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ENCÍCLICA LAUDATO SI
Grão-Chanceler
Dom José Antônio Peruzzo
Reitor
Waldemiro Gremski
Vice-reitor
Vidal Martins
Pró-Reitora de Graduação
Maria Beatriz Balena Duarte
Conselho Editorial
Antônio Carlos Sant’Anna Diegues
Presidente Antônio Carlos Wolkmer
José Aparecido dos Santos Bartomeu Melià, SJ (in memorian)
Bruce Gilbert
Vice-Presidenta Carlos Frederico Marés de Souza Filho
Liana Amin Lima da Silva Caroline Barbosa Contente Nogueira
Clarissa Bueno Wandscheer
Diretor Executivo Danielle de Ouro Mamed
Flávia Donini Rossito David Sanchez Rubio
Edson Damas da Silveira
Primeira Secretária Eduardo Viveiros de Castro
Amanda Ferraz da Silveira Fernando Antônio de Carvalho Dantas
Heline Sivini Ferreira
Segundo Secretário Jesús Antonio de la Torre Rangel
Oriel Rodrigues de Moraes Joaquim Shiraishi Neto
José Aparecido dos Santos
Tesoureira José Luis Quadros de Magalhães
Jéssica Fernanda Maciel da Silva José Maurício Arruti
Juliana Santilli (in memorian)
Conselho Fiscal Liana Amin Lima da Silva
Andrew Toshio Hayama Manuel Munhoz Caleiro
Anne Geraldi Pimentel Maria Cristina Vidotte Blanco Tárrega
Priscila Lini Milka Castro Lucic
Priscila Lini
Rosembert Ariza Santamaría
1. Direito. I. Carlos Frederico Marés de Souza Filho. II. Fernanda Letícia Soares Pinhei-
ro. III. Amanda Ferraz da Silveira. IV. Bruna Balbi Gonçalves. V. Manuel Munhoz Caleiro
VI. Título.
CDD 340
CDU 349
SUMÁRIO
PREFÁCIO
Danielle de Ouro Mamed e Maria Cristina Vidotte Blanco Tárrega ................................ 7
INTRODUÇÃO
7 Importante também relembrar, que se o caso em questão ensejar danos ambientais espe-
cíficos e tangíveis à fauna e a flora, poderá o licenciado incorrer além da infração adminis-
trativa, sofrer pena pelos crimes ambientais previstos na Lei 9605/1998.
8 Art. 5º da Resolução 9/87 do CONAMA: “a ata da(s) audiência(s) pública(s) e seus
anexos servirão de base, juntamente com o RIMA, para a análise e parecer final do licen-
ciador, quando à aprovação ou não do projeto”.
20 | A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE, O PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO NO DIREITO AMBIENTAL E A
PROPOSTA DE EMENDA CONSTITUCIONAL (PEC) Nº 65/2012
“As normas inscritas nos incisos I a VII do §1º do art. 225 da Constituição
refletem este princípio. Foi atribuído ao poder público o encargo de prin-
cipal agente responsável pelo controle, recuperação melhoria da qualidade
ambiental, devendo tais fins serem atingidos, primordialmente, através da
prevenção ao dano.”
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
O ALERTA DA LAUDATO SI
O meu apelo
3 Chatarra é o mesmo que junk food, são as comidas ultra processadas, ricas e açucares,
saís e condimentos. O resultado dessa alimentação é que a pessoa tende a ficar obesa ao
mesmo tempo em que está desnutrida. Norman Borlaug considerado o pai da revolução
verde, desenvolveu pesquisas no México a partir dos anos 50 do século passado, com
apoio da fundação Ford os seus trabalhos resultaras na variedade de trigo anão. Com isso
a produção do país aumentou, tornando-se exportador, esse é considerado o marco inicial
do que ficou conhecida a revolução verde.
4 São empresas instaladas em países com mão de obra barata, o produto final é exportado
ao país de origem do capital ou a outros, mas não consumido pelo produtor. Depois de 1994
com a assinatura do NAFTA o México foi destino de muitas maquiladoras americanas.
Hoje observamos esse fenômeno no Paraguai com relação a empresas de capital brasileiro.
36 | CRISE ALIMENTAR E A LAUDATO SI: O CASO DO AUMENTO DOS PREÇOS DOS ALIMENTOS
A comida, agora cada vez mais controlada pelo agronegócio traz uma
série de ameaças, já que o agronegócio se caracteriza por:
PREÇO DO FEIJÃO
Fonte: Oilprice.com
REFERÊNCIAS
CAMPO GRANDE NEWS. Preço do feijão está cada vez mais caro e
quilo chega custar R$ 16,00. Disponível em <http://www.campogran-
denews.com.br/economia/preco-do-feijao-esta-cada-vez-mais-caro-e-qui-
lo-chega-custar-rs-16-00>. Acesso em 27 de agosto de 2016.
CICLO DE CONFERENCIAS. El agrario mexicano. Ciudad de
Mexico. 2014.
OIL PRICE. Egypt’s Problems and Their Affect on the Rest of the
World. Disponível em <http://oilprice.com/Finance/the-Economy/
Egypts-Problems-And-Their-Affect-On-The-Rest-f-The-World.html>.
Acesso em 05 de outubro de 2016.
INTRODUÇÃO
Por essa razão, tem-se que é necessário adotar uma postura reflexiva
acerca dos modos de produção atualmente utilizados, bem como da pró-
pria relação homem-natureza, a fim de melhor gerir os recursos naturais
existentes.
Em relação a isso, Leonardo Boff (2009, p. 132) traz a acertada decla-
ração de que “A realidade é que o ser humano faz parte do meio ambiente.
Ele é um ser da natureza, com capacidade de modificar a si mesmo e a
ela, e assim fazer cultura. Pode intervir na natureza potenciando-a, bem
como agredindo-a”.
Percebendo a insustentabilidade e fragilidade do pensamento antro-
pocêntrico puro/radical, Nogueira (2012, p. 44-45) defende o que chama
de antropocentrismo alargado4, segundo o qual aquela antiga ideologia
do ser humano como centro de tudo deve ser substituída pela consciência
de que o homem é, na verdade, um “tutor ambiental, guardião do planeta”,
abandonando-se a ideia de domínio e submissão da natureza, buscando-se
a integração entre ambos, ser humano e natureza. Obviamente que esse (re)
pensar não adveio de altruísmo humano, mas, tão somente da percebida
necessidade de melhor gerir os recursos ambientais, para garantir a própria
existência da espécie humana (NOGUEIRA, 2012, p. 45).
Embalada por tal preocupação a Encíclica Laudato Si5 (IGREJA
5 Trata-se de uma carta circular escrita pelo Papa Francisco (líder mundial da Igreja
50 | CRISE SOCIOAMBIENTAL E SOCIEDADE DE RISCO: UMA ANÁLISE A PARTIR DA ENCÍCLICA
LAUDATO SI
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Karoline Strapasson1
Amanda Carolina Buttendorff R. Beckers 2
INTRODUÇÃO
92.
Há que se destacar a intensa atuação do PNUMA no inicio do século
XXI com a elaboração de estudos e diretrizes na temática ambiental, tais
como o Guia da ONU para a Neutralidade Climática, que propõe medi-
das de redução de gases poluentes; o relatório ‘Recycling – from e-waste to
resources’ que visa dar destinação adequada ao lixo eletrônico altamente
poluente; relatório Adaptando para uma economia verde sobre a questão
climática; relatório Perspectiva Global sobre Consumo Sustentável; e
outros.
Em 2012, ano simbólico, eis que terminaria o prazo para as medi-
das pontuadas no Protocolo de Quioto, a ONU reuniu novamente seus
Estados membros em torna da temática ambiental na Conferência das
Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável ou simplesmente Rio
+ 20, da qual adveio o Relatório ‘O Futuro que Queremos’, documento
que combinou sugestões e propostas enviadas pelos países e discutidas
no evento. No mesmo ano, na 18ª Conferência das Nações Unidas sobre
Mudanças Climáticas em Doha, o Protocolo de Quioto teve suas metas
prorrogadas para 2020.
Apesar dos esforços internacionais em reforçar tratados e pactos em
prol da proteção ao meio ambiente, as negociações internacionais ainda são
incipientes frente o número de deslocados em virtude de alterações climá-
ticas. Entre os anos de 2008 e 2015 cerca de 26,4 milhões de pessoas foram
obrigadas a deixar seus lares em função de desastres naturais associados aos
desajustes do clima, de acordo com dados do Centro de Monitoramento
de Deslocados Internos (Internal Displacement Monitoring Centre, 2015).
A Convenção deve ser aplicada sem discriminação por raça, religião, sexo
e país de origem. Além disso, estabelece cláusulas consideradas essenciais
às quais nenhuma objeção deve ser feita. Entre essas cláusulas, incluem-se
a definição do termo “refugiado” e o chamado princípio de non-refoule-
ment (“não-devolução”), o qual define que nenhum país deve expulsar
ou “devolver” (refouler) um refugiado, contra a vontade do mesmo, em
quaisquer ocasiões, para um território onde ele ou ela sofra perseguição.
Ainda, estabelece providências para a disponibilização de documentos,
incluindo documentos de viagem específicos para refugiados na forma de
um “passaporte”. (ACNUR, 2015)
O termo refugiado aplica-se a qualquer pessoa que, receando com razão, ser
perseguida em virtude da sua raça, religião, nacionalidade, filiação em certo
68 | DIREITO AO REFÚGIO: A LACUNA JURÍDICA SOBRE OS DESLOCADOS POR DESASTRES AMBIENTAIS
grupo social ou das suas opiniões políticas, se encontra fora do país da sua
nacionalidade e não possa, ou em virtude daquele receio, não queira reque-
rer a protecção daquele país; ou que, se não tiver nacionalidade e estiver fora
do país da sua anterior residência habitual após aqueles acontecimentos,
não possa ou, em virtude desse receio, não queira lá voltar. (OUA, 1969)
Não obstante, parece claro que no que tange aos refugiados ambien-
tais, o que há que se verificar são os elementos que possibilitam a condição
de refúgio, e não o enquadramento na modalidade de perseguição sofrida.
Pois, se assim não fosse, estar-se-ia relegando parcela importante e cada vez
mais crescente da humanidade, à margem do direito humano ao refúgio,
e a própria proteção jurídica internacional.
A questão da extraterritorialidade é sem dúvida a de mais fácil veri-
ficação, vez que basta ao indivíduo solicitante de refúgio estar fora de seu
território de origem. No que tange o fundado temor, adentra-se na seara
subjetiva, sendo de mais difícil averiguação, mas não impossível, eis que
a existência de recorrentes catástrofes ambientais e situações ecológicas
extremas que dificultam e até impossibilitam a vida humana evidentemente
causam temor aos moradores locais.
O cerne da controvérsia sobre o uso do termo ‘refugiados ambientais’
está no elemento ‘perseguição’. “Há que se falar na existência de persegui-
ção quando se está defronte da possibilidade de lesão à vida ou à liberdade
individual, isto é, qualquer ameaça aos direitos que compõe a proteção da
O DIREITO E O CUIDADO DA CASA COMUM: ENCÍCLICA LAUDATO SI
| 69
CONSIDERAÇÕES FINAIS
ambiental.
Os deslocados ambientais são vítimas das implicações de um uso
contínuo, prolongado e despreocupado dos recursos naturais por toda a
humanidade ao longo da História. Sofrem aqueles que não deram causa
direta a degradação. Apesar do reconhecimento como direito humano ao
meio ambiente para as presentes e futuras gerações, a materialidade deste
direito fica limitada a álea de que a localidade a que se pertença não seja
objeto da fúria da natureza.
Deste modo, apesar dos esforços internacionais, poucos resul-
tados são colhidos para a preservação ambiental, tendo em vista que é
necessário o engajamento dos Estados Nacionais frente as metas de redução
da emissão de poluentes. Enquanto metas são prorrogadas, j milhões de
pessoas já sofrem as consequências da crise climática. Não se pode negar
que dos direitos humanos dos deslocados ambientais são violados, ainda
que permaneça a responsabilidade moral de proteção, da qual todos somos
solidários.
REFERÊNCIAS
ABSTRACT: This article will aboard the capitalism and their incongruities
that contributes to the environmental crisis and the consequent emergence
of the society risk. This society is characterized by the inability to predict and
measure the risks generated from the industrial society. The article measure
the reasons why the constitutional law and public and government policies
are ineffective when it comes to environmental protection. It will analyze the
case of the construction of the Belo Monte dam, if which will be verified the
hypothesis in the absence of separation between private and public entities
reigning only economic interests, undermining the traditional populations
that have their livelihoods based on the nature them provides. The Environ-
mental Law is based on the change of the anthropocentric conception, aiming
the idea of “living well” built on an ethic of sufficiency and the existential
minimum for the entire community, not just for an individual; comprising
the universe in a comprehensive and integrated vision of the human being
inserted “in the common home” of all kinds and forms of life. This view
regarded as one of the possible tools to deal with the capitalist system collapse
and its consequent ecological crisis, which is a mere reflection of the capitalist
mode of production and the contemporary way of life. The Pope Francis uses
his papal influence in his Encyclical Letter about Care Common House, to
give a North in the discussion that the planet Earth is a common good of all
and for all. By studying the Encyclical Letter of Pope Francisco about Care
Common House you can establish a relationship between nature and society
that inhabits it.
INTRODUÇÃO
INCROGUÊNCIAS DO CAPITALISMO
A CRISE AMBIENTAL
tribunais de contas”.
Federal que estabelece que:” Todos têm direito ao meio ambiente ecolo-
gicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever
de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.”, com
pretextos desenvolvimentistas exclusivamente econômicos.
Assim, se traduzem as escolhas públicas que não levam em conta as
consequências futuras, e segue os modelos de uma sociedade de risco, que
cria problemas ecológicos globais, decorrentes de uma crise institucional da
própria sociedade industrial e capitalista, onde o poder público é obrigado
a tomar decisões em busca do desenvolvimento, mas não possui certezas
científicas dos impactos ambientais e mundiais que terão tais decisões que
podem afetar a sobrevivência mínima e a casa comum, que é
de direito de todos, sem base em qualquer fundamento mínimo que
paute suas decisões.
É notório o fato que o sistema capitalista em si estreita as relações
entre o público e o particular, das mais variadas formas. O caso da Usina
de Belo Monte figura um claro exemplo de que a relação entre Estado e
Empresas podem gerar danos irreparáveis a natureza e a população tra-
dicional, e como o poder econômico se sobrepões a interesses coletivos.
A Encíclica Laudato si elucida o desafio e propõe soluções ao demostrar
que, independe de quem somos, se nossos interesses são nobres ou não,
todos habitamos a “Casa Comum”, e, portanto, devemos trabalhar soli-
dariamente para preservá-la.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
SUMMARY: The land is one of the most important natural resources that
Mozambique has, since it is from it that is produced and removes much of
the wealth of the country and its inhabitants. This paper aims to address
the different situations in Mozambique regarding the use and enjoyment
of land, unavoidable topic in day-to-day lives of Mozambicans, given the
major conflicts because of this precious wealth. Also will look at what it says
Mozambican land law in regard to its use and utilization, urban and rural
realities on the land issue, reasons of conflicts and possible solutions to resolve
such conflicts, to identify the various factors that contribute to the prolifera-
tion of land conflicts in Mozambique, in rural and urban areas, seeking to
discuss about possible solutions to the conflict of land, analyzing the conflicts
that have taken place and watching the actors inserted in land conflicts.
Our work was documentary corpus Presentation Document At the Natio-
nal Meeting On Delimitation Of Community Land and Study on Conflict
of Interest in Management and Land Exploration in Mozambique (The
Cases of Massinga Districts Zavala, Macomia and Mecufi), both of Associção
Rural de Ajuda Mútua (ORAM), and the document entitled Lords of the
Earth - Phenomenon of the Preliminary Analysis of Encroachment of land in
Mozambique Environmental Case Studies Justice and the National Farmers
Union. Our analyzes showed that these issues cut across the following factors as
the main trigger territorial conflicts: the lack of land law by the communities
(population); the corruption; the conflict of interest and lack of information
on the requirements for obtaining the property title.
INTRODUÇÃO
dispõe, visto que é a partir dela que se produz e se retira grande parte da
riqueza dos países e dos seus habitantes. Em Moçambique, a questão ter-
ritorial tem sido tratada com especial atenção, na tentativa de conciliar a
necessidade de desenvolvimento econômico e a forma mais adequada de
responder às questões sociais a ela ligadas.
Lira apud Costa (2014) classifica o solo como incomensurável em
seu valor, tanto para os particulares, como para o povo em seu conjunto.
Nele se radicam a fonte de alimentação das gentes, as riquezas criadoras dos
instrumentos elementares para a satisfação das incontáveis necessidades
vitais, e todo o sistema habitacional dos seres humanos. Dele se extraem as
substâncias curativas e de fortalecimento, as possibilidades inesgotáveis de
recreio e lazer, e, sobretudo, nele se exerce basicamente a liberdade essen-
cial do homem de ir e vir. O solo é toda hipótese e possibilidade de vida.
Nas últimas duas décadas, o Estado tem vindo a recuperar as áreas de
conservação, quase todas elas já ocupadas por grande número de famílias
que se estendem das comunidades locais rurais, e a criar novas, a medida
que as avaliações do potencial ecológico dessas áreas o justificam.2 A par
desse processo, o Estado tem igualmente a necessidade de responder a
demanda do chamado grande investimento privado, sobretudo de origem
internacional, mas também nacional, nas áreas do turismo, da agricultura,
das florestas, da cinegética, dos minerais, etc., de modo a promover um
desenvolvimento econômico maior e mais célere do país.3
A estabilidade política, social e econômica que vem caracterizando
o Estado moçambicano há mais de 40 anos tem sido um inquestionável
atrativo para o investimento econômico nacional e internacional, grande
parte do qual baseado na exploração da terra e outros recursos naturais. A
pressão por esses recursos tem sido desencadeada pelos diferentes atores
econômicos, designadamente, o Estado, o Setor Privado, as Comunida-
des Locais e as Organizações da Sociedade Civil, cada um com objetivos
próprios, apesar das plataformas políticas e legais construídas a luz de um
objetivo também comum, que é a busca do desenvolvimento sustentável
e equitativo.4
2 ORAM, 2010. Estudo sobre Conflito de Interesses na Gestão e Exploração da Terra em
Moçambique (Os Casos dos Distritos de Massinga, Zavala, Macomia e Mecufi). Maputo,
Maio de 2010.
3 Idem.
4 Idem.
98 | “ESTA TERRA É MINHA!”: A QUESTÃO TERRITORIAL E SUAS IMPLICAÇÕES CONFLITUOSAS NA
SOCIEDADE MOÇAMBICANA
5 Idem.
6 Idem.
O DIREITO E O CUIDADO DA CASA COMUM: ENCÍCLICA LAUDATO SI
| 99
investimento sobre uma “área nova”, o que pode servir de base de contra-
parte econômica destas, e de algum modo inibir o fluxo do investimento
dependente do aceso e uso dos recursos naturais.7
O cenário produziu acesos debates durante os últimos anos, período
em que aumenta a demanda dos grandes investidores, nacionais e inter-
nacionais, pela terra e outros recursos naturais, principalmente, devido a
crise mundial na produção dos combustíveis fósseis e a possibilidade da
sua superação com a produção dos biocombustíveis. Enquanto a visão do
setor público nacional tende para o confinamento das áreas comunitárias
aos limites do espaço visivelmente ocupado pelas residências, pastagens
e culturas agrícolas destas, a opinião das organizações da sociedade civil,
com exceção, sobretudo, daquelas de caris ambientalista, dado o dilema
conservação versus uso (insustentável) dos recursos, tende para inclusão
dos espaços contíguos conforme a interpretação mais literal da definição.
Por um lado, as exigências “acrescidas” para a autorização dos pedidos de
delimitação das áreas das Comunidades Locais (tendo em vista a titulação
dos direitos destas), com base na alteração do artigo 35 do Regulamento
da Lei de Terras e, por outro, o reconhecimento dos direitos de uso e apro-
veitamento da terra das Comunidades Locais adquiridos por ocupação
costumeira e a possibilidade do seu empenho em parcerias econômicas
com os requerentes de “grandes extensões de terra”, com base nos princípios
plasmados na resolução 70/2008, de 30 de Dezembro, parecem espelhar
com alguma fidelidade a pressão que a terra e outros recursos naturais
atualmente sofrem em Moçambique.8
O presente artigo pretende abordar sobre as diferentes situações
vividas em Moçambique no que concerne ao uso e aproveitamento de
terra, tema incontornável no dia-a-dia dos moçambicanos, dado os grandes
conflitos existentes por causa desta preciosa riqueza. Este conflito é muito
mais frequente dentro das zonas urbanas, por diversas razões como loca-
lização estratégica, em termos econômicos, transitabilidade ou mesmo a
vista panorâmica. Contudo, até mesmo nas zonas rurais, e apesar de existir
um controle mais cerrado, os conflitos existem por razões sentimentais ou
costumes que se chocam com a questão econômica. Nesse sentido, o Estado
tem se mostrado uma entidade com a necessidade de assegurar reservas de
7 Idem.
8 Idem.
100 | “ESTA TERRA É MINHA!”: A QUESTÃO TERRITORIAL E SUAS IMPLICAÇÕES CONFLITUOSAS NA
SOCIEDADE MOÇAMBICANA
9 Quadro Legal para a Obtenção de Direitos sobre a Terra nas Zonas Rurais em Moçam-
bique. Um Guia para a Legalização da Ocupação, Edição III, Agosto de 2012.
O DIREITO E O CUIDADO DA CASA COMUM: ENCÍCLICA LAUDATO SI
| 101
10 Idem.
11 Idem.
12 Constituição da República de Moçambique de 2004, artigos 109 e 110.
102 | “ESTA TERRA É MINHA!”: A QUESTÃO TERRITORIAL E SUAS IMPLICAÇÕES CONFLITUOSAS NA
SOCIEDADE MOÇAMBICANA
15 Idem.
16 Idem.
104 | “ESTA TERRA É MINHA!”: A QUESTÃO TERRITORIAL E SUAS IMPLICAÇÕES CONFLITUOSAS NA
SOCIEDADE MOÇAMBICANA
tem feito que se esqueçam dos valores costumeiros, embora estes estejam
protegidos por lei.
O fenômeno de usurpação de terra ocorre em Moçambique e é faci-
litado pelas inúmeras falhas em todo o processo de atribuição do Direito
de Uso e Aproveitamento de terra, beneficiando os investidores em detri-
mento das comunidades rurais. Constituem fatores que contribuem para o
fenômeno de usurpação de terra, o pouco conhecimento das comunidades
sobre os seus direitos e lei de terras, a fraqueza institucional dos gover-
nos locais, a corrupção de autoridades e líderes comunitários e a falta de
consciência sobre os benefícios dos processos formais de posse de terra.
O maior agravante neste fenômeno é a vulnerabilidade resultante das
inúmeras carências características da pobreza a que estas comunidades
estão sujeitas, o que corrobora para estas serem facilmente ludibriadas
com promessas de melhoria de condições básicas de vida.21
Um dos requisitos para a atribuição do direito de uso e aproveita-
mento de terra é a realização de consulta pública, verificando-se que ocorre
com falhas e de forma imprópria, atentando gravemente contra o direito à
informação e à participação pública, pela manipulação das comunidades
por parte dos investidores, muitas vezes através das estruturas de poder
locais, com falsas promessas. Muitos dos conflitos atualmente existentes
entre as comunidades e as empresas são resultado do incumprimento das
promessas feitas no processo de consulta pública, da invasão de terras
comunitárias e do reassentamento em condições e locais impróprios.22
Vários são os indicadores sociais que ilustram a vulnerabilidade da
população moçambicana, entre estes importa salientar a taxa de mortali-
dade, onde cerca de 56% dos óbitos no país é causado por epidemias como
a Malária (29%) e HIV-SIDA (27%), estimando-se ainda que a percenta-
gem de população com HIV (entre jovens e adultos) tenha aumentado de
8,3% em 1998 para 16% em 2007. Estes valores são ainda mais impressio-
nantes quando se refere ao gênero, uma vez que a incidência de infecção
nas mulheres é três vezes maior que nos homens.23
O desenvolvimento de Moçambique está profundamente ligado ao
21 OS SENHORES DA TERRA. Análise Preliminar do Fenómeno de Usurpação de
terras em Moçambique Casos de Estudo Justiça Ambiental e União Nacional de Campo-
neses, Maputo, Moçambique, 2011.
22 Idem.
23 Idem.
106 | “ESTA TERRA É MINHA!”: A QUESTÃO TERRITORIAL E SUAS IMPLICAÇÕES CONFLITUOSAS NA
SOCIEDADE MOÇAMBICANA
setor agrícola com cerca de 64% da população na área rural e 55% desta
vive abaixo da linha da pobreza. Nas áreas rurais, a agricultura é a principal
fonte de renda, mas, com a baixa produtividade preponderante, as famílias
dificilmente conseguem satisfazer as suas necessidades nutricionais, além
de estarem vulneráveis às intempéries climáticas. Em face de inundações
ou secas, os agricultores estão entre os grupos mais expostos à insegurança
alimentar, uma vez que eles têm poucas alternativas de geração de renda
para além da agricultura.24Testemunho de tal situação, é o relato de um
agricultor, citado no documento “Senhores da terra”:
Quem arranca a terra arranca tudo: a nossa vida, o nosso futuro e dos nossos
filhos. Já não iremos ter acesso as nossas mangas, bananas, capim para cobrir
as nossas casas. Para andarmos é preciso autorização da empresa e é por
isso que nos temos medo da Chikwetii e não o queremos. Temos medo e
muitas vezes nos questionamos como a nossa vida será? Estão a derrubar as
árvores e de tudo o que há nas nossas terras. Quando as nossas mulheres e
filhos vão apanhar a lenha são proibidas, afinal a terra não é nossa? Será que
neste país apenas Cahora Bassa é que é nossa? Mas nós estamos dispostos a
tudo para salvaguardar os nossos direitos. As pessoas não estão livres, estão
a sofrer por causa do Chikwetii. Nós lutamos pela independência e durante
a guerra de 16 anos, somos antigos combatentes, não recebemos dinheiro e
agora estamos a ser arrancados a terra, afinal porque é que lutamos ao longo
de todo esses anos? Nós queremos e exigimos que o projecto da Chikwetii
seja cancelado, abandone as nossas machambas e terras.
Comunidade de Micoco, Niassa (Norte de Moçambique)
24 Idem.
O DIREITO E O CUIDADO DA CASA COMUM: ENCÍCLICA LAUDATO SI
| 107
31 Idem.
32 CENTRO DE INTEGRIDADE PÚBLICA (CIP). Boa Governação, Transparência
e Integridade. Cateme: As razões do conflito entre famílias reassentadas e a Vale Moçam-
bique. Maputo-Moçambique, 2010.
33 OS SENHORES DA TERRA. Análise Preliminar do Fenómeno de Usurpação de
terras em Moçambique Casos de Estudo Justiça Ambiental e União Nacional de Campo-
neses, Maputo, Moçambique, 2011.
O DIREITO E O CUIDADO DA CASA COMUM: ENCÍCLICA LAUDATO SI
| 111
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
6 Além da classificação feita a partir das notícias do jornal local, a pesquisa objetivava
a busca de dados sobre conflitos registrados no Ministério Público, porém o acesso aos
dados, por serem sigilosos, foi negado às pesquisadoras. Na reta final da pesquisa (segundo
semestre de 2016) estão sendo levantados dados complementares junto aos Núcleos de
Defesa Civil e ao Corpo e Bombeiros.
O DIREITO E O CUIDADO DA CASA COMUM: ENCÍCLICA LAUDATO SI
| 119
11 Estudos apontam que diversas partes do entorno do Cinturão Verde apresentam evi-
dências de movimentos de encostas com danos severos em residências (EISENBERGER;
BRESSANI; FILHO, 2003). “Pode-se inferir que o deslocamento total observado na
encosta entre os anos 1997 e 2002 foi de aproximadamente 40 cm na direção horizontal
e 20 cm na direção vertical” (BRESSANI, 2004, p. 80).
12 O loteamento Santa Maria está sendo construído em uma faixa de terra próxima ao
Arroio das Pedras, próximo à divisa do Bairro Santa Vitória, enquanto o Loteamento
Mãe de Deus está localizado no Bairro Santuário, extremamente próximo à várzea do rio
Pardinho, ambas as áreas consideradas potencialmente alagáveis (MENEZES, 2014).
13 “Um levantamento feito pela Secretaria de Habitação aponta que, desde 1992, 746
pessoas que foram contempladas com casas ou terrenos por meio dos programas habi-
tacionais do município acabaram vendendo ou trocando suas moradias de forma ilícita”
(SETÚBAL, 2004).
O DIREITO E O CUIDADO DA CASA COMUM: ENCÍCLICA LAUDATO SI
| 125
14 “As medidas estruturais correspondem às obras que podem ser implantadas visando à
correção e/ou prevenção dos problemas decorrentes de enchentes” (CANHOLI, 2014)
126 | OVULNERABILIDADE
CUIDADO COM A CIDADE: JUSTIÇA AMBIENTAL, ESPAÇOS, PROCESSOS E RELAÇÕES DE
AMBIENTAL EM SANTA CRUZ DO SUL (RS)
15 München Open Mall Residence – construção planejada para a Rua Ernesto Alves,
Bairro Centro, Santa Cruz do Sul (288 apartamentos e 43 espaços comerciais previstos).
O DIREITO E O CUIDADO DA CASA COMUM: ENCÍCLICA LAUDATO SI
| 127
REFERÊNCIAS
1 MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas do RJ. Acadêmica do 10º
período do Curso de Direito da Faculdade Católica de Rondônia.
Contato: rvripke@uol.com.br
2 Mestre pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e titular
das cadeiras de Direito Civil e Processo Civil pela Faculdade Católica de Rondônia (FCR).
Contato: brenoazevedomestre@gmail.com
136 | OA POSSIBILIDADE
DANO MORAL COLETIVO À COMUNIDADE REMANEJADA DE MUTUM-PARANÁ EM RONDÔNIA E
DE APLICAÇÃO DE SEU RESSARCIMENTO EM PATRIMÔNIO HISTÓRICO
INTRODUÇÃO
3 SILVA, José Afonso da. Direito Ambiental Constitucional. 2. ed. São Paulo: Malheiros,
1997, p. 03.
O DIREITO E O CUIDADO DA CASA COMUM: ENCÍCLICA LAUDATO SI
| 139
[...] nas ações de todos os homens, em especial dos príncipes, onde não
existe tribunal a que recorrer o que importa é o sucesso das mesmas. Pro-
cure, pois, um príncipe, vencer e manter o Estado: os meios serão sempre
julgados honrosos e por todos louvados, porque o vulgo sempre se deixa
levar pelas aparências e pelos resultados, e no mundo não existe senão o
4 FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 11. ed.
São Paulo: Saraiva, 2010, p. 72.
140 | OA POSSIBILIDADE
DANO MORAL COLETIVO À COMUNIDADE REMANEJADA DE MUTUM-PARANÁ EM RONDÔNIA E
DE APLICAÇÃO DE SEU RESSARCIMENTO EM PATRIMÔNIO HISTÓRICO
lá habitavam.
Porém, dado o porte da obra e tudo que isso envolve, houve um lapso:
a não observância de que se tratava de um Meio Ambiente Cultural, cuja
ação de defesa individual já vem tipificada na Carta Magna pátria em seu
artigo 5ª, LXXIII, CF/88, que assim dispõe:
[...] qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise
a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de
custas judiciais e do ônus da sucumbência (BRASIL, 1988).
Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular,
as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados:
l - ao meio-ambiente; [...]
IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo; [...]
VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos;
VIII – ao patrimônio público e social (BRASIL, 1985).
9 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de Responsabilidade Civil. 12ª ed. São Paulo:
Atlas, 2015, p. 143.
146 | OA POSSIBILIDADE
DANO MORAL COLETIVO À COMUNIDADE REMANEJADA DE MUTUM-PARANÁ EM RONDÔNIA E
DE APLICAÇÃO DE SEU RESSARCIMENTO EM PATRIMÔNIO HISTÓRICO
10 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de Responsabilidade Civil. 11ª ed. São Paulo:
Atlas, 2014, p. 158.
11 BITTAR FILHO, Carlos Alberto. Do Dano Moral Coletivo no Atual Contexto Jurí-
dico Brasileiro (Revista de Direito do Consumidor, volume 12, outubro – dezembro de
148 | OA POSSIBILIDADE
DANO MORAL COLETIVO À COMUNIDADE REMANEJADA DE MUTUM-PARANÁ EM RONDÔNIA E
DE APLICAÇÃO DE SEU RESSARCIMENTO EM PATRIMÔNIO HISTÓRICO
tarefa aos Tribunais: o quantum a ser fixado pelo juiz a título de dano
moral coletivo. Definiu-se, então, que se deve considerar, por força do
artigo 944, Código Civil de 2002, a extensão do dano, a possibilidade
de sua reversão (fato que é impossível de se aplicar ao caso estudado), ou
não, a situação que ocasionou a ofensa à dignidade coletiva. Além disso,
o preceito violado é de fundamental importância, a fim de determinar o
grau de ofensa aos valores sociais, como ensina Xisto Tiago de Medeiros
Neto (2012, 22) 12:
455) Art. 944. Embora o reconhecimento dos danos morais se dê, inde-
pendentemente de prova (in re ipsa), para a sua adequada quantificação,
deve o juiz investigar, sempre que entender necessário, as circunstâncias
do caso concreto, inclusive por intermédio da produção de depoimento
pessoal e da prova testemunhal em audiência (CNJ, 2011).
12 MEDEIROS NETO, Xisto Tiago de. Dano moral coletivo, Tribunal Regional do
Trabalho 9ª Região Curitiba – PR, Escola Judicial, Edição temática, Periodicidade Mensal
Ano IV – 2015 – n. 38, p. 22.
150 | OA POSSIBILIDADE
DANO MORAL COLETIVO À COMUNIDADE REMANEJADA DE MUTUM-PARANÁ EM RONDÔNIA E
DE APLICAÇÃO DE SEU RESSARCIMENTO EM PATRIMÔNIO HISTÓRICO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
obras, visto que, em face do progresso, há dores, mas que podem, sim, ser
minimizadas quando a função social atingir de fato todos os envolvidos,
humanizando de fato a nossa evolução e preservando as futuras gerações.
REFERENCIAS
_____. Lei nº 13.004, de 24 de junho de 2014. Altera os arts. 1o, 4o e 5o da
Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ Ato2011-2014/2014/Lei/L13004.htm Acesso em:
20 de setembro de 2015.
br/processo/revista/documento/medi ado/componente=ATC&sequen-
cial=3447728&num_registro=200400194947&data=20090306&ti-
po=51&formato=PDF.Acesso em: 01 de outubro de 2015.
Gisele Jabur1
Juliana de Oliveira Sales2
INTRODUÇÃO
não se opera no âmbito político, mas sim no imaginário social dos países
explorados, sendo a relação de colonização do imaginário dos dominados
(QUIJANO, 1992). Portanto, na concepção de Quijano, as relações de
colonialidade política, econômica e administrativa não findam com o
término do colonialismo, senão que perduram no tempo até os dias de
hoje mediante relações de dominação através do controle dos meios de
produção e circulação de bens, dos recursos naturais, da europeização
sociocultural, com o genocídio dos povos originários.
Segundo Aníbal Quijano (1992, p. 12), a relação de colonialidade
eurocêntrica se deu nos modos de conhecer, de produzir conhecimento,
de produzir perspectivas, imagens e sistemas de imagens, símbolos, modos
de significação; sobre os recursos, padrões e instrumentos de expressão
formalizada e objetivada, intelectual ou visual, seguida da imposição do
uso dos próprios padrões de expressão dos dominantes, como meios de
controle social e cultural, a fim de impedir a produção cultural das socie-
dades e dos povos dominados. Desta maneira, o eurocentrismo e o colo-
nialismo são as duas faces da mesma moeda, haja vista o eurocentrismo
ser uma lógica fundamental para a reprodução da colonialidade do saber
(BALLESTRIN, 2013, p. 103).
A cultura eurocêntrica passa a ser um modelo universal de desen-
volvimento a ser seguido e implantado nos países sulistas, entretanto,
sem levar em consideração as especificidades de cada lugar. A repressão
cultural e a colonização do imaginário foram acompanhadas de um mas-
sivo e gigantesco extermínio dos povos originários, principalmente pelo
uso da mão de obra escrava, ademais da violência e das enfermidades.
Essa destruição da sociedade originária e de sua cultura constituem
os ciclos de colonização, que desde a invasão europeia vêm sendo redese-
nhados e reformulados sob novas roupagens e novos discursos.
Para Quijano (1992, p. 13), a América Latina é, sem dúvida, o caso
extremo da colonização cultural pela Europa, em decorrência de seu poder
político-militar e tecnológico, o qual impõe sua própria imagem para-
digmática e seus elementos cognitivos, como norma orientadora de todo
desenvolvimento cultural, especialmente intelectual e artístico europei-
zado. Despojados de legitimidade e reconhecimento na ordem cultural
mundial, dominada pelos padrões europeus de desenvolvimento, as socie-
dades latino-americana encontram-se em situação de dominação, na qual
O DIREITO E O CUIDADO DA CASA COMUM: ENCÍCLICA LAUDATO SI
| 165
INTRODUÇÃO
(ALIER, 2012).
A defesa da natureza intocada, o amor aos bosques primários e aos
cursos d’água e a sacralidade da natureza fundada na incomensurabilidade
dos valores são concepções que denotam o culto ao silvestre, represen-
tado por Jonh Muir. Tal concepção foi posteriormente ampliada por Aldo
Leopold, que destacava não só a beleza do meio ambiente, mas também a
ciência da ecologia na qual se inseria a atribuição de funções várias para as
florestas, a saber, o uso econômico e a preservação da natureza (ALIER,
2012).
No âmbito da corrente que cultua o silvestre, houve espaço, embora
em tempos mais modernos, para o movimento da “ecologia profunda”, que,
representado no ativismo ocidental, propugna uma atitude biocêntrica
ante a natureza, contrastando com a postura antropocêntrica superficial
cuja principal proposta política consiste em manter reservas naturais, deno-
minadas parques nacionais ou naturais livres da interferência humana,
suportando ainda gradações a respeito das proporções que as áreas pro-
tegidas toleram em termos da presença humana, que vão da exclusão total
até o manejo promovido pelas populações locais (DEVAL; SESSONS
apud ALIER, 2012).
As escolas atuais de pensamento ecológico, cronologicamente situa-
das nos anos 1960, contribuíram para o surgimento de um novo eco-
logismo, situando-se espacialmente nos Estados Unidos e na Europa e
remodelando as concepções biológicas acerca da proteção à natureza, de
forma a agregar uma crítica à sociedade tecnológico-industrial carecedora
de liberdades individuais e destruidora da natureza (DIEGUES, 2001).
Trata-se da ecologia profunda, da ecologia social e do ecossocialismo/
marxismo. Tais escolas de pensamento inspiraram-se em Henry D. Thoreau
e Gray Snyder, para quem as árvores e as águas eram classes tão explora-
das quanto o proletariado, em Barry Commoner, que responsabilizava a
tecnologia moderna pela crise ambiental, e ainda em Rachel Carson, que
denunciava o uso dos biocidas (DIEGUES, 2001).
O novo ecologismo foi ainda marcado pela futurologia, que continha
previsões alarmistas acerca do futuro incerto do planeta e do esgotamento
de recursos naturais, tecendo contrapropostas que se dirigiam a privi-
legiar a formação de uma sociedade libertária constituída de pequenas
comunidades autossuficientes, utilizando uma ciência, um trabalho e uma
192 | O LIXO E OS RESIDUOS: IMPRESSOES ECOLOGICAS E CULTURAIS NO TRATO DA CASA COMUM
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
196 | O LIXO E OS RESIDUOS: IMPRESSOES ECOLOGICAS E CULTURAIS NO TRATO DA CASA COMUM
INTRODUÇÃO
Nesse sentido, gostaria de poder essa ecologia política como uma elaboração
político-intelectual de vanguarda, que intenta com angústia responder aos
tremendos desafios que a época apresenta para os povos de nosso conti-
nente, reconhecendo a necessidade de criticar os pressupostos civilizatórios
da modernidade e do desenvolvimento convencional. Para fazê-lo, deve ter
a mão todos os recursos possíveis que passam em grande parte pela tarefa
paradigmática de atualizar seus repertórios de ação e de pensamento, ao
mesmo tempo que deve intentar recuperar a pluralidade de heranças popu-
lares e críticas que a precederam.(ALIMONDA, 2015, 167, tradução livre)
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
EVE, Raymond A., HORSFALL, Sara Horsfall,; LEE, Mary E. Lee Chaos.
Complexity, and Sociology – Myths, Models, and Theories. London:
Sage Publications, 1997.
GIDDENS, Anthony. O que é ciência social? Em Defesa da Sociologia.
São Paulo: Editora Unesp, 2001.
Lei. Ainda de acordo com a Lei, o manejo dos resíduos sólidos detém um
relevante cunho social, devendo-se abarcar o importante trabalho dos
catadores de materiais recicláveis para que a Terra não se transforme em
um real depósito de lixo.
INTRODUÇÃO
Isto ocorre pelo fácil desapego aos bens antigos e, sobretudo, pelo
sentimento hedonista que o consumidor detém. O consumo é dinâmico e
os bens anunciados pelas ofertas necessitam ser renovados constantemente
para a manutenção do consumismo. Os bens antigos ou que falharam em
proporcionar a satisfação de quem os adquiriu, devem ser rapidamente
descartados a fim de que outros bens possam ser colocados em seu lugar
(BAUMAN, 2008, p. 51).
A vida “agorista” é congruente ao consumismo, visto que quando
um bem não atende as expectativas de quem o comprou, deverá ser rapi-
damente descartado como uma tentativa do indivíduo esquecer-se do
seu “fracasso” enquanto consumidor a fim de que possa usufruir de novas
“promessas de felicidade” que as ofertas consumistas propõem (BAU-
MAN, 2008, p. 51).
Logo, paulatinamente o consumo passou a influenciar o campo cul-
tural, tornando o consumo pelo consumo em um consumo que vise atender
signos e valores culturais (EFING; SEERAGLIO, 2016, p. 230). Como
afirmam Antônio Carlos Efing e Diogo Andreola Serraglio, a cultura do
consumo é sinônima da cultura da acumulação material (2016, p. 230).
É certo que o consumismo é eivado de uma justificativa focada em
conduzir os consumidores a uma vida feliz (BAUMAN, 2008, p. 51). A
felicidade é prometida de maneira tão contínua quanto os produtos são
comprados e sucessivamente descartados. Logo, como defende Zygmunt
Bauman, existe uma vertiginosa associação entre o marketing da sociedade
de consumo e a felicidade, dado que aquela promete esta de modo instan-
tâneo, isto é, a felicidade “agorista” e duradoura (BAUMAN, 2008, p. 60).
222 | OS SINTOMAS DA VIDA “AGORISTA” NA SOCIEDADE DE CONSUMO: A QUESTÃO DOS RESÍDUOS
SÓLIDOS E A LAUDATO SI
4 Para tanto, basta lembrar um dos maiores e mais conhecidos lixões da América Latina,
o Lixão da Estrutural em Brasília, que comporta lixo em uma área aproximada de 200
hectares.
230 | OS SINTOMAS DA VIDA “AGORISTA” NA SOCIEDADE DE CONSUMO: A QUESTÃO DOS RESÍDUOS
SÓLIDOS E A LAUDATO SI
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente. 8ª ed. São Paulo: Revista dos Tri-
bunais, 2013.
ABSTRACT: This work has the scope to check to what extent can apply
the vertical nature protection (subjective) and horizontal (objective) of the
fundamental rights the right to the environment provided for in art. 225
of the Federal Constitution of 1988. Therefore, it is initially drawn a quick
overview of the fundamental rights, its concept, dimensions and forms of
1 Mestranda em direito constitucional (Instituto Brasiliense de Direito Público - IDP),
área de concentração Direitos e Garantias Fundamentais.
Contato: floracamargos@yahoo.com.br
236 | REFLEXÕES
AMBIENTE
SOBRE AS PERSPECTIVAS DE PROTEÇÃO DO DIREITO FUNDAMENTAL AO MEIO
protection. In the latter topic, it elaborates on the ways of objective and sub-
jective protection of fundamental rights. In order to insert the right to the
environment in this context, we seek a conceptualization and some relevant
characteristics to this important law, including their forms of protection in
the Brazilian legal system. Finally, listing the topics previously treated, one
comes to the conclusion that the protection of the right to the environment in
the horizontal perspective is as useful and necessary as protection in vertical
perspective. Such protection bias is of undeniable importance, reason should
be sought to ensure adequate protection to the environment, which certainly
will ensure the survival of the human species.
INTRODUÇÃO
DIREITOS FUNDAMENTAIS
que
PE R SPE C T I VA S D E PR OT E Ç ÃO D O S D I R E ITO S
FUNDAMENTAIS
MEIO AMBIENTE
ambiente. Tal busca mostra-se uma tarefa difícil, pois se trata de um objeto
complexo que lida com as mais variadas formas de viver.
A Constituição de 1988, no artigo 225, usou a expressão meio
ambiente, fazendo menção ao “bem de uso comum do povo essencial
à sadia qualidade de vida”. Com isso, segundo ROSSIT (2001, p. 26),
foram trazidos em conexão dois objetos: um imediato (meio ambiente
equilibrado) e outro mediato (saúde).
Ainda na procura de um conceito, a Lei Federal nº 6.938/81, que
trata da Política Nacional do meio ambiente, no seu art. 3º, define o meio
ambiente como “o conjunto de condições, leis, influências e interações
de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em
todas as suas formas”.9
Segundo SILVA (2011) o respeito ao meio ambiente é essencial
à preservação do direito à vida humana. O mesmo autor define o meio
ambiente como a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais
e culturais que proporcionam o desenvolvimento equilibrado da vida em
todas as suas formas.
SILVA (2011, p. 19) também enfatiza o caráter redundante do
termo “meio ambiente”, já que “ambiente” contém a ideia do todo, sendo
a expressão “meio” usada no mesmo sentido. Porém, destaca que usar a
redundância enaltece a expressão, dando a ela maior relevância.
Outra forma de definição igualmente relevante é encontrada nas
palavras de ANTUNES (2008, p. 9), para quem:
9 Artigo 3, inciso I.
246 | REFLEXÕES
AMBIENTE
SOBRE AS PERSPECTIVAS DE PROTEÇÃO DO DIREITO FUNDAMENTAL AO MEIO
(...) de um direito subjetivo ao ambiente não deve fazer esquecer seu caráter
de bem jurídico unitário de toda a coletividade: por outras palavras, a titu-
laridade individual de um direito subjetivo ao ambiente não traz consigo
a subversão do ambiente como bem coletivo.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
and rescue of nature’s own dignity, and thus expand the concept of dignity
beyond the human domain. Law, in such a context, must not confine itself to
its normative role but should re-evaluate the results of its decisions and aim
for socioenvironmental protection to fight the ecological crisis, considering
that it is a multi-faceted one. For the development of the study, a descrip-
tive-analytical method and a bibliographical research technique are used.
INTRODUÇÃO
S O C I E DA D E D E R I S C O E C R I S E E C O L Ó G I C A :
CONSTATAÇÕES
dos riscos. Esse novo contexto, portanto, convida a uma reflexão sobre
possibilidade de prevenção de danos que possam ocorrer no futuro, pois
no contexto do risco há sempre a relação abstrata do porvir, de que as
ações atuais possam ter vários reflexos no futuro, muitos dos quais não
conhecidos. Nesse sentido, além de ter que lidar com os riscos concretos,
a sociedade deve gerir e se precaver dos possíveis riscos abstratos.
Por serem os riscos os reflexos futuros da ação das forças produtivas
técnicas e industriais, é interessante observar que não derivam da ignorân-
cia humana, ou do não-saber, e sim do domínio científico e da aplicação
técnica no desenvolvimento de atividades industriais e produtivas3. O
risco, então, é inerente ao desenvolvimento de atividades na sociedade
contemporânea; e mais, ele é ubíquo, pois assume proporções consideráveis
que pode atingir toda humanidade, não respeitando, nesse sentido, fron-
teiras geográficas e mesmo legais, se estendendo a todas as classes sociais4;
portanto, pode-se dizer que o risco possui na sociedade contemporânea
característica difusa.
Assim, o ser humano alcançou nível tal de intervenção e explora-
ção das estruturas naturais que desenvolveu inúmeros instrumentais para
exploração mais “efetiva”, o que não se traduz por eficiência social e ecoló-
gica, vez que a exploração econômica está pautada sobre a égide da capita-
lização da natureza, a qual transforma esta em mero objeto sem valor em
3 Nesse sentido, e em comparação a períodos anteriores, Beck destaca que “A diferencia
de todas las épocas anteriores (incluída la sociedad industrial), la sociedad de riesgo se
caracteriza esencialmente por una carencia: la imposibilidad de prever externamente las
situaciones de peligro. A diferencia de todas las anteriores culturas y de todas las fases de
desarrollo social, que se enfrentaron de diversos modos con amenazas, la actual sociedad se
encuentra confrontada consigo misma en relación a los riesgos. Los riesgos son el producto
histórico, la imagen refleja de las acciones humanas y de sus omisiones, son la expresión
del gran desarrollo de las fuerzas productivas. De modo que, con la sociedad de riesgo,
la autoproducción de las condiciones de vida social se convierte en problema y tema (en
primera instancia, de modo negativo, por la exigencia de evitación de los peligros). En
aquellos aspectos en que los riesgos preocupan a los hombres ya non se da un peligro
cuyo origen quepa atribuirlo a lo externo, a lo ajeno, a lo extra-humano, sino la capacidad
adquirida históricamente por los hombres de autotransformar, de autoconfigurar y de
autodestruir las condiciones de reproducción de toda la vida sobre la tierra. Pero esto
significa que las fuentes de peligro ya no están en la ignorancia sino en el saber, ni en
un dominio de la naturaleza deficiente, sino en el perfeccionado, ni en la falta de acción
humana, sino precisamente en el sistema de decisiones y restricciones que se estableció en
la época industrial” (1998, p. 237).
4 Quanto ao atingimento das classes sociais, embora os riscos atinjam a todos Beck ressalva
que a pessoas pertencentes às classes superiores conseguem, por possuir maior acesso a
meios econômicos, melhor proteção contra os mesmos (Cf.: BECK, 1998, p. 51).
O DIREITO E O CUIDADO DA CASA COMUM: ENCÍCLICA LAUDATO SI
| 261
6 Bacon afirma que “devemos subjugar a natureza, pressioná-la para nos entregar seus
segredos, amarrá-la a nosso serviço e fazê-la nossa escrava.” (apud BOFF, 1995, p. 26).
Partindo deste comentário, em obra intitulada “Princípio-Terra: a volta à Terra como pátria
comum”, Leonardo Boff entende que essa visão de mundo e de escravização da natureza
dominou a ciência e as formas de conhecimento nos últimos três séculos; no entanto, a
mesma não dá mais conta de explicar e justificar as novas relações com a natureza diante
do paradigma e dos desafios atuais trazidos pelas novas tecnologias. Portanto, a forma
de se relacionar com a natureza, como queria Bacon, se demonstra ultrapassada em sua
aplicação, uma vez que a mesma está degradando a biodiversidade, o meio ambiente como
um todo e as próprias relações humanas.
7 Para os Gregos, a natureza era comprenndida como um todo, o Cosmos ordenado.
Assim, por exemplo, para Aristóteles, cada elemento possuia seu lugar natural no cosmos
ordenado, e para o mesmo todos os seres possuiam direção de tendência para sua realização
(Cf. ARISTÓTELES. Fisíca I – II. Campinas: Unicamp, 2015 (Edição Digital).
8 Sobre a concepção do aspecto simbólico da natureza, conferir: CAPELLA, Juan Ramón.
Os cidadãos servos. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris, 1998, p. 48-49.
264 | SOCIEDADE DE RISCO E O IMPERATIVO ECOLÓGICO EM HANS JONAS E NA ENCÍCLICA LAUDATO
SI: POSSÍVEIS PERSPECTIVAS AO DIREITO PARA O ENFRENTAMENTO DA CRISE ECOLÓGICA
Ante esta nova dinâmica, o Estado não perde seu papel de relevância,
nem o Direito perde sua razão de existir, porém assumem novo papel frente
ao imperativo ecológico. “A crise ambiental torna cada vez mais aparente
a necessidade de reformulação dos pilares de sustentação do Estado. O
que pressupões inevitavelmente a adoção de um modelo de desenvolvi-
mento apto a considerar as gerações futuras” (FERREIRA, 2011, p. 19).
Isto requer uma nova relação paradigmática, pautada não mais na pura
exploração, derivada da visão objetivadora da natureza, mas pressupõe a
integralidade ambiental; assim, o Estado passa a ser orientado pelo viés
ecológico, e tem por fundamento preceitos constitucionais, democráticos,
sociais e ambientais (Cf. FERREIRA, 2011, p.19). É neste sentido que
“a construção do estado do direito ambiental pressupõe a aplicação do
princípio da solidariedade econômica e social como propósito de alcançar
um modelo de desenvolvimento duradouro, orientado para a busca da
igualdade substancial entre os cidadãos mediante o controle jurídico do
uso racional do patrimônio natural.” (FERREIRA, 2011, p. 20).
Aqui o Estado se faz relevante no estabelecimento do novo impe-
rativo ecológico, pautado na integridade, na solidariedade ambiental e
na preocupação intergeracional13. O direito, como instrumento, possui
Tal diretiva orienta um novo agir político, que pode ser orientado
pelo Direito, possuindo por base e fundamento o interesse comum e cole-
tivo das pessoas e do meio ambiente em primeiro lugar, em detrimento ao
poder econômico. Ademais, exige-se o reconhecimento de que a esfera da
dignidade seja extensível também à questão ambiental, pois cada vez se
demonstra que os aspectos naturais são essenciais para a sadia qualidade
de vida de todos, seres humanos e naturais, possuindo valor em sí. Assim,
equilibrado como requisito essencial à sadia qualidade de vida. Não fez, entretanto, qual-
quer referência específica à vida humana, o que possibilitou a inclusão de todas as formas
de vida como beneficiárias da manutenção do equilíbrio ambiental, um dever atribuído
conjuntamente ao Poder Público e à coletividade. De igual maneira, o constituinte protegeu
as atuais e as futuras gerações, estabelecendo entre elas um compromisso de solidariedade
intergeracional” (p.31-32).
O DIREITO E O CUIDADO DA CASA COMUM: ENCÍCLICA LAUDATO SI
| 275
puramente privado14.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Santo Ângelo, RS, v.9, n.13, p. 29 – 49, nov. 2009. Disponível em:
<http://srvapp2s.urisan.tche.br/seer/ index.php/direito_e_ justica/
article/view/212/143 >. Acesso em: 21/12/2015.
KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. São Paulo: Martins Fontes, 2009.
INTRODUÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
O DIREITO E O CUIDADO DA CASA COMUM: ENCÍCLICA LAUDATO SI
| 299
A LEI 11.977/2009
APARENTE CONFLITO
Isso ocorre porque são atribuídas novas funções para os espaços que
deveriam abrigar a proteção da vegetação nativa, deixado de atender a
O DIREITO E O CUIDADO DA CASA COMUM: ENCÍCLICA LAUDATO SI
| 305
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
CO NS EL H O NAC I O NA L D O M EI O A M B I EN T E –
CONAMA. Resolução nº 01, de 23 de janeiro de 1986.
Preparação de texto
Amanda Ferraz da Silveira
Ipuvaíva Editora & Laboratório de Textos
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