.  O estabelecido no ar-
este será eficaz apenas quanto vo, salvo se o legado estiver sob tigo antecedente será observado,
à existente. condição suspensiva. quando a escolha for deixada a
§ 1o  Não se defere de ime- arbítrio de terceiro; e, se este não
Art. 1.917.  O legado de coisa que diato a posse da coisa, nem nela a quiser ou não a puder exercer,
deva encontrar-se em determina- pode o legatário entrar por auto- ao juiz competirá fazê-la, guar-
do lugar só terá eficácia se nele ridade própria. dado o disposto na última parte
for achada, salvo se removida a § 2o  O legado de coisa certa do artigo antecedente.

256
Código Civil
Art. 1.931.  Se a opção foi dei- Seção III – Da Caducidade do artigo antecedente, morrer
xada ao legatário, este poderá dos Legados antes do testador; se renunciar a
escolher, do gênero determinado, herança ou legado, ou destes for
a melhor coisa que houver na he- Art. 1.939.  Caducará o legado: excluído, e, se a condição sob a
rança; e, se nesta não existir coisa I – se, depois do testamen- qual foi instituído não se verificar,
de tal gênero, dar-lhe-á de outra to, o testador modificar a coisa acrescerá o seu quinhão, salvo
congênere o herdeiro, observada legada, ao ponto de já não ter a o direito do substituto, à parte
a disposição na última parte do forma nem lhe caber a denomi- dos coerdeiros ou colegatários
art. 1.929. nação que possuía; conjuntos.
II – se o testador, por qual- Parágrafo único.  Os coer-
Art. 1.932.  No legado alternativo, quer título, alienar no todo ou em deiros ou colegatários, aos quais
presume-se deixada ao herdeiro parte a coisa legada; nesse caso, acresceu o quinhão daquele que
a opção. caducará até onde ela deixou de não quis ou não pôde suceder,
pertencer ao testador; ficam sujeitos às obrigações ou
Art. 1.933.  Se o herdeiro ou le- III – se a coisa perecer ou encargos que o oneravam.
gatário a quem couber a opção for evicta, vivo ou morto o tes-
falecer antes de exercê-la, passa- tador, sem culpa do herdeiro ou Art. 1.944.  Quando não se efe-
rá este poder aos seus herdeiros. legatário incumbido do seu cum- tua o direito de acrescer, trans-
primento; mite-se aos herdeiros legítimos
Art. 1.934.  No silêncio do tes- IV – se o legatário for exclu- a quota vaga do nomeado.
tamento, o cumprimento dos le- ído da sucessão, nos termos do Parágrafo único.  Não exis-
gados incumbe aos herdeiros e, art. 1.815; tindo o direito de acrescer entre
não os havendo, aos legatários, V – se o legatário falecer an- os colegatários, a quota do que
na proporção do que herdaram. tes do testador. faltar acresce ao herdeiro ou ao
Parágrafo único.  O encargo legatário incumbido de satisfazer
estabelecido neste artigo, não ha- Art. 1.940.  Se o legado for de esse legado, ou a todos os her-
vendo disposição testamentária duas ou mais coisas alternati- deiros, na proporção dos seus
em contrário, caberá ao herdei- vamente, e algumas delas pe- quinhões, se o legado se deduziu
ro ou legatário incumbido pelo recerem, subsistirá quanto às da herança.
testador da execução do legado; restantes; perecendo parte de
quando indicados mais de um, os uma, valerá, quanto ao seu re- Art. 1.945.  Não pode o benefi-
onerados dividirão entre si o ônus, manescente, o legado. ciário do acréscimo repudiá-lo
na proporção do que recebam da separadamente da herança ou
herança. legado que lhe caiba, salvo se o
CAPÍTULO VIII – DO acréscimo comportar encargos
Art. 1.935.  Se algum legado con- DIREITO DE ACRESCER especiais impostos pelo testador;
sistir em coisa pertencente a her- ENTRE HERDEIROS E nesse caso, uma vez repudiado,
deiro ou legatário (art. 1.913), só LEGATÁRIOS reverte o acréscimo para a pes-
a ele incumbirá cumpri-lo, com soa a favor de quem os encargos
regresso contra os coerdeiros, Art. 1.941.  Quando vários herdei- foram instituídos.
pela quota de cada um, salvo se o ros, pela mesma disposição tes-
contrário expressamente dispôs tamentária, forem conjuntamente Art. 1.946.  Legado um só usu-
o testador. chamados à herança em quinhões fruto conjuntamente a duas ou
não determinados, e qualquer mais pessoas, a parte da que
Art. 1.936.  As despesas e os ris- deles não puder ou não quiser faltar acresce aos colegatários.
cos da entrega do legado correm aceitá-la, a sua parte acrescerá Parágrafo único.  Se não hou-
à conta do legatário, se não dis- à dos coerdeiros, salvo o direito ver conjunção entre os colegatá-
puser diversamente o testador. do substituto. rios, ou se, apesar de conjuntos,
só lhes foi legada certa parte do
Art. 1.937.  A coisa legada entre- Art. 1.942.  O direito de acres- usufruto, consolidar-se-ão na
gar-se-á, com seus acessórios, no cer competirá aos colegatários, propriedade as quotas dos que
lugar e estado em que se achava quando nomeados conjuntamen- faltarem, à medida que eles fo-
ao falecer o testador, passando ao te a respeito de uma só coisa, rem faltando.
legatário com todos os encargos determinada e certa, ou quando
que a onerarem. o objeto do legado não puder ser
dividido sem risco de desvalori-
Art. 1.938.  Nos legados com zação.
encargo, aplica-se ao legatário
o disposto neste Código quanto Art. 1.943.  Se um dos coerdeiros
às doações de igual natureza. ou colegatários, nas condições

257
Código Civil
CAPÍTULO IX – DAS em favor dos não concebidos ao CAPÍTULO X – DA
SUBSTITUIÇÕES tempo da morte do testador. DESERDAÇÃO
Parágrafo único.  Se, ao tem-
Seção I – Da Substituição po da morte do testador, já hou- Art. 1.961.  Os herdeiros neces-
Vulgar e da Recíproca ver nascido o fideicomissário, sários podem ser privados de sua
adquirirá este a propriedade dos legítima, ou deserdados, em to-
Art. 1.947.  O testador pode bens fideicometidos, converten- dos os casos em que podem ser
substituir outra pessoa ao herdei- do-se em usufruto o direito do excluídos da sucessão.
ro ou ao legatário nomeado, para fiduciário.
o caso de um ou outro não querer Art. 1.962.  Além das causas
ou não poder aceitar a herança Art. 1.953.  O fiduciário tem a mencionadas no art. 1.814, auto-
ou o legado, presumindo-se que propriedade da herança ou le- rizam a deserdação dos descen-
a substituição foi determinada gado, mas restrita e resolúvel. dentes por seus ascendentes:
para as duas alternativas, ainda Parágrafo único.  O fiduciário I – ofensa física;
que o testador só a uma se refira. é obrigado a proceder ao inventá- II – injúria grave;
rio dos bens gravados, e a prestar III – relações ilícitas com a
Art. 1.948.  Também é lícito ao caução de restituí-los se o exigir madrasta ou com o padrasto;
testador substituir muitas pes- o fideicomissário. IV – desamparo do ascenden-
soas por uma só, ou vice-versa, te em alienação mental ou grave
e ainda substituir com reciproci- Art. 1.954.  Salvo disposição em enfermidade.
dade ou sem ela. contrário do testador, se o fidu-
ciário renunciar a herança ou o Art. 1.963.  Além das causas enu-
Art. 1.949.  O substituto fica legado, defere-se ao fideicomis- meradas no art. 1.814, autorizam
sujeito à condição ou encargo sário o poder de aceitar. a deserdação dos ascendentes
imposto ao substituído, quando pelos descendentes:
não for diversa a intenção ma- Art. 1.955.  O fideicomissário I – ofensa física;
nifestada pelo testador, ou não pode renunciar a herança ou o II – injúria grave;
resultar outra coisa da natureza legado, e, neste caso, o fideico- III – relações ilícitas com a
da condição ou do encargo. misso caduca, deixando de ser mulher ou companheira do filho
resolúvel a propriedade do fidu- ou a do neto, ou com o marido ou
Art. 1.950.  Se, entre muitos co- ciário, se não houver disposição companheiro da filha ou o da neta;
erdeiros ou legatários de partes contrária do testador. IV – desamparo do filho ou
desiguais, for estabelecida subs- neto com deficiência mental ou
tituição recíproca, a proporção Art. 1.956.  Se o fideicomissário grave enfermidade.
dos quinhões fixada na primeira aceitar a herança ou o legado, terá
disposição entender-se-á man- direito à parte que, ao fiduciário, Art. 1.964.  Somente com ex-
tida na segunda; se, com as ou- em qualquer tempo acrescer. pressa declaração de causa pode
tras anteriormente nomeadas, a deserdação ser ordenada em
for incluída mais alguma pessoa Art. 1.957.  Ao sobrevir a suces- testamento.
na substituição, o quinhão vago são, o fideicomissário responde
pertencerá em partes iguais aos pelos encargos da herança que Art. 1.965.  Ao herdeiro institu-
substitutos. ainda restarem. ído, ou àquele a quem aproveite
a deserdação, incumbe provar
Art. 1.958.  Caduca o fideicomis- a veracidade da causa alegada
Seção II – Da Substituição so se o fideicomissário morrer pelo testador.
Fideicomissária antes do fiduciário, ou antes de Parágrafo único.  O direito
realizar-se a condição resolutó- de provar a causa da deserdação
Art. 1.951.  Pode o testador ins- ria do direito deste último; nesse extingue-se no prazo de quatro
tituir herdeiros ou legatários, es- caso, a propriedade consolida- anos, a contar da data da aber-
tabelecendo que, por ocasião de -se no fiduciário, nos termos do tura do testamento.
sua morte, a herança ou o lega- art. 1.955.
do se transmita ao fiduciário,
resolvendo-se o direito deste, Art. 1.959.  São nulos os fidei- CAPÍTULO XI – DA
por sua morte, a certo tempo ou comissos além do segundo grau. REDUÇÃO DAS
sob certa condição, em favor de DISPOSIÇÕES
outrem, que se qualifica de fidei- Art. 1.960.  A nulidade da substi- TESTAMENTÁRIAS
comissário. tuição ilegal não prejudica a insti-
tuição, que valerá sem o encargo Art. 1.966.  O remanescente per-
Art. 1.952.  A substituição fidei- resolutório. tencerá aos herdeiros legítimos,
comissária somente se permite quando o testador só em parte

258
Código Civil
dispuser da quota hereditária Parágrafo único.  Se parcial, ceder ao testamenteiro a posse e
disponível. ou se o testamento posterior não a administração da herança, ou de
contiver cláusula revogatória ex- parte dela, não havendo cônjuge
Art. 1.967.  As disposições que pressa, o anterior subsiste em ou herdeiros necessários.
excederem a parte disponível re- tudo que não for contrário ao Parágrafo único. Qualquer
duzir-se-ão aos limites dela, de posterior. herdeiro pode requerer partilha
conformidade com o disposto imediata, ou devolução da heran-
nos parágrafos seguintes. Art. 1.971.  A revogação produ- ça, habilitando o testamenteiro
§ 1o  Em se verificando exce- zirá seus efeitos, ainda quando o com os meios necessários para
derem as disposições testamen- testamento, que a encerra, vier o cumprimento dos legados, ou
tárias a porção disponível, serão a caducar por exclusão, incapa- dando caução de prestá-los.
proporcionalmente reduzidas as cidade ou renúncia do herdeiro
quotas do herdeiro ou herdeiros nele nomeado; não valerá, se o Art. 1.978.  Tendo o testamentei-
instituídos, até onde baste, e, não testamento revogatório for anu- ro a posse e a administração dos
bastando, também os legados, na lado por omissão ou infração de bens, incumbe-lhe requerer in-
proporção do seu valor. solenidades essenciais ou por ventário e cumprir o testamento.
§ 2o  Se o testador, preve- vícios intrínsecos.
nindo o caso, dispuser que se Art. 1.979.  O testamenteiro no-
inteirem, de preferência, certos Art. 1.972.  O testamento cerrado meado, ou qualquer parte interes-
herdeiros e legatários, a redução que o testador abrir ou dilacerar, sada, pode requerer, assim como
far-se-á nos outros quinhões ou ou for aberto ou dilacerado com o juiz pode ordenar, de ofício, ao
legados, observando-se a seu seu consentimento, haver-se-á detentor do testamento, que o
respeito a ordem estabelecida como revogado. leve a registro.
no parágrafo antecedente.
Art. 1.980.  O testamenteiro é
Art. 1.968.  Quando consistir em CAPÍTULO XIII – DO obrigado a cumprir as disposições
prédio divisível o legado sujeito a ROMPIMENTO DO testamentárias, no prazo marca-
redução, far-se-á esta dividindo-o TESTAMENTO do pelo testador, e a dar contas
proporcionalmente. do que recebeu e despendeu,
§ 1o  Se não for possível a Art. 1.973.  Sobrevindo descen- subsistindo sua responsabilida-
divisão, e o excesso do legado dente sucessível ao testador, que de enquanto durar a execução do
montar a mais de um quarto do não o tinha ou não o conhecia testamento.
valor do prédio, o legatário dei- quando testou, rompe-se o tes-
xará inteiro na herança o imóvel tamento em todas as suas dis- Art. 1.981.  Compete ao testa-
legado, ficando com o direito de posições, se esse descendente menteiro, com ou sem o concurso
pedir aos herdeiros o valor que sobreviver ao testador. do inventariante e dos herdeiros
couber na parte disponível; se o instituídos, defender a validade
excesso não for de mais de um Art. 1.974.  Rompe-se também do testamento.
quarto, aos herdeiros fará tornar o testamento feito na ignorân-
em dinheiro o legatário, que ficará cia de existirem outros herdeiros Art. 1.982.  Além das atribuições
com o prédio. necessários. exaradas nos artigos anteceden-
§ 2o  Se o legatário for ao tes, terá o testamenteiro as que
mesmo tempo herdeiro neces- Art. 1.975.  Não se rompe o tes- lhe conferir o testador, nos limi-
sário, poderá inteirar sua legítima tamento, se o testador dispuser tes da lei.
no mesmo imóvel, de preferência da sua metade, não contemplando
aos outros, sempre que ela e a os herdeiros necessários de cuja Art. 1.983.  Não concedendo o
parte subsistente do legado lhe existência saiba, ou quando os testador prazo maior, cumprirá
absorverem o valor. exclua dessa parte. o testamenteiro o testamento e
prestará contas em cento e oiten-
ta dias, contados da aceitação da
CAPÍTULO XII – DA CAPÍTULO XIV – DO testamentaria.
REVOGAÇÃO DO TESTAMENTEIRO Parágrafo único.  Pode esse
TESTAMENTO prazo ser prorrogado se houver
Art. 1.976.  O testador pode no- motivo suficiente.
Art. 1.969.  O testamento pode mear um ou mais testamenteiros,
ser revogado pelo mesmo modo conjuntos ou separados, para lhe Art. 1.984.  Na falta de testa-
e forma como pode ser feito. darem cumprimento às disposi- menteiro nomeado pelo testa-
ções de última vontade. dor, a execução testamentária
Art. 1.970.  A revogação do tes- compete a um dos cônjuges, e,
tamento pode ser total ou parcial. Art. 1.977.  O testador pode con- em falta destes, ao herdeiro no-

259
Código Civil
meado pelo juiz. TÍTULO IV – DO clarar-se no inventário que não
INVENTÁRIO E DA os possui.
Art. 1.985.  O encargo da testa-
mentaria não se transmite aos
PARTILHA
herdeiros do testamenteiro, nem CAPÍTULO III – DO
CAPÍTULO I – DO
é delegável; mas o testamenteiro PAGAMENTO DAS DÍVIDAS
pode fazer-se representar em
INVENTÁRIO
juízo e fora dele, mediante man- Art. 1.997.  A herança responde
datário com poderes especiais. Art. 1.991.  Desde a assinatura do pelo pagamento das dívidas do
compromisso até a homologação falecido; mas, feita a partilha,
Art. 1.986.  Havendo simultane- da partilha, a administração da só respondem os herdeiros, cada
amente mais de um testamentei- herança será exercida pelo in- qual em proporção da parte que
ro, que tenha aceitado o cargo, ventariante. na herança lhe coube.
poderá cada qual exercê-lo, em § 1o  Quando, antes da parti-
falta dos outros; mas todos ficam lha, for requerido no inventário o
solidariamente obrigados a dar CAPÍTULO II – DOS pagamento de dívidas constantes
conta dos bens que lhes forem SONEGADOS de documentos, revestidos de
confiados, salvo se cada um tiver, formalidades legais, constituin-
pelo testamento, funções distin- Art. 1.992.  O herdeiro que sone- do prova bastante da obrigação,
tas, e a elas se limitar. gar bens da herança, não os des- e houver impugnação, que não se
crevendo no inventário quando funde na alegação de pagamento,
Art. 1.987.  Salvo disposição tes- estejam em seu poder, ou, com o acompanhada de prova valiosa, o
tamentária em contrário, o testa- seu conhecimento, no de outrem, juiz mandará reservar, em poder
menteiro, que não seja herdeiro ou que os omitir na colação, a do inventariante, bens suficientes
ou legatário, terá direito a um que os deva levar, ou que deixar para solução do débito, sobre os
prêmio, que, se o testador não o de restituí-los, perderá o direito quais venha a recair oportuna-
houver fixado, será de um a cin- que sobre eles lhe cabia. mente a execução.
co por cento, arbitrado pelo juiz, § 2o  No caso previsto no pa-
sobre a herança líquida, confor- Art. 1.993.  Além da pena comi- rágrafo antecedente, o credor
me a importância dela e maior ou nada no artigo antecedente, se o será obrigado a iniciar a ação de
menor dificuldade na execução sonegador for o próprio inventa- cobrança no prazo de trinta dias,
do testamento. riante, remover-se-á, em se pro- sob pena de se tornar de nenhum
Parágrafo único.  O prêmio vando a sonegação, ou negando efeito a providência indicada.
arbitrado será pago à conta da ele a existência dos bens, quando
parte disponível, quando houver indicados. Art. 1.998.  As despesas funerá-
herdeiro necessário. rias, haja ou não herdeiros legíti-
Art. 1.994.  A pena de sonegados mos, sairão do monte da herança;
Art. 1.988.  O herdeiro ou o lega- só se pode requerer e impor em mas as de sufrágios por alma do
tário nomeado testamenteiro po- ação movida pelos herdeiros ou falecido só obrigarão a herança
derá preferir o prêmio à herança pelos credores da herança. quando ordenadas em testamen-
ou ao legado. Parágrafo único.  A sentença to ou codicilo.
que se proferir na ação de sone-
Art. 1.989.  Reverterá à herança gados, movida por qualquer dos Art. 1.999.  Sempre que houver
o prêmio que o testamenteiro herdeiros ou credores, aproveita ação regressiva de uns contra
perder, por ser removido ou por aos demais interessados. outros herdeiros, a parte do co-
não ter cumprido o testamento. erdeiro insolvente dividir-se-á
Art. 1.995.  Se não se restituí- em proporção entre os demais.
Art. 1.990.  Se o testador tiver rem os bens sonegados, por já
distribuído toda a herança em não os ter o sonegador em seu Art. 2.000.  Os legatários e cre-
legados, exercerá o testamen- poder, pagará ele a importância dores da herança podem exigir
teiro as funções de inventariante. dos valores que ocultou, mais as que do patrimônio do falecido
perdas e danos. se discrimine o do herdeiro, e,
em concurso com os credores
Art. 1.996.  Só se pode arguir de deste, ser-lhes-ão preferidos no
sonegação o inventariante depois pagamento.
de encerrada a descrição dos
bens, com a declaração, por ele Art. 2.001.  Se o herdeiro for de-
feita, de não existirem outros por vedor ao espólio, sua dívida será
inventariar e partir, assim como partilhada igualmente entre to-
arguir o herdeiro, depois de de- dos, salvo se a maioria consentir

260
Código Civil
que o débito seja imputado intei- colação as doações que o doa- o hajam herdado, o que os pais
ramente no quinhão do devedor. dor determinar saiam da parte teriam de conferir.
disponível, contanto que não a
excedam, computado o seu valor Art. 2.010.  Não virão à colação
CAPÍTULO IV – DA ao tempo da doação. os gastos ordinários do ascen-
COLAÇÃO Parágrafo único. Presume-se dente com o descendente, en-
imputada na parte disponível a quanto menor, na sua educação,
Art. 2.002.  Os descendentes liberalidade feita a descendente estudos, sustento, vestuário, tra-
que concorrerem à sucessão do que, ao tempo do ato, não seria tamento nas enfermidades, en-
ascendente comum são obriga- chamado à sucessão na qualidade xoval, assim como as despesas
dos, para igualar as legítimas, a de herdeiro necessário. de casamento, ou as feitas no
conferir o valor das doações que interesse de sua defesa em pro-
dele em vida receberam, sob pena Art. 2.006.  A dispensa da cola- cesso-crime.
de sonegação. ção pode ser outorgada pelo doa-
Parágrafo único.  Para cálcu- dor em testamento, ou no próprio Art. 2.011.  As doações remu-
lo da legítima, o valor dos bens título de liberalidade. neratórias de serviços feitos ao
conferidos será computado na ascendente também não estão
parte indisponível, sem aumentar Art. 2.007.  São sujeitas à redu- sujeitas a colação.
a disponível. ção as doações em que se apurar
excesso quanto ao que o doador Art. 2.012.  Sendo feita a doação
Art. 2.003.  A colação tem por poderia dispor, no momento da por ambos os cônjuges, no inven-
fim igualar, na proporção estabe- liberalidade. tário de cada um se conferirá por
lecida neste Código, as legítimas § 1o  O excesso será apurado metade.
dos descendentes e do cônjuge com base no valor que os bens
sobrevivente, obrigando também doados tinham, no momento da
os donatários que, ao tempo do liberalidade. CAPÍTULO V – DA
falecimento do doador, já não § 2o  A redução da liberalida- PARTILHA
possuírem os bens doados. de far-se-á pela restituição ao
Parágrafo único.  Se, com- monte do excesso assim apura- Art. 2.013.  O herdeiro pode sem-
putados os valores das doações do; a restituição será em espécie, pre requerer a partilha, ainda que
feitas em adiantamento de legí- ou, se não mais existir o bem em o testador o proíba, cabendo igual
tima, não houver no acervo bens poder do donatário, em dinheiro, faculdade aos seus cessionários
suficientes para igualar as legí- segundo o seu valor ao tempo e credores.
timas dos descendentes e do da abertura da sucessão, obser-
cônjuge, os bens assim doados vadas, no que forem aplicáveis, Art. 2.014.  Pode o testador indi-
serão conferidos em espécie, ou, as regras deste Código sobre a car os bens e valores que devem
quando deles já não disponha o redução das disposições testa- compor os quinhões hereditários,
donatário, pelo seu valor ao tempo mentárias. deliberando ele próprio a partilha,
da liberalidade. § 3o  Sujeita-se a redução, que prevalecerá, salvo se o valor
nos termos do parágrafo ante- dos bens não corresponder às
Art. 2.004.  O valor de colação cedente, a parte da doação feita quotas estabelecidas.
dos bens doados será aquele, cer- a herdeiros necessários que ex-
to ou estimativo, que lhes atribuir ceder a legítima e mais a quota Art. 2.015.  Se os herdeiros fo-
o ato de liberalidade. disponível. rem capazes, poderão fazer parti-
§ 1o  Se do ato de doação não § 4o  Sendo várias as doações lha amigável, por escritura públi-
constar valor certo, nem houver a herdeiros necessários, feitas ca, termo nos autos do inventário,
estimação feita naquela época, os em diferentes datas, serão elas ou escrito particular, homologado
bens serão conferidos na partilha reduzidas a partir da última, até pelo juiz.
pelo que então se calcular vales- a eliminação do excesso.
sem ao tempo da liberalidade. Art. 2.016.  Será sempre judicial
§ 2o  Só o valor dos bens do- Art. 2.008.  Aquele que renun- a partilha, se os herdeiros divergi-
ados entrará em colação; não as- ciou a herança ou dela foi excluí- rem, assim como se algum deles
sim o das benfeitorias acrescidas, do, deve, não obstante, conferir as for incapaz.
as quais pertencerão ao herdeiro doações recebidas, para o fim de
donatário, correndo também à repor o que exceder o disponível. Art. 2.017.  No partilhar os bens,
conta deste os rendimentos ou observar-se-á, quanto ao seu va-
lucros, assim como os danos e Art. 2.009.  Quando os netos, re- lor, natureza e qualidade, a maior
perdas que eles sofrerem. presentando os seus pais, suce- igualdade possível.
derem aos avós, serão obrigados
Art. 2.005.  São dispensadas da a trazer à colação, ainda que não Art. 2.018.  É válida a partilha fei-

261
Código Civil
ta por ascendente, por ato entre CAPÍTULO VI – DA rágrafo único do art. 1.242 serão
vivos ou de última vontade, con- GARANTIA DOS QUINHÕES acrescidos de dois anos, qualquer
tanto que não prejudique a legí- que seja o tempo transcorrido na
tima dos herdeiros necessários.
HEREDITÁRIOS vigência do anterior, Lei no 3.071,
de 1o de janeiro de 1916.
Art. 2.019.  Os bens insuscetí- Art. 2.023.  Julgada a partilha,
veis de divisão cômoda, que não fica o direito de cada um dos Art. 2.030.  O acréscimo de que
couberem na meação do cônjuge herdeiros circunscrito aos bens trata o artigo antecedente, será
sobrevivente ou no quinhão de do seu quinhão. feito nos casos a que se refere o
um só herdeiro, serão vendidos § 4o do art. 1.228.
judicialmente, partilhando-se o Art. 2.024.  Os coerdeiros são
valor apurado, a não ser que haja reciprocamente obrigados a in- Art. 2.031.  As associações, so-
acordo para serem adjudicados denizar-se no caso de evicção ciedades e fundações, constituí-
a todos. dos bens aquinhoados. das na forma das leis anteriores,
§ 1o  Não se fará a venda ju- bem como os empresários, de-
dicial se o cônjuge sobrevivente Art. 2.025.  Cessa a obrigação verão se adaptar às disposições
ou um ou mais herdeiros reque- mútua estabelecida no artigo an- deste Código até 11 de janeiro
rerem lhes seja adjudicado o bem, tecedente, havendo convenção de 2007.
repondo aos outros, em dinhei- em contrário, e bem assim dando- Parágrafo único.  O disposto
ro, a diferença, após avaliação -se a evicção por culpa do evicto, neste artigo não se aplica às or-
atualizada. ou por fato posterior à partilha. ganizações religiosas nem aos
§ 2o  Se a adjudicação for re- partidos políticos.
querida por mais de um herdei- Art. 2.026.  O evicto será indeni-
ro, observar-se-á o processo da zado pelos coerdeiros na propor- Art. 2.032.  As fundações, insti-
licitação. ção de suas quotas hereditárias, tuídas segundo a legislação ante-
mas, se algum deles se achar rior, inclusive as de fins diversos
Art. 2.020.  Os herdeiros em pos- insolvente, responderão os de- dos previstos no parágrafo único
se dos bens da herança, o cônjuge mais na mesma proporção, pela do art. 62, subordinam-se, quanto
sobrevivente e o inventariante são parte desse, menos a quota que ao seu funcionamento, ao dispos-
obrigados a trazer ao acervo os corresponderia ao indenizado. to neste Código.
frutos que perceberam, desde a
abertura da sucessão; têm direito Art. 2.033.  Salvo o disposto em
ao reembolso das despesas ne- CAPÍTULO VII – DA lei especial, as modificações dos
cessárias e úteis que fizeram, e ANULAÇÃO DA PARTILHA atos constitutivos das pessoas
respondem pelo dano a que, por jurídicas referidas no art. 44, bem
dolo ou culpa, deram causa. Art. 2.027.  A partilha é anulá- como a sua transformação, incor-
vel pelos vícios e defeitos que poração, cisão ou fusão, regem-
Art. 2.021.  Quando parte da he- invalidam, em geral, os negócios -se desde logo por este Código.
rança consistir em bens remotos jurídicos.
do lugar do inventário, litigiosos, Parágrafo único. Extingue-se Art. 2.034.  A dissolução e a li-
ou de liquidação morosa ou difí- em um ano o direito de anular a quidação das pessoas jurídicas
cil, poderá proceder-se, no prazo partilha. referidas no artigo antecedente,
legal, à partilha dos outros, reser- quando iniciadas antes da vigên-
vando-se aqueles para uma ou cia deste Código, obedecerão ao
mais sobrepartilhas, sob a guarda LIVRO COMPLEMENTAR – disposto nas leis anteriores.
e a administração do mesmo ou DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E
diverso inventariante, e consen- TRANSITÓRIAS Art. 2.035.  A validade dos ne-
timento da maioria dos herdeiros. gócios e demais atos jurídicos,
Art. 2.028.  Serão os da lei an- constituídos antes da entrada
Art. 2.022.  Ficam sujeitos a so- terior os prazos, quando redu- em vigor deste Código, obedece
brepartilha os bens sonegados e zidos por este Código, e se, na ao disposto nas leis anteriores,
quaisquer outros bens da heran- data de sua entrada em vigor, referidas no art.  2.045, mas os
ça de que se tiver ciência após já houver transcorrido mais da seus efeitos, produzidos após a
a partilha. metade do tempo estabelecido vigência deste Código, aos precei-
na lei revogada. tos dele se subordinam, salvo se
houver sido prevista pelas partes
Art. 2.029.  Até dois anos após determinada forma de execução.
a entrada em vigor deste Código, Parágrafo único. Nenhuma
os prazos estabelecidos no pará- convenção prevalecerá se con-
grafo único do art. 1.238 e no pa- trariar preceitos de ordem pú-

262
Código Civil
blica, tais como os estabelecidos Art. 2.042.  Aplica-se o dispos-
por este Código para assegurar to no caput do art. 1.848, quando
a função social da propriedade aberta a sucessão no prazo de um
e dos contratos. ano após a entrada em vigor deste
Código, ainda que o testamento
Art. 2.036.  A locação de pré- tenha sido feito na vigência do an-
dio urbano, que esteja sujeita à terior, Lei no 3.071, de 1o de janeiro
lei especial, por esta continua a de 1916; se, no prazo, o testador
ser regida. não aditar o testamento para de-
clarar a justa causa de cláusula
Art. 2.037.  Salvo disposição em aposta à legítima, não subsistirá
contrário, aplicam-se aos empre- a restrição.
sários e sociedades empresárias
as disposições de lei não revoga- Art. 2.043.  Até que por outra
das por este Código, referentes forma se disciplinem, continu-
a comerciantes, ou a sociedades am em vigor as disposições de
comerciais, bem como a ativida- natureza processual, adminis-
des mercantis. trativa ou penal, constantes de
leis cujos preceitos de natureza
Art. 2.038.  Fica proibida a cons- civil hajam sido incorporados a
tituição de enfiteuses e suben- este Código.
fiteuses, subordinando-se as
existentes, até sua extinção, às Art. 2.044.  Este Código entrará
disposições do Código Civil ante- em vigor 1 (um) ano após a sua
rior, Lei no 3.071, de 1o de janeiro publicação.
de 1916, e leis posteriores.
§ 1o  Nos aforamentos a que Art. 2.045.  Revogam-se a Lei
se refere este artigo é defeso: no 3.071, de 1o de janeiro de 1916
I – cobrar laudêmio ou pres- – Código Civil e a Parte Primeira
tação análoga nas transmissões do Código Comercial, Lei no 556,
de bem aforado, sobre o valor de 25 de junho de 1850.
das construções ou plantações;
II – constituir subenfiteuse. Art. 2.046.  Todas as remissões,
§ 2o  A enfiteuse dos terrenos em diplomas legislativos, aos Có-
de marinha e acrescidos regula- digos referidos no artigo ante-
-se por lei especial. cedente, consideram-se feitas
às disposições correspondentes
Art. 2.039.  O regime de bens deste Código.
nos casamentos celebrados na
vigência do Código Civil ante- Brasília, 10 de janeiro de 2002;
rior, Lei no 3.071, de 1o de janeiro 181o da Independência e 114o da
de 1916, é o por ele estabelecido. República.

Art. 2.040.  A hipoteca legal dos FERNANDO HENRIQUE CARDOSO


bens do tutor ou curador, inscrita
em conformidade com o inciso IV Promulgada em 10/1/2002 e publicada
do art. 827 do Código Civil ante- no DOU de 11/1/2002.
rior, Lei no 3.071, de 1o de janeiro de
1916, poderá ser cancelada, obe-
decido o disposto no parágrafo
único do art. 1.745 deste Código.

Art. 2.041.  As disposições des-


te Código relativas à ordem da
vocação hereditária (arts.  1.829
a 1.844) não se aplicam à suces-
são aberta antes de sua vigên-
cia, prevalecendo o disposto na
lei anterior (Lei no 3.071, de 1o de
janeiro de 1916).

263
Código de Processo Civil
ATUALIZADA ATÉ SETEMBRO DE 2022

Atualização e revisão técnica: Coordenação de Edições Técnicas


A norma aqui apresentada não substitui as publicações do Diário Oficial da União.
Sumário

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Lei no 13.105/2015
275 PARTE GERAL
275 LIVRO I – DAS NORMAS PROCESSUAIS CIVIS
275 TÍTULO ÚNICO – DAS NORMAS FUNDAMENTAIS E DA APLICAÇÃO DAS NORMAS
PROCESSUAIS
275 CAPÍTULO I – DAS NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL
276 CAPÍTULO II – DA APLICAÇÃO DAS NORMAS PROCESSUAIS
276 LIVRO II – DA FUNÇÃO JURISDICIONAL
276 TÍTULO I – DA JURISDIÇÃO E DA AÇÃO
276 TÍTULO II – DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL E DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
276 CAPÍTULO I – DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL
277 CAPÍTULO II – DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
277 Seção I – Disposições Gerais
277 Seção II – Do Auxílio Direto
278 Seção III – Da Carta Rogatória
278 Seção IV – Disposições Comuns às Seções Anteriores
278 TÍTULO III – DA COMPETÊNCIA INTERNA
278 CAPÍTULO I – DA COMPETÊNCIA
278 Seção I – Disposições Gerais
279 Seção II – Da Modificação da Competência
280 Seção III – Da Incompetência
280 CAPÍTULO II – DA COOPERAÇÃO NACIONAL
280 LIVRO III – DOS SUJEITOS DO PROCESSO
280 TÍTULO I – DAS PARTES E DOS PROCURADORES
280 CAPÍTULO I – DA CAPACIDADE PROCESSUAL
281 CAPÍTULO II – DOS DEVERES DAS PARTES E DE SEUS PROCURADORES
281 Seção I – Dos Deveres
282 Seção II – Da Responsabilidade das Partes por Dano Processual
282 Seção III – Das Despesas, dos Honorários Advocatícios e das Multas
285 Seção IV – Da Gratuidade da Justiça
286 CAPÍTULO III – DOS PROCURADORES
287 CAPÍTULO IV – DA SUCESSÃO DAS PARTES E DOS PROCURADORES
287 TÍTULO II – DO LITISCONSÓRCIO
288 TÍTULO III – DA INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
288 CAPÍTULO I – DA ASSISTÊNCIA
288 Seção I – Disposições Comuns
288 Seção II – Da Assistência Simples
288 Seção III – Da Assistência Litisconsorcial
288 CAPÍTULO II – DA DENUNCIAÇÃO DA LIDE
289 CAPÍTULO III – DO CHAMAMENTO AO PROCESSO
289 CAPÍTULO IV – DO INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
289 CAPÍTULO V – DO AMICUS CURIAE
289 TÍTULO IV – DO JUIZ E DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA
289 CAPÍTULO I – DOS PODERES, DOS DEVERES E DA RESPONSABILIDADE DO JUIZ
290 CAPÍTULO II – DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO
291 CAPÍTULO III – DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA
291 Seção I – Do Escrivão, do Chefe de Secretaria e do Oficial de Justiça
292 Seção II – Do Perito
293 Seção III – Do Depositário e do Administrador
293 Seção IV – Do Intérprete e do Tradutor
293 Seção V – Dos Conciliadores e Mediadores Judiciais
295 TÍTULO V – DO MINISTÉRIO PÚBLICO
295 TÍTULO VI – DA ADVOCACIA PÚBLICA
295 TÍTULO VII – DA DEFENSORIA PÚBLICA
295 LIVRO IV – DOS ATOS PROCESSUAIS
295 TÍTULO I – DA FORMA, DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS
295 CAPÍTULO I – DA FORMA DOS ATOS PROCESSUAIS
295 Seção I – Dos Atos em Geral
296 Seção II – Da Prática Eletrônica de Atos Processuais
296 Seção III – Dos Atos das Partes
297 Seção IV – Dos Pronunciamentos do Juiz
297 Seção V – Dos Atos do Escrivão ou do Chefe de Secretaria
297 CAPÍTULO II – DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS
297 Seção I – Do Tempo
298 Seção II – Do Lugar
298 CAPÍTULO III – DOS PRAZOS
298 Seção I – Disposições Gerais
299 Seção II – Da Verificação dos Prazos e das Penalidades
300 TÍTULO II – DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS
300 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
300 CAPÍTULO II – DA CITAÇÃO
303 CAPÍTULO III – DAS CARTAS
304 CAPÍTULO IV – DAS INTIMAÇÕES
304 TÍTULO III – DAS NULIDADES
305 TÍTULO IV – DA DISTRIBUIÇÃO E DO REGISTRO
305 TÍTULO V – DO VALOR DA CAUSA
306 LIVRO V – DA TUTELA PROVISÓRIA
306 TÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
306 TÍTULO II – DA TUTELA DE URGÊNCIA
306 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
306 CAPÍTULO II – DO PROCEDIMENTO DA TUTELA ANTECIPADA REQUERIDA EM CARÁTER
ANTECEDENTE
307 CAPÍTULO III – DO PROCEDIMENTO DA TUTELA CAUTELAR REQUERIDA EM CARÁTER
ANTECEDENTE
307 TÍTULO III – DA TUTELA DA EVIDÊNCIA
308 LIVRO VI – DA FORMAÇÃO, DA SUSPENSÃO E DA EXTINÇÃO DO PROCESSO
308 TÍTULO I – DA FORMAÇÃO DO PROCESSO
308 TÍTULO II – DA SUSPENSÃO DO PROCESSO
309 TÍTULO III – DA EXTINÇÃO DO PROCESSO
309 PARTE ESPECIAL
309 LIVRO I – DO PROCESSO DE CONHECIMENTO E DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
309 TÍTULO I – DO PROCEDIMENTO COMUM
309 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
309 CAPÍTULO II – DA PETIÇÃO INICIAL
309 Seção I – Dos Requisitos da Petição Inicial
309 Seção II – Do Pedido
310 Seção III – Do Indeferimento da Petição Inicial
310 CAPÍTULO III – DA IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO PEDIDO
310 CAPÍTULO IV – DA CONVERSÃO DA AÇÃO INDIVIDUAL EM AÇÃO COLETIVA
310 CAPÍTULO V – DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU DE MEDIAÇÃO
311 CAPÍTULO VI – DA CONTESTAÇÃO
312 CAPÍTULO VII – DA RECONVENÇÃO
312 CAPÍTULO VIII – DA REVELIA
312 CAPÍTULO IX – DAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES E DO SANEAMENTO
312 Seção I – Da Não Incidência dos Efeitos da Revelia
313 Seção II – Do Fato Impeditivo, Modificativo ou Extintivo do Direito do Autor
313 Seção III – Das Alegações do Réu
313 CAPÍTULO X – DO JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO
313 Seção I – Da Extinção do Processo
313 Seção II – Do Julgamento Antecipado do Mérito
313 Seção III – Do Julgamento Antecipado Parcial do Mérito
313 Seção IV – Do Saneamento e da Organização do Processo
314 CAPÍTULO XI – DA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO
315 CAPÍTULO XII – DAS PROVAS
315 Seção I – Disposições Gerais
315 Seção II – Da Produção Antecipada da Prova
316 Seção III – Da Ata Notarial
316 Seção IV – Do Depoimento Pessoal
316 Seção V – Da Confissão
317 Seção VI – Da Exibição de Documento ou Coisa
317 Seção VII – Da Prova Documental
317 Subseção I – Da Força Probante dos Documentos
319 Subseção II – Da Arguição de Falsidade
320 Subseção III – Da Produção da Prova Documental
320 Seção VIII – Dos Documentos Eletrônicos
320 Seção IX – Da Prova Testemunhal
320 Subseção I – Da Admissibilidade e do Valor da Prova Testemunhal
321 Subseção II – Da Produção da Prova Testemunhal
323 Seção X – Da Prova Pericial
325 Seção XI – Da Inspeção Judicial
325 CAPÍTULO XIII – DA SENTENÇA E DA COISA JULGADA
325 Seção I – Disposições Gerais
326 Seção II – Dos Elementos e dos Efeitos da Sentença
327 Seção III – Da Remessa Necessária
327 Seção IV – Do Julgamento das Ações Relativas às Prestações de Fazer, de Não Fazer e de
Entregar Coisa
327 Seção V – Da Coisa Julgada
328 CAPÍTULO XIV – DA LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
328 TÍTULO II – DO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA
328 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
329 CAPÍTULO II – DO CUMPRIMENTO PROVISÓRIO DA SENTENÇA QUE RECONHECE A
EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA
330 CAPÍTULO III – DO CUMPRIMENTO DEFINITIVO DA SENTENÇA QUE RECONHECE A
EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA
331 CAPÍTULO IV – DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE DE
OBRIGAÇÃO DE PRESTAR ALIMENTOS
332 CAPÍTULO V – DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE DE
OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA PELA FAZENDA PÚBLICA
333 CAPÍTULO VI – DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE DE
OBRIGAÇÃO DE FAZER, DE NÃO FAZER OU DE ENTREGAR COISA
333 Seção I – Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exigibilidade de Obrigação de
Fazer ou de Não Fazer
334 Seção II – Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exigibilidade de Obrigação de
Entregar Coisa
334 TÍTULO III – DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
334 CAPÍTULO I – DA AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO
335 CAPÍTULO II – DA AÇÃO DE EXIGIR CONTAS
335 CAPÍTULO III – DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS
335 Seção I – Disposições Gerais
336 Seção II – Da Manutenção e da Reintegração de Posse
336 Seção III – Do Interdito Proibitório
336 CAPÍTULO IV – DA AÇÃO DE DIVISÃO E DA DEMARCAÇÃO DE TERRAS PARTICULARES
336 Seção I – Disposições Gerais
337 Seção II – Da Demarcação
337 Seção III – Da Divisão
338 CAPÍTULO V – DA AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE
340 CAPÍTULO VI – DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA
340 Seção I – Disposições Gerais
340 Seção II – Da Legitimidade para Requerer o Inventário
340 Seção III – Do Inventariante e das Primeiras Declarações
341 Seção IV – Das Citações e das Impugnações
342 Seção V – Da Avaliação e do Cálculo do Imposto
342 Seção VI – Das Colações
343 Seção VII – Do Pagamento das Dívidas
343 Seção VIII – Da Partilha
344 Seção IX – Do Arrolamento
345 Seção X – Disposições Comuns a Todas as Seções
345 CAPÍTULO VII – DOS EMBARGOS DE TERCEIRO
346 CAPÍTULO VIII – DA OPOSIÇÃO
346 CAPÍTULO IX – DA HABILITAÇÃO
346 CAPÍTULO X – DAS AÇÕES DE FAMÍLIA
347 CAPÍTULO XI – DA AÇÃO MONITÓRIA
348 CAPÍTULO XII – DA HOMOLOGAÇÃO DO PENHOR LEGAL
348 CAPÍTULO XIII – DA REGULAÇÃO DE AVARIA GROSSA
349 CAPÍTULO XIV – DA RESTAURAÇÃO DE AUTOS
349 CAPÍTULO XV – DOS PROCEDIMENTOS DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA
349 Seção I – Disposições Gerais
350 Seção II – Da Notificação e da Interpelação
350 Seção III – Da Alienação Judicial
350 Seção IV – Do Divórcio e da Separação Consensuais, da Extinção Consensual de União
Estável e da Alteração do Regime de Bens do Matrimônio
351 Seção V – Dos Testamentos e dos Codicilos
351 Seção VI – Da Herança Jacente
352 Seção VII – Dos Bens dos Ausentes
352 Seção VIII – Das Coisas Vagas
352 Seção IX – Da Interdição
353 Seção X – Disposições Comuns à Tutela e à Curatela
354 Seção XI – Da Organização e da Fiscalização das Fundações
354 Seção XII – Da Ratificação dos Protestos Marítimos e dos Processos Testemunháveis
Formados a Bordo
355 LIVRO II – DO PROCESSO DE EXECUÇÃO
355 TÍTULO I – DA EXECUÇÃO EM GERAL
355 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
355 CAPÍTULO II – DAS PARTES
355 CAPÍTULO III – DA COMPETÊNCIA
356 CAPÍTULO IV – DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA REALIZAR QUALQUER EXECUÇÃO
356 Seção I – Do Título Executivo
356 Seção II – Da Exigibilidade da Obrigação
357 CAPÍTULO V – DA RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL
358 TÍTULO II – DAS DIVERSAS ESPÉCIES DE EXECUÇÃO
358 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
359 CAPÍTULO II – DA EXECUÇÃO PARA A ENTREGA DE COISA
359 Seção I – Da Entrega de Coisa Certa
359 Seção II – Da Entrega de Coisa Incerta
359 CAPÍTULO III – DA EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER OU DE NÃO FAZER
359 Seção I – Disposições Comuns
360 Seção II – Da Obrigação de Fazer
360 Seção III – Da Obrigação de Não Fazer
360 CAPÍTULO IV – DA EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA
360 Seção I – Disposições Gerais
360 Seção II – Da Citação do Devedor e do Arresto
361 Seção III – Da Penhora, do Depósito e da Avaliação
361 Subseção I – Do Objeto da Penhora
362 Subseção II – Da Documentação da Penhora, de seu Registro e do Depósito
363 Subseção III – Do Lugar de Realização da Penhora
363 Subseção IV – Das Modificações da Penhora
364 Subseção V – Da Penhora de Dinheiro em Depósito ou em Aplicação Financeira
364 Subseção VI – Da Penhora de Créditos
365 Subseção VII – Da Penhora das Quotas ou das Ações de Sociedades Personificadas
365 Subseção VIII – Da Penhora de Empresa, de Outros Estabelecimentos e de Semoventes
366 Subseção IX – Da Penhora de Percentual de Faturamento de Empresa
366 Subseção X – Da Penhora de Frutos e Rendimentos de Coisa Móvel ou Imóvel
366 Subseção XI – Da Avaliação
367 Seção IV – Da Expropriação de Bens
367 Subseção I – Da Adjudicação
367 Subseção II – Da Alienação
371 Seção V – Da Satisfação do Crédito
371 CAPÍTULO V – DA EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA
371 CAPÍTULO VI – DA EXECUÇÃO DE ALIMENTOS
372 TÍTULO III – DOS EMBARGOS À EXECUÇÃO
373 TÍTULO IV – DA SUSPENSÃO E DA EXTINÇÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO
373 CAPÍTULO I – DA SUSPENSÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO
374 CAPÍTULO II – DA EXTINÇÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO
374 LIVRO III – DOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS E DOS MEIOS DE IMPUGNAÇÃO DAS DECISÕES
JUDICIAIS
374 TÍTULO I – DA ORDEM DOS PROCESSOS E DOS PROCESSOS DE COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA
DOS TRIBUNAIS
374 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
374 CAPÍTULO II – DA ORDEM DOS PROCESSOS NO TRIBUNAL
377 CAPÍTULO III – DO INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA
377 CAPÍTULO IV – DO INCIDENTE DE ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE
377 CAPÍTULO V – DO CONFLITO DE COMPETÊNCIA
378 CAPÍTULO VI – DA HOMOLOGAÇÃO DE DECISÃO ESTRANGEIRA E DA CONCESSÃO DO
EXEQUATUR À CARTA ROGATÓRIA
378 CAPÍTULO VII – DA AÇÃO RESCISÓRIA
380 CAPÍTULO VIII – DO INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS
381 CAPÍTULO IX – DA RECLAMAÇÃO
382 TÍTULO II – DOS RECURSOS
382 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
383 CAPÍTULO II – DA APELAÇÃO
384 CAPÍTULO III – DO AGRAVO DE INSTRUMENTO
385 CAPÍTULO IV – DO AGRAVO INTERNO
385 CAPÍTULO V – DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
386 CAPÍTULO VI – DOS RECURSOS PARA O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E PARA O SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
386 Seção I – Do Recurso Ordinário
386 Seção II – Do Recurso Extraordinário e do Recurso Especial
386 Subseção I – Disposições Gerais
388 Subseção II – Do Julgamento dos Recursos Extraordinário e Especial Repetitivos
390 Seção III – Do Agravo em Recurso Especial e em Recurso Extraordinário
390 Seção IV – Dos Embargos de Divergência
391 LIVRO COMPLEMENTAR – DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Código de Processo Civil

Lei no 13.105/2015

Código de Processo Civil. § 1o  É permitida a arbitragem, e observando a proporcionalida-


na forma da lei. de, a razoabilidade, a legalidade, a
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA § 2o  O Estado promoverá, publicidade e a eficiência.
sempre que possível, a solução
Faço saber que o Congresso Na- consensual dos conflitos. Art. 9o  Não se proferirá decisão
cional decreta e eu sanciono a § 3o  A conciliação, a media- contra uma das partes sem que
seguinte Lei:1 ção e outros métodos de solução ela seja previamente ouvida.
consensual de conflitos deverão Parágrafo único.  O disposto
ser estimulados por juízes, ad- no caput não se aplica:
PARTE GERAL vogados, defensores públicos e I – à tutela provisória de ur-
LIVRO I – DAS NORMAS membros do Ministério Público, gência;
inclusive no curso do processo II – às hipóteses de tutela da
PROCESSUAIS CIVIS judicial. evidência previstas no art.  311,
TÍTULO ÚNICO – DAS incisos II e III;
Art. 4o  As partes têm o direito III – à decisão prevista no
NORMAS FUNDAMENTAIS de obter em prazo razoável a so- art. 701.
E DA APLICAÇÃO DAS lução integral do mérito, incluída
NORMAS PROCESSUAIS a atividade satisfativa. Art. 10.  O juiz não pode decidir,
em grau algum de jurisdição, com
CAPÍTULO I – DAS NORMAS Art. 5o  Aquele que de qualquer base em fundamento a respeito
FUNDAMENTAIS DO forma participa do processo deve do qual não se tenha dado às par-
PROCESSO CIVIL comportar-se de acordo com a tes oportunidade de se manifes-
boa-fé. tar, ainda que se trate de matéria
Art. 1o  O processo civil será orde- sobre a qual deva decidir de ofício.
nado, disciplinado e interpretado Art. 6o  Todos os sujeitos do pro-
conforme os valores e as normas cesso devem cooperar entre si Art. 11.  Todos os julgamentos
fundamentais estabelecidos na para que se obtenha, em tempo dos órgãos do Poder Judiciário
Constituição da República Fede- razoável, decisão de mérito justa serão públicos, e fundamenta-
rativa do Brasil, observando-se as e efetiva. das todas as decisões, sob pena
disposições deste Código. de nulidade.
Art. 7o  É assegurada às partes Parágrafo único.  Nos casos
Art. 2   O processo começa por
o
paridade de tratamento em rela- de segredo de justiça, pode ser
iniciativa da parte e se desenvolve ção ao exercício de direitos e fa- autorizada a presença somente
por impulso oficial, salvo as ex- culdades processuais, aos meios das partes, de seus advogados,
ceções previstas em lei. de defesa, aos ônus, aos deveres de defensores públicos ou do
e à aplicação de sanções proces- Ministério Público.
Art. 3o  Não se excluirá da apre- suais, competindo ao juiz zelar
ciação jurisdicional ameaça ou pelo efetivo contraditório. Art. 12.  Os juízes e os tribunais
lesão a direito. atenderão, preferencialmente,
Art. 8o  Ao aplicar o ordenamento à ordem cronológica de conclu-
jurídico, o juiz atenderá aos fins são para proferir sentença ou
  Nota do Editor (NE): nos dispositivos que
1
sociais e às exigências do bem co- acórdão.
alteram normas, suprimiram-se as alterações
determinadas uma vez que já foram incor- mum, resguardando e promoven- § 1o  A lista de processos ap-
poradas às normas às quais se destinam. do a dignidade da pessoa humana tos a julgamento deverá estar per-

275
Código de Processo Civil
manentemente à disposição para CAPÍTULO II – DA falsidade de documento.
consulta pública em cartório e na APLICAÇÃO DAS NORMAS
rede mundial de computadores. Art. 20.  É admissível a ação
§ 2o  Estão excluídos da regra
PROCESSUAIS meramente declaratória, ainda
do caput: que tenha ocorrido a violação
I – as sentenças proferidas Art. 13.  A jurisdição civil será do direito.
em audiência, homologatórias regida pelas normas processu-
de acordo ou de improcedência ais brasileiras, ressalvadas as
liminar do pedido; disposições específicas previs- TÍTULO II – DOS LIMITES
II – o julgamento de processos tas em tratados, convenções ou DA JURISDIÇÃO NACIONAL
em bloco para aplicação de tese acordos internacionais de que o E DA COOPERAÇÃO
jurídica firmada em julgamento Brasil seja parte. INTERNACIONAL
de casos repetitivos;
III – o julgamento de recursos Art. 14.  A norma processual não CAPÍTULO I – DOS LIMITES
repetitivos ou de incidente de re- retroagirá e será aplicável imedia- DA JURISDIÇÃO NACIONAL
solução de demandas repetitivas; tamente aos processos em curso,
IV – as decisões proferidas respeitados os atos processuais Art. 21.  Compete à autoridade
com base nos arts. 485 e 932; praticados e as situações jurídi- judiciária brasileira processar e
V – o julgamento de embargos cas consolidadas sob a vigência julgar as ações em que:
de declaração; da norma revogada. I – o réu, qualquer que seja a
VI – o julgamento de agravo sua nacionalidade, estiver domi-
interno; Art. 15.  Na ausência de normas ciliado no Brasil;
VII – as preferências legais que regulem processos eleitorais, II – no Brasil tiver de ser cum-
e as metas estabelecidas pelo trabalhistas ou administrativos, prida a obrigação;
Conselho Nacional de Justiça; as disposições deste Código lhes III – o fundamento seja fato
VIII – os processos criminais, serão aplicadas supletiva e sub- ocorrido ou ato praticado no
nos órgãos jurisdicionais que te- sidiariamente. Brasil.
nham competência penal; Parágrafo único.  Para o fim
IX – a causa que exija urgência do disposto no inciso I, considera-
no julgamento, assim reconhecida LIVRO II – DA FUNÇÃO -se domiciliada no Brasil a pessoa
por decisão fundamentada. JURISDICIONAL jurídica estrangeira que nele tiver
§ 3o  Após elaboração de lista agência, filial ou sucursal.
própria, respeitar-se-á a ordem TÍTULO I – DA JURISDIÇÃO
cronológica das conclusões entre E DA AÇÃO Art. 22.  Compete, ainda, à au-
as preferências legais. toridade judiciária brasileira pro-
§ 4o  Após a inclusão do pro- Art. 16.  A jurisdição civil é exer- cessar e julgar as ações:
cesso na lista de que trata o § 1o, cida pelos juízes e pelos tribu- I – de alimentos, quando:
o requerimento formulado pela nais em todo o território nacional, a)  o credor tiver domicílio ou
parte não altera a ordem cro- conforme as disposições deste residência no Brasil;
nológica para a decisão, exceto Código. b)  o réu mantiver vínculos no
quando implicar a reabertura da Brasil, tais como posse ou pro-
instrução ou a conversão do jul- Art. 17.  Para postular em juízo priedade de bens, recebimento de
gamento em diligência. é necessário ter interesse e le- renda ou obtenção de benefícios
§ 5o  Decidido o requerimen- gitimidade. econômicos;
to previsto no §  4o, o processo II – decorrentes de relações
retornará à mesma posição em Art. 18.  Ninguém poderá pleitear de consumo, quando o consumi-
que anteriormente se encontra- direito alheio em nome próprio, dor tiver domicílio ou residência
va na lista. salvo quando autorizado pelo or- no Brasil;
§ 6o  Ocupará o primeiro lu- denamento jurídico. III – em que as partes, expres-
gar na lista prevista no §  1o ou, Parágrafo único. Havendo sa ou tacitamente, se submete-
conforme o caso, no § 3o, o pro- substituição processual, o subs- rem à jurisdição nacional.
cesso que: tituído poderá intervir como as-
I – tiver sua sentença ou acór- sistente litisconsorcial. Art. 23.  Compete à autoridade
dão anulado, salvo quando houver judiciária brasileira, com exclusão
necessidade de realização de di- Art. 19.  O interesse do autor de qualquer outra:
ligência ou de complementação pode limitar-se à declaração: I – conhecer de ações relati-
da instrução; I – da existência, da inexis- vas a imóveis situados no Brasil;
II – se enquadrar na hipótese tência ou do modo de ser de uma II – em matéria de sucessão
do art. 1.040, inciso II. relação jurídica; hereditária, proceder à confirma-
II – da autenticidade ou da ção de testamento particular e ao

276
Código de Processo Civil
inventário e à partilha de bens si- relação ao acesso à justiça e à Art. 29.  A solicitação de auxílio
tuados no Brasil, ainda que o autor tramitação dos processos, asse- direto será encaminhada pelo
da herança seja de nacionalidade gurando-se assistência judiciária órgão estrangeiro interessado
estrangeira ou tenha domicílio aos necessitados; à autoridade central, cabendo
fora do território nacional; III – a publicidade processu- ao Estado requerente assegu-
III – em divórcio, separação al, exceto nas hipóteses de sigilo rar a autenticidade e a clareza
judicial ou dissolução de união previstas na legislação brasileira do pedido.
estável, proceder à partilha de ou na do Estado requerente;
bens situados no Brasil, ainda que IV – a existência de autori- Art. 30.  Além dos casos previs-
o titular seja de nacionalidade es- dade central para recepção e tos em tratados de que o Brasil
trangeira ou tenha domicílio fora transmissão dos pedidos de co- faz parte, o auxílio direto terá os
do território nacional. operação; seguintes objetos:
V – a espontaneidade na I – obtenção e prestação de
Art. 24.  A ação proposta peran- transmissão de informações a informações sobre o ordenamen-
te tribunal estrangeiro não induz autoridades estrangeiras. to jurídico e sobre processos ad-
litispendência e não obsta a que § 1o  Na ausência de tratado, a ministrativos ou jurisdicionais
a autoridade judiciária brasileira cooperação jurídica internacional findos ou em curso;
conheça da mesma causa e das poderá realizar-se com base em II – colheita de provas, sal-
que lhe são conexas, ressalvadas reciprocidade, manifestada por vo se a medida for adotada em
as disposições em contrário de via diplomática. processo, em curso no estran-
tratados internacionais e acor- § 2o  Não se exigirá a recipro- geiro, de competência exclusiva
dos bilaterais em vigor no Brasil. cidade referida no § 1o para homo- de autoridade judiciária brasileira;
Parágrafo único.  A pendência logação de sentença estrangeira. III – qualquer outra medida
de causa perante a jurisdição bra- § 3o  Na cooperação jurídica judicial ou extrajudicial não proi-
sileira não impede a homologação internacional não será admitida bida pela lei brasileira.
de sentença judicial estrangeira a prática de atos que contrariem
quando exigida para produzir efei- ou que produzam resultados in- Art. 31.  A autoridade central
tos no Brasil. compatíveis com as normas fun- brasileira comunicar-se-á dire-
damentais que regem o Estado tamente com suas congêneres e,
Art. 25.  Não compete à autori- brasileiro. se necessário, com outros órgãos
dade judiciária brasileira o pro- § 4o  O Ministério da Justiça estrangeiros responsáveis pela
cessamento e o julgamento da exercerá as funções de autorida- tramitação e pela execução de
ação quando houver cláusula de de central na ausência de desig- pedidos de cooperação enviados
eleição de foro exclusivo estran- nação específica. e recebidos pelo Estado brasilei-
geiro em contrato internacional, ro, respeitadas disposições es-
arguida pelo réu na contestação. Art. 27.  A cooperação jurídica pecíficas constantes de tratado.
§ 1o  Não se aplica o disposto internacional terá por objeto:
no caput às hipóteses de com- I – citação, intimação e no- Art. 32.  No caso de auxílio di-
petência internacional exclusiva tificação judicial e extrajudicial; reto para a prática de atos que,
previstas neste Capítulo. II – colheita de provas e ob- segundo a lei brasileira, não ne-
§ 2o  Aplica-se à hipótese do tenção de informações; cessitem de prestação jurisdicio-
caput o art. 63, §§ 1o a 4o. III – homologação e cumpri- nal, a autoridade central adotará
mento de decisão; as providências necessárias para
IV – concessão de medida seu cumprimento.
CAPÍTULO II – DA judicial de urgência;
COOPERAÇÃO V – assistência jurídica in- Art. 33.  Recebido o pedido de
INTERNACIONAL ternacional; auxílio direto passivo, a autori-
VI – qualquer outra medida dade central o encaminhará à
Seção I – Disposições Gerais judicial ou extrajudicial não proi- Advocacia-Geral da União, que
bida pela lei brasileira. requererá em juízo a medida so-
Art. 26.  A cooperação jurídi- licitada.
ca internacional será regida por Parágrafo único.  O Ministé-
tratado de que o Brasil faz parte
Seção II – Do Auxílio Direto rio Público requererá em juízo
e observará: a medida solicitada quando for
I – o respeito às garantias do Art. 28.  Cabe auxílio direto autoridade central.
devido processo legal no Estado quando a medida não decorrer
requerente; diretamente de decisão de auto- Art. 34.  Compete ao juízo fe-
II – a igualdade de tratamento ridade jurisdicional estrangeira a deral do lugar em que deva ser
entre nacionais e estrangeiros, ser submetida a juízo de delibação executada a medida apreciar pe-
residentes ou não no Brasil, em no Brasil. dido de auxílio direto passivo que

277
Código de Processo Civil
demande prestação de atividade Art. 41.  Considera-se autêntico ção de atividade profissional, na
jurisdicional. o documento que instruir pedido qualidade de parte ou de terceiro
de cooperação jurídica interna- interveniente, exceto as ações:
cional, inclusive tradução para a I – de recuperação judicial,
Seção III – Da Carta língua portuguesa, quando enca- falência, insolvência civil e aci-
Rogatória minhado ao Estado brasileiro por dente de trabalho;
meio de autoridade central ou por II – sujeitas à justiça eleitoral
Art. 35.  (Vetado) via diplomática, dispensando-se e à justiça do trabalho.
ajuramentação, autenticação ou § 1o  Os autos não serão re-
Art. 36.  O procedimento da car- qualquer procedimento de lega- metidos se houver pedido cuja
ta rogatória perante o Superior lização. apreciação seja de competência
Tribunal de Justiça é de jurisdi- Parágrafo único.  O disposto do juízo perante o qual foi pro-
ção contenciosa e deve assegurar no caput não impede, quando ne- posta a ação.
às partes as garantias do devido cessária, a aplicação pelo Estado § 2o  Na hipótese do §  1o, o
processo legal. brasileiro do princípio da recipro- juiz, ao não admitir a cumulação
§ 1o  A defesa restringir-se-á cidade de tratamento. de pedidos em razão da incom-
à discussão quanto ao atendimen- petência para apreciar qualquer
to dos requisitos para que o pro- deles, não examinará o mérito
nunciamento judicial estrangeiro TÍTULO III – DA daquele em que exista interesse
produza efeitos no Brasil. COMPETÊNCIA INTERNA da União, de suas entidades au-
§ 2o  Em qualquer hipótese, tárquicas ou de suas empresas
é vedada a revisão do mérito do CAPÍTULO I – DA públicas.
pronunciamento judicial estran- COMPETÊNCIA § 3o  O juízo federal restituirá
geiro pela autoridade judiciária Seção I – Disposições Gerais os autos ao juízo estadual sem
brasileira. suscitar conflito se o ente federal
cuja presença ensejou a remessa
Art. 42.  As causas cíveis serão for excluído do processo.
Seção IV – Disposições processadas e decididas pelo juiz
Comuns às Seções nos limites de sua competência, Art. 46.  A ação fundada em di-
Anteriores ressalvado às partes o direito reito pessoal ou em direito real
de instituir juízo arbitral, na for- sobre bens móveis será propos-
Art. 37.  O pedido de cooperação ma da lei. ta, em regra, no foro de domicí-
jurídica internacional oriundo de lio do réu.
autoridade brasileira competente Art. 43.  Determina-se a compe- § 1o  Tendo mais de um do-
será encaminhado à autoridade tência no momento do registro ou micílio, o réu será demandado
central para posterior envio ao da distribuição da petição inicial, no foro de qualquer deles.
Estado requerido para lhe dar sendo irrelevantes as modifica- § 2o  Sendo incerto ou des-
andamento. ções do estado de fato ou de di- conhecido o domicílio do réu, ele
reito ocorridas posteriormente, poderá ser demandado onde for
Art. 38.  O pedido de cooperação salvo quando suprimirem órgão encontrado ou no foro de domi-
oriundo de autoridade brasileira judiciário ou alterarem a compe- cílio do autor.
competente e os documentos tência absoluta. § 3o  Quando o réu não tiver
anexos que o instruem serão en- domicílio ou residência no Brasil,
caminhados à autoridade cen- Art. 44.  Obedecidos os limites a ação será proposta no foro de
tral, acompanhados de tradução estabelecidos pela Constituição domicílio do autor, e, se este tam-
para a língua oficial do Estado Federal, a competência é deter- bém residir fora do Brasil, a ação
requerido. minada pelas normas previstas será proposta em qualquer foro.
neste Código ou em legislação § 4o  Havendo 2 (dois) ou mais
Art. 39.  O pedido passivo de co- especial, pelas normas de or- réus com diferentes domicílios,
operação jurídica internacional ganização judiciária e, ainda, no serão demandados no foro de
será recusado se configurar ma- que couber, pelas constituições qualquer deles, à escolha do au-
nifesta ofensa à ordem pública. dos Estados. tor.
§ 5o  A execução fiscal será
Art. 40.  A cooperação jurídi- Art. 45.  Tramitando o proces- proposta no foro de domicílio do
ca internacional para execução so perante outro juízo, os autos réu, no de sua residência ou no
de decisão estrangeira dar-se- serão remetidos ao juízo federal do lugar onde for encontrado.
-á por meio de carta rogatória competente se nele intervier a
ou de ação de homologação de União, suas empresas públicas, Art. 47.  Para as ações fundadas
sentença estrangeira, de acordo entidades autárquicas e funda- em direito real sobre imóveis é
com o art. 960. ções, ou conselho de fiscaliza- competente o foro de situação

278
Código de Processo Civil
da coisa. em que seja autor Estado ou o ração de dano sofrido em razão
§ 1o  O autor pode optar pelo Distrito Federal. de delito ou acidente de veículos,
foro de domicílio do réu ou pelo Parágrafo único.  Se Estado inclusive aeronaves.
foro de eleição se o litígio não re- ou o Distrito Federal for o deman-
cair sobre direito de propriedade, dado, a ação poderá ser proposta
vizinhança, servidão, divisão e no foro de domicílio do autor, no
Seção II – Da Modificação da
demarcação de terras e de nun- de ocorrência do ato ou fato que Competência
ciação de obra nova. originou a demanda, no de situ-
§ 2o  A ação possessória imo- ação da coisa ou na capital do Art. 54.  A competência relativa
biliária será proposta no foro de respectivo ente federado. poderá modificar-se pela conexão
situação da coisa, cujo juízo tem ou pela continência, observado o
competência absoluta. Art. 53.  É competente o foro: disposto nesta Seção.
I – para a ação de divórcio, se-
Art. 48.  O foro de domicílio do paração, anulação de casamento Art. 55.  Reputam-se conexas
autor da herança, no Brasil, é o e reconhecimento ou dissolução 2 (duas) ou mais ações quando
competente para o inventário, a de união estável: lhes for comum o pedido ou a
partilha, a arrecadação, o cum- a)  de domicílio do guardião causa de pedir.
primento de disposições de úl- de filho incapaz; § 1o  Os processos de ações
tima vontade, a impugnação ou b)  do último domicílio do ca- conexas serão reunidos para de-
anulação de partilha extrajudicial sal, caso não haja filho incapaz; cisão conjunta, salvo se um deles
e para todas as ações em que o c)  de domicílio do réu, se já houver sido sentenciado.
espólio for réu, ainda que o óbito nenhuma das partes residir no § 2o  Aplica-se o disposto no
tenha ocorrido no estrangeiro. antigo domicílio do casal; caput:
Parágrafo único.  Se o autor d)  de domicílio da vítima de I – à execução de título extra-
da herança não possuía domicílio violência doméstica e familiar, judicial e à ação de conhecimento
certo, é competente: nos termos da Lei no  11.340, de relativa ao mesmo ato jurídico;
I – o foro de situação dos bens 7 de agosto de 2006 (Lei Maria II – às execuções fundadas no
imóveis; da Penha); mesmo título executivo.
II – havendo bens imóveis em II – de domicílio ou residência § 3o  Serão reunidos para jul-
foros diferentes, qualquer destes; do alimentando, para a ação em gamento conjunto os processos
III – não havendo bens imó- que se pedem alimentos; que possam gerar risco de pro-
veis, o foro do local de qualquer III – do lugar: lação de decisões conflitantes
dos bens do espólio. a)  onde está a sede, para a ou contraditórias caso decididos
ação em que for ré pessoa ju- separadamente, mesmo sem co-
Art. 49.  A ação em que o ausen- rídica; nexão entre eles.
te for réu será proposta no foro b)  onde se acha agência ou
de seu último domicílio, também sucursal, quanto às obrigações Art. 56.  Dá-se a continência en-
competente para a arrecadação, que a pessoa jurídica contraiu; tre 2 (duas) ou mais ações quan-
o inventário, a partilha e o cum- c)  onde exerce suas ativi- do houver identidade quanto às
primento de disposições testa- dades, para a ação em que for partes e à causa de pedir, mas o
mentárias. ré sociedade ou associação sem pedido de uma, por ser mais am-
personalidade jurídica; plo, abrange o das demais.
Art. 50.  A ação em que o incapaz d)  onde a obrigação deve ser
for réu será proposta no foro de satisfeita, para a ação em que se Art. 57.  Quando houver conti-
domicílio de seu representante lhe exigir o cumprimento; nência e a ação continente tiver
ou assistente. e)  de residência do idoso, sido proposta anteriormente, no
para a causa que verse sobre processo relativo à ação contida
Art. 51.  É competente o foro de direito previsto no respectivo será proferida sentença sem re-
domicílio do réu para as causas estatuto; solução de mérito, caso contrário,
em que seja autora a União. f)  da sede da serventia nota- as ações serão necessariamente
Parágrafo único.  Se a União rial ou de registro, para a ação de reunidas.
for a demandada, a ação poderá reparação de dano por ato prati-
ser proposta no foro de domicílio cado em razão do ofício; Art. 58.  A reunião das ações
do autor, no de ocorrência do ato IV – do lugar do ato ou fato propostas em separado far-se-á
ou fato que originou a demanda, para a ação: no juízo prevento, onde serão de-
no de situação da coisa ou no a)  de reparação de dano; cididas simultaneamente.
Distrito Federal. b)  em que for réu administra-
dor ou gestor de negócios alheios; Art. 59.  O registro ou a distri-
Art. 52.  É competente o foro de V – de domicílio do autor ou do buição da petição inicial torna
domicílio do réu para as causas local do fato, para a ação de repa- prevento o juízo.

279
Código de Processo Civil
Art. 60.  Se o imóvel se achar em sentido contrário, conser- IV – atos concertados entre
situado em mais de um Estado, var-se-ão os efeitos de decisão os juízes cooperantes.
comarca, seção ou subseção ju- proferida pelo juízo incompetente § 1o  As cartas de ordem, pre-
diciária, a competência territorial até que outra seja proferida, se catória e arbitral seguirão o regi-
do juízo prevento estender-se-á for o caso, pelo juízo competente. me previsto neste Código.
sobre a totalidade do imóvel. § 2o  Os atos concertados
Art. 65.  Prorrogar-se-á a com- entre os juízes cooperantes po-
Art. 61.  A ação acessória será petência relativa se o réu não derão consistir, além de outros,
proposta no juízo competente alegar a incompetência em pre- no estabelecimento de procedi-
para a ação principal. liminar de contestação. mento para:
Parágrafo único.  A incompe- I – a prática de citação, in-
Art. 62.  A competência deter- tência relativa pode ser alegada timação ou notificação de ato;
minada em razão da matéria, da pelo Ministério Público nas causas II – a obtenção e apresenta-
pessoa ou da função é inderro- em que atuar. ção de provas e a coleta de de-
gável por convenção das partes. poimentos;
Art. 66.  Há conflito de compe- III – a efetivação de tutela
Art. 63.  As partes podem modi- tência quando: provisória;
ficar a competência em razão do I – 2 (dois) ou mais juízes se IV – a efetivação de medidas e
valor e do território, elegendo foro declaram competentes; providências para recuperação e
onde será proposta ação oriunda II – 2 (dois) ou mais juízes preservação de empresas;
de direitos e obrigações. se consideram incompetentes, V – a facilitação de habilita-
§ 1o  A eleição de foro só atribuindo um ao outro a com- ção de créditos na falência e na
produz efeito quando constar petência; recuperação judicial;
de instrumento escrito e aludir III – entre 2 (dois) ou mais VI – a centralização de pro-
expressamente a determinado juízes surge controvérsia acer- cessos repetitivos;
negócio jurídico. ca da reunião ou separação de VII – a execução de decisão
§ 2o  O foro contratual obriga processos. jurisdicional.
os herdeiros e sucessores das Parágrafo único.  O juiz que § 3o  O pedido de cooperação
partes. não acolher a competência decli- judiciária pode ser realizado entre
§ 3o  Antes da citação, a cláu- nada deverá suscitar o conflito, órgãos jurisdicionais de diferen-
sula de eleição de foro, se abusi- salvo se a atribuir a outro juízo. tes ramos do Poder Judiciário.
va, pode ser reputada ineficaz de
ofício pelo juiz, que determinará
a remessa dos autos ao juízo do CAPÍTULO II – DA LIVRO III – DOS SUJEITOS
foro de domicílio do réu. COOPERAÇÃO NACIONAL DO PROCESSO
§ 4o  Citado, incumbe ao réu
alegar a abusividade da cláusula Art. 67.  Aos órgãos do Poder TÍTULO I – DAS PARTES E
de eleição de foro na contestação, Judiciário, estadual ou federal, DOS PROCURADORES
sob pena de preclusão. especializado ou comum, em to-
das as instâncias e graus de ju- CAPÍTULO I – DA
risdição, inclusive aos tribunais CAPACIDADE PROCESSUAL
Seção III – Da Incompetência superiores, incumbe o dever de
recíproca cooperação, por meio Art. 70.  Toda pessoa que se en-
Art. 64.  A incompetência, ab- de seus magistrados e servidores. contre no exercício de seus direi-
soluta ou relativa, será alega- tos tem capacidade para estar
da como questão preliminar de Art. 68.  Os juízos poderão for- em juízo.
contestação. mular entre si pedido de coope-
§ 1o  A incompetência absolu- ração para prática de qualquer Art. 71.  O incapaz será repre-
ta pode ser alegada em qualquer ato processual. sentado ou assistido por seus
tempo e grau de jurisdição e deve pais, por tutor ou por curador,
ser declarada de ofício. Art. 69.  O pedido de cooperação na forma da lei.
§ 2o  Após manifestação da jurisdicional deve ser prontamen-
parte contrária, o juiz decidirá te atendido, prescinde de forma Art. 72.  O juiz nomeará curador
imediatamente a alegação de específica e pode ser executa- especial ao:
incompetência. do como: I – incapaz, se não tiver repre-
§ 3o  Caso a alegação de in- I – auxílio direto; sentante legal ou se os interesses
competência seja acolhida, os II – reunião ou apensamento deste colidirem com os daquele,
autos serão remetidos ao juízo de processos; enquanto durar a incapacidade;
competente. III – prestação de informa- II – réu preso revel, bem como
§ 4o  Salvo decisão judicial ções; ao réu revel citado por edital ou

280
Código de Processo Civil
com hora certa, enquanto não for quando expressamente autori- objeto das medidas judiciais.
constituído advogado. zada;
Parágrafo único.  A curatela IV – a autarquia e a fundação Art. 76.  Verificada a incapacida-
especial será exercida pela Defen- de direito público, por quem a lei de processual ou a irregularidade
soria Pública, nos termos da lei. do ente federado designar; da representação da parte, o juiz
V – a massa falida, pelo ad- suspenderá o processo e desig-
Art. 73.  O cônjuge necessitará ministrador judicial; nará prazo razoável para que seja
do consentimento do outro para VI – a herança jacente ou va- sanado o vício.
propor ação que verse sobre di- cante, por seu curador; § 1o  Descumprida a determi-
reito real imobiliário, salvo quando VII – o espólio, pelo inven- nação, caso o processo esteja na
casados sob o regime de separa- tariante; instância originária:
ção absoluta de bens. VIII – a pessoa jurídica, por I – o processo será extinto,
§ 1o  Ambos os cônjuges serão quem os respectivos atos cons- se a providência couber ao autor;
necessariamente citados para titutivos designarem ou, não ha- II – o réu será considerado
a ação: vendo essa designação, por seus revel, se a providência lhe couber;
I – que verse sobre direito real diretores; III – o terceiro será considera-
imobiliário, salvo quando casados IX – a sociedade e a associa- do revel ou excluído do processo,
sob o regime de separação abso- ção irregulares e outros entes dependendo do polo em que se
luta de bens; organizados sem personalidade encontre.
II – resultante de fato que diga jurídica, pela pessoa a quem cou- § 2o  Descumprida a determi-
respeito a ambos os cônjuges ou ber a administração de seus bens; nação em fase recursal perante
de ato praticado por eles; X – a pessoa jurídica estran- tribunal de justiça, tribunal regio-
III – fundada em dívida con- geira, pelo gerente, representan- nal federal ou tribunal superior,
traída por um dos cônjuges a bem te ou administrador de sua filial, o relator:
da família; agência ou sucursal aberta ou I – não conhecerá do recur-
IV – que tenha por objeto o re- instalada no Brasil; so, se a providência couber ao
conhecimento, a constituição ou XI – o condomínio, pelo ad- recorrente;
a extinção de ônus sobre imóvel ministrador ou síndico. II – determinará o desentra-
de um ou de ambos os cônjuges. § 1o  Quando o inventariante nhamento das contrarrazões, se a
§ 2o  Nas ações possessó- for dativo, os sucessores do fale- providência couber ao recorrido.
rias, a participação do cônjuge cido serão intimados no processo
do autor ou do réu somente é no qual o espólio seja parte.
indispensável nas hipóteses de § 2o  A sociedade ou associa- CAPÍTULO II – DOS
composse ou de ato por ambos ção sem personalidade jurídica DEVERES DAS PARTES E
praticado. não poderá opor a irregularida- DE SEUS PROCURADORES
§ 3o Aplica-se o dispos- de de sua constituição quando
to neste artigo à união estável demandada. Seção I – Dos Deveres
comprovada nos autos. § 3o  O gerente de filial ou
agência presume-se autorizado Art. 77.  Além de outros previstos
Art. 74.  O consentimento pre- pela pessoa jurídica estrangeira neste Código, são deveres das
visto no art. 73 pode ser suprido a receber citação para qualquer partes, de seus procuradores e
judicialmente quando for negado processo. de todos aqueles que de qualquer
por um dos cônjuges sem justo § 4o  Os Estados e o Distrito forma participem do processo:
motivo, ou quando lhe seja im- Federal poderão ajustar com- I – expor os fatos em juízo
possível concedê-lo. promisso recíproco para práti- conforme a verdade;
Parágrafo único.  A falta de ca de ato processual por seus II – não formular pretensão
consentimento, quando necessá- procuradores em favor de outro ou de apresentar defesa quando
rio e não suprido pelo juiz, invalida ente federado, mediante convê- cientes de que são destituídas de
o processo. nio firmado pelas respectivas fundamento;
procuradorias. III – não produzir provas e não
Art. 75.  Serão representados § 5o  A representação judicial praticar atos inúteis ou desneces-
em juízo, ativa e passivamente: do Município pela Associação de sários à declaração ou à defesa
I – a União, pela Advocacia- Representação de Municípios so- do direito;
-Geral da União, diretamente ou mente poderá ocorrer em ques- IV – cumprir com exatidão as
mediante órgão vinculado; tões de interesse comum dos decisões jurisdicionais, de na-
II – o Estado e o Distrito Fe- Municípios associados e depen- tureza provisória ou final, e não
deral, por seus procuradores; derá de autorização do respectivo criar embaraços à sua efetivação;
III – o Município, por seu pre- chefe do Poder Executivo muni- V – declinar, no primeiro mo-
feito, procurador ou Associação cipal, com indicação específica mento que lhes couber falar nos
de Representação de Municípios, do direito ou da obrigação a ser autos, o endereço residencial

281
Código de Processo Civil
ou profissional onde receberão determinará o restabelecimen- intuito manifestamente prote-
intimações, atualizando essa in- to do estado anterior, podendo, latório.
formação sempre que ocorrer ainda, proibir a parte de falar nos
qualquer modificação temporária autos até a purgação do atentado, Art. 81.  De ofício ou a requeri-
ou definitiva; sem prejuízo da aplicação do § 2o. mento, o juiz condenará o litigante
VI – não praticar inovação § 8o  O representante judicial de má-fé a pagar multa, que de-
ilegal no estado de fato de bem da parte não pode ser compelido verá ser superior a um por cento
ou direito litigioso; a cumprir decisão em seu lugar. e inferior a dez por cento do valor
VII – informar e manter atu- corrigido da causa, a indenizar a
alizados seus dados cadastrais Art. 78.  É vedado às partes, a parte contrária pelos prejuízos
perante os órgãos do Poder Judi- seus procuradores, aos juízes, que esta sofreu e a arcar com os
ciário e, no caso do § 6o do art. 246 aos membros do Ministério Pú- honorários advocatícios e com
deste Código, da Administração blico e da Defensoria Pública e todas as despesas que efetuou.
Tributária, para recebimento de a qualquer pessoa que partici- § 1o  Quando forem 2 (dois) ou
citações e intimações. pe do processo empregar ex- mais os litigantes de má-fé, o juiz
§ 1o  Nas hipóteses dos inci- pressões ofensivas nos escritos condenará cada um na proporção
sos IV e VI, o juiz advertirá qual- apresentados. de seu respectivo interesse na
quer das pessoas mencionadas § 1o  Quando expressões ou causa ou solidariamente aque-
no caput de que sua conduta po- condutas ofensivas forem mani- les que se coligaram para lesar
derá ser punida como ato aten- festadas oral ou presencialmente, a parte contrária.
tatório à dignidade da justiça. o juiz advertirá o ofensor de que § 2o  Quando o valor da cau-
§ 2o  A violação ao disposto não as deve usar ou repetir, sob sa for irrisório ou inestimável, a
nos incisos IV e VI constitui ato pena de lhe ser cassada a palavra. multa poderá ser fixada em até
atentatório à dignidade da justi- § 2o  De ofício ou a requeri- 10 (dez) vezes o valor do salário
ça, devendo o juiz, sem prejuízo mento do ofendido, o juiz determi- mínimo.
das sanções criminais, civis e nará que as expressões ofensivas § 3o  O valor da indenização
processuais cabíveis, aplicar ao sejam riscadas e, a requerimento será fixado pelo juiz ou, caso não
responsável multa de até vinte por do ofendido, determinará a ex- seja possível mensurá-lo, liqui-
cento do valor da causa, de acor- pedição de certidão com inteiro dado por arbitramento ou pelo
do com a gravidade da conduta. teor das expressões ofensivas e procedimento comum, nos pró-
§ 3o  Não sendo paga no pra- a colocará à disposição da parte prios autos.
zo a ser fixado pelo juiz, a multa interessada.
prevista no § 2o será inscrita como
dívida ativa da União ou do Esta-
Seção III – Das Despesas,
do após o trânsito em julgado da
Seção II – Da dos Honorários Advocatícios
decisão que a fixou, e sua execu- Responsabilidade das Partes e das Multas
ção observará o procedimento da por Dano Processual
execução fiscal, revertendo-se Art. 82.  Salvo as disposições
aos fundos previstos no art. 97. Art. 79.  Responde por perdas e concernentes à gratuidade da
§ 4o  A multa estabelecida danos aquele que litigar de má-fé justiça, incumbe às partes prover
no §  2o poderá ser fixada inde- como autor, réu ou interveniente. as despesas dos atos que realiza-
pendentemente da incidência rem ou requererem no processo,
das previstas nos arts. 523, § 1o, Art. 80.  Considera-se litigante antecipando-lhes o pagamento,
e 536, § 1o. de má-fé aquele que: desde o início até a sentença fi-
§ 5o  Quando o valor da cau- I – deduzir pretensão ou de- nal ou, na execução, até a plena
sa for irrisório ou inestimável, a fesa contra texto expresso de lei satisfação do direito reconhecido
multa prevista no § 2o poderá ser ou fato incontroverso; no título.
fixada em até 10 (dez) vezes o valor II – alterar a verdade dos fa- § 1o  Incumbe ao autor adian-
do salário mínimo. tos; tar as despesas relativas a ato
§ 6o  Aos advogados públicos III – usar do processo para cuja realização o juiz determinar
ou privados e aos membros da conseguir objetivo ilegal; de ofício ou a requerimento do
Defensoria Pública e do Ministério IV – opuser resistência injus- Ministério Público, quando sua
Público não se aplica o disposto tificada ao andamento do pro- intervenção ocorrer como fiscal
nos §§ 2o a 5o, devendo eventual cesso; da ordem jurídica.
responsabilidade disciplinar ser V – proceder de modo teme- § 2o  A sentença condenará o
apurada pelo respectivo órgão de rário em qualquer incidente ou vencido a pagar ao vencedor as
classe ou corregedoria, ao qual o ato do processo; despesas que antecipou.
juiz oficiará. VI – provocar incidente ma-
§ 7o  Reconhecida violação nifestamente infundado; Art. 83.  O autor, brasileiro ou
ao disposto no inciso VI, o juiz VII – interpuser recurso com estrangeiro, que residir fora do

282
Código de Processo Civil
Brasil ou deixar de residir no país xação dos honorários observará ou o valor da causa for superior
ao longo da tramitação de pro- os critérios estabelecidos nos ao valor previsto no inciso I do
cesso prestará caução suficiente incisos I a IV do § 2o e os seguin- § 3o, a fixação do percentual de
ao pagamento das custas e dos tes percentuais: honorários deve observar a faixa
honorários de advogado da parte I – mínimo de dez e máximo inicial e, naquilo que a exceder,
contrária nas ações que propuser, de vinte por cento sobre o valor a faixa subsequente, e assim su-
se não tiver no Brasil bens imóveis da condenação ou do proveito cessivamente.
que lhes assegurem o pagamento. econômico obtido até 200 (du- § 6o  Os limites e critérios
§ 1o  Não se exigirá a caução zentos) salários mínimos; previstos nos §§ 2o e 3o aplicam-
de que trata o caput: II – mínimo de oito e máximo -se independentemente de qual
I – quando houver dispensa de dez por cento sobre o valor seja o conteúdo da decisão, inclu-
prevista em acordo ou tratado da condenação ou do proveito sive aos casos de improcedência
internacional de que o Brasil faz econômico obtido acima de 200 ou de sentença sem resolução
parte; (duzentos) salários mínimos até de mérito.
II – na execução fundada em 2.000 (dois mil) salários mínimos; § 6o-A.  Quando o valor da
título extrajudicial e no cumpri- III – mínimo de cinco e má- condenação ou do proveito eco-
mento de sentença; ximo de oito por cento sobre o nômico obtido ou o valor atu-
III – na reconvenção. valor da condenação ou do pro- alizado da causa for líquido ou
§ 2o  Verificando-se no trâmi- veito econômico obtido acima de liquidável, para fins de fixação
te do processo que se desfalcou 2.000 (dois mil) salários mínimos dos honorários advocatícios, nos
a garantia, poderá o interessado até 20.000 (vinte mil) salários mí- termos dos §§ 2o e 3o, é proibida a
exigir reforço da caução, justifi- nimos; apreciação equitativa, salvo nas
cando seu pedido com a indicação IV – mínimo de três e máxi- hipóteses expressamente previs-
da depreciação do bem dado em mo de cinco por cento sobre o tas no § 8o deste artigo.
garantia e a importância do refor- valor da condenação ou do pro- § 7o  Não serão devidos ho-
ço que pretende obter. veito econômico obtido acima norários no cumprimento de sen-
de 20.000 (vinte mil) salários mí- tença contra a Fazenda Pública
Art. 84.  As despesas abrangem nimos até 100.000 (cem mil) sa- que enseje expedição de preca-
as custas dos atos do processo, a lários mínimos; tório, desde que não tenha sido
indenização de viagem, a remu- V – mínimo de um e máximo impugnada.
neração do assistente técnico e de três por cento sobre o valor da § 8o  Nas causas em que for
a diária de testemunha. condenação ou do proveito eco- inestimável ou irrisório o provei-
nômico obtido acima de 100.000 to econômico ou, ainda, quando
Art. 85.  A sentença condenará (cem mil) salários mínimos. o valor da causa for muito baixo,
o vencido a pagar honorários ao § 4o  Em qualquer das hipó- o juiz fixará o valor dos honorá-
advogado do vencedor. teses do § 3o: rios por apreciação equitativa,
§ 1o  São devidos honorários I – os percentuais previstos observando o disposto nos inci-
advocatícios na reconvenção, no nos incisos I a V devem ser apli- sos do § 2o.
cumprimento de sentença, provi- cados desde logo, quando for § 8o-A.  Na hipótese do § 8o
sório ou definitivo, na execução, líquida a sentença; deste artigo, para fins de fixação
resistida ou não, e nos recursos II – não sendo líquida a sen- equitativa de honorários sucum-
interpostos, cumulativamente. tença, a definição do percentual, benciais, o juiz deverá observar
§ 2o  Os honorários serão fi- nos termos previstos nos incisos os valores recomendados pelo
xados entre o mínimo de dez e o I a V, somente ocorrerá quando Conselho Seccional da Ordem
máximo de vinte por cento sobre o liquidado o julgado; dos Advogados do Brasil a título
valor da condenação, do proveito III – não havendo condenação de honorários advocatícios ou o
econômico obtido ou, não sendo principal ou não sendo possível limite mínimo de 10% (dez por
possível mensurá-lo, sobre o valor mensurar o proveito econômico cento) estabelecido no § 2o des-
atualizado da causa, atendidos: obtido, a condenação em hono- te artigo, aplicando-se o que for
I – o grau de zelo do profis- rários dar-se-á sobre o valor atu- maior.
sional; alizado da causa; § 9o  Na ação de indenização
II – o lugar de prestação do IV – será considerado o salá- por ato ilícito contra pessoa, o
serviço; rio mínimo vigente quando pro- percentual de honorários incidi-
III – a natureza e a importân- latada sentença líquida ou o que rá sobre a soma das prestações
cia da causa; estiver em vigor na data da de- vencidas acrescida de 12 (doze)
IV – o trabalho realizado pelo cisão de liquidação. prestações vincendas.
advogado e o tempo exigido para § 5o  Quando, conforme o § 10.  Nos casos de perda do
o seu serviço. caso, a condenação contra a objeto, os honorários serão de-
§ 3o  Nas causas em que a Fazenda Pública ou o benefício vidos por quem deu causa ao
Fazenda Pública for parte, a fi- econômico obtido pelo vencedor processo.

283
Código de Processo Civil
§ 11.  O tribunal, ao julgar re- te artigo aplica-se aos honorários das custas processuais remanes-
curso, majorará os honorários fixados por arbitramento judicial. centes, se houver.
fixados anteriormente levando § 4o  Se o réu reconhecer a
em conta o trabalho adicional Art. 86.  Se cada litigante for, em procedência do pedido e, simul-
realizado em grau recursal, ob- parte, vencedor e vencido, serão taneamente, cumprir integral-
servando, conforme o caso, o proporcionalmente distribuídas mente a prestação reconhecida,
disposto nos §§  2o a 6o, sendo entre eles as despesas. os honorários serão reduzidos
vedado ao tribunal, no cômputo Parágrafo único.  Se um liti- pela metade.
geral da fixação de honorários gante sucumbir em parte mínima
devidos ao advogado do vence- do pedido, o outro responderá, Art. 91.  As despesas dos atos
dor, ultrapassar os respectivos por inteiro, pelas despesas e pelos processuais praticados a reque-
limites estabelecidos nos §§ 2o e honorários. rimento da Fazenda Pública, do
3o para a fase de conhecimento. Ministério Público ou da Defen-
§ 12.  Os honorários referidos Art. 87.  Concorrendo diversos soria Pública serão pagas ao final
no § 11 são cumuláveis com multas autores ou diversos réus, os ven- pelo vencido.
e outras sanções processuais, cidos respondem proporcional- § 1o  As perícias requeridas
inclusive as previstas no art. 77. mente pelas despesas e pelos pela Fazenda Pública, pelo Minis-
§ 13.  As verbas de sucum- honorários. tério Público ou pela Defensoria
bência arbitradas em embargos § 1o  A sentença deverá dis- Pública poderão ser realizadas
à execução rejeitados ou julga- tribuir entre os litisconsortes, de por entidade pública ou, haven-
dos improcedentes e em fase de forma expressa, a responsabilida- do previsão orçamentária, ter os
cumprimento de sentença serão de proporcional pelo pagamento valores adiantados por aquele que
acrescidas no valor do débito das verbas previstas no caput. requerer a prova.
principal, para todos os efeitos § 2o  Se a distribuição de que § 2o Não havendo previ-
legais. trata o § 1o não for feita, os venci- são orçamentária no exercício
§ 14.  Os honorários cons- dos responderão solidariamente financeiro para adiantamento
tituem direito do advogado e pelas despesas e pelos hono- dos honorários periciais, eles se-
têm natureza alimentar, com os rários. rão pagos no exercício seguinte
mesmos privilégios dos créditos ou ao final, pelo vencido, caso
oriundos da legislação do traba- Art. 88.  Nos procedimentos de o processo se encerre antes do
lho, sendo vedada a compensação jurisdição voluntária, as despesas adiantamento a ser feito pelo
em caso de sucumbência parcial. serão adiantadas pelo requerente ente público.
§ 15.  O advogado pode reque- e rateadas entre os interessados.
rer que o pagamento dos honorá- Art. 92.  Quando, a requerimento
rios que lhe caibam seja efetuado Art. 89.  Nos juízos divisórios, do réu, o juiz proferir sentença
em favor da sociedade de advoga- não havendo litígio, os interes- sem resolver o mérito, o autor
dos que integra na qualidade de sados pagarão as despesas pro- não poderá propor novamente
sócio, aplicando-se à hipótese o porcionalmente a seus quinhões. a ação sem pagar ou depositar
disposto no § 14. em cartório as despesas e os
§ 16.  Quando os honorários Art. 90.  Proferida sentença com honorários a que foi condenado.
forem fixados em quantia certa, fundamento em desistência, em
os juros moratórios incidirão a renúncia ou em reconhecimento Art. 93.  As despesas de atos
partir da data do trânsito em jul- do pedido, as despesas e os ho- adiados ou cuja repetição for ne-
gado da decisão. norários serão pagos pela parte cessária ficarão a cargo da parte,
§ 17.  Os honorários serão de- que desistiu, renunciou ou re- do auxiliar da justiça, do órgão do
vidos quando o advogado atuar conheceu. Ministério Público ou da Defen-
em causa própria. § 1o  Sendo parcial a desis- soria Pública ou do juiz que, sem
§ 18.  Caso a decisão tran- tência, a renúncia ou o reconhe- justo motivo, houver dado causa
sitada em julgado seja omissa cimento, a responsabilidade pelas ao adiamento ou à repetição.
quanto ao direito aos honorários despesas e pelos honorários será
ou ao seu valor, é cabível ação proporcional à parcela reconhe- Art. 94.  Se o assistido for venci-
autônoma para sua definição e cida, à qual se renunciou ou da do, o assistente será condenado
cobrança. qual se desistiu. ao pagamento das custas em
§ 19.  Os advogados públicos § 2o  Havendo transação e proporção à atividade que houver
perceberão honorários de sucum- nada tendo as partes disposto exercido no processo.
bência, nos termos da lei.2 quanto às despesas, estas serão
§ 20.  O disposto nos §§ 2o, 3o, divididas igualmente. Art. 95.  Cada parte adiantará a
4 , 5 , 6 , 6 -A, 8o, 8o-A, 9o e 10 des-
o o o o
§ 3o  Se a transação ocorrer remuneração do assistente téc-
antes da sentença, as partes fi- nico que houver indicado, sendo
  NE: ver ADI no 6.053.
2 cam dispensadas do pagamento a do perito adiantada pela parte

284
Código de Processo Civil
que houver requerido a perícia ção do Poder Judiciário, aos quais § 2o  A concessão de gratui-
ou rateada quando a perícia for serão revertidos os valores das dade não afasta a responsabilida-
determinada de ofício ou reque- sanções pecuniárias processuais de do beneficiário pelas despesas
rida por ambas as partes. destinadas à União e aos Estados, processuais e pelos honorários
§ 1o  O juiz poderá determi- e outras verbas previstas em lei. advocatícios decorrentes de sua
nar que a parte responsável pelo sucumbência.
pagamento dos honorários do § 3o  Vencido o beneficiário,
perito deposite em juízo o valor
Seção IV – Da Gratuidade da as obrigações decorrentes de sua
correspondente. Justiça sucumbência ficarão sob condi-
§ 2o  A quantia recolhida em ção suspensiva de exigibilidade e
depósito bancário à ordem do Art. 98.  A pessoa natural ou ju- somente poderão ser executadas
juízo será corrigida monetaria- rídica, brasileira ou estrangeira, se, nos 5 (cinco) anos subsequen-
mente e paga de acordo com o com insuficiência de recursos tes ao trânsito em julgado da de-
art. 465, § 4o. para pagar as custas, as despe- cisão que as certificou, o credor
§ 3o  Quando o pagamento da sas processuais e os honorários demonstrar que deixou de existir
perícia for de responsabilidade advocatícios tem direito à gratui- a situação de insuficiência de re-
de beneficiário de gratuidade da dade da justiça, na forma da lei. cursos que justificou a concessão
justiça, ela poderá ser: § 1o  A gratuidade da justiça de gratuidade, extinguindo-se,
I – custeada com recursos compreende: passado esse prazo, tais obriga-
alocados no orçamento do ente I – as taxas ou as custas ju- ções do beneficiário.
público e realizada por servidor diciais; § 4o  A concessão de gra-
do Poder Judiciário ou por órgão II – os selos postais; tuidade não afasta o dever de
público conveniado; III – as despesas com publi- o beneficiário pagar, ao final, as
II – paga com recursos alo- cação na imprensa oficial, dis- multas processuais que lhe sejam
cados no orçamento da União, pensando-se a publicação em impostas.
do Estado ou do Distrito Federal, outros meios; § 5o  A gratuidade poderá ser
no caso de ser realizada por par- IV – a indenização devida à concedida em relação a algum ou
ticular, hipótese em que o valor testemunha que, quando em- a todos os atos processuais, ou
será fixado conforme tabela do pregada, receberá do emprega- consistir na redução percentual
tribunal respectivo ou, em caso dor salário integral, como se em de despesas processuais que o
de sua omissão, do Conselho Na- serviço estivesse; beneficiário tiver de adiantar no
cional de Justiça. V – as despesas com a rea- curso do procedimento.
§ 4o  Na hipótese do §  3o, o lização de exame de código ge- § 6o  Conforme o caso, o juiz
juiz, após o trânsito em julgado da nético – DNA e de outros exames poderá conceder direito ao parce-
decisão final, oficiará a Fazenda considerados essenciais; lamento de despesas processuais
Pública para que promova, contra VI – os honorários do advoga- que o beneficiário tiver de adian-
quem tiver sido condenado ao pa- do e do perito e a remuneração tar no curso do procedimento.
gamento das despesas processu- do intérprete ou do tradutor no- § 7o  Aplica-se o disposto no
ais, a execução dos valores gastos meado para apresentação de ver- art. 95, §§ 3o a 5o, ao custeio dos
com a perícia particular ou com são em português de documento emolumentos previstos no § 1o, in-
a utilização de servidor público redigido em língua estrangeira; ciso IX, do presente artigo, obser-
ou da estrutura de órgão público, VII – o custo com a elabo- vada a tabela e as condições da lei
observando-se, caso o responsá- ração de memória de cálculo, estadual ou distrital respectiva.
vel pelo pagamento das despesas quando exigida para instauração § 8o  Na hipótese do § 1o, in-
seja beneficiário de gratuidade da da execução; ciso IX, havendo dúvida fundada
justiça, o disposto no art. 98, § 2o. VIII – os depósitos previstos quanto ao preenchimento atual
§ 5o  Para fins de aplicação em lei para interposição de re- dos pressupostos para a conces-
do § 3o, é vedada a utilização de curso, para propositura de ação e são de gratuidade, o notário ou
recursos do fundo de custeio da para a prática de outros atos pro- registrador, após praticar o ato,
Defensoria Pública. cessuais inerentes ao exercício da pode requerer, ao juízo compe-
ampla defesa e do contraditório; tente para decidir questões no-
Art. 96.  O valor das sanções IX – os emolumentos devi- tariais ou registrais, a revogação
impostas ao litigante de má-fé dos a notários ou registradores total ou parcial do benefício ou
reverterá em benefício da parte em decorrência da prática de a sua substituição pelo parcela-
contrária, e o valor das sanções registro, averbação ou qualquer mento de que trata o § 6o deste
impostas aos serventuários per- outro ato notarial necessário à artigo, caso em que o beneficiário
tencerá ao Estado ou à União. efetivação de decisão judicial será citado para, em 15 (quinze)
ou à continuidade de processo dias, manifestar-se sobre esse
Art. 97.  A União e os Estados po- judicial no qual o benefício tenha requerimento.
dem criar fundos de moderniza- sido concedido.

285
Código de Processo Civil
Art. 99.  O pedido de gratuidade próprio processo, sem suspensão dos Advogados do Brasil.
da justiça pode ser formulado na de seu curso. Parágrafo único.  É lícito à
petição inicial, na contestação, na Parágrafo único.  Revogado o parte postular em causa própria
petição para ingresso de terceiro benefício, a parte arcará com as quando tiver habilitação legal.
no processo ou em recurso. despesas processuais que tiver
§ 1o  Se superveniente à pri- deixado de adiantar e pagará, Art. 104.  O advogado não será
meira manifestação da parte na em caso de má-fé, até o décu- admitido a postular em juízo sem
instância, o pedido poderá ser plo de seu valor a título de multa, procuração, salvo para evitar pre-
formulado por petição simples, que será revertida em benefício clusão, decadência ou prescrição,
nos autos do próprio processo, e da Fazenda Pública estadual ou ou para praticar ato considerado
não suspenderá seu curso. federal e poderá ser inscrita em urgente.
§ 2o  O juiz somente poderá dívida ativa. § 1o  Nas hipóteses previs-
indeferir o pedido se houver nos tas no caput, o advogado deverá,
autos elementos que evidenciem Art. 101.  Contra a decisão que independentemente de caução,
a falta dos pressupostos legais indeferir a gratuidade ou a que exibir a procuração no prazo de 15
para a concessão de gratuida- acolher pedido de sua revogação (quinze) dias, prorrogável por igual
de, devendo, antes de indeferir caberá agravo de instrumento, período por despacho do juiz.
o pedido, determinar à parte a exceto quando a questão for re- § 2o  O ato não ratificado será
comprovação do preenchimen- solvida na sentença, contra a qual considerado ineficaz relativa-
to dos referidos pressupostos. caberá apelação. mente àquele em cujo nome foi
§ 3o  Presume-se verdadeira § 1o  O recorrente estará dis- praticado, respondendo o advo-
a alegação de insuficiência dedu- pensado do recolhimento de cus- gado pelas despesas e por per-
zida exclusivamente por pessoa tas até decisão do relator sobre das e danos.
natural. a questão, preliminarmente ao
§ 4o  A assistência do reque- julgamento do recurso. Art. 105.  A procuração geral
rente por advogado particular não § 2o  Confirmada a denegação para o foro, outorgada por ins-
impede a concessão de gratuida- ou a revogação da gratuidade, o trumento público ou particular
de da justiça. relator ou o órgão colegiado de- assinado pela parte, habilita o
§ 5o  Na hipótese do §  4o, o terminará ao recorrente o recolhi- advogado a praticar todos os atos
recurso que verse exclusivamente mento das custas processuais, no do processo, exceto receber ci-
sobre valor de honorários de su- prazo de 5 (cinco) dias, sob pena tação, confessar, reconhecer a
cumbência fixados em favor do de não conhecimento do recurso. procedência do pedido, transigir,
advogado de beneficiário estará desistir, renunciar ao direito sobre
sujeito a preparo, salvo se o pró- Art. 102.  Sobrevindo o trânsito o qual se funda a ação, receber,
prio advogado demonstrar que em julgado de decisão que revoga dar quitação, firmar compromisso
tem direito à gratuidade. a gratuidade, a parte deverá efe- e assinar declaração de hipossu-
§ 6o  O direito à gratuidade da tuar o recolhimento de todas as ficiência econômica, que devem
justiça é pessoal, não se esten- despesas de cujo adiantamento constar de cláusula específica.
dendo a litisconsorte ou a suces- foi dispensada, inclusive as re- § 1o  A procuração pode ser
sor do beneficiário, salvo requeri- lativas ao recurso interposto, se assinada digitalmente, na for-
mento e deferimento expressos. houver, no prazo fixado pelo juiz, ma da lei.
§ 7o  Requerida a concessão sem prejuízo de aplicação das § 2o A procuração deve-
de gratuidade da justiça em re- sanções previstas em lei. rá conter o nome do advogado,
curso, o recorrente estará dis- Parágrafo único.  Não efetu- seu número de inscrição na Or-
pensado de comprovar o reco- ado o recolhimento, o processo dem dos Advogados do Brasil e
lhimento do preparo, incumbindo será extinto sem resolução de endereço completo.
ao relator, neste caso, apreciar mérito, tratando-se do autor, e, § 3o  Se o outorgado integrar
o requerimento e, se indeferi-lo, nos demais casos, não poderá ser sociedade de advogados, a pro-
fixar prazo para realização do deferida a realização de nenhum curação também deverá conter
recolhimento. ato ou diligência requerida pela o nome dessa, seu número de
parte enquanto não efetuado o registro na Ordem dos Advogados
Art. 100.  Deferido o pedido, a depósito. do Brasil e endereço completo.
parte contrária poderá oferecer § 4o  Salvo disposição expres-
impugnação na contestação, na sa em sentido contrário cons-
réplica, nas contrarrazões de re- CAPÍTULO III – DOS tante do próprio instrumento, a
curso ou, nos casos de pedido PROCURADORES procuração outorgada na fase de
superveniente ou formulado por conhecimento é eficaz para todas
terceiro, por meio de petição sim- Art. 103.  A parte será repre- as fases do processo, inclusive
ples, a ser apresentada no prazo sentada em juízo por advogado para o cumprimento de sentença.
de 15 (quinze) dias, nos autos do regularmente inscrito na Ordem

286
Código de Processo Civil
Art. 106.  Quando postular em horas, independentemente de vista neste Código, que comuni-
causa própria, incumbe ao ad- ajuste e sem prejuízo da conti- cou a renúncia ao mandante, a
vogado: nuidade do prazo. fim de que este nomeie sucessor.
I – declarar, na petição inicial § 4o  O procurador perderá no § 1o  Durante os 10 (dez) dias
ou na contestação, o endereço, mesmo processo o direito a que seguintes, o advogado continu-
seu número de inscrição na Or- se refere o § 3o se não devolver os ará a representar o mandante,
dem dos Advogados do Brasil e o autos tempestivamente, salvo se desde que necessário para lhe
nome da sociedade de advogados o prazo for prorrogado pelo juiz. evitar prejuízo.
da qual participa, para o recebi- § 5o  O disposto no inciso I § 2o  Dispensa-se a comuni-
mento de intimações; do caput deste artigo aplica-se cação referida no caput quando
II – comunicar ao juízo qual- integralmente a processos ele- a procuração tiver sido outorga-
quer mudança de endereço. trônicos. da a vários advogados e a parte
§ 1o  Se o advogado descum- continuar representada por outro,
prir o disposto no inciso I, o juiz apesar da renúncia.
ordenará que se supra a omissão, CAPÍTULO IV – DA
no prazo de 5 (cinco) dias, antes SUCESSÃO DAS PARTES E
de determinar a citação do réu, DOS PROCURADORES TÍTULO II – DO
sob pena de indeferimento da LITISCONSÓRCIO
petição. Art. 108.  No curso do proces-
§ 2o  Se o advogado infringir so, somente é lícita a sucessão Art. 113.  Duas ou mais pessoas
o previsto no inciso II, serão con- voluntária das partes nos casos podem litigar, no mesmo proces-
sideradas válidas as intimações expressos em lei. so, em conjunto, ativa ou passi-
enviadas por carta registrada vamente, quando:
ou meio eletrônico ao endereço Art. 109.  A alienação da coisa ou I – entre elas houver comu-
constante dos autos. do direito litigioso por ato entre nhão de direitos ou de obrigações
vivos, a título particular, não altera relativamente à lide;
Art. 107.  O advogado tem di- a legitimidade das partes. II – entre as causas houver
reito a: § 1o  O adquirente ou cessio- conexão pelo pedido ou pela cau-
I – examinar, em cartório de nário não poderá ingressar em sa de pedir;
fórum e secretaria de tribunal, juízo, sucedendo o alienante ou III – ocorrer afinidade de
mesmo sem procuração, autos cedente, sem que o consinta a questões por ponto comum de
de qualquer processo, indepen- parte contrária. fato ou de direito.
dentemente da fase de tramita- § 2o  O adquirente ou cessio- § 1o  O juiz poderá limitar o
ção, assegurados a obtenção de nário poderá intervir no processo litisconsórcio facultativo quanto
cópias e o registro de anotações, como assistente litisconsorcial do ao número de litigantes na fase de
salvo na hipótese de segredo de alienante ou cedente. conhecimento, na liquidação de
justiça, nas quais apenas o ad- § 3o  Estendem-se os efeitos sentença ou na execução, quando
vogado constituído terá acesso da sentença proferida entre as este comprometer a rápida solu-
aos autos; partes originárias ao adquirente ção do litígio ou dificultar a defesa
II – requerer, como procu- ou cessionário. ou o cumprimento da sentença.
rador, vista dos autos de qual- § 2o  O requerimento de limi-
quer processo, pelo prazo de 5 Art. 110.  Ocorrendo a morte de tação interrompe o prazo para
(cinco) dias; qualquer das partes, dar-se-á a manifestação ou resposta, que
III – retirar os autos do car- sucessão pelo seu espólio ou pe- recomeçará da intimação da de-
tório ou da secretaria, pelo prazo los seus sucessores, observado cisão que o solucionar.
legal, sempre que neles lhe cou- o disposto no art. 313, §§ 1o e 2o.
ber falar por determinação do Art. 114.  O litisconsórcio será
juiz, nos casos previstos em lei. Art. 111.  A parte que revogar o necessário por disposição de lei
§ 1o  Ao receber os autos, o mandato outorgado a seu advo- ou quando, pela natureza da re-
advogado assinará carga em livro gado constituirá, no mesmo ato, lação jurídica controvertida, a
ou documento próprio. outro que assuma o patrocínio eficácia da sentença depender
§ 2o  Sendo o prazo comum às da causa. da citação de todos que devam
partes, os procuradores poderão Parágrafo único.  Não sendo ser litisconsortes.
retirar os autos somente em con- constituído novo procurador no
junto ou mediante prévio ajuste, prazo de 15 (quinze) dias, obser- Art. 115.  A sentença de mérito,
por petição nos autos. var-se-á o disposto no art. 76. quando proferida sem a integra-
§ 3o  Na hipótese do §  2o, é ção do contraditório, será:
lícito ao procurador retirar os Art. 112.  O advogado poderá re- I – nula, se a decisão deveria
autos para obtenção de cópias, nunciar ao mandato a qualquer ser uniforme em relação a to-
pelo prazo de 2 (duas) a 6 (seis) tempo, provando, na forma pre- dos que deveriam ter integrado

287
Código de Processo Civil
o processo; jeição liminar. CAPÍTULO II – DA
II – ineficaz, nos outros casos, Parágrafo único.  Se qualquer DENUNCIAÇÃO DA LIDE
apenas para os que não foram parte alegar que falta ao reque-
citados. rente interesse jurídico para in- Art. 125.  É admissível a denun-
Parágrafo único.  Nos casos tervir, o juiz decidirá o incidente, ciação da lide, promovida por
de litisconsórcio passivo neces- sem suspensão do processo. qualquer das partes:
sário, o juiz determinará ao autor I – ao alienante imediato, no
que requeira a citação de todos processo relativo à coisa cujo
que devam ser litisconsortes,
Seção II – Da Assistência domínio foi transferido ao de-
dentro do prazo que assinar, sob Simples nunciante, a fim de que possa
pena de extinção do processo. exercer os direitos que da evicção
Art. 121.  O assistente simples lhe resultam;
Art. 116.  O litisconsórcio será atuará como auxiliar da parte II – àquele que estiver obri-
unitário quando, pela natureza principal, exercerá os mesmos gado, por lei ou pelo contrato, a
da relação jurídica, o juiz tiver de poderes e sujeitar-se-á aos mes- indenizar, em ação regressiva, o
decidir o mérito de modo unifor- mos ônus processuais que o as- prejuízo de quem for vencido no
me para todos os litisconsortes. sistido. processo.
Parágrafo único.  Sendo re- § 1 o O direito regressivo
Art. 117.  Os litisconsortes serão vel ou, de qualquer outro modo, será exercido por ação autôno-
considerados, em suas relações omisso o assistido, o assistente ma quando a denunciação da
com a parte adversa, como liti- será considerado seu substituto lide for indeferida, deixar de ser
gantes distintos, exceto no litis- processual. promovida ou não for permitida.
consórcio unitário, caso em que § 2o  Admite-se uma única
os atos e as omissões de um não Art. 122.  A assistência simples denunciação sucessiva, promo-
prejudicarão os outros, mas os não obsta a que a parte principal vida pelo denunciado, contra seu
poderão beneficiar. reconheça a procedência do pe- antecessor imediato na cadeia
dido, desista da ação, renuncie dominial ou quem seja responsá-
Art. 118.  Cada litisconsorte tem o ao direito sobre o que se funda vel por indenizá-lo, não podendo
direito de promover o andamento a ação ou transija sobre direitos o denunciado sucessivo promover
do processo, e todos devem ser controvertidos. nova denunciação, hipótese em
intimados dos respectivos atos. que eventual direito de regresso
Art. 123.  Transitada em julgado será exercido por ação autônoma.
a sentença no processo em que
TÍTULO III – DA interveio o assistente, este não Art. 126.  A citação do denun-
INTERVENÇÃO DE poderá, em processo posterior, ciado será requerida na petição
TERCEIROS discutir a justiça da decisão, salvo inicial, se o denunciante for au-
se alegar e provar que: tor, ou na contestação, se o de-
CAPÍTULO I – DA I – pelo estado em que rece- nunciante for réu, devendo ser
ASSISTÊNCIA beu o processo ou pelas decla- realizada na forma e nos prazos
rações e pelos atos do assistido, previstos no art. 131.
Seção I – Disposições foi impedido de produzir provas
Comuns suscetíveis de influir na sentença; Art. 127.  Feita a denunciação
II – desconhecia a existên- pelo autor, o denunciado poderá
Art. 119.  Pendendo causa entre 2 cia de alegações ou de provas assumir a posição de litisconsor-
(duas) ou mais pessoas, o terceiro das quais o assistido, por dolo te do denunciante e acrescentar
juridicamente interessado em que ou culpa, não se valeu. novos argumentos à petição ini-
a sentença seja favorável a uma cial, procedendo-se em seguida
delas poderá intervir no processo à citação do réu.
para assisti-la.
Seção III – Da Assistência
Parágrafo único.  A assistên- Litisconsorcial Art. 128.  Feita a denunciação
cia será admitida em qualquer pelo réu:
procedimento e em todos os Art. 124.  Considera-se litiscon- I – se o denunciado contestar
graus de jurisdição, recebendo sorte da parte principal o assis- o pedido formulado pelo autor, o
o assistente o processo no estado tente sempre que a sentença processo prosseguirá tendo, na
em que se encontre. influir na relação jurídica entre ação principal, em litisconsórcio,
ele e o adversário do assistido. denunciante e denunciado;
Art. 120.  Não havendo impug- II – se o denunciado for re-
nação no prazo de 15 (quinze) vel, o denunciante pode deixar
dias, o pedido do assistente será de prosseguir com sua defesa,
deferido, salvo se for caso de re- eventualmente oferecida, e abs-

288
Código de Processo Civil
ter-se de recorrer, restringindo Art. 132.  A sentença de proce- Art. 136.  Concluída a instrução,
sua atuação à ação regressiva; dência valerá como título executi- se necessária, o incidente será re-
III – se o denunciado confes- vo em favor do réu que satisfizer a solvido por decisão interlocutória.
sar os fatos alegados pelo autor dívida, a fim de que possa exigi-la, Parágrafo único.  Se a decisão
na ação principal, o denunciante por inteiro, do devedor principal, for proferida pelo relator, cabe
poderá prosseguir com sua defe- ou, de cada um dos codevedores, agravo interno.
sa ou, aderindo a tal reconheci- a sua quota, na proporção que
mento, pedir apenas a procedên- lhes tocar. Art. 137.  Acolhido o pedido de
cia da ação de regresso. desconsideração, a alienação ou
Parágrafo único. Procedente a oneração de bens, havida em
o pedido da ação principal, pode CAPÍTULO IV – DO fraude de execução, será ineficaz
o autor, se for o caso, requerer o INCIDENTE DE em relação ao requerente.
cumprimento da sentença tam- DESCONSIDERAÇÃO DA
bém contra o denunciado, nos PERSONALIDADE JURÍDICA
limites da condenação deste na CAPÍTULO V – DO AMICUS
ação regressiva. Art. 133.  O incidente de des- CURIAE
consideração da personalidade
Art. 129.  Se o denunciante for jurídica será instaurado a pedido Art. 138.  O juiz ou o relator, con-
vencido na ação principal, o juiz da parte ou do Ministério Públi- siderando a relevância da matéria,
passará ao julgamento da denun- co, quando lhe couber intervir a especificidade do tema objeto
ciação da lide. no processo. da demanda ou a repercussão so-
Parágrafo único.  Se o de- § 1o  O pedido de desconsi- cial da controvérsia, poderá, por
nunciante for vencedor, a ação deração da personalidade jurí- decisão irrecorrível, de ofício ou
de denunciação não terá o seu dica observará os pressupostos a requerimento das partes ou de
pedido examinado, sem prejuízo previstos em lei. quem pretenda manifestar-se, so-
da condenação do denunciante ao § 2o Aplica-se o dispos- licitar ou admitir a participação de
pagamento das verbas de sucum- to neste Capítulo à hipótese de pessoa natural ou jurídica, órgão
bência em favor do denunciado. desconsideração inversa da per- ou entidade especializada, com
sonalidade jurídica. representatividade adequada,
no prazo de 15 (quinze) dias de
CAPÍTULO III – DO Art. 134.  O incidente de des- sua intimação.
CHAMAMENTO AO consideração é cabível em to- § 1o  A intervenção de que tra-
PROCESSO das as fases do processo de co- ta o caput não implica alteração
nhecimento, no cumprimento de de competência nem autoriza a
Art. 130.  É admissível o chama- sentença e na execução fundada interposição de recursos, ressal-
mento ao processo, requerido em título executivo extrajudicial. vadas a oposição de embargos de
pelo réu: § 1o  A instauração do inci- declaração e a hipótese do § 3o.
I – do afiançado, na ação em dente será imediatamente co- § 2o  Caberá ao juiz ou ao re-
que o fiador for réu; municada ao distribuidor para lator, na decisão que solicitar ou
II – dos demais fiadores, na as anotações devidas. admitir a intervenção, definir os
ação proposta contra um ou al- § 2o  Dispensa-se a instaura- poderes do amicus curiae.
guns deles; ção do incidente se a desconsi- § 3o O amicus curiae pode
III – dos demais devedores deração da personalidade jurídica recorrer da decisão que julgar
solidários, quando o credor exigir for requerida na petição inicial, o incidente de resolução de de-
de um ou de alguns o pagamento hipótese em que será citado o mandas repetitivas.
da dívida comum. sócio ou a pessoa jurídica.
§ 3o  A instauração do inci-
Art. 131.  A citação daqueles que dente suspenderá o processo, TÍTULO IV – DO JUIZ E DOS
devam figurar em litisconsórcio salvo na hipótese do § 2o. AUXILIARES DA JUSTIÇA
passivo será requerida pelo réu § 4o  O requerimento deve de-
na contestação e deve ser promo- monstrar o preenchimento dos CAPÍTULO I – DOS
vida no prazo de 30 (trinta) dias, pressupostos legais específicos PODERES, DOS DEVERES
sob pena de ficar sem efeito o para desconsideração da perso- E DA RESPONSABILIDADE
chamamento. nalidade jurídica. DO JUIZ
Parágrafo único.  Se o cha-
mado residir em outra comarca, Art. 135.  Instaurado o inciden- Art. 139.  O juiz dirigirá o proces-
seção ou subseção judiciárias, ou te, o sócio ou a pessoa jurídica so conforme as disposições deste
em lugar incerto, o prazo será de será citado para manifestar-se Código, incumbindo-lhe:
2 (dois) meses. e requerer as provas cabíveis no I – assegurar às partes igual-
prazo de 15 (quinze) dias. dade de tratamento;

289
Código de Processo Civil
II – velar pela duração razo- decidirá por equidade nos casos consanguíneo ou afim, em linha
ável do processo; previstos em lei. reta ou colateral, até o terceiro
III – prevenir ou reprimir qual- grau, inclusive;
quer ato contrário à dignidade da Art. 141.  O juiz decidirá o mérito IV – quando for parte no pro-
justiça e indeferir postulações nos limites propostos pelas par- cesso ele próprio, seu cônjuge ou
meramente protelatórias; tes, sendo-lhe vedado conhecer companheiro, ou parente, con-
IV – determinar todas as de questões não suscitadas a sanguíneo ou afim, em linha reta
medidas indutivas, coercitivas, cujo respeito a lei exige iniciati- ou colateral, até o terceiro grau,
mandamentais ou sub-rogató- va da parte. inclusive;
rias necessárias para assegurar V – quando for sócio ou mem-
o cumprimento de ordem judicial, Art. 142.  Convencendo-se, pe- bro de direção ou de administra-
inclusive nas ações que tenham las circunstâncias, de que autor ção de pessoa jurídica parte no
por objeto prestação pecuniária; e réu se serviram do processo processo;
V – promover, a qualquer tem- para praticar ato simulado ou VI – quando for herdeiro pre-
po, a autocomposição, preferen- conseguir fim vedado por lei, o suntivo, donatário ou empregador
cialmente com auxílio de conci- juiz proferirá decisão que impeça de qualquer das partes;
liadores e mediadores judiciais; os objetivos das partes, aplican- VII – em que figure como par-
VI – dilatar os prazos proces- do, de ofício, as penalidades da te instituição de ensino com a
suais e alterar a ordem de pro- litigância de má-fé. qual tenha relação de emprego
dução dos meios de prova, ade- ou decorrente de contrato de
quando-os às necessidades do Art. 143.  O juiz responderá, civil prestação de serviços;
conflito de modo a conferir maior e regressivamente, por perdas e VIII – em que figure como
efetividade à tutela do direito; danos quando: parte cliente do escritório de ad-
VII – exercer o poder de po- I – no exercício de suas fun- vocacia de seu cônjuge, compa-
lícia, requisitando, quando ne- ções, proceder com dolo ou frau- nheiro ou parente, consanguíneo
cessário, força policial, além da de; ou afim, em linha reta ou colate-
segurança interna dos fóruns e II – recusar, omitir ou retardar, ral, até o terceiro grau, inclusive,
tribunais; sem justo motivo, providência mesmo que patrocinado por ad-
VIII – determinar, a qualquer que deva ordenar de ofício ou a vogado de outro escritório;
tempo, o comparecimento pes- requerimento da parte. IX – quando promover ação
soal das partes, para inquiri-las Parágrafo único.  As hipó- contra a parte ou seu advogado.
sobre os fatos da causa, hipóte- teses previstas no inciso II so- § 1o  Na hipótese do inciso
se em que não incidirá a pena de mente serão verificadas depois III, o impedimento só se verifica
confesso; que a parte requerer ao juiz que quando o defensor público, o ad-
IX – determinar o suprimen- determine a providência e o re- vogado ou o membro do Ministério
to de pressupostos processuais querimento não for apreciado no Público já integrava o processo
e o saneamento de outros vícios prazo de 10 (dez) dias. antes do início da atividade judi-
processuais; cante do juiz.
X – quando se deparar com § 2o  É vedada a criação de
diversas demandas individuais CAPÍTULO II – DOS fato superveniente a fim de ca-
repetitivas, oficiar o Ministério IMPEDIMENTOS E DA racterizar impedimento do juiz.
Público, a Defensoria Pública e, SUSPEIÇÃO § 3o  O impedimento previsto
na medida do possível, outros no inciso III também se verifica
legitimados a que se referem o Art. 144.  Há impedimento do no caso de mandato conferido a
art. 5o da Lei no 7.347, de 24 de juiz, sendo-lhe vedado exercer membro de escritório de advoca-
julho de 1985, e o art. 82 da Lei suas funções no processo: cia que tenha em seus quadros
no  8.078, de 11 de setembro de I – em que interveio como advogado que individualmente
1990, para, se for o caso, promo- mandatário da parte, oficiou ostente a condição nele prevista,
ver a propositura da ação coletiva como perito, funcionou como mesmo que não intervenha dire-
respectiva. membro do Ministério Público tamente no processo.
Parágrafo único.  A dilação de ou prestou depoimento como
prazos prevista no inciso VI so- testemunha; Art. 145.  Há suspeição do juiz:
mente pode ser determinada an- II – de que conheceu em outro I – amigo íntimo ou inimigo de
tes de encerrado o prazo regular. grau de jurisdição, tendo profe- qualquer das partes ou de seus
rido decisão; advogados;
Art. 140.  O juiz não se exime de III – quando nele estiver pos- II – que receber presentes de
decidir sob a alegação de lacuna tulando, como defensor público, pessoas que tiverem interesse na
ou obscuridade do ordenamento advogado ou membro do Ministé- causa antes ou depois de iniciado
jurídico. rio Público, seu cônjuge ou com- o processo, que aconselhar algu-
Parágrafo único.  O juiz só panheiro, ou qualquer parente, ma das partes acerca do objeto

290
Código de Processo Civil
da causa ou que subministrar § 4o  Verificando que a alega- CAPÍTULO III – DOS
meios para atender às despesas ção de impedimento ou de sus- AUXILIARES DA JUSTIÇA
do litígio; peição é improcedente, o tribunal
III – quando qualquer das par- rejeitá-la-á. Art. 149.  São auxiliares da Jus-
tes for sua credora ou devedora, § 5o  Acolhida a alegação, tra- tiça, além de outros cujas atribui-
de seu cônjuge ou companheiro tando-se de impedimento ou de ções sejam determinadas pelas
ou de parentes destes, em linha manifesta suspeição, o tribunal normas de organização judiciária,
reta até o terceiro grau, inclusive; condenará o juiz nas custas e o escrivão, o chefe de secretaria,
IV – interessado no julgamen- remeterá os autos ao seu substi- o oficial de justiça, o perito, o de-
to do processo em favor de qual- tuto legal, podendo o juiz recorrer positário, o administrador, o in-
quer das partes. da decisão. térprete, o tradutor, o mediador,
§ 1o  Poderá o juiz declarar-se § 6o  Reconhecido o impedi- o conciliador judicial, o partidor,
suspeito por motivo de foro ínti- mento ou a suspeição, o tribunal o distribuidor, o contabilista e o
mo, sem necessidade de declarar fixará o momento a partir do qual regulador de avarias.
suas razões. o juiz não poderia ter atuado.
§ 2o  Será ilegítima a alegação § 7o  O tribunal decretará
de suspeição quando: a nulidade dos atos do juiz, se
Seção I – Do Escrivão, do
I – houver sido provocada por praticados quando já presente Chefe de Secretaria e do
quem a alega; o motivo de impedimento ou de Oficial de Justiça
II – a parte que a alega hou- suspeição.
ver praticado ato que signifique Art. 150.  Em cada juízo haverá
manifesta aceitação do arguido. Art. 147.  Quando 2 (dois) ou mais um ou mais ofícios de justiça,
juízes forem parentes, consan- cujas atribuições serão deter-
Art. 146.  No prazo de 15 (quinze) guíneos ou afins, em linha reta minadas pelas normas de orga-
dias, a contar do conhecimento ou colateral, até o terceiro grau, nização judiciária.
do fato, a parte alegará o impe- inclusive, o primeiro que conhecer
dimento ou a suspeição, em pe- do processo impede que o outro Art. 151.  Em cada comarca, se-
tição específica dirigida ao juiz nele atue, caso em que o segundo ção ou subseção judiciária have-
do processo, na qual indicará o se escusará, remetendo os autos rá, no mínimo, tantos oficiais de
fundamento da recusa, podendo ao seu substituto legal. justiça quantos sejam os juízos.
instruí-la com documentos em
que se fundar a alegação e com Art. 148.  Aplicam-se os motivos Art. 152.  Incumbe ao escrivão
rol de testemunhas. de impedimento e de suspeição: ou ao chefe de secretaria:
§ 1o  Se reconhecer o impedi- I – ao membro do Ministério I – redigir, na forma legal, os
mento ou a suspeição ao receber Público; ofícios, os mandados, as cartas
a petição, o juiz ordenará imedia- II – aos auxiliares da justiça; precatórias e os demais atos que
tamente a remessa dos autos a III – aos demais sujeitos im- pertençam ao seu ofício;
seu substituto legal, caso contrá- parciais do processo. II – efetivar as ordens judi-
rio, determinará a autuação em § 1o  A parte interessada de- ciais, realizar citações e intima-
apartado da petição e, no prazo de verá arguir o impedimento ou a ções, bem como praticar todos
15 (quinze) dias, apresentará suas suspeição, em petição fundamen- os demais atos que lhe forem
razões, acompanhadas de docu- tada e devidamente instruída, na atribuídos pelas normas de or-
mentos e de rol de testemunhas, primeira oportunidade em que lhe ganização judiciária;
se houver, ordenando a remessa couber falar nos autos. III – comparecer às audiên-
do incidente ao tribunal. § 2o  O juiz mandará proces- cias ou, não podendo fazê-lo, de-
§ 2o  Distribuído o incidente, sar o incidente em separado e signar servidor para substituí-lo;
o relator deverá declarar os seus sem suspensão do processo, ou- IV – manter sob sua guarda
efeitos, sendo que, se o incidente vindo o arguido no prazo de 15 e responsabilidade os autos, não
for recebido: (quinze) dias e facultando a produ- permitindo que saiam do cartó-
I – sem efeito suspensivo, o ção de prova, quando necessária. rio, exceto:
processo voltará a correr; § 3o  Nos tribunais, a arguição a)  quando tenham de seguir
II – com efeito suspensivo, o a que se refere o § 1o será disci- à conclusão do juiz;
processo permanecerá suspenso plinada pelo regimento interno. b)  com vista a procurador, à
até o julgamento do incidente. § 4o  O disposto nos §§  1o e Defensoria Pública, ao Ministério
§ 3o  Enquanto não for decla- 2o não se aplica à arguição de Público ou à Fazenda Pública;
rado o efeito em que é recebido o impedimento ou de suspeição c)  quando devam ser remeti-
incidente ou quando este for re- de testemunha. dos ao contabilista ou ao partidor;
cebido com efeito suspensivo, a d)  quando forem remetidos
tutela de urgência será requerida a outro juízo em razão da modi-
ao substituto legal. ficação da competência;

291
Código de Processo Civil
V – fornecer certidão de qual- II – executar as ordens do juiz fissionais ou de órgãos técnicos
quer ato ou termo do processo, a que estiver subordinado; interessados.
independentemente de despa- III – entregar o mandado em § 3o  Os tribunais realizarão
cho, observadas as disposições cartório após seu cumprimento; avaliações e reavaliações peri-
referentes ao segredo de justiça; IV – auxiliar o juiz na manu- ódicas para manutenção do ca-
VI – praticar, de ofício, os atos tenção da ordem; dastro, considerando a formação
meramente ordinatórios. V – efetuar avaliações, quan- profissional, a atualização do co-
§ 1o  O juiz titular editará ato a do for o caso; nhecimento e a experiência dos
fim de regulamentar a atribuição VI – certificar, em manda- peritos interessados.
prevista no inciso VI. do, proposta de autocomposição § 4o Para verificação de
§ 2o  No impedimento do es- apresentada por qualquer das eventual impedimento ou moti-
crivão ou chefe de secretaria, o partes, na ocasião de realização vo de suspeição, nos termos dos
juiz convocará substituto e, não o de ato de comunicação que lhe arts. 148 e 467, o órgão técnico ou
havendo, nomeará pessoa idônea couber. científico nomeado para realiza-
para o ato. Parágrafo único. Certificada ção da perícia informará ao juiz os
a proposta de autocomposição nomes e os dados de qualificação
Art. 153.  O escrivão ou o chefe prevista no inciso VI, o juiz orde- dos profissionais que participarão
de secretaria atenderá, preferen- nará a intimação da parte contrá- da atividade.
cialmente, à ordem cronológica ria para manifestar-se, no prazo § 5o  Na localidade onde não
de recebimento para publicação de 5 (cinco) dias, sem prejuízo do houver inscrito no cadastro dispo-
e efetivação dos pronunciamen- andamento regular do processo, nibilizado pelo tribunal, a nome-
tos judiciais. entendendo-se o silêncio como ação do perito é de livre escolha
§ 1o  A lista de processos re- recusa. pelo juiz e deverá recair sobre
cebidos deverá ser disponibiliza- profissional ou órgão técnico ou
da, de forma permanente, para Art. 155.  O escrivão, o chefe de científico comprovadamente de-
consulta pública. secretaria e o oficial de justiça tentor do conhecimento necessá-
§ 2o  Estão excluídos da regra são responsáveis, civil e regres- rio à realização da perícia.
do caput: sivamente, quando:
I – os atos urgentes, assim I – sem justo motivo, se recu- Art. 157.  O perito tem o dever
reconhecidos pelo juiz no pronun- sarem a cumprir no prazo os atos de cumprir o ofício no prazo que
ciamento judicial a ser efetivado; impostos pela lei ou pelo juiz a lhe designar o juiz, empregan-
II – as preferências legais. que estão subordinados; do toda sua diligência, podendo
§ 3o  Após elaboração de lista II – praticarem ato nulo com escusar-se do encargo alegando
própria, respeitar-se-ão a ordem dolo ou culpa. motivo legítimo.
cronológica de recebimento entre § 1o  A escusa será apresen-
os atos urgentes e as preferên- tada no prazo de 15 (quinze) dias,
cias legais.
Seção II – Do Perito contado da intimação, da suspei-
§ 4o  A parte que se conside- ção ou do impedimento superve-
rar preterida na ordem cronoló- Art. 156.  O juiz será assistido por nientes, sob pena de renúncia ao
gica poderá reclamar, nos pró- perito quando a prova do fato de- direito a alegá-la.
prios autos, ao juiz do processo, pender de conhecimento técnico § 2o  Será organizada lista de
que requisitará informações ao ou científico. peritos na vara ou na secretaria,
servidor, a serem prestadas no § 1o  Os peritos serão no- com disponibilização dos docu-
prazo de 2 (dois) dias. meados entre os profissionais mentos exigidos para habilitação
§ 5o  Constatada a preteri- legalmente habilitados e os ór- à consulta de interessados, para
ção, o juiz determinará o imediato gãos técnicos ou científicos de- que a nomeação seja distribuída
cumprimento do ato e a instau- vidamente inscritos em cadastro de modo equitativo, observadas
ração de processo administrati- mantido pelo tribunal ao qual o a capacidade técnica e a área de
vo disciplinar contra o servidor. juiz está vinculado. conhecimento.
§ 2o  Para formação do ca-
Art. 154.  Incumbe ao oficial de dastro, os tribunais devem rea- Art. 158.  O perito que, por dolo
justiça: lizar consulta pública, por meio ou culpa, prestar informações
I – fazer pessoalmente cita- de divulgação na rede mundial inverídicas responderá pelos pre-
ções, prisões, penhoras, arrestos de computadores ou em jornais juízos que causar à parte e ficará
e demais diligências próprias do de grande circulação, além de inabilitado para atuar em outras
seu ofício, sempre que possível consulta direta a universidades, perícias no prazo de 2 (dois) a 5
na presença de 2 (duas) testemu- a conselhos de classe, ao Minis- (cinco) anos, independentemen-
nhas, certificando no mandado o tério Público, à Defensoria Públi- te das demais sanções previstas
ocorrido, com menção ao lugar, ca e à Ordem dos Advogados do em lei, devendo o juiz comunicar
ao dia e à hora; Brasil, para a indicação de pro- o fato ao respectivo órgão de clas-

292
Código de Processo Civil
se para adoção das medidas que leira de Sinais, ou equivalente, diação são informadas pelos
entender cabíveis. quando assim for solicitado. princípios da independência, da
imparcialidade, da autonomia da
Art. 163.  Não pode ser intérprete vontade, da confidencialidade, da
Seção III – Do Depositário e ou tradutor quem: oralidade, da informalidade e da
do Administrador I – não tiver a livre adminis- decisão informada.
tração de seus bens; § 1o  A confidencialidade es-
Art. 159.  A guarda e a conserva- II – for arrolado como teste- tende-se a todas as informações
ção de bens penhorados, arresta- munha ou atuar como perito no produzidas no curso do procedi-
dos, sequestrados ou arrecada- processo; mento, cujo teor não poderá ser
dos serão confiadas a depositário III – estiver inabilitado para o utilizado para fim diverso daquele
ou a administrador, não dispondo exercício da profissão por senten- previsto por expressa deliberação
a lei de outro modo. ça penal condenatória, enquanto das partes.
durarem seus efeitos. § 2o  Em razão do dever de
Art. 160.  Por seu trabalho o sigilo, inerente às suas funções,
depositário ou o administrador Art. 164.  O intérprete ou tra- o conciliador e o mediador, as-
perceberá remuneração que o dutor, oficial ou não, é obrigado sim como os membros de suas
juiz fixará levando em conta a a desempenhar seu ofício, apli- equipes, não poderão divulgar
situação dos bens, ao tempo do cando-se-lhe o disposto nos arts. ou depor acerca de fatos ou ele-
serviço e às dificuldades de sua 157 e 158. mentos oriundos da conciliação
execução. ou da mediação.
Parágrafo único.  O juiz pode- § 3o  Admite-se a aplicação
rá nomear um ou mais prepostos
Seção V – Dos Conciliadores de técnicas negociais, com o ob-
por indicação do depositário ou e Mediadores Judiciais jetivo de proporcionar ambiente
do administrador. favorável à autocomposição.
Art. 165.  Os tribunais criarão § 4o  A mediação e a conci-
Art. 161.  O depositário ou o ad- centros judiciários de solução liação serão regidas conforme a
ministrador responde pelos preju- consensual de conflitos, respon- livre autonomia dos interessados,
ízos que, por dolo ou culpa, causar sáveis pela realização de sessões inclusive no que diz respeito à
à parte, perdendo a remuneração e audiências de conciliação e me- definição das regras procedi-
que lhe foi arbitrada, mas tem o diação e pelo desenvolvimento de mentais.
direito a haver o que legitima- programas destinados a auxiliar,
mente despendeu no exercício orientar e estimular a autocom- Art. 167.  Os conciliadores, os
do encargo. posição. mediadores e as câmaras priva-
Parágrafo único.  O deposi- § 1o  A composição e a organi- das de conciliação e mediação
tário infiel responde civilmente zação dos centros serão definidas serão inscritos em cadastro na-
pelos prejuízos causados, sem pelo respectivo tribunal, obser- cional e em cadastro de tribunal
prejuízo de sua responsabilidade vadas as normas do Conselho de justiça ou de tribunal regional
penal e da imposição de sanção Nacional de Justiça. federal, que manterá registro de
por ato atentatório à dignidade § 2o  O conciliador, que atuará profissionais habilitados, com in-
da justiça. preferencialmente nos casos em dicação de sua área profissional.
que não houver vínculo anterior § 1o  Preenchendo o requisito
entre as partes, poderá sugerir da capacitação mínima, por meio
Seção IV – Do Intérprete e do soluções para o litígio, sendo ve- de curso realizado por entida-
Tradutor dada a utilização de qualquer tipo de credenciada, conforme pa-
de constrangimento ou intimida- râmetro curricular definido pelo
Art. 162.  O juiz nomeará intér- ção para que as partes conciliem. Conselho Nacional de Justiça
prete ou tradutor quando neces- § 3o  O mediador, que atuará em conjunto com o Ministério da
sário para: preferencialmente nos casos em Justiça, o conciliador ou o media-
I – traduzir documento redigi- que houver vínculo anterior entre dor, com o respectivo certificado,
do em língua estrangeira; as partes, auxiliará aos interessa- poderá requerer sua inscrição no
II – verter para o português dos a compreender as questões cadastro nacional e no cadastro
as declarações das partes e das e os interesses em conflito, de de tribunal de justiça ou de tribu-
testemunhas que não conhece- modo que eles possam, pelo res- nal regional federal.
rem o idioma nacional; tabelecimento da comunicação, § 2o  Efetivado o registro, que
III – realizar a interpretação identificar, por si próprios, so- poderá ser precedido de concur-
simultânea dos depoimentos das luções consensuais que gerem so público, o tribunal remeterá ao
partes e testemunhas com defi- benefícios mútuos. diretor do foro da comarca, seção
ciência auditiva que se comuni- ou subseção judiciária onde atu-
quem por meio da Língua Brasi- Art. 166.  A conciliação e a me- ará o conciliador ou o mediador

293
Código de Processo Civil
os dados necessários para que Art. 169.  Ressalvada a hipótese aquele que:
seu nome passe a constar da do art. 167, § 6o, o conciliador e I – agir com dolo ou culpa na
respectiva lista, a ser observada o mediador receberão pelo seu condução da conciliação ou da
na distribuição alternada e alea- trabalho remuneração prevista mediação sob sua responsabilida-
tória, respeitado o princípio da em tabela fixada pelo tribunal, de ou violar qualquer dos deveres
igualdade dentro da mesma área conforme parâmetros estabe- decorrentes do art. 166, §§ 1o e 2o;
de atuação profissional. lecidos pelo Conselho Nacional II – atuar em procedimento de
§ 3o  Do credenciamento das de Justiça. mediação ou conciliação, apesar
câmaras e do cadastro de conci- § 1o  A mediação e a concilia- de impedido ou suspeito.
liadores e mediadores constarão ção podem ser realizadas como § 1o  Os casos previstos neste
todos os dados relevantes para a trabalho voluntário, observada a artigo serão apurados em proces-
sua atuação, tais como o número legislação pertinente e a regula- so administrativo.
de processos de que participou, mentação do tribunal. § 2o  O juiz do processo ou
o sucesso ou insucesso da ati- § 2o  Os tribunais determina- o juiz coordenador do centro de
vidade, a matéria sobre a qual rão o percentual de audiências conciliação e mediação, se hou-
versou a controvérsia, bem como não remuneradas que deverão ver, verificando atuação inade-
outros dados que o tribunal julgar ser suportadas pelas câmaras pri- quada do mediador ou conci-
relevantes. vadas de conciliação e mediação, liador, poderá afastá-lo de suas
§ 4o  Os dados colhidos na com o fim de atender aos proces- atividades por até 180 (cento e
forma do § 3o serão classificados sos em que deferida gratuidade oitenta) dias, por decisão fun-
sistematicamente pelo tribunal, da justiça, como contrapartida damentada, informando o fato
que os publicará, ao menos anu- de seu credenciamento. imediatamente ao tribunal para
almente, para conhecimento da instauração do respectivo pro-
população e para fins estatísticos Art. 170.  No caso de impedimen- cesso administrativo.
e de avaliação da conciliação, da to, o conciliador ou mediador o
mediação, das câmaras privadas comunicará imediatamente, de Art. 174.  A União, os Estados, o
de conciliação e de mediação, dos preferência por meio eletrônico, Distrito Federal e os Municípios
conciliadores e dos mediadores. e devolverá os autos ao juiz do criarão câmaras de mediação e
§ 5o  Os conciliadores e me- processo ou ao coordenador do conciliação, com atribuições re-
diadores judiciais cadastrados na centro judiciário de solução de lacionadas à solução consensual
forma do caput, se advogados, conflitos, devendo este realizar de conflitos no âmbito adminis-
estarão impedidos de exercer a nova distribuição. trativo, tais como:
advocacia nos juízos em que de- Parágrafo único.  Se a cau- I – dirimir conflitos envolven-
sempenhem suas funções. sa de impedimento for apurada do órgãos e entidades da admi-
§ 6o  O tribunal poderá optar quando já iniciado o procedimen- nistração pública;
pela criação de quadro próprio de to, a atividade será interrompida, II – avaliar a admissibilidade
conciliadores e mediadores, a ser lavrando-se ata com relatório do dos pedidos de resolução de con-
preenchido por concurso público ocorrido e solicitação de distri- flitos, por meio de conciliação, no
de provas e títulos, observadas as buição para novo conciliador ou âmbito da administração pública;
disposições deste Capítulo. mediador. III – promover, quando cou-
ber, a celebração de termo de
Art. 168.  As partes podem es- Art. 171.  No caso de impossibili- ajustamento de conduta.
colher, de comum acordo, o con- dade temporária do exercício da
ciliador, o mediador ou a câma- função, o conciliador ou mediador Art. 175.  As disposições desta
ra privada de conciliação e de informará o fato ao centro, prefe- Seção não excluem outras for-
mediação. rencialmente por meio eletrônico, mas de conciliação e mediação
§ 1o  O conciliador ou media- para que, durante o período em extrajudiciais vinculadas a órgãos
dor escolhido pelas partes po- que perdurar a impossibilidade, institucionais ou realizadas por
derá ou não estar cadastrado não haja novas distribuições. intermédio de profissionais inde-
no tribunal. pendentes, que poderão ser re-
§ 2o  Inexistindo acordo quan- Art. 172.  O conciliador e o me- gulamentadas por lei específica.
to à escolha do mediador ou con- diador ficam impedidos, pelo Parágrafo único.  Os disposi-
ciliador, haverá distribuição entre prazo de 1 (um) ano, contado do tivos desta Seção aplicam-se, no
aqueles cadastrados no registro término da última audiência em que couber, às câmaras privadas
do tribunal, observada a respec- que atuaram, de assessorar, re- de conciliação e mediação.
tiva formação. presentar ou patrocinar qualquer
§ 3o  Sempre que recomendá- das partes.
vel, haverá a designação de mais
de um mediador ou conciliador. Art. 173.  Será excluído do cadas-
tro de conciliadores e mediadores

294
Código de Processo Civil
TÍTULO V – DO MINISTÉRIO com dolo ou fraude no exercício § 1o.
PÚBLICO de suas funções. § 2o  A requerimento da De-
fensoria Pública, o juiz determi-
Art. 176.  O Ministério Público nará a intimação pessoal da parte
atuará na defesa da ordem ju- TÍTULO VI – DA ADVOCACIA patrocinada quando o ato proces-
rídica, do regime democrático e PÚBLICA sual depender de providência ou
dos interesses e direitos sociais informação que somente por ela
e individuais indisponíveis. Art. 182.  Incumbe à Advocacia possa ser realizada ou prestada.
Pública, na forma da lei, defender § 3o  O disposto no caput apli-
Art. 177.  O Ministério Público e promover os interesses públicos ca-se aos escritórios de prática
exercerá o direito de ação em da União, dos Estados, do Distri- jurídica das faculdades de Di-
conformidade com suas atribui- to Federal e dos Municípios, por reito reconhecidas na forma da
ções constitucionais. meio da representação judicial, lei e às entidades que prestam
em todos os âmbitos federativos, assistência jurídica gratuita em
Art. 178.  O Ministério Público das pessoas jurídicas de direito razão de convênios firmados com
será intimado para, no prazo de 30 público que integram a adminis- a Defensoria Pública.
(trinta) dias, intervir como fiscal tração direta e indireta. § 4o  Não se aplica o benefício
da ordem jurídica nas hipóteses da contagem em dobro quando a
previstas em lei ou na Constitui- Art. 183.  A União, os Estados, lei estabelecer, de forma expres-
ção Federal e nos processos que o Distrito Federal, os Municípios sa, prazo próprio para a Defenso-
envolvam: e suas respectivas autarquias ria Pública.
I – interesse público ou social; e fundações de direito público
II – interesse de incapaz; gozarão de prazo em dobro para Art. 187.  O membro da Defenso-
III – litígios coletivos pela pos- todas as suas manifestações pro- ria Pública será civil e regressiva-
se de terra rural ou urbana. cessuais, cuja contagem terá iní- mente responsável quando agir
Parágrafo único.  A partici- cio a partir da intimação pessoal. com dolo ou fraude no exercício
pação da Fazenda Pública não § 1o  A intimação pessoal far- de suas funções.
configura, por si só, hipótese de -se-á por carga, remessa ou meio
intervenção do Ministério Público. eletrônico.
§ 2o  Não se aplica o benefício LIVRO IV – DOS ATOS
Art. 179.  Nos casos de interven- da contagem em dobro quando PROCESSUAIS
ção como fiscal da ordem jurídica, a lei estabelecer, de forma ex-
o Ministério Público: pressa, prazo próprio para o ente TÍTULO I – DA FORMA, DO
I – terá vista dos autos depois público. TEMPO E DO LUGAR DOS
das partes, sendo intimado de to- ATOS PROCESSUAIS
dos os atos do processo; Art. 184.  O membro da Advoca-
II – poderá produzir provas, cia Pública será civil e regressiva- CAPÍTULO I – DA FORMA
requerer as medidas processuais mente responsável quando agir DOS ATOS PROCESSUAIS
pertinentes e recorrer. com dolo ou fraude no exercício
de suas funções. Seção I – Dos Atos em Geral
Art. 180.  O Ministério Público
gozará de prazo em dobro para Art. 188.  Os atos e os termos
manifestar-se nos autos, que TÍTULO VII – DA processuais independem de for-
terá início a partir de sua inti- DEFENSORIA PÚBLICA ma determinada, salvo quando a
mação pessoal, nos termos do lei expressamente a exigir, con-
art. 183, § 1o. Art. 185.  A Defensoria Pública siderando-se válidos os que, re-
§ 1o  Findo o prazo para ma- exercerá a orientação jurídica, a alizados de outro modo, lhe pre-
nifestação do Ministério Público promoção dos direitos humanos encham a finalidade essencial.
sem o oferecimento de parecer, e a defesa dos direitos individuais
o juiz requisitará os autos e dará e coletivos dos necessitados, em Art. 189.  Os atos processuais
andamento ao processo. todos os graus, de forma integral são públicos, todavia tramitam
§ 2o  Não se aplica o benefício e gratuita. em segredo de justiça os pro-
da contagem em dobro quando a cessos:
lei estabelecer, de forma expres- Art. 186.  A Defensoria Pública I – em que o exija o interesse
sa, prazo próprio para o Ministério gozará de prazo em dobro para público ou social;
Público. todas as suas manifestações pro- II – que versem sobre casa-
cessuais. mento, separação de corpos, di-
Art. 181.  O membro do Ministério § 1o  O prazo tem início com vórcio, separação, união estável,
Público será civil e regressiva- a intimação pessoal do defensor filiação, alimentos e guarda de
mente responsável quando agir público, nos termos do art. 183, crianças e adolescentes;

295
Código de Processo Civil
III – em que constem dados Parágrafo único.  O documen- novos avanços tecnológicos e
protegidos pelo direito constitu- to redigido em língua estrangeira editando, para esse fim, os atos
cional à intimidade; somente poderá ser juntado aos que forem necessários, respei-
IV – que versem sobre arbi- autos quando acompanhado de tadas as normas fundamentais
tragem, inclusive sobre cumpri- versão para a língua portuguesa deste Código.
mento de carta arbitral, desde que tramitada por via diplomática ou
a confidencialidade estipulada pela autoridade central, ou fir- Art. 197.  Os tribunais divulgarão
na arbitragem seja comprovada mada por tradutor juramentado. as informações constantes de seu
perante o juízo. sistema de automação em página
§ 1o  O direito de consultar os própria na rede mundial de com-
autos de processo que tramite em
Seção II – Da Prática putadores, gozando a divulgação
segredo de justiça e de pedir cer- Eletrônica de Atos de presunção de veracidade e
tidões de seus atos é restrito às Processuais confiabilidade.
partes e aos seus procuradores. Parágrafo único.  Nos casos
§ 2o  O terceiro que demons- Art. 193.  Os atos processuais de problema técnico do sistema
trar interesse jurídico pode reque- podem ser total ou parcialmen- e de erro ou omissão do auxiliar
rer ao juiz certidão do dispositivo te digitais, de forma a permitir da justiça responsável pelo re-
da sentença, bem como de inven- que sejam produzidos, comunica- gistro dos andamentos, poderá
tário e de partilha resultantes de dos, armazenados e validados por ser configurada a justa causa
divórcio ou separação. meio eletrônico, na forma da lei. prevista no art. 223, caput e § 1o.
Parágrafo único.  O disposto
Art. 190.  Versando o processo nesta Seção aplica-se, no que for Art. 198.  As unidades do Po-
sobre direitos que admitam au- cabível, à prática de atos notariais der Judiciário deverão manter
tocomposição, é lícito às partes e de registro. gratuitamente, à disposição dos
plenamente capazes estipular interessados, equipamentos ne-
mudanças no procedimento para Art. 194.  Os sistemas de auto- cessários à prática de atos pro-
ajustá-lo às especificidades da mação processual respeitarão a cessuais e à consulta e ao acesso
causa e convencionar sobre os publicidade dos atos, o acesso e ao sistema e aos documentos
seus ônus, poderes, faculdades a participação das partes e de dele constantes.
e deveres processuais, antes ou seus procuradores, inclusive nas Parágrafo único.  Será admiti-
durante o processo. audiências e sessões de julga- da a prática de atos por meio não
Parágrafo único.  De ofício ou mento, observadas as garantias eletrônico no local onde não esti-
a requerimento, o juiz controlará da disponibilidade, independên- verem disponibilizados os equi-
a validade das convenções previs- cia da plataforma computacional, pamentos previstos no caput.
tas neste artigo, recusando-lhes acessibilidade e interoperabilida-
aplicação somente nos casos de de dos sistemas, serviços, dados Art. 199.  As unidades do Poder
nulidade ou de inserção abusiva e informações que o Poder Judi- Judiciário assegurarão às pesso-
em contrato de adesão ou em ciário administre no exercício de as com deficiência acessibilidade
que alguma parte se encontre suas funções. aos seus sítios na rede mundial
em manifesta situação de vul- de computadores, ao meio eletrô-
nerabilidade. Art. 195.  O registro de ato pro- nico de prática de atos judiciais,
cessual eletrônico deverá ser feito à comunicação eletrônica dos
Art. 191.  De comum acordo, o em padrões abertos, que atende- atos processuais e à assinatura
juiz e as partes podem fixar ca- rão aos requisitos de autenticida- eletrônica.
lendário para a prática dos atos de, integridade, temporalidade,
processuais, quando for o caso. não repúdio, conservação e, nos
§ 1o  O calendário vincula as casos que tramitem em segre-
Seção III – Dos Atos das
partes e o juiz, e os prazos nele do de justiça, confidencialidade, Partes
previstos somente serão modi- observada a infraestrutura de
ficados em casos excepcionais, chaves públicas unificada na- Art. 200.  Os atos das partes
devidamente justificados. cionalmente, nos termos da lei. consistentes em declarações uni-
§ 2o  Dispensa-se a intimação laterais ou bilaterais de vontade
das partes para a prática de ato Art. 196.  Compete ao Conselho produzem imediatamente a cons-
processual ou a realização de Nacional de Justiça e, supletiva- tituição, modificação ou extinção
audiência cujas datas tiverem mente, aos tribunais, regulamen- de direitos processuais.
sido designadas no calendário. tar a prática e a comunicação ofi- Parágrafo único.  A desistên-
cial de atos processuais por meio cia da ação só produzirá efeitos
Art. 192.  Em todos os atos e ter- eletrônico e velar pela compatibi- após homologação judicial.
mos do processo é obrigatório o lidade dos sistemas, disciplinando
uso da língua portuguesa. a incorporação progressiva de Art. 201.  As partes poderão exi-

296
Código de Processo Civil
gir recibo de petições, arrazoa- § 3o  Os despachos, as deci- deverão ser suscitadas oralmente
dos, papéis e documentos que sões interlocutórias, o disposi- no momento de realização do ato,
entregarem em cartório. tivo das sentenças e a ementa sob pena de preclusão, devendo
dos acórdãos serão publicados o juiz decidir de plano e ordenar
Art. 202.  É vedado lançar nos no Diário de Justiça Eletrônico. o registro, no termo, da alegação
autos cotas marginais ou inter- e da decisão.
lineares, as quais o juiz mandará
riscar, impondo a quem as es-
Seção V – Dos Atos do Art. 210.  É lícito o uso da taqui-
crever multa correspondente à Escrivão ou do Chefe de grafia, da estenotipia ou de outro
metade do salário mínimo. Secretaria método idôneo em qualquer juízo
ou tribunal.
Art. 206.  Ao receber a petição
Seção IV – Dos inicial de processo, o escrivão ou Art. 211.  Não se admitem nos
Pronunciamentos do Juiz o chefe de secretaria a autuará, atos e termos processuais es-
mencionando o juízo, a natureza paços em branco, salvo os que
Art. 203.  Os pronunciamentos do processo, o número de seu forem inutilizados, assim como
do juiz consistirão em senten- registro, os nomes das partes e entrelinhas, emendas ou rasuras,
ças, decisões interlocutórias e a data de seu início, e procederá exceto quando expressamente
despachos. do mesmo modo em relação aos ressalvadas.
§ 1o  Ressalvadas as dispo- volumes em formação.
sições expressas dos procedi-
mentos especiais, sentença é o Art. 207.  O escrivão ou o chefe CAPÍTULO II – DO TEMPO
pronunciamento por meio do qual de secretaria numerará e rubri- E DO LUGAR DOS ATOS
o juiz, com fundamento nos arts. cará todas as folhas dos autos. PROCESSUAIS
485 e 487, põe fim à fase cogni- Parágrafo único.  À parte,
tiva do procedimento comum, ao procurador, ao membro do Seção I – Do Tempo
bem como extingue a execução. Ministério Público, ao defensor
§ 2o  Decisão interlocutória público e aos auxiliares da justi- Art. 212.  Os atos processuais
é todo pronunciamento judicial ça é facultado rubricar as folhas serão realizados em dias úteis,
de natureza decisória que não correspondentes aos atos em que das 6 (seis) às 20 (vinte) horas.
se enquadre no § 1o. intervierem. § 1o  Serão concluídos após
§ 3o  São despachos todos as 20 (vinte) horas os atos inicia-
os demais pronunciamentos do Art. 208.  Os termos de juntada, dos antes, quando o adiamento
juiz praticados no processo, de vista, conclusão e outros seme- prejudicar a diligência ou causar
ofício ou a requerimento da parte. lhantes constarão de notas data- grave dano.
§ 4o  Os atos meramente or- das e rubricadas pelo escrivão ou § 2o  Independentemente de
dinatórios, como a juntada e a pelo chefe de secretaria. autorização judicial, as citações,
vista obrigatória, independem de intimações e penhoras poderão
despacho, devendo ser praticados Art. 209.  Os atos e os termos do realizar-se no período de férias
de ofício pelo servidor e revistos processo serão assinados pelas forenses, onde as houver, e nos
pelo juiz quando necessário. pessoas que neles intervierem, feriados ou dias úteis fora do ho-
todavia, quando essas não pude- rário estabelecido neste artigo,
Art. 204.  Acórdão é o julgamen- rem ou não quiserem firmá-los, o observado o disposto no art. 5o,
to colegiado proferido pelos tri- escrivão ou o chefe de secretaria inciso XI, da Constituição Federal.
bunais. certificará a ocorrência. § 3o  Quando o ato tiver de ser
§ 1o  Quando se tratar de pro- praticado por meio de petição em
Art. 205.  Os despachos, as de- cesso total ou parcialmente do- autos não eletrônicos, essa de-
cisões, as sentenças e os acór- cumentado em autos eletrônicos, verá ser protocolada no horário
dãos serão redigidos, datados e os atos processuais praticados na de funcionamento do fórum ou
assinados pelos juízes. presença do juiz poderão ser pro- tribunal, conforme o disposto na
§ 1o  Quando os pronuncia- duzidos e armazenados de modo lei de organização judiciária local.
mentos previstos no caput forem integralmente digital em arquivo
proferidos oralmente, o servidor eletrônico inviolável, na forma da Art. 213.  A prática eletrônica
os documentará, submetendo-os lei, mediante registro em termo, de ato processual pode ocorrer
aos juízes para revisão e assi- que será assinado digitalmente em qualquer horário até as 24
natura. pelo juiz e pelo escrivão ou chefe (vinte e quatro) horas do último
§ 2o  A assinatura dos juízes, de secretaria, bem como pelos dia do prazo.
em todos os graus de jurisdição, advogados das partes. Parágrafo único.  O horário
pode ser feita eletronicamente, § 2o  Na hipótese do § 1o, even- vigente no juízo perante o qual o
na forma da lei. tuais contradições na transcrição ato deve ser praticado será consi-

297
Código de Processo Civil
derado para fins de atendimento mento após decorridas 48 (qua- blica, o limite previsto no caput
do prazo. renta e oito) horas. para prorrogação de prazos po-
§ 3o  Inexistindo preceito le- derá ser excedido.
Art. 214.  Durante as férias fo- gal ou prazo determinado pelo
renses e nos feriados, não se juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo Art. 223.  Decorrido o prazo, ex-
praticarão atos processuais, ex- para a prática de ato processual tingue-se o direito de praticar ou
cetuando-se: a cargo da parte. de emendar o ato processual,
I – os atos previstos no § 4o  Será considerado tem- independentemente de declara-
art. 212, § 2o; pestivo o ato praticado antes do ção judicial, ficando assegurado,
II – a tutela de urgência. termo inicial do prazo. porém, à parte provar que não o
realizou por justa causa.
Art. 215.  Processam-se durante Art. 219.  Na contagem de prazo § 1o  Considera-se justa causa
as férias forenses, onde as hou- em dias, estabelecido por lei ou o evento alheio à vontade da parte
ver, e não se suspendem pela pelo juiz, computar-se-ão somen- e que a impediu de praticar o ato
superveniência delas: te os dias úteis. por si ou por mandatário.
I – os procedimentos de juris- Parágrafo único.  O disposto § 2o  Verificada a justa causa,
dição voluntária e os necessários neste artigo aplica-se somente o juiz permitirá à parte a prática
à conservação de direitos, quando aos prazos processuais. do ato no prazo que lhe assinar.
puderem ser prejudicados pelo
adiamento; Art. 220.  Suspende-se o cur- Art. 224.  Salvo disposição em
II – a ação de alimentos e os so do prazo processual nos dias contrário, os prazos serão con-
processos de nomeação ou re- compreendidos entre 20 de de- tados excluindo o dia do começo
moção de tutor e curador; zembro e 20 de janeiro, inclusive. e incluindo o dia do vencimento.
III – os processos que a lei § 1o  Ressalvadas as férias in- § 1o  Os dias do começo e do
determinar. dividuais e os feriados instituídos vencimento do prazo serão pro-
por lei, os juízes, os membros do traídos para o primeiro dia útil
Art. 216.  Além dos declarados Ministério Público, da Defensoria seguinte, se coincidirem com dia
em lei, são feriados, para efeito Pública e da Advocacia Pública e em que o expediente forense for
forense, os sábados, os domingos os auxiliares da Justiça exercerão encerrado antes ou iniciado de-
e os dias em que não haja expe- suas atribuições durante o perí- pois da hora normal ou houver
diente forense. odo previsto no caput. indisponibilidade da comunica-
§ 2o  Durante a suspensão do ção eletrônica.
prazo, não se realizarão audiên- § 2o  Considera-se como data
Seção II – Do Lugar cias nem sessões de julgamento. de publicação o primeiro dia útil
seguinte ao da disponibilização da
Art. 217.  Os atos processuais Art. 221.  Suspende-se o curso informação no Diário da Justiça
realizar-se-ão ordinariamente do prazo por obstáculo criado eletrônico.
na sede do juízo, ou, excepcional- em detrimento da parte ou ocor- § 3o  A contagem do prazo
mente, em outro lugar em razão rendo qualquer das hipóteses do terá início no primeiro dia útil que
de deferência, de interesse da art. 313, devendo o prazo ser res- seguir ao da publicação.
justiça, da natureza do ato ou de tituído por tempo igual ao que fal-
obstáculo arguido pelo interes- tava para sua complementação. Art. 225.  A parte poderá renun-
sado e acolhido pelo juiz. Parágrafo único. Suspen- ciar ao prazo estabelecido exclu-
dem-se os prazos durante a exe- sivamente em seu favor, desde
cução de programa instituído pelo que o faça de maneira expressa.
CAPÍTULO III – DOS Poder Judiciário para promover
PRAZOS a autocomposição, incumbindo Art. 226.  O juiz proferirá:
aos tribunais especificar, com I – os despachos no prazo de
Seção I – Disposições Gerais
antecedência, a duração dos tra- 5 (cinco) dias;
balhos. II – as decisões interlocu-
Art. 218.  Os atos processuais tórias no prazo de 10 (dez) dias;
serão realizados nos prazos pres- Art. 222.  Na comarca, seção III – as sentenças no prazo de
critos em lei. ou subseção judiciária onde for 30 (trinta) dias.
§ 1o  Quando a lei for omissa, difícil o transporte, o juiz pode-
o juiz determinará os prazos em rá prorrogar os prazos por até 2 Art. 227.  Em qualquer grau de
consideração à complexidade (dois) meses. jurisdição, havendo motivo jus-
do ato. § 1o  Ao juiz é vedado reduzir tificado, pode o juiz exceder, por
§ 2o  Quando a lei ou o juiz não prazos peremptórios sem anu- igual tempo, os prazos a que está
determinar prazo, as intimações ência das partes. submetido.
somente obrigarão a compareci- § 2o  Havendo calamidade pú-

298
Código de Processo Civil
Art. 228.  Incumbirá ao serven- da dilação assinada pelo juiz, Seção II – Da Verificação dos
tuário remeter os autos conclusos quando a citação ou a intima- Prazos e das Penalidades
no prazo de 1 (um) dia e executar ção for por edital;
os atos processuais no prazo de V – o dia útil seguinte à con- Art. 233.  Incumbe ao juiz veri-
5 (cinco) dias, contado da data sulta ao teor da citação ou da ficar se o serventuário excedeu,
em que: intimação ou ao término do pra- sem motivo legítimo, os prazos
I – houver concluído o ato zo para que a consulta se dê, estabelecidos em lei.
processual anterior, se lhe foi quando a citação ou a intimação § 1o  Constatada a falta, o juiz
imposto pela lei; for eletrônica; ordenará a instauração de pro-
II – tiver ciência da ordem, VI – a data de juntada do co- cesso administrativo, na forma
quando determinada pelo juiz. municado de que trata o art. 232 da lei.
§ 1o  Ao receber os autos, o ou, não havendo esse, a data de § 2o  Qualquer das partes, o
serventuário certificará o dia e juntada da carta aos autos de Ministério Público ou a Defensoria
a hora em que teve ciência da origem devidamente cumprida, Pública poderá representar ao juiz
ordem referida no inciso II. quando a citação ou a intima- contra o serventuário que injus-
§ 2o  Nos processos em autos ção se realizar em cumprimento tificadamente exceder os prazos
eletrônicos, a juntada de petições de carta; previstos em lei.
ou de manifestações em geral VII – a data de publicação,
ocorrerá de forma automática, quando a intimação se der pelo Art. 234.  Os advogados públicos
independentemente de ato de Diário da Justiça impresso ou ou privados, o defensor público e
serventuário da justiça. eletrônico; o membro do Ministério Público
VIII – o dia da carga, quando devem restituir os autos no prazo
Art. 229.  Os litisconsortes que a intimação se der por meio da do ato a ser praticado.
tiverem diferentes procuradores, retirada dos autos, em carga, do § 1o  É lícito a qualquer inte-
de escritórios de advocacia dis- cartório ou da secretaria; ressado exigir os autos do advo-
tintos, terão prazos contados em IX – o quinto dia útil seguinte gado que exceder prazo legal.
dobro para todas as suas mani- à confirmação, na forma prevista § 2o  Se, intimado, o advogado
festações, em qualquer juízo ou na mensagem de citação, do re- não devolver os autos no prazo de
tribunal, independentemente de cebimento da citação realizada 3 (três) dias, perderá o direito à
requerimento. por meio eletrônico. vista fora de cartório e incorrerá
§ 1o  Cessa a contagem do § 1o  Quando houver mais de em multa correspondente à me-
prazo em dobro se, havendo ape- um réu, o dia do começo do prazo tade do salário mínimo.
nas 2 (dois) réus, é oferecida de- para contestar corresponderá à § 3o  Verificada a falta, o juiz
fesa por apenas um deles. última das datas a que se referem comunicará o fato à seção local
§ 2o  Não se aplica o disposto os incisos I a VI do caput. da Ordem dos Advogados do Brasil
no caput aos processos em autos § 2o  Havendo mais de um para procedimento disciplinar e
eletrônicos. intimado, o prazo para cada um imposição de multa.
é contado individualmente. § 4o  Se a situação envolver
Art. 230.  O prazo para a parte, o § 3o  Quando o ato tiver de membro do Ministério Público, da
procurador, a Advocacia Pública, ser praticado diretamente pela Defensoria Pública ou da Advoca-
a Defensoria Pública e o Ministério parte ou por quem, de qualquer cia Pública, a multa, se for o caso,
Público será contado da citação, forma, participe do processo, sem será aplicada ao agente público
da intimação ou da notificação. a intermediação de representante responsável pelo ato.
judicial, o dia do começo do prazo § 5o  Verificada a falta, o juiz
Art. 231.  Salvo disposição em para cumprimento da determina- comunicará o fato ao órgão com-
sentido diverso, considera-se dia ção judicial corresponderá à data petente responsável pela instau-
do começo do prazo: em que se der a comunicação. ração de procedimento discipli-
I – a data de juntada aos autos § 4o  Aplica-se o disposto no nar contra o membro que atuou
do aviso de recebimento, quando inciso II do caput à citação com no feito.
a citação ou a intimação for pelo hora certa.
correio; Art. 235.  Qualquer parte, o Mi-
II – a data de juntada aos au- Art. 232.  Nos atos de comuni- nistério Público ou a Defenso-
tos do mandado cumprido, quan- cação por carta precatória, roga- ria Pública poderá representar
do a citação ou a intimação for tória ou de ordem, a realização ao corregedor do tribunal ou ao
por oficial de justiça; da citação ou da intimação será Conselho Nacional de Justiça
III – a data de ocorrência da imediatamente informada, por contra juiz ou relator que injus-
citação ou da intimação, quando meio eletrônico, pelo juiz depre- tificadamente exceder os prazos
ela se der por ato do escrivão ou cado ao juiz deprecante. previstos em lei, regulamento ou
do chefe de secretaria; regimento interno.
IV – o dia útil seguinte ao fim § 1o  Distribuída a representa-

299
Código de Processo Civil
ção ao órgão competente e ouvi- nacional, relativo a processo em Art. 240.  A citação válida, ainda
do previamente o juiz, não sendo curso perante órgão jurisdicional quando ordenada por juízo in-
caso de arquivamento liminar, brasileiro; competente, induz litispendência,
será instaurado procedimento III – precatória, para que ór- torna litigiosa a coisa e constitui
para apuração da responsabili- gão jurisdicional brasileiro prati- em mora o devedor, ressalvado o
dade, com intimação do repre- que ou determine o cumprimento, disposto nos arts. 397 e 398 da
sentado por meio eletrônico para, na área de sua competência terri- Lei no 10.406, de 10 de janeiro de
querendo, apresentar justificativa torial, de ato relativo a pedido de 2002 (Código Civil).
no prazo de 15 (quinze) dias. cooperação judiciária formulado § 1o  A interrupção da pres-
§ 2o  Sem prejuízo das san- por órgão jurisdicional de compe- crição, operada pelo despacho
ções administrativas cabíveis, tência territorial diversa; que ordena a citação, ainda que
em até 48 (quarenta e oito) horas IV – arbitral, para que órgão proferido por juízo incompetente,
após a apresentação ou não da do Poder Judiciário pratique ou retroagirá à data de propositura
justificativa de que trata o § 1o, determine o cumprimento, na da ação.
se for o caso, o corregedor do área de sua competência terri- § 2o  Incumbe ao autor ado-
tribunal ou o relator no Conselho torial, de ato objeto de pedido de tar, no prazo de 10 (dez) dias, as
Nacional de Justiça determinará cooperação judiciária formulado providências necessárias para
a intimação do representado por por juízo arbitral, inclusive os que viabilizar a citação, sob pena de
meio eletrônico para que, em 10 importem efetivação de tutela não se aplicar o disposto no § 1o.
(dez) dias, pratique o ato. provisória. § 3o  A parte não será pre-
§ 3o  Mantida a inércia, os au- Parágrafo único.  Se o ato judicada pela demora imputá-
tos serão remetidos ao substituto relativo a processo em curso na vel exclusivamente ao serviço
legal do juiz ou do relator contra o justiça federal ou em tribunal su- judiciário.
qual se representou para decisão perior houver de ser praticado em § 4o  O efeito retroativo a que
em 10 (dez) dias. local onde não haja vara federal, a se refere o § 1o aplica-se à deca-
carta poderá ser dirigida ao juízo dência e aos demais prazos ex-
estadual da respectiva comarca. tintivos previstos em lei.
TÍTULO II – DA
COMUNICAÇÃO DOS ATOS Art. 241.  Transitada em julgado
PROCESSUAIS CAPÍTULO II – DA CITAÇÃO a sentença de mérito proferida
em favor do réu antes da citação,
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES Art. 238.  Citação é o ato pelo incumbe ao escrivão ou ao chefe
GERAIS qual são convocados o réu, o exe- de secretaria comunicar-lhe o
cutado ou o interessado para in- resultado do julgamento.
Art. 236.  Os atos processuais tegrar a relação processual.
serão cumpridos por ordem ju- Parágrafo único.  A citação Art. 242.  A citação será pessoal,
dicial. será efetivada em até 45 (qua- podendo, no entanto, ser feita na
§ 1o  Será expedida carta para renta e cinco) dias a partir da pessoa do representante legal ou
a prática de atos fora dos limites propositura da ação. do procurador do réu, do execu-
territoriais do tribunal, da comar- tado ou do interessado.
ca, da seção ou da subseção judi- Art. 239.  Para a validade do pro- § 1o  Na ausência do citando,
ciárias, ressalvadas as hipóteses cesso é indispensável a citação do a citação será feita na pessoa de
previstas em lei. réu ou do executado, ressalvadas seu mandatário, administrador,
§ 2o  O tribunal poderá expe- as hipóteses de indeferimento da preposto ou gerente, quando a
dir carta para juízo a ele vinculado, petição inicial ou de improcedên- ação se originar de atos por eles
se o ato houver de se realizar fora cia liminar do pedido. praticados.
dos limites territoriais do local de § 1o  O comparecimento es- § 2o  O locador que se au-
sua sede. pontâneo do réu ou do execu- sentar do Brasil sem cientificar
§ 3o  Admite-se a prática de tado supre a falta ou a nulidade o locatário de que deixou, na lo-
atos processuais por meio de vi- da citação, fluindo a partir desta calidade onde estiver situado o
deoconferência ou outro recurso data o prazo para apresentação imóvel, procurador com poderes
tecnológico de transmissão de de contestação ou de embargos para receber citação será citado
sons e imagens em tempo real. à execução. na pessoa do administrador do
§ 2o  Rejeitada a alegação de imóvel encarregado do recebi-
Art. 237.  Será expedida carta: nulidade, tratando-se de proces- mento dos aluguéis, que será
I – de ordem, pelo tribunal, so de: considerado habilitado para re-
na hipótese do § 2o do art. 236; I – conhecimento, o réu será presentar o locador em juízo.
II – rogatória, para que órgão considerado revel; § 3o  A citação da União, dos
jurisdicional estrangeiro pratique II – execução, o feito terá se- Estados, do Distrito Federal, dos
ato de cooperação jurídica inter- guimento. Municípios e de suas respectivas

300
Código de Processo Civil
autarquias e fundações de direito Art. 246.  A citação será feita mínio, caso em que tal citação é
público será realizada perante o preferencialmente por meio ele- dispensada.
órgão de Advocacia Pública res- trônico, no prazo de até 2 (dois) § 4o  As citações por correio
ponsável por sua representação dias úteis, contado da decisão eletrônico serão acompanhadas
judicial. que a determinar, por meio dos das orientações para realização
endereços eletrônicos indicados da confirmação de recebimen-
Art. 243.  A citação poderá ser pelo citando no banco de dados to e de código identificador que
feita em qualquer lugar em que do Poder Judiciário, conforme re- permitirá a sua identificação na
se encontre o réu, o executado gulamento do Conselho Nacional página eletrônica do órgão judi-
ou o interessado. de Justiça. cial citante.
Parágrafo único.  O militar em I – (Revogado); § 5o  As microempresas e as
serviço ativo será citado na uni- II – (Revogado); pequenas empresas somente se
dade em que estiver servindo, se III – (Revogado); sujeitam ao disposto no § 1o des-
não for conhecida sua residência IV – (Revogado); te artigo quando não possuírem
ou nela não for encontrado. V – (Revogado). endereço eletrônico cadastrado
§ 1o  As empresas públicas e no sistema integrado da Rede
Art. 244.  Não se fará a citação, privadas são obrigadas a manter Nacional para a Simplificação
salvo para evitar o perecimento cadastro nos sistemas de pro- do Registro e da Legalização de
do direito: cesso em autos eletrônicos, para Empresas e Negócios (Redesim).
I – de quem estiver partici- efeito de recebimento de citações § 6o  Para os fins do § 5o deste
pando de ato de culto religioso; e intimações, as quais serão efe- artigo, deverá haver compartilha-
II – de cônjuge, de compa- tuadas preferencialmente por mento de cadastro com o órgão
nheiro ou de qualquer parente esse meio. do Poder Judiciário, incluído o
do morto, consanguíneo ou afim, § 1o-A.  A ausência de con- endereço eletrônico constante
em linha reta ou na linha colate- firmação, em até 3 (três) dias do sistema integrado da Redesim,
ral em segundo grau, no dia do úteis, contados do recebimento nos termos da legislação aplicável
falecimento e nos 7 (sete) dias da citação eletrônica, implicará ao sigilo fiscal e ao tratamento de
seguintes; a realização da citação: dados pessoais.
III – de noivos, nos 3 (três) I – pelo correio;
primeiros dias seguintes ao ca- II – por oficial de justiça; Art. 247.  A citação será feita
samento; III – pelo escrivão ou chefe de por meio eletrônico ou pelo cor-
IV – de doente, enquanto gra- secretaria, se o citando compa- reio para qualquer comarca do
ve o seu estado. recer em cartório; País, exceto:
IV – por edital. I – nas ações de estado, ob-
Art. 245.  Não se fará citação § 1o-B.  Na primeira oportu- servado o disposto no art. 695,
quando se verificar que o citando nidade de falar nos autos, o réu § 3o;
é mentalmente incapaz ou está citado nas formas previstas nos II – quando o citando for in-
impossibilitado de recebê-la. incisos I, II, III e IV do § 1o‑A deste capaz;
§ 1o  O oficial de justiça des- artigo deverá apresentar justa III – quando o citando for pes-
creverá e certificará minuciosa- causa para a ausência de confir- soa de direito público;
mente a ocorrência. mação do recebimento da citação IV – quando o citando residir
§ 2o  Para examinar o citan- enviada eletronicamente. em local não atendido pela entre-
do, o juiz nomeará médico, que § 1 o-C. Considera-se ato ga domiciliar de correspondência;
apresentará laudo no prazo de 5 atentatório à dignidade da justi- V – quando o autor, justifi-
(cinco) dias. ça, passível de multa de até 5% cadamente, a requerer de outra
§ 3o  Dispensa-se a nomea- (cinco por cento) do valor da cau- forma.
ção de que trata o § 2o se pessoa sa, deixar de confirmar no prazo
da família apresentar declaração legal, sem justa causa, o recebi- Art. 248.  Deferida a citação pelo
do médico do citando que ateste mento da citação recebida por correio, o escrivão ou o chefe de
a incapacidade deste. meio eletrônico. secretaria remeterá ao citan-
§ 4o  Reconhecida a impossi- § 2o  O disposto no § 1o apli- do cópias da petição inicial e do
bilidade, o juiz nomeará curador ca-se à União, aos Estados, ao despacho do juiz e comunicará o
ao citando, observando, quanto Distrito Federal, aos Municípios prazo para resposta, o endereço
à sua escolha, a preferência es- e às entidades da administração do juízo e o respectivo cartório.
tabelecida em lei e restringindo indireta. § 1o  A carta será registrada
a nomeação à causa. § 3o  Na ação de usucapião para entrega ao citando, exigindo-
§ 5o  A citação será feita na de imóvel, os confinantes serão -lhe o carteiro, ao fazer a entrega,
pessoa do curador, a quem in- citados pessoalmente, exceto que assine o recibo.
cumbirá a defesa dos interesses quando tiver por objeto unidade § 2o  Sendo o citando pessoa
do citando. autônoma de prédio em condo- jurídica, será válida a entrega do

301
Código de Processo Civil
mandado a pessoa com poderes entregando-lhe a contrafé; juntada do mandado aos autos,
de gerência geral ou de adminis- II – portando por fé se rece- carta, telegrama ou correspon-
tração ou, ainda, a funcionário beu ou recusou a contrafé; dência eletrônica, dando-lhe de
responsável pelo recebimento III – obtendo a nota de ciente tudo ciência.
de correspondências. ou certificando que o citando não
§ 3o  Da carta de citação no a apôs no mandado. Art. 255.  Nas comarcas contí-
processo de conhecimento cons- guas de fácil comunicação e nas
tarão os requisitos do art. 250. Art. 252.  Quando, por 2 (duas) que se situem na mesma região
§ 4o  Nos condomínios edi- vezes, o oficial de justiça houver metropolitana, o oficial de justi-
lícios ou nos loteamentos com procurado o citando em seu do- ça poderá efetuar, em qualquer
controle de acesso, será válida a micílio ou residência sem o en- delas, citações, intimações, no-
entrega do mandado a funcioná- contrar, deverá, havendo suspeita tificações, penhoras e quaisquer
rio da portaria responsável pelo de ocultação, intimar qualquer outros atos executivos.
recebimento de correspondência, pessoa da família ou, em sua falta,
que, entretanto, poderá recusar qualquer vizinho de que, no dia útil Art. 256.  A citação por edital
o recebimento, se declarar, por imediato, voltará a fim de efetuar será feita:
escrito, sob as penas da lei, que o a citação, na hora que designar. I – quando desconhecido ou
destinatário da correspondência Parágrafo único.  Nos con- incerto o citando;
está ausente. domínios edilícios ou nos lotea- II – quando ignorado, incerto
mentos com controle de acesso, ou inacessível o lugar em que se
Art. 249.  A citação será feita será válida a intimação a que se encontrar o citando;
por meio de oficial de justiça nas refere o caput feita a funcionário III – nos casos expressos em
hipóteses previstas neste Código da portaria responsável pelo re- lei.
ou em lei, ou quando frustrada a cebimento de correspondência. § 1o  Considera-se inacessí-
citação pelo correio. vel, para efeito de citação por
Art. 253.  No dia e na hora de- edital, o país que recusar o cum-
Art. 250.  O mandado que o ofi- signados, o oficial de justiça, in- primento de carta rogatória.
cial de justiça tiver de cumprir dependentemente de novo des- § 2o  No caso de ser inacessí-
conterá: pacho, comparecerá ao domicílio vel o lugar em que se encontrar o
I – os nomes do autor e do ou à residência do citando a fim réu, a notícia de sua citação será
citando e seus respectivos do- de realizar a diligência. divulgada também pelo rádio, se
micílios ou residências; § 1o  Se o citando não esti- na comarca houver emissora de
II – a finalidade da citação, ver presente, o oficial de justiça radiodifusão.
com todas as especificações procurará informar-se das razões § 3o  O réu será considerado
constantes da petição inicial, bem da ausência, dando por feita a em local ignorado ou incerto se
como a menção do prazo para citação, ainda que o citando se infrutíferas as tentativas de sua
contestar, sob pena de revelia, tenha ocultado em outra comar- localização, inclusive mediante
ou para embargar a execução; ca, seção ou subseção judiciárias. requisição pelo juízo de infor-
III – a aplicação de sanção § 2o  A citação com hora cer- mações sobre seu endereço nos
para o caso de descumprimento ta será efetivada mesmo que a cadastros de órgãos públicos ou
da ordem, se houver; pessoa da família ou o vizinho de concessionárias de serviços
IV – se for o caso, a intima- que houver sido intimado esteja públicos.
ção do citando para comparecer, ausente, ou se, embora presente,
acompanhado de advogado ou de a pessoa da família ou o vizinho Art. 257.  São requisitos da ci-
defensor público, à audiência de se recusar a receber o mandado. tação por edital:
conciliação ou de mediação, com § 3o  Da certidão da ocorrên- I – a afirmação do autor ou
a menção do dia, da hora e do lu- cia, o oficial de justiça deixará a certidão do oficial informando
gar do comparecimento; contrafé com qualquer pessoa a presença das circunstâncias
V – a cópia da petição inicial, da família ou vizinho, conforme autorizadoras;
do despacho ou da decisão que o caso, declarando-lhe o nome. II – a publicação do edital na
deferir tutela provisória; § 4o  O oficial de justiça fará rede mundial de computadores,
VI – a assinatura do escrivão constar do mandado a advertên- no sítio do respectivo tribunal e na
ou do chefe de secretaria e a de- cia de que será nomeado curador plataforma de editais do Conselho
claração de que o subscreve por especial se houver revelia. Nacional de Justiça, que deve ser
ordem do juiz. certificada nos autos;
Art. 254.  Feita a citação com III – a determinação, pelo
Art. 251.  Incumbe ao oficial de hora certa, o escrivão ou chefe de juiz, do prazo, que variará entre
justiça procurar o citando e, onde secretaria enviará ao réu, execu- 20 (vinte) e 60 (sessenta) dias,
o encontrar, citá-lo: tado ou interessado, no prazo de fluindo da data da publicação
I – lendo-lhe o mandado e 10 (dez) dias, contado da data da única ou, havendo mais de uma,

302
Código de Processo Civil
da primeira; mento, este será remetido em de ordem ou a carta precatória
IV – a advertência de que será original, ficando nos autos re- ao juízo em que houver de se
nomeado curador especial em produção fotográfica. cumprir o ato, por intermédio do
caso de revelia. § 3o  A carta arbitral atende- escrivão do primeiro ofício da pri-
Parágrafo único.  O juiz pode- rá, no que couber, aos requisitos meira vara, se houver na comar-
rá determinar que a publicação do a que se refere o caput e será ca mais de um ofício ou de uma
edital seja feita também em jornal instruída com a convenção de vara, observando-se, quanto aos
local de ampla circulação ou por arbitragem e com as provas da requisitos, o disposto no art. 264.
outros meios, considerando as nomeação do árbitro e de sua § 1o  O escrivão ou o chefe de
peculiaridades da comarca, da aceitação da função. secretaria, no mesmo dia ou no
seção ou da subseção judiciárias. dia útil imediato, telefonará ou
Art. 261.  Em todas as cartas o enviará mensagem eletrônica ao
Art. 258.  A parte que requerer juiz fixará o prazo para cumpri- secretário do tribunal, ao escrivão
a citação por edital, alegando mento, atendendo à facilidade ou ao chefe de secretaria do juízo
dolosamente a ocorrência das das comunicações e à natureza deprecante, lendo-lhe os termos
circunstâncias autorizadoras da diligência. da carta e solicitando-lhe que os
para sua realização, incorrerá § 1o  As partes deverão ser confirme.
em multa de 5 (cinco) vezes o intimadas pelo juiz do ato de ex- § 2o  Sendo confirmada, o es-
salário mínimo. pedição da carta. crivão ou o chefe de secretaria
Parágrafo único.  A multa re- § 2o  Expedida a carta, as par- submeterá a carta a despacho.
verterá em benefício do citando. tes acompanharão o cumprimen-
to da diligência perante o juízo Art. 266.  Serão praticados de
Art. 259.  Serão publicados edi- destinatário, ao qual compete a ofício os atos requisitados por
tais: prática dos atos de comunicação. meio eletrônico e de telegrama,
I – na ação de usucapião de § 3o  A parte a quem interes- devendo a parte depositar, con-
imóvel; sar o cumprimento da diligência tudo, na secretaria do tribunal ou
II – na ação de recuperação ou cooperará para que o prazo a que no cartório do juízo deprecante,
substituição de título ao portador; se refere o caput seja cumprido. a importância correspondente
III – em qualquer ação em que às despesas que serão feitas no
seja necessária, por determina- Art. 262.  A carta tem caráter juízo em que houver de praticar-
ção legal, a provocação, para par- itinerante, podendo, antes ou de- -se o ato.
ticipação no processo, de interes- pois de lhe ser ordenado o cum-
sados incertos ou desconhecidos. primento, ser encaminhada a juízo Art. 267.  O juiz recusará cum-
diverso do que dela consta, a fim primento a carta precatória ou
de se praticar o ato. arbitral, devolvendo-a com de-
CAPÍTULO III – DAS CARTAS Parágrafo único.  O encami- cisão motivada quando:
nhamento da carta a outro juízo I – a carta não estiver reves-
Art. 260.  São requisitos das será imediatamente comunicado tida dos requisitos legais;
cartas de ordem, precatória e ao órgão expedidor, que intimará II – faltar ao juiz competên-
rogatória: as partes. cia em razão da matéria ou da
I – a indicação dos juízes de hierarquia;
origem e de cumprimento do ato; Art. 263.  As cartas deverão, pre- III – o juiz tiver dúvida acerca
II – o inteiro teor da petição, ferencialmente, ser expedidas por de sua autenticidade.
do despacho judicial e do instru- meio eletrônico, caso em que a Parágrafo único.  No caso
mento do mandato conferido ao assinatura do juiz deverá ser ele- de incompetência em razão da
advogado; trônica, na forma da lei. matéria ou da hierarquia, o juiz
III – a menção do ato proces- deprecado, conforme o ato a ser
sual que lhe constitui o objeto; Art. 264.  A carta de ordem e a praticado, poderá remeter a carta
IV – o encerramento com a carta precatória por meio ele- ao juiz ou ao tribunal competente.
assinatura do juiz. trônico, por telefone ou por te-
§ 1o  O juiz mandará trasladar legrama conterão, em resumo Art. 268.  Cumprida a carta, será
para a carta quaisquer outras substancial, os requisitos men- devolvida ao juízo de origem no
peças, bem como instruí-la com cionados no art.  250, especial- prazo de 10 (dez) dias, indepen-
mapa, desenho ou gráfico, sem- mente no que se refere à aferição dentemente de traslado, pagas
pre que esses documentos devam da autenticidade. as custas pela parte.
ser examinados, na diligência, pe-
las partes, pelos peritos ou pelas Art. 265.  O secretário do tri-
testemunhas. bunal, o escrivão ou o chefe de
§ 2o  Quando o objeto da carta secretaria do juízo deprecante
for exame pericial sobre docu- transmitirá, por telefone, a carta

303
Código de Processo Civil
CAPÍTULO IV – DAS advogados deve corresponder ao pelo correio ou, se presentes em
INTIMAÇÕES nome completo e ser a mesma cartório, diretamente pelo escri-
que constar da procuração ou vão ou chefe de secretaria.
Art. 269.  Intimação é o ato pelo que estiver registrada na Ordem Parágrafo único. Presumem-
qual se dá ciência a alguém dos dos Advogados do Brasil. -se válidas as intimações dirigi-
atos e dos termos do processo. § 5o  Constando dos autos das ao endereço constante dos
§ 1o  É facultado aos advo- pedido expresso para que as co- autos, ainda que não recebidas
gados promover a intimação do municações dos atos processuais pessoalmente pelo interessado,
advogado da outra parte por meio sejam feitas em nome dos advo- se a modificação temporária ou
do correio, juntando aos autos, a gados indicados, o seu desatendi- definitiva não tiver sido devida-
seguir, cópia do ofício de intima- mento implicará nulidade. mente comunicada ao juízo, fluin-
ção e do aviso de recebimento. § 6o  A retirada dos autos do do os prazos a partir da juntada
§ 2o  O ofício de intimação cartório ou da secretaria em car- aos autos do comprovante de
deverá ser instruído com cópia ga pelo advogado, por pessoa cre- entrega da correspondência no
do despacho, da decisão ou da denciada a pedido do advogado primitivo endereço.
sentença. ou da sociedade de advogados,
§ 3o  A intimação da União, pela Advocacia Pública, pela De- Art. 275.  A intimação será fei-
dos Estados, do Distrito Federal, fensoria Pública ou pelo Ministé- ta por oficial de justiça quando
dos Municípios e de suas res- rio Público implicará intimação frustrada a realização por meio
pectivas autarquias e fundações de qualquer decisão contida no eletrônico ou pelo correio.
de direito público será realizada processo retirado, ainda que pen- § 1o  A certidão de intimação
perante o órgão de Advocacia dente de publicação. deve conter:
Pública responsável por sua re- § 7o  O advogado e a socie- I – a indicação do lugar e a
presentação judicial. dade de advogados deverão re- descrição da pessoa intimada,
querer o respectivo credencia- mencionando, quando possível,
Art. 270.  As intimações reali- mento para a retirada de autos o número de seu documento de
zam-se, sempre que possível, por por preposto. identidade e o órgão que o ex-
meio eletrônico, na forma da lei. § 8o  A parte arguirá a nuli- pediu;
Parágrafo único.  Aplica-se ao dade da intimação em capítulo II – a declaração de entrega
Ministério Público, à Defensoria preliminar do próprio ato que lhe da contrafé;
Pública e à Advocacia Pública o caiba praticar, o qual será tido III – a nota de ciente ou a cer-
disposto no § 1o do art. 246. por tempestivo se o vício for re- tidão de que o interessado não a
conhecido. apôs no mandado.
Art. 271.  O juiz determinará de § 9o  Não sendo possível a § 2o  Caso necessário, a inti-
ofício as intimações em proces- prática imediata do ato diante mação poderá ser efetuada com
sos pendentes, salvo disposição da necessidade de acesso prévio hora certa ou por edital.
em contrário. aos autos, a parte limitar-se-á a
arguir a nulidade da intimação,
Art. 272.  Quando não realizadas caso em que o prazo será conta- TÍTULO III – DAS
por meio eletrônico, consideram- do da intimação da decisão que NULIDADES
-se feitas as intimações pela pu- a reconheça.
blicação dos atos no órgão oficial. Art. 276.  Quando a lei prescrever
§ 1o  Os advogados poderão Art. 273.  Se inviável a intimação determinada forma sob pena de
requerer que, na intimação a eles por meio eletrônico e não houver nulidade, a decretação desta não
dirigida, figure apenas o nome da na localidade publicação em ór- pode ser requerida pela parte que
sociedade a que pertençam, des- gão oficial, incumbirá ao escrivão lhe deu causa.
de que devidamente registrada na ou chefe de secretaria intimar
Ordem dos Advogados do Brasil. de todos os atos do processo os Art. 277.  Quando a lei prescrever
§ 2o  Sob pena de nulidade, é advogados das partes: determinada forma, o juiz consi-
indispensável que da publicação I – pessoalmente, se tiverem derará válido o ato se, realizado
constem os nomes das partes e domicílio na sede do juízo; de outro modo, lhe alcançar a
de seus advogados, com o res- II – por carta registrada, com finalidade.
pectivo número de inscrição na aviso de recebimento, quando
Ordem dos Advogados do Brasil, forem domiciliados fora do juízo. Art. 278.  A nulidade dos atos
ou, se assim requerido, da socie- deve ser alegada na primeira
dade de advogados. Art. 274.  Não dispondo a lei de oportunidade em que couber à
§ 3o  A grafia dos nomes das outro modo, as intimações serão parte falar nos autos, sob pena
partes não deve conter abrevia- feitas às partes, aos seus repre- de preclusão.
turas. sentantes legais, aos advogados e Parágrafo único.  Não se apli-
§ 4o  A grafia dos nomes dos aos demais sujeitos do processo ca o disposto no caput às nulida-

304
Código de Processo Civil
des que o juiz deva decretar de ízo à defesa de qualquer parte. requerimento do interessado,
ofício, nem prevalece a preclusão corrigirá o erro ou compensará
provando a parte legítimo impe- a falta de distribuição.
dimento. TÍTULO IV – DA
DISTRIBUIÇÃO E DO Art. 289.  A distribuição pode-
Art. 279.  É nulo o processo REGISTRO rá ser fiscalizada pela parte, por
quando o membro do Ministé- seu procurador, pelo Ministério
rio Público não for intimado a Art. 284.  Todos os processos Público e pela Defensoria Pública.
acompanhar o feito em que deva estão sujeitos a registro, deven-
intervir. do ser distribuídos onde houver Art. 290.  Será cancelada a dis-
§ 1o  Se o processo tiver tra- mais de um juiz. tribuição do feito se a parte, inti-
mitado sem conhecimento do mada na pessoa de seu advogado,
membro do Ministério Público, o Art. 285.  A distribuição, que po- não realizar o pagamento das
juiz invalidará os atos praticados derá ser eletrônica, será alternada custas e despesas de ingresso
a partir do momento em que ele e aleatória, obedecendo-se rigo- em 15 (quinze) dias.
deveria ter sido intimado. rosa igualdade.
§ 2o  A nulidade só pode ser Parágrafo único.  A lista de
decretada após a intimação do distribuição deverá ser publicada TÍTULO V – DO VALOR DA
Ministério Público, que se mani- no Diário de Justiça. CAUSA
festará sobre a existência ou a
inexistência de prejuízo. Art. 286.  Serão distribuídas por Art. 291.  A toda causa será atri-
dependência as causas de qual- buído valor certo, ainda que não
Art. 280.  As citações e as inti- quer natureza: tenha conteúdo econômico ime-
mações serão nulas quando feitas I – quando se relacionarem, diatamente aferível.
sem observância das prescrições por conexão ou continência, com
legais. outra já ajuizada; Art. 292.  O valor da causa cons-
II – quando, tendo sido extinto tará da petição inicial ou da re-
Art. 281.  Anulado o ato, con- o processo sem resolução de mé- convenção e será:
sideram-se de nenhum efeito rito, for reiterado o pedido, ainda I – na ação de cobrança de
todos os subsequentes que dele que em litisconsórcio com outros dívida, a soma monetariamente
dependam, todavia, a nulidade autores ou que sejam parcialmen- corrigida do principal, dos juros
de uma parte do ato não preju- te alterados os réus da demanda; de mora vencidos e de outras pe-
dicará as outras que dela sejam III – quando houver ajuiza- nalidades, se houver, até a data
independentes. mento de ações nos termos do de propositura da ação;
art. 55, § 3o, ao juízo prevento. II – na ação que tiver por ob-
Art. 282.  Ao pronunciar a nu- Parágrafo único. Havendo jeto a existência, a validade, o
lidade, o juiz declarará que atos intervenção de terceiro, recon- cumprimento, a modificação, a
são atingidos e ordenará as provi- venção ou outra hipótese de am- resolução, a resilição ou a resci-
dências necessárias a fim de que pliação objetiva do processo, o são de ato jurídico, o valor do ato
sejam repetidos ou retificados. juiz, de ofício, mandará proce- ou o de sua parte controvertida;
§ 1o  O ato não será repetido der à respectiva anotação pelo III – na ação de alimentos,
nem sua falta será suprida quando distribuidor. a soma de 12 (doze) prestações
não prejudicar a parte. mensais pedidas pelo autor;
§ 2o  Quando puder decidir o Art. 287.  A petição inicial deve IV – na ação de divisão, de
mérito a favor da parte a quem vir acompanhada de procura- demarcação e de reivindicação,
aproveite a decretação da nu- ção, que conterá os endereços o valor de avaliação da área ou
lidade, o juiz não a pronunciará do advogado, eletrônico e não do bem objeto do pedido;
nem mandará repetir o ato ou eletrônico. V – na ação indenizatória, in-
suprir-lhe a falta. Parágrafo único. Dispensa- clusive a fundada em dano moral,
-se a juntada da procuração: o valor pretendido;
Art. 283.  O erro de forma do I – no caso previsto no VI – na ação em que há cumu-
processo acarreta unicamente a art. 104; lação de pedidos, a quantia cor-
anulação dos atos que não pos- II – se a parte estiver repre- respondente à soma dos valores
sam ser aproveitados, devendo sentada pela Defensoria Pública; de todos eles;
ser praticados os que forem ne- III – se a representação de- VII – na ação em que os pedi-
cessários a fim de se observarem correr diretamente de norma dos são alternativos, o de maior
as prescrições legais. prevista na Constituição Fede- valor;
Parágrafo único.  Dar-se-á o ral ou em lei. VIII – na ação em que houver
aproveitamento dos atos pratica- pedido subsidiário, o valor do pe-
dos desde que não resulte preju- Art. 288.  O juiz, de ofício ou a dido principal.

305
Código de Processo Civil
§ 1o  Quando se pedirem pres- Art. 297.  O juiz poderá determi- Art. 301.  A tutela de urgência de
tações vencidas e vincendas, con- nar as medidas que considerar natureza cautelar pode ser efeti-
siderar-se-á o valor de umas e adequadas para efetivação da vada mediante arresto, sequestro,
outras. tutela provisória. arrolamento de bens, registro de
§ 2o  O valor das prestações Parágrafo único.  A efetivação protesto contra alienação de bem
vincendas será igual a uma pres- da tutela provisória observará as e qualquer outra medida idônea
tação anual, se a obrigação for normas referentes ao cumpri- para asseguração do direito.
por tempo indeterminado ou por mento provisório da sentença,
tempo superior a 1 (um) ano, e, se no que couber. Art. 302.  Independentemente
por tempo inferior, será igual à da reparação por dano processu-
soma das prestações. Art. 298.  Na decisão que conce- al, a parte responde pelo prejuízo
§ 3o  O juiz corrigirá, de ofí- der, negar, modificar ou revogar que a efetivação da tutela de ur-
cio e por arbitramento, o valor a tutela provisória, o juiz motiva- gência causar à parte adversa, se:
da causa quando verificar que rá seu convencimento de modo I – a sentença lhe for des-
não corresponde ao conteúdo claro e preciso. favorável;
patrimonial em discussão ou ao II – obtida liminarmente a tu-
proveito econômico perseguido Art. 299.  A tutela provisória tela em caráter antecedente, não
pelo autor, caso em que se proce- será requerida ao juízo da causa fornecer os meios necessários
derá ao recolhimento das custas e, quando antecedente, ao juízo para a citação do requerido no
correspondentes. competente para conhecer do prazo de 5 (cinco) dias;
pedido principal. III – ocorrer a cessação da
Art. 293.  O réu poderá impug- Parágrafo único. Ressalvada eficácia da medida em qualquer
nar, em preliminar da contesta- disposição especial, na ação de hipótese legal;
ção, o valor atribuído à causa pelo competência originária de tribu- IV – o juiz acolher a alegação
autor, sob pena de preclusão, e o nal e nos recursos a tutela pro- de decadência ou prescrição da
juiz decidirá a respeito, impondo, visória será requerida ao órgão pretensão do autor.
se for o caso, a complementação jurisdicional competente para Parágrafo único.  A indeniza-
das custas. apreciar o mérito. ção será liquidada nos autos em
que a medida tiver sido concedi-
da, sempre que possível.
LIVRO V – DA TUTELA TÍTULO II – DA TUTELA DE
PROVISÓRIA URGÊNCIA
CAPÍTULO II – DO
TÍTULO I – DISPOSIÇÕES CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES PROCEDIMENTO DA
GERAIS GERAIS TUTELA ANTECIPADA
REQUERIDA EM CARÁTER
Art. 294.  A tutela provisória Art. 300.  A tutela de urgência ANTECEDENTE
pode fundamentar-se em ur- será concedida quando houver
gência ou evidência. elementos que evidenciem a pro- Art. 303.  Nos casos em que a
Parágrafo único.  A tutela pro- babilidade do direito e o perigo de urgência for contemporânea à
visória de urgência, cautelar ou dano ou o risco ao resultado útil propositura da ação, a petição
antecipada, pode ser concedida do processo. inicial pode limitar-se ao reque-
em caráter antecedente ou in- § 1o  Para a concessão da tu- rimento da tutela antecipada e
cidental. tela de urgência, o juiz pode, con- à indicação do pedido de tutela
forme o caso, exigir caução real final, com a exposição da lide, do
Art. 295.  A tutela provisória ou fidejussória idônea para res- direito que se busca realizar e do
requerida em caráter inciden- sarcir os danos que a outra par- perigo de dano ou do risco ao re-
tal independe do pagamento de te possa vir a sofrer, podendo a sultado útil do processo.
custas. caução ser dispensada se a parte § 1o  Concedida a tutela an-
economicamente hipossuficiente tecipada a que se refere o caput
Art. 296.  A tutela provisória não puder oferecê-la. deste artigo:
conserva sua eficácia na pen- § 2o  A tutela de urgência I – o autor deverá aditar a
dência do processo, mas pode, pode ser concedida liminarmente petição inicial, com a comple-
a qualquer tempo, ser revogada ou após justificação prévia. mentação de sua argumentação,
ou modificada. § 3o  A tutela de urgência de a juntada de novos documentos e
Parágrafo único.  Salvo deci- natureza antecipada não será a confirmação do pedido de tutela
são judicial em contrário, a tutela concedida quando houver perigo final, em 15 (quinze) dias ou em
provisória conservará a eficácia de irreversibilidade dos efeitos outro prazo maior que o juiz fixar;
durante o período de suspensão da decisão. II – o réu será citado e inti-
do processo. mado para a audiência de conci-

306
Código de Processo Civil
liação ou de mediação na forma anos, contados da ciência da de- § 2o  A causa de pedir pode-
do art. 334; cisão que extinguiu o processo, rá ser aditada no momento de
III – não havendo autocompo- nos termos do § 1o. formulação do pedido principal.
sição, o prazo para contestação § 6o  A decisão que concede § 3o  Apresentado o pedido
será contado na forma do art. 335. a tutela não fará coisa julgada, principal, as partes serão intima-
§ 2o  Não realizado o adita- mas a estabilidade dos respec- das para a audiência de concilia-
mento a que se refere o inciso I do tivos efeitos só será afastada ção ou de mediação, na forma do
§ 1o deste artigo, o processo será por decisão que a revir, reformar art. 334, por seus advogados ou
extinto sem resolução do mérito. ou invalidar, proferida em ação pessoalmente, sem necessidade
§ 3o  O aditamento a que se ajuizada por uma das partes, nos de nova citação do réu.
refere o inciso I do § 1o deste ar- termos do § 2o deste artigo. § 4o  Não havendo autocom-
tigo dar-se-á nos mesmos autos, posição, o prazo para contestação
sem incidência de novas custas será contado na forma do art. 335.
processuais. CAPÍTULO III – DO
§ 4o  Na petição inicial a que PROCEDIMENTO DA Art. 309.  Cessa a eficácia da
se refere o caput deste artigo, o TUTELA CAUTELAR tutela concedida em caráter an-
autor terá de indicar o valor da REQUERIDA EM CARÁTER tecedente, se:
causa, que deve levar em consi- ANTECEDENTE I – o autor não deduzir o pedi-
deração o pedido de tutela final. do principal no prazo legal;
§ 5o  O autor indicará na pe- Art. 305.  A petição inicial da II – não for efetivada dentro
tição inicial, ainda, que pretende ação que visa à prestação de de 30 (trinta) dias;
valer-se do benefício previsto no tutela cautelar em caráter ante- III – o juiz julgar improcedente
caput deste artigo. cedente indicará a lide e seu fun- o pedido principal formulado pelo
§ 6o  Caso entenda que não damento, a exposição sumária do autor ou extinguir o processo sem
há elementos para a concessão direito que se objetiva assegurar resolução de mérito.
de tutela antecipada, o órgão ju- e o perigo de dano ou o risco ao Parágrafo único.  Se por qual-
risdicional determinará a emenda resultado útil do processo. quer motivo cessar a eficácia da
da petição inicial em até 5 (cinco) Parágrafo único.  Caso enten- tutela cautelar, é vedado à parte
dias, sob pena de ser indeferida da que o pedido a que se refere o renovar o pedido, salvo sob novo
e de o processo ser extinto sem caput tem natureza antecipada, fundamento.
resolução de mérito. o juiz observará o disposto no
art. 303. Art. 310.  O indeferimento da tu-
Art. 304.  A tutela antecipada, tela cautelar não obsta a que a
concedida nos termos do art. 303, Art. 306.  O réu será citado para, parte formule o pedido principal,
torna-se estável se da decisão no prazo de 5 (cinco) dias, contes- nem influi no julgamento desse,
que a conceder não for interposto tar o pedido e indicar as provas salvo se o motivo do indeferi-
o respectivo recurso. que pretende produzir. mento for o reconhecimento de
§ 1o  No caso previsto no decadência ou de prescrição.
caput, o processo será extinto. Art. 307.  Não sendo contesta-
§ 2o  Qualquer das partes do o pedido, os fatos alegados
poderá demandar a outra com pelo autor presumir-se-ão acei- TÍTULO III – DA TUTELA DA
o intuito de rever, reformar ou tos pelo réu como ocorridos, caso EVIDÊNCIA
invalidar a tutela antecipada es- em que o juiz decidirá dentro de
tabilizada nos termos do caput. 5 (cinco) dias. Art. 311.  A tutela da evidência
§ 3o  A tutela antecipada con- Parágrafo único. Contestado será concedida, independente-
servará seus efeitos enquanto o pedido no prazo legal, observar- mente da demonstração de perigo
não revista, reformada ou invali- -se-á o procedimento comum. de dano ou de risco ao resultado
dada por decisão de mérito pro- útil do processo, quando:
ferida na ação de que trata o § 2o. Art. 308.  Efetivada a tutela cau- I – ficar caracterizado o abuso
§ 4o  Qualquer das partes po- telar, o pedido principal terá de do direito de defesa ou o manifes-
derá requerer o desarquivamento ser formulado pelo autor no prazo to propósito protelatório da parte;
dos autos em que foi concedida de 30 (trinta) dias, caso em que II – as alegações de fato pu-
a medida, para instruir a petição será apresentado nos mesmos derem ser comprovadas apenas
inicial da ação a que se refere o autos em que deduzido o pedido documentalmente e houver tese
§ 2o, prevento o juízo em que a de tutela cautelar, não depen- firmada em julgamento de ca-
tutela antecipada foi concedida. dendo do adiantamento de novas sos repetitivos ou em súmula
§ 5o  O direito de rever, re- custas processuais. vinculante;
formar ou invalidar a tutela an- § 1o  O pedido principal pode III – se tratar de pedido rei-
tecipada, previsto no § 2o deste ser formulado conjuntamente persecutório fundado em prova
artigo, extingue-se após 2 (dois) com o pedido de tutela cautelar. documental adequada do contra-

307
Código de Processo Civil
to de depósito, caso em que será juízo; § 4o  O prazo de suspensão do
decretada a ordem de entrega do VI – por motivo de força processo nunca poderá exceder 1
objeto custodiado, sob comina- maior; (um) ano nas hipóteses do inciso V
ção de multa; VII – quando se discutir em ju- e 6 (seis) meses naquela prevista
IV – a petição inicial for ins- ízo questão decorrente de aciden- no inciso II.
truída com prova documental su- tes e fatos da navegação de com- § 5o  O juiz determinará o
ficiente dos fatos constitutivos petência do Tribunal Marítimo; prosseguimento do processo
do direito do autor, a que o réu VIII – nos demais casos que assim que esgotados os prazos
não oponha prova capaz de gerar este Código regula; previstos no § 4o.
dúvida razoável. IX – pelo parto ou pela con- § 6o  No caso do inciso IX, o
Parágrafo único.  Nas hipóte- cessão de adoção, quando a ad- período de suspensão será de 30
ses dos incisos II e III, o juiz pode- vogada responsável pelo proces- (trinta) dias, contado a partir da
rá decidir liminarmente. so constituir a única patrona da data do parto ou da concessão da
causa; adoção, mediante apresentação
X – quando o advogado res- de certidão de nascimento ou do-
LIVRO VI – DA FORMAÇÃO, ponsável pelo processo consti- cumento similar que comprove a
DA SUSPENSÃO E DA tuir o único patrono da causa e realização do parto, ou de termo
EXTINÇÃO DO PROCESSO tornar-se pai. judicial que tenha concedido a
§ 1o  Na hipótese do inciso I, o adoção, desde que haja notifi-
TÍTULO I – DA FORMAÇÃO juiz suspenderá o processo, nos cação ao cliente.
DO PROCESSO termos do art. 689. § 7o  No caso do inciso X, o
§ 2o  Não ajuizada ação de período de suspensão será de
Art. 312.  Considera-se proposta habilitação, ao tomar conheci- 8 (oito) dias, contado a partir da
a ação quando a petição inicial for mento da morte, o juiz determi- data do parto ou da concessão da
protocolada, todavia, a proposi- nará a suspensão do processo e adoção, mediante apresentação
tura da ação só produz quanto observará o seguinte: de certidão de nascimento ou do-
ao réu os efeitos mencionados I – falecido o réu, ordenará cumento similar que comprove a
no art. 240 depois que for vali- a intimação do autor para que realização do parto, ou de termo
damente citado. promova a citação do respectivo judicial que tenha concedido a
espólio, de quem for o sucessor adoção, desde que haja notifi-
ou, se for o caso, dos herdeiros, cação ao cliente.
TÍTULO II – DA SUSPENSÃO no prazo que designar, de no mí-
DO PROCESSO nimo 2 (dois) e no máximo 6 (seis) Art. 314.  Durante a suspensão
meses; é vedado praticar qualquer ato
Art. 313.  Suspende-se o pro- II – falecido o autor e sendo processual, podendo o juiz, to-
cesso: transmissível o direito em litígio, davia, determinar a realização
I – pela morte ou pela per- determinará a intimação de seu de atos urgentes a fim de evitar
da da capacidade processual espólio, de quem for o sucessor dano irreparável, salvo no caso
de qualquer das partes, de seu ou, se for o caso, dos herdeiros, de arguição de impedimento e
representante legal ou de seu pelos meios de divulgação que de suspeição.
procurador; reputar mais adequados, para
II – pela convenção das par- que manifestem interesse na su- Art. 315.  Se o conhecimento do
tes; cessão processual e promovam mérito depender de verificação da
III – pela arguição de impedi- a respectiva habilitação no prazo existência de fato delituoso, o juiz
mento ou de suspeição; designado, sob pena de extinção pode determinar a suspensão do
IV – pela admissão de inci- do processo sem resolução de processo até que se pronuncie a
dente de resolução de demandas mérito. justiça criminal.
repetitivas; § 3o  No caso de morte do § 1o  Se a ação penal não for
V – quando a sentença de procurador de qualquer das par- proposta no prazo de 3 (três) me-
mérito: tes, ainda que iniciada a audiência ses, contado da intimação do ato
a)  depender do julgamento de instrução e julgamento, o juiz de suspensão, cessará o efeito
de outra causa ou da declaração determinará que a parte consti- desse, incumbindo ao juiz cível
de existência ou de inexistência tua novo mandatário, no prazo examinar incidentemente a ques-
de relação jurídica que constitua de 15 (quinze) dias, ao final do tão prévia.
o objeto principal de outro pro- qual extinguirá o processo sem § 2o  Proposta a ação penal,
cesso pendente; resolução de mérito, se o autor o processo ficará suspenso pelo
b)  tiver de ser proferida so- não nomear novo mandatário, prazo máximo de 1 (um) ano, ao
mente após a verificação de de- ou ordenará o prosseguimento final do qual aplicar-se-á o dis-
terminado fato ou a produção de do processo à revelia do réu, se posto na parte final do § 1o.
certa prova, requisitada a outro falecido o procurador deste.

308
Código de Processo Civil
TÍTULO III – DA EXTINÇÃO pretende demonstrar a verdade em prestações sucessivas, essas
DO PROCESSO dos fatos alegados; serão consideradas incluídas no
VII – a opção do autor pela pedido, independentemente de
Art. 316.  A extinção do processo realização ou não de audiência declaração expressa do autor, e
dar-se-á por sentença. de conciliação ou de mediação. serão incluídas na condenação,
§ 1o  Caso não disponha das enquanto durar a obrigação, se
Art. 317.  Antes de proferir de- informações previstas no inciso o devedor, no curso do processo,
cisão sem resolução de mérito, II, poderá o autor, na petição ini- deixar de pagá-las ou de con-
o juiz deverá conceder à parte cial, requerer ao juiz diligências signá-las.
oportunidade para, se possível, necessárias a sua obtenção.
corrigir o vício. § 2o  A petição inicial não será Art. 324.  O pedido deve ser de-
indeferida se, a despeito da falta terminado.
de informações a que se refere § 1o  É lícito, porém, formular
PARTE ESPECIAL o inciso II, for possível a citação pedido genérico:
LIVRO I – DO PROCESSO do réu. I – nas ações universais, se
§ 3o  A petição inicial não será o autor não puder individuar os
DE CONHECIMENTO E indeferida pelo não atendimento bens demandados;
DO CUMPRIMENTO DE ao disposto no inciso II deste II – quando não for possível
SENTENÇA artigo se a obtenção de tais in- determinar, desde logo, as con-
formações tornar impossível ou sequências do ato ou do fato;
TÍTULO I – DO excessivamente oneroso o acesso III – quando a determinação
PROCEDIMENTO COMUM à justiça. do objeto ou do valor da conde-
nação depender de ato que deva
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES Art. 320.  A petição inicial será ser praticado pelo réu.
GERAIS instruída com os documentos § 2o  O disposto neste artigo
indispensáveis à propositura da aplica-se à reconvenção.
Art. 318.  Aplica-se a todas as ação.
causas o procedimento comum, Art. 325.  O pedido será alter-
salvo disposição em contrário Art. 321.  O juiz, ao verificar que nativo quando, pela natureza
deste Código ou de lei. a petição inicial não preenche os da obrigação, o devedor puder
Parágrafo único.  O procedi- requisitos dos arts. 319 e 320 ou cumprir a prestação de mais de
mento comum aplica-se subsi- que apresenta defeitos e irregu- um modo.
diariamente aos demais procedi- laridades capazes de dificultar Parágrafo único. Quando,
mentos especiais e ao processo o julgamento de mérito, deter- pela lei ou pelo contrato, a es-
de execução. minará que o autor, no prazo de colha couber ao devedor, o juiz lhe
15 (quinze) dias, a emende ou a assegurará o direito de cumprir
complete, indicando com preci- a prestação de um ou de outro
CAPÍTULO II – DA PETIÇÃO são o que deve ser corrigido ou modo, ainda que o autor não te-
INICIAL completado. nha formulado pedido alternativo.
Parágrafo único.  Se o autor
Seção I – Dos Requisitos da
não cumprir a diligência, o juiz Art. 326.  É lícito formular mais
Petição Inicial indeferirá a petição inicial. de um pedido em ordem subsidi-
ária, a fim de que o juiz conheça
Art. 319.  A petição inicial in- do posterior, quando não acolher
dicará:
Seção II – Do Pedido o anterior.
I – o juízo a que é dirigida; Parágrafo único.  É lícito for-
II – os nomes, os prenomes, o Art. 322.  O pedido deve ser mular mais de um pedido, alterna-
estado civil, a existência de união certo. tivamente, para que o juiz acolha
estável, a profissão, o número de § 1o  Compreendem-se no um deles.
inscrição no Cadastro de Pessoas principal os juros legais, a cor-
Físicas ou no Cadastro Nacional reção monetária e as verbas de Art. 327.  É lícita a cumulação,
da Pessoa Jurídica, o endereço sucumbência, inclusive os hono- em um único processo, contra
eletrônico, o domicílio e a resi- rários advocatícios. o mesmo réu, de vários pedidos,
dência do autor e do réu; § 2o  A interpretação do pe- ainda que entre eles não haja
III – o fato e os fundamentos dido considerará o conjunto da conexão.
jurídicos do pedido; postulação e observará o prin- § 1o  São requisitos de ad-
IV – o pedido com as suas cípio da boa-fé. missibilidade da cumulação que:
especificações; I – os pedidos sejam compa-
V – o valor da causa; Art. 323.  Na ação que tiver por tíveis entre si;
VI – as provas com que o autor objeto cumprimento de obrigação II – seja competente para co-

309
Código de Processo Civil
nhecer deles o mesmo juízo; I – lhe faltar pedido ou causa titivos;
III – seja adequado para to- de pedir; III – entendimento firmado
dos os pedidos o tipo de proce- II – o pedido for indetermi- em incidente de resolução de
dimento. nado, ressalvadas as hipóteses demandas repetitivas ou de as-
§ 2o  Quando, para cada pe- legais em que se permite o pe- sunção de competência;
dido, corresponder tipo diverso dido genérico; IV – enunciado de súmula de
de procedimento, será admitida III – da narração dos fatos tribunal de justiça sobre direi-
a cumulação se o autor empre- não decorrer logicamente a con- to local.
gar o procedimento comum, sem clusão; § 1o  O juiz também poderá
prejuízo do emprego das técnicas IV – contiver pedidos incom- julgar liminarmente improcedente
processuais diferenciadas previs- patíveis entre si. o pedido se verificar, desde logo,
tas nos procedimentos especiais § 2o  Nas ações que tenham a ocorrência de decadência ou de
a que se sujeitam um ou mais pe- por objeto a revisão de obrigação prescrição.
didos cumulados, que não forem decorrente de empréstimo, de fi- § 2o  Não interposta a apela-
incompatíveis com as disposições nanciamento ou de alienação de ção, o réu será intimado do trân-
sobre o procedimento comum. bens, o autor terá de, sob pena sito em julgado da sentença, nos
§ 3o  O inciso I do § 1o não se de inépcia, discriminar na peti- termos do art. 241.
aplica às cumulações de pedidos ção inicial, dentre as obrigações § 3o  Interposta a apelação,
de que trata o art. 326. contratuais, aquelas que pretende o juiz poderá retratar-se em 5
controverter, além de quantificar (cinco) dias.
Art. 328.  Na obrigação indivisí- o valor incontroverso do débito. § 4o  Se houver retratação, o
vel com pluralidade de credores, § 3o  Na hipótese do §  2o, o juiz determinará o prosseguimen-
aquele que não participou do pro- valor incontroverso deverá conti- to do processo, com a citação do
cesso receberá sua parte, dedu- nuar a ser pago no tempo e modo réu, e, se não houver retratação,
zidas as despesas na proporção contratados. determinará a citação do réu para
de seu crédito. apresentar contrarrazões, no pra-
Art. 331.  Indeferida a petição ini- zo de 15 (quinze) dias.
Art. 329.  O autor poderá: cial, o autor poderá apelar, facul-
I – até a citação, aditar ou tado ao juiz, no prazo de 5 (cinco)
alterar o pedido ou a causa de dias, retratar-se. CAPÍTULO IV – DA
pedir, independentemente de § 1o  Se não houver retrata- CONVERSÃO DA AÇÃO
consentimento do réu; ção, o juiz mandará citar o réu INDIVIDUAL EM AÇÃO
II – até o saneamento do pro- para responder ao recurso. COLETIVA
cesso, aditar ou alterar o pedido § 2o  Sendo a sentença re-
e a causa de pedir, com consen- formada pelo tribunal, o prazo Art. 333.  (Vetado)
timento do réu, assegurado o para a contestação começará a
contraditório mediante a possi- correr da intimação do retorno
bilidade de manifestação deste dos autos, observado o disposto CAPÍTULO V – DA
no prazo mínimo de 15 (quinze) no art. 334. AUDIÊNCIA DE
dias, facultado o requerimento § 3o  Não interposta a apela- CONCILIAÇÃO OU DE
de prova suplementar. ção, o réu será intimado do trân- MEDIAÇÃO
Parágrafo único.  Aplica-se o sito em julgado da sentença.
disposto neste artigo à reconven- Art. 334.  Se a petição inicial
ção e à respectiva causa de pedir. preencher os requisitos essen-
CAPÍTULO III – DA ciais e não for o caso de impro-
IMPROCEDÊNCIA LIMINAR cedência liminar do pedido, o juiz
Seção III – Do Indeferimento
DO PEDIDO designará audiência de concilia-
da Petição Inicial ção ou de mediação com ante-
Art. 332.  Nas causas que dis- cedência mínima de 30 (trinta)
Art. 330.  A petição inicial será pensem a fase instrutória, o juiz, dias, devendo ser citado o réu
indeferida quando: independentemente da citação do com pelo menos 20 (vinte) dias
I – for inepta; réu, julgará liminarmente impro- de antecedência.
II – a parte for manifestamen- cedente o pedido que contrariar: § 1o  O conciliador ou media-
te ilegítima; I – enunciado de súmula do dor, onde houver, atuará neces-
III – o autor carecer de inte- Supremo Tribunal Federal ou do sariamente na audiência de con-
resse processual; Superior Tribunal de Justiça; ciliação ou de mediação, obser-
IV – não atendidas as prescri- II – acórdão proferido pelo vando o disposto neste Código,
ções dos arts. 106 e 321. Supremo Tribunal Federal ou pelo bem como as disposições da lei
§ 1o  Considera-se inepta a Superior Tribunal de Justiça em de organização judiciária.
petição inicial quando: julgamento de recursos repe- § 2o  Poderá haver mais de

310
Código de Processo Civil
uma sessão destinada à concilia- CAPÍTULO VI – DA de autorização;
ção e à mediação, não podendo CONTESTAÇÃO X – convenção de arbitragem;
exceder a 2 (dois) meses da data XI – ausência de legitimidade
de realização da primeira sessão, Art. 335.  O réu poderá oferecer ou de interesse processual;
desde que necessárias à compo- contestação, por petição, no pra- XII – falta de caução ou de
sição das partes. zo de 15 (quinze) dias, cujo termo outra prestação que a lei exige
§ 3o  A intimação do autor inicial será a data: como preliminar;
para a audiência será feita na I – da audiência de concilia- XIII – indevida concessão do
pessoa de seu advogado. ção ou de mediação, ou da última benefício de gratuidade de jus-
§ 4o  A audiência não será sessão de conciliação, quando tiça.
realizada: qualquer parte não comparecer § 1o  Verifica-se a litispen-
I – se ambas as partes ma- ou, comparecendo, não houver dência ou a coisa julgada quando
nifestarem, expressamente, de- autocomposição; se reproduz ação anteriormente
sinteresse na composição con- II – do protocolo do pedido ajuizada.
sensual; de cancelamento da audiência § 2o  Uma ação é idêntica a
II – quando não se admitir a de conciliação ou de mediação outra quando possui as mesmas
autocomposição. apresentado pelo réu, quando partes, a mesma causa de pedir
§ 5o  O autor deverá indicar, ocorrer a hipótese do art.  334, e o mesmo pedido.
na petição inicial, seu desinte- § 4o, inciso I; § 3o  Há litispendência quan-
resse na autocomposição, e o III – prevista no art.  231, de do se repete ação que está em
réu deverá fazê-lo, por petição, acordo com o modo como foi curso.
apresentada com 10 (dez) dias de feita a citação, nos demais casos. § 4o  Há coisa julgada quando
antecedência, contados da data § 1o  No caso de litisconsórcio se repete ação que já foi deci-
da audiência. passivo, ocorrendo a hipótese do dida por decisão transitada em
§ 6o  Havendo litisconsórcio, art. 334, § 6o, o termo inicial pre- julgado.
o desinteresse na realização da visto no inciso II será, para cada § 5o  Excetuadas a convenção
audiência deve ser manifestado um dos réus, a data de apresen- de arbitragem e a incompetên-
por todos os litisconsortes. tação de seu respectivo pedido cia relativa, o juiz conhecerá de
§ 7o  A audiência de concilia- de cancelamento da audiência. ofício das matérias enumeradas
ção ou de mediação pode reali- § 2o  Quando ocorrer a hipó- neste artigo.
zar-se por meio eletrônico, nos tese do art.  334, §  4o, inciso II, § 6o  A ausência de alegação
termos da lei. havendo litisconsórcio passivo da existência de convenção de
§ 8o  O não comparecimen- e o autor desistir da ação em arbitragem, na forma prevista
to injustificado do autor ou do relação a réu ainda não citado, o neste Capítulo, implica aceitação
réu à audiência de conciliação prazo para resposta correrá da da jurisdição estatal e renúncia
é considerado ato atentatório à data de intimação da decisão que ao juízo arbitral.
dignidade da justiça e será san- homologar a desistência.
cionado com multa de até dois por Art. 338.  Alegando o réu, na
cento da vantagem econômica Art. 336.  Incumbe ao réu alegar, contestação, ser parte ilegítima
pretendida ou do valor da cau- na contestação, toda a matéria de ou não ser o responsável pelo
sa, revertida em favor da União defesa, expondo as razões de fato prejuízo invocado, o juiz faculta-
ou do Estado. e de direito com que impugna o rá ao autor, em 15 (quinze) dias, a
§ 9o  As partes devem estar pedido do autor e especificando alteração da petição inicial para
acompanhadas por seus advo- as provas que pretende produzir. substituição do réu.
gados ou defensores públicos. Parágrafo único. Realizada
§ 10.  A parte poderá cons- Art. 337.  Incumbe ao réu, antes a substituição, o autor reembol-
tituir representante, por meio de discutir o mérito, alegar: sará as despesas e pagará os
de procuração específica, com I – inexistência ou nulidade honorários ao procurador do réu
poderes para negociar e transigir. da citação; excluído, que serão fixados entre
§ 11.  A autocomposição ob- II – incompetência absoluta três e cinco por cento do valor da
tida será reduzida a termo e ho- e relativa; causa ou, sendo este irrisório, nos
mologada por sentença. III – incorreção do valor da termos do art. 85, § 8o.
§ 12.  A pauta das audiências causa;
de conciliação ou de mediação IV – inépcia da petição inicial; Art. 339.  Quando alegar sua ile-
será organizada de modo a res- V – perempção; gitimidade, incumbe ao réu indi-
peitar o intervalo mínimo de 20 VI – litispendência; car o sujeito passivo da relação
(vinte) minutos entre o início de VII – coisa julgada; jurídica discutida sempre que
uma e o início da seguinte. VIII – conexão; tiver conhecimento, sob pena
IX – incapacidade da parte, de arcar com as despesas pro-
defeito de representação ou falta cessuais e de indenizar o autor

311
Código de Processo Civil
pelos prejuízos decorrentes da impugnação especificada dos presumir-se-ão verdadeiras as
falta de indicação. fatos não se aplica ao defensor alegações de fato formuladas
§ 1o  O autor, ao aceitar a in- público, ao advogado dativo e ao pelo autor.
dicação, procederá, no prazo de curador especial.
15 (quinze) dias, à alteração da Art. 345.  A revelia não produz o
petição inicial para a substituição Art. 342.  Depois da contesta- efeito mencionado no art. 344 se:
do réu, observando-se, ainda, o ção, só é lícito ao réu deduzir I – havendo pluralidade de
parágrafo único do art. 338. novas alegações quando: réus, algum deles contestar a
§ 2o  No prazo de 15 (quinze) I – relativas a direito ou a fato ação;
dias, o autor pode optar por alte- superveniente; II – o litígio versar sobre di-
rar a petição inicial para incluir, II – competir ao juiz conhecer reitos indisponíveis;
como litisconsorte passivo, o su- delas de ofício; III – a petição inicial não esti-
jeito indicado pelo réu. III – por expressa autorização ver acompanhada de instrumento
legal, puderem ser formuladas que a lei considere indispensável
Art. 340.  Havendo alegação de em qualquer tempo e grau de à prova do ato;
incompetência relativa ou abso- jurisdição. IV – as alegações de fato for-
luta, a contestação poderá ser muladas pelo autor forem inve-
protocolada no foro de domicílio rossímeis ou estiverem em con-
do réu, fato que será imediata- CAPÍTULO VII – DA tradição com prova constante
mente comunicado ao juiz da RECONVENÇÃO dos autos.
causa, preferencialmente por
meio eletrônico. Art. 343.  Na contestação, é lí- Art. 346.  Os prazos contra o re-
§ 1o  A contestação será sub- cito ao réu propor reconvenção vel que não tenha patrono nos au-
metida a livre distribuição ou, se para manifestar pretensão pró- tos fluirão da data de publicação
o réu houver sido citado por meio pria, conexa com a ação principal do ato decisório no órgão oficial.
de carta precatória, juntada aos ou com o fundamento da defesa. Parágrafo único.  O revel po-
autos dessa carta, seguindo-se § 1o  Proposta a reconven- derá intervir no processo em qual-
a sua imediata remessa para o ção, o autor será intimado, na quer fase, recebendo-o no estado
juízo da causa. pessoa de seu advogado, para em que se encontrar.
§ 2o  Reconhecida a compe- apresentar resposta no prazo de
tência do foro indicado pelo réu, 15 (quinze) dias.
o juízo para o qual for distribuída § 2o  A desistência da ação CAPÍTULO IX – DAS
a contestação ou a carta preca- ou a ocorrência de causa extin- PROVIDÊNCIAS
tória será considerado prevento. tiva que impeça o exame de seu PRELIMINARES E DO
§ 3o  Alegada a incompetên- mérito não obsta ao prossegui- SANEAMENTO
cia nos termos do caput, será sus- mento do processo quanto à re-
pensa a realização da audiência convenção. Art. 347.  Findo o prazo para a
de conciliação ou de mediação, § 3o  A reconvenção pode contestação, o juiz tomará, con-
se tiver sido designada. ser proposta contra o autor e forme o caso, as providências
§ 4o  Definida a competência, terceiro. preliminares constantes das se-
o juízo competente designará § 4o  A reconvenção pode ser ções deste Capítulo.
nova data para a audiência de proposta pelo réu em litisconsór-
conciliação ou de mediação. cio com terceiro.
§ 5o  Se o autor for substituto
Seção I – Da Não Incidência
Art. 341.  Incumbe também ao processual, o reconvinte deverá dos Efeitos da Revelia
réu manifestar-se precisamen- afirmar ser titular de direito em
te sobre as alegações de fato face do substituído, e a reconven- Art. 348.  Se o réu não contes-
constantes da petição inicial, pre- ção deverá ser proposta em face tar a ação, o juiz, verificando a
sumindo-se verdadeiras as não do autor, também na qualidade de inocorrência do efeito da revelia
impugnadas, salvo se: substituto processual. previsto no art. 344, ordenará que
I – não for admissível, a seu § 6o  O réu pode propor re- o autor especifique as provas que
respeito, a confissão; convenção independentemente pretenda produzir, se ainda não
II – a petição inicial não esti- de oferecer contestação. as tiver indicado.
ver acompanhada de instrumento
que a lei considerar da substân- Art. 349.  Ao réu revel será lícita
cia do ato; CAPÍTULO VIII – DA a produção de provas, contra-
III – estiverem em contradi- REVELIA postas às alegações do autor,
ção com a defesa, considerada desde que se faça representar
em seu conjunto. Art. 344.  Se o réu não contestar nos autos a tempo de praticar os
Parágrafo único.  O ônus da a ação, será considerado revel e atos processuais indispensáveis

312
Código de Processo Civil
a essa produção. Seção II – Do Julgamento cessuais pendentes, se houver;
Antecipado do Mérito II – delimitar as questões de
fato sobre as quais recairá a ati-
Seção II – Do Fato Impeditivo, Art. 355.  O juiz julgará anteci- vidade probatória, especificando
Modificativo ou Extintivo do padamente o pedido, proferindo os meios de prova admitidos;
Direito do Autor sentença com resolução de mé- III – definir a distribuição
rito, quando: do ônus da prova, observado o
Art. 350.  Se o réu alegar fato I – não houver necessidade art. 373;
impeditivo, modificativo ou ex- de produção de outras provas; IV – delimitar as questões de
tintivo do direito do autor, este II – o réu for revel, ocorrer o direito relevantes para a decisão
será ouvido no prazo de 15 (quinze) efeito previsto no art. 344 e não do mérito;
dias, permitindo-lhe o juiz a pro- houver requerimento de prova, V – designar, se necessário,
dução de prova. na forma do art. 349. audiência de instrução e julga-
mento.
§ 1o  Realizado o saneamento,
Seção III – Das Alegações Seção III – Do Julgamento as partes têm o direito de pedir
do Réu Antecipado Parcial do Mérito esclarecimentos ou solicitar ajus-
tes, no prazo comum de 5 (cinco)
Art. 351.  Se o réu alegar qual- Art. 356.  O juiz decidirá par- dias, findo o qual a decisão se
quer das matérias enumeradas cialmente o mérito quando um torna estável.
no art.  337, o juiz determinará ou mais dos pedidos formulados § 2o  As partes podem apre-
a oitiva do autor no prazo de 15 ou parcela deles: sentar ao juiz, para homologação,
(quinze) dias, permitindo-lhe a I – mostrar-se incontroverso; delimitação consensual das ques-
produção de prova. II – estiver em condições de tões de fato e de direito a que se
imediato julgamento, nos termos referem os incisos II e IV, a qual,
Art. 352.  Verificando a existên- do art. 355. se homologada, vincula as par-
cia de irregularidades ou de vícios § 1o  A decisão que julgar par- tes e o juiz.
sanáveis, o juiz determinará sua cialmente o mérito poderá reco- § 3o  Se a causa apresentar
correção em prazo nunca superior nhecer a existência de obrigação complexidade em matéria de fato
a 30 (trinta) dias. líquida ou ilíquida. ou de direito, deverá o juiz desig-
§ 2o  A parte poderá liquidar nar audiência para que o sanea-
Art. 353.  Cumpridas as provi- ou executar, desde logo, a obri- mento seja feito em cooperação
dências preliminares ou não ha- gação reconhecida na decisão com as partes, oportunidade em
vendo necessidade delas, o juiz que julgar parcialmente o mérito, que o juiz, se for o caso, convidará
proferirá julgamento conforme o independentemente de caução, as partes a integrar ou esclarecer
estado do processo, observando ainda que haja recurso contra suas alegações.
o que dispõe o Capítulo X. essa interposto. § 4o  Caso tenha sido deter-
§ 3o  Na hipótese do § 2o, se minada a produção de prova tes-
houver trânsito em julgado da de- temunhal, o juiz fixará prazo co-
CAPÍTULO X – DO cisão, a execução será definitiva. mum não superior a 15 (quinze)
JULGAMENTO CONFORME § 4o  A liquidação e o cum- dias para que as partes apresen-
O ESTADO DO PROCESSO primento da decisão que julgar tem rol de testemunhas.
parcialmente o mérito poderão § 5o  Na hipótese do § 3o, as
Seção I – Da Extinção do ser processados em autos su- partes devem levar, para a audi-
Processo plementares, a requerimento da ência prevista, o respectivo rol
parte ou a critério do juiz. de testemunhas.
Art. 354.  Ocorrendo qualquer § 5o  A decisão proferida com § 6o  O número de testemu-
das hipóteses previstas nos base neste artigo é impugnável nhas arroladas não pode ser su-
arts. 485 e 487, incisos II e III, o por agravo de instrumento. perior a 10 (dez), sendo 3 (três),
juiz proferirá sentença. no máximo, para a prova de cada
Parágrafo único.  A decisão a fato.
que se refere o caput pode dizer
Seção IV – Do Saneamento e § 7o  O juiz poderá limitar o
respeito a apenas parcela do pro- da Organização do Processo número de testemunhas levan-
cesso, caso em que será impug- do em conta a complexidade da
nável por agravo de instrumento. Art. 357.  Não ocorrendo nenhu- causa e dos fatos individualmente
ma das hipóteses deste Capítulo, considerados.
deverá o juiz, em decisão de sa- § 8o  Caso tenha sido deter-
neamento e de organização do minada a produção de prova pe-
processo: ricial, o juiz deve observar o dis-
I – resolver as questões pro- posto no art. 465 e, se possível,

313
Código de Processo Civil
estabelecer, desde logo, calen- inquiridas. fato ou de direito, o debate oral
dário para sua realização. Parágrafo único. Enquanto poderá ser substituído por ra-
§ 9o  As pautas deverão ser depuserem o perito, os assis- zões finais escritas, que serão
preparadas com intervalo mí- tentes técnicos, as partes e as apresentadas pelo autor e pelo
nimo de 1 (uma) hora entre as testemunhas, não poderão os réu, bem como pelo Ministério
audiências. advogados e o Ministério Público Público, se for o caso de sua in-
intervir ou apartear, sem licença tervenção, em prazos sucessivos
do juiz. de 15 (quinze) dias, assegurada
CAPÍTULO XI – DA vista dos autos.
AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO Art. 362.  A audiência poderá
E JULGAMENTO ser adiada: Art. 365.  A audiência é una e
I – por convenção das partes; contínua, podendo ser excepcio-
Art. 358.  No dia e na hora de- II – se não puder comparecer, nal e justificadamente cindida na
signados, o juiz declarará aberta por motivo justificado, qualquer ausência de perito ou de testemu-
a audiência de instrução e julga- pessoa que dela deva necessa- nha, desde que haja concordância
mento e mandará apregoar as riamente participar; das partes.
partes e os respectivos advoga- III – por atraso injustificado Parágrafo único.  Diante da
dos, bem como outras pessoas de seu início em tempo superior impossibilidade de realização da
que dela devam participar. a 30 (trinta) minutos do horário instrução, do debate e do julga-
marcado. mento no mesmo dia, o juiz mar-
Art. 359.  Instalada a audiência, § 1o  O impedimento deverá cará seu prosseguimento para a
o juiz tentará conciliar as partes, ser comprovado até a abertura data mais próxima possível, em
independentemente do emprego da audiência, e, não o sendo, o pauta preferencial.
anterior de outros métodos de juiz procederá à instrução.
solução consensual de conflitos, § 2o  O juiz poderá dispensar Art. 366.  Encerrado o debate ou
como a mediação e a arbitragem. a produção das provas reque- oferecidas as razões finais, o juiz
ridas pela parte cujo advogado proferirá sentença em audiência
Art. 360.  O juiz exerce o poder ou defensor público não tenha ou no prazo de 30 (trinta) dias.
de polícia, incumbindo-lhe: comparecido à audiência, apli-
I – manter a ordem e o decoro cando-se a mesma regra ao Mi- Art. 367.  O servidor lavrará, sob
na audiência; nistério Público. ditado do juiz, termo que conterá,
II – ordenar que se retirem da § 3o  Quem der causa ao adia- em resumo, o ocorrido na audi-
sala de audiência os que se com- mento responderá pelas despe- ência, bem como, por extenso,
portarem inconvenientemente; sas acrescidas. os despachos, as decisões e a
III – requisitar, quando neces- sentença, se proferida no ato.
sário, força policial; Art. 363.  Havendo antecipação § 1o  Quando o termo não for
IV – tratar com urbanidade as ou adiamento da audiência, o juiz, registrado em meio eletrônico, o
partes, os advogados, os mem- de ofício ou a requerimento da juiz rubricar-lhe-á as folhas, que
bros do Ministério Público e da parte, determinará a intimação serão encadernadas em volume
Defensoria Pública e qualquer dos advogados ou da sociedade próprio.
pessoa que participe do processo; de advogados para ciência da § 2o  Subscreverão o termo o
V – registrar em ata, com exa- nova designação. juiz, os advogados, o membro do
tidão, todos os requerimentos Ministério Público e o escrivão ou
apresentados em audiência. Art. 364.  Finda a instrução, o chefe de secretaria, dispensadas
juiz dará a palavra ao advogado as partes, exceto quando houver
Art. 361.  As provas orais serão do autor e do réu, bem como ao ato de disposição para cuja prá-
produzidas em audiência, ouvin- membro do Ministério Público, tica os advogados não tenham
do-se nesta ordem, preferen- se for o caso de sua intervenção, poderes.
cialmente: sucessivamente, pelo prazo de § 3o  O escrivão ou chefe de
I – o perito e os assistentes 20 (vinte) minutos para cada um, secretaria trasladará para os au-
técnicos, que responderão aos prorrogável por 10 (dez) minutos, tos cópia autêntica do termo de
quesitos de esclarecimentos re- a critério do juiz. audiência.
queridos no prazo e na forma do § 1o  Havendo litisconsorte ou § 4o  Tratando-se de autos
art.  477, caso não respondidos terceiro interveniente, o prazo, eletrônicos, observar-se-á o dis-
anteriormente por escrito; que formará com o da prorroga- posto neste Código, em legislação
II – o autor e, em seguida, o ção um só todo, dividir-se-á entre específica e nas normas internas
réu, que prestarão depoimentos os do mesmo grupo, se não con- dos tribunais.
pessoais; vencionarem de modo diverso. § 5o  A audiência poderá ser
III – as testemunhas arroladas § 2o  Quando a causa apre- integralmente gravada em ima-
pelo autor e pelo réu, que serão sentar questões complexas de gem e em áudio, em meio digital

314
Código de Processo Civil
ou analógico, desde que assegure causa relacionadas à impossibili- de saneamento, a prova neles so-
o rápido acesso das partes e dos dade ou à excessiva dificuldade licitada for imprescindível.
órgãos julgadores, observada a de cumprir o encargo nos termos Parágrafo único.  A carta pre-
legislação específica. do caput ou à maior facilidade de catória e a carta rogatória não de-
§ 6o  A gravação a que se re- obtenção da prova do fato contrá- volvidas no prazo ou concedidas
fere o § 5o também pode ser rea- rio, poderá o juiz atribuir o ônus da sem efeito suspensivo poderão
lizada diretamente por qualquer prova de modo diverso, desde que ser juntadas aos autos a qualquer
das partes, independentemente o faça por decisão fundamentada, momento.
de autorização judicial. caso em que deverá dar à parte
a oportunidade de se desincum- Art. 378.  Ninguém se exime do
Art. 368.  A audiência será pú- bir do ônus que lhe foi atribuído. dever de colaborar com o Poder
blica, ressalvadas as exceções § 2o  A decisão prevista no § 1o Judiciário para o descobrimento
legais. deste artigo não pode gerar situ- da verdade.
ação em que a desincumbência
do encargo pela parte seja impos- Art. 379.  Preservado o direito
CAPÍTULO XII – DAS sível ou excessivamente difícil. de não produzir prova contra si
PROVAS § 3o  A distribuição diversa própria, incumbe à parte:
do ônus da prova também pode I – comparecer em juízo, res-
Seção I – Disposições Gerais
ocorrer por convenção das partes, pondendo ao que lhe for inter-
salvo quando: rogado;
Art. 369.  As partes têm o direito I – recair sobre direito indis- II – colaborar com o juízo na
de empregar todos os meios le- ponível da parte; realização de inspeção judicial
gais, bem como os moralmente II – tornar excessivamente que for considerada necessária;
legítimos, ainda que não especifi- difícil a uma parte o exercício III – praticar o ato que lhe for
cados neste Código, para provar a do direito. determinado.
verdade dos fatos em que se fun- § 4o  A convenção de que tra-
da o pedido ou a defesa e influir ta o § 3o pode ser celebrada antes Art. 380.  Incumbe ao terceiro,
eficazmente na convicção do juiz. ou durante o processo. em relação a qualquer causa:
I – informar ao juiz os fatos e
Art. 370.  Caberá ao juiz, de ofí- Art. 374.  Não dependem de pro- as circunstâncias de que tenha
cio ou a requerimento da parte, va os fatos: conhecimento;
determinar as provas necessárias I – notórios; II – exibir coisa ou documento
ao julgamento do mérito. II – afirmados por uma parte e que esteja em seu poder.
Parágrafo único.  O juiz inde- confessados pela parte contrária; Parágrafo único.  Poderá o
ferirá, em decisão fundamentada, III – admitidos no processo juiz, em caso de descumprimento,
as diligências inúteis ou mera- como incontroversos; determinar, além da imposição de
mente protelatórias. IV – em cujo favor milita pre- multa, outras medidas indutivas,
sunção legal de existência ou de coercitivas, mandamentais ou
Art. 371.  O juiz apreciará a pro- veracidade. sub-rogatórias.
va constante dos autos, inde-
pendentemente do sujeito que Art. 375.  O juiz aplicará as re-
a tiver promovido, e indicará na gras de experiência comum sub-
Seção II – Da Produção
decisão as razões da formação ministradas pela observação do Antecipada da Prova
de seu convencimento. que ordinariamente acontece e,
ainda, as regras de experiência Art. 381.  A produção antecipada
Art. 372.  O juiz poderá admitir a técnica, ressalvado, quanto a es- da prova será admitida nos casos
utilização de prova produzida em tas, o exame pericial. em que:
outro processo, atribuindo-lhe o I – haja fundado receio de que
valor que considerar adequado, Art. 376.  A parte que alegar di- venha a tornar-se impossível ou
observado o contraditório. reito municipal, estadual, estran- muito difícil a verificação de cer-
geiro ou consuetudinário provar- tos fatos na pendência da ação;
Art. 373.  O ônus da prova in- -lhe-á o teor e a vigência, se assim II – a prova a ser produzi-
cumbe: o juiz determinar. da seja suscetível de viabilizar a
I – ao autor, quanto ao fato autocomposição ou outro meio
constitutivo de seu direito; Art. 377.  A carta precatória, a adequado de solução de conflito;
II – ao réu, quanto à existência carta rogatória e o auxílio direto III – o prévio conhecimento
de fato impeditivo, modificativo suspenderão o julgamento da dos fatos possa justificar ou evitar
ou extintivo do direito do autor. causa no caso previsto no art. 313, o ajuizamento de ação.
§ 1o  Nos casos previstos em inciso V, alínea “b”, quando, tendo § 1o  O arrolamento de bens
lei ou diante de peculiaridades da sido requeridos antes da decisão observará o disposto nesta Se-

315
Código de Processo Civil
ção quando tiver por finalidade mês para extração de cópias e pessoalmente sobre os fatos ar-
apenas a realização de documen- certidões pelos interessados. ticulados, não podendo servir-se
tação e não a prática de atos de Parágrafo único.  Findo o pra- de escritos anteriormente prepa-
apreensão. zo, os autos serão entregues ao rados, permitindo-lhe o juiz, to-
§ 2o  A produção antecipada promovente da medida. davia, a consulta a notas breves,
da prova é da competência do desde que objetivem completar
juízo do foro onde esta deva ser esclarecimentos.
produzida ou do foro de domicí-
Seção III – Da Ata Notarial
lio do réu. Art. 388.  A parte não é obrigada
§ 3o  A produção antecipada Art. 384.  A existência e o modo a depor sobre fatos:
da prova não previne a compe- de existir de algum fato podem I – criminosos ou torpes que
tência do juízo para a ação que ser atestados ou documentados, lhe forem imputados;
venha a ser proposta. a requerimento do interessado, II – a cujo respeito, por estado
§ 4o  O juízo estadual tem mediante ata lavrada por tabelião. ou profissão, deva guardar sigilo;
competência para produção an- Parágrafo único.  Dados re- III – acerca dos quais não
tecipada de prova requerida em presentados por imagem ou som possa responder sem desonra
face da União, de entidade au- gravados em arquivos eletrônicos própria, de seu cônjuge, de seu
tárquica ou de empresa públi- poderão constar da ata notarial. companheiro ou de parente em
ca federal se, na localidade, não grau sucessível;
houver vara federal. IV – que coloquem em perigo
§ 5o  Aplica-se o disposto
Seção IV – Do Depoimento a vida do depoente ou das pesso-
nesta Seção àquele que preten- Pessoal as referidas no inciso III.
der justificar a existência de al- Parágrafo único.  Esta dispo-
gum fato ou relação jurídica para Art. 385.  Cabe à parte requerer sição não se aplica às ações de
simples documento e sem cará- o depoimento pessoal da outra estado e de família.
ter contencioso, que exporá, em parte, a fim de que esta seja inter-
petição circunstanciada, a sua rogada na audiência de instrução
intenção. e julgamento, sem prejuízo do po-
Seção V – Da Confissão
der do juiz de ordená-lo de ofício.
Art. 382.  Na petição, o reque- § 1o  Se a parte, pessoalmente Art. 389.  Há confissão, judicial
rente apresentará as razões que intimada para prestar depoimen- ou extrajudicial, quando a parte
justificam a necessidade de an- to pessoal e advertida da pena admite a verdade de fato contrá-
tecipação da prova e mencionará de confesso, não comparecer rio ao seu interesse e favorável ao
com precisão os fatos sobre os ou, comparecendo, se recusar a do adversário.
quais a prova há de recair. depor, o juiz aplicar-lhe-á a pena.
§ 1o  O juiz determinará, de § 2o  É vedado a quem ainda Art. 390.  A confissão judicial
ofício ou a requerimento da par- não depôs assistir ao interroga- pode ser espontânea ou provo-
te, a citação de interessados na tório da outra parte. cada.
produção da prova ou no fato a § 3o  O depoimento pessoal da § 1o  A confissão espontânea
ser provado, salvo se inexistente parte que residir em comarca, se- pode ser feita pela própria parte
caráter contencioso. ção ou subseção judiciária diversa ou por representante com poder
§ 2o  O juiz não se pronunciará daquela onde tramita o processo especial.
sobre a ocorrência ou a inocor- poderá ser colhido por meio de vi- § 2o  A confissão provocada
rência do fato, nem sobre as res- deoconferência ou outro recurso constará do termo de depoimen-
pectivas consequências jurídicas. tecnológico de transmissão de to pessoal.
§ 3o  Os interessados poderão sons e imagens em tempo real,
requerer a produção de qualquer o que poderá ocorrer, inclusive, Art. 391.  A confissão judicial faz
prova no mesmo procedimento, durante a realização da audiência prova contra o confitente, não
desde que relacionada ao mesmo de instrução e julgamento. prejudicando, todavia, os litis-
fato, salvo se a sua produção con- consortes.
junta acarretar excessiva demora. Art. 386.  Quando a parte, sem Parágrafo único.  Nas ações
§ 4o  Neste procedimento, motivo justificado, deixar de res- que versarem sobre bens imóveis
não se admitirá defesa ou re- ponder ao que lhe for pergunta- ou direitos reais sobre imóveis
curso, salvo contra decisão que do ou empregar evasivas, o juiz, alheios, a confissão de um côn-
indeferir totalmente a produção apreciando as demais circuns- juge ou companheiro não valerá
da prova pleiteada pelo reque- tâncias e os elementos de prova, sem a do outro, salvo se o regime
rente originário. declarará, na sentença, se houve de casamento for o de separação
recusa de depor. absoluta de bens.
Art. 383.  Os autos permanece-
rão em cartório durante 1 (um) Art. 387.  A parte responderá Art. 392.  Não vale como confis-

316
Código de Processo Civil
são a admissão, em juízo, de fatos sa existe, ainda que a referência proceda ao respectivo depósito
relativos a direitos indisponíveis. seja a categoria de documentos em cartório ou em outro lugar
§ 1o  A confissão será ineficaz ou de coisas, e se acha em poder designado, no prazo de 5 (cin-
se feita por quem não for capaz de da parte contrária. co) dias, impondo ao requerente
dispor do direito a que se referem que o ressarça pelas despesas
os fatos confessados. Art. 398.  O requerido dará sua que tiver.
§ 2o  A confissão feita por um resposta nos 5 (cinco) dias sub- Parágrafo único.  Se o ter-
representante somente é eficaz sequentes à sua intimação. ceiro descumprir a ordem, o juiz
nos limites em que este pode Parágrafo único.  Se o reque- expedirá mandado de apreen-
vincular o representado. rido afirmar que não possui o do- são, requisitando, se necessário,
cumento ou a coisa, o juiz permi- força policial, sem prejuízo da
Art. 393.  A confissão é irrevo- tirá que o requerente prove, por responsabilidade por crime de
gável, mas pode ser anulada se qualquer meio, que a declaração desobediência, pagamento de
decorreu de erro de fato ou de não corresponde à verdade. multa e outras medidas induti-
coação. vas, coercitivas, mandamentais
Parágrafo único.  A legiti- Art. 399.  O juiz não admitirá a ou sub-rogatórias necessárias
midade para a ação prevista no recusa se: para assegurar a efetivação da
caput é exclusiva do confitente I – o requerido tiver obrigação decisão.
e pode ser transferida a seus legal de exibir;
herdeiros se ele falecer após a II – o requerido tiver aludi- Art. 404.  A parte e o terceiro
propositura. do ao documento ou à coisa, no se escusam de exibir, em juízo,
processo, com o intuito de cons- o documento ou a coisa se:
Art. 394.  A confissão extrajudi- tituir prova; I – concernente a negócios
cial, quando feita oralmente, só III – o documento, por seu da própria vida da família;
terá eficácia nos casos em que a conteúdo, for comum às partes. II – sua apresentação puder
lei não exija prova literal. violar dever de honra;
Art. 400.  Ao decidir o pedido, o III – sua publicidade redundar
Art. 395.  A confissão é, em re- juiz admitirá como verdadeiros os em desonra à parte ou ao terceiro,
gra, indivisível, não podendo a fatos que, por meio do documen- bem como a seus parentes con-
parte que a quiser invocar como to ou da coisa, a parte pretendia sanguíneos ou afins até o terceiro
prova aceitá-la no tópico que a provar se: grau, ou lhes representar perigo
beneficiar e rejeitá-la no que lhe I – o requerido não efetuar de ação penal;
for desfavorável, porém cindir- a exibição nem fizer nenhuma IV – sua exibição acarretar a
-se-á quando o confitente a ela declaração no prazo do art. 398; divulgação de fatos a cujo res-
aduzir fatos novos, capazes de II – a recusa for havida por peito, por estado ou profissão,
constituir fundamento de defe- ilegítima. devam guardar segredo;
sa de direito material ou de re- Parágrafo único.  Sendo ne- V – subsistirem outros moti-
convenção. cessário, o juiz pode adotar me- vos graves que, segundo o pru-
didas indutivas, coercitivas, man- dente arbítrio do juiz, justifiquem
damentais ou sub-rogatórias para a recusa da exibição;
Seção VI – Da Exibição de que o documento seja exibido. VI – houver disposição le-
Documento ou Coisa gal que justifique a recusa da
Art. 401.  Quando o documento exibição.
Art. 396.  O juiz pode ordenar que ou a coisa estiver em poder de Parágrafo único.  Se os mo-
a parte exiba documento ou coisa terceiro, o juiz ordenará sua ci- tivos de que tratam os incisos I
que se encontre em seu poder. tação para responder no prazo a VI do caput disserem respeito a
de 15 (quinze) dias. apenas uma parcela do documen-
Art. 397.  O pedido formulado to, a parte ou o terceiro exibirá a
pela parte conterá: Art. 402.  Se o terceiro negar outra em cartório, para dela ser
I – a descrição, tão completa a obrigação de exibir ou a pos- extraída cópia reprográfica, de
quanto possível, do documento ou se do documento ou da coisa, o tudo sendo lavrado auto circuns-
da coisa, ou das categorias de do- juiz designará audiência especial, tanciado.
cumentos ou de coisas buscados; tomando-lhe o depoimento, bem
II – a finalidade da prova, com como o das partes e, se neces-
indicação dos fatos que se rela- sário, o de testemunhas, e em
Seção VII – Da Prova
cionam com o documento ou com seguida proferirá decisão. Documental
a coisa, ou com suas categorias; Subseção I – Da Força
III – as circunstâncias em que Art. 403.  Se o terceiro, sem jus- Probante dos Documentos
se funda o requerente para afir- to motivo, se recusar a efetuar a
mar que o documento ou a coi- exibição, o juiz ordenar-lhe-á que Art. 405.  O documento público

317
Código de Processo Civil
faz prova não só da sua forma- ele foi feito, estando assinado; de quem é apontado como credor;
ção, mas também dos fatos que III – aquele que, mandando III – expressam conhecimento
o escrivão, o chefe de secretaria, compô-lo, não o firmou porque, de fatos para os quais não se exija
o tabelião ou o servidor declarar conforme a experiência comum, determinada prova.
que ocorreram em sua presença. não se costuma assinar, como
livros empresariais e assentos Art. 416.  A nota escrita pelo cre-
Art. 406.  Quando a lei exigir ins- domésticos. dor em qualquer parte de docu-
trumento público como da subs- mento representativo de obriga-
tância do ato, nenhuma outra Art. 411.  Considera-se autêntico ção, ainda que não assinada, faz
prova, por mais especial que seja, o documento quando: prova em benefício do devedor.
pode suprir-lhe a falta. I – o tabelião reconhecer a Parágrafo único. Aplica-se
firma do signatário; essa regra tanto para o documen-
Art. 407.  O documento feito por II – a autoria estiver identi- to que o credor conservar em seu
oficial público incompetente ou ficada por qualquer outro meio poder quanto para aquele que se
sem a observância das forma- legal de certificação, inclusive achar em poder do devedor ou
lidades legais, sendo subscrito eletrônico, nos termos da lei; de terceiro.
pelas partes, tem a mesma efi- III – não houver impugnação
cácia probatória do documento da parte contra quem foi produ- Art. 417.  Os livros empresariais
particular. zido o documento. provam contra seu autor, sen-
do lícito ao empresário, todavia,
Art. 408.  As declarações cons- Art. 412.  O documento particu- demonstrar, por todos os meios
tantes do documento particular lar de cuja autenticidade não se permitidos em direito, que os
escrito e assinado ou somente duvida prova que o seu autor fez lançamentos não correspondem
assinado presumem-se verda- a declaração que lhe é atribuída. à verdade dos fatos.
deiras em relação ao signatário. Parágrafo único.  O documen-
Parágrafo único. Quando, to particular admitido expressa ou Art. 418.  Os livros empresariais
todavia, contiver declaração de tacitamente é indivisível, sendo que preencham os requisitos exi-
ciência de determinado fato, o vedado à parte que pretende uti- gidos por lei provam a favor de seu
documento particular prova a lizar-se dele aceitar os fatos que autor no litígio entre empresários.
ciência, mas não o fato em si, lhe são favoráveis e recusar os
incumbindo o ônus de prová-lo ao que são contrários ao seu inte- Art. 419.  A escrituração contábil
interessado em sua veracidade. resse, salvo se provar que estes é indivisível, e, se dos fatos que
não ocorreram. resultam dos lançamentos, uns
Art. 409.  A data do documento são favoráveis ao interesse de seu
particular, quando a seu respeito Art. 413.  O telegrama, o radio- autor e outros lhe são contrários,
surgir dúvida ou impugnação en- grama ou qualquer outro meio ambos serão considerados em
tre os litigantes, provar-se-á por de transmissão tem a mesma conjunto, como unidade.
todos os meios de direito. força probatória do documento
Parágrafo único.  Em rela- particular se o original constante Art. 420.  O juiz pode ordenar, a
ção a terceiros, considerar-se-á da estação expedidora tiver sido requerimento da parte, a exibição
datado o documento particular: assinado pelo remetente. integral dos livros empresariais
I – no dia em que foi regis- Parágrafo único.  A firma do e dos documentos do arquivo:
trado; remetente poderá ser reconhe- I – na liquidação de socie-
II – desde a morte de algum cida pelo tabelião, declarando-se dade;
dos signatários; essa circunstância no original de- II – na sucessão por morte
III – a partir da impossibilida- positado na estação expedidora. de sócio;
de física que sobreveio a qualquer III – quando e como deter-
dos signatários; Art. 414.  O telegrama ou o ra- minar a lei.
IV – da sua apresentação em diograma presume-se conforme
repartição pública ou em juízo; com o original, provando as datas Art. 421.  O juiz pode, de ofício,
V – do ato ou do fato que es- de sua expedição e de seu rece- ordenar à parte a exibição par-
tabeleça, de modo certo, a an- bimento pelo destinatário. cial dos livros e dos documentos,
terioridade da formação do do- extraindo-se deles a suma que
cumento. Art. 415.  As cartas e os registros interessar ao litígio, bem como
domésticos provam contra quem reproduções autenticadas.
Art. 410.  Considera-se autor do os escreveu quando:
documento particular: I – enunciam o recebimento Art. 422.  Qualquer reprodução
I – aquele que o fez e o as- de um crédito; mecânica, como a fotográfica, a
sinou; II – contêm anotação que visa cinematográfica, a fonográfica
II – aquele por conta de quem a suprir a falta de título em favor ou de outra espécie, tem aptidão

318
Código de Processo Civil
para fazer prova dos fatos ou das pelo advogado, sob sua respon- Parágrafo único. Dar-se-á
coisas representadas, se a sua sabilidade pessoal, se não lhes abuso quando aquele que recebeu
conformidade com o documento for impugnada a autenticidade; documento assinado com texto
original não for impugnada por V – os extratos digitais de não escrito no todo ou em parte
aquele contra quem foi produzida. bancos de dados públicos e priva- formá-lo ou completá-lo por si
§ 1o  As fotografias digitais e dos, desde que atestado pelo seu ou por meio de outrem, violando
as extraídas da rede mundial de emitente, sob as penas da lei, que o pacto feito com o signatário.
computadores fazem prova das as informações conferem com o
imagens que reproduzem, deven- que consta na origem; Art. 429.  Incumbe o ônus da
do, se impugnadas, ser apresen- VI – as reproduções digitaliza- prova quando:
tada a respectiva autenticação das de qualquer documento públi- I – se tratar de falsidade de
eletrônica ou, não sendo possível, co ou particular, quando juntadas documento ou de preenchimen-
realizada perícia. aos autos pelos órgãos da justiça to abusivo, à parte que a arguir;
§ 2o  Se se tratar de fotogra- e seus auxiliares, pelo Ministério II – se tratar de impugnação
fia publicada em jornal ou revista, Público e seus auxiliares, pela da autenticidade, à parte que
será exigido um exemplar original Defensoria Pública e seus auxi- produziu o documento.
do periódico, caso impugnada a liares, pelas procuradorias, pelas
veracidade pela outra parte. repartições públicas em geral e
§ 3o  Aplica-se o disposto por advogados, ressalvada a ale-
Subseção II – Da Arguição de
neste artigo à forma impressa gação motivada e fundamentada Falsidade
de mensagem eletrônica. de adulteração.
§ 1o  Os originais dos docu- Art. 430.  A falsidade deve ser
Art. 423.  As reproduções dos mentos digitalizados menciona- suscitada na contestação, na ré-
documentos particulares, foto- dos no inciso VI deverão ser pre- plica ou no prazo de 15 (quinze)
gráficas ou obtidas por outros servados pelo seu detentor até o dias, contado a partir da intima-
processos de repetição, valem final do prazo para propositura de ção da juntada do documento
como certidões sempre que o ação rescisória. aos autos.
escrivão ou o chefe de secretaria § 2o  Tratando-se de cópia Parágrafo único.  Uma vez ar-
certificar sua conformidade com digital de título executivo extraju- guida, a falsidade será resolvida
o original. dicial ou de documento relevante como questão incidental, salvo
à instrução do processo, o juiz se a parte requerer que o juiz a
Art. 424.  A cópia de documen- poderá determinar seu depósito decida como questão principal,
to particular tem o mesmo valor em cartório ou secretaria. nos termos do inciso II do art. 19.
probante que o original, cabendo
ao escrivão, intimadas as partes, Art. 426.  O juiz apreciará fun- Art. 431.  A parte arguirá a fal-
proceder à conferência e certifi- damentadamente a fé que deva sidade expondo os motivos em
car a conformidade entre a cópia merecer o documento, quando que funda a sua pretensão e os
e o original. em ponto substancial e sem res- meios com que provará o alegado.
salva contiver entrelinha, emenda,
Art. 425.  Fazem a mesma prova borrão ou cancelamento. Art. 432.  Depois de ouvida a
que os originais: outra parte no prazo de 15 (quin-
I – as certidões textuais de Art. 427.  Cessa a fé do docu- ze) dias, será realizado o exame
qualquer peça dos autos, do pro- mento público ou particular sen- pericial.
tocolo das audiências ou de outro do-lhe declarada judicialmente a Parágrafo único.  Não se pro-
livro a cargo do escrivão ou do falsidade. cederá ao exame pericial se a
chefe de secretaria, se extraídas Parágrafo único.  A falsidade parte que produziu o documento
por ele ou sob sua vigilância e por consiste em: concordar em retirá-lo.
ele subscritas; I – formar documento não
II – os traslados e as certi- verdadeiro; Art. 433.  A declaração sobre a
dões extraídas por oficial público II – alterar documento ver- falsidade do documento, quando
de instrumentos ou documentos dadeiro. suscitada como questão princi-
lançados em suas notas; pal, constará da parte dispositiva
III – as reproduções dos do- Art. 428.  Cessa a fé do docu- da sentença e sobre ela incidirá
cumentos públicos, desde que mento particular quando: também a autoridade da coisa
autenticadas por oficial público I – for impugnada sua auten- julgada.
ou conferidas em cartório com ticidade e enquanto não se com-
os respectivos originais; provar sua veracidade;
IV – as cópias reprográficas II – assinado em branco, for
de peças do próprio processo impugnado seu conteúdo, por
judicial declaradas autênticas preenchimento abusivo.

319
Código de Processo Civil
Subseção III – Da Produção sobre os documentos anexados Art. 441.  Serão admitidos docu-
da Prova Documental à contestação. mentos eletrônicos produzidos e
§ 1o  Sempre que uma das conservados com a observância
Art. 434.  Incumbe à parte ins- partes requerer a juntada de do- da legislação específica.
truir a petição inicial ou a contes- cumento aos autos, o juiz ouvirá,
tação com os documentos desti- a seu respeito, a outra parte, que
nados a provar suas alegações. disporá do prazo de 15 (quinze)
Seção IX – Da Prova
Parágrafo único.  Quando o dias para adotar qualquer das Testemunhal
documento consistir em repro- posturas indicadas no art. 436. Subseção I – Da
dução cinematográfica ou fono- § 2o  Poderá o juiz, a reque- Admissibilidade e do Valor
gráfica, a parte deverá trazê-lo rimento da parte, dilatar o prazo
da Prova Testemunhal
nos termos do caput, mas sua para manifestação sobre a prova
exposição será realizada em audi- documental produzida, levando
ência, intimando-se previamente em consideração a quantidade e a Art. 442.  A prova testemunhal é
as partes. complexidade da documentação. sempre admissível, não dispondo
a lei de modo diverso.
Art. 435.  É lícito às partes, em Art. 438.  O juiz requisitará às
qualquer tempo, juntar aos au- repartições públicas, em qual- Art. 443.  O juiz indeferirá a in-
tos documentos novos, quando quer tempo ou grau de jurisdição: quirição de testemunhas sobre
destinados a fazer prova de fatos I – as certidões necessárias à fatos:
ocorridos depois dos articulados prova das alegações das partes; I – já provados por documento
ou para contrapô-los aos que fo- II – os procedimentos admi- ou confissão da parte;
ram produzidos nos autos. nistrativos nas causas em que II – que só por documento ou
Parágrafo único. Admite-se forem interessados a União, os por exame pericial puderem ser
também a juntada posterior de Estados, o Distrito Federal, os provados.
documentos formados após a Municípios ou entidades da ad-
petição inicial ou a contestação, ministração indireta. Art. 444.  Nos casos em que a lei
bem como dos que se tornaram § 1o  Recebidos os autos, o exigir prova escrita da obrigação,
conhecidos, acessíveis ou dispo- juiz mandará extrair, no prazo é admissível a prova testemunhal
níveis após esses atos, cabendo à máximo e improrrogável de 1 (um) quando houver começo de prova
parte que os produzir comprovar o mês, certidões ou reproduções por escrito, emanado da parte
motivo que a impediu de juntá-los fotográficas das peças que in- contra a qual se pretende pro-
anteriormente e incumbindo ao dicar e das que forem indicadas duzir a prova.
juiz, em qualquer caso, avaliar a pelas partes, e, em seguida, de-
conduta da parte de acordo com volverá os autos à repartição de Art. 445.  Também se admite
o art. 5o. origem. a prova testemunhal quando o
§ 2o  As repartições públicas credor não pode ou não podia,
Art. 436.  A parte, intimada a poderão fornecer todos os do- moral ou materialmente, obter a
falar sobre documento constante cumentos em meio eletrônico, prova escrita da obrigação, em
dos autos, poderá: conforme disposto em lei, certi- casos como o de parentesco, de
I – impugnar a admissibilidade ficando, pelo mesmo meio, que depósito necessário ou de hos-
da prova documental; se trata de extrato fiel do que pedagem em hotel ou em razão
II – impugnar sua autenti- consta em seu banco de dados das práticas comerciais do local
cidade; ou no documento digitalizado. onde contraída a obrigação.
III – suscitar sua falsidade,
com ou sem deflagração do in- Art. 446.  É lícito à parte provar
cidente de arguição de falsidade;
Seção VIII – Dos Documentos com testemunhas:
IV – manifestar-se sobre seu Eletrônicos I – nos contratos simulados, a
conteúdo. divergência entre a vontade real
Parágrafo único.  Nas hipó- Art. 439.  A utilização de docu- e a vontade declarada;
teses dos incisos II e III, a im- mentos eletrônicos no processo II – nos contratos em geral, os
pugnação deverá basear-se em convencional dependerá de sua vícios de consentimento.
argumentação específica, não conversão à forma impressa e da
se admitindo alegação genérica verificação de sua autenticidade, Art. 447.  Podem depor como
de falsidade. na forma da lei. testemunhas todas as pessoas,
exceto as incapazes, impedidas
Art. 437.  O réu manifestar-se-á Art. 440.  O juiz apreciará o valor ou suspeitas.
na contestação sobre os docu- probante do documento eletrôni- § 1o  São incapazes:
mentos anexados à inicial, e o co não convertido, assegurado I – o interdito por enfermidade
autor manifestar-se-á na réplica às partes o acesso ao seu teor. ou deficiência mental;

320
Código de Processo Civil
II – o que, acometido por en- munhas devem ser ouvidas na videoconferência ou outro recur-
fermidade ou retardamento men- sede do juízo. so tecnológico de transmissão e
tal, ao tempo em que ocorreram Parágrafo único.  Quando a recepção de sons e imagens em
os fatos, não podia discerni-los, parte ou a testemunha, por en- tempo real, o que poderá ocorrer,
ou, ao tempo em que deve depor, fermidade ou por outro motivo inclusive, durante a audiência de
não está habilitado a transmitir as relevante, estiver impossibilitada instrução e julgamento.
percepções; de comparecer, mas não de pres- § 2o  Os juízos deverão man-
III – o que tiver menos de 16 tar depoimento, o juiz designará, ter equipamento para a transmis-
(dezesseis) anos; conforme as circunstâncias, dia, são e recepção de sons e imagens
IV – o cego e o surdo, quando hora e lugar para inquiri-la. a que se refere o § 1o.
a ciência do fato depender dos
sentidos que lhes faltam. Art. 454.  São inquiridos em sua
§ 2o  São impedidos:
Subseção II – Da Produção residência ou onde exercem sua
I – o cônjuge, o companheiro, da Prova Testemunhal função:
o ascendente e o descendente I – o presidente e o vice-pre-
em qualquer grau e o colateral, Art. 450.  O rol de testemunhas sidente da República;
até o terceiro grau, de alguma conterá, sempre que possível, o II – os ministros de Estado;
das partes, por consanguinidade nome, a profissão, o estado civil, III – os ministros do Supremo
ou afinidade, salvo se o exigir o a idade, o número de inscrição Tribunal Federal, os conselheiros
interesse público ou, tratando- no Cadastro de Pessoas Físicas, do Conselho Nacional de Justiça
-se de causa relativa ao estado o número de registro de identi- e os ministros do Superior Tribu-
da pessoa, não se puder obter dade e o endereço completo da nal de Justiça, do Superior Tribu-
de outro modo a prova que o juiz residência e do local de trabalho. nal Militar, do Tribunal Superior
repute necessária ao julgamento Eleitoral, do Tribunal Superior do
do mérito; Art. 451.  Depois de apresentado Trabalho e do Tribunal de Contas
II – o que é parte na causa; o rol de que tratam os §§ 4o e 5o do da União;
III – o que intervém em nome art. 357, a parte só pode substituir IV – o procurador-geral da
de uma parte, como o tutor, o re- a testemunha: República e os conselheiros do
presentante legal da pessoa jurí- I – que falecer; Conselho Nacional do Ministério
dica, o juiz, o advogado e outros II – que, por enfermidade, não Público;
que assistam ou tenham assistido estiver em condições de depor; V – o advogado-geral da
as partes. III – que, tendo mudado de re- União, o procurador-geral do Es-
§ 3o  São suspeitos: sidência ou de local de trabalho, tado, o procurador-geral do Mu-
I – o inimigo da parte ou o seu não for encontrada. nicípio, o defensor público-geral
amigo íntimo; federal e o defensor público-geral
II – o que tiver interesse no Art. 452.  Quando for arrola- do Estado;
litígio. do como testemunha, o juiz da VI – os senadores e os depu-
§ 4o  Sendo necessário, pode causa: tados federais;
o juiz admitir o depoimento das I – declarar-se-á impedido, se VII – os governadores dos Es-
testemunhas menores, impedidas tiver conhecimento de fatos que tados e do Distrito Federal;
ou suspeitas. possam influir na decisão, caso VIII – o prefeito;
§ 5o  Os depoimentos referi- em que será vedado à parte que IX – os deputados estaduais
dos no § 4o serão prestados inde- o incluiu no rol desistir de seu e distritais;
pendentemente de compromisso, depoimento; X – os desembargadores dos
e o juiz lhes atribuirá o valor que II – se nada souber, mandará Tribunais de Justiça, dos Tribu-
possam merecer. excluir o seu nome. nais Regionais Federais, dos Tri-
bunais Regionais do Trabalho e
Art. 448.  A testemunha não é Art. 453.  As testemunhas de- dos Tribunais Regionais Eleitorais
obrigada a depor sobre fatos: põem, na audiência de instrução e os conselheiros dos Tribunais
I – que lhe acarretem grave e julgamento, perante o juiz da de Contas dos Estados e do Dis-
dano, bem como ao seu cônjuge causa, exceto: trito Federal;
ou companheiro e aos seus pa- I – as que prestam depoimen- XI – o procurador-geral de
rentes consanguíneos ou afins, to antecipadamente; justiça;
em linha reta ou colateral, até o II – as que são inquiridas por XII – o embaixador de país
terceiro grau; carta. que, por lei ou tratado, concede
II – a cujo respeito, por estado § 1o  A oitiva de testemunha idêntica prerrogativa a agente
ou profissão, deva guardar sigilo. que residir em comarca, seção diplomático do Brasil.
ou subseção judiciária diversa § 1o  O juiz solicitará à autori-
Art. 449.  Salvo disposição es- daquela onde tramita o processo dade que indique dia, hora e local
pecial em contrário, as teste- poderá ser realizada por meio de a fim de ser inquirida, remeten-

321
Código de Processo Civil
do-lhe cópia da petição inicial ou timada na forma do §  1o ou do objeto da atividade probatória ou
da defesa oferecida pela parte § 4o, deixar de comparecer sem importarem repetição de outra já
que a arrolou como testemunha. motivo justificado será conduzida respondida.
§ 2o  Passado 1 (um) mês sem e responderá pelas despesas do § 1o  O juiz poderá inquirir a
manifestação da autoridade, o juiz adiamento. testemunha tanto antes quanto
designará dia, hora e local para o depois da inquirição feita pelas
depoimento, preferencialmente Art. 456.  O juiz inquirirá as tes- partes.
na sede do juízo. temunhas separada e sucessi- § 2o  As testemunhas devem
§ 3o  O juiz também designa- vamente, primeiro as do autor e ser tratadas com urbanidade, não
rá dia, hora e local para o depoi- depois as do réu, e providenciará se lhes fazendo perguntas ou
mento, quando a autoridade não para que uma não ouça o depoi- considerações impertinentes,
comparecer, injustificadamente, mento das outras. capciosas ou vexatórias.
à sessão agendada para a colheita Parágrafo único.  O juiz pode- § 3o  As perguntas que o juiz
de seu testemunho no dia, hora rá alterar a ordem estabelecida no indeferir serão transcritas no ter-
e local por ela mesma indicados. caput se as partes concordarem. mo, se a parte o requerer.

Art. 455.  Cabe ao advogado da Art. 457.  Antes de depor, a tes- Art. 460.  O depoimento poderá
parte informar ou intimar a tes- temunha será qualificada, decla- ser documentado por meio de
temunha por ele arrolada do dia, rará ou confirmará seus dados gravação.
da hora e do local da audiência e informará se tem relações de § 1o  Quando digitado ou re-
designada, dispensando-se a in- parentesco com a parte ou in- gistrado por taquigrafia, este-
timação do juízo. teresse no objeto do processo. notipia ou outro método idôneo
§ 1o  A intimação deverá ser § 1o  É lícito à parte contradi- de documentação, o depoimen-
realizada por carta com aviso tar a testemunha, arguindo-lhe a to será assinado pelo juiz, pelo
de recebimento, cumprindo ao incapacidade, o impedimento ou depoente e pelos procuradores.
advogado juntar aos autos, com a suspeição, bem como, caso a § 2o  Se houver recurso em
antecedência de pelo menos 3 testemunha negue os fatos que processo em autos não eletrôni-
(três) dias da data da audiência, lhe são imputados, provar a con- cos, o depoimento somente será
cópia da correspondência de in- tradita com documentos ou com digitado quando for impossível
timação e do comprovante de testemunhas, até 3 (três), apre- o envio de sua documentação
recebimento. sentadas no ato e inquiridas em eletrônica.
§ 2o  A parte pode compro- separado. § 3o  Tratando-se de autos
meter-se a levar a testemunha § 2o  Sendo provados ou con- eletrônicos, observar-se-á o dis-
à audiência, independentemente fessados os fatos a que se refere posto neste Código e na legisla-
da intimação de que trata o § 1o, o § 1o, o juiz dispensará a testemu- ção específica sobre a prática
presumindo-se, caso a testemu- nha ou lhe tomará o depoimento eletrônica de atos processuais.
nha não compareça, que a parte como informante.
desistiu de sua inquirição. § 3o  A testemunha pode re- Art. 461.  O juiz pode ordenar, de
§ 3o  A inércia na realização querer ao juiz que a escuse de ofício ou a requerimento da parte:
da intimação a que se refere o § 1o depor, alegando os motivos pre- I – a inquirição de testemu-
importa desistência da inquirição vistos neste Código, decidindo nhas referidas nas declarações
da testemunha. o juiz de plano após ouvidas as da parte ou das testemunhas;
§ 4o  A intimação será feita partes. II – a acareação de 2 (duas) ou
pela via judicial quando: mais testemunhas ou de alguma
I – for frustrada a intimação Art. 458.  Ao início da inquirição, delas com a parte, quando, sobre
prevista no § 1o deste artigo; a testemunha prestará o com- fato determinado que possa influir
II – sua necessidade for devi- promisso de dizer a verdade do na decisão da causa, divergirem
damente demonstrada pela parte que souber e lhe for perguntado. as suas declarações.
ao juiz; Parágrafo único.  O juiz adver- § 1o  Os acareados serão re-
III – figurar no rol de testemu- tirá à testemunha que incorre em perguntados para que expliquem
nhas servidor público ou militar, sanção penal quem faz afirmação os pontos de divergência, redu-
hipótese em que o juiz o requisi- falsa, cala ou oculta a verdade. zindo-se a termo o ato de aca-
tará ao chefe da repartição ou ao reação.
comando do corpo em que servir; Art. 459.  As perguntas serão § 2o  A acareação pode ser
IV – a testemunha houver sido formuladas pelas partes direta- realizada por videoconferência ou
arrolada pelo Ministério Público mente à testemunha, começando por outro recurso tecnológico de
ou pela Defensoria Pública; pela que a arrolou, não admitin- transmissão de sons e imagens
V – a testemunha for uma do o juiz aquelas que puderem em tempo real.
daquelas previstas no art. 454. induzir a resposta, não tiverem
§ 5o  A testemunha que, in- relação com as questões de fato Art. 462.  A testemunha pode

322
Código de Processo Civil
requerer ao juiz o pagamento da tro de 15 (quinze) dias contados Art. 467.  O perito pode escusar-
despesa que efetuou para compa- da intimação do despacho de -se ou ser recusado por impedi-
recimento à audiência, devendo a nomeação do perito: mento ou suspeição.
parte pagá-la logo que arbitrada I – arguir o impedimento ou a Parágrafo único.  O juiz, ao
ou depositá-la em cartório dentro suspeição do perito, se for o caso; aceitar a escusa ou ao julgar pro-
de 3 (três) dias. II – indicar assistente técnico; cedente a impugnação, nomeará
III – apresentar quesitos. novo perito.
Art. 463.  O depoimento presta- § 2o  Ciente da nomeação,
do em juízo é considerado servi- o perito apresentará em 5 (cin- Art. 468.  O perito pode ser subs-
ço público. co) dias: tituído quando:
Parágrafo único.  A testemu- I – proposta de honorários; I – faltar-lhe conhecimento
nha, quando sujeita ao regime da II – currículo, com comprova- técnico ou científico;
legislação trabalhista, não sofre, ção de especialização; II – sem motivo legítimo, dei-
por comparecer à audiência, per- III – contatos profissionais, xar de cumprir o encargo no prazo
da de salário nem desconto no em especial o endereço eletrô- que lhe foi assinado.
tempo de serviço. nico, para onde serão dirigidas § 1o  No caso previsto no in-
as intimações pessoais. ciso II, o juiz comunicará a ocor-
§ 3o  As partes serão intima- rência à corporação profissional
Seção X – Da Prova Pericial das da proposta de honorários respectiva, podendo, ainda, impor
para, querendo, manifestar-se multa ao perito, fixada tendo em
Art. 464.  A prova pericial con- no prazo comum de 5 (cinco) dias, vista o valor da causa e o possível
siste em exame, vistoria ou ava- após o que o juiz arbitrará o valor, prejuízo decorrente do atraso no
liação. intimando-se as partes para os processo.
§ 1o  O juiz indeferirá a perí- fins do art. 95. § 2o  O perito substituído res-
cia quando: § 4o  O juiz poderá autorizar o tituirá, no prazo de 15 (quinze)
I – a prova do fato não depen- pagamento de até cinquenta por dias, os valores recebidos pelo
der de conhecimento especial cento dos honorários arbitrados a trabalho não realizado, sob pena
de técnico; favor do perito no início dos tra- de ficar impedido de atuar como
II – for desnecessária em vis- balhos, devendo o remanescente perito judicial pelo prazo de 5
ta de outras provas produzidas; ser pago apenas ao final, depois (cinco) anos.
III – a verificação for impra- de entregue o laudo e prestados § 3o  Não ocorrendo a resti-
ticável. todos os esclarecimentos ne- tuição voluntária de que trata o
§ 2o  De ofício ou a requeri- cessários. § 2o, a parte que tiver realizado o
mento das partes, o juiz poderá, § 5o  Quando a perícia for in- adiantamento dos honorários po-
em substituição à perícia, de- conclusiva ou deficiente, o juiz derá promover execução contra
terminar a produção de prova poderá reduzir a remuneração o perito, na forma dos arts. 513 e
técnica simplificada, quando o inicialmente arbitrada para o seguintes deste Código, com fun-
ponto controvertido for de menor trabalho. damento na decisão que deter-
complexidade. § 6o  Quando tiver de reali- minar a devolução do numerário.
§ 3o  A prova técnica sim- zar-se por carta, poder-se-á pro-
plificada consistirá apenas na ceder à nomeação de perito e à Art. 469.  As partes poderão
inquirição de especialista, pelo indicação de assistentes técnicos apresentar quesitos suplemen-
juiz, sobre ponto controvertido da no juízo ao qual se requisitar a tares durante a diligência, que
causa que demande especial co- perícia. poderão ser respondidos pelo
nhecimento científico ou técnico. perito previamente ou na audi-
§ 4o  Durante a arguição, o Art. 466.  O perito cumprirá es- ência de instrução e julgamento.
especialista, que deverá ter for- crupulosamente o encargo que Parágrafo único.  O escrivão
mação acadêmica específica na lhe foi cometido, independente- dará à parte contrária ciência da
área objeto de seu depoimento, mente de termo de compromisso. juntada dos quesitos aos autos.
poderá valer-se de qualquer re- § 1o  Os assistentes técnicos
curso tecnológico de transmissão são de confiança da parte e não Art. 470.  Incumbe ao juiz:
de sons e imagens com o fim de estão sujeitos a impedimento ou I – indeferir quesitos imper-
esclarecer os pontos controver- suspeição. tinentes;
tidos da causa. § 2o  O perito deve assegu- II – formular os quesitos que
rar aos assistentes das partes o entender necessários ao escla-
Art. 465.  O juiz nomeará perito acesso e o acompanhamento das recimento da causa.
especializado no objeto da perícia diligências e dos exames que re-
e fixará de imediato o prazo para alizar, com prévia comunicação, Art. 471.  As partes podem, de
a entrega do laudo. comprovada nos autos, com ante- comum acordo, escolher o perito,
§ 1o  Incumbe às partes, den- cedência mínima de 5 (cinco) dias. indicando-o mediante requeri-

323
Código de Processo Civil
mento, desde que: informações, solicitando docu- sob forma de quesitos.
I – sejam plenamente capa- mentos que estejam em poder § 4o  O perito ou o assistente
zes; da parte, de terceiros ou em re- técnico será intimado por meio
II – a causa possa ser resolvi- partições públicas, bem como eletrônico, com pelo menos 10
da por autocomposição. instruir o laudo com planilhas, (dez) dias de antecedência da
§ 1o  As partes, ao escolher o mapas, plantas, desenhos, fo- audiência.
perito, já devem indicar os res- tografias ou outros elementos
pectivos assistentes técnicos necessários ao esclarecimento Art. 478.  Quando o exame tiver
para acompanhar a realização da do objeto da perícia. por objeto a autenticidade ou a
perícia, que se realizará em data falsidade de documento ou for de
e local previamente anunciados. Art. 474.  As partes terão ciência natureza médico-legal, o perito
§ 2o  O perito e os assistentes da data e do local designados pelo será escolhido, de preferência,
técnicos devem entregar, respec- juiz ou indicados pelo perito para entre os técnicos dos estabeleci-
tivamente, laudo e pareceres em ter início a produção da prova. mentos oficiais especializados, a
prazo fixado pelo juiz. cujos diretores o juiz autorizará a
§ 3o  A perícia consensual Art. 475.  Tratando-se de perí- remessa dos autos, bem como do
substitui, para todos os efeitos, cia complexa que abranja mais material sujeito a exame.
a que seria realizada por perito de uma área de conhecimen- § 1o  Nas hipóteses de gra-
nomeado pelo juiz. to especializado, o juiz poderá tuidade de justiça, os órgãos e
nomear mais de um perito, e a as repartições oficiais deverão
Art. 472.  O juiz poderá dispensar parte, indicar mais de um assis- cumprir a determinação judicial
prova pericial quando as partes, tente técnico. com preferência, no prazo esta-
na inicial e na contestação, apre- belecido.
sentarem, sobre as questões de Art. 476.  Se o perito, por motivo § 2o  A prorrogação do prazo
fato, pareceres técnicos ou do- justificado, não puder apresentar referido no § 1o pode ser requerida
cumentos elucidativos que con- o laudo dentro do prazo, o juiz motivadamente.
siderar suficientes. poderá conceder-lhe, por uma § 3o  Quando o exame tiver
vez, prorrogação pela metade por objeto a autenticidade da
Art. 473.  O laudo pericial de- do prazo originalmente fixado. letra e da firma, o perito poderá
verá conter: requisitar, para efeito de compa-
I – a exposição do objeto da Art. 477.  O perito protocolará o ração, documentos existentes em
perícia; laudo em juízo, no prazo fixado repartições públicas e, na falta
II – a análise técnica ou cien- pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) destes, poderá requerer ao juiz
tífica realizada pelo perito; dias antes da audiência de ins- que a pessoa a quem se atribuir
III – a indicação do método trução e julgamento. a autoria do documento lance em
utilizado, esclarecendo-o e de- § 1o  As partes serão intima- folha de papel, por cópia ou sob
monstrando ser predominante- das para, querendo, manifestar- ditado, dizeres diferentes, para
mente aceito pelos especialistas -se sobre o laudo do perito do fins de comparação.
da área do conhecimento da qual juízo no prazo comum de 15 (quin-
se originou; ze) dias, podendo o assistente Art. 479.  O juiz apreciará a prova
IV – resposta conclusiva a técnico de cada uma das partes, pericial de acordo com o disposto
todos os quesitos apresentados em igual prazo, apresentar seu no art. 371, indicando na sentença
pelo juiz, pelas partes e pelo órgão respectivo parecer. os motivos que o levaram a con-
do Ministério Público. § 2o  O perito do juízo tem o siderar ou a deixar de considerar
§ 1o  No laudo, o perito deve dever de, no prazo de 15 (quinze) as conclusões do laudo, levan-
apresentar sua fundamentação dias, esclarecer ponto: do em conta o método utilizado
em linguagem simples e com co- I – sobre o qual exista diver- pelo perito.
erência lógica, indicando como gência ou dúvida de qualquer
alcançou suas conclusões. das partes, do juiz ou do órgão Art. 480.  O juiz determinará,
§ 2o  É vedado ao perito ultra- do Ministério Público; de ofício ou a requerimento da
passar os limites de sua designa- II – divergente apresentado parte, a realização de nova perí-
ção, bem como emitir opiniões no parecer do assistente técni- cia quando a matéria não estiver
pessoais que excedam o exame co da parte. suficientemente esclarecida.
técnico ou científico do objeto § 3o  Se ainda houver neces- § 1o  A segunda perícia tem
da perícia. sidade de esclarecimentos, a par- por objeto os mesmos fatos sobre
§ 3o  Para o desempenho de te requererá ao juiz que mande os quais recaiu a primeira e desti-
sua função, o perito e os assis- intimar o perito ou o assistente na-se a corrigir eventual omissão
tentes técnicos podem valer-se técnico a comparecer à audiência ou inexatidão dos resultados a
de todos os meios necessários, de instrução e julgamento, formu- que esta conduziu.
ouvindo testemunhas, obtendo lando, desde logo, as perguntas, § 2o  A segunda perícia rege-

324
Código de Processo Civil
-se pelas disposições estabele- II – o processo ficar parado tratar-se.
cidas para a primeira. durante mais de 1 (um) ano por
§ 3o  A segunda perícia não negligência das partes; Art. 486.  O pronunciamento ju-
substitui a primeira, cabendo ao III – por não promover os atos dicial que não resolve o mérito
juiz apreciar o valor de uma e e as diligências que lhe incumbir, não obsta a que a parte proponha
de outra. o autor abandonar a causa por de novo a ação.
mais de 30 (trinta) dias; § 1o  No caso de extinção em
IV – verificar a ausência de razão de litispendência e nos ca-
Seção XI – Da Inspeção pressupostos de constituição e sos dos incisos I, IV, VI e VII do
Judicial de desenvolvimento válido e re- art.  485, a propositura da nova
gular do processo; ação depende da correção do
Art. 481.  O juiz, de ofício ou a V – reconhecer a existência vício que levou à sentença sem
requerimento da parte, pode, em de perempção, de litispendência resolução do mérito.
qualquer fase do processo, ins- ou de coisa julgada; § 2o  A petição inicial, todavia,
pecionar pessoas ou coisas, a VI – verificar ausência de le- não será despachada sem a pro-
fim de se esclarecer sobre fato gitimidade ou de interesse pro- va do pagamento ou do depósito
que interesse à decisão da causa. cessual; das custas e dos honorários de
VII – acolher a alegação de advogado.
Art. 482.  Ao realizar a inspeção, existência de convenção de arbi- § 3o  Se o autor der causa, por
o juiz poderá ser assistido por um tragem ou quando o juízo arbitral 3 (três) vezes, a sentença fundada
ou mais peritos. reconhecer sua competência; em abandono da causa, não po-
VIII – homologar a desistên- derá propor nova ação contra o
Art. 483.  O juiz irá ao local onde cia da ação; réu com o mesmo objeto, fican-
se encontre a pessoa ou a coisa IX – em caso de morte da par- do-lhe ressalvada, entretanto, a
quando: te, a ação for considerada intrans- possibilidade de alegar em defesa
I – julgar necessário para a missível por disposição legal; e o seu direito.
melhor verificação ou interpreta- X – nos demais casos pres-
ção dos fatos que deva observar; critos neste Código. Art. 487.  Haverá resolução de
II – a coisa não puder ser § 1o  Nas hipóteses descritas mérito quando o juiz:
apresentada em juízo sem con- nos incisos II e III, a parte será in- I – acolher ou rejeitar o pe-
sideráveis despesas ou graves timada pessoalmente para suprir dido formulado na ação ou na
dificuldades; a falta no prazo de 5 (cinco) dias. reconvenção;
III – determinar a reconstitui- § 2o  No caso do § 1o, quanto II – decidir, de ofício ou a re-
ção dos fatos. ao inciso II, as partes pagarão querimento, sobre a ocorrência
Parágrafo único.  As partes proporcionalmente as custas, e, de decadência ou prescrição;
têm sempre direito a assistir à quanto ao inciso III, o autor será III – homologar:
inspeção, prestando esclareci- condenado ao pagamento das a)  o reconhecimento da pro-
mentos e fazendo observações despesas e dos honorários de cedência do pedido formulado na
que considerem de interesse para advogado. ação ou na reconvenção;
a causa. § 3o  O juiz conhecerá de ofí- b)  a transação;
cio da matéria constante dos in- c)  a renúncia à pretensão
Art. 484.  Concluída a diligên- cisos IV, V, VI e IX, em qualquer formulada na ação ou na recon-
cia, o juiz mandará lavrar auto tempo e grau de jurisdição, en- venção.
circunstanciado, mencionando quanto não ocorrer o trânsito Parágrafo único. Ressalvada
nele tudo quanto for útil ao jul- em julgado. a hipótese do § 1o do art. 332, a
gamento da causa. § 4o  Oferecida a contesta- prescrição e a decadência não se-
Parágrafo único.  O auto po- ção, o autor não poderá, sem o rão reconhecidas sem que antes
derá ser instruído com desenho, consentimento do réu, desistir seja dada às partes oportunidade
gráfico ou fotografia. da ação. de manifestar-se.
§ 5o  A desistência da ação
pode ser apresentada até a sen- Art. 488.  Desde que possível,
CAPÍTULO XIII – DA tença. o juiz resolverá o mérito sempre
SENTENÇA E DA COISA § 6o  Oferecida a contesta- que a decisão for favorável à par-
JULGADA ção, a extinção do processo por te a quem aproveitaria eventual
abandono da causa pelo autor pronunciamento nos termos do
Seção I – Disposições Gerais depende de requerimento do réu. art. 485.
§ 7o  Interposta a apelação
Art. 485.  O juiz não resolverá o em qualquer dos casos de que
mérito quando: tratam os incisos deste artigo,
I – indeferir a petição inicial; o juiz terá 5 (cinco) dias para re-

325
Código de Processo Civil
Seção II – Dos Elementos e jugação de todos os seus ele- cio ou a requerimento da parte,
dos Efeitos da Sentença mentos e em conformidade com inexatidões materiais ou erros
o princípio da boa-fé. de cálculo;
Art. 489.  São elementos essen- II – por meio de embargos de
ciais da sentença: Art. 490.  O juiz resolverá o mé- declaração.
I – o relatório, que conterá os rito acolhendo ou rejeitando, no
nomes das partes, a identificação todo ou em parte, os pedidos Art. 495.  A decisão que conde-
do caso, com a suma do pedido e formulados pelas partes. nar o réu ao pagamento de pres-
da contestação, e o registro das tação consistente em dinheiro e
principais ocorrências havidas no Art. 491.  Na ação relativa à obri- a que determinar a conversão
andamento do processo; gação de pagar quantia, ainda de prestação de fazer, de não
II – os fundamentos, em que que formulado pedido genérico, fazer ou de dar coisa em pres-
o juiz analisará as questões de a decisão definirá desde logo a tação pecuniária valerão como
fato e de direito; extensão da obrigação, o índice título constitutivo de hipoteca
III – o dispositivo, em que o de correção monetária, a taxa de judiciária.
juiz resolverá as questões prin- juros, o termo inicial de ambos e § 1o  A decisão produz a hipo-
cipais que as partes lhe subme- a periodicidade da capitalização teca judiciária:
terem. dos juros, se for o caso, salvo I – embora a condenação seja
§ 1o  Não se considera funda- quando: genérica;
mentada qualquer decisão judi- I – não for possível determi- II – ainda que o credor possa
cial, seja ela interlocutória, sen- nar, de modo definitivo, o mon- promover o cumprimento provisó-
tença ou acórdão, que: tante devido; rio da sentença ou esteja penden-
I – se limitar à indicação, à II – a apuração do valor de- te arresto sobre bem do devedor;
reprodução ou à paráfrase de vido depender da produção de III – mesmo que impugna-
ato normativo, sem explicar sua prova de realização demorada da por recurso dotado de efeito
relação com a causa ou a ques- ou excessivamente dispendiosa, suspensivo.
tão decidida; assim reconhecida na sentença. § 2o  A hipoteca judiciária po-
II – empregar conceitos jurí- § 1o  Nos casos previstos nes- derá ser realizada mediante apre-
dicos indeterminados, sem ex- te artigo, seguir-se-á a apuração sentação de cópia da sentença
plicar o motivo concreto de sua do valor devido por liquidação. perante o cartório de registro
incidência no caso; § 2o  O disposto no caput tam- imobiliário, independentemente
III – invocar motivos que se bém se aplica quando o acórdão de ordem judicial, de declaração
prestariam a justificar qualquer alterar a sentença. expressa do juiz ou de demons-
outra decisão; tração de urgência.
IV – não enfrentar todos os ar- Art. 492.  É vedado ao juiz pro- § 3o  No prazo de até 15 (quin-
gumentos deduzidos no processo ferir decisão de natureza diversa ze) dias da data de realização da
capazes de, em tese, infirmar a da pedida, bem como condenar hipoteca, a parte informá-la-á ao
conclusão adotada pelo julgador; a parte em quantidade superior juízo da causa, que determinará
V – se limitar a invocar pre- ou em objeto diverso do que lhe a intimação da outra parte para
cedente ou enunciado de súmula, foi demandado. que tome ciência do ato.
sem identificar seus fundamentos Parágrafo único.  A decisão § 4o  A hipoteca judiciária,
determinantes nem demonstrar deve ser certa, ainda que resol- uma vez constituída, implicará,
que o caso sob julgamento se va relação jurídica condicional. para o credor hipotecário, o di-
ajusta àqueles fundamentos; reito de preferência, quanto ao
VI – deixar de seguir enuncia- Art. 493.  Se, depois da propo- pagamento, em relação a outros
do de súmula, jurisprudência ou situra da ação, algum fato cons- credores, observada a prioridade
precedente invocado pela parte, titutivo, modificativo ou extintivo no registro.
sem demonstrar a existência de do direito influir no julgamento do § 5o  Sobrevindo a reforma
distinção no caso em julgamento mérito, caberá ao juiz tomá-lo em ou a invalidação da decisão que
ou a superação do entendimento. consideração, de ofício ou a re- impôs o pagamento de quantia, a
§ 2o  No caso de colisão en- querimento da parte, no momento parte responderá, independente-
tre normas, o juiz deve justificar de proferir a decisão. mente de culpa, pelos danos que
o objeto e os critérios gerais da Parágrafo único.  Se cons- a outra parte tiver sofrido em ra-
ponderação efetuada, enunciando tatar de ofício o fato novo, o juiz zão da constituição da garantia,
as razões que autorizam a inter- ouvirá as partes sobre ele antes devendo o valor da indenização
ferência na norma afastada e as de decidir. ser liquidado e executado nos
premissas fáticas que fundamen- próprios autos.
tam a conclusão. Art. 494.  Publicada a sentença,
§ 3o  A decisão judicial deve o juiz só poderá alterá-la:
ser interpretada a partir da con- I – para corrigir-lhe, de ofí-

326
Código de Processo Civil
Seção III – Da Remessa próprio ente público, consolidada não emitida.
Necessária em manifestação, parecer ou sú-
mula administrativa.
Art. 496.  Está sujeita ao duplo
Seção V – Da Coisa Julgada
grau de jurisdição, não produzin-
do efeito senão depois de confir-
Seção IV – Do Julgamento Art. 502.  Denomina-se coisa
mada pelo tribunal, a sentença: das Ações Relativas às julgada material a autoridade que
I – proferida contra a União, Prestações de Fazer, de Não torna imutável e indiscutível a de-
os Estados, o Distrito Federal, Fazer e de Entregar Coisa cisão de mérito não mais sujeita
os Municípios e suas respecti- a recurso.
vas autarquias e fundações de Art. 497.  Na ação que tenha por
direito público; objeto a prestação de fazer ou de Art. 503.  A decisão que julgar
II – que julgar procedentes, no não fazer, o juiz, se procedente o total ou parcialmente o mérito
todo ou em parte, os embargos à pedido, concederá a tutela espe- tem força de lei nos limites da
execução fiscal. cífica ou determinará providên- questão principal expressamente
§ 1o  Nos casos previstos nes- cias que assegurem a obtenção decidida.
te artigo, não interposta a apela- de tutela pelo resultado prático § 1o  O disposto no caput apli-
ção no prazo legal, o juiz ordenará equivalente. ca-se à resolução de questão
a remessa dos autos ao tribunal, Parágrafo único.  Para a con- prejudicial, decidida expressa e
e, se não o fizer, o presidente do cessão da tutela específica desti- incidentemente no processo, se:
respectivo tribunal avocá-los-á. nada a inibir a prática, a reitera- I – dessa resolução depender
§ 2o  Em qualquer dos casos ção ou a continuação de um ilícito, o julgamento do mérito;
referidos no § 1o, o tribunal julgará ou a sua remoção, é irrelevante a II – a seu respeito tiver havido
a remessa necessária. demonstração da ocorrência de contraditório prévio e efetivo, não
§ 3o  Não se aplica o dispos- dano ou da existência de culpa se aplicando no caso de revelia;
to neste artigo quando a conde- ou dolo. III – o juízo tiver competência
nação ou o proveito econômico em razão da matéria e da pessoa
obtido na causa for de valor certo Art. 498.  Na ação que tenha por para resolvê-la como questão
e líquido inferior a: objeto a entrega de coisa, o juiz, principal.
I – 1.000 (mil) salários míni- ao conceder a tutela específica, § 2o  A hipótese do §  1o não
mos para a União e as respec- fixará o prazo para o cumprimento se aplica se no processo houver
tivas autarquias e fundações de da obrigação. restrições probatórias ou limita-
direito público; Parágrafo único. Tratando-se ções à cognição que impeçam o
II – 500 (quinhentos) salá- de entrega de coisa determinada aprofundamento da análise da
rios mínimos para os Estados, o pelo gênero e pela quantidade, o questão prejudicial.
Distrito Federal, as respectivas autor individualizá-la-á na petição
autarquias e fundações de di- inicial, se lhe couber a escolha, Art. 504.  Não fazem coisa jul-
reito público e os Municípios que ou, se a escolha couber ao réu, gada:
constituam capitais dos Estados; este a entregará individualizada, I – os motivos, ainda que im-
III – 100 (cem) salários míni- no prazo fixado pelo juiz. portantes para determinar o al-
mos para todos os demais Muni- cance da parte dispositiva da
cípios e respectivas autarquias Art. 499.  A obrigação somente sentença;
e fundações de direito público. será convertida em perdas e da- II – a verdade dos fatos, es-
§ 4o  Também não se aplica nos se o autor o requerer ou se tabelecida como fundamento da
o disposto neste artigo quando impossível a tutela específica ou a sentença.
a sentença estiver fundada em: obtenção de tutela pelo resultado
I – súmula de tribunal supe- prático equivalente. Art. 505.  Nenhum juiz decidirá
rior; novamente as questões já decidi-
II – acórdão proferido pelo Art. 500.  A indenização por per- das relativas à mesma lide, salvo:
Supremo Tribunal Federal ou pelo das e danos dar-se-á sem prejuízo I – se, tratando-se de relação
Superior Tribunal de Justiça em da multa fixada periodicamente jurídica de trato continuado, so-
julgamento de recursos repe- para compelir o réu ao cumpri- breveio modificação no estado de
titivos; mento específico da obrigação. fato ou de direito, caso em que
III – entendimento firmado poderá a parte pedir a revisão
em incidente de resolução de Art. 501.  Na ação que tenha por do que foi estatuído na sentença;
demandas repetitivas ou de as- objeto a emissão de declaração II – nos demais casos pres-
sunção de competência; de vontade, a sentença que julgar critos em lei.
IV – entendimento coinciden- procedente o pedido, uma vez
te com orientação vinculante fir- transitada em julgado, produzirá Art. 506.  A sentença faz coisa
mada no âmbito administrativo do todos os efeitos da declaração julgada às partes entre as quais é

327
Código de Processo Civil
dada, não prejudicando terceiros. Art. 511.  Na liquidação pelo pro- a intimação quando o devedor
cedimento comum, o juiz deter- houver mudado de endereço sem
Art. 507.  É vedado à parte discu- minará a intimação do requerido, prévia comunicação ao juízo, ob-
tir no curso do processo as ques- na pessoa de seu advogado ou da servado o disposto no parágrafo
tões já decididas a cujo respeito sociedade de advogados a que único do art. 274.
se operou a preclusão. estiver vinculado, para, querendo, § 4o  Se o requerimento a que
apresentar contestação no prazo alude o § 1o for formulado após 1
Art. 508.  Transitada em julgado de 15 (quinze) dias, observando- (um) ano do trânsito em julgado da
a decisão de mérito, conside- -se, a seguir, no que couber, o sentença, a intimação será feita
rar-se-ão deduzidas e repelidas disposto no Livro I da Parte Es- na pessoa do devedor, por meio
todas as alegações e as defesas pecial deste Código. de carta com aviso de recebi-
que a parte poderia opor tanto mento encaminhada ao endereço
ao acolhimento quanto à rejeição Art. 512.  A liquidação poderá constante dos autos, observado
do pedido. ser realizada na pendência de o disposto no parágrafo único
recurso, processando-se em au- do art. 274 e no § 3o deste artigo.
tos apartados no juízo de origem, § 5o  O cumprimento da sen-
CAPÍTULO XIV – DA cumprindo ao liquidante instruir tença não poderá ser promovido
LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA o pedido com cópias das peças em face do fiador, do coobrigado
processuais pertinentes. ou do corresponsável que não
Art. 509.  Quando a sentença tiver participado da fase de co-
condenar ao pagamento de quan- nhecimento.
tia ilíquida, proceder-se-á à sua TÍTULO II – DO
liquidação, a requerimento do CUMPRIMENTO DA Art. 514.  Quando o juiz decidir
credor ou do devedor: SENTENÇA relação jurídica sujeita a condi-
I – por arbitramento, quan- ção ou termo, o cumprimento da
do determinado pela sentença, CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES sentença dependerá de demons-
convencionado pelas partes ou GERAIS tração de que se realizou a con-
exigido pela natureza do objeto dição ou de que ocorreu o termo.
da liquidação; Art. 513.  O cumprimento da
II – pelo procedimento co- sentença será feito segundo as Art. 515.  São títulos executivos
mum, quando houver necessida- regras deste Título, observando- judiciais, cujo cumprimento dar-
de de alegar e provar fato novo. -se, no que couber e conforme a -se-á de acordo com os artigos
§ 1o  Quando na sentença hou- natureza da obrigação, o dispos- previstos neste Título:
ver uma parte líquida e outra ilí- to no Livro II da Parte Especial I – as decisões proferidas no
quida, ao credor é lícito promo- deste Código. processo civil que reconheçam
ver simultaneamente a execução § 1o  O cumprimento da sen- a exigibilidade de obrigação de
daquela e, em autos apartados, a tença que reconhece o dever de pagar quantia, de fazer, de não
liquidação desta. pagar quantia, provisório ou de- fazer ou de entregar coisa;
§ 2o  Quando a apuração do finitivo, far-se-á a requerimento II – a decisão homologatória
valor depender apenas de cál- do exequente. de autocomposição judicial;
culo aritmético, o credor poderá § 2o  O devedor será intimado III – a decisão homologatória
promover, desde logo, o cumpri- para cumprir a sentença: de autocomposição extrajudicial
mento da sentença. I – pelo Diário da Justiça, na de qualquer natureza;
§ 3o  O Conselho Nacional de pessoa de seu advogado consti- IV – o formal e a certidão de
Justiça desenvolverá e colocará à tuído nos autos; partilha, exclusivamente em re-
disposição dos interessados pro- II – por carta com aviso de re- lação ao inventariante, aos her-
grama de atualização financeira. cebimento, quando representado deiros e aos sucessores a título
§ 4o  Na liquidação é vedado pela Defensoria Pública ou quan- singular ou universal;
discutir de novo a lide ou modi- do não tiver procurador cons- V – o crédito de auxiliar da
ficar a sentença que a julgou. tituído nos autos, ressalvada a justiça, quando as custas, emo-
hipótese do inciso IV; lumentos ou honorários tiverem
Art. 510.  Na liquidação por arbi- III – por meio eletrôni- sido aprovados por decisão ju-
tramento, o juiz intimará as partes co, quando, no caso do §  1o do dicial;
para a apresentação de pareceres art.  246, não tiver procurador VI – a sentença penal con-
ou documentos elucidativos, no constituído nos autos; denatória transitada em julgado;
prazo que fixar, e, caso não possa IV – por edital, quando, citado VII – a sentença arbitral;
decidir de plano, nomeará perito, na forma do art. 256, tiver sido VIII – a sentença estrangeira
observando-se, no que couber, o revel na fase de conhecimento. homologada pelo Superior Tribu-
procedimento da prova pericial. § 3o  Na hipótese do § 2o, inci- nal de Justiça;
sos II e III, considera-se realizada IX – a decisão interlocutória

328
Código de Processo Civil
estrangeira, após a concessão e sob sua responsabilidade, a efeito a execução;
do exequatur à carta rogatória anotação da propositura da ação IV – o levantamento de de-
pelo Superior Tribunal de Justiça; à margem do título protestado. pósito em dinheiro e a prática de
X – (Vetado). § 4o  A requerimento do exe- atos que importem transferência
§ 1o  Nos casos dos incisos cutado, o protesto será cance- de posse ou alienação de proprie-
VI a IX, o devedor será citado no lado por determinação do juiz, dade ou de outro direito real, ou
juízo cível para o cumprimento da mediante ofício a ser expedido dos quais possa resultar grave
sentença ou para a liquidação no ao cartório, no prazo de 3 (três) dano ao executado, dependem de
prazo de 15 (quinze) dias. dias, contado da data de proto- caução suficiente e idônea, arbi-
§ 2o  A autocomposição judi- colo do requerimento, desde que trada de plano pelo juiz e prestada
cial pode envolver sujeito estra- comprovada a satisfação integral nos próprios autos.
nho ao processo e versar sobre da obrigação. § 1o  No cumprimento provi-
relação jurídica que não tenha sório da sentença, o executado
sido deduzida em juízo. Art. 518.  Todas as questões rela- poderá apresentar impugnação,
tivas à validade do procedimento se quiser, nos termos do art. 525.
Art. 516.  O cumprimento da sen- de cumprimento da sentença e § 2o  A multa e os honorários
tença efetuar-se-á perante: dos atos executivos subsequen- a que se refere o § 1o do art. 523
I – os tribunais, nas causas tes poderão ser arguidas pelo são devidos no cumprimento pro-
de sua competência originária; executado nos próprios autos e visório de sentença condenatória
II – o juízo que decidiu a causa nestes serão decididas pelo juiz. ao pagamento de quantia certa.
no primeiro grau de jurisdição; § 3o  Se o executado com-
III – o juízo cível competente, Art. 519.  Aplicam-se as disposi- parecer tempestivamente e de-
quando se tratar de sentença ções relativas ao cumprimento da positar o valor, com a finalidade
penal condenatória, de sentença sentença, provisório ou definitivo, de isentar-se da multa, o ato não
arbitral, de sentença estrangeira e à liquidação, no que couber, às será havido como incompatível
ou de acórdão proferido pelo Tri- decisões que concederem tutela com o recurso por ele interposto.
bunal Marítimo. provisória. § 4o  A restituição ao estado
Parágrafo único.  Nas hipóte- anterior a que se refere o inciso
ses dos incisos II e III, o exequente II não implica o desfazimento
poderá optar pelo juízo do atual CAPÍTULO II – DO da transferência de posse ou da
domicílio do executado, pelo ju- CUMPRIMENTO alienação de propriedade ou de
ízo do local onde se encontrem PROVISÓRIO DA SENTENÇA outro direito real eventualmente
os bens sujeitos à execução ou QUE RECONHECE A já realizada, ressalvado, sempre, o
pelo juízo do local onde deva ser EXIGIBILIDADE DE direito à reparação dos prejuízos
executada a obrigação de fazer causados ao executado.
ou de não fazer, casos em que a OBRIGAÇÃO DE PAGAR § 5o  Ao cumprimento provi-
remessa dos autos do processo QUANTIA CERTA sório de sentença que reconheça
será solicitada ao juízo de origem. obrigação de fazer, de não fazer
Art. 520.  O cumprimento pro- ou de dar coisa aplica-se, no que
Art. 517.  A decisão judicial tran- visório da sentença impugnada couber, o disposto neste Capítulo.
sitada em julgado poderá ser leva- por recurso desprovido de efei-
da a protesto, nos termos da lei, to suspensivo será realizado da Art. 521.  A caução prevista no
depois de transcorrido o prazo mesma forma que o cumprimento inciso IV do art. 520 poderá ser
para pagamento voluntário pre- definitivo, sujeitando-se ao se- dispensada nos casos em que:
visto no art. 523. guinte regime: I – o crédito for de natureza
§ 1o  Para efetivar o protesto, I – corre por iniciativa e res- alimentar, independentemente
incumbe ao exequente apresen- ponsabilidade do exequente, que de sua origem;
tar certidão de teor da decisão. se obriga, se a sentença for re- II – o credor demonstrar si-
§ 2o  A certidão de teor da formada, a reparar os danos que tuação de necessidade;
decisão deverá ser fornecida no o executado haja sofrido; III – pender o agravo do
prazo de 3 (três) dias e indicará II – fica sem efeito, sobrevin- art. 1.042;
o nome e a qualificação do exe- do decisão que modifique ou anu- IV – a sentença a ser provi-
quente e do executado, o número le a sentença objeto da execução, soriamente cumprida estiver em
do processo, o valor da dívida e restituindo-se as partes ao estado consonância com súmula da ju-
a data de decurso do prazo para anterior e liquidando-se eventu- risprudência do Supremo Tribunal
pagamento voluntário. ais prejuízos nos mesmos autos; Federal ou do Superior Tribunal de
§ 3o  O executado que tiver III – se a sentença objeto de Justiça ou em conformidade com
proposto ação rescisória para cumprimento provisório for mo- acórdão proferido no julgamento
impugnar a decisão exequenda dificada ou anulada apenas em de casos repetitivos.
pode requerer, a suas expensas parte, somente nesta ficará sem Parágrafo único.  A exigência

329
Código de Processo Civil
de caução será mantida quando tivamente o pagamento volun- § 5o  Se os dados adicionais
da dispensa possa resultar mani- tário, será expedido, desde logo, a que se refere o § 4o não forem
festo risco de grave dano de difícil mandado de penhora e avaliação, apresentados pelo executado,
ou incerta reparação. seguindo-se os atos de expro- sem justificativa, no prazo de-
priação. signado, reputar-se-ão corretos
Art. 522.  O cumprimento pro- os cálculos apresentados pelo
visório da sentença será reque- Art. 524.  O requerimento pre- exequente apenas com base nos
rido por petição dirigida ao juízo visto no art.  523 será instruído dados de que dispõe.
competente. com demonstrativo discriminado
Parágrafo único.  Não sendo e atualizado do crédito, devendo Art. 525.  Transcorrido o prazo
eletrônicos os autos, a petição a petição conter: previsto no art.  523 sem o pa-
será acompanhada de cópias das I – o nome completo, o núme- gamento voluntário, inicia-se o
seguintes peças do processo, cuja ro de inscrição no Cadastro de prazo de 15 (quinze) dias para que
autenticidade poderá ser certifi- Pessoas Físicas ou no Cadastro o executado, independentemente
cada pelo próprio advogado, sob Nacional da Pessoa Jurídica do de penhora ou nova intimação,
sua responsabilidade pessoal: exequente e do executado, ob- apresente, nos próprios autos,
I – decisão exequenda; servado o disposto no art.  319, sua impugnação.
II – certidão de interposição §§ 1o a 3o; § 1o  Na impugnação, o exe-
do recurso não dotado de efeito II – o índice de correção mo- cutado poderá alegar:
suspensivo; netária adotado; I – falta ou nulidade da citação
III – procurações outorgadas III – os juros aplicados e as se, na fase de conhecimento, o
pelas partes; respectivas taxas; processo correu à revelia;
IV – decisão de habilitação, IV – o termo inicial e o termo II – ilegitimidade de parte;
se for o caso; final dos juros e da correção mo- III – inexequibilidade do título
V – facultativamente, outras netária utilizados; ou inexigibilidade da obrigação;
peças processuais consideradas V – a periodicidade da capi- IV – penhora incorreta ou ava-
necessárias para demonstrar a talização dos juros, se for o caso; liação errônea;
existência do crédito. VI – especificação dos even- V – excesso de execução ou
tuais descontos obrigatórios re- cumulação indevida de execu-
alizados; ções;
CAPÍTULO III – DO VII – indicação dos bens pas- VI – incompetência absoluta
CUMPRIMENTO síveis de penhora, sempre que ou relativa do juízo da execução;
DEFINITIVO DA SENTENÇA possível. VII – qualquer causa modifi-
QUE RECONHECE A § 1o  Quando o valor apontado cativa ou extintiva da obrigação,
EXIGIBILIDADE DE no demonstrativo aparentemente como pagamento, novação, com-
exceder os limites da condena- pensação, transação ou prescri-
OBRIGAÇÃO DE PAGAR ção, a execução será iniciada pelo ção, desde que supervenientes à
QUANTIA CERTA valor pretendido, mas a penhora sentença.
terá por base a importância que § 2o  A alegação de impedi-
Art. 523.  No caso de condena- o juiz entender adequada. mento ou suspeição observará
ção em quantia certa, ou já fixada § 2o  Para a verificação dos o disposto nos arts. 146 e 148.
em liquidação, e no caso de de- cálculos, o juiz poderá valer-se § 3o  Aplica-se à impugnação
cisão sobre parcela incontrover- de contabilista do juízo, que terá o disposto no art. 229.
sa, o cumprimento definitivo da o prazo máximo de 30 (trinta) dias § 4o  Quando o executado ale-
sentença far-se-á a requerimento para efetuá-la, exceto se outro lhe gar que o exequente, em excesso
do exequente, sendo o executado for determinado. de execução, pleiteia quantia su-
intimado para pagar o débito, no § 3o  Quando a elaboração do perior à resultante da sentença,
prazo de 15 (quinze) dias, acresci- demonstrativo depender de da- cumprir-lhe-á declarar de ime-
do de custas, se houver. dos em poder de terceiros ou do diato o valor que entende corre-
§ 1o  Não ocorrendo paga- executado, o juiz poderá requisi- to, apresentando demonstrativo
mento voluntário no prazo do tá-los, sob cominação do crime discriminado e atualizado de seu
caput, o débito será acrescido de desobediência. cálculo.
de multa de dez por cento e, tam- § 4o  Quando a complementa- § 5o  Na hipótese do § 4o, não
bém, de honorários de advogado ção do demonstrativo depender apontado o valor correto ou não
de dez por cento. de dados adicionais em poder do apresentado o demonstrativo, a
§ 2o  Efetuado o pagamento executado, o juiz poderá, a reque- impugnação será liminarmente
parcial no prazo previsto no caput, rimento do exequente, requisi- rejeitada, se o excesso de execu-
a multa e os honorários previstos tá-los, fixando prazo de até 30 ção for o seu único fundamento,
no § 1o incidirão sobre o restante. (trinta) dias para o cumprimento ou, se houver outro, a impugnação
§ 3o  Não efetuado tempes- da diligência. será processada, mas o juiz não

330
Código de Processo Civil
examinará a alegação de excesso executivo judicial fundado em lei CAPÍTULO IV – DO
de execução. ou ato normativo considerado CUMPRIMENTO DE
§ 6o  A apresentação de im- inconstitucional pelo Supremo
pugnação não impede a prática Tribunal Federal, ou fundado em
SENTENÇA QUE
dos atos executivos, inclusive aplicação ou interpretação da RECONHEÇA A
os de expropriação, podendo o lei ou do ato normativo tido pelo EXIGIBILIDADE DE
juiz, a requerimento do execu- Supremo Tribunal Federal como OBRIGAÇÃO DE PRESTAR
tado e desde que garantido o incompatível com a Constituição ALIMENTOS
juízo com penhora, caução ou Federal, em controle de consti-
depósito suficientes, atribuir-lhe tucionalidade concentrado ou Art. 528.  No cumprimento de
efeito suspensivo, se seus funda- difuso. sentença que condene ao paga-
mentos forem relevantes e se o § 13.  No caso do § 12, os efei- mento de prestação alimentícia
prosseguimento da execução for tos da decisão do Supremo Tri- ou de decisão interlocutória que
manifestamente suscetível de bunal Federal poderão ser mo- fixe alimentos, o juiz, a requeri-
causar ao executado grave dano dulados no tempo, em atenção mento do exequente, mandará in-
de difícil ou incerta reparação. à segurança jurídica. timar o executado pessoalmente
§ 7o  A concessão de efeito § 14.  A decisão do Supremo para, em 3 (três) dias, pagar o dé-
suspensivo a que se refere o § 6o Tribunal Federal referida no § 12 bito, provar que o fez ou justificar
não impedirá a efetivação dos deve ser anterior ao trânsito em a impossibilidade de efetuá-lo.
atos de substituição, de reforço julgado da decisão exequenda. § 1o  Caso o executado, no
ou de redução da penhora e de § 15.  Se a decisão referida no prazo referido no caput, não efe-
avaliação dos bens. § 12 for proferida após o trânsito tue o pagamento, não prove que
§ 8o  Quando o efeito suspen- em julgado da decisão exequen- o efetuou ou não apresente jus-
sivo atribuído à impugnação dis- da, caberá ação rescisória, cujo tificativa da impossibilidade de
ser respeito apenas a parte do prazo será contado do trânsito efetuá-lo, o juiz mandará pro-
objeto da execução, esta pros- em julgado da decisão proferida testar o pronunciamento judicial,
seguirá quanto à parte restante. pelo Supremo Tribunal Federal. aplicando-se, no que couber, o
§ 9o  A concessão de efeito disposto no art. 517.
suspensivo à impugnação dedu- Art. 526.  É lícito ao réu, antes de § 2o  Somente a comprovação
zida por um dos executados não ser intimado para o cumprimen- de fato que gere a impossibilida-
suspenderá a execução contra to da sentença, comparecer em de absoluta de pagar justificará
os que não impugnaram, quando juízo e oferecer em pagamento o o inadimplemento.
o respectivo fundamento disser valor que entender devido, apre- § 3o  Se o executado não pa-
respeito exclusivamente ao im- sentando memória discriminada gar ou se a justificativa apresen-
pugnante. do cálculo. tada não for aceita, o juiz, além
§ 10.  Ainda que atribuído § 1o  O autor será ouvido no de mandar protestar o pronun-
efeito suspensivo à impugnação, prazo de 5 (cinco) dias, poden- ciamento judicial na forma do
é lícito ao exequente requerer o do impugnar o valor depositado, § 1o, decretar-lhe-á a prisão pelo
prosseguimento da execução, sem prejuízo do levantamento prazo de 1 (um) a 3 (três) meses.
oferecendo e prestando, nos pró- do depósito a título de parcela § 4o  A prisão será cumprida
prios autos, caução suficiente e incontroversa. em regime fechado, devendo o
idônea a ser arbitrada pelo juiz. § 2o  Concluindo o juiz pela preso ficar separado dos presos
§ 11.  As questões relativas insuficiência do depósito, so- comuns.
a fato superveniente ao término bre a diferença incidirão multa § 5o  O cumprimento da pena
do prazo para apresentação da de dez por cento e honorários não exime o executado do paga-
impugnação, assim como aquelas advocatícios, também fixados mento das prestações vencidas
relativas à validade e à adequação em dez por cento, seguindo-se e vincendas.
da penhora, da avaliação e dos a execução com penhora e atos § 6o  Paga a prestação ali-
atos executivos subsequentes, subsequentes. mentícia, o juiz suspenderá o
podem ser arguidas por simples § 3o  Se o autor não se opu- cumprimento da ordem de prisão.
petição, tendo o executado, em ser, o juiz declarará satisfeita a § 7o  O débito alimentar que
qualquer dos casos, o prazo de 15 obrigação e extinguirá o processo. autoriza a prisão civil do alimen-
(quinze) dias para formular esta tante é o que compreende até
arguição, contado da comprovada Art. 527.  Aplicam-se as dispo- as 3 (três) prestações anterio-
ciência do fato ou da intimação sições deste Capítulo ao cumpri- res ao ajuizamento da execução
do ato. mento provisório da sentença, no e as que se vencerem no curso
§ 12.  Para efeito do disposto que couber. do processo.
no inciso III do § 1o deste artigo, § 8o  O exequente pode optar
considera-se também inexigível a por promover o cumprimento da
obrigação reconhecida em título sentença ou decisão desde logo,

331
Código de Processo Civil
nos termos do disposto neste Li- tos provisórios, bem como a dos CAPÍTULO V – DO
vro, Título II, Capítulo III, caso em alimentos fixados em sentença CUMPRIMENTO DE
que não será admissível a prisão ainda não transitada em julgado,
do executado, e, recaindo a pe- se processa em autos apartados.
SENTENÇA QUE
nhora em dinheiro, a concessão § 2o  O cumprimento defi- RECONHEÇA A
de efeito suspensivo à impugna- nitivo da obrigação de prestar EXIGIBILIDADE DE
ção não obsta a que o exequente alimentos será processado nos OBRIGAÇÃO DE PAGAR
levante mensalmente a importân- mesmos autos em que tenha sido QUANTIA CERTA PELA
cia da prestação. proferida a sentença.
§ 9o  Além das opções previs-
FAZENDA PÚBLICA
tas no art. 516, parágrafo único, Art. 532.  Verificada a conduta
o exequente pode promover o procrastinatória do executado, Art. 534.  No cumprimento de
cumprimento da sentença ou de- o juiz deverá, se for o caso, dar sentença que impuser à Fazenda
cisão que condena ao pagamento ciência ao Ministério Público dos Pública o dever de pagar quantia
de prestação alimentícia no juízo indícios da prática do crime de certa, o exequente apresentará
de seu domicílio. abandono material. demonstrativo discriminado e
atualizado do crédito contendo:
Art. 529.  Quando o executado Art. 533.  Quando a indenização I – o nome completo e o nú-
for funcionário público, militar, por ato ilícito incluir prestação de mero de inscrição no Cadastro de
diretor ou gerente de empresa alimentos, caberá ao executa- Pessoas Físicas ou no Cadastro
ou empregado sujeito à legislação do, a requerimento do exequen- Nacional da Pessoa Jurídica do
do trabalho, o exequente poderá te, constituir capital cuja renda exequente;
requerer o desconto em folha de assegure o pagamento do valor II – o índice de correção mo-
pagamento da importância da mensal da pensão. netária adotado;
prestação alimentícia. § 1o  O capital a que se refere III – os juros aplicados e as
§ 1o  Ao proferir a decisão, o caput, representado por imó- respectivas taxas;
o juiz oficiará à autoridade, à veis ou por direitos reais sobre IV – o termo inicial e o termo
empresa ou ao empregador, de- imóveis suscetíveis de alienação, final dos juros e da correção mo-
terminando, sob pena de crime títulos da dívida pública ou aplica- netária utilizados;
de desobediência, o desconto a ções financeiras em banco oficial, V – a periodicidade da capi-
partir da primeira remuneração será inalienável e impenhorável talização dos juros, se for o caso;
posterior do executado, a contar enquanto durar a obrigação do VI – a especificação dos even-
do protocolo do ofício. executado, além de constituir- tuais descontos obrigatórios re-
§ 2o  O ofício conterá o nome -se em patrimônio de afetação. alizados.
e o número de inscrição no Ca- § 2o  O juiz poderá substituir § 1o Havendo pluralidade
dastro de Pessoas Físicas do exe- a constituição do capital pela de exequentes, cada um deverá
quente e do executado, a impor- inclusão do exequente em folha apresentar o seu próprio demons-
tância a ser descontada mensal- de pagamento de pessoa jurídica trativo, aplicando-se à hipótese,
mente, o tempo de sua duração de notória capacidade econômica se for o caso, o disposto nos §§ 1o
e a conta na qual deve ser feito ou, a requerimento do executado, e 2o do art. 113.
o depósito. por fiança bancária ou garantia § 2o  A multa prevista no § 1o
§ 3o  Sem prejuízo do paga- real, em valor a ser arbitrado de do art. 523 não se aplica à Fazen-
mento dos alimentos vincendos, imediato pelo juiz. da Pública.
o débito objeto de execução pode § 3o  Se sobrevier modifica-
ser descontado dos rendimen- ção nas condições econômicas, Art. 535.  A Fazenda Pública será
tos ou rendas do executado, de poderá a parte requerer, confor- intimada na pessoa de seu re-
forma parcelada, nos termos do me as circunstâncias, redução ou presentante judicial, por carga,
caput deste artigo, contanto que, aumento da prestação. remessa ou meio eletrônico, para,
somado à parcela devida, não ul- § 4o  A prestação alimentícia querendo, no prazo de 30 (trinta)
trapasse cinquenta por cento de poderá ser fixada tomando por dias e nos próprios autos, impug-
seus ganhos líquidos. base o salário mínimo. nar a execução, podendo arguir:
§ 5o  Finda a obrigação de I – falta ou nulidade da citação
Art. 530.  Não cumprida a obri- prestar alimentos, o juiz man- se, na fase de conhecimento, o
gação, observar-se-á o disposto dará liberar o capital, cessar o processo correu à revelia;
nos arts. 831 e seguintes. desconto em folha ou cancelar II – ilegitimidade de parte;
as garantias prestadas. III – inexequibilidade do título
Art. 531.  O disposto neste Ca- ou inexigibilidade da obrigação;
pítulo aplica-se aos alimentos IV – excesso de execução ou
definitivos ou provisórios. cumulação indevida de execu-
§ 1o  A execução dos alimen- ções;

332
Código de Processo Civil
V – incompetência absoluta tos da decisão do Supremo Tri- § 3o  O executado incidirá
ou relativa do juízo da execução; bunal Federal poderão ser mo- nas penas de litigância de má-
VI – qualquer causa modifi- dulados no tempo, de modo a -fé quando injustificadamente
cativa ou extintiva da obrigação, favorecer a segurança jurídica. descumprir a ordem judicial, sem
como pagamento, novação, com- § 7o  A decisão do Supremo prejuízo de sua responsabilização
pensação, transação ou prescri- Tribunal Federal referida no § 5o por crime de desobediência.
ção, desde que supervenientes ao deve ter sido proferida antes do § 4o  No cumprimento de sen-
trânsito em julgado da sentença. trânsito em julgado da decisão tença que reconheça a exigibili-
§ 1o  A alegação de impedi- exequenda. dade de obrigação de fazer ou de
mento ou suspeição observará § 8o  Se a decisão referida no não fazer, aplica-se o art. 525, no
o disposto nos arts. 146 e 148. § 5o for proferida após o trânsito que couber.
§ 2o  Quando se alegar que o em julgado da decisão exequen- § 5o  O disposto neste arti-
exequente, em excesso de exe- da, caberá ação rescisória, cujo go aplica-se, no que couber, ao
cução, pleiteia quantia superior prazo será contado do trânsito cumprimento de sentença que
à resultante do título, cumprirá à em julgado da decisão proferida reconheça deveres de fazer e
executada declarar de imediato pelo Supremo Tribunal Federal. de não fazer de natureza não
o valor que entende correto, sob obrigacional.
pena de não conhecimento da
arguição. CAPÍTULO VI – DO Art. 537.  A multa independe de
§ 3o  Não impugnada a exe- CUMPRIMENTO DE requerimento da parte e poderá
cução ou rejeitadas as arguições SENTENÇA QUE ser aplicada na fase de conhe-
da executada: RECONHEÇA A cimento, em tutela provisória ou
I – expedir-se-á, por inter- EXIGIBILIDADE DE na sentença, ou na fase de exe-
médio do presidente do tribunal cução, desde que seja suficiente
competente, precatório em favor OBRIGAÇÃO DE FAZER, e compatível com a obrigação e
do exequente, observando-se o DE NÃO FAZER OU DE que se determine prazo razoável
disposto na Constituição Federal; ENTREGAR COISA para cumprimento do preceito.
II – por ordem do juiz, dirigida § 1o  O juiz poderá, de ofício
à autoridade na pessoa de quem o Seção I – Do Cumprimento ou a requerimento, modificar o
ente público foi citado para o pro- de Sentença que Reconheça valor ou a periodicidade da mul-
cesso, o pagamento de obrigação a Exigibilidade de Obrigação ta vincenda ou excluí-la, caso
de pequeno valor será realizado de Fazer ou de Não Fazer verifique que:
no prazo de 2 (dois) meses con- I – se tornou insuficiente ou
tado da entrega da requisição, Art. 536.  No cumprimento de excessiva;
mediante depósito na agência sentença que reconheça a exi- II – o obrigado demonstrou
de banco oficial mais próxima da gibilidade de obrigação de fazer cumprimento parcial superve-
residência do exequente.3 ou de não fazer, o juiz poderá, de niente da obrigação ou justa cau-
§ 4o  Tratando-se de impug- ofício ou a requerimento, para a sa para o descumprimento.
nação parcial, a parte não ques- efetivação da tutela específica ou § 2o  O valor da multa será
tionada pela executada será, des- a obtenção de tutela pelo resul- devido ao exequente.
de logo, objeto de cumprimento.4 tado prático equivalente, deter- § 3o  A decisão que fixa a mul-
§ 5o  Para efeito do disposto minar as medidas necessárias à ta é passível de cumprimento
no inciso III do caput deste artigo, satisfação do exequente. provisório, devendo ser deposi-
considera-se também inexigível a § 1o  Para atender ao dispos- tada em juízo, permitido o levan-
obrigação reconhecida em título to no caput, o juiz poderá deter- tamento do valor após o trânsito
executivo judicial fundado em lei minar, entre outras medidas, a em julgado da sentença favorável
ou ato normativo considerado imposição de multa, a busca e à parte.
inconstitucional pelo Supremo apreensão, a remoção de pes- § 4o  A multa será devida des-
Tribunal Federal, ou fundado em soas e coisas, o desfazimento de o dia em que se configurar o
aplicação ou interpretação da de obras e o impedimento de descumprimento da decisão e in-
lei ou do ato normativo tido pelo atividade nociva, podendo, caso cidirá enquanto não for cumprida
Supremo Tribunal Federal como necessário, requisitar o auxílio de a decisão que a tiver cominado.
incompatível com a Constituição força policial. § 5o  O disposto neste arti-
Federal, em controle de consti- § 2o  O mandado de busca e go aplica-se, no que couber, ao
tucionalidade concentrado ou apreensão de pessoas e coisas cumprimento de sentença que
difuso. será cumprido por 2 (dois) ofi- reconheça deveres de fazer e
§ 6o  No caso do § 5o, os efei- ciais de justiça, observando-se de não fazer de natureza não
o disposto no art. 846, §§ 1o a 4o, obrigacional.
  NE: ver ADI no 5.534.
3
se houver necessidade de arrom-
  NE: ver ADI no 5.534.
4 bamento.

333
Código de Processo Civil
Seção II – Do Cumprimento nifestada por escrito ao estabe- III – o depósito não se efe-
de Sentença que Reconheça lecimento bancário, poderá ser tuou no prazo ou no lugar do pa-
a Exigibilidade de Obrigação proposta, dentro de 1 (um) mês, gamento;
de Entregar Coisa a ação de consignação, instruin- IV – o depósito não é integral.
do-se a inicial com a prova do Parágrafo único.  No caso do
Art. 538.  Não cumprida a obri- depósito e da recusa. inciso IV, a alegação somente
gação de entregar coisa no prazo § 4o  Não proposta a ação no será admissível se o réu indicar
estabelecido na sentença, será prazo do § 3o, ficará sem efeito o o montante que entende devido.
expedido mandado de busca e depósito, podendo levantá-lo o
apreensão ou de imissão na posse depositante. Art. 545.  Alegada a insuficiên-
em favor do credor, conforme se cia do depósito, é lícito ao autor
tratar de coisa móvel ou imóvel. Art. 540.  Requerer-se-á a con- completá-lo, em 10 (dez) dias, sal-
§ 1o  A existência de benfei- signação no lugar do pagamento, vo se corresponder a prestação
torias deve ser alegada na fase cessando para o devedor, à data cujo inadimplemento acarrete a
de conhecimento, em contesta- do depósito, os juros e os riscos, rescisão do contrato.
ção, de forma discriminada e com salvo se a demanda for julgada § 1o  No caso do caput, poderá
atribuição, sempre que possível improcedente. o réu levantar, desde logo, a quan-
e justificadamente, do respec- tia ou a coisa depositada, com a
tivo valor. Art. 541.  Tratando-se de presta- consequente liberação parcial do
§ 2o  O direito de retenção ções sucessivas, consignada uma autor, prosseguindo o processo
por benfeitorias deve ser exer- delas, pode o devedor continuar a quanto à parcela controvertida.
cido na contestação, na fase de depositar, no mesmo processo e § 2o  A sentença que concluir
conhecimento. sem mais formalidades, as que se pela insuficiência do depósito
§ 3o  Aplicam-se ao procedi- forem vencendo, desde que o faça determinará, sempre que possí-
mento previsto neste artigo, no em até 5 (cinco) dias contados da vel, o montante devido e valerá
que couber, as disposições sobre data do respectivo vencimento. como título executivo, facultado
o cumprimento de obrigação de ao credor promover-lhe o cumpri-
fazer ou de não fazer. Art. 542.  Na petição inicial, o mento nos mesmos autos, após
autor requererá: liquidação, se necessária.
I – o depósito da quantia ou
TÍTULO III – DOS da coisa devida, a ser efetivado Art. 546.  Julgado procedente o
PROCEDIMENTOS no prazo de 5 (cinco) dias conta- pedido, o juiz declarará extinta a
ESPECIAIS dos do deferimento, ressalvada a obrigação e condenará o réu ao
hipótese do art. 539, § 3o; pagamento de custas e honorá-
CAPÍTULO I – DA AÇÃO II – a citação do réu para le- rios advocatícios.
DE CONSIGNAÇÃO EM vantar o depósito ou oferecer Parágrafo único. Proceder-
PAGAMENTO contestação. -se-á do mesmo modo se o credor
Parágrafo único.  Não realiza- receber e der quitação.
Art. 539.  Nos casos previstos do o depósito no prazo do inciso
em lei, poderá o devedor ou ter- I, o processo será extinto sem Art. 547.  Se ocorrer dúvida so-
ceiro requerer, com efeito de pa- resolução do mérito. bre quem deva legitimamente
gamento, a consignação da quan- receber o pagamento, o autor
tia ou da coisa devida. Art. 543.  Se o objeto da pres- requererá o depósito e a citação
§ 1o  Tratando-se de obriga- tação for coisa indeterminada e dos possíveis titulares do crédito
ção em dinheiro, poderá o valor a escolha couber ao credor, será para provarem o seu direito.
ser depositado em estabeleci- este citado para exercer o direito
mento bancário, oficial onde hou- dentro de 5 (cinco) dias, se outro Art. 548.  No caso do art. 547:
ver, situado no lugar do pagamen- prazo não constar de lei ou do I – não comparecendo pre-
to, cientificando-se o credor por contrato, ou para aceitar que o tendente algum, converter-se-á
carta com aviso de recebimento, devedor a faça, devendo o juiz, ao o depósito em arrecadação de
assinado o prazo de 10 (dez) dias despachar a petição inicial, fixar coisas vagas;
para a manifestação de recusa. lugar, dia e hora em que se fará II – comparecendo apenas
§ 2o  Decorrido o prazo do a entrega, sob pena de depósito. um, o juiz decidirá de plano;
§ 1 , contado do retorno do aviso
o
III – comparecendo mais de
de recebimento, sem a manifes- Art. 544.  Na contestação, o réu um, o juiz declarará efetuado o
tação de recusa, considerar-se-á poderá alegar que: depósito e extinta a obrigação,
o devedor liberado da obrigação, I – não houve recusa ou mora continuando o processo a correr
ficando à disposição do credor a em receber a quantia ou a coisa unicamente entre os presuntivos
quantia depositada. devida; credores, observado o procedi-
§ 3o  Ocorrendo a recusa, ma- II – foi justa a recusa; mento comum.

334
Código de Processo Civil
Art. 549.  Aplica-se o procedi- § 2o  As contas do autor, para § 3o  O juiz deverá determi-
mento estabelecido neste Capí- os fins do art.  550, §  5o, serão nar que se dê ampla publicidade
tulo, no que couber, ao resgate apresentadas na forma adequada, da existência da ação prevista
do aforamento. já instruídas com os documentos no § 1o e dos respectivos prazos
justificativos, especificando-se processuais, podendo, para tanto,
as receitas, a aplicação das des- valer-se de anúncios em jornal
CAPÍTULO II – DA AÇÃO DE pesas e os investimentos, se hou- ou rádio locais, da publicação de
EXIGIR CONTAS ver, bem como o respectivo saldo. cartazes na região do conflito e
de outros meios.
Art. 550.  Aquele que afirmar ser Art. 552.  A sentença apurará o
titular do direito de exigir contas saldo e constituirá título execu- Art. 555.  É lícito ao autor cumu-
requererá a citação do réu para tivo judicial. lar ao pedido possessório o de:
que as preste ou ofereça contes- I – condenação em perdas
tação no prazo de 15 (quinze) dias. Art. 553.  As contas do inven- e danos;
§ 1o  Na petição inicial, o autor tariante, do tutor, do curador, do II – indenização dos frutos.
especificará, detalhadamente, depositário e de qualquer outro Parágrafo único.  Pode o au-
as razões pelas quais exige as administrador serão prestadas tor requerer, ainda, imposição
contas, instruindo-a com docu- em apenso aos autos do processo de medida necessária e adequa-
mentos comprobatórios dessa em que tiver sido nomeado. da para:
necessidade, se existirem. Parágrafo único.  Se qualquer I – evitar nova turbação ou
§ 2o  Prestadas as contas, o dos referidos no caput for conde- esbulho;
autor terá 15 (quinze) dias para nado a pagar o saldo e não o fizer II – cumprir-se a tutela pro-
se manifestar, prosseguindo-se no prazo legal, o juiz poderá des- visória ou final.
o processo na forma do Capítulo tituí-lo, sequestrar os bens sob
X do Título I deste Livro. sua guarda, glosar o prêmio ou a Art. 556.  É lícito ao réu, na con-
§ 3o  A impugnação das con- gratificação a que teria direito e testação, alegando que foi o ofen-
tas apresentadas pelo réu deverá determinar as medidas executi- dido em sua posse, demandar a
ser fundamentada e específica, vas necessárias à recomposição proteção possessória e a indeni-
com referência expressa ao lan- do prejuízo. zação pelos prejuízos resultantes
çamento questionado. da turbação ou do esbulho come-
§ 4o  Se o réu não contestar o tido pelo autor.
pedido, observar-se-á o disposto CAPÍTULO III – DAS AÇÕES
no art. 355. POSSESSÓRIAS Art. 557.  Na pendência de ação
§ 5o  A decisão que julgar pro- possessória é vedado, tanto ao
Seção I – Disposições Gerais
cedente o pedido condenará o réu autor quanto ao réu, propor ação
a prestar as contas no prazo de de reconhecimento do domínio,
15 (quinze) dias, sob pena de não Art. 554.  A propositura de uma exceto se a pretensão for dedu-
lhe ser lícito impugnar as que o ação possessória em vez de ou- zida em face de terceira pessoa.
autor apresentar. tra não obstará a que o juiz co- Parágrafo único.  Não obsta à
§ 6o  Se o réu apresentar as nheça do pedido e outorgue a manutenção ou à reintegração de
contas no prazo previsto no § 5o, proteção legal correspondente posse a alegação de propriedade
seguir-se-á o procedimento do àquela cujos pressupostos es- ou de outro direito sobre a coisa.
§ 2o, caso contrário, o autor apre- tejam provados.
sentá-las-á no prazo de 15 (quinze) § 1o  No caso de ação posses- Art. 558.  Regem o procedimento
dias, podendo o juiz determinar a sória em que figure no polo pas- de manutenção e de reintegração
realização de exame pericial, se sivo grande número de pessoas, de posse as normas da Seção II
necessário. serão feitas a citação pessoal dos deste Capítulo quando a ação for
ocupantes que forem encontra- proposta dentro de ano e dia da
Art. 551.  As contas do réu serão dos no local e a citação por edital turbação ou do esbulho afirmado
apresentadas na forma adequada, dos demais, determinando-se, na petição inicial.
especificando-se as receitas, a ainda, a intimação do Ministério Parágrafo único.  Passado o
aplicação das despesas e os in- Público e, se envolver pessoas em prazo referido no caput, será co-
vestimentos, se houver. situação de hipossuficiência eco- mum o procedimento, não per-
§ 1o  Havendo impugnação nômica, da Defensoria Pública. dendo, contudo, o caráter pos-
específica e fundamentada pelo § 2o  Para fim da citação pes- sessório.
autor, o juiz estabelecerá prazo soal prevista no § 1o, o oficial de
razoável para que o réu apresente justiça procurará os ocupantes Art. 559.  Se o réu provar, em
os documentos justificativos dos no local por uma vez, citando-se qualquer tempo, que o autor pro-
lançamentos individualmente im- por edital os que não forem en- visoriamente mantido ou reinte-
pugnados. contrados. grado na posse carece de idonei-

335
Código de Processo Civil
dade financeira para, no caso Parágrafo único.  Quando for mediante mandado proibitório
de sucumbência, responder por ordenada a justificação prévia, o em que se comine ao réu de-
perdas e danos, o juiz designar- prazo para contestar será conta- terminada pena pecuniária caso
-lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias do da intimação da decisão que transgrida o preceito.
para requerer caução, real ou deferir ou não a medida liminar.
fidejussória, sob pena de ser de- Art. 568.  Aplica-se ao interdito
positada a coisa litigiosa, ressal- Art. 565.  No litígio coletivo pela proibitório o disposto na Seção II
vada a impossibilidade da parte posse de imóvel, quando o esbu- deste Capítulo.
economicamente hipossuficiente. lho ou a turbação afirmado na
petição inicial houver ocorrido há
mais de ano e dia, o juiz, antes de CAPÍTULO IV – DA
Seção II – Da Manutenção e apreciar o pedido de concessão AÇÃO DE DIVISÃO E DA
da Reintegração de Posse da medida liminar, deverá de- DEMARCAÇÃO DE TERRAS
signar audiência de mediação, PARTICULARES
Art. 560.  O possuidor tem di- a realizar-se em até 30 (trinta)
reito a ser mantido na posse em dias, que observará o disposto Seção I – Disposições Gerais
caso de turbação e reintegrado nos §§ 2o e 4o.
em caso de esbulho. § 1o  Concedida a liminar, se Art. 569.  Cabe:
essa não for executada no prazo I – ao proprietário a ação de
Art. 561.  Incumbe ao autor pro- de 1 (um) ano, a contar da data de demarcação, para obrigar o seu
var: distribuição, caberá ao juiz desig- confinante a estremar os respec-
I – a sua posse; nar audiência de mediação, nos tivos prédios, fixando-se novos
II – a turbação ou o esbulho termos dos §§ 2o a 4o deste artigo. limites entre eles ou aviventan-
praticado pelo réu; § 2o  O Ministério Público será do-se os já apagados;
III – a data da turbação ou intimado para comparecer à au- II – ao condômino a ação de
do esbulho; diência, e a Defensoria Pública divisão, para obrigar os demais
IV – a continuação da posse, será intimada sempre que houver consortes a estremar os qui-
embora turbada, na ação de ma- parte beneficiária de gratuidade nhões.
nutenção, ou a perda da posse, na da justiça.
ação de reintegração. § 3o  O juiz poderá compare- Art. 570.  É lícita a cumulação
cer à área objeto do litígio quando dessas ações, caso em que de-
Art. 562.  Estando a petição ini- sua presença se fizer necessária à verá processar-se primeiramente
cial devidamente instruída, o juiz efetivação da tutela jurisdicional. a demarcação total ou parcial da
deferirá, sem ouvir o réu, a ex- § 4o  Os órgãos responsáveis coisa comum, citando-se os con-
pedição do mandado liminar de pela política agrária e pela polí- finantes e os condôminos.
manutenção ou de reintegração, tica urbana da União, de Estado
caso contrário, determinará que ou do Distrito Federal e de Muni- Art. 571.  A demarcação e a divi-
o autor justifique previamente o cípio onde se situe a área objeto são poderão ser realizadas por es-
alegado, citando-se o réu para do litígio poderão ser intimados critura pública, desde que maio-
comparecer à audiência que for para a audiência, a fim de se ma- res, capazes e concordes todos
designada. nifestarem sobre seu interesse no os interessados, observando-se,
Parágrafo único.  Contra as processo e sobre a existência de no que couber, os dispositivos
pessoas jurídicas de direito públi- possibilidade de solução para o deste Capítulo.
co não será deferida a manuten- conflito possessório.
ção ou a reintegração liminar sem § 5o  Aplica-se o disposto Art. 572.  Fixados os marcos da
prévia audiência dos respectivos neste artigo ao litígio sobre pro- linha de demarcação, os confi-
representantes judiciais. priedade de imóvel. nantes considerar-se-ão tercei-
ros quanto ao processo divisório,
Art. 563.  Considerada suficien- Art. 566.  Aplica-se, quanto ao ficando-lhes, porém, ressalvado
te a justificação, o juiz fará logo mais, o procedimento comum. o direito de vindicar os terrenos
expedir mandado de manutenção de que se julguem despojados
ou de reintegração. por invasão das linhas limítrofes
Seção III – Do Interdito constitutivas do perímetro ou de
Art. 564.  Concedido ou não o Proibitório reclamar indenização correspon-
mandado liminar de manutenção dente ao seu valor.
ou de reintegração, o autor pro- Art. 567.  O possuidor direto ou § 1o  No caso do caput, se-
moverá, nos 5 (cinco) dias subse- indireto que tenha justo receio de rão citados para a ação todos os
quentes, a citação do réu para, ser molestado na posse poderá condôminos, se a sentença ho-
querendo, contestar a ação no requerer ao juiz que o segure da mologatória da divisão ainda não
prazo de 15 (quinze) dias. turbação ou esbulho iminente, houver transitado em julgado, e

336
Código de Processo Civil
todos os quinhoeiros dos terrenos Art. 580.  Concluídos os estudos, e polos comerciais;
vindicados, se a ação for proposta os peritos apresentarão minu- VII – a indicação de tudo o
posteriormente. cioso laudo sobre o traçado da mais que for útil para o levanta-
§ 2o  Neste último caso, a linha demarcanda, considerando mento da linha ou para a iden-
sentença que julga procedente os títulos, os marcos, os rumos, tificação da linha já levantada.
a ação, condenando a restituir os a fama da vizinhança, as infor-
terrenos ou a pagar a indenização, mações de antigos moradores Art. 584.  É obrigatória a colo-
valerá como título executivo em do lugar e outros elementos que cação de marcos tanto na esta-
favor dos quinhoeiros para have- coligirem. ção inicial, dita marco primordial,
rem dos outros condôminos que quanto nos vértices dos ângulos,
forem parte na divisão ou de seus Art. 581.  A sentença que julgar salvo se algum desses últimos
sucessores a título universal, na procedente o pedido determinará pontos for assinalado por aciden-
proporção que lhes tocar, a com- o traçado da linha demarcanda. tes naturais de difícil remoção ou
posição pecuniária do desfalque Parágrafo único.  A sentença destruição.
sofrido. proferida na ação demarcatória
determinará a restituição da área Art. 585.  A linha será percorrida
Art. 573.  Tratando-se de imóvel invadida, se houver, declarando pelos peritos, que examinarão os
georreferenciado, com averbação o domínio ou a posse do prejudi- marcos e os rumos, consignando
no registro de imóveis, pode o juiz cado, ou ambos. em relatório escrito a exatidão do
dispensar a realização de prova memorial e da planta apresenta-
pericial. Art. 582.  Transitada em julgado dos pelo agrimensor ou as diver-
a sentença, o perito efetuará a de- gências porventura encontradas.
marcação e colocará os marcos
Seção II – Da Demarcação necessários. Art. 586.  Juntado aos autos o
Parágrafo único.  Todas as relatório dos peritos, o juiz deter-
Art. 574.  Na petição inicial, ins- operações serão consignadas minará que as partes se manifes-
truída com os títulos da proprie- em planta e memorial descritivo tem sobre ele no prazo comum de
dade, designar-se-á o imóvel pela com as referências convenientes 15 (quinze) dias.
situação e pela denominação, para a identificação, em qualquer Parágrafo único. Executadas
descrever-se-ão os limites por tempo, dos pontos assinalados, as correções e as retificações que
constituir, aviventar ou renovar observada a legislação especial o juiz determinar, lavrar-se-á, em
e nomear-se-ão todos os con- que dispõe sobre a identificação seguida, o auto de demarcação
finantes da linha demarcanda. do imóvel rural. em que os limites demarcandos
serão minuciosamente descri-
Art. 575.  Qualquer condômino Art. 583.  As plantas serão tos de acordo com o memorial
é parte legítima para promover acompanhadas das cadernetas e a planta.
a demarcação do imóvel comum, de operações de campo e do me-
requerendo a intimação dos de- morial descritivo, que conterá: Art. 587.  Assinado o auto pelo
mais para, querendo, intervir no I – o ponto de partida, os ru- juiz e pelos peritos, será profe-
processo. mos seguidos e a aviventação rida a sentença homologatória
dos antigos com os respectivos da demarcação.
Art. 576.  A citação dos réus será cálculos;
feita por correio, observado o II – os acidentes encontrados,
disposto no art. 247. as cercas, os valos, os marcos
Seção III – Da Divisão
Parágrafo único.  Será publi- antigos, os córregos, os rios, as
cado edital, nos termos do inciso lagoas e outros; Art. 588.  A petição inicial será
III do art. 259. III – a indicação minuciosa instruída com os títulos de do-
dos novos marcos cravados, dos mínio do promovente e conterá:
Art. 577.  Feitas as citações, te- antigos aproveitados, das cultu- I – a indicação da origem da
rão os réus o prazo comum de 15 ras existentes e da sua produ- comunhão e a denominação, a
(quinze) dias para contestar. ção anual; situação, os limites e as carac-
IV – a composição geológica terísticas do imóvel;
Art. 578.  Após o prazo de res- dos terrenos, bem como a quali- II – o nome, o estado civil, a
posta do réu, observar-se-á o dade e a extensão dos campos, profissão e a residência de todos
procedimento comum. das matas e das capoeiras; os condôminos, especificando-se
V – as vias de comunicação; os estabelecidos no imóvel com
Art. 579.  Antes de proferir a sen- VI – as distâncias a pontos de benfeitorias e culturas;
tença, o juiz nomeará um ou mais referência, tais como rodovias III – as benfeitorias comuns.
peritos para levantar o traçado da federais e estaduais, ferrovias,
linha demarcanda. portos, aglomerações urbanas Art. 589.  Feitas as citações

337
Código de Processo Civil
como preceitua o art. 576, pros- se a ação for proposta poste- rial descritivo.
seguir-se-á na forma dos arts. riormente. § 1o  Cumprido o disposto no
577 e 578. § 2o  Nesse último caso te- art. 586, o escrivão, em seguida,
rão os quinhoeiros o direito, pela lavrará o auto de divisão, acompa-
Art. 590.  O juiz nomeará um ou mesma sentença que os obrigar nhado de uma folha de pagamento
mais peritos para promover a me- à restituição, a haver dos outros para cada condômino.
dição do imóvel e as operações condôminos do processo divisório § 2o  Assinado o auto pelo juiz
de divisão, observada a legislação ou de seus sucessores a título uni- e pelo perito, será proferida sen-
especial que dispõe sobre a iden- versal a composição pecuniária tença homologatória da divisão.
tificação do imóvel rural. proporcional ao desfalque sofrido. § 3o  O auto conterá:
Parágrafo único.  O perito de- I – a confinação e a extensão
verá indicar as vias de comunica- Art. 595.  Os peritos proporão, superficial do imóvel;
ção existentes, as construções e em laudo fundamentado, a forma II – a classificação das terras
as benfeitorias, com a indicação da divisão, devendo consultar, com o cálculo das áreas de cada
dos seus valores e dos respecti- quanto possível, a comodidade consorte e com a respectiva ava-
vos proprietários e ocupantes, as das partes, respeitar, para adju- liação ou, quando a homogenei-
águas principais que banham o dicação a cada condômino, a pre- dade das terras não determinar
imóvel e quaisquer outras infor- ferência dos terrenos contíguos diversidade de valores, a avalia-
mações que possam concorrer às suas residências e benfeito- ção do imóvel na sua integridade;
para facilitar a partilha. rias e evitar o retalhamento dos III – o valor e a quantidade
quinhões em glebas separadas. geométrica que couber a cada
Art. 591.  Todos os condôminos condômino, declarando-se as
serão intimados a apresentar, Art. 596.  Ouvidas as partes, no reduções e as compensações
dentro de 10 (dez) dias, os seus prazo comum de 15 (quinze) dias, resultantes da diversidade de
títulos, se ainda não o tiverem sobre o cálculo e o plano da divi- valores das glebas componentes
feito, e a formular os seus pe- são, o juiz deliberará a partilha. de cada quinhão.
didos sobre a constituição dos Parágrafo único.  Em cum- § 4o  Cada folha de pagamen-
quinhões. primento dessa decisão, o peri- to conterá:
to procederá à demarcação dos I – a descrição das linhas divi-
Art. 592.  O juiz ouvirá as par- quinhões, observando, além do sórias do quinhão, mencionadas
tes no prazo comum de 15 (quin- disposto nos arts. 584 e 585, as as confinantes;
ze) dias. seguintes regras: II – a relação das benfeito-
§ 1o  Não havendo impugna- I – as benfeitorias comuns rias e das culturas do próprio
ção, o juiz determinará a divisão que não comportarem divisão quinhoeiro e das que lhe foram
geodésica do imóvel. cômoda serão adjudicadas a um adjudicadas por serem comuns
§ 2o  Havendo impugnação, o dos condôminos mediante com- ou mediante compensação;
juiz proferirá, no prazo de 10 (dez) pensação; III – a declaração das servi-
dias, decisão sobre os pedidos e II – instituir-se-ão as servi- dões instituídas, especificados
os títulos que devam ser atendi- dões que forem indispensáveis os lugares, a extensão e o modo
dos na formação dos quinhões. em favor de uns quinhões sobre de exercício.
os outros, incluindo o respectivo
Art. 593.  Se qualquer linha do valor no orçamento para que, não Art. 598.  Aplica-se às divisões
perímetro atingir benfeitorias se tratando de servidões natu- o disposto nos arts. 575 a 578.
permanentes dos confinantes rais, seja compensado o condô-
feitas há mais de 1 (um) ano, se- mino aquinhoado com o prédio
rão elas respeitadas, bem como serviente; CAPÍTULO V – DA AÇÃO DE
os terrenos onde estiverem, os III – as benfeitorias particula- DISSOLUÇÃO PARCIAL DE
quais não se computarão na área res dos condôminos que excede- SOCIEDADE
dividenda. rem à área a que têm direito serão
adjudicadas ao quinhoeiro vizinho Art. 599.  A ação de dissolução
Art. 594.  Os confinantes do imó- mediante reposição; parcial de sociedade pode ter
vel dividendo podem demandar a IV – se outra coisa não acor- por objeto:
restituição dos terrenos que lhes darem as partes, as compensa- I – a resolução da sociedade
tenham sido usurpados. ções e as reposições serão feitas empresária contratual ou simples
§ 1o  Serão citados para a em dinheiro. em relação ao sócio falecido, ex-
ação todos os condôminos, se a cluído ou que exerceu o direito de
sentença homologatória da divi- Art. 597.  Terminados os traba- retirada ou recesso; e
são ainda não houver transitado lhos e desenhados na planta os II – a apuração dos haveres
em julgado, e todos os quinho- quinhões e as servidões aparen- do sócio falecido, excluído ou que
eiros dos terrenos vindicados, tes, o perito organizará o memo- exerceu o direito de retirada ou

338
Código de Processo Civil
recesso; ou à coisa julgada. minado e na exclusão judicial de
III – somente a resolução ou sócio, a do trânsito em julgado
a apuração de haveres. Art. 602.  A sociedade poderá da decisão que dissolver a so-
§ 1o  A petição inicial será ne- formular pedido de indenização ciedade; e
cessariamente instruída com o compensável com o valor dos V – na exclusão extrajudicial, a
contrato social consolidado. haveres a apurar. data da assembleia ou da reunião
§ 2o  A ação de dissolução de sócios que a tiver deliberado.
parcial de sociedade pode ter Art. 603.  Havendo manifestação
também por objeto a sociedade expressa e unânime pela con- Art. 606.  Em caso de omissão
anônima de capital fechado quan- cordância da dissolução, o juiz do contrato social, o juiz definirá,
do demonstrado, por acionista ou a decretará, passando-se ime- como critério de apuração de ha-
acionistas que representem cin- diatamente à fase de liquidação. veres, o valor patrimonial apura-
co por cento ou mais do capital § 1o  Na hipótese prevista no do em balanço de determinação,
social, que não pode preencher caput, não haverá condenação tomando-se por referência a data
o seu fim. em honorários advocatícios de da resolução e avaliando-se bens
nenhuma das partes, e as custas e direitos do ativo, tangíveis e in-
Art. 600.  A ação pode ser pro- serão rateadas segundo a partici- tangíveis, a preço de saída, além
posta: pação das partes no capital social. do passivo também a ser apurado
I – pelo espólio do sócio fa- § 2o  Havendo contestação, de igual forma.
lecido, quando a totalidade dos observar-se-á o procedimento Parágrafo único.  Em todos
sucessores não ingressar na so- comum, mas a liquidação da sen- os casos em que seja necessária
ciedade; tença seguirá o disposto neste a realização de perícia, a nome-
II – pelos sucessores, após Capítulo. ação do perito recairá preferen-
concluída a partilha do sócio fa- cialmente sobre especialista em
lecido; Art. 604.  Para apuração dos avaliação de sociedades.
III – pela sociedade, se os haveres, o juiz:
sócios sobreviventes não admi- I – fixará a data da resolução Art. 607.  A data da resolução e
tirem o ingresso do espólio ou da sociedade; o critério de apuração de haveres
dos sucessores do falecido na II – definirá o critério de apu- podem ser revistos pelo juiz, a pe-
sociedade, quando esse direito ração dos haveres à vista do dis- dido da parte, a qualquer tempo
decorrer do contrato social; posto no contrato social; e antes do início da perícia.
IV – pelo sócio que exerceu III – nomeará o perito.
o direito de retirada ou recesso, § 1o  O juiz determinará à so- Art. 608.  Até a data da resolu-
se não tiver sido providenciada, ciedade ou aos sócios que nela ção, integram o valor devido ao
pelos demais sócios, a alteração permanecerem que depositem ex-sócio, ao espólio ou aos suces-
contratual consensual forma- em juízo a parte incontroversa sores a participação nos lucros ou
lizando o desligamento, depois dos haveres devidos. os juros sobre o capital próprio
de transcorridos 10 (dez) dias do § 2o  O depósito poderá ser, declarados pela sociedade e, se
exercício do direito; desde logo, levantando pelo ex- for o caso, a remuneração como
V – pela sociedade, nos ca- -sócio, pelo espólio ou pelos su- administrador.
sos em que a lei não autoriza a cessores. Parágrafo único.  Após a data
exclusão extrajudicial; ou § 3o  Se o contrato social es- da resolução, o ex-sócio, o espó-
VI – pelo sócio excluído. tabelecer o pagamento dos have- lio ou os sucessores terão direito
Parágrafo único.  O cônjuge res, será observado o que nele apenas à correção monetária dos
ou companheiro do sócio cujo se dispôs no depósito judicial da valores apurados e aos juros con-
casamento, união estável ou con- parte incontroversa. tratuais ou legais.
vivência terminou poderá reque-
rer a apuração de seus haveres Art. 605.  A data da resolução Art. 609.  Uma vez apurados, os
na sociedade, que serão pagos da sociedade será: haveres do sócio retirante serão
à conta da quota social titulada I – no caso de falecimento do pagos conforme disciplinar o con-
por este sócio. sócio, a do óbito; trato social e, no silêncio deste,
II – na retirada imotivada, o nos termos do § 2o do art. 1.031
Art. 601.  Os sócios e a sociedade sexagésimo dia seguinte ao do da Lei no 10.406, de 10 de janeiro
serão citados para, no prazo de 15 recebimento, pela sociedade, da de 2002 (Código Civil).
(quinze) dias, concordar com o pe- notificação do sócio retirante;
dido ou apresentar contestação. III – no recesso, o dia do re-
Parágrafo único.  A socieda- cebimento, pela sociedade, da
de não será citada se todos os notificação do sócio dissidente;
seus sócios o forem, mas ficará IV – na retirada por justa cau-
sujeita aos efeitos da decisão e sa de sociedade por prazo deter-

339
Código de Processo Civil
CAPÍTULO VI – DO Seção II – Da Legitimidade VII – o inventariante judicial,
INVENTÁRIO E DA para Requerer o Inventário se houver;
VIII – pessoa estranha idônea,
PARTILHA Art. 615.  O requerimento de in- quando não houver inventariante
Seção I – Disposições Gerais ventário e de partilha incumbe a judicial.
quem estiver na posse e na ad- Parágrafo único.  O inventa-
Art. 610.  Havendo testamento ministração do espólio, no prazo riante, intimado da nomeação,
ou interessado incapaz, proce- estabelecido no art. 611. prestará, dentro de 5 (cinco) dias,
der-se-á ao inventário judicial. Parágrafo único.  O requeri- o compromisso de bem e fielmen-
§ 1o  Se todos forem capa- mento será instruído com a certi- te desempenhar a função.
zes e concordes, o inventário e dão de óbito do autor da herança.
a partilha poderão ser feitos por Art. 618.  Incumbe ao inventa-
escritura pública, a qual consti- Art. 616.  Têm, contudo, legiti- riante:
tuirá documento hábil para qual- midade concorrente: I – representar o espólio ativa
quer ato de registro, bem como I – o cônjuge ou companheiro e passivamente, em juízo ou fora
para levantamento de importân- supérstite; dele, observando-se, quanto ao
cia depositada em instituições II – o herdeiro; dativo, o disposto no art. 75, § 1o;
financeiras. III – o legatário; II – administrar o espólio, ve-
§ 2o  O tabelião somente la- IV – o testamenteiro; lando-lhe os bens com a mes-
vrará a escritura pública se todas V – o cessionário do herdeiro ma diligência que teria se seus
as partes interessadas estiverem ou do legatário; fossem;
assistidas por advogado ou por VI – o credor do herdeiro, do III – prestar as primeiras e
defensor público, cuja qualifica- legatário ou do autor da herança; as últimas declarações pesso-
ção e assinatura constarão do VII – o Ministério Público, ha- almente ou por procurador com
ato notarial. vendo herdeiros incapazes; poderes especiais;
VIII – a Fazenda Pública, quan- IV – exibir em cartório, a qual-
Art. 611.  O processo de inventá- do tiver interesse; quer tempo, para exame das par-
rio e de partilha deve ser instau- IX – o administrador judicial tes, os documentos relativos ao
rado dentro de 2 (dois) meses, a da falência do herdeiro, do le- espólio;
contar da abertura da sucessão, gatário, do autor da herança ou V – juntar aos autos certidão
ultimando-se nos 12 (doze) me- do cônjuge ou companheiro su- do testamento, se houver;
ses subsequentes, podendo o pérstite. VI – trazer à colação os bens
juiz prorrogar esses prazos, de recebidos pelo herdeiro ausente,
ofício ou a requerimento de parte. renunciante ou excluído;
Seção III – Do Inventariante e VII – prestar contas de sua
Art. 612.  O juiz decidirá todas das Primeiras Declarações gestão ao deixar o cargo ou sem-
as questões de direito desde que pre que o juiz lhe determinar;
os fatos relevantes estejam pro- Art. 617.  O juiz nomeará inventa- VIII – requerer a declaração
vados por documento, só reme- riante na seguinte ordem: de insolvência.
tendo para as vias ordinárias as I – o cônjuge ou companheiro
questões que dependerem de sobrevivente, desde que estivesse Art. 619.  Incumbe ainda ao in-
outras provas. convivendo com o outro ao tempo ventariante, ouvidos os interes-
da morte deste; sados e com autorização do juiz:
Art. 613.  Até que o inventariante II – o herdeiro que se achar I – alienar bens de qualquer
preste o compromisso, continu- na posse e na administração do espécie;
ará o espólio na posse do admi- espólio, se não houver cônjuge II – transigir em juízo ou fora
nistrador provisório. ou companheiro sobrevivente dele;
ou se estes não puderem ser no- III – pagar dívidas do espólio;
Art. 614.  O administrador pro- meados; IV – fazer as despesas neces-
visório representa ativa e pas- III – qualquer herdeiro, quan- sárias para a conservação e o me-
sivamente o espólio, é obrigado do nenhum deles estiver na posse lhoramento dos bens do espólio.
a trazer ao acervo os frutos que e na administração do espólio;
desde a abertura da sucessão IV – o herdeiro menor, por seu Art. 620.  Dentro de 20 (vinte)
percebeu, tem direito ao reem- representante legal; dias contados da data em que
bolso das despesas necessárias V – o testamenteiro, se lhe ti- prestou o compromisso, o inven-
e úteis que fez e responde pelo ver sido confiada a administração tariante fará as primeiras declara-
dano a que, por dolo ou culpa, do espólio ou se toda a herança ções, das quais se lavrará termo
der causa. estiver distribuída em legados; circunstanciado, assinado pelo
VI – o cessionário do herdeiro juiz, pelo escrivão e pelo inven-
ou do legatário; tariante, no qual serão exarados:

340
Código de Processo Civil
I – o nome, o estado, a idade firmada por procurador com po- na posse, conforme se tratar de
e o domicílio do autor da herança, deres especiais, à qual o termo bem móvel ou imóvel, sem pre-
o dia e o lugar em que faleceu e se reportará. juízo da multa a ser fixada pelo
se deixou testamento; juiz em montante não superior a
II – o nome, o estado, a idade, Art. 621.  Só se pode arguir so- três por cento do valor dos bens
o endereço eletrônico e a resi- negação ao inventariante depois inventariados.
dência dos herdeiros e, havendo de encerrada a descrição dos
cônjuge ou companheiro supérs- bens, com a declaração, por ele
tite, além dos respectivos dados feita, de não existirem outros por
Seção IV – Das Citações e
pessoais, o regime de bens do inventariar. das Impugnações
casamento ou da união estável;
III – a qualidade dos herdei- Art. 622.  O inventariante será Art. 626.  Feitas as primeiras
ros e o grau de parentesco com removido de ofício ou a reque- declarações, o juiz mandará citar,
o inventariado; rimento: para os termos do inventário e
IV – a relação completa e in- I – se não prestar, no prazo da partilha, o cônjuge, o compa-
dividualizada de todos os bens legal, as primeiras ou as últimas nheiro, os herdeiros e os legatá-
do espólio, inclusive aqueles que declarações; rios e intimar a Fazenda Pública,
devem ser conferidos à colação, e II – se não der ao inventário o Ministério Público, se houver
dos bens alheios que nele forem andamento regular, se suscitar herdeiro incapaz ou ausente, e
encontrados, descrevendo-se: dúvidas infundadas ou se praticar o testamenteiro, se houver tes-
a)  os imóveis, com as suas atos meramente protelatórios; tamento.
especificações, nomeadamente III – se, por culpa sua, bens do § 1o  O cônjuge ou o compa-
local em que se encontram, ex- espólio se deteriorarem, forem nheiro, os herdeiros e os legatá-
tensão da área, limites, confron- dilapidados ou sofrerem dano; rios serão citados pelo correio,
tações, benfeitorias, origem dos IV – se não defender o espólio observado o disposto no art. 247,
títulos, números das matrículas nas ações em que for citado, se sendo, ainda, publicado edital, nos
e ônus que os gravam; deixar de cobrar dívidas ativas termos do inciso III do art. 259.
b)  os móveis, com os sinais ou se não promover as medidas § 2o  Das primeiras declara-
característicos; necessárias para evitar o pereci- ções extrair-se-ão tantas cópias
c)  os semoventes, seu núme- mento de direitos; quantas forem as partes.
ro, suas espécies, suas marcas e V – se não prestar contas ou § 3o  A citação será acom-
seus sinais distintivos; se as que prestar não forem jul- panhada de cópia das primeiras
d)  o dinheiro, as joias, os ob- gadas boas; declarações.
jetos de ouro e prata e as pedras VI – se sonegar, ocultar ou § 4o  Incumbe ao escrivão
preciosas, declarando-se-lhes desviar bens do espólio. remeter cópias à Fazenda Pú-
especificadamente a qualidade, blica, ao Ministério Público, ao
o peso e a importância; Art. 623.  Requerida a remoção testamenteiro, se houver, e ao
e)  os títulos da dívida pública, com fundamento em qualquer dos advogado, se a parte já estiver
bem como as ações, as quotas e incisos do art. 622, será intimado representada nos autos.
os títulos de sociedade, mencio- o inventariante para, no prazo de
nando-se-lhes o número, o valor 15 (quinze) dias, defender-se e Art. 627.  Concluídas as citações,
e a data; produzir provas. abrir-se-á vista às partes, em
f)  as dívidas ativas e passi- Parágrafo único.  O incidente cartório e pelo prazo comum de
vas, indicando-se-lhes as datas, da remoção correrá em apenso 15 (quinze) dias, para que se ma-
os títulos, a origem da obrigação aos autos do inventário. nifestem sobre as primeiras de-
e os nomes dos credores e dos clarações, incumbindo às partes:
devedores; Art. 624.  Decorrido o prazo, com I – arguir erros, omissões e
g)  direitos e ações; a defesa do inventariante ou sem sonegação de bens;
h)  o valor corrente de cada ela, o juiz decidirá. II – reclamar contra a nome-
um dos bens do espólio. Parágrafo único.  Se remover ação de inventariante;
§ 1o  O juiz determinará que o inventariante, o juiz nomeará III – contestar a qualidade
se proceda: outro, observada a ordem esta- de quem foi incluído no título de
I – ao balanço do estabeleci- belecida no art. 617. herdeiro.
mento, se o autor da herança era § 1o  Julgando procedente a
empresário individual; Art. 625.  O inventariante remo- impugnação referida no inciso
II – à apuração de haveres, vido entregará imediatamente I, o juiz mandará retificar as pri-
se o autor da herança era sócio ao substituto os bens do espó- meiras declarações.
de sociedade que não anônima. lio e, caso deixe de fazê-lo, será § 2o  Se acolher o pedido de
§ 2o  As declarações podem compelido mediante mandado de que trata o inciso II, o juiz nomea-
ser prestadas mediante petição, busca e apreensão ou de imissão rá outro inventariante, observada

341
Código de Processo Civil
a preferência legal. bens situados fora da comarca o juiz julgará o cálculo do tributo.
§ 3o  Verificando que a dispu- onde corre o inventário se eles
ta sobre a qualidade de herdeiro forem de pequeno valor ou per-
a que alude o inciso III demanda feitamente conhecidos do perito
Seção VI – Das Colações
produção de provas que não a nomeado.
documental, o juiz remeterá a Art. 639.  No prazo estabelecido
parte às vias ordinárias e sobres- Art. 633.  Sendo capazes todas no art. 627, o herdeiro obrigado
tará, até o julgamento da ação, a as partes, não se procederá à à colação conferirá por termo
entrega do quinhão que na parti- avaliação se a Fazenda Pública, nos autos ou por petição à qual
lha couber ao herdeiro admitido. intimada pessoalmente, concor- o termo se reportará os bens que
dar de forma expressa com o valor recebeu ou, se já não os possuir,
Art. 628.  Aquele que se julgar atribuído, nas primeiras declara- trar-lhes-á o valor.
preterido poderá demandar sua ções, aos bens do espólio. Parágrafo único.  Os bens
admissão no inventário, reque- a serem conferidos na partilha,
rendo-a antes da partilha. Art. 634.  Se os herdeiros con- assim como as acessões e as
§ 1o  Ouvidas as partes no cordarem com o valor dos bens benfeitorias que o donatário fez,
prazo de 15 (quinze) dias, o juiz declarados pela Fazenda Públi- calcular-se-ão pelo valor que ti-
decidirá. ca, a avaliação cingir-se-á aos verem ao tempo da abertura da
§ 2o  Se para solução da ques- demais. sucessão.
tão for necessária a produção de
provas que não a documental, o Art. 635.  Entregue o laudo de Art. 640.  O herdeiro que renun-
juiz remeterá o requerente às avaliação, o juiz mandará que as ciou à herança ou o que dela foi
vias ordinárias, mandando reser- partes se manifestem no prazo excluído não se exime, pelo fato
var, em poder do inventariante, o de 15 (quinze) dias, que correrá da renúncia ou da exclusão, de
quinhão do herdeiro excluído até em cartório. conferir, para o efeito de repor a
que se decida o litígio. § 1o  Versando a impugnação parte inoficiosa, as liberalidades
sobre o valor dado pelo perito, o que obteve do doador.
Art. 629.  A Fazenda Pública, no juiz a decidirá de plano, à vista do § 1o  É lícito ao donatário es-
prazo de 15 (quinze) dias, após a que constar dos autos. colher, dentre os bens doados,
vista de que trata o art. 627, in- § 2o  Julgando procedente a tantos quantos bastem para per-
formará ao juízo, de acordo com impugnação, o juiz determinará fazer a legítima e a metade dis-
os dados que constam de seu que o perito retifique a avaliação, ponível, entrando na partilha o
cadastro imobiliário, o valor dos observando os fundamentos da excedente para ser dividido entre
bens de raiz descritos nas pri- decisão. os demais herdeiros.
meiras declarações. § 2o  Se a parte inoficiosa da
Art. 636.  Aceito o laudo ou re- doação recair sobre bem imóvel
solvidas as impugnações susci- que não comporte divisão cômo-
Seção V – Da Avaliação e do tadas a seu respeito, lavrar-se-á da, o juiz determinará que sobre
Cálculo do Imposto em seguida o termo de últimas ela se proceda a licitação entre
declarações, no qual o inventa- os herdeiros.
Art. 630.  Findo o prazo previsto riante poderá emendar, aditar ou § 3o  O donatário poderá con-
no art. 627 sem impugnação ou completar as primeiras. correr na licitação referida no
decidida a impugnação que hou- §  2o e, em igualdade de condi-
ver sido oposta, o juiz nomeará, Art. 637.  Ouvidas as partes so- ções, terá preferência sobre os
se for o caso, perito para avaliar bre as últimas declarações no herdeiros.
os bens do espólio, se não houver prazo comum de 15 (quinze) dias,
na comarca avaliador judicial. proceder-se-á ao cálculo do tri- Art. 641.  Se o herdeiro negar o
Parágrafo único.  Na hipóte- buto. recebimento dos bens ou a obri-
se prevista no art. 620, § 1o, o juiz gação de os conferir, o juiz, ouvi-
nomeará perito para avaliação Art. 638.  Feito o cálculo, sobre das as partes no prazo comum de
das quotas sociais ou apuração ele serão ouvidas todas as par- 15 (quinze) dias, decidirá à vista
dos haveres. tes no prazo comum de 5 (cinco) das alegações e das provas pro-
dias, que correrá em cartório, e, duzidas.
Art. 631.  Ao avaliar os bens do em seguida, a Fazenda Pública. § 1o  Declarada improceden-
espólio, o perito observará, no § 1o  Se acolher eventual im- te a oposição, se o herdeiro, no
que for aplicável, o disposto nos pugnação, o juiz ordenará nova prazo improrrogável de 15 (quinze)
arts. 872 e 873. remessa dos autos ao contabi- dias, não proceder à conferência,
lista, determinando as alterações o juiz mandará sequestrar-lhe,
Art. 632.  Não se expedirá carta que devam ser feitas no cálculo. para serem inventariados e par-
precatória para a avaliação de § 2o  Cumprido o despacho, tilhados, os bens sujeitos à co-

342
Código de Processo Civil
lação ou imputar ao seu quinhão do inventariante, bens suficien- Art. 648.  Na partilha, serão ob-
hereditário o valor deles, se já não tes para pagar o credor quando servadas as seguintes regras:
os possuir. a dívida constar de documento I – a máxima igualdade pos-
§ 2o  Se a matéria exigir dila- que comprove suficientemente sível quanto ao valor, à natureza
ção probatória diversa da docu- a obrigação e a impugnação não e à qualidade dos bens;
mental, o juiz remeterá as partes se fundar em quitação. II – a prevenção de litígios
às vias ordinárias, não podendo o futuros;
herdeiro receber o seu quinhão Art. 644.  O credor de dívida lí- III – a máxima comodidade
hereditário, enquanto pender a quida e certa, ainda não vencida, dos coerdeiros, do cônjuge ou
demanda, sem prestar caução pode requerer habilitação no in- do companheiro, se for o caso.
correspondente ao valor dos bens ventário.
sobre os quais versar a confe- Parágrafo único. Concordan- Art. 649.  Os bens insuscetíveis
rência. do as partes com o pedido re- de divisão cômoda que não cou-
ferido no caput, o juiz, ao julgar berem na parte do cônjuge ou
habilitado o crédito, mandará que companheiro supérstite ou no
Seção VII – Do Pagamento se faça separação de bens para quinhão de um só herdeiro serão
das Dívidas o futuro pagamento. licitados entre os interessados
ou vendidos judicialmente, parti-
Art. 642.  Antes da partilha, po- Art. 645.  O legatário é parte le- lhando-se o valor apurado, salvo
derão os credores do espólio re- gítima para manifestar-se sobre se houver acordo para que sejam
querer ao juízo do inventário o as dívidas do espólio: adjudicados a todos.
pagamento das dívidas vencidas I – quando toda a herança for
e exigíveis. dividida em legados; Art. 650.  Se um dos interessa-
§ 1o  A petição, acompanha- II – quando o reconhecimen- dos for nascituro, o quinhão que
da de prova literal da dívida, será to das dívidas importar redução lhe caberá será reservado em
distribuída por dependência e dos legados. poder do inventariante até o seu
autuada em apenso aos autos do nascimento.
processo de inventário. Art. 646.  Sem prejuízo do dis-
§ 2o  Concordando as partes posto no art. 860, é lícito aos her- Art. 651.  O partidor organizará o
com o pedido, o juiz, ao declarar deiros, ao separarem bens para o esboço da partilha de acordo com
habilitado o credor, mandará que pagamento de dívidas, autorizar a decisão judicial, observando nos
se faça a separação de dinheiro que o inventariante os indique à pagamentos a seguinte ordem:
ou, em sua falta, de bens suficien- penhora no processo em que o I – dívidas atendidas;
tes para o pagamento. espólio for executado. II – meação do cônjuge;
§ 3o  Separados os bens, tan- III – meação disponível;
tos quantos forem necessários IV – quinhões hereditários,
para o pagamento dos credores
Seção VIII – Da Partilha a começar pelo coerdeiro mais
habilitados, o juiz mandará alie- velho.
ná-los, observando-se as dispo- Art. 647.  Cumprido o disposto
sições deste Código relativas à no art. 642, § 3o, o juiz facultará Art. 652.  Feito o esboço, as par-
expropriação. às partes que, no prazo comum tes manifestar-se-ão sobre esse
§ 4o  Se o credor requerer de 15 (quinze) dias, formulem o no prazo comum de 15 (quinze)
que, em vez de dinheiro, lhe sejam pedido de quinhão e, em seguida, dias, e, resolvidas as reclama-
adjudicados, para o seu pagamen- proferirá a decisão de deliberação ções, a partilha será lançada nos
to, os bens já reservados, o juiz da partilha, resolvendo os pedidos autos.
deferir-lhe-á o pedido, concor- das partes e designando os bens
dando todas as partes. que devam constituir quinhão de Art. 653.  A partilha constará:
§ 5o  Os donatários serão cha- cada herdeiro e legatário. I – de auto de orçamento, que
mados a pronunciar-se sobre a Parágrafo único.  O juiz po- mencionará:
aprovação das dívidas, sempre derá, em decisão fundamenta- a)  os nomes do autor da he-
que haja possibilidade de resultar da, deferir antecipadamente a rança, do inventariante, do côn-
delas a redução das liberalidades. qualquer dos herdeiros o exer- juge ou companheiro supérstite,
cício dos direitos de usar e de dos herdeiros, dos legatários e
Art. 643.  Não havendo concor- fruir de determinado bem, com dos credores admitidos;
dância de todas as partes sobre o a condição de que, ao término b)  o ativo, o passivo e o líqui-
pedido de pagamento feito pelo do inventário, tal bem integre a do partível, com as necessárias
credor, será o pedido remetido cota desse herdeiro, cabendo a especificações;
às vias ordinárias. este, desde o deferimento, todos c)  o valor de cada quinhão;
Parágrafo único.  O juiz man- os ônus e bônus decorrentes do II – de folha de pagamento
dará, porém, reservar, em poder exercício daqueles direitos. para cada parte, declarando a

343
Código de Processo Civil
quota a pagar-lhe, a razão do ventário ou constante de escrito meação do inventariante que de-
pagamento e a relação dos bens particular homologado pelo juiz, signarem;
que lhe compõem o quinhão, as pode ser anulada por dolo, coa- II – declararão os títulos dos
características que os individu- ção, erro essencial ou intervenção herdeiros e os bens do espólio,
alizam e os ônus que os gravam. de incapaz, observado o disposto observado o disposto no art. 630;
Parágrafo único.  O auto e no § 4o do art. 966. III – atribuirão valor aos bens
cada uma das folhas serão as- Parágrafo único.  O direito à do espólio, para fins de partilha.
sinados pelo juiz e pelo escrivão. anulação de partilha amigável ex-
tingue-se em 1 (um) ano, contado Art. 661.  Ressalvada a hipóte-
Art. 654.  Pago o imposto de esse prazo: se prevista no parágrafo único
transmissão a título de morte I – no caso de coação, do dia do art. 663, não se procederá à
e juntada aos autos certidão ou em que ela cessou; avaliação dos bens do espólio
informação negativa de dívida II – no caso de erro ou dolo, para nenhuma finalidade.
para com a Fazenda Pública, o juiz do dia em que se realizou o ato;
julgará por sentença a partilha. III – quanto ao incapaz, do dia Art. 662.  No arrolamento, não
Parágrafo único.  A existência em que cessar a incapacidade. serão conhecidas ou apreciadas
de dívida para com a Fazenda questões relativas ao lançamen-
Pública não impedirá o julgamen- Art. 658.  É rescindível a partilha to, ao pagamento ou à quitação
to da partilha, desde que o seu julgada por sentença: de taxas judiciárias e de tributos
pagamento esteja devidamente I – nos casos mencionados incidentes sobre a transmissão da
garantido. no art. 657; propriedade dos bens do espólio.
II – se feita com preterição § 1o  A taxa judiciária, se de-
Art. 655.  Transitada em julga- de formalidades legais; vida, será calculada com base
do a sentença mencionada no III – se preteriu herdeiro ou no valor atribuído pelos herdei-
art. 654, receberá o herdeiro os incluiu quem não o seja. ros, cabendo ao fisco, se apurar
bens que lhe tocarem e um formal em processo administrativo va-
de partilha, do qual constarão as lor diverso do estimado, exigir a
seguintes peças:
Seção IX – Do Arrolamento eventual diferença pelos meios
I – termo de inventariante e adequados ao lançamento de cré-
título de herdeiros; Art. 659.  A partilha amigável, ditos tributários em geral.
II – avaliação dos bens que celebrada entre partes capazes, § 2o  O imposto de transmis-
constituíram o quinhão do her- nos termos da lei, será homo- são será objeto de lançamento
deiro; logada de plano pelo juiz, com administrativo, conforme dispu-
III – pagamento do quinhão observância dos arts. 660 a 663. ser a legislação tributária, não
hereditário; § 1o  O disposto neste artigo ficando as autoridades fazen-
IV – quitação dos impostos; aplica-se, também, ao pedido dárias adstritas aos valores dos
V – sentença. de adjudicação, quando houver bens do espólio atribuídos pelos
Parágrafo único.  O formal de herdeiro único. herdeiros.
partilha poderá ser substituído § 2o  Transitada em julgado
por certidão de pagamento do a sentença de homologação de Art. 663.  A existência de cre-
quinhão hereditário quando esse partilha ou de adjudicação, será dores do espólio não impedirá a
não exceder a 5 (cinco) vezes o lavrado o formal de partilha ou homologação da partilha ou da
salário mínimo, caso em que se elaborada a carta de adjudicação adjudicação, se forem reservados
transcreverá nela a sentença de e, em seguida, serão expedidos bens suficientes para o pagamen-
partilha transitada em julgado. os alvarás referentes aos bens e to da dívida.
às rendas por ele abrangidos, inti- Parágrafo único.  A reserva
Art. 656.  A partilha, mesmo de- mando-se o fisco para lançamen- de bens será realizada pelo valor
pois de transitada em julgado a to administrativo do imposto de estimado pelas partes, salvo se o
sentença, pode ser emendada transmissão e de outros tributos credor, regularmente notificado,
nos mesmos autos do inventário, porventura incidentes, conforme impugnar a estimativa, caso em
convindo todas as partes, quan- dispuser a legislação tributária, que se promoverá a avaliação dos
do tenha havido erro de fato na nos termos do § 2o do art. 662. bens a serem reservados.
descrição dos bens, podendo o
juiz, de ofício ou a requerimento Art. 660.  Na petição de inventá- Art. 664.  Quando o valor dos
da parte, a qualquer tempo, cor- rio, que se processará na forma bens do espólio for igual ou infe-
rigir-lhe as inexatidões materiais. de arrolamento sumário, inde- rior a 1.000 (mil) salários mínimos,
pendentemente da lavratura de o inventário processar-se-á na
Art. 657.  A partilha amigável, termos de qualquer espécie, os forma de arrolamento, cabendo
lavrada em instrumento público, herdeiros: ao inventariante nomeado, inde-
reduzida a termo nos autos do in- I – requererão ao juiz a no- pendentemente de assinatura de

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Código de Processo Civil
termo de compromisso, apre- mado o impugnante, o herdeiro as primeiras declarações, assim
sentar, com suas declarações, excluído ou o credor não admitido; como o laudo de avaliação, sal-
a atribuição de valor aos bens II – se o juiz extinguir o pro- vo se alterado o valor dos bens.
do espólio e o plano da partilha. cesso de inventário com ou sem
§ 1o  Se qualquer das partes resolução de mérito.
ou o Ministério Público impugnar CAPÍTULO VII – DOS
a estimativa, o juiz nomeará ava- Art. 669.  São sujeitos à sobre- EMBARGOS DE TERCEIRO
liador, que oferecerá laudo em 10 partilha os bens:
(dez) dias. I – sonegados; Art. 674.  Quem, não sendo parte
§ 2o  Apresentado o laudo, II – da herança descobertos no processo, sofrer constrição ou
o juiz, em audiência que desig- após a partilha; ameaça de constrição sobre bens
nar, deliberará sobre a partilha, III – litigiosos, assim como os que possua ou sobre os quais te-
decidindo de plano todas as re- de liquidação difícil ou morosa; nha direito incompatível com o
clamações e mandando pagar as IV – situados em lugar remoto ato constritivo, poderá requerer
dívidas não impugnadas. da sede do juízo onde se processa seu desfazimento ou sua inibição
§ 3o  Lavrar-se-á de tudo um o inventário. por meio de embargos de terceiro.
só termo, assinado pelo juiz, pelo Parágrafo único.  Os bens § 1o  Os embargos podem ser
inventariante e pelas partes pre- mencionados nos incisos III e IV de terceiro proprietário, inclusive
sentes ou por seus advogados. serão reservados à sobrepartilha fiduciário, ou possuidor.
§ 4o  Aplicam-se a essa espé- sob a guarda e a administração do § 2o  Considera-se terceiro,
cie de arrolamento, no que cou- mesmo ou de diverso inventarian- para ajuizamento dos embargos:
ber, as disposições do art. 672, te, a consentimento da maioria I – o cônjuge ou companheiro,
relativamente ao lançamento, ao dos herdeiros. quando defende a posse de bens
pagamento e à quitação da taxa próprios ou de sua meação, res-
judiciária e do imposto sobre a Art. 670.  Na sobrepartilha dos salvado o disposto no art. 843;
transmissão da propriedade dos bens, observar-se-á o processo II – o adquirente de bens cuja
bens do espólio. de inventário e de partilha. constrição decorreu de decisão
§ 5o  Provada a quitação dos Parágrafo único.  A sobrepar- que declara a ineficácia da alie-
tributos relativos aos bens do tilha correrá nos autos do inven- nação realizada em fraude à exe-
espólio e às suas rendas, o juiz tário do autor da herança. cução;
julgará a partilha. III – quem sofre constrição
Art. 671.  O juiz nomeará curador judicial de seus bens por força
Art. 665.  O inventário proces- especial: de desconsideração da persona-
sar-se-á também na forma do I – ao ausente, se não o tiver; lidade jurídica, de cujo incidente
art. 664, ainda que haja interes- II – ao incapaz, se concorrer não fez parte;
sado incapaz, desde que concor- na partilha com o seu represen- IV – o credor com garantia
dem todas as partes e o Ministério tante, desde que exista colisão real para obstar expropriação
Público. de interesses. judicial do objeto de direito real
de garantia, caso não tenha sido
Art. 666.  Independerá de inven- Art. 672.  É lícita a cumulação intimado, nos termos legais dos
tário ou de arrolamento o paga- de inventários para a partilha de atos expropriatórios respectivos.
mento dos valores previstos na heranças de pessoas diversas
Lei no 6.858, de 24 de novembro quando houver: Art. 675.  Os embargos podem
de 1980. I – identidade de pessoas en- ser opostos a qualquer tempo no
tre as quais devam ser repartidos processo de conhecimento en-
Art. 667.  Aplicam-se subsidia- os bens; quanto não transitada em julgado
riamente a esta Seção as dispo- II – heranças deixadas pelos a sentença e, no cumprimento de
sições das Seções VII e VIII deste dois cônjuges ou companheiros; sentença ou no processo de exe-
Capítulo. III – dependência de uma das cução, até 5 (cinco) dias depois
partilhas em relação à outra. da adjudicação, da alienação por
Parágrafo único.  No caso iniciativa particular ou da arre-
Seção X – Disposições previsto no inciso III, se a de- matação, mas sempre antes da
Comuns a Todas as Seções pendência for parcial, por haver assinatura da respectiva carta.
outros bens, o juiz pode ordenar Parágrafo único.  Caso iden-
Art. 668.  Cessa a eficácia da a tramitação separada, se melhor tifique a existência de terceiro
tutela provisória prevista nas Se- convier ao interesse das partes ou titular de interesse em embargar
ções deste Capítulo: à celeridade processual. o ato, o juiz mandará intimá-lo
I – se a ação não for proposta pessoalmente.
em 30 (trinta) dias contados da Art. 673.  No caso previsto no
data em que da decisão foi inti- art.  672, inciso II, prevalecerão Art. 676.  Os embargos serão

345
Código de Processo Civil
distribuídos por dependência ao I – o devedor comum é in- ria e a oposição, desta conhecerá
juízo que ordenou a constrição e solvente; em primeiro lugar.
autuados em apartado. II – o título é nulo ou não obri-
Parágrafo único.  Nos casos ga a terceiro;
de ato de constrição realizado III – outra é a coisa dada em CAPÍTULO IX – DA
por carta, os embargos serão garantia. HABILITAÇÃO
oferecidos no juízo deprecado,
salvo se indicado pelo juízo de- Art. 681.  Acolhido o pedido ini- Art. 687.  A habilitação ocor-
precante o bem constrito ou se cial, o ato de constrição judicial re quando, por falecimento de
já devolvida a carta. indevida será cancelado, com o qualquer das partes, os interes-
reconhecimento do domínio, da sados houverem de suceder-lhe
Art. 677.  Na petição inicial, o manutenção da posse ou da rein- no processo.
embargante fará a prova sumária tegração definitiva do bem ou do
de sua posse ou de seu domínio direito ao embargante. Art. 688.  A habilitação pode ser
e da qualidade de terceiro, ofe- requerida:
recendo documentos e rol de I – pela parte, em relação aos
testemunhas. CAPÍTULO VIII – DA sucessores do falecido;
§ 1o  É facultada a prova da OPOSIÇÃO II – pelos sucessores do fale-
posse em audiência preliminar cido, em relação à parte.
designada pelo juiz. Art. 682.  Quem pretender, no
§ 2o  O possuidor direto pode todo ou em parte, a coisa ou o Art. 689.  Proceder-se-á à ha-
alegar, além da sua posse, o do- direito sobre que controvertem bilitação nos autos do processo
mínio alheio. autor e réu poderá, até ser pro- principal, na instância em que
§ 3o  A citação será pessoal, ferida a sentença, oferecer opo- estiver, suspendendo-se, a partir
se o embargado não tiver procu- sição contra ambos. de então, o processo.
rador constituído nos autos da
ação principal. Art. 683.  O opoente deduzirá o Art. 690.  Recebida a petição,
§ 4o  Será legitimado passivo pedido em observação aos requi- o juiz ordenará a citação dos re-
o sujeito a quem o ato de constri- sitos exigidos para propositura queridos para se pronunciarem
ção aproveita, assim como o será da ação. no prazo de 5 (cinco) dias.
seu adversário no processo prin- Parágrafo único. Distribuída Parágrafo único.  A citação
cipal quando for sua a indicação a oposição por dependência, se- será pessoal, se a parte não tiver
do bem para a constrição judicial. rão os opostos citados, na pessoa procurador constituído nos autos.
de seus respectivos advogados,
Art. 678.  A decisão que reco- para contestar o pedido no prazo Art. 691.  O juiz decidirá o pedido
nhecer suficientemente provado comum de 15 (quinze) dias. de habilitação imediatamente,
o domínio ou a posse determinará salvo se este for impugnado e
a suspensão das medidas cons- Art. 684.  Se um dos opostos houver necessidade de dilação
tritivas sobre os bens litigiosos reconhecer a procedência do pe- probatória diversa da documental,
objeto dos embargos, bem como dido, contra o outro prosseguirá caso em que determinará que o
a manutenção ou a reintegração o opoente. pedido seja autuado em aparta-
provisória da posse, se o embar- do e disporá sobre a instrução.
gante a houver requerido. Art. 685.  Admitido o processa-
Parágrafo único.  O juiz po- mento, a oposição será apensada Art. 692.  Transitada em julgado
derá condicionar a ordem de aos autos e tramitará simultane- a sentença de habilitação, o pro-
manutenção ou de reintegração amente à ação originária, sen- cesso principal retomará o seu
provisória de posse à prestação do ambas julgadas pela mesma curso, e cópia da sentença será
de caução pelo requerente, res- sentença. juntada aos autos respectivos.
salvada a impossibilidade da parte Parágrafo único.  Se a opo-
economicamente hipossuficiente. sição for proposta após o início
da audiência de instrução, o juiz CAPÍTULO X – DAS AÇÕES
Art. 679.  Os embargos pode- suspenderá o curso do processo DE FAMÍLIA
rão ser contestados no prazo de ao fim da produção das provas,
15 (quinze) dias, findo o qual se salvo se concluir que a unidade Art. 693.  As normas deste Ca-
seguirá o procedimento comum. da instrução atende melhor ao pítulo aplicam-se aos processos
princípio da duração razoável do contenciosos de divórcio, separa-
Art. 680.  Contra os embargos processo. ção, reconhecimento e extinção
do credor com garantia real, o de união estável, guarda, visitação
embargado somente poderá ale- Art. 686.  Cabendo ao juiz decidir e filiação.
gar que: simultaneamente a ação originá- Parágrafo único.  A ação de

346
Código de Processo Civil
alimentos e a que versar sobre comum, observado o art. 335. art.  330, a petição inicial será
interesse de criança ou de adoles- indeferida quando não atendido
cente observarão o procedimento Art. 698.  Nas ações de família, o disposto no § 2o deste artigo.
previsto em legislação específica, o Ministério Público somente in- § 5o  Havendo dúvida quanto
aplicando-se, no que couber, as tervirá quando houver interesse à idoneidade de prova documental
disposições deste Capítulo. de incapaz e deverá ser ouvido apresentada pelo autor, o juiz inti-
previamente à homologação de má-lo-á para, querendo, emendar
Art. 694.  Nas ações de família, acordo. a petição inicial, adaptando-a ao
todos os esforços serão empreen- Parágrafo único.  O Ministério procedimento comum.
didos para a solução consensual Público intervirá, quando não for § 6o  É admissível ação moni-
da controvérsia, devendo o juiz parte, nas ações de família em tória em face da Fazenda Pública.
dispor do auxílio de profissionais que figure como parte vítima de § 7o  Na ação monitória, ad-
de outras áreas de conhecimento violência doméstica e familiar, mite-se citação por qualquer dos
para a mediação e conciliação. nos termos da Lei no  11.340, de meios permitidos para o proce-
Parágrafo único.  A reque- 7 de agosto de 2006 (Lei Maria dimento comum.
rimento das partes, o juiz pode da Penha).
determinar a suspensão do pro- Art. 701.  Sendo evidente o direi-
cesso enquanto os litigantes se Art. 699.  Quando o processo to do autor, o juiz deferirá a expe-
submetem a mediação extraju- envolver discussão sobre fato re- dição de mandado de pagamen-
dicial ou a atendimento multi- lacionado a abuso ou a alienação to, de entrega de coisa ou para
disciplinar. parental, o juiz, ao tomar o depoi- execução de obrigação de fazer
mento do incapaz, deverá estar ou de não fazer, concedendo ao
Art. 695.  Recebida a petição acompanhado por especialista. réu prazo de 15 (quinze) dias para
inicial e, se for o caso, tomadas o cumprimento e o pagamento
as providências referentes à tu- de honorários advocatícios de
tela provisória, o juiz ordenará a CAPÍTULO XI – DA AÇÃO cinco por cento do valor atribu-
citação do réu para comparecer MONITÓRIA ído à causa.
à audiência de mediação e con- § 1o  O réu será isento do pa-
ciliação, observado o disposto Art. 700.  A ação monitória pode gamento de custas processuais
no art. 694. ser proposta por aquele que afir- se cumprir o mandado no prazo.
§ 1o  O mandado de citação mar, com base em prova escrita § 2o  Constituir-se-á de pleno
conterá apenas os dados neces- sem eficácia de título executivo, direito o título executivo judicial,
sários à audiência e deverá estar ter direito de exigir do devedor independentemente de qualquer
desacompanhado de cópia da pe- capaz: formalidade, se não realizado o
tição inicial, assegurado ao réu o I – o pagamento de quantia pagamento e não apresentados
direito de examinar seu conteúdo em dinheiro; os embargos previstos no art. 702,
a qualquer tempo. II – a entrega de coisa fungí- observando-se, no que couber,
§ 2o  A citação ocorrerá com vel ou infungível ou de bem móvel o Título II do Livro I da Parte Es-
antecedência mínima de 15 (quin- ou imóvel; pecial.
ze) dias da data designada para III – o adimplemento de obri- § 3o  É cabível ação rescisó-
a audiência. gação de fazer ou de não fazer. ria da decisão prevista no caput
§ 3o  A citação será feita na § 1o  A prova escrita pode con- quando ocorrer a hipótese do § 2o.
pessoa do réu. sistir em prova oral documentada, § 4o  Sendo a ré Fazenda Pú-
§ 4o  Na audiência, as partes produzida antecipadamente nos blica, não apresentados os em-
deverão estar acompanhadas de termos do art. 381. bargos previstos no art. 702, apli-
seus advogados ou de defensores § 2o  Na petição inicial, in- car-se-á o disposto no art. 496,
públicos. cumbe ao autor explicitar, con- observando-se, a seguir, no que
forme o caso: couber, o Título II do Livro I da
Art. 696.  A audiência de media- I – a importância devida, ins- Parte Especial.
ção e conciliação poderá dividir- truindo-a com memória de cál- § 5o  Aplica-se à ação moni-
-se em tantas sessões quantas culo; tória, no que couber, o art. 916.
sejam necessárias para viabilizar II – o valor atual da coisa re-
a solução consensual, sem pre- clamada; Art. 702.  Independentemente
juízo de providências jurisdicio- III – o conteúdo patrimonial de prévia segurança do juízo, o réu
nais para evitar o perecimento em discussão ou o proveito eco- poderá opor, nos próprios autos,
do direito. nômico perseguido. no prazo previsto no art. 701, em-
§ 3o  O valor da causa deverá bargos à ação monitória.
Art. 697.  Não realizado o acordo, corresponder à importância pre- § 1o  Os embargos podem se
passarão a incidir, a partir de en- vista no § 2o, incisos I a III. fundar em matéria passível de
tão, as normas do procedimento § 4o  Além das hipóteses do alegação como defesa no pro-

347
Código de Processo Civil
cedimento comum. CAPÍTULO XII – DA o objeto.
§ 2o  Quando o réu alegar que HOMOLOGAÇÃO DO § 1o  Negada a homologação,
o autor pleiteia quantia superior o objeto será entregue ao réu,
à devida, cumprir-lhe-á declarar
PENHOR LEGAL ressalvado ao autor o direito de
de imediato o valor que entende cobrar a dívida pelo procedimento
correto, apresentando demons- Art. 703.  Tomado o penhor le- comum, salvo se acolhida a ale-
trativo discriminado e atualizado gal nos casos previstos em lei, gação de extinção da obrigação.
da dívida. requererá o credor, ato contínuo, § 2o  Contra a sentença cabe-
§ 3o  Não apontado o valor a homologação. rá apelação, e, na pendência de
correto ou não apresentado o de- § 1o  Na petição inicial, ins- recurso, poderá o relator ordenar
monstrativo, os embargos serão truída com o contrato de locação que a coisa permaneça deposita-
liminarmente rejeitados, se esse ou a conta pormenorizada das da ou em poder do autor.
for o seu único fundamento, e, despesas, a tabela dos preços
se houver outro fundamento, os e a relação dos objetos retidos,
embargos serão processados, o credor pedirá a citação do de- CAPÍTULO XIII – DA
mas o juiz deixará de examinar a vedor para pagar ou contestar REGULAÇÃO DE AVARIA
alegação de excesso. na audiência preliminar que for GROSSA
§ 4o  A oposição dos embar- designada.
gos suspende a eficácia da deci- § 2o  A homologação do pe- Art. 707.  Quando inexistir con-
são referida no caput do art. 701 nhor legal poderá ser promovida senso acerca da nomeação de
até o julgamento em primeiro pela via extrajudicial mediante um regulador de avarias, o juiz
grau. requerimento, que conterá os de direito da comarca do pri-
§ 5o  O autor será intimado requisitos previstos no § 1o deste meiro porto onde o navio houver
para responder aos embargos no artigo, do credor a notário de sua chegado, provocado por qualquer
prazo de 15 (quinze) dias. livre escolha. parte interessada, nomeará um de
§ 6o  Na ação monitória ad- § 3o  Recebido o requerimen- notório conhecimento.
mite-se a reconvenção, sendo to, o notário promoverá a notifi-
vedado o oferecimento de recon- cação extrajudicial do devedor Art. 708.  O regulador declarará
venção à reconvenção. para, no prazo de 5 (cinco) dias, justificadamente se os danos são
§ 7o  A critério do juiz, os em- pagar o débito ou impugnar sua passíveis de rateio na forma de
bargos serão autuados em apar- cobrança, alegando por escri- avaria grossa e exigirá das par-
tado, se parciais, constituindo-se to uma das causas previstas no tes envolvidas a apresentação
de pleno direito o título executivo art. 704, hipótese em que o pro- de garantias idôneas para que
judicial em relação à parcela in- cedimento será encaminhado ao possam ser liberadas as cargas
controversa. juízo competente para decisão. aos consignatários.
§ 8o  Rejeitados os embargos, § 4o  Transcorrido o prazo § 1o  A parte que não con-
constituir-se-á de pleno direito o sem manifestação do devedor, cordar com o regulador quanto à
título executivo judicial, prosse- o notário formalizará a homolo- declaração de abertura da avaria
guindo-se o processo em obser- gação do penhor legal por escri- grossa deverá justificar suas ra-
vância ao disposto no Título II do tura pública. zões ao juiz, que decidirá no prazo
Livro I da Parte Especial, no que de 10 (dez) dias.
for cabível. Art. 704.  A defesa só pode con- § 2o  Se o consignatário não
§ 9o  Cabe apelação contra a sistir em: apresentar garantia idônea a cri-
sentença que acolhe ou rejeita os I – nulidade do processo; tério do regulador, este fixará o
embargos. II – extinção da obrigação; valor da contribuição provisória
§ 10.  O juiz condenará o au- III – não estar a dívida com- com base nos fatos narrados e
tor de ação monitória proposta preendida entre as previstas em nos documentos que instruírem
indevidamente e de má-fé ao lei ou não estarem os bens sujei- a petição inicial, que deverá ser
pagamento, em favor do réu, de tos a penhor legal; caucionado sob a forma de de-
multa de até dez por cento sobre IV – alegação de haver sido pósito judicial ou de garantia
o valor da causa. ofertada caução idônea, rejeitada bancária.
§ 11.  O juiz condenará o réu pelo credor. § 3o  Recusando-se o consig-
que de má-fé opuser embargos natário a prestar caução, o regu-
à ação monitória ao pagamento Art. 705.  A partir da audiência lador requererá ao juiz a alienação
de multa de até dez por cento preliminar, observar-se-á o pro- judicial de sua carga na forma dos
sobre o valor atribuído à causa, cedimento comum. arts. 879 a 903.
em favor do autor. § 4o  É permitido o levanta-
Art. 706.  Homologado judicial- mento, por alvará, das quantias
mente o penhor legal, consoli- necessárias ao pagamento das
dar-se-á a posse do autor sobre despesas da alienação a serem

348
Código de Processo Civil
arcadas pelo consignatário, man- Art. 714.  A parte contrária será no juízo de origem quanto aos
tendo-se o saldo remanescente citada para contestar o pedido no atos nele realizados.
em depósito judicial até o encer- prazo de 5 (cinco) dias, cabendo- § 2o  Remetidos os autos ao
ramento da regulação. -lhe exibir as cópias, as contrafés tribunal, nele completar-se-á a
e as reproduções dos atos e dos restauração e proceder-se-á ao
Art. 709.  As partes deverão documentos que estiverem em julgamento.
apresentar nos autos os docu- seu poder.
mentos necessários à regulação § 1o  Se a parte concordar Art. 718.  Quem houver dado cau-
da avaria grossa em prazo razo- com a restauração, lavrar-se-á sa ao desaparecimento dos au-
ável a ser fixado pelo regulador. o auto que, assinado pelas partes tos responderá pelas custas da
e homologado pelo juiz, suprirá o restauração e pelos honorários
Art. 710.  O regulador apresenta- processo desaparecido. de advogado, sem prejuízo da
rá o regulamento da avaria grossa § 2o  Se a parte não contestar responsabilidade civil ou penal
no prazo de até 12 (doze) meses, ou se a concordância for parcial, em que incorrer.
contado da data da entrega dos observar-se-á o procedimento
documentos nos autos pelas par- comum.
tes, podendo o prazo ser esten- CAPÍTULO XV – DOS
dido a critério do juiz. Art. 715.  Se a perda dos autos PROCEDIMENTOS DE
§ 1o  Oferecido o regulamento tiver ocorrido depois da produção JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA
da avaria grossa, dele terão vista das provas em audiência, o juiz, se
as partes pelo prazo comum de necessário, mandará repeti-las. Seção I – Disposições Gerais
15 (quinze) dias, e, não havendo § 1o  Serão reinquiridas as
impugnação, o regulamento será mesmas testemunhas, que, em Art. 719.  Quando este Código
homologado por sentença. caso de impossibilidade, pode- não estabelecer procedimento
§ 2o  Havendo impugnação rão ser substituídas de ofício ou especial, regem os procedimen-
ao regulamento, o juiz decidirá a requerimento. tos de jurisdição voluntária as dis-
no prazo de 10 (dez) dias, após a § 2o  Não havendo certidão posições constantes desta Seção.
oitiva do regulador. ou cópia do laudo, far-se-á nova
perícia, sempre que possível pelo Art. 720.  O procedimento terá
Art. 711.  Aplicam-se ao regula- mesmo perito. início por provocação do interes-
dor de avarias os arts. 156 a 158, § 3o  Não havendo certidão sado, do Ministério Público ou da
no que couber. de documentos, esses serão re- Defensoria Pública, cabendo-lhes
constituídos mediante cópias ou, formular o pedido devidamente
na falta dessas, pelos meios or- instruído com os documentos
CAPÍTULO XIV – DA dinários de prova. necessários e com a indicação
RESTAURAÇÃO DE AUTOS § 4o  Os serventuários e os da providência judicial.
auxiliares da justiça não podem
Art. 712.  Verificado o desapare- eximir-se de depor como teste- Art. 721.  Serão citados todos os
cimento dos autos, eletrônicos ou munhas a respeito de atos que interessados, bem como intimado
não, pode o juiz, de ofício, qual- tenham praticado ou assistido. o Ministério Público, nos casos
quer das partes ou o Ministério § 5o  Se o juiz houver proferi- do art. 178, para que se manifes-
Público, se for o caso, promo- do sentença da qual ele próprio tem, querendo, no prazo de 15
ver-lhes a restauração. ou o escrivão possua cópia, esta (quinze) dias.
Parágrafo único. Havendo será juntada aos autos e terá a
autos suplementares, nesses mesma autoridade da original. Art. 722.  A Fazenda Pública será
prosseguirá o processo. sempre ouvida nos casos em que
Art. 716.  Julgada a restaura- tiver interesse.
Art. 713.  Na petição inicial, de- ção, seguirá o processo os seus
clarará a parte o estado do pro- termos. Art. 723.  O juiz decidirá o pedido
cesso ao tempo do desapareci- Parágrafo único. Aparecendo no prazo de 10 (dez) dias.
mento dos autos, oferecendo: os autos originais, neles se pros- Parágrafo único.  O juiz não
I – certidões dos atos cons- seguirá, sendo-lhes apensados os é obrigado a observar critério
tantes do protocolo de audiências autos da restauração. de legalidade estrita, podendo
do cartório por onde haja corrido adotar em cada caso a solução
o processo; Art. 717.  Se o desaparecimento que considerar mais conveniente
II – cópia das peças que tenha dos autos tiver ocorrido no tri- ou oportuna.
em seu poder; bunal, o processo de restaura-
III – qualquer outro documen- ção será distribuído, sempre que Art. 724.  Da sentença caberá
to que facilite a restauração. possível, ao relator do processo. apelação.
§ 1o  A restauração far-se-á

349
Código de Processo Civil
Art. 725.  Processar-se-á na for- ferimento da notificação ou do na forma estabelecida nos arts.
ma estabelecida nesta Seção o respectivo edital: 647 a 658.
pedido de: I – se houver suspeita de que
I – emancipação; o requerente, por meio da noti- Art. 732.  As disposições relati-
II – sub-rogação; ficação ou do edital, pretende vas ao processo de homologação
III – alienação, arrendamento alcançar fim ilícito; judicial de divórcio ou de sepa-
ou oneração de bens de crianças II – se tiver sido requerida ração consensuais aplicam-se,
ou adolescentes, de órfãos e de a averbação da notificação em no que couber, ao processo de
interditos; registro público. homologação da extinção con-
IV – alienação, locação e ad- sensual de união estável.
ministração da coisa comum; Art. 729.  Deferida e realizada
V – alienação de quinhão em a notificação ou interpelação, Art. 733.  O divórcio consensu-
coisa comum; os autos serão entregues ao re- al, a separação consensual e a
VI – extinção de usufruto, querente. extinção consensual de união
quando não decorrer da morte estável, não havendo nascituro
do usufrutuário, do termo da sua ou filhos incapazes e observados
duração ou da consolidação, e de
Seção III – Da Alienação os requisitos legais, poderão ser
fideicomisso, quando decorrer de Judicial realizados por escritura pública,
renúncia ou quando ocorrer an- da qual constarão as disposições
tes do evento que caracterizar a Art. 730.  Nos casos expressos de que trata o art. 731.
condição resolutória; em lei, não havendo acordo en- § 1o  A escritura não depende
VII – expedição de alvará ju- tre os interessados sobre o modo de homologação judicial e consti-
dicial; como se deve realizar a alienação tui título hábil para qualquer ato
VIII – homologação de au- do bem, o juiz, de ofício ou a re- de registro, bem como para levan-
tocomposição extrajudicial, de querimento dos interessados ou tamento de importância deposi-
qualquer natureza ou valor. do depositário, mandará aliená-lo tada em instituições financeiras.
Parágrafo único.  As normas em leilão, observando-se o dis- § 2o  O tabelião somente la-
desta Seção aplicam-se, no que posto na Seção I deste Capítulo vrará a escritura se os interes-
couber, aos procedimentos re- e, no que couber, o disposto nos sados estiverem assistidos por
gulados nas seções seguintes. arts. 879 a 903. advogado ou por defensor públi-
co, cuja qualificação e assinatura
constarão do ato notarial.
Seção II – Da Notificação e Seção IV – Do Divórcio e da
da Interpelação Separação Consensuais, Art. 734.  A alteração do regime
da Extinção Consensual de de bens do casamento, observa-
Art. 726.  Quem tiver interesse União Estável e da Alteração dos os requisitos legais, poderá
em manifestar formalmente sua do Regime de Bens do ser requerida, motivadamente,
vontade a outrem sobre assunto Matrimônio em petição assinada por ambos
juridicamente relevante poderá os cônjuges, na qual serão ex-
notificar pessoas participantes Art. 731.  A homologação do di- postas as razões que justificam a
da mesma relação jurídica para vórcio ou da separação consen- alteração, ressalvados os direitos
dar-lhes ciência de seu propósito. suais, observados os requisitos de terceiros.
§ 1o  Se a pretensão for a de legais, poderá ser requerida em § 1o  Ao receber a petição
dar conhecimento geral ao pú- petição assinada por ambos os inicial, o juiz determinará a inti-
blico, mediante edital, o juiz só cônjuges, da qual constarão: mação do Ministério Público e a
a deferirá se a tiver por fundada I – as disposições relativas à publicação de edital que divulgue
e necessária ao resguardo de descrição e à partilha dos bens a pretendida alteração de bens,
direito. comuns; somente podendo decidir depois
§ 2o  Aplica-se o disposto II – as disposições relativas de decorrido o prazo de 30 (trin-
nesta Seção, no que couber, ao à pensão alimentícia entre os ta) dias da publicação do edital.
protesto judicial. cônjuges; § 2o  Os cônjuges, na petição
III – o acordo relativo à guarda inicial ou em petição avulsa, po-
Art. 727.  Também poderá o in- dos filhos incapazes e ao regime dem propor ao juiz meio alterna-
teressado interpelar o requerido, de visitas; e tivo de divulgação da alteração do
no caso do art. 726, para que faça IV – o valor da contribuição regime de bens, a fim de resguar-
ou deixe de fazer o que o reque- para criar e educar os filhos. dar direitos de terceiros.
rente entenda ser de seu direito. Parágrafo único.  Se os côn- § 3o  Após o trânsito em jul-
juges não acordarem sobre a gado da sentença, serão expe-
Art. 728.  O requerido será pre- partilha dos bens, far-se-á esta didos mandados de averbação
viamente ouvido antes do de- depois de homologado o divórcio, aos cartórios de registro civil e

350
Código de Processo Civil
de imóveis e, caso qualquer dos deiros que não tiverem requerido bens, com 2 (duas) testemunhas,
cônjuges seja empresário, ao Re- a publicação do testamento. que assistirão às diligências.
gistro Público de Empresas Mer- § 2o  Verificando a presença § 2o  Não estando ainda no-
cantis e Atividades Afins. dos requisitos da lei, ouvido o Mi- meado o curador, o juiz designará
nistério Público, o juiz confirmará depositário e lhe entregará os
o testamento. bens, mediante simples termo nos
Seção V – Dos Testamentos § 3o  Aplica-se o disposto autos, depois de compromissado.
e dos Codicilos neste artigo ao codicilo e aos § 3o  Durante a arrecadação,
testamentos marítimo, aeronáu- o juiz ou a autoridade policial in-
Art. 735.  Recebendo testamen- tico, militar e nuncupativo. quirirá os moradores da casa e da
to cerrado, o juiz, se não achar § 4o  Observar-se-á, no cum- vizinhança sobre a qualificação do
vício externo que o torne suspeito primento do testamento, o dis- falecido, o paradeiro de seus su-
de nulidade ou falsidade, o abrirá posto nos parágrafos do art. 735. cessores e a existência de outros
e mandará que o escrivão o leia bens, lavrando-se de tudo auto de
em presença do apresentante. inquirição e informação.
§ 1o  Do termo de abertura
Seção VI – Da Herança § 4o  O juiz examinará reser-
constarão o nome do apresentan- Jacente vadamente os papéis, as cartas
te e como ele obteve o testamen- missivas e os livros domésticos e,
to, a data e o lugar do falecimento Art. 738.  Nos casos em que a verificando que não apresentam
do testador, com as respectivas lei considere jacente a heran- interesse, mandará empacotá-los
provas, e qualquer circunstância ça, o juiz em cuja comarca tiver e lacrá-los para serem assim en-
digna de nota. domicílio o falecido procederá tregues aos sucessores do fale-
§ 2o  Depois de ouvido o Mi- imediatamente à arrecadação cido ou queimados quando os
nistério Público, não havendo dos respectivos bens. bens forem declarados vacantes.
dúvidas a serem esclarecidas, o § 5o  Se constar ao juiz a exis-
juiz mandará registrar, arquivar Art. 739.  A herança jacente fi- tência de bens em outra comarca,
e cumprir o testamento. cará sob a guarda, a conservação mandará expedir carta precató-
§ 3o  Feito o registro, será in- e a administração de um curador ria a fim de serem arrecadados.
timado o testamenteiro para as- até a respectiva entrega ao su- § 6o  Não se fará a arrecada-
sinar o termo da testamentária. cessor legalmente habilitado ou ção, ou essa será suspensa, quan-
§ 4o  Se não houver testa- até a declaração de vacância. do, iniciada, apresentarem-se
menteiro nomeado ou se ele es- § 1o  Incumbe ao curador: para reclamar os bens o cônjuge
tiver ausente ou não aceitar o I – representar a herança em ou companheiro, o herdeiro ou o
encargo, o juiz nomeará testa- juízo ou fora dele, com interven- testamenteiro notoriamente re-
menteiro dativo, observando-se ção do Ministério Público; conhecido e não houver oposição
a preferência legal. II – ter em boa guarda e con- motivada do curador, de qualquer
§ 5o  O testamenteiro deverá servação os bens arrecadados e interessado, do Ministério Público
cumprir as disposições testamen- promover a arrecadação de ou- ou do representante da Fazenda
tárias e prestar contas em juízo tros porventura existentes; Pública.
do que recebeu e despendeu, III – executar as medidas
observando-se o disposto em lei. conservatórias dos direitos da Art. 741.  Ultimada a arrecada-
herança; ção, o juiz mandará expedir edi-
Art. 736.  Qualquer interessado, IV – apresentar mensalmen- tal, que será publicado na rede
exibindo o traslado ou a certidão te ao juiz balancete da receita e mundial de computadores, no
de testamento público, poderá da despesa; sítio do tribunal a que estiver
requerer ao juiz que ordene o seu V – prestar contas ao final de vinculado o juízo e na plataforma
cumprimento, observando-se, no sua gestão. de editais do Conselho Nacional
que couber, o disposto nos pará- § 2o  Aplica-se ao curador o de Justiça, onde permanecerá
grafos do art. 735. disposto nos arts. 159 a 161. por 3 (três) meses, ou, não ha-
vendo sítio, no órgão oficial e na
Art. 737.  A publicação do tes- Art. 740.  O juiz ordenará que imprensa da comarca, por 3 (três)
tamento particular poderá ser o oficial de justiça, acompanha- vezes com intervalos de 1 (um)
requerida, depois da morte do do do escrivão ou do chefe de mês, para que os sucessores do
testador, pelo herdeiro, pelo le- secretaria e do curador, arrole falecido venham a habilitar-se no
gatário ou pelo testamenteiro, os bens e descreva-os em auto prazo de 6 (seis) meses contado
bem como pelo terceiro detentor circunstanciado. da primeira publicação.
do testamento, se impossibilitado § 1o  Não podendo compare- § 1o  Verificada a existência
de entregá-lo a algum dos outros cer ao local, o juiz requisitará à de sucessor ou de testamentei-
legitimados para requerê-la. autoridade policial que proceda à ro em lugar certo, far-se-á a sua
§ 1o  Serão intimados os her- arrecadação e ao arrolamento dos citação, sem prejuízo do edital.

351
Código de Processo Civil
§ 2o  Quando o falecido for es- poderão reclamar o seu direito cobridor coisa alheia perdida, o
trangeiro, será também comuni- por ação direta. juiz mandará lavrar o respectivo
cado o fato à autoridade consular. auto, do qual constará a descri-
§ 3o  Julgada a habilitação do ção do bem e as declarações do
herdeiro, reconhecida a qualida-
Seção VII – Dos Bens dos descobridor.
de do testamenteiro ou provada Ausentes § 1o  Recebida a coisa por au-
a identidade do cônjuge ou com- toridade policial, esta a remeterá
panheiro, a arrecadação conver- Art. 744.  Declarada a ausência em seguida ao juízo competente.
ter-se-á em inventário. nos casos previstos em lei, o juiz § 2o  Depositada a coisa, o juiz
§ 4o  Os credores da herança mandará arrecadar os bens do au- mandará publicar edital na rede
poderão habilitar-se como nos sente e nomear-lhes-á curador na mundial de computadores, no sí-
inventários ou propor a ação de forma estabelecida na Seção VI, tio do tribunal a que estiver vincu-
cobrança. observando-se o disposto em lei. lado e na plataforma de editais do
Conselho Nacional de Justiça ou,
Art. 742.  O juiz poderá autorizar Art. 745.  Feita a arrecadação, o não havendo sítio, no órgão oficial
a alienação: juiz mandará publicar editais na e na imprensa da comarca, para
I – de bens móveis, se forem rede mundial de computadores, que o dono ou o legítimo possui-
de conservação difícil ou dis- no sítio do tribunal a que esti- dor a reclame, salvo se se tratar
pendiosa; ver vinculado e na plataforma de de coisa de pequeno valor e não
II – de semoventes, quando editais do Conselho Nacional de for possível a publicação no sítio
não empregados na exploração Justiça, onde permanecerá por 1 do tribunal, caso em que o edital
de alguma indústria; (um) ano, ou, não havendo sítio, será apenas afixado no átrio do
III – de títulos e papéis de no órgão oficial e na imprensa edifício do fórum.
crédito, havendo fundado receio da comarca, durante 1 (um) ano, § 3o  Observar-se-á, quanto
de depreciação; reproduzida de 2 (dois) em 2 (dois) ao mais, o disposto em lei.
IV – de ações de sociedade meses, anunciando a arrecadação
quando, reclamada a integrali- e chamando o ausente a entrar
zação, não dispuser a herança na posse de seus bens.
Seção IX – Da Interdição
de dinheiro para o pagamento; § 1o  Findo o prazo previsto no
V – de bens imóveis: edital, poderão os interessados Art. 747.  A interdição pode ser
a)  se ameaçarem ruína, não requerer a abertura da sucessão promovida:
convindo a reparação; provisória, observando-se o dis- I – pelo cônjuge ou compa-
b)  se estiverem hipotecados posto em lei. nheiro;
e vencer-se a dívida, não havendo § 2o  O interessado, ao reque- II – pelos parentes ou tutores;
dinheiro para o pagamento. rer a abertura da sucessão provi- III – pelo representante da
§ 1o  Não se procederá, en- sória, pedirá a citação pessoal dos entidade em que se encontra
tretanto, à venda se a Fazenda herdeiros presentes e do curador abrigado o interditando;
Pública ou o habilitando adiantar e, por editais, a dos ausentes para IV – pelo Ministério Público.
a importância para as despesas. requererem habilitação, na forma Parágrafo único.  A legitimi-
§ 2o  Os bens com valor de dos arts. 689 a 692. dade deverá ser comprovada por
afeição, como retratos, objetos § 3o  Presentes os requisitos documentação que acompanhe a
de uso pessoal, livros e obras de legais, poderá ser requerida a petição inicial.
arte, só serão alienados depois de conversão da sucessão provisória
declarada a vacância da herança. em definitiva. Art. 748.  O Ministério Público só
§ 4o  Regressando o ausente promoverá interdição em caso de
Art. 743.  Passado 1 (um) ano da ou algum de seus descendentes doença mental grave:
primeira publicação do edital e ou ascendentes para requerer I – se as pessoas designadas
não havendo herdeiro habilitado ao juiz a entrega de bens, serão nos incisos I, II e III do art. 747 não
nem habilitação pendente, será a citados para contestar o pedi- existirem ou não promoverem a
herança declarada vacante. do os sucessores provisórios ou interdição;
§ 1o  Pendendo habilitação, definitivos, o Ministério Público II – se, existindo, forem inca-
a vacância será declarada pela e o representante da Fazenda pazes as pessoas mencionadas
mesma sentença que a julgar Pública, seguindo-se o procedi- nos incisos I e II do art. 747.
improcedente, aguardando-se, no mento comum.
caso de serem diversas as habi- Art. 749.  Incumbe ao autor, na
litações, o julgamento da última. petição inicial, especificar os
§ 2o  Transitada em julgado a
Seção VIII – Das Coisas fatos que demonstram a inca-
sentença que declarou a vacân- Vagas pacidade do interditando para
cia, o cônjuge, o companheiro, administrar seus bens e, se for o
os herdeiros e os credores só Art. 746.  Recebendo do des- caso, para praticar atos da vida

352
Código de Processo Civil
civil, bem como o momento em nará a produção de prova pericial determinou.
que a incapacidade se revelou. para avaliação da capacidade do § 1o  O pedido de levantamen-
Parágrafo único. Justificada interditando para praticar atos to da curatela poderá ser feito
a urgência, o juiz pode nomear da vida civil. pelo interdito, pelo curador ou
curador provisório ao interditan- § 1o  A perícia pode ser rea- pelo Ministério Público e será
do para a prática de determina- lizada por equipe composta por apensado aos autos da interdição.
dos atos. expertos com formação multi- § 2o  O juiz nomeará perito
disciplinar. ou equipe multidisciplinar para
Art. 750.  O requerente deverá § 2o  O laudo pericial indicará proceder ao exame do interdito e
juntar laudo médico para fazer especificadamente, se for o caso, designará audiência de instrução
prova de suas alegações ou infor- os atos para os quais haverá ne- e julgamento após a apresenta-
mar a impossibilidade de fazê-lo. cessidade de curatela. ção do laudo.
§ 3o  Acolhido o pedido, o juiz
Art. 751.  O interditando será Art. 754.  Apresentado o laudo, decretará o levantamento da in-
citado para, em dia designado, produzidas as demais provas e terdição e determinará a publica-
comparecer perante o juiz, que ouvidos os interessados, o juiz ção da sentença, após o trânsito
o entrevistará minuciosamente proferirá sentença. em julgado, na forma do art. 755,
acerca de sua vida, negócios, § 3o, ou, não sendo possível, na
bens, vontades, preferências e Art. 755.  Na sentença que de- imprensa local e no órgão oficial,
laços familiares e afetivos e sobre cretar a interdição, o juiz: por 3 (três) vezes, com intervalo
o que mais lhe parecer necessário I – nomeará curador, que po- de 10 (dez) dias, seguindo-se a
para convencimento quanto à sua derá ser o requerente da interdi- averbação no registro de pesso-
capacidade para praticar atos da ção, e fixará os limites da curatela, as naturais.
vida civil, devendo ser reduzidas a segundo o estado e o desenvolvi- § 4o  A interdição poderá ser
termo as perguntas e respostas. mento mental do interdito; levantada parcialmente quando
§ 1o  Não podendo o interdi- II – considerará as caracterís- demonstrada a capacidade do
tando deslocar-se, o juiz o ouvirá ticas pessoais do interdito, obser- interdito para praticar alguns atos
no local onde estiver. vando suas potencialidades, habi- da vida civil.
§ 2o  A entrevista poderá ser lidades, vontades e preferências.
acompanhada por especialista. § 1o  A curatela deve ser atri- Art. 757.  A autoridade do cura-
§ 3o  Durante a entrevista, é buída a quem melhor possa aten- dor estende-se à pessoa e aos
assegurado o emprego de re- der aos interesses do curatelado. bens do incapaz que se encontrar
cursos tecnológicos capazes de § 2o  Havendo, ao tempo da sob a guarda e a responsabilidade
permitir ou de auxiliar o interdi- interdição, pessoa incapaz sob do curatelado ao tempo da inter-
tando a expressar suas vontades a guarda e a responsabilidade do dição, salvo se o juiz considerar
e preferências e a responder às interdito, o juiz atribuirá a curate- outra solução como mais conve-
perguntas formuladas. la a quem melhor puder atender niente aos interesses do incapaz.
§ 4o  A critério do juiz, poderá aos interesses do interdito e do
ser requisitada a oitiva de paren- incapaz. Art. 758.  O curador deverá bus-
tes e de pessoas próximas. § 3o  A sentença de interdição car tratamento e apoio apropria-
será inscrita no registro de pes- dos à conquista da autonomia
Art. 752.  Dentro do prazo de soas naturais e imediatamente pelo interdito.
15 (quinze) dias contado da en- publicada na rede mundial de
trevista, o interditando poderá computadores, no sítio do tri-
impugnar o pedido. bunal a que estiver vinculado o
Seção X – Disposições
§ 1o  O Ministério Público in- juízo e na plataforma de editais Comuns à Tutela e à Curatela
tervirá como fiscal da ordem ju- do Conselho Nacional de Jus-
rídica. tiça, onde permanecerá por 6 Art. 759.  O tutor ou o curador
§ 2o  O interditando poderá (seis) meses, na imprensa local, será intimado a prestar compro-
constituir advogado, e, caso não 1 (uma) vez, e no órgão oficial, por misso no prazo de 5 (cinco) dias
o faça, deverá ser nomeado cura- 3 (três) vezes, com intervalo de 10 contado da:
dor especial. (dez) dias, constando do edital os I – nomeação feita em con-
§ 3o  Caso o interditando não nomes do interdito e do curador, formidade com a lei;
constitua advogado, o seu côn- a causa da interdição, os limites II – intimação do despacho
juge, companheiro ou qualquer da curatela e, não sendo total a que mandar cumprir o testamen-
parente sucessível poderá intervir interdição, os atos que o interdito to ou o instrumento público que
como assistente. poderá praticar autonomamente. o houver instituído.
§ 1o  O tutor ou o curador
Art. 753.  Decorrido o prazo pre- Art. 756.  Levantar-se-á a cura- prestará o compromisso por ter-
visto no art. 752, o juiz determi- tela quando cessar a causa que a mo em livro rubricado pelo juiz.

353
Código de Processo Civil
§ 2o  Prestado o compromis- Seção XI – Da Organização das páginas que contenham os
so, o tutor ou o curador assume e da Fiscalização das termos que serão ratificados, dos
a administração dos bens do tu- Fundações documentos de identificação do
telado ou do interditado. comandante e das testemunhas
Art. 764.  O juiz decidirá sobre a arroladas, do rol de tripulantes,
Art. 760.  O tutor ou o curador aprovação do estatuto das funda- do documento de registro da em-
poderá eximir-se do encargo ções e de suas alterações sem- barcação e, quando for o caso, do
apresentando escusa ao juiz no pre que o requeira o interessado, manifesto das cargas sinistradas
prazo de 5 (cinco) dias contado: quando: e a qualificação de seus con-
I – antes de aceitar o encar- I – ela for negada previamen- signatários, traduzidos, quando
go, da intimação para prestar te pelo Ministério Público ou por for o caso, de forma livre para o
compromisso; este forem exigidas modificações português.
II – depois de entrar em exer- com as quais o interessado não
cício, do dia em que sobrevier o concorde; Art. 768.  A petição inicial deve-
motivo da escusa. II – o interessado discordar rá ser distribuída com urgência e
§ 1o  Não sendo requerida a do estatuto elaborado pelo Mi- encaminhada ao juiz, que ouvirá,
escusa no prazo estabelecido nistério Público. sob compromisso a ser prestado
neste artigo, considerar-se-á re- § 1o  O estatuto das funda- no mesmo dia, o comandante e
nunciado o direito de alegá-la. ções deve observar o disposto as testemunhas em número mí-
§ 2o  O juiz decidirá de pla- na Lei no 10.406, de 10 de janeiro nimo de 2 (duas) e máximo de 4
no o pedido de escusa, e, não o de 2002 (Código Civil). (quatro), que deverão compare-
admitindo, exercerá o nomeado § 2o  Antes de suprir a apro- cer ao ato independentemente
a tutela ou a curatela enquanto vação, o juiz poderá mandar fa- de intimação.
não for dispensado por sentença zer no estatuto modificações a § 1o  Tratando-se de estran-
transitada em julgado. fim de adaptá-lo ao objetivo do geiros que não dominem a língua
instituidor. portuguesa, o autor deverá fa-
Art. 761.  Incumbe ao Ministério zer-se acompanhar por tradutor,
Público ou a quem tenha legítimo Art. 765.  Qualquer interessado que prestará compromisso em
interesse requerer, nos casos ou o Ministério Público promoverá audiência.
previstos em lei, a remoção do em juízo a extinção da fundação § 2o  Caso o autor não se faça
tutor ou do curador. quando: acompanhar por tradutor, o juiz
Parágrafo único.  O tutor ou I – se tornar ilícito o seu ob- deverá nomear outro que preste
o curador será citado para con- jeto; compromisso em audiência.
testar a arguição no prazo de 5 II – for impossível a sua ma-
(cinco) dias, findo o qual obser- nutenção; Art. 769.  Aberta a audiência, o
var-se-á o procedimento comum. III – vencer o prazo de sua juiz mandará apregoar os consig-
existência. natários das cargas indicados na
Art. 762.  Em caso de extrema petição inicial e outros eventuais
gravidade, o juiz poderá suspen- interessados, nomeando para os
der o tutor ou o curador do exer-
Seção XII – Da Ratificação ausentes curador para o ato.
cício de suas funções, nomeando dos Protestos Marítimos
substituto interino. e dos Processos Art. 770.  Inquiridos o coman-
Testemunháveis Formados dante e as testemunhas, o juiz,
Art. 763.  Cessando as funções a Bordo convencido da veracidade dos
do tutor ou do curador pelo decur- termos lançados no Diário da Na-
so do prazo em que era obrigado Art. 766.  Todos os protestos vegação, em audiência, ratifica-
a servir, ser-lhe-á lícito requerer e os processos testemunháveis rá por sentença o protesto ou o
a exoneração do encargo. formados a bordo e lançados no processo testemunhável lavrado
§ 1o  Caso o tutor ou o cura- livro Diário da Navegação deve- a bordo, dispensado o relatório.
dor não requeira a exoneração do rão ser apresentados pelo co- Parágrafo único. Indepen-
encargo dentro dos 10 (dez) dias mandante ao juiz de direito do dentemente do trânsito em julga-
seguintes à expiração do termo, primeiro porto, nas primeiras 24 do, o juiz determinará a entrega
entender-se-á reconduzido, salvo (vinte e quatro) horas de chegada dos autos ao autor ou ao seu ad-
se o juiz o dispensar. da embarcação, para sua ratifi- vogado, mediante a apresentação
§ 2o  Cessada a tutela ou a cação judicial. de traslado.
curatela, é indispensável a pres-
tação de contas pelo tutor ou pelo Art. 767.  A petição inicial conte-
curador, na forma da lei civil. rá a transcrição dos termos lança-
dos no livro Diário da Navegação
e deverá ser instruída com cópias

354
Código de Processo Civil
LIVRO II – DO PROCESSO à execução, empregando ardis e lei confere título executivo.
DE EXECUÇÃO meios artificiosos; § 1o  Podem promover a exe-
III – dificulta ou embaraça a cução forçada ou nela prosse-
TÍTULO I – DA EXECUÇÃO realização da penhora; guir, em sucessão ao exequente
EM GERAL IV – resiste injustificadamen- originário:
te às ordens judiciais; I – o Ministério Público, nos
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES V – intimado, não indica ao casos previstos em lei;
GERAIS juiz quais são e onde estão os II – o espólio, os herdeiros ou
bens sujeitos à penhora e os res- os sucessores do credor, sempre
Art. 771.  Este Livro regula o pro- pectivos valores, nem exibe pro- que, por morte deste, lhes for
cedimento da execução fundada va de sua propriedade e, se for o transmitido o direito resultante
em título extrajudicial, e suas dis- caso, certidão negativa de ônus. do título executivo;
posições aplicam-se, também, no Parágrafo único.  Nos casos III – o cessionário, quando o
que couber, aos procedimentos previstos neste artigo, o juiz fixará direito resultante do título exe-
especiais de execução, aos atos multa em montante não superior cutivo lhe for transferido por ato
executivos realizados no proce- a vinte por cento do valor atua- entre vivos;
dimento de cumprimento de sen- lizado do débito em execução, a IV – o sub-rogado, nos casos
tença, bem como aos efeitos de qual será revertida em proveito do de sub-rogação legal ou conven-
atos ou fatos processuais a que a exequente, exigível nos próprios cional.
lei atribuir força executiva. autos do processo, sem prejuízo § 2o  A sucessão prevista no
Parágrafo único. Aplicam-se de outras sanções de natureza § 1o independe de consentimento
subsidiariamente à execução as processual ou material. do executado.
disposições do Livro I da Parte
Especial. Art. 775.  O exequente tem o di- Art. 779.  A execução pode ser
reito de desistir de toda a execu- promovida contra:
Art. 772.  O juiz pode, em qual- ção ou de apenas alguma medida I – o devedor, reconhecido
quer momento do processo: executiva. como tal no título executivo;
I – ordenar o comparecimento Parágrafo único.  Na desis- II – o espólio, os herdeiros ou
das partes; tência da execução, observar- os sucessores do devedor;
II – advertir o executado de -se-á o seguinte: III – o novo devedor que as-
que seu procedimento consti- I – serão extintos a impugna- sumiu, com o consentimento do
tui ato atentatório à dignidade ção e os embargos que versarem credor, a obrigação resultante do
da justiça; apenas sobre questões processu- título executivo;
III – determinar que sujeitos ais, pagando o exequente as cus- IV – o fiador do débito cons-
indicados pelo exequente forne- tas processuais e os honorários tante em título extrajudicial;
çam informações em geral rela- advocatícios; V – o responsável titular do
cionadas ao objeto da execução, II – nos demais casos, a extin- bem vinculado por garantia real
tais como documentos e dados ção dependerá da concordância ao pagamento do débito;
que tenham em seu poder, assi- do impugnante ou do embargante. VI – o responsável tributário,
nando-lhes prazo razoável. assim definido em lei.
Art. 776.  O exequente ressar-
Art. 773.  O juiz poderá, de ofício cirá ao executado os danos que Art. 780.  O exequente pode
ou a requerimento, determinar as este sofreu, quando a sentença, cumular várias execuções, ain-
medidas necessárias ao cumpri- transitada em julgado, declarar da que fundadas em títulos dife-
mento da ordem de entrega de inexistente, no todo ou em par- rentes, quando o executado for o
documentos e dados. te, a obrigação que ensejou a mesmo e desde que para todas
Parágrafo único.  Quando, em execução. elas seja competente o mesmo
decorrência do disposto neste juízo e idêntico o procedimento.
artigo, o juízo receber dados si- Art. 777.  A cobrança de multas
gilosos para os fins da execução, ou de indenizações decorren-
o juiz adotará as medidas neces- tes de litigância de má-fé ou de CAPÍTULO III – DA
sárias para assegurar a confiden- prática de ato atentatório à dig- COMPETÊNCIA
cialidade. nidade da justiça será promovida
nos próprios autos do processo. Art. 781.  A execução fundada em
Art. 774.  Considera-se aten- título extrajudicial será processa-
tatória à dignidade da justiça a da perante o juízo competente,
conduta comissiva ou omissiva CAPÍTULO II – DAS PARTES observando-se o seguinte:
do executado que: I – a execução poderá ser
I – frauda a execução; Art. 778.  Pode promover a exe- proposta no foro de domicílio do
II – se opõe maliciosamente cução forçada o credor a quem a executado, de eleição constante

355
Código de Processo Civil
do título ou, ainda, de situação sempre em título de obrigação execução.
dos bens a ela sujeitos; certa, líquida e exigível. § 2o  Os títulos executivos
II – tendo mais de um do- extrajudiciais oriundos de país
micílio, o executado poderá ser Art. 784.  São títulos executivos estrangeiro não dependem de
demandado no foro de qualquer extrajudiciais: homologação para serem exe-
deles; I – a letra de câmbio, a nota cutados.
III – sendo incerto ou desco- promissória, a duplicata, a de- § 3o  O título estrangeiro só
nhecido o domicílio do executado, bênture e o cheque; terá eficácia executiva quando
a execução poderá ser proposta II – a escritura pública ou ou- satisfeitos os requisitos de for-
no lugar onde for encontrado ou tro documento público assinado mação exigidos pela lei do lugar
no foro de domicílio do exequente; pelo devedor; de sua celebração e quando o
IV – havendo mais de um de- III – o documento particular Brasil for indicado como o lugar
vedor, com diferentes domicílios, assinado pelo devedor e por 2 de cumprimento da obrigação.
a execução será proposta no foro (duas) testemunhas;
de qualquer deles, à escolha do IV – o instrumento de transa- Art. 785.  A existência de título
exequente; ção referendado pelo Ministério executivo extrajudicial não impe-
V – a execução poderá ser Público, pela Defensoria Pública, de a parte de optar pelo processo
proposta no foro do lugar em pela Advocacia Pública, pelos ad- de conhecimento, a fim de obter
que se praticou o ato ou em que vogados dos transatores ou por título executivo judicial.
ocorreu o fato que deu origem ao conciliador ou mediador creden-
título, mesmo que nele não mais ciado por tribunal;
resida o executado. V – o contrato garantido por
Seção II – Da Exigibilidade da
hipoteca, penhor, anticrese ou Obrigação
Art. 782.  Não dispondo a lei de outro direito real de garantia e
modo diverso, o juiz determinará aquele garantido por caução; Art. 786.  A execução pode ser
os atos executivos, e o oficial de VI – o contrato de seguro de instaurada caso o devedor não
justiça os cumprirá. vida em caso de morte; satisfaça a obrigação certa, lí-
§ 1o  O oficial de justiça po- VII – o crédito decorrente de quida e exigível consubstanciada
derá cumprir os atos executivos foro e laudêmio; em título executivo.
determinados pelo juiz também VIII – o crédito, documen- Parágrafo único.  A necessi-
nas comarcas contíguas, de fácil talmente comprovado, decor- dade de simples operações arit-
comunicação, e nas que se situem rente de aluguel de imóvel, bem méticas para apurar o crédito
na mesma região metropolitana. como de encargos acessórios, exequendo não retira a liquidez
§ 2o  Sempre que, para efeti- tais como taxas e despesas de da obrigação constante do título.
var a execução, for necessário o condomínio;
emprego de força policial, o juiz IX – a certidão de dívida ativa Art. 787.  Se o devedor não for
a requisitará. da Fazenda Pública da União, dos obrigado a satisfazer sua pres-
§ 3o  A requerimento da parte, Estados, do Distrito Federal e dos tação senão mediante a contra-
o juiz pode determinar a inclusão Municípios, correspondente aos prestação do credor, este deverá
do nome do executado em cadas- créditos inscritos na forma da lei; provar que a adimpliu ao requerer
tros de inadimplentes. X – o crédito referente às con- a execução, sob pena de extinção
§ 4o  A inscrição será cance- tribuições ordinárias ou extraor- do processo.
lada imediatamente se for efetua- dinárias de condomínio edilício, Parágrafo único.  O executado
do o pagamento, se for garantida previstas na respectiva conven- poderá eximir-se da obrigação,
a execução ou se a execução for ção ou aprovadas em assembleia depositando em juízo a prestação
extinta por qualquer outro motivo. geral, desde que documentalmen- ou a coisa, caso em que o juiz não
§ 5o  O disposto nos §§ 3o e 4o te comprovadas; permitirá que o credor a receba
aplica-se à execução definitiva de XI – a certidão expedida por sem cumprir a contraprestação
título judicial. serventia notarial ou de registro que lhe tocar.
relativa a valores de emolumentos
e demais despesas devidas pelos Art. 788.  O credor não poderá
CAPÍTULO IV – DOS atos por ela praticados, fixados iniciar a execução ou nela pros-
REQUISITOS NECESSÁRIOS nas tabelas estabelecidas em lei; seguir se o devedor cumprir a
PARA REALIZAR QUALQUER XII – todos os demais títulos obrigação, mas poderá recusar
EXECUÇÃO aos quais, por disposição expres- o recebimento da prestação se
sa, a lei atribuir força executiva. ela não corresponder ao direito
Seção I – Do Título Executivo § 1o  A propositura de qual- ou à obrigação estabelecidos no
quer ação relativa a débito cons- título executivo, caso em que po-
Art. 783.  A execução para co- tante de título executivo não ini- derá requerer a execução forçada,
brança de crédito fundar-se-á be o credor de promover-lhe a ressalvado ao devedor o direito de

356
Código de Processo Civil
embargá-la. ponde pela dívida, se o terreno, de terceiro, no prazo de 15 (quin-
a construção ou a plantação, de ze) dias.
modo a assegurar a publicidade
CAPÍTULO V – DA da responsabilidade patrimonial Art. 793.  O exequente que es-
RESPONSABILIDADE de cada um deles pelas dívidas e tiver, por direito de retenção, na
PATRIMONIAL pelas obrigações que a eles estão posse de coisa pertencente ao
vinculadas. devedor não poderá promover a
Art. 789.  O devedor responde § 2o  Aplica-se, no que cou- execução sobre outros bens se-
com todos os seus bens presen- ber, o disposto neste artigo à não depois de excutida a coisa
tes e futuros para o cumprimen- enfiteuse, à concessão de uso que se achar em seu poder.
to de suas obrigações, salvo as especial para fins de moradia e à
restrições estabelecidas em lei. concessão de direito real de uso. Art. 794.  O fiador, quando exe-
cutado, tem o direito de exigir
Art. 790.  São sujeitos à execu- Art. 792.  A alienação ou a onera- que primeiro sejam executados
ção os bens: ção de bem é considerada fraude os bens do devedor situados na
I – do sucessor a título sin- à execução: mesma comarca, livres e desem-
gular, tratando-se de execução I – quando sobre o bem pen- bargados, indicando-os pormeno-
fundada em direito real ou obri- der ação fundada em direito real rizadamente à penhora.
gação reipersecutória; ou com pretensão reipersecu- § 1o  Os bens do fiador fica-
II – do sócio, nos termos da tória, desde que a pendência do rão sujeitos à execução se os
lei; processo tenha sido averbada do devedor, situados na mesma
III – do devedor, ainda que em no respectivo registro público, comarca que os seus, forem in-
poder de terceiros; se houver; suficientes à satisfação do direito
IV – do cônjuge ou compa- II – quando tiver sido averba- do credor.
nheiro, nos casos em que seus da, no registro do bem, a pendên- § 2o  O fiador que pagar a dí-
bens próprios ou de sua meação cia do processo de execução, na vida poderá executar o afiançado
respondem pela dívida; forma do art. 828; nos autos do mesmo processo.
V – alienados ou gravados III – quando tiver sido averba- § 3o  O disposto no caput não
com ônus real em fraude à exe- do, no registro do bem, hipoteca se aplica se o fiador houver re-
cução; judiciária ou outro ato de constri- nunciado ao benefício de ordem.
VI – cuja alienação ou gra- ção judicial originário do processo
vação com ônus real tenha sido onde foi arguida a fraude; Art. 795.  Os bens particulares
anulada em razão do reconheci- IV – quando, ao tempo da alie- dos sócios não respondem pelas
mento, em ação autônoma, de nação ou da oneração, tramitava dívidas da sociedade, senão nos
fraude contra credores; contra o devedor ação capaz de casos previstos em lei.
VII – do responsável, nos ca- reduzi-lo à insolvência; § 1o  O sócio réu, quando res-
sos de desconsideração da per- V – nos demais casos expres- ponsável pelo pagamento da dí-
sonalidade jurídica. sos em lei. vida da sociedade, tem o direito
§ 1o  A alienação em fraude à de exigir que primeiro sejam ex-
Art. 791.  Se a execução tiver execução é ineficaz em relação cutidos os bens da sociedade.
por objeto obrigação de que seja ao exequente. § 2o  Incumbe ao sócio que
sujeito passivo o proprietário de § 2o  No caso de aquisição alegar o benefício do § 1o nomear
terreno submetido ao regime do de bem não sujeito a registro, o quantos bens da sociedade situ-
direito de superfície, ou o super- terceiro adquirente tem o ônus ados na mesma comarca, livres
ficiário, responderá pela dívida, de provar que adotou as caute- e desembargados, bastem para
exclusivamente, o direito real do las necessárias para a aquisição, pagar o débito.
qual é titular o executado, recain- mediante a exibição das certidões § 3o  O sócio que pagar a dívi-
do a penhora ou outros atos de pertinentes, obtidas no domicílio da poderá executar a sociedade
constrição exclusivamente sobre do vendedor e no local onde se nos autos do mesmo processo.
o terreno, no primeiro caso, ou so- encontra o bem. § 4o  Para a desconsideração
bre a construção ou a plantação, § 3o  Nos casos de descon- da personalidade jurídica é obri-
no segundo caso. sideração da personalidade jurí- gatória a observância do inciden-
§ 1o  Os atos de constrição dica, a fraude à execução verifi- te previsto neste Código.
a que se refere o caput serão ca-se a partir da citação da parte
averbados separadamente na ma- cuja personalidade se pretende Art. 796.  O espólio responde pe-
trícula do imóvel, com a identi- desconsiderar. las dívidas do falecido, mas, feita
ficação do executado, do valor § 4o  Antes de declarar a frau- a partilha, cada herdeiro respon-
do crédito e do objeto sobre o de à execução, o juiz deverá in- de por elas dentro das forças da
qual recai o gravame, devendo o timar o terceiro adquirente, que, herança e na proporção da parte
oficial destacar o bem que res- se quiser, poderá opor embargos que lhe coube.

357
Código de Processo Civil
TÍTULO II – DAS DIVERSAS IV – a periodicidade da capi- titular da construção-base, bem
ESPÉCIES DE EXECUÇÃO talização dos juros, se for o caso; como, se for o caso, do titular de
V – a especificação de des- lajes anteriores, quando a pe-
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES conto obrigatório realizado. nhora recair sobre o direito real
GERAIS de laje;
Art. 799.  Incumbe ainda ao exe- XI – requerer a intimação do
Art. 797.  Ressalvado o caso de quente: titular das lajes, quando a penhora
insolvência do devedor, em que I – requerer a intimação do recair sobre a construção-base.
tem lugar o concurso universal, credor pignoratício, hipotecário,
realiza-se a execução no interes- anticrético ou fiduciário, quan- Art. 800.  Nas obrigações alter-
se do exequente que adquire, pela do a penhora recair sobre bens nativas, quando a escolha couber
penhora, o direito de preferência gravados por penhor, hipoteca, ao devedor, esse será citado para
sobre os bens penhorados. anticrese ou alienação fiduciária; exercer a opção e realizar a pres-
Parágrafo único. Recaindo II – requerer a intimação do tação dentro de 10 (dez) dias, se
mais de uma penhora sobre o titular de usufruto, uso ou habi- outro prazo não lhe foi determi-
mesmo bem, cada exequente tação, quando a penhora recair nado em lei ou em contrato.
conservará o seu título de pre- sobre bem gravado por usufruto, § 1o  Devolver-se-á ao credor
ferência. uso ou habitação; a opção, se o devedor não a exer-
III – requerer a intimação do cer no prazo determinado.
Art. 798.  Ao propor a execução, promitente comprador, quando § 2o  A escolha será indica-
incumbe ao exequente: a penhora recair sobre bem em da na petição inicial da execu-
I – instruir a petição inicial relação ao qual haja promessa ção quando couber ao credor
com: de compra e venda registrada; exercê-la.
a)  o título executivo extra- IV – requerer a intimação do
judicial; promitente vendedor, quando a Art. 801.  Verificando que a pe-
b)  o demonstrativo do débito penhora recair sobre direito aqui- tição inicial está incompleta ou
atualizado até a data de propo- sitivo derivado de promessa de que não está acompanhada dos
situra da ação, quando se tratar compra e venda registrada; documentos indispensáveis à
de execução por quantia certa; V – requerer a intimação do propositura da execução, o juiz
c)  a prova de que se verificou superficiário, enfiteuta ou con- determinará que o exequente a
a condição ou ocorreu o termo, cessionário, em caso de direito corrija, no prazo de 15 (quinze)
se for o caso; de superfície, enfiteuse, conces- dias, sob pena de indeferimento.
d)  a prova, se for o caso, de são de uso especial para fins de
que adimpliu a contraprestação moradia ou concessão de direito Art. 802.  Na execução, o despa-
que lhe corresponde ou que lhe real de uso, quando a penhora re- cho que ordena a citação, desde
assegura o cumprimento, se o cair sobre imóvel submetido ao que realizada em observância ao
executado não for obrigado a sa- regime do direito de superfície, disposto no § 2o do art. 240, in-
tisfazer a sua prestação senão enfiteuse ou concessão; terrompe a prescrição, ainda que
mediante a contraprestação do VI – requerer a intimação do proferido por juízo incompetente.
exequente; proprietário de terreno com regi- Parágrafo único.  A interrup-
II – indicar: me de direito de superfície, enfi- ção da prescrição retroagirá à
a)  a espécie de execução de teuse, concessão de uso especial data de propositura da ação.
sua preferência, quando por mais para fins de moradia ou conces-
de um modo puder ser realizada; são de direito real de uso, quando Art. 803.  É nula a execução se:
b)  os nomes completos do a penhora recair sobre direitos do I – o título executivo extrajudi-
exequente e do executado e seus superficiário, do enfiteuta ou do cial não corresponder a obrigação
números de inscrição no Cadastro concessionário; certa, líquida e exigível;
de Pessoas Físicas ou no Cadas- VII – requerer a intimação da II – o executado não for regu-
tro Nacional da Pessoa Jurídica; sociedade, no caso de penhora de larmente citado;
c)  os bens suscetíveis de pe- quota social ou de ação de socie- III – for instaurada antes de se
nhora, sempre que possível. dade anônima fechada, para o fim verificar a condição ou de ocor-
Parágrafo único.  O demons- previsto no art. 876, § 7o; rer o termo.
trativo do débito deverá conter: VIII – pleitear, se for o caso, Parágrafo único.  A nulidade
I – o índice de correção mo- medidas urgentes; de que cuida este artigo será
netária adotado; IX – proceder à averbação pronunciada pelo juiz, de ofício
II – a taxa de juros aplicada; em registro público do ato de ou a requerimento da parte, in-
III – os termos inicial e final propositura da execução e dos dependentemente de embargos
de incidência do índice de corre- atos de constrição realizados, à execução.
ção monetária e da taxa de juros para conhecimento de terceiros;
utilizados; X – requerer a intimação do Art. 804.  A alienação de bem

358
Código de Processo Civil
gravado por penhor, hipoteca ou CAPÍTULO II – DA executado ou por terceiros de
anticrese será ineficaz em relação EXECUÇÃO PARA A cujo poder ela houver sido tirada,
ao credor pignoratício, hipotecá- a liquidação prévia é obrigatória.
rio ou anticrético não intimado.
ENTREGA DE COISA Parágrafo único. Havendo
§ 1o  A alienação de bem ob- Seção I – Da Entrega de saldo:
jeto de promessa de compra e Coisa Certa I – em favor do executado
venda ou de cessão registrada ou de terceiros, o exequente o
será ineficaz em relação ao pro- Art. 806.  O devedor de obriga- depositará ao requerer a entre-
mitente comprador ou ao cessio- ção de entrega de coisa certa, ga da coisa;
nário não intimado. constante de título executivo II – em favor do exequente,
§ 2o  A alienação de bem so- extrajudicial, será citado para, esse poderá cobrá-lo nos autos
bre o qual tenha sido instituído em 15 (quinze) dias, satisfazer a do mesmo processo.
direito de superfície, seja do solo, obrigação.
da plantação ou da construção, § 1o  Ao despachar a inicial,
será ineficaz em relação ao con- o juiz poderá fixar multa por dia
Seção II – Da Entrega de
cedente ou ao concessionário de atraso no cumprimento da Coisa Incerta
não intimado. obrigação, ficando o respectivo
§ 3o  A alienação de direito valor sujeito a alteração, caso se Art. 811.  Quando a execução re-
aquisitivo de bem objeto de pro- revele insuficiente ou excessivo. cair sobre coisa determinada pelo
messa de venda, de promessa de § 2o  Do mandado de citação gênero e pela quantidade, o exe-
cessão ou de alienação fiduciária constará ordem para imissão na cutado será citado para entregá-
será ineficaz em relação ao pro- posse ou busca e apreensão, con- -la individualizada, se lhe couber
mitente vendedor, ao promitente forme se tratar de bem imóvel ou a escolha.
cedente ou ao proprietário fidu- móvel, cujo cumprimento se dará Parágrafo único.  Se a escolha
ciário não intimado. de imediato, se o executado não couber ao exequente, esse deverá
§ 4o  A alienação de imóvel satisfizer a obrigação no prazo indicá-la na petição inicial.
sobre o qual tenha sido instituí- que lhe foi designado.
da enfiteuse, concessão de uso Art. 812.  Qualquer das partes
especial para fins de moradia Art. 807.  Se o executado entre- poderá, no prazo de 15 (quinze)
ou concessão de direito real de gar a coisa, será lavrado o termo dias, impugnar a escolha feita
uso será ineficaz em relação ao respectivo e considerada satisfei- pela outra, e o juiz decidirá de
enfiteuta ou ao concessionário ta a obrigação, prosseguindo-se plano ou, se necessário, ouvindo
não intimado. a execução para o pagamento perito de sua nomeação.
§ 5o  A alienação de direitos de frutos ou o ressarcimento de
do enfiteuta, do concessionário prejuízos, se houver. Art. 813.  Aplicar-se-ão à execu-
de direito real de uso ou do con- ção para entrega de coisa incerta,
cessionário de uso especial para Art. 808.  Alienada a coisa quan- no que couber, as disposições da
fins de moradia será ineficaz em do já litigiosa, será expedido man- Seção I deste Capítulo.
relação ao proprietário do respec- dado contra o terceiro adquirente,
tivo imóvel não intimado. que somente será ouvido após
§ 6o  A alienação de bem so- depositá-la. CAPÍTULO III – DA
bre o qual tenha sido instituído EXECUÇÃO DAS
usufruto, uso ou habitação será Art. 809.  O exequente tem di- OBRIGAÇÕES DE FAZER OU
ineficaz em relação ao titular des- reito a receber, além de perdas DE NÃO FAZER
ses direitos reais não intimado. e danos, o valor da coisa, quan-
do essa se deteriorar, não lhe for Seção I – Disposições
Art. 805.  Quando por vários entregue, não for encontrada ou Comuns
meios o exequente puder pro- não for reclamada do poder de
mover a execução, o juiz mandará terceiro adquirente. Art. 814.  Na execução de obri-
que se faça pelo modo menos § 1o  Não constando do título o gação de fazer ou de não fazer
gravoso para o executado. valor da coisa e sendo impossível fundada em título extrajudicial, ao
Parágrafo único.  Ao execu- sua avaliação, o exequente apre- despachar a inicial, o juiz fixará
tado que alegar ser a medida sentará estimativa, sujeitando-a multa por período de atraso no
executiva mais gravosa incumbe ao arbitramento judicial. cumprimento da obrigação e a
indicar outros meios mais efica- § 2o  Serão apurados em li- data a partir da qual será devida.
zes e menos onerosos, sob pena quidação o valor da coisa e os Parágrafo único.  Se o valor
de manutenção dos atos execu- prejuízos. da multa estiver previsto no títu-
tivos já determinados. lo e for excessivo, o juiz poderá
Art. 810.  Havendo benfeitorias reduzi-lo.
indenizáveis feitas na coisa pelo

359
Código de Processo Civil
Seção II – Da Obrigação de rios à realização da prestação, I – adjudicação;
Fazer terá preferência, em igualdade de II – alienação;
condições de oferta, em relação III – apropriação de frutos
Art. 815.  Quando o objeto da ao terceiro. e rendimentos de empresa ou
execução for obrigação de fazer, Parágrafo único.  O direito de de estabelecimentos e de ou-
o executado será citado para sa- preferência deverá ser exercido tros bens.
tisfazê-la no prazo que o juiz lhe no prazo de 5 (cinco) dias, após
designar, se outro não estiver aprovada a proposta do terceiro. Art. 826.  Antes de adjudicados
determinado no título executivo. ou alienados os bens, o executado
Art. 821.  Na obrigação de fazer, pode, a todo tempo, remir a exe-
Art. 816.  Se o executado não quando se convencionar que o cução, pagando ou consignando
satisfizer a obrigação no prazo executado a satisfaça pessoal- a importância atualizada da dívi-
designado, é lícito ao exequente, mente, o exequente poderá re- da, acrescida de juros, custas e
nos próprios autos do processo, querer ao juiz que lhe assine prazo honorários advocatícios.
requerer a satisfação da obri- para cumpri-la.
gação à custa do executado ou Parágrafo único.  Havendo re-
perdas e danos, hipótese em que cusa ou mora do executado, sua
Seção II – Da Citação do
se converterá em indenização. obrigação pessoal será convertida Devedor e do Arresto
Parágrafo único.  O valor das em perdas e danos, caso em que
perdas e danos será apurado em se observará o procedimento de Art. 827.  Ao despachar a ini-
liquidação, seguindo-se a exe- execução por quantia certa. cial, o juiz fixará, de plano, os
cução para cobrança de quan- honorários advocatícios de dez
tia certa. por cento, a serem pagos pelo
Seção III – Da Obrigação de executado.
Art. 817.  Se a obrigação puder Não Fazer § 1o  No caso de integral paga-
ser satisfeita por terceiro, é lícito mento no prazo de 3 (três) dias, o
ao juiz autorizar, a requerimento Art. 822.  Se o executado prati- valor dos honorários advocatícios
do exequente, que aquele a satis- cou ato a cuja abstenção estava será reduzido pela metade.
faça à custa do executado. obrigado por lei ou por contrato, § 2o  O valor dos honorários
Parágrafo único.  O exequente o exequente requererá ao juiz que poderá ser elevado até vinte por
adiantará as quantias previstas na assine prazo ao executado para cento, quando rejeitados os em-
proposta que, ouvidas as partes, desfazê-lo. bargos à execução, podendo a
o juiz houver aprovado. majoração, caso não opostos os
Art. 823.  Havendo recusa ou embargos, ocorrer ao final do pro-
Art. 818.  Realizada a prestação, mora do executado, o exequente cedimento executivo, levando-se
o juiz ouvirá as partes no prazo requererá ao juiz que mande des- em conta o trabalho realizado pelo
de 10 (dez) dias e, não havendo fazer o ato à custa daquele, que advogado do exequente.
impugnação, considerará satis- responderá por perdas e danos.
feita a obrigação. Parágrafo único.  Não sendo Art. 828.  O exequente poderá
Parágrafo único.  Caso haja possível desfazer-se o ato, a obri- obter certidão de que a execução
impugnação, o juiz a decidirá. gação resolve-se em perdas e da- foi admitida pelo juiz, com identi-
nos, caso em que, após a liquida- ficação das partes e do valor da
Art. 819.  Se o terceiro contra- ção, se observará o procedimento causa, para fins de averbação no
tado não realizar a prestação no de execução por quantia certa. registro de imóveis, de veículos ou
prazo ou se o fizer de modo in- de outros bens sujeitos a penho-
completo ou defeituoso, poderá ra, arresto ou indisponibilidade.
o exequente requerer ao juiz, no CAPÍTULO IV – DA § 1o  No prazo de 10 (dez) dias
prazo de 15 (quinze) dias, que o au- EXECUÇÃO POR QUANTIA de sua concretização, o exequen-
torize a concluí-la ou a repará-la CERTA te deverá comunicar ao juízo as
à custa do contratante. averbações efetivadas.
Parágrafo único.  Ouvido o Seção I – Disposições Gerais § 2o  Formalizada penhora so-
contratante no prazo de 15 (quin- bre bens suficientes para cobrir o
ze) dias, o juiz mandará avaliar o Art. 824.  A execução por quan- valor da dívida, o exequente provi-
custo das despesas necessárias tia certa realiza-se pela expro- denciará, no prazo de 10 (dez) dias,
e o condenará a pagá-lo. priação de bens do executado, o cancelamento das averbações
ressalvadas as execuções es- relativas àqueles não penhorados.
Art. 820.  Se o exequente quiser peciais. § 3o  O juiz determinará o can-
executar ou mandar executar, celamento das averbações, de
sob sua direção e vigilância, as Art. 825.  A expropriação con- ofício ou a requerimento, caso o
obras e os trabalhos necessá- siste em: exequente não o faça no prazo.

360
Código de Processo Civil
§ 4o  Presume-se em frau- Seção III – Da Penhora, do educação, saúde ou assistên-
de à execução a alienação ou a Depósito e da Avaliação cia social;
oneração de bens efetuada após X – a quantia depositada em
a averbação. Subseção I – Do Objeto da caderneta de poupança, até o
§ 5o  O exequente que pro- Penhora limite de 40 (quarenta) salários
mover averbação manifestamen- mínimos;
te indevida ou não cancelar as Art. 831.  A penhora deverá re- XI – os recursos públicos do
averbações nos termos do §  2o cair sobre tantos bens quantos fundo partidário recebidos por
indenizará a parte contrária, pro- bastem para o pagamento do partido político, nos termos da lei;
cessando-se o incidente em autos principal atualizado, dos juros, XII – os créditos oriundos de
apartados. das custas e dos honorários ad- alienação de unidades imobiliá-
vocatícios. rias, sob regime de incorporação
Art. 829.  O executado será cita- imobiliária, vinculados à execução
do para pagar a dívida no prazo de Art. 832.  Não estão sujeitos à da obra.
3 (três) dias, contado da citação. execução os bens que a lei con- § 1o  A impenhorabilidade não
§ 1o  Do mandado de citação sidera impenhoráveis ou inalie- é oponível à execução de dívida
constarão, também, a ordem de náveis. relativa ao próprio bem, inclu-
penhora e a avaliação a serem sive àquela contraída para sua
cumpridas pelo oficial de justi- Art. 833.  São impenhoráveis: aquisição.
ça tão logo verificado o não pa- I – os bens inalienáveis e os § 2o  O disposto nos incisos
gamento no prazo assinalado, declarados, por ato voluntário, IV e X do caput não se aplica à
de tudo lavrando-se auto, com não sujeitos à execução; hipótese de penhora para paga-
intimação do executado. II – os móveis, os pertences mento de prestação alimentícia,
§ 2o  A penhora recairá sobre e as utilidades domésticas que independentemente de sua ori-
os bens indicados pelo exequente, guarnecem a residência do exe- gem, bem como às importâncias
salvo se outros forem indicados cutado, salvo os de elevado valor excedentes a 50 (cinquenta) salá-
pelo executado e aceitos pelo ou os que ultrapassem as neces- rios mínimos mensais, devendo a
juiz, mediante demonstração de sidades comuns correspondentes constrição observar o disposto no
que a constrição proposta lhe a um médio padrão de vida; art. 528, § 8o, e no art. 529, § 3o.
será menos onerosa e não trará III – os vestuários, bem como § 3o  Incluem-se na impenho-
prejuízo ao exequente. os pertences de uso pessoal do rabilidade prevista no inciso V do
executado, salvo se de elevado caput os equipamentos, os imple-
Art. 830.  Se o oficial de justiça valor; mentos e as máquinas agrícolas
não encontrar o executado, ar- IV – os vencimentos, os sub- pertencentes a pessoa física ou
restar-lhe-á tantos bens quantos sídios, os soldos, os salários, as a empresa individual produtora
bastem para garantir a execução. remunerações, os proventos de rural, exceto quando tais bens
§ 1o  Nos 10 (dez) dias seguin- aposentadoria, as pensões, os tenham sido objeto de financia-
tes à efetivação do arresto, o pecúlios e os montepios, bem mento e estejam vinculados em
oficial de justiça procurará o exe- como as quantias recebidas por garantia a negócio jurídico ou
cutado 2 (duas) vezes em dias liberalidade de terceiro e desti- quando respondam por dívida de
distintos e, havendo suspeita de nadas ao sustento do devedor natureza alimentar, trabalhista ou
ocultação, realizará a citação com e de sua família, os ganhos de previdenciária.
hora certa, certificando porme- trabalhador autônomo e os ho-
norizadamente o ocorrido. norários de profissional liberal, Art. 834.  Podem ser penhora-
§ 2o  Incumbe ao exequente ressalvado o § 2o; dos, à falta de outros bens, os
requerer a citação por edital, uma V – os livros, as máquinas, as frutos e os rendimentos dos bens
vez frustradas a pessoal e a com ferramentas, os utensílios, os ins- inalienáveis.
hora certa. trumentos ou outros bens móveis
§ 3o  Aperfeiçoada a citação necessários ou úteis ao exercício Art. 835.  A penhora observará,
e transcorrido o prazo de paga- da profissão do executado; preferencialmente, a seguinte
mento, o arresto converter-se-á VI – o seguro de vida; ordem:
em penhora, independentemente VII – os materiais necessários I – dinheiro, em espécie ou
de termo. para obras em andamento, salvo em depósito ou aplicação em
se essas forem penhoradas; instituição financeira;
VIII – a pequena propriedade II – títulos da dívida pública
rural, assim definida em lei, des- da União, dos Estados e do Dis-
de que trabalhada pela família; trito Federal com cotação em
IX – os recursos públicos re- mercado;
cebidos por instituições privadas III – títulos e valores mobili-
para aplicação compulsória em ários com cotação em mercado;

361
Código de Processo Civil
IV – veículos de via terrestre; Subseção II – Da do executado.
V – bens imóveis; Documentação da Penhora, § 1o  No caso do inciso II do
VI – bens móveis em geral; de seu Registro e do caput, se não houver depositário
VII – semoventes; Depósito judicial, os bens ficarão em poder
VIII – navios e aeronaves; do exequente.
IX – ações e quotas de so- Art. 837.  Obedecidas as normas § 2o  Os bens poderão ser de-
ciedades simples e empresárias; de segurança instituídas sob cri- positados em poder do executado
X – percentual do faturamen- térios uniformes pelo Conselho nos casos de difícil remoção ou
to de empresa devedora; Nacional de Justiça, a penho- quando anuir o exequente.
XI – pedras e metais precio- ra de dinheiro e as averbações § 3o  As joias, as pedras e os
sos; de penhoras de bens imóveis e objetos preciosos deverão ser
XII – direitos aquisitivos de- móveis podem ser realizadas por depositados com registro do valor
rivados de promessa de compra meio eletrônico. estimado de resgate.
e venda e de alienação fiduciária
em garantia; Art. 838.  A penhora será rea- Art. 841.  Formalizada a penhora
XIII – outros direitos. lizada mediante auto ou termo, por qualquer dos meios legais,
§ 1o  É prioritária a penhora que conterá: dela será imediatamente intimado
em dinheiro, podendo o juiz, nas I – a indicação do dia, do mês, o executado.
demais hipóteses, alterar a or- do ano e do lugar em que foi feita; § 1o  A intimação da penhora
dem prevista no caput de acordo II – os nomes do exequente e será feita ao advogado do execu-
com as circunstâncias do caso do executado; tado ou à sociedade de advogados
concreto. III – a descrição dos bens pe- a que aquele pertença.
§ 2o  Para fins de substituição nhorados, com as suas caracte- § 2o  Se não houver constitu-
da penhora, equiparam-se a di- rísticas; ído advogado nos autos, o execu-
nheiro a fiança bancária e o se- IV – a nomeação do deposi- tado será intimado pessoalmente,
guro garantia judicial, desde que tário dos bens. de preferência por via postal.
em valor não inferior ao do débito § 3o  O disposto no § 1o não se
constante da inicial, acrescido de Art. 839.  Considerar-se-á feita aplica aos casos de penhora rea-
trinta por cento. a penhora mediante a apreensão lizada na presença do executado,
§ 3o  Na execução de crédi- e o depósito dos bens, lavrando- que se reputa intimado.
to com garantia real, a penhora -se um só auto se as diligências § 4o  Considera-se realizada
recairá sobre a coisa dada em forem concluídas no mesmo dia. a intimação a que se refere o
garantia, e, se a coisa pertencer Parágrafo único. Havendo § 2o quando o executado houver
a terceiro garantidor, este tam- mais de uma penhora, serão la- mudado de endereço sem prévia
bém será intimado da penhora. vrados autos individuais. comunicação ao juízo, observado
o disposto no parágrafo único do
Art. 836.  Não se levará a efeito Art. 840.  Serão preferencial- art. 274.
a penhora quando ficar evidente mente depositados:
que o produto da execução dos I – as quantias em dinheiro, Art. 842.  Recaindo a penhora
bens encontrados será totalmen- os papéis de crédito e as pedras sobre bem imóvel ou direito real
te absorvido pelo pagamento das e os metais preciosos, no Banco sobre imóvel, será intimado tam-
custas da execução. do Brasil, na Caixa Econômica bém o cônjuge do executado, sal-
§ 1o  Quando não encontrar Federal ou em banco do qual o Es- vo se forem casados em regime
bens penhoráveis, independen- tado ou o Distrito Federal possua de separação absoluta de bens.
temente de determinação judi- mais da metade do capital social
cial expressa, o oficial de justiça integralizado, ou, na falta desses Art. 843.  Tratando-se de penho-
descreverá na certidão os bens estabelecimentos, em qualquer ra de bem indivisível, o equivalen-
que guarnecem a residência ou instituição de crédito designada te à quota-parte do coproprietário
o estabelecimento do executado, pelo juiz; ou do cônjuge alheio à execução
quando este for pessoa jurídica. II – os móveis, os semoven- recairá sobre o produto da alie-
§ 2o  Elaborada a lista, o exe- tes, os imóveis urbanos e os di- nação do bem.
cutado ou seu representante legal reitos aquisitivos sobre imóveis § 1o  É reservada ao copro-
será nomeado depositário pro- urbanos, em poder do depositá- prietário ou ao cônjuge não exe-
visório de tais bens até ulterior rio judicial; cutado a preferência na arrema-
determinação do juiz. III – os imóveis rurais, os di- tação do bem em igualdade de
reitos aquisitivos sobre imóveis condições.
rurais, as máquinas, os utensílios § 2o  Não será levada a efeito
e os instrumentos necessários ou expropriação por preço inferior
úteis à atividade agrícola, me- ao da avaliação na qual o valor
diante caução idônea, em poder auferido seja incapaz de garantir,

362
Código de Processo Civil
ao coproprietário ou ao cônjuge vrarão em duplicata o auto da substituição caso o requeira com
alheio à execução, o correspon- ocorrência, entregando uma via a expressa anuência do cônjuge,
dente à sua quota-parte calculado ao escrivão ou ao chefe de secre- salvo se o regime for o de sepa-
sobre o valor da avaliação. taria, para ser juntada aos autos, ração absoluta de bens.
e a outra à autoridade policial a § 4o  O juiz intimará o exe-
Art. 844.  Para presunção abso- quem couber a apuração criminal quente para manifestar-se sobre
luta de conhecimento por tercei- dos eventuais delitos de desobe- o requerimento de substituição
ros, cabe ao exequente providen- diência ou de resistência. do bem penhorado.
ciar a averbação do arresto ou da § 4o  Do auto da ocorrência
penhora no registro competente, constará o rol de testemunhas, Art. 848.  As partes poderão
mediante apresentação de cópia com a respectiva qualificação. requerer a substituição da pe-
do auto ou do termo, indepen- nhora se:
dentemente de mandado judicial. I – ela não obedecer à or-
Subseção IV – Das dem legal;
Modificações da Penhora II – ela não incidir sobre os
Subseção III – Do Lugar de bens designados em lei, contrato
Realização da Penhora Art. 847.  O executado pode, no ou ato judicial para o pagamento;
prazo de 10 (dez) dias contado da III – havendo bens no foro da
Art. 845.  Efetuar-se-á a penho- intimação da penhora, requerer execução, outros tiverem sido
ra onde se encontrem os bens, a substituição do bem penhora- penhorados;
ainda que sob a posse, a detenção do, desde que comprove que lhe IV – havendo bens livres, ela
ou a guarda de terceiros. será menos onerosa e não trará tiver recaído sobre bens já pe-
§ 1o  A penhora de imóveis, prejuízo ao exequente. nhorados ou objeto de gravame;
independentemente de onde se § 1o  O juiz só autorizará a V – ela incidir sobre bens de
localizem, quando apresentada substituição se o executado: baixa liquidez;
certidão da respectiva matrícula, I – comprovar as respectivas VI – fracassar a tentativa de
e a penhora de veículos automo- matrículas e os registros por cer- alienação judicial do bem; ou
tores, quando apresentada certi- tidão do correspondente ofício, VII – o executado não indicar o
dão que ateste a sua existência, quanto aos bens imóveis; valor dos bens ou omitir qualquer
serão realizadas por termo nos II – descrever os bens móveis, das indicações previstas em lei.
autos. com todas as suas propriedades Parágrafo único.  A penhora
§ 2o  Se o executado não ti- e características, bem como o pode ser substituída por fiança
ver bens no foro do processo, estado deles e o lugar onde se bancária ou por seguro garantia
não sendo possível a realização encontram; judicial, em valor não inferior ao
da penhora nos termos do §  1o, III – descrever os semoventes, do débito constante da inicial,
a execução será feita por carta, com indicação de espécie, de acrescido de trinta por cento.
penhorando-se, avaliando-se e número, de marca ou sinal e do
alienando-se os bens no foro da local onde se encontram; Art. 849.  Sempre que ocorrer
situação. IV – identificar os créditos, a substituição dos bens inicial-
indicando quem seja o devedor, mente penhorados, será lavrado
Art. 846.  Se o executado fechar qual a origem da dívida, o título novo termo.
as portas da casa a fim de obstar que a representa e a data do ven-
a penhora dos bens, o oficial de cimento; e Art. 850.  Será admitida a redu-
justiça comunicará o fato ao juiz, V – atribuir, em qualquer caso, ção ou a ampliação da penhora,
solicitando-lhe ordem de arrom- valor aos bens indicados à pe- bem como sua transferência para
bamento. nhora, além de especificar os outros bens, se, no curso do pro-
§ 1o  Deferido o pedido, 2 ônus e os encargos a que este- cesso, o valor de mercado dos
(dois) oficiais de justiça cum- jam sujeitos. bens penhorados sofrer alteração
prirão o mandado, arrombando § 2o  Requerida a substituição significativa.
cômodos e móveis em que se do bem penhorado, o executado
presuma estarem os bens, e la- deve indicar onde se encontram Art. 851.  Não se procede à se-
vrarão de tudo auto circunstan- os bens sujeitos à execução, exi- gunda penhora, salvo se:
ciado, que será assinado por 2 bir a prova de sua propriedade e I – a primeira for anulada;
(duas) testemunhas presentes a certidão negativa ou positiva II – executados os bens, o
à diligência. de ônus, bem como abster-se produto da alienação não bastar
§ 2o  Sempre que necessário, de qualquer atitude que dificul- para o pagamento do exequente;
o juiz requisitará força policial, a te ou embarace a realização da III – o exequente desistir da
fim de auxiliar os oficiais de jus- penhora. primeira penhora, por serem li-
tiça na penhora dos bens. § 3o  O executado somente tigiosos os bens ou por estarem
§ 3o  Os oficiais de justiça la- poderá oferecer bem imóvel em submetidos a constrição judicial.

363
Código de Processo Civil
Art. 852.  O juiz determinará a § 4o  Acolhida qualquer das dade pelos atos praticados, na
alienação antecipada dos bens arguições dos incisos I e II do § 3o, forma da lei.
penhorados quando: o juiz determinará o cancelamen-
I – se tratar de veículos au- to de eventual indisponibilidade
tomotores, de pedras e metais irregular ou excessiva, a ser cum-
Subseção VI – Da Penhora de
preciosos e de outros bens mó- prido pela instituição financeira Créditos
veis sujeitos à depreciação ou à em 24 (vinte e quatro) horas.
deterioração; § 5o  Rejeitada ou não apre- Art. 855.  Quando recair em cré-
II – houver manifesta van- sentada a manifestação do exe- dito do executado, enquanto não
tagem. cutado, converter-se-á a indis- ocorrer a hipótese prevista no
ponibilidade em penhora, sem art. 856, considerar-se-á feita a
Art. 853.  Quando uma das par- necessidade de lavratura de ter- penhora pela intimação:
tes requerer alguma das medidas mo, devendo o juiz da execução I – ao terceiro devedor para
previstas nesta Subseção, o juiz determinar à instituição financei- que não pague ao executado,
ouvirá sempre a outra, no prazo ra depositária que, no prazo de 24 seu credor;
de 3 (três) dias, antes de decidir. (vinte e quatro) horas, transfira o II – ao executado, credor do
Parágrafo único.  O juiz deci- montante indisponível para conta terceiro, para que não pratique
dirá de plano qualquer questão vinculada ao juízo da execução. ato de disposição do crédito.
suscitada. § 6o  Realizado o pagamento
da dívida por outro meio, o juiz Art. 856.  A penhora de crédito
determinará, imediatamente, por representado por letra de câm-
Subseção V – Da Penhora de sistema eletrônico gerido pela au- bio, nota promissória, duplicata,
Dinheiro em Depósito ou em toridade supervisora do sistema cheque ou outros títulos far-se-á
Aplicação Financeira financeiro nacional, a notificação pela apreensão do documento,
da instituição financeira para que, esteja ou não este em poder do
Art. 854.  Para possibilitar a pe- em até 24 (vinte e quatro) horas, executado.
nhora de dinheiro em depósito ou cancele a indisponibilidade. § 1o  Se o título não for apre-
em aplicação financeira, o juiz, § 7o  As transmissões das or- endido, mas o terceiro confessar
a requerimento do exequente, dens de indisponibilidade, de seu a dívida, será este tido como de-
sem dar ciência prévia do ato ao cancelamento e de determinação positário da importância.
executado, determinará às insti- de penhora previstas neste artigo § 2o  O terceiro só se exone-
tuições financeiras, por meio de far-se-ão por meio de sistema rará da obrigação depositando
sistema eletrônico gerido pela eletrônico gerido pela autoridade em juízo a importância da dívida.
autoridade supervisora do sis- supervisora do sistema financei- § 3o  Se o terceiro negar o
tema financeiro nacional, que ro nacional. débito em conluio com o execu-
torne indisponíveis ativos finan- § 8o  A instituição financeira tado, a quitação que este lhe der
ceiros existentes em nome do será responsável pelos prejuízos caracterizará fraude à execução.
executado, limitando-se a indis- causados ao executado em de- § 4o  A requerimento do exe-
ponibilidade ao valor indicado na corrência da indisponibilidade quente, o juiz determinará o com-
execução. de ativos financeiros em valor parecimento, em audiência espe-
§ 1o  No prazo de 24 (vinte e superior ao indicado na execu- cialmente designada, do execu-
quatro) horas a contar da respos- ção ou pelo juiz, bem como na tado e do terceiro, a fim de lhes
ta, de ofício, o juiz determinará o hipótese de não cancelamento tomar os depoimentos.
cancelamento de eventual indis- da indisponibilidade no prazo de
ponibilidade excessiva, o que de- 24 (vinte e quatro) horas, quando Art. 857.  Feita a penhora em
verá ser cumprido pela instituição assim determinar o juiz. direito e ação do executado, e
financeira em igual prazo. § 9o  Quando se tratar de exe- não tendo ele oferecido embar-
§ 2o  Tornados indisponíveis cução contra partido político, o gos ou sendo estes rejeitados, o
os ativos financeiros do executa- juiz, a requerimento do exequen- exequente ficará sub-rogado nos
do, este será intimado na pessoa te, determinará às instituições direitos do executado até a con-
de seu advogado ou, não o tendo, financeiras, por meio de sistema corrência de seu crédito.
pessoalmente. eletrônico gerido por autoridade § 1o  O exequente pode pre-
§ 3o  Incumbe ao executado, supervisora do sistema bancário, ferir, em vez da sub-rogação, a
no prazo de 5 (cinco) dias, com- que tornem indisponíveis ativos alienação judicial do direito pe-
provar que: financeiros somente em nome do nhorado, caso em que declarará
I – as quantias tornadas in- órgão partidário que tenha con- sua vontade no prazo de 10 (dez)
disponíveis são impenhoráveis; traído a dívida executada ou que dias contado da realização da
II – ainda remanesce indis- tenha dado causa à violação de penhora.
ponibilidade excessiva de ativos direito ou ao dano, ao qual cabe § 2o  A sub-rogação não im-
financeiros. exclusivamente a responsabili- pede o sub-rogado, se não re-

364
Código de Processo Civil
ceber o crédito do executado, redução do capital social e com § 3o  Em relação aos edifí-
de prosseguir na execução, nos utilização de reservas, para ma- cios em construção sob regime
mesmos autos, penhorando ou- nutenção em tesouraria. de incorporação imobiliária, a
tros bens. § 2o  O disposto no caput e penhora somente poderá recair
no § 1o não se aplica à sociedade sobre as unidades imobiliárias
Art. 858.  Quando a penhora re- anônima de capital aberto, cujas ainda não comercializadas pelo
cair sobre dívidas de dinheiro a ações serão adjudicadas ao exe- incorporador.
juros, de direito a rendas ou de quente ou alienadas em bolsa de § 4o  Sendo necessário afas-
prestações periódicas, o exe- valores, conforme o caso. tar o incorporador da adminis-
quente poderá levantar os juros, § 3o  Para os fins da liquida- tração da incorporação, será ela
os rendimentos ou as prestações ção de que trata o inciso III do exercida pela comissão de re-
à medida que forem sendo depo- caput, o juiz poderá, a requeri- presentantes dos adquirentes
sitados, abatendo-se do crédito mento do exequente ou da so- ou, se se tratar de construção
as importâncias recebidas, con- ciedade, nomear administrador, financiada, por empresa ou pro-
forme as regras de imputação do que deverá submeter à aprovação fissional indicado pela instituição
pagamento. judicial a forma de liquidação. fornecedora dos recursos para a
§ 4o  O prazo previsto no obra, devendo ser ouvida, neste
Art. 859.  Recaindo a penhora caput poderá ser ampliado pelo último caso, a comissão de re-
sobre direito a prestação ou a juiz, se o pagamento das quotas presentantes dos adquirentes.
restituição de coisa determina- ou das ações liquidadas:
da, o executado será intimado I – superar o valor do saldo Art. 863.  A penhora de empresa
para, no vencimento, depositá-la, de lucros ou reservas, exceto a que funcione mediante conces-
correndo sobre ela a execução. legal, e sem diminuição do capital são ou autorização far-se-á, con-
social, ou por doação; ou forme o valor do crédito, sobre a
Art. 860.  Quando o direito es- II – colocar em risco a esta- renda, sobre determinados bens
tiver sendo pleiteado em juízo, bilidade financeira da sociedade ou sobre todo o patrimônio, e o
a penhora que recair sobre ele simples ou empresária. juiz nomeará como depositário,
será averbada, com destaque, nos § 5o  Caso não haja interesse de preferência, um de seus di-
autos pertinentes ao direito e na dos demais sócios no exercício retores.
ação correspondente à penhora, a de direito de preferência, não § 1o  Quando a penhora recair
fim de que esta seja efetivada nos ocorra a aquisição das quotas sobre a renda ou sobre determi-
bens que forem adjudicados ou ou das ações pela sociedade e a nados bens, o administrador-de-
que vierem a caber ao executado. liquidação do inciso III do caput positário apresentará a forma
seja excessivamente onerosa de administração e o esquema
para a sociedade, o juiz poderá de pagamento, observando-se,
Subseção VII – Da Penhora determinar o leilão judicial das quanto ao mais, o disposto em
das Quotas ou das Ações de quotas ou das ações. relação ao regime de penhora
Sociedades Personificadas de frutos e rendimentos de coisa
móvel e imóvel.
Art. 861.  Penhoradas as quotas
Subseção VIII – Da Penhora § 2o  Recaindo a penhora so-
ou as ações de sócio em socie- de Empresa, de Outros bre todo o patrimônio, prossegui-
dade simples ou empresária, o Estabelecimentos e de rá a execução em seus ulteriores
juiz assinará prazo razoável, não Semoventes termos, ouvindo-se, antes da ar-
superior a 3 (três) meses, para rematação ou da adjudicação, o
que a sociedade: Art. 862.  Quando a penhora re- ente público que houver outor-
I – apresente balanço espe- cair em estabelecimento comer- gado a concessão.
cial, na forma da lei; cial, industrial ou agrícola, bem
II – ofereça as quotas ou as como em semoventes, plantações Art. 864.  A penhora de navio
ações aos demais sócios, obser- ou edifícios em construção, o juiz ou de aeronave não obsta que
vado o direito de preferência legal nomeará administrador-deposi- continuem navegando ou ope-
ou contratual; tário, determinando-lhe que apre- rando até a alienação, mas o juiz,
III – não havendo interes- sente em 10 (dez) dias o plano de ao conceder a autorização para
se dos sócios na aquisição das administração. tanto, não permitirá que saiam
ações, proceda à liquidação das § 1o  Ouvidas as partes, o juiz do porto ou do aeroporto antes
quotas ou das ações, depositan- decidirá. que o executado faça o seguro
do em juízo o valor apurado, em § 2o  É lícito às partes ajus- usual contra riscos.
dinheiro. tar a forma de administração e
§ 1o  Para evitar a liquidação escolher o depositário, hipótese Art. 865.  A penhora de que tra-
das quotas ou das ações, a so- em que o juiz homologará por ta esta Subseção somente será
ciedade poderá adquiri-las sem despacho a indicação. determinada se não houver outro

365
Código de Processo Civil
meio eficaz para a efetivação do custas e dos honorários advo- Art. 871.  Não se procederá à
crédito. catícios. avaliação quando:
§ 1o  A medida terá eficácia I – uma das partes aceitar a
em relação a terceiros a partir estimativa feita pela outra;
Subseção IX – Da Penhora de da publicação da decisão que II – se tratar de títulos ou de
Percentual de Faturamento a conceda ou de sua averbação mercadorias que tenham cota-
de Empresa no ofício imobiliário, em caso de ção em bolsa, comprovada por
imóveis. certidão ou publicação no órgão
Art. 866.  Se o executado não § 2o  O exequente providen- oficial;
tiver outros bens penhoráveis ciará a averbação no ofício imo- III – se tratar de títulos da
ou se, tendo-os, esses forem de biliário mediante a apresentação dívida pública, de ações de so-
difícil alienação ou insuficientes de certidão de inteiro teor do ato, ciedades e de títulos de crédito
para saldar o crédito executado, independentemente de mandado negociáveis em bolsa, cujo valor
o juiz poderá ordenar a penhora judicial. será o da cotação oficial do dia,
de percentual de faturamento comprovada por certidão ou pu-
de empresa. Art. 869.  O juiz poderá nomear blicação no órgão oficial;
§ 1o  O juiz fixará percentu- administrador-depositário o exe- IV – se tratar de veículos au-
al que propicie a satisfação do quente ou o executado, ouvida tomotores ou de outros bens
crédito exequendo em tempo a parte contrária, e, não haven- cujo preço médio de mercado
razoável, mas que não torne in- do acordo, nomeará profissional possa ser conhecido por meio
viável o exercício da atividade qualificado para o desempenho de pesquisas realizadas por ór-
empresarial. da função. gãos oficiais ou de anúncios de
§ 2o  O juiz nomeará adminis- § 1o  O administrador subme- venda divulgados em meios de
trador-depositário, o qual subme- terá à aprovação judicial a forma comunicação, caso em que ca-
terá à aprovação judicial a forma de administração e a de prestar berá a quem fizer a nomeação o
de sua atuação e prestará contas contas periodicamente. encargo de comprovar a cotação
mensalmente, entregando em ju- § 2o  Havendo discordância de mercado.
ízo as quantias recebidas, com os entre as partes ou entre essas e Parágrafo único.  Ocorrendo a
respectivos balancetes mensais, o administrador, o juiz decidirá a hipótese do inciso I deste artigo,
a fim de serem imputadas no pa- melhor forma de administração a avaliação poderá ser realizada
gamento da dívida. do bem. quando houver fundada dúvida do
§ 3o  Na penhora de percen- § 3o  Se o imóvel estiver ar- juiz quanto ao real valor do bem.
tual de faturamento de empresa, rendado, o inquilino pagará o alu-
observar-se-á, no que couber, o guel diretamente ao exequente, Art. 872.  A avaliação realizada
disposto quanto ao regime de salvo se houver administrador. pelo oficial de justiça constará
penhora de frutos e rendimentos § 4o  O exequente ou o admi- de vistoria e de laudo anexados
de coisa móvel e imóvel. nistrador poderá celebrar locação ao auto de penhora ou, em caso
do móvel ou do imóvel, ouvido o de perícia realizada por avaliador,
executado. de laudo apresentado no prazo
Subseção X – Da Penhora § 5o  As quantias recebidas fixado pelo juiz, devendo-se, em
de Frutos e Rendimentos de pelo administrador serão entre- qualquer hipótese, especificar:
Coisa Móvel ou Imóvel gues ao exequente, a fim de se- I – os bens, com as suas ca-
rem imputadas ao pagamento racterísticas, e o estado em que
Art. 867.  O juiz pode ordenar a da dívida. se encontram;
penhora de frutos e rendimentos § 6o  O exequente dará ao II – o valor dos bens.
de coisa móvel ou imóvel quando executado, por termo nos autos, § 1o  Quando o imóvel for sus-
a considerar mais eficiente para o quitação das quantias recebidas. cetível de cômoda divisão, a ava-
recebimento do crédito e menos liação, tendo em conta o crédito
gravosa ao executado. reclamado, será realizada em par-
Subseção XI – Da Avaliação tes, sugerindo-se, com a apre-
Art. 868.  Ordenada a penhora sentação de memorial descritivo,
de frutos e rendimentos, o juiz Art. 870.  A avaliação será feita os possíveis desmembramentos
nomeará administrador-deposi- pelo oficial de justiça. para alienação.
tário, que será investido de todos Parágrafo único.  Se forem § 2o  Realizada a avaliação
os poderes que concernem à ad- necessários conhecimentos es- e, sendo o caso, apresentada a
ministração do bem e à fruição de pecializados e o valor da execu- proposta de desmembramento,
seus frutos e utilidades, perdendo ção o comportar, o juiz nomeará as partes serão ouvidas no prazo
o executado o direito de gozo do avaliador, fixando-lhe prazo não de 5 (cinco) dias.
bem, até que o exequente seja superior a 10 (dez) dias para en-
pago do principal, dos juros, das trega do laudo. Art. 873.  É admitida nova ava-

366
Código de Processo Civil
liação quando: constituído nos autos. adjudicatário, quando se tratar
I – qualquer das partes arguir, § 2o  Considera-se realizada de bem móvel.
fundamentadamente, a ocorrên- a intimação quando o executa- § 2o  A carta de adjudicação
cia de erro na avaliação ou dolo do houver mudado de endereço conterá a descrição do imóvel,
do avaliador; sem prévia comunicação ao juízo, com remissão à sua matrícula
II – se verificar, posterior- observado o disposto no art. 274, e aos seus registros, a cópia do
mente à avaliação, que houve parágrafo único. auto de adjudicação e a prova de
majoração ou diminuição no va- § 3o  Se o executado, citado quitação do imposto de trans-
lor do bem; por edital, não tiver procurador missão.
III – o juiz tiver fundada dúvida constituído nos autos, é dispen- § 3o  No caso de penhora de
sobre o valor atribuído ao bem na sável a intimação prevista no § 1o. bem hipotecado, o executado po-
primeira avaliação. § 4o  Se o valor do crédito for: derá remi-lo até a assinatura do
Parágrafo único.  Aplica-se o I – inferior ao dos bens, o re- auto de adjudicação, oferecendo
art. 480 à nova avaliação prevista querente da adjudicação deposi- preço igual ao da avaliação, se
no inciso III do caput deste artigo. tará de imediato a diferença, que não tiver havido licitantes, ou ao
ficará à disposição do executado; do maior lance oferecido.
Art. 874.  Após a avaliação, o II – superior ao dos bens, a § 4o  Na hipótese de falência
juiz poderá, a requerimento do execução prosseguirá pelo saldo ou de insolvência do devedor hi-
interessado e ouvida a parte con- remanescente. potecário, o direito de remição
trária, mandar: § 5o  Idêntico direito pode ser previsto no § 3o será deferido à
I – reduzir a penhora aos bens exercido por aqueles indicados massa ou aos credores em con-
suficientes ou transferi-la para no art. 889, incisos II a VIII, pe- curso, não podendo o exequen-
outros, se o valor dos bens pe- los credores concorrentes que te recusar o preço da avaliação
nhorados for consideravelmente hajam penhorado o mesmo bem, do imóvel.
superior ao crédito do exequente pelo cônjuge, pelo companheiro,
e dos acessórios; pelos descendentes ou pelos as- Art. 878.  Frustradas as tenta-
II – ampliar a penhora ou cendentes do executado. tivas de alienação do bem, será
transferi-la para outros bens mais § 6o  Se houver mais de um reaberta oportunidade para re-
valiosos, se o valor dos bens pe- pretendente, proceder-se-á a li- querimento de adjudicação, caso
nhorados for inferior ao crédito citação entre eles, tendo prefe- em que também se poderá pleite-
do exequente. rência, em caso de igualdade de ar a realização de nova avaliação.
oferta, o cônjuge, o companheiro,
Art. 875.  Realizadas a penhora o descendente ou o ascendente,
e a avaliação, o juiz dará início nessa ordem.
Subseção II – Da Alienação
aos atos de expropriação do bem. § 7o  No caso de penhora de
quota social ou de ação de socie- Art. 879.  A alienação far-se-á:
dade anônima fechada realizada I – por iniciativa particular;
Seção IV – Da Expropriação em favor de exequente alheio à II – em leilão judicial eletrô-
de Bens sociedade, esta será intimada, nico ou presencial.
Subseção I – Da Adjudicação ficando responsável por infor-
mar aos sócios a ocorrência da Art. 880.  Não efetivada a ad-
Art. 876.  É lícito ao exequente, penhora, assegurando-se a estes judicação, o exequente poderá
oferecendo preço não inferior a preferência. requerer a alienação por sua pró-
ao da avaliação, requerer que pria iniciativa ou por intermédio
lhe sejam adjudicados os bens Art. 877.  Transcorrido o prazo de de corretor ou leiloeiro público
penhorados. 5 (cinco) dias, contado da última credenciado perante o órgão ju-
§ 1o  Requerida a adjudica- intimação, e decididas eventu- diciário.
ção, o executado será intimado ais questões, o juiz ordenará a § 1o  O juiz fixará o prazo em
do pedido: lavratura do auto de adjudicação. que a alienação deve ser efeti-
I – pelo Diário da Justiça, na § 1o  Considera-se perfeita vada, a forma de publicidade, o
pessoa de seu advogado consti- e acabada a adjudicação com a preço mínimo, as condições de
tuído nos autos; lavratura e a assinatura do auto pagamento, as garantias e, se
II – por carta com aviso de re- pelo juiz, pelo adjudicatário, pelo for o caso, a comissão de cor-
cebimento, quando representado escrivão ou chefe de secretaria, retagem.
pela Defensoria Pública ou quan- e, se estiver presente, pelo exe- § 2o  A alienação será forma-
do não tiver procurador constitu- cutado, expedindo-se: lizada por termo nos autos, com
ído nos autos; I – a carta de adjudicação e a assinatura do juiz, do exequen-
III – por meio eletrônico, o mandado de imissão na posse, te, do adquirente e, se estiver
quando, sendo o caso do § 1o do quando se tratar de bem imóvel; presente, do executado, expe-
art.  246, não tiver procurador II – a ordem de entrega ao dindo-se:

367
Código de Processo Civil
I – a carta de alienação e o Art. 884.  Incumbe ao leiloeiro Parágrafo único.  No caso de
mandado de imissão na posse, público: títulos da dívida pública e de títu-
quando se tratar de bem imóvel; I – publicar o edital, anuncian- los negociados em bolsa, cons-
II – a ordem de entrega ao do a alienação; tará do edital o valor da última
adquirente, quando se tratar de II – realizar o leilão onde se cotação.
bem móvel. encontrem os bens ou no lugar
§ 3o  Os tribunais poderão designado pelo juiz; Art. 887.  O leiloeiro público
editar disposições complemen- III – expor aos pretendentes designado adotará providências
tares sobre o procedimento da os bens ou as amostras das mer- para a ampla divulgação da alie-
alienação prevista neste artigo, cadorias; nação.
admitindo, quando for o caso, o IV – receber e depositar, den- § 1o  A publicação do edital
concurso de meios eletrônicos, tro de 1 (um) dia, à ordem do juiz, deverá ocorrer pelo menos 5 (cin-
e dispor sobre o credenciamento o produto da alienação; co) dias antes da data marcada
dos corretores e leiloeiros pú- V – prestar contas nos 2 (dois) para o leilão.
blicos, os quais deverão estar dias subsequentes ao depósito. § 2o  O edital será publicado
em exercício profissional por não Parágrafo único.  O leiloeiro na rede mundial de computado-
menos que 3 (três) anos. tem o direito de receber do arre- res, em sítio designado pelo juízo
§ 4o  Nas localidades em que matante a comissão estabelecida da execução, e conterá descrição
não houver corretor ou leiloeiro em lei ou arbitrada pelo juiz. detalhada e, sempre que possível,
público credenciado nos termos ilustrada dos bens, informando
do § 3o, a indicação será de livre Art. 885.  O juiz da execução es- expressamente se o leilão se re-
escolha do exequente. tabelecerá o preço mínimo, as alizará de forma eletrônica ou
condições de pagamento e as presencial.
Art. 881.  A alienação far-se-á em garantias que poderão ser pres- § 3o  Não sendo possível a
leilão judicial se não efetivada a tadas pelo arrematante. publicação na rede mundial de
adjudicação ou a alienação por computadores ou considerando o
iniciativa particular. Art. 886.  O leilão será precedi- juiz, em atenção às condições da
§ 1o  O leilão do bem penho- do de publicação de edital, que sede do juízo, que esse modo de
rado será realizado por leiloeiro conterá: divulgação é insuficiente ou ina-
público. I – a descrição do bem penho- dequado, o edital será afixado em
§ 2o  Ressalvados os casos rado, com suas características, e, local de costume e publicado, em
de alienação a cargo de corre- tratando-se de imóvel, sua situa- resumo, pelo menos uma vez em
tores de bolsa de valores, todos ção e suas divisas, com remissão jornal de ampla circulação local.
os demais bens serão alienados à matrícula e aos registros; § 4o  Atendendo ao valor dos
em leilão público. II – o valor pelo qual o bem foi bens e às condições da sede do
avaliado, o preço mínimo pelo qual juízo, o juiz poderá alterar a forma
Art. 882.  Não sendo possível a poderá ser alienado, as condições e a frequência da publicidade na
sua realização por meio eletrôni- de pagamento e, se for o caso, a imprensa, mandar publicar o edi-
co, o leilão será presencial. comissão do leiloeiro designado; tal em local de ampla circulação
§ 1o  A alienação judicial por III – o lugar onde estiverem de pessoas e divulgar avisos em
meio eletrônico será realizada, os móveis, os veículos e os se- emissora de rádio ou televisão lo-
observando-se as garantias pro- moventes e, tratando-se de cré- cal, bem como em sítios distintos
cessuais das partes, de acordo ditos ou direitos, a identificação do indicado no § 2o.
com regulamentação específica dos autos do processo em que § 5o  Os editais de leilão de
do Conselho Nacional de Justiça. foram penhorados; imóveis e de veículos automo-
§ 2o  A alienação judicial por IV – o sítio, na rede mundial tores serão publicados pela im-
meio eletrônico deverá atender de computadores, e o período em prensa ou por outros meios de
aos requisitos de ampla publici- que se realizará o leilão, salvo se divulgação, preferencialmente
dade, autenticidade e segurança, este se der de modo presencial, na seção ou no local reservados
com observância das regras es- hipótese em que serão indica- à publicidade dos respectivos
tabelecidas na legislação sobre dos o local, o dia e a hora de sua negócios.
certificação digital. realização; § 6o  O juiz poderá determi-
§ 3o  O leilão presencial será V – a indicação de local, dia nar a reunião de publicações em
realizado no local designado pelo e hora de segundo leilão presen- listas referentes a mais de uma
juiz. cial, para a hipótese de não haver execução.
interessado no primeiro;
Art. 883.  Caberá ao juiz a desig- VI – menção da existência Art. 888.  Não se realizando o
nação do leiloeiro público, que po- de ônus, recurso ou processo leilão por qualquer motivo, o juiz
derá ser indicado pelo exequente. pendente sobre os bens a serem mandará publicar a transferên-
leiloados. cia, observando-se o disposto

368
Código de Processo Civil
no art. 887. cutado for revel e não tiver advo- preço, mas, se o valor dos bens
Parágrafo único.  O escrivão, gado constituído, não constando exceder ao seu crédito, depo-
o chefe de secretaria ou o leiloei- dos autos seu endereço atual ou, sitará, dentro de 3 (três) dias, a
ro que culposamente der causa ainda, não sendo ele encontrado diferença, sob pena de tornar-se
à transferência responde pelas no endereço constante do pro- sem efeito a arrematação, e, nes-
despesas da nova publicação, cesso, a intimação considerar- se caso, realizar-se-á novo leilão,
podendo o juiz aplicar-lhe a pena -se-á feita por meio do próprio à custa do exequente.
de suspensão por 5 (cinco) dias a edital de leilão. § 2o  Se houver mais de um
3 (três) meses, em procedimento pretendente, proceder-se-á en-
administrativo regular. Art. 890.  Pode oferecer lance tre eles à licitação, e, no caso de
quem estiver na livre administra- igualdade de oferta, terá prefe-
Art. 889.  Serão cientificados ção de seus bens, com exceção: rência o cônjuge, o companheiro,
da alienação judicial, com pelo I – dos tutores, dos curadores, o descendente ou o ascendente
menos 5 (cinco) dias de ante- dos testamenteiros, dos admi- do executado, nessa ordem.
cedência: nistradores ou dos liquidantes, § 3o  No caso de leilão de bem
I – o executado, por meio de quanto aos bens confiados à sua tombado, a União, os Estados e os
seu advogado ou, se não tiver pro- guarda e à sua responsabilidade; Municípios terão, nessa ordem, o
curador constituído nos autos, por II – dos mandatários, quanto direito de preferência na arrema-
carta registrada, mandado, edital aos bens de cuja administração tação, em igualdade de oferta.
ou outro meio idôneo; ou alienação estejam encarre-
II – o coproprietário de bem gados; Art. 893.  Se o leilão for de di-
indivisível do qual tenha sido pe- III – do juiz, do membro do versos bens e houver mais de um
nhorada fração ideal; Ministério Público e da Defenso- lançador, terá preferência aquele
III – o titular de usufruto, uso, ria Pública, do escrivão, do chefe que se propuser a arrematá-los
habitação, enfiteuse, direito de de secretaria e dos demais servi- todos, em conjunto, oferecendo,
superfície, concessão de uso es- dores e auxiliares da justiça, em para os bens que não tiverem
pecial para fins de moradia ou relação aos bens e direitos objeto lance, preço igual ao da avaliação
concessão de direito real de uso, de alienação na localidade onde e, para os demais, preço igual ao
quando a penhora recair sobre servirem ou a que se estender a do maior lance que, na tentativa
bem gravado com tais direitos sua autoridade; de arrematação individualizada,
reais; IV – dos servidores públicos tenha sido oferecido para eles.
IV – o proprietário do terreno em geral, quanto aos bens ou aos
submetido ao regime de direito de direitos da pessoa jurídica a que Art. 894.  Quando o imóvel ad-
superfície, enfiteuse, concessão servirem ou que estejam sob sua mitir cômoda divisão, o juiz, a
de uso especial para fins de mo- administração direta ou indireta; requerimento do executado, or-
radia ou concessão de direito real V – dos leiloeiros e seus pre- denará a alienação judicial de
de uso, quando a penhora recair postos, quanto aos bens de cuja parte dele, desde que suficiente
sobre tais direitos reais; venda estejam encarregados; para o pagamento do exequente
V – o credor pignoratício, hi- VI – dos advogados de qual- e para a satisfação das despesas
potecário, anticrético, fiduciário quer das partes. da execução.
ou com penhora anteriormen- § 1o  Não havendo lançador,
te averbada, quando a penho- Art. 891.  Não será aceito lance far-se-á a alienação do imóvel
ra recair sobre bens com tais que ofereça preço vil. em sua integridade.
gravames, caso não seja o cre- Parágrafo único. Considera- § 2o  A alienação por partes
dor, de qualquer modo, parte na -se vil o preço inferior ao mínimo deverá ser requerida a tempo de
execução; estipulado pelo juiz e constante permitir a avaliação das glebas
VI – o promitente compra- do edital, e, não tendo sido fixa- destacadas e sua inclusão no
dor, quando a penhora recair so- do preço mínimo, considera-se edital, e, nesse caso, caberá ao
bre bem em relação ao qual haja vil o preço inferior a cinquenta executado instruir o requerimento
promessa de compra e venda por cento do valor da avaliação. com planta e memorial descri-
registrada; tivo subscritos por profissional
VII – o promitente vendedor, Art. 892.  Salvo pronunciamen- habilitado.
quando a penhora recair sobre to judicial em sentido diverso, o
direito aquisitivo derivado de pagamento deverá ser realizado Art. 895.  O interessado em ad-
promessa de compra e venda de imediato pelo arrematante, quirir o bem penhorado em pres-
registrada; por depósito judicial ou por meio tações poderá apresentar, por
VIII – a União, o Estado e o eletrônico. escrito:
Município, no caso de alienação § 1o  Se o exequente arrema- I – até o início do primeiro
de bem tombado. tar os bens e for o único credor, leilão, proposta de aquisição do
Parágrafo único.  Se o exe- não estará obrigado a exibir o bem por valor não inferior ao da

369
Código de Processo Civil
avaliação; incapaz não alcançar em leilão alienado o bem.
II – até o início do segundo pelo menos oitenta por cento do § 1o  A ordem de entrega do
leilão, proposta de aquisição do valor da avaliação, o juiz o con- bem móvel ou a carta de arre-
bem por valor que não seja con- fiará à guarda e à administração matação do bem imóvel, com o
siderado vil. de depositário idôneo, adiando a respectivo mandado de imissão
§ 1o  A proposta conterá, em alienação por prazo não superior na posse, será expedida depois de
qualquer hipótese, oferta de pa- a 1 (um) ano. efetuado o depósito ou prestadas
gamento de pelo menos vinte e § 1o  Se, durante o adiamen- as garantias pelo arrematante,
cinco por cento do valor do lance to, algum pretendente assegurar, bem como realizado o pagamen-
à vista e o restante parcelado em mediante caução idônea, o preço to da comissão do leiloeiro e das
até 30 (trinta) meses, garantido da avaliação, o juiz ordenará a demais despesas da execução.
por caução idônea, quando se alienação em leilão. § 2o  A carta de arrematação
tratar de móveis, e por hipoteca § 2o  Se o pretendente à ar- conterá a descrição do imóvel,
do próprio bem, quando se tratar rematação se arrepender, o juiz com remissão à sua matrícula ou
de imóveis. impor-lhe-á multa de vinte por individuação e aos seus registros,
§ 2o  As propostas para aqui- cento sobre o valor da avaliação, a cópia do auto de arrematação e
sição em prestações indicarão o em benefício do incapaz, valendo a prova de pagamento do imposto
prazo, a modalidade, o indexador a decisão como título executivo. de transmissão, além da indica-
de correção monetária e as con- § 3o  Sem prejuízo do disposto ção da existência de eventual
dições de pagamento do saldo. nos §§ 1o e 2o, o juiz poderá autori- ônus real ou gravame.
§ 3o (Vetado) zar a locação do imóvel no prazo
§ 4o  No caso de atraso no do adiamento. Art. 902.  No caso de leilão de
pagamento de qualquer das pres- § 4o  Findo o prazo do adia- bem hipotecado, o executado
tações, incidirá multa de dez por mento, o imóvel será submetido poderá remi-lo até a assinatura
cento sobre a soma da parce- a novo leilão. do auto de arrematação, ofere-
la inadimplida com as parcelas cendo preço igual ao do maior
vincendas. Art. 897.  Se o arrematante ou lance oferecido.
§ 5o  O inadimplemento auto- seu fiador não pagar o preço no Parágrafo único.  No caso de
riza o exequente a pedir a resolu- prazo estabelecido, o juiz impor- falência ou insolvência do de-
ção da arrematação ou promover, -lhe-á, em favor do exequente, vedor hipotecário, o direito de
em face do arrematante, a exe- a perda da caução, voltando os remição previsto no caput de-
cução do valor devido, devendo bens a novo leilão, do qual não fere-se à massa ou aos credo-
ambos os pedidos ser formulados serão admitidos a participar o res em concurso, não podendo
nos autos da execução em que se arrematante e o fiador remissos. o exequente recusar o preço da
deu a arrematação. avaliação do imóvel.
§ 6o  A apresentação da pro- Art. 898.  O fiador do arrema-
posta prevista neste artigo não tante que pagar o valor do lance Art. 903.  Qualquer que seja a
suspende o leilão. e a multa poderá requerer que a modalidade de leilão, assinado o
§ 7o  A proposta de pagamen- arrematação lhe seja transferida. auto pelo juiz, pelo arrematante
to do lance à vista sempre pre- e pelo leiloeiro, a arrematação
valecerá sobre as propostas de Art. 899.  Será suspensa a arre- será considerada perfeita, aca-
pagamento parcelado. matação logo que o produto da bada e irretratável, ainda que ve-
§ 8o  Havendo mais de uma alienação dos bens for suficien- nham a ser julgados procedentes
proposta de pagamento parce- te para o pagamento do credor e os embargos do executado ou a
lado: para a satisfação das despesas ação autônoma de que trata o
I – em diferentes condições, o da execução. §  4o deste artigo, assegurada a
juiz decidirá pela mais vantajosa, possibilidade de reparação pelos
assim compreendida, sempre, a Art. 900.  O leilão prosseguirá prejuízos sofridos.
de maior valor; no dia útil imediato, à mesma § 1o  Ressalvadas outras si-
II – em iguais condições, o hora em que teve início, inde- tuações previstas neste Código,
juiz decidirá pela formulada em pendentemente de novo edital, a arrematação poderá, no en-
primeiro lugar. se for ultrapassado o horário de tanto, ser:
§ 9o  No caso de arrematação expediente forense. I – invalidada, quando rea-
a prazo, os pagamentos feitos lizada por preço vil ou com ou-
pelo arrematante pertencerão Art. 901.  A arrematação cons- tro vício;
ao exequente até o limite de seu tará de auto que será lavrado II – considerada ineficaz, se
crédito, e os subsequentes, ao de imediato e poderá abranger não observado o disposto no
executado. bens penhorados em mais de art. 804;
uma execução, nele menciona- III – resolvida, se não for pago
Art. 896.  Quando o imóvel de das as condições nas quais foi o preço ou se não for prestada

370
Código de Processo Civil
a caução. penhorados. Art. 909.  Os exequentes formu-
§ 2o  O juiz decidirá acerca larão as suas pretensões, que ver-
das situações referidas no §  1o, Art. 905.  O juiz autorizará que sarão unicamente sobre o direito
se for provocado em até 10 (dez) o exequente levante, até a sa- de preferência e a anterioridade
dias após o aperfeiçoamento da tisfação integral de seu crédito, da penhora, e, apresentadas as
arrematação. o dinheiro depositado para segu- razões, o juiz decidirá.
§ 3o  Passado o prazo previsto rar o juízo ou o produto dos bens
no § 2o sem que tenha havido ale- alienados, bem como do fatura-
gação de qualquer das situações mento de empresa ou de outros CAPÍTULO V – DA
previstas no § 1o, será expedida a frutos e rendimentos de coisas ou EXECUÇÃO CONTRA A
carta de arrematação e, confor- empresas penhoradas, quando: FAZENDA PÚBLICA
me o caso, a ordem de entrega I – a execução for movida só a
ou mandado de imissão na posse. benefício do exequente singular, a Art. 910.  Na execução fundada
§ 4o  Após a expedição da car- quem, por força da penhora, cabe em título extrajudicial, a Fazenda
ta de arrematação ou da ordem o direito de preferência sobre os Pública será citada para opor em-
de entrega, a invalidação da ar- bens penhorados e alienados; bargos em 30 (trinta) dias.
rematação poderá ser pleitea- II – não houver sobre os bens § 1o  Não opostos embargos
da por ação autônoma, em cujo alienados outros privilégios ou ou transitada em julgado a deci-
processo o arrematante figurará preferências instituídos ante- são que os rejeitar, expedir-se-á
como litisconsorte necessário. riormente à penhora. precatório ou requisição de pe-
§ 5o  O arrematante poderá Parágrafo único. Durante queno valor em favor do exequen-
desistir da arrematação, sendo- o plantão judiciário, veda-se a te, observando-se o disposto no
-lhe imediatamente devolvido o concessão de pedidos de levan- art. 100 da Constituição Federal.
depósito que tiver feito: tamento de importância em di- § 2o  Nos embargos, a Fazen-
I – se provar, nos 10 (dez) dias nheiro ou valores ou de liberação da Pública poderá alegar qualquer
seguintes, a existência de ônus de bens apreendidos. matéria que lhe seria lícito dedu-
real ou gravame não menciona- zir como defesa no processo de
do no edital; Art. 906.  Ao receber o mandado conhecimento.
II – se, antes de expedida a de levantamento, o exequente § 3o  Aplica-se a este Capítu-
carta de arrematação ou a ordem dará ao executado, por termo nos lo, no que couber, o disposto nos
de entrega, o executado alegar autos, quitação da quantia paga. artigos 534 e 535.
alguma das situações previstas Parágrafo único.  A expedi-
no § 1o; ção de mandado de levantamen-
III – uma vez citado para res- to poderá ser substituída pela CAPÍTULO VI – DA
ponder a ação autônoma de que transferência eletrônica do valor EXECUÇÃO DE ALIMENTOS
trata o § 4o deste artigo, desde que depositado em conta vinculada
apresente a desistência no prazo ao juízo para outra indicada pelo Art. 911.  Na execução funda-
de que dispõe para responder a exequente. da em título executivo extraju-
essa ação. dicial que contenha obrigação
§ 6o  Considera-se ato aten- Art. 907.  Pago ao exequente o alimentar, o juiz mandará citar o
tatório à dignidade da justiça a principal, os juros, as custas e os executado para, em 3 (três) dias,
suscitação infundada de vício honorários, a importância que so- efetuar o pagamento das parcelas
com o objetivo de ensejar a desis- brar será restituída ao executado. anteriores ao início da execução
tência do arrematante, devendo e das que se vencerem no seu
o suscitante ser condenado, sem Art. 908.  Havendo pluralidade curso, provar que o fez ou justi-
prejuízo da responsabilidade por de credores ou exequentes, o ficar a impossibilidade de fazê-lo.
perdas e danos, ao pagamento de dinheiro lhes será distribuído e Parágrafo único. Aplicam-
multa, a ser fixada pelo juiz e de- entregue consoante a ordem das -se, no que couber, os §§ 2o a 7o
vida ao exequente, em montante respectivas preferências. do art. 528.
não superior a vinte por cento do § 1o  No caso de adjudicação
valor atualizado do bem. ou alienação, os créditos que re- Art. 912.  Quando o executado
caem sobre o bem, inclusive os de for funcionário público, militar,
natureza propter rem, sub-rogam- diretor ou gerente de empresa,
Seção V – Da Satisfação do -se sobre o respectivo preço, ob- bem como empregado sujeito à
Crédito servada a ordem de preferência. legislação do trabalho, o exequen-
§ 2o  Não havendo título legal te poderá requerer o desconto
Art. 904.  A satisfação do crédito à preferência, o dinheiro será dis- em folha de pagamento de pes-
exequendo far-se-á: tribuído entre os concorrentes, soal da importância da prestação
I – pela entrega do dinheiro; observando-se a anterioridade alimentícia.
II – pela adjudicação dos bens de cada penhora. § 1o  Ao despachar a inicial,

371
Código de Processo Civil
o juiz oficiará à autoridade, à um deles embargar conta-se a os atos executivos.
empresa ou ao empregador, de- partir da juntada do respectivo § 4o  Indeferida a proposta,
terminando, sob pena de crime comprovante da citação, salvo no seguir-se-ão os atos executivos,
de desobediência, o desconto a caso de cônjuges ou de compa- mantido o depósito, que será con-
partir da primeira remuneração nheiros, quando será contado a vertido em penhora.
posterior do executado, a contar partir da juntada do último. § 5o  O não pagamento de
do protocolo do ofício. § 2o  Nas execuções por car- qualquer das prestações acar-
§ 2o  O ofício conterá os no- ta, o prazo para embargos será retará cumulativamente:
mes e o número de inscrição no contado: I – o vencimento das presta-
Cadastro de Pessoas Físicas do I – da juntada, na carta, da ções subsequentes e o prossegui-
exequente e do executado, a im- certificação da citação, quando mento do processo, com o ime-
portância a ser descontada men- versarem unicamente sobre ví- diato reinício dos atos executivos;
salmente, a conta na qual deve ser cios ou defeitos da penhora, da II – a imposição ao executado
feito o depósito e, se for o caso, avaliação ou da alienação dos de multa de dez por cento sobre o
o tempo de sua duração. bens; valor das prestações não pagas.
II – da juntada, nos autos de § 6o  A opção pelo parcela-
Art. 913.  Não requerida a exe- origem, do comunicado de que mento de que trata este artigo
cução nos termos deste Capí- trata o § 4o deste artigo ou, não importa renúncia ao direito de
tulo, observar-se-á o disposto havendo este, da juntada da carta opor embargos.
no art.  824 e seguintes, com a devidamente cumprida, quando § 7o  O disposto neste artigo
ressalva de que, recaindo a pe- versarem sobre questões diver- não se aplica ao cumprimento
nhora em dinheiro, a concessão sas da prevista no inciso I deste da sentença.
de efeito suspensivo aos embar- parágrafo.
gos à execução não obsta a que o § 3o  Em relação ao prazo Art. 917.  Nos embargos à execu-
exequente levante mensalmente para oferecimento dos embar- ção, o executado poderá alegar:
a importância da prestação. gos à execução, não se aplica o I – inexequibilidade do título
disposto no art. 229. ou inexigibilidade da obrigação;
§ 4o  Nos atos de comunica- II – penhora incorreta ou ava-
TÍTULO III – DOS ção por carta precatória, roga- liação errônea;
EMBARGOS À EXECUÇÃO tória ou de ordem, a realização III – excesso de execução ou
da citação será imediatamente cumulação indevida de execu-
Art. 914.  O executado, indepen- informada, por meio eletrônico, ções;
dentemente de penhora, depósi- pelo juiz deprecado ao juiz de- IV – retenção por benfeito-
to ou caução, poderá se opor à precante. rias necessárias ou úteis, nos
execução por meio de embargos. casos de execução para entrega
§ 1o  Os embargos à execução Art. 916.  No prazo para embar- de coisa certa;
serão distribuídos por depen- gos, reconhecendo o crédito do V – incompetência absoluta
dência, autuados em apartado e exequente e comprovando o de- ou relativa do juízo da execução;
instruídos com cópias das peças pósito de trinta por cento do valor VI – qualquer matéria que lhe
processuais relevantes, que po- em execução, acrescido de custas seria lícito deduzir como defesa
derão ser declaradas autênticas e de honorários de advogado, o em processo de conhecimento.
pelo próprio advogado, sob sua executado poderá requerer que § 1o  A incorreção da penhora
responsabilidade pessoal. lhe seja permitido pagar o res- ou da avaliação poderá ser im-
§ 2o  Na execução por carta, tante em até 6 (seis) parcelas pugnada por simples petição, no
os embargos serão oferecidos mensais, acrescidas de correção prazo de 15 (quinze) dias, contado
no juízo deprecante ou no juízo monetária e de juros de um por da ciência do ato.
deprecado, mas a competência cento ao mês. § 2o  Há excesso de execu-
para julgá-los é do juízo depre- § 1o  O exequente será inti- ção quando:
cante, salvo se versarem unica- mado para manifestar-se sobre I – o exequente pleiteia quan-
mente sobre vícios ou defeitos o preenchimento dos pressupos- tia superior à do título;
da penhora, da avaliação ou da tos do caput, e o juiz decidirá o II – ela recai sobre coisa di-
alienação dos bens efetuadas no requerimento em 5 (cinco) dias. versa daquela declarada no título;
juízo deprecado. § 2o  Enquanto não apreciado III – ela se processa de modo
o requerimento, o executado terá diferente do que foi determinado
Art. 915.  Os embargos serão ofe- de depositar as parcelas vincen- no título;
recidos no prazo de 15 (quinze) das, facultado ao exequente seu IV – o exequente, sem cumprir
dias, contado, conforme o caso, levantamento. a prestação que lhe corresponde,
na forma do art. 231. § 3o  Deferida a proposta, o exige o adimplemento da presta-
§ 1o  Quando houver mais de exequente levantará a quantia ção do executado;
um executado, o prazo para cada depositada, e serão suspensos V – o exequente não prova que

372
Código de Processo Civil
a condição se realizou. para a concessão da tutela pro- penhorados não se realizar por
§ 3o  Quando alegar que o visória e desde que a execução falta de licitantes e o exequente,
exequente, em excesso de exe- já esteja garantida por penhora, em 15 (quinze) dias, não requerer
cução, pleiteia quantia superior depósito ou caução suficientes. a adjudicação nem indicar outros
à do título, o embargante decla- § 2o  Cessando as circunstân- bens penhoráveis;
rará na petição inicial o valor que cias que a motivaram, a decisão V – quando concedido o par-
entende correto, apresentando relativa aos efeitos dos embargos celamento de que trata o art. 916.
demonstrativo discriminado e poderá, a requerimento da par- § 1o  Na hipótese do inciso
atualizado de seu cálculo. te, ser modificada ou revogada III, o juiz suspenderá a execução
§ 4o  Não apontado o valor a qualquer tempo, em decisão pelo prazo de 1 (um) ano, durante o
correto ou não apresentado o fundamentada. qual se suspenderá a prescrição.
demonstrativo, os embargos à § 3o  Quando o efeito suspen- § 2o  Decorrido o prazo má-
execução: sivo atribuído aos embargos dis- ximo de 1 (um) ano sem que seja
I – serão liminarmente rejei- ser respeito apenas a parte do localizado o executado ou que
tados, sem resolução de mérito, objeto da execução, esta pros- sejam encontrados bens penho-
se o excesso de execução for o seguirá quanto à parte restante. ráveis, o juiz ordenará o arquiva-
seu único fundamento; § 4o  A concessão de efeito mento dos autos.
II – serão processados, se suspensivo aos embargos ofere- § 3o  Os autos serão desar-
houver outro fundamento, mas cidos por um dos executados não quivados para prosseguimento
o juiz não examinará a alegação suspenderá a execução contra da execução se a qualquer tem-
de excesso de execução. os que não embargaram quando po forem encontrados bens pe-
§ 5o  Nos embargos de reten- o respectivo fundamento disser nhoráveis.
ção por benfeitorias, o exequente respeito exclusivamente ao em- § 4o  O termo inicial da pres-
poderá requerer a compensação bargante. crição no curso do processo será
de seu valor com o dos frutos ou § 5o  A concessão de efeito a ciência da primeira tentativa
dos danos considerados devidos suspensivo não impedirá a efeti- infrutífera de localização do de-
pelo executado, cumprindo ao vação dos atos de substituição, de vedor ou de bens penhoráveis,
juiz, para a apuração dos res- reforço ou de redução da penhora e será suspensa, por uma única
pectivos valores, nomear perito, e de avaliação dos bens. vez, pelo prazo máximo previsto
observando-se, então, o art. 464. no § 1o deste artigo.
§ 6o  O exequente poderá a Art. 920.  Recebidos os embar- § 4o-A.  A efetiva citação, inti-
qualquer tempo ser imitido na gos: mação do devedor ou constrição
posse da coisa, prestando cau- I – o exequente será ouvido no de bens penhoráveis interrompe
ção ou depositando o valor devido prazo de 15 (quinze) dias; o prazo de prescrição, que não
pelas benfeitorias ou resultante II – a seguir, o juiz julgará ime- corre pelo tempo necessário à
da compensação. diatamente o pedido ou designará citação e à intimação do deve-
§ 7o  A arguição de impedi- audiência; dor, bem como para as formali-
mento e suspeição observará o III – encerrada a instrução, o dades da constrição patrimonial,
disposto nos arts. 146 e 148. juiz proferirá sentença. se necessária, desde que o credor
cumpra os prazos previstos na lei
Art. 918.  O juiz rejeitará liminar- processual ou fixados pelo juiz.
mente os embargos: TÍTULO IV – DA § 5o  O juiz, depois de ouvidas
I – quando intempestivos; SUSPENSÃO E DA as partes, no prazo de 15 (quin-
II – nos casos de indeferimen- EXTINÇÃO DO PROCESSO ze) dias, poderá, de ofício, reco-
to da petição inicial e de improce- DE EXECUÇÃO nhecer a prescrição no curso do
dência liminar do pedido; processo e extingui-lo, sem ônus
III – manifestamente prote- CAPÍTULO I – DA para as partes.
latórios. SUSPENSÃO DO PROCESSO § 6o  A alegação de nulida-
Parágrafo único. Considera- DE EXECUÇÃO de quanto ao procedimento pre-
-se conduta atentatória à digni- visto neste artigo somente será
dade da justiça o oferecimento Art. 921.  Suspende-se a exe- conhecida caso demonstrada a
de embargos manifestamente cução: ocorrência de efetivo prejuízo,
protelatórios. I – nas hipóteses dos arts. 313 que será presumido apenas em
e 315, no que couber; caso de inexistência da intimação
Art. 919.  Os embargos à execu- II – no todo ou em parte, quan- de que trata o § 4o deste artigo.
ção não terão efeito suspensivo. do recebidos com efeito suspen- § 7o  Aplica-se o disposto
§ 1o  O juiz poderá, a reque- sivo os embargos à execução; neste artigo ao cumprimento de
rimento do embargante, atribuir III – quando não for localizado sentença de que trata o art. 523
efeito suspensivo aos embargos o executado ou bens penhoráveis; deste Código.
quando verificados os requisitos IV – se a alienação dos bens

373
Código de Processo Civil
Art. 922.  Convindo as partes, o erente. fundamentação adequada e espe-
juiz declarará suspensa a execu- § 1o  Na forma estabelecida e cífica, considerando os princípios
ção durante o prazo concedido segundo os pressupostos fixados da segurança jurídica, da prote-
pelo exequente para que o exe- no regimento interno, os tribunais ção da confiança e da isonomia.
cutado cumpra voluntariamente editarão enunciados de súmula § 5o  Os tribunais darão pu-
a obrigação. correspondentes a sua jurispru- blicidade a seus precedentes,
Parágrafo único.  Findo o pra- dência dominante. organizando-os por questão ju-
zo sem cumprimento da obriga- § 2o  Ao editar enunciados rídica decidida e divulgando-os,
ção, o processo retomará o seu de súmula, os tribunais devem preferencialmente, na rede mun-
curso. ater-se às circunstâncias fáticas dial de computadores.
dos precedentes que motivaram
Art. 923.  Suspensa a execução, sua criação. Art. 928.  Para os fins deste Có-
não serão praticados atos proces- digo, considera-se julgamento
suais, podendo o juiz, entretan- Art. 927.  Os juízes e os tribunais de casos repetitivos a decisão
to, salvo no caso de arguição de observarão: proferida em:
impedimento ou de suspeição, I – as decisões do Supremo I – incidente de resolução de
ordenar providências urgentes. Tribunal Federal em controle con- demandas repetitivas;
centrado de constitucionalidade; II – recursos especial e extra-
II – os enunciados de súmula ordinário repetitivos.
CAPÍTULO II – DA vinculante; Parágrafo único.  O julgamen-
EXTINÇÃO DO PROCESSO III – os acórdãos em inciden- to de casos repetitivos tem por
DE EXECUÇÃO te de assunção de competência objeto questão de direito material
ou de resolução de demandas ou processual.
Art. 924.  Extingue-se a execu- repetitivas e em julgamento de
ção quando: recursos extraordinário e espe-
I – a petição inicial for in- cial repetitivos; CAPÍTULO II – DA ORDEM
deferida; IV – os enunciados das súmu- DOS PROCESSOS NO
II – a obrigação for satisfeita; las do Supremo Tribunal Federal TRIBUNAL
III – o executado obtiver, por em matéria constitucional e do
qualquer outro meio, a extinção Superior Tribunal de Justiça em Art. 929.  Os autos serão regis-
total da dívida; matéria infraconstitucional; trados no protocolo do tribunal
IV – o exequente renunciar V – a orientação do plenário no dia de sua entrada, cabendo à
ao crédito; ou do órgão especial aos quais secretaria ordená-los, com ime-
V – ocorrer a prescrição in- estiverem vinculados. diata distribuição.
tercorrente. § 1o  Os juízes e os tribunais Parágrafo único.  A critério do
observarão o disposto no art. 10 e tribunal, os serviços de protoco-
Art. 925.  A extinção só produz no art. 489, § 1o, quando decidirem lo poderão ser descentralizados,
efeito quando declarada por sen- com fundamento neste artigo. mediante delegação a ofícios de
tença. § 2o  A alteração de tese jurí- justiça de primeiro grau.
dica adotada em enunciado de sú-
mula ou em julgamento de casos Art. 930.  Far-se-á a distribuição
LIVRO III – DOS repetitivos poderá ser precedida de acordo com o regimento inter-
PROCESSOS NOS de audiências públicas e da par- no do tribunal, observando-se a
TRIBUNAIS E DOS MEIOS ticipação de pessoas, órgãos ou alternatividade, o sorteio eletrô-
DE IMPUGNAÇÃO DAS entidades que possam contribuir nico e a publicidade.
DECISÕES JUDICIAIS para a rediscussão da tese. Parágrafo único.  O primeiro
§ 3o  Na hipótese de alteração recurso protocolado no tribunal
TÍTULO I – DA ORDEM de jurisprudência dominante do tornará prevento o relator para
DOS PROCESSOS E Supremo Tribunal Federal e dos eventual recurso subsequente
tribunais superiores ou daquela interposto no mesmo processo
DOS PROCESSOS DE oriunda de julgamento de casos ou em processo conexo.
COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA repetitivos, pode haver modula-
DOS TRIBUNAIS ção dos efeitos da alteração no Art. 931.  Distribuídos, os autos
interesse social e no da seguran- serão imediatamente conclusos
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES ça jurídica. ao relator, que, em 30 (trinta) dias,
GERAIS § 4o  A modificação de enun- depois de elaborar o voto, restituí-
ciado de súmula, de jurisprudên- -los-á, com relatório, à secretaria.
Art. 926.  Os tribunais devem cia pacificada ou de tese adotada
uniformizar sua jurisprudência em julgamento de casos repetiti- Art. 932.  Incumbe ao relator:
e mantê-la estável, íntegra e co- vos observará a necessidade de I – dirigir e ordenar o processo

374
Código de Processo Civil
no tribunal, inclusive em relação ção exigível. sustentação oral, observada a
à produção de prova, bem como, ordem dos requerimentos;
quando for o caso, homologar au- Art. 933.  Se o relator constatar II – os requerimentos de pre-
tocomposição das partes; a ocorrência de fato superve- ferência apresentados até o início
II – apreciar o pedido de tu- niente à decisão recorrida ou a da sessão de julgamento;
tela provisória nos recursos e existência de questão apreciável III – aqueles cujo julgamento
nos processos de competência de ofício ainda não examinada tenha iniciado em sessão an-
originária do tribunal; que devam ser considerados no terior; e
III – não conhecer de recur- julgamento do recurso, intimará IV – os demais casos.
so inadmissível, prejudicado ou as partes para que se manifestem
que não tenha impugnado espe- no prazo de 5 (cinco) dias. Art. 937.  Na sessão de julga-
cificamente os fundamentos da § 1o  Se a constatação ocorrer mento, depois da exposição da
decisão recorrida; durante a sessão de julgamento, causa pelo relator, o presidente
IV – negar provimento a re- esse será imediatamente sus- dará a palavra, sucessivamente,
curso que for contrário a: penso a fim de que as partes se ao recorrente, ao recorrido e,
a)  súmula do Supremo Tribu- manifestem especificamente. nos casos de sua intervenção,
nal Federal, do Superior Tribunal § 2o  Se a constatação se der ao membro do Ministério Públi-
de Justiça ou do próprio tribunal; em vista dos autos, deverá o juiz co, pelo prazo improrrogável de
b)  acórdão proferido pelo Su- que a solicitou encaminhá-los 15 (quinze) minutos para cada
premo Tribunal Federal ou pelo ao relator, que tomará as provi- um, a fim de sustentarem suas
Superior Tribunal de Justiça em dências previstas no caput e, em razões, nas seguintes hipóteses,
julgamento de recursos repe- seguida, solicitará a inclusão do nos termos da parte final do caput
titivos; feito em pauta para prossegui- do art. 1.021:
c)  entendimento firmado em mento do julgamento, com sub- I – no recurso de apelação;
incidente de resolução de deman- missão integral da nova questão II – no recurso ordinário;
das repetitivas ou de assunção de aos julgadores. III – no recurso especial;
competência; IV – no recurso extraordinário;
V – depois de facultada a Art. 934.  Em seguida, os autos V – nos embargos de diver-
apresentação de contrarrazões, serão apresentados ao presiden- gência;
dar provimento ao recurso se a te, que designará dia para julga- VI – na ação rescisória, no
decisão recorrida for contrária a: mento, ordenando, em todas as mandado de segurança e na re-
a)  súmula do Supremo Tribu- hipóteses previstas neste Livro, clamação;
nal Federal, do Superior Tribunal a publicação da pauta no órgão VII – (Vetado);
de Justiça ou do próprio tribunal; oficial. VIII – no agravo de instrumen-
b)  acórdão proferido pelo Su- to interposto contra decisões
premo Tribunal Federal ou pelo Art. 935.  Entre a data de pu- interlocutórias que versem sobre
Superior Tribunal de Justiça em blicação da pauta e a da sessão tutelas provisórias de urgência ou
julgamento de recursos repe- de julgamento decorrerá, pelo da evidência;
titivos; menos, o prazo de 5 (cinco) dias, IX – em outras hipóteses pre-
c)  entendimento firmado em incluindo-se em nova pauta os vistas em lei ou no regimento
incidente de resolução de deman- processos que não tenham sido interno do tribunal.
das repetitivas ou de assunção de julgados, salvo aqueles cujo julga- § 1o  A sustentação oral no
competência; mento tiver sido expressamente incidente de resolução de deman-
VI – decidir o incidente de adiado para a primeira sessão das repetitivas observará o dis-
desconsideração da persona- seguinte. posto no art. 984, no que couber.
lidade jurídica, quando este for § 1o  Às partes será permiti- § 2o  O procurador que dese-
instaurado originariamente pe- da vista dos autos em cartório jar proferir sustentação oral po-
rante o tribunal; após a publicação da pauta de derá requerer, até o início da ses-
VII – determinar a intimação julgamento. são, que o processo seja julgado
do Ministério Público, quando for § 2o  Afixar-se-á a pauta na em primeiro lugar, sem prejuízo
o caso; entrada da sala em que se realizar das preferências legais.
VIII – exercer outras atribui- a sessão de julgamento. § 3o  Nos processos de com-
ções estabelecidas no regimento petência originária previstos no
interno do tribunal. Art. 936.  Ressalvadas as prefe- inciso VI, caberá sustentação
Parágrafo único.  Antes de rências legais e regimentais, os oral no agravo interno interpos-
considerar inadmissível o recur- recursos, a remessa necessária to contra decisão de relator que
so, o relator concederá o prazo e os processos de competência o extinga.
de 5 (cinco) dias ao recorrente originária serão julgados na se- § 4o  É permitido ao advo-
para que seja sanado vício ou guinte ordem: gado com domicílio profissional
complementada a documenta- I – aqueles nos quais houver em cidade diversa daquela onde

375
Código de Processo Civil
está sediado o tribunal realizar órgão fracionário os requisitará § 3o  A técnica de julgamento
sustentação oral por meio de vi- para julgamento do recurso na prevista neste artigo aplica-se,
deoconferência ou outro recurso sessão ordinária subsequente, igualmente, ao julgamento não
tecnológico de transmissão de com publicação da pauta em que unânime proferido em:
sons e imagens em tempo real, for incluído. I – ação rescisória, quando o
desde que o requeira até o dia § 2o  Quando requisitar os resultado for a rescisão da sen-
anterior ao da sessão. autos na forma do § 1o, se aquele tença, devendo, nesse caso, seu
que fez o pedido de vista ainda prosseguimento ocorrer em órgão
Art. 938.  A questão preliminar não se sentir habilitado a votar, o de maior composição previsto no
suscitada no julgamento será de- presidente convocará substituto regimento interno;
cidida antes do mérito, deste não para proferir voto, na forma es- II – agravo de instrumento,
se conhecendo caso seja incom- tabelecida no regimento interno quando houver reforma da de-
patível com a decisão. do tribunal. cisão que julgar parcialmente
§ 1o  Constatada a ocorrência o mérito.
de vício sanável, inclusive aquele Art. 941.  Proferidos os votos, o § 4o  Não se aplica o disposto
que possa ser conhecido de ofício, presidente anunciará o resultado neste artigo ao julgamento:
o relator determinará a realização do julgamento, designando para I – do incidente de assunção
ou a renovação do ato processual, redigir o acórdão o relator ou, se de competência e ao de resolução
no próprio tribunal ou em primei- vencido este, o autor do primeiro de demandas repetitivas;
ro grau de jurisdição, intimadas voto vencedor. II – da remessa necessária;
as partes. § 1o  O voto poderá ser altera- III – não unânime proferido,
§ 2o  Cumprida a diligência de do até o momento da proclama- nos tribunais, pelo plenário ou
que trata o § 1o, o relator, sempre ção do resultado pelo presidente, pela corte especial.
que possível, prosseguirá no jul- salvo aquele já proferido por juiz
gamento do recurso. afastado ou substituído. Art. 943.  Os votos, os acórdãos
§ 3o  Reconhecida a neces- § 2o  No julgamento de apela- e os demais atos processuais
sidade de produção de prova, o ção ou de agravo de instrumen- podem ser registrados em do-
relator converterá o julgamento to, a decisão será tomada, no cumento eletrônico inviolável e
em diligência, que se realizará no órgão colegiado, pelo voto de 3 assinados eletronicamente, na
tribunal ou em primeiro grau de (três) juízes. forma da lei, devendo ser im-
jurisdição, decidindo-se o recurso § 3o  O voto vencido será ne- pressos para juntada aos autos
após a conclusão da instrução. cessariamente declarado e consi- do processo quando este não for
§ 4o  Quando não determina- derado parte integrante do acór- eletrônico.
das pelo relator, as providências dão para todos os fins legais, § 1o  Todo acórdão conterá
indicadas nos §§  1o e 3o pode- inclusive de prequestionamento. ementa.
rão ser determinadas pelo órgão § 2o  Lavrado o acórdão, sua
competente para julgamento do Art. 942.  Quando o resultado ementa será publicada no órgão
recurso. da apelação for não unânime, o oficial no prazo de 10 (dez) dias.
julgamento terá prosseguimento
Art. 939.  Se a preliminar for re- em sessão a ser designada com Art. 944.  Não publicado o acór-
jeitada ou se a apreciação do a presença de outros julgadores, dão no prazo de 30 (trinta) dias,
mérito for com ela compatível, que serão convocados nos ter- contado da data da sessão de
seguir-se-ão a discussão e o jul- mos previamente definidos no julgamento, as notas taquigráfi-
gamento da matéria principal, so- regimento interno, em número cas o substituirão, para todos os
bre a qual deverão se pronunciar suficiente para garantir a possi- fins legais, independentemente
os juízes vencidos na preliminar. bilidade de inversão do resultado de revisão.
inicial, assegurado às partes e a Parágrafo único.  No caso do
Art. 940.  O relator ou outro juiz eventuais terceiros o direito de caput, o presidente do tribunal la-
que não se considerar habilitado sustentar oralmente suas razões vrará, de imediato, as conclusões
a proferir imediatamente seu voto perante os novos julgadores. e a ementa e mandará publicar o
poderá solicitar vista pelo prazo § 1o  Sendo possível, o prosse- acórdão.
máximo de 10 (dez) dias, após o guimento do julgamento dar-se-á
qual o recurso será reincluído em na mesma sessão, colhendo-se Art. 945.  (Revogado)
pauta para julgamento na sessão os votos de outros julgadores
seguinte à data da devolução. que porventura componham o Art. 946.  O agravo de instru-
§ 1o  Se os autos não forem órgão colegiado. mento será julgado antes da
devolvidos tempestivamente ou § 2o  Os julgadores que já ti- apelação interposta no mesmo
se não for solicitada pelo juiz pror- verem votado poderão rever seus processo.
rogação de prazo de no máximo votos por ocasião do prossegui- Parágrafo único.  Se ambos
mais 10 (dez) dias, o presidente do mento do julgamento. os recursos de que trata o caput

376
Código de Processo Civil
houverem de ser julgados na mes- conhecimento do processo. art.  178, mas terá qualidade de
ma sessão, terá precedência o parte nos conflitos que suscitar.
agravo de instrumento. Art. 949.  Se a arguição for:
I – rejeitada, prosseguirá o Art. 952.  Não pode suscitar con-
julgamento; flito a parte que, no processo,
CAPÍTULO III – DO II – acolhida, a questão será arguiu incompetência relativa.
INCIDENTE DE ASSUNÇÃO submetida ao plenário do tribunal Parágrafo único.  O confli-
DE COMPETÊNCIA ou ao seu órgão especial, onde to de competência não obsta,
houver. porém, a que a parte que não o
Art. 947.  É admissível a assun- Parágrafo único.  Os órgãos arguiu suscite a incompetência.
ção de competência quando o fracionários dos tribunais não
julgamento de recurso, de re- submeterão ao plenário ou ao Art. 953.  O conflito será susci-
messa necessária ou de processo órgão especial a arguição de in- tado ao tribunal:
de competência originária envol- constitucionalidade quando já I – pelo juiz, por ofício;
ver relevante questão de direito, houver pronunciamento destes ou II – pela parte e pelo Ministério
com grande repercussão social, do plenário do Supremo Tribunal Público, por petição.
sem repetição em múltiplos pro- Federal sobre a questão. Parágrafo único.  O ofício e a
cessos. petição serão instruídos com os
§ 1o  Ocorrendo a hipótese Art. 950.  Remetida cópia do documentos necessários à prova
de assunção de competência, acórdão a todos os juízes, o pre- do conflito.
o relator proporá, de ofício ou sidente do tribunal designará a
a requerimento da parte, do Mi- sessão de julgamento. Art. 954.  Após a distribuição,
nistério Público ou da Defensoria § 1o  As pessoas jurídicas de o relator determinará a oitiva
Pública, que seja o recurso, a re- direito público responsáveis pela dos juízes em conflito ou, se um
messa necessária ou o processo edição do ato questionado pode- deles for suscitante, apenas do
de competência originária julgado rão manifestar-se no incidente de suscitado.
pelo órgão colegiado que o regi- inconstitucionalidade se assim o Parágrafo único.  No prazo
mento indicar. requererem, observados os pra- designado pelo relator, incum-
§ 2o  O órgão colegiado julga- zos e as condições previstos no birá ao juiz ou aos juízes prestar
rá o recurso, a remessa neces- regimento interno do tribunal. as informações.
sária ou o processo de compe- § 2o  A parte legitimada à pro-
tência originária se reconhecer positura das ações previstas no Art. 955.  O relator poderá, de
interesse público na assunção art. 103 da Constituição Federal ofício ou a requerimento de
de competência. poderá manifestar-se, por escrito, qualquer das partes, determi-
§ 3o  O acórdão proferido em sobre a questão constitucional nar, quando o conflito for positivo,
assunção de competência vin- objeto de apreciação, no prazo o sobrestamento do processo e,
culará todos os juízes e órgãos previsto pelo regimento interno, nesse caso, bem como no de con-
fracionários, exceto se houver sendo-lhe assegurado o direito de flito negativo, designará um dos
revisão de tese. apresentar memoriais ou de re- juízes para resolver, em caráter
§ 4o  Aplica-se o disposto querer a juntada de documentos. provisório, as medidas urgentes.
neste artigo quando ocorrer re- § 3o  Considerando a relevân- Parágrafo único.  O relator
levante questão de direito a res- cia da matéria e a representati- poderá julgar de plano o conflito
peito da qual seja conveniente a vidade dos postulantes, o relator de competência quando sua de-
prevenção ou a composição de poderá admitir, por despacho cisão se fundar em:
divergência entre câmaras ou irrecorrível, a manifestação de I – súmula do Supremo Tribu-
turmas do tribunal. outros órgãos ou entidades. nal Federal, do Superior Tribunal
de Justiça ou do próprio tribunal;
II – tese firmada em julga-
CAPÍTULO IV – DO CAPÍTULO V – DO mento de casos repetitivos ou
INCIDENTE DE CONFLITO DE em incidente de assunção de
ARGUIÇÃO DE COMPETÊNCIA competência.
INCONSTITUCIONALIDADE
Art. 951.  O conflito de compe- Art. 956.  Decorrido o prazo de-
Art. 948.  Arguida, em controle tência pode ser suscitado por signado pelo relator, será ouvido
difuso, a inconstitucionalidade de qualquer das partes, pelo Minis- o Ministério Público, no prazo de
lei ou de ato normativo do poder tério Público ou pelo juiz. 5 (cinco) dias, ainda que as infor-
público, o relator, após ouvir o Parágrafo único.  O Ministério mações não tenham sido presta-
Ministério Público e as partes, Público somente será ouvido nos das, e, em seguida, o conflito irá
submeterá a questão à turma conflitos de competência relati- a julgamento.
ou à câmara à qual competir o vos aos processos previstos no

377
Código de Processo Civil
Art. 957.  Ao decidir o conflito, § 1o  É passível de homologa- Art. 963.  Constituem requisitos
o tribunal declarará qual o juízo ção a decisão judicial definitiva, indispensáveis à homologação
competente, pronunciando-se bem como a decisão não judicial da decisão:
também sobre a validade dos atos que, pela lei brasileira, teria na- I – ser proferida por autori-
do juízo incompetente. tureza jurisdicional. dade competente;
Parágrafo único.  Os autos do § 2o  A decisão estrangeira II – ser precedida de citação
processo em que se manifestou poderá ser homologada parcial- regular, ainda que verificada a
o conflito serão remetidos ao juiz mente. revelia;
declarado competente. § 3o  A autoridade judiciária III – ser eficaz no país em que
brasileira poderá deferir pedidos foi proferida;
Art. 958.  No conflito que envolva de urgência e realizar atos de IV – não ofender a coisa jul-
órgãos fracionários dos tribunais, execução provisória no proces- gada brasileira;
desembargadores e juízes em so de homologação de decisão V – estar acompanhada de
exercício no tribunal, observar- estrangeira. tradução oficial, salvo disposi-
-se-á o que dispuser o regimento § 4o  Haverá homologação de ção que a dispense prevista em
interno do tribunal. decisão estrangeira para fins de tratado;
execução fiscal quando prevista VI – não conter manifesta
Art. 959.  O regimento interno do em tratado ou em promessa de ofensa à ordem pública.
tribunal regulará o processo e o reciprocidade apresentada à au- Parágrafo único.  Para a con-
julgamento do conflito de atribui- toridade brasileira. cessão do exequatur às cartas
ções entre autoridade judiciária e § 5o  A sentença estrangeira rogatórias, observar-se-ão os
autoridade administrativa. de divórcio consensual produz pressupostos previstos no caput
efeitos no Brasil, independen- deste artigo e no art. 962, § 2o.
temente de homologação pelo
CAPÍTULO VI – DA Superior Tribunal de Justiça. Art. 964.  Não será homologada
HOMOLOGAÇÃO DE § 6o  Na hipótese do §  5o, a decisão estrangeira na hipóte-
DECISÃO ESTRANGEIRA competirá a qualquer juiz exa- se de competência exclusiva da
E DA CONCESSÃO DO minar a validade da decisão, em autoridade judiciária brasileira.
EXEQUATUR À CARTA caráter principal ou incidental, Parágrafo único.  O dispositi-
quando essa questão for susci- vo também se aplica à concessão
ROGATÓRIA tada em processo de sua com- do exequatur à carta rogatória.
petência.
Art. 960.  A homologação de de- Art. 965.  O cumprimento de de-
cisão estrangeira será requerida Art. 962.  É passível de execução cisão estrangeira far-se-á peran-
por ação de homologação de deci- a decisão estrangeira concessiva te o juízo federal competente,
são estrangeira, salvo disposição de medida de urgência. a requerimento da parte, con-
especial em sentido contrário § 1o  A execução no Brasil de forme as normas estabelecidas
prevista em tratado. decisão interlocutória estrangeira para o cumprimento de decisão
§ 1o  A decisão interlocutória concessiva de medida de urgên- nacional.
estrangeira poderá ser executa- cia dar-se-á por carta rogatória. Parágrafo único.  O pedido
da no Brasil por meio de carta § 2o  A medida de urgência de execução deverá ser instruído
rogatória. concedida sem audiência do réu com cópia autenticada da decisão
§ 2o  A homologação obe- poderá ser executada, desde que homologatória ou do exequatur,
decerá ao que dispuserem os garantido o contraditório em mo- conforme o caso.
tratados em vigor no Brasil e o mento posterior.
Regimento Interno do Superior § 3o  O juízo sobre a urgência
Tribunal de Justiça. da medida compete exclusiva- CAPÍTULO VII – DA AÇÃO
§ 3o  A homologação de deci- mente à autoridade jurisdicional RESCISÓRIA
são arbitral estrangeira obedece- prolatora da decisão estrangeira.
rá ao disposto em tratado e em lei, § 4o  Quando dispensada a Art. 966.  A decisão de mérito,
aplicando-se, subsidiariamente, homologação para que a senten- transitada em julgado, pode ser
as disposições deste Capítulo. ça estrangeira produza efeitos no rescindida quando:
Brasil, a decisão concessiva de I – se verificar que foi profe-
Art. 961.  A decisão estrangeira medida de urgência dependerá, rida por força de prevaricação,
somente terá eficácia no Brasil para produzir efeitos, de ter sua concussão ou corrupção do juiz;
após a homologação de senten- validade expressamente reconhe- II – for proferida por juiz impe-
ça estrangeira ou a concessão do cida pelo juiz competente para dido ou por juízo absolutamente
exequatur às cartas rogatórias, dar-lhe cumprimento, dispensa- incompetente;
salvo disposição em sentido con- da a homologação pelo Superior III – resultar de dolo ou coação
trário de lei ou tratado. Tribunal de Justiça. da parte vencedora em detrimen-

378
Código de Processo Civil
to da parte vencida ou, ainda, de § 6o  Quando a ação rescisó- não será superior a 1.000 (mil)
simulação ou colusão entre as ria fundar-se na hipótese do § 5o salários mínimos.
partes, a fim de fraudar a lei; deste artigo, caberá ao autor, § 3o  Além dos casos previs-
IV – ofender a coisa julgada; sob pena de inépcia, demonstrar, tos no art. 330, a petição inicial
V – violar manifestamente fundamentadamente, tratar-se de será indeferida quando não efetu-
norma jurídica; situação particularizada por hipó- ado o depósito exigido pelo inciso
VI – for fundada em prova tese fática distinta ou de questão II do caput deste artigo.
cuja falsidade tenha sido apurada jurídica não examinada, a impor § 4o  Aplica-se à ação resci-
em processo criminal ou venha a outra solução jurídica. sória o disposto no art. 332.
ser demonstrada na própria ação § 5o  Reconhecida a incom-
rescisória; Art. 967.  Têm legitimidade para petência do tribunal para julgar
VII – obtiver o autor, poste- propor a ação rescisória: a ação rescisória, o autor será
riormente ao trânsito em julgado, I – quem foi parte no processo intimado para emendar a petição
prova nova cuja existência ignora- ou o seu sucessor a título univer- inicial, a fim de adequar o objeto
va ou de que não pôde fazer uso, sal ou singular; da ação rescisória, quando a deci-
capaz, por si só, de lhe assegurar II – o terceiro juridicamente são apontada como rescindenda:
pronunciamento favorável; interessado; I – não tiver apreciado o méri-
VIII – for fundada em erro de III – o Ministério Público: to e não se enquadrar na situação
fato verificável do exame dos a)  se não foi ouvido no pro- prevista no § 2o do art. 966;
autos. cesso em que lhe era obrigatória II – tiver sido substituída por
§ 1o  Há erro de fato quando a a intervenção; decisão posterior.
decisão rescindenda admitir fato b)  quando a decisão rescin- § 6o  Na hipótese do § 5o, após
inexistente ou quando conside- denda é o efeito de simulação ou a emenda da petição inicial, será
rar inexistente fato efetivamente de colusão das partes, a fim de permitido ao réu complementar
ocorrido, sendo indispensável, em fraudar a lei; os fundamentos de defesa, e, em
ambos os casos, que o fato não c)  em outros casos em que seguida, os autos serão remetidos
represente ponto controvertido se imponha sua atuação; ao tribunal competente.
sobre o qual o juiz deveria ter se IV – aquele que não foi ouvido
pronunciado. no processo em que lhe era obri- Art. 969.  A propositura da ação
§ 2o  Nas hipóteses previstas gatória a intervenção. rescisória não impede o cumpri-
nos incisos do caput, será res- Parágrafo único.  Nas hipó- mento da decisão rescindenda,
cindível a decisão transitada em teses do art. 178, o Ministério Pú- ressalvada a concessão de tutela
julgado que, embora não seja de blico será intimado para intervir provisória.
mérito, impeça: como fiscal da ordem jurídica
I – nova propositura da de- quando não for parte. Art. 970.  O relator ordenará a
manda; ou citação do réu, designando-lhe
II – admissibilidade do recurso Art. 968.  A petição inicial será prazo nunca inferior a 15 (quinze)
correspondente. elaborada com observância dos dias nem superior a 30 (trinta)
§ 3o  A ação rescisória pode requisitos essenciais do art. 319, dias para, querendo, apresentar
ter por objeto apenas 1 (um) ca- devendo o autor: resposta, ao fim do qual, com ou
pítulo da decisão. I – cumular ao pedido de res- sem contestação, observar-se-á,
§ 4o  Os atos de disposição de cisão, se for o caso, o de novo no que couber, o procedimento
direitos, praticados pelas partes julgamento do processo; comum.
ou por outros participantes do II – depositar a importância
processo e homologados pelo de cinco por cento sobre o va- Art. 971.  Na ação rescisória, de-
juízo, bem como os atos homo- lor da causa, que se converterá volvidos os autos pelo relator, a
logatórios praticados no curso da em multa caso a ação seja, por secretaria do tribunal expedirá
execução, estão sujeitos à anu- unanimidade de votos, declarada cópias do relatório e as distribui-
lação, nos termos da lei. inadmissível ou improcedente. rá entre os juízes que compuse-
§ 5o  Cabe ação rescisória, § 1o  Não se aplica o dispos- rem o órgão competente para o
com fundamento no inciso V do to no inciso II à União, aos Es- julgamento.
caput deste artigo, contra deci- tados, ao Distrito Federal, aos Parágrafo único.  A escolha
são baseada em enunciado de Municípios, às suas respectivas de relator recairá, sempre que
súmula ou acórdão proferido em autarquias e fundações de direi- possível, em juiz que não haja
julgamento de casos repetitivos to público, ao Ministério Público, participado do julgamento res-
que não tenha considerado a à Defensoria Pública e aos que cindendo.
existência de distinção entre a tenham obtido o benefício de
questão discutida no processo gratuidade da justiça. Art. 972.  Se os fatos alegados
e o padrão decisório que lhe deu § 2o  O depósito previsto no pelas partes dependerem de pro-
fundamento. inciso II do caput deste artigo va, o relator poderá delegar a

379
Código de Processo Civil
competência ao órgão que profe- CAPÍTULO VIII – DO ração do incidente.
riu a decisão rescindenda, fixando INCIDENTE DE RESOLUÇÃO
prazo de 1 (um) a 3 (três) meses Art. 978.  O julgamento do inci-
para a devolução dos autos.
DE DEMANDAS dente caberá ao órgão indicado
REPETITIVAS pelo regimento interno dentre
Art. 973.  Concluída a instrução, aqueles responsáveis pela uni-
será aberta vista ao autor e ao réu Art. 976.  É cabível a instaura- formização de jurisprudência do
para razões finais, sucessivamen- ção do incidente de resolução tribunal.
te, pelo prazo de 10 (dez) dias. de demandas repetitivas quando Parágrafo único.  O órgão co-
Parágrafo único.  Em seguida, houver, simultaneamente: legiado incumbido de julgar o in-
os autos serão conclusos ao rela- I – efetiva repetição de pro- cidente e de fixar a tese jurídica
tor, procedendo-se ao julgamento cessos que contenham contro- julgará igualmente o recurso, a
pelo órgão competente. vérsia sobre a mesma questão remessa necessária ou o pro-
unicamente de direito; cesso de competência originária
Art. 974.  Julgando procedente II – risco de ofensa à isonomia de onde se originou o incidente.
o pedido, o tribunal rescindirá a e à segurança jurídica.
decisão, proferirá, se for o caso, § 1o  A desistência ou o aban- Art. 979.  A instauração e o jul-
novo julgamento e determinará dono do processo não impede o gamento do incidente serão su-
a restituição do depósito a que exame de mérito do incidente. cedidos da mais ampla e espe-
se refere o inciso II do art. 968. § 2o  Se não for o requeren- cífica divulgação e publicidade,
Parágrafo único. Consideran- te, o Ministério Público intervirá por meio de registro eletrônico
do, por unanimidade, inadmissí- obrigatoriamente no incidente e no Conselho Nacional de Justiça.
vel ou improcedente o pedido, o deverá assumir sua titularidade § 1o  Os tribunais manterão
tribunal determinará a reversão, em caso de desistência ou de banco eletrônico de dados atu-
em favor do réu, da importância abandono. alizados com informações es-
do depósito, sem prejuízo do dis- § 3o  A inadmissão do inci- pecíficas sobre questões de di-
posto no § 2o do art. 82. dente de resolução de deman- reito submetidas ao incidente,
das repetitivas por ausência de comunicando-o imediatamente
Art. 975.  O direito à rescisão se qualquer de seus pressupostos ao Conselho Nacional de Justiça
extingue em 2 (dois) anos con- de admissibilidade não impede para inclusão no cadastro.
tados do trânsito em julgado da que, uma vez satisfeito o requi- § 2o  Para possibilitar a iden-
última decisão proferida no pro- sito, seja o incidente novamente tificação dos processos abran-
cesso. suscitado. gidos pela decisão do incidente,
§ 1o  Prorroga-se até o primei- § 4o  É incabível o incidente o registro eletrônico das teses
ro dia útil imediatamente subse- de resolução de demandas re- jurídicas constantes do cadastro
quente o prazo a que se refere o petitivas quando um dos tribu- conterá, no mínimo, os funda-
caput, quando expirar durante nais superiores, no âmbito de sua mentos determinantes da decisão
férias forenses, recesso, feriados respectiva competência, já tiver e os dispositivos normativos a ela
ou em dia em que não houver ex- afetado recurso para definição relacionados.
pediente forense. de tese sobre questão de direito § 3o  Aplica-se o disposto
§ 2o  Se fundada a ação no material ou processual repetitiva. neste artigo ao julgamento de
inciso VII do art.  966, o termo § 5o  Não serão exigidas cus- recursos repetitivos e da reper-
inicial do prazo será a data de tas processuais no incidente de cussão geral em recurso extra-
descoberta da prova nova, obser- resolução de demandas repe- ordinário.
vado o prazo máximo de 5 (cinco) titivas.
anos, contado do trânsito em jul- Art. 980.  O incidente será jul-
gado da última decisão proferida Art. 977.  O pedido de instaura- gado no prazo de 1 (um) ano e
no processo. ção do incidente será dirigido ao terá preferência sobre os demais
§ 3o  Nas hipóteses de simu- presidente de tribunal: feitos, ressalvados os que envol-
lação ou de colusão das partes, I – pelo juiz ou relator, por vam réu preso e os pedidos de
o prazo começa a contar, para o ofício; habeas corpus.
terceiro prejudicado e para o Mi- II – pelas partes, por petição; Parágrafo único. Superado
nistério Público, que não interveio III – pelo Ministério Público o prazo previsto no caput, ces-
no processo, a partir do momento ou pela Defensoria Pública, por sa a suspensão dos processos
em que têm ciência da simulação petição. prevista no art. 982, salvo deci-
ou da colusão. Parágrafo único.  O ofício ou são fundamentada do relator em
a petição será instruído com os sentido contrário.
documentos necessários à de-
monstração do preenchimento Art. 981.  Após a distribuição,
dos pressupostos para a instau- o órgão colegiado competente

380
Código de Processo Civil
para julgar o incidente procede- para a elucidação da questão de tido ou autorizado, o resultado do
rá ao seu juízo de admissibilida- direito controvertida, e, em segui- julgamento será comunicado ao
de, considerando a presença dos da, manifestar-se-á o Ministério órgão, ao ente ou à agência regu-
pressupostos do art. 976. Público, no mesmo prazo. ladora competente para fiscaliza-
§ 1o  Para instruir o incidente, ção da efetiva aplicação, por parte
Art. 982.  Admitido o incidente, o relator poderá designar data dos entes sujeitos a regulação, da
o relator: para, em audiência pública, ou- tese adotada.
I – suspenderá os processos vir depoimentos de pessoas com
pendentes, individuais ou cole- experiência e conhecimento na Art. 986.  A revisão da tese ju-
tivos, que tramitam no Estado matéria. rídica firmada no incidente far-
ou na região, conforme o caso; § 2o  Concluídas as diligên- -se-á pelo mesmo tribunal, de
II – poderá requisitar infor- cias, o relator solicitará dia para ofício ou mediante requerimento
mações a órgãos em cujo juí- o julgamento do incidente. dos legitimados mencionados no
zo tramita processo no qual se art. 977, inciso III.
discute o objeto do incidente, Art. 984.  No julgamento do inci-
que as prestarão no prazo de 15 dente, observar-se-á a seguinte Art. 987.  Do julgamento do mé-
(quinze) dias; ordem: rito do incidente caberá recurso
III – intimará o Ministério Pú- I – o relator fará a exposição extraordinário ou especial, con-
blico para, querendo, manifestar- do objeto do incidente; forme o caso.
-se no prazo de 15 (quinze) dias. II – poderão sustentar suas § 1o  O recurso tem efeito sus-
§ 1o  A suspensão será comu- razões, sucessivamente: pensivo, presumindo-se a reper-
nicada aos órgãos jurisdicionais a)  o autor e o réu do processo cussão geral de questão constitu-
competentes. originário e o Ministério Público, cional eventualmente discutida.
§ 2o  Durante a suspensão, pelo prazo de 30 (trinta) minutos; § 2o  Apreciado o mérito do
o pedido de tutela de urgência b)  os demais interessados, recurso, a tese jurídica adotada
deverá ser dirigido ao juízo onde no prazo de 30 (trinta) minutos, pelo Supremo Tribunal Federal ou
tramita o processo suspenso. divididos entre todos, sendo exi- pelo Superior Tribunal de Justiça
§ 3o  Visando à garantia da gida inscrição com 2 (dois) dias será aplicada no território nacio-
segurança jurídica, qualquer le- de antecedência. nal a todos os processos indivi-
gitimado mencionado no art. 977, § 1o  Considerando o número duais ou coletivos que versem
incisos II e III, poderá requerer, ao de inscritos, o prazo poderá ser sobre idêntica questão de direito.
tribunal competente para conhe- ampliado.
cer do recurso extraordinário ou § 2o  O conteúdo do acórdão
especial, a suspensão de todos os abrangerá a análise de todos os CAPÍTULO IX – DA
processos individuais ou coletivos fundamentos suscitados concer- RECLAMAÇÃO
em curso no território nacional nentes à tese jurídica discutida,
que versem sobre a questão ob- sejam favoráveis ou contrários. Art. 988.  Caberá reclamação da
jeto do incidente já instaurado. parte interessada ou do Ministério
§ 4o  Independentemente dos Art. 985.  Julgado o incidente, a Público para:
limites da competência territorial, tese jurídica será aplicada: I – preservar a competência
a parte no processo em curso no I – a todos os processos indi- do tribunal;
qual se discuta a mesma questão viduais ou coletivos que versem II – garantir a autoridade das
objeto do incidente é legitimada sobre idêntica questão de direito decisões do tribunal;
para requerer a providência pre- e que tramitem na área de juris- III – garantir a observância de
vista no § 3o deste artigo. dição do respectivo tribunal, in- enunciado de súmula vinculante e
§ 5o  Cessa a suspensão a clusive àqueles que tramitem nos de decisão do Supremo Tribunal
que se refere o inciso I do caput juizados especiais do respectivo Federal em controle concentrado
deste artigo se não for interpos- Estado ou região; de constitucionalidade;
to recurso especial ou recurso II – aos casos futuros que IV – garantir a observância de
extraordinário contra a decisão versem idêntica questão de di- acórdão proferido em julgamento
proferida no incidente. reito e que venham a tramitar de incidente de resolução de de-
no território de competência do mandas repetitivas ou de inciden-
Art. 983.  O relator ouvirá as par- tribunal, salvo revisão na forma te de assunção de competência.
tes e os demais interessados, do art. 986. § 1o  A reclamação pode ser
inclusive pessoas, órgãos e enti- § 1o  Não observada a tese proposta perante qualquer tribu-
dades com interesse na contro- adotada no incidente, caberá re- nal, e seu julgamento compete ao
vérsia, que, no prazo comum de clamação. órgão jurisdicional cuja compe-
15 (quinze) dias, poderão requerer § 2o  Se o incidente tiver por tência se busca preservar ou cuja
a juntada de documentos, bem objeto questão relativa a presta- autoridade se pretenda garantir.
como as diligências necessárias ção de serviço concedido, permi- § 2o  A reclamação deverá ser

381
Código de Processo Civil
instruída com prova documental e gado ou determinará medida ade- e réu, ao recurso interposto por
dirigida ao presidente do tribunal. quada à solução da controvérsia. qualquer deles poderá aderir o
§ 3o  Assim que recebida, a outro.
reclamação será autuada e dis- Art. 993.  O presidente do tribu- § 2o  O recurso adesivo fica
tribuída ao relator do processo nal determinará o imediato cum- subordinado ao recurso inde-
principal, sempre que possível. primento da decisão, lavrando-se pendente, sendo-lhe aplicáveis
§ 4o  As hipóteses dos incisos o acórdão posteriormente. as mesmas regras deste quanto
III e IV compreendem a aplicação aos requisitos de admissibilidade
indevida da tese jurídica e sua e julgamento no tribunal, salvo
não aplicação aos casos que a TÍTULO II – DOS RECURSOS disposição legal diversa, obser-
ela correspondam. CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES vado, ainda, o seguinte:
§ 5o  É inadmissível a recla- I – será dirigido ao órgão pe-
mação: GERAIS rante o qual o recurso indepen-
I – proposta após o trânsito dente fora interposto, no prazo
em julgado da decisão reclamada; Art. 994.  São cabíveis os se- de que a parte dispõe para res-
II – proposta para garantir a guintes recursos: ponder;
observância de acórdão de re- I – apelação; II – será admissível na apela-
curso extraordinário com reper- II – agravo de instrumento; ção, no recurso extraordinário e
cussão geral reconhecida ou de III – agravo interno; no recurso especial;
acórdão proferido em julgamento IV – embargos de declaração; III – não será conhecido, se
de recursos extraordinário ou es- V – recurso ordinário; houver desistência do recurso
pecial repetitivos, quando não es- VI – recurso especial; principal ou se for ele conside-
gotadas as instâncias ordinárias. VII – recurso extraordinário; rado inadmissível.
§ 6o  A inadmissibilidade ou o VIII – agravo em recurso es-
julgamento do recurso interposto pecial ou extraordinário; Art. 998.  O recorrente poderá, a
contra a decisão proferida pelo IX – embargos de divergência. qualquer tempo, sem a anuência
órgão reclamado não prejudica do recorrido ou dos litisconsortes,
a reclamação. Art. 995.  Os recursos não impe- desistir do recurso.
dem a eficácia da decisão, salvo Parágrafo único.  A desistên-
Art. 989.  Ao despachar a recla- disposição legal ou decisão judi- cia do recurso não impede a aná-
mação, o relator: cial em sentido diverso. lise de questão cuja repercussão
I – requisitará informações da Parágrafo único.  A eficácia geral já tenha sido reconhecida
autoridade a quem for imputada a da decisão recorrida poderá ser e daquela objeto de julgamento
prática do ato impugnado, que as suspensa por decisão do rela- de recursos extraordinários ou
prestará no prazo de 10 (dez) dias; tor, se da imediata produção de especiais repetitivos.
II – se necessário, ordenará seus efeitos houver risco de dano
a suspensão do processo ou do grave, de difícil ou impossível re- Art. 999.  A renúncia ao direito
ato impugnado para evitar dano paração, e ficar demonstrada a de recorrer independe da acei-
irreparável; probabilidade de provimento do tação da outra parte.
III – determinará a citação recurso.
do beneficiário da decisão im- Art. 1.000.  A parte que aceitar
pugnada, que terá prazo de 15 Art. 996.  O recurso pode ser expressa ou tacitamente a deci-
(quinze) dias para apresentar a interposto pela parte vencida, são não poderá recorrer.
sua contestação. pelo terceiro prejudicado e pelo Parágrafo único. Conside-
Ministério Público, como parte ra-se aceitação tácita a prática,
Art. 990.  Qualquer interessado ou como fiscal da ordem jurídica. sem nenhuma reserva, de ato
poderá impugnar o pedido do Parágrafo único.  Cumpre ao incompatível com a vontade de
reclamante. terceiro demonstrar a possibilida- recorrer.
de de a decisão sobre a relação
Art. 991.  Na reclamação que não jurídica submetida à apreciação Art. 1.001.  Dos despachos não
houver formulado, o Ministério judicial atingir direito de que se cabe recurso.
Público terá vista do processo por afirme titular ou que possa dis-
5 (cinco) dias, após o decurso do cutir em juízo como substituto Art. 1.002.  A decisão pode ser
prazo para informações e para o processual. impugnada no todo ou em parte.
oferecimento da contestação pelo
beneficiário do ato impugnado. Art. 997.  Cada parte interporá Art. 1.003.  O prazo para interpo-
o recurso independentemente, sição de recurso conta-se da data
Art. 992.  Julgando procedente no prazo e com observância das em que os advogados, a socieda-
a reclamação, o tribunal cassará exigências legais. de de advogados, a Advocacia
a decisão exorbitante de seu jul- § 1o  Sendo vencidos autor Pública, a Defensoria Pública ou

382
Código de Processo Civil
o Ministério Público são intimados Art. 1.007.  No ato de interpo- CAPÍTULO II – DA
da decisão. sição do recurso, o recorrente APELAÇÃO
§ 1o  Os sujeitos previstos no comprovará, quando exigido pela
caput considerar-se-ão intimados legislação pertinente, o respec- Art. 1.009.  Da sentença cabe
em audiência quando nesta for tivo preparo, inclusive porte de apelação.
proferida a decisão. remessa e de retorno, sob pena § 1o  As questões resolvidas
§ 2o  Aplica-se o disposto no de deserção. na fase de conhecimento, se a
art. 231, incisos I a VI, ao prazo de § 1o  São dispensados de pre- decisão a seu respeito não com-
interposição de recurso pelo réu paro, inclusive porte de remessa portar agravo de instrumento, não
contra decisão proferida anterior- e de retorno, os recursos inter- são cobertas pela preclusão e
mente à citação. postos pelo Ministério Público, devem ser suscitadas em prelimi-
§ 3o  No prazo para interpo- pela União, pelo Distrito Federal, nar de apelação, eventualmente
sição de recurso, a petição será pelos Estados, pelos Municípios, interposta contra a decisão final,
protocolada em cartório ou con- e respectivas autarquias, e pelos ou nas contrarrazões.
forme as normas de organização que gozam de isenção legal. § 2o  Se as questões referi-
judiciária, ressalvado o disposto § 2o  A insuficiência no valor das no § 1o forem suscitadas em
em regra especial. do preparo, inclusive porte de contrarrazões, o recorrente será
§ 4o  Para aferição da tem- remessa e de retorno, implicará intimado para, em 15 (quinze) dias,
pestividade do recurso remetido deserção se o recorrente, intima- manifestar-se a respeito delas.
pelo correio, será considerada do na pessoa de seu advogado, § 3o  O disposto no caput des-
como data de interposição a data não vier a supri-lo no prazo de 5 te artigo aplica-se mesmo quan-
de postagem. (cinco) dias. do as questões mencionadas no
§ 5o  Excetuados os embar- § 3o  É dispensado o recolhi- art. 1.015 integrarem capítulo da
gos de declaração, o prazo para mento do porte de remessa e de sentença.
interpor os recursos e para res- retorno no processo em autos
ponder-lhes é de 15 (quinze) dias. eletrônicos. Art. 1.010.  A apelação, interpos-
§ 6o  O recorrente comprova- § 4o  O recorrente que não ta por petição dirigida ao juízo de
rá a ocorrência de feriado local no comprovar, no ato de interposi- primeiro grau, conterá:
ato de interposição do recurso. ção do recurso, o recolhimento I – os nomes e a qualificação
do preparo, inclusive porte de das partes;
Art. 1.004.  Se, durante o prazo remessa e de retorno, será inti- II – a exposição do fato e do
para a interposição do recurso, mado, na pessoa de seu advoga- direito;
sobrevier o falecimento da parte do, para realizar o recolhimento III – as razões do pedido de
ou de seu advogado ou ocorrer em dobro, sob pena de deserção. reforma ou de decretação de
motivo de força maior que sus- § 5o  É vedada a complemen- nulidade;
penda o curso do processo, será tação se houver insuficiência par- IV – o pedido de nova decisão.
tal prazo restituído em proveito da cial do preparo, inclusive porte de § 1o  O apelado será intimado
parte, do herdeiro ou do sucessor, remessa e de retorno, no recolhi- para apresentar contrarrazões no
contra quem começará a correr mento realizado na forma do § 4o. prazo de 15 (quinze) dias.
novamente depois da intimação. § 6o  Provando o recorrente § 2o  Se o apelado interpuser
justo impedimento, o relator re- apelação adesiva, o juiz intimará
Art. 1.005.  O recurso interposto levará a pena de deserção, por o apelante para apresentar con-
por um dos litisconsortes a todos decisão irrecorrível, fixando-lhe trarrazões.
aproveita, salvo se distintos ou prazo de 5 (cinco) dias para efe- § 3o  Após as formalidades
opostos os seus interesses. tuar o preparo. previstas nos §§ 1o e 2o, os autos
Parágrafo único. Havendo § 7o  O equívoco no preen- serão remetidos ao tribunal pelo
solidariedade passiva, o recur- chimento da guia de custas não juiz, independentemente de juízo
so interposto por um devedor implicará a aplicação da pena de de admissibilidade.
aproveitará aos outros quando deserção, cabendo ao relator, na
as defesas opostas ao credor hipótese de dúvida quanto ao re- Art. 1.011.  Recebido o recurso de
lhes forem comuns. colhimento, intimar o recorrente apelação no tribunal e distribuído
para sanar o vício no prazo de 5 imediatamente, o relator:
Art. 1.006.  Certificado o trânsito (cinco) dias. I – decidi-lo-á monocratica-
em julgado, com menção expres- mente apenas nas hipóteses do
sa da data de sua ocorrência, o Art. 1.008.  O julgamento pro- art. 932, incisos III a V;
escrivão ou o chefe de secretaria, ferido pelo tribunal substituirá a II – se não for o caso de deci-
independentemente de despacho, decisão impugnada no que tiver são monocrática, elaborará seu
providenciará a baixa dos autos sido objeto de recurso. voto para julgamento do recurso
ao juízo de origem, no prazo de pelo órgão colegiado.
5 (cinco) dias.

383
Código de Processo Civil
Art. 1.012.  A apelação terá efeito logo o mérito quando: XIII – outros casos expressa-
suspensivo. I – reformar sentença fundada mente referidos em lei.
§ 1o  Além de outras hipóteses no art. 485; Parágrafo único. Também
previstas em lei, começa a produ- II – decretar a nulidade da caberá agravo de instrumento
zir efeitos imediatamente após a sentença por não ser ela con- contra decisões interlocutórias
sua publicação a sentença que: gruente com os limites do pedido proferidas na fase de liquidação
I – homologa divisão ou de- ou da causa de pedir; de sentença ou de cumprimen-
marcação de terras; III – constatar a omissão no to de sentença, no processo de
II – condena a pagar alimen- exame de um dos pedidos, hi- execução e no processo de in-
tos; pótese em que poderá julgá-lo; ventário.
III – extingue sem resolução IV – decretar a nulidade de
do mérito ou julga improceden- sentença por falta de fundamen- Art. 1.016.  O agravo de instru-
tes os embargos do executado; tação. mento será dirigido diretamente
IV – julga procedente o pedi- § 4o  Quando reformar sen- ao tribunal competente, por meio
do de instituição de arbitragem; tença que reconheça a decadên- de petição com os seguintes re-
V – confirma, concede ou re- cia ou a prescrição, o tribunal, se quisitos:
voga tutela provisória; possível, julgará o mérito, exami- I – os nomes das partes;
VI – decreta a interdição. nando as demais questões, sem II – a exposição do fato e do
§ 2o  Nos casos do § 1o, o ape- determinar o retorno do processo direito;
lado poderá promover o pedido de ao juízo de primeiro grau. III – as razões do pedido de
cumprimento provisório depois § 5o  O capítulo da sentença reforma ou de invalidação da de-
de publicada a sentença. que confirma, concede ou revoga cisão e o próprio pedido;
§ 3o  O pedido de concessão a tutela provisória é impugnável IV – o nome e o endereço
de efeito suspensivo nas hipóte- na apelação. completo dos advogados cons-
ses do § 1o poderá ser formulado tantes do processo.
por requerimento dirigido ao: Art. 1.014.  As questões de fato
I – tribunal, no período com- não propostas no juízo inferior po- Art. 1.017.  A petição de agravo
preendido entre a interposição derão ser suscitadas na apelação, de instrumento será instruída:
da apelação e sua distribuição, se a parte provar que deixou de I – obrigatoriamente, com có-
ficando o relator designado para fazê-lo por motivo de força maior. pias da petição inicial, da contes-
seu exame prevento para julgá-la; tação, da petição que ensejou
II – relator, se já distribuída a decisão agravada, da própria
a apelação. CAPÍTULO III – DO AGRAVO decisão agravada, da certidão
§ 4o  Nas hipóteses do § 1o, a DE INSTRUMENTO da respectiva intimação ou outro
eficácia da sentença poderá ser documento oficial que comprove
suspensa pelo relator se o ape- Art. 1.015.  Cabe agravo de ins- a tempestividade e das procura-
lante demonstrar a probabilidade trumento contra as decisões in- ções outorgadas aos advogados
de provimento do recurso ou se, terlocutórias que versarem sobre: do agravante e do agravado;
sendo relevante a fundamenta- I – tutelas provisórias; II – com declaração de inexis-
ção, houver risco de dano grave II – mérito do processo; tência de qualquer dos documen-
ou de difícil reparação. III – rejeição da alegação de tos referidos no inciso I, feita pelo
convenção de arbitragem; advogado do agravante, sob pena
Art. 1.013.  A apelação devolverá IV – incidente de desconside- de sua responsabilidade pessoal;
ao tribunal o conhecimento da ração da personalidade jurídica; III – facultativamente, com
matéria impugnada. V – rejeição do pedido de gra- outras peças que o agravante
§ 1o  Serão, porém, objeto de tuidade da justiça ou acolhimento reputar úteis.
apreciação e julgamento pelo do pedido de sua revogação; § 1o  Acompanhará a petição
tribunal todas as questões sus- VI – exibição ou posse de do- o comprovante do pagamento
citadas e discutidas no processo, cumento ou coisa; das respectivas custas e do por-
ainda que não tenham sido solu- VII – exclusão de litisconsorte; te de retorno, quando devidos,
cionadas, desde que relativas ao VIII – rejeição do pedido de conforme tabela publicada pelos
capítulo impugnado. limitação do litisconsórcio; tribunais.
§ 2o  Quando o pedido ou a de- IX – admissão ou inadmissão § 2o  No prazo do recurso, o
fesa tiver mais de um fundamento de intervenção de terceiros; agravo será interposto por:
e o juiz acolher apenas um deles, X – concessão, modificação I – protocolo realizado dire-
a apelação devolverá ao tribunal o ou revogação do efeito suspen- tamente no tribunal competente
conhecimento dos demais. sivo aos embargos à execução; para julgá-lo;
§ 3o  Se o processo estiver em XI – redistribuição do ônus da II – protocolo realizado na
condições de imediato julgamen- prova nos termos do art. 373, § 1o; própria comarca, seção ou sub-
to, o tribunal deve decidir desde XII – (Vetado); seção judiciárias;

384
Código de Processo Civil
III – postagem, sob registro, cursal, comunicando ao juiz sua um e cinco por cento do valor
com aviso de recebimento; decisão; atualizado da causa.
IV – transmissão de dados II – ordenará a intimação do § 5o  A interposição de qual-
tipo fac-símile, nos termos da lei; agravado pessoalmente, por carta quer outro recurso está condi-
V – outra forma prevista em com aviso de recebimento, quan- cionada ao depósito prévio do
lei. do não tiver procurador constitu- valor da multa prevista no § 4o,
§ 3o  Na falta da cópia de ído, ou pelo Diário da Justiça ou à exceção da Fazenda Pública e
qualquer peça ou no caso de al- por carta com aviso de recebi- do beneficiário de gratuidade da
gum outro vício que comprome- mento dirigida ao seu advogado, justiça, que farão o pagamento
ta a admissibilidade do agravo para que responda no prazo de ao final.
de instrumento, deve o relator 15 (quinze) dias, facultando-lhe
aplicar o disposto no art.  932, juntar a documentação que en-
parágrafo único. tender necessária ao julgamento CAPÍTULO V – DOS
§ 4o  Se o recurso for inter- do recurso; EMBARGOS DE
posto por sistema de transmis- III – determinará a intimação DECLARAÇÃO
são de dados tipo fac-símile ou do Ministério Público, preferen-
similar, as peças devem ser jun- cialmente por meio eletrônico, Art. 1.022.  Cabem embargos de
tadas no momento de protocolo quando for o caso de sua inter- declaração contra qualquer de-
da petição original. venção, para que se manifeste no cisão judicial para:
§ 5o  Sendo eletrônicos os au- prazo de 15 (quinze) dias. I – esclarecer obscuridade ou
tos do processo, dispensam-se eliminar contradição;
as peças referidas nos incisos Art. 1.020.  O relator solicitará II – suprir omissão de ponto
I e II do caput, facultando-se ao dia para julgamento em prazo ou questão sobre o qual devia
agravante anexar outros docu- não superior a 1 (um) mês da in- se pronunciar o juiz de ofício ou
mentos que entender úteis para timação do agravado. a requerimento;
a compreensão da controvérsia. III – corrigir erro material.
Parágrafo único. Considera-
Art. 1.018.  O agravante poderá CAPÍTULO IV – DO AGRAVO -se omissa a decisão que:
requerer a juntada, aos autos do INTERNO I – deixe de se manifestar
processo, de cópia da petição do sobre tese firmada em julgamen-
agravo de instrumento, do com- Art. 1.021.  Contra decisão pro- to de casos repetitivos ou em
provante de sua interposição e ferida pelo relator caberá agravo incidente de assunção de com-
da relação dos documentos que interno para o respectivo órgão petência aplicável ao caso sob
instruíram o recurso. colegiado, observadas, quanto julgamento;
§ 1o  Se o juiz comunicar que ao processamento, as regras do II – incorra em qualquer das
reformou inteiramente a decisão, regimento interno do tribunal. condutas descritas no art. 489,
o relator considerará prejudicado § 1o  Na petição de agravo in- § 1o.
o agravo de instrumento. terno, o recorrente impugnará es-
§ 2o  Não sendo eletrônicos pecificadamente os fundamentos Art. 1.023.  Os embargos serão
os autos, o agravante tomará a da decisão agravada. opostos, no prazo de 5 (cinco)
providência prevista no caput, § 2o  O agravo será dirigido dias, em petição dirigida ao juiz,
no prazo de 3 (três) dias a con- ao relator, que intimará o agra- com indicação do erro, obscuri-
tar da interposição do agravo de vado para manifestar-se sobre dade, contradição ou omissão, e
instrumento. o recurso no prazo de 15 (quinze) não se sujeitam a preparo.
§ 3o  O descumprimento da dias, ao final do qual, não havendo § 1o  Aplica-se aos embargos
exigência de que trata o § 2o, des- retratação, o relator levá-lo-á a de declaração o art. 229.
de que arguido e provado pelo julgamento pelo órgão colegiado, § 2o  O juiz intimará o em-
agravado, importa inadmissibi- com inclusão em pauta. bargado para, querendo, mani-
lidade do agravo de instrumento. § 3o  É vedado ao relator li- festar-se, no prazo de 5 (cinco)
mitar-se à reprodução dos fun- dias, sobre os embargos opostos,
Art. 1.019.  Recebido o agravo de damentos da decisão agravada caso seu eventual acolhimento
instrumento no tribunal e distri- para julgar improcedente o agravo implique a modificação da deci-
buído imediatamente, se não for interno. são embargada.
o caso de aplicação do art. 932, § 4o  Quando o agravo interno
incisos III e IV, o relator, no prazo for declarado manifestamente Art. 1.024.  O juiz julgará os em-
de 5 (cinco) dias: inadmissível ou improcedente em bargos em 5 (cinco) dias.
I – poderá atribuir efeito sus- votação unânime, o órgão cole- § 1o  Nos tribunais, o relator
pensivo ao recurso ou deferir, em giado, em decisão fundamentada, apresentará os embargos em
antecipação de tutela, total ou condenará o agravante a pagar mesa na sessão subsequente,
parcialmente, a pretensão re- ao agravado multa fixada entre proferindo voto, e, não havendo

385
Código de Processo Civil
julgamento nessa sessão, será o probabilidade de provimento do pessoa residente ou domiciliada
recurso incluído em pauta auto- recurso ou, sendo relevante a fun- no País.
maticamente. damentação, se houver risco de § 1o  Nos processos referidos
§ 2o  Quando os embargos dano grave ou de difícil reparação. no inciso II, alínea “b”, contra as
de declaração forem opostos § 2o  Quando manifestamen- decisões interlocutórias caberá
contra decisão de relator ou ou- te protelatórios os embargos de agravo de instrumento dirigido ao
tra decisão unipessoal proferida declaração, o juiz ou o tribunal, Superior Tribunal de Justiça, nas
em tribunal, o órgão prolator da em decisão fundamentada, con- hipóteses do art. 1.015.
decisão embargada decidi-los-á denará o embargante a pagar ao § 2o  Aplica-se ao recurso or-
monocraticamente. embargado multa não exceden- dinário o disposto nos arts. 1.013,
§ 3o  O órgão julgador conhe- te a dois por cento sobre o valor § 3o, e 1.029, § 5o.
cerá dos embargos de declaração atualizado da causa.
como agravo interno se entender § 3o  Na reiteração de em- Art. 1.028.  Ao recurso mencio-
ser este o recurso cabível, des- bargos de declaração manifes- nado no art.  1.027, inciso II, alí-
de que determine previamente a tamente protelatórios, a multa nea “b”, aplicam-se, quanto aos
intimação do recorrente para, no será elevada a até dez por cento requisitos de admissibilidade e
prazo de 5 (cinco) dias, comple- sobre o valor atualizado da cau- ao procedimento, as disposições
mentar as razões recursais, de sa, e a interposição de qualquer relativas à apelação e o Regimen-
modo a ajustá-las às exigências recurso ficará condicionada ao to Interno do Superior Tribunal
do art. 1.021, § 1o. depósito prévio do valor da multa, de Justiça.
§ 4o  Caso o acolhimento dos à exceção da Fazenda Pública e § 1o  Na hipótese do art. 1.027,
embargos de declaração implique do beneficiário de gratuidade da § 1 , aplicam-se as disposições re-
o

modificação da decisão embar- justiça, que a recolherão ao final. lativas ao agravo de instrumento
gada, o embargado que já tiver § 4o  Não serão admitidos no- e o Regimento Interno do Superior
interposto outro recurso contra vos embargos de declaração se Tribunal de Justiça.
a decisão originária tem o direi- os 2 (dois) anteriores houverem § 2o  O recurso previsto no
to de complementar ou alterar sido considerados protelatórios. art. 1.027, incisos I e II, alínea “a”,
suas razões, nos exatos limites deve ser interposto perante o
da modificação, no prazo de 15 tribunal de origem, cabendo ao
(quinze) dias, contado da intima- CAPÍTULO VI – DOS seu presidente ou vice-presiden-
ção da decisão dos embargos de RECURSOS PARA O te determinar a intimação do re-
declaração. SUPREMO TRIBUNAL corrido para, em 15 (quinze) dias,
§ 5o  Se os embargos de de- FEDERAL E PARA O apresentar as contrarrazões.
claração forem rejeitados ou não SUPERIOR TRIBUNAL DE § 3o  Findo o prazo referido
alterarem a conclusão do julga- no § 2o, os autos serão remetidos
mento anterior, o recurso inter- JUSTIÇA ao respectivo tribunal superior,
posto pela outra parte antes da Seção I – Do Recurso independentemente de juízo de
publicação do julgamento dos Ordinário admissibilidade.
embargos de declaração será
processado e julgado indepen- Art. 1.027.  Serão julgados em
dentemente de ratificação. recurso ordinário:
Seção II – Do Recurso
I – pelo Supremo Tribunal Fe- Extraordinário e do Recurso
Art. 1.025.  Consideram-se in- deral, os mandados de segurança, Especial
cluídos no acórdão os elementos os habeas data e os mandados de Subseção I – Disposições
que o embargante suscitou, para injunção decididos em única ins-
Gerais
fins de prequestionamento, ainda tância pelos tribunais superiores,
que os embargos de declaração quando denegatória a decisão;
sejam inadmitidos ou rejeitados, II – pelo Superior Tribunal de Art. 1.029.  O recurso extraor-
caso o tribunal superior considere Justiça: dinário e o recurso especial, nos
existentes erro, omissão, contra- a)  os mandados de seguran- casos previstos na Constituição
dição ou obscuridade. ça decididos em única instância Federal, serão interpostos peran-
pelos tribunais regionais federais te o presidente ou o vice-presi-
Art. 1.026.  Os embargos de de- ou pelos tribunais de justiça dos dente do tribunal recorrido, em
claração não possuem efeito sus- Estados e do Distrito Federal e petições distintas que conterão:
pensivo e interrompem o prazo Territórios, quando denegatória I – a exposição do fato e do
para a interposição de recurso. a decisão; direito;
§ 1o  A eficácia da decisão b)  os processos em que fo- II – a demonstração do ca-
monocrática ou colegiada pode- rem partes, de um lado, Estado bimento do recurso interposto;
rá ser suspensa pelo respectivo estrangeiro ou organismo inter- III – as razões do pedido de
juiz ou relator se demonstrada a nacional e, de outro, Município ou reforma ou de invalidação da de-

386
Código de Processo Civil
cisão recorrida. blicação da decisão de admissão Justiça, desde que:
§ 1o  Quando o recurso fun- do recurso, assim como no caso a)  o recurso ainda não tenha
dar-se em dissídio jurispruden- de o recurso ter sido sobrestado, sido submetido ao regime de re-
cial, o recorrente fará a prova nos termos do art. 1.037. percussão geral ou de julgamento
da divergência com a certidão, de recursos repetitivos;
cópia ou citação do repositó- Art. 1.030.  Recebida a petição b)  o recurso tenha sido se-
rio de jurisprudência, oficial ou do recurso pela secretaria do tri- lecionado como representativo
credenciado, inclusive em mídia bunal, o recorrido será intimado da controvérsia; ou
eletrônica, em que houver sido para apresentar contrarrazões no c)  o tribunal recorrido tenha
publicado o acórdão divergente, prazo de 15 (quinze) dias, findo o refutado o juízo de retratação.
ou ainda com a reprodução de jul- qual os autos serão conclusos ao § 1o  Da decisão de inadmis-
gado disponível na rede mundial presidente ou ao vice-presidente sibilidade proferida com funda-
de computadores, com indicação do tribunal recorrido, que deverá: mento no inciso V caberá agravo
da respectiva fonte, devendo-se, I – negar seguimento: ao tribunal superior, nos termos
em qualquer caso, mencionar as a)  a recurso extraordinário do art. 1.042.
circunstâncias que identifiquem que discuta questão constitu- § 2o  Da decisão proferida
ou assemelhem os casos con- cional à qual o Supremo Tribunal com fundamento nos incisos I
frontados. Federal não tenha reconhecido e III caberá agravo interno, nos
§ 2o (Revogado) a existência de repercussão ge- termos do art. 1.021.
§ 3o  O Supremo Tribunal Fe- ral ou a recurso extraordinário
deral ou o Superior Tribunal de interposto contra acórdão que Art. 1.031.  Na hipótese de in-
Justiça poderá desconsiderar esteja em conformidade com en- terposição conjunta de recurso
vício formal de recurso tempes- tendimento do Supremo Tribunal extraordinário e recurso espe-
tivo ou determinar sua correção, Federal exarado no regime de cial, os autos serão remetidos
desde que não o repute grave. repercussão geral; ao Superior Tribunal de Justiça.
§ 4o  Quando, por ocasião do b)  a recurso extraordinário § 1o  Concluído o julgamento
processamento do incidente de ou a recurso especial interposto do recurso especial, os autos
resolução de demandas repeti- contra acórdão que esteja em serão remetidos ao Supremo Tri-
tivas, o presidente do Supremo conformidade com entendimento bunal Federal para apreciação do
Tribunal Federal ou do Superior do Supremo Tribunal Federal ou recurso extraordinário, se este
Tribunal de Justiça receber re- do Superior Tribunal de Justiça, não estiver prejudicado.
querimento de suspensão de respectivamente, exarado no re- § 2o  Se o relator do recurso
processos em que se discuta gime de julgamento de recursos especial considerar prejudicial o
questão federal constitucional repetitivos; recurso extraordinário, em deci-
ou infraconstitucional, poderá, II – encaminhar o processo são irrecorrível, sobrestará o jul-
considerando razões de segu- ao órgão julgador para realiza- gamento e remeterá os autos ao
rança jurídica ou de excepcional ção do juízo de retratação, se o Supremo Tribunal Federal.
interesse social, estender a sus- acórdão recorrido divergir do en- § 3o  Na hipótese do § 2o, se o
pensão a todo o território nacio- tendimento do Supremo Tribunal relator do recurso extraordinário,
nal, até ulterior decisão do recur- Federal ou do Superior Tribunal em decisão irrecorrível, rejeitar
so extraordinário ou do recurso de Justiça exarado, conforme o a prejudicialidade, devolverá os
especial a ser interposto. caso, nos regimes de repercussão autos ao Superior Tribunal de
§ 5o  O pedido de concessão geral ou de recursos repetitivos; Justiça para o julgamento do re-
de efeito suspensivo a recurso III – sobrestar o recurso que curso especial.
extraordinário ou a recurso es- versar sobre controvérsia de ca-
pecial poderá ser formulado por ráter repetitivo ainda não decidi- Art. 1.032.  Se o relator, no Su-
requerimento dirigido: da pelo Supremo Tribunal Fede- perior Tribunal de Justiça, en-
I – ao tribunal superior res- ral ou pelo Superior Tribunal de tender que o recurso especial
pectivo, no período compreendido Justiça, conforme se trate de versa sobre questão constitu-
entre a publicação da decisão de matéria constitucional ou infra- cional, deverá conceder prazo de
admissão do recurso e sua distri- constitucional; 15 (quinze) dias para que o recor-
buição, ficando o relator desig- IV – selecionar o recurso rente demonstre a existência de
nado para seu exame prevento como representativo de contro- repercussão geral e se manifeste
para julgá-lo; vérsia constitucional ou infra- sobre a questão constitucional.
II – ao relator, se já distribuído constitucional, nos termos do Parágrafo único.  Cumprida a
o recurso; § 6o do art. 1.036; diligência de que trata o caput, o
III – ao presidente ou ao vice- V – realizar o juízo de admis- relator remeterá o recurso ao Su-
-presidente do tribunal recorrido, sibilidade e, se positivo, remeter premo Tribunal Federal, que, em
no período compreendido entre a o feito ao Supremo Tribunal Fe- juízo de admissibilidade, poderá
interposição do recurso e a pu- deral ou ao Superior Tribunal de devolvê-lo ao Superior Tribunal

387
Código de Processo Civil
de Justiça. nos termos do Regimento Inter- bunal Federal e no do Superior
no do Supremo Tribunal Federal. Tribunal de Justiça.
Art. 1.033.  Se o Supremo Tri- § 5o  Reconhecida a reper- § 1o  O presidente ou o vice-
bunal Federal considerar como cussão geral, o relator no Supre- -presidente de tribunal de justiça
reflexa a ofensa à Constituição mo Tribunal Federal determinará ou de tribunal regional federal
afirmada no recurso extraordi- a suspensão do processamento selecionará 2 (dois) ou mais re-
nário, por pressupor a revisão da de todos os processos pendentes, cursos representativos da contro-
interpretação de lei federal ou de individuais ou coletivos, que ver- vérsia, que serão encaminhados
tratado, remetê-lo-á ao Superior sem sobre a questão e tramitem ao Supremo Tribunal Federal ou
Tribunal de Justiça para julga- no território nacional. ao Superior Tribunal de Justiça
mento como recurso especial. § 6o  O interessado pode re- para fins de afetação, determi-
querer, ao presidente ou ao vice- nando a suspensão do trâmite
Art. 1.034.  Admitido o recurso -presidente do tribunal de origem, de todos os processos penden-
extraordinário ou o recurso espe- que exclua da decisão de sobres- tes, individuais ou coletivos, que
cial, o Supremo Tribunal Federal tamento e inadmita o recurso tramitem no Estado ou na região,
ou o Superior Tribunal de Justi- extraordinário que tenha sido conforme o caso.
ça julgará o processo, aplicando interposto intempestivamente, § 2o  O interessado pode re-
o direito. tendo o recorrente o prazo de 5 querer, ao presidente ou ao vice-
Parágrafo único.  Admitido o (cinco) dias para manifestar-se -presidente, que exclua da deci-
recurso extraordinário ou o recur- sobre esse requerimento. são de sobrestamento e inadmita
so especial por um fundamento, § 7o  Da decisão que indeferir o recurso especial ou o recurso
devolve-se ao tribunal superior o o requerimento referido no § 6o ou extraordinário que tenha sido
conhecimento dos demais funda- que aplicar entendimento firmado interposto intempestivamente,
mentos para a solução do capítulo em regime de repercussão geral tendo o recorrente o prazo de 5
impugnado. ou em julgamento de recursos (cinco) dias para manifestar-se
repetitivos caberá agravo interno. sobre esse requerimento.
Art. 1.035.  O Supremo Tribunal § 8o  Negada a repercussão § 3o  Da decisão que indeferir
Federal, em decisão irrecorrível, geral, o presidente ou o vice- o requerimento referido no § 2o
não conhecerá do recurso ex- -presidente do tribunal de origem caberá apenas agravo interno.
traordinário quando a questão negará seguimento aos recursos § 4o  A escolha feita pelo pre-
constitucional nele versada não extraordinários sobrestados na sidente ou vice-presidente do
tiver repercussão geral, nos ter- origem que versem sobre maté- tribunal de justiça ou do tribunal
mos deste artigo. ria idêntica. regional federal não vinculará o
§ 1o  Para efeito de repercus- § 9o  O recurso que tiver a relator no tribunal superior, que
são geral, será considerada a repercussão geral reconhecida poderá selecionar outros recur-
existência ou não de questões deverá ser julgado no prazo de 1 sos representativos da contro-
relevantes do ponto de vista eco- (um) ano e terá preferência sobre vérsia.
nômico, político, social ou jurídico os demais feitos, ressalvados os § 5o  O relator em tribunal su-
que ultrapassem os interesses que envolvam réu preso e os pe- perior também poderá selecionar
subjetivos do processo. didos de habeas corpus. 2 (dois) ou mais recursos repre-
§ 2o  O recorrente deverá § 10.  (Revogado) sentativos da controvérsia para
demonstrar a existência de re- § 11.  A súmula da decisão so- julgamento da questão de direito
percussão geral para apreciação bre a repercussão geral constará independentemente da iniciativa
exclusiva pelo Supremo Tribunal de ata, que será publicada no diá- do presidente ou do vice-presi-
Federal. rio oficial e valerá como acórdão. dente do tribunal de origem.
§ 3o  Haverá repercussão ge- § 6o  Somente podem ser se-
ral sempre que o recurso impug- lecionados recursos admissíveis
nar acórdão que:
Subseção II – Do Julgamento que contenham abrangente argu-
I – contrarie súmula ou juris- dos Recursos Extraordinário mentação e discussão a respeito
prudência dominante do Supremo e Especial Repetitivos da questão a ser decidida.
Tribunal Federal;
II – (Revogado); Art. 1.036.  Sempre que houver Art. 1.037.  Selecionados os re-
III – tenha reconhecido a in- multiplicidade de recursos ex- cursos, o relator, no tribunal su-
constitucionalidade de tratado traordinários ou especiais com perior, constatando a presen-
ou de lei federal, nos termos do fundamento em idêntica ques- ça do pressuposto do caput do
art. 97 da Constituição Federal. tão de direito, haverá afetação art.  1.036, proferirá decisão de
§ 4o  O relator poderá admitir, para julgamento de acordo com afetação, na qual:
na análise da repercussão geral, a as disposições desta Subseção, I – identificará com precisão
manifestação de terceiros, subs- observado o disposto no Regi- a questão a ser submetida a jul-
crita por procurador habilitado, mento Interno do Supremo Tri- gamento;

388
Código de Processo Civil
II – determinará a suspensão dinário afetado, a parte poderá III – requisitar informações
do processamento de todos os requerer o prosseguimento do aos tribunais inferiores a respei-
processos pendentes, individuais seu processo. to da controvérsia e, cumprida a
ou coletivos, que versem sobre a § 10.  O requerimento a que se diligência, intimará o Ministério
questão e tramitem no território refere o § 9o será dirigido: Público para manifestar-se.
nacional; I – ao juiz, se o processo so- § 1o  No caso do inciso III,
III – poderá requisitar aos pre- brestado estiver em primeiro os prazos respectivos são de 15
sidentes ou aos vice-presiden- grau; (quinze) dias, e os atos serão pra-
tes dos tribunais de justiça ou II – ao relator, se o processo ticados, sempre que possível, por
dos tribunais regionais federais sobrestado estiver no tribunal meio eletrônico.
a remessa de um recurso repre- de origem; § 2o  Transcorrido o prazo
sentativo da controvérsia. III – ao relator do acórdão re- para o Ministério Público e re-
§ 1o  Se, após receber os re- corrido, se for sobrestado recurso metida cópia do relatório aos de-
cursos selecionados pelo presi- especial ou recurso extraordinário mais ministros, haverá inclusão
dente ou pelo vice-presidente de no tribunal de origem; em pauta, devendo ocorrer o jul-
tribunal de justiça ou de tribunal IV – ao relator, no tribunal gamento com preferência sobre
regional federal, não se proceder superior, de recurso especial ou os demais feitos, ressalvados os
à afetação, o relator, no tribunal de recurso extraordinário cujo que envolvam réu preso e os pe-
superior, comunicará o fato ao processamento houver sido so- didos de habeas corpus.
presidente ou ao vice-presidente brestado. § 3o  O conteúdo do acórdão
que os houver enviado, para que § 11.  A outra parte deverá ser abrangerá a análise dos funda-
seja revogada a decisão de sus- ouvida sobre o requerimento a mentos relevantes da tese jurí-
pensão referida no art. 1.036, § 1o. que se refere o § 9o, no prazo de dica discutida.
§ 2o (Revogado) 5 (cinco) dias.
§ 3o  Havendo mais de uma § 12.  Reconhecida a distin- Art. 1.039.  Decididos os recur-
afetação, será prevento o rela- ção no caso: sos afetados, os órgãos colegia-
tor que primeiro tiver proferido a I – dos incisos I, II e IV do § 10, dos declararão prejudicados os
decisão a que se refere o inciso o próprio juiz ou relator dará pros- demais recursos versando sobre
I do caput. seguimento ao processo; idêntica controvérsia ou os deci-
§ 4o  Os recursos afetados II – do inciso III do § 10, o re- dirão aplicando a tese firmada.
deverão ser julgados no prazo de lator comunicará a decisão ao Parágrafo único.  Negada a
1 (um) ano e terão preferência so- presidente ou ao vice-presidente existência de repercussão geral
bre os demais feitos, ressalvados que houver determinado o so- no recurso extraordinário afetado,
os que envolvam réu preso e os brestamento, para que o recurso serão considerados automatica-
pedidos de habeas corpus. especial ou o recurso extraordiná- mente inadmitidos os recursos
§ 5o (Revogado) rio seja encaminhado ao respec- extraordinários cujo processa-
§ 6o  Ocorrendo a hipótese do tivo tribunal superior, na forma do mento tenha sido sobrestado.
§ 5o, é permitido a outro relator art. 1.030, parágrafo único.
do respectivo tribunal superior § 13.  Da decisão que resolver Art. 1.040.  Publicado o acórdão
afetar 2 (dois) ou mais recursos o requerimento a que se refere o paradigma:
representativos da controvérsia § 9o caberá: I – o presidente ou o vice-
na forma do art. 1.036. I – agravo de instrumento, -presidente do tribunal de origem
§ 7o  Quando os recursos re- se o processo estiver em pri- negará seguimento aos recursos
quisitados na forma do inciso III meiro grau; especiais ou extraordinários so-
do caput contiverem outras ques- II – agravo interno, se a deci- brestados na origem, se o acór-
tões além daquela que é objeto são for de relator. dão recorrido coincidir com a
da afetação, caberá ao tribunal orientação do tribunal superior;
decidir esta em primeiro lugar Art. 1.038.  O relator poderá: II – o órgão que proferiu o
e depois as demais, em acórdão I – solicitar ou admitir ma- acórdão recorrido, na origem,
específico para cada processo. nifestação de pessoas, órgãos reexaminará o processo de com-
§ 8o  As partes deverão ser in- ou entidades com interesse na petência originária, a remessa
timadas da decisão de suspensão controvérsia, considerando a re- necessária ou o recurso ante-
de seu processo, a ser proferida levância da matéria e consoante riormente julgado, se o acórdão
pelo respectivo juiz ou relator dispuser o regimento interno; recorrido contrariar a orientação
quando informado da decisão a II – fixar data para, em audi- do tribunal superior;
que se refere o inciso II do caput. ência pública, ouvir depoimentos III – os processos suspensos
§ 9o  Demonstrando distinção de pessoas com experiência e em primeiro e segundo graus de
entre a questão a ser decidida no conhecimento na matéria, com jurisdição retomarão o curso para
processo e aquela a ser julgada a finalidade de instruir o proce- julgamento e aplicação da tese
no recurso especial ou extraor- dimento; firmada pelo tribunal superior;

389
Código de Processo Civil
IV – se os recursos versarem Seção III – Do Agravo em de Justiça e, se for o caso, do
sobre questão relativa a presta- Recurso Especial e em recurso especial, independente-
ção de serviço público objeto de Recurso Extraordinário mente de pedido, os autos serão
concessão, permissão ou autori- remetidos ao Supremo Tribunal
zação, o resultado do julgamen- Art. 1.042.  Cabe agravo contra Federal para apreciação do agra-
to será comunicado ao órgão, decisão do presidente ou do vice- vo a ele dirigido, salvo se estiver
ao ente ou à agência reguladora -presidente do tribunal recorrido prejudicado.
competente para fiscalização da que inadmitir recurso extraordi-
efetiva aplicação, por parte dos nário ou recurso especial, salvo
entes sujeitos a regulação, da quando fundada na aplicação de
Seção IV – Dos Embargos de
tese adotada. entendimento firmado em regime Divergência
§ 1o  A parte poderá desistir de repercussão geral ou em jul-
da ação em curso no primeiro gamento de recursos repetitivos. Art. 1.043.  É embargável o acór-
grau de jurisdição, antes de pro- I – (Revogado); dão de órgão fracionário que:
ferida a sentença, se a questão II – (Revogado); I – em recurso extraordinário
nela discutida for idêntica à resol- III – (Revogado). ou em recurso especial, divergir
vida pelo recurso representativo § 1o (Revogado): do julgamento de qualquer outro
da controvérsia. I – (Revogado); órgão do mesmo tribunal, sendo
§ 2o  Se a desistência ocorrer II – (Revogado): os acórdãos, embargado e para-
antes de oferecida contestação, a a)  (Revogada); digma, de mérito;
parte ficará isenta do pagamen- b) (Revogada). II – (Revogado);
to de custas e de honorários de § 2o  A petição de agravo será III – em recurso extraordinário
sucumbência. dirigida ao presidente ou ao vice- ou em recurso especial, divergir
§ 3o  A desistência apresenta- -presidente do tribunal de ori- do julgamento de qualquer outro
da nos termos do § 1o independe gem e independe do pagamento órgão do mesmo tribunal, sendo
de consentimento do réu, ainda de custas e despesas postais, um acórdão de mérito e outro
que apresentada contestação. aplicando-se a ela o regime de que não tenha conhecido do re-
repercussão geral e de recursos curso, embora tenha apreciado
Art. 1.041.  Mantido o acórdão di- repetitivos, inclusive quanto à a controvérsia;
vergente pelo tribunal de origem, possibilidade de sobrestamento IV – (Revogado).
o recurso especial ou extraordi- e do juízo de retratação. § 1o  Poderão ser confronta-
nário será remetido ao respecti- § 3o  O agravado será intima- das teses jurídicas contidas em
vo tribunal superior, na forma do do, de imediato, para oferecer julgamentos de recursos e de
art. 1.036, § 1o. resposta no prazo de 15 (quin- ações de competência originária.
§ 1o  Realizado o juízo de re- ze) dias. § 2o  A divergência que auto-
tratação, com alteração do acór- § 4o  Após o prazo de res- riza a interposição de embargos
dão divergente, o tribunal de ori- posta, não havendo retratação, o de divergência pode verificar-se
gem, se for o caso, decidirá as agravo será remetido ao tribunal na aplicação do direito material
demais questões ainda não deci- superior competente. ou do direito processual.
didas cujo enfrentamento se tor- § 5o  O agravo poderá ser jul- § 3o  Cabem embargos de
nou necessário em decorrência gado, conforme o caso, conjun- divergência quando o acórdão
da alteração. tamente com o recurso especial paradigma for da mesma turma
§ 2o  Quando ocorrer a hi- ou extraordinário, assegurada, que proferiu a decisão embarga-
pótese do inciso II do caput do neste caso, sustentação oral, ob- da, desde que sua composição
art. 1.040 e o recurso versar so- servando-se, ainda, o disposto tenha sofrido alteração em mais
bre outras questões, caberá ao no regimento interno do tribunal da metade de seus membros.
presidente ou ao vice-presidente respectivo. § 4o  O recorrente provará a
do tribunal recorrido, depois do § 6o  Na hipótese de interpo- divergência com certidão, cópia
reexame pelo órgão de origem e sição conjunta de recursos extra- ou citação de repositório oficial
independentemente de ratifica- ordinário e especial, o agravante ou credenciado de jurisprudência,
ção do recurso, sendo positivo o deverá interpor um agravo para inclusive em mídia eletrônica,
juízo de admissibilidade, deter- cada recurso não admitido. onde foi publicado o acórdão di-
minar a remessa do recurso ao § 7o  Havendo apenas um vergente, ou com a reprodução de
tribunal superior para julgamento agravo, o recurso será remetido julgado disponível na rede mun-
das demais questões. ao tribunal competente, e, ha- dial de computadores, indicando
vendo interposição conjunta, os a respectiva fonte, e mencionará
autos serão remetidos ao Supe- as circunstâncias que identifi-
rior Tribunal de Justiça. cam ou assemelham os casos
§ 8o  Concluído o julgamento confrontados.
do agravo pelo Superior Tribunal § 5o (Revogado)

390
Código de Processo Civil
Art. 1.044.  No recurso de em- leis, passam a referir-se às que companheiro em união estável.
bargos de divergência, será ob- lhes são correspondentes neste § 4o  A tramitação prioritá-
servado o procedimento esta- Código. ria independe de deferimento
belecido no regimento interno § 5o  A primeira lista de pro- pelo órgão jurisdicional e deverá
do respectivo tribunal superior. cessos para julgamento em ordem ser imediatamente concedida
§ 1o  A interposição de embar- cronológica observará a antigui- diante da prova da condição de
gos de divergência no Superior dade da distribuição entre os já beneficiário.
Tribunal de Justiça interrompe conclusos na data da entrada em
o prazo para interposição de re- vigor deste Código. Art. 1.049.  Sempre que a lei re-
curso extraordinário por qualquer meter a procedimento previsto na
das partes. Art. 1.047.  As disposições de lei processual sem especificá-lo,
§ 2o  Se os embargos de di- direito probatório adotadas neste será observado o procedimento
vergência forem desprovidos ou Código aplicam-se apenas às pro- comum previsto neste Código.
não alterarem a conclusão do vas requeridas ou determinadas Parágrafo único.  Na hipótese
julgamento anterior, o recurso de ofício a partir da data de início de a lei remeter ao procedimento
extraordinário interposto pela de sua vigência. sumário, será observado o pro-
outra parte antes da publicação cedimento comum previsto nes-
do julgamento dos embargos de Art. 1.048.  Terão prioridade de te Código, com as modificações
divergência será processado e tramitação, em qualquer juízo previstas na própria lei especial,
julgado independentemente de ou tribunal, os procedimentos se houver.
ratificação. judiciais:
I – em que figure como parte Art. 1.050.  A União, os Estados,
ou interessado pessoa com idade o Distrito Federal, os Municípios,
LIVRO COMPLEMENTAR igual ou superior a 60 (sessenta) suas respectivas entidades da ad-
– DISPOSIÇÕES FINAIS E anos ou portadora de doença ministração indireta, o Ministério
TRANSITÓRIAS grave, assim compreendida qual- Público, a Defensoria Pública e a
quer das enumeradas no art. 6o, Advocacia Pública, no prazo de 30
Art. 1.045.  Este Código entra em inciso XIV, da Lei no 7.713, de 22 (trinta) dias a contar da data da
vigor após decorrido 1 (um) ano da de dezembro de 1988; entrada em vigor deste Código,
data de sua publicação oficial. II – regulados pela Lei deverão se cadastrar perante
no 8.069, de 13 de julho de 1990 a administração do tribunal no
Art. 1.046.  Ao entrar em vigor (Estatuto da Criança e do Ado- qual atuem para cumprimento
este Código, suas disposições se lescente); do disposto nos arts. 246, § 2o, e
aplicarão desde logo aos proces- III – em que figure como par- 270, parágrafo único.
sos pendentes, ficando revogada te a vítima de violência domésti-
a Lei no  5.869, de 11 de janeiro ca e familiar, nos termos da Lei Art. 1.051.  As empresas públicas
de 1973. no 11.340, de 7 de agosto de 2006 e privadas devem cumprir o dis-
§ 1o  As disposições da Lei (Lei Maria da Penha); posto no art. 246, § 1o, no prazo de
no 5.869, de 11 de janeiro de 1973, IV – em que se discuta a apli- 30 (trinta) dias, a contar da data
relativas ao procedimento sumá- cação do disposto nas normas de inscrição do ato constitutivo
rio e aos procedimentos especiais gerais de licitação e contratação da pessoa jurídica, perante o juízo
que forem revogadas aplicar-se- a que se refere o inciso XXVII do onde tenham sede ou filial.
-ão às ações propostas e não sen- caput do art. 22 da Constituição Parágrafo único.  O disposto
tenciadas até o início da vigência Federal. no caput não se aplica às mi-
deste Código. § 1o  A pessoa interessada na croempresas e às empresas de
§ 2o  Permanecem em vigor obtenção do benefício, juntando pequeno porte.
as disposições especiais dos pro- prova de sua condição, deverá
cedimentos regulados em outras requerê-lo à autoridade judiciária Art. 1.052.  Até a edição de lei
leis, aos quais se aplicará suple- competente para decidir o feito, específica, as execuções contra
tivamente este Código. que determinará ao cartório do devedor insolvente, em curso ou
§ 3o  Os processos menciona- juízo as providências a serem que venham a ser propostas, per-
dos no art. 1.218 da Lei no 5.869, cumpridas. manecem reguladas pelo Livro II,
de 11 de janeiro de 1973, cujo pro- § 2o  Deferida a prioridade, Título IV, da Lei no 5.869, de 11 de
cedimento ainda não tenha sido os autos receberão identificação janeiro de 1973.
incorporado por lei submetem-se própria que evidencie o regime de
ao procedimento comum previsto tramitação prioritária. Art. 1.053.  Os atos processuais
neste Código. § 3o  Concedida a prioridade, praticados por meio eletrônico
§ 4o  As remissões a disposi- essa não cessará com a morte do até a transição definitiva para
ções do Código de Processo Civil beneficiado, estendendo-se em certificação digital ficam con-
revogado, existentes em outras favor do cônjuge supérstite ou do validados, ainda que não tenham

391
Código de Processo Civil
observado os requisitos mínimos a vigorar com a seguinte redação: bunal, contra decisão de relator
estabelecidos por este Código, �������������������������������������������������� ou outra decisão unipessoal pro-
desde que tenham atingido sua ferida em tribunal.
finalidade e não tenha havido Art. 1.062.  O incidente de des-
prejuízo à defesa de qualquer consideração da personalidade Art. 1.071.  O Capítulo III do Título
das partes. jurídica aplica-se ao processo V da Lei no 6.015, de 31 de dezem-
de competência dos juizados es- bro de 1973 (Lei de Registros Pú-
Art. 1.054.  O disposto no peciais. blicos), passa a vigorar acrescida
art. 503, § 1o, somente se aplica do seguinte art. 216‑A:
aos processos iniciados após a Art. 1.063.  Até a edição de lei ��������������������������������������������������
vigência deste Código, aplicando- específica, os juizados especiais
-se aos anteriores o disposto nos cíveis previstos na Lei no 9.099, de Art. 1.072.  Revogam-se:
arts. 5o, 325 e 470 da Lei no 5.869, 26 de setembro de 1995, continu- I – o art.  22 do Decreto-lei
de 11 de janeiro de 1973. am competentes para o proces- no 25, de 30 de novembro de 1937;
samento e julgamento das causas II – os arts. 227, caput, 229,
Art. 1.055.  (Vetado) previstas no art.  275, inciso II, 230, 456, 1.482, 1.483 e 1.768 a
da Lei no 5.869, de 11 de janeiro 1.773 da Lei no  10.406, de 10 de
Art. 1.056.  Considerar-se-á de 1973. janeiro de 2002 (Código Civil);
como termo inicial do prazo da III – os arts. 2o, 3o, 4o, 6o, 7o,
prescrição prevista no art. 924, Art. 1.064.  O caput do art. 48 da 11, 12 e 17 da Lei no 1.060, de 5 de
inciso V, inclusive para as execu- Lei no 9.099, de 26 de setembro fevereiro de 1950;
ções em curso, a data de vigência de 1995, passa a vigorar com a IV – os arts. 13 a 18, 26 a 29 e
deste Código. seguinte redação: 38 da Lei no 8.038, de 28 de maio
�������������������������������������������������� de 1990;
Art. 1.057.  O disposto no V – os arts. 16 a 18 da Lei
art. 525, §§ 14 e 15, e no art. 535, Art. 1.065.  O art.  50 da Lei no 5.478, de 25 de julho de 1968; e
§§ 7o e 8o, aplica-se às decisões no 9.099, de 26 de setembro de VI – o art.  98, §  4o, da Lei
transitadas em julgado após a 1995, passa a vigorar com a se- n  12.529, de 30 de novembro de
o

entrada em vigor deste Código, guinte redação: 2011.


e, às decisões transitadas em ��������������������������������������������������
julgado anteriormente, aplica-se Brasília, 16 de março de 2015;
o disposto no art. 475‑L, § 1o, e no Art. 1.066.  O art.  83 da Lei 194o da Independência e 127o da
art. 741, parágrafo único, da Lei no 9.099, de 26 de setembro de República.
no 5.869, de 11 de janeiro de 1973. 1995, passam a vigorar com a
seguinte redação: DILMA ROUSSEFF
Art. 1.058.  Em todos os casos ��������������������������������������������������
em que houver recolhimento de Promulgada em 16/3/2015 e publicada
importância em dinheiro, esta Art. 1.067.  O art.  275 da Lei no DOU de 17/3/2015.
será depositada em nome da par- no  4.737, de 15 de julho de 1965
te ou do interessado, em conta (Código Eleitoral), passa a vigorar
especial movimentada por ordem com a seguinte redação:
do juiz, nos termos do art. 840, ��������������������������������������������������
inciso I.
Art. 1.068.  O art. 274 e o caput
Art. 1.059.  À tutela provisória re- do art. 2.027 da Lei no 10.406, de
querida contra a Fazenda Pública 10 de janeiro de 2002 (Código
aplica-se o disposto nos arts. 1o a Civil), passam a vigorar com a
4o da Lei no 8.437, de 30 de junho seguinte redação:
de 1992, e no art. 7o, § 2o, da Lei ��������������������������������������������������
no 12.016, de 7 de agosto de 2009.
Art. 1.069.  O Conselho Nacional
Art. 1.060.  O inciso II do art. 14 de Justiça promoverá, periodi-
da Lei no 9.289, de 4 de julho de camente, pesquisas estatísticas
1996, passa a vigorar com a se- para avaliação da efetividade das
guinte redação: normas previstas neste Código.
��������������������������������������������������
Art. 1.070.  É de 15 (quinze) dias
Art. 1.061.  O §  3o do art.  33 da o prazo para a interposição de
Lei no 9.307, de 23 de setembro qualquer agravo, previsto em lei
de 1996 (Lei de Arbitragem), passa ou em regimento interno de tri-

392
Código Penal
ATUALIZADA ATÉ SETEMBRO DE 2022

Atualização e revisão técnica: Coordenação de Edições Técnicas


A norma aqui apresentada não substitui as publicações do Diário Oficial da União.
Sumário

CÓDIGO PENAL

Decreto-lei no 2.848/1940
399 PARTE GERAL
399 TÍTULO I – DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL
400 TÍTULO II – DO CRIME
401 TÍTULO III – DA IMPUTABILIDADE PENAL
402 TÍTULO IV – DO CONCURSO DE PESSOAS
402 TÍTULO V – DAS PENAS
402 CAPÍTULO I – DAS ESPÉCIES DE PENA
402 Seção I – Das Penas Privativas de Liberdade
403 Seção II – Das Penas Restritivas de Direitos
404 Seção III – Da Pena de Multa
404 CAPÍTULO II – DA COMINAÇÃO DAS PENAS
404 CAPÍTULO III – DA APLICAÇÃO DA PENA
406 CAPÍTULO IV – DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA
407 CAPÍTULO V – DO LIVRAMENTO CONDICIONAL
408 CAPÍTULO VI – DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO
408 CAPÍTULO VII – DA REABILITAÇÃO
409 TÍTULO VI – DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA
409 TÍTULO VII – DA AÇÃO PENAL
410 TÍTULO VIII – DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
411 PARTE ESPECIAL
411 TÍTULO I – DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
411 CAPÍTULO I – DOS CRIMES CONTRA A VIDA
413 CAPÍTULO II – DAS LESÕES CORPORAIS
413 CAPÍTULO III – DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
414 CAPÍTULO IV – DA RIXA
414 CAPÍTULO V – DOS CRIMES CONTRA A HONRA
415 CAPÍTULO VI – DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL
415 Seção I – Dos Crimes contra a Liberdade Pessoal
416 Seção II – Dos Crimes contra a Inviolabilidade do Domicílio
417 Seção III – Dos Crimes contra a Inviolabilidade de Correspondência
417 Seção IV – Dos Crimes contra a Inviolabilidade dos Segredos
418 TÍTULO II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
418 CAPÍTULO I – DO FURTO
418 CAPÍTULO II – DO ROUBO E DA EXTORSÃO
419 CAPÍTULO III – DA USURPAÇÃO
419 CAPÍTULO IV – DO DANO
420 CAPÍTULO V – DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA
420 CAPÍTULO VI – DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES
422 CAPÍTULO VII – DA RECEPTAÇÃO
422 CAPÍTULO VIII – DISPOSIÇÕES GERAIS
423 TÍTULO III – DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL
423 CAPÍTULO I – DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE INTELECTUAL
423 CAPÍTULO II – DOS CRIMES CONTRA O PRIVILÉGIO DE INVENÇÃO
423 CAPÍTULO III – DOS CRIMES CONTRA AS MARCAS DE INDÚSTRIA E COMÉRCIO
423 CAPÍTULO IV – DOS CRIMES DE CONCORRÊNCIA DESLEAL
423 TÍTULO IV – DOS CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
424 TÍTULO V – DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO E CONTRA O RESPEITO AOS
MORTOS
424 CAPÍTULO I – DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO
424 CAPÍTULO II – DOS CRIMES CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS
425 TÍTULO VI – DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL
425 CAPÍTULO I – DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL
425 CAPÍTULO I-A – DA EXPOSIÇÃO DA INTIMIDADE SEXUAL
425 CAPÍTULO II – DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL
426 CAPÍTULO III – DO RAPTO
426 CAPÍTULO IV – DISPOSIÇÕES GERAIS
426 CAPÍTULO V – DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE PESSOA PARA FIM DE PROSTITUIÇÃO OU
OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL
427 CAPÍTULO VI – DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR
427 CAPÍTULO VII – DISPOSIÇÕES GERAIS
427 TÍTULO VII – DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
427 CAPÍTULO I – DOS CRIMES CONTRA O CASAMENTO
428 CAPÍTULO II – DOS CRIMES CONTRA O ESTADO DE FILIAÇÃO
428 CAPÍTULO III – DOS CRIMES CONTRA A ASSISTÊNCIA FAMILIAR
429 CAPÍTULO IV – DOS CRIMES CONTRA O PÁTRIO PODER, TUTELA OU CURATELA
429 TÍTULO VIII – DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA
429 CAPÍTULO I – DOS CRIMES DE PERIGO COMUM
430 CAPÍTULO II – DOS CRIMES CONTRA A SEGURANÇA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E
TRANSPORTE E OUTROS SERVIÇOS PÚBLICOS
431 CAPÍTULO III – DOS CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA
433 TÍTULO IX – DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA
433 TÍTULO X – DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
433 CAPÍTULO I – DA MOEDA FALSA
433 CAPÍTULO II – DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS
434 CAPÍTULO III – DA FALSIDADE DOCUMENTAL
435 CAPÍTULO IV – DE OUTRAS FALSIDADES
436 CAPÍTULO V – DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO
436 TÍTULO XI – DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
436 CAPÍTULO I – DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A
ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
438 CAPÍTULO II – DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM
GERAL
439 CAPÍTULO II-A – DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA ESTRANGEIRA
440 CAPÍTULO II-B – DOS CRIMES EM LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
441 CAPÍTULO III – DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
443 CAPÍTULO IV – DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS
443 TÍTULO XII – DOS CRIMES CONTRA O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
443 CAPÍTULO I – DOS CRIMES CONTRA A SOBERANIA NACIONAL
444 CAPÍTULO II – DOS CRIMES CONTRA AS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS
444 CAPÍTULO III – DOS CRIMES CONTRA O FUNCIONAMENTO DAS INSTITUIÇÕES
DEMOCRÁTICAS NO PROCESSO ELEITORAL
444 CAPÍTULO IV – DOS CRIMES CONTRA O FUNCIONAMENTO DOS SERVIÇOS ESSENCIAIS
444 CAPÍTULO V – (VETADO)
444 CAPÍTULO VI – DISPOSIÇÕES COMUNS
444 DISPOSIÇÕES FINAIS
Código Penal

Decreto-lei no 2.848/1940

Código Penal. Tempo do crime Extraterritorialidade

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Art. 4o  Considera-se praticado Art. 7o  Ficam sujeitos à lei bra-
usando da atribuição que lhe o crime no momento da ação ou sileira, embora cometidos no es-
confere o art.  180 da Consti- omissão, ainda que outro seja o trangeiro:
tuição, momento do resultado. I – os crimes:
a)  contra a vida ou a liberda-
DECRETA a seguinte Lei: Territorialidade de do Presidente da República;
b)  contra o patrimônio ou a
Art. 5o  Aplica-se a lei brasilei- fé pública da União, do Distrito
PARTE GERAL ra, sem prejuízo de convenções, Federal, de Estado, de Território,
TÍTULO I – DA APLICAÇÃO tratados e regras de direito in- de Município, de empresa pública,
ternacional, ao crime cometido sociedade de economia mista,
DA LEI PENAL no território nacional. autarquia ou fundação instituída
§ 1o  Para os efeitos penais, pelo Poder Público;
Anterioridade da Lei consideram-se como extensão c)  contra a administração
do território nacional as embar- pública, por quem está a seu
Art. 1o  Não há crime sem lei an- cações e aeronaves brasileiras, serviço;
terior que o defina. Não há pena de natureza pública ou a serviço d)  de genocídio, quando o
sem prévia cominação legal. do governo brasileiro onde quer agente for brasileiro ou domici-
que se encontrem, bem como as liado no Brasil;
Lei penal no tempo aeronaves e as embarcações bra- II – os crimes:
sileiras, mercantes ou de proprie- a)  que, por tratado ou con-
Art. 2o  Ninguém pode ser punido dade privada, que se achem, res- venção, o Brasil se obrigou a re-
por fato que lei posterior deixa pectivamente, no espaço aéreo primir;
de considerar crime, cessando correspondente ou em alto-mar. b)  praticados por brasileiro;
em virtude dela a execução e os § 2o  É também aplicável a lei c)  praticados em aeronaves
efeitos penais da sentença con- brasileira aos crimes praticados a ou embarcações brasileiras, mer-
denatória. bordo de aeronaves ou embarca- cantes ou de propriedade privada,
Parágrafo único.  A lei pos- ções estrangeiras de propriedade quando em território estrangeiro
terior, que de qualquer modo fa- privada, achando-se aquelas em e aí não sejam julgados.
vorecer o agente, aplica-se aos pouso no território nacional ou em § 1o  Nos casos do inciso I,
fatos anteriores, ainda que deci- voo no espaço aéreo correspon- o agente é punido segundo a lei
didos por sentença condenatória dente, e estas em porto ou mar brasileira, ainda que absolvido ou
transitada em julgado. territorial do Brasil. condenado no estrangeiro.
§ 2o  Nos casos do inciso II,
Lei excepcional ou temporária Lugar do crime a aplicação da lei brasileira de-
pende do concurso das seguintes
Art. 3o  A lei excepcional ou tem- Art. 6o  Considera-se praticado condições:
porária, embora decorrido o perí- o crime no lugar em que ocor- a)  entrar o agente no terri-
odo de sua duração ou cessadas reu a ação ou omissão, no todo tório nacional;
as circunstâncias que a determi- ou em parte, bem como onde se b)  ser o fato punível também
naram, aplica-se ao fato praticado produziu ou deveria produzir-se no país em que foi praticado;
durante sua vigência. o resultado. c)  estar o crime incluído en-

399
Código Penal
tre aqueles pelos quais a lei brasi- Frações não computáveis da pena Tentativa
leira autoriza a extradição;
d)  não ter sido o agente ab- Art. 11.  Desprezam-se, nas pe- II – tentado, quando, iniciada
solvido no estrangeiro ou não ter nas privativas de liberdade e nas a execução, não se consuma por
aí cumprido a pena; restritivas de direitos, as frações circunstâncias alheias à vontade
e)  não ter sido o agente per- de dia, e, na pena de multa, as do agente.
doado no estrangeiro ou, por ou- frações de cruzeiro.
tro motivo, não estar extinta a Pena de tentativa
punibilidade, segundo a lei mais Legislação especial
favorável. Parágrafo único.  Salvo dis-
§ 3o  A lei brasileira aplica-se Art. 12.  As regras gerais deste posição em contrário, pune-se
também ao crime cometido por Código aplicam-se aos fatos incri- a tentativa com a pena corres-
estrangeiro contra brasileiro fora minados por lei especial, se esta pondente ao crime consumado,
do Brasil, se, reunidas as con- não dispuser de modo diverso. diminuída de um a dois terços.
dições previstas no parágrafo
anterior: Desistência voluntária e
a)  não foi pedida ou foi ne- TÍTULO II – DO CRIME arrependimento eficaz
gada a extradição;
b)  houve requisição do Mi- Relação de causalidade Art. 15.  O agente que, volunta-
nistro da Justiça. riamente, desiste de prosseguir
Art. 13.  O resultado, de que de- na execução ou impede que o re-
Pena cumprida no estrangeiro pende a existência do crime, so- sultado se produza, só responde
mente é imputável a quem lhe deu pelos atos já praticados.
Art. 8o  A pena cumprida no es- causa. Considera-se causa a ação
trangeiro atenua a pena impos- ou omissão sem a qual o resultado Arrependimento posterior
ta no Brasil pelo mesmo crime, não teria ocorrido.
quando diversas, ou nela é com- Art. 16.  Nos crimes cometidos
putada, quando idênticas. Superveniência de causa sem violência ou grave ameaça à
independente pessoa, reparado o dano ou resti-
Eficácia de sentença estrangeira tuída a coisa, até o recebimento
§ 1o  A superveniência de cau- da denúncia ou da queixa, por ato
Art. 9   A sentença estrangeira,
o
sa relativamente independente voluntário do agente, a pena será
quando a aplicação da lei brasilei- exclui a imputação quando, por si reduzida de um a dois terços.
ra produz na espécie as mesmas só, produziu o resultado; os fatos
consequências, pode ser homo- anteriores, entretanto, imputam- Crime impossível
logada no Brasil para: -se a quem os praticou.
I – obrigar o condenado à re- Art. 17.  Não se pune a tentativa
paração do dano, a restituições e Relevância da omissão quando, por ineficácia absoluta
a outros efeitos civis; do meio ou por absoluta impro-
II – sujeitá-lo à medida de § 2o  A omissão é penalmen- priedade do objeto, é impossível
segurança. te relevante quando o omitente consumar-se o crime.
Parágrafo único.  A homolo- devia e podia agir para evitar o
gação depende: resultado. O dever de agir incum- Art. 18.  Diz-se o crime:
a)  para os efeitos previstos be a quem:
no inciso I, de pedido da parte a)  tenha por lei obrigação de Crime doloso
interessada; cuidado, proteção ou vigilância;
b)  para os outros efeitos, da b)  de outra forma, assumiu I – doloso, quando o agente
existência de tratado de extradi- a responsabilidade de impedir quis o resultado ou assumiu o
ção com o país de cuja autoridade o resultado; risco de produzi-lo;
judiciária emanou a sentença, ou, c)  com seu comportamento
na falta de tratado, de requisição anterior, criou o risco da ocorrên- Crime culposo
do Ministro da Justiça. cia do resultado.
II – culposo, quando o agente
Contagem de prazo Art. 14.  Diz-se o crime: deu causa ao resultado por impru-
dência, negligência ou imperícia.
Art. 10.  O dia do começo inclui- Crime consumado Parágrafo único.  Salvo os ca-
-se no cômputo do prazo. Con- sos expressos em lei, ninguém
tam-se os dias, os meses e os I – consumado, quando nele pode ser punido por fato previs-
anos pelo calendário comum. se reúnem todos os elementos to como crime, senão quando o
de sua definição legal; pratica dolosamente.

400
Código Penal
Agravação pelo resultado coação irresistível ou em estrita TÍTULO III – DA
obediência a ordem, não mani- IMPUTABILIDADE PENAL
Art. 19.  Pelo resultado que agra- festamente ilegal, de superior
va especialmente a pena, só res- hierárquico, só é punível o autor Inimputáveis
ponde o agente que o houver da coação ou da ordem.
causado ao menos culposamente. Art. 26.  É isento de pena o
Exclusão de ilicitude agente que, por doença mental
Erro sobre elementos do tipo ou desenvolvimento mental in-
Art. 23.  Não há crime quando o completo ou retardado, era, ao
Art. 20.  O erro sobre elemento agente pratica o fato: tempo da ação ou da omissão,
constitutivo do tipo legal de cri- I – em estado de necessidade; inteiramente incapaz de enten-
me exclui o dolo, mas permite a II – em legítima defesa;1 der o caráter ilícito do fato ou de
punição por crime culposo, se III – em estrito cumprimento determinar-se de acordo com
previsto em lei. de dever legal ou no exercício esse entendimento.
regular de direito.
Descriminantes putativas Redução de pena
Excesso punível
§ 1o  É isento de pena quem, Parágrafo único.  A pena pode
por erro plenamente justificado Parágrafo único.  O agente, ser reduzida de um a dois ter-
pelas circunstâncias, supõe si- em qualquer das hipóteses deste ços, se o agente, em virtude de
tuação de fato que, se existisse, artigo, responderá pelo excesso perturbação de saúde mental
tornaria a ação legítima. Não há doloso ou culposo. ou por desenvolvimento mental
isenção de pena quando o erro incompleto ou retardado não era
deriva de culpa e o fato é punível Estado de necessidade inteiramente capaz de entender
como crime culposo. o caráter ilícito do fato ou de de-
Art. 24.  Considera-se em esta- terminar-se de acordo com esse
Erro determinado por terceiro do de necessidade quem pratica entendimento.
o fato para salvar de perigo atual,
§ 2o  Responde pelo crime o que não provocou por sua von- Menores de dezoito anos
terceiro que determina o erro. tade, nem podia de outro modo
evitar, direito próprio ou alheio, Art. 27.  Os menores de 18 (de-
Erro sobre a pessoa cujo sacrifício, nas circunstân- zoito) anos são penalmente inim-
cias, não era razoável exigir-se. putáveis, ficando sujeitos às nor-
§ 3o  O erro quanto à pessoa § 1o  Não pode alegar estado mas estabelecidas na legislação
contra a qual o crime é praticado de necessidade quem tinha o especial.
não isenta de pena. Não se consi- dever legal de enfrentar o perigo.
deram, neste caso, as condições § 2o  Embora seja razoável Emoção e paixão
ou qualidades da vítima, senão as exigir-se o sacrifício do direito
da pessoa contra quem o agente ameaçado, a pena poderá ser Art. 28.  Não excluem a imputa-
queria praticar o crime. reduzida de um a dois terços. bilidade penal:
I – a emoção ou a paixão;
Erro sobre a ilicitude do fato Legítima defesa
Embriaguez
Art. 21.  O desconhecimento da Art. 25.  Entende-se em legí-
lei é inescusável. O erro sobre a tima defesa quem, usando mo- II – a embriaguez, voluntária
ilicitude do fato, se inevitável, deradamente dos meios neces- ou culposa, pelo álcool ou subs-
isenta de pena; se evitável, po- sários, repele injusta agressão, tância de efeitos análogos.
derá diminuí-la de um sexto a atual ou iminente, a direito seu § 1o  É isento de pena o agen-
um terço. ou de outrem.2 te que, por embriaguez comple-
Parágrafo único. Conside- Parágrafo único. Observados ta, proveniente de caso fortuito
ra-se evitável o erro se o agente os requisitos previstos no caput ou força maior, era, ao tempo
atua ou se omite sem a consciên- deste artigo, considera-se tam- da ação ou da omissão, intei-
cia da ilicitude do fato, quando lhe bém em legítima defesa o agente ramente incapaz de entender o
era possível, nas circunstâncias, de segurança pública que repele caráter ilícito do fato ou de de-
ter ou atingir essa consciência. agressão ou risco de agressão a terminar-se de acordo com esse
vítima mantida refém durante a entendimento.
Coação irresistível e prática de crimes. § 2o  A pena pode ser reduzi-
obediência hierárquica da de um a dois terços, se o agen-
  Nota do Editor (NE): ver ADPF no 779.
1
te, por embriaguez, proveniente
Art. 22.  Se o fato é cometido sob 2
  NE: ver ADPF no 779. de caso fortuito ou força maior,

401
Código Penal
não possuía, ao tempo da ação semiaberto ou aberto. A de de- § 2o  O trabalho será em co-
ou da omissão, a plena capaci- tenção, em regime semiaberto, mum dentro do estabelecimento,
dade de entender o caráter ilícito ou aberto, salvo necessidade de na conformidade das aptidões ou
do fato ou de determinar-se de transferência a regime fechado. ocupações anteriores do conde-
acordo com esse entendimento. § 1o Considera-se: nado, desde que compatíveis com
a)  regime fechado a execu- a execução da pena.
ção da pena em estabelecimento § 3o  O trabalho externo é ad-
TÍTULO IV – DO CONCURSO de segurança máxima ou média; missível, no regime fechado, em
DE PESSOAS b)  regime semiaberto a exe- serviços ou obras públicas.
cução da pena em colônia agríco-
Art. 29.  Quem, de qualquer la, industrial ou estabelecimento Regras do regime semiaberto
modo, concorre para o crime in- similar;
cide nas penas a este cominadas, c)  regime aberto a execução Art. 35.  Aplica-se a norma do
na medida de sua culpabilidade. da pena em casa de albergado ou art.  34 deste Código, caput, ao
§ 1o  Se a participação for de estabelecimento adequado. condenado que inicie o cumpri-
menor importância, a pena pode § 2o  As penas privativas de mento da pena em regime se-
ser diminuída de um sexto a um liberdade deverão ser executadas miaberto.
terço. em forma progressiva, segundo o § 1o  O condenado fica sujeito
§ 2o  Se algum dos concor- mérito do condenado, observados a trabalho em comum durante o
rentes quis participar de crime os seguintes critérios e ressalva- período diurno, em colônia agríco-
menos grave, ser-lhe-á aplicada das as hipóteses de transferência la, industrial ou estabelecimento
a pena deste; essa pena será au- a regime mais rigoroso: similar.
mentada até metade, na hipótese a)  o condenado a pena supe- § 2o  O trabalho externo é ad-
de ter sido previsível o resultado rior a 8 (oito) anos deverá começar missível, bem como a frequência
mais grave. a cumpri-la em regime fechado; a cursos supletivos profissionali-
b)  o condenado não reinci- zantes, de instrução de segundo
Circunstâncias incomunicáveis dente, cuja pena seja superior a grau ou superior.
4 (quatro) anos e não exceda a 8
Art. 30.  Não se comunicam as (oito), poderá, desde o princípio, Regras do regime aberto
circunstâncias e as condições cumpri-la em regime semiaberto;
de caráter pessoal, salvo quando c)  o condenado não reinci- Art. 36.  O regime aberto baseia-
elementares do crime. dente, cuja pena seja igual ou -se na autodisciplina e senso de
inferior a 4 (quatro) anos, pode- responsabilidade do condenado.
Casos de impunibilidade rá, desde o início, cumpri-la em § 1o  O condenado deverá,
regime aberto. fora do estabelecimento e sem
Art. 31.  O ajuste, a determinação § 3o  A determinação do re- vigilância, trabalhar, frequentar
ou instigação e o auxílio, salvo gime inicial de cumprimento da curso ou exercer outra atividade
disposição expressa em contrário, pena far-se-á com observância autorizada, permanecendo reco-
não são puníveis, se o crime não dos critérios previstos no art. 59 lhido durante o período noturno
chega, pelo menos, a ser tentado. deste Código. e nos dias de folga.
§ 4o  O condenado por crime § 2o  O condenado será trans-
contra a administração pública ferido do regime aberto, se pra-
TÍTULO V – DAS PENAS terá a progressão de regime do ticar fato definido como crime
CAPÍTULO I – DAS cumprimento da pena condicio- doloso, se frustrar os fins da exe-
nada à reparação do dano que cução ou se, podendo, não pagar a
ESPÉCIES DE PENA causou, ou à devolução do pro- multa cumulativamente aplicada.
duto do ilícito praticado, com os
Art. 32.  As penas são: acréscimos legais. Regime especial
I – privativas de liberdade;
II – restritivas de direitos; Regras do regime fechado Art. 37.  As mulheres cumprem
III – de multa. pena em estabelecimento pró-
Art. 34.  O condenado será sub- prio, observando-se os deveres
metido, no início do cumprimento e direitos inerentes à sua condi-
Seção I – Das Penas da pena, a exame criminológico ção pessoal, bem como, no que
Privativas de Liberdade de classificação para individua- couber, o disposto neste Capítulo.
lização da execução.
Reclusão e detenção § 1o  O condenado fica sujeito Direitos do preso
a trabalho no período diurno e a
Art. 33.  A pena de reclusão deve isolamento durante o repouso Art. 38.  O preso conserva todos
ser cumprida em regime fechado, noturno. os direitos não atingidos pela

402
Código Penal
perda da liberdade, impondo-se mana. Conversão das penas
a todas as autoridades o respeito restritivas de direitos
à sua integridade física e moral. Art. 44.  As penas restritivas de
direitos são autônomas e substi- Art. 45.  Na aplicação da substi-
Trabalho do preso tuem as privativas de liberdade, tuição prevista no artigo anterior,
quando: proceder-se-á na forma deste e
Art. 39.  O trabalho do preso será I – aplicada pena privativa de dos arts. 46, 47 e 48.
sempre remunerado, sendo-lhe liberdade não superior a quatro § 1o  A prestação pecuniá-
garantidos os benefícios da Pre- anos e o crime não for cometido ria consiste no pagamento em
vidência Social. com violência ou grave ameaça dinheiro à vítima, a seus depen-
à pessoa ou, qualquer que seja dentes ou a entidade pública ou
Legislação especial a pena aplicada, se o crime for privada com destinação social, de
culposo; importância fixada pelo juiz, não
Art. 40.  A legislação especial II – o réu não for reincidente inferior a 1 (um) salário mínimo
regulará a matéria prevista nos em crime doloso; nem superior a 360 (trezentos
arts. 38 e 39 deste Código, bem III – a culpabilidade, os an- e sessenta) salários mínimos. O
como especificará os deveres tecedentes, a conduta social e valor pago será deduzido do mon-
e direitos do preso, os critérios a personalidade do condenado, tante de eventual condenação
para revogação e transferência bem como os motivos e as cir- em ação de reparação civil, se
dos regimes e estabelecerá as cunstâncias indicarem que essa coincidentes os beneficiários.
infrações disciplinares e corres- substituição seja suficiente. § 2o  No caso do parágrafo
pondentes sanções. § 1o (Vetado) anterior, se houver aceitação do
§ 2o  Na condenação igual ou beneficiário, a prestação pecuni-
Superveniência de doença mental inferior a um ano, a substituição ária pode consistir em prestação
pode ser feita por multa ou por de outra natureza.
Art. 41.  O condenado a quem so- uma pena restritiva de direitos; § 3o  A perda de bens e valo-
brevém doença mental deve ser se superior a um ano, a pena pri- res pertencentes aos condenados
recolhido a hospital de custódia vativa de liberdade pode ser subs- dar-se-á, ressalvada a legislação
e tratamento psiquiátrico ou, à tituída por uma pena restritiva especial, em favor do Fundo Pe-
falta, a outro estabelecimento de direitos e multa ou por duas nitenciário Nacional, e seu valor
adequado. restritivas de direitos. terá como teto – o que for maior
§ 3o  Se o condenado for rein- – o montante do prejuízo causado
Detração cidente, o juiz poderá aplicar a ou do provento obtido pelo agente
substituição, desde que, em face ou por terceiro, em consequência
Art. 42.  Computam-se, na pena de condenação anterior, a medida da prática do crime.
privativa de liberdade e na medida seja socialmente recomendável § 4o (Vetado)
de segurança, o tempo de prisão e a reincidência não se tenha
provisória, no Brasil ou no estran- operado em virtude da prática Prestação de serviços à comunidade
geiro, o de prisão administrativa do mesmo crime. ou a entidades públicas
e o de internação em qualquer § 4o  A pena restritiva de di-
dos estabelecimentos referidos reitos converte-se em privativa Art. 46.  A prestação de serviços
no artigo anterior. de liberdade quando ocorrer o à comunidade ou a entidades
descumprimento injustificado públicas é aplicável às condena-
da restrição imposta. No cálculo ções superiores a seis meses de
Seção II – Das Penas da pena privativa de liberdade a privação da liberdade.
Restritivas de Direitos executar será deduzido o tempo § 1o  A prestação de serviços
cumprido da pena restritiva de à comunidade ou a entidades pú-
Penas restritivas de direitos direitos, respeitado o saldo mí- blicas consiste na atribuição de
nimo de trinta dias de detenção tarefas gratuitas ao condenado.
Art. 43.  As penas restritivas de ou reclusão. § 2o  A prestação de servi-
direitos são: § 5o  Sobrevindo condenação ço à comunidade dar-se-á em
I – prestação pecuniária; a pena privativa de liberdade, por entidades assistenciais, hospi-
II – perda de bens e valores; outro crime, o juiz da execução tais, escolas, orfanatos e outros
III – (Vetado); penal decidirá sobre a conversão, estabelecimentos congêneres,
IV – prestação de serviço à podendo deixar de aplicá-la se for em programas comunitários ou
comunidade ou a entidades pú- possível ao condenado cumprir a estatais.
blicas; pena substitutiva anterior. § 3o  As tarefas a que se re-
V – interdição temporária de fere o § 1o serão atribuídas con-
direitos; forme as aptidões do condenado,
VI – limitação de fim de se- devendo ser cumpridas à razão

403
Código Penal
de uma hora de tarefa por dia de salário mínimo mensal vigente ao CAPÍTULO II – DA
condenação, fixadas de modo a tempo do fato, nem superior a 5 COMINAÇÃO DAS PENAS
não prejudicar a jornada normal (cinco) vezes esse salário.
de trabalho. § 2o  O valor da multa será Penas privativas de liberdade
§ 4o  Se a pena substituída for atualizado, quando da execução,
superior a um ano, é facultado ao pelos índices de correção mo- Art. 53.  As penas privativas de
condenado cumprir a pena subs- netária. liberdade têm seus limites esta-
titutiva em menor tempo (art. 55), belecidos na sanção correspon-
nunca inferior à metade da pena Pagamento da multa dente a cada tipo legal de crime.
privativa de liberdade fixada.
Art. 50.  A multa deve ser paga Penas restritivas de direitos
Interdição temporária de direitos dentro de 10 (dez) dias depois de
transitada em julgado a sentença. Art. 54.  As penas restritivas de
Art. 47.  As penas de interdição A requerimento do condenado e direitos são aplicáveis, indepen-
temporária de direitos são: conforme as circunstâncias, o juiz dentemente de cominação na
I – proibição do exercício de pode permitir que o pagamento parte especial, em substituição
cargo, função ou atividade públi- se realize em parcelas mensais. à pena privativa de liberdade, fi-
ca, bem como de mandato eletivo; § 1o  A cobrança da multa xada em quantidade inferior a 1
II – proibição do exercício de pode efetuar-se mediante des- (um) ano, ou nos crimes culposos.
profissão, atividade ou ofício que conto no vencimento ou salário
dependam de habilitação espe- do condenado quando: Art. 55.  As penas restritivas de
cial, de licença ou autorização do a)  aplicada isoladamente; direitos referidas nos incisos III,
poder público; b)  aplicada cumulativamente IV, V e VI do art. 43 terão a mes-
III – suspensão de autoriza- com pena restritiva de direitos; ma duração da pena privativa de
ção ou de habilitação para dirigir c)  concedida a suspensão liberdade substituída, ressalvado
veículo; condicional da pena. o disposto no § 4o do art. 46.
IV – proibição de frequentar § 2o  O desconto não deve in-
determinados lugares; cidir sobre os recursos indispen- Art. 56.  As penas de interdi-
V – proibição de inscrever-se sáveis ao sustento do condenado ção, previstas nos incisos I e II do
em concurso, avaliação ou exame e de sua família. art. 47 deste Código, aplicam-se
públicos. para todo o crime cometido no
Conversão da multa e revogação exercício de profissão, atividade,
Limitação de fim de semana ofício, cargo ou função, sempre
Art. 51.  Transitada em julgado a que houver violação dos deveres
Art. 48.  A limitação de fim de sentença condenatória, a multa que lhes são inerentes.
semana consiste na obrigação será executada perante o juiz da
de permanecer, aos sábados e execução penal e será conside- Art. 57.  A pena de interdição,
domingos, por 5 (cinco) horas rada dívida de valor, aplicáveis as prevista no inciso III do art.  47
diárias, em casa de albergado ou normas relativas à dívida ativa da deste Código, aplica-se aos cri-
outro estabelecimento adequado. Fazenda Pública, inclusive no que mes culposos de trânsito.
Parágrafo único.  Durante a concerne às causas interruptivas
permanência poderão ser mi- e suspensivas da prescrição.3 Pena de multa
nistrados ao condenado cursos e
palestras ou atribuídas atividades Modo de conversão Art. 58.  A multa, prevista em
educativas. cada tipo legal de crime, tem os
§ 1o (Revogado) limites fixados no art. 49 e seus
parágrafos deste Código.
Seção III – Da Pena de Multa Revogação da conversão Parágrafo único.  A multa pre-
Multa vista no parágrafo único do art. 44
§ 2o (Revogado) e no § 2o do art. 60 deste Código
Art. 49.  A pena de multa con- aplica-se independentemente
siste no pagamento ao fundo pe- Suspensão da execução da multa de cominação na parte especial.
nitenciário da quantia fixada na
sentença e calculada em dias- Art. 52.  É suspensa a execução
-multa. Será, no mínimo, de 10 da pena de multa, se sobrevém ao CAPÍTULO III – DA
(dez) e, no máximo, de 360 (tre- condenado doença mental. APLICAÇÃO DA PENA
zentos e sessenta) dias-multa.
§ 1o  O valor do dia-multa será Fixação da pena
fixado pelo juiz não podendo ser
inferior a um trigésimo do maior   NE: ver ADI no 3.150.
3 Art. 59.  O juiz, atendendo à cul-

404
Código Penal
pabilidade, aos antecedentes, à tornou impossível a defesa do I – não prevalece a conde-
conduta social, à personalidade ofendido; nação anterior, se entre a data
do agente, aos motivos, às cir- d)  com emprego de veneno, do cumprimento ou extinção da
cunstâncias e consequências do fogo, explosivo, tortura ou outro pena e a infração posterior tiver
crime, bem como ao comporta- meio insidioso ou cruel, ou de decorrido período de tempo supe-
mento da vítima, estabelecerá, que podia resultar perigo comum; rior a 5 (cinco) anos, computado
conforme seja necessário e su- e)  contra ascendente, des- o período de prova da suspensão
ficiente para reprovação e pre- cendente, irmão ou cônjuge; ou do livramento condicional, se
venção do crime: f)  com abuso de autoridade não ocorrer revogação;
I – as penas aplicáveis dentre ou prevalecendo-se de relações II – não se consideram os cri-
as cominadas; domésticas, de coabitação ou de mes militares próprios e políticos.
II – a quantidade de pena apli- hospitalidade, ou com violência
cável, dentro dos limites previs- contra a mulher na forma da lei Circunstâncias atenuantes
tos; específica;
III – o regime inicial de cum- g)  com abuso de poder ou Art. 65.  São circunstâncias que
primento da pena privativa de violação de dever inerente a car- sempre atenuam a pena:
liberdade; go, ofício, ministério ou profissão; I – ser o agente menor de 21
IV – a substituição da pena h)  contra criança, maior de (vinte e um), na data do fato, ou
privativa da liberdade aplicada, 60 (sessenta) anos, enfermo ou maior de 70 (setenta) anos, na
por outra espécie de pena, se mulher grávida; data da sentença;
cabível. i)  quando o ofendido esta- II – o desconhecimento da lei;
va sob a imediata proteção da III – ter o agente:
Critérios especiais da pena de multa autoridade; a)  cometido o crime por mo-
j)  em ocasião de incêndio, tivo de relevante valor social ou
Art. 60.  Na fixação da pena de naufrágio, inundação ou qual- moral;
multa o juiz deve atender, princi- quer calamidade pública, ou de b)  procurado, por sua espon-
palmente, à situação econômica desgraça particular do ofendido; tânea vontade e com eficiência,
do réu. l)  em estado de embriaguez logo após o crime, evitar-lhe ou
§ 1o  A multa pode ser aumen- preordenada. minorar-lhe as consequências,
tada até o triplo, se o juiz consi- ou ter, antes do julgamento, re-
derar que, em virtude da situação Agravantes no caso de parado o dano;
econômica do réu, é ineficaz, em- concurso de pessoas c)  cometido o crime sob co-
bora aplicada no máximo. ação a que podia resistir, ou em
Art. 62.  A pena será ainda agra- cumprimento de ordem de autori-
Multa substitutiva vada em relação ao agente que: dade superior, ou sob a influência
I – promove, ou organiza a de violenta emoção, provocada
§ 2o  A pena privativa de li- cooperação no crime ou dirige por ato injusto da vítima;
berdade aplicada, não superior a atividade dos demais agentes; d)  confessado espontanea-
a 6 (seis) meses, pode ser subs- II – coage ou induz outrem mente, perante a autoridade, a
tituída pela de multa, observados à execução material do crime; autoria do crime;
os critérios dos incisos II e III do III – instiga ou determina a e)  cometido o crime sob a in-
art. 44 deste Código. cometer o crime alguém sujeito fluência de multidão em tumulto,
à sua autoridade ou não punível se não o provocou.
Circunstâncias agravantes em virtude de condição ou qua-
lidade pessoal; Art. 66.  A pena poderá ser ain-
Art. 61.  São circunstâncias que IV – executa o crime, ou nele da atenuada em razão de cir-
sempre agravam a pena, quando participa, mediante paga ou pro- cunstância relevante, anterior ou
não constituem ou qualificam o messa de recompensa. posterior ao crime, embora não
crime: prevista expressamente em lei.
I – a reincidência; Reincidência
II – ter o agente cometido Concurso de circunstâncias
o crime: Art. 63.  Verifica-se a reincidên- agravantes e atenuantes
a)  por motivo fútil ou torpe; cia quando o agente comete novo
b)  para facilitar ou assegu- crime, depois de transitar em Art. 67.  No concurso de agra-
rar a execução, a ocultação, a julgado a sentença que, no País vantes e atenuantes, a pena deve
impunidade ou vantagem de ou- ou no estrangeiro, o tenha con- aproximar-se do limite indicado
tro crime; denado por crime anterior. pelas circunstâncias prepon-
c)  à traição, de emboscada, derantes, entendendo-se como
ou mediante dissimulação, ou Art. 64.  Para efeito de reinci- tais as que resultam dos moti-
outro recurso que dificultou ou dência: vos determinantes do crime, da

405
Código Penal
personalidade do agente e da resultam de desígnios autôno- Resultado diverso do pretendido
reincidência. mos, consoante o disposto no
artigo anterior. Art. 74.  Fora dos casos do arti-
Cálculo da pena Parágrafo único.  Não poderá go anterior, quando, por acidente
a pena exceder a que seria cabível ou erro na execução do crime,
Art. 68.  A pena-base será fixa- pela regra do art. 69 deste Código. sobrevém resultado diverso do
da atendendo-se ao critério do pretendido, o agente responde
art. 59 deste Código; em seguida Crime continuado por culpa, se o fato é previsto
serão consideradas as circuns- como crime culposo; se ocorre
tâncias atenuantes e agravantes; Art. 71.  Quando o agente, me- também o resultado pretendido,
por último, as causas de diminui- diante mais de uma ação ou omis- aplica-se a regra do art. 70 des-
ção e de aumento. são, pratica dois ou mais crimes te Código.
Parágrafo único.  No concur- da mesma espécie e, pelas con-
so de causas de aumento ou de dições de tempo, lugar, maneira Limite das penas
diminuição previstas na parte de execução e outras semelhan-
especial, pode o juiz limitar-se tes, devem os subsequentes ser Art. 75.  O tempo de cumprimen-
a um só aumento ou a uma só havidos como continuação do to das penas privativas de liber-
diminuição, prevalecendo, toda- primeiro, aplica-se-lhe a pena de dade não pode ser superior a 40
via, a causa que mais aumente um só dos crimes, se idênticas, (quarenta) anos.
ou diminua. ou a mais grave, se diversas, au- § 1o  Quando o agente for con-
mentada, em qualquer caso, de denado a penas privativas de li-
Concurso material um sexto a dois terços. berdade cuja soma seja superior
Parágrafo único.  Nos crimes a 40 (quarenta) anos, devem elas
Art. 69.  Quando o agente, me- dolosos, contra vítimas diferen- ser unificadas para atender ao li-
diante mais de uma ação ou tes, cometidos com violência ou mite máximo deste artigo.
omissão, pratica dois ou mais grave ameaça à pessoa, poderá o § 2o  Sobrevindo condenação
crimes, idênticos ou não, apli- juiz, considerando a culpabilidade, por fato posterior ao início do
cam-se cumulativamente as pe- os antecedentes, a conduta social cumprimento da pena, far-se-á
nas privativas de liberdade em e a personalidade do agente, bem nova unificação, desprezando-se,
que haja incorrido. No caso de como os motivos e as circuns- para esse fim, o período de pena
aplicação cumulativa de penas tâncias, aumentar a pena de um já cumprido.
de reclusão e de detenção, exe- só dos crimes, se idênticas, ou
cuta-se primeiro aquela. a mais grave, se diversas, até o Concurso de infrações
§ 1o  Na hipótese deste artigo, triplo, observadas as regras do
quando ao agente tiver sido apli- parágrafo único do art. 70 e do Art. 76.  No concurso de infra-
cada pena privativa de liberdade, art. 75 deste Código. ções, executar-se-á primeira-
não suspensa, por um dos crimes, mente a pena mais grave.
para os demais será incabível a Multas no concurso de crimes
substituição de que trata o art. 44
deste Código. Art. 72.  No concurso de crimes, CAPÍTULO IV – DA
§ 2o  Quando forem aplicadas as penas de multa são aplicadas SUSPENSÃO CONDICIONAL
penas restritivas de direitos, o distinta e integralmente. DA PENA
condenado cumprirá simultane-
amente as que forem compatí- Erro na execução Requisitos da suspensão da pena
veis entre si e sucessivamente
as demais. Art. 73.  Quando, por acidente ou Art. 77.  A execução da pena pri-
erro no uso dos meios de execu- vativa de liberdade, não superior a
Concurso formal ção, o agente, ao invés de atingir 2 (dois) anos, poderá ser suspen-
a pessoa que pretendia ofender, sa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos,
Art. 70.  Quando o agente, me- atinge pessoa diversa, responde desde que:
diante uma só ação ou omissão, como se tivesse praticado o crime I – o condenado não seja rein-
pratica dois ou mais crimes, idên- contra aquela, atendendo-se ao cidente em crime doloso;
ticos ou não, aplica-se-lhe a mais disposto no § 3o do art. 20 deste II – a culpabilidade, os an-
grave das penas cabíveis ou, se Código. No caso de ser também tecedentes, a conduta social e
iguais, somente uma delas, mas atingida a pessoa que o agente personalidade do agente, bem
aumentada, em qualquer caso, de pretendia ofender, aplica-se a como os motivos e as circuns-
um sexto até metade. As penas regra do art. 70 deste Código. tâncias autorizem a concessão
aplicam-se, entretanto, cumulati- do benefício;
vamente, se a ação ou omissão é III – não seja indicada ou ca-
dolosa e os crimes concorrentes bível a substituição prevista no

406
Código Penal
art. 44 deste Código. não efetua, sem motivo justifica- balho que lhe foi atribuído; e
§ 1o  A condenação anterior do, a reparação do dano; d)  aptidão para prover a pró-
a pena de multa não impede a III – descumpre a condição pria subsistência mediante traba-
concessão do benefício. do § 1o do art. 78 deste Código. lho honesto;
§ 2o  A execução da pena pri- IV – tenha reparado, salvo
vativa de liberdade, não superior a Revogação facultativa efetiva impossibilidade de fazê-
quatro anos, poderá ser suspensa, -lo, o dano causado pela infração;
por quatro a seis anos, desde que § 1o  A suspensão poderá ser V – cumpridos mais de dois
o condenado seja maior de seten- revogada se o condenado des- terços da pena, nos casos de
ta anos de idade, ou razões de cumpre qualquer outra condição condenação por crime hediondo,
saúde justifiquem a suspensão. imposta ou é irrecorrivelmente prática de tortura, tráfico ilícito
condenado, por crime culposo de entorpecentes e drogas afins,
Art. 78.  Durante o prazo da sus- ou por contravenção, a pena pri- tráfico de pessoas e terrorismo,
pensão, o condenado ficará sujei- vativa de liberdade ou restritiva se o apenado não for reinciden-
to à observação e ao cumprimen- de direitos. te específico em crimes dessa
to das condições estabelecidas natureza.
pelo juiz. Prorrogação do período de prova Parágrafo único.  Para o con-
§ 1o  No primeiro ano do pra- denado por crime doloso, cometi-
zo, deverá o condenado prestar § 2o  Se o beneficiário está do com violência ou grave ameaça
serviços à comunidade (art. 46) sendo processado por outro crime à pessoa, a concessão do livra-
ou submeter-se à limitação de ou contravenção, considera-se mento ficará também subordi-
fim de semana (art. 48). prorrogado o prazo da suspen- nada à constatação de condições
§ 2o  Se o condenado houver são até o julgamento definitivo. pessoais que façam presumir que
reparado o dano, salvo impossibi- § 3o  Quando facultativa a re- o liberado não voltará a delinquir.
lidade de fazê-lo, e se as circuns- vogação, o juiz pode, ao invés de
tâncias do art. 59 deste Código lhe decretá-la, prorrogar o período de Soma de penas
forem inteiramente favoráveis, o prova até o máximo, se este não
juiz poderá substituir a exigên- foi o fixado. Art. 84.  As penas que corres-
cia do parágrafo anterior pelas pondem a infrações diversas
seguintes condições, aplicadas Cumprimento das condições devem somar-se para efeito do
cumulativamente: livramento.
a)  proibição de frequentar Art. 82.  Expirado o prazo sem
determinados lugares; que tenha havido revogação, con- Especificações das condições
b)  proibição de ausentar-se sidera-se extinta a pena privativa
da comarca onde reside, sem de liberdade. Art. 85.  A sentença especificará
autorização do juiz; as condições a que fica subordi-
c)  comparecimento pessoal nado o livramento.
e obrigatório a juízo, mensalmen- CAPÍTULO V – DO
te, para informar e justificar suas LIVRAMENTO CONDICIONAL Revogação do livramento
atividades.
Requisitos do livramento condicional Art. 86.  Revoga-se o livramento,
Art. 79.  A sentença poderá es- se o liberado vem a ser condenado
pecificar outras condições a que Art. 83.  O juiz poderá conceder a pena privativa de liberdade, em
fica subordinada a suspensão, livramento condicional ao conde- sentença irrecorrível:
desde que adequadas ao fato e à nado a pena privativa de liberdade I – por crime cometido duran-
situação pessoal do condenado. igual ou superior a 2 (dois) anos, te a vigência do benefício;
desde que: II – por crime anterior, obser-
Art. 80.  A suspensão não se I – cumprida mais de um terço vado o disposto no art. 84 deste
estende às penas restritivas de da pena se o condenado não for Código.
direitos nem à multa. reincidente em crime doloso e
tiver bons antecedentes; Revogação facultativa
Revogação obrigatória II – cumprida mais da metade
se o condenado for reincidente Art. 87.  O juiz poderá, também,
Art. 81.  A suspensão será re- em crime doloso; revogar o livramento, se o liberado
vogada se, no curso do prazo, o III – comprovado: deixar de cumprir qualquer das
beneficiário: a)  bom comportamento du- obrigações constantes da sen-
I – é condenado, em senten- rante a execução da pena; tença, ou for irrecorrivelmente
ça irrecorrível, por crime doloso; b)  não cometimento de falta condenado, por crime ou con-
II – frustra, embora solvente, grave nos últimos 12 (doze) meses; travenção, a pena que não seja
a execução de pena de multa ou c)  bom desempenho no tra- privativa de liberdade.

407
Código Penal
Efeitos da revogação Art. 91-A.  Na hipótese de con- com a Administração Pública;
denação por infrações às quais b)  quando for aplicada pena
Art. 88.  Revogado o livramento, a lei comine pena máxima supe- privativa de liberdade por tempo
não poderá ser novamente conce- rior a 6 (seis) anos de reclusão, superior a 4 (quatro) anos nos
dido, e, salvo quando a revogação poderá ser decretada a perda, demais casos;
resulta de condenação por outro como produto ou proveito do cri- II – a incapacidade para o
crime anterior àquele benefício, me, dos bens correspondentes à exercício do poder familiar, da
não se desconta na pena o tempo diferença entre o valor do patri- tutela ou da curatela nos crimes
em que esteve solto o condenado. mônio do condenado e aquele dolosos sujeitos à pena de re-
que seja compatível com o seu clusão cometidos contra outrem
Extinção rendimento lícito. igualmente titular do mesmo po-
§ 1o  Para efeito da perda der familiar, contra filho, filha
Art. 89.  O juiz não poderá de- prevista no caput deste artigo, ou outro descendente ou contra
clarar extinta a pena, enquanto entende-se por patrimônio do tutelado ou curatelado;
não passar em julgado a sentença condenado todos os bens: III – a inabilitação para dirigir
em processo a que responde o I – de sua titularidade, ou em veículo, quando utilizado como
liberado, por crime cometido na relação aos quais ele tenha o do- meio para a prática de crime do-
vigência do livramento. mínio e o benefício direto ou in- loso.
direto, na data da infração penal Parágrafo único.  Os efeitos
Art. 90.  Se até o seu término o ou recebidos posteriormente; e de que trata este artigo não são
livramento não é revogado, con- II – transferidos a terceiros a automáticos, devendo ser motiva-
sidera-se extinta a pena privativa título gratuito ou mediante con- damente declarados na sentença.
de liberdade. traprestação irrisória, a partir do
início da atividade criminal.
§ 2o  O condenado poderá de- CAPÍTULO VII – DA
CAPÍTULO VI – DOS monstrar a inexistência da incom- REABILITAÇÃO
EFEITOS DA CONDENAÇÃO patibilidade ou a procedência
lícita do patrimônio. Reabilitação
Efeitos genéricos e específicos § 3o  A perda prevista nes-
te artigo deverá ser requerida Art. 93.  A reabilitação alcan-
Art. 91.  São efeitos da conde- expressamente pelo Ministério ça quaisquer penas aplicadas
nação: Público, por ocasião do ofereci- em sentença definitiva, assegu-
I – tornar certa a obrigação mento da denúncia, com indica- rando ao condenado o sigilo dos
de indenizar o dano causado pelo ção da diferença apurada. registros sobre seu processo e
crime; § 4o  Na sentença condenató- condenação.
II – a perda em favor da União, ria, o juiz deve declarar o valor da Parágrafo único.  A reabilita-
ressalvado o direito do lesado ou diferença apurada e especificar ção poderá, também, atingir os
de terceiro de boa-fé: os bens cuja perda for decretada. efeitos da condenação, previstos
a)  dos instrumentos do cri- § 5o  Os instrumentos utili- no art. 92 deste Código, vedada
me, desde que consistam em zados para a prática de crimes reintegração na situação ante-
coisas cujo fabrico, alienação, por organizações criminosas e rior, nos casos dos incisos I e II
uso, porte ou detenção constitua milícias deverão ser declarados do mesmo artigo.
fato ilícito; perdidos em favor da União ou do
b)  do produto do crime ou de Estado, dependendo da Justiça Art. 94.  A reabilitação pode-
qualquer bem ou valor que consti- onde tramita a ação penal, ainda rá ser requerida, decorridos 2
tua proveito auferido pelo agente que não ponham em perigo a se- (dois) anos do dia em que for ex-
com a prática do fato criminoso. gurança das pessoas, a moral ou tinta, de qualquer modo, a pena
§ 1o  Poderá ser decretada a a ordem pública, nem ofereçam ou terminar sua execução, com-
perda de bens ou valores equi- sério risco de ser utilizados para putando-se o período de prova
valentes ao produto ou proveito o cometimento de novos crimes. da suspensão e o do livramento
do crime quando estes não forem condicional, se não sobrevier re-
encontrados ou quando se loca- Art. 92.  São também efeitos da vogação, desde que o condenado:
lizarem no exterior. condenação: I – tenha tido domicílio no País
§ 2o  Na hipótese do § 1o, as I – a perda de cargo, função no prazo acima referido;
medidas assecuratórias previs- pública ou mandato eletivo: II – tenha dado, durante esse
tas na legislação processual po- a)  quando aplicada pena pri- tempo, demonstração efetiva e
derão abranger bens ou valores vativa de liberdade por tempo constante de bom comportamen-
equivalentes do investigado ou igual ou superior a um ano, nos to público e privado;
acusado para posterior decre- crimes praticados com abuso de III – tenha ressarcido o dano
tação de perda. poder ou violação de dever para causado pelo crime ou demons-

408
Código Penal
tre a absoluta impossibilidade de Perícia médica § 2o  A ação de iniciativa pri-
o fazer, até o dia do pedido, ou vada é promovida mediante quei-
exiba documento que comprove § 2o  A perícia médica reali- xa do ofendido ou de quem tenha
a renúncia da vítima ou novação zar-se-á ao termo do prazo míni- qualidade para representá-lo.
da dívida. mo fixado e deverá ser repetida § 3o  A ação de iniciativa pri-
Parágrafo único.  Negada a de ano em ano, ou a qualquer vada pode intentar-se nos crimes
reabilitação, poderá ser requeri- tempo, se o determinar o juiz da de ação pública, se o Ministério
da, a qualquer tempo, desde que execução. Público não oferece denúncia no
o pedido seja instruído com novos prazo legal.
elementos comprobatórios dos Desinternação ou liberação § 4o  No caso de morte do
requisitos necessários. condicional ofendido ou de ter sido declara-
do ausente por decisão judicial,
Art. 95.  A reabilitação será re- § 3o  A desinternação, ou a li- o direito de oferecer queixa ou
vogada, de ofício ou a requeri- beração, será sempre condicional de prosseguir na ação passa ao
mento do Ministério Público, se o devendo ser restabelecida a situ- cônjuge, ascendente, descenden-
reabilitado for condenado, como ação anterior se o agente, antes te ou irmão.
reincidente, por decisão definiti- do decurso de 1 (um) ano, pratica
va, a pena que não seja de multa. fato indicativo de persistência de A ação penal no crime complexo
sua periculosidade.
§ 4o  Em qualquer fase do tra- Art. 101.  Quando a lei considera
TÍTULO VI – DAS MEDIDAS tamento ambulatorial, poderá o como elemento ou circunstân-
DE SEGURANÇA juiz determinar a internação do cias do tipo legal fatos que, por
agente, se essa providência for si mesmos, constituem crimes,
Espécies de medidas de segurança necessária para fins curativos. cabe ação pública em relação
àquele, desde que, em relação a
Art. 96.  As medidas de segu- Substituição da pena por medida de qualquer destes, se deva proce-
rança são: segurança para o semi-imputável der por iniciativa do Ministério
I – internação em hospital de Público.
custódia e tratamento psiquiátri- Art. 98.  Na hipótese do parágra-
co ou, à falta, em outro estabele- fo único do art. 26 deste Código Irretratabilidade da representação
cimento adequado; e necessitando o condenado de
II – sujeição a tratamento am- especial tratamento curativo, a Art. 102.  A representação será
bulatorial. pena privativa de liberdade pode irretratável depois de oferecida
Parágrafo único.  Extinta a ser substituída pela internação, a denúncia.
punibilidade, não se impõe me- ou tratamento ambulatorial, pelo
dida de segurança nem subsiste prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) Decadência do direito de
a que tenha sido imposta. anos, nos termos do artigo ante- queixa ou de representação
rior e respectivos §§ 1o a 4o.
Imposição da medida de Art. 103.  Salvo disposição ex-
segurança para inimputável Direitos do internado pressa em contrário, o ofendido
decai do direito de queixa ou de
Art. 97.  Se o agente for inim- Art. 99.  O internado será reco- representação se não o exerce
putável, o juiz determinará sua lhido a estabelecimento dotado dentro do prazo de 6 (seis) meses,
internação (art. 26). Se, todavia, de características hospitalares contado do dia em que veio a sa-
o fato previsto como crime for e será submetido a tratamento. ber quem é o autor do crime, ou,
punível com detenção, poderá no caso do § 3o do art. 100 deste
o juiz submetê-lo a tratamento Código, do dia em que se esgota
ambulatorial. TÍTULO VII – DA AÇÃO o prazo para oferecimento da
PENAL denúncia.
Prazo
Ação pública e de iniciativa privada Renúncia expressa ou tácita
§ 1o  A internação, ou tra- do direito de queixa
tamento ambulatorial, será por Art. 100.  A ação penal é pública,
tempo indeterminado, perduran- salvo quando a lei expressamente Art. 104.  O direito de queixa não
do enquanto não for averiguada, a declara privativa do ofendido. pode ser exercido quando renun-
mediante perícia médica, a ces- § 1o  A ação pública é promo- ciado expressa ou tacitamente.
sação de periculosidade. O prazo vida pelo Ministério Público, de- Parágrafo único.  Importa re-
mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 pendendo, quando a lei o exige, de núncia tácita ao direito de queixa
(três) anos. representação do ofendido ou de a prática de ato incompatível com
requisição do Ministro da Justiça. a vontade de exercê-lo; não a im-

409
Código Penal
plica, todavia, o fato de receber o conexos, a extinção da punibili- Termo inicial da prescrição antes de
ofendido a indenização do dano dade de um deles não impede, transitar em julgado a sentença final
causado pelo crime. quanto aos outros, a agravação
da pena resultante da conexão. Art. 111.  A prescrição, antes de
Perdão do ofendido transitar em julgado a sentença
Prescrição antes de transitar final, começa a correr:
Art. 105.  O perdão do ofendido, em julgado a sentença I – do dia em que o crime se
nos crimes em que somente se consumou;
procede mediante queixa, obsta Art. 109.  A prescrição, antes de II – no caso de tentativa, do
ao prosseguimento da ação. transitar em julgado a sentença dia em que cessou a atividade
final, salvo o disposto no § 1o do criminosa;
Art. 106.  O perdão, no processo art. 110 deste Código, regula-se III – nos crimes permanentes,
ou fora dele, expresso ou tácito: pelo máximo da pena privativa do dia em que cessou a perma-
I – se concedido a qualquer de liberdade cominada ao crime, nência;
dos querelados, a todos aproveita; verificando-se: IV – nos de bigamia e nos
II – se concedido por um dos I – em vinte anos, se o máximo de falsificação ou alteração de
ofendidos, não prejudica o direito da pena é superior a doze; assentamento do registro civil,
dos outros; II – em dezesseis anos, se o da data em que o fato se tornou
III – se o querelado o recusa, máximo da pena é superior a oito conhecido;
não produz efeito. anos e não excede a doze; V – nos crimes contra a dig-
§ 1o  Perdão tácito é o que III – em doze anos, se o má- nidade sexual ou que envolvam
resulta da prática de ato incom- ximo da pena é superior a quatro violência contra a criança e o
patível com a vontade de prosse- anos e não excede a oito; adolescente, previstos neste Có-
guir na ação. IV – em oito anos, se o máxi- digo ou em legislação especial, da
§ 2o  Não é admissível o per- mo da pena é superior a dois anos data em que a vítima completar
dão depois que passa em julgado e não excede a quatro; 18 (dezoito) anos, salvo se a esse
a sentença condenatória. V – em quatro anos, se o má- tempo já houver sido proposta a
ximo da pena é igual a um ano ou, ação penal.
sendo superior, não excede a dois;
TÍTULO VIII – DA EXTINÇÃO VI – em 3 (três) anos, se o Termo inicial da prescrição após a
DA PUNIBILIDADE máximo da pena é inferior a 1 sentença condenatória irrecorrível
(um) ano.
Extinção da punibilidade Art. 112.  No caso do art. 110 des-
Prescrição das penas te Código, a prescrição começa
Art. 107.  Extingue-se a puni- restritivas de direito a correr:
bilidade: I – do dia em que transita em
I – pela morte do agente; Parágrafo único. Aplicam-se julgado a sentença condenatória,
II – pela anistia, graça ou in- às penas restritivas de direito os para a acusação, ou a que revoga
dulto; mesmos prazos previstos para as a suspensão condicional da pena
III – pela retroatividade de lei privativas de liberdade. ou o livramento condicional;
que não mais considera o fato II – do dia em que se inter-
como criminoso; Prescrição depois de transitar em rompe a execução, salvo quan-
IV – pela prescrição, deca- julgado sentença final condenatória do o tempo da interrupção deva
dência ou perempção; computar-se na pena.
V – pela renúncia do direito de Art. 110.  A prescrição depois de
queixa ou pelo perdão aceito, nos transitar em julgado a sentença Prescrição no caso de evasão
crimes de ação privada; condenatória regula-se pela pena do condenado ou de revogação
VI – pela retratação do agen- aplicada e verifica-se nos pra- do livramento condicional
te, nos casos em que a lei a ad- zos fixados no artigo anterior, os
mite; quais se aumentam de um terço, Art. 113.  No caso de evadir-se
VII – (Revogado); se o condenado é reincidente. o condenado ou de revogar-se o
VIII – (Revogado); § 1o  A prescrição, depois da livramento condicional, a pres-
IX – pelo perdão judicial, nos sentença condenatória com trân- crição é regulada pelo tempo que
casos previstos em lei. sito em julgado para a acusação resta da pena.
ou depois de improvido seu re-
Art. 108.  A extinção da puni- curso, regula-se pela pena apli- Prescrição da multa
bilidade de crime que é pressu- cada, não podendo, em nenhuma
posto, elemento constitutivo ou hipótese, ter por termo inicial data Art. 114.  A prescrição da pena
circunstância agravante de outro anterior à da denúncia ou queixa. de multa ocorrerá:
não se estende a este. Nos crimes § 2o (Revogado) I – em 2 (dois) anos, quando

410
Código Penal
a multa for a única cominada ou terrupção da prescrição produz II – por motivo fútil;
aplicada; efeitos relativamente a todos os III – com emprego de veneno,
II – no mesmo prazo estabe- autores do crime. Nos crimes fogo, explosivo, asfixia, tortura
lecido para prescrição da pena conexos, que sejam objeto do ou outro meio insidioso ou cruel,
privativa de liberdade, quando a mesmo processo, estende-se aos ou de que possa resultar perigo
multa for alternativa ou cumula- demais a interrupção relativa a comum;
tivamente cominada ou cumula- qualquer deles. IV – à traição, de emboscada,
tivamente aplicada. § 2o  Interrompida a prescri- ou mediante dissimulação ou ou-
ção, salvo a hipótese do inciso V tro recurso que dificulte ou torne
Redução dos prazos de prescrição deste artigo, todo o prazo come- impossível a defesa do ofendido;
ça a correr, novamente, do dia da V – para assegurar a execu-
Art. 115.  São reduzidos de meta- interrupção. ção, a ocultação, a impunidade ou
de os prazos de prescrição quan- vantagem de outro crime;
do o criminoso era, ao tempo do Art. 118.  As penas mais leves
crime, menor de 21 (vinte e um) prescrevem com as mais graves. Feminicídio
anos, ou, na data da sentença,
maior de 70 (setenta) anos. Art. 119.  No caso de concurso de VI – contra a mulher por ra-
crimes, a extinção da punibilidade zões da condição de sexo femi-
Causas impeditivas da prescrição incidirá sobre a pena de cada um, nino;
isoladamente. VII – contra autoridade ou
Art. 116.  Antes de passar em agente descrito nos arts.  142 e
julgado a sentença final, a pres- Perdão judicial 144 da Constituição Federal, in-
crição não corre: tegrantes do sistema prisional e
I – enquanto não resolvida, Art. 120.  A sentença que con- da Força Nacional de Segurança
em outro processo, questão de ceder perdão judicial não será Pública, no exercício da função ou
que dependa o reconhecimento considerada para efeitos de rein- em decorrência dela, ou contra
da existência do crime; cidência. seu cônjuge, companheiro ou pa-
II – enquanto o agente cumpre rente consanguíneo até terceiro
pena no exterior; grau, em razão dessa condição;
III – na pendência de embar- PARTE ESPECIAL VIII – com emprego de arma
gos de declaração ou de recursos TÍTULO I – DOS CRIMES de fogo de uso restrito ou proi-
aos Tribunais Superiores, quando bido;
inadmissíveis; e CONTRA A PESSOA
IV – enquanto não cumprido CAPÍTULO I – DOS CRIMES Homicídio contra menor
ou não rescindido o acordo de de 14 (quatorze) anos
não persecução penal. CONTRA A VIDA
Parágrafo único.  Depois de IX – contra menor de 14 (qua-
passada em julgado a sentença Homicídio simples torze) anos:
condenatória, a prescrição não Pena – reclusão, de doze a
corre durante o tempo em que o Art. 121.  Matar alguém: trinta anos.
condenado está preso por outro Pena – reclusão, de seis a § 2o-A.  Considera-se que há
motivo. vinte anos. razões de condição de sexo fe-
minino quando o crime envolve:
Causas interruptivas da prescrição Caso de diminuição de pena I – violência doméstica e fa-
miliar;
Art. 117.  O curso da prescrição § 1o  Se o agente comete o II – menosprezo ou discri-
interrompe-se: crime impelido por motivo de re- minação à condição de mulher.
I – pelo recebimento da de- levante valor social ou moral, ou § 2o-B.  A pena do homicídio
núncia ou da queixa; sob o domínio de violenta emoção, contra menor de 14 (quatorze)
II – pela pronúncia; logo em seguida a injusta provo- anos é aumentada de:
III – pela decisão confirma- cação da vítima, o juiz pode redu- I – 1/3 (um terço) até a metade
tória da pronúncia; zir a pena de um sexto a um terço. se a vítima é pessoa com deficiên-
IV – pela publicação da sen- cia ou com doença que implique o
tença ou acórdão condenatórios Homicídio qualificado aumento de sua vulnerabilidade;
recorríveis; II – 2/3 (dois terços) se o au-
V – pelo início ou continuação § 2o  Se o homicídio é come- tor é ascendente, padrasto ou
do cumprimento da pena; tido: madrasta, tio, irmão, cônjuge,
VI – pela reincidência. I – mediante paga ou promes- companheiro, tutor, curador, pre-
§ 1o  Excetuados os casos dos sa de recompensa, ou por outro ceptor ou empregador da vítima
incisos V e VI deste artigo, a in- motivo torpe; ou por qualquer outro título tiver

411
Código Penal
autoridade sobre ela. Induzimento, instigação ou auxílio Infanticídio
a suicídio ou a automutilação
Homicídio culposo Art. 123.  Matar, sob a influência
Art. 122.  Induzir ou instigar al- do estado puerperal, o próprio fi-
§ 3o  Se o homicídio é cul- guém a suicidar-se ou a praticar lho, durante o parto ou logo após:
poso: automutilação ou prestar-lhe au- Pena – detenção, de dois a
Pena – detenção, de um a xílio material para que o faça: seis anos.
três anos. Pena – reclusão, de 6 (seis)
meses a 2 (dois) anos. Aborto provocado pela gestante
Aumento de pena § 1o  Se da automutilação ou ou com seu consentimento
da tentativa de suicídio resulta
§ 4o  No homicídio culposo, lesão corporal de natureza gra- Art. 124.  Provocar aborto em si
a pena é aumentada de 1/3 (um ve ou gravíssima, nos termos dos mesma ou consentir que outrem
terço), se o crime resulta de ino- §§ 1o e 2o do art. 129 deste Código: lho provoque:4
bservância de regra técnica de Pena – reclusão, de 1 (um) a Pena – detenção, de um a
profissão, arte ou ofício, ou se o 3 (três) anos. três anos.
agente deixa de prestar imedia- § 2o  Se o suicídio se con-
to socorro à vítima, não procura suma ou se da automutilação Aborto provocado por terceiro
diminuir as consequências do resulta morte:
seu ato, ou foge para evitar pri- Pena – reclusão, de 2 (dois) a Art. 125.  Provocar aborto, sem
são em flagrante. Sendo doloso 6 (seis) anos. o consentimento da gestante:
o homicídio, a pena é aumenta- § 3o  A pena é duplicada: Pena – reclusão, de três a
da de 1/3 (um terço) se o crime é I – se o crime é praticado por dez anos.
praticado contra pessoa menor motivo egoístico, torpe ou fútil;
de 14 (quatorze) ou maior de 60 II – se a vítima é menor ou tem Art. 126.  Provocar aborto com
(sessenta) anos. diminuída, por qualquer causa, a o consentimento da gestante:5
§ 5o  Na hipótese de homicí- capacidade de resistência. Pena – reclusão, de um a qua-
dio culposo, o juiz poderá deixar § 4o  A pena é aumentada até tro anos.
de aplicar a pena, se as conse- o dobro se a conduta é realizada Parágrafo único. Aplica-se
quências da infração atingiram por meio da rede de computado- a pena do artigo anterior, se a
o próprio agente de forma tão res, de rede social ou transmitida gestante não é maior de quator-
grave que a sanção penal se torne em tempo real. ze anos, ou é alienada ou débil
desnecessária. § 5o  Aumenta-se a pena em mental, ou se o consentimento
§ 6o  A pena é aumentada de metade se o agente é líder ou é obtido mediante fraude, grave
1/3 (um terço) até a metade se o coordenador de grupo ou de rede ameaça ou violência.
crime for praticado por milícia pri- virtual.
vada, sob o pretexto de prestação § 6o  Se o crime de que trata o Forma qualificada
de serviço de segurança, ou por § 1 deste artigo resulta em lesão
o

grupo de extermínio. corporal de natureza gravíssima Art. 127.  As penas cominadas


§ 7o  A pena do feminicídio é e é cometido contra menor de 14 nos dois artigos anteriores são
aumentada de 1/3 (um terço) até a (quatorze) anos ou contra quem, aumentadas de um terço, se, em
metade se o crime for praticado: por enfermidade ou deficiência consequência do aborto ou dos
I – durante a gestação ou mental, não tem o necessário meios empregados para provocá-
nos 3 (três) meses posteriores discernimento para a prática do -lo, a gestante sofre lesão corpo-
ao parto; ato, ou que, por qualquer outra ral de natureza grave; e são du-
II – contra pessoa maior de causa, não pode oferecer resis- plicadas, se, por qualquer dessas
60 (sessenta) anos, com defici- tência, responde o agente pelo causas, lhe sobrevém a morte.
ência ou com doenças degene- crime descrito no § 2o do art. 129
rativas que acarretem condição deste Código. Art. 128.  Não se pune o aborto
limitante ou de vulnerabilidade § 7o  Se o crime de que trata o praticado por médico:6
física ou mental; § 2o deste artigo é cometido con-
III – na presença física ou tra menor de 14 (quatorze) anos ou Aborto necessário
virtual de descendente ou de as- contra quem não tem o necessá-
cendente da vítima; rio discernimento para a prática I – se não há outro meio de
IV – em descumprimento das do ato, ou que, por qualquer outra salvar a vida da gestante;
medidas protetivas de urgência causa, não pode oferecer resis-
previstas nos incisos I, II e III do tência, responde o agente pelo
caput do art. 22 da Lei no 11.340, crime de homicídio, nos termos 4
  NE: ver ADPF no 54.
de 7 de agosto de 2006. do art. 121 deste Código.   NE: ver ADPF no 54.
5

6
  NE: ver ADPF no 54.

412
Código Penal
Aborto no caso de gravidez cação da vítima, o juiz pode redu- Nacional de Segurança Pública,
resultante de estupro zir a pena de um sexto a um terço. no exercício da função ou em
decorrência dela, ou contra seu
II – se a gravidez resulta de Substituição da pena cônjuge, companheiro ou parente
estupro e o aborto é precedido consanguíneo até terceiro grau,
de consentimento da gestante § 5o  O juiz, não sendo graves em razão dessa condição, a pena
ou, quando incapaz, de seu re- as lesões, pode ainda substituir a é aumentada de um a dois terços.
presentante legal. pena de detenção pela de multa7: § 13.  Se a lesão for pratica-
I – se ocorre qualquer das da contra a mulher, por razões
hipóteses do parágrafo anterior; da condição do sexo feminino,
CAPÍTULO II – DAS LESÕES II – se as lesões são recípro- nos termos do § 2o‑A do art. 121
CORPORAIS cas. deste Código:
Pena – reclusão, de 1 (um) a
Lesão corporal Lesão corporal culposa 4 (quatro anos).

Art. 129.  Ofender a integridade § 6o  Se a lesão é culposa:


corporal ou a saúde de outrem: Pena – detenção, de dois me- CAPÍTULO III – DA
Pena – detenção, de três me- ses a um ano. PERICLITAÇÃO DA VIDA E
ses a um ano. DA SAÚDE
Aumento de pena
Lesão corporal de natureza grave Perigo de contágio venéreo
§ 7o  Aumenta-se a pena de
§ 1o  Se resulta: 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer Art. 130.  Expor alguém, por meio
I – incapacidade para as ocu- das hipóteses dos §§ 4o e 6o do de relações sexuais ou qualquer
pações habituais, por mais de art. 121 deste Código. ato libidinoso, a contágio de mo-
trinta dias; § 8o  Aplica-se à lesão culpo- léstia venérea, de que sabe ou
II – perigo de vida; sa o disposto no § 5o do art. 121. deve saber que está contami-
III – debilidade permanente nado:
de membro, sentido ou função; Violência doméstica Pena – detenção, de três me-
IV – aceleração de parto: ses a um ano, ou multa.
Pena – reclusão, de um a cin- § 9o  Se a lesão for praticada § 1o  Se é intenção do agente
co anos. contra ascendente, descendente, transmitir a moléstia:
§ 2o  Se resulta: irmão, cônjuge ou companheiro, Pena – reclusão, de um a qua-
I – incapacidade permanente ou com quem conviva ou tenha tro anos, e multa.
para o trabalho; convivido, ou, ainda, prevalecen- § 2o  Somente se procede
II – enfermidade incurável; do-se o agente das relações do- mediante representação.
III – perda ou inutilização de mésticas, de coabitação ou de
membro, sentido ou função; hospitalidade: Perigo de contágio de moléstia grave
IV – deformidade permanen- Pena – detenção, de 3 (três)
te; meses a 3 (três) anos. Art. 131.  Praticar, com o fim de
V – aborto: § 10.  Nos casos previstos nos transmitir a outrem moléstia gra-
Pena – reclusão, de dois a §§ 1o a 3o deste artigo, se as cir- ve de que está contaminado, ato
oito anos. cunstâncias são as indicadas no capaz de produzir o contágio:
§ 9o deste artigo, aumenta-se a Pena – reclusão, de um a qua-
Lesão corporal seguida de morte pena em 1/3 (um terço). tro anos, e multa.
§ 11.  Na hipótese do § 9o des-
§ 3o  Se resulta morte e as te artigo, a pena será aumentada Perigo para a vida ou saúde de outrem
circunstâncias evidenciam que o de um terço se o crime for come-
agente não quis o resultado, nem tido contra pessoa portadora de Art. 132.  Expor a vida ou a saú-
assumiu o risco de produzi-lo: deficiência. de de outrem a perigo direto e
Pena – reclusão, de quatro a § 12.  Se a lesão for pratica- iminente:
doze anos. da contra autoridade ou agente Pena – detenção, de três me-
descrito nos arts.  142 e 144 da ses a um ano, se o fato não cons-
Diminuição de pena Constituição Federal, integrantes titui crime mais grave.
do sistema prisional e da Força Parágrafo único.  A pena é
§ 4o  Se o agente comete o aumentada de um sexto a um
crime impelido por motivo de re- terço se a exposição da vida ou
levante valor social ou moral ou
7
  NE: conforme determinação do art. 2o da Lei da saúde de outrem a perigo de-
no 7.209/1984, em razão do cancelamento das
sob o domínio de violenta emoção, referências a valores de multas, a expressão corre do transporte de pessoas
logo em seguida a injusta provo- “multa de” foi substituída por “multa”. para a prestação de serviços em

413
Código Penal
estabelecimentos de qualquer casos, o socorro da autoridade vo para separar os contendores:
natureza, em desacordo com as pública: Pena – detenção, de quinze
normas legais. Pena – detenção, de um a seis dias a dois meses, ou multa.
meses, ou multa. Parágrafo único.  Se ocorre
Abandono de incapaz Parágrafo único.  A pena é morte ou lesão corporal de na-
aumentada de metade, se da tureza grave, aplica-se, pelo fato
Art. 133.  Abandonar pessoa que omissão resulta lesão corporal da participação na rixa, a pena
está sob seu cuidado, guarda, de natureza grave, e triplicada, de detenção, de seis meses a
vigilância ou autoridade, e, por se resulta a morte. dois anos.
qualquer motivo, incapaz de de-
fender-se dos riscos resultantes Condicionamento de atendimento
do abandono: médico-hospitalar emergencial CAPÍTULO V – DOS CRIMES
Pena – detenção, de seis me- CONTRA A HONRA
ses a três anos. Art. 135-A.  Exigir cheque-cau-
§ 1o  Se do abandono resulta ção, nota promissória ou qual- Calúnia
lesão corporal de natureza grave: quer garantia, bem como o pre-
Pena – reclusão, de um a cin- enchimento prévio de formulários Art. 138.  Caluniar alguém, impu-
co anos. administrativos, como condição tando-lhe falsamente fato defini-
§ 2o  Se resulta a morte: para o atendimento médico-hos- do como crime:
Pena – reclusão, de quatro a pitalar emergencial: Pena – detenção, de seis me-
doze anos. Pena – detenção, de 3 (três) ses a dois anos, e multa.
meses a 1 (um) ano, e multa. § 1o  Na mesma pena incorre
Aumento de pena Parágrafo único.  A pena é quem, sabendo falsa a imputação,
aumentada até o dobro se da a propala ou divulga.
§ 3o  As penas cominadas negativa de atendimento resulta § 2o  É punível a calúnia con-
neste artigo aumentam-se de lesão corporal de natureza grave, tra os mortos.
um terço: e até o triplo se resulta a morte.
I – se o abandono ocorre em Exceção da verdade
lugar ermo; Maus-tratos
II – se o agente é ascendente § 3o  Admite-se a prova da
ou descendente, cônjuge, irmão, Art. 136.  Expor a perigo a vida verdade, salvo:
tutor ou curador da vítima; ou a saúde de pessoa sob sua I – se, constituindo o fato im-
III – se a vítima é maior de 60 autoridade, guarda ou vigilân- putado crime de ação privada, o
(sessenta) anos. cia, para fim de educação, ensi- ofendido não foi condenado por
no, tratamento ou custódia, quer sentença irrecorrível;
Exposição ou abandono privando-a de alimentação ou II – se o fato é imputado a
de recém-nascido cuidados indispensáveis, quer qualquer das pessoas indicadas
sujeitando-a a trabalho excessivo no no I do art. 141;
Art. 134.  Expor ou abandonar ou inadequado, quer abusando de III – se do crime imputado,
recém-nascido, para ocultar de- meios de correção ou disciplina: embora de ação pública, o ofen-
sonra própria: Pena – detenção, de dois me- dido foi absolvido por sentença
Pena – detenção, de seis me- ses a um ano, ou multa. irrecorrível.
ses a dois anos. § 1o  Se do fato resulta lesão
§ 1o  Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Difamação
corporal de natureza grave: Pena – reclusão, de um a qua-
Pena – detenção, de um a tro anos. Art. 139.  Difamar alguém, im-
três anos. § 2o  Se resulta a morte: putando-lhe fato ofensivo à sua
§ 2o  Se resulta a morte: Pena – reclusão, de quatro a reputação:
Pena – detenção, de dois a doze anos. Pena – detenção, de três me-
seis anos. § 3o  Aumenta-se a pena de ses a um ano, e multa.
um terço, se o crime é praticado
Omissão de socorro contra pessoa menor de cator- Exceção da verdade
ze anos.
Art. 135.  Deixar de prestar as- Parágrafo único.  A exceção
sistência, quando possível fazê- da verdade somente se admite se
-lo sem risco pessoal, a criança CAPÍTULO IV – DA RIXA o ofendido é funcionário público
abandonada ou extraviada, ou a e a ofensa é relativa ao exercício
pessoa inválida ou ferida, ao de- Rixa de suas funções.
samparo ou em grave e iminen-
te perigo; ou não pedir, nesses Art. 137.  Participar de rixa, sal-

414
Código Penal
Injúria dalidades das redes sociais da mesmo artigo, bem como no caso
rede mundial de computadores, do § 3o do art. 140 deste Código.
Art. 140.  Injuriar alguém, ofen- aplica-se em triplo a pena.
dendo-lhe a dignidade ou o de-
coro: Exclusão do crime CAPÍTULO VI – DOS CRIMES
Pena – detenção, de um a seis CONTRA A LIBERDADE
meses, ou multa. Art. 142.  Não constituem injúria INDIVIDUAL
§ 1o  O juiz pode deixar de apli- ou difamação punível:
car a pena: I – a ofensa irrogada em juízo, Seção I – Dos Crimes contra
I – quando o ofendido, de for- na discussão da causa, pela parte a Liberdade Pessoal
ma reprovável, provocou direta- ou por seu procurador;
mente a injúria; II – a opinião desfavorável da Constrangimento ilegal
II – no caso de retorsão ime- crítica literária, artística ou cien-
diata, que consista em outra in- tífica, salvo quando inequívoca a Art. 146.  Constranger alguém,
júria. intenção de injuriar ou difamar; mediante violência ou grave ame-
§ 2o  Se a injúria consiste em III – o conceito desfavorável aça, ou depois de lhe haver redu-
violência ou vias de fato, que, por emitido por funcionário público, zido, por qualquer outro meio, a
sua natureza ou pelo meio empre- em apreciação ou informação capacidade de resistência, a não
gado, se considerem aviltantes: que preste no cumprimento de fazer o que a lei permite, ou a fa-
Pena – detenção, de três me- dever do ofício. zer o que ela não manda:
ses a um ano, e multa, além da Parágrafo único.  Nos casos Pena – detenção, de três me-
pena correspondente à violência. dos nos I e III, responde pela injúria ses a um ano, ou multa.
§ 3o  Se a injúria consiste na ou pela difamação quem lhe dá
utilização de elementos referen- publicidade. Aumento de pena
tes a raça, cor, etnia, religião,
origem ou a condição de pessoa Retratação § 1o  As penas aplicam-se
idosa ou portadora de deficiência: cumulativamente e em dobro,
Pena – reclusão de um a três Art. 143.  O querelado que, antes quando, para a execução do cri-
anos e multa. da sentença, se retrata cabalmen- me, se reúnem mais de três pes-
te da calúnia ou da difamação, soas, ou há emprego de armas.
Disposições comuns fica isento de pena. § 2o  Além das penas comi-
Parágrafo único.  Nos casos nadas, aplicam-se as correspon-
Art. 141.  As penas cominadas em que o querelado tenha pra- dentes à violência.
neste Capítulo aumentam-se de ticado a calúnia ou a difamação § 3o  Não se compreendem na
um terço, se qualquer dos crimes utilizando-se de meios de comu- disposição deste artigo:
é cometido: nicação, a retratação dar-se-á, se I – a intervenção médica ou
I – contra o Presidente da assim desejar o ofendido, pelos cirúrgica, sem o consentimento
República, ou contra chefe de mesmos meios em que se prati- do paciente ou de seu represen-
governo estrangeiro; cou a ofensa. tante legal, se justificada por imi-
II – contra funcionário públi- nente perigo de vida;
co, em razão de suas funções, ou Art. 144.  Se, de referências, alu- II – a coação exercida para
contra os Presidentes do Senado sões ou frases, se infere calúnia, impedir suicídio.
Federal, da Câmara dos Depu- difamação ou injúria, quem se
tados ou do Supremo Tribunal julga ofendido pode pedir expli- Ameaça
Federal; cações em juízo. Aquele que se
III – na presença de várias recusa a dá-las ou, a critério do Art. 147.  Ameaçar alguém, por
pessoas, ou por meio que faci- juiz, não as dá satisfatórias, res- palavra, escrito ou gesto, ou qual-
lite a divulgação da calúnia, da ponde pela ofensa. quer outro meio simbólico, de
difamação ou da injúria; causar-lhe mal injusto e grave:
IV – contra criança, adoles- Art. 145.  Nos crimes previstos Pena – detenção, de um a seis
cente, pessoa maior de 60 (ses- neste Capítulo somente se proce- meses, ou multa.
senta) anos ou pessoa com defici- de mediante queixa, salvo quan- Parágrafo único.  Somente se
ência, exceto na hipótese prevista do, no caso do art. 140, § 2o, da procede mediante representação.
no § 3o do art. 140 deste Código. violência resulta lesão corporal.
§ 1o  Se o crime é cometido Parágrafo único. Procede-se Perseguição
mediante paga ou promessa de mediante requisição do Ministro
recompensa, aplica-se a pena da Justiça, no caso do inciso I Art. 147-A.  Perseguir alguém,
em dobro. do caput do art. 141 deste Códi- reiteradamente e por qualquer
§ 2o  Se o crime é cometido go, e mediante representação do meio, ameaçando-lhe a integri-
ou divulgado em quaisquer mo- ofendido, no caso do inciso II do dade física ou psicológica, res-

415
Código Penal
tringindo-lhe a capacidade de dura mais de quinze dias; III – submetê-la a qualquer
locomoção ou, de qualquer forma, IV – se o crime é praticado tipo de servidão;
invadindo ou perturbando sua es- contra menor de 18 (dezoito) anos; IV – adoção ilegal; ou
fera de liberdade ou privacidade: V – se o crime é praticado V – exploração sexual:
Pena – reclusão, de 6 (seis) com fins libidinosos. Pena – reclusão, de 4 (quatro)
meses a 2 (dois) anos, e multa. § 2o  Se resulta à vítima, em a 8 (oito) anos, e multa.
§ 1o  A pena é aumentada de razão de maus-tratos ou da na- § 1o  A pena é aumentada de
metade se o crime é cometido: tureza da detenção, grave sofri- um terço até a metade se:
I – contra criança, adolescen- mento físico ou moral: I – o crime for cometido por
te ou idoso; Pena – reclusão, de dois a funcionário público no exercício
II – contra mulher por razões oito anos. de suas funções ou a pretexto de
da condição de sexo feminino, exercê-las;
nos termos do § 2o‑A do art. 121 Redução a condição II – o crime for cometido con-
deste Código; análoga à de escravo tra criança, adolescente ou pes-
III – mediante concurso de 2 soa idosa ou com deficiência;
(duas) ou mais pessoas ou com o Art. 149.  Reduzir alguém a con- III – o agente se prevalecer de
emprego de arma. dição análoga à de escravo, quer relações de parentesco, domésti-
§ 2o  As penas deste artigo submetendo-o a trabalhos for- cas, de coabitação, de hospitali-
são aplicáveis sem prejuízo das çados ou a jornada exaustiva, dade, de dependência econômica,
correspondentes à violência. quer sujeitando-o a condições de autoridade ou de superioridade
§ 3o  Somente se procede degradantes de trabalho, quer hierárquica inerente ao exercício
mediante representação. restringindo, por qualquer meio, de emprego, cargo ou função; ou
sua locomoção em razão de dívi- IV – a vítima do tráfico de
Violência psicológica contra a mulher da contraída com o empregador pessoas for retirada do territó-
ou preposto: rio nacional.
Art. 147-B.  Causar dano emo- Pena – reclusão, de dois a § 2o  A pena é reduzida de um
cional à mulher que a prejudique oito anos, e multa, além da pena a dois terços se o agente for pri-
e perturbe seu pleno desenvolvi- correspondente à violência. mário e não integrar organização
mento ou que vise a degradar ou § 1o  Nas mesmas penas in- criminosa.
a controlar suas ações, compor- corre quem:
tamentos, crenças e decisões, I – cerceia o uso de qualquer
mediante ameaça, constrangi- meio de transporte por parte do
Seção II – Dos Crimes contra
mento, humilhação, manipulação, trabalhador, com o fim de retê-lo a Inviolabilidade do Domicílio
isolamento, chantagem, ridicula- no local de trabalho;
rização, limitação do direito de II – mantém vigilância os- Violação de domicílio
ir e vir ou qualquer outro meio tensiva no local de trabalho ou
que cause prejuízo à sua saúde se apodera de documentos ou Art. 150.  Entrar ou permanecer,
psicológica e autodeterminação: objetos pessoais do trabalhador, clandestina ou astuciosamente,
Pena – reclusão, de 6 (seis) com o fim de retê-lo no local de ou contra a vontade expressa ou
meses a 2 (dois) anos, e multa, trabalho. tácita de quem de direito, em casa
se a conduta não constitui crime § 2o  A pena é aumentada de alheia ou em suas dependências:
mais grave. metade, se o crime é cometido: Pena – detenção, de um a três
I – contra criança ou ado- meses, ou multa.
Sequestro e cárcere privado lescente; § 1o  Se o crime é cometido
II – por motivo de precon- durante a noite, ou em lugar ermo,
Art. 148.  Privar alguém de sua ceito de raça, cor, etnia, religião ou com o emprego de violência
liberdade, mediante sequestro ou origem. ou de arma, ou por duas ou mais
ou cárcere privado: pessoas:
Pena – reclusão, de um a três Tráfico de pessoas Pena – detenção, de seis me-
anos. ses a dois anos, além da pena
§ 1o  A pena é de reclusão, de Art. 149-A.  Agenciar, aliciar, correspondente à violência.
dois a cinco anos: recrutar, transportar, transferir, § 2o (Revogado)
I – se a vítima é ascendente, comprar, alojar ou acolher pessoa, § 3o  Não constitui crime a
descendente, cônjuge ou com- mediante grave ameaça, violên- entrada ou permanência em casa
panheiro do agente ou maior de cia, coação, fraude ou abuso, com alheia ou em suas dependências:
60 (sessenta) anos; a finalidade de: I – durante o dia, com obser-
II – se o crime é praticado I – remover-lhe órgãos, teci- vância das formalidades legais,
mediante internação da vítima dos ou partes do corpo; para efetuar prisão ou outra di-
em casa de saúde ou hospital; II – submetê-la a trabalho em ligência;
III – se a privação da liberdade condições análogas à de escravo; II – a qualquer hora do dia ou

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Código Penal
da noite, quando algum crime -se de metade, se há dano para ciência em razão de função, mi-
está sendo ali praticado ou na outrem. nistério, ofício ou profissão, e
iminência de o ser. § 3o  Se o agente comete o cuja revelação possa produzir
§ 4o  A expressão “casa” com- crime, com abuso de função em dano a outrem:
preende: serviço postal, telegráfico, radio- Pena – detenção, de três me-
I – qualquer compartimento elétrico ou telefônico: ses a um ano, ou multa.
habitado; Pena – detenção, de um a Parágrafo único.  Somente se
II – aposento ocupado de ha- três anos. procede mediante representação.
bitação coletiva; § 4o  Somente se procede
III – compartimento não aber- mediante representação, salvo Invasão de dispositivo informático
to ao público, onde alguém exerce nos casos do § 1o, no IV, e do § 3o.
profissão ou atividade. Art. 154-A.  Invadir dispositivo
§ 5o  Não se compreendem Correspondência comercial informático de uso alheio, conec-
na expressão “casa”: tado ou não à rede de computado-
I – hospedaria, estalagem ou Art. 152.  Abusar da condição de res, com o fim de obter, adulterar
qualquer outra habitação coletiva, sócio ou empregado de estabele- ou destruir dados ou informações
enquanto aberta, salvo a restrição cimento comercial ou industrial sem autorização expressa ou tá-
do no II do parágrafo anterior; para, no todo ou em parte, des- cita do usuário do dispositivo ou
II – taverna, casa de jogo e viar, sonegar, subtrair ou suprimir de instalar vulnerabilidades para
outras do mesmo gênero. correspondência, ou revelar a obter vantagem ilícita:
estranho o seu conteúdo: Pena – reclusão, de 1 (um) a
Pena – detenção, de três me- 4 (quatro) anos, e multa.
Seção III – Dos Crimes ses a dois anos. § 1o  Na mesma pena incorre
contra a Inviolabilidade de Parágrafo único.  Somente se quem produz, oferece, distribui,
Correspondência procede mediante representação. vende ou difunde dispositivo ou
programa de computador com o
Violação de correspondência intuito de permitir a prática da
Seção IV – Dos Crimes conduta definida no caput.
Art. 151.  Devassar indevidamen- contra a Inviolabilidade dos § 2o  Aumenta-se a pena de
te o conteúdo de correspondência Segredos 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços)
fechada, dirigida a outrem: se da invasão resulta prejuízo
Pena – detenção, de um a seis Divulgação de segredo econômico.
meses, ou multa. § 3o  Se da invasão resul-
Art. 153.  Divulgar alguém, sem tar a obtenção de conteúdo de
Sonegação ou destruição justa causa, conteúdo de docu- comunicações eletrônicas pri-
de correspondência mento particular ou de corres- vadas, segredos comerciais ou
pondência confidencial, de que industriais, informações sigilo-
§ 1o  Na mesma pena incorre: é destinatário ou detentor, e cuja sas, assim definidas em lei, ou o
I – quem se apossa indevida- divulgação possa produzir dano controle remoto não autorizado
mente de correspondência alheia, a outrem: do dispositivo invadido:
embora não fechada e, no todo ou Pena – detenção, de um a seis Pena – reclusão, de 2 (dois) a
em parte, a sonega ou destrói; meses, ou multa. 5 (cinco) anos, e multa.
§ 1o  Somente se procede me- § 4o  Na hipótese do § 3o, au-
Violação de comunicação telegráfica, diante representação. menta-se a pena de um a dois
radioelétrica ou telefônica § 1o-A.  Divulgar, sem justa terços se houver divulgação, co-
causa, informações sigilosas ou mercialização ou transmissão a
II – quem indevidamente di- reservadas, assim definidas em terceiro, a qualquer título, dos
vulga, transmite a outrem ou uti- lei, contidas ou não nos sistemas dados ou informações obtidos.
liza abusivamente comunicação de informações ou banco de da- § 5o  Aumenta-se a pena de
telegráfica ou radioelétrica diri- dos da Administração Pública: um terço à metade se o crime
gida a terceiro, ou conversação Pena – detenção, de 1 (um) a for praticado contra:
telefônica entre outras pessoas; 4 (quatro) anos, e multa. I – Presidente da República,
III – quem impede a comuni- § 2o  Quando resultar prejuízo governadores e prefeitos;
cação ou a conversação referidas para a Administração Pública, a II – Presidente do Supremo
no número anterior; ação penal será incondicionada. Tribunal Federal;
IV – quem instala ou utiliza III – Presidente da Câmara
estação ou aparelho radioelétri- Violação do segredo profissional dos Deputados, do Senado Fe-
co, sem observância de disposi- deral, de Assembleia Legislativa
ção legal. Art. 154.  Revelar alguém, sem de Estado, da Câmara Legislativa
§ 2o  As penas aumentam- justa causa, segredo, de que tem do Distrito Federal ou de Câmara

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Código Penal
Municipal; ou § 4o-A.  A pena é de reclu- CAPÍTULO II – DO ROUBO E
IV – dirigente máximo da ad- são de 4 (quatro) a 10 (dez) anos DA EXTORSÃO
ministração direta e indireta fe- e multa, se houver emprego de
deral, estadual, municipal ou do explosivo ou de artefato análogo Roubo
Distrito Federal. que cause perigo comum.
§ 4o-B.  A pena é de reclusão, Art. 157.  Subtrair coisa móvel
Ação penal de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e mul- alheia, para si ou para outrem,
ta, se o furto mediante fraude é mediante grave ameaça ou vio-
Art. 154-B.  Nos crimes definidos cometido por meio de dispositivo lência a pessoa, ou depois de ha-
no art. 154‑A, somente se procede eletrônico ou informático, conec- vê-la, por qualquer meio, reduzido
mediante representação, salvo tado ou não à rede de computa- à impossibilidade de resistência:
se o crime é cometido contra a dores, com ou sem a violação de Pena – reclusão, de quatro a
administração pública direta ou mecanismo de segurança ou a dez anos, e multa.
indireta de qualquer dos Pode- utilização de programa malicio- § 1o  Na mesma pena incorre
res da União, Estados, Distrito so, ou por qualquer outro meio quem, logo depois de subtraída a
Federal ou Municípios ou contra fraudulento análogo. coisa, emprega violência contra
empresas concessionárias de § 4o-C.  A pena prevista no pessoa ou grave ameaça, a fim de
serviços públicos. § 4 ‑B deste artigo, considerada
o
assegurar a impunidade do crime
a relevância do resultado gravoso: ou a detenção da coisa para si ou
I – aumenta-se de 1/3 (um ter- para terceiro.
TÍTULO II – DOS CRIMES ço) a 2/3 (dois terços), se o crime § 2o  A pena aumenta-se de
CONTRA O PATRIMÔNIO é praticado mediante a utilização 1/3 (um terço) até metade:
de servidor mantido fora do ter- I – (Revogado);
CAPÍTULO I – DO FURTO ritório nacional; II – se há o concurso de duas
II – aumenta-se de 1/3 (um ou mais pessoas;
Furto terço) ao dobro, se o crime é pra- III – se a vítima está em ser-
ticado contra idoso ou vulnerável. viço de transporte de valores e o
Art. 155.  Subtrair, para si ou para § 5o  A pena é de reclusão de agente conhece tal circunstância;
outrem, coisa alheia móvel: três a oito anos, se a subtração IV – se a subtração for de ve-
Pena – reclusão, de um a qua- for de veículo automotor que ve- ículo automotor que venha a ser
tro anos, e multa. nha a ser transportado para outro transportado para outro Estado
§ 1o  A pena aumenta-se de Estado ou para o exterior. ou para o exterior;
um terço, se o crime é praticado § 6o  A pena é de reclusão V – se o agente mantém a ví-
durante o repouso noturno. de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a tima em seu poder, restringindo
§ 2o  Se o criminoso é primá- subtração for de semovente do- sua liberdade;
rio, e é de pequeno valor a coisa mesticável de produção, ainda VI – se a subtração for de
furtada, o juiz pode substituir a que abatido ou dividido em partes substâncias explosivas ou de
pena de reclusão pela de deten- no local da subtração. acessórios que, conjunta ou iso-
ção, diminuí-la de um a dois ter- § 7o  A pena é de reclusão de ladamente, possibilitem sua fabri-
ços, ou aplicar somente a pena 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, cação, montagem ou emprego;
de multa. se a subtração for de substâncias VII – se a violência ou grave
§ 3o  Equipara-se à coisa mó- explosivas ou de acessórios que, ameaça é exercida com emprego
vel a energia elétrica ou qualquer conjunta ou isoladamente, possi- de arma branca.
outra que tenha valor econômico. bilitem sua fabricação, montagem § 2o-A.  A pena aumenta-se
ou emprego. de 2/3 (dois terços):
Furto qualificado I – se a violência ou ameaça é
Furto de coisa comum exercida com emprego de arma
§ 4o  A pena é de reclusão de fogo;
de dois a oito anos, e multa, se o Art. 156.  Subtrair o condômino, II – se há destruição ou rom-
crime é cometido: coerdeiro ou sócio, para si ou para pimento de obstáculo mediante
I – com destruição ou rompi- outrem, a quem legitimamente a o emprego de explosivo ou de
mento de obstáculo à subtração detém, a coisa comum: artefato análogo que cause pe-
da coisa; Pena – detenção, de seis me- rigo comum.
II – com abuso de confiança, ses a dois anos, ou multa. § 2o-B.  Se a violência ou gra-
ou mediante fraude, escalada ou § 1o  Somente se procede me- ve ameaça é exercida com em-
destreza; diante representação. prego de arma de fogo de uso
III – com emprego de cha- § 2o  Não é punível a subtra- restrito ou proibido, aplica-se em
ve falsa; ção de coisa comum fungível, dobro a pena prevista no caput
IV – mediante concurso de cujo valor não excede a quota a deste artigo.
duas ou mais pessoas. que tem direito o agente. § 3o  Se da violência resulta:

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Código Penal
I – lesão corporal grave, a § 4o  Se o crime é cometido indevidamente, em gado ou re-
pena é de reclusão de 7 (sete) a em concurso, o concorrente que o banho alheio, marca ou sinal in-
18 (dezoito) anos, e multa; denunciar à autoridade, facilitan- dicativo de propriedade:
II – morte, a pena é de re- do a libertação do sequestrado, Pena – detenção, de seis me-
clusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) terá sua pena reduzida de um a ses a três anos, e multa.
anos, e multa. dois terços.

Extorsão Extorsão indireta CAPÍTULO IV – DO DANO

Art. 158.  Constranger alguém, Art. 160.  Exigir ou receber, como Dano


mediante violência ou grave ame- garantia de dívida, abusando da
aça, e com o intuito de obter para situação de alguém, documento Art. 163.  Destruir, inutilizar ou
si ou para outrem indevida vanta- que pode dar causa a procedi- deteriorar coisa alheia:
gem econômica, a fazer, tolerar mento criminal contra a vítima Pena – detenção, de um a seis
que se faça ou deixar de fazer ou contra terceiro: meses, ou multa.
alguma coisa: Pena – reclusão, de um a três
Pena – reclusão, de quatro a anos, e multa. Dano qualificado
dez anos, e multa.
§ 1o  Se o crime é cometido Parágrafo único.  Se o crime
por duas ou mais pessoas, ou com CAPÍTULO III – DA é cometido:
emprego de arma, aumenta-se a USURPAÇÃO I – com violência a pessoa ou
pena de um terço até metade. grave ameaça;
§ 2o  Aplica-se à extorsão Alteração de limites II – com emprego de subs-
praticada mediante violência o tância inflamável ou explosiva,
disposto no § 3o do artigo anterior. Art. 161.  Suprimir ou deslocar se o fato não constitui crime mais
§ 3o  Se o crime é cometido tapume, marco, ou qualquer outro grave;
mediante a restrição da liberda- sinal indicativo de linha divisória, III – contra o patrimônio da
de da vítima, e essa condição é para apropriar-se, no todo ou em União, de Estado, do Distrito Fe-
necessária para a obtenção da parte, de coisa imóvel alheia: deral, de Município ou de autar-
vantagem econômica, a pena é Pena – detenção, de um a seis quia, fundação pública, empresa
de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) meses, e multa. pública, sociedade de economia
anos, além da multa; se resulta § 1o  Na mesma pena incor- mista ou empresa concessionária
lesão corporal grave ou morte, re quem: de serviços públicos;
aplicam-se as penas previstas IV – por motivo egoístico ou
no art. 159, §§ 2o e 3o, respecti- Usurpação de águas com prejuízo considerável para
vamente. a vítima:
I – desvia ou represa, em pro- Pena – detenção, de seis me-
Extorsão mediante sequestro veito próprio ou de outrem, águas ses a três anos, e multa, além da
alheias; pena correspondente à violência.
Art. 159.  Sequestrar pessoa com
o fim de obter, para si ou para ou- Esbulho possessório Introdução ou abandono de
trem, qualquer vantagem, como animais em propriedade alheia
condição ou preço do resgate: II – invade, com violência
Pena – reclusão, de oito a a pessoa ou grave ameaça, ou Art. 164.  Introduzir ou deixar
quinze anos. mediante concurso de mais de animais em propriedade alheia,
§ 1o  Se o sequestro dura mais duas pessoas, terreno ou edifí- sem consentimento de quem de
de 24 (vinte e quatro) horas, se o cio alheio, para o fim de esbulho direito, desde que do fato resul-
sequestrado é menor de 18 (de- possessório. te prejuízo:
zoito) ou maior de 60 (sessenta) § 2o  Se o agente usa de vio- Pena – detenção, de quinze
anos, ou se o crime é cometido lência, incorre também na pena dias a seis meses, ou multa.
por bando ou quadrilha: a esta cominada.
Pena – reclusão, de doze a § 3o  Se a propriedade é par- Dano em coisa de valor artístico,
vinte anos. ticular, e não há emprego de vio- arqueológico ou histórico
§ 2o  Se do fato resulta lesão lência, somente se procede me-
corporal de natureza grave: diante queixa. Art. 165.  Destruir, inutilizar ou
Pena – reclusão, de dezesseis deteriorar coisa tombada pela
a vinte e quatro anos. Supressão ou alteração de autoridade competente em virtu-
§ 3o  Se resulta a morte: marca em animais de de valor artístico, arqueológico
Pena – reclusão, de vinte e ou histórico:
quatro a trinta anos. Art. 162.  Suprimir ou alterar, Pena – detenção, de seis me-

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Código Penal
ses a dois anos, e multa. dos, a terceiros ou arrecadada pena incorre:
do público;
Alteração de local II – recolher contribuições Apropriação de tesouro
especialmente protegido devidas à previdência social que
tenham integrado despesas con- I – quem acha tesouro em
Art. 166.  Alterar, sem licença da tábeis ou custos relativos à venda prédio alheio e se apropria, no
autoridade competente, o aspec- de produtos ou à prestação de todo ou em parte, da quota a
to de local especialmente prote- serviços; que tem direito o proprietário
gido por lei: III – pagar benefício devido a do prédio;
Pena – detenção, de um mês segurado, quando as respectivas
a um ano, ou multa. cotas ou valores já tiverem sido Apropriação de coisa achada
reembolsados à empresa pela
Ação penal previdência social. II – quem acha coisa alheia
§ 2o  É extinta a punibilidade perdida e dela se apropria, total
Art. 167.  Nos casos do art. 163, se o agente, espontaneamen- ou parcialmente, deixando de
do no  IV do seu parágrafo e do te, declara, confessa e efetua o restituí-la ao dono ou legítimo
art. 164, somente se procede me- pagamento das contribuições, possuidor ou de entregá-la à au-
diante queixa. importâncias ou valores e presta toridade competente, dentro no
as informações devidas à previ- prazo de quinze dias.
dência social, na forma definida
CAPÍTULO V – DA em lei ou regulamento, antes do Art. 170.  Nos crimes previstos
APROPRIAÇÃO INDÉBITA início da ação fiscal. neste Capítulo, aplica-se o dis-
§ 3o  É facultado ao juiz deixar posto no art. 155, § 2o.
Apropriação indébita de aplicar a pena ou aplicar so-
mente a de multa se o agente for
Art. 168.  Apropriar-se de coisa primário e de bons antecedentes, CAPÍTULO VI – DO
alheia móvel, de que tem a posse desde que: ESTELIONATO E OUTRAS
ou a detenção: I – tenha promovido, após FRAUDES
Pena – reclusão, de um a qua- o início da ação fiscal e antes
tro anos, e multa. de oferecida a denúncia, o pa- Estelionato
gamento da contribuição social
Aumento de pena previdenciária, inclusive aces- Art. 171.  Obter, para si ou para
sórios; ou outrem, vantagem ilícita, em pre-
§ 1o  A pena é aumentada de II – o valor das contribuições juízo alheio, induzindo ou man-
um terço, quando o agente rece- devidas, inclusive acessórios, seja tendo alguém em erro, mediante
beu a coisa: igual ou inferior àquele estabele- artifício, ardil, ou qualquer outro
I – em depósito necessário; cido pela previdência social, ad- meio fraudulento:
II – na qualidade de tutor, ministrativamente, como sendo Pena – reclusão, de um a cin-
curador, síndico, liquidatário, o mínimo para o ajuizamento de co anos, e multa.
inventariante, testamenteiro ou suas execuções fiscais. § 1o  Se o criminoso é primá-
depositário judicial; § 4o  A faculdade prevista no rio, e é de pequeno valor o prejuí-
III – em razão de ofício, em- § 3 deste artigo não se aplica aos
o
zo, o juiz pode aplicar a pena con-
prego ou profissão. casos de parcelamento de contri- forme o disposto no art. 155, § 2o.
buições cujo valor, inclusive dos § 2o  Nas mesmas penas in-
Apropriação indébita previdenciária acessórios, seja superior àquele corre quem:
estabelecido, administrativamen-
Art. 168-A.  Deixar de repassar te, como sendo o mínimo para o Disposição de coisa
à previdência social as contri- ajuizamento de suas execuções alheia como própria
buições recolhidas dos contri- fiscais.
buintes, no prazo e forma legal I – vende, permuta, dá em pa-
ou convencional: Apropriação de coisa havida por erro, gamento, em locação ou em ga-
Pena – reclusão, de 2 (dois) a caso fortuito ou força da natureza rantia coisa alheia como própria;
5 (cinco) anos, e multa.
§ 1o  Nas mesmas penas in- Art. 169.  Apropriar-se alguém de Alienação ou oneração
corre quem deixar de: coisa alheia vinda ao seu poder fraudulenta de coisa própria
I – recolher, no prazo legal, por erro, caso fortuito ou força
contribuição ou outra importân- da natureza: II – vende, permuta, dá em
cia destinada à previdência social Pena – detenção, de um mês pagamento ou em garantia coi-
que tenha sido descontada de a um ano, ou multa. sa própria inalienável, gravada
pagamento efetuado a segura- Parágrafo único.  Na mesma de ônus ou litigiosa, ou imóvel

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Código Penal
que prometeu vender a terceiro, em detrimento de entidade de títulos ou mercadorias, sabendo
mediante pagamento em presta- direito público ou de instituto de ou devendo saber que a operação
ções, silenciando sobre qualquer economia popular, assistência é ruinosa:
dessas circunstâncias; social ou beneficência. Pena – reclusão, de um a três
anos, e multa.
Defraudação de penhor Estelionato contra idoso ou vulnerável
Fraude no comércio
III – defrauda, mediante alie- § 4o  A pena aumenta-se de
nação não consentida pelo credor 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime Art. 175.  Enganar, no exercício
ou por outro modo, a garantia é cometido contra idoso ou vul- de atividade comercial, o adqui-
pignoratícia, quando tem a posse nerável, considerada a relevância rente ou consumidor:
do objeto empenhado; do resultado gravoso. I – vendendo, como verdadei-
§ 5o  Somente se procede ra ou perfeita, mercadoria falsi-
Fraude na entrega de coisa mediante representação, salvo ficada ou deteriorada;
se a vítima for: II – entregando uma merca-
IV – defrauda substância, I – a Administração Pública, doria por outra:
qualidade ou quantidade de coi- direta ou indireta; Pena – detenção, de seis me-
sa que deve entregar a alguém; II – criança ou adolescente; ses a dois anos, ou multa.
III – pessoa com deficiência § 1o  Alterar em obra que lhe
Fraude para recebimento de mental; ou é encomendada a qualidade ou
indenização ou valor de seguro IV – maior de 70 (setenta) anos o peso de metal ou substituir, no
de idade ou incapaz. mesmo caso, pedra verdadeira
V – destrói, total ou parcial- por falsa ou por outra de menor
mente, ou oculta coisa própria, ou Duplicata simulada valor; vender pedra falsa por ver-
lesa o próprio corpo ou a saúde, dadeira; vender, como precioso,
ou agrava as consequências da Art. 172.  Emitir fatura, duplicata metal de outra qualidade:
lesão ou doença, com o intuito ou nota de venda que não corres- Pena – reclusão, de um a cin-
de haver indenização ou valor ponda à mercadoria vendida, em co anos, e multa.
de seguro; quantidade ou qualidade, ou ao § 2o  É aplicável o disposto
serviço prestado: no art. 155, § 2o.
Fraude no pagamento Pena – detenção, de 2 (dois)
por meio de cheque a 4 (quatro) anos, e multa. Outras fraudes
Parágrafo único.  Nas mes-
VI – emite cheque, sem su- mas penas incorrerá aquele que Art. 176.  Tomar refeição em res-
ficiente provisão de fundos em falsificar ou adulterar a escri- taurante, alojar-se em hotel ou
poder do sacado, ou lhe frustra turação do Livro de Registro de utilizar-se de meio de transpor-
o pagamento. Duplicatas. te sem dispor de recursos para
efetuar o pagamento:
Fraude eletrônica Abuso de incapazes Pena – detenção, de quinze
dias a dois meses, ou multa.
§ 2o-A.  A pena é de reclu- Art. 173.  Abusar, em proveito Parágrafo único. Somente
são, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, próprio ou alheio, de necessida- se procede mediante represen-
e multa, se a fraude é cometida de, paixão ou inexperiência de tação, e o juiz pode, conforme as
com a utilização de informações menor, ou da alienação ou debi- circunstâncias, deixar de aplicar
fornecidas pela vítima ou por ter- lidade mental de outrem, indu- a pena.
ceiro induzido a erro por meio de zindo qualquer deles à prática de
redes sociais, contatos telefôni- ato suscetível de produzir efeito Fraudes e abusos na fundação ou
cos ou envio de correio eletrôni- jurídico, em prejuízo próprio ou administração de sociedade por ações
co fraudulento, ou por qualquer de terceiro:
outro meio fraudulento análogo. Pena – reclusão, de dois a seis Art. 177.  Promover a fundação
§ 2o-B.  A pena prevista no anos, e multa. de sociedade por ações, fazendo,
§ 2 ‑A deste artigo, considerada
o
em prospecto ou em comunica-
a relevância do resultado gravo- Induzimento à especulação ção ao público ou à assembleia,
so, aumenta-se de 1/3 (um terço) afirmação falsa sobre a cons-
a 2/3 (dois terços), se o crime é Art. 174.  Abusar, em proveito tituição da sociedade, ou ocul-
praticado mediante a utilização próprio ou alheio, da inexperi- tando fraudulentamente fato a
de servidor mantido fora do ter- ência ou da simplicidade ou in- ela relativo:
ritório nacional. ferioridade mental de outrem, Pena – reclusão, de um a qua-
§ 3o  A pena aumenta-se de induzindo-o à prática de jogo ou tro anos, e multa, se o fato não
um terço, se o crime é cometido aposta, ou à especulação com constitui crime contra a econo-

421
Código Penal
mia popular. de depósito ou warrant, em de- § 4o  A receptação é punível,
§ 1o Incorrem na mesma sacordo com disposição legal: ainda que desconhecido ou isento
pena, se o fato não constitui cri- Pena – reclusão, de um a qua- de pena o autor do crime de que
me contra a economia popular: tro anos, e multa. proveio a coisa.
I – o diretor, o gerente ou o § 5o  Na hipótese do § 3o, se
fiscal de sociedade por ações, Fraude à execução o criminoso é primário, pode o
que, em prospecto, relatório, pa- juiz, tendo em consideração as
recer, balanço ou comunicação ao Art. 179.  Fraudar execução, alie- circunstâncias, deixar de aplicar
público ou à assembleia, faz afir- nando, desviando, destruindo ou a pena. Na receptação dolosa
mação falsa sobre as condições danificando bens, ou simulando aplica-se o disposto no §  2o do
econômicas da sociedade, ou dívidas: art. 155.
oculta fraudulentamente, no todo Pena – detenção, de seis me- § 6o  Tratando-se de bens do
ou em parte, fato a elas relativo; ses a dois anos, ou multa. patrimônio da União, de Estado,
II – o diretor, o gerente ou o Parágrafo único.  Somente se do Distrito Federal, de Município
fiscal que promove, por qualquer procede mediante queixa. ou de autarquia, fundação públi-
artifício, falsa cotação das ações ca, empresa pública, sociedade
ou de outros títulos da sociedade; de economia mista ou empresa
III – o diretor ou o gerente que CAPÍTULO VII – DA concessionária de serviços públi-
toma empréstimo à sociedade RECEPTAÇÃO cos, aplica-se em dobro a pena
ou usa, em proveito próprio ou prevista no caput deste artigo.
de terceiro, dos bens ou haveres Receptação
sociais, sem prévia autorização Receptação de animal
da assembleia geral; Art. 180.  Adquirir, receber,
IV – o diretor ou o gerente que transportar, conduzir ou ocul- Art. 180-A.  Adquirir, receber,
compra ou vende, por conta da tar, em proveito próprio ou alheio, transportar, conduzir, ocultar,
sociedade, ações por ela emiti- coisa que sabe ser produto de ter em depósito ou vender, com
das, salvo quando a lei o permite; crime, ou influir para que tercei- a finalidade de produção ou de
V – o diretor ou o gerente que, ro, de boa-fé, a adquira, receba comercialização, semovente do-
como garantia de crédito social, ou oculte: mesticável de produção, ainda
aceita em penhor ou em caução Pena – reclusão, de um a qua- que abatido ou dividido em par-
ações da própria sociedade; tro anos, e multa. tes, que deve saber ser produto
VI – o diretor ou o gerente de crime:
que, na falta de balanço, em de- Receptação qualificada Pena – reclusão, de 2 (dois) a
sacordo com este, ou mediante 5 (cinco) anos, e multa.
balanço falso, distribui lucros ou § 1o  Adquirir, receber, trans-
dividendos fictícios; portar, conduzir, ocultar, ter em
VII – o diretor, o gerente ou depósito, desmontar, montar, re- CAPÍTULO VIII –
o fiscal que, por interposta pes- montar, vender, expor à venda, DISPOSIÇÕES GERAIS
soa, ou conluiado com acionista, ou de qualquer forma utilizar,
consegue a aprovação de conta em proveito próprio ou alheio, no Art. 181.  É isento de pena quem
ou parecer; exercício de atividade comercial comete qualquer dos crimes pre-
VIII – o liquidante, nos casos ou industrial, coisa que deve sa- vistos neste título, em prejuízo:
dos nos I, II, III, IV, V e VII; ber ser produto de crime: I – do cônjuge, na constância
IX – o representante da so- Pena – reclusão, de três a oito da sociedade conjugal;
ciedade anônima estrangeira, anos, e multa. II – de ascendente ou descen-
autorizada a funcionar no país, § 2o  Equipara-se à atividade dente, seja o parentesco legítimo
que pratica os atos mencionados comercial, para efeito do pará- ou ilegítimo, seja civil ou natural.
nos nos I e II, ou dá falsa informa- grafo anterior, qualquer forma
ção ao Governo. de comércio irregular ou clan- Art. 182.  Somente se procede
§ 2o  Incorre na pena de de- destino, inclusive o exercido em mediante representação, se o
tenção, de seis meses a dois anos, residência. crime previsto neste título é co-
e multa, o acionista que, a fim de § 3o  Adquirir ou receber coi- metido em prejuízo:
obter vantagem para si ou para sa que, por sua natureza ou pela I – do cônjuge desquitado ou
outrem, negocia o voto nas de- desproporção entre o valor e o judicialmente separado;
liberações de assembleia geral. preço, ou pela condição de quem II – de irmão, legítimo ou ile-
a oferece, deve presumir-se ob- gítimo;
Emissão irregular de conhecimento tida por meio criminoso: III – de tio ou sobrinho, com
de depósito ou warrant Pena – detenção, de um mês quem o agente coabita.
a um ano, ou multa, ou ambas
Art. 178.  Emitir conhecimento as penas. Art. 183.  Não se aplica o dispos-

422
Código Penal
to nos dois artigos anteriores: seleção da obra ou produção para CAPÍTULO IV – DOS
I – se o crime é de roubo ou recebê-la em um tempo e lugar CRIMES DE CONCORRÊNCIA
de extorsão, ou, em geral, quando previamente determinados por
haja emprego de grave ameaça quem formula a demanda, com
DESLEAL
ou violência a pessoa; intuito de lucro, direto ou indi-
II – ao estranho que participa reto, sem autorização expressa, Art. 196.  (Revogado)
do crime; conforme o caso, do autor, do
III – se o crime é praticado artista intérprete ou executante,
contra pessoa com idade igual do produtor de fonograma, ou de TÍTULO IV – DOS CRIMES
ou superior a 60 (sessenta) anos. quem os represente: CONTRA A ORGANIZAÇÃO
Pena – reclusão, de 2 (dois) a DO TRABALHO
4 (quatro) anos, e multa.
TÍTULO III – DOS CRIMES § 4o  O disposto nos §§ 1o, 2o Atentado contra a
CONTRA A PROPRIEDADE e 3 não se aplica quando se tra-
o
liberdade de trabalho
IMATERIAL tar de exceção ou limitação ao
direito de autor ou os que lhe são Art. 197.  Constranger alguém,
CAPÍTULO I – DOS CRIMES conexos, em conformidade com o mediante violência ou grave ame-
CONTRA A PROPRIEDADE previsto na Lei no 9.610, de 19 de aça:
INTELECTUAL fevereiro de 1998, nem a cópia de I – a exercer ou não exercer
obra intelectual ou fonograma, em arte, ofício, profissão ou indústria,
Violação de direito autoral um só exemplar, para uso privado ou a trabalhar ou não trabalhar
do copista, sem intuito de lucro durante certo período ou em de-
Art. 184.  Violar direitos de autor direto ou indireto. terminados dias:
e os que lhe são conexos: Pena – detenção, de um mês
Pena – detenção, de 3 (três) Usurpação de nome ou a um ano, e multa, além da pena
meses a 1 (um) ano, ou multa. pseudônimo alheio correspondente à violência;
§ 1o  Se a violação consistir II – a abrir ou fechar o seu
em reprodução total ou parcial, Art. 185.  (Revogado) estabelecimento de trabalho, ou
com intuito de lucro direto ou a participar de parede ou parali-
indireto, por qualquer meio ou Art. 186.  Procede-se mediante: sação de atividade econômica:
processo, de obra intelectual, I – queixa, nos crimes previs- Pena – detenção, de três me-
interpretação, execução ou fono- tos no caput do art. 184; ses a um ano, e multa, além da
grama, sem autorização expressa II – ação penal pública incon- pena correspondente à violência.
do autor, do artista intérprete ou dicionada, nos crimes previstos
executante, do produtor, con- nos §§ 1o e 2o do art. 184; Atentado contra a liberdade
forme o caso, ou de quem os III – ação penal pública incon- de contrato de trabalho e
represente: dicionada, nos crimes cometidos boicotagem violenta
Pena – reclusão, de 2 (dois) a em desfavor de entidades de di-
4 (quatro) anos, e multa. reito público, autarquia, empresa Art. 198.  Constranger alguém,
§ 2o  Na mesma pena do § 1o pública, sociedade de economia mediante violência ou grave ame-
incorre quem, com o intuito de mista ou fundação instituída pelo aça, a celebrar contrato de traba-
lucro direto ou indireto, distribui, Poder Público; lho, ou a não fornecer a outrem
vende, expõe à venda, aluga, in- IV – ação penal pública condi- ou não adquirir de outrem maté-
troduz no País, adquire, oculta, cionada à representação, nos cri- ria-prima ou produto industrial
tem em depósito, original ou cópia mes previstos no § 3o do art. 184. ou agrícola:
de obra intelectual ou fonograma Pena – detenção, de um mês
reproduzido com violação do di- a um ano, e multa, além da pena
reito de autor, do direito de artista CAPÍTULO II – DOS CRIMES correspondente à violência.
intérprete ou executante ou do CONTRA O PRIVILÉGIO DE
direito do produtor de fonograma, INVENÇÃO Atentado contra a liberdade
ou, ainda, aluga original ou cópia de associação
de obra intelectual ou fonograma, Arts.  187 a 191.  (Revogados)
sem a expressa autorização dos Art. 199.  Constranger alguém,
titulares dos direitos ou de quem mediante violência ou grave ame-
os represente. CAPÍTULO III – DOS CRIMES aça, a participar ou deixar de par-
§ 3o  Se a violação consistir CONTRA AS MARCAS DE ticipar de determinado sindicato
no oferecimento ao público, me- INDÚSTRIA E COMÉRCIO ou associação profissional:
diante cabo, fibra ótica, satélite, Pena – detenção, de um mês
ondas ou qualquer outro sistema Arts.  192 a 195.  (Revogados) a um ano, e multa, além da pena
que permita ao usuário realizar a correspondente à violência.

423
Código Penal
Paralisação de trabalho, seguida de tureza, mediante coação ou por de deficiência física ou mental.
violência ou perturbação da ordem meio da retenção de seus docu-
mentos pessoais ou contratuais.
Art. 200.  Participar de suspen- § 2o  A pena é aumentada de TÍTULO V – DOS CRIMES
são ou abandono coletivo de tra- um sexto a um terço se a vítima CONTRA O SENTIMENTO
balho, praticando violência contra é menor de dezoito anos, idosa, RELIGIOSO E CONTRA O
pessoa ou contra coisa: gestante, indígena ou portadora RESPEITO AOS MORTOS
Pena – detenção, de um mês de deficiência física ou mental.
a um ano, e multa, além da pena CAPÍTULO I – DOS CRIMES
correspondente à violência. Frustração de lei sobre a CONTRA O SENTIMENTO
Parágrafo único.  Para que nacionalização do trabalho RELIGIOSO
se considere coletivo o abando-
no de trabalho é indispensável o Art. 204.  Frustrar, mediante Ultraje a culto e impedimento ou
concurso de, pelo menos, três fraude ou violência, obrigação perturbação de ato a ele relativo
empregados. legal relativa à nacionalização
do trabalho: Art. 208.  Escarnecer de al-
Paralisação de trabalho Pena – detenção, de um mês guém publicamente, por motivo
de interesse coletivo a um ano, e multa, além da pena de crença ou função religiosa;
correspondente à violência. impedir ou perturbar cerimônia
Art. 201.  Participar de suspen- ou prática de culto religioso; vi-
são ou abandono coletivo de tra- Exercício de atividade com infração lipendiar publicamente ato ou
balho, provocando a interrupção de decisão administrativa objeto de culto religioso:
de obra pública ou serviço de Pena – detenção, de um mês
interesse coletivo: Art. 205.  Exercer atividade, de a um ano, ou multa.
Pena – detenção, de seis me- que está impedido por decisão Parágrafo único.  Se há em-
ses a dois anos, e multa. administrativa: prego de violência, a pena é au-
Pena – detenção, de três me- mentada de um terço, sem prejuí-
Invasão de estabelecimento industrial, ses a dois anos, ou multa. zo da correspondente à violência.
comercial ou agrícola. Sabotagem
Aliciamento para o fim de emigração
Art. 202.  Invadir ou ocupar esta- CAPÍTULO II – DOS CRIMES
belecimento industrial, comercial Art. 206.  Recrutar trabalhado- CONTRA O RESPEITO AOS
ou agrícola, com o intuito de im- res, mediante fraude, com o fim MORTOS
pedir ou embaraçar o curso nor- de levá-los para território es-
mal do trabalho, ou com o mesmo trangeiro: Impedimento ou perturbação
fim danificar o estabelecimento Pena – detenção, de um a três de cerimônia funerária
ou as coisas nele existentes ou anos, e multa.
delas dispor: Art. 209.  Impedir ou perturbar
Pena – reclusão, de um a três Aliciamento de trabalhadores de um enterro ou cerimônia funerária:
anos, e multa. local para outro do território nacional Pena – detenção, de um mês
a um ano, ou multa.
Frustração de direito assegurado Art. 207.  Aliciar trabalhadores, Parágrafo único.  Se há em-
por lei trabalhista com o fim de levá-los de uma prego de violência, a pena é au-
para outra localidade do territó- mentada de um terço, sem prejuí-
Art. 203.  Frustrar, mediante rio nacional: zo da correspondente à violência.
fraude ou violência, direito as- Pena – detenção, de um a três
segurado pela legislação do tra- anos, e multa. Violação de sepultura
balho: § 1o  Incorre na mesma pena
Pena – detenção de um ano a quem recrutar trabalhadores Art. 210.  Violar ou profanar se-
dois anos, e multa, além da pena fora da localidade de execução pultura ou urna funerária:
correspondente à violência. do trabalho, dentro do territó- Pena – reclusão, de um a três
§ 1o  Na mesma pena incor- rio nacional, mediante fraude ou anos, e multa.
re quem: cobrança de qualquer quantia do
I – obriga ou coage alguém a trabalhador, ou, ainda, não asse- Destruição, subtração ou
usar mercadorias de determinado gurar condições do seu retorno ocultação de cadáver
estabelecimento, para impossibi- ao local de origem.
litar o desligamento do serviço § 2o  A pena é aumentada de Art. 211.  Destruir, subtrair ou
em virtude de dívida; um sexto a um terço se a vítima ocultar cadáver ou parte dele:
II – impede alguém de se des- é menor de dezoito anos, idosa, Pena – reclusão, de um a três
ligar de serviços de qualquer na- gestante, indígena ou portadora anos, e multa.

424
Código Penal
Vilipêndio a cadáver tisfazer a própria lascívia ou a Estupro de vulnerável
de terceiro:
Art. 212.  Vilipendiar cadáver ou Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 Art. 217-A.  Ter conjunção carnal
suas cinzas: (cinco) anos, se o ato não constitui ou praticar outro ato libidinoso
Pena – detenção, de um a três crime mais grave. com menor de 14 (catorze) anos:
anos, e multa. Pena – reclusão, de 8 (oito) a
Atentado ao pudor mediante fraude 15 (quinze) anos.
§ 1o  Incorre na mesma pena
TÍTULO VI – DOS CRIMES Art. 216.  (Revogado) quem pratica as ações descritas
CONTRA A DIGNIDADE no caput com alguém que, por en-
SEXUAL Assédio sexual fermidade ou deficiência mental,
não tem o necessário discerni-
CAPÍTULO I – DOS CRIMES Art. 216-A.  Constranger alguém mento para a prática do ato, ou
CONTRA A LIBERDADE com o intuito de obter vantagem que, por qualquer outra causa,
SEXUAL ou favorecimento sexual, preva- não pode oferecer resistência.
lecendo-se o agente da sua con- § 2o (Vetado)
Estupro dição de superior hierárquico ou § 3o  Se da conduta resulta
ascendência inerentes ao exercí- lesão corporal de natureza grave:
Art. 213.  Constranger alguém, cio de emprego, cargo ou função: Pena – reclusão, de 10 (dez) a
mediante violência ou grave ame- Pena – detenção, de 1 (um) a 20 (vinte) anos.
aça, a ter conjunção carnal ou a 2 (dois) anos. § 4o  Se da conduta resulta
praticar ou permitir que com ele Parágrafo único. (Vetado) morte:
se pratique outro ato libidinoso: § 2o  A pena é aumentada em Pena – reclusão, de 12 (doze)
Pena – reclusão, de 6 (seis) a até um terço se a vítima é menor a 30 (trinta) anos.
10 (dez) anos. de 18 (dezoito) anos. § 5o  As penas previstas no
§ 1o  Se da conduta resulta le- caput e nos §§  1o, 3o e 4o deste
são corporal de natureza grave ou artigo aplicam-se independente-
se a vítima é menor de 18 (dezoito) CAPÍTULO I-A – DA mente do consentimento da víti-
ou maior de 14 (catorze) anos: EXPOSIÇÃO DA INTIMIDADE ma ou do fato de ela ter mantido
Pena – reclusão, de 8 (oito) a SEXUAL relações sexuais anteriormente
12 (doze) anos. ao crime.
§ 2o  Se da conduta resulta Registro não autorizado
morte: da intimidade sexual Corrupção de menores
Pena – reclusão, de 12 (doze)
a 30 (trinta) anos. Art. 216-B.  Produzir, fotografar, Art. 218.  Induzir alguém menor
filmar ou registrar, por qualquer de 14 (catorze) anos a satisfazer
Atentado violento ao pudor meio, conteúdo com cena de nu- a lascívia de outrem:
dez ou ato sexual ou libidinoso Pena – reclusão, de 2 (dois) a
Art. 214.  (Revogado) de caráter íntimo e privado sem 5 (cinco) anos.
autorização dos participantes: Parágrafo único. (Vetado)
Violação sexual mediante fraude Pena – detenção, de 6 (seis)
meses a 1 (um) ano, e multa. Satisfação de lascívia mediante
Art. 215.  Ter conjunção carnal Parágrafo único.  Na mesma presença de criança ou adolescente
ou praticar outro ato libidinoso pena incorre quem realiza mon-
com alguém, mediante fraude tagem em fotografia, vídeo, áudio Art. 218-A.  Praticar, na presen-
ou outro meio que impeça ou ou qualquer outro registro com o ça de alguém menor de 14 (cator-
dificulte a livre manifestação de fim de incluir pessoa em cena de ze) anos, ou induzi-lo a presenciar,
vontade da vítima: nudez ou ato sexual ou libidinoso conjunção carnal ou outro ato
Pena – reclusão, de 2 (dois) a de caráter íntimo. libidinoso, a fim de satisfazer
6 (seis) anos. lascívia própria ou de outrem:
Parágrafo único.  Se o crime Pena – reclusão, de 2 (dois) a
é cometido com o fim de obter CAPÍTULO II – DOS 4 (quatro) anos.
vantagem econômica, aplica-se CRIMES SEXUAIS CONTRA
também multa. VULNERÁVEL Favorecimento da prostituição
ou de outra forma de
Importunação sexual Sedução exploração sexual de criança ou
adolescente ou de vulnerável
Art. 215-A.  Praticar contra al- Art. 217.  (Revogado)
guém e sem a sua anuência ato Art. 218-B.  Submeter, induzir ou
libidinoso com o objetivo de sa- atrair à prostituição ou outra for-

425
Código Penal
ma de exploração sexual alguém ou humilhação. Estupro corretivo
menor de 18 (dezoito) anos ou que,
por enfermidade ou deficiência Exclusão de ilicitude b)  para controlar o com-
mental, não tem o necessário portamento social ou sexual da
discernimento para a prática do § 2o  Não há crime quando o vítima.
ato, facilitá-la, impedir ou dificul- agente pratica as condutas des-
tar que a abandone: critas no caput deste artigo em
Pena – reclusão, de 4 (quatro) publicação de natureza jornalís- CAPÍTULO V – DO
a 10 (dez) anos. tica, científica, cultural ou aca- LENOCÍNIO E DO TRÁFICO
§ 1o  Se o crime é praticado dêmica com a adoção de recurso DE PESSOA PARA FIM DE
com o fim de obter vantagem eco- que impossibilite a identificação PROSTITUIÇÃO OU OUTRA
nômica, aplica-se também multa. da vítima, ressalvada sua prévia FORMA DE EXPLORAÇÃO
§ 2o  Incorre nas mesmas autorização, caso seja maior de
penas: 18 (dezoito) anos. SEXUAL
I – quem pratica conjunção
carnal ou outro ato libidinoso com Mediação para servir a
alguém menor de 18 (dezoito) e CAPÍTULO III – DO RAPTO lascívia de outrem
maior de 14 (catorze) anos na si-
tuação descrita no caput deste Arts.  219 a 222.  (Revogados) Art. 227.  Induzir alguém a satis-
artigo; fazer a lascívia de outrem:
II – o proprietário, o gerente Pena – reclusão, de um a três
ou o responsável pelo local em CAPÍTULO IV – anos.
que se verifiquem as práticas DISPOSIÇÕES GERAIS § 1o  Se a vítima é maior de 14
referidas no caput deste artigo. (catorze) e menor de 18 (dezoito)
§ 3o  Na hipótese do inciso II Art. 223.  (Revogado) anos, ou se o agente é seu as-
do § 2o, constitui efeito obrigató- cendente, descendente, cônjuge
rio da condenação a cassação da Art. 224.  (Revogado) ou companheiro, irmão, tutor ou
licença de localização e de fun- curador ou pessoa a quem esteja
cionamento do estabelecimento. Ação penal confiada para fins de educação,
de tratamento ou de guarda:
Divulgação de cena de estupro ou Art. 225.  Nos crimes definidos Pena – reclusão, de dois a
de cena de estupro de vulnerável, nos Capítulos I e II deste Título, cinco anos.
de cena de sexo ou de pornografia procede-se mediante ação penal § 2o  Se o crime é cometido
pública incondicionada. com emprego de violência, grave
Art. 218-C.  Oferecer, trocar, dis- Parágrafo único. (Revogado) ameaça ou fraude:
ponibilizar, transmitir, vender ou Pena – reclusão, de dois a
expor à venda, distribuir, publicar Aumento de pena oito anos, além da pena corres-
ou divulgar, por qualquer meio pondente à violência.
– inclusive por meio de comuni- Art. 226.  A pena é aumentada: § 3o  Se o crime é cometi-
cação de massa ou sistema de I – de quarta parte, se o crime do com o fim de lucro, aplica-se
informática ou telemática –, fo- é cometido com o concurso de 2 também multa.
tografia, vídeo ou outro registro (duas) ou mais pessoas;
audiovisual que contenha cena II – de metade, se o agente é Favorecimento da prostituição ou
de estupro ou de estupro de vul- ascendente, padrasto ou madras- outra forma de exploração sexual
nerável ou que faça apologia ou ta, tio, irmão, cônjuge, compa-
induza a sua prática, ou, sem o nheiro, tutor, curador, preceptor Art. 228.  Induzir ou atrair al-
consentimento da vítima, cena ou empregador da vítima ou por guém à prostituição ou outra for-
de sexo, nudez ou pornografia: qualquer outro título tiver auto- ma de exploração sexual, facili-
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 ridade sobre ela; tá-la, impedir ou dificultar que
(cinco) anos, se o fato não cons- III – (Revogado); alguém a abandone:
titui crime mais grave. IV – de 1/3 (um terço) a 2/3 Pena – reclusão, de 2 (dois) a
(dois terços), se o crime é pra- 5 (cinco) anos, e multa.
Aumento de pena ticado: § 1o  Se o agente é ascenden-
te, padrasto, madrasta, irmão,
§ 1o  A pena é aumentada de Estupro coletivo enteado, cônjuge, companhei-
1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) ro, tutor ou curador, preceptor
se o crime é praticado por agente a)  mediante concurso de 2 ou empregador da vítima, ou se
que mantém ou tenha mantido (dois) ou mais agentes; assumiu, por lei ou outra forma,
relação íntima de afeto com a obrigação de cuidado, proteção
vítima ou com o fim de vingança ou vigilância:

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Código Penal
Pena – reclusão, de 3 (três) a Tráfico interno de pessoa para Parágrafo único.  Incorre na
8 (oito) anos. fim de exploração sexual mesma pena quem:
§ 2o  Se o crime é cometido I – vende, distribui ou expõe à
com emprego de violência, grave Art. 231-A.  (Revogado) venda ou ao público qualquer dos
ameaça ou fraude: objetos referidos neste artigo;
Pena – reclusão, de quatro a Art. 232.  (Revogado) II – realiza, em lugar público
dez anos, além da pena corres- ou acessível ao público, represen-
pondente à violência. Promoção de migração ilegal tação teatral, ou exibição cinema-
§ 3o  Se o crime é cometi- tográfica de caráter obsceno, ou
do com o fim de lucro, aplica-se Art. 232-A.  Promover, por qual- qualquer outro espetáculo, que
também multa. quer meio, com o fim de obter tenha o mesmo caráter;
vantagem econômica, a entrada III – realiza, em lugar público
Casa de prostituição ilegal de estrangeiro em território ou acessível ao público, ou pelo
nacional ou de brasileiro em país rádio, audição ou recitação de
Art. 229.  Manter, por conta pró- estrangeiro: caráter obsceno.
pria ou de terceiro, estabeleci- Pena – reclusão, de 2 (dois) a
mento em que ocorra explora- 5 (cinco) anos, e multa.
ção sexual, haja, ou não, intuito § 1o  Na mesma pena incor- CAPÍTULO VII –
de lucro ou mediação direta do re quem promover, por qualquer DISPOSIÇÕES GERAIS
proprietário ou gerente: meio, com o fim de obter vanta-
Pena – reclusão, de dois a gem econômica, a saída de es- Aumento de pena
cinco anos, e multa. trangeiro do território nacional
para ingressar ilegalmente em Art. 234-A.  Nos crimes pre-
Rufianismo país estrangeiro. vistos neste Título a pena é au-
§ 2o  A pena é aumentada de mentada:
Art. 230.  Tirar proveito da pros- 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço) se: I – (Vetado);
tituição alheia, participando dire- I – o crime é cometido com II – (Vetado);
tamente de seus lucros ou fazen- violência; ou III – de metade a 2/3 (dois ter-
do-se sustentar, no todo ou em II – a vítima é submetida a ços), se do crime resulta gravidez;
parte, por quem a exerça: condição desumana ou degra- IV – de 1/3 (um terço) a 2/3
Pena – reclusão, de um a qua- dante. (dois terços), se o agente trans-
tro anos, e multa. § 3o  A pena prevista para o mite à vítima doença sexualmen-
§ 1o  Se a vítima é menor de 18 crime será aplicada sem prejuízo te transmissível de que sabe ou
(dezoito) e maior de 14 (catorze) das correspondentes às infrações deveria saber ser portador, ou se
anos ou se o crime é cometido conexas. a vítima é idosa ou pessoa com
por ascendente, padrasto, ma- deficiência.
drasta, irmão, enteado, cônjuge,
companheiro, tutor ou curador, CAPÍTULO VI – DO Art. 234-B.  Os processos em
preceptor ou empregador da ví- ULTRAJE PÚBLICO AO que se apuram crimes definidos
tima, ou por quem assumiu, por PUDOR neste Título correrão em segredo
lei ou outra forma, obrigação de de justiça.
cuidado, proteção ou vigilância: Ato obsceno
Pena – reclusão, de 3 (três) a Art. 234-C.  (Vetado)
6 (seis) anos, e multa. Art. 233.  Praticar ato obsceno
§ 2o  Se o crime é cometido em lugar público, ou aberto ou
mediante violência, grave ame- exposto ao público: TÍTULO VII – DOS CRIMES
aça, fraude ou outro meio que Pena – detenção, de três me- CONTRA A FAMÍLIA
impeça ou dificulte a livre mani- ses a um ano, ou multa.
festação da vontade da vítima: CAPÍTULO I – DOS CRIMES
Pena – reclusão, de 2 (dois) Escrito ou objeto obsceno CONTRA O CASAMENTO
a 8 (oito) anos, sem prejuízo da
pena correspondente à violência. Art. 234.  Fazer, importar, ex- Bigamia
portar, adquirir ou ter sob sua
Tráfico internacional de pessoa guarda, para fim de comércio, Art. 235.  Contrair alguém, sendo
para fim de exploração sexual de distribuição ou de exposição casado, novo casamento:
pública, escrito, desenho, pintu- Pena – reclusão, de dois a
Art. 231.  (Revogado) ra, estampa ou qualquer objeto seis anos.
obsceno: § 1o  Aquele que, não sendo
Pena – detenção, de seis me- casado, contrai casamento com
ses a dois anos, ou multa. pessoa casada, conhecendo essa

427
Código Penal
circunstância, é punido com re- CAPÍTULO II – DOS CRIMES fixada ou majorada; deixar, sem
clusão ou detenção, de um a três CONTRA O ESTADO DE justa causa, de socorrer descen-
anos. dente ou ascendente, gravemente
§ 2o  Anulado por qualquer
FILIAÇÃO enfermo:
motivo o primeiro casamento, Registro de nascimento inexistente Pena – detenção, de 1 (um) a
ou o outro por motivo que não 4 (quatro) anos e multa, de uma a
a bigamia, considera-se inexis- Art. 241.  Promover no registro dez vezes o maior salário mínimo
tente o crime. civil a inscrição de nascimento vigente no País.
inexistente: Parágrafo único.  Nas mes-
Induzimento a erro essencial e Pena – reclusão, de dois a mas penas incide quem, sendo
ocultação de impedimento seis anos. solvente, frustra ou ilide, de qual-
quer modo, inclusive por abando-
Art. 236.  Contrair casamento, Parto suposto. Supressão ou no injustificado de emprego ou
induzindo em erro essencial o alteração de direito inerente ao função, o pagamento de pensão
outro contraente, ou ocultando- estado civil de recém-nascido alimentícia judicialmente acor-
-lhe impedimento que não seja dada, fixada ou majorada.
casamento anterior: Art. 242.  Dar parto alheio como
Pena – detenção, de seis me- próprio; registrar como seu o filho Entrega de filho menor
ses a dois anos. de outrem; ocultar recém-nas- a pessoa inidônea
Parágrafo único.  A ação pe- cido ou substituí-lo, suprimindo
nal depende de queixa do contra- ou alterando direito inerente ao Art. 245.  Entregar filho menor
ente enganado e não pode ser in- estado civil: de 18 (dezoito) anos a pessoa em
tentada senão depois de transitar Pena – reclusão, de dois a cuja companhia saiba ou deva
em julgado a sentença que, por seis anos. saber que o menor fica moral ou
motivo de erro ou impedimento, Parágrafo único.  Se o crime materialmente em perigo:
anule o casamento. é praticado por motivo de reco- Pena – detenção, de 1 (um) a
nhecida nobreza: 2 (dois) anos.
Conhecimento prévio de impedimento Pena – detenção, de um a § 1o  A pena é de 1 (um) a 4
dois anos, podendo o juiz deixar (quatro) anos de reclusão, se o
Art. 237.  Contrair casamento, de aplicar a pena. agente pratica delito para obter
conhecendo a existência de im- lucro, ou se o menor é enviado
pedimento que lhe cause a nuli- Sonegação de estado de filiação para o exterior.
dade absoluta: § 2o  Incorre, também, na
Pena – detenção, de três me- Art. 243.  Deixar em asilo de pena do parágrafo anterior quem,
ses a um ano. expostos ou outra instituição embora excluído o perigo moral
de assistência filho próprio ou ou material, auxilia a efetivação
Simulação de autoridade para alheio, ocultando-lhe a filiação de ato destinado ao envio de me-
celebração de casamento ou atribuindo-lhe outra, com o nor para o exterior, com o fito de
fim de prejudicar direito inerente obter lucro.
Art. 238.  Atribuir-se falsamente ao estado civil:
autoridade para celebração de Pena – reclusão, de um a cin- Abandono intelectual
casamento: co anos, e multa.
Pena – detenção, de um a três Art. 246.  Deixar, sem justa cau-
anos, se o fato não constitui crime sa, de prover à instrução primária
mais grave. CAPÍTULO III – DOS CRIMES de filho em idade escolar:
CONTRA A ASSISTÊNCIA Pena – detenção, de quinze
Simulação de casamento FAMILIAR dias a um mês, ou multa.

Art. 239.  Simular casamento Abandono material Art. 247.  Permitir alguém que


mediante engano de outra pes- menor de dezoito anos, sujeito
soa: Art. 244.  Deixar, sem justa cau- a seu poder ou confiado a sua
Pena – detenção, de um a sa, de prover a subsistência do guarda ou vigilância:
três anos, se o fato não constitui cônjuge, ou de filho menor de 18 I – frequente casa de jogo ou
elemento de crime mais grave. (dezoito) anos ou inapto para o mal-afamada, ou conviva com
trabalho, ou de ascendente in- pessoa viciosa ou de má vida;
Adultério válido ou maior de 60 (sessenta) II – frequente espetáculo ca-
anos, não lhes proporcionando os paz de pervertê-lo ou de ofen-
Art. 240.  (Revogado) recursos necessários ou faltan- der-lhe o pudor, ou participe de
do ao pagamento de pensão ali- representação de igual natureza;
mentícia judicialmente acordada, III – resida ou trabalhe em

428
Código Penal
casa de prostituição; TÍTULO VIII – DOS CRIMES não é dinamite ou explosivo de
IV – mendigue ou sirva a men- CONTRA A INCOLUMIDADE efeitos análogos:
digo para excitar a comiseração Pena – reclusão, de um a qua-
pública:
PÚBLICA tro anos, e multa.
Pena – detenção, de um a três CAPÍTULO I – DOS CRIMES
meses, ou multa. DE PERIGO COMUM Aumento de pena

Incêndio § 2o  As penas aumentam-se


CAPÍTULO IV – DOS CRIMES de um terço, se ocorre qualquer
CONTRA O PÁTRIO PODER, Art. 250.  Causar incêndio, ex- das hipóteses previstas no § 1o,
TUTELA OU CURATELA pondo a perigo a vida, a integri- no I, do artigo anterior, ou é visada
dade física ou o patrimônio de ou atingida qualquer das coisas
Induzimento a fuga, entrega arbitrária outrem: enumeradas no no II do mesmo
ou sonegação de incapazes Pena – reclusão, de três a seis parágrafo.
anos, e multa.
Art. 248.  Induzir menor de de- Modalidade culposa
zoito anos, ou interdito, a fugir do Aumento de pena
lugar em que se acha por determi- § 3o  No caso de culpa, se a
nação de quem sobre ele exerce § 1o  As penas aumentam-se explosão é de dinamite ou subs-
autoridade, em virtude de lei ou de de um terço: tância de efeitos análogos, a pena
ordem judicial; confiar a outrem I – se o crime é cometido com é de detenção, de seis meses a
sem ordem do pai, do tutor ou do intuito de obter vantagem pecuni- dois anos; nos demais casos, é
curador algum menor de dezoito ária em proveito próprio ou alheio; de detenção, de três meses a
anos ou interdito, ou deixar, sem II – se o incêndio é: um ano.
justa causa, de entregá-lo a quem a)  em casa habitada ou des-
legitimamente o reclame: tinada a habitação; Uso de gás tóxico ou asfixiante
Pena – detenção, de um mês b)  em edifício público ou des-
a um ano, ou multa. tinado a uso público ou a obra de Art. 252.  Expor a perigo a vida, a
assistência social ou de cultura; integridade física ou o patrimônio
Subtração de incapazes c)  em embarcação, aerona- de outrem, usando de gás tóxico
ve, comboio ou veículo de trans- ou asfixiante:
Art. 249.  Subtrair menor de de- porte coletivo; Pena – reclusão, de um a qua-
zoito anos ou interdito ao poder d)  em estação ferroviária ou tro anos, e multa.
de quem o tem sob sua guarda em aeródromo;
virtude de lei ou de ordem judicial: e)  em estaleiro, fábrica ou Modalidade culposa
Pena – detenção, de dois me- oficina;
ses a dois anos, se o fato não f)  em depósito de explosivo, Parágrafo único.  Se o crime
constitui elemento de outro cri- combustível ou inflamável; é culposo:
me. g)  em poço petrolífero ou Pena – detenção, de três me-
§ 1o  O fato de ser o agente pai galeria de mineração; ses a um ano.
ou tutor do menor ou curador do h)  em lavoura, pastagem,
interdito não o exime de pena, se mata ou floresta. Fabrico, fornecimento, aquisição,
destituído ou temporariamente posse ou transporte de explosivos
privado do pátrio poder, tutela, Incêndio culposo ou gás tóxico, ou asfixiante
curatela ou guarda.
§ 2o  No caso de restituição § 2o  Se culposo o incêndio, Art. 253.  Fabricar, fornecer, ad-
do menor ou do interdito, se este a pena é de detenção, de seis quirir, possuir ou transportar, sem
não sofreu maus-tratos ou priva- meses a dois anos. licença da autoridade, substância
ções, o juiz pode deixar de apli- ou engenho explosivo, gás tóxico
car pena. Explosão ou asfixiante, ou material desti-
nado à sua fabricação:
Art. 251.  Expor a perigo a vida, a Pena – detenção, de seis me-
integridade física ou o patrimônio ses a dois anos, e multa.
de outrem, mediante explosão,
arremesso ou simples colocação Inundação
de engenho de dinamite ou de
substância de efeitos análogos: Art. 254.  Causar inundação,
Pena – reclusão, de três a seis expondo a perigo a vida, a in-
anos, e multa. tegridade física ou o patrimônio
§ 1o  Se a substância utilizada de outrem:

429
Código Penal
Pena – reclusão, de três a seis -se a pena cominada ao homicídio de ferro qualquer via de comuni-
anos, e multa, no caso de dolo, ou culposo, aumentada de um terço. cação em que circulem veículos
detenção, de seis meses a dois de tração mecânica, em trilhos ou
anos, no caso de culpa. Difusão de doença ou praga por meio de cabo aéreo.

Perigo de inundação Art. 259.  Difundir doença ou Atentado contra a segurança de


praga que possa causar dano a transporte marítimo, fluvial ou aéreo
Art. 255.  Remover, destruir ou floresta, plantação ou animais
inutilizar, em prédio próprio ou de utilidade econômica: Art. 261.  Expor a perigo embar-
alheio, expondo a perigo a vida, Pena – reclusão, de dois a cação ou aeronave, própria ou
a integridade física ou o patri- cinco anos, e multa. alheia, ou praticar qualquer ato
mônio de outrem, obstáculo na- tendente a impedir ou dificul-
tural ou obra destinada a impedir Modalidade culposa tar navegação marítima, fluvial
inundação: ou aérea:
Pena – reclusão, de um a três Parágrafo único.  No caso de Pena – reclusão, de dois a
anos, e multa. culpa, a pena é de detenção, de cinco anos.
um a seis meses, ou multa.
Desabamento ou desmoronamento Sinistro em transporte
marítimo, fluvial ou aéreo
Art. 256.  Causar desabamento CAPÍTULO II – DOS
ou desmoronamento, expondo a CRIMES CONTRA A § 1o  Se do fato resulta nau-
perigo a vida, a integridade física SEGURANÇA DOS MEIOS frágio, submersão ou encalhe
ou o patrimônio de outrem: DE COMUNICAÇÃO E de embarcação ou a queda ou
Pena – reclusão, de um a qua- TRANSPORTE E OUTROS destruição de aeronave:
tro anos, e multa. Pena – reclusão, de quatro a
SERVIÇOS PÚBLICOS doze anos.
Modalidade culposa
Perigo de desastre ferroviário Prática do crime com o fim de lucro
Parágrafo único.  Se o crime
é culposo: Art. 260.  Impedir ou perturbar § 2o  Aplica-se, também, a
Pena – detenção, de seis me- serviço de estrada de ferro: pena de multa, se o agente prati-
ses a um ano. I – destruindo, danificando ca o crime com o intuito de obter
ou desarranjando, total ou par- vantagem econômica, para si ou
Subtração, ocultação ou inutilização cialmente, linha férrea, material para outrem.
de material de salvamento rodante ou de tração, obra de arte
ou instalação; Modalidade culposa
Art. 257.  Subtrair, ocultar ou II – colocando obstáculo na
inutilizar, por ocasião de incêndio, linha; § 3o  No caso de culpa, se
inundação, naufrágio, ou outro III – transmitindo falso aviso ocorre o sinistro:
desastre ou calamidade, apare- acerca do movimento dos veícu- Pena – detenção, de seis me-
lho, material ou qualquer meio los ou interrompendo ou embara- ses a dois anos.
destinado a serviço de combate çando o funcionamento de telé-
ao perigo, de socorro ou salva- grafo, telefone ou radiotelegrafia; Atentado contra a segurança
mento; ou impedir ou dificultar IV – praticando outro ato de de outro meio de transporte
serviço de tal natureza: que possa resultar desastre:
Pena – reclusão, de dois a Pena – reclusão, de dois a Art. 262.  Expor a perigo outro
cinco anos, e multa. cinco anos, e multa. meio de transporte público, im-
pedir-lhe ou dificultar-lhe o fun-
Formas qualificadas de Desastre ferroviário cionamento:
crime de perigo comum Pena – detenção, de um a
§ 1o  Se do fato resulta de- dois anos.
Art. 258.  Se do crime doloso de sastre: § 1o  Se do fato resulta desas-
perigo comum resulta lesão cor- Pena – reclusão, de quatro a tre, a pena é de reclusão, de dois
poral de natureza grave, a pena doze anos, e multa. a cinco anos.
privativa de liberdade é aumen- § 2o  No caso de culpa, ocor- § 2o  No caso de culpa, se
tada de metade; se resulta morte, rendo desastre: ocorre desastre:
é aplicada em dobro. No caso de Pena – detenção, de seis me- Pena – detenção, de três me-
culpa, se do fato resulta lesão ses a dois anos. ses a um ano.
corporal, a pena aumenta-se de § 3o  Para os efeitos deste
metade; se resulta morte, aplica- artigo, entende-se por estrada

430
Código Penal
Forma qualificada CAPÍTULO III – DOS CRIMES Pena – detenção, de seis me-
CONTRA A SAÚDE PÚBLICA ses a dois anos.
Art. 263.  Se de qualquer dos cri-
mes previstos nos arts. 260 a 262, Epidemia Corrupção ou poluição de água potável
no caso de desastre ou sinistro,
resulta lesão corporal ou morte, Art. 267.  Causar epidemia, me- Art. 271.  Corromper ou poluir
aplica-se o disposto no art. 258. diante a propagação de germes água potável, de uso comum ou
patogênicos: particular, tornando-a imprópria
Arremesso de projétil Pena – reclusão, de dez a para consumo ou nociva à saúde:
quinze anos. Pena – reclusão, de dois a
Art. 264.  Arremessar projétil § 1o  Se do fato resulta morte, cinco anos.
contra veículo, em movimento, a pena é aplicada em dobro.
destinado ao transporte público § 2o  No caso de culpa, a pena Modalidade culposa
por terra, por água ou pelo ar: é de detenção, de um a dois anos,
Pena – detenção, de um a ou, se resulta morte, de dois a Parágrafo único.  Se o crime
seis meses. quatro anos. é culposo:
Parágrafo único.  Se do fato Pena – detenção, de dois me-
resulta lesão corporal, a pena é Infração de medida ses a um ano.
de detenção, de seis meses a dois sanitária preventiva
anos; se resulta morte, a pena é Falsificação, corrupção, adulteração
a do art. 121, § 3o, aumentada de Art. 268.  Infringir determinação ou alteração de substância
um terço. do poder público, destinada a im- ou produtos alimentícios
pedir introdução ou propagação
Atentado contra a segurança de de doença contagiosa: Art. 272.  Corromper, adulterar,
serviço de utilidade pública Pena – detenção, de um mês falsificar ou alterar substância ou
a um ano, e multa. produto alimentício destinado a
Art. 265.  Atentar contra a se- Parágrafo único.  A pena é consumo, tornando-o nocivo à
gurança ou o funcionamento de aumentada de um terço, se o saúde ou reduzindo-lhe o valor
serviço de água, luz, força ou agente é funcionário da saúde nutritivo:8
calor, ou qualquer outro de uti- pública ou exerce a profissão de Pena – reclusão, de 4 (quatro)
lidade pública: médico, farmacêutico, dentista a 8 (oito) anos, e multa.
Pena – reclusão, de um a cin- ou enfermeiro. § 1o-A.  Incorre nas penas
co anos, e multa. deste artigo quem fabrica, ven-
Parágrafo único. Aumentar- Omissão de notificação de doença de, expõe à venda, importa, tem
-se-á a pena de 1/3 (um terço) até em depósito para vender ou, de
a metade, se o dano ocorrer em Art. 269.  Deixar o médico de qualquer forma, distribui ou en-
virtude de subtração de material denunciar à autoridade pública trega a consumo a substância
essencial ao funcionamento dos doença cuja notificação é com- alimentícia ou o produto falsifi-
serviços. pulsória: cado, corrompido ou adulterado.
Pena – detenção, de seis me- § 1o  Está sujeito às mesmas
Interrupção ou perturbação de ses a dois anos, e multa. penas quem pratica as ações
serviço telegráfico, telefônico, previstas neste artigo em rela-
informático, telemático ou de Envenenamento de água potável ou de ção a bebidas, com ou sem teor
informação de utilidade pública substância alimentícia ou medicinal alcoólico.

Art. 266.  Interromper ou pertur- Art. 270.  Envenenar água po- Modalidade culposa


bar serviço telegráfico, radiotele- tável, de uso comum ou particu-
gráfico ou telefônico, impedir ou lar, ou substância alimentícia ou § 2o  Se o crime é culposo:
dificultar-lhe o restabelecimento: medicinal destinada a consumo: Pena – detenção, de 1 (um) a
Pena – detenção, de um a três Pena – reclusão, de dez a 2 (dois) anos, e multa.
anos, e multa. quinze anos.
§ 1o  Incorre na mesma pena § 1o  Está sujeito à mesma Falsificação, corrupção, adulteração
quem interrompe serviço telemá- pena quem entrega a consumo ou alteração de produto destinado
tico ou de informação de utilidade ou tem em depósito, para o fim a fins terapêuticos ou medicinais
pública, ou impede ou dificulta- de ser distribuída, a água ou a
-lhe o restabelecimento. substância envenenada. Art. 273.  Falsificar, corrom-
§ 2o  Aplicam-se as penas em
dobro se o crime é cometido por Modalidade culposa 8
  NE: a ordem de apresentação dos pará-
ocasião de calamidade pública. grafos deste artigo obedece à publicação
§ 2   Se o crime é culposo:
o
original.

431
Código Penal
per, adulterar ou alterar produto Invólucro ou recipiente Medicamento em desacordo
destinado a fins terapêuticos ou com falsa indicação com receita médica
medicinais:
Pena – reclusão, de 10 (dez) a Art. 275.  Inculcar, em invólucro Art. 280.  Fornecer substância
15 (quinze) anos, e multa. ou recipiente de produtos alimen- medicinal em desacordo com re-
§ 1o  Nas mesmas penas in- tícios, terapêuticos ou medici- ceita médica:
corre quem importa, vende, expõe nais, a existência de substância Pena – detenção, de um a três
à venda, tem em depósito para que não se encontra em seu con- anos, ou multa.
vender ou, de qualquer forma, teúdo ou que nele existe em quan-
distribui ou entrega a consumo o tidade menor que a mencionada: Modalidade culposa
produto falsificado, corrompido, Pena – reclusão, de 1 (um) a
adulterado ou alterado. 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único.  Se o crime
§ 1o-A.  Incluem-se entre os é culposo:
produtos a que se refere este Produto ou substância nas condições Pena – detenção, de dois me-
artigo os medicamentos, as ma- dos dois artigos anteriores ses a um ano.
térias-primas, os insumos farma-
cêuticos, os cosméticos, os sane- Art. 276.  Vender, expor à venda, Art. 281.  (Revogado)
antes e os de uso em diagnóstico. ter em depósito para vender ou,
§ 1o-B.  Está sujeito às pe- de qualquer forma, entregar a Exercício ilegal da medicina, arte
nas deste artigo quem pratica consumo produto nas condições dentária ou farmacêutica
as ações previstas no §  1o em dos arts. 274 e 275:
relação a produtos em qualquer Pena – reclusão, de 1 (um) a Art. 282.  Exercer, ainda que a
das seguintes condições: 5 (cinco) anos, e multa. título gratuito, a profissão de mé-
I – sem registro, quando exi- dico, dentista ou farmacêutico,
gível, no órgão de vigilância sa- Substância destinada à falsificação sem autorização legal ou exce-
nitária competente; dendo-lhe os limites:
II – em desacordo com a fór- Art. 277.  Vender, expor à venda, Pena – detenção, de seis me-
mula constante do registro pre- ter em depósito ou ceder subs- ses a dois anos.
visto no inciso anterior; tância destinada à falsificação Parágrafo único.  Se o crime
III – sem as características de de produtos alimentícios, tera- é praticado com o fim de lucro,
identidade e qualidade admitidas pêuticos ou medicinais: aplica-se também multa.
para a sua comercialização; Pena – reclusão, de 1 (um) a
IV – com redução de seu valor 5 (cinco) anos, e multa. Charlatanismo
terapêutico ou de sua atividade;
V – de procedência ignorada; Outras substâncias nocivas Art. 283.  Inculcar ou anunciar
VI – adquiridos de estabeleci- à saúde pública cura por meio secreto ou infalível:
mento sem licença da autoridade Pena – detenção, de três me-
sanitária competente. Art. 278.  Fabricar, vender, expor ses a um ano, e multa.
à venda, ter em depósito para
Modalidade culposa vender ou, de qualquer forma, en- Curandeirismo
tregar a consumo coisa ou subs-
§ 2o  Se o crime é culposo: tância nociva à saúde, ainda que Art. 284.  Exercer o curandei-
Pena – detenção, de 1 (um) a não destinada à alimentação ou rismo:
3 (três) anos, e multa. a fim medicinal: I – prescrevendo, ministran-
Pena – detenção, de um a três do ou aplicando, habitualmente,
Emprego de processo proibido ou anos, e multa. qualquer substância;
de substância não permitida II – usando gestos, palavras
Modalidade culposa ou qualquer outro meio;
Art. 274.  Empregar, no fabrico III – fazendo diagnósticos:
de produto destinado ao consu- Parágrafo único.  Se o crime Pena – detenção, de seis me-
mo, revestimento, gaseificação é culposo: ses a dois anos.
artificial, matéria corante, subs- Pena – detenção, de dois me- Parágrafo único.  Se o crime
tância aromática, antisséptica, ses a um ano. é praticado mediante remunera-
conservadora ou qualquer outra ção, o agente fica também sujeito
não expressamente permitida Substância avariada à multa.
pela legislação sanitária:
Pena – reclusão, de 1 (um) a Art. 279.  (Revogado) Forma qualificada
5 (cinco) anos, e multa.
Art. 285.  Aplica-se o disposto
no art. 258 aos crimes previstos

432
Código Penal
neste Capítulo, salvo quanto ao TÍTULO X – DOS CRIMES e o da multa a10, se o crime é co-
definido no art. 267. CONTRA A FÉ PÚBLICA metido por funcionário que traba-
lha na repartição onde o dinheiro
CAPÍTULO I – DA MOEDA se achava recolhido, ou nela tem
TÍTULO IX – DOS CRIMES fácil ingresso, em razão do cargo.
FALSA
CONTRA A PAZ PÚBLICA
Moeda Falsa Petrechos para falsificação de moeda
Incitação ao crime
Art. 289.  Falsificar, fabricando- Art. 291.  Fabricar, adquirir, for-
Art. 286.  Incitar, publicamente, -a ou alterando-a, moeda metáli- necer, a título oneroso ou gratuito,
a prática de crime: ca ou papel-moeda de curso legal possuir ou guardar maquinismo,
Pena – detenção, de três a no país ou no estrangeiro: aparelho, instrumento ou qual-
seis meses, ou multa. Pena – reclusão, de três a quer objeto especialmente des-
Parágrafo único.  Incorre na doze anos, e multa. tinado à falsificação de moeda:
mesma pena quem incita, publi- § 1o  Nas mesmas penas in- Pena – reclusão, de dois a seis
camente, animosidade entre as corre quem, por conta própria ou anos, e multa.
Forças Armadas, ou delas contra alheia, importa ou exporta, adqui-
os poderes constitucionais, as re, vende, troca, cede, empresta, Emissão de título ao portador
instituições civis ou a sociedade. guarda ou introduz na circulação sem permissão legal
moeda falsa.
Apologia de crime ou criminoso § 2o  Quem, tendo recebido Art. 292.  Emitir, sem permissão
de boa-fé, como verdadeira, mo- legal, nota, bilhete, ficha, vale ou
Art. 287.  Fazer, publicamente, eda falsa ou alterada, a restitui à título que contenha promessa de
apologia de fato criminoso ou de circulação, depois de conhecer a pagamento em dinheiro ao por-
autor de crime:9 falsidade, é punido com deten- tador ou a que falte indicação
Pena – detenção, de três a ção, de seis meses a dois anos, do nome da pessoa a quem deva
seis meses, ou multa. e multa. ser pago:
§ 3o  É punido com reclusão, Pena – detenção, de um a seis
Associação Criminosa de três a quinze anos, e multa, o meses, ou multa.
funcionário público ou diretor, Parágrafo único.  Quem rece-
Art. 288.  Associarem-se 3 (três) gerente, ou fiscal de banco de be ou utiliza como dinheiro qual-
ou mais pessoas, para o fim espe- emissão que fabrica, emite ou quer dos documentos referidos
cífico de cometer crimes: autoriza a fabricação ou emissão: neste artigo, incorre na pena de
Pena – reclusão, de 1 (um) a I – de moeda com título ou detenção, de quinze dias a três
3 (três) anos. peso inferior ao determinado meses, ou multa.
Parágrafo único.  A pena au- em lei;
menta-se até a metade se a as- II – de papel-moeda em quan-
sociação é armada ou se hou- tidade superior à autorizada. CAPÍTULO II – DA
ver a participação de criança ou § 4o  Nas mesmas penas in- FALSIDADE DE TÍTULOS E
adolescente. corre quem desvia e faz circular OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS
moeda, cuja circulação não es-
Constituição de milícia privada tava ainda autorizada. Falsificação de papéis públicos

Art. 288-A.  Constituir, organi- Crimes assimilados ao de moeda falsa Art. 293.  Falsificar, fabricando-
zar, integrar, manter ou custear -os ou alterando-os:
organização paramilitar, milícia Art. 290.  Formar cédula, nota ou I – selo destinado a controle
particular, grupo ou esquadrão bilhete representativo de moeda tributário, papel selado ou qual-
com a finalidade de praticar qual- com fragmentos de cédulas, no- quer papel de emissão legal des-
quer dos crimes previstos neste tas ou bilhetes verdadeiros; su- tinado à arrecadação de tributo;
Código: primir, em nota, cédula ou bilhete II – papel de crédito público
Pena – reclusão, de 4 (quatro) recolhidos, para o fim de restituí- que não seja moeda de curso
a 8 (oito) anos. -los à circulação, sinal indicativo legal;
de sua inutilização; restituir à III – vale postal;
circulação cédula, nota ou bilhete IV – cautela de penhor, cader-
em tais condições, ou já recolhi- neta de depósito de caixa econô-
dos para o fim de inutilização:
Pena – reclusão, de dois a oito
anos, e multa.   NE: o valor máximo da multa foi suprimido
10

conforme o estabelecido pelo art. 2o da Lei


Parágrafo único.  O máximo no 7.209/1984, que determinou o cancela-
  NE: ver ADPF no 187.
9 da reclusão é elevado a doze anos mento das referências a valores de multas.

433
Código Penal
mica ou de outro estabelecimento § 5o  Equipara-se a atividade Falsificação de documento público
mantido por entidade de direito comercial, para os fins do inciso
público; III do § 1o, qualquer forma de co- Art. 297.  Falsificar, no todo ou
V – talão, recibo, guia, alvará mércio irregular ou clandestino, em parte, documento público,
ou qualquer outro documento inclusive o exercido em vias, pra- ou alterar documento público
relativo a arrecadação de ren- ças ou outros logradouros públi- verdadeiro:
das públicas ou a depósito ou cos e em residências. Pena – reclusão, de dois a seis
caução por que o poder público anos, e multa.
seja responsável; Petrechos de falsificação § 1o  Se o agente é funcionário
VI – bilhete, passe ou conheci- público, e comete o crime preva-
mento de empresa de transporte Art. 294.  Fabricar, adquirir, for- lecendo-se do cargo, aumenta-se
administrada pela União, por Es- necer, possuir ou guardar objeto a pena de sexta parte.
tado ou por Município: especialmente destinado à falsi- § 2o  Para os efeitos penais,
Pena – reclusão, de dois a oito ficação de qualquer dos papéis equiparam-se a documento pú-
anos, e multa. referidos no artigo anterior: blico o emanado de entidade pa-
§ 1o  Incorre na mesma pena Pena – reclusão, de um a três raestatal, o título ao portador ou
quem: anos, e multa. transmissível por endosso, as
I – usa, guarda, possui ou de- ações de sociedade comercial, os
tém qualquer dos papéis falsifi- Art. 295.  Se o agente é funcio- livros mercantis e o testamento
cados a que se refere este artigo; nário público, e comete o crime particular.
II – importa, exporta, adqui- prevalecendo-se do cargo, au- § 3o  Nas mesmas penas in-
re, vende, troca, cede, empresta, menta-se a pena de sexta parte. corre quem insere ou faz inserir:
guarda, fornece ou restitui à cir- I – na folha de pagamento ou
culação selo falsificado destinado em documento de informações
a controle tributário; CAPÍTULO III – DA que seja destinado a fazer prova
III – importa, exporta, adquire, FALSIDADE DOCUMENTAL perante a previdência social, pes-
vende, expõe à venda, mantém soa que não possua a qualidade
em depósito, guarda, troca, cede, Falsificação do selo ou sinal público de segurado obrigatório;
empresta, fornece, porta ou, de II – na Carteira de Trabalho e
qualquer forma, utiliza em pro- Art. 296.  Falsificar, fabricando- Previdência Social do empregado
veito próprio ou alheio, no exer- -os ou alterando-os: ou em documento que deva pro-
cício de atividade comercial ou I – selo público destinado a duzir efeito perante a previdência
industrial, produto ou mercadoria: autenticar atos oficiais da União, social, declaração falsa ou diversa
a)  em que tenha sido aplica- de Estado ou de Município; da que deveria ter sido escrita;
do selo que se destine a controle II – selo ou sinal atribuído por III – em documento contábil
tributário, falsificado; lei a entidade de direito público, ou em qualquer outro documento
b)  sem selo oficial, nos casos ou a autoridade, ou sinal público relacionado com as obrigações da
em que a legislação tributária de tabelião: empresa perante a previdência
determina a obrigatoriedade de Pena – reclusão, de dois a seis social, declaração falsa ou diver-
sua aplicação. anos, e multa. sa da que deveria ter constado.
§ 2o  Suprimir, em qualquer § 1o  Incorre nas mesmas § 4o  Nas mesmas penas in-
desses papéis, quando legítimos, penas: corre quem omite, nos documen-
com o fim de torná-los novamente I – quem faz uso do selo ou tos mencionados no § 3o, nome do
utilizáveis, carimbo ou sinal indi- sinal falsificado; segurado e seus dados pessoais,
cativo de sua inutilização: II – quem utiliza indevidamen- a remuneração, a vigência do con-
Pena – reclusão, de um a qua- te o selo ou sinal verdadeiro em trato de trabalho ou de prestação
tro anos, e multa. prejuízo de outrem ou em proveito de serviços.
§ 3o  Incorre na mesma pena próprio ou alheio;
quem usa, depois de alterado, III – quem altera, falsifica ou Falsificação de documento particular
qualquer dos papéis a que se re- faz uso indevido de marcas, logo-
fere o parágrafo anterior. tipos, siglas ou quaisquer outros Art. 298.  Falsificar, no todo ou
§ 4o  Quem usa ou restitui à símbolos utilizados ou identifica- em parte, documento particular
circulação, embora recebido de dores de órgãos ou entidades da ou alterar documento particular
boa-fé, qualquer dos papéis fal- Administração Pública. verdadeiro:
sificados ou alterados, a que se § 2o  Se o agente é funcio- Pena – reclusão, de um a cin-
referem este artigo e o seu § 2o, nário público, e comete o crime co anos, e multa.
depois de conhecer a falsidade prevalecendo-se do cargo, au-
ou alteração, incorre na pena de menta-se a pena de sexta parte. Falsificação de cartão
detenção, de seis meses a dois
anos, ou multa. Parágrafo único.  Para fins do

434
Código Penal
disposto no caput, equipara-se a atestado verdadeiro, para prova anos, e multa, se o documento é
documento particular o cartão de de fato ou circunstância que habi- particular.
crédito ou débito. lite alguém a obter cargo público,
isenção de ônus ou de serviço de
Falsidade ideológica caráter público, ou qualquer outra CAPÍTULO IV – DE OUTRAS
vantagem: FALSIDADES
Art. 299.  Omitir, em documento Pena – detenção, de três me-
público ou particular, declaração ses a dois anos. Falsificação do sinal empregado
que dele devia constar, ou nele § 2o  Se o crime é praticado no contraste de metal precioso
inserir ou fazer inserir declaração com o fim de lucro, aplica-se, ou na fiscalização alfandegária,
falsa ou diversa da que devia ser além da pena privativa de liber- ou para outros fins
escrita, com o fim de prejudicar dade, a de multa.
direito, criar obrigação ou alterar Art. 306.  Falsificar, fabricando-
a verdade sobre fato juridicamen- Falsidade de atestado médico -o ou alterando-o, marca ou sinal
te relevante: empregado pelo poder público no
Pena – reclusão, de um a cin- Art. 302.  Dar o médico, no exer- contraste de metal precioso ou na
co anos, e multa, se o documento cício da sua profissão, atestado fiscalização alfandegária, ou usar
é público, e reclusão, de um a três falso: marca ou sinal dessa natureza,
anos, e multa, se o documento é Pena – detenção, de um mês falsificado por outrem:
particular. a um ano. Pena – reclusão, de dois a seis
Parágrafo único.  Se o agente Parágrafo único.  Se o crime anos, e multa.
é funcionário público, e comete o é cometido com o fim de lucro, Parágrafo único.  Se a marca
crime prevalecendo-se do cargo, aplica-se também multa. ou sinal falsificado é o que usa a
ou se a falsificação ou alteração autoridade pública para o fim de
é de assentamento de registro Reprodução ou adulteração fiscalização sanitária, ou para
civil, aumenta-se a pena de sex- de selo ou peça filatélica autenticar ou encerrar determina-
ta parte. dos objetos, ou comprovar o cum-
Art. 303.  Reproduzir ou alterar primento de formalidade legal:
Falso reconhecimento selo ou peça filatélica que tenha Pena – reclusão ou detenção,
de firma ou letra valor para coleção, salvo quando de um a três anos, e multa.
a reprodução ou a alteração está
Art. 300.  Reconhecer, como visivelmente anotada na face ou Falsa identidade
verdadeira, no exercício de fun- no verso do selo ou peça:
ção pública, firma ou letra que o Pena – detenção, de um a três Art. 307.  Atribuir-se ou atribuir a
não seja: anos, e multa. terceiro falsa identidade para ob-
Pena – reclusão, de um a Parágrafo único.  Na mesma ter vantagem, em proveito próprio
cinco anos, e multa, se o docu- pena incorre quem, para fins de ou alheio, ou para causar dano a
mento é público; e de um a três comércio, faz uso do selo ou peça outrem:
anos, e multa, se o documento é filatélica. Pena – detenção, de três me-
particular. ses a um ano, ou multa, se o fato
Uso de documento falso não constitui elemento de crime
Certidão ou atestado mais grave.
ideologicamente falso Art. 304.  Fazer uso de qual-
quer dos papéis falsificados ou Art. 308.  Usar, como próprio,
Art. 301.  Atestar ou certificar alterados, a que se referem os passaporte, título de eleitor, ca-
falsamente, em razão de função arts. 297 a 302: derneta de reservista ou qualquer
pública, fato ou circunstância Pena – a cominada à falsifi- documento de identidade alheia
que habilite alguém a obter car- cação ou à alteração. ou ceder a outrem, para que dele
go público, isenção de ônus ou se utilize, documento dessa na-
de serviço de caráter público, ou Supressão de documento tureza, próprio ou de terceiro:
qualquer outra vantagem: Pena – detenção, de quatro
Pena – detenção, de dois me- Art. 305.  Destruir, suprimir ou meses a dois anos, e multa, se o
ses a um ano. ocultar, em benefício próprio ou fato não constitui elemento de
de outrem, ou em prejuízo alheio, crime mais grave.
Falsidade material de documento público ou particu-
atestado ou certidão lar verdadeiro, de que não podia Fraude de lei sobre estrangeiro
dispor:
§ 1o  Falsificar, no todo ou em Pena – reclusão, de dois a seis Art. 309.  Usar o estrangeiro,
parte, atestado ou certidão, ou anos, e multa, se o documento é para entrar ou permanecer no
alterar o teor de certidão ou de público, e reclusão, de um a cinco território nacional, nome que não

435
Código Penal
é o seu: letivo previstos em lei: extingue a punibilidade; se lhe
Pena – detenção, de um a três Pena – reclusão, de 1 (um) a é posterior, reduz de metade a
anos, e multa. 4 (quatro) anos, e multa. pena imposta.
Parágrafo único.  Atribuir a § 1o  Nas mesmas penas in-
estrangeiro falsa qualidade para corre quem permite ou facilita, Peculato mediante erro de outrem
promover-lhe a entrada em terri- por qualquer meio, o acesso de
tório nacional: pessoas não autorizadas às infor- Art. 313.  Apropriar-se de dinhei-
Pena – reclusão, de um a qua- mações mencionadas no caput. ro ou qualquer utilidade que, no
tro anos, e multa. § 2o  Se da ação ou omissão exercício do cargo, recebeu por
resulta dano à administração pú- erro de outrem:
Art. 310.  Prestar-se a figurar blica: Pena – reclusão, de um a qua-
como proprietário ou possuidor Pena – reclusão, de 2 (dois) a tro anos, e multa.
de ação, título ou valor perten- 6 (seis) anos, e multa.
cente a estrangeiro, nos casos em § 3o  Aumenta-se a pena de Inserção de dados falsos em
que a este é vedada por lei a pro- 1/3 (um terço) se o fato é cometido sistema de informações
priedade ou a posse de tais bens: por funcionário público.
Pena – detenção, de seis me- Art. 313-A.  Inserir ou facilitar, o
ses a três anos, e multa. funcionário autorizado, a inserção
TÍTULO XI – DOS CRIMES de dados falsos, alterar ou excluir
Adulteração de sinal identificador CONTRA A ADMINISTRAÇÃO indevidamente dados corretos
de veículo automotor PÚBLICA nos sistemas informatizados ou
bancos de dados da Administra-
Art. 311.  Adulterar ou remarcar CAPÍTULO I – DOS ção Pública com o fim de obter
número de chassi ou qualquer CRIMES PRATICADOS POR vantagem indevida para si ou para
sinal identificador de veículo au- FUNCIONÁRIO PÚBLICO outrem ou para causar dano:
tomotor, de seu componente ou CONTRA A ADMINISTRAÇÃO Pena – reclusão, de 2 (dois) a
equipamento: 12 (doze) anos, e multa.
Pena – reclusão, de três a seis EM GERAL
anos, e multa. Modificação ou alteração não
§ 1o  Se o agente comete o Peculato autorizada de sistema de informações
crime no exercício da função pú-
blica ou em razão dela, a pena é Art. 312.  Apropriar-se o funcio- Art. 313-B.  Modificar ou alterar,
aumentada de um terço. nário público de dinheiro, valor o funcionário, sistema de infor-
§ 2o  Incorre nas mesmas pe- ou qualquer outro bem móvel, mações ou programa de informá-
nas o funcionário público que público ou particular, de que tem tica sem autorização ou solicita-
contribui para o licenciamento a posse em razão do cargo, ou ção de autoridade competente:
ou registro do veículo remarcado desviá-lo, em proveito próprio Pena – detenção, de 3 (três)
ou adulterado, fornecendo inde- ou alheio: meses a 2 (dois) anos, e multa.
vidamente material ou informa- Pena – reclusão, de dois a Parágrafo único.  As penas
ção oficial. doze anos, e multa. são aumentadas de um terço
§ 1o  Aplica-se a mesma pena, até a metade se da modificação
se o funcionário público, embora ou alteração resulta dano para a
CAPÍTULO V – DAS não tendo a posse do dinheiro, Administração Pública ou para o
FRAUDES EM CERTAMES valor ou bem, o subtrai, ou con- administrado.
DE INTERESSE PÚBLICO corre para que seja subtraído,
em proveito próprio ou alheio, Extravio, sonegação ou inutilização
Fraudes em certames de valendo-se de facilidade que lhe de livro ou documento
interesse público proporciona a qualidade de fun-
cionário. Art. 314.  Extraviar livro oficial
Art. 311-A.  Utilizar ou divulgar, ou qualquer documento, de que
indevidamente, com o fim de be- Peculato culposo tem a guarda em razão do cargo;
neficiar a si ou a outrem, ou de sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou
comprometer a credibilidade do § 2o  Se o funcionário con- parcialmente:
certame, conteúdo sigiloso de: corre culposamente para o crime Pena – reclusão, de um a qua-
I – concurso público; de outrem: tro anos, se o fato não constitui
II – avaliação ou exame pú- Pena – detenção, de três me- crime mais grave.
blicos; ses a um ano.
III – processo seletivo para § 3o  No caso do parágrafo
ingresso no ensino superior; ou anterior, a reparação do dano, se
IV – exame ou processo se- precede a sentença irrecorrível,

436
Código Penal
Emprego irregular de verbas Facilitação de contrabando Violência arbitrária
ou rendas públicas ou descaminho
Art. 322.  Praticar violência, no
Art. 315.  Dar às verbas ou ren- Art. 318.  Facilitar, com infra- exercício de função ou a pretexto
das públicas aplicação diversa da ção de dever funcional, a prática de exercê-la:
estabelecida em lei: de contrabando ou descaminho Pena – detenção, de seis me-
Pena – detenção, de um a três (art. 334): ses a três anos, além da pena
meses, ou multa. Pena – reclusão, de 3 (três) a correspondente à violência.
8 (oito) anos, e multa.
Concussão Abandono de função
Prevaricação
Art. 316.  Exigir, para si ou para Art. 323.  Abandonar cargo pú-
outrem, direta ou indiretamente, Art. 319.  Retardar ou deixar de blico, fora dos casos permitidos
ainda que fora da função ou antes praticar, indevidamente, ato de em lei:
de assumi-la, mas em razão dela, ofício, ou praticá-lo contra dis- Pena – detenção, de quinze
vantagem indevida: posição expressa de lei, para sa- dias a um mês, ou multa.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a tisfazer interesse ou sentimento § 1o  Se do fato resulta pre-
12 (doze) anos, e multa. pessoal: juízo público:
Pena – detenção, de três me- Pena – detenção, de três me-
Excesso de exação ses a um ano, e multa. ses a um ano, e multa.
§ 2o  Se o fato ocorre em lu-
§ 1o  Se o funcionário exige Art. 319-A.  Deixar o Diretor de gar compreendido na faixa de
tributo ou contribuição social que Penitenciária e/ou agente públi- fronteira:
sabe ou deveria saber indevido, co, de cumprir seu dever de ve- Pena – detenção, de um a três
ou, quando devido, emprega na dar ao preso o acesso a aparelho anos, e multa.
cobrança meio vexatório ou gra- telefônico, de rádio ou similar,
voso, que a lei não autoriza: que permita a comunicação com Exercício funcional ilegalmente
Pena – reclusão, de 3 (três) a outros presos ou com o ambien- antecipado ou prolongado
8 (oito) anos, e multa. te externo:
§ 2o  Se o funcionário desvia, Pena – detenção, de 3 (três) Art. 324.  Entrar no exercício de
em proveito próprio ou de outrem, meses a 1 (um) ano. função pública antes de satisfei-
o que recebeu indevidamente tas as exigências legais, ou conti-
para recolher aos cofres públicos: Condescendência criminosa nuar a exercê-la, sem autorização,
Pena – reclusão, de dois a depois de saber oficialmente que
doze anos, e multa. Art. 320.  Deixar o funcionário, foi exonerado, removido, substi-
por indulgência, de responsabi- tuído ou suspenso:
Corrupção passiva lizar subordinado que cometeu Pena – detenção, de quinze
infração no exercício do cargo dias a um mês, ou multa.
Art. 317.  Solicitar ou receber, ou, quando lhe falte competência,
para si ou para outrem, direta não levar o fato ao conhecimento Violação de sigilo funcional
ou indiretamente, ainda que fora da autoridade competente:
da função ou antes de assumi-la, Pena – detenção, de quinze Art. 325.  Revelar fato de que
mas em razão dela, vantagem dias a um mês, ou multa. tem ciência em razão do cargo e
indevida, ou aceitar promessa que deva permanecer em segre-
de tal vantagem: Advocacia administrativa do, ou facilitar-lhe a revelação:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a Pena – detenção, de seis me-
12 (doze) anos, e multa. Art. 321.  Patrocinar, direta ou ses a dois anos, ou multa, se o fato
§ 1o  A pena é aumentada de indiretamente, interesse privado não constitui crime mais grave.
um terço, se, em consequência da perante a administração públi- § 1o  Nas mesmas penas des-
vantagem ou promessa, o funcio- ca, valendo-se da qualidade de te artigo incorre quem:
nário retarda ou deixa de praticar funcionário: I – permite ou facilita, me-
qualquer ato de ofício ou o pratica Pena – detenção, de um a três diante atribuição, fornecimento e
infringindo dever funcional. meses, ou multa. empréstimo de senha ou qualquer
§ 2o  Se o funcionário pratica, Parágrafo único.  Se o inte- outra forma, o acesso de pessoas
deixa de praticar ou retarda ato resse é ilegítimo: não autorizadas a sistemas de
de ofício, com infração de dever Pena – detenção, de três me- informações ou banco de dados
funcional, cedendo a pedido ou ses a um ano, além da multa. da Administração Pública;
influência de outrem: II – se utiliza, indevidamente,
Pena – detenção, de três me- do acesso restrito.
ses a um ano, ou multa. § 2o  Se da ação ou omissão

437
Código Penal
resulta dano à Administração Pú- Resistência o funcionário retarda ou omite ato
blica ou a outrem: de ofício, ou o pratica infringindo
Pena – reclusão, de 2 (dois) a Art. 329.  Opor-se à execução de dever funcional.
6 (seis) anos, e multa. ato legal, mediante violência ou
ameaça a funcionário competen- Descaminho
Violação do sigilo de proposta te para executá-lo ou a quem lhe
de concorrência esteja prestando auxílio: Art. 334.  Iludir, no todo ou em
Pena – detenção, de dois me- parte, o pagamento de direito
Art. 326.  Devassar o sigilo de ses a dois anos. ou imposto devido pela entrada,
proposta de concorrência públi- § 1o  Se o ato, em razão da pela saída ou pelo consumo de
ca, ou proporcionar a terceiro o resistência, não se executa: mercadoria:
ensejo de devassá-lo: Pena – reclusão, de um a três Pena – reclusão, de 1 (um) a
Pena – detenção, de três me- anos. 4 (quatro) anos.
ses a um ano, e multa. § 2o  As penas deste artigo § 1o  Incorre na mesma pena
são aplicáveis sem prejuízo das quem:
Funcionário público correspondentes à violência. I – pratica navegação de ca-
botagem, fora dos casos permi-
Art. 327.  Considera-se funcio- Desobediência tidos em lei;
nário público, para os efeitos II – pratica fato assimilado,
penais, quem, embora transito- Art. 330.  Desobedecer a ordem em lei especial, a descaminho;
riamente ou sem remuneração, legal de funcionário público: III – vende, expõe à venda,
exerce cargo, emprego ou fun- Pena – detenção, de quinze mantém em depósito ou, de qual-
ção pública. dias a seis meses, e multa. quer forma, utiliza em proveito
§ 1o  Equipara-se a funcioná- próprio ou alheio, no exercício
rio público quem exerce cargo, Desacato de atividade comercial ou indus-
emprego ou função em entidade trial, mercadoria de procedência
paraestatal, e quem trabalha para Art. 331.  Desacatar funcionário estrangeira que introduziu clan-
empresa prestadora de serviço público no exercício da função ou destinamente no País ou importou
contratada ou conveniada para em razão dela: fraudulentamente ou que sabe
a execução de atividade típica Pena – detenção, de seis me- ser produto de introdução clan-
da Administração Pública. ses a dois anos, ou multa. destina no território nacional ou
§ 2o  A pena será aumentada de importação fraudulenta por
da terça parte quando os autores Tráfico de influência parte de outrem;
dos crimes previstos neste Capí- IV – adquire, recebe ou oculta,
tulo forem ocupantes de cargos Art. 332.  Solicitar, exigir, cobrar em proveito próprio ou alheio, no
em comissão ou de função de ou obter, para si ou para outrem, exercício de atividade comercial
direção ou assessoramento de vantagem ou promessa de vanta- ou industrial, mercadoria de pro-
órgão da administração direta, gem, a pretexto de influir em ato cedência estrangeira, desacom-
sociedade de economia mista, praticado por funcionário público panhada de documentação legal
empresa pública ou fundação no exercício da função: ou acompanhada de documentos
instituída pelo poder público. Pena – reclusão, de dois a que sabe serem falsos.
cinco anos, e multa. § 2o  Equipara-se às ativida-
Parágrafo único.  A pena é au- des comerciais, para os efeitos
CAPÍTULO II – DOS mentada da metade, se o agente deste artigo, qualquer forma de
CRIMES PRATICADOS POR alega ou insinua que a vantagem comércio irregular ou clandestino
PARTICULAR CONTRA A é também destinada ao funcio- de mercadorias estrangeiras, in-
ADMINISTRAÇÃO EM GERAL nário. clusive o exercido em residências.
§ 3o  A pena aplica-se em do-
Usurpação de função pública Corrupção ativa bro se o crime de descaminho é
praticado em transporte aéreo,
Art. 328.  Usurpar o exercício de Art. 333.  Oferecer ou prometer marítimo ou fluvial.
função pública: vantagem indevida a funcioná-
Pena – detenção, de três me- rio público, para determiná-lo a Contrabando
ses a dois anos, e multa. praticar, omitir ou retardar ato
Parágrafo único.  Se do fato o de ofício: Art. 334-A.  Importar ou expor-
agente aufere vantagem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a tar mercadoria proibida:
Pena – reclusão, de dois a 12 (doze) anos, e multa. Pena – reclusão, de 2 (dois) a
cinco anos, e multa. Parágrafo único.  A pena é 5 (cinco) anos.
aumentada de um terço, se, em § 1o  Incorre na mesma pena
razão da vantagem ou promessa, quem:

438
Código Penal
I – pratica fato assimilado, zar selo ou sinal empregado, por primário e de bons antecedentes,
em lei especial, a contrabando; determinação legal ou por ordem desde que:
II – importa ou exporta clan- de funcionário público, para iden- I – (Vetado);
destinamente mercadoria que tificar ou cerrar qualquer objeto: II – o valor das contribuições
dependa de registro, análise ou Pena – detenção, de um mês devidas, inclusive acessórios, seja
autorização de órgão público a um ano, ou multa. igual ou inferior àquele estabele-
competente; cido pela previdência social, ad-
III – reinsere no território na- Subtração ou inutilização ministrativamente, como sendo
cional mercadoria brasileira des- de livro ou documento o mínimo para o ajuizamento de
tinada à exportação; suas execuções fiscais.
IV – vende, expõe à venda, Art. 337.  Subtrair, ou inutilizar, § 3o  Se o empregador não é
mantém em depósito ou, de qual- total ou parcialmente, livro oficial, pessoa jurídica e sua folha de pa-
quer forma, utiliza em proveito processo ou documento confia- gamento mensal não ultrapassa
próprio ou alheio, no exercício do à custódia de funcionário, em R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e
de atividade comercial ou indus- razão de ofício, ou de particular dez reais), o juiz poderá reduzir a
trial, mercadoria proibida pela lei em serviço público: pena de um terço até a metade ou
brasileira; Pena – reclusão, de dois a cin- aplicar apenas a de multa.
V – adquire, recebe ou oculta, co anos, se o fato não constitui § 4o  O valor a que se refere
em proveito próprio ou alheio, no crime grave. o parágrafo anterior será rea-
exercício de atividade comercial justado nas mesmas datas e nos
ou industrial, mercadoria proibida Sonegação de contribuição mesmos índices do reajuste dos
pela lei brasileira. previdenciária benefícios da previdência social.
§ 2o  Equipara-se às ativida-
des comerciais, para os efeitos Art. 337-A.  Suprimir ou reduzir
deste artigo, qualquer forma de contribuição social previdenciária CAPÍTULO II-A – DOS
comércio irregular ou clandestino e qualquer acessório, mediante CRIMES PRATICADOS POR
de mercadorias estrangeiras, in- as seguintes condutas: PARTICULAR CONTRA A
clusive o exercido em residências. I – omitir de folha de paga- ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 3o  A pena aplica-se em do- mento da empresa ou de docu- ESTRANGEIRA
bro se o crime de contrabando é mento de informações previsto
praticado em transporte aéreo, pela legislação previdenciária se- Corrupção ativa em transação
marítimo ou fluvial. gurados empregado, empresário, comercial internacional
trabalhador avulso ou trabalhador
Impedimento, perturbação ou autônomo ou a este equiparado Art. 337-B.  Prometer, oferecer
fraude de concorrência que lhe prestem serviços; ou dar, direta ou indiretamente,
II – deixar de lançar mensal- vantagem indevida a funcionário
Art. 335.  Impedir, perturbar ou mente nos títulos próprios da con- público estrangeiro, ou a terceira
fraudar concorrência pública ou tabilidade da empresa as quantias pessoa, para determiná-lo a pra-
venda em hasta pública, promo- descontadas dos segurados ou as ticar, omitir ou retardar ato de
vida pela administração federal, devidas pelo empregador ou pelo ofício relacionado à transação
estadual ou municipal, ou por tomador de serviços; comercial internacional:
entidade paraestatal; afastar ou III – omitir, total ou parcial- Pena – reclusão, de 1 (um) a
procurar afastar concorrente ou mente, receitas ou lucros aufe- 8 (oito) anos, e multa.
licitante, por meio de violência, ridos, remunerações pagas ou Parágrafo único.  A pena é au-
grave ameaça, fraude ou ofere- creditadas e demais fatos gera- mentada de 1/3 (um terço), se, em
cimento de vantagem: dores de contribuições sociais razão da vantagem ou promessa,
Pena – detenção, de seis me- previdenciárias: o funcionário público estrangeiro
ses a dois anos, ou multa, além da Pena – reclusão, de 2 (dois) a retarda ou omite o ato de ofício,
pena correspondente à violência. 5 (cinco) anos, e multa. ou o pratica infringindo dever
Parágrafo único.  Incorre na § 1o  É extinta a punibilidade funcional.
mesma pena quem se abstém de se o agente, espontaneamente,
concorrer ou licitar, em razão da declara e confessa as contribui- Tráfico de influência em transação
vantagem oferecida. ções, importâncias ou valores e comercial internacional
presta as informações devidas à
Inutilização de edital ou de sinal previdência social, na forma defi- Art. 337-C.  Solicitar, exigir, co-
nida em lei ou regulamento, antes brar ou obter, para si ou para
Art. 336.  Rasgar ou, de qualquer do início da ação fiscal. outrem, direta ou indiretamente,
forma, inutilizar ou conspurcar § 2o  É facultado ao juiz deixar vantagem ou promessa de vanta-
edital afixado por ordem de fun- de aplicar a pena ou aplicar so- gem a pretexto de influir em ato
cionário público; violar ou inutili- mente a de multa se o agente for praticado por funcionário público

439
Código Penal
estrangeiro no exercício de suas Patrocínio de contratação indevida mesma pena quem se abstém
funções, relacionado a transação ou desiste de licitar em razão de
comercial internacional: Art. 337-G.  Patrocinar, direta ou vantagem oferecida.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a indiretamente, interesse privado
5 (cinco) anos, e multa. perante a Administração Pública, Fraude em licitação ou contrato
Parágrafo único.  A pena é au- dando causa à instauração de li-
mentada da metade, se o agente citação ou à celebração de con- Art. 337-L.  Fraudar, em prejuízo
alega ou insinua que a vantagem trato cuja invalidação vier a ser da Administração Pública, licita-
é também destinada a funcionário decretada pelo Poder Judiciário: ção ou contrato dela decorrente,
estrangeiro. Pena – reclusão, de 6 (seis) mediante:
meses a 3 (três) anos, e multa. I – entrega de mercadoria ou
Funcionário público estrangeiro prestação de serviços com quali-
Modificação ou pagamento irregular dade ou em quantidade diversas
Art. 337-D.  Considera-se fun- em contrato administrativo das previstas no edital ou nos
cionário público estrangeiro, instrumentos contratuais;
para os efeitos penais, quem, Art. 337-H.  Admitir, possibilitar II – fornecimento, como ver-
ainda que transitoriamente ou ou dar causa a qualquer modifica- dadeira ou perfeita, de mercado-
sem remuneração, exerce cargo, ção ou vantagem, inclusive pror- ria falsificada, deteriorada, inser-
emprego ou função pública em rogação contratual, em favor do vível para consumo ou com prazo
entidades estatais ou em repre- contratado, durante a execução de validade vencido;
sentações diplomáticas de país dos contratos celebrados com III – entrega de uma merca-
estrangeiro. a Administração Pública, sem doria por outra;
Parágrafo único. Equipara-se autorização em lei, no edital da IV – alteração da substância,
a funcionário público estrangeiro licitação ou nos respectivos ins- qualidade ou quantidade da mer-
quem exerce cargo, emprego ou trumentos contratuais, ou, ainda, cadoria ou do serviço fornecido;
função em empresas controladas, pagar fatura com preterição da V – qualquer meio fraudulen-
diretamente ou indiretamente, ordem cronológica de sua exi- to que torne injustamente mais
pelo Poder Público de país es- gibilidade: onerosa para a Administração
trangeiro ou em organizações Pena – reclusão, de 4 (quatro) Pública a proposta ou a execução
públicas internacionais. anos a 8 (oito) anos, e multa. do contrato:
Pena – reclusão, de 4 (quatro)
Perturbação de processo licitatório anos a 8 (oito) anos, e multa.
CAPÍTULO II-B – DOS
CRIMES EM LICITAÇÕES Art. 337-I.  Impedir, perturbar ou Contratação inidônea
E CONTRATOS fraudar a realização de qualquer
ADMINISTRATIVOS ato de processo licitatório: Art. 337-M.  Admitir à licitação
Pena – detenção, de 6 (seis) empresa ou profissional decla-
Contratação direta ilegal meses a 3 (três) anos, e multa. rado inidôneo:
Pena – reclusão, de 1 (um) ano
Art. 337-E.  Admitir, possibili- Violação de sigilo em licitação a 3 (três) anos, e multa.
tar ou dar causa à contratação § 1o  Celebrar contrato com
direta fora das hipóteses pre- Art. 337-J.  Devassar o sigilo de empresa ou profissional decla-
vistas em lei: proposta apresentada em proces- rado inidôneo:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) so licitatório ou proporcionar a Pena – reclusão, de 3 (três)
a 8 (oito) anos, e multa. terceiro o ensejo de devassá-lo: anos a 6 (seis) anos, e multa.
Pena – detenção, de 2 (dois) § 2o  Incide na mesma pena
Frustração do caráter anos a 3 (três) anos, e multa. do caput deste artigo aquele que,
competitivo de licitação declarado inidôneo, venha a par-
Afastamento de licitante ticipar de licitação e, na mesma
Art. 337-F.  Frustrar ou fraudar, pena do § 1o deste artigo, aquele
com o intuito de obter para si ou Art. 337-K.  Afastar ou tentar que, declarado inidôneo, venha
para outrem vantagem decorren- afastar licitante por meio de vio- a contratar com a Administra-
te da adjudicação do objeto da lência, grave ameaça, fraude ou ção Pública.
licitação, o caráter competitivo oferecimento de vantagem de
do processo licitatório: qualquer tipo: Impedimento indevido
Pena – reclusão, de 4 (quatro) Pena – reclusão, de 3 (três)
anos a 8 (oito) anos, e multa. anos a 5 (cinco) anos, e multa, Art. 337-N.  Obstar, impedir ou
além da pena correspondente dificultar injustamente a inscri-
à violência. ção de qualquer interessado nos
Parágrafo único.  Incorre na registros cadastrais ou promo-

440
Código Penal
ver indevidamente a alteração, CAPÍTULO III – DOS CRIMES dutor ou intérprete em processo
a suspensão ou o cancelamento CONTRA A ADMINISTRAÇÃO judicial, ou administrativo, inqué-
de registro do inscrito: rito policial, ou em juízo arbitral:
Pena – reclusão, de 6 (seis)
DA JUSTIÇA Pena – reclusão, de 2 (dois) a
meses a 2 (dois) anos, e multa. Reingresso de estrangeiro expulso 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1o  As penas aumentam-se
Omissão grave de dado ou de Art. 338.  Reingressar no terri- de um sexto a um terço, se o cri-
informação por projetista tório nacional o estrangeiro que me é praticado mediante subor-
dele foi expulso: no ou se cometido com o fim de
Art. 337-O.  Omitir, modificar ou Pena – reclusão, de um a qua- obter prova destinada a produzir
entregar à Administração Pública tro anos, sem prejuízo de nova efeito em processo penal, ou em
levantamento cadastral ou con- expulsão após o cumprimento processo civil em que for parte
dição de contorno em relevante da pena. entidade da administração pú-
dissonância com a realidade, em blica direta ou indireta.
frustração ao caráter competiti- Denunciação caluniosa § 2o  O fato deixa de ser pu-
vo da licitação ou em detrimen- nível se, antes da sentença no
to da seleção da proposta mais Art. 339.  Dar causa à instaura- processo em que ocorreu o ilícito,
vantajosa para a Administração ção de inquérito policial, de pro- o agente se retrata ou declara a
Pública, em contratação para a cedimento investigatório crimi- verdade.
elaboração de projeto básico, nal, de processo judicial, de pro-
projeto executivo ou anteprojeto, cesso administrativo disciplinar, Art. 343.  Dar, oferecer ou pro-
em diálogo competitivo ou em de inquérito civil ou de ação de meter dinheiro ou qualquer outra
procedimento de manifestação improbidade administrativa con- vantagem a testemunha, perito,
de interesse: tra alguém, imputando-lhe crime, contador, tradutor ou intérprete,
Pena – reclusão, de 6 (seis) infração ético-disciplinar ou ato para fazer afirmação falsa, negar
meses a 3 (três) anos, e multa. ímprobo de que o sabe inocente: ou calar a verdade em depoimen-
§ 1o  Consideram-se condi- Pena – reclusão, de dois a oito to, perícia, cálculos, tradução ou
ção de contorno as informações anos, e multa. interpretação:
e os levantamentos suficientes § 1o  A pena é aumentada Pena – reclusão, de três a
e necessários para a definição de sexta parte, se o agente se quatro anos, e multa.
da solução de projeto e dos res- serve de anonimato ou de nome Parágrafo único.  As penas
pectivos preços pelo licitante, suposto. aumentam-se de um sexto a um
incluídos sondagens, topografia, § 2o  A pena é diminuída de terço, se o crime é cometido com
estudos de demanda, condições metade, se a imputação é de prá- o fim de obter prova destinada a
ambientais e demais elementos tica de contravenção. produzir efeito em processo penal
ambientais impactantes, consi- ou em processo civil em que for
derados requisitos mínimos ou Comunicação falsa de crime parte entidade da administração
obrigatórios em normas técni- ou de contravenção pública direta ou indireta.
cas que orientam a elaboração
de projetos. Art. 340.  Provocar a ação de Coação no curso do processo
§ 2o  Se o crime é praticado autoridade, comunicando-lhe a
com o fim de obter benefício, di- ocorrência de crime ou de con- Art. 344.  Usar de violência ou
reto ou indireto, próprio ou de ou- travenção que sabe não se ter grave ameaça, com o fim de favo-
trem, aplica-se em dobro a pena verificado: recer interesse próprio ou alheio,
prevista no caput deste artigo. Pena – detenção, de um a seis contra autoridade, parte, ou qual-
meses, ou multa. quer outra pessoa que funciona
Art. 337-P.  A pena de multa co- ou é chamada a intervir em pro-
minada aos crimes previstos nes- Autoacusação falsa cesso judicial, policial ou admi-
te Capítulo seguirá a metodologia nistrativo, ou em juízo arbitral:
de cálculo prevista neste Código Art. 341.  Acusar-se, perante a Pena – reclusão, de um a qua-
e não poderá ser inferior a 2% autoridade, de crime inexistente tro anos, e multa, além da pena
(dois por cento) do valor do con- ou praticado por outrem: correspondente à violência.
trato licitado ou celebrado com Pena – detenção, de três me- Parágrafo único.  A pena au-
contratação direta. ses a dois anos, ou multa. menta-se de 1/3 (um terço) até a
metade se o processo envolver
Falso testemunho ou falsa perícia crime contra a dignidade sexual.

Art. 342.  Fazer afirmação falsa,


ou negar ou calar a verdade como
testemunha, perito, contador, tra-

441
Código Penal
Exercício arbitrário das tornar seguro o proveito do crime: Arrebatamento de preso
próprias razões Pena – detenção, de um a seis
meses, e multa. Art. 353.  Arrebatar preso, a fim
Art. 345.  Fazer justiça pelas de maltratá-lo, do poder de quem
próprias mãos, para satisfazer Art. 349-A.  Ingressar, promover, o tenha sob custódia ou guarda:
pretensão, embora legítima, salvo intermediar, auxiliar ou facilitar a Pena – reclusão, de um a qua-
quando a lei o permite: entrada de aparelho telefônico de tro anos, além da pena correspon-
Pena – detenção, de quinze comunicação móvel, de rádio ou dente à violência.
dias a um mês, ou multa, além da similar, sem autorização legal,
pena correspondente à violência. em estabelecimento prisional: Motim de presos
Parágrafo único.  Se não há Pena – detenção, de 3 (três)
emprego de violência, somente meses a 1 (um) ano. Art. 354.  Amotinarem-se pre-
se procede mediante queixa. sos, perturbando a ordem ou dis-
Exercício arbitrário ou abuso de poder ciplina da prisão:
Art. 346.  Tirar, suprimir, des- Pena – detenção, de seis me-
truir ou danificar coisa própria, Art. 350.  (Revogado) ses a dois anos, além da pena
que se acha em poder de tercei- correspondente à violência.
ro por determinação judicial ou Fuga de pessoa presa ou submetida
convenção: a medida de segurança Patrocínio infiel
Pena – detenção, de seis me-
ses a dois anos, e multa. Art. 351.  Promover ou facilitar a Art. 355.  Trair, na qualidade de
fuga de pessoa legalmente presa advogado ou procurador, o dever
Fraude processual ou submetida a medida de segu- profissional, prejudicando inte-
rança detentiva: resse, cujo patrocínio, em juízo,
Art. 347.  Inovar artificiosamen- Pena – detenção, de seis me- lhe é confiado:
te, na pendência de processo ses a dois anos. Pena – detenção, de seis me-
civil ou administrativo, o estado § 1o  Se o crime é praticado à ses a três anos, e multa.
de lugar, de coisa ou de pessoa, mão armada, ou por mais de uma
com o fim de induzir a erro o juiz pessoa, ou mediante arromba- Patrocínio simultâneo
ou o perito: mento, a pena é de reclusão, de ou tergiversação
Pena – detenção, de três me- dois a seis anos.
ses a dois anos, e multa. § 2o  Se há emprego de vio- Parágrafo único.  Incorre na
Parágrafo único.  Se a inova- lência contra pessoa, aplica-se pena deste artigo o advogado ou
ção se destina a produzir efeito também a pena correspondente procurador judicial que defende
em processo penal, ainda que à violência. na mesma causa, simultânea ou
não iniciado, as penas aplicam- § 3o  A pena é de reclusão, sucessivamente, partes contrá-
-se em dobro. de um a quatro anos, se o crime rias.
é praticado por pessoa sob cuja
Favorecimento pessoal custódia ou guarda está o preso Sonegação de papel ou objeto
ou o internado. de valor probatório
Art. 348.  Auxiliar a subtrair-se à § 4o  No caso de culpa do fun-
ação de autoridade pública autor cionário incumbido da custódia Art. 356.  Inutilizar, total ou par-
de crime a que é cominada pena ou guarda, aplica-se a pena de cialmente, ou deixar de restituir
de reclusão: detenção, de três meses a um autos, documento ou objeto de
Pena – detenção, de um a seis ano, ou multa. valor probatório, que recebeu na
meses, e multa. qualidade de advogado ou pro-
§ 1o  Se ao crime não é comi- Evasão mediante violência curador:
nada pena de reclusão: contra a pessoa Pena – detenção, de seis me-
Pena – detenção, de quinze ses a três anos, e multa.
dias a três meses, e multa. Art. 352.  Evadir-se ou tentar
§ 2o  Se quem presta o auxí- evadir-se o preso ou o indivíduo Exploração de prestígio
lio é ascendente, descendente, submetido a medida de seguran-
cônjuge ou irmão do criminoso, ça detentiva, usando de violência Art. 357.  Solicitar ou receber
fica isento de pena. contra a pessoa: dinheiro ou qualquer outra uti-
Pena – detenção, de três me- lidade, a pretexto de influir em
Favorecimento real ses a um ano, além da pena cor- juiz, jurado, órgão do Ministério
respondente à violência. Público, funcionário de justiça,
Art. 349.  Prestar a criminoso, perito, tradutor, intérprete ou
fora dos casos de coautoria ou testemunha:
de receptação, auxílio destinado a Pena – reclusão, de um a cin-

442
Código Penal
co anos, e multa. a inscrição em restos a pagar, de da legislatura:
Parágrafo único.  As penas despesa que não tenha sido pre- Pena – reclusão, de 1 (um) a
aumentam-se de um terço, se viamente empenhada ou que ex- 4 (quatro) anos.
o agente alega ou insinua que o ceda limite estabelecido em lei:
dinheiro ou utilidade também se Pena – detenção, de 6 (seis) Oferta pública ou colocação
destina a qualquer das pessoas meses a 2 (dois) anos. de títulos no mercado
referidas neste artigo.
Assunção de obrigação no último Art. 359-H.  Ordenar, autorizar
Violência ou fraude em ano do mandato ou legislatura ou promover a oferta pública ou a
arrematação judicial colocação no mercado financeiro
Art. 359-C.  Ordenar ou autorizar de títulos da dívida pública sem
Art. 358.  Impedir, perturbar a assunção de obrigação, nos dois que tenham sido criados por lei
ou fraudar arrematação judicial; últimos quadrimestres do último ou sem que estejam registrados
afastar ou procurar afastar con- ano do mandato ou legislatura, em sistema centralizado de liqui-
corrente ou licitante, por meio de cuja despesa não possa ser paga dação e de custódia:
violência, grave ameaça, fraude no mesmo exercício financeiro ou, Pena – reclusão, de 1 (um) a
ou oferecimento de vantagem: caso reste parcela a ser paga no 4 (quatro) anos.
Pena – detenção, de dois me- exercício seguinte, que não te-
ses a um ano, ou multa, além da nha contrapartida suficiente de
pena correspondente à violência. disponibilidade de caixa: TÍTULO XII – DOS CRIMES
Pena – reclusão, de 1 (um) a CONTRA O ESTADO
Desobediência a decisão judicial 4 (quatro) anos. DEMOCRÁTICO DE DIREITO
sobre perda ou suspensão de direito
Ordenação de despesa não autorizada CAPÍTULO I – DOS CRIMES
Art. 359.  Exercer função, ati- CONTRA A SOBERANIA
vidade, direito, autoridade ou Art. 359-D.  Ordenar despesa NACIONAL
múnus, de que foi suspenso ou não autorizada por lei:
privado por decisão judicial: Pena – reclusão, de 1 (um) a Atentado à soberania
Pena – detenção, de três me- 4 (quatro) anos.
ses a dois anos, ou multa. Art. 359-I.  Negociar com gover-
Prestação de garantia graciosa no ou grupo estrangeiro, ou seus
agentes, com o fim de provocar
CAPÍTULO IV – DOS CRIMES Art. 359-E.  Prestar garantia em atos típicos de guerra contra o
CONTRA AS FINANÇAS operação de crédito sem que País ou invadi-lo:
PÚBLICAS tenha sido constituída contraga- Pena – reclusão, de 3 (três) a
rantia em valor igual ou superior 8 (oito) anos.
Contratação de operação de crédito ao valor da garantia prestada, na § 1o  Aumenta-se a pena de
forma da lei: metade até o dobro, se decla-
Art. 359-A.  Ordenar, autorizar Pena – detenção, de 3 (três) rada guerra em decorrência das
ou realizar operação de crédito, meses a 1 (um) ano. condutas previstas no caput des-
interno ou externo, sem prévia te artigo.
autorização legislativa: Não cancelamento de restos a pagar § 2o  Se o agente participa
Pena – reclusão, de 1 (um) a de operação bélica com o fim de
2 (dois) anos. Art. 359-F.  Deixar de ordenar, submeter o território nacional,
Parágrafo único.  Incide na de autorizar ou de promover o ou parte dele, ao domínio ou à
mesma pena quem ordena, auto- cancelamento do montante de soberania de outro país:
riza ou realiza operação de cré- restos a pagar inscrito em valor Pena – reclusão, de 4 (quatro)
dito, interno ou externo: superior ao permitido em lei: a 12 (doze) anos.
I – com inobservância de limi- Pena – detenção, de 6 (seis)
te, condição ou montante esta- meses a 2 (dois) anos. Atentado à integridade nacional
belecido em lei ou em resolução
do Senado Federal; Aumento de despesa total Art. 359-J.  Praticar violência ou
II – quando o montante da com pessoal no último ano do grave ameaça com a finalidade de
dívida consolidada ultrapassa o mandato ou legislatura desmembrar parte do território
limite máximo autorizado por lei. nacional para constituir país in-
Art. 359-G.  Ordenar, autorizar dependente:
Inscrição de despesas não ou executar ato que acarrete Pena – reclusão, de 2 (dois) a
empenhadas em restos a pagar aumento de despesa total com 6 (seis) anos, além da pena cor-
pessoal, nos cento e oitenta dias respondente à violência.
Art. 359-B.  Ordenar ou autorizar anteriores ao final do mandato ou

443
Código Penal
Espionagem Golpe de Estado meios de comunicação ao públi-
co, estabelecimentos, instalações
Art. 359-K.  Entregar a governo Art. 359-M.  Tentar depor, por ou serviços destinados à defesa
estrangeiro, a seus agentes, ou a meio de violência ou grave ame- nacional, com o fim de abolir o
organização criminosa estran- aça, o governo legitimamente Estado Democrático de Direito:
geira, em desacordo com deter- constituído: Pena – reclusão, de 2 (dois) a
minação legal ou regulamentar, Pena – reclusão, de 4 (quatro) 8 (oito) anos.
documento ou informação clas- a 12 (doze) anos, além da pena
sificados como secretos ou ul- correspondente à violência.
trassecretos nos termos da lei, CAPÍTULO V – (VETADO)
cuja revelação possa colocar em CAPÍTULO VI –
perigo a preservação da ordem CAPÍTULO III – DOS
constitucional ou a soberania CRIMES CONTRA O DISPOSIÇÕES COMUNS
nacional: FUNCIONAMENTO
Pena – reclusão, de 3 (três) a DAS INSTITUIÇÕES Art. 359-T.  Não constitui cri-
12 (doze) anos. DEMOCRÁTICAS NO me previsto neste Título a ma-
§ 1o  Incorre na mesma pena nifestação crítica aos poderes
quem presta auxílio a espião, co- PROCESSO ELEITORAL constitucionais nem a atividade
nhecendo essa circunstância, jornalística ou a reivindicação
para subtraí-lo à ação da autori- Interrupção do processo eleitoral de direitos e garantias constitu-
dade pública. cionais por meio de passeatas,
§ 2o  Se o documento, dado Art. 359-N.  Impedir ou perturbar de reuniões, de greves, de aglo-
ou informação é transmitido ou a eleição ou a aferição de seu re- merações ou de qualquer outra
revelado com violação do dever sultado, mediante violação indevi- forma de manifestação política
de sigilo: da de mecanismos de segurança com propósitos sociais.
Pena – reclusão, de 6 (seis) a do sistema eletrônico de votação
15 (quinze) anos. estabelecido pela Justiça Eleitoral: (Vetado)
§ 3o  Facilitar a prática de Pena – reclusão, de 3 (três) a
qualquer dos crimes previstos 6 (seis) anos, e multa. Art. 359-U.  (Vetado)
neste artigo mediante atribuição,
fornecimento ou empréstimo de (Vetado)
senha, ou de qualquer outra forma DISPOSIÇÕES FINAIS
de acesso de pessoas não autori- Art. 359-O.  (Vetado)
zadas a sistemas de informações: Art. 360.  Ressalvada a legis-
Pena – detenção, de 1 (um) a Violência política lação especial sobre os crimes
4 (quatro) anos. contra a existência, a seguran-
§ 4o  Não constitui crime a Art. 359-P.  Restringir, impedir ça e a integridade do Estado e
comunicação, a entrega ou a pu- ou dificultar, com emprego de contra a guarda e o emprego da
blicação de informações ou de violência física, sexual ou psi- economia popular, os crimes de
documentos com o fim de expor cológica, o exercício de direitos imprensa e os de falência, os de
a prática de crime ou a violação políticos a qualquer pessoa em responsabilidade do Presidente
de direitos humanos. razão de seu sexo, raça, cor, etnia, da República e dos Governadores
religião ou procedência nacional: ou Interventores, e os crimes mili-
Pena – reclusão, de 3 (três) tares, revogam-se as disposições
CAPÍTULO II – DOS CRIMES a 6 (seis) anos, e multa, além da em contrário.
CONTRA AS INSTITUIÇÕES pena correspondente à violência.
DEMOCRÁTICAS Art. 361.  Este Código entrará em
(Vetado) vigor no dia 1o de janeiro de 1942.
Abolição violenta do Estado
Democrático de Direito Art. 359-Q.  (Vetado) Rio de Janeiro, 7 de dezembro
de 1940; 119o da Independência
Art. 359-L.  Tentar, com empre- e 52o da República.
go de violência ou grave ameaça, CAPÍTULO IV – DOS
abolir o Estado Democrático de CRIMES CONTRA O GETÚLIO VARGAS
Direito, impedindo ou restringindo FUNCIONAMENTO DOS
o exercício dos poderes consti- SERVIÇOS ESSENCIAIS Decretado em 7/12/1940, publicado no
tucionais: DOU de 31/12/1940 e retificado no DOU
Pena – reclusão, de 4 (quatro) Sabotagem de 3/1/1941.
a 8 (oito) anos, além da pena cor-
respondente à violência. Art. 359-R.  Destruir ou inutilizar

444
Código de Processo Penal
ATUALIZADA ATÉ SETEMBRO DE 2022

Atualização e revisão técnica: Coordenação de Edições Técnicas


A norma aqui apresentada não substitui as publicações do Diário Oficial da União.
Sumário

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

Decreto-lei no 3.689/1941
451 LIVRO I – DO PROCESSO EM GERAL
451 TÍTULO I – DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
452 TÍTULO II – DO INQUÉRITO POLICIAL
455 TÍTULO III – DA AÇÃO PENAL
458 TÍTULO IV – DA AÇÃO CIVIL
458 TÍTULO V – DA COMPETÊNCIA
459 CAPÍTULO I – DA COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA INFRAÇÃO
459 CAPÍTULO II – DA COMPETÊNCIA PELO DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA DO RÉU
459 CAPÍTULO III – DA COMPETÊNCIA PELA NATUREZA DA INFRAÇÃO
459 CAPÍTULO IV – DA COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO
459 CAPÍTULO V – DA COMPETÊNCIA POR CONEXÃO OU CONTINÊNCIA
460 CAPÍTULO VI – DA COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO
460 CAPÍTULO VII – DA COMPETÊNCIA PELA PRERROGATIVA DE FUNÇÃO
461 CAPÍTULO VIII – DISPOSIÇÕES ESPECIAIS
461 TÍTULO VI – DAS QUESTÕES E PROCESSOS INCIDENTES
461 CAPÍTULO I – DAS QUESTÕES PREJUDICIAIS
461 CAPÍTULO II – DAS EXCEÇÕES
462 CAPÍTULO III – DAS INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS
462 CAPÍTULO IV – DO CONFLITO DE JURISDIÇÃO
463 CAPÍTULO V – DA RESTITUIÇÃO DAS COISAS APREENDIDAS
463 CAPÍTULO VI – DAS MEDIDAS ASSECURATÓRIAS
465 CAPÍTULO VII – DO INCIDENTE DE FALSIDADE
465 CAPÍTULO VIII – DA INSANIDADE MENTAL DO ACUSADO
466 TÍTULO VII – DA PROVA
466 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
466 CAPÍTULO II – DO EXAME DE CORPO DE DELITO, DA CADEIA DE CUSTÓDIA E DAS PERÍCIAS
EM GERAL
469 CAPÍTULO III – DO INTERROGATÓRIO DO ACUSADO
471 CAPÍTULO IV – DA CONFISSÃO
471 CAPÍTULO V – DO OFENDIDO
471 CAPÍTULO VI – DAS TESTEMUNHAS
473 CAPÍTULO VII – DO RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS
473 CAPÍTULO VIII – DA ACAREAÇÃO
473 CAPÍTULO IX – DOS DOCUMENTOS
474 CAPÍTULO X – DOS INDÍCIOS
474 CAPÍTULO XI – DA BUSCA E DA APREENSÃO
475 TÍTULO VIII – DO JUIZ, DO MINISTÉRIO PÚBLICO, DO ACUSADO E DEFENSOR, DOS
ASSISTENTES E AUXILIARES DA JUSTIÇA
475 CAPÍTULO I – DO JUIZ
475 CAPÍTULO II – DO MINISTÉRIO PÚBLICO
475 CAPÍTULO III – DO ACUSADO E SEU DEFENSOR
476 CAPÍTULO IV – DOS ASSISTENTES
476 CAPÍTULO V – DOS FUNCIONÁRIOS DA JUSTIÇA
476 CAPÍTULO VI – DOS PERITOS E INTÉRPRETES
477 TÍTULO IX – DA PRISÃO, DAS MEDIDAS CAUTELARES E DA LIBERDADE PROVISÓRIA
477 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
479 CAPÍTULO II – DA PRISÃO EM FLAGRANTE
480 CAPÍTULO III – DA PRISÃO PREVENTIVA
481 CAPÍTULO IV – DA PRISÃO DOMICILIAR
481 CAPÍTULO V – DAS OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES
481 CAPÍTULO VI – DA LIBERDADE PROVISÓRIA, COM OU SEM FIANÇA
483 TÍTULO X – DAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES
483 CAPÍTULO I – DAS CITAÇÕES
484 CAPÍTULO II – DAS INTIMAÇÕES
485 TÍTULO XI – DA APLICAÇÃO PROVISÓRIA DE INTERDIÇÕES DE DIREITOS E MEDIDAS DE
SEGURANÇA
485 TÍTULO XII – DA SENTENÇA
487 LIVRO II – DOS PROCESSOS EM ESPÉCIE
487 TÍTULO I – DO PROCESSO COMUM
487 CAPÍTULO I – DA INSTRUÇÃO CRIMINAL
488 CAPÍTULO II – DO PROCEDIMENTO RELATIVO AOS PROCESSOS DA COMPETÊNCIA DO
TRIBUNAL DO JÚRI
488 Seção I – Da Acusação e da Instrução Preliminar
489 Seção II – Da Pronúncia, da Impronúncia e da Absolvição Sumária
489 Seção III – Da Preparação do Processo para Julgamento em Plenário
490 Seção IV – Do Alistamento dos Jurados
490 Seção V – Do Desaforamento
490 Seção VI – Da Organização da Pauta
491 Seção VII – Do Sorteio e da Convocação dos Jurados
491 Seção VIII – Da Função do Jurado
492 Seção IX – Da Composição do Tribunal do Júri e da Formação do Conselho de Sentença
492 Seção X – Da Reunião e das Sessões do Tribunal do Júri
493 Seção XI – Da Instrução em Plenário
494 Seção XII – Dos Debates
495 Seção XIII – Do Questionário e Sua Votação
496 Seção XIV – Da Sentença
496 Seção XV – Da Ata dos Trabalhos
496 Seção XVI – Das Atribuições do Presidente do Tribunal do Júri
497 CAPÍTULO III – DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES DA COMPETÊNCIA DO JUIZ
SINGULAR
497 TÍTULO II – DOS PROCESSOS ESPECIAIS
497 CAPÍTULO I – DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES DE FALÊNCIA
497 CAPÍTULO II – DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES DE RESPONSABILIDADE DOS
FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS
497 CAPÍTULO III – DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES DE CALÚNIA E INJÚRIA, DE
COMPETÊNCIA DO JUIZ SINGULAR
498 CAPÍTULO IV – DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE
IMATERIAL
498 CAPÍTULO V – DO PROCESSO SUMÁRIO
499 CAPÍTULO VI – DO PROCESSO DE RESTAURAÇÃO DE AUTOS EXTRAVIADOS OU DESTRUÍDOS
500 CAPÍTULO VII – DO PROCESSO DE APLICAÇÃO DE MEDIDA DE SEGURANÇA POR FATO NÃO
CRIMINOSO
500 TÍTULO III – DOS PROCESSOS DE COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E DOS
TRIBUNAIS DE APELAÇÃO
500 CAPÍTULO I – DA INSTRUÇÃO
500 CAPÍTULO II – DO JULGAMENTO
500 LIVRO III – DAS NULIDADES E DOS RECURSOS EM GERAL
500 TÍTULO I – DAS NULIDADES
501 TÍTULO II – DOS RECURSOS EM GERAL
501 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
502 CAPÍTULO II – DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
503 CAPÍTULO III – DA APELAÇÃO
504 CAPÍTULO IV – DO PROTESTO POR NOVO JÚRI
504 CAPÍTULO V – DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS RECURSOS EM SENTIDO ESTRITO E
DAS APELAÇÕES, NOS TRIBUNAIS DE APELAÇÃO
504 CAPÍTULO VI – DOS EMBARGOS
505 CAPÍTULO VII – DA REVISÃO
505 CAPÍTULO VIII – DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO
506 CAPÍTULO IX – DA CARTA TESTEMUNHÁVEL
506 CAPÍTULO X – DO HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO
508 LIVRO IV – DA EXECUÇÃO
508 TÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
508 TÍTULO II – DA EXECUÇÃO DAS PENAS EM ESPÉCIE
508 CAPÍTULO I – DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE
509 CAPÍTULO II – DAS PENAS PECUNIÁRIAS
510 CAPÍTULO III – DAS PENAS ACESSÓRIAS
510 TÍTULO III – DOS INCIDENTES DA EXECUÇÃO
510 CAPÍTULO I – DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA
511 CAPÍTULO II – DO LIVRAMENTO CONDICIONAL
513 TÍTULO IV – DA GRAÇA, DO INDULTO, DA ANISTIA E DA REABILITAÇÃO
513 CAPÍTULO I – DA GRAÇA, DO INDULTO E DA ANISTIA
514 CAPÍTULO II – DA REABILITAÇÃO
514 TÍTULO V – DA EXECUÇÃO DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA
516 LIVRO V – DAS RELAÇÕES JURISDICIONAIS COM AUTORIDADE ESTRANGEIRA
516 TÍTULO ÚNICO
516 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
517 CAPÍTULO II – DAS CARTAS ROGATÓRIAS
517 CAPÍTULO III – DA HOMOLOGAÇÃO DAS SENTENÇAS ESTRANGEIRAS
517 LIVRO VI – DISPOSIÇÕES GERAIS
Código de Processo Penal

Decreto-lei no 3.689/1941

Código de Processo Penal. Parágrafo único. Aplicar-se- dos direitos do preso, podendo


-á, entretanto, este Código aos determinar que este seja con-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, processos referidos nos nos IV e duzido à sua presença, a qual-
usando da atribuição que lhe V, quando as leis especiais que quer tempo;
confere o art.  180 da Consti- os regulam não dispuserem de IV – ser informado sobre a
tuição, modo diverso. instauração de qualquer inves-
tigação criminal;
DECRETA a seguinte Lei: Art. 2o  A lei processual penal V – decidir sobre o requeri-
aplicar-se-á desde logo, sem pre- mento de prisão provisória ou
juízo da validade dos atos realiza- outra medida cautelar, observado
LIVRO I – DO PROCESSO EM dos sob a vigência da lei anterior. o disposto no § 1o deste artigo;
GERAL VI – prorrogar a prisão pro-
Art. 3o  A lei processual penal visória ou outra medida caute-
TÍTULO I – DISPOSIÇÕES admitirá interpretação extensiva lar, bem como substituí-las ou
PRELIMINARES e aplicação analógica, bem como revogá-las, assegurado, no pri-
o suplemento dos princípios ge- meiro caso, o exercício do con-
Art. 1o  O processo penal reger- rais de direito. traditório em audiência pública e
-se-á, em todo o território bra- oral, na forma do disposto neste
sileiro, por este Código, ressal- Juiz das Garantias Código ou em legislação especial
vados: pertinente;
I – os tratados, as convenções Art. 3o-A.  O processo penal terá VII – decidir sobre o requeri-
e regras de direito internacional; estrutura acusatória, vedadas a mento de produção antecipada
II – as prerrogativas consti- iniciativa do juiz na fase de in- de provas consideradas urgentes
tucionais do Presidente da Re- vestigação e a substituição da e não repetíveis, assegurados o
pública, dos ministros de Estado, atuação probatória do órgão de contraditório e a ampla defesa em
nos crimes conexos com os do acusação. audiência pública e oral;
Presidente da República, e dos VIII – prorrogar o prazo de
ministros do Supremo Tribunal Art. 3o-B.  O juiz das garantias é duração do inquérito, estando o
Federal, nos crimes de respon- responsável pelo controle da lega- investigado preso, em vista das
sabilidade (Constituição, arts. 86, lidade da investigação criminal e razões apresentadas pela auto-
89, § 2o, e 100)1; pela salvaguarda dos direitos in- ridade policial e observado o dis-
III – os processos da compe- dividuais cuja franquia tenha sido posto no § 2o deste artigo;
tência da Justiça Militar; reservada à autorização prévia do IX – determinar o trancamen-
IV – os processos da compe- Poder Judiciário, competindo-lhe to do inquérito policial quando
tência do tribunal especial (Cons- especialmente: não houver fundamento razoável
tituição, art. 122, no 17)2; I – receber a comunicação para sua instauração ou prosse-
V – os processos por crimes imediata da prisão, nos termos guimento;
de imprensa.3 do inciso LXII do caput do art. 5o X – requisitar documentos,
da Constituição Federal; laudos e informações ao delegado
  Nota do Editor (NE): os artigos mencionados
1 II – receber o auto da prisão de polícia sobre o andamento da
são os da Constituição de 1937. em flagrante para o controle da investigação;
2
  NE: o artigo mencionado é o da Consti- legalidade da prisão, observado o XI – decidir sobre os reque-
tuição de 1937. disposto no art. 310 deste Código; rimentos de:
3
  NE: ver ADPF no 130. III – zelar pela observância a)  interceptação telefônica,

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Código de Processo Penal
do fluxo de comunicações em vez, a duração do inquérito por União, dos Estados e do Distrito
sistemas de informática e tele- até 15 (quinze) dias, após o que, Federal, observando critérios ob-
mática ou de outras formas de se ainda assim a investigação jetivos a serem periodicamente
comunicação; não for concluída, a prisão será divulgados pelo respectivo tri-
b)  afastamento dos sigilos imediatamente relaxada. bunal.
fiscal, bancário, de dados e te-
lefônico; Art. 3o-C.  A competência do juiz Art. 3o-F.  O juiz das garantias
c)  busca e apreensão do- das garantias abrange todas as deverá assegurar o cumprimen-
miciliar; infrações penais, exceto as de to das regras para o tratamento
d)  acesso a informações si- menor potencial ofensivo, e cessa dos presos, impedindo o acordo
gilosas; com o recebimento da denúncia ou ajuste de qualquer autorida-
e)  outros meios de obtenção ou queixa na forma do art.  399 de com órgãos da imprensa para
da prova que restrinjam direitos deste Código. explorar a imagem da pessoa
fundamentais do investigado; § 1o  Recebida a denúncia ou submetida à prisão, sob pena de
XII – julgar o habeas corpus queixa, as questões pendentes responsabilidade civil, adminis-
impetrado antes do oferecimento serão decididas pelo juiz da ins- trativa e penal.
da denúncia; trução e julgamento. Parágrafo único.  Por meio
XIII – determinar a instaura- § 2o  As decisões proferidas de regulamento, as autoridades
ção de incidente de insanidade pelo juiz das garantias não vin- deverão disciplinar, em 180 (cento
mental; culam o juiz da instrução e julga- e oitenta) dias, o modo pelo qual
XIV – decidir sobre o recebi- mento, que, após o recebimento as informações sobre a realização
mento da denúncia ou queixa, nos da denúncia ou queixa, deverá da prisão e a identidade do preso
termos do art. 399 deste Código; reexaminar a necessidade das serão, de modo padronizado e
XV – assegurar prontamente, medidas cautelares em curso, respeitada a programação nor-
quando se fizer necessário, o di- no prazo máximo de 10 (dez) dias. mativa aludida no caput deste
reito outorgado ao investigado e § 3o  Os autos que compõem artigo, transmitidas à imprensa,
ao seu defensor de acesso a to- as matérias de competência do assegurados a efetividade da per-
dos os elementos informativos e juiz das garantias ficarão acaute- secução penal, o direito à infor-
provas produzidos no âmbito da lados na secretaria desse juízo, à mação e a dignidade da pessoa
investigação criminal, salvo no disposição do Ministério Público e submetida à prisão.
que concerne, estritamente, às da defesa, e não serão apensados
diligências em andamento; aos autos do processo enviados
XVI – deferir pedido de ad- ao juiz da instrução e julgamen- TÍTULO II – DO INQUÉRITO
missão de assistente técnico to, ressalvados os documentos POLICIAL
para acompanhar a produção relativos às provas irrepetíveis,
da perícia; medidas de obtenção de provas Art. 4o  A polícia judiciária será
XVII – decidir sobre a homo- ou de antecipação de provas, que exercida pelas autoridades poli-
logação de acordo de não perse- deverão ser remetidos para apen- ciais no território de suas respec-
cução penal ou os de colaboração samento em apartado. tivas circunscrições e terá por fim
premiada, quando formalizados § 4o  Fica assegurado às par- a apuração das infrações penais
durante a investigação; tes o amplo acesso aos autos e da sua autoria.
XVIII – outras matérias ine- acautelados na secretaria do juízo Parágrafo único.  A compe-
rentes às atribuições definidas das garantias. tência definida neste artigo não
no caput deste artigo. excluirá a de autoridades admi-
§ 1o  O preso em flagrante ou Art. 3o-D.  O juiz que, na fase de nistrativas, a quem por lei seja
por força de mandado de prisão investigação, praticar qualquer cometida a mesma função.
provisória será encaminhado à ato incluído nas competências
presença do juiz de garantias dos arts.  4o e 5o deste Código Art. 5o  Nos crimes de ação pú-
no prazo de 24 (vinte e quatro) ficará impedido de funcionar no blica o inquérito policial será ini-
horas, momento em que se rea- processo. ciado:
lizará audiência com a presença Parágrafo único.  Nas comar- I – de ofício;
do Ministério Público e da De- cas em que funcionar apenas um II – mediante requisição da
fensoria Pública ou de advogado juiz, os tribunais criarão um sis- autoridade judiciária ou do Minis-
constituído, vedado o emprego de tema de rodízio de magistrados, tério Público, ou a requerimento
videoconferência. a fim de atender às disposições do ofendido ou de quem tiver qua-
§ 2o  Se o investigado estiver deste Capítulo. lidade para representá-lo.
preso, o juiz das garantias poderá, § 1o  O requerimento a que
mediante representação da auto- Art. 3o-E.  O juiz das garantias se refere o no II conterá sempre
ridade policial e ouvido o Ministé- será designado conforme as nor- que possível:
rio Público, prorrogar, uma única mas de organização judiciária da a)  a narração do fato, com

452
Código de Processo Penal
todas as circunstâncias; que se proceda a exame de cor- que não tiverem sido inquiridas,
b)  a individualização do indi- po de delito e a quaisquer outras mencionando o lugar onde pos-
ciado ou seus sinais característi- perícias; sam ser encontradas.
cos e as razões de convicção ou VIII – ordenar a identifica- § 3o  Quando o fato for de di-
de presunção de ser ele o autor ção do indiciado pelo processo fícil elucidação, e o indiciado es-
da infração, ou os motivos de im- datiloscópico, se possível, e fa- tiver solto, a autoridade poderá
possibilidade de o fazer; zer juntar aos autos sua folha de requerer ao juiz a devolução dos
c)  a nomeação das teste- antecedentes; autos, para ulteriores diligências,
munhas, com indicação de sua IX – averiguar a vida pregres- que serão realizadas no prazo
profissão e residência. sa do indiciado, sob o ponto de marcado pelo juiz.
§ 2o  Do despacho que inde- vista individual, familiar e social,
ferir o requerimento de abertura sua condição econômica, sua ati- Art. 11.  Os instrumentos do cri-
de inquérito caberá recurso para tude e estado de ânimo antes e me, bem como os objetos que
o chefe de Polícia. depois do crime e durante ele, e interessarem à prova, acompa-
§ 3o  Qualquer pessoa do povo quaisquer outros elementos que nharão os autos do inquérito.
que tiver conhecimento da exis- contribuírem para a apreciação
tência de infração penal em que do seu temperamento e caráter; Art. 12.  O inquérito policial
caiba ação pública poderá, ver- X – colher informações sobre acompanhará a denúncia ou quei-
balmente ou por escrito, comu- a existência de filhos, respecti- xa, sempre que servir de base a
nicá-la à autoridade policial, e vas idades e se possuem alguma uma ou outra.
esta, verificada a procedência deficiência e o nome e o contato
das informações, mandará ins- de eventual responsável pelos Art. 13.  Incumbirá ainda à auto-
taurar inquérito. cuidados dos filhos, indicado pela ridade policial:
§ 4o  O inquérito, nos crimes pessoa presa. I – fornecer às autoridades
em que a ação pública depender judiciárias as informações neces-
de representação, não poderá Art. 7o  Para verificar a possibi- sárias à instrução e julgamento
sem ela ser iniciado. lidade de haver a infração sido dos processos;
§ 5o  Nos crimes de ação pri- praticada de determinado modo, a II – realizar as diligências re-
vada, a autoridade policial somen- autoridade policial poderá proce- quisitadas pelo juiz ou pelo Mi-
te poderá proceder a inquérito der à reprodução simulada dos fa- nistério Público;
a requerimento de quem tenha tos, desde que esta não contrarie III – cumprir os mandados de
qualidade para intentá-la. a moralidade ou a ordem pública. prisão expedidos pelas autorida-
des judiciárias;
Art. 6o  Logo que tiver conheci- Art. 8o  Havendo prisão em fla- IV – representar acerca da
mento da prática da infração pe- grante, será observado o dis- prisão preventiva.
nal, a autoridade policial deverá: posto no Capítulo II do Título IX
I – dirigir-se ao local, provi- deste Livro. Art. 13-A.  Nos crimes previs-
denciando para que não se alte- tos nos arts.  148, 149 e 149‑A,
rem o estado e conservação das Art. 9o  Todas as peças do in- no § 3o do art. 158 e no art. 159
coisas, até a chegada dos peritos quérito policial serão, num só do Decreto-lei no 2.848, de 7 de
criminais; processado, reduzidas a escrito dezembro de 1940 (Código Pe-
II – apreender os objetos que ou datilografadas e, neste caso, nal), e no art. 239 da Lei no 8.069,
tiverem relação com o fato, após rubricadas pela autoridade. de 13 de julho de 1990 (Estatuto
liberados pelos peritos criminais; da Criança e do Adolescente), o
III – colher todas as provas Art. 10.  O inquérito deverá ter- membro do Ministério Público ou
que servirem para o esclareci- minar no prazo de 10 dias, se o o delegado de polícia poderá re-
mento do fato e suas circuns- indiciado tiver sido preso em fla- quisitar, de quaisquer órgãos do
tâncias; grante, ou estiver preso preventi- poder público ou de empresas da
IV – ouvir o ofendido; vamente, contado o prazo, nesta iniciativa privada, dados e infor-
V – ouvir o indiciado, com hipótese, a partir do dia em que mações cadastrais da vítima ou
observância, no que for aplicá- se executar a ordem de prisão, de suspeitos.
vel, do disposto no Capítulo III do ou no prazo de 30 dias, quando Parágrafo único.  A requisi-
Título VII, deste Livro, devendo o estiver solto, mediante fiança ção, que será atendida no pra-
respectivo termo ser assinado ou sem ela. zo de 24 (vinte e quatro) horas,
por duas testemunhas que lhe § 1o  A autoridade fará minu- conterá:
tenham ouvido a leitura; cioso relatório do que tiver sido I – o nome da autoridade re-
VI – proceder a reconheci- apurado e enviará autos ao juiz quisitante;
mento de pessoas e coisas e a competente. II – o número do inquérito
acareações; § 2o  No relatório poderá a policial; e
VII – determinar, se for caso, autoridade indicar testemunhas III – a identificação da unidade

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Código de Processo Penal
de polícia judiciária responsável Art. 14.  O ofendido, ou seu re- artigo deverá ser precedida de
pela investigação. presentante legal, e o indiciado manifestação de que não existe
poderão requerer qualquer di- defensor público lotado na área
Art. 13-B.  Se necessário à pre- ligência, que será realizada, ou territorial onde tramita o inqué-
venção e à repressão dos crimes não, a juízo da autoridade. rito e com atribuição para nele
relacionados ao tráfico de pes- atuar, hipótese em que poderá
soas, o membro do Ministério Art. 14-A.  Nos casos em que ser indicado profissional que não
Público ou o delegado de polícia servidores vinculados às insti- integre os quadros próprios da
poderão requisitar, mediante au- tuições dispostas no art. 144 da Administração.
torização judicial, às empresas Constituição Federal figurarem § 5o  Na hipótese de não atu-
prestadoras de serviço de teleco- como investigados em inquéritos ação da Defensoria Pública, os
municações e/ou telemática que policiais, inquéritos policiais mi- custos com o patrocínio dos in-
disponibilizem imediatamente litares e demais procedimentos teresses dos investigados nos
os meios técnicos adequados – extrajudiciais, cujo objeto for a procedimentos de que trata este
como sinais, informações e ou- investigação de fatos relaciona- artigo correrão por conta do or-
tros – que permitam a localização dos ao uso da força letal pratica- çamento próprio da instituição a
da vítima ou dos suspeitos do dos no exercício profissional, de que este esteja vinculado à época
delito em curso. forma consumada ou tentada, da ocorrência dos fatos investi-
§ 1o  Para os efeitos deste incluindo as situações dispostas gados.
artigo, sinal significa posiciona- no art. 23 do Decreto-lei no 2.848, § 6o  As disposições constan-
mento da estação de cobertura, de 7 de dezembro de 1940 (Código tes deste artigo se aplicam aos
setorização e intensidade de ra- Penal), o indiciado poderá cons- servidores militares vinculados às
diofrequência. tituir defensor. instituições dispostas no art. 142
§ 2o  Na hipótese de que trata § 1o  Para os casos previs- da Constituição Federal, desde
o caput, o sinal: tos no caput deste artigo, o in- que os fatos investigados digam
I – não permitirá acesso ao vestigado deverá ser citado da respeito a missões para a Garantia
conteúdo da comunicação de instauração do procedimento da Lei e da Ordem.
qualquer natureza, que depen- investigatório, podendo consti-
derá de autorização judicial, con- tuir defensor no prazo de até 48 Art. 15.  Se o indiciado for menor,
forme disposto em lei; (quarenta e oito) horas a contar ser-lhe-á nomeado curador pela
II – deverá ser fornecido pela do recebimento da citação. autoridade policial.
prestadora de telefonia móvel § 2o  Esgotado o prazo dis-
celular por período não superior posto no §  1o deste artigo com Art. 16.  O Ministério Público não
a 30 (trinta) dias, renovável por ausência de nomeação de defen- poderá requerer a devolução do
uma única vez, por igual período; sor pelo investigado, a autoridade inquérito à autoridade policial,
III – para períodos superiores responsável pela investigação senão para novas diligências, im-
àquele de que trata o inciso II, deverá intimar a instituição a que prescindíveis ao oferecimento da
será necessária a apresentação estava vinculado o investigado à denúncia.
de ordem judicial. época da ocorrência dos fatos,
§ 3o  Na hipótese prevista para que essa, no prazo de 48 Art. 17.  A autoridade policial não
neste artigo, o inquérito policial (quarenta e oito) horas, indique poderá mandar arquivar autos de
deverá ser instaurado no prazo defensor para a representação inquérito.
máximo de 72 (setenta e duas) do investigado.
horas, contado do registro da § 3o  Havendo necessidade Art. 18.  Depois de ordenado o
respectiva ocorrência policial. de indicação de defensor nos arquivamento do inquérito pela
§ 4o  Não havendo manifesta- termos do § 2o deste artigo, a de- autoridade judiciária, por falta
ção judicial no prazo de 12 (doze) fesa caberá preferencialmente à de base para a denúncia, a au-
horas, a autoridade competente Defensoria Pública, e, nos locais toridade policial poderá proceder
requisitará às empresas presta- em que ela não estiver instalada, a novas pesquisas, se de outras
doras de serviço de telecomu- a União ou a Unidade da Federa- provas tiver notícia.
nicações e/ou telemática que ção correspondente à respec-
disponibilizem imediatamente tiva competência territorial do Art. 19.  Nos crimes em que não
os meios técnicos adequados – procedimento instaurado deverá couber ação pública, os autos do
como sinais, informações e ou- disponibilizar profissional para inquérito serão remetidos ao juízo
tros – que permitam a localização acompanhamento e realização competente, onde aguardarão a
da vítima ou dos suspeitos do de todos os atos relacionados iniciativa do ofendido ou de seu
delito em curso, com imediata à defesa administrativa do in- representante legal, ou serão en-
comunicação ao juiz. vestigado. tregues ao requerente, se o pedir,
§ 4o  A indicação do profis- mediante traslado.
sional a que se refere o § 3o deste

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Código de Processo Penal
Art. 20.  A autoridade assegurará TÍTULO III – DA AÇÃO dispuser a respectiva lei orgânica.
no inquérito o sigilo necessário à PENAL § 2o  Nas ações penais re-
elucidação do fato ou exigido pelo lativas a crimes praticados em
interesse da sociedade. Art. 24.  Nos crimes de ação pú- detrimento da União, Estados
Parágrafo único.  Nos ates- blica, esta será promovida por e Municípios, a revisão do ar-
tados de antecedentes que lhe denúncia do Ministério Público, quivamento do inquérito policial
forem solicitados, a autoridade mas dependerá, quando a lei o poderá ser provocada pela chefia
policial não poderá mencionar exigir, de requisição do Ministro do órgão a quem couber a sua
quaisquer anotações referentes da Justiça, ou de representação representação judicial.
a instauração de inquérito contra do ofendido ou de quem tiver qua-
os requerentes. lidade para representá-lo. Art. 28-A.  Não sendo caso de
§ 1o  No caso de morte do arquivamento e tendo o inves-
Art. 21.  A incomunicabilidade do ofendido ou quando declarado tigado confessado formal e cir-
indiciado dependerá sempre de ausente por decisão judicial, o cunstancialmente a prática de
despacho nos autos e somente direito de representação passará infração penal sem violência ou
será permitida quando o interesse ao cônjuge, ascendente, descen- grave ameaça e com pena míni-
da sociedade ou a conveniência dente ou irmão. ma inferior a 4 (quatro) anos, o
da investigação o exigir. § 2o  Seja qual for o crime, Ministério Público poderá propor
Parágrafo único.  A incomu- quando praticado em detrimen- acordo de não persecução penal,
nicabilidade, que não excederá to do patrimônio ou interesse da desde que necessário e suficien-
de três dias, será decretada por União, Estado e Município, a ação te para reprovação e prevenção
despacho fundamentado do Juiz, penal será pública. do crime, mediante as seguintes
a requerimento da autoridade condições ajustadas cumulativa
policial, ou do órgão do Ministério Art. 25.  A representação será e alternativamente:
Público, respeitado, em qualquer irretratável, depois de oferecida I – reparar o dano ou restituir
hipótese, o disposto no artigo a denúncia. a coisa à vítima, exceto na impos-
89, inciso III, do Estatuto da Or- sibilidade de fazê-lo;
dem dos Advogados do Brasil (Lei Art. 26.  A ação penal, nas con- II – renunciar voluntariamente
no 4.215, de 27 de abril de 1963). travenções, será iniciada com o a bens e direitos indicados pelo
auto de prisão em flagrante ou por Ministério Público como instru-
Art. 22.  No Distrito Federal e nas meio de portaria expedida pela mentos, produto ou proveito do
comarcas em que houver mais autoridade judiciária ou policial. crime;
de uma circunscrição policial, III – prestar serviço à comu-
a autoridade com exercício em Art. 27.  Qualquer pessoa do povo nidade ou a entidades públicas
uma delas poderá, nos inquéritos poderá provocar a iniciativa do por período correspondente à
a que esteja procedendo, orde- Ministério Público, nos casos em pena mínima cominada ao delito
nar diligências em circunscrição que caiba a ação pública, forne- diminuída de um a dois terços,
de outra, independentemente cendo-lhe, por escrito, informa- em local a ser indicado pelo juízo
de precatórias ou requisições, e ções sobre o fato e a autoria e da execução, na forma do art. 46
bem assim providenciará, até que indicando o tempo, o lugar e os do Decreto-lei no 2.848, de 7 de
compareça a autoridade compe- elementos de convicção. dezembro de 1940 (Código Penal);
tente, sobre qualquer fato que IV – pagar prestação pecuni-
ocorra em sua presença, noutra Art. 28.  Ordenado o arquiva- ária, a ser estipulada nos termos
circunscrição. mento do inquérito policial ou de do art. 45 do Decreto-lei no 2.848,
quaisquer elementos informati- de 7 de dezembro de 1940 (Código
Art. 23.  Ao fazer a remessa dos vos da mesma natureza, o órgão Penal), a entidade pública ou de
autos do inquérito ao juiz compe- do Ministério Público comunicará interesse social, a ser indicada
tente, a autoridade policial oficia- à vítima, ao investigado e à auto- pelo juízo da execução, que tenha,
rá ao Instituto de Identificação e ridade policial e encaminhará os preferencialmente, como função
Estatística, ou repartição congê- autos para a instância de revisão proteger bens jurídicos iguais ou
nere, mencionando o juízo a que ministerial para fins de homolo- semelhantes aos aparentemente
tiverem sido distribuídos, e os gação, na forma da lei. lesados pelo delito; ou
dados relativos à infração penal § 1o  Se a vítima, ou seu re- V – cumprir, por prazo deter-
e à pessoa do indiciado. presentante legal, não concordar minado, outra condição indicada
com o arquivamento do inquérito pelo Ministério Público, desde que
policial, poderá, no prazo de 30 proporcional e compatível com a
(trinta) dias do recebimento da infração penal imputada.
comunicação, submeter a matéria § 1o  Para aferição da pena
à revisão da instância competen- mínima cominada ao delito a que
te do órgão ministerial, conforme se refere o caput deste artigo,

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Código de Processo Penal
serão consideradas as causas de quação a que se refere o §  5o Art. 30.  Ao ofendido ou a quem
aumento e diminuição aplicáveis deste artigo. tenha qualidade para representá-
ao caso concreto. § 8o  Recusada a homologa- -lo caberá intentar a ação privada.
§ 2o  O disposto no caput des- ção, o juiz devolverá os autos ao
te artigo não se aplica nas seguin- Ministério Público para a análise Art. 31.  No caso de morte do
tes hipóteses: da necessidade de complemen- ofendido ou quando declarado
I – se for cabível transação tação das investigações ou o ofe- ausente por decisão judicial, o
penal de competência dos Jui- recimento da denúncia. direito de oferecer queixa ou
zados Especiais Criminais, nos § 9o  A vítima será intimada prosseguir na ação passará ao
termos da lei; da homologação do acordo de cônjuge, ascendente, descen-
II – se o investigado for rein- não persecução penal e de seu dente ou irmão.
cidente ou se houver elementos descumprimento.
probatórios que indiquem con- § 10.  Descumpridas quais- Art. 32.  Nos crimes de ação pri-
duta criminal habitual, reiterada quer das condições estipuladas vada, o juiz, a requerimento da
ou profissional, exceto se insig- no acordo de não persecução parte que comprovar a sua po-
nificantes as infrações penais penal, o Ministério Público deverá breza, nomeará advogado para
pretéritas; comunicar ao juízo, para fins de promover a ação penal.
III – ter sido o agente benefi- sua rescisão e posterior ofereci- § 1o  Considerar-se-á pobre
ciado nos 5 (cinco) anos anterio- mento de denúncia. a pessoa que não puder prover
res ao cometimento da infração, § 11.  O descumprimento do às despesas do processo, sem
em acordo de não persecução acordo de não persecução penal privar-se dos recursos indispen-
penal, transação penal ou suspen- pelo investigado também pode- sáveis ao próprio sustento ou da
são condicional do processo; e rá ser utilizado pelo Ministério família.
IV – nos crimes praticados no Público como justificativa para § 2o  Será prova suficiente de
âmbito de violência doméstica ou o eventual não oferecimento de pobreza o atestado da autorida-
familiar, ou praticados contra a suspensão condicional do pro- de policial em cuja circunscrição
mulher por razões da condição cesso. residir o ofendido.
de sexo feminino, em favor do § 12.  A celebração e o cum-
agressor. primento do acordo de não per- Art. 33.  Se o ofendido for me-
§ 3o  O acordo de não perse- secução penal não constarão de nor de 18 anos, ou mentalmente
cução penal será formalizado por certidão de antecedentes crimi- enfermo, ou retardado mental, e
escrito e será firmado pelo mem- nais, exceto para os fins previstos não tiver representante legal, ou
bro do Ministério Público, pelo no inciso III do § 2o deste artigo. colidirem os interesses deste com
investigado e por seu defensor. § 13.  Cumprido integralmen- os daquele, o direito de queixa
§ 4o  Para a homologação do te o acordo de não persecução poderá ser exercido por curador
acordo de não persecução penal, penal, o juízo competente decre- especial, nomeado, de ofício ou
será realizada audiência na qual o tará a extinção de punibilidade. a requerimento do Ministério Pú-
juiz deverá verificar a sua volun- § 14.  No caso de recusa, por blico, pelo juiz competente para
tariedade, por meio da oitiva do parte do Ministério Público, em o processo penal.
investigado na presença do seu propor o acordo de não persecu-
defensor, e sua legalidade. ção penal, o investigado poderá Art. 34.  Se o ofendido for menor
§ 5o  Se o juiz considerar ina- requerer a remessa dos autos de 21 e maior de 18 anos, o direito
dequadas, insuficientes ou abu- a órgão superior, na forma do de queixa poderá ser exercido
sivas as condições dispostas no art. 28 deste Código. por ele ou por seu representan-
acordo de não persecução penal, te legal.
devolverá os autos ao Ministério Art. 29.  Será admitida ação pri-
Público para que seja reformu- vada nos crimes de ação pública, Art. 35.  (Revogado)
lada a proposta de acordo, com se esta não for intentada no prazo
concordância do investigado e legal, cabendo ao Ministério Pú- Art. 36.  Se comparecer mais
seu defensor. blico aditar a queixa, repudiá-la de uma pessoa com direito de
§ 6o  Homologado judicial- e oferecer denúncia substitutiva, queixa, terá preferência o côn-
mente o acordo de não perse- intervir em todos os termos do juge, e, em seguida, o parente
cução penal, o juiz devolverá os processo, fornecer elementos de mais próximo na ordem de enu-
autos ao Ministério Público para prova, interpor recurso e, a todo meração constante do art.  31,
que inicie sua execução perante tempo, no caso de negligência do podendo, entretanto, qualquer
o juízo de execução penal. querelante, retomar a ação como delas prosseguir na ação, caso
§ 7o  O juiz poderá recusar parte principal. o querelante desista da instância
homologação à proposta que não ou a abandone.
atender aos requisitos legais ou
quando não for realizada a ade-

456
Código de Processo Penal
Art. 37.  As fundações, associa- oferecidos elementos que o habi- § 1o  Quando o Ministério Pú-
ções ou sociedades legalmente litem a promover a ação penal, e, blico dispensar o inquérito poli-
constituídas poderão exercer a neste caso, oferecerá a denúncia cial, o prazo para o oferecimento
ação penal, devendo ser repre- no prazo de quinze dias. da denúncia contar-se-á da data
sentadas por quem os respec- em que tiver recebido as peças de
tivos contratos ou estatutos de- Art. 40.  Quando, em autos ou informações ou a representação.
signarem ou, no silêncio destes, papéis de que conhecerem, os § 2o  O prazo para o adita-
pelos seus diretores ou sócios- juízes ou tribunais verificarem mento da queixa será de 3 dias,
-gerentes. a existência de crime de ação contado da data em que o órgão
pública, remeterão ao Ministério do Ministério Público receber os
Art. 38.  Salvo disposição em Público as cópias e os documen- autos, e, se este não se pronun-
contrário, o ofendido, ou seu re- tos necessários ao oferecimento ciar dentro do tríduo, entender-
presentante legal, decairá no di- da denúncia. -se-á que não tem o que aditar,
reito de queixa ou de representa- prosseguindo-se nos demais ter-
ção, se não o exercer dentro do Art. 41.  A denúncia ou quei- mos do processo.
prazo de seis meses, contado do xa conterá a exposição do fato
dia em que vier a saber quem é criminoso, com todas as suas Art. 47.  Se o Ministério Público
o autor do crime, ou, no caso do circunstâncias, a qualificação julgar necessários maiores escla-
art. 29, do dia em que se esgotar do acusado ou esclarecimen- recimentos e documentos com-
o prazo para o oferecimento da tos pelos quais se possa identi- plementares ou novos elementos
denúncia. ficá-lo, a classificação do crime de convicção, deverá requisitá-
Parágrafo único. Verificar- e, quando necessário, o rol das -los, diretamente, de quaisquer
-se-á a decadência do direito de testemunhas. autoridades ou funcionários que
queixa ou representação, dentro devam ou possam fornecê-los.
do mesmo prazo, nos casos dos Art. 42.  O Ministério Público não
arts. 24, parágrafo único, e 31. poderá desistir da ação penal. Art. 48.  A queixa contra qual-
quer dos autores do crime obri-
Art. 39.  O direito de representa- Art. 43.  (Revogado) gará ao processo de todos, e o
ção poderá ser exercido, pesso- Ministério Público velará pela sua
almente ou por procurador com Art. 44.  A queixa poderá ser indivisibilidade.
poderes especiais, mediante de- dada por procurador com pode-
claração, escrita ou oral, feita res especiais, devendo constar Art. 49.  A renúncia ao exercício
ao juiz, ao órgão do Ministério do instrumento do mandato o do direito de queixa, em relação a
Público, ou à autoridade policial. nome do querelante e a menção um dos autores do crime, a todos
§ 1o  A representação feita do fato criminoso, salvo quando se estenderá.
oralmente ou por escrito, sem tais esclarecimentos depende-
assinatura devidamente autenti- rem de diligências que devem Art. 50.  A renúncia expressa
cada do ofendido, de seu repre- ser previamente requeridas no constará de declaração assinada
sentante legal ou procurador, será juízo criminal. pelo ofendido, por seu represen-
reduzida a termo, perante o juiz tante legal ou procurador com
ou autoridade policial, presente o Art. 45.  A queixa, ainda quan- poderes especiais.
órgão do Ministério Público, quan- do a ação penal for privativa do Parágrafo único.  A renúncia
do a este houver sido dirigida. ofendido, poderá ser aditada pelo do representante legal do menor
§ 2o  A representação con- Ministério Público, a quem caberá que houver completado 18 anos
terá todas as informações que intervir em todos os termos sub- não privará este do direito de
possam servir à apuração do fato sequentes do processo. queixa, nem a renúncia do últi-
e da autoria. mo excluirá o direito do primeiro.
§ 3o  Oferecida ou reduzida a Art. 46.  O prazo para ofereci-
termo a representação, a autori- mento da denúncia, estando o réu Art. 51.  O perdão concedido a
dade policial procederá a inquéri- preso, será de 5 dias, contado da um dos querelados aproveitará
to, ou, não sendo competente, re- data em que o órgão do Ministé- a todos, sem que produza, to-
metê-lo-á à autoridade que o for. rio Público receber os autos do davia, efeito em relação ao que
§ 4o  A representação, quan- inquérito policial, e de 15 dias, se o recusar.
do feita ao juiz ou perante este o réu estiver solto ou afiançado.
reduzida a termo, será remetida à No último caso, se houver devo- Art. 52.  Se o querelante for
autoridade policial para que esta lução do inquérito à autoridade menor de 21 e maior de 18 anos,
proceda a inquérito. policial (art.  16), contar-se-á o o direito de perdão poderá ser
§ 5o  O órgão do Ministério prazo da data em que o órgão do exercido por ele ou por seu repre-
Público dispensará o inquérito, Ministério Público receber nova- sentante legal, mas o perdão con-
se com a representação forem mente os autos.

457
Código de Processo Penal
cedido por um, havendo oposição couber fazê-lo, ressalvado o dis- derá suspender o curso desta, até
do outro, não produzirá efeito. posto no art. 36; o julgamento definitivo daquela.
III – quando o querelante dei-
Art. 53.  Se o querelado for men- xar de comparecer, sem motivo Art. 65.  Faz coisa julgada no
talmente enfermo ou retardado justificado, a qualquer ato do pro- cível a sentença penal que re-
mental e não tiver representante cesso a que deva estar presente, conhecer ter sido o ato pratica-
legal, ou colidirem os interesses ou deixar de formular o pedido de do em estado de necessidade,
deste com os do querelado, a condenação nas alegações finais; em legítima defesa, em estrito
aceitação do perdão caberá ao IV – quando, sendo o que- cumprimento de dever legal ou
curador que o juiz lhe nomear. relante pessoa jurídica, esta se no exercício regular de direito.4
extinguir sem deixar sucessor.
Art. 54.  Se o querelado for me- Art. 66.  Não obstante a senten-
nor de 21 anos, observar-se-á, Art. 61.  Em qualquer fase do ça absolutória no juízo criminal,
quanto à aceitação do perdão, o processo, o juiz, se reconhecer a ação civil poderá ser proposta
disposto no art. 52. extinta a punibilidade, deverá de- quando não tiver sido, categorica-
clará-lo de ofício. mente, reconhecida a inexistência
Art. 55.  O perdão poderá ser Parágrafo único.  No caso de material do fato.
aceito por procurador com po- requerimento do Ministério Públi-
deres especiais. co, do querelante ou do réu, o juiz Art. 67.  Não impedirão igual-
mandará autuá-lo em apartado, mente a propositura da ação civil:
Art. 56.  Aplicar-se-á ao perdão ouvirá a parte contrária e, se o I – o despacho de arquiva-
extraprocessual expresso o dis- julgar conveniente, concederá o mento do inquérito ou das peças
posto no art. 50. prazo de cinco dias para a pro- de informação;
va, proferindo a decisão dentro II – a decisão que julgar ex-
Art. 57.  A renúncia tácita e o de cinco dias ou reservando-se tinta a punibilidade;
perdão tácito admitirão todos os para apreciar a matéria na sen- III – a sentença absolutória
meios de prova. tença final. que decidir que o fato imputado
não constitui crime.
Art. 58.  Concedido o perdão, Art. 62.  No caso de morte do
mediante declaração expressa acusado, o juiz somente à vista Art. 68.  Quando o titular do direi-
nos autos, o querelado será inti- da certidão de óbito, e depois to à reparação do dano for pobre
mado a dizer, dentro de três dias, de ouvido o Ministério Público, (art. 32, §§ 1o e 2o), a execução da
se o aceita, devendo, ao mesmo declarará extinta a punibilidade. sentença condenatória (art. 63)
tempo, ser cientificado de que o ou a ação civil (art. 64) será pro-
seu silêncio importará aceitação. movida, a seu requerimento, pelo
Parágrafo único.  Aceito o TÍTULO IV – DA AÇÃO CIVIL Ministério Público.
perdão, o juiz julgará extinta a
punibilidade. Art. 63.  Transitada em julgado a
sentença condenatória, poderão TÍTULO V – DA
Art. 59.  A aceitação do perdão promover-lhe a execução, no juízo COMPETÊNCIA
fora do processo constará de cível, para o efeito da reparação
declaração assinada pelo que- do dano, o ofendido, seu repre- Art. 69.  Determinará a compe-
relado, por seu representante sentante legal ou seus herdeiros. tência jurisdicional:
legal ou procurador com poderes Parágrafo único. Transitada I – o lugar da infração;
especiais. em julgado a sentença conde- II – o domicílio ou residência
natória, a execução poderá ser do réu;
Art. 60.  Nos casos em que so- efetuada pelo valor fixado nos III – a natureza da infração;
mente se procede mediante quei- termos do inciso IV do caput do IV – a distribuição;
xa, considerar-se-á perempta a art. 387 deste Código sem prejuízo V – a conexão ou continência;
ação penal: da liquidação para a apuração do VI – a prevenção;
I – quando, iniciada esta, o dano efetivamente sofrido. VII – a prerrogativa de função.
querelante deixar de promover o
andamento do processo durante Art. 64.  Sem prejuízo do dis-
30 dias seguidos; posto no artigo anterior, a ação
II – quando, falecendo o que- para ressarcimento do dano po-
relante, ou sobrevindo sua inca- derá ser proposta no juízo cível,
pacidade, não comparecer em contra o autor do crime e, se for
juízo, para prosseguir no proces- caso, contra o responsável civil.
so, dentro do prazo de 60 dias, Parágrafo único.  Intentada a
qualquer das pessoas a quem ação penal, o juiz da ação civil po- 4
  NE: ver ADPF no 779.

458
Código de Processo Penal
CAPÍTULO I – DA CAPÍTULO II – DA CAPÍTULO IV – DA
COMPETÊNCIA PELO COMPETÊNCIA PELO COMPETÊNCIA POR
LUGAR DA INFRAÇÃO DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA DISTRIBUIÇÃO
DO RÉU
Art. 70.  A competência será, de Art. 75.  A precedência da dis-
regra, determinada pelo lugar em Art. 72.  Não sendo conhecido o tribuição fixará a competência
que se consumar a infração, ou, lugar da infração, a competência quando, na mesma circunscrição
no caso de tentativa, pelo lugar regular-se-á pelo domicílio ou judiciária, houver mais de um juiz
em que for praticado o último ato residência do réu. igualmente competente.
de execução. § 1o  Se o réu tiver mais de Parágrafo único.  A distribui-
§ 1o  Se, iniciada a execução uma residência, a competência ção realizada para o efeito da
no território nacional, a infração firmar-se-á pela prevenção. concessão de fiança ou da de-
se consumar fora dele, a com- § 2o  Se o réu não tiver resi- cretação de prisão preventiva ou
petência será determinada pelo dência certa ou for ignorado o de qualquer diligência anterior à
lugar em que tiver sido prati- seu paradeiro, será competente denúncia ou queixa prevenirá a
cado, no Brasil, o último ato de o juiz que primeiro tomar conhe- da ação penal.
execução. cimento do fato.
§ 2o  Quando o último ato de
execução for praticado fora do Art. 73.  Nos casos de exclusiva CAPÍTULO V – DA
território nacional, será compe- ação privada, o querelante poderá COMPETÊNCIA POR
tente o juiz do lugar em que o cri- preferir o foro de domicílio ou da CONEXÃO OU CONTINÊNCIA
me, embora parcialmente, tenha residência do réu, ainda quando
produzido ou devia produzir seu conhecido o lugar da infração. Art. 76.  A competência será de-
resultado. terminada pela conexão:
§ 3o  Quando incerto o limi- I – se, ocorrendo duas ou mais
te territorial entre duas ou mais CAPÍTULO III – DA infrações, houverem sido pratica-
jurisdições, ou quando incerta a COMPETÊNCIA PELA das, ao mesmo tempo, por várias
jurisdição por ter sido a infração NATUREZA DA INFRAÇÃO pessoas reunidas, ou por várias
consumada ou tentada nas divi- pessoas em concurso, embora
sas de duas ou mais jurisdições, Art. 74.  A competência pela na- diverso o tempo e o lugar, ou
a competência firmar-se-á pela tureza da infração será regulada por várias pessoas, umas contra
prevenção. pelas leis de organização judiciá- as outras;
§ 4o  Nos crimes previstos no ria, salvo a competência privativa II – se, no mesmo caso, hou-
art. 171 do Decreto-lei no 2.848, de do Tribunal do Júri. verem sido umas praticadas para
7 de dezembro de 1940 (Código § 1o  Compete ao Tribunal do facilitar ou ocultar as outras, ou
Penal), quando praticados me- Júri o julgamento dos crimes pre- para conseguir impunidade ou
diante depósito, mediante emis- vistos nos arts. 121, §§ 1o e 2o, 122, vantagem em relação a qualquer
são de cheques sem suficiente parágrafo único, 123, 124, 125, 126 delas;
provisão de fundos em poder do e 127 do Código Penal, consuma- III – quando a prova de uma
sacado ou com o pagamento frus- dos ou tentados. infração ou de qualquer de suas
trado ou mediante transferência § 2o  Se, iniciado o processo circunstâncias elementares in-
de valores, a competência será perante um juiz, houver desclas- fluir na prova de outra infração.
definida pelo local do domicílio sificação para infração da com-
da vítima, e, em caso de plurali- petência de outro, a este será Art. 77.  A competência será
dade de vítimas, a competência remetido o processo, salvo se determinada pela continência
firmar-se-á pela prevenção. mais graduada for a jurisdição quando:
do primeiro, que, em tal caso, I – duas ou mais pessoas fo-
Art. 71.  Tratando-se de infração terá sua competência prorrogada. rem acusadas pela mesma in-
continuada ou permanente, pra- § 3o  Se o juiz da pronúncia fração;
ticada em território de duas ou desclassificar a infração para II – no caso de infração come-
mais jurisdições, a competência outra atribuída à competência tida nas condições previstas nos
firmar-se-á pela prevenção. de juiz singular, observar-se-á arts. 51, § 1o, 53, segunda parte, e
o disposto no art.  410; mas, se 54 do Código Penal.5
a desclassificação for feita pelo
próprio Tribunal do Júri, a seu Art. 78.  Na determinação da
presidente caberá proferir a sen- competência por conexão ou
tença (art. 492, § 2o).
5
  NE: os dispositivos mencionados são os
do texto original do Código Penal.

459
Código de Processo Penal
continência, serão observadas a infração para outra que não se perante eles por crimes comuns
as seguintes regras: inclua na sua competência, con- e de responsabilidade.6
I – no concurso entre a com- tinuará competente em relação § 1o  A competência especial
petência do Júri e a de outro aos demais processos. por prerrogativa de função, re-
órgão da jurisdição comum, pre- Parágrafo único. Reconheci- lativa a atos administrativos do
valecerá a competência do Júri; da inicialmente ao júri a compe- agente, prevalece ainda que o
II – no concurso de jurisdições tência por conexão ou continên- inquérito ou a ação judicial se-
da mesma categoria: cia, o juiz, se vier a desclassificar jam iniciados após a cessação
a)  preponderará a do lugar a infração ou impronunciar ou do exercício da função pública.
da infração, à qual for cominada absolver o acusado, de manei- § 2o  A ação de improbidade,
a pena mais grave; ra que exclua a competência do de que trata a Lei no 8.429, de 2
b)  prevalecerá a do lugar júri, remeterá o processo ao juízo de junho de 1992, será proposta
em que houver ocorrido o maior competente. perante o tribunal competente
número de infrações, se as res- para processar e julgar criminal-
pectivas penas forem de igual Art. 82.  Se, não obstante a co- mente o funcionário ou autorida-
gravidade; nexão ou continência, forem ins- de na hipótese de prerrogativa
c)  firmar-se-á a competência taurados processos diferentes, a de foro em razão do exercício
pela prevenção, nos outros casos; autoridade de jurisdição preva- de função pública, observado o
III – no concurso de jurisdi- lente deverá avocar os processos disposto no § 1o.
ções de diversas categorias, pre- que corram perante os outros
dominará a de maior graduação; juízes, salvo se já estiverem com Art. 85.  Nos processos por cri-
IV – no concurso entre a ju- sentença definitiva. Neste caso, a me contra a honra, em que forem
risdição comum e a especial, pre- unidade dos processos só se dará, querelantes as pessoas que a
valecerá esta. ulteriormente, para o efeito de Constituição sujeita à jurisdição
soma ou de unificação das penas. do Supremo Tribunal Federal e
Art. 79.  A conexão e a conti- dos Tribunais de Apelação, àquele
nência importarão unidade de ou a estes caberá o julgamento,
processo e julgamento, salvo: CAPÍTULO VI – DA quando oposta e admitida a ex-
I – no concurso entre a juris- COMPETÊNCIA POR ceção da verdade.
dição comum e a militar; PREVENÇÃO
II – no concurso entre a ju- Art. 86.  Ao Supremo Tribunal Fe-
risdição comum e a do juízo de Art. 83.  Verificar-se-á a com- deral competirá, privativamente,
menores. petência por prevenção toda vez processar e julgar:
§ 1o  Cessará, em qualquer que, concorrendo dois ou mais I – os seus ministros, nos cri-
caso, a unidade do processo, se, juízes igualmente competentes mes comuns;
em relação a algum corréu, so- ou com jurisdição cumulativa, II – os ministros de Estado,
brevier o caso previsto no art. 152. um deles tiver antecedido aos salvo nos crimes conexos com
§ 2o  A unidade do processo outros na prática de algum ato os do Presidente da República;
não importará a do julgamento, do processo ou de medida a este III – o procurador-geral da
se houver corréu foragido que relativa, ainda que anterior ao República, os desembargadores
não possa ser julgado à revelia, oferecimento da denúncia ou da dos Tribunais de Apelação, os
ou ocorrer a hipótese do art. 461. queixa (arts. 70, § 3o, 71, 72, § 2o, ministros do Tribunal de Contas
e 78, II, “c”). e os embaixadores e ministros
Art. 80.  Será facultativa a sepa- diplomáticos, nos crimes comuns
ração dos processos quando as e de responsabilidade.
infrações tiverem sido praticadas CAPÍTULO VII – DA
em circunstâncias de tempo ou COMPETÊNCIA PELA Art. 87.  Competirá, originaria-
de lugar diferentes, ou, quando PRERROGATIVA DE FUNÇÃO mente, aos Tribunais de Apelação
pelo excessivo número de acu- o julgamento dos governadores
sados e para não lhes prolongar Art. 84.  A competência pela ou interventores nos Estados ou
a prisão provisória, ou por outro prerrogativa de função é do Su- Territórios e prefeito do Distrito
motivo relevante, o juiz reputar premo Tribunal Federal, do Supe- Federal, seus respectivos secre-
conveniente a separação. rior Tribunal de Justiça, dos Tri- tários e chefes de Polícia, juízes
bunais Regionais Federais e Tri- de instância inferior e órgãos do
Art. 81.  Verificada a reunião dos bunais de Justiça dos Estados e Ministério Público.
processos por conexão ou conti- do Distrito Federal, relativamente
nência, ainda que no processo da às pessoas que devam responder
sua competência própria venha o
juiz ou tribunal a proferir sentença
absolutória ou que desclassifique 6
  NE: ver ADI no 2.797 e ADI no 2.860.

460
Código de Processo Penal
CAPÍTULO VIII – passada em julgado, sem prejuí- III – litispendência;
DISPOSIÇÕES ESPECIAIS zo, entretanto, da inquirição das IV – ilegitimidade de parte;
testemunhas e de outras provas V – coisa julgada.
Art. 88.  No processo por crimes de natureza urgente.
praticados fora do território bra- Parágrafo único.  Se for o cri- Art. 96.  A arguição de suspei-
sileiro, será competente o juízo me de ação pública, o Ministério ção precederá a qualquer outra,
da Capital do Estado onde houver Público, quando necessário, pro- salvo quando fundada em motivo
por último residido o acusado. moverá a ação civil ou prosseguirá superveniente.
Se este nunca tiver residido no na que tiver sido iniciada, com a
Brasil, será competente o juízo citação dos interessados. Art. 97.  O juiz que espontanea-
da Capital da República. mente afirmar suspeição deverá
Art. 93.  Se o reconhecimento fazê-lo por escrito, declarando
Art. 89.  Os crimes cometidos da existência da infração penal o motivo legal, e remeterá ime-
em qualquer embarcação nas depender de decisão sobre ques- diatamente o processo ao seu
águas territoriais da República, tão diversa da prevista no artigo substituto, intimadas as partes.
ou nos rios e lagos fronteiriços, anterior, da competência do juízo
bem como a bordo de embar- cível, e se neste houver sido pro- Art. 98.  Quando qualquer das
cações nacionais, em alto-mar, posta ação para resolvê-la, o juiz partes pretender recusar o juiz,
serão processados e julgados criminal poderá, desde que essa deverá fazê-lo em petição assi-
pela justiça do primeiro porto questão seja de difícil solução e nada por ela própria ou por pro-
brasileiro em que tocar a embar- não verse sobre direito cuja prova curador com poderes especiais,
cação, após o crime, ou, quando a lei civil limite, suspender o curso aduzindo as suas razões acom-
se afastar do País, pela do último do processo, após a inquirição das panhadas de prova documental
em que houver tocado. testemunhas e realização das ou- ou do rol de testemunhas.
tras provas de natureza urgente.
Art. 90.  Os crimes praticados § 1o  O juiz marcará o prazo Art. 99.  Se reconhecer a sus-
a bordo de aeronave nacional, da suspensão, que poderá ser peição, o juiz sustará a marcha
dentro do espaço aéreo corres- razoavelmente prorrogado, se a do processo, mandará juntar aos
pondente ao território brasileiro, demora não for imputável à par- autos a petição do recusante com
ou ao alto-mar, ou a bordo de te. Expirado o prazo, sem que o os documentos que a instruam, e
aeronave estrangeira, dentro do juiz cível tenha proferido decisão, por despacho se declarará sus-
espaço aéreo correspondente ao o juiz criminal fará prosseguir o peito, ordenando a remessa dos
território nacional, serão proces- processo, retomando sua com- autos ao substituto.
sados e julgados pela justiça da petência para resolver, de fato
comarca em cujo território se e de direito, toda a matéria da Art. 100.  Não aceitando a sus-
verificar o pouso após o crime, ou acusação ou da defesa. peição, o juiz mandará autuar
pela da comarca de onde houver § 2o  Do despacho que de- em apartado a petição, dará sua
partido a aeronave. negar a suspensão não caberá resposta dentro em três dias,
recurso. podendo instruí-la e oferecer tes-
Art. 91.  Quando incerta e não § 3o  Suspenso o processo, temunhas, e, em seguida, deter-
se determinar de acordo com as e tratando-se de crime de ação minará sejam os autos da exce-
normas estabelecidas nos arts. 89 pública, incumbirá ao Ministério ção remetidos, dentro em vinte
e 90, a competência se firmará Público intervir imediatamente e quatro horas, ao juiz ou tribunal
pela prevenção. na causa cível, para o fim de pro- a quem competir o julgamento.
mover-lhe o rápido andamento. § 1o  Reconhecida, preliminar-
mente, a relevância da arguição,
TÍTULO VI – DAS QUESTÕES Art. 94.  A suspensão do curso o juiz ou tribunal, com citação das
E PROCESSOS INCIDENTES da ação penal, nos casos dos ar- partes, marcará dia e hora para a
tigos anteriores, será decretada inquirição das testemunhas, se-
CAPÍTULO I – DAS pelo juiz, de ofício ou a requeri- guindo-se o julgamento, indepen-
QUESTÕES PREJUDICIAIS mento das partes. dentemente de mais alegações.
§ 2o  Se a suspeição for de
Art. 92.  Se a decisão sobre a manifesta improcedência, o juiz
existência da infração depender CAPÍTULO II – DAS ou relator a rejeitará liminar-
da solução de controvérsia, que o EXCEÇÕES mente.
juiz repute séria e fundada, sobre
o estado civil das pessoas, o cur- Art. 95.  Poderão ser opostas as Art. 101.  Julgada procedente a
so da ação penal ficará suspenso exceções de: suspeição, ficarão nulos os atos
até que no juízo cível seja a con- I – suspeição; do processo principal, pagando
trovérsia dirimida por sentença II – incompetência de juízo; o juiz as custas, no caso de erro

461
Código de Processo Penal
inescusável; rejeitada, eviden- Art. 106.  A suspeição dos jura- CAPÍTULO III – DAS
ciando-se a malícia do excipiente, dos deverá ser arguida oralmente, INCOMPATIBILIDADES E
a este será imposta a multa de decidindo de plano o presidente
duzentos mil-réis a dois contos do Tribunal do Júri, que a rejeita-
IMPEDIMENTOS
de réis. rá se, negada pelo recusado, não
for imediatamente comprovada, o Art. 112.  O juiz, o órgão do Mi-
Art. 102.  Quando a parte con- que tudo constará da ata. nistério Público, os serventuá-
trária reconhecer a procedência rios ou funcionários de justiça
da arguição, poderá ser sustado, Art. 107.  Não se poderá opor e os peritos ou intérpretes abs-
a seu requerimento, o processo suspeição às autoridades poli- ter-se-ão de servir no processo,
principal, até que se julgue o in- ciais nos atos do inquérito, mas quando houver incompatibilidade
cidente da suspeição. deverão elas declarar-se suspei- ou impedimento legal, que decla-
tas, quando ocorrer motivo legal. rarão nos autos. Se não se der a
Art. 103.  No Supremo Tribunal abstenção, a incompatibilidade
Federal e nos Tribunais de Ape- Art. 108.  A exceção de incompe- ou impedimento poderá ser ar-
lação, o juiz que se julgar suspei- tência do juízo poderá ser oposta, guido pelas partes, seguindo-se
to deverá declará-lo nos autos verbalmente ou por escrito, no o processo estabelecido para a
e, se for revisor, passar o feito prazo de defesa. exceção de suspeição.
ao seu substituto na ordem da § 1o  Se, ouvido o Ministério
precedência, ou, se for relator, Público, for aceita a declinató-
apresentar os autos em mesa ria, o feito será remetido ao juízo CAPÍTULO IV – DO
para nova distribuição. competente, onde, ratificados CONFLITO DE JURISDIÇÃO
§ 1o  Se não for relator nem os atos anteriores, o processo
revisor, o juiz que houver de dar- prosseguirá. Art. 113.  As questões atinentes à
-se por suspeito, deverá fazê-lo § 2o  Recusada a incompetên- competência resolver-se-ão não
verbalmente, na sessão de jul- cia, o juiz continuará no feito, fa- só pela exceção própria, como
gamento, registrando-se na ata zendo tomar por termo a declina- também pelo conflito positivo ou
a declaração. tória, se formulada verbalmente. negativo de jurisdição.
§ 2o  Se o presidente do tribu-
nal se der por suspeito, competirá Art. 109.  Se em qualquer fase Art. 114.  Haverá conflito de ju-
ao seu substituto designar dia do processo o juiz reconhecer risdição:
para o julgamento e presidi-lo. motivo que o torne incompeten- I – quando duas ou mais au-
§ 3o  Observar-se-á, quanto à te, declará-lo-á nos autos, haja toridades judiciárias se conside-
arguição de suspeição pela parte, ou não alegação da parte, pros- rarem competentes, ou incompe-
o disposto nos arts. 98 a 101, no seguindo-se na forma do artigo tentes, para conhecer do mesmo
que lhe for aplicável, atendido, se anterior. fato criminoso;
o juiz a reconhecer, o que esta- II – quando entre elas surgir
belece este artigo. Art. 110.  Nas exceções de litis- controvérsia sobre unidade de
§ 4o  A suspeição, não sendo pendência, ilegitimidade de parte juízo, junção ou separação de
reconhecida, será julgada pelo e coisa julgada, será observado, processos.
tribunal pleno, funcionando como no que lhes for aplicável, o dis-
relator o presidente. posto sobre a exceção de incom- Art. 115.  O conflito poderá ser
§ 5o  Se o recusado for o pre- petência do juízo. suscitado:
sidente do tribunal, o relator será § 1o  Se a parte houver de opor I – pela parte interessada;
o vice-presidente. mais de uma dessas exceções, II – pelos órgãos do Ministé-
deverá fazê-lo numa só petição rio Público junto a qualquer dos
Art. 104.  Se for arguida a sus- ou articulado. juízos em dissídio;
peição do órgão do Ministério § 2o  A exceção de coisa jul- III – por qualquer dos juízes
Público, o juiz, depois de ouvi-lo, gada somente poderá ser oposta ou tribunais em causa.
decidirá, sem recurso, podendo em relação ao fato principal, que
antes admitir a produção de pro- tiver sido objeto da sentença. Art. 116.  Os juízes e tribunais,
vas no prazo de três dias. sob a forma de representação, e
Art. 111.  As exceções serão pro- a parte interessada, sob a de re-
Art. 105.  As partes poderão cessadas em autos apartados e querimento, darão parte escrita
também arguir de suspeitos os não suspenderão, em regra, o e circunstanciada do conflito, pe-
peritos, os intérpretes e os ser- andamento da ação penal. rante o tribunal competente, ex-
ventuários ou funcionários de pondo os fundamentos e juntando
justiça, decidindo o juiz de plano os documentos comprobatórios.
e sem recurso, à vista da matéria § 1o  Quando negativo o con-
alegada e prova imediata. flito, os juízes e tribunais poderão

462
Código de Processo Penal
suscitá-lo nos próprios autos do que não exista dúvida quanto ao Art. 124.  Os instrumentos do cri-
processo. direito do reclamante. me, cuja perda em favor da União
§ 2o  Distribuído o feito, se o § 1o  Se duvidoso esse direito, for decretada, e as coisas confis-
conflito for positivo, o relator po- o pedido de restituição autuar-se- cadas, de acordo com o disposto
derá determinar imediatamente -á em apartado, assinando-se ao no art. 100 do Código Penal, serão
que se suspenda o andamento requerente o prazo de 5 dias para inutilizados ou recolhidos a mu-
do processo. a prova. Em tal caso, só o juiz cri- seu criminal, se houver interesse
§ 3o  Expedida ou não a ordem minal poderá decidir o incidente. na sua conservação.8
de suspensão, o relator requisita- § 2o  O incidente autuar-se-á
rá informações às autoridades em também em apartado e só a au- Art. 124-A.  Na hipótese de de-
conflito, remetendo-lhes cópia do toridade judicial o resolverá, se cretação de perdimento de obras
requerimento ou representação. as coisas forem apreendidas em de arte ou de outros bens de re-
§ 4o  As informações serão poder de terceiro de boa-fé, que levante valor cultural ou artístico,
prestadas no prazo marcado pelo será intimado para alegar e pro- se o crime não tiver vítima deter-
relator. var o seu direito, em prazo igual minada, poderá haver destinação
§ 5o  Recebidas as informa- e sucessivo ao do reclamante, dos bens a museus públicos.
ções, e depois de ouvido o pro- tendo um e outro dois dias para
curador-geral, o conflito será de- arrazoar.
cidido na primeira sessão, salvo § 3o  Sobre o pedido de res- CAPÍTULO VI – DAS
se a instrução do feito depender tituição será sempre ouvido o MEDIDAS ASSECURATÓRIAS
de diligência. Ministério Público.
§ 6o  Proferida a decisão, as § 4o  Em caso de dúvida sobre Art. 125.  Caberá o sequestro
cópias necessárias serão reme- quem seja o verdadeiro dono, o dos bens imóveis, adquiridos pelo
tidas, para a sua execução, às juiz remeterá as partes para o indiciado com os proventos da in-
autoridades contra as quais tiver juízo cível, ordenando o depósito fração, ainda que já tenham sido
sido levantado o conflito ou que das coisas em mãos de deposi- transferidos a terceiro.
o houverem suscitado. tário ou do próprio terceiro que
as detinha, se for pessoa idônea. Art. 126.  Para a decretação do
Art. 117.  O Supremo Tribunal § 5o  Tratando-se de coisas sequestro, bastará a existência
Federal, mediante avocatória, facilmente deterioráveis, serão de indícios veementes da prove-
restabelecerá a sua jurisdição, avaliadas e levadas a leilão pú- niência ilícita dos bens.
sempre que exercida por qualquer blico, depositando-se o dinheiro
dos juízes ou tribunais inferiores. apurado, ou entregues ao terceiro Art. 127.  O juiz, de ofício, a re-
que as detinha, se este for pes- querimento do Ministério Público
soa idônea e assinar termo de ou do ofendido, ou mediante re-
CAPÍTULO V – DA responsabilidade. presentação da autoridade poli-
RESTITUIÇÃO DAS COISAS cial, poderá ordenar o sequestro,
APREENDIDAS Art. 121.  No caso de apreensão em qualquer fase do processo ou
de coisa adquirida com os proven- ainda antes de oferecida a denún-
Art. 118.  Antes de transitar em tos da infração, aplica-se o dis- cia ou queixa.
julgado a sentença final, as coisas posto no art. 133 e seu parágrafo.
apreendidas não poderão ser res- Art. 128.  Realizado o sequestro,
tituídas enquanto interessarem Art. 122.  Sem prejuízo do dis- o juiz ordenará a sua inscrição no
ao processo. posto no art. 120, as coisas apre- Registro de Imóveis.
endidas serão alienadas nos ter-
Art. 119.  As coisas a que se re- mos do disposto no art. 133 deste Art. 129.  O sequestro autuar-
ferem os arts. 74 e 100 do Código Código. -se-á em apartado e admitirá
Penal não poderão ser restituídas, Parágrafo único. (Revogado) embargos de terceiro.
mesmo depois de transitar em
julgado a sentença final, salvo Art. 123.  Fora dos casos pre- Art. 130.  O sequestro poderá,
se pertencerem ao lesado ou a vistos nos artigos anteriores, se ainda, ser embargado:
terceiro de boa-fé.7 dentro no prazo de 90 dias, a I – pelo acusado, sob o fun-
contar da data em que transi- damento de não terem os bens
Art. 120.  A restituição, quando tar em julgado a sentença final, sido adquiridos com os proventos
cabível, poderá ser ordenada pela condenatória ou absolutória, os da infração;
autoridade policial ou juiz, me- objetos apreendidos não forem II – pelo terceiro, a quem hou-
diante termo nos autos, desde reclamados ou não pertencerem verem os bens sido transferidos a
ao réu, serão vendidos em leilão,
7
  NE: os dispositivos mencionados são os do depositando-se o saldo à disposi- 8
  NE: o dispositivo mencionado é o do texto
texto original do Código Penal. ção do juízo de ausentes. original do Código Penal.

463
Código de Processo Penal
título oneroso, sob o fundamento § 1o  O órgão de segurança tos comprobatórios do domínio.
de tê-los adquirido de boa-fé. pública participante das ações de § 2o  O arbitramento do valor
Parágrafo único.  Não poderá investigação ou repressão da in- da responsabilidade e a avalia-
ser pronunciada decisão nesses fração penal que ensejou a cons- ção dos imóveis designados far-
embargos antes de passar em trição do bem terá prioridade na -se-ão por perito nomeado pelo
julgado a sentença condenatória. sua utilização. juiz, onde não houver avaliador
§ 2o  Fora das hipóteses ante- judicial, sendo-lhe facultada a
Art. 131.  O sequestro será le- riores, demonstrado o interesse consulta dos autos do processo
vantado: público, o juiz poderá autorizar o respectivo.
I – se a ação penal não for uso do bem pelos demais órgãos § 3o  O juiz, ouvidas as partes
intentada no prazo de sessenta públicos. no prazo de dois dias, que correrá
dias, contado da data em que ficar § 3o  Se o bem a que se re- em cartório, poderá corrigir o ar-
concluída a diligência; fere o caput deste artigo for ve- bitramento do valor da responsa-
II – se o terceiro, a quem ti- ículo, embarcação ou aeronave, bilidade, se lhe parecer excessivo
verem sido transferidos os bens, o juiz ordenará à autoridade de ou deficiente.
prestar caução que assegure a trânsito ou ao órgão de registro § 4o  O juiz autorizará so-
aplicação do disposto no art. 74, e controle a expedição de certi- mente a inscrição da hipoteca
II, “b”, segunda parte, do Código ficado provisório de registro e do imóvel ou imóveis necessários
Penal; licenciamento em favor do órgão à garantia da responsabilidade.
III – se for julgada extinta a público beneficiário, o qual estará § 5o  O valor da responsabi-
punibilidade ou absolvido o réu, isento do pagamento de multas, lidade será liquidado definitiva-
por sentença transitada em jul- encargos e tributos anteriores à mente após a condenação, po-
gado. disponibilização do bem para a dendo ser requerido novo arbitra-
sua utilização, que deverão ser mento se qualquer das partes não
Art. 132.  Proceder-se-á ao se- cobrados de seu responsável. se conformar com o arbitramento
questro dos bens móveis se, veri- § 4o  Transitada em julgado anterior à sentença condenatória.
ficadas as condições previstas no a sentença penal condenatória § 6o  Se o réu oferecer caução
art. 126, não for cabível a medida com a decretação de perdimen- suficiente, em dinheiro ou em tí-
regulada no Capítulo XI do Título to dos bens, ressalvado o direito tulos de dívida pública, pelo valor
VII deste Livro. do lesado ou terceiro de boa-fé, de sua cotação em Bolsa, o juiz
o juiz poderá determinar a trans- poderá deixar de mandar proce-
Art. 133.  Transitada em julgado a ferência definitiva da propriedade der à inscrição da hipoteca legal.
sentença condenatória, o juiz, de ao órgão público beneficiário ao
ofício ou a requerimento do inte- qual foi custodiado o bem. Art. 136.  O arresto do imóvel
ressado ou do Ministério Público, poderá ser decretado de início,
determinará a avaliação e a venda Art. 134.  A hipoteca legal sobre revogando-se, porém, se no prazo
dos bens em leilão público cujo os imóveis do indiciado poderá de 15 (quinze) dias não for promo-
perdimento tenha sido decretado. ser requerida pelo ofendido em vido o processo de inscrição da
§ 1o  Do dinheiro apurado, qualquer fase do processo, des- hipoteca legal.
será recolhido aos cofres públi- de que haja certeza da infração
cos o que não couber ao lesado e indícios suficientes da autoria. Art. 137.  Se o responsável não
ou a terceiro de boa-fé. possuir bens imóveis ou os pos-
§ 2o  O valor apurado deverá Art. 135.  Pedida a especializa- suir de valor insuficiente, poderão
ser recolhido ao Fundo Peniten- ção mediante requerimento, em ser arrestados bens móveis sus-
ciário Nacional, exceto se houver que a parte estimará o valor da cetíveis de penhora, nos termos
previsão diversa em lei especial. responsabilidade civil, e designa- em que é facultada a hipoteca
rá e estimará o imóvel ou imóveis legal dos imóveis.
Art. 133-A.  O juiz poderá au- que terão de ficar especialmente § 1o  Se esses bens forem coi-
torizar, constatado o interesse hipotecados, o juiz mandará logo sas fungíveis e facilmente dete-
público, a utilização de bem se- proceder ao arbitramento do valor rioráveis, proceder-se-á na forma
questrado, apreendido ou sujeito da responsabilidade e à avaliação do § 5o do art. 120.
a qualquer medida assecuratória do imóvel ou imóveis. § 2o  Das rendas dos bens
pelos órgãos de segurança públi- § 1o  A petição será instruí- móveis poderão ser fornecidos
ca previstos no art. 144 da Cons- da com as provas ou indicação recursos arbitrados pelo juiz, para
tituição Federal, do sistema pri- das provas em que se fundar a a manutenção do indiciado e de
sional, do sistema socioeducativo, estimação da responsabilidade, sua família.
da Força Nacional de Segurança com a relação dos imóveis que
Pública e do Instituto Geral de o responsável possuir, se outros Art. 138.  O processo de especia-
Perícia, para o desempenho de tiver, além dos indicados no re- lização da hipoteca e do arresto
suas atividades. querimento, e com os documen- correrão em auto apartado.

464
Código de Processo Penal
Art. 139.  O depósito e a admi- nal do processo, procedendo-se e remetê-lo, com os autos do
nistração dos bens arrestados à sua conversão em renda para processo incidente, ao Ministé-
ficarão sujeitos ao regime do pro- a União, Estado ou Distrito Fe- rio Público.
cesso civil. deral, no caso de condenação,
ou, no caso de absolvição, à sua Art. 146.  A arguição de falsidade,
Art. 140.  As garantias do res- devolução ao acusado. feita por procurador, exige pode-
sarcimento do dano alcançarão § 4o  Quando a indisponibili- res especiais.
também as despesas processuais dade recair sobre dinheiro, inclu-
e as penas pecuniárias, tendo pre- sive moeda estrangeira, títulos, Art. 147.  O juiz poderá, de ofí-
ferência sobre estas a reparação valores mobiliários ou cheques cio, proceder à verificação da
do dano ao ofendido. emitidos como ordem de paga- falsidade.
mento, o juízo determinará a con-
Art. 141.  O arresto será levanta- versão do numerário apreendido Art. 148.  Qualquer que seja a
do ou cancelada a hipoteca, se, em moeda nacional corrente e o decisão, não fará coisa julgada
por sentença irrecorrível, o réu depósito das correspondentes em prejuízo de ulterior processo
for absolvido ou julgada extinta quantias em conta judicial. penal ou civil.
a punibilidade. § 5o  No caso da alienação de
veículos, embarcações ou aerona-
Art. 142.  Caberá ao Ministério ves, o juiz ordenará à autoridade CAPÍTULO VIII – DA
Público promover as medidas de trânsito ou ao equivalente ór- INSANIDADE MENTAL DO
estabelecidas nos arts. 134, 136 gão de registro e controle a expe- ACUSADO
e 137, se houver interesse da Fa- dição de certificado de registro
zenda Pública, ou se o ofendido e licenciamento em favor do ar- Art. 149.  Quando houver dúvida
for pobre e o requerer. rematante, ficando este livre do sobre a integridade mental do
pagamento de multas, encargos e acusado, o juiz ordenará, de ofício
Art. 143.  Passando em julgado tributos anteriores, sem prejuízo ou a requerimento do Ministério
a sentença condenatória, serão de execução fiscal em relação ao Público, do defensor, do curador,
os autos de hipoteca ou arresto antigo proprietário. do ascendente, descendente, ir-
remetidos ao juiz do cível (art. 63). § 6o  O valor dos títulos da mão ou cônjuge do acusado, seja
dívida pública, das ações das so- este submetido a exame médi-
Art. 144.  Os interessados ou, ciedades e dos títulos de crédito co-legal.
nos casos do art. 142, o Ministé- negociáveis em bolsa será o da § 1o  O exame poderá ser or-
rio Público poderão requerer no cotação oficial do dia, provada denado ainda na fase do inquérito,
juízo cível contra o responsável por certidão ou publicação no mediante representação da auto-
civil as medidas previstas nos órgão oficial. ridade policial ao juiz competente.
arts. 134, 136 e 137. § 7o (Vetado) § 2o  O juiz nomeará curador
ao acusado, quando determinar
Art. 144-A.  O juiz determina- o exame, ficando suspenso o pro-
rá a alienação antecipada para CAPÍTULO VII – DO cesso, se já iniciada a ação penal,
preservação do valor dos bens INCIDENTE DE FALSIDADE salvo quanto às diligências que
sempre que estiverem sujeitos a possam ser prejudicadas pelo
qualquer grau de deterioração ou Art. 145.  Arguida, por escrito, adiamento.
depreciação, ou quando houver a falsidade de documento cons-
dificuldade para sua manutenção. tante dos autos, o juiz observará Art. 150.  Para o efeito do exame,
§ 1o  O leilão far-se-á prefe- o seguinte processo: o acusado, se estiver preso, será
rencialmente por meio eletrônico. I – mandará autuar em apar- internado em manicômio judici-
§ 2o  Os bens deverão ser ven- tado a impugnação, e em segui- ário, onde houver, ou, se estiver
didos pelo valor fixado na avalia- da ouvirá a parte contrária, que, solto, e o requererem os peritos,
ção judicial ou por valor maior. no prazo de 48 horas, oferecerá em estabelecimento adequado
Não alcançado o valor estipulado resposta; que o juiz designar.
pela administração judicial, será II – assinará o prazo de três § 1o  O exame não durará mais
realizado novo leilão, em até 10 dias, sucessivamente, a cada uma de quarenta e cinco dias, salvo se
(dez) dias contados da realização das partes, para prova de suas os peritos demonstrarem a ne-
do primeiro, podendo os bens ser alegações; cessidade de maior prazo.
alienados por valor não inferior a III – conclusos os autos, po- § 2o  Se não houver prejuízo
80% (oitenta por cento) do estipu- derá ordenar as diligências que para a marcha do processo, o juiz
lado na avaliação judicial. entender necessárias; poderá autorizar sejam os autos
§ 3o  O produto da alienação IV – se reconhecida a falsida- entregues aos peritos, para faci-
ficará depositado em conta vin- de por decisão irrecorrível, man- litar o exame.
culada ao juízo até a decisão fi- dará desentranhar o documento

465
Código de Processo Penal
Art. 151.  Se os peritos concluí- I – ordenar, mesmo antes de miliar contra mulher;
rem que o acusado era, ao tempo iniciada a ação penal, a produção II – violência contra criança,
da infração, irresponsável nos antecipada de provas considera- adolescente, idoso ou pessoa com
termos do art. 22 do Código Pe- das urgentes e relevantes, obser- deficiência.
nal, o processo prosseguirá, com vando a necessidade, adequação
a presença do curador. e proporcionalidade da medida; Art. 158-A.  Considera-se cadeia
II – determinar, no curso da de custódia o conjunto de todos
Art. 152.  Se se verificar que a instrução, ou antes de proferir os procedimentos utilizados para
doença mental sobreveio à in- sentença, a realização de dili- manter e documentar a história
fração o processo continuará gências para dirimir dúvida sobre cronológica do vestígio coleta-
suspenso até que o acusado se ponto relevante. do em locais ou em vítimas de
restabeleça, observado o § 2o do crimes, para rastrear sua posse
art. 149. Art. 157.  São inadmissíveis, de- e manuseio a partir de seu reco-
§ 1o  O juiz poderá, nesse vendo ser desentranhadas do nhecimento até o descarte.
caso, ordenar a internação do processo, as provas ilícitas, as- § 1o  O início da cadeia de cus-
acusado em manicômio judiciá- sim entendidas as obtidas em tódia dá-se com a preservação do
rio ou em outro estabelecimento violação a normas constitucio- local de crime ou com procedi-
adequado. nais ou legais. mentos policiais ou periciais nos
§ 2o  O processo retomará o § 1o  São também inadmis- quais seja detectada a existência
seu curso, desde que se restabe- síveis as provas derivadas das de vestígio.
leça o acusado, ficando-lhe asse- ilícitas, salvo quando não evi- § 2o  O agente público que
gurada a faculdade de reinquirir denciado o nexo de causalidade reconhecer um elemento como
as testemunhas que houverem entre umas e outras, ou quando de potencial interesse para a
prestado depoimento sem a sua as derivadas puderem ser obtidas produção da prova pericial fica
presença. por uma fonte independente das responsável por sua preservação.
primeiras. § 3o  Vestígio é todo objeto ou
Art. 153.  O incidente da insa- § 2o  Considera-se fonte in- material bruto, visível ou latente,
nidade mental processar-se-á dependente aquela que por si só, constatado ou recolhido, que se
em auto apartado, que só depois seguindo os trâmites típicos e de relaciona à infração penal.
da apresentação do laudo, será praxe, próprios da investigação ou
apenso ao processo principal. instrução criminal, seria capaz de Art. 158-B.  A cadeia de custódia
conduzir ao fato objeto da prova. compreende o rastreamento do
Art. 154.  Se a insanidade mental § 3o  Preclusa a decisão de vestígio nas seguintes etapas:
sobrevier no curso da execução desentranhamento da prova de- I – reconhecimento: ato de
da pena, observar-se-á o disposto clarada inadmissível, esta será distinguir um elemento como de
no art. 682. inutilizada por decisão judicial, potencial interesse para a produ-
facultado às partes acompanhar ção da prova pericial;
o incidente. II – isolamento: ato de evitar
TÍTULO VII – DA PROVA § 4o (Vetado) que se altere o estado das coi-
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES § 5o  O juiz que conhecer do sas, devendo isolar e preservar
conteúdo da prova declarada o ambiente imediato, mediato e
GERAIS inadmissível não poderá profe- relacionado aos vestígios e local
rir a sentença ou acórdão. de crime;
Art. 155.  O juiz formará sua con- III – fixação: descrição de-
vicção pela livre apreciação da talhada do vestígio conforme se
prova produzida em contraditório CAPÍTULO II – DO EXAME encontra no local de crime ou no
judicial, não podendo fundamen- DE CORPO DE DELITO, DA corpo de delito, e a sua posição na
tar sua decisão exclusivamente CADEIA DE CUSTÓDIA E área de exames, podendo ser ilus-
nos elementos informativos co- DAS PERÍCIAS EM GERAL trada por fotografias, filmagens
lhidos na investigação, ressal- ou croqui, sendo indispensável a
vadas as provas cautelares, não Art. 158.  Quando a infração dei- sua descrição no laudo pericial
repetíveis e antecipadas. xar vestígios, será indispensável produzido pelo perito responsável
Parágrafo único. Somente o exame de corpo de delito, direto pelo atendimento;
quanto ao estado das pessoas ou indireto, não podendo supri-lo IV – coleta: ato de recolher
serão observadas as restrições a confissão do acusado. o vestígio que será submetido à
estabelecidas na lei civil. Parágrafo único. Dar-se-á análise pericial, respeitando suas
prioridade à realização do exame características e natureza;
Art. 156.  A prova da alegação de corpo de delito quando se tra- V – acondicionamento: pro-
incumbirá a quem a fizer, sendo, tar de crime que envolva: cedimento por meio do qual cada
porém, facultado ao juiz de ofício: I – violência doméstica e fa- vestígio coletado é embalado de

466
Código de Processo Penal
forma individualizada, de acordo tados no decurso do inquérito buição de materiais, devendo ser
com suas características físi- ou processo devem ser tratados um espaço seguro e apresentar
cas, químicas e biológicas, para como descrito nesta Lei, ficando condições ambientais que não
posterior análise, com anotação órgão central de perícia oficial interfiram nas características
da data, hora e nome de quem de natureza criminal responsá- do vestígio.
realizou a coleta e o acondicio- vel por detalhar a forma do seu § 2o  Na central de custódia,
namento; cumprimento. a entrada e a saída de vestígio
VI – transporte: ato de trans- § 2o  É proibida a entrada em deverão ser protocoladas, con-
ferir o vestígio de um local para locais isolados bem como a re- signando-se informações sobre
o outro, utilizando as condições moção de quaisquer vestígios de a ocorrência no inquérito que a
adequadas (embalagens, veícu- locais de crime antes da liberação eles se relacionam.
los, temperatura, entre outras), por parte do perito responsável, § 3o  Todas as pessoas que
de modo a garantir a manuten- sendo tipificada como fraude pro- tiverem acesso ao vestígio arma-
ção de suas características ori- cessual a sua realização. zenado deverão ser identificadas
ginais, bem como o controle de e deverão ser registradas a data
sua posse; Art. 158-D.  O recipiente para e a hora do acesso.
VII – recebimento: ato formal acondicionamento do vestígio § 4o  Por ocasião da trami-
de transferência da posse do ves- será determinado pela natureza tação do vestígio armazenado,
tígio, que deve ser documentado do material. todas as ações deverão ser regis-
com, no mínimo, informações § 1o  Todos os recipientes de- tradas, consignando-se a identi-
referentes ao número de pro- verão ser selados com lacres, ficação do responsável pela tra-
cedimento e unidade de polícia com numeração individualizada, mitação, a destinação, a data e
judiciária relacionada, local de ori- de forma a garantir a inviolabili- horário da ação.
gem, nome de quem transportou dade e a idoneidade do vestígio
o vestígio, código de rastreamen- durante o transporte. Art. 158-F.  Após a realização
to, natureza do exame, tipo do § 2o  O recipiente deverá in- da perícia, o material deverá ser
vestígio, protocolo, assinatura e dividualizar o vestígio, preservar devolvido à central de custódia,
identificação de quem o recebeu; suas características, impedir con- devendo nela permanecer.
VIII – processamento: exame taminação e vazamento, ter grau Parágrafo único.  Caso a cen-
pericial em si, manipulação do de resistência adequado e espa- tral de custódia não possua es-
vestígio de acordo com a me- ço para registro de informações paço ou condições de armazenar
todologia adequada às suas ca- sobre seu conteúdo. determinado material, deverá a
racterísticas biológicas, físicas § 3o  O recipiente só poderá autoridade policial ou judiciária
e químicas, a fim de se obter o ser aberto pelo perito que vai pro- determinar as condições de depó-
resultado desejado, que deverá ceder à análise e, motivadamente, sito do referido material em local
ser formalizado em laudo pro- por pessoa autorizada. diverso, mediante requerimento
duzido por perito; § 4o  Após cada rompimento do diretor do órgão central de pe-
IX – armazenamento: proce- de lacre, deve se fazer constar na rícia oficial de natureza criminal.
dimento referente à guarda, em ficha de acompanhamento de
condições adequadas, do mate- vestígio o nome e a matrícula do Art. 159.  O exame de corpo de
rial a ser processado, guardado responsável, a data, o local, a fina- delito e outras perícias serão rea-
para realização de contraperícia, lidade, bem como as informações lizados por perito oficial, portador
descartado ou transportado, com referentes ao novo lacre utilizado. de diploma de curso superior.
vinculação ao número do laudo § 5o  O lacre rompido deverá § 1o  Na falta de perito ofi-
correspondente; ser acondicionado no interior do cial, o exame será realizado por 2
X – descarte: procedimento novo recipiente. (duas) pessoas idôneas, portado-
referente à liberação do vestígio, ras de diploma de curso superior
respeitando a legislação vigente Art. 158-E.  Todos os Institutos preferencialmente na área es-
e, quando pertinente, mediante de Criminalística deverão ter uma pecífica, dentre as que tiverem
autorização judicial. central de custódia destinada à habilitação técnica relacionada
guarda e controle dos vestígios, e com a natureza do exame.
Art. 158-C.  A coleta dos vestí- sua gestão deve ser vinculada di- § 2o  Os peritos não oficiais
gios deverá ser realizada prefe- retamente ao órgão central de pe- prestarão o compromisso de
rencialmente por perito oficial, rícia oficial de natureza criminal. bem e fielmente desempenhar
que dará o encaminhamento ne- § 1o  Toda central de custódia o encargo.
cessário para a central de custó- deve possuir os serviços de proto- § 3o  Serão facultadas ao Mi-
dia, mesmo quando for necessária colo, com local para conferência, nistério Público, ao assistente de
a realização de exames comple- recepção, devolução de materiais acusação, ao ofendido, ao quere-
mentares. e documentos, possibilitando a lante e ao acusado a formulação
§ 1o  Todos vestígios cole- seleção, a classificação e a distri- de quesitos e indicação de assis-

467
Código de Processo Penal
tente técnico. do óbito, salvo se os peritos, pela autenticados todos os objetos en-
§ 4o  O assistente técnico evidência dos sinais de morte, jul- contrados, que possam ser úteis
atuará a partir de sua admissão garem que possa ser feita antes para a identificação do cadáver.
pelo juiz e após a conclusão dos daquele prazo, o que declararão
exames e elaboração do laudo no auto. Art. 167.  Não sendo possível o
pelos peritos oficiais, sendo as Parágrafo único.  Nos casos exame de corpo de delito, por
partes intimadas desta decisão. de morte violenta, bastará o sim- haverem desaparecido os vestí-
§ 5o  Durante o curso do pro- ples exame externo do cadáver, gios, a prova testemunhal poderá
cesso judicial, é permitido às par- quando não houver infração penal suprir-lhe a falta.
tes, quanto à perícia: que apurar, ou quando as lesões
I – requerer a oitiva dos pe- externas permitirem precisar a Art. 168.  Em caso de lesões cor-
ritos para esclarecerem a prova causa da morte e não houver ne- porais, se o primeiro exame peri-
ou para responderem a quesitos, cessidade de exame interno para cial tiver sido incompleto, proce-
desde que o mandado de intima- a verificação de alguma circuns- der-se-á a exame complementar
ção e os quesitos ou questões a tância relevante. por determinação da autoridade
serem esclarecidas sejam en- policial ou judiciária, de ofício, ou
caminhados com antecedência Art. 163.  Em caso de exumação a requerimento do Ministério Pú-
mínima de 10 (dez) dias, podendo para exame cadavérico, a autori- blico, do ofendido ou do acusado,
apresentar as respostas em laudo dade providenciará para que, em ou de seu defensor.
complementar; dia e hora previamente marcados, § 1o  No exame complemen-
II – indicar assistentes téc- se realize a diligência, da qual tar, os peritos terão presente o
nicos que poderão apresentar se lavrará auto circunstanciado. auto de corpo de delito, a fim
pareceres em prazo a ser fixado Parágrafo único.  O admi- de suprir-lhe a deficiência ou
pelo juiz ou ser inquiridos em nistrador de cemitério público retificá-lo.
audiência. ou particular indicará o lugar da § 2o  Se o exame tiver por fim
§ 6o  Havendo requerimento sepultura, sob pena de desobe- precisar a classificação do delito
das partes, o material probatório diência. No caso de recusa ou de no art. 129, § 1o, I, do Código Penal,
que serviu de base à perícia será falta de quem indique a sepultura, deverá ser feito logo que decorra
disponibilizado no ambiente do ou de encontrar-se o cadáver em o prazo de 30 dias, contado da
órgão oficial, que manterá sem- lugar não destinado a inumações, data do crime.
pre sua guarda, e na presença de a autoridade procederá às pes- § 3o  A falta de exame com-
perito oficial, para exame pelos quisas necessárias, o que tudo plementar poderá ser suprida
assistentes, salvo se for impos- constará do auto. pela prova testemunhal.
sível a sua conservação.
§ 7o  Tratando-se de perícia Art. 164.  Os cadáveres serão Art. 169.  Para o efeito de exame
complexa que abranja mais de sempre fotografados na posição do local onde houver sido pratica-
uma área de conhecimento es- em que forem encontrados, bem da a infração, a autoridade pro-
pecializado, poder-se-á designar como, na medida do possível, to- videnciará imediatamente para
a atuação de mais de um perito das as lesões externas e vestígios que não se altere o estado das
oficial, e a parte indicar mais de deixados no local do crime. coisas até a chegada dos peritos,
um assistente técnico. que poderão instruir seus laudos
Art. 165.  Para representar as com fotografias, desenhos ou
Art. 160.  Os peritos elaborarão o lesões encontradas no cadáver, esquemas elucidativos.
laudo pericial, onde descreverão os peritos, quando possível, jun- Parágrafo único.  Os peritos
minuciosamente o que examina- tarão ao laudo do exame provas registrarão, no laudo, as alte-
rem, e responderão aos quesitos fotográficas, esquemas ou dese- rações do estado das coisas e
formulados. nhos, devidamente rubricados. discutirão, no relatório, as con-
Parágrafo único.  O laudo pe- sequências dessas alterações
ricial será elaborado no prazo Art. 166.  Havendo dúvida sobre na dinâmica dos fatos.
máximo de 10 dias, podendo este a identidade do cadáver exumado,
prazo ser prorrogado, em casos proceder-se-á ao reconhecimen- Art. 170.  Nas perícias de labora-
excepcionais, a requerimento dos to pelo Instituto de Identifica- tório, os peritos guardarão mate-
peritos. ção e Estatística ou repartição rial suficiente para a eventualida-
congênere ou pela inquirição de de de nova perícia. Sempre que
Art. 161.  O exame de corpo de testemunhas, lavrando-se auto de conveniente, os laudos serão ilus-
delito poderá ser feito em qual- reconhecimento e de identidade, trados com provas fotográficas,
quer dia e a qualquer hora. no qual se descreverá o cadáver, ou microfotográficas, desenhos
com todos os sinais e indicações. ou esquemas.
Art. 162.  A autópsia será feita Parágrafo único.  Em qual-
pelo menos seis horas depois quer caso, serão arrecadados e

468
Código de Processo Penal
Art. 171.  Nos crimes cometidos poderá ser feita por precatória, formalidade, complementar ou
com destruição ou rompimen- em que se consignarão as pala- esclarecer o laudo.
to de obstáculo a subtração da vras que a pessoa será intimada Parágrafo único.  A autorida-
coisa, ou por meio de escalada, a escrever. de poderá também ordenar que se
os peritos, além de descrever os proceda a novo exame, por outros
vestígios, indicarão com que ins- Art. 175.  Serão sujeitos a exa- peritos, se julgar conveniente.
trumentos, por que meios e em me os instrumentos empregados
que época presumem ter sido o para a prática da infração, a fim Art. 182.  O juiz não ficará adstri-
fato praticado. de se lhes verificar a natureza e to ao laudo, podendo aceitá-lo ou
a eficiência. rejeitá-lo, no todo ou em parte.
Art. 172.  Proceder-se-á, quando
necessário, à avaliação de coisas Art. 176.  A autoridade e as par- Art. 183.  Nos crimes em que não
destruídas, deterioradas ou que tes poderão formular quesitos até couber ação pública, observar-
constituam produto do crime. o ato da diligência. -se-á o disposto no art. 19.
Parágrafo único.  Se impossí-
vel a avaliação direta, os peritos Art. 177.  No exame por preca- Art. 184.  Salvo o caso de exame
procederão à avaliação por meio tória, a nomeação dos peritos de corpo de delito, o juiz ou a au-
dos elementos existentes nos far-se-á no juízo deprecado. Ha- toridade policial negará a perícia
autos e dos que resultarem de vendo, porém, no caso de ação requerida pelas partes, quando
diligências. privada, acordo das partes, essa não for necessária ao esclareci-
nomeação poderá ser feita pelo mento da verdade.
Art. 173.  No caso de incêndio, juiz deprecante.
os peritos verificarão a causa e Parágrafo único.  Os quesitos
o lugar em que houver começado, do juiz e das partes serão trans- CAPÍTULO III – DO
o perigo que dele tiver resultado critos na precatória. INTERROGATÓRIO DO
para a vida ou para o patrimônio ACUSADO
alheio, a extensão do dano e o seu Art. 178.  No caso do art. 159, o
valor e as demais circunstâncias exame será requisitado pela au- Art. 185.  O acusado que compa-
que interessarem à elucidação toridade ao diretor da repartição, recer perante a autoridade judici-
do fato. juntando-se ao processo o laudo ária, no curso do processo penal,
assinado pelos peritos. será qualificado e interrogado na
Art. 174.  No exame para o re- presença de seu defensor, cons-
conhecimento de escritos, por Art. 179.  No caso do §  1o do tituído ou nomeado.
comparação de letra, observar- art. 159, o escrivão lavrará o auto § 1o  O interrogatório do réu
-se-á o seguinte: respectivo, que será assinado preso será realizado, em sala
I – a pessoa a quem se atri- pelos peritos e, se presente ao própria, no estabelecimento em
bua ou se possa atribuir o escrito exame, também pela autoridade. que estiver recolhido, desde que
será intimada para o ato, se for Parágrafo único.  No caso do estejam garantidas a segurança
encontrada; art. 160, parágrafo único, o laudo, do juiz, do membro do Ministé-
II – para a comparação, pode- que poderá ser datilografado, rio Público e dos auxiliares bem
rão servir quaisquer documentos será subscrito e rubricado em como a presença do defensor e
que a dita pessoa reconhecer ou suas folhas por todos os peritos. a publicidade do ato.
já tiverem sido judicialmente re- § 2o  Excepcionalmente, o
conhecidos como de seu punho, Art. 180.  Se houver divergên- juiz, por decisão fundamentada,
ou sobre cuja autenticidade não cia entre os peritos, serão con- de ofício ou a requerimento das
houver dúvida; signadas no auto do exame as partes, poderá realizar o interro-
III – a autoridade, quando ne- declarações e respostas de um gatório do réu preso por sistema
cessário, requisitará, para o exa- e de outro, ou cada um redigirá de videoconferência ou outro re-
me, os documentos que existirem separadamente o seu laudo, e a curso tecnológico de transmissão
em arquivos ou estabelecimentos autoridade nomeará um terceiro; de sons e imagens em tempo
públicos, ou nestes realizará a se este divergir de ambos, a auto- real, desde que a medida seja
diligência, se daí não puderem ridade poderá mandar proceder necessária para atender a uma
ser retirados; a novo exame por outros peritos. das seguintes finalidades:
IV – quando não houver es- I – prevenir risco à segurança
critos para a comparação ou fo- Art. 181.  No caso de inobser- pública, quando exista fundada
rem insuficientes os exibidos, a vância de formalidades, ou no suspeita de que o preso integre
autoridade mandará que a pessoa caso de omissões, obscurida- organização criminosa ou de que,
escreva o que lhe for ditado. Se des ou contradições, a autori- por outra razão, possa fugir du-
estiver ausente a pessoa, mas em dade judiciária mandará suprir a rante o deslocamento;
lugar certo, esta última diligência II – viabilizar a participação

469
Código de Processo Penal
do réu no referido ato processual, nha ou tomada de declarações IV – as provas já apuradas;
quando haja relevante dificulda- do ofendido. V – se conhece as vítimas e
de para seu comparecimento em § 9o  Na hipótese do § 8o deste testemunhas já inquiridas ou por
juízo, por enfermidade ou outra artigo, fica garantido o acompa- inquirir, e desde quando, e se tem
circunstância pessoal; nhamento do ato processual pelo o que alegar contra elas;
III – impedir a influência do acusado e seu defensor. VI – se conhece o instrumento
réu no ânimo de testemunha ou § 10.  Do interrogatório deve- com que foi praticada a infração,
da vítima, desde que não seja pos- rá constar a informação sobre a ou qualquer objeto que com esta
sível colher o depoimento destas existência de filhos, respectivas se relacione e tenha sido apre-
por videoconferência, nos termos idades e se possuem alguma de- endido;
do art. 217 deste Código; ficiência e o nome e o contato de VII – todos os demais fatos
IV – responder à gravíssima eventual responsável pelos cui- e pormenores que conduzam à
questão de ordem pública. dados dos filhos, indicado pela elucidação dos antecedentes e
§ 3o  Da decisão que determi- pessoa presa. circunstâncias da infração;
nar a realização de interrogatório VIII – se tem algo mais a ale-
por videoconferência, as partes Art. 186.  Depois de devidamente gar em sua defesa.
serão intimadas com 10 (dez) dias qualificado e cientificado do in-
de antecedência. teiro teor da acusação, o acusado Art. 188.  Após proceder ao in-
§ 4o  Antes do interrogatório será informado pelo juiz, antes de terrogatório, o juiz indagará das
por videoconferência, o preso iniciar o interrogatório, do seu partes se restou algum fato para
poderá acompanhar, pelo mesmo direito de permanecer calado e ser esclarecido, formulando as
sistema tecnológico, a realização de não responder perguntas que perguntas correspondentes se o
de todos os atos da audiência lhe forem formuladas. entender pertinente e relevante.
única de instrução e julgamento Parágrafo único.  O silêncio,
de que tratam os arts. 400, 411 e que não importará em confissão, Art. 189.  Se o interrogando ne-
531 deste Código. não poderá ser interpretado em gar a acusação, no todo ou em
§ 5o  Em qualquer modalidade prejuízo da defesa. parte, poderá prestar esclareci-
de interrogatório, o juiz garanti- mentos e indicar provas.
rá ao réu o direito de entrevista Art. 187.  O interrogatório será
prévia e reservada com o seu constituído de duas partes: so- Art. 190.  Se confessar a autoria,
defensor; se realizado por video- bre a pessoa do acusado e sobre será perguntado sobre os motivos
conferência, fica também garan- os fatos. e circunstâncias do fato e se ou-
tido o acesso a canais telefônicos § 1o  Na primeira parte o inter- tras pessoas concorreram para a
reservados para comunicação rogando será perguntado sobre infração, e quais sejam.
entre o defensor que esteja no a residência, meios de vida ou
presídio e o advogado presente profissão, oportunidades sociais, Art. 191.  Havendo mais de um
na sala de audiência do Fórum, e lugar onde exerce a sua atividade, acusado, serão interrogados se-
entre este e o preso. vida pregressa, notadamente se paradamente.
§ 6o  A sala reservada no es- foi preso ou processado alguma
tabelecimento prisional para a vez e, em caso afirmativo, qual Art. 192.  O interrogatório do
realização de atos processuais o juízo do processo, se houve mudo, do surdo ou do surdo-mudo
por sistema de videoconferência suspensão condicional ou con- será feito pela forma seguinte:
será fiscalizada pelos correge- denação, qual a pena imposta, I – ao surdo serão apresen-
dores e pelo juiz de cada causa, se a cumpriu e outros dados fa- tadas por escrito as perguntas,
como também pelo Ministério miliares e sociais. que ele responderá oralmente;
Público e pela Ordem dos Advo- § 2o  Na segunda parte será II – ao mudo as perguntas
gados do Brasil. perguntado sobre: serão feitas oralmente, respon-
§ 7o  Será requisitada a apre- I – ser verdadeira a acusação dendo-as por escrito;
sentação do réu preso em juízo que lhe é feita; III – ao surdo-mudo as per-
nas hipóteses em que o interro- II – não sendo verdadeira a guntas serão formuladas por es-
gatório não se realizar na forma acusação, se tem algum moti- crito e do mesmo modo dará as
prevista nos §§ 1o e 2o deste artigo. vo particular a que atribuí-la, se respostas.
§ 8o  Aplica-se o disposto nos conhece a pessoa ou pessoas a Parágrafo único.  Caso o in-
§§ 2o, 3o, 4o e 5o deste artigo, no quem deva ser imputada a prática terrogando não saiba ler ou es-
que couber, à realização de outros do crime, e quais sejam, e se com crever, intervirá no ato, como
atos processuais que dependam elas esteve antes da prática da intérprete e sob compromisso,
da participação de pessoa que infração ou depois dela; pessoa habilitada a entendê-lo.
esteja presa, como acareação, III – onde estava ao tempo em
reconhecimento de pessoas e que foi cometida a infração e se Art. 193.  Quando o interrogando
coisas, e inquirição de testemu- teve notícia desta; não falar a língua nacional, o in-

470
Código de Processo Penal
terrogatório será feito por meio rá ser conduzido à presença da Art. 204.  O depoimento será
de intérprete. autoridade. prestado oralmente, não sendo
§ 2o  O ofendido será comu- permitido à testemunha trazê-lo
Art. 194.  (Revogado) nicado dos atos processuais re- por escrito.
lativos ao ingresso e à saída do Parágrafo único.  Não será
Art. 195.  Se o interrogado não acusado da prisão, à designação vedada à testemunha, entretanto,
souber escrever, não puder ou de data para audiência e à sen- breve consulta a apontamentos.
não quiser assinar, tal fato será tença e respectivos acórdãos que
consignado no termo. a mantenham ou modifiquem. Art. 205.  Se ocorrer dúvida so-
§ 3o  As comunicações ao bre a identidade da testemunha, o
Art. 196.  A todo tempo o juiz ofendido deverão ser feitas no juiz procederá à verificação pelos
poderá proceder a novo inter- endereço por ele indicado, admi- meios ao seu alcance, podendo,
rogatório de ofício ou a pedido tindo-se, por opção do ofendido, entretanto, tomar-lhe o depoi-
fundamentado de qualquer das o uso de meio eletrônico. mento desde logo.
partes. § 4o  Antes do início da audi-
ência e durante a sua realização, Art. 206.  A testemunha não po-
será reservado espaço separado derá eximir-se da obrigação de
CAPÍTULO IV – DA para o ofendido. depor. Poderão, entretanto, re-
CONFISSÃO § 5o  Se o juiz entender ne- cusar-se a fazê-lo o ascendente
cessário, poderá encaminhar o ou descendente, o afim em linha
Art. 197.  O valor da confissão ofendido para atendimento mul- reta, o cônjuge, ainda que desqui-
se aferirá pelos critérios adota- tidisciplinar, especialmente nas tado, o irmão e o pai, a mãe, ou
dos para os outros elementos de áreas psicossocial, de assistência o filho adotivo do acusado, salvo
prova, e para a sua apreciação o jurídica e de saúde, a expensas do quando não for possível, por outro
juiz deverá confrontá-la com as ofensor ou do Estado. modo, obter-se ou integrar-se a
demais provas do processo, veri- § 6o  O juiz tomará as provi- prova do fato e de suas circuns-
ficando se entre ela e estas existe dências necessárias à preser- tâncias.
compatibilidade ou concordância. vação da intimidade, vida priva-
da, honra e imagem do ofendido, Art. 207.  São proibidas de de-
Art. 198.  O silêncio do acusado podendo, inclusive, determinar por as pessoas que, em razão
não importará confissão, mas o segredo de justiça em rela- de função, ministério, ofício ou
poderá constituir elemento para ção aos dados, depoimentos e profissão, devam guardar segre-
a formação do convencimento outras informações constantes do, salvo se, desobrigadas pela
do juiz. dos autos a seu respeito para parte interessada, quiserem dar
evitar sua exposição aos meios o seu testemunho.
Art. 199.  A confissão, quando de comunicação.
feita fora do interrogatório, será Art. 208.  Não se deferirá o com-
tomada por termo nos autos, ob- promisso a que alude o art. 203
servado o disposto no art. 195. CAPÍTULO VI – DAS aos doentes e deficientes mentais
TESTEMUNHAS e aos menores de 14 anos, nem às
Art. 200.  A confissão será di- pessoas a que se refere o art. 206.
visível e retratável, sem prejuízo Art. 202.  Toda pessoa poderá
do livre convencimento do juiz, ser testemunha. Art. 209.  O juiz, quando julgar
fundado no exame das provas necessário, poderá ouvir outras
em conjunto. Art. 203.  A testemunha fará, sob testemunhas, além das indicadas
palavra de honra, a promessa de pelas partes.
dizer a verdade do que souber § 1o  Se ao juiz parecer con-
CAPÍTULO V – DO e lhe for perguntado, devendo veniente, serão ouvidas as pes-
OFENDIDO declarar seu nome, sua idade, soas a que as testemunhas se
seu estado e sua residência, sua referirem.
Art. 201.  Sempre que possível, o profissão, lugar onde exerce sua § 2o  Não será computada
ofendido será qualificado e per- atividade, se é parente, e em que como testemunha a pessoa que
guntado sobre as circunstâncias grau, de alguma das partes, ou nada souber que interesse à de-
da infração, quem seja ou pre- quais suas relações com qual- cisão da causa.
suma ser o seu autor, as provas quer delas, e relatar o que souber,
que possa indicar, tomando-se explicando sempre as razões de Art. 210.  As testemunhas serão
por termo as suas declarações. sua ciência ou as circunstâncias inquiridas cada uma de per si, de
§ 1o  Se, intimado para esse pelas quais possa avaliar-se de modo que umas não saibam nem
fim, deixar de comparecer sem sua credibilidade. ouçam os depoimentos das ou-
motivo justo, o ofendido pode- tras, devendo o juiz adverti-las

471
Código de Processo Penal
das penas cominadas ao falso reproduzindo fielmente as suas taduais, os membros do Poder
testemunho. frases. Judiciário, os Ministros e Juízes
Parágrafo único.  Antes do dos Tribunais de Contas da União,
início da audiência e durante a Art. 216.  O depoimento da tes- dos Estados, do Distrito Federal,
sua realização, serão reserva- temunha será reduzido a termo, bem como os do Tribunal Marítimo
dos espaços separados para a assinado por ela, pelo juiz e pelas serão inquiridos em local, dia e
garantia da incomunicabilidade partes. Se a testemunha não sou- hora previamente ajustados entre
das testemunhas. ber assinar, ou não puder fazê-lo, eles e o Juiz.
pedirá a alguém que o faça por § 1o  O Presidente e o Vice-
Art. 211.  Se o juiz, ao pronunciar ela, depois de lido na presença -Presidente da República, os Pre-
sentença final, reconhecer que al- de ambos. sidentes do Senado Federal, da
guma testemunha fez afirmação Câmara dos Deputados e do Su-
falsa, calou ou negou a verdade, Art. 217.  Se o juiz verificar que premo Tribunal Federal poderão
remeterá cópia do depoimento à a presença do réu poderá causar optar pela prestação de depoi-
autoridade policial para a instau- humilhação, temor, ou sério cons- mento por escrito, caso em que
ração de inquérito. trangimento à testemunha ou ao as perguntas, formuladas pelas
Parágrafo único.  Tendo o de- ofendido, de modo que prejudique partes e deferidas pelo juiz, lhes
poimento sido prestado em plená- a verdade do depoimento, fará a serão transmitidas por ofício.
rio de julgamento, o juiz, no caso inquirição por videoconferência e, § 2o  Os militares deverão
de proferir decisão na audiência somente na impossibilidade dessa ser requisitados à autoridade
(art. 538, § 2o), o tribunal (art. 561), forma, determinará a retirada do superior.
ou o conselho de sentença, após réu, prosseguindo na inquirição, § 3o  Aos funcionários públi-
a votação dos quesitos, poderão com a presença do seu defensor. cos aplicar-se-á o disposto no
fazer apresentar imediatamente a Parágrafo único.  A adoção art.  218, devendo, porém, a ex-
testemunha à autoridade policial. de qualquer das medidas previs- pedição do mandado ser ime-
tas no caput deste artigo deverá diatamente comunicada ao chefe
Art. 212.  As perguntas serão for- constar do termo, assim como da repartição em que servirem,
muladas pelas partes diretamente os motivos que a determinaram. com indicação do dia e da hora
à testemunha, não admitindo o marcados.
juiz aquelas que puderem induzir Art. 218.  Se, regularmente in-
a resposta, não tiverem relação timada, a testemunha deixar de Art. 222.  A testemunha que mo-
com a causa ou importarem na comparecer sem motivo justifica- rar fora da jurisdição do juiz, será
repetição de outra já respondida. do, o juiz poderá requisitar à auto- inquirida pelo juiz do lugar de
Parágrafo único.  Sobre os ridade policial a sua apresentação sua residência, expedindo-se,
pontos não esclarecidos, o juiz ou determinar seja conduzida por para esse fim, carta precatória,
poderá complementar a inqui- oficial de justiça, que poderá so- com prazo razoável, intimadas
rição. licitar o auxílio da força pública. as partes.
§ 1o  A expedição da precató-
Art. 213.  O juiz não permitirá Art. 219.  O juiz poderá aplicar à ria não suspenderá a instrução
que a testemunha manifeste suas testemunha faltosa a multa pre- criminal.
apreciações pessoais, salvo quan- vista no art. 453, sem prejuízo do § 2o  Findo o prazo marcado,
do inseparáveis da narrativa do processo penal por crime de de- poderá realizar-se o julgamento,
fato. sobediência, e condená-la ao pa- mas, a todo tempo, a precatória,
gamento das custas da diligência. uma vez devolvida, será junta
Art. 214.  Antes de iniciado o de- aos autos.
poimento, as partes poderão con- Art. 220.  As pessoas impos- § 3o  Na hipótese prevista no
traditar a testemunha ou arguir sibilitadas, por enfermidade ou caput deste artigo, a oitiva de
circunstâncias ou defeitos, que a por velhice, de comparecer para testemunha poderá ser realiza-
tornem suspeita de parcialidade, depor, serão inquiridas onde es- da por meio de videoconferência
ou indigna de fé. O juiz fará con- tiverem. ou outro recurso tecnológico de
signar a contradita ou arguição e transmissão de sons e imagens
a resposta da testemunha, mas só Art. 221.  O Presidente e o Vi- em tempo real, permitida a pre-
excluirá a testemunha ou não lhe ce-Presidente da República, os sença do defensor e podendo
deferirá compromisso nos casos Senadores e Deputados Fede- ser realizada, inclusive, durante
previstos nos arts. 207 e 208. rais, os Ministros de Estado, os a realização da audiência de ins-
Governadores de Estado e Terri- trução e julgamento.
Art. 215.  Na redação do depoi- tórios, os Secretários de Estado,
mento, o juiz deverá cingir-se, os Prefeitos do Distrito Federal Art. 222-A.  As cartas rogató-
tanto quanto possível, às expres- e dos Municípios, os Deputados rias só serão expedidas se de-
sões usadas pelas testemunhas, às Assembleias Legislativas Es- monstrada previamente a sua

472
Código de Processo Penal
imprescindibilidade, arcando a que esta não veja aquela; pela mesma forma estabelecida
parte requerente com os custos IV – do ato de reconhecimento para a testemunha presente. Esta
de envio. lavrar-se-á auto pormenorizado, diligência só se realizará quando
Parágrafo único.  Aplica-se às subscrito pela autoridade, pela não importe demora prejudicial
cartas rogatórias o disposto nos pessoa chamada para proceder ao processo e o juiz a entenda
§§ 1o e 2o do art. 222 deste Código. ao reconhecimento e por duas conveniente.
testemunhas presenciais.
Art. 223.  Quando a testemunha Parágrafo único.  O disposto
não conhecer a língua nacional, no no III deste artigo não terá apli- CAPÍTULO IX – DOS
será nomeado intérprete para cação na fase da instrução crimi- DOCUMENTOS
traduzir as perguntas e respostas. nal ou em plenário de julgamento.
Parágrafo único. Tratando-se Art. 231.  Salvo os casos expres-
de mudo, surdo ou surdo-mudo, Art. 227.  No reconhecimento sos em lei, as partes poderão
proceder-se-á na conformidade de objeto, proceder-se-á com as apresentar documentos em qual-
do art. 192. cautelas estabelecidas no artigo quer fase do processo.
anterior, no que for aplicável.
Art. 224.  As testemunhas co- Art. 232.  Consideram-se do-
municarão ao juiz, dentro de um Art. 228.  Se várias forem as cumentos quaisquer escritos,
ano, qualquer mudança de resi- pessoas chamadas a efetuar o instrumentos ou papéis, públicos
dência, sujeitando-se, pela sim- reconhecimento de pessoa ou de ou particulares.
ples omissão, às penas do não objeto, cada uma fará a prova em Parágrafo único.  À fotografia
comparecimento. separado, evitando-se qualquer do documento, devidamente au-
comunicação entre elas. tenticada, se dará o mesmo valor
Art. 225.  Se qualquer testemu- do original.
nha houver de ausentar-se, ou,
por enfermidade ou por velhice, CAPÍTULO VIII – DA Art. 233.  As cartas particula-
inspirar receio de que ao tem- ACAREAÇÃO res, interceptadas ou obtidas por
po da instrução criminal já não meios criminosos, não serão ad-
exista, o juiz poderá, de ofício Art. 229.  A acareação será ad- mitidas em juízo.
ou a requerimento de qualquer mitida entre acusados, entre Parágrafo único.  As cartas
das partes, tomar-lhe antecipa- acusado e testemunha, entre poderão ser exibidas em juízo
damente o depoimento. testemunhas, entre acusado ou pelo respectivo destinatário, para
testemunha e a pessoa ofendida, a defesa de seu direito, ainda
e entre as pessoas ofendidas, que não haja consentimento do
CAPÍTULO VII – DO sempre que divergirem, em suas signatário.
RECONHECIMENTO DE declarações, sobre fatos ou cir-
PESSOAS E COISAS cunstâncias relevantes. Art. 234.  Se o juiz tiver notícia
Parágrafo único.  Os acare- da existência de documento re-
Art. 226.  Quando houver neces- ados serão reperguntados, para lativo a ponto relevante da acusa-
sidade de fazer-se o reconheci- que expliquem os pontos de di- ção ou da defesa, providenciará,
mento de pessoa, proceder-se-á vergências, reduzindo-se a termo independentemente de requeri-
pela seguinte forma: o ato de acareação. mento de qualquer das partes,
I – a pessoa que tiver de fazer para sua juntada aos autos, se
o reconhecimento será convidada Art. 230.  Se ausente alguma possível.
a descrever a pessoa que deva ser testemunha, cujas declarações
reconhecida; divirjam das de outra, que es- Art. 235.  A letra e firma dos do-
II – a pessoa, cujo reconheci- teja presente, a esta se darão cumentos particulares serão sub-
mento se pretender, será coloca- a conhecer os pontos da diver- metidas a exame pericial, quando
da, se possível, ao lado de outras gência, consignando-se no auto contestada a sua autenticidade.
que com ela tiverem qualquer se- o que explicar ou observar. Se
melhança, convidando-se quem subsistir a discordância, expedir- Art. 236.  Os documentos em
tiver de fazer o reconhecimento -se-á precatória à autoridade do língua estrangeira, sem prejuí-
a apontá-la; lugar onde resida a testemunha zo de sua juntada imediata, se-
III – se houver razão para re- ausente, transcrevendo-se as rão, se necessário, traduzidos
cear que a pessoa chamada para declarações desta e as da tes- por tradutor público, ou, na falta,
o reconhecimento, por efeito de temunha presente, nos pontos por pessoa idônea nomeada pela
intimidação ou outra influência, em que divergirem, bem como o autoridade.
não diga a verdade em face da texto do referido auto, a fim de
pessoa que deve ser reconhecida, que se complete a diligência, ou- Art. 237.  As públicas-formas
a autoridade providenciará para vindo-se a testemunha ausente, só terão valor quando conferidas

473
Código de Processo Penal
com o original, em presença da consigo arma proibida ou objetos da diligência.
autoridade. mencionados nas letras “b” a “f” § 2o  Em caso de desobedi-
e letra “h” do parágrafo anterior. ência, será arrombada a porta e
Art. 238.  Os documentos ori- forçada a entrada.
ginais, juntos a processo findo, Art. 241.  Quando a própria au- § 3o  Recalcitrando o mora-
quando não exista motivo rele- toridade policial ou judiciária não dor, será permitido o emprego de
vante que justifique a sua con- a realizar pessoalmente, a busca força contra coisas existentes no
servação nos autos, poderão, me- domiciliar deverá ser precedida interior da casa, para o descobri-
diante requerimento, e ouvido o da expedição de mandado. mento do que se procura.
Ministério Público, ser entregues § 4o  Observar-se-á o dispos-
à parte que os produziu, ficando Art. 242.  A busca poderá ser to nos §§ 2o e 3o, quando ausentes
traslado nos autos. determinada de ofício ou a reque- os moradores, devendo, neste
rimento de qualquer das partes. caso, ser intimado a assistir à
diligência qualquer vizinho, se
CAPÍTULO X – DOS Art. 243.  O mandado de busca houver e estiver presente.
INDÍCIOS deverá: § 5o  Se é determinada a pes-
I – indicar, o mais precisa- soa ou coisa que se vai procu-
Art. 239.  Considera-se indício a mente possível, a casa em que rar, o morador será intimado a
circunstância conhecida e prova- será realizada a diligência e o mostrá-la.
da, que, tendo relação com o fato, nome do respectivo proprietário § 6o  Descoberta a pessoa ou
autorize, por indução, concluir-se ou morador; ou, no caso de busca coisa que se procura, será ime-
a existência de outra ou outras pessoal, o nome da pessoa que diatamente apreendida e posta
circunstâncias. terá de sofrê-la ou os sinais que sob custódia da autoridade ou
a identifiquem; de seus agentes.
II – mencionar o motivo e os § 7o  Finda a diligência, os
CAPÍTULO XI – DA BUSCA E fins da diligência; executores lavrarão auto circuns-
DA APREENSÃO III – ser subscrito pelo escri- tanciado, assinando-o com duas
vão e assinado pela autoridade testemunhas presenciais, sem
Art. 240.  A busca será domiciliar que o fizer expedir. prejuízo do disposto no § 4o.
ou pessoal. § 1o  Se houver ordem de pri-
§ 1o  Proceder-se-á à busca são, constará do próprio texto do Art. 246.  Aplicar-se-á também o
domiciliar, quando fundadas ra- mandado de busca. disposto no artigo anterior, quan-
zões a autorizarem, para: § 2o  Não será permitida a do se tiver de proceder a busca
a)  prender criminosos; apreensão de documento em po- em compartimento habitado ou
b)  apreender coisas achadas der do defensor do acusado, salvo em aposento ocupado de habi-
ou obtidas por meios criminosos; quando constituir elemento do tação coletiva ou em compar-
c)  apreender instrumentos corpo de delito. timento não aberto ao público,
de falsificação ou de contrafação onde alguém exercer profissão
e objetos falsificados ou con- Art. 244.  A busca pessoal inde- ou atividade.
trafeitos; penderá de mandado, no caso de
d)  apreender armas e muni- prisão ou quando houver fundada Art. 247.  Não sendo encontrada
ções, instrumentos utilizados na suspeita de que a pessoa esteja a pessoa ou coisa procurada, os
prática de crime ou destinados a na posse de arma proibida ou de motivos da diligência serão co-
fim delituoso; objetos ou papéis que constitu- municados a quem tiver sofrido
e)  descobrir objetos neces- am corpo de delito, ou quando a a busca, se o requerer.
sários à prova de infração ou à medida for determinada no curso
defesa do réu; de busca domiciliar. Art. 248.  Em casa habitada, a
f)  apreender cartas, abertas busca será feita de modo que não
ou não, destinadas ao acusado Art. 245.  As buscas domiciliares moleste os moradores mais do
ou em seu poder, quando haja serão executadas de dia, salvo que o indispensável para o êxito
suspeita de que o conhecimento se o morador consentir que se da diligência.
do seu conteúdo possa ser útil à realizem à noite, e, antes de pe-
elucidação do fato; netrarem na casa, os executores Art. 249.  A busca em mulher
g)  apreender pessoas vítimas mostrarão e lerão o mandado ao será feita por outra mulher, se
de crimes; morador, ou a quem o represen- não importar retardamento ou
h)  colher qualquer elemento te, intimando-o, em seguida, a prejuízo da diligência.
de convicção. abrir a porta.
§ 2o  Proceder-se-á à busca § 1o  Se a própria autoridade Art. 250.  A autoridade ou seus
pessoal quando houver fundada der a busca, declarará previa- agentes poderão penetrar no ter-
suspeita de que alguém oculte mente sua qualidade e o objeto ritório de jurisdição alheia, ainda

474
Código de Processo Penal
que de outro Estado, quando, para ou servido como testemunha; o juiz ou de propósito der motivo
o fim de apreensão, forem no III – tiver funcionado como para criá-la.
seguimento de pessoa ou coisa, juiz de outra instância, pronun-
devendo apresentar-se à com- ciando-se, de fato ou de direito,
petente autoridade local, antes sobre a questão; CAPÍTULO II – DO
da diligência ou após, conforme IV – ele próprio ou seu cônju- MINISTÉRIO PÚBLICO
a urgência desta. ge ou parente, consanguíneo ou
§ 1o  Entender-se-á que a au- afim em linha reta ou colateral até Art. 257.  Ao Ministério Públi-
toridade ou seus agentes vão em o 3o grau inclusive, for parte ou co cabe:
seguimento da pessoa ou coisa, diretamente interessado no feito. I – promover, privativamente,
quando: a ação penal pública, na forma es-
a)  tendo conhecimento dire- Art. 253.  Nos juízos coletivos, tabelecida neste Código; e
to de sua remoção ou transporte, não poderão servir no mesmo II – fiscalizar a execução da
a seguirem sem interrupção, em- processo os juízes que forem en- lei.
bora depois a percam de vista; tre si parentes, consanguíneos ou
b)  ainda que não a tenham afins, em linha reta ou colateral Art. 258.  Os órgãos do Ministério
avistado, mas sabendo, por infor- até o 3o grau, inclusive. Público não funcionarão nos pro-
mações fidedignas ou circunstân- cessos em que o juiz ou qualquer
cias indiciárias, que está sendo Art. 254.  O juiz dar-se-á por das partes for seu cônjuge, ou
removida ou transportada em suspeito, e, se não o fizer, po- parente, consanguíneo ou afim,
determinada direção, forem ao derá ser recusado por qualquer em linha reta ou colateral, até o
seu encalço. das partes: terceiro grau, inclusive, e a eles
§ 2o  Se as autoridades locais I – se for amigo íntimo ou ini- se estendem, no que lhes for apli-
tiverem fundadas razões para du- migo capital de qualquer deles; cável, as prescrições relativas à
vidar da legitimidade das pesso- II – se ele, seu cônjuge, as- suspeição e aos impedimentos
as que, nas referidas diligências, cendente ou descendente, estiver dos juízes.
entrarem pelos seus distritos, ou respondendo a processo por fato
da legalidade dos mandados que análogo, sobre cujo caráter cri-
apresentarem, poderão exigir as minoso haja controvérsia; CAPÍTULO III – DO
provas dessa legitimidade, mas III – se ele, seu cônjuge, ou ACUSADO E SEU
de modo que não se frustre a parente, consanguíneo, ou afim, DEFENSOR
diligência. até o terceiro grau, inclusive, sus-
tentar demanda ou responder a Art. 259.  A impossibilidade de
processo que tenha de ser julgado identificação do acusado com
TÍTULO VIII – DO JUIZ, DO por qualquer das partes; o seu verdadeiro nome ou ou-
MINISTÉRIO PÚBLICO, DO IV – se tiver aconselhado tros qualificativos não retarda-
ACUSADO E DEFENSOR, qualquer das partes; rá a ação penal, quando certa
DOS ASSISTENTES E V – se for credor ou devedor, a identidade física. A qualquer
AUXILIARES DA JUSTIÇA tutor ou curador, de qualquer tempo, no curso do processo,
das partes; do julgamento ou da execução
CAPÍTULO I – DO JUIZ VI – se for sócio, acionista da sentença, se for descober-
ou administrador de sociedade ta a sua qualificação, far-se-á a
Art. 251.  Ao juiz incumbirá pro- interessada no processo. retificação, por termo, nos autos,
ver à regularidade do processo sem prejuízo da validade dos atos
e manter a ordem no curso dos Art. 255.  O impedimento ou sus- precedentes.
respectivos atos, podendo, para peição decorrente de parentesco
tal fim, requisitar a força pública. por afinidade cessará pela dis- Art. 260.  Se o acusado não aten-
solução do casamento que lhe der à intimação para o interroga-
Art. 252.  O juiz não poderá exer- tiver dado causa, salvo sobre- tório, reconhecimento ou qual-
cer jurisdição no processo em vindo descendentes; mas, ainda quer outro ato que, sem ele, não
que: que dissolvido o casamento sem possa ser realizado, a autoridade
I – tiver funcionado seu côn- descendentes, não funcionará poderá mandar conduzi-lo à sua
juge ou parente, consanguíneo como juiz o sogro, o padrasto, presença.9
ou afim, em linha reta ou colate- o cunhado, o genro ou enteado Parágrafo único.  O manda-
ral até o 3o grau, inclusive, como de quem for parte no processo. do conterá, além da ordem de
defensor ou advogado, órgão do condução, os requisitos men-
Ministério Público, autoridade po- Art. 256.  A suspeição não po- cionados no art. 352, no que lhe
licial, auxiliar da justiça ou perito; derá ser declarada nem reco- for aplicável.
II – ele próprio houver desem- nhecida, quando a parte injuriar
penhado qualquer dessas funções   NE: ver ADPF no 395 e ADPF no 444.
9

475
Código de Processo Penal
Art. 261.  Nenhum acusado, ain- CAPÍTULO IV – DOS -se aos serventuários e funcio-
da que ausente ou foragido, será ASSISTENTES nários da justiça, no que lhes for
processado ou julgado sem de- aplicável.
fensor. Art. 268.  Em todos os termos
Parágrafo único.  A defesa da ação pública, poderá intervir,
técnica, quando realizada por como assistente do Ministério CAPÍTULO VI – DOS
defensor público ou dativo, será Público, o ofendido ou seu re- PERITOS E INTÉRPRETES
sempre exercida através de ma- presentante legal, ou, na falta,
nifestação fundamentada. qualquer das pessoas mencio- Art. 275.  O perito, ainda quando
nadas no art. 31. não oficial, estará sujeito à disci-
Art. 262.  Ao acusado menor dar- plina judiciária.
-se-á curador. Art. 269.  O assistente será ad-
mitido enquanto não passar em Art. 276.  As partes não intervi-
Art. 263.  Se o acusado não o ti- julgado a sentença e receberá a rão na nomeação do perito.
ver, ser-lhe-á nomeado defensor causa no estado em que se achar.
pelo juiz, ressalvado o seu direito Art. 277.  O perito nomeado pela
de, a todo tempo, nomear outro de Art. 270.  O corréu no mesmo autoridade será obrigado a acei-
sua confiança, ou a si mesmo de- processo não poderá intervir tar o encargo, sob pena de multa
fender-se, caso tenha habilitação. como assistente do Ministério de cem a quinhentos mil-réis,
Parágrafo único.  O acusado, Público. salvo escusa atendível.
que não for pobre, será obrigado Parágrafo único. Incorrerá
a pagar os honorários do defensor Art. 271.  Ao assistente será per- na mesma multa o perito que,
dativo, arbitrados pelo juiz. mitido propor meios de prova, sem justa causa, provada ime-
requerer perguntas às testemu- diatamente:
Art. 264.  Salvo motivo relevante, nhas, aditar o libelo e os articu- a)  deixar de acudir à intima-
os advogados e solicitadores se- lados, participar do debate oral e ção ou ao chamado da autoridade;
rão obrigados, sob pena de multa arrazoar os recursos interpostos b)  não comparecer no dia e
de cem a quinhentos mil-réis, a pelo Ministério Público, ou por ele local designados para o exame;
prestar seu patrocínio aos acusa- próprio, nos casos dos arts. 584, c)  não der o laudo, ou con-
dos, quando nomeados pelo Juiz. § 1o, e 598. correr para que a perícia não seja
§ 1o  O juiz, ouvido o Ministério feita, nos prazos estabelecidos.
Art. 265.  O defensor não poderá Público, decidirá acerca da reali-
abandonar o processo senão por zação das provas propostas pelo Art. 278.  No caso de não com-
motivo imperioso, comunicado assistente. parecimento do perito, sem justa
previamente o juiz, sob pena de § 2o  O processo prosseguirá causa, a autoridade poderá deter-
multa de 10 (dez) a 100 (cem) sa- independentemente de nova in- minar a sua condução.
lários mínimos, sem prejuízo das timação do assistente, quando
demais sanções cabíveis. este, intimado, deixar de com- Art. 279.  Não poderão ser pe-
§ 1o  A audiência poderá ser parecer a qualquer dos atos da ritos:10
adiada se, por motivo justifica- instrução ou do julgamento, sem I – os que estiverem sujeitos
do, o defensor não puder com- motivo de força maior devidamen- à interdição de direito mencio-
parecer. te comprovado. nada nos nos I e IV do art. 69 do
§ 2o  Incumbe ao defensor Código Penal;
provar o impedimento até a aber- Art. 272.  O Ministério Público II – os que tiverem presta-
tura da audiência. Não o fazendo, será ouvido previamente sobre do depoimento no processo ou
o juiz não determinará o adia- a admissão do assistente. opinado anteriormente sobre o
mento de ato algum do processo, objeto da perícia;
devendo nomear defensor subs- Art. 273.  Do despacho que ad- III – os analfabetos e os me-
tituto, ainda que provisoriamente mitir, ou não, o assistente, não nores de 21 anos.
ou só para o efeito do ato. caberá recurso, devendo, entre-
tanto, constar dos autos o pedido Art. 280.  É extensivo aos pe-
Art. 266.  A constituição de de- e a decisão. ritos, no que lhes for aplicável,
fensor independerá de instru- o disposto sobre suspeição dos
mento de mandato, se o acusado juízes.
o indicar por ocasião do interro- CAPÍTULO V – DOS
gatório. FUNCIONÁRIOS DA
JUSTIÇA
Art. 267.  Nos termos do art. 252,
não funcionarão como defensores Art. 274.  As prescrições sobre   NE: os dispositivos mencionados são os
10

os parentes do juiz. suspeição dos juízes estendem- do texto original do Código Penal.

476
Código de Processo Penal
Art. 281.  Os intérpretes são, para do parágrafo único do art.  312 a infração;
todos os efeitos, equiparados deste Código. e)  será dirigido a quem tiver
aos peritos. § 5o  O juiz poderá, de ofício qualidade para dar-lhe execução.
ou a pedido das partes, revogar
a medida cautelar ou substituí-la Art. 286.  O mandado será pas-
TÍTULO IX – DA PRISÃO, quando verificar a falta de motivo sado em duplicata, e o executor
DAS MEDIDAS CAUTELARES para que subsista, bem como vol- entregará ao preso, logo depois
E DA LIBERDADE tar a decretá-la, se sobrevierem da prisão, um dos exemplares
PROVISÓRIA razões que a justifiquem. com declaração do dia, hora e
§ 6o  A prisão preventiva so- lugar da diligência. Da entrega
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES mente será determinada quando deverá o preso passar recibo no
GERAIS não for cabível a sua substituição outro exemplar; se recusar, não
por outra medida cautelar, ob- souber ou não puder escrever,
Art. 282.  As medidas cautelares servado o art. 319 deste Código, o fato será mencionado em de-
previstas neste Título deverão ser e o não cabimento da substitui- claração, assinada por duas tes-
aplicadas observando-se a: ção por outra medida cautelar temunhas.
I – necessidade para aplica- deverá ser justificado de forma
ção da lei penal, para a investiga- fundamentada nos elementos Art. 287.  Se a infração for ina-
ção ou a instrução criminal e, nos presentes do caso concreto, de fiançável, a falta de exibição do
casos expressamente previstos, forma individualizada. mandado não obstará a prisão,
para evitar a prática de infrações e o preso, em tal caso, será ime-
penais; Art. 283.  Ninguém poderá ser diatamente apresentado ao juiz
II – adequação da medida à preso senão em flagrante delito que tiver expedido o mandado,
gravidade do crime, circunstân- ou por ordem escrita e funda- para a realização de audiência
cias do fato e condições pessoais mentada da autoridade judiciária de custódia.
do indiciado ou acusado. competente, em decorrência de
§ 1o  As medidas cautelares prisão cautelar ou em virtude de Art. 288.  Ninguém será recolhi-
poderão ser aplicadas isolada ou condenação criminal transitada do à prisão, sem que seja exibido
cumulativamente. em julgado. o mandado ao respectivo diretor
§ 2o  As medidas cautelares § 1o  As medidas cautelares ou carcereiro, a quem será entre-
serão decretadas pelo juiz a re- previstas neste Título não se apli- gue cópia assinada pelo executor
querimento das partes ou, quando cam à infração a que não for iso- ou apresentada a guia expedida
no curso da investigação criminal, lada, cumulativa ou alternativa- pela autoridade competente, de-
por representação da autoridade mente cominada pena privativa vendo ser passado recibo da en-
policial ou mediante requerimen- de liberdade. trega do preso, com declaração
to do Ministério Público. § 2o  A prisão poderá ser efe- de dia e hora.
§ 3o  Ressalvados os casos de tuada em qualquer dia e a qual- Parágrafo único.  O recibo
urgência ou de perigo de ineficá- quer hora, respeitadas as restri- poderá ser passado no próprio
cia da medida, o juiz, ao receber o ções relativas à inviolabilidade exemplar do mandado, se este
pedido de medida cautelar, deter- do domicílio. for o documento exibido.
minará a intimação da parte con-
trária, para se manifestar no prazo Art. 284.  Não será permitido o Art. 289.  Quando o acusado es-
de 5 (cinco) dias, acompanhada de emprego de força, salvo a indis- tiver no território nacional, fora
cópia do requerimento e das pe- pensável no caso de resistência da jurisdição do juiz processan-
ças necessárias, permanecendo ou de tentativa de fuga do preso. te, será deprecada a sua prisão,
os autos em juízo, e os casos de devendo constar da precatória o
urgência ou de perigo deverão ser Art. 285.  A autoridade que or- inteiro teor do mandado.
justificados e fundamentados em denar a prisão fará expedir o res- § 1o  Havendo urgência, o juiz
decisão que contenha elementos pectivo mandado. poderá requisitar a prisão por
do caso concreto que justifiquem Parágrafo único.  O mandado qualquer meio de comunicação,
essa medida excepcional. de prisão: do qual deverá constar o motivo
§ 4o  No caso de descumpri- a)  será lavrado pelo escrivão da prisão, bem como o valor da
mento de qualquer das obriga- e assinado pela autoridade; fiança se arbitrada.
ções impostas, o juiz, mediante b)  designará a pessoa, que § 2o  A autoridade a quem se
requerimento do Ministério Pú- tiver de ser presa, por seu nome, fizer a requisição tomará as pre-
blico, de seu assistente ou do alcunha ou sinais característicos; cauções necessárias para averi-
querelante, poderá substituir a c)  mencionará a infração pe- guar a autenticidade da comu-
medida, impor outra em cumula- nal que motivar a prisão; nicação.
ção, ou, em último caso, decretar d)  declarará o valor da fian- § 3o  O juiz processante de-
a prisão preventiva, nos termos ça arbitrada, quando afiançável verá providenciar a remoção do

477
Código de Processo Penal
preso no prazo máximo de 30 de lavrado, se for o caso, o auto e, sendo dia, entrará à força na
(trinta) dias, contados da efeti- de flagrante, providenciará para casa, arrombando as portas, se
vação da medida. a remoção do preso. preciso; sendo noite, o executor,
§ 1o  Entender-se-á que o depois da intimação ao morador,
Art. 289-A.  O juiz competente executor vai em perseguição do se não for atendido, fará guar-
providenciará o imediato registro réu, quando: dar todas as saídas, tornando a
do mandado de prisão em banco a)  tendo-o avistado, for per- casa incomunicável, e, logo que
de dados mantido pelo Conselho seguindo-o sem interrupção, em- amanheça, arrombará as portas
Nacional de Justiça para essa bora depois o tenha perdido de e efetuará a prisão.
finalidade. vista; Parágrafo único.  O morador
§ 1o  Qualquer agente policial b)  sabendo, por indícios ou que se recusar a entregar o réu
poderá efetuar a prisão deter- informações fidedignas, que o oculto em sua casa será levado
minada no mandado de prisão réu tenha passado, há pouco tem- à presença da autoridade, para
registrado no Conselho Nacio- po, em tal ou qual direção, pelo que se proceda contra ele como
nal de Justiça, ainda que fora da lugar em que o procure, for no for de direito.
competência territorial do juiz seu encalço.
que o expediu. § 2o  Quando as autoridades Art. 294.  No caso de prisão em
§ 2o  Qualquer agente policial locais tiverem fundadas razões flagrante, observar-se-á o dis-
poderá efetuar a prisão decre- para duvidar da legitimidade da posto no artigo anterior, no que
tada, ainda que sem registro no pessoa do executor ou da legali- for aplicável.
Conselho Nacional de Justiça, dade do mandado que apresen-
adotando as precauções neces- tar, poderão pôr em custódia o Art. 295.  Serão recolhidos a
sárias para averiguar a autentici- réu, até que fique esclarecida quartéis ou a prisão especial, à
dade do mandado e comunicando a dúvida. disposição da autoridade com-
ao juiz que a decretou, devendo petente, quando sujeitos a prisão
este providenciar, em seguida, o Art. 291.  A prisão em virtude antes de condenação definitiva:
registro do mandado na forma do de mandado entender-se-á feita I – os ministros de Estado;
caput deste artigo. desde que o executor, fazendo-se II – os governadores ou inter-
§ 3o  A prisão será imedia- conhecer do réu, lhe apresente ventores de Estados e Territórios,
tamente comunicada ao juiz do o mandado e o intime a acom- o Prefeito do Distrito Federal, seus
local de cumprimento da medida panhá-lo. respectivos secretários, os pre-
o qual providenciará a certidão feitos municipais, os vereadores
extraída do registro do Conselho Art. 292.  Se houver, ainda que e chefes de Polícia;
Nacional de Justiça e informará por parte de terceiros, resistên- III – os membros do Parla-
ao juízo que a decretou. cia à prisão em flagrante ou à mento Nacional, do Conselho de
§ 4o  O preso será informado determinada por autoridade com- Economia Nacional e das Assem-
de seus direitos, nos termos do petente, o executor e as pessoas bleias Legislativas dos Estados;
inciso LXIII do art. 5o da Consti- que o auxiliarem poderão usar IV – os cidadãos inscritos no
tuição Federal e, caso o autua- dos meios necessários para de- “Livro de Mérito”;
do não informe o nome de seu fender-se ou para vencer a re- V – os oficiais das Forças
advogado, será comunicado à sistência, do que tudo se lavrará Armadas e os militares dos Es-
Defensoria Pública. auto subscrito também por duas tados, do Distrito Federal e dos
§ 5o  Havendo dúvidas das testemunhas. Territórios;
autoridades locais sobre a legi- Parágrafo único.  É vedado VI – os magistrados;
timidade da pessoa do executor o uso de algemas em mulheres VII – os diplomados por qual-
ou sobre a identidade do preso, grávidas durante os atos médico- quer das faculdades superiores
aplica-se o disposto no §  2o do -hospitalares preparatórios para da República;
art. 290 deste Código. a realização do parto e durante o VIII – os ministros de confis-
§ 6o  O Conselho Nacional de trabalho de parto, bem como em são religiosa;
Justiça regulamentará o registro mulheres durante o período de IX – os ministros do Tribunal
do mandado de prisão a que se puerpério imediato. de Contas;
refere o caput deste artigo. X – os cidadãos que já tiverem
Art. 293.  Se o executor do man- exercido efetivamente a função
Art. 290.  Se o réu, sendo per- dado verificar, com segurança, de jurado, salvo quando excluídos
seguido, passar ao território de que o réu entrou ou se encontra da lista por motivo de incapaci-
outro município ou comarca, o em alguma casa, o morador será dade para o exercício daquela
executor poderá efetuar-lhe a intimado a entregá-lo, à vista da função;
prisão no lugar onde o alcançar, ordem de prisão. Se não for obe- XI – os delegados de polícia
apresentando-o imediatamente decido imediatamente, o execu- e os guardas-civis dos Estados
à autoridade local, que, depois tor convocará duas testemunhas e Territórios, ativos e inativos.

478
Código de Processo Penal
§ 1o  A prisão especial, pre- da instituição a que pertencer, se caso, com o condutor, deverão
vista neste Código ou em outras onde ficará preso à disposição assiná-lo pelo menos duas pes-
leis, consiste exclusivamente no das autoridades competentes. soas que hajam testemunhado
recolhimento em local distinto da a apresentação do preso à au-
prisão comum. toridade.
§ 2o  Não havendo estabele- CAPÍTULO II – DA PRISÃO § 3o  Quando o acusado se re-
cimento específico para o preso EM FLAGRANTE cusar a assinar, não souber ou não
especial, este será recolhido em puder fazê-lo, o auto de prisão em
cela distinta do mesmo estabe- Art. 301.  Qualquer do povo po- flagrante será assinado por duas
lecimento. derá e as autoridades policiais e testemunhas, que tenham ouvido
§ 3o  A cela especial poderá seus agentes deverão prender sua leitura na presença deste.
consistir em alojamento cole- quem quer que seja encontrado § 4o  Da lavratura do auto de
tivo, atendidos os requisitos de em flagrante delito. prisão em flagrante deverá cons-
salubridade do ambiente, pela tar a informação sobre a existên-
concorrência dos fatores de aera- Art. 302.  Considera-se em fla- cia de filhos, respectivas idades
ção, insolação e condicionamento grante delito quem: e se possuem alguma deficiência
térmico adequados à existência I – está cometendo a infra- e o nome e o contato de eventual
humana. ção penal; responsável pelos cuidados dos
§ 4o  O preso especial não II – acaba de cometê-la; filhos, indicado pela pessoa presa.
será transportado juntamente III – é perseguido, logo após,
com o preso comum. pela autoridade, pelo ofendido ou Art. 305.  Na falta ou no impe-
§ 5o  Os demais direitos e de- por qualquer pessoa, em situa- dimento do escrivão, qualquer
veres do preso especial serão os ção que faça presumir ser autor pessoa designada pela autoridade
mesmos do preso comum. da infração; lavrará o auto, depois de prestado
IV – é encontrado, logo de- o compromisso legal.
Art. 296.  Os inferiores e pra- pois, com instrumentos, armas,
ças de pré, onde for possível, objetos ou papéis que façam pre- Art. 306.  A prisão de qualquer
serão recolhidos à prisão, em sumir ser ele autor da infração. pessoa e o local onde se encon-
estabelecimentos militares, de tre serão comunicados imedia-
acordo com os respectivos re- Art. 303.  Nas infrações perma- tamente ao juiz competente, ao
gulamentos. nentes, entende-se o agente em Ministério Público e à família do
flagrante delito enquanto não preso ou à pessoa por ele in-
Art. 297.  Para o cumprimento cessar a permanência. dicada.
de mandado expedido pela au- § 1o  Em até 24 (vinte e qua-
toridade judiciária, a autoridade Art. 304.  Apresentado o preso tro) horas após a realização da
policial poderá expedir tantos à autoridade competente, ouvirá prisão, será encaminhado ao juiz
outros quantos necessários às esta o condutor e colherá, desde competente o auto de prisão em
diligências, devendo neles ser logo, sua assinatura, entregando flagrante e, caso o autuado não
fielmente reproduzido o teor do a este cópia do termo e recibo de informe o nome de seu advogado,
mandado original. entrega do preso. Em seguida, cópia integral para a Defensoria
procederá à oitiva das testemu- Pública.
Art. 298.  (Revogado) nhas que o acompanharem e ao § 2o  No mesmo prazo, será
interrogatório do acusado sobre entregue ao preso, mediante re-
Art. 299.  A captura poderá ser a imputação que lhe é feita, co- cibo, a nota de culpa, assinada
requisitada, à vista de mandado lhendo, após cada oitiva suas res- pela autoridade, com o motivo
judicial, por qualquer meio de co- pectivas assinaturas, lavrando, a da prisão, o nome do condutor e
municação, tomadas pela autori- autoridade, afinal, o auto. os das testemunhas.
dade, a quem se fizer a requisição, § 1o  Resultando das respos-
as precauções necessárias para tas fundada suspeita contra o Art. 307.  Quando o fato for pra-
averiguar a autenticidade desta. conduzido, a autoridade man- ticado em presença da autorida-
dará recolhê-lo à prisão, exceto de, ou contra esta, no exercício
Art. 300.  As pessoas presas pro- no caso de livrar-se solto ou de de suas funções, constarão do
visoriamente ficarão separadas prestar fiança, e prosseguirá nos auto a narração deste fato, a voz
das que já estiverem definitiva- atos do inquérito ou processo, se de prisão, as declarações que
mente condenadas, nos termos para isso for competente; se não fizer o preso e os depoimentos
da lei de execução penal. o for, enviará os autos à autori- das testemunhas, sendo tudo
Parágrafo único.  O militar dade que o seja. assinado pela autoridade, pelo
preso em flagrante delito, após § 2o  A falta de testemunhas preso e pelas testemunhas e re-
a lavratura dos procedimentos da infração não impedirá o auto metido imediatamente ao juiz
legais, será recolhido a quartel de prisão em flagrante; mas, nes- a quem couber tomar conheci-

479
Código de Processo Penal
mento do fato delituoso, se não no caput deste artigo responderá do por outro crime doloso, em
o for a autoridade que houver administrativa, civil e penalmente sentença transitada em julgado,
presidido o auto. pela omissão. ressalvado o disposto no inciso I
§ 4o  Transcorridas 24 (vinte do caput do art. 64 do Decreto-
Art. 308.  Não havendo auto- e quatro) horas após o decurso -lei no 2.848, de 7 de dezembro
ridade no lugar em que se tiver do prazo estabelecido no caput de 1940 – Código Penal;
efetuado a prisão, o preso será deste artigo, a não realização de III – se o crime envolver vio-
logo apresentado à do lugar mais audiência de custódia sem moti- lência doméstica e familiar contra
próximo. vação idônea ensejará também a a mulher, criança, adolescente,
ilegalidade da prisão, a ser relaxa- idoso, enfermo ou pessoa com
Art. 309.  Se o réu se livrar solto, da pela autoridade competente, deficiência, para garantir a exe-
deverá ser posto em liberdade, sem prejuízo da possibilidade de cução das medidas protetivas
depois de lavrado o auto de pri- imediata decretação de prisão de urgência;
são em flagrante. preventiva. IV – (Revogado).
§ 1o  Também será admitida a
Art. 310.  Após receber o auto prisão preventiva quando houver
de prisão em flagrante, no prazo CAPÍTULO III – DA PRISÃO dúvida sobre a identidade civil da
máximo de até 24 (vinte e quatro) PREVENTIVA pessoa ou quando esta não for-
horas após a realização da prisão, necer elementos suficientes para
o juiz deverá promover audiência Art. 311.  Em qualquer fase da in- esclarecê-la, devendo o preso ser
de custódia com a presença do vestigação policial ou do processo colocado imediatamente em li-
acusado, seu advogado consti- penal, caberá a prisão preventiva berdade após a identificação, sal-
tuído ou membro da Defensoria decretada pelo juiz, a requeri- vo se outra hipótese recomendar
Pública e o membro do Ministé- mento do Ministério Público, do a manutenção da medida.
rio Público, e, nessa audiência, o querelante ou do assistente, ou § 2o  Não será admitida a de-
juiz deverá, fundamentadamente: por representação da autorida- cretação da prisão preventiva
I – relaxar a prisão ilegal; ou de policial. com a finalidade de antecipação
II – converter a prisão em de cumprimento de pena ou como
flagrante em preventiva, quando Art. 312.  A prisão preventiva po- decorrência imediata de investi-
presentes os requisitos constan- derá ser decretada como garantia gação criminal ou da apresenta-
tes do art. 312 deste Código, e se da ordem pública, da ordem eco- ção ou recebimento de denúncia.
revelarem inadequadas ou insu- nômica, por conveniência da ins-
ficientes as medidas cautelares trução criminal ou para assegurar Art. 314.  A prisão preventiva em
diversas da prisão; ou a aplicação da lei penal, quando nenhum caso será decretada se o
III – conceder liberdade provi- houver prova da existência do cri- juiz verificar pelas provas cons-
sória, com ou sem fiança. me e indício suficiente de autoria tantes dos autos ter o agente
§ 1o  Se o juiz verificar, pelo e de perigo gerado pelo estado de praticado o fato nas condições
auto de prisão em flagrante, que liberdade do imputado. previstas nos incisos I, II e III do
o agente praticou o fato em qual- § 1o  A prisão preventiva tam- caput do art.  23 do Decreto-lei
quer das condições constantes bém poderá ser decretada em no  2.848, de 7 de dezembro de
dos incisos I, II ou III do caput do caso de descumprimento de qual- 1940 – Código Penal.
art.  23 do Decreto-lei no  2.848, quer das obrigações impostas por
de 7 de dezembro de 1940 (Códi- força de outras medidas cautela- Art. 315.  A decisão que decre-
go Penal), poderá, fundamenta- res (art. 282, § 4o). tar, substituir ou denegar a prisão
damente, conceder ao acusado § 2o  A decisão que decretar preventiva será sempre motivada
liberdade provisória, mediante a prisão preventiva deve ser mo- e fundamentada.
termo de comparecimento obri- tivada e fundamentada em receio § 1o  Na motivação da decre-
gatório a todos os atos proces- de perigo e existência concreta de tação da prisão preventiva ou de
suais, sob pena de revogação. fatos novos ou contemporâneos qualquer outra cautelar, o juiz
§ 2o  Se o juiz verificar que o que justifiquem a aplicação da deverá indicar concretamente
agente é reincidente ou que inte- medida adotada. a existência de fatos novos ou
gra organização criminosa arma- contemporâneos que justifiquem
da ou milícia, ou que porta arma Art. 313.  Nos termos do art. 312 a aplicação da medida adotada.
de fogo de uso restrito, deverá deste Código, será admitida a § 2o  Não se considera fun-
denegar a liberdade provisória, decretação da prisão preventiva: damentada qualquer decisão
com ou sem medidas cautelares. I – nos crimes dolosos puni- judicial, seja ela interlocutória,
§ 3o  A autoridade que deu dos com pena privativa de liber- sentença ou acórdão, que:
causa, sem motivação idônea, à dade máxima superior a 4 (qua- I – limitar-se à indicação, à
não realização da audiência de tro) anos; reprodução ou à paráfrase de
custódia no prazo estabelecido II – se tiver sido condena- ato normativo, sem explicar sua

480
Código de Processo Penal
relação com a causa ou a ques- III – imprescindível aos cuida- -se da Comarca quando a per-
tão decidida; dos especiais de pessoa menor manência seja conveniente ou
II – empregar conceitos jurí- de 6 (seis) anos de idade ou com necessária para a investigação
dicos indeterminados, sem ex- deficiência; ou instrução;
plicar o motivo concreto de sua IV – gestante; V – recolhimento domiciliar
incidência no caso; V – mulher com filho de até 12 no período noturno e nos dias
III – invocar motivos que se (doze) anos de idade incompletos; de folga quando o investigado
prestariam a justificar qualquer VI – homem, caso seja o úni- ou acusado tenha residência e
outra decisão; co responsável pelos cuidados trabalho fixos;
IV – não enfrentar todos os ar- do filho de até 12 (doze) anos de VI – suspensão do exercício
gumentos deduzidos no processo idade incompletos. de função pública ou de atividade
capazes de, em tese, infirmar a Parágrafo único.  Para a subs- de natureza econômica ou finan-
conclusão adotada pelo julgador; tituição, o juiz exigirá prova idô- ceira quando houver justo receio
V – limitar-se a invocar pre- nea dos requisitos estabelecidos de sua utilização para a prática
cedente ou enunciado de súmula, neste artigo. de infrações penais;
sem identificar seus fundamentos VII – internação provisória do
determinantes nem demonstrar Art. 318-A.  A prisão preventiva acusado nas hipóteses de crimes
que o caso sob julgamento se imposta à mulher gestante ou praticados com violência ou grave
ajusta àqueles fundamentos; que for mãe ou responsável por ameaça, quando os peritos con-
VI – deixar de seguir enuncia- crianças ou pessoas com defici- cluírem ser inimputável ou semi-
do de súmula, jurisprudência ou ência será substituída por prisão -imputável (art. 26 do Código Pe-
precedente invocado pela parte, domiciliar, desde que: nal) e houver risco de reiteração;
sem demonstrar a existência de I – não tenha cometido crime VIII – fiança, nas infrações
distinção no caso em julgamento com violência ou grave ameaça que a admitem, para assegurar o
ou a superação do entendimento. a pessoa; comparecimento a atos do pro-
II – não tenha cometido o cri- cesso, evitar a obstrução do seu
Art. 316.  O juiz poderá, de ofício me contra seu filho ou depen- andamento ou em caso de re-
ou a pedido das partes, revogar dente. sistência injustificada à ordem
a prisão preventiva se, no correr judicial;
da investigação ou do processo, Art. 318-B.  A substituição de IX – monitoração eletrônica.
verificar a falta de motivo para que tratam os arts. 318 e 318‑A § 1o (Revogado)
que ela subsista, bem como nova- poderá ser efetuada sem prejuízo § 2o (Revogado)
mente decretá-la, se sobrevierem da aplicação concomitante das § 3o (Revogado)
razões que a justifiquem. medidas alternativas previstas § 4o  A fiança será aplicada
Parágrafo único.  Decretada a no art. 319 deste Código. de acordo com as disposições
prisão preventiva, deverá o órgão do Capítulo VI deste Título, po-
emissor da decisão revisar a ne- dendo ser cumulada com outras
cessidade de sua manutenção a CAPÍTULO V – DAS OUTRAS medidas cautelares.
cada 90 (noventa) dias, mediante MEDIDAS CAUTELARES
decisão fundamentada, de ofício, Art. 320.  A proibição de ausen-
sob pena de tornar a prisão ilegal.11 Art. 319.  São medidas cautela- tar-se do País será comunicada
res diversas da prisão: pelo juiz às autoridades encarre-
I – comparecimento peri- gadas de fiscalizar as saídas do
CAPÍTULO IV – DA PRISÃO ódico em juízo, no prazo e nas território nacional, intimando-se
DOMICILIAR condições fixadas pelo juiz, para o indiciado ou acusado para en-
informar e justificar atividades; tregar o passaporte, no prazo de
Art. 317.  A prisão domiciliar con- II – proibição de acesso ou 24 (vinte e quatro) horas.
siste no recolhimento do indiciado frequência a determinados lu-
ou acusado em sua residência, só gares quando, por circunstâncias
podendo dela ausentar-se com relacionadas ao fato, deva o in- CAPÍTULO VI – DA
autorização judicial. diciado ou acusado permanecer LIBERDADE PROVISÓRIA,
distante desses locais para evitar COM OU SEM FIANÇA
Art. 318.  Poderá o juiz substituir o risco de novas infrações;
a prisão preventiva pela domiciliar III – proibição de manter con- Art. 321.  Ausentes os requisitos
quando o agente for: tato com pessoa determinada que autorizam a decretação da
I – maior de 80 (oitenta) anos; quando, por circunstâncias rela- prisão preventiva, o juiz deverá
II – extremamente debilitado cionadas ao fato, deva o indicia- conceder liberdade provisória,
por motivo de doença grave; do ou acusado dela permanecer impondo, se for o caso, as me-
distante; didas cautelares previstas no
11
  NE: ver ADI no 6.581 e ADI no 6.582. IV – proibição de ausentar- art. 319 deste Código e observa-

481
Código de Processo Penal
dos os critérios constantes do § 1o  Se assim recomendar a Art. 330.  A fiança, que será
art. 282 deste Código. situação econômica do preso, a sempre definitiva, consistirá em
I – (Revogado); fiança poderá ser: depósito de dinheiro, pedras, ob-
II – (Revogado). I – dispensada, na forma do jetos ou metais preciosos, títulos
art. 350 deste Código; da dívida pública, federal, estadu-
Art. 322.  A autoridade policial II – reduzida até o máximo de al ou municipal, ou em hipoteca
somente poderá conceder fiança 2/3 (dois terços); ou inscrita em primeiro lugar.
nos casos de infração cuja pena III – aumentada em até 1.000 § 1o  A avaliação de imóvel,
privativa de liberdade máxima não (mil) vezes. ou de pedras, objetos ou metais
seja superior a 4 (quatro) anos. § 2o (Revogado) preciosos será feita imediata-
Parágrafo único.  Nos demais mente por perito nomeado pela
casos, a fiança será requerida ao Art. 326.  Para determinar o va- autoridade.
juiz, que decidirá em 48 (quarenta lor da fiança, a autoridade terá § 2o  Quando a fiança consis-
e oito) horas. em consideração a natureza da tir em caução de títulos da dívida
infração, as condições pessoais pública, o valor será determinado
Art. 323.  Não será concedida de fortuna e vida pregressa do pela sua cotação em Bolsa, e, sen-
fiança: acusado, as circunstâncias in- do nominativos, exigir-se-á prova
I – nos crimes de racismo; dicativas de sua periculosidade, de que se acham livres de ônus.
II – nos crimes de tortura, bem como a importância provável
tráfico ilícito de entorpecentes e das custas do processo, até final Art. 331.  O valor em que con-
drogas afins, terrorismo e nos de- julgamento. sistir a fiança será recolhido à
finidos como crimes hediondos; repartição arrecadadora federal
III – nos crimes cometidos por Art. 327.  A fiança tomada por ou estadual, ou entregue ao de-
grupos armados, civis ou milita- termo obrigará o afiançado a positário público, juntando-se
res, contra a ordem constitucional comparecer perante a autori- aos autos os respectivos conhe-
e o Estado Democrático; dade, todas as vezes que for in- cimentos.
IV – (Revogado); timado para atos do inquérito e Parágrafo único.  Nos lugares
V – (Revogado). da instrução criminal e para o em que o depósito não se puder
julgamento. Quando o réu não fazer de pronto, o valor será en-
Art. 324.  Não será, igualmente, comparecer, a fiança será havida tregue ao escrivão ou pessoa
concedida fiança: como quebrada. abonada, a critério da autorida-
I – aos que, no mesmo proces- de, e dentro de três dias dar-se-á
so, tiverem quebrado fiança an- Art. 328.  O réu afiançado não ao valor o destino que lhe assina
teriormente concedida ou infrin- poderá, sob pena de quebramento este artigo, o que tudo constará
gido, sem motivo justo, qualquer da fiança, mudar de residência, do termo de fiança.
das obrigações a que se referem sem prévia permissão da auto-
os arts. 327 e 328 deste Código; ridade processante, ou ausen- Art. 332.  Em caso de prisão em
II – em caso de prisão civil tar-se por mais de oito dias de flagrante, será competente para
ou militar; sua residência, sem comunicar conceder a fiança a autoridade
III – (Revogado); àquela autoridade o lugar onde que presidir ao respectivo auto, e,
IV – quando presentes os mo- será encontrado. em caso de prisão por mandado,
tivos que autorizam a decretação o juiz que o houver expedido, ou
da prisão preventiva (art. 312). Art. 329.  Nos juízos criminais a autoridade judiciária ou policial
e delegacias de polícia, haverá a quem tiver sido requisitada a
Art. 325.  O valor da fiança será um livro especial, com termos prisão.
fixado pela autoridade que a con- de abertura e de encerramento,
ceder nos seguintes limites: numerado e rubricado em todas Art. 333.  Depois de prestada a
a) (Revogada); as suas folhas pela autoridade, fiança, que será concedida inde-
b) (Revogada); destinado especialmente aos pendentemente de audiência do
c) (Revogada). termos de fiança. O termo será Ministério Público, este terá vista
I – de 1 (um) a 100 (cem) sa- lavrado pelo escrivão e assinado do processo a fim de requerer o
lários mínimos, quando se tratar pela autoridade e por quem pres- que julgar conveniente.
de infração cuja pena privativa tar a fiança, e dele extrair-se-á
de liberdade, no grau máximo, certidão para juntar-se aos autos. Art. 334.  A fiança poderá ser
não for superior a 4 (quatro) anos; Parágrafo único.  O réu e prestada enquanto não transi-
II – de 10 (dez) a 200 (duzen- quem prestar a fiança serão pelo tar em julgado a sentença con-
tos) salários mínimos, quando escrivão notificados das obriga- denatória.
o máximo da pena privativa de ções e da sanção previstas nos
liberdade cominada for superior arts. 327 e 328, o que constará Art. 335.  Recusando ou retar-
a 4 (quatro) anos. dos autos. dando a autoridade policial a

482
Código de Processo Penal
concessão da fiança, o preso, I – regularmente intimado Art. 349.  Se a fiança consistir
ou alguém por ele, poderá pres- para ato do processo, deixar de em pedras, objetos ou metais
tá-la, mediante simples petição, comparecer, sem motivo justo; preciosos, o juiz determinará a
perante o juiz competente, que II – deliberadamente praticar venda por leiloeiro ou corretor.
decidirá em 48 (quarenta e oito) ato de obstrução ao andamento
horas. do processo; Art. 350.  Nos casos em que cou-
III – descumprir medida cau- ber fiança, o juiz, verificando a
Art. 336.  O dinheiro ou objetos telar imposta cumulativamente situação econômica do preso,
dados como fiança servirão ao com a fiança; poderá conceder-lhe liberdade
pagamento das custas, da inde- IV – resistir injustificadamen- provisória, sujeitando-o às obri-
nização do dano, da prestação te a ordem judicial; gações constantes dos arts. 327
pecuniária e da multa, se o réu V – praticar nova infração e 328 deste Código e a outras
for condenado. penal dolosa. medidas cautelares, se for o caso.
Parágrafo único.  Este dispo- Parágrafo único.  Se o bene-
sitivo terá aplicação ainda no caso Art. 342.  Se vier a ser reformado ficiado descumprir, sem motivo
da prescrição depois da sentença o julgamento em que se declarou justo, qualquer das obrigações ou
condenatória (art. 110 do Código quebrada a fiança, esta subsistirá medidas impostas, aplicar-se-á o
Penal). em todos os seus efeitos. disposto no § 4o do art. 282 des-
te Código.
Art. 337.  Se a fiança for declara- Art. 343.  O quebramento injus-
da sem efeito ou passar em julga- tificado da fiança importará na
do sentença que houver absolvido perda de metade do seu valor, TÍTULO X – DAS CITAÇÕES
o acusado ou declarada extinta a cabendo ao juiz decidir sobre a E INTIMAÇÕES
ação penal, o valor que a consti- imposição de outras medidas
tuir, atualizado, será restituído cautelares ou, se for o caso, a CAPÍTULO I – DAS
sem desconto, salvo o disposto decretação da prisão preventiva. CITAÇÕES
no parágrafo único do art.  336
deste Código. Art. 344.  Entender-se-á per- Art. 351.  A citação inicial far-
dido, na totalidade, o valor da -se-á por mandado, quando o
Art. 338.  A fiança que se reco- fiança, se, condenado, o acusado réu estiver no território sujeito
nheça não ser cabível na espécie não se apresentar para o início do à jurisdição do juiz que a houver
será cassada em qualquer fase cumprimento da pena definitiva- ordenado.
do processo. mente imposta.
Art. 352.  O mandado de citação
Art. 339.  Será também cassada Art. 345.  No caso de perda da indicará:
a fiança quando reconhecida a fiança, o seu valor, deduzidas as I – o nome do juiz;
existência de delito inafiançável, custas e mais encargos a que o II – o nome do querelante nas
no caso de inovação na classifi- acusado estiver obrigado, será ações iniciadas por queixa;
cação do delito. recolhido ao fundo penitenciário, III – o nome do réu, ou, se for
na forma da lei. desconhecido, os seus sinais ca-
Art. 340.  Será exigido o reforço racterísticos;
da fiança: Art. 346.  No caso de quebra- IV – a residência do réu, se
I – quando a autoridade to- mento de fiança, feitas as dedu- for conhecida;
mar, por engano, fiança insufi- ções previstas no art. 345 deste V – o fim para que é feita a
ciente; Código, o valor restante será re- citação;
II – quando houver deprecia- colhido ao fundo penitenciário, VI – o juízo e o lugar, o dia
ção material ou perecimento dos na forma da lei. e a hora em que o réu deverá
bens hipotecados ou cauciona- comparecer;
dos, ou depreciação dos metais Art. 347.  Não ocorrendo a hi- VII – a subscrição do escrivão
ou pedras preciosas; pótese do art. 345, o saldo será e a rubrica do juiz.
III – quando for inovada a clas- entregue a quem houver presta-
sificação do delito. do a fiança, depois de deduzidos Art. 353.  Quando o réu estiver
Parágrafo único.  A fiança os encargos a que o réu estiver fora do território da jurisdição
ficará sem efeito e o réu será obrigado. do juiz processante, será citado
recolhido à prisão, quando, na mediante precatória.
conformidade deste artigo, não Art. 348.  Nos casos em que a
for reforçada. fiança tiver sido prestada por Art. 354.  A precatória indicará:
meio de hipoteca, a execução I – o juiz deprecado e o juiz
Art. 341.  Julgar-se-á quebrada será promovida no juízo cível pelo deprecante;
a fiança quando o acusado: órgão do Ministério Público. II – a sede da jurisdição de

483
Código de Processo Penal
um e de outro; Art. 361.  Se o réu não for encon- funcionar o juízo e será publicado
III – o fim para que é feita a trado, será citado por edital, com pela imprensa, onde houver, de-
citação, com todas as especifi- o prazo de quinze dias. vendo a afixação ser certificada
cações; pelo oficial que a tiver feito e a
IV – o juízo do lugar, o dia e a Art. 362.  Verificando que o réu publicação provada por exemplar
hora em que o réu deverá com- se oculta para não ser citado, do jornal ou certidão do escrivão,
parecer. o oficial de justiça certificará a da qual conste a página do jornal
ocorrência e procederá à citação com a data da publicação.
Art. 355.  A precatória será de- com hora certa, na forma esta-
volvida ao juiz deprecante, in- belecida nos arts. 227 a 229 da Art. 366.  Se o acusado, citado
dependentemente de traslado, Lei no 5.869, de 11 de janeiro de por edital, não comparecer, nem
depois de lançado o “cumpra-se” 1973 – Código de Processo Civil. constituir advogado, ficarão sus-
e de feita a citação por mandado Parágrafo único. Completa- pensos o processo e o curso do
do juiz deprecado. da a citação com hora certa, se prazo prescricional, podendo o
§ 1o  Verificado que o réu se o acusado não comparecer, ser- juiz determinar a produção ante-
encontra em território sujeito à -lhe-á nomeado defensor dativo. cipada das provas consideradas
jurisdição de outro juiz, a este re- urgentes e, se for o caso, decretar
meterá o juiz deprecado os autos Art. 363.  O processo terá com- prisão preventiva, nos termos do
para efetivação da diligência, des- pletada a sua formação quando disposto no art. 312.
de que haja tempo para fazer-se realizada a citação do acusado. § 1o (Revogado)
a citação. I – (Revogado); § 2o (Revogado)
§ 2o  Certificado pelo oficial II – (Revogado).
de justiça que o réu se oculta para § 1o  Não sendo encontrado o Art. 367.  O processo seguirá
não ser citado, a precatória será acusado, será procedida a citação sem a presença do acusado que,
imediatamente devolvida, para o por edital. citado ou intimado pessoalmente
fim previsto no art. 362. § 2o (Vetado) para qualquer ato, deixar de com-
§ 3o (Vetado) parecer sem motivo justificado,
Art. 356.  Se houver urgência, a § 4o  Comparecendo o acusa- ou, no caso de mudança de re-
precatória, que conterá em re- do citado por edital, em qualquer sidência, não comunicar o novo
sumo os requisitos enumerados tempo, o processo observará o endereço ao juízo.
no art. 354, poderá ser expedida disposto nos arts. 394 e seguin-
por via telegráfica, depois de re- tes deste Código. Art. 368.  Estando o acusado
conhecida a firma do juiz, o que a no estrangeiro, em lugar sabido,
estação expedidora mencionará. Art. 364.  No caso do artigo an- será citado mediante carta ro-
terior, no I, o prazo será fixado pelo gatória, suspendendo-se o curso
Art. 357.  São requisitos da ci- juiz entre quinze e noventa dias, do prazo de prescrição até o seu
tação por mandado: de acordo com as circunstâncias, cumprimento.
I – leitura do mandado ao ci- e, no caso do no II, o prazo será
tando pelo oficial e entrega da de trinta dias. Art. 369.  As citações que hou-
contrafé, na qual se mencionarão verem de ser feitas em legações
dia e hora da citação; Art. 365.  O edital de citação in- estrangeiras serão efetuadas me-
II – declaração do oficial, na dicará: diante carta rogatória.
certidão, da entrega da contrafé, I – o nome do juiz que a de-
e sua aceitação ou recusa. terminar;
II – o nome do réu, ou, se não CAPÍTULO II – DAS
Art. 358.  A citação do militar for conhecido, os seus sinais ca- INTIMAÇÕES
far-se-á por intermédio do chefe racterísticos, bem como sua resi-
do respectivo serviço. dência e profissão, se constarem Art. 370.  Nas intimações dos
do processo; acusados, das testemunhas e
Art. 359.  O dia designado para III – o fim para que é feita a demais pessoas que devam to-
funcionário público comparecer citação; mar conhecimento de qualquer
em juízo, como acusado, será IV – o juízo e o dia, a hora e o ato, será observado, no que for
notificado assim a ele como ao lugar em que o réu deverá com- aplicável, o disposto no Capítulo
chefe de sua repartição. parecer; anterior.
V – o prazo, que será contado § 1o  A intimação do defensor
Art. 360.  Se o réu estiver preso, do dia da publicação do edital na constituído, do advogado do que-
será pessoalmente citado. imprensa, se houver, ou da sua relante e do assistente far-se-á
afixação. por publicação no órgão incum-
Parágrafo único.  O edital será bido da publicidade dos atos ju-
afixado à porta do edifício onde diciais da comarca, incluindo,

484
Código de Processo Penal
sob pena de nulidade, o nome forma do disposto no Capítulo III tença absolutória;
do acusado. do Título II do Livro IV. IV – decretada a medida,
§ 2o  Caso não haja órgão de atender-se-á ao disposto no
publicação dos atos judiciais na Art. 374.  Não caberá recurso do Título V do Livro IV, no que for
comarca, a intimação far-se-á despacho ou da parte da sentença aplicável.
diretamente pelo escrivão, por que decretar ou denegar a apli-
mandado, ou via postal com com- cação provisória de interdições Art. 379.  Transitando em jul-
provante de recebimento, ou por de direitos, mas estas poderão gado a sentença, observar-se-á,
qualquer outro meio idôneo. ser substituídas ou revogadas: quanto à execução das medidas
§ 3o  A intimação pessoal, I – se aplicadas no curso da de segurança definitivamente
feita pelo escrivão, dispensará a instrução criminal, durante esta aplicadas, o disposto no Título V
aplicação a que alude o § 1o. ou pelas sentenças a que se re- do Livro IV.
§ 4o  A intimação do Ministé- ferem os nos II, III e IV do artigo
rio Público e do defensor nome- anterior; Art. 380.  A aplicação provisória
ado será pessoal. II – se aplicadas na sentença de medida de segurança obstará
de pronúncia, pela decisão que, à concessão de fiança, e torna-
Art. 371.  Será admissível a inti- em grau de recurso, a confirmar, rá sem efeito a anteriormente
mação por despacho na petição total ou parcialmente, ou pela concedida.
em que for requerida, observado sentença condenatória recorrível;
o disposto no art. 357. III – se aplicadas na decisão
a que se refere o no III do artigo TÍTULO XII – DA SENTENÇA
Art. 372.  Adiada, por qualquer anterior, pela sentença condena-
motivo, a instrução criminal, o juiz tória recorrível. Art. 381.  A sentença conterá:
marcará desde logo, na presença I – os nomes das partes ou,
das partes e testemunhas, dia e Art. 375.  O despacho que apli- quando não possível, as indica-
hora para seu prosseguimento, do car, provisoriamente, substituir ções necessárias para identi-
que se lavrará termo nos autos. ou revogar interdição de direito, ficá-las;
será fundamentado. II – a exposição sucinta da
acusação e da defesa;
TÍTULO XI – DA APLICAÇÃO Art. 376.  A decisão que impro- III – a indicação dos motivos
PROVISÓRIA DE nunciar ou absolver o réu fará de fato e de direito em que se
INTERDIÇÕES DE DIREITOS cessar a aplicação provisória da fundar a decisão;
E MEDIDAS DE SEGURANÇA interdição anteriormente deter- IV – a indicação dos artigos
minada. de lei aplicados;
Art. 373.  A aplicação provisória V – o dispositivo;
de interdições de direitos pode- Art. 377.  Transitando em jul- VI – a data e a assinatura do
rá ser determinada pelo juiz, de gado a sentença condenatória, juiz.
ofício, ou a requerimento do Mi- serão executadas somente as
nistério Público, do querelante, interdições nela aplicadas ou que Art. 382.  Qualquer das partes
do assistente, do ofendido, ou derivarem da imposição da pena poderá, no prazo de dois dias,
de seu representante legal, ainda principal. pedir ao juiz que declare a sen-
que este não se tenha constituído tença, sempre que nela houver
como assistente: Art. 378.  A aplicação provisória obscuridade, ambiguidade, con-
I – durante a instrução cri- de medida de segurança obe- tradição ou omissão.
minal após a apresentação da decerá ao disposto nos artigos
defesa ou do prazo concedido anteriores, com as modificações Art. 383.  O juiz, sem modificar
para esse fim; seguintes: a descrição do fato contida na
II – na sentença de pronúncia; I – o juiz poderá aplicar, provi- denúncia ou queixa, poderá atri-
III – na decisão confirmatória soriamente, a medida de seguran- buir-lhe definição jurídica diversa,
da pronúncia ou na que, em grau ça, de ofício, ou a requerimento ainda que, em consequência, te-
de recurso, pronunciar o réu; do Ministério Público; nha de aplicar pena mais grave.
IV – na sentença condenatória II – a aplicação poderá ser § 1o  Se, em consequência de
recorrível. determinada ainda no curso do definição jurídica diversa, houver
§ 1o  No caso do no I, havendo inquérito, mediante representa- possibilidade de proposta de sus-
requerimento de aplicação da ção da autoridade policial; pensão condicional do processo,
medida, o réu ou seu defensor III – a aplicação provisória de o juiz procederá de acordo com
será ouvido no prazo de dois dias. medida de segurança, a substi- o disposto na lei.
§ 2o  Decretada a medida, se- tuição ou a revogação da ante- § 2o  Tratando-se de infração
rão feitas as comunicações ne- riormente aplicada poderão ser da competência de outro juízo,
cessárias para a sua execução, na determinadas, também, na sen- a este serão encaminhados os

485
Código de Processo Penal
autos. penal; vier a ser interposta.
V – não existir prova de ter § 2o  O tempo de prisão pro-
Art. 384.  Encerrada a instrução o réu concorrido para a infra- visória, de prisão administrativa
probatória, se entender cabível ção penal; ou de internação, no Brasil ou
nova definição jurídica do fato, VI – existirem circunstâncias no estrangeiro, será computado
em consequência de prova exis- que excluam o crime ou isentem o para fins de determinação do
tente nos autos de elemento ou réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 regime inicial de pena privativa
circunstância da infração penal e § 1o do art. 28, todos do Código de liberdade.
não contida na acusação, o Mi- Penal), ou mesmo se houver fun-
nistério Público deverá aditar a dada dúvida sobre sua existência; Art. 388.  A sentença poderá ser
denúncia ou queixa, no prazo de VII – não existir prova sufi- datilografada e neste caso o juiz
5 (cinco) dias, se em virtude desta ciente para a condenação. a rubricará em todas as folhas.
houver sido instaurado o processo Parágrafo único.  Na senten-
em crime de ação pública, redu- ça absolutória, o juiz: Art. 389.  A sentença será pu-
zindo-se a termo o aditamento, I – mandará, se for o caso, pôr blicada em mão do escrivão, que
quando feito oralmente. o réu em liberdade; lavrará nos autos o respectivo
§ 1o  Não procedendo o órgão II – ordenará a cessação das termo, registrando-a em livro es-
do Ministério Público ao adita- medidas cautelares e provisoria- pecialmente destinado a esse fim.
mento, aplica-se o art. 28 deste mente aplicadas;
Código. III – aplicará medida de segu- Art. 390.  O escrivão, dentro de
§ 2o  Ouvido o defensor do rança, se cabível. três dias após a publicação, e sob
acusado no prazo de 5 (cinco) dias pena de suspensão de cinco dias,
e admitido o aditamento, o juiz, Art. 387.  O juiz, ao proferir sen- dará conhecimento da sentença
a requerimento de qualquer das tença condenatória: ao órgão do Ministério Público.
partes, designará dia e hora para I – mencionará as circunstân-
continuação da audiência, com cias agravantes ou atenuantes Art. 391.  O querelante ou o assis-
inquirição de testemunhas, novo definidas no Código Penal, e cuja tente será intimado da sentença,
interrogatório do acusado, reali- existência reconhecer; pessoalmente ou na pessoa de
zação de debates e julgamento. II – mencionará as outras cir- seu advogado. Se nenhum deles
§ 3o  Aplicam-se as disposi- cunstâncias apuradas e tudo o for encontrado no lugar da sede
ções dos §§ 1o e 2o do art. 383 ao mais que deva ser levado em con- do juízo, a intimação será feita
caput deste artigo. ta na aplicação da pena, de acor- mediante edital com o prazo de 10
§ 4o  Havendo aditamento, do com o disposto nos arts. 59 e dias, afixado no lugar de costume.
cada parte poderá arrolar até 3 60 do Decreto-lei no 2.848, de 7 de
(três) testemunhas, no prazo de dezembro de 1940 – Código Penal; Art. 392.  A intimação da sen-
5 (cinco) dias, ficando o juiz, na III – aplicará as penas de acor- tença será feita:
sentença, adstrito aos termos do do com essas conclusões; I – ao réu, pessoalmente, se
aditamento. IV – fixará valor mínimo para estiver preso;
§ 5o  Não recebido o adita- reparação dos danos causados II – ao réu, pessoalmente, ou
mento, o processo prosseguirá. pela infração, considerando os ao defensor por ele constituído,
prejuízos sofridos pelo ofendido; quando se livrar solto, ou, sendo
Art. 385.  Nos crimes de ação V – atenderá, quanto à apli- afiançável a infração, tiver pres-
pública, o juiz poderá proferir cação provisória de interdições tado fiança;
sentença condenatória, ainda que de direitos e medidas de segu- III – ao defensor constituído
o Ministério Público tenha opina- rança, ao disposto no Título XI pelo réu, se este, afiançável, ou
do pela absolvição, bem como deste Livro; não, a infração, expedido o man-
reconhecer agravantes, embo- VI – determinará se a senten- dado de prisão, não tiver sido
ra nenhuma tenha sido alegada. ça deverá ser publicada na íntegra encontrado, e assim o certificar
ou em resumo e designará o jornal o oficial de justiça;
Art. 386.  O juiz absolverá o réu, em que será feita a publicação IV – mediante edital, nos ca-
mencionando a causa na parte (art. 73, § 1o, do Código Penal).12 sos do no II, se o réu e o defensor
dispositiva, desde que reconheça: § 1o  O juiz decidirá, funda- que houver constituído não forem
I – estar provada a inexistên- mentadamente, sobre a manuten- encontrados, e assim o certificar
cia do fato; ção ou, se for o caso, a imposição o oficial de justiça;
II – não haver prova da exis- de prisão preventiva ou de outra V – mediante edital, nos casos
tência do fato; medida cautelar, sem prejuízo do do no III, se o defensor que o réu
III – não constituir o fato in- conhecimento de apelação que houver constituído também não
fração penal; for encontrado, e assim o certi-
IV – estar provado que o réu   NE: o dispositivo mencionado é o do texto
12 ficar o oficial de justiça;
não concorreu para a infração original do Código Penal. VI – mediante edital, se o réu,

486
Código de Processo Penal
não tendo constituído defensor, mente aos procedimentos es- II – a existência manifesta de
não for encontrado, e assim o pecial, sumário e sumaríssimo causa excludente da culpabilidade
certificar o oficial de justiça. as disposições do procedimento do agente, salvo inimputabilidade;
§ 1o  O prazo do edital será de ordinário. III – que o fato narrado evi-
90 dias, se tiver sido imposta pena dentemente não constitui cri-
privativa de liberdade por tempo Art. 394-A.  Os processos que me; ou
igual ou superior a um ano, e de apurem a prática de crime he- IV – extinta a punibilidade
60 dias, nos outros casos. diondo terão prioridade de tra- do agente.
§ 2o  O prazo para apelação mitação em todas as instâncias.
correrá após o término do fixado Art. 398.  (Revogado)
no edital, salvo se, no curso deste, Art. 395.  A denúncia ou queixa
for feita a intimação por qualquer será rejeitada quando: Art. 399.  Recebida a denúncia
das outras formas estabelecidas I – for manifestamente inepta; ou queixa, o juiz designará dia e
neste artigo. II – faltar pressuposto proces- hora para a audiência, ordenando
sual ou condição para o exercício a intimação do acusado, de seu
Art. 393.  (Revogado) da ação penal; ou defensor, do Ministério Público
III – faltar justa causa para o e, se for o caso, do querelante e
exercício da ação penal. do assistente.
LIVRO II – DOS PROCESSOS Parágrafo único. (Revogado) § 1o  O acusado preso será
EM ESPÉCIE requisitado para comparecer ao
Art. 396.  Nos procedimentos or- interrogatório, devendo o poder
TÍTULO I – DO PROCESSO dinário e sumário, oferecida a de- público providenciar sua apre-
COMUM núncia ou queixa, o juiz, se não a sentação.
rejeitar liminarmente, recebê-la-á § 2o  O juiz que presidiu a ins-
CAPÍTULO I – DA e ordenará a citação do acusado trução deverá proferir a sentença.
INSTRUÇÃO CRIMINAL para responder à acusação, por
escrito, no prazo de 10 (dez) dias. Art. 400.  Na audiência de ins-
Art. 394.  O procedimento será Parágrafo único.  No caso de trução e julgamento, a ser re-
comum ou especial. citação por edital, o prazo para a alizada no prazo máximo de 60
§ 1o  O procedimento comum defesa começará a fluir a partir do (sessenta) dias, proceder-se-á à
será ordinário, sumário ou su- comparecimento pessoal do acu- tomada de declarações do ofendi-
maríssimo: sado ou do defensor constituído. do, à inquirição das testemunhas
I – ordinário, quando tiver por arroladas pela acusação e pela
objeto crime cuja sanção máxima Art. 396-A.  Na resposta, o acu- defesa, nesta ordem, ressalvado o
cominada for igual ou superior a sado poderá arguir preliminares disposto no art. 222 deste Código,
4 (quatro) anos de pena privativa e alegar tudo o que interesse à bem como aos esclarecimentos
de liberdade; sua defesa, oferecer documen- dos peritos, às acareações e ao
II – sumário, quando tiver por tos e justificações, especificar reconhecimento de pessoas e
objeto crime cuja sanção máxi- as provas pretendidas e arrolar coisas, interrogando-se, em se-
ma cominada seja inferior a 4 testemunhas, qualificando-as e guida, o acusado.
(quatro) anos de pena privativa requerendo sua intimação, quan- § 1o  As provas serão produzi-
de liberdade; do necessário. das numa só audiência, podendo
III – sumaríssimo, para as in- § 1o  A exceção será proces- o juiz indeferir as consideradas
frações penais de menor poten- sada em apartado, nos termos irrelevantes, impertinentes ou
cial ofensivo, na forma da lei. dos arts. 95 a 112 deste Código. protelatórias.
§ 2o  Aplica-se a todos os pro- § 2o  Não apresentada a res- § 2o  Os esclarecimentos dos
cessos o procedimento comum, posta no prazo legal, ou se o acu- peritos dependerão de prévio re-
salvo disposições em contrário sado, citado, não constituir de- querimento das partes.
deste Código ou de lei especial. fensor, o juiz nomeará defensor
§ 3o  Nos processos de com- para oferecê-la, concedendo-lhe Art. 400-A.  Na audiência de
petência do Tribunal do Júri, o vista dos autos por 10 (dez) dias. instrução e julgamento, e, em
procedimento observará as especial, nas que apurem cri-
disposições estabelecidas nos Art. 397.  Após o cumprimen- mes contra a dignidade sexual,
arts. 406 a 497 deste Código. to do disposto no art.  396‑A, e todas as partes e demais sujei-
§ 4o As disposições dos parágrafos, deste Código, o juiz tos processuais presentes no ato
arts. 395 a 398 deste Código apli- deverá absolver sumariamente o deverão zelar pela integridade fí-
cam-se a todos os procedimentos acusado quando verificar: sica e psicológica da vítima, sob
penais de primeiro grau, ainda I – a existência manifesta de pena de responsabilização civil,
que não regulados neste Código. causa excludente da ilicitude do penal e administrativa, cabendo
§ 5o  Aplicam-se subsidiaria- fato;

487
Código de Processo Penal
ao juiz garantir o cumprimento do a audiência será concluída sem justificações, especificar as pro-
disposto neste artigo, vedadas: as alegações finais. vas pretendidas e arrolar teste-
I – a manifestação sobre cir- Parágrafo único. Realizada, munhas, até o máximo de 8 (oito),
cunstâncias ou elementos alheios em seguida, a diligência deter- qualificando-as e requerendo sua
aos fatos objeto de apuração nos minada, as partes apresentarão, intimação, quando necessário.
autos; no prazo sucessivo de 5 (cinco)
II – a utilização de linguagem, dias, suas alegações finais, por Art. 407.  As exceções serão
de informações ou de material memorial, e, no prazo de 10 (dez) processadas em apartado, nos
que ofendam a dignidade da ví- dias, o juiz proferirá a sentença. termos dos arts. 95 a 112 deste
tima ou de testemunhas. Código.
Art. 405.  Do ocorrido em au-
Art. 401.  Na instrução poderão diência será lavrado termo em Art. 408.  Não apresentada a
ser inquiridas até 8 (oito) teste- livro próprio, assinado pelo juiz resposta no prazo legal, o juiz no-
munhas arroladas pela acusação e pelas partes, contendo breve meará defensor para oferecê-la
e 8 (oito) pela defesa. resumo dos fatos relevantes nela em até 10 (dez) dias, conceden-
§ 1o  Nesse número não se ocorridos. do-lhe vista dos autos.
compreendem as que não pres- § 1o  Sempre que possível, o
tem compromisso e as referidas. registro dos depoimentos do in- Art. 409.  Apresentada a defesa,
§ 2o  A parte poderá desistir vestigado, indiciado, ofendido o juiz ouvirá o Ministério Público
da inquirição de qualquer das tes- e testemunhas será feito pelos ou o querelante sobre prelimi-
temunhas arroladas, ressalvado o meios ou recursos de gravação nares e documentos, em 5 (cin-
disposto no art. 209 deste Código. magnética, estenotipia, digital co) dias.
ou técnica similar, inclusive au-
Art. 402.  Produzidas as provas, diovisual, destinada a obter maior Art. 410.  O juiz determinará a
ao final da audiência, o Ministério fidelidade das informações. inquirição das testemunhas e
Público, o querelante e o assisten- § 2o  No caso de registro por a realização das diligências re-
te e, a seguir, o acusado poderão meio audiovisual, será encami- queridas pelas partes, no prazo
requerer diligências cuja necessi- nhado às partes cópia do regis- máximo de 10 (dez) dias.
dade se origine de circunstâncias tro original, sem necessidade de
ou fatos apurados na instrução. transcrição. Art. 411.  Na audiência de ins-
trução, proceder-se-á à tomada
Art. 403.  Não havendo reque- de declarações do ofendido, se
rimento de diligências, ou sendo CAPÍTULO II – DO possível, à inquirição das teste-
indeferido, serão oferecidas ale- PROCEDIMENTO RELATIVO munhas arroladas pela acusa-
gações finais orais por 20 (vinte) AOS PROCESSOS DA ção e pela defesa, nesta ordem,
minutos, respectivamente, pela COMPETÊNCIA DO bem como aos esclarecimentos
acusação e pela defesa, prorrogá- TRIBUNAL DO JÚRI dos peritos, às acareações e ao
veis por mais 10 (dez), proferindo reconhecimento de pessoas e
o juiz, a seguir, sentença. Seção I – Da Acusação e da coisas, interrogando-se, em se-
§ 1o  Havendo mais de um Instrução Preliminar guida, o acusado e procedendo-
acusado, o tempo previsto para a -se o debate.
defesa de cada um será individual. Art. 406.  O juiz, ao receber a § 1o  Os esclarecimentos dos
§ 2o  Ao assistente do Ministé- denúncia ou a queixa, ordenará peritos dependerão de prévio re-
rio Público, após a manifestação a citação do acusado para res- querimento e de deferimento pelo
desse, serão concedidos 10 (dez) ponder a acusação, por escrito, juiz.
minutos, prorrogando-se por igual no prazo de 10 (dez) dias. § 2o  As provas serão produzi-
período o tempo de manifestação § 1o  O prazo previsto no caput das em uma só audiência, poden-
da defesa. deste artigo será contado a partir do o juiz indeferir as consideradas
§ 3o  O juiz poderá, conside- do efetivo cumprimento do man- irrelevantes, impertinentes ou
rada a complexidade do caso ou dado ou do comparecimento, em protelatórias.
o número de acusados, conceder juízo, do acusado ou de defensor § 3o  Encerrada a instrução
às partes o prazo de 5 (cinco) dias constituído, no caso de citação probatória, observar-se-á, se for
sucessivamente para a apresen- inválida ou por edital. o caso, o disposto no art.  384
tação de memoriais. Nesse caso, § 2o  A acusação deverá arro- deste Código.
terá o prazo de 10 (dez) dias para lar testemunhas, até o máximo de § 4o As alegações serão
proferir a sentença. 8 (oito), na denúncia ou na queixa. orais, concedendo-se a palavra,
§ 3o  Na resposta, o acusa- respectivamente, à acusação e
Art. 404.  Ordenado diligência do poderá arguir preliminares e à defesa, pelo prazo de 20 (vinte)
considerada imprescindível, de alegar tudo que interesse a sua minutos, prorrogáveis por mais
ofício ou a requerimento da parte, defesa, oferecer documentos e 10 (dez).

488
Código de Processo Penal
§ 5o  Havendo mais de 1 (um) liberdade anteriormente decre- Art. 419.  Quando o juiz se con-
acusado, o tempo previsto para a tada e, tratando-se de acusado vencer, em discordância com a
acusação e a defesa de cada um solto, sobre a necessidade da acusação, da existência de cri-
deles será individual. decretação da prisão ou impo- me diverso dos referidos no § 1o
§ 6o  Ao assistente do Ministé- sição de quaisquer das medidas do art. 74 deste Código e não for
rio Público, após a manifestação previstas no Título IX do Livro I competente para o julgamento,
deste, serão concedidos 10 (dez) deste Código. remeterá os autos ao juiz que
minutos, prorrogando-se por igual o seja.
período o tempo de manifestação Art. 414.  Não se convencendo Parágrafo único. Remetidos
da defesa. da materialidade do fato ou da os autos do processo a outro juiz,
§ 7o  Nenhum ato será adia- existência de indícios suficientes à disposição deste ficará o acu-
do, salvo quando imprescindível de autoria ou de participação, o sado preso.
à prova faltante, determinando juiz, fundamentadamente, impro-
o juiz a condução coercitiva de nunciará o acusado. Art. 420.  A intimação da decisão
quem deva comparecer. Parágrafo único. Enquanto de pronúncia será feita:
§ 8o  A testemunha que com- não ocorrer a extinção da punibi- I – pessoalmente ao acusado,
parecer será inquirida, indepen- lidade, poderá ser formulada nova ao defensor nomeado e ao Minis-
dentemente da suspensão da denúncia ou queixa se houver tério Público;
audiência, observada em qual- prova nova. II – ao defensor constituído,
quer caso a ordem estabelecida ao querelante e ao assistente
no caput deste artigo. Art. 415.  O juiz, fundamenta- do Ministério Público, na forma
§ 9o  Encerrados os debates, damente, absolverá desde logo do disposto no §  1o do art.  370
o juiz proferirá a sua decisão, ou o o acusado, quando: deste Código.
fará em 10 (dez) dias, ordenando I – provada a inexistência do Parágrafo único.  Será inti-
que os autos para isso lhe sejam fato; mado por edital o acusado solto
conclusos. II – provado não ser ele autor que não for encontrado.
ou partícipe do fato;
Art. 412.  O procedimento será III – o fato não constituir in- Art. 421.  Preclusa a decisão de
concluído no prazo máximo de fração penal; pronúncia, os autos serão enca-
90 (noventa) dias. IV – demonstrada causa de minhados ao juiz presidente do
isenção de pena ou de exclusão Tribunal do Júri.
do crime. § 1o  Ainda que preclusa a
Seção II – Da Pronúncia, da Parágrafo único.  Não se apli- decisão de pronúncia, havendo
Impronúncia e da Absolvição ca o disposto no inciso IV do caput circunstância superveniente que
Sumária deste artigo ao caso de inimpu- altere a classificação do crime, o
tabilidade prevista no caput do juiz ordenará a remessa dos autos
Art. 413.  O juiz, fundamentada- art. 26 do Decreto-lei no 2.848, de ao Ministério Público.
mente, pronunciará o acusado, 7 de dezembro de 1940 – Código § 2o  Em seguida, os autos
se convencido da materialidade Penal, salvo quando esta for a serão conclusos ao juiz para de-
do fato e da existência de indí- única tese defensiva. cisão.
cios suficientes de autoria ou de
participação. Art. 416.  Contra a sentença de
§ 1o  A fundamentação da pro- impronúncia ou de absolvição
Seção III – Da Preparação do
núncia limitar-se-á à indicação sumária caberá apelação. Processo para Julgamento
da materialidade do fato e da em Plenário
existência de indícios suficien- Art. 417.  Se houver indícios de
tes de autoria ou de participa- autoria ou de participação de Art. 422.  Ao receber os autos,
ção, devendo o juiz declarar o outras pessoas não incluídas na o presidente do Tribunal do Júri
dispositivo legal em que julgar acusação, o juiz, ao pronunciar determinará a intimação do ór-
incurso o acusado e especificar ou impronunciar o acusado, de- gão do Ministério Público ou do
as circunstâncias qualificadoras terminará o retorno dos autos ao querelante, no caso de queixa,
e as causas de aumento de pena. Ministério Público, por 15 (quinze) e do defensor, para, no prazo de
§ 2o  Se o crime for afian- dias, aplicável, no que couber, o 5 (cinco) dias, apresentarem rol
çável, o juiz arbitrará o valor da art. 80 deste Código. de testemunhas que irão depor
fiança para a concessão ou ma- em plenário, até o máximo de
nutenção da liberdade provisória. Art. 418.  O juiz poderá dar ao 5 (cinco), oportunidade em que
§ 3o  O juiz decidirá, motiva- fato definição jurídica diversa da poderão juntar documentos e
damente, no caso de manuten- constante da acusação, embora requerer diligência.
ção, revogação ou substituição o acusado fique sujeito a pena
da prisão ou medida restritiva de mais grave.

489
Código de Processo Penal
Art. 423.  Deliberando sobre os pessoas que reúnam as condições julgamento na Câmara ou Turma
requerimentos de provas a serem para exercer a função de jurado. competente.
produzidas ou exibidas no plená- § 2o  Sendo relevantes os mo-
rio do júri, e adotadas as providên- Art. 426.  A lista geral dos jura- tivos alegados, o relator poderá
cias devidas, o juiz presidente: dos, com indicação das respec- determinar, fundamentadamen-
I – ordenará as diligências tivas profissões, será publicada te, a suspensão do julgamento
necessárias para sanar qualquer pela imprensa até o dia 10 de pelo júri.
nulidade ou esclarecer fato que outubro de cada ano e divulgada § 3o  Será ouvido o juiz presi-
interesse ao julgamento da causa; em editais afixados à porta do dente, quando a medida não tiver
II – fará relatório sucinto do Tribunal do Júri. sido por ele solicitada.
processo, determinando sua in- § 1o  A lista poderá ser alte- § 4o  Na pendência de recurso
clusão em pauta da reunião do rada, de ofício ou mediante re- contra a decisão de pronúncia ou
Tribunal do Júri. clamação de qualquer do povo quando efetivado o julgamento,
ao juiz presidente até o dia 10 de não se admitirá o pedido de de-
Art. 424.  Quando a lei local de novembro, data de sua publica- saforamento, salvo, nesta última
organização judiciária não atribuir ção definitiva. hipótese, quanto a fato ocorrido
ao presidente do Tribunal do Júri § 2o  Juntamente com a lista, durante ou após a realização de
o preparo para julgamento, o juiz serão transcritos os arts. 436 a julgamento anulado.
competente remeter-lhe-á os au- 446 deste Código.
tos do processo preparado até 5 § 3o  Os nomes e endereços Art. 428.  O desaforamento tam-
(cinco) dias antes do sorteio a que dos alistados, em cartões iguais, bém poderá ser determinado, em
se refere o art. 433 deste Código. após serem verificados na pre- razão do comprovado excesso de
Parágrafo único.  Deverão ser sença do Ministério Público, de serviço, ouvidos o juiz presidente
remetidos, também, os processos advogado indicado pela Seção e a parte contrária, se o julga-
preparados até o encerramento local da Ordem dos Advogados mento não puder ser realizado no
da reunião, para a realização de do Brasil e de defensor indicado prazo de 6 (seis) meses, contado
julgamento. pelas Defensorias Públicas com- do trânsito em julgado da decisão
petentes, permanecerão guar- de pronúncia.
dados em urna fechada a chave, § 1o  Para a contagem do pra-
Seção IV – Do Alistamento sob a responsabilidade do juiz zo referido neste artigo, não se
dos Jurados presidente. computará o tempo de adiamen-
§ 4o  O jurado que tiver inte- tos, diligências ou incidentes de
Art. 425.  Anualmente, serão grado o Conselho de Sentença interesse da defesa.
alistados pelo presidente do Tri- nos 12 (doze) meses que antece- § 2o  Não havendo excesso
bunal do Júri de 800 (oitocentos) derem à publicação da lista geral de serviço ou existência de pro-
a 1.500 (um mil e quinhentos) ju- fica dela excluído. cessos aguardando julgamento
rados nas comarcas de mais de § 5o  Anualmente, a lista geral em quantidade que ultrapasse a
1.000.000 (um milhão) de habi- de jurados será, obrigatoriamen- possibilidade de apreciação pelo
tantes, de 300 (trezentos) a 700 te, completada. Tribunal do Júri, nas reuniões pe-
(setecentos) nas comarcas de riódicas previstas para o exercí-
mais de 100.000 (cem mil) ha- cio, o acusado poderá requerer ao
bitantes e de 80 (oitenta) a 400
Seção V – Do Desaforamento Tribunal que determine a imediata
(quatrocentos) nas comarcas de realização do julgamento.
menor população. Art. 427.  Se o interesse da or-
§ 1o  Nas comarcas onde for dem pública o reclamar ou houver
necessário, poderá ser aumenta- dúvida sobre a imparcialidade do
Seção VI – Da Organização
do o número de jurados e, ainda, júri ou a segurança pessoal do da Pauta
organizada lista de suplentes, acusado, o Tribunal, a requeri-
depositadas as cédulas em urna mento do Ministério Público, do Art. 429.  Salvo motivo relevante
especial, com as cautelas men- assistente, do querelante ou do que autorize alteração na ordem
cionadas na parte final do § 3o do acusado ou mediante represen- dos julgamentos, terão prefe-
art. 426 deste Código. tação do juiz competente, poderá rência:
§ 2o  O juiz presidente requi- determinar o desaforamento do I – os acusados presos;
sitará às autoridades locais, as- julgamento para outra comarca II – dentre os acusados pre-
sociações de classe e de bairro, da mesma região, onde não exis- sos, aqueles que estiverem há
entidades associativas e cultu- tam aqueles motivos, preferindo- mais tempo na prisão;
rais, instituições de ensino em -se as mais próximas. III – em igualdade de condi-
geral, universidades, sindicatos, § 1o  O pedido de desafora- ções, os precedentemente pro-
repartições públicas e outros nú- mento será distribuído imedia- nunciados.
cleos comunitários a indicação de tamente e terá preferência de § 1o  Antes do dia designado

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Código de Processo Penal
para o primeiro julgamento da ou por qualquer outro meio hábil VIII – os militares em servi-
reunião periódica, será afixada para comparecer no dia e hora ço ativo;
na porta do edifício do Tribunal designados para a reunião, sob IX – os cidadãos maiores de
do Júri a lista dos processos a se- as penas da lei. 70 (setenta) anos que requeiram
rem julgados, obedecida a ordem Parágrafo único.  No mesmo sua dispensa;
prevista no caput deste artigo. expediente de convocação serão X – aqueles que o requere-
§ 2o  O juiz presidente reser- transcritos os arts.  436 a 446 rem, demonstrando justo impe-
vará datas na mesma reunião pe- deste Código. dimento.
riódica para a inclusão de proces-
so que tiver o julgamento adiado. Art. 435.  Serão afixados na por- Art. 438.  A recusa ao serviço
ta do edifício do Tribunal do Júri a do júri fundada em convicção
Art. 430.  O assistente somente relação dos jurados convocados, religiosa, filosófica ou política
será admitido se tiver requerido os nomes do acusado e dos pro- importará no dever de prestar
sua habilitação até 5 (cinco) dias curadores das partes, além do serviço alternativo, sob pena de
antes da data da sessão na qual dia, hora e local das sessões de suspensão dos direitos políticos,
pretenda atuar. instrução e julgamento. enquanto não prestar o serviço
imposto.
Art. 431.  Estando o processo em § 1o  Entende-se por serviço
ordem, o juiz presidente mandará
Seção VIII – Da Função do alternativo o exercício de ativida-
intimar as partes, o ofendido, se Jurado des de caráter administrativo, as-
for possível, as testemunhas e os sistencial, filantrópico ou mesmo
peritos, quando houver requeri- Art. 436.  O serviço do júri é produtivo, no Poder Judiciário, na
mento, para a sessão de instrução obrigatório. O alistamento com- Defensoria Pública, no Ministério
e julgamento, observando, no que preenderá os cidadãos maiores Público ou em entidade convenia-
couber, o disposto no art.  420 de 18 (dezoito) anos de notória da para esses fins.
deste Código. idoneidade. § 2o  O juiz fixará o serviço
§ 1o  Nenhum cidadão poderá alternativo atendendo aos prin-
ser excluído dos trabalhos do júri cípios da proporcionalidade e da
Seção VII – Do Sorteio e da ou deixar de ser alistado em ra- razoabilidade.
Convocação dos Jurados zão de cor ou etnia, raça, credo,
sexo, profissão, classe social ou Art. 439.  O exercício efetivo da
Art. 432.  Em seguida à organi- econômica, origem ou grau de função de jurado constituirá ser-
zação da pauta, o juiz presidente instrução. viço público relevante e estabe-
determinará a intimação do Minis- § 2o  A recusa injustificada ao lecerá presunção de idoneidade
tério Público, da Ordem dos Advo- serviço do júri acarretará multa moral.
gados do Brasil e da Defensoria no valor de 1 (um) a 10 (dez) salá-
Pública para acompanharem, em rios mínimos, a critério do juiz, Art. 440.  Constitui também di-
dia e hora designados, o sorteio de acordo com a condição eco- reito do jurado, na condição do
dos jurados que atuarão na reu- nômica do jurado. art. 439 deste Código, preferên-
nião periódica. cia, em igualdade de condições,
Art. 437.  Estão isentos do ser- nas licitações públicas e no pro-
Art. 433.  O sorteio, presidido viço do júri: vimento, mediante concurso, de
pelo juiz, far-se-á a portas aber- I – o Presidente da República cargo ou função pública, bem
tas, cabendo-lhe retirar as cédu- e os Ministros de Estado; como nos casos de promoção
las até completar o número de 25 II – os Governadores e seus funcional ou remoção voluntária.
(vinte e cinco) jurados, para a reu- respectivos Secretários;
nião periódica ou extraordinária. III – os membros do Congres- Art. 441.  Nenhum desconto será
§ 1o  O sorteio será realizado so Nacional, das Assembleias Le- feito nos vencimentos ou salário
entre o 15o (décimo quinto) e o 10o gislativas e das Câmaras Distrital do jurado sorteado que compa-
(décimo) dia útil antecedente à e Municipais; recer à sessão do júri.
instalação da reunião. IV – os Prefeitos Municipais;
§ 2o  A audiência de sorteio V – os Magistrados e mem- Art. 442.  Ao jurado que, sem
não será adiada pelo não com- bros do Ministério Público e da causa legítima, deixar de com-
parecimento das partes. Defensoria Pública; parecer no dia marcado para a
§ 3o  O jurado não sorteado VI – os servidores do Poder sessão ou retirar-se antes de ser
poderá ter o seu nome novamente Judiciário, do Ministério Público dispensado pelo presidente será
incluído para as reuniões futuras. e da Defensoria Pública; aplicada multa de 1 (um) a 10 (dez)
VII – as autoridades e os ser- salários mínimos, a critério do
Art. 434.  Os jurados sorteados vidores da polícia e da segurança juiz, de acordo com a sua condi-
serão convocados pelo correio pública; ção econômica.

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Código de Processo Penal
Art. 443.  Somente será aceita Art. 449.  Não poderá servir o sência não for justificada, o fato
escusa fundada em motivo rele- jurado que: será imediatamente comunicado
vante devidamente comprovado I – tiver funcionado em julga- ao Procurador-Geral de Justi-
e apresentada, ressalvadas as hi- mento anterior do mesmo proces- ça com a data designada para a
póteses de força maior, até o mo- so, independentemente da cau- nova sessão.
mento da chamada dos jurados. sa determinante do julgamento
posterior; Art. 456.  Se a falta, sem escusa
Art. 444.  O jurado somente será II – no caso do concurso de legítima, for do advogado do acu-
dispensado por decisão motivada pessoas, houver integrado o Con- sado, e se outro não for por este
do juiz presidente, consignada na selho de Sentença que julgou o constituído, o fato será imedia-
ata dos trabalhos. outro acusado; tamente comunicado ao presi-
III – tiver manifestado prévia dente da seccional da Ordem dos
Art. 445.  O jurado, no exercí- disposição para condenar ou ab- Advogados do Brasil, com a data
cio da função ou a pretexto de solver o acusado. designada para a nova sessão.
exercê-la, será responsável cri- § 1o  Não havendo escusa le-
minalmente nos mesmos termos Art. 450.  Dos impedidos entre gítima, o julgamento será adiado
em que o são os juízes togados. si por parentesco ou relação de somente uma vez, devendo o acu-
convivência, servirá o que houver sado ser julgado quando chamado
Art. 446.  Aos suplentes, quando sido sorteado em primeiro lugar. novamente.
convocados, serão aplicáveis os § 2o  Na hipótese do § 1o deste
dispositivos referentes às dispen- Art. 451.  Os jurados excluídos artigo, o juiz intimará a Defensoria
sas, faltas e escusas e à equipa- por impedimento, suspeição ou Pública para o novo julgamento,
ração de responsabilidade penal incompatibilidade serão consi- que será adiado para o primeiro
prevista no art. 445 deste Código. derados para a constituição do dia desimpedido, observado o
número legal exigível para a re- prazo mínimo de 10 (dez) dias.
alização da sessão.
Seção IX – Da Composição Art. 457.  O julgamento não será
do Tribunal do Júri e da Art. 452.  O mesmo Conselho adiado pelo não comparecimento
Formação do Conselho de de Sentença poderá conhecer de do acusado solto, do assistente ou
Sentença mais de um processo, no mesmo do advogado do querelante, que
dia, se as partes o aceitarem, tiver sido regularmente intimado.
Art. 447.  O Tribunal do Júri é hipótese em que seus integran- § 1o  Os pedidos de adiamento
composto por 1 (um) juiz togado, tes deverão prestar novo com- e as justificações de não com-
seu presidente e por 25 (vinte e promisso. parecimento deverão ser, sal-
cinco) jurados que serão sortea- vo comprovado motivo de força
dos dentre os alistados, 7 (sete) maior, previamente submetidos
dos quais constituirão o Conselho
Seção X – Da Reunião e das à apreciação do juiz presidente
de Sentença em cada sessão de Sessões do Tribunal do Júri do Tribunal do Júri.
julgamento. § 2o  Se o acusado preso não
Art. 453.  O Tribunal do Júri reu- for conduzido, o julgamento será
Art. 448.  São impedidos de ser- nir-se-á para as sessões de ins- adiado para o primeiro dia desim-
vir no mesmo Conselho: trução e julgamento nos períodos pedido da mesma reunião, salvo
I – marido e mulher; e na forma estabelecida pela lei se houver pedido de dispensa de
II – ascendente e descen- local de organização judiciária. comparecimento subscrito por
dente; ele e seu defensor.
III – sogro e genro ou nora; Art. 454.  Até o momento de
IV – irmãos e cunhados, du- abertura dos trabalhos da sessão, Art. 458.  Se a testemunha, sem
rante o cunhadio; o juiz presidente decidirá os casos justa causa, deixar de compare-
V – tio e sobrinho; de isenção e dispensa de jurados cer, o juiz presidente, sem prejuí-
VI – padrasto, madrasta ou e o pedido de adiamento de julga- zo da ação penal pela desobediên-
enteado. mento, mandando consignar em cia, aplicar-lhe-á a multa prevista
§ 1o  O mesmo impedimento ata as deliberações. no § 2o do art. 436 deste Código.
ocorrerá em relação às pessoas
que mantenham união estável Art. 455.  Se o Ministério Públi- Art. 459.  Aplicar-se-á às teste-
reconhecida como entidade fa- co não comparecer, o juiz presi- munhas a serviço do Tribunal do
miliar. dente adiará o julgamento para Júri o disposto no art. 441 deste
§ 2o  Aplicar-se-á aos jurados o primeiro dia desimpedido da Código.
o disposto sobre os impedimen- mesma reunião, cientificadas as
tos, a suspeição e as incompa- partes e as testemunhas. Art. 460.  Antes de constituído o
tibilidades dos juízes togados. Parágrafo único.  Se a au- Conselho de Sentença, as teste-

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Código de Processo Penal
munhas serão recolhidas a lugar do disposto nos arts. 434 e 435 fato ou, em caso de coautoria,
onde umas não possam ouvir os deste Código. aplicar-se-á o critério de prefe-
depoimentos das outras. rência disposto no art. 429 deste
Art. 466.  Antes do sorteio dos Código.
Art. 461.  O julgamento não será membros do Conselho de Senten-
adiado se a testemunha deixar de ça, o juiz presidente esclarecerá Art. 470.  Desacolhida a arguição
comparecer, salvo se uma das sobre os impedimentos, a sus- de impedimento, de suspeição
partes tiver requerido a sua inti- peição e as incompatibilidades ou de incompatibilidade contra
mação por mandado, na oportuni- constantes dos arts.  448 e 449 o juiz presidente do Tribunal do
dade de que trata o art. 422 deste deste Código. Júri, órgão do Ministério Público,
Código, declarando não prescindir § 1o  O juiz presidente tam- jurado ou qualquer funcionário, o
do depoimento e indicando a sua bém advertirá os jurados de que, julgamento não será suspenso,
localização. uma vez sorteados, não poderão devendo, entretanto, constar da
§ 1o  Se, intimada, a testemu- comunicar-se entre si e com ou- ata o seu fundamento e a decisão.
nha não comparecer, o juiz pre- trem, nem manifestar sua opinião
sidente suspenderá os trabalhos sobre o processo, sob pena de Art. 471.  Se, em consequên-
e mandará conduzi-la ou adiará exclusão do Conselho e multa, cia do impedimento, suspeição,
o julgamento para o primeiro dia na forma do § 2o do art. 436 des- incompatibilidade, dispensa ou
desimpedido, ordenando a sua te Código. recusa, não houver número para
condução. § 2o  A incomunicabilidade a formação do Conselho, o julga-
§ 2o  O julgamento será rea- será certificada nos autos pelo mento será adiado para o primeiro
lizado mesmo na hipótese de a oficial de justiça. dia desimpedido, após sorteados
testemunha não ser encontrada os suplentes, com observância do
no local indicado, se assim for Art. 467.  Verificando que se en- disposto no art. 464 deste Código.
certificado por oficial de justiça. contram na urna as cédulas re-
lativas aos jurados presentes, o Art. 472.  Formado o Conselho
Art. 462.  Realizadas as diligên- juiz presidente sorteará 7 (sete) de Sentença, o presidente, le-
cias referidas nos arts. 454 a 461 dentre eles para a formação do vantando-se, e, com ele, todos
deste Código, o juiz presidente Conselho de Sentença. os presentes, fará aos jurados a
verificará se a urna contém as seguinte exortação:
cédulas dos 25 (vinte e cinco) Art. 468.  À medida que as cé- Em nome da lei, concito-vos
jurados sorteados, mandando dulas forem sendo retiradas da a examinar esta causa com
que o escrivão proceda à cha- urna, o juiz presidente as lerá, e imparcialidade e a proferir
mada deles. a defesa e, depois dela, o Minis- a vossa decisão de acordo
tério Público poderão recusar os com a vossa consciência e
Art. 463.  Comparecendo, pelo jurados sorteados, até 3 (três) os ditames da justiça.
menos, 15 (quinze) jurados, o juiz cada parte, sem motivar a recusa. Os jurados, nominalmente chama-
presidente declarará instalados Parágrafo único.  O jurado dos pelo presidente, responderão:
os trabalhos, anunciando o pro- recusado imotivadamente por Assim o prometo.
cesso que será submetido a jul- qualquer das partes será exclu- Parágrafo único.  O jurado,
gamento. ído daquela sessão de instrução em seguida, receberá cópias da
§ 1o  O oficial de justiça fará o e julgamento, prosseguindo-se pronúncia ou, se for o caso, das
pregão, certificando a diligência o sorteio para a composição do decisões posteriores que julga-
nos autos. Conselho de Sentença com os ram admissível a acusação e do
§ 2o  Os jurados excluídos por jurados remanescentes. relatório do processo.
impedimento ou suspeição serão
computados para a constituição Art. 469.  Se forem 2 (dois) ou
do número legal. mais os acusados, as recusas
Seção XI – Da Instrução em
poderão ser feitas por um só de- Plenário
Art. 464.  Não havendo o número fensor.
referido no art. 463 deste Códi- § 1o  A separação dos julga- Art. 473.  Prestado o compro-
go, proceder-se-á ao sorteio de mentos somente ocorrerá se, em misso pelos jurados, será iniciada
tantos suplentes quantos neces- razão das recusas, não for obti- a instrução plenária quando o juiz
sários, e designar-se-á nova data do o número mínimo de 7 (sete) presidente, o Ministério Público,
para a sessão do júri. jurados para compor o Conselho o assistente, o querelante e o
de Sentença. defensor do acusado tomarão,
Art. 465.  Os nomes dos suplen- § 2o  Determinada a separa- sucessiva e diretamente, as de-
tes serão consignados em ata, ção dos julgamentos, será julga- clarações do ofendido, se possí-
remetendo-se o expediente de do em primeiro lugar o acusado vel, e inquirirão as testemunhas
convocação, com observância a quem foi atribuída a autoria do arroladas pela acusação.

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Código de Processo Penal
§ 1o  Para a inquirição das tes- que ofendam a dignidade da ví- Art. 478.  Durante os debates as
temunhas arroladas pela defesa, tima ou de testemunhas. partes não poderão, sob pena de
o defensor do acusado formulará nulidade, fazer referências:
as perguntas antes do Ministério Art. 475.  O registro dos depoi- I – à decisão de pronúncia, às
Público e do assistente, mantidos mentos e do interrogatório será decisões posteriores que julga-
no mais a ordem e os critérios feito pelos meios ou recursos de ram admissível a acusação ou à
estabelecidos neste artigo. gravação magnética, eletrônica, determinação do uso de algemas
§ 2o  Os jurados poderão for- estenotipia ou técnica similar, como argumento de autoridade
mular perguntas ao ofendido e às destinada a obter maior fidelidade que beneficiem ou prejudiquem
testemunhas, por intermédio do e celeridade na colheita da prova. o acusado;
juiz presidente. Parágrafo único.  A transcri- II – ao silêncio do acusado
§ 3o  As partes e os jurados ção do registro, após feita a de- ou à ausência de interrogatório
poderão requerer acareações, gravação, constará dos autos. por falta de requerimento, em
reconhecimento de pessoas e seu prejuízo.
coisas e esclarecimento dos peri-
tos, bem como a leitura de peças
Seção XII – Dos Debates Art. 479.  Durante o julgamen-
que se refiram, exclusivamente, to não será permitida a leitura
às provas colhidas por carta pre- Art. 476.  Encerrada a instru- de documento ou a exibição de
catória e às provas cautelares, ção, será concedida a palavra objeto que não tiver sido junta-
antecipadas ou não repetíveis. ao Ministério Público, que fará do aos autos com a antecedên-
a acusação, nos limites da pro- cia mínima de 3 (três) dias úteis,
Art. 474.  A seguir será o acu- núncia ou das decisões poste- dando-se ciência à outra parte.
sado interrogado, se estiver pre- riores que julgaram admissível a Parágrafo único. Compreen-
sente, na forma estabelecida no acusação, sustentando, se for o de-se na proibição deste artigo a
Capítulo III do Título VII do Livro I caso, a existência de circunstân- leitura de jornais ou qualquer ou-
deste Código, com as alterações cia agravante. tro escrito, bem como a exibição
introduzidas nesta Seção. § 1o  O assistente falará de- de vídeos, gravações, fotografias,
§ 1o  O Ministério Público, o pois do Ministério Público. laudos, quadros, croqui ou qual-
assistente, o querelante e o de- § 2o  Tratando-se de ação pe- quer outro meio assemelhado,
fensor, nessa ordem, poderão nal de iniciativa privada, falará cujo conteúdo versar sobre a ma-
formular, diretamente, perguntas em primeiro lugar o querelante e, téria de fato submetida à apre-
ao acusado. em seguida, o Ministério Público, ciação e julgamento dos jurados.
§ 2o  Os jurados formularão salvo se este houver retomado a
perguntas por intermédio do juiz titularidade da ação, na forma do Art. 480.  A acusação, a defesa
presidente. art. 29 deste Código. e os jurados poderão, a qualquer
§ 3o  Não se permitirá o uso § 3o  Finda a acusação, terá momento e por intermédio do juiz
de algemas no acusado durante a palavra a defesa. presidente, pedir ao orador que
o período em que permanecer § 4o  A acusação poderá re- indique a folha dos autos onde se
no plenário do júri, salvo se ab- plicar e a defesa treplicar, sendo encontra a peça por ele lida ou
solutamente necessário à ordem admitida a reinquirição de tes- citada, facultando-se, ainda, aos
dos trabalhos, à segurança das temunha já ouvida em plenário. jurados solicitar-lhe, pelo mesmo
testemunhas ou à garantia da meio, o esclarecimento de fato
integridade física dos presentes. Art. 477.  O tempo destinado à por ele alegado.
acusação e à defesa será de uma § 1o  Concluídos os debates, o
Art. 474-A.  Durante a instru- hora e meia para cada, e de uma presidente indagará dos jurados
ção em plenário, todas as partes hora para a réplica e outro tanto se estão habilitados a julgar ou
e demais sujeitos processuais para a tréplica. se necessitam de outros escla-
presentes no ato deverão res- § 1o  Havendo mais de um recimentos.
peitar a dignidade da vítima, sob acusador ou mais de um defen- § 2o  Se houver dúvida sobre
pena de responsabilização civil, sor, combinarão entre si a dis- questão de fato, o presidente
penal e administrativa, caben- tribuição do tempo, que, na falta prestará esclarecimentos à vista
do ao juiz presidente garantir o de acordo, será dividido pelo juiz dos autos.
cumprimento do disposto neste presidente, de forma a não exce- § 3o  Os jurados, nesta fase
artigo, vedadas: der o determinado neste artigo. do procedimento, terão acesso
I – a manifestação sobre cir- § 2o  Havendo mais de 1 (um) aos autos e aos instrumentos
cunstâncias ou elementos alheios acusado, o tempo para a acusa- do crime se solicitarem ao juiz
aos fatos objeto de apuração nos ção e a defesa será acrescido de presidente.
autos; 1 (uma) hora e elevado ao dobro o
II – a utilização de linguagem, da réplica e da tréplica, observado Art. 481.  Se a verificação de
de informações ou de material o disposto no § 1o deste artigo. qualquer fato, reconhecida como

494
Código de Processo Penal
essencial para o julgamento da os quesitos relativos aos incisos das no caput deste artigo.
causa, não puder ser realizada I e II do caput deste artigo será § 2o  O juiz presidente adver-
imediatamente, o juiz presidente formulado quesito com a seguin- tirá as partes de que não será
dissolverá o Conselho, ordenan- te redação: permitida qualquer intervenção
do a realização das diligências O jurado absolve o acusado? que possa perturbar a livre ma-
entendidas necessárias. § 3o  Decidindo os jurados nifestação do Conselho e fará
Parágrafo único.  Se a dili- pela condenação, o julgamento retirar da sala quem se portar
gência consistir na produção de prossegue, devendo ser formu- inconvenientemente.
prova pericial, o juiz presiden- lados quesitos sobre:
te, desde logo, nomeará perito e I – causa de diminuição de Art. 486.  Antes de proceder-se
formulará quesitos, facultando pena alegada pela defesa; à votação de cada quesito, o juiz
às partes também formulá-los e II – circunstância qualifica- presidente mandará distribuir aos
indicar assistentes técnicos, no dora ou causa de aumento de jurados pequenas cédulas, feitas
prazo de 5 (cinco) dias. pena, reconhecidas na pronúncia de papel opaco e facilmente do-
ou em decisões posteriores que bráveis, contendo 7 (sete) delas a
julgaram admissível a acusação. palavra sim, 7 (sete) a palavra não.
Seção XIII – Do Questionário § 4o  Sustentada a desclas-
e Sua Votação sificação da infração para outra Art. 487.  Para assegurar o si-
de competência do juiz singular, gilo do voto, o oficial de justiça
Art. 482.  O Conselho de Sen- será formulado quesito a respei- recolherá em urnas separadas
tença será questionado sobre to, para ser respondido após o 2o as cédulas correspondentes aos
matéria de fato e se o acusado (segundo) ou 3o (terceiro) quesito, votos e as não utilizadas.
deve ser absolvido. conforme o caso.
Parágrafo único.  Os quesitos § 5o  Sustentada a tese de Art. 488.  Após a resposta, ve-
serão redigidos em proposições ocorrência do crime na sua forma rificados os votos e as cédulas
afirmativas, simples e distintas, tentada ou havendo divergên- não utilizadas, o presidente de-
de modo que cada um deles pos- cia sobre a tipificação do delito, terminará que o escrivão regis-
sa ser respondido com suficiente sendo este da competência do tre no termo a votação de cada
clareza e necessária precisão. Tribunal do Júri, o juiz formulará quesito, bem como o resultado
Na sua elaboração, o presidente quesito acerca destas questões, do julgamento.
levará em conta os termos da para ser respondido após o se- Parágrafo único.  Do termo
pronúncia ou das decisões pos- gundo quesito. também constará a conferência
teriores que julgaram admissível § 6o  Havendo mais de um das cédulas não utilizadas.
a acusação, do interrogatório e crime ou mais de um acusado,
das alegações das partes. os quesitos serão formulados em Art. 489.  As decisões do Tri-
séries distintas. bunal do Júri serão tomadas por
Art. 483.  Os quesitos serão for- maioria de votos.
mulados na seguinte ordem, in- Art. 484.  A seguir, o presiden-
dagando sobre: te lerá os quesitos e indagará Art. 490.  Se a resposta a qual-
I – a materialidade do fato; das partes se têm requerimento quer dos quesitos estiver em con-
II – a autoria ou participação; ou reclamação a fazer, devendo tradição com outra ou outras já
III – se o acusado deve ser qualquer deles, bem como a de- dadas, o presidente, explicando
absolvido; cisão, constar da ata. aos jurados em que consiste a
IV – se existe causa de di- Parágrafo único.  Ainda em contradição, submeterá nova-
minuição de pena alegada pela plenário, o juiz presidente expli- mente à votação os quesitos a
defesa; cará aos jurados o significado de que se referirem tais respostas.
V – se existe circunstância cada quesito. Parágrafo único.  Se, pela res-
qualificadora ou causa de au- posta dada a um dos quesitos, o
mento de pena reconhecidas na Art. 485.  Não havendo dúvida a presidente verificar que ficam
pronúncia ou em decisões pos- ser esclarecida, o juiz presidente, prejudicados os seguintes, as-
teriores que julgaram admissível os jurados, o Ministério Público, sim o declarará, dando por finda
a acusação. o assistente, o querelante, o de- a votação.
§ 1o  A resposta negativa, de fensor do acusado, o escrivão e
mais de 3 (três) jurados, a qual- o oficial de justiça dirigir-se-ão Art. 491.  Encerrada a votação,
quer dos quesitos referidos nos à sala especial a fim de ser pro- será o termo a que se refere o
incisos I e II do caput deste arti- cedida a votação. art.  488 deste Código assinado
go encerra a votação e implica a § 1o  Na falta de sala especial, pelo presidente, pelos jurados e
absolvição do acusado. o juiz presidente determinará que pelas partes.
§ 2o  Respondidos afirmativa- o público se retire, permanecendo
mente por mais de 3 (três) jurados somente as pessoas menciona-

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Código de Processo Penal
Seção XIV – Da Sentença rizar a execução provisória das II – o magistrado que presidiu
penas de que trata a alínea “e” a sessão e os jurados presentes;
Art. 492.  Em seguida, o presi- do inciso I do caput deste artigo, III – os jurados que deixaram
dente proferirá sentença que: se houver questão substancial de comparecer, com escusa ou
I – no caso de condenação: cuja resolução pelo tribunal ao sem ela, e as sanções aplicadas;
a)  fixará a pena-base; qual competir o julgamento possa IV – o ofício ou requerimento
b)  considerará as circuns- plausivelmente levar à revisão da de isenção ou dispensa;
tâncias agravantes ou atenuantes condenação. V – o sorteio dos jurados su-
alegadas nos debates; § 4o  A apelação interpos- plentes;
c)  imporá os aumentos ou ta contra decisão condenatória VI – o adiamento da sessão, se
diminuições da pena, em aten- do Tribunal do Júri a uma pena houver ocorrido, com a indicação
ção às causas admitidas pelo júri; igual ou superior a 15 (quinze) do motivo;
d)  observará as demais dis- anos de reclusão não terá efeito VII – a abertura da sessão e
posições do art. 387 deste Código; suspensivo. a presença do Ministério Público,
e)  mandará o acusado re- § 5o  Excepcionalmente, po- do querelante e do assistente,
colher-se ou recomendá-lo-á à derá o tribunal atribuir efeito se houver, e a do defensor do
prisão em que se encontra, se suspensivo à apelação de que acusado;
presentes os requisitos da pri- trata o § 4o deste artigo, quando VIII – o pregão e a sanção
são preventiva, ou, no caso de verificado cumulativamente que imposta, no caso de não com-
condenação a uma pena igual o recurso: parecimento;
ou superior a 15 (quinze) anos de I – não tem propósito mera- IX – as testemunhas dispen-
reclusão, determinará a execu- mente protelatório; e sadas de depor;
ção provisória das penas, com II – levanta questão substan- X – o recolhimento das tes-
expedição do mandado de prisão, cial e que pode resultar em ab- temunhas a lugar de onde umas
se for o caso, sem prejuízo do solvição, anulação da sentença, não pudessem ouvir o depoimento
conhecimento de recursos que novo julgamento ou redução da das outras;
vierem a ser interpostos; pena para patamar inferior a 15 XI – a verificação das cédulas
f)  estabelecerá os efeitos (quinze) anos de reclusão. pelo juiz presidente;
genéricos e específicos da con- § 6o  O pedido de concessão XII – a formação do Conselho
denação; de efeito suspensivo poderá ser de Sentença, com o registro dos
II – no caso de absolvição: feito incidentemente na apela- nomes dos jurados sorteados e
a)  mandará colocar em li- ção ou por meio de petição em recusas;
berdade o acusado se por outro separado dirigida diretamente XIII – o compromisso e o inter-
motivo não estiver preso; ao relator, instruída com cópias rogatório, com simples referência
b)  revogará as medidas res- da sentença condenatória, das ao termo;
tritivas provisoriamente decre- razões da apelação e de prova XIV – os debates e as alega-
tadas; da tempestividade, das con- ções das partes com os respec-
c)  imporá, se for o caso, a trarrazões e das demais peças tivos fundamentos;
medida de segurança cabível. necessárias à compreensão da XV – os incidentes;
§ 1o  Se houver desclassifi- controvérsia. XVI – o julgamento da causa;
cação da infração para outra, XVII – a publicidade dos atos
de competência do juiz singu- Art. 493.  A sentença será lida da instrução plenária, das dili-
lar, ao presidente do Tribunal do em plenário pelo presidente antes gências e da sentença.
Júri caberá proferir sentença em de encerrada a sessão de instru-
seguida, aplicando-se, quando o ção e julgamento. Art. 496.  A falta da ata sujeitará
delito resultante da nova tipifica- o responsável a sanções adminis-
ção for considerado pela lei como trativa e penal.
infração penal de menor potencial
Seção XV – Da Ata dos
ofensivo, o disposto nos arts. 69 Trabalhos
e seguintes da Lei no 9.099, de 26
Seção XVI – Das Atribuições
de setembro de 1995. Art. 494.  De cada sessão de do Presidente do Tribunal
§ 2o  Em caso de desclassi- julgamento o escrivão lavrará do Júri
ficação, o crime conexo que não ata, assinada pelo presidente e
seja doloso contra a vida será pelas partes. Art. 497.  São atribuições do juiz
julgado pelo juiz presidente do presidente do Tribunal do Júri,
Tribunal do Júri, aplicando-se, Art. 495.  A ata descreverá fiel- além de outras expressamente
no que couber, o disposto no § 1o mente todas as ocorrências, men- referidas neste Código:
deste artigo. cionando obrigatoriamente: I – regular a polícia das ses-
§ 3o  O presidente poderá, ex- I – a data e a hora da instala- sões e prender os desobedientes;
cepcionalmente, deixar de auto- ção dos trabalhos; II – requisitar o auxílio da for-

496
Código de Processo Penal
ça pública, que ficará sob sua TÍTULO II – DOS defensor, da inexistência do cri-
exclusiva autoridade; PROCESSOS ESPECIAIS me ou da improcedência da ação.
III – dirigir os debates, inter-
vindo em caso de abuso, excesso CAPÍTULO I – DO Art. 517.  Recebida a denúncia ou
de linguagem ou mediante reque- PROCESSO E DO a queixa, será o acusado citado,
rimento de uma das partes; JULGAMENTO DOS CRIMES na forma estabelecida no Capítulo
IV – resolver as questões in- I do Título X do Livro I.
cidentes que não dependam de DE FALÊNCIA
pronunciamento do júri; Art. 518.  Na instrução criminal e
V – nomear defensor ao acu- Arts.  503 a 512.  (Revogados) nos demais termos do processo,
sado, quando considerá-lo indefe- observar-se-á o disposto nos Ca-
so, podendo, neste caso, dissolver pítulos I e III, Título I, deste Livro.
o Conselho e designar novo dia CAPÍTULO II – DO
para o julgamento, com a nome- PROCESSO E DO
ação ou a constituição de novo JULGAMENTO DOS CRIMES CAPÍTULO III – DO
defensor; DE RESPONSABILIDADE PROCESSO E DO
VI – mandar retirar da sala DOS FUNCIONÁRIOS JULGAMENTO DOS CRIMES
o acusado que dificultar a re- DE CALÚNIA E INJÚRIA,
alização do julgamento, o qual PÚBLICOS
DE COMPETÊNCIA DO JUIZ
prosseguirá sem a sua presença;
VII – suspender a sessão pelo Art. 513.  Nos crimes de res- SINGULAR
tempo indispensável à realização ponsabilidade dos funcionários
das diligências requeridas ou en- públicos, cujo processo e julga- Art. 519.  No processo por crime
tendidas necessárias, mantida a mento competirão aos juízes de de calúnia ou injúria, para o qual
incomunicabilidade dos jurados; direito, a queixa ou a denúncia não haja outra forma estabelecida
VIII – interromper a sessão será instruída com documentos em lei especial, observar-se-á o
por tempo razoável, para profe- ou justificação que façam pre- disposto nos Capítulos I e III, Ti-
rir sentença e para repouso ou sumir a existência do delito ou tulo I, deste Livro, com as modi-
refeição dos jurados; com declaração fundamentada ficações constantes dos artigos
IX – decidir, de ofício, ouvidos da impossibilidade de apresen- seguintes.
o Ministério Público e a defesa, tação de qualquer dessas provas.
ou a requerimento de qualquer Art. 520.  Antes de receber a
destes, a arguição de extinção Art. 514.  Nos crimes afiançá- queixa, o juiz oferecerá às partes
de punibilidade; veis, estando a denúncia ou quei- oportunidade para se reconcilia-
X – resolver as questões de xa em devida forma, o juiz manda- rem, fazendo-as comparecer em
direito suscitadas no curso do rá autuá-la e ordenará a notifica- juízo e ouvindo-as, separadamen-
julgamento; ção do acusado, para responder te, sem a presença dos seus ad-
XI – determinar, de ofício ou por escrito, dentro do prazo de vogados, não se lavrando termo.
a requerimento das partes ou de quinze dias.
qualquer jurado, as diligências Parágrafo único.  Se não for Art. 521.  Se depois de ouvir o
destinadas a sanar nulidade ou conhecida a residência do acu- querelante e o querelado, o juiz
a suprir falta que prejudique o sado, ou este se achar fora da achar provável a reconciliação,
esclarecimento da verdade; jurisdição do juiz, ser-lhe-á no- promoverá entendimento entre
XII – regulamentar, duran- meado defensor, a quem caberá eles, na sua presença.
te os debates, a intervenção de apresentar a resposta preliminar.
uma das partes, quando a outra Art. 522.  No caso de reconcilia-
estiver com a palavra, podendo Art. 515.  No caso previsto no ção, depois de assinado pelo que-
conceder até 3 (três) minutos artigo anterior, durante o prazo relante o termo da desistência, a
para cada aparte requerido, que concedido para a resposta, os queixa será arquivada.
serão acrescidos ao tempo des- autos permanecerão em cartório,
ta última. onde poderão ser examinados Art. 523.  Quando for ofereci-
pelo acusado ou por seu defensor. da a exceção da verdade ou da
Parágrafo único.  A resposta notoriedade do fato imputado,
CAPÍTULO III – DO poderá ser instruída com docu- o querelante poderá contestar
PROCESSO E DO mentos e justificações. a exceção no prazo de dois dias,
JULGAMENTO DOS CRIMES podendo ser inquiridas as teste-
DA COMPETÊNCIA DO JUIZ Art. 516.  O juiz rejeitará a queixa munhas arroladas na queixa, ou
SINGULAR ou denúncia, em despacho fun- outras indicadas naquele prazo,
damentado, se convencido, pela em substituição às primeiras, ou
Arts.  498 a 502.  (Revogados) resposta do acusado ou do seu para completar o máximo legal.

497
Código de Processo Penal
CAPÍTULO IV – DO fixado neste artigo. de determinação de quem seja o
PROCESSO E DO autor do ilícito.
Art. 530.  Se ocorrer prisão em
JULGAMENTO DOS CRIMES flagrante e o réu não for posto em Art. 530-G.  O juiz, ao prolatar
CONTRA A PROPRIEDADE liberdade, o prazo a que se refere a sentença condenatória, pode-
IMATERIAL o artigo anterior será de oito dias. rá determinar a destruição dos
bens ilicitamente produzidos ou
Art. 524.  No processo e julga- Art. 530-A.  O disposto nos reproduzidos e o perdimento dos
mento dos crimes contra a pro- arts.  524 a 530 será aplicável equipamentos apreendidos, des-
priedade imaterial, observar-se-á aos crimes em que se proceda de que precipuamente destina-
o disposto nos Capítulos I e III do mediante queixa. dos à produção e reprodução dos
Título I deste Livro, com as modi- bens, em favor da Fazenda Na-
ficações constantes dos artigos Art. 530-B.  Nos casos das in- cional, que deverá destruí-los ou
seguintes. frações previstas nos §§ 1o, 2o e doá-los aos Estados, Municípios
3o do art. 184 do Código Penal, a e Distrito Federal, a instituições
Art. 525.  No caso de haver o autoridade policial procederá à públicas de ensino e pesquisa ou
crime deixado vestígio, a queixa apreensão dos bens ilicitamen- de assistência social, bem como
ou a denúncia não será recebida te produzidos ou reproduzidos, incorporá-los, por economia ou
se não for instruída com o exame em sua totalidade, juntamente interesse público, ao patrimônio
pericial dos objetos que consti- com os equipamentos, suportes da União, que não poderão retor-
tuam o corpo de delito. e materiais que possibilitaram a ná-los aos canais de comércio.
sua existência, desde que estes
Art. 526.  Sem a prova de direi- se destinem precipuamente à Art. 530-H.  As associações de
to à ação, não será recebida a prática do ilícito. titulares de direitos de autor e os
queixa, nem ordenada qualquer que lhes são conexos poderão,
diligência preliminarmente re- Art. 530-C.  Na ocasião da apre- em seu próprio nome, funcionar
querida pelo ofendido. ensão será lavrado termo, assina- como assistente da acusação nos
do por 2 (duas) ou mais testemu- crimes previstos no art.  184 do
Art. 527.  A diligência de busca nhas, com a descrição de todos os Código Penal, quando praticado
ou de apreensão será realizada bens apreendidos e informações em detrimento de qualquer de
por dois peritos nomeados pelo sobre suas origens, o qual deverá seus associados.
juiz, que verificarão a existência integrar o inquérito policial ou o
de fundamento para a apreensão, processo. Art. 530-I.  Nos crimes em que
e quer esta se realize, quer não, o caiba ação penal pública incondi-
laudo pericial será apresentado Art. 530-D.  Subsequente à cionada ou condicionada, obser-
dentro de três dias após o encer- apreensão, será realizada, por var-se-ão as normas constantes
ramento da diligência. perito oficial, ou, na falta deste, dos arts.  530‑B, 530‑C, 530‑D,
Parágrafo único.  O requeren- por pessoa tecnicamente habili- 530‑E, 530‑F, 530‑G e 530‑H.
te da diligência poderá impugnar tada, perícia sobre todos os bens
o laudo contrário à apreensão, e o apreendidos e elaborado o laudo
juiz ordenará que esta se efetue, que deverá integrar o inquérito CAPÍTULO V – DO
se reconhecer a improcedência policial ou o processo. PROCESSO SUMÁRIO
das razões aduzidas pelos peritos.
Art. 530-E.  Os titulares de direi- Art. 531.  Na audiência de instru-
Art. 528.  Encerradas as diligên- to de autor e os que lhe são co- ção e julgamento, a ser realizada
cias, os autos serão conclusos ao nexos serão os fiéis depositários no prazo máximo de 30 (trinta)
juiz para homologação do laudo. de todos os bens apreendidos, dias, proceder-se-á à tomada
devendo colocá-los à disposição de declarações do ofendido, se
Art. 529.  Nos crimes de ação do juiz quando do ajuizamento possível, à inquirição das teste-
privativa do ofendido, não será da ação. munhas arroladas pela acusação
admitida queixa com fundamen- e pela defesa, nesta ordem, res-
to em apreensão e em perícia, se Art. 530-F.  Ressalvada a possi- salvado o disposto no art.  222
decorrido o prazo de 30 dias, após bilidade de se preservar o corpo deste Código, bem como aos es-
a homologação do laudo. de delito, o juiz poderá determi- clarecimentos dos peritos, às
Parágrafo único.  Será dada nar, a requerimento da vítima, a acareações e ao reconhecimento
vista ao Ministério Público dos destruição da produção ou re- de pessoas e coisas, interrogan-
autos de busca e apreensão re- produção apreendida quando não do-se, em seguida, o acusado e
queridas pelo ofendido, se o crime houver impugnação quanto à sua procedendo-se, finalmente, ao
for de ação pública e não tiver ilicitude ou quando a ação penal debate.
sido oferecida queixa no prazo não puder ser iniciada por falta

498
Código de Processo Penal
Art. 532.  Na instrução, poderão Art. 539.  (Revogado) I – caso ainda não tenha sido
ser inquiridas até 5 (cinco) teste- proferida a sentença, reinquirir-
munhas arroladas pela acusação Art. 540.  (Revogado) -se-ão as testemunhas, podendo
e 5 (cinco) pela defesa. ser substituídas as que tiverem
falecido ou se encontrarem em
Art. 533.  Aplica-se ao procedi- CAPÍTULO VI – DO lugar não sabido;
mento sumário o disposto nos pa- PROCESSO DE II – os exames periciais, quan-
rágrafos do art. 400 deste Código. RESTAURAÇÃO DE do possível, serão repetidos, e
§ 1o (Revogado) AUTOS EXTRAVIADOS OU de preferência pelos mesmos
§ 2o (Revogado) DESTRUÍDOS peritos;
§ 3o (Revogado) III – a prova documental será
§ 4o (Revogado) Art. 541.  Os autos originais de reproduzida por meio de cópia
processo penal extraviados ou autêntica ou, quando impossível,
Art. 534.  As alegações finais destruídos, em primeira ou se- por meio de testemunhas;
serão orais, concedendo-se a gunda instância, serão restau- IV – poderão também ser in-
palavra, respectivamente, à acu- rados. quiridas sobre os atos do proces-
sação e à defesa, pelo prazo de 20 § 1o  Se existir e for exibida so, que deverá ser restaurado, as
(vinte) minutos, prorrogáveis por cópia autêntica ou certidão do autoridades, os serventuários,
mais 10 (dez), proferindo o juiz, a processo, será uma ou outra con- os peritos e mais pessoas que
seguir, sentença. siderada como original. tenham nele funcionado;
§ 1o  Havendo mais de um § 2o  Na falta de cópia au- V – o Ministério Público e as
acusado, o tempo previsto para a têntica ou certidão do proces- partes poderão oferecer teste-
defesa de cada um será individual. so, o juiz mandará, de ofício, ou munhas e produzir documentos,
§ 2o  Ao assistente do Ministé- a requerimento de qualquer das para provar o teor do processo
rio Público, após a manifestação partes, que: extraviado ou destruído.
deste, serão concedidos 10 (dez) a)  o escrivão certifique o
minutos, prorrogando-se por igual estado do processo, segundo a Art. 544.  Realizadas as diligên-
período o tempo de manifestação sua lembrança, e reproduza o cias que, salvo motivo de força
da defesa. que houver a respeito em seus maior, deverão concluir-se den-
protocolos e registros; tro de vinte dias, serão os autos
Art. 535.  Nenhum ato será adia- b)  sejam requisitadas cópias conclusos para julgamento.
do, salvo quando imprescindível do que constar a respeito no Ins- Parágrafo único.  No curso do
a prova faltante, determinando tituto Médico-Legal, no Instituto processo, e depois de subirem os
o juiz a condução coercitiva de de Identificação e Estatística ou autos conclusos para sentença,
quem deva comparecer. em estabelecimentos congêne- o juiz poderá, dentro em cinco
§ 1o (Revogado) res, repartições públicas, peni- dias, requisitar de autoridades
§ 2o (Revogado) tenciárias ou cadeias; ou de repartições todos os escla-
c)  as partes sejam citadas recimentos para a restauração.
Art. 536.  A testemunha que pessoalmente, ou, se não forem
comparecer será inquirida, in- encontradas, por edital, com o Art. 545.  Os selos e as taxas
dependentemente da suspensão prazo de dez dias, para o processo judiciárias, já pagos nos autos
da audiência, observada em qual- de restauração dos autos. originais, não serão novamente
quer caso a ordem estabelecida § 3o  Proceder-se-á à restau- cobrados.
no art. 531 deste Código. ração na primeira instância, ainda
que os autos se tenham extravia- Art. 546.  Os causadores de ex-
Art. 537.  (Revogado) do na segunda. travio de autos responderão pelas
custas, em dobro, sem prejuízo da
Art. 538.  Nas infrações penais Art. 542.  No dia designado, as responsabilidade criminal.
de menor potencial ofensivo, partes serão ouvidas, mencionan-
quando o juizado especial cri- do-se em termo circunstanciado Art. 547.  Julgada a restauração,
minal encaminhar ao juízo co- os pontos em que estiverem acor- os autos respectivos valerão pe-
mum as peças existentes para a des e a exibição e a conferência los originais.
adoção de outro procedimento, das certidões e mais reprodu- Parágrafo único.  Se no curso
observar-se-á o procedimento ções do processo apresentadas da restauração aparecerem os
sumário previsto neste Capítulo. e conferidas. autos originais, nestes continu-
§ 1o (Revogado) ará o processo, apensos a eles os
§ 2o (Revogado) Art. 543.  O juiz determinará as autos da restauração.
§ 3o (Revogado) diligências necessárias para a
§ 4o (Revogado) restauração, observando-se o Art. 548.  Até à decisão que jul-
seguinte: gue restaurados os autos, a sen-

499
Código de Processo Penal
tença condenatória em execução ofício ou a requerimento das par- Art. 564.  A nulidade ocorrerá
continuará a produzir efeito, des- tes, será marcada audiência, em nos seguintes casos:
de que conste da respectiva guia que, inquiridas as testemunhas e I – por incompetência, sus-
arquivada na cadeia ou na peni- produzidas alegações orais pelo peição ou suborno do juiz;
tenciária, onde o réu estiver cum- órgão do Ministério Público e pelo II – por ilegitimidade de parte;
prindo a pena, ou de registro que defensor, dentro de dez minutos III – por falta das fórmulas ou
torne a sua existência inequívoca. para cada um, o juiz proferirá dos termos seguintes:
sentença. a)  a denúncia ou a queixa e
Parágrafo único.  Se o juiz não a representação e, nos proces-
CAPÍTULO VII – DO se julgar habilitado a proferir a sos de contravenções penais, a
PROCESSO DE APLICAÇÃO decisão, designará, desde logo, portaria ou o auto de prisão em
DE MEDIDA DE SEGURANÇA outra audiência, que se realizará flagrante;
POR FATO NÃO CRIMINOSO dentro de cinco dias, para publi- b)  o exame do corpo de delito
car a sentença. nos crimes que deixam vestígios,
Art. 549.  Se a autoridade poli- ressalvado o disposto no art. 167;
cial tiver conhecimento de fato Art. 555.  Quando, instaurado c)  a nomeação de defensor
que, embora não constituindo processo por infração penal, o ao réu presente, que o não tiver,
infração penal, possa determinar juiz, absolvendo ou impronuncian- ou ao ausente, e de curador ao
a aplicação de medida de segu- do o réu, reconhecer a existência menor de 21 anos;
rança (Código Penal, arts. 14 e 27), de qualquer dos fatos previstos d)  a intervenção do Ministé-
deverá proceder a inquérito, a fim no art. 14 ou no art. 27 do Código rio Público em todos os termos
de apurá-lo e averiguar todos os Penal, aplicar-lhe-á, se for caso, da ação por ele intentada e nos
elementos que possam interessar medida de segurança.14 da intentada pela parte ofendi-
à verificação da periculosidade da, quando se tratar de crime de
do agente.13 ação pública;
TÍTULO III – DOS e)  a citação do réu para ver-
Art. 550.  O processo será pro- PROCESSOS DE -se processar, o seu interrogató-
movido pelo Ministério Público, COMPETÊNCIA DO rio, quando presente, e os pra-
mediante requerimento que con- SUPREMO TRIBUNAL zos concedidos à acusação e à
terá a exposição sucinta do fato, FEDERAL E DOS TRIBUNAIS defesa;
as suas circunstâncias e todos f)  a sentença de pronúncia,
os elementos em que se fundar DE APELAÇÃO o libelo e a entrega da respectiva
o pedido. CAPÍTULO I – DA cópia, com o rol de testemunhas,
nos processos perante o Tribunal
Art. 551.  O juiz, ao deferir o re- INSTRUÇÃO do Júri;
querimento, ordenará a intimação g)  a intimação do réu para a
do interessado para comparecer Arts.  556 a 560.  (Revogados) sessão de julgamento, pelo Tri-
em juízo, a fim de ser interrogado. bunal do Júri, quando a lei não
permitir o julgamento à revelia;
Art. 552.  Após o interrogatório CAPÍTULO II – DO h)  a intimação das testemu-
ou dentro do prazo de dois dias, JULGAMENTO nhas arroladas no libelo e na con-
o interessado ou seu defensor trariedade, nos termos estabele-
poderá oferecer alegações. Art. 561.  (Revogado) cidos pela lei;
Parágrafo único.  O juiz no- i)  a presença pelo menos de
meará defensor ao interessado Art. 562.  (Revogado) 15 jurados para a constituição
que não o tiver. do júri;
j)  o sorteio dos jurados do
Art. 553.  O Ministério Público, ao LIVRO III – DAS NULIDADES conselho de sentença em número
fazer o requerimento inicial, e a E DOS RECURSOS EM legal e sua incomunicabilidade;
defesa, no prazo estabelecido no GERAL k)  os quesitos e as respec-
artigo anterior, poderão requerer tivas respostas;
exames, diligências e arrolar até TÍTULO I – DAS NULIDADES l)  a acusação e a defesa, na
três testemunhas. sessão de julgamento;
Art. 563.  Nenhum ato será de- m)  a sentença;
Art. 554.  Após o prazo de defesa clarado nulo, se da nulidade não n)  o recurso de oficio, nos
ou a realização dos exames e di- resultar prejuízo para a acusação casos em que a lei o tenha es-
ligências ordenados pelo juiz, de ou para a defesa. tabelecido;
o)  a intimação, nas condi-
  NE: os dispositivos mencionados são os
13
  NE: os dispositivos mencionados são os
14 ções estabelecidas pela lei, para
do texto original do Código Penal. do texto original do Código Penal. ciência de sentenças e despachos

500
Código de Processo Penal
de que caiba recurso; Art. 571.  As nulidades deverão pendam ou sejam consequência.
p)  no Supremo Tribunal Fe- ser arguidas: § 2o  O juiz que pronunciar a
deral e nos Tribunais de Apelação, I – as da instrução criminal nulidade declarará os atos a que
o quorum legal para o julgamento; dos processos da competência ela se estende.
IV – por omissão de forma- do júri, nos prazos a que se re-
lidade que constitua elemento fere o art. 406;
essencial do ato; II – as da instrução criminal TÍTULO II – DOS RECURSOS
V – em decorrência de deci- dos processos de competência EM GERAL
são carente de fundamentação. do juiz singular e dos processos
Parágrafo único. Ocorrerá especiais, salvo os dos Capítulos CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
ainda a nulidade, por deficiência V e VII do Título II do Livro II, nos GERAIS
dos quesitos ou das suas respos- prazos a que se refere o art. 500;
tas, e contradição entre estas. III – as do processo sumário, Art. 574.  Os recursos serão
no prazo a que se refere o art. 537, voluntários, excetuando-se os
Art. 565.  Nenhuma das partes ou, se verificadas depois desse seguintes casos, em que deve-
poderá arguir nulidade a que haja prazo, logo depois de aberta a rão ser interpostos, de ofício,
dado causa, ou para que tenha audiência e apregoadas as partes; pelo juiz:
concorrido, ou referente a for- IV – as do processo regula- I – da sentença que conceder
malidade cuja observância só à do no Capítulo VII do Título II do habeas corpus;
parte contrária interesse. Livro II, logo depois de aberta a II – da que absolver desde
audiência; logo o réu com fundamento na
Art. 566.  Não será declarada a V – as ocorridas posterior- existência de circunstância que
nulidade de ato processual que mente à pronúncia, logo depois de exclua o crime ou isente o réu
não houver influído na apuração anunciado o julgamento e apre- de pena, nos termos do art. 411.
da verdade substancial ou na de- goadas as partes (art. 447);
cisão da causa. VI – as de instrução criminal Art. 575.  Não serão prejudica-
dos processos de competência dos os recursos que, por erro,
Art. 567.  A incompetência do do Supremo Tribunal Federal e falta ou omissão dos funcioná-
juízo anula somente os atos de- dos Tribunais de Apelação, nos rios, não tiverem seguimento ou
cisórios, devendo o processo, prazos a que se refere o art. 500; não forem apresentados dentro
quando for declarada a nulidade, VII – se verificadas após a de- do prazo.
ser remetido ao juiz competente. cisão da primeira instância, nas
razões de recurso ou logo depois Art. 576.  O Ministério Público
Art. 568.  A nulidade por ilegi- de anunciado o julgamento do não poderá desistir de recurso
timidade do representante da recurso e apregoadas as partes; que haja interposto.
parte poderá ser a todo tempo VIII – as do julgamento em
sanada, mediante ratificação dos plenário, em audiência ou em Art. 577.  O recurso poderá ser
atos processuais. sessão do tribunal, logo depois interposto pelo Ministério Público,
de ocorrerem. ou pelo querelante, ou pelo réu,
Art. 569.  As omissões da de- seu procurador ou seu defensor.
núncia ou da queixa, da repre- Art. 572.  As nulidades previstas Parágrafo único.  Não se ad-
sentação, ou, nos processos das no art. 564, III, “d” e “e”, segunda mitirá, entretanto, recurso da par-
contravenções penais, da portaria parte, “g” e “h”, e IV, considerar- te que não tiver interesse na re-
ou do auto de prisão em flagran- -se-ão sanadas: forma ou modificação da decisão.
te, poderão ser supridas a todo o I – se não forem arguidas, em
tempo, antes da sentença final. tempo oportuno, de acordo com o Art. 578.  O recurso será inter-
disposto no artigo anterior; posto por petição ou por termo
Art. 570.  A falta ou a nulidade II – se, praticado por outra for- nos autos, assinado pelo recor-
da citação, da intimação ou noti- ma, o ato tiver atingido o seu fim; rente ou por seu representante.
ficação estará sanada, desde que III – se a parte, ainda que ta- § 1o  Não sabendo ou não po-
o interessado compareça, antes citamente, tiver aceito os seus dendo o réu assinar o nome, o
de o ato consumar-se, embora efeitos. termo será assinado por alguém,
declare que o faz para o único fim a seu rogo, na presença de duas
de argui-la. O juiz ordenará, toda- Art. 573.  Os atos, cuja nulidade testemunhas.
via, a suspensão ou o adiamento não tiver sido sanada, na forma § 2o  A petição de interposi-
do ato, quando reconhecer que a dos artigos anteriores, serão re- ção de recurso, com o despacho
irregularidade poderá prejudicar novados ou retificados. do juiz, será, até o dia seguinte
direito da parte. § 1o  A nulidade de um ato, ao último do prazo, entregue ao
uma vez declarada, causará a dos escrivão, que certificará no ter-
atos que dele diretamente de- mo da juntada a data da entrega.

501
Código de Processo Penal
§ 3o  Interposto por termo o ordem de habeas corpus; da pronúncia subirá em traslado,
recurso, o escrivão, sob pena de XI – que conceder, negar ou quando, havendo dois ou mais
suspensão por dez a trinta dias, revogar a suspensão condicional réus, qualquer deles se confor-
fará conclusos os autos ao juiz, da pena; mar com a decisão ou todos não
até o dia seguinte ao último do XII – que conceder, negar ou tiverem sido ainda intimados da
prazo. revogar livramento condicional; pronúncia.
XIII – que anular o processo
Art. 579.  Salvo a hipótese de da instrução criminal, no todo ou Art. 584.  Os recursos terão efei-
má-fé, a parte não será preju- em parte; to suspensivo nos casos de perda
dicada pela interposição de um XIV – que incluir jurado na lis- da fiança, de concessão de livra-
recurso por outro. ta geral ou desta o excluir; mento condicional e dos nos XV,
Parágrafo único.  Se o juiz, XV – que denegar a apelação XVII e XXIV do art. 581.
desde logo, reconhecer a impro- ou a julgar deserta; § 1o  Ao recurso interposto de
priedade do recurso interposto XVI – que ordenar a suspen- sentença de impronúncia ou no
pela parte, mandará processá-lo são do processo, em virtude de caso do no VIII do art. 581, apli-
de acordo com o rito do recurso questão prejudicial; car-se-á o disposto nos arts. 596
cabível. XVII – que decidir sobre a uni- e 598.
ficação de penas; § 2o  O recurso da pronún-
Art. 580.  No caso de concurso XVIII – que decidir o incidente cia suspenderá tão somente o
de agentes (Código Penal, art. 25), de falsidade; julgamento.
a decisão do recurso interposto XIX – que decretar medida de § 3o  O recurso do despacho
por um dos réus, se fundado em segurança, depois de transitar a que julgar quebrada a fiança sus-
motivos que não sejam de caráter sentença em julgado; penderá unicamente o efeito de
exclusivamente pessoal, aprovei- XX – que impuser medida de perda da metade do seu valor.
tará aos outros.15 segurança por transgressão de
outra; Art. 585.  O réu não poderá re-
XXI – que mantiver ou substi- correr da pronúncia senão depois
CAPÍTULO II – DO RECURSO tuir a medida de segurança, nos de preso, salvo se prestar fiança,
EM SENTIDO ESTRITO casos do art. 774; nos casos em que a lei a admitir.
XXII – que revogar a medida
Art. 581.  Caberá recurso, no sen- de segurança; Art. 586.  O recurso voluntário
tido estrito, da decisão, despacho XXIII – que deixar de revogar a poderá ser interposto no prazo
ou sentença: medida de segurança, nos casos de cinco dias.
I – que não receber a denún- em que a lei admita a revogação; Parágrafo único.  No caso do
cia ou a queixa; XXIV – que converter a mul- art. 581, XIV, o prazo será de vinte
II – que concluir pela incom- ta em detenção ou em prisão dias, contado da data da publica-
petência do juízo; simples; ção definitiva da lista de jurados.
III – que julgar procedentes as XXV – que recusar homolo-
exceções, salvo a de suspeição; gação à proposta de acordo de Art. 587.  Quando o recurso hou-
IV – que pronunciar o réu; não persecução penal, previsto ver de subir por instrumento, a
V – que conceder, negar, ar- no art. 28‑A desta Lei. parte indicará, no respectivo ter-
bitrar, cassar ou julgar inidônea mo, ou em requerimento avulso,
a fiança, indeferir requerimento Art. 582.  Os recursos serão as peças dos autos de que pre-
de prisão preventiva ou revogá- sempre para o Tribunal de Ape- tenda traslado.
-la, conceder liberdade provisória lação, salvo nos casos dos nos V, Parágrafo único.  O traslado
ou relaxar a prisão em flagrante; X e XIV. será extraído, conferido e con-
VI – (Revogado); Parágrafo único.  O recurso, certado no prazo de cinco dias,
VII – que julgar quebrada a no caso do no XIV, será para o pre- e dele constarão sempre a deci-
fiança ou perdido o seu valor; sidente do Tribunal de Apelação. são recorrida, a certidão de sua
VIII – que decretar a prescri- intimação, se por outra forma não
ção ou julgar, por outro modo, Art. 583.  Subirão nos próprios for possível verificar-se a oportu-
extinta a punibilidade; autos os recursos: nidade do recurso, e o termo de
IX – que indeferir o pedido de I – quando interpostos de interposição.
reconhecimento da prescrição ofício;
ou de outra causa extintiva da II – nos casos do art. 581, nos I, Art. 588.  Dentro de dois dias,
punibilidade; III, IV, VI, VIII e X; contados da interposição do re-
X – que conceder ou negar a III – quando o recurso não curso, ou do dia em que o escri-
prejudicar o andamento do pro- vão, extraído o traslado, o fizer
  NE: o dispositivo mencionado é o do texto
15 cesso. com vista ao recorrente, este
original do Código Penal. Parágrafo único.  O recurso oferecerá as razões e, em segui-

502
Código de Processo Penal
da, será aberta vista ao recorrido à decisão dos jurados; Ministério Público no prazo legal,
por igual prazo. c)  houver erro ou injustiça no o ofendido ou qualquer das pes-
Parágrafo único.  Se o recor- tocante à aplicação da pena ou da soas enumeradas no art. 31, ainda
rido for o réu, será intimado do medida de segurança; que não se tenha habilitado como
prazo na pessoa do defensor. d)  for a decisão dos jurados assistente, poderá interpor ape-
manifestamente contrária à prova lação, que não terá, porém, efeito
Art. 589.  Com a resposta do re- dos autos. suspensivo.
corrido ou sem ela, será o recurso § 1o  Se a sentença do Juiz Parágrafo único.  O prazo para
concluso ao juiz, que, dentro de Presidente for contrária à lei ex- interposição desse recurso será
dois dias, reformará ou sustentará pressa ou divergir das respos- de quinze dias e correrá do dia
o seu despacho, mandando ins- tas dos jurados aos quesitos, o em que terminar o do Ministério
truir o recurso com os traslados Tribunal ad quem fará a devida Público.
que lhe parecerem necessários. retificação.
Parágrafo único.  Se o juiz § 2o  Interposta a apelação Art. 599.  As apelações poderão
reformar o despacho recorrido, com fundamento no no  III, “c”, ser interpostas quer em relação
a parte contrária, por simples deste artigo, o Tribunal ad quem, a todo o julgado, quer em relação
petição, poderá recorrer da nova se lhe der provimento, retificará a a parte dele.
decisão, se couber recurso, não aplicação da pena ou da medida
sendo mais lícito ao juiz modifi- de segurança. Art. 600.  Assinado o termo de
cá-la. Neste caso, independen- § 3o  Se a apelação se fundar apelação, o apelante e, depois
temente de novos arrazoados, no no III, “d”, deste artigo, e o Tri- dele, o apelado terão o prazo de
subirá o recurso nos próprios bunal ad quem se convencer de oito dias cada um para oferecer
autos ou em traslado. que a decisão dos jurados é mani- razões, salvo nos processos de
festamente contrária à prova dos contravenção, em que o prazo
Art. 590.  Quando for impossível autos, dar-lhe-á provimento para será de três dias.
ao escrivão extrair o traslado no sujeitar o réu a novo julgamento; § 1o  Se houver assistente,
prazo da lei, poderá o juiz pror- não se admite, porém, pelo mes- este arrazoará, no prazo de três
rogá-lo até o dobro. mo motivo, segunda apelação. dias, após o Ministério Público.
§ 4o  Quando cabível a ape- § 2o  Se a ação penal for mo-
Art. 591.  Os recursos serão apre- lação, não poderá ser usado o vida pela parte ofendida, o Minis-
sentados ao juiz ou tribunal ad recurso em sentido estrito, ainda tério Público terá vista dos autos,
quem, dentro de cinco dias da que somente de parte da decisão no prazo do parágrafo anterior.
publicação da resposta do juiz se recorra. § 3o  Quando forem dois ou
a quo, ou entregues ao Correio mais os apelantes ou apelados,
dentro do mesmo prazo. Art. 594.  (Revogado) os prazos serão comuns.
§ 4o  Se o apelante declarar,
Art. 592.  Publicada a decisão Art. 595.  (Revogado) na petição ou no termo, ao inter-
do juiz ou do tribunal ad quem, por a apelação, que deseja arra-
deverão os autos ser devolvidos, Art. 596.  A apelação da senten- zoar na Superior Instância serão
dentro de cinco dias, ao juiz a quo. ça absolutória não impedirá que os autos remetidos ao Tribunal
o réu seja posto imediatamente ad quem onde será aberta vista
em liberdade. às partes, observados os prazos
CAPÍTULO III – DA Parágrafo único.  A apelação legais, notificadas as partes pela
APELAÇÃO não suspenderá a execução da publicação oficial.
medida de segurança aplicada
Art. 593.  Caberá apelação no provisoriamente. Art. 601.  Findos os prazos para
prazo de cinco dias: razões, os autos serão remeti-
I – das sentenças definitivas Art. 597.  A apelação de sen- dos à instância superior, com
de condenação ou absolvição tença condenatória terá efeito as razões ou sem elas, no prazo
proferidas por Juiz singular; suspensivo, salvo o disposto no de cinco dias, salvo no caso do
II – das decisões definitivas, art.  393, a aplicação provisória art. 603, segunda parte, em que
ou com força de definitivas, profe- de interdições de direitos e de o prazo será de trinta dias.
ridas por Juiz singular, nos casos medidas de segurança (arts. 374 § 1o  Se houver mais de um
não previstos no Capítulo anterior; e 378), e o caso de suspensão réu, e não houverem todos sido
III – das decisões do Tribunal condicional de pena. julgados, ou não tiverem todos
do Júri, quando: apelado, caberá ao apelante pro-
a)  ocorrer nulidade posterior Art. 598.  Nos crimes de com- mover extração do traslado dos
à pronúncia; petência do Tribunal do Júri, ou autos, o qual deverá ser remetido
b)  for a sentença do Juiz Pre- do juiz singular, se da sentença à instância superior no prazo de
sidente contrária à lei expressa ou não for interposta apelação pelo trinta dias, contado da data da

503
Código de Processo Penal
entrega das últimas razões de Art. 610.  Nos recursos em sen- na votação, proferirá o voto de
apelação, ou do vencimento do tido estrito, com exceção do de desempate; no caso contrário,
prazo para a apresentação das habeas corpus, e nas apelações prevalecerá a decisão mais fa-
do apelado. interpostas das sentenças em vorável ao réu.
§ 2o  As despesas do traslado processo de contravenção ou § 2o  O acórdão será apresen-
correrão por conta de quem o so- de crime a que a lei comine pena tado à conferência na primeira
licitar, salvo se o pedido for de réu de detenção, os autos irão ime- sessão seguinte à do julgamento,
pobre ou do Ministério Público. diatamente com vista ao procu- ou no prazo de duas sessões, pelo
rador-geral pelo prazo de cinco juiz incumbido de lavrá-lo.
Art. 602.  Os autos serão, den- dias, e, em seguida, passarão,
tro dos prazos do artigo ante- por igual prazo, ao relator, que Art. 616.  No julgamento das ape-
rior, apresentados ao tribunal ad pedirá designação de dia para o lações poderá o tribunal, câmara
quem ou entregues ao Correio, julgamento. ou turma proceder a novo inter-
sob registro. Parágrafo único. Anunciado rogatório do acusado, reinquirir
o julgamento pelo presidente, testemunhas ou determinar ou-
Art. 603.  A apelação subirá nos e apregoadas as partes, com a tras diligências.
autos originais e, a não ser no Dis- presença destas ou à sua reve-
trito Federal e nas comarcas que lia, o relator fará a exposição do Art. 617.  O tribunal, câmara ou
forem sede de Tribunal de Apela- feito e, em seguida, o presiden- turma atenderá nas suas deci-
ção, ficará em cartório traslado te concederá, pelo prazo de dez sões ao disposto nos arts. 383,
dos termos essenciais do pro- minutos, a palavra aos advogados 386 e 387, no que for aplicável,
cesso referidos no art. 564, no III. ou às partes que a solicitarem e não podendo, porém, ser agra-
ao procurador-geral, quando o vada a pena, quando somente o
Arts.  604 a 606.  (Revogados) requerer, por igual prazo. réu houver apelado da sentença.

Art. 611.  (Revogado) Art. 618.  Os regimentos dos Tri-


CAPÍTULO IV – DO bunais de Apelação estabelecerão
PROTESTO POR NOVO JÚRI Art. 612.  Os recursos de habeas as normas complementares para
corpus, designado o relator, se- o processo e julgamento dos re-
Art. 607.  (Revogado) rão julgados na primeira sessão. cursos e apelações.

Art. 608.  (Revogado) Art. 613.  As apelações interpos-


tas das sentenças proferidas em CAPÍTULO VI – DOS
processos por crime a que a lei EMBARGOS
CAPÍTULO V – DO comine pena de reclusão, deverão
PROCESSO E DO ser processadas e julgadas pela Art. 619.  Aos acórdãos proferi-
JULGAMENTO DOS forma estabelecida no art.  610, dos pelos Tribunais de Apelação,
RECURSOS EM com as seguintes modificações: câmaras ou turmas, poderão ser
SENTIDO ESTRITO E I – exarado o relatório nos opostos embargos de declaração,
autos, passarão estes ao revisor, no prazo de dois dias contados da
DAS APELAÇÕES, NOS que terá igual prazo para o exame sua publicação, quando houver na
TRIBUNAIS DE APELAÇÃO do processo, e pedirá designação sentença ambiguidade, obscuri-
de dia para o julgamento; dade, contradição ou omissão.
Art. 609.  Os recursos, apelações II – os prazos serão ampliados
e embargos serão julgados pelos ao dobro; Art. 620.  Os embargos de de-
Tribunais de Justiça, Câmaras ou III – o tempo para os debates claração serão deduzidos em
Turmas criminais, de acordo com será de um quarto de hora. requerimento de que constem
a competência estabelecida nas os pontos em que o acórdão é
leis de organização judiciária. Art. 614.  No caso de impossibili- ambíguo, obscuro, contraditório
Parágrafo único.  Quando não dade de observância de qualquer ou omisso.
for unânime a decisão de segunda dos prazos marcados nos arts. 610 § 1o  O requerimento será
instância, desfavorável ao réu, ad- e 613, os motivos da demora serão apresentado pelo relator e jul-
mitem-se embargos infringentes declarados nos autos. gado, independentemente de re-
e de nulidade, que poderão ser visão, na primeira sessão.
opostos dentro de 10 (dez) dias, a Art. 615.  O tribunal decidirá por § 2o  Se não preenchidas as
contar da publicação de acórdão, maioria de votos. condições enumeradas neste ar-
na forma do art. 613. Se o desa- § 1o  Havendo empate de vo- tigo, o relator indeferirá desde
cordo for parcial, os embargos tos no julgamento de recursos, se logo o requerimento.
serão restritos à matéria objeto o presidente do tribunal, câmara
de divergência. ou turma, não tiver tomado parte

504
Código de Processo Penal
CAPÍTULO VII – DA de Câmaras ou Turmas para o jul- condenação, devendo o tribunal,
REVISÃO gamento de revisão, obedecido o se for caso, impor a medida de
que for estabelecido no respec- segurança cabível.
Art. 621.  A revisão dos proces- tivo Regimento Interno.
sos findos será admitida: Art. 628.  Os regimentos inter-
I – quando a sentença con- Art. 625.  O requerimento será nos dos Tribunais de Apelação
denatória for contrária ao texto distribuído a um relator e a um estabelecerão as normas comple-
expresso da lei penal ou à evidên- revisor, devendo funcionar como mentares para o processo e jul-
cia dos autos; relator um desembargador que gamento das revisões criminais.
II – quando a sentença con- não tenha pronunciado decisão
denatória se fundar em depoi- em qualquer fase do processo. Art. 629.  À vista da certidão do
mentos, exames ou documentos § 1o  O requerimento será ins- acórdão que cassar a senten-
comprovadamente falsos; truído com a certidão de haver ça condenatória, o juiz mandará
III – quando, após a senten- passado em julgado a sentença juntá-la imediatamente aos au-
ça, se descobrirem novas provas condenatória e com as peças tos, para inteiro cumprimento
de inocência do condenado ou necessárias à comprovação dos da decisão.
de circunstância que determine fatos arguidos.
ou autorize diminuição especial § 2o  O relator poderá deter- Art. 630.  O tribunal, se o inte-
da pena. minar que se apensem os autos ressado o requerer, poderá reco-
originais, se daí não advier difi- nhecer o direito a uma justa inde-
Art. 622.  A revisão poderá ser culdade à execução normal da nização pelos prejuízos sofridos.
requerida em qualquer tempo, an- sentença. § 1o  Por essa indenização,
tes da extinção da pena ou após. § 3o  Se o relator julgar insu- que será liquidada no juízo cível,
Parágrafo único.  Não será ficientemente instruído o pedido responderá a União, se a conde-
admissível a reiteração do pedi- e inconveniente ao interesse da nação tiver sido proferida pela
do, salvo se fundado em novas justiça que se apensem os autos justiça do Distrito Federal ou de
provas. originais, indeferi-lo-á in limine, Território, ou o Estado, se o tiver
dando recurso para as câmaras sido pela respectiva justiça.
Art. 623.  A revisão poderá ser reunidas ou para o tribunal, con- § 2o  A indenização não será
pedida pelo próprio réu ou por forme o caso (art. 624, parágrafo devida:
procurador legalmente habilitado único). a)  se o erro ou a injustiça da
ou, no caso de morte do réu, pelo § 4o  Interposto o recurso por condenação proceder de ato ou
cônjuge, ascendente, descenden- petição e independentemente falta imputável ao próprio impe-
te ou irmão. de termo, o relator apresentará trante, como a confissão ou a
o processo em mesa para o jul- ocultação de prova em seu poder;
Art. 624.  As revisões criminais gamento e o relatará, sem tomar b)  se a acusação houver sido
serão processadas e julgadas: parte na discussão. meramente privada.
I – pelo Supremo Tribunal Fe- § 5o  Se o requerimento não
deral, quanto às condenações por for indeferido in limine, abrir-se-á Art. 631.  Quando, no curso da
ele proferidas; vista dos autos ao procurador-ge- revisão, falecer a pessoa, cuja
II – pelo Tribunal Federal de ral, que dará parecer no prazo de condenação tiver de ser revista,
Recursos, Tribunais de Justiça dez dias. Em seguida, examinados o presidente do tribunal nomeará
ou de Alçada, nos demais casos. os autos, sucessivamente, em curador para a defesa.
§ 1o  No Supremo Tribunal Fe- igual prazo, pelo relator e revisor,
deral e no Tribunal Federal de Re- julgar-se-á o pedido na sessão
cursos o processo e julgamento que o presidente designar. CAPÍTULO VIII
obedecerão ao que for estabe- – DO RECURSO
lecido no respectivo Regimento Art. 626.  Julgando procedente EXTRAORDINÁRIO
Interno. a revisão, o tribunal poderá alte-
§ 2o  Nos Tribunais de Jus- rar a classificação da infração, Arts.  632 a 636.  (Revogados)
tiça ou de Alçada, o julgamento absolver o réu, modificar a pena
será efetuado pelas Câmaras ou ou anular o processo. Art. 637.  O recurso extraordi-
Turmas Criminais, reunidas em Parágrafo único.  De qualquer nário não tem efeito suspensi-
sessão conjunta, quando houver maneira, não poderá ser agrava- vo, e uma vez arrazoados pelo
mais de uma, e, no caso contrário, da a pena imposta pela decisão recorrido os autos do traslado,
pelo Tribunal pleno. revista. os originais baixarão à primeira
§ 3o  Nos Tribunais onde hou- instância, para a execução da
ver quatro ou mais Câmaras ou Art. 627.  A absolvição implicará sentença.
Turmas Criminais, poderão ser o restabelecimento de todos os
constituídos dois ou mais Grupos direitos perdidos em virtude da

505
Código de Processo Penal
Art. 638.  O recurso extraordi- Art. 643.  Extraído e autuado que tenha cabimento, seja qual
nário e o recurso especial serão o instrumento, observar-se-á o for a autoridade coatora.
processados e julgados no Supre- disposto nos arts. 588 a 592, no
mo Tribunal Federal e no Supe- caso de recurso em sentido es- Art. 650.  Competirá conhecer,
rior Tribunal de Justiça na forma trito, ou o processo estabelecido originariamente, do pedido de
estabelecida por leis especiais, para o recurso extraordinário, se habeas corpus:
pela lei processual civil e pelos deste se tratar. I – ao Supremo Tribunal Fede-
respectivos regimentos internos. ral, nos casos previstos no art. 101,
Art. 644.  O tribunal, câmara ou I, “g”, da Constituição;
turma a que competir o julga- II – aos Tribunais de Apelação,
CAPÍTULO IX – DA CARTA mento da carta, se desta tomar sempre que os atos de violên-
TESTEMUNHÁVEL conhecimento, mandará proces- cia ou coação forem atribuídos a
sar o recurso, ou, se estiver su- governadores, ou interventores,
Art. 639.  Dar-se-á carta teste- ficientemente instruída, decidirá dos Estados ou Territórios e ao
munhável: logo, de meritis. prefeito do Distrito Federal, ou a
I – da decisão que denegar seus secretários, ou aos chefes
o recurso; Art. 645.  O processo da car- de Polícia.
II – da que, admitindo embo- ta testemunhável na instância § 1o  A competência do juiz
ra o recurso, obstar à sua expe- superior seguirá o processo do cessará sempre que a violência
dição e seguimento para o juízo recurso denegado. ou coação provier de autoridade
ad quem. judiciária de igual ou superior
Art. 646.  A carta testemunhável jurisdição.
Art. 640.  A carta testemunhável não terá efeito suspensivo. § 2o  Não cabe o habeas cor-
será requerida ao escrivão, ou ao pus contra a prisão administra-
secretário do tribunal, conforme tiva, atual ou iminente, dos res-
o caso, nas quarenta e oito ho- CAPÍTULO X – DO HABEAS ponsáveis por dinheiro ou valor
ras seguintes ao despacho que CORPUS E SEU PROCESSO pertencente à Fazenda Pública,
denegar o recurso, indicando o alcançados ou omissos em fa-
requerente as peças do proces- Art. 647.  Dar-se-á habeas cor- zer o seu recolhimento nos pra-
so que deverão ser trasladadas. pus sempre que alguém sofrer ou zos legais, salvo se o pedido for
se achar na iminência de sofrer acompanhado de prova de qui-
Art. 641.  O escrivão, ou o secre- violência ou coação ilegal na sua tação ou de depósito do alcance
tário do tribunal, dará recibo da liberdade de ir e vir, salvo nos ca- verificado, ou se a prisão exceder
petição à parte e, no prazo má- sos de punição disciplinar. o prazo legal.
ximo de cinco dias, no caso de
recurso no sentido estrito, ou de Art. 648.  A coação considerar- Art. 651.  A concessão do habe-
sessenta dias, no caso de recurso -se-á ilegal: as corpus não obstará, nem porá
extraordinário, fará entrega da I – quando não houver justa termo ao processo, desde que
carta, devidamente conferida e causa; este não esteja em conflito com
concertada. II – quando alguém estiver os fundamentos daquela.
preso por mais tempo do que
Art. 642.  O escrivão, ou o se- determina a lei; Art. 652.  Se o habeas corpus for
cretário do tribunal, que se ne- III – quando quem ordenar a concedido em virtude de nulidade
gar a dar o recibo, ou deixar de coação não tiver competência do processo, este será renovado.
entregar, sob qualquer pretexto, para fazê-lo;
o instrumento, será suspenso IV – quando houver cessado Art. 653.  Ordenada a soltura do
por trinta dias. O juiz, ou o presi- o motivo que autorizou a coação; paciente em virtude de habeas
dente do Tribunal de Apelação, V – quando não for alguém corpus, será condenada nas cus-
em face de representação do admitido a prestar fiança, nos tas a autoridade que, por má-fé
testemunhante, imporá a pena casos em que a lei a autoriza; ou evidente abuso de poder, tiver
e mandará que seja extraído o VI – quando o processo for determinado a coação.
instrumento, sob a mesma san- manifestamente nulo; Parágrafo único.  Neste caso,
ção, pelo substituto do escrivão VII – quando extinta a puni- será remetida ao Ministério Públi-
ou do secretário do tribunal. Se o bilidade. co cópia das peças necessárias
testemunhante não for atendido, para ser promovida a responsa-
poderá reclamar ao presidente do Art. 649.  O juiz ou o tribunal, bilidade da autoridade.
tribunal ad quem, que avocará os dentro dos limites da sua jurisdi-
autos, para o efeito do julgamento ção, fará passar imediatamente a Art. 654.  O habeas corpus po-
do recurso e imposição da pena. ordem impetrada, nos casos em derá ser impetrado por qualquer
pessoa, em seu favor ou de ou-

506
Código de Processo Penal
trem, bem como pelo Ministério Art. 657.  Se o paciente estiver ver preso em lugar que não seja
Público. preso, nenhum motivo escusará o da sede do juízo ou do tribunal
§ 1o  A petição de habeas cor- a sua apresentação, salvo: que conceder a ordem, o alvará
pus conterá: I – grave enfermidade do pa- de soltura será expedido pelo
a)  o nome da pessoa que so- ciente; telégrafo, se houver, observadas
fre ou está ameaçada de sofrer II – não estar ele sob a guar- as formalidades estabelecidas no
violência ou coação e o de quem da da pessoa a quem se atribui art. 289, parágrafo único, in fine,
exercer a violência, coação ou a detenção; ou por via postal.
ameaça; III – se o comparecimento não
b)  a declaração da espécie tiver sido determinado pelo juiz Art. 661.  Em caso de competên-
de constrangimento ou, em caso ou pelo tribunal. cia originária do Tribunal de Ape-
de simples ameaça de coação, as Parágrafo único.  O juiz pode- lação, a petição de habeas corpus
razões em que funda o seu temor; rá ir ao local em que o paciente será apresentada ao secretário,
c)  a assinatura do impe- se encontrar, se este não puder que a enviará imediatamente ao
trante, ou de alguém a seu rogo, ser apresentado por motivo de presidente do tribunal, ou da câ-
quando não souber ou não puder doença. mara criminal, ou da turma, que
escrever, e a designação das res- estiver reunida, ou primeiro tiver
pectivas residências. Art. 658.  O detentor declarará de reunir-se.
§ 2o  Os juízes e os tribunais à ordem de quem o paciente es-
têm competência para expedir de tiver preso. Art. 662.  Se a petição contiver
ofício ordem de habeas corpus, os requisitos do art. 654, § 1o, o
quando no curso de processo Art. 659.  Se o juiz ou o tribunal presidente, se necessário, re-
verificarem que alguém sofre verificar que já cessou a violência quisitará da autoridade indicada
ou está na iminência de sofrer ou coação ilegal, julgará prejudi- como coatora informações por
coação ilegal. cado o pedido. escrito. Faltando, porém, qual-
quer daqueles requisitos, o presi-
Art. 655.  O carcereiro ou o dire- Art. 660.  Efetuadas as diligên- dente mandará preenchê-lo, logo
tor da prisão, o escrivão, o oficial cias, e interrogado o paciente, o que lhe for apresentada a petição.
de justiça ou a autoridade judi- juiz decidirá, fundamentadamen-
ciária ou policial que embaraçar te, dentro de vinte e quatro horas. Art. 663.  As diligências do artigo
ou procrastinar a expedição de § 1o  Se a decisão for favorável anterior não serão ordenadas, se
ordem de habeas corpus, as infor- ao paciente, será logo posto em o presidente entender que o ha-
mações sobre a causa da prisão, liberdade, salvo se por outro mo- beas corpus deva ser indeferido in
a condução e apresentação do tivo dever ser mantido na prisão. limine. Nesse caso, levará a peti-
paciente, ou a sua soltura, será § 2o  Se os documentos que ção ao tribunal, câmara ou turma,
multado na quantia de duzentos instruírem a petição evidenciarem para que delibere a respeito.
mil-réis a um conto de réis, sem a ilegalidade da coação, o juiz ou o
prejuízo das penas em que in- tribunal ordenará que cesse ime- Art. 664.  Recebidas as informa-
correr. As multas serão impostas diatamente o constrangimento. ções, ou dispensadas, o habeas
pelo juiz do tribunal que julgar o § 3o  Se a ilegalidade decorrer corpus será julgado na primei-
habeas corpus, salvo quando se do fato de não ter sido o paciente ra sessão, podendo, entretanto,
tratar de autoridade judiciária, admitido a prestar fiança, o juiz adiar-se o julgamento para a ses-
caso em que caberá ao Supremo arbitrará o valor desta, que poderá são seguinte.
Tribunal Federal ou ao Tribunal de ser prestada perante ele, reme- Parágrafo único.  A decisão
Apelação impor as multas. tendo, neste caso, à autoridade será tomada por maioria de votos.
os respectivos autos, para serem Havendo empate, se o presidente
Art. 656.  Recebida a petição de anexados aos do inquérito policial não tiver tomado parte na vota-
habeas corpus, o juiz, se julgar ou aos do processo judicial. ção, proferirá voto de desempate;
necessário, e estiver preso o pa- § 4o  Se a ordem de habeas no caso contrário, prevalecerá a
ciente, mandará que este lhe seja corpus for concedida para evitar decisão mais favorável ao pa-
imediatamente apresentado em ameaça de violência ou coação ciente.
dia e hora que designar. ilegal, dar-se-á ao paciente sal-
Parágrafo único.  Em caso vo-conduto assinado pelo juiz. Art. 665.  O secretário do tribu-
de desobediência, será expedi- § 5o Será incontinenti envia- nal lavrará a ordem que, assinada
do mandado de prisão contra o da cópia da decisão à autoridade pelo presidente do tribunal, câ-
detentor, que será processado na que tiver ordenado a prisão ou ti- mara ou turma, será dirigida, por
forma da lei, e o juiz providenciará ver o paciente à sua disposição, ofício ou telegrama, ao detentor,
para que o paciente seja tirado da a fim de juntar-se aos autos do ao carcereiro ou autoridade que
prisão e apresentado em juízo. processo. exercer ou ameaçar exercer o
§ 6o  Quando o paciente esti- constrangimento.

507
Código de Processo Penal
Parágrafo único.  A ordem em grau de apelação, incumbirá o presidente da câmara ou tribu-
transmitida por telegrama obe- ao relator fazer expedir o alvará nal, se tiver havido recurso, fará
decerá ao disposto no art. 289, de soltura, de que dará imediata- expedir o mandado de prisão,
parágrafo único, in fine. mente conhecimento ao juiz de logo que transite em julgado a
primeira instância. sentença condenatória.
Art. 666.  Os regimentos dos Tri- § 1o  No caso de reformada
bunais de Apelação estabelece- Art. 671.  Os incidentes da exe- pela superior instância, em grau
rão as normas complementares cução serão resolvidos pelo res- de recurso, a sentença absolutó-
para o processo e julgamento do pectivo juiz. ria, estando o réu solto, o presi-
pedido de habeas corpus de sua dente da câmara ou do tribunal
competência originária. Art. 672.  Computar-se-á na fará, logo após a sessão de jul-
pena privativa da liberdade o gamento, remeter ao chefe de
Art. 667.  No processo e julga- tempo: Polícia o mandado de prisão do
mento do habeas corpus de com- I – de prisão preventiva no condenado.
petência originária do Supremo Brasil ou no estrangeiro; § 2o  Se o réu estiver em pri-
Tribunal Federal, bem como nos II – de prisão provisória no são especial, deverá, ressalvado
de recurso das decisões de última Brasil ou no estrangeiro; o disposto na legislação relativa
ou única instância, denegatórias III – de internação em hospital aos militares, ser expedida ordem
de habeas corpus, observar-se- ou manicômio. para sua imediata remoção para
-á, no que lhes for aplicável, o prisão comum, até que se verifi-
disposto nos artigos anteriores, Art. 673.  Verificado que o réu, que a expedição de carta de guia
devendo o regimento interno do pendente a apelação por ele in- para o cumprimento da pena.
tribunal estabelecer as regras terposta, já sofreu prisão por
complementares. tempo igual ao da pena a que Art. 676.  A carta de guia, extra-
foi condenado, o relator do feito ída pelo escrivão e assinada pelo
mandará pô-lo imediatamente juiz, que a rubricará em todas as
LIVRO IV – DA EXECUÇÃO em liberdade, sem prejuízo do folhas, será remetida ao diretor
TÍTULO I – DISPOSIÇÕES julgamento do recurso, salvo se, do estabelecimento em que te-
no caso de crime a que a lei comi- nha de ser cumprida a sentença
GERAIS ne pena de reclusão, no máximo, condenatória, e conterá:
por tempo igual ou superior a 8 I – o nome do réu e a alcunha
Art. 668.  A execução, onde não anos, o querelante ou o Ministério por que for conhecido;
houver juiz especial, incumbirá Público também houver apelado II – a sua qualificação civil
ao juiz da sentença, ou, se a de- da sentença condenatória. (naturalidade, filiação, idade, es-
cisão for do Tribunal do Júri, ao tado, profissão), instrução e, se
seu presidente. constar, número do registro ge-
Parágrafo único.  Se a decisão TÍTULO II – DA EXECUÇÃO ral do Instituto de Identificação
for de tribunal superior, nos casos DAS PENAS EM ESPÉCIE e Estatística ou de repartição
de sua competência originária, congênere;
caberá ao respectivo presidente CAPÍTULO I – DAS PENAS III – o teor integral da sen-
prover-lhe a execução. PRIVATIVAS DE LIBERDADE tença condenatória e a data da
terminação da pena.
Art. 669.  Só depois de passar Art. 674.  Transitando em julga- Parágrafo único. Expedida
em julgado, será exequível a sen- do a sentença que impuser pena carta de guia para cumprimen-
tença, salvo: privativa de liberdade, se o réu já to de uma pena, se o réu estiver
I – quando condenatória, para estiver preso, ou vier a ser preso, cumprindo outra, só depois de
o efeito de sujeitar o réu a prisão, o juiz ordenará a expedição de terminada a execução desta será
ainda no caso de crime afiançá- carta de guia para o cumprimen- aquela executada. Retificar-se-á
vel, enquanto não for prestada to da pena. a carta de guia sempre que so-
a fiança; Parágrafo único.  Na hipótese brevenha modificação quanto ao
II – quando absolutória, para do art. 82, última parte, a expedi- início da execução ou ao tempo
o fim de imediata soltura do réu, ção da carta de guia será orde- de duração da pena.
desde que não proferida em pro- nada pelo juiz competente para
cesso por crime a que a lei comi- a soma ou unificação das penas. Art. 677.  Da carta de guia e seus
ne pena de reclusão, no máximo, aditamentos se remeterá cópia ao
por tempo igual ou superior a Art. 675.  No caso de ainda não Conselho Penitenciário.
oito anos. ter sido expedido mandado de
prisão, por tratar-se de infração Art. 678.  O diretor do estabe-
Art. 670.  No caso de decisão ab- penal em que o réu se livra solto lecimento, em que o réu tiver de
solutória confirmada ou proferida ou por estar afiançado, o juiz, ou cumprir a pena, passará recibo

508
Código de Processo Penal
da carta de guia para juntar-se ordem judicial e poderá ser efe- rendo a hipótese prevista no § 2o
aos autos do processo. tuada por qualquer pessoa. do artigo anterior, observar-se-á
o seguinte:16
Art. 679.  As cartas de guia se- Art. 685.  Cumprida ou extinta I – possuindo o condenado
rão registradas em livro especial, a pena, o condenado será posto, bens sobre os quais possa recair
segundo a ordem cronológica imediatamente, em liberdade, a execução, será extraída certidão
do recebimento, fazendo-se no mediante alvará do juiz, no qual da sentença condenatória, a fim
curso da execução as anotações se ressalvará a hipótese de dever de que o Ministério Público pro-
necessárias. o condenado continuar na prisão ceda à cobrança judicial;
por outro motivo legal. II – sendo o condenado insol-
Art. 680.  Computar-se-á no Parágrafo único.  Se tiver sido vente, far-se-á a cobrança:
tempo da pena o período em imposta medida de segurança a)  mediante desconto de
que o condenado, por sentença detentiva, o condenado será re- quarta parte de sua remunera-
irrecorrível, permanecer preso movido para estabelecimento ção (arts. 29, § 1o, e 37 do Código
em estabelecimento diverso do adequado (art. 762). Penal), quando cumprir pena pri-
destinado ao cumprimento dela. vativa da liberdade, cumulativa-
mente imposta com a de multa;
Art. 681.  Se impostas cumulati- CAPÍTULO II – DAS PENAS b)  mediante desconto em
vamente penas privativas da liber- PECUNIÁRIAS seu vencimento ou salário, se,
dade, será executada primeiro a cumprida a pena privativa da li-
de reclusão, depois a de detenção Art. 686.  A pena de multa será berdade, ou concedido o livra-
e por último a de prisão simples. paga dentro em 10 dias após haver mento condicional, a multa não
transitado em julgado a sentença houver sido resgatada;
Art. 682.  O sentenciado a que que a impuser. c)  mediante esse desconto,
sobrevier doença mental, veri- Parágrafo único.  Se inter- se a multa for a única pena im-
ficada por perícia médica, será posto recurso da sentença, esse posta ou no caso de suspensão
internado em manicômio judi- prazo será contado do dia em que condicional da pena.
ciário, ou, à falta, em outro es- o juiz ordenar o cumprimento da § 1o  O desconto, nos casos
tabelecimento adequado, onde decisão da superior instância. das letras “b” e “c”, será feito me-
lhe seja assegurada a custódia. diante ordem ao empregador,
§ 1o  Em caso de urgência, o Art. 687.  O juiz poderá, desde à repartição competente ou à
diretor do estabelecimento penal que o condenado o requeira: administração da entidade pa-
poderá determinar a remoção do I – prorrogar o prazo do paga- raestatal, e, antes de fixá-lo, o
sentenciado, comunicando ime- mento da multa até três meses, juiz requisitará informações e
diatamente a providência ao juiz, se as circunstâncias justificarem ordenará diligências, inclusive
que, em face da perícia médica, essa prorrogação; arbitramento, quando necessário,
ratificará ou revogará a medida. II – permitir, nas mesmas cir- para observância do art. 37, § 3o,
§ 2o  Se a internação se pro- cunstâncias, que o pagamento do Código Penal.
longar até o término do prazo se faça em parcelas mensais, no § 2o  Sob pena de desobedi-
restante da pena e não houver prazo que fixar, mediante cau- ência e sem prejuízo da execução
sido imposta medida de segu- ção real ou fidejussória, quando a que ficará sujeito, o empregador
rança detentiva, o indivíduo terá necessário. será intimado a recolher mensal-
o destino aconselhado pela sua § 1o  O requerimento, tanto no mente, até o dia fixado pelo juiz,
enfermidade, feita a devida co- caso do no I, como no do no II, será a importância correspondente
municação ao juiz de incapazes. feito dentro do decêndio conce- ao desconto, em selo peniten-
dido para o pagamento da multa. ciário, que será inutilizado nos
Art. 683.  O diretor da prisão a § 2o  A permissão para o pa- autos pelo juiz.
que o réu tiver sido recolhido gamento em parcelas será re- § 3o  Se o condenado for fun-
provisoriamente ou em cumpri- vogada, se o juiz verificar que o cionário estadual ou municipal ou
mento de pena comunicará ime- condenado dela se vale para frau- empregado de entidade paraes-
diatamente ao juiz o óbito, a fuga dar a execução da pena. Nesse tatal, a importância do desconto
ou a soltura do detido ou senten- caso, a caução resolver-se-á em será, semestralmente, recolhida
ciado para que fique constando valor monetário, devolvendo-se ao Tesouro Nacional, delegacia
dos autos. ao condenado o que exceder à fiscal ou coletoria federal, como
Parágrafo único.  A certidão satisfação da multa e das custas receita do selo penitenciário.
de óbito acompanhará a comu- processuais. § 4o  As quantias desconta-
nicação. das em folha de pagamento de
Art. 688.  Findo o decêndio ou a
Art. 684.  A recaptura do réu prorrogação sem que o condena- 16
  NE: os dispositivos mencionados neste ar-
evadido não depende de prévia do efetue o pagamento, ou ocor- tigo são os do texto original do Código Penal.

509
Código de Processo Penal
funcionário federal constituirão ou de que resultar a perda da I – não haja sofrido, no País
renda do selo penitenciário. função pública ou a incapacidade ou no estrangeiro, condenação
temporária para investidura em irrecorrível por outro crime a pena
Art. 689.  A multa será converti- função pública ou para exercício privativa da liberdade, salvo o
da, à razão de dez mil-réis por dia, de profissão ou atividade. disposto no parágrafo único do
em detenção ou prisão simples, art. 46 do Código Penal;18
no caso de crime ou de contra- Art. 692.  No caso de incapaci- II – os antecedentes e a per-
venção: dade temporária ou permanente sonalidade do sentenciado, os
I – se o condenado solvente para o exercício do pátrio poder, motivos e as circunstâncias do
frustrar o pagamento da multa; da tutela ou da curatela, o juiz crime autorizem a presunção de
II – se não forem pagas pelo providenciará para que sejam que não tornará a delinquir.
condenado solvente as parce- acautelados, no juízo competente, Parágrafo único. Processado
las mensais autorizadas sem a pessoa e os bens do menor ou o beneficiário por outro crime ou
garantia. do interdito. contravenção, considerar-se-á
§ 1o  Se o juiz reconhecer des- prorrogado o prazo da suspen-
de logo a existência de causa para Art. 693.  A incapacidade per- são da pena até o julgamento
a conversão, a ela procederá de manente ou temporária para o definitivo.
ofício ou a requerimento do Minis- exercício da autoridade marital
tério Público, independentemente ou do pátrio poder será averbada Art. 697.  O Juiz ou tribunal, na
de audiência do condenado; caso no registro civil. decisão que aplicar pena privativa
contrário, depois de ouvir o con- da liberdade não superior a dois
denado, se encontrado no lugar Art. 694.  As penas acessórias anos, deverá pronunciar-se, mo-
da sede do juízo, poderá admitir consistentes em interdições de tivadamente, sobre a suspensão
a apresentação de prova pelas direitos serão comunicadas ao condicional, quer a conceda quer
partes, inclusive testemunhal, Instituto de Identificação e Esta- a denegue.
no prazo de três dias. tística ou estabelecimento congê-
§ 2o  O juiz, desde que transite nere, figurarão na folha de ante- Art. 698.  Concedida a suspen-
em julgado a decisão, ordenará a cedentes do condenado e serão são, o juiz especificará as condi-
expedição de mandado de prisão mencionadas no rol de culpados. ções a que fica sujeito o conde-
ou aditamento à carta de guia, nado, pelo prazo previsto, come-
conforme esteja o condenado Art. 695.  Iniciada a execução çando este a correr da audiência
solto ou em cumprimento de pena das interdições temporárias em que se der conhecimento da
privativa da liberdade. (art.  72, “a” e “b”, do Código Pe- sentença ao beneficiário e lhe
§ 3o  Na hipótese do inciso nal), o juiz, de ofício, a requeri- for entregue documento similar
II deste artigo, a conversão será mento do Ministério Público ou ao descrito no art. 724.
feita pelo valor das parcelas não do condenado, fixará o seu termo § 1o  As condições serão ade-
pagas. final, completando as providên- quadas ao delito e à personalida-
cias determinadas nos artigos de do condenado.
Art. 690.  O juiz tornará sem efei- anteriores.17 § 2o Poderão ser impos-
to a conversão, expedindo alvará tas, além das estabelecidas no
de soltura ou cassando a ordem art.  767, como normas de con-
de prisão, se o condenado, em TÍTULO III – DOS duta e obrigações, as seguintes
qualquer tempo: INCIDENTES DA EXECUÇÃO condições:
I – pagar a multa; I – frequentar curso de habi-
II – prestar caução real ou CAPÍTULO I – DA litação profissional ou de instru-
fidejussória que lhe assegure o SUSPENSÃO CONDICIONAL ção escolar;
pagamento. DA PENA II – prestar serviços em favor
Parágrafo único.  No caso do da comunidade;
no II, antes de homologada a cau- Art. 696.  O juiz poderá suspen- III – atender aos encargos
ção, será ouvido o Ministério Pú- der, por tempo não inferior a dois de família;
blico dentro do prazo de dois dias. nem superior a seis anos, a exe- IV – submeter-se a tratamen-
cução das penas de reclusão e de to de desintoxicação.
detenção que não excedam a dois § 3o  O juiz poderá fixar, a
CAPÍTULO III – DAS PENAS anos, ou, por tempo não inferior qualquer tempo, de ofício ou a
ACESSÓRIAS a um nem superior a três anos, a requerimento do Ministério Pú-
execução da pena de prisão sim- blico, outras condições além das
Art. 691.  O juiz dará à autorida- ples, desde que o sentenciado: especificadas na sentença e das
de administrativa competente
conhecimento da sentença tran-   NE: os dispositivos mencionados são os
17
  NE: o dispositivo mencionado é o do texto
18

sitada em julgado, que impuser do texto original do Código Penal. original do Código Penal.

510
Código de Processo Penal
referidas no parágrafo anterior, Art. 702.  Em caso de coautoria, Art. 708.  Expirado o prazo de
desde que as circunstâncias o a suspensão poderá ser concedi- suspensão ou a prorrogação, sem
aconselhem. da a uns e negada a outros réus. que tenha ocorrido motivo de
§ 4o  A fiscalização do cum- revogação, a pena privativa de
primento das condições deverá Art. 703.  O juiz que conceder a liberdade será declarada extinta.
ser regulada, nos Estados, Ter- suspensão lerá ao réu, em audi- Parágrafo único.  O juiz, quan-
ritórios e Distrito Federal, por ência, a sentença respectiva, e o do julgar necessário, requisitará,
normas supletivas e atribuída a advertirá das consequências de antes do julgamento, nova folha
serviço social penitenciário, pa- nova infração penal e da trans- de antecedentes do beneficiário.
tronato, conselho de comunidade gressão das obrigações impostas.
ou entidades similares, inspecio- Art. 709.  A condenação será ins-
nadas pelo Conselho Penitenciá- Art. 704.  Quando for concedida crita, com a nota de suspensão,
rio, pelo Ministério Público ou am- a suspensão pela superior instân- em livros especiais do Instituto
bos, devendo o juiz da execução cia, a esta caberá estabelecer-lhe de Identificação e Estatística, ou
na comarca suprir, por ato, a falta as condições, podendo a audi- repartição congênere, averban-
das normas supletivas. ência ser presidida por qualquer do-se, mediante comunicação
§ 5o  O beneficiário deverá membro do Tribunal ou câmara, do juiz ou do tribunal, a revoga-
comparecer periodicamente à pelo juiz do processo ou por ou- ção da suspensão ou a extinção
entidade fiscalizadora, para com- tro designado pelo presidente do da pena. Em caso de revogação,
provar a observância das condi- Tribunal ou câmara. será feita a averbação definitiva
ções a que está sujeito, comuni- no registro geral.
cando, também, a sua ocupação, Art. 705.  Se, intimado pesso- § 1o  Nos lugares onde não
os salários ou proventos de que almente ou por edital com prazo houver Instituto de Identificação
vive, as economias que conse- de 20 dias, o réu não compare- e Estatística ou repartição con-
guiu realizar e as dificuldades cer à audiência a que se refere o gênere, o registro e a averbação
materiais ou sociais que enfrenta. art. 703, a suspensão ficará sem serão feitos em livro próprio no
§ 6o  A entidade fiscalizadora efeito e será executada imedia- juízo ou no tribunal.
deverá comunicar imediatamente tamente a pena, salvo prova de § 2o  O registro será secreto,
ao órgão de inspeção, para os fins justo impedimento, caso em que salvo para efeito de informações
legais (arts. 730 e 731), qualquer será marcada nova audiência. requisitadas por autoridade judi-
fato capaz de acarretar a revoga- ciária, no caso de novo processo.
ção do benefício, a prorrogação Art. 706.  A suspensão também § 3o  Não se aplicará o dis-
do prazo ou a modificação das ficará sem efeito se, em virtude posto no § 2o, quando houver sido
condições. de recurso, for aumentada a pena imposta ou resultar de condena-
§ 7o  Se for permitido ao be- de modo que exclua a concessão ção pena acessória consistente
neficiário mudar-se, será feita do benefício. em interdição de direitos.
comunicação ao juiz e à entidade
fiscalizadora do local da nova re- Art. 707.  A suspensão será re-
sidência, aos quais deverá apre- vogada se o beneficiário: CAPÍTULO II – DO
sentar-se imediatamente. I – é condenado, por senten- LIVRAMENTO CONDICIONAL
ça irrecorrível, a pena privativa
Art. 699.  No caso de condena- da liberdade; Art. 710.  O livramento condi-
ção pelo tribunal do júri, a suspen- II – frustra, embora solvente, cional poderá ser concedido ao
são condicional da pena compe- o pagamento da multa, ou não condenado a pena privativa da
tirá ao seu presidente. efetua, sem motivo justificado, liberdade igual ou superior a dois
a reparação do dano. anos, desde que se verifiquem as
Art. 700.  A suspensão não com- Parágrafo único.  O juiz po- condições seguintes:
preende a multa, as penas aces- derá revogar a suspensão, se o I – cumprimento de mais da
sórias, os efeitos da condenação beneficiário deixa de cumprir metade da pena, ou mais de três
nem as custas. qualquer das obrigações cons- quartos, se reincidente o sen-
tantes da sentença, de obser- tenciado;
Art. 701.  O juiz, ao conceder a var proibições inerentes à pena II – ausência ou cessação de
suspensão, fixará, tendo em con- acessória, ou é irrecorrivelmente periculosidade;
ta as condições econômicas ou condenado a pena que não seja III – bom comportamento du-
profissionais do réu, o prazo para privativa da liberdade; se não a rante a vida carcerária;
o pagamento, integral ou em pres- revogar, deverá advertir o benefi- IV – aptidão para prover à
tações, das custas do processo e ciário, ou exacerbar as condições própria subsistência mediante
taxa penitenciária. ou, ainda, prorrogar o período da trabalho honesto;
suspensão até o máximo, se esse V – reparação do dano cau-
limite não foi o fixado. sado pela infração, salvo impos-

511
Código de Processo Penal
sibilidade de fazê-lo. na falta, o Conselho opinará li- Art. 719.  O livramento ficará
vremente, comunicando à auto- também subordinado à obriga-
Art. 711.  As penas que corres- ridade competente a omissão do ção de pagamento das custas
pondem a infrações diversas, diretor da prisão. do processo e da taxa peniten-
podem somar-se, para efeito do ciária, salvo caso de insolvência
livramento. Art. 715.  Se tiver sido imposta comprovada.
medida de segurança detenti- Parágrafo único.  O juiz pode-
Art. 712.  O livramento condicio- va, o livramento não poderá ser rá fixar o prazo para o pagamento
nal poderá ser concedido median- concedido sem que se verifique, integral ou em prestações, tendo
te requerimento do sentenciado, mediante exame das condições em consideração as condições
de seu cônjuge ou de parente em do sentenciado, a cessação da econômicas ou profissionais do
linha reta, ou por proposta do di- periculosidade. liberado.
retor do estabelecimento penal, Parágrafo único. Consistin-
ou por iniciativa do Conselho Pe- do a medida de segurança em Art. 720.  A forma de paga-
nitenciário. internação em casa de custódia mento da multa, ainda não paga
Parágrafo único.  No caso do e tratamento, proceder-se-á a pelo liberando, será determina-
artigo anterior, a concessão do exame mental do sentenciado. da de acordo com o disposto no
livramento competirá ao juiz da art. 688.
execução da pena que o conde- Art. 716.  A petição ou a proposta
nado estiver cumprindo. de livramento será remetida ao Art. 721.  Reformada a sentença
juiz ou ao tribunal por ofício do denegatória do livramento, os au-
Art. 713.  As condições de ad- presidente do Conselho Peniten- tos baixarão ao juiz da primeira
missibilidade, conveniência e ciário, com a cópia do respectivo instância, a fim de que determi-
oportunidade da concessão do parecer e do relatório do diretor ne as condições que devam ser
livramento serão verificadas pelo da prisão. impostas ao liberando.
Conselho Penitenciário, a cujo § 1o  Para emitir parecer, o
parecer não ficará, entretanto, Conselho poderá determinar di- Art. 722.  Concedido o livramen-
adstrito o juiz. ligências e requisitar os autos to, será expedida carta de guia,
do processo. com a cópia integral da sentença
Art. 714.  O diretor do estabele- § 2o  O juiz ou o tribunal man- em duas vias, remetendo-se uma
cimento penal remeterá ao Con- dará juntar a petição ou a propos- ao diretor do estabelecimento
selho Penitenciário minucioso ta, com o ofício ou documento penal e outra ao presidente do
relatório sobre: que a acompanhar, aos autos do Conselho Penitenciário.
I – o caráter do sentenciado, processo, e proferirá sua decisão,
revelado pelos seus antecedentes previamente ouvido o Ministério Art. 723.  A cerimônia do livra-
e conduta na prisão; Público. mento condicional será realizada
II – o procedimento do libe- solenemente, em dia marcado
rando na prisão, sua aplicação Art. 717.  Na ausência da condi- pela autoridade que deva presi-
ao trabalho e seu trato com os ção prevista no art. 710, inciso I, o di-la, observando-se o seguinte:
companheiros e funcionários do requerimento será liminarmente I – a sentença será lida ao li-
estabelecimento; indeferido. berando, na presença dos demais
III – suas relações, quer com presos, salvo motivo relevante,
a família, quer com estranhos; Art. 718.  Deferido o pedido, o pelo presidente do Conselho Pe-
IV – seu grau de instrução e juiz, ao especificar as condições nitenciário, ou pelo seu represen-
aptidão profissional, com a indi- a que ficará subordinado o livra- tante junto ao estabelecimento
cação dos serviços em que haja mento, atenderá ao disposto no penal, ou, na falta, pela autoridade
sido empregado e da especiali- art. 698, §§ 1o, 2o e 5o. judiciária local;
zação anterior ou adquirida na § 1o  Se for permitido ao libe- II – o diretor do estabeleci-
prisão; rado residir fora da jurisdição do mento penal chamará a atenção
V – sua situação financeira, juiz da execução, remeter-se-á do liberando para as condições
e seus propósitos quanto ao seu cópia da sentença do livramento impostas na sentença de livra-
futuro meio de vida, juntando o à autoridade judiciária do lugar mento;
diretor, quando dada por pessoa para onde ele se houver transfe- III – o preso declarará se acei-
idônea, promessa escrita de co- rido, e à entidade de observação ta as condições.
locação do liberando, com indi- cautelar e proteção. § 1o  De tudo, em livro pró-
cação do serviço e do salário. § 2o  O liberado será advertido prio, se lavrará termo, subscrito
Parágrafo único.  O relatório da obrigação de apresentar-se por quem presidir a cerimônia, e
será, dentro do prazo de quinze imediatamente à autoridade judi- pelo liberando, ou alguém a seu
dias, remetido ao Conselho, com ciária e à entidade de observação rogo, se não souber ou não puder
o prontuário do sentenciado, e, cautelar e proteção. escrever.

512
Código de Processo Penal
§ 2o  Desse termo, se reme- irrecorrível a pena privativa de do o Conselho Penitenciário, sus-
terá cópia ao juiz do processo. liberdade. pendendo o curso do livramento
condicional, cuja revogação fi-
Art. 724.  Ao sair da prisão o li- Art. 727.  O juiz pode, também, cará, entretanto, dependendo da
berado, ser-lhe-á entregue, além revogar o livramento, se o libe- decisão final no novo processo.
do saldo do seu pecúlio e do que rado deixar de cumprir qualquer
lhe pertencer, uma caderneta que das obrigações constantes da Art. 733.  O juiz, de ofício, ou a
exibirá à autoridade judiciária ou sentença, de observar proibições requerimento do interessado, do
administrativa sempre que lhe for inerentes à pena acessória ou for Ministério Público, ou do Conse-
exigido. Essa caderneta conterá: irrecorrivelmente condenado, por lho Penitenciário, julgará extinta
I – a reprodução da ficha de crime, a pena que não seja priva- a pena privativa de liberdade, se
identidade, ou o retrato do libe- tiva da liberdade. expirar o prazo do livramento sem
rado, sua qualificação e sinais Parágrafo único.  Se o juiz revogação, ou na hipótese do
característicos; não revogar o livramento, deverá artigo anterior, for o liberado ab-
II – o texto impresso dos arti- advertir o liberado ou exacerbar solvido por sentença irrecorrível.
gos do presente capítulo; as condições.
III – as condições impostas
ao liberado; Art. 728.  Se a revogação for mo- TÍTULO IV – DA GRAÇA, DO
IV – a pena acessória a que tivada por infração penal anterior INDULTO, DA ANISTIA E DA
esteja sujeito. à vigência do livramento, com- REABILITAÇÃO
§ 1o  Na falta de caderneta, putar-se-á no tempo da pena o
será entregue ao liberado um sal- período em que esteve solto o CAPÍTULO I – DA GRAÇA,
vo-conduto, em que constem as liberado, sendo permitida, para a DO INDULTO E DA ANISTIA
condições do livramento e a pena concessão de novo livramento, a
acessória, podendo substituir-se soma do tempo das duas penas. Art. 734.  A graça poderá ser
a ficha de identidade ou o retrato provocada por petição do con-
do liberado pela descrição dos Art. 729.  No caso de revogação denado, de qualquer pessoa do
sinais que possam identificá-lo. por outro motivo, não se com- povo, do Conselho Penitenciário,
§ 2o  Na caderneta e no salvo- putará na pena o tempo em que ou do Ministério Público, ressalva-
-conduto deve haver espaço para esteve solto o liberado, e tam- da, entretanto, ao Presidente da
consignar o cumprimento das pouco se concederá, em relação República, a faculdade de conce-
condições referidas no art. 718. à mesma pena, novo livramento. dê-la espontaneamente.

Art. 725.  A observação cautelar Art. 730.  A revogação do livra- Art. 735.  A petição de graça,


e proteção realizadas por servi- mento será decretada mediante acompanhada dos documentos
ço social penitenciário, patro- representação do Conselho Pe- com que o impetrante a instruir,
nato, conselho de comunidade nitenciário, ou a requerimento do será remetida ao Ministro da Jus-
ou entidades similares, terá a Ministério Público, ou de ofício, tiça por intermédio do Conselho
finalidade de: pelo juiz, que, antes, ouvirá o libe- Penitenciário.
I – fazer observar o cumpri- rado, podendo ordenar diligências
mento da pena acessória, bem e permitir a produção de prova, Art. 736.  O Conselho Penitenciá-
como das condições especifi- no prazo de cinco dias. rio, à vista dos autos do processo,
cadas na sentença concessiva e depois de ouvir o diretor do es-
do benefício; Art. 731.  O juiz, de ofício, a re- tabelecimento penal a que esti-
II – proteger o beneficiário, querimento do Ministério Público, ver recolhido o condenado, fará,
orientando-o na execução de suas ou mediante representação do em relatório, a narração do fato
obrigações e auxiliando-o na ob- Conselho Penitenciário, poderá criminoso, examinará as provas,
tenção de atividade laborativa. modificar as condições ou nor- mencionará qualquer formalidade
Parágrafo único.  As entida- mas de conduta especificadas na ou circunstância omitida na peti-
des encarregadas de observação sentença, devendo a respectiva ção e exporá os antecedentes do
cautelar e proteção do liberado decisão ser lida ao liberado por condenado e seu procedimento
apresentarão relatório ao Con- uma das autoridades ou por um depois de preso, opinando sobre
selho Penitenciário, para efeito dos funcionários indicados no o mérito do pedido.
da representação prevista nos inciso I do art. 723, observado o
arts. 730 e 731. disposto nos incisos II e III, e §§ 1o Art. 737.  Processada no Minis-
e 2o do mesmo artigo. tério da Justiça, com os docu-
Art. 726.  Revogar-se-á o livra- mentos e o relatório do Conselho
mento condicional, se o liberado Art. 732.  Praticada pelo liberado Penitenciário, a petição subirá a
vier, por crime ou contravenção, nova infração, o juiz ou o tribunal despacho do Presidente da Repú-
a ser condenado por sentença poderá ordenar a sua prisão, ouvi- blica, a quem serão presentes os

513
Código de Processo Penal
autos do processo ou a certidão artigo anterior; TÍTULO V – DA EXECUÇÃO
de qualquer de suas peças, se ele II – atestados de autoridades DAS MEDIDAS DE
o determinar. policiais ou outros documentos
que comprovem ter residido nas
SEGURANÇA
Art. 738.  Concedida a graça e comarcas indicadas e mantido,
junta aos autos cópia do decreto, efetivamente, bom comporta- Art. 751.  Durante a execução
o juiz declarará extinta a pena ou mento; da pena ou durante o tempo em
penas, ou ajustará a execução aos III – atestados de bom com- que a ela se furtar o condenado,
termos do decreto, no caso de portamento fornecidos por pes- poderá ser imposta medida de
redução ou comutação de pena. soas a cujo serviço tenha estado; segurança, se:
IV – quaisquer outros docu- I – o juiz ou o tribunal, na sen-
Art. 739.  O condenado poderá mentos que sirvam como prova tença:
recusar a comutação da pena. de sua regeneração; a)  omitir sua decretação, nos
V – prova de haver ressarcido casos de periculosidade presu-
Art. 740.  Os autos da petição o dano causado pelo crime ou per- mida;
de graça serão arquivados no sistir a impossibilidade de fazê-lo. b)  deixar de aplicá-la ou de
Ministério da Justiça. excluí-la expressamente;
Art. 745.  O juiz poderá ordenar c)  declarar os elementos
Art. 741.  Se o réu for beneficiado as diligências necessárias para constantes do processo insu-
por indulto, o juiz, de ofício ou a apreciação do pedido, cercan- ficientes para a imposição ou
requerimento do interessado, do do-as do sigilo possível e, antes exclusão da medida e ordenar
Ministério Público ou por inicia- da decisão final, ouvirá o Minis- indagações para a verificação
tiva do Conselho Penitenciário, tério Público. da periculosidade do condenado;
providenciará de acordo com o II – tendo sido, expressa-
disposto no art. 738. Art. 746.  Da decisão que conce- mente, excluída na sentença a
der a reabilitação haverá recurso periculosidade do condenado,
Art. 742.  Concedida a anistia de ofício. novos fatos demonstrarem ser
após transitar em julgado a sen- ele perigoso.
tença condenatória, o juiz, de Art. 747.  A reabilitação, depois
ofício ou a requerimento do in- de sentença irrecorrível, será co- Art. 752.  Poderá ser imposta
teressado, do Ministério Públi- municada ao Instituto de Identifi- medida de segurança, depois de
co ou por iniciativa do Conselho cação e Estatística ou repartição transitar em julgado a senten-
Penitenciário, declarará extinta congênere. ça, ainda quando não iniciada
a pena. a execução da pena, por motivo
Art. 748.  A condenação ou con- diverso de fuga ou ocultação do
denações anteriores não serão condenado:
CAPÍTULO II – DA mencionadas na folha de ante- I – no caso da letra “a” do no I
REABILITAÇÃO cedentes do reabilitado, nem em do artigo anterior, bem como no
certidão extraída dos livros do da letra “b”, se tiver sido alegada
Art. 743.  A reabilitação será re- juízo, salvo quando requisitadas a periculosidade;
querida ao juiz da condenação, por juiz criminal. II – no caso da letra “c” do no I
após o decurso de quatro ou oito do mesmo artigo.
anos, pelo menos, conforme se Art. 749.  Indeferida a reabili-
trate de condenado ou reinci- tação, o condenado não poderá Art. 753.  Ainda depois de tran-
dente, contados do dia em que renovar o pedido senão após o sitar em julgado a sentença ab-
houver terminado a execução decurso de dois anos, salvo se solutória, poderá ser imposta a
da pena principal ou da medida o indeferimento tiver resultado medida de segurança, enquanto
de segurança detentiva, devendo de falta ou insuficiência de do- não decorrido tempo equivalente
o requerente indicar as comar- cumentos. ao da sua duração mínima, a indi-
cas em que haja residido durante víduo que a lei presuma perigoso.
aquele tempo. Art. 750.  A revogação de rea-
bilitação (Código Penal, art. 120) Art. 754.  A aplicação da medida
Art. 744.  O requerimento será será decretada pelo juiz, de ofício de segurança, nos casos previs-
instruído com: ou a requerimento do Ministério tos nos arts. 751 e 752, competi-
I – certidões comprobatórias Público.19 rá ao juiz da execução da pena,
de não ter o requerente respon- e, no caso do art. 753, ao juiz da
dido, nem estar respondendo a sentença.
processo penal, em qualquer das
comarcas em que houver residido   NE: o dispositivo mencionado é o do texto
19 Art. 755.  A imposição da medi-
durante o prazo a que se refere o original do Código Penal. da de segurança, nos casos dos

514
Código de Processo Penal
arts. 751 a 753, poderá ser decre- digo Penal, se as sentenças forem à liberdade vigiada:
tada de ofício ou a requerimento proferidas por juízes diferentes, a)  tomar ocupação, dentro
do Ministério Público. será competente o juiz que tiver de prazo razoável, se for apto
Parágrafo único.  O diretor sentenciado por último ou a au- para o trabalho;
do estabelecimento penal, que toridade de jurisdição prevalente b)  não mudar do território
tiver conhecimento de fatos in- no caso do art. 82.21 da jurisdição do juiz, sem prévia
dicativos da periculosidade do autorização deste.
condenado a quem não tenha sido Art. 762.  A ordem de interna- § 2o  Poderão ser impostas
imposta medida de segurança, ção, expedida para executar-se ao indivíduo sujeito à liberdade
deverá logo comunicá-los ao juiz. medida de segurança detentiva, vigiada, entre outras obrigações,
conterá: as seguintes:
Art. 756.  Nos casos do no I, “a” e I – a qualificação do inter- a)  não mudar de habitação
“b”, do art. 751, e no I do art. 752, nando; sem aviso prévio ao juiz, ou à au-
poderá ser dispensada nova au- II – o teor da decisão que tiver toridade incumbida da vigilância;
diência do condenado. imposto a medida de segurança; b)  recolher-se cedo à ha-
III – a data em que terminará bitação;
Art. 757.  Nos casos do no I, “c”, e o prazo mínimo da internação. c)  não trazer consigo armas
no II do art. 751 e no II do art. 752, ofensivas ou instrumentos capa-
o juiz, depois de proceder às dili- Art. 763.  Se estiver solto o inter- zes de ofender;
gências que julgar convenientes, nando, expedir-se-á mandado de d)  não frequentar casas de
ouvirá o Ministério Público e con- captura, que será cumprido por bebidas ou de tavolagem, nem
cederá ao condenado o prazo de oficial de justiça ou por autori- certas reuniões, espetáculos ou
três dias para alegações, devendo dade policial. diversões públicas.
a prova requerida ou reputada ne- § 3o  Será entregue ao indi-
cessária pelo juiz ser produzida Art. 764.  O trabalho nos estabe- víduo sujeito à liberdade vigiada
dentro em dez dias. lecimentos referidos no art. 88, uma caderneta, de que constarão
§ 1o  O juiz nomeará defensor § 1o, III, do Código Penal, será edu- as obrigações impostas.
ao condenado que o requerer. cativo e remunerado, de modo
§ 2o  Se o réu estiver foragido, que assegure ao internado meios Art. 768.  As obrigações esta-
o juiz procederá às diligências de subsistência, quando cessar a belecidas na sentença serão co-
que julgar convenientes, conce- internação.22 municadas à autoridade policial.
dendo o prazo de provas, quando § 1o  O trabalho poderá ser
requerido pelo Ministério Público. praticado ao ar livre. Art. 769.  A vigilância será exer-
§ 3o  Findo o prazo de provas, § 2o  Nos outros estabeleci- cida discretamente, de modo que
o juiz proferirá a sentença dentro mentos, o trabalho dependerá das não prejudique o indivíduo a ela
de três dias. condições pessoais do internado. sujeito.

Art. 758.  A execução da medida Art. 765.  A quarta parte do sa- Art. 770.  Mediante represen-
de segurança incumbirá ao juiz da lário caberá ao Estado, ou, no tação da autoridade incumbida
execução da sentença. Distrito Federal e nos Territórios, da vigilância, a requerimento do
à União, e o restante será depo- Ministério Público ou de ofício,
Art. 759.  No caso do art. 753, o sitado em nome do internado poderá o juiz modificar as normas
juiz ouvirá o curador já nomeado ou, se este preferir, entregue à fixadas ou estabelecer outras.
ou que então nomear, podendo sua família.
mandar submeter o condenado Art. 771.  Para execução do exí-
a exame mental, internando-o, Art. 766.  A internação das mu- lio local, o juiz comunicará sua
desde logo, em estabelecimento lheres será feita em estabele- decisão à autoridade policial do
adequado. cimento próprio ou em seção lugar ou dos lugares onde o exi-
especial. lado está proibido de permanecer
Art. 760.  Para a verificação da ou de residir.
periculosidade, no caso do § 3o Art. 767.  O juiz fixará as normas § 1o  O infrator da medida será
do art. 78 do Código Penal, obser- de conduta que serão observadas conduzido à presença do juiz que
var-se-á o disposto no art. 757, no durante a liberdade vigiada. poderá mantê-lo detido até pro-
que for aplicável.20 § 1o  Serão normas obrigató- ferir decisão.
rias, impostas ao indivíduo sujeito § 2o  Se for reconhecida a
Art. 761.  Para a providência de- transgressão e imposta, conse-
terminada no art. 84, § 2o, do Có-   NE: o dispositivo mencionado é o do texto
21 quentemente, a liberdade vigiada,
original do Código Penal. determinará o juiz que a autori-
  NE: o dispositivo mencionado é o do texto
20
  NE: o dispositivo mencionado é o do texto
22 dade policial providencie a fim de
original do Código Penal. original do Código Penal. que o infrator siga imediatamente

515
Código de Processo Penal
para o lugar de residência por ele IV – se a medida de segurança gências mencionadas no no IV do
escolhido, e oficiará à autoridade for o exílio local ou a proibição de mesmo artigo, prosseguindo de
policial desse lugar, observando- frequentar determinados lugares, acordo com o disposto nos outros
-se o disposto no art. 768. o juiz, até um mês ou quinze dias incisos do citado artigo.
antes de expirado o prazo mínimo
Art. 772.  A proibição de frequen- de duração, ordenará as diligên- Art. 778.  Transitando em julgado
tar determinados lugares será cias necessárias, para verificar a sentença de revogação, o juiz
comunicada pelo juiz à autorida- se desapareceram as causas da expedirá ordem para a desinter-
de policial, que lhe dará conheci- aplicação da medida; nação, quando se tratar de me-
mento de qualquer transgressão. V – junto aos autos o relató- dida detentiva, ou para que cesse
rio, ou realizadas as diligências, a vigilância ou a proibição, nos
Art. 773.  A medida de fecha- serão ouvidos sucessivamente o outros casos.
mento de estabelecimento ou Ministério Público e o curador ou
de interdição de associação será o defensor, no prazo de três dias Art. 779.  O confisco dos ins-
comunicada pelo juiz à autorida- para cada um; trumentos e produtos do crime,
de policial, para que a execute. VI – o juiz nomeará curador no caso previsto no art.  100 do
ou defensor ao interessado que Código Penal, será decretado no
Art. 774.  Nos casos do pará- o não tiver; despacho de arquivamento do
grafo único do art. 83 do Código VII – o juiz, de ofício, ou a inquérito, na sentença de im-
Penal, ou quando a transgressão requerimento de qualquer das pronúncia ou na sentença ab-
de uma medida de segurança im- partes, poderá determinar novas solutória.25
portar a imposição de outra, ob- diligências, ainda que já expirado
servar-se-á o disposto no art. 757, o prazo de duração mínima da
no que for aplicável.23 medida de segurança; LIVRO V – DAS RELAÇÕES
VIII – ouvidas as partes ou JURISDICIONAIS
Art. 775.  A cessação ou não da realizadas as diligências a que COM AUTORIDADE
periculosidade se verificará ao se refere o número anterior o juiz ESTRANGEIRA
fim do prazo mínimo de duração proferirá a sua decisão, no prazo
da medida de segurança pelo de três dias. TÍTULO ÚNICO
exame das condições da pessoa
a que tiver sido imposta, obser- Art. 776.  Nos exames sucessi- CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
vando-se o seguinte: vos a que se referem o § 1o, II, e GERAIS
I – o diretor do estabeleci- § 2o do art. 81 do Código Penal,
mento de internação ou a au- observar-se-á, no que lhes for Art. 780.  Sem prejuízo de con-
toridade policial incumbida da aplicável, o disposto no artigo venções ou tratados, aplicar-se-
vigilância, até um mês antes de anterior.24 -á o disposto neste Título à ho-
expirado o prazo de duração mí- mologação de sentenças penais
nima da medida, se não for infe- Art. 777.  Em qualquer tempo, estrangeiras e à expedição e ao
rior a um ano, ou até quinze dias ainda durante o prazo mínimo de cumprimento de cartas rogató-
nos outros casos, remeterá ao duração da medida de seguran- rias para citações, inquirições e
juiz da execução minucioso re- ça, poderá o tribunal, câmara ou outras diligências necessárias
latório, que o habilite a resolver turma, a requerimento do Minis- à instrução de processo penal.
sobre a cessação ou permanência tério Público ou do interessado,
da medida; seu defensor ou curador, orde- Art. 781.  As sentenças estran-
II – se o indivíduo estiver in- nar o exame, para a verificação geiras não serão homologadas,
ternado em manicômio judiciário da cessação da periculosidade. nem as cartas rogatórias cumpri-
ou em casa de custódia e trata- § 1o  Designado o relator e das, se contrárias à ordem pública
mento, o relatório será acompa- ouvido o procurador-geral, se e aos bons costumes.
nhado do laudo de exame pericial a medida não tiver sido por ele
feito por dois médicos designados requerida, o pedido será julgado Art. 782.  O trânsito, por via di-
pelo diretor do estabelecimento; na primeira sessão. plomática, dos documentos apre-
III – o diretor do estabeleci- § 2o  Deferido o pedido, a de- sentados constituirá prova bas-
mento de internação ou a autori- cisão será imediatamente comu- tante de sua autenticidade.
dade policial deverá, no relatório, nicada ao juiz, que requisitará,
concluir pela conveniência da marcando prazo, o relatório e o
revogação, ou não, da medida exame a que se referem os nos I e
de segurança; II do art. 775 ou ordenará as dili-

  NE: o dispositivo mencionado é o do texto


23
  NE: os dispositivos mencionados são os
24
  NE: o dispositivo mencionado é o do texto
25

original do Código Penal. do texto original do Código Penal. original do Código Penal.

516
Código de Processo Penal
CAPÍTULO II – DAS CARTAS esta consignada em ofício dirigido do Ministro da Justiça.
ROGATÓRIAS ao presidente do Supremo Tri- § 2o  Distribuído o requeri-
bunal Federal, juntamente com mento de homologação, o relator
Art. 783.  As cartas rogatórias a carta rogatória. mandará citar o interessado para
serão, pelo respectivo juiz, reme- deduzir embargos, dentro de dez
tidas ao Ministro da Justiça, a fim dias, se residir no Distrito Federal,
de ser pedido o seu cumprimento, CAPÍTULO III – DA de trinta dias, no caso contrário.
por via diplomática, às autorida- HOMOLOGAÇÃO § 3o  Se nesse prazo o inte-
des estrangeiras competentes. DAS SENTENÇAS ressado não deduzir os embargos,
ESTRANGEIRAS ser-lhe-á pelo relator nomeado
Art. 784.  As cartas rogatórias defensor, o qual dentro de dez
emanadas de autoridades es- Art. 787.  As sentenças estran- dias produzirá a defesa.
trangeiras competentes não de- geiras deverão ser previamente § 4o  Os embargos somente
pendem de homologação e serão homologadas pelo Supremo Tri- poderão fundar-se em dúvida
atendidas se encaminhadas por bunal Federal para que produzam sobre a autenticidade do docu-
via diplomática e desde que o os efeitos do art.  7o do Código mento, sobre a inteligência da
crime, segundo a lei brasileira, Penal.26 sentença, ou sobre a falta de qual-
não exclua a extradição. quer dos requisitos enumerados
§ 1o  As rogatórias, acompa- Art. 788.  A sentença penal es- nos arts. 781 e 788.
nhadas de tradução em língua trangeira será homologada, quan- § 5o  Contestados os em-
nacional, feita por tradutor oficial do a aplicação da lei brasileira bargos dentro de dez dias, pelo
ou juramentado, serão, após exe- produzir na espécie as mesmas procurador-geral, irá o processo
quatur do presidente do Supremo consequências e concorrerem os ao relator e ao revisor, obser-
Tribunal Federal, cumpridas pelo seguintes requisitos: vando-se no seu julgamento o
juiz criminal do lugar onde as di- I – estar revestida das for- Regimento Interno do Supremo
ligências tenham de efetuar-se, malidades externas necessárias, Tribunal Federal.
observadas as formalidades pres- segundo a legislação do país de § 6o  Homologada a sentença,
critas neste Código. origem; a respectiva carta será remeti-
§ 2o  A carta rogatória será II – haver sido proferida por da ao presidente do Tribunal de
pelo presidente do Supremo Tri- juiz competente, mediante cita- Apelação do Distrito Federal, do
bunal Federal remetida ao presi- ção regular, segundo a mesma Estado, ou do Território.
dente do Tribunal de Apelação do legislação; § 7o  Recebida a carta de sen-
Estado, do Distrito Federal, ou do III – ter passado em julgado; tença, o presidente do Tribunal de
Território, a fim de ser encami- IV – estar devidamente au- Apelação a remeterá ao juiz do
nhada ao juiz competente. tenticada por cônsul brasileiro; lugar de residência do condena-
§ 3o  Versando sobre crime V – estar acompanhada de do, para a aplicação da medida de
de ação privada, segundo a lei tradução, feita por tradutor pú- segurança ou da pena acessória,
brasileira, o andamento, após blico. observadas as disposições do
o exequatur, dependerá do in- Título II, Capítulo III, e Título V do
teressado, a quem incumbirá o Art. 789.  O procurador-geral da Livro IV deste Código.
pagamento das despesas. República, sempre que tiver co-
§ 4o  Ficará sempre na secre- nhecimento da existência de sen- Art. 790.  O interessado na exe-
taria do Supremo Tribunal Federal tença penal estrangeira, emanada cução de sentença penal estran-
cópia da carta rogatória. de Estado que tenha com o Brasil geira, para a reparação do dano,
tratado de extradição e que haja restituição e outros efeitos civis,
Art. 785.  Concluídas as diligên- imposto medida de segurança poderá requerer ao Supremo Tri-
cias, a carta rogatória será devol- pessoal ou pena acessória que bunal Federal a sua homologação,
vida ao presidente do Supremo deva ser cumprida no Brasil, pe- observando-se o que a respeito
Tribunal Federal, por intermédio dirá ao Ministro da Justiça pro- prescreve o Código de Proces-
do presidente do Tribunal de Ape- vidências para obtenção de ele- so Civil.
lação, o qual, antes de devolvê- mentos que o habilitem a requerer
-la, mandará completar qualquer a homologação da sentença.
diligência ou sanar qualquer nu- § 1o  A homologação de sen- LIVRO VI – DISPOSIÇÕES
lidade. tença emanada de autoridade GERAIS
judiciária de Estado, que não ti-
Art. 786.  O despacho que con- ver tratado de extradição com o Art. 791.  Em todos os juízos e
ceder o exequatur marcará, para o Brasil, dependerá de requisição tribunais do crime, além das au-
cumprimento da diligência, prazo diências e sessões ordinárias, ha-
razoável, que poderá ser excedi-   NE: o dispositivo mencionado é o do texto
26 verá as extraordinárias, de acordo
do, havendo justa causa, ficando original do Código Penal.

517
Código de Processo Penal
com as necessidades do rápido de resistência, serão presos e II – nos procedimentos re-
andamento dos feitos. autuados. gidos pela Lei no 11.340, de 7 de
agosto de 2006 (Lei Maria da Pe-
Art. 792.  As audiências, sessões Art. 796.  Os atos de instrução ou nha);
e os atos processuais serão, em julgamento prosseguirão com a III – nas medidas conside-
regra, públicos e se realizarão assistência do defensor, se o réu radas urgentes, mediante des-
nas sedes dos juízos e tribunais, se portar inconvenientemente. pacho fundamentado do juízo
com assistência dos escrivães, competente.
do secretário, do oficial de justi- Art. 797.  Excetuadas as sessões Parágrafo único.  Durante o
ça que servir de porteiro, em dia de julgamento, que não serão período a que se refere o caput
e hora certos, ou previamente marcadas para domingo ou dia deste artigo, fica vedada a reali-
designados. feriado, os demais atos do pro- zação de audiências e de sessões
§ 1o  Se da publicidade da au- cesso poderão ser praticados em de julgamento, salvo nas hipóte-
diência, da sessão ou do ato pro- período de férias, em domingos e ses dos incisos I, II e III do caput
cessual, puder resultar escândalo, dias feriados. Todavia, os julga- deste artigo.
inconveniente grave ou perigo de mentos iniciados em dia útil não
perturbação da ordem, o juiz, ou se interromperão pela superve- Art. 799.  O escrivão, sob pena de
o tribunal, câmara, ou turma, po- niência de feriado ou domingo. multa de cinquenta a quinhentos
derá, de ofício ou a requerimento mil-réis e, na reincidência, sus-
da parte ou do Ministério Público, Art. 798.  Todos os prazos corre- pensão até trinta dias, executará
determinar que o ato seja realiza- rão em cartório e serão contínuos dentro do prazo de dois dias os
do a portas fechadas, limitando o e peremptórios, não se interrom- atos determinados em lei ou or-
número de pessoas que possam pendo por férias, domingo ou dia denados pelo juiz.
estar presentes. feriado.
§ 2o  As audiências, as ses- § 1o  Não se computará no Art. 800.  Os juízes singulares
sões e os atos processuais, em prazo o dia do começo, incluin- darão seus despachos e deci-
caso de necessidade, poderão do-se, porém, o do vencimento. sões dentro dos prazos seguin-
realizar-se na residência do juiz, § 2o  A terminação dos pra- tes, quando outros não estiverem
ou em outra casa por ele espe- zos será certificada nos autos estabelecidos:
cialmente designada. pelo escrivão; será, porém, con- I – de dez dias, se a decisão
siderado findo o prazo, ainda que for definitiva, ou interlocutória
Art. 793.  Nas audiências e nas omitida aquela formalidade, se mista;
sessões, os advogados, as partes, feita a prova do dia em que co- II – de cinco dias, se for inter-
os escrivães e os espectadores meçou a correr. locutória simples;
poderão estar sentados. Todos, § 3o  O prazo que terminar III – de um dia, se se tratar de
porém, se levantarão quando se em domingo ou dia feriado con- despacho de expediente.
dirigirem aos juízes ou quando siderar-se-á prorrogado até o dia § 1o  Os prazos para o juiz con-
estes se levantarem para qual- útil imediato. tar-se-ão do termo de conclusão.
quer ato do processo. § 4o  Não correrão os prazos, § 2o  Os prazos do Ministério
Parágrafo único.  Nos atos se houver impedimento do juiz, Público contar-se-ão do termo de
da instrução criminal, perante força maior, ou obstáculo judi- vista, salvo para a interposição do
os juízes singulares, os advoga- cial oposto pela parte contrária. recurso (art. 798, § 5o).
dos poderão requerer sentados. § 5o  Salvo os casos expres- § 3o  Em qualquer instância,
sos, os prazos correrão: declarando motivo justo, poderá
Art. 794.  A polícia das audiên- a)  da intimação; o juiz exceder por igual tempo os
cias e das sessões compete aos b)  da audiência ou sessão prazos a ele fixados neste Código.
respectivos juízes ou ao presiden- em que for proferida a decisão, § 4o  O escrivão que não en-
te do tribunal, câmara, ou turma, se a ela estiver presente a parte; viar os autos ao juiz ou ao órgão
que poderão determinar o que c)  do dia em que a parte ma- do Ministério Público no dia em
for conveniente à manutenção nifestar nos autos ciência inequí- que assinar termo de conclusão
da ordem. Para tal fim, requisi- voca da sentença ou despacho. ou de vista estará sujeito à sanção
tarão força pública, que ficará estabelecida no art. 799.
exclusivamente à sua disposição. Art. 798-A.  Suspende-se o cur-
so do prazo processual nos dias Art. 801.  Findos os respectivos
Art. 795.  Os espectadores das compreendidos entre 20 de de- prazos, os juízes e os órgãos do
audiências ou das sessões não zembro e 20 de janeiro, inclusive, Ministério Público, responsáveis
poderão manifestar-se. salvo nos seguintes casos: pelo retardamento, perderão tan-
Parágrafo único.  O juiz ou I – que envolvam réus pre- tos dias de vencimentos quantos
o presidente fará retirar da sala sos, nos processos vinculados a forem os excedidos. Na contagem
os desobedientes, que, em caso essas prisões; do tempo de serviço, para o efei-

518
Código de Processo Penal
to de promoção e aposentadoria, Art. 807.  O disposto no artigo do Ministério da Justiça.
a perda será do dobro dos dias anterior não obstará à faculdade § 3o O boletim individual a que
excedidos. atribuída ao juiz de determinar de se refere este artigo é dividido em
ofício inquirição de testemunhas três partes destacáveis, confor-
Art. 802.  O desconto referido ou outras diligências. me modelo anexo a este Código,
no artigo antecedente far-se-á e será adotado nos Estados, no
à vista da certidão do escrivão Art. 808.  Na falta ou impedi- Distrito Federal e nos Territórios.
do processo ou do secretário do mento do escrivão e seu substitu- A primeira parte ficará arquiva-
tribunal, que deverão, de ofício, ou to, servirá pessoa idônea, nomea- da no cartório policial; a segun-
a requerimento de qualquer inte- da pela autoridade, perante quem da será remetida ao Instituto de
ressado, remetê-la às repartições prestará compromisso, lavrando Identificação e Estatística, ou
encarregadas do pagamento e da o respectivo termo. repartição congênere; e a ter-
contagem do tempo de serviço, ceira acompanhará o processo,
sob pena de incorrerem, de pleno Art. 809.  A estatística judiciá- e, depois de passar em julgado
direito, na multa de quinhentos ria criminal, a cargo do Instituto a sentença definitiva, lançados
mil-réis, imposta por autorida- de Identificação e Estatística ou os dados finais, será enviada ao
de fiscal. repartições congêneres, terá por referido Instituto ou repartição
base o boletim individual, que é congênere.
Art. 803.  Salvo nos casos ex- parte integrante dos processos
pressos em lei, é proibida a reti- e versará sobre: Art. 810.  Este Código entrará em
rada de autos do cartório, ainda I – os crimes e as contraven- vigor no dia 1o de janeiro de 1942.
que em confiança, sob pena de ções praticados durante o trimes-
responsabilidade do escrivão. tre, com especificação da nature- Art. 811.  Revogam-se as dispo-
za de cada um, meios utilizados e sições em contrário.
Art. 804.  A sentença ou o acór- circunstâncias de tempo e lugar;
dão, que julgar a ação, qualquer II – as armas proibidas que Rio de Janeiro, em 3 de outubro
incidente ou recurso, condenará tenham sido apreendidas; de 1941; 120o da Independência e
nas custas o vencido. III – o número de delinquen- 53o da República.
tes, mencionadas as infrações
Art. 805.  As custas serão con- que praticaram, sua nacionali- GETÚLIO VARGAS
tadas e cobradas de acordo com dade, sexo, idade, filiação, estado
os regulamentos expedidos pela civil, prole, residência, meios de Decretado em 3/10/1941, publicado no
União e pelos Estados. vida e condições econômicas, DOU de 13/10/1941 e retificado no DOU
grau de instrução, religião, e con- de 24/10/1941.
Art. 806.  Salvo o caso do art. 32, dições de saúde física e psíquica;
nas ações intentadas mediante IV – o número dos casos de
queixa, nenhum ato ou diligência codelinquência;
se realizará, sem que seja depo- V – a reincidência e os ante-
sitada em cartório a importância cedentes judiciários;
das custas. VI – as sentenças condenató-
§ 1o  Igualmente, nenhum ato rias ou absolutórias, bem como as
requerido no interesse da defesa de pronúncia ou de impronúncia;
será realizado, sem o prévio pa- VII – a natureza das penas
gamento das custas, salvo se o impostas;
acusado for pobre. VIII – a natureza das medidas
§ 2o  A falta do pagamento de segurança aplicadas;
das custas, nos prazos fixados IX – a suspensão condicional
em lei, ou marcados pelo juiz, da execução da pena, quando
importará renúncia à diligência concedida;
requerida ou deserção do recurso X – as concessões ou dene-
interposto. gações de habeas corpus.
§ 3o  A falta de qualquer prova § 1o  Os dados acima enume-
ou diligência que deixe de reali- rados constituem o mínimo exi-
zar-se em virtude do não paga- gível, podendo ser acrescidos de
mento de custas não implicará a outros elementos úteis ao serviço
nulidade do processo, se a prova da estatística criminal.
de pobreza do acusado só poste- § 2o  Esses dados serão lan-
riormente foi feita. çados semestralmente em mapa
e remetidos ao Serviço de Estatís-
tica Demográfica Moral e Política

519
Código Eleitoral
ATUALIZADA ATÉ SETEMBRO DE 2022

Atualização e revisão técnica: Coordenação de Edições Técnicas


A norma aqui apresentada não substitui as publicações do Diário Oficial da União.
Sumário

CÓDIGO ELEITORAL

Lei no 4.737/1965
525 PARTE PRIMEIRA – INTRODUÇÃO
526 PARTE SEGUNDA – DOS ÓRGÃOS DA JUSTIÇA ELEITORAL
526 TÍTULO I – DO TRIBUNAL SUPERIOR
528 TÍTULO II – DOS TRIBUNAIS REGIONAIS
530 TÍTULO III – DOS JUÍZES ELEITORAIS
531 TÍTULO IV – DAS JUNTAS ELEITORAIS
532 PARTE TERCEIRA – DO ALISTAMENTO
532 TÍTULO I – DA QUALIFICAÇÃO E INSCRIÇÃO
533 CAPÍTULO I – DA SEGUNDA VIA
534 CAPÍTULO II – DA TRANSFERÊNCIA
535 CAPÍTULO III – DOS PREPARADORES
535 CAPÍTULO IV – DOS DELEGADOS DE PARTIDO PERANTE O ALISTAMENTO
535 CAPÍTULO V – DO ENCERRAMENTO DO ALISTAMENTO
535 TÍTULO II – DO CANCELAMENTO E DA EXCLUSÃO
536 PARTE QUARTA – DAS ELEIÇÕES
536 TÍTULO I – DO SISTEMA ELEITORAL
536 CAPÍTULO I – DO REGISTRO DOS CANDIDATOS
538 CAPÍTULO II – DO VOTO SECRETO
539 CAPÍTULO III – DA CÉDULA OFICIAL
539 CAPÍTULO IV – DA REPRESENTAÇÃO PROPORCIONAL
540 TÍTULO II – DOS ATOS PREPARATÓRIOS DA VOTAÇÃO
540 CAPÍTULO I – DAS SEÇÕES ELEITORAIS
540 CAPÍTULO II – DAS MESAS RECEPTORAS
542 CAPÍTULO III – DA FISCALIZAÇÃO PERANTE AS MESAS RECEPTORAS
542 TÍTULO III – DO MATERIAL PARA A VOTAÇÃO
542 TÍTULO IV – DA VOTAÇÃO
542 CAPÍTULO I – DOS LUGARES DA VOTAÇÃO
543 CAPÍTULO II – DA POLÍCIA DOS TRABALHOS ELEITORAIS
543 CAPÍTULO III – DO INÍCIO DA VOTAÇÃO
544 CAPÍTULO IV – DO ATO DE VOTAR
545 CAPÍTULO V – DO ENCERRAMENTO DA VOTAÇÃO
546 TÍTULO V – DA APURAÇÃO
546 CAPÍTULO I – DOS ÓRGÃOS APURADORES
546 CAPÍTULO II – DA APURAÇÃO NAS JUNTAS
546 Seção I – Disposições Preliminares
547 Seção II – Da Abertura da Urna
548 Seção III – Das Impugnações e dos Recursos
548 Seção IV – Da Contagem dos Votos
551 Seção V – Da Contagem dos Votos pela Mesa Receptora
551 CAPÍTULO III – DA APURAÇÃO NOS TRIBUNAIS REGIONAIS
553 CAPÍTULO IV – DA APURAÇÃO NO TRIBUNAL SUPERIOR
554 CAPÍTULO V – DOS DIPLOMAS
555 CAPÍTULO VI – DAS NULIDADES DA VOTAÇÃO
555 CAPÍTULO VII – DO VOTO NO EXTERIOR
556 PARTE QUINTA – DISPOSIÇÕES VÁRIAS
556 TÍTULO I – DAS GARANTIAS ELEITORAIS
557 TÍTULO II – DA PROPAGANDA PARTIDÁRIA
558 TÍTULO III – DOS RECURSOS
558 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
559 CAPÍTULO II – DOS RECURSOS PERANTE AS JUNTAS E JUÍZOS ELEITORAIS
560 CAPÍTULO III – DOS RECURSOS NOS TRIBUNAIS REGIONAIS
561 CAPÍTULO IV – DOS RECURSOS NO TRIBUNAL SUPERIOR
562 TÍTULO IV – DISPOSIÇÕES PENAIS
562 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
562 CAPÍTULO II – DOS CRIMES ELEITORAIS
566 CAPÍTULO III – DO PROCESSO DAS INFRAÇÕES
567 TÍTULO V – DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS
Código Eleitoral

Lei no 4.737/1965

Institui o Código Eleitoral. Art. 5o  Não podem alistar-se justificou devidamente, não po-
eleitores: derá o eleitor:
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA I – os analfabetos; I – inscrever-se em concurso
II – os que não saibam expri- ou prova para cargo ou função
Faço saber que sanciono a se- mir-se na língua nacional; pública, investir-se ou empos-
guinte Lei, aprovada pelo Con- III – os que estejam privados, sar-se neles;
gresso Nacional, nos termos do temporária ou definitivamente, II – receber vencimentos, re-
art. 4o, caput, do Ato Institucio- dos direitos políticos. muneração, salário ou proventos
nal, de 9 de abril de 1964. Parágrafo único.  Os militares de função ou emprego público,
são alistáveis, desde que oficiais, autárquico ou paraestatal, bem
aspirantes a oficiais, guardas-ma- como fundações governamentais,
PARTE PRIMEIRA rinha, subtenentes ou suboficiais, empresas, institutos e sociedades
– INTRODUÇÃO sargentos ou alunos das escolas de qualquer natureza, mantidas
militares de ensino superior para ou subvencionadas pelo governo
Art. 1o  Este Código contém nor- formação de oficiais. ou que exerçam serviço público
mas destinadas a assegurar a delegado, correspondentes ao
organização e o exercício de di- Art. 6o  O alistamento e o voto segundo mês subsequente ao
reitos políticos precipuamente são obrigatórios para os brasi- da eleição;
os de votar e ser votado. leiros de um e outro sexo, salvo: III – participar de concorrên-
Parágrafo único.  O Tribunal I – quanto ao alistamento: cia pública ou administrativa da
Superior Eleitoral expedirá Ins- a)  os inválidos; União, dos Estados, dos Territó-
truções para sua fiel execução. b)  os maiores de setenta rios, do Distrito Federal ou dos
anos; Municípios, ou das respectivas
Art. 2o  Todo poder emana do c)  os que se encontrem fora autarquias;
povo e será exercido, em seu do país; IV – obter empréstimos nas
nome, por mandatários esco- II – quanto ao voto: autarquias, sociedades de eco-
lhidos, direta e secretamente, a)  os enfermos; nomia mista, caixas econômicas
dentre candidatos indicados por b)  os que se encontrem fora federais ou estaduais, nos institu-
partidos políticos nacionais, res- do seu domicílio; tos e caixas de previdência social,
salvada a eleição indireta nos c)  os funcionários civis e os bem como em qualquer estabele-
casos previstos na Constituição militares, em serviço que os im- cimento de crédito mantido pelo
e leis específicas. possibilite de votar. governo, ou de cuja administração
este participe, e com essas enti-
Art. 3o  Qualquer cidadão pode Art. 7o  O eleitor que deixar de dades celebrar contratos;
pretender investidura em cargo votar e não se justificar perante V – obter passaporte ou car-
eletivo, respeitadas as condições o juiz eleitoral até trinta dias após teira de identidade;
constitucionais e legais de ele- a realização da eleição incorrerá VI – renovar matrícula em es-
gibilidade e incompatibilidade. na multa de três a dez por cento tabelecimento de ensino oficial ou
sobre o salário mínimo da região, fiscalizado pelo governo;
Art. 4o  São eleitores os brasilei- imposta pelo juiz eleitoral e cobra- VII – praticar qualquer ato
ros maiores de 18 (dezoito) anos da na forma prevista no art. 367. para o qual se exija quitação do
que se alistarem na forma da lei. § 1o  Sem a prova de que vo- serviço militar ou imposto de
tou na última eleição, pagou a renda.
respectiva multa ou de que se § 2o  Os brasileiros natos ou

525
Código Eleitoral
naturalizados, maiores de 18 anos, o pagamento perante o Juízo da odos de férias coletivas, coincidir
salvo os excetuados nos arts. 5o zona em que estiver. a realização de eleição, apuração
e 6o, no I, sem prova de estarem § 1o  A multa será cobrada no ou encerramento de alistamento.
alistados não poderão praticar os máximo previsto, salvo se o elei- § 3o  Da homologação da res-
atos relacionados no parágrafo tor quiser aguardar que o juiz da pectiva convenção partidária até
anterior. zona em que se encontrar solicite a diplomação e nos feitos de-
§ 3o  Realizado o alistamento informações sobre o arbitramento correntes do processo eleitoral,
eleitoral pelo processo eletrônico ao Juízo da inscrição. não poderão servir como juízes
de dados, será cancelada a inscri- § 2o  Em qualquer das hipóte- nos Tribunais Eleitorais, ou como
ção do eleitor que não votar em 3 ses, efetuado o pagamento atra- juiz eleitoral, o cônjuge ou o pa-
(três) eleições consecutivas, não vés de selos federais inutilizados rente consanguíneo ou afim, até
pagar a multa ou não se justifi- no próprio requerimento, o juiz o segundo grau, de candidato a
car no prazo de 6 (seis) meses, a que recolheu a multa comunicará cargo eletivo registrado na cir-
contar da data da última eleição o fato ao da zona de inscrição e cunscrição.
a que deveria ter comparecido. fornecerá ao requerente compro- § 4o  No caso de recondução
§ 4o  O disposto no inciso V vante do pagamento. para o segundo biênio, obser-
do §  1o não se aplica ao eleitor var-se-ão as mesmas formali-
no exterior que requeira novo dades indispensáveis à primeira
passaporte para identificação e PARTE SEGUNDA – DOS investidura.
retorno ao Brasil. ÓRGÃOS DA JUSTIÇA
ELEITORAL Art. 15.  Os substitutos dos mem-
Art. 8o  O brasileiro nato que não bros efetivos dos Tribunais Eleito-
se alistar até os dezenove anos ou Art. 12.  São órgãos da Justiça rais serão escolhidos, na mesma
o naturalizado que não se alistar Eleitoral: ocasião e pelo mesmo processo,
até um ano depois de adquirida a I – o Tribunal Superior Eleito- em número igual para cada ca-
nacionalidade brasileira incorrerá ral, com sede na Capital da Repú- tegoria.
na multa de três a dez por cento blica e jurisdição em todo o País;
sobre o valor do salário mínimo II – um Tribunal Regional, na
da região, imposta pelo juiz e co- Capital de cada Estado, no Distri- TÍTULO I – DO TRIBUNAL
brada no ato da inscrição eleitoral to Federal e, mediante proposta SUPERIOR
através de selo federal inutilizado do Tribunal Superior, na Capital
no próprio requerimento. de Território; Art. 16.  Compõe-se o Tribunal
Parágrafo único.  Não se apli- III – juntas eleitorais; Superior Eleitoral:
cará a pena ao não alistado que IV – juízes eleitorais. I – mediante eleição, pelo voto
requerer sua inscrição eleito- secreto:
ral até o centésimo primeiro dia Art. 13.  O número de juízes dos a)  de três juízes, dentre os
anterior à eleição subsequente Tribunais Regionais não será re- Ministros do Supremo Tribunal
à data em que completar deze- duzido, mas poderá ser elevado Federal; e
nove anos. até nove, mediante proposta do b)  de dois juízes, dentre os
Tribunal Superior, e na forma por membros do Tribunal Federal de
Art. 9o  Os responsáveis pela ele sugerida. Recursos;
inobservância do disposto nos II – por nomeação do Presi-
arts. 7o e 8o incorrerão na multa Art. 14.  Os juízes dos Tribunais dente da República de dois dentre
de 1 (um) a 3 (três) salários míni- Eleitorais, salvo motivo justifica- seis advogados de notável saber
mos vigentes na zona eleitoral ou do, servirão obrigatoriamente por jurídico e idoneidade moral, in-
de suspensão disciplinar até 30 dois anos, e nunca por mais de dicados pelo Supremo Tribunal
(trinta) dias. dois biênios consecutivos. Federal.
§ 1o  Os biênios serão con- § 1o  Não podem fazer parte
Art. 10.  O juiz eleitoral fornecerá tados, ininterruptamente, sem do Tribunal Superior Eleitoral ci-
aos que não votarem por motivo o desconto de qualquer afasta- dadãos que tenham entre si pa-
justificado e aos não alistados mento, nem mesmo o decorren- rentesco, ainda que por afinidade,
nos termos dos arts. 5o e 6o, no I, te de licença, férias, ou licença até o quarto grau, seja o vínculo
documento que os isente das especial, salvo no caso do § 3o. legítimo ou ilegítimo, excluindo-
sanções legais. § 2o  Os juízes afastados por -se neste caso o que tiver sido
motivo de licença, férias e licen- escolhido por último.
Art. 11.  O eleitor que não votar e ça especial, de suas funções na § 2o  A nomeação de que trata
não pagar a multa, se se encon- Justiça comum, ficarão automa- o inciso II deste artigo não pode-
trar fora de sua zona e necessitar ticamente afastados da Justiça rá recair em cidadão que ocupe
documento de quitação com a Eleitoral pelo tempo correspon- cargo público de que seja demis-
Justiça Eleitoral, poderá efetuar dente, exceto quando, com perí- sível ad nutum; que seja diretor,

526
Código Eleitoral
proprietário ou sócio de empre- cassação de registro de partidos corpus, quando houver perigo de
sa beneficiada com subvenção, políticos, como sobre quaisquer se consumar a violência antes que
privilégio, isenção ou favor em recursos que importem anulação o juiz competente possa prover
virtude de contrato com a admi- geral de eleições ou perda de di- sobre a impetração;1
nistração pública; ou que exer- plomas, só poderão ser tomadas f)  as reclamações relativas a
ça mandato de caráter político, com a presença de todos os seus obrigações impostas por lei aos
federal, estadual ou municipal. membros. Se ocorrer impedimen- partidos políticos, quanto à sua
to de algum juiz, será convoca- contabilidade e à apuração da
Art. 17.  O Tribunal Superior Elei- do o substituto ou o respectivo origem dos seus recursos;
toral elegerá para seu presidente suplente. g)  as impugnações à apura-
um dos ministros do Supremo Tri- ção do resultado geral, proclama-
bunal Federal, cabendo ao outro Art. 20.  Perante o Tribunal Su- ção dos eleitos e expedição de
a vice-presidência, e para Corre- perior, qualquer interessado po- diploma na eleição de Presidente
gedor Geral da Justiça Eleitoral derá arguir a suspeição ou impe- e Vice-Presidente da República;
um dos seus membros. dimento dos seus membros, do h)  os pedidos de desafora-
§ 1o  As atribuições do Cor- Procurador-Geral ou de funcioná- mento dos feitos não decididos
regedor Geral serão fixadas pelo rios de sua Secretaria, nos casos nos Tribunais Regionais dentro
Tribunal Superior Eleitoral. previstos na lei processual civil ou de trinta dias da conclusão ao
§ 2o  No desempenho de suas penal e por motivo de parcialidade relator, formulados por partido,
atribuições o Corregedor Geral partidária, mediante o processo candidato, Ministério Público ou
se locomoverá para os Estados previsto em regimento. parte legitimamente interessada;
e Territórios nos seguintes casos: Parágrafo único.  Será ilegí- i)  as reclamações contra os
I – por determinação do Tri- tima a suspeição quando o exci- seus próprios juízes que, no prazo
bunal Superior Eleitoral; piente a provocar ou, depois de de trinta dias a contar da conclu-
II – a pedido dos Tribunais manifestada a causa, praticar ato são, não houverem julgado os
Regionais Eleitorais; que importe aceitação do arguido. feitos a eles distribuídos;
III – a requerimento de Partido j)  a ação rescisória, nos ca-
deferido pelo Tribunal Superior Art. 21.  Os Tribunais e juízes in- sos de inelegibilidade, desde
Eleitoral; feriores devem dar imediato cum- que intentada dentro do prazo
IV – sempre que entender primento às decisões, mandados, de cento e vinte dias de decisão
necessário. instruções e outros atos emana- irrecorrível, possibilitando-se o
§ 3o  Os provimentos emana- dos do Tribunal Superior Eleitoral. exercício do mandato eletivo até
dos da Corregedoria Geral vincu- o seu trânsito em julgado;
lam os Corregedores Regionais, Art. 22.  Compete ao Tribunal II – julgar os recursos inter-
que lhes devem dar imediato e Superior: postos das decisões dos Tribunais
preciso cumprimento. I – processar e julgar origi- Regionais nos termos do art. 276
nariamente: inclusive os que versarem matéria
Art. 18.  Exercerá as funções de a)  o registro e a cassação administrativa.
Procurador-Geral, junto ao Tribu- de registro de partidos políticos, Parágrafo único.  As decisões
nal Superior Eleitoral, o Procura- dos seus diretórios nacionais e do Tribunal Superior são irrecor-
dor-Geral da República, funcio- de candidatos à Presidência e ríveis, salvo nos casos do art. 281.
nando, em suas faltas e impe- Vice-Presidência da República;
dimentos, seu substituto legal. b)  os conflitos de jurisdição Art. 23.  Compete, ainda, priva-
Parágrafo único.  O Procura- entre Tribunais Regionais e juízes tivamente, ao Tribunal Superior:
dor-Geral poderá designar outros eleitorais de Estados diferentes; I – elaborar o seu regimento
membros do Ministério Público da c)  a suspeição ou impedi- interno;
União, com exercício no Distrito mento aos seus membros, ao II – organizar a sua Secretaria
Federal, e sem prejuízo das res- Procurador-Geral e aos funcio- e a Corregedoria Geral, propondo
pectivas funções, para auxiliá-lo nários da sua Secretaria; ao Congresso Nacional a criação
junto ao Tribunal Superior Eleito- d)  os crimes eleitorais e os ou extinção dos cargos adminis-
ral, onde não poderão ter assento. comuns que lhes forem conexos trativos e a fixação dos respec-
cometidos pelos seus próprios ju- tivos vencimentos, provendo-os
Art. 19.  O Tribunal Superior de- ízes e pelos juízes dos Tribunais na forma da lei;
libera por maioria de votos, em Regionais; III – conceder aos seus mem-
sessão pública, com a presença e) o habeas corpus ou man- bros licença e férias, assim como
da maioria de seus membros. dado de segurança, em matéria afastamento do exercício dos
Parágrafo único.  As decisões eleitoral, relativos a atos do Pre- cargos efetivos;
do Tribunal Superior, assim na sidente da República, dos Minis-
interpretação do Código Eleito- tros de Estado e dos Tribunais 1
  Nota do Editor (NE): ver Resolução do Se-
ral em face da Constituição e Regionais; ou, ainda, o habeas nado Federal no 132, de 1984.

527
Código Eleitoral
IV – aprovar o afastamento Art. 23-A.  A competência nor- de Justiça; e
do exercício dos cargos efetivos mativa regulamentar prevista no b)  de dois juízes de direi-
dos juízes dos Tribunais Regionais parágrafo único do art. 1o e no in- to, escolhidos pelo Tribunal de
Eleitorais; ciso IX do caput do art. 23 deste Justiça;
V – propor a criação de Tribu- Código restringe-se a matérias II – do juiz federal e, havendo
nal Regional na sede de qualquer especificamente autorizadas em mais de um, do que for escolhi-
dos Territórios; lei, sendo vedado ao Tribunal Su- do pelo Tribunal Federal de Re-
VI – propor ao Poder Legis- perior Eleitoral tratar de matéria cursos; e
lativo o aumento do número dos relativa à organização dos parti- III – por nomeação do Presi-
juízes de qualquer Tribunal Elei- dos políticos. dente da República de dois dentre
toral, indicando a forma desse seis cidadãos de notável saber
aumento; Art. 24.  Compete ao Procura- jurídico e idoneidade moral, in-
VII – fixar as datas para as dor-Geral, como Chefe do Minis- dicados pelo Tribunal de Justiça.
eleições de Presidente e Vice- tério Público Eleitoral: § 1o  A lista tríplice organiza-
-Presidente da República, se- I – assistir às sessões do Tri- da pelo Tribunal de Justiça será
nadores e deputados federais, bunal Superior e tomar parte nas enviada ao Tribunal Superior Elei-
quando não o tiverem sido por lei; discussões; toral.
VIII – aprovar a divisão dos II – exercer a ação pública e § 2o  A lista não poderá conter
Estados em zonas eleitorais ou promovê-la até final, em todos os nome de magistrado aposenta-
a criação de novas zonas; feitos de competência originária do ou de membro do Ministério
IX – expedir as instruções que do Tribunal; Público.
julgar convenientes à execução III – oficiar em todos os recur- § 3o  Recebidas as indicações
deste Código; sos encaminhados ao Tribunal; o Tribunal Superior divulgará a lis-
X – fixar a diária do Correge- IV – manifestar-se, por escrito ta através de edital, podendo os
dor Geral, dos Corregedores Re- ou oralmente, em todos os assun- partidos, no prazo de cinco dias,
gionais e auxiliares em diligência tos submetidos à deliberação do impugná-la com fundamento em
fora da sede; Tribunal, quando solicitada sua incompatibilidade.
XI – enviar ao Presidente da audiência por qualquer dos juízes, § 4o  Se a impugnação for jul-
República a lista tríplice organi- ou por iniciativa sua, se entender gada procedente quanto a qual-
zada pelos Tribunais de Justiça necessário; quer dos indicados, a lista será
nos termos do art. 25; V – defender a jurisdição do devolvida ao Tribunal de origem
XII – responder, sobre matéria Tribunal; para complementação.
eleitoral, às consultas que lhe fo- VI – representar ao Tribunal § 5o  Não havendo impugna-
rem feitas em tese por autoridade sobre a fiel observância das leis ção, ou desprezada esta, o Tri-
com jurisdição federal ou órgão eleitorais, especialmente quan- bunal Superior encaminhará a
nacional de partido político; to à sua aplicação uniforme em lista ao Poder Executivo para a
XIII – autorizar a contagem todo o País; nomeação.
dos votos pelas mesas receptoras VII – requisitar diligências, § 6o  Não podem fazer parte
nos Estados em que essa provi- certidões e esclarecimentos ne- do Tribunal Regional pessoas que
dência for solicitada pelo Tribunal cessários ao desempenho de suas tenham entre si parentesco, ainda
Regional respectivo; atribuições; que por afinidade, até o 4o grau,
XIV – requisitar força federal VIII – expedir instruções aos seja o vínculo legítimo ou ilegíti-
necessária ao cumprimento da lei, órgãos do Ministério Público junto mo, excluindo-se neste caso a que
de suas próprias decisões ou das aos Tribunais Regionais; tiver sido escolhida por último.
decisões dos Tribunais Regionais IX – acompanhar, quando § 7o  A nomeação de que tra-
que o solicitarem, e para garantir solicitado, o Corregedor Geral, ta o no II deste artigo não pode-
a votação e a apuração; pessoalmente ou por intermédio rá recair em cidadão que tenha
XV – organizar e divulgar a de Procurador que designe, nas qualquer das incompatibilidades
Súmula de sua jurisprudência; diligências a serem realizadas. mencionadas no art. 16, § 4o.2
XVI – requisitar funcionário da
União e do Distrito Federal quando Art. 26.  O Presidente e o Vice-
o exigir o acúmulo ocasional do TÍTULO II – DOS TRIBUNAIS -Presidente do Tribunal Regional
serviço de sua Secretaria; REGIONAIS serão eleitos por este dentre os
XVII – publicar um boletim três desembargadores do Tri-
eleitoral; Art. 25.  Os Tribunais Regionais bunal de Justiça; o terceiro de-
XVIII – tomar quaisquer outras Eleitorais compor-se-ão:
providências que julgar conve- I – mediante eleição, pelo voto
nientes à execução da legislação secreto:
2
  NE: em razão das alterações determina-
das pelo Decreto-lei no 441/1969 e pela Lei
eleitoral. a)  de dois juízes, dentre os no 7.191/1984, a matéria constante no art. 16,
desembargadores do Tribunal § 4o, passou a ser objeto do art. 16, § 2o.

528
Código Eleitoral
sembargador será o Corregedor designado na forma prevista na grau de recurso, os denegados
Regional da Justiça Eleitoral. Constituição. ou concedidos pelos juízes elei-
§ 1o  As atribuições do Cor- § 2o  Perante o Tribunal Re- torais; ou, ainda, o habeas cor-
regedor Regional serão fixadas gional, e com recurso voluntário pus, quando houver perigo de se
pelo Tribunal Superior Eleitoral para o Tribunal Superior qual- consumar a violência antes que
e, em caráter supletivo ou com- quer interessado poderá arguir o juiz competente possa prover
plementar, pelo Tribunal Regional a suspeição dos seus membros, sobre a impetração;
Eleitoral perante o qual servir. do Procurador Regional, ou de f)  as reclamações relativas a
§ 2o  No desempenho de suas funcionários da sua Secretaria, obrigações impostas por lei aos
atribuições o Corregedor Regio- assim como dos juízes e escrivães partidos políticos, quanto à sua
nal se locomoverá para as zonas eleitorais, nos casos previstos na contabilidade e à apuração da
eleitorais nos seguintes casos: lei processual civil e por motivo origem dos seus recursos;
I – por determinação do Tri- de parcialidade partidária, me- g)  os pedidos de desafora-
bunal Superior Eleitoral ou do diante o processo previsto em mento dos feitos não decididos
Tribunal Regional Eleitoral; regimento. pelos juízes eleitorais em trinta
II – a pedido dos juízes elei- § 3o  No caso previsto no pa- dias da sua conclusão para jul-
torais; rágrafo anterior será observado gamento, formulados por partido,
III – a requerimento de Par- o disposto no parágrafo único candidato, Ministério Público ou
tido, deferido pelo Tribunal Re- do art. 20. parte legitimamente interessada,
gional; § 4o  As decisões dos Tribu- sem prejuízo das sanções decor-
IV – sempre que entender nais Regionais sobre quaisquer rentes do excesso de prazo;
necessário. ações que importem cassação II – julgar os recursos inter-
de registro, anulação geral de postos:
Art. 27.  Servirá como Procura- eleições ou perda de diplomas a)  dos atos e das decisões
dor Regional junto a cada Tribunal somente poderão ser tomadas proferidas pelos juízes e juntas
Regional Eleitoral o Procurador da com a presença de todos os seus eleitorais;
República no respectivo Estado e, membros. b)  das decisões dos juízes
onde houver mais de um, aquele § 5o  No caso do § 4o, se ocor- eleitorais que concederem ou
que for designado pelo Procura- rer impedimento de algum juiz, denegarem habeas corpus ou
dor-Geral da República. será convocado o suplente da mandado de segurança.
§ 1o  No Distrito Federal, se- mesma classe. Parágrafo único.  As decisões
rão as funções de Procurador dos Tribunais Regionais são ir-
Regional Eleitoral exercidas pelo Art. 29.  Compete aos Tribunais recorríveis, salvo nos casos do
Procurador-Geral da Justiça do Regionais: art. 276.
Distrito Federal. I – processar e julgar origi-
§ 2o  Substituirá o Procurador nariamente: Art. 30.  Compete, ainda, privati-
Regional, em suas faltas ou impe- a)  o registro e o cancelamen- vamente, aos Tribunais Regionais:
dimentos, o seu substituto legal. to do registro dos diretórios esta- I – elaborar o seu regimento
§ 3o  Compete aos Procura- duais e municipais de partidos po- interno;
dores Regionais exercer, peran- líticos, bem como de candidatos a II – organizar a sua Secretaria
te os Tribunais junto aos quais Governador, Vice-Governadores, e a Corregedoria Regional, pro-
servirem, as atribuições do Pro- e membro do Congresso Nacional vendo-lhes os cargos na forma
curador-Geral. e das Assembleias Legislativas; da lei, e propor ao Congresso Na-
§ 4o  Mediante prévia autori- b)  os conflitos de jurisdição cional, por intermédio do Tribunal
zação do Procurador-Geral, po- entre juízes eleitorais do respec- Superior, a criação ou supressão
dendo os Procuradores Regionais tivo Estado; de cargos e a fixação dos respec-
requisitar, para auxiliá-los nas c)  a suspeição ou impedi- tivos vencimentos;
suas funções, membros do Mi- mentos aos seus membros, ao III – conceder aos seus mem-
nistério Público local, não tendo Procurador Regional e aos fun- bros e aos juízes eleitorais licença
estes, porém, assento nas ses- cionários da sua Secretaria as- e férias, assim como afastamento
sões do Tribunal. sim como aos juízes e escrivães do exercício dos cargos efetivos,
eleitorais; submetendo, quanto àqueles, a
Art. 28.  Os Tribunais Regionais d)  os crimes eleitorais co- decisão à aprovação do Tribunal
deliberam por maioria de votos, metidos pelos juízes eleitorais; Superior Eleitoral;
em sessão pública, com a presen- e) o habeas corpus ou man- IV – fixar a data das eleições
ça da maioria de seus membros. dado de segurança, em matéria de Governador e Vice-Governador,
§ 1o  No caso de impedimento eleitoral, contra ato de autori- deputados estaduais, prefeitos,
e não existindo quorum, será o dades que respondam perante vice-prefeitos, vereadores e juí-
membro do Tribunal substituído os Tribunais de Justiça por cri- zes de paz, quando não determi-
por outro da mesma categoria, me de responsabilidade e, em nada por disposição constitucio-

529
Código Eleitoral
nal ou legal; as decisões e instruções do Tri- seu substituto legal que goze das
V – constituir as juntas eleito- bunal Superior; prerrogativas do art. 95 da Cons-
rais e designar a respectiva sede XVII – determinar, em caso tituição.
e jurisdição; de urgência, providências para Parágrafo único.  Onde hou-
VI – indicar ao Tribunal Su- a execução da lei na respectiva ver mais de uma vara o Tribunal
perior as zonas eleitorais ou se- circunscrição; Regional designará aquela ou
ções em que a contagem dos XVIII – organizar o fichário aquelas, a que incumbe o servi-
votos deva ser feita pela mesa dos eleitores do Estado; ço eleitoral.
receptora; XIX – suprimir os mapas par-
VII – apurar, com os resulta- ciais de apuração, mandando uti- Art. 33.  Nas zonas eleitorais
dos parciais enviados pelas juntas lizar apenas os boletins e os ma- onde houver mais de uma ser-
eleitorais, os resultados finais pas totalizadores, desde que o ventia de justiça, o juiz indicará
das eleições de Governador e Vi- menor número de candidatos às ao Tribunal Regional a que deve
ce-Governador, de membros do eleições proporcionais justifique ter o anexo da escrivania eleitoral
Congresso Nacional e expedir os a supressão, observadas as se- pelo prazo de dois anos.
respectivos diplomas, remetendo, guintes normas: § 1o  Não poderá servir como
dentro do prazo de 10 (dez) dias a)  qualquer candidato ou escrivão eleitoral, sob pena de
após a diplomação, ao Tribunal partido poderá requerer ao Tri- demissão, o membro de diretório
Superior, cópia das atas de seus bunal Regional que suprima a de partido político, nem o candi-
trabalhos; exigência dos mapas parciais de dato a cargo eletivo, seu cônjuge
VIII – responder, sobre maté- apuração; e parente consanguíneo ou afim
ria eleitoral, às consultas que lhe b)  da decisão do Tribunal Re- até o segundo grau.
forem feitas, em tese, por autori- gional qualquer candidato ou par- § 2o  O escrivão eleitoral, em
dade pública ou partido político; tido poderá, no prazo de três dias, suas faltas e impedimentos, será
IX – dividir a respectiva cir- recorrer para o Tribunal Superior, substituído na forma prevista pela
cunscrição em zonas eleitorais, que decidirá em cinco dias; lei de organização judiciária local.
submetendo essa divisão, assim c)  a supressão dos mapas
como a criação de novas zonas, parciais de apuração só será ad- Art. 34.  Os juízes despacharão
à aprovação do Tribunal Superior; mitida até seis meses antes da todos os dias na sede da sua zona
X – aprovar a designação do data da eleição; eleitoral.
Ofício de Justiça que deva res- d)  os boletins e mapas de
ponder pela escrivania eleitoral apuração serão impressos pelos Art. 35.  Compete aos juízes:
durante o biênio; Tribunais Regionais, depois de I – cumprir e fazer cumprir
XI – (Revogado); aprovados pelo Tribunal Superior; as decisões e determinações do
XII – requisitar a força neces- e)  o Tribunal Regional ouvirá Tribunal Superior e do Regional;
sária ao cumprimento de suas os partidos na elaboração dos II – processar e julgar os cri-
decisões e solicitar ao Tribunal modelos dos boletins e mapas mes eleitorais e os comuns que
Superior a requisição de força de apuração a fim de que estes lhe forem conexos, ressalvada a
federal; atendam às peculiaridades lo- competência originária do Tri-
XIII – autorizar, no Distrito Fe- cais, encaminhando os modelos bunal Superior e dos Tribunais
deral e nas capitais dos Estados, que aprovar, acompanhados das Regionais;
ao seu presidente e, no interior, sugestões ou impugnações for- III – decidir habeas corpus e
aos juízes eleitorais, a requisição muladas pelos partidos, à decisão mandado de segurança, em ma-
de funcionários federais, estadu- do Tribunal Superior. téria eleitoral, desde que essa
ais ou municipais para auxiliarem competência não esteja atribu-
os escrivães eleitorais, quando Art. 31.  Faltando num Territó- ída privativamente à instância
o exigir o acúmulo ocasional do rio o Tribunal Regional, ficará a superior;
serviço; respectiva circunscrição eleito- IV – fazer as diligências que
XIV – requisitar funcionários ral sob a jurisdição do Tribunal julgar necessárias à ordem e pres-
da União e, ainda, no Distrito Fe- Regional que o Tribunal Superior teza do serviço eleitoral;
deral e em cada Estado ou Territó- designar. V – tomar conhecimento das
rio, funcionários dos respectivos reclamações que lhe forem feitas
quadros administrativos, no caso verbalmente ou por escrito, re-
de acúmulo ocasional de serviço TÍTULO III – DOS JUÍZES duzindo-as a termo, e determi-
de suas Secretarias; ELEITORAIS nando as providências que cada
XV – aplicar as penas dis- caso exigir;
ciplinares de advertência e de Art. 32.  Cabe a jurisdição de VI – indicar, para aprovação
suspensão até 30 (trinta) dias aos cada uma das zonas eleitorais do Tribunal Regional, a serventia
juízes eleitorais; a um juiz de direito em efetivo de justiça que deve ter o anexo
XVI – cumprir e fazer cumprir exercício e, na falta deste, ao da escrivania eleitoral;

530
Código Eleitoral
VII – (Revogado); (dois) ou 4 (quatro) cidadãos de ação sempre que houver mais de
VIII – dirigir os processos elei- notória idoneidade. dez urnas a apurar.
torais e determinar a inscrição e § 1o  Os membros das juntas § 2o  Na hipótese do desdo-
a exclusão de eleitores; eleitorais serão nomeados 60 bramento da Junta em turmas,
IX – expedir títulos eleitorais e (sessenta) dias antes da eleição, o respectivo presidente nome-
conceder transferência de eleitor; depois de aprovação do Tribunal ará um escrutinador para servir
X – dividir a zona em seções Regional, pelo presidente deste, como secretário em cada turma.
eleitorais; a quem cumpre também desig- § 3o  Além dos secretários a
XI – mandar organizar, em nar-lhes a sede. que se refere o parágrafo anterior,
ordem alfabética, relação dos § 2o  Até 10 (dez) dias antes da será designado pelo presidente
eleitores de cada seção, para nomeação os nomes das pessoas da Junta um escrutinador para
remessa à mesa receptora, jun- indicadas para compor as Juntas secretário-geral competindo-lhe:
tamente com a pasta das folhas serão publicados no órgão oficial I – lavrar as atas;
individuais de votação; do Estado, podendo qualquer par- II – tomar por termo ou pro-
XII – ordenar o registro e cas- tido, no prazo de 3 (três) dias, em tocolar os recursos, neles funcio-
sação do registro dos candidatos petição fundamentada, impugnar nando como escrivão;
aos cargos eletivos municipais as indicações. III – totalizar os votos apu-
e comunicá-los ao Tribunal Re- § 3o  Não podem ser nomea- rados.
gional; dos membros das Juntas, escru-
XIII – designar, até 60 (ses- tinadores ou auxiliares: Art. 39.  Até 30 (trinta) dias antes
senta) dias antes das eleições, I – os candidatos e seus pa- da eleição o presidente da Jun-
os locais das seções; rentes, ainda que por afinidade, ta comunicará ao Presidente do
XIV – nomear, 60 (sessenta) até o segundo grau, inclusive, e Tribunal Regional as nomeações
dias antes da eleição, em audiên- bem assim o cônjuge; que houver feito e divulgará a
cia pública anunciada com pelo II – os membros de diretó- composição do órgão por edital
menos 5 (cinco) dias de antece- rios de partidos políticos devi- publicado ou afixado, podendo
dência, os membros das mesas damente registrados e cujos no- qualquer partido oferecer im-
receptoras; mes tenham sido oficialmente pugnação motivada no prazo de
XV – instruir os membros das publicados; 3 (três) dias.
mesas receptoras sobre as suas III – as autoridades e agentes
funções; policiais, bem como os funcioná- Art. 40.  Compete à Junta Elei-
XVI – providenciar para a so- rios no desempenho de cargos de toral:
lução das ocorrências que se ve- confiança do Executivo; I – apurar, no prazo de 10 (dez)
rificarem nas mesas receptoras; IV – os que pertencerem ao dias, as eleições realizadas nas
XVII – tomar todas as provi- serviço eleitoral. zonas eleitorais sob a sua juris-
dências ao seu alcance para evi- dição;
tar os atos viciosos das eleições; Art. 37.  Poderão ser organizadas II – resolver as impugnações
XVIII – fornecer aos que não tantas Juntas quantas permitir o e demais incidentes verificados
votaram por motivo justificado e número de juízes de direito que durante os trabalhos da contagem
aos não alistados, por dispensa- gozem das garantias do art. 95 e da apuração;
dos do alistamento, um certifi- da Constituição, mesmo que não III – expedir os boletins
cado que os isente das sanções sejam juízes eleitorais. de apuração mencionados no
legais; Parágrafo único.  Nas zonas art. 179;
XIX – comunicar, até às 12 ho- em que houver de ser organizada IV – expedir diploma aos elei-
ras do dia seguinte à realização da mais de uma Junta, ou quando tos para cargos municipais.
eleição, ao Tribunal Regional e aos estiver vago o cargo de juiz elei- Parágrafo único.  Nos muni-
delegados de partidos credencia- toral ou estiver este impedido, o cípios onde houver mais de uma
dos, o número de eleitores que presidente do Tribunal Regional, junta eleitoral a expedição dos
votarem em cada uma das seções com a aprovação deste, designará diplomas será feita pela que for
da zona sob sua jurisdição, bem juízes de direito da mesma ou de presidida pelo juiz eleitoral mais
como o total de votantes da zona. outras comarcas, para presidirem antigo, à qual as demais enviarão
as juntas eleitorais. os documentos da eleição.
TÍTULO IV – DAS JUNTAS Art. 38.  Ao presidente da Jun- Art. 41.  Nas zonas eleitorais em
ELEITORAIS ta é facultado nomear, dentre que for autorizada a contagem
cidadãos de notória idoneidade, prévia dos votos pelas mesas
Art. 36.  Compor-se-ão as juntas escrutinadores e auxiliares em receptoras, compete à Junta
eleitorais de um juiz de direito, número capaz de atender à boa Eleitoral tomar as providências
que será o presidente, e de 2 marcha dos trabalhos. mencionadas no art. 195.
§ 1o  É obrigatória essa nome-

531
Código Eleitoral
PARTE TERCEIRA – DO em seguida, tomará a assinatura seguinte.
ALISTAMENTO do requerente na “folha individual § 7o  Do despacho que inde-
de votação” e nas duas vias do ferir o requerimento de inscrição
TÍTULO I – DA título eleitoral, dando recibo da caberá recurso interposto pelo
QUALIFICAÇÃO E petição e do documento. alistando e do que o deferir po-
INSCRIÇÃO § 1o  O requerimento será derá recorrer qualquer delegado
submetido ao despacho do juiz de partido.
nas 48 (quarenta e oito) horas § 8o  Os recursos referidos no
Art. 42.  O alistamento se faz seguintes. parágrafo anterior serão julgados
mediante a qualificação e ins- § 2o  Poderá o juiz, se tiver pelo Tribunal Regional Eleitoral
crição do eleitor. dúvida quanto à identidade do dentro de 5 (cinco) dias.
Parágrafo único.  Para o efei- requerente ou sobre qualquer § 9o  Findo esse prazo, sem
to da inscrição, é domicílio elei- outro requisito para o alistamen- que o alistando se manifeste, ou
toral o lugar de residência ou to, converter o julgamento em logo que seja desprovido o re-
moradia do requerente, e, ve- diligência para que o alistando curso em instância superior, o
rificado ter o alistando mais de esclareça ou complete a prova juiz inutilizará a folha individual
uma, considerar-se-á domicílio ou, se for necessário, compareça de votação assinada pelo reque-
qualquer delas. pessoalmente à sua presença. rente, a qual ficará fazendo par-
§ 3o  Se se tratar de qualquer te integrante do processo e não
Art. 43.  O alistando apresentará omissão ou irregularidade que poderá, em qualquer tempo, ser
em cartório ou local previamente possa ser sanada, fixará o juiz substituída, nem dele retirada,
designado, requerimento em fór- para isso prazo razoável. sob pena de incorrer o respon-
mula que obedecerá ao modelo § 4o  Deferido o pedido, no sável nas sanções previstas no
aprovado pelo Tribunal Superior. prazo de cinco dias, o título e o art. 293.
documento que instruiu o pedido § 10.  No caso de indeferi-
Art. 44.  O requerimento, acom- serão entregues pelo juiz, escri- mento do pedido, o Cartório de-
panhado de 3 (três) retratos, será vão, funcionário ou preparador. A volverá ao requerente, mediante
instruído com um dos seguintes entrega far-se-á ao próprio elei- recibo, as fotografias e o docu-
documentos, que não poderão ser tor, mediante recibo, ou a quem mento com que houver instruído
supridos mediante justificação: o eleitor autorizar por escrito o seu requerimento.
I – carteira de identidade ex- o recebimento, cancelando-se § 11.  O título eleitoral e a folha
pedida pelo órgão competente do o título cuja assinatura não for individual de votação somente
Distrito Federal ou dos Estados; idêntica à do requerimento de serão assinados pelo juiz eleito-
II – certificado de quitação inscrição e à do recibo. O recibo ral depois de preenchidos pelo
do serviço militar; será obrigatoriamente anexado cartório e de deferido o pedido,
III – certidão de idade extraída ao processo eleitoral, incorrendo sob as penas do art. 293.
do Registro Civil; o juiz que não o fizer na multa de § 12.  É obrigatória a remes-
IV – instrumento público do um a cinco salários mínimos re- sa ao Tribunal Regional da ficha
qual se infira, por direito, ter o re- gionais, na qual incorrerão ainda do eleitor, após a expedição do
querente idade superior a dezoito o escrivão, funcionário ou prepa- seu título.
anos e do qual conste, também, rador, se responsáveis, bem como
os demais elementos necessários qualquer deles, se entregarem ao Art. 46.  As folhas individuais de
à sua qualificação; eleitor o título cuja assinatura não votação e os títulos serão con-
V – documento do qual se for idêntica à do requerimento feccionados de acordo com o
infira a nacionalidade brasilei- de inscrição e do recibo ou o fi- modelo aprovado pelo Tribunal
ra, originária ou adquirida, do zerem a pessoa não autorizada Superior Eleitoral.
requerente. por escrito. § 1o  Da folha individual de
Parágrafo único.  Será de- § 5o  A restituição de qualquer votação e do título eleitoral cons-
volvido o requerimento que não documento não poderá ser feita tará a indicação da seção em que
contenha os dados constantes do antes de despachado o pedido o eleitor tiver sido inscrito a qual
modelo oficial, na mesma ordem, de alistamento pelo juiz eleitoral. será localizada dentro do distrito
e em caracteres inequívocos. § 6o  Quinzenalmente o juiz judiciário ou administrativo de
eleitoral fará publicar pela im- sua residência e o mais próximo
Art. 45.  O escrivão, o funcioná- prensa, onde houver, ou por edi- dela, considerados a distância e
rio ou o preparador recebendo a tais, a lista dos pedidos de inscri- os meios de transporte.
fórmula e documentos determi- ção, mencionando os deferidos, § 2o  As folhas individuais
nará que o alistando date e assine os indeferidos e os convertidos de votação serão conservadas
a petição e em ato contínuo ates- em diligência, contando-se dessa em pastas, uma para cada seção
tará terem sido a data e a assi- publicação o prazo para os recur- eleitoral; remetidas, por ocasião
natura lançados na sua presença; sos a que se refere o parágrafo das eleições, às mesas recep-

532
Código Eleitoral
toras, serão por estas encami- § 2o  Em cada Cartório de Re- § 1o  Os eleitores inscritos em
nhadas com a urna e os demais gistro Civil haverá um livro espe- tais condições deverão ser loca-
documentos da eleição às Juntas cial, aberto e rubricado pelo Juiz lizados em uma mesma seção da
Eleitorais, que as devolverão, fin- Eleitoral, onde o cidadão, ou o respectiva zona.
dos os trabalhos da apuração, ao delegado de partido deixará ex- § 2o  Se no alistamento re-
respectivo cartório, onde ficarão presso o pedido de certidão para alizado pela forma prevista nos
guardadas. fins eleitorais, datando-o. artigos anteriores, o número de
§ 3o  O eleitor ficará vinculado § 3o  O escrivão, dentro de eleitores não alcançar o mínimo
permanentemente à seção elei- quinze dias da data do pedido, exigido, este se completará com a
toral indicada no seu título, salvo: concederá a certidão, ou justi- inclusão de outros ainda que não
I – se se transferir de zona ficará, perante o Juiz Eleitoral, sejam cegos.
ou Município, hipótese em que por que deixa de fazê-lo.
deverá requerer transferência; § 4o  A infração ao disposto Art. 51.  (Revogado)
II – se, até 100 (cem) dias an- neste artigo sujeitará o escrivão
tes da eleição, provar, perante às penas do art. 293.
o Juiz Eleitoral, que mudou de CAPÍTULO I – DA SEGUNDA
residência dentro do mesmo Mu- Art. 48.  O empregado mediante VIA
nicípio, de um distrito para ou- comunicação com 48 (quarenta
tro ou para lugar muito distante e oito) horas de antecedência, Art. 52.  No caso de perda ou
da seção em que se acha ins- poderá deixar de comparecer ao extravio de seu título, requererá
crito, caso em que serão feitas serviço, sem prejuízo do salário o eleitor ao juiz do seu domicílio
na folha de votação e no título e por tempo não excedente a 2 eleitoral, até 10 (dez) dias antes
eleitoral, para esse fim exibido, (dois) dias, para o fim de se alistar da eleição, que lhe expeça se-
as alterações correspondentes, eleitor ou requerer transferência. gunda via.
devidamente autenticadas pela § 1o  O pedido de segunda via
autoridade judiciária. Art. 49.  Os cegos alfabetizados será apresentado em cartório,
§ 4o  O eleitor poderá, a qual- pelo sistema “Braille”, que reu- pessoalmente, pelo eleitor, ins-
quer tempo, requerer ao juiz elei- nirem as demais condições de truído o requerimento, no caso de
toral a retificação de seu título alistamento, podem qualificar-se inutilização ou dilaceração, com
eleitoral ou de sua folha individual mediante o preenchimento da a primeira via do título.
de votação, quando neles constar fórmula impressa e a aposição § 2o  No caso de perda ou ex-
erro evidente, ou indicação de se- do nome com as letras do refe- travio do título, o juiz, após rece-
ção diferente daquela a que de- rido alfabeto. ber o requerimento de segunda
vesse corresponder a residência § 1o  De forma idêntica serão via, fará publicar, pelo prazo de 5
indicada no pedido de inscrição assinadas a folha individual de (cinco) dias, pela imprensa, onde
ou transferência. votação e as vias do título. houver, ou por editais, a notícia
§ 5o  O título eleitoral servi- § 2o  Esses atos serão feitos do extravio ou perda e do requeri-
rá de prova de que o eleitor está na presença também de funcio- mento de segunda via, deferindo
inscrito na seção em que deve nários de estabelecimento espe- o pedido, findo este prazo, se não
votar. E, uma vez datado e as- cializado de amparo e proteção houver impugnação.
sinado pelo presidente da mesa de cegos, conhecedor do siste-
receptora, servirá também de ma “Braille”, que subscreverá, Art. 53.  Se o eleitor estiver fora
prova de haver o eleitor votado. com o Escrivão ou funcionário do seu domicílio eleitoral poderá
designado, a seguinte declara- requerer a segunda via ao juiz da
Art. 47.  As certidões de nas- ção a ser lançada no modelo de zona em que se encontrar, es-
cimento ou casamento, quando requerimento: “Atestamos que clarecendo se vai recebê-la na
destinadas ao alistamento elei- a presente fórmula bem como sua zona ou na em que requereu.
toral, serão fornecidas gratui- a folha individual de votação e § 1o  O requerimento, acom-
tamente, segundo a ordem dos vias do título foram subscritas panhado de um novo título as-
pedidos apresentados em cartó- pelo próprio, em nossa presença”. sinado pelo eleitor na presença
rio pelos alistandos ou delegados do escrivão ou de funcionário
de partido. Art. 50.  O juiz eleitoral provi- designado e de uma fotografia,
§ 1o  Os cartórios de Registro denciará para que se proceda ao será encaminhado ao juiz da zona
Civil farão, ainda, gratuitamente, alistamento nas próprias sedes do eleitor.
o registro de nascimento, visan- dos estabelecimentos de prote- § 2o  Antes de processar o pe-
do ao fornecimento de certidão ção aos cegos, marcando, pre- dido, na forma prevista no artigo
aos alistandos, desde que pro- viamente, dia e hora para tal fim, anterior, o juiz determinará que
vem carência de recursos, ou podendo se inscrever na zona se confira a assinatura constan-
aos Delegados de Partido, para eleitoral correspondente todos te do novo título com a da folha
fins eleitorais. os cegos do município. individual de votação ou do re-

533
Código Eleitoral
querimento de inscrição. transferência. ou documento a que se refere o
§ 3o  Deferido o pedido, o títu- § 1o do art. 56.
lo será enviado ao juiz da Zona que Art. 56.  No caso de perda ou ex- § 1o  Na mesma data comu-
remeteu o requerimento, caso o travio do título anterior declarado nicará ao juiz da zona de origem
eleitor haja solicitado essa pro- esse fato na petição de transfe- a concessão da transferência e
vidência, ou ficará em cartório rência, o juiz do novo domicílio, requisitará a “folha individual de
aguardando que o interessado como ato preliminar, requisitará, votação”.
o procure. por telegrama, a confirmação do § 2o  Na nova folha individual
§ 4o  O pedido de segunda alegado à Zona Eleitoral onde o de votação ficará consignado, na
via formulado nos termos deste requerente se achava inscrito. coluna destinada a “anotações”,
artigo só poderá ser recebido até § 1o  O Juiz do antigo domicí- que a inscrição foi obtida por
60 (sessenta) dias antes do pleito. lio, no prazo de 5 (cinco) dias, res- transferência, e, de acordo com
ponderá por ofício ou telegrama, os elementos constantes do título
Art. 54.  O requerimento de se- esclarecendo se o interessado é primitivo, qual o último pleito em
gunda via, em qualquer das hipó- realmente eleitor, se a inscrição que o eleitor transferido votou.
teses, deverá ser assinado sobre está em vigor, e, ainda, qual o Essa anotação constará, também,
selos federais, correspondentes número e a data da inscrição de seu título.
a 2% (dois por cento) do salário respectiva. § 3o  O processo de transfe-
mínimo da zona eleitoral de ins- § 2o  A informação menciona- rência só será arquivado após o
crição. da no parágrafo anterior suprirá a recebimento da folha individual
Parágrafo único. Somente falta do título extraviado, ou perdi- de votação da Zona de origem,
será expedida segunda via ao do, para o efeito da transferência, que dele ficará constando, de-
eleitor que estiver quite com a devendo fazer parte integrante vidamente inutilizada, median-
Justiça Eleitoral, exigindo-se, do processo. te aposição de carimbo a tinta
para o que foi multado e ainda vermelha.
não liquidou a dívida, o prévio pa- Art. 57.  O requerimento de § 4o  No caso de transferência
gamento, através de selo federal transferência de domicílio elei- de município ou distrito dentro da
inutilizado nos autos. toral será imediatamente publica- mesma zona, deferido o pedido, o
do na imprensa oficial na Capital, juiz determinará a transposição
e em cartório nas demais locali- da folha individual de votação
CAPÍTULO II – DA dades, podendo os interessados para a pasta correspondente ao
TRANSFERÊNCIA impugná-lo no prazo de dez dias. novo domicílio, a anotação de
§ 1o  Certificado o cumpri- mudança no título eleitoral e co-
Art. 55.  Em caso de mudança mento do disposto neste artigo, municará ao Tribunal Regional
de domicílio, cabe ao eleitor re- o pedido deverá ser desde logo para a necessária averbação na
querer ao juiz do novo domicílio decidido, devendo o despacho ficha do eleitor.
sua transferência, juntando o tí- do juiz ser publicado pela mes-
tulo anterior. ma forma. Art. 59.  Na Zona de origem, re-
§ 1o  A transferência só será § 2o  Poderá recorrer para o cebida do juiz do novo domicílio
admitida satisfeitas as seguintes Tribunal Regional Eleitoral, no a comunicação de transferência,
exigências: prazo de 3 (três) dias, o eleitor que o juiz tomará as seguintes provi-
I – entrada do requerimento pediu a transferência, sendo-lhe dências:
no cartório eleitoral do novo do- a mesma negada, ou qualquer I – determinará o cancela-
micílio até 100 (cem) dias antes delegado de partido, quando o mento da inscrição do transferido
da data da eleição; pedido for deferido. e a remessa dentro de três dias,
II – transcorrência de pelo § 3o  Dentro de 5 (cinco) dias, da folha individual de votação ao
menos 1 (um) ano da inscrição o Tribunal Regional Eleitoral de- juiz requisitante;
primitiva; cidirá do recurso interposto nos II – ordenará a retirada do fi-
III – residência mínima de 3 termos do parágrafo anterior. chário da segunda parte do título;
(três) meses no novo domicílio, § 4o  Só será expedido o novo III – comunicará o cancela-
atestada pela autoridade poli- título decorridos os prazos pre- mento ao Tribunal Regional a que
cial ou provada por outros meios vistos neste artigo e respectivos estiver subordinado, que fará a
convincentes. parágrafos. devida anotação na ficha de seus
§ 2o  O disposto nos incisos arquivos;
II e III do parágrafo anterior não Art. 58.  Expedido o novo título IV – se o eleitor havia assinado
se aplica quando se tratar de o juiz comunicará a transferência ficha de registro de partido, co-
transferência de título eleitoral ao Tribunal Regional competente, municará ao juiz do novo domicílio
de servidor público civil, militar, no prazo de 10 (dez) dias, envian- e, ainda, ao Tribunal Regional, se a
autárquico, ou de membro de sua do-lhe o título eleitoral, se houver, transferência foi concedida para
família, por motivo de remoção ou outro Estado.

534
Código Eleitoral
Art. 60.  O eleitor transferido não cada partido poderá nomear 3 publicação da imprensa, os no-
poderá votar no novo domicílio (três) delegados. mes dos 10 (dez) últimos eleitores,
eleitoral em eleição suplementar § 2o  Perante os preparado- cujos processos de transferência
à que tiver sido realizada antes de res, cada partido poderá nomear estejam definitivamente ultima-
sua transferência. até 2 (dois) delegados, que assis- dos e o número dos respectivos
tam e fiscalizem os seus atos. títulos eleitorais.
Art. 61.  Somente será concedida § 3o  Os delegados a que se § 2o  O despacho de pedido
transferência ao eleitor que esti- refere este artigo serão registra- de inscrição, transferência, ou
ver quite com a Justiça Eleitoral. dos perante os juízes eleitorais, segunda via, proferido após es-
§ 1o  Se o requerente não ins- a requerimento do presidente do gotado o prazo legal, sujeita o
truir o pedido de transferência Diretório Municipal. juiz eleitoral às penas do art. 291.
com o título anterior, o juiz do § 4o  O delegado credenciado
novo domicílio, ao solicitar in- junto ao Tribunal Regional Eleito- Art. 69.  Os títulos eleitorais re-
formação ao da zona de origem, ral poderá representar o partido sultantes dos pedidos de inscri-
indagará se o eleitor está quite junto a qualquer juízo ou prepa- ção ou de transferência serão en-
com a Justiça Eleitoral, ou não rador do Estado, assim como o tregues até 30 (trinta) dias antes
o estando, qual a importância da delegado credenciado perante o da eleição.
multa imposta e não paga. Tribunal Superior Eleitoral pode- Parágrafo único.  A segunda
§ 2o  Instruído o pedido com rá representar o partido perante via poderá ser entregue ao eleitor
o título, e verificado que o eleitor qualquer Tribunal Regional, juízo até a véspera do pleito.
não votou em eleição anterior, o ou preparador.
juiz do novo domicílio solicitará in- Art. 70.  O alistamento reabrir-
formações sobre o valor da multa -se-á em cada zona, logo que
arbitrada na zona de origem, salvo CAPÍTULO V – DO estejam concluídos os trabalhos
se o eleitor não quiser aguardar a ENCERRAMENTO DO da sua junta eleitoral.
resposta, hipótese em que pagará ALISTAMENTO
o máximo previsto.
§ 3o  O pagamento da mul- Art. 67.  Nenhum requerimento TÍTULO II – DO
ta, em qualquer das hipóteses de inscrição eleitoral ou de trans- CANCELAMENTO E DA
dos parágrafos anteriores, será ferência será recebido dentro dos EXCLUSÃO
comunicado ao juízo de origem 100 (cem) dias anteriores à data
para as necessárias anotações. da eleição. Art. 71.  São causas de cance-
lamento:
Art. 68.  Em audiência pública, I – a infração dos arts. 5o e 42;
CAPÍTULO III – DOS que se realizará às 14 (quatorze) II – a suspensão ou perda dos
PREPARADORES horas do 69o (sexagésimo nono) direitos políticos;
dia anterior à eleição, o juiz elei- III – a pluralidade de inscrição;
Arts.  62 a 65.  (Revogados) toral declarará encerrada a ins- IV – o falecimento do eleitor;
crição de eleitores na respectiva V – deixar de votar em 3 (três)
zona e proclamará o número dos eleições consecutivas.
CAPÍTULO IV – DOS inscritos até às 18 (dezoito) horas § 1o  A ocorrência de qualquer
DELEGADOS DE PARTIDO do dia anterior, o que comunicará das causas enumeradas neste
PERANTE O ALISTAMENTO incontinenti ao Tribunal Regional artigo acarretará a exclusão do
Eleitoral, por telegrama, e fará eleitor, que poderá ser promovi-
Art. 66.  É lícito aos partidos po- público em edital, imediatamen- da ex officio, a requerimento de
líticos, por seus delegados: te afixado no lugar próprio do delegado de partido ou de qual-
I – acompanhar os processos juízo e divulgado pela imprensa, quer eleitor.
de inscrição; onde houver, declarando nele o § 2o  No caso de ser algum ci-
II – promover a exclusão de nome do último eleitor inscrito dadão maior de 18 (dezoito) anos
qualquer eleitor inscrito ilegal- e o número do respectivo título, privado temporária ou definitiva-
mente e assumir a defesa do elei- fornecendo aos diretórios munici- mente dos direitos políticos, a au-
tor cuja exclusão esteja sendo pais dos partidos cópia autêntica toridade que impuser essa pena
promovida; desse edital. providenciará para que o fato seja
III – examinar, sem pertur- § 1o  Na mesma data será en- comunicado ao juiz eleitoral ou ao
bação do serviço e em presença cerrada a transferência de elei- Tribunal Regional da circunscri-
dos servidores designados, os tores, devendo constar do tele- ção em que residir o réu.
documentos relativos ao alista- grama do juiz eleitoral ao Tribunal § 3o  Os oficiais de Registro
mento eleitoral, podendo deles Regional Eleitoral, do edital e da Civil, sob as penas do art.  293,
tirar cópias ou fotocópias. cópia deste fornecida aos diretó- enviarão, até o dia 15 (quinze) de
§ 1o  Perante o juízo eleitoral, rios municipais dos partidos e da cada mês, ao juiz eleitoral da zona

535
Código Eleitoral
em que oficiarem, comunicação haja sido utilizado para o exer- nal, interposto pelo excluendo ou
dos óbitos de cidadãos alistáveis, cício do voto na última eleição; por delegado de partido.
ocorridos no mês anterior, para IV – na mais antiga.
cancelamento das inscrições. Art. 81.  Cessada a causa do can-
§ 4o  Quando houver denún- Art. 76.  Qualquer irregularidade celamento, poderá o interessado
cia fundamentada de fraude no determinante de exclusão será requerer novamente a sua quali-
alistamento de uma zona ou mu- comunicada por escrito e por ficação e inscrição.
nicípio, o Tribunal Regional po- iniciativa de qualquer interessado
derá determinar a realização de ao juiz eleitoral, que observará o
correição e, provada a fraude processo estabelecido no artigo PARTE QUARTA – DAS
em proporção comprometedora, seguinte. ELEIÇÕES
ordenará a revisão do eleitora-
do, obedecidas as Instruções do Art. 77.  O juiz eleitoral processa- TÍTULO I – DO SISTEMA
Tribunal Superior e as recomen- rá a exclusão pela forma seguinte: ELEITORAL
dações que, subsidiariamente, I – mandará autuar a petição
baixar, com o cancelamento de ou representação com os docu- Art. 82.  O sufrágio é univer-
ofício das inscrições correspon- mentos que a instruírem; sal e direto; o voto, obrigatório
dentes aos títulos que não forem II – fará publicar edital com e secreto.
apresentados à revisão. prazo de 10 (dez) dias para ciência
dos interessados, que poderão Art. 83.  Na eleição direta para
Art. 72.  Durante o processo e contestar dentro de 5 (cinco) dias; o Senado Federal, para Prefeito
até a exclusão pode o eleitor vo- III – concederá dilação proba- e Vice-Prefeito, adotar-se-á o
tar validamente. tória de 5 (cinco) a 10 (dez) dias, princípio majoritário.
Parágrafo único. Tratando-se se requerida;
de inscrições contra as quais ha- IV – decidirá no prazo de 5 Art. 84.  A eleição para a Câma-
jam sido interpostos recursos das (cinco) dias. ra dos Deputados, Assembleias
decisões que as deferiram, desde Legislativas e Câmaras Munici-
que tais recursos venham a ser Art. 78.  Determinado, por sen- pais, obedecerá ao princípio da
providos pelo Tribunal Regional tença, o cancelamento, o car- representação proporcional na
ou Tribunal Superior, serão nu- tório tomará as seguintes pro- forma desta Lei.
los os votos se o seu número for vidências:
suficiente para alterar qualquer I – retirará, da respectiva pas- Art. 85.  A eleição para deputa-
representação partidária ou clas- ta, a folha de votação, registrará a dos federais, senadores e suplen-
sificação de candidato eleito pelo ocorrência no local próprio para tes, presidente e vice-presiden-
princípio majoritário. “Anotações” e juntá-la-á ao pro- te da República, governadores,
cesso de cancelamento; vice-governadores e deputados
Art. 73.  No caso de exclusão, a II – registrará a ocorrência na estaduais far-se-á, simultanea-
defesa pode ser feita pelo inte- coluna de “observações” do livro mente, em todo o País.
ressado, por outro eleitor ou por de inscrição;
delegado de partido. III – excluirá dos fichários as Art. 86.  Nas eleições presiden-
respectivas fichas, colecionan- ciais a circunscrição será o País;
Art. 74.  A exclusão será manda- do-as à parte; nas eleições federais e estaduais,
da processar ex officio pelo juiz IV – anotará, de forma sis- o Estado; e, nas municipais, o
eleitoral, sempre que tiver conhe- temática, os claros abertos na respectivo município.
cimento de alguma das causas do pasta de votação para o oportu-
cancelamento. no preenchimento dos mesmos;
V – comunicará o cancela- CAPÍTULO I – DO REGISTRO
Art. 75.  O Tribunal Regional, to- mento ao Tribunal Regional para DOS CANDIDATOS
mando conhecimento através de anotação no seu fichário.
seu fichário, da inscrição do mes- Art. 87.  Somente podem con-
mo eleitor em mais de uma zona Art. 79.  No caso de exclusão por correr às eleições candidatos
sob sua jurisdição, comunicará falecimento, tratando-se de caso registrados por partidos.
o fato ao juiz competente para o notório, serão dispensadas as Parágrafo único. Nenhum
cancelamento, que de preferência formalidades previstas nos nos II registro será admitido fora do
deverá recair: e III do art. 77. período de 6 (seis) meses antes
I – na inscrição que não cor- da eleição.
responda ao domicílio eleitoral; Art. 80.  Da decisão do juiz elei-
II – naquela cujo título não toral caberá recurso no prazo de 3 Art. 88.  Não é permitido registro
haja sido entregue ao eleitor; (três) dias, para o Tribunal Regio- de candidato embora para cargos
III – naquela cujo título não diferentes, por mais de uma cir-

536
Código Eleitoral
cunscrição ou para mais de um tiverem sido impugnados, devem Constituição Federal);3
cargo na mesma circunscrição. estar julgados pelas instâncias VI – com declaração de bens,
Parágrafo único.  Nas elei- ordinárias, e publicadas as de- de que constem a origem e as
ções realizadas pelo sistema pro- cisões a eles relativas. mutações patrimoniais.
porcional o candidato deverá ser § 2o  As convenções partidá- § 2o  A autorização do candi-
filiado ao partido, na circunscri- rias para a escolha dos candidatos dato pode ser dirigida diretamen-
ção em que concorrer, pelo tem- serão realizadas, no máximo, até te ao órgão ou juiz competente
po que for fixado nos respectivos 5 de agosto do ano em que se re- para o registro.
estatutos. alizarem as eleições.
§ 3o  Nesse caso, se se tratar Art. 95.  O candidato poderá ser
Art. 89.  Serão registrados: de eleição municipal, o juiz eleito- registrado sem o prenome, ou
I – no Tribunal Superior Elei- ral deverá apresentar a sentença com o nome abreviado, desde
toral os candidatos a presidente no prazo de 2 (dois) dias, podendo que a supressão não estabeleça
e vice-presidente da República; o recorrente, nos 2 (dois) dias se- dúvida quanto à sua identidade.
II – nos Tribunais Regionais guintes, aditar as razões do recur-
Eleitorais os candidatos a sena- so; no caso de registro feito pe- Art. 96.  Será negado o regis-
dor, deputado federal, governador rante o Tribunal, se o relator não tro a candidato que, pública ou
e vice-governador e deputado apresentar o acórdão no prazo de ostensivamente, faça parte, ou
estadual; 2 (dois) dias, será designado outro seja adepto de partido político
III – nos Juízos Eleitorais os relator, na ordem da votação, o cujo registro tenha sido cassado
candidatos a vereador, prefeito e qual deverá lavrar o acórdão no com fundamento no art. 141, § 13,
vice-prefeito e juiz de paz. prazo de 3 (três) dias, podendo o da Constituição Federal.4
recorrente, nesse mesmo prazo,
Art. 90.  Somente poderão ins- aditar as suas razões. Art. 97.  Protocolado o requeri-
crever candidatos os partidos que mento de registro, o presidente
possuam diretório devidamente Art. 94.  O registro pode ser pro- do Tribunal ou o juiz eleitoral,
registrado na circunscrição em movido por delegado de partido, no caso de eleição municipal ou
que se realizar a eleição. autorizado em documento autên- distrital, fará publicar imediata-
tico, inclusive telegrama de quem mente edital para ciência dos
Art. 91.  O registro de candidatos responda pela direção partidária interessados.
a presidente e vice-presidente, e sempre com assinatura reco- § 1o  O edital será publicado
governador e vice-governador, nhecida por tabelião. na Imprensa Oficial, nas capitais,
ou prefeito e vice-prefeito, far- § 1o  O requerimento de regis- e afixado em cartório, no local
-se-á sempre em chapa única tro deverá ser instruído: de costume, nas demais zonas.
e indivisível, ainda que resulte a I – com a cópia autêntica da § 2o  Do pedido de registro
indicação de aliança de partidos. ata da convenção que houver caberá, no prazo de 2 (dois) dias, a
§ 1o  O registro de candidatos feito a escolha do candidato, a contar da publicação ou afixação
a senador far-se-á com o do su- qual deverá ser conferida com o do edital, impugnação articulada
plente partidário. original na Secretaria do Tribunal por parte de candidato ou de par-
§ 2o  Nos Territórios far-se-á ou no cartório eleitoral; tido político.
o registro do candidato a depu- II – com autorização do candi- § 3o  Poderá, também, qual-
tado com o do suplente. dato, em documento com a assi- quer eleitor, com fundamento em
§ 3o  É facultado aos partidos natura reconhecida por tabelião; inelegibilidade ou incompatibi-
políticos celebrar coligações no III – com certidão fornecida lidade do candidato ou na inci-
registro de candidatos às eleições pelo cartório eleitoral da zona de dência deste no art. 96 impugnar
majoritárias. inscrição, em que conste que o o pedido de registro, dentro do
registrando é eleitor; mesmo prazo, oferecendo prova
Art. 92.  (Revogado) IV – com prova de filiação par- do alegado.
tidária, salvo para os candidatos § 4o  Havendo impugnação,
Art. 93.  O prazo de entrada em a presidente e vice-presidente, o partido requerente do registro
cartório ou na Secretaria do Tri- senador e respectivo suplente, terá vista dos autos, por 2 (dois)
bunal, conforme o caso, de reque- governador e vice-governador, dias, para falar sobre a mesma,
rimento de registro de candidato prefeito e vice-prefeito; feita a respectiva intimação na
a cargo eletivo terminará, impror- V – com folha corrida forneci- forma do § 1o.
rogavelmente, às dezenove horas da pelos cartórios competentes,
do dia 15 de agosto do ano em que para que se verifique se o can-
se realizarem as eleições. didato está no gozo dos direitos
§ 1o  Até vinte dias antes da políticos (arts.  132, III, e 135 da
data das eleições, todos os re-   NE: o texto refere-se à Constituição de 1946.
3

querimentos, inclusive os que   NE: o texto refere-se à Constituição de 1946.


4

537
Código Eleitoral
Art. 98.  Os militares alistáveis § 2o  As convenções partidá- no parágrafo anterior, o partido
são elegíveis, atendidas as se- rias para escolha dos candidatos poderá substituí-lo; se o registro
guintes condições: sortearão, por sua vez, em cada do novo candidato estiver defe-
I – o militar que tiver menos Estado e município, os números rido até 30 (trinta) dias antes do
de 5 (cinco) anos de serviço será, que devam corresponder a cada pleito serão confeccionadas no-
ao se candidatar a cargo eletivo, candidato. vas cédulas, caso contrário serão
excluído do serviço ativo; § 3o  Nas eleições para Depu- utilizadas as já impressas, compu-
II – o militar em atividade com tado Federal, se o número de Par- tando-se para o novo candidato
5 (cinco) ou mais anos de serviço, tidos não for superior a 9 (nove), a os votos dados ao anteriormente
ao se candidatar a cargo eletivo, cada um corresponderá obrigato- registrado.
será afastado, temporariamen- riamente uma centena, devendo § 3o  Considerar-se-á nulo o
te, do serviço ativo, como agre- a numeração dos candidatos ser voto dado ao candidato que haja
gado, para tratar de interesse sorteada a partir da unidade, para pedido o cancelamento de sua
particular; que ao primeiro candidato do inscrição, salvo na hipótese pre-
III – o militar não excluído e primeiro Partido corresponda o vista no parágrafo anterior, in fine.
que vier a ser eleito, será, no ato número 101 (cento e um), ao do § 4o  Nas eleições proporcio-
da diplomação, transferido para segundo Partido, 201 (duzentos nais, ocorrendo a hipótese previs-
a reserva ou reformado (Emenda e um), e assim sucessivamente. ta neste artigo, ao substituto será
Constitucional no 9, art. 3o).5 § 4o  Concorrendo 10 (dez) ou atribuído o número anteriormente
Parágrafo único.  O juízo ou mais Partidos, a cada um corres- dado ao candidato cujo registro
Tribunal que deferir o registro de ponderá uma centena a partir de foi cancelado.
militar candidato a cargo eletivo, 1.101 (um mil cento e um), de ma- § 5o  Em caso de morte, re-
comunicará imediatamente a de- neira que a todos os candidatos núncia, inelegibilidade e preen-
cisão à autoridade a que o mes- sejam atribuídos sempre 4 (qua- chimento de vagas existentes
mo estiver subordinado, cabendo tro) algarismos, suprimindo-se nas respectivas chapas, tanto
igual obrigação ao Partido, quan- a numeração correspondente à em eleições proporcionais quanto
do lançar a candidatura. série 2.001 (dois mil e um) a 2.100 majoritárias, as substituições e
(dois mil e cem), para reiniciá-la indicações se processarão pelas
Art. 99.  Nas eleições majoritá- em 2.101 (dois mil cento e um), a Comissões Executivas.
rias poderá qualquer partido re- partir do décimo Partido.
gistrar na mesma circunscrição § 5o  Na mesma sessão, o Tri- Art. 102.  Os registros efetua-
candidato já por outro registra- bunal Superior Eleitoral sorteará dos pelo Tribunal Superior serão
do, desde que o outro partido as séries correspondentes aos imediatamente comunicados aos
e o candidato o consintam por Deputados Estaduais e Vereado- Tribunais Regionais e por estes
escrito até 10 (dez) dias antes da res, observando, no que couber, aos juízes eleitorais.
eleição, observadas as formali- as normas constantes dos pará- Parágrafo único.  Os Tribunais
dades do art. 94. grafos anteriores, e de maneira Regionais comunicarão também
Parágrafo único.  A falta de que a todos os candidatos, sejam ao Tribunal Superior os registros
consentimento expresso acarre- atribuídos sempre número de 4 efetuados por eles e pelos juízes
tará a anulação do registro pro- (quatro) algarismos. eleitorais.
movido, podendo o partido preju-
dicado requerê-la ou recorrer da Art. 101.  Pode qualquer candida-
resolução que ordenar o registro. to requerer, em petição com firma CAPÍTULO II – DO VOTO
reconhecida, o cancelamento do SECRETO
Art. 100.  Nas eleições realiza- registro do seu nome.
das pelo sistema proporcional, § 1o  Desse fato, o presidente Art. 103.  O sigilo do voto é as-
o Tribunal Superior Eleitoral, até do Tribunal ou o juiz, conforme o segurado mediante as seguintes
6 (seis) meses antes do pleito, caso, dará ciência imediata ao providências:
reservará para cada Partido, por partido que tenha feito a inscri- I – uso de cédulas oficiais em
sorteio, em sessão realizada com ção, ao qual ficará ressalvado o todas as eleições, de acordo com
a presença dos Delegados de Par- direito de substituir por outro modelo aprovado pelo Tribunal
tido, uma série de números a o nome cancelado, observadas Superior;
partir de 100 (cem). todas as formalidades exigidas II – isolamento do eleitor em
§ 1o  A sessão a que se refere para o registro e desde que o novo cabine indevassável para o só
o caput deste artigo será anun- pedido seja apresentado até 60 efeito de assinalar na cédula o
ciada aos Partidos com antece- (sessenta) dias antes do pleito. candidato de sua escolha e, em
dência mínima de 5 (cinco) dias. § 2o  Nas eleições majoritá- seguida, fechá-la;
rias, se o candidato vier a falecer III – verificação da autenti-
5
  NE: o texto refere-se à Emenda Consti- ou renunciar dentro do período de cidade da cédula oficial à vista
tucional no 9/1964 à Constituição de 1946. 60 (sessenta) dias mencionados das rubricas;

538
Código Eleitoral
IV – emprego de urna que as- tal que, dobradas, resguardem o votação nominal mínima;
segure a inviolabilidade do sufrá- sigilo do voto, sem que seja ne- II – repetir-se-á a operação
gio e seja suficientemente ampla cessário o emprego de cola para para cada um dos lugares a pre-
para que não se acumulem as fechá-las. encher;
cédulas na ordem em que forem III – quando não houver mais
introduzidas. partidos com candidatos que
CAPÍTULO IV – DA atendam às duas exigências do
REPRESENTAÇÃO inciso I deste caput, as cadeiras
CAPÍTULO III – DA CÉDULA PROPORCIONAL serão distribuídas aos partidos
OFICIAL que apresentarem as maiores
Art. 105.  (Revogado) médias.
Art. 104.  As cédulas oficiais se- § 1o  O preenchimento dos lu-
rão confeccionadas e distribuí- Art. 106.  Determina-se o quo- gares com que cada partido for
das exclusivamente pela Justiça ciente eleitoral dividindo-se o contemplado far-se-á segundo a
Eleitoral, devendo ser impressas número de votos válidos apura- ordem de votação recebida por
em papel branco, opaco e pouco dos pelo de lugares a preencher seus candidatos.
absorvente. A impressão será em em cada circunscrição eleitoral, § 2o  Poderão concorrer à
tinta preta, com tipos uniformes desprezada a fração se igual ou distribuição dos lugares todos
de letra. inferior a meio, equivalente a um, os partidos que participaram do
§ 1o  Os nomes dos candida- se superior. pleito, desde que tenham obti-
tos para as eleições majoritárias Parágrafo único. (Revogado) do pelo menos 80% (oitenta por
devem figurar na ordem determi- cento) do quociente eleitoral, e
nada por sorteio. Art. 107.  Determina-se para os candidatos que tenham ob-
§ 2o  O sorteio será realizado cada partido o quociente parti- tido votos em número igual ou
após o deferimento do último dário dividindo-se pelo quociente superior a 20% (vinte por cento)
pedido de registro, em audiência eleitoral o número de votos váli- desse quociente.
presidida pelo juiz ou presidente dos dados sob a mesma legenda,
do Tribunal, na presença dos can- desprezada a fração. Art. 110.  Em caso de empate,
didatos e delegados de partido. haver-se-á por eleito o candidato
§ 3o  A realização da audiên- Art. 108.  Estarão eleitos, entre mais idoso.
cia será anunciada com 3 (três) os candidatos registrados por um
dias de antecedência, no mesmo partido que tenham obtido votos Art. 111.  Se nenhum partido al-
dia em que for deferido o último em número igual ou superior a cançar o quociente eleitoral, con-
pedido de registro, devendo os 10% (dez por cento) do quociente siderar-se-ão eleitos, até serem
delegados de partido ser inti- eleitoral, tantos quantos o res- preenchidos todos os lugares, os
mados por ofício sob protocolo. pectivo quociente partidário indi- candidatos mais votados.
§ 4o  Havendo substituição de car, na ordem da votação nominal
candidatos após o sorteio, o nome que cada um tenha recebido. Art. 112.  Considerar-se-ão su-
do novo candidato deverá figurar Parágrafo único.  Os lugares plentes da representação par-
na cédula na seguinte ordem: não preenchidos em razão da tidária:
I – se forem apenas 2 (dois), exigência de votação nominal I – os mais votados sob a mes-
em último lugar; mínima a que se refere o caput ma legenda e não eleitos efeti-
II – se forem 3 (três), em se- serão distribuídos de acordo com vos das listas dos respectivos
gundo lugar; as regras do art. 109. partidos;
III – se forem mais de 3 (três), II – em caso de empate na
em penúltimo lugar; Art. 109.  Os lugares não pre- votação, na ordem decrescente
IV – se permanecer apenas enchidos com a aplicação dos da idade.
1 (um) candidato e forem subs- quocientes partidários e em razão Parágrafo único.  Na defini-
tituídos 2 (dois) ou mais, aquele da exigência de votação nominal ção dos suplentes da represen-
ficará em primeiro lugar, sendo mínima a que se refere o art. 108 tação partidária, não há exigên-
realizado novo sorteio em relação serão distribuídos de acordo com cia de votação nominal mínima
aos demais. as seguintes regras: prevista pelo art. 108.
§ 5o  Para as eleições realiza- I – dividir-se-á o número de
das pelo sistema proporcional a votos válidos atribuídos a cada Art. 113.  Na ocorrência de vaga,
cédula conterá espaço para que partido pelo número de lugares não havendo suplente para pre-
o eleitor escreva o nome ou o nú- por ele obtido mais 1 (um), ca- enchê-la, far-se-á eleição, salvo
mero do candidato de sua prefe- bendo ao partido que apresentar se faltarem menos de nove meses
rência e indique a sigla do partido. a maior média um dos lugares a para findar o período de mandato.
§ 6o  As cédulas oficiais se- preencher, desde que tenha can-
rão confeccionadas de maneira didato que atenda à exigência de

539
Código Eleitoral
TÍTULO II – DOS ATOS previstos neste artigo, desde que e intimará os mesários através
PREPARATÓRIOS DA essa providência venha facilitar dessa publicação, para consti-
o exercício do voto, aproximando tuírem as mesas no dia e lugares
VOTAÇÃO o eleitor do local designado para designados, às 7 horas.
a votação. § 4o  Os motivos justos que
Art. 114.  Até 70 (setenta) dias § 2o  Se em seção destinada tiverem os nomeados para recu-
antes da data marcada para a aos cegos, o número de eleitores sar a nomeação, e que ficarão à
eleição, todos os que requere- não alcançar o mínimo exigido, livre apreciação do juiz eleitoral,
rem inscrição como eleitor, ou este se completará com outros, somente poderão ser alegados
transferência, já devem estar ainda que não sejam cegos. até 5 (cinco) dias a contar da no-
devidamente qualificados e os meação, salvo se sobrevindos
respectivos títulos prontos para Art. 118.  Os juízes eleitorais or- depois desse prazo.
a entrega, se deferidos pelo juiz ganizarão relação de eleitores de § 5o  Os nomeados que não
eleitoral. cada seção, a qual será remetida declararem a existência de qual-
Parágrafo único.  Será puni- aos presidentes das mesas recep- quer dos impedimentos referidos
do nos termos do art. 293 o juiz toras para facilitação do processo no § 1o incorrem na pena estabe-
eleitoral, o escrivão eleitoral, o de votação. lecida pelo art. 310.
preparador ou o funcionário res-
ponsável pela transgressão do Art. 121.  Da nomeação da mesa
preceituado neste artigo ou pela CAPÍTULO II – DAS MESAS receptora qualquer partido pode-
não entrega do título pronto ao RECEPTORAS rá reclamar ao juiz eleitoral, no
eleitor que o procurar. prazo de 2 (dois) dias, a contar da
Art. 119.  A cada seção eleitoral audiência, devendo a decisão ser
Art. 115.  Os juízes eleitorais, sob corresponde uma mesa recep- proferida em igual prazo.
pena de responsabilidade, co- tora de votos. § 1o  Da decisão do juiz eleito-
municarão ao Tribunal Regional, ral caberá recurso para o Tribunal
até 30 (trinta) dias antes de cada Art. 120.  Constituem a mesa Regional, interposto dentro de 3
eleição, o número de eleitores receptora um presidente, um pri- (três) dias, devendo, dentro de
alistados. meiro e um segundo mesários, igual prazo, ser resolvido.
dois secretários e um suplen- § 2o  Se o vício da constitui-
Art. 116.  A Justiça Eleitoral fará te, nomeados pelo juiz eleitoral ção da mesa resultar da incompa-
ampla divulgação, através dos co- sessenta dias antes da eleição, tibilidade prevista no no I, do § 1o,
municados transmitidos em obe- em audiência pública, anuncia- do art. 120, e o registro do candi-
diência ao disposto no art. 250, da pelo menos com cinco dias dato for posterior à nomeação do
§ 5o, pelo rádio e televisão, bem de antecedência. mesário, o prazo para reclamação
assim por meio de cartazes afi- § 1o  Não podem ser nomea- será contado da publicação dos
xados em lugares públicos, dos dos presidentes e mesários: nomes dos candidatos registra-
nomes dos candidatos registra- I – os candidatos e seus pa- dos. Se resultar de qualquer das
dos, com indicação do partido a rentes ainda que por afinidade, proibições dos nos II, III e IV, e em
que pertençam, bem como do nú- até o segundo grau, inclusive, e virtude de fato superveniente, o
mero sob que foram inscritos, no bem assim o cônjuge; prazo se contará do ato da no-
caso dos candidatos a deputado II – os membros de diretórios meação ou eleição.
e a vereador. de partidos desde que exerçam § 3o  O partido que não houver
função executiva; reclamado contra a composição
III – as autoridades e agentes da mesa não poderá arguir, sob
CAPÍTULO I – DAS SEÇÕES policiais, bem como os funcioná- esse fundamento, a nulidade da
ELEITORAIS rios no desempenho de cargos de seção respectiva.
confiança do Executivo;
Art. 117.  As seções eleitorais, IV – os que pertencerem ao Art. 122.  Os juízes deverão ins-
organizadas à medida em que serviço eleitoral. truir os mesários sobre o pro-
forem sendo deferidos os pedidos § 2o  Os mesários serão no- cesso da eleição, em reuniões
de inscrição, não terão mais de meados, de preferência entre para esse fim convocadas com
400 (quatrocentos) eleitores nas os eleitores da própria seção, e, a necessária antecedência.
capitais e de 300 (trezentos) nas dentre estes, os diplomados em
demais localidades, nem menos escola superior, os professores Art. 123.  Os mesários substitui-
de 50 (cinquenta) eleitores. e os serventuários da Justiça. rão o presidente, de modo que
§ 1o  Em casos excepcionais, § 3o  O juiz eleitoral mandará haja sempre quem responda pes-
devidamente justificados, o Tribu- publicar no jornal oficial, onde soalmente pela ordem e regula-
nal Regional poderá autorizar que houver, e, não havendo, em cartó- ridade do processo eleitoral, e
sejam ultrapassados os índices rio, as nomeações que tiver feito, assinarão a ata da eleição.

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Código Eleitoral
§ 1o  O presidente deve es- Art. 125.  Não se reunindo, por brica, as cédulas oficiais e nume-
tar presente ao ato de abertura qualquer motivo, a mesa recep- rá-las nos termos das Instruções
e de encerramento da eleição, tora, poderão os eleitores perten- do Tribunal Superior Eleitoral;
salvo força maior, comunicando centes à respectiva seção votar VII – assinar as fórmulas de
o impedimento aos mesários e na seção mais próxima, sob a observações dos fiscais ou de-
secretários, pelo menos 24 (vinte jurisdição do mesmo juiz, reco- legados de partido, sobre as vo-
e quatro) horas antes da abertu- lhendo-se os seus votos à urna tações;
ra dos trabalhos, ou imediata- da seção em que deveriam votar, VIII – fiscalizar a distribuição
mente, se o impedimento se der a qual será transportada para das senhas e, verificando que não
dentro desse prazo ou no curso aquela em que tiverem de votar. estão sendo distribuídas segundo
da eleição. § 1o  As assinaturas dos elei- a sua ordem numérica, recolher
§ 2o  Não comparecendo o tores serão recolhidas nas folhas as de numeração intercalada,
presidente até as sete horas e de votação da seção a que perten- acaso retidas, as quais não se
trinta minutos, assumirá a pre- cerem, as quais, juntamente com poderão mais distribuir;
sidência o primeiro mesário e, as cédulas oficiais e o material IX – anotar o não compareci-
na sua falta ou impedimento, o restante, acompanharão a urna. mento do eleitor no verso da folha
segundo mesário, um dos secre- § 2o  O transporte da urna e individual de votação.
tários ou o suplente. dos documentos da seção será
§ 3o  Poderá o presidente, ou providenciado pelo presidente Art. 128.  Compete aos secre-
membro da mesa que assumir a da mesa, mesário ou secretário tários:
presidência, nomear ad hoc, den- que comparecer, ou pelo próprio I – distribuir aos eleitores as
tre os eleitores presentes e obe- juiz, ou pessoa que ele designar senhas de entrada previamente
decidas as prescrições do § 1o, do para esse fim, acompanhando-a rubricadas ou carimbadas segun-
art. 120, os que forem necessários os fiscais que o desejarem. do a respectiva ordem numérica;
para completar a mesa. II – lavrar a ata da eleição;
Art. 126.  Se no dia designado III – cumprir as demais obri-
Art. 124.  O membro da mesa re- para o pleito deixarem de se reu- gações que lhes forem atribuídas
ceptora que não comparecer no nir todas as mesas de um muni- em instruções.
local, em dia e hora determinados cípio, o presidente do Tribunal Parágrafo único.  As atribui-
para a realização de eleição, sem Regional determinará dia para ções mencionadas no no I serão
justa causa apresentada ao juiz se realizar o mesmo, instauran- exercidas por um dos secretá-
eleitoral até 30 (trinta) dias após, do-se inquérito para a apuração rios e os constantes dos nos II e
incorrerá na multa de 50% (cin- das causas da irregularidade e III pelo outro.
quenta por cento) a 1 (um) salário punição dos responsáveis.
mínimo vigente na zona eleitoral, Parágrafo único.  Essa eleição Art. 129.  Nas eleições propor-
cobrada mediante selo federal deverá ser marcada dentro de 15 cionais os presidentes das me-
inutilizado no requerimento em (quinze) dias, pelo menos, para se sas receptoras deverão zelar
que for solicitado o arbitramento realizar no prazo máximo de 30 pela preservação das listas de
ou através de executivo fiscal. (trinta) dias. candidatos afixadas dentro das
§ 1o  Se o arbitramento e pa- cabinas indevassáveis, tomando
gamento da multa não for reque- Art. 127.  Compete ao presiden- imediatas providências para a
rido pelo mesário faltoso, a multa te da mesa receptora, e, em sua colocação de nova lista no caso
será arbitrada e cobrada na forma falta, a quem o substituir: de inutilização total ou parcial.
prevista no art. 367. I – receber os votos dos elei- Parágrafo único.  O eleitor
§ 2o  Se o faltoso for servidor tores; que inutilizar ou arrebatar as
público ou autárquico, a pena será II – decidir imediatamente listas afixadas nas cabinas in-
de suspensão até 15 (quinze) dias. todas as dificuldades ou dúvidas devassáveis ou nos edifícios onde
§ 3o  As penas previstas neste que ocorrerem; funcionarem mesas receptoras,
artigo serão aplicadas em dobro III – manter a ordem, para incorrerá nas penas do art. 297.
se a mesa receptora deixar de o que disporá de força pública
funcionar por culpa dos faltosos. necessária; Art. 130.  Nos estabelecimentos
§ 4o  Será também aplicada IV – comunicar ao juiz eleito- de internação coletiva de hanse-
em dobro observado o disposto ral, que providenciará imediata- nianos os membros das mesas
nos §§ 1o e 2o, a pena ao membro mente as ocorrências cuja solu- receptoras serão escolhidos de
da mesa que abandonar os traba- ção deste dependerem; preferência entre os médicos e
lhos no decurso da votação sem V – remeter à Junta Eleitoral funcionários sadios do próprio
justa causa apresentada ao juiz todos os papéis que tiverem sido estabelecimento.
até 3 (três) dias após a ocorrência. utilizados durante a recepção
dos votos;
VI – autenticar, com a sua ru-

541
Código Eleitoral
CAPÍTULO III – DA candidatos registrados, os dele- contagem dos votos quando au-
FISCALIZAÇÃO PERANTE gados e os fiscais dos partidos. torizada;
XVI – outro qualquer material
AS MESAS RECEPTORAS que o Tribunal Regional julgue
TÍTULO III – DO MATERIAL necessário ao regular funciona-
Art. 131.  Cada partido poderá no- PARA A VOTAÇÃO mento da mesa.
mear 2 (dois) delegados em cada § 1o  O material de que trata
município e 2 (dois) fiscais junto Art. 133.  Os juízes eleitorais este artigo deverá ser remeti-
a cada mesa receptora, funcio- enviarão ao presidente de cada do por protocolo ou pelo correio
nando um de cada vez. mesa receptora, pelo menos 72 acompanhado de uma relação
§ 1o Quando o município (setenta e duas) horas antes da ao pé da qual o destinatário de-
abranger mais de uma zona elei- eleição, o seguinte material: clarará o que recebeu e como o
toral cada partido poderá nomear I – relação dos eleitores da recebeu, e aporá sua assinatura.
2 (dois) delegados junto a cada seção, que poderá ser dispen- § 2o  Os presidentes da mesa
uma delas. sada, no todo ou em parte, pelo que não tiverem recebido até 48
§ 2o  A escolha de fiscal e respectivo Tribunal Regional Elei- (quarenta e oito) horas antes do
delegado de partido não poderá toral em decisão fundamentada e pleito o referido material deve-
recair em quem, por nomeação aprovada pelo Tribunal Superior rão diligenciar para o seu rece-
do juiz eleitoral, já faça parte da Eleitoral; bimento.
mesa receptora. II – relações dos partidos e § 3o  O juiz eleitoral, em dia e
§ 3o  As credenciais expedi- dos candidatos registrados, as hora previamente designados, em
das pelos partidos, para os fis- quais deverão ser afixadas no presença dos fiscais e delegados
cais, deverão ser visadas pelo recinto das seções eleitorais em dos partidos, verificará, antes de
juiz eleitoral. lugar visível, e dentro das cabinas fechar e lacrar as urnas, se estas
§ 4o  Para esse fim, o dele- indevassáveis as relações de can- estão completamente vazias; fe-
gado do partido encaminhará as didatos a eleições proporcionais; chadas, enviará uma das chaves,
credenciais ao Cartório, junta- III – as folhas individuais de se houver, ao presidente da Junta
mente com os títulos eleitorais votação dos eleitores da seção, Eleitoral e a da fenda, também se
dos fiscais credenciados, para devidamente acondicionadas; houver, ao presidente da mesa re-
que, verificado pelo escrivão que IV – uma folha de votação ceptora, juntamente com a urna.
as inscrições correspondentes para os eleitores de outras se-
aos títulos estão em vigor e se ções, devidamente rubricada; Art. 134.  Nos estabelecimentos
referem aos nomeados, carimbe V – uma urna vazia, vedada de internação coletiva para han-
as credenciais e as apresente ao pelo juiz eleitoral, com tiras de senianos serão sempre utilizadas
juiz para o visto. papel ou pano forte; urnas de lona.
§ 5o  As credenciais que não VI – sobrecartas maiores para
forem encaminhadas ao Cartório os votos impugnados ou sobre os
pelos delegados de partido, para quais haja dúvida; TÍTULO IV – DA VOTAÇÃO
os fins do parágrafo anterior, po- VII – cédulas oficiais; CAPÍTULO I – DOS
derão ser apresentadas pelos VIII – sobrecartas especiais
próprios fiscais para a obtenção para remessa à Junta Eleitoral, LUGARES DA VOTAÇÃO
do visto do juiz eleitoral. dos documentos relativos à elei-
§ 6o  Se a credencial apre- ção; Art. 135.  Funcionarão as mesas
sentada ao presidente da mesa IX – senhas para serem dis- receptoras nos lugares desig-
receptora não estiver autenticada tribuídas aos eleitores; nados pelos juízes eleitorais 60
na forma do § 4o, o fiscal poderá X – tinta, canetas, penas, lá- (sessenta) dias antes da eleição,
funcionar perante a mesa, mas o pis e papel, necessários aos tra- publicando-se a designação.
seu voto não será admitido, a não balhos; § 1o  A publicação deverá con-
ser na seção em que o seu nome XI – folhas apropriadas para ter a seção com a numeração
estiver incluído. impugnação e folhas para ob- ordinal e local em que deverá
§ 7o  O fiscal de cada partido servação de fiscais de partidos; funcionar com a indicação da
poderá ser substituído por outro XII – modelo da ata a ser la- rua, número e qualquer outro ele-
no curso dos trabalhos eleitorais. vrada pela mesa receptora; mento que facilite a localização
XIII – material necessário para pelo eleitor.
Art. 132.  Pelas mesas recepto- vedar, após a votação, a fenda § 2o  Dar-se-á preferência
ras serão admitidos a fiscalizar da urna; aos edifícios públicos, recorren-
a votação, formular protestos XIV – um exemplar das Ins- do-se aos particulares se faltarem
e fazer impugnações, inclusive truções do Tribunal Superior aqueles em número e condições
sobre a identidade do eleitor, os Eleitoral; adequadas.
XV – material necessário à § 3o  A propriedade particular

542
Código Eleitoral
será obrigatória e gratuitamente ceptora designada para qualquer namento, salvo o juiz eleitoral.
cedida para esse fim. dos estabelecimentos de inter-
§ 4o  É expressamente veda- nação coletiva deverá funcionar Art. 141.  A força armada conser-
do o uso de propriedade perten- em local indicado pelo respectivo var-se-á a cem metros da seção
cente a candidato, membro do diretor; o mesmo critério será eleitoral e não poderá aproximar-
diretório de partido, delegado adotado para os estabelecimen- -se do lugar da votação, ou nele
de partido ou autoridade policial, tos especializados para proteção penetrar, sem ordem do presi-
bem como dos respectivos côn- dos cegos. dente da mesa.
juges e parentes, consanguíneos
ou afins, até o 2o grau, inclusive. Art. 137.  Até 10 (dez) dias antes
§ 5o  Não poderão ser locali- da eleição, pelo menos, comu- CAPÍTULO III – DO INÍCIO
zadas seções eleitorais em fazen- nicarão os juízes eleitorais aos DA VOTAÇÃO
da, sítio ou qualquer propriedade chefes das repartições públicas
rural privada, mesmo existindo no e aos proprietários, arrendatários Art. 142.  No dia marcado para a
local prédio público, incorrendo ou administradores das proprie- eleição, às 7 (sete) horas, o presi-
o juiz nas penas do Art. 312, em dades particulares a resolução dente da mesa receptora, os me-
caso de infringência. de que serão os respectivos edi- sários e os secretários verificarão
§ 6o  Os Tribunais Regionais, fícios, ou parte deles, utilizados se no lugar designado estão em
nas capitais, e os juízes eleitorais, para o funcionamento das mesas ordem o material remetido pelo
nas demais zonas, farão ampla receptoras. juiz e a urna destinada a recolher
divulgação da localização das os votos, bem como se estão
seções. Art. 138.  No local destinado à presentes os fiscais de partido.
§ 6o-A.  Os Tribunais Regio- votação, a mesa ficará em recin-
nais Eleitorais deverão, a cada to separado do público; ao lado Art. 143.  Às 8 (oito) horas, su-
eleição, expedir instruções aos haverá uma cabina indevassável pridas as deficiências declarará
Juízes Eleitorais para orientá-los onde os eleitores, à medida que o presidente iniciados os traba-
na escolha dos locais de votação, comparecerem, possam assina- lhos, procedendo-se em seguida
de maneira a garantir acessibili- lar a sua preferência na cédula. à votação, que começará pelos
dade para o eleitor com deficiên- Parágrafo único.  O juiz elei- candidatos e eleitores presentes.
cia ou com mobilidade reduzida, toral providenciará para que nos § 1o  Os membros da mesa e
inclusive em seu entorno e nos edifícios escolhidos sejam feitas os fiscais de partido deverão votar
sistemas de transporte que lhe as necessárias adaptações. no correr da votação, depois que
dão acesso. tiverem votado os eleitores que já
§ 6o-B. (Vetado) se encontravam presentes no mo-
§ 7o  Da designação dos luga- CAPÍTULO II – DA mento da abertura dos trabalhos,
res de votação poderá qualquer POLÍCIA DOS TRABALHOS ou no encerramento da votação.
partido reclamar ao juiz eleitoral, ELEITORAIS § 2o  Observada a priorida-
dentro de três dias a contar da de assegurada aos candidatos,
publicação, devendo a decisão Art. 139.  Ao presidente da mesa têm preferência para votar o juiz
ser proferida dentro de quarenta receptora e ao juiz eleitoral cabe eleitoral da zona, seus auxiliares
e oito horas. a polícia dos trabalhos eleitorais. de serviço, os eleitores de idade
§ 8o  Da decisão do juiz elei- avançada, os enfermos e as mu-
toral caberá recurso para o Tri- Art. 140.  Somente podem per- lheres grávidas.
bunal Regional, interposto dentro manecer no recinto da mesa re-
de três dias, devendo, no mesmo ceptora os seus membros, os Art. 144.  O recebimento dos vo-
prazo, ser resolvido. candidatos, um fiscal, um dele- tos começará às 8 (oito) e termi-
§ 9o  Esgotados os prazos re- gado de cada partido e, durante nará, salvo o disposto no art. 153,
feridos nos §§ 7o e 8o deste artigo, o tempo necessário à votação, às 17 (dezessete) horas.
não mais poderá ser alegada, no o eleitor.
processo eleitoral, a proibição § 1o  O presidente da mesa, Art. 145.  O presidente, mesá-
contida em seu § 5o. que é, durante os trabalhos, a rios, secretários, suplentes e os
autoridade superior, fará retirar delegados e fiscais de partido
Art. 136.  Deverão ser instaladas do recinto ou do edifício quem votarão perante as mesas em que
seções nas vilas e povoados, as- não guardar a ordem e compos- servirem, sendo que os delegados
sim como nos estabelecimentos tura devidas e estiver praticando e fiscais desde que a credencial
de internação coletiva, inclusive qualquer ato atentatório da liber- esteja visada na forma do art. 131,
para cegos, e nos leprosários dade eleitoral. § 3o; quando eleitores de outras
onde haja, pelo menos, 50 (cin- § 2o  Nenhuma autoridade es- seções, seus votos serão tomados
quenta) eleitores. tranha à mesa poderá intervir, sob em separado.
Parágrafo único.  A mesa re- pretexto algum, em seu funcio- Parágrafo único.  Com as cau-

543
Código Eleitoral
telas constantes do art. 147, § 2o, IX – os policiais militares em nesse caso, a prova de ter votado
poderão ainda votar fora da res- serviço. será feita mediante certidão que
pectiva seção: obterá posteriormente, no juízo
I – o juiz eleitoral, em qualquer competente;
seção da zona sob sua jurisdição, CAPÍTULO IV – DO ATO DE VII – no caso da omissão da
salvo em eleições municipais, nas VOTAR folha individual na respectiva pas-
quais poderá votar em qualquer ta verificada no ato da votação,
seção do município em que for Art. 146.  Observar-se-á na vo- será o eleitor, ainda, admitido a
eleitor; tação o seguinte: votar, desde que exiba o seu título
II – o Presidente da República, I – o eleitor receberá, ao apre- eleitoral e dele conste que o por-
o qual poderá votar em qualquer sentar-se na seção, e antes de tador é inscrito na seção, sendo o
seção eleitoral do país, nas elei- penetrar no recinto da mesa, uma seu voto, nesta hipótese, tomado
ções presidenciais; em qualquer senha numerada, que o secretário em separado e colhida sua assina-
seção do Estado em que for elei- rubricará, no momento, depois de tura na folha de votação modelo
tor nas eleições para governador, verificar pela relação dos eleito- 2 (dois). Como ato preliminar da
vice-governador, senador, depu- res da seção, que o seu nome apuração do voto, averiguar-se-á
tado federal e estadual; em qual- consta da respectiva pasta; se se trata de eleitor em condi-
quer seção do município em que II – no verso da senha o se- ções de votar, inclusive se real-
estiver inscrito, nas eleições para cretário anotará o número de or- mente pertence à seção;
prefeito, vice-prefeito e vereador; dem da folha individual da pasta, VIII – verificada a ocorrência
III – os candidatos à Presi- número esse que constará da de que trata o número anterior,
dência da República, em qualquer relação enviada pelo cartório à a Junta Eleitoral, antes de encer-
seção eleitoral do país, nas elei- mesa receptora; rar os seus trabalhos, apurará a
ções presidenciais, e, em qual- III – admitido a penetrar no causa da omissão. Se tiver havido
quer seção do Estado em que recinto da mesa, segundo a ordem culpa ou dolo, será aplicada ao
forem eleitores, nas eleições de numérica das senhas, o eleitor responsável, na primeira hipó-
âmbito estadual; apresentará ao presidente seu tese, a multa de até 2 (dois) sa-
IV – os governadores, vice- título, o qual poderá ser exami- lários mínimos, e, na segunda, a
-governadores, senadores, de- nado por fiscal ou delegado de de suspensão até 30 (trinta) dias;
putados federais e estaduais, partido, entregando, no mesmo IX – na cabina indevassável,
em qualquer seção do Estado, ato, a senha; onde não poderá permanecer
nas eleições de âmbito nacional IV – pelo número anotado no mais de um minuto, o eleitor indi-
e estadual; em qualquer seção do verso da senha, o presidente, ou cará os candidatos de sua prefe-
município de que sejam eleitores, mesário, localizará a folha indi- rência e dobrará a cédula oficial,
nas eleições municipais; vidual de votação, que será con- observadas as seguintes normas:
V – os candidatos a governa- frontada com o título e poderá a) assinalando com uma
dor, vice-governador, senador, também ser examinada por fiscal cruz, ou de modo que torne ex-
deputado federal e estadual, em ou delegado de partido; pressa a sua intenção, o quadrilá-
qualquer seção do Estado de que V – achando-se em ordem o tero correspondente ao candidato
sejam eleitores, nas eleições de título e a folha individual e não majoritário de sua preferência;
âmbito nacional e estadual; havendo dúvida sobre a identi- b)  escrevendo o nome, o pre-
VI – os prefeitos, vice-prefei- dade do eleitor, o presidente da nome, ou o número do candidato
tos e vereadores, em qualquer mesa o convidará a lançar sua de sua preferência nas eleições
seção de município que repre- assinatura no verso da folha in- proporcionais;
sentarem, desde que eleitores dividual de votação; em seguida c)  escrevendo apenas a sigla
do Estado, sendo que, no caso entregar-lhe-á a cédula única ru- do partido de sua preferência, se
de eleições municipais, nelas so- bricada no ato pelo presidente e pretender votar só na legenda;
mente poderão votar se inscritos mesários e numerada de acordo X – ao sair da cabina o eleitor
no município; com as Instruções do Tribunal Su- depositará na urna a cédula;
VII – os candidatos a prefeito, perior, instruindo-o sobre a forma XI – ao depositar a cédula na
vice-prefeito e vereador, em qual- de dobrá-la, fazendo-o passar à urna o eleitor deverá fazê-lo de
quer seção de município, desde cabina indevassável, cuja porta maneira a mostrar a parte ru-
que dele sejam eleitores; ou cortina será encerrada em bricada à mesa e aos fiscais de
VIII – os militares, removidos seguida; partido, para que verifiquem, sem
ou transferidos dentro do período VI – o eleitor será admitido a nela tocar, se não foi substituída;
de 6 (seis) meses antes do pleito, votar, ainda que deixe de exibir XII – se a cédula oficial não for
poderão votar nas eleições para no ato da votação o seu título, a mesma, será o eleitor convidado
presidente e vice-presidente da desde que seja inscrito na seção a voltar à cabina indevassável e
República na localidade em que e conste da respectiva pasta a a trazer seu voto na cédula que
estiverem servindo; sua folha individual de votação; recebeu; se não quiser tornar

544
Código Eleitoral
à cabina ser-lhe-á recusado o nela coloque a cédula oficial que Art. 151.  (Revogado)
direito de voto, anotando-se a assinalou, assim como o seu títu-
ocorrência na ata e ficando o lo, a folha de impugnação e qual- Art. 152.  Poderão ser utilizadas
eleitor retido pela mesa, e à sua quer outro documento oferecido máquinas de votar, a critério e
disposição, até o término da vo- pelo impugnante; mediante regulamentação do Tri-
tação ou a devolução da cédula III – determinará ao eleitor bunal Superior Eleitoral.
oficial já rubricada e numerada; que feche a sobrecarta branca
XIII – se o eleitor, ao receber e a deposite na urna;
a cédula ou ao recolher-se à ca- IV – anotará a impugnação CAPÍTULO V – DO
bina de votação, verificar que a na ata. ENCERRAMENTO DA
cédula se acha estragada ou, de § 3o  O voto em separado, por VOTAÇÃO
qualquer modo, viciada ou as- qualquer motivo, será sempre to-
sinalada ou se ele próprio, por mado na forma prevista no pará- Art. 153.  Às 17 (dezessete) ho-
imprudência, imprevidência ou grafo anterior. ras, o presidente fará entregar
ignorância, a inutilizar, estragar as senhas a todos os eleitores
ou assinalar erradamente, pode- Art. 148.  O eleitor somente po- presentes e, em seguida, os con-
rá pedir uma outra ao presidente derá votar na seção eleitoral em vidará, em voz alta, a entregar à
da seção eleitoral, restituindo, que estiver incluído o seu nome. mesa seus títulos, para que sejam
porém, a primeira, a qual será § 1o  Essa exigência somente admitidos a votar.
imediatamente inutilizada à vista poderá ser dispensada nos ca- Parágrafo único.  A votação
dos presentes e sem quebra do sos previstos no art. 145 e seus continuará na ordem numérica
sigilo do que o eleitor haja nela parágrafos. das senhas e o título será devol-
assinalado; § 2o  Aos eleitores menciona- vido ao eleitor, logo que tenha
XIV – introduzida a sobrecarta dos no art. 145 não será permitido votado.
na urna, o presidente da mesa de- votar sem a exibição do título, e
volverá o título ao eleitor, depois nas folhas de votação modelo 2 Art. 154.  Terminada a votação
de datá-lo e assiná-lo; em seguida (dois), nas quais lançarão suas e declarado o seu encerramento
rubricará, no local próprio, a folha assinaturas, serão sempre ano- pelo presidente, tomará este as
individual de votação. tadas na coluna própria as seções seguintes providências:
mencionadas nos títulos retidos. I – vedará a fenda de introdu-
Art. 147.  O presidente da mesa § 3o  Quando se tratar de can- ção da cédula na urna, de modo
dispensará especial atenção à didato, o presidente da mesa re- a cobri-la inteiramente com tiras
identidade de cada eleitor ad- ceptora verificará, previamente, de papel ou pano forte, rubricadas
mitido a votar. Existindo dúvida se o nome figura na relação en- pelo presidente e mesários e, fa-
a respeito, deverá exigir-lhe a exi- viada à seção, e quando se tratar cultativamente, pelos fiscais pre-
bição da respectiva carteira, e, na de fiscal de partido, se a creden- sentes; separará todas as folhas
falta desta, interrogá-lo sobre os cial está devidamente visada pelo de votação correspondentes aos
dados constantes do título, ou da juiz eleitoral. eleitores faltosos e fará constar,
folha individual de votação, con- § 4o (Revogado) no verso de cada uma delas, na
frontando a assinatura do mesmo § 5o (Revogado) parte destinada à assinatura do
com a feita na sua presença pelo eleitor, a falta verificada, por meio
eleitor, e mencionando na ata a Art. 149.  Não será admitido re- de breve registro, que autenticará
dúvida suscitada. curso contra a votação, se não com a sua assinatura;
§ 1o  A impugnação à identi- tiver havido impugnação perante II – encerrará, com a sua assi-
dade do eleitor, formulada pelos a mesa receptora, no ato da vota- natura, a folha de votação modelo
membros da mesa, fiscais, de- ção, contra as nulidades arguidas. 2 (dois), que poderá ser também
legados, candidatos ou qualquer assinada pelos fiscais;
eleitor, será apresentada verbal- Art. 150.  O eleitor cego poderá: III – mandará lavrar, por um
mente ou por escrito, antes de ser I – assinar a folha individual dos secretários, a ata da eleição,
o mesmo admitido a votar. de votação em letras do alfabeto preenchendo o modelo forneci-
§ 2o  Se persistir a dúvida ou comum ou do sistema Braille; do pela Justiça Eleitoral, para
for mantida a impugnação, to- II – assinalar a cédula oficial, que conste:
mará o presidente da mesa as utilizando também qualquer sis- a)  os nomes dos membros
seguintes providências: tema; da mesa que hajam comparecido,
I – escreverá numa sobrecar- III – usar qualquer elemento inclusive o suplente;
ta branca o seguinte: “Impugnado mecânico que trouxer consigo, b)  as substituições e nome-
por “F””; ou lhe for fornecido pela mesa, ações feitas;
II – entregará ao eleitor a so- e que lhe possibilite exercer o c)  os nomes dos fiscais que
brecarta branca, para que ele, na direito de voto. hajam comparecido e dos que
presença da mesa e dos fiscais, se retiraram durante a votação;

545
Código Eleitoral
d)  a causa, se houver, do re- outra ao Tribunal Regional. eleitoral recusá-la ou procrasti-
tardamento para o começo da § 1o  Os Tribunais Regionais nar a sua entrega ao requerente.
votação; poderão prescrever outros meios
e)  o número, por extenso, dos de vedação das urnas. Art. 157.  (Revogado)
eleitores da seção que compare- § 2o  No Distrito Federal e nas
ceram e votaram e o número dos capitais dos Estados poderão os
que deixaram de comparecer; Tribunais Regionais determinar TÍTULO V – DA APURAÇÃO
f)  o número, por extenso, de normas diversas para a entrega CAPÍTULO I – DOS ÓRGÃOS
eleitores de outras seções que de urnas e papéis eleitorais, com
hajam votado e cujos votos ha- as cautelas destinadas a evitar APURADORES
jam sido recolhidos ao invólucro violação ou extravio.
especial; Art. 158.  A apuração compete:
g)  o motivo de não haverem Art. 155.  O presidente da Junta I – às Juntas Eleitorais quan-
votado alguns dos eleitores que Eleitoral e as agências do Correio to às eleições realizadas na zona
compareceram; tomarão as providências neces- sob sua jurisdição;
h)  os protestos e as impug- sárias para o recebimento da urna II – aos Tribunais Regionais a
nações apresentados pelos fis- e dos documentos referidos no referente às eleições para gover-
cais, assim como as decisões artigo anterior. nador, vice-governador, senador,
sobre eles proferidas, tudo em § 1o  Os fiscais e delegados deputado federal e estadual, de
seu inteiro teor; de partidos têm direito de vigiar acordo com os resultados parciais
i)  a razão de interrupção da e acompanhar a urna desde o enviados pelas Juntas Eleitorais;
votação, se tiver havido, e o tempo momento da eleição, durante a III – ao Tribunal Superior Elei-
de interrupção; permanência nas agências do toral nas eleições para presidente
j)  a ressalva das rasuras, Correio e até a entrega à Junta e vice-presidente da República,
emendas e entrelinhas porven- Eleitoral. pelos resultados parciais reme-
tura existentes nas folhas de vo- § 2o  A urna ficará permanen- tidos pelos Tribunais Regionais.
tação e na ata, ou a declaração temente à vista dos interessados
de não existirem; e sob a guarda de pessoa desig-
IV – mandará, em caso de in- nada pelo presidente da Junta CAPÍTULO II – DA
suficiência de espaço no mode- Eleitoral. APURAÇÃO NAS JUNTAS
lo destinado ao preenchimento,
Seção I – Disposições
prosseguir a ata em outra folha Art. 156.  Até as 12 (doze) horas
devidamente rubricada por ele, do dia seguinte à realização da Preliminares
mesários e fiscais que o deseja- eleição, o juiz eleitoral é obrigado,
rem, mencionando esse fato na sob pena de responsabilidade e Art. 159.  A apuração começará
própria ata; multa de 1 (um) a 2 (dois) salários no dia seguinte ao das eleições e,
V – assinará a ata com os mínimos, a comunicar ao Tribunal salvo motivo justificado, deverá
demais membros da mesa, se- Regional, e aos delegados de par- terminar dentro de 10 (dez) dias.
cretários e fiscais que quiserem; tido perante ele credenciados, o § 1o  Iniciada a apuração, os
VI – entregará a urna e os número de eleitores que votaram trabalhos não serão interrom-
documentos do ato eleitoral ao em cada uma das seções da zona pidos aos sábados, domingos e
presidente da Junta ou à agên- sob sua jurisdição, bem como o dias feriados, devendo a Junta
cia do Correio mais próxima, ou total de votantes da zona. funcionar das 8 (oito) às 18 (de-
a outra vizinha que ofereça me- § 1o  Se houver retardamento zoito) horas, pelo menos.
lhores condições de segurança nas medidas referidas no art. 154, § 2o  Em caso de impossibi-
e expedição, sob recibo em tri- o juiz eleitoral, assim que receba lidade de observância do prazo
plicata com a indicação de hora, o ofício constante desse dispo- previsto neste artigo, o fato deve-
devendo aqueles documentos sitivo, no VII, fará a comunicação rá ser imediatamente justificado
ser encerrados em sobrecartas constante deste artigo. perante o Tribunal Regional, men-
rubricadas por ele e pelos fiscais § 2o  Essa comunicação será cionando-se as horas ou dias ne-
que o quiserem; feita por via postal, em ofícios cessários para o adiamento, que
VII – comunicará em ofício, ou registrados de que o juiz eleito- não poderá exceder a cinco dias.
impresso próprio, ao juiz eleitoral ral guardará cópia no arquivo da § 3o  Esgotado o prazo e a
da zona a realização da eleição, o zona, acompanhada do recibo prorrogação estipulada neste ar-
número de eleitores que votaram do Correio. tigo, ou não tendo havido em tem-
e a remessa da urna e dos docu- § 3o  Qualquer candidato, de- po hábil o pedido de prorrogação,
mentos à Junta Eleitoral; legado ou fiscal de partido po- a respectiva Junta Eleitoral perde
VIII – enviará em sobrecarta derá obter, por certidão, o teor a competência para prosseguir na
fechada uma das vias do recibo da comunicação a que se refere apuração, devendo o seu presi-
do Correio à Junta Eleitoral e a este artigo, sendo defeso ao juiz dente remeter, imediatamente, ao

546
Código Eleitoral
Tribunal Regional, todo o material nadores e auxiliares das Juntas sidente da Junta indicará pessoa
relativo à votação. que infringirem o disposto neste idônea para servir como perito e
§ 4o  Ocorrendo a hipótese artigo será aplicada a multa de examinar a urna com assistência
prevista no parágrafo anterior, 1 (um) a 2 (dois) salários míni- do representante do Ministério
competirá ao Tribunal Regional mos vigentes na Zona Eleitoral, Público;
fazer a apuração. cobrados através de executivo II – se o perito concluir pela
§ 5o  Os membros da Junta fiscal ou da inutilização de selos existência de violação e o seu
Eleitoral responsáveis pela ino- federais no processo em que for parecer for aceito pela Junta, o
bservância injustificada dos pra- arbitrada a multa. presidente desta comunicará a
zos fixados neste artigo estarão § 2o  Será considerada dívi- ocorrência ao Tribunal Regional,
sujeitos à multa de dois a dez da líquida e certa, para efeito para as providências de lei;
salários mínimos, aplicada pelo de cobrança, a que for arbitrada III – se o perito e o repre-
Tribunal Regional. pelo Tribunal Regional e inscrita sentante do Ministério Público
em livro próprio na Secretaria concluírem pela inexistência de
Art. 160.  Havendo conveniência, desse órgão. violação, far-se-á a apuração;
em razão do número de urnas a IV – se apenas o represen-
apurar, a Junta poderá subdivi- tante do Ministério Público en-
dir-se em turmas, até o limite de
Seção II – Da Abertura da tender que a urna foi violada, a
5 (cinco), todas presididas por Urna Junta decidirá, podendo aquele,
algum dos seus componentes. se a decisão não for unânime,
Parágrafo único.  As dúvidas Art. 165.  Antes de abrir cada recorrer imediatamente para o
que forem levantadas em cada urna a Junta verificará: Tribunal Regional;
turma serão decididas por maioria I – se há indício de violação V – não poderão servir de
de votos dos membros da Junta. da urna; peritos os referidos no art.  36,
II – se a mesa receptora se § 3o, nos I a IV.
Art. 161.  Cada partido poderá constituiu legalmente; § 2o  As impugnações funda-
credenciar perante as Juntas até III – se as folhas individuais das em violação da urna somente
3 (três) fiscais, que se revezem na de votação e as folhas modelo 2 poderão ser apresentadas até a
fiscalização dos trabalhos. (dois) são autênticas; abertura desta.
§ 1o  Em caso de divisão da IV – se a eleição se realizou § 3o  Verificado qualquer dos
Junta em turmas, cada partido no dia, hora e local designados e casos dos nos II, III, IV e V do artigo,
poderá credenciar até 3 (três) se a votação não foi encerrada a Junta anulará a votação, fará a
fiscais para cada turma. antes das 17 (dezessete) horas; apuração dos votos em separado
§ 2o Não será permitida, V – se foram infringidas as e recorrerá de ofício para o Tri-
na Junta ou turma, a atuação condições que resguardam o si- bunal Regional.
de mais de 1 (um) fiscal de cada gilo do voto; § 4o  Nos casos dos nos VI, VII,
partido. VI – se a seção eleitoral foi VIII, IX e X, a Junta decidirá se a
localizada com infração ao dis- votação é válida, procedendo à
Art. 162.  Cada partido poderá posto nos §§ 4o e 5o do art. 135; apuração definitiva em caso afir-
credenciar mais de 1 (um) dele- VII – se foi recusada, sem mativo, ou na forma do parágrafo
gado perante a Junta, mas no fundamento legal, a fiscalização anterior, se resolver pela nulidade
decorrer da apuração só funcio- de partidos aos atos eleitorais; da votação.
nará 1 (um) de cada vez. VIII – se votou eleitor excluí- § 5o  A junta deixará de apurar
do do alistamento, sem ser o seu os votos de urna que não estiver
Art. 163.  Iniciada a apuração da voto tomado em separado; acompanhada dos documentos
urna, não será a mesma inter- IX – se votou eleitor de outra legais e lavrará termo relativo ao
rompida, devendo ser concluída. seção, a não ser nos casos ex- fato, remetendo-a, com cópia da
Parágrafo único.  Em caso de pressamente admitidos; sua decisão, ao Tribunal Regional.
interrupção por motivo de força X – se houve demora na en-
maior, as cédulas e as folhas de trega da urna e dos documentos Art. 166.  Aberta a urna, a Junta
apuração serão recolhidas à urna conforme determina o no VI, do verificará se o número de cédu-
e esta fechada e lacrada, o que art. 154; las oficiais corresponde ao de
constará da ata. XI – se consta nas folhas in- votantes.
dividuais de votação dos eleito- § 1o  A incoincidência entre o
Art. 164.  É vedado às Juntas res faltosos o devido registro de número de votantes e o de cédu-
Eleitorais a divulgação, por qual- sua falta. las oficiais encontradas na urna
quer meio, de expressões, frases § 1o  Se houver indício de vio- não constituirá motivo de nuli-
ou desenhos estranhos ao pleito, lação da urna, proceder-se-á da dade da votação, desde que não
apostos ou contidos nas cédulas. seguinte forma: resulte de fraude comprovada.
§ 1o  Aos membros, escruti- I – antes da apuração, o pre- § 2o  Se a Junta entender que

547
Código Eleitoral
a incoincidência resulta de frau- folha individual de votação com ferida no § 1o.
de, anulará a votação, fará a apu- a existente no anverso; se o elei- § 4o  As questões relativas
ração em separado e recorrerá de tor votou em separado, no caso às cédulas somente poderão ser
ofício para o Tribunal Regional. de omissão da folha individual na suscitadas nessa oportunidade.
respectiva pasta, confrontando-
Art. 167.  Resolvida a apuração -se a assinatura da folha modelo Art. 175.  Serão nulas as cédulas:
da urna, deverá a Junta inicial- 2 (dois) com a do título eleitoral. I – que não corresponderem
mente: ao modelo oficial;
I – examinar as sobrecartas Art. 171.  Não será admitido re- II – que não estiverem devi-
brancas contidas na urna, anu- curso contra a apuração, se não damente autenticadas;
lando os votos referentes aos tiver havido impugnação perante III – que contiverem expres-
eleitores que não podiam votar; a Junta, no ato da apuração, con- sões, frases ou sinais que possam
II – misturar as cédulas ofi- tra as nulidades arguidas. identificar o voto.
ciais dos que podiam votar com § 1o  Serão nulos os votos, em
as demais existentes na urna; Art. 172.  Sempre que houver re- cada eleição majoritária:
III – (Revogado); curso fundado em contagem er- I – quando forem assinalados
IV – (Revogado). rônea de votos, vícios de cédulas os nomes de dois ou mais candi-
ou de sobrecartas para votos em datos para o mesmo cargo;
Art. 168.  As questões relativas separado, deverão as cédulas ser II – quando a assinalação esti-
à existência de rasuras, emen- conservadas em invólucro lacra- ver colocada fora do quadrilátero
das e entrelinhas nas folhas de do, que acompanhará o recurso próprio, desde que torne duvido-
votação e na ata da eleição, so- e deverá ser rubricado pelo juiz sa a manifestação da vontade
mente poderão ser suscitadas na eleitoral, pelo recorrente e pe- do eleitor.
fase correspondente à abertura los delegados de partido que o § 2o  Serão nulos os votos,
das urnas. desejarem. em cada eleição pelo sistema
proporcional:
I – quando o candidato não
Seção III – Das Impugnações Seção IV – Da Contagem dos for indicado, através do nome
e dos Recursos Votos ou do número, com clareza sufi-
ciente para distingui-lo de outro
Art. 169.  À medida que os votos Art. 173.  Resolvidas as impug- candidato ao mesmo cargo, mas
forem sendo apurados, poderão nações a Junta passará a apurar de outro partido, e o eleitor não
os fiscais e delegados de partido, os votos. indicar a legenda;
assim como os candidatos, apre- Parágrafo único.  Na apura- II – se o eleitor escrever o
sentar impugnações que serão ção, poderá ser utilizado sistema nome de mais de um candidato
decididas de plano pela Junta. eletrônico, a critério do Tribunal ao mesmo cargo, pertencentes a
§ 1o  As Juntas decidirão por Superior Eleitoral e na forma por partidos diversos ou, indicando
maioria de votos as impugnações. ele estabelecida. apenas os números, o fizer tam-
§ 2o  De suas decisões cabe bém de candidatos de partidos
recurso imediato, interposto ver- Art. 174.  As cédulas oficiais, diferentes;
balmente ou por escrito, que de- à medida em que forem sendo III – se o eleitor, não manifes-
verá ser fundamentado no prazo abertas, serão examinadas e lidas tando preferência por candidato,
de 48 (quarenta e oito) horas para em voz alta por um dos compo- ou o fazendo de modo que não se
que tenha seguimento. nentes da Junta. possa identificar o de sua prefe-
§ 3o  O recurso, quando ocor- § 1o  Após fazer a declaração rência, escrever duas ou mais
rerem eleições simultâneas, in- dos votos em branco e antes de legendas diferentes no espaço
dicará expressamente a eleição ser anunciado o seguinte, será relativo à mesma eleição.
a que se refere. aposto na cédula, no lugar cor- § 3o  Serão nulos, para to-
§ 4o  Os recursos serão ins- respondente à indicação do voto, dos os efeitos, os votos dados
truídos de ofício, com certidão da um carimbo com a expressão “em a candidatos inelegíveis ou não
decisão recorrida; se interpostos branco”, além da rubrica do pre- registrados.
verbalmente, constará também sidente da turma. § 4o  O disposto no parágrafo
da certidão o trecho correspon- § 2o  O mesmo processo será anterior não se aplica quando a
dente do boletim. adaptado para o voto nulo. decisão de inelegibilidade ou de
§ 3o  Não poderá ser inicia- cancelamento de registro for pro-
Art. 170.  As impugnações quan- da a apuração dos votos da urna ferida após a realização da eleição
to à identidade do eleitor, apre- subsequente, sob as penas do a que concorreu o candidato al-
sentadas no ato da votação, se- art.  345, sem que os votos em cançado pela sentença, caso em
rão resolvidas pelo confronto da branco da anterior estejam to- que os votos serão contados para
assinatura tomada no verso da dos registrados pela forma re- o partido pelo qual tiver sido feito

548
Código Eleitoral
o seu registro. Art. 178.  O voto dado ao candi- § 6o  O partido ou candida-
dato a Presidente da República to poderá apresentar o boletim
Art. 176.  Contar-se-á o voto ape- entender-se-á dado também ao na oportunidade concedida pelo
nas para a legenda, nas eleições candidato a vice-presidente, as- art. 200, quando terá vista do re-
pelo sistema proporcional: sim como o dado aos candidatos latório da Comissão Apuradora,
I – se o eleitor escrever ape- a governador, senador, deputado ou antes, se durante os trabalhos
nas a sigla partidária, não indi- federal nos territórios, prefeito e da Comissão tiver conhecimento
cando o candidato de sua pre- juiz de paz entender-se-á dado da incoincidência de qualquer
ferência; ao respectivo vice ou suplente. resultado.
II – se o eleitor escrever o § 7o  Apresentado o boletim,
nome de mais de um candidato Art. 179.  Concluída a contagem será aberta vista aos demais
do mesmo Partido; dos votos a Junta ou turma de- partidos, pelo prazo de 2 (dois)
III – se o eleitor, escreven- verá: dias, os quais somente poderão
do apenas os números, indicar I – transcrever nos mapas contestar o erro indicado com a
mais de um candidato do mes- referentes à urna a votação apu- apresentação de boletim da mes-
mo Partido; rada; ma urna, revestido das mesmas
IV – se o eleitor não indicar II – expedir boletim conten- formalidades.
o candidato através do nome ou do o resultado da respectiva se- § 8o  Se o boletim apresen-
do número com clareza suficiente ção, no qual serão consignados tado na contestação consignar
para distingui-lo de outro candi- o número de votantes, a votação outro resultado, coincidente ou
dato do mesmo Partido. individual de cada candidato, os não com o que figurar no mapa
votos de cada legenda partidária, enviado pela Junta, a urna será
Art. 177.  Na contagem dos vo- os votos nulos e os em branco, requisitada e recontada pelo pró-
tos para as eleições realizadas bem como recursos, se houver. prio Tribunal Regional, em sessão.
pelo sistema proporcional ob- § 1o  Os mapas, em todas § 9o  A não expedição do bo-
servar-se-ão, ainda, as seguin- as suas folhas, e os boletins de letim imediatamente após a apu-
tes normas: apuração, serão assinados pelo ração de cada urna e antes de se
I – a inversão, omissão ou erro presidente e membros da Junta passar à subsequente, sob qual-
de grafia do nome ou prenome e pelos fiscais de partido que o quer pretexto, constitui o crime
não invalidará o voto, desde que desejarem. previsto no art. 313.
seja possível a identificação do § 2o  O boletim a que se refere
candidato; este artigo obedecerá a modelo Art. 180.  O disposto no artigo
II – se o eleitor escrever o aprovado pelo Tribunal Superior anterior e em todos os seus pa-
nome de um candidato e o nú- Eleitoral, podendo porém, na sua rágrafos aplica-se às eleições
mero correspondente a outro falta, ser substituído por qual- municipais, observadas somente
da mesma legenda ou não, con- quer outro expedido por Tribunal as seguintes alterações:
tar-se-á o voto para o candidato Regional ou pela própria Junta I – o boletim de apuração po-
cujo nome foi escrito, bem como Eleitoral. derá ser apresentado à Junta até
para a legenda a que pertence; § 3o  Um dos exemplares do 3 (três) dias depois de totalizados
III – se o eleitor escrever o boletim de apuração será ime- os resultados, devendo os parti-
nome ou o número de um can- diatamente afixado na sede da dos ser cientificados, através de
didato e a legenda de outro Par- Junta, em local que possa ser seus delegados, da data em que
tido, contar-se-á o voto para o copiado por qualquer pessoa. começará a correr esse prazo;
candidato cujo nome ou número § 4o  Cópia autenticada do II – apresentado o boletim
foi escrito; boletim de apuração será entre- será observado o disposto nos
IV – se o eleitor escrever o gue a cada partido, por intermédio §§ 7o e 8o, do artigo anterior, de-
nome ou o número de um candi- do delegado ou fiscal presente, vendo a recontagem ser proce-
dato a Deputado Federal na parte mediante recibo. dida pela própria Junta.
da cédula referente a Deputado § 5o  O boletim de apuração
Estadual ou vice-versa, o voto ou sua cópia autenticada com a Art. 181.  Salvo nos casos men-
será contado para o candidato assinatura do juiz e pelo menos cionados nos artigos anteriores,
cujo nome ou número foi escrito; de um dos membros da Junta, a recontagem de votos só poderá
V – se o eleitor escrever o fará prova do resultado apura- ser deferida pelos Tribunais Re-
nome ou o número de candidatos do, podendo ser apresentado ao gionais, em recurso interposto
em espaço da cédula que não seja Tribunal Regional, nas eleições imediatamente após a apuração
o correspondente ao cargo para federais e estaduais, sempre que de cada urna.
o qual o candidato foi registrado, o número de votos constantes dos Parágrafo único.  Em nenhu-
será o voto computado para o mapas recebidos pela Comissão ma outra hipótese poderá a Junta
candidato e respectiva legenda, Apuradora não coincidir com os determinar a reabertura de urnas
conforme o registro. nele consignados. já apuradas para recontagem de

549
Código Eleitoral
votos. da Junta estarão sujeitos à mul- eleição e os motivos;
ta correspondente à metade do IV – as impugnações feitas,
Art. 182.  Os títulos dos eleito- salário mínimo regional por dia a solução que lhes foi dada e os
res estranhos à seção serão se- de retardamento. recursos interpostos;
parados, para remessa, depois § 3o  Decorridos quinze dias V – a votação de cada legenda
de terminados os trabalhos da sem que o Tribunal Regional te- na eleição para vereador;
Junta, ao juiz eleitoral da zona nha recebido os papéis referi- VI – o quociente eleitoral e os
neles mencionada, a fim de que dos neste artigo ou comunicação quocientes partidários;
seja anotado na folha individual de sua expedição, determinará VII – a votação dos candidatos
de votação o voto dado em ou- ao Corregedor Regional ou Juiz a vereador, incluídos em cada lista
tra seção. Eleitoral mais próximo que os registrada, na ordem da votação
Parágrafo único.  Se, ao ser faça apreender e enviar imedia- recebida;
feita a anotação, no confronto tamente, transferindo-se para o VIII – a votação dos candida-
do título com a folha individual, se Tribunal Regional a competência tos a prefeito, vice-prefeito e a
verificar incoincidência ou outro para decidir sobre os mesmos. juiz de paz, na ordem da votação
indício de fraude, serão autuados recebida.
tais documentos e o juiz determi- Art. 185.  Sessenta dias após § 2o  Cópia da ata geral da
nará as providências necessárias o trânsito em julgado da diplo- eleição municipal, devidamente
para apuração do fato e conse- mação de todos os candidatos autenticada pelo juiz, será en-
quentes medidas legais. eleitos nos pleitos eleitorais rea- viada ao Tribunal Regional e ao
lizados simultaneamente e prévia Tribunal Superior Eleitoral.
Art. 183.  Concluída a apuração, e publicação de edital de convoca-
antes de se passar à subsequen- ção, as cédulas serão retiradas Art. 187.  Verificando a Junta
te, as cédulas serão recolhidas das urnas e imediatamente in- Apuradora que os votos das se-
à urna, sendo esta fechada e la- cineradas, na presença do Juiz ções anuladas e daquelas cujos
crada, não podendo ser reaberta Eleitoral e em ato público, vedado eleitores foram impedidos de
senão depois de transitada em a qualquer pessoa, inclusive ao votar, poderão alterar a repre-
julgado a diplomação, salvo nos Juiz, o seu exame na ocasião da sentação de qualquer partido ou
casos de recontagem de votos. incineração. classificação de candidato eleito
Parágrafo único.  O descum- Parágrafo único.  Poderá ain- pelo princípio majoritário, nas
primento do disposto no presen- da a Justiça Eleitoral, tomadas as eleições municipais, fará imediata
te artigo, sob qualquer pretexto, medidas necessárias à garantia comunicação do fato ao Tribunal
constitui o crime eleitoral previsto do sigilo, autorizar a reciclagem Regional, que marcará, se for o
no art. 314. industrial das cédulas, em pro- caso, dia para a renovação da
veito do ensino público de pri- votação naquelas seções.
Art. 184.  Terminada a apuração, meiro grau ou de instituições § 1o  Nas eleições suplemen-
a Junta remeterá ao Tribunal Re- beneficentes. tares municipais observar-se-
gional, no prazo de vinte e quatro -á, no que couber, o disposto
horas, todos os papéis eleitorais Art. 186.  Com relação às elei- no art. 201.
referentes às eleições estaduais ções municipais e distritais, uma § 2o  Essas eleições serão
ou federais, acompanhados dos vez terminada a apuração de to- realizadas perante novas mesas
documentos referentes à apura- das as urnas, a Junta resolverá receptoras, nomeadas pelo juiz
ção, juntamente com a ata geral as dúvidas não decididas, verifi- eleitoral, e apuradas pela pró-
dos seus trabalhos, na qual serão cará o total dos votos apurados, pria Junta que, considerando os
consignadas as votações apura- inclusive os votos em branco, anteriores e os novos resultados
das para cada legenda e candida- determinará o quociente eleito- confirmará ou invalidará os diplo-
to e os votos não apurados, com a ral e os quocientes partidários e mas que houver expedido.
declaração dos motivos por que proclamará os candidatos eleitos. § 3o  Havendo renovação de
o não foram. § 1o  O presidente da Junta eleições para os cargos de pre-
§ 1o  Essa remessa será feita fará lavrar, por um dos secretá- feito e vice-prefeito, os diplomas
em invólucro fechado, lacrado e rios, a ata geral concernente às somente serão expedidos depois
rubricado pelos membros da Jun- eleições referidas neste artigo, da de apuradas as eleições suple-
ta, delegados e fiscais de Partido, qual constará o seguinte: mentares.
por via postal ou sob protocolo, I – as seções apuradas e o § 4o  Nas eleições suplemen-
conforme for mais rápida e segura número de votos apurados em tares, quando se referirem a man-
a chegada ao destino. cada urna; datos de representação propor-
§ 2o  Se a remessa dos pa- II – as seções anuladas, os cional, a votação e a apuração
péis eleitorais de que trata este motivos por que foram e o número far-se-ão exclusivamente para
artigo não se verificar no prazo de votos não apurados; as legendas registradas.
nele estabelecido, os membros III – as seções onde não houve

550
Código Eleitoral
Seção V – Da Contagem dos contidas nas sobrecartas bran- candidato ou membro da própria
Votos pela Mesa Receptora cas, da urna e do invólucro, com mesa em relação ao resultado de
as demais. contagem dos votos;
Art. 188.  O Tribunal Superior § 1o  Em seguida proceder- V – resolver todas as im-
Eleitoral poderá autorizar a con- -se-á à abertura das cédulas e pugnações constantes da ata
tagem de votos pelas mesas re- contagem dos votos, observan- da eleição;
ceptoras, nos Estados em que o do-se o disposto nos arts. 169 e VI – praticar todos os atos
Tribunal Regional indicar as zonas seguintes, no que couber. previstos na competência das
ou seções em que esse sistema § 2o  Terminada a contagem Juntas Eleitorais.
deva ser adotado. dos votos será lavrada ata re-
sumida, de acordo com modelo Art. 196.  De acordo com as ins-
Art. 189.  Os mesários das se- aprovado pelo Tribunal Superior truções recebidas a Junta Apura-
ções em que for efetuada a con- e da qual constarão apenas as dora poderá reunir os membros
tagem dos votos serão nomeados impugnações acaso apresenta- das mesas receptoras e demais
escrutinadores da Junta. das, figurando os resultados no componentes da Junta em local
boletim que se incorporará à ata, amplo e adequado no dia seguinte
Art. 190.  Não será efetuada a e do qual se dará cópia aos fiscais ao da eleição, em horário previa-
contagem dos votos pela mesa dos partidos. mente fixado, e a proceder à apu-
se esta não se julgar suficiente- ração na forma estabelecida nos
mente garantida, ou se qualquer Art. 194.  Após a lavratura da arts. 159 e seguintes, de uma só
eleitor houver votado sob impug- ata, que deverá ser assinada pe- vez ou em duas ou mais etapas.
nação, devendo a mesa, em um los membros da mesa e fiscais e Parágrafo único.  Nesse caso
ou outro caso, proceder na forma delegados de partido, as cédulas e cada partido poderá credenciar
determinada para as demais, das as sobrecartas serão recolhidas à um fiscal para acompanhar a apu-
zonas em que a contagem não foi urna, sendo esta fechada, lacrada ração de cada urna, realizando-se
autorizada. e entregue ao juiz eleitoral pelo esta sob a supervisão do juiz e
presidente da mesa ou por um dos demais membros da Junta,
Art. 191.  Terminada a votação, dos mesários, mediante recibo. aos quais caberá decidir, em cada
o presidente da mesa tomará as § 1o  O juiz eleitoral poderá, caso, as impugnações e demais
providências mencionadas nas havendo possibilidade, designar incidentes verificados durante
alíneas II, III, IV e V do art. 154. funcionários para recolher as ur- os trabalhos.
nas e demais documentos nos
Art. 192.  Lavrada e assinada a próprios locais da votação ou
ata, o presidente da mesa, na instalar postos e locais diversos CAPÍTULO III – DA
presença dos demais membros, para o seu recebimento. APURAÇÃO NOS TRIBUNAIS
fiscais e delegados do partido, § 2o  Os fiscais e delegados de REGIONAIS
abrirá a urna e o invólucro e veri- partido podem vigiar e acompa-
ficará se o número de cédulas ofi- nhar a urna desde o momento da Art. 197.  Na apuração, compete
ciais coincide com o de votantes. eleição, durante a permanência ao Tribunal Regional:
§ 1o  Se não houver coincidên- nos postos arrecadadores e até I – resolver as dúvidas não de-
cia entre o número de votantes e a entrega à Junta. cididas e os recursos interpostos
o de cédulas oficiais encontradas sobre as eleições federais e es-
na urna e no invólucro, a mesa Art. 195.  Recebida a urna e do- taduais e apurar as votações que
receptora não fará a contagem cumentos, a Junta deverá: haja validado, em grau de recurso;
dos votos. I – examinar a sua regularida- II – verificar o total dos vo-
§ 2o  Ocorrendo a hipótese de, inclusive quanto ao funciona- tos apurados entre os quais se
prevista no parágrafo anterior, o mento normal da seção; incluem os em branco;
presidente da mesa determinará II – rever o boletim de conta- III – determinar os quocien-
que as cédulas e as sobrecartas gem de votos da mesa receptora, tes, eleitoral e partidário, bem
sejam novamente recolhidas à a fim de verificar se está aritme- como a distribuição das sobras;
urna e ao invólucro, os quais serão ticamente certo, fazendo dele IV – proclamar os eleitos e
fechados e lacrados, procedendo, constar que, conferido, nenhum expedir os respectivos diplomas;
em seguida, na forma recomen- erro foi encontrado; V – fazer a apuração parcial
dada pelas alíneas VI, VII e VIII III – abrir a urna e conferir os das eleições para Presidente e
do art. 154. votos sempre que a contagem Vice-presidente da República.
da mesa receptora não permitir
Art. 193.  Havendo coincidência o fechamento dos resultados; Art. 198.  A apuração pelo Tri-
entre o número de cédulas e o IV – proceder à apuração se bunal Regional começará no dia
de votantes deverá a mesa, ini- da ata da eleição constar im- seguinte ao em que receber os
cialmente, misturar as cédulas pugnação de fiscal, delegado, primeiros resultados parciais das

551
Código Eleitoral
Juntas e prosseguirá sem inter- apurados; eleições obedecerão às seguin-
rupção, inclusive nos sábados, IV – as seções onde não houve tes normas:
domingos e feriados, de acordo eleição e os motivos; I – o Presidente do Tribunal
com o horário previamente publi- V – as impugnações apresen- fixará, imediatamente, a data,
cado, devendo terminar 30 (trinta) tadas às Juntas e como foram para que se realizem dentro de 15
dias depois da eleição. resolvidas por elas, assim como (quinze) dias, no mínimo, e de 30
§ 1o  Ocorrendo motivos re- os recursos que tenham sido in- (trinta) dias no máximo, a contar
levantes, expostos com a neces- terpostos; do despacho que a fixar, desde
sária antecedência, o Tribunal VI – a votação de cada par- que não tenha havido recurso
Superior poderá conceder pror- tido; contra a anulação das seções;
rogação desse prazo, uma só vez VII – a votação de cada can- II – somente serão admitidos
e por quinze dias. didato; a votar os eleitores da seção,
§ 2o  Se o Tribunal Regional VIII – o quociente eleitoral; que hajam comparecido à eleição
não terminar a apuração no pra- IX – os quocientes partidários; anulada, e os de outras seções
zo legal, seus membros estarão X – a distribuição das sobras. que ali houverem votado;
sujeitos à multa correspondente III – nos casos de coação que
à metade do salário mínimo re- Art. 200.  O relatório a que se haja impedido o comparecimen-
gional por dia de retardamento. refere o artigo anterior ficará na to dos eleitores às urnas, no de
Secretaria do Tribunal, pelo pra- encerramento da votação antes
Art. 199.  Antes de iniciar a apu- zo de 3 (três) dias, para exame da hora legal, e quando a votação
ração o Tribunal Regional consti- dos partidos e candidatos inte- tiver sido realizada em dia, hora e
tuirá, com 3 (três) de seus mem- ressados, que poderão examinar lugar diferentes dos designados,
bros, presidida por um destes, também os documentos em que poderão votar todos os eleitores
uma Comissão Apuradora. ele se baseou. da seção e somente estes;
§ 1o  O Presidente da Comis- § 1o  Terminado o prazo supra, IV – nas zonas onde apenas
são designará um funcionário do os partidos poderão apresentar uma seção for anulada, o juiz elei-
Tribunal para servir de secretário as suas reclamações, dentro de toral respectivo presidirá a mesa
e para auxiliarem os seus traba- 2 (dois) dias, sendo estas sub- receptora; se houver mais de uma
lhos, tantos outros quantos julgar metidas a parecer da Comissão seção anulada, o presidente do
necessários. Apuradora que, no prazo de 3 Tribunal Regional designará os
§ 2o  De cada sessão da Co- (três) dias, apresentará aditamen- juízes presidentes das respecti-
missão Apuradora será lavrada to ao relatório com a proposta vas mesas receptoras;
ata resumida. das modificações que julgar pro- V – as eleições realizar-se-ão
§ 3o  A Comissão Apuradora cedentes, ou com a justificação nos mesmos locais anteriormente
fará publicar no órgão oficial, da improcedência das arguições. designados, servindo os mesários
diariamente, um boletim com a in- § 2o  O Tribunal Regional, e secretários que pelo juiz forem
dicação dos trabalhos realizados antes de aprovar o relatório da nomeados, com a antecedência
e do número de votos atribuídos Comissão Apuradora e, em três de, pelo menos, cinco dias, salvo
a cada candidato. dias improrrogáveis, julgará as se a anulação for decretada por
§ 4o  Os trabalhos da Co- impugnações e as reclamações infração dos §§ 4o e 5o do art. 135;
missão Apuradora poderão ser não providas pela Comissão Apu- VI – as eleições assim realiza-
acompanhados por delegados dos radora, e, se as deferir, voltará o das serão apuradas pelo Tribunal
partidos interessados, sem que, relatório à Comissão para que Regional.
entretanto, neles intervenham sejam feitas as alterações resul-
com protestos, impugnações ou tantes da decisão. Art. 202.  Da reunião do Tribunal
recursos. Regional será lavrada ata geral,
§ 5o  Ao final dos trabalhos, a Art. 201.  De posse do relatório assinada pelos seus membros e
Comissão Apuradora apresenta- referido no artigo anterior, reunir- da qual constarão:
rá ao Tribunal Regional os mapas -se-á o Tribunal, no dia seguinte, I – as seções apuradas e o
gerais da apuração e um relatório, para o conhecimento do total dos número de votos apurados em
que mencione: votos apurados, e, em seguida, se cada uma;
I – o número de votos válidos e verificar que os votos das seções II – as seções anuladas, as ra-
anulados em cada Junta Eleitoral, anuladas e daquelas cujos eleito- zões por que o foram e o número
relativos a cada eleição; res foram impedidos de votar, po- de votos não apurados;
II – as seções apuradas e os derão alterar a representação de III – as seções onde não te-
votos nulos e anulados de cada qualquer partido ou classificação nha havido eleição e os motivos;
uma; de candidato eleito pelo princípio IV – as impugnações apresen-
III – as seções anuladas, os majoritário, ordenará a realização tadas às juntas eleitorais e como
motivos por que o foram e o nú- de novas eleições. foram resolvidas;
mero de votos anulados ou não Parágrafo único.  As novas V – as seções em que se vai

552
Código Eleitoral
realizar ou renovar a eleição; da apuração o Tribunal Regional VIII – no caso de extravio de
VI – a votação obtida pelos remeterá ao Tribunal Superior os mapa o juiz eleitoral providenciará
partidos; resultados parciais das eleições a remessa de 2a via, preenchida
VII – o quociente eleitoral e para presidente e vice-presidente à vista dos delegados de parti-
o partidário; da República, acompanhados de do especialmente convocados
VIII – os nomes dos votados todos os papéis que lhe digam para esse fim e pelos resultados
na ordem decrescente dos votos; respeito. constantes do boletim de apura-
IX – os nomes dos eleitos; ção que deverá ficar arquivado
X – os nomes dos suplentes, Art. 204.  O Tribunal Regional no Juízo.
na ordem em que devem substi- julgando conveniente, poderá de-
tuir ou suceder. terminar que a totalização dos
§ 1o  Na mesma sessão o Tri- resultados de cada urna seja re- CAPÍTULO IV – DA
bunal Regional proclamará os alizada pela própria Comissão APURAÇÃO NO TRIBUNAL
eleitos e os respectivos suplentes Apuradora. SUPERIOR
e marcará a data para a expedição Parágrafo único. Ocorrendo
solene dos diplomas em sessão essa hipótese serão observadas Art. 205.  O Tribunal Superior
pública, salvo quanto a governa- as seguintes regras: fará a apuração geral das eleições
dor e vice-governador, se ocorrer I – a decisão do Tribunal será para presidente e vice-presiden-
a hipótese prevista na Emenda comunicada, até 30 (trinta) dias te da República pelos resultados
Constitucional no 13.6 antes da eleição aos juízes elei- verificados pelos Tribunais Regio-
§ 2o  O vice-governador e o torais, aos diretórios dos partidos nais em cada Estado.
suplente de senador, considerar- e ao Tribunal Superior;
-se-ão eleitos em virtude da elei- II – iniciada a apuração os Art. 206.  Antes da realização da
ção do governador e do senador juízes eleitorais remeterão ao eleição o Presidente do Tribunal
com os quais se candidatarem. Tribunal Regional, diariamente, sorteará, dentre os juízes, o rela-
§ 3o  Os candidatos a gover- sob registro postal ou por porta- tor de cada grupo de Estados, ao
nador e vice-governador somente dor, os mapas de todas as urnas qual serão distribuídos todos os
serão diplomados depois de reali- apuradas no dia; recursos e documentos da eleição
zadas as eleições suplementares III – os mapas serão acom- referentes ao respectivo grupo.
referentes a esses cargos. panhados de ofício sucinto, que
§ 4o  Um traslado da ata da esclareça apenas a que seções Art. 207.  Recebidos os resulta-
sessão, autenticado com a as- correspondem e quantas ainda dos de cada Estado, e julgados
sinatura de todos os membros faltam para completar a apura- os recursos interpostos das de-
do Tribunal que assinaram a ata ção da zona; cisões dos Tribunais Regionais, o
original, será remetido ao Presi- IV – havendo sido interposto relator terá o prazo de 5 (cinco)
dente do Tribunal Superior. recurso em relação a urna cor- dias para apresentar seu relatório,
§ 5o  O Tribunal Regional co- respondente aos mapas enviados, com as conclusões seguintes:
municará o resultado da eleição o juiz fará constar do ofício, em I – os totais dos votos válidos
ao Senado Federal, Câmara dos seguida à indicação da seção, e nulos do Estado;
Deputados e Assembleia Legis- entre parênteses, apenas esse II – os votos apurados pelo
lativa. esclarecimento – “houve recurso”; Tribunal Regional que devem ser
V – a ata final da junta não anulados;
Art. 203.  Sempre que forem re- mencionará, no seu texto, a vota- III – os votos anulados pelo
alizadas eleições de âmbito es- ção obtida pelos partidos e candi- Tribunal Regional que devem ser
tadual juntamente com eleições datos, a qual ficará constando dos computados como válidos;
para presidente e vice-presidente boletins de apuração do Juízo, IV – a votação de cada can-
da República, o Tribunal Regional que dela ficarão fazendo parte didato;
desdobrará os seus trabalhos integrante; V – o resumo das decisões do
de apuração, fazendo tanto para VI – cópia autenticada da ata, Tribunal Regional sobre as dúvi-
aquelas como para esta, uma assinada por todos os que assi- das e impugnações, bem como
ata geral. naram o original, será enviada dos recursos que hajam sido in-
§ 1o  A Comissão Apuradora ao Tribunal Regional na forma terpostos para o Tribunal Supe-
deverá, também, apresentar re- prevista no art. 184; rior, com as respectivas decisões
latórios distintos, um dos quais VII – a Comissão Apuradora, e indicação das implicações sobre
referente apenas às eleições pre- à medida em que for receben- os resultados.
sidenciais. do os mapas, passará a totalizar
§ 2o  Concluídos os trabalhos os votos, aguardando, porém, a Art. 208.  O relatório referente a
chegada da cópia autêntica da cada Estado ficará na Secretaria
6
  NE: o texto refere-se à Emenda Consti- ata para encerrar a totalização do Tribunal, pelo prazo de dois
tucional no 13/1965 à Constituição de 1946. referente a cada zona; dias, para exame dos partidos

553
Código Eleitoral
e candidatos interessados, que e os dos demais candidatos, na artigo, renovar-se-á, até 30 (trin-
poderão examinar também os ordem decrescente das votações. ta) dias depois, a eleição em todo
documentos em que ele se ba- o país, à qual concorrerão os dois
seou e apresentar alegações ou Art. 211.  Aprovada em sessão candidatos mais votados, cujos
documentos sobre o relatório, no especial a apuração geral, o Pre- registros estarão automatica-
prazo de 2 (dois) dias. sidente anunciará a votação dos mente revalidados.
Parágrafo único.  Findo esse candidatos, proclamando a seguir § 2o  No caso de renúncia
prazo serão os autos conclusos eleito presidente da República o ou morte, concorrerá à eleição
ao relator, que, dentro em 2 (dois) candidato mais votado que tiver prevista no parágrafo anterior o
dias, os apresentará a julgamento, obtido maioria absoluta de votos, substituto registrado pelo mes-
que será previamente anunciado. excluídos, para a apuração desta, mo partido político ou coligação
os em branco e os nulos. partidária.
Art. 209.  Na sessão designada § 1o  O vice-presidente con-
será o feito chamado a julgamen- siderar-se-á eleito em virtude da Art. 214.  O presidente e o vice-
to de preferência a qualquer outro eleição do presidente com o qual -presidente da República tomarão
processo. se candidatar. posse a 15 (quinze) de março, em
§ 1o  Se o relatório tiver sido § 2o  Na mesma sessão o Pre- sessão do Congresso Nacional.
impugnado, os partidos interes- sidente do Tribunal Superior de- Parágrafo único.  No caso do
sados poderão, no prazo de 15 signará a data para a expedição § 1o do artigo anterior, a posse re-
(quinze) minutos, sustentar oral- solene dos diplomas em sessão alizar-se-á dentro de 15 (quinze)
mente as suas conclusões. pública. dias a contar da proclamação do
§ 2o  Se do julgamento resul- resultado da segunda eleição, ex-
tarem alterações na apuração Art. 212.  Verificando que os vo- pirando, porém, o mandato a 15
efetuada pelo Tribunal Regional, tos das seções anuladas e daque- (quinze) de março do quarto ano.
o acórdão determinará que a Se- las cujos eleitores foram impe-
cretaria, dentro em 5 (cinco) dias, didos de votar, em todo o país,
levante as folhas de apuração poderão alterar a classificação CAPÍTULO V – DOS
parcial das seções cujos resulta- de candidato, ordenará o Tribunal DIPLOMAS
dos tiverem sido alterados, bem Superior a realização de novas
como o mapa geral da respectiva eleições. Art. 215.  Os candidatos eleitos,
circunscrição, de acordo com as § 1o  Essas eleições serão assim como os suplentes, re-
alterações decorrentes do jul- marcadas desde logo pelo Pre- ceberão diploma assinado pelo
gado, devendo o mapa, após o sidente do Tribunal Superior e Presidente do Tribunal Superior,
visto do relator, ser publicado terão lugar no primeiro domingo do Tribunal Regional ou da Junta
na Secretaria. ou feriado que ocorrer após o 15o Eleitoral, conforme o caso.
§ 3o  A esse mapa admitir- (décimo quinto) dia a contar da Parágrafo único.  Do diploma
-se-á, dentro em 48 (quarenta data do despacho, devendo ser deverá constar o nome do can-
e oito) horas de sua publicação, observado o disposto nos nos II a didato, a indicação da legenda
impugnação fundada em erro de VI do parágrafo único do art. 201. sob a qual concorreu, o cargo
conta ou de cálculo, decorrente § 2o  Os candidatos a presi- para o qual foi eleito ou a sua
da própria sentença. dente e vice-presidente da Repú- classificação como suplente, e,
blica somente serão diplomados facultativamente, outros dados
Art. 210.  Os mapas gerais de depois de realizadas as eleições a critério do juiz ou do Tribunal.
todas as circunscrições com as suplementares referentes a es-
impugnações, se houver, e a fo- ses cargos. Art. 216.  Enquanto o Tribunal
lha de apuração final levantada Superior não decidir o recurso
pela Secretaria, serão autuados Art. 213.  Não se verificando a interposto contra a expedição
e distribuídos a um relator geral, maioria absoluta, o Congresso do diploma, poderá o diplomado
designado pelo Presidente. Nacional, dentro de quinze dias exercer o mandato em toda a sua
Parágrafo único. Recebidos após haver recebido a respectiva plenitude.
os autos, após a audiência do Pro- comunicação do Presidente do
curador-Geral, o relator, dentro Tribunal Superior Eleitoral, reu- Art. 217.  Apuradas as eleições
de 48 (quarenta e oito) horas, re- nir-se-á em sessão pública para suplementares o juiz ou o Tribu-
solverá as impugnações relativas se manifestar sobre o candidato nal reverá a apuração anterior,
aos erros de conta ou de cálculo, mais votado, que será considera- confirmando ou invalidando os
mandando fazer as correções, do eleito se, em escrutínio secre- diplomas que houver expedido.
se for o caso, e apresentará, a to, obtiver metade mais um dos Parágrafo único.  No caso de
seguir, o relatório final com os votos dos seus membros. provimento, após a diplomação,
nomes dos candidatos que de- § 1o  Se não ocorrer a maioria de recurso contra o registro de
verão ser proclamados eleitos absoluta referida no caput deste candidato ou de recurso parcial,

554
Código Eleitoral
será também revista a apuração protesto interposto, por escrito, prejudicadas as demais votações
anterior, para confirmação ou in- no momento; e o Tribunal marcará dia para
validação de diplomas, observado III – quando votar, sem as nova eleição dentro do prazo de
o disposto no § 3o do art. 261. cautelas do art. 147, § 2o: 20 (vinte) a 40 (quarenta) dias.
a)  eleitor excluído por sen- § 1o  Se o Tribunal Regional na
Art. 218.  O presidente de Jun- tença não cumprida por ocasião área de sua competência, deixar
ta ou de Tribunal que diplomar da remessa das folhas individu- de cumprir o disposto neste arti-
militar candidato a cargo eleti- ais de votação à mesa, desde go, o Procurador Regional levará
vo, comunicará imediatamente a que haja oportuna reclamação o fato ao conhecimento do Pro-
diplomação à autoridade a que o de partido; curador-Geral, que providenciará
mesmo estiver subordinado, para b)  eleitor de outra seção, sal- junto ao Tribunal Superior para
os fins do art. 98. vo a hipótese do art. 145; que seja marcada imediatamente
c)  alguém com falsa iden- nova eleição.
tidade em lugar do eleitor cha- § 2o  Ocorrendo qualquer dos
CAPÍTULO VI – DAS mado. casos previstos neste capítulo o
NULIDADES DA VOTAÇÃO Ministério Público promoverá,
Art. 222.  É também anulável a imediatamente, a punição dos
Art. 219.  Na aplicação da lei elei- votação, quando viciada de fal- culpados.
toral o juiz atenderá sempre aos sidade, fraude, coação, uso de § 3o  A decisão da Justiça
fins e resultados a que ela se di- meios de que trata o art. 237, ou Eleitoral que importe o indeferi-
rige, abstendo-se de pronunciar emprego de processo de propa- mento do registro, a cassação do
nulidades sem demonstração de ganda ou captação de sufrágios diploma ou a perda do mandato
prejuízo. vedado por lei. de candidato eleito em pleito ma-
Parágrafo único.  A declara- § 1o (Revogado) joritário acarreta, após o trânsito
ção de nulidade não poderá ser § 2o (Revogado) em julgado, a realização de novas
requerida pela parte que lhe deu eleições, independentemente do
causa nem a ela aproveitar. Art. 223.  A nulidade de qual- número de votos anulados.7
quer ato, não decretada de ofício § 4o  A eleição a que se refere
Art. 220.  É nula a votação: pela Junta, só poderá ser arguida o § 3o correrá a expensas da Jus-
I – quando feita perante mesa quando de sua prática, não mais tiça Eleitoral e será:8
não nomeada pelo juiz eleitoral, podendo ser alegada, salvo se I – indireta, se a vacância do
ou constituída com ofensa à le- a arguição se basear em moti- cargo ocorrer a menos de seis
tra da lei; vo superveniente ou de ordem meses do final do mandato;
II – quando efetuada em fo- constitucional. II – direta, nos demais casos.
lhas de votação falsas; § 1o  Se a nulidade ocorrer em
III – quando realizada em dia, fase na qual não possa ser alega-
hora, ou local diferentes do de- da no ato, poderá ser arguida na CAPÍTULO VII – DO VOTO
signado ou encerrada antes das primeira oportunidade que para NO EXTERIOR
17 horas; tanto se apresente.
IV – quando preterida for- § 2o  Se se basear em motivo Art. 225.  Nas eleições para pre-
malidade essencial do sigilo dos superveniente deverá ser alega- sidente e vice-presidente da Re-
sufrágios; da imediatamente, assim que se pública poderá votar o eleitor que
V – quando a seção eleitoral tornar conhecida, podendo as se encontrar no exterior.
tiver sido localizada com infra- razões do recurso ser aditadas § 1o  Para esse fim serão or-
ção do disposto nos §§  4o e 5o no prazo de 2 (dois) dias. ganizadas seções eleitorais, nas
do art. 135. § 3o  A nulidade de qualquer sedes das Embaixadas e Consu-
Parágrafo único.  A nulidade ato, baseada em motivo de or- lados Gerais.
será pronunciada quando o ór- dem constitucional, não poderá § 2o  Sendo necessário insta-
gão apurador conhecer do ato ser conhecida em recurso inter- lar duas ou mais seções poderá
ou dos seus efeitos e a encontrar posto fora de prazo. Perdido o ser utilizado local em que funcio-
provada, não lhe sendo lícito su- prazo numa fase própria, só em ne serviço do governo brasileiro.
pri-la, ainda que haja consenso outra que se apresentar poderá
das partes. ser arguida. Art. 226.  Para que se organize
uma seção eleitoral no exterior é
Art. 221.  É anulável a votação: Art. 224.  Se a nulidade atingir necessário que na circunscrição
I – quando houver extravio de a mais de metade dos votos do sob a jurisdição da Missão Diplo-
documento reputado essencial; país nas eleições presidenciais, mática ou do Consulado Geral haja
II – quando for negado ou so- do Estado nas eleições federais
frer restrição o direito de fiscali- e estaduais ou do município nas   NE: ver ADI no 5.525.
7

zar, e o fato constar da ata ou de eleições municipais, julgar-se-ão 8


  NE: ver ADI no 5.525.

555
Código Eleitoral
um mínimo de 30 (trinta) eleitores Parágrafo único.  Todo o ser- nas eleições para Presidente da
inscritos. viço de transporte do material República;
Parágrafo único.  Quando o eleitoral será feito por via aérea. III – os eleitores que se en-
número de eleitores não atingir contrarem em trânsito dentro
o mínimo previsto no parágrafo Art. 230.  Todos os eleitores que da unidade da Federação de seu
anterior, os eleitores poderão votarem no exterior terão os seus domicílio eleitoral poderão votar
votar na mesa receptora mais títulos apreendidos pela mesa nas eleições para Presidente da
próxima, desde que localizada receptora. República, Governador, Senador,
no mesmo país, de acordo com Parágrafo único.  A todo elei- Deputado Federal, Deputado Es-
a comunicação que lhes for feita. tor que votar no exterior será tadual e Deputado Distrital.
concedido comprovante para a § 2o  Os membros das Forças
Art. 227.  As mesas receptoras comunicação legal ao juiz elei- Armadas, os integrantes dos ór-
serão organizadas pelo Tribunal toral de sua zona. gãos de segurança pública a que
Regional do Distrito Federal me- se refere o art. 144 da Constituição
diante proposta dos chefes de Art. 231.  Todo aquele que, es- Federal, bem como os integrantes
Missão e cônsules gerais, que tando obrigado a votar, não o das guardas municipais mencio-
ficarão investidos, no que for apli- fizer, fica sujeito, além das penali- nados no § 8o do mesmo art. 144,
cável, das funções administrati- dades previstas para o eleitor que poderão votar em trânsito se es-
vas de juiz eleitoral. não vota no território nacional, à tiverem em serviço por ocasião
Parágrafo único.  Será aplicá- proibição de requerer qualquer das eleições.
vel às mesas receptoras o proces- documento perante a repartição § 3o  As chefias ou coman-
so de composição e fiscalização diplomática a que estiver subordi- dos dos órgãos a que estiverem
partidária vigente para as que nado, enquanto não se justificar. subordinados os eleitores men-
funcionam no território nacional. cionados no § 2o enviarão obri-
Art. 232.  Todo o processo elei- gatoriamente à Justiça Eleitoral,
Art. 228.  Até 30 (trinta) dias an- toral realizado no estrangeiro fica em até quarenta e cinco dias da
tes da realização da eleição todos diretamente subordinado ao Tri- data das eleições, a listagem dos
os brasileiros eleitores, residen- bunal Regional do Distrito Federal. que estarão em serviço no dia da
tes no estrangeiro, comunicarão eleição com indicação das seções
à sede da Missão Diplomática ou Art. 233.  O Tribunal Superior eleitorais de origem e destino.
ao consulado geral, em carta, Eleitoral e o Ministério das Rela- § 4o  Os eleitores menciona-
telegrama ou qualquer outra via, ções Exteriores baixarão as ins- dos no § 2o, uma vez habilitados na
a sua condição de eleitor e sua truções necessárias e adotarão forma do § 3o, serão cadastrados e
residência. as medidas adequadas para o votarão nas seções eleitorais indi-
§ 1o  Com a relação dessas voto no exterior. cadas nas listagens mencionadas
comunicações e com os dados no §  3o independentemente do
do registro consular, serão or- Art. 233-A.  Aos eleitores em número de eleitores do Município.
ganizadas as folhas de votação, trânsito no território nacional
e notificados os eleitores da hora é assegurado o direito de votar
e local da votação. para Presidente da República, PARTE QUINTA –
§ 2o  No dia da eleição só se- Governador, Senador, Deputa- DISPOSIÇÕES VÁRIAS
rão admitidos a votar os que cons- do Federal, Deputado Estadual
tem da folha de votação e os pas- e Deputado Distrital em urnas TÍTULO I – DAS GARANTIAS
sageiros e tripulantes de navios especialmente instaladas nas ca- ELEITORAIS
e aviões de guerra e mercantes pitais e nos Municípios com mais
que, no dia, estejam na sede das de cem mil eleitores. Art. 234.  Ninguém poderá im-
sessões eleitorais. § 1o  O exercício do direito pedir ou embaraçar o exercício
previsto neste artigo sujeita-se à do sufrágio.
Art. 229.  Encerrada a votação, observância das regras seguintes:
as urnas serão enviadas pelos I – para votar em trânsito, o Art. 235.  O juiz eleitoral, ou o
cônsules gerais às sedes das Mis- eleitor deverá habilitar-se perante presidente da mesa receptora,
sões Diplomáticas. Estas as re- a Justiça Eleitoral no período de pode expedir salvo-conduto com
meterão, pela mala diplomática, até quarenta e cinco dias da data a cominação de prisão por de-
ao Ministério das Relações Exte- marcada para a eleição, indicando sobediência até 5 (cinco) dias,
riores, que delas fará entrega ao o local em que pretende votar; em favor do eleitor que sofrer
Tribunal Regional Eleitoral do Dis- II – aos eleitores que se en- violência, moral ou física, na sua
trito Federal, a quem competirá a contrarem fora da unidade da Fe- liberdade de votar, ou pelo fato
apuração dos votos e julgamento deração de seu domicílio eleitoral de haver votado.
das dúvidas e recursos que hajam somente é assegurado o direito à Parágrafo único.  A medida
sido interpostos. habilitação para votar em trânsito será válida para o período com-

556
Código Eleitoral
preendido entre 72 (setenta e Art. 238.  É proibida, durante o a propaganda realizada com in-
duas) horas antes até 48 (quaren- ato eleitoral, a presença de força fração do disposto neste artigo.
ta e oito) horas depois do pleito. pública no edifício em que fun-
cionar mesa receptora, ou nas Art. 243.  Não será tolerada pro-
Art. 236.  Nenhuma autorida- imediações, observado o disposto paganda:
de poderá, desde 5 (cinco) dias no art. 141. I – de guerra, de processos
antes e até 48 (quarenta e oito) violentos para subverter o re-
horas depois do encerramento da Art. 239.  Aos partidos políticos gime, a ordem política e social
eleição, prender ou deter qual- é assegurada a prioridade pos- ou de preconceitos de raça ou
quer eleitor, salvo em flagrante tal durante os 60 (sessenta) dias de classes;
delito ou em virtude de sentença anteriores à realização das elei- II – que provoque animosi-
criminal condenatória por crime ções, para remessa de material de dade entre as forças armadas
inafiançável, ou, ainda, por des- propaganda de seus candidatos ou contra elas, ou delas contra
respeito a salvo-conduto. registrados. as classes e instituições civis;
§ 1o  Os membros das mesas III – de incitamento de atenta-
receptoras e os fiscais de partido, do contra pessoa ou bens;
durante o exercício de suas fun- TÍTULO II – DA IV – de instigação à desobe-
ções, não poderão ser detidos ou PROPAGANDA PARTIDÁRIA diência coletiva ao cumprimento
presos, salvo o caso de flagrante da lei de ordem pública;
delito; da mesma garantia goza- Art. 240.  A propaganda de can- V – que implique em ofereci-
rão os candidatos desde 15 (quin- didatos a cargos eletivos somente mento, promessa ou solicitação
ze) dias antes da eleição. é permitida após o dia 15 de agos- de dinheiro, dádiva, rifa, sorteio ou
§ 2o  Ocorrendo qualquer pri- to do ano da eleição. vantagem de qualquer natureza;
são o preso será imediatamen- Parágrafo único.  É vedada, VI – que perturbe o sossego
te conduzido à presença do juiz desde quarenta e oito horas antes público, com algazarra ou abusos
competente que, se verificar a ile- até vinte e quatro horas depois de instrumentos sonoros ou sinais
galidade da detenção, a relaxará da eleição, qualquer propaganda acústicos;
e promoverá a responsabilidade política mediante radiodifusão, VII – por meio de impressos
do coator. televisão, comícios ou reuniões ou de objeto que pessoa inexpe-
públicas. riente ou rústica possa confundir
Art. 237.  A interferência do po- com moeda;
der econômico e o desvio ou abu- Art. 241.  Toda propaganda elei- VIII – que prejudique a higie-
so do poder de autoridade, em toral será realizada sob a respon- ne e a estética urbana ou con-
desfavor da liberdade do voto, sabilidade dos partidos e por eles travenha a posturas municipais
serão coibidos e punidos. paga, imputando-se-lhes solida- ou a outra qualquer restrição de
§ 1o  O eleitor é parte legítima riedade nos excessos praticados direito;
para denunciar os culpados e pelos seus candidatos e adeptos. IX – que caluniar, difamar ou
promover-lhes a responsabilida- Parágrafo único.  A solida- injuriar quaisquer pessoas, bem
de, e a nenhum servidor público, riedade prevista neste artigo é como órgãos ou entidades que
inclusive de autarquia, de entida- restrita aos candidatos e aos res- exerçam autoridade pública;
de paraestatal e de sociedade de pectivos partidos, não alcançando X – que deprecie a condi-
economia mista, será lícito negar outros partidos, mesmo quando ção de mulher ou estimule sua
ou retardar ato de ofício tendente integrantes de uma mesma co- discriminação em razão do sexo
a esse fim. ligação. feminino, ou em relação à sua
§ 2o  Qualquer eleitor ou par- cor, raça ou etnia.
tido político poderá se dirigir ao Art. 242.  A propaganda, qual- § 1o  O ofendido por calúnia,
Corregedor Geral ou Regional, quer que seja a sua forma ou difamação ou injúria, sem prejuízo
relatando fatos e indicando pro- modalidade, mencionará sempre e independentemente da ação pe-
vas, e pedir abertura de investi- a legenda partidária e só poderá nal competente, poderá deman-
gação para apurar uso indevido ser feita em língua nacional, não dar, no Juízo Cível, a reparação
do poder econômico, desvio ou devendo empregar meios publi- do dano moral respondendo por
abuso do poder de autoridade, citários destinados a criar, arti- este o ofensor e, solidariamente,
em benefício de candidato ou de ficialmente, na opinião pública, o partido político deste, quando
partido político. estados mentais, emocionais ou responsável por ação ou omissão,
§ 3o  O Corregedor, verificada passionais. e quem quer que favorecido pelo
a seriedade da denúncia proce- Parágrafo único.  Sem pre- crime, haja de qualquer modo
derá ou mandará proceder a in- juízo do processo e das penas contribuído para ele.
vestigações, regendo-se estas, cominadas, a Justiça Eleitoral § 2o  No que couber, aplicar-
no que lhes for aplicável, pela Lei adotará medidas para fazer im- -se-ão na reparação do dano mo-
no 1.579, de 18 de março de 1952. pedir ou cessar imediatamente ral, referido no parágrafo anterior,

557
Código Eleitoral
os arts. 81 a 88 da Lei no 4.117, de cial, pelo menos 24 (vinte e quatro) Art. 256.  As autoridades admi-
27 de agosto de 1962. horas antes de sua realização. nistrativas federais, estaduais e
§ 3o  É assegurado o direito § 2o  Não havendo local ante- municipais proporcionarão aos
de resposta a quem for injuriado, riormente fixado para a celebra- partidos, em igualdade de con-
difamado ou caluniado através ção de comício, ou sendo impos- dições, as facilidades permitidas
da imprensa, rádio, televisão, ou sível ou difícil nele realizar-se o para a respectiva propaganda.
alto-falante, aplicando-se, no que ato de propaganda eleitoral, ou § 1o  No período da campanha
couber, os arts.  90 e 96 da Lei havendo pedido para designação eleitoral, independentemente do
no 4.117, de 27 de agosto de 1962. de outro local, a comunicação a critério de prioridade, os serviços
que se refere o parágrafo ante- telefônicos, oficiais ou concedi-
Art. 244.  É assegurado aos rior será feita, no mínimo, com dos, farão instalar, na sede dos
partidos políticos registrados o antecedência, de 72 (setenta e diretórios devidamente regis-
direito de, independentemente duas) horas, devendo a autoridade trados, telefones necessários,
de licença da autoridade públi- policial, em qualquer desses ca- mediante requerimento do res-
ca e do pagamento de qualquer sos, nas 24 (vinte e quatro) horas pectivo presidente e pagamento
contribuição: seguintes, designar local amplo e das taxas devidas.
I – fazer inscrever, na fachada de fácil acesso, de modo que não § 2o  O Tribunal Superior Elei-
de suas sedes e dependências, o impossibilite ou frustre a reunião. toral baixará as instruções ne-
nome que os designe, pela forma § 3o  Aos órgãos da Justiça cessárias ao cumprimento do
que melhor lhes parecer; Eleitoral compete julgar das recla- disposto no parágrafo anterior
II – instalar e fazer funcionar, mações sobre a localização dos fixando as condições a serem
normalmente, das quatorze às comícios e providências sobre a observadas.
vinte e duas horas, nos três me- distribuição equitativa dos locais
ses que antecederem as eleições, aos partidos.
alto-falantes, ou amplificadores TÍTULO III – DOS
de voz, nos locais referidos, as- Art. 246.  (Revogado) RECURSOS
sim como em veículos seus, ou
à sua disposição, em território Art. 247.  (Revogado) CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
nacional, com observância da PRELIMINARES
legislação comum. Art. 248.  Ninguém poderá im-
Parágrafo único.  Os meios de pedir a propaganda eleitoral, nem Art. 257.  Os recursos eleitorais
propaganda a que se refere o no II inutilizar, alterar ou perturbar os não terão efeito suspensivo.
deste artigo não serão permitidos, meios lícitos nela empregados. § 1o  A execução de qualquer
a menos de 500 metros: acórdão será feita imediatamen-
I – das sedes do Executivo Art. 249.  O direito de propagan- te, através de comunicação por
Federal, dos Estados, Territó- da não importa restrição ao poder ofício, telegrama, ou, em casos
rios e respectivas Prefeituras de polícia quando este deva ser especiais, a critério do presiden-
Municipais; exercido em benefício da ordem te do Tribunal, através de cópia
II – das Câmaras Legislativas pública. do acórdão.
Federais, Estaduais e Municipais; § 2o  O recurso ordinário in-
III – dos Tribunais Judiciais; Art. 250.  (Revogado) terposto contra decisão proferida
IV – dos hospitais e casas por juiz eleitoral ou por Tribunal
de saúde; Art. 251.  No período destinado à Regional Eleitoral que resulte em
V – das escolas, bibliotecas propaganda eleitoral gratuita não cassação de registro, afastamen-
públicas, igrejas e teatros, quando prevalecerão quaisquer contratos to do titular ou perda de man-
em funcionamento; ou ajustes firmados pelas empre- dato eletivo será recebido pelo
VI – dos quartéis e outros es- sas que possam burlar ou tornar Tribunal competente com efeito
tabelecimentos militares. inexequível qualquer dispositivo suspensivo.
deste Código ou das instruções § 3o  O Tribunal dará prefe-
Art. 245.  A realização de qual- baixadas pelo Tribunal Superior rência ao recurso sobre quaisquer
quer ato de propaganda partidária Eleitoral. outros processos, ressalvados os
ou eleitoral, em recinto aberto, de habeas corpus e de mandado
não depende de licença da polícia. Arts.  252 a 254.  (Revogados) de segurança.
§ 1o  Quando o ato de propa-
ganda tiver de realizar-se em lu- Art. 255.  Nos  15 (quinze) dias Art. 258.  Sempre que a lei não
gar designado para a celebração anteriores ao pleito é proibida a fixar prazo especial, o recurso de-
de comício, na forma do disposto divulgação, por qualquer forma, verá ser interposto em três dias
no art. 3o da Lei no 1.207, de 25 de de resultados de prévias ou testes da publicação do ato, resolução
outubro de 1950, deverá ser feita pré-eleitorais. ou despacho.
comunicação à autoridade poli-

558
Código Eleitoral
Art. 259.  São preclusivos os pra- superior, o juízo a quo esclare- Art. 264.  Para os Tribunais Re-
zos para interposição de recurso, cerá quais os ainda em fase de gionais e para o Tribunal Superior
salvo quando neste se discutir processamento e, no último, quais caberá, dentro de 3 (três) dias,
matéria constitucional. os anteriormente remetidos. recurso dos atos, resoluções ou
Parágrafo único.  O recurso § 5o  Ao se realizar a diplo- despachos dos respectivos pre-
em que se discutir matéria cons- mação, se ainda houver recurso sidentes.
titucional não poderá ser inter- pendente de decisão em outra
posto fora do prazo. Perdido o instância, será consignado que
prazo numa fase própria, só em os resultados poderão sofrer al- CAPÍTULO II – DOS
outra que se apresentar poderá terações decorrentes desse jul- RECURSOS PERANTE
ser interposto. gamento. AS JUNTAS E JUÍZOS
§ 6o  Realizada a diplomação, ELEITORAIS
Art. 260.  A distribuição do pri- e decorrido o prazo para recurso,
meiro recurso que chegar ao Tri- o juiz ou presidente do Tribunal Art. 265.  Dos atos, resoluções
bunal Regional ou Tribunal Su- Regional comunicará à instância ou despachos dos juízes ou juntas
perior, prevenirá a competência superior se foi ou não interposto eleitorais caberá recurso para o
do relator para todos os demais recurso. Tribunal Regional.
casos do mesmo município ou Parágrafo único.  Os recursos
Estado. Art. 262.  O recurso contra expe- das decisões das Juntas serão
dição de diploma caberá somente processados na forma estabe-
Art. 261.  Os recursos parciais, nos casos de inelegibilidade su- lecida pelos arts. 169 e seguintes.
entre os quais não se incluem os perveniente ou de natureza cons-
que versarem matéria referente titucional e de falta de condição Art. 266.  O recurso indepen-
ao registro de candidatos, inter- de elegibilidade. derá de termo e será interposto
postos para os Tribunais Regio- I – (Revogado); por petição devidamente funda-
nais no caso de eleições munici- II – (Revogado); mentada, dirigida ao juiz eleitoral
pais, e para o Tribunal Superior III – (Revogado); e acompanhada, se o entender o
no caso de eleições estaduais ou IV – (Revogado). recorrente, de novos documentos.
federais, serão julgados à medida § 1o  A inelegibilidade super- Parágrafo único.  Se o recor-
que derem entrada nas respecti- veniente que atrai restrição à rente se reportar a coação, frau-
vas Secretarias. candidatura, se formulada no âm- de, uso de meios de que trata
§ 1o  Havendo dois ou mais bito do processo de registro, não o art.  237 ou emprego de pro-
recursos parciais de um mesmo poderá ser deduzida no recurso cesso de propaganda ou cap-
município ou Estado, ou se todos, contra expedição de diploma. tação de sufrágios vedado por
inclusive os de diplomação já es- § 2o  A inelegibilidade super- lei, dependentes de prova a ser
tiverem no Tribunal Regional ou veniente apta a viabilizar o recur- determinada pelo Tribunal, bas-
no Tribunal Superior, serão eles so contra a expedição de diploma, tar-lhe-á indicar os meios a elas
julgados seguidamente, em uma decorrente de alterações fáticas conducentes.
ou mais sessões. ou jurídicas, deverá ocorrer até a
§ 2o  As decisões com os es- data fixada para que os partidos Art. 267.  Recebida a petição,
clarecimentos necessários ao políticos e as coligações apre- mandará o juiz intimar o recorrido
cumprimento serão comunica- sentem os seus requerimentos para ciência do recurso, abrindo-
das de uma só vez ao juiz eleito- de registros de candidatos. -se-lhe vista dos autos a fim de,
ral ou ao presidente do Tribunal § 3o  O recurso de que trata em prazo igual ao estabelecido
Regional. este artigo deverá ser interpos- para a sua interposição, oferecer
§ 3o  Se os recursos de um to no prazo de 3 (três) dias após razões, acompanhadas ou não de
mesmo município ou Estado de- o último dia limite fixado para a novos documentos.
ram entrada em datas diversas, diplomação e será suspenso no § 1o  A intimação se fará pela
sendo julgados separadamente, período compreendido entre os publicação da notícia da vista no
o juiz eleitoral ou o presidente dias 20 de dezembro e 20 de ja- jornal que publicar o expediente
do Tribunal Regional aguardará neiro, a partir do qual retomará da Justiça Eleitoral, onde houver,
a comunicação de todas as de- seu cômputo. e nos demais lugares, pessoal-
cisões para cumpri-las, salvo se mente pelo escrivão, indepen-
o julgamento dos demais impor- Art. 263.  No julgamento de um dente de iniciativa do recorrente.
tar em alteração do resultado do mesmo pleito eleitoral, as deci- § 2o  Onde houver jornal ofi-
pleito que não tenha relação com sões anteriores sobre questões cial, se a publicação não ocorrer
o recurso já julgado. de direito constituem prejulgados no prazo de 3 (três) dias, a inti-
§ 4o  Em todos os recursos, para os demais casos, salvo se mação se fará pessoalmente ou
no despacho que determinar a contra a tese votarem dois terços na forma prevista no parágrafo
remessa dos autos à instância dos membros do Tribunal. seguinte.

559
Código Eleitoral
§ 3o  Nas zonas em que se fi- na pauta, devendo o Procurador, relator, ou revisor, nos recursos
zer intimação pessoal, se não for nesse caso, proferir parecer oral contra a expedição de diploma,
encontrado o recorrido dentro de na assentada do julgamento. ressalvadas as preferências de-
48 (quarenta e oito) horas, a inti- terminadas pelo regimento do
mação se fará por edital afixado Art. 270.  Se o recurso versar so- Tribunal.
no fórum, no local de costume. bre coação, fraude, uso de meios
§ 4o  Todas as citações e in- de que trata o art. 237, ou empre- Art. 272.  Na sessão do julga-
timações serão feitas na forma go de processo de propaganda ou mento, uma vez feito o relatório
estabelecida neste artigo. captação de sufrágios vedado por pelo relator, cada uma das partes
§ 5o  Se o recorrido juntar no- lei dependente de prova indicada poderá, no prazo improrrogável de
vos documentos, terá o recorren- pelas partes ao interpô-lo ou ao dez minutos, sustentar oralmente
te vista dos autos por 48 (quarenta impugná-lo, o relator no Tribunal as suas conclusões.
e oito) horas para falar sobre os Regional deferi-la-á em vinte e Parágrafo único.  Quando se
mesmos, contado o prazo na for- quatro horas da conclusão, rea- tratar de julgamento de recursos
ma deste artigo. lizando-se ela no prazo impror- contra a expedição de diploma,
§ 6o  Findos os prazos a que rogável de cinco dias. cada parte terá vinte minutos
se referem os parágrafos ante- § 1 o Admitir-se-ão como para sustentação oral.
riores, o juiz eleitoral fará, dentro meios de prova para apreciação
de quarenta e oito horas, subir os pelo Tribunal as justificações e as Art. 273.  Realizado o julgamen-
autos ao Tribunal Regional com a perícias processadas perante o to, o relator, se vitorioso, ou o
sua resposta e os documentos em juiz eleitoral da zona, com citação relator designado para redigir o
que se fundar, sujeito à multa de dos partidos que concorreram acórdão, apresentará a redação
dez por cento do salário mínimo ao pleito e do representante do deste, o mais tardar, dentro em
regional por dia de retardamento, Ministério Público. 5 (cinco) dias.
salvo se entender de reformar a § 2o  Indeferindo o relator a § 1o  O acórdão conterá uma
sua decisão. prova, serão os autos, a requeri- síntese das questões debatidas
§ 7o  Se o juiz reformar a deci- mento do interessado, nas vinte e e decididas.
são recorrida, poderá o recorrido, quatro horas seguintes, presentes § 2o  Sem prejuízo do dispos-
dentro de 3 (três) dias, requerer à primeira sessão do Tribunal, que to no parágrafo anterior, se o Tri-
suba o recurso como se por ele deliberará a respeito. bunal dispuser de serviço taqui-
interposto. § 3o  Protocoladas as diligên- gráfico, serão juntas ao processo
cias probatórias, ou com a juntada as notas respectivas.
das justificações ou diligências, a
CAPÍTULO III – DOS Secretaria do Tribunal abrirá, sem Art. 274.  O acórdão, devida-
RECURSOS NOS TRIBUNAIS demora, vista dos autos, por vin- mente assinado, será publicado,
REGIONAIS te e quatro horas, seguidamente, valendo como tal a inserção da
ao recorrente e ao recorrido para sua conclusão no órgão oficial.
Art. 268.  No Tribunal Regional dizerem a respeito. § 1o  Se o órgão oficial não
nenhuma alegação escrita ou § 4o  Findo o prazo acima, se- publicar o acórdão no prazo de
nenhum documento poderá ser rão os autos conclusos ao relator. 3 (três) dias, as partes serão in-
oferecido por qualquer das par- timadas pessoalmente e, se não
tes, salvo o disposto no art. 270. Art. 271.  O relator devolverá os forem encontradas no prazo de
autos à Secretaria no prazo im- 48 (quarenta e oito) horas, a inti-
Art. 269.  Os recursos serão prorrogável de 8 (oito) dias para, mação se fará por edital afixado
distribuídos a um relator em 24 nas 24 (vinte e quatro) horas se- no Tribunal, no local de costume.
(vinte e quatro) horas e na ordem guintes, ser o caso incluído na § 2o  O disposto no parágrafo
rigorosa da antiguidade dos res- pauta de julgamento do Tribunal. anterior aplicar-se-á a todos os
pectivos membros, esta última § 1o  Tratando-se de recurso casos de citação ou intimação.
exigência sob pena de nulidade contra a expedição de diploma,
de qualquer ato ou decisão do os autos, uma vez devolvidos pelo Art. 275.  São admissíveis em-
relator ou do Tribunal. relator, serão conclusos ao juiz bargos de declaração nas hipó-
§ 1o  Feita a distribuição, a imediato em antiguidade como teses previstas no Código de Pro-
Secretaria do Tribunal abrirá vista revisor, o qual deverá devolvê-los cesso Civil.
dos autos à Procuradoria Regio- em 4 (quatro) dias. § 1o  Os embargos de decla-
nal, que deverá emitir parecer no § 2o  As pautas serão orga- ração serão opostos no prazo de
prazo de 5 (cinco) dias. nizadas com um número de pro- 3 (três) dias, contado da data de
§ 2o  Se a Procuradoria não cessos que possam ser realmente publicação da decisão embarga-
emitir parecer no prazo fixado, julgados, obedecendo-se rigoro- da, em petição dirigida ao juiz ou
poderá a parte interessada re- samente a ordem da devolução relator, com a indicação do ponto
querer a inclusão do processo dos mesmos à Secretaria pelo que lhes deu causa.

560
Código Eleitoral
§ 2o  Os embargos de declara- das sessões renovadas, for pro- do instrumento o presidente do
ção não estão sujeitos a preparo. clamado o resultado das eleições Tribunal determinará a remessa
§ 3o  O juiz julgará os embar- suplementares. dos autos ao Tribunal Superior,
gos em 5 (cinco) dias. podendo, ainda, ordenar a ex-
§ 4o  Nos tribunais: Art. 277.  Interposto recurso or- tração e a juntada de peças não
I – o relator apresentará os dinário contra decisão do Tribunal indicadas pelas partes.
embargos em mesa na sessão Regional, o presidente poderá, na § 5o  O presidente do Tribunal
subsequente, proferindo voto; própria petição, mandar abrir vis- não poderá negar seguimento ao
II – não havendo julgamento ta ao recorrido para que, no mes- agravo, ainda que interposto fora
na sessão referida no inciso I, mo prazo, ofereça as suas razões. do prazo legal.
será o recurso incluído em pauta; Parágrafo único. Juntadas § 6o  Se o agravo de instru-
III – vencido o relator, ou- as razões do recorrido, serão os mento não for conhecido, porque
tro será designado para lavrar autos remetidos ao Tribunal Su- interposto fora do prazo legal, o
o acórdão. perior. Tribunal Superior imporá ao re-
§ 5o  Os embargos de decla- corrente multa correspondente
ração interrompem o prazo para Art. 278.  Interposto recurso es- ao valor do maior salário mínimo
a interposição de recurso. pecial contra decisão do Tribunal vigente no país, multa essa que
§ 6o  Quando manifestamen- Regional, a petição será juntada será inscrita e cobrada na forma
te protelatórios os embargos de nas 48 (quarenta e oito) horas se- prevista no art. 367.
declaração, o juiz ou o tribunal, guintes e os autos conclusos ao § 7o  Se o Tribunal Regional
em decisão fundamentada, con- presidente dentro de 24 (vinte e dispuser de aparelhamento pró-
denará o embargante a pagar ao quatro) horas. prio, o instrumento deverá ser
embargado multa não excedente § 1o  O presidente, dentro em formado com fotocópias ou pro-
a 2 (dois) salários mínimos. 48 (quarenta e oito) horas do re- cessos semelhantes, pagas as
§ 7o  Na reiteração de em- cebimento dos autos conclusos, despesas, pelo preço do custo,
bargos de declaração manifes- proferirá despacho fundamenta- pelas partes, em relação às peças
tamente protelatórios, a multa do, admitindo ou não o recurso. que indicarem.
será elevada a até 10 (dez) salá- § 2o  Admitido o recurso, será
rios mínimos. aberta vista dos autos ao recor-
rido para que, no mesmo prazo, CAPÍTULO IV – DOS
Art. 276.  As decisões dos Tri- apresente as suas razões. RECURSOS NO TRIBUNAL
bunais Regionais são terminati- § 3o  Em seguida serão os au- SUPERIOR
vas, salvo os casos seguintes em tos conclusos ao presidente, que
que cabe recurso para o Tribunal mandará remetê-los ao Tribunal Art. 280.  Aplicam-se ao Tribu-
Superior: Superior. nal Superior as disposições dos
I – especial: arts.  268, 269, 270, 271 (caput),
a)  quando forem proferidas Art. 279.  Denegado o recurso 272, 273, 274 e 275.
contra expressa disposição de lei; especial, o recorrente poderá
b)  quando ocorrer divergên- interpor, dentro em 3 (três) dias, Art. 281.  São irrecorríveis as de-
cia na interpretação de lei entre agravo de instrumento. cisões do Tribunal Superior, salvo
dois ou mais tribunais eleitorais; § 1o  O agravo de instrumento as que declararem a invalidade
II – ordinário: será interposto por petição que de lei ou ato contrário à Consti-
a)  quando versarem sobre conterá: tuição Federal e as denegatórias
expedição de diplomas nas elei- I – a exposição do fato e do de habeas corpus ou mandado de
ções federais e estaduais; direito; segurança, das quais caberá re-
b)  quando denegarem ha- II – as razões do pedido de curso ordinário para o Supremo
beas corpus ou mandado de se- reforma da decisão; Tribunal Federal, interposto no
gurança. III – a indicação das peças prazo de 3 (três) dias.
§ 1o  É de 3 (três) dias o prazo do processo que devem ser tras- § 1o  Juntada a petição nas
para a interposição do recurso, ladadas. 48 (quarenta e oito) horas seguin-
contado da publicação da decisão § 2o  Serão obrigatoriamente tes, os autos serão conclusos ao
nos casos dos nos I, letras “a” e “b” trasladadas a decisão recorrida e presidente do Tribunal, que, no
e II, letra “b” e da sessão da diplo- a certidão da intimação. mesmo prazo, proferirá despacho
mação no caso do no II, letra “a”. § 3o  Deferida a formação do fundamentado, admitindo ou não
§ 2o  Sempre que o Tribunal agravo, será intimado o recorrido o recurso.
Regional determinar a realização para, no prazo de 3 (três) dias, § 2o  Admitido o recurso será
de novas eleições, o prazo para apresentar as suas razões e indi- aberta vista dos autos ao recor-
a interposição dos recursos, no car as peças dos autos que serão rido para que, dentro de 3 (três)
caso do no II, “a”, contar-se-á da também trasladadas. dias, apresente as suas razões.
sessão em que, feita a apuração § 4o  Concluída a formação § 3o  Findo esse prazo os au-

561
Código Eleitoral
tos serão remetidos ao Supremo Art. 286.  A pena de multa con- Art. 292.  Negar ou retardar a
Tribunal Federal. siste no pagamento ao Tesouro autoridade judiciária, sem fun-
Nacional, de uma soma de dinhei- damento legal, a inscrição re-
Art. 282.  Denegado o recurso, o ro, que é fixada em dias-multa. querida:
recorrente poderá interpor, den- Seu montante é, no mínimo, 1 Pena – pagamento de 30 a 60
tro de 3 (três) dias, agravo de ins- (um) dia-multa e, no máximo, 300 dias-multa.
trumento, observado o disposto (trezentos) dias-multa.
no art. 279 e seus parágrafos, apli- § 1o  O montante do dia-multa Art. 293.  Perturbar ou impedir
cada a multa a que se refere o § 6o é fixado segundo o prudente arbí- de qualquer forma o alistamento:
pelo Supremo Tribunal Federal. trio do juiz, devendo este ter em Pena – detenção de 15 dias a
conta as condições pessoais e seis meses ou pagamento de 30
econômicas do condenado, mas a 60 dias-multa.
TÍTULO IV – DISPOSIÇÕES não pode ser inferior ao salá-
PENAIS rio mínimo diário da região, nem Art. 294.  (Revogado)
superior ao valor de um salário
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES mínimo mensal. Art. 295.  Reter título eleitoral
PRELIMINARES § 2o  A multa pode ser au- contra a vontade do eleitor:
mentada até o triplo, embora não Pena – detenção até dois me-
Art. 283.  Para os efeitos penais possa exceder o máximo genérico ses ou pagamento de 30 a 60
são considerados membros e fun- (caput), se o juiz considerar que, dias-multa.
cionários da Justiça Eleitoral: em virtude da situação econô-
I – os magistrados que, mes- mica do condenado, é ineficaz a Art. 296.  Promover desordem
mo não exercendo funções elei- cominada, ainda que no máximo, que prejudique os trabalhos elei-
torais, estejam presidindo Juntas ao crime de que se trate. torais:
Apuradoras ou se encontrem no Pena – detenção até dois
exercício de outra função por Art. 287.  Aplicam-se aos fatos meses e pagamento de 60 a 90
designação de Tribunal Eleitoral; incriminados nesta Lei as regras dias-multa.
II – os cidadãos que tempo- gerais do Código Penal.
rariamente integram órgãos da Art. 297.  Impedir ou embaraçar
Justiça Eleitoral; Art. 288.  Nos crimes eleitorais o exercício do sufrágio:
III – os cidadãos que hajam cometidos por meio da imprensa, Pena – detenção até seis
sido nomeados para as mesas do rádio ou da televisão, aplicam- meses e pagamento de 60 a 100
receptoras ou Juntas Apuradoras; -se exclusivamente as normas dias-multa.
IV – os funcionários requisita- deste Código e as remissões a
dos pela Justiça Eleitoral. outra lei nele contempladas. Art. 298.  Prender ou deter elei-
§ 1o  Considera-se funcionário tor, membro de mesa receptora,
público, para os efeitos penais, fiscal, delegado de partido ou
além dos indicados no presente CAPÍTULO II – DOS CRIMES candidato, com violação do dis-
artigo, quem, embora transito- ELEITORAIS posto no art. 236:
riamente ou sem remuneração, Pena – reclusão até quatro
exerce cargo, emprego ou fun- Art. 289.  Inscrever-se fraudu- anos.
ção pública. lentamente eleitor:
§ 2o  Equipara-se a funcioná- Pena – reclusão até cinco Art. 299.  Dar, oferecer, prome-
rio público quem exerce cargo, anos e pagamento de cinco a 15 ter, solicitar ou receber, para si
emprego ou função em entidade dias-multa. ou para outrem, dinheiro, dádiva,
paraestatal ou em sociedade de ou qualquer outra vantagem, para
economia mista. Art. 290.  Induzir alguém a se obter ou dar voto e para conseguir
inscrever eleitor com infração ou prometer abstenção, ainda que
Art. 284.  Sempre que este Có- de qualquer dispositivo deste a oferta não seja aceita:
digo não indicar o grau mínimo, Código: Pena – reclusão até quatro
entende-se que será ele de quin- Pena – reclusão até 2 anos e anos e pagamento de cinco a
ze dias para a pena de detenção pagamento de 15 a 30 dias-multa. quinze dias-multa.
e de um ano para a de reclusão.
Art. 291.  Efetuar o juiz, fraudu- Art. 300.  Valer-se o servidor
Art. 285.  Quando a lei determi- lentamente, a inscrição de alis- público da sua autoridade para
na a agravação ou atenuação da tando: coagir alguém a votar ou não vo-
pena sem mencionar o quantum, Pena – reclusão até 5 anos tar em determinado candidato
deve o juiz fixá-lo entre um quinto e pagamento de cinco a quinze ou partido:
e um terço, guardados os limites dias-multa. Pena – detenção até seis
da pena cominada ao crime. meses e pagamento de 60 a 100

562
Código Eleitoral
dias-multa. Pena – pagamento de 15 a 30 Parágrafo único.  Nas seções
Parágrafo único.  Se o agen- dias-multa. eleitorais em que a contagem
te é membro ou funcionário da for procedida pela mesa recep-
Justiça Eleitoral e comete o cri- Art. 307.  Fornecer ao eleitor cé- tora incorrerão na mesma pena
me prevalecendo-se do cargo a dula oficial já assinalada ou por o presidente e os mesários que
pena é agravada. qualquer forma marcada: não expedirem imediatamente o
Pena – reclusão até cinco respectivo boletim.
Art. 301.  Usar de violência ou anos e pagamento de 5 a 15 dias-
grave ameaça para coagir alguém -multa. Art. 314.  Deixar o juiz e os mem-
a votar, ou não votar, em determi- bros da Junta de recolher as cé-
nado candidato ou partido, ainda Art. 308.  Rubricar e fornecer a dulas apuradas na respectiva
que os fins visados não sejam cédula oficial em outra oportu- urna, fechá-la e lacrá-la, assim
conseguidos: nidade que não a de entrega da que terminar a apuração de cada
Pena – reclusão até quatro mesma ao eleitor: seção e antes de passar à subse-
anos e pagamento de cinco a Pena – reclusão até cinco quente, sob qualquer pretexto e
quinze dias-multa. anos e pagamento de 60 a 90 ainda que dispensada a provi-
dias-multa. dência pelos fiscais, delegados
Art. 302.  Promover, no dia da ou candidatos presentes:
eleição, com o fim de impedir, Art. 309.  Votar ou tentar votar Pena – detenção até dois me-
embaraçar ou fraudar o exercí- mais de uma vez, ou em lugar ses ou pagamento de 90 a 120
cio do voto a concentração de de outrem: dias-multa.
eleitores, sob qualquer forma, Pena – reclusão até três anos. Parágrafo único.  Nas seções
inclusive o fornecimento gratuito eleitorais em que a contagem dos
de alimento e transporte coletivo: Art. 310.  Praticar, ou permitir votos for procedida pela mesa
Pena – reclusão de 4 (quatro) o membro da mesa receptora receptora incorrerão na mesma
a 6 (seis) anos e pagamento de que seja praticada, qualquer ir- pena o presidente e os mesários
200 a 300 dias-multa. regularidade que determine a que não fecharem e lacrarem a
anulação de votação, salvo no urna após a contagem.
Art. 303.  Majorar os preços de caso do art. 311:
utilidades e serviços necessá- Pena – detenção até seis me- Art. 315.  Alterar nos mapas ou
rios à realização de eleições, tais ses ou pagamento de 90 a 120 nos boletins de apuração a vota-
como transporte e alimentação dias-multa. ção obtida por qualquer candida-
de eleitores, impressão, publi- to ou lançar nesses documentos
cidade e divulgação de matéria Art. 311.  Votar em seção elei- votação que não corresponda às
eleitoral: toral em que não está inscrito, cédulas apuradas:
Pena – pagamento de 250 a salvo nos casos expressamente Pena – reclusão até cinco
300 dias-multa. previstos, e permitir, o presiden- anos e pagamento de 5 a 15 dias-
te da mesa receptora, que o voto -multa.
Art. 304.  Ocultar, sonegar, seja admitido:
açambarcar ou recusar no dia Pena – detenção até um mês Art. 316.  Não receber ou não
da eleição o fornecimento, nor- ou pagamento de 5 a 15 dias-multa mencionar nas atas da eleição
malmente a todos, de utilidades, para o eleitor e de 20 a 30 dias- ou da apuração os protestos devi-
alimentação e meios de transpor- -multa para o presidente da mesa. damente formulados ou deixar de
te, ou conceder exclusividade dos remetê-los à instância superior:
mesmos a determinado partido Art. 312.  Violar ou tentar violar Pena – reclusão até cinco
ou candidato: o sigilo do voto: anos e pagamento de 5 a 15 dias-
Pena – pagamento de 250 a Pena – detenção até dois -multa.
300 dias-multa. anos.
Art. 317.  Violar ou tentar violar o
Art. 305.  Intervir autoridade es- Art. 313.  Deixar o juiz e os mem- sigilo da urna ou dos invólucros:
tranha à mesa receptora, salvo bros da Junta de expedir o bole- Pena – reclusão de três a cin-
o juiz eleitoral, no seu funcio- tim de apuração imediatamente co anos.
namento sob qualquer pretexto: após a apuração de cada urna e
Pena – detenção até seis antes de passar à subsequente, Art. 318.  Efetuar a mesa recep-
meses e pagamento de 60 a 90 sob qualquer pretexto e ainda que tora a contagem dos votos da urna
dias-multa. dispensada a expedição pelos quando qualquer eleitor houver
fiscais, delegados ou candidatos votado sob impugnação (art. 190):
Art. 306.  Não observar a ordem presentes: Pena – detenção até um mês
em que os eleitores devem ser Pena – pagamento de 90 a ou pagamento de 30 a 60 dias-
chamados a votar: 120 dias-multa. -multa.

563
Código Eleitoral
Art. 319.  Subscrever o eleitor fato imputado exclui o crime, mas nal de que o sabe inocente, com
mais de uma ficha de registro de não é admitida: finalidade eleitoral:
um ou mais partidos: I – se, constituindo o fato im- Pena – reclusão, de 2 (dois) a
Pena – detenção até 1 mês ou putado crime de ação privada, o 8 (oito) anos, e multa.
pagamento de 10 a 30 dias-multa. ofendido não foi condenado por § 1o  A pena é aumentada
sentença irrecorrível; de sexta parte, se o agente se
Art. 320.  Inscrever-se o eleitor, II – se o fato é imputado ao serve do anonimato ou de nome
simultaneamente, em dois ou Presidente da República ou chefe suposto.
mais partidos: de governo estrangeiro; § 2o  A pena é diminuída de
Pena – pagamento de 10 a 20 III – se do crime imputado, metade, se a imputação é de prá-
dias-multa. embora de ação pública, o ofen- tica de contravenção.
dido foi absolvido por sentença § 3o  Incorrerá nas mesmas
Art. 321.  Colher a assinatura do irrecorrível. penas deste artigo quem, com-
eleitor em mais de uma ficha de provadamente ciente da inocên-
registro de partido: Art. 325.  Difamar alguém, na cia do denunciado e com finali-
Pena – detenção até dois me- propaganda eleitoral, ou visando dade eleitoral, divulga ou propala,
ses ou pagamento de 20 a 40 a fins de propaganda, imputan- por qualquer meio ou forma, o ato
dias-multa. do-lhe fato ofensivo à sua re- ou fato que lhe foi falsamente
putação: atribuído.
Art. 322.  (Revogado) Pena – detenção de três me-
ses a um ano, e pagamento de 5 Art. 326-B.  Assediar, constran-
Art. 323.  Divulgar, na propagan- a 30 dias-multa. ger, humilhar, perseguir ou amea-
da eleitoral ou durante período Parágrafo único.  A exceção çar, por qualquer meio, candidata
de campanha eleitoral, fatos que da verdade somente se admite se a cargo eletivo ou detentora de
sabe inverídicos em relação a par- o ofendido é funcionário público mandato eletivo, utilizando-se de
tidos ou a candidatos e capazes e a ofensa é relativa ao exercício menosprezo ou discriminação à
de exercer influência perante o de suas funções. condição de mulher ou à sua cor,
eleitorado: raça ou etnia, com a finalidade
Pena – detenção de dois me- Art. 326.  Injuriar alguém, na pro- de impedir ou de dificultar a sua
ses a um ano, ou pagamento de paganda eleitoral, ou visando a campanha eleitoral ou o desem-
120 a 150 dias-multa. fins de propaganda, ofendendo- penho de seu mandato eletivo.
Parágrafo único. (Revogado) -lhe a dignidade ou o decoro: Pena – reclusão, de 1 (um) a
§ 1o  Nas mesmas penas in- Pena – detenção até seis me- 4 (quatro) anos, e multa.
corre quem produz, oferece ou ses, ou pagamento de 30 a 60 Parágrafo único. Aumenta-se
vende vídeo com conteúdo in- dias-multa. a pena em 1/3 (um terço), se o
verídico acerca de partidos ou § 1o  O juiz pode deixar de apli- crime é cometido contra mulher:
candidatos. car a pena: I – gestante;
§ 2o  Aumenta-se a pena de I – se o ofendido, de forma II – maior de 60 (sessenta)
1/3 (um terço) até metade se o reprovável, provocou diretamen- anos;
crime: te a injúria; III – com deficiência.
I – é cometido por meio da im- II – no caso de retorsão ime-
prensa, rádio ou televisão, ou por diata, que consista em outra in- Art. 327.  As penas cominadas
meio da internet ou de rede social, júria. nos arts. 324, 325 e 326 aumen-
ou é transmitido em tempo real; § 2o  Se a injúria consiste em tam-se de 1/3 (um terço) até me-
II – envolve menosprezo ou violência ou vias de fato, que, por tade, se qualquer dos crimes é
discriminação à condição de mu- sua natureza ou meio empregado, cometido:
lher ou à sua cor, raça ou etnia. se considerem aviltantes: I – contra o Presidente da
Pena – detenção de três me- República ou chefe de governo
Art. 324.  Caluniar alguém, na ses a um ano e pagamento de 5 estrangeiro;
propaganda eleitoral, ou visando a 20 dias-multa, além das penas II – contra funcionário públi-
fins de propaganda, imputan- correspondentes à violência pre- co, em razão de suas funções;
do-lhe falsamente fato definido vista no Código Penal. III – na presença de várias
como crime: pessoas, ou por meio que facilite
Pena – detenção de seis me- Art. 326-A.  Dar causa à instau- a divulgação da ofensa;
ses a dois anos, e pagamento de ração de investigação policial, de IV – com menosprezo ou dis-
10 a 40 dias-multa. processo judicial, de investigação criminação à condição de mulher
§ 1o  Nas mesmas penas in- administrativa, de inquérito civil ou à sua cor, raça ou etnia;
corre quem, sabendo falsa a im- ou ação de improbidade admi- V – por meio da internet ou de
putação, a propala ou divulga. nistrativa, atribuindo a alguém a rede social ou com transmissão
§ 2o  A prova da verdade do prática de crime ou ato infracio- em tempo real.

564
Código Eleitoral
Art. 328.  (Revogado) ca de delito, ou dela se beneficiou me prevalecendo-se do cargo, a
conscientemente.10 pena é agravada.
Art. 329.  (Revogado) Parágrafo único.  Nesse caso,
imporá o juiz ao diretório respon- Art. 341.  Retardar a publicação
Art. 330.  Nos casos dos sável pena de suspensão de sua ou não publicar, o diretor ou qual-
arts. 328 e 329 se o agente re- atividade eleitoral por prazo de 6 quer outro funcionário de órgão
para o dano antes da sentença a 12 meses, agravada até o dobro oficial federal, estadual, ou mu-
final, o juiz pode reduzir a pena.9 nas reincidências. nicipal, as decisões, citações ou
intimações da Justiça Eleitoral:
Art. 331.  Inutilizar, alterar ou Art. 337.  Participar, o estrangei- Pena – detenção até um mês
perturbar meio de propaganda ro ou brasileiro que não estiver no ou pagamento de 30 a 60 dias-
devidamente empregado: gozo dos seus direitos políticos, -multa.
Pena – detenção até seis me- de atividades partidárias, inclusi-
ses ou pagamento de 90 a 120 ve comícios e atos de propaganda Art. 342.  Não apresentar o ór-
dias-multa. em recintos fechados ou abertos: gão do Ministério Público, no pra-
Pena – detenção até seis zo legal, denúncia ou deixar de
Art. 332.  Impedir o exercício de meses e pagamento de 90 a 120 promover a execução de sentença
propaganda: dias-multa. condenatória:
Pena – detenção até seis Parágrafo único.  Na mesma Pena – detenção até dois me-
meses e pagamento de 30 a 60 pena incorrerá o responsável pe- ses ou pagamento de 60 a 90
dias-multa. las emissoras de rádio ou televi- dias-multa.
são que autorizar transmissões de
Art. 333.  (Revogado) que participem os mencionados Art. 343.  Não cumprir o juiz o
neste artigo, bem como o dire- disposto no § 3o do art. 357:
Art. 334.  Utilizar organização tor de jornal que lhes divulgar os Pena – detenção até dois me-
comercial de vendas, distribui- pronunciamentos. ses ou pagamento de 60 a 90
ção de mercadorias, prêmios e dias-multa.
sorteios para propaganda ou ali- Art. 338.  Não assegurar o fun-
ciamento de eleitores: cionário postal a prioridade pre- Art. 344.  Recusar ou abando-
Pena – detenção de seis me- vista no art. 239: nar o serviço eleitoral sem justa
ses a um ano e cassação do re- Pena – pagamento de 30 a 60 causa:
gistro se o responsável for can- dias-multa. Pena – detenção até dois me-
didato. ses ou pagamento de 90 a 120
Art. 339.  Destruir, suprimir ou dias-multa.
Art. 335.  Fazer propaganda, ocultar urna contendo votos, ou
qualquer que seja a sua forma, documentos relativos à eleição: Art. 345.  Não cumprir a autori-
em língua estrangeira: Pena – reclusão de dois a seis dade judiciária, ou qualquer fun-
Pena – detenção de três a anos e pagamento de 5 a 15 dias- cionário dos órgãos da Justiça
seis meses e pagamento de 30 -multa. Eleitoral, nos prazos legais, os
a 60 dias-multa. Parágrafo único.  Se o agen- deveres impostos por este Có-
Parágrafo único.  Além da te é membro ou funcionário da digo, se a infração não estiver
pena cominada, a infração ao Justiça Eleitoral e comete o cri- sujeita a outra penalidade:
presente artigo importa na apre- me prevalecendo-se do cargo, a Pena – pagamento de trinta
ensão e perda do material utili- pena é agravada. a noventa dias-multa.
zado na propaganda.
Art. 340.  Fabricar, mandar fa- Art. 346.  Violar o disposto no
Art. 336.  Na sentença que jul- bricar, adquirir, fornecer, ainda art. 377:
gar ação penal pela infração de que gratuitamente, subtrair ou Pena – detenção até seis
qualquer dos arts. 322, 323, 324, guardar urnas, objetos, mapas, meses e pagamento de 30 a 60
325, 326, 328, 329, 331, 332, 333, cédulas ou papéis de uso exclu- dias-multa.
334 e 335, deve o juiz verificar, sivo da Justiça Eleitoral: Parágrafo único. Incorrerão
de acordo com o seu livre con- Pena – reclusão até três anos na pena, além da autoridade res-
vencimento, se o diretório local e pagamento de 3 a 15 dias-multa. ponsável, os servidores que pres-
do partido, por qualquer dos seus Parágrafo único.  Se o agen- tarem serviços e os candidatos,
membros, concorreu para a práti- te é membro ou funcionário da membros ou diretores de partido
Justiça Eleitoral e comete o cri- que derem causa à infração.

Art. 347.  Recusar alguém cum-


  NE: os artigos 322, 328, 329 e 333, men-
10
9
  NE: os artigos mencionados foram revo- cionados neste caput, foram revogados pela primento ou obediência a diligên-
gados pela Lei no 9.504/1997. Lei no 9.504/1997. cias, ordens ou instruções da Jus-

565
Código Eleitoral
tiça Eleitoral ou opor embaraços Art. 352.  Reconhecer, como ver- plementares ou outros elementos
à sua execução: dadeira, no exercício da função de convicção, deverá requisitá-
Pena – detenção de três me- pública, firma ou letra que o não -los diretamente de quaisquer
ses a um ano e pagamento de 10 seja, para fins eleitorais: autoridades ou funcionários que
a 20 dias-multa. Pena – reclusão até cinco possam fornecê-los.
anos e pagamento de 5 a 15 dias-
Art. 348.  Falsificar, no todo ou -multa se o documento é público, Art. 357.  Verificada a infração
em parte, documento público, e reclusão até três anos e paga- penal, o Ministério Público ofere-
ou alterar documento público mento de 3 a 10 dias-multa se o cerá a denúncia dentro do prazo
verdadeiro, para fins eleitorais: documento é particular. de 10 (dez) dias.
Pena – reclusão de dois a seis § 1o  Se o órgão do Ministério
anos e pagamento de 15 a 30 Art. 353.  Fazer uso de qualquer Público, ao invés de apresentar a
dias-multa. dos documentos falsificados ou denúncia, requerer o arquivamen-
§ 1o  Se o agente é funcio- alterados, a que se referem os to da comunicação, o juiz, no caso
nário público e comete o crime arts. 348 a 352: de considerar improcedentes as
prevalecendo-se do cargo, a pena Pena – a cominada à falsifi- razões invocadas, fará remessa
é agravada. cação ou à alteração. da comunicação ao Procurador
§ 2o  Para os efeitos penais, Regional, e este oferecerá a de-
equipara-se a documento público Art. 354.  Obter, para uso pró- núncia, designará outro Promo-
o emanado de entidade paraesta- prio ou de outrem, documento tor para oferecê-la, ou insistirá
tal inclusive Fundação do Estado. público ou particular, material no pedido de arquivamento, ao
ou ideologicamente falso para qual só então estará o juiz obri-
Art. 349.  Falsificar, no todo ou fins eleitorais: gado a atender.
em parte, documento particular Pena – a cominada à falsifi- § 2o  A denúncia conterá a
ou alterar documento particular cação ou à alteração. exposição do fato criminoso com
verdadeiro, para fins eleitorais: todas as suas circunstâncias, a
Pena – reclusão até cinco Art. 354-A.  Apropriar-se o can- qualificação do acusado ou escla-
anos e pagamento de 3 a 10 dias- didato, o administrador financeiro recimentos pelos quais se possa
-multa. da campanha, ou quem de fato identificá-lo, a classificação do
exerça essa função, de bens, re- crime e, quando necessário, o
Art. 350.  Omitir, em documento cursos ou valores destinados ao rol das testemunhas.
público ou particular, declaração financiamento eleitoral, em pro- § 3o  Se o órgão do Ministério
que dele devia constar, ou nele veito próprio ou alheio: Público não oferecer a denún-
inserir ou fazer inserir declaração Pena – reclusão, de dois a seis cia no prazo legal representará
falsa ou diversa da que devia ser anos, e multa. contra ele a autoridade judiciá-
escrita, para fins eleitorais: ria, sem prejuízo da apuração da
Pena – reclusão até cinco responsabilidade penal.
anos e pagamento de 5 a 15 dias- CAPÍTULO III – DO § 4o  Ocorrendo a hipótese
-multa, se o documento é público, PROCESSO DAS INFRAÇÕES prevista no parágrafo anterior
e reclusão até três anos e paga- o juiz solicitará ao Procurador
mento de 3 a 10 dias-multa se o Art. 355.  As infrações penais Regional a designação de outro
documento é particular. definidas neste Código são de promotor, que, no mesmo prazo,
Parágrafo único.  Se o agente ação pública. oferecerá a denúncia.
da falsidade documental é funcio- § 5o  Qualquer eleitor poderá
nário público e comete o crime Art. 356.  Todo cidadão que tiver provocar a representação contra
prevalecendo-se do cargo, ou se conhecimento de infração penal o órgão do Ministério Público se
a falsificação ou alteração é de deste Código deverá comunicá-la o juiz, no prazo de 10 (dez) dias,
assentamentos de registro civil, ao juiz eleitoral da zona onde a não agir de ofício.
a pena é agravada. mesma se verificou.
§ 1o  Quando a comunicação Art. 358.  A denúncia será rejei-
Art. 351.  Equipara-se a docu- for verbal, mandará a autoridade tada quando:
mento (348, 349 e 350) para os judicial reduzi-la a termo, assi- I – o fato narrado evidente-
efeitos penais, a fotografia, o nado pelo apresentante e por mente não constituir crime;
filme cinematográfico, o disco duas testemunhas, e a remeterá II – já estiver extinta a puni-
fonográfico ou fita de ditafone a ao órgão do Ministério Público bilidade, pela prescrição ou ou-
que se incorpore declaração ou local, que procederá na forma tra causa;
imagem destinada à prova de fato deste Código. III – for manifesta a ilegitimi-
juridicamente relevante. § 2o  Se o Ministério Público dade da parte ou faltar condição
julgar necessários maiores escla- exigida pela lei para o exercício
recimentos e documentos com- da ação penal.

566
Código Eleitoral
Parágrafo único.  Nos casos subsidiária ou supletiva, o Código VIII – as custas, nos Estados,
do no  III, a rejeição da denún- de Processo Penal. Distrito Federal e Territórios serão
cia não obstará ao exercício da cobradas nos termos dos res-
ação penal, desde que promovida pectivos Regimentos de Custas;
por parte legítima ou satisfeita a TÍTULO V – DISPOSIÇÕES IX – os juízes eleitorais comu-
condição. GERAIS E TRANSITÓRIAS nicarão aos Tribunais Regionais,
trimestralmente, a importância
Art. 359.  Recebida a denúncia, Art. 365.  O serviço eleitoral pre- total das multas impostas nesse
o juiz designará dia e hora para o fere a qualquer outro, é obrigató- período e quanto foi arrecadado
depoimento pessoal do acusado, rio e não interrompe o interstício através de pagamentos feitos na
ordenando a citação deste e a de promoção dos funcionários forma dos nos II e III;
notificação do Ministério Público. para ele requisitados. X – idêntica comunicação
Parágrafo único.  O réu ou será feita pelos Tribunais Regio-
seu defensor terá o prazo de 10 Art. 366.  Os funcionários de nais ao Tribunal Superior.
(dez) dias para oferecer alegações qualquer órgão da Justiça Elei- § 1o  As multas aplicadas pe-
escritas e arrolar testemunhas. toral não poderão pertencer a los Tribunais Eleitorais serão con-
diretório de partido político ou sideradas líquidas e certas, para
Art. 360.  Ouvidas as testemu- exercer qualquer atividade par- efeito de cobrança mediante exe-
nhas da acusação e da defesa e tidária, sob pena de demissão. cutivo fiscal desde que inscritas
praticadas as diligências reque- em livro próprio na Secretaria do
ridas pelo Ministério Público e Art. 367.  A imposição e a co- Tribunal competente.
deferidas ou ordenadas pelo juiz, brança de qualquer multa, salvo § 2o  A multa pode ser au-
abrir-se-á o prazo de 5 (cinco) dias no caso das condenações crimi- mentada até dez vezes, se o juiz,
a cada uma das partes – acusação nais, obedecerão às seguintes ou Tribunal considerar que, em
e defesa – para alegações finais. normas: virtude da situação econômica
I – no arbitramento será le- do infrator, é ineficaz, embora
Art. 361.  Decorrido esse prazo, e vada em conta a condição eco- aplicada no máximo.
conclusos os autos ao juiz dentro nômica do eleitor; § 3o  O alistando, ou o eleitor,
de quarenta e oito horas, terá o II – arbitrada a multa, de ofí- que comprovar devidamente o
mesmo 10 (dez) dias para proferir cio ou a requerimento do eleitor, seu estado de pobreza, ficará
a sentença. o pagamento será feito através de isento do pagamento de multa.
selo federal inutilizado no próprio § 4o  Fica autorizado o Te-
Art. 362.  Das decisões finais de requerimento ou no respectivo souro Nacional a emitir selos,
condenação ou absolvição cabe processo; sob a designação “Selo Eleito-
recurso para o Tribunal Regional, III – se o eleitor não satisfizer ral”, destinados ao pagamento de
a ser interposto no prazo de 10 o pagamento no prazo de 30 (trin- emolumentos, custas, despesas
(dez) dias. ta) dias, será considerada dívida e multas, tanto as administrativas
líquida e certa, para efeito de co- como as penais, devidas à Justi-
Art. 363.  Se a decisão do Tri- brança mediante executivo fiscal, ça Eleitoral.
bunal Regional for condenató- a que for inscrita em livro próprio § 5o  Os pagamentos de mul-
ria, baixarão imediatamente os no Cartório Eleitoral; tas poderão ser feitos através de
autos à instância inferior para a IV – a cobrança judicial da dí- guias de recolhimento, se a Jus-
execução da sentença, que será vida será feita por ação executiva, tiça Eleitoral não dispuser de selo
feita no prazo de 5 (cinco) dias, na forma prevista para a cobrança eleitoral em quantidade suficiente
contados da data da vista ao Mi- da dívida ativa da Fazenda Públi- para atender aos interessados.
nistério Público. ca, correndo a ação perante os
Parágrafo único.  Se o órgão juízos eleitorais; Art. 368.  Os atos requeridos ou
do Ministério Público deixar de V – nas Capitais e nas co- propostos em tempo oportuno,
promover a execução da sen- marcas onde houver mais de um mesmo que não sejam apreciados
tença serão aplicadas as normas Promotor de Justiça, a cobrança no prazo legal, não prejudicarão
constantes dos parágrafos 3o, 4o da dívida far-se-á por intermédio aos interessados.
e 5o do art. 357. do que for designado pelo Procu-
rador Regional Eleitoral; Art. 368-A.  A prova testemunhal
Art. 364.  No processo e julga- VI – os recursos cabíveis, nos singular, quando exclusiva, não
mento dos crimes eleitorais e processos para cobrança da dí- será aceita nos processos que
dos comuns que lhes forem co- vida decorrente de multa, serão possam levar à perda do mandato.
nexos, assim como nos recursos interpostos para a instância su-
e na execução, que lhes digam perior da Justiça Eleitoral; Art. 369.  O Governo da União
respeito, aplicar-se-á, como lei VII – em nenhum caso haverá fornecerá, para ser distribuído
recurso de ofício; por intermédio dos Tribunais Re-

567
Código Eleitoral
gionais, todo o material destina- Art. 375.  Nas áreas contestadas, rentes, assim na Secretaria como
do ao alistamento eleitoral e às enquanto não forem fixados defi- nas diligências, as atribuições de
eleições. nitivamente os limites interesta- titular de ofício de Justiça.
duais, far-se-ão as eleições sob a
Art. 370.  As transmissões de jurisdição do Tribunal Regional da Art. 379.  Serão considerados de
natureza eleitoral, feitas por au- circunscrição eleitoral em que, do relevância os serviços prestados
toridades e repartições compe- ponto de vista da administração pelos mesários e componentes
tentes, gozam de franquia postal, judiciária estadual, estejam elas das Juntas Apuradoras.
telegráfica, telefônica, radiote- incluídas. § 1o  Tratando-se de servidor
legráfica ou radiotelefônica, em público, em caso de promoção,
linhas oficiais ou nas que sejam Art. 376.  A proposta orçamen- a prova de haver prestado tais
obrigadas a serviço oficial. tária da Justiça Eleitoral será serviços será levada em consi-
anualmente elaborada pelo Tri- deração para efeito de desem-
Art. 371.  As repartições públicas bunal Superior, de acordo com pate, depois de observados os
são obrigadas, no prazo máximo as propostas parciais que lhe critérios já previstos em leis ou
de 10 (dez) dias, a fornecer às au- forem remetidas pelos Tribunais regulamentos.
toridades, aos representantes de Regionais, e dentro das normas § 2o  Persistindo o empate
partidos ou a qualquer alistando legais vigentes. de que trata o parágrafo ante-
as informações e certidões que Parágrafo único.  Os pedidos rior, terá preferência, para a pro-
solicitarem relativas à matéria de créditos adicionais que se fi- moção, o funcionário que tenha
eleitoral, desde que os interessa- zerem necessários ao bom an- servido maior número de vezes.
dos manifestem especificamente damento dos serviços eleitorais, § 3o  O disposto neste artigo
as razões e os fins do pedido. durante o exercício, serão enca- não se aplica aos membros ou
minhados em relação trimestral servidores da Justiça Eleitoral.
Art. 372.  Os tabeliães não po- à Câmara dos Deputados, por
derão deixar de reconhecer nos intermédio do Tribunal Superior. Art. 380.  Será feriado nacional o
documentos necessários à instru- dia em que se realizarem eleições
ção dos requerimentos e recursos Art. 377.  O serviço de qualquer de data fixada pela Constituição
eleitorais, as firmas de pessoas repartição, federal, estadual, mu- Federal; nos demais casos, serão
de seu conhecimento, ou das que nicipal, autarquia, fundação do as eleições marcadas para um
se apresentarem com 2 (dois) Estado, sociedade de economia domingo ou dia já considerado
abonadores conhecidos. mista, entidade mantida ou sub- feriado por lei anterior.
vencionada pelo poder público, ou
Art. 373.  São isentos de selo os que realiza contrato com este, in- Art. 381.  Esta Lei não altera a
requerimentos e todos os papéis clusive o respectivo prédio e suas situação das candidaturas a Pre-
destinados a fins eleitorais e é dependências não poderá ser uti- sidente ou Vice-Presidente da
gratuito o reconhecimento de lizado para beneficiar partido ou República e a Governador ou Vice-
firma pelos tabeliães, para os organização de caráter político. -Governador de Estado, desde que
mesmos fins. Parágrafo único.  O disposto resultantes de convenções parti-
Parágrafo único.  Nos pro- neste artigo será tornado efeti- dárias regulares e já registradas
cessos-crimes e nos executivos vo, a qualquer tempo, pelo órgão ou em processo de registro, salvo
fiscais referentes à cobrança de competente da Justiça Eleito- a ocorrência de outros motivos de
multas serão pagas custas nos ral, conforme o âmbito nacional, ordem legal ou constitucional que
termos do Regimento de Custas regional ou municipal do órgão as prejudiquem.
de cada Estado, sendo as devidas infrator, mediante representa- Parágrafo único.  Se o re-
à União pagas através de selos ção fundamentada de autoridade gistro requerido se referir iso-
federais inutilizados nos autos. pública, representante partidário, ladamente a Presidente ou a Vi-
ou de qualquer eleitor. ce-Presidente da República e a
Art. 374.  Os membros dos tribu- Governador ou Vice-Governador
nais eleitorais, os juízes eleitorais Art. 378.  O Tribunal Superior de Estado, a validade respectiva
e os servidores públicos requisi- organizará, mediante proposta dependerá de complementação
tados para os órgãos da Justiça do Corregedor Geral, os serviços da chapa conjunta na forma e
Eleitoral que, em virtude de suas da Corregedoria, designando para nos prazos previstos neste Có-
funções nos mencionados órgãos, desempenhá-los funcionários digo (Constituição, art. 81, com a
não tiverem as férias que lhes efetivos do seu quadro e trans- redação dada pela Emenda Cons-
couberem, poderão gozá-las no formando o cargo de um deles, titucional no 9).11
ano seguinte, acumuladas ou não. diplomado em direito e de con-
Parágrafo único. (Revogado) duta moral irrepreensível, no de
Escrivão da Corregedoria, símbolo   NE: o texto refere-se à Constituição de
11

PJ‑1, a cuja nomeação serão ine- 1946 e à Emenda Constitucional no 9/1964.

568
Código Eleitoral
Art. 382.  Este Código entrará
em vigor 30 dias após a sua pu-
blicação.

Art. 383.  Revogam-se as dispo-


sições em contrário.

Brasília, 15 de julho de 1965; 144o


da Independência e 77o da Re-
pública.

H. CASTELLO BRANCO

Promulgada em 15/7/1965, publicada no


DOU de 19/7/1965 e retificada no DOU
de 30/7/1965.

569
Consolidação das Leis do
Trabalho
ATUALIZADA ATÉ SETEMBRO DE 2022

Atualização e revisão técnica: Coordenação de Edições Técnicas


A norma aqui apresentada não substitui as publicações do Diário Oficial da União.
Sumário

CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO

Decreto-lei no 5.452/1943
579 TÍTULO I – INTRODUÇÃO
581 TÍTULO II – DAS NORMAS GERAIS DE TUTELA DO TRABALHO
581 CAPÍTULO I – DA IDENTIFICAÇÃO PROFISSIONAL
581 Seção I – Da Carteira de Trabalho e Previdência Social
581 Seção II – Da Emissão da Carteira
581 Seção III – Da Entrega das Carteiras de Trabalho e Previdência Social
581 Seção IV – Das Anotações
582 Seção V – Das Reclamações por Falta ou Recusa de Anotação
582 Seção VI – Do Valor das Anotações
582 Seção VII – Dos Livros de Registro de Empregados
583 Seção VIII – Das Penalidades
583 CAPÍTULO II – DA DURAÇÃO DO TRABALHO
583 Seção I – Disposição Preliminar
583 Seção II – Da Jornada de Trabalho
585 Seção III – Dos Períodos de Descanso
586 Seção IV – Do Trabalho Noturno
586 Seção V – Do Quadro de Horário
586 Seção VI – Das Penalidades
586 CAPÍTULO II-A – DO TELETRABALHO
587 CAPÍTULO III – DO SALÁRIO MÍNIMO
587 Seção I – Do Conceito
587 Seção II – Das Regiões, Zonas e Subzonas
587 Seção III – Da Constituição das Comissões
588 Seção IV – Das Atribuições das Comissões de Salário Mínimo
588 Seção V – Da Fixação do Salário Mínimo
588 Seção VI – Disposições Gerais
588 CAPÍTULO IV – DAS FÉRIAS ANUAIS
588 Seção I – Do Direito a Férias e da Sua Duração
589 Seção II – Da Concessão e da Época das Férias
589 Seção III – Das Férias Coletivas
589 Seção IV – Da Remuneração e do Abono de Férias
590 Seção V – Dos Efeitos da Cessação do Contrato de Trabalho
590 Seção VI – Do Início da Prescrição
590 Seção VII – Disposições Especiais
591 Seção VIII – Das Penalidades
591 CAPÍTULO V – DA SEGURANÇA E DA MEDICINA DO TRABALHO
591 Seção I – Disposições Gerais
591 Seção II – Da Inspeção Prévia e do Embargo ou Interdição
592 Seção III – Dos Órgãos de Segurança e de Medicina do Trabalho nas Empresas
592 Seção IV – Do Equipamento de Proteção Individual
592 Seção V – Das Medidas Preventivas de Medicina do Trabalho
593 Seção VI – Das Edificações
593 Seção VII – Da Iluminação
593 Seção VIII – Do Conforto Térmico
593 Seção IX – Das Instalações Elétricas
593 Seção X – Da Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais
594 Seção XI – Das Máquinas e Equipamentos
594 Seção XII – Das Caldeiras, Fornos e Recipientes sob Pressão
594 Seção XIII – Das Atividades Insalubres ou Perigosas
595 Seção XIV – Da Prevenção da Fadiga
595 Seção XV – Das Outras Medidas Especiais de Proteção
596 Seção XVI – Das Penalidades
596 TÍTULO II-A – DO DANO EXTRAPATRIMONIAL
597 TÍTULO III – DAS NORMAS ESPECIAIS DE TUTELA DO TRABALHO
597 CAPÍTULO I – DAS DISPOSIÇÕES ESPECIAIS SOBRE DURAÇÃO E CONDIÇÕES DE TRABALHO
597 Seção I – Dos Bancários
597 Seção II – Dos Empregados nos Serviços de Telefonia, de Telegrafia Submarina e Subfluvial,
de Radiotelegrafia e Radiotelefonia
598 Seção III – Dos Músicos Profissionais
598 Seção IV – Dos Operadores Cinematográficos
598 Seção IV-A – Do Serviço do Motorista Profissional Empregado
600 Seção V – Do Serviço Ferroviário
602 Seção VI – Das Equipagens das Embarcações da Marinha Mercante Nacional, de Navegação
Fluvial e Lacustre, do Tráfego nos Portos e da Pesca
602 Seção VII – Dos Serviços Frigoríficos
603 Seção VIII – Dos Serviços de Estiva
603 Seção IX – Dos Serviços de Capatazias nos Portos
603 Seção X – Do Trabalho em Minas de Subsolo
603 Seção XI – Dos Jornalistas Profissionais
605 Seção XII – Dos Professores
605 Seção XIII – Dos Químicos
608 Seção XIV – Das Penalidades
608 CAPÍTULO II – DA NACIONALIZAÇÃO DO TRABALHO
608 Seção I – Da Proporcionalidade de Empregados Brasileiros
609 Seção II – Das Relações Anuais de Empregados
610 Seção III – Das Penalidades
610 Seção IV – Disposições Gerais
610 Seção V – Das Disposições Especiais sobre a Nacionalização da Marinha Mercante
611 CAPÍTULO III – DA PROTEÇÃO DO TRABALHO DA MULHER
611 Seção I – Da Duração, Condições do Trabalho e da Discriminação contra a Mulher
611 Seção II – Do Trabalho Noturno
611 Seção III – Dos Períodos de Descanso
611 Seção IV – Dos Métodos e Locais de Trabalho
612 Seção V – Da Proteção à Maternidade
613 Seção VI – Das Penalidades
614 CAPÍTULO IV – DA PROTEÇÃO DO TRABALHO DO MENOR
614 Seção I – Disposições Gerais
614 Seção II – Da Duração do Trabalho
615 Seção III – Da Admissão em Emprego e da Carteira de Trabalho e Previdência Social
615 Seção IV – Dos Deveres dos Responsáveis Legais de Menores e dos Empregadores da
Aprendizagem
617 Seção V – Das Penalidades
617 Seção VI – Disposições Finais
617 TÍTULO IV – DO CONTRATO INDIVIDUAL DO TRABALHO
617 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
619 CAPÍTULO II – DA REMUNERAÇÃO
621 CAPÍTULO III – DA ALTERAÇÃO
622 CAPÍTULO IV – DA SUSPENSÃO E DA INTERRUPÇÃO
623 CAPÍTULO V – DA RESCISÃO
625 CAPÍTULO VI – DO AVISO PRÉVIO
626 CAPÍTULO VII – DA ESTABILIDADE
626 CAPÍTULO VIII – DA FORÇA MAIOR
627 CAPÍTULO IX – DISPOSIÇÕES ESPECIAIS
627 TÍTULO IV-A – DA REPRESENTAÇÃO DOS EMPREGADOS
628 TÍTULO V – DA ORGANIZAÇÃO SINDICAL
628 CAPÍTULO I – DA INSTITUIÇÃO SINDICAL
628 Seção I – Da Associação em Sindicato
628 Seção II – Do Reconhecimento e Investidura Sindical
629 Seção III – Da Administração do Sindicato
631 Seção IV – Das Eleições Sindicais
631 Seção V – Das Associações Sindicais de Grau Superior
632 Seção VI – Dos Direitos dos Exercentes de Atividades ou Profissões e dos Sindicalizados
634 Seção VII – Da Gestão Financeira do Sindicato e Sua Fiscalização
635 Seção VIII – Das Penalidades
636 Seção IX – Disposições Gerais
636 CAPÍTULO II – DO ENQUADRAMENTO SINDICAL
637 CAPÍTULO III – DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL
637 Seção I – Da Fixação e do Recolhimento da Contribuição Sindical
640 Seção II – Da Aplicação da Contribuição Sindical
640 Seção III – Da Comissão da Contribuição Sindical
641 Seção IV – Das Penalidades
641 Seção V – Disposições Gerais
642 TÍTULO VI – DAS CONVENÇÕES COLETIVAS DE TRABALHO
644 TÍTULO VI-A – DAS COMISSÕES DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA
645 TÍTULO VII – DO PROCESSO DE MULTAS ADMINISTRATIVAS
645 CAPÍTULO I – DA FISCALIZAÇÃO, DA AUTUAÇÃO E DA IMPOSIÇÃO DE MULTAS
647 CAPÍTULO II – DOS RECURSOS
647 CAPÍTULO III – DO DEPÓSITO, DA INSCRIÇÃO E DA COBRANÇA
648 TÍTULO VII-A – DA PROVA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITOS TRABALHISTAS
648 TÍTULO VIII – DA JUSTIÇA DO TRABALHO
648 CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO
648 CAPÍTULO II – DAS JUNTAS DE CONCILIAÇÃO E JULGAMENTO
648 Seção I – Da Composição e Funcionamento
649 Seção II – Da Jurisdição e Competência das Juntas
649 Seção III – Dos Presidentes das Juntas
650 Seção IV – Dos Vogais das Juntas
651 CAPÍTULO III – DOS JUÍZOS DE DIREITO
652 CAPÍTULO IV – DOS TRIBUNAIS REGIONAIS DO TRABALHO
652 Seção I – Da Composição e do Funcionamento
653 Seção II – Da Jurisdição e Competência
654 Seção III – Dos Presidentes dos Tribunais Regionais
654 Seção IV – Dos Juízes Representantes Classistas dos Tribunais Regionais
655 CAPÍTULO V – DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO
655 Seção I – Disposições Preliminares
655 Seção II – Da Composição e Funcionamento do Tribunal Superior do Trabalho
656 Seção III – Da Competência do Tribunal Pleno
656 Seção IV – Da Competência da Câmara de Justiça do Trabalho
656 Seção V – Da Competência da Câmara de Previdência Social
657 Seção VI – Das Atribuições do Presidente do Tribunal Superior do Trabalho
657 Seção VII – Das Atribuições do Vice-Presidente
657 Seção VIII – Das Atribuições do Corregedor
657 CAPÍTULO VI – DOS SERVIÇOS AUXILIARES DA JUSTIÇA DO TRABALHO
657 Seção I – Da Secretaria das Juntas de Conciliação e Julgamento
658 Seção II – Dos Distribuidores
658 Seção III – Do Cartório dos Juízos de Direito
658 Seção IV – Das Secretarias dos Tribunais Regionais
658 Seção V – Dos Oficiais de Justiça
659 CAPÍTULO VII – DAS PENALIDADES
659 Seção I – Do Lock-out e da Greve
659 Seção II – Das Penalidades contra os Membros da Justiça do Trabalho
659 Seção III – De Outras Penalidades
660 CAPÍTULO VIII – DISPOSIÇÕES GERAIS
660 TÍTULO IX – DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO
660 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
660 CAPÍTULO II – DA PROCURADORIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO
660 Seção I – Da Organização
661 Seção II – Da Competência da Procuradoria-Geral
661 Seção III – Da Competência das Procuradorias Regionais
661 Seção IV – Das Atribuições do Procurador-Geral
661 Seção V – Das Atribuições dos Procuradores
661 Seção VI – Das Atribuições dos Procuradores Regionais
662 Seção VII – Da Secretaria
662 CAPÍTULO III – DA PROCURADORIA DE PREVIDÊNCIA SOCIAL
662 Seção I – Da Organização
662 Seção II – Da Competência da Procuradoria
662 Seção III – Das Atribuições do Procurador-Geral
663 Seção IV – Das Atribuições dos Procuradores
663 Seção V – Da Secretaria
663 TÍTULO X – DO PROCESSO JUDICIÁRIO DO TRABALHO
663 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
663 CAPÍTULO II – DO PROCESSO EM GERAL
663 Seção I – Dos Atos, Termos e Prazos Processuais
664 Seção II – Da Distribuição
664 Seção III – Das Custas e Emolumentos
665 Seção IV – Das Partes e dos Procuradores
666 Seção IV-A – Da Responsabilidade por Dano Processual
666 Seção V – Das Nulidades
667 Seção VI – Das Exceções
667 Seção VII – Dos Conflitos de Jurisdição
668 Seção VIII – Das Audiências
668 Seção IX – Das Provas
669 Seção X – Da Decisão e Sua Eficácia
670 CAPÍTULO III – DOS DISSÍDIOS INDIVIDUAIS
670 Seção I – Da Forma de Reclamação e da Notificação
670 Seção II – Da Audiência de Julgamento
671 Seção II-A – Do Procedimento Sumaríssimo
672 Seção III – Do Inquérito para Apuração de Falta Grave
672 Seção IV – Do Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica
673 CAPÍTULO III-A – DO PROCESSO DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA PARA HOMOLOGAÇÃO DE
ACORDO EXTRAJUDICIAL
673 CAPÍTULO IV – DOS DISSÍDIOS COLETIVOS
673 Seção I – Da Instauração da Instância
673 Seção II – Da Conciliação e do Julgamento
674 Seção III – Da Extensão das Decisões
674 Seção IV – Do Cumprimento das Decisões
674 Seção V – Da Revisão
674 CAPÍTULO V – DA EXECUÇÃO
674 Seção I – Das Disposições Preliminares
675 Seção II – Do Mandado e da Penhora
676 Seção III – Dos Embargos à Execução e da Sua Impugnação
676 Seção IV – Do Julgamento e dos Trâmites Finais da Execução
676 Seção V – Da Execução por Prestações Sucessivas
677 CAPÍTULO VI – DOS RECURSOS
681 CAPÍTULO VII – DA APLICAÇÃO DAS PENALIDADES
681 CAPÍTULO VIII – DISPOSIÇÕES FINAIS
681 TÍTULO XI – DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Consolidação das Leis do
Trabalho

Decreto-lei no 5.452/1943

Aprova a Consolidação das Leis CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO demonstração do interesse in-
do Trabalho. tegrado, a efetiva comunhão de
interesses e a atuação conjunta
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, TÍTULO I – INTRODUÇÃO das empresas dele integrantes.
usando da atribuição que lhe
confere o art.  180 da Consti- Art. 1o  Esta Consolidação estatui Art. 3o  Considera-se emprega-
tuição, as normas que regulam as rela- do toda pessoa física que prestar
ções individuais e coletivas de serviços de natureza não eventual
DECRETA: trabalho, nela previstas. a empregador, sob a dependência
deste e mediante salário.
Art. 1o  Fica aprovada a Consoli- Art. 2o  Considera-se emprega- Parágrafo único.  Não haverá
dação das Leis do Trabalho, que a dor a empresa, individual ou co- distinções relativas à espécie de
este Decreto-lei acompanha, com letiva, que, assumindo os riscos emprego e à condição de traba-
as alterações por ela introduzidas da atividade econômica, admite, lhador, nem entre o trabalho inte-
na legislação vigente. assalaria e dirige a prestação lectual, técnico e manual.
Parágrafo único. Continuam pessoal de serviços.
em vigor as disposições legais § 1o  Equiparam-se ao empre- Art. 4o  Considera-se como de
transitórias ou de emergência, gador, para os efeitos exclusivos serviço efetivo o período em que
bem como as que não tenham da relação de emprego, os pro- o empregado esteja à disposição
aplicação em todo o território fissionais liberais, as instituições do empregador, aguardando ou
nacional. de beneficência, as associações executando ordens, salvo dis-
recreativas ou outras instituições posição especial expressamente
Art. 2o  O presente Decreto-lei sem fins lucrativos, que admi- consignada.
entrará em vigor em 10 de no- tirem trabalhadores como em- § 1o  Computar-se-ão, na con-
vembro de 1943. pregados. tagem de tempo de serviço, para
§ 2o  Sempre que uma ou efeito de indenização e estabilida-
Rio de Janeiro, 1o de maio de 1943; mais empresas, tendo, embora, de, os períodos em que o empre-
122o da Independência e 55o da cada uma delas, personalidade ju- gado estiver afastado do trabalho
República. rídica própria, estiverem sob a di- prestando serviço militar e por
reção, controle ou administração motivo de acidente do trabalho.
GETÚLIO VARGAS de outra, ou ainda quando, mesmo § 2o  Por não se conside-
guardando cada uma sua autono- rar tempo à disposição do em-
Decretado em 1o/5/1943, publicado mia, integrem grupo econômico, pregador, não será computado
no DOU de 9/8/1943 e retificado pelo serão responsáveis solidariamen- como período extraordinário o
Decreto-lei no  6.353, decretado em te pelas obrigações decorrentes que exceder a jornada normal,
20/3/1944 e publicado no DOU de da relação de emprego. ainda que ultrapasse o limite de
22/3/1944, e pelo Decreto-lei no 9.797, § 3o  Não caracteriza grupo cinco minutos previsto no §  1o
decretado em 9/9/1946 e publicado no econômico a mera identidade do art.  58 desta Consolidação,
DOU de 11/9/1946. de sócios, sendo necessárias, quando o empregado, por escolha
para a configuração do grupo, a própria, buscar proteção pesso-

579
Consolidação das Leis do Trabalho
al, em caso de insegurança nas c)  aos funcionários públicos dir ou fraudar a aplicação dos
vias públicas ou más condições da União, dos Estados e dos Muni- preceitos contidos na presente
climáticas, bem como adentrar ou cípios e aos respectivos extranu- Consolidação.
permanecer nas dependências da merários em serviço nas próprias
empresa para exercer atividades repartições; Art. 10.  Qualquer alteração na
particulares, entre outras: d)  aos servidores de autar- estrutura jurídica da empresa não
I – práticas religiosas; quias paraestatais, desde que afetará os direitos adquiridos por
II – descanso; sujeitos a regime próprio de pro- seus empregados.
III – lazer; teção ao trabalho que lhes as-
IV – estudo; segure situação análoga à dos Art. 10-A.  O sócio retirante res-
V – alimentação; funcionários públicos; ponde subsidiariamente pelas
VI – atividades de relaciona- e) (Suprimida); obrigações trabalhistas da so-
mento social; f)  às atividades de direção e ciedade relativas ao período em
VII – higiene pessoal; assessoramento nos órgãos, ins- que figurou como sócio, somente
VIII – troca de roupa ou uni- titutos e fundações dos partidos, em ações ajuizadas até dois anos
forme, quando não houver obri- assim definidas em normas inter- depois de averbada a modificação
gatoriedade de realizar a troca nas de organização partidária. do contrato, observada a seguinte
na empresa. Parágrafo único. (Revogado) ordem de preferência:
I – a empresa devedora;
Art. 5o  A todo trabalho de igual Art. 8o  As autoridades adminis- II – os sócios atuais; e
valor corresponderá salário igual, trativas e a Justiça do Trabalho, III – os sócios retirantes.
sem distinção de sexo. na falta de disposições legais ou Parágrafo único.  O sócio re-
contratuais, decidirão, conforme tirante responderá solidariamen-
Art. 6o  Não se distingue entre o o caso, pela jurisprudência, por te com os demais quando ficar
trabalho realizado no estabeleci- analogia, por equidade e outros comprovada fraude na alteração
mento do empregador, o executa- princípios e normas gerais de societária decorrente da modifi-
do no domicílio do empregado e o direito, principalmente do direito cação do contrato.
realizado a distância, desde que do trabalho, e, ainda, de acordo
estejam caracterizados os pres- com os usos e costumes, o direi- Art. 11.  A pretensão quanto a
supostos da relação de emprego. to comparado, mas sempre de créditos resultantes das relações
Parágrafo único.  Os meios maneira que nenhum interesse de trabalho prescreve em cinco
telemáticos e informatizados de de classe ou particular prevaleça anos para os trabalhadores urba-
comando, controle e supervisão sobre o interesse público. nos e rurais, até o limite de dois
se equiparam, para fins de su- § 1o  O direito comum será anos após a extinção do contrato
bordinação jurídica, aos meios fonte subsidiária do direito do de trabalho.
pessoais e diretos de comando, trabalho. I – (Revogado);
controle e supervisão do traba- § 2o  Súmulas e outros enun- II – (Revogado).
lho alheio. ciados de jurisprudência editados § 1o  O disposto neste artigo
pelo Tribunal Superior do Trabalho não se aplica às ações que te-
Art. 7o  Os preceitos constan- e pelos Tribunais Regionais do nham por objeto anotações para
tes da presente Consolidação, Trabalho não poderão restringir fins de prova junto à Previdência
salvo quando for, em cada caso, direitos legalmente previstos nem Social.
expressamente determinado em criar obrigações que não estejam § 2o  Tratando-se de preten-
contrário, não se aplicam: previstas em lei. são que envolva pedido de pres-
a)  aos empregados domés- § 3o  No exame de conven- tações sucessivas decorrente de
ticos, assim considerados, de um ção coletiva ou acordo coletivo alteração ou descumprimento do
modo geral, os que prestam ser- de trabalho, a Justiça do Tra- pactuado, a prescrição é total,
viços de natureza não econômica balho analisará exclusivamente exceto quando o direito à parcela
à pessoa ou à família, no âmbito a conformidade dos elementos esteja também assegurado por
residencial destas; essenciais do negócio jurídico, preceito de lei.
b)  aos trabalhadores rurais, respeitado o disposto no art. 104 § 3o  A interrupção da pres-
assim considerados aqueles que, da Lei no 10.406, de 10 de janeiro crição somente ocorrerá pelo
exercendo funções diretamente de 2002 (Código Civil), e balizará ajuizamento de reclamação tra-
ligadas à agricultura e à pecuá- sua atuação pelo princípio da in- balhista, mesmo que em juízo
ria, não sejam empregados em tervenção mínima na autonomia incompetente, ainda que venha
atividades que, pelos métodos da vontade coletiva. a ser extinta sem resolução do
de execução dos respectivos tra- mérito, produzindo efeitos apenas
balhos ou pela finalidade de suas Art. 9o  Serão nulos de pleno em relação aos pedidos idênticos.
operações, se classifiquem como direito os atos praticados com
industriais ou comerciais; o objetivo de desvirtuar, impe-

580
Consolidação das Leis do Trabalho
Art. 11-A.  Ocorre a prescrição § 3o (Revogado) anotar na CTPS, em relação aos
intercorrente no processo do § 4o (Revogado) trabalhadores que admitir, a data
trabalho no prazo de dois anos. de admissão, a remuneração e as
§ 1o  A fluência do prazo pres- condições especiais, se houver,
cricional intercorrente inicia-se
Seção II – Da Emissão da facultada a adoção de sistema
quando o exequente deixa de Carteira manual, mecânico ou eletrôni-
cumprir determinação judicial co, conforme instruções a se-
no curso da execução. Art. 14.  A CTPS será emitida pelo rem expedidas pelo Ministério
§ 2o  A declaração da pres- Ministério da Economia preferen- da Economia.
crição intercorrente pode ser cialmente em meio eletrônico. § 1o  As anotações concer-
requerida ou declarada de ofício Parágrafo único. Excepcio- nentes à remuneração devem
em qualquer grau de jurisdição. nalmente, a CTPS poderá ser emi- especificar o salário, qualquer
tida em meio físico, desde que: que seja sua forma de pagamento,
Art. 12.  Os preceitos concernen- I – nas unidades descentra- seja ele em dinheiro ou em utili-
tes ao regime de seguro social são lizadas do Ministério da Econo- dades, bem como a estimativa
objeto de lei especial. mia que forem habilitadas para da gorjeta.
a emissão; § 2o  As anotações na Carteira
II – mediante convênio, por de Trabalho e Previdência Social
TÍTULO II – DAS NORMAS órgãos federais, estaduais e mu- serão feitas:
GERAIS DE TUTELA DO nicipais da administração direta a)  na data-base;
TRABALHO ou indireta; b)  a qualquer tempo, por so-
III – mediante convênio com licitação do trabalhador;
CAPÍTULO I – DA serviços notariais e de registro, c)  no caso de rescisão con-
IDENTIFICAÇÃO sem custos para a administração, tratual; ou
PROFISSIONAL garantidas as condições de segu- d)  necessidade de compro-
rança das informações. vação perante a Previdência So-
Seção I – Da Carteira de cial.
Trabalho e Previdência Art. 15.  Os procedimentos para § 3o  A falta de cumprimento
Social emissão da CTPS ao interessado pelo empregador do disposto nes-
serão estabelecidos pelo Ministé- te artigo acarretará a lavratura do
Art. 13.  A Carteira de Trabalho e rio da Economia em regulamento auto de infração, pelo Fiscal do
Previdência Social é obrigatória próprio, privilegiada a emissão em Trabalho, que deverá, de ofício,
para o exercício de qualquer em- formato eletrônico. comunicar a falta de anotação ao
prego, inclusive de natureza rural, órgão competente, para o fim de
ainda que em caráter temporá- Art. 16.  A CTPS terá como iden- instaurar o processo de anotação.
rio, e para o exercício por conta tificação única do empregado o § 4o  É vedado ao empregador
própria de atividade profissional número de inscrição no Cadastro efetuar anotações desabonado-
remunerada. de Pessoas Físicas (CPF). ras à conduta do empregado em
§ 1o  O disposto neste artigo I – (Revogado); sua Carteira de Trabalho e Previ-
aplica-se, igualmente, a quem: II – (Revogado); dência Social.
I – proprietário rural ou não, III – (Revogado); § 5o  O descumprimento do
trabalhe individualmente ou em IV – (Revogado). disposto no § 4o deste artigo sub-
regime de economia familiar, Parágrafo único. (Revogado): meterá o empregador ao paga-
assim entendido o trabalho dos a) (Revogada); mento de multa prevista no art. 52
membros da mesma família, in- b) (Revogada). deste Capítulo.
dispensável à própria subsistên- § 6o  A comunicação pelo tra-
cia, e exercido em condições de Arts.  17 a 24.  (Revogados) balhador do número de inscrição
mútua dependência e colabo- no CPF ao empregador equivale à
ração; apresentação da CTPS em meio
II – em regime de economia
Seção III – Da Entrega das digital, dispensado o empregador
familiar e sem empregado, explo- Carteiras de Trabalho e da emissão de recibo.
re área não excedente do módulo Previdência Social § 7o  Os registros eletrônicos
rural ou de outro limite que venha gerados pelo empregador nos
a ser fixado, para cada região, Arts.  25 a 28.  (Revogados) sistemas informatizados da CTPS
pelo Ministério do Trabalho e Pre- em meio digital equivalem às ano-
vidência Social. tações a que se refere esta Lei.
§ 2o  A Carteira de Trabalho e
Seção IV – Das Anotações § 8o  O trabalhador deverá ter
Previdência Social (CTPS) obede- acesso às informações da sua
cerá aos modelos que o Ministério Art. 29.  O empregador terá o CTPS no prazo de até 48 (qua-
da Economia adotar. prazo de 5 (cinco) dias úteis para renta e oito) horas a partir de

581
Consolidação das Leis do Trabalho
sua anotação. Parágrafo único.  Não compa- Seção VI – Do Valor das
recendo o reclamado, lavrar-se-á Anotações
Art. 29-A.  O empregador que termo de ausência, sendo consi-
infringir o disposto no caput e derado revel e confesso sobre os Art. 40.  A CTPS regularmen-
no § 1o do art. 29 desta Consoli- termos da reclamação feita, de- te emitida e anotada servirá de
dação ficará sujeito a multa no vendo as anotações ser efetuadas prova:
valor de R$ 3.000,00 (três mil re- por despacho da autoridade que I – nos casos de dissídio na
ais) por empregado prejudicado, tenha processado a reclamação. Justiça do Trabalho entre a em-
acrescido de igual valor em cada presa e o empregado por motivo
reincidência. Art. 38.  Comparecendo o em- de salário, férias ou tempo de
§ 1o  No caso de microem- pregador e recusando-se a fazer serviço;
presa ou de empresa de peque- as anotações reclamadas, será II – (Revogado);
no porte, o valor final da multa lavrado um termo de compareci- III – para cálculo de indeniza-
aplicada será de R$ 800,00 (oi- mento, que deverá conter, entre ção por acidente do trabalho ou
tocentos reais) por empregado outras indicações, o lugar, o dia moléstia profissional.
prejudicado. e hora de sua lavratura, o nome e
§ 2o  A infração de que trata a residência do empregador, as-
o caput deste artigo constitui ex- segurando-se-lhe o prazo de 48
Seção VII – Dos Livros de
ceção ao critério da dupla visita. (quarenta e oito) horas, a contar Registro de Empregados
do termo, para apresentar defesa.
Art. 29-B.  Na hipótese de não Parágrafo único.  Findo o pra- Art. 41.  Em todas as atividades
serem realizadas as anotações zo para a defesa, subirá o proces- será obrigatório para o empre-
a que se refere o § 2o do art. 29 so à autoridade administrativa gador o registro dos respectivos
desta Consolidação, o emprega- de primeira instância, para se trabalhadores, podendo ser ado-
dor ficará sujeito a multa no valor ordenarem diligências, que com- tados livros, fichas ou sistema
de R$ 600,00 (seiscentos reais) pletem a instrução do feito, ou eletrônico, conforme instruções
por empregado prejudicado. para julgamento, se o caso esti- a serem expedidas pelo Ministério
ver suficientemente esclarecido. do Trabalho.
Arts.  30 a 35.  (Revogados) Parágrafo único.  Além da
Art. 39.  Verificando-se que as qualificação civil ou profissional
alegações feitas pelo reclamado de cada trabalhador, deverão ser
Seção V – Das Reclamações versam sobre a não existência de anotados todos os dados relati-
por Falta ou Recusa de relação de emprego ou sendo im- vos à sua admissão no emprego,
Anotação possível verificar essa condição duração e efetividade do traba-
pelos meios administrativos, será lho, a férias, acidentes e demais
Art. 36.  Recusando-se a empre- o processo encaminhado à Jus- circunstâncias que interessem à
sa a fazer as anotações a que se tiça do Trabalho, ficando, nesse proteção do trabalhador.
refere o art. 29 ou a devolver a caso, sobrestado o julgamento
Carteira de Trabalho e Previdência do auto de infração que houver Arts.  42 a 46.  (Revogados)
Social recebida, poderá o empre- sido lavrado.
gado comparecer, pessoalmente § 1o  Se não houver acordo, a Art. 47.  O empregador que man-
ou por intermédio de seu sindica- Junta de Conciliação e Julgamen- tiver empregado não registrado
to, perante a Delegacia Regional to, em sua sentença, ordenará nos termos do art. 41 desta Con-
ou órgão autorizado, para apre- que a Secretaria efetue as devidas solidação ficará sujeito a multa
sentar reclamação. anotações uma vez transitada em no valor de R$ 3.000,00 (três mil
julgado, e faça a comunicação à reais) por empregado não regis-
Art. 37.  No caso do art. 36, la- autoridade competente para o fim trado, acrescido de igual valor em
vrado o termo de reclamação, de aplicar a multa cabível. cada reincidência.
determinar-se-á a realização de § 2o  Igual procedimento ob- § 1o  Especificamente quanto
diligência para instrução do feito, servar-se-á no caso de processo à infração a que se refere o caput
observado, se for o caso, o dis- trabalhista de qualquer natureza, deste artigo, o valor final da multa
posto no § 2o do art. 29, notifican- quando for verificada a falta de aplicada será de R$ 800,00 (oito-
do-se posteriormente o reclama- anotações na Carteira de Trabalho centos reais) por empregado não
do por carta registrada, caso per- e Previdência Social, devendo o registrado, quando se tratar de
sista a recusa, para que, em dia Juiz, nesta hipótese, mandar pro- microempresa ou empresa de
e hora previamente designados, ceder, desde logo, àquelas sobre pequeno porte.
venha prestar esclarecimentos ou as quais não houver controvérsia. § 2o  A infração de que trata
efetuar as devidas anotações na o caput deste artigo constitui ex-
Carteira de Trabalho e Previdência ceção ao critério da dupla visita.
Social ou sua entrega.

582
Consolidação das Leis do Trabalho
Art. 47-A.  Na hipótese de não expuser à venda qualquer tipo de quer meio de transporte, inclusi-
serem informados os dados a carteira igual ou semelhante ao ve o fornecido pelo empregador,
que se refere o parágrafo único tipo oficialmente adotado. não será computado na jornada
do art. 41 desta Consolidação, o de trabalho, por não ser tempo à
empregador ficará sujeito à multa Art. 52.  O extravio ou inutili- disposição do empregador.
de R$ 600,00 (seiscentos reais) zação da Carteira de Trabalho e § 3o (Revogado)
por empregado prejudicado. Previdência Social por culpa da
empresa sujeitará esta a multa Art. 58-A.  Considera-se traba-
Art. 48.  As multas previstas nes- de valor igual à metade do salário lho em regime de tempo parcial
ta Seção serão aplicadas pela au- mínimo regional. aquele cuja duração não exceda a
toridade de primeira instância no trinta horas semanais, sem a pos-
Distrito Federal, e pelas autorida- Art. 53.  (Revogado) sibilidade de horas suplementares
des regionais do Ministério do Tra- semanais, ou, ainda, aquele cuja
balho, Indústria e Comércio, nos Art. 54.  (Revogado) duração não exceda a vinte e seis
Estados e no Território do Acre. horas semanais, com a possibi-
Art. 55.  Incorrerá na multa de lidade de acréscimo de até seis
valor igual a 1 (um) salário mínimo horas suplementares semanais.
Seção VIII – Das Penalidades regional a empresa que infringir o § 1o  O salário a ser pago aos
art. 13 e seus parágrafos. empregados sob o regime de tem-
Art. 49.  Para os efeitos da emis- po parcial será proporcional à sua
são, substituição ou anotação de Art. 56.  (Revogado) jornada, em relação aos emprega-
Carteiras de Trabalho e Previ- dos que cumprem, nas mesmas
dência Social, considerar-se-á funções, tempo integral.
crime de falsidade, com as pe- CAPÍTULO II – DA DURAÇÃO § 2o  Para os atuais empre-
nalidades previstas no art.  299 DO TRABALHO gados, a adoção do regime de
do Código Penal: tempo parcial será feita median-
Seção I – Disposição
I – fazer, no todo ou em par- te opção manifestada perante a
te, qualquer documento falso ou Preliminar empresa, na forma prevista em
alterar o verdadeiro; instrumento decorrente de ne-
II – afirmar falsamente a sua Art. 57.  Os preceitos deste Ca- gociação coletiva.
própria identidade, filiação, lugar pítulo aplicam-se a todas as ati- § 3o  As horas suplementares
de nascimento, residência, profis- vidades, salvo as expressamente à duração do trabalho semanal
são ou estado civil e beneficiários, excluídas, constituindo exceções normal serão pagas com o acrés-
ou atestar os de outra pessoa; as disposições especiais, concer- cimo de 50% (cinquenta por cen-
III – servir-se de documentos, nentes estritamente a peculiari- to) sobre o salário-hora normal.
por qualquer forma falsificados; dades profissionais constantes do § 4o  Na hipótese de o con-
IV – falsificar, fabricando ou Capítulo I do Título III. trato de trabalho em regime de
alterando, ou vender, usar ou pos- tempo parcial ser estabelecido
suir Carteiras de Trabalho e Pre- em número inferior a vinte e seis
vidência Social assim alteradas;
Seção II – Da Jornada de horas semanais, as horas su-
V – anotar dolosamente em Trabalho plementares a este quantitativo
Carteira de Trabalho e Previdência serão consideradas horas extras
Social ou registro de empregado, Art. 58.  A duração normal do para fins do pagamento estipula-
ou confessar ou declarar em juízo trabalho, para os empregados do no § 3o, estando também limi-
ou fora dele, data de admissão em em qualquer atividade privada, tadas a seis horas suplementares
emprego diversa da verdadeira. não excederá de oito horas di- semanais.
árias, desde que não seja fixado § 5o  As horas suplementa-
Art. 50.  Comprovando-se falsi- expressamente outro limite. res da jornada de trabalho nor-
dade, quer nas declarações para § 1o  Não serão descontadas mal poderão ser compensadas
emissão de Carteira de Trabalho nem computadas como jornada diretamente até a semana ime-
e Previdência Social, quer nas extraordinária as variações de diatamente posterior à da sua
respectivas anotações, o fato horário no registro de ponto não execução, devendo ser feita a sua
será levado ao conhecimento da excedentes de cinco minutos, quitação na folha de pagamento
autoridade que houver emitido a observado o limite máximo de do mês subsequente, caso não
carteira, para fins de direito. dez minutos diários. sejam compensadas.
§ 2o  O tempo despendido § 6o  É facultado ao empre-
Art. 51.  Incorrerá em multa de pelo empregado desde a sua re- gado contratado sob regime de
valor igual a 3 (três) vezes o sa- sidência até a efetiva ocupação tempo parcial converter um terço
lário mínimo regional aquele que, do posto de trabalho e para o seu do período de férias a que tiver
comerciante ou não, vender ou retorno, caminhando ou por qual- direito em abono pecuniário.

583
Consolidação das Leis do Trabalho
§ 7o  As férias do regime de vados ou indenizados os interva- trabalho exceder do limite legal
tempo parcial são regidas pelo los para repouso e alimentação. ou convencionado, seja para fa-
disposto no art. 130 desta Con- Parágrafo único.  A remu- zer face a motivo de força maior,
solidação. neração mensal pactuada pelo seja para atender à realização ou
horário previsto no caput deste conclusão de serviços inadiáveis
Art. 59.  A duração diária do tra- artigo abrange os pagamentos ou cuja inexecução possa acar-
balho poderá ser acrescida de devidos pelo descanso semanal retar prejuízo manifesto.
horas extras, em número não remunerado e pelo descanso em § 1o  O excesso, nos casos
excedente de duas, por acordo feriados, e serão considerados deste artigo, pode ser exigido
individual, convenção coletiva compensados os feriados e as independentemente de conven-
ou acordo coletivo de trabalho. prorrogações de trabalho notur- ção coletiva ou acordo coletivo
§ 1o  A remuneração da hora no, quando houver, de que tratam de trabalho.
extra será, pelo menos, 50% (cin- o art. 70 e o § 5o do art. 73 desta § 2o  Nos casos de excesso
quenta por cento) superior à da Consolidação. de horário por motivo de força
hora normal. maior, a remuneração da hora
§ 2o  Poderá ser dispensado o Art. 59-B.  O não atendimento excedente não será inferior à da
acréscimo de salário se, por força das exigências legais para com- hora normal. Nos demais casos
de acordo ou convenção coletiva pensação de jornada, inclusive de excesso previstos neste artigo,
de trabalho, o excesso de horas quando estabelecida mediante a remuneração será, pelo menos,
em um dia for compensado pela acordo tácito, não implica a re- 25% (vinte e cinco por cento)
correspondente diminuição em petição do pagamento das horas superior à da hora normal, e o
outro dia, de maneira que não excedentes à jornada normal diá- trabalho não poderá exceder de
exceda, no período máximo de um ria se não ultrapassada a duração doze horas, desde que a lei não
ano, à soma das jornadas sema- máxima semanal, sendo devido fixe expressamente outro limite.
nais de trabalho previstas, nem apenas o respectivo adicional. § 3o  Sempre que ocorrer in-
seja ultrapassado o limite máximo Parágrafo único.  A presta- terrupção do trabalho, resultante
de dez horas diárias. ção de horas extras habituais de causas acidentais, ou de for-
§ 3o  Na hipótese de rescisão não descaracteriza o acordo de ça maior, que determinem a im-
do contrato de trabalho sem que compensação de jornada e o ban- possibilidade de sua realização,
tenha havido a compensação in- co de horas. a duração do trabalho poderá
tegral da jornada extraordinária, ser prorrogada pelo tempo ne-
na forma dos §§ 2o e 5o deste ar- Art. 60.  Nas atividades insa- cessário até o máximo de duas
tigo, o trabalhador terá direito ao lubres, assim consideradas as horas, durante o número de dias
pagamento das horas extras não constantes dos quadros men- indispensáveis à recuperação do
compensadas, calculadas sobre cionados no capítulo “Da Segu- tempo perdido, desde que não
o valor da remuneração na data rança e da Medicina do Traba- exceda de dez horas diárias, em
da rescisão. lho”, ou que neles venham a ser período não superior a quarenta
§ 4o (Revogado) incluídas por ato do Ministro do e cinco dias por ano, sujeita essa
§ 5o  O banco de horas de que Trabalho, Indústria e Comércio, recuperação à prévia autorização
trata o § 2o deste artigo poderá ser quaisquer prorrogações só po- da autoridade competente.
pactuado por acordo individual derão ser acordadas mediante
escrito, desde que a compensa- licença prévia das autoridades Art. 62.  Não são abrangidos pelo
ção ocorra no período máximo competentes em matéria de hi- regime previsto neste capítulo:
de seis meses. giene do trabalho, as quais, para I – os empregados que exer-
§ 6o  É lícito o regime de com- esse efeito, procederão aos ne- cem atividade externa incompa-
pensação de jornada estabelecido cessários exames locais e à veri- tível com a fixação de horário de
por acordo individual, tácito ou ficação dos métodos e processos trabalho, devendo tal condição ser
escrito, para a compensação no de trabalho, quer diretamente, anotada na Carteira de Trabalho
mesmo mês. quer por intermédio de autorida- e Previdência Social e no registro
des sanitárias federais, estaduais de empregados;
Art. 59-A.  Em exceção ao dis- e municipais, com quem entrarão II – os gerentes, assim consi-
posto no art. 59 desta Consolida- em entendimento para tal fim. derados os exercentes de cargos
ção, é facultado às partes, me- Parágrafo único. Excetuam- de gestão, aos quais se equipa-
diante acordo individual escrito, -se da exigência de licença pré- ram, para efeito do disposto neste
convenção coletiva ou acordo via as jornadas de doze horas de artigo, os diretores e chefes de
coletivo de trabalho, estabelecer trabalho por trinta e seis horas departamento ou filial;
horário de trabalho de doze horas ininterruptas de descanso. III – os empregados em regi-
seguidas por trinta e seis horas me de teletrabalho que prestam
ininterruptas de descanso, obser- Art. 61.  Ocorrendo necessidade serviço por produção ou tarefa.
imperiosa, poderá a duração do Parágrafo único.  O regime

584
Consolidação das Leis do Trabalho
previsto neste capítulo será apli- belecida escala de revezamen- duração do trabalho.
cável aos empregados mencio- to, mensalmente organizada e § 3o  O limite mínimo de uma
nados no inciso II deste artigo, constando de quadro sujeito à hora para repouso ou refeição
quando o salário do cargo de con- fiscalização. poderá ser reduzido por ato do
fiança, compreendendo a gratifi- Ministro do Trabalho, Indústria e
cação de função, se houver, for Art. 68.  O trabalho em domingo, Comércio, quando, ouvido o Servi-
inferior ao valor do respectivo seja total ou parcial, na forma do ço de Alimentação de Previdência
salário efetivo acrescido de 40% art. 67, será sempre subordinado Social, se verificar que o estabe-
(quarenta por cento). à permissão prévia da autorida- lecimento atende integralmente
de competente em matéria de às exigências concernentes à
Art. 63.  Não haverá distinção trabalho. organização dos refeitórios, e
entre empregados e interessa- Parágrafo único.  A permissão quando os respectivos empre-
dos, e a participação em lucros será concedida a título perma- gados não estiverem sob regime
e comissões, salvo em lucros de nente nas atividades que, por sua de trabalho prorrogado a horas
caráter social, não exclui o parti- natureza ou pela conveniência suplementares.
cipante do regime deste Capítulo. pública, devem ser exercidas aos § 4o  A não concessão ou a
domingos, cabendo ao Ministro do concessão parcial do intervalo
Art. 64.  O salário-hora normal, Trabalho, Indústria e Comércio intrajornada mínimo, para repou-
no caso de empregado mensa- expedir instruções em que sejam so e alimentação, a empregados
lista, será obtido dividindo-se o especificadas tais atividades. Nos urbanos e rurais, implica o paga-
salário mensal correspondente demais casos, ela será dada sob mento, de natureza indenizatória,
à duração do trabalho, a que se forma transitória, com discrimi- apenas do período suprimido,
refere o art.  58, por 30 (trinta) nação do período autorizado, o com acréscimo de 50% (cinquen-
vezes o número de horas dessa qual, de cada vez, não excederá ta por cento) sobre o valor da
duração. de sessenta dias. remuneração da hora normal de
Parágrafo único.  Sendo o nú- trabalho.
mero de dias inferior a 30 (trinta), Art. 69.  Na regulamentação do § 5o  O intervalo expresso no
adotar-se-á para o cálculo, em funcionamento de atividades su- caput poderá ser reduzido e/ou
lugar desse número, o de dias de jeitas ao regime deste Capítulo, fracionado, e aquele estabeleci-
trabalho por mês. os municípios atenderão aos pre- do no § 1o poderá ser fracionado,
ceitos nele estabelecidos, e as quando compreendidos entre o
Art. 65.  No caso do empregado regras que venham a fixar não término da primeira hora traba-
diarista, o salário-hora normal poderão contrariar tais preceitos lhada e o início da última hora tra-
será obtido dividindo-se o salá- nem as instruções que, para seu balhada, desde que previsto em
rio diário correspondente à du- cumprimento, forem expedidas convenção ou acordo coletivo de
ração do trabalho, estabelecido pelas autoridades competentes trabalho, ante a natureza do ser-
no art. 58, pelo número de horas em matéria de trabalho. viço e em virtude das condições
de efetivo trabalho. especiais de trabalho a que são
Art. 70.  Salvo o disposto nos submetidos estritamente os mo-
artigos 68 e 69, é vedado o tra- toristas, cobradores, fiscalização
Seção III – Dos Períodos de balho em dias feriados nacionais de campo e afins nos serviços de
Descanso e feriados religiosos, nos termos operação de veículos rodoviários,
da legislação própria. empregados no setor de trans-
Art. 66.  Entre duas jornadas de porte coletivo de passageiros,
trabalho haverá um período míni- Art. 71.  Em qualquer trabalho mantida a remuneração e con-
mo de onze horas consecutivas contínuo, cuja duração exceda cedidos intervalos para descanso
para descanso. de seis horas, é obrigatória a menores ao final de cada viagem.
concessão de um intervalo para
Art. 67.  Será assegurado a todo repouso ou alimentação, o qual Art. 72.  Nos serviços permanen-
empregado um descanso sema- será, no mínimo, de uma hora e, tes de mecanografia (datilografia,
nal de vinte e quatro horas con- salvo acordo escrito ou contrato escrituração ou cálculo), a cada
secutivas, o qual, salvo motivo coletivo em contrário, não poderá período de noventa minutos de
de conveniência pública ou ne- exceder de duas horas. trabalho consecutivo correspon-
cessidade imperiosa do serviço, § 1o  Não excedendo de seis derá um repouso de dez minutos
deverá coincidir com o domingo, horas o trabalho, será, entretanto, não deduzidos da duração normal
no todo ou em parte. obrigatório um intervalo de quinze de trabalho.
Parágrafo único.  Nos ser- minutos quando a duração ultra-
viços que exijam trabalho aos passar quatro horas.
domingos, com exceção quanto § 2o  Os intervalos de des-
aos elencos teatrais, será esta- canso não serão computados na

585
Consolidação das Leis do Trabalho
Seção IV – Do Trabalho expedidas pela Secretaria Espe- da que de modo habitual, às de-
Noturno cial de Previdência e Trabalho do pendências do empregador para
Ministério da Economia, permiti- a realização de atividades espe-
Art. 73.  Salvo nos casos de re- da a pré-assinalação do período cíficas que exijam a presença do
vezamento semanal ou quinzenal, de repouso. empregado no estabelecimento
o trabalho noturno terá remune- § 3o  Se o trabalho for execu- não descaracteriza o regime de
ração superior à do diurno e, para tado fora do estabelecimento, o teletrabalho ou trabalho remoto.
esse efeito, sua remuneração horário dos empregados consta- § 2o  O empregado submeti-
terá um acréscimo de 20% (vinte rá do registro manual, mecânico do ao regime de teletrabalho ou
por cento), pelo menos, sobre a ou eletrônico em seu poder, sem trabalho remoto poderá prestar
hora diurna. prejuízo do que dispõe o caput serviços por jornada ou por pro-
§ 1o  A hora do trabalho no- deste artigo. dução ou tarefa.
turno será computada como de § 4o  Fica permitida a utili- § 3o  Na hipótese da presta-
52 (cinquenta e dois) minutos e zação de registro de ponto por ção de serviços em regime de
30 (trinta) segundos. exceção à jornada regular de tra- teletrabalho ou trabalho remoto
§ 2o  Considera-se noturno, balho, mediante acordo individual por produção ou tarefa, não se
para os efeitos deste artigo, o escrito, convenção coletiva ou aplicará o disposto no Capítulo
trabalho executado entre as 22 acordo coletivo de trabalho. II do Título II desta Consolidação.
(vinte e duas) horas de um dia e § 4o  O regime de teletrabalho
as 5 (cinco) horas do dia seguinte. ou trabalho remoto não se con-
§ 3o  O acréscimo, a que se
Seção VI – Das Penalidades funde nem se equipara à ocupa-
refere o presente artigo, em se ção de operador de telemarketing
tratando de empresas que não Art. 75.  Os infratores dos dis- ou de teleatendimento.
mantêm, pela natureza de suas positivos do presente Capítulo § 5o  O tempo de uso de equi-
atividades, trabalho noturno ha- incorrerão na multa de cinquen- pamentos tecnológicos e de infra-
bitual, será feito, tendo em vista ta a cinco mil cruzeiros, segun- estrutura necessária, bem como
os quantitativos pagos por traba- do a natureza da infração, sua de softwares, de ferramentas digi-
lhos diurnos de natureza seme- extensão e a intenção de quem tais ou de aplicações de internet
lhante. Em relação às empresas a praticou, aplicada em dobro utilizados para o teletrabalho, fora
cujo trabalho noturno decorra no caso de reincidência, e opo- da jornada de trabalho normal do
da natureza de suas atividades, sição à fiscalização ou desacato empregado não constitui tempo
o aumento será calculado sobre à autoridade. à disposição ou regime de pron-
o salário mínimo geral vigente na Parágrafo único.  São compe- tidão ou de sobreaviso, exceto se
região, não sendo devido quando tentes para impor penalidades, no houver previsão em acordo indivi-
exceder desse limite, já acrescido Distrito Federal, a autoridade de dual ou em acordo ou convenção
da percentagem. 1a instância do Departamento Na- coletiva de trabalho.
§ 4o  Nos horários mistos, as- cional do Trabalho e, nos Estados § 6o  Fica permitida a adoção
sim entendidos os que abrangem e no Território do Acre, as autori- do regime de teletrabalho ou tra-
períodos diurnos e noturnos, apli- dades regionais do Ministério do balho remoto para estagiários e
ca-se às horas de trabalho notur- Trabalho, Indústria e Comércio. aprendizes.
no o disposto neste artigo e seus § 7o  Aos empregados em re-
parágrafos. gime de teletrabalho aplicam-se
§ 5o  Às prorrogações do tra- CAPÍTULO II-A – DO as disposições previstas na legis-
balho noturno aplica-se o dispos- TELETRABALHO lação local e nas convenções e
to neste Capítulo. nos acordos coletivos de traba-
Art. 75-A.  A prestação de ser- lho relativas à base territorial do
viços pelo empregado em regime estabelecimento de lotação do
Seção V – Do Quadro de de teletrabalho observará o dis- empregado.
Horário posto neste Capítulo. § 8o  Ao contrato de traba-
lho do empregado admitido no
Art. 74.  O horário de trabalho Art. 75-B.  Considera-se tele- Brasil que optar pela realização
será anotado em registro de em- trabalho ou trabalho remoto a de teletrabalho fora do território
pregados. prestação de serviços fora das nacional aplica-se a legislação
§ 1o (Revogado) dependências do empregador, de brasileira, excetuadas as dispo-
§ 2o  Para os estabelecimen- maneira preponderante ou não, sições constantes da Lei no 7.064,
tos com mais de 20 (vinte) traba- com a utilização de tecnologias de 6 de dezembro de 1982, salvo
lhadores será obrigatória a anota- de informação e de comunicação, disposição em contrário estipu-
ção da hora de entrada e de saída, que, por sua natureza, não confi- lada entre as partes.
em registro manual, mecânico ou gure trabalho externo. § 9o  Acordo individual pode-
eletrônico, conforme instruções § 1o  O comparecimento, ain- rá dispor sobre os horários e os

586
Consolidação das Leis do Trabalho
meios de comunicação entre em- Art. 75-F.  Os empregadores de- mente, o valor das despesas diá-
pregado e empregador, desde que verão dar prioridade aos empre- rias com alimentação, habitação,
assegurados os repousos legais. gados com deficiência e aos em- vestuário, higiene e transporte
pregados com filhos ou criança necessários à vida de um traba-
Art. 75-C.  A prestação de servi- sob guarda judicial até 4 (quatro) lhador adulto.
ços na modalidade de teletrabalho anos de idade na alocação em § 1o  A parcela corresponden-
deverá constar expressamente vagas para atividades que pos- te à alimentação terá um valor
do instrumento de contrato in- sam ser efetuadas por meio do mínimo igual aos valores da lis-
dividual de trabalho. teletrabalho ou trabalho remoto. ta de provisões, constantes dos
§ 1o  Poderá ser realizada a quadros devidamente aprovados
alteração entre regime presencial e necessários à alimentação diá-
e de teletrabalho desde que haja CAPÍTULO III – DO SALÁRIO ria do trabalhador adulto.
mútuo acordo entre as partes, MÍNIMO § 2o  Poderão ser substituí-
registrado em aditivo contratual. dos pelos equivalentes de cada
Seção I – Do Conceito
§ 2o  Poderá ser realizada a grupo, também mencionados nos
alteração do regime de teletraba- quadros a que alude o parágrafo
lho para o presencial por determi- Art. 76.  Salário mínimo é a con- anterior, os alimentos, quando
nação do empregador, garantido traprestação mínima devida e as condições da região, zona ou
prazo de transição mínimo de paga diretamente pelo emprega- subzona o aconselharem, respei-
quinze dias, com correspondente dor a todo trabalhador, inclusive tados os valores nutritivos deter-
registro em aditivo contratual. ao trabalhador rural, sem distin- minados nos mesmos quadros.
§ 3o  O empregador não será ção de sexo, por dia normal de § 3o  O Ministério do Trabalho,
responsável pelas despesas re- serviço, e capaz de satisfazer, em Indústria e Comércio fará, perio-
sultantes do retorno ao traba- determinada época e região do dicamente, a revisão dos quadros
lho presencial, na hipótese de o País, as suas necessidades nor- a que se refere o § 1o deste artigo.
empregado optar pela realização mais de alimentação, habitação,
do teletrabalho ou trabalho re- vestuário, higiene e transporte. Art. 82.  Quando o empregador
moto fora da localidade previs- fornecer, in natura, uma ou mais
ta no contrato, salvo disposição Art. 77.  (Revogado) das parcelas do salário mínimo, o
em contrário estipulada entre salário em dinheiro será determi-
as partes. Art. 78.  Quando o salário for nado pela fórmula Sd = Sm – P, em
ajustado por empreitada, ou con- que Sd representa o salário em
Art. 75-D.  As disposições re- vencionado por tarefa ou peça, dinheiro, Sm o salário mínimo e P
lativas à responsabilidade pela será garantida ao trabalhador a soma dos valores daquelas par-
aquisição, manutenção ou for- uma remuneração diária nunca celas na região, zona ou subzona.
necimento dos equipamentos inferior à do salário mínimo por Parágrafo único.  O salário mí-
tecnológicos e da infraestrutura dia normal da região, zona ou nimo pago em dinheiro não será
necessária e adequada à pres- subzona.1 inferior a 30% (trinta por cento)
tação do trabalho remoto, bem Parágrafo único.  Quando o do salário mínimo fixado para a
como ao reembolso de despesas salário mínimo mensal do em- região, zona ou subzona.
arcadas pelo empregado, serão pregado a comissão ou que tenha
previstas em contrato escrito. direito a percentagem for integra- Art. 83.  É devido o salário míni-
Parágrafo único.  As utilida- do por parte fixa e parte variável, mo ao trabalhador em domicílio,
des mencionadas no caput deste ser-lhe-á sempre garantido o sa- considerado este como o execu-
artigo não integram a remunera- lário mínimo, vedado qualquer tado na habitação do empregado
ção do empregado. desconto em mês subsequente ou em oficina de família, por conta
a título de compensação. de empregador que o remunere.
Art. 75-E.  O empregador de-
verá instruir os empregados, de Art. 79.  (Revogado)
maneira expressa e ostensiva,
Seção II – Das Regiões,
quanto às precauções a tomar a Art. 80.  (Revogado) Zonas e Subzonas
fim de evitar doenças e acidentes
de trabalho. Art. 81.  O salário mínimo será Arts.  84 a 86.  (Revogados)
Parágrafo único.  O empre- determinado pela fórmula Sm =
gado deverá assinar termo de a + b + c + d + e, em que a, b, c,
responsabilidade comprometen- d, e e representam, respectiva-
Seção III – Da Constituição
do-se a seguir as instruções for- das Comissões
necidas pelo empregador.
  Nota do Editor (NE): a Constituição Federal
1

estabelece, em seu art. 7o, IV, que o salário Arts.  87 a 100.  (Revogados)


mínimo é nacionalmente unificado.

587
Consolidação das Leis do Trabalho
Seção IV – Das Atribuições zação do salário mínimo, podendo percepção do salário-materni-
das Comissões de Salário cometer essa fiscalização a qual- dade custeado pela Previdência
Mínimo quer dos órgãos componentes Social;
do respectivo Ministério, e, bem III – por motivo de acidente do
Arts.  101 a 111.  (Revogados) assim, aos fiscais dos Institutos trabalho ou enfermidade atestada
de Aposentadoria e Pensões na pelo Instituto Nacional do Seguro
forma da legislação em vigor. Social – INSS, excetuada a hipóte-
Seção V – Da Fixação do se do inciso IV do art. 133;
Salário Mínimo Art. 127.  (Revogado) IV – justificada pela empresa,
entendendo-se como tal a que
Arts.  112 a 116.  (Revogados) Art. 128.  (Revogado) não tiver determinado o desconto
do correspondente salário;
V – durante a suspensão pre-
Seção VI – Disposições CAPÍTULO IV – DAS FÉRIAS ventiva para responder a inquérito
Gerais ANUAIS administrativo ou de prisão pre-
ventiva, quando for impronuncia-
Seção I – Do Direito a Férias
Art. 117.  Será nulo de pleno di- do ou absolvido; e
reito, sujeitando o empregador e da Sua Duração VI – nos dias em que não te-
às sanções do art. 120, qualquer nha havido serviço, salvo na hi-
contrato ou convenção que es- Art. 129.  Todo empregado terá pótese do inciso III do art. 133.
tipule remuneração inferior ao direito anualmente ao gozo de um
salário mínimo estabelecido na período de férias, sem prejuízo da Art. 132.  O tempo de traba-
região, zona ou subzona, em que remuneração. lho anterior à apresentação do
tiver de ser cumprido. empregado para serviço militar
Art. 130.  Após cada período de obrigatório será computado no
Art. 118.  O trabalhador a quem 12 (doze) meses de vigência do período aquisitivo, desde que ele
for pago salário inferior ao mí- contrato de trabalho, o empre- compareça ao estabelecimento
nimo terá direito, não obstante gado terá direito a férias, na se- dentro de 90 (noventa) dias da
qualquer contrato, ou conven- guinte proporção: data em que se verificar a res-
ção em contrário, a reclamar do I – 30 (trinta) dias corridos, pectiva baixa.
empregador o complemento de quando não houver faltado ao
seu salário mínimo estabelecido serviço mais de 5 (cinco) vezes; Art. 133.  Não terá direito a fé-
na região, zona ou subzona, em II – 24 (vinte e quatro) dias rias o empregado que, no curso
que tiver de ser cumprido. corridos, quando houver tido de do período aquisitivo:
6 (seis) a 14 (quatorze) faltas; I – deixar o emprego e não for
Art. 119.  Prescreve em dois anos III – 18 (dezoito) dias corridos, readmitido dentro dos 60 (sessen-
a ação para reaver a diferença, quando houver tido de 15 (quinze) ta) dias subsequentes à sua saída;
contados, para cada pagamento, a 23 (vinte e três) faltas; II – permanecer em gozo de
da data em que o mesmo tenha IV – 12 (doze) dias corridos, licença, com percepção de salá-
sido efetuado. quando houver tido de 24 (vinte e rios, por mais de 30 (trinta) dias;
quatro) a 32 (trinta e duas) faltas. III – deixar de trabalhar, com
Art. 120.  Aquele que infringir § 1o  É vedado descontar, do percepção do salário, por mais
qualquer dispositivo concernente período de férias, as faltas do de 30 (trinta) dias, em virtude de
ao salário mínimo será passível empregado ao serviço. paralisação parcial ou total dos
de multa de cinquenta a dois mil § 2o  O período das férias será serviços da empresa; e
cruzeiros, elevada ao dobro na computado, para todos os efeitos, IV – tiver percebido da Pre-
reincidência. como tempo de serviço. vidência Social prestações de
acidente de trabalho ou de au-
Arts.  121 a 123.  (Revogados) Art. 130-A.  (Revogado) xílio-doença por mais de 6 (seis)
meses, embora descontínuos.
Art. 124.  A aplicação dos pre- Art. 131.  Não será considerada § 1o  A interrupção da presta-
ceitos deste Capítulo não poderá, falta ao serviço, para os efeitos ção de serviços deverá ser ano-
em caso algum, ser causa deter- do artigo anterior, a ausência do tada na Carteira de Trabalho e
minante da redução do salário. empregado: Previdência Social.
I – nos casos referidos no § 2o  Iniciar-se-á o decurso de
Art. 125.  (Revogado) art. 473; novo período aquisitivo quando o
II – durante o licenciamento empregado, após o implemento
Art. 126.  O Ministro do Trabalho, compulsório da empregada por de qualquer das condições pre-
Indústria e Comércio expedirá as motivo de maternidade ou abor- vistas neste artigo, retornar ao
instruções necessárias à fiscali- to, observados os requisitos para serviço.

588
Consolidação das Leis do Trabalho
§ 3o  Para os fins previstos ma do regulamento, dispensadas § 1o  As férias poderão ser
no inciso III deste artigo a em- as anotações de que tratam os gozadas em dois períodos anu-
presa comunicará ao órgão local §§ 1o e 2o deste artigo. ais, desde que nenhum deles seja
do Ministério do Trabalho, com inferior a 10 (dez) dias corridos.
antecedência mínima de quinze Art. 136.  A época da conces- § 2o  Para os fins previstos
dias, as datas de início e fim da são das férias será a que melhor neste artigo, o empregador comu-
paralisação total ou parcial dos consulte os interesses do em- nicará ao órgão local do Ministério
serviços da empresa, e, em igual pregador. do Trabalho, com a antecedência
prazo, comunicará, nos mesmos § 1o  Os membros de uma fa- mínima de 15 (quinze) dias, as
termos, ao sindicato representati- mília, que trabalharem no mesmo datas de início e fim das férias,
vo da categoria profissional, bem estabelecimento ou empresa, precisando quais os estabeleci-
como afixará aviso nos respecti- terão direito a gozar férias no mentos ou setores abrangidos
vos locais de trabalho. mesmo período, se assim o de- pela medida.
§ 4o (Vetado) sejarem e se disto não resultar § 3o  Em igual prazo o em-
prejuízo para o serviço. pregador enviará cópia da aludi-
§ 2o  O empregado estudan- da comunicação aos sindicatos
Seção II – Da Concessão e da te, menor de 18 (dezoito) anos, representativos da respectiva
Época das Férias terá direito a fazer coincidir suas categoria profissional, e provi-
férias com as férias escolares. denciará a afixação de aviso nos
Art. 134.  As férias serão con- locais de trabalho.
cedidas por ato do empregador, Art. 137.  Sempre que as férias
em um só período, nos 12 (doze) forem concedidas após o prazo Art. 140.  Os empregados con-
meses subsequentes à data em de que trata o art. 134, o emprega- tratados há menos de 12 (doze)
que o empregado tiver adquirido dor pagará em dobro a respectiva meses gozarão, na oportunidade,
o direito. remuneração. férias proporcionais, iniciando-se,
§ 1o  Desde que haja concor- § 1o  Vencido o mencionado então, novo período aquisitivo.
dância do empregado, as férias prazo sem que o empregador te-
poderão ser usufruídas em até nha concedido as férias, o empre- Art. 141.  (Revogado)
três períodos, sendo que um deles gado poderá ajuizar reclamação
não poderá ser inferior a quatorze pedindo a fixação, por sentença,
dias corridos e os demais não po- da época de gozo das mesmas.
Seção IV – Da Remuneração
derão ser inferiores a cinco dias § 2o  A sentença cominará e do Abono de Férias
corridos, cada um. pena diária de 5% (cinco por cen-
§ 2o (Revogado) to) do salário mínimo da região, Art. 142.  O empregado percebe-
§ 3o  É vedado o início das devida ao empregado até que rá, durante as férias, a remune-
férias no período de dois dias seja cumprida. ração que lhe for devida na data
que antecede feriado ou dia de § 3o  Cópia da decisão judi- da sua concessão.
repouso semanal remunerado. cial transitada em julgado será § 1o  Quando o salário for pago
remetida ao órgão local do Mi- por hora com jornadas variáveis,
Art. 135.  A concessão das férias nistério do Trabalho, para fins apurar-se-á a média do período
será participada, por escrito, ao de aplicação da multa de caráter aquisitivo, aplicando-se o valor
empregado, com antecedência administrativo. do salário na data da concessão
de, no mínimo, 30 (trinta) dias. das férias.
Dessa participação o interessado Art. 138.  Durante as férias, o § 2o  Quando o salário for
dará recibo. empregado não poderá prestar pago por tarefa tomar-se-á por
§ 1o  O empregado não pode- serviços a outro empregador, base a média da produção no
rá entrar no gozo das férias sem salvo se estiver obrigado a fa- período aquisitivo do direito a
que apresente ao empregador zê-lo em virtude de contrato de férias, aplicando-se o valor da
sua Carteira de Trabalho e Previ- trabalho regularmente mantido remuneração da tarefa na data
dência Social, para que nela seja com aquele. da concessão das férias.
anotada a respectiva concessão. § 3o  Quando o salário for
§ 2o  A concessão das férias pago por percentagem, comissão
será, igualmente, anotada no li-
Seção III – Das Férias ou viagem, apurar-se-á a média
vro ou nas fichas de registro dos Coletivas percebida pelo empregado nos 12
empregados. (doze) meses que precederem à
§ 3o  Nos casos em que o em- Art. 139.  Poderão ser concedi- concessão das férias.
pregado possua a CTPS em meio das férias coletivas a todos os § 4o  A parte do salário paga
digital, a anotação será feita nos empregados de uma empresa em utilidades será computada
sistemas a que se refere o § 7o do ou de determinados estabeleci- de acordo com a anotação na
art. 29 desta Consolidação, na for- mentos ou setores da empresa. Carteira de Trabalho e Previdên-

589
Consolidação das Leis do Trabalho
cia Social. do dará quitação do pagamento, Seção VII – Disposições
§ 5o  Os adicionais por tra- com indicação do início e do ter- Especiais
balho extraordinário, noturno, mo das férias.
insalubre ou perigoso serão com- Art. 150.  O tripulante que, por
putados no salário que servirá de determinação do armador, for
base ao cálculo da remuneração
Seção V – Dos Efeitos da transferido para o serviço de
das férias. Cessação do Contrato de outro, terá computado, para o
§ 6o  Se, no momento das fé- Trabalho efeito de gozo de férias, o tempo
rias, o empregado não estiver de serviço prestado ao primeiro,
percebendo o mesmo adicional Art. 146.  Na cessação do con- ficando obrigado a concedê-las o
do período aquisitivo, ou quan- trato de trabalho, qualquer que armador em cujo serviço ele se
do o valor deste não tiver sido seja a sua causa, será devida encontra na época de gozá-las.
uniforme, será computada a mé- ao empregado a remuneração § 1o  As férias poderão ser
dia duodecimal recebida naquele simples ou em dobro, conforme concedidas, a pedido dos inte-
período, após a atualização das o caso, correspondente ao perí- ressados e com aquiescência do
importâncias pagas, mediante odo de férias cujo direito tenha armador, parceladamente, nos
incidência dos percentuais dos adquirido. portos de escala de grande es-
reajustamentos salariais super- Parágrafo único.  Na cessa- tadia do navio, aos tripulantes
venientes. ção do contrato de trabalho, após ali residentes.
12 (doze) meses de serviço, o em- § 2o  Será considerada grande
Art. 143.  É facultado ao empre- pregado, desde que não haja sido estadia a permanência no porto
gado converter 1/3 (um terço) do demitido por justa causa, terá por prazo excedente de seis dias.
período de férias a que tiver direi- direito à remuneração relativa § 3o  Os embarcadiços, para
to em abono pecuniário, no valor ao período incompleto de férias, gozarem férias nas condições
da remuneração que lhe seria de acordo com o art. 130, na pro- deste artigo, deverão pedi-las,
devida nos dias correspondentes. porção de 1/12 (um doze avos) por por escrito, ao armador, antes
§ 1o  O abono de férias deve- mês de serviço ou fração superior do início da viagem, no porto de
rá ser requerido até 15 (quinze) a 14 (quatorze) dias. registro ou armação.
dias antes do término do período § 4o  O tripulante, ao termi-
aquisitivo. Art. 147.  O empregado que for nar as férias, apresentar-se-á ao
§ 2o  Tratando-se de férias despedido sem justa causa, ou armador, que deverá designá-lo
coletivas, a conversão a que se cujo contrato de trabalho se ex- para qualquer de suas embarca-
refere este artigo deverá ser ob- tinguir em prazo predetermina- ções ou o adir a algum dos seus
jeto de acordo coletivo entre o do, antes de completar 12 (doze) serviços terrestres, respeitadas
empregador e o sindicato repre- meses de serviço, terá direito à a condição pessoal e a remu-
sentativo da respectiva categoria remuneração relativa ao período neração.
profissional, independendo de incompleto de férias, de confor- § 5o  Em caso de necessida-
requerimento individual a con- midade com o disposto no artigo de, determinada pelo interesse
cessão do abono. anterior. público, e comprovada pela au-
§ 3o (Revogado) toridade competente, poderá o
Art. 148.  A remuneração das armador ordenar a suspensão
Art. 144.  O abono de férias de férias, ainda quando devida após das férias já iniciadas ou a ini-
que trata o artigo anterior, bem a cessação do contrato de traba- ciar-se, ressalvado ao tripulante
como o concedido em virtude de lho, terá natureza salarial, para os o direito ao respectivo gozo pos-
cláusula do contrato de trabalho, efeitos do art. 449. teriormente.
do regulamento da empresa, de § 6o  O Delegado do Traba-
convenção ou acordo coletivo, lho Marítimo poderá autorizar a
desde que não excedente de vin-
Seção VI – Do Início da acumulação de 2 (dois) períodos
te dias do salário, não integrarão Prescrição de férias do marítimo, mediante
a remuneração do empregado requerimento justificado:
para os efeitos da legislação do Art. 149.  A prescrição do direi- I – do sindicato, quando se
trabalho. to de reclamar a concessão das tratar de sindicalizado; e
férias ou o pagamento da res- II – da empresa, quando o
Art. 145.  O pagamento da re- pectiva remuneração é contada empregado não for sindicalizado.
muneração das férias e, se for do término do prazo mencionado
o caso, o do abono referido no no art. 134 ou, se for o caso, da Art. 151.  Enquanto não se criar
art.  143 serão efetuados até 2 cessação do contrato de trabalho. um tipo especial de caderneta
(dois) dias antes do início do res- profissional para os marítimos, as
pectivo período. férias serão anotadas pela Capita-
Parágrafo único.  O emprega- nia do Porto na caderneta-matrí-

590
Consolidação das Leis do Trabalho
cula do tripulante, na página das de Acidentes do Trabalho; Art. 159.  Mediante convênio au-
observações. III – conhecer, em última ins- torizado pelo Ministro do Trabalho,
tância, dos recursos, voluntários poderão ser delegadas a outros
Art. 152.  A remuneração do tri- ou de ofício, das decisões profe- órgãos federais, estaduais ou
pulante, no gozo de férias, será ridas pelos Delegados Regionais municipais atribuições de fisca-
acrescida da importância cor- do Trabalho, em matéria de se- lização ou orientação às empre-
respondente à etapa que estiver gurança e medicina do trabalho. sas quanto ao cumprimento das
vencendo. disposições constantes deste
Art. 156.  Compete especial- Capítulo.
mente às Delegacias Regionais
Seção VIII – Das Penalidades do Trabalho, nos limites de sua
jurisdição:
Seção II – Da Inspeção Prévia
Art. 153.  As infrações ao dispos- I – promover a fiscalização do e do Embargo ou Interdição
to neste Capítulo serão punidas cumprimento das normas de se-
com multas de valor igual a 160 gurança e medicina do trabalho; Art. 160.  Nenhum estabeleci-
BTN por empregado em situação II – adotar as medidas que se mento poderá iniciar suas ati-
irregular. tornem exigíveis, em virtude das vidades sem prévia inspeção e
Parágrafo único.  Em caso de disposições deste Capítulo, deter- aprovação das respectivas ins-
reincidência, embaraço ou resis- minando as obras e reparos que, talações pela autoridade regional
tência à fiscalização, emprego em qualquer local de trabalho, se competente em matéria de se-
de artifício ou simulação com o façam necessárias; gurança e medicina do trabalho.
objetivo de fraudar a lei, a multa III – impor as penalidades ca- § 1o  Nova inspeção deverá
será aplicada em dobro. bíveis por descumprimento das ser feita quando ocorrer modi-
normas constantes deste Capí- ficação substancial nas insta-
tulo, nos termos do art. 201. lações, inclusive equipamentos,
CAPÍTULO V – DA que a empresa fica obrigada a
SEGURANÇA E DA Art. 157.  Cabe às empresas: comunicar, prontamente, à Dele-
MEDICINA DO TRABALHO I – cumprir e fazer cumprir as gacia Regional do Trabalho.
normas de segurança e medicina § 2o  É facultado às empresas
Seção I – Disposições Gerais do trabalho; solicitar prévia aprovação, pela
II – instruir os empregados, Delegacia Regional do Trabalho,
Art. 154.  A observância, em to- através de ordens de serviço, dos projetos de construção e res-
dos os locais de trabalho, do dis- quanto às precauções a tomar no pectivas instalações.
posto neste Capítulo, não desobri- sentido de evitar acidentes do tra-
ga as empresas do cumprimento balho ou doenças ocupacionais; Art. 161.  O Delegado Regional do
de outras disposições que, com III – adotar as medidas que Trabalho, à vista do laudo técnico
relação à matéria, sejam incluídas lhes sejam determinadas pelo do serviço competente que de-
em códigos de obras ou regula- órgão regional competente; monstre grave e iminente risco
mentos sanitários dos Estados IV – facilitar o exercício da para o trabalhador, poderá in-
ou Municípios em que se situem fiscalização pela autoridade com- terditar estabelecimento, setor
os respectivos estabelecimentos, petente. de serviço, máquina ou equipa-
bem como daquelas oriundas de mento, ou embargar obra, indi-
convenções coletivas de trabalho. Art. 158.  Cabe aos empregados: cando na decisão, tomada com a
I – observar as normas de se- brevidade que a ocorrência exigir,
Art. 155.  Incumbe ao órgão de gurança e medicina do trabalho, as providências que deverão ser
âmbito nacional competente em inclusive as instruções de que adotadas para prevenção de in-
matéria de segurança e medicina trata o item II do artigo anterior; fortúnios de trabalho.
do trabalho: II – colaborar com a empre- § 1o  As autoridades federais,
I – estabelecer, nos limites de sa na aplicação dos dispositivos estaduais e municipais darão ime-
sua competência, normas sobre deste Capítulo. diato apoio às medidas determi-
a aplicação dos preceitos deste Parágrafo único. Constitui nadas pelo Delegado Regional do
Capítulo, especialmente os refe- ato faltoso do empregado a re- Trabalho.
ridos no art. 200; cusa injustificada: § 2o  A interdição ou embar-
II – coordenar, orientar, con- a)  à observância das instru- go poderão ser requeridos pelo
trolar e supervisionar a fisca- ções expedidas pelo emprega- serviço competente da Delegacia
lização e as demais atividades dor na forma do item II do artigo Regional do Trabalho e, ainda, por
relacionadas com a segurança e anterior; agente da inspeção do trabalho
a medicina do trabalho em todo b)  ao uso dos equipamentos ou por entidade sindical.
o território nacional, inclusive a de proteção individual fornecidos § 3o  Da decisão do Delegado
Campanha Nacional de Prevenção pela empresa. Regional do Trabalho poderão os

591
Consolidação das Leis do Trabalho
interessados recorrer, no pra- empresas. a existência de qualquer dos mo-
zo de 10 (dez) dias, para o órgão tivos mencionados neste artigo,
de âmbito nacional competente Art. 163.  Será obrigatória a sob pena de ser condenado a
em matéria de segurança e me- constituição de Comissão Inter- reintegrar o empregado.
dicina do trabalho, ao qual será na de Prevenção de Acidentes e
facultado dar efeito suspensivo de Assédio (Cipa), em conformi-
ao recurso. dade com instruções expedidas
Seção IV – Do Equipamento
§ 4o  Responderá por desobe- pelo Ministério do Trabalho e Pre- de Proteção Individual
diência, além das medidas penais vidência, nos estabelecimentos
cabíveis, quem, após determinada ou nos locais de obra nelas es- Art. 166.  A empresa é obrigada a
a interdição ou embargo, orde- pecificados. fornecer aos empregados, gratui-
nar ou permitir o funcionamen- Parágrafo único.  O Ministério tamente, equipamento de prote-
to do estabelecimento ou de um do Trabalho regulamentará as ção individual adequado ao risco
dos seus setores, a utilização de atribuições, a composição e o e em perfeito estado de conser-
máquina ou equipamento, ou o funcionamento das CIPAs. vação e funcionamento, sempre
prosseguimento de obra, se, em que as medidas de ordem geral
consequência, resultarem danos Art. 164.  Cada CIPA será com- não ofereçam completa proteção
a terceiros. posta de representantes da em- contra os riscos de acidentes e
§ 5o  O Delegado Regional do presa e dos empregados, de acor- danos à saúde dos empregados.
Trabalho, independente de recur- do com os critérios que vierem a
so, e após laudo técnico do servi- ser adotados na regulamentação Art. 167.  O equipamento de pro-
ço competente, poderá levantar de que trata o parágrafo único do teção só poderá ser posto à ven-
a interdição. artigo anterior. da ou utilizado com a indicação
§ 6o  Durante a paralisação § 1o  Os representantes dos do Certificado de Aprovação do
dos serviços, em decorrência da empregadores, titulares e suplen- Ministério do Trabalho.
interdição ou embargo, os em- tes, serão por eles designados.
pregados receberão os salários § 2o  Os representantes dos
como se estivessem em efetivo empregados, titulares e suplen-
Seção V – Das Medidas
exercício. tes, serão eleitos em escrutí- Preventivas de Medicina do
nio secreto, do qual participem, Trabalho
independentemente de filiação
Seção III – Dos Órgãos de sindical, exclusivamente os em- Art. 168.  Será obrigatório exame
Segurança e de Medicina do pregados interessados. médico, por conta do emprega-
Trabalho nas Empresas § 3o  O mandato dos mem- dor, nas condições estabeleci-
bros eleitos da CIPA terá a dura- das neste artigo e nas instruções
Art. 162.  As empresas, de acor- ção de 1 (um) ano, permitida uma complementares a serem expedi-
do com normas a serem expedi- reeleição. das pelo Ministério do Trabalho:
das pelo Ministério do Trabalho, § 4o  O disposto no parágrafo I – na admissão;
estarão obrigadas a manter servi- anterior não se aplicará ao mem- II – na demissão;
ços especializados em segurança bro suplente que, durante o seu III – periodicamente.
e em medicina do trabalho. mandato, tenha participado de § 1o  O Ministério do Traba-
Parágrafo único.  As normas menos da metade do número de lho baixará instruções relativas
a que se refere este artigo esta- reuniões da CIPA. aos casos em que serão exigíveis
belecerão: § 5o  O empregador designa- exames:
a)  classificação das empre- rá, anualmente, dentre os seus a)  por ocasião da demissão;
sas segundo o número de em- representantes, o Presidente da b) complementares.
pregados e a natureza do risco CIPA e os empregados elegerão, § 2o  Outros exames comple-
de suas atividades; dentre eles, o Vice-Presidente. mentares poderão ser exigidos,
b)  o número mínimo de pro- a critério médico, para apuração
fissionais especializados exigi- Art. 165.  Os titulares da repre- da capacidade ou aptidão física
do de cada empresa, segundo o sentação dos empregados nas e mental do empregado para a
grupo em que se classifique, na CIPAs não poderão sofrer des- função que deva exercer.
forma da alínea anterior; pedida arbitrária, entendendo-se § 3o  O Ministério do Trabalho
c)  a qualificação exigida para como tal a que não se fundar em estabelecerá, de acordo com o
os profissionais em questão e o motivo disciplinar, técnico, eco- risco da atividade e o tempo de
seu regime de trabalho; nômico ou financeiro. exposição, a periodicidade dos
d)  as demais característi- Parágrafo único. Ocorrendo exames médicos.
cas e atribuições dos serviços a despedida, caberá ao empre- § 4o  O empregador manterá,
especializados em segurança e gador, em caso de reclamação à no estabelecimento, o material
em medicina do trabalho, nas Justiça do Trabalho, comprovar necessário à prestação de primei-

592
Consolidação das Leis do Trabalho
ros socorros médicos, de acordo ao controle do órgão competente veis, em virtude de instalações
com o risco da atividade. em matéria de segurança e me- geradoras de frio ou de calor, será
§ 5o  O resultado dos exames dicina do trabalho. obrigatório o uso de vestimenta
médicos, inclusive o exame com- adequada para o trabalho em tais
plementar, será comunicado ao Art. 172.  Os pisos dos locais de condições ou de capelas, antepa-
trabalhador, observados os pre- trabalho não deverão apresen- ros, paredes duplas, isolamento
ceitos da ética médica. tar saliências nem depressões térmico e recursos similares, de
§ 6o  Serão exigidos exames que prejudiquem a circulação forma que os empregados fiquem
toxicológicos, previamente à ad- de pessoas ou a movimentação protegidos contra as radiações
missão e por ocasião do desliga- de materiais. térmicas.
mento, quando se tratar de mo-
torista profissional, assegurados Art. 173.  As aberturas nos pisos Art. 178.  As condições de con-
o direito à contraprova em caso e paredes serão protegidas de forto térmico dos locais de tra-
de resultado positivo e a confi- forma que impeçam a queda de balho devem ser mantidas dentro
dencialidade dos resultados dos pessoas ou de objetos. dos limites fixados pelo Ministério
respectivos exames. do Trabalho.
§ 7o  Para os fins do disposto Art. 174.  As paredes, escadas,
no § 6o, será obrigatório exame rampas de acesso, passarelas,
toxicológico com janela de de- pisos, corredores, coberturas e
Seção IX – Das Instalações
tecção mínima de 90 (noventa) passagens dos locais de trabalho Elétricas
dias, específico para substâncias deverão obedecer às condições
psicoativas que causem depen- de segurança e de higiene do tra- Art. 179.  O Ministério do Trabalho
dência ou, comprovadamente, balho estabelecidas pelo Ministé- disporá sobre as condições de
comprometam a capacidade de rio do Trabalho e manter-se em segurança e as medidas espe-
direção, podendo ser utilizado perfeito estado de conservação ciais a serem observadas relati-
para essa finalidade o exame toxi- e limpeza. vamente a instalações elétricas,
cológico previsto na Lei no 9.503, em qualquer das fases de produ-
de 23 de setembro de 1997 – Có- ção, transmissão, distribuição ou
digo de Trânsito Brasileiro, des-
Seção VII – Da Iluminação consumo de energia.
de que realizado nos últimos 60
(sessenta) dias. Art. 175.  Em todos os locais de Art. 180.  Somente profissional
trabalho deverá haver ilumina- qualificado poderá instalar, ope-
Art. 169.  Será obrigatória a noti- ção adequada, natural ou arti- rar, inspecionar ou reparar insta-
ficação das doenças profissionais ficial, apropriada à natureza da lações elétricas.
e das produzidas em virtude de atividade.
condições especiais de traba- § 1o  A iluminação deverá ser Art. 181.  Os que trabalharem em
lho, comprovadas ou objeto de uniformemente distribuída, geral serviços de eletricidade ou ins-
suspeita, de conformidade com e difusa, a fim de evitar ofus- talações elétricas devem estar
as instruções expedidas pelo Mi- camento, reflexos incômodos, familiarizados com os métodos
nistério do Trabalho. sombras e contrastes excessivos. de socorro a acidentados por
§ 2o  O Ministério do Trabalho choque elétrico.
estabelecerá os níveis mínimos
Seção VI – Das Edificações de iluminamento a serem ob-
servados.
Seção X – Da Movimentação,
Art. 170.  As edificações deverão Armazenagem e Manuseio de
obedecer aos requisitos técnicos Materiais
que garantam perfeita segurança
Seção VIII – Do Conforto
aos que nelas trabalhem. Térmico Art. 182.  O Ministério do Traba-
lho estabelecerá normas sobre:
Art. 171.  Os locais de trabalho Art. 176.  Os locais de trabalho I – as precauções de seguran-
deverão ter, no mínimo, 3 (três) deverão ter ventilação natural, ça na movimentação de materiais
metros de pé-direito, assim con- compatível com o serviço rea- nos locais de trabalho, os equi-
siderada a altura livre do piso lizado. pamentos a serem obrigatoria-
ao teto. Parágrafo único.  A ventilação mente utilizados e as condições
Parágrafo único.  Poderá ser artificial será obrigatória sempre especiais a que estão sujeitas a
reduzido esse mínimo desde que que a natural não preencha as operação e a manutenção desses
atendidas as condições de ilumi- condições de conforto térmico. equipamentos, inclusive exigên-
nação e conforto térmico com- cias de pessoal habilitado;
patíveis com a natureza do tra- Art. 177.  Se as condições de am- II – as exigências similares
balho, sujeitando-se tal redução biente se tornarem desconfortá- relativas ao manuseio e à arma-

593
Consolidação das Leis do Trabalho
zenagem de materiais, inclusive nais sobre proteção e medidas deira deverá organizar, manter
quanto às condições de seguran- de segurança na operação de atualizado e apresentar, quando
ça e higiene relativas aos reci- máquinas e equipamentos, es- exigido pela autoridade compe-
pientes e locais de armazenagem pecialmente quanto à proteção tente, o Registro de Segurança, no
e os equipamentos de proteção das partes móveis, distância entre qual serão anotadas, sistematica-
individual; estas, vias de acesso às máqui- mente, as indicações das provas
III – a obrigatoriedade de indi- nas e equipamentos de grandes efetuadas, inspeções, reparos e
cação de carga máxima permitida dimensões, emprego de ferra- quaisquer outras ocorrências.
nos equipamentos de transporte, mentas, sua adequação e medi- § 3o  Os projetos de instala-
dos avisos de proibição de fumar das de proteção exigidas quando ção de caldeiras, fornos e reci-
e de advertência quanto à natu- motorizadas ou elétricas. pientes sob pressão deverão ser
reza perigosa ou nociva à saúde submetidos à aprovação prévia do
das substâncias em movimenta- órgão regional competente em
ção ou em depósito, bem como
Seção XII – Das Caldeiras, matéria de segurança do trabalho.
das recomendações de primeiros Fornos e Recipientes sob
socorros e de atendimento médi- Pressão
co e símbolo de perigo, segundo
Seção XIII – Das Atividades
padronização internacional, nos Art. 187.  As caldeiras, equipa- Insalubres ou Perigosas
rótulos dos materiais ou subs- mentos e recipientes em geral
tâncias armazenados ou trans- que operam sob pressão deverão Art. 189.  Serão consideradas ati-
portados. dispor de válvulas e outros dispo- vidades ou operações insalubres
Parágrafo único.  As disposi- sitivos de segurança, que evitem aquelas que, por sua natureza,
ções relativas ao transporte de seja ultrapassada a pressão inter- condições ou métodos de traba-
materiais aplicam-se, também, na de trabalho compatível com a lho, exponham os empregados a
no que couber, ao transporte de sua resistência. agentes nocivos à saúde, acima
pessoas nos locais de trabalho. Parágrafo único.  O Ministé- dos limites de tolerância fixados
rio do Trabalho expedirá normas em razão da natureza e da inten-
Art. 183.  As pessoas que tra- complementares quanto à se- sidade do agente e do tempo de
balharem na movimentação de gurança das caldeiras, fornos e exposição aos seus efeitos.
materiais deverão estar familiari- recipientes sob pressão, espe-
zadas com os métodos racionais cialmente quanto ao revestimento Art. 190.  O Ministério do Traba-
de levantamento de cargas. interno, à localização, à ventila- lho aprovará o quadro das ativi-
ção dos locais e outros meios de dades e operações insalubres e
eliminação de gases ou vapores adotará normas sobre os critérios
Seção XI – Das Máquinas e prejudiciais à saúde, e demais de caracterização da insalubri-
Equipamentos instalações ou equipamentos dade, os limites de tolerância
necessários à execução segura aos agentes agressivos, meios
Art. 184.  As máquinas e os equi- das tarefas de cada empregado. de proteção e o tempo máximo
pamentos deverão ser dotados de de exposição do empregado a
dispositivos de partida e parada Art. 188.  As caldeiras serão pe- esses agentes.
e outros que se fizerem necessá- riodicamente submetidas a ins- Parágrafo único.  As normas
rios para a prevenção de aciden- peções de segurança, por en- referidas neste artigo incluirão
tes do trabalho, especialmente genheiro ou empresa especia- medidas de proteção do organis-
quanto ao risco de acionamento lizada, inscritos no Ministério do mo do trabalhador nas operações
acidental. Trabalho, de conformidade com que produzem aerodispersoides
Parágrafo único.  É proibida a as instruções que, para esse fim, tóxicos, irritantes, alergênicos ou
fabricação, a importação, a venda, forem expedidas. incômodos.
a locação e o uso de máquinas e § 1o  Toda caldeira será acom-
equipamentos que não atendam panhada de “Prontuário”, com Art. 191.  A eliminação ou a neu-
ao disposto neste artigo. documentação original do fabri- tralização da insalubridade ocor-
cante, abrangendo, no mínimo: rerá:
Art. 185.  Os reparos, limpeza especificação técnica, desenhos, I – com a adoção de medidas
e ajustes somente poderão ser detalhes, provas e testes reali- que conservem o ambiente de
executados com as máquinas zados durante a fabricação e a trabalho dentro dos limites de
paradas, salvo se o movimento montagem, características fun- tolerância;
for indispensável à realização cionais e a pressão máxima de II – com a utilização de equi-
do ajuste. trabalho permitida (PMTP), esta pamentos de proteção individual
última indicada, em local visível, ao trabalhador, que diminuam a
Art. 186.  O Ministério do Traba- na própria caldeira. intensidade do agente agressivo
lho estabelecerá normas adicio- § 2o  O proprietário da cal- a limites de tolerância.

594
Consolidação das Leis do Trabalho
Parágrafo único.  Caberá às desta Seção e das normas expe- e substâncias perigosos ou noci-
Delegacias Regionais do Trabalho, didas pelo Ministério do Trabalho. vos à saúde.
comprovada a insalubridade, no-
tificar as empresas, estipulando Art. 195.  A caracterização e a
prazos para sua eliminação ou classificação da insalubridade
Seção XIV – Da Prevenção da
neutralização, na forma deste e da periculosidade, segundo as Fadiga
artigo. normas do Ministério do Traba-
lho, far-se-ão através de perícia Art. 198.  É de 60 kg (sessenta
Art. 192.  O exercício de trabalho a cargo de Médico do Trabalho ou quilogramas) o peso máximo que
em condições insalubres, acima Engenheiro do Trabalho, regis- um empregado pode remover
dos limites de tolerância estabe- trados no Ministério do Trabalho. individualmente, ressalvadas as
lecidos pelo Ministério do Traba- § 1o  É facultado às empresas disposições especiais relativas ao
lho, assegura a percepção de adi- e aos sindicatos das categorias trabalho do menor e da mulher.
cional respectivamente de 40% profissionais interessadas reque- Parágrafo único.  Não está
(quarenta por cento), 20% (vinte rerem ao Ministério do Trabalho compreendida na proibição deste
por cento) e 10% (dez por cento) a realização de perícia em esta- artigo a remoção de material feita
do salário mínimo da região, se- belecimento ou setor deste, com por impulsão ou tração de vago-
gundo se classifiquem nos graus o objetivo de caracterizar e clas- netes sobre trilhos, carros de mão
máximo, médio e mínimo. sificar ou delimitar as atividades ou quaisquer outros aparelhos
insalubres ou perigosas. mecânicos, podendo o Ministério
Art. 193.  São consideradas ativi- § 2o  Arguida em juízo insalu- do Trabalho, em tais casos, fixar
dades ou operações perigosas, na bridade ou periculosidade, seja limites diversos, que evitem se-
forma da regulamentação apro- por empregado, seja por Sindicato jam exigidos do empregado ser-
vada pelo Ministério do Trabalho em favor de grupo de associados, viços superiores às suas forças.
e Emprego, aquelas que, por sua o juiz designará perito habilitado
natureza ou métodos de trabalho, na forma deste artigo, e, onde Art. 199.  Será obrigatória a colo-
impliquem risco acentuado em não houver, requisitará perícia ao cação de assentos que assegurem
virtude de exposição permanente órgão competente do Ministério postura correta ao trabalhador,
do trabalhador a: do Trabalho. capazes de evitar posições in-
I – inflamáveis, explosivos ou § 3o  O disposto nos parágra- cômodas ou forçadas, sempre
energia elétrica; fos anteriores não prejudica a que a execução da tarefa exija
II – roubos ou outras espécies ação fiscalizadora do Ministério que trabalhe sentado.
de violência física nas atividades do Trabalho, nem a realização ex Parágrafo único.  Quando o
profissionais de segurança pes- officio da perícia. trabalho deva ser executado de
soal ou patrimonial. pé, os empregados terão à sua
§ 1o  O trabalho em condições Art. 196.  Os efeitos pecuniários disposição assentos para serem
de periculosidade assegura ao decorrentes do trabalho em con- utilizados nas pausas que o ser-
empregado um adicional de 30% dições de insalubridade ou peri- viço permitir.
(trinta por cento) sobre o salário culosidade serão devidos a contar
sem os acréscimos resultantes de da data da inclusão da respectiva
gratificações, prêmios ou parti- atividade nos quadros aprova-
Seção XV – Das Outras
cipações nos lucros da empresa. dos pelo Ministério do Trabalho, Medidas Especiais de
§ 2o  O empregado poderá op- respeitadas as normas do art. 11. Proteção
tar pelo adicional de insalubridade
que porventura lhe seja devido. Art. 197.  Os materiais e substân- Art. 200.  Cabe ao Ministério do
§ 3o  Serão descontados ou cias empregados, manipulados Trabalho estabelecer disposições
compensados do adicional outros ou transportados nos locais de complementares às normas de
da mesma natureza eventualmen- trabalho, quando perigosos ou que trata este Capítulo, tendo em
te já concedidos ao vigilante por nocivos à saúde, devem conter, vista as peculiaridades de cada
meio de acordo coletivo. no rótulo, sua composição, reco- atividade ou setor de trabalho,
§ 4o  São também conside- mendações de socorro imediato especialmente sobre:
radas perigosas as atividades e o símbolo de perigo correspon- I – medidas de prevenção
de trabalhador em motocicleta. dente, segundo a padronização de acidentes e os equipamen-
internacional. tos de proteção individual em
Art. 194.  O direito do empregado Parágrafo único.  Os estabe- obras de construção, demolição
ao adicional de insalubridade ou lecimentos que mantenham as ou reparos;
de periculosidade cessará com a atividades previstas neste artigo II – depósitos, armazenagem
eliminação do risco à sua saúde afixarão, nos setores de trabalho e manuseio de combustíveis, in-
ou integridade física, nos termos atingidos, avisos ou cartazes, com flamáveis e explosivos, bem como
advertência quanto aos materiais trânsito e permanência nas áreas

595
Consolidação das Leis do Trabalho
respectivas; explosivos, as normas a que se Art. 223-E.  São responsáveis
III – trabalho em escavações, refere este artigo serão expedi- pelo dano extrapatrimonial to-
túneis, galerias, minas e pedrei- das de acordo com as resoluções dos os que tenham colaborado
ras, sobretudo quanto à preven- a respeito adotadas pelo órgão para a ofensa ao bem jurídico
ção de explosões, incêndios, des- técnico. tutelado, na proporção da ação
moronamentos e soterramentos, ou da omissão.
eliminação de poeiras, gases, etc.
e facilidades de rápida saída dos
Seção XVI – Das Penalidades Art. 223-F.  A reparação por da-
empregados; nos extrapatrimoniais pode ser
IV – proteção contra incêndio Art. 201.  As infrações ao dispos- pedida cumulativamente com a
em geral e as medidas preven- to neste Capítulo relativas à me- indenização por danos materiais
tivas adequadas, com exigên- dicina do trabalho serão punidas decorrentes do mesmo ato lesivo.
cias ao especial revestimento com multa de 3 (três) a 30 (trinta) § 1o  Se houver cumulação
de portas e paredes, construção vezes o valor de referência previs- de pedidos, o juízo, ao proferir a
de paredes contra fogo, diques to no artigo 2o, parágrafo único, decisão, discriminará os valores
e outros anteparos, assim como da Lei no 6.205, de 29 de abril de das indenizações a título de danos
garantia geral de fácil circulação, 1975, e as concernentes à segu- patrimoniais e das reparações
corredores de acesso e saídas rança do trabalho com multa de por danos de natureza extrapa-
amplas e protegidas, com sufi- 5 (cinco) a 50 (cinquenta) vezes o trimonial.
ciente sinalização; mesmo valor. § 2o  A composição das per-
V – proteção contra insolação, Parágrafo único.  Em caso de das e danos, assim compreen-
calor, frio, umidade e ventos, so- reincidência, embaraço ou resis- didos os lucros cessantes e os
bretudo no trabalho a céu aberto, tência à fiscalização, emprego de danos emergentes, não interfere
com provisão, quanto a este, de artifício ou simulação com o obje- na avaliação dos danos extrapa-
água potável, alojamento e pro- tivo de fraudar a lei, a multa será trimoniais.
filaxia de endemias; aplicada em seu valor máximo.
VI – proteção do trabalhador Art. 223-G.  Ao apreciar o pedi-
exposto a substâncias químicas Arts.  202 a 223.  (Revogados) do, o juízo considerará:
nocivas, radiações ionizantes e I – a natureza do bem jurídico
não ionizantes, ruídos, vibrações tutelado;
e trepidações ou pressões anor- TÍTULO II-A – DO DANO II – a intensidade do sofrimen-
mais ao ambiente de trabalho, EXTRAPATRIMONIAL to ou da humilhação;
com especificação das medidas III – a possibilidade de supe-
cabíveis para eliminação ou ate- Art. 223-A.  Aplicam-se à re- ração física ou psicológica;
nuação desses efeitos, limites paração de danos de natureza IV – os reflexos pessoais e
máximos quanto ao tempo de ex- extrapatrimonial decorrentes da sociais da ação ou da omissão;
posição, à intensidade da ação ou relação de trabalho apenas os V – a extensão e a duração
de seus efeitos sobre o organismo dispositivos deste Título. dos efeitos da ofensa;
do trabalhador, exames médicos VI – as condições em que
obrigatórios, limites de idade, Art. 223-B.  Causa dano de na- ocorreu a ofensa ou o prejuízo
controle permanente dos locais tureza extrapatrimonial a ação moral;
de trabalho e das demais exigên- ou omissão que ofenda a esfera VII – o grau de dolo ou culpa;
cias que se façam necessárias; moral ou existencial da pessoa VIII – a ocorrência de retra-
VII – higiene nos locais de física ou jurídica, as quais são tação espontânea;
trabalho, com discriminação das as titulares exclusivas do direito IX – o esforço efetivo para
exigências, instalações sanitá- à reparação. minimizar a ofensa;
rias, com separação de sexos, X – o perdão, tácito ou ex-
chuveiros, lavatórios, vestiários Art. 223-C.  A honra, a imagem, a presso;
e armários individuais, refeitórios intimidade, a liberdade de ação, a XI – a situação social e eco-
ou condições de conforto por oca- autoestima, a sexualidade, a saú- nômica das partes envolvidas;
sião das refeições, fornecimento de, o lazer e a integridade física XII – o grau de publicidade
de água potável, condições de são os bens juridicamente tute- da ofensa.
limpeza dos locais de trabalho lados inerentes à pessoa física. § 1o  Se julgar procedente o
e modo de sua execução, trata- pedido, o juízo fixará a indeni-
mento de resíduos industriais; Art. 223-D.  A imagem, a marca, zação a ser paga, a cada um dos
VIII – emprego das cores nos o nome, o segredo empresarial e ofendidos, em um dos seguin-
locais de trabalho, inclusive nas o sigilo da correspondência são tes parâmetros, vedada a acu-
sinalizações de perigo. bens juridicamente tutelados ine- mulação:
Parágrafo único. Tratando- rentes à pessoa jurídica. I – ofensa de natureza leve,
-se de radiações ionizantes e até três vezes o último salário

596
Consolidação das Leis do Trabalho
contratual do ofendido; Art. 225.  A duração normal de trato coletivo de trabalho.
II – ofensa de natureza média, trabalho dos bancários poderá ser
até cinco vezes o último salário excepcionalmente prorrogada até Art. 228.  Os operadores não po-
contratual do ofendido; oito horas diárias, não exceden- derão trabalhar, de modo ininter-
III – ofensa de natureza grave, do de quarenta horas semanais, rupto, na transmissão manual,
até vinte vezes o último salário observados os preceitos gerais bem como na recepção visual,
contratual do ofendido; sobre duração do trabalho. auditiva, com escrita manual ou
IV – ofensa de natureza gra- datilográfica, quando a veloci-
víssima, até cinquenta vezes Art. 226.  O regime especial de dade for superior a vinte e cinco
o último salário contratual do 6 (seis) horas de trabalho tam- palavras por minuto.
ofendido. bém se aplica aos empregados de
§ 2o  Se o ofendido for pessoa portaria e de limpeza, tais como Art. 229.  Para os empregados
jurídica, a indenização será fixada porteiros, telefonistas de mesa, sujeitos a horários variáveis, fica
com observância dos mesmos contínuos e serventes, emprega- estabelecida a duração máxima
parâmetros estabelecidos no § 1o dos em bancos e casas bancárias. de sete horas diárias de traba-
deste artigo, mas em relação ao Parágrafo único.  A direção de lho e dezessete horas de folga,
salário contratual do ofensor. cada banco organizará a escala deduzindo-se desse tempo vinte
§ 3o  Na reincidência entre de serviço do estabelecimento minutos para descanso, de cada
partes idênticas, o juízo poderá de maneira a haver empregados um dos empregados, sempre que
elevar ao dobro o valor da inde- do quadro da portaria em função se verificar um esforço contínuo
nização. meia hora antes e até meia hora de mais de três horas.
após o encerramento dos traba- § 1o  São considerados em-
lhos, respeitado o limite de 6 (seis) pregados sujeitos a horários vari-
TÍTULO III – DAS NORMAS horas diárias. áveis, além dos operadores, cujas
ESPECIAIS DE TUTELA DO funções exijam classificação dis-
TRABALHO Seção II – Dos Empregados
tinta, os que pertençam a seções
de técnica, telefones, revisão, ex-
CAPÍTULO I – DAS nos Serviços de pedição, entrega e balcão.
DISPOSIÇÕES ESPECIAIS Telefonia, de Telegrafia § 2o  Quanto à execução e re-
SOBRE DURAÇÃO E Submarina e Subfluvial, muneração aos domingos, feria-
CONDIÇÕES DE TRABALHO de Radiotelegrafia e dos e dias santos de guarda e às
Radiotelefonia prorrogações de expediente, o
Seção I – Dos Bancários trabalho dos empregados a que
Art. 227.  Nas empresas que ex- se refere o parágrafo anterior será
Art. 224.  A duração normal do plorem o serviço de telefonia, te- regido pelo que se contém no § 1o
trabalho dos empregados em legrafia submarina ou subfluvial, do art. 227 desta Seção.
bancos, casas bancárias e Cai- de radiotelegrafia ou de radiote-
xa Econômica Federal será de 6 lefonia, fica estabelecida para os Art. 230.  A direção das empre-
(seis) horas contínuas nos dias respectivos operadores a duração sas deverá organizar as turmas
úteis, com exceção dos sábados, máxima de seis horas contínuas de empregados, para a execução
perfazendo um total de 30 (trinta) de trabalho por dia ou trinta e seis dos seus serviços, de maneira que
horas de trabalho por semana. horas semanais. prevaleça sempre o revezamento
§ 1o  A duração normal do tra- § 1o  Quando, em caso de in- entre os que exercem a mesma
balho estabelecida neste artigo declinável necessidade, forem os função, quer em escalas diurnas,
ficará compreendida entre sete operadores obrigados a perma- quer em noturnas.
e vinte e duas horas, asseguran- necer em serviço além do perí- § 1o  Aos empregados que
do-se ao empregado, no horário odo normal fixado neste artigo, exerçam a mesma função será
diário, um intervalo de quinze a empresa pagar-lhes-á extra- permitida, entre si, a troca de tur-
minutos para alimentação. ordinariamente o tempo exce- mas, desde que isso não importe
§ 2o  As disposições deste dente com acréscimo de 50% em prejuízo dos serviços, cujo
artigo não se aplicam aos que (cinquenta por cento) sobre o seu chefe ou encarregado resolverá
exercem funções de direção, salário-hora normal. sobre a oportunidade ou possibi-
gerência, fiscalização, chefia e § 2o  O trabalho aos domin- lidade dessa medida, dentro das
equivalentes, ou que desempe- gos, feriados e dias santos de prescrições desta Seção.
nhem outros cargos de confiança, guarda será considerado extra- § 2o  As empresas não pode-
desde que o valor da gratificação ordinário e obedecerá, quanto à rão organizar horários que obri-
não seja inferior a um terço do sua execução e remuneração, ao guem os empregados a fazer a
salário do cargo efetivo. que dispuserem empregadores refeição do almoço antes das 10
e empregados em acordo, ou os (dez) e depois das 13 (treze) horas
respectivos sindicatos em con- e a de jantar antes das 16 (dezes-

597
Consolidação das Leis do Trabalho
seis) e depois das 19:30 (dezenove balho dos operadores cinema- bro de 1997 – Código de Trânsito
e trinta) horas. tográficos e seus ajudantes ter Brasileiro;
a duração prorrogada por duas IV – zelar pela carga trans-
Art. 231.  As disposições desta horas diárias, para exibições ex- portada e pelo veículo;
Seção não abrangem o trabalho traordinárias. V – colocar-se à disposição
dos operadores de radiotelegra- dos órgãos públicos de fiscali-
fia embarcados em navios ou Art. 235.  Nos estabelecimen- zação na via pública;
aeronaves. tos cujo funcionamento normal VI – (Vetado);
seja noturno, será facultado aos VII – submeter-se a exames
operadores cinematográficos e toxicológicos com janela de de-
Seção III – Dos Músicos seus ajudantes, mediante acordo tecção mínima de 90 (noventa)
Profissionais ou contrato coletivo de trabalho dias e a programa de controle
e com um acréscimo de 25% de uso de droga e de bebida al-
Art. 232.  Será de seis horas a (vinte e cinco por cento) sobre o coólica, instituído pelo empre-
duração de trabalho dos músicos salário da hora normal, executar gador, com sua ampla ciência,
em teatro e congêneres.2 o trabalho em sessões diurnas pelo menos uma vez a cada 2
Parágrafo único.  Toda vez extraordinárias e, cumulativa- (dois) anos e 6 (seis) meses, po-
que o trabalho contínuo em espe- mente, nas noturnas, desde que dendo ser utilizado para esse fim
táculo ultrapassar de seis horas, o isso se verifique até três vezes o exame obrigatório previsto na
tempo de duração excedente será por semana e entre as sessões Lei no 9.503, de 23 de setembro
pago com um acréscimo de 25% diurnas e as noturnas haja o in- de 1997 – Código de Trânsito Bra-
(vinte e cinco por cento) sobre o tervalo de uma hora, no mínimo, sileiro, desde que realizado nos
salário da hora normal. de descanso. últimos 60 (sessenta) dias.
§ 1o  A duração de trabalho Parágrafo único.  A recusa
Art. 233.  A duração normal de cumulativo a que alude o presen- do empregado em submeter-se
trabalho dos músicos profissio- te artigo não poderá exceder de ao teste ou ao programa de con-
nais poderá ser elevada até oito dez horas. trole de uso de droga e de bebida
horas diárias, observados os pre- § 2o  Em seguida a cada pe- alcoólica previstos no inciso VII
ceitos gerais sobre duração do ríodo de trabalho haverá um in- será considerada infração dis-
trabalho.3 tervalo de repouso no mínimo de ciplinar, passível de penalização
doze horas. nos termos da lei.
Seção IV – Dos Operadores Art. 235-C.  A jornada diária de
Cinematográficos Seção IV-A – Do Serviço trabalho do motorista profissional
do Motorista Profissional será de 8 (oito) horas, admitindo-
Art. 234.  A duração normal do Empregado -se a sua prorrogação por até 2
trabalho dos operadores cinema- (duas) horas extraordinárias ou,
tográficos e seus ajudantes não Art. 235-A.  Os preceitos es- mediante previsão em conven-
excederá de seis horas diárias, peciais desta Seção aplicam-se ção ou acordo coletivo, por até
assim distribuídas: ao motorista profissional em- 4 (quatro) horas extraordinárias.
a)  cinco horas consecutivas pregado: § 1o  Será considerado como
de trabalho em cabine, durante o I – de transporte rodoviário trabalho efetivo o tempo em que
funcionamento cinematográfico; coletivo de passageiros; o motorista empregado estiver à
b)  um período suplementar, II – de transporte rodoviário disposição do empregador, exclu-
até o máximo de uma hora, para de cargas. ídos os intervalos para refeição,
limpeza, lubrificação dos apa- repouso e descanso e o tempo
relhos de projeção, ou revisão Art. 235-B.  São deveres do mo- de espera.
de filmes. torista profissional empregado: § 2o  Será assegurado ao mo-
Parágrafo único. Mediante I – estar atento às condições torista profissional empregado
remuneração adicional de 25% de segurança do veículo; intervalo mínimo de 1 (uma) hora
(vinte e cinco por cento) sobre o II – conduzir o veículo com para refeição, podendo esse pe-
salário da hora normal e obser- perícia, prudência, zelo e com ríodo coincidir com o tempo de
vado um intervalo de duas horas observância aos princípios de parada obrigatória na condução
para folga, entre o período a que direção defensiva; do veículo estabelecido pela Lei
se refere a alínea “b” deste artigo III – respeitar a legislação de no 9.503, de 23 de setembro de
e o trabalho em cabine de que trânsito e, em especial, as normas 1997 – Código de Trânsito Brasi-
trata a alínea “a”, poderá o tra- relativas ao tempo de direção e de leiro, exceto quando se tratar do
descanso controlado e registrado motorista profissional enquadra-
2
  NE: ver Lei no 3.857/1960. na forma do previsto no art. 67‑E do no § 5o do art. 71 desta Con-
  NE: ver Lei no 3.857/1960.
3 da Lei no 9.503, de 23 de setem- solidação.

598
Consolidação das Leis do Trabalho
§ 3o  Dentro do período de 24 § 11.  Quando a espera de que Art. 235-D.  Nas viagens de lon-
(vinte e quatro) horas, são asse- trata o § 8o for superior a 2 (duas) ga distância com duração su-
guradas 11 (onze) horas de des- horas ininterruptas e for exigida perior a 7 (sete) dias, o repouso
canso, sendo facultados o seu a permanência do motorista em- semanal será de 24 (vinte e qua-
fracionamento e a coincidência pregado junto ao veículo, caso o tro) horas por semana ou fração
com os períodos de parada obri- local ofereça condições adequa- trabalhada, sem prejuízo do in-
gatória na condução do veículo das, o tempo será considerado tervalo de repouso diário de 11
estabelecida pela Lei no 9.503, de como de repouso para os fins (onze) horas, totalizando 35 (trinta
23 de setembro de 1997 – Código do intervalo de que tratam os e cinco) horas, usufruído no re-
de Trânsito Brasileiro, garantidos §§ 2o e 3o, sem prejuízo do dis- torno do motorista à base (matriz
o mínimo de 8 (oito) horas inin- posto no § 9o. ou filial) ou ao seu domicílio, salvo
terruptas no primeiro período e § 12.  Durante o tempo de es- se a empresa oferecer condições
o gozo do remanescente dentro pera, o motorista poderá realizar adequadas para o efetivo gozo do
das 16 (dezesseis) horas seguin- movimentações necessárias do referido repouso.
tes ao fim do primeiro período. veículo, as quais não serão con- I – (Revogado);
§ 4o  Nas viagens de longa sideradas como parte da jornada II – (Revogado);
distância, assim consideradas de trabalho, ficando garantido, III – (Revogado).
aquelas em que o motorista pro- porém, o gozo do descanso de § 1o  É permitido o fraciona-
fissional empregado permanece 8 (oito) horas ininterruptas alu- mento do repouso semanal em 2
fora da base da empresa, matriz dido no § 3o. (dois) períodos, sendo um destes
ou filial e de sua residência por § 13.  Salvo previsão contra- de, no mínimo, 30 (trinta) horas
mais de 24 (vinte e quatro) horas, tual, a jornada de trabalho do ininterruptas, a serem cumpridos
o repouso diário pode ser feito motorista empregado não tem na mesma semana e em continui-
no veículo ou em alojamento do horário fixo de início, de final ou dade a um período de repouso di-
empregador, do contratante do de intervalos. ário, que deverão ser usufruídos
transporte, do embarcador ou do § 14.  O empregado é respon- no retorno da viagem.
destinatário ou em outro local que sável pela guarda, preservação e § 2o  A cumulatividade de
ofereça condições adequadas. exatidão das informações conti- descansos semanais em viagens
§ 5o  As horas considera- das nas anotações em diário de de longa distância de que trata o
das extraordinárias serão pagas bordo, papeleta ou ficha de traba- caput fica limitada ao número de
com o acréscimo estabelecido na lho externo, ou no registrador ins- 3 (três) descansos consecutivos.
Constituição Federal ou compen- tantâneo inalterável de velocidade § 3o  O motorista empregado,
sadas na forma do § 2o do art. 59 e tempo, ou nos rastreadores ou em viagem de longa distância, que
desta Consolidação. sistemas e meios eletrônicos, ficar com o veículo parado após o
§ 6o  À hora de trabalho notur- instalados nos veículos, norma- cumprimento da jornada normal
no aplica-se o disposto no art. 73 tizados pelo Contran, até que o ou das horas extraordinárias fica
desta Consolidação. veículo seja entregue à empresa. dispensado do serviço, exceto se
§ 7o (Vetado) § 15.  Os dados referidos no for expressamente autorizada a
§ 8o  São considerados tempo § 14 poderão ser enviados a dis- sua permanência junto ao veículo
de espera as horas em que o mo- tância, a critério do empregador, pelo empregador, hipótese em
torista profissional empregado fi- facultando-se a anexação do do- que o tempo será considerado
car aguardando carga ou descar- cumento original posteriormente. de espera.
ga do veículo nas dependências § 16.  Aplicam-se as dispo- § 4o  Não será considerado
do embarcador ou do destinatário sições deste artigo ao ajudante como jornada de trabalho, nem
e o período gasto com a fiscaliza- empregado nas operações em ensejará o pagamento de qual-
ção da mercadoria transportada que acompanhe o motorista. quer remuneração, o período em
em barreiras fiscais ou alfandegá- § 17.  O disposto no caput que o motorista empregado ou
rias, não sendo computados como deste artigo aplica-se também o ajudante ficarem espontanea-
jornada de trabalho e nem como aos operadores de automotores mente no veículo usufruindo dos
horas extraordinárias. destinados a puxar ou a arrastar intervalos de repouso.
§ 9o  As horas relativas ao maquinaria de qualquer natu- § 5o  Nos casos em que o em-
tempo de espera serão indeniza- reza ou a executar trabalhos de pregador adotar 2 (dois) motoris-
das na proporção de 30% (trinta construção ou pavimentação e tas trabalhando no mesmo veícu-
por cento) do salário-hora normal. aos operadores de tratores, co- lo, o tempo de repouso poderá ser
§ 10.  Em nenhuma hipótese, lheitadeiras, autopropelidos e feito com o veículo em movimen-
o tempo de espera do motorista demais aparelhos automotores to, assegurado o repouso mínimo
empregado prejudicará o direito destinados a puxar ou a arrastar de 6 (seis) horas consecutivas fora
ao recebimento da remuneração maquinaria agrícola ou a executar do veículo em alojamento exter-
correspondente ao salário-base trabalhos agrícolas. no ou, se na cabine leito, com o
diário. veículo estacionado, a cada 72

599
Consolidação das Leis do Trabalho
(setenta e duas) horas. pregador adotar 2 (dois) motoris- complementares e acessórias,
§ 6o  Em situações excepcio- tas no curso da mesma viagem, bem como o serviço de tráfego,
nais de inobservância justificada o descanso poderá ser feito com de telegrafia, telefonia e funcio-
do limite de jornada de que trata o veículo em movimento, respei- namento de todas as instalações
o art. 235‑C, devidamente regis- tando-se os horários de jornada ferroviárias – aplicam-se os pre-
tradas, e desde que não se com- de trabalho, assegurado, após 72 ceitos especiais constantes des-
prometa a segurança rodoviária, (setenta e duas) horas, o repou- ta Seção.
a duração da jornada de trabalho so em alojamento externo ou, se
do motorista profissional empre- em poltrona correspondente ao Art. 237.  O pessoal a que se re-
gado poderá ser elevada pelo serviço de leito, com o veículo fere o artigo antecedente fica di-
tempo necessário até o veículo estacionado. vidido nas seguintes categorias:
chegar a um local seguro ou ao § 1o (Revogado) a)  funcionários de alta ad-
seu destino. § 2o (Vetado) ministração, chefes e ajudan-
§ 7o  Nos casos em que o mo- § 3o (Revogado) tes de departamentos e seções,
torista tenha que acompanhar o § 4o (Revogado) engenheiros residentes, chefes
veículo transportado por qualquer § 5o (Revogado) de depósitos, inspetores e de-
meio onde ele siga embarcado § 6o (Revogado) mais empregados que exercem
e em que o veículo disponha de § 7o (Revogado) funções administrativas ou fis-
cabine leito ou a embarcação dis- § 8o (Vetado) calizadoras;
ponha de alojamento para gozo do § 9o (Revogado) b)  pessoal que trabalhe em
intervalo de repouso diário pre- § 10.  (Revogado) lugares ou trechos determina-
visto no § 3o do art. 235‑C, esse § 11.  (Revogado) dos e cujas tarefas requeiram
tempo será considerado como § 12.  (Revogado) atenção constante; pessoal de
tempo de descanso. escritório, turmas de conservação
§ 8o  Para o transporte de Art. 235-F.  Convenção e acordo e construção da via permanente,
cargas vivas, perecíveis e espe- coletivo poderão prever jornada oficinas e estações principais,
ciais em longa distância ou em especial de 12 (doze) horas de tra- inclusive os respectivos telegra-
território estrangeiro poderão balho por 36 (trinta e seis) horas fistas; pessoal de tração, lastro e
ser aplicadas regras conforme a de descanso para o trabalho do revistadores;
especificidade da operação de motorista profissional emprega- c)  das equipagens de trens
transporte realizada, cujas condi- do em regime de compensação. em geral;
ções de trabalho serão fixadas em d)  pessoal cujo serviço é de
convenção ou acordo coletivo de Art. 235-G.  É permitida a remu- natureza intermitente ou de pou-
modo a assegurar as adequadas neração do motorista em função ca intensidade, embora com per-
condições de viagem e entrega da distância percorrida, do tempo manência prolongada nos locais
ao destino final. de viagem ou da natureza e quan- de trabalho; vigias e pessoal das
tidade de produtos transporta- estações do interior, inclusive os
Art. 235-E.  Para o transporte de dos, inclusive mediante oferta respectivos telegrafistas.
passageiros, serão observados os de comissão ou qualquer outro
seguintes dispositivos: tipo de vantagem, desde que essa Art. 238.  Será computado como
I – é facultado o fracionamen- remuneração ou comissionamen- de trabalho efetivo todo o tempo
to do intervalo de condução do to não comprometa a segurança em que o empregado estiver à
veículo previsto na Lei no 9.503, da rodovia e da coletividade ou disposição da estrada.
de 23 de setembro de 1997 – Có- possibilite a violação das normas § 1o  Nos serviços efetuados
digo de Trânsito Brasileiro, em previstas nesta Lei. pelo pessoal da categoria c, não
períodos de no mínimo 5 (cinco) será considerado como de tra-
minutos; Art. 235-H.  (Revogado) balho efetivo o tempo gasto em
II – será assegurado ao moto- viagens do local ou para o local
rista intervalo mínimo de 1 (uma) de terminação e início dos mes-
hora para refeição, podendo ser
Seção V – Do Serviço mos serviços.
fracionado em 2 (dois) períodos e Ferroviário § 2o  Ao pessoal removido ou
coincidir com o tempo de parada comissionado fora da sede será
obrigatória na condução do veícu- Art. 236.  No serviço ferroviário – contado como de trabalho nor-
lo estabelecido pela Lei no 9.503, considerado este o de transporte mal e efetivo o tempo gasto em
de 23 de setembro de 1997 – Códi- em estradas de ferro abertas ao viagens, sem direito à percepção
go de Trânsito Brasileiro, exceto tráfego público, compreenden- de horas extraordinárias.
quando se tratar do motorista do a administração, construção, § 3o  No caso das turmas de
profissional enquadrado no § 5o conservação e remoção das vias conservação da via permanente,
do art. 71 desta Consolidação; férreas e seus edifícios, obras de o tempo efetivo do trabalho será
III – nos casos em que o em- arte, material rodante, instalações contado desde a hora da saída

600
Consolidação das Leis do Trabalho
da casa da turma até a hora em nuas, no mínimo, observando-se, soal da categoria c, a primeira
que cessar o serviço em qual- outrossim, o descanso semanal. hora será majorada de 25% (vin-
quer ponto compreendido dentro § 2o  Para o pessoal da equi- te e cinco por cento), a segunda
dos limites da respectiva turma. pagem de trens, a que se refere o hora será paga com o acréscimo
Quando o empregado trabalhar presente artigo, quando a empre- de 50% (cinquenta por cento) e
fora dos limites da sua turma, sa não fornecer alimentação, em as duas subsequentes com o de
ser-lhe-á também computado viagem, e hospedagem, no desti- 60% (sessenta por cento), salvo
como de trabalho efetivo o tem- no, concederá uma ajuda de custo caso de negligência comprovada.
po gasto no percurso da volta a para atender a tais despesas.
esses limites. § 3o  As escalas do pessoal Art. 242.  As frações de meia
§ 4o  Para o pessoal da equi- abrangido pelo presente artigo hora superiores a dez minutos se-
pagem de trens, só será con- serão organizadas de modo que rão computadas como meia hora.
siderado esse trabalho efetivo, não caiba a qualquer empregado,
depois de chegado ao destino, o quinzenalmente, um total de ho- Art. 243.  Para os empregados
tempo em que o ferroviário estiver ras de serviço noturno superior de estações do interior, cujo ser-
ocupado ou retido à disposição às de serviço diurno. viço for de natureza intermitente
da Estrada. Quando, entre dois § 4o  Os períodos de trabalho ou de pouca intensidade, não se
períodos de trabalho, não mediar do pessoal a que alude o presente aplicam os preceitos gerais sobre
intervalo superior a uma hora, artigo serão registrados em ca- duração do trabalho, sendo-lhes,
será esse intervalo computado dernetas especiais, que ficarão entretanto, assegurado o repouso
como de trabalho efetivo. sempre em poder do empregado contínuo de dez horas, no mínimo,
§ 5o  O tempo concedido para de acordo com o modelo aprovado entre dois períodos de trabalho e
refeição não se computa como pelo Ministro do Trabalho, Indús- descanso semanal.
de trabalho efetivo, senão para tria e Comércio.
o pessoal da categoria c, quando Art. 244.  As estradas de ferro
as refeições forem tomadas em Art. 240.  Nos casos de urgência poderão ter empregados extra-
viagem ou nas estações durante ou de acidente, capazes de afe- numerários, de sobreaviso e de
as paradas. Esse tempo não será tar a segurança ou regularidade prontidão, para executarem ser-
inferior a uma hora, exceto para o do serviço, poderá a duração do viços imprevistos ou para subs-
pessoal da referida categoria em trabalho ser excepcionalmen- tituições de outros empregados
serviço de trens. te elevada a qualquer número que faltem à escala organizada.
§ 6o  No trabalho das turmas de horas, incumbindo à Estrada § 1o  Considera-se “extranu-
encarregadas da conservação de zelar pela incolumidade dos seus merário” o empregado não efetivo,
obras de arte, linhas telegráficas empregados e pela possibilidade candidato à efetivação, que se
ou telefônicas e edifícios, não de revezamento de turmas, asse- apresentar normalmente ao ser-
será contado, como de trabalho gurando ao pessoal um repouso viço, embora só trabalhe quando
efetivo, o tempo de viagem para correspondente e comunicando a for necessário. O extranumerário
o local do serviço, sempre que ocorrência ao Ministério do Traba- só receberá os dias de trabalho
não exceder de uma hora, seja lho, Indústria e Comércio, dentro efetivo.
para ida ou para volta, e a Estrada de dez dias da sua verificação. § 2o  Considera-se de “sobre-
fornecer os meios de locomoção, Parágrafo único.  Nos casos aviso” o empregado efetivo, que
computando-se sempre o tempo previstos neste artigo, a recusa, permanecer em sua própria casa,
excedente a esse limite. sem causa justificada, por parte aguardando a qualquer momento
de qualquer empregado, à execu- o chamado para o serviço. Cada
Art. 239.  Para o pessoal da cate- ção de serviço extraordinário será escala de “sobreaviso” será, no
goria c, a prorrogação do trabalho considerada falta grave. máximo, de vinte e quatro horas.
independe de acordo ou contrato As horas de “sobreaviso”, para
coletivo, não podendo, entretan- Art. 241.  As horas excedentes todos os efeitos, serão conta-
to, exceder de doze horas, pelo das do horário normal de oito das à razão de 1/3 (um terço) do
que as empresas organizarão, horas serão pagas como serviço salário normal.
sempre que possível, os servi- extraordinário na seguinte base: § 3o  Considera-se de “pron-
ços de equipagens de trens com as duas primeiras com o acrés- tidão” o empregado que ficar nas
destacamentos nos trechos das cimo de 25% (vinte e cinco por dependências da estrada, aguar-
linhas de modo a ser observada cento) sobre o salário-hora nor- dando ordens. A escala de pronti-
a duração normal de oito horas mal, as duas subsequentes com dão será, no máximo, de doze ho-
de trabalho. um adicional de 50% (cinquenta ras. As horas de prontidão serão,
§ 1o  Para o pessoal sujeito ao por cento) e as restantes com um para todos os efeitos, contadas
regime do presente artigo, depois adicional de 75% (setenta e cinco à razão de 2/3 (dois terços) do
de cada jornada de trabalho have- por cento). salário-hora normal.
rá um repouso de dez horas contí- Parágrafo único.  Para o pes- § 4o  Quando, no estabeleci-

601
Consolidação das Leis do Trabalho
mento ou dependência em que cer médico, possam prejudicar a barque de carga e passageiros.
se achar o empregado, houver saúde do tripulante serão execu- § 2o  Não excederá de 30
facilidade de alimentação, as tados por períodos não maiores e (trinta) horas semanais o servi-
doze horas de prontidão, a que com intervalos não menores de ço extraordinário prestado para
se refere o parágrafo anterior, quatro horas. o tráfego nos portos.
poderão ser contínuas. Quando
não existir essa facilidade, de- Art. 249.  Todo o tempo de ser- Art. 250.  As horas de trabalho
pois de seis horas de prontidão, viço efetivo, excedente de oito extraordinário serão compensa-
haverá sempre um intervalo de horas, ocupado na forma do arti- das, segundo a conveniência do
uma hora para cada refeição, que go anterior, será considerado de serviço, por descanso em perío-
não será, nesse caso, computada trabalho extraordinário, sujeito à do equivalente, no dia seguinte
como de serviço. compensação a que se refere o ou no subsequente, dentro das
art. 250, exceto se se tratar de do trabalho normal, ou no fim da
Art. 245.  O horário normal de trabalho executado: viagem, ou pelo pagamento do
trabalho dos cabineiros nas es- a)  em virtude de responsabi- salário correspondente.
tações de tráfego intenso não lidade pessoal do tripulante e no Parágrafo único.  As horas
excederá de oito horas e deverá desempenho de funções de dire- extraordinárias de trabalho são
ser dividido em dois turnos com ção, sendo consideradas como indivisíveis, computando-se a
intervalo não inferior a uma hora tais todas aquelas que a bordo se fração de hora como hora inteira.
de repouso, não podendo nenhum achem constituídas em um único
turno ter duração superior a cin- indivíduo com responsabilidade Art. 251.  Em cada embarcação
co horas, com um período de exclusiva e pessoal; haverá um livro em que serão
descanso entre duas jornadas b)  na iminência de perigo, anotadas as horas extraordiná-
de trabalho de quatorze horas para salvaguarda ou defesa da rias de trabalho de cada tripu-
consecutivas. embarcação, dos passageiros, lante, e outro, do qual constarão,
ou da carga, a juízo exclusivo do devidamente circunstanciadas,
Art. 246.  O horário de trabalho comandante ou do responsável as transgressões dos mesmos
dos operadores telegrafistas nas pela segurança a bordo; tripulantes.
estações de tráfego intenso não c)  por motivo de manobras Parágrafo único.  Os livros de
excederá de 6 (seis) horas diárias. ou fainas gerais que reclamem que trata este artigo obedecerão
a presença, em seus postos, de a modelos organizados pelo Mi-
Art. 247.  As estações princi- todo o pessoal de bordo; nistério do Trabalho, Indústria e
pais, estações de tráfego inten- d)  na navegação lacustre Comércio, serão escriturados em
so e estações do interior serão e fluvial, quando se destina ao dia pelo comandante da embar-
classificadas para cada empresa abastecimento do navio ou em- cação e ficam sujeitos às formali-
pelo Departamento Nacional de barcação de combustível e ran- dades instituídas para os livros de
Estradas de Ferro. cho, ou por efeito das contingên- registro de empregados em geral.
cias da natureza da navegação,
na transposição de passos ou Art. 252.  Qualquer tripulante
Seção VI – Das Equipagens pontos difíceis, inclusive opera- que se julgue prejudicado por
das Embarcações da ções de alívio ou transbordo de ordem emanada de superior hie-
Marinha Mercante Nacional, carga, para obtenção de calado rárquico poderá interpor recurso,
de Navegação Fluvial e menor para essa transposição. em termos, perante a Delegacia
Lacustre, do Tráfego nos § 1o  O trabalho executado aos do Trabalho Marítimo, por inter-
Portos e da Pesca domingos e feriados será consi- médio do respectivo comandante,
derado extraordinário, salvo se o qual deverá encaminhá-lo com
Art. 248.  Entre as horas 0 (zero) se destinar: a respectiva informação dentro
e 24 (vinte e quatro) de cada dia a)  ao serviço de quartos e de cinco dias, contados de sua
civil, o tripulante poderá ser con- vigilância, movimentação das chegada ao porto.
servado em seu posto durante máquinas e aparelhos de bordo,
oito horas, quer de modo contí- limpeza e higiene da embarcação,
nuo, quer de modo intermitente. preparo de alimentação da equi-
Seção VII – Dos Serviços
§ 1o  A exigência do serviço pagem e dos passageiros, serviço Frigoríficos
contínuo ou intermitente ficará a pessoal destes e, bem assim, aos
critério do comandante e, neste socorros de urgência ao navio ou Art. 253.  Para os empregados
último caso, nunca por período ao pessoal; que trabalham no interior das
menor que uma hora. b)  ao fim da navegação ou câmaras frigoríficas e para os
§ 2o  Os serviços de quarto das manobras para a entrada ou que movimentam mercadorias do
nas máquinas, passadiço, vigilân- saída de portos, atracação, desa- ambiente quente ou normal para
cia e outros que, consoante pare- tracação, embarque ou desem- o frio e vice-versa, depois de uma

602
Consolidação das Leis do Trabalho
hora e quarenta minutos de tra- locais de insalubridade e os mé- trabalho, que decidirá a respeito.
balho contínuo, será assegurado todos e processos do trabalho
um período de vinte minutos de adotado. Art. 301.  O trabalho no subsolo
repouso, computado esse inter- somente será permitido a ho-
valo como de trabalho efetivo. Art. 296.  A remuneração da hora mens, com idade compreendida
Parágrafo único. Considera- prorrogada será no mínimo 25% entre vinte e um e cinquenta anos,
-se artificialmente frio, para os (vinte e cinco por cento) superior assegurada a transferência para
fins do presente artigo, o que for à da hora normal e deverá constar a superfície nos termos previstos
inferior, nas primeira, segunda e do acordo ou contrato coletivo no artigo anterior.
terceira zonas climáticas do mapa de trabalho.4
oficial do Ministério do Trabalho,
Indústria e Comércio, a 15° (quin- Art. 297.  Ao empregado no sub-
Seção XI – Dos Jornalistas
ze graus), na quarta zona a 12° solo será fornecida, pelas em- Profissionais
(doze graus), e nas quinta, sexta presas exploradoras de minas,
e sétima zonas a 10° (dez graus). alimentação adequada à natu- Art. 302.  Os dispositivos da
reza do trabalho, de acordo com presente Seção se aplicam aos
as instruções estabelecidas pelo que nas empresas jornalísticas
Seção VIII – Dos Serviços de Serviço de Alimentação da Pre- prestem serviços como jorna-
Estiva vidência Social e aprovadas pelo listas, revisores, fotógrafos, ou
Ministério do Trabalho, Indústria na ilustração, com as exceções
Arts.  254 a 284.  (Revogados) e Comércio. nela previstas.
§ 1o  Entende-se como jor-
Art. 298.  Em cada período de nalista o trabalhador intelectual
Seção IX – Dos Serviços de três horas consecutivas de tra- cuja função se estende desde a
Capatazias nos Portos balho, será obrigatória uma pausa busca de informações até a re-
de quinze minutos para repouso, a dação de notícias e artigos e a
Arts.  285 a 292.  (Revogados) qual será computada na duração organização, orientação e direção
normal de trabalho efetivo. desse trabalho.
§ 2o Consideram-se em-
Seção X – Do Trabalho em Art. 299.  Quando nos trabalhos presas jornalísticas, para os fins
Minas de Subsolo de subsolo ocorrerem aconteci- desta Seção, aquelas que têm a
mentos que possam comprome- seu cargo a edição de jornais,
Art. 293.  A duração normal do ter a vida ou saúde do empregado, revistas, boletins e periódicos,
trabalho efetivo para os empre- deverá a empresa comunicar o ou a distribuição de noticiário,
gados em minas no subsolo não fato imediatamente à autorida- e, ainda, a radiodifusão em suas
excederá de seis horas diárias ou de Regional do Trabalho, do Mi- seções destinadas à transmissão
de trinta e seis semanais. nistério do Trabalho, Indústria e de notícias e comentários.
Comércio.
Art. 294.  O tempo despendido Art. 303.  A duração normal do
pelo empregado da boca da mina Art. 300.  Sempre que, por mo- trabalho dos empregados com-
ao local do trabalho e vice-versa tivo de saúde, for necessária a preendidos nesta Seção não de-
será computado para o efeito de transferência do empregado, a verá exceder de cinco horas, tanto
pagamento do salário. juízo da autoridade competente de dia como à noite.
em matéria de segurança e me-
Art. 295.  A duração normal do dicina do trabalho, dos serviços Art. 304.  Poderá a duração nor-
trabalho efetivo no subsolo pode- no subsolo para os de superfície, mal do trabalho ser elevada a sete
rá ser elevada até oito horas diá- é a empresa obrigada a realizar horas, mediante acordo escrito,
rias ou quarenta e oito semanais, essa transferência, assegurando em que se estipule aumento de
mediante acordo escrito entre ao transferido a remuneração ordenado, correspondente ao ex-
empregado e empregador ou con- atribuída ao trabalhador de su- cesso do tempo de trabalho, e em
trato coletivo de trabalho, sujeita perfície em serviço equivalente, que se fixe um intervalo destinado
essa prorrogação a prévia licença respeitada a capacidade profis- a repouso ou a refeição.
da autoridade competente em sional do interessado. Parágrafo único.  Para aten-
matéria de higiene do trabalho. Parágrafo único.  No caso de der a motivos de força maior, po-
Parágrafo único.  A duração recusa do empregado em atender derá o empregado prestar servi-
normal do trabalho efetivo no a essa transferência, será ouvida ços por mais tempo do que aquele
subsolo poderá ser inferior a seis a autoridade competente em ma- permitido nesta Seção. Em tais
horas diárias, por determinação téria de segurança e medicina do casos, porém, o excesso deve ser
da autoridade de que trata este comunicado à Divisão de Fiscali-
artigo, tendo em vista condições   NE: ver Constituição Federal, art. 7o, XVI.
4 zação do Departamento Nacional

603
Consolidação das Leis do Trabalho
do Trabalho ou às Delegacias Re- requerente exibir os seguintes como jornalistas, na forma desta
gionais, do Ministério do Trabalho, documentos:5 Seção.7
Indústria e Comércio, dentro de a)  prova de nacionalidade § 1o  As repartições compe-
cinco dias, com a indicação ex- brasileira; tentes do Ministério do Trabalho,
pressa dos seus motivos. b)  folha corrida; Indústria e Comércio manterão,
c)  prova de que não responde para os fins do artigo anterior,
Art. 305.  As horas de serviço a processo ou não sofreu conde- um registro especial, anexo ao
extraordinário, quer as prestadas nação por crime contra a segu- dos jornalistas profissionais, nele
em virtude de acordo, quer as que rança nacional; inscrevendo os que satisfaçam os
derivam das causas previstas no d)  Carteira de Trabalho e Pre- requisitos das alíneas “a”, “b” e “c”
parágrafo único do artigo anterior, vidência Social. do artigo 311 e apresentem prova
não poderão ser remuneradas § 1o  Aos profissionais devi- do exercício de atividade jornalís-
com quantia inferior à que re- damente registrados será feita a tica não profissional, o que poderá
sulta do quociente da divisão da necessária declaração na Carteira ser feito por meio de atestado de
importância do salário mensal de Trabalho e Previdência Social. associação cultural, científica ou
por 150 (cento e cinquenta) para § 2o  Aos novos empregados religiosa idônea.
os mensalistas, e do salário diá- será concedido o prazo de 60 § 2o  O pedido de registro será
rio por 5 (cinco) para os diaristas, (sessenta) dias para a apresen- submetido a despacho do minis-
acrescido de, pelo menos, 25% tação da Carteira de Trabalho e tro que, em cada caso, apreciará
(vinte e cinco por cento). Previdência Social, fazendo-se o valor da prova oferecida.
o registro condicionado a essa § 3o  O registro de que trata
Art. 306.  Os dispositivos dos apresentação e expedindo-se o presente artigo tem caráter
arts. 303, 304 e 305 não se apli- um certificado provisório para puramente declaratório e não
cam àqueles que exercem as fun- aquele período. implica no reconhecimento de
ções de redator-chefe, secretário, direitos que decorrem do exer-
subsecretário, chefe e subchefe Art. 312.  O registro dos direto- cício remunerado e profissional
de revisão, chefe de oficina, de res-proprietários de jornais será do jornalismo.
ilustração e chefe de portaria. feito, no Distrito Federal e nos Es-
Parágrafo único.  Não se apli- tados, e independentemente da Art. 314.  (Revogado)
cam, do mesmo modo, os artigos exigência constante do art. 311,
acima referidos aos que se ocu- letra “d”, da presente Seção.6 Art. 315.  O Governo Federal, de
parem unicamente em serviços § 1o  A prova de profissão, acordo com os governos esta-
externos. apresentada pelo diretor-proprie- duais, promoverá a criação de
tário juntamente com os demais escolas de preparação ao jorna-
Art. 307.  A cada seis dias de documentos exigidos, consistirá lismo, destinadas à formação dos
trabalho efetivo corresponderá em uma certidão, fornecida nos profissionais da imprensa.
um dia de descanso obrigatório, Estados e Território do Acre, pelas
que coincidirá com o domingo, Juntas Comerciais ou Cartórios, Art. 316.  A empresa jornalísti-
salvo acordo escrito em contrá- e, no Distrito Federal, pela seção ca que deixar de pagar pontual-
rio, no qual será expressamente competente do Departamento mente, e na forma acordada, os
estipulado o dia em que se deve Nacional de Indústria e Comér- salários devidos a seus empre-
verificar o descanso. cio, do Ministério do Trabalho, gados, terá suspenso o seu fun-
Indústria e Comércio. cionamento, até que se efetue o
Art. 308.  Em seguida a cada § 2o  Aos diretores-proprie- pagamento devido.8
período diário de trabalho haverá tários regularmente inscritos Parágrafo único.  Para os
um intervalo mínimo de dez horas, será fornecido um certificado, efeitos do cumprimento deste
destinado ao repouso. do qual deverão constar o livro e artigo deverão os prejudicados
a folha em que houver sido feito reclamar contra a falta de pa-
Art. 309.  Será computado como o registro. gamento perante a autoridade
de trabalho efetivo o tempo em competente e, proferida a conde-
que o empregado estiver à dis- Art. 313.  Aqueles que, sem ca- nação, desde que a empresa não
posição do empregador. ráter profissional, exercerem ati- a cumpra, ou, em caso de recurso,
vidades jornalísticas, visando fins não deposite o valor da indeniza-
Art. 310.  (Revogado) culturais, científicos ou religiosos, ção, a autoridade que proferir a
poderão promover sua inscrição condenação oficiará à autoridade
Art. 311.  Para o registro de que competente, para a suspensão
trata o artigo anterior, deve o da circulação do jornal. Em igual

  NE: ver Decreto-lei no 972/1969.


5
  NE: ver Decreto-lei no 972/1969.
7

6
  NE: ver Decreto-lei no 972/1969. 8
  NE: ver Decreto-lei no 368/1968.

604
Consolidação das Leis do Trabalho
pena de suspensão incorrerá a contratual, da remuneração por c)  aos que, ao tempo da pu-
empresa que deixar de recolher eles percebida, na conformidade blicação do Decreto no 24.693, de
as contribuições devidas às ins- dos horários, durante o período 12 de julho de 1934, se achavam
tituições de previdência social. de aulas. no exercício efetivo de função
§ 1o  Não se exigirá dos pro- pública ou particular, para a qual
fessores, no período de exames, seja exigida a qualidade de quí-
Seção XII – Dos Professores a prestação de mais de oito horas mico, e que tenham requerido o
de trabalho diário, salvo mediante respectivo registro até a extinção
Art. 317.  O exercício remunerado o pagamento complementar de do prazo fixado pelo Decreto-lei
do magistério, em estabelecimen- cada hora excedente pelo preço no 2.298, de 10 de junho de 1940.
tos particulares de ensino, exigirá correspondente ao de uma aula. § 1o  Aos profissionais inclu-
apenas habilitação legal e registro § 2o  No período de férias, não ídos na alínea “c” deste artigo,
no Ministério da Educação. se poderá exigir dos professores se dará, para os efeitos da pre-
outro serviço senão o relaciona- sente Seção, a denominação de
Art. 318.  O professor poderá le- do com a realização de exames. “licenciados”.
cionar em um mesmo estabele- § 3o  Na hipótese de dispensa § 2o  O livre exercício da pro-
cimento por mais de um turno, sem justa causa, ao término do fissão de que trata o presente ar-
desde que não ultrapasse a jor- ano letivo ou no curso das férias tigo só é permitido a estrangeiros,
nada de trabalho semanal esta- escolares, é assegurado ao pro- quando compreendidos:
belecida legalmente, assegurado fessor o pagamento a que se re- a)  nas alíneas “a” e “b”, inde-
e não computado o intervalo para fere o caput deste artigo. pendentemente de revalidação do
refeição. diploma, se exerciam, legitima-
Art. 323.  Não será permitido o mente, na República, a profissão
Art. 319.  Aos professores é ve- funcionamento do estabeleci- de químico em a data da promul-
dado, aos domingos, a regência mento particular de ensino que gação da Constituição de 1934;
de aulas e o trabalho em exames. não remunere condignamente b)  na alínea “b”, se a seu favor
os seus professores, ou não lhes militar a existência de reciproci-
Art. 320.  A remuneração dos pague pontualmente a remune- dade internacional, admitida em
professores será fixada pelo nú- ração de cada mês. lei, para o reconhecimento dos
mero de aulas semanais, na con- Parágrafo único.  Compete ao respectivos diplomas;
formidade dos horários. Ministério da Educação e Saúde c)  na alínea “c”, satisfeitas
§ 1o  O pagamento far-se-á fixar os critérios para a determi- as condições nela estabelecidas.
mensalmente, considerando-se nação da condigna remuneração § 3o  O livre exercício da pro-
para este efeito cada mês cons- devida aos professores bem como fissão a brasileiros naturalizados
tituído de quatro semanas e meia. assegurar a execução do preceito está subordinado à prévia presta-
§ 2o  Vencido cada mês, será estabelecido no presente artigo. ção do serviço militar, no Brasil.
descontada, na remuneração dos § 4o  Só aos brasileiros natos
professores, a importância cor- Art. 324.  (Revogado) é permitida a revalidação dos di-
respondente ao número de aulas plomas de químicos, expedidos
a que tiverem faltado. por institutos estrangeiros de
§ 3o  Não serão descontadas,
Seção XIII – Dos Químicos ensino superior.
no decurso de nove dias, as faltas
verificadas por motivo de gala ou Art. 325.  É livre o exercício da Art. 326.  Todo aquele que exer-
de luto em consequência de fa- profissão de químico em todo o cer ou pretender exercer as fun-
lecimento do cônjuge, do pai ou território da República, observa- ções de químico, é obrigado ao
mãe, ou de filho. das as condições de capacidade uso da Carteira de Trabalho e
técnica e outras exigências pre- Previdência Social, devendo os
Art. 321.  Sempre que o esta- vistas na presente Seção: profissionais, que se encontra-
belecimento de ensino tiver ne- a)  aos possuidores de diplo- rem nas condições das alíneas
cessidade de aumentar o número ma de químico, químico industrial, “a” e “b” do art. 325, registrar os
de aulas marcado nos horários, químico industrial agrícola ou seus diplomas de acordo com a
remunerará o professor, findo engenheiro químico, concedido, legislação vigente.
cada mês, com uma importân- no Brasil, por escola oficial ou § 1o  A requisição de Carteiras
cia correspondente ao número oficialmente reconhecida; de Trabalho e Previdência Social
de aulas excedentes. b)  aos diplomados em quí- para uso dos químicos, além do
mica por instituto estrangeiro, disposto no capítulo “Da Identifi-
Art. 322.  No período de exames de ensino superior, que tenham, cação Profissional”, somente será
e no de férias escolares, é asse- de acordo com a lei e a partir de processada mediante apresenta-
gurado aos professores o paga- 14 de julho de 1934, revalidado os ção dos seguintes documentos
mento, na mesma periodicidade seus diplomas; que provem:

605
Consolidação das Leis do Trabalho
a)  ser o requerente brasi- teira de Trabalho e Previdência numerada, que, além da fotogra-
leiro, nato ou naturalizado, ou Social, de conformidade com o fia, medindo 3 (três) por 4 (quatro)
estrangeiro; disposto nas alíneas do mesmo centímetros, tirada de frente, com
b)  estar, se for brasileiro, de artigo e seu parágrafo único. a cabeça descoberta, e das im-
posse dos direitos civis e po- § 3o  Reconhecida a validade pressões do polegar, conterá as
líticos; dos documentos apresentados, o declarações seguintes:12
c)  ter diploma de químico, Serviço de Identificação Profis- a)  o nome por extenso;
químico industrial, químico in- sional do Departamento Nacional b)  a nacionalidade e, se es-
dustrial agrícola ou engenhei- do Trabalho, no Distrito Federal, trangeiro, a circunstância de ser
ro químico, expedido por escola ou os órgãos regionais do Mi- ou não naturalizado;
superior oficial ou oficializada; nistério do Trabalho, Indústria c)  a data e lugar do nasci-
d)  ter, se diplomado no es- e Comércio, nos Estados e no mento;
trangeiro, o respectivo diploma Território do Acre, registrarão, d)  a denominação da escola
revalidado nos termos da lei; em livros próprios, os documen- em que houver feito o curso;
e)  haver, o que for brasileiro tos a que se refere a alínea “c” do e)  a data da expedição do di-
naturalizado, prestado serviço § 1o e, juntamente com a Carteira ploma e o número do registro no
militar no Brasil; de Trabalho e Previdência Social Ministério do Trabalho, Indústria
f)  achar-se, o estrangeiro, ao emitida, os devolverão ao inte- e Comércio;
ser promulgada a Constituição de ressado.9 f)  a data da revalidação do di-
1934, exercendo legitimamen- ploma, se de instituto estrangeiro;
te, na República, a profissão de Art. 327.  Além dos emolumentos g)  a especificação, inclusive
químico, ou concorrer a seu favor fixados no Capítulo “Da Identifi- data, de outro título ou títulos de
a existência de reciprocidade in- cação Profissional”, o registro do habilitação;
ternacional, admitida em lei, para diploma fica sujeito à taxa de 30 h)  a assinatura do inscrito.
o reconhecimento dos diplomas (trinta) cruzeiros.10 Parágrafo único.  A cartei-
dessa especialidade. ra destinada aos profissionais
§ 2o  A requisição de que tra- Art. 328.  Só poderão ser ad- a que se refere o § 1o do art. 325
ta o parágrafo anterior deve ser mitidos a registro os diplomas, deverá, em vez das declarações
acompanhada: certificados de diplomas, cartas e indicadas nas alíneas “d”, “e” e “f”
a)  do diploma devidamente outros títulos, bem como atesta- deste artigo, e além do título –
autenticado, no caso da alínea dos e certificados, que estiverem licenciado – posto em destaque,
“b” do artigo precedente, e com na devida forma e cujas firmas ha- conter a menção do título de no-
as firmas reconhecidas no país de jam sido regularmente reconheci- meação ou admissão e respectiva
origem e na Secretaria de Estado das por tabelião público e, sendo data, se funcionário público, ou
das Relações Exteriores, ou da estrangeiros, pela Secretaria do do atestado relativo ao exercício,
respectiva certidão, bem como Estado das Relações Exteriores, na qualidade de químico, de um
do título de revalidação, ou cer- acompanhados estes últimos da cargo em empresa particular,
tidão respectiva, de acordo com respectiva tradução, feita por com designação desta e da data
a legislação em vigor; intérprete comercial brasileiro. inicial do exercício.
b)  do certificado ou atesta- Parágrafo único.  O Depar-
do comprobatório de se achar o tamento Nacional do Trabalho e Art. 330.  A Carteira de Traba-
requerente, na hipótese da alínea as Delegacias Regionais do Mi- lho e Previdência Social, expe-
“c” do referido artigo, ao tempo da nistério do Trabalho, Indústria e dida nos termos desta Seção, é
publicação do Decreto no 24.693, Comércio, nos Estados, publica- obrigatória para o exercício da
de 12 de julho de 1934, no exercí- rão, periodicamente, a lista dos profissão, substitui em todos os
cio efetivo de função pública, ou químicos registrados na forma casos o diploma ou título e servirá
particular, para a qual seja exigida desta Seção.11 de carteira de identidade.
a qualidade de químico, devendo
esses documentos ser autentica- Art. 329.  A cada inscrito, e como Art. 331.  Nenhuma autoridade
dos pelo Delegado Regional do documento comprobatório do re- poderá receber impostos relati-
Trabalho, quando se referirem gistro, será fornecida pelo Depar- vos ao exercício profissional de
a requerentes moradores nas tamento Nacional do Trabalho, no químico, senão à vista da prova
capitais dos Estados, ou coletor Distrito Federal, ou pelas Delega- de que o interessado se acha
federal, no caso de residirem os cias Regionais, nos Estados e no registrado de acordo com a pre-
interessados nos municípios do Território do Acre, uma Carteira sente Seção, e essa prova será
interior; de Trabalho e Previdência Social também exigida para a realização
c)  de três exemplares de fo- de concursos periciais e todos os
tografia exigida pelo art. 329 e de 9
  NE: ver Lei no 2.800/1956.
uma folha com as declarações 10
  NE: ver Lei no 2.800/1956.
que devam ser lançadas na Car- 11
  NE: ver Lei no 2.800/1956.   NE: ver Lei no 2.800/1956.
12

606
Consolidação das Leis do Trabalho
outros atos oficiais que exijam Art. 335.  É obrigatória a admis- estes últimos a legenda impressa
capacidade técnica de químico. são de químicos nos seguintes em cartas e sobrecartas.
tipos de indústria:
Art. 332.  Quem, mediante anún- a)  de fabricação de produtos Art. 340.  Somente os quími-
cios, placas, cartões comerciais químicos; cos habilitados, nos termos do
ou outros meios capazes de ser b)  que mantenham laborató- art. 325, alíneas “a” e “b”, poderão
identificados, se propuser ao rio de controle químico; ser nomeados ex officio para os
exercício da química em qual- c)  de fabricação de produtos exames periciais de fábricas, la-
quer dos seus ramos, sem que es- industriais que são obtidos por boratórios e usinas e de produtos
teja devidamente registrado, fica meio de reações químicas dirigi- aí fabricados.
sujeito às penalidades aplicáveis das, tais como: cimento, açúcar Parágrafo único. Não se
ao exercício ilegal da profissão. e álcool, vidro, curtume, massas acham compreendidos no artigo
plásticas artificiais, explosivos, anterior os produtos farmacêuti-
Art. 333.  Os profissionais a que derivados de carvão ou de petró- cos e os laboratórios de produtos
se referem os dispositivos ante- leo, refinação de óleos vegetais farmacêuticos.
riores só poderão exercer legal- ou minerais, sabão, celulose e
mente as funções de químicos derivados. Art. 341.  Cabe aos químicos ha-
depois de satisfazerem as obri- bilitados, conforme estabelece o
gações constantes do art.  330 Art. 336.  No preenchimento de art. 325, alíneas “a” e “b”, a execu-
desta Seção. cargos públicos, para os quais se ção de todos os serviços que, não
faz mister a qualidade de químico, especificados no presente regu-
Art. 334.  O exercício da pro- ressalvadas as especializações lamento, exijam por sua natureza
fissão de químico compreende: referidas no § 2o do art. 334, a par- o conhecimento de química.
a)  a fabricação de produtos tir da data da publicação do De-
e subprodutos químicos em seus creto no 24.693, de 12 de julho de Art. 342.  A fiscalização do exer-
diversos graus de pureza; 1934, requer-se, como condição cício da profissão de químico in-
b)  a análise química, a ela- essencial, que os candidatos pre- cumbe ao Departamento Nacional
boração de pareceres, atesta- viamente hajam satisfeito as exi- do Trabalho no Distrito Federal
dos e projetos da especialidade, gências do art. 333 desta Seção. e às autoridades regionais do
e sua execução, perícia civil ou Ministério do Trabalho, Indústria
judiciária sobre essa matéria, a Art. 337.  Fazem fé pública os e Comércio, nos Estados e Terri-
direção e a responsabilidade de certificados de análises quími- tório do Acre.13
laboratórios ou departamentos cas, pareceres, atestados, laudos
químicos, de indústria e empre- de perícias e projetos relativos a Art. 343.  São atribuições dos
sas comerciais; essa especialidade, assinados órgãos de fiscalização:
c)  o magistério nas cadeiras por profissionais que satisfaçam a)  examinar os documentos
de química dos cursos superiores as condições estabelecidas nas exigidos para o registro profissio-
especializados em química; alíneas “a” e “b” do art. 325. nal de que trata o art. 326 e seus
d)  a engenharia química. §§ 1o e 2o e o art. 327, proceder à
§ 1o  Aos químicos, químicos Art. 338.  É facultado aos quí- respectiva inscrição e indeferir
industriais e químicos industriais micos que satisfizerem as con- o pedido dos interessados que
agrícolas que estejam nas condi- dições constantes do art.  325, não satisfizerem as exigências
ções estabelecidas no art. 325, alíneas “a” e “b”, o ensino da es- desta Seção;
alíneas “a” e “b”, compete o exer- pecialidade a que se dedicarem, b)  registrar as comunica-
cício das atividades definidas nas escolas superiores, oficiais ções e contratos a que aludem
nos itens “a”, “b” e “c” deste artigo, ou oficializadas. o art. 350 e seus parágrafos e dar
sendo privativa dos engenheiros Parágrafo único.  Na hipótese as respectivas baixas;
químicos a do item “d”. de concurso para o provimento c)  verificar o exato cumpri-
§ 2o  Aos que estiverem nas de cargo ou emprego público, mento das disposições desta Se-
condições do art. 325, alíneas “a” os químicos a que este artigo ção, realizando as investigações
e “b”, compete, como aos diplo- se refere terão preferência, em que forem necessárias bem como
mados em medicina ou farmácia, igualdade de condições. o exame dos arquivos, livros de
as atividades definidas no art. 2o, escrituração, folhas de pagamen-
alíneas “d”, “e” e “f”, do Decreto Art. 339.  O nome do químico to, contratos e outros documen-
no  20.377, de 8 de setembro de responsável pela fabricação dos tos de uso de firmas ou empresas
1931, cabendo aos agrônomos e produtos de uma fábrica, usi- industriais ou comerciais, em
engenheiros agrônomos as que na ou laboratório deverá figurar cujos serviços tome parte um ou
se acham especificadas no art. 6o, nos respectivos rótulos, faturas mais profissionais que desempe-
alínea “h”, do Decreto no 23.196, de e anúncios, compreendida entre
12 de outubro de 1933.   NE: ver Lei no 2.800/1956.
13

607
Consolidação das Leis do Trabalho
nhem função para a qual se deva Nacional do Trabalho, após pro- à de que trata a primeira par-
exigir a qualidade de químico. cesso regular, ressalvada a ação te deste artigo fará o químico,
da justiça pública.16 quando deixar a direção técnica
Art. 344.  Aos sindicatos de quí- ou o cargo de químico, em cujo
micos devidamente reconhecidos Art. 347.  Aqueles que exerce- exercício se encontrava, a fim de
é facultado auxiliar a fiscalização, rem a profissão de químico sem ressalvar a sua responsabilidade
no tocante à observância da alí- ter preenchido as condições do e fazer-se o cancelamento do
nea “c” do artigo anterior. art. 325 e suas alíneas, nem pro- contrato. Em caso de falência do
movido o seu registro, nos termos estabelecimento, a comunicação
Art. 345.  Verificando-se, pelo do art. 326, incorrerão na multa será feita pela firma proprietária.
Ministério do Trabalho, Indústria de 200 (duzentos) cruzeiros a
e Comércio, serem falsos os di- 5.000 (cinco mil) cruzeiros, que
plomas ou outros títulos dessa será elevada ao dobro, no caso
Seção XIV – Das Penalidades
natureza, atestados, certificados de reincidência.
e quaisquer documentos exibidos Art. 351.  Os infratores dos dis-
para os fins de que trata esta Se- Art. 348.  Aos licenciados a que positivos do presente Capítulo
ção, incorrerão os seus autores e alude o § 1o do art. 325 poderão, incorrerão na multa de cinquen-
cúmplices nas penalidades esta- por ato do Departamento Nacio- ta a cinco mil cruzeiros, segun-
belecidas em lei.14 nal do Trabalho, sujeito à aprova- do a natureza da infração, sua
Parágrafo único.  A falsifica- ção do Ministro, ser cassadas as extensão e a intenção de quem
ção de diploma ou outros quais- garantias asseguradas por esta a praticou, aplicada em dobro
quer títulos, uma vez verificada, Seção, desde que interrompam, no caso de reincidência, oposi-
será imediatamente comunicada por motivo de falta prevista no ção à fiscalização ou desacato
ao Serviço de Identificação Pro- art. 346, a função pública ou parti- à autoridade.
fissional, do Departamento Nacio- cular em que se encontravam por Parágrafo único.  São com-
nal do Trabalho, remetendo-se- ocasião da publicação do Decreto petentes para impor penalidades
-lhe os documentos falsificados, no 24.693, de 12 de julho de 1934.17 as autoridades de 1a (primeira)
para instauração do processo que instância incumbidas da fiscali-
no caso couber. Art. 349.  O número de químicos zação dos preceitos constantes
estrangeiros a serviço de parti- do presente Capítulo.
Art. 346.  Será suspenso do culares, empresas ou compa-
exercício de suas funções, inde- nhias não poderá exceder de 1/3
pendentemente de outras penas (um terço) ao dos profissionais CAPÍTULO II – DA
em que possa incorrer, o químico, brasileiros compreendidos nos NACIONALIZAÇÃO DO
inclusive o licenciado, que incidir respectivos quadros. TRABALHO
em alguma das seguintes faltas:
a)  revelar improbidade pro- Art. 350.  O químico que assu- Seção I – Da
fissional, dar falso testemunho, mir a direção técnica ou cargo Proporcionalidade de
quebrar o sigilo profissional e de químico de qualquer usina, Empregados Brasileiros
promover falsificações, referen- fábrica, ou laboratório industrial
tes à prática de atos de que trata ou de análise deverá, dentro de Art. 352.  As empresas, indivi-
esta Seção; 24 (vinte e quatro) horas e por es- duais ou coletivas, que explorem
b)  concorrer com seus co- crito, comunicar essa ocorrência serviços públicos dados em con-
nhecimentos científicos para a ao órgão fiscalizador, contraindo, cessão, ou que exerçam ativida-
prática de crime ou atentado con- desde essa data, a responsabili- des industriais ou comerciais, são
tra a pátria, a ordem social ou a dade da parte técnica referen- obrigadas a manter, no quadro do
saúde pública; te à sua profissão, assim como seu pessoal, quando composto de
c)  deixar, no prazo marca- a responsabilidade técnica dos três ou mais empregados, uma
do nesta Seção, de requerer a produtos manufaturados. proporção de brasileiros não in-
revalidação e registro do diplo- § 1o  Firmando-se contrato ferior à estabelecida no presente
ma estrangeiro, ou o seu regis- entre o químico e o proprietário Capítulo.
tro profissional no Ministério do da usina, fábrica ou laboratório, § 1o  Sob a denominação geral
Trabalho, Indústria e Comércio.15 será esse documento apresenta- de atividades industriais e comer-
Parágrafo único.  O tempo de do, dentro do prazo de 30 (trinta) ciais compreendem-se, além de
suspensão a que alude este ar- dias, para registro, ao órgão fis- outras que venham a ser deter-
tigo variará entre um mês e um calizador. minadas em portaria do Ministro
ano, a critério do Departamento § 2o  Comunicação idêntica do Trabalho, Indústria e Comércio,
as exercidas:
14
  NE: ver Lei no 2.800/1956. 16
  NE: ver Lei no 2.800/1956. a)  nos estabelecimentos in-
  NE: ver Lei no 2.800/1956.
15
  NE: ver Lei no 2.800/1956.
17 dustriais em geral;

608
Consolidação das Leis do Trabalho
b)  nos serviços de comunica- Art. 354.  A proporcionalidade b)  quando, mediante apro-
ções, de transportes terrestres, será de dois terços de empre- vação do Ministério do Trabalho,
marítimos, fluviais, lacustres e gados brasileiros, podendo, en- Indústria e Comércio, houver qua-
aéreos; tretanto, ser fixada proporcio- dro organizado em carreira em
c)  nas garagens, oficinas de nalidade inferior, em atenção às que seja garantido o acesso por
reparos e postos de abastecimen- circunstâncias especiais de cada antiguidade;
to de automóveis e nas cocheiras; atividade, mediante ato do Poder c)  quando o brasileiro for
d)  na indústria da pesca; Executivo, e depois de devida- aprendiz, ajudante ou servente,
e)  nos estabelecimentos co- mente apurada pelo Departa- e não o for o estrangeiro;
merciais em geral; mento Nacional do Trabalho e d)  quando a remuneração
f)  nos escritórios comerciais pelo Serviço de Estatística de resultar de maior produção, para
em geral; Previdência e Trabalho a insufi- os que trabalham à comissão ou
g) nos estabelecimentos ciência do número de brasileiros por tarefa.
bancários, ou de economia co- na atividade de que se tratar. Parágrafo único.  Nos casos
letiva, nas empresas de seguros Parágrafo único.  A propor- de falta ou cessação de serviço,
e nas de capitalização; cionalidade é obrigatória não só a dispensa do empregado estran-
h)  nos estabelecimentos jor- em relação à totalidade do quadro geiro deve preceder à de brasi-
nalísticos, de publicidade e de de empregados, com as exce- leiro que exerça função análoga.
radiodifusão; ções desta Lei, como ainda em
i)  nos estabelecimentos de relação à correspondente folha
ensino remunerado, excluídos os de salários.
Seção II – Das Relações
que neles trabalhem por força de Anuais de Empregados
voto religioso; Art. 355.  Consideram-se como
j)  nas drogarias e farmácias; estabelecimentos autônomos, Art. 359.  Nenhuma empresa po-
k)  nos salões de barbeiro ou para os efeitos da proporciona- derá admitir a seu serviço em-
cabeleireiro e de beleza; lidade a ser observada, as sucur- pregado estrangeiro sem que
l)  nos estabelecimentos de sais, filiais e agências em que tra- este exiba a carteira de identi-
diversões públicas, excluídos os balhem três ou mais empregados. dade de estrangeiro devidamente
elencos teatrais, e nos clubes anotada.
esportivos; Art. 356.  Sempre que uma em- Parágrafo único.  A empresa
m)  nos hotéis, restaurantes, presa ou indivíduo explore ativida- é obrigada a assentar no registro
bares e estabelecimentos con- des sujeitas a proporcionalidades de empregados os dados referen-
gêneres; diferentes, observar-se-á, em tes à nacionalidade de qualquer
n) nos estabelecimentos relação a cada uma delas, a que empregado estrangeiro e o nú-
hospitalares e fisioterápicos cujos lhe corresponder. mero da respectiva carteira de
serviços sejam remunerados, ex- identidade.
cluídos os que neles trabalhem Art. 357.  Não se compreendem
por força de voto religioso; na proporcionalidade os empre- Art. 360.  Toda empresa com-
o)  nas empresas de mine- gados que exerçam funções téc- preendida na enumeração do
ração. nicas especializadas, desde que, art. 352, § 1o, deste Capítulo, qual-
§ 2o  Não se acham sujeitas a juízo do Ministério do Trabalho, quer que seja o número de seus
às obrigações da proporcionali- Indústria e Comércio, haja falta de empregados, deve apresentar
dade as indústrias rurais, as que, trabalhadores nacionais. anualmente às repartições com-
em zona agrícola, se destinem ao petentes do Ministério do Traba-
beneficiamento ou transformação Art. 358.  Nenhuma empresa, lho, Indústria e Comércio, de 2 de
de produtos da região e as ati- ainda que não sujeita à propor- maio a 30 de junho, uma relação,
vidades industriais de natureza cionalidade, poderá pagar a brasi- em três vias, de todos os seus
extrativa, salvo a mineração. leiro que exerça função análoga, empregados, segundo o modelo
a juízo do Ministério do Trabalho, que for expedido.
Art. 353.  Equiparam-se aos bra- Indústria e Comércio, à que é § 1o  As relações terão, na 1a
sileiros, para os fins deste Capítu- exercida por estrangeiro a seu (primeira) via, o selo de três cru-
lo, ressalvado o exercício de pro- serviço, salário inferior ao des- zeiros pela folha inicial e dois
fissões reservadas aos brasileiros te, excetuando-se os casos se- cruzeiros por folha excedente,
natos ou aos brasileiros em geral, guintes: além do selo do Fundo de Edu-
os estrangeiros que, residindo no a)  quando, nos estabeleci- cação, e nelas será assinalada,
País há mais de dez anos, tenham mentos que não tenham quadros em tinta vermelha, a modificação
cônjuge ou filho brasileiro, e os de empregados organizados em havida com referência à última
portugueses. carreira, o brasileiro contar me- relação apresentada. Se se tratar
nos de dois anos de serviço, e o de nova empresa, a relação en-
estrangeiro mais de dois anos; cimada pelos dizeres – Primeira

609
Consolidação das Leis do Trabalho
Relação – deverá ser feita dentro das condições de mercado de Art. 367.  A redução a que se re-
de 30 (trinta) dias de seu registro trabalho, de um modo geral, e, fere o art. 354, enquanto o Serviço
no Departamento Nacional da In- em particular, no que se refere de Estatística da Previdência e
dústria e Comércio ou repartições à mão de obra qualificada. Trabalho não dispuser dos dados
competentes. § 3o  A segunda via da relação estatísticos necessários à fixação
§ 2o  A entrega das relações será remetida pela repartição da proporcionalidade convenien-
far-se-á diretamente às reparti- competente ao Serviço de Esta- te para cada atividade, poderá
ções competentes do Ministério tística da Previdência e Trabalho ser feita por ato do Ministro do
do Trabalho, Indústria e Comércio e a terceira via devolvida à em- Trabalho, Indústria e Comércio,
ou, onde não as houver, às Cole- presa, devidamente autenticada. mediante representação funda-
torias Federais, que as remeterão mentada da associação sindical.
desde logo àquelas repartições. A Parágrafo único.  O Serviço de
entrega operar-se-á contra recibo
Seção III – Das Penalidades Estatística da Previdência e Tra-
especial, cuja exibição é obriga- balho deverá promover, e manter
tória, em caso de fiscalização, Art. 363.  O processo das infra- em dia, estudos necessários aos
enquanto não for devolvida ao ções do presente Capítulo obe- fins do presente Capítulo.
empregador a via autenticada decerá ao disposto no Título “Do
da declaração. Processo de Multas Administrati-
§ 3o  Quando não houver em- vas”, no que lhe for aplicável, com
Seção V – Das Disposições
pregado far-se-á declaração ne- observância dos modelos de auto Especiais sobre a
gativa. a serem expedidos. Nacionalização da Marinha
Mercante
Art. 361.  Apurando-se, das rela- Art. 364.  As infrações do pre-
ções apresentadas, qualquer in- sente Capítulo serão punidas Art. 368.  O comando de navio
fração, será concedido ao infrator com a multa de cem a dez mil mercante nacional só poderá ser
o prazo de dez dias para defesa, cruzeiros. exercido por brasileiro nato.
seguindo-se o despacho pela au- Parágrafo único.  Em se tra-
toridade competente. tando de empresa concessionária Art. 369.  A tripulação de na-
de serviço público, ou de socie- vio ou embarcação nacional será
Art. 362.  As repartições às quais dade estrangeira autorizada a constituída, pelo menos, de dois
competir a fiscalização do dispos- funcionar no país, se a infratora, terços de brasileiros natos.
to no presente Capítulo manterão depois de multada, não atender Parágrafo único.  O disposto
fichário especial de empresas, do afinal ao cumprimento do texto neste artigo não se aplica aos na-
qual constem as anotações refe- infringido, poderá ser-lhe cassa- vios nacionais de pesca, sujeitos
rentes ao respectivo cumprimen- da a concessão ou autorização. à legislação específica.
to, e fornecerão aos interessados
as certidões de quitação que se Art. 370.  As empresas de na-
tornarem necessárias, no prazo
Seção IV – Disposições vegação organizarão as relações
de trinta dias, contados da data Gerais dos tripulantes das respectivas
do pedido. embarcações, enviando-as no
§ 1o  As certidões de quitação Art. 365.  O presente Capítulo prazo a que se refere a Seção
farão prova até 30 de setembro não derroga as restrições vigen- II deste Capítulo à Delegacia do
do ano seguinte àquele a que se tes quanto às exigências de na- Trabalho Marítimo onde as mes-
referiram e estarão sujeitas à taxa cionalidade brasileira para o exer- mas tiverem sede.
correspondente a 1/10 (um déci- cício de determinadas profissões Parágrafo único.  As relações
mo) do salário mínimo regional. nem as que vigoram para as faixas a que alude o presente artigo
Sem elas nenhum fornecimento de fronteiras, na conformidade da obedecerão, na discriminação
ou contrato poderá ser feito com respectiva legislação. hierárquica e funcional do pessoal
o Governo da União, dos Estados embarcadiço, ao quadro aprovado
ou Municípios, ou com as institui- Art. 366.  Enquanto não for ex- pelo regulamento das Capitanias
ções paraestatais a eles subor- pedida a carteira a que se refere dos Portos.
dinadas, nem será renovada au- o art. 359 deste Capítulo, valerá, a
torização a empresa estrangeira título precário, como documento Art. 371.  A presente Seção é
para funcionar no país. hábil, uma certidão, passada pelo também aplicável aos serviços
§ 2o  A primeira via da rela- serviço competente do Registro de navegação fluvial e lacustre e
ção, depois de considerada pela de Estrangeiros, provando que o à praticagem nas barras, portos,
repartição fiscalizadora, será re- empregado requereu sua perma- rios, lagos e canais.
metida, anualmente, ao Departa- nência no país.
mento Nacional de Mão de Obra
(DNMO) como subsídio ao estudo

610
Consolidação das Leis do Trabalho
CAPÍTULO III – DA privadas, em razão de sexo, idade, e repouso não inferior a uma hora
PROTEÇÃO DO TRABALHO cor, situação familiar ou estado nem superior a duas horas, salvo
de gravidez; a hipótese prevista no art. 71, § 3o.
DA MULHER VI – proceder o empregador
Seção I – Da Duração, ou preposto a revistas íntimas Art. 384.  (Revogado)
Condições do Trabalho e nas empregadas ou funcionárias.
da Discriminação contra a Parágrafo único.  O disposto Art. 385.  O descanso semanal
Mulher neste artigo não obsta a adoção será de 24 (vinte e quatro) horas
de medidas temporárias que vi- consecutivas e coincidirá no todo
sem ao estabelecimento das po- ou em parte com o domingo, salvo
Art. 372.  Os preceitos que re- líticas de igualdade entre homens motivo de conveniência pública
gulam o trabalho masculino são e mulheres, em particular as que ou necessidade imperiosa de ser-
aplicáveis ao trabalho feminino, se destinam a corrigir as distor- viço, a juízo da autoridade compe-
naquilo em que não colidirem com ções que afetam a formação pro- tente, na forma das disposições
a proteção especial instituída por fissional, o acesso ao emprego e gerais, caso em que recairá em
este Capítulo. as condições gerais de trabalho outro dia.
Parágrafo único. (Revogado) da mulher. Parágrafo único. Observar-
-se-ão, igualmente, os preceitos
Art. 373.  A duração normal de Arts.  374 a 376.  (Revogados) da legislação geral sobre a proibi-
trabalho da mulher será de oito ção de trabalho nos feriados civis
horas diárias, exceto nos casos Art. 377.  A adoção de medidas e religiosos.
para os quais for fixada duração de proteção ao trabalho das mu-
inferior. lheres é considerada de ordem Art. 386.  Havendo trabalho aos
pública, não justificando em hipó- domingos, será organizada uma
Art. 373-A.  Ressalvadas as dis- tese alguma a redução de salário. escala de revezamento quinze-
posições legais destinadas a cor- nal, que favoreça o repouso do-
rigir as distorções que afetam o Art. 378.  (Revogado) minical.
acesso da mulher ao mercado de
trabalho e certas especificidades
estabelecidas nos acordos traba-
Seção II – Do Trabalho Seção IV – Dos Métodos e
lhistas, é vedado: Noturno Locais de Trabalho
I – publicar ou fazer publicar
anúncio de emprego no qual haja Art. 379.  (Revogado) Art. 387.  (Revogado)
referência ao sexo, à idade, à cor
ou situação familiar, salvo quan- Art. 380.  (Revogado) Art. 388.  Em virtude de exame
do a natureza da atividade a ser e parecer da autoridade com-
exercida, pública e notoriamente, Art. 381.  O trabalho noturno das petente, o Ministro do Trabalho,
assim o exigir; mulheres terá salário superior Indústria e Comércio poderá es-
II – recusar emprego, pro- ao diurno. tabelecer derrogações totais ou
moção ou motivar a dispensa do § 1o  Para os fins desse arti- parciais às proibições a que alude
trabalho em razão de sexo, idade, go, os salários serão acrescidos o artigo anterior, quando tiver de-
cor, situação familiar ou estado duma percentagem adicional de saparecido, nos serviços consi-
de gravidez, salvo quando a na- 20% (vinte por cento) no mínimo. derados perigosos ou insalubres,
tureza da atividade seja notória e § 2o  Cada hora do período todo e qualquer caráter perigoso
publicamente incompatível; noturno de trabalho das mulheres ou prejudicial mediante a aplica-
III – considerar o sexo, a ida- terá cinquenta e dois minutos e ção de novos métodos de trabalho
de, a cor ou situação familiar trinta segundos. ou pelo emprego de medidas de
como variável determinante para ordem preventiva.
fins de remuneração, formação
profissional e oportunidades de
Seção III – Dos Períodos de Art. 389.  Toda empresa é obri-
ascensão profissional; Descanso gada:
IV – exigir atestado ou exa- I – a prover os estabelecimen-
me, de qualquer natureza, para Art. 382.  Entre duas jornadas tos de medidas concernentes à
comprovação de esterilidade ou de trabalho, haverá um intervalo higienização dos métodos e locais
gravidez, na admissão ou perma- de onze horas consecutivas, no de trabalho, tais como ventilação
nência no emprego; mínimo, destinado ao repouso. e iluminação e outros que se fize-
V – impedir o acesso ou ado- rem necessários à segurança e ao
tar critérios subjetivos para defe- Art. 383.  Durante a jornada de conforto das mulheres, a critério
rimento de inscrição ou aprova- trabalho, será concedido à em- da autoridade competente;
ção em concursos, em empresas pregada um período para refeição II – a instalar bebedouros,

611
Consolidação das Leis do Trabalho
lavatórios, aparelhos sanitários; Art. 390-A.  (Vetado) Parágrafo único.  O disposto
dispor de cadeiras ou bancos, em no caput deste artigo aplica-se
número suficiente, que permitam Art. 390-B.  As vagas dos cursos ao empregado adotante ao qual
às mulheres trabalhar sem grande de formação de mão de obra, mi- tenha sido concedida guarda pro-
esgotamento físico; nistrados por instituições gover- visória para fins de adoção.
III – a instalar vestiários com namentais, pelos próprios empre-
armários individuais privativos gadores ou por qualquer órgão de Art. 392.  A empregada gestante
das mulheres, exceto os estabele- ensino profissionalizante, serão tem direito à licença-maternidade
cimentos comerciais, escritórios, oferecidas aos empregados de de 120 (cento e vinte) dias, sem
bancos e atividades afins, em que ambos os sexos. prejuízo do emprego e do salário.
não seja exigida a troca de roupa, § 1o  A empregada deve, me-
e outros, a critério da autoridade Art. 390-C.  As empresas com diante atestado médico, notificar
competente em matéria de se- mais de cem empregados, de o seu empregador da data do iní-
gurança e higiene do trabalho, ambos os sexos, deverão manter cio do afastamento do emprego,
admitindo-se como suficientes programas especiais de incenti- que poderá ocorrer entre o 28o
as gavetas ou escaninhos, onde vos e aperfeiçoamento profissio- (vigésimo oitavo) dia antes do
possam as empregadas guardar nal da mão de obra. parto e ocorrência deste.18
seus pertences; § 2o  Os períodos de repouso,
IV – a fornecer, gratuitamen- Art. 390-D.  (Vetado) antes e depois do parto, poderão
te, a juízo da autoridade compe- ser aumentados de 2 (duas) se-
tente, os recursos de proteção in- Art. 390-E.  A pessoa jurídica manas cada um, mediante ates-
dividual, tais como óculos, másca- poderá associar-se a entidade de tado médico.
ras, luvas e roupas especiais, para formação profissional, socieda- § 3o  Em caso de parto ante-
a defesa dos olhos, do aparelho des civis, sociedades cooperati- cipado, a mulher terá direito aos
respiratório e da pele, de acordo vas, órgãos e entidades públicas 120 (cento e vinte) dias previstos
com a natureza do trabalho. ou entidades sindicais, bem como neste artigo.
§ 1o  Os estabelecimentos em firmar convênios para o desen- § 4o  É garantido à emprega-
que trabalharem pelo menos 30 volvimento de ações conjuntas, da, durante a gravidez, sem pre-
(trinta) mulheres, com mais de 16 visando à execução de projetos juízo do salário e demais direitos:
(dezesseis) anos de idade, terão relativos ao incentivo ao trabalho I – transferência de função,
local apropriado onde seja per- da mulher. quando as condições de saúde
mitido às empregadas guardar o exigirem, assegurada a reto-
sob vigilância e assistência os mada da função anteriormente
seus filhos no período da ama-
Seção V – Da Proteção à exercida, logo após o retorno ao
mentação. Maternidade trabalho;
§ 2o  A exigência do § 1o po- II – dispensa do horário de
derá ser suprida por meio de cre- Art. 391.  Não constitui justo mo- trabalho pelo tempo necessário
ches distritais mantidas, direta- tivo para a rescisão do contrato para a realização de, no mínimo,
mente ou mediante convênios, de trabalho da mulher o fato de seis consultas médicas e demais
com outras entidades públicas haver contraído matrimônio ou exames complementares.
ou privadas, pelas próprias em- de encontrar-se em estado de § 5o (Vetado)
presas, em regime comunitário, gravidez.
ou a cargo do SESI, do SESC, da Parágrafo único.  Não serão Art. 392-A.  À empregada que
LBA ou de entidades sindicais. permitidos em regulamentos de adotar ou obtiver guarda judicial
qualquer natureza, contratos co- para fins de adoção de criança
Art. 390.  Ao empregador é veda- letivos ou individuais de trabalho, ou adolescente será concedida
do empregar a mulher em serviço restrições ao direito da mulher licença-maternidade nos termos
que demande o emprego de for- ao seu emprego, por motivo de do art. 392 desta Lei.
ça muscular superior a 20 (vinte) casamento ou de gravidez. § 1o (Revogado)
quilos, para o trabalho contínuo, § 2o (Revogado)
ou 25 (vinte e cinco) quilos, para Art. 391-A.  A confirmação do § 3o (Revogado)
o trabalho ocasional. estado de gravidez advindo no § 4o  A licença-maternida-
Parágrafo único.  Não está curso do contrato de trabalho, de só será concedida mediante
compreendida na determinação ainda que durante o prazo do apresentação do termo judicial
deste artigo a remoção de ma- aviso prévio trabalhado ou in- de guarda à adotante ou guardiã.
terial feita por impulsão ou tra- denizado, garante à empregada § 5o  A adoção ou guarda ju-
ção de vagonetes sobre trilhos, gestante a estabilidade provisória dicial conjunta ensejará a con-
de carros de mão ou quaisquer prevista na alínea “b” do inciso II cessão de licença-maternidade
aparelhos mecânicos. do art. 10 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias.   NE: ver ADI no 6.327.
18

612
Consolidação das Leis do Trabalho
a apenas um dos adotantes ou mende o afastamento durante financeiras, escolas maternais e
guardiães empregado ou em- a lactação.20 jardins de infância, distribuídos
pregada. § 1o (Vetado) nas zonas de maior densidade de
§ 2o  Cabe à empresa pagar trabalhadores, destinados espe-
Art. 392-B.  Em caso de morte da o adicional de insalubridade à cialmente aos filhos das mulheres
genitora, é assegurado ao cônju- gestante ou à lactante, efetivan- empregadas.
ge ou companheiro empregado o do-se a compensação, observado
gozo de licença por todo o perí- o disposto no art. 248 da Cons- Art. 398.  (Revogado)
odo da licença-maternidade ou tituição Federal, por ocasião do
pelo tempo restante a que teria recolhimento das contribuições Art. 399.  O Ministro do Trabalho,
direito a mãe, exceto no caso de incidentes sobre a folha de salá- Indústria e Comércio conferirá di-
falecimento do filho ou de seu rios e demais rendimentos pagos ploma de benemerência aos em-
abandono. ou creditados, a qualquer título, pregadores que se distinguirem
à pessoa física que lhe preste pela organização e manutenção
Art. 392-C.  Aplica-se, no que serviço. de creches e de instituições de
couber, o disposto no art. 392‑A § 3o  Quando não for possível proteção aos menores em idade
e 392‑B ao empregado que ado- que a gestante ou a lactante afas- pré-escolar, desde que tais ser-
tar ou obtiver guarda judicial para tada nos termos do caput deste viços se recomendem por sua
fins de adoção. artigo exerça suas atividades em generosidade e pela eficiência
local salubre na empresa, a hi- das respectivas instalações.
Art. 393.  Durante o período a pótese será considerada como
que se refere o art. 392, a mulher gravidez de risco e ensejará a per- Art. 400.  Os locais destinados à
terá direito ao salário integral e, cepção de salário-maternidade, guarda dos filhos das operárias,
quando variável, calculado de nos termos da Lei no 8.213, de 24 durante o período da amamenta-
acordo com a média dos 6 (seis) de julho de 1991, durante todo o ção, deverão possuir, no mínimo,
últimos meses de trabalho, bem período de afastamento. um berçário, uma saleta de ama-
como os direitos e vantagens mentação, uma cozinha dietética
adquiridos, sendo-lhe ainda fa- Art. 395.  Em caso de aborto e uma instalação sanitária.
cultado reverter à função que não criminoso, comprovado por
anteriormente ocupava. atestado médico oficial, a mulher
terá um repouso remunerado de
Seção VI – Das Penalidades
Art. 394.  Mediante atestado mé- 2 (duas) semanas, ficando-lhe
dico, à mulher grávida é facultado assegurado o direito de retornar Art. 401.  Pela infração de qual-
romper o compromisso resultante à função que ocupava antes de quer dispositivo deste Capítulo,
de qualquer contrato de trabalho, seu afastamento. será imposta ao empregador a
desde que este seja prejudicial à multa de cem a mil cruzeiros,
gestação. Art. 396.  Para amamentar seu aplicada, nesta Capital, pela auto-
filho, inclusive se advindo de ado- ridade competente de 1a (primeira)
Art. 394-A.  Sem prejuízo de sua ção, até que este complete 6 (seis) instância do Departamento Na-
remuneração, nesta incluído o meses de idade, a mulher terá di- cional do Trabalho, e, nos Estados
valor do adicional de insalubri- reito, durante a jornada de traba- e Território do Acre, pelas autori-
dade, a empregada deverá ser lho, a 2 (dois) descansos especiais dades competentes do Ministério
afastada de: de meia hora cada um. do Trabalho, Indústria e Comércio
I – atividades consideradas § 1o  Quando o exigir a saúde ou por aquelas que exerçam fun-
insalubres em grau máximo, en- do filho, o período de 6 (seis) me- ções delegadas.
quanto durar a gestação; ses poderá ser dilatado, a critério § 1o  A penalidade será sem-
II – atividades consideradas da autoridade competente. pre aplicada no grau máximo:
insalubres em grau médio ou mí- § 2o  Os horários dos des- a)  se ficar apurado o empre-
nimo, quando apresentar atesta- cansos previstos no caput deste go de artifício ou simulação para
do de saúde, emitido por médico artigo deverão ser definidos em fraudar a aplicação dos disposi-
de confiança da mulher, que re- acordo individual entre a mulher tivos deste Capítulo;
comende o afastamento durante e o empregador. b)  nos casos de reincidência.
a gestação;19 § 2o  O processo na verifica-
III – atividades consideradas Art. 397.  O SESI, o SESC, a LBA ção das infrações, bem como na
insalubres em qualquer grau, e outras entidades públicas des- aplicação e cobrança das multas,
quando apresentar atestado de tinadas à assistência à infância será o previsto no título “Do Pro-
saúde, emitido por médico de manterão ou subvencionarão, de cesso de Multas Administrativas”,
confiança da mulher, que reco- acordo com suas possibilidades observadas as disposições deste
artigo.
19
  NE: ver ADI no 5.938.   NE: ver ADI no 5.938.
20

613
Consolidação das Leis do Trabalho
Art. 401-A.  (Vetado) ruas, praças e outros logradouros prejudicial à sua saúde, ao seu
dependerá de prévia autorização desenvolvimento físico ou à sua
Art. 401-B.  (Vetado) do Juiz de Menores, ao qual cabe moralidade, poderá ela obrigá-lo
verificar se a ocupação é indis- a abandonar o serviço, devendo a
pensável à sua própria subsis- respectiva empresa, quando for
CAPÍTULO IV – DA tência ou à de seus pais, avós o caso, proporcionar ao menor
PROTEÇÃO DO TRABALHO ou irmãos e se dessa ocupação todas as facilidades para mudar
DO MENOR não poderá advir prejuízo à sua de funções.
formação moral. Parágrafo único.  Quando a
Seção I – Disposições Gerais § 3o  Considera-se prejudicial empresa não tomar as medidas
à moralidade do menor o trabalho: possíveis e recomendadas pela
Art. 402.  Considera-se menor a) prestado de qualquer autoridade competente para que
para os efeitos desta Consolida- modo, em teatros de revista, ci- o menor mude de função, confi-
ção o trabalhador de quatorze até nemas, boates, cassinos, caba- gurar-se-á a rescisão do contrato
dezoito anos. rés, dancings e estabelecimentos de trabalho, na forma do art. 483.
Parágrafo único.  O trabalho análogos;
do menor reger-se-á pelas dis- b)  em empresas circenses, Art. 408.  Ao responsável legal
posições do presente Capítulo, em funções de acrobata, saltim- do menor é facultado pleitear a
exceto no serviço em oficinas em banco, ginasta e outras seme- extinção do contrato de trabalho,
que trabalhem exclusivamente lhantes; desde que o serviço possa acar-
pessoas da família do menor e c)  de produção, composição, retar para ele prejuízos de ordem
esteja este sob a direção do pai, entrega ou venda de escritos, física ou moral.
mãe ou tutor, observado, entre- impressos, cartazes, desenhos,
tanto, o disposto nos arts. 404, gravuras, pinturas, emblemas, Art. 409.  Para maior segurança
405 e na Seção II. imagens e quaisquer outros ob- do trabalho e garantia da saúde
jetos que possam, a juízo da au- dos menores, a autoridade fis-
Art. 403.  É proibido qualquer toridade competente, prejudicar calizadora poderá proibir-lhes
trabalho a menores de dezesseis sua formação moral; o gozo dos períodos de repouso
anos de idade, salvo na condição d)  consistente na venda, a nos locais de trabalho.
de aprendiz, a partir dos quator- varejo, de bebidas alcoólicas.
ze anos. § 4o  Nas localidades em que Art. 410.  O Ministro do Trabalho,
Parágrafo único.  O trabalho existirem, oficialmente reconhe- Indústria e Comércio poderá der-
do menor não poderá ser reali- cidas, instituições destinadas ao rogar qualquer proibição decor-
zado em locais prejudiciais à sua amparo dos menores jornaleiros, rente do quadro a que se refere
formação, ao seu desenvolvimen- só aos que se encontrem sob o a alínea “a” do art. 405 quando se
to físico, psíquico, moral e social patrocínio dessas entidades será certificar haver desaparecido,
e em horários e locais que não outorgada a autorização do tra- parcial ou totalmente, o caráter
permitam a frequência à escola. balho a que alude o § 2o. perigoso ou insalubre, que deter-
a) (Revogada); § 5o  Aplica-se ao menor o minou a proibição.
b) (Revogada). disposto no art. 390 e seu pará-
grafo único.
Art. 404.  Ao menor de 18 (de-
Seção II – Da Duração do
zoito) anos é vedado o trabalho Art. 406.  O Juiz de Menores po- Trabalho
noturno, considerado este o que derá autorizar ao menor o traba-
for executado no período compre- lho a que se referem as letras “a” Art. 411.  A duração do traba-
endido entre as 22 (vinte e duas) e “b” do § 3o do art. 405: lho do menor regular-se-á pe-
e as 5 (cinco) horas. I – desde que a representação las disposições legais relativas
tenha fim educativo ou a peça à duração do trabalho em geral,
Art. 405.  Ao menor não será de que participe não possa ser com as restrições estabelecidas
permitido o trabalho: prejudicial à sua formação moral; neste Capítulo.
I – nos locais e serviços peri- II – desde que se certifique
gosos ou insalubres, constantes ser a ocupação do menor indis- Art. 412.  Após cada período de
de quadro para esse fim aprovado pensável à própria subsistência trabalho efetivo, quer contínuo,
pelo Diretor-Geral do Departa- ou à de seus pais, avós ou irmãos quer dividido em dois turnos, ha-
mento de Segurança e Higiene e não advir nenhum prejuízo à sua verá um intervalo de repouso, não
do Trabalho; formação moral. inferior a onze horas.
II – em locais ou serviços pre-
judiciais à sua moralidade. Art. 407.  Verificado pela auto- Art. 413.  É vedado prorrogar a
§ 1o (Revogado) ridade competente que o tra- duração normal diária do trabalho
§ 2o  O trabalho exercido nas balho executado pelo menor é do menor, salvo:

614
Consolidação das Leis do Trabalho
I – até mais 2 (duas) horas, in- Art. 423.  O empregador não o empregador se compromete a
dependentemente de acréscimo poderá fazer outras anotações assegurar ao maior de 14 (quator-
salarial, mediante convenção ou na Carteira de Trabalho e Previ- ze) e menor de 24 (vinte e quatro)
acordo coletivo nos termos do Tí- dência Social além das referen- anos inscrito em programa de
tulo VI desta Consolidação, desde tes ao salário, data da admissão, aprendizagem formação técni-
que o excesso de horas em um dia férias e saída. co-profissional metódica, compa-
seja compensado pela diminuição tível com o seu desenvolvimento
em outro, de modo a ser obser- físico, moral e psicológico, e o
vado o limite máximo de 48 (qua-
Seção IV – Dos Deveres aprendiz, a executar com zelo e
renta e oito) horas semanais ou dos Responsáveis diligência as tarefas necessárias
outro inferior legalmente fixado; Legais de Menores e a essa formação.
II – excepcionalmente, por dos Empregadores da § 1o  A validade do contra-
motivo de força maior, até o máxi- Aprendizagem to de aprendizagem pressupõe
mo de 12 (doze) horas, com acrés- anotação na Carteira de Trabalho
cimo salarial de, pelo menos, 25% Art. 424.  É dever dos respon- e Previdência Social, matrícula e
(vinte e cinco por cento) sobre a sáveis legais de menores, pais, frequência do aprendiz na escola,
hora normal e desde que o traba- mães, ou tutores, afastá-los de caso não haja concluído o ensino
lho do menor seja imprescindível empregos que diminuam con- médio, e inscrição em programa
ao funcionamento do estabele- sideravelmente o seu tempo de de aprendizagem desenvolvido
cimento. estudo, reduzam o tempo de re- sob orientação de entidade quali-
Parágrafo único.  Aplica-se à pouso necessário à sua saúde ficada em formação técnico-pro-
prorrogação do trabalho do menor e constituição física, ou preju- fissional metódica.
o disposto no art. 375, no parágra- diquem a sua educação moral. § 2o  Ao aprendiz, salvo condi-
fo único do art. 376, no art. 378 e ção mais favorável, será garantido
no art. 384 desta Consolidação. Art. 425.  Os empregadores de o salário mínimo hora.
menores de 18 (dezoito) anos são § 3o  O contrato de aprendi-
Art. 414.  Quando o menor de 18 obrigados a velar pela observân- zagem não poderá ser estipulado
(dezoito) anos for empregado em cia, nos seus estabelecimentos ou por mais de 2 (dois) anos, exceto
mais de um estabelecimento, as empresas, dos bons costumes e quando se tratar de aprendiz por-
horas de trabalho em cada um da decência pública, bem como tador de deficiência.
serão totalizadas. das regras de segurança e medi- § 4o  A formação técnico-pro-
cina do trabalho. fissional a que se refere o caput
deste artigo caracteriza-se por
Seção III – Da Admissão Art. 426.  É dever do emprega- atividades teóricas e práticas,
em Emprego e da Carteira dor, na hipótese do art. 407, pro- metodicamente organizadas em
de Trabalho e Previdência porcionar ao menor todas as fa- tarefas de complexidade progres-
Social cilidades para mudar de serviço. siva desenvolvidas no ambiente
de trabalho.
Art. 415.  Haverá a Carteira de Art. 427.  O empregador, cuja § 5o  A idade máxima previs-
Trabalho e Previdência Social para empresa ou estabelecimento ta no caput deste artigo não se
todos os menores de 18 (dezoi- ocupar menores, será obrigado aplica a aprendizes portadores
to) anos, sem distinção de sexo, a conceder-lhes o tempo que de deficiência.
empregados em empresas ou for necessário para a frequên- § 6o  Para os fins do contrato
estabelecimentos de fins econô- cia às aulas. de aprendizagem, a comprova-
micos e daqueles que lhes forem Parágrafo único.  Os estabe- ção da escolaridade de aprendiz
equiparados. lecimentos situados em lugar com deficiência deve conside-
Parágrafo único. (Revogado) onde a escola estiver a maior rar, sobretudo, as habilidades e
distância que dois quilômetros, competências relacionadas com
Art. 416.  Os menores de 18 anos e que ocuparem, permanente- a profissionalização.
só poderão ser admitidos, como mente, mais de trinta menores § 7o  Nas localidades onde
empregados, nas empresas ou analfabetos, de 14 (quatorze) a 18 não houver oferta de ensino
estabelecimentos de fins econô- (dezoito) anos, serão obrigados a médio para o cumprimento do
micos e naqueles que lhes forem manter local apropriado em que disposto no §  1o deste artigo, a
equiparados, quando possuido- lhes seja ministrada a instrução contratação do aprendiz pode-
res da carteira a que se refere o primária. rá ocorrer sem a frequência à
artigo anterior, salvo a hipótese escola, desde que ele já tenha
do art. 422. Art. 428.  Contrato de aprendi- concluído o ensino fundamental.
zagem é o contrato de trabalho § 8o  Para o aprendiz com de-
Arts.  417 a 422.  (Revogados) especial, ajustado por escrito e ficiência com 18 (dezoito) anos
por prazo determinado, em que ou mais, a validade do contra-

615
Consolidação das Leis do Trabalho
to de aprendizagem pressupõe de Políticas Públicas sobre Drogas volvimento dos programas de
anotação na CTPS e matrícula – SISNAD nas condições a serem aprendizagem, conforme regu-
e frequência em programa de dispostas em instrumentos de lamento.
aprendizagem desenvolvido sob cooperação celebrados entre os
orientação de entidade qualifi- estabelecimentos e os gestores Art. 431.  A contratação do
cada em formação técnico-pro- locais responsáveis pela preven- aprendiz poderá ser efetivada
fissional metódica. ção do uso indevido, atenção e pela empresa onde se realizará
reinserção social de usuários e a aprendizagem ou pelas entida-
Art. 429.  Os estabelecimentos dependentes de drogas. des mencionadas nos incisos II e
de qualquer natureza são obriga- III do art. 430, caso em que não
dos a empregar e matricular nos Art. 430.  Na hipótese de os Ser- gera vínculo de emprego com a
cursos dos Serviços Nacionais de viços Nacionais de Aprendiza- empresa tomadora dos serviços.
Aprendizagem número de apren- gem não oferecerem cursos ou a) (Revogada);
dizes equivalente a cinco por cen- vagas suficientes para atender b) (Revogada);
to, no mínimo, e quinze por cento, à demanda dos estabelecimen- c) (Revogada).
no máximo, dos trabalhadores tos, esta poderá ser suprida por Parágrafo único.  Aos can-
existentes em cada estabeleci- outras entidades qualificadas em didatos rejeitados pela seleção
mento, cujas funções demandem formação técnico-profissional profissional deverá ser dada,
formação profissional. metódica, a saber: tanto quanto possível, orienta-
a) (Revogada); I – Escolas Técnicas de Edu- ção profissional para ingresso
b) (Revogada). cação; em atividade mais adequada às
§ 1o  As frações de unidade, II – entidades sem fins lucra- qualidades e aptidões que tiverem
no cálculo da percentagem de tivos, que tenham por objetivo a demonstrado.
que trata o caput, darão lugar à assistência ao adolescente e à
admissão de um aprendiz. educação profissional, registra- Art. 432.  A duração do trabalho
§ 1o-A.  O limite fixado neste das no Conselho Municipal dos do aprendiz não excederá de seis
artigo não se aplica quando o Direitos da Criança e do Ado- horas diárias, sendo vedadas a
empregador for entidade sem fins lescente; prorrogação e a compensação
lucrativos, que tenha por objetivo III – entidades de prática des- de jornada.
a educação profissional. portiva das diversas modalidades § 1o  O limite previsto neste
§ 1o-B.  Os estabelecimen- filiadas ao Sistema Nacional do artigo poderá ser de até oito ho-
tos a que se refere o caput po- Desporto e aos Sistemas de Des- ras diárias para os aprendizes
derão destinar o equivalente a porto dos Estados, do Distrito que já tiverem completado o en-
até 10% (dez por cento) de sua Federal e dos Municípios. sino fundamental, se nelas forem
cota de aprendizes à formação § 1o  As entidades menciona- computadas as horas destinadas
técnico-profissional metódica das neste artigo deverão contar à aprendizagem teórica.
em áreas relacionadas a práticas com estrutura adequada ao de- § 2o (Revogado)
de atividades desportivas, à pres- senvolvimento dos programas de
tação de serviços relacionados à aprendizagem, de forma a man- Art. 433.  O contrato de apren-
infraestrutura, incluindo as ativi- ter a qualidade do processo de dizagem extinguir-se-á no seu
dades de construção, ampliação, ensino, bem como acompanhar termo ou quando o aprendiz com-
recuperação e manutenção de e avaliar os resultados. pletar 24 (vinte e quatro) anos,
instalações esportivas e à orga- § 2o  Aos aprendizes que con- ressalvada a hipótese prevista no
nização e promoção de eventos cluírem os cursos de aprendiza- § 5o do art. 428 desta Consolida-
esportivos. gem, com aproveitamento, será ção, ou ainda antecipadamente
§ 2o  Os estabelecimentos de concedido certificado de qualifi- nas seguintes hipóteses:
que trata o caput ofertarão vagas cação profissional. a) (Revogada);
de aprendizes a adolescentes § 3o  O Ministério do Traba- b) (Revogada).
usuários do Sistema Nacional lho fixará normas para avaliação I – desempenho insuficiente
de Atendimento Socioeducativo da competência das entidades ou inadaptação do aprendiz, salvo
(Sinase) nas condições a serem mencionadas nos incisos II e III para o aprendiz com deficiência
dispostas em instrumentos de deste artigo. quando desprovido de recursos
cooperação celebrados entre os § 4o  As entidades menciona- de acessibilidade, de tecnologias
estabelecimentos e os gestores das nos incisos II e III deste artigo assistivas e de apoio necessário
dos Sistemas de Atendimento deverão cadastrar seus cursos, ao desempenho de suas ativi-
Socioeducativo locais. turmas e aprendizes matriculados dades;
§ 3o  Os estabelecimentos de no Ministério do Trabalho. II – falta disciplinar grave;
que trata o caput poderão ofertar § 5o  As entidades menciona- III – ausência injustificada
vagas de aprendizes a adolescen- das neste artigo poderão firmar à escola que implique perda do
tes usuários do Sistema Nacional parcerias entre si para o desen- ano letivo; ou

616
Consolidação das Leis do Trabalho
IV – a pedido do aprendiz. Seção VI – Disposições determinado ou indeterminado,
Parágrafo único. (Revogado) Finais ou para prestação de trabalho
§ 2o  Não se aplica o disposto intermitente.
nos arts. 479 e 480 desta Conso- Art. 439.  É lícito ao menor fir- § 1o  Considera-se como de
lidação às hipóteses de extinção mar recibo pelo pagamento dos prazo determinado o contrato de
do contrato mencionadas neste salários. Tratando-se, porém, de trabalho cuja vigência dependa de
artigo. rescisão do contrato de trabalho, termo prefixado ou da execução
é vedado ao menor de 18 (dezoito) de serviços especificados ou ain-
anos dar, sem assistência dos da da realização de certo acon-
Seção V – Das Penalidades seus responsáveis legais, qui- tecimento suscetível de previsão
tação ao empregador pelo rece- aproximada.
Art. 434.  Os infratores das dis- bimento da indenização que lhe § 2o  O contrato por prazo
posições deste Capítulo ficam for devida. determinado só será válido em
sujeitos à multa de valor igual a se tratando:
1 (um) salário mínimo regional, Art. 440.  Contra os menores de a)  de serviço cuja natureza
aplicada tantas vezes quantos 18 (dezoito) anos não corre ne- ou transitoriedade justifique a
forem os menores empregados nhum prazo de prescrição. predeterminação do prazo;
em desacordo com a lei, não po- b)  de atividades empresariais
dendo, todavia, a soma das multas Art. 441.  O quadro a que se refe- de caráter transitório;
exceder a 5 (cinco) vezes o salário re o item I do art. 405 será revisto c)  de contrato de experiên-
mínimo, salvo no caso de reinci- bienalmente. cia.
dência em que esse total poderá § 3o  Considera-se como in-
ser elevado ao dobro. termitente o contrato de trabalho
TÍTULO IV – DO CONTRATO no qual a prestação de serviços,
Art. 435.  Fica sujeita à multa de INDIVIDUAL DO TRABALHO com subordinação, não é con-
valor igual a 1 (um) salário míni- tínua, ocorrendo com alternân-
mo regional e ao pagamento da CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES cia de períodos de prestação de
emissão de nova via a empresa GERAIS serviços e de inatividade, de-
que fizer na Carteira de Trabalho terminados em horas, dias ou
e Previdência Social anotação não Art. 442.  Contrato individual de meses, independentemente do
prevista em lei. trabalho é o acordo tácito ou ex- tipo de atividade do empregado
presso, correspondente à relação e do empregador, exceto para os
Art. 436.  (Revogado) de emprego. aeronautas, regidos por legisla-
Parágrafo único. Qualquer ção própria.
Art. 437.  (Revogado) que seja o ramo de atividade da
sociedade cooperativa, não existe Art. 444.  As relações contratu-
Art. 438.  São competentes para vínculo empregatício entre ela e ais de trabalho podem ser objeto
impor as penalidades previstas seus associados, nem entre es- de livre estipulação das partes
neste Capítulo: tes e os tomadores de serviços interessadas em tudo quanto não
a)  no Distrito Federal, a au- daquela. contravenha às disposições de
toridade de 1a instância do Depar- proteção ao trabalho, aos con-
tamento Nacional do Trabalho; Art. 442-A.  Para fins de contra- tratos coletivos que lhes sejam
b)  nos Estados e Território do tação, o empregador não exigirá aplicáveis e às decisões das au-
Acre, os delegados regionais do do candidato a emprego compro- toridades competentes.
Ministério do Trabalho, Indústria vação de experiência prévia por Parágrafo único.  A livre esti-
e Comércio ou os funcionários tempo superior a 6 (seis) meses pulação a que se refere o caput
por eles designados para tal fim. no mesmo tipo de atividade. deste artigo aplica-se às hipóte-
Parágrafo único.  O processo, ses previstas no art. 611‑A des-
na verificação das infrações, bem Art. 442-B.  A contratação do ta Consolidação, com a mesma
como na aplicação e cobrança das autônomo, cumpridas por este eficácia legal e preponderância
multas, será o previsto no título todas as formalidades legais, com sobre os instrumentos coletivos,
“Do Processo de Multas Adminis- ou sem exclusividade, de forma no caso de empregado portador
trativas”, observadas as disposi- contínua ou não, afasta a quali- de diploma de nível superior e
ções deste artigo. dade de empregado prevista no que perceba salário mensal igual
art. 3o desta Consolidação. ou superior a duas vezes o limite
máximo dos benefícios do Regi-
Art. 443.  O contrato individual me Geral de Previdência Social.
de trabalho poderá ser acordado
tácita ou expressamente, verbal- Art. 445.  O contrato de trabalho
mente ou por escrito, por prazo por prazo determinado não po-

617
Consolidação das Leis do Trabalho
derá ser estipulado por mais de interinamente, ou em substitui- po à disposição do empregador,
2 (dois) anos, observada a regra ção eventual ou temporária, cargo podendo o trabalhador prestar
do art. 451. diverso do que exercer na empre- serviços a outros contratantes.
Parágrafo único.  O contrato sa, serão garantidas a contagem § 6o  Ao final de cada período
de experiência não poderá exce- do tempo naquele serviço, bem de prestação de serviço, o em-
der de 90 (noventa) dias. como volta ao cargo anterior. pregado receberá o pagamento
imediato das seguintes parcelas:
Art. 446.  (Revogado) Art. 451.  O contrato de trabalho I – remuneração;
por prazo determinado que, tácita II – férias proporcionais com
Art. 447.  Na falta de acordo ou ou expressamente, for prorrogado acréscimo de um terço;
prova sobre condição essencial ao mais de uma vez passará a vigo- III – décimo terceiro salário
contrato verbal, esta se presume rar sem determinação de prazo. proporcional;
existente, como se a tivessem es- IV – repouso semanal remu-
tatuído os interessados, na con- Art. 452.  Considera-se por pra- nerado; e
formidade dos preceitos jurídicos zo indeterminado todo contrato V – adicionais legais.
adequados à sua legitimidade. que suceder, dentro de seis me- § 7o  O recibo de pagamento
ses, a outro contrato por prazo deverá conter a discriminação
Art. 448.  A mudança na proprie- determinado, salvo se a expiração dos valores pagos relativos a cada
dade ou na estrutura jurídica da deste dependeu da execução de uma das parcelas referidas no § 6o
empresa não afetará os contra- serviços especializados ou da deste artigo.
tos de trabalho dos respectivos realização de certos aconteci- § 8o  O empregador efetua-
empregados. mentos. rá o recolhimento da contribui-
ção previdenciária e o depósito
Art. 448-A.  Caracterizada a su- Art. 452-A.  O contrato de tra- do Fundo de Garantia do Tempo
cessão empresarial ou de empre- balho intermitente deve ser ce- de Serviço, na forma da lei, com
gadores prevista nos arts.  10 e lebrado por escrito e deve conter base nos valores pagos no período
448 desta Consolidação, as obri- especificamente o valor da hora mensal e fornecerá ao emprega-
gações trabalhistas, inclusive as de trabalho, que não pode ser do comprovante do cumprimento
contraídas à época em que os inferior ao valor horário do salá- dessas obrigações.
empregados trabalhavam para rio mínimo ou àquele devido aos § 9o  A cada doze meses, o
a empresa sucedida, são de res- demais empregados do estabe- empregado adquire direito a usu-
ponsabilidade do sucessor. lecimento que exerçam a mesma fruir, nos doze meses subsequen-
Parágrafo único.  A empresa função em contrato intermitente tes, um mês de férias, período no
sucedida responderá solidaria- ou não. qual não poderá ser convocado
mente com a sucessora quan- § 1o  O empregador convoca- para prestar serviços pelo mes-
do ficar comprovada fraude na rá, por qualquer meio de comu- mo empregador.
transferência. nicação eficaz, para a prestação
de serviços, informando qual será Art. 453.  No tempo de serviço
Art. 449.  Os direitos oriundos a jornada, com, pelo menos, três do empregado, quando readmi-
da existência do contrato de tra- dias corridos de antecedência. tido, serão computados os perío-
balho subsistirão em caso de fa- § 2o  Recebida a convocação, dos, ainda que não contínuos, em
lência, concordata ou dissolução o empregado terá o prazo de um que tiver trabalhado anteriormen-
da empresa. dia útil para responder ao chama- te na empresa, salvo se houver
§ 1o  Na falência, constituirão do, presumindo-se, no silêncio, sido despedido por falta grave,
créditos privilegiados a totalidade a recusa. recebido indenização legal ou se
dos salários devidos ao emprega- § 3o  A recusa da oferta não aposentado espontaneamente.
do e a totalidade das indenizações descaracteriza a subordinação § 1o  Na aposentadoria es-
a que tiver direito. para fins do contrato de trabalho pontânea de empregados das
§ 2o  Havendo concordata intermitente. empresas públicas e sociedades
na falência, será facultado aos § 4o  Aceita a oferta para o de economia mista é permitida
contratantes tornar sem efeito comparecimento ao trabalho, a sua readmissão desde que aten-
a rescisão do contrato de traba- parte que descumprir, sem jus- didos aos requisitos constantes
lho e consequente indenização, to motivo, pagará à outra parte, do art. 37, inciso XVI, da Constitui-
desde que o empregador pague, no prazo de trinta dias, multa de ção, e condicionada à prestação
no mínimo, a metade dos salários 50% (cinquenta por cento) da de concurso público.21
que seriam devidos ao empregado remuneração que seria devida, § 2o  O ato de concessão de
durante o interregno. permitida a compensação em benefício de aposentadoria a em-
igual prazo. pregado que não tiver completado
Art. 450.  Ao empregado cha- § 5o  O período de inativida-
mado a ocupar, em comissão, de não será considerado tem-   NE: ver ADI no 1.770.
21

618
Consolidação das Leis do Trabalho
35 (trinta e cinco) anos de serviço, Art. 456-A.  Cabe ao emprega- atividades.
se homem, ou trinta, se mulher, dor definir o padrão de vestimenta § 5o  Inexistindo previsão em
importa em extinção do vínculo no meio ambiente laboral, sendo convenção ou acordo coletivo de
empregatício.22 lícita a inclusão no uniforme de trabalho, os critérios de rateio e
logomarcas da própria empre- distribuição da gorjeta e os per-
Art. 454.  Na vigência do con- sa ou de empresas parceiras e centuais de retenção previstos
trato de trabalho, as invenções de outros itens de identificação nos §§ 6o e 7o deste artigo serão
do empregado, quando decorren- relacionados à atividade desem- definidos em assembleia geral
tes de sua contribuição pessoal penhada. dos trabalhadores, na forma do
e da instalação ou equipamento Parágrafo único.  A higieniza- art. 612 desta Consolidação.
fornecidos pelo empregador, se- ção do uniforme é de responsabi- § 6o  As empresas que co-
rão de propriedade comum, em lidade do trabalhador, salvo nas brarem a gorjeta de que trata o
partes iguais, salvo se o contrato hipóteses em que forem necessá- § 3o deverão:
de trabalho tiver por objeto, implí- rios procedimentos ou produtos I – para as empresas inscri-
cita ou explicitamente, pesquisa diferentes dos utilizados para a tas em regime de tributação fe-
científica.23 higienização das vestimentas de deral diferenciado, lançá-la na
Parágrafo único.  Ao empre- uso comum. respectiva nota de consumo, fa-
gador caberá a exploração do cultada a retenção de até 20%
invento, ficando obrigado a pro- (vinte por cento) da arrecadação
movê-la no prazo de um ano da CAPÍTULO II – DA correspondente, mediante pre-
data da concessão da patente, REMUNERAÇÃO visão em convenção ou acordo
sob pena de reverter em favor do coletivo de trabalho, para custear
empregado a plena propriedade Art. 457.  Compreendem-se na os encargos sociais, previdenci-
desse invento. remuneração do empregado, para ários e trabalhistas derivados da
todos os efeitos legais, além do sua integração à remuneração
Art. 455.  Nos contratos de su- salário devido e pago diretamente dos empregados, devendo o va-
bempreitada responderá o su- pelo empregador como contra- lor remanescente ser revertido
bempreiteiro pelas obrigações prestação do serviço, as gorjetas integralmente em favor do tra-
derivadas do contrato de traba- que receber. balhador;
lho que celebrar, cabendo, toda- § 1o  Integram o salário a im- II – para as empresas não
via, aos empregados, o direito de portância fixa estipulada, as gra- inscritas em regime de tributa-
reclamação contra o empreiteiro tificações legais e as comissões ção federal diferenciado, lançá-la
principal pelo inadimplemento pagas pelo empregador. na respectiva nota de consumo,
daquelas obrigações por parte § 2o  As importâncias, ainda facultada a retenção de até 33%
do primeiro. que habituais, pagas a título de (trinta e três por cento) da arreca-
Parágrafo único.  Ao emprei- ajuda de custo, auxílio-alimen- dação correspondente, mediante
teiro principal fica ressalvada, nos tação, vedado seu pagamento previsão em convenção ou acordo
termos da lei civil, ação regres- em dinheiro, diárias para viagem, coletivo de trabalho, para custear
siva contra o subempreiteiro e a prêmios e abonos não integram a os encargos sociais, previdenci-
retenção de importâncias a este remuneração do empregado, não ários e trabalhistas derivados da
devidas, para a garantia das obri- se incorporam ao contrato de tra- sua integração à remuneração
gações previstas neste artigo. balho e não constituem base de dos empregados, devendo o va-
incidência de qualquer encargo lor remanescente ser revertido
Art. 456.  A prova do contrato trabalhista e previdenciário. integralmente em favor do tra-
individual do trabalho será feita § 3o  Considera-se gorjeta balhador;
pelas anotações constantes da não só a importância esponta- III – anotar na Carteira de Tra-
Carteira de Trabalho e Previdência neamente dada pelo cliente ao balho e Previdência Social e no
Social ou por instrumento escri- empregado, como também o va- contracheque de seus empre-
to e suprida por todos os meios lor cobrado pela empresa, como gados o salário contratual fixo e
permitidos em direito. serviço ou adicional, a qualquer o percentual percebido a título
Parágrafo único.  À falta de título, e destinado à distribuição de gorjeta.
prova ou inexistindo cláusula ex- aos empregados. § 7o  A gorjeta, quando entre-
pressa a tal respeito, entender- § 4o  Consideram-se prêmios gue pelo consumidor diretamente
-se-á que o empregado se obrigou as liberalidades concedidas pelo ao empregado, terá seus critérios
a todo e qualquer serviço compa- empregador em forma de bens, definidos em convenção ou acor-
tível com a sua condição pessoal. serviços ou valor em dinheiro a do coletivo de trabalho, facultada
empregado ou a grupo de em- a retenção nos parâmetros do § 6o
pregados, em razão de desempe- deste artigo.
22
  NE: ver ADI no 1.721. nho superior ao ordinariamente § 8o  As empresas deverão
23
  NE: ver Lei no 9.279/1996. esperado no exercício de suas anotar na Carteira de Trabalho e

619
Consolidação das Leis do Trabalho
Previdência Social de seus em- cer habitualmente ao empregado. dico ou odontológico, próprio ou
pregados o salário fixo e a média Em caso algum será permitido o não, inclusive o reembolso de
dos valores das gorjetas referente pagamento com bebidas alcoó- despesas com medicamentos,
aos últimos doze meses. licas ou drogas nocivas. óculos, aparelhos ortopédicos,
§ 9o  Cessada pela empresa § 1o  Os valores atribuídos próteses, órteses, despesas mé-
a cobrança da gorjeta de que às prestações in natura deverão dico-hospitalares e outras simila-
trata o § 3o deste artigo, desde ser justos e razoáveis, não po- res, mesmo quando concedido em
que cobrada por mais de doze dendo exceder, em cada caso, diferentes modalidades de planos
meses, essa se incorporará ao sa- os dos percentuais das parcelas e coberturas, não integram o sa-
lário do empregado, tendo como componentes do salário mínimo lário do empregado para qualquer
base a média dos últimos doze (arts. 81 e 82). efeito nem o salário de contribui-
meses, salvo o estabelecido em § 2o  Para os efeitos previstos ção, para efeitos do previsto na
convenção ou acordo coletivo neste artigo, não serão conside- alínea “q” do § 9o do art. 28 da Lei
de trabalho. radas como salário as seguintes no 8.212, de 24 de julho de 1991.
§ 10.  Para empresas com utilidades concedidas pelo em-
mais de sessenta empregados, pregador: Art. 459.  O pagamento do sa-
será constituída comissão de em- I – vestuários, equipamentos lário, qualquer que seja a moda-
pregados, mediante previsão em e outros acessórios fornecidos lidade do trabalho, não deve ser
convenção ou acordo coletivo de aos empregados e utilizados no estipulado por período superior
trabalho, para acompanhamento local de trabalho, para a presta- a um mês, salvo no que concer-
e fiscalização da regularidade da ção do serviço; ne a comissões, percentagens e
cobrança e distribuição da gorjeta II – educação, em estabe- gratificações.
de que trata o § 3o deste artigo, lecimento de ensino próprio ou § 1o  Quando o pagamento
cujos representantes serão elei- de terceiros, compreendendo houver sido estipulado por mês,
tos em assembleia geral convo- os valores relativos a matrícula, deverá ser efetuado, o mais tar-
cada para esse fim pelo sindicato mensalidade, anuidade, livros e dar, até o quinto dia útil do mês
laboral e gozarão de garantia de material didático; subsequente ao vencido.24
emprego vinculada ao desempe- III – transporte destinado ao
nho das funções para que foram deslocamento para o trabalho e Art. 460.  Na falta de estipulação
eleitos, e, para as demais empre- retorno, em percurso servido ou do salário ou não havendo prova
sas, será constituída comissão não por transporte público; sobre a importância ajustada, o
intersindical para o referido fim. IV – assistência médica, hos- empregado terá direito a perce-
§ 11.  Comprovado o descum- pitalar e odontológica, prestada ber salário igual ao daquele que,
primento do disposto nos §§ 4o, diretamente ou mediante segu- na mesma empresa, fizer serviço
6o, 7o e 9o deste artigo, o em- ro-saúde; equivalente, ou do que for ha-
pregador pagará ao trabalhador V – seguros de vida e de aci- bitualmente pago para serviço
prejudicado, a título de multa, o dentes pessoais; semelhante.
valor correspondente a 1/30 (um VI – previdência privada;
trinta avos) da média da gorjeta VII – (Vetado); Art. 461.  Sendo idêntica a fun-
por dia de atraso, limitada ao piso VIII – o valor correspondente ção, a todo trabalho de igual valor,
da categoria, assegurados em ao vale-cultura. prestado ao mesmo empregador,
qualquer hipótese o contraditório § 3o  A habitação e a alimen- no mesmo estabelecimento em-
e a ampla defesa, observadas as tação fornecidas como salário-u- presarial, corresponderá igual
seguintes regras: tilidade deverão atender aos fins salário, sem distinção de sexo,
I – a limitação prevista neste a que se destinam e não poderão etnia, nacionalidade ou idade.
parágrafo será triplicada caso exceder, respectivamente, a 25% § 1o  Trabalho de igual valor,
o empregador seja reincidente; (vinte e cinco por cento) e 20% para os fins deste Capítulo, será
II – considera-se reincidente (vinte por cento) do salário-con- o que for feito com igual produ-
o empregador que, durante o perí- tratual. tividade e com a mesma perfei-
odo de doze meses, descumpre o § 4o  Tratando-se de habita- ção técnica, entre pessoas cuja
disposto nos §§ 4o, 6o, 7o e 9o deste ção coletiva, o valor do salário- diferença de tempo de serviço
artigo por mais de sessenta dias. -utilidade a ela correspondente para o mesmo empregador não
será obtido mediante a divisão seja superior a quatro anos e a
Art. 458.  Além do pagamento do justo valor da habitação pelo diferença de tempo na função
em dinheiro, compreende-se no número de coocupantes, vedada, não seja superior a dois anos.
salário, para todos os efeitos le- em qualquer hipótese, a utilização § 2o  Os dispositivos deste
gais, a alimentação, habitação, da mesma unidade residencial por artigo não prevalecerão quando
vestuário ou outras prestações in mais de uma família.
natura que a empresa, por força § 5o  O valor relativo à assis-   NE: redação em conformidade com a Lei
24

do contrato ou do costume, forne- tência prestada por serviço mé- no 7.855/1989.

620
Consolidação das Leis do Trabalho
o empregador tiver pessoal or- ou dos serviços. mente à respectiva liquidação.
ganizado em quadro de carreira § 3o  Sempre que não for pos- § 2o  A cessação das relações
ou adotar, por meio de norma sível o acesso dos empregados a de trabalho não prejudica a per-
interna da empresa ou de nego- armazéns ou serviços não manti- cepção das comissões e percen-
ciação coletiva, plano de cargos dos pela empresa, é lícito à auto- tagens devidas na forma estabe-
e salários, dispensada qualquer ridade competente determinar a lecida por este artigo.
forma de homologação ou regis- adoção de medidas adequadas,
tro em órgão público. visando a que as mercadorias Art. 467.  Em caso de rescisão
§ 3o  No caso do §  2o deste sejam vendidas e os serviços de contrato de trabalho, havendo
artigo, as promoções poderão prestados a preços razoáveis, controvérsia sobre o montante
ser feitas por merecimento e por sem intuito de lucro e sempre das verbas rescisórias, o empre-
antiguidade, ou por apenas um em benefício dos empregados. gador é obrigado a pagar ao traba-
destes critérios, dentro de cada § 4o  Observado o disposto lhador, à data do comparecimento
categoria profissional. neste Capítulo, é vedado às em- à Justiça do Trabalho, a parte
§ 4o  O trabalhador readap- presas limitar, por qualquer for- incontroversa dessas verbas, sob
tado em nova função, por motivo ma, a liberdade dos empregados pena de pagá-las acrescidas de
de deficiência física ou mental de dispor do seu salário. cinquenta por cento.
atestada pelo órgão competente Parágrafo único.  O disposto
da Previdência Social, não servirá Art. 463.  A prestação em es- no caput não se aplica à União,
de paradigma para fins de equi- pécie do salário será paga em aos Estados, ao Distrito Federal,
paração salarial. moeda corrente do país. aos Municípios e às suas autar-
§ 5o  A equiparação salarial só Parágrafo único.  O pagamen- quias e fundações públicas.
será possível entre empregados to do salário realizado com inob-
contemporâneos no cargo ou na servância deste artigo conside-
função, ficando vedada a indi- ra-se como não feito. CAPÍTULO III – DA
cação de paradigmas remotos, ALTERAÇÃO
ainda que o paradigma contem- Art. 464.  O pagamento do sa-
porâneo tenha obtido a vantagem lário deverá ser efetuado contra Art. 468.  Nos contratos indi-
em ação judicial própria. recibo, assinado pelo empregado; viduais de trabalho só é lícita a
§ 6o  No caso de comprova- em se tratando de analfabeto, alteração das respectivas condi-
da discriminação por motivo de mediante sua impressão digital, ções por mútuo consentimento,
sexo ou etnia, o juízo determinará, ou, não sendo esta possível, a e, ainda assim, desde que não
além do pagamento das diferen- seu rogo. resultem, direta ou indiretamen-
ças salariais devidas, multa, em Parágrafo único.  Terá força te, prejuízos ao empregado, sob
favor do empregado discrimina- de recibo o comprovante de de- pena de nulidade da cláusula in-
do, no valor de 50% (cinquenta pósito em conta bancária, aberta fringente desta garantia.
por cento) do limite máximo dos para esse fim em nome de cada § 1o  Não se considera altera-
benefícios do Regime Geral de empregado, com o consentimen- ção unilateral a determinação do
Previdência Social. to deste, em estabelecimento empregador para que o respec-
de crédito próximo ao local de tivo empregado reverta ao cargo
Art. 462.  Ao empregador é ve- trabalho. efetivo, anteriormente ocupado,
dado efetuar qualquer desconto deixando o exercício de função
nos salários do empregado, salvo Art. 465.  O pagamento dos salá- de confiança.
quando este resultar de adianta- rios será efetuado em dia útil e no § 2o  A alteração de que trata
mentos, de dispositivos de lei ou local do trabalho, dentro do horá- o § 1o deste artigo, com ou sem
de contrato coletivo. rio do serviço ou imediatamente justo motivo, não assegura ao em-
§ 1o  Em caso de dano causa- após o encerramento deste, salvo pregado o direito à manutenção
do pelo empregado, o desconto quando efetuado por depósito em do pagamento da gratificação
será lícito, desde que esta pos- conta bancária, observado o dis- correspondente, que não será
sibilidade tenha sido acordada posto no artigo anterior. incorporada, independentemente
ou na ocorrência de dolo do em- do tempo de exercício da respec-
pregado. Art. 466.  O pagamento de co- tiva função.
§ 2o  É vedado à empresa que missões e percentagens só é exi-
mantiver armazém para venda de gível depois de ultimada a tran- Art. 469.  Ao empregador é ve-
mercadorias aos empregados ou sação a que se referem. dado transferir o empregado,
serviços destinados a propor- § 1o  Nas transações realiza- sem a sua anuência, para locali-
cionar-lhes prestações in natura das por prestações sucessivas, dade diversa da que resultar do
exercer qualquer coação ou indu- é exigível o pagamento das per- contrato, não se considerando
zimento no sentido de que os em- centagens e comissões que lhes transferência a que não acarretar
pregados se utilizem do armazém disserem respeito proporcional-

621
Consolidação das Leis do Trabalho
necessariamente a mudança do se verificar a respectiva baixa ou de 17 de agosto de 1964 (Lei do
seu domicílio. a terminação do encargo a que Serviço Militar);
§ 1o  Não estão compreendi- estava obrigado. VII – nos dias em que estiver
dos na proibição deste artigo: os § 2o  Nos contratos por prazo comprovadamente realizando
empregados que exerçam cargos determinado, o tempo de afasta- provas de exame vestibular para
de confiança e aqueles cujos con- mento, se assim acordarem as ingresso em estabelecimento de
tratos tenham como condição, partes interessadas, não será ensino superior;
implícita ou explícita, a trans- computado na contagem do pra- VIII – pelo tempo que se fi-
ferência, quando esta decorra zo para a respectiva terminação. zer necessário, quando tiver que
de real necessidade de serviço. § 3o  Ocorrendo motivo re- comparecer a juízo;
§ 2o  É lícita a transferência levante de interesse para a se- IX – pelo tempo que se fizer
quando ocorrer extinção do es- gurança nacional, poderá a au- necessário, quando, na qualida-
tabelecimento em que trabalhar toridade competente solicitar o de de representante de entidade
o empregado. afastamento do empregado do sindical, estiver participando de
§ 3o  Em caso de necessidade serviço ou do local de trabalho, reunião oficial de organismo in-
de serviço o empregador poderá sem que se configure a suspen- ternacional do qual o Brasil seja
transferir o empregado para lo- são do contrato de trabalho. membro;
calidade diversa da que resultar § 4o  O afastamento a que se X – pelo tempo necessário
do contrato, não obstante as res- refere o parágrafo anterior será para acompanhar sua esposa ou
trições do artigo anterior, mas, solicitado pela autoridade com- companheira em até 6 (seis) con-
nesse caso, ficará obrigado a um petente diretamente ao empre- sultas médicas, ou em exames
pagamento suplementar, nunca gador, em representação funda- complementares, durante o pe-
inferior a 25% (vinte e cinco por mentada com audiência da Pro- ríodo de gravidez;
cento) dos salários que o empre- curadoria Regional do Trabalho, XI – por 1 (um) dia por ano para
gado percebia naquela localidade, que providenciará desde logo a acompanhar filho de até 6 (seis)
enquanto durar essa situação. instauração do competente in- anos em consulta médica;
quérito administrativo. XII – até 3 (três) dias, em cada
Art. 470.  As despesas resultan- § 5o  Durante os primeiros 90 12 (doze) meses de trabalho, em
tes da transferência correrão por (noventa) dias desse afastamento, caso de realização de exames
conta do empregador. o empregado continuará perce- preventivos de câncer devida-
bendo sua remuneração. mente comprovada.
Parágrafo único.  O prazo a
CAPÍTULO IV – DA Art. 473.  O empregado poderá que se refere o inciso III do caput
SUSPENSÃO E DA deixar de comparecer ao serviço deste artigo será contado a partir
INTERRUPÇÃO sem prejuízo do salário: da data de nascimento do filho.
I – até 2 (dois) dias consecu-
Art. 471.  Ao empregado afasta- tivos, em caso de falecimento do Art. 474.  A suspensão do em-
do do emprego, são asseguradas, cônjuge, ascendente, descenden- pregado por mais de 30 (trinta)
por ocasião de sua volta, todas as te, irmão ou pessoa que, declara- dias consecutivos importa na
vantagens que, em sua ausência, da em sua Carteira de Trabalho e rescisão injusta do contrato de
tenham sido atribuídas à catego- Previdência Social, viva sob sua trabalho.
ria a que pertencia na empresa. dependência econômica;
II – até 3 (três) dias consecu- Art. 475.  O empregado que for
Art. 472.  O afastamento do em- tivos, em virtude de casamento; aposentado por invalidez terá
pregado, em virtude das exigên- III – por 5 (cinco) dias conse- suspenso o seu contrato de tra-
cias do serviço militar ou de outro cutivos, em caso de nascimento balho durante o prazo fixado pelas
encargo público, não constituirá de filho, de adoção ou de guarda leis de previdência social para a
motivo para a alteração ou resci- compartilhada; efetivação do benefício.
são do contrato de trabalho por IV – por um dia, em cada 12 § 1o  Recuperando o empre-
parte do empregador. (doze) meses de trabalho, em caso gado a capacidade de trabalho
§ 1o  Para que o empregado de doação voluntária de sangue e sendo a aposentadoria can-
tenha direito a voltar a exercer devidamente comprovada; celada, ser-lhe-á assegurado o
o cargo do qual se afastou em V – até 2 (dois) dias conse- direito à função que ocupava ao
virtude de exigências do serviço cutivos ou não, para o fim de se tempo da aposentadoria, facul-
militar ou de encargo público, alistar eleitor, nos termos da lei tado, porém, ao empregador, o
é indispensável que notifique o respectiva; direito de indenizá-lo por resci-
empregador dessa intenção, por VI – no período de tempo em são do contrato de trabalho, nos
telegrama ou carta registrada, que tiver de cumprir as exigên- termos dos arts. 477 e 478, salvo
dentro do prazo máximo de trin- cias do Serviço Militar referidas na na hipótese de ser ele portador
ta dias, contados da data em que letra “c” do art. 65 da Lei no 4.375, de estabilidade, quando a indeni-

622
Consolidação das Leis do Trabalho
zação deverá ser paga na forma período de suspensão contratual § 4o  O pagamento a que fizer
do art. 497. ou nos três meses subsequentes jus o empregado será efetuado:
§ 2o  Se o empregador hou- ao seu retorno ao trabalho, o em- I – em dinheiro, depósito ban-
ver admitido substituto para o pregador pagará ao empregado, cário ou cheque visado, conforme
aposentado, poderá rescindir, além das parcelas indenizatórias acordem as partes; ou
com este, o respectivo contra- previstas na legislação em vigor, II – em dinheiro ou depósito
to de trabalho sem indenização, multa a ser estabelecida em con- bancário quando o empregado
desde que tenha havido ciência venção ou acordo coletivo, sendo for analfabeto.
inequívoca da interinidade ao ser de, no mínimo, cem por cento so- § 5o  Qualquer compensa-
celebrado o contrato. bre o valor da última remuneração ção no pagamento de que trata
mensal anterior à suspensão do o parágrafo anterior não poderá
Art. 476.  Em caso de seguro- contrato. exceder o equivalente a um mês
-doença ou auxílio-enfermidade, § 6o  Se durante a suspensão de remuneração do empregado.
o empregado é considerado em do contrato não for ministrado o § 6o  A entrega ao empregado
licença não remunerada, durante curso ou programa de qualifica- de documentos que comprovem
o prazo desse benefício. ção profissional, ou o empregado a comunicação da extinção con-
permanecer trabalhando para o tratual aos órgãos competentes
Art. 476-A.  O contrato de traba- empregador, ficará descaracte- bem como o pagamento dos va-
lho poderá ser suspenso, por um rizada a suspensão, sujeitando o lores constantes do instrumento
período de dois a cinco meses, empregador ao pagamento ime- de rescisão ou recibo de quitação
para participação do empregado diato dos salários e dos encargos deverão ser efetuados até dez
em curso ou programa de qualifi- sociais referentes ao período, às dias contados a partir do término
cação profissional oferecido pelo penalidades cabíveis previstas na do contrato.
empregador, com duração equi- legislação em vigor, bem como às a) (Revogada);
valente à suspensão contratual, sanções previstas em convenção b) (Revogada).
mediante previsão em convenção ou acordo coletivo. § 7o (Revogado)
ou acordo coletivo de trabalho e § 7o  O prazo limite fixado no § 8o  A inobservância do dis-
aquiescência formal do empre- caput poderá ser prorrogado me- posto no § 6o deste artigo sujeita-
gado, observado o disposto no diante convenção ou acordo co- rá o infrator à multa de 160 BTN,
art. 471 desta Consolidação. letivo de trabalho e aquiescência por trabalhador, bem assim ao
§ 1o  Após a autorização con- formal do empregado, desde que pagamento da multa a favor do
cedida por intermédio de con- o empregador arque com o ônus empregado, em valor equivalen-
venção ou acordo coletivo, o correspondente ao valor da bolsa te ao seu salário, devidamente
empregador deverá notificar o de qualificação profissional, no corrigido pelo índice de variação
respectivo sindicato, com ante- respectivo período. do BTN, salvo quando, compro-
cedência mínima de quinze dias vadamente, o trabalhador der
da suspensão contratual. causa à mora.
§ 2o  O contrato de trabalho CAPÍTULO V – DA § 9o (Vetado)
não poderá ser suspenso em RESCISÃO § 10.  A anotação da extin-
conformidade com o disposto ção do contrato na Carteira de
no caput deste artigo mais de Art. 477.  Na extinção do con- Trabalho e Previdência Social é
uma vez no período de dezes- trato de trabalho, o empregador documento hábil para requerer o
seis meses. deverá proceder à anotação na benefício do seguro-desemprego
§ 3o  O empregador poderá Carteira de Trabalho e Previdência e a movimentação da conta vin-
conceder ao empregado ajuda Social, comunicar a dispensa aos culada no Fundo de Garantia do
compensatória mensal, sem natu- órgãos competentes e realizar o Tempo de Serviço, nas hipóteses
reza salarial, durante o período de pagamento das verbas rescisórias legais, desde que a comunicação
suspensão contratual nos termos no prazo e na forma estabelecidos prevista no caput deste artigo
do caput deste artigo, com valor neste artigo. tenha sido realizada.
a ser definido em convenção ou § 1o (Revogado)
acordo coletivo. § 2o  O instrumento de resci- Art. 477-A.  As dispensas imo-
§ 4o  Durante o período de são ou recibo de quitação, qual- tivadas individuais, plúrimas ou
suspensão contratual para par- quer que seja a causa ou forma coletivas equiparam-se para to-
ticipação em curso ou programa de dissolução do contrato, deve dos os fins, não havendo neces-
de qualificação profissional, o ter especificada a natureza de sidade de autorização prévia de
empregado fará jus aos benefí- cada parcela paga ao empregado entidade sindical ou de celebra-
cios voluntariamente concedidos e discriminado o seu valor, sendo ção de convenção coletiva ou
pelo empregador. válida a quitação, apenas, relati- acordo coletivo de trabalho para
§ 5o  Se ocorrer a dispensa vamente às mesmas parcelas. sua efetivação.
do empregado no transcurso do § 3o (Revogado)

623
Consolidação das Leis do Trabalho
Art. 477-B.  Plano de Demissão indeterminado. ticadas contra o empregador e
Voluntária ou Incentivada, para superiores hierárquicos, salvo em
dispensa individual, plúrima ou Art. 480.  Havendo termo estipu- caso de legítima defesa, própria
coletiva, previsto em convenção lado, o empregado não se poderá ou de outrem;
coletiva ou acordo coletivo de desligar do contrato, sem justa l)  prática constante de jogos
trabalho, enseja quitação plena causa, sob pena de ser obrigado de azar;
e irrevogável dos direitos decor- a indenizar o empregador dos m)  perda da habilitação ou
rentes da relação empregatícia, prejuízos que desse fato lhe re- dos requisitos estabelecidos em
salvo disposição em contrário sultarem. lei para o exercício da profissão,
estipulada entre as partes. § 1o  A indenização, porém, em decorrência de conduta do-
não poderá exceder àquela a losa do empregado.
Art. 478.  A indenização devida que teria direito o empregado Parágrafo único. Consti-
pela rescisão de contrato por pra- em idênticas condições. tui igualmente justa causa para
zo indeterminado será de um mês § 2o (Revogado) dispensa de empregado, a prá-
de remuneração por ano de ser- tica, devidamente comprovada
viço efetivo, ou por ano e fração Art. 481.  Aos contratos por pra- em inquérito administrativo, de
igual ou superior a seis meses. zo determinado, que contiverem atos atentatórios à segurança
§ 1o  O primeiro ano de dura- cláusula assecuratória do direito nacional.
ção do contrato por prazo inde- recíproco de rescisão antes de
terminado é considerado como expirado o termo ajustado, apli- Art. 483.  O empregado poderá
período de experiência, e, antes cam-se, caso seja exercido tal considerar rescindido o contrato
que se complete, nenhuma inde- direito por qualquer das partes, e pleitear a devida indenização
nização será devida. os princípios que regem a res- quando:
§ 2o  Se o salário for pago por cisão dos contratos por prazo a)  forem exigidos serviços
dia, o cálculo da indenização terá indeterminado. superiores às suas forças, defe-
por base 25 (vinte e cinco) dias. sos por lei, contrários aos bons
§ 3o  Se pago por hora, a in- Art. 482.  Constituem justa cau- costumes, ou alheios ao contrato;
denização apurar-se-á na base sa para rescisão do contrato de b)  for tratado pelo emprega-
de 200 (duzentas) horas por mês. trabalho pelo empregador: dor ou por seus superiores hie-
§ 4o  Para os empregados que a)  ato de improbidade; rárquicos com rigor excessivo;
trabalhem a comissão ou que te- b)  incontinência de conduta c)  correr perigo manifesto
nham direito a percentagens, a ou mau procedimento; de mal considerável;
indenização será calculada pela c)  negociação habitual por d)  não cumprir o empregador
média das comissões ou percen- conta própria ou alheia sem per- as obrigações do contrato;
tagens percebidas nos últimos 12 missão do empregador, e quando e)  praticar o empregador ou
(doze) meses de serviço. constituir ato de concorrência seus prepostos, contra ele ou pes-
§ 5o  Para os empregados que à empresa para a qual trabalha soas de sua família, ato lesivo da
trabalhem por tarefa ou serviço o empregado, ou for prejudicial honra e boa fama;
feito, a indenização será calcu- ao serviço; f)  o empregador ou seus pre-
lada na base média do tempo d)  condenação criminal do postos ofenderem-no fisicamen-
costumeiramente gasto pelo in- empregado, passada em julgado, te, salvo em caso de legítima de-
teressado para realização de seu caso não tenha havido suspensão fesa, própria ou de outrem;
serviço, calculando-se o valor do da execução da pena; g)  o empregador reduzir o
que seria feito durante trinta dias. e)  desídia no desempenho seu trabalho, sendo este por peça
das respectivas funções; ou tarefa, de forma a afetar sen-
Art. 479.  Nos contratos que te- f)  embriaguez habitual ou sivelmente a importância dos
nham termo estipulado, o em- em serviço; salários.
pregador que, sem justa cau- g)  violação de segredo da § 1o O empregado pode-
sa, despedir o empregado, será empresa; rá suspender a prestação dos
obrigado a pagar-lhe, a título de h)  ato de indisciplina ou de serviços ou rescindir o contrato,
indenização, e por metade, a re- insubordinação; quando tiver de desempenhar
muneração a que teria direito até i)  abandono de emprego; obrigações legais, incompatíveis
o termo do contrato. j)  ato lesivo da honra ou da com a continuação do serviço.
Parágrafo único.  Para a exe- boa fama praticado no serviço § 2o  No caso de morte do
cução do que dispõe o presente contra qualquer pessoa, ou ofen- empregador constituído em em-
artigo, o cálculo da parte variável sas físicas, nas mesmas condi- presa individual, é facultado ao
ou incerta dos salários será feito ções, salvo em caso de legítima empregado rescindir o contrato
de acordo com o prescrito para o defesa, própria ou de outrem; de trabalho.
cálculo da indenização referente à k)  ato lesivo da honra ou da § 3o  Nas hipóteses das letras
rescisão dos contratos por prazo boa fama ou ofensas físicas pra- “d” e “g”, poderá o empregado plei-

624
Consolidação das Leis do Trabalho
tear a rescisão de seu contrato denização, que ficará a cargo do lário pago na base de tarefa, o
de trabalho e o pagamento das governo responsável. cálculo, para os efeitos dos pa-
respectivas indenizações, per- § 1o  Sempre que o empre- rágrafos anteriores, será feito de
manecendo ou não no serviço gador invocar em sua defesa o acordo com a média dos últimos
até final decisão do processo. preceito do presente artigo, o doze meses de serviço.
tribunal do trabalho competente § 4o  É devido o aviso prévio
Art. 484.  Havendo culpa recí- notificará a pessoa de direito pú- na despedida indireta.
proca no ato que determinou a blico apontada como responsável § 5o  O valor das horas ex-
rescisão do contrato de trabalho, pela paralisação do trabalho, para traordinárias habituais integra o
o tribunal de trabalho reduzirá a que, no prazo de 30 (trinta) dias, aviso prévio indenizado.
indenização à que seria devida alegue o que entender devido, § 6o  O reajustamento salarial
em caso de culpa exclusiva do passando a figurar no processo coletivo, determinado no curso do
empregador, por metade. como chamada à autoria. aviso prévio, beneficia o empre-
§ 2o  Sempre que a parte inte- gado pré-avisado da despedida,
Art. 484-A.  O contrato de traba- ressada, firmada em documento mesmo que tenha recebido ante-
lho poderá ser extinto por acordo hábil, invocar defesa baseada na cipadamente os salários corres-
entre empregado e empregador, disposição deste artigo e indi- pondentes ao período do aviso,
caso em que serão devidas as car qual o juiz competente, será que integra seu tempo de serviço
seguintes verbas trabalhistas: ouvida a parte contrária, para, para todos os efeitos legais.
I – por metade: dentro de três dias, falar sobre
a)  o aviso prévio, se inde- essa alegação. Art. 488.  O horário normal de
nizado; e § 3o  Verificada qual a auto- trabalho do empregado, durante
b)  a indenização sobre o sal- ridade responsável, a Junta de o prazo do aviso, e se a rescisão
do do Fundo de Garantia do Tem- Conciliação ou Juiz dar-se-á por tiver sido promovida pelo em-
po de Serviço, prevista no § 1o do incompetente, remetendo os au- pregador, será reduzido de duas
art.  18 da Lei no  8.036, de 11 de tos ao Juiz Privativo da Fazenda, horas diárias, sem prejuízo do
maio de 1990; perante o qual correrá o feito nos salário integral.
II – na integralidade, as de- termos previstos no processo Parágrafo único.  É facultado
mais verbas trabalhistas. comum. ao empregado trabalhar sem a re-
§ 1o  A extinção do contra- dução das 2 (duas) horas diárias
to prevista no caput deste arti- previstas neste artigo, caso em
go permite a movimentação da CAPÍTULO VI – DO AVISO que poderá faltar ao serviço, sem
conta vinculada do trabalhador PRÉVIO prejuízo do salário integral, por 1
no Fundo de Garantia do Tempo (um) dia, na hipótese do inciso I,
de Serviço na forma do inciso Art. 487.  Não havendo prazo e por 7 (sete) dias corridos, na
I‑A do art. 20 da Lei no 8.036, de estipulado, a parte que, sem justo hipótese do inciso II do art. 487
11 de maio de 1990, limitada até motivo, quiser rescindir o contra- desta Consolidação.
80% (oitenta por cento) do valor to, deverá avisar a outra da sua
dos depósitos. resolução, com a antecedência Art. 489.  Dado o aviso prévio, a
§ 2o  A extinção do contra- mínima de: rescisão torna-se efetiva depois
to por acordo prevista no caput I – oito dias, se o pagamento de expirado o respectivo prazo,
deste artigo não autoriza o in- for efetuado por semana ou tem- mas, se a parte notificante re-
gresso no Programa de Seguro- po inferior; considerar o ato, antes de seu
-Desemprego. II – trinta dias aos que perce- termo, à outra parte é facultado
berem por quinzena ou mês, ou aceitar ou não a reconsideração.
Art. 485.  Quando cessar a ati- que tenham mais de doze meses Parágrafo único.  Caso seja
vidade da empresa, por morte de serviço na empresa. aceita a reconsideração, ou con-
do empregador, os empregados § 1o  A falta do aviso prévio tinuando a prestação depois de
terão direito, conforme o caso, à por parte do empregador dá ao expirado o prazo, o contrato con-
indenização a que se referem os empregado o direito aos salá- tinuará a vigorar, como se o aviso
arts. 477 e 497. rios correspondentes ao prazo prévio não tivesse sido dado.
do aviso, garantida, sempre, a
Art. 486.  No caso de paralisa- integração desse período no seu Art. 490.  O empregador que,
ção temporária ou definitiva do tempo de serviço. durante o prazo do aviso prévio
trabalho, motivada por ato de § 2o  A falta de aviso prévio dado ao empregado, praticar ato
autoridade municipal, estadual por parte do empregado dá ao que justifique a rescisão imediata
ou federal, ou pela promulgação empregador o direito de descon- do contrato, sujeita-se ao paga-
de lei ou resolução que impossi- tar os salários correspondentes mento da remuneração corres-
bilite a continuação da atividade, ao prazo respectivo. pondente ao prazo do referido
prevalecerá o pagamento da in- § 3o  Em se tratando de sa-

625
Consolidação das Leis do Trabalho
aviso, sem prejuízo da indeniza- converter aquela obrigação em CAPÍTULO VIII – DA FORÇA
ção que for devida. indenização devida nos termos MAIOR
do artigo seguinte.
Art. 491.  O empregado que, du- Art. 501.  Entende-se como força
rante o prazo do aviso prévio, Art. 497.  Extinguindo-se a em- maior todo acontecimento ine-
cometer qualquer das faltas con- presa, sem a ocorrência de moti- vitável, em relação à vontade do
sideradas pela lei como justas vo de força maior, ao empregado empregador, e para a realização
para a rescisão, perde o direito estável despedido é garantida a do qual este não concorreu, direta
ao restante do respectivo prazo. indenização por rescisão do con- ou indiretamente.
trato por prazo indeterminado, § 1o  A imprevidência do em-
paga em dobro. pregador exclui a razão de força
CAPÍTULO VII – DA maior.
ESTABILIDADE Art. 498.  Em caso de fechamen- § 2o  À ocorrência do motivo
to do estabelecimento, filial ou de força maior que não afetar
Art. 492.  O empregado que con- agência, ou supressão necessária substancialmente, nem for susce-
tar mais de dez anos de serviço de atividade, sem ocorrência de tível de afetar, em tais condições,
na mesma empresa não poderá motivo de força maior, é assegu- a situação econômica e financeira
ser despedido senão por motivo rado aos empregados estáveis, da empresa, não se aplicam as
de falta grave ou circunstância de que ali exerçam suas funções, restrições desta Lei referentes
força maior, devidamente com- direito à indenização, na forma ao disposto neste Capítulo.
provadas. do artigo anterior.
Parágrafo único. Considera- Art. 502.  Ocorrendo motivo de
-se como de serviço todo o tem- Art. 499.  Não haverá estabili- força maior que determine a ex-
po em que o empregado esteja à dade no exercício dos cargos de tinção da empresa, ou de um dos
disposição do empregador. diretoria, gerência ou outros de estabelecimentos em que traba-
confiança imediata do empre- lhe o empregado, é assegurada
Art. 493.  Constitui falta grave gador, ressalvado o cômputo do a este, quando despedido, uma
a prática de qualquer dos fatos a tempo de serviço para todos os indenização na forma seguinte:
que se refere o art. 482, quando efeitos legais. I – sendo estável, nos termos
por sua repetição ou natureza § 1o  Ao empregado garanti- dos arts. 477 e 478;
representem séria violação dos do pela estabilidade que deixar II – não tendo direito à es-
deveres e obrigações do empre- de exercer cargo de confiança, tabilidade, metade da que seria
gado. é assegurada, salvo no caso de devida em caso de rescisão sem
falta grave, a reversão ao cargo justa causa;
Art. 494.  O empregado acusado efetivo que haja anteriormente III – havendo contrato por
de falta grave poderá ser suspen- ocupado. prazo determinado, aquela a que
so de suas funções, mas a sua § 2o  Ao empregado despedi- se refere o art.  479 desta Lei,
despedida só se tornará efetiva do sem justa causa, que só tenha reduzida igualmente à metade.
após o inquérito em que se veri- exercido cargo de confiança e
fique a procedência da acusação. que contar mais de dez anos de Art. 503.  É lícita, em caso de
Parágrafo único.  A suspen- serviço na mesma empresa, é força maior ou prejuízos devida-
são, no caso deste artigo, per- garantida a indenização propor- mente comprovados, a redução
durará até a decisão final do cional ao tempo de serviço nos geral dos salários dos empre-
processo. termos dos arts. 477 e 478. gados da empresa, proporcio-
§ 3o  A despedida que se ve- nalmente aos salários de cada
Art. 495.  Reconhecida a inexis- rificar com o fim de obstar ao um, não podendo, entretanto, ser
tência de falta grave praticada empregado a aquisição de esta- superior a 25% (vinte e cinco por
pelo empregado, fica o empre- bilidade sujeitará o empregador a cento), respeitado, em qualquer
gador obrigado a readmiti-lo no pagamento em dobro da indeniza- caso, o salário mínimo da região.
serviço e a pagar-lhe os salários ção prescrita nos arts. 477 e 478. Parágrafo único. Cessados
a que teria direito no período da os efeitos decorrentes do mo-
suspensão. Art. 500.  O pedido de demissão tivo de força maior, é garantido
do empregado estável só será vá- o restabelecimento dos salários
Art. 496.  Quando a reintegra- lido quando feito com a assistên- reduzidos.
ção do empregado estável for cia do respectivo Sindicato e, se
desaconselhável, dado o grau de não o houver, perante autoridade Art. 504.  Comprovada a fal-
incompatibilidade resultante do local competente do Ministério do sa alegação do motivo de força
dissídio, especialmente quando Trabalho e Previdência Social ou maior, é garantida a reintegração
for o empregador pessoa físi- da Justiça do Trabalho. aos empregados estáveis, e aos
ca, o tribunal do trabalho poderá não estáveis o complemento da

626
Consolidação das Leis do Trabalho
indenização já percebida, asse- Art. 510.  Pela infração das proi- V – assegurar tratamento jus-
gurado a ambos o pagamento da bições constantes deste Título, to e imparcial aos empregados,
remuneração atrasada. será imposta à empresa a multa impedindo qualquer forma de
de valor igual a 1 (um) salário míni- discriminação por motivo de sexo,
mo regional, elevada ao dobro, no idade, religião, opinião política ou
CAPÍTULO IX – caso de reincidência, sem prejuí- atuação sindical;
DISPOSIÇÕES ESPECIAIS zo das demais cominações legais. VI – encaminhar reivindica-
ções específicas dos empregados
Art. 505.  São aplicáveis aos tra- de seu âmbito de representação;
balhadores rurais os dispositivos TÍTULO IV-A – DA VII – acompanhar o cumpri-
constantes dos Capítulos I, II e VI REPRESENTAÇÃO DOS mento das leis trabalhistas, pre-
do presente Título. EMPREGADOS videnciárias e das convenções
coletivas e acordos coletivos de
Art. 506.  No contrato de traba- Art. 510-A.  Nas empresas com trabalho.
lho agrícola é lícito o acordo que mais de duzentos empregados, § 1o  As decisões da comissão
estabelecer a remuneração in é assegurada a eleição de uma de representantes dos emprega-
natura, contanto que seja de pro- comissão para representá-los, dos serão sempre colegiadas, ob-
dutos obtidos pela exploração do com a finalidade de promover- servada a maioria simples.
negócio e não exceda de um terço -lhes o entendimento direto com § 2o  A comissão organizará
do salário total do empregado. os empregadores. sua atuação de forma indepen-
§ 1o  A comissão será com- dente.
Art. 507.  As disposições do Ca- posta:
pítulo VII do presente Título não I – nas empresas com mais de Art. 510-C.  A eleição será convo-
serão aplicáveis aos empregados duzentos e até três mil emprega- cada, com antecedência mínima
em consultórios ou escritórios de dos, por três membros; de trinta dias, contados do térmi-
profissionais liberais. II – nas empresas com mais no do mandato anterior, por meio
Parágrafo único. (Revogado) de três mil e até cinco mil em- de edital que deverá ser fixado na
pregados, por cinco membros; empresa, com ampla publicidade,
Art. 507-A.  Nos contratos indi- III – nas empresas com mais para inscrição de candidatura.
viduais de trabalho cuja remune- de cinco mil empregados, por § 1o  Será formada comissão
ração seja superior a duas vezes o sete membros. eleitoral, integrada por cinco em-
limite máximo estabelecido para § 2o  No caso de a empresa pregados, não candidatos, para a
os benefícios do Regime Geral de possuir empregados em vários organização e o acompanhamen-
Previdência Social, poderá ser Estados da Federação e no Dis- to do processo eleitoral, vedada
pactuada cláusula compromis- trito Federal, será assegurada a a interferência da empresa e do
sória de arbitragem, desde que eleição de uma comissão de re- sindicato da categoria.
por iniciativa do empregado ou presentantes dos empregados § 2o  Os empregados da em-
mediante a sua concordância por Estado ou no Distrito Federal, presa poderão candidatar-se,
expressa, nos termos previstos na mesma forma estabelecida no exceto aqueles com contrato de
na Lei no 9.307, de 23 de setem- § 1o deste artigo. trabalho por prazo determinado,
bro de 1996. com contrato suspenso ou que
Art. 510-B.  A comissão de repre- estejam em período de aviso pré-
Art. 507-B.  É facultado a em- sentantes dos empregados terá vio, ainda que indenizado.
pregados e empregadores, na as seguintes atribuições: § 3o  Serão eleitos membros
vigência ou não do contrato de I – representar os emprega- da comissão de representantes
emprego, firmar o termo de qui- dos perante a administração da dos empregados os candidatos
tação anual de obrigações traba- empresa; mais votados, em votação se-
lhistas, perante o sindicato dos II – aprimorar o relacionamen- creta, vedado o voto por repre-
empregados da categoria. to entre a empresa e seus empre- sentação.
Parágrafo único.  O termo dis- gados com base nos princípios § 4o  A comissão tomará pos-
criminará as obrigações de dar e da boa-fé e do respeito mútuo; se no primeiro dia útil seguinte à
fazer cumpridas mensalmente e III – promover o diálogo e o eleição ou ao término do mandato
dele constará a quitação anual entendimento no ambiente de anterior.
dada pelo empregado, com eficá- trabalho com o fim de prevenir § 5o  Se não houver candida-
cia liberatória das parcelas nele conflitos; tos suficientes, a comissão de
especificadas. IV – buscar soluções para os representantes dos empregados
conflitos decorrentes da relação poderá ser formada com número
Art. 508.  (Revogado) de trabalho, de forma rápida e efi- de membros inferior ao previsto
caz, visando à efetiva aplicação no art. 510‑A desta Consolidação.
Art. 509.  (Revogado) das normas legais e contratuais; § 6o  Se não houver registro

627
Consolidação das Leis do Trabalho
de candidatura, será lavrada ata e ou profissão ou atividades ou e)  impor contribuições a to-
convocada nova eleição no prazo profissões similares ou conexas. dos aqueles que participam das
de um ano. § 1o  A solidariedade de inte- categorias econômicas ou profis-
resses econômicos dos que em- sionais ou das profissões liberais
Art. 510-D.  O mandato dos mem- preendem atividades idênticas, representadas.
bros da comissão de represen- similares ou conexas, constitui Parágrafo único.  Os sindi-
tantes dos empregados será de o vínculo social básico que se catos de empregados terão, ou-
um ano. denomina categoria econômica. trossim, a prerrogativa de fundar
§ 1o  O membro que houver § 2o  A similitude de condi- e manter agências de colocação.
exercido a função de represen- ções de vida oriunda da profis-
tante dos empregados na comis- são ou trabalho em comum, em Art. 514.  São deveres dos sin-
são não poderá ser candidato situação de emprego na mesma dicatos:
nos dois períodos subsequentes. atividade econômica ou em ati- a)  colaborar com os poderes
§ 2o  O mandato de membro vidades econômicas similares públicos no desenvolvimento da
de comissão de representantes ou conexas, compõe a expressão solidariedade social;
dos empregados não implica sus- social elementar compreendida b)  manter serviços de as-
pensão ou interrupção do contra- como categoria profissional. sistência judiciária para os as-
to de trabalho, devendo o empre- § 3o  Categoria profissional sociados;
gado permanecer no exercício de diferenciada é a que se forma dos c)  promover a conciliação
suas funções. empregados que exerçam profis- nos dissídios de trabalho;
§ 3o  Desde o registro da can- sões ou funções diferenciadas d)  sempre que possível, e de
didatura até um ano após o fim do por força de estatuto profissional acordo com as suas possibilida-
mandato, o membro da comissão especial ou em consequência de des, manter no seu quadro de
de representantes dos emprega- condições de vida singulares. pessoal, em convênio com enti-
dos não poderá sofrer despedida § 4o  Os limites de identida- dades assistenciais ou por conta
arbitrária, entendendo-se como de, similaridade ou conexidade própria, um assistente social com
tal a que não se fundar em motivo fixam as dimensões dentro das as atribuições específicas de pro-
disciplinar, técnico, econômico quais a categoria econômica ou mover a cooperação operacional
ou financeiro. profissional é homogênea e a na empresa e a integração pro-
§ 4o  Os documentos referen- associação é natural. fissional na Classe.
tes ao processo eleitoral devem Parágrafo único.  Os sindica-
ser emitidos em duas vias, as Art. 512.  Somente as associa- tos de empregados terão, outros-
quais permanecerão sob a guarda ções profissionais constituídas sim, o dever de:
dos empregados e da empresa para os fins e na forma do artigo a)  promover a fundação de
pelo prazo de cinco anos, à dis- anterior e registradas de acor- cooperativas de consumo e de
posição para consulta de qual- do com o art.  558 poderão ser crédito;
quer trabalhador interessado, do reconhecidas como sindicatos b)  fundar e manter escolas
Ministério Público do Trabalho e e investidas nas prerrogativas de alfabetização e pré-vocacio-
do Ministério do Trabalho. definidas nesta Lei. nais.

Art. 513.  São prerrogativas dos


TÍTULO V – DA sindicatos:
Seção II – Do
ORGANIZAÇÃO SINDICAL a)  representar, perante as Reconhecimento e
autoridades administrativas e ju- Investidura Sindical
CAPÍTULO I – DA diciárias, os interesses gerais da
INSTITUIÇÃO SINDICAL respectiva categoria ou profissão Art. 515.  As associações pro-
Seção I – Da Associação em liberal ou os interesses individu- fissionais deverão satisfazer os
ais dos associados relativos à seguintes requisitos para serem
Sindicato atividade ou profissão exercida; reconhecidas como sindicatos:
b)  celebrar contratos coleti- a)  reunião de um terço, no
Art. 511.  É lícita a associação vos de trabalho; mínimo, de empresas legalmente
para fins de estudo, defesa e co- c)  eleger ou designar os re- constituídas, sob a forma indivi-
ordenação dos seus interesses presentantes da respectiva cate- dual ou de sociedade, se se tratar
econômicos ou profissionais de goria ou profissão liberal; de associação de empregadores;
todos os que, como emprega- d)  colaborar com o Estado, ou de um terço dos que integrem
dores, empregados, agentes ou como órgãos técnicos e consul- a mesma categoria ou exerçam
trabalhadores autônomos, ou pro- tivos, no estudo e solução dos a mesma profissão liberal se se
fissionais liberais, exerçam, res- problemas que se relacionam tratar de associação de empre-
pectivamente, a mesma atividade com a respectiva categoria ou gados ou de trabalhadores ou
profissão liberal; agentes autônomos ou de pro-

628
Consolidação das Leis do Trabalho
fissão liberal; blicos e as demais associações no pelo sindicato ou por entidade
b)  duração de três anos para sentido da solidariedade social e sindical de grau superior;
o mandato da diretoria; da subordinação dos interesses c)  gratuidade do exercício
c)  exercício do cargo de pre- econômicos ou profissionais ao dos cargos eletivos;
sidente por brasileiro nato, e dos interesse nacional; d)  proibição de quaisquer
demais cargos de administração d)  as atribuições, o proces- atividades não compreendidas
e representação por brasileiros. so eleitoral e das votações, os nas finalidades mencionadas no
Parágrafo único.  O ministro casos de perda de mandato e de art.  511, inclusive as de caráter
do Trabalho, Indústria e Comércio substituição dos administradores; político-partidário;
poderá, excepcionalmente, reco- e)  o modo de constituição e e)  proibição de cessão gra-
nhecer como sindicato a associa- administração do patrimônio so- tuita ou remunerada da respec-
ção cujo número de associados cial e o destino que lhe será dado tiva sede a entidade de índole
seja inferior ao terço a que se no caso de dissolução; político-partidária.
refere a alínea “a”. f)  as condições em que se Parágrafo único. Quando,
dissolverá a associação. para o exercício de mandato, ti-
Art. 516.  Não será reconheci- § 2o  O processo de reconhe- ver o associado de sindicato de
do mais de um sindicato repre- cimento será regulado em instru- empregados, de trabalhadores
sentativo da mesma categoria ções baixadas pelo ministro do autônomos ou de profissionais
econômica ou profissional, ou Trabalho, Indústria e Comércio. liberais de se afastar do seu tra-
profissão liberal, em uma dada balho, poderá ser-lhe arbitrada
base territorial. Art. 519.  A investidura sindical pela assembleia geral uma gra-
será conferida sempre à asso- tificação nunca excedente da
Art. 517.  Os sindicatos pode- ciação profissional mais repre- importância de sua remuneração
rão ser distritais, municipais, in- sentativa, a juízo do ministro do na profissão respectiva.
termunicipais, estaduais e inte- Trabalho, Indústria e Comércio,
restaduais. Excepcionalmente, constituindo elementos para essa
e atendendo às peculiaridades apreciação, entre outros:
Seção III – Da Administração
de determinadas categorias ou a)  o número de associados; do Sindicato
profissões, o ministro do Traba- b)  os serviços sociais funda-
lho, Indústria e Comércio poderá dos e mantidos; Art. 522.  A administração do
autorizar o reconhecimento de c)  o valor do patrimônio. sindicato será exercida por uma
sindicatos nacionais. diretoria constituída no máxi-
§ 1o  O ministro do Trabalho, Art. 520.  Reconhecida como mo de sete e no mínimo de três
Indústria e Comércio outorgará sindicato a associação profissio- membros e de um Conselho Fis-
e delimitará a base territorial do nal, ser-lhe-á expedida carta de cal composto de três membros,
sindicato. reconhecimento, assinada pelo eleitos esses órgãos pela Assem-
§ 2o  Dentro da base terri- ministro do Trabalho, Indústria bleia Geral.
torial que lhe for determinada é e Comércio, na qual será espe- § 1o  A diretoria elegerá, den-
facultado ao sindicato instituir cificada a representação eco- tre os seus membros, o presiden-
delegacias ou seções para melhor nômica ou profissional conferida te do sindicato.
proteção dos associados e da ca- e mencionada a base territorial § 2o  A competência do Con-
tegoria econômica ou profissional outorgada. selho Fiscal é limitada à fiscali-
ou profissão liberal representada. Parágrafo único.  O reconhe- zação da gestão financeira do
cimento investe a associação sindicato.
Art. 518.  O pedido de reconhe- nas prerrogativas do art.  513 e § 3o  Constituirá atribuição
cimento será dirigido ao ministro a obriga aos deveres do art. 514, exclusiva da Diretoria do Sindicato
do Trabalho, Indústria e Comércio, cujo inadimplemento a sujeitará e dos delegados sindicais a que
instruído com exemplar ou cópia às sanções desta Lei. se refere o art. 523, a represen-
autenticada dos estatutos da as- tação e a defesa dos interesses
sociação. Art. 521.  São condições para da entidade perante os poderes
§ 1o  Os estatutos deverão o funcionamento do Sindicato: públicos e as empresas, salvo
conter: a)  proibição de qualquer pro- mandatário com poderes outor-
a)  a denominação e a sede paganda de doutrinas incompa- gados por procuração da diretoria
da associação; tíveis com as instituições e os ou associado investido em repre-
b)  a categoria econômica ou interesses da Nação, bem como sentação prevista em lei.
profissional ou a profissão liberal de candidaturas a cargos eletivos
cuja representação é requerida; estranhos ao sindicato; Art. 523.  Os delegados sindicais
c)  a afirmação de que a as- b)  proibição de exercício de destinados à direção das delega-
sociação agirá como órgão de cargo eletivo cumulativamente cias ou seções instituídas na for-
colaboração com os poderes pú- com o de emprego remunerado ma estabelecida no § 2o do art. 517

629
Consolidação das Leis do Trabalho
serão designados pela diretoria pleito a exigirem. bleia geral.
dentre os associados radicados § 3o  A mesa apuradora será
no território da correspondente presidida por membro do Ministé- Art. 526.  Os empregados do sin-
delegacia. rio Público do Trabalho, ou pessoa dicato serão nomeados pela di-
de notória idoneidade, designado retoria respectiva ad referendum
Art. 524.  Serão sempre toma- pelo procurador-geral da Justi- da assembleia geral, não poden-
das por escrutínio secreto na for- ça do Trabalho ou procuradores do recair tal nomeação nos que
ma estatutária as deliberações da regionais. estiverem nas condições pre-
assembleia geral concernentes § 4o  O pleito só será válido vistas nos itens II, IV, V, VI, VII e
aos seguintes assuntos: na hipótese de participarem da VIII do art. 530 e, na hipótese de
a)  eleição de associado para votação mais de 2/3 (dois ter- o nomeado haver sido dirigente
representação da respectiva ca- ços) dos associados com capa- sindical, também nas do item I
tegoria, prevista em lei; cidade para votar. Não obtido do mesmo artigo.
b)  tomada e aprovação de esse coeficiente, será realizada Parágrafo único. (Revogado)
contas da diretoria; nova eleição dentro de 15 (quinze) § 2o  Aplicam-se ao empre-
c)  aplicação do patrimônio; dias, a qual terá validade se nela gado de entidade sindical os pre-
d)  julgamento dos atos da tomarem parte mais de 50% (cin- ceitos das leis de proteção do
diretoria, relativos a penalidades quenta por cento) dos referidos trabalho e de previdência social,
impostas a associados; associados. Na hipótese de não inclusive o direito de associação
e)  pronunciamento sobre ter sido alcançado, na segunda em sindicato.
relações ou dissídio de trabalho. votação, o coeficiente exigido,
Neste caso, as deliberações da será realizado o terceiro e último Art. 527.  Na sede de cada sin-
assembleia geral só serão consi- pleito, cuja validade dependerá do dicato haverá um livro de regis-
deradas válidas quando ela tiver voto de mais de 40% (quarenta tro, autenticado pelo funcionário
sido especialmente convocada por cento) dos aludidos associa- competente do Ministério do Tra-
para esse fim, de acordo com dos, proclamando o presidente balho, Indústria e Comércio, e do
as disposições dos estatutos da da Mesa apuradora em qualquer qual deverão constar:
entidade sindical. O quorum para dessas hipóteses os eleitos, os a)  tratando-se de sindicato
validade da assembleia será de quais serão empossados auto- de empregadores, a firma, indivi-
metade mais um dos associados maticamente na data do término dual ou coletiva, ou a denomina-
quites; não obtido esse quorum do mandato expirante, não tendo ção das empresas e sua sede, o
em primeira convocação, reunir- efeito suspensivo os protestos ou nome, idade, estado civil, nacio-
-se-á a assembleia em segunda recursos oferecidos na conformi- nalidade e residência dos respec-
convocação com os presentes, dade da lei. tivos sócios ou, em se tratando
considerando-se aprovadas as § 5o  Não sendo atingido o de sociedade por ações, dos di-
deliberações que obtiverem 2/3 coeficiente legal para a eleição, retores, bem como a indicação
(dois terços) dos votos. o Ministério do Trabalho, Indústria desses dados quanto ao sócio ou
§ 1o  A eleição para cargos de e Comércio declarará a vacância diretor que representar a empre-
diretoria e Conselho Fiscal será da administração, a partir do tér- sa no sindicato;
realizada por escrutínio secreto, mino do mandato dos membros b)  tratando-se de sindicato
durante seis horas contínuas, pelo em exercício, e designará admi- de empregados ou de agentes
menos, na sede do sindicato, na nistrador para o Sindicato, reali- ou trabalhadores autônomos ou
de suas delegacias e seções e nos zando-se novas eleições dentro de profissionais liberais, além do
principais locais de trabalho, onde de seis meses. nome, idade, estado civil, nacio-
funcionarão as mesas coletoras nalidade, profissão ou função e
designadas pelos Delegados Re- Art. 525.  É vedada a pessoas residência de cada associado, o
gionais do Trabalho. físicas ou jurídicas, estranhas ao estabelecimento ou lugar onde
§ 2o  Concomitantemente ao sindicato, qualquer interferência exerce a sua profissão ou função,
término do prazo estipulado para na sua administração ou nos seus o número e a série da respectiva
a votação, instalar-se-á, em as- serviços. Carteira de Trabalho e Previdência
sembleia eleitoral pública e per- Parágrafo único.  Estão ex- Social e o número da inscrição na
manente, na sede do sindicato, cluídos dessa proibição: instituição de previdência a que
a mesa apuradora para a qual a)  os delegados do Ministério pertencer.
serão enviadas, imediatamente, do Trabalho, Indústria e Comér-
pelos presidentes das mesas co- cio, especialmente designados Art. 528.  Ocorrendo dissídio ou
letoras, as urnas receptoras e as pelo ministro ou por quem o re- circunstâncias que perturbem o
atas respectivas. Será facultada presente; funcionamento de entidade sin-
a designação de mesa apuradora b)  os que como emprega- dical ou motivos relevantes de
supletiva sempre que as pecu- dos exerçam cargos no sindicato segurança nacional, o Ministro
liaridades ou conveniências do mediante autorização da assem- do Trabalho e Previdência Social

630
Consolidação das Leis do Trabalho
poderá nela intervir, por intermé- Art. 531.  Nas eleições para car- ais de cada um e a designação da
dio de Delegado ou de Junta In- gos de diretoria e do conselho fis- função que vai exercer.
terventora, com atribuições para cal serão considerados eleitos os § 3o  Havendo protesto na
administrá-la e executar ou pro- candidatos que obtiverem maioria ata da assembleia eleitoral ou
por as medidas necessárias para absoluta de votos em relação ao recurso interposto dentro de 15
normalizar-lhe o funcionamento. total dos associados eleitores. dias da realização das eleições,
§ 1o  Não concorrendo à pri- competirá à diretoria em exer-
meira convocação maioria abso- cício encaminhar, devidamente
Seção IV – Das Eleições luta de eleitores, ou não obten- instruído, o processo eleitoral ao
Sindicais do nenhum dos candidatos essa órgão local do Ministério do Tra-
maioria, proceder-se-á à nova balho, Indústria e Comércio, que o
Art. 529.  São condições para o convocação para dia posterior, encaminhará para decisão do Mi-
exercício do direito do voto como sendo então considerados elei- nistro de Estado. Nesta hipótese,
para a investidura em cargo de tos os candidatos que obtiverem permanecerão na administração
administração ou representação maioria dos eleitores presentes. até despacho final do processo a
econômica ou profissional: § 2o  Havendo somente uma diretoria e o conselho fiscal que
a)  ter o associado mais de chapa registrada para as eleições, se encontrarem em exercício.
seis meses de inscrição no qua- poderá a assembleia em última § 4o  Não se verificando as
dro social e mais de dois anos convocação ser realizada duas hipóteses previstas no parágrafo
de exercício da atividade ou da horas após a primeira convocação anterior, a posse da nova direto-
profissão; desde que do edital respectivo ria deverá se verificar dentro de
b)  ser maior de 18 (dezoi- conste essa advertência. 30 (trinta) dias subsequentes ao
to) anos; § 3o  Concorrendo mais de término do mandato da anterior.
c)  estar no gozo dos direitos uma chapa, poderá o Ministério § 5o  Ao assumir o cargo, o
sindicais. do Trabalho, Indústria e Comércio eleito prestará, por escrito e sole-
Parágrafo único.  É obriga- designar o presidente da sessão nemente, o compromisso de res-
tório aos associados o voto nas eleitoral, desde que o requeiram peitar, no exercício do mandato,
eleições sindicais. os associados que encabeçarem a Constituição, as leis vigentes e
as respectivas chapas. os estatutos da entidade.
Art. 530.  Não podem ser eleitos § 4o  O ministro do Trabalho,
para cargos administrativos ou Indústria e Comércio expedirá
de representação econômica ou instruções regulando o processo
Seção V – Das Associações
profissional, nem permanecer no das eleições. Sindicais de Grau Superior
exercício desses cargos:
I – os que não tiverem defi- Art. 532.  As eleições para a re- Art. 533.  Constituem associa-
nitivamente aprovadas as suas novação da diretoria e do conse- ções sindicais de grau superior
contas de exercício em cargos lho fiscal deverão ser procedidas as federações e confederações
de administração; dentro do prazo máximo de 60 organizadas nos termos desta Lei.
II – os que houverem lesado o (sessenta) dias e mínimo de 30
patrimônio de qualquer entidade (trinta) dias, antes do término Art. 534.  É facultado aos sin-
sindical; do mandato dos dirigentes em dicatos, quando em número não
III – os que não estiverem, exercício. inferior a 5 (cinco), desde que
desde 2 (dois) anos antes, pelo § 1o  Não havendo protesto representem a maioria absoluta
menos, no exercício efetivo da na ata da assembleia eleitoral ou de um grupo de atividades ou
atividade ou da profissão dentro recurso interposto por algum dos profissões idênticas, similares
da base territorial do sindicato, ou candidatos, dentro de 15 (quinze) ou conexas, organizarem-se em
no desempenho de representação dias a contar da data das eleições, federação.
econômica ou profissional; a posse da diretoria eleita inde- § 1o  Se já existir federação no
IV – os que tiverem sido con- penderá da aprovação das elei- grupo de atividades ou profissões
denados por crime doloso en- ções pelo Ministério do Trabalho, em que deva ser constituída a
quanto persistirem os efeitos Indústria e Comércio. nova entidade, a criação desta
da pena; § 2o  Competirá à diretoria não poderá reduzir a menos de
V – os que não estiverem no em exercício, dentro de 30 (trinta) 5 (cinco) o número de sindica-
gozo de seus direitos políticos; dias da realização das eleições e tos que àquela devam continuar
VI – (Revogado); não tendo havido recurso, dar pu- filiados.
VII – má conduta, devidamen- blicidade ao resultado do pleito, § 2o  As federações serão
te comprovada; fazendo comunicação ao órgão constituídas por Estados, po-
VIII – (Revogado). local do Ministério do Trabalho, dendo o Ministro do Trabalho,
Parágrafo único. (Revogado) Indústria e Comércio da relação Indústria e Comércio autorizar a
dos eleitos, com os dados pesso- constituição de federações inte-

631
Consolidação das Leis do Trabalho
restaduais ou nacionais. Art. 537.  O pedido de reconhe- Art. 539.  Para a constituição e
§ 3o  É permitido a qualquer cimento de uma federação será administração das federações
federação, para o fim de lhes dirigido ao ministro do Trabalho, serão observadas, no que for apli-
coordenar os interesses, agru- Indústria e Comércio, acompa- cável, as disposições das Seções
par os sindicatos de determinado nhado de um exemplar dos res- II e III do presente Capítulo.
município ou região a ela filiados; pectivos estatutos e das cópias
mas a união não terá direito de autenticadas das atas da assem-
representação das atividades ou bleia de cada sindicato ou fede-
Seção VI – Dos Direitos dos
profissões agrupadas. ração que autorizar a filiação. Exercentes de Atividades
§ 1o  A organização das fede- ou Profissões e dos
Art. 535.  As confederações or- rações e confederações obede- Sindicalizados
ganizar-se-ão com o mínimo de cerá às exigências contidas nas
três federações e terão sede na alíneas “b” e “c” do art. 515. Art. 540.  A toda empresa ou
Capital da República. § 2o  A carta de reconheci- indivíduo que exerçam respecti-
§ 1o  As confederações forma- mento das federações será ex- vamente atividade ou profissão,
das por federações de sindicatos pedida pelo ministro do Trabalho, desde que satisfaçam as exigên-
de empregadores denominar-se- Indústria e Comércio, na qual será cias desta Lei, assiste o direito de
-ão: Confederação Nacional da especificada a coordenação eco- ser admitido no sindicato da res-
Indústria, Confederação Nacional nômica ou profissional conferida pectiva categoria, salvo o caso de
do Comércio, Confederação Na- e mencionada a base territorial falta de idoneidade, devidamente
cional de Transportes Marítimos, outorgada. comprovada, com recurso para o
Fluviais e Aéreos, Confederação § 3o  O reconhecimento das Ministério do Trabalho, Indústria
Nacional de Transportes Terres- confederações será feito por de- e Comércio.
tres, Confederação Nacional de creto do Presidente da República. § 1o  Perderá os direitos de
Comunicações e Publicidade, associado o sindicalizado que, por
Confederação Nacional das Em- Art. 538.  A administração das qualquer motivo, deixar o exercí-
presas de Crédito e Confederação federações e confederações será cio de atividade ou de profissão.
Nacional de Educação e Cultura. exercida pelos seguintes órgãos: § 2o  Os associados de sindi-
§ 2o  As confederações for- a) Diretoria; catos de empregados, de agentes
madas por federações de sin- b)  Conselho de Represen- ou trabalhadores autônomos e
dicatos de empregados terão a tantes; de profissões liberais que forem
denominação de: Confederação c)  Conselho Fiscal. aposentados, estiverem em de-
Nacional dos Trabalhadores na § 1o  A diretoria será constitu- semprego ou falta de trabalho
Indústria, Confederação Nacional ída no mínimo de 3 (três) membros ou tiverem sido convocados para
dos Trabalhadores no Comércio, e de 3 (três) membros se comporá prestação de serviço militar não
Confederação Nacional dos Tra- o Conselho Fiscal os quais serão perderão os respectivos direi-
balhadores em Transportes Marí- eleitos pelo Conselho de Repre- tos sindicais e ficarão isentos
timos, Fluviais e Aéreos, Confede- sentantes com mandato por 3 de qualquer contribuição, não
ração Nacional dos Trabalhadores (três) anos. podendo, entretanto, exercer car-
em Transportes Terrestres, Con- § 2o  Só poderão ser eleitos go de administração sindical ou
federação Nacional dos Trabalha- os integrantes dos grupos das de representação econômica ou
dores em Comunicações e Publi- federações ou dos planos das profissional.
cidade, Confederação Nacional confederações, respectivamente.
dos Trabalhadores nas Empre- § 3o  O Presidente da federa- Art. 541.  Os que exercerem de-
sas de Crédito e Confederação ção ou confederação será esco- terminada atividade ou profissão
Nacional dos Trabalhadores em lhido dentre os seus membros, onde não haja sindicato da res-
Estabelecimentos de Educação pela Diretoria. pectiva categoria, ou de ativida-
e Cultura. § 4o  O Conselho de Repre- de ou profissão similar ou cone-
§ 3o  Denominar-se-á Confe- sentantes será formado pelas xa, poderão filiar-se a sindicato
deração Nacional das Profissões delegações dos sindicatos ou de profissão idêntica, similar ou
Liberais a reunião das respectivas das federações filiadas, consti- conexa existente na localidade
federações. tuída cada delegação de 2 (dois) mais próxima.
§ 4o  As associações sindicais membros com mandato por 3 Parágrafo único.  O disposto
de grau superior da Agricultura e (três) anos, cabendo um voto a neste artigo se aplica aos sindi-
Pecuária serão organizadas na cada delegação. catos em relação às respectivas
conformidade do que dispuser a § 5o  A competência do Con- federações, na conformidade do
lei que regular a sindicalização selho Fiscal é limitada à fiscaliza- Quadro de Atividades e Profissões
dessas atividades ou profissões. ção da gestão financeira. a que se refere o art. 577.

Art. 536.  (Revogado)

632
Consolidação das Leis do Trabalho
Art. 542.  De todo o ato lesivo mesmo prazo a comunicação no regule a matéria.
de direitos ou contrário a esta caso da designação referida no
Lei, emanado da Diretoria, do final do § 4o. Art. 545.  Os empregadores fi-
Conselho ou da Assembleia Ge- § 6o  A empresa que, por cam obrigados a descontar da
ral da entidade sindical, poderá qualquer modo, procurar impe- folha de pagamento dos seus
qualquer exercente de atividade dir que o empregado se associe empregados, desde que por eles
ou profissão recorrer, dentro de a sindicato, organize associa- devidamente autorizados, as con-
30 (trinta) dias, para a autorida- ção profissional ou sindical ou tribuições devidas ao sindicato,
de competente do Ministério do exerça os direitos inerentes à quando por este notificados.
Trabalho, Indústria e Comércio. condição de sindicalizado fica Parágrafo único.  O recolhi-
sujeita à penalidade prevista na mento à entidade sindical bene-
Art. 543.  O empregado eleito letra “a” do art. 553, sem prejuízo ficiária do importe descontado
para cargo de administração sin- da reparação a que tiver direito o deverá ser feito até o 10o (décimo)
dical ou representação profissio- empregado. dia subsequente ao do desconto,
nal, inclusive junto a órgão de sob pena de juros de mora no va-
deliberação coletiva, não poderá Art. 544.  É livre a associação lor de 10% (dez por cento) sobre
ser impedido do exercício de suas profissional ou sindical, mas ao o montante retido, sem prejuízo
funções, nem transferido para lu- empregado sindicalizado é as- da multa prevista no art.  553 e
gar ou mister que lhe dificulte ou segurada, em igualdade de con- das cominações penais relativas
torne impossível o desempenho dições, preferência: à apropriação indébita.
das suas atribuições sindicais. I – para a admissão nos traba-
§ 1o  O empregado perderá o lhos de empresa que explore ser- Art. 546.  Às empresas sindica-
mandato se a transferência for viços públicos ou mantenha con- lizadas é assegurada preferência,
por ele solicitada ou voluntaria- trato com os poderes públicos; em igualdade de condições, nas
mente aceita. II – para ingresso em funções concorrências para exploração de
§ 2o  Considera-se de licença públicas ou assemelhadas, em serviços públicos, bem como nas
não remunerada, salvo assenti- caso de cessação coletiva de tra- concorrências para fornecimento
mento da empresa ou cláusula balho, por motivo de fechamento às repartições federais, estadu-
contratual, o tempo em que o de estabelecimento; ais e municipais e às entidades
empregado se ausentar do traba- III – nas concorrências para paraestatais.
lho no desempenho das funções aquisição de casa própria, pelo
a que se refere este artigo. Plano Nacional de Habitação ou Art. 547.  É exigida a qualidade
§ 3o  Fica vedada a dispensa por intermédio de quaisquer ins- de sindicalizado para o exercício
do empregado sindicalizado ou tituições públicas; de qualquer função represen-
associado, a partir do momento IV – nos loteamentos urbanos tativa de categoria econômica
do registro de sua candidatura a ou rurais, promovidos pela União, ou profissional, em órgão ofi-
cargo de direção ou representa- por seus órgãos de administração cial de deliberação coletiva, bem
ção de entidade sindical ou de direta ou indireta ou sociedades como para o gozo de favores ou
associação profissional, até 1 (um) de economia mista; isenções tributárias, salvo em
ano após o final do seu mandato, V – na locação ou compra de se tratando de atividades não
caso seja eleito, inclusive como imóveis, de propriedade de pes- econômicas.
suplente, salvo se cometer falta soa de direito público ou socie- Parágrafo único.  Antes da
grave devidamente apurada nos dade de economia mista, quando posse ou exercício das funções
termos desta Consolidação. sob ação de despejo em tramita- a que alude o artigo anterior ou
§ 4o  Considera-se cargo de ção judicial; de concessão dos favores será
direção ou de representação sin- VI – na concessão de emprés- indispensável comprovar a sin-
dical aquele cujo exercício ou in- timos simples concedidos pelas dicalização, ou oferecer prova,
dicação decorre de eleição pre- agências financeiras do Governo mediante certidão negativa no
vista em lei. ou a ele vinculadas; Departamento Nacional do Tra-
§ 5o  Para os fins deste ar- VII – na aquisição de auto- balho, no Distrito Federal, ou da
tigo, a entidade sindical comu- móveis, outros veículos e ins- autoridade regional do Ministério
nicará por escrito à empresa, trumentos relativos ao exercício do Trabalho, Indústria e Comér-
dentro de 24 (vinte e quatro) ho- da profissão, quando financiados cio, nos Estados e no Território
ras, o dia e a hora do registro da pelas autarquias, sociedades de do Acre, de que não existe sindi-
candidatura do seu empregado economia mista ou agências fi- cato no local onde o interessado
e, em igual prazo, sua eleição e nanceiras do Governo; exerce a respectiva atividade ou
posse, fornecendo, outrossim, VIII – (Revogado); profissão.
a este, comprovante no mesmo IX – na concessão de bolsas
sentido. O Ministério do Traba- de estudos para si ou para seus
lho e Previdência Social fará no filhos, obedecida a legislação que

633
Consolidação das Leis do Trabalho
Seção VII – Da Gestão § 4o  Nas hipóteses previstas municipais, intermunicipais e es-
Financeira do Sindicato e nos §§ 2o e 3o a decisão somen- taduais.
Sua Fiscalização te terá validade se adotada pelo § 2o  As dotações orçamentá-
mínimo de 2/3 (dois terços) dos rias que se apresentarem insufi-
Art. 548.  Constituem o patri- presentes, em escrutínio secreto. cientes para o atendimento das
mônio das associações sindicais: § 5o  Da deliberação da as- despesas, ou não incluídas nos
a)  as contribuições devidas sembleia geral, concernente à orçamentos correntes, poderão
aos sindicatos pelos que partici- alienação de bens imóveis, ca- ser ajustadas ao fluxo dos gastos,
pem das categorias econômicas berá recurso voluntário, dentro mediante a abertura de créditos
ou profissionais ou das profissões do prazo de 15 (quinze) dias, ao adicionais solicitados pela Dire-
liberais representadas pelas refe- Ministro do Trabalho, com efeito toria da entidade às respectivas
ridas entidades, sob a denomina- suspensivo. Assembleias Gerais ou Conselhos
ção de imposto sindical, pagas e § 6o  A venda do imóvel será de Representantes, cujos atos
arrecadadas na forma do Capítulo efetuada pela diretoria da entida- concessórios serão publicados
III deste Título; de, após a decisão da Assembleia até o último dia do exercício cor-
b)  as contribuições dos as- Geral ou do Conselho de Repre- respondente, obedecida a mesma
sociados, na forma estabelecida sentantes, mediante concorrên- sistemática prevista no parágrafo
nos estatutos ou pelas assem- cia pública, com edital publicado anterior.
bleias gerais; no Diário Oficial da União e na im- § 3o  Os créditos adicionais
c)  os bens e valores adquiri- prensa diária, com antecedência classificam-se em:
dos e as rendas produzidas pelos mínima de 30 (trinta) dias da data a)  suplementares, os desti-
mesmos; de sua realização. nados a reforçar dotações aloca-
d)  as doações e legados; § 7o  Os recursos destinados das no orçamento; e
e)  as multas e outras rendas ao pagamento total ou parcela- b)  especiais, os destinados
eventuais. do dos bens imóveis adquiridos a incluir dotações no orçamento,
serão consignados, obrigatoria- a fim de fazer face às despesas
Art. 549.  A receita dos sindi- mente, nos orçamentos anuais para as quais não se tenha con-
catos, federações e confedera- das entidades sindicais. signado crédito específico.
ções só poderá ter aplicação na § 4o  A abertura dos créditos
forma prevista nos respectivos Art. 550.  Os orçamentos das adicionais depende da existência
orçamentos anuais, obedecidas entidades sindicais serão aprova- de receita para sua compensa-
as disposições estabelecidas na dos, em escrutínio secreto, pelas ção, considerando-se, para esse
lei e nos seus estatutos. respectivas Assembleias Gerais efeito, desde que não compro-
§ 1o  Para alienação, locação ou Conselho de Representantes, metidos:
ou aquisição de bens imóveis, fi- até 30 (trinta) dias antes do início a) o superavit financeiro apu-
cam as entidades sindicais obri- do exercício financeiro a que se rado em balanço do exercício
gadas a realizar avaliação prévia referem, e conterão a discrimi- anterior;
pela Caixa Econômica Federal ou nação da receita e da despesa, b)  o excesso de arrecadação,
pelo Banco Nacional da Habitação na forma das instruções e mo- assim entendido o saldo posi-
ou, ainda, por qualquer outra or- delos expedidos pelo Ministério tivo da diferença entre a renda
ganização legalmente habilitada do Trabalho. prevista e a realizada, tendo-se
a tal fim. § 1o  Os orçamentos, após a em conta, ainda, a tendência do
§ 2o  Os bens imóveis das aprovação prevista no presente exercício; e
entidades sindicais não serão artigo, serão publicados, em re- c)  a resultante da anula-
alienados sem a prévia autoriza- sumo, no prazo de 30 (trinta) dias, ção parcial ou total de dotações
ção das respectivas assembleias contados da data da realização da alocadas no orçamento ou de
gerais, reunidas com a presença respectiva Assembleia Geral ou da créditos adicionais abertos no
da maioria absoluta dos asso- reunião do Conselho de Represen- exercício.
ciados com direito a voto ou dos tantes, que os aprovou, observada § 5o  Para efeito orçamentá-
Conselhos de Representantes a seguinte sistemática: rio e contábil sindical, o exercício
com a maioria absoluta dos seus a) no Diário Oficial da União – financeiro coincidirá com o ano
membros. Seção I – Parte II, os orçamentos civil, a ele pertencendo todas as
§ 3o  Caso não seja obtido o das confederações, federações e receitas arrecadadas e as des-
quorum estabelecido no parágrafo sindicatos de base interestadual pesas compromissadas.
anterior, a matéria poderá ser de- ou nacional;
cidida em nova assembleia geral, b)  no órgão de imprensa ofi- Art. 551.  Todas as operações
reunida com qualquer número de cial do Estado ou Território ou de ordem financeira e patrimo-
associados com direito a voto, jornal de grande circulação local, nial serão evidenciadas pelos
após o transcurso de 10 (dez) dias os orçamentos das federações registros contábeis das entida-
da primeira convocação. estaduais e sindicatos distritais, des sindicais, executados sob a

634
Consolidação das Leis do Trabalho
responsabilidade de contabilista § 6o  Os livros e fichas ou for- aplicável ao associado que deixar
legalmente habilitado, em confor- mulários contínuos serão obriga- de cumprir, sem causa justifica-
midade com o plano de contas e toriamente submetidos a registro da, o disposto no parágrafo único
as instruções baixadas pelo Mi- e autenticação das Delegacias do art. 529.
nistério do Trabalho. Regionais do Trabalho localizadas § 1o  A imposição de penali-
§ 1o  A escrituração contábil a na base territorial da entidade. dades aos administradores não
que se refere este artigo será ba- § 7o  As entidades sindicais exclui a aplicação das que este
seada em documentos de receita manterão registro específico dos artigo prevê para a associação.
e despesa, que ficarão arquivados bens de qualquer natureza, de sua § 2o  Poderá o Ministro do Tra-
nos serviços de contabilidade, à propriedade, em livros ou fichas balho e Previdência Social deter-
disposição dos órgãos respon- próprias, que atenderão às mes- minar o afastamento preventivo
sáveis pelo acompanhamento mas formalidades exigidas para de cargo ou representação sin-
administrativo e da fiscalização o livro Diário, inclusive no que se dicais de seus exercentes, com
financeira da própria entidade, refere ao registro e autenticação fundamento em elementos cons-
ou do controle que poderá ser da Delegacia Regional do Traba- tantes de denúncia formalizada
exercido pelos órgãos da União, lho local. que constituam indício veemente
em face da legislação específica. § 8o  As contas dos adminis- ou início de prova bastante do fato
§ 2o  Os documentos com- tradores das entidades sindicais e da autoria denunciados.
probatórios dos atos de receita e serão aprovadas, em escrutínio
despesa, a que se refere o pará- secreto, pelas respectivas As- Art. 554.  Destituída a adminis-
grafo anterior, poderão ser inci- sembleias Gerais ou Conselhos tração na hipótese da alínea “c”
nerados, após decorridos 5 (cin- de Representantes, com prévio do artigo anterior, o ministro do
co) anos da data de quitação das parecer do Conselho Fiscal, ca- Trabalho, Indústria e Comércio
contas pelo órgão competente. bendo ao Ministro do Trabalho nomeará um delegado para di-
§ 3o  É obrigatório o uso do estabelecer prazos e procedi- rigir a associação e proceder,
livro Diário, encadernado, como mentos para a sua elaboração e dentro do prazo de 90 (noventa)
folhas seguida e tipograficamente destinação. dias, em assembleia geral por ele
numeradas, para a escrituração, convocada e presidida, à eleição
pelo método das partidas dobra- Art. 552.  Os atos que importem dos novos diretores e membros
das, diretamente ou por repro- em malversação ou dilapidação do Conselho Fiscal.
dução, dos atos ou operações do patrimônio das associações ou
que modifiquem ou venham a entidades sindicais ficam equipa- Art. 555.  A pena de cassação
modificar a situação patrimo- rados ao crime de peculato julga- da carta de reconhecimento será
nial da entidade, o qual conterá, do e punido na conformidade da imposta à entidade sindical:
respectivamente, na primeira e legislação penal. a)  que deixar de satisfazer
na última páginas, os termos de as condições de constituição e
abertura e de encerramento. funcionamento estabelecidas
§ 4o  A entidade sindical que
Seção VIII – Das Penalidades nesta Lei;
se utilizar de sistema mecânico b)  que se recusar ao cum-
ou eletrônico para sua escritura- Art. 553.  As infrações ao dis- primento de ato do Presidente
ção contábil, poderá substituir o posto neste Capítulo serão pu- da República, no uso da faculdade
Diário e os livros facultativos ou nidas, segundo o seu caráter e a conferida pelo art. 536;
auxiliares por fichas ou formulá- sua gravidade, com as seguintes c)  que criar obstáculos à
rios contínuos, cujos lançamen- penalidades: execução da política econômica
tos deverão satisfazer a todos os a)  multa de Cr$ 100 (cem cru- adotada pelo Governo.
requisitos e normas de escritu- zeiros) e 5.000 (cinco mil cruzei-
ração exigidos com relação aos ros), dobrada na reincidência; Art. 556.  A cassação da carta
livros mercantis, inclusive no que b)  suspensão de diretores de reconhecimento da entidade
respeita a termos de abertura e por prazo não superior a trin- sindical não importará no can-
de encerramento e numeração ta dias; celamento de seu registro, nem,
sequencial e tipográfica. c)  destituição de diretores ou consequentemente, a sua dis-
§ 5o  Na escrituração por pro- de membros de conselho; solução, que se processará de
cessos de fichas ou formulários d)  fechamento de sindica- acordo com as disposições da
contínuos, a entidade adotará to, federação ou confederação lei que regulam a dissolução das
livro próprio para inscrição do por prazo nunca superior a seis associações civis.
balanço patrimonial e da demons- meses; Parágrafo único.  No caso de
tração do resultado do exercício, e)  cassação da carta de re- dissolução, por se achar a asso-
o qual conterá os mesmos requi- conhecimento; ciação incursa nas leis que defi-
sitos exigidos para os livros de f)  multa de 1/30 (um trinta nem crimes contra a personali-
escrituração. avos) do salário mínimo regional, dade internacional, a estrutura e

635
Consolidação das Leis do Trabalho
a segurança do Estado e a ordem mento, acompanhado da cópia elas manter relações, sem prévia
política e social, os seus bens, autêntica dos estatutos e da de- licença concedida por decreto do
pagas as dívidas decorrentes das claração do número de associa- Presidente da República.
suas responsabilidades, serão dos, do patrimônio e dos serviços
incorporados ao patrimônio da sociais organizados. Art. 566.  Não podem sindicali-
União e aplicados em obras de § 3o  As alterações dos es- zar-se os servidores do Estado e
assistência social. tatutos das associações profis- os das instituições paraestatais.
sionais não entrarão em vigor Parágrafo único. Excluem-
Art. 557.  As penalidades de que sem aprovação da autoridade -se da proibição constante deste
trata o art. 553 serão impostas: que houver concedido o respec- artigo os empregados das so-
a)  as das alíneas “a” e “b”, pelo tivo registro. ciedades de economia mista, da
Delegado Regional do Trabalho, Caixa Econômica Federal e das
com recurso para o ministro de Art. 559.  O Presidente da Re- fundações criadas ou mantidas
Estado; pública, excepcionalmente e me- pelo Poder Público da União, dos
b)  as demais, pelo ministro diante proposta do Ministro do Estados e Municípios.
de Estado. Trabalho, Indústria e Comércio,
§ 1o  Quando se tratar de as- fundada em razões de utilidade Arts.  567 a 569.  (Revogados)
sociações de grau superior, as pública, poderá conceder, por de-
penalidades serão impostas pelo creto, às associações civis cons-
ministro de Estado, salvo se a tituídas para a defesa e coordena- CAPÍTULO II – DO
pena for de cassação da carta ção de interesses econômicos e ENQUADRAMENTO
de reconhecimento de confe- profissionais e não obrigadas ao SINDICAL
deração, caso em que a pena registro previsto no artigo ante-
será imposta pelo Presidente da rior, a prerrogativa da alínea “d” Art. 570.  Os sindicatos cons-
República. do art. 513 deste Capítulo. tituir-se-ão, normalmente, por
§ 2o  Nenhuma pena será im- categorias econômicas ou profis-
posta sem que seja assegurada Art. 560.  Não se reputará trans- sionais, específicas, na conformi-
defesa ao acusado. missão de bens, para efeitos fis- dade da discriminação do Quadro
cais, a incorporação do patrimô- de Atividades e Profissões a que
nio de uma associação profissio- se refere o art. 577 ou segundo
Seção IX – Disposições nal ao da entidade sindical, ou as subdivisões que, sob proposta
Gerais das entidades aludidas entre si. da Comissão do Enquadramento
Sindical, de que trata o art. 576,
Art. 558.  São obrigadas ao re- Art. 561.  A denominação “sindi- forem criadas pelo ministro do
gistro todas as associações pro- cato” é privativa das associações Trabalho, Indústria e Comércio.
fissionais constituídas por ativi- profissionais de primeiro grau, Parágrafo único.  Quando os
dades ou profissões idênticas, reconhecidas na forma desta Lei. exercentes de quaisquer ativida-
similares ou conexas, de acordo des ou profissões se constituírem,
com o art. 511 e na conformidade Art. 562.  As expressões “fede- seja pelo número reduzido, seja
do Quadro de Atividades e Pro- ração” e “confederação”, seguidas pela natureza mesma dessas ati-
fissões a que alude o Capítulo da designação de uma atividade vidades ou profissões, seja pelas
II deste Título. As associações econômica ou profissional, cons- afinidades existentes entre elas,
profissionais registradas nos ter- tituem denominações privativas em condições tais que não se pos-
mos deste artigo poderão repre- das entidades sindicais de grau sam sindicalizar eficientemente
sentar, perante as autoridades superior. pelo critério de especificidade
administrativas e judiciárias, os de categoria, é-lhes permitido
interesses individuais dos asso- Art. 563.  (Revogado) sindicalizar-se pelo critério de
ciados relativos à sua atividade categorias similares ou cone-
ou profissão, sendo-lhes também Art. 564.  Às entidades sindicais, xas, entendendo-se como tais
extensivas as prerrogativas con- sendo-lhes peculiar e essencial a as que se acham compreendidas
tidas na alínea “d” e no parágrafo atribuição representativa e coor- nos limites de cada grupo cons-
único do art. 513. denadora das correspondentes tante do Quadro de Atividades e
§ 1o  O registro a que se refere categorias ou profissões, é ve- Profissões.
o presente artigo competirá às dado, direta ou indiretamente, o
Delegacias Regionais do Minis- exercício de atividade econômica. Art. 571.  Qualquer das ativida-
tério do Trabalho e Previdência des ou profissões concentradas
Social ou às repartições autori- Art. 565.  As entidades sindicais na forma do parágrafo único do
zadas em virtude da lei. reconhecidas nos termos desta artigo anterior poderá dissociar-
§ 2o  O registro das associa- Lei não poderão filiar-se a organi- -se do sindicato principal, for-
ções far-se-á mediante requeri- zações internacionais, nem com mando um sindicato específico,

636
Consolidação das Leis do Trabalho
desde que o novo sindicato, a juízo Art. 575.  O Quadro de Ativida- § 2o  Cada Membro terá um
da Comissão do Enquadramento des e Profissões será revisto de suplente designado juntamente
Sindical, ofereça possibilidade de dois em dois anos, por proposta com o titular.
vida associativa regular e de ação da Comissão do Enquadramento § 3o  Será de 3 (três) anos o
sindical eficiente. Sindical, para o fim de ajustá-lo às mandato dos representantes das
condições da estrutura econômi- categorias econômica e profis-
Art. 572.  Os sindicatos que se ca e profissional do país. sional.
constituírem por categorias si- § 1o  Antes de proceder à revi- § 4o  Os integrantes da Co-
milares ou conexas, nos termos são do Quadro, a Comissão deverá missão perceberão a gratificação
do parágrafo único do art.  570, solicitar sugestões às entidades de presença que for estabelecida
adotarão denominação em que sindicais e às associações pro- por decreto executivo.
fiquem, tanto como possível, ex- fissionais. § 5o  Em suas faltas ou impe-
plicitamente mencionadas as ati- § 2o  A proposta de revisão dimentos o Diretor-Geral do DNT
vidades ou profissões concentra- será submetida à aprovação do será substituído na presidência
das, de conformidade com o Qua- ministro do Trabalho, Indústria pelo Diretor substituto do Depar-
dro de Atividades e Profissões, e Comércio. tamento ou pelo representante
ou se se tratar de subdivisões, deste na Comissão, nesta ordem.
de acordo com o que determinar Art. 576.  A Comissão do Enqua- § 6o  Além das atribuições
a Comissão do Enquadramento dramento Sindical será constitu- fixadas no presente Capítulo e
Sindical. ída pelo Diretor-Geral do Depar- concernentes ao enquadramento
Parágrafo único. Ocorrendo tamento Nacional do Trabalho, sindical, individual ou coletivo, e
a hipótese do artigo anterior, o que a presidirá, e pelos seguintes à classificação das atividades e
sindicato principal terá a denomi- membros: profissões, competirá também à
nação alterada, eliminando-se-lhe I – 2 (dois) representantes CES resolver, com recurso para
a designação relativa à atividade do Departamento Nacional do o Ministro do Trabalho e Previ-
ou profissão dissociada. Trabalho; dência Social, todas as dúvidas
II – 1 (um) representante do e controvérsias concernentes à
Art. 573.  O agrupamento dos Departamento Nacional de Mão organização sindical.
sindicatos em federações obe- de Obra;
decerá às mesmas regras que as III – 1 (um) representante do Art. 577.  O Quadro de Atividades
estabelecidas neste Capítulo para Instituto Nacional de Tecnologia, e Profissões em vigor fixará o
o agrupamento das atividades e do Ministério da Indústria e do plano básico do enquadramento
profissões em sindicatos. Comércio; sindical.25
Parágrafo único.  As federa- IV – 1 (um) representante do
ções de sindicatos de profissões Instituto Nacional de Colonização
liberais poderão ser organizadas e Reforma Agrária, do Ministério CAPÍTULO III – DA
independentemente do grupo da Agricultura; CONTRIBUIÇÃO SINDICAL
básico da Confederação, sempre V – 1 (um) representante do
Seção I – Da Fixação
que as respectivas profissões se Ministério dos Transportes;
acharem submetidas, por dis- VI – 2 (dois) representantes e do Recolhimento da
posições de lei, a um único re- das categorias econômicas; e Contribuição Sindical
gulamento. VII – 2 (dois) representantes
§ 2o (Revogado) das categorias profissionais. Art. 578.  As contribuições de-
§ 1o  Os membros da CES se- vidas aos sindicatos pelos par-
Art. 574.  Dentro da mesma base rão designados pelo Ministro do ticipantes das categorias eco-
territorial, as empresas indus- Trabalho e Previdência Social, nômicas ou profissionais ou das
triais do tipo artesanal poderão mediante: profissões liberais representadas
constituir entidades sindicais, de a)  indicação dos titulares das pelas referidas entidades serão,
primeiro e segundo graus, dis- Pastas, quanto aos representan- sob a denominação de contribui-
tintas das associações sindicais tes dos outros Ministérios; ção sindical, pagas, recolhidas e
das empresas congêneres, de b)  indicação do respectivo aplicadas na forma estabelecida
tipo diferente. Diretor-Geral, quanto ao do DNMO; neste Capítulo, desde que prévia
Parágrafo único.  Compete à c)  eleição pelas respecti- e expressamente autorizadas.
Comissão do Enquadramento Sin- vas Confederações, em conjun-
dical definir, de modo genérico, to, quanto aos representantes Art. 579.  O desconto da contri-
com a aprovação do ministro do das categorias econômicas e buição sindical está condicionado
Trabalho, Indústria e Comércio, a profissionais, de acordo com as à autorização prévia e expressa
dimensão e os demais caracte- instruções que forem expedidas dos que participarem de uma de-
rísticos das empresas industriais pelo Ministro do Trabalho e Pre-
de tipo artesanal. vidência Social.   NE: ver o art. 8o da Constituição Federal.
25

637
Consolidação das Leis do Trabalho
terminada categoria econômica derá à soma da aplicação das alí- Art. 581.  Para os fins do item III
ou profissional, ou de uma profis- quotas sobre a porção do capital do artigo anterior, as empresas
são liberal, em favor do sindicato distribuído em cada classe, ob- atribuirão parte do respectivo ca-
representativo da mesma cate- servados os respectivos limites. pital às suas sucursais, filiais ou
goria ou profissão ou, inexistindo § 2o  Para efeito do cálculo de agências, desde que localizadas
este, na conformidade do dispos- que trata a tabela progressiva in- fora da base territorial da enti-
to no art. 591 desta Consolidação. serta no item III deste artigo, con- dade sindical representativa da
siderar-se-á o valor de referência atividade econômica do estabe-
Art. 580.  A contribuição sindical fixado pelo Poder Executivo, vi- lecimento principal, na proporção
será recolhida, de uma só vez, gente à data de competência da das correspondentes operações
anualmente, e consistirá: contribuição, arredondando-se econômicas, fazendo a devida
I – na importância correspon- para Cr$ 1,00 (um cruzeiro) a fra- comunicação às Delegacias Re-
dente à remuneração de um dia ção porventura existente. gionais do Trabalho, conforme a
de trabalho, para os empregados, § 3o  É fixada em 60% (ses- localidade da sede da empresa,
qualquer que seja a forma da re- senta por cento) do maior valor de sucursais, filiais ou agências.
ferida remuneração; referência, a que alude o parágra- § 1o  Quando a empresa rea-
II – para os agentes ou tra- fo anterior, a contribuição mínima lizar diversas atividades econô-
balhadores autônomos e para devida pelos empregadores, inde- micas, sem que nenhuma delas
os profissionais liberais, numa pendentemente do capital social seja preponderante, cada uma
importância correspondente a da firma ou empresa, ficando, dessas atividades será incorpo-
30% (trinta por cento) do maior do mesmo modo, estabelecido rada à respectiva categoria eco-
valor de referência fixado pelo o capital equivalente a 800.000 nômica, sendo a contribuição
Poder Executivo, vigente à épo- (oitocentas mil) vezes o maior sindical devida à entidade sindical
ca em que é devida a contribui- valor de referência para efeito do representativa da mesma catego-
ção sindical, arredondada para cálculo da contribuição máxima, ria, procedendo-se, em relação
Cr$  1,00 (um cruzeiro) a fração respeitada a tabela progressiva às correspondentes sucursais,
porventura existente; constante do item III. agências ou filiais, na forma do
III – para os empregadores, § 4o  Os agentes ou traba- presente artigo.
numa importância proporcional lhadores autônomos e os profis- § 2o  Entende-se por ativi-
ao capital social da firma ou em- sionais liberais, organizados em dade preponderante a que ca-
presa, registrado nas respecti- firma ou empresa, com capital racterizar a unidade de produto,
vas Juntas Comerciais ou órgãos social registrado, recolherão a operação ou objetivo final, para
equivalentes, mediante a aplica- contribuição sindical de acordo cuja obtenção todas as demais
ção de alíquotas, conforme a se- com a tabela progressiva a que atividades convirjam, exclusiva-
guinte tabela progressiva: se refere o item III. mente, em regime de conexão
§ 5o  As entidades ou institui- funcional.
ções que não estejam obrigadas
Classe de Capital Alíquota ao registro de capital social, con- Art. 582.  Os empregadores são
siderarão como capital, para efei- obrigados a descontar da folha
1 – até 150 vezes to do cálculo de que trata a tabela de pagamento de seus emprega-
o maior valor de 0,8% progressiva constante do item III dos relativa ao mês de março de
referência deste artigo, o valor resultante da cada ano a contribuição sindical
aplicação do percentual de 40% dos empregados que autoriza-
2 – acima de 150 até (quarenta por cento) sobre o mo- ram prévia e expressamente o
1.500 vezes o maior 0,2% vimento econômico registrado no seu recolhimento aos respectivos
valor de referência exercício imediatamente anterior, sindicatos.
do que darão conhecimento à § 1o  Considera-se um dia de
3 – acima de 1.500 respectiva entidade sindical ou à trabalho, para efeito de determi-
até 150.000 vezes Delegacia Regional do Trabalho, nação da importância a que alude
0,1%
o maior valor de observados os limites estabele- o item I do art. 580, o equivalente:
referência cidos no § 3o deste artigo. a)  a uma jornada normal de
4 – acima de 150.000 § 6o  Excluem-se da regra do trabalho, se o pagamento ao em-
até 800.000 vezes § 5o as entidades ou instituições pregado for feito por unidade de
0,02% que comprovarem, através de re- tempo;
o maior valor de
referência querimento dirigido ao Ministério b)  a 1/30 (um trinta avos) da
do Trabalho, que não exercem quantia percebida no mês ante-
atividade econômica com fins rior, se a remuneração for paga
§ 1o  A contribuição sindical lucrativos. por tarefa, empreitada ou co-
prevista na tabela constante do missão.
item III deste artigo correspon- § 2o  Quando o salário for

638
Consolidação das Leis do Trabalho
pago em utilidades, ou nos casos Art. 586.  A contribuição sindical cada entidade sindical, um extrato
em que o empregado receba, ha- será recolhida, nos meses fixados da respectiva conta corrente, e,
bitualmente, gorjetas, a contribui- no presente Capítulo, à Caixa Eco- quando solicitado, aos órgãos do
ção sindical corresponderá a 1/30 nômica Federal, ao Banco do Bra- Ministério do Trabalho.
(um trinta avos) da importância sil S.A. ou aos estabelecimentos
que tiver servido de base, no mês bancários nacionais integrantes Art. 589.  Da importância da ar-
de janeiro, para a contribuição do do sistema de arrecadação dos recadação da contribuição sin-
empregado à Previdência Social. tributos federais, os quais, de dical serão feitos os seguintes
acordo com instruções expedidas créditos pela Caixa Econômica
Art. 583.  O recolhimento da pelo Conselho Monetário Nacio- Federal, na forma das instruções
contribuição sindical referente nal, repassarão à Caixa Econô- que forem expedidas pelo Ministro
aos empregados e trabalhadores mica Federal as importâncias do Trabalho:
avulsos será efetuado no mês de arrecadadas. I – para os empregadores:
abril de cada ano, e o relativo aos § 1o  Integrarão a rede arre- a)  5% (cinco por cento) para
agentes ou trabalhadores autô- cadadora as Caixas Econômicas a confederação correspondente;
nomos e profissionais liberais Estaduais, nas localidades onde b)  15% (quinze por cento)
realizar-se-á no mês de fevereiro, inexistam os estabelecimentos para a federação;
observada a exigência de autori- previstos no caput deste artigo. c)  60% (sessenta por cento)
zação prévia e expressa prevista § 2o  Tratando-se de empre- para o sindicato respectivo; e
no art. 579 desta Consolidação. gador, agentes ou trabalhadores d)  20% (vinte por cento) para
§ 1o  O recolhimento obedece- autônomos ou profissionais libe- a “Conta Especial Emprego e Sa-
rá ao sistema de guias, de acordo rais o recolhimento será efetuado lário”;
com as instruções expedidas pelo pelos próprios, diretamente ao II – para os trabalhadores:
Ministro do Trabalho. estabelecimento arrecadador. a)  5% (cinco por cento) para
§ 2o  O comprovante de depó- § 3o  A contribuição sindical a confederação correspondente;
sito da contribuição sindical será devida pelos empregados e tra- b)  10% (dez por cento) para
remetido ao respectivo sindicato; balhadores avulsos será recolhida a central sindical;
na falta deste, à correspondente pelo empregador e pelo sindicato, c)  15% (quinze por cento)
entidade sindical de grau supe- respectivamente. para a federação;
rior, e, se for o caso, ao Ministério d)  60% (sessenta por cento)
do Trabalho. Art. 587.  Os empregadores que para o sindicato respectivo; e
optarem pelo recolhimento da e)  10% (dez por cento) para
Art. 584.  Servirá de base para o contribuição sindical deverão fa- a “Conta Especial Emprego e Sa-
pagamento da contribuição sin- zê-lo no mês de janeiro de cada lário”;
dical, pelos agentes ou trabalha- ano, ou, para os que venham a se III – (Revogado);
dores autônomos e profissionais estabelecer após o referido mês, IV – (Revogado).
liberais, a lista de contribuintes na ocasião em que requererem às § 1o  O sindicato de traba-
organizada pelos respectivos sin- repartições o registro ou a licen- lhadores indicará ao Ministério
dicatos e, na falta destes, pelas ça para o exercício da respectiva do Trabalho e Emprego a cen-
federações ou confederações atividade. tral sindical a que estiver filiado
coordenadoras da categoria. como beneficiária da respectiva
Art. 588.  A Caixa Econômica contribuição sindical, para fins
Art. 585.  Os profissionais libe- Federal manterá conta corrente de destinação dos créditos pre-
rais poderão optar pelo paga- intitulada “Depósitos da Arreca- vistos neste artigo.
mento da contribuição sindical dação da Contribuição Sindical”, § 2o  A central sindical a que
unicamente à entidade sindical em nome de cada uma das en- se refere a alínea “b” do inciso II do
representativa da respectiva pro- tidades sindicais beneficiadas, caput deste artigo deverá atender
fissão, desde que a exerça, efeti- cabendo ao Ministério do Traba- aos requisitos de representativi-
vamente, na firma ou empresa e lho cientificá-la das ocorrências dade previstos na legislação es-
como tal sejam nelas registrados. pertinentes à vida administrativa pecífica sobre a matéria.
Parágrafo único.  Na hipótese dessas entidades.
referida neste artigo, à vista da § 1o  Os saques na conta cor- Art. 590.  Inexistindo confede-
manifestação do contribuinte e rente referida no caput deste ar- ração, o percentual previsto no
da exibição da prova de quitação tigo far-se-ão mediante ordem art. 589 desta Consolidação ca-
da contribuição, dada por sindi- bancária ou cheque com as as- berá à federação representativa
cato de profissionais liberais, o sinaturas conjuntas do presiden- do grupo.
empregador deixará de efetuar, te e do tesoureiro da entidade § 1o (Revogado)
no salário do contribuinte, o des- sindical. § 2o (Revogado)
conto a que se refere o art. 582. § 2o  A Caixa Econômica Fe- § 3o  Não havendo sindicato,
deral remeterá, mensalmente, a nem entidade sindical de grau su-

639
Consolidação das Leis do Trabalho
perior ou central sindical, a con- m)  finalidades desportivas; j)  colônias de férias e centros
tribuição sindical será creditada, II – Sindicatos de emprega- de recreação;
integralmente, à “Conta Especial dos: l)  educação e formação pro-
Emprego e Salário”. a)  assistência jurídica; fissional;
§ 4o  Não havendo indicação b)  assistência médica, den- m)  finalidades desportivas
de central sindical, na forma do tária, hospitalar e farmacêutica; e sociais.
§ 1o do art. 589 desta Consolida- c)  assistência à maternidade; § 1o  A aplicação prevista nes-
ção, os percentuais que lhe ca- d)  agências de colocação; te artigo ficará a critério de cada
beriam serão destinados à “Conta e) cooperativas; entidade, que, para tal fim, obede-
Especial Emprego e Salário”. f) bibliotecas; cerá, sempre, às peculiaridades
g) creches; do respectivo grupo ou categoria,
Art. 591.  Inexistindo sindicato, h)  congressos e conferên- facultado ao Ministro do Trabalho
os percentuais previstos na alínea cias; permitir a inclusão de novos pro-
“c” do inciso I e na alínea “d” do in- i) auxílio-funeral; gramas, desde que assegurados
ciso II do caput do art. 589 desta j)  colônias de férias e centros os serviços assistenciais funda-
Consolidação serão creditados de recreação; mentais da entidade.
à federação correspondente à l)  prevenção de acidentes § 2o  Os sindicatos poderão
mesma categoria econômica ou do trabalho; destacar, em seus orçamentos
profissional. m)  finalidades desportivas anuais, até 20% (vinte por cen-
Parágrafo único.  Na hipótese e sociais; to) dos recursos da contribuição
do caput deste artigo, os percen- n)  educação e formação pro- sindical para o custeio das suas
tuais previstos nas alíneas “a” e “b” fissional; atividades administrativas, inde-
do inciso I e nas alíneas “a” e “c” o)  bolsas de estudo; pendentemente de autorização
do inciso II do caput do art. 589 III – Sindicatos de profissio- ministerial.
desta Consolidação caberão à nais liberais: § 3o  O uso da contribuição
confederação. a)  assistência jurídica; sindical prevista no § 2o não pode-
b)  assistência médica, den- rá exceder do valor total das men-
tária, hospitalar e farmacêutica; salidades sociais consignadas nos
Seção II – Da Aplicação da c)  assistência à maternidade; orçamentos dos sindicatos, salvo
Contribuição Sindical d)  bolsas de estudo; autorização expressa do Ministro
e) cooperativas; do Trabalho.
Art. 592.  A contribuição sindical, f) bibliotecas;
além das despesas vinculadas à g) creches; Art. 593.  As percentagens atri-
sua arrecadação, recolhimento h)  congressos e conferên- buídas às entidades sindicais de
e controle, será aplicada pelos cias; grau superior e às centrais sin-
sindicatos, na conformidade dos i) auxílio-funeral; dicais serão aplicadas de confor-
respectivos estatutos, visando j)  colônias de férias e centros midade com o que dispuserem os
aos seguintes objetivos: de recreação; respectivos conselhos de repre-
I – Sindicatos de emprega- l)  estudos técnicos e cien- sentantes ou estatutos.
dores e de agentes autônomos: tíficos; Parágrafo único.  Os recursos
a)  assistência técnica e ju- m)  finalidades desportivas destinados às centrais sindicais
rídica; e sociais; deverão ser utilizados no custeio
b)  assistência médica, den- n)  educação e formação pro- das atividades de representação
tária, hospitalar e farmacêutica; fissional; geral dos trabalhadores decor-
c)  realização de estudos eco- o)  prêmios por trabalhos téc- rentes de suas atribuições legais.
nômicos e financeiros; nicos e científicos;
d)  agências de colocação; IV – Sindicatos de trabalha- Art. 594.  (Revogado)26
e) cooperativas; dores autônomos:
f) bibliotecas; a)  assistência técnica e ju-
g) creches; rídica;
Seção III – Da Comissão da
h)  congressos e conferên- b)  assistência médica, den- Contribuição Sindical
cias; tária, hospitalar e farmacêutica;
i)  medidas de divulgação co- c)  assistência à maternidade; Arts.  595 a 597.  (Revogados)
mercial e industrial no País, e no d)  bolsas de estudo;
estrangeiro, bem como em outras e) cooperativas;   NE: o art. 594 estabelecia que “O ‘Fundo
26

tendentes a incentivar e aperfei- f) bibliotecas; Social Sindical’ será gerido e aplicado pela
çoar a produção nacional; g) creches; Comissão do Imposto Sindical em objetivos
j)  feiras e exposições; h)  congressos e conferên- que atendam aos interesses gerais da orga-
nização sindical nacional ou à assistência
l)  prevenção de acidentes cias; social aos trabalhadores”. A Lei no 4.589/1964
do trabalho; i) auxílio-funeral; extinguiu a Comissão do Imposto Sindical.

640
Consolidação das Leis do Trabalho
Seção IV – Das Penalidades Seção V – Disposições Gerais contribuinte, a indicação do dé-
bito e a designação da entidade
Art. 598.  Sem prejuízo da ação Art. 601.  (Revogado) a favor da qual será recolhida a
criminal e das penalidades pre- importância da contribuição sin-
vistas no art. 553, serão aplica- Art. 602.  Os empregados que dical, de acordo com o respectivo
das multas de Cr$ 10,00 (dez cru- não estiverem trabalhando no enquadramento sindical.
zeiros) a Cr$  10.000,00 (dez mil mês destinado ao desconto da § 2o  Para os fins da cobran-
cruzeiros) pelas infrações deste contribuição sindical e que ve- ça judicial da contribuição sindi-
Capítulo impostas no Distrito Fe- nham a autorizar prévia e expres- cal são extensivos às entidades
deral pela autoridade competente samente o recolhimento serão sindicais, com exceção do foro
de 1a instância do Departamen- descontados no primeiro mês especial, os privilégios da Fa-
to Nacional do Trabalho e nos subsequente ao do reinício do zenda Pública para a cobrança
Estados e no Território do Acre trabalho. da dívida ativa.
pelas autoridades regionais do Parágrafo único.  De igual
Ministério do Trabalho, Indústria forma se procederá com os em- Art. 607.  É considerado como
e Comércio. pregados que forem admitidos documento essencial ao com-
Parágrafo único.  A gradação depois daquela data e que não parecimento às concorrências
da multa atenderá à natureza da tenham trabalhado anteriormen- públicas ou administrativas e para
infração e às condições sociais te nem apresentado a respectiva o fornecimento às repartições
e econômicas do infrator. quitação. paraestatais ou autárquicas a
prova da quitação da respectiva
Art. 599.  Para os profissionais Art. 603.  Os empregadores são contribuição sindical e a de reco-
liberais, a penalidade consistirá obrigados a prestar aos encar- lhimento da contribuição sindical,
na suspensão do exercício profis- regados da fiscalização os es- descontada dos respectivos em-
sional, até a necessária quitação, clarecimentos necessários ao pregados.
e será aplicada pelos órgãos pú- desempenho de sua missão e
blicos ou autárquicos disciplina- a exibir-lhes, quando exigidos, Art. 608.  As repartições fede-
dores das respectivas profissões na parte relativa ao pagamento rais, estaduais ou municipais não
mediante comunicação das au- de empregados, os seus livros, concederão registro ou licenças
toridades fiscalizadoras. folhas de pagamento e outros para funcionamento ou renova-
documentos comprobatórios ção de atividades aos estabe-
Art. 600.  O recolhimento da desses pagamentos, sob pena lecimentos de empregadores e
contribuição sindical efetuado da multa cabível. aos escritórios ou congêneres
fora do prazo referido neste Ca- dos agentes ou trabalhadores
pítulo, quando espontâneo, será Art. 604.  (Revogado) autônomos e profissionais libe-
acrescido da multa de 10% (dez rais, nem concederão alvarás de
por cento), nos trinta primeiros Art. 605.  As entidades sindicais licença ou localização, sem que
dias, com o adicional de 2% (dois são obrigadas a promover a pu- sejam exibidas as provas de qui-
por cento) por mês subsequente blicação de editais concernentes tação da contribuição sindical, na
de atraso, além de juros de mora ao recolhimento da contribuição forma do artigo anterior.
de 1% (um por cento) ao mês sindical, durante 3 (três) dias, nos Parágrafo único.  A não ob-
e correção monetária, ficando, jornais de maior circulação local servância do disposto neste arti-
nesse caso, o infrator, isento de e até dez dias da data fixada para go acarretará, de pleno direito, a
outra penalidade. depósito bancário. nulidade dos atos nele referidos,
§ 1o  O montante das comi- bem como dos mencionados no
nações previstas neste artigo Art. 606.  Às entidades sindicais art. 607.
reverterá sucessivamente: cabe, em caso de falta de paga-
a)  ao sindicato respectivo; mento da contribuição sindical, Art. 609.  O recolhimento da
b)  à federação respectiva, na promover a respectiva cobrança contribuição sindical e todos os
ausência de sindicato; judicial, mediante ação executiva, lançamentos e movimentos nas
c)  à confederação respecti- valendo como título de dívida a contas respectivas são isentos de
va, inexistindo federação. certidão expedida pelas autori- selos e taxas federais, estaduais
§ 2o  Na falta de sindicato dades regionais do Ministério do ou municipais.
ou entidade de grau superior, o Trabalho e Previdência Social.
montante a que alude o parágra- § 1o  O ministro do Trabalho, Art. 610.  As dúvidas no cum-
fo precedente reverterá à conta Indústria e Comércio baixará as primento deste Capítulo serão
“Emprego e Salário”. instruções regulando a expedição resolvidas pelo Diretor-Geral do
das certidões a que se refere o Departamento Nacional do Tra-
presente artigo das quais deve- balho, que expedirá as instruções
rá constar a individualização do

641
Consolidação das Leis do Trabalho
que se tornarem necessárias à VI – regulamento empresarial; individual ou coletiva, que tenha
sua execução. VII – representante dos tra- como objeto a anulação de cláu-
balhadores no local de trabalho; sulas desses instrumentos.
VIII – teletrabalho, regime
TÍTULO VI – DAS de sobreaviso, e trabalho inter- Art. 611-B.  Constituem objeto
CONVENÇÕES COLETIVAS mitente; ilícito de convenção coletiva ou
DE TRABALHO IX – remuneração por pro- de acordo coletivo de trabalho,
dutividade, incluídas as gorjetas exclusivamente, a supressão ou
Art. 611.  Convenção Coletiva de percebidas pelo empregado, e a redução dos seguintes direitos:
Trabalho é o acordo de caráter remuneração por desempenho I – normas de identificação
normativo, pelo qual dois ou mais individual; profissional, inclusive as anota-
Sindicatos representativos de X – modalidade de registro ções na Carteira de Trabalho e
categorias econômicas e profis- de jornada de trabalho; Previdência Social;
sionais estipulam condições de XI – troca do dia de feriado; II – seguro-desemprego, em
trabalho aplicáveis, no âmbito das XII – enquadramento do grau caso de desemprego involuntário;
respectivas representações, às de insalubridade; III – valor dos depósitos men-
relações individuais de trabalho. XIII – prorrogação de jornada sais e da indenização rescisória
§ 1o  É facultado aos Sindica- em ambientes insalubres, sem do Fundo de Garantia do Tempo
tos representativos de categorias licença prévia das autoridades de Serviço (FGTS);
profissionais celebrar Acordos competentes do Ministério do IV – salário mínimo;
Coletivos com uma ou mais em- Trabalho; V – valor nominal do décimo
presas da correspondente cate- XIV – prêmios de incentivo em terceiro salário;
goria econômica, que estipulem bens ou serviços, eventualmen- VI – remuneração do traba-
condições de trabalho, aplicáveis te concedidos em programas de lho noturno superior à do diurno;
no âmbito da empresa ou das em- incentivo; VII – proteção do salário na
presas acordantes às respectivas XV – participação nos lucros forma da lei, constituindo crime
relações de trabalho. ou resultados da empresa. sua retenção dolosa;
§ 2o  As Federações e, na falta § 1o  No exame da convenção VIII – salário-família;
destas, as Confederações repre- coletiva ou do acordo coletivo de IX – repouso semanal remu-
sentativas de categorias econô- trabalho, a Justiça do Trabalho nerado;
micas ou profissionais poderão observará o disposto no § 3o do X – remuneração do serviço
celebrar convenções coletivas de art. 8o desta Consolidação. extraordinário superior, no míni-
trabalho para reger as relações § 2o  A inexistência de expres- mo, em 50% (cinquenta por cento)
das categorias a elas vinculadas, sa indicação de contrapartidas à do normal;
inorganizadas em Sindicatos, no recíprocas em convenção cole- XI – número de dias de férias
âmbito de suas representações. tiva ou acordo coletivo de tra- devidas ao empregado;
balho não ensejará sua nulidade XII – gozo de férias anuais
Art. 611-A.  A convenção coleti- por não caracterizar um vício do remuneradas com, pelo menos,
va e o acordo coletivo de traba- negócio jurídico. um terço a mais do que o salário
lho têm prevalência sobre a lei § 3o  Se for pactuada cláusula normal;
quando, entre outros, dispuse- que reduza o salário ou a jornada, XIII – licença-maternidade
rem sobre: a convenção coletiva ou o acor- com a duração mínima de cento
I – pacto quanto à jornada de do coletivo de trabalho deverão e vinte dias;
trabalho, observados os limites prever a proteção dos emprega- XIV – licença-paternidade nos
constitucionais; dos contra dispensa imotivada termos fixados em lei;
II – banco de horas anual; durante o prazo de vigência do XV – proteção do mercado
III – intervalo intrajornada, instrumento coletivo. de trabalho da mulher, median-
respeitado o limite mínimo de § 4o  Na hipótese de proce- te incentivos específicos, nos
trinta minutos para jornadas su- dência de ação anulatória de termos da lei;
periores a seis horas; cláusula de convenção coletiva XVI – aviso prévio proporcio-
IV – adesão ao Programa Se- ou de acordo coletivo de traba- nal ao tempo de serviço, sendo
guro-Emprego (PSE), de que trata lho, quando houver a cláusula no mínimo de trinta dias, nos ter-
a Lei no 13.189, de 19 de novembro compensatória, esta deverá ser mos da lei;
de 2015; igualmente anulada, sem repeti- XVII – normas de saúde, hi-
V – plano de cargos, salários e ção do indébito. giene e segurança do trabalho
funções compatíveis com a con- § 5o  Os sindicatos subscri- previstas em lei ou em normas
dição pessoal do empregado, bem tores de convenção coletiva ou regulamentadoras do Ministério
como identificação dos cargos de acordo coletivo de trabalho do Trabalho;
que se enquadram como funções deverão participar, como litis- XVIII – adicional de remunera-
de confiança; consortes necessários, em ação ção para as atividades penosas,

642
Consolidação das Leis do Trabalho
insalubres ou perigosas; Art. 612.  Os Sindicatos só po- Art. 614.  Os Sindicatos conve-
XIX – aposentadoria; derão celebrar Convenções ou nentes ou as empresas acordan-
XX – seguro contra aciden- Acordos Coletivos de Trabalho, tes promoverão, conjunta ou se-
tes de trabalho, a cargo do em- por deliberação de Assembleia paradamente, dentro de 8 (oito)
pregador; Geral especialmente convocada dias da assinatura da Convenção
XXI – ação, quanto aos crédi- para esse fim, consoante o dis- ou Acordo, o depósito de uma via
tos resultantes das relações de posto nos respectivos Estatutos, do mesmo, para fins de registro e
trabalho, com prazo prescricional dependendo a validade da mesma arquivo, no Departamento Nacio-
de cinco anos para os trabalhado- do comparecimento e votação, nal do Trabalho, em se tratando de
res urbanos e rurais, até o limite em primeira convocação, de 2/3 instrumento de caráter nacional
de dois anos após a extinção do (dois terços) dos associados da ou interestadual, ou nos órgãos
contrato de trabalho; entidade, se se tratar de Conven- regionais do Ministério do Tra-
XXII – proibição de qualquer ção, e dos interessados, no caso balho e Previdência Social, nos
discriminação no tocante a salário de Acordo, e, em segunda, de 1/3 demais casos.
e critérios de admissão do traba- (um terço) dos mesmos. § 1o  As Convenções e os
lhador com deficiência; Parágrafo único. O quorum Acordos entrarão em vigor 3 (três)
XXIII – proibição de trabalho de comparecimento e votação dias após a data da entrega dos
noturno, perigoso ou insalubre será de 1/8 (um oitavo) dos as- mesmos no órgão referido nes-
a menores de dezoito anos e de sociados em segunda convoca- te artigo.
qualquer trabalho a menores de ção, nas entidades sindicais que § 2o  Cópias autênticas das
dezesseis anos, salvo na condi- tenham mais de 5.000 (cinco mil) Convenções e dos Acordos deve-
ção de aprendiz, a partir de qua- associados. rão ser afixadas de modo visível,
torze anos; pelos Sindicatos convenentes,
XXIV – medidas de proteção Art. 613.  As Convenções e os nas respectivas sedes e nos es-
legal de crianças e adolescentes; Acordos deverão conter obriga- tabelecimentos das empresas
XXV – igualdade de direitos toriamente: compreendidas no seu campo
entre o trabalhador com vínculo I – designação dos Sindicatos de aplicação, dentro de 5 (cinco)
empregatício permanente e o convenentes ou dos Sindicatos e dias da data do depósito previsto
trabalhador avulso; empresas acordantes; neste artigo.
XXVI – liberdade de associa- II – prazo de vigência; § 3o  Não será permitido es-
ção profissional ou sindical do III – categorias ou classes de tipular duração de convenção
trabalhador, inclusive o direito trabalhadores abrangidas pelos coletiva ou acordo coletivo de tra-
de não sofrer, sem sua expressa respectivos dispositivos; balho superior a dois anos, sendo
e prévia anuência, qualquer co- IV – condições ajustadas para vedada a ultratividade.
brança ou desconto salarial esta- reger as relações individuais de
belecidos em convenção coletiva trabalho durante sua vigência; Art. 615.  O processo de prorro-
ou acordo coletivo de trabalho; V – normas para a conciliação gação, revisão, denúncia ou revo-
XXVII – direito de greve, com- das divergências surgidas entre gação total ou parcial de Conven-
petindo aos trabalhadores decidir os convenentes por motivos da ção ou Acordo ficará subordinado,
sobre a oportunidade de exercê-lo aplicação de seus dispositivos; em qualquer caso, à aprovação de
e sobre os interesses que devam VI – disposições sobre o pro- Assembleia Geral dos Sindicatos
por meio dele defender; cesso de sua prorrogação e de convenentes ou partes acordan-
XXVIII – definição legal sobre revisão total ou parcial de seus tes, com observância do disposto
os serviços ou atividades essen- dispositivos; no art. 612.
ciais e disposições legais sobre VII – direitos e deveres dos § 1o  O instrumento de prorro-
o atendimento das necessidades empregados e empresas; gação, revisão, denúncia ou revo-
inadiáveis da comunidade em VIII – penalidades para os Sin- gação de Convenção ou Acordo
caso de greve; dicatos convenentes, os empre- será depositado, para fins de re-
XXIX – tributos e outros cré- gados e as empresas em caso gistro e arquivamento, na reparti-
ditos de terceiros; de violação de seus dispositivos. ção em que o mesmo originaria-
XXX – as disposições pre- Parágrafo único.  As Conven- mente foi depositado, observado
vistas nos arts. 373‑A, 390, 392, ções e os Acordos serão cele- o disposto no art. 614.
392‑A, 394, 394‑A, 395, 396 e 400 brados por escrito, sem emen- § 2o  As modificações intro-
desta Consolidação. das nem rasuras, em tantas vias duzidas em Convenção ou Acordo,
Parágrafo único.  Regras so- quantos forem os Sindicatos con- por força de revisão ou de revo-
bre duração do trabalho e inter- venentes ou as empresas acor- gação parcial de suas cláusulas,
valos não são consideradas como dantes, além de uma destinada passarão a vigorar 3 (três) dias
normas de saúde, higiene e se- a registro. após a realização do depósito
gurança do trabalho para os fins previsto no § 1o.
do disposto neste artigo.

643
Consolidação das Leis do Trabalho
Art. 616.  Os Sindicatos repre- (oito) dias sem que o Sindicato te- tratos individuais de trabalho,
sentativos de categorias eco- nha se desincumbido do encargo estabelecendo condições con-
nômicas ou profissionais e as recebido, poderão os interessa- trárias ao que tiver sido ajustado
empresas, inclusive as que não dos dar conhecimento do fato à em Convenção ou Acordo que lhes
tenham representação sindical, Federação a que estiver vinculado for aplicável, serão passíveis da
quando provocados, não podem o Sindicato e, em falta dessa, à multa neles fixada.
recusar-se à negociação coletiva. correspondente Confederação, Parágrafo único.  A multa a
§ 1o  Verificando-se recusa para que, no mesmo prazo, assu- ser imposta ao empregado não
à negociação coletiva, cabe aos ma a direção dos entendimentos. poderá exceder da metade daque-
Sindicatos ou empresas interes- Esgotado esse prazo, poderão os la que, nas mesmas condições,
sadas dar ciência do fato, con- interessados prosseguir direta- seja estipulada para a empresa.
forme o caso, ao Departamento mente na negociação coletiva
Nacional do Trabalho ou aos ór- até final. Art. 623.  Será nula de pleno di-
gãos regionais do Ministério do § 2o  Para o fim de deliberar reito disposição de Convenção
Trabalho e Previdência Social, sobre o Acordo, a entidade sin- ou Acordo que, direta ou indire-
para convocação compulsória dical convocará assembleia geral tamente, contrarie proibição ou
dos Sindicatos ou empresas re- dos diretamente interessados, norma disciplinadora da política
calcitrantes. sindicalizados ou não, nos termos econômico-financeira do Governo
§ 2o  No caso de persistir a do art. 612. ou concernente à política salarial
recusa à negociação coletiva, pelo vigente, não produzindo quais-
desatendimento às convocações Art. 618.  As empresas e insti- quer efeitos perante autoridades
feitas pelo Departamento Nacio- tuições que não estiverem inclu- e repartições públicas, inclusive
nal do Trabalho ou órgãos regio- ídas no enquadramento sindical para fins de revisão de preços e
nais do Ministério do Trabalho e a que se refere o art. 577 desta tarifas de mercadorias e serviços.
Previdência Social, ou se malograr Consolidação poderão celebrar Parágrafo único.  Na hipóte-
a negociação entabulada, é facul- Acordos Coletivos de Trabalho se deste artigo, a nulidade será
tada aos Sindicatos ou empresas com os Sindicatos representati- declarada, de ofício ou mediante
interessadas a instauração de vos dos respectivos empregados, representação, pelo Ministro do
dissídio coletivo. nos termos deste Título. Trabalho e Previdência Social,
§ 3o  Havendo convenção, ou pela Justiça do Trabalho em
acordo ou sentença normativa Art. 619.  Nenhuma disposição processo submetido ao seu jul-
em vigor, o dissídio coletivo de- de contrato individual de tra- gamento.
verá ser instaurado dentro dos balho que contrarie normas de
sessenta dias anteriores ao res- Convenção ou Acordo Coletivo Art. 624.  A vigência de cláusula
pectivo termo final, para que o de Trabalho poderá prevalecer de aumento ou reajuste salarial,
novo instrumento possa ter vigên- na execução do mesmo, sendo que implique elevação de tarifas
cia no dia imediato a esse termo. considerada nula de pleno direito. ou de preços sujeitos à fixação
§ 4o  Nenhum processo de por autoridade pública ou repar-
dissídio coletivo de natureza eco- Art. 620.  As condições esta- tição governamental, dependerá
nômica será admitido sem antes belecidas em acordo coletivo de de prévia audiência dessa auto-
se esgotarem as medidas relati- trabalho sempre prevalecerão so- ridade ou repartição e sua ex-
vas à formalização da Convenção bre as estipuladas em convenção pressa declaração no tocante
ou Acordo correspondente. coletiva de trabalho. à possibilidade de elevação da
tarifa ou do preço e quanto ao
Art. 617.  Os empregados de Art. 621.  As Convenções e os valor dessa elevação.
uma ou mais empresas que de- Acordos poderão incluir entre
cidirem celebrar Acordo Coletivo suas cláusulas disposição sobre a Art. 625.  As controvérsias resul-
de Trabalho com as respectivas constituição e funcionamento de tantes da aplicação de Convenção
empresas darão ciência de sua comissões mistas de consulta e ou de Acordo celebrado nos ter-
resolução, por escrito, ao Sindi- colaboração, no plano da empresa mos deste Título serão dirimidas
cato representativo da categoria e sobre participação nos lucros. pela Justiça do Trabalho.
profissional, que terá o prazo de Estas disposições mencionarão a
8 (oito) dias para assumir a di- forma de constituição, o modo de
reção dos entendimentos entre funcionamento e as atribuições TÍTULO VI-A – DAS
os interessados, devendo igual das comissões, assim como o COMISSÕES DE
procedimento ser observado pe- plano de participação, quando CONCILIAÇÃO PRÉVIA
las empresas interessadas com for o caso.
relação ao Sindicato da respectiva Art. 625-A.  As empresas e os
categoria econômica. Art. 622.  Os empregados e as sindicatos podem instituir Co-
§ 1o  Expirado o prazo de 8 empresas que celebrarem con- missões de Conciliação Prévia,

644
Consolidação das Leis do Trabalho
de composição paritária, com da empresa ou do sindicato da vocação da Comissão de Concilia-
representantes dos emprega- categoria.27 ção Prévia, recomeçando a fluir,
dos e dos empregadores, com a § 1o  A demanda será formula- pelo que lhe resta, a partir da
atribuição de tentar conciliar os da por escrito ou reduzida a termo tentativa frustrada de concilia-
conflitos individuais do trabalho. por qualquer dos membros da ção ou do esgotamento do prazo
Parágrafo único.  As Comis- Comissão, sendo entregue cópia previsto no art. 625‑F.
sões referidas no caput deste datada e assinada pelo membro
artigo poderão ser constituídas aos interessados. Art. 625-H.  Aplicam-se aos Nú-
por grupos de empresas ou ter § 2o  Não prosperando a con- cleos Intersindicais de Concilia-
caráter intersindical. ciliação, será fornecida ao empre- ção Trabalhista em funcionamen-
gado e ao empregador declaração to ou que vierem a ser criados,
Art. 625-B.  A Comissão institu- da tentativa conciliatória frustra- no que couber, as disposições
ída no âmbito da empresa será da com a descrição de seu objeto, previstas neste Título, desde que
composta de, no mínimo, dois firmada pelos membros da Co- observados os princípios da pa-
e, no máximo, dez membros, e missão, que deverá ser juntada à ridade e da negociação coletiva
observará as seguintes normas: eventual reclamação trabalhista. na sua constituição.
I – a metade de seus membros § 3o  Em caso de motivo rele-
será indicada pelo empregador e vante que impossibilite a obser-
a outra metade eleita pelos em- vância do procedimento previsto TÍTULO VII – DO
pregados, em escrutínio secreto, no caput deste artigo, será a cir- PROCESSO DE MULTAS
fiscalizado pelo sindicato da ca- cunstância declarada na petição ADMINISTRATIVAS
tegoria profissional; inicial da ação intentada perante
II – haverá na Comissão tan- a Justiça do Trabalho. CAPÍTULO I – DA
tos suplentes quantos forem os § 4o  Caso exista, na mesma FISCALIZAÇÃO, DA
representantes titulares; localidade e para a mesma ca- AUTUAÇÃO E DA
III – o mandato dos seus tegoria, Comissão de empresa IMPOSIÇÃO DE MULTAS
membros, titulares e suplentes, e Comissão sindical, o interes-
é de um ano, permitida uma re- sado optará por uma delas para Art. 626.  Incumbe às autorida-
condução. submeter a sua demanda, sendo des competentes do Ministério do
§ 1o  É vedada a dispensa dos competente aquela que primeiro Trabalho, Indústria e Comércio,
representantes dos empregados conhecer do pedido. ou àquelas que exerçam funções
membros da Comissão de Conci- delegadas, a fiscalização do fiel
liação Prévia, titulares e suplen- Art. 625-E.  Aceita a conciliação, cumprimento das normas de pro-
tes, até um ano após o final do será lavrado termo assinado pelo teção ao trabalho.
mandato, salvo se cometerem empregado, pelo empregador ou Parágrafo único.  Os fiscais
falta grave, nos termos da lei. seu preposto e pelos membros da dos Institutos de Seguro Social
§ 2o  O representante dos em- Comissão, fornecendo-se cópia e das entidades paraestatais em
pregados desenvolverá seu traba- às partes. geral dependentes do Ministério
lho normal na empresa, afastan- Parágrafo único.  O termo de do Trabalho, Indústria e Comércio
do-se de suas atividades apenas conciliação é título executivo ex- serão competentes para a fiscali-
quando convocado para atuar trajudicial e terá eficácia liberató- zação a que se refere o presente
como conciliador, sendo com- ria geral, exceto quanto às parce- artigo, na forma das instruções
putado como tempo de traba- las expressamente ressalvadas. que forem expedidas pelo Ministro
lho efetivo o despendido nessa do Trabalho, Indústria e Comércio.
atividade. Art. 625-F.  As Comissões de
Conciliação Prévia têm prazo de Art. 627.  A fim de promover a
Art. 625-C.  A Comissão instituí- dez dias para a realização da ses- instrução dos responsáveis no
da no âmbito do sindicato terá sua são de tentativa de conciliação cumprimento das leis de proteção
constituição e normas de funcio- a partir da provocação do inte- do trabalho, a fiscalização deverá
namento definidas em convenção ressado. observar o critério de dupla visita
ou acordo coletivo. Parágrafo único.  Esgotado o nos seguintes casos:
prazo sem a realização da sessão, a)  quando ocorrer promul-
Art. 625-D.  Qualquer demanda será fornecida, no último dia do gação ou expedição de novas
de natureza trabalhista será sub- prazo, a declaração a que se re- leis, regulamentos ou instruções
metida à Comissão de Conciliação fere o § 2o do art. 625‑D. ministeriais, sendo que, com rela-
Prévia se, na localidade da pres- ção exclusivamente a esses atos,
tação de serviços, houver sido Art. 625-G.  O prazo prescricio- será feita apenas a instrução dos
instituída a Comissão no âmbito nal será suspenso a partir da pro- responsáveis;
b)  em se realizando a pri-
  NE: ver ADIs nos 2.237, 2.160 e 2.139.
27 meira inspeção dos estabeleci-

645
Consolidação das Leis do Trabalho
mentos ou dos locais de trabalho, Art. 628-A.  Fica instituído o ria de seus elementos caracterís-
recentemente inaugurados ou Domicílio Eletrônico Trabalhis- ticos, em livro próprio que deverá
empreendidos. ta, regulamentado pelo Minis- existir em cada órgão fiscalizador,
tério do Trabalho e Previdência, de modo a assegurar o controle
Art. 627-A.  Poderá ser instaura- destinado a: do seu processamento.
do procedimento especial para a I – cientificar o empregador
ação fiscal, objetivando a orien- de quaisquer atos administrati- Art. 630.  Nenhum agente da
tação sobre o cumprimento das vos, ações fiscais, intimações e inspeção poderá exercer as atri-
leis de proteção ao trabalho, bem avisos em geral; e buições do seu cargo sem exibir
como a prevenção e o sanea- II – receber, por parte do em- a carteira de identidade fiscal,
mento de infrações à legislação pregador, documentação eletrô- devidamente autenticada, forne-
mediante Termo de Compromis- nica exigida no curso das ações cida pela autoridade competente.
so, na forma a ser disciplinada fiscais ou apresentação de defesa § 1o  É proibida a outorga de
no Regulamento da Inspeção do e recurso no âmbito de processos identidade fiscal a quem não es-
Trabalho. administrativos. teja autorizado, em razão do cargo
§ 1o  As comunicações eletrô- ou função, a exercer ou praticar,
Art. 628.  Salvo o disposto nos nicas realizadas pelo Domicílio no âmbito da legislação trabalhis-
arts. 627 e 627‑A, a toda verifi- Eletrônico Trabalhista dispensam ta, atos de fiscalização.
cação em que o Auditor-Fiscal a sua publicação no Diário Oficial § 2o  A credencial a que se
do Trabalho concluir pela existên- da União e o envio por via postal e refere este artigo deverá ser de-
cia de violação de preceito legal são consideradas pessoais para volvida para inutilização, sob as
deve corresponder, sob pena de todos os efeitos legais. penas da lei, em casos de provi-
responsabilidade administrativa, § 2o  A ciência por meio do mento em outro cargo público,
a lavratura de auto de infração. sistema de comunicação eletrôni- exoneração ou demissão, bem
§ 1o  Ficam as empresas obri- ca, com utilização de certificação como nos de licenciamento por
gadas a possuir o livro intitulado digital ou de código de acesso, prazo superior a 60 (sessenta)
“Inspeção do Trabalho”, cujo mo- possuirá os requisitos de validade. dias e de suspensão do exercí-
delo será aprovado por portaria cio do cargo.
ministerial. Art. 629.  O auto de infração será § 3o  O agente da inspeção
§ 2o  Nesse livro, registrará o lavrado em duplicata, nos termos terá livre acesso a todas as de-
agente da inspeção sua visita ao dos modelos e instruções expe- pendências dos estabelecimentos
estabelecimento, declarando a didos, sendo uma via entregue sujeitos ao regime da legislação,
data e a hora do início e término ao infrator, contra recibo, ou ao sendo as empresas, por seus diri-
da mesma, bem como o resultado mesmo enviada, dentro de 10 (dez) gentes ou prepostos, obrigadas a
da inspeção, nele consignando, se dias da lavratura, sob pena de res- prestar-lhes os esclarecimentos
for o caso, todas as irregularida- ponsabilidade, em registro postal, necessários ao desempenho de
des verificadas e as exigências com franquia e recibo de volta. suas atribuições legais e a exibir-
feitas, com os respectivos prazos § 1o  O auto não terá o seu -lhes, quando exigidos, quaisquer
para seu atendimento, e, ainda, valor probante condicionado à documentos que digam respeito
de modo legível, os elementos assinatura do infrator ou de tes- ao fiel cumprimento das normas
de sua identificação funcional. temunhas, e será lavrado no local de proteção ao trabalho.
§ 3o  Comprovada má-fé do da inspeção, salvo havendo moti- § 4o  Os documentos sujeitos
agente da inspeção, quanto à vo justificado que será declarado à inspeção deverão permanecer,
omissão ou lançamento de qual- no próprio auto, quando então sob as penas da lei, nos locais de
quer elemento no livro, responde- deverá ser lavrado no prazo de 24 trabalho, somente se admitindo,
rá ele por falta grave no cumpri- (vinte e quatro) horas, sob pena por exceção, a critério da autori-
mento do dever, ficando passível, de responsabilidade. dade competente, sejam os mes-
desde logo, da pena de suspensão § 2o  Lavrado o auto de in- mos apresentados em dia e hora
até 30 (trinta) dias, instaurando- fração, não poderá ele ser inu- previamente fixados pelo agente
-se, obrigatoriamente, em caso tilizado, nem sustado o curso do da inspeção.
de reincidência, inquérito admi- respectivo processo, devendo o § 5o  No território do exercí-
nistrativo. agente da inspeção apresentá-lo cio de sua função, o agente da
§ 4o  A lavratura de autos con- à autoridade competente, mesmo inspeção gozará de passe livre
tra empresas fictícias e de ende- se incidir em erro. nas empresas de transportes,
reços inexistentes, assim como a § 3o  O infrator terá, para públicas ou privadas, mediante
apresentação de falsos relatórios, apresentar defesa, o prazo de a apresentação da carteira de
constituem falta grave, punível na 10 (dez) dias contados do rece- identidade fiscal.
forma do § 3o. bimento do auto. § 6o  A inobservância do dis-
§ 4o  O auto de infração será posto nos §§ 3o, 4o e 5o configurará
registrado com a indicação sumá- resistência ou embaraço à fisca-

646
Consolidação das Leis do Trabalho
lização e justificará a lavratura administrativas expressos em sua expedição, para a averbação
do respectivo auto de infração, moeda corrente serão reajusta- no processo.
cominada a multa de valor igual a dos anualmente pela Taxa Refe- § 6o  A multa será reduzida
meio (1/2) salário mínimo regional rencial (TR), divulgada pelo Banco de 50% (cinquenta por cento)
até 5 (cinco) vezes esse salário, Central do Brasil, ou pelo índice se o infrator, renunciando ao re-
levando-se em conta, além das que vier a substituí-lo. curso, a recolher ao Tesouro Na-
circunstâncias atenuantes ou cional dentro do prazo de 10 (dez)
agravantes, a situação econô- dias contados do recebimento
mico-financeira do infrator e os CAPÍTULO II – DOS da notificação ou da publicação
meios a seu alcance para cum- RECURSOS do edital.
prir a lei. § 7o  Para a expedição da
§ 7o  Para o efeito do disposto Art. 635.  De toda decisão que guia, no caso do §  6o, deverá o
no § 5o, a autoridade competente impuser multa por infração das infrator juntar a notificação com a
divulgará em janeiro e julho, de leis e disposições reguladoras do prova da data do seu recebimen-
cada ano, a relação dos agentes trabalho, e não havendo forma es- to, ou a folha do órgão oficial que
da inspeção titulares da carteira pecial de processo, caberá recur- publicou o edital.
de identidade fiscal. so para o Diretor-Geral do Depar-
§ 8o  As autoridades policiais, tamento ou Serviço do Ministério Art. 637.  De todas as decisões
quando solicitadas, deverão pres- do Trabalho e Previdência Social que proferirem em processos
tar aos agentes da inspeção a que for competente na matéria. de infração das leis de proteção
assistência de que necessitarem Parágrafo único.  As decisões ao trabalho e que impliquem ar-
para o fiel cumprimento de suas serão sempre fundamentadas. quivamento destes, observado o
atribuições legais. disposto no parágrafo único do
Art. 636.  Os recursos devem ser art. 635, deverão as autoridades
Art. 631.  Qualquer funcionário interpostos no prazo de 10 (dez) prolatoras recorrer de ofício para
público federal, estadual ou mu- dias, contados do recebimento da a autoridade competente de ins-
nicipal, ou representante legal notificação, perante autoridade tância superior.
de associação sindical, poderá que houver imposto a multa, a
comunicar à autoridade compe- qual, depois de os informar, en- Art. 638.  Ao Ministro do Traba-
tente do Ministério do Trabalho, caminhá-los-á à autoridade de lho, Indústria e Comércio é fa-
Indústria e Comércio as infrações instância superior. cultado avocar ao seu exame e
que verificar. § 1o  O recurso só terá segui- decisão, dentro de 90 (noventa)
Parágrafo único.  De posse mento se o interessado o ins- dias do despacho final do assun-
dessa comunicação, a autorida- truir com a prova do depósito to, ou no curso do processo, as
de competente procederá desde da multa.28 questões referentes à fiscaliza-
logo às necessárias diligências, § 2o  A notificação somente ção dos preceitos estabelecidos
lavrando os autos de que haja será realizada por meio de edital, nesta Consolidação.
mister. publicado no órgão oficial, quando
o infrator estiver em lugar incerto
Art. 632.  Poderá o autuado re- e não sabido. CAPÍTULO III – DO
querer a audiência de testemu- § 3o  A notificação de que tra- DEPÓSITO, DA INSCRIÇÃO E
nhas e as diligências que lhe pa- ta este artigo fixará igualmente o DA COBRANÇA
recerem necessárias à elucidação prazo de 10 (dez) dias para que o
do processo, cabendo, porém, à infrator recolha o valor da multa, Art. 639.  Não sendo provido o
autoridade julgar da necessidade sob pena de cobrança executiva. recurso, o depósito se converterá
de tais provas. § 4o  As guias de depósito ou em pagamento.
recolhimento serão emitidas em
Art. 633.  (Revogado) 3 (três) vias e o recolhimento da Art. 640.  É facultado às Dele-
multa deverá proceder-se dentro gacias Regionais do Trabalho, na
Art. 634.  Na falta de disposição de 5 (cinco) dias às repartições conformidade de instruções ex-
especial, a imposição das multas federais competentes, que es- pedidas pelo Ministro de Estado,
incumbe às autoridades regionais criturarão a receita a crédito do promover a cobrança amigável
competentes em matéria de tra- Ministério do Trabalho e Previ- das multas antes do encaminha-
balho, na forma estabelecida por dência Social. mento dos processos à cobrança
este Título. § 5o  A segunda via da guia executiva.
§ 1o  A aplicação da multa não do recolhimento será devolvida
eximirá o infrator da responsabili- pelo infrator à repartição que a Art. 641.  Não comparecendo o
dade em que incorrer por infração emitiu, até o sexto dia depois de infrator, ou não depositando a im-
das leis penais. portância da multa ou penalidade,
§ 2o  Os valores das multas   NE: ver ADPF no 156.
28 far-se-á a competente inscrição

647
Consolidação das Leis do Trabalho
em livro especial, existente nas colhimentos determinados em Art. 644.  São órgãos da Justiça
repartições das quais se tiver ori- lei; ou do Trabalho:
ginado a multa ou penalidade, ou II – o inadimplemento de obri- a)  o Tribunal Superior do
de onde tenha provindo a recla- gações decorrentes de execução Trabalho;
mação que a determinou, sendo de acordos firmados perante o b)  os Tribunais Regionais do
extraída cópia autêntica dessa Ministério Público do Trabalho ou Trabalho;
inscrição e enviada às autorida- Comissão de Conciliação Prévia. c)  as Juntas de Conciliação
des competentes para a respec- § 2o  Verificada a existência e Julgamento ou os Juízos de
tiva cobrança judicial, valendo tal de débitos garantidos por penho- Direito.
instrumento como título de dívida ra suficiente ou com exigibilidade
líquida e certa. suspensa, será expedida Certidão Art. 645.  O serviço da Justiça do
Positiva de Débitos Trabalhistas Trabalho é relevante e obrigatório,
Art. 642.  A cobrança judicial das em nome do interessado com os ninguém dele podendo eximir-se,
multas impostas pelas autorida- mesmos efeitos da CNDT. salvo motivo justificado.
des administrativas do trabalho § 3o  A CNDT certificará a
obedecerá ao disposto na legisla- empresa em relação a todos os Art. 646.  Os órgãos da Justiça
ção aplicável à cobrança da dívida seus estabelecimentos, agên- do Trabalho funcionarão perfei-
ativa da União, sendo promovida, cias e filiais. tamente coordenados, em regi-
no Distrito Federal e nas capitais § 4o  O prazo de validade da me de mútua colaboração, sob
dos Estados em que funcionarem CNDT é de 180 (cento e oiten- a orientação do presidente do
Tribunais Regionais do Trabalho, ta) dias, contado da data de sua Tribunal Superior do Trabalho.
pela Procuradoria da Justiça do emissão.
Trabalho, e, nas demais localida-
des, pelo Ministério Público Esta- CAPÍTULO II – DAS JUNTAS
dual e do Território do Acre, nos TÍTULO VIII – DA JUSTIÇA DE CONCILIAÇÃO E
termos do Decreto-lei no 960, de DO TRABALHO JULGAMENTO
17 de dezembro de 1938.
Parágrafo único.  No Estado CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO Seção I – Da Composição e
de São Paulo a cobrança conti- Funcionamento
nuará a cargo da Procuradoria Art. 643.  Os dissídios oriundos
do Departamento Estadual do das relações entre empregados e Art. 647.  Cada Junta de Con-
Trabalho, na forma do convênio empregadores, bem como de tra- ciliação e Julgamento terá a se-
em vigor.29 balhadores avulsos e seus toma- guinte composição:
dores de serviços, em atividades a)  um juiz do trabalho, que
reguladas na legislação social, será seu presidente;
TÍTULO VII-A – DA PROVA serão dirimidos pela Justiça do b)  dois vogais, sendo um, re-
DE INEXISTÊNCIA DE Trabalho, de acordo com o pre- presentante dos empregadores,
DÉBITOS TRABALHISTAS sente Título e na forma estabe- e outro, dos empregados.
lecida pelo processo judiciário Parágrafo único.  Haverá um
Art. 642-A.  É instituída a Certi- do trabalho. suplente para cada vogal.
dão Negativa de Débitos Traba- § 1o  As questões concernen-
lhistas (CNDT), expedida gratuita tes à previdência social serão Art. 648.  São incompatíveis en-
e eletronicamente, para com- decididas pelos órgãos e auto- tre si, para os trabalhos da mesma
provar a inexistência de débitos ridades previstos no Capítulo V Junta, os parentes consanguíne-
inadimplidos perante a Justiça deste Título e na legislação sobre os e afins até o terceiro grau civil.
do Trabalho. seguro social. Parágrafo único.  A incom-
§ 1o  O interessado não obterá § 2o  As questões referentes patibilidade resolve-se a favor
a certidão quando em seu nome a acidentes do trabalho continu- do primeiro vogal designado ou
constar: am sujeitas à justiça ordinária, na empossado, ou por sorteio, se
I – o inadimplemento de obri- forma do Decreto no  24.637, de a designação ou posse for da
gações estabelecidas em senten- 10 de julho de 1934, e legislação mesma data.
ça condenatória transitada em subsequente.
julgado proferida pela Justiça § 3o  A Justiça do Trabalho Art. 649.  As Juntas poderão
do Trabalho ou em acordos ju- é competente, ainda, para pro- conciliar, instruir ou julgar com
diciais trabalhistas, inclusive no cessar e julgar as ações entre qualquer número, sendo, porém,
concernente aos recolhimentos trabalhadores portuários e os indispensável a presença do pre-
previdenciários, a honorários, a operadores portuários ou o Órgão sidente, cujo voto prevalecerá em
custas, a emolumentos ou a re- Gestor de Mão de Obra – OGMO de- caso de empate.
correntes da relação de trabalho. § 1o  No julgamento de em-
  NE: ver Decreto-lei no 9.509/1946.
29 bargos deverão estar presentes

648
Consolidação das Leis do Trabalho
todos os membros da Junta. I – os dissídios em que se d)  julgar as exceções de
§ 2o  Na execução e na liqui- pretenda o reconhecimento da incompetência que lhes forem
dação das decisões funciona ape- estabilidade de empregado; opostas;
nas o presidente. II – os dissídios concernentes e) expedir precatórias e
a remuneração, férias e indeniza- cumprir as que lhes forem de-
ções por motivo de rescisão do precadas;
Seção II – Da Jurisdição e contrato individual de trabalho; f)  exercer, em geral, no in-
Competência das Juntas III – os dissídios resultantes teresse da Justiça do Trabalho,
de contratos de empreitadas em quaisquer outras atribuições que
Art. 650.  A jurisdição de cada que o empreiteiro seja operário decorram da sua jurisdição.
Junta de Conciliação e Julga- ou artífice;
mento abrange todo o território IV – os demais dissídios con-
da Comarca em que tem sede, só cernentes ao contrato individual
Seção III – Dos Presidentes
podendo ser estendida ou restrin- de trabalho; das Juntas
gida por lei federal. V – as ações entre trabalha-
Parágrafo único.  As leis lo- dores portuários e os operadores Art. 654.  O ingresso na magis-
cais de Organização Judiciária portuários ou o Órgão Gestor de tratura do trabalho far-se-á para o
não influirão sobre a competên- Mão de Obra – OGMO decorrentes cargo de juiz do trabalho substitu-
cia de Juntas de Conciliação e da relação de trabalho; to. As nomeações subsequentes
Julgamento já criadas, até que b)  processar e julgar os in- por promoção, alternadamente,
lei federal assim determine. quéritos para apuração de falta por antiguidade e merecimento.
grave; § 1o  Nas 7a e 8a Regiões da
Art. 651.  A competência das c)  julgar os embargos opos- Justiça do Trabalho, nas localida-
Juntas de Conciliação e Julga- tos às suas próprias decisões; des fora das respectivas sedes,
mento é determinada pela lo- d)  impor multas e demais haverá suplentes de juiz do tra-
calidade onde o empregado, re- penalidades relativas aos atos balho presidente de Junta, sem
clamante ou reclamado, prestar de sua competência; direito a acesso, nomeados pelo
serviços ao empregador, ainda e) (Suprimida); Presidente da República, dentre
que tenha sido contratado noutro f)  decidir quanto à homo- brasileiros, bacharéis em direito,
local ou no estrangeiro. logação de acordo extrajudicial de reconhecida idoneidade mo-
§ 1o  Quando for parte no dis- em matéria de competência da ral, especializados em direito do
sídio agente ou viajante comer- Justiça do Trabalho. trabalho, pelo período de 2 (dois)
cial, a competência será da Junta Parágrafo único.  Terão prefe- anos, podendo ser reconduzidos.
da localidade em que a empresa rência para julgamento os dissí- § 2o  Os suplentes de juiz do
tenha agência ou filial e a esta o dios sobre pagamento de salário e trabalho receberão, quando em
empregado esteja subordinado aqueles que derivarem da falência exercício, vencimentos iguais aos
e, na falta, será competente a do empregador, podendo o pre- dos juízes que substituírem.
Junta da localização em que o sidente da Junta, a pedido do § 3o  Os Juízes Substitutos
empregado tenha domicílio ou a interessado, constituir processo serão nomeados após aprovação
localidade mais próxima. em separado, sempre que a re- em concurso público de provas
§ 2o  A competência das Jun- clamação também versar sobre e títulos realizado perante o Tri-
tas de Conciliação e Julgamento, outros assuntos. bunal Regional do Trabalho da
estabelecida neste artigo, esten- Região, válido por dois anos e
de-se aos dissídios ocorridos em Art. 653.  Compete, ainda, às prorrogável, a critério do mesmo
agência ou filial no estrangeiro, Juntas de Conciliação e Julga- órgão, por igual período, uma só
desde que o empregado seja bra- mento: vez, e organizado de acordo com
sileiro e não haja convenção inter- a)  requisitar às autoridades as instruções expedidas pelo Tri-
nacional dispondo em contrário. competentes a realização das bunal Superior do Trabalho.
§ 3o  Em se tratando de em- diligências necessárias ao es- § 4o  Os candidatos inscritos
pregador que promova realização clarecimento dos feitos sob sua só serão admitidos ao concur-
de atividades fora do lugar do apreciação, representando contra so após apreciação prévia, pelo
contrato de trabalho, é assegu- aquelas que não atenderem a tais Tribunal Regional do Trabalho da
rado ao empregado apresentar requisições; respectiva Região, dos seguintes
reclamação no foro da celebração b)  realizar as diligências e requisitos:
do contrato ou no da prestação praticar os atos processuais or- a)  idade maior de 25 (vinte e
dos respectivos serviços. denados pelos Tribunais Regio- cinco) anos e menor de 45 (qua-
nais do Trabalho ou pelo Tribunal renta e cinco) anos;
Art. 652.  Compete às Varas do Superior do Trabalho; b)  idoneidade para o exercí-
Trabalho: c)  julgar as suspeições ar- cio das funções.
a)  conciliar e julgar: guidas contra os seus membros; § 5o  O preenchimento dos

649
Consolidação das Leis do Trabalho
cargos de presidente de Junta, a juízo do Tribunal Regional do II – executar as suas próprias
vagos ou criados por lei, será feito Trabalho respectivo. decisões, as proferidas pela Junta
dentro de cada Região: § 2o  A designação referida e aquelas cuja execução lhes for
a)  pela remoção de outro no caput deste artigo será de deprecada;
presidente, prevalecendo a an- atribuição do Juiz-Presidente III – dar posse aos vogais no-
tiguidade no cargo, caso haja do Tribunal Regional do Traba- meados para a Junta, ao secre-
mais de um pedido, desde que a lho ou, não havendo disposição tário e aos demais funcionários
remoção tenha sido requerida, regimental específica, de quem da Secretaria;
dentro de quinze dias, contados este indicar. IV – convocar os suplentes
da abertura da vaga, ao Presiden- § 3o  Os Juízes do Trabalho dos vogais, no impedimento des-
te do Tribunal Regional, a quem Substitutos, quando designados tes;
caberá expedir o respectivo ato; ou estiverem substituindo os Ju- V – representar ao presidente
b)  pela promoção de substi- ízes-Presidentes de Juntas, per- do Tribunal Regional da respecti-
tuto, cuja aceitação será faculta- ceberão os vencimentos destes. va jurisdição, no caso de falta de
tiva, obedecido o critério alterna- § 4o  O Juiz-Presidente do Tri- qualquer vogal a três reuniões
do de antiguidade e merecimento. bunal Regional do Trabalho ou, consecutivas, sem motivo jus-
§ 6o  Os juízes do trabalho, não havendo disposição regimen- tificado, para os fins do art. 727;
presidentes de Junta, juízes subs- tal específica, que este indicar, VI – despachar os recursos
titutos e suplentes de juiz toma- fará a lotação e a movimentação interpostos pelas partes, funda-
rão posse perante o presidente dos Juízes Substitutos entre as mentando a decisão recorrida
do Tribunal da respectiva Região. diferentes zonas da Região na hi- antes da remessa ao Tribunal
Nos Estados que não forem sede pótese de terem sido criadas na Regional, ou submetendo-os à
de Tribunal Regional do Trabalho, forma do § 1o deste artigo. decisão da Junta, no caso do
a posse dar-se-á perante o presi- art. 894;
dente do Tribunal de Justiça, que Art. 657.  Os presidentes de Jun- VII – assinar as folhas de pa-
remeterá o termo ao presidente ta e os presidentes substitutos gamento dos membros e funcio-
do Tribunal Regional da jurisdição perceberão a remuneração ou nários da Junta;
do empossado. Nos Territórios, os vencimentos fixados em lei. VIII – apresentar ao presiden-
a posse dar-se-á perante o pre- te do Tribunal Regional, até 15 de
sidente do Tribunal Regional do Art. 658.  São deveres precípuos fevereiro de cada ano, o relatório
Trabalho da respectiva Região. dos presidentes das Juntas, além dos trabalhos do ano anterior;
dos que decorram do exercício de IX – conceder medida limi-
Art. 655.  Os presidentes e os sua função: nar, até decisão final do proces-
presidentes substitutos toma- a)  manter perfeita conduta so, em reclamações trabalhistas
rão posse do cargo perante o pública e privada; que visem a tornar sem efeito
presidente do Tribunal Regional b)  abster-se de atender a so- transferência disciplinada pe-
da respectiva jurisdição. licitações ou recomendações re- los parágrafos do art. 469 desta
§ 1o  Nos Estados em que não lativamente aos feitos que hajam Consolidação;
houver sede de Tribunais a posse sido ou tenham de ser submetidos X – conceder medida liminar,
dar-se-á perante o presidente do à sua apreciação; até decisão final do processo, em
Tribunal de Apelação, que reme- c)  residir dentro dos limites reclamações trabalhistas que vi-
terá o respectivo termo ao pre- de sua jurisdição, não poden- sem reintegrar no emprego diri-
sidente do Tribunal Regional da do ausentar-se sem licença do gente sindical afastado, suspenso
jurisdição do empossado. Presidente do Tribunal Regional; ou dispensado pelo empregador.
§ 2o  Nos Territórios a posse d)  despachar e praticar to-
dar-se-á perante o juiz de Direi- dos os atos decorrentes de suas
to da capital, que procederá na funções, dentro dos prazos esta-
Seção IV – Dos Vogais das
forma prevista no § 1o. belecidos, sujeitando-se ao des- Juntas30
conto correspondente a um dia
Art. 656.  O Juiz do Trabalho de vencimento para cada dia de Art. 660.  Os vogais das Juntas
Substituto, sempre que não es- retardamento. são designados pelo presidente
tiver substituindo o Juiz-Presi- do Tribunal Regional da respec-
dente de Junta, poderá ser de- Art. 659.  Competem privativa- tiva jurisdição.
signado para atuar nas Juntas de mente aos presidentes das Jun-
Conciliação e Julgamento. tas, além das que lhes forem con- Art. 661.  Para o exercício da fun-
§ 1o  Para o fim mencionado feridas neste Título e das decor- ção de vogal da Junta ou suplente
no caput deste artigo, o territó- rentes de seu cargo, as seguintes destes são exigidos os seguintes
rio da Região poderá ser dividido atribuições: requisitos:
em zonas, compreendendo a ju- I – presidir às audiências das
risdição de uma ou mais Juntas, Juntas;   NE: ver Emenda Constitucional no 24/1999.
30

650
Consolidação das Leis do Trabalho
a)  ser brasileiro; ciará para que tudo se realize com Art. 667.  São prerrogativas dos
b)  ter reconhecida idonei- a maior brevidade, submetendo, vogais das Juntas, além das re-
dade moral; por fim, a contestação ao parecer feridas no art. 665:
c)  ser maior de 25 (vinte e do Tribunal, na primeira sessão. a)  tomar parte nas reuniões
cinco) anos e ter menos de 70 § 5o  Se o Tribunal julgar pro- do tribunal a que pertençam;
(setenta) anos; cedente a contestação, o presi- b)  aconselhar às partes a
d)  estar no gozo dos direitos dente providenciará a designação conciliação;
civis e políticos; de novo vogal ou suplente. c)  votar no julgamento dos
e)  estar quite com o servi- § 6o  Em falta de indicação, feitos e nas matérias de ordem
ço militar; pelos sindicatos, de nomes para interna do tribunal, submetidas
f)  contar mais de dois anos representantes das respectivas às suas deliberações;
de efetivo exercício na profissão categorias profissionais e econô- d)  pedir vista dos processos
e ser sindicalizado. micas nas Juntas de Conciliação pelo prazo de vinte e quatro horas;
Parágrafo único.  A prova da e Julgamento, ou nas localidades e)  formular, por intermédio
qualidade profissional a que se onde não existirem sindicatos, do presidente, aos litigantes, tes-
refere a alínea “f” deste artigo, serão esses representantes li- temunhas e peritos, as perguntas
é feita mediante declaração do vremente designados pelo pre- que quiserem fazer, para escla-
respectivo sindicato. sidente do Tribunal Regional do recimento do caso.
Trabalho, observados os requi-
Art. 662.  A escolha dos vogais sitos exigidos para o exercício
das Juntas e seus suplentes far- da função. CAPÍTULO III – DOS JUÍZOS
-se-á dentre os nomes constan- DE DIREITO
tes das listas que, para esse efei- Art. 663.  A investidura dos vo-
to, forem encaminhadas pelas gais das Juntas e seus suplentes Art. 668.  Nas localidades não
associações sindicais de primeiro é de 3 (três) anos, podendo, en- compreendidas na jurisdição das
grau ao presidente do Tribunal tretanto, ser dispensado, a pe- Juntas de Conciliação e Julga-
Regional. dido, aquele que tiver servido, mento, os Juízos de Direito são os
§ 1o  Para esse fim, cada sin- sem interrupção, durante metade órgãos de administração da Jus-
dicato de empregadores e de em- desse período. tiça do Trabalho, com a jurisdição
pregados, com base territorial § 1o  Na hipótese da dispensa que lhes for determinada pela lei
extensiva à área de jurisdição da do vogal a que alude este artigo, de organização judiciária local.
Junta, no todo ou em parte, pro- assim como nos casos do im-
cederá, na ocasião determinada pedimento, morte ou renúncia, Art. 669.  A competência dos Ju-
pelo Presidente do Tribunal Re- sua substituição far-se-á pelo ízos de Direito, quando investidos
gional, à escolha de três nomes suplente, mediante convocação na administração da Justiça do
que comporão a lista, aplican- do presidente da Junta. Trabalho, é a mesma das Juntas
do-se à eleição o disposto no § 2o  Na falta do suplente, por de Conciliação e Julgamento, na
art. 524 e seus §§ 1o a 3o. impedimento, morte ou renúncia, forma da Seção II do Capítulo II.
§ 2o  Recebidas as listas pelo serão designados novo vogal e o § 1o  Nas localidades onde
presidente do Tribunal Regional, respectivo suplente, dentre os houver mais de um Juízo de Di-
designará este, dentro de cinco nomes constantes das listas a que reito a competência é determi-
dias, os nomes dos vogais e dos se refere o art. 662, servindo os nada, entre os juízes do cível,
respectivos suplentes, expedin- designados até o fim do período. por distribuição ou pela divisão
do para cada um deles um título, judiciária local, na conformidade
mediante a apresentação do qual Art. 664.  Os vogais das Juntas da lei de organização respectiva.
será empossado. e seus suplentes tomam posse § 2o  Quando o critério de
§ 3o  Dentro de quinze dias, perante o presidente da Junta competência da lei de organi-
contados da data da posse, pode em que têm de funcionar. zação judiciária for diverso do
ser contestada a investidura do previsto no parágrafo anterior,
vogal ou do suplente, por qualquer Art. 665.  Enquanto durar sua será competente o juiz do cível
interessado, sem efeito suspen- investidura, gozam os vogais das mais antigo.
sivo, por meio de representação Juntas e seus suplentes das prer-
escrita, dirigida ao presidente do rogativas asseguradas aos ju-
Tribunal Regional. rados.
§ 4o  Recebida a contestação,
o Presidente do Tribunal designa- Art. 666.  Por audiência a que
rá imediatamente relator, o qual, comparecerem, até o máximo
se houver necessidade de ouvir de vinte por mês, os vogais das
testemunhas ou de proceder a Juntas e seus suplentes perce-
quaisquer diligências, providen- berão a gratificação fixada em lei.

651
Consolidação das Leis do Trabalho
CAPÍTULO IV – DOS 6 (seis) togados, vitalícios, e 2 § 8o  Os Tribunais Regionais
TRIBUNAIS REGIONAIS DO (dois) classistas, temporários; 17a da 1a e 2a Regiões dividir-se-ão
Região, de 8 (oito) juízes, sendo em Turmas, facultada essa di-
TRABALHO 6 (seis) togados, vitalícios, e 2 visão aos constituídos de, pelo
Seção I – Da Composição e (dois) classistas, temporários; 18a menos, doze juízes. Cada turma
do Funcionamento Região, de 8 (oito) juízes, sendo se comporá de três juízes togados
6 (seis) togados, vitalícios, e 2 e dois classistas, um represen-
Art. 670.  Os Tribunais Regio- (dois) classistas, temporários; 19a tante dos empregados e outro
nais compor-se-ão: 1a Região, Região, de 8 (oito) juízes, sendo dos empregadores.
de 54 (cinquenta e quatro) juízes, 6 (seis) togados, vitalícios, e 2
sendo 36 (trinta e seis) togados, (dois) classistas, temporários; 20a Art. 671.  Para os trabalhos dos
vitalícios, e 18 (dezoito) classistas, Região, de 8 (oito) juízes, sendo Tribunais Regionais existe a mes-
temporários; 2a Região, de 64 6 (seis) togados, vitalícios, e 2 ma incompatibilidade prevista no
(sessenta e quatro) juízes, sen- (dois) classistas, temporários; 21a art. 648, sendo idêntica a forma
do 42 (quarenta e dois) togados, Região, de 8 (oito) juízes, sendo de sua resolução.
vitalícios, e 22 (vinte e dois) clas- 6 (seis) togados, vitalícios, e 2
sistas, temporários; 3a Região, de (dois) classistas, temporários; 22a Art. 672.  Os Tribunais Regio-
36 (trinta e seis) juízes, sendo 24 Região, de 8 (oito) juízes, sendo nais, em sua composição plena,
(vinte e quatro) togados, vitalícios, 6 (seis) togados, vitalícios, e 2 deliberarão com a presença, além
e 12 (doze) classistas, temporá- (dois) classistas, temporários; 23a do Presidente, da metade e mais
rios; 4a Região, de 36 (trinta e seis) Região, de 8 (oito) juízes, sendo um do número de seus juízes, dos
juízes, sendo 24 (vinte e quatro) 6 (seis) togados, vitalícios, e 2 quais, no mínimo, um represen-
togados, vitalícios, e 12 (doze) (dois) classistas, temporários; 24a tante dos empregados e outro
classistas, temporários; 5a Região, Região, de 8 (oito) juízes, sendo 6 dos empregadores.
de 29 (vinte e nove) juízes, sendo (seis) togados, vitalícios, e 2 (dois) § 1o  As Turmas somente po-
19 (dezenove) togados, vitalícios, classistas, temporários, todos derão deliberar presentes, pelo
e 10 (dez) classistas, temporários; nomeados pelo Presidente da menos, três dos seus juízes, en-
6a Região, de 18 (dezoito) juízes, República. tre eles os dois classistas. Para a
sendo 12 (doze) togados, vitalícios, § 1o (Vetado) integração desse quorum, poderá
e 6 (seis) classistas, temporários; § 2o  Nos Tribunais Regionais o Presidente de uma Turma con-
7a Região, de 8 (oito) juízes, sen- constituídos de seis ou mais ju- vocar juízes de outra, da classe
do 6 (seis) togados, vitalícios, e ízes togados, e menos de onze, a que pertencer o ausente ou
2 (dois) classistas, temporários; um deles será escolhido dentre impedido.
8a Região, de 23 (vinte e três) advogados, um dentre membros § 2o  Nos Tribunais Regionais,
juízes, sendo 15 (quinze) toga- do Ministério Público da União as decisões tomar-se-ão pelo
dos, vitalícios, e 8 (oito) classis- junto à Justiça do Trabalho e os voto da maioria dos juízes pre-
tas, temporários; 9a Região, de demais dentre juízes do Trabalho sentes, ressalvada, no Tribunal
28 (vinte e oito) juízes, sendo 18 Presidentes de Junta da respec- Pleno, a hipótese de declaração
(dezoito) togados, vitalícios, e 10 tiva Região, na forma prevista no de inconstitucionalidade de lei
(dez) classistas, temporários; 10a parágrafo anterior. ou ato do poder público (art. 111
Região, de 17 (dezessete) juízes, § 3o (Vetado) da Constituição).31
sendo 11 (onze) togados, vitalícios, § 4o  Os juízes classistas refe- § 3o  O Presidente do Tribunal
e 6 (seis) classistas, temporários; ridos neste artigo representarão, Regional, excetuada a hipótese
11a Região, de 8 (oito) juízes, sen- paritariamente, empregadores e de declaração de inconstitucio-
do 6 (seis) togados, vitalícios, e empregados. nalidade de lei ou ato do poder
2 (dois) classistas, temporários; § 5o  Haverá um suplente para público, somente terá voto de
12a Região, de 18 (dezoito) juízes, cada Juiz classista. desempate. Nas sessões admi-
sendo 12 (doze) togados, vitalícios, § 6o  Os Tribunais Regionais, nistrativas, o Presidente votará
e 6 (seis) classistas, temporários; no respectivo regimento interno, como os demais juízes, caben-
13a Região, de 8 (oito) juízes, sen- disporão sobre a substituição de do-lhe, ainda, o voto de qualidade.
do 6 (seis) togados, vitalícios, e 2 seus juízes, observados, na con- § 4o  No julgamento de recur-
(dois) classistas, temporários; 14a vocação de juízes inferiores, os sos contra decisão ou despacho
Região, de 8 (oito) juízes, sendo critérios de livre escolha e anti- do Presidente, do Vice-Presidente
6 (seis) togados, vitalícios, e 2 guidade, alternadamente. ou de Relator, ocorrendo empate,
(dois) classistas, temporários; § 7o  Dentre os seus juízes prevalecerá a decisão ou despa-
15a Região, de 36 (trinta e seis) togados, os Tribunais Regionais cho recorrido.
juízes, sendo 24 (vinte e quatro) elegerão os respectivos Presi-
togados, vitalícios, e 12 (doze) dente e Vice-Presidente, assim
  NE: o parágrafo faz referência à Consti-
31
classistas, temporários; 16a Re- como os Presidentes de Turmas, tuição de 1967. Ver o art. 97 da Constituição
gião, de 8 (oito) juízes, sendo onde as houver. Federal de 1988.

652
Consolidação das Leis do Trabalho
Art. 673.  A ordem das sessões de Janeiro (1a Região), São Paulo impostas pelas Turmas;
dos Tribunais Regionais será esta- (2a Região), Belo Horizonte (3a 2)  as ações rescisórias das
belecida no respectivo regimento Região), Porto Alegre (4a Região), decisões das Juntas de Concilia-
interno. Salvador (5a Região), Recife (6a Re- ção e Julgamento, dos juízes de
gião), Fortaleza (7a Região), Belém direito investidos na jurisdição
(8a Região), Curitiba (9a Região), trabalhista, das Turmas e de seus
Seção II – Da Jurisdição e Brasília (10a Região), Manaus (11a próprios acórdãos;
Competência Região), Florianópolis (12a Região), 3)  os conflitos de jurisdição
João Pessoa (13a Região), Porto entre as suas Turmas, os juízes
Art. 674.  Para efeito da juris- Velho (14a Região), Campinas (15a de direito investidos na jurisdição
dição dos Tribunais Regionais, Região), São Luís (16a Região), trabalhista, as Juntas de Conci-
o território nacional é dividido Vitória (17a Região), Goiânia (18a liação e Julgamento, ou entre
nas 24 (vinte e quatro) regiões Região), Maceió (19a Região), Ara- aqueles e estas;
seguintes: caju (20a Região), Natal (21a Re- d)  julgar em única ou última
1a Região – Estado do Rio de gião), Teresina (22a Região), Cuia- instâncias:
Janeiro; bá (23a Região) e Campo Grande 1)  os processos e os recur-
2a Região – Estado de São (24a Região). sos de natureza administrativa
Paulo; atinentes aos seus serviços au-
3a Região – Estado de Minas Art. 675.  (Revogado) xiliares e respectivos servidores;
Gerais; 2)  as reclamações contra
4a Região – Estado do Rio Art. 676.  O número de regiões, atos administrativos de seu pre-
Grande do Sul; a jurisdição e a categoria dos Tri- sidente ou de qualquer de seus
5a Região – Estado da Bahia; bunais Regionais, estabelecidos membros, assim como dos juízes
6a Região – Estado de Per- nos artigos anteriores, somente de primeira instância e de seus
nambuco; podem ser alterados pelo Presi- funcionários;
7a Região – Estado do Ceará; dente da República.32 II – às Turmas:
8a Região – Estados do Pará a)  julgar os recursos ordi-
e do Amapá; Art. 677.  A competência dos Tri- nários previstos no art. 895, alí-
9a Região – Estado do Paraná; bunais Regionais determina-se nea “a”;
10a Região – Distrito Federal; pela forma indicada no art. 651 e b)  julgar os agravos de pe-
11a Região – Estados do Ama- seus parágrafos e, nos casos de tição e de instrumento, estes de
zonas e de Roraima; dissídio coletivo, pelo local onde decisões denegatórias de recur-
12a Região – Estado de Santa este ocorrer. sos de sua alçada;
Catarina; c)  impor multas e demais
13a Região – Estado da Pa- Art. 678.  Aos Tribunais Regio- penalidades relativas a atos de
raíba; nais, quando divididos em Tur- sua competência jurisdicional,
14a Região – Estados de Ron- mas, compete: e julgar os recursos interpostos
dônia e do Acre; I – ao Tribunal Pleno, espe- das decisões das Juntas dos ju-
15a Região – Estado de São cialmente: ízes de direito que as impuserem.
Paulo (área não abrangida pela a)  processar, conciliar e jul- Parágrafo único.  Das deci-
jurisdição estabelecida na 2a Re- gar originariamente os dissídios sões das Turmas não caberá re-
gião); coletivos; curso para o Tribunal Pleno, ex-
16a Região – Estado do Ma- b)  processar e julgar origi- ceto no caso do item I, alínea “c”,
ranhão; nariamente: inciso 1, deste artigo.
17a Região – Estado do Espí- 1)  as revisões de sentenças
rito Santo; normativas; Art. 679.  Aos Tribunais Regio-
18a Região – Estado de Goiás; 2)  a extensão das decisões nais não divididos em Turmas,
19a Região – Estado de Ala- proferidas em dissídios coletivos; compete o julgamento das ma-
goas; 3)  os mandados de segu- térias a que se refere o artigo
20a Região – Estado de Ser- rança; anterior, exceto a de que trata
gipe; 4)  as impugnações à inves- o inciso 1 da alínea “c” do item I,
21a Região – Estado do Rio tidura de vogais e seus suplen- como os conflitos de jurisdição
Grande do Norte; tes nas Juntas de Conciliação e entre Turmas.
22a Região – Estado do Piauí; Julgamento;
23a Região – Estado do Mato c)  processar e julgar em úl- Art. 680.  Compete, ainda, aos
Grosso; tima instância: Tribunais Regionais, ou suas Tur-
24a Região – Estado do Mato 1)  os recursos das multas mas:
Grosso do Sul. a)  determinar às Juntas e
Parágrafo único.  Os tribu-   NE: ver os arts. 96 e 113 da Constituição
32 aos juízes de direito a realização
nais têm sede nas cidades: Rio Federal de 1988. dos atos processuais e diligên-

653
Consolidação das Leis do Trabalho
cias necessárias ao julgamento VIII – representar ao presi- Art. 683.  Na falta ou impedi-
dos feitos sob sua apreciação; dente do Tribunal Superior do mento dos presidentes dos Tribu-
b)  fiscalizar o cumprimento Trabalho contra os presidentes nais Regionais, e como auxiliares
de suas próprias decisões; e os vogais, nos casos previstos destes, sempre que necessário,
c)  declarar a nulidade dos no art. 727 e seu parágrafo único; funcionarão seus substitutos.
atos praticados com infração de IX – despachar os recursos § 1o  Nos casos de férias, por
suas decisões; interpostos pelas partes; trinta dias, licença, morte ou re-
d)  julgar as suspeições argui- X – requisitar às autoridades núncia, a convocação competirá
das contra seus membros; competentes, nos casos de dissí- diretamente ao presidente do
e)  julgar as exceções de dio coletivo, a força necessária, Tribunal Superior do Trabalho.
incompetência que lhes forem sempre que houver ameaça de § 2o  Nos demais casos, me-
opostas; perturbação da ordem; diante convocação do próprio
f)  requisitar às autoridades XI – exercer correição, pelo presidente do Tribunal ou co-
competentes as diligências ne- menos uma vez por ano, sobre as municação do secretário deste,
cessárias ao esclarecimento dos Juntas, ou parcialmente, sempre o presidente substituto assumirá
feitos sob apreciação, represen- que se fizer necessário, e solici- imediatamente o exercício, ciente
tando contra aquelas que não tá-la, quando julgar convenien- o presidente do Tribunal Superior
atenderem a tais requisições; te, ao Presidente do Tribunal de do Trabalho.
g)  exercer, em geral, no inte- Apelação relativamente aos juízes
resse da Justiça do Trabalho, as de Direito investidos na adminis-
demais atribuições que decorram tração da Justiça do Trabalho;
Seção IV – Dos Juízes
de sua Jurisdição. XII – distribuir os feitos, de- Representantes Classistas
signando os vogais que os devem dos Tribunais Regionais33
relatar;
Seção III – Dos Presidentes XIII – designar, dentre os fun- Art. 684.  Os juízes represen-
dos Tribunais Regionais cionários do Tribunal e das Jun- tantes classistas dos Tribunais
tas existentes em uma mesma Regionais são designados pelo
Art. 681.  Os presidentes e vice- localidade, o que deve exercer a Presidente da República.
-presidentes dos Tribunais Regio- função de distribuidor; Parágrafo único.  Aos juízes
nais do Trabalho tomarão posse XIV – assinar as folhas de pa- representantes classistas dos
perante os respectivos Tribunais. gamento dos vogais e servidores empregadores e dos empregados,
Parágrafo único. (Revogado) do Tribunal. nos Tribunais Regionais, aplicam-
§ 1o  Na falta ou impedimen- -se as disposições do art. 661.
Art. 682.  Competem privativa- to do presidente da Junta e do
mente aos presidentes dos Tri- substituto da mesma localidade, é Art. 685.  A escolha dos juízes
bunais Regionais, além das que facultado ao presidente do Tribu- e suplentes dos Tribunais Regio-
forem conferidas neste e no título nal Regional designar substituto nais, representantes dos empre-
e das decorrentes do seu cargo, de outra localidade, observada a gadores e empregados, é feita
as seguintes atribuições: ordem de antiguidade entre os dentre os nomes constantes das
I – (Revogado); substitutos desimpedidos. listas para esse fim encaminha-
II – designar os vogais das § 2o  Na falta ou impedimento das ao presidente do Tribunal
Juntas e seus suplentes; do vogal da Junta e do respectivo Superior do Trabalho pelas as-
III – dar posse aos presidentes suplente, é facultado ao presiden- sociações sindicais de grau su-
de Juntas e presidentes substi- te do Tribunal Regional designar perior com sede nas respectivas
tutos, aos vogais e suplentes e suplente de outra Junta, respei- regiões.
funcionários do próprio Tribunal tada a categoria profissional ou § 1o  Para o efeito deste arti-
e conceder férias e licenças aos econômica do representante e go, o Conselho de Representan-
mesmos e aos vogais e suplentes a ordem de antiguidade dos su- tes de cada associação sindical
das Juntas; plentes desimpedidos. de grau superior, na ocasião de-
IV – presidir as sessões do § 3o  Na falta ou impedimento terminada pelo presidente do
Tribunal; de qualquer Juiz representante Tribunal Superior do Trabalho,
V – presidir audiências de classista e seu respectivo Suplen- organizará, por maioria de votos,
conciliação nos dissídios cole- te, é facultado ao Presidente do uma lista de três nomes.
tivos; Tribunal Regional designar um dos § 2o  O Presidente do Tribunal
VI – executar suas próprias Vogais de Junta de Conciliação e Superior do Trabalho submeterá
decisões e as proferidas pelo Julgamento para funcionar nas os nomes constantes das listas
Tribunal; sessões do Tribunal, respeitada ao Presidente da República, por
VII – convocar suplentes dos a categoria profissional ou eco- intermédio do Ministro da Justiça
vogais do Tribunal, nos impedi- nômica do representante.
mentos destes;   NE: ver Emenda Constitucional no 24/1999.
33

654
Consolidação das Leis do Trabalho
e Negócios Interiores. Seção II – Da Composição e § 4o (Vetado)
Funcionamento do Tribunal
Art. 686.  (Suprimido) Superior do Trabalho Art. 694.  Os juízes togados es-
colher-se-ão: sete, dentre ma-
Art. 687.  Os juízes represen- Art. 693.  O Tribunal Superior do gistrados da Justiça do Trabalho,
tantes classistas dos Tribunais Trabalho compõe-se de dezesse- dois, dentre advogados no efetivo
Regionais tomam posse perante te juízes, com a denominação de exercício da profissão, e dois,
o respectivo presidente. Ministros, sendo:34 dentre membros do Ministério
a)  onze togados e vitalícios, Público da União junto à Justiça
Art. 688.  Aos juízes represen- nomeados pelo Presidente da do Trabalho.35
tantes classistas dos Tribunais República, depois de aprovada
Regionais aplicam-se as dispo- a escolha pelo Senado Federal, Art. 695.  (Suprimido)
sições do art. 663, sendo a nova dentre brasileiros natos, maiores
escolha feita dentre os nomes de trinta e cinco anos, de notável Art. 696.  Importará em renúncia
constantes das listas a que se saber jurídico e reputação ilibada; o não comparecimento do mem-
refere o art. 685 ou na forma in- b)  seis classistas, com man- bro do Tribunal, sem motivo jus-
dicada no art. 686 e, bem assim, dato de três anos, em representa- tificado, a mais de três sessões
as dos arts. 665 e 667. ção paritária dos empregadores ordinárias consecutivas.36
e dos empregados, nomeados § 1o  Ocorrendo a hipótese
Art. 689.  Por sessão a que com- pelo Presidente da República, de prevista neste artigo, o Presidente
parecerem, até o máximo de quin- conformidade com o disposto nos do Tribunal comunicará imediata-
ze por mês, perceberão os juízes §§ 2o e 3o deste artigo. mente o fato ao Ministro da Jus-
representantes classistas e su- § 1o  Dentre os juízes togados tiça e Negócios Interiores, a fim
plentes dos Tribunais Regionais do Tribunal Superior do Trabalho, de que seja feita a substituição
a gratificação fixada em lei. alheios aos interesses profissio- do juiz renunciante, sem prejuízo
Parágrafo único.  Os juízes nais, serão eleitos o presidente, o das sanções cabíveis.
representantes classistas que re- vice-presidente e o corregedor, § 2o  Para os efeitos do pará-
tiverem processos além dos pra- além dos presidentes das turmas, grafo anterior, a designação do
zos estabelecidos no Regimento na forma estabelecida em seu substituto será feita dentre os
Interno dos Tribunais Regionais regimento interno. nomes constantes das listas de
sofrerão, automaticamente, na § 2o  Para nomeação trienal que trata o § 2o do art. 693.
gratificação mensal a que teriam dos juízes classistas, o Presidente
direito, desconto equivalente a do Tribunal Superior do Trabalho Art. 697.  Em caso de licença,
1/30 (um trinta avos) por proces- publicará edital, com antecedên- superior a trinta dias, ou de va-
so retido. cia mínima de 15 (quinze) dias, cância, enquanto não for preen-
convocando as associações sin- chido o cargo, os Ministros do
dicais de grau superior, para que Tribunal poderão ser substituídos
CAPÍTULO V – DO cada uma, mediante maioria de mediante convocação de Juízes,
TRIBUNAL SUPERIOR DO votos do respectivo Conselho de de igual categoria, de qualquer
TRABALHO Representantes, organize uma lis- dos Tribunais Regionais do Tra-
ta de três nomes, que será enca- balho, na forma que dispuser o
Seção I – Disposições minhada, por intermédio daquele Regimento do Tribunal Superior
Preliminares Tribunal, ao Ministro da Justiça do Trabalho.
e Negócios Interiores, dentro do
Art. 690.  O Tribunal Superior do prazo que for fixado no edital. Art. 698.  (Suprimido)
Trabalho, com sede na Capital da § 3o  Na lista de que trata o
República e jurisdição em todo o parágrafo anterior figurarão so- Art. 699.  O Tribunal Superior do
território nacional, é a instância mente brasileiros natos, de reco- Trabalho não poderá deliberar,
suprema da Justiça do Trabalho. nhecida idoneidade, maiores de na plenitude de sua composição,
Parágrafo único.  O Tribunal 25 (vinte e cinco) anos, quites com senão com a presença de, pelo
funciona na plenitude de sua o serviço militar, que estejam no menos, nove de seus juízes, além
composição ou dividido em tur- gozo de seus direitos civis e polí- do Presidente.
mas, com observância da parida- ticos e contem mais de dois anos Parágrafo único.  As turmas
de de representação de empre- de efetivo exercício da profissão do Tribunal, compostas de 5 (cin-
gados e empregadores. ou se encontrem no desempenho co) juízes, só poderão deliberar
de representação profissional com a presença de, pelo menos,
Art. 691.  (Suprimido) prevista em lei.
  NE: ver os arts. 111 a 116 da Constituição
35

Art. 692.  (Suprimido)   NE: ver os arts. 111 a 116 da Constituição


34 Federal.
Federal.   NE: ver Lei Complementar no 35/1979.
36

655
Consolidação das Leis do Trabalho
três de seus membros, além do f)  estabelecer ou alterar sú- e os que se suscitarem entre ju-
respectivo presidente, cabendo mulas e outros enunciados de ju- ízes de direito ou Juntas de Con-
também a este funcionar como risprudência uniforme, pelo voto ciliação e Julgamento de regiões
relator ou revisor nos feitos que de pelo menos dois terços de diferentes;
lhe forem distribuídos, conforme seus membros, caso a mesma b)  julgar, em última instância,
estabelecer o regimento interno. matéria já tenha sido decidida os recursos de revista interpostos
de forma idêntica por unanimi- de decisões dos Tribunais Regio-
Art. 700.  O Tribunal reunir-se-á dade em, no mínimo, dois ter- nais e das Juntas de Conciliação
em dias previamente fixados pelo ços das turmas em pelo menos e Julgamento ou juízes de direito,
presidente, o qual poderá, sem- dez sessões diferentes em cada nos casos previstos em lei;
pre que for necessário, convocar uma delas, podendo, ainda, por c)  julgar os agravos de instru-
sessões extraordinárias. maioria de dois terços de seus mento dos despachos que dene-
membros, restringir os efeitos garem a interposição de recursos
Art. 701.  As sessões do Tribunal daquela declaração ou decidir que ordinários ou de revista;
serão públicas e começarão às ela só tenha eficácia a partir de d)  julgar os embargos de de-
14 (quatorze) horas, terminando sua publicação no Diário Oficial; claração opostos aos seus acór-
às 17 (dezessete) horas; mas po- g)  aprovar tabelas de custas dãos;
derão ser prorrogadas pelo pre- e emolumentos, nos termos da lei; e)  julgar as habilitações inci-
sidente, em caso de manifesta h)  elaborar o Regimento In- dentes e arguições de falsidade,
necessidade. terno do Tribunal e exercer as suspeição e outras, nos casos
§ 1o  As sessões extraordiná- atribuições administrativas pre- pendentes de sua decisão.
rias do Tribunal só se realizarão vistas em lei, ou decorrentes da § 3o  As sessões de julgamen-
quando forem comunicadas aos Constituição Federal; to sobre estabelecimento ou alte-
seus membros com 24 (vinte e II – em última instância: ração de súmulas e outros enun-
quatro) horas, no mínimo, de an- a)  julgar os recursos ordi- ciados de jurisprudência deverão
tecedência. nários das decisões proferidas ser públicas, divulgadas com, no
§ 2o  Nas sessões do Tribunal pelos Tribunais Regionais, em mínimo, trinta dias de antece-
os debates poderão tornar-se se- processos de sua competência dência, e deverão possibilitar a
cretos, desde que, por motivo de originária; sustentação oral pelo Procurador-
interesse público, assim resolva a b)  julgar os embargos opos- -Geral do Trabalho, pelo Conselho
maioria de seus membros. tos às decisões de que tratam as Federal da Ordem dos Advogados
alíneas “b” e “c” do inciso I deste do Brasil, pelo Advogado-Geral da
artigo; União e por confederações sin-
Seção III – Da Competência c)  julgar embargos das deci- dicais ou entidades de classe de
do Tribunal Pleno sões das Turmas, quando estas âmbito nacional.
divirjam entre si ou de decisão § 4o  O estabelecimento ou
Art. 702.  Ao Tribunal Pleno com- proferida pelo próprio Tribunal a alteração de súmulas e outros
pete: Pleno, ou que forem contrárias enunciados de jurisprudência pe-
I – em única instância: à letra de lei federal; los Tribunais Regionais do Traba-
a) decidir sobre matéria d)  julgar os agravos de des- lho deverão observar o disposto
constitucional, quando arguido, pachos denegatórios dos presi- na alínea “f” do inciso I e no § 3o
para invalidar lei ou ato do po- dentes de turmas, em matéria de deste artigo, com rol equivalente
der público; embargos, na forma estabelecida de legitimados para sustentação
b)  conciliar e julgar os dis- no regimento interno; oral, observada a abrangência de
sídios coletivos que excedam a e)  julgar os embargos de de- sua circunscrição judiciária.
jurisdição dos Tribunais Regionais claração opostos aos seus acór-
do Trabalho, bem como estender dãos.
ou rever suas próprias decisões § 1o  Quando adotada pela
Seção IV – Da Competência
normativas, nos casos previstos maioria de dois terços dos juí- da Câmara de Justiça do
em lei; zes do Tribunal Pleno, a decisão Trabalho
c)  homologar os acordos ce- proferida nos embargos de que
lebrados em dissídios de que trata trata o inciso II, alínea “c”, deste Arts.  703 a 705.  (Suprimidos)
a alínea anterior; artigo, terá força de prejulga-
d)  julgar os agravos dos des- do, nos termos dos §§ 2o e 3o, do
pachos do presidente, nos casos art. 902.
Seção V – Da Competência
previstos em lei; § 2o  É da competência de da Câmara de Previdência
e)  julgar as suspeições argui- cada uma das turmas do Tribunal: Social
das contra o presidente e demais a)  julgar, em única instância,
juízes do Tribunal, nos feitos pen- os conflitos de jurisdição entre Art. 706.  (Suprimido)
dentes de sua decisão; Tribunais Regionais do Trabalho

656
Consolidação das Leis do Trabalho
Seção VI – Das Atribuições Parágrafo único.  O Presiden- CAPÍTULO VI – DOS
do Presidente do Tribunal te terá um secretário, por ele de- SERVIÇOS AUXILIARES DA
Superior do Trabalho signado dentre os funcionários
lotados no Tribunal, e será auxi-
JUSTIÇA DO TRABALHO
Art. 707.  Compete ao Presidente liado por servidores designados Seção I – Da Secretaria das
do Tribunal: nas mesmas condições. Juntas de Conciliação e
a)  presidir às sessões do Tri- Julgamento
bunal, fixando os dias para a rea-
lização das sessões ordinárias e
Seção VII – Das Atribuições Art. 710.  Cada Junta terá uma
convocando as extraordinárias; do Vice-Presidente Secretaria, sob a direção de fun-
b)  superintender todos os cionário que o presidente desig-
serviços do Tribunal; Art. 708.  Compete ao Vice-Pre- nar, para exercer a função de
c)  expedir instruções e ado- sidente do Tribunal: secretário, e que receberá, além
tar as providências necessárias a)  substituir o Presidente e dos vencimentos corresponden-
para o bom funcionamento do o Corregedor em suas faltas e tes ao seu padrão, a gratificação
Tribunal e dos demais órgãos da impedimentos; de função fixada em lei.
Justiça do Trabalho; b) (Suprimida).
d)  fazer cumprir as decisões Parágrafo único.  Na ausência Art. 711.  Compete à Secretaria
originárias do Tribunal, determi- do Presidente e do Vice-Presi- das Juntas:
nando aos Tribunais Regionais dente, será o Tribunal presidido a)  o recebimento, a autu-
e aos demais órgãos da Justiça pelo juiz togado mais antigo, ou ação, o andamento, a guarda e
do Trabalho a realização dos atos pelo mais idoso quando igual a a conservação dos processos e
processuais e das diligências ne- antiguidade. outros papéis que lhe forem en-
cessárias; caminhados;
e)  submeter ao Tribunal os b)  a manutenção do proto-
processos em que tenha de de-
Seção VIII – Das Atribuições colo de entrada e saída dos pro-
liberar e designar, na forma do do Corregedor cessos e demais papéis;
regimento interno, os respecti- c)  o registro das decisões;
vos relatores; Art. 709.  Compete ao Corre- d)  a informação, às partes
f)  despachar os recursos in- gedor, eleito dentre os Ministros interessadas e seus procurado-
terpostos pelas partes e os de- togados do Tribunal Superior do res, do andamento dos respec-
mais papéis em que deva de- Trabalho: tivos processos, cuja consulta
liberar; I – exercer funções de inspe- lhes facilitará;
g)  determinar as alterações ção e correição permanente com e)  a abertura de vista dos
que se fizerem necessárias na relação aos Tribunais Regionais processos às partes, na própria
lotação do pessoal da Justiça e seus presidentes; Secretaria;
do Trabalho, fazendo remoções II – decidir reclamações con- f)  a contagem das custas
ex officio de servidores entre os tra os atos atentatórios da boa or- devidas pelas partes nos respec-
Tribunais Regionais, Juntas de dem processual praticados pelos tivos processos;
Conciliação e Julgamento e ou- Tribunais Regionais e seus presi- g)  o fornecimento de cer-
tros órgãos; bem como conceder dentes, quando inexistir recurso tidões sobre o que constar dos
as requeridas que julgar conve- específico; livros ou do arquivamento da Se-
nientes ao serviço, respeitada a III – (Revogado). cretaria;
lotação de cada órgão; § 1o  Das decisões proferidas h)  a realização das penhoras
h)  conceder licenças e fé- pelo Corregedor, nos casos do ar- e demais diligências processuais;
rias aos servidores do Tribunal, tigo, caberá o agravo regimental, i)  o desempenho dos demais
bem como impor-lhes as penas para o Tribunal Pleno. trabalhos que lhe forem come-
disciplinares que excederem da § 2o  O Corregedor não inte- tidos pelo presidente da Junta,
alçada das demais autoridades; grará as Turmas do Tribunal, mas para melhor execução dos ser-
i)  dar posse e conceder licen- participará, com voto, das ses- viços que lhe estão afetos.
ça aos membros do Tribunal, bem sões do Tribunal Pleno, quando
como conceder licenças e férias não se encontrar em correição Art. 712.  Compete especialmen-
aos presidentes dos Tribunais ou em férias, embora não relate te aos secretários das Juntas de
Regionais; nem revise processos, cabendo- Conciliação e Julgamento:
j)  apresentar ao Ministro do -lhe, outrossim, votar em inciden- a)  superintender os traba-
Trabalho, Indústria e Comércio, te de inconstitucionalidade, nos lhos da Secretaria, velando pela
até 31 de março de cada ano, o processos administrativos e nos boa ordem do serviço;
relatório das atividades do Tri- feitos em que estiver vinculado b)  cumprir e fazer cumprir as
bunal e dos demais órgãos da por visto anterior à sua posse na ordens emanadas do presidente
Justiça do Trabalho. Corregedoria. e das autoridades superiores;

657
Consolidação das Leis do Trabalho
c)  submeter a despacho e dos reclamados, ambos por or- do funcionário designado para
assinatura do presidente o expe- dem alfabética; exercer a função de secretário,
diente e os papéis que devam ser d)  o fornecimento a qualquer com a gratificação de função
por ele despachados e assinados; pessoa que o solicite, verbalmen- fixada em lei.
d)  abrir a correspondência te ou por certidão, de informações
oficial dirigida à Junta e ao seu sobre os feitos distribuídos; Art. 719.  Competem à Secretaria
presidente, a cuja deliberação e)  a baixa na distribuição dos Tribunais, além das atribui-
será submetida; dos feitos, quando isto lhe for ções estabelecidas no art.  711,
e)  tomar por termo as re- determinado pelos presidentes para a Secretaria das Juntas,
clamações verbais, nos casos de das Juntas, formando, com as mais as seguintes:
dissídios individuais; fichas correspondentes, fichários a)  a conclusão dos proces-
f)  promover o rápido anda- à parte, cujos dados poderão ser sos ao presidente e sua remes-
mento dos processos, especial- consultados pelos interessados, sa, depois de despachados, aos
mente na fase de execução, e mas não serão mencionados em respectivos relatores;
a pronta realização dos atos e certidões. b)  a organização e a manu-
diligências deprecadas pelas au- tenção de um fichário de jurispru-
toridades superiores; Art. 715.  Os distribuidores são dência do Tribunal, para consulta
g)  secretariar as audiências designados pelo presidente do dos interessados.
da Junta, lavrando as respecti- Tribunal Regional, dentre os fun- Parágrafo único.  No regi-
vas atas; cionários das Juntas e do Tribunal mento interno dos Tribunais Re-
h)  subscrever as certidões e Regional, existentes na mesma gionais serão estabelecidas as
os termos processuais; localidade, e ao mesmo presi- demais atribuições, o funciona-
i)  dar aos litigantes ciência dente diretamente subordinados. mento e a ordem dos trabalhos
das reclamações e demais atos de suas Secretarias.
processuais de que devam ter
conhecimento, assinando as res-
Seção III – Do Cartório dos Art. 720.  Competem aos secre-
pectivas notificações; Juízos de Direito tários dos Tribunais Regionais as
j)  executar os demais traba- mesmas atribuições conferidas
lhos que lhe forem atribuídos pelo Art. 716.  Os Cartórios dos Juízos no art.  712 aos secretários das
presidente da Junta. de Direito, investidos na adminis- Juntas, além das que lhes forem
Parágrafo único.  Os serven- tração da Justiça do Trabalho, fixadas no regimento interno dos
tuários que, sem motivo justi- têm, para esse fim, as mesmas Tribunais.
ficado, não realizarem os atos, atribuições e obrigações con-
dentro dos prazos fixados, serão feridas na Seção I às Secreta-
descontados em seus vencimen- rias das Juntas de Conciliação e
Seção V – Dos Oficiais de
tos, em tantos dias quantos os Julgamento. Justiça
do excesso. Parágrafo único.  Nos Juízos
em que houver mais de um Car- Art. 721.  Incumbe aos Oficiais
tório, far-se-á entre eles a distri- de Justiça e Oficiais de Justiça
Seção II – Dos Distribuidores buição alternada e sucessiva das Avaliadores da Justiça do Traba-
reclamações. lho a realização dos atos decor-
Art. 713.  Nas localidades em que rentes da execução dos julga-
existir mais de uma Junta de Con- Art. 717.  Aos escrivães dos Ju- dos das Juntas de Conciliação
ciliação e Julgamento, haverá um ízos de Direito, investidos na ad- e Julgamento e dos Tribunais
distribuidor. ministração da Justiça do Tra- Regionais do Trabalho, que lhes
balho, competem especialmente forem cometidos pelos respec-
Art. 714.  Compete ao distribui- as atribuições e obrigações dos tivos Presidentes.
dor: secretários das Juntas; e aos de- § 1o  Para efeito de distri-
a)  a distribuição, pela ordem mais funcionários dos Cartórios buição dos referidos atos, cada
rigorosa de entrada, e sucessiva- as que couberem nas respectivas Oficial de Justiça ou Oficial de
mente a cada Junta, dos feitos funções, dentre as que compe- Justiça Avaliador funcionará pe-
que, para esse fim, lhe forem tem às Secretarias das Juntas, rante uma Junta de Conciliação
apresentados pelos interessados; enumeradas no art. 711. e Julgamento, salvo quando da
b)  o fornecimento, aos inte- existência, nos Tribunais Regio-
ressados, do recibo correspon- nais do Trabalho, de órgão espe-
dente a cada feito distribuído;
Seção IV – Das Secretarias cífico, destinado à distribuição de
c)  a manutenção de dois fi- dos Tribunais Regionais mandados judiciais.
chários dos feitos distribuídos, § 2o  Nas localidades onde
sendo um organizado pelos no- Art. 718.  Cada Tribunal Regional houver mais de uma Junta, res-
mes dos reclamantes e o outro tem uma Secretaria, sob a direção peitado o disposto no parágra-

658
Consolidação das Leis do Trabalho
fo anterior, a atribuição para o cessionário for pessoa jurídica, o auxiliares da Justiça do Trabalho,
cumprimento do ato deprecado presidente do tribunal que houver aplica-se o disposto no Título XI
ao Oficial de Justiça ou Oficial de proferido a decisão poderá, sem do Código Penal.
Justiça Avaliador será transferi- prejuízo do cumprimento desta
da a outro Oficial, sempre que, e da aplicação das penalidades
após o decurso de 9 (nove) dias, cabíveis, ordenar o afastamento
Seção III – De Outras
sem razões que o justifiquem, dos administradores responsá- Penalidades
não tiver sido cumprido o ato, veis, sob pena de ser cassada a
sujeitando-se o serventuário às concessão. Art. 729.  O empregador que dei-
penalidades da lei. § 3o  Sem prejuízo das san- xar de cumprir decisão passada
§ 3o  No caso de avaliação, ções cominadas neste artigo, os em julgado sobre readmissão ou
terá o Oficial de Justiça Avalia- empregadores ficarão obriga- reintegração de empregado, além
dor, para cumprimento do ato, o dos a pagar os salários devidos do pagamento dos salários deste,
prazo previsto no art. 888. aos seus empregados, durante o incorrerá na multa de Cr$ 10,00
§ 4o  É facultado aos Presi- tempo de suspensão do trabalho. (dez cruzeiros) a Cr$ 50,00 (cin-
dentes dos Tribunais Regionais quenta cruzeiros), por dia, até que
do Trabalho cometer a qualquer Arts.  723 a 725.  (Revogados) seja cumprida a decisão.
Oficial de Justiça ou Oficial de § 1o  O empregador que impe-
Justiça Avaliador a realização dos dir ou tentar impedir que empre-
atos de execução das decisões
Seção II – Das Penalidades gado seu sirva como vogal em Tri-
desses Tribunais. contra os Membros da bunal de Trabalho, ou que perante
§ 5o  Na falta ou impedimento Justiça do Trabalho este preste depoimento, incorrerá
do Oficial de Justiça ou Oficial de na multa de Cr$ 500,00 (quinhen-
Justiça Avaliador, o Presidente da Art. 726.  Aquele que recusar o tos cruzeiros) a Cr$ 5.000,00 (cin-
Junta poderá atribuir a realização exercício da função de vogal de co mil cruzeiros).
do ato a qualquer serventuário. Junta de Conciliação e Julgamen- § 2o Na mesma pena do
to ou de Tribunal Regional, sem parágrafo anterior incorrerá o
motivo justificado, incorrerá nas empregador que dispensar seu
CAPÍTULO VII – DAS seguintes penas: empregado pelo fato de haver
PENALIDADES a) sendo representan- servido como vogal ou prestado
te de empregadores, multa depoimento como testemunha,
Seção I – Do Lock-out e da
de Cr$  100,00 (cem cruzeiros) sem prejuízo da indenização que
Greve a Cr$  1.000,00 (mil cruzeiros) e a lei estabeleça.
suspensão do direito de repre-
Art. 722.  Os empregadores que, sentação profissional por dois a Art. 730.  Aqueles que se recusa-
individual ou coletivamente, sus- cinco anos; rem a depor como testemunhas,
penderem os trabalhos dos seus b)  sendo representante de sem motivo justificado, incorre-
estabelecimentos, sem prévia au- empregados, multa de Cr$ 100,00 rão na multa de Cr$ 50,00 (cin-
torização do tribunal competente, (cem cruzeiros) e suspensão do quenta cruzeiros) a Cr$  500,00
ou que violarem, ou se recusarem direito de representação profis- (quinhentos cruzeiros).
a cumprir decisão proferida em sional por dois a cinco anos.
dissídio coletivo, incorrerão nas Art. 731.  Aquele que, tendo apre-
seguintes penalidades: Art. 727.  Os vogais das Juntas sentado ao distribuidor reclama-
a)  multa de cinco mil cru- de Conciliação e Julgamento, ou ção verbal, não se apresentar, no
zeiros a cinquenta mil cruzeiros; dos Tribunais Regionais, que fal- prazo estabelecido no parágrafo
b)  perda do cargo de repre- tarem a três reuniões ou sessões único do art. 786, à Junta ou Juí-
sentação profissional em cujo consecutivas, sem motivo justifi- zo para fazê-lo tomar por termo,
desempenho estiverem; cado, perderão o cargo, além de incorrerá na pena de perda, pelo
c)  suspensão, pelo prazo de incorrerem nas penas do artigo prazo de seis meses, do direito
dois a cinco anos, do direito de anterior. de reclamar perante a Justiça
serem eleitos para cargos de re- Parágrafo único.  Se a falta do Trabalho.
presentação profissional. for de presidente, incorrerá ele
§ 1o  Se o empregador for pes- na pena de perda do cargo, além Art. 732.  Na mesma pena do
soa jurídica, as penas previstas da perda dos vencimentos corres- artigo anterior incorrerá o recla-
nas alíneas “b” e “c” incidirão sobre pondentes aos dias em que tiver mante que, por duas vezes segui-
os administradores responsáveis. faltado às audiências ou sessões das, der causa ao arquivamento
§ 2o  Se o empregador for consecutivas. de que trata o art. 844.
concessionário de serviço pú-
blico, as penas serão aplicadas Art. 728.  Aos presidentes, mem- Art. 733.  As infrações de dispo-
em dobro. Nesse caso, se o con- bros, juízes, vogais e funcionários sições deste Título, para as quais

659
Consolidação das Leis do Trabalho
não haja penalidades cominadas, TÍTULO IX – DO MINISTÉRIO CAPÍTULO II – DA
serão punidas com a multa de PÚBLICO DO TRABALHO38 PROCURADORIA DA
Cr$ 50,00 (cinquenta cruzeiros) a
JUSTIÇA DO TRABALHO
Cr$ 5.000,00 (cinco mil cruzeiros), CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
elevada ao dobro na reincidência. GERAIS Seção I – Da Organização
Art. 736.  O Ministério Público do Art. 740.  A Procuradoria da Jus-
CAPÍTULO VIII – Trabalho é constituído por agen- tiça do Trabalho compreende:
DISPOSIÇÕES GERAIS tes diretos do Poder Executivo, a)  1 (uma) Procuradoria-Ge-
tendo por função zelar pela exa- ral, que funcionará junto ao Tri-
Art. 734.  O ministro do Traba- ta observância da Constituição bunal Superior do Trabalho;
lho, Indústria e Comércio poderá Federal, das leis e demais atos b)  24 (vinte e quatro) Procu-
rever, ex officio, dentro do prazo emanados dos poderes públicos, radorias Regionais, que funciona-
de 30 (trinta) dias, contados de na esfera de suas atribuições. rão junto aos Tribunais Regionais
sua publicação no órgão oficial, Parágrafo único.  Para o exer- do Trabalho.
ou mediante representação apre- cício de suas funções, o Ministério
sentada dentro de igual prazo:37 Público do Trabalho reger-se-á Art. 741.  As Procuradorias Re-
a)  as decisões da Câmara pelo que estatui esta Consoli- gionais são subordinadas dire-
de Previdência Social, quando dação e, na falta de disposição tamente ao procurador-geral.
proferidas pelo voto de desempa- expressa, pelas normas que re-
te, ou que violarem disposições gem o Ministério Público Federal. Art. 742.  A Procuradoria-Geral
expressas de direito ou modifi- é constituída de um procurador-
carem jurisprudência até então Art. 737.  O Ministério Público -geral e de procuradores.
observada; do Trabalho compõe-se da Pro- Parágrafo único.  As Procura-
b)  as decisões do presidente curadoria da Justiça do Trabalho dorias Regionais compõem-se de
do Tribunal Superior do Trabalho e da Procuradoria da Previdência um procurador regional, auxiliado,
em matéria de previdência social. Social, aquela funcionando como quando necessário, por procura-
Parágrafo único.  O ministro órgão de coordenação entre a dores adjuntos.
do Trabalho, Indústria e Comér- Justiça do Trabalho e o Ministério
cio poderá avocar ao seu conhe- do Trabalho, Indústria e Comércio, Art. 743.  Haverá, nas Procura-
cimento os assuntos de natu- ambas diretamente subordinadas dorias Regionais, substitutos de
reza administrativa referentes ao Ministro de Estado. procurador adjunto ou, quando
às instituições de previdência não houver este cargo, de procu-
social, sempre que houver inte- Art. 738.  Os procuradores, além rador regional, designados previa-
resse público. dos vencimentos fixados na ta- mente por decreto do Presidente
bela constante do Decreto-lei da República, sem ônus para os
Art. 735.  As repartições públi- no 2.874, de 16 de dezembro de cofres públicos.
cas e as associações sindicais 1940, continuarão a perceber a § 1o  O substituto tomará pos-
são obrigadas a fornecer aos ju- percentagem de 8%, por moti- se perante o respectivo procura-
ízes e tribunais do Trabalho e à vo de cobrança da dívida ativa dor regional, que será a autorida-
Procuradoria da Justiça do Tra- da União ou de multas impostas de competente para convocá-lo.
balho as informações e os dados pelas autoridades administra- § 2o  O procurador regional
necessários à instrução e ao jul- tivas e judiciárias do trabalho e será substituído em suas faltas
gamento dos feitos submetidos da previdência social. e impedimentos pelo procura-
à sua apreciação. Parágrafo único.  Essa per- dor adjunto, quando houver, e,
Parágrafo único.  A recusa de centagem será calculada sobre havendo mais de um, pelo que
informações ou dados a que se as somas efetivamente arreca- for por ele designado.
refere este artigo, por parte de dadas e rateada de acordo com § 3o  O procurador adjunto
funcionários públicos, importa na as instruções expedidas pelos será substituído, em suas faltas
aplicação das penalidades previs- respectivos procuradores-gerais. e impedimentos, pelo respectivo
tas pelo Estatuto dos Funcioná- procurador substituto.
rios Públicos por desobediência. Art. 739.  Não estão sujeitos a § 4o  Será dispensado, auto-
ponto os procuradores-gerais e maticamente, o substituto que
os procuradores. não atender a convocação, salvo
motivo de doença devidamente
comprovada.
§ 5o  Nenhum direito ou van-
tagem terá o substituto além do
37
  NE: ver Decreto-lei no  72/1966 e Lei vencimento do cargo do substi-
no 3.807/1960.   NE: ver Lei Complementar no 75/1993.
38 tuído e somente durante o seu

660
Consolidação das Leis do Trabalho
impedimento legal. Ministério do Trabalho, Indústria e curadores e demais funcionários
Comércio as informações que lhe que sirvam na Procuradoria e
Art. 744.  A nomeação do pro- forem solicitadas sobre os dissí- impor-lhes penas disciplinares,
curador-geral deverá recair em dios submetidos à apreciação do observada, quanto aos procura-
bacharel em ciências jurídicas Tribunal e encaminhar aos órgãos dores, a legislação em vigor para
e sociais, que tenha exercido, competentes cópia autenticada o Ministério Público Federal;
por cinco ou mais anos, cargo das decisões que por eles devam g)  funcionar em Juízo, em
de magistratura ou de Ministério ser atendidas ou cumpridas; primeira instância, ou designar os
Público, ou a advocacia. j)  requisitar de quaisquer procuradores que o devem fazer;
autoridades inquéritos, exames h)  admitir e dispensar o pes-
Art. 745.  Para a nomeação dos periciais, diligências, certidões e soal extranumerário da Secre-
demais procuradores, atender- esclarecimentos que se tornem taria e prorrogar o expediente
-se-á aos mesmos requisitos es- necessários no desempenho de remunerado dos funcionários e
tabelecidos no artigo anterior, suas atribuições; extranumerários.
reduzido a dois anos, no mínimo, l)  defender a jurisdição dos
o tempo de exercício. órgãos da Justiça do Trabalho;
m)  suscitar conflitos de ju-
Seção V – Das Atribuições
risdição. dos Procuradores
Seção II – Da Competência
da Procuradoria-Geral Art. 749.  Incumbe aos procura-
Seção III – Da Competência dores com exercício na Procura-
Art. 746.  Compete à Procurado- das Procuradorias Regionais doria-Geral:
ria-Geral da Justiça do Trabalho: a)  funcionar, por designação
a)  oficiar, por escrito, em Art. 747.  Compete às Procura- do procurador-geral, nas sessões
todos os processos e questões dorias Regionais exercer, dentro do Tribunal Superior do Trabalho;
de trabalho de competência do da jurisdição do Tribunal Regional b)  desempenhar os demais
Tribunal Superior do Trabalho; respectivo, as atribuições indica- encargos que lhes forem atribu-
b)  funcionar nas sessões do das na Seção anterior. ídos pelo Procurador-Geral.
mesmo Tribunal, opinando verbal- Parágrafo único.  Aos procu-
mente sobre a matéria em debate radores é facultado, nos proces-
e solicitando as requisições e di-
Seção IV – Das Atribuições sos em que oficiarem, requerer ao
ligências que julgar convenientes, do Procurador-Geral procurador-geral as diligências e
sendo-lhe assegurado o direito de investigações necessárias.
vista do processo em julgamento Art. 748.  Como chefe da Pro-
sempre que for suscitada questão curadoria-Geral da Justiça do
nova, não examinada no parecer Trabalho, incumbe ao Procura-
Seção VI – Das Atribuições
exarado; dor-Geral: dos Procuradores Regionais
c)  requerer prorrogação das a)  dirigir os serviços da Pro-
sessões do Tribunal, quando essa curadoria-Geral, orientar e fis- Art. 750.  Incumbe aos procura-
medida for necessária para que calizar as Procuradorias Regio- dores regionais:
se ultime o julgamento; nais, expedindo as necessárias a)  dirigir os serviços da res-
d)  exarar, por intermédio do instruções; pectiva Procuradoria;
procurador-geral, o seu “ciente” b)  funcionar nas sessões do b)  funcionar nas sessões do
nos acórdãos do Tribunal; Tribunal Superior do Trabalho, Tribunal Regional, pessoalmente
e)  proceder às diligências e pessoalmente ou por intermé- ou por intermédio do procurador
inquéritos solicitados pelo Tri- dio do procurador que designar; adjunto que designar;
bunal; c)  exarar o seu “ciente” nos c)  apresentar, semestral-
f)  recorrer das decisões do acórdãos do Tribunal; mente, ao procurador-geral um
Tribunal, nos casos previstos em d)  designar o procurador que relatório das atividades da res-
lei; o substitua nas faltas e impedi- pectiva Procuradoria, bem como
g)  promover, perante o Juízo mentos e o chefe da secretaria dados e informações sobre a ad-
competente, a cobrança execu- da Procuradoria; ministração da Justiça do Traba-
tiva das multas impostas pelas e)  apresentar, até o dia 31 de lho na respectiva região;
autoridades administrativas e março, ao Ministro do Trabalho, d)  requerer e acompanhar
judiciárias do trabalho; Indústria e Comércio, relatório perante as autoridades adminis-
h)  representar às autorida- dos trabalhos da Procuradoria- trativas ou judiciárias as diligên-
des competentes contra os que -Geral no ano anterior, com as cias necessárias à execução das
não cumprirem as decisões do observações e sugestões que medidas e providências ordena-
Tribunal; julgar convenientes; das pelo procurador-geral;
i)  prestar às autoridades do f)  conceder férias aos pro- e)  prestar ao procurador-ge-

661
Consolidação das Leis do Trabalho
ral as informações necessárias CAPÍTULO III – DA blico as informações por este
sobre os feitos em andamento e PROCURADORIA DE solicitadas em virtude de ações
consultá-lo nos casos de dúvidas; propostas nos Estados e Territó-
f)  funcionar em Juízo, na
PREVIDÊNCIA SOCIAL39 rios para execução ou anulação
sede do respectivo Tribunal Re- Seção I – Da Organização de atos e decisões dos órgãos ou
gional; da autoridade a que se refere a
g)  exarar o seu “ciente” nos Art. 755.  A Procuradoria de Pre- alínea anterior;
acórdãos do Tribunal; vidência Social compõe-se de g)  promover em juízo, no Dis-
h)  designar o procurador que um procurador-geral e de pro- trito Federal, qualquer proce-
o substitua nas faltas e impedi- curadores. dimento necessário ao cumpri-
mentos e o secretário da Pro- mento das decisões do Conselho
curadoria. Art. 756.  Para a nomeação do Superior de Previdência Social e
procurador-geral e dos demais do Departamento Nacional de
Art. 751.  Incumbe aos procura- procuradores atender-se-á ao Previdência Social, bem como
dores adjuntos das Procuradorias disposto nos arts. 744 e 745. do Ministro do Trabalho, Indús-
Regionais: tria e Comércio, em matéria de
a)  funcionar, por designação previdência social;
do procurador regional, nas ses-
Seção II – Da Competência h)  recorrer das decisões dos
sões do Tribunal Regional; da Procuradoria órgãos e autoridades competen-
b)  desempenhar os demais tes em matéria de previdência
encargos que lhes forem atribu- Art. 757.  Compete à Procurado- social e requerer revisão das de-
ídos pelo procurador regional. ria de Previdência Social: cisões do Conselho Superior de
a)  oficiar, por escrito, nos Previdência Social, que lhe pare-
processos que tenham de ser çam contrárias à lei.
Seção VII – Da Secretaria sujeitos à decisão do Conselho
Superior de Previdência Social;
Art. 752.  A Secretaria da Pro- b)  oficiar, por escrito, nos
Seção III – Das Atribuições
curadoria-Geral funcionará sob pedidos de revisão das decisões do Procurador-Geral
a direção de um chefe designado do mesmo Conselho;
pelo Procurador-Geral e terá o c)  funcionar nas sessões do Art. 758.  Como chefe da Pro-
pessoal designado pelo Ministro mesmo Conselho, opinando ver- curadoria da Previdência Social,
do Trabalho, Indústria e Comércio. balmente sobre a matéria em incumbe ao Procurador-Geral:
debate e solicitando as requisi- a)  dirigir os serviços da Pro-
Art. 753.  Compete à Secretaria: ções e diligências que julgar con- curadoria, expedindo as necessá-
a)  receber, registrar e enca- venientes, sendo-lhe assegurado rias instruções;
minhar os processos ou papéis o direito de vista do processo em b)  funcionar nas sessões do
entrados; julgamento, sempre que for sus- Conselho Superior de Previdên-
b)  classificar e arquivar os citada questão nova, não exami- cia Social, pessoalmente ou por
pareceres e outros papéis; nada no parecer exarado; intermédio do procurador que
c)  prestar informações sobre d)  opinar, quando solicitada, designar;
os processos ou papéis sujeitos nos processos sujeitos à delibe- c)  designar o procurador que
à apreciação da Procuradoria; ração do Ministro de Estado, do o substitua nas faltas e impedi-
d)  executar o expediente da Conselho Técnico do Departa- mentos e o chefe da Secretaria
Procuradoria; mento Nacional de Previdência da Procuradoria;
e)  providenciar sobre o su- Social ou do Diretor do mesmo d)  conceder férias aos pro-
primento do material necessário; Departamento, em que houver curadores e demais funcioná-
f)  desempenhar os demais matéria jurídica a examinar; rios lotados na Procuradoria e
trabalhos que lhe forem cometi- e)  funcionar, em primeira impor-lhes penas disciplinares,
dos pelo procurador-geral, para instância, nas ações propostas observada, quanto aos procura-
melhor execução dos serviços a contra a União, no Distrito Fe- dores, a legislação em vigor para
seu cargo. deral, para anulação de atos e o Ministério Público Federal;
decisões do Conselho Superior de e)  funcionar em juízo, em
Art. 754.  Nas Procuradorias Previdência Social ou do Depar- primeira instância, ou designar os
Regionais os trabalhos a que se tamento Nacional de Previdência procuradores que devem fazê-lo;
refere o artigo anterior serão exe- Social, bem como do Ministro do f)  admitir e dispensar o pes-
cutados pelos funcionários para Trabalho, Indústria e Comércio, soal extranumerário da Secre-
esse fim designados. em matéria de previdência social; taria e prorrogar o expediente
f)  fornecer ao Ministério Pú- remunerado dos funcionários e
extranumerários;
  NE: ver Decreto-lei no 72/1966.
39 g)  apresentar, até 31 de mar-

662
Consolidação das Leis do Trabalho
ço de cada ano, ao Ministro do Trabalho empregarão sempre os poderá realizar-se em domingo ou
Trabalho, Indústria e Comércio, seus bons ofícios e persuasão no dia feriado, mediante autorização
o relatório dos trabalhos da Pro- sentido de uma solução concilia- expressa do juiz ou presidente.
curadoria no ano anterior, com tória dos conflitos.
as observações e sugestões que § 2o  Não havendo acordo, o Art. 771.  Os atos e termos pro-
julgar convenientes. juízo conciliatório converter-se- cessuais poderão ser escritos a
-á obrigatoriamente em arbitral, tinta, datilografados ou a carimbo.
proferindo decisão na forma pres-
Seção IV – Das Atribuições crita neste Título. Art. 772.  Os atos e termos pro-
dos Procuradores § 3o  É lícito às partes cele- cessuais, que devam ser assina-
brar acordo que ponha termo ao dos pelas partes interessadas,
Art. 759.  Aos procuradores e processo, ainda mesmo depois quando estas, por motivo justifi-
demais funcionários incumbe de encerrado o juízo conciliatório. cado, não possam fazê-lo, serão
desempenhar os encargos que firmados a rogo, na presença de
lhes forem cometidos pelo pro- Art. 765.  Os juízos e tribunais duas testemunhas, sempre que
curador-geral. do Trabalho terão ampla liber- não houver procurador legalmen-
Parágrafo único.  Aos procu- dade na direção do processo e te constituído.
radores é facultado, nos proces- velarão pelo andamento rápido
sos em que oficiarem, requerer ao das causas, podendo determinar Art. 773.  Os termos relativos ao
procurador-geral as diligências e qualquer diligência necessária ao movimento dos processos cons-
investigações necessárias. esclarecimento delas. tarão de simples notas, datadas
e rubricadas pelos secretários
Art. 766.  Nos dissídios sobre ou escrivães.
Seção V – Da Secretaria estipulação de salários, serão
estabelecidas condições que, Art. 774.  Salvo disposição em
Art. 760.  A Procuradoria da Pre- assegurando justos salários aos contrário, os prazos previstos
vidência Social terá uma Secre- trabalhadores, permitam também neste Título contam-se, confor-
taria dirigida por um chefe de- justa retribuição às empresas in- me o caso, a partir da data em
signado pelo Procurador-Geral. teressadas. que for feita pessoalmente, ou
recebida a notificação, daquela
Art. 761.  A Secretaria terá o pes- Art. 767.  A compensação, ou em que for publicado o edital no
soal designado pelo Ministro do retenção, só poderá ser arguida jornal oficial ou no que publicar
Trabalho, Indústria e Comércio. como matéria de defesa. o expediente da Justiça do Tra-
balho, ou, ainda, daquela em que
Art. 762.  À Secretaria da Pro- Art. 768.  Terá preferência em for afixado o edital, na sede da
curadoria de Previdência Social todas as fases processuais o dis- Junta, Juízo ou Tribunal.
compete executar serviços idên- sídio cuja decisão tiver de ser exe- Parágrafo único. Tratando-se
ticos aos referidos no art. 753. cutada perante o juízo da falência. de notificação postal, no caso de
não ser encontrado o destinatá-
Art. 769.  Nos casos omissos, o rio, ou no de recusa de recebi-
TÍTULO X – DO PROCESSO direito processual comum será mento, o Correio ficará obrigado,
JUDICIÁRIO DO TRABALHO fonte subsidiária do direito pro- sob pena de responsabilidade do
cessual do Trabalho, exceto na- servidor, a devolvê-la, no prazo
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES quilo em que for incompatível com de 48 (quarenta e oito) horas, ao
PRELIMINARES as normas deste Título. tribunal de origem.

Art. 763.  O processo da Justiça Art. 775.  Os prazos estabeleci-


do Trabalho, no que concerne aos CAPÍTULO II – DO dos neste Título serão contados
dissídios individuais e coletivos PROCESSO EM GERAL em dias úteis, com exclusão do
e à aplicação de penalidades, dia do começo e inclusão do dia
Seção I – Dos Atos, Termos e
reger-se-á, em todo o território do vencimento.
nacional, pelas normas estabe- Prazos Processuais § 1o  Os prazos podem ser
lecidas neste Título. prorrogados, pelo tempo estri-
Art. 770.  Os atos processuais tamente necessário, nas seguin-
Art. 764.  Os dissídios individuais serão publicados, salvo quan- tes hipóteses:
ou coletivos submetidos à apre- do o contrário determinar o in- I – quando o juízo entender
ciação da Justiça do Trabalho se- teresse social, e realizar-se-ão necessário;
rão sempre sujeitos à conciliação. nos dias úteis das 6 (seis) às 20 II – em virtude de força maior,
§ 1o  Para os efeitos deste (vinte) horas. devidamente comprovada.
artigo, os juízes e tribunais do Parágrafo único.  A penhora § 2o  Ao juízo incumbe dilatar

663
Consolidação das Leis do Trabalho
os prazos processuais e alterar em curso ou arquivados, as quais distribuidor à Junta ou Juízo com-
a ordem de produção dos meios serão lavradas pelos escrivães ou petente, acompanhada do bilhete
de prova, adequando-os às ne- secretários. de distribuição.
cessidades do conflito de modo Parágrafo único.  As certi-
a conferir maior efetividade à dões dos processos que corre-
tutela do direito. rem em segredo de justiça de-
Seção III – Das Custas e
penderão de despacho do juiz Emolumentos
Art. 775-A.  Suspende-se o cur- ou presidente.
so do prazo processual nos dias Art. 789.  Nos dissídios indivi-
compreendidos entre 20 de de- Art. 782.  São isentos do selo as duais e nos dissídios coletivos
zembro e 20 de janeiro, inclusive. reclamações, representações, do trabalho, nas ações e pro-
§ 1o  Ressalvadas as férias in- requerimentos, atos e processos cedimentos de competência da
dividuais e os feriados instituídos relativos à Justiça do Trabalho. Justiça do Trabalho, bem como
por lei, os juízes, os membros do nas demandas propostas perante
Ministério Público, da Defensoria a Justiça Estadual, no exercício
Pública e da Advocacia Pública e
Seção II – Da Distribuição da jurisdição trabalhista, as cus-
os auxiliares da Justiça exercerão tas relativas ao processo de co-
suas atribuições durante o perío- Art. 783.  A distribuição das re- nhecimento incidirão à base de
do previsto no caput deste artigo. clamações será feita entre as 2% (dois por cento), observado
§ 2o  Durante a suspensão do Juntas de Conciliação e Julga- o mínimo de R$ 10,64 (dez reais
prazo, não se realizarão audiên- mento, ou os Juízes de Direito e sessenta e quatro centavos) e o
cias nem sessões de julgamento. do Cível, nos casos previstos no máximo de quatro vezes o limite
art. 669, § 1o, pela ordem rigorosa máximo dos benefícios do Regi-
Art. 776.  O vencimento dos pra- de sua apresentação ao distribui- me Geral de Previdência Social,
zos será certificado nos proces- dor, quando o houver. e serão calculadas:
sos pelos escrivães ou secre- I – quando houver acordo ou
tários. Art. 784.  As reclamações serão condenação, sobre o respecti-
registradas em livro próprio, ru- vo valor;
Art. 777.  Os requerimentos e bricado em todas as folhas pela II – quando houver extinção
documentos apresentados, os autoridade a que estiver subor- do processo, sem julgamento do
atos e termos processuais, as dinado o distribuidor. mérito, ou julgado totalmente
petições ou razões de recursos e improcedente o pedido, sobre o
quaisquer outros papéis referen- Art. 785.  O distribuidor fornece- valor da causa;
tes aos feitos formarão os autos rá ao interessado um recibo, do III – no caso de procedência
dos processos, os quais ficarão qual constarão, essencialmen- do pedido formulado em ação de-
sob a responsabilidade dos es- te, o nome do reclamante e do claratória e em ação constitutiva,
crivães ou secretários. reclamado, a data da distribui- sobre o valor da causa;
ção, o objeto da reclamação e a IV – quando o valor for inde-
Art. 778.  Os autos dos proces- Junta ou o Juízo a que coube a terminado, sobre o que o juiz fixar.
sos da Justiça do Trabalho não distribuição. § 1o  As custas serão pagas
poderão sair dos cartórios ou pelo vencido, após o trânsito em
secretarias, salvo se solicitados Art. 786.  A reclamação verbal julgado da decisão. No caso de
por advogado regularmente cons- será distribuída antes de sua re- recurso, as custas serão pagas
tituído por qualquer das partes, ou dução a termo. e comprovado o recolhimento
quando tiverem de ser remetidos Parágrafo único. Distribuída dentro do prazo recursal.
aos órgãos competentes, em caso a reclamação verbal, o reclaman- § 2o  Não sendo líquida a con-
de recurso ou requisição. te deverá, salvo motivo de força denação, o juízo arbitrar-lhe-á
maior, apresentar-se, no prazo de o valor e fixará o montante das
Art. 779.  As partes, ou seus pro- cinco dias, ao Cartório ou à Secre- custas processuais.
curadores, poderão consultar, taria, para reduzi-la a termo, sob § 3o Sempre que houver
com ampla liberdade, os proces- a pena estabelecida no art. 731. acordo, se de outra forma não
sos nos Cartórios ou Secretarias. for convencionado, o pagamen-
Art. 787.  A reclamação escrita to das custas caberá em partes
Art. 780.  Os documentos juntos deverá ser formulada em duas iguais aos litigantes.
aos autos poderão ser desentra- vias e desde logo acompanha- § 4o  Nos dissídios coletivos,
nhados somente depois de findo o da dos documentos em que se as partes vencidas responderão
processo, ficando traslado. fundar. solidariamente pelo pagamento
das custas, calculadas sobre o
Art. 781.  As partes poderão re- Art. 788.  Feita a distribuição, a valor arbitrado na decisão, ou pelo
querer certidões dos processos reclamação será remetida pelo Presidente do Tribunal.

664
Consolidação das Leis do Trabalho
Art. 789-A.  No processo de exe- tavos de real); II – o Ministério Público do
cução são devidas custas, sempre III – autenticação de peças Trabalho.
de responsabilidade do executado – por folha: R$ 0,55 (cinquenta e Parágrafo único.  A isenção
e pagas ao final, de conformidade cinco centavos de real); prevista neste artigo não alcan-
com a seguinte tabela: IV – cartas de sentença, de ça as entidades fiscalizadoras
I – autos de arrematação, de adjudicação, de remição e de ar- do exercício profissional, nem
adjudicação e de remição: 5% rematação – por folha: R$  0,55 exime as pessoas jurídicas refe-
(cinco por cento) sobre o res- (cinquenta e cinco centavos de ridas no inciso I da obrigação de
pectivo valor, até o máximo de real); reembolsar as despesas judiciais
R$ 1.915,38 (um mil, novecentos V – certidões – por folha: realizadas pela parte vencedora.
e quinze reais e trinta e oito cen- R$ 5,53 (cinco reais e cinquenta
tavos); e três centavos). Art. 790-B.  A responsabilidade
II – atos dos oficiais de justiça, pelo pagamento dos honorários
por diligência certificada: Art. 790.  Nas Varas do Trabalho, periciais é da parte sucumbente
a)  em zona urbana: R$ 11,06 nos Juízos de Direito, nos Tribu- na pretensão objeto da perícia,
(onze reais e seis centavos); nais e no Tribunal Superior do ainda que beneficiária da justiça
b)  em zona rural: R$  22,13 Trabalho, a forma de pagamento gratuita.40
(vinte e dois reais e treze cen- das custas e emolumentos obe- § 1o  Ao fixar o valor dos ho-
tavos); decerá às instruções que serão norários periciais, o juízo deverá
III – agravo de instrumento: expedidas pelo Tribunal Superior respeitar o limite máximo esta-
R$ 44,26 (quarenta e quatro reais do Trabalho. belecido pelo Conselho Superior
e vinte e seis centavos); § 1o  Tratando-se de empre- da Justiça do Trabalho.
IV – agravo de petição: gado que não tenha obtido o be- § 2o  O juízo poderá deferir
R$ 44,26 (quarenta e quatro re- nefício da justiça gratuita, ou parcelamento dos honorários
ais e vinte e seis centavos); isenção de custas, o sindicato que periciais.
V – embargos à execução, houver intervindo no processo § 3o  O juízo não poderá exi-
embargos de terceiro e embargos responderá solidariamente pelo gir adiantamento de valores para
à arrematação: R$ 44,26 (quaren- pagamento das custas devidas. realização de perícias.
ta e quatro reais e vinte e seis § 2o  No caso de não paga- § 4o  Somente no caso em
centavos); mento das custas, far-se-á exe- que o beneficiário da justiça gra-
VI – recurso de revista: cução da respectiva importância, tuita não tenha obtido em juízo
R$ 55,35 (cinquenta e cinco re- segundo o procedimento estabe- créditos capazes de suportar a
ais e trinta e cinco centavos); lecido no Capítulo V deste Título. despesa referida no caput, ainda
VII – impugnação à sentença § 3o  É facultado aos juízes, que em outro processo, a União
de liquidação: R$ 55,35 (cinquen- órgãos julgadores e presiden- responderá pelo encargo.41
ta e cinco reais e trinta e cinco tes dos tribunais do trabalho de
centavos); qualquer instância conceder, a
VIII – despesa de armazena- requerimento ou de ofício, o be-
Seção IV – Das Partes e dos
gem em depósito judicial – por nefício da justiça gratuita, inclu- Procuradores
dia: 0,1% (um décimo por cento) sive quanto a traslados e instru-
do valor da avaliação; mentos, àqueles que perceberem Art. 791.  Os empregados e os
IX – cálculos de liquidação salário igual ou inferior a 40% empregadores poderão reclamar
realizados pelo contador do juí- (quarenta por cento) do limite pessoalmente perante a Justiça
zo – sobre o valor liquidado: 0,5% máximo dos benefícios do Regi- do Trabalho e acompanhar as
(cinco décimos por cento) até o me Geral de Previdência Social. suas reclamações até o final.
limite de R$  638,46 (seiscentos § 4o  O benefício da justiça § 1o  Nos dissídios individuais
e trinta e oito reais e quarenta e gratuita será concedido à parte os empregados e empregadores
seis centavos). que comprovar insuficiência de poderão fazer-se representar por
recursos para o pagamento das intermédio do sindicato, advoga-
Art. 789-B.  Os emolumentos se- custas do processo. do, solicitador, ou provisionado,
rão suportados pelo Requerente, inscrito na Ordem dos Advogados
nos valores fixados na seguinte Art. 790-A.  São isentos do pa- do Brasil.
tabela: gamento de custas, além dos § 2o  Nos dissídios coletivos
I – autenticação de traslado beneficiários de justiça gratuita: é facultada aos interessados a
de peças mediante cópia repro- I – a União, os Estados, o Dis- assistência por advogado.
gráfica apresentada pelas partes trito Federal, os Municípios e res- § 3o  A constituição de procu-
– por folha: R$ 0,55 (cinquenta e pectivas autarquias e fundações rador com poderes para o foro em
cinco centavos de real); públicas federais, estaduais ou
II – fotocópia de peças – por municipais que não explorem ati- 40
  NE: ver ADI no 5.766.
folha: R$ 0,28 (vinte e oito cen- vidade econômica; 41
  NE: ver ADI no 5.766.

665
Consolidação das Leis do Trabalho
geral poderá ser efetivada, me- de sucumbência na reconvenção. les que se coligaram para lesar
diante simples registro em ata de a parte contrária.
audiência, a requerimento verbal Art. 792.  (Revogado) § 2o  Quando o valor da cau-
do advogado interessado, com sa for irrisório ou inestimável, a
anuência da parte representada. Art. 793.  A reclamação traba- multa poderá ser fixada em até
lhista do menor de 18 (dezoito) duas vezes o limite máximo dos
Art. 791-A.  Ao advogado, ainda anos será feita por seus repre- benefícios do Regime Geral de
que atue em causa própria, serão sentantes legais e, na falta des- Previdência Social.
devidos honorários de sucumbên- tes, pela Procuradoria da Justiça § 3o  O valor da indenização
cia, fixados entre o mínimo de 5% do Trabalho, pelo sindicato, pelo será fixado pelo juízo ou, caso
(cinco por cento) e o máximo de Ministério Público estadual ou não seja possível mensurá-lo,
15% (quinze por cento) sobre o curador nomeado em juízo. liquidado por arbitramento ou
valor que resultar da liquidação pelo procedimento comum, nos
da sentença, do proveito econô- próprios autos.
mico obtido ou, não sendo pos-
Seção IV-A – Da
sível mensurá-lo, sobre o valor Responsabilidade por Dano Art. 793-D.  Aplica-se a multa
atualizado da causa. Processual prevista no art. 793‑C desta Con-
§ 1o  Os honorários são devi- solidação à testemunha que in-
dos também nas ações contra a Art. 793-A.  Responde por per- tencionalmente alterar a verdade
Fazenda Pública e nas ações em das e danos aquele que litigar de dos fatos ou omitir fatos essen-
que a parte estiver assistida ou má-fé como reclamante, recla- ciais ao julgamento da causa.
substituída pelo sindicato de sua mado ou interveniente. Parágrafo único.  A execução
categoria. da multa prevista neste artigo
§ 2o  Ao fixar os honorários, Art. 793-B.  Considera-se litigan- dar-se-á nos mesmos autos.
o juízo observará: te de má-fé aquele que:
I – o grau de zelo do profis- I – deduzir pretensão ou de-
sional; fesa contra texto expresso de lei
Seção V – Das Nulidades
II – o lugar de prestação do ou fato incontroverso;
serviço; II – alterar a verdade dos fa- Art. 794.  Nos processos su-
III – a natureza e a importân- tos; jeitos à apreciação da Justiça
cia da causa; III – usar do processo para do Trabalho só haverá nulidade
IV – o trabalho realizado pelo conseguir objetivo ilegal; quando resultar dos atos inquina-
advogado e o tempo exigido para IV – opuser resistência injus- dos manifesto prejuízo às partes
o seu serviço. tificada ao andamento do pro- litigantes.
§ 3o  Na hipótese de proce- cesso;
dência parcial, o juízo arbitrará V – proceder de modo teme- Art. 795.  As nulidades não se-
honorários de sucumbência re- rário em qualquer incidente ou rão declaradas senão mediante
cíproca, vedada a compensação ato do processo; provocação das partes, as quais
entre os honorários. VI – provocar incidente ma- deverão argui-las à primeira vez
§ 4o  Vencido o beneficiário nifestamente infundado; em que tiverem de falar em au-
da justiça gratuita, desde que VII – interpuser recurso com diência ou nos autos.
não tenha obtido em juízo, ainda intuito manifestamente prote- § 1o  Deverá, entretanto, ser
que em outro processo, créditos latório. declarada ex officio a nulidade
capazes de suportar a despesa, fundada em incompetência de
as obrigações decorrentes de sua Art. 793-C.  De ofício ou a re- foro. Nesse caso, serão consi-
sucumbência ficarão sob condi- querimento, o juízo condenará o derados nulos os atos decisórios.
ção suspensiva de exigibilidade e litigante de má-fé a pagar multa, § 2o  O juiz, ou tribunal, que
somente poderão ser executadas que deverá ser superior a 1% (um se julgar incompetente determi-
se, nos dois anos subsequentes por cento) e inferior a 10% (dez nará na mesma ocasião que se
ao trânsito em julgado da deci- por cento) do valor corrigido da faça remessa do processo, com
são que as certificou, o credor causa, a indenizar a parte con- urgência, à autoridade competen-
demonstrar que deixou de existir trária pelos prejuízos que esta te, fundamentando sua decisão.
a situação de insuficiência de re- sofreu e a arcar com os honorá-
cursos que justificou a concessão rios advocatícios e com todas as Art. 796.  A nulidade não será
de gratuidade, extinguindo-se, despesas que efetuou. pronunciada:
passado esse prazo, tais obriga- § 1o  Quando forem dois ou a)  quando for possível su-
ções do beneficiário.42 mais os litigantes de má-fé, o juízo prir-se a falta ou repetir-se o ato;
§ 5o  São devidos honorários condenará cada um na proporção b)  quando arguida por quem
de seu respectivo interesse na lhe tiver dado causa.
  NE: ver ADI no 5.766.
42 causa ou solidariamente aque-

666
Consolidação das Leis do Trabalho
Art. 797.  O juiz, ou tribunal, que ção processual perante o juízo a)  Juntas de Conciliação e
pronunciar a nulidade declarará competente. Julgamento e Juízos de direito
os atos a que ela se estende. investidos na administração da
Art. 801.  O juiz, presidente, ou Justiça do Trabalho;
Art. 798.  A nulidade do ato não vogal, é obrigado a dar-se por b)  Tribunais Regionais do
prejudicará senão os posteriores suspeito, e pode ser recusado, por Trabalho;
que dele dependam ou sejam algum dos seguintes motivos, em c)  Juízos e tribunais do Tra-
consequência. relação à pessoa dos litigantes: balho e órgãos da Justiça Ordi-
a)  inimizade pessoal; nária;
b)  amizade íntima; d)  Câmaras do Tribunal Su-
Seção VI – Das Exceções c)  parentesco por consan- perior do Trabalho.43
guinidade ou afinidade até o ter-
Art. 799.  Nas causas de jurisdi- ceiro grau civil; Art. 804.  Dar-se-á conflito de
ção da Justiça do Trabalho, so- d)  interesse particular na jurisdição:
mente podem ser opostas, com causa. a)  quando ambas as auto-
suspensão do feito, as exceções Parágrafo único.  Se o recu- ridades se considerarem com-
de suspeição ou incompetência. sante houver praticado algum petentes;
§ 1o  As demais exceções se- ato pelo qual haja consentido na b)  quando ambas as autori-
rão alegadas como matéria de pessoa do juiz, não mais pode- dades se considerarem incom-
defesa. rá alegar exceção de suspeição, petentes.
§ 2o  Das decisões sobre ex- salvo sobrevindo novo motivo.
ceções de suspeição e incompe- A suspeição não será também Art. 805.  Os conflitos de jurisdi-
tência, salvo, quanto a estas, se admitida, se do processo cons- ção podem ser suscitados:
terminativas do feito, não caberá tar que o recusante deixou de a)  pelos juízes e tribunais
recurso, podendo, no entanto, as alegá-la anteriormente, quando do Trabalho;
partes alegá-las novamente no re- já a conhecia, ou que, depois de b)  pelo procurador-geral e
curso que couber da decisão final. conhecida, aceitou o juiz recusa- pelos procuradores regionais da
do, ou, finalmente, se procurou Justiça do Trabalho;
Art. 800.  Apresentada exceção de propósito o motivo de que ela c)  pela parte interessada, ou
de incompetência territorial no se originou. o seu representante.
prazo de cinco dias a contar da
notificação, antes da audiência e Art. 802.  Apresentada a exce- Art. 806.  É vedado à parte in-
em peça que sinalize a existên- ção de suspeição, o juiz ou tribu- teressada suscitar conflitos de
cia desta exceção, seguir-se-á o nal designará audiência, dentro jurisdição quando já houver opos-
procedimento estabelecido nes- de 48 (quarenta e oito) horas, to na causa exceção de incom-
te artigo. para instrução e julgamento da petência.
§ 1o  Protocolada a petição, exceção.
será suspenso o processo e não § 1o  Nas Juntas de Concilia- Art. 807.  No ato de suscitar o
se realizará a audiência a que se ção e Julgamento e nos Tribunais conflito deverá a parte interes-
refere o art. 843 desta Consolida- Regionais, julgada procedente a sada produzir a prova de exis-
ção até que se decida a exceção. exceção de suspeição, será logo tência dele.
§ 2o  Os autos serão imedia- convocado para a mesma audiên-
tamente conclusos ao juiz, que cia ou sessão, ou para a seguinte, Art. 808.  Os conflitos de jurisdi-
intimará o reclamante e, se exis- o suplente do membro suspeito, ção de que trata o art. 803 serão
tentes, os litisconsortes, para o qual continuará a funcionar no resolvidos:
manifestação no prazo comum feito até decisão final. Proceder- a)  pelos Tribunais Regionais,
de cinco dias. -se-á da mesma maneira quando os suscitados entre Juntas e en-
§ 3o  Se entender necessária algum dos membros se declarar tre Juízos de Direito, ou entre
a produção de prova oral, o juízo suspeito. umas e outras, nas respectivas
designará audiência, garantindo § 2o  Se se tratar de suspei- regiões;
o direito de o excipiente e de ção de juiz de direito, será este b)  pelo Tribunal Superior do
suas testemunhas serem ouvi- substituído na forma da organi- Trabalho, os suscitados entre Tri-
dos, por carta precatória, no juízo zação judiciária local. bunais Regionais, ou entre Jun-
que este houver indicado como tas e Juízos de Direito sujeitos à
competente. jurisdição de Tribunais Regionais
§ 4o  Decidida a exceção de
Seção VII – Dos Conflitos de diferentes;
incompetência territorial, o pro- Jurisdição c)  pelo Conselho Pleno, os
cesso retomará seu curso, com a suscitados entre as Câmaras de
designação de audiência, a apre- Art. 803.  Os conflitos de jurisdi-
sentação de defesa e a instru- ção podem ocorrer entre:   NE: ver Decreto-lei no 8.737/1946.
43

667
Consolidação das Leis do Trabalho
Justiça do Trabalho e de Previ- Seção VIII – Das Audiências necidas certidões às pessoas que
dência Social;44 o requererem.
d)  pelo Supremo Tribunal Fe- Art. 813.  As audiências dos ór-
deral, os suscitados entre as au- gãos da Justiça do Trabalho se-
toridades da Justiça do Trabalho rão públicas e realizar-se-ão na
Seção IX – Das Provas
e as da Justiça ordinária. sede do juízo ou tribunal em dias
úteis, previamente fixados, entre Art. 818.  O ônus da prova in-
Art. 809.  Nos conflitos de juris- 8 (oito) e 18 (dezoito) horas, não cumbe:
dição entre as Juntas e os Ju- podendo ultrapassar cinco horas I – ao reclamante, quanto ao
ízos de Direito observar-se-á o seguidas, salvo quando houver fato constitutivo de seu direito;
seguinte: matéria urgente. II – ao reclamado, quanto à
I – o Juiz ou presidente man- § 1o  Em casos especiais, po- existência de fato impeditivo, mo-
dará extrair dos autos as provas derá ser designado outro local dificativo ou extintivo do direito
do conflito e, com a sua informa- para a realização das audiências do reclamante.
ção, remeterá o processo assim mediante edital, afixado na sede § 1o  Nos casos previstos em
formado, no mais breve prazo do juízo ou tribunal, com a ante- lei ou diante de peculiaridades da
possível, ao presidente do Tribu- cedência mínima de 24 (vinte e causa relacionadas à impossibili-
nal Regional competente; quatro) horas. dade ou à excessiva dificuldade
II – no Tribunal Regional, logo § 2o  Sempre que for neces- de cumprir o encargo nos termos
que der entrada o processo, o sário, poderão ser convocadas deste artigo ou à maior facilida-
presidente determinará a distri- audiências extraordinárias, ob- de de obtenção da prova do fato
buição do feito, podendo o relator servado o prazo do parágrafo contrário, poderá o juízo atribuir
ordenar imediatamente às Juntas anterior. o ônus da prova de modo diverso,
e aos Juízos, nos casos de conflito desde que o faça por decisão fun-
positivo, que sobrestejam o an- Art. 814.  Às audiências deverão damentada, caso em que deverá
damento dos respectivos proces- estar presentes, comparecendo dar à parte a oportunidade de se
sos, e solicitar, ao mesmo tempo, com a necessária antecedência, desincumbir do ônus que lhe foi
quaisquer informações que jul- os escrivães ou secretários.46 atribuído.
gue convenientes. Seguidamente, § 2o  A decisão referida no § 1o
será ouvida a Procuradoria, após Art. 815.  À hora marcada, o juiz deste artigo deverá ser proferida
o que o relator submeterá o feito ou presidente declarará aberta a antes da abertura da instrução e,
a julgamento, na primeira sessão; audiência, sendo feita pelo secre- a requerimento da parte, impli-
III – proferida a decisão, será tário ou escrivão a chamada das cará o adiamento da audiência
a mesma comunicada, imediata- partes, testemunhas e demais e possibilitará provar os fatos
mente, às autoridades em confli- pessoas que devam comparecer.47 por qualquer meio em direito ad-
to, prosseguindo no foro julgado Parágrafo único.  Se, até 15 mitido.
competente. (quinze) minutos após a hora mar- § 3o  A decisão referida no § 1o
cada, o juiz ou presidente não deste artigo não pode gerar situ-
Art. 810.  Aos conflitos de jurisdi- houver comparecido, os presen- ação em que a desincumbência
ção entre os Tribunais Regionais tes poderão retirar-se, devendo do encargo pela parte seja impos-
aplicar-se-ão as normas estabe- o ocorrido constar do livro de sível ou excessivamente difícil.
lecidas no artigo anterior. registro das audiências.
Art. 819.  O depoimento das
Art. 811.  Nos conflitos suscita- Art. 816.  O juiz ou presidente partes e testemunhas que não
dos na Justiça do Trabalho entre manterá a ordem nas audiên- souberem falar a língua nacional
as autoridades desta e os órgãos cias, podendo mandar retirar do será feito por meio de intérprete
da Justiça ordinária, o processo recinto os assistentes que a per- nomeado pelo juiz ou presidente.
do conflito, formado de acordo turbarem. § 1o  Proceder-se-á da forma
com o inciso I do art. 809, será re- indicada neste artigo, quando se
metido diretamente ao presiden- Art. 817.  O registro das audiên- tratar de surdo-mudo, ou de mudo
te do Supremo Tribunal Federal. cias será feito em livro próprio, que não saiba escrever.
constando de cada registro os § 2o  As despesas decorren-
Art. 812.  A ordem processual processos apreciados e a res- tes do disposto neste artigo cor-
dos conflitos de jurisdição entre pectiva solução, bem como as rerão por conta da parte sucum-
as Câmaras do Tribunal Superior ocorrências eventuais. bente, salvo se beneficiária de
do Trabalho será a estabelecida Parágrafo único.  Do registro justiça gratuita.
no seu regimento interno.45 das audiências poderão ser for-
Art. 820.  As partes e testemu-
44
  NE: ver Decreto-lei no 9.797/1946. 46
  NE: ver Leis nos 6.563/1978 e 409/1948. nhas serão inquiridas pelo juiz
  NE: ver Decreto-lei no 9.797/1946.
45 47
  NE: ver Leis nos 6.563/1978 e 409/1948. ou presidente, podendo ser rein-

668
Consolidação das Leis do Trabalho
quiridas, por seu intermédio, a legal, será qualificada, indicando determinará o prazo e as condi-
requerimento dos vogais, das o nome, nacionalidade, profis- ções para o seu cumprimento.
partes, seus representantes ou são, idade, residência, e, quando § 2o  A decisão mencionará
advogados. empregada, o tempo de serviço sempre as custas que devam ser
prestado ao empregador, ficando pagas pela parte vencida.
Art. 821.  Cada uma das partes sujeita, em caso de falsidade, às § 3o  As decisões cogniti-
não poderá indicar mais de três leis penais. vas ou homologatórias deverão
testemunhas, salvo quando se Parágrafo único.  Os depoi- sempre indicar a natureza jurí-
tratar de inquérito, caso em que mentos das testemunhas serão dica das parcelas constantes da
esse número poderá ser eleva- resumidos, por ocasião da audi- condenação ou do acordo ho-
do a seis. ência, pelo secretário da Jun- mologado, inclusive o limite de
ta ou funcionário para esse fim responsabilidade de cada parte
Art. 822.  As testemunhas não designado, devendo a súmula pelo recolhimento da contribui-
poderão sofrer qualquer desconto ser assinada pelo presidente do ção previdenciária, se for o caso.
pelas faltas ao serviço, ocasiona- tribunal e pelos depoentes. § 3o-A.  Para os fins do § 3o
das pelo seu comparecimento deste artigo, salvo na hipótese
para depor, quando devidamente Art. 829.  A testemunha que for de o pedido da ação limitar-se
arroladas ou convocadas. parente até o terceiro grau civil, expressamente ao reconheci-
amigo íntimo ou inimigo de qual- mento de verbas de natureza
Art. 823.  Se a testemunha for quer das partes, não prestará exclusivamente indenizatória, a
funcionário civil, ou militar, e tiver compromisso, e seu depoimento parcela referente às verbas de
de depor em hora de serviço, será valerá como simples informação. natureza remuneratória não po-
requisitada ao chefe da reparti- derá ter como base de cálculo
ção para comparecer à audiência Art. 830.  O documento em cópia valor inferior:
marcada. oferecido para prova poderá ser I – ao salário mínimo, para
declarado autêntico pelo próprio as competências que integram o
Art. 824.  O juiz ou presidente advogado, sob sua responsabili- vínculo empregatício reconhecido
providenciará para que o depoi- dade pessoal. na decisão cognitiva ou homolo-
mento de uma testemunha não Parágrafo único. Impugnada gatória; ou
seja ouvido pelas demais que a autenticidade da cópia, a parte II – à diferença entre a re-
tenham de depor no processo. que a produziu será intimada para muneração reconhecida como
apresentar cópias devidamente devida na decisão cognitiva ou
Art. 825.  As testemunhas com- autenticadas ou o original, ca- homologatória e a efetivamente
parecerão à audiência indepen- bendo ao serventuário compe- paga pelo empregador, cujo valor
dentemente de notificação ou tente proceder à conferência e total referente a cada competên-
intimação. certificar a conformidade entre cia não será inferior ao salário
Parágrafo único.  As que não esses documentos. mínimo.
comparecerem serão intimadas, § 3o-B.  Caso haja piso sa-
ex officio ou a requerimento da larial da categoria definido por
parte, ficando sujeitas à condu-
Seção X – Da Decisão e Sua acordo ou convenção coletiva de
ção coercitiva, além das pena- Eficácia trabalho, o seu valor deverá ser
lidades do art.  730, caso, sem utilizado como base de cálculo
motivo justificado, não atendam Art. 831.  A decisão será pro- para os fins do § 3o‑A deste artigo.
à intimação. ferida depois de rejeitada pelas § 4o  A União será intimada
partes a proposta de conciliação. das decisões homologatórias de
Art. 826.  É facultado a cada uma Parágrafo único.  No caso de acordos que contenham parcela
das partes apresentar um perito conciliação, o termo que for la- indenizatória, na forma do art. 20
ou técnico.48 vrado valerá como decisão irre- da Lei no 11.033, de 21 de dezembro
corrível, salvo para a Previdência de 2004, facultada a interposição
Art. 827.  O juiz ou presidente Social quanto às contribuições de recurso relativo aos tributos
poderá arguir os peritos com- que lhe forem devidas. que lhe forem devidos.
promissados ou os técnicos, e § 5o  Intimada da sentença,
rubricará, para ser junto ao pro- Art. 832.  Da decisão deverão a União poderá interpor recurso
cesso, o laudo que os primeiros constar o nome das partes, o relativo à discriminação de que
tiverem apresentado. resumo do pedido e da defesa, a trata o § 3o deste artigo.
apreciação das provas, os funda- § 6o  O acordo celebrado após
Art. 828.  Toda testemunha, an- mentos da decisão e a respectiva o trânsito em julgado da sentença
tes de prestar o compromisso conclusão. ou após a elaboração dos cálculos
§ 1o  Quando a decisão con- de liquidação de sentença não
  NE: ver Lei no 5.584/1970.
48 cluir pela procedência do pedido, prejudicará os créditos da União.

669
Consolidação das Leis do Trabalho
§ 7o  O Ministro de Estado da CAPÍTULO III – DOS ao reclamado, notificando-o, ao
Fazenda poderá, mediante ato DISSÍDIOS INDIVIDUAIS mesmo tempo, para compare-
fundamentado, dispensar a ma- cer à audiência do julgamento,
nifestação da União nas decisões Seção I – Da Forma de que será a primeira desimpedida,
homologatórias de acordos em Reclamação e da Notificação depois de cinco dias.
que o montante da parcela in- § 1o  A notificação será feita
denizatória envolvida ocasionar Art. 837.  Nas localidades em em registro postal com franquia.
perda de escala decorrente da que houver apenas uma Junta de Se o reclamado criar embaraços
atuação do órgão jurídico. Conciliação e Julgamento ou um ao seu recebimento, ou não for
escrivão do cível, a reclamação encontrado, far-se-á a notifica-
Art. 833.  Existindo na decisão será apresentada diretamente à ção por edital, inserto no jornal
evidentes erros ou enganos de Secretaria da Junta ou ao Cartó- oficial ou no que publicar o ex-
escrita, de datilografia ou de cál- rio do Juízo. pediente forense, ou, na falta,
culo, poderão os mesmos, antes afixado na sede da Junta ou Juízo.
da execução, ser corrigidos, ex Art. 838.  Nas localidades em § 2o  O reclamante será no-
officio, ou a requerimento dos que houver mais de uma Junta ou tificado no ato da apresentação
interessados ou da Procuradoria mais de um Juízo, ou escrivão do da reclamação ou na forma do
da Justiça do Trabalho. cível, a reclamação será, prelimi- parágrafo anterior.
narmente, sujeita à distribuição § 3o  Oferecida a contesta-
Art. 834.  Salvo nos casos pre- na forma do disposto no Capítulo ção, ainda que eletronicamente,
vistos nesta Consolidação, a pu- II, Seção II, deste Título. o reclamante não poderá, sem
blicação das decisões e sua no- o consentimento do reclamado,
tificação aos litigantes, ou a seus Art. 839.  A reclamação poderá desistir da ação.
patronos, consideram-se realiza- ser apresentada:
das nas próprias audiências em a)  pelos empregados e em- Art. 842.  Sendo várias as recla-
que forem as mesmas proferidas. pregadores, pessoalmente ou por mações e havendo identidade de
seus representantes, e pelos sin- matéria, poderão ser acumuladas
Art. 835.  O cumprimento do dicatos de classe; num só processo, se se tratar de
acordo ou da decisão far-se-á no b)  por intermédio das Pro- empregados da mesma empresa
prazo e condições estabelecidos. curadorias Regionais da Justiça ou estabelecimento.
do Trabalho.
Art. 836.  É vedado aos órgãos
da Justiça do Trabalho conhecer Art. 840.  A reclamação poderá
Seção II – Da Audiência de
de questões já decididas, exce- ser escrita ou verbal. Julgamento
tuados os casos expressamente § 1o  Sendo escrita, a recla-
previstos neste Título e a ação mação deverá conter a designa- Art. 843.  Na audiência de julga-
rescisória, que será admitida na ção do juízo, a qualificação das mento deverão estar presentes o
forma do disposto no Capítulo partes, a breve exposição dos reclamante e o reclamado, inde-
IV do Título IX da Lei no 5.869, de fatos de que resulte o dissídio, pendentemente do compareci-
11 de janeiro de 1973 – Código de o pedido, que deverá ser certo, mento de seus representantes,
Processo Civil, sujeita ao depósito determinado e com indicação salvo nos casos de Reclamatórias
prévio de 20% (vinte por cento) de seu valor, a data e a assina- Plúrimas ou Ações de Cumpri-
do valor da causa, salvo prova de tura do reclamante ou de seu mento, quando os empregados
miserabilidade jurídica do autor. representante. poderão fazer-se representar
Parágrafo único.  A execução § 2o  Se verbal, a reclamação pelo Sindicato de sua categoria.
da decisão proferida em ação será reduzida a termo, em duas § 1o  É facultado ao emprega-
rescisória far-se-á nos próprios vias datadas e assinadas pelo es- dor fazer-se substituir pelo ge-
autos da ação que lhe deu origem, crivão ou secretário, observado, rente, ou qualquer outro preposto
e será instruída com o acórdão da no que couber, o disposto no § 1o que tenha conhecimento do fato,
rescisória e a respectiva certidão deste artigo. e cujas declarações obrigarão o
de trânsito em julgado. § 3o  Os pedidos que não proponente.
atendam ao disposto no § 1o deste § 2o  Se por doença ou qual-
artigo serão julgados extintos sem quer outro motivo poderoso, de-
resolução do mérito. vidamente comprovado, não for
possível ao empregado compa-
Art. 841.  Recebida e protocolada recer pessoalmente, poderá fa-
a reclamação, o escrivão ou se- zer-se representar por outro em-
cretário, dentro de 48 (quarenta pregado que pertença à mesma
e oito) horas, remeterá a segun- profissão, ou pelo seu sindicato.
da via da petição, ou do termo, § 3o  O preposto a que se re-

670
Consolidação das Leis do Trabalho
fere o § 1o deste artigo não pre- Art. 846.  Aberta a audiência, Parágrafo único.  O presiden-
cisa ser empregado da parte re- o juiz ou presidente proporá a te da Junta, após propor a solução
clamada. conciliação. do dissídio, tomará os votos dos
§ 1o  Se houver acordo lavrar- vogais e, havendo divergência
Art. 844.  O não comparecimen- -se-á termo, assinado pelo pre- entre estes, poderá desempatar
to do reclamante à audiência im- sidente e pelos litigantes, con- ou proferir decisão que melhor
porta o arquivamento da reclama- signando-se o prazo e demais atenda ao cumprimento da lei e
ção, e o não comparecimento do condições para seu cumprimento. ao justo equilíbrio entre os votos
reclamado importa revelia, além § 2o  Entre as condições a divergentes e ao interesse social.
de confissão, quanto à matéria que se refere o parágrafo ante-
de fato. rior, poderá ser estabelecida a Art. 851.  Os trâmites de instru-
§ 1o  Ocorrendo motivo rele- de ficar a parte que não cumprir ção e julgamento da reclamação
vante, poderá o juiz suspender o acordo obrigada a satisfazer serão resumidos em ata, de que
o julgamento, designando nova integralmente o pedido ou pagar constará, na íntegra, a decisão.
audiência. uma indenização convencionada, § 1o  Nos processos de exclu-
§ 2o  Na hipótese de ausência sem prejuízo do cumprimento siva alçada das Juntas, será dis-
do reclamante, este será conde- do acordo. pensável, a juízo do presidente, o
nado ao pagamento das custas resumo dos depoimentos, deven-
calculadas na forma do art. 789 Art. 847.  Não havendo acordo, do constar da ata a conclusão do
desta Consolidação, ainda que o reclamado terá vinte minutos tribunal quanto à matéria de fato.
beneficiário da justiça gratui- para aduzir sua defesa, após a § 2o  A ata será, pelo presi-
ta, salvo se comprovar, no prazo leitura da reclamação, quando dente ou juiz, junta ao processo,
de quinze dias, que a ausência esta não for dispensada por am- devidamente assinada, no prazo
ocorreu por motivo legalmente bas as partes. improrrogável de 48 (quarenta
justificável. Parágrafo único.  A parte po- e oito) horas, contado da audi-
§ 3o  O pagamento das custas derá apresentar defesa escrita ência de julgamento, e assinada
a que se refere o §  2o é condi- pelo sistema de processo judicial pelos vogais presentes à mesma
ção para a propositura de nova eletrônico até a audiência. audiência.
demanda.
§ 4o  A revelia não produz o Art. 848.  Terminada a defesa, Art. 852.  Da decisão serão os
efeito mencionado no caput deste seguir-se-á a instrução do pro- litigantes notificados, pessoal-
artigo se: cesso, podendo o presidente, ex mente, ou por seu representan-
I – havendo pluralidade de officio ou a requerimento de qual- te, na própria audiência. No caso
reclamados, algum deles con- quer juiz temporário, interrogar de revelia, a notificação far-se-á
testar a ação; os litigantes. pela forma estabelecida no § 1o
II – o litígio versar sobre di- § 1o  Findo o interrogatório, do art. 841.
reitos indisponíveis; poderá qualquer dos litigantes
III – a petição inicial não esti- retirar-se, prosseguindo a ins-
ver acompanhada de instrumento trução com o seu representante.
Seção II-A – Do
que a lei considere indispensável § 2o  Serão, a seguir, ouvidas Procedimento Sumaríssimo
à prova do ato; as testemunhas, os peritos e os
IV – as alegações de fato for- técnicos, se houver. Art. 852-A.  Os dissídios indi-
muladas pelo reclamante forem viduais cujo valor não exceda a
inverossímeis ou estiverem em Art. 849.  A audiência de julga- quarenta vezes o salário mínimo
contradição com prova constante mento será contínua; mas, se não vigente na data do ajuizamento
dos autos. for possível, por motivo de força da reclamação ficam submetidos
§ 5o  Ainda que ausente o re- maior, concluí-la no mesmo dia, o ao procedimento sumaríssimo.
clamado, presente o advogado na juiz ou presidente marcará a sua Parágrafo único.  Estão ex-
audiência, serão aceitos a contes- continuação para a primeira de- cluídas do procedimento suma-
tação e os documentos eventu- simpedida, independentemente ríssimo as demandas em que é
almente apresentados. de nova notificação. parte a Administração Pública
direta, autárquica e fundacional.
Art. 845.  O reclamante e o recla- Art. 850.  Terminada a instrução,
mado comparecerão à audiência poderão as partes aduzir razões Art. 852-B.  Nas reclamações
acompanhados das suas teste- finais, em prazo não excedente enquadradas no procedimento
munhas, apresentando, nessa de dez minutos para cada uma. sumaríssimo:
ocasião, as demais provas. Em seguida, o juiz ou o presidente I – o pedido deverá ser certo
renovará a proposta de concilia- ou determinado e indicará o valor
ção, e, não se realizando esta, correspondente;
será proferida a decisão. II – não se fará citação por

671
Consolidação das Leis do Trabalho
edital, incumbindo ao autor a cor- causa trazidas pela prova tes- § 3o  As partes serão intima-
reta indicação do nome e ende- temunhal. das da sentença na própria audi-
reço do reclamado;49 ência em que prolatada.
III – a apreciação da recla- Art. 852-G.  Serão decididos,
mação deverá ocorrer no prazo de plano, todos os incidentes e
máximo de quinze dias do seu exceções que possam interferir
Seção III – Do Inquérito para
ajuizamento, podendo constar no prosseguimento da audiência Apuração de Falta Grave
de pauta especial, se necessário, e do processo. As demais ques-
de acordo com o movimento ju- tões serão decididas na sentença. Art. 853.  Para a instauração de
diciário da Junta de Conciliação inquérito para apuração de falta
e Julgamento. Art. 852-H.  Todas as provas se- grave contra empregado garan-
§ 1o  O não atendimento, pelo rão produzidas na audiência de tido com estabilidade, o empre-
reclamante, do disposto nos inci- instrução e julgamento, ainda gador apresentará reclamação
sos I e II deste artigo importará que não requeridas previamente. por escrito à Junta ou Juízo de
no arquivamento da reclamação § 1o  Sobre os documentos Direito, dentro de 30 (trinta) dias,
e condenação ao pagamento de apresentados por uma das partes contados da data da suspensão
custas sobre o valor da causa. manifestar-se-á imediatamente do empregado.
§ 2o  As partes e advogados a parte contrária, sem interrup-
comunicarão ao juízo as mudan- ção da audiência, salvo absoluta Art. 854.  O processo do inquéri-
ças de endereço ocorridas no impossibilidade, a critério do juiz. to perante a Junta ou Juízo obe-
curso do processo, reputando-se § 2o  As testemunhas, até o decerá às normas estabelecidas
eficazes as intimações enviadas máximo de duas para cada par- no presente Capítulo, observadas
ao local anteriormente indicado, te, comparecerão à audiência de as disposições desta Seção.
na ausência de comunicação. instrução e julgamento indepen-
dentemente de intimação. Art. 855.  Se tiver havido prévio
Art. 852-C.  As demandas su- § 3o  Só será deferida intima- reconhecimento da estabilidade
jeitas a rito sumaríssimo serão ção de testemunha que, compro- do empregado, o julgamento do
instruídas e julgadas em audi- vadamente convidada, deixar de inquérito pela Junta ou Juízo não
ência única, sob a direção de comparecer. Não comparecendo prejudicará a execução para pa-
juiz presidente ou substituto, que a testemunha intimada, o juiz gamento dos salários devidos ao
poderá ser convocado para atuar poderá determinar sua imediata empregado, até a data da instau-
simultaneamente com o titular. condução coercitiva. ração do mesmo inquérito.
§ 4o  Somente quando a prova
Art. 852-D.  O juiz dirigirá o pro- do fato o exigir, ou for legalmente
cesso com liberdade para deter- imposta, será deferida prova téc-
Seção IV – Do Incidente
minar as provas a serem produzi- nica, incumbindo ao juiz, desde de Desconsideração da
das, considerado o ônus proba- logo, fixar o prazo, o objeto da Personalidade Jurídica
tório de cada litigante, podendo perícia e nomear perito.
limitar ou excluir as que consi- § 5o (Vetado) Art. 855-A.  Aplica-se ao pro-
derar excessivas, impertinentes § 6o  As partes serão intima- cesso do trabalho o incidente de
ou protelatórias, bem como para das a manifestar-se sobre o laudo, desconsideração da personalida-
apreciá-las e dar especial valor no prazo comum de cinco dias. de jurídica previsto nos arts. 133 a
às regras de experiência comum § 7o  Interrompida a audiên- 137 da Lei no 13.105, de 16 de março
ou técnica. cia, o seu prosseguimento e a de 2015 – Código de Processo Civil.
solução do processo dar-se-ão § 1o  Da decisão interlocu-
Art. 852-E.  Aberta a sessão, o no prazo máximo de trinta dias, tória que acolher ou rejeitar o
juiz esclarecerá as partes pre- salvo motivo relevante justifica- incidente:
sentes sobre as vantagens da do nos autos pelo juiz da causa. I – na fase de cognição, não
conciliação e usará os meios cabe recurso de imediato, na for-
adequados de persuasão para Art. 852-I.  A sentença mencio- ma do § 1o do art. 893 desta Con-
a solução conciliatória do litígio, nará os elementos de convicção solidação;
em qualquer fase da audiência. do juízo, com resumo dos fatos II – na fase de execução, cabe
relevantes ocorridos em audiên- agravo de petição, independente-
Art. 852-F.  Na ata de audiência cia, dispensado o relatório. mente de garantia do juízo;
serão registrados resumidamente § 1o  O juízo adotará em cada III – cabe agravo interno se
os atos essenciais, as afirmações caso a decisão que reputar mais proferida pelo relator em inci-
fundamentais das partes e as justa e equânime, atendendo aos dente instaurado originariamente
informações úteis à solução da fins sociais da lei e as exigências no tribunal.
do bem comum. § 2o  A instauração do inci-
  NE: ver ADIs nos 2.237, 2.160 e 2.139.
49 § 2o (Vetado) dente suspenderá o processo,

672
Consolidação das Leis do Trabalho
sem prejuízo de concessão da Poderá ser também instaurada Parágrafo único.  Quando a
tutela de urgência de natureza por iniciativa do presidente, ou, instância for instaurada ex offi-
cautelar de que trata o art. 301 ainda, a requerimento da Procu- cio, a audiência deverá ser reali-
da Lei no 13.105, de 16 de março radoria da Justiça do Trabalho, zada dentro do prazo mais breve
de 2015 (Código de Processo Civil). sempre que ocorrer suspensão possível, após o reconhecimento
do trabalho. do dissídio.
CAPÍTULO III-A – DO Art. 857.  A representação para Art. 861.  É facultado ao empre-
PROCESSO DE JURISDIÇÃO instaurar a instância em dissídio gador fazer-se representar na
VOLUNTÁRIA PARA coletivo constitui prerrogativa das audiência pelo gerente, ou por
HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO associações sindicais, excluídas qualquer outro preposto que te-
EXTRAJUDICIAL as hipóteses aludidas no art. 856, nha conhecimento do dissídio, e
quando ocorrer suspensão do por cujas declarações será sem-
Art. 855-B.  O processo de ho- trabalho. pre responsável.
mologação de acordo extrajudi- Parágrafo único. Quando
cial terá início por petição conjun- não houver sindicato represen- Art. 862.  Na audiência desig-
ta, sendo obrigatória a represen- tativo da categoria econômica nada, comparecendo ambas as
tação das partes por advogado. ou profissional, poderá a repre- partes ou seus representantes, o
§ 1o  As partes não poderão sentação ser instaurada pelas presidente do tribunal as convi-
ser representadas por advoga- federações correspondentes e, dará para se pronunciarem sobre
do comum. na falta destas, pelas confede- as bases da conciliação. Caso não
§ 2o  Faculta-se ao trabalha- rações respectivas, no âmbito sejam aceitas as bases propostas,
dor ser assistido pelo advogado de sua representação. o presidente submeterá aos inte-
do sindicato de sua categoria. ressados a solução que lhe pareça
Art. 858.  A representação será capaz de resolver o dissídio.
Art. 855-C.  O disposto neste apresentada em tantas vias quan-
Capítulo não prejudica o prazo tos forem os reclamados e deve- Art. 863.  Havendo acordo, o pre-
estabelecido no § 6o do art. 477 rá conter: sidente o submeterá à homo-
desta Consolidação e não afas- a)  designação e qualificação logação do tribunal na primeira
ta a aplicação da multa prevista dos reclamantes e dos reclama- sessão.
no § 8o do art. 477 desta Conso- dos e a natureza do estabeleci-
lidação. mento ou do serviço; Art. 864.  Não havendo acordo,
b)  os motivos do dissídio e ou não comparecendo ambas as
Art. 855-D.  No prazo de quinze as bases da conciliação. partes ou uma delas, o presidente
dias a contar da distribuição da submeterá o processo a julga-
petição, o juiz analisará o acordo, Art. 859.  A representação dos mento, depois de realizadas as
designará audiência se entender sindicatos para instauração da diligências que entender neces-
necessário e proferirá sentença. instância fica subordinada a apro- sárias e ouvida a Procuradoria.
vação de assembleia, da qual par-
Art. 855-E.  A petição de homo- ticipem os associados interessa- Art. 865.  Sempre que, no decor-
logação de acordo extrajudicial dos na solução do dissídio coleti- rer do dissídio, houver ameaça de
suspende o prazo prescricional vo, em primeira convocação, por perturbação da ordem, o presi-
da ação quanto aos direitos nela maioria de 2/3 (dois terços) dos dente requisitará à autoridade
especificados. mesmos, ou, em segunda convo- competente as providências que
Parágrafo único.  O prazo cação, por 2/3 (dois terços) dos se tornarem necessárias.
prescricional voltará a fluir no presentes.
dia útil seguinte ao do trânsito Parágrafo único. (Revogado) Art. 866.  Quando o dissídio
em julgado da decisão que negar ocorrer fora da sede do tribunal,
a homologação do acordo. poderá o presidente, se julgar
Seção II – Da Conciliação e conveniente, delegar à autori-
do Julgamento dade local as atribuições de que
CAPÍTULO IV – DOS tratam os arts. 860 e 862. Nesse
DISSÍDIOS COLETIVOS Art. 860.  Recebida e protoco- caso, não havendo conciliação, a
lada a representação, e estando autoridade delegada encaminhará
Seção I – Da Instauração da
na devida forma, o presidente do o processo ao tribunal, fazendo
Instância tribunal designará a audiência de exposição circunstanciada dos
conciliação, dentro do prazo de fatos e indicando a solução que
Art. 856.  A instância será ins- dez dias, determinando a notifi- lhe parecer conveniente.
taurada mediante representação cação dos dissidentes, com ob-
escrita ao presidente do tribunal. servância do disposto no art. 841.

673
Consolidação das Leis do Trabalho
Art. 867.  Da decisão do Tribunal Art. 870.  Para que a decisão Art. 874.  A revisão poderá ser
serão notificadas as partes, ou possa ser estendida, na forma promovida por iniciativa do tribu-
seus representantes, em registra- do artigo anterior, torna-se pre- nal prolator, da Procuradoria da
do postal, com franquia, fazendo- ciso que três quartos dos em- Justiça do Trabalho, das associa-
-se, outrossim, a sua publicação pregadores e três quartos dos ções sindicais ou de empregador
no jornal oficial, para ciência dos empregados, ou os respectivos ou empregadores interessados no
demais interessados. sindicatos, concordem com a cumprimento da decisão.
Parágrafo único.  A sentença extensão da decisão. Parágrafo único.  Quando a
normativa vigorará: § 1o  O tribunal competente revisão for promovida por ini-
a)  a partir da data de sua marcará prazo, não inferior a trin- ciativa de tribunal prolator ou
publicação, quando ajuizado o ta nem superior a sessenta dias, da Procuradoria, as associações
dissídio após o prazo do art. 616, a fim de que se manifestem os sindicais e o empregador ou em-
§ 3o, ou, quando não existir acor- interessados. pregadores interessados serão
do, convenção ou sentença nor- § 2o  Ouvidos os interessados ouvidos no prazo de trinta dias.
mativa em vigor, da data do ajui- e a Procuradoria da Justiça do Quando promovida por uma das
zamento; Trabalho, será o processo sub- partes interessadas, serão as ou-
b)  a partir do dia imediato ao metido ao julgamento do tribunal. tras ouvidas também por igual
termo final de vigência do acordo, prazo.
convenção ou sentença normati- Art. 871.  Sempre que o tribu-
va, quando ajuizado o dissídio no nal estender a decisão, marcará Art. 875.  A revisão será julgada
prazo do art. 616, § 3o. a data em que a extensão deva pelo tribunal que tiver proferido a
entrar em vigor. decisão, depois de ouvida a Pro-
curadoria da Justiça do Trabalho.
Seção III – Da Extensão das
Decisões Seção IV – Do Cumprimento
das Decisões CAPÍTULO V – DA
Art. 868.  Em caso de dissídio EXECUÇÃO
coletivo que tenha por motivo Art. 872.  Celebrado o acordo, ou
Seção I – Das Disposições
novas condições de trabalho e transitada em julgado a decisão,
no qual figure como parte apenas seguir-se-á o seu cumprimen- Preliminares
uma fração de empregados de to, sob as penas estabelecidas
uma empresa, poderá o tribunal neste Título. Art. 876.  As decisões passadas
competente, na própria decisão, Parágrafo único.  Quando os em julgado ou das quais não tenha
estender tais condições de traba- empregadores deixarem de satis- havido recurso com efeito sus-
lho, se julgar justo e convenien- fazer o pagamento de salários, na pensivo; os acordos, quando não
te, aos demais empregados da conformidade da decisão profe- cumpridos; os termos de ajuste
empresa que forem da mesma rida, poderão os empregados ou de conduta firmados perante o
profissão dos dissidentes. seus sindicatos, independentes Ministério Público do Trabalho e
Parágrafo único.  O tribunal de outorga de poderes de seus os termos de conciliação firma-
fixará a data em que a decisão associados, juntando certidão de dos perante as Comissões de
deve entrar em execução, bem tal decisão, apresentar reclama- Conciliação Prévia serão execu-
como o prazo de sua vigência, ção à Junta ou Juízo competente, tados pela forma estabelecida
o qual não poderá ser superior a observado o processo previsto neste Capítulo.
quatro anos. no Capítulo II deste Título, sendo Parágrafo único.  A Justiça
vedado, porém, questionar sobre do Trabalho executará, de ofí-
Art. 869.  A decisão sobre novas a matéria de fato e de direito já cio, as contribuições sociais pre-
condições de trabalho poderá apreciada na decisão. vistas na alínea “a” do inciso I e
também ser estendida a todos no inciso II do caput do art. 195
os empregados da mesma cate- da Constituição Federal, e seus
goria profissional compreendida
Seção V – Da Revisão acréscimos legais, relativas ao
na jurisdição do tribunal: objeto da condenação constante
a)  por solicitação de um ou Art. 873.  Decorrido mais de um das sentenças que proferir e dos
mais empregadores, ou de qual- ano de sua vigência, caberá re- acordos que homologar.
quer sindicato destes; visão das decisões que fixarem
b)  por solicitação de um ou condições de trabalho, quando Art. 877.  É competente para a
mais sindicatos de empregados; se tiverem modificado as cir- execução das decisões o juiz ou
c)  ex officio, pelo tribunal que cunstâncias que as ditaram, de presidente do tribunal que tiver
houver proferido a decisão; modo que tais condições se hajam conciliado ou julgado originaria-
d)  por solicitação da Procu- tornado injustas ou inaplicáveis. mente o dissídio.
radoria da Justiça do Trabalho.

674
Consolidação das Leis do Trabalho
Art. 877-A.  É competente para fundamentado, dispensar a mani- Art. 881.  No caso de pagamento
a execução de título executivo festação da União quando o valor da importância reclamada, será
extrajudicial o juiz que teria com- total das verbas que integram o este feito perante o escrivão ou
petência para o processo de co- salário de contribuição, na forma secretário, lavrando-se termo de
nhecimento relativo à matéria. do art. 28 da Lei no 8.212, de 24 de quitação, em duas vias, assinadas
julho de 1991, ocasionar perda de pelo exequente, pelo executado e
Art. 878.  A execução será pro- escala decorrente da atuação do pelo mesmo escrivão ou secre-
movida pelas partes, permitida órgão jurídico. tário, entregando-se a segunda
a execução de ofício pelo juiz ou § 6o  Tratando-se de cálcu- via ao executado e juntando-se
pelo Presidente do Tribunal ape- los de liquidação complexos, o a outra ao processo.
nas nos casos em que as partes juiz poderá nomear perito para Parágrafo único.  Não estan-
não estiverem representadas por a elaboração e fixará, depois da do presente o exequente, será de-
advogado. conclusão do trabalho, o valor positada a importância, mediante
Parágrafo único. (Revogado) dos respectivos honorários com guia, em estabelecimento oficial
observância, entre outros, dos de crédito ou, em falta deste, em
Art. 878-A.  Faculta-se ao de- critérios de razoabilidade e pro- estabelecimento bancário idôneo.
vedor o pagamento imediato da porcionalidade.
parte que entender devida à Pre- § 7o  A atualização dos crédi- Art. 882.  O executado que não
vidência Social, sem prejuízo da tos decorrentes de condenação pagar a importância reclamada
cobrança de eventuais diferen- judicial será feita pela Taxa Refe- poderá garantir a execução me-
ças encontradas na execução rencial (TR), divulgada pelo Banco diante depósito da quantia cor-
ex officio. Central do Brasil, conforme a Lei respondente, atualizada e acres-
no 8.177, de 1o de março de 1991.50 cida das despesas processuais,
Art. 879.  Sendo ilíquida a sen- apresentação de seguro-garantia
tença exequenda, ordenar-se-á, judicial ou nomeação de bens à
previamente, a sua liquidação,
Seção II – Do Mandado e da penhora, observada a ordem pre-
que poderá ser feita por cálculo, Penhora ferencial estabelecida no art. 835
por arbitramento ou por artigos. da Lei no 13.105, de 16 de março de
§ 1o  Na liquidação, não se Art. 880.  Requerida a execução, 2015 – Código de Processo Civil.
poderá modificar, ou inovar, a o juiz ou presidente do tribunal
sentença liquidanda, nem dis- mandará expedir mandado de Art. 883.  Não pagando o exe-
cutir matéria pertinente à causa citação do executado, a fim de cutado, nem garantindo a exe-
principal. que cumpra a decisão ou o acor- cução, seguir-se-á penhora dos
§ 1o-A.  A liquidação abrange- do no prazo, pelo modo e sob as bens, tantos quantos bastem ao
rá, também, o cálculo das contri- cominações estabelecidas ou, pagamento da importância da
buições previdenciárias devidas. quando se tratar de pagamento condenação, acrescida de custas
§ 1o-B.  As partes deverão ser em dinheiro, inclusive de contri- e juros de mora, sendo estes, em
previamente intimadas para a buições sociais devidas à União, qualquer caso, devidos a partir da
apresentação do cálculo de liqui- para que o faça em 48 (quarenta e data em que for ajuizada a recla-
dação, inclusive da contribuição oito) horas ou garanta a execução, mação inicial.
previdenciária incidente. sob pena de penhora.
§ 2o  Elaborada a conta e tor- § 1o  O mandado de citação Art. 883-A.  A decisão judicial
nada líquida, o juízo deverá abrir deverá conter a decisão exe- transitada em julgado somen-
às partes prazo comum de oito quenda ou o termo de acordo te poderá ser levada a protesto,
dias para impugnação fundamen- não cumprido. gerar inscrição do nome do exe-
tada com a indicação dos itens e § 2o  A citação será feita pelos cutado em órgãos de proteção
valores objeto da discordância, oficiais de diligência. ao crédito ou no Banco Nacio-
sob pena de preclusão. § 3o  Se o executado, procu- nal de Devedores Trabalhistas
§ 3o  Elaborada a conta pela rado por duas vezes no espaço (BNDT), nos termos da lei, de-
parte ou pelos órgãos auxiliares de 48 (quarenta e oito) horas, pois de transcorrido o prazo de
da Justiça do Trabalho, o juiz não for encontrado, far-se-á a quarenta e cinco dias a contar
procederá à intimação da União citação por edital, publicado no da citação do executado, se não
para manifestação, no prazo de 10 jornal oficial ou, na falta deste, houver garantia do juízo.
(dez) dias, sob pena de preclusão. afixado na sede da junta ou juízo,
§ 4o  A atualização do crédito durante cinco dias.
devido à Previdência Social ob-
servará os critérios estabeleci-
dos na legislação previdenciária.
§ 5o  O Ministro de Estado da   NE: ver ADIs nos 6.021 e 5.867 e ADCs nos 59
50

Fazenda poderá, mediante ato e 58.

675
Consolidação das Leis do Trabalho
Seção III – Dos Embargos Art. 886.  Se tiverem sido arrola- rados, poderão os mesmos ser
à Execução e da Sua das testemunhas, finda a sua in- vendidos por leiloeiro nomeado
Impugnação quirição em audiência, o escrivão, pelo Juiz ou Presidente.
ou secretário, fará, dentro de 48 § 4o  Se o arrematante, ou seu
Art. 884.  Garantida a execução (quarenta e oito) horas, conclusos fiador, não pagar dentro de 24
ou penhorados os bens, terá o os autos ao juiz, ou presidente, (vinte e quatro) horas o preço da
executado cinco dias para apre- que proferirá sua decisão, na for- arrematação, perderá, em bene-
sentar embargos, cabendo igual ma prevista no artigo anterior. fício da execução, o sinal de que
prazo ao exequente para a im- § 1o  Proferida a decisão, se- trata o § 2o deste artigo, voltando
pugnação.51 rão da mesma notificadas as par- à praça os bens executados.
§ 1o  A matéria de defesa será tes interessadas, em registrado
restrita às alegações de cumpri- postal, com franquia. Art. 889.  Aos trâmites e inci-
mento da decisão ou do acordo, § 2o  Julgada subsistente a dentes do processo da execução
quitação ou prescrição da dívida. penhora, o juiz, ou presidente, são aplicáveis, naquilo em que
§ 2o  Se na defesa tiverem mandará proceder logo à avalia- não contravierem ao presente
sido arroladas testemunhas, po- ção dos bens penhorados. Título, os preceitos que regem o
derá o juiz ou o presidente do processo dos executivos fiscais
tribunal, caso julgue necessários Art. 887.  A avaliação dos bens para a cobrança judicial da dívida
seus depoimentos, marcar audi- penhorados em virtude da execu- ativa da Fazenda Pública Federal.
ência para a produção das provas, ção de decisão condenatória, será
a qual deverá realizar-se dentro feita por avaliador escolhido de Art. 889-A.  Os recolhimentos
de cinco dias. comum acordo pelas partes, que das importâncias devidas, refe-
§ 3o  Somente nos embargos perceberá as custas arbitradas rentes às contribuições sociais,
à penhora poderá o executado pelo juiz, ou presidente do tribu- serão efetuados nas agências
impugnar a sentença de liquida- nal trabalhista, de conformidade locais da Caixa Econômica Fe-
ção, cabendo ao exequente igual com a tabela a ser expedida pelo deral ou do Banco do Brasil S.A.,
direito e no mesmo prazo. Tribunal Superior do Trabalho. por intermédio de documento
§ 4o  Julgar-se-ão na mesma § 1o  Não acordando as partes de arrecadação da Previdência
sentença os embargos e as im- quanto à designação de avaliador, Social, dele se fazendo constar
pugnações à liquidação apresen- dentro de cinco dias após o des- o número do processo.
tadas pelos credores trabalhista pacho que determinou a avalia- § 1o  Concedido parcelamento
e previdenciário. ção, será o avaliador designado pela Secretaria da Receita Federal
§ 5o  Considera-se inexigível livremente pelo juiz ou presidente do Brasil, o devedor juntará aos
o título judicial fundado em lei ou do tribunal. autos a comprovação do ajuste,
ato normativo declarados incons- § 2o  Os servidores da Justi- ficando a execução da contribui-
titucionais pelo Supremo Tribunal ça do Trabalho não poderão ser ção social correspondente sus-
Federal ou em aplicação ou inter- escolhidos ou designados para pensa até a quitação de todas
pretação tidas por incompatíveis servir de avaliador. as parcelas.
com a Constituição Federal. § 2o  As Varas do Trabalho
§ 6o  A exigência da garantia Art. 888.  Concluída a avaliação, encaminharão mensalmente à
ou penhora não se aplica às enti- dentro de 10 (dez) dias, contados Secretaria da Receita Federal do
dades filantrópicas e/ou àqueles da data da nomeação do avalia- Brasil informações sobre os reco-
que compõem ou compuseram dor, seguir-se-á a arrematação, lhimentos efetivados nos autos,
a diretoria dessas instituições. que será anunciada por edital salvo se outro prazo for estabe-
afixado na sede do juízo ou tri- lecido em regulamento.
bunal e publicado no jornal local,
Seção IV – Do Julgamento se houver, com a antecedência de
e dos Trâmites Finais da 20 (vinte) dias.
Seção V – Da Execução por
Execução § 1o  A arrematação far-se-á Prestações Sucessivas
em dia, hora e lugar anunciados
Art. 885.  Não tendo sido arro- e os bens serão vendidos pelo Art. 890.  A execução para paga-
ladas testemunhas na defesa, maior lance, tendo o exequente mento de prestações sucessivas
o juiz, ou presidente, conclusos preferência para a adjudicação. far-se-á com observância das
os autos, proferirá sua decisão § 2o  O arrematante deverá normas constantes desta Seção,
dentro de cinco dias, julgando garantir o lance com o sinal cor- sem prejuízo das demais estabe-
subsistente ou insubsistente a respondente a 20% (vinte por lecidas neste Capítulo.
penhora. cento) do seu valor.
§ 3o  Não havendo licitante, Art. 891.  Nas prestações suces-
e não requerendo o exequente sivas por tempo determinado, a
  NE: ver Lei no 9.494/1997.
51 a adjudicação dos bens penho- execução pelo não pagamento de

676
Consolidação das Leis do Trabalho
uma prestação compreenderá as superada por iterativa e notória tância, servirá de acórdão.
que lhe sucederem. jurisprudência do Tribunal Supe- § 2o  Os Tribunais Regionais,
rior do Trabalho. divididos em Turmas, poderão de-
Art. 892.  Tratando-se de pres- § 3o  O Ministro Relator dene- signar Turma para o julgamento
tações sucessivas por tem- gará seguimento aos embargos: dos recursos ordinários interpos-
po indeterminado, a execução I – se a decisão recorrida esti- tos das sentenças prolatadas nas
compreenderá inicialmente as ver em consonância com súmula demandas sujeitas ao procedi-
prestações devidas até a data da jurisprudência do Tribunal Su- mento sumaríssimo.
do ingresso na execução. perior do Trabalho ou do Supremo
Tribunal Federal, ou com iterativa, Art. 896.  Cabe Recurso de Re-
notória e atual jurisprudência do vista para Turma do Tribunal Su-
CAPÍTULO VI – DOS Tribunal Superior do Trabalho, perior do Trabalho das decisões
RECURSOS cumprindo-lhe indicá-la; proferidas em grau de recurso
II – nas hipóteses de intem- ordinário, em dissídio individu-
Art. 893.  Das decisões são ad- pestividade, deserção, irregu- al, pelos Tribunais Regionais do
missíveis os seguintes recursos: laridade de representação ou Trabalho, quando:
I – embargos; de ausência de qualquer outro a)  derem ao mesmo disposi-
II – recurso ordinário; pressuposto extrínseco de ad- tivo de lei federal interpretação
III – recurso de revista; missibilidade. diversa da que lhe houver dado
IV – agravo. § 4o  Da decisão denegatória outro Tribunal Regional do Traba-
§ 1o  Os incidentes do pro- dos embargos caberá agravo, no lho, no seu Pleno ou Turma, ou a
cesso são resolvidos pelo próprio prazo de 8 (oito) dias. Seção de Dissídios Individuais do
juízo ou tribunal, admitindo-se a Tribunal Superior do Trabalho, ou
apreciação do merecimento das Art. 895.  Cabe recurso ordinário contrariarem súmula de jurispru-
decisões interlocutórias somente para a instância superior: dência uniforme dessa Corte ou
em recurso da decisão definitiva. I – das decisões definitivas ou súmula vinculante do Supremo
§ 2o  A interposição de recur- terminativas das Varas e Juízos, Tribunal Federal;
so para o Supremo Tribunal Fe- no prazo de 8 (oito) dias; e b)  derem ao mesmo dispo-
deral não prejudicará a execução II – das decisões definitivas sitivo de lei estadual, Conven-
do julgado. ou terminativas dos Tribunais ção Coletiva de Trabalho, Acordo
Regionais, em processos de sua Coletivo, sentença normativa ou
Art. 894.  No Tribunal Superior competência originária, no prazo regulamento empresarial de ob-
do Trabalho cabem embargos, de 8 (oito) dias, quer nos dissídios servância obrigatória em área
no prazo de 8 (oito) dias: individuais, quer nos dissídios territorial que exceda a jurisdição
I – de decisão não unânime coletivos. do Tribunal Regional prolator da
de julgamento que: § 1o  Nas reclamações sujei- decisão recorrida, interpretação
a)  conciliar, julgar ou homo- tas ao procedimento sumaríssi- divergente, na forma da alínea “a”;
logar conciliação em dissídios mo, o recurso ordinário: c)  proferidas com violação
coletivos que excedam a com- I – (Vetado); literal de disposição de lei federal
petência territorial dos Tribunais II – será imediatamente dis- ou afronta direta e literal à Cons-
Regionais do Trabalho e estender tribuído, uma vez recebido no Tri- tituição Federal.
ou rever as sentenças normativas bunal, devendo o relator liberá-lo § 1o  O recurso de revista,
do Tribunal Superior do Trabalho, no prazo máximo de dez dias, e a dotado de efeito apenas devo-
nos casos previstos em lei; e Secretaria do Tribunal ou Turma lutivo, será interposto perante o
b) (Vetada); colocá-lo imediatamente em pau- Presidente do Tribunal Regional
II – das decisões das Turmas ta para julgamento, sem revisor; do Trabalho, que, por decisão
que divergirem entre si ou das III – terá parecer oral do re- fundamentada, poderá recebê-lo
decisões proferidas pela Seção presentante do Ministério Público ou denegá-lo.
de Dissídios Individuais, ou con- presente à sessão de julgamento, § 1o-A.  Sob pena de não co-
trárias a súmula ou orientação ju- se este entender necessário o pa- nhecimento, é ônus da parte:
risprudencial do Tribunal Superior recer, com registro na certidão; I – indicar o trecho da decisão
do Trabalho ou súmula vinculan- IV – terá acórdão consistente recorrida que consubstancia o
te do Supremo Tribunal Federal. unicamente na certidão de julga- prequestionamento da controvér-
Parágrafo único. (Revogado) mento, com a indicação suficiente sia objeto do recurso de revista;
§ 2o  A divergência apta a do processo e parte dispositi- II – indicar, de forma explícita
ensejar os embargos deve ser va, e das razões de decidir do e fundamentada, contrariedade
atual, não se considerando tal a voto prevalente. Se a sentença a dispositivo de lei, súmula ou
ultrapassada por súmula do Tri- for confirmada pelos próprios orientação jurisprudencial do Tri-
bunal Superior do Trabalho ou fundamentos, a certidão de jul- bunal Superior do Trabalho que
do Supremo Tribunal Federal, ou gamento, registrando tal circuns- conflite com a decisão regional;

677
Consolidação das Leis do Trabalho
III – expor as razões do pe- confrontados. instância recorrida à jurisprudên-
dido de reforma, impugnando § 9o  Nas causas sujeitas ao cia sumulada do Tribunal Supe-
todos os fundamentos jurídicos procedimento sumaríssimo, so- rior do Trabalho ou do Supremo
da decisão recorrida, inclusive mente será admitido recurso de Tribunal Federal;
mediante demonstração analíti- revista por contrariedade a súmu- III – social, a postulação, por
ca de cada dispositivo de lei, da la de jurisprudência uniforme do reclamante-recorrente, de di-
Constituição Federal, de súmula Tribunal Superior do Trabalho ou reito social constitucionalmente
ou orientação jurisprudencial cuja a súmula vinculante do Supremo assegurado;
contrariedade aponte; Tribunal Federal e por violação IV – jurídica, a existência de
IV – transcrever na peça re- direta da Constituição Federal. questão nova em torno da in-
cursal, no caso de suscitar pre- § 10.  Cabe recurso de revis- terpretação da legislação tra-
liminar de nulidade de julgado ta por violação a lei federal, por balhista.
por negativa de prestação juris- divergência jurisprudencial e por § 2o  Poderá o relator, mo-
dicional, o trecho dos embargos ofensa à Constituição Federal nas nocraticamente, denegar segui-
declaratórios em que foi pedi- execuções fiscais e nas contro- mento ao recurso de revista que
do o pronunciamento do tribu- vérsias da fase de execução que não demonstrar transcendência,
nal sobre questão veiculada no envolvam a Certidão Negativa cabendo agravo desta decisão
recurso ordinário e o trecho da de Débitos Trabalhistas (CNDT), para o colegiado.
decisão regional que rejeitou os criada pela Lei no 12.440, de 7 de § 3o  Em relação ao recurso
embargos quanto ao pedido, para julho de 2011. que o relator considerou não ter
cotejo e verificação, de plano, da § 11.  Quando o recurso tem- transcendência, o recorrente po-
ocorrência da omissão. pestivo contiver defeito formal derá realizar sustentação oral so-
§ 2o  Das decisões proferi- que não se repute grave, o Tribu- bre a questão da transcendência,
das pelos Tribunais Regionais do nal Superior do Trabalho poderá durante cinco minutos em sessão.
Trabalho ou por suas Turmas, em desconsiderar o vício ou mandar § 4o  Mantido o voto do rela-
execução de sentença, inclusive saná-lo, julgando o mérito. tor quanto à não transcendência
em processo incidente de em- § 12.  Da decisão denegató- do recurso, será lavrado acórdão
bargos de terceiro, não caberá ria caberá agravo, no prazo de 8 com fundamentação sucinta, que
Recurso de Revista, salvo na hi- (oito) dias. constituirá decisão irrecorrível no
pótese de ofensa direta e literal § 13.  Dada a relevância da âmbito do tribunal.
de norma da Constituição Federal. matéria, por iniciativa de um dos § 5o  É irrecorrível a decisão
§ 3o (Revogado) membros da Seção Especializada monocrática do relator que, em
§ 4o (Revogado) em Dissídios Individuais do Tribu- agravo de instrumento em recur-
§ 5o (Revogado) nal Superior do Trabalho, aprova- so de revista, considerar ausente
§ 6o (Revogado) da pela maioria dos integrantes a transcendência da matéria.
§ 7o  A divergência apta a en- da Seção, o julgamento a que se § 6o  O juízo de admissibilida-
sejar o recurso de revista deve ser refere o § 3o poderá ser afeto ao de do recurso de revista exercido
atual, não se considerando como Tribunal Pleno. pela Presidência dos Tribunais
tal a ultrapassada por súmula do § 14.  O relator do recurso de Regionais do Trabalho limita-se
Tribunal Superior do Trabalho ou revista poderá denegar-lhe segui- à análise dos pressupostos in-
do Supremo Tribunal Federal, ou mento, em decisão monocrática, trínsecos e extrínsecos do ape-
superada por iterativa e notória nas hipóteses de intempestivida- lo, não abrangendo o critério da
jurisprudência do Tribunal Supe- de, deserção, irregularidade de transcendência das questões nele
rior do Trabalho. representação ou de ausência veiculadas.
§ 8o  Quando o recurso fun- de qualquer outro pressuposto
dar-se em dissenso de julgados, extrínseco ou intrínseco de ad- Art. 896-B.  Aplicam-se ao re-
incumbe ao recorrente o ônus missibilidade. curso de revista, no que couber,
de produzir prova da divergência as normas da Lei no 5.869, de 11
jurisprudencial, mediante certi- Art. 896-A.  O Tribunal Superior de janeiro de 1973 (Código de Pro-
dão, cópia ou citação do reposi- do Trabalho, no recurso de revis- cesso Civil), relativas ao julgamen-
tório de jurisprudência, oficial ou ta, examinará previamente se a to dos recursos extraordinário e
credenciado, inclusive em mídia causa oferece transcendência especial repetitivos.
eletrônica, em que houver sido com relação aos reflexos gerais
publicada a decisão divergente, de natureza econômica, política, Art. 896-C.  Quando houver mul-
ou ainda pela reprodução de jul- social ou jurídica. tiplicidade de recursos de revista
gado disponível na internet, com § 1 o São indicadores de fundados em idêntica questão
indicação da respectiva fonte, transcendência, entre outros: de direito, a questão poderá ser
mencionando, em qualquer caso, I – econômica, o elevado valor afetada à Seção Especializada
as circunstâncias que identifi- da causa; em Dissídios Individuais ou ao
quem ou assemelhem os casos II – política, o desrespeito da Tribunal Pleno, por decisão da

678
Consolidação das Leis do Trabalho
maioria simples de seus mem- § 7o  O relator poderá solici- de Processo Civil), cabendo ao
bros, mediante requerimento de tar, aos Tribunais Regionais do Presidente do Tribunal Superior
um dos Ministros que compõem Trabalho, informações a respeito do Trabalho selecionar um ou
a Seção Especializada, conside- da controvérsia, a serem presta- mais recursos representativos
rando a relevância da matéria ou das no prazo de 15 (quinze) dias. da controvérsia e encaminhá-los
a existência de entendimentos § 8o  O relator poderá admi- ao Supremo Tribunal Federal, so-
divergentes entre os Ministros tir manifestação de pessoa, ór- brestando os demais até o pro-
dessa Seção ou das Turmas do gão ou entidade com interesse nunciamento definitivo da Corte,
Tribunal. na controvérsia, inclusive como na forma do § 1o do art. 543‑B da
§ 1o  O Presidente da Turma assistente simples, na forma da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de
ou da Seção Especializada, por Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil).
indicação dos relatores, afetará 1973 (Código de Processo Civil). § 15.  O Presidente do Tribu-
um ou mais recursos representa- § 9o  Recebidas as informa- nal Superior do Trabalho poderá
tivos da controvérsia para julga- ções e, se for o caso, após cum- oficiar os Tribunais Regionais do
mento pela Seção Especializada prido o disposto no § 7o deste arti- Trabalho e os Presidentes das
em Dissídios Individuais ou pelo go, terá vista o Ministério Público Turmas e da Seção Especiali-
Tribunal Pleno, sob o rito dos re- pelo prazo de 15 (quinze) dias. zada do Tribunal para que sus-
cursos repetitivos. § 10.  Transcorrido o prazo pendam os processos idênticos
§ 2o  O Presidente da Turma para o Ministério Público e reme- aos selecionados como recursos
ou da Seção Especializada que tida cópia do relatório aos demais representativos da controvérsia
afetar processo para julgamento Ministros, o processo será incluí- e encaminhados ao Supremo Tri-
sob o rito dos recursos repetiti- do em pauta na Seção Especiali- bunal Federal, até o seu pronun-
vos deverá expedir comunicação zada ou no Tribunal Pleno, deven- ciamento definitivo.
aos demais Presidentes de Turma do ser julgado com preferência § 16.  A decisão firmada em
ou de Seção Especializada, que sobre os demais feitos. recurso repetitivo não será apli-
poderão afetar outros processos § 11.  Publicado o acórdão do cada aos casos em que se de-
sobre a questão para julgamen- Tribunal Superior do Trabalho, os monstrar que a situação de fato
to conjunto, a fim de conferir ao recursos de revista sobrestados ou de direito é distinta das pre-
órgão julgador visão global da na origem: sentes no processo julgado sob
questão. I – terão seguimento dene- o rito dos recursos repetitivos.
§ 3o  O Presidente do Tribunal gado na hipótese de o acórdão § 17.  Caberá revisão da de-
Superior do Trabalho oficiará os recorrido coincidir com a orien- cisão firmada em julgamento de
Presidentes dos Tribunais Regio- tação a respeito da matéria no recursos repetitivos quando se
nais do Trabalho para que sus- Tribunal Superior do Trabalho; ou alterar a situação econômica, so-
pendam os recursos interpostos II – serão novamente exami- cial ou jurídica, caso em que será
em casos idênticos aos afetados nados pelo Tribunal de origem na respeitada a segurança jurídica
como recursos repetitivos, até hipótese de o acórdão recorrido das relações firmadas sob a égi-
o pronunciamento definitivo do divergir da orientação do Tribunal de da decisão anterior, podendo
Tribunal Superior do Trabalho. Superior do Trabalho a respeito o Tribunal Superior do Trabalho
§ 4o  Caberá ao Presidente do da matéria. modular os efeitos da decisão
Tribunal de origem admitir um ou § 12.  Na hipótese prevista que a tenha alterado.
mais recursos representativos da no inciso II do § 11 deste artigo,
controvérsia, os quais serão en- mantida a decisão divergente Art. 897.  Cabe agravo, no prazo
caminhados ao Tribunal Superior pelo Tribunal de origem, far-se-á de 8 (oito) dias:
do Trabalho, ficando suspensos o exame de admissibilidade do a)  de petição, das decisões
os demais recursos de revista recurso de revista. do Juiz ou Presidente, nas exe-
até o pronunciamento definitivo § 13.  Caso a questão afetada cuções;
do Tribunal Superior do Trabalho. e julgada sob o rito dos recursos b)  de instrumento, dos des-
§ 5o  O relator no Tribunal Su- repetitivos também contenha pachos que denegarem a inter-
perior do Trabalho poderá deter- questão constitucional, a decisão posição de recursos.
minar a suspensão dos recursos proferida pelo Tribunal Pleno não § 1o  O agravo de petição só
de revista ou de embargos que obstará o conhecimento de even- será recebido quando o agravan-
tenham como objeto controvér- tuais recursos extraordinários te delimitar, justificadamente, as
sia idêntica à do recurso afetado sobre a questão constitucional. matérias e os valores impugna-
como repetitivo. § 14.  Aos recursos extraor- dos, permitida a execução ime-
§ 6o  O recurso repetitivo será dinários interpostos perante o diata da parte remanescente até
distribuído a um dos Ministros Tribunal Superior do Trabalho será o final, nos próprios autos ou por
membros da Seção Especializa- aplicado o procedimento previs- carta de sentença.
da ou do Tribunal Pleno e a um to no art. 543‑B da Lei no 5.869, § 2o  O agravo de instrumen-
Ministro revisor. de 11 de janeiro de 1973 (Código to interposto contra o despacho

679
Consolidação das Leis do Trabalho
que não receber agravo de pe- recurso. mínimo regional, nos dissídios
tição não suspende a execução § 8o  Quando o agravo de individuais, só será admitido o
da sentença. petição versar apenas sobre as recurso, inclusive o extraordi-
§ 3o  Na hipótese da alínea “a” contribuições sociais, o juiz da nário, mediante prévio depósito
deste artigo, o agravo será julgado execução determinará a extração da respectiva importância. Tran-
pelo próprio tribunal, presidido de cópias das peças necessárias, sitada em julgado a decisão re-
pela autoridade recorrida, salvo que serão autuadas em aparta- corrida, ordenar-se-á o levanta-
se se tratar de decisão de Juiz do do, conforme dispõe o § 3o, par- mento imediato da importância
Trabalho de 1a Instância ou de Juiz te final, e remetidas à instância de depósito, em favor da parte
de Direito, quando o julgamento superior para apreciação, após vencedora, por simples despa-
competirá a uma das Turmas do contraminuta. cho do juiz.
Tribunal Regional a que estiver § 2o  Tratando-se de conde-
subordinado o prolator da sen- Art. 897-A.  Caberão embargos nação de valor indeterminado, o
tença, observado o disposto no de declaração da sentença ou depósito corresponderá ao que
art. 679, a quem este remeterá acórdão, no prazo de cinco dias, for arbitrado, para efeito de cus-
as peças necessárias para o exa- devendo seu julgamento ocorrer tas, pela Junta ou Juízo de Direi-
me da matéria controvertida, em na primeira audiência ou sessão to, até o limite de 10 (dez) vezes o
autos apartados, ou nos próprios subsequente a sua apresentação, salário mínimo da região.
autos, se tiver sido determinada registrado na certidão, admitido § 3o (Revogado)
a extração de carta de sentença. efeito modificativo da decisão nos § 4o  O depósito recursal será
§ 4o  Na hipótese da alínea “b” casos de omissão e contradição feito em conta vinculada ao juízo
deste artigo, o agravo será julgado no julgado e manifesto equívoco e corrigido com os mesmos índi-
pelo Tribunal que seria compe- no exame dos pressupostos ex- ces da poupança.52
tente para conhecer o recurso trínsecos do recurso. § 5o (Revogado)
cuja interposição foi denegada. § 1o  Os erros materiais po- § 6o  Quando o valor da con-
§ 5o  Sob pena de não conhe- derão ser corrigidos de ofício denação, ou o arbitrado para fins
cimento, as partes promoverão a ou a requerimento de qualquer de custas, exceder o limite de 10
formação do instrumento do agra- das partes. (dez) vezes o salário mínimo da
vo de modo a possibilitar, caso § 2o  Eventual efeito modifi- região, o depósito para fins de re-
provido, o imediato julgamento cativo dos embargos de decla- cursos será limitado a este valor.
do recurso denegado, instruindo ração somente poderá ocorrer § 7o  No ato de interposição
a petição de interposição: em virtude da correção de vício do agravo de instrumento, o de-
I – obrigatoriamente, com na decisão embargada e desde pósito recursal corresponderá
cópias da decisão agravada, da que ouvida a parte contrária, no a 50% (cinquenta por cento) do
certidão da respectiva intima- prazo de 5 (cinco) dias. valor do depósito do recurso ao
ção, das procurações outorgadas § 3o  Os embargos de decla- qual se pretende destrancar.
aos advogados do agravante e do ração interrompem o prazo para § 8o  Quando o agravo de ins-
agravado, da petição inicial, da interposição de outros recursos, trumento tem a finalidade de des-
contestação, da decisão originá- por qualquer das partes, salvo trancar recurso de revista que se
ria, do depósito recursal referente quando intempestivos, irregular insurge contra decisão que con-
ao recurso que se pretende des- a representação da parte ou au- traria a jurisprudência uniforme
trancar, da comprovação do reco- sente a sua assinatura. do Tribunal Superior do Trabalho,
lhimento das custas e do depósito consubstanciada nas suas súmu-
recursal a que se refere o § 7o do Art. 898.  Das decisões proferi- las ou em orientação jurispruden-
art. 899 desta Consolidação; das em dissídio coletivo que afete cial, não haverá obrigatoriedade
II – facultativamente, com empresa de serviço público, ou, de se efetuar o depósito referido
outras peças que o agravante re- em qualquer caso, das proferidas no § 7o deste artigo.
putar úteis ao deslinde da matéria em revisão, poderão recorrer, § 9o  O valor do depósito re-
de mérito controvertida. além dos interessados, o presi- cursal será reduzido pela metade
§ 6o  O agravado será inti- dente do tribunal e a Procuradoria para entidades sem fins lucrati-
mado para oferecer resposta ao da Justiça do Trabalho. vos, empregadores domésticos,
agravo e ao recurso principal, microempreendedores individu-
instruindo-a com as peças que Art. 899.  Os recursos serão in- ais, microempresas e empresas
considerar necessárias ao jul- terpostos por simples petição e de pequeno porte.
gamento de ambos os recursos. terão efeito meramente devolu- § 10.  São isentos do depó-
§ 7o  Provido o agravo, a Tur- tivo, salvo as exceções previstas sito recursal os beneficiários da
ma deliberará sobre o julgamento neste Título, permitida a execução justiça gratuita, as entidades fi-
do recurso principal, observando- provisória até a penhora.
-se, se for o caso, daí em diante, § 1o  Sendo a condenação de   NE: ver ADIs nos 6.021 e 5.867 e ADCs nos 59
52

o procedimento relativo a esse valor até 10 (dez) vezes o salário e 58.

680
Consolidação das Leis do Trabalho
lantrópicas e as empresas em sentar, no prazo de quinze dias, e comunicações, bancos e esta-
recuperação judicial. defesa por escrito. belecimentos que interessem à
§ 11.  O depósito recursal po- § 1o  É facultado ao acusado, segurança nacional.
derá ser substituído por fiança dentro do prazo estabelecido nes-
bancária ou seguro garantia ju- te artigo, requerer a produção de
dicial. testemunhas, até ao máximo de TÍTULO XI – DISPOSIÇÕES
cinco. Nesse caso, será marcada FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 900.  Interposto o recur- audiência para a inquirição.
so, será notificado o recorrido, § 2o  Findo o prazo de defesa, Art. 911.  Esta Consolidação en-
para oferecer as suas razões, o processo será imediatamente trará em vigor em 10 de novembro
em prazo igual ao que tiver tido concluso para julgamento, que de 1943.
o recorrente. deverá ser proferido no prazo
de dez dias. Art. 912.  Os dispositivos de ca-
Art. 901.  Sem prejuízo dos pra- ráter imperativo terão aplicação
zos previstos neste Capítulo, te- Art. 906.  Da imposição das pe- imediata às relações iniciadas,
rão as partes vistas dos autos em nalidades a que se refere este mas não consumadas, antes da
cartório ou na secretaria. Capítulo caberá recurso ordinário vigência desta Consolidação.
Parágrafo único.  Salvo quan- para o Tribunal Superior, no prazo
do estiver correndo prazo comum, de dez dias, salvo se a imposição Art. 913.  O Ministro do Trabalho,
aos procuradores das partes será resultar de dissídio coletivo, caso Indústria e Comércio expedirá ins-
permitido ter vista dos autos fora em que o prazo será de vinte dias. truções, quadros, tabelas e mode-
do cartório ou secretaria. los que se tornarem necessários
Art. 907.  Sempre que o infrator à execução desta Consolidação.
Art. 902.  (Revogado) incorrer em pena criminal, far-se- Parágrafo único.  O Tribunal
-á remessa das peças necessárias Superior do Trabalho adaptará
à autoridade competente. o seu regimento interno e o dos
CAPÍTULO VII – DA Tribunais Regionais do Trabalho
APLICAÇÃO DAS Art. 908.  A cobrança das multas às normas contidas nesta Con-
PENALIDADES estabelecidas neste Título será solidação.
feita, mediante executivo fiscal,
Art. 903.  As penalidades esta- perante o juiz competente para Art. 914.  Continuarão em vigor
belecidas no Título anterior serão a cobrança de dívida ativa da Fa- os quadros, tabelas e modelos
aplicadas pelo juiz, ou tribunal, zenda Pública Federal. aprovados em virtude de disposi-
que tiver de conhecer da deso- Parágrafo único.  A cobrança tivos não alterados pela presente
bediência, violação, recusa, falta das multas será promovida, no Consolidação.
ou coação, ex officio, ou mediante Distrito Federal e nos Estados
representação de qualquer inte- em que funcionarem os Tribunais Art. 915.  Não serão prejudica-
ressado ou da Procuradoria da Regionais, pela Procuradoria da dos os recursos interpostos com
Justiça do Trabalho. Justiça do Trabalho, e, nos de- apoio em dispositivos alterados
mais Estados, de acordo com o ou cujo prazo para interposição
Art. 904.  As sanções em que disposto no Decreto-lei no 960, de esteja em curso à data da vigência
incorrerem as autoridades da 17 de dezembro de 1938. desta Consolidação.
Justiça do Trabalho serão apli-
cadas pela autoridade ou tribunal Art. 916.  Os prazos de prescrição
imediatamente superior, confor- CAPÍTULO VIII – fixados pela presente Consolida-
me o caso, ex officio, ou mediante DISPOSIÇÕES FINAIS ção começarão a correr da data
representação de qualquer inte- da vigência desta, quando me-
ressado ou da Procuradoria. Art. 909.  A ordem dos processos nores do que os previstos pela
Parágrafo único. Tratando-se no Tribunal Superior do Trabalho legislação anterior.
de membro do Tribunal Superior será regulada em seu regimento
do Trabalho será competente para interno. Art. 917.  O Ministro do Trabalho,
a imposição de sanções o Sena- Indústria e Comércio marcará
do Federal. Art. 910.  Para os efeitos deste prazo para adaptação dos atuais
§ 2o (Revogado) Título, equiparam-se aos serviços estabelecimentos às exigências
públicos os de utilidade pública, contidas no Capítulo “Da Segu-
Art. 905.  Tomando conhecimen- bem como os que forem pres- rança e da Medicina do Trabalho”.
to do fato imputado, o juiz, ou tados em armazéns de gêneros Compete ainda àquela autori-
tribunal, competente mandará alimentícios, açougues, padarias, dade fixar os prazos dentro dos
notificar o acusado, para apre- leiterias, farmácias, hospitais, quais, em cada Estado, entrará
minas, empresas de transportes em vigor a obrigatoriedade do

681
Consolidação das Leis do Trabalho
uso da Carteira de Trabalho e Art. 922.  O disposto no art. 301
Previdência social, para os atuais regerá somente as relações de
empregados. emprego iniciadas depois da vi-
Parágrafo único.  O Ministro gência desta Consolidação.
do Trabalho, Indústria e Comércio
fixará, para cada Estado e quan-
do julgar conveniente, o início da
vigência de parte ou de todos os
dispositivos contidos no Capítulo
“Da Segurança e da Medicina do
Trabalho”.

Art. 918.  Enquanto não for expe-


dida a Lei Orgânica da Previdência
Social, competirá ao presidente
do Tribunal Superior do Trabalho
julgar os recursos interpostos
com apoio no art.  1o, alínea “c”,
do Decreto-lei no 3.710, de 14 de
outubro de 1941, cabendo recurso
de suas decisões, nos termos do
disposto no art.  734, alínea “b”,
desta Consolidação.
Parágrafo único.  Ao diretor
do Departamento de Previdên-
cia Social incumbirá presidir as
eleições para a constituição dos
Conselhos Fiscais dos Institutos
e Caixas de Aposentadoria e Pen-
sões e julgar, com recurso para
a instância superior, os recursos
sobre matéria técnico-adminis-
trativa dessas instituições.

Art. 919.  Ao empregado ban-


cário, admitido até a data da vi-
gência da presente Lei, fica as-
segurado o direito à aquisição
da estabilidade, nos termos do
art. 15 do Decreto no 24.615, de 9
de julho de 1934.

Art. 920.  Enquanto não forem


constituídas as Confederações
ou na falta destas, a represen-
tação de classes, econômicas
ou profissionais, que derivar da
indicação desses órgãos ou dos
respectivos presidentes, será su-
prida por equivalente designação
ou eleição realizada pelas corres-
pondentes Federações.

Art. 921.  As empresas que não


estiverem incluídas no enqua-
dramento sindical de que trata
o art.  577 poderão firmar con-
tratos coletivos de trabalho com
os sindicatos representativos da
respectiva categoria profissional.

682
Código de Defesa do
Consumidor
ATUALIZADA ATÉ SETEMBRO DE 2022

Atualização e revisão técnica: Coordenação de Edições Técnicas


A norma aqui apresentada não substitui as publicações do Diário Oficial da União.
Sumário

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Lei no 8.078/1990
687 TÍTULO I – DOS DIREITOS DO CONSUMIDOR
687 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
687 CAPÍTULO II – DA POLÍTICA NACIONAL DE RELAÇÕES DE CONSUMO
688 CAPÍTULO III – DOS DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR
688 CAPÍTULO IV – DA QUALIDADE DE PRODUTOS E SERVIÇOS, DA PREVENÇÃO E DA
REPARAÇÃO DOS DANOS
688 Seção I – Da Proteção à Saúde e Segurança
689 Seção II – Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço
690 Seção III – Da Responsabilidade por Vício do Produto e do Serviço
691 Seção IV – Da Decadência e da Prescrição
691 Seção V – Da Desconsideração da Personalidade Jurídica
691 CAPÍTULO V – DAS PRÁTICAS COMERCIAIS
691 Seção I – Das Disposições Gerais
691 Seção II – Da Oferta
692 Seção III – Da Publicidade
692 Seção IV – Das Práticas Abusivas
693 Seção V – Da Cobrança de Dívidas
693 Seção VI – Dos Bancos de Dados e Cadastros de Consumidores
693 CAPÍTULO VI – DA PROTEÇÃO CONTRATUAL
693 Seção I – Disposições Gerais
694 Seção II – Das Cláusulas Abusivas
695 Seção III – Dos Contratos de Adesão
695 CAPÍTULO VI-A – DA PREVENÇÃO E DO TRATAMENTO DO SUPERENDIVIDAMENTO
696 CAPÍTULO VII – DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS
697 TÍTULO II – DAS INFRAÇÕES PENAIS
699 TÍTULO III – DA DEFESA DO CONSUMIDOR EM JUÍZO
699 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
700 CAPÍTULO II – DAS AÇÕES COLETIVAS PARA A DEFESA DE INTERESSES INDIVIDUAIS
HOMOGÊNEOS
700 CAPÍTULO III – DAS AÇÕES DE RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR DE PRODUTOS E
SERVIÇOS
700 CAPÍTULO IV – DA COISA JULGADA
701 CAPÍTULO V – DA CONCILIAÇÃO NO SUPERENDIVIDAMENTO
702 TÍTULO IV – DO SISTEMA NACIONAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR
702 TÍTULO V – DA CONVENÇÃO COLETIVA DE CONSUMO
702 TÍTULO VI – DISPOSIÇÕES FINAIS
Código de Defesa do
Consumidor

Lei no 8.078/1990

Dispõe sobre a proteção do con- Art. 3o  Fornecedor é toda pes- II – ação governamental no
sumidor e dá outras providências. soa física ou jurídica, pública ou sentido de proteger efetivamente
privada, nacional ou estrangeira, o consumidor:
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA bem como os entes despersonali- a)  por iniciativa direta;
zados, que desenvolvem atividade b)  por incentivos à criação e
Faço saber que o Congresso Na- de produção, montagem, criação, desenvolvimento de associações
cional decreta e eu sanciono a construção, transformação, im- representativas;
seguinte Lei:1 portação, exportação, distribui- c)  pela presença do Estado
ção ou comercialização de pro- no mercado de consumo;
dutos ou prestação de serviços. d)  pela garantia dos produtos
TÍTULO I – DOS DIREITOS § 1o  Produto é qualquer bem, e serviços com padrões adequa-
DO CONSUMIDOR móvel ou imóvel, material ou ima- dos de qualidade, segurança, du-
terial. rabilidade e desempenho;
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES § 2o  Serviço é qualquer ati- III – harmonização dos in-
GERAIS vidade fornecida no mercado de teresses dos participantes das
consumo, mediante remunera- relações de consumo e compa-
Art. 1o  O presente Código es- ção, inclusive as de natureza ban- tibilização da proteção do con-
tabelece normas de proteção e cária, financeira, de crédito e se- sumidor com a necessidade de
defesa do consumidor, de ordem curitária, salvo as decorrentes das desenvolvimento econômico e
pública e interesse social, nos relações de caráter trabalhista. tecnológico, de modo a viabilizar
termos dos arts. 5o, inciso XXXII, os princípios nos quais se funda
170, inciso V, da Constituição Fe- a ordem econômica (art. 170, da
deral e art. 48 de suas Disposições CAPÍTULO II – DA POLÍTICA Constituição Federal), sempre
Transitórias. NACIONAL DE RELAÇÕES com base na boa-fé e equilíbrio
DE CONSUMO nas relações entre consumidores
Art. 2o  Consumidor é toda pes- e fornecedores;
soa física ou jurídica que adquire Art. 4o  A Política Nacional das IV – educação e informação
ou utiliza produto ou serviço como Relações de Consumo tem por de fornecedores e consumido-
destinatário final. objetivo o atendimento das ne- res, quanto aos seus direitos e
Parágrafo único. Equipara-se cessidades dos consumidores, o deveres, com vistas à melhoria
a consumidor a coletividade de respeito à sua dignidade, saúde do mercado de consumo;
pessoas, ainda que indetermi- e segurança, a proteção de seus V – incentivo à criação pelos
náveis, que haja intervindo nas interesses econômicos, a melho- fornecedores de meios eficientes
relações de consumo. ria da sua qualidade de vida, bem de controle de qualidade e se-
como a transparência e harmonia gurança de produtos e serviços,
das relações de consumo, aten- assim como de mecanismos al-
didos os seguintes princípios: ternativos de solução de conflitos
  Nota do Editor (NE): nos dispositivos que
1
I – reconhecimento da vul- de consumo;
alteram normas, suprimiram-se as alterações
determinadas uma vez que já foram incor- nerabilidade do consumidor no VI – coibição e repressão efi-
poradas às normas às quais se destinam. mercado de consumo; cientes de todos os abusos prati-

687
Código de Defesa do Consumidor
cados no mercado de consumo, CAPÍTULO III – DOS X – a adequada e eficaz pres-
inclusive a concorrência desleal DIREITOS BÁSICOS DO tação dos serviços públicos em
e utilização indevida de inventos geral;
e criações industriais das marcas
CONSUMIDOR XI – a garantia de práticas de
e nomes comerciais e signos dis- crédito responsável, de educa-
tintivos, que possam causar pre- Art. 6o  São direitos básicos do ção financeira e de prevenção e
juízos aos consumidores; consumidor: tratamento de situações de su-
VII – racionalização e melho- I – a proteção da vida, saú- perendividamento, preservado o
ria dos serviços públicos; de e segurança contra os riscos mínimo existencial, nos termos da
VIII – estudo constante das provocados por práticas no for- regulamentação, por meio da re-
modificações do mercado de necimento de produtos e servi- visão e da repactuação da dívida,
consumo; ços considerados perigosos ou entre outras medidas;
IX – fomento de ações dire- nocivos; XII – a preservação do mínimo
cionadas à educação financeira II – a educação e divulgação existencial, nos termos da regu-
e ambiental dos consumidores; sobre o consumo adequado dos lamentação, na repactuação de
X – prevenção e tratamento produtos e serviços, asseguradas dívidas e na concessão de crédito;
do superendividamento como a liberdade de escolha e a igual- XIII – a informação acerca dos
forma de evitar a exclusão social dade nas contratações; preços dos produtos por unidade
do consumidor. III – a informação adequada e de medida, tal como por quilo,
clara sobre os diferentes produtos por litro, por metro ou por outra
Art. 5o  Para a execução da Po- e serviços, com especificação unidade, conforme o caso.
lítica Nacional das Relações de correta de quantidade, caracte- Parágrafo único.  A infor-
Consumo, contará o poder público rísticas, composição, qualidade, mação de que trata o inciso III
com os seguintes instrumentos, tributos incidentes e preço, bem do caput deste artigo deve ser
entre outros: como sobre os riscos que apre- acessível à pessoa com defici-
I – manutenção de assistência sentem; ência, observado o disposto em
jurídica, integral e gratuita para o IV – a proteção contra a pu- regulamento.
consumidor carente; blicidade enganosa e abusiva,
II – instituição de Promotorias métodos comerciais coercitivos Art. 7o  Os direitos previstos nes-
de Justiça de Defesa do Consu- ou desleais, bem como contra te Código não excluem outros
midor, no âmbito do Ministério práticas e cláusulas abusivas ou decorrentes de tratados ou con-
Público; impostas no fornecimento de pro- venções internacionais de que o
III – criação de delegacias de dutos e serviços; Brasil seja signatário, da legisla-
polícia especializadas no atendi- V – a modificação das cláusu- ção interna ordinária, de regula-
mento de consumidores vítimas las contratuais que estabeleçam mentos expedidos pelas autori-
de infrações penais de consumo; prestações desproporcionais ou dades administrativas competen-
IV – criação de Juizados Es- sua revisão em razão de fatos tes, bem como dos que derivem
peciais de Pequenas Causas e Va- supervenientes que as tornem dos princípios gerais do direito,
ras Especializadas para a solução excessivamente onerosas; analogia, costumes e equidade.
de litígios de consumo; VI – a efetiva prevenção e Parágrafo único.  Tendo mais
V – concessão de estímulos reparação de danos patrimoniais de um autor a ofensa, todos res-
à criação e desenvolvimento das e morais, individuais, coletivos e ponderão solidariamente pela
Associações de Defesa do Con- difusos; reparação dos danos previstos
sumidor; VII – o acesso aos órgãos ju- nas normas de consumo.
VI – instituição de mecanis- diciários e administrativos com
mos de prevenção e tratamento vistas à prevenção ou reparação
extrajudicial e judicial do supe- de danos patrimoniais e morais, CAPÍTULO IV – DA
rendividamento e de proteção individuais, coletivos ou difusos, QUALIDADE DE
do consumidor pessoa natural; assegurada a proteção jurídica, PRODUTOS E SERVIÇOS,
VII – instituição de núcleos administrativa e técnica aos ne- DA PREVENÇÃO E DA
de conciliação e mediação de cessitados; REPARAÇÃO DOS DANOS
conflitos oriundos de superen- VIII – a facilitação da defesa
dividamento. de seus direitos, inclusive com a Seção I – Da Proteção à
§ 1o (Vetado) inversão do ônus da prova, a seu Saúde e Segurança
§ 2o (Vetado) favor, no processo civil, quando,
a critério do juiz, for verossímil Art. 8o  Os produtos e serviços
a alegação ou quando for ele hi- colocados no mercado de con-
possuficiente, segundo as regras sumo não acarretarão riscos à
ordinárias de experiências; saúde ou segurança dos consu-
IX – (Vetado); midores, exceto os considerados

688
Código de Defesa do Consumidor
normais e previsíveis em decor- informá-los a respeito. fabricante, produtor, construtor
rência de sua natureza e fruição, ou importador;
obrigando-se os fornecedores, Art. 11.  (Vetado) III – não conservar adequa-
em qualquer hipótese, a dar as damente os produtos perecíveis.
informações necessárias e ade- Art. 11-A.  (Vetado) Parágrafo único.  Aquele que
quadas a seu respeito. efetivar o pagamento ao preju-
§ 1o  Em se tratando de produ- dicado poderá exercer o direito
to industrial, ao fabricante cabe
Seção II – Da de regresso contra os demais
prestar as informações a que se Responsabilidade pelo Fato responsáveis, segundo sua par-
refere este artigo, através de im- do Produto e do Serviço ticipação na causação do evento
pressos apropriados que devam danoso.
acompanhar o produto. Art. 12.  O fabricante, o produtor,
§ 2o  O fornecedor deverá hi- o construtor, nacional ou estran- Art. 14.  O fornecedor de servi-
gienizar os equipamentos e uten- geiro, e o importador respondem, ços responde, independentemen-
sílios utilizados no fornecimento independentemente da existên- te da existência de culpa, pela
de produtos ou serviços, ou co- cia de culpa, pela reparação dos reparação dos danos causados
locados à disposição do consu- danos causados aos consumido- aos consumidores por defeitos
midor, e informar, de maneira res por defeitos decorrentes de relativos à prestação dos servi-
ostensiva e adequada, quando projeto, fabricação, construção, ços, bem como por informações
for o caso, sobre o risco de con- montagem, fórmulas, manipu- insuficientes ou inadequadas so-
taminação. lação, apresentação ou acondi- bre sua fruição e riscos.
cionamento de seus produtos, § 1o  O serviço é defeituoso
Art. 9o  O fornecedor de produ- bem como por informações in- quando não fornece a segurança
tos e serviços potencialmente suficientes ou inadequadas sobre que o consumidor dele pode es-
nocivos ou perigosos à saúde sua utilização e riscos. perar, levando-se em considera-
ou segurança deverá informar, § 1o  O produto é defeituoso ção as circunstâncias relevantes,
de maneira ostensiva e adequa- quando não oferece a segurança entre as quais:
da, a respeito da sua nocividade que dele legitimamente se espera, I – o modo de seu forneci-
ou periculosidade, sem prejuízo levando-se em consideração as mento;
da adoção de outras medidas circunstâncias relevantes, entre II – o resultado e os riscos que
cabíveis em cada caso concreto. as quais: razoavelmente dele se esperam;
I – sua apresentação; III – a época em que foi for-
Art. 10.  O fornecedor não poderá II – o uso e os riscos que ra- necido.
colocar no mercado de consumo zoavelmente dele se esperam; § 2o  O serviço não é consi-
produto ou serviço que sabe ou III – a época em que foi colo- derado defeituoso pela adoção
deveria saber apresentar alto grau cado em circulação. de novas técnicas.
de nocividade ou periculosidade § 2o  O produto não é consi- § 3o  O fornecedor de servi-
à saúde ou segurança. derado defeituoso pelo fato de ços só não será responsabilizado
§ 1o  O fornecedor de produ- outro de melhor qualidade ter quando provar:
tos e serviços que, posteriormen- sido colocado no mercado. I – que, tendo prestado o ser-
te à sua introdução no mercado § 3o  O fabricante, o constru- viço, o defeito inexiste;
de consumo, tiver conhecimento tor, o produtor ou importador só II – a culpa exclusiva do con-
da periculosidade que apresen- não será responsabilizado quan- sumidor ou de terceiro.
tem, deverá comunicar o fato do provar: § 4o  A responsabilidade pes-
imediatamente às autoridades I – que não colocou o produto soal dos profissionais liberais será
competentes e aos consumido- no mercado; apurada mediante a verificação
res, mediante anúncios publi- II – que, embora haja colocado de culpa.
citários. o produto no mercado, o defeito
§ 2o  Os anúncios publicitá- inexiste; Art. 15.  (Vetado)
rios a que se refere o parágrafo III – a culpa exclusiva do con-
anterior serão veiculados na im- sumidor ou de terceiro. Art. 16.  (Vetado)
prensa, rádio e televisão, às ex-
pensas do fornecedor do produto Art. 13.  O comerciante é igual- Art. 17.  Para os efeitos desta Se-
ou serviço. mente responsável, nos termos ção, equiparam-se aos consumi-
§ 3o  Sempre que tiverem co- do artigo anterior, quando: dores todas as vítimas do evento.
nhecimento de periculosidade de I – o fabricante, o construtor,
produtos ou serviços à saúde ou o produtor ou o importador não
segurança dos consumidores, puderem ser identificados;
a União, os Estados, o Distrito II – o produto for fornecido
Federal e os Municípios deverão sem identificação clara do seu

689
Código de Defesa do Consumidor
Seção III – Da tação ou restituição de eventual ao consumo ou lhes diminuam
Responsabilidade por Vício diferença de preço, sem prejuízo o valor, assim como por aque-
do Produto e do Serviço do disposto nos incisos II e III do les decorrentes da disparidade
§ 1o deste artigo. com as indicações constantes da
Art. 18.  Os fornecedores de pro- § 5o  No caso de fornecimen- oferta ou mensagem publicitária,
dutos de consumo duráveis ou to de produtos in natura, será res- podendo o consumidor exigir, al-
não duráveis respondem solida- ponsável perante o consumidor ternativamente e à sua escolha:
riamente pelos vícios de quali- o fornecedor imediato, exceto I – a reexecução dos serviços,
dade ou quantidade que os tor- quando identificado claramente sem custo adicional e quando
nem impróprios ou inadequados seu produtor. cabível;
ao consumo a que se destinam § 6o  São impróprios ao uso II – a restituição imediata da
ou lhes diminuam o valor, assim e consumo: quantia paga, monetariamente
como por aqueles decorrentes I – os produtos cujos prazos atualizada, sem prejuízo de even-
da disparidade, com as indica- de validade estejam vencidos; tuais perdas e danos;
ções constantes do recipiente, da II – os produtos deteriorados, III – o abatimento proporcio-
embalagem, rotulagem ou men- alterados, adulterados, avariados, nal do preço.
sagem publicitária, respeitadas falsificados, corrompidos, frau- § 1o  A reexecução dos ser-
as variações decorrentes de sua dados, nocivos à vida ou à saú- viços poderá ser confiada a ter-
natureza, podendo o consumidor de, perigosos ou, ainda, aqueles ceiros devidamente capacitados,
exigir a substituição das partes em desacordo com as normas por conta e risco do fornecedor.
viciadas. regulamentares de fabricação, § 2o  São impróprios os ser-
§ 1o  Não sendo o vício sa- distribuição ou apresentação; viços que se mostrem inadequa-
nado no prazo máximo de trinta III – os produtos que, por qual- dos para os fins que razoavel-
dias, pode o consumidor exigir, quer motivo, se revelem inade- mente deles se esperam, bem
alternativamente e à sua escolha: quados ao fim a que se destinam. como aqueles que não atendam
I – a substituição do produto as normas regulamentares de
por outro da mesma espécie, em Art. 19.  Os fornecedores respon- prestabilidade.
perfeitas condições de uso; dem solidariamente pelos vícios
II – a restituição imediata da de quantidade do produto sem- Art. 21.  No fornecimento de
quantia paga, monetariamente pre que, respeitadas as variações serviços que tenham por ob-
atualizada, sem prejuízo de even- decorrentes de sua natureza, seu jetivo a reparação de qualquer
tuais perdas e danos; conteúdo líquido for inferior às produto considerar-se-á implí-
III – o abatimento proporcio- indicações constantes do reci- cita a obrigação do fornecedor
nal do preço. piente, da embalagem, rotulagem de empregar componentes de
§ 2o  Poderão as partes con- ou de mensagem publicitária, reposição originais adequados
vencionar a redução ou ampliação podendo o consumidor exigir, e novos, ou que mantenham as
do prazo previsto no parágrafo alternativamente e à sua escolha: especificações técnicas do fa-
anterior, não podendo ser infe- I – o abatimento proporcional bricante, salvo, quanto a estes
rior a sete nem superior a cento do preço; últimos, autorização em contrário
e oitenta dias. Nos contratos de II – complementação do peso do consumidor.
adesão, a cláusula de prazo de- ou medida;
verá ser convencionada em sepa- III – a substituição do produ- Art. 22.  Os órgãos públicos, por
rado, por meio de manifestação to por outro da mesma espécie, si ou suas empresas, concessio-
expressa do consumidor. marca ou modelo, sem os aludi- nárias, permissionárias ou sob
§ 3o  O consumidor poderá fa- dos vícios; qualquer outra forma de empre-
zer uso imediato das alternativas IV – a restituição imediata da endimento, são obrigados a for-
do § 1o deste artigo sempre que, quantia paga, monetariamente necer serviços adequados, efi-
em razão da extensão do vício, a atualizada, sem prejuízo de even- cientes, seguros e, quanto aos
substituição das partes viciadas tuais perdas e danos. essenciais, contínuos.
puder comprometer a qualidade § 1o  Aplica-se a este artigo o Parágrafo único.  Nos casos
ou características do produto, disposto no § 4o do artigo anterior. de descumprimento, total ou par-
diminuir-lhe o valor ou se tratar § 2o  O fornecedor imediato cial, das obrigações referidas nes-
de produto essencial. será responsável quando fizer a te artigo, serão as pessoas jurí-
§ 4o  Tendo o consumidor op- pesagem ou a medição e o instru- dicas compelidas a cumpri-las
tado pela alternativa do inciso I mento utilizado não estiver aferi- e a reparar os danos causados,
do § 1o deste artigo, e não sendo do segundo os padrões oficiais. na forma prevista neste Código.
possível a substituição do bem,
poderá haver substituição por ou- Art. 20.  O fornecedor de servi- Art. 23.  A ignorância do fornece-
tro de espécie, marca ou modelo ços responde pelos vícios de qua- dor sobre os vícios de qualidade
diversos, mediante complemen- lidade que os tornem impróprios por inadequação dos produtos e

690
Código de Defesa do Consumidor
serviços não o exime de respon- Art. 27.  Prescreve em cinco Seção II – Da Oferta
sabilidade. anos a pretensão à reparação
pelos danos causados por fato Art. 30.  Toda informação ou pu-
Art. 24.  A garantia legal de ade- do produto ou do serviço pre- blicidade, suficientemente preci-
quação do produto ou serviço vista na Seção II deste Capítulo, sa, veiculada por qualquer forma
independe de termo expresso, iniciando-se a contagem do prazo ou meio de comunicação com
vedada a exoneração contratual a partir do conhecimento do dano relação a produtos e serviços ofe-
do fornecedor. e de sua autoria. recidos ou apresentados, obriga
Parágrafo único. (Vetado) o fornecedor que a fizer veicular
Art. 25.  É vedada a estipulação ou dela se utilizar e integra o con-
contratual de cláusula que im- trato que vier a ser celebrado.
possibilite, exonere ou atenue a
Seção V – Da
obrigação de indenizar prevista Desconsideração da Art. 31.  A oferta e apresentação
nesta e nas Seções anteriores. Personalidade Jurídica de produtos ou serviços devem
§ 1o  Havendo mais de um res- assegurar informações corre-
ponsável pela causação do dano, Art. 28.  O juiz poderá descon- tas, claras, precisas, ostensivas
todos responderão solidariamen- siderar a personalidade jurídica e em língua portuguesa sobre
te pela reparação prevista nesta da sociedade quando, em detri- suas características, qualidades,
e nas Seções anteriores. mento do consumidor, houver quantidade, composição, preço,
§ 2o  Sendo o dano causado abuso de direito, excesso de po- garantia, prazos de validade e
por componente ou peça incor- der, infração da lei, fato ou ato origem, entre outros dados, bem
porada ao produto ou serviço, são ilícito ou violação dos estatutos como sobre os riscos que apre-
responsáveis solidários seu fabri- ou contrato social. A desconsi- sentam à saúde e segurança dos
cante, construtor ou importador deração também será efetivada consumidores.
e o que realizou a incorporação. quando houver falência, estado Parágrafo único.  As informa-
de insolvência, encerramento ou ções de que trata este artigo, nos
inatividade da pessoa jurídica pro- produtos refrigerados oferecidos
Seção IV – Da Decadência e vocados por má administração. ao consumidor, serão gravadas
da Prescrição § 1o (Vetado) de forma indelével.
§ 2o  As sociedades inte-
Art. 26.  O direito de reclamar grantes dos grupos societários Art. 32.  Os fabricantes e im-
pelos vícios aparentes ou de fácil e as sociedades controladas, são portadores deverão assegurar a
constatação caduca em: subsidiariamente responsáveis oferta de componentes e peças
I – trinta dias, tratando-se pelas obrigações decorrentes de reposição enquanto não ces-
de fornecimento de serviço e de deste Código. sar a fabricação ou importação
produto não duráveis; § 3o  As sociedades consor- do produto.
II – noventa dias, tratando-se ciadas são solidariamente res- Parágrafo único. Cessadas
de fornecimento de serviço e de ponsáveis pelas obrigações de- a produção ou importação, a
produto duráveis. correntes deste Código. oferta deverá ser mantida por
§ 1o  Inicia-se a contagem do § 4o  As sociedades coligadas período razoável de tempo, na
prazo decadencial a partir da en- só responderão por culpa. forma da lei.
trega efetiva do produto ou do tér- § 5o  Também poderá ser des-
mino da execução dos serviços. considerada a pessoa jurídica Art. 33.  Em caso de oferta ou
§ 2o  Obstam a decadência: sempre que sua personalidade venda por telefone ou reembolso
I – a reclamação comprova- for, de alguma forma, obstáculo postal, deve constar o nome do
damente formulada pelo consu- ao ressarcimento de prejuízos fabricante e endereço na emba-
midor perante o fornecedor de causados aos consumidores. lagem, publicidade e em todos os
produtos e serviços até a res- impressos utilizados na transação
posta negativa correspondente, comercial.
que deve ser transmitida de forma CAPÍTULO V – DAS Parágrafo único.  É proibida
inequívoca; PRÁTICAS COMERCIAIS a publicidade de bens e serviços
II – (Vetado); por telefone, quando a chamada
Seção I – Das Disposições
III – a instauração de inqué- for onerosa ao consumidor que
rito civil, até seu encerramento. Gerais a origina.
§ 3o  Tratando-se de vício
oculto, o prazo decadencial ini- Art. 29.  Para os fins deste Capí- Art. 34.  O fornecedor do pro-
cia-se no momento em que ficar tulo e do seguinte, equiparam-se duto ou serviço é solidariamente
evidenciado o defeito. aos consumidores todas as pes- responsável pelos atos de seus
soas determináveis ou não, ex- prepostos ou representantes au-
postas às práticas nele previstas. tônomos.

691
Código de Defesa do Consumidor
Art. 35.  Se o fornecedor de pro- sa por omissão quando deixar de oficiais competentes ou, se nor-
dutos ou serviços recusar cum- informar sobre dado essencial do mas específicas não existirem,
primento à oferta, apresentação produto ou serviço. pela Associação Brasileira de Nor-
ou publicidade, o consumidor po- § 4o (Vetado) mas Técnicas ou outra entidade
derá, alternativamente e à sua credenciada pelo Conselho Nacio-
livre escolha: Art. 38.  O ônus da prova da vera- nal de Metrologia, Normalização e
I – exigir o cumprimento for- cidade e correção da informação Qualidade Industrial (Conmetro);
çado da obrigação, nos termos ou comunicação publicitária cabe IX – recusar a venda de bens
da oferta, apresentação ou pu- a quem as patrocina. ou a prestação de serviços, di-
blicidade; retamente a quem se disponha
II – aceitar outro produto ou a adquiri-los mediante pronto
prestação de serviço equivalente;
Seção IV – Das Práticas pagamento, ressalvados os casos
III – rescindir o contrato, com Abusivas de intermediação regulados em
direito à restituição de quantia leis especiais;
eventualmente antecipada, mo- Art. 39.  É vedado ao fornecedor X – elevar sem justa causa o
netariamente atualizada, e a per- de produtos ou serviços, dentre preço de produtos ou serviços;
das e danos. outras práticas abusivas:2 XII – deixar de estipular pra-
I – condicionar o fornecimen- zo para o cumprimento de sua
to de produto ou de serviço ao obrigação ou deixar a fixação de
Seção III – Da Publicidade fornecimento de outro produto seu termo inicial a seu exclusivo
ou serviço, bem como, sem jus- critério;
Art. 36.  A publicidade deve ser ta causa, a limites quantitativos; XIII – aplicar fórmula ou índi-
veiculada de tal forma que o con- II – recusar atendimento às ce de reajuste diverso do legal ou
sumidor, fácil e imediatamente, demandas dos consumidores, contratualmente estabelecido;
a identifique como tal. na exata medida de suas dispo- XIV – permitir o ingresso em
Parágrafo único.  O fornece- nibilidades de estoque, e, ainda, estabelecimentos comerciais ou
dor, na publicidade de seus pro- de conformidade com os usos e de serviços de um número maior
dutos ou serviços, manterá, em costumes; de consumidores que o fixado
seu poder, para informação dos III – enviar ou entregar ao con- pela autoridade administrativa
legítimos interessados, os dados sumidor, sem solicitação prévia, como máximo;
fáticos, técnicos e científicos que qualquer produto, ou fornecer XV – (Vetado).
dão sustentação à mensagem. qualquer serviço; Parágrafo único.  Os serviços
IV – prevalecer-se da fraque- prestados e os produtos remeti-
Art. 37.  É proibida toda publici- za ou ignorância do consumidor, dos ou entregues ao consumidor,
dade enganosa ou abusiva. tendo em vista sua idade, saúde, na hipótese prevista no inciso
§ 1o  É enganosa qualquer conhecimento ou condição social, III, equiparam-se às amostras
modalidade de informação ou co- para impingir-lhe seus produtos grátis, inexistindo obrigação de
municação de caráter publicitário, ou serviços; pagamento.
inteira ou parcialmente falsa, ou, V – exigir do consumidor
por qualquer outro modo, mesmo vantagem manifestamente ex- Art. 40.  O fornecedor de servi-
por omissão, capaz de induzir em cessiva; ço será obrigado a entregar ao
erro o consumidor a respeito da VI – executar serviços sem a consumidor orçamento prévio
natureza, características, quali- prévia elaboração de orçamento discriminando o valor da mão
dade, quantidade, propriedades, e autorização expressa do consu- de obra, dos materiais e equipa-
origem, preço e quaisquer outros midor, ressalvadas as decorren- mentos a serem empregados, as
dados sobre produtos e serviços. tes de práticas anteriores entre condições de pagamento, bem
§ 2o  É abusiva, dentre outras, as partes; como as datas de início e término
a publicidade discriminatória de VII – repassar informação de- dos serviços.
qualquer natureza, a que incite preciativa, referente a ato prati- § 1o  Salvo estipulação em
à violência, explore o medo ou cado pelo consumidor no exercí- contrário, o valor orçado terá
a superstição, se aproveite da cio de seus direitos; validade pelo prazo de dez dias,
deficiência de julgamento e ex- VIII – colocar, no mercado de contado de seu recebimento pelo
periência da criança, desrespeita consumo, qualquer produto ou consumidor.
valores ambientais, ou que seja serviço em desacordo com as § 2o  Uma vez aprovado pelo
capaz de induzir o consumidor a normas expedidas pelos órgãos consumidor, o orçamento obriga
se comportar de forma prejudi- os contraentes e somente pode
cial ou perigosa à sua saúde ou ser alterado mediante livre nego-
segurança.
2
  NE: o inciso XI foi incluído pela Medida ciação das partes.
Provisória no 1.890-67/1999 e transformado
§ 3o  Para os efeitos deste em inciso XIII, quando da conversão na Lei § 3o  O consumidor não res-
Código, a publicidade é engano- no 9.870/1999. ponde por quaisquer ônus ou

692
Código de Defesa do Consumidor
acréscimos decorrentes da con- § 1o  Os cadastros e dados Art. 45.  (Vetado)
tratação de serviços de tercei- de consumidores devem ser ob-
ros não previstos no orçamento jetivos, claros, verdadeiros e em
prévio. linguagem de fácil compreensão, CAPÍTULO VI – DA
não podendo conter informações PROTEÇÃO CONTRATUAL
Art. 41.  No caso de fornecimento negativas referentes a período
Seção I – Disposições Gerais
de produtos ou de serviços sujei- superior a cinco anos.
tos ao regime de controle ou de § 2o  A abertura de cadastro,
tabelamento de preços, os for- ficha, registro e dados pessoais e Art. 46.  Os contratos que re-
necedores deverão respeitar os de consumo deverá ser comuni- gulam as relações de consumo
limites oficiais sob pena de, não cada por escrito ao consumidor, não obrigarão os consumidores,
o fazendo, responderem pela res- quando não solicitada por ele. se não lhes for dada a oportu-
tituição da quantia recebida em § 3o  O consumidor, sempre nidade de tomar conhecimento
excesso, monetariamente atu- que encontrar inexatidão nos prévio de seu conteúdo, ou se os
alizada, podendo o consumidor seus dados e cadastros, pode- respectivos instrumentos forem
exigir, à sua escolha, o desfazi- rá exigir sua imediata correção, redigidos de modo a dificultar a
mento do negócio, sem prejuízo devendo o arquivista, no prazo de compreensão de seu sentido e
de outras sanções cabíveis. cinco dias úteis, comunicar a al- alcance.
teração aos eventuais destinatá-
rios das informações incorretas. Art. 47.  As cláusulas contratuais
Seção V – Da Cobrança de § 4o  Os bancos de dados e serão interpretadas de maneira
Dívidas cadastros relativos a consumi- mais favorável ao consumidor.
dores, os serviços de proteção
Art. 42.  Na cobrança de débi- ao crédito e congêneres são con- Art. 48.  As declarações de von-
tos, o consumidor inadimplente siderados entidades de caráter tade constantes de escritos par-
não será exposto a ridículo, nem público. ticulares, recibos e pré-contratos
será submetido a qualquer tipo § 5o  Consumada a prescrição relativos às relações de consumo
de constrangimento ou ameaça. relativa à cobrança de débitos do vinculam o fornecedor, ensejan-
Parágrafo único.  O consumi- consumidor, não serão forneci- do inclusive execução específica,
dor cobrado em quantia indevida das, pelos respectivos Sistemas nos termos do art.  84 e pará-
tem direito à repetição do indé- de Proteção ao Crédito, quaisquer grafos.
bito, por valor igual ao dobro do informações que possam impe-
que pagou em excesso, acrescido dir ou dificultar novo acesso ao Art. 49.  O consumidor pode de-
de correção monetária e juros crédito junto aos fornecedores. sistir do contrato, no prazo de 7
legais, salvo hipótese de engano § 6o  Todas as informações de dias a contar de sua assinatu-
justificável. que trata o caput deste artigo de- ra ou do ato de recebimento do
vem ser disponibilizadas em for- produto ou serviço, sempre que a
Art. 42-A.  Em todos os docu- matos acessíveis, inclusive para a contratação de fornecimento de
mentos de cobrança de débitos pessoa com deficiência, mediante produtos e serviços ocorrer fora
apresentados ao consumidor, solicitação do consumidor. do estabelecimento comercial,
deverão constar o nome, o en- especialmente por telefone ou
dereço e o número de inscrição Art. 44.  Os órgãos públicos de a domicílio.
no Cadastro de Pessoas Físicas defesa do consumidor manterão Parágrafo único.  Se o con-
– CPF ou no Cadastro Nacional cadastros atualizados de recla- sumidor exercitar o direito de
de Pessoa Jurídica – CNPJ do mações fundamentadas contra arrependimento previsto neste
fornecedor do produto ou serviço fornecedores de produtos e servi- artigo, os valores eventualmente
correspondente. ços, devendo divulgá-lo pública e pagos, a qualquer título, durante o
anualmente. A divulgação indicará prazo de reflexão, serão devolvi-
se a reclamação foi atendida ou dos, de imediato, monetariamente
Seção VI – Dos Bancos não pelo fornecedor. atualizados.
de Dados e Cadastros de § 1o  É facultado o acesso às
Consumidores informações lá constantes para Art. 50.  A garantia contratual
orientação e consulta por qual- é complementar à legal e será
Art. 43.  O consumidor, sem pre- quer interessado. conferida mediante termo escrito.
juízo do disposto no art. 86, terá § 2o  Aplicam-se a este artigo, Parágrafo único.  O termo de
acesso às informações existentes no que couber, as mesmas regras garantia ou equivalente deve ser
em cadastros, fichas, registros enunciadas no artigo anterior e padronizado e esclarecer, de ma-
e dados pessoais e de consumo as do parágrafo único do art. 22 neira adequada, em que consiste
arquivados sobre ele, bem como deste Código. a mesma garantia, bem como a
sobre as suas respectivas fontes. forma, o prazo e o lugar em que

693
Código de Defesa do Consumidor
pode ser exercitada e os ônus a XII – obriguem o consumidor Código ou de qualquer forma não
cargo do consumidor, devendo a ressarcir os custos de cobrança assegure o justo equilíbrio entre
ser-lhe entregue, devidamente de sua obrigação, sem que igual direitos e obrigações das partes.
preenchido pelo fornecedor, no direito lhe seja conferido contra
ato do fornecimento, acompa- o fornecedor; Art. 52.  No fornecimento de pro-
nhado de manual de instrução, XIII – autorizem o fornece- dutos ou serviços que envolva
de instalação e uso do produ- dor a modificar unilateralmente outorga de crédito ou concessão
to em linguagem didática, com o conteúdo ou a qualidade do de financiamento ao consumidor,
ilustrações. contrato, após sua celebração; o fornecedor deverá, entre outros
XIV – infrinjam ou possibilitem requisitos, informá-lo prévia e
a violação de normas ambientais; adequadamente sobre:
Seção II – Das Cláusulas XV – estejam em desacordo I – preço do produto ou servi-
Abusivas com o sistema de proteção ao ço em moeda corrente nacional;
consumidor; II – montante dos juros de
Art. 51.  São nulas de pleno direi- XVI – possibilitem a renúncia mora e da taxa efetiva anual de
to, entre outras, as cláusulas con- do direito de indenização por ben- juros;
tratuais relativas ao fornecimento feitorias necessárias; III – acréscimos legalmente
de produtos e serviços que: XVII – condicionem ou limi- previstos;
I – impossibilitem, exonerem tem de qualquer forma o acesso IV – número e periodicidade
ou atenuem a responsabilidade do aos órgãos do Poder Judiciário; das prestações;
fornecedor por vícios de qualquer XVIII – estabeleçam prazos de V – soma total a pagar, com
natureza dos produtos e serviços carência em caso de impontuali- e sem financiamento.
ou impliquem renúncia ou dispo- dade das prestações mensais ou § 1o  As multas de mora de-
sição de direitos. Nas relações impeçam o restabelecimento in- correntes do inadimplemento
de consumo entre o fornecedor tegral dos direitos do consumidor de obrigações no seu termo não
e o consumidor pessoa jurídica, e de seus meios de pagamento a poderão ser superiores a dois
a indenização poderá ser limitada, partir da purgação da mora ou do por cento do valor da prestação.
em situações justificáveis; acordo com os credores; § 2o  É assegurado ao con-
II – subtraiam ao consumidor XIX – (Vetado). sumidor a liquidação antecipada
a opção de reembolso da quan- § 1o  Presume-se exagerada, do débito, total ou parcialmente,
tia já paga, nos casos previstos entre outros casos, a vantagem mediante redução proporcional
neste Código; que: dos juros e demais acréscimos.
III – transfiram responsabili- I – ofende os princípios fun- § 3o (Vetado)
dades a terceiros; damentais do sistema jurídico a
IV – estabeleçam obrigações que pertence; Art. 53.  Nos contratos de com-
consideradas iníquas, abusivas, II – restringe direitos ou obri- pra e venda de móveis ou imóveis
que coloquem o consumidor em gações fundamentais inerentes mediante pagamento em presta-
desvantagem exagerada, ou se- à natureza do contrato, de tal ções, bem como nas alienações
jam incompatíveis com a boa-fé modo a ameaçar seu objeto ou fiduciárias em garantia, consi-
ou a equidade; o equilíbrio contratual; deram-se nulas de pleno direito
V – (Vetado); III – se mostra excessivamen- as cláusulas que estabeleçam a
VI – estabeleçam inversão te onerosa para o consumidor, perda total das prestações pagas
do ônus da prova em prejuízo do considerando-se a natureza e em benefício do credor que, em
consumidor; conteúdo do contrato, o interesse razão do inadimplemento, plei-
VII – determinem a utilização das partes e outras circunstân- tear a resolução do contrato e a
compulsória de arbitragem; cias peculiares ao caso. retomada do produto alienado.
VIII – imponham representan- § 2o  A nulidade de uma cláu- § 1o (Vetado)
te para concluir ou realizar outro sula contratual abusiva não inva- § 2o  Nos contratos do sis-
negócio jurídico pelo consumidor; lida o contrato, exceto quando de tema de consórcio de produtos
IX – deixem ao fornecedor a sua ausência, apesar dos esfor- duráveis, a compensação ou a
opção de concluir ou não o con- ços de integração, decorrer ônus restituição das parcelas quita-
trato, embora obrigando o con- excessivo a qualquer das partes. das, na forma deste artigo, terá
sumidor; § 3o (Vetado) descontada, além da vantagem
X – permitam ao fornecedor, § 4o  É facultado a qualquer econômica auferida com a frui-
direta ou indiretamente, variação consumidor ou entidade que o ção, os prejuízos que o desistente
do preço de maneira unilateral; represente requerer ao Ministé- ou inadimplente causar ao grupo.
XI – autorizem o fornecedor rio Público que ajuíze a compe- § 3o  Os contratos de que
a cancelar o contrato unilateral- tente ação para ser declarada a trata o caput deste artigo serão
mente, sem que igual direito seja nulidade de cláusula contratual expressos em moeda corrente
conferido ao consumidor; que contrarie o disposto neste nacional.

694
Código de Defesa do Consumidor
Seção III – Dos Contratos de ção de consumo, inclusive ope- § 3o  Sem prejuízo do disposto
Adesão rações de crédito, compras a no art. 37 deste Código, a oferta
prazo e serviços de prestação de crédito ao consumidor e a ofer-
Art. 54.  Contrato de adesão é continuada. ta de venda a prazo, ou a fatura
aquele cujas cláusulas tenham § 3o  O disposto neste Capí- mensal, conforme o caso, devem
sido aprovadas pela autoridade tulo não se aplica ao consumi- indicar, no mínimo, o custo efe-
competente ou estabelecidas uni- dor cujas dívidas tenham sido tivo total, o agente financiador e
lateralmente pelo fornecedor de contraídas mediante fraude ou a soma total a pagar, com e sem
produtos ou serviços, sem que má-fé, sejam oriundas de con- financiamento.
o consumidor possa discutir ou tratos celebrados dolosamente
modificar substancialmente seu com o propósito de não realizar o Art. 54-C.  É vedado, expressa
conteúdo. pagamento ou decorram da aqui- ou implicitamente, na oferta de
§ 1o  A inserção de cláusula sição ou contratação de produtos crédito ao consumidor, publici-
no formulário não desfigura a e serviços de luxo de alto valor. tária ou não:
natureza de adesão do contrato. I – (Vetado);
§ 2o  Nos contratos de adesão Art. 54-B.  No fornecimento de II – indicar que a operação de
admite-se cláusula resolutória, crédito e na venda a prazo, além crédito poderá ser concluída sem
desde que alternativa, cabendo das informações obrigatórias pre- consulta a serviços de proteção
a escolha ao consumidor, res- vistas no art. 52 deste Código e ao crédito ou sem avaliação da si-
salvando-se o disposto no §  2o na legislação aplicável à matéria, tuação financeira do consumidor;
do artigo anterior. o fornecedor ou o intermediário III – ocultar ou dificultar a
§ 3o  Os contratos de adesão deverá informar o consumidor, compreensão sobre os ônus e os
escritos serão redigidos em ter- prévia e adequadamente, no mo- riscos da contratação do crédito
mos claros e com caracteres os- mento da oferta, sobre: ou da venda a prazo;
tensivos e legíveis, cujo tamanho I – o custo efetivo total e a IV – assediar ou pressionar
da fonte não será inferior ao cor- descrição dos elementos que o o consumidor para contratar o
po doze, de modo a facilitar sua compõem; fornecimento de produto, servi-
compreensão pelo consumidor. II – a taxa efetiva mensal de ço ou crédito, principalmente se
§ 4o  As cláusulas que impli- juros, bem como a taxa dos juros se tratar de consumidor idoso,
carem limitação de direito do de mora e o total de encargos, de analfabeto, doente ou em estado
consumidor deverão ser redigi- qualquer natureza, previstos para de vulnerabilidade agravada ou se
das com destaque, permitindo o atraso no pagamento; a contratação envolver prêmio;
sua imediata e fácil compreensão. III – o montante das pres- V – condicionar o atendimen-
§ 5o (Vetado) tações e o prazo de validade da to de pretensões do consumidor
oferta, que deve ser, no mínimo, ou o início de tratativas à renúncia
de 2 (dois) dias; ou à desistência de demandas ju-
CAPÍTULO VI-A – DA IV – o nome e o endereço, diciais, ao pagamento de honorá-
PREVENÇÃO E DO inclusive o eletrônico, do forne- rios advocatícios ou a depósitos
TRATAMENTO DO cedor; judiciais.
SUPERENDIVIDAMENTO V – o direito do consumidor Parágrafo único. (Vetado)
à liquidação antecipada e não
Art. 54-A.  Este Capítulo dispõe onerosa do débito, nos termos Art. 54-D.  Na oferta de crédi-
sobre a prevenção do superen- do § 2o do art. 52 deste Código to, previamente à contratação,
dividamento da pessoa natural, e da regulamentação em vigor. o fornecedor ou o intermediário
sobre o crédito responsável e § 1o  As informações referi- deverá, entre outras condutas:
sobre a educação financeira do das no art. 52 deste Código e no I – informar e esclarecer ade-
consumidor. caput deste artigo devem cons- quadamente o consumidor, con-
§ 1o  Entende-se por supe- tar de forma clara e resumida do siderada sua idade, sobre a na-
rendividamento a impossibilida- próprio contrato, da fatura ou de tureza e a modalidade do crédito
de manifesta de o consumidor instrumento apartado, de fácil oferecido, sobre todos os custos
pessoa natural, de boa-fé, pagar acesso ao consumidor. incidentes, observado o disposto
a totalidade de suas dívidas de § 2o  Para efeitos deste Códi- nos arts. 52 e 54‑B deste Código,
consumo, exigíveis e vincendas, go, o custo efetivo total da ope- e sobre as consequências gené-
sem comprometer seu mínimo ração de crédito ao consumidor ricas e específicas do inadim-
existencial, nos termos da regu- consistirá em taxa percentual plemento;
lamentação. anual e compreenderá todos os II – avaliar, de forma respon-
§ 2o  As dívidas referidas no valores cobrados do consumidor, sável, as condições de crédito do
§ 1 deste artigo englobam quais-
o
sem prejuízo do cálculo padroni- consumidor, mediante análise
quer compromissos financeiros zado pela autoridade reguladora das informações disponíveis em
assumidos decorrentes de rela- do sistema financeiro. bancos de dados de proteção ao

695
Código de Defesa do Consumidor
crédito, observado o disposto deste artigo caberá igualmente ou do contrato de crédito, em pa-
neste Código e na legislação so- ao consumidor: pel ou outro suporte duradouro,
bre proteção de dados; I – contra o portador de che- disponível e acessível, e, após a
III – informar a identidade do que pós-datado emitido para conclusão, cópia do contrato;
agente financiador e entregar ao aquisição de produto ou serviço III – impedir ou dificultar, em
consumidor, ao garante e a outros a prazo; caso de utilização fraudulenta do
coobrigados cópia do contrato II – contra o administrador cartão de crédito ou similar, que
de crédito. ou o emitente de cartão de cré- o consumidor peça e obtenha,
Parágrafo único.  O descum- dito ou similar quando o cartão quando aplicável, a anulação ou o
primento de qualquer dos deveres de crédito ou similar e o produto imediato bloqueio do pagamento,
previstos no caput deste artigo e ou serviço forem fornecidos pelo ou ainda a restituição dos valores
nos arts. 52 e 54‑C deste Código mesmo fornecedor ou por enti- indevidamente recebidos.
poderá acarretar judicialmente dades pertencentes a um mesmo § 1o  Sem prejuízo do dever
a redução dos juros, dos encar- grupo econômico. de informação e esclarecimento
gos ou de qualquer acréscimo § 4o  A invalidade ou a ineficá- do consumidor e de entrega da
ao principal e a dilação do prazo cia do contrato principal implica- minuta do contrato, no emprés-
de pagamento previsto no con- rá, de pleno direito, a do contrato timo cuja liquidação seja feita
trato original, conforme a gravi- de crédito que lhe seja conexo, mediante consignação em folha
dade da conduta do fornecedor nos termos do caput deste arti- de pagamento, a formalização e
e as possibilidades financeiras go, ressalvado ao fornecedor do a entrega da cópia do contrato ou
do consumidor, sem prejuízo de crédito o direito de obter do for- do instrumento de contratação
outras sanções e de indenização necedor do produto ou serviço a ocorrerão após o fornecedor do
por perdas e danos, patrimoniais devolução dos valores entregues, crédito obter da fonte pagadora
e morais, ao consumidor. inclusive relativamente a tributos. a indicação sobre a existência de
margem consignável.
Art. 54-E.  (Vetado) Art. 54-G.  Sem prejuízo do dis- § 2o  Nos contratos de ade-
posto no art. 39 deste Código e na são, o fornecedor deve prestar ao
Art. 54-F.  São conexos, coliga- legislação aplicável à matéria, é consumidor, previamente, as in-
dos ou interdependentes, entre vedado ao fornecedor de produto formações de que tratam o art. 52
outros, o contrato principal de ou serviço que envolva crédito, e o caput do art. 54‑B deste Có-
fornecimento de produto ou ser- entre outras condutas: digo, além de outras porventura
viço e os contratos acessórios de I – realizar ou proceder à co- determinadas na legislação em
crédito que lhe garantam o finan- brança ou ao débito em conta vigor, e fica obrigado a entregar
ciamento quando o fornecedor de qualquer quantia que houver ao consumidor cópia do contrato,
de crédito: sido contestada pelo consumidor após a sua conclusão.
I – recorrer aos serviços do em compra realizada com cartão
fornecedor de produto ou serviço de crédito ou similar, enquanto
para a preparação ou a conclusão não for adequadamente solucio- CAPÍTULO VII –
do contrato de crédito; nada a controvérsia, desde que DAS SANÇÕES
II – oferecer o crédito no local o consumidor haja notificado a ADMINISTRATIVAS
da atividade empresarial do for- administradora do cartão com
necedor de produto ou serviço antecedência de pelo menos 10 Art. 55.  A União, os Estados e o
financiado ou onde o contrato (dez) dias contados da data de Distrito Federal, em caráter con-
principal for celebrado. vencimento da fatura, vedada a corrente e nas suas respectivas
§ 1o  O exercício do direito de manutenção do valor na fatura áreas de atuação administrativa,
arrependimento nas hipóteses seguinte e assegurado ao con- baixarão normas relativas à pro-
previstas neste Código, no con- sumidor o direito de deduzir do dução, industrialização, distri-
trato principal ou no contrato de total da fatura o valor em dis- buição e consumo de produtos
crédito, implica a resolução de puta e efetuar o pagamento da e serviços.
pleno direito do contrato que lhe parte não contestada, podendo § 1o  A União, os Estados, o
seja conexo. o emissor lançar como crédito Distrito Federal e os Municípios
§ 2o  Nos casos dos incisos I e em confiança o valor idêntico fiscalizarão e controlarão a pro-
II do caput deste artigo, se houver ao da transação contestada que dução, industrialização, distribui-
inexecução de qualquer das obri- tenha sido cobrada, enquanto não ção, a publicidade de produtos e
gações e deveres do fornecedor encerrada a apuração da con- serviços e o mercado de consu-
de produto ou serviço, o consu- testação; mo, no interesse da preservação
midor poderá requerer a rescisão II – recusar ou não entregar ao da vida, da saúde, da segurança,
do contrato não cumprido contra consumidor, ao garante e aos ou- da informação e do bem-estar do
o fornecedor do crédito. tros coobrigados cópia da minuta consumidor, baixando as normas
§ 3o  O direito previsto no § 2o do contrato principal de consumo que se fizerem necessárias.

696
Código de Defesa do Consumidor
§ 2o (Vetado) Art. 57.  A pena de multa, gradu- na qual se discuta a imposição de
§ 3o  Os órgãos federais, es- ada de acordo com a gravidade penalidade administrativa, não
taduais, do Distrito Federal e mu- da infração, a vantagem auferida haverá reincidência até o trânsito
nicipais com atribuições para e a condição econômica do for- em julgado da sentença.
fiscalizar e controlar o mercado necedor, será aplicada median-
de consumo manterão comissões te procedimento administrativo, Art. 60.  A imposição de con-
permanentes para elaboração, revertendo para o Fundo de que trapropaganda será cominada
revisão e atualização das normas trata a Lei no 7.347, de 24 de ju- quando o fornecedor incorrer na
referidas no § 1o, sendo obrigatória lho de 1985, os valores cabíveis à prática de publicidade enganosa
a participação dos consumidores União, ou para os Fundos estadu- ou abusiva, nos termos do art. 36
e fornecedores. ais ou municipais de proteção ao e seus parágrafos, sempre às ex-
§ 4o  Os órgãos oficiais pode- consumidor nos demais casos. pensas do infrator.
rão expedir notificações aos for- Parágrafo único.  A multa § 1o  A contrapropaganda será
necedores para que, sob pena de será em montante não inferior divulgada pelo responsável da
desobediência, prestem informa- a duzentas e não superior a três mesma forma, frequência e di-
ções sobre questões de interesse milhões de vezes o valor da Uni- mensão e, preferencialmente no
do consumidor, resguardado o dade Fiscal de Referência (Ufir), mesmo veículo, local, espaço e
segredo industrial. ou índice equivalente que venha horário, de forma capaz de des-
a substituí-lo. fazer o malefício da publicidade
Art. 56.  As infrações das normas enganosa ou abusiva.
de defesa do consumidor ficam Art. 58.  As penas de apreensão, § 2o (Vetado)
sujeitas, conforme o caso, às se- de inutilização de produtos, de § 3o (Vetado)
guintes sanções administrativas, proibição de fabricação de pro-
sem prejuízo das de natureza civil, dutos, de suspensão do forneci-
penal e das definidas em normas mento de produto ou serviço, de TÍTULO II – DAS
específicas: cassação do registro do produto INFRAÇÕES PENAIS
I – multa; e revogação da concessão ou
II – apreensão do produto; permissão de uso serão aplica- Art. 61.  Constituem crimes con-
III – inutilização do produto; das pela administração, median- tra as relações de consumo pre-
IV – cassação do registro do te procedimento administrativo, vistas neste Código, sem prejuízo
produto junto ao órgão compe- assegurada ampla defesa, quan- do disposto no Código Penal e leis
tente; do forem constatados vícios de especiais, as condutas tipificadas
V – proibição de fabricação quantidade ou de qualidade por nos artigos seguintes.
do produto; inadequação ou insegurança do
VI – suspensão de forneci- produto ou serviço. Art. 62.  (Vetado)
mento de produtos ou serviço;
VII – suspensão temporária Art. 59.  As penas de cassação Art. 63.  Omitir dizeres ou sinais
de atividade; de alvará de licença, de interdi- ostensivos sobre a nocividade ou
VIII – revogação de concessão ção e de suspensão temporária periculosidade de produtos, nas
ou permissão de uso; da atividade, bem como a de in- embalagens, nos invólucros, re-
IX – cassação de licença do tervenção administrativa serão cipientes ou publicidade:
estabelecimento ou de atividade; aplicadas mediante procedimento Pena – Detenção de seis me-
X – interdição, total ou parcial, administrativo, assegurada am- ses a dois anos e multa.
de estabelecimento, de obra ou pla defesa, quando o fornecedor § 1o  Incorrerá nas mesmas
de atividade; reincidir na prática das infra- penas quem deixar de alertar,
XI – intervenção administra- ções de maior gravidade previs- mediante recomendações escri-
tiva; tas neste Código e na legislação tas ostensivas, sobre a periculo-
XII – imposição de contra- de consumo. sidade do serviço a ser prestado.
propaganda. § 1o  A pena de cassação da § 2o  Se o crime é culposo:
Parágrafo único.  As sanções concessão será aplicada à con- Pena – Detenção de um a seis
previstas neste artigo serão apli- cessionária de serviço público, meses ou multa.
cadas pela autoridade adminis- quando violar obrigação legal ou
trativa, no âmbito de sua atri- contratual. Art. 64.  Deixar de comunicar
buição, podendo ser aplicadas § 2o  A pena de intervenção à autoridade competente e aos
cumulativamente, inclusive por administrativa será aplicada sem- consumidores a nocividade ou
medida cautelar antecedente ou pre que as circunstâncias de fato periculosidade de produtos cujo
incidente de procedimento admi- desaconselharem a cassação de conhecimento seja posterior à
nistrativo. licença, a interdição ou suspen- sua colocação no mercado:
são da atividade. Pena – Detenção de seis me-
§ 3o  Pendendo ação judicial ses a dois anos e multa.

697
Código de Defesa do Consumidor
Parágrafo único. Incorrerá Art. 70.  Empregar, na repara- Art. 76.  São circunstâncias
nas mesmas penas quem deixar ção de produtos, peça ou com- agravantes dos crimes tipifica-
de retirar do mercado, imedia- ponentes de reposição usados, dos neste Código:
tamente quando determinado sem autorização do consumidor: I – serem cometidos em épo-
pela autoridade competente, os Pena – Detenção de três me- ca de grave crise econômica ou
produtos nocivos ou perigosos, ses a um ano e multa. por ocasião de calamidade;
na forma deste artigo. II – ocasionarem grave dano
Art. 71.  Utilizar, na cobrança individual ou coletivo;
Art. 65.  Executar serviço de alto de dívidas, de ameaça, coação, III – dissimular-se a natureza
grau de periculosidade, contra- constrangimento físico ou moral, ilícita do procedimento;
riando determinação de autori- afirmações falsas, incorretas ou IV – quando cometidos:
dade competente: enganosas ou de qualquer ou- a)  por servidor público, ou
Pena – Detenção de seis me- tro procedimento que exponha o por pessoa cuja condição econô-
ses a dois anos e multa. consumidor, injustificadamente, mico-social seja manifestamente
§ 1o  As penas deste artigo a ridículo ou interfira com seu tra- superior à da vítima;
são aplicáveis sem prejuízo das balho, descanso ou lazer: b)  em detrimento de operário
correspondentes à lesão corporal Pena – Detenção de três me- ou rurícola; de menor de dezoito
e à morte. ses a um ano e multa. ou maior de sessenta anos ou de
§ 2o  A prática do disposto pessoas portadoras de deficiên-
no inciso XIV do art.  39 desta Art. 72.  Impedir ou dificultar o cia mental, interditadas ou não;
Lei também caracteriza o crime acesso do consumidor às infor- V – serem praticados em ope-
previsto no caput deste artigo. mações que sobre ele constem rações que envolvam alimentos,
em cadastros, banco de dados, medicamentos ou quaisquer ou-
Art. 66.  Fazer afirmação falsa fichas e registros: tros produtos ou serviços es-
ou enganosa, ou omitir informa- Pena – Detenção de seis me- senciais.
ção relevante sobre a natureza, ses a um ano ou multa.
característica, qualidade, quan- Art. 77.  A pena pecuniária pre-
tidade, segurança, desempenho, Art. 73.  Deixar de corrigir ime- vista nesta Seção será fixada
durabilidade, preço ou garantia de diatamente informação sobre em dias-multa, correspondente
produtos ou serviços: consumidor constante de ca- ao mínimo e ao máximo de dias
Pena – Detenção de três me- dastro, banco de dados, fichas de duração da pena privativa da
ses a um ano e multa. ou registros que sabe ou deveria liberdade cominada ao crime.
§ 1o  Incorrerá nas mesmas saber ser inexata: Na individualização desta mul-
penas quem patrocinar a oferta. Pena – Detenção de um a seis ta, o juiz observará o disposto
§ 2o  Se o crime é culposo: meses ou multa. no art. 60, § 1o do Código Penal.
Pena – Detenção de um a seis
meses ou multa. Art. 74.  Deixar de entregar ao Art. 78.  Além das penas priva-
consumidor o termo de garantia tivas de liberdade e de multa,
Art. 67.  Fazer ou promover pu- adequadamente preenchido e podem ser impostas, cumulativa
blicidade que sabe ou deveria com especificação clara de seu ou alternadamente, observado
saber ser enganosa ou abusiva: conteúdo: o disposto nos arts. 44 a 47, do
Pena – Detenção de três me- Pena – Detenção de um a seis Código Penal:
ses a um ano e multa. meses ou multa. I – a interdição temporária
Parágrafo único. (Vetado) de direitos;
Art. 75.  Quem, de qualquer for- II – a publicação em órgãos
Art. 68.  Fazer ou promover pu- ma, concorrer para os crimes re- de comunicação de grande circu-
blicidade que sabe ou deveria feridos neste Código incide nas lação ou audiência, às expensas
saber ser capaz de induzir o con- penas a esses cominadas na me- do condenado, de notícia sobre
sumidor a se comportar de for- dida de sua culpabilidade, bem os fatos e a condenação;
ma prejudicial ou perigosa a sua como o diretor, administrador III – a prestação de serviços
saúde ou segurança: ou gerente da pessoa jurídica à comunidade.
Pena – Detenção de seis me- que promover, permitir ou por
ses a dois anos e multa. qualquer modo aprovar o forneci- Art. 79.  O valor da fiança, nas in-
Parágrafo único. (Vetado) mento, oferta, exposição à venda frações de que trata este Código,
ou manutenção em depósito de será fixado pelo juiz, ou pela au-
Art. 69.  Deixar de organizar da- produtos ou a oferta e prestação toridade que presidir o inquérito,
dos fáticos, técnicos e científicos de serviços nas condições por ele entre cem e duzentas mil vezes
que dão base à publicidade: proibidas. o valor do Bônus do Tesouro Na-
Pena – Detenção de um a seis cional (BTN), ou índice equivalente
meses ou multa. que venha a substituí-lo.

698
Código de Defesa do Consumidor
Parágrafo único.  Se assim I – o Ministério Público; ou após justificação prévia, ci-
recomendar a situação econômi- II – a União, os Estados, os tado o réu.
ca do indiciado ou réu, a fiança Municípios e o Distrito Federal; § 4o  O juiz poderá, na hipóte-
poderá ser: III – as entidades e órgãos da se do § 3o ou na sentença, impor
a)  reduzida até a metade de Administração Pública, direta ou multa diária ao réu, independen-
seu valor mínimo; indireta, ainda que sem persona- temente de pedido do autor, se for
b)  aumentada pelo juiz até lidade jurídica, especificamente suficiente ou compatível com a
vinte vezes. destinados à defesa dos inte- obrigação, fixando prazo razoável
resses e direitos protegidos por para o cumprimento do preceito.
Art. 80.  No processo penal ati- este Código; § 5o  Para a tutela específica
nente aos crimes previstos neste IV – as associações legalmen- ou para a obtenção do resultado
Código, bem como a outros cri- te constituídas há pelo menos um prático equivalente, poderá o juiz
mes e contravenções que envol- ano e que incluam entre seus fins determinar as medidas necessá-
vam relações de consumo, pode- institucionais a defesa dos inte- rias, tais como busca e apreen-
rão intervir, como assistentes do resses e direitos protegidos por são, remoção de coisas e pessoas,
Ministério Público, os legitimados este Código, dispensada a auto- desfazimento de obra, impedi-
indicados no art. 82, inciso III e rização assemblear. mento de atividade nociva, além
IV, aos quais também é facultado § 1o  O requisito da pré-cons- de requisição de força policial.
propor ação penal subsidiária, se tituição pode ser dispensado
a denúncia não for oferecida no pelo juiz, nas ações previstas Art. 85.  (Vetado)
prazo legal. nos arts. 91 e seguintes, quando
haja manifesto interesse social Art. 86.  (Vetado)
evidenciado pela dimensão ou
TÍTULO III – DA DEFESA DO característica do dano, ou pela Art. 87.  Nas ações coletivas de
CONSUMIDOR EM JUÍZO relevância do bem jurídico a ser que trata este Código não haverá
protegido. adiantamento de custas, emolu-
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES § 2o (Vetado) mentos, honorários periciais e
GERAIS § 3o (Vetado) quaisquer outras despesas, nem
condenação da associação auto-
Art. 81.  A defesa dos interesses Art. 83.  Para a defesa dos di- ra, salvo comprovada má-fé, em
e direitos dos consumidores e das reitos e interesses protegidos honorários de advogados, custas
vítimas poderá ser exercida em por este Código são admissíveis e despesas processuais.
juízo individualmente, ou a título todas as espécies de ações ca- Parágrafo único.  Em caso de
coletivo. pazes de propiciar sua adequada litigância de má-fé, a associação
Parágrafo único.  A defesa e efetiva tutela. autora e os diretores responsá-
coletiva será exercida quando Parágrafo único. (Vetado) veis pela propositura da ação
se tratar de: serão solidariamente condenados
I – interesses ou direitos di- Art. 84.  Na ação que tenha por em honorários advocatícios e ao
fusos, assim entendidos, para objeto o cumprimento da obri- décuplo das custas, sem prejuízo
efeitos deste Código, os transin- gação de fazer ou não fazer, o da responsabilidade por perdas
dividuais, de natureza indivisível, juiz concederá a tutela específi- e danos.
de que sejam titulares pessoas ca da obrigação ou determinará
indeterminadas e ligadas por cir- providências que assegurem o Art. 88.  Na hipótese do art. 13,
cunstâncias de fato; resultado prático equivalente ao parágrafo único deste Código,
II – interesses ou direitos co- do adimplemento. a ação de regresso poderá ser
letivos, assim entendidos, para § 1o  A conversão da obriga- ajuizada em processo autôno-
efeitos deste Código, os transin- ção em perdas e danos somente mo, facultada a possibilidade de
dividuais de natureza indivisível será admissível se por elas optar prosseguir-se nos mesmos autos,
de que seja titular grupo, catego- o autor ou se impossível a tutela vedada a denunciação da lide.
ria ou classe de pessoas ligadas específica ou a obtenção do re-
entre si ou com a parte contrária sultado prático correspondente. Art. 89.  (Vetado)
por uma relação jurídica base; § 2o  A indenização por per-
III – interesses ou direitos das e danos se fará sem prejuízo Art. 90.  Aplicam-se às ações
individuais homogêneos, assim da multa (art. 287, do Código de previstas neste Título as normas
entendidos os decorrentes de Processo Civil). do Código de Processo Civil e da
origem comum. § 3o  Sendo relevante o fun- Lei no  7.347, de 24 de julho de
damento da demanda e havendo 1985, inclusive no que respeita
Art. 82.  Para os fins do art. 81, justificado receio de ineficácia do ao inquérito civil, naquilo que
parágrafo único, são legitimados provimento final, é lícito ao juiz não contrariar suas disposições.
concorrentemente: conceder a tutela liminarmente

699
Código de Defesa do Consumidor
CAPÍTULO II – DAS AÇÕES abrangendo as vítimas cujas inde- produtos e serviços, sem preju-
COLETIVAS PARA A nizações já tiverem sido fixadas ízo do disposto nos Capítulos I e
em sentença de liquidação, sem II deste Título, serão observadas
DEFESA DE INTERESSES prejuízo do ajuizamento de outras as seguintes normas:
INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS execuções. I – a ação pode ser proposta
§ 1o  A execução coletiva far- no domicílio do autor;
Art. 91.  Os legitimados de que -se-á com base em certidão das II – o réu que houver contra-
trata o art. 82 poderão propor, em sentenças de liquidação, da qual tado seguro de responsabilidade
nome próprio e no interesse das deverá constar a ocorrência ou poderá chamar ao processo o
vítimas ou seus sucessores, ação não do trânsito em julgado. segurador, vedada a integração
civil coletiva de responsabilidade § 2o  É competente para a do contraditório pelo Instituto
pelos danos individualmente so- execução o juízo: de Resseguros do Brasil. Nesta
fridos, de acordo com o disposto I – da liquidação da sentença hipótese, a sentença que julgar
nos artigos seguintes. ou da ação condenatória, no caso procedente o pedido condenará
de execução individual; o réu nos termos do art.  80 do
Art. 92.  O Ministério Público, se II – da ação condenatória, Código de Processo Civil. Se o
não ajuizar a ação, atuará sempre quando coletiva a execução. réu houver sido declarado falido,
como fiscal da lei. o síndico será intimado a informar
Parágrafo único. (Vetado) Art. 99.  Em caso de concurso de a existência de seguro de res-
créditos decorrentes de conde- ponsabilidade, facultando-se, em
Art. 93.  Ressalvada a competên- nação prevista na Lei no 7.347, de caso afirmativo, o ajuizamento de
cia da Justiça Federal, é compe- 24 de julho de 1985, e de indeniza- ação de indenização diretamen-
tente para a causa a justiça local: ções pelos prejuízos individuais te contra o segurador, vedada a
I – no foro do lugar onde ocor- resultantes do mesmo evento denunciação da lide ao Instituto
reu ou deva ocorrer o dano, quan- danoso, estas terão preferência de Resseguros do Brasil e dispen-
do de âmbito local; no pagamento. sado o litisconsórcio obrigatório
II – no foro da Capital do Es- Parágrafo único.  Para efei- com este.
tado ou no do Distrito Federal, to do disposto neste artigo, a
para os danos de âmbito nacio- destinação da importância re- Art. 102.  Os legitimados a agir
nal ou regional, aplicando-se as colhida ao fundo criado pela Lei na forma deste Código poderão
regras do Código de Processo no 7.347, de 24 de julho de 1985, propor ação visando compelir
Civil aos casos de competência ficará sustada enquanto penden- o Poder Público competente a
concorrente. tes de decisão de segundo grau proibir, em todo o território na-
as ações de indenização pelos cional, a produção, divulgação,
Art. 94.  Proposta a ação, será danos individuais, salvo na hipó- distribuição ou venda, ou a deter-
publicado edital no órgão oficial, tese de o patrimônio do devedor minar alteração na composição,
a fim de que os interessados pos- ser manifestamente suficiente estrutura, fórmula ou acondicio-
sam intervir no processo como para responder pela integralidade namento de produto, cujo uso ou
litisconsortes, sem prejuízo de das dívidas. consumo regular se revele nocivo
ampla divulgação pelos meios de ou perigoso à saúde pública e à
comunicação social por parte dos Art. 100.  Decorrido o prazo de incolumidade pessoal.
órgãos de defesa do consumidor. um ano sem habilitação de inte- § 1o (Vetado)
ressados em número compatível § 2o (Vetado)
Art. 95.  Em caso de procedência com a gravidade do dano, poderão
do pedido, a condenação será ge- os legitimados do art. 82 promo-
nérica, fixando a responsabilidade ver a liquidação e execução da CAPÍTULO IV – DA COISA
do réu pelos danos causados. indenização devida. JULGADA
Parágrafo único.  O produto
Art. 96.  (Vetado) da indenização devida reverte- Art. 103.  Nas ações coletivas de
rá para o fundo criado pela Lei que trata este Código, a sentença
Art. 97.  A liquidação e a exe- no 7.347, de 24 de julho de 1985. fará coisa julgada:
cução de sentença poderão ser I – erga omnes, exceto se o
promovidas pela vítima e seus pedido for julgado improcedente
sucessores, assim como pelos CAPÍTULO III – DAS AÇÕES por insuficiência de provas, hipó-
legitimados de que trata o art. 82. DE RESPONSABILIDADE tese em que qualquer legitimado
Parágrafo único. (Vetado) DO FORNECEDOR DE poderá intentar outra ação, com
PRODUTOS E SERVIÇOS idêntico fundamento, valendo-
Art. 98.  A execução poderá ser -se de nova prova, na hipótese
coletiva, sendo promovida pelos Art. 101.  Na ação de responsa- do inciso I do parágrafo único
legitimados de que trata o art. 82, bilidade civil do fornecedor de do art. 81;

700
Código de Defesa do Consumidor
II – ultra partes, mas limita- CAPÍTULO V – DA I – medidas de dilação dos
damente ao grupo, categoria ou CONCILIAÇÃO NO prazos de pagamento e de re-
classe, salvo improcedência por dução dos encargos da dívida ou
insuficiência de provas, nos ter-
SUPERENDIVIDAMENTO da remuneração do fornecedor,
mos do inciso anterior, quando entre outras destinadas a facilitar
se tratar da hipótese prevista Art. 104-A.  A requerimento do o pagamento da dívida;
no inciso II do parágrafo único consumidor superendividado pes- II – referência à suspensão
do art. 81; soa natural, o juiz poderá instau- ou à extinção das ações judiciais
III – erga omnes, apenas no rar processo de repactuação de em curso;
caso de procedência do pedido, dívidas, com vistas à realização III – data a partir da qual será
para beneficiar todas as vítimas de audiência conciliatória, pre- providenciada a exclusão do con-
e seus sucessores, na hipótese sidida por ele ou por concilia- sumidor de bancos de dados e
do inciso III do parágrafo único dor credenciado no juízo, com a de cadastros de inadimplentes;
do art. 81. presença de todos os credores IV – condicionamento de seus
§ 1o  Os efeitos da coisa julga- de dívidas previstas no art. 54‑A efeitos à abstenção, pelo consu-
da previstos nos incisos I e II não deste Código, na qual o consu- midor, de condutas que importem
prejudicarão interesses e direitos midor apresentará proposta de no agravamento de sua situação
individuais dos integrantes da plano de pagamento com prazo de superendividamento.
coletividade, do grupo, categoria máximo de 5 (cinco) anos, preser- § 5o  O pedido do consumidor
ou classe. vados o mínimo existencial, nos a que se refere o caput deste ar-
§ 2o  Na hipótese prevista no termos da regulamentação, e as tigo não importará em declaração
inciso III, em caso de improce- garantias e as formas de paga- de insolvência civil e poderá ser
dência do pedido, os interessa- mento originalmente pactuadas. repetido somente após decorrido
dos que não tiverem intervindo § 1o  Excluem-se do processo o prazo de 2 (dois) anos, conta-
no processo como litisconsortes de repactuação as dívidas, ainda do da liquidação das obrigações
poderão propor ação de indeni- que decorrentes de relações de previstas no plano de pagamen-
zação a título individual. consumo, oriundas de contratos to homologado, sem prejuízo de
§ 3o  Os efeitos da coisa julga- celebrados dolosamente sem o eventual repactuação.
da de que cuida o art. 16, combi- propósito de realizar pagamento,
nado com o art. 13 da Lei no 7.347, bem como as dívidas provenien- Art. 104-B.  Se não houver êxi-
de 24 de julho de 1985, não preju- tes de contratos de crédito com to na conciliação em relação a
dicarão as ações de indenização garantia real, de financiamentos quaisquer credores, o juiz, a pe-
por danos pessoalmente sofridos, imobiliários e de crédito rural. dido do consumidor, instaura-
propostas individualmente ou na § 2o  O não comparecimento rá processo por superendivida-
forma prevista neste Código, mas, injustificado de qualquer credor, mento para revisão e integração
se procedente o pedido, benefi- ou de seu procurador com pode- dos contratos e repactuação das
ciarão as vítimas e seus suces- res especiais e plenos para tran- dívidas remanescentes median-
sores, que poderão proceder à sigir, à audiência de conciliação te plano judicial compulsório e
liquidação e à execução, nos ter- de que trata o caput deste artigo procederá à citação de todos os
mos dos arts. 96 a 99. acarretará a suspensão da exigi- credores cujos créditos não te-
§ 4o  Aplica-se o disposto no bilidade do débito e a interrupção nham integrado o acordo porven-
parágrafo anterior à sentença dos encargos da mora, bem como tura celebrado.
penal condenatória. a sujeição compulsória ao plano § 1o  Serão considerados no
de pagamento da dívida se o mon- processo por superendividamen-
Art. 104.  As ações coletivas, tante devido ao credor ausente for to, se for o caso, os documentos
previstas nos incisos I e II do certo e conhecido pelo consumi- e as informações prestadas em
parágrafo único do art.  81, não dor, devendo o pagamento a esse audiência.
induzem litispendência para as credor ser estipulado para ocorrer § 2o  No prazo de 15 (quinze)
ações individuais, mas os efei- apenas após o pagamento aos dias, os credores citados juntarão
tos da coisa julgada erga omnes credores presentes à audiência documentos e as razões da nega-
ou ultra partes a que aludem os conciliatória. tiva de aceder ao plano voluntário
incisos II e III do artigo anterior § 3o  No caso de conciliação, ou de renegociar.
não beneficiarão os autores das com qualquer credor, a sentença § 3o  O juiz poderá nomear
ações individuais, se não for re- judicial que homologar o acordo administrador, desde que isso
querida sua suspensão no prazo descreverá o plano de pagamento não onere as partes, o qual, no
de trinta dias, a contar da ciên- da dívida e terá eficácia de título prazo de até 30 (trinta) dias, após
cia nos autos do ajuizamento da executivo e força de coisa julgada. cumpridas as diligências eventu-
ação coletiva. § 4o  Constarão do plano de almente necessárias, apresentará
pagamento referido no § 3o des- plano de pagamento que contem-
te artigo: ple medidas de temporização ou

701
Código de Defesa do Consumidor
de atenuação dos encargos. rendividamento, especialmente a quantidade e segurança de bens
§ 4o  O plano judicial compul- de contrair novas dívidas. e serviços;
sório assegurará aos credores, IX – incentivar, inclusive com
no mínimo, o valor do principal recursos financeiros e outros pro-
devido, corrigido monetariamen- TÍTULO IV – DO SISTEMA gramas especiais, a formação de
te por índices oficiais de preço, e NACIONAL DE DEFESA DO entidades de defesa do consumi-
preverá a liquidação total da dívi- CONSUMIDOR dor pela população e pelos órgãos
da, após a quitação do plano de públicos estaduais e municipais;
pagamento consensual previsto Art. 105.  Integram o Sistema Na- X – (Vetado);
no art. 104‑A deste Código, em, cional de Defesa do Consumidor XI – (Vetado);
no máximo, 5 (cinco) anos, sen- (SNDC) os órgãos federais, esta- XII – (Vetado);
do que a primeira parcela será duais, do Distrito Federal e mu- XIII – desenvolver outras ati-
devida no prazo máximo de 180 nicipais e as entidades privadas vidades compatíveis com suas
(cento e oitenta) dias, contado de defesa do consumidor. finalidades.
de sua homologação judicial, e Parágrafo único.  Para a con-
o restante do saldo será devido Art. 106.  O Departamento Na- secução de seus objetivos, o De-
em parcelas mensais iguais e cional de Defesa do Consumidor, partamento Nacional de Defesa
sucessivas. da Secretaria Nacional de Direito do Consumidor poderá solicitar o
Econômico (MJ), ou órgão federal concurso de órgãos e entidades
Art. 104-C.  Compete concorren- que venha substituí-lo, é organis- de notória especialização técni-
te e facultativamente aos órgãos mo de coordenação da política do co-científica.
públicos integrantes do Sistema Sistema Nacional de Defesa do
Nacional de Defesa do Consumi- Consumidor, cabendo-lhe:
dor a fase conciliatória e preventi- I – planejar, elaborar, propor, TÍTULO V – DA CONVENÇÃO
va do processo de repactuação de coordenar e executar a política COLETIVA DE CONSUMO
dívidas, nos moldes do art. 104‑A nacional de proteção ao consu-
deste Código, no que couber, com midor; Art. 107.  As entidades civis de
possibilidade de o processo ser II – receber, analisar, avaliar consumidores e as associações
regulado por convênios específi- e encaminhar consultas, denún- de fornecedores ou sindicatos
cos celebrados entre os referidos cias ou sugestões apresentadas de categoria econômica podem
órgãos e as instituições credoras por entidades representativas regular, por convenção escrita,
ou suas associações. ou pessoas jurídicas de direito relações de consumo que tenham
§ 1o  Em caso de conciliação público ou privado; por objeto estabelecer condições
administrativa para prevenir o III – prestar aos consumido- relativas ao preço, à qualidade, à
superendividamento do consu- res orientação permanente sobre quantidade, à garantia e caracte-
midor pessoa natural, os órgãos seus direitos e garantias; rísticas de produtos e serviços,
públicos poderão promover, nas IV – informar, conscientizar bem como à reclamação e com-
reclamações individuais, audi- e motivar o consumidor através posição do conflito de consumo.
ência global de conciliação com dos diferentes meios de comu- § 1o  A convenção tornar-se-á
todos os credores e, em todos nicação; obrigatória a partir do registro do
os casos, facilitar a elaboração V – solicitar à polícia judiciária instrumento no cartório de títulos
de plano de pagamento, preser- a instauração de inquérito policial e documentos.
vado o mínimo existencial, nos para a apreciação de delito contra § 2o  A convenção somente
termos da regulamentação, sob os consumidores, nos termos da obrigará os filiados às entidades
a supervisão desses órgãos, sem legislação vigente; signatárias.
prejuízo das demais atividades de VI – representar ao Ministério § 3o  Não se exime de cumprir
reeducação financeira cabíveis. Público competente para fins de a convenção o fornecedor que se
§ 2o  O acordo firmado peran- adoção de medidas processuais desligar da entidade em data pos-
te os órgãos públicos de defesa no âmbito de suas atribuições; terior ao registro do instrumento.
do consumidor, em caso de su- VII – levar ao conhecimento
perendividamento do consumidor dos órgãos competentes as in- Art. 108.  (Vetado)
pessoa natural, incluirá a data a frações de ordem administrativa
partir da qual será providencia- que violarem os interesses difu-
da a exclusão do consumidor de sos, coletivos, ou individuais dos TÍTULO VI – DISPOSIÇÕES
bancos de dados e de cadastros consumidores; FINAIS
de inadimplentes, bem como o VIII – solicitar o concurso de
condicionamento de seus efeitos órgãos e entidades da União, Es- Art. 109.  (Vetado)
à abstenção, pelo consumidor, de tados, do Distrito Federal e Muni-
condutas que importem no agra- cípios, bem como auxiliar a fisca-
vamento de sua situação de supe- lização de preços, abastecimento,

702
Código de Defesa do Consumidor
Art. 110.  Acrescente-se o se-
guinte inciso IV ao art. 1o da Lei
no 7.347, de 24 de julho de 1985:
��������������������������������������������������

Art. 111.  O inciso II do art. 5o da


Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985,
passa a ter a seguinte redação:
��������������������������������������������������

Art. 112.  O § 3o do art. 5o da Lei


no 7.347, de 24 de julho de 1985,
passa a ter a seguinte redação:
��������������������������������������������������

Art. 113.  Acrescente-se os se-


guintes §§ 4o, 5o e 6o ao art. 5o da
Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985:
��������������������������������������������������

Art. 114.  O art. 15 da Lei no 7.347,


de 24 de julho de 1985, passa a ter
a seguinte redação:
��������������������������������������������������

Art. 115.  Suprima-se o caput do


art. 17 da Lei no 7.347, de 24 de ju-
lho de 1985, passando o parágrafo
único a constituir o caput, com a
seguinte redação:
��������������������������������������������������

Art. 116.  Dê-se a seguinte reda-


ção ao art. 18 da Lei no 7.347, de
24 de julho de 1985:
��������������������������������������������������

Art. 117.  Acrescente-se à Lei


no 7.347, de 24 de julho de 1985,
o seguinte dispositivo, renume-
rando-se os seguintes:
��������������������������������������������������

Art. 118.  Este Código entrará em


vigor dentro de cento e oitenta
dias a contar de sua publicação.

Art. 119.  Revogam-se as dispo-


sições em contrário.

Brasília, 11 de setembro de 1990;


169o da Independência e 102o da
República.

FERNANDO COLLOR

Promulgada em 11/9/1990, publicada


no DOU de 12/9/1990 – Edição extra – e
retificada no DOU de 10/1/2007.

703
Estatuto da Criança e do
Adolescente
ATUALIZADA ATÉ SETEMBRO DE 2022

Atualização e revisão técnica: Coordenação de Edições Técnicas


A norma aqui apresentada não substitui as publicações do Diário Oficial da União.
Sumário

ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Lei no 8.069/1990
709 LIVRO I – PARTE GERAL
709 TÍTULO I – DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
709 TÍTULO II – DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
709 CAPÍTULO I – DO DIREITO À VIDA E À SAÚDE
712 CAPÍTULO II – DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE
712 CAPÍTULO III – DO DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA
712 Seção I – Disposições Gerais
714 Seção II – Da Família Natural
714 Seção III – Da Família Substituta
714 Subseção I – Disposições Gerais
714 Subseção II – Da Guarda
715 Subseção III – Da Tutela
715 Subseção IV – Da Adoção
720 CAPÍTULO IV – DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPORTE E AO LAZER
720 CAPÍTULO V – DO DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO E À PROTEÇÃO NO TRABALHO
721 TÍTULO III – DA PREVENÇÃO
721 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
722 CAPÍTULO II – DA PREVENÇÃO ESPECIAL
722 Seção I – Da Informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e Espetáculos
722 Seção II – Dos Produtos e Serviços
723 Seção III – Da Autorização para Viajar
723 LIVRO II – PARTE ESPECIAL
723 TÍTULO I – DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO
723 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
724 CAPÍTULO II – DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO
724 Seção I – Disposições Gerais
726 Seção II – Da Fiscalização das Entidades
726 TÍTULO II – DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO
726 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
726 CAPÍTULO II – DAS MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO
728 TÍTULO III – DA PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL
728 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
728 CAPÍTULO II – DOS DIREITOS INDIVIDUAIS
728 CAPÍTULO III – DAS GARANTIAS PROCESSUAIS
729 CAPÍTULO IV – DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
729 Seção I – Disposições Gerais
729 Seção II – Da Advertência
729 Seção III – Da Obrigação de Reparar o Dano
729 Seção IV – Da Prestação de Serviços à Comunidade
729 Seção V – Da Liberdade Assistida
729 Seção VI – Do Regime de Semiliberdade
729 Seção VII – Da Internação
730 CAPÍTULO V – DA REMISSÃO
730 TÍTULO IV – DAS MEDIDAS PERTINENTES AOS PAIS OU RESPONSÁVEL
731 TÍTULO V – DO CONSELHO TUTELAR
731 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
731 CAPÍTULO II – DAS ATRIBUIÇÕES DO CONSELHO
732 CAPÍTULO III – DA COMPETÊNCIA
732 CAPÍTULO IV – DA ESCOLHA DOS CONSELHEIROS
732 CAPÍTULO V – DOS IMPEDIMENTOS
732 TÍTULO VI – DO ACESSO À JUSTIÇA
732 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
733 CAPÍTULO II – DA JUSTIÇA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE
733 Seção I – Disposições Gerais
733 Seção II – Do Juiz
734 Seção III – Dos Serviços Auxiliares
734 CAPÍTULO III – DOS PROCEDIMENTOS
734 Seção I – Disposições Gerais
734 Seção II – Da Perda e da Suspensão do Poder Familiar
735 Seção III – Da Destituição da Tutela
735 Seção IV – Da Colocação em Família Substituta
736 Seção V – Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a Adolescente
738 Seção V-A – Da Infiltração de Agentes de Polícia para a Investigação de Crimes contra a
Dignidade Sexual de Criança e de Adolescente
739 Seção VI – Da Apuração de Irregularidades em Entidade de Atendimento
739 Seção VII – Da Apuração de Infração Administrativa às Normas de Proteção à Criança e ao
Adolescente
740 Seção VIII – Da Habilitação de Pretendentes à Adoção
741 CAPÍTULO IV – DOS RECURSOS
741 CAPÍTULO V – DO MINISTÉRIO PÚBLICO
742 CAPÍTULO VI – DO ADVOGADO
742 CAPÍTULO VII – DA PROTEÇÃO JUDICIAL DOS INTERESSES INDIVIDUAIS, DIFUSOS E
COLETIVOS
744 TÍTULO VII – DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
744 CAPÍTULO I – DOS CRIMES
744 Seção I – Disposições Gerais
744 Seção II – Dos Crimes em Espécie
746 CAPÍTULO II – DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
748 DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Estatuto da Criança e do
Adolescente

Lei no 8.069/1990

Dispõe sobre o Estatuto da Crian- humana, sem prejuízo da prote- b)  precedência de atendi-
ça e do Adolescente, e dá outras ção integral de que trata esta Lei, mento nos serviços públicos ou
providências. assegurando-se-lhes, por lei ou de relevância pública;
por outros meios, todas as opor- c)  preferência na formula-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA tunidades e facilidades, a fim de ção e na execução das políticas
lhes facultar o desenvolvimento sociais públicas;
Faço saber que o Congresso Na- físico, mental, moral, espiritual e d)  destinação privilegiada
cional decreta e eu sanciono a social, em condições de liberdade de recursos públicos nas áreas
seguinte Lei:1 e de dignidade. relacionadas com a proteção à
Parágrafo único.  Os direitos infância e à juventude.
enunciados nesta Lei aplicam-se
LIVRO I – PARTE GERAL a todas as crianças e adolescen- Art. 5o  Nenhuma criança ou ado-
TÍTULO I – DAS tes, sem discriminação de nasci- lescente será objeto de qualquer
mento, situação familiar, idade, forma de negligência, discrimina-
DISPOSIÇÕES sexo, raça, etnia ou cor, religião ção, exploração, violência, cruel-
PRELIMINARES ou crença, deficiência, condição dade e opressão, punido na forma
pessoal de desenvolvimento e da lei qualquer atentado, por ação
Art. 1o  Esta Lei dispõe sobre a aprendizagem, condição econô- ou omissão, aos seus direitos
proteção integral à criança e ao mica, ambiente social, região e fundamentais.
adolescente. local de moradia ou outra con-
dição que diferencie as pessoas, Art. 6o  Na interpretação desta
Art. 2   Considera-se criança,
o
as famílias ou a comunidade em Lei levar-se-ão em conta os fins
para os efeitos desta Lei, a pessoa que vivem. sociais a que ela se dirige, as
até doze anos de idade incomple- exigências do bem comum, os
tos, e adolescente aquela entre Art. 4o  É dever da família, da direitos e deveres individuais e
doze e dezoito anos de idade. comunidade, da sociedade em coletivos, e a condição peculiar
Parágrafo único.  Nos casos geral e do poder público asse- da criança e do adolescente como
expressos em lei, aplica-se ex- gurar, com absoluta prioridade, a pessoas em desenvolvimento.
cepcionalmente este Estatuto efetivação dos direitos referentes
às pessoas entre dezoito e vinte à vida, à saúde, à alimentação, à
e um anos de idade. educação, ao esporte, ao lazer, TÍTULO II – DOS DIREITOS
à profissionalização, à cultura, FUNDAMENTAIS
Art. 3o  A criança e o adolescente à dignidade, ao respeito, à liber-
gozam de todos os direitos fun- dade e à convivência familiar e CAPÍTULO I – DO DIREITO À
damentais inerentes à pessoa comunitária. VIDA E À SAÚDE
Parágrafo único.  A garantia
de prioridade compreende: Art. 7o  A criança e o adolescente
  Nota do Editor (NE): nos dispositivos que
1
a)  primazia de receber pro- têm direito a proteção à vida e à
alteram normas, suprimiram-se as alterações
determinadas uma vez que já foram incor- teção e socorro em quaisquer saúde, mediante a efetivação de
poradas às normas às quais se destinam. circunstâncias; políticas sociais públicas que per-

709
Estatuto da Criança e do Adolescente
mitam o nascimento e o desenvol- a criação de vínculos afetivos e tação e à avaliação de ações de
vimento sadio e harmonioso, em de estimular o desenvolvimento promoção, proteção e apoio ao
condições dignas de existência. integral da criança. aleitamento materno e à alimen-
§ 8o  A gestante tem direito a tação complementar saudável, de
Art. 8o  É assegurado a todas as acompanhamento saudável du- forma contínua.
mulheres o acesso aos programas rante toda a gestação e a parto § 2o  Os serviços de unida-
e às políticas de saúde da mulher natural cuidadoso, estabelecen- des de terapia intensiva neonatal
e de planejamento reprodutivo e, do-se a aplicação de cesariana e deverão dispor de banco de leite
às gestantes, nutrição adequada, outras intervenções cirúrgicas humano ou unidade de coleta de
atenção humanizada à gravidez, por motivos médicos. leite humano.
ao parto e ao puerpério e aten- § 9o  A atenção primária à
dimento pré-natal, perinatal e saúde fará a busca ativa da ges- Art. 10.  Os hospitais e demais
pós-natal integral no âmbito do tante que não iniciar ou que aban- estabelecimentos de atenção à
Sistema Único de Saúde. donar as consultas de pré-natal, saúde de gestantes, públicos e
§ 1o  O atendimento pré-natal bem como da puérpera que não particulares, são obrigados a:
será realizado por profissionais comparecer às consultas pós- I – manter registro das ati-
da atenção primária. -parto. vidades desenvolvidas, através
§ 2o  Os profissionais de saú- § 10.  Incumbe ao poder pú- de prontuários individuais, pelo
de de referência da gestante ga- blico garantir, à gestante e à mu- prazo de dezoito anos;
rantirão sua vinculação, no último lher com filho na primeira infância II – identificar o recém-nas-
trimestre da gestação, ao estabe- que se encontrem sob custódia cido mediante o registro de sua
lecimento em que será realizado em unidade de privação de liber- impressão plantar e digital e da
o parto, garantido o direito de dade, ambiência que atenda às impressão digital da mãe, sem
opção da mulher. normas sanitárias e assistenciais prejuízo de outras formas nor-
§ 3o  Os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde para matizadas pela autoridade ad-
onde o parto for realizado asse- o acolhimento do filho, em arti- ministrativa competente;
gurarão às mulheres e aos seus culação com o sistema de ensino III – proceder a exames visan-
filhos recém-nascidos alta hos- competente, visando ao desen- do ao diagnóstico e terapêutica
pitalar responsável e contrarrefe- volvimento integral da criança. de anormalidades no metabolis-
rência na atenção primária, bem mo do recém-nascido, bem como
como o acesso a outros serviços Art. 8o-A.  Fica instituída a Se- prestar orientação aos pais;
e a grupos de apoio à amamen- mana Nacional de Prevenção da IV – fornecer declaração de
tação. Gravidez na Adolescência, a ser nascimento onde constem ne-
§ 4o  Incumbe ao poder pú- realizada anualmente na semana cessariamente as intercorrências
blico proporcionar assistência que incluir o dia 1o de fevereiro, do parto e do desenvolvimento
psicológica à gestante e à mãe, com o objetivo de disseminar do neonato;
no período pré e pós-natal, in- informações sobre medidas pre- V – manter alojamento con-
clusive como forma de prevenir ventivas e educativas que contri- junto, possibilitando ao neonato
ou minorar as consequências do buam para a redução da incidên- a permanência junto à mãe;
estado puerperal. cia da gravidez na adolescência. VI – acompanhar a prática
§ 5o  A assistência referida Parágrafo único.  As ações do processo de amamentação,
no §  4o deste artigo deverá ser destinadas a efetivar o dispos- prestando orientações quanto
prestada também a gestantes e to no caput deste artigo fica- à técnica adequada, enquanto a
mães que manifestem interes- rão a cargo do poder público, mãe permanecer na unidade hos-
se em entregar seus filhos para em conjunto com organizações pitalar, utilizando o corpo técnico
adoção, bem como a gestantes da sociedade civil, e serão diri- já existente.
e mães que se encontrem em gidas prioritariamente ao público § 1o  Os testes para o rastre-
situação de privação de liberdade. adolescente. amento de doenças no recém-
§ 6o  A gestante e a partu- -nascido serão disponibilizados
riente têm direito a 1 (um) acom- Art. 9o  O poder público, as insti- pelo Sistema Único de Saúde, no
panhante de sua preferência du- tuições e os empregadores pro- âmbito do Programa Nacional de
rante o período do pré-natal, do piciarão condições adequadas ao Triagem Neonatal (PNTN), na for-
trabalho de parto e do pós-parto aleitamento materno, inclusive ma da regulamentação elaborada
imediato. aos filhos de mães submetidas pelo Ministério da Saúde, com
§ 7o  A gestante deverá rece- a medida privativa de liberdade. implementação de forma escalo-
ber orientação sobre aleitamento § 1o  Os profissionais das uni- nada, de acordo com a seguinte
materno, alimentação comple- dades primárias de saúde de- ordem de progressão:
mentar saudável e crescimento senvolverão ações sistemáticas, I – etapa 1:
e desenvolvimento infantil, bem individuais ou coletivas, visando a)  fenilcetonúria e outras hi-
como sobre formas de favorecer ao planejamento, à implemen- perfenilalaninemias;

710
Estatuto da Criança e do Adolescente
b)  hipotireoidismo congê- § 1o  A criança e o adolescente Sistema de Garantia de Direitos
nito; com deficiência serão atendidos, da Criança e do Adolescente de-
c)  doença falciforme e outras sem discriminação ou segrega- verão conferir máxima prioridade
hemoglobinopatias; ção, em suas necessidades gerais ao atendimento das crianças na
d)  fibrose cística; de saúde e específicas de habili- faixa etária da primeira infância
e)  hiperplasia adrenal con- tação e reabilitação. com suspeita ou confirmação de
gênita; § 2o  Incumbe ao poder pú- violência de qualquer natureza,
f)  deficiência de biotinidase; blico fornecer gratuitamente, formulando projeto terapêutico
g)  toxoplasmose congênita; àqueles que necessitarem, me- singular que inclua intervenção
II – etapa 2: dicamentos, órteses, próteses em rede e, se necessário, acom-
a) galactosemias; e outras tecnologias assistivas panhamento domiciliar.
b) aminoacidopatias; relativas ao tratamento, habilita-
c)  distúrbios do ciclo da ção ou reabilitação para crianças Art. 14.  O Sistema Único de Saú-
ureia; e adolescentes, de acordo com de promoverá programas de as-
d)  distúrbios da betaoxida- as linhas de cuidado voltadas às sistência médica e odontológica
ção dos ácidos graxos; suas necessidades específicas. para a prevenção das enfermida-
III – etapa 3: doenças lisos- § 3o  Os profissionais que atu- des que ordinariamente afetam a
sômicas; am no cuidado diário ou frequente população infantil, e campanhas
IV – etapa 4: imunodeficiên- de crianças na primeira infância de educação sanitária para pais,
cias primárias; receberão formação específica educadores e alunos.
V – etapa 5: atrofia muscular e permanente para a detecção § 1o  É obrigatória a vacina-
espinhal. de sinais de risco para o desen- ção das crianças nos casos re-
§ 2o  A delimitação de doen- volvimento psíquico, bem como comendados pelas autoridades
ças a serem rastreadas pelo teste para o acompanhamento que se sanitárias.
do pezinho, no âmbito do PNTN, fizer necessário. § 2o  O Sistema Único de Saú-
será revisada periodicamente, de promoverá a atenção à saúde
com base em evidências cientí- Art. 12.  Os estabelecimentos bucal das crianças e das gestan-
ficas, considerados os benefícios de atendimento à saúde, inclu- tes, de forma transversal, integral
do rastreamento, do diagnóstico sive as unidades neonatais, de e intersetorial com as demais
e do tratamento precoce, prio- terapia intensiva e de cuidados linhas de cuidado direcionadas
rizando as doenças com maior intermediários, deverão propor- à mulher e à criança.
prevalência no País, com proto- cionar condições para a perma- § 3o  A atenção odontológica
colo de tratamento aprovado e nência em tempo integral de um à criança terá função educativa
com tratamento incorporado no dos pais ou responsável, nos ca- protetiva e será prestada, ini-
Sistema Único de Saúde. sos de internação de criança ou cialmente, antes de o bebê nas-
§ 3o  O rol de doenças cons- adolescente. cer, por meio de aconselhamento
tante do § 1o deste artigo poderá pré-natal, e, posteriormente, no
ser expandido pelo poder público Art. 13.  Os casos de suspeita ou sexto e no décimo segundo anos
com base nos critérios estabele- confirmação de castigo físico, de de vida, com orientações sobre
cidos no § 2o deste artigo. tratamento cruel ou degradante saúde bucal.
§ 4o  Durante os atendimen- e de maus-tratos contra criança § 4o  A criança com necessi-
tos de pré-natal e de puerpé- ou adolescente serão obrigatoria- dade de cuidados odontológicos
rio imediato, os profissionais de mente comunicados ao Conselho especiais será atendida pelo Sis-
saúde devem informar a gestan- Tutelar da respectiva localidade, tema Único de Saúde.
te e os acompanhantes sobre a sem prejuízo de outras providên- § 5o  É obrigatória a aplicação
importância do teste do pezinho cias legais. a todas as crianças, nos seus pri-
e sobre as eventuais diferenças § 1o  As gestantes ou mães meiros dezoito meses de vida, de
existentes entre as modalidades que manifestem interesse em protocolo ou outro instrumento
oferecidas no Sistema Único de entregar seus filhos para adoção construído com a finalidade de
Saúde e na rede privada de saúde. serão obrigatoriamente encami- facilitar a detecção, em consulta
nhadas, sem constrangimento, pediátrica de acompanhamento
Art. 11.  É assegurado acesso in- à Justiça da Infância e da Ju- da criança, de risco para o seu
tegral às linhas de cuidado vol- ventude. desenvolvimento psíquico.
tadas à saúde da criança e do § 2o  Os serviços de saúde em
adolescente, por intermédio do suas diferentes portas de entrada,
Sistema Único de Saúde, obser- os serviços de assistência social
vado o princípio da equidade no em seu componente especializa-
acesso a ações e serviços para do, o Centro de Referência Espe-
promoção, proteção e recupe- cializado de Assistência Social
ração da saúde. (Creas) e os demais órgãos do

711
Estatuto da Criança e do Adolescente
CAPÍTULO II – DO por qualquer pessoa encarre- CAPÍTULO III – DO DIREITO
DIREITO À LIBERDADE, AO gada de cuidar deles, tratá-los, À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E
educá-los ou protegê-los.
RESPEITO E À DIGNIDADE Parágrafo único.  Para os fins
COMUNITÁRIA
desta Lei, considera-se: Seção I – Disposições Gerais
Art. 15.  A criança e o adoles- I – castigo físico: ação de
cente têm direito à liberdade, natureza disciplinar ou punitiva Art. 19.  É direito da criança e do
ao respeito e à dignidade como aplicada com o uso da força física adolescente ser criado e educado
pessoas humanas em processo de sobre a criança ou o adolescente no seio de sua família e, excepcio-
desenvolvimento e como sujeitos que resulte em: nalmente, em família substituta,
de direitos civis, humanos e so- a)  sofrimento físico; ou assegurada a convivência fami-
ciais garantidos na Constituição b) lesão; liar e comunitária, em ambiente
e nas leis. II – tratamento cruel ou de- que garanta seu desenvolvimento
gradante: conduta ou forma cruel integral.
Art. 16.  O direito à liberdade de tratamento em relação à crian- § 1o  Toda criança ou adoles-
compreende os seguintes as- ça ou ao adolescente que: cente que estiver inserido em
pectos: a)  humilhe; ou programa de acolhimento familiar
I – ir, vir e estar nos logradou- b)  ameace gravemente; ou ou institucional terá sua situação
ros públicos e espaços comuni- c) ridicularize. reavaliada, no máximo, a cada
tários, ressalvadas as restrições 3 (três) meses, devendo a au-
legais; Art. 18-B.  Os pais, os integrantes toridade judiciária competente,
II – opinião e expressão; da família ampliada, os responsá- com base em relatório elaborado
III – crença e culto religioso; veis, os agentes públicos execu- por equipe interprofissional ou
IV – brincar, praticar esportes tores de medidas socioeducativas multidisciplinar, decidir de forma
e divertir-se; ou qualquer pessoa encarregada fundamentada pela possibilidade
V – participar da vida fami- de cuidar de crianças e de ado- de reintegração familiar ou pela
liar e comunitária, sem discri- lescentes, tratá-los, educá-los colocação em família substituta,
minação; ou protegê-los que utilizarem em quaisquer das modalidades
VI – participar da vida política, castigo físico ou tratamento cruel previstas no art. 28 desta Lei.
na forma da lei; ou degradante como formas de § 2o  A permanência da crian-
VII – buscar refúgio, auxílio e correção, disciplina, educação ou ça e do adolescente em programa
orientação. qualquer outro pretexto estarão de acolhimento institucional não
sujeitos, sem prejuízo de outras se prolongará por mais de 18 (de-
Art. 17.  O direito ao respeito con- sanções cabíveis, às seguintes zoito meses), salvo comprovada
siste na inviolabilidade da integri- medidas, que serão aplicadas de necessidade que atenda ao seu
dade física, psíquica e moral da acordo com a gravidade do caso: superior interesse, devidamente
criança e do adolescente, abran- I – encaminhamento a pro- fundamentada pela autoridade
gendo a preservação da imagem, grama oficial ou comunitário de judiciária.
da identidade, da autonomia, dos proteção à família; § 3o A manutenção ou a
valores, ideias e crenças, dos es- II – encaminhamento a tra- reintegração de criança ou ado-
paços e objetos pessoais. tamento psicológico ou psiqui- lescente à sua família terá pre-
átrico; ferência em relação a qualquer
Art. 18.  É dever de todos velar III – encaminhamento a cur- outra providência, caso em que
pela dignidade da criança e do sos ou programas de orientação; será esta incluída em serviços e
adolescente, pondo-os a salvo de IV – obrigação de encami- programas de proteção, apoio e
qualquer tratamento desumano, nhar a criança a tratamento es- promoção, nos termos do § 1o do
violento, aterrorizante, vexatório pecializado; art. 23, dos incisos I e IV do caput
ou constrangedor. V – advertência; do art. 101 e dos incisos I a IV do
VI – garantia de tratamento caput do art. 129 desta Lei.
Art. 18-A.  A criança e o adoles- de saúde especializado à vítima. § 4o  Será garantida a convi-
cente têm o direito de ser edu- Parágrafo único.  As medi- vência da criança e do adolescen-
cados e cuidados sem o uso de das previstas neste artigo serão te com a mãe ou o pai privado de
castigo físico ou de tratamento aplicadas pelo Conselho Tutelar, liberdade, por meio de visitas pe-
cruel ou degradante, como formas sem prejuízo de outras providên- riódicas promovidas pelo respon-
de correção, disciplina, educação cias legais. sável ou, nas hipóteses de acolhi-
ou qualquer outro pretexto, pelos mento institucional, pela entidade
pais, pelos integrantes da família responsável, independentemente
ampliada, pelos responsáveis, pe- de autorização judicial.
los agentes públicos executores § 5o  Será garantida a convi-
de medidas socioeducativas ou vência integral da criança com a

712
Estatuto da Criança e do Adolescente
mãe adolescente que estiver em familiar ou a guarda, a autorida- adolescente a ser apadrinhado
acolhimento institucional. de judiciária suspenderá o poder será definido no âmbito de cada
§ 6o  A mãe adolescente será familiar da mãe, e a criança será programa de apadrinhamento,
assistida por equipe especializada colocada sob a guarda provisó- com prioridade para crianças ou
multidisciplinar. ria de quem esteja habilitado a adolescentes com remota pos-
adotá-la. sibilidade de reinserção familiar
Art. 19-A.  A gestante ou mãe § 7o  Os detentores da guarda ou colocação em família adotiva.
que manifeste interesse em en- possuem o prazo de 15 (quinze) § 5o  Os programas ou servi-
tregar seu filho para adoção, an- dias para propor a ação de ado- ços de apadrinhamento apoiados
tes ou logo após o nascimento, ção, contado do dia seguinte à pela Justiça da Infância e da Ju-
será encaminhada à Justiça da data do término do estágio de ventude poderão ser executados
Infância e da Juventude. convivência. por órgãos públicos ou por orga-
§ 1o  A gestante ou mãe será § 8o  Na hipótese de desistên- nizações da sociedade civil.
ouvida pela equipe interprofis- cia pelos genitores – manifestada § 6o  Se ocorrer violação das
sional da Justiça da Infância e em audiência ou perante a equi- regras de apadrinhamento, os
da Juventude, que apresentará pe interprofissional – da entrega responsáveis pelo programa e
relatório à autoridade judiciária, da criança após o nascimento, pelos serviços de acolhimento de-
considerando inclusive os eventu- a criança será mantida com os verão imediatamente notificar a
ais efeitos do estado gestacional genitores, e será determinado autoridade judiciária competente.
e puerperal. pela Justiça da Infância e da Ju-
§ 2o  De posse do relatório, ventude o acompanhamento fa- Art. 20.  Os filhos, havidos ou
a autoridade judiciária poderá miliar pelo prazo de 180 (cento e não da relação do casamento,
determinar o encaminhamento oitenta) dias. ou por adoção, terão os mesmos
da gestante ou mãe, mediante § 9o  É garantido à mãe o di- direitos e qualificações, proibidas
sua expressa concordância, à reito ao sigilo sobre o nascimento, quaisquer designações discrimi-
rede pública de saúde e assis- respeitado o disposto no art. 48 natórias relativas à filiação.
tência social para atendimento desta Lei.
especializado. § 10.  Serão cadastrados para Art. 21.  O poder familiar será
§ 3o  A busca à família exten- adoção recém-nascidos e crian- exercido, em igualdade de con-
sa, conforme definida nos termos ças acolhidas não procuradas dições, pelo pai e pela mãe, na
do parágrafo único do art. 25 des- por suas famílias no prazo de 30 forma do que dispuser a legisla-
ta Lei, respeitará o prazo máximo (trinta) dias, contado a partir do ção civil, assegurado a qualquer
de 90 (noventa) dias, prorrogável dia do acolhimento. deles o direito de, em caso de
por igual período. discordância, recorrer à autori-
§ 4o  Na hipótese de não ha- Art. 19-B.  A criança e o adoles- dade judiciária competente para
ver a indicação do genitor e de cente em programa de acolhi- a solução da divergência.
não existir outro representante mento institucional ou familiar
da família extensa apto a receber poderão participar de programa Art. 22.  Aos pais incumbe o de-
a guarda, a autoridade judiciária de apadrinhamento. ver de sustento, guarda e edu-
competente deverá decretar a § 1o  O apadrinhamento con- cação dos filhos menores, ca-
extinção do poder familiar e de- siste em estabelecer e propor- bendo-lhes ainda, no interesse
terminar a colocação da criança cionar à criança e ao adolescente destes, a obrigação de cumprir e
sob a guarda provisória de quem vínculos externos à instituição fazer cumprir as determinações
estiver habilitado a adotá-la ou de para fins de convivência familiar e judiciais.
entidade que desenvolva progra- comunitária e colaboração com o Parágrafo único.  A mãe e
ma de acolhimento familiar ou seu desenvolvimento nos aspec- o pai, ou os responsáveis, têm
institucional. tos social, moral, físico, cognitivo, direitos iguais e deveres e res-
§ 5o  Após o nascimento da educacional e financeiro. ponsabilidades compartilhados
criança, a vontade da mãe ou de § 2o  Podem ser padrinhos ou no cuidado e na educação da
ambos os genitores, se houver pai madrinhas pessoas maiores de 18 criança, devendo ser resguardado
registral ou pai indicado, deve ser (dezoito) anos não inscritas nos o direito de transmissão familiar
manifestada na audiência a que cadastros de adoção, desde que de suas crenças e culturas, asse-
se refere o § 1o do art. 166 desta cumpram os requisitos exigidos gurados os direitos da criança
Lei, garantido o sigilo sobre a pelo programa de apadrinhamen- estabelecidos nesta Lei.
entrega. to de que fazem parte.
§ 6o  Na hipótese de não com- § 3o  Pessoas jurídicas podem Art. 23.  A falta ou a carência de
parecerem à audiência nem o apadrinhar criança ou adolescen- recursos materiais não constitui
genitor nem representante da te a fim de colaborar para o seu motivo suficiente para a perda ou
família extensa para confirmar desenvolvimento. a suspensão do poder familiar.
a intenção de exercer o poder § 4o  O perfil da criança ou do § 1o  Não existindo outro mo-

713
Estatuto da Criança e do Adolescente
tivo que por si só autorize a decre- critível, podendo ser exercitado ça ou adolescente indígena ou
tação da medida, a criança ou o contra os pais ou seus herdeiros, proveniente de comunidade re-
adolescente será mantido em sua sem qualquer restrição, observa- manescente de quilombo, é ainda
família de origem, a qual deverá do o segredo de Justiça. obrigatório:
obrigatoriamente ser incluída em I – que sejam consideradas e
serviços e programas oficiais de respeitadas sua identidade social
proteção, apoio e promoção.
Seção III – Da Família e cultural, os seus costumes e
§ 2o  A condenação criminal Substituta tradições, bem como suas insti-
do pai ou da mãe não implicará Subseção I – Disposições tuições, desde que não sejam in-
a destituição do poder familiar, Gerais compatíveis com os direitos fun-
exceto na hipótese de condena- damentais reconhecidos por esta
ção por crime doloso sujeito à Art. 28.  A colocação em famí- Lei e pela Constituição Federal;
pena de reclusão contra outrem lia substituta far-se-á mediante II – que a colocação familiar
igualmente titular do mesmo po- guarda, tutela ou adoção, inde- ocorra prioritariamente no seio
der familiar ou contra filho, filha pendentemente da situação ju- de sua comunidade ou junto a
ou outro descendente. rídica da criança ou adolescente, membros da mesma etnia;
nos termos desta Lei. III – a intervenção e oitiva
Art. 24.  A perda e a suspensão § 1o  Sempre que possível, a de representantes do órgão fe-
do poder familiar serão decreta- criança ou o adolescente será deral responsável pela política
das judicialmente, em procedi- previamente ouvido por equipe indigenista, no caso de crianças
mento contraditório, nos casos interprofissional, respeitado seu e adolescentes indígenas, e de
previstos na legislação civil, bem estágio de desenvolvimento e antropólogos, perante a equipe
como na hipótese de descumpri- grau de compreensão sobre as interprofissional ou multidisci-
mento injustificado dos deveres e implicações da medida, e terá plinar que irá acompanhar o caso.
obrigações a que alude o art. 22. sua opinião devidamente con-
siderada. Art. 29.  Não se deferirá colo-
§ 2o  Tratando-se de maior cação em família substituta a
Seção II – Da Família Natural de 12 (doze) anos de idade, será pessoa que revele, por qualquer
necessário seu consentimento, modo, incompatibilidade com a
Art. 25.  Entende-se por família colhido em audiência. natureza da medida ou não ofe-
natural a comunidade formada § 3o  Na apreciação do pedido reça ambiente familiar adequado.
pelos pais ou qualquer deles e levar-se-á em conta o grau de pa-
seus descendentes. rentesco e a relação de afinidade Art. 30.  A colocação em família
Parágrafo único. Entende-se ou de afetividade, a fim de evitar substituta não admitirá transfe-
por família extensa ou ampliada ou minorar as consequências de- rência da criança ou adolescente
aquela que se estende para além correntes da medida. a terceiros ou a entidades gover-
da unidade pais e filhos ou da § 4o  Os grupos de irmãos se- namentais ou não governamen-
unidade do casal, formada por rão colocados sob adoção, tutela tais, sem autorização judicial.
parentes próximos com os quais ou guarda da mesma família subs-
a criança ou adolescente convive tituta, ressalvada a comprovada Art. 31.  A colocação em família
e mantém vínculos de afinidade existência de risco de abuso ou substituta estrangeira consti-
e afetividade. outra situação que justifique ple- tui medida excepcional, somen-
namente a excepcionalidade de te admissível na modalidade de
Art. 26.  Os filhos havidos fora solução diversa, procurando-se, adoção.
do casamento poderão ser reco- em qualquer caso, evitar o rom-
nhecidos pelos pais, conjunta ou pimento definitivo dos vínculos Art. 32.  Ao assumir a guarda ou
separadamente, no próprio termo fraternais. a tutela, o responsável prestará
de nascimento, por testamento, § 5o  A colocação da criança compromisso de bem e fielmente
mediante escritura ou outro do- ou adolescente em família subs- desempenhar o encargo, median-
cumento público, qualquer que tituta será precedida de sua pre- te termo nos autos.
seja a origem da filiação. paração gradativa e acompanha-
Parágrafo único.  O reconhe- mento posterior, realizados pela
cimento pode preceder o nasci- equipe interprofissional a serviço
Subseção II – Da Guarda
mento do filho ou suceder-lhe da Justiça da Infância e da Ju-
ao falecimento, se deixar des- ventude, preferencialmente com Art. 33.  A guarda obriga à pres-
cendentes. o apoio dos técnicos responsá- tação de assistência material,
veis pela execução da política moral e educacional à criança
Art. 27.  O reconhecimento do municipal de garantia do direito ou adolescente, conferindo a seu
estado de filiação é direito perso- à convivência familiar. detentor o direito de opor-se a
nalíssimo, indisponível e impres- § 6o  Em se tratando de crian- terceiros, inclusive aos pais.

714
Estatuto da Criança e do Adolescente
§ 1o  A guarda destina-se a deverão dispor de equipe que or- Subseção IV – Da Adoção
regularizar a posse de fato, po- ganize o acolhimento temporário
dendo ser deferida, liminar ou de crianças e de adolescentes em Art. 39.  A adoção de criança e de
incidentalmente, nos procedi- residências de famílias seleciona- adolescente reger-se-á segundo
mentos de tutela e adoção, exceto das, capacitadas e acompanha- o disposto nesta Lei.
no de adoção por estrangeiros. das que não estejam no cadastro § 1o  A adoção é medida ex-
§ 2o  Excepcionalmente, de- de adoção. cepcional e irrevogável, à qual
ferir-se-á a guarda, fora dos casos § 4o Poderão ser utiliza- se deve recorrer apenas quando
de tutela e adoção, para atender dos recursos federais, estadu- esgotados os recursos de manu-
a situações peculiares ou suprir ais, distritais e municipais para tenção da criança ou adolescen-
a falta eventual dos pais ou res- a manutenção dos serviços de te na família natural ou extensa,
ponsável, podendo ser deferido acolhimento em família acolhe- na forma do parágrafo único do
o direito de representação para dora, facultando-se o repasse de art. 25 desta Lei.
a prática de atos determinados. recursos para a própria família § 2o  É vedada a adoção por
§ 3o A guarda confere à acolhedora. procuração.
criança ou adolescente a condi- § 3o  Em caso de conflito
ção de dependente, para todos os Art. 35.  A guarda poderá ser entre direitos e interesses do
fins e efeitos de direito, inclusive revogada a qualquer tempo, me- adotando e de outras pessoas,
previdenciários. diante ato judicial fundamentado, inclusive seus pais biológicos,
§ 4o  Salvo expressa e funda- ouvido o Ministério Público. devem prevalecer os direitos e
mentada determinação em con- os interesses do adotando.
trário, da autoridade judiciária
competente, ou quando a medida
Subseção III – Da Tutela Art. 40.  O adotando deve contar
for aplicada em preparação para com, no máximo, dezoito anos à
adoção, o deferimento da guarda Art. 36.  A tutela será deferida, data do pedido, salvo se já esti-
de criança ou adolescente a ter- nos termos da lei civil, a pessoa de ver sob a guarda ou tutela dos
ceiros não impede o exercício até 18 (dezoito) anos incompletos. adotantes.
do direito de visitas pelos pais, Parágrafo único.  O defe-
assim como o dever de prestar rimento da tutela pressupõe a Art. 41.  A adoção atribui a con-
alimentos, que serão objeto de prévia decretação da perda ou dição de filho ao adotado, com os
regulamentação específica, a pe- suspensão do poder familiar e mesmos direitos e deveres, inclu-
dido do interessado ou do Minis- implica necessariamente o dever sive sucessórios, desligando-o
tério Público. de guarda. de qualquer vínculo com pais e
parentes, salvo os impedimentos
Art. 34.  O poder público esti- Art. 37.  O tutor nomeado por matrimoniais.
mulará, por meio de assistên- testamento ou qualquer do- § 1o  Se um dos cônjuges ou
cia jurídica, incentivos fiscais e cumento autêntico, conforme concubinos adota o filho do outro,
subsídios, o acolhimento, sob a previsto no parágrafo único do mantêm-se os vínculos de filia-
forma de guarda, de criança ou art. 1.729 da Lei no 10.406, de 10 ção entre o adotado e o cônjuge
adolescente afastado do conví- de janeiro de 2002 – Código Civil, ou concubino do adotante e os
vio familiar. deverá, no prazo de 30 (trinta) dias respectivos parentes.
§ 1o  A inclusão da criança ou após a abertura da sucessão, in- § 2o  É recíproco o direito su-
adolescente em programas de gressar com pedido destinado ao cessório entre o adotado, seus
acolhimento familiar terá prefe- controle judicial do ato, observan- descendentes, o adotante, seus
rência a seu acolhimento institu- do o procedimento previsto nos ascendentes, descendentes e co-
cional, observado, em qualquer arts. 165 a 170 desta Lei. laterais até o 4o grau, observada
caso, o caráter temporário e ex- Parágrafo único.  Na aprecia- a ordem de vocação hereditária.
cepcional da medida, nos termos ção do pedido, serão observa-
desta Lei. dos os requisitos previstos nos Art. 42.  Podem adotar os maio-
§ 2o  Na hipótese do § 1o deste arts. 28 e 29 desta Lei, somente res de 18 (dezoito) anos, indepen-
artigo a pessoa ou casal cadastra- sendo deferida a tutela à pessoa dentemente do estado civil.
do no programa de acolhimento indicada na disposição de última § 1o  Não podem adotar os
familiar poderá receber a criança vontade, se restar comprovado ascendentes e os irmãos do ado-
ou adolescente mediante guarda, que a medida é vantajosa ao tu- tando.
observado o disposto nos arts. 28 telando e que não existe outra § 2o  Para adoção conjunta,
a 33 desta Lei. pessoa em melhores condições é indispensável que os adotan-
§ 3o  A União apoiará a im- de assumi-la. tes sejam casados civilmente ou
plementação de serviços de aco- mantenham união estável, com-
lhimento em família acolhedora Art. 38.  Aplica-se à destituição provada a estabilidade da família.
como política pública, os quais da tutela o disposto no art. 24. § 3o  O adotante há de ser,

715
Estatuto da Criança e do Adolescente
pelo menos, dezesseis anos mais da criança ou adolescente e as civil mediante mandado do qual
velho do que o adotando. peculiaridades do caso. não se fornecerá certidão.
§ 4o  Os divorciados, os ju- § 1o  O estágio de convivência § 1o  A inscrição consigna-
dicialmente separados e os ex- poderá ser dispensado se o ado- rá o nome dos adotantes como
-companheiros podem adotar tando já estiver sob a tutela ou pais, bem como o nome de seus
conjuntamente, contanto que guarda legal do adotante durante ascendentes.
acordem sobre a guarda e o re- tempo suficiente para que seja § 2o  O mandado judicial, que
gime de visitas e desde que o es- possível avaliar a conveniência será arquivado, cancelará o regis-
tágio de convivência tenha sido da constituição do vínculo. tro original do adotado.
iniciado na constância do período § 2o  A simples guarda de fato § 3o  A pedido do adotante, o
de convivência e que seja com- não autoriza, por si só, a dispen- novo registro poderá ser lavrado
provada a existência de vínculos sa da realização do estágio de no Cartório do Registro Civil do
de afinidade e afetividade com convivência. Município de sua residência.
aquele não detentor da guarda, § 2o-A.  O prazo máximo es- § 4o  Nenhuma observação
que justifiquem a excepcionali- tabelecido no caput deste artigo sobre a origem do ato poderá
dade da concessão. pode ser prorrogado por até igual constar nas certidões do registro.
§ 5o  Nos casos do § 4o deste período, mediante decisão funda- § 5o  A sentença conferirá ao
artigo, desde que demonstrado mentada da autoridade judiciária. adotado o nome do adotante e, a
efetivo benefício ao adotando, § 3o  Em caso de adoção por pedido de qualquer deles, pode-
será assegurada a guarda com- pessoa ou casal residente ou do- rá determinar a modificação do
partilhada, conforme previsto no miciliado fora do País, o estágio prenome.
art. 1.584 da Lei no 10.406, de 10 de convivência será de, no míni- § 6o  Caso a modificação de
de janeiro de 2002 – Código Civil. mo, 30 (trinta) dias e, no máxi- prenome seja requerida pelo ado-
§ 6o  A adoção poderá ser mo, 45 (quarenta e cinco) dias, tante, é obrigatória a oitiva do
deferida ao adotante que, após prorrogável por até igual período, adotando, observado o disposto
inequívoca manifestação de von- uma única vez, mediante decisão nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei.
tade, vier a falecer no curso do fundamentada da autoridade ju- § 7o  A adoção produz seus
procedimento, antes de prolatada diciária. efeitos a partir do trânsito em
a sentença. § 3o-A.  Ao final do prazo pre- julgado da sentença constituti-
visto no § 3o deste artigo, deverá va, exceto na hipótese prevista
Art. 43.  A adoção será deferida ser apresentado laudo fundamen- no § 6o do art. 42 desta Lei, caso
quando apresentar reais vanta- tado pela equipe mencionada no em que terá força retroativa à
gens para o adotando e fundar-se § 4o deste artigo, que recomen- data do óbito.
em motivos legítimos. dará ou não o deferimento da § 8o  O processo relativo à
adoção à autoridade judiciária. adoção assim como outros a ele
Art. 44.  Enquanto não der con- § 4o  O estágio de convivência relacionados serão mantidos em
ta de sua administração e saldar será acompanhado pela equipe arquivo, admitindo-se seu ar-
o seu alcance, não pode o tutor interprofissional a serviço da Jus- mazenamento em microfilme ou
ou o curador adotar o pupilo ou tiça da Infância e da Juventude, por outros meios, garantida a
o curatelado. preferencialmente com apoio dos sua conservação para consulta
técnicos responsáveis pela exe- a qualquer tempo.
Art. 45.  A adoção depende do cução da política de garantia do § 9o  Terão prioridade de tra-
consentimento dos pais ou do direito à convivência familiar, que mitação os processos de adoção
representante legal do adotando. apresentarão relatório minucioso em que o adotando for criança ou
§ 1o  O consentimento será acerca da conveniência do defe- adolescente com deficiência ou
dispensado em relação à criança rimento da medida. com doença crônica.
ou adolescente cujos pais sejam § 5o  O estágio de convivên- § 10.  O prazo máximo para
desconhecidos ou tenham sido cia será cumprido no território conclusão da ação de adoção
destituídos do poder familiar. nacional, preferencialmente na será de 120 (cento e vinte) dias,
§ 2o  Em se tratando de ado- comarca de residência da criança prorrogável uma única vez por
tando maior de doze anos de ida- ou adolescente, ou, a critério do igual período, mediante decisão
de, será também necessário o seu juiz, em cidade limítrofe, respei- fundamentada da autoridade ju-
consentimento. tada, em qualquer hipótese, a diciária.
competência do juízo da comarca
Art. 46.  A adoção será prece- de residência da criança. Art. 48.  O adotado tem direito
dida de estágio de convivência de conhecer sua origem bioló-
com a criança ou adolescente, Art. 47.  O vínculo da adoção gica, bem como de obter acesso
pelo prazo máximo de 90 (no- constitui-se por sentença judi- irrestrito ao processo no qual a
venta) dias, observadas a idade cial, que será inscrita no registro medida foi aplicada e seus even-

716
Estatuto da Criança e do Adolescente
tuais incidentes, após completar § 6o  Haverá cadastros distin- ção unilateral;
18 (dezoito) anos. tos para pessoas ou casais resi- II – for formulada por paren-
Parágrafo único.  O acesso dentes fora do País, que somente te com o qual a criança ou ado-
ao processo de adoção poderá serão consultados na inexistência lescente mantenha vínculos de
ser também deferido ao adotado de postulantes nacionais habilita- afinidade e afetividade;
menor de 18 (dezoito) anos, a seu dos nos cadastros mencionados III – oriundo o pedido de quem
pedido, assegurada orientação e no § 5o deste artigo. detém a tutela ou guarda legal de
assistência jurídica e psicológica. § 7o  As autoridades estadu- criança maior de 3 (três) anos ou
ais e federais em matéria de ado- adolescente, desde que o lapso de
Art. 49.  A morte dos adotantes ção terão acesso integral aos ca- tempo de convivência comprove
não restabelece o poder familiar dastros, incumbindo-lhes a troca a fixação de laços de afinidade e
dos pais naturais. de informações e a cooperação afetividade, e não seja constatada
mútua, para melhoria do sistema. a ocorrência de má-fé ou qual-
Art. 50.  A autoridade judiciá- § 8o  A autoridade judiciária quer das situações previstas nos
ria manterá, em cada comarca providenciará, no prazo de 48 arts. 237 ou 238 desta Lei.
ou foro regional, um registro de (quarenta e oito) horas, a inscri- § 14.  Nas hipóteses previstas
crianças e adolescentes em con- ção das crianças e adolescentes no § 13 deste artigo, o candidato
dições de serem adotados e ou- em condições de serem adotados deverá comprovar, no curso do
tro de pessoas interessadas na que não tiveram colocação fami- procedimento, que preenche os
adoção. liar na comarca de origem, e das requisitos necessários à adoção,
§ 1o  O deferimento da inscri- pessoas ou casais que tiveram conforme previsto nesta Lei.
ção dar-se-á após prévia consulta deferida sua habilitação à adoção § 15.  Será assegurada prio-
aos órgãos técnicos do Juizado, nos cadastros estadual e nacional ridade no cadastro a pessoas
ouvido o Ministério Público. referidos no § 5o deste artigo, sob interessadas em adotar criança
§ 2o  Não será deferida a ins- pena de responsabilidade. ou adolescente com deficiência,
crição se o interessado não sa- § 9o  Compete à Autoridade com doença crônica ou com ne-
tisfizer os requisitos legais, ou Central Estadual zelar pela ma- cessidades específicas de saúde,
verificada qualquer das hipóteses nutenção e correta alimentação além de grupo de irmãos.
previstas no art. 29. dos cadastros, com posterior co-
§ 3o  A inscrição de postu- municação à Autoridade Central Art. 51.  Considera-se adoção
lantes à adoção será precedida Federal Brasileira. internacional aquela na qual o
de um período de preparação § 10.  Consultados os cadas- pretendente possui residência
psicossocial e jurídica, orientado tros e verificada a ausência de habitual em país-parte da Con-
pela equipe técnica da Justiça da pretendentes habilitados residen- venção de Haia, de 29 de maio
Infância e da Juventude, prefe- tes no País com perfil compatível de 1993, Relativa à Proteção das
rencialmente com apoio dos téc- e interesse manifesto pela adoção Crianças e à Cooperação em Ma-
nicos responsáveis pela execução de criança ou adolescente inscri- téria de Adoção Internacional,
da política municipal de garantia to nos cadastros existentes, será promulgada pelo Decreto no 3.087,
do direito à convivência familiar. realizado o encaminhamento da de 21 junho de 1999, e deseja ado-
§ 4o  Sempre que possível e criança ou adolescente à adoção tar criança em outro país-parte
recomendável, a preparação re- internacional. da Convenção.
ferida no § 3o deste artigo incluirá § 11.  Enquanto não localizada § 1o  A adoção internacional
o contato com crianças e adoles- pessoa ou casal interessado em de criança ou adolescente bra-
centes em acolhimento familiar sua adoção, a criança ou o ado- sileiro ou domiciliado no Brasil
ou institucional em condições de lescente, sempre que possível somente terá lugar quando restar
serem adotados, a ser realizado e recomendável, será colocado comprovado:
sob a orientação, supervisão e sob guarda de família cadastra- I – que a colocação em família
avaliação da equipe técnica da da em programa de acolhimento adotiva é a solução adequada ao
Justiça da Infância e da Juven- familiar. caso concreto;
tude, com apoio dos técnicos § 12.  A alimentação do ca- II – que foram esgotadas to-
responsáveis pelo programa de dastro e a convocação criteriosa das as possibilidades de coloca-
acolhimento e pela execução da dos postulantes à adoção se- ção da criança ou adolescente
política municipal de garantia rão fiscalizadas pelo Ministério em família adotiva brasileira, com
do direito à convivência familiar. Público. a comprovação, certificada nos
§ 5o  Serão criados e imple- § 13.  Somente poderá ser de- autos, da inexistência de ado-
mentados cadastros estaduais ferida adoção em favor de can- tantes habilitados residentes no
e nacional de crianças e adoles- didato domiciliado no Brasil não Brasil com perfil compatível com
centes em condições de serem cadastrado previamente nos ter- a criança ou adolescente, após
adotados e de pessoas ou casais mos desta Lei quando: consulta aos cadastros mencio-
habilitados à adoção. I – se tratar de pedido de ado- nados nesta Lei;

717
Estatuto da Criança e do Adolescente
III – que, em se tratando de V – os documentos em língua credenciados pela Autoridade
adoção de adolescente, este foi estrangeira serão devidamen- Central do país onde estiverem
consultado, por meios adequados te autenticados pela autoridade sediados e no país de acolhida do
ao seu estágio de desenvolvimen- consular, observados os trata- adotando para atuar em adoção
to, e que se encontra preparado dos e convenções internacionais, internacional no Brasil;
para a medida, mediante parecer e acompanhados da respectiva II – satisfizerem as condições
elaborado por equipe interpro- tradução, por tradutor público de integridade moral, competên-
fissional, observado o disposto juramentado; cia profissional, experiência e
nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. VI – a Autoridade Central Es- responsabilidade exigidas pelos
§ 2o  Os brasileiros residentes tadual poderá fazer exigências e países respectivos e pela Autori-
no exterior terão preferência aos solicitar complementação sobre o dade Central Federal Brasileira;
estrangeiros, nos casos de ado- estudo psicossocial do postulante III – forem qualificados por
ção internacional de criança ou estrangeiro à adoção, já realizado seus padrões éticos e sua for-
adolescente brasileiro. no país de acolhida; mação e experiência para atuar
§ 3o  A adoção internacional VII – verificada, após estudo na área de adoção internacional;
pressupõe a intervenção das Au- realizado pela Autoridade Cen- IV – cumprirem os requisitos
toridades Centrais Estaduais e tral Estadual, a compatibilidade exigidos pelo ordenamento jurí-
Federal em matéria de adoção da legislação estrangeira com a dico brasileiro e pelas normas
internacional. nacional, além do preenchimen- estabelecidas pela Autoridade
§ 4o (Revogado) to por parte dos postulantes à Central Federal Brasileira.
medida dos requisitos objetivos § 4o  Os organismos creden-
Art. 52.  A adoção internacional e subjetivos necessários ao seu ciados deverão ainda:
observará o procedimento previs- deferimento, tanto à luz do que I – perseguir unicamente fins
to nos arts. 165 a 170 desta Lei, dispõe esta Lei como da legis- não lucrativos, nas condições e
com as seguintes adaptações: lação do país de acolhida, será dentro dos limites fixados pelas
I – a pessoa ou casal estran- expedido laudo de habilitação à autoridades competentes do país
geiro, interessado em adotar adoção internacional, que terá va- onde estiverem sediados, do país
criança ou adolescente brasi- lidade por, no máximo, 1 (um) ano; de acolhida e pela Autoridade
leiro, deverá formular pedido de VIII – de posse do laudo de Central Federal Brasileira;
habilitação à adoção perante a habilitação, o interessado será II – ser dirigidos e administra-
Autoridade Central em matéria de autorizado a formalizar pedido dos por pessoas qualificadas e de
adoção internacional no país de de adoção perante o Juízo da reconhecida idoneidade moral,
acolhida, assim entendido aquele Infância e da Juventude do local com comprovada formação ou
onde está situada sua residência em que se encontra a criança ou experiência para atuar na área de
habitual; adolescente, conforme indicação adoção internacional, cadastra-
II – se a Autoridade Central do efetuada pela Autoridade Central das pelo Departamento de Polícia
país de acolhida considerar que Estadual. Federal e aprovadas pela Autori-
os solicitantes estão habilitados e § 1o  Se a legislação do país dade Central Federal Brasileira,
aptos para adotar, emitirá um re- de acolhida assim o autorizar, mediante publicação de portaria
latório que contenha informações admite-se que os pedidos de ha- do órgão federal competente;
sobre a identidade, a capacidade bilitação à adoção internacional III – estar submetidos à su-
jurídica e adequação dos solici- sejam intermediados por orga- pervisão das autoridades com-
tantes para adotar, sua situação nismos credenciados. petentes do país onde estiverem
pessoal, familiar e médica, seu § 2o  Incumbe à Autorida- sediados e no país de acolhida,
meio social, os motivos que os de Central Federal Brasileira o inclusive quanto à sua composi-
animam e sua aptidão para as- credenciamento de organismos ção, funcionamento e situação
sumir uma adoção internacional; nacionais e estrangeiros encarre- financeira;
III – a Autoridade Central do gados de intermediar pedidos de IV – apresentar à Autoridade
país de acolhida enviará o relató- habilitação à adoção internacio- Central Federal Brasileira, a cada
rio à Autoridade Central Estadu- nal, com posterior comunicação ano, relatório geral das atividades
al, com cópia para a Autoridade às Autoridades Centrais Estaduais desenvolvidas, bem como rela-
Central Federal Brasileira; e publicação nos órgãos oficiais tório de acompanhamento das
IV – o relatório será instruído de imprensa e em sítio próprio adoções internacionais efetua-
com toda a documentação ne- da internet. das no período, cuja cópia será
cessária, incluindo estudo psi- § 3o  Somente será admissí- encaminhada ao Departamento
cossocial elaborado por equi- vel o credenciamento de orga- de Polícia Federal;
pe interprofissional habilitada e nismos que: V – enviar relatório pós-ado-
cópia autenticada da legislação I – sejam oriundos de paí- tivo semestral para a Autoridade
pertinente, acompanhada da res- ses que ratificaram a Convenção Central Estadual, com cópia para
pectiva prova de vigência; de Haia e estejam devidamente a Autoridade Central Federal Bra-

718
Estatuto da Criança e do Adolescente
sileira, pelo período mínimo de 2 Federal Brasileira e que não este- Haia, deverá a sentença ser ho-
(dois) anos. O envio do relatório jam devidamente comprovados, é mologada pelo Superior Tribunal
será mantido até a juntada de có- causa de seu descredenciamento. de Justiça.
pia autenticada do registro civil, § 12.  Uma mesma pessoa § 2o  O pretendente brasileiro
estabelecendo a cidadania do ou seu cônjuge não podem ser residente no exterior em país não
país de acolhida para o adotado; representados por mais de uma ratificante da Convenção de Haia,
VI – tomar as medidas ne- entidade credenciada para atuar uma vez reingressado no Brasil,
cessárias para garantir que os na cooperação em adoção inter- deverá requerer a homologação
adotantes encaminhem à Auto- nacional. da sentença estrangeira pelo Su-
ridade Central Federal Brasileira § 13.  A habilitação de postu- perior Tribunal de Justiça.
cópia da certidão de registro de lante estrangeiro ou domiciliado
nascimento estrangeira e do cer- fora do Brasil terá validade má- Art. 52-C.  Nas adoções interna-
tificado de nacionalidade tão logo xima de 1 (um) ano, podendo ser cionais, quando o Brasil for o país
lhes sejam concedidos. renovada. de acolhida, a decisão da autori-
§ 5o  A não apresentação dos § 14.  É vedado o contato di- dade competente do país de ori-
relatórios referidos no § 4o deste reto de representantes de orga- gem da criança ou do adolescente
artigo pelo organismo credencia- nismos de adoção, nacionais ou será conhecida pela Autoridade
do poderá acarretar a suspensão estrangeiros, com dirigentes de Central Estadual que tiver pro-
de seu credenciamento. programas de acolhimento insti- cessado o pedido de habilitação
§ 6o  O credenciamento de or- tucional ou familiar, assim como dos pais adotivos, que comuni-
ganismo nacional ou estrangeiro com crianças e adolescentes em cará o fato à Autoridade Central
encarregado de intermediar pedi- condições de serem adotados, Federal e determinará as provi-
dos de adoção internacional terá sem a devida autorização judicial. dências necessárias à expedição
validade de 2 (dois) anos. § 15.  A Autoridade Central do Certificado de Naturalização
§ 7o  A renovação do creden- Federal Brasileira poderá limitar Provisório.
ciamento poderá ser concedida ou suspender a concessão de § 1o  A Autoridade Central Es-
mediante requerimento proto- novos credenciamentos sempre tadual, ouvido o Ministério Públi-
colado na Autoridade Central Fe- que julgar necessário, mediante co, somente deixará de reconhe-
deral Brasileira nos 60 (sessenta) ato administrativo fundamentado. cer os efeitos daquela decisão se
dias anteriores ao término do res- restar demonstrado que a adoção
pectivo prazo de validade. Art. 52-A.  É vedado, sob pena é manifestamente contrária à
§ 8o  Antes de transitada em de responsabilidade e descre- ordem pública ou não atende ao
julgado a decisão que concedeu denciamento, o repasse de recur- interesse superior da criança ou
a adoção internacional, não será sos provenientes de organismos do adolescente.
permitida a saída do adotando do estrangeiros encarregados de § 2o  Na hipótese de não reco-
território nacional. intermediar pedidos de adoção nhecimento da adoção, prevista
§ 9o  Transitada em julgado internacional a organismos na- no § 1o deste artigo, o Ministério
a decisão, a autoridade judiciá- cionais ou a pessoas físicas. Público deverá imediatamen-
ria determinará a expedição de Parágrafo único. Eventuais te requerer o que for de direito
alvará com autorização de via- repasses somente poderão ser para resguardar os interesses
gem, bem como para obtenção efetuados via Fundo dos Direi- da criança ou do adolescente,
de passaporte, constando, obriga- tos da Criança e do Adolescente comunicando-se as providências
toriamente, as características da e estarão sujeitos às deliberações à Autoridade Central Estadual,
criança ou adolescente adotado, do respectivo Conselho de Direi- que fará a comunicação à Auto-
como idade, cor, sexo, eventuais tos da Criança e do Adolescente. ridade Central Federal Brasileira
sinais ou traços peculiares, assim e à Autoridade Central do país
como foto recente e a aposição da Art. 52-B.  A adoção por brasilei- de origem.
impressão digital do seu polegar ro residente no exterior em país
direito, instruindo o documento ratificante da Convenção de Haia, Art. 52-D.  Nas adoções interna-
com cópia autenticada da decisão cujo processo de adoção tenha cionais, quando o Brasil for o país
e certidão de trânsito em julgado. sido processado em conformi- de acolhida e a adoção não tenha
§ 10.  A Autoridade Central dade com a legislação vigente sido deferida no país de origem
Federal Brasileira poderá, a qual- no país de residência e atendido porque a sua legislação a delega
quer momento, solicitar informa- o disposto na alínea “c” do Artigo ao país de acolhida, ou, ainda, na
ções sobre a situação das crian- 17 da referida Convenção, será hipótese de, mesmo com decisão,
ças e adolescentes adotados. automaticamente recepcionada a criança ou o adolescente ser
§ 11.  A cobrança de valores com o reingresso no Brasil. oriundo de país que não tenha
por parte dos organismos creden- § 1o  Caso não tenha sido aderido à Convenção referida, o
ciados, que sejam considerados atendido o disposto na alínea “c” processo de adoção seguirá as
abusivos pela Autoridade Central do Artigo 17 da Convenção de regras da adoção nacional.

719
Estatuto da Criança e do Adolescente
CAPÍTULO IV – DO DIREITO V – acesso aos níveis mais de criação e o acesso às fontes
À EDUCAÇÃO, À CULTURA, elevados do ensino, da pesquisa de cultura.
e da criação artística, segundo a
AO ESPORTE E AO LAZER capacidade de cada um; Art. 59.  Os Municípios, com
VI – oferta de ensino noturno apoio dos Estados e da União,
Art. 53.  A criança e o adolescen- regular, adequado às condições estimularão e facilitarão a des-
te têm direito à educação, visando do adolescente trabalhador; tinação de recursos e espaços
ao pleno desenvolvimento de sua VII – atendimento no ensino para programações culturais, es-
pessoa, preparo para o exercício fundamental, através de progra- portivas e de lazer voltadas para
da cidadania e qualificação para mas suplementares de material a infância e a juventude.
o trabalho, assegurando-se-lhes: didático-escolar, transporte, ali-
I – igualdade de condições mentação e assistência à saúde.
para o acesso e permanência § 1o  O acesso ao ensino obri- CAPÍTULO V – DO DIREITO
na escola; gatório e gratuito é direito público À PROFISSIONALIZAÇÃO
II – direito de ser respeitado subjetivo. E À PROTEÇÃO NO
por seus educadores; § 2o  O não oferecimento do TRABALHO
III – direito de contestar cri- ensino obrigatório pelo poder
térios avaliativos, podendo re- público ou sua oferta irregular Art. 60.  É proibido qualquer
correr às instâncias escolares importa responsabilidade da au- trabalho a menores de quatorze
superiores; toridade competente. anos de idade, salvo na condição
IV – direito de organização e § 3o  Compete ao poder pú- de aprendiz.
participação em entidades es- blico recensear os educandos no
tudantis; ensino fundamental, fazer-lhes a Art. 61.  A proteção ao trabalho
V – acesso à escola pública chamada e zelar, junto aos pais dos adolescentes é regulada por
e gratuita, próxima de sua re- ou responsável, pela frequência legislação especial, sem prejuízo
sidência, garantindo-se vagas à escola. do disposto nesta Lei.
no mesmo estabelecimento a
irmãos que frequentem a mes- Art. 55.  Os pais ou responsável Art. 62.  Considera-se aprendi-
ma etapa ou ciclo de ensino da têm a obrigação de matricular zagem a formação técnico-pro-
educação básica. seus filhos ou pupilos na rede fissional ministrada segundo as
Parágrafo único.  É direito dos regular de ensino. diretrizes e bases da legislação
pais ou responsáveis ter ciência de educação em vigor.
do processo pedagógico, bem Art. 56.  Os dirigentes de esta-
como participar da definição das belecimentos de ensino funda- Art. 63.  A formação técnico-
propostas educacionais. mental comunicarão ao Conselho -profissional obedecerá aos se-
Tutelar os casos de: guintes princípios:
Art. 53-A.  É dever da instituição I – maus-tratos envolvendo I – garantia de acesso e fre-
de ensino, clubes e agremiações seus alunos; quência obrigatória ao ensino
recreativas e de estabelecimen- II – reiteração de faltas in- regular;
tos congêneres assegurar medi- justificadas e de evasão escolar, II – atividade compatível com
das de conscientização, preven- esgotados os recursos escolares; o desenvolvimento do adoles-
ção e enfrentamento ao uso ou III – elevados níveis de re- cente;
dependência de drogas ilícitas. petência. III – horário especial para o
exercício das atividades.
Art. 54.  É dever do Estado asse- Art. 57.  O poder público esti-
gurar à criança e ao adolescente: mulará pesquisas, experiências Art. 64.  Ao adolescente até qua-
I – ensino fundamental, obri- e novas propostas relativas a torze anos de idade é assegurada
gatório e gratuito, inclusive para calendário, seriação, currículo, bolsa de aprendizagem.
os que a ele não tiveram acesso metodologia, didática e avaliação,
na idade própria; com vistas à inserção de crian- Art. 65.  Ao adolescente apren-
II – progressiva extensão da ças e adolescentes excluídos do diz, maior de quatorze anos, são
obrigatoriedade e gratuidade ao ensino fundamental obrigatório. assegurados os direitos traba-
ensino médio; lhistas e previdenciários.
III – atendimento educacional Art. 58.  No processo educacio-
especializado aos portadores de nal respeitar-se-ão os valores Art. 66.  Ao adolescente porta-
deficiência, preferencialmente na culturais, artísticos e históricos dor de deficiência é assegurado
rede regular de ensino; próprios do contexto social da trabalho protegido.
IV – atendimento em creche criança e do adolescente, ga-
e pré-escola às crianças de zero rantindo-se a estes a liberdade Art. 67.  Ao adolescente empre-
a cinco anos de idade; gado, aprendiz, em regime fami-

720
Estatuto da Criança e do Adolescente
liar de trabalho, aluno de escola violação dos direitos da criança cruel ou degradante no processo
técnica, assistido em entidade e do adolescente. educativo;
governamental ou não governa- VI – a promoção de espaços
mental, é vedado trabalho: Art. 70-A.  A União, os Estados, intersetoriais locais para a arti-
I – noturno, realizado entre o Distrito Federal e os Municípios culação de ações e a elaboração
as vinte e duas horas de um dia deverão atuar de forma articu- de planos de atuação conjunta
e as cinco horas do dia seguinte; lada na elaboração de políticas focados nas famílias em situação
II – perigoso, insalubre ou públicas e na execução de ações de violência, com participação de
penoso; destinadas a coibir o uso de cas- profissionais de saúde, de assis-
III – realizado em locais pre- tigo físico ou de tratamento cruel tência social e de educação e de
judiciais à sua formação e ao seu ou degradante e difundir formas órgãos de promoção, proteção e
desenvolvimento físico, psíquico, não violentas de educação de defesa dos direitos da criança e
moral e social; crianças e de adolescentes, tendo do adolescente;
IV – realizado em horários e como principais ações: VII – a promoção de estudos
locais que não permitam a fre- I – a promoção de campanhas e pesquisas, de estatísticas e de
quência à escola. educativas permanentes para a outras informações relevantes às
divulgação do direito da criança consequências e à frequência
Art. 68.  O programa social que e do adolescente de serem edu- das formas de violência contra
tenha por base o trabalho educa- cados e cuidados sem o uso de a criança e o adolescente para a
tivo, sob responsabilidade de en- castigo físico ou de tratamento sistematização de dados nacio-
tidade governamental ou não go- cruel ou degradante e dos instru- nalmente unificados e a avaliação
vernamental sem fins lucrativos, mentos de proteção aos direitos periódica dos resultados das me-
deverá assegurar ao adolescente humanos; didas adotadas;
que dele participe condições de II – a integração com os ór- VIII – o respeito aos valores da
capacitação para o exercício de gãos do Poder Judiciário, do Mi- dignidade da pessoa humana, de
atividade regular remunerada. nistério Público e da Defensoria forma a coibir a violência, o trata-
§ 1o  Entende-se por trabalho Pública, com o Conselho Tutelar, mento cruel ou degradante e as
educativo a atividade laboral em com os Conselhos de Direitos da formas violentas de educação,
que as exigências pedagógicas Criança e do Adolescente e com correção ou disciplina;
relativas ao desenvolvimento pes- as entidades não governamentais IX – a promoção e a realiza-
soal e social do educando preva- que atuam na promoção, pro- ção de campanhas educativas
lecem sobre o aspecto produtivo. teção e defesa dos direitos da direcionadas ao público escolar e
§ 2o  A remuneração que o criança e do adolescente; à sociedade em geral e a difusão
adolescente recebe pelo traba- III – a formação continuada e desta Lei e dos instrumentos de
lho efetuado ou a participação a capacitação dos profissionais proteção aos direitos humanos
na venda dos produtos de seu de saúde, educação e assistên- das crianças e dos adolescentes,
trabalho não desfigura o caráter cia social e dos demais agentes incluídos os canais de denúncia
educativo. que atuam na promoção, pro- existentes;
teção e defesa dos direitos da X – a celebração de convê-
Art. 69.  O adolescente tem di- criança e do adolescente para o nios, de protocolos, de ajustes,
reito à profissionalização e à pro- desenvolvimento das competên- de termos e de outros instru-
teção no trabalho, observados os cias necessárias à prevenção, à mentos de promoção de parce-
seguintes aspectos, entre outros: identificação de evidências, ao ria entre órgãos governamentais
I – respeito à condição pe- diagnóstico e ao enfrentamento ou entre estes e entidades não
culiar de pessoa em desenvol- de todas as formas de violência governamentais, com o objetivo
vimento; contra a criança e o adolescente; de implementar programas de
II – capacitação profissional IV – o apoio e o incentivo às erradicação da violência, de tra-
adequada ao mercado de tra- práticas de resolução pacífica de tamento cruel ou degradante e
balho. conflitos que envolvam violência de formas violentas de educação,
contra a criança e o adolescente; correção ou disciplina;
V – a inclusão, nas políticas XI – a capacitação perma-
TÍTULO III – DA públicas, de ações que visem a nente das Polícias Civil e Militar,
PREVENÇÃO garantir os direitos da criança e da Guarda Municipal, do Corpo de
do adolescente, desde a atenção Bombeiros, dos profissionais nas
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES pré-natal, e de atividades junto escolas, dos Conselhos Tutelares
GERAIS aos pais e responsáveis com o ob- e dos profissionais pertencentes
jetivo de promover a informação, aos órgãos e às áreas referidos
Art. 70.  É dever de todos pre- a reflexão, o debate e a orienta- no inciso II deste caput, para que
venir a ocorrência de ameaça ou ção sobre alternativas ao uso de identifiquem situações em que
castigo físico ou de tratamento crianças e adolescentes viven-

721
Estatuto da Criança e do Adolescente
ciam violência e agressões no Art. 73.  A inobservância das ção em vídeo cuidarão para que
âmbito familiar ou institucional; normas de prevenção importa- não haja venda ou locação em
XII – a promoção de progra- rá em responsabilidade da pes- desacordo com a classificação
mas educacionais que dissemi- soa física ou jurídica, nos termos atribuída pelo órgão competente.
nem valores éticos de irrestrito desta Lei. Parágrafo único.  As fitas a
respeito à dignidade da pessoa que alude este artigo deverão
humana, bem como de programas exibir, no invólucro, informação
de fortalecimento da parentali- CAPÍTULO II – DA sobre a natureza da obra e a faixa
dade positiva, da educação sem PREVENÇÃO ESPECIAL etária a que se destinam.
castigos físicos e de ações de
Seção I – Da Informação,
prevenção e enfrentamento da Art. 78.  As revistas e publica-
violência doméstica e familiar Cultura, Lazer, Esportes, ções contendo material impró-
contra a criança e o adolescente; Diversões e Espetáculos prio ou inadequado a crianças
XIII – o destaque, nos currícu- e adolescentes deverão ser co-
los escolares de todos os níveis de Art. 74.  O poder público, através mercializadas em embalagem
ensino, dos conteúdos relativos do órgão competente, regulará as lacrada, com a advertência de
à prevenção, à identificação e à diversões e espetáculos públicos, seu conteúdo.
resposta à violência doméstica informando sobre a natureza de- Parágrafo único.  As editoras
e familiar. les, as faixas etárias a que não cuidarão para que as capas que
Parágrafo único.  As famílias se recomendem, locais e horá- contenham mensagens porno-
com crianças e adolescentes com rios em que sua apresentação gráficas ou obscenas sejam pro-
deficiência terão prioridade de se mostre inadequada. tegidas com embalagem opaca.
atendimento nas ações e políticas Parágrafo único.  Os respon-
públicas de prevenção e proteção. sáveis pelas diversões e espe- Art. 79.  As revistas e publica-
táculos públicos deverão afixar, ções destinadas ao público in-
Art. 70-B.  As entidades, públi- em lugar visível e de fácil acesso, fanto-juvenil não poderão conter
cas e privadas, que atuem nas à entrada do local de exibição, ilustrações, fotografias, legendas,
áreas da saúde e da educação, informação destacada sobre a crônicas ou anúncios de bebidas
além daquelas às quais se refere natureza do espetáculo e a faixa alcoólicas, tabaco, armas e mu-
o art. 71 desta Lei, entre outras, etária especificada no certificado nições, e deverão respeitar os
devem contar, em seus quadros, de classificação. valores éticos e sociais da pessoa
com pessoas capacitadas a reco- e da família.
nhecer e a comunicar ao Conselho Art. 75.  Toda criança ou adoles-
Tutelar suspeitas ou casos de cri- cente terá acesso às diversões Art. 80.  Os responsáveis por
mes praticados contra a criança e espetáculos públicos classi- estabelecimentos que explorem
e o adolescente. ficados como adequados à sua comercialmente bilhar, sinuca ou
Parágrafo único.  São igual- faixa etária. congênere ou por casas de jogos,
mente responsáveis pela comuni- Parágrafo único.  As crianças assim entendidas as que realizem
cação de que trata este artigo, as menores de dez anos somente apostas, ainda que eventualmen-
pessoas encarregadas, por razão poderão ingressar e permanecer te, cuidarão para que não seja
de cargo, função, ofício, minis- nos locais de apresentação ou permitida a entrada e a perma-
tério, profissão ou ocupação, do exibição quando acompanhadas nência de crianças e adolescen-
cuidado, assistência ou guarda dos pais ou responsável. tes no local, afixando aviso para
de crianças e adolescentes, pu- orientação do público.
nível, na forma deste Estatuto, Art. 76.  As emissoras de rádio
o injustificado retardamento ou e televisão somente exibirão, no
omissão, culposos ou dolosos. horário recomendado para o pú-
Seção II – Dos Produtos e
blico infanto-juvenil, programas Serviços
Art. 71.  A criança e o adoles- com finalidades educativas, ar-
cente têm direito a informação, tísticas, culturais e informativas. Art. 81.  É proibida a venda à
cultura, lazer, esportes, diversões, Parágrafo único. Nenhum criança ou ao adolescente de:
espetáculos e produtos e servi- espetáculo será apresentado ou I – armas, munições e ex-
ços que respeitem sua condição anunciado sem aviso de sua clas- plosivos;
peculiar de pessoa em desenvol- sificação, antes de sua transmis- II – bebidas alcoólicas;
vimento. são, apresentação ou exibição. III – produtos cujos compo-
nentes possam causar depen-
Art. 72.  As obrigações previstas Art. 77.  Os proprietários, dire- dência física ou psíquica ainda
nesta Lei não excluem da preven- tores, gerentes e funcionários de que por utilização indevida;
ção especial outras decorrentes empresas que explorem a venda IV – fogos de estampido e
dos princípios por ela adotados. ou aluguel de fitas de programa- de artifício, exceto aqueles que

722
Estatuto da Criança e do Adolescente
pelo seu reduzido potencial sejam Art. 85.  Sem prévia e expressa ou de adolescentes, com neces-
incapazes de provocar qualquer autorização judicial, nenhuma sidades específicas de saúde ou
dano físico em caso de utilização criança ou adolescente nascido com deficiências e de grupos de
indevida; em território nacional poderá sair irmãos.
V – revistas e publicações a do País em companhia de estran-
que alude o art. 78; geiro residente ou domiciliado Art. 88.  São diretrizes da política
VI – bilhetes lotéricos e equi- no exterior. de atendimento:
valentes. I – municipalização do aten-
dimento;
Art. 82.  É proibida a hospeda- LIVRO II – PARTE ESPECIAL II – criação de conselhos mu-
gem de criança ou adolescente TÍTULO I – DA POLÍTICA DE nicipais, estaduais e nacional dos
em hotel, motel, pensão ou es- direitos da criança e do adoles-
tabelecimento congênere, salvo ATENDIMENTO cente, órgãos deliberativos e con-
se autorizado ou acompanhado CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES troladores das ações em todos
pelos pais ou responsável. os níveis, assegurada a partici-
GERAIS pação popular paritária por meio
de organizações representativas,
Seção III – Da Autorização Art. 86.  A política de atendi- segundo leis federal, estaduais e
para Viajar mento dos direitos da criança municipais;
e do adolescente far-se-á atra- III – criação e manutenção
Art. 83.  Nenhuma criança ou vés de um conjunto articulado de programas específicos, ob-
adolescente menor de 16 (de- de ações governamentais e não servada a descentralização po-
zesseis) anos poderá viajar para governamentais, da União, dos lítico-administrativa;
fora da comarca onde reside de- Estados, do Distrito Federal e IV – manutenção de fundos
sacompanhado dos pais ou dos dos Municípios. nacional, estaduais e municipais
responsáveis sem expressa au- vinculados aos respectivos con-
torização judicial. Art. 87.  São linhas de ação da selhos dos direitos da criança e
§ 1o  A autorização não será política de atendimento: do adolescente;
exigida quando: I – políticas sociais básicas; V – integração operacional de
a)  tratar-se de comarca con- II – serviços, programas, pro- órgãos do Judiciário, Ministério
tígua à da residência da criança jetos e benefícios de assistência Público, Defensoria, Segurança
ou do adolescente menor de 16 social de garantia de proteção Pública e Assistência Social, pre-
(dezesseis) anos, se na mesma social e de prevenção e redução ferencialmente em um mesmo
unidade da Federação, ou incluída de violações de direitos, seus local, para efeito de agilização do
na mesma região metropolitana; agravamentos ou reincidências; atendimento inicial a adolescente
b)  a criança ou o adolescen- III – serviços especiais de pre- a quem se atribua autoria de ato
te menor de 16 (dezesseis) anos venção e atendimento médico e infracional;
estiver acompanhado: psicossocial às vítimas de negli- VI – integração operacional
1)  de ascendente ou cola- gência, maus-tratos, exploração, de órgãos do Judiciário, Ministé-
teral maior, até o terceiro grau, abuso, crueldade e opressão; rio Público, Defensoria, Conselho
comprovado documentalmente IV – serviço de identificação Tutelar e encarregados da execu-
o parentesco; e localização de pais, respon- ção das políticas sociais básicas e
2)  de pessoa maior, expres- sável, crianças e adolescentes de assistência social, para efeito
samente autorizada pelo pai, mãe desaparecidos; de agilização do atendimento de
ou responsável. V – proteção jurídico-social crianças e de adolescentes inseri-
§ 2o  A autoridade judiciária por entidades de defesa dos direi- dos em programas de acolhimen-
poderá, a pedido dos pais ou res- tos da criança e do adolescente; to familiar ou institucional, com
ponsável, conceder autorização VI – políticas e programas vista na sua rápida reintegração
válida por dois anos. destinados a prevenir ou abre- à família de origem ou, se tal so-
viar o período de afastamento lução se mostrar comprovada-
Art. 84.  Quando se tratar de via- do convívio familiar e a garantir mente inviável, sua colocação em
gem ao exterior, a autorização o efetivo exercício do direito à família substituta, em quaisquer
é dispensável, se a criança ou convivência familiar de crianças das modalidades previstas no
adolescente: e adolescentes; art. 28 desta Lei;
I – estiver acompanhado de VII – campanhas de estímu- VII – mobilização da opinião
ambos os pais ou responsável; lo ao acolhimento sob forma de pública para a indispensável par-
II – viajar na companhia de guarda de crianças e adolescen- ticipação dos diversos segmentos
um dos pais, autorizado expres- tes afastados do convívio fami- da sociedade;
samente pelo outro através de do- liar e à adoção, especificamente VIII – especialização e forma-
cumento com firma reconhecida. inter-racial, de crianças maiores ção continuada dos profissionais

723
Estatuto da Criança e do Adolescente
que trabalham nas diferentes áre- ções e de suas alterações, do que b)  não apresente plano de
as da atenção à primeira infân- fará comunicação ao Conselho trabalho compatível com os prin-
cia, incluindo os conhecimentos Tutelar e à autoridade judiciária. cípios desta Lei;
sobre direitos da criança e sobre § 2o  Os recursos destinados c) esteja irregularmente
desenvolvimento infantil; à implementação e manutenção constituída;
IX – formação profissional dos programas relacionados nes- d)  tenha em seus quadros
com abrangência dos diversos di- te artigo serão previstos nas do- pessoas inidôneas;
reitos da criança e do adolescente tações orçamentárias dos órgãos e)  não se adequar ou deixar
que favoreça a intersetorialidade públicos encarregados das áreas de cumprir as resoluções e deli-
no atendimento da criança e do de Educação, Saúde e Assistência berações relativas à modalidade
adolescente e seu desenvolvi- Social, dentre outros, observan- de atendimento prestado expedi-
mento integral; do-se o princípio da prioridade das pelos Conselhos de Direitos
X – realização e divulgação absoluta à criança e ao adoles- da Criança e do Adolescente, em
de pesquisas sobre desenvolvi- cente preconizado pelo caput do todos os níveis.
mento infantil e sobre prevenção art. 227 da Constituição Federal e § 2o  O registro terá validade
da violência. pelo caput e parágrafo único do máxima de 4 (quatro) anos, ca-
art. 4o desta Lei. bendo ao Conselho Municipal dos
Art. 89.  A função de membro do § 3o  Os programas em exe- Direitos da Criança e do Adoles-
Conselho Nacional e dos conse- cução serão reavaliados pelo cente, periodicamente, reavaliar
lhos estaduais e municipais dos Conselho Municipal dos Direitos o cabimento de sua renovação,
direitos da criança e do adoles- da Criança e do Adolescente, no observado o disposto no § 1o des-
cente é considerada de interes- máximo, a cada 2 (dois) anos, te artigo.
se público relevante e não será constituindo-se critérios para
remunerada. renovação da autorização de fun- Art. 92.  As entidades que de-
cionamento: senvolvam programas de aco-
I – o efetivo respeito às regras lhimento familiar ou institucio-
CAPÍTULO II – DAS e princípios desta Lei, bem como nal deverão adotar os seguintes
ENTIDADES DE às resoluções relativas à moda- princípios:
ATENDIMENTO lidade de atendimento prestado I – preservação dos vínculos
expedidas pelos Conselhos de familiares e promoção da reinte-
Seção I – Disposições Gerais Direitos da Criança e do Adoles- gração familiar;
cente, em todos os níveis; II – integração em família
Art. 90.  As entidades de atendi- II – a qualidade e eficiência substituta, quando esgotados
mento são responsáveis pela ma- do trabalho desenvolvido, ates- os recursos de manutenção na
nutenção das próprias unidades, tadas pelo Conselho Tutelar, pelo família natural ou extensa;
assim como pelo planejamento e Ministério Público e pela Justiça III – atendimento personaliza-
execução de programas de prote- da Infância e da Juventude; do e em pequenos grupos;
ção e socioeducativos destinados III – em se tratando de pro- IV – desenvolvimento de ativi-
a crianças e adolescentes, em gramas de acolhimento institu- dades em regime de coeducação;
regime de: cional ou familiar, serão consi- V – não desmembramento de
I – orientação e apoio socio- derados os índices de sucesso grupos de irmãos;
familiar; na reintegração familiar ou de VI – evitar, sempre que pos-
II – apoio socioeducativo em adaptação à família substituta, sível, a transferência para outras
meio aberto; conforme o caso. entidades de crianças e adoles-
III – colocação familiar; centes abrigados;
IV – acolhimento institucional; Art. 91.  As entidades não go- VII – participação na vida da
V – prestação de serviços à vernamentais somente poderão comunidade local;
comunidade; funcionar depois de registradas VIII – preparação gradativa
VI – liberdade assistida; no Conselho Municipal dos Direi- para o desligamento;
VII – semiliberdade; e tos da Criança e do Adolescente, IX – participação de pesso-
VIII – internação. o qual comunicará o registro ao as da comunidade no processo
§ 1o  As entidades governa- Conselho Tutelar e à autoridade educativo.
mentais e não governamentais judiciária da respectiva locali- § 1o  O dirigente de entidade
deverão proceder à inscrição de dade. que desenvolve programa de aco-
seus programas, especificando § 1o  Será negado o registro lhimento institucional é equipa-
os regimes de atendimento, na à entidade que: rado ao guardião, para todos os
forma definida neste artigo, no a)  não ofereça instalações efeitos de direito.
Conselho Municipal dos Direitos físicas em condições adequadas § 2o  Os dirigentes de entida-
da Criança e do Adolescente, o de habitabilidade, higiene, salu- des que desenvolvem programas
qual manterá registro das inscri- bridade e segurança; de acolhimento familiar ou insti-

724
Estatuto da Criança e do Adolescente
tucional remeterão à autoridade institucional poderão, em cará- cos, psicológicos, odontológicos
judiciária, no máximo a cada 6 ter excepcional e de urgência, e farmacêuticos;
(seis) meses, relatório circunstan- acolher crianças e adolescen- X – propiciar escolarização e
ciado acerca da situação de cada tes sem prévia determinação da profissionalização;
criança ou adolescente acolhido autoridade competente, fazendo XI – propiciar atividades cul-
e sua família, para fins da reava- comunicação do fato em até 24 turais, esportivas e de lazer;
liação prevista no § 1o do art. 19 (vinte e quatro) horas ao Juiz da XII – propiciar assistência re-
desta Lei. Infância e da Juventude, sob pena ligiosa àqueles que desejarem, de
§ 3o  Os entes federados, por de responsabilidade. acordo com suas crenças;
intermédio dos Poderes Executivo Parágrafo único.  Recebida a XIII – proceder a estudo social
e Judiciário, promoverão conjun- comunicação, a autoridade judi- e pessoal de cada caso;
tamente a permanente qualifica- ciária, ouvido o Ministério Público XIV – reavaliar periodicamen-
ção dos profissionais que atuam e se necessário com o apoio do te cada caso, com intervalo má-
direta ou indiretamente em pro- Conselho Tutelar local, tomará as ximo de seis meses, dando ciên-
gramas de acolhimento institu- medidas necessárias para promo- cia dos resultados à autoridade
cional e destinados à colocação ver a imediata reintegração fami- competente;
familiar de crianças e adolescen- liar da criança ou do adolescente XV – informar, periodicamen-
tes, incluindo membros do Poder ou, se por qualquer razão não for te, o adolescente internado sobre
Judiciário, Ministério Público e isso possível ou recomendável, sua situação processual;
Conselho Tutelar. para seu encaminhamento a pro- XVI – comunicar às autorida-
§ 4o  Salvo determinação em grama de acolhimento familiar, des competentes todos os casos
contrário da autoridade judiciária institucional ou a família subs- de adolescentes portadores de
competente, as entidades que tituta, observado o disposto no moléstias infectocontagiosas;
desenvolvem programas de aco- § 2o do art. 101 desta Lei. XVII – fornecer comprovante
lhimento familiar ou institucional, de depósito dos pertences dos
se necessário com o auxílio do Art. 94.  As entidades que de- adolescentes;
Conselho Tutelar e dos órgãos de senvolvem programas de interna- XVIII – manter programas
assistência social, estimularão o ção têm as seguintes obrigações, destinados ao apoio e acompa-
contato da criança ou adolescen- entre outras: nhamento de egressos;
te com seus pais e parentes, em I – observar os direitos e ga- XIX – providenciar os docu-
cumprimento ao disposto nos in- rantias de que são titulares os mentos necessários ao exercício
cisos I e VIII do caput deste artigo. adolescentes; da cidadania àqueles que não os
§ 5o  As entidades que de- II – não restringir nenhum tiverem;
senvolvem programas de aco- direito que não tenha sido ob- XX – manter arquivo de ano-
lhimento familiar ou institucional jeto de restrição na decisão de tações onde constem data e
somente poderão receber recur- internação; circunstâncias do atendimen-
sos públicos se comprovado o III – oferecer atendimento to, nome do adolescente, seus
atendimento dos princípios, exi- personalizado, em pequenas uni- pais ou responsável, parentes,
gências e finalidades desta Lei. dades e grupos reduzidos; endereços, sexo, idade, acom-
§ 6o  O descumprimento das IV – preservar a identidade e panhamento da sua formação,
disposições desta Lei pelo diri- oferecer ambiente de respeito e relação de seus pertences e de-
gente de entidade que desenvolva dignidade ao adolescente; mais dados que possibilitem sua
programas de acolhimento fami- V – diligenciar no sentido do identificação e a individualização
liar ou institucional é causa de restabelecimento e da preserva- do atendimento.
sua destituição, sem prejuízo da ção dos vínculos familiares; § 1o  Aplicam-se, no que cou-
apuração de sua responsabilidade VI – comunicar à autorida- ber, as obrigações constantes
administrativa, civil e criminal. de judiciária, periodicamente, os deste artigo às entidades que
§ 7o  Quando se tratar de casos em que se mostre inviável mantêm programas de acolhi-
criança de 0 (zero) a 3 (três) anos ou impossível o reatamento dos mento institucional e familiar.
em acolhimento institucional, vínculos familiares; § 2o  No cumprimento das
dar-se-á especial atenção à atua- VII – oferecer instalações fí- obrigações a que alude este ar-
ção de educadores de referência sicas em condições adequadas tigo as entidades utilizarão pre-
estáveis e qualitativamente sig- de habitabilidade, higiene, salu- ferencialmente os recursos da
nificativos, às rotinas específicas bridade e segurança e os objetos comunidade.
e ao atendimento das necessida- necessários à higiene pessoal;
des básicas, incluindo as de afeto VIII – oferecer vestuário e ali- Art. 94-A.  As entidades, públi-
como prioritárias. mentação suficientes e adequa- cas ou privadas, que abriguem
dos à faixa etária dos adolescen- ou recepcionem crianças e ado-
Art. 93.  As entidades que man- tes atendidos; lescentes, ainda que em caráter
tenham programa de acolhimento IX – oferecer cuidados médi- temporário, devem ter, em seus

725
Estatuto da Criança e do Adolescente
quadros, profissionais capaci- tes causarem às crianças e aos co: a plena efetivação dos direi-
tados a reconhecer e reportar adolescentes, caracterizado o tos assegurados a crianças e a
ao Conselho Tutelar suspeitas descumprimento dos princípios adolescentes por esta Lei e pela
ou ocorrências de maus-tratos. norteadores das atividades de Constituição Federal, salvo nos
proteção específica. casos por esta expressamente
ressalvados, é de responsabili-
Seção II – Da Fiscalização dade primária e solidária das 3
das Entidades TÍTULO II – DAS MEDIDAS (três) esferas de governo, sem
DE PROTEÇÃO prejuízo da municipalização do
Art. 95.  As entidades governa- atendimento e da possibilidade
mentais e não governamentais, CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES da execução de programas por
referidas no art.  90, serão fis- GERAIS entidades não governamentais;
calizadas pelo Judiciário, pelo IV – interesse superior da
Ministério Público e pelos Con- Art. 98.  As medidas de prote- criança e do adolescente: a in-
selhos Tutelares. ção à criança e ao adolescente tervenção deve atender priorita-
são aplicáveis sempre que os riamente aos interesses e direitos
Art. 96.  Os planos de aplicação direitos reconhecidos nesta Lei da criança e do adolescente, sem
e as prestações de contas serão forem ameaçados ou violados: prejuízo da consideração que for
apresentados ao Estado ou ao I – por ação ou omissão da devida a outros interesses legí-
Município, conforme a origem das sociedade ou do Estado; timos no âmbito da pluralidade
dotações orçamentárias. II – por falta, omissão ou abu- dos interesses presentes no caso
so dos pais ou responsável; concreto;
Art. 97.  São medidas aplicáveis III – em razão de sua conduta. V – privacidade: a promoção
às entidades de atendimento que dos direitos e proteção da criança
descumprirem obrigação cons- e do adolescente deve ser efetu-
tante do art. 94, sem prejuízo da CAPÍTULO II – DAS ada no respeito pela intimidade,
responsabilidade civil e criminal MEDIDAS ESPECÍFICAS DE direito à imagem e reserva da sua
de seus dirigentes ou prepostos: PROTEÇÃO vida privada;
I – às entidades governa- VI – intervenção precoce:
mentais: Art. 99.  As medidas previstas a intervenção das autoridades
a) advertência; neste Capítulo poderão ser aplica- competentes deve ser efetuada
b)  afastamento provisório de das isolada ou cumulativamente, logo que a situação de perigo seja
seus dirigentes; bem como substituídas a qual- conhecida;
c)  afastamento definitivo de quer tempo. VII – intervenção mínima: a
seus dirigentes; intervenção deve ser exercida
d)  fechamento de unidade ou Art. 100.  Na aplicação das me- exclusivamente pelas autoridades
interdição de programa; didas levar-se-ão em conta as e instituições cuja ação seja indis-
II – às entidades não gover- necessidades pedagógicas, pre- pensável à efetiva promoção dos
namentais: ferindo-se aquelas que visem direitos e à proteção da criança
a) advertência; ao fortalecimento dos vínculos e do adolescente;
b)  suspensão total ou parcial familiares e comunitários. VIII – proporcionalidade e atu-
do repasse de verbas públicas; Parágrafo único.  São tam- alidade: a intervenção deve ser a
c)  interdição de unidades ou bém princípios que regem a apli- necessária e adequada à situa-
suspensão de programa; cação das medidas: ção de perigo em que a criança
d)  cassação do registro. I – condição da criança e do ou o adolescente se encontram
§ 1o  Em caso de reiteradas in- adolescente como sujeitos de no momento em que a decisão
frações cometidas por entidades direitos: crianças e adolescen- é tomada;
de atendimento, que coloquem tes são os titulares dos direi- IX – responsabilidade pa-
em risco os direitos assegura- tos previstos nesta e em outras rental: a intervenção deve ser
dos nesta Lei, deverá ser o fato Leis, bem como na Constituição efetuada de modo que os pais
comunicado ao Ministério Público Federal; assumam os seus deveres para
ou representado perante autori- II – proteção integral e priori- com a criança e o adolescente;
dade judiciária competente para tária: a interpretação e aplicação X – prevalência da família: na
as providências cabíveis, inclusi- de toda e qualquer norma con- promoção de direitos e na prote-
ve suspensão das atividades ou tida nesta Lei deve ser voltada ção da criança e do adolescen-
dissolução da entidade. à proteção integral e prioritária te deve ser dada prevalência às
§ 2o  As pessoas jurídicas de dos direitos de que crianças e medidas que os mantenham ou
direito público e as organizações adolescentes são titulares; reintegrem na sua família natu-
não governamentais responde- III – responsabilidade primá- ral ou extensa ou, se isso não for
rão pelos danos que seus agen- ria e solidária do poder públi- possível, que promovam a sua

726
Estatuto da Criança e do Adolescente
integração em família adotiva; cionais, utilizáveis como forma elaborado sob a responsabilidade
XI – obrigatoriedade da in- de transição para reintegração da equipe técnica do respectivo
formação: a criança e o adoles- familiar ou, não sendo esta pos- programa de atendimento e le-
cente, respeitado seu estágio de sível, para colocação em família vará em consideração a opinião
desenvolvimento e capacidade de substituta, não implicando priva- da criança ou do adolescente e a
compreensão, seus pais ou res- ção de liberdade. oitiva dos pais ou do responsável.
ponsável devem ser informados § 2o  Sem prejuízo da tomada § 6o  Constarão do plano in-
dos seus direitos, dos motivos que de medidas emergenciais para dividual, dentre outros:
determinaram a intervenção e da proteção de vítimas de violência I – os resultados da avaliação
forma como esta se processa; ou abuso sexual e das providên- interdisciplinar;
XII – oitiva obrigatória e parti- cias a que alude o art. 130 desta II – os compromissos assumi-
cipação: a criança e o adolescen- Lei, o afastamento da criança ou dos pelos pais ou responsável; e
te, em separado ou na companhia adolescente do convívio familiar III – a previsão das ativida-
dos pais, de responsável ou de é de competência exclusiva da des a serem desenvolvidas com
pessoa por si indicada, bem como autoridade judiciária e importa- a criança ou com o adolescente
os seus pais ou responsável, têm rá na deflagração, a pedido do acolhido e seus pais ou respon-
direito a ser ouvidos e a participar Ministério Público ou de quem sável, com vista na reintegração
nos atos e na definição da me- tenha legítimo interesse, de pro- familiar ou, caso seja esta ve-
dida de promoção dos direitos e cedimento judicial contencioso, dada por expressa e fundamen-
de proteção, sendo sua opinião no qual se garanta aos pais ou ao tada determinação judicial, as
devidamente considerada pela responsável legal o exercício do providências a serem tomadas
autoridade judiciária competente, contraditório e da ampla defesa. para sua colocação em família
observado o disposto nos §§ 1o e § 3o  Crianças e adolescentes substituta, sob direta supervisão
2o do art. 28 desta Lei. somente poderão ser encaminha- da autoridade judiciária.
dos às instituições que executam § 7o  O acolhimento familiar
Art. 101.  Verificada qualquer das programas de acolhimento insti- ou institucional ocorrerá no local
hipóteses previstas no art. 98, a tucional, governamentais ou não, mais próximo à residência dos
autoridade competente pode- por meio de uma Guia de Acolhi- pais ou do responsável e, como
rá determinar, dentre outras, as mento, expedida pela autoridade parte do processo de reintegra-
seguintes medidas: judiciária, na qual obrigatoria- ção familiar, sempre que identi-
I – encaminhamento aos pais mente constará, dentre outros: ficada a necessidade, a família
ou responsável, mediante termo I – sua identificação e a qua- de origem será incluída em pro-
de responsabilidade; lificação completa de seus pais gramas oficiais de orientação,
II – orientação, apoio e acom- ou de seu responsável, se co- de apoio e de promoção social,
panhamento temporários; nhecidos; sendo facilitado e estimulado o
III – matrícula e frequência II – o endereço de residência contato com a criança ou com o
obrigatórias em estabelecimento dos pais ou do responsável, com adolescente acolhido.
oficial de ensino fundamental; pontos de referência; § 8o  Verificada a possibili-
IV – inclusão em serviços e III – os nomes de parentes dade de reintegração familiar,
programas oficiais ou comuni- ou de terceiros interessados em o responsável pelo programa de
tários de proteção, apoio e pro- tê-los sob sua guarda; acolhimento familiar ou institu-
moção da família, da criança e do IV – os motivos da retirada ou cional fará imediata comunicação
adolescente; da não reintegração ao convívio à autoridade judiciária, que dará
V – requisição de tratamento familiar. vista ao Ministério Público, pelo
médico, psicológico ou psiquiá- § 4o  Imediatamente após o prazo de 5 (cinco) dias, decidindo
trico, em regime hospitalar ou acolhimento da criança ou do em igual prazo.
ambulatorial; adolescente, a entidade respon- § 9o  Em sendo constatada a
VI – inclusão em programa sável pelo programa de acolhi- impossibilidade de reintegração
oficial ou comunitário de auxílio, mento institucional ou familiar da criança ou do adolescente à
orientação e tratamento a alcoó- elaborará um plano individual família de origem, após seu enca-
latras e toxicômanos; de atendimento, visando à rein- minhamento a programas oficiais
VII – acolhimento institucio- tegração familiar, ressalvada a ou comunitários de orientação,
nal; existência de ordem escrita e apoio e promoção social, será
VIII – inclusão em programa fundamentada em contrário de enviado relatório fundamenta-
de acolhimento familiar; autoridade judiciária competen- do ao Ministério Público, no qual
IX – colocação em família te, caso em que também deverá conste a descrição pormenoriza-
substituta. contemplar sua colocação em da das providências tomadas e a
§ 1o  O acolhimento institu- família substituta, observadas expressa recomendação, subscri-
cional e o acolhimento familiar as regras e princípios desta Lei. ta pelos técnicos da entidade ou
são medidas provisórias e excep- § 5o  O plano individual será responsáveis pela execução da

727
Estatuto da Criança e do Adolescente
política municipal de garantia do procedimento específico destina- cente tem direito à identificação
direito à convivência familiar, para do à sua averiguação, conforme dos responsáveis pela sua apre-
a destituição do poder familiar, ou previsto pela Lei no 8.560, de 29 ensão, devendo ser informado
destituição de tutela ou guarda. de dezembro de 1992. acerca de seus direitos.
§ 10.  Recebido o relatório, § 4o  Nas hipóteses previstas
o Ministério Público terá o prazo no § 3o deste artigo, é dispensá- Art. 107.  A apreensão de qual-
de 15 (quinze) dias para o ingres- vel o ajuizamento de ação de in- quer adolescente e o local onde
so com a ação de destituição do vestigação de paternidade pelo se encontra recolhido serão
poder familiar, salvo se entender Ministério Público se, após o não incontinenti comunicados à au-
necessária a realização de estu- comparecimento ou a recusa do toridade judiciária competente
dos complementares ou de outras suposto pai em assumir a pater- e à família do apreendido ou à
providências indispensáveis ao nidade a ele atribuída, a criança pessoa por ele indicada.
ajuizamento da demanda. for encaminhada para adoção. Parágrafo único. Examinar-
§ 11.  A autoridade judiciária § 5o  Os registros e certidões -se-á, desde logo e sob pena de
manterá, em cada comarca ou necessários à inclusão, a qualquer responsabilidade, a possibilidade
foro regional, um cadastro con- tempo, do nome do pai no assen- de liberação imediata.
tendo informações atualizadas to de nascimento são isentos de
sobre as crianças e adolescen- multas, custas e emolumentos, Art. 108.  A internação, antes da
tes em regime de acolhimento gozando de absoluta prioridade. sentença, pode ser determinada
familiar e institucional sob sua § 6o  São gratuitas, a qualquer pelo prazo máximo de quarenta
responsabilidade, com informa- tempo, a averbação requerida do e cinco dias.
ções pormenorizadas sobre a si- reconhecimento de paternidade Parágrafo único.  A decisão
tuação jurídica de cada um, bem no assento de nascimento e a deverá ser fundamentada e ba-
como as providências tomadas certidão correspondente. sear-se em indícios suficientes de
para sua reintegração familiar ou autoria e materialidade, demons-
colocação em família substituta, trada a necessidade imperiosa
em qualquer das modalidades TÍTULO III – DA PRÁTICA DE da medida.
previstas no art. 28 desta Lei. ATO INFRACIONAL
§ 12.  Terão acesso ao cadas- Art. 109.  O adolescente civil-
tro o Ministério Público, o Con- CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES mente identificado não será sub-
selho Tutelar, o órgão gestor da GERAIS metido a identificação compul-
Assistência Social e os Conselhos sória pelos órgãos policiais, de
Municipais dos Direitos da Criança Art. 103.  Considera-se ato infra- proteção e judiciais, salvo para
e do Adolescente e da Assistência cional a conduta descrita como efeito de confrontação, havendo
Social, aos quais incumbe deli- crime ou contravenção penal. dúvida fundada.
berar sobre a implementação de
políticas públicas que permitam Art. 104.  São penalmente inim-
reduzir o número de crianças e putáveis os menores de dezoito CAPÍTULO III – DAS
adolescentes afastados do con- anos, sujeitos às medidas previs- GARANTIAS PROCESSUAIS
vívio familiar e abreviar o período tas nesta Lei.
de permanência em programa de Parágrafo único.  Para os Art. 110.  Nenhum adolescente
acolhimento. efeitos desta Lei, deve ser con- será privado de sua liberdade sem
siderada a idade do adolescente o devido processo legal.
Art. 102.  As medidas de prote- à data do fato.
ção de que trata este Capítulo Art. 111.  São asseguradas ao
serão acompanhadas da regula- Art. 105.  Ao ato infracional prati- adolescente, entre outras, as
rização do registro civil. cado por criança corresponderão seguintes garantias:
§ 1o  Verificada a inexistência as medidas previstas no art. 101. I – pleno e formal conheci-
de registro anterior, o assento de mento da atribuição de ato in-
nascimento da criança ou adoles- fracional, mediante citação ou
cente será feito à vista dos ele- CAPÍTULO II – DOS meio equivalente;
mentos disponíveis, mediante re- DIREITOS INDIVIDUAIS II – igualdade na relação pro-
quisição da autoridade judiciária. cessual, podendo confrontar-se
§ 2o  Os registros e certidões Art. 106.  Nenhum adolescente com vítimas e testemunhas e
necessárias à regularização de será privado de sua liberdade produzir todas as provas neces-
que trata este artigo são isentos senão em flagrante de ato in- sárias à sua defesa;
de multas, custas e emolumentos, fracional ou por ordem escrita III – defesa técnica por ad-
gozando de absoluta prioridade. e fundamentada da autoridade vogado;
§ 3o  Caso ainda não definida judiciária competente. IV – assistência judiciária gra-
a paternidade, será deflagrado Parágrafo único.  O adoles- tuita e integral aos necessitados,

728
Estatuto da Criança e do Adolescente
na forma da lei; autoria. pessoa capacitada para acom-
V – direito de ser ouvido pes- panhar o caso, a qual poderá ser
soalmente pela autoridade com- recomendada por entidade ou
petente;
Seção II – Da Advertência programa de atendimento.
VI – direito de solicitar a pre- § 2o  A liberdade assistida
sença de seus pais ou respon- Art. 115.  A advertência consisti- será fixada pelo prazo mínimo de
sável em qualquer fase do pro- rá em admoestação verbal, que seis meses, podendo a qualquer
cedimento. será reduzida a termo e assinada. tempo ser prorrogada, revogada
ou substituída por outra medida,
ouvido o orientador, o Ministério
CAPÍTULO IV – Seção III – Da Obrigação de Público e o defensor.
DAS MEDIDAS Reparar o Dano
SOCIOEDUCATIVAS Art. 119.  Incumbe ao orientador,
Art. 116.  Em se tratando de ato com o apoio e a supervisão da
Seção I – Disposições Gerais infracional com reflexos patrimo- autoridade competente, a rea-
niais, a autoridade poderá deter- lização dos seguintes encargos,
Art. 112.  Verificada a prática de minar, se for o caso, que o adoles- entre outros:
ato infracional, a autoridade com- cente restitua a coisa, promova I – promover socialmente o
petente poderá aplicar ao ado- o ressarcimento do dano, ou, por adolescente e sua família, for-
lescente as seguintes medidas: outra forma, compense o prejuízo necendo-lhes orientação e in-
I – advertência; da vítima. serindo-os, se necessário, em
II – obrigação de reparar o Parágrafo único. Havendo programa oficial ou comunitário
dano; manifesta impossibilidade, a me- de auxílio e assistência social;
III – prestação de serviços à dida poderá ser substituída por II – supervisionar a frequência
comunidade; outra adequada. e o aproveitamento escolar do
IV – liberdade assistida; adolescente, promovendo, inclu-
V – inserção em regime de sive, sua matrícula;
semiliberdade;
Seção IV – Da Prestação de III – diligenciar no sentido da
VI – internação em estabele- Serviços à Comunidade profissionalização do adolescen-
cimento educacional; te e de sua inserção no mercado
VII – qualquer uma das pre- Art. 117.  A prestação de serviços de trabalho;
vistas no art. 101, I a VI. comunitários consiste na rea- IV – apresentar relatório do
§ 1o  A medida aplicada ao lização de tarefas gratuitas de caso.
adolescente levará em conta a interesse geral, por período não
sua capacidade de cumpri-la, excedente a seis meses, junto a
as circunstâncias e a gravidade entidades assistenciais, hospi-
Seção VI – Do Regime de
da infração. tais, escolas e outros estabele- Semiliberdade
§ 2o  Em hipótese alguma e cimentos congêneres, bem como
sob pretexto algum, será admitida em programas comunitários ou Art. 120.  O regime de semiliber-
a prestação de trabalho forçado. governamentais. dade pode ser determinado desde
§ 3o  Os adolescentes porta- Parágrafo único.  As tarefas o início, ou como forma de transi-
dores de doença ou deficiência serão atribuídas conforme as ap- ção para o meio aberto, possibi-
mental receberão tratamento in- tidões do adolescente, devendo litada a realização de atividades
dividual e especializado, em local ser cumpridas durante jornada externas, independentemente de
adequado às suas condições. máxima de oito horas semanais, autorização judicial.
aos sábados, domingos e feriados § 1o  É obrigatória a escolari-
Art. 113.  Aplica-se a este Capí- ou em dias úteis, de modo a não zação e a profissionalização, de-
tulo o disposto nos arts. 99 e 100. prejudicar a frequência à escola vendo, sempre que possível, ser
ou à jornada normal de trabalho. utilizados os recursos existentes
Art. 114.  A imposição das medi- na comunidade.
das previstas nos incisos II a VI § 2o  A medida não comporta
do art. 112 pressupõe a existência
Seção V – Da Liberdade prazo determinado, aplicando-se,
de provas suficientes da autoria e Assistida no que couber, as disposições
da materialidade da infração, res- relativas à internação.
salvada a hipótese de remissão, Art. 118.  A liberdade assistida
nos termos do art. 127. será adotada sempre que se afi-
Parágrafo único.  A advertên- gurar a medida mais adequada
Seção VII – Da Internação
cia poderá ser aplicada sempre para o fim de acompanhar, au-
que houver prova da materiali- xiliar e orientar o adolescente. Art. 121.  A internação constitui
dade e indícios suficientes da § 1o  A autoridade designará medida privativa da liberdade,

729
Estatuto da Criança e do Adolescente
sujeita aos princípios de brevida- critérios de idade, compleição ou responsável, se existirem mo-
de, excepcionalidade e respeito à física e gravidade da infração. tivos sérios e fundados de sua
condição peculiar de pessoa em Parágrafo único.  Durante o prejudicialidade aos interesses
desenvolvimento. período de internação, inclusi- do adolescente.
§ 1o  Será permitida a rea- ve provisória, serão obrigatórias
lização de atividades externas, atividades pedagógicas. Art. 125.  É dever do Estado zelar
a critério da equipe técnica da pela integridade física e mental
entidade, salvo expressa deter- Art. 124.  São direitos do adoles- dos internos, cabendo-lhe adotar
minação judicial em contrário. cente privado de liberdade, entre as medidas adequadas de con-
§ 2o  A medida não comporta outros, os seguintes: tenção e segurança.
prazo determinado, devendo sua I – entrevistar-se pessoal-
manutenção ser reavaliada, me- mente com o representante do
diante decisão fundamentada, no Ministério Público; CAPÍTULO V – DA
máximo a cada seis meses. II – peticionar diretamente a REMISSÃO
§ 3o  Em nenhuma hipótese qualquer autoridade;
o período máximo de internação III – avistar-se reservadamen- Art. 126.  Antes de iniciado o pro-
excederá a três anos. te com seu defensor; cedimento judicial para apuração
§ 4o  Atingido o limite esta- IV – ser informado de sua si- de ato infracional, o represen-
belecido no parágrafo anterior, o tuação processual, sempre que tante do Ministério Público po-
adolescente deverá ser liberado, solicitada; derá conceder a remissão, como
colocado em regime de semiliber- V – ser tratado com respeito forma de exclusão do processo,
dade ou de liberdade assistida. e dignidade; atendendo às circunstâncias e
§ 5o  A liberação será com- VI – permanecer internado consequências do fato, ao con-
pulsória aos vinte e um anos de na mesma localidade ou naquela texto social, bem como à perso-
idade. mais próxima ao domicílio de seus nalidade do adolescente e sua
§ 6o  Em qualquer hipótese pais ou responsável; maior ou menor participação no
a desinternação será precedida VII – receber visitas, ao menos ato infracional.
de autorização judicial, ouvido o semanalmente; Parágrafo único.  Iniciado o
Ministério Público. VIII – corresponder-se com procedimento, a concessão da
§ 7o  A determinação judicial seus familiares e amigos; remissão pela autoridade judici-
mencionada no §  1o poderá ser IX – ter acesso aos objetos ária importará na suspensão ou
revista a qualquer tempo pela necessários à higiene e asseio extinção do processo.
autoridade judiciária. pessoal;
X – habitar alojamento em Art. 127.  A remissão não im-
Art. 122.  A medida de internação condições adequadas de higiene plica necessariamente o reco-
só poderá ser aplicada quando: e salubridade; nhecimento ou comprovação da
I – tratar-se de ato infracional XI – receber escolarização e responsabilidade, nem prevale-
cometido mediante grave ameaça profissionalização; ce para efeito de antecedentes,
ou violência a pessoa; XII – realizar atividades cultu- podendo incluir eventualmente
II – por reiteração no cometi- rais, esportivas e de lazer; a aplicação de qualquer das me-
mento de outras infrações graves; XIII – ter acesso aos meios de didas previstas em lei, exceto a
III – por descumprimento rei- comunicação social; colocação em regime de semili-
terado e injustificável da medida XIV – receber assistência re- berdade e a internação.
anteriormente imposta. ligiosa, segundo a sua crença, e
§ 1o  O prazo de internação desde que assim o deseje; Art. 128.  A medida aplicada por
na hipótese do inciso III deste XV – manter a posse de seus força da remissão poderá ser re-
artigo não poderá ser superior objetos pessoais e dispor de lo- vista judicialmente, a qualquer
a 3 (três) meses, devendo ser cal seguro para guardá-los, re- tempo, mediante pedido expresso
decretada judicialmente após o cebendo comprovante daqueles do adolescente ou de seu repre-
devido processo legal. porventura depositados em poder sentante legal, ou do Ministério
§ 2o  Em nenhuma hipótese da entidade; Público.
será aplicada a internação, ha- XVI – receber, quando de sua
vendo outra medida adequada. desinternação, os documentos
pessoais indispensáveis à vida TÍTULO IV – DAS MEDIDAS
Art. 123.  A internação deverá ser em sociedade. PERTINENTES AOS PAIS OU
cumprida em entidade exclusiva § 1o  Em nenhum caso haverá RESPONSÁVEL
para adolescentes, em local dis- incomunicabilidade.
tinto daquele destinado ao abrigo, § 2o  A autoridade judiciária Art. 129.  São medidas aplicáveis
obedecida rigorosa separação por poderá suspender temporaria- aos pais ou responsável:
mente a visita, inclusive de pais I – encaminhamento a servi-

730
Estatuto da Criança e do Adolescente
ços e programas oficiais ou co- mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar II – atender e aconselhar os
munitários de proteção, apoio e como órgão integrante da admi- pais ou responsável, aplicando
promoção da família; nistração pública local, composto as medidas previstas no art. 129,
II – inclusão em programa de 5 (cinco) membros, escolhidos I a VII;
oficial ou comunitário de auxílio, pela população local para manda- III – promover a execução
orientação e tratamento a alcoó- to de 4 (quatro) anos, permitida de suas decisões, podendo para
latras e toxicômanos; recondução por novos processos tanto:
III – encaminhamento a tra- de escolha. a)  requisitar serviços públi-
tamento psicológico ou psiqui- cos nas áreas de saúde, educa-
átrico; Art. 133.  Para a candidatura a ção, serviço social, previdência,
IV – encaminhamento a cur- membro do Conselho Tutelar, trabalho e segurança;
sos ou programas de orientação; serão exigidos os seguintes re- b)  representar junto à au-
V – obrigação de matricular quisitos: toridade judiciária nos casos de
o filho ou pupilo e acompanhar I – reconhecida idoneidade descumprimento injustificado de
sua frequência e aproveitamen- moral; suas deliberações;
to escolar; II – idade superior a vinte e IV – encaminhar ao Ministério
VI – obrigação de encaminhar um anos; Público notícia de fato que cons-
a criança ou adolescente a trata- III – residir no Município. titua infração administrativa ou
mento especializado; penal contra os direitos da crian-
VII – advertência; Art. 134.  Lei municipal ou dis- ça ou adolescente;
VIII – perda da guarda; trital disporá sobre o local, dia V – encaminhar à autoridade
IX – destituição da tutela; e horário de funcionamento do judiciária os casos de sua com-
X – suspensão ou destituição Conselho Tutelar, inclusive quanto petência;
do poder familiar. à remuneração dos respectivos VI – providenciar a medida
Parágrafo único.  Na aplica- membros, aos quais é assegurado estabelecida pela autoridade ju-
ção das medidas previstas nos o direito a: diciária, dentre as previstas no
incisos IX e X deste artigo, obser- I – cobertura previdenciária; art. 101, de I a VI, para o adoles-
var-se-á o disposto nos arts. 23 II – gozo de férias anuais re- cente autor de ato infracional;
e 24. muneradas, acrescidas de 1/3 VII – expedir notificações;
(um terço) do valor da remune- VIII – requisitar certidões de
Art. 130.  Verificada a hipóte- ração mensal; nascimento e de óbito de crian-
se de maus-tratos, opressão ou III – licença-maternidade; ça ou adolescente quando ne-
abuso sexual impostos pelos pais IV – licença-paternidade; cessário;
ou responsável, a autoridade ju- V – gratificação natalina. IX – assessorar o Poder Exe-
diciária poderá determinar, como Parágrafo único.  Constará da cutivo local na elaboração da pro-
medida cautelar, o afastamento lei orçamentária municipal e da posta orçamentária para planos
do agressor da moradia comum. do Distrito Federal previsão dos e programas de atendimento dos
Parágrafo único.  Da medida recursos necessários ao funcio- direitos da criança e do adoles-
cautelar constará, ainda, a fixação namento do Conselho Tutelar e à cente;
provisória dos alimentos de que remuneração e formação conti- X – representar, em nome
necessitem a criança ou o adoles- nuada dos conselheiros tutelares. da pessoa e da família, contra a
cente dependentes do agressor. violação dos direitos previstos no
Art. 135.  O exercício efetivo da art. 220, § 3o, inciso II, da Consti-
função de conselheiro consti- tuição Federal;
TÍTULO V – DO CONSELHO tuirá serviço público relevante e XI – representar ao Ministé-
TUTELAR estabelecerá presunção de ido- rio Público para efeito das ações
neidade moral. de perda ou suspensão do poder
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES familiar, após esgotadas as pos-
GERAIS sibilidades de manutenção da
CAPÍTULO II – DAS criança ou do adolescente junto
Art. 131.  O Conselho Tutelar é ór- ATRIBUIÇÕES DO à família natural;
gão permanente e autônomo, não CONSELHO XII – promover e incentivar,
jurisdicional, encarregado pela na comunidade e nos grupos pro-
sociedade de zelar pelo cumpri- Art. 136.  São atribuições do Con- fissionais, ações de divulgação e
mento dos direitos da criança e do selho Tutelar: treinamento para o reconheci-
adolescente, definidos nesta Lei. I – atender as crianças e ado- mento de sintomas de maus-tra-
lescentes nas hipóteses previs- tos em crianças e adolescentes;
Art. 132.  Em cada Município e tas nos arts. 98 e 105, aplicando XIII – adotar, na esfera de sua
em cada Região Administrativa as medidas previstas no art. 101, competência, ações articuladas
do Distrito Federal haverá, no I a VII; e efetivas direcionadas à identi-

731
Estatuto da Criança e do Adolescente
ficação da agressão, à agilidade ou denunciante de informações de qualquer natureza, inclusive
no atendimento da criança e do de crimes que envolvam violên- brindes de pequeno valor.
adolescente vítima de violência cia doméstica e familiar contra a
doméstica e familiar e à respon- criança e o adolescente.
sabilização do agressor; Parágrafo único.  Se, no exer- CAPÍTULO V – DOS
XIV – atender à criança e ao cício de suas atribuições, o Con- IMPEDIMENTOS
adolescente vítima ou testemu- selho Tutelar entender necessário
nha de violência doméstica e fa- o afastamento do convívio fami- Art. 140.  São impedidos de ser-
miliar, ou submetido a tratamento liar, comunicará incontinenti o vir no mesmo Conselho marido e
cruel ou degradante ou a formas fato ao Ministério Público, pres- mulher, ascendentes e descen-
violentas de educação, correção tando-lhe informações sobre os dentes, sogro e genro ou nora,
ou disciplina, a seus familiares e motivos de tal entendimento e irmãos, cunhados, durante o
a testemunhas, de forma a pro- as providências tomadas para a cunhadio, tio e sobrinho, padrasto
ver orientação e aconselhamen- orientação, o apoio e a promoção ou madrasta e enteado.
to acerca de seus direitos e dos social da família. Parágrafo único. Estende-se
encaminhamentos necessários; o impedimento do conselheiro,
XV – representar à autoridade Art. 137.  As decisões do Conse- na forma deste artigo, em re-
judicial ou policial para requerer lho Tutelar somente poderão ser lação à autoridade judiciária e
o afastamento do agressor do lar, revistas pela autoridade judiciária ao representante do Ministério
do domicílio ou do local de con- a pedido de quem tenha legítimo Público com atuação na Justiça
vivência com a vítima nos casos interesse. da Infância e da Juventude, em
de violência doméstica e familiar exercício na Comarca, Foro Re-
contra a criança e o adolescente; gional ou Distrital.
XVI – representar à autorida- CAPÍTULO III – DA
de judicial para requerer a con- COMPETÊNCIA
cessão de medida protetiva de TÍTULO VI – DO ACESSO À
urgência à criança ou ao adoles- Art. 138.  Aplica-se ao Conselho JUSTIÇA
cente vítima ou testemunha de Tutelar a regra de competência
violência doméstica e familiar, constante do art. 147. CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
bem como a revisão daquelas já GERAIS
concedidas;
XVII – representar ao Ministé- CAPÍTULO IV – DA Art. 141.  É garantido o acesso
rio Público para requerer a propo- ESCOLHA DOS de toda criança ou adolescente à
situra de ação cautelar de anteci- CONSELHEIROS Defensoria Pública, ao Ministério
pação de produção de prova nas Público e ao Poder Judiciário, por
causas que envolvam violência Art. 139.  O processo para a es- qualquer de seus órgãos.
contra a criança e o adolescente; colha dos membros do Conselho § 1o  A assistência judiciária
XVIII – tomar as providências Tutelar será estabelecido em lei gratuita será prestada aos que
cabíveis, na esfera de sua compe- municipal e realizado sob a res- dela necessitarem, através de
tência, ao receber comunicação ponsabilidade do Conselho Mu- defensor público ou advogado
da ocorrência de ação ou omis- nicipal dos Direitos da Criança e nomeado.
são, praticada em local público ou do Adolescente, e a fiscalização § 2o  As ações judiciais da
privado, que constitua violência do Ministério Público. competência da Justiça da In-
doméstica e familiar contra a § 1o  O processo de escolha fância e da Juventude são isentas
criança e o adolescente; dos membros do Conselho Tu- de custas e emolumentos, res-
XIX – receber e encaminhar, telar ocorrerá em data unificada salvada a hipótese de litigância
quando for o caso, as informações em todo o território nacional a de má-fé.
reveladas por noticiantes ou de- cada 4 (quatro) anos, no primeiro
nunciantes relativas à prática de domingo do mês de outubro do Art. 142.  Os menores de dezes-
violência, ao uso de tratamento ano subsequente ao da eleição seis anos serão representados e
cruel ou degradante ou de formas presidencial. os maiores de dezesseis e meno-
violentas de educação, correção § 2o  A posse dos conselhei- res de vinte e um anos assistidos
ou disciplina contra a criança e o ros tutelares ocorrerá no dia 10 por seus pais, tutores ou curado-
adolescente; de janeiro do ano subsequente res, na forma da legislação civil
XX – representar à autorida- ao processo de escolha. ou processual.
de judicial ou ao Ministério Pú- § 3o  No processo de escolha Parágrafo único.  A autori-
blico para requerer a concessão dos membros do Conselho Tute- dade judiciária dará curador es-
de medidas cautelares direta ou lar, é vedado ao candidato doar, pecial à criança ou adolescente,
indiretamente relacionada à efi- oferecer, prometer ou entregar ao sempre que os interesses destes
cácia da proteção de noticiante eleitor bem ou vantagem pessoal colidirem com os de seus pais ou

732
Estatuto da Criança e do Adolescente
responsável, ou quando carecer § 1o  Nos casos de ato infra- destituição do poder familiar,
de representação ou assistência cional, será competente a autori- perda ou modificação da tutela
legal ainda que eventual. dade do lugar da ação ou omissão, ou guarda;
observadas as regras de conexão, c)  suprir a capacidade ou o
Art. 143.  É vedada a divulgação continência e prevenção. consentimento para o casamento;
de atos judiciais, policiais e admi- § 2o  A execução das medidas d)  conhecer de pedidos ba-
nistrativos que digam respeito a poderá ser delegada à autoridade seados em discordância paterna
crianças e adolescentes a que se competente da residência dos ou materna, em relação ao exer-
atribua autoria de ato infracional. pais ou responsável, ou do local cício do poder familiar;
Parágrafo único. Qualquer onde sediar-se a entidade que e)  conceder a emancipação,
notícia a respeito do fato não abrigar a criança ou adolescente. nos termos da lei civil, quando
poderá identificar a criança ou § 3o  Em caso de infração co- faltarem os pais;
adolescente, vedando-se foto- metida através de transmissão f)  designar curador especial
grafia, referência a nome, apelido, simultânea de rádio ou televisão, em casos de apresentação de
filiação, parentesco, residência que atinja mais de uma comarca, queixa ou representação, ou de
e, inclusive, iniciais do nome e será competente, para aplicação outros procedimentos judiciais ou
sobrenome. da penalidade, a autoridade ju- extrajudiciais em que haja inte-
diciária do local da sede estadu- resses de criança ou adolescente;
Art. 144.  A expedição de cópia al da emissora ou rede, tendo a g)  conhecer de ações de ali-
ou certidão de atos a que se re- sentença eficácia para todas as mentos;
fere o artigo anterior somente transmissoras ou retransmissoras h)  determinar o cancelamen-
será deferida pela autoridade ju- do respectivo Estado. to, a retificação e o suprimento
diciária competente, se demons- dos registros de nascimento e
trado o interesse e justificada a Art. 148.  A Justiça da Infância e óbito.
finalidade. da Juventude é competente para:
I – conhecer de representa- Art. 149.  Compete à autoridade
ções promovidas pelo Ministério judiciária disciplinar, através de
CAPÍTULO II – DA JUSTIÇA Público, para apuração de ato in- portaria, ou autorizar, mediante
DA INFÂNCIA E DA fracional atribuído a adolescente, alvará:
JUVENTUDE aplicando as medidas cabíveis; I – a entrada e permanên-
II – conceder a remissão, cia de criança ou adolescente,
Seção I – Disposições Gerais como forma de suspensão ou desacompanhado dos pais ou
extinção do processo; responsável, em:
Art. 145.  Os Estados e o Distrito III – conhecer de pedidos de a)  estádio, ginásio e campo
Federal poderão criar varas espe- adoção e seus incidentes; desportivo;
cializadas e exclusivas da infância IV – conhecer de ações civis b)  bailes ou promoções dan-
e da juventude, cabendo ao Po- fundadas em interesses indivi- çantes;
der Judiciário estabelecer sua duais, difusos ou coletivos afe- c)  boate ou congêneres;
proporcionalidade por número tos à criança e ao adolescente, d)  casa que explore comer-
de habitantes, dotá-las de infra- observado o disposto no art. 209; cialmente diversões eletrônicas;
estrutura e dispor sobre o aten- V – conhecer de ações de- e)  estúdios cinematográfi-
dimento, inclusive em plantões. correntes de irregularidades em cos, de teatro, rádio e televisão;
entidades de atendimento, apli- II – a participação de criança
cando as medidas cabíveis; e adolescente em:
Seção II – Do Juiz VI – aplicar penalidades ad- a)  espetáculos públicos e
ministrativas nos casos de infra- seus ensaios;
Art. 146.  A autoridade a que se ções contra norma de proteção a b)  certames de beleza.
refere esta Lei é o Juiz da Infân- criança ou adolescentes; § 1o  Para os fins do disposto
cia e da Juventude, ou o Juiz que VII – conhecer de casos enca- neste artigo, a autoridade judi-
exerce essa função, na forma minhados pelo Conselho Tutelar, ciária levará em conta, dentre
da Lei de Organização Judiciá- aplicando as medidas cabíveis. outros fatores:
ria local. Parágrafo único.  Quando se a)  os princípios desta Lei;
tratar de criança ou adolescen- b)  as peculiaridades locais;
Art. 147.  A competência será te nas hipóteses do art.  98, é c)  a existência de instalações
determinada: também competente a Justiça adequadas;
I – pelo domicílio dos pais ou da Infância e da Juventude para d)  o tipo de frequência habi-
responsável; o fim de: tual ao local;
II – pelo lugar onde se en- a)  conhecer de pedidos de e)  a adequação do ambiente
contre a criança ou adolescente, guarda e tutela; a eventual participação ou frequ-
à falta dos pais ou responsável. b)  conhecer de ações de ência de crianças e adolescentes;

733
Estatuto da Criança e do Adolescente
f)  a natureza do espetáculo. absoluta na tramitação dos pro- Art. 157.  Havendo motivo grave,
§ 2o  As medidas adotadas na cessos e procedimentos previstos poderá a autoridade judiciária, ou-
conformidade deste artigo deve- nesta Lei, assim como na execu- vido o Ministério Público, decretar
rão ser fundamentadas, caso a ção dos atos e diligências judiciais a suspensão do poder familiar,
caso, vedadas as determinações a eles referentes. liminar ou incidentalmente, até
de caráter geral. § 2o  Os prazos estabeleci- o julgamento definitivo da causa,
dos nesta Lei e aplicáveis aos ficando a criança ou adolescente
seus procedimentos são conta- confiado a pessoa idônea, me-
Seção III – Dos Serviços dos em dias corridos, excluído o diante termo de responsabilidade.
Auxiliares dia do começo e incluído o dia do § 1o  Recebida a petição ini-
vencimento, vedado o prazo em cial, a autoridade judiciária de-
Art. 150.  Cabe ao Poder Judiciá- dobro para a Fazenda Pública e terminará, concomitantemente
rio, na elaboração de sua proposta o Ministério Público. ao despacho de citação e inde-
orçamentária, prever recursos pendentemente de requerimento
para manutenção de equipe in- Art. 153.  Se a medida judicial a do interessado, a realização de
terprofissional, destinada a as- ser adotada não corresponder a estudo social ou perícia por equi-
sessorar a Justiça da Infância e procedimento previsto nesta ou pe interprofissional ou multidisci-
da Juventude. em outra lei, a autoridade judici- plinar para comprovar a presença
ária poderá investigar os fatos e de uma das causas de suspensão
Art. 151.  Compete à equipe inter- ordenar de ofício as providências ou destituição do poder familiar,
profissional, dentre outras atri- necessárias, ouvido o Ministério ressalvado o disposto no § 10 do
buições que lhe forem reservadas Público. art. 101 desta Lei, e observada a
pela legislação local, fornecer Parágrafo único.  O disposto Lei no 13.431, de 4 de abril de 2017.
subsídios por escrito, mediante neste artigo não se aplica para § 2o  Em sendo os pais oriun-
laudos, ou verbalmente, na audi- o fim de afastamento da criança dos de comunidades indígenas, é
ência, e bem assim desenvolver ou do adolescente de sua família ainda obrigatória a intervenção,
trabalhos de aconselhamento, de origem e em outros procedi- junto à equipe interprofissional
orientação, encaminhamento, mentos necessariamente con- ou multidisciplinar referida no
prevenção e outros, tudo sob a tenciosos. § 1o deste artigo, de representan-
imediata subordinação à auto- tes do órgão federal responsável
ridade judiciária, assegurada a Art. 154.  Aplica-se às multas o pela política indigenista, obser-
livre manifestação do ponto de disposto no art. 214. vado o disposto no § 6o do art. 28
vista técnico. desta Lei.
Parágrafo único.  Na ausên- § 3o  A concessão da liminar
cia ou insuficiência de servidores
Seção II – Da Perda e da será, preferencialmente, prece-
públicos integrantes do Poder Suspensão do Poder Familiar dida de entrevista da criança ou
Judiciário responsáveis pela rea- do adolescente perante equipe
lização dos estudos psicossociais Art. 155.  O procedimento para a multidisciplinar e de oitiva da
ou de quaisquer outras espécies perda ou a suspensão do poder outra parte, nos termos da Lei
de avaliações técnicas exigidas familiar terá início por provocação no 13.431, de 4 de abril de 2017.
por esta Lei ou por determinação do Ministério Público ou de quem § 4o  Se houver indícios de ato
judicial, a autoridade judiciária tenha legítimo interesse. de violação de direitos de criança
poderá proceder à nomeação de ou de adolescente, o juiz comuni-
perito, nos termos do art. 156 da Art. 156.  A petição inicial in- cará o fato ao Ministério Público
Lei no 13.105, de 16 de março de dicará: e encaminhará os documentos
2015 (Código de Processo Civil). I – a autoridade judiciária a pertinentes.
que for dirigida;
II – o nome, o estado civil, a Art. 158.  O requerido será citado
CAPÍTULO III – DOS profissão e a residência do reque- para, no prazo de dez dias, ofe-
PROCEDIMENTOS rente e do requerido, dispensada recer resposta escrita, indicando
a qualificação em se tratando de as provas a serem produzidas e
Seção I – Disposições Gerais
pedido formulado por represen- oferecendo desde logo o rol de
tante do Ministério Público; testemunhas e documentos.
Art. 152.  Aos procedimentos III – a exposição sumária do § 1o  A citação será pesso-
regulados nesta Lei aplicam-se fato e o pedido; al, salvo se esgotados todos os
subsidiariamente as normas ge- IV – as provas que serão pro- meios para sua realização.
rais previstas na legislação pro- duzidas, oferecendo, desde logo, § 2o  O requerido privado de
cessual pertinente. o rol de testemunhas e docu- liberdade deverá ser citado pes-
§ 1o  É assegurada, sob pena mentos. soalmente.
de responsabilidade, prioridade § 3o  Quando, por 2 (duas) ve-

734
Estatuto da Criança e do Adolescente
zes, o oficial de justiça houver de uma das causas de suspensão de 120 (cento e vinte) dias, e ca-
procurado o citando em seu do- ou destituição do poder familiar berá ao juiz, no caso de notória
micílio ou residência sem o en- previstas nos arts. 1.637 e 1.638 da inviabilidade de manutenção do
contrar, deverá, havendo suspeita Lei no 10.406, de 10 de janeiro de poder familiar, dirigir esforços
de ocultação, informar qualquer 2002 (Código Civil), ou no art. 24 para preparar a criança ou o ado-
pessoa da família ou, em sua fal- desta Lei. lescente com vistas à colocação
ta, qualquer vizinho do dia útil em § 2o (Revogado) em família substituta.
que voltará a fim de efetuar a ci- § 3o  Se o pedido importar Parágrafo único.  A sentença
tação, na hora que designar, nos em modificação de guarda, será que decretar a perda ou a sus-
termos do art. 252 e seguintes da obrigatória, desde que possível pensão do poder familiar será
Lei no 13.105, de 16 de março de e razoável, a oitiva da criança averbada à margem do registro
2015 (Código de Processo Civil). ou adolescente, respeitado seu de nascimento da criança ou do
§ 4o  Na hipótese de os ge- estágio de desenvolvimento e adolescente.
nitores encontrarem-se em lo- grau de compreensão sobre as
cal incerto ou não sabido, serão implicações da medida.
citados por edital no prazo de 10 § 4o  É obrigatória a oitiva dos
Seção III – Da Destituição da
(dez) dias, em publicação única, pais sempre que eles forem iden- Tutela
dispensado o envio de ofícios para tificados e estiverem em local
a localização. conhecido, ressalvados os casos Art. 164.  Na destituição da tu-
de não comparecimento perante tela, observar-se-á o procedi-
Art. 159.  Se o requerido não ti- a Justiça quando devidamente mento para a remoção de tutor
ver possibilidade de constituir citados. previsto na lei processual civil
advogado, sem prejuízo do pró- § 5o  Se o pai ou a mãe es- e, no que couber, o disposto na
prio sustento e de sua família, tiverem privados de liberdade, seção anterior.
poderá requerer, em cartório, a autoridade judicial requisitará
que lhe seja nomeado dativo, ao sua apresentação para a oitiva.
qual incumbirá a apresentação de
Seção IV – Da Colocação em
resposta, contando-se o prazo a Art. 162.  Apresentada a respos- Família Substituta
partir da intimação do despacho ta, a autoridade judiciária dará
de nomeação. vista dos autos ao Ministério Pú- Art. 165.  São requisitos para a
Parágrafo único.  Na hipótese blico, por cinco dias, salvo quando concessão de pedidos de coloca-
de requerido privado de liberdade, este for o requerente, designando, ção em família substituta:
o oficial de justiça deverá per- desde logo, audiência de instru- I – qualificação completa do
guntar, no momento da citação ção e julgamento. requerente e de seu eventual
pessoal, se deseja que lhe seja § 1o (Revogado) cônjuge, ou companheiro, com
nomeado defensor. § 2o  Na audiência, presentes expressa anuência deste;
as partes e o Ministério Público, II – indicação de eventual pa-
Art. 160.  Sendo necessário, a serão ouvidas as testemunhas, rentesco do requerente e de seu
autoridade judiciária requisitará colhendo-se oralmente o parecer cônjuge, ou companheiro, com a
de qualquer repartição ou órgão técnico, salvo quando apresenta- criança ou adolescente, especifi-
público a apresentação de do- do por escrito, manifestando-se cando se tem ou não parente vivo;
cumento que interesse à causa, sucessivamente o requerente, o III – qualificação completa da
de ofício ou a requerimento das requerido e o Ministério Público, criança ou adolescente e de seus
partes ou do Ministério Público. pelo tempo de 20 (vinte) minutos pais, se conhecidos;
cada um, prorrogável por mais 10 IV – indicação do cartório
Art. 161.  Se não for contestado (dez) minutos. onde foi inscrito nascimento,
o pedido e tiver sido concluído o § 3o  A decisão será proferida anexando, se possível, uma có-
estudo social ou a perícia reali- na audiência, podendo a autorida- pia da respectiva certidão;
zada por equipe interprofissional de judiciária, excepcionalmente, V – declaração sobre a exis-
ou multidisciplinar, a autoridade designar data para sua leitura no tência de bens, direitos ou ren-
judiciária dará vista dos autos prazo máximo de 5 (cinco) dias. dimentos relativos à criança ou
ao Ministério Público, por 5 (cin- § 4o  Quando o procedimento ao adolescente.
co) dias, salvo quando este for o de destituição de poder familiar Parágrafo único.  Em se tra-
requerente, e decidirá em igual for iniciado pelo Ministério Públi- tando de adoção, observar-se-
prazo. co, não haverá necessidade de -ão também os requisitos es-
§ 1o  A autoridade judiciária, nomeação de curador especial em pecíficos.
de ofício ou a requerimento das favor da criança ou adolescente.
partes ou do Ministério Público, Art. 166.  Se os pais forem fale-
determinará a oitiva de testemu- Art. 163.  O prazo máximo para cidos, tiverem sido destituídos
nhas que comprovem a presença conclusão do procedimento será ou suspensos do poder familiar,

735
Estatuto da Criança e do Adolescente
ou houverem aderido expressa- Art. 167.  A autoridade judiciária, Seção V – Da Apuração de
mente ao pedido de colocação em de ofício ou a requerimento das Ato Infracional Atribuído a
família substituta, este poderá ser partes ou do Ministério Público, Adolescente
formulado diretamente em car- determinará a realização de es-
tório, em petição assinada pelos tudo social ou, se possível, perí- Art. 171.  O adolescente apreen-
próprios requerentes, dispensada cia por equipe interprofissional, dido por força de ordem judicial
a assistência de advogado. decidindo sobre a concessão de será, desde logo, encaminhado à
§ 1o  Na hipótese de concor- guarda provisória, bem como, no autoridade judiciária.
dância dos pais, o juiz: caso de adoção, sobre o estágio
I – na presença do Ministério de convivência. Art. 172.  O adolescente apre-
Público, ouvirá as partes, devida- Parágrafo único.  Deferida a endido em flagrante de ato in-
mente assistidas por advogado concessão da guarda provisória fracional será, desde logo, en-
ou por defensor público, para ou do estágio de convivência, a caminhado à autoridade policial
verificar sua concordância com criança ou o adolescente será en- competente.
a adoção, no prazo máximo de 10 tregue ao interessado, mediante Parágrafo único. Havendo
(dez) dias, contado da data do pro- termo de responsabilidade. repartição policial especializada
tocolo da petição ou da entrega para atendimento de adolescente
da criança em juízo, tomando por Art. 168.  Apresentado o relatório e em se tratando de ato infracio-
termo as declarações; e social ou o laudo pericial, e ouvida, nal praticado em coautoria com
II – declarará a extinção do sempre que possível, a criança maior, prevalecerá a atribuição
poder familiar. ou o adolescente, dar-se-á vista da repartição especializada, que,
§ 2o  O consentimento dos dos autos ao Ministério Público, após as providências necessárias
titulares do poder familiar será pelo prazo de cinco dias, deci- e conforme o caso, encaminha-
precedido de orientações e es- dindo a autoridade judiciária em rá o adulto à repartição policial
clarecimentos prestados pela igual prazo. própria.
equipe interprofissional da Justi-
ça da Infância e da Juventude, em Art. 169.  Nas hipóteses em que Art. 173.  Em caso de flagrante
especial, no caso de adoção, so- a destituição da tutela, a perda de ato infracional cometido me-
bre a irrevogabilidade da medida. ou a suspensão do poder familiar diante violência ou grave ame-
§ 3o  São garantidos a livre constituir pressuposto lógico da aça a pessoa, a autoridade po-
manifestação de vontade dos medida principal de colocação em licial, sem prejuízo do disposto
detentores do poder familiar e o família substituta, será observa- nos arts. 106, parágrafo único, e
direito ao sigilo das informações. do o procedimento contraditório 107, deverá:
§ 4o  O consentimento pres- previsto nas seções II e III deste I – lavrar auto de apreensão,
tado por escrito não terá validade Capítulo. ouvidos as testemunhas e o ado-
se não for ratificado na audiência Parágrafo único.  A perda ou lescente;
a que se refere o § 1o deste artigo. a modificação da guarda poderá II – apreender o produto e os
§ 5o  O consentimento é re- ser decretada nos mesmos autos instrumentos da infração;
tratável até a data da realização do procedimento, observado o III – requisitar os exames ou
da audiência especificada no § 1o disposto no art. 35. perícias necessários à compro-
deste artigo, e os pais podem vação da materialidade e autoria
exercer o arrependimento no pra- Art. 170.  Concedida a guarda ou da infração.
zo de 10 (dez) dias, contado da a tutela, observar-se-á o disposto Parágrafo único.  Nas demais
data de prolação da sentença de no art. 32, e, quanto à adoção, o hipóteses de flagrante, a lavra-
extinção do poder familiar. contido no art. 47. tura do auto poderá ser substi-
§ 6o  O consentimento so- Parágrafo único.  A colocação tuída por boletim de ocorrência
mente terá valor se for dado após de criança ou adolescente sob circunstanciada.
o nascimento da criança. a guarda de pessoa inscrita em
§ 7o  A família natural e a fa- programa de acolhimento familiar Art. 174.  Comparecendo qual-
mília substituta receberão a de- será comunicada pela autorida- quer dos pais ou responsável,
vida orientação por intermédio de de judiciária à entidade por este o adolescente será prontamen-
equipe técnica interprofissional a responsável no prazo máximo de te liberado pela autoridade poli-
serviço da Justiça da Infância e 5 (cinco) dias. cial, sob termo de compromisso
da Juventude, preferencialmente e responsabilidade de sua apre-
com apoio dos técnicos respon- sentação ao representante do
sáveis pela execução da política Ministério Público, no mesmo dia
municipal de garantia do direito ou, sendo impossível, no primeiro
à convivência familiar. dia útil imediato, exceto quando,
pela gravidade do ato infracional
e sua repercussão social, deva

736
Estatuto da Criança e do Adolescente
o adolescente permanecer sob vista do auto de apreensão, bo- a instauração de procedimento
internação para garantia de sua letim de ocorrência ou relatório para aplicação da medida socio-
segurança pessoal ou manuten- policial, devidamente autuados educativa que se afigurar a mais
ção da ordem pública. pelo cartório judicial e com in- adequada.
formação sobre os anteceden- § 1o  A representação será
Art. 175.  Em caso de não libera- tes do adolescente, procederá oferecida por petição, que con-
ção, a autoridade policial encami- imediata e informalmente à sua terá o breve resumo dos fatos e a
nhará, desde logo, o adolescente oitiva e, em sendo possível, de classificação do ato infracional e,
ao representante do Ministério seus pais ou responsável, vítima quando necessário, o rol de tes-
Público, juntamente com cópia e testemunhas. temunhas, podendo ser deduzida
do auto de apreensão ou boletim Parágrafo único.  Em caso oralmente, em sessão diária ins-
de ocorrência. de não apresentação, o repre- talada pela autoridade judiciária.
§ 1o  Sendo impossível a apre- sentante do Ministério Público § 2o  A representação inde-
sentação imediata, a autoridade notificará os pais ou responsável pende de prova pré-constituída
policial encaminhará o adoles- para apresentação do adolescen- da autoria e materialidade.
cente a entidade de atendimento, te, podendo requisitar o concurso
que fará a apresentação ao repre- das Polícias Civil e Militar. Art. 183.  O prazo máximo e im-
sentante do Ministério Público no prorrogável para a conclusão do
prazo de vinte e quatro horas. Art. 180.  Adotadas as providên- procedimento, estando o adoles-
§ 2o  Nas localidades onde cias a que alude o artigo anterior, cente internado provisoriamente,
não houver entidade de atendi- o representante do Ministério será de quarenta e cinco dias.
mento, a apresentação far-se-á Público poderá:
pela autoridade policial. À falta I – promover o arquivamento Art. 184.  Oferecida a represen-
de repartição policial especiali- dos autos; tação, a autoridade judiciária de-
zada, o adolescente aguardará a II – conceder a remissão; signará audiência de apresenta-
apresentação em dependência III – representar à autoridade ção do adolescente, decidindo,
separada da destinada a maiores, judiciária para aplicação de me- desde logo, sobre a decretação
não podendo, em qualquer hipó- dida socioeducativa. ou manutenção da internação,
tese, exceder o prazo referido no observado o disposto no art. 108
parágrafo anterior. Art. 181.  Promovido o arquiva- e parágrafo.
mento dos autos ou concedida a § 1o  O adolescente e seus
Art. 176.  Sendo o adolescen- remissão pelo representante do pais ou responsável serão cien-
te liberado, a autoridade policial Ministério Público, mediante ter- tificados do teor da representa-
encaminhará imediatamente ao mo fundamentado, que conterá o ção, e notificados a comparecer
representante do Ministério Pú- resumo dos fatos, os autos serão à audiência, acompanhados de
blico cópia do auto de apreensão conclusos à autoridade judiciária advogado.
ou boletim de ocorrência. para homologação. § 2o  Se os pais ou responsá-
§ 1o  Homologado o arqui- vel não forem localizados, a au-
Art. 177.  Se, afastada a hipótese vamento ou a remissão, a au- toridade judiciária dará curador
de flagrante, houver indícios de toridade judiciária determinará, especial ao adolescente.
participação de adolescente na conforme o caso, o cumprimento § 3o  Não sendo localizado o
prática de ato infracional, a au- da medida. adolescente, a autoridade judici-
toridade policial encaminhará ao § 2o  Discordando, a auto- ária expedirá mandado de busca
representante do Ministério Pú- ridade judiciária fará remessa e apreensão, determinando o so-
blico relatório das investigações dos autos ao Procurador-Geral brestamento do feito, até a efetiva
e demais documentos. de Justiça, mediante despacho apresentação.
fundamentado, e este oferecerá § 4o  Estando o adolescen-
Art. 178.  O adolescente a quem representação, designará outro te internado, será requisitada a
se atribua autoria de ato infracio- membro do Ministério Público sua apresentação, sem prejuízo
nal não poderá ser conduzido ou para apresentá-la, ou ratificará da notificação dos pais ou res-
transportado em compartimento o arquivamento ou a remissão, ponsável.
fechado de veículo policial, em que só então estará a autoridade
condições atentatórias à sua dig- judiciária obrigada a homologar. Art. 185.  A internação, decreta-
nidade, ou que impliquem risco à da ou mantida pela autoridade ju-
sua integridade física ou mental, Art. 182.  Se, por qualquer razão, diciária, não poderá ser cumprida
sob pena de responsabilidade. o representante do Ministério em estabelecimento prisional.
Público não promover o arqui- § 1o  Inexistindo na comarca
Art. 179.  Apresentado o adoles- vamento ou conceder a remis- entidade com as características
cente, o representante do Minis- são, oferecerá representação à definidas no art.  123, o adoles-
tério Público, no mesmo dia e à autoridade judiciária, propondo cente deverá ser imediatamen-

737
Estatuto da Criança e do Adolescente
te transferido para a localidade Art. 188.  A remissão, como for- I – será precedida de autori-
mais próxima. ma de extinção ou suspensão do zação judicial devidamente cir-
§ 2 o Sendo impossível a processo, poderá ser aplicada em cunstanciada e fundamentada,
pronta transferência, o adoles- qualquer fase do procedimento, que estabelecerá os limites da
cente aguardará sua remoção antes da sentença. infiltração para obtenção de pro-
em repartição policial, desde que va, ouvido o Ministério Público;
em seção isolada dos adultos e Art. 189.  A autoridade judici- II – dar-se-á mediante reque-
com instalações apropriadas, não ária não aplicará qualquer me- rimento do Ministério Público ou
podendo ultrapassar o prazo má- dida, desde que reconheça na representação de delegado de
ximo de cinco dias, sob pena de sentença: polícia e conterá a demonstração
responsabilidade. I – estar provada a inexistên- de sua necessidade, o alcance das
cia do fato; tarefas dos policiais, os nomes
Art. 186.  Comparecendo o ado- II – não haver prova da exis- ou apelidos das pessoas inves-
lescente, seus pais ou responsá- tência do fato; tigadas e, quando possível, os
vel, a autoridade judiciária proce- III – não constituir o fato ato dados de conexão ou cadastrais
derá à oitiva dos mesmos, poden- infracional; que permitam a identificação
do solicitar opinião de profissional IV – não existir prova de ter dessas pessoas;
qualificado. o adolescente concorrido para o III – não poderá exceder o
§ 1o  Se a autoridade judiciária ato infracional. prazo de 90 (noventa) dias, sem
entender adequada a remissão, Parágrafo único.  Na hipótese prejuízo de eventuais renovações,
ouvirá o representante do Minis- deste artigo, estando o adoles- desde que o total não exceda
tério Público, proferindo decisão. cente internado, será imediata- a 720 (setecentos e vinte) dias
§ 2o  Sendo o fato grave, pas- mente colocado em liberdade. e seja demonstrada sua efetiva
sível de aplicação de medida de necessidade, a critério da auto-
internação ou colocação em re- Art. 190.  A intimação da senten- ridade judicial.
gime de semiliberdade, a autori- ça que aplicar medida de interna- § 1o  A autoridade judicial
dade judiciária, verificando que o ção ou regime de semiliberdade e o Ministério Público poderão
adolescente não possui advogado será feita: requisitar relatórios parciais da
constituído, nomeará defensor, I – ao adolescente e ao seu operação de infiltração antes do
designando, desde logo, audi- defensor; término do prazo de que trata o
ência em continuação, podendo II – quando não for encon- inciso II do § 1o deste artigo.
determinar a realização de dili- trado o adolescente, a seus pais § 2o  Para efeitos do dispos-
gências e estudo do caso. ou responsável, sem prejuízo do to no inciso I do § 1o deste artigo,
§ 3o  O advogado constituído defensor. consideram-se:
ou o defensor nomeado, no prazo § 1o  Sendo outra a medida I – dados de conexão: infor-
de três dias contado da audiência aplicada, a intimação far-se-á mações referentes a hora, data,
de apresentação, oferecerá defe- unicamente na pessoa do de- início, término, duração, endere-
sa prévia e rol de testemunhas. fensor. ço de Protocolo de Internet (IP)
§ 4o  Na audiência em conti- § 2o  Recaindo a intimação na utilizado e terminal de origem
nuação, ouvidas as testemunhas pessoa do adolescente, deverá da conexão;
arroladas na representação e na este manifestar se deseja ou não II – dados cadastrais: infor-
defesa prévia, cumpridas as di- recorrer da sentença. mações referentes a nome e en-
ligências e juntado o relatório dereço de assinante ou de usuário
da equipe interprofissional, será registrado ou autenticado para a
dada a palavra ao representante
Seção V-A – Da Infiltração conexão a quem endereço de IP,
do Ministério Público e ao defen- de Agentes de Polícia para identificação de usuário ou códi-
sor, sucessivamente, pelo tempo a Investigação de Crimes go de acesso tenha sido atribuído
de vinte minutos para cada um, contra a Dignidade Sexual de no momento da conexão.
prorrogável por mais dez, a crité- Criança e de Adolescente § 3o  A infiltração de agentes
rio da autoridade judiciária, que de polícia na internet não será
em seguida proferirá decisão. Art. 190-A.  A infiltração de admitida se a prova puder ser
agentes de polícia na internet obtida por outros meios.
Art. 187.  Se o adolescente, de- com o fim de investigar os cri-
vidamente notificado, não com- mes previstos nos arts. 240, 241, Art. 190-B.  As informações da
parecer, injustificadamente à au- 241‑A, 241‑B, 241‑C e 241‑D des- operação de infiltração serão en-
diência de apresentação, a auto- ta Lei e nos arts.  154‑A, 217‑A, caminhadas diretamente ao juiz
ridade judiciária designará nova 218, 218‑A e 218‑B do Decreto-lei responsável pela autorização da
data, determinando sua condução no  2.848, de 7 de dezembro de medida, que zelará por seu sigilo.
coercitiva. 1940 (Código Penal), obedecerá Parágrafo único.  Antes da
às seguintes regras: conclusão da operação, o acesso

738
Estatuto da Criança e do Adolescente
aos autos será reservado ao juiz, Seção VI – Da Apuração de Seção VII – Da Apuração
ao Ministério Público e ao dele- Irregularidades em Entidade de Infração Administrativa
gado de polícia responsável pela de Atendimento às Normas de Proteção à
operação, com o objetivo de ga- Criança e ao Adolescente
rantir o sigilo das investigações. Art. 191.  O procedimento de apu-
ração de irregularidades em en- Art. 194.  O procedimento para
Art. 190-C.  Não comete crime o tidade governamental e não go- imposição de penalidade admi-
policial que oculta a sua identi- vernamental terá início mediante nistrativa por infração às normas
dade para, por meio da internet, portaria da autoridade judiciária de proteção à criança e ao ado-
colher indícios de autoria e mate- ou representação do Ministério lescente terá início por represen-
rialidade dos crimes previstos nos Público ou do Conselho Tutelar, tação do Ministério Público, ou
arts. 240, 241, 241‑A, 241‑B, 241‑C e onde conste, necessariamente, do Conselho Tutelar, ou auto de
241‑D desta Lei e nos arts. 154‑A, resumo dos fatos. infração elaborado por servidor
217‑A, 218, 218‑A e 218‑B do Decre- Parágrafo único. Havendo efetivo ou voluntário credenciado,
to-lei no 2.848, de 7 de dezembro motivo grave, poderá a autorida- e assinado por duas testemunhas,
de 1940 (Código Penal). de judiciária, ouvido o Ministério se possível.
Parágrafo único.  O agente Público, decretar liminarmente § 1o  No procedimento inicia-
policial infiltrado que deixar de o afastamento provisório do di- do com o auto de infração, pode-
observar a estrita finalidade da rigente da entidade, mediante rão ser usadas fórmulas impres-
investigação responderá pelos decisão fundamentada. sas, especificando-se a natureza
excessos praticados. e as circunstâncias da infração.
Art. 192.  O dirigente da entidade § 2o  Sempre que possível, à
Art. 190-D.  Os órgãos de registro será citado para, no prazo de dez verificação da infração seguir-
e cadastro público poderão incluir dias, oferecer resposta escrita, -se-á a lavratura do auto, certifi-
nos bancos de dados próprios, podendo juntar documentos e cando-se, em caso contrário, dos
mediante procedimento sigiloso indicar as provas a produzir. motivos do retardamento.
e requisição da autoridade judi-
cial, as informações necessárias Art. 193.  Apresentada ou não a Art. 195.  O requerido terá prazo
à efetividade da identidade fictí- resposta, e sendo necessário, a de dez dias para apresentação
cia criada. autoridade judiciária designará de defesa, contado da data da
Parágrafo único.  O procedi- audiência de instrução e julga- intimação, que será feita:
mento sigiloso de que trata esta mento, intimando as partes. I – pelo autuante, no próprio
Seção será numerado e tombado § 1o  Salvo manifestação em auto, quando este for lavrado na
em livro específico. audiência, as partes e o Ministé- presença do requerido;
rio Público terão cinco dias para II – por oficial de justiça ou
Art. 190-E.  Concluída a investi- oferecer alegações finais, deci- funcionário legalmente habilita-
gação, todos os atos eletrônicos dindo a autoridade judiciária em do, que entregará cópia do auto
praticados durante a operação igual prazo. ou da representação ao requeri-
deverão ser registrados, grava- § 2o  Em se tratando de afas- do, ou a seu representante legal,
dos, armazenados e encaminha- tamento provisório ou definitivo lavrando certidão;
dos ao juiz e ao Ministério Pú- de dirigente de entidade gover- III – por via postal, com avi-
blico, juntamente com relatório namental, a autoridade judiciária so de recebimento, se não for
circunstanciado. oficiará à autoridade administra- encontrado o requerido ou seu
Parágrafo único.  Os atos ele- tiva imediatamente superior ao representante legal;
trônicos registrados citados no afastado, marcando prazo para IV – por edital, com prazo de
caput deste artigo serão reunidos a substituição. trinta dias, se incerto ou não sa-
em autos apartados e apensados § 3o  Antes de aplicar qual- bido o paradeiro do requerido ou
ao processo criminal juntamente quer das medidas, a autoridade de seu representante legal.
com o inquérito policial, assegu- judiciária poderá fixar prazo para
rando-se a preservação da identi- a remoção das irregularidades Art. 196.  Não sendo apresen-
dade do agente policial infiltrado verificadas. Satisfeitas as exigên- tada a defesa no prazo legal, a
e a intimidade das crianças e dos cias, o processo será extinto, sem autoridade judiciária dará vista
adolescentes envolvidos. julgamento de mérito. dos autos ao Ministério Públi-
§ 4o  A multa e a advertência co, por cinco dias, decidindo em
serão impostas ao dirigente da igual prazo.
entidade ou programa de aten-
dimento. Art. 197.  Apresentada a defesa,
a autoridade judiciária proce-
derá na conformidade do artigo
anterior, ou, sendo necessário,

739
Estatuto da Criança e do Adolescente
designará audiência de instrução deverá elaborar estudo psicos- do, conforme o caso, audiência de
e julgamento. social, que conterá subsídios que instrução e julgamento.
Parágrafo único.  Colhida a permitam aferir a capacidade e Parágrafo único.  Caso não
prova oral, manifestar-se-ão su- o preparo dos postulantes para sejam requeridas diligências, ou
cessivamente o Ministério Público o exercício de uma paternidade sendo essas indeferidas, a auto-
e o procurador do requerido, pelo ou maternidade responsável, à ridade judiciária determinará a
tempo de vinte minutos para cada luz dos requisitos e princípios juntada do estudo psicossocial,
um, prorrogável por mais dez, desta Lei. abrindo a seguir vista dos autos
a critério da autoridade judici- § 1o  É obrigatória a participa- ao Ministério Público, por 5 (cinco)
ária, que em seguida proferirá ção dos postulantes em programa dias, decidindo em igual prazo.
sentença. oferecido pela Justiça da Infância
e da Juventude, preferencial- Art. 197-E.  Deferida a habilita-
mente com apoio dos técnicos ção, o postulante será inscrito
Seção VIII – Da Habilitação responsáveis pela execução da nos cadastros referidos no art. 50
de Pretendentes à Adoção política municipal de garantia desta Lei, sendo a sua convoca-
do direito à convivência familiar ção para a adoção feita de acordo
Art. 197-A.  Os postulantes à e dos grupos de apoio à adoção com ordem cronológica de habili-
adoção, domiciliados no Brasil, devidamente habilitados perante tação e conforme a disponibilida-
apresentarão petição inicial na a Justiça da Infância e da Juven- de de crianças ou adolescentes
qual conste: tude, que inclua preparação psi- adotáveis.
I – qualificação completa; cológica, orientação e estímulo à § 1o  A ordem cronológica das
II – dados familiares; adoção inter-racial, de crianças habilitações somente poderá dei-
III – cópias autenticadas de ou de adolescentes com defici- xar de ser observada pela auto-
certidão de nascimento ou casa- ência, com doenças crônicas ou ridade judiciária nas hipóteses
mento, ou declaração relativa ao com necessidades específicas previstas no § 13 do art. 50 desta
período de união estável; de saúde, e de grupos de irmãos. Lei, quando comprovado ser essa
IV – cópias da cédula de iden- § 2o  Sempre que possível e a melhor solução no interesse do
tidade e inscrição no Cadastro de recomendável, a etapa obriga- adotando.
Pessoas Físicas; tória da preparação referida no § 2o  A habilitação à adoção
V – comprovante de renda e § 1o deste artigo incluirá o contato deverá ser renovada no mínimo
domicílio; com crianças e adolescentes em trienalmente mediante avaliação
VI – atestados de sanidade regime de acolhimento familiar por equipe interprofissional.
física e mental; ou institucional, a ser realiza- § 3o  Quando o adotante can-
VII – certidão de anteceden- do sob orientação, supervisão didatar-se a uma nova adoção,
tes criminais; e avaliação da equipe técnica será dispensável a renovação da
VIII – certidão negativa de da Justiça da Infância e da Ju- habilitação, bastando a avaliação
distribuição cível. ventude e dos grupos de apoio à por equipe interprofissional.
adoção, com apoio dos técnicos § 4o  Após 3 (três) recusas
Art. 197-B.  A autoridade judici- responsáveis pelo programa de injustificadas, pelo habilitado, à
ária, no prazo de 48 (quarenta e acolhimento familiar e institu- adoção de crianças ou adoles-
oito) horas, dará vista dos autos cional e pela execução da política centes indicados dentro do perfil
ao Ministério Público, que no pra- municipal de garantia do direito escolhido, haverá reavaliação da
zo de 5 (cinco) dias poderá: à convivência familiar. habilitação concedida.
I – apresentar quesitos a se- § 3o  É recomendável que as § 5o  A desistência do preten-
rem respondidos pela equipe in- crianças e os adolescentes aco- dente em relação à guarda para
terprofissional encarregada de lhidos institucionalmente ou por fins de adoção ou a devolução da
elaborar o estudo técnico a que família acolhedora sejam prepa- criança ou do adolescente depois
se refere o art. 197‑C desta Lei; rados por equipe interprofissio- do trânsito em julgado da senten-
II – requerer a designação de nal antes da inclusão em família ça de adoção importará na sua
audiência para oitiva dos postu- adotiva. exclusão dos cadastros de ado-
lantes em juízo e testemunhas; ção e na vedação de renovação
III – requerer a juntada de Art. 197-D.  Certificada nos autos da habilitação, salvo decisão judi-
documentos complementares e a conclusão da participação no cial fundamentada, sem prejuízo
a realização de outras diligências programa referido no art. 197‑C das demais sanções previstas na
que entender necessárias. desta Lei, a autoridade judiciária, legislação vigente.
no prazo de 48 (quarenta e oito)
Art. 197-C.  Intervirá no feito, horas, decidirá acerca das dili- Art. 197-F.  O prazo máximo para
obrigatoriamente, equipe inter- gências requeridas pelo Ministério conclusão da habilitação à adoção
profissional a serviço da Justiça Público e determinará a juntada será de 120 (cento e vinte) dias,
da Infância e da Juventude, que do estudo psicossocial, designan- prorrogável por igual período,

740
Estatuto da Criança e do Adolescente
mediante decisão fundamentada tratar de adoção internacional centes;
da autoridade judiciária. ou se houver perigo de dano ir- III – promover e acompa-
reparável ou de difícil reparação nhar as ações de alimentos e
ao adotando. os procedimentos de suspensão
CAPÍTULO IV – DOS e destituição do poder familiar,
RECURSOS Art. 199-B.  A sentença que des- nomeação e remoção de tuto-
tituir ambos ou qualquer dos geni- res, curadores e guardiães, bem
Art. 198.  Nos procedimentos tores do poder familiar fica sujeita como oficiar em todos os demais
afetos à Justiça da Infância e da a apelação, que deverá ser rece- procedimentos da competência
Juventude, inclusive os relativos bida apenas no efeito devolutivo. da Justiça da Infância e da Ju-
à execução das medidas socioe- ventude;
ducativas, adotar-se-á o sistema Art. 199-C.  Os recursos nos pro- IV – promover, de ofício ou
recursal da Lei no 5.869, de 11 de cedimentos de adoção e de desti- por solicitação dos interessados,
janeiro de 1973 (Código de Pro- tuição de poder familiar, em face a especialização e a inscrição de
cesso Civil), com as seguintes da relevância das questões, serão hipoteca legal e a prestação de
adaptações: processados com prioridade ab- contas dos tutores, curadores e
I – os recursos serão inter- soluta, devendo ser imediatamen- quaisquer administradores de
postos independentemente de te distribuídos, ficando vedado bens de crianças e adolescentes
preparo; que aguardem, em qualquer si- nas hipóteses do art. 98;
II – em todos os recursos, sal- tuação, oportuna distribuição, e V – promover o inquérito civil
vo nos embargos de declaração, serão colocados em mesa para e a ação civil pública para a pro-
o prazo para o Ministério Público julgamento sem revisão e com teção dos interesses individuais,
e para a defesa será sempre de parecer urgente do Ministério difusos ou coletivos relativos à
10 (dez) dias; Público. infância e à adolescência, inclu-
III – os recursos terão prefe- sive os definidos no art. 220, § 3o,
rência de julgamento e dispen- Art. 199-D.  O relator deverá co- inciso II, da Constituição Federal;
sarão revisor; locar o processo em mesa para VI – instaurar procedimentos
IV – (Revogado); julgamento no prazo máximo de administrativos e, para instruí-los:
V – (Revogado); 60 (sessenta) dias, contado da a)  expedir notificações para
VI – (Revogado); sua conclusão. colher depoimentos ou esclareci-
VII – antes de determinar a Parágrafo único.  O Ministério mentos e, em caso de não compa-
remessa dos autos à superior Público será intimado da data do recimento injustificado, requisitar
instância, no caso de apelação, julgamento e poderá na sessão, se condução coercitiva, inclusive
ou do instrumento, no caso de entender necessário, apresentar pela polícia civil ou militar;
agravo, a autoridade judiciária oralmente seu parecer. b)  requisitar informações,
proferirá despacho fundamen- exames, perícias e documentos
tado, mantendo ou reformando Art. 199-E.  O Ministério Público de autoridades municipais, esta-
a decisão, no prazo de cinco dias; poderá requerer a instauração de duais e federais, da administra-
VIII – mantida a decisão ape- procedimento para apuração de ção direta ou indireta, bem como
lada ou agravada, o escrivão re- responsabilidades se constatar promover inspeções e diligências
meterá os autos ou o instrumento o descumprimento das provi- investigatórias;
à superior instância dentro de dências e do prazo previstos nos c)  requisitar informações e
vinte e quatro horas, indepen- artigos anteriores. documentos a particulares e ins-
dentemente de novo pedido do tituições privadas;
recorrente; se a reformar, a re- VII – instaurar sindicâncias,
messa dos autos dependerá de CAPÍTULO V – DO requisitar diligências investiga-
pedido expresso da parte inte- MINISTÉRIO PÚBLICO tórias e determinar a instauração
ressada ou do Ministério Público, de inquérito policial, para apu-
no prazo de cinco dias, contados Art. 200.  As funções do Minis- ração de ilícitos ou infrações às
da intimação. tério Público, previstas nesta Lei, normas de proteção à infância e
serão exercidas nos termos da à juventude;
Art. 199.  Contra as decisões pro- respectiva Lei Orgânica. VIII – zelar pelo efetivo respei-
feridas com base no art. 149 ca- to aos direitos e garantias legais
berá recurso de apelação. Art. 201.  Compete ao Ministério assegurados às crianças e adoles-
Público: centes, promovendo as medidas
Art. 199-A.  A sentença que defe- I – conceder a remissão como judiciais e extrajudiciais cabíveis;
rir a adoção produz efeito desde forma de exclusão do processo; IX – impetrar mandado de
logo, embora sujeita a apelação, II – promover e acompanhar segurança, de injunção e habeas
que será recebida exclusivamente os procedimentos relativos às corpus, em qualquer juízo, ins-
no efeito devolutivo, salvo se se infrações atribuídas a adoles- tância ou tribunal, na defesa dos

741
Estatuto da Criança e do Adolescente
interesses sociais e individuais rio previamente notificados ou ver defensor, ser-lhe-á nomeado
indisponíveis afetos à criança e acertados; pelo juiz, ressalvado o direito de,
ao adolescente; c)  efetuar recomendações a todo tempo, constituir outro de
X – representar ao juízo visan- visando à melhoria dos serviços sua preferência.
do à aplicação de penalidade por públicos e de relevância pública § 2o  A ausência do defensor
infrações cometidas contra as afetos à criança e ao adolescente, não determinará o adiamento de
normas de proteção à infância e fixando prazo razoável para sua nenhum ato do processo, devendo
à juventude, sem prejuízo da pro- perfeita adequação. o juiz nomear substituto, ainda
moção da responsabilidade civil e que provisoriamente, ou para o
penal do infrator, quando cabível; Art. 202.  Nos processos e pro- só efeito do ato.
XI – inspecionar as entidades cedimentos em que não for parte, § 3o  Será dispensada a outor-
públicas e particulares de aten- atuará obrigatoriamente o Mi- ga de mandato, quando se tratar
dimento e os programas de que nistério Público na defesa dos de defensor nomeado ou, sido
trata esta Lei, adotando de pronto direitos e interesses de que cuida constituído, tiver sido indicado
as medidas administrativas ou esta Lei, hipótese em que terá por ocasião de ato formal com a
judiciais necessárias à remoção vista dos autos depois das par- presença da autoridade judiciária.
de irregularidades porventura tes, podendo juntar documentos
verificadas; e requerer diligências, usando os
XII – requisitar força policial, recursos cabíveis. CAPÍTULO VII – DA
bem como a colaboração dos PROTEÇÃO JUDICIAL DOS
serviços médicos, hospitalares, Art. 203.  A intimação do Minis- INTERESSES INDIVIDUAIS,
educacionais e de assistência so- tério Público, em qualquer caso, DIFUSOS E COLETIVOS
cial, públicos ou privados, para o será feita pessoalmente.
desempenho de suas atribuições; Art. 208.  Regem-se pelas dis-
XIII – intervir, quando não for Art. 204.  A falta de intervenção posições desta Lei as ações de
parte, nas causas cíveis e cri- do Ministério Público acarreta a responsabilidade por ofensa aos
minais decorrentes de violência nulidade do feito, que será decla- direitos assegurados à criança e
doméstica e familiar contra a rada de ofício pelo juiz ou a reque- ao adolescente, referentes ao não
criança e o adolescente. rimento de qualquer interessado. oferecimento ou oferta irregular:
§ 1o  A legitimação do Minis- I – do ensino obrigatório;
tério Público para as ações cíveis Art. 205.  As manifestações pro- II – de atendimento educacio-
previstas neste artigo não impe- cessuais do representante do nal especializado aos portadores
de a de terceiros, nas mesmas Ministério Público deverão ser de deficiência;
hipóteses, segundo dispuserem fundamentadas. III – de atendimento em cre-
a Constituição e esta Lei. che e pré-escola às crianças de
§ 2o  As atribuições constan- zero a cinco anos de idade;
tes deste artigo não excluem ou- CAPÍTULO VI – DO IV – de ensino noturno regu-
tras, desde que compatíveis com ADVOGADO lar, adequado às condições do
a finalidade do Ministério Público. educando;
§ 3o  O representante do Mi- Art. 206.  A criança ou o adoles- V – de programas suplemen-
nistério Público, no exercício de cente, seus pais ou responsável, tares de oferta de material didá-
suas funções, terá livre acesso e qualquer pessoa que tenha legí- tico-escolar, transporte e assis-
a todo local onde se encontre timo interesse na solução da lide tência à saúde do educando do
criança ou adolescente. poderão intervir nos procedimen- ensino fundamental;
§ 4o  O representante do Mi- tos de que trata esta Lei, através VI – de serviço de assistência
nistério Público será responsável de advogado, o qual será intimado social visando à proteção à famí-
pelo uso indevido das informa- para todos os atos, pessoalmente lia, à maternidade, à infância e à
ções e documentos que requisi- ou por publicação oficial, respei- adolescência, bem como ao am-
tar, nas hipóteses legais de sigilo. tado o segredo de justiça. paro às crianças e adolescentes
§ 5o  Para o exercício da atri- Parágrafo único.  Será pres- que dele necessitem;
buição de que trata o inciso VIII tada assistência judiciária inte- VII – de acesso às ações e
deste artigo, poderá o represen- gral e gratuita àqueles que dela serviços de saúde;
tante do Ministério Público: necessitarem. VIII – de escolarização e pro-
a)  reduzir a termo as declara- fissionalização dos adolescentes
ções do reclamante, instaurando Art. 207.  Nenhum adolescente a privados de liberdade;
o competente procedimento, sob quem se atribua a prática de ato IX – de ações, serviços e pro-
sua presidência; infracional, ainda que ausente ou gramas de orientação, apoio e
b)  entender-se diretamen- foragido, será processado sem promoção social de famílias e
te com a pessoa ou autoridade defensor. destinados ao pleno exercício do
reclamada, em dia, local e horá- § 1o  Se o adolescente não ti- direito à convivência familiar por

742
Estatuto da Criança e do Adolescente
crianças e adolescentes; e direitos de que cuida esta Lei. cumprimento.
X – de programas de atendi- § 2o  Em caso de desistência
mento para a execução das medi- ou abandono da ação por asso- Art. 214.  Os valores das multas
das socioeducativas e aplicação ciação legitimada, o Ministério reverterão ao fundo gerido pelo
de medidas de proteção; Público ou outro legitimado po- Conselho dos Direitos da Criança
XI – de políticas e progra- derá assumir a titularidade ativa. e do Adolescente do respectivo
mas integrados de atendimento Município.
à criança e ao adolescente vítima Art. 211.  Os órgãos públicos le- § 1o  As multas não recolhidas
ou testemunha de violência. gitimados poderão tomar dos até trinta dias após o trânsito em
§ 1o  As hipóteses previstas interessados compromisso de julgado da decisão serão exigidas
neste artigo não excluem da pro- ajustamento de sua conduta às através de execução promovi-
teção judicial outros interesses exigências legais, o qual terá da pelo Ministério Público, nos
individuais, difusos ou coletivos, eficácia de título executivo ex- mesmos autos, facultada igual
próprios da infância e da adoles- trajudicial. iniciativa aos demais legitimados.
cência, protegidos pela Constitui- § 2o  Enquanto o fundo não
ção e pela Lei. Art. 212.  Para defesa dos direi- for regulamentado, o dinheiro
§ 2o  A investigação do de- tos e interesses protegidos por ficará depositado em estabele-
saparecimento de crianças ou esta Lei, são admissíveis todas cimento oficial de crédito, em
adolescentes será realizada ime- as espécies de ações pertinentes. conta com correção monetária.
diatamente após notificação aos § 1o  Aplicam-se às ações pre-
órgãos competentes, que deve- vistas neste Capítulo as normas Art. 215.  O juiz poderá conferir
rão comunicar o fato aos portos, do Código de Processo Civil. efeito suspensivo aos recursos,
aeroportos, Polícia Rodoviária e § 2o  Contra atos ilegais ou para evitar dano irreparável à
companhias de transporte in- abusivos de autoridade pública parte.
terestaduais e internacionais, ou agente de pessoa jurídica no
fornecendo-lhes todos os dados exercício de atribuições do poder Art. 216.  Transitada em julgado
necessários à identificação do público, que lesem direito líquido a sentença que impuser conde-
desaparecido. e certo previsto nesta Lei, caberá nação ao poder público, o juiz
ação mandamental, que se regerá determinará a remessa de peças
Art. 209.  As ações previstas pelas normas da lei do mandado à autoridade competente, para
neste Capítulo serão propostas de segurança. apuração da responsabilidade
no foro do local onde ocorreu ou civil e administrativa do agente a
deva ocorrer a ação ou omissão, Art. 213.  Na ação que tenha por que se atribua a ação ou omissão.
cujo juízo terá competência ab- objeto o cumprimento de obriga-
soluta para processar a causa, ção de fazer ou não fazer, o juiz Art. 217.  Decorridos sessenta
ressalvadas a competência da concederá a tutela específica da dias do trânsito em julgado da
Justiça Federal e a competên- obrigação ou determinará provi- sentença condenatória sem que
cia originária dos Tribunais Su- dências que assegurem o resul- a associação autora lhe promo-
periores. tado prático equivalente ao do va a execução, deverá fazê-lo o
adimplemento. Ministério Público, facultada igual
Art. 210.  Para as ações cíveis § 1o  Sendo relevante o fun- iniciativa aos demais legitimados.
fundadas em interesses coleti- damento da demanda e havendo
vos ou difusos, consideram-se justificado receio de ineficácia do Art. 218.  O juiz condenará a as-
legitimados concorrentemente: provimento final, é lícito ao juiz sociação autora a pagar ao réu os
I – o Ministério Público; conceder a tutela liminarmente honorários advocatícios arbitra-
II – a União, os Estados, os ou após justificação prévia, ci- dos na conformidade do § 4o do
Municípios, o Distrito Federal e tando o réu. art. 20 da Lei no 5.869, de 11 de
os Territórios; § 2o  O juiz poderá, na hipó- janeiro de 1973 – Código de Pro-
III – as associações legalmen- tese do parágrafo anterior ou na cesso Civil, quando reconhecer
te constituídas há pelo menos sentença, impor multa diária ao que a pretensão é manifesta-
um ano e que incluam entre seus réu, independentemente de pe- mente infundada.
fins institucionais a defesa dos dido do autor, se for suficiente Parágrafo único.  Em caso de
interesses e direitos protegidos ou compatível com a obrigação, litigância de má-fé, a associação
por esta Lei, dispensada a auto- fixando prazo razoável para o autora e os diretores responsá-
rização da assembleia, se houver cumprimento do preceito. veis pela propositura da ação
prévia autorização estatutária. § 3o  A multa só será exigível serão solidariamente condena-
§ 1o  Admitir-se-á litisconsór- do réu após o trânsito em julgado dos ao décuplo das custas, sem
cio facultativo entre os Ministé- da sentença favorável ao autor, prejuízo de responsabilidade por
rios Públicos da União e dos Es- mas será devida desde o dia em perdas e danos.
tados na defesa dos interesses que se houver configurado o des-

743
Estatuto da Criança e do Adolescente
Art. 219.  Nas ações de que trata legitimadas apresentar razões es- Art. 227-A.  Os efeitos da conde-
este Capítulo, não haverá adianta- critas ou documentos, que serão nação prevista no inciso I do caput
mento de custas, emolumentos, juntados aos autos do inquérito do art. 92 do Decreto-lei no 2.848,
honorários periciais e quaisquer ou anexados às peças de infor- de 7 de dezembro de 1940 (Código
outras despesas. mação. Penal), para os crimes previstos
§ 4o  A promoção de arquiva- nesta Lei, praticados por ser-
Art. 220.  Qualquer pessoa po- mento será submetida a exame e vidores públicos com abuso de
derá e o servidor público deverá deliberação do Conselho Superior autoridade, são condicionados à
provocar a iniciativa do Ministério do Ministério Público, conforme ocorrência de reincidência.
Público, prestando-lhe informa- dispuser o seu Regimento. Parágrafo único.  A perda do
ções sobre fatos que constituam § 5o  Deixando o Conselho Su- cargo, do mandato ou da função,
objeto de ação civil, e indicando- perior de homologar a promoção nesse caso, independerá da pena
-lhe os elementos de convicção. de arquivamento, designará, des- aplicada na reincidência.
de logo, outro órgão do Ministé-
Art. 221.  Se, no exercício de suas rio Público para o ajuizamento
funções, os juízes e tribunais tive- da ação.
Seção II – Dos Crimes em
rem conhecimento de fatos que Espécie
possam ensejar a propositura de Art. 224.  Aplicam-se subsidia-
ação civil, remeterão peças ao riamente, no que couber, as dis- Art. 228.  Deixar o encarregado
Ministério Público para as provi- posições da Lei no 7.347, de 24 de de serviço ou o dirigente de esta-
dências cabíveis. julho de 1985. belecimento de atenção à saúde
de gestante de manter registro
Art. 222.  Para instruir a peti- das atividades desenvolvidas, na
ção inicial, o interessado poderá TÍTULO VII – DOS CRIMES forma e prazo referidos no art. 10
requerer às autoridades com- E DAS INFRAÇÕES desta Lei, bem como de fornecer
petentes as certidões e infor- ADMINISTRATIVAS à parturiente ou a seu responsá-
mações que julgar necessárias, vel, por ocasião da alta médica,
que serão fornecidas no prazo CAPÍTULO I – DOS CRIMES declaração de nascimento, onde
de quinze dias. Seção I – Disposições Gerais constem as intercorrências do
parto e do desenvolvimento do
Art. 223.  O Ministério Público neonato:
poderá instaurar, sob sua presi- Art. 225.  Este Capítulo dispõe Pena – detenção de seis me-
dência, inquérito civil, ou requi- sobre crimes praticados contra ses a dois anos.
sitar, de qualquer pessoa, orga- a criança e o adolescente, por Parágrafo único.  Se o crime
nismo público ou particular, cer- ação ou omissão, sem prejuízo é culposo:
tidões, informações, exames ou do disposto na legislação penal. Pena – detenção de dois a
perícias, no prazo que assinalar, seis meses, ou multa.
o qual não poderá ser inferior a Art. 226.  Aplicam-se aos crimes
dez dias úteis. definidos nesta Lei as normas da Art. 229.  Deixar o médico, en-
§ 1o  Se o órgão do Ministé- Parte Geral do Código Penal e, fermeiro ou dirigente de estabe-
rio Público, esgotadas todas as quanto ao processo, as pertinen- lecimento de atenção à saúde de
diligências, se convencer da ine- tes ao Código de Processo Penal. gestante de identificar correta-
xistência de fundamento para a § 1o  Aos crimes cometidos mente o neonato e a parturiente,
propositura da ação cível, promo- contra a criança e o adolescente, por ocasião do parto, bem como
verá o arquivamento dos autos independentemente da pena pre- deixar de proceder aos exames
do inquérito civil ou das peças vista, não se aplica a Lei no 9.099, referidos no art. 10 desta Lei:
informativas, fazendo-o funda- de 26 de setembro de 1995. Pena – detenção de seis me-
mentadamente. § 2o  Nos casos de violência ses a dois anos.
§ 2o  Os autos do inquérito doméstica e familiar contra a Parágrafo único.  Se o crime
civil ou as peças de informação criança e o adolescente, é veda- é culposo:
arquivados serão remetidos, da a aplicação de penas de cesta Pena – detenção de dois a
sob pena de se incorrer em falta básica ou de outras de prestação seis meses, ou multa.
grave, no prazo de três dias, ao pecuniária, bem como a subs-
Conselho Superior do Ministério tituição de pena que implique Art. 230.  Privar a criança ou
Público. o pagamento isolado de multa. o adolescente de sua liberda-
§ 3o  Até que seja homolo- de, procedendo à sua apreensão
gada ou rejeitada a promoção Art. 227.  Os crimes definidos sem estar em flagrante de ato
de arquivamento, em sessão do nesta Lei são de ação pública infracional ou inexistindo ordem
Conselho Superior do Ministério incondicionada. escrita da autoridade judiciária
Público, poderão as associações competente:

744
Estatuto da Criança e do Adolescente
Pena – detenção de seis me- Art. 238.  Prometer ou efetivar Art. 241.  Vender ou expor à ven-
ses a dois anos. a entrega de filho ou pupilo a da fotografia, vídeo ou outro re-
Parágrafo único.  Incide na terceiro, mediante paga ou re- gistro que contenha cena de sexo
mesma pena aquele que procede compensa: explícito ou pornográfica envol-
à apreensão sem observância das Pena – reclusão de um a qua- vendo criança ou adolescente:
formalidades legais. tro anos, e multa. Pena – reclusão, de 4 (quatro)
Parágrafo único.  Incide nas a 8 (oito) anos, e multa.
Art. 231.  Deixar a autoridade mesmas penas quem oferece ou
policial responsável pela apre- efetiva a paga ou recompensa. Art. 241-A.  Oferecer, trocar, dis-
ensão de criança ou adolescente ponibilizar, transmitir, distribuir,
de fazer imediata comunicação à Art. 239.  Promover ou auxiliar publicar ou divulgar por qualquer
autoridade judiciária competen- a efetivação de ato destinado ao meio, inclusive por meio de siste-
te e à família do apreendido ou à envio de criança ou adolescente ma de informática ou telemático,
pessoa por ele indicada: para o exterior com inobservância fotografia, vídeo ou outro registro
Pena – detenção de seis me- das formalidades legais ou com que contenha cena de sexo explí-
ses a dois anos. o fito de obter lucro: cito ou pornográfica envolvendo
Pena – reclusão de quatro a criança ou adolescente:
Art. 232.  Submeter criança ou seis anos, e multa. Pena – reclusão, de 3 (três) a
adolescente sob sua autoridade, Parágrafo único.  Se há em- 6 (seis) anos, e multa.
guarda ou vigilância a vexame ou prego de violência, grave ameaça § 1o  Nas mesmas penas in-
a constrangimento: ou fraude: corre quem:
Pena – detenção de seis me- Pena – reclusão, de 6 (seis) a I – assegura os meios ou ser-
ses a dois anos. 8 (oito) anos, além da pena cor- viços para o armazenamento das
respondente à violência. fotografias, cenas ou imagens de
Art. 233.  (Revogado) que trata o caput deste artigo;
Art. 240.  Produzir, reproduzir, II – assegura, por qualquer
Art. 234.  Deixar a autoridade dirigir, fotografar, filmar ou re- meio, o acesso por rede de com-
competente, sem justa causa, gistrar, por qualquer meio, cena putadores às fotografias, cenas
de ordenar a imediata liberação de sexo explícito ou pornográfi- ou imagens de que trata o caput
de criança ou adolescente, tão ca, envolvendo criança ou ado- deste artigo.
logo tenha conhecimento da ile- lescente: § 2o  As condutas tipificadas
galidade da apreensão: Pena – reclusão, de 4 (quatro) nos incisos I e II do § 1o deste ar-
Pena – detenção de seis me- a 8 (oito) anos, e multa. tigo são puníveis quando o res-
ses a dois anos. § 1o  Incorre nas mesmas pe- ponsável legal pela prestação do
nas quem agencia, facilita, recru- serviço, oficialmente notificado,
Art. 235.  Descumprir, injusti- ta, coage, ou de qualquer modo deixa de desabilitar o acesso ao
ficadamente, prazo fixado nesta intermedeia a participação de conteúdo ilícito de que trata o
Lei em benefício de adolescente criança ou adolescente nas ce- caput deste artigo.
privado de liberdade: nas referidas no caput deste ar-
Pena – detenção de seis me- tigo, ou ainda quem com esses Art. 241-B.  Adquirir, possuir ou
ses a dois anos. contracena. armazenar, por qualquer meio,
§ 2o  Aumenta-se a pena de fotografia, vídeo ou outra forma
Art. 236.  Impedir ou embaraçar 1/3 (um terço) se o agente come- de registro que contenha cena de
a ação de autoridade judiciária, te o crime: sexo explícito ou pornográfica en-
membro do Conselho Tutelar ou I – no exercício de cargo ou volvendo criança ou adolescente:
representante do Ministério Pú- função pública ou a pretexto de Pena – reclusão, de 1 (um) a
blico no exercício de função pre- exercê-la; 4 (quatro) anos, e multa.
vista nesta Lei: II – prevalecendo-se de rela- § 1o  A pena é diminuída de 1
Pena – detenção de seis me- ções domésticas, de coabitação (um) a 2/3 (dois terços) se de pe-
ses a dois anos. ou de hospitalidade; ou quena quantidade o material a
III – prevalecendo-se de rela- que se refere o caput deste artigo.
Art. 237.  Subtrair criança ou ções de parentesco consanguíneo § 2o  Não há crime se a pos-
adolescente ao poder de quem o ou afim até o terceiro grau, ou por se ou o armazenamento tem a
tem sob sua guarda em virtude de adoção, de tutor, curador, pre- finalidade de comunicar às au-
lei ou ordem judicial, com o fim ceptor, empregador da vítima ou toridades competentes a ocor-
de colocação em lar substituto: de quem, a qualquer outro título, rência das condutas descritas
Pena – reclusão de dois a seis tenha autoridade sobre ela, ou nos arts. 240, 241, 241‑A e 241‑C
anos, e multa. com seu consentimento. desta Lei, quando a comunicação
for feita por:
I – agente público no exercício

745
Estatuto da Criança e do Adolescente
de suas funções; pressão “cena de sexo explícito se verifique a submissão de crian-
II – membro de entidade, le- ou pornográfica” compreende ça ou adolescente às práticas
galmente constituída, que inclua, qualquer situação que envolva referidas no caput deste artigo.
entre suas finalidades institucio- criança ou adolescente em ati- § 2o  Constitui efeito obriga-
nais, o recebimento, o proces- vidades sexuais explícitas, reais tório da condenação a cassação
samento e o encaminhamento ou simuladas, ou exibição dos da licença de localização e de fun-
de notícia dos crimes referidos órgãos genitais de uma criança cionamento do estabelecimento.
neste parágrafo; ou adolescente para fins primor-
III – representante legal e dialmente sexuais. Art. 244-B.  Corromper ou faci-
funcionários responsáveis de litar a corrupção de menor de 18
provedor de acesso ou serviço Art. 242.  Vender, fornecer ainda (dezoito) anos, com ele praticando
prestado por meio de rede de que gratuitamente ou entregar, infração penal ou induzindo-o a
computadores, até o recebimento de qualquer forma, a criança ou praticá-la:
do material relativo à notícia feita adolescente arma, munição ou Pena – reclusão, de 1 (um) a
à autoridade policial, ao Ministério explosivo: 4 (quatro) anos.
Público ou ao Poder Judiciário. Pena – reclusão, de 3 (três) a § 1o  Incorre nas penas previs-
§ 3o  As pessoas referidas no 6 (seis) anos. tas no caput deste artigo quem
§  2 deste artigo deverão man-
o
pratica as condutas ali tipificadas
ter sob sigilo o material ilícito Art. 243.  Vender, fornecer, ser- utilizando-se de quaisquer meios
referido. vir, ministrar ou entregar, ainda eletrônicos, inclusive salas de
que gratuitamente, de qualquer bate-papo da internet.
Art. 241-C.  Simular a participa- forma, a criança ou a adolescen- § 2o  As penas previstas no
ção de criança ou adolescente em te, bebida alcoólica ou, sem jus- caput deste artigo são aumen-
cena de sexo explícito ou porno- ta causa, outros produtos cujos tadas de um terço no caso de a
gráfica por meio de adulteração, componentes possam causar infração cometida ou induzida es-
montagem ou modificação de fo- dependência física ou psíquica: tar incluída no rol do art. 1o da Lei
tografia, vídeo ou qualquer outra Pena – detenção, de 2 (dois) a no 8.072, de 25 de julho de 1990.
forma de representação visual: 4 (quatro) anos, e multa, se o fato
Pena – reclusão, de 1 (um) a não constitui crime mais grave.
3 (três) anos, e multa. CAPÍTULO II –
Parágrafo único. Incorre Art. 244.  Vender, fornecer ainda DAS INFRAÇÕES
nas mesmas penas quem ven- que gratuitamente ou entregar, ADMINISTRATIVAS
de, expõe à venda, disponibiliza, de qualquer forma, a criança ou
distribui, publica ou divulga por adolescente fogos de estampido Art. 245.  Deixar o médico, pro-
qualquer meio, adquire, possui ou de artifício, exceto aqueles fessor ou responsável por esta-
ou armazena o material produzido que, pelo seu reduzido poten- belecimento de atenção à saúde
na forma do caput deste artigo. cial, sejam incapazes de provocar e de ensino fundamental, pré-es-
qualquer dano físico em caso de cola ou creche, de comunicar à
Art. 241-D.  Aliciar, assediar, ins- utilização indevida: autoridade competente os casos
tigar ou constranger, por qualquer Pena – detenção de seis me- de que tenha conhecimento, en-
meio de comunicação, criança, ses a dois anos, e multa. volvendo suspeita ou confirmação
com o fim de com ela praticar de maus-tratos contra criança ou
ato libidinoso: Art. 244-A.  Submeter criança adolescente:
Pena – reclusão, de 1 (um) a ou adolescente, como tais de- Pena – multa de três a vinte
3 (três) anos, e multa. finidos no caput do art. 2o desta salários de referência, aplican-
Parágrafo único.  Nas mes- Lei, à prostituição ou à explora- do-se o dobro em caso de rein-
mas penas incorre quem: ção sexual: cidência.
I – facilita ou induz o acesso Pena – reclusão de quatro a
à criança de material contendo dez anos e multa, além da perda Art. 246.  Impedir o responsável
cena de sexo explícito ou por- de bens e valores utilizados na ou funcionário de entidade de
nográfica com o fim de com ela prática criminosa em favor do atendimento o exercício dos di-
praticar ato libidinoso; Fundo dos Direitos da Criança reitos constantes nos incisos II, III,
II – pratica as condutas des- e do Adolescente da unidade da VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei:
critas no caput deste artigo com Federação (Estado ou Distrito Pena – multa de três a vinte
o fim de induzir criança a se exibir Federal) em que foi cometido o salários de referência, aplican-
de forma pornográfica ou sexu- crime, ressalvado o direito de do-se o dobro em caso de rein-
almente explícita. terceiro de boa-fé. cidência.
§ 1o  Incorrem nas mesmas
Art. 241-E.  Para efeito dos cri- penas o proprietário, o gerente ou Art. 247.  Divulgar, total ou par-
mes previstos nesta Lei, a ex- o responsável pelo local em que cialmente, sem autorização devi-

746
Estatuto da Criança e do Adolescente
da, por qualquer meio de comuni- (trinta) dias, o estabelecimento cidência, a autoridade poderá
cação, nome, ato ou documento será definitivamente fechado e determinar a suspensão do espe-
de procedimento policial, admi- terá sua licença cassada. táculo ou o fechamento do esta-
nistrativo ou judicial relativo a belecimento por até quinze dias.
criança ou adolescente a que se Art. 251.  Transportar criança ou
atribua ato infracional: adolescente, por qualquer meio, Art. 256.  Vender ou locar a
Pena – multa de três a vinte com inobservância do disposto criança ou adolescente fita de
salários de referência, aplican- nos arts. 83, 84 e 85 desta Lei: programação em vídeo, em de-
do-se o dobro em caso de rein- Pena – multa de três a vinte sacordo com a classificação atri-
cidência. salários de referência, aplican- buída pelo órgão competente:
§ 1o  Incorre na mesma pena do-se o dobro em caso de rein- Pena – multa de três a vinte
quem exibe, total ou parcialmen- cidência. salários de referência; em caso
te, fotografia de criança ou ado- de reincidência, a autoridade ju-
lescente envolvido em ato infra- Art. 252.  Deixar o responsável diciária poderá determinar o fe-
cional, ou qualquer ilustração por diversão ou espetáculo pú- chamento do estabelecimento
que lhe diga respeito ou se refira blico de afixar, em lugar visível e por até quinze dias.
a atos que lhe sejam atribuídos, de fácil acesso, à entrada do local
de forma a permitir sua identifi- de exibição, informação destaca- Art. 257.  Descumprir obriga-
cação, direta ou indiretamente. da sobre a natureza da diversão ção constante dos arts. 78 e 79
§ 2o  Se o fato for praticado ou espetáculo e a faixa etária desta Lei:
por órgão de imprensa ou emisso- especificada no certificado de Pena – multa de três a vinte
ra de rádio ou televisão, além da classificação: salários de referência, duplican-
pena prevista neste artigo, a auto- Pena – multa de três a vinte do-se a pena em caso de reinci-
ridade judiciária poderá determi- salários de referência, aplican- dência, sem prejuízo de apre-
nar a apreensão da publicação ou do-se o dobro em caso de rein- ensão da revista ou publicação.
a suspensão da programação da cidência.
emissora até por dois dias, bem Art. 258.  Deixar o responsá-
como da publicação do periódico Art. 253.  Anunciar peças tea- vel pelo estabelecimento ou o
até por dois números.2 trais, filmes ou quaisquer repre- empresário de observar o que
sentações ou espetáculos, sem dispõe esta Lei sobre o acesso
Art. 248.  (Revogado) indicar os limites de idade a que de criança ou adolescente aos
não se recomendem: locais de diversão, ou sobre sua
Art. 249.  Descumprir, dolosa Pena – multa de três a vinte participação no espetáculo:
ou culposamente, os deveres salários de referência, duplicada Pena – multa de três a vinte
inerentes ao poder familiar ou em caso de reincidência, aplicá- salários de referência; em caso
decorrente de tutela ou guarda, vel, separadamente, à casa de de reincidência, a autoridade ju-
bem assim determinação da au- espetáculo e aos órgãos de di- diciária poderá determinar o fe-
toridade judiciária ou Conselho vulgação ou publicidade. chamento do estabelecimento
Tutelar: por até quinze dias.
Pena – multa de três a vinte Art. 254.  Transmitir, através de
salários de referência, aplican- rádio ou televisão, espetáculo em Art. 258-A.  Deixar a autoridade
do-se o dobro em caso de rein- horário diverso do autorizado ou competente de providenciar a ins-
cidência. sem aviso de sua classificação:3 talação e operacionalização dos
Pena – multa de vinte a cem cadastros previstos no art. 50 e
Art. 250.  Hospedar criança ou salários de referência; duplicada no § 11 do art. 101 desta Lei:
adolescente desacompanhado em caso de reincidência a autori- Pena – multa de R$ 1.000,00
dos pais ou responsável, ou sem dade judiciária poderá determinar (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil
autorização escrita desses ou a suspensão da programação da reais).
da autoridade judiciária, em ho- emissora por até dois dias. Parágrafo único.  Incorre nas
tel, pensão, motel ou congênere: mesmas penas a autoridade que
Pena – multa. Art. 255.  Exibir filme, trailer, deixa de efetuar o cadastramento
§ 1o  Em caso de reincidência, peça, amostra ou congênere clas- de crianças e de adolescentes em
sem prejuízo da pena de multa, a sificado pelo órgão competente condições de serem adotadas, de
autoridade judiciária poderá de- como inadequado às crianças pessoas ou casais habilitados à
terminar o fechamento do estabe- ou adolescentes admitidos ao adoção e de crianças e adoles-
lecimento por até 15 (quinze) dias. espetáculo: centes em regime de acolhimento
§ 2o  Se comprovada a rein- Pena – multa de vinte a cem institucional ou familiar.
cidência em período inferior a 30 salários de referência; na rein-
Art. 258-B.  Deixar o médico,
2
  NE: ver ADI no 869. 3
  NE: ver ADI no 2.404. enfermeiro ou dirigente de esta-

747
Estatuto da Criança e do Adolescente
belecimento de atenção à saúde rado pelas pessoas jurídicas tri- Art. 260-A.  A partir do exercício
de gestante de efetuar imediato butadas com base no lucro real; e de 2010, ano-calendário de 2009,
encaminhamento à autoridade II – 6% (seis por cento) do a pessoa física poderá optar pela
judiciária de caso de que tenha imposto sobre a renda apurado doação de que trata o inciso II do
conhecimento de mãe ou ges- pelas pessoas físicas na Declara- caput do art. 260 diretamente em
tante interessada em entregar ção de Ajuste Anual, observado o sua Declaração de Ajuste Anual.
seu filho para adoção: disposto no art. 22 da Lei no 9.532, § 1o  A doação de que trata
Pena – multa de R$ 1.000,00 de 10 de dezembro de 1997. o caput poderá ser deduzida até
(mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil § 1o (Revogado) os seguintes percentuais aplica-
reais). § 1o-A.  Na definição das prio- dos sobre o imposto apurado na
Parágrafo único.  Incorre na ridades a serem atendidas com os declaração:
mesma pena o funcionário de recursos captados pelos fundos I – (Vetado);
programa oficial ou comunitário nacional, estaduais e municipais II – (Vetado);
destinado à garantia do direito à dos direitos da criança e do ado- III – 3% (três por cento) a par-
convivência familiar que deixa de lescente, serão consideradas as tir do exercício de 2012.
efetuar a comunicação referida disposições do Plano Nacional de § 2o  A dedução de que trata
no caput deste artigo. Promoção, Proteção e Defesa do o caput:
Direito de Crianças e Adolescen- I – está sujeita ao limite de
Art. 258-C.  Descumprir a proi- tes à Convivência Familiar e Co- 6% (seis por cento) do imposto
bição estabelecida no inciso II munitária e as do Plano Nacional sobre a renda apurado na decla-
do art. 81: pela Primeira Infância. ração de que trata o inciso II do
Pena – multa de R$ 3.000,00 § 2o  Os conselhos nacional, caput do art. 260;
(três mil reais) a R$ 10.000,00 (dez estaduais e municipais dos direi- II – não se aplica à pessoa
mil reais); tos da criança e do adolescente física que:
Medida Administrativa – inter- fixarão critérios de utilização, por a)  utilizar o desconto sim-
dição do estabelecimento comer- meio de planos de aplicação, das plificado;
cial até o recolhimento da multa dotações subsidiadas e demais b)  apresentar declaração em
aplicada. receitas, aplicando necessaria- formulário; ou
mente percentual para incentivo c)  entregar a declaração fora
ao acolhimento, sob a forma de do prazo;
DISPOSIÇÕES FINAIS E guarda, de crianças e adolescen- III – só se aplica às doações
TRANSITÓRIAS tes e para programas de atenção em espécie; e
integral à primeira infância em IV – não exclui ou reduz outros
Art. 259.  A União, no prazo de áreas de maior carência socio- benefícios ou deduções em vigor.
noventa dias contados da publi- econômica e em situações de § 3o  O pagamento da doação
cação deste Estatuto, elaborará calamidade. deve ser efetuado até a data de
projeto de lei dispondo sobre a § 3o  O Departamento da Re- vencimento da primeira quota
criação ou adaptação de seus ceita Federal, do Ministério da ou quota única do imposto, ob-
órgãos às diretrizes da política Economia, Fazenda e Planeja- servadas instruções específicas
de atendimento fixadas no art. 88 mento, regulamentará a com- da Secretaria da Receita Federal
e ao que estabelece o Título V provação das doações feitas aos do Brasil.
do Livro II. fundos, nos termos deste artigo. § 4o  O não pagamento da do-
Parágrafo único. Compete § 4o  O Ministério Público de- ação no prazo estabelecido no § 3o
aos Estados e Municípios pro- terminará em cada comarca a for- implica a glosa definitiva desta
moverem a adaptação de seus ma de fiscalização da aplicação, parcela de dedução, ficando a
órgãos e programas às diretri- pelo Fundo Municipal dos Direitos pessoa física obrigada ao reco-
zes e princípios estabelecidos da Criança e do Adolescente, dos lhimento da diferença de imposto
nesta Lei. incentivos fiscais referidos nes- devido apurado na Declaração de
te artigo. Ajuste Anual com os acréscimos
Art. 260.  Os contribuintes po- § 5o  Observado o disposto no legais previstos na legislação.
derão efetuar doações aos Fun- § 4o do art. 3o da Lei no 9.249, de 26 § 5o  A pessoa física pode-
dos dos Direitos da Criança e do de dezembro de 1995, a dedução rá deduzir do imposto apurado
Adolescente nacional, distrital, de que trata o inciso I do caput: na Declaração de Ajuste Anual
estaduais ou municipais, devi- I – será considerada isola- as doações feitas, no respectivo
damente comprovadas, sendo damente, não se submetendo a ano-calendário, aos fundos con-
essas integralmente deduzidas limite em conjunto com outras trolados pelos Conselhos dos Di-
do imposto de renda, obedecidos deduções do imposto; e reitos da Criança e do Adolescen-
os seguintes limites: II – não poderá ser computa- te municipais, distrital, estaduais
I – 1% (um por cento) do im- da como despesa operacional na e nacional concomitantemente
posto sobre a renda devido apu- apuração do lucro real. com a opção de que trata o caput,

748
Estatuto da Criança e do Adolescente
respeitado o limite previsto no em relação anexa ao comprovan- Art. 260-H.  Em caso de des-
inciso II do art. 260. te, informando também se houve cumprimento das obrigações pre-
avaliação, o nome, CPF ou CNPJ e vistas no art. 260‑G, a Secretaria
Art. 260-B.  A doação de que endereço dos avaliadores. da Receita Federal do Brasil dará
trata o inciso I do art. 260 poderá conhecimento do fato ao Minis-
ser deduzida: Art. 260-E.  Na hipótese da do- tério Público.
I – do imposto devido no tri- ação em bens, o doador deverá:
mestre, para as pessoas jurídicas I – comprovar a propriedade Art. 260-I.  Os Conselhos dos Di-
que apuram o imposto trimes- dos bens, mediante documen- reitos da Criança e do Adolescen-
tralmente; e tação hábil; te nacional, estaduais, distrital e
II – do imposto devido men- II – baixar os bens doados na municipais divulgarão amplamen-
salmente e no ajuste anual, para declaração de bens e direitos, te à comunidade:
as pessoas jurídicas que apuram quando se tratar de pessoa físi- I – o calendário de suas reu-
o imposto anualmente. ca, e na escrituração, no caso de niões;
Parágrafo único.  A doação pessoa jurídica; e II – as ações prioritárias para
deverá ser efetuada dentro do III – considerar como valor aplicação das políticas de atendi-
período a que se refere a apura- dos bens doados: mento à criança e ao adolescente;
ção do imposto. a)  para as pessoas físicas, III – os requisitos para a apre-
o valor constante da última de- sentação de projetos a serem
Art. 260-C.  As doações de que claração do imposto de renda, beneficiados com recursos dos
trata o art. 260 desta Lei podem desde que não exceda o valor Fundos dos Direitos da Criança
ser efetuadas em espécie ou em de mercado; e do Adolescente nacional, es-
bens. b)  para as pessoas jurídicas, taduais, distrital ou municipais;
Parágrafo único.  As doações o valor contábil dos bens. IV – a relação dos projetos
efetuadas em espécie devem ser Parágrafo único.  O preço ob- aprovados em cada ano-calen-
depositadas em conta específica, tido em caso de leilão não será dário e o valor dos recursos pre-
em instituição financeira pública, considerado na determinação do vistos para implementação das
vinculadas aos respectivos fun- valor dos bens doados, exceto se ações, por projeto;
dos de que trata o art. 260. o leilão for determinado por au- V – o total dos recursos rece-
toridade judiciária. bidos e a respectiva destinação,
Art. 260-D.  Os órgãos respon- por projeto atendido, inclusive
sáveis pela administração das Art. 260-F.  Os documentos a com cadastramento na base de
contas dos Fundos dos Direitos que se referem os arts. 260‑D e dados do Sistema de Informa-
da Criança e do Adolescente na- 260‑E devem ser mantidos pelo ções sobre a Infância e a Ado-
cional, estaduais, distrital e mu- contribuinte por um prazo de 5 lescência; e
nicipais devem emitir recibo em (cinco) anos para fins de com- VI – a avaliação dos resulta-
favor do doador, assinado por provação da dedução perante a dos dos projetos beneficiados
pessoa competente e pelo pre- Receita Federal do Brasil. com recursos dos Fundos dos
sidente do Conselho correspon- Direitos da Criança e do Adoles-
dente, especificando: Art. 260-G.  Os órgãos respon- cente nacional, estaduais, distri-
I – número de ordem; sáveis pela administração das tal e municipais.
II – nome, Cadastro Nacional contas dos Fundos dos Direitos
da Pessoa Jurídica (CNPJ) e en- da Criança e do Adolescente na- Art. 260-J.  O Ministério Público
dereço do emitente; cional, estaduais, distrital e mu- determinará, em cada Comar-
III – nome, CNPJ ou Cadas- nicipais devem: ca, a forma de fiscalização da
tro de Pessoas Físicas (CPF) do I – manter conta bancária es- aplicação dos incentivos fiscais
doador; pecífica destinada exclusivamen- referidos no art. 260 desta Lei.
IV – data da doação e valor te a gerir os recursos do Fundo; Parágrafo único. O des-
efetivamente recebido; e II – manter controle das do- cumprimento do disposto nos
V – ano-calendário a que se ações recebidas; e arts. 260‑G e 260‑I sujeitará os
refere a doação. III – informar anualmente à infratores a responder por ação
§ 1o  O comprovante de que Secretaria da Receita Federal do judicial proposta pelo Ministé-
trata o caput deste artigo pode Brasil as doações recebidas mês rio Público, que poderá atuar de
ser emitido anualmente, desde a mês, identificando os seguintes ofício, a requerimento ou repre-
que discrimine os valores doados dados por doador: sentação de qualquer cidadão.
mês a mês. a)  nome, CNPJ ou CPF;
§ 2o  No caso de doação em b)  valor doado, especifican- Art. 260-K.  A Secretaria de Di-
bens, o comprovante deve conter do se a doação foi em espécie ou reitos Humanos da Presidência da
a identificação dos bens, median- em bens. República (SDH/PR) encaminhará
te descrição em campo próprio ou à Secretaria da Receita Federal do

749
Estatuto da Criança e do Adolescente
Brasil, até 31 de outubro de cada mantidas pelo poder público fe-
ano, arquivo eletrônico contendo deral, promoverão edição popular
a relação atualizada dos Fundos do texto integral deste Estatuto,
dos Direitos da Criança e do Ado- que será posto à disposição das
lescente nacional, distrital, esta- escolas e das entidades de aten-
duais e municipais, com a indica- dimento e de defesa dos direitos
ção dos respectivos números de da criança e do adolescente.
inscrição no CNPJ e das contas
bancárias específicas mantidas Art. 265-A.  O poder público fará
em instituições financeiras públi- periodicamente ampla divulga-
cas, destinadas exclusivamente ção dos direitos da criança e do
a gerir os recursos dos Fundos. adolescente nos meios de comu-
nicação social.
Art. 260-L.  A Secretaria da Re- Parágrafo único.  A divulga-
ceita Federal do Brasil expedirá ção a que se refere o caput será
as instruções necessárias à apli- veiculada em linguagem clara,
cação do disposto nos arts. 260 compreensível e adequada a
a 260‑K. crianças e adolescentes, espe-
cialmente às crianças com idade
Art. 261.  À falta dos Conselhos inferior a 6 (seis) anos.
Municipais dos Direitos da Crian-
ça e do Adolescente, os registros, Art. 266.  Esta Lei entra em vigor
inscrições e alterações a que se noventa dias após sua publicação.
referem os arts.  90, parágrafo Parágrafo único.  Durante o
único, e 91 desta Lei serão efetu- período de vacância deverão ser
ados perante a autoridade judici- promovidas atividades e cam-
ária da comarca a que pertencer panhas de divulgação e escla-
a entidade. recimentos acerca do disposto
Parágrafo único.  A União fica nesta Lei.
autorizada a repassar aos Estados
e Municípios, e os Estados aos Mu- Art. 267.  Revogam-se as Leis
nicípios, os recursos referentes nos 4.513, de 1964, e 6.697, de 10
aos programas e atividades pre- de outubro de 1979 (Código de Me-
vistos nesta Lei, tão logo estejam nores), e as demais disposições
criados os Conselhos dos Direitos em contrário.
da Criança e do Adolescente nos
seus respectivos níveis. Brasília, 13 de julho de 1990; 169o
da Independência e 102o da Re-
Art. 262.  Enquanto não insta- pública.
lados os Conselhos Tutelares,
as atribuições a eles conferidas FERNANDO COLLOR
serão exercidas pela autoridade
judiciária. Promulgada em 13/7/1990, publicada no
DOU de 16/7/1990 e retificada no DOU
Art. 263.  O Decreto-lei no 2.848, de 27/9/1990.
de 7 de dezembro de 1940, Códi-
go Penal, passa a vigorar com as
seguintes alterações:
��������������������������������������������������

Art. 264.  O art.  102 da Lei


no  6.015, de 31 de dezembro de
1973, fica acrescido do seguin-
te item:
��������������������������������������������������

Art. 265.  A Imprensa Nacional


e demais gráficas da União, da
administração direta ou indireta,
inclusive fundações instituídas e

750
Estatuto da Pessoa Idosa
ATUALIZADA ATÉ SETEMBRO DE 2022

Atualização e revisão técnica: Coordenação de Edições Técnicas


A norma aqui apresentada não substitui as publicações do Diário Oficial da União.
Sumário

ESTATUTO DA PESSOA IDOSA

Lei no 10.741/2003
755 TÍTULO I – DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
756 TÍTULO II – DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
756 CAPÍTULO I – DO DIREITO À VIDA
756 CAPÍTULO II – DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE
756 CAPÍTULO III – DOS ALIMENTOS
756 CAPÍTULO IV – DO DIREITO À SAÚDE
757 CAPÍTULO V – DA EDUCAÇÃO, CULTURA, ESPORTE E LAZER
757 CAPÍTULO VI – DA PROFISSIONALIZAÇÃO E DO TRABALHO
758 CAPÍTULO VII – DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
758 CAPÍTULO VIII – DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
758 CAPÍTULO IX – DA HABITAÇÃO
759 CAPÍTULO X – DO TRANSPORTE
759 TÍTULO III – DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO
759 CAPÍTULO I – DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
759 CAPÍTULO II – DAS MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO
759 TÍTULO IV – DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO À PESSOA IDOSA
759 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
760 CAPÍTULO II – DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO À PESSOA IDOSA
760 CAPÍTULO III – DA FISCALIZAÇÃO DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO
761 CAPÍTULO IV – DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
761 CAPÍTULO V – DA APURAÇÃO ADMINISTRATIVA DE INFRAÇÃO ÀS NORMAS DE PROTEÇÃO À
PESSOA IDOSA
762 CAPÍTULO VI – DA APURAÇÃO JUDICIAL DE IRREGULARIDADES EM ENTIDADE DE
ATENDIMENTO
762 TÍTULO V – DO ACESSO À JUSTIÇA
762 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
762 CAPÍTULO II – DO MINISTÉRIO PÚBLICO
763 CAPÍTULO III – DA PROTEÇÃO JUDICIAL DOS INTERESSES DIFUSOS, COLETIVOS E
INDIVIDUAIS INDISPONÍVEIS OU HOMOGÊNEOS
764 TÍTULO VI – DOS CRIMES
764 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
764 CAPÍTULO II – DOS CRIMES EM ESPÉCIE
765 TÍTULO VII – DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Estatuto da Pessoa Idosa

Lei no 10.741/2003

Dispõe sobre o Estatuto da Pessoa trabalho, à cidadania, à liberdade, § 2o  Entre as pessoas idosas,
Idosa e dá outras providências. à dignidade, ao respeito e à con- é assegurada prioridade especial
vivência familiar e comunitária. aos maiores de 80 (oitenta) anos,
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA § 1o  A garantia de prioridade atendendo-se suas necessidades
compreende: sempre preferencialmente em re-
Faço saber que o Congresso Na- I – atendimento preferencial lação às demais pessoas idosas.
cional decreta e eu sanciono a imediato e individualizado junto
seguinte Lei:1 aos órgãos públicos e privados Art. 4o  Nenhuma pessoa idosa
prestadores de serviços à po- será objeto de qualquer tipo de
pulação; negligência, discriminação, vio-
TÍTULO I – DISPOSIÇÕES II – preferência na formulação lência, crueldade ou opressão, e
PRELIMINARES e na execução de políticas sociais todo atentado aos seus direitos,
públicas específicas; por ação ou omissão, será punido
Art. 1o  É instituído o Estatuto da III – destinação privilegiada na forma da lei.
Pessoa Idosa, destinado a regular de recursos públicos nas áreas § 1o  É dever de todos prevenir
os direitos assegurados às pes- relacionadas com a proteção à a ameaça ou violação aos direitos
soas com idade igual ou superior pessoa idosa; da pessoa idosa.
a 60 (sessenta) anos. IV – viabilização de formas § 2o  As obrigações previs-
alternativas de participação, ocu- tas nesta Lei não excluem da
Art. 2o  A pessoa idosa goza de pação e convívio da pessoa idosa prevenção outras decorrentes
todos os direitos fundamentais com as demais gerações; dos princípios por ela adotados.
inerentes à pessoa humana, sem V – priorização do atendi-
prejuízo da proteção integral de mento da pessoa idosa por sua Art. 5o  A inobservância das nor-
que trata esta Lei, asseguran- própria família, em detrimento mas de prevenção importará em
do-se-lhe, por lei ou por outros do atendimento asilar, exceto dos responsabilidade à pessoa física
meios, todas as oportunidades e que não a possuam ou careçam ou jurídica nos termos da lei.
facilidades, para preservação de de condições de manutenção da
sua saúde física e mental e seu própria sobrevivência; Art. 6o  Todo cidadão tem o de-
aperfeiçoamento moral, intelec- VI – capacitação e reciclagem ver de comunicar à autoridade
tual, espiritual e social, em con- dos recursos humanos nas áreas competente qualquer forma de
dições de liberdade e dignidade. de geriatria e gerontologia e na violação a esta Lei que tenha
prestação de serviços às pesso- testemunhado ou de que tenha
Art. 3o  É obrigação da família, da as idosas; conhecimento.
comunidade, da sociedade e do VII – estabelecimento de me-
poder público assegurar à pessoa canismos que favoreçam a divul- Art. 7o  Os Conselhos Nacional,
idosa, com absoluta prioridade, a gação de informações de caráter Estaduais, do Distrito Federal e
efetivação do direito à vida, à saú- educativo sobre os aspectos biop- Municipais da Pessoa Idosa, pre-
de, à alimentação, à educação, à sicossociais de envelhecimento; vistos na Lei no 8.842, de 4 de ja-
cultura, ao esporte, ao lazer, ao VIII – garantia de acesso à neiro de 1994, zelarão pelo cum-
rede de serviços de saúde e de primento dos direitos da pessoa
assistência social locais; idosa, definidos nesta Lei.
  Nota do Editor (NE): nos dispositivos que
1
IX – prioridade no recebimen-
alteram normas, suprimiram-se as alterações
determinadas uma vez que já foram incor- to da restituição do Imposto de
poradas às normas às quais se destinam. Renda.

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Estatuto da Pessoa Idosa
TÍTULO II – DOS DIREITOS tratamento desumano, violento, população que dele necessitar e
FUNDAMENTAIS aterrorizante, vexatório ou cons- esteja impossibilitada de se loco-
trangedor. mover, inclusive para as pesso-
CAPÍTULO I – DO DIREITO as idosas abrigadas e acolhidas
À VIDA por instituições públicas, filan-
CAPÍTULO III – DOS trópicas ou sem fins lucrativos
Art. 8o  O envelhecimento é um ALIMENTOS e eventualmente conveniadas
direito personalíssimo e a sua com o poder público, nos meios
proteção um direito social, nos Art. 11.  Os alimentos serão pres- urbano e rural;
termos desta Lei e da legislação tados à pessoa idosa na forma V – reabilitação orientada pela
vigente. da lei civil. geriatria e gerontologia, para re-
dução das sequelas decorrentes
Art. 9o  É obrigação do Estado, Art. 12.  A obrigação alimentar é do agravo da saúde.
garantir à pessoa idosa a prote- solidária, podendo a pessoa idosa § 2o  Incumbe ao poder pú-
ção à vida e à saúde, mediante optar entre os prestadores. blico fornecer às pessoas idosas,
efetivação de políticas sociais gratuitamente, medicamentos,
públicas que permitam um enve- Art. 13.  As transações relativas a especialmente os de uso con-
lhecimento saudável e em condi- alimentos poderão ser celebradas tinuado, assim como próteses,
ções de dignidade. perante o Promotor de Justiça órteses e outros recursos rela-
ou Defensor Público, que as re- tivos ao tratamento, habilitação
ferendará, e passarão a ter efeito ou reabilitação.
CAPÍTULO II – DO de título executivo extrajudicial § 3o  É vedada a discrimina-
DIREITO À LIBERDADE, AO nos termos da lei processual civil. ção da pessoa idosa nos planos
RESPEITO E À DIGNIDADE de saúde pela cobrança de valores
Art. 14.  Se a pessoa idosa ou diferenciados em razão da idade.
Art. 10.  É obrigação do Estado e seus familiares não possuírem § 4o  As pessoas idosas com
da sociedade assegurar à pessoa condições econômicas de pro- deficiência ou com limitação in-
idosa a liberdade, o respeito e a ver o seu sustento, impõe-se ao capacitante terão atendimento
dignidade, como pessoa humana poder público esse provimento, especializado, nos termos da lei.
e sujeito de direitos civis, políti- no âmbito da assistência social. § 5o  É vedado exigir o com-
cos, individuais e sociais, garan- parecimento da pessoa idosa en-
tidos na Constituição e nas leis. ferma perante os órgãos públicos,
§ 1o  O direito à liberdade CAPÍTULO IV – DO DIREITO hipótese na qual será admitido o
compreende, entre outros, os À SAÚDE seguinte procedimento:
seguintes aspectos: I – quando de interesse do po-
I – faculdade de ir, vir e estar Art. 15.  É assegurada a atenção der público, o agente promoverá
nos logradouros públicos e espa- integral à saúde da pessoa idosa, o contato necessário com a pes-
ços comunitários, ressalvadas as por intermédio do Sistema Único soa idosa em sua residência; ou
restrições legais; de Saúde (SUS), garantindo-lhe II – quando de interesse da
II – opinião e expressão; o acesso universal e igualitário, própria pessoa idosa, esta se fará
III – crença e culto religioso; em conjunto articulado e contí- representar por procurador legal-
IV – prática de esportes e de nuo das ações e serviços, para a mente constituído.
diversões; prevenção, promoção, proteção e § 6o  É assegurado à pessoa
V – participação na vida fa- recuperação da saúde, incluindo idosa enferma o atendimento do-
miliar e comunitária; a atenção especial às doenças miciliar pela perícia médica do
VI – participação na vida po- que afetam preferencialmente Instituto Nacional do Seguro So-
lítica, na forma da lei; as pessoas idosas. cial (INSS), pelo serviço público de
VII – faculdade de buscar re- § 1o  A prevenção e a manu- saúde ou pelo serviço privado de
fúgio, auxílio e orientação. tenção da saúde da pessoa idosa saúde, contratado ou conveniado,
§ 2o  O direito ao respeito serão efetivadas por meio de: que integre o SUS, para expedição
consiste na inviolabilidade da I – cadastramento da popu- do laudo de saúde necessário ao
integridade física, psíquica e lação idosa em base territorial; exercício de seus direitos sociais
moral, abrangendo a preserva- II – atendimento geriátrico e e de isenção tributária.
ção da imagem, da identidade, gerontológico em ambulatórios; § 7o  Em todo atendimento de
da autonomia, de valores, ideias III – unidades geriátricas de saúde, os maiores de 80 (oitenta)
e crenças, dos espaços e dos referência, com pessoal espe- anos terão preferência especial
objetos pessoais. cializado nas áreas de geriatria sobre as demais pessoas idosas,
§ 3o  É dever de todos zelar e gerontologia social; exceto em caso de emergência.
pela dignidade da pessoa idosa, IV – atendimento domiciliar,
colocando-a a salvo de qualquer incluindo a internação, para a

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Estatuto da Pessoa Idosa
Art. 16.  À pessoa idosa internada I – autoridade policial; a produzir conhecimentos sobre
ou em observação é assegurado o II – Ministério Público; a matéria.
direito a acompanhante, devendo III – Conselho Municipal da
o órgão de saúde proporcionar as Pessoa Idosa; Art. 23.  A participação das
condições adequadas para a sua IV – Conselho Estadual da pessoas idosas em atividades
permanência em tempo integral, Pessoa Idosa; culturais e de lazer será propor-
segundo o critério médico. V – Conselho Nacional da Pes- cionada mediante descontos de
Parágrafo único.  Caberá ao soa Idosa. pelo menos 50% (cinquenta por
profissional de saúde responsável § 1o  Para os efeitos desta Lei, cento) nos ingressos para eventos
pelo tratamento conceder auto- considera-se violência contra a artísticos, culturais, esportivos e
rização para o acompanhamen- pessoa idosa qualquer ação ou de lazer, bem como o acesso pre-
to da pessoa idosa ou, no caso omissão praticada em local pú- ferencial aos respectivos locais.
de impossibilidade, justificá-la blico ou privado que lhe cause
por escrito. morte, dano ou sofrimento físico Art. 24.  Os meios de comunica-
ou psicológico. ção manterão espaços ou horá-
Art. 17.  À pessoa idosa que es- § 2o  Aplica-se, no que cou- rios especiais voltados às pessoas
teja no domínio de suas facul- ber, à notificação compulsória idosas, com finalidade informati-
dades mentais é assegurado o prevista no caput deste artigo, va, educativa, artística e cultural,
direito de optar pelo tratamento o disposto na Lei no 6.259, de 30 e ao público sobre o processo de
de saúde que lhe for reputado de outubro de 1975. envelhecimento.
mais favorável.
Parágrafo único.  Não estan- Art. 25.  As instituições de edu-
do a pessoa idosa em condições CAPÍTULO V – DA cação superior ofertarão às pes-
de proceder à opção, esta será EDUCAÇÃO, CULTURA, soas idosas, na perspectiva da
feita: ESPORTE E LAZER educação ao longo da vida, cursos
I – pelo curador, quando a e programas de extensão, pre-
pessoa idosa for interditada; Art. 20.  A pessoa idosa tem di- senciais ou a distância, consti-
II – pelos familiares, quando reito a educação, cultura, esporte, tuídos por atividades formais e
a pessoa idosa não tiver curador lazer, diversões, espetáculos, pro- não formais.
ou este não puder ser contactado dutos e serviços que respeitem Parágrafo único.  O poder pú-
em tempo hábil; sua peculiar condição de idade. blico apoiará a criação de univer-
III – pelo médico, quando sidade aberta para as pessoas
ocorrer iminente risco de vida Art. 21.  O poder público cria- idosas e incentivará a publicação
e não houver tempo hábil para rá oportunidades de acesso da de livros e periódicos, de conteú-
consulta a curador ou familiar; pessoa idosa à educação, ade- do e padrão editorial adequados
IV – pelo próprio médico, quando currículos, metodologias à pessoa idosa, que facilitem a
quando não houver curador ou e material didático aos programas leitura, considerada a natural re-
familiar conhecido, caso em que educacionais a ela destinados. dução da capacidade visual.
deverá comunicar o fato ao Minis- § 1o  Os cursos especiais para
tério Público. pessoas idosas incluirão conteú-
do relativo às técnicas de comu- CAPÍTULO VI – DA
Art. 18.  As instituições de saú- nicação, computação e demais PROFISSIONALIZAÇÃO E DO
de devem atender aos critérios avanços tecnológicos, para sua TRABALHO
mínimos para o atendimento às integração à vida moderna.
necessidades da pessoa idosa, § 2o  As pessoas idosas par- Art. 26.  A pessoa idosa tem di-
promovendo o treinamento e a ticiparão das comemorações de reito ao exercício de atividade
capacitação dos profissionais, caráter cívico ou cultural, para profissional, respeitadas suas
assim como orientação a cui- transmissão de conhecimentos condições físicas, intelectuais
dadores familiares e grupos de e vivências às demais gerações, e psíquicas.
autoajuda. no sentido da preservação da me-
mória e da identidade culturais. Art. 27.  Na admissão da pes-
Art. 19.  Os casos de suspeita ou soa idosa em qualquer trabalho
confirmação de violência pratica- Art. 22.  Nos currículos míni- ou emprego, são vedadas a dis-
da contra pessoas idosas serão mos dos diversos níveis de en- criminação e a fixação de limite
objeto de notificação compulsória sino formal serão inseridos con- máximo de idade, inclusive para
pelos serviços de saúde públicos teúdos voltados ao processo de concursos, ressalvados os ca-
e privados à autoridade sanitária, envelhecimento, ao respeito e à sos em que a natureza do cargo
bem como serão obrigatoriamen- valorização da pessoa idosa, de o exigir.
te comunicados por eles a quais- forma a eliminar o preconceito e Parágrafo único.  O primeiro
quer dos seguintes órgãos: critério de desempate em con-

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Estatuto da Pessoa Idosa
curso público será a idade, dan- no 9.876, de 26 de novembro de entidade.
do-se preferência ao de idade 1999, ou, não havendo salários de § 2o  O Conselho Municipal
mais elevada. contribuição recolhidos a par- da Pessoa Idosa ou o Conselho
tir da competência de julho de Municipal da Assistência Social
Art. 28.  O Poder Público criará e 1994, o disposto no art. 35 da Lei estabelecerá a forma de partici-
estimulará programas de: no 8.213, de 1991. pação prevista no § 1o deste artigo,
I – profissionalização espe- que não poderá exceder a 70%
cializada para as pessoas idosas, Art. 31.  O pagamento de parce- (setenta por cento) de qualquer
aproveitando seus potenciais e las relativas a benefícios, efetua- benefício previdenciário ou de
habilidades para atividades re- do com atraso por responsabili- assistência social percebido pela
gulares e remuneradas; dade da Previdência Social, será pessoa idosa.
II – preparação dos traba- atualizado pelo mesmo índice § 3o  Se a pessoa idosa for
lhadores para a aposentadoria, utilizado para os reajustamentos incapaz, caberá a seu represen-
com antecedência mínima de 1 dos benefícios do Regime Geral tante legal firmar o contrato a que
(um) ano, por meio de estímulo a de Previdência Social, verificado se refere o caput deste artigo.
novos projetos sociais, conforme no período compreendido entre
seus interesses, e de esclareci- o mês que deveria ter sido pago Art. 36.  O acolhimento de pes-
mento sobre os direitos sociais e o mês do efetivo pagamento. soas idosas em situação de risco
e de cidadania; social, por adulto ou núcleo fami-
III – estímulo às empresas pri- Art. 32.  O Dia Mundial do Tra- liar, caracteriza a dependência
vadas para admissão de pessoas balho, 1o de Maio, é a data-base econômica, para os efeitos legais.
idosas ao trabalho. dos aposentados e pensionistas.
CAPÍTULO IX – DA
CAPÍTULO VII – DA CAPÍTULO VIII – DA HABITAÇÃO
PREVIDÊNCIA SOCIAL ASSISTÊNCIA SOCIAL
Art. 37.  A pessoa idosa tem di-
Art. 29.  Os benefícios de apo- Art. 33.  A assistência social às reito a moradia digna, no seio da
sentadoria e pensão do Regime pessoas idosas será prestada, de família natural ou substituta, ou
Geral da Previdência Social obser- forma articulada, conforme os desacompanhada de seus fami-
varão, na sua concessão, critérios princípios e diretrizes previstos liares, quando assim o desejar,
de cálculo que preservem o valor na Lei Orgânica da Assistência ou, ainda, em instituição pública
real dos salários sobre os quais Social (Loas), na Política Nacio- ou privada.
incidiram contribuição, nos ter- nal da Pessoa Idosa, no SUS e § 1o  A assistência integral na
mos da legislação vigente. nas demais normas pertinentes. modalidade de entidade de longa
Parágrafo único.  Os valores permanência será prestada quan-
dos benefícios em manutenção Art. 34.  Às pessoas idosas, a do verificada inexistência de gru-
serão reajustados na mesma data partir de 65 (sessenta e cinco) po familiar, casa-lar, abandono ou
de reajuste do salário mínimo, pro anos, que não possuam meios carência de recursos financeiros
rata, de acordo com suas respec- para prover sua subsistência, nem próprios ou da família.
tivas datas de início ou do seu de tê-la provida por sua família, § 2o  Toda instituição dedica-
último reajustamento, com base é assegurado o benefício mensal

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