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Rubens A p p ro b a to M achado
P re s id e n te da O A B
H e r m a n n Assis Baeta
C oordenador
C o p y r ig h t © 2 0 0 3 , OA B - O r d e m d o s A d v o g a d o s d o Brasil
C o n s e l h o Federal da OAB
SAS Q u a d r a 5 B lo c o M Lote 1 Edifício S e d e d a O A B
7 0 0 7 0 - 9 3 9 B rasilia DF
r E d iç ã o • 2 0 0 3
C o n s e l h o C o n su l t iv o
Ru b e n s A p p r o b a t e M a c h a d o - P r e s id e n te d a O A B / CF
Ivan A lk im in - P r e s i d e n t e d o lAB
H e r m a n n Assis B aeta - C o o r d e n a d o r - P ro je to H istó ria d a OAB
José G e r a l d o d e S o u s a J ú n io r - A d v o g a d o
A n n a M a ria B ian c h in i B a eta - P e d a g o g a
S tu d io C r e a m c ra c k e rs
C o n t e ú d o : v .4 , C r i a ç ã o , P r i m e i r o s P e r c u r s o s e
Desafios (1930-1945)
/ L ú c ia Maria Paschoal G uim arães, T ânia MariaTavares
Bessone da C ruz Ferreira.
340.06081
_______ H i s t ó r i a da
O r d e m dos A d v o g a d o s do Brasil
C ria ç ã o , P r im e ir o s P erc urs os e D e s a fio s ( 1 9 3 0 - 1 9 4 5 )
Rubens A p p ro b a to M a c h a d o - Presidente
Roberto A n to n io Busato - Vice-Presidente
G ilb e rto Gomes SecretáriO'Ceral
-
A presentação _______________________________________________________________09
I n t r o d u ç ã o _________________________________________________________________ 15
Foníes e B ibliografia________________________________________________________129
B iblio grafia________________________________________________________________134
A nexo V - C arta e discurso de A ndré de Faria Pereira sobre a Criação d a OAB _ 175
APRESENTAÇÃO
•Ál 9
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O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
tuto da Ordem dos Advogados Brasileiros, ao qual a OAB esteve intim am en
te articulada nos primeiros tempos. Houve, também , quem a atribuísse ao
Dr. Levi Carneiro, seu prim eiro presidente, a exemplo do advogado Antônio
Baptista dos Santos, em pronunciam ento realizado no Conselho Federal em
1938. Levi Carneiro, p o r sua vez, em parecer p o r ele exarado em 15 de no
vembro de 1931, creditou-a à Revolução de 30, pois no seu entendera Ordem
constituía um a das medidas revolucionárias que deveriam contribuir para
remodelar a nacionalidade.
Para André de Faria Pereira a criação da O rdem parecia um milagre, pois, se
po r um lado, o Governo Provisório desprezava boa p a rte da Constituição de
189} e decretara a falência das instituições democráticas, concentrando nas
mãos de Getúlio Vargas form idável soma de poderes, p o r outro, um a semana
mais tarde, em 18 de novembro, concedia à classe dos advogados, prerrogati
vas de se auto-regulamentar, eximindo-os da centralização dominante''.
10 OAI
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NOTA EXPLICATIVA
OAI 73
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14
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INTRODUÇÃO
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16 ®Ái
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« á l
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T8
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CAPÍTULO I
A Criação da O rd e m dos Advogados d o Brasil
•Al 19
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(...)Campos diz que a revolução foi uma bobagem. Getúlio não queria nada.
Quem fez a revolução foi Washington Luís, com sua rigidez: não quis mandar
visitar 0 presidente eleito de Minas, Olegário M aciel hospedado em hotel do
Rio. Se 0 fizesse, Olegário retribuiria a visita, e os dois se entenderiam. Ofendi-
do, 0 velho Olegário voltou para M inas e desfechou a Revolução, que antes ele
não queria(...) D iz ex-ministro estarem condições de indicar o exato mom en
to em que Olegário foi escolhido para ser presidente de M inas Gerais ^.
20 •Ál
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’ Ver, José M u rilo d e C arvalho, “M a rc h a acelerada (193 0 -1 9 6 4 )”. I n : ______, Cidadania no Brasil: o longo
cam inho. 2 “ edição. R io d e Janeiro: Civilização Brasileira, 2002, p. 87-88.
^ Cf. M ax im iiiano M a rtin Vicentc, O Afe/íêíío Catete: a m oldagem do Estado auioriiário. Tese de d o u to ra m e n to
aprese n ta d a ao D e p a rta m e n to d e H istória da FFLCH d a U niversidade de São Paulo. São Paulo 1996, p. 7.
’ E m ilia V io tti d a C o sta , O Suprem o Tribunal Federal e a construção d a cidadania I E m ilia V io tti d a Costa',
o rg a n iz a çã o A lb in o A dvogados Associados- São Paulo; IKJE, 2001, p.64-65.
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nária em 30 de outubro de 1930'^. Tão logo Getúlio Vargas assumiu o poder e deu
posse ao ministério'^, ele dirigiu-se ao recém-nomeado titular da pasta da Justiça -
Oswaldo Aranha, aconselhando-o a promover a reorganização da Corte de Apela
ção do Distrito Federal. A sugestão foi bem acolhida e o ministro encarregou-o de
preparar um anteprojeto a esse respeito. O procurador valeu-se da oportunidade e
inseriu n o documento o seguinte dispositivo: (...)Art. 17. Fica criada a Ordem dos
Advogados Brasiléros, órgão de disciplina e seleção da classe dos advogados, que se
regerá pelos estatutos que forem votados pelo Instituto da Ordem dos Advogados Brasi
leiros, com a colaboração dos Institutos dos Estados, e aprovados pelo Governo " . Anos
mais tarde, ele justificaria as motivações que o levaram a agir daquela forma:
A Junta R evolu cion ária era fo r m a d a pelos generais A ugusto Tasso Fragoso e João de D e u s M en a Barreto,
e o c o n tra -a lm ir a n te Isaías d e N o ro n h a .
" G etúlio Vargas c o n stitu iu o G o v e rn o P ro v isó rio com os s eg uintes m in istro s: Justiça, O sw aldo A ranha;
E xterior, A frânio d e M elo F ranco ; Fazenda, José M a ria W h ita k er; G u e rra , general Leite de C astro; M a r i
n h a , a lm ira n te Isaías de N o ro n h a ; Viaçâo, Juarez T á vora; A g ric u ltu ra, Assis Brasil; E ducação, Francisco
C am pos. D ias m ais ta rde, L ind o lfo C o llo r foi desig n a d o pa ra a re c é m -in s titu íd a p a sta d o Trabalho.
Ver, em anexo, a tra n s c riç ã o in te g ra l d o D e creto n.® 19.408, d e 18 d e n o v e m b ro d e 1930.
A n d ré d e F aria P e re ira ,“ E x posição”. O p. cit.
“ E d g a rd C osta seria desig nado, a in d a em n o v e m b ro d e 1930, juiz d a 1.» C â m a ra d a C o rte d e A pelação do
D istrito Federal. E m 1945, a sc e n d e u a o cargo de m in is tro d o S u p re m o T rib u n a l Federal.
•Al 23
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alegando que a m edida favorecia à classe dos advogados e a revolução não con
cedia privilégios. Faria Pereira respondeu-lhe, então, que (...) se privilégio hou
vesse, seria o da dignidade e da cultura, pois (...) a instituição da Ordem traria,
ao contrário, restrição aos direitos dos advogados^^.
Tais argumentos ganhariam um reforço providencial, graças à chegada no
gabinete do ministro do ex-deputado Francisco Solano Carneiro da Cunha, que
interveio no diálogo. Membro do lOAB, partidário da Aliança Liberal desde a pri
meira hora, 0 Dr. Francisco Solano integrava a comissão de sindicância encarrega
da de realizar a devassa nas contas do Banco do Brasil e, juntamente com o Dr. Justo
de Morais, foi responsável pela elaboração do projeto que organizou o Tribunal
Especial para julgamento dos delitos do governo deposto. Figura muito acatada
entre os políticos aliancistas e que privava da intimidade de Getúlio Vargas'®, Solano
não só apoiou o pleito de Faria Pereira, com o também demonstrou a sua pertinência,
convencendo Oswaldo Aranha a aprovar o documento, que acabaria seguindo sem
qualquer alteração para assinatura do Chefe do Governo Provisório.
O estratagema utilizado pelo procurador-geral do Distrito Federal surti
ra o efeito desejado. Concretizavam-se, assim, ainda que por cam inhos pouco
convencionais, as aspirações de M ontezum a, de Perdigão Malheiro, de Nabuco
de Araújo, de Saldanha M arinho e outros juristas brasileiros de nom eada, que
desde m eados d o século XIX vinham pleiteando a criação da O rdem dos A dvo
gados. Estabeleceu-se a pretendida entidade, à revelia do Instituto da Ordem
dos Advogados Brasileiros, órgão especialm ente constituído para esse fim em
1843'^, por iniciativa do conselheiro Francisco Alberto de Aragão, e que duran
te oitenta e sete anos havia pleiteado a sua consecução™ .
Por essa m esm a ocasião, no lOAB, voltara-se a debater a necessidade de
instituir a Ordem. A dem anda veio à tona na esteira da retórica reformista
entoada pelos vencedores da “revolução”. Já na sessão de 30 de outubro de 1930,
o Dr. Gualter Ferreira reivindicaria a reestruturação do funcionam ento do Ju
diciário, reclamando, dentre outras providências, o fim dos julgam entos secre
tos, a restauração das férias primitivas, a proibição dos juizes de aceitarem co-
24 •áb
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(...) Creio bem que se po dem conciliar, nos momentos excepcionais de vida
nacional, que estamos vivendo, os dois princípios po r que tenho m e em pe
nhado a nortear a ação deste Instituto; o alheamento completo e sistemático
das competições politico-partidárias; e o interesse constante e desvelado, p e
los altos problemas políticos, de que depende a felicidade do nosso povo e o
progresso de nossa Pátria (...) U m e outro nos hão de levar a cooperar, coleti
va e individualmente, na m edida de nossas forças, em postos em que nos
sintamos capazes de agir com eficiência em face das circunstâncias do m o
mento, ou como simples cidadãos (...). Toda a nossa vida política tende, des
de já, a preparar, a encaminhar essa reforma, proporcionar-lhe o ambiente
p ara que se inspire nos reclamos e nas necessidades da Nação (...) A ela
havemos todos de dar a contribuição de nossa experiência, de nosso saber e
de nosso patriotismo.^^
•Al 25
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tasse ao Governo sobre “a criação imediata da Ordem dos Advogados, tam bém
para expurgar a classe dos advogados dos m aus elem entos”. Desta feita, em
tom solene, o indicativo recebeu aprovação da plenária, do m esm o m o d o que o
discurso proferido por Levi Carneiro, em que indagava: “Merece ser dissolvido
o Suprem o Tribunal Federal?”^” .
N o entendim ento do presidente do Instituto dos Advogados o Supremo
Tribunal deveria ser encarado co m o o órgão constitucional que m elhor se m an
tinha dentro dos lim ites das suas atribuições e deveres, pois não com etia abuso
de ingerências co m o o Poder Executivo, n em se anulava na passividade sub
missa, tal qual o Poder Legislativo:
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" Cf. Le%i C arn eiro . “O In s titu to e o m o m e n to po litico" (C arta ao Jornal do C om m ercio, d a ta d a d e 9 de
n o v e m b ro d e 1930). Ver, ta m b é m , Levi C arn eiro , “A inda o S u p re m o T rib u n a l e o m o m e n to político ”
(C a rta d irigid a ao jo rn a l A Esquerda, d a ta d a de 11 de n o v e m b ro d e 1930). Id e m , p. 191-194.
" Cf. B arb osa Lima S o b rin h o , P reíen fd d e A lb e rlo Torres (Sua vida e pensam ento). Rio d e Janeiro: C ivilização
Brasileira, 1968, p. 505.
Cf. G e túlio Vargas, Diário. A p re se n ta ç ão d e CeJina Vargas d o A m a ra l Peixoto; edição d e Leda Soares. São
Paulo: Siciliano; Rio d e lan e iio ; F u n d a ç ão G etúlio Vargas, 1995, v. 1, p, 22.
A nos m ais tarde, d u ra n te o.s tra b a lh o s d a Assem bléia C o n stitu in te d e 1934, Levi C a rn e iro c o n firm aria
p u b lic a m e n te a re dação da Lei O rg â n ic a d o G o v e rn o Provisório. Cf. Levi C arn eiro , Pela N ova Cartslilui-
ção. Rio d e Janeiro; A. C o elh o B ra n co Filho, 1936, p. 608.
£ im p o r ta n te le m b ra r q u e Levi C a rn e iro foi responsável pe lo a n te p ro je to d e re o rg a n iz a çã o d o S u p re m o
T rib u n a l Federal. Ver, a in d a , E m ilia V io tti da C osta, op. cir., p. 68-70.
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30 màM
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que o país atravessava, costum a dar grande ênfase ao fato de que a entidade
nascera no bojo de um a das m uitas m edidas exceções, decretadas por G etúlio
Vargas, n o contexto pós-revolucionário. Todavia, se atentarmos para as p o si
ções ocupadas no jogo político pelos principais atores envolvidos nesse ep isó
dio, perceberem os que o milagre não foi tão extraordinário quanto se propaga.
A grande surpresa, por certo, foi a iniciativa do procurador Faria Pereira que,
por obra d o destino, acabou precipitando o s acontecim entos.
Ver A rm a n d o Vidal, "A criação d a O rd e m d o s A d v o gad o s (co letânea d os p rin c ip a is frab a ih o s relativos a
esse a ss u n to ). B oletim d o IOAB,n® 2, v. 1, 1925. Ver, ain da , A u rélio W an d e r Bastos, op. cit., p.219.
Cf. A lb e rto V en an cio Filho, N o líá a histórica áa O rd e m dos Advogados do Brasil, op. cit., p. 31.
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(...) Pelo projeto, queiram ou não, esiimula-se a form ação das mestrias,
corporações e ju izados de ofício, cuja natureza a O rdem dos Advogados pa r
ticipa (...) o preconceito do diplom a acadêmico empresta autoridade de um
direito, está no projeto de seus Estatutos, onde a influência do interesse pes
soal ou as prevenções injustificáveis já repontam em alguns dispositivos com
ataque mais forte à liberdade profissionaF .
Cf- Levi C arn eiro , “ Parecer e m itid o c o m o C o n sid to r-G e ra l da R ep ú b lica so b re o p ro je to d c R egulam ento
d a O rd e m d o s A d v o gados”. I n : _______ , O Livro de u m A dvogado. O p . cit., p. 265-266.
Boletim do lO A B , n° 5, v. V III, d e ze m b ro d e 1930, p u b lic a d o em a b ril de 1931.
32 9A%
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“ Cf. Levi C arn eiro , O Itvro d e u m advogado, op. cit. p. 250 a 253.
A p e n as o In stitu to de P e rn a m b u c o d e ix o u de d is c u tir o assunto.
T a m a n h a m ob ilização , s u rp re e n d e u Levi C arn eiro , le v a n d o -o a a firm a r q u e ra ra m e n te a e la b o ração de
a lg u m a lei d esp ertav a tã o larga e interessad a p a rtic ip a ç ão . Id e m , p. 258-259.
S o b re a d istrib u iç ã o da re n d a e n tre as d iv ersas in stân cias d a O rd e m , ver a rtig o 7° d o Regulam ento d a OAB
n o Anexo.
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recia proteção judicial (...) o direito de exercer a profissão - denegado, ou tolhido pela
recusa da inscrição, pela supressão temporária, ou pelo cancelamenü) definitive^ .
D o ponto de vista da estrutura e funcionamento, a instituição adotava uma
espécie de m odelo federativo, por assim dizer. Compreendia um a seção central,
com sede no Distrito Federal, seções em todos os estados e no território do Acre,
localizadas nas respectivas capitais. Cada seção teria personalidade jurídica própria,
gozando de autonom ia administrativa, podendo desdobrar-se em subseções, con
soante as várias comarcas do seu território, de acordo com a quantidade de advo
gados, provisionados o u solicitadores ali inscritos. Cabia aos governos federal e
estaduais providenciar instalações condignas para a Ordem e seus arquivos, de pre
ferência no Palácio da Justiça, no fórum ou no prédio do Tribunal Superior.
Q uanto ao funcionam ento, no âm bito nacional, as atribuições da Ordem
seriam exercidas pelo C onselho Federal, e pelo presidente e secretário-geral;
nas seções peia assembléia geral e pelo conselho; na subseções, pela diretoria e
pela assembléia geral. Em todas as suas instâncias, a O rdem não poderia discu
tir nem se pronunciar sobre assunto não atinente às respectivas finalidades,
ficando assim subentendido o seu caráter apolítico.
As norm as moralizadoras, com o já era de se esperar, ganharam especial
realce n o Regulamento. Aliás, o parecer de Levi Carneiro dava grande ênfase a
esse aspecto; (...) ]á escrevi que as maiores deficiências, que se poderiam n otar na
Constituição de 1892, são o exagerado amoralismo e o exagerado individualismo.
A O rdem - dom inada p o r preocupações evidentes de socialização e de moralização
- i a primeira criação com o intuito de corrigir essas ten dên cia^ '.
Os casos de proibição - ou de incapacidade perm anente de exercício da
advocacia - alcançavam o s juizes federais e locais, de tribunais administrativos,
militares ou especiais e, n o m esm o sentido, os m em bros do M inistério Público
em processos contenciosos ou administrativos, cuja matéria pudesse incidir
nas funções de seus cargos; os funcionários e serventuários da Justiça; autori
dades e funcionários policiais e m matéria criminal; os funcionários da Fazen
da, exatores ou fiscais; os inibidos de procurar em juízo, o u de exercer cargo
público, em virtude de sentença judicial transitada em julgado; o s corretores de
fundos públicos, de mercadorias, o u de navios, os agentes de leilões, trapicheiros
e empresários, o u administradores de armazéns gerais; as pessoas não habilita
das segundo as norm as do Regulamento e as demais pessoas proibidas por lei.
^ Id em .
Levi C arn eiro , op. cií-, p. 257.
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393, de 23 de novem bro de 1844, e que apesar do fim do regim e im perial não
fora revogada^^.
Também era de com petência exclusiva do C onselho Federal - exceto em
caso de urgência, quando a atribuição recaía sobre o Conselho da Seção do
D istrito Federal, subm etida, entretanto, à aprovação daquele em sua primeira
reunião - a votação e alteração do código de ética profissional, ouvidos os C on
selhos das seções e as diretorias das subseções; a prom oção de quaisquer d ili
gências, ou verificações, relativamente ao funcionam ento da Ordem em qual
quer Estado, adotando as m edidas que entendesse convenientes a b em da sua
eficiência e regularidade, inclusive com a possibilidade de designação da dire
toria provisória; a organização do regim ento interno; a cassação ou revogação
de qualquer deliberação contrária ao Regulamento; e a uniform ização, tanto
quanto possível, dos regim entos internos das várias seções da Ordem^®.
Em síntese, o Regulamento, previsto a princípio para entrar em vigor em
1- de m aio de 1932, fixava os principais parâmetros éticos para o exercício da
profissão. Definia, tam bém , que a organização da Assistência Judiciária no D is
trito Federal, nos estados e no território do Acre ficava sob a jurisdição exclusi
va da Ordem. Finalm ente, nas disposições transitórias, determinava que o
Conselho da Seção do D istrito Federal desempenharia as atribuições do C o n
selho Federal, e o presidente daquele Conselho as do presidente da Ordem, até
que se instale o C onselho Federal. Indicava, ainda, que dos vinte e um m e m
bros do C onselho do D istrito Federal, dez deveriam ser eleitos em assembléia
geral e os onze restantes pelo C onselho Superior do lOAB^®.
A esse respeito, aliás, cumpre esclarecer que o estabelecimento da Ordem pro
vocou alterações estatutárias no lOAB, bem com o nos Institutos estaduais^. Estas
agremiações tiveram suas finalidades redefinidas, passando a se dedicar ao estudo do
Direito em geral, especialmente do direito pátrio e das reformas que devam ser
introduzidas na legislação; a assistência judiciária; defesa dos interesses da classe dos
advogados e a difusão da cultura jurídica. Não vem ao caso entrar em detalhes sobre
todas alterações que se operaram; todavia, deve-se mencionar que foi instituído nos
Institutos um Conselho Superior, integrado por membros vitalícios, ao qual compe
tia eleger parte dos Conselhos seccionais da Ordem.
•41 37
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
Id e m , ibidem .
" Cf. A u rélio W an d e r Bastos, op. d i . , p. 234.
Cf-Levi C arn eiro , "Parecer e m itid o c o m o C o n su lto r-G e ra l d a R epública so b re o p ro je to de Regulam ento da
O rd e m d os A dvogados”. I n : _______ , O Livro de u m Advogado. O p . c i t , p. 257.
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^ Id em , ib id em .
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Levi C a rn e iro ,“D iscu rso ”, p ro fe rid o n a p re sid ên c ia d a O rd e m , e m sessão de 14 d e d e z e m b ro d e 1932. Cf.
Levi C arn eiro . O livro de u m advogado. O p . cit., p. 272.
O s a u to re s d os recu rso s e ra m A rm a n d o P o rto C o elh o , E uryd es C astro , H e n riq u e C ó rd o v a , J. G alvão Á lva
res de A breu, Isaias R ô m u lo P in to , João F ran ç a e M á rio C in co Paes. Cf. OAB, A ía da sessão do Conselho
Federal da O AB, 11 d e a g o sto de 1933.A rq u iv o d a OAB.
42 • âm
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O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
Cf. OAB, A ta da sessão do Conselho Federal d a O AB, 11 de ag o sto d e 1933.A rquivo d a OAB.
“ Cf. O A B.A ífl da sessão do C onselho Federal-, 11 de ju lh o d e 1934. A rq u iv o OAB. Ver, ta m b é m , d e n tie o u tra s,
A ta d a sessão d o Conselho Federal, 20 d e a b ril d e 1934. A rq u iv o OAB.
OAB, Processo C. n.° 3-1933. A rq u iv o CF/OAB.
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48 •ál
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50 •A M
V o lu m e 4 C ria ç ã o , P rim e iro s Percursos c Dosatio?. ( 19 j ü - 1 9 4 5 )
a amplitude da Assistência Judiciária, prevendo tam bém a sua concessão aos ín
dios, e em quaisquer casos de processos administrativos, perante repartições p ú
blicas ou perante tribunais administrativos, com uns ou especiais.
Afora a gratuidade das atividades profissionais dos advogados e procura
dores n os processos, as pessoas necessitadas poderiam beneficiar-se de parece-
res, de aconselham ento, amparo e proteção, para a segurança, conservação e
defesa dos seus direitos. A Ordem tam bém se encarregaria de providenciar ser
v iço s de perícia, requisitando-os junto aos sindicatos de m édicos, engenheiros
e contadores, e peritos judiciais.
Na sessão de 23 de agosto de 1934, o anteprojeto foi aprovado e encam i
nhado às seccionais para sugestões, acréscim os o u alterações. Vale lembrar que,
c o m o a nova C onstituição do país fora prom ulgada em 16 de julho daquele
ano, a matéria deveria ser objeto de exam e e aprovação da Câmara dos D eputa
dos, antes de ser posta em vigor^^. R em etido ao Legislativo em 20 de novem bro
de 1934, o projeto sofreria um a longa tramitação, interrom pida com o advento
do Estado N ovo.
A concessão de Assistência Judiciária só veio a ser regulamentada n o G o
verno D utra pela Lei n .’^’ 1.060, de 5 de fevereiro de 1950, sob a com petência dos
poderes públicos federal e estaduais. Apesar do e m pen ho d o Conselho Federal,
caberia à O rdem som ente, por suas seções e subseções, indicar advogado, nas
localidades onde não houvesse serviço de Assistência Judiciária organizado e
m antid o pelo Estado.
Outra grande questão que m ov im en to u o C onselho Federal nos prim ei
ros anos de funcionam ento foi a aprovação d o C ódigo de Ética Profissional.
Antiga aspiração da classe, o assunto co m eço u a ser discutido n o Instituto da
O rdem dos Advogados Brasileiros, na década de 1920, por um a com issão inte
grada por Levi Carneiro, relator, M agarino Torres, C ândido M endes, Pereira
Braga e Bartolom eu Portella. C om o o prazo para a conclusão do trabalho era
dem asiado curto, os m em bros da com issão resolveram recomendar ao lOAB o
exam e do código de ética profissional aprovado pelo Instituto dos Advogados
de São Paulo em 1921, considerado excelente. Aliás, outros Institutos, com o o
do Rio Grande do Sul, adotaram o código de São Paulo.
A idéia foi retomada no lOAB por Pam philo de Assunção em 1930, que
apresentou um a nova proposta, tam bém inspirada no m odelo de São Paulo. O
projeto definitivo foi aprovado em 1932 e rem etido ao C onselho Federal da
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______________História da
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OAB, que resolveu discuti-lo e votá-lo, em cum prim ento à com petência firm a
da pelo art. 84, inciso III, d o Regulamento da Ordem. O trabalho final, apresen
tado 14 m eses depois, devolvia algumas exclusões feitas por Pamphilo no c ó d i
go de São Paulo, e aditava outras, que foram objeto de longas discussões no
Conselho Federal.
C om doze seções, o C ódigo de Ética Profissional entrou em vigor no dia
15 de novem bro de 1934, acrescentando aos preceitos éticas gerais as normas
que o advogado deveria rigorosamente observar, extensivas aos provisionados
e solicitadores. Os deveres fundam entais, objeto da 1.® Seção, obrigavam os
advogados a zelarem pelo prestígio da classe, pela dignidade da magistratura e
pelo aperfeiçoamento das instituições de Direito. Determinavam, ainda, a guarda
do sigilo, a prestação desinteressada de serviços profissionais aos miseráveis que
os solicitassem e a em issão pública de pareceres sobre questões jurídicas de
interesse geral. As interdições diziam respeito, sobretudo, à publicidade ilícita e
ao aliciam ento de clien tes^ .
Vale lembrar, que antes m esm o da vigência do C ódigo de Ética, a propósi
to de um a consulta da seção de São Paulo, a respeito do uso do título de “d ou
tor” pelos bacharéis inscritos na Ordem, o C onselho Federal já havia delibera
do que os profissionais form ados nos cursos de Direito não poderiam usar o
título em cartões, impressos, placas e anúncios, mas indicar-se apenas co m o
advogado, salvo aqueles que tivessem legitim am ente colado o grau de doutor.
Recomendava, ainda, aos provisionados e solicitadores que se apresentassem
com o tais porque, habitualm ente, exibiam -se c o m o advogados para se co n fu n
direm e equipararem no senso com u m aos bacharéis, o que tam bém motivava
o uso do título distintivo de doutor por advogados graduados^^.
O C ódigo de Ética, na 2.® seção, abordava as primeiras relações do advo
gado com seu cliente, quando do aceite da causa, obrigando-o, por exem plo, a
recusar o patrocínio de causa ilegal, injusta ou imoral e informar ao cliente de
todos os riscos, incertezas o u circunstâncias que pudessem com prom eter o êxi
to do processo. O declínio d o m andato, por razões com o desconfiança das par
tes o u conflito de interesses, foi previsto na 7.® seção.
Em linhas gerais, o Código dava atenção especial a regras sobre o exercício
da advocacia, as relações pessoais com o cliente, as relações em Juízo e com a
administração pública. Estabelecia normas quanto ao exercício de cargos públi-
52 •ái
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54 «àl
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CAPITULO II
A O rd e m e a República Nova
(...) Este sodalicio foi o primeiro centro cultural que ergueu a bandeira da
reconstitucionalização da República. Foi deste recinto que partiu o prim eiro
grito em prol do restabelecimento da ordem jurídica (...) A ditadura encon
trava-se no seu quinto mês de existência, em plena lua-de-mel, e havia ainda
•àl 55
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O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
^ Cf. lOAB, Eurico d e Sá Pereira, “Discurso” proferido n a sessão in au g u ral de 20 de abril d e 1933. Boletim do
Instituto dos Advogados Brasiieiros.Vo\xançXl, n ° 1, Rio d e Janeiro: T ipografia d o Jornal d o C o m m e rd o , 1933.
^ Cf. Levi C arn eiro , Levi C arn eiro . Pela N ova Constituição. O p . cit. p. 4.
■*D e n tre o u tra s m e d id a s, o D e creto dividia as tu rm a s , to rn a v a o b rig a tó rio o reg istro ta q u ig rá fic o d o s tr a b a
lhos, revogava o § 2° d o art. 41 d a C o n stitu iç ão q u e d e te rm in a v a à su b stitu içã o d o P resid e n te d a R e p ú
blica p e lo p re sid en te d o S u p re m o T rib u n a l Federal. P ro ib ia os m a g is tra d o s e m e m b ro s d o M in istério
P ú b lico Federal d e a ce ita r e exercer cargo d e eleição, n o m e a ç ã o o u com issão , m e sm o g ra tu ito , o u q u a l
q u e r o u tr a fu n ç ã o pú blica, salvo o m agistério.
*Cf. Levi C arneiro, O /ív ro de u m advogado, op. cit., p, 197-204. Ver, íam W m .E rn Ü iaV io tti d a C osta. O Suprem o
Tribunal Federal e a C onstrução da C idadania, op. cit., p. 66.
56
V o lu m e 4 C ria ç ã o , P rim e iro s Percursos e D esa fio s 11 9 3 0 - 19451
•Al 57
______________História da
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(...) que se dote o país de um a Lei Orgânica, que seja a Carta de 24 de feve
reiro, apenas revista sob os conselhos da experiência brasileira e adaptada às
conquistas modernas do Direito, pois só assim ela respeitará a índole e as
tradições nacionais; Lei que seja liberal para ser conservadora; Lei, fin al
mente, que esteja ao nível verdadeiro dos nossos sentimentos, como a de 1891,
para ser civilizada, e da nossa inteligência e cultura, para ser progressista”^.
58 •à B
V o lu m e 4 C ria ç ã o , P rim eiro s Pcrcursos e D e s a fio s i l 9.50 - 1 9 4 5 )
(...) N ão contrariarei a sua esperança, embora tenha para m im que não eu,
mas homens mais moços ou de mais saúde do que eu, hão de, daqui a muitos
anos, saber que o Dr. Borges (de M edeirosj e o Dr. Pila (Raul Pila) estarão
discutindo no outro m undo as alterações do “heptálogo” (Programa de Re
construção Nacional), a fim de submetê-las, p o r intermédio do General Flores
" o d e p o im e n to é d e A u g u sto A m a ra l Peixoto, fu tu ro ge n ro de G e tú lio V argas, a p u d M ax im ilan o M a rtin
Vicente, O A leliê do Catcte: a m oldagem do estado autoritário, op. cit., p. 65-66.
Cf. D u lce Chaves P andolfi, “V o to e p a rtic ip a ç ã o po lítica nas d iv ersas rep ú b licas d o Brasil”.In: A ngela de
C astro G o m es, D u lce Chaves P andolfi, V erena A lb e rti (c o o rd .), A República no Brasil. R io d e Janeiro;
N o v a F ro n teira: C P D O C , 2002, p. 85.
O C lu b e 3 d e O u tu b r o e ra u m a o rg a n ização po lítica fu n d a d a e m fevereiro de 1931, n o R io de Janeiro, p o r
e le m en to s v in c u la d o s ao m o v im e n to te n e n tista , e m a p o io a o G o v e rn o P ro v isó rio d e G etúlio Vargas.
«àl 59
______________História da
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Cf- A fonso A rin o s de M elo Franco , U m estadista da República (A frãnio de M elo Franco e seu tem po). O p.
c it..p .l0 I6 -1 0 1 7 ,
O Tribunal Superior Eleitoral deveria ser integrado p o r oito m inistros efetivos e oito suplentes, cab e n d o a presi
dência ao vice-presidente d o S u p rem o Tribunal Federal. D os sete m inistros restantes, dois efetivos e dois
substitutos ta m b é m seriam sorteados d e ntre os m e m b ro s d o Suprem o. O u tro s dois, efetivos e suplentes,
selecionados d e ntre os desem bargadores d a corte de apelação d o Distrito Federal. O s três elem entos restantes
seriam escolhidos pelo chefe d o G overno Provisório- C onsiderando-se q ue os qu ad ros d o S u p rem o Tribunal
Federal haviam sido recentem ente renovados p o r Vargas, em v irtu d e da aposentadoria com pulsória im posta
a seis m inistros, a Justiça Eleitoral ficava atrelada ao Executivo. A p a r disso, na com posição dos Tribunais
Regionais, d e ntre os seis m em b ro s exigidos, dois deveriam ser designados p o r Vargas. Cf. D ecreto n° 21.076,
Ccleção de Leis do Brasil. A n o de 1933. Rio d e Janeiro: Im prensa Nacional, 1948, v. 1, p. 111-115,
Id e m , p. 230.
60 •ái
V o lu m e 4 C r i a ç ã o , P rim eiro s Percursos e D e s a fio s |1 9 J Ü - 1 9 4 5 )
Cf. A lberto Torres, “ P rojeto d e Revisão C o n stitu c io n a l’’. I n : _________ , O problem a nacional brasileiro.
Prim eira Parte - A C onstituição. São Paulo; C o m p a n h ia E d ito ra N acio nal, 1933, p .4 3 5 -5 15.
Cf. F rancisco Iglésias, Trajetória política do Brasil (1500-1964). 2 “ re im pressão. São Paulo: C o m p a n h ia das
Letras, 1993, p. 234.
G e túlio Vargas, Diário, op. cit., v. 1, p. 101.
•ÁB 67
______________ História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
N a ótica d o h is to ria d o r Boris Fausto, a revolução refletia a c o n te n d a político-ideológica e n tre a u to ritá rio s e
liberais. E n tre os objetivos d o m o v im e n to ( . . . ) - u m a revolta oligárquica, para seus in im ig o s-, encontravam -
se a garantia de autonom ia dos estados e a implantação do regime político liberal após a realização de eleições.
S o b re a “ R evolução C onstitu cio n alista " de 1932, ver, d e n tre o u tra s obras, Boris Fausto, O Brasil republica
no. Sociedade epolítica (1930-1964), Ver, ta m b é m , M a r ii H elen a R o lim Capelato, O m o v im e n to d e 32. A
causa paulista. São Paulo: B rasüiense, 1981 e H o lie n B ezerra G onçalves, O jogo do poder: a revolução
p a u lista de 32. São Paulo; M o d e rn a , 1988.
“ O C o n se lh o Seccional de São P au lo fech ou suas p o rta s a p ó s a sessão d e 8 d e ju lh o de 1 9 3 2 .0 p re sid en te
P lín io B arreto e os C o nselh eiros F ran cisco M o ra to , W a ld e m a r F e rreira e V icente R ao, q u e a tu a r a m d ire
ta m e n te n o conflito, fo ra m presos e tra n s fe rid o s p a ra o R io d e Janeiro. M ais ta rde, Francisco M o ra to e
W a ld e m a r F e rreira seg uiram p a ra o exílio e m Lisboa, e n q u a n to V icente R ao foi p a ra a França. Plínio
B arre to re a ssu m iu a presidência d o C o n se lh o Seccional d e São Paulo n a sessão d e 2 d e ja n e iro d e 1933.
62 •AB
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63
______________ História da
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Cf. lO A B, E urico de Sá Pereira, “D iscu rso ” p ro fe rid o n a sessão in au gura] d e 20 d e abril de 1933. Boletim do
Instituto dos Advogados B r a s ile iro s .V o \u m e X l,n ‘^ l , R i o de Janeiro: Tip ografia d o Jorna l d o C o m m e rc io ,
1933.
64 • àm
V o lu m e 4 C r ia ç ã o , P rim eiro s Percursos e D e s a t i o s ' 19 3 0 - 1 9 4 .t )
•Al 65
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
tariam os empregados e núm ero igual os empregadores, sendo que entre estes
últim os incluíam -se três representantes das profissões liberais e naqueles dois
da classe dos funcionários públicos. O direito a voto era assegurado som ente
aos sindicatos reconhecidos pelo m inistério do Trabalho e às associações de
profissionais liberais e de servidores públicos que estivessem legalm ente orga
nizadas até 20 de m aio de 1933. As eleições classistas deveriam ser realizadas até
o dia 30 de junh o e delas sairiam os delegados encarregados de designar os
quarenta representantes à Constituinte^®.
O D ecreto provocou um a consulta do presidente do C onselho Federal da
OAB, em ofício datado de 17 de m aio de 1933, indagando ao M inistro do Tra
balho, Indústria e C om ércio, a quem cabia regular o processo, n o caso da situ
ação particular da classe dos advogados. A nos mais tarde, Levi Carneiro afir
maria que o ofício fora um a insistência protocolar junto ao M inistro, porque as
ponderações ele já havia feito, pessoalm ente, em reunião reservada. N o seu
entender, deveria ser assegurado aos advogados o direito de ter pelo m enos um
representante na Assem bléia C onstituinte, escolhido pela OAB:
66
V o lu m o 4 C r ia ç ã o , P rim e iro s Percursos e D e s a fio s - 19 4 5 )
O certo é que o pleito da OAB foi acolhido e Levi Carneiro designado por
seus pares para representá-los na bancada das profissões liberais na Assembléia
Constituinte de 1933. A escolha, de certa forma, era coerente com o preceito
do art. 89 do Regulamento, onde se lê que cabe ao presidente da Ordem a repre
sentação da entidade perante os poderes públicos, em juízo, e em todas as rela
ções com terceiros, ativa e passivamente .
D e qualquer m o d o , a indicação do presidente da Ordem e ex-consultor
geral da República parece ter levantado a suspeita de que a base de apoio de
Vargas conquistara mais u m elem ento. Sintom aticam ente, o jornal Diário de
Notícias, logo que se anunciou a indicação de Levi Carneiro, procurou-o para
um a entrevista, indagando-lhe sobre o m o d o com o iria desem penhar o seu
mandato. Em resposta, o jurisconsulto procurou contem porizar afirmando:
(...) Advogado até a medula dos ossos, e representante dos advogados, terei de agir
com 0 sentim ento dos homens da minha profissão, conciliando as nossas melhores
tradições com os corretivos necessários aos males de que sofremo^^.
As eleições realizaram-se em 3 de m aio de 1933” . Apesar da confiança
que Vargas dem onstrava na costura política, que realizara para não perder o
controle do Congresso C onstituinte, na noite do pleito teve u m pesadelo, com o
se lê no seu Diário:
•Al 67
______________ História da
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68 Q4 B
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•Al 69
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70
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41 Id e m , ibidem .
72 «▲I
V o lu m e 4 C ria ç ã o , P rim eiros Percursos e D e s a fio s i l 9 3 0 - 1 9 4 5 )
À guisa de inform ação, vale observar que o dispositivo aprovado não as
segurava à O rdem o direito de indicar u m dos nom es da lista tríplice para a
prom oção por m erecim ento dos juizes nos tribunais estaduais, do D istrito Fe
deral e do território do Acre. Caberia aos tribunais, por votação em escrutínio
secreto, a organização da referida lista.
Apesar da redação do capítulo que dispunha sobre o Poder Judiciário ter
ficado sob a responsabilidade de Levi Carneiro, n em todas as em endas por ele
assinadas conseguiram obter a aprovação da Assembléia. Em que pese o em p e
n h o d o presidente da OAB, foi rejeitada a proposta que concedia ao Poder Judi
ciário autonom ia para decidir sobre a escolha do vice-presidente dos tribunais
e sobre as nom eações de serventuários e funcionários da Justiça. A m esm a de
cisão ocorreria em relação ao indicativo que fixava os critérios para a n om ea
ção de juizes do Suprem o Tribunal Federal - cuja denom inação foi alterada
para Corte Suprema - e dos tribunais superiores. A em enda oferecida dispu
nha que a designação continuaria sendo da com petência do Poder Executivo,
porém fixava que a escolha dos juizes só poderia ser realizada a partir de listas
organizadas pela magistratura e pelos advogados.
N o que se refere às prerrogativas da Corte Suprema, a C om issão de C ons
tituição rejeitou a proposta apresentada por Levi Carneiro que conferia à Corte
a salvaguarda de pronta intervenção, sempre que se fizesse necessário garantir a
observância dos preceitos constitucionais. A C om issão tam bém vetou a pro
posta que pretendia outorgar à Corte Suprema a iniciativa legislativa em m até
ria de processo e organização judiciária.
Foram ainda recusadas as m odificações sugeridas pelo representante da
classe dos advogados a respeito da regulamentação das relações entre os tribu-
Id e m , ib id e m , p. 677.
•Al 73
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Ele tam bém relata que não assinou o m anifesto em prol da candidatura
de G etúlio Vargas à presidência da República, nem fez declaração de vo to antes
da eleição presidencial. Os dirigentes da Assembléia chegaram até a propor a
inversão da pauta, para que antes m esm o do início dos trabalhos constituintes,
se procedesse à eleição do presidente da República. D o m esm o m o d o , revela
por que m anifestou-se contrário ao indicativo, referendado pela m aioria dos
m em bros das bancadas, explicando que tal proposta desprestigiaria não apenas
a Assem bléia, co m o tam bém o próprio chefe da N ação, criando um a situação,
segundo ele, “esdrúxula”
Curiosamente, no episódio da antecipação da eleição presidencial, percebe
m os, mais um a vez, que a opinião do ex-consultor geral da República coincidia
com o pensam ento de Getúlio Vargas, externado n o Diário. N o s registros relati
vos ao período de 21 a 24 de novembro de 1933, lê-se: (...) Continuam, na C âm a
ra as demarches para eleger-me presidente. Aconselho a não se apressarem...*^.
Seja co m o for, no dia im ediato à prom ulgação da nova Carta, em 17 de
julho de 1934, por voto indireto da Assem bléia Constituinte, G etúlio Vargas foi
eleito presidente da República do Brasil. Deveria exercer o seu m andato até o
dia 3 de m aio de 1938, respeitando a realização das eleições diretas previstas
para janeiro de 1938, não fosse o golpe que instituiu o Estado N ovo, deflagrado
em 10 de novem bro de 1937.
Encerrado o trabalho no Congresso C onstituinte, na sessão do C onselho
Federal da OAB de 12 de julho de 1934, festejou-se a volta à presidência de Levi
Carneiro, que recebeu u m voto de congratulações pela sua atuação considera
da brilhante, construtiva e patriótica, naquela Assembléia**^. Aliás, não foi s o
m ente a O rdem que apreciou o papel ali desem penhado por seu presidente.
Tudo leva a crer que G etúlio Vargas tam bém ficou bastante satisfeito, pois co n
v id o u -o para voltar ao governo, desta feita para assumir as funções de Procura-
dor-Geral da República. C ontudo, ele declinou de aceitar o cargo. Mais tarde,
justificaria sua atitude, afirmando:
(...) N ão haverá, talvez, posição mais sedutora para um advogado que essa,
de supremo advogado da Nação. (...) A Constituição de 34 estabelecia que o
Procurador-Geral não mais seria, como até então, um M inistro do Supremo
Tribunal. Ao fazer a prim eira nomeação, de sua livre escolha, o eminente
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____________ História iia
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'^C f. Levi C arn eiro , O livro cie u m advogado, op. cit., p. XLV-XLVI.
da sessão do Conselho Federal d e 23 d e agosto <de 1934. A rquivo OAB.
'” OAB, A w da sessào do Conselho Federal d e 3 d e se te m b ro de 1935. A rquivo OAB.
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Pontes d e M ira n d a , C om entários à C onstituição da República Federativa dos Estados Unidos do Brasil. Rio
de Janeiro: G u a n a b a ra , s.d., p. 19.
L em os de Brito, C om entários à C onstituição Brasileira, s.e., p. 76.
78 •Al
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80 •ÂM
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CAPÍTULO III
A O A B na defesa dos direitos civis
•A B 81
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82 • àb
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•Ál 83
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84 •Ál
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dários à proposta com a ressalva de que essa atitude não envolvia qualquer
solidariedade com a ideologia c o m u n ista /
A proposição de Bergam ini não era motivada só pelo espírito dem ocráti
co. Pelo estado de guerra, estavam suspensas inclusive as im unidades parla
mentares, 0 que ocasion ou a prisão, em 23 de m arço de 1936, do senador Abel
C herm ont e dos deputados oposicionistas João Mangabeira, O távio da Silveira,
D o m in g o s Velasco e Abguar Bastos - todos m em bros d o Grupo Parlamentar
Pró-Liberdades D em ocráticas, formado para combater a LSN, o u Lei Monstro.
Todos eles requereram habeas corpus e m favor dos oposicionistas presos a bor
do do navio Pedro I e dos cabeças do m ovim en to arm ado de 1935. C om o qual
quer atividade política que saísse da esfera explícita do poder era passível de ser
considerada subversão da ordem, foi facilitada a criação da C om issão Nacional
de Repressão ao C om u n ism o para investigar a possível participação de funcio
nários públicos em atos e crim es contra as instituições políticas e sociais. Outra
form a de controle aos cidadãos foi a exigência de “atestado de ideologia” para
ocupantes de cargos públicos e sindicais. Portanto o governo tinha sob sua tu
tela várias formas de repressão que poderiam ser usadas, e foram, contra os
m em bros da ANL, os com unistas, os integralistas e tam bém contra qualquer
indivíduo que se opusesse ao regime.
N o bojo de todos estes conflitos alguns m em bros da Ordem dos Advoga
d os do D istrito Federal repudiaram as ações com unistas, expressando, no e n
tanto, e m alguns m om entos admiração pela atitude do governo. Um a das atas
consigna esta atitude, sobretudo a partir d o discurso de Augusto Pinto Lima:
Requeiro que conste da ata da sessão de hoje o sentim ento com que este Con
selho viu perturbada a ordem pública, po r elementos extremistas, pondo em
perigo as instituições políticas que regem o Brasil, num a atmosfera de confi
ança e liberdade. Embora individualmente, não tenha ja m ais dado minha
solidariedade ao governo atual, deixo aqui consignados minha admiração e
m eu aplauso, pela calma e energia com que fora m abafados os focos da rebe
lião comunista, repelida p o r toda a Nação.
O chefe de Estado e seus auxiliares neste grave m om ento para a vida consti
tucional do País interpretaram com grande valentia moral e pessoal o pensa
m ento brasileiro, sempre nobre e elevado.^
^ A ta s d a sessão da O AB /D F , 25 d e m a rç o d e 1936.
^ A ta s d a sessão da O AB /D F , 29 d e n o v e m b ro d e 1935.
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V o lu m e 4 C r ia ç ã o , P rim eiro s Percursos e D e s a fio s i l 9 3 0 - 1 9 4 5 )
'' R eynaldo P o m p e u de C am p o s. Repressão jud icial no Estado Novo. Esquerda e direita no banco dos réus. Rio
d e Janeiro: A chiam é, 1982, p. 45.
" Id e m .ib id e m , p. 48.
Cf. E van d ro Lins e Silva. Advocacia e m perspectiva. Painel/C ongresso OAB.
•ái 87
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V o lu m e 4 C r i a ç ã o , P rim eiro s Percursos c D e s a fio s ( 1 9 3 0 - 1 9 4 5 )
designado Sobral Pinto; para Ilvo Furtado Meirelles, Jorge Fontenelle; para
H o n ó rio de Freitas Guimarães, Raul da Cunha Ribeiro; para Léon Vallé, Álvaro
O n ety de Figueiredo da Rocha; para Carlos da Costa Leite, M iguel Tim poni;
para Lauro Reginaldo da Rocha, Penna e Costa; para A delino D eicola dos San
tos, João Rom eiro Netto.
O advogado Heráclito Sobral Pinto aceitou o patrocínio da causa de Pres
tes e de Berger nos term os da carta que enviou ao presidente Targino Ribeiro
em 12 de janeiro de 1937, já deixando exposto seu espírito aguerrido:
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O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
Portanto não foi surpresa para aqueles que conheciam a trajetória de Sobral
sua coragem em enfrentar desafios, e tam bém o fato de ser u m dos primeiros a
aceitar a nom eação. A ssum iu a defesa dos indivíduos considerados com o lide
ranças do m ovim ento, e lutou bravamente contra todos os obstáculos, e travou
duras batalhas em defesa da liberdade e contra a violência do regime, apelando
inclusive para a lei de proteção dos anim ais, na tentativa de resguardar a inte
gridade física de seus clientes. Por outro lado m uitos estranharam tão pronta
resposta, pois pairava a pergunta: co m o u m a criatura, com as convicções religi
osas de Sobral, aceitara defender comunistas?
Para destacar melhor a importância de Sobral Pinto e tentar delinear suas
escolhas profissionais e políticas é necessário fazer um a pequena biografia. Nas
cido Heráclito Fontoura Sobral Pinto, em 5 de novem bro de 1893, em Barbacena,
Minas Gerais, era filho de Príamo Cavalcanti Sobral Pinto e Idalina Sobral Pinto.
Seu pai era agente da estação da Estrada de Ferro Central do Brasil e posterior
m ente tendo sido nom eado para novo posto, dois anos depois de seu nascimen
to, deslocou-se com a família para o sul de Minas, em Porto N ovo do Cunha.'^
D e família m uito católica, estudioso, Heráclito destacou-se no colégio Anchieta
de Nova Friburgo no qual foi interno, convivendo com colegas que viriam a ser
pessoas de destaque na vida política brasileira. Posteriormente a família m udou-
se para o Rio de Janeiro onde Heráclito iniciou seus estudos de Direito na Facul
dade de Ciências Jurídicas e Sociais, e em dezembro de 1917 formou-se.
Pouco a pou co ganhou notoriedade em D ireito Criminal e foi convidado
para assumir, c om o interino, a Procuradoria d o Rio de Janeiro na qual, segun-
A rquivo CF/OAB.
J o h n W. F. Dulles. Sobral Pinto. A consciência Jo B rasil A cruzada contra o regime Vargas. (1930-1945). Rio
de Janeiro: N ova F ro n teira , 2001. p. 21-22.
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V o lu m e 4 C ria ç n o , P rim eiro s Percursos c D e s a fio s ( 1 9 3 0 - 1 9 4 5 )
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e com petentes da época. Faziam parte desta equipe: Levi Carneiro, Targino Ri
beiro, Justo Mendes de Moraes e Sobral. Este teve que enfrentá-los no tribunal
repleto de representantes da im prensa e u m público significativo. A argum en
tação de Levi Carneiro considerou a ausência de provas consistentes e incorpo
rou argum entos do próprio Sobral de que, durante o governo Bernardes tinha
crescido um “misticismo revolucionário”. N o entanto Levi atribuía isto a uma
reação aos atos governamentais que com prom etiam as liberdades individuais e
“deturpavam o regime republicano”, o que levava as pessoas a lutar “p o r melhores
diasV^ N o final do julgam ento tod os os acusados foram absolvidos, e Sobral
recorreu m ais um a vez ao Suprem o Tribunal, para revogação. Posteriormente,
toda sua apelação oral fundam entou-se na indignação contra atos que “nasci
dos da ambição, arremessados contra toda a coletividade, num inconcebível des
prezo pela vida de irmãos, pela integridade e pela honra da p á tria ” ficam sem
punição.^' N o entanto em 28 de m aio de 1928 o Suprem o Tribunal reuniu-se
em sessão secreta e deliberou pela absolvição de todos os envolvidos na “C ons
piração Protógenes”.
A decisão foi com preendida pela imprensa co m o um a derrota de Sobral,
intensificando-se um a cam panha com sérias acusações contra o procurador.
N o O Jornal,^^ de propriedade de Francisco de Assis Chateaubriand, foi cham a
do de reacionário e responsável por manter, por m eses a fio, pessoas na cadeia,
só pela sua satisfação em protelar julgam entos de determ inados acusados, e de
ser ágil apenas contra a im prensa oposicionista. Sobral, n o entanto, estava co n
victo de seu papel e pretendia m anter seus argum entos para responder aos
detratores do governo. Mas o que provocou um a reviravolta de cunho pessoal,
atingindo sua trajetória profissional e que m u d o u o rum o de sua vida foi o
episódio de adultério em que esteve envolvido. Católico, editor da revista A
O rdem e u m dos ex p o en tes do centro D o m Vital, esta era um a situação
impensável dentro de sua conduta de vida, e que pessoalm ente o constrangia
profundam ente. C om o ele m esm o adm itiu, estava envolvido am orosam ente
co m a esposa de u m am igo, o tenente-coronel Paulo G om ide, que, ao tomar
conhecim ento do relacionam ento, através de um a carta endereçada por Sobral
à mulher, o agrediu. O fato foi docum entado e divulgado pelo O Globo e O
Correio da M anhã e tornou impraticável a hom enagem planejada por correli-
A p u d Jo h n W. F. Dulles, op. cit., p.36, re fe rin d o -se a artig o n o O Jornal d e a u to ria d e Levi C arn eiro , e
p u b lic a d o em 8 d e m a io de 1927.
" Id em , ib id em , p. 37,
” Id em . Ibid e m , p. 38.
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V o lu m e 4 C r ia ç a o , P rim e iro s Percursos c D esa fio s ( 1 9 3 0 - 1 9 4 5 )
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aos termos em que fora redigido e se recusou, juntam ente com o conselheiro
Barros Cam peio, a fazer qualquer indicação. O C onselho, porém , aprovou as
indicações feitas pelo presidente, designando o advogado M úcio C ontinentino
para defesa dos acusados R odolpho Ghioldi, Adalberto Fernandes e José Medina
Filho; do advogado Letácio Jansen para substituir M anoel Valente na defesa de
Sócrates Gonçalves, e do advogado Paulo Faria da Cunha para os acusados
Durval M iguel de Barros e M ário de Souza.
Um a dificuldade adicional se apresentava para os m em bros da OAB. M ui
tos tem iam o braço forte d o governo, principalm ente sobre aqueles que vies
sem a ser indicados para os casos m ais espinhosos. Isto ficava patente nos regis
tros de várias recusas para este tipo de incum bência. A lgumas indicações tive
ram que ser revistas pelo C onselho porque m uitos advogados alegavam os mais
diferentes m otivos para recusar o patrocínio das causas, justificando seu im p e
dim ento sob alegação de doenças, própria o u na família, viagem inadiável, in
clusive para acom panham ento da esposa no tratamento em águas termais, n o
meação para cargos públicos, e m esm o sobrecarga de trabalho.
Targino Ribeiro sustentou então a conveniência de estabelecer as norm as
da advocacia de ofício. O C onselho da Seção do DF aprovou unanim em ente as
seguintes conclusões que passaram a ser bases im portantes para os caos asse
m elhados, concluindo que a defesa crim inal era um dever do advogado, por
mais ingrato que fosse o processo; o advogado que não cum prisse o dever de
defesa em matéria plural, quando para isso designado pelo C onselho da Or
dem , tornar-se-ia passível de pena disciplinar; as escusas só poderiam ser por
m otivos graves, realmente, e o advogado deveria apresentá-los ao C onselho da
Ordem.^'*
Tendo sofrido na pele algumas arbitrariedades, Sobral P into sabia com o
tratar a questão seja sob o ponto de vista jurídico, o u sob o aspecto hum ano.
Enfrentou a nom eação co m tal convicção que posteriorm ente foi questionado
por vários m em bros de sua família e am igos de seu círculo católico. Para res
ponder escreveu, além de cartas, tam bém um livro cham ado Porque defendo os
comunistas?^^ discutindo a legitim idade de suas ações. Na época de sua decisão
respondeu a um a m anifestação de sua irmã dizendo que “nunca m e firmei tão
nitidam ente cristão co m o quando aceitei o patrocínio”. ^
94 «41
V o lu m e 4 C ria ç ã o , P rim eiro s Percursos e D esa fio s i M 3 0 - 1 9 4 5 ]
Apesar de seu interesse e aplicação nas tarefas iniciais exigidas para este
tipo de responsabilidade, sua boa vontade para com a causa não foi entendida
por seus novos constituintes, Prestes e Bergen A m bos partiam de pressupostos
pessoais a respeito do que seria ter um advogado contrário às suas convicções
políticas. A lém disto seguiam concepções no b ojo de posturas específicas do
PCB a respeito de com o deviam se conduzir dentro dos m oldes do julgam ento
e do próprio tribunal que os julgaria. Por isto Harry Berger não o reconheceu,
de início, co m o seu defensor, nem Prestes tam pouco.
N o entanto ele continuou lutando das formas possíveis para seguir levando
adiante suas funções. Em sessão secreta do Conselho do DF, realizada em 19 de feve
reiro de 1937, foram lidas as cópias das petições dirigidas ao Tribunal de Segurança
Nacional por Sobral Pinto, ejq?licando a atitude que tomara com o curador do acusa
do Luiz Carlos Prestes e pedindo melhoria de regime carcerário para Harry Bergen
Na primeira. Sobral informa que o acusado recusava formal e categoricamente qual
quer defesa, que seria por ele futuramente desautorizada caso fosse apresentada.
A nunciou então que, não podendo desatender às determ inações de Pres
tes, ficaria a sua d isposição para, em qualquer tem po, intervir em seu favon Em
seguida, ainda na m esm a petição em que se dizia desautorizado por seu paci
ente, Sobral acrescentava que ele, Prestes, encontrava-se totalm ente segregado
do convívio h u m an o , estava im pedido de fazer quaisquer leituras e não podia
dispor de papel, lápis, o u caneta. Cercado som ente de policiais, dizia não poder
aceitar a apresentação de um a defesa que, naquela conjuntura, não se caracteri
zava de m aneira rotineira e não era nem ampla, nem livre, e m enos ainda inde
pendente. Além disso, repetia exaustivamente que, se o senador Abel Chermont,
apesar das im unidades parlamentares, fora preso só por ter requerido habeas
corpus em favor de Berger, co m o adm itir que outro advogado, que não gozava
de tão altas garantias, pudesse usar livrem ente da palavra e empregar os m eios
adequados a um a defesa eficiente?
Q uanto à p etição relacionada a Harry Bergen Sobral Pinto foi mais direto
e incisivo, p o is n em “a um cão lazarento das nossas casas” se permitiria d is
pensar 0 tratamento que vinha sendo dado a Berger:
•Al 95
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V o lu m e 4 C r i a ç ã o , P rim eiros Percursos e D e s a fio s d 4 3 0 - 1 9 4 5 )
Vasco Tristâo Leitão d a C u n h a. D ip /o m a d a em alio-mar: depoim ento ao Ci^DOC. E ntrevista Aspásia C am argo,
Z a iro C h eib ub , Luciana N ó b re g a , ed ição d e te x to D o ra Rocha. Rio d e Janeiro: E d ito ra FGV, 2003, p.98.
” D e sd e 31 d e d e z e m b ro de 1936, o m in is tro d a Justiça, V icente Rao, já havia p e d id o e x o n eraç ã o d o carg o em
so lid a rie d a d e à c a n d id a tu r a de A rm a n d o Sales. Ver os c o m e n tá rio s de Vargas e m Getulio Vargas: Diário.
A p re se n ta ç ão de C elina Vargas do A m aral Peixoto. São Paulo: Siciliano; Rio de Janeiro: F u n d a ç ão G e tú -
lio Vargas, 1995, v, II, p. 9-11,
Cf. E v a n d ro Lins e Silva. O salão dos passos perdidos: depoim ento ao C PD O C . Rio d e Janeiro: N ova F ro n te i
ra, Ed. FGV, 1997, p. 123.
^'D iário d e Vargas, op. cit., VIL p-52.
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V o lu m e 4 C r i a ç ã o , P rim eiros Percursos e D e s a fio s i l 9 3 0 - 1 9 4 5 )
polícia, 0 senhor estaria aqui regularmente, com processo''. Ao que Graciliano retru
cou: ‘'Muito bem. Onde é que o senhor ia achar matéria para isto, doutor?” E Sobral:
“Nos seus romances, homem. Com as leis que fizeram p o r ai, os seus romances dariam
para condená-ld‘\^^ Graciliano foi libertado em janeiro de 1937, e Sobral pôde pros
seguir na luta pelos casos mais difíceis de Berger e Prestes.
•Al 99
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100 9ÀM
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m ais extensa, exigindo rem édios de caráter preventivo, radical e perm anente. A
Carta afirmava que o Estado não dispunha de m eios norm ais de preservação e
de defesa da paz, da segurança e do bem -estar do povo. Desta forma, invocando
o apoio das forças armadas o Estado se dispunha a preservar a unidade ameaçada
e evitar que se processasse a decom posição das instituições civis e políticas. Em
síntese A Polaca representaria u m ataque perm anente contra a identidade jurí
dica a que foram subm etidos os indivíduos, pelo controle absoluto do Estado.
E a organização judicial, durante todo esse tem po, som ente pairou n o ar.
D an iel A arâo Reis. O S uprem o Tribunal Federal: notas e recordações. Rio de Janeiro; M a b ri, 1968. A pud.
F.mília V iotti d a C osta. O S uprem o Tribuna! I-cdera! e a construção da cidadania, op. cit., p. 65.
101
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V o lu m e 4 C r i a ç ã o , P rim e iro s Pcrcursos c Dosdtios ( 1 9 3 0 - 1 9 45)
«▲B 103
______________História da
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sua profissão. Os deveres ão Estado, que nos são impostos pela nossa vocação de
auxiliares da Justiça, nos obrigam, de m omento a momento, a invocar, para o
bem defendermos os nossos patrocinados princípios indeclináveis de natureza
moral e jurídica, em face de autoridades que só sabem cultuar a força física, ou
servir os interesses pessoais dos atuais dominadores do país. N ada está de pé
entre nós no domínio da administração da Justiça imparcial e serena. O D irei
to perdeu suas características de força moral para se transformarem mera téc
nica de opressão governamental. A lei, defendida como simples manifestação
de sabedoria acumulada nos séculos. A Justiça, deixando de ser atributo do
poder divino, não tem mais a nobre função d e pesar as responsabilidades e as
culpas em face de uma lei impessoal anteriormente decretada, mas é a simples
expressão da força física do Estado, ao serviço de homens ambiciosos e tomados
de vã cobiça de mandar. O exercício do mandato de advogado num clima desta
natureza requer da parte do m andatário sacrifícios inauditos, cujas conseqü
ências em perigos e em renúncias são de tudo imprevisíveis. Até onde chegou a
minha paciência cristã a tudo me submeti, tomado de nobre pensamento de
salvaguardar ao menos ao lado da defesa, os imperativos perenes da Justiça e os
postulados imperecíveis do Direito. Sentinelas vigilantes da nossa profissão,
presenciastes Srs. membros do Conselho, o meu esforço e a minha dedicação
em prol da dignidade humana dos acusados que tiveram de comparecer peran
te os nossos Tribunais Políticos. Se obrigastes algum mérito na minha atitude
este pertence, sobretudo, a vós, senhores membros do Conselho, cujos olhares
severos foram um estímulo no sentido de tudo fazer para honrar as tradições
da nossa gloriosa profissão. Assim, meus caros confrades, p erm iti que vos diga,
com a m inha habitual sinceridade: se algum a honra m e cabe p o r esta
investidura, ela, antes de atingir a minha pessoa, já passou por cada um de vós,
pois 0 que eu tenho nada mais é do que o reflexo apagado da vossa coragem e
do vosso zelo na defesa dos altos e superiores interesse do Direito e da Justiça.
Esse foi um dos poucos discursos contra a ditadura registrados nas atas do
C onselho da Seção do DF até o ano de 1940. Acredita-se que as atas da Seccional
e do Conselho Federal sofreram censura durante o período do Estado N ovo, o
que só pode, entretanto, ser comprovado para o ano de 1944. Mas eram realiza
das, na Seccional, sessões secretas para discutir assuntos que poderiam ter algu
m a repercussão negativa junto ao governo, co m o consta de alguns registros/®
^ Ver Reynaldo P om p e u d e C am po s. Repressão Judicial... op. cit., passim. Ver ta m bém atas d a OAB do período.
104
V o lu m e 4 Criac^ão, P rim e iro s Percursos e D e s a fio s ( 1 9 3 0 - 1 ‘ ) 4 5 l
•Ál 105
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Sobral Pinto m anteve-se sempre atento aos hum ores do C onselho à hora
de interpretar o Regulamento. Em sessão de 7 de dezembro de 1938, Sobral leu
um a indicação de sua autoria a propósito de uma entrevista publicada em jor
nal vespertino do Rio de Janeiro sobre o Decreto-lei n“ 869, que retirou das
atribuições da Justiça Ordinária do país os julgam entos denom inados crimes
contra a econom ia popular. E, antes que o C onselho julgasse o m érito da ques
tão - que poderia invocar o preceito do art. 8.° mas que foi, afinal, aprovada
Sobral fundam entou sua argumentação no art. n“ 76, inciso 1 do R egulamen
to: ‘‘A o conselho compete velar pela conservação da honra e da independência da
Ordem, e pelo livre exercício legal dos direitos dos advogados, provisionados e
106 •á b
V o lu m e 4 C r ia ç ã o , P rim e iro s Percursos c D e s a fio s 11 9 3 0 - 1945)
A ta s da sessão da O A B /D F , 7 de d e ze m b ro de 1938.
**Atas da sessão do Cotfselho Federal da OAB, 27 de ju n h o d e 1947.
A ta da re u n iã o e x tra o rd in á ria d e 4 de m a io de 1938. CF/OAB. N a ata h á tra n s c riç ã o de seu discurso.
■'* Sobre o assu n to ver Anexos.
^ 'A ta da re un iã o e x tra o rd in á ria de 6 de m a io d c 1938. CF/OAB
107
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7 08 •Al
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D urante este período am pliaram -se as gestões para definir as novas insta
lações do C onselho Federal. O presidente com u n icou que havia estado com o
m inistro da Justiça “tendo encontrado a m aior boa vontade para a concessão da
verba necessária para este fim . Foi-lhe comunicado ainda, terem sido tomadas
providências para que, no futuro Palácio da Justiça, sejam reservadas dependênci
as p a ra a O rdem dos Advogados.” Os novos destinos da Ordem continuavam
a prevalecer.
N o entanto, apesar desta aparente calmaria, m esm o que de form a não
m u ito explícita, houve críticas às ações discricionárias do governo. Justo de
M oraes ao com entar a conferência proferida pelo professor H aroldo Valladão,
n o Instituto dos A dvogados, destacou o fato de, no estatuto do ju diciário p o r
tuguês, haver um a proibição de buscas em escritórios de advogados, salvo no
caso de crim e e com assistência de m em bro da O rdem . Sugeriu tam bém que o
DR. Valladão propusesse um a indicação ao C onselho para este fim. Foi a p o i
ado pelo Dr Targino Ribeiro que m e n c io n o u a proposta feita p or ele n o C o n
gresso de D ireito Judiciário, tam bém a respeito de buscas e apreensões em
escritórios de a d v o g a d o s .T o d o s os tem ores revelaram-se mais tarde, de for
m a m ais contundente.
Q uando, em 1939, o m u n d o entrou em guerra, o TSN teve u m papel mais
relevante, am pliando sua ação, absorvendo poderes do Superior Tribunal M i
litar, c o m o o julgam ento de casos de espionagem e quaisquer outros relaciona
dos com a guerra^^. A ordem colocou-se em relação aos aliados, m esm o que
estes pronunciam entos tenham se dado individualm ente. C om o contraponto
ao aum ento d o controle houve com entários e com parações no âm bito da OAB.
O Sr. N ilo Vasconcelos trouxe a notícia de um telegrama de Paris de que “a
ordem dos Advogados d a França funcionará naquela capital a despeito dos perigos
que oferecem as incursões dos aviões inimigos. D iante de tal exemplo o Dr. Justo de
MoraeSy numa das sessões do Conselho local, convocou os advogados brasileiros,
como os que têm responsabilidade na adm inistração pública, para m editarem so
bre ele. O orador concluiu pedindo que conste de ata sua declaração de solidarie
dade com esta manifestação que os m em bros do Conselho Federal apóiam indivi
dualm ente.”
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V o lu m e 4 C r i a ç ã o , P rim eiros Percursos o D e s a fio s ( 1 9 3 Ü -
“ VferA República no Brasil. Â ngela de C a stra G om es, D u k e Pandolfi, V erena A lberti, co o rd e n aç ã o ; A m érico
Freire...(et ai.j Rio de Janeiro: N ova Fron teira: C P D O C ,2 0 0 2 e D icionário histórico-bibliográfico brasilei
ro: 1930-1983. C o o rd e n a ç ã o d e Israel B eloch e Alzira Alves de A breu. R io de Janeiro: Ed. Forense U niver
sitária: F G V /C P D O C : FINEP, 1984.
^^Atas da sessão do Conselho Federal d a O AB, 12 de n o v e m b ro d e 1940.
777
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
liberdade de açâo dos advogados. Essa era uma m anifestação contra a guerra
que acabava de atingir o país, “a política de força e de violência que estarrecia o
m undo com sua audácia e sua loucura’"^ . M as representava m uito mais, afinal,
existia um a ditadura. A posição do governo brasileiro em relação à guerra, por
isso m esm o, era bastante am bígua, definindo-se n o âm bito form al som ente
após o episódio do afundam ento de cinco navios brasileiros provocados por
subm arinos alemães, entre 5 e 17 de agosto de 1942. A pressão das m anifesta
ções populares fez com que o país declarasse estado de guerra, ainda no mês de
agosto, ao lado dos aliados. A Ordem publicou seu pronunciam ento feito no
dia im ediato ao últim o ataque dos subm arinos alemães: “O Conselho Federal da
O rdem do Advogados do Brasil, solidário com o profundo sentim ento de revolta
da Nação diante da revolta do novo egravíssimo ultraje, praticado contra o Brasil,
confia mais nas enérgicas providências do Governo para o pleno desagravo da
honra, bandeira e independência nacionais^^^
O agravo foi realmente grande, m as no afã de representar ações contra o
inim igo com eteu-se algum exagero. C om o exem plo, destacamos o julgam ento,
n o C onselho do DF, do processo de exclusão do advogado de nacionalidade
alemã Peter Jurisch dos quadros da Ordem. O relator op in ou a favor, em vista
do decreto que declarou o Brasil na Guerra; Álvaro O nety de Figueiredo deu
seu voto n o sentido de ser o presidente da República consultado, porque no
referido decreto foram reservadas as m edidas em relação a assuntos dos países
do Eixo. Em discurso do dia 7 de setem bro de 1942, Vargas dissera que não se
deveria excluir o u expulsar do trabalho os hom ens de nacionalidade dos países
em guerra com o Brasil. E, tendo e m vista a portaria do m inistro do Trabalho
determ inando que não fossem dispensados empregados sem prévia autoriza
ção do M inistério, o conselheiro votava contra a exclusão, porque não via peri
go n o exercício da profissão do advogado em relação à Segurança N acional, e
entender que o governo tinha os m eios necessários para tornar inócua qual
quer atuação. A decisão, entretanto, confirm ou o parecer do relator e a inscri
ção de Peter Jurisch foi cancelada.
N o C onselho Federal, D io n ísio Silveira apresentou indicação na qual c o n
siderava o exercício da advocacia por súditos do Eixo, potencialm ente contrári
os aos interesses da defesa e da segurança do país. Propôs que o C onselho Fede
ral subm etesse à apreciação do governo a situação desses profissionais estran-
112
V o lu m e 4 C r i a ç ã o , P rim eiros Percursos e D e s a fio s d 9 ^ 0 - 1 9 4 5 )
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114 •Ál
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775
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776 •Ai
V o lu m e 4 C r i a ç ã o , P rim e ir o s Percursos o D esjitio s ( 1 9 3 0 - 1 9 4 5 )
m em bros eleitos pelo Instituto para com porem a diretoria provisória até a rea
lização de novas eleições .
Ainda n o m esm o m ês, o escritório do conselheiro Evandro Lins e Silva foi
devassado, e revistado todos os seus arquivos por investigadores da polícia. Sem
nada encontrar que lhes servisse, levaram preso seu irm ão e colega de escritó
rio, Sr. Raul Lins e Silva. Sobral Pinto requereu que o C onselho da Seção do DF
tom asse m edidas enérgicas contra este fato que, m ais que tudo, significava a
violação do segredo profissional do advogado, “sagrado em todos os tempos em
todos os po vos”. Augusto Pinto Lima declarou que entender-se-ia im ediatam en
te com o chefe de polícia a fim de apurar as causas dessas providências e p ro
m over a defesa do colega violentado. Q uando Evandro Lins e Silva chegou à
sessão, inform ou que a polícia prom overa um a busca em seu escritório, e tam
bém realizou a prisão de seu irmão, alegando a existência de depoim ento de
u m preso, no qual afirmava ter entregue ao advogado um boletim contrário ao
governo .
Adauto Lúcio Cardoso, em 20 de dezem bro de 1944, com unicou ter tido
conhecim ento, por interm édio de pessoa fidedigna que, pedindo sigilo acerca
de seu nom e, declarou estarem detidos, desde m uitos dias, quatro advogados,
cujos n om es anunciou. Propunha que a presidência do C onselho do DF ficasse
autorizada a investigar sobre a realidade destas detenções, bem com o intervir
em favor dos m encionados colegas, se fosse o caso, de acordo com a concepção
de defesa da classe que tinha prevalecido no Conselho. Augusto Pinto Lima
declarou que tomaria providências junto às famílias dos advogados presos para
apurar a veracidade do narrado, b em com o junto às autoridades com petentes
da defesa dos colegas.
Na sessão seguinte, Augusto P into Lima com unicou aos presentes a prisão
d os conselheiros Adauto Lúcio Cardoso e D ario de Alm eida Magalhães, bem
com o dos doutores Virgílio de M elo Franco, Belarmino de Austregésilo de Ataíde
e Rafael Correia de Oliveira, não constando a existência de causa justificada
dessas prisões, o que levou à convocação de sessão extraordinária para que se
tom assem providências cabíveis e possíveis para a defesa dos presos. Inform ou
ainda que, tendo se com unicado com o presidente do C onselho Federal, Raul
Fernandes, este havia lhe delegado p lenos poderes para a solução do caso.
777
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
118
V o lu m e 4 C ria ç ã o , P rim eiros Percursos e D e s a fio s t l 9 ; U ) - T - M 5 I
da sessão da O A B /D F , 1 de m a rç o de 1945.
•▲I T79
______________ História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
aliás, nunca estiveram asseguradas por leis de caráter excepcional. N enhum cida
dão tinha qualquer garantia jurídica de direito à atividade política com a cons
tante ameaça dos m ecanism os de arbítrio e leis de opressão: Lei de Segurança
Nacional, Tribunal de Segurança Nacional e Departamento de Imprensa e Pro
paganda. Ademais, com o Executivo podendo editar e governar por decretos, não
havia nenhum a garantia de eleições livres, cujo processo transcorria em m eio à
p o ssib ilid a d e de d em issã o de fu n c io n á r io s p ú b lico s, civis e m ilitares, à
subalternização dos juizes e à elegibilidade dos agentes do poder ditatorial.
Mas a guerra chegava enfim ao seu termo. Em 11 de m aio, Pinto Lima
congratulou-se com o C onselho Federal pelo final da guerra na Europa, com a
vitória '‘das forças do bem e da civilização”. Disse interpretar o sentim ento de
todos desejando que, em um futuro próxim o, sobreviesse tam bém a derrota do
Japão, com o estabelecim ento com pleto da paz de que tanto necessitavam os
hom ens. Enalteceu os esforços das N ações Unidas, credoras da gratidão de todo
o m undo, e propôs, com aplauso geral, se lançasse u m voto de grande satisfação
pelo sucesso das armas aliadas e da Força Expedicionária Brasileira. O C onse
lho resolveu ainda que fosse oficiado aos governos da Inglaterra, dos Estados
Unidos, da França, da Rússia e da China sobre a deliberação tomada.
O desfecho da guerra acentuou a mobilização da sociedade brasileira pela
redemocratização. Três partidos políticos, de âmbito nacional e que teriam gran
de im portância até a ditadura seguinte, surgiram naquele m om ento: a U nião
D em ocrática Nacional (U D N ), que reunia grande parte das oposições e apoia
va a candidatura de Eduardo Gomes; o Partido Social D em ocrático (PSD),
beneficiário da m áquina administrativa do Estado N ovo e que lançou o candi
dato Eurico Dutra; e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), que foi form ado a
partir da base sindical controlada por Vargas. Este grupo político iria, em se
guida, juntamente com o Partido Comunista, na legalidade após a anistia prom o
vida pelo D ecreto-lei n^ 7.474, de 18 de abril de 1945, iniciar o m ovim ento que
ficou conhecido c om o queremista: “Queremos Getúlio” e “Constituinte com Ge-
túlio'" eram suas palavras de ordem, em com ícios violentos.
A OAB apoiou inform alm ente a candidatura de Eduardo Gom es. Em ses
são do C onselho do DF de 17 de outubro, Cid Braune disse que lera nos jornais
a notícia da existência, na tesouraria daquele Conselho, de um a lista de adesões
à candidatura do brigadeiro Eduardo Gomes. M anifestou estranheza pela n o tí
cia, julgando que houvesse engano, porque ele, o tesoureiro, não autorizara a
colocação de lista alguma na dependência da Seção. D isse mais que, não p o
120 9ÀM
V o lu m e 4 C ria ç ã o , P rim eiro s Percursos e DesaJios <1 9 3 0 - 19451
121
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
722
V o lu m e 4 C ria ç ã o . P rim eiro s Percursos o D e s .itios ( 1 9 1 U - 1 9 4 5 )
•Al 123
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
724 •àl
V o lu m e 4 C r ia ç ã o , P rim eiro s Percursos o D e s a fio s ( 1 9 3 0 - 1 9 4 5 )
CONSIDERAÇÕES FINAIS
7 25
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
trução Nacional. A grande surpresa, por certo, foi a iniciativa do procurador Faria
Pereira que, por obra do destino, acabou precipitando os acontecimentos.
Se, por u m lado, é im portante reconhecer com o fundamental o estratage
m a urdido por Faria Pereira, por outro, é inquestionável o papel desem penha
do por Levi Carneiro e Attílio Vivácqua n o processo de consolidação da Ordem
dos Advogados. Reeleitos sucessivamente, eles permaneceriam à frente do C on
selho Federal por três m andatos consecutivos. As gestões de am bos concentra
ram-se, sobretudo, nas tarefas de organização da instituição, a exem plo das
questões relativas à interpretação do Regulamento, ao ordenam ento das seções
estaduais, à organização do Serviço de Assistência Judiciária, à elaboração do
Código de Ética e à participação da OAB na Assembléia Constituinte de 1934.
A Ordem dos Advogados do Brasil m anteve com o Governo Provisório
relações cautelosas, consoante o Regulamento que vedava à diretoria, ao conse
lh o e à assembléia qualquer discussão o u m anifestação sobre matéria não
atinente aos objetivos da corporação. D e u m m o d o geral, pode-se dizer que
esse escudo fora passado à Ordem pelo Instituto da Ordem dos Advogados
Brasileiros, que tam bém proibia os sócios de se pronunciarem sobre assuntos
de natureza política
Entretanto, apesar desse dispositivo, desde o início do Governo P rovisó
rio, no C onselho Superior do Instituto, por reiteradas vezes, as vozes se er
gueram a favor da volta do regim e constitucional, o m esm o não acontecendo
em relação à OAB - representada na ocasião pelo C onselho da Seção do D is
trito Federal, que funcionava tam bém c o m o C onselho Federal interino. Essa
conduta contraditória n o s perm ite inferir que, para preservar as prerrogati
vas conquistadas com a criação da Ordem , os h om en s que estavam à frente
das duas instituições teriam adotado, estrategicam ente, um com portam ento
ambíguo: na Ordem , defendiam som ente os interesses da classe dos advoga
dos, m anifestando neutralidade e preocupação em zelar pelo b om exercício
profissional dos bacharéis, en quanto n o Instituto, os m esm o s indivíduos
em itiam pronunciam entos de natureza política, respeitosos por certo, mas
beirando as raias do enfrentam ento co m os poderes constituídos. Aliás, essa
m esm a estratégia vai se repetir posteriorm ente, durante o Estado N ovo, entre
o Conselho Federal e a Seccional do Rio de Janeiro, que por vizinhança nas
instalações e com partilham ento de sessões, funcionavam juntas, m as delibe
ravam autonom am ente.
726
V o lu m e 4 C ria ç ã o , P r im e ir o s P e r c u r s o s o D e s n t i o s 119 3 0 - 19 4 5 )
127
____________________ H i . s t ó r i a d a
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
128 mâA
V o lu m e 4 C r ia ç ã o , P rim eiros Percursos c D esiitio s i l 9 . ) 0 - 194:,)
FONTES E BIBLIOGRAFIA
1. M A N U S C R IT O S
T .l O A B /C O N S E L H O FEDERAL D A O R D E M D O S A D V O G A D O S
D O BRASIL
1.2 O A B /S E C C IO N A L D O D IS T R IT O FEDERAL
1.4 IN S T IT U T O H IS T Ó R IC O E G E O G R Á F IC O BRASILEIRO
2 . IMPRESSOS
2.1 OAB
•ÁB 129
______________Historia da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
2 .2 . lO A B / IN S T IT U T O D A O R D E M D O S A D V O G A D O S BRASI
LEIROS
2.1 P E R IÓ D IC O S
130 9àM
V o lu m e 4 C r iíiç ã o , P rim e iro s Pcrcursos c D e s a fio s 1 1Ü3U - I ‘) 4 i)
2 .2 J O R N A IS
2 .3 M E M O R IA L IS T A S
DOYLE, Plínio, Uma vida. 2" edição. Rio de Janeiro: Casa da Palavra:
Fundação Casa de Rui Barbosa, 1999.
131
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
732 «4B
V o lu m e 4 C ria ç ã o , P rim eiro s Pcrcursos o Dosíitios (19,^0 - I 9 4 1 )
2.4 OUTRAS
lAB, História dos 150 anos do Instituto dos Advogados Brasileiros. O rienta
ção de Alberto Venâncio Filho; supervisão José da M ota Maia; pesquisa e auto
ria do texto básico: Laura Fagundes. Rio de Janeiro: Destaque, 1995.
3. M E IO S D IG IT A IS
133
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
BIBLIOGRAFIA
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Lamarão, Sérgio (coord.). Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro pós-1930.
Rio de Janeiro: Editora FGV, 2001.
FLEIÜSS, Max. História Adm inistrativa do Brasil. 2" edição. São Paulo:
M elhoram entos, 1925.
SOUZA, J. Galante de. índice de bio-bibliografia brasileira. São Paulo: ÍNL, 1963.
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LIV R O S , A R T IG O S E IN É D IT O S
•àl 135
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O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
BOURDIEU, Vierre. A Economia das Trocas Lingüísticas. São Paulo: Edusp, 1988
CAMPOS, Reynaldo Pom peu de. Repressão judicial no Estado Novo. Es
querda e direita no banco dos réus. Rio de Janeiro: Achiamé, 1982.
7 36
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Qâ M 137
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O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
HOBSBAWN, Eric. Era dos extremos. O Breve Século XX: 1914-1991. São
Paulo: C om panhia das Letras, 1995.
138
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MOTTA, Marly Silva da. A nação fa z cem anos: a questão nacional no cen
tenário da independência. Rio de Janeiro, Editora FGV, 1992.
OLIVEIRA, João Gualberto de. História dos órgãos de classe dos advogados.
São Paulo: Bentivegne, 1968.
139
______________Histó ria da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
140
V o lu m e 4 C r ia ç ã o , P rim eiros Percursos e Dcsdíios. - 1 9 3 0 - 1 9 4 5 )
ÍNDICE ONOMÁSTICO
141
______________H istória da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
c
Calógeras, Pandiá, 77
Camargo, Laudo, 101
Campeio, Barros, 94
Cam pos, Francisco [Chico], 2 0 ,2 1 ,2 3 ,4 2 ,9 3 ,1 0 0
Capanema, Gustavo, 65
Cardoso, Adauto Lúcio, 1 1 ,1 1 4 ,1 1 5 ,1 1 7 ,1 1 8 ,1 1 9 ,1 2 1
Carneiro, Edgard Ribas, 3 0,31
Carneiro, Levi, 10,16,22,25,26,28,29,30,31,32,33,34,37,38,39,40,41,42,43,
44,46,47,48,51,56,64,66,67,68,70,71,72,73,74,75,76,79,92,107,108,125,126,127
142 QàM
V o lu m e 4 C r ia ç ã o , P rim e iro s Percursos e D e s d íio s - 194o)
GAB 143
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
Ghioldi, R odolpho, 8 3 ,9 4
Gil, Otto, 63
Gomes, Eduardo, 119,120
G om ide, Paulo, 92
Gonçalves, ]. N . Máder, 110
Gonçalves, Sócrates, 94
Gueiros, N ehem ias, 115
Guimarães, H on ório de Freitas, 8 8 ,8 9
Guimarães, Pedro de Alcântara, 113
Guimarães, Protógenes Pereira, 7 9 ,9 1 ,9 2
Gustavo, N elson de N oronha, 40
144
V o lu m e 4 Cricição, P rim e iro s Percursos o Dcscitios (1 9 ) 0 - 19 4 o
Jansen, Letácio, 2 5 ,3 2 , 5 7 ,9 4 ,1 0 5 ,1 1 1
Jordão, Edm undo de Miranda, 30, 31, 32, 3 9 ,4 6 , 56, 70
Jurisch, Peter, 112
Lagreca, José, 48
Leal, H élio Carneiro, 114
Leão, D o m in gos C. de Souza, 114
Leite, Carlos da Costa, 88, 89
lím fl, Augusto Pinto, 2 5 ,5 0 , 5 7 ,6 3 ,8 4 ,8 5 , 8 8 ,9 3 ,1 1 3 ,1 1 7 ,1 1 8 ,1 1 9 ,1 2 0 ,
1 21,122
Lim a Sobrinho, Barbosa, 29
Linhares, José, 1 2 ,1 2 3 ,1 2 4
Lins, Alberto Rego, 45, 57, 8 6 ,1 1 0
Lobato, Francisco de Paula Negreiros de Sayão, 49
Luís Pereira de Souza, Washington^ 20, 2 2 ,2 6 , 50, 5 9 ,7 8 ,9 1 ,9 3
M acedo, Sérgio, 32
Machado, Raim undo Lopes, 93
Maciel, Antunes, 65
Maciel, Olegário, 20, 21
Magalhães, Dario de Almeida, 11, 1 1 5 ,1 1 6 ,1 1 7 ,1 1 8 ,1 2 1
Mangabeira, João, 8 5 ,9 7
Mangabeira, Otávio, 77, 78, 79, 80
•▲B 145
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
Marinho, Saldanha, 24
Martins Costa, 70
Massena, Nestor, 6 3 ,1 0 6
Mattos, Leônidas Anthero de, 4 4 ,4 5 ,4 6
M aximiliano, Carlos, 6 8 ,7 7
Medeiros N eto, A ntonio Garcia, 6 9 ,7 4 ,7 9
Medeiros, Borges de, 5 9 ,7 7 ,7 8
Medina Filho, José, 94
Meirelles, Ilvo Furtado, 8 8 ,8 9
M ello, Figueira de, 86
Mello, Leopoldo Tavares da Cunha, 47, 69
M ello, Lineu de Albuquerque, 84, 88
M endes de Almeida, Cândido, 32, 39, 51
M endes Jr., Onofre, 114
Menezes, Rodrigo Octavio Langaard de, 27
Miranda Jordão, Edm undo de, 30, 31, 32, 3 9 ,4 6 , 56, 70
Miranda, Álvaro, 6 3 ,1 0 2
Miranda, Pontes de, 78
Monteiro, Góes, 100,123
M ontezum a, Francisco Gê de Acaiaba e, 24
Moraes, Justo M endes de, 24, 39, 6 3 ,9 2 ,1 0 7 ,1 0 9 ,1 1 0 ,1 2 1
Moreira, Roberto, 78
Mourão, João Martins de Carvalho, 57
M oyano, Augustin, 53
Müller, Filinto, 100
146
V o lu m e 4 C ria ç ã o , P rim eiro s Percursos e D e s a fio s 11 5 0 - 1 94->)
Quadros, Miguel, 70
747
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
Ramos, Nereu, 69
Rao, Vicente, 6 2 ,8 1 , 8 2 ,9 7 ,1 0 0
Rego, Ricardo, 30
Rezende, Astolfo, 3 0 ,1 1 5
Rezende, Murgel de, 32
Ribeiro, Raul da Cunha, 89
Ribeiro, Targino, 1 1 ,63, 85, 89, 9 2 ,9 3 ,9 4 ,9 8 ,1 0 9 ,1 1 8 ,1 2 1
Rocha, Lauro Reginaldo da, 88, 89
Rocha, Lima, 63
Romeiro Netto, João, 89
Roselli, Alberto, 69
s
Salazar, Alcino, 124
Salgado, Plínio, 100
Santos, Adelino D eicola dos, 88, 89
Santos, A ntônio Baptista dos, 1 0 ,2 2 ,1 0 8 ,1 2 5
Seabra, José Joaquim, 77
Silgueira, H onório, 53, 54
Silva, Evandro Lins e, 11,17, 84, 87, 8 8 ,9 7 ,1 0 9 , 117
Silva, João Clím aco da, 105,106
Silva, Raul Lins e, 117
Silveira Martins, 63
Silveira, D ionísio, 110,112
Silveira, J. M urilo da, 113
Silveira, Otávio da, 8 5 ,9 7
Soares, José Carlos de Macedo, 97
Souto, Aarão Moraes, 98
Souza, A ntônio, 63
Souza, Mário de, 94
Souza, Washington Luís Pereira de, 2 0 ,2 2 , 2 6 ,5 0 ,5 9 , 7 8 ,9 1 ,9 3
148
V o lu n iu 4 C r ia ç ã o , P rim eiro s Percursos c D e s a fio s i SO - T^)4.i)
Valadares, Benedito, 6 9 ,1 1 8
Valente, M anuel, 94
Valladão, Haroldo, 1 1,22, 3 2 ,7 0 ,7 1 , 109
Vallé, Leon, 88, 89
Vargas, Benjamim, 123
Vargas, Getülio Dornelles, 10. 1 2 ,1 6 ,1 7 ,1 9 , 20, 22, 2 3 ,2 4 , 25, 2 6 ,2 7 , 29,
3 1 ,3 8 ,4 0 ,4 2 ,5 6 ,5 7 ,5 9 ,6 0 ,6 1 ,6 4 ,6 6 ,6 7 ,6 8 ,6 9 .7 4 ,7 5 ,7 8 ,7 9 ,8 0 ,8 3 ,8 4 ,8 6 ,9 3 ,
9 7 ,9 9 ,1 0 0 ,1 0 2 ,1 0 5 ,1 0 6 ,1 1 0 ,1 1 2 , 1 1 9 ,1 2 0 ,1 2 1 ,1 2 2 ,1 2 3 ,1 2 4 ,1 2 5
Vasconcelos, N ilo C. L , 3 9 ,1 0 9
Vasconcellos, V. Smith de, 40
Velasco, D om in gos, 85, 97
Viale, Cezar, 53
Vianna, Fernando de M ello, 1 2 ,1 0 8 ,1 1 0 ,1 1 3 ,1 2 4 ,1 2 7
Vidal, Armando, 30, 31, 32, 39
Vivácqua, Attüio, 1 0 ,4 3 ,4 7 ,4 8 ,7 6 ,1 0 2 ,1 0 8 ,1 1 0 ,1 2 6
149
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
150
V o lu m e 4 C ria ç ã o , P rim e iro s Percursos e D e s a fio s ( 1 9 3 0 - 1 9 4 5 )
ANEXO I
Criadores da O A B
151
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
Osvaldo Aranha
M inistro da Justiça que subscreveu o D ecreto n o 19.408 de 18 de n o v em
bro de 1930, juntam ente com o presidente do G overno Provisório Getú-
lio Vargas.
7 52 9ÁM
V o lu m e 4 C ria ç ã o , P rim eiro s Percursos e D e s a fio s ( 1 9 3 0 - 1 9 4 5 )
153
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
Levi Carneiro
Presidente do Instituto da O rdem dos A dvogados Brasileiros na ocasião e
que se tornou, sim ultaneam ente, Presidente da Ordem dos A dvogados
Brasileiros.
154 9àB
V o lu m e 4 C ria ç ã o , P rim e iro s P ercursos e D e s a fio s { 1 9 3 0 - 1 9 4 5 )
155
______________Hislória_da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
756
V o lu m e 4 C r ia ç ã o , P rim e iro s P ercursos e D e s a fio s ( 1 9 3 0 - 1 9 4 5 )
ANEXO II
Biografia dos Presidentes da O AB
màM 157
____________ Histoáa da
O r d e m d o s A d v o g a d o s d o Brasil
158
V o lu m e 4 C ria ç ã o , P rim e iro s Percursos e D e s a fio s { 1 9 3 0 - 1 9 4 5 )
#ám 759
______________Históda da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
160 9ÂM
V o lu m e 4 C ria ç ã o , P rim e iro s P ercursos e D e s a fio s ( 1 9 3 0 - 1 9 4 5 )
767
______________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil
762
V o lu m e 4 C ria ç ã o , P rim e iro s P ercursos e D e s a fio s ( 1 9 3 0 - 1 9 4 5 )
163
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
164 9áB
V o lu m e 4 C ria ç ã o , P rim e iro s Percursos e D e s a fio s ( 1 9 3 0 - 1 9 4 5 )
ANEXO III
Imagens H istóricas
165
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
766 9Ál
V o lu m e 4 C r ia ç ã o , P rim e iro s P ercursos e D e s a fio s ( 1 9 3 0 - 1 9 4 5 )
167
!
______________História da
O r d e m d o s A d v o g a d o s d o Brasil
168 9Ál
Sobral Pinto no TSN no dia 8 de julho de 1939, na defesa de Luís Carlos Prestes e
Harry Berger.
Fonte: Foto extraída do livro Repressão Judicial no Estado N ovo de autoria de Reinaldo
Pompeu de Campos, op.cit., p. 51.
7 69
______________História da
O r d e m d o s A d v o g a d o s d o Brasil
170 9ÁI
V o lu m e 4 C ria ç ã o , P rim e iro s P ercursos e D e s a fio s ( 1 9 3 0 - 1 9 4 5 )
ANEXO IV
Fotos de A dvogados que se destacaram
c o m o defensores de presos e perseguidos
p o lítico s d o TSN
____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil
172
V o lu m e 4 C ria ç ã o , P rim e iro s Percursos e D e s a fio s ( 1 9 3 0 - 1 9 4 5 )
173
______________Históda da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
174 9àM
V o lu m e 4 C ria (;à ü , P rim eiros Percursos e D e s a fio s (1 9 U) - 19 4 -))
ANEXO V
Carta e discurso de A n d ré de Faria Pereira
sobre a Criação da O AB
•àM 175
______________Historia da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
Exmo. Sr.
Professor H aroldo Valladão
M .D. Presidente do C onselho Federal da O rdem dos A dvogados do Brasil
Nesta
Saudações atenciosas.
176 9àM
V o lu m e 4 C ria ç ã o , P rim eiro s Percursos c D e s a fio s 1 19 3 0 - l ‘J 4 5 )
incluí nele o dispositivo do art. 17, criando a O rdem dos Advogados e o sub
m eti à crítica de um único colega, hoje respeitado ministro do Supremo Tri
bunal Federal - Edgard Costa, que sugeriu algum as medidas, que foram
adotadas, entre elas a da supressão do julgam ento secreto na Corte de Apela
ção, antes introduzida na legislação.
Levei 0 projeto a Oswaldo Aranha, que lhe fe z u m a única restrição, exata
mente ao art. 1, que criava a O rdem dos Advogados, dizendo não dever a
Revolução conceder privilégios, ao que ponderei que a instituição da ordem
traria, ao contrário, restrição aos direitos dos advogados e que, se privilégio
houvesse, seria o da dignidade e da cultura.
Discutíamos, o ministro e eu, esseponto do projeto, quando chegou Solano
Carneiro da Cunha, como eu, depositário da am izade e confiança de Oswaldo
Aranha, que, felicitando-m e pela oportunidade da idéia, reforçou meus ar
gumentos, aceitando o ministro integralmente o projeto, levando-o na mes
m a tarde ao chefe do Governo Provisório, que o assinou imediatamente, sem
modificação de um a vírgula. Trazendo meu testemunho a respeito daquele
dispositivo, que criou a Ordem dos Advogados do Brasil, não viso reivindicar
glórias para meu nome, desde que a m inha intervenção resultou de mero
acidente na minha vida profissional, isto é, encontra-se na pasta da Justiça -
ao voltar eu ao cargo de que fora esbulhado e cuja reintegração estava pleite
ando em Juízo - Oswaldo Aranha, a quem m e ligavam laços de fam ília e
velha am izade e a cujo espírito público e inteligência se devem a assinatura
daquele decreto com o dispositivo criando a O rdem dos Advogados do Brasil
Os serviços que a Ordem tem prestado - saneando, disciplinando e defen
dendo a classe dos advogados e punindo membros faltosos - são notáveis e já
proclamados pela consciência coletiva, e o seu crescente prestígio constitui
m otivo de orgulho p ara todos que trabalharam p ara sua criação e colaboram
na realização de seus patrióticos objetivos.
Queira V. Excia. receber a segurança do alto apreço e distinta consideração
do colega, que se orgulha de pertencer à classe dos advogados brasileiros, depois
d e haver ocupado elevados cargos da Magistratura e do Ministério Público,
Amo. Admor.
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178 9AM
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Ordem dos Advogados do Brasil
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ANEXO VI
Cópia da via original do histórico "HABEAS CORPUS"
im petrado (2.3.37) pelo advogado SOBRAL PINTO,
em favor de HARRY BERGER, atendendo a indicação do
Presidente da OAB-R], TAR C IN O RIBEIRO. A medida
vitoriosa foi requerida ao Presidente d o Conselho de Segu
rança N acional e teve p o r fundam ento o decreto 24.645
(10.07.34), pelo qual "T O D O S OS A N IM A IS EXISTENTES
N O PAIS SÃO TUTEIADO S D O ESTADO "(art. 1V,
c o n fo rm e arquivos da O AB
Fonte: T ran s c rito d o livro Porque defendo os com unistas, de a u to ria de Sob ral Pin to , ed. C o m u n ic aç ã o , Belo
H o riz o n te , p. 221 -22 9 ,1 97 9 .
«41 TS5
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Tal é, Sr. Juiz, a prisão que destinaram para Harry Bergen Tal é, em inente
Magistrado, o tratam ento que lhe vem sendo dispensado.
Semelhante deshumanidade precisa de cessar, e de cessar im m ediatam ente,
sob pena de deslustre para o prestigio deste Tribunal de Segurança, que, para
bem cum prir a sua ardua tarefa, necessita de pautar a sua acção pelas normas
inflexiveis da serenidade, e da justiça.
Tanto mais obrigatoriamente inadiavel se torna a intervenção urgentissima
de V. Exa., Sr. Juiz, quanto som o s u m p ovo que não tolera a crueldade, nem
m esm o para com os irracionais, c o m o o dem onstra o decreto n° 24.645, de 10
de julho de 1934, cujo artigo 1® dispõe; “Todos os animaes existentes n o paiz
são tutelados do Estado”.
Para tornar efficiente tal tutela, esse m esm o decreto estatue: “Aquelle que,
em logar publico ou privado, applicar o u fizer applicar m áos tratos aos animaes,
incorrerá em m ulta de 20$000 a 500$000 e na pena de prisão cellular de 2 a 15
dias, quer o delinqüente seja ou não o respectivo proprietário, sem prejuízo da
acção civil que possa caber”, (art. 2°).
E, para que ninguém possa invocar o beneficio da ignorancia nessa materia, o
art. 3® do decreto supra m en cion ad o define: “C onsideram -se m áos tratos:
......................................... ; II - Manter animaes em logares anti-hygienicos ou que lhes
impeçam a respiração, o m ovim ento o u o descanço, ou os privem de ar ou luz”.
Baseado nesta legislação u m dos Juizes de Curityba estado do Paraná, Dr.
A ntonio Leopoldo dos Santos, co n d em n o u João M ansur Karan á pena de 17
dias de prisão cellular, e á m ulta de 520$000, por ter m orto a pancadas um
cavali 0 de sua propriedade (doe. junto).
Ora, n u m paiz que se rege por um a tal legislação, que os Magistrados
tim bram e m applicar, para, deste m od o, resguardarem os proprios anim aes ir
racionais dos m áos tratos até de seus donos, não é possivel que Harry Berger
permaneça, co m o até agora, m ezes e m ezes a fio, co m a annuencia do Tribunal
de Segurança N acional, dentro de u m socavão de escada, privado de ar, de luz,
e de espaço, envolto, além do mais, em andrajos, que, pela sua im m undicie, os
proprios m endigos recusariam a vestir.
Estes factos, que o Supplicante está trazendo, por escripto, ao conhecim ento
de V.Exa., assumem, neste m om ento, aspecto de particular gravidade, porque são
de m olde a prejudicar o valor e a credibilidade da propria palavra oíficial.
C o m effeito , o E xm o. Sr. P residen te da R epública, d ir ig in d o -s e ao
C ongesso N acional, em M aio de 1936, dizia: “C om o se conduziram as autori
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impedir que o factor essencial dos factos sociaes seja o proprio h om em , sêr cons
ciente de seus actos, e que pode affirmar que tem delles a consciência. N ão se
poderá nunca demostrar que as forças da natureza e da vida sejam forças consci
entes; ellas o são talvez; ninguém nada sabe a tal respeito; ninguém o saberá ja
mais; é possivel que ellas o sejam; tudo é possivel; mas ninguém póde affirmal-o.
A cada acto hum ano a consciência individual se affirma. Esta força e livre?
N inguém o sabe. Mas, é certo que ella é um a força consciente. E’ certo, assim que
o h om em tem consciência de se determinar por um fim. Talvez, na realidade, o
acto hum ano é determinado por causas. Entretanto, o h om em age com o se elle
fosse determinado por u m fim. Escolheu elle livremente este fim? Talvez. Em
todo o caso elle o escolheu conscientemente. Os phenom enos do m undo natural
nos apparecem determinados por causas, necessarias ou contingentes, pouco im
porta. Os actos hum anos nos apparecem determinados por fins escolhidos livre
m ente talvez, mas certamente escolhidos conscientemente. Eis porque a lei social
é um a lei de fim; todo o fim é legitim o, quando elle é conforme á lei social, e todo
o acto feito para attingir este fim tem um valor social, isto é, jurídico. A regra do
direito é, então, a regra da legitimidade dos fins, e por ahi ella é inteiramente
differente da lei physica o u biologica que é a lei das relações de causa para effeito.
A regra de direito póde então denom inar-se um a regra de conducta, pois que ella
se applica a vontades conscientes, pois que ella determina o valor relativo dos
actos conscientes do hom em ”.
Segundo os imperativos desta concepção, o direito, a moral, e a religião
são, na sua origem e nos seus fundam entos, manifestações psychicas tão reaes
em si quanto as da materia, e presisam de ser levadas em conta pela intelligencia
hum ana, - que tudo ordena e dispõe - , afim de que ás suas m anifestações, na
acção social, seja dada a primasia legitim a sobre as manifestações do m u n d o
physico.
N o s limites desta concepção, os governantes só têm a faculdade de prati
car aquillo que é considerado licito pelo direito, pela moral, e pela religião que
d om in am e regem a consciência social e politica do m eio social em que vivem.
Ora o Brasil por ser u m paiz de civilisação christã organisou u m systema
jurídico que repelle, por iníquo e injusto, o em prego da violência physica e
m oral com m eio de governo, sobretudo quando é utilisado contra os detentos
politicos.
Pretender justificar, assim, com o exem plo dos governos com m unistas, a
deshum anidade implacavel com que está sendo tratado Harry Barger, é, - além
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P. Deferim ento.
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ANEXO VII
D o cu m e n to s relativos à criação
e o rganização da O AB
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198 mà»
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Art. 6.° - Os em bargos e recursos aos acórdãos das Câmaras serão julga
dos pelas duas Câmaras crim inais, cíveis e de agravo, respectivamente, em ses
são conjunta, tendo o presidente voto de desempate.
Art. 7.° - Fica restabelecido o instituto dos prejulgados, criado pelo D e
creto n o 16.273, de 20 de dezem bro de 1923, destinado a uniform izar a juris
prudência das Câmaras.
Art. 8.° - Todos os recursos para as Câmaras da Corte de Apelação serão
arrazoados na primeira instância.
Art. 9.® - As Câmaras se reunirão duas vezes por sem ana, no m ín im o, em
dias previam ente designados pelos seus presidentes.
Art. 10.° - N os im pedim entos ocasionais dos juizes das Câmaras, a substi
tuição se fará pelos das outras, na ordem numérica das câmaras e de antigüida
de dos juizes, sendo os da sexta Câmara substituídos pelos da primeira.
Parágrafo único. O Presidente da Corte será substituído pelos vice-presi-
dentes, na ordem num érica, e estes pelos desembargadores mais antigos nas
respectivas Câmaras conjuntas.
Art. 11.° - As férias dos magistrados e m em bros do M inistério Público,
limitadas a quarenta e cinco dias, serão gozadas de um a só vez, em qualquer
época do ano, tendo-se em consideração a conveniência do serviço público.
Art. 12.° - O presidente da Corte regulará o gozo das férias dos magistra
dos, não perm itindo a ausência simultânea de mais de três desembargadores,
um de cada Câmara conjunta.
Parágrafo único. Os desembargadores em gozo de férias ou licenças serão subs
tituídos pelos juizes de direito convocados pelo presidente da Corte de Apelação.
Art. 13.° - O C onselho Suprem o da Corte de Apelação, c o m a designação
de “C onselho de Justiça”, se constitui dos presidentes das três Câmaras, terá
com o presidente o da Corte e exercerá as atribuições que lhe são conferidas na
legislação vigente.
Art. 14.®- Os magistrados e m em bros do M inistério Público não poderão
exercer qualquer cargo de eleição, nom eação ou com issão, m esm o de natureza
gratuita, salvo o exercício do magistério.
Art. 15.°- Os funcionários e serventuários da Justiça (Decreto no 16.273,
de 20 de dezembro de 1923) são obrigados a exercer pessoalm ente as suas fun
ções e só poderão se afastar de seus cargos em gozo de férias o u licenças por
m otivo de m oléstia, regularmente concedidas, casos em que serão substituídos
na forma da lei.
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GETÜLIO VARGAS
Osvaldo Aranha
200 9ÀM
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•Ál 201
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202 9àJÊ
V o lu m e 4 C r ia ç ã o , P rim eiro s Percursos e Dosatio s ( 1 9 3 0 - 1 9 4 5 )
II
O capítulo da inércia
III
O capítulo da com petência
•Al 203
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
IV
O capítulo do dinheiro
Rebelam-se V.V. Exas. contra o assentado pela Seção de São Paulo a res
peito da renda líquida das subseções.
V.V. Exas. rebelam-se contra a lei. Esta, no art. 7, parágrafo 3.®, diz, expres
samente, o seguinte: “Toda a renda líquida arrecadada em cada subseção será
logo remetida ao tesoureiro da sessão respectiva”.
204
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O que fez a diretoria provisória da Seção foi, apenas, nom ear um tesourei
ro provisório para receber as remessas dessa renda líquida. Lim itou-se ela a
indicar a pessoa a quem deviam ser enviadas tais som as para que esse dever
pudesse ser cum prido facilmente por quem quisesse cum pri-lo. Nada mais. Se
V.V. Exas. não podem mandar as som as, que já receberam, porque não sabem
que despesas ainda os esperam, remetam o saldo quando elas estiverem co n
cluídas. A diretoria da Seção de São Paulo ainda não exigiu dinheiro algum,
m u ito em bora a lei determ ine que a remessa para a capital deve ser feita logo, e
deposita a m aior confiança na probidade de V.V. Exas., no que não lhes faz
favor algum.
V
O capítulo da inscrição na Ordem
O que deve ser feito na subseção (art. 15) é, tão só, o pedido de inscrição,
o qual, recebido pela subseção, deverá ser encam inhado por ela, com o seu pa
recer, à diretoria da seção. A esta é que com pete, na forma do art. 76, n.® 3,
enquanto não existe o Conselho, deliberar sobre a inscrição e cancelam ento
n os quadros da Ordem.
Se qualquer dúvida ainda pudesse subsistir a esse respeito, seria destruída
pela seguinte consideração: no regime criado agora, a inscrição, na Ordem, deve
ser provada pela carteira de identidade de que tratam os artigos 20 e 21 do
Regulamento. Sem essa carteira, o advogado não p ode exercer a sua profissão.
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O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
Qualquer interessado tem o direito de exigir que ela seja exibida. A falta de
exibição autoriza o juiz a considerar inabilitado o advogado para exercer a pro
fissão e a fazer intim ar a parte para constituir novo procurador, além de sujei
tar o advogado a outras penalidades. Tão im portante é o papel que a carteira
desem penha na vida do advogado que, no caso de pena de suspensão ou cance
lam ento de inscrição, o advogado é obrigado a restituir a sua carteira à secreta
ria da Ordem. Pois bem: é a seção, unicam ente a seção, som ente a seção, quem
pode expedir as carteiras de habilitação aos advogados inscritos na Ordem {art.
20). Essas carteiras devem trazer a assinatura de dois diretores da seção, e não
da subseção (art. 20, § 2.®).
Por todos esses m otivos foi que a diretoria provisória da Seção de São
Paulo não reconheceu com petência, quer n os organizadores, quer nas próprias
diretorias provisórias das subseções, para deferirem inscrições. Aos advogados
que se contentarem com essa inscrição, que não o é, ela não expedirá carteiras
de identidade n em considerará inscritos na seção.
Cum pre-m e, ainda, lembrar a V.V. Exas que a seção tem o poder de dar
regulamento interno às subseções (art. 75, parágrafo 7) e de prover ao bom
funcionam ento delas, e nesse poder se inclui o de fixar o lugar das inscrições.
O ato da diretoria provisória da Seção de São Paulo assenta, portanto, em
textos claros de lei. N ão constitui um a exorbitância nem é extravagante.
Parece-me inútil aduzir mais justificações.
VI
O capítulo da conclusão
V.V. Exas. não foram justos com a diretoria provisória da Seção de São
Paulo n em c o m o Instituto da O rdem d os A d vogados. A ntes m esm o de
publicadas no D iário Oficial as atas daquela diretoria, guiados apenas pelos
resumos, aliás fiéis, do que se passou em u m a das suas reuniões, saíram a cam
p o V.V. Exas. apressadamente, sem necessidade alguma, contra aquela diretoria
e contra o Instituto dos Advogados.
Se houve precipitação em tudo isso, não foram n em o Instituto da Ordem
dos Advogados nem a diretoria da Seção de São Paulo que a revelaram...
Se V.V. Exas., seguindo exem plo de tantos ilustres magistrados paulistas,
houvessem com unicado à diretoria de São Paulo, em tom am istoso e cordial,
que é o tom natural de conversações entre juizes e advogados, teriam poupado
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1 de abril de 1932
Tom ou este C onselho con hecim ento do ofício, n.° 3 de 12 de m arço últi
m o, em que V.V. Exas. representaram contra resoluções da Diretoria provisória
da Seção do Estado de São Paulo da O rdem dos Advogados.
Apresentaram V .V Exas. cóp ia d o o fício , dirigido por V .V Exas. àquela
D iretoria provisória, e m que im p u gn aram , destacadam ente: 1.° a divisão
do Estado em su b seções, que fun cionarão em diversas com arcas já d esig n a
das; 1 ° a ordem de ser rem etida a o tesoureiro da D iretoria provisória toda
a renda líquida das subseções; 3.° o esta b elecim en to da co m p etên cia da
D iretoria da Seção para deferir o s req uerim en tos de in scrição dos a d voga
dos de to d o 0 Estado.
Este Conselho, pela relevância das questões suscitadas, e pela alta con side
ração devida a V.V Exas., in cu m b iu -m e de estudar o assunto, depois de ouvir a
digníssim a Diretoria da Seção deste Estado - e, exam inando o m eu parecer, e
aprovado, autorizou-m e a responde a V.V Exas. nos term os que se seguem:
A ntes de tudo, p e ç o vên ia para recordar que os autores do R egu lam en
to da O rdem dos A dvogados d o Brasil contaram , para a realização dessa
velha aspiração de to d o s o s n o sso s juristas, co m a colaboração de to d o s os
ad vogados e juizes. Ó rgão de discip lin a e m oralização, de fortalecim en to
do prestígio da advocacia e, p o rta n to , d o foro em geral, a O rdem , confiada
exclusivam ente aos ad vogad os não exclui, n o en tanto, a in terven ção dos
m agistrados, quer na fase preparatória, e m falta de Instituto de A dvogados,
(art. 104 d o R egulam ento n.® 2 0 .7 8 4 ), quer de m o d o p erm an en te (art. 9.*),
quer qu anto à p olícia das a ud iências e quanto aos escritos n o s autos (art.
3 0 ), quer, fin alm en te, para a d ecisã o d efin itiva sobre a recusa de a dm issão,
e sobre as penas de suspensão o u can celam en to (art. 4 8 ). A eficiência da
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da, form ulan do dúvidas sobre a anexação de outras com arcas próxim as para
form arem um a única subseção. Q ualquer precipitação, que p udesse ter h a
v id o , será plenam ente desculpável pela estreiteza de tem p o , já acentuada.
A lém disso, p orém , é de notar que a d ivisão das su b seções não é inalterável.
C ircunstâncias supervenientes p o d e m exigir a sua alteração. P ode exigi-la,
m esm o , m elh or co n h e c im e n to das co n d içõ es locais. E, e m to d o caso, essa,
c o m o qualquer outra resolução da D iretoria da Seção, contrária ao R egula
m e n to e aos interesses da O rdem , p oderá ser derrogada, o u revogada, pelo
C o n selh o Federal (art. 84 n."* V, VI - I X e X I). C aso a D iretoria da Seção de
São Paulo não atenda - nada ta m b ém im pedirá que elas sejam o p o r tu n a
m en te renovadas perante o C o n selh o Federal, q u a n d o este fique c o n stitu í
do, e en tã o d efinitivam ente resolvidas. C o m o quer que venha a ser, merece
destaque o fato de, nesse grande e a d ia n tad íssim o Estado, só ter havido
im p u gn ação, contra a divisão de 120 com arcas, feita pela D iretoria da S e
ção estadual, por parte de V.V. Exas. - e q uan to à com arca e m que tão d ig
nam en te exercem a m agistratura.
Quanto à segunda questão visada por V.V. Exas., parece perfeitamente acei
tável o alvitre adotado por V.V. Exas., isto é, aguardar a eleição da Diretoria da
subseção local, prestar-lhe, então, contas da renda arrecadada, cabendo a essa
Diretoria enviar à Diretoria da Seção a dem onstração da renda líquida e a im
portância respectiva. Também parece, aliás, que nenhum a exigência imediata
fizera, nesse sentido, a Diretoria provisória da Seção. O em inente Presidente
dessa Seção declarou, expressamente, n o ofício dirigido a V.V. Exas., que - n e
nhum a exigência fora feita, e que a remessa do saldo poderá ser feita quando
concluídas as despesas de que dependia a sua apuração.
A terceira e última questão gira, ao que se m e afigura, em torno de um
pequeno equívoco, que se m e depara no ofício de V.V. Exas. N ão pod e haver,
nem há, ao que suponho, dúvida quanto a interpretação do Regulamento. Por
ele, é ao Conselho estadual, e não à Diretoria da subseção, que com pete deferir
o s pedidos de inscrição; a subseção apenas recebe os pedidos, e inform a-os,
transm itindo-os ao Conselho, que delibera (arts. 15 e seu § 20, e 76 n.‘* 3). Em
falta do C onselho cabem as suas atribuições à Diretoria respectiva (art. 78).
Entretanto, alegam V.V. Exas. que “o art. 103 do Regulamento deu aos Institu
tos dos Advogados dos Estados a atribuição de organizar a Ordem na seção da
capital do Estado e nas subseções das diversas comarcas, limitando essa com petên
cia até 3 1 de janeiro último”, data em que extinguiria - ao passo que o Instituto de
210 «ÁB
V o lu m e 4 C r ia ç ã o , P rim eiros Percursos c D e s a f i o s í 1 9 3 0 - 194:^1
São Paulo não promoveu “qualquer organização das subseções no interior do Esta
do, 0 que se comprova desde logo, pois somente na reuniào de 4 de m arço a Direto
ria provisória entendeu de tomar as providências a que vim os nos referindo”.
D evo salientar que há ligeiro equívoco, nessas afirmativas, ao m enos em
atribuírem aos Institutos d os A dvogados o encargo de organizar as subseções.
Esse encargo cabe, nos term os do § único do art. 103 do Regulamento, à D ire
toria da seção da capital. E aos Institutos de Advogados caberia, apenas, eleger o
núcleo inicial desta Diretoria, isto é, a m aioria dos seus m em bros, conform e o
art. 102. Pode supor-se que o Instituto de São Paulo não tenha sido retardatário
no cum prim ento desse dever, pois não consta que os juizes da capital do Estado
houvessem exercido a atribuição correspondente, com o dispõe o art. 104.
D e qualquer m od o, não seria, pois, aos juizes locais que caberia deferia a
inscrição d os advogados, provisionados e solicitadores. Os juizes das comarcas,
com o V.V. Exas., exercitam as atribuições das diretorias das subseções;- mas, já
vim os que, entre essas atribuições, se não inclui a de adm itir nos quadros da
Ordem. A adm issão em tais quadros, isto é, o deferim ento dos pedidos de ins
crição, cabe à Diretoria da seção, ou, em falta dela, aos juizes que a substituam,
na capital do Estado. Portanto, se o Instituto de Advogados de São Paulo não
tivesse exercido o encargo que o Regulamento lhe confere, n em por isso in
cum biria a V.V. Exas. deferir o pedido de inscrição - m as, sim, aos juizes que, na
capital d o Estado, exercessem as funções da diretoria provisória. Aliás, o fato
m esm o de estar funcionando a Diretoria eleita pelo Instituto dos Advogados,
m ostra que este cum priu o seu dever legal.
Parece pois, a este Conselho, que V.V. Exas. devem transmitir à Diretoria
da seção estadual os requerimentos de inscrição que lhes tenham sido apresen
tados para que ela resolva sobre o seu deferimento. É, por igual, evidente que
V.V. Exas poderão declinar d o encargo de organizarem a subseção de sua
comarca, reclamando da Diretoria da seção estadual a designação de um a D i
retoria provisória para a m esm a subseção, que tom e a si o encargo aludido.
N o ofício dirigido a este Conselho, assinalam ainda V.V. Exas. a irregulari
dade de se não fazerem as publicações no D iário Oficial, c o m o determ ina o art.
96 do R egulam ento. Q uanto a esse ponto já o sr. dr. Presidente da Seção de São
Paulo declarou que as publicações estão se fazendo na folha oficial, tendo havi
do, apenas, retardamento pela dem ora de aprovação de uma ata.
Antes de encerrar estas páginas, já por demais alongadas, devo com unicar
a V.V. Exas. que este C onselho resolveu agradecer a V.V. Exas. a solicitude com
«▲B 2 77
______________ História_da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
Levi Carneiro
Presidente Provisório
212 9AI
V o lu m e 4 C r ia ç a o , P rim eiro s Percursos c D e s a fio s i l ‘ ) 3 0 - 1 9 4 5 )
GETÚLIO VARGAS
•àl 213
______________ História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
CAPÍTULO I
D a Ordem, seus fins e organização
214 «▲I
V o lu m e 4 C ria ç ã o , P rim e iro s Percursos c D e s a fio s ( 1 9 3 0 - 1 9 4 5 )
CAPÍTULO II
D o s proibidos e dos im pedidos de procurar em Juízo
•Al 215
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
216 «41
V o lu m e 4 C ria ç ã o , P rim eiro s Percursos c D e s a fio s 11 9 3 0 - 1 9 4 5 /
CAPÍTULO III
Da adm issão à Ordem
277
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
Penal, artigos 207 e 209), peita o u suborno (C ódigo Penal artigos 214 a 218),
concussão (C ódigo Penal artigos 219 e 220), peculato (Lei n.® 4.780, de 27 de
dezem bro de 1923), abuso de autoridade (Artigo 232, C ódigo Penal e Lei n.“
4.780, de 1923), m oeda falsa, falsidade de docum entos e demais crim es de falsi
dade, punidos pela Lei n.° 4.780, de 1923, contrabando (C ódigo Penal, artigos
265), lenocínio (C ódigo Penal artigos 277 e 2q78 e Lei n.° 2.992, de 25 de
setembro de 1915), fingim entos definidos n o C ódigo Penal, artigos 287 e 288,
hom icíd io qualificado (C ódigo Penal, artigos 294, e 39, §§ 6 ° e 10.®), destrui
ção de livros e docum entos (C ódigo Penal, artigo326), furtos e apropriação
indébita (C ódigo Penal, artigos 330 e 334), falência fraudulenta (Decreto n.®
5.746, de 9 de dezem bro de 1929, artigos 169 e 173), estelionato, abuso de co n
fiança e outras fraudes (C ódigo Penal, artigos 338 e 339), roubo (C ódigo Penal,
artigos 356 e 361), extorsão (C ódigo Penal, artigos 362 e 363), os definidos nos
artigos 1° e 5° da Lei n.® 4.294, de 6 de julho de 1921, contra a independência, a
integridade e a dignidade da Pátria (artigos 87 e §§ 88, 89 e 91, do Código
Penal), em geral qualquer crime com etido com a agravante do § 11 do artigo 39
do Código Penal, ou em quaisquer contravenções dos artigos 369, 373, 380 e
381 do Código Penal, ou em qualquer crime ou contravenção definido nas leis
que ulteriormente venham a m odificar ou substituir os dispositivos acima cita
dos, referentes às m esm as figuras delituosas;
V — gozar de boa reputação por sua conduta pública atestada por trê
advogados inscritos na Ordem.
Parágrafo único. Os crim es políticos (salvo os acima enum erados), assim
co m o as convicções ou atitudes políticas, o u religiosas, por si sós, não im p edi
rão a admissão no quadro da Ordem.
Art. 14. Para a inscrição no quadro dos provisionados e solicitadores da
Ordem , é necessário, além dos requisitos legais de capacidade civil:
I — ter a provisão respectiva, com prazo legal, passada pela autoridade
judiciária federal, o u local, com petente, e registrada na Secretaria da Ordem.
Os alunos das Faculdades de Direito reconhecidas pelo Governo Federal,
depois de concluírem o terceiro a no d o curso jurídico, poderão, m ediante sim
ples requerimento, obter carta de solicitador;
II — preencher os requisitos dos n.°s II, III, IV e V, do artigo 13.
Art. 15. A inscrição nos quadros da Ordem se fará m ediante requerimento
escrito, dirigido ao presidente da seção do Distrito Federal, ou da subseção,
instruído com os docum entos com probatórios do preenchim entos dos requi
218 9AM
V o lu m e 4 C ria ç ã o , P rim eiro s Percursos e D e s a fio s ( 1 9 J 0 - 1 9 4 5 )
sitos dos artigos 13 e 14, e m enção de todas as localidades em que haja exerci
do, anteriormente, a profissão, e da em que, esse tem po, tenha seu dom icílio
eleito, ou a sede principal da advocacia, o nde exercerá o direito de voto na Or
dem.
Parágrafo único. O requerimento será logo encam inhado ao Conselho,
com 0 parecer da diretoria da sub-seção, ou da C om issão de Sindicância, no
D istrito Federal.
Art. 16. O pedido de inscrição será noticiado por aviso afixado na porta
da sede d o C onselho e pela imprensa, on de a houver, cin co dias úteis, pelo
m enos antes de deliberação do Conselho.
§ 1® Se o C onselho recusar a inscrição requerida, remeterá cópia d o pare
cer, quando opinar pela recusa, e da decisão, com os m otivos, ao candidato
recusado.
§ 2® O candidato recusado poderá, dentro de quinze dias, da ciência da
decisão, contestar docum entadam ente os m otivos determ inantes da recusa e
pedir ao C onselho que a reconsidere.
§ 3° Se o C onselho mantiver a recusa, o candidato poderá recorrer da
decisão, dentro de quinze dias, após a ciência dela, para o C onselho Federal.
§ 4® Qualquer m em bro da Ordem, ou pessoa interessada, poderá represen
tar docum entadam ente ao Conselho contra o candidato proposto ou recusado.
§ 5° O C onselho tomará, sim ultaneam ente, conhecim ento do pedido de
inscrição, o u de reconsideração, e de qualquer impugnação.
Art. 17. O disposto no artigo antecedente será aplicável ao cancelam ento
da inscrição em razão da falta por perda ou carência anterior, de qualquer dos
requisitos dos artigos 13 e 14 sendo com petente para prom over o cancelam en
to da inscrição ou averbação de im pedim ento, superveniente, ou reconhecido
ulteriormente.
§ 1° Dar-se-á do m esm o m odo, a suspensão da inscrição, em caso da d o
ença mental do inscrito, devidam ente comprovada.
§ 2® Havendo pedido de reconsideração nos casos deste artigo e do prece
dente, se o Conselho da Seção não o atender, mandará subir o processo desde
logo com recurso ao Conselho Federal, salvo desistência expressa do interessado.
Art. 1 8 .0 advogado, logo que passe a exercer, de m o d o perm anente, ativi
dade profissional e m outra seção, requererá inscrição n o quadro respectivo, ou
para ele se transferirá, ficando, em tod o o caso, sujeito à jurisdição disciplinar
do Conselho-local pelos atos praticados em qualquer seção.
219
______________ HisíQríaLda
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
220
V o lu m e 4 Criac^ão, P rim eiro s Percursos e D e s a fio s ( 1 9 3 0 - 1 9 4 5 )
casos, 0 procurador judicial não exibir a carteira exigida, ficará excluída sua
intervenção, podendo, conform e as circunstâncias, considerar-se por tal fato,
verificada a falta prevista no artigo 27, n.®s VI, VII e VIII.
Todavia, o procurador continuará a funcionar, se assinar logo o com pro
m isso de exibir a carteira, dentro do prazo de cinco dias, prorrogável por mais
15, por despacho d o juiz do feito e m ediante prova de m otivo relevante. Se não
for apresentada nesse prazo a carteira, ou se, apresentada, se verificar que o
procurador não podia praticar o ato, será este anulado, incorrendo o advogado,
provisionado ou solicitador, em responsabilidade na form a deste regulamento.
§ 8° N o caso de expedição de nova carteira serão exaradas nesta todas as
anotações constantes dos livros da O rdem sobre o associado a que pertença.
§ 9® O Regim ento Interno do C onselho Federal determinará as form ali
dades, 0 prazo e os em olum entos a pagar, para expedição de nova carteira, em
caso de perda, devidam ente justificada.
§ 10. Logo que requerida nova carteira, na form a do parágrafo preceden
te, a Secretaria do C onselho expedirá certificado que assegure ao possuidor da
carteira o exercício da advocacia se não estiver sob proibição na forma deste
regulam ento, m encionando n o certificado qualquer im pedim ento ou restrição
existente.
CAPÍTULO IV
D o exercício da advocacia
Art. 21. A inscrição n o quadro de qualquer das seções da Ordem, com pro
vada pela carteira de identidade (artigo 20), autoriza o exercício da profissão
conform e este regulamento.
Art. 22. Em qualquer Juízo, contencioso o u administrativo, cível o u cri
m inal, salvo quando a habeas corpus, o exercício das funções de advogado,
provisionado ou solicitador, som ente será perm itido aos inscritos no quadro
da O rdem e no gozo de todos os direitos decorrentes, de acordo c o m este regu
lamento.
§ 1° N o foro criminal, sempre, o próprio acusado se poderá defender pes
soalm ente.
§ 2® Serão assinados por advogados, inscritos nos quadros da Ordem, to
das as petições iniciais e de recurso, articulados e arrazoados, com petindo-lhes
a sustentação oral em qualquer instância.
221
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
222 9àM
V o lu m e 4 CJriação, P rim eiro s Percursos c- D e s a fio s ( 1 9 3 0 - ^ 9 4 j )
Art. 24. São nulos os atos praticados em juízo por pessoas proibidas de
procurar e m juízo (C ódigo Civil, artigo 145, n.° V);
§ 1° Q uando praticado por pessoa im pedida (artigo 11), o ato será anulá-
vel som ente a requerim ento de outra parte interessada no m esm o processo.
§ 2® N inguém poderá intervir com o advogado, provisionado, ou solicitador,
em processo em que deva funcionar, o u tenha funcionado, co m o juiz, perito,
o u em desem penho de qualquer outro encargo, o u serviço de justiça.
CAPÍTULO V
D o s direitos e deveres dos advogados, provisionados e solicitadores
•àl 223
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
224 9àM
V o lu m e 4 C ria ç ã o , P rim eiro s Percursos o D cs.itio s i1 '-)30 - 1 9 4 3 )
CAPÍTULO VI
Das penalidades e sua aplicação
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______________ História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
226 I
cabível na hipótese do artigo 27, n.® XIX, observando em todas as hipóteses o
disposto do artigo 47.
Art. 37. Em caso de retenção ilegítim a de autos, o juiz da causa, a requeri
m ento da parte interessada, o u de seu procurador, mandará intim ar o retentor
para efetuar a entrega, dentro de três dias. Se a entrega se não realizar n o prazo
fixado, e certificando-o o escrivão, o juiz declarará suspenso n o exercício da
profissão o advogado, provisionado, ou solicitador, responsável, até à devolu
ção d os autos, e, quando esta se faça, mandará cancelar o que nos autos for
escrito, com unicando a decisão ao presidente da seção da Ordem.
Parágrafo único. Se a retenção dos autos se prolongar por mais de trinta
dias, depois da suspensão, o juiz mandará instaurar, contra o retentor a c o m p e
tente ação criminal, o da sentença condenatória, se houver, enviará cópia ao
presidente da seção da Ordem, para este, por sua vez, agir c o m o de direito.
Art. 38. Se a falta for considerada grave (artigo 72, parágrafo único), será aplicá
vel, desde logo, qualquer das penas enumeradas nas letras b, c e d, do artigo 76, n.° 4.
Art. 39. A pena de cancelam ento será im posta aos que, provadamente,
houverem perdido, ou não tiverem algum dos requisitos dos artigos 13 e 14,
para fazer parte da Ordem, inclusive aos que forem convencidos, perante a Or
dem , o u em juízo, de incontinência pública e escandalosa, o u de em briaguez
habitual; e aos que, por faltas graves, já tenham sido três vezes condenados
definitivam ente, ainda que em seções diversas, à pena de suspensão.
Parágrafo único. N os casos acim a previstos, o Conselho, durante o pro
cesso, poderá impor, desde logo, a pena de suspensão.
Art. 40. A pena de suspensão será im posta por m otivo de falta grave, de
pronúncia criminal, ou de prisão em virtude de sentença, tratando-se, nas duas
últim as hipóteses, de fato com preendido na enum eração ao artigo 13, IV.
§ 1® A pena de suspensão será im posta por tem po indeterm inado, até o
m áxim o de um ano, dobrada em cada nova infração punível.
§ 2° N o c a so de fa to p e r m a n e n t e , a s u s p e n s ã o será p o r te m p o
indeterm inado e enquanto durar o m esm o fato.
§ 3° Será tam bém suspenso o advogado provisionado, o u solicitador, que
deixar de pagar a contribuição anual, depois de convidado a fazê-lo p or carta e
por edital com o prazo de 30 dias, estes, sem m enção expressa da falta de paga
m ento, mas apenas com referência ao presente dispositivo.
Art. 41. Em casos de faltas graves, ou erros reiterados, que denotem in
com petência do advogado, do provisionado, ou do solicitador, poderá o C o n
•41 227
______________ História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
selho da seção im por-lhe, de ofício, ou por tem po indeterm inado até à presta
ção das provas de habilitação que exigir.
Art. 42. A pena de multa importará a suspensão do exercício da profissão
pelo prazo de três m eses, se não for paga dentro de vinte dias, a contar da data
da ciência da penalidade imposta.
Art. 43. Em caso de aplicação da pena de cancelam ento, poderá o cond e
nado requerer ao C onselho da seção a revisão do respectivo processo decorrido
o prazo de dois anos de aplicação da pena.
§ 1® A requerim ento de qualquer dos m em bros do Conselho, far-se-á a
revisão, seja qual for a época o u a pena aplicada.
§ 2® Das decisões do C onselho da seção sobre a revisão, cabe recurso para
o Conselho Federal, nos term os do artigo 16, § 3®.
Art. 44. Todas as penas im postas a m em bros da Ordem serão anotadas na
respectiva carteira de identidade.
Art. 45. Em caso de suspensão, o u de cancelam ento, o m em bro da Ordem
restituirá à secretaria a sua carteira de identidade, sob pena de responsabilidade
civil e criminal.
Art. 46. Se não exibir a carteira, quando exigida pelo presidente da Or
dem, da seção, ou da subseção, o u se a apresentar viciada, o m em bro da Ordem
incorrerá na pena de multa de 500$0000.
Art. 47. As penalidades aplicadas aos m em bros de cada um a das seções pe
los Conselhos respectivos serão observadas pelos C onselhos das demais seções.
Art. 48. Para anular a recusa da admissão, o u a pena da suspensão, o u de
cancelam ento, poderá o interessado propor a ação sumária especial, regulada
pelo artigo 13 da Lei n.° 221, de 20 de novem bro de 1894, na Justiça Federal do
Estado respectivo.
Art. 49. Em caso algum caberá indenização, pela O rdem , ou por seus dire
tores, em virtude de im posição de penalidade.
Art. 50. Os recursos das decisões do C onselho serão recebidos nos efeitos
devolutivo e suspensivo, exceto o de revisão do processo, que não terá efeito
suspensive.
Art. 51. Os m em bros do C onselho devem dar-se de suspeitos, e, se o não
fizerem, poderão ser recusados pelas partes, nos m esm os casos estabelecidos
pelas leis de organização judiciária local.
Parágrafo ún ico. A o C on selh o co m p ete decidir p erem p toriam ente a
suspeição, à vista das alegações e provas apresentadas.
228
V o lu m e 4 C r ia ç ã o , P rim eiro s Percursos c D e s a fio s ( 1 9 3 0 - 1 9 4 5 )
Art. 52. Cada C onselho com unicará à mais alta autoridade judiciária na
localidade, e à secretaria perm anente n o D istrito Federal, a organização e todas
as alterações dos seus quadros, assim co m o as penalidades que aplicar.
Art. 53. Incorrerá nas penas do artigo 379 do C ódigo Penal, quem , sem o
ser, usar do título de advogado, de provisionado o u de solicitador, em anúncios
na imprensa, ou em avulso, e m palavras ou dísticos, n o escritório, na residên
cia, o u em qualquer outro local ou por qualquer outra forma; ou, de vestes,
insígnias ou sím bolos, instituídos para o s advogados legalm ente habilitados;
o u sem o poder, nos term os deste regulamento, da carteira de identidade a que
se refere o artigo 20.
Art. 54. Em caso de ofensa a m em bro da Ordem, n o exercício de sua pro
fissão, ou em juízo, por magistrado, m em bro do M inistério Público, o u qual
quer funcionário, serventuário ou auxiliar da Justiça, o u conselho, sob repre
sentação do ofendido, apreciará sumariam ente o caso, e poderá designar um ,
ou mais, de seus m em bros, para proceder à investigação necessária, prom oven
do, conform e o resultado desta, as providências que entender cabíveis.
Art. 55. Cada Seção da Ordem, por seu presidente, e em virtude de delibe
ração do conselho respectivo, assim co m o o C onselho Federal, e o presidente
da Ordem, tem qualidade para agir, m esm o crim inalm ente, contra os infrato
res dos dispositivos deste regulamento, e, em geral, em tod os os casos que inte
ressam, a dignidade, o prestígio o u as prerrogativas dos advogados.
Parágrafo único. Incluem -se no dispositivo supra a apresentação, ao juiz
com petente, sobre a conveniência de vedar o acesso, a determ inado cartório,
o u recinto de determ inado Tribunal, de pessoas conhecidas c o m o interm ediá
rios de negócios ilícitos, ou reprováveis, ou que, por sua conduta, possam c o m
prometer o decoro da advocacia ou da magistratura.
Art. 56. Serão majorados da quarta parte as penas dos crimes de estelionato,
abuso de confiança, falsidade, e de todos os que haja fraude, quando aplicadas
a qualquer m em bro da Ordem.
CAPÍTULO VII
D a Assembléia Geral
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O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
230 9AB
V o lu m e 4 C ria ç ã o , P rim e iro s Percursos c D esa fio s ( 1 9 3 0 - 1 9 4 5 )
CAPÍTULO VIII
D o Conselho e da Diretoria
237
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
232 «Al
V o lu m e 4 C r ia ç ã o , P rim eiro s Percursos e Dosdtios ( 1 9 3 0 - 19451
233
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
234 9AB
V o lu m e 4 C ria ç a o , P rim e iro s Percursos e D esa fio s * 19.50 - 1 9 4 5 )
m aioria relativa e, ainda, segunda vez, por m aioria absoluta de votos dos m em
bros da seção.
Art. 82. O Conselho poderá constituir, pela forma que determinar no regi
m ento interno, um tribunal especial, para que, perante ele, qualquer membro da
Ordem se justifique de imputação feita ou de procedimento suscetível de censura.
CAPÍTULO IX
D o C onselho Federal
Art. 83. Anualm ente, em data previam ente fixada, os Conselhos de todas
as seções reunir-se-ão em C onselho Federal, para apresentação do relatório das
principais ocorrências do ano em cada seção, e deliberação sobre providências
a tom ar o u m edidas a sugerir aos poderes públicos.
Parágrafo único. Os Conselhos com parecerão incorporados, ou por dele
gações com postas de um ou mais m em bros do próprio Conselho, ou de qual
quer seção da Ordem, cabendo a cada seção u m vo to nas deliberações.
Art. 84. Ao C onselho Federal compete:
I — eleger o presidente e o secretário geral da Ordem;
II — em grau de recurso, por provocação do C onselho de qualquer seção,
o u de qualquer interessado, deliberar:
a) sobre admissão de m em bros da Ordem;
h) sobre aplicação, aos m esm os, da pena de suspensão, ou de cancela
m ento;
c) sobra penalidade im posta a m em bro da Ordem em qualquer seção,
quando não esteja inscrito nela perm anentem ente, o u esteja inscrito em algu
m a outra seção;
á ) sobre casos om issos (artigo 95);
III — votar e alterar o código da ética profissional, ouvidos os C onselhos
das seções e as diretorias das sub-seções;
IV — adotar o m od elo das vestes talares a que se refere o artigo 25, n.° IX;
V — prom over quaisquer diligências, ou verificações, relativamente ao
funcionam ento da Ordem, em qualquer Estado, e adotar as médias que enten
der convenientes a bem da sua eficiência e regularidade inclusive a designação
da diretoria provisória, quando necessário;
VI — tom ar todas as deliberações de caráter geral que entender conveni
entes;
235
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
236
V o lu m e 4 C r ia ç ã o , P rim e iro s Percursos c D c s d t i o s ; 1 - 19451
CAPÍTULO X
D o Presidente da Ordem
237
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
CAPÍTULO XI
A Assistência Judiciária
CAPÍTULO XII
D isposições Gerais
238 9AI
V o lu m e 4 C ria ç ã o , P rim eiro s Percursos c D e s a fio s (1 9 3 U - 1 9 4 5 )
CAPÍTULO XIII
D isposições Transitórias
•Ai 239
______________ História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
240 «▲B
V o lu m e 4 C rin ç a o , P rim eiro s Percursos c D e s a fio s 1 19 3 0 - 194b)
•ái 241
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
Art. 112. Revogam -se as disposições das leis gerais, federais, provinciais
ou estaduais, contrárias ao presente regulamento.
242
V o lu m e 4 C ria ç ã o , P rim eiro s Percursos c D e s a fio s ( 1 9 3 0 - 1 9 4 5 )
ANEXO VIII
D o cu m e n to s referentes instituiçãoà
e fu n cio n am e n to d o TSN
•Al 243
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
1 A p u d R eyn aldo P o m p e u de C am pos. Repressão judicial no Estado Novo. Esquerda e direita no banco dos
réus. Rio d e Janeiro: A chiam é, 1982.
244
V o lu m e 4 C ria ç ã o , P rim eiros Percursos c D o s a lio s 11 9 1 0 - 1 9 4 .i)
2°, nos crim es contra as instituições militares, previstos n os arts. 10, pará
grafo único, e 11 da lei n° 38, de 4 de abril de 1935;
•ái 245
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
Art. 9® - N o processo e julgam ento dos crim es referidos no art. 3®, serão
observadas as seguintes disposições:
2°, a citação inicial dos réus que forem encontrados far-se-á mediante
entrega da cópia autêntica da denúncia, impressa, m im eografada, datilografa
da ou manuscrita, a que se anexará um a folha tam bém impressa, mimeografada,
datilografada ou manuscrita, contendo as perguntas para qualificação do cita
do, com os claros necessários às respostas respectivas;
3®, o juiz mandará citar os denunciados, que não estiverem presos, ou não forem
encontrados, por edital, com o prazo de oito dias e dará curador aos que não compare
cerem, nomeando advogado aos que não o tiverem ou não quiseram constituir.
Ao acusado ausente, ou que não tenha defensor, será nom eado advogado
indicado pelo Conselho da Secção da Ordem dos Advogados;
4°, n o dia marcado para início d o processo, cada réu apresentará ao juiz a
sua defesa e rol de testemunhas, em núm ero de cinco no m áxim o, com a res
pectiva folha de qualificação, devidam ente respondidas todas as perguntas;
S°y nenhum a defesa será junta aos autos sem que a acom panhe a folha de
qualificação com as respostas necessárias, assinada pelo réu, o u por advogado
com poderes especiais, o u por alguém a seu rogo, com duas testem unhas caso
não possa escrever;
246 «Ái
V o lu m e 4 C r ia ç ã o , P rim eiro s Percursos e Dosiifios ( 1 9 3 0 - 1 9 4 5 )
9®o Ministério Público poderá arrolar testemunhas que fundamentem a sua de
núncia, ou, se quiser, pode dispensá-las preferindo apoiá-la só em prova documental;
10, o Juiz permitirá perguntas formuladas pela defesa, desde que sejam
pertinentes ao processo, evitando as im pertinentes ou protelatórias;
15, tendo sido o réu preso com arma na m ão por ocasião de insurreição
armada, a acusação se presum e provada, cabendo ao réu prova em contrário;
16, findo o prazo de três dias para a defesa dos réus, o processo, co m as
defesas e as provas produzidas, irá ao Procurador, o qual sobre as m esm as fala
rá dentro de cinco dias, sendo os autos remetidos ao Presidente do Tribunal
que, ao recebê-los, designará dia para julgamento;
9ÁB 247
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
18, será perm itido a qualquer m em bro do Tribunal pedir vista dos autos
até 48 horas improrrogáveis, para proferir o seu voto;
Art. 1 3 - 0 Tribunal aplicará as penas com inadas pelas leis n°s 38, de 4 de
abril, e 136, de 14 de dezem bro de 1935, p odendo determinar que sejam c u m
pridas em colônias agrícolas e penais.
Art. 14 - Ficam criadas cinco colônias agrícolas e penais, que o Poder Exe
cutivo localizará convenientem ente,
248
V o lu m u 4 C r ia ç ã o , P rim eiro s Porcursos c D e s a fio s 11930 - I 945)
Art. 1 5 - 0 Poder Executivo organizará o regim ento das colônias cuja ad
m inistração ficará a cargo do M inistério da Justiça e N egócios Interiores.
GETÚLIO VARGAS
João G om es -
H enrique A. Guilhem
Vicente Ráo
249
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
Tribunal Fechado
250 «41
V o lu m e 4 C ria ç ã o , P rim e iro s Percursos e D esa fio s 1 1 9 3 0 - 1 9 4 3 )
C om o se Faz o Boicote
•Al 2 57
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
Desvantagens do Boicote
5° - O tribunal, em bora a lei nesse particular seja obscura apesar das recu
sas enérgicas do acusado, arranjará m eios e m o d o s de designar advogados que
acom panhem o processo e esses advogados, escolhidos a dedos, irão certam en
252 9AB
\'c )!u m e 4 C ria ç ã o , P rim e iro s Percursos c D esa fio s ( 1 9 3 0 - 1 9 4 j )
253
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
254 9AM
V o lu m e 4 C ria ç ã o , P rim eiro s Pcrcursos c D e s a fio s ( 1 9 3 0 - 1 9 4 5 |
O Boicote
•Al 255
______________ História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
256
V o lu m e 4 C ria ç ã o , P rim eiro s Percursos o D esa fio s ( 1 9 3 0 - 1 9 4 o i
Decreta:
Art. 1° - Até a organização da justiça de defesa do Estado, a que se refere a
Constituição, continuará a funcionar o Tribunal de Segurança Nacional, instituído
pela lei n° 244, de 11 de setembro de 1936; suprimida a limitação constante do art.l°.
Art. 2® - O Tribunal com por-se-á de seis juizes, sem parentesco entre si até
2° grau e nom eados livremente pelo Presidente da República.
257
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
P arágrafo ú n ic o - C o m p e t e - lh e a in d a c o n h e c e r e d e c id ir so b r e
habeas-corpus im petrado e m favor de quem sofra ou se ache am eaçado de so
frer violência ou coação, por ilegalidade ou abuso de poder, em virtude de ato
ou fato que lhe seja atribuído com o crim e da com petência do Tribunal.
258
V o lu m e 4 C r ia ç ã o , P rim eiros Percursos e D esü fio s ( 1 9 3 0 - 194.1)
§ 4° - Q uando ocorrer em pate e não tiver votado, por ausente, algum dos
juizes desim pedidos e em exercício, será adiado o julgam ento para que o referi
do juiz se manifeste. N ã o se pod en d o proceder por esta forma, entender-se-á
confirmada, nos recursos, a decisão ou ato recorrido; prevalecendo, nos pro
cessos originários, o vo to do presidente.
•Al 259
____________ História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
Valerão contra o réu os d ocum entos apreendidos desde que lhe perten
çam ou sejam de sua autoria.
260 •Al
V o lu m e 4 C ridÇ do, P rim e iro s Percursos o D e s a fio s ( 1 9 3 0 - 19 4 5 )
•ÁB 261
____________ História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
por determ inação e a critério do juiz do feito, poderá ser distribuído, sem pre
juízo da sua unidade, em volum es correspondentes a u m ou mais acusados;
10) o juiz mandará citar por edital, co m o prazo de dez dias, para o pro
cesso e julgam ento os denunciados que não estiverem presos o u não forem
encontrados;
11) a citação inicial dos réus que forem encontrados far-se-á mediante
entrega de cópia autêntica da denúncia, impressa, mimeografada, datilografa
da o u manuscrita, contendo as perguntas para qualificação do citado, com o os
claros necessários as respostas;
12) o réu que não atender à citação por edital, o u que não tiver advogado,
por não o poder o u querer constituir, será defendido por advogado designado
pelo juiz de feito e escolhido dentre os inscritos na O rdem dos Advogados;
14) a testem unha que houver prestado dep oim en to em inquérito policial
ou policial-militar, constante dos autos, e depois de tom ado o seu com prom is
so pelo juiz, poderá reportar-se às declarações anteriores, sem reproduzi-las,
feitos os aditam entos o u as retificações que o depoente declarar, passar-se-á
logo à reinquirição;
262
V o lu m e 4 C ria ç ã o , P rim e iro s Percursos o D e s a f i o s ' 1' ) ] 0 - 1 9 4 5 )
15) O juiz permitirá que a defesa form ule perguntas, desde que pertinen
tes ao processo, evitando as im pertinentes o u protelatórias; o representante do
m inistério público e o juiz poderão tam bém , por fim, fazer, sobre a matéria, as
perguntas que julgarem necessárias;
19) o sum ário será concluído dentro de trinta dias, salvo m otivo justifica
do nos autos; considerando-se justa causa para o excesso do prazo na formação
da culpa a circunstância de existirem mais de cinco réus denunciados no pro
cesso o u a necessidade de publicação de edital de citação;
20) ouvidas todas as testem unhas arroladas, o juiz tem a faculdade de or
denar provas requeridas ou ex-oficio, inclusive a acareação de testem unhas e a
audiência das autoridades policiais, peritos e avaliadores ou outros que hajam
funcionado n o inquérito, bem com o que seja ouvida qualquer testem unha re
ferida, quando o depoim ento possa ser útil à inscrição do processo;
22) a sentença será proferida dentro de oito dias da conclusão dos autos;
23) a apelação será interposta, por petição, e acom panhada o u não das
respectivas razões, no prazo de cinco dias, contados da data da publicação da
sentença n o Diário da Justiça;
263
____________ História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
Art. 21 - Os processos que ainda não tenham sido julgados pelo Tribunal
serão sentenciados pelo juiz já designado pelo presidente, na conform idade do
art. 7®.
Parágrafo único - Por igual poderão ser designados, pelo ministro da Jus
tiça ou pelo da Guerra, prom otores e adjuntos para auxiliar o procurador.
GETÚLIO VARGAS
Francisco Campos
264 9AB
Volume? 4 C ria ç ã o , P rim eiro s Percursos o D esa fio s i M H O - 1 ‘M . t )
D ispõe, sobre o processo dos crimes definidos nas leis n®s 38 e 136, de 4 de
abril e 14 de dezem bro de 1935.
Art. 1® - O processo e julgam ento dos crimes definidos nas leis n°s 38 e
136, de 4 de abril e 14 de dezem bro de 1935, será feito, pelo Tribunal de Segu
rança N acional, na form a deste decreto-lei.
Parágrafo ú nico - A citação será feita pessoalm ente se o réu estiver preso,
o u quando solto o u foragido, por edital afixado à porta do Tribunal.
•41 265
____________ História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
§ 1® - As testem unhas serão duas n o m áxim o, para cada réu, não podendo
o total exceder de dez se houver m ais de cinco réus.
266
Volume? 4 C ria ç ã o , P rim eiros Percursos e D e s a fio s ( 19 j O - 1 9 4 5 )
267
____________ História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
Parágrafo único - A citação será feita pessoalm ente se o réu estiver preso,
ou, quando solto ou foragido, por edital afixado à porta do Tribunal.
268
V o lu m e 4 C ria ç ã o , P rim eiro s Percursos e D e s a fio s i l 9 iO - 1 ‘M >1
§ 1° - As testem unhas serão duas, no m áxim o, para cada réu, não devendo
a inquirição de cada u m a delas durar mais de quinze m inutos.
269
____________ História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
270 «41
V o lu m e 4 C ria q ã o , P rim e iro s Percurç-os o D c s n íio s 11930 - 1 9 4 5 i
Rio, 26/12/39
Sr. Diretor,
•AB 271
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
272 màM
V o lu m e 4 C ria ç ã o , P rim cirn s Percursos e D c s .iíio s 11 - I "-M il
DECRETA:
Art. 1«- Serão punidos na form a desta lei os crim es contra a econom ia
popular, sua guarda e seu emprego.
273
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
Art. 3® - São ainda crimes contra a econom ia popular, sua guarda e seu
emprego:
274
V o lu m e 4 C r ia ç ã o , P rim eiro s Percursos e D e s a fio s í 193Ü - 194S1
275
____________ História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
V - a reincidência.
Art. 5® - Q uando qualquer dos crim es definidos nesta lei for praticado em
n o m e de pessoa jurídica, o M inistro da Justiça e N egócios Interiores poderá
interditá-la, um a vez passada em julgado a sentença, sem prejuízo da sanção
im posta aos responsáveis.
276 9ÀM
V o lu m e 4 C riaç.V ), P rim eiro s PcrcLirsos e D es.D ios ( I ‘H O - 1 ‘) 4 3 i
C oncede anistia.
Art. 2 ° - A reversão dos militares, beneficiados por esta lei, aos seus postos,
ficará dependente de parecer de um a ou m ais com issões militares, de n o m e a
ção do Presidente da República.
277
______________ HiqtnrÍA da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
GETÚLIO VARGAS
A gam enom Magalhães
Henrique A. Guilhem
Eurico G. Dutra
José Roberto de M acedo Soares
A. de Souza Costa
João de M endonça Lima
A polônio Sales
Gustavo Capanema
Alexandre M arcondes Filho
J. R Salgado Filho
278
V o lu m e 4 Cria(^:ã(), P rim eiro s Percursos e D e s a fio s U 9 3 0 - 1 9 4 5 )
JOSÉ LINHARES
A. de Sam paio D ória
Jorge D odsw orth Martins
R Góis M onteiro
R Leão Veloso
J. Pires do Rio
M aurício Joppert da Silva
Teodureto de Camargo
Raul Leitão da Cunha
R. Carneiro de M endonça
A rm ando R Trampowsky
279
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
N U M E R O DE C O N D E N A D O S PELO TRIBUNAL DE
SEGURANÇA N A C IO N AL, POR ESTADO^
280
V o lu m e 4 CriaÇcic), P rim eiro s Percursos e D cs.ifios < 1 9 3 0 - 1 9 4 j )
JUlZES
PROCURADORES
A4I 281
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
282 9àM
V o lu m e 4 C r ia ç ã o , P rim e iro s Percursos e D e s a fio s ( 1 9 3 0 - 1 9 4 5 )
ANEXO IX
C ódigo de Ética
283
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
284 «Al
V o lu m e 4 C r ia ç ã o , P rim e iro s Percursos e D e s a fio s ( 1 9 3 0 - 1 9 4 5 )
SEÇÃO 1$
Deveres fu n d a m e n ta is .
535
GA# 285
______________ História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
SEÇÃO 2»
P rim e ira s relações co m o c lie n te —
A ce ita çã o d a causa.
I — Deve 0 advogado:
a ) d en u n ciar, desde logo, a q u em lh e solicite p arecer, o u
p atro cín io , qu alq u er c irc u n stâ n c ia q u e possa in flu ir
n a resolução de lh e su b m e te r a c o n su lta o u co n fiar a
causa;
b) in te ira r-se de to das as c irc u n stâ n c ia s d o caso, a n te s
de em itir ju ízo sobre ele;
c) n ã o se p ro n u n c ia r sobre caso que sa ib a e n tre g u e ao
p a tro cín io de o u tro advogado, sem conhecer os fu n
d am en to s d a opinião, o u d a a titu d e , d o m esm o advo
gado, e n a presença dele, o u com seu prévio e expres
so a ssen tim en to ; (6)
536
286 9ÁB
V o lu m e 4 C r ia ç ã o , P rim e iro s Percursos e D e s a fio s ( 1 9 3 0 - 1 9 4 5 )
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______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
SEÇÃO 3.»
E x e rcício d a advocacia
I — A plicará o advogado todo o zelo e diligência, e os re
cursos de seu saber, em prol dos d ireito s q ue p atro cin ar.
I I — N enhum receio de d e sa g ra d a r a ju iz, o u de incor
re r em im popularidade, d e te rá o advogado n o cum prim ento
de seus deveres. (lo)
I I I — Z elará o advogado p ela su a com petência exclusiva
n a o rien tação técn ica d a causa, reservando ao clien te a decisão
do que lhe in te re ssa r pessoalm ente.
IV — N ão a firm a rá o advogado, como arg u m en to , su a
convicção pessoal d a inocência do cliente ou d a ju stiç a d a
causa.
V — M a n te rá o advogado, em, todo o curso d a causa, p er
fe ita cortesia em relação ao colega adverso, e e v ita rá fazer-lhe
alusões pessoais. (11)
V I — O advogado poderá publicar, n a im prensa, aleg a
ções forenses, que n ão sejam d ifam ató rias, n ão devendo, po
rém , provocar, o u e n tre te r, d eb ate sobre cau sas d e seu p a
trocínio. Q uando circu n stân cias especiais to m a re m conveni
e n te a explanação pú b ü ca d a c au sa, p o derá fazê-Ja, com a
s u a a ss in a tu ra e responsabilidade, evitando referência a fa
to s estranhos.
v n — Nos m em oriais e o u tra s publicações, sobre cau
sas que possam envolver escândalo público, especialm ente as
538
288
V o lu m e 4 C r ia ç ã o , P rim e iro s Percursos e D e s a fio s ( 1 9 3 0 - 1 9 4 5 )
SEÇÃO 4.»
I — Deve o advogado:
539
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O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
SEÇÃO 5.»
Relações em Juízo
I — Deve 0 advogado:
290
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SEÇAO 6.9
541
•àl 291
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O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
SEÇÃO 7.»
D esistê n cia ão m a n d a to
m — No caso de re n ú n c ia de m a n d a to , te r á o advogado
0 m aior cuidado em p reserv ar a defesa dos direitos a ele con
fiados, e abster-se de declaração pública, ou nos au to s, sobre
o m érito d a causa.
SEÇÃO 8.»
H on o rá rio s
542
292 9AB
\'o lu m e 4 C ria ç ã o , P rim e iro s Percursos e D e s a fio s ( 1 9 3 0 - 1 9 4 5 )
SEÇÃO 9.»
O bservância do C ódigo
543
OAI 293
______________História da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
SEÇÃO 10.9
E xte n sã o do C ódigo
SEÇAO 11.9
M o d ific a ç ã o do Código
SEÇAO 12.9
V ig ê n d a do C ódigo
544
294 •Ál
V o lu m e 4 C r ia ç ã o , P rim e iro s Percursos e D e s a fio s { 1 9 3 0 - 1 9 4 5 )
•ál 295
S«ntB M irl« • RS • (55) 7 7 7 X ff\
WWWpWW&WMLbf
CZvn MmM fomècióos.
Este quai-lo volum e - C R IA Ç Ã O . PRIM EIROS PE R C U R SO S E
D E SA F IO S - refere-se a fatos de extrema importância no conjunto
da HISTORIA D A O R D E M D O S A D V O G A D O S D O B R A SIL, porque
registra acontecim entos surgidos imediatamente após a sua criação e m 19
de novem bro de 1930. É nesse primeiro embate, isto é. na década de trinta,
que se destacou, no cenário nacional, a figura singular de S O B R A L
PINTO, tom ando-se, por sua bravura, com petência e habilidade, o sím bolo
dos advogados brasileiros. Presos o s líderes com unistas Luiz Carlos Prestes
e H a n y Bergen o Presidente da O A B do antigo Distrito Federal e Vice-
Presidente do C onselho Federal, no R io de Janeiro. Dr. Targino Ribeiro,
designou Sobral Pinto, alravés d o O fício r f 20, de 08 de janeiro de 1937.
para ser o advogado dos referidos presos. Contam que os advogados
da área criminal da época receavam assumir o patrocínio de cliente nessa
situação tendo em vista o caráter repressor e rancoroso do T S N . pois já era
com um confundir-se a pessoa do acusado com a pessoa do advogado.
Targino Ribeiro, habilmente, observando que Sobral Pinto era um líder
católico convicto e praticante, seguidor da filosofia de S. Tomás de Aquino,
e, além disso, um dos fundadores e {^residentes do Centro D om Vital,
nom eou-o defensor dativo dos referidos réus. Sobral Pinto se agigantou
e se notabilizou na defesa, utilizando todas as suas forças mentais
e criativas a ponto de invocar a lei de proteção aos animais para reivindicar
celas condignas para o s seus clientes, que se encontravam
enclausurados num esp aço impróprio a um ser humano,
um deles fora jo ga d o num vão. debaixo
de uma escada, que não lhe permitia