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Disciplina: Leis sistêmicas de ajuda

Autora: Esp. Dora Nogueira Maciel

Revisão de Conteúdos: Esp. Alexandre Kramer Morgenterm

Revisão Ortográfica: Esp. Murillo Hochuli Castex

Ano: 2019

Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas


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Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em
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1
Dora Nogueira Maciel

Leis sistêmicas de ajuda


1ª Edição

2019

Curitiba, PR

Editora São Braz

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Editora São Braz
Rua Cláudio Chatagnier, 112
Curitiba – Paraná – 82520-590
Fone: (41) 3123-9000

Coordenador Técnico Editorial


Marcelo Alvino da Silva

Revisão de Conteúdos
Alexandre Kramer Morgenterm

Revisão Ortográfica
Murillo Hochuli Castex

Desenvolvimento Iconográfico
Juliana Emy Akiyoshi Eleutério

FICHA CATALOGRÁFICA

MACIEL, Dora Nogueira.


Leis sistêmicas de ajuda / Dora Nogueira Maciel. – Curitiba: Editora São Braz,
2019.
45 p.
ISBN: 978-85-5475-444-0
1.Ajudante. 2. Constelações. 3. Sensibilidade.
Material didático da disciplina de Leis sistêmicas de ajuda – Faculdade São
Braz (FSB), 2019.

Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870

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PALAVRA DA INSTITUIÇÃO

Caro(a) aluno(a),
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Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier,


nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão
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comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do
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comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as
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grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e
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Bons estudos e conte sempre conosco!


Faculdade São Braz

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Sumário
Prefácio ..................................................................................................... 06
Aula 1 – O ajudar e as Forças do Amor ................................................... 07
Apresentação da Aula 1 ............................................................................ 07
1.1 O ajudar e as Forças do Amor ................................................. 07
1.2 As Forças do Amor .................................................................. 08
1.2.1 A Hierarquia: estar no seu lugar para ajudar ........................ 09
1.2.2 O Pertencimento: incluir o que está excluído ........................ 13
1.2.3 O Equilíbrio: a ajuda como compensação ............................. 15
1.2.4 A aceitação: dizer sim para o ajudado e o seu destino ........ 17
Conclusão da aula 1 .................................................................................. 20
Aula 2 – As Ordens da Ajuda (Primeira e Segunda) .................................. 21
Apresentação da aula 2 ............................................................................ 22
2.1 Primeira Ordem: Equilibrar dar e receber ................................ 22
2.2 Segunda Ordem: Nos submeter às circunstâncias ................... 23
Conclusão da aula 2 .................................................................................. 27
Aula 3 – Ordens do Amor (Terceira e Quarta) ............................................ 27
Apresentação da aula 3 ............................................................................. 27
3.1 Terceira ordem da ajuda: adulto perante adulto ....................... 28
3.1.1 O ajudante no triângulo da manipulação ............................... 31
3.2 Empatia sistêmica .................................................................... 33
Conclusão da aula 3 .................................................................................. 36
Aula 4 – As Ordens da Ajuda (Quinta) ........................................................ 37
Apresentação da aula 4 ............................................................................. 37
4.1 O amor a cada um como é ........................................................ 37
Conclusão da aula 4 .................................................................................. 40
Conclusão da disciplina ............................................................................. 42
Índice Remissivo ........................................................................................ 43
Referências ............................................................................................... 44

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Prefácio

Nesta disciplina serão tratadas as leis sistêmicas da ajuda (As Forças do


Amor e as Ordens da Ajuda), segundo Bert Hellinger e Brigitte Champetier, que
servirão de apoio para que cada aluno desenvolva, a seu tempo, uma postura
sistêmica de ajuda, tanto na sua vida pessoal quanto profissional. Além disso,
serão trazidas histórias vivenciadas por profissionais sistêmicos, para que se
visualize a aplicação prática do conteúdo.

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Aula 1 – O ajudar e as Forças do Amor

Apresentação da aula 1

Nesta aula será refletido sobre o que significa ajudar, sob a perspectiva das
Constelações Familiares e das Forças do Amor (a Hierarquia, o Equilíbrio, o
Pertencimento e a Aceitação).

1.1 O ajudar e as Forças do Amor

Como é possível ajudar verdadeiramente alguém? Como é possível


ajudar sem atrapalhar a si e ao outro? Muitas vezes, ao ajudar, o ajudante não
suporta a carga, enfraquece e adoece. Outras vezes, ao ajudar, o ajudante e o
ajudado saem mais fortes, sentindo um impulso de vida. Observando esses
fenômenos, Bert Hellinger, o precursor das Constelações Familiares, percebeu
que algumas intervenções enfraqueciam o ajudante e o ajudado, enquanto
outras traziam leveza e força aos envolvidos.

Para Refletir
Você, que está lendo essas palavras, carrega dentro de si
uma sabedoria... Sabedoria essa que foi conquistada ao
longo de um caminhar e que se aprofunda conforme os olhos
veem mais longe.
Essa disciplina, sobre a relação de ajuda, é um convite para
um caminhar conjunto, ainda mais além. Será, para cada um,
uma oportunidade de crescimento. Pois, ao observar e
vivenciar as leis sistêmicas da ajuda, poderemos perceber
em nós de que lugar e com que postura costumamos ajudar.
Além disso, durante o ajudar, muitas vezes vamos entrar em
ressonância com as dores e os dilemas do ajudado, e
poderemos também observar nossas próprias dores e
dilemas. Por isso, viver as leis sistêmicas exige coragem: a
coragem de assumir a própria humanidade e de olhar para o
que acontece dentro de nós, quando queremos ajudar algo
ou alguém.

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1.2 As Forças do Amor

Muitas vezes nos conectamos com uma pessoa que está sofrendo e
queremos utilizar o nosso conhecimento e agir rápido para retirá-la
imediatamente de seus conflitos e dilemas. No entanto, segundo a abordagem
das Constelações Familiares, as dores e dilemas podem ser grandes recursos
para que uma pessoa cresça, viva ou inclua algo importante do seu sistema.
Como um exemplo prático, podemos imaginar um professor com o
conhecimento sistêmico, por exemplo. Para este professor, o conhecimento
técnico sobre o que fazer na sala de aula não basta. É preciso desenvolver a
percepção de quando é possível e permitido intervir, de que maneira e de qual
lugar. Para tanto, nesta aula, estudaremos as Forças do Amor, desta vez com o
foco na relação de ajuda, com exemplos de profissionais sistêmicos.
E o que são as Forças do Amor?
Quando Bert Hellinger aborda a questão das leis sistêmicas, ele se recusa
a ser categórico, para não interferir na liberdade de cada um para evoluir e
aprender. As primeiras leis sistêmicas simplificadas por Hellinger foram
chamadas de Ordens do Amor e são três: Hierarquia, Pertencimento e Equilíbrio.
Para Hellinger, a ordem precede o amor e este só pode se desenvolver dentro
dela. Quando o amor se adapta à ordem, ele prospera, assim como uma
semente se adapta ao solo e ali cresce e prospera. Ou seja, pode-se entender
que quando o ajudante está em consonância com essas forças sistêmicas, as
suas intervenções de ajuda, se permitidas, podem ter um efeito assertivo e
duradouro.
Chamadas por diferentes nomes (Ordens, leis ou princípios), estas leis
sistêmicas, na abordagem das Constelações Familiares, não são como leis
morais que devem ser obedecidas, mas sim como forças que naturalmente
atuam nos relacionamentos, e que, se desrespeitadas, originam conflitos,
tensões e emaranhados sistêmicos. Em virtude dessa característica de força
natural, independente da moral, a consteladora sistêmica Brigitte Champetier,
contemporânea de Hellinger, propôs o termo Forças do amor, e sugeriu uma
quarta ordem do amor: Aceitar tudo o que é.
Para apreender mais sobre a ajuda que fortalece o sistema, estudaremos
as relações de ajuda sob o prisma das Forças do Amor (Hierarquia, Equilíbrio,

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Pertencimento e Aceitação). Essas leis sistêmicas serão apresentadas em
conjunto com casos práticos vivenciados por profissionais sistêmicos.

1.2.1 A Hierarquia: estar no seu lugar para ajudar

Segundo Bert Hellinger, ajudar é uma arte, isto é, faz parte dela uma
faculdade que pode ser aprendida e praticada e também faz parte dela uma
sensibilidade para compreender aquele que procura ajuda.
Por esse pensamento, podemos deduzir que há algo de artesanal na
ajuda que não pode ser absorvido somente pela leitura da teoria. Deve ser
vivenciado, praticado e aprimorado diariamente na vida pessoal e profissional do
ajudante.
De acordo com o princípio sistêmico da hierarquia ou da precedência de
Hellinger:

cada grupo tem uma hierarquia, determinada pelo momento em que


começou a pertencer ao sistema. Isso quer dizer que aquele que entrou
em primeiro lugar em um grupo tem precedência sobre aquele que
chegou mais tarde. Isso se aplica às famílias e também às
organizações (HELLINGER, 2001).

Ou seja, “aqueles que chegam antes, cronologicamente, prevalecem


sobre os que chegaram depois. Nessa lei, os mais velhos são hierarquicamente
superiores aos mais novos”.
Pode-se visualizar uma infração à ordem e à hierarquia a partir da
elucidação de um dos autores clássicos da terapia estrutural, Salvador Minuchin,
quando ele enuncia o fenômeno do filho parental, que ocorre quando o poder
parental é deslocado de um dos genitores para um filho. Da mesma maneira, o
movimento contrário também acontece, como, por exemplo, alguém de uma
hierarquia superior que não assume o seu lugar como grande. Hellinger
exemplifica: “Se o homem continua a ser um filho em busca de uma mãe e a
mulher continua a ser uma filha em busca de um pai, suas relações, embora
possam ser intensas e afetuosas, não são relacionamentos de homens e
mulheres adultos”. Com essas informações, pode-se imaginar nas famílias
dinâmicas de desordem simultâneas, em que o adulto se coloca no lugar da
criança e a criança se coloca no lugar do adulto, que a criança se coloca no lugar

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do adulto quando este está excluído ou indisponível, ou ambos os adultos se
colocam no lugar de criança e esperam que o outro cônjuge, ou alguém externo,
se responsabilize pela relação.
O princípio da Hierarquia, neste ponto, é um convite à reflexão para o
ajudante.
Qual é a o lugar do ajudante perante o ajudado? Ele olha o ajudado de
cima, como quem se sente superior? Ele ajuda como um pai? Ou ele olha o
ajudado a partir de um lugar de humildade?
Cada pessoa tem um lugar bom e possível, quer goste dele ou não, e esse
é o lugar em que a relação de ajuda flui. Sempre que o indivíduo está fora do
seu lugar, a consequência é que a tentativa de ajuda é frustrada, se torna inócua
para quem pede ajuda ou pesada para o ajudante. Às vezes, as duas coisas.
E em que lugar deve estar o ajudante?
No lugar de último, frente a tudo que o precede. Segundo o princípio da
Hierarquia, aquele que chega depois tem que respeitar o sistema que já estava
antes dele. Quando aqueles que chegaram primeiro se sentem respeitados,
esses primeiros se voltam amorosamente para o ajudante. Por outro lado, se o
ajudante não respeita o mais antigo, se torna algo incômodo para o sistema, não
tem autorização ou permissão para atuar. Se torna como um prego dentro de um
sistema digestivo. Ou é cuspido para fora ou causa danos ao sistema.
Como visualizar a Hierarquia na Educação Sistêmica? Qual o melhor
lugar para o professor, diante dos pais dos alunos, para que a aprendizagem
aconteça?
É possível observar a Hierarquia na relação do educador com os pais dos
alunos. Os estudiosos da educação sistêmica têm sido unânimes em dizer que
os pais têm o primeiro lugar nas escolas, e os professores vêm depois. Isso
porque, quando os pais dão a vida aos filhos, possibilitam que a escola exista e
que todos os funcionários que servem à escola possam ter uma ocupação. Sem
pais não há filhos, sem filhos não há escola e sem escola...
Leo Costa, autor do livro O lugar dos Pais na Escola, afirma que eles são
os que vêm primeiro no sistema, e por isso cabe a eles o lugar de honra na
escola.
E o que significa na prática da ajuda enxergar os pais como primeiros?

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Marianne Franke-Gricksch, a autora do livro Você é um de nós, por
exemplo, cita no início do seu livro que, ao olhar os alunos, os imaginava junto
com seus pais.

“Um dia, já era no início dos anos 90, disse inesperadamente aos alunos
de uma sexta série que eu havia assumido há pouco tempo: “Eu sempre vejo
vocês juntos com seus pais em nossa sala-de-aula. Para mim está claro que
aqui não estão sentadas apenas 22 crianças, mas 22 famílias perante mim,
portanto junto com pai e mãe são 66 pessoas, mais eu, meus filhos e o pai
deles”.

Visualizar os pais é um recurso importante para a ajuda sistêmica.


Quando a ajudante os visualiza na sala de aula, dá um lugar de honra na sala
de aula, permitindo que os alunos integrem os valores que aprendem com os
pais e os conhecimentos adquiridos em sala.
A mesma autora relatou que ao conduzir uma conversa com os pais de
um aluno, percebeu que atuava bem um término de uma conversa em que os
pais se sentiam entendidos. E que era inapropriado insistir na força de atuação
das ordens sistêmicas básicas. Ela sabia que atuariam de uma outra forma.

Os ancestrais
Fonte: https://lavenganzadehipatia.wordpress.com/2015/11/01/constelaciones-familiar
es-lo-que-no-se-cuenta/

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Converse Com Seus Colegas
Leia e discuta com seus colegas o breve artigo O Lugar dos
Pais na escola (Leo Costa). O autor é Educador Sistêmico e
esclarece o lugar dos pais na escola, trazendo a sua
experiência, bem como a abordagem desenvolvida por Bert
Hellinger e Marianne Franke-Gricksch.
Fonte: https://iperoxo.com/2016/10/17/educacao-sistemica-o
-lugar-dos-pais-na-escola-um-artigo-de-leo-costa/

Outra maneira de visualizar o princípio da Hierarquia é pensar na relação


do professor com os colegas que vieram antes dele.
Um professor pode ajudar uma turma de alunos em um sistema escolar
quando se coloca como último frente a uma ordem de professores que o
antecederam. Leo Costa, autor do livro O professor e a postura sistêmica,
exemplifica essa postura:

“Para seguir com leveza, o professor com a postura sistêmica diz


internamente aos colegas que ensinaram àquela turma anteriormente: "Sim!
Vocês foram os professores certos para os meus alunos. Dou a todos vocês
um lugar no meu coração. Sigo, com alegria, ensinando, do lugar de professor
do estágio atual, e me alegro com o que vocês ensinaram aos meus alunos.
Do jeito que foi, digo sim e concordo".

Dessa maneira respeitosa, o professor atual segue com mais liberdade e


tem a confiança dos alunos, que se abrem para o novo.
Um outro exemplo sobre a ajuda sistêmica é o respeito ao princípio da
Hierarquia, é a história contada pela ex-diretora Hellen Vieira da Fonseca, que
instalou placas de respeito e reconhecimento na escola onde trabalhava:

[...] Fizemos uma placa individual contendo: nome e data do período


de gestão dos diretores que passaram por esta escola. Estas placas
foram afixadas ao lado da placa de inauguração da escola na
sequência da ordem dos dirigentes.
Construímos um templo de oração ecumênico respeitando todas as
religiões.
O dia da inauguração do templo foi o mesmo dia em que
homenageamos todos os diretores que passaram. Para este dia
convidamos os quatro diretores anteriores, apesar de apenas o último

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poder comparecer, todos foram lembrados e homenageados. Foi um
momento mágico onde todos alunos, professores, demais funcionários
e pais estiveram presentes com uma emoção que para muitos foi
inexplicável. No momento solene da faixa de inauguração do templo e
retirada do pano que cobria as placas fiz um agradecimento a todas as
diretoras que vieram antes citando o nome completo de cada uma e o
tempo de gestão, agradeci o empenho e dedicação, a forma individual
em que cada uma conduziu no trabalho, o respeito que tiveram por
todos que passaram e ainda estavam na escola e que entendia que a
forma com que dirigiram a escola foi a certa para aquele momento.
Olhei nos olhos da diretora anterior a minha gestão, senti meus pais
como se estivessem atrás de mim e pude também sentir como se os
pais dela estivessem atrás dela e senti a força dos quatro diretores que
vieram antes, agradeci e pedi com respeito que ela olhasse para o meu
trabalho e para tudo que eu fizesse ali naquela escola com carinho. Fiz
uma grande reverência a ela e extensiva a todas as outras que imaginei
estarem atrás dela, Naquele momento senti que algo muito forte
acontecia, mas não consigo descrever; apenas que meu coração
estava cheio de alegria, amor e respeito pela oportunidade de viver o
momento.
Hoje, quatro anos depois, sei como foi importante o que fizemos
naquele dia, mesmo que muitas pessoas ainda não o entendam,
iniciou-se um caminho de respeito a tudo e a todos naquela escola,
onde as contribuições individuais são importantes, as pessoas
passam, mas deixam e levam algo.
Fica um sentimento profundo de que o benefício desse trabalho não
envolve apenas funcionários, mas os alunos e suas famílias
(FONSECA, 2007).

Na história da ex-diretora, notam-se dois movimentos importantes. O


movimento de fazer placas de reconhecimento, em que simbolicamente ela se
coloca por último frente aos diretores que vieram antes, fazendo uma reverência
aos diretores antigos e reconhecendo o lugar importante que eles têm na escola.
E também, o movimento de construir um espaço ecumênico, trazendo inclusão
das religiões e, por consequência, dos valores e religiões dos pais dos alunos.
Isto é, as Forças da Hierarquia e do Pertencimento caminhando juntas.
No tópico seguinte, estuda-se com mais detalhes a força do
Pertencimento no viés da ajuda.

1.2.2 O Pertencimento: incluir o que está excluído

Segundo Hellinger e Hövel, a Lei do Pertencimento determina que


“aqueles que pertencem a um sistema têm o direito de pertencer a esse sistema
e têm o mesmo direito que todos os outros”. Isto é, nenhum membro do sistema
pode ser excluído ou preterido.

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Hellinger notou também que “[...] existe no grupo familiar uma pressão
irresistível para restaurar a completude perdida e para compensar a injustiça
cometida, no sentido de que o membro excluído seja representado e imitado por
outro membro da família”. Nesse olhar sistêmico, então, o efeito da exclusão no
sistema é a compensação por meio de outro membro no sistema, que representa
e imita as características do membro excluído.
Sobre a exclusão e seus efeitos, Carolyn Boyes-Watson e Kay Pranis:

Nos faz lembrar que não há jovens e pessoas que possamos jogar fora.
Nós não podemos desistir, chutar ou nos livrarmos de nada sem,
literalmente, jogar fora uma parte de nós mesmos. Ao excluir alguém,
nós nos prejudicamos e prejudicamos o tecido de nossa comunidade
(WATSON, PRANIS, 2018).

Excluir alguém, nesse sentido, seria causar um dano para todo o sistema.
Quando o princípio do Pertencimento é aplicado na relação de ajuda, o
profissional sistêmico percebe o que ou quem está excluído e dá um lugar
especial. Um exemplo de como isso acontece pode ser mostrado pela história
contada por Marianne Franke-Gricksch:

[...] Um dia, durante o recreio, os garotos muçulmanos da turma retiraram a


cruz que ficava pendurada sobre a porta. Quando o recreio acabou, escutei o
que eles tinham a dizer sobre isso. Um deles disse que não queria sentar-se
numa sala onde estava pendurada uma cruz cristã, e que seu pai havia dito a
mesma coisa. Em resposta, peguei um papel, tinta e canetas-tinteiro e
perguntei qual deles era capaz de escrever o começo da Shahada, sua prece
(Não há nenhum Deus, exceto Deus) em árabe. Duas das meninas sabiam
como fazê-lo e escreveram. Mais tarde, pendurei a prece na face interna da
porta, diretamente ao lado da cruz. As crianças ficaram satisfeitas. As notícias
correram rápido. Nessa época, um bom número de pais muçulmanos veio me
ver em meus horários de trabalho extraclasse, alegando que queriam falar
comigo. Mas o que realmente queriam era ver a Shahada pendurada ao lado
da cruz. Eles estavam visivelmente satisfeitos.”

Essa ajuda inclusiva, diante de um conflito, é sistêmica e tem força.


Quando os pais, assim como a pátria e a cultura dos pais, são vistos e

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respeitados, então eles podem confiar na escola. Por ressonância, os alunos
podem confiar na escola e no professor.

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SUGESTÃO DE LEITURA

Leia a obra Você é um de nós, (Marianne


Franke-Gricksch). Este é um dos livros
base da Pedagogia Sistêmica e tem muitos
casos práticos de ajuda em sala de aula.

Vídeo
O filme Viva! A vida é uma festa demonstra como a força do
pertencimento atua nas crianças e a maneira como se
conectam com excluídos do sistema familiar. Link do trailer:
https://www.youtube.com/watch?v=iLmZZV-Nkuk

1.2.3 O Equilíbrio: a ajuda como compensação

O terceiro princípio sistêmico é o Equilíbrio. Hellinger, por meio de suas


experiências com diferentes clãs e famílias, constatou que os “nossos
relacionamentos, bem como nossas experiências de culpa e inocência
começam com o dar e o receber. Nós nos sentimos credores quando damos e
devedores quando recebemos. O equilíbrio entre crédito e débito é a segunda
dinâmica fundamental de culpa e inocência nos relacionamentos”. Ou seja,
nesse olhar, o equilíbrio se configura quando as pessoas de um relacionamento
de mesma hierarquia se revezam entre as atitudes de doar e receber.
Na Antropologia, já existem estudos empíricos que remetem a uma
necessidade de equilíbrio entre o dar e o receber nas relações. Marcel Mauss,
autor de Ensaio sobre a dádiva, discutiu os modos de reciprocidade, do

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intercâmbio e da origem antropológica do contrato. Os contratos implícitos entre
o dar e o receber foram encontrados nas sociedades ágrafas. Logo no início do
texto ele revela que “na civilização escandinava e em muitas outras, as trocas e
os contratos se fazem sob a forma de presentes, em teoria voluntários, na
verdade obrigatoriamente dados e retribuídos”.

Vocabulario
Ágrafas: línguas que não têm ou não admitem escrita; não
existe alfabeto, logo, não existe nenhum documento escrito
nas línguas em questão.

Esse equilíbrio pode ser tanto no sentido de dar e retribuir, como uma
troca de presentes, quanto no sentido de causar danos e compensar de maneira
equilibrada.
A seguir, segue um exemplo prático de como a ajuda pode ser feita para
compensar um dano, restabelecendo o equilíbrio da relação:

“Uma vez, um garoto da turma passou uma rasteira em outro menino


de um modo infeliz. A vítima caiu sobre um grande balde, quebrando sua rótula
e precisou ser levado ao hospital, operado e engessado. Esse caso foi muito
claro. Nós falamos sobre o que fazer quando causamos algo a outra pessoa
que vai muito além de nossas intenções originais. Era óbvio que o garoto que
tinha passado a rasteira no outro estava se sentindo miserável. Eu disse que
talvez ocorresse a ele algo que demandasse tanto tempo e envolvimento que
o garoto engessado ia sentir a sua necessidade de reparação e, com isso, a
sua culpa involuntária seria compensada.
Pedi à turma que não desse nenhuma sugestão, mas que deixasse que
isso fosse coisa dele. Todos os dias depois da escola, por 12 dias, esse garoto
ia ao hospital e levava para o “azarado” o dever de casa. Ele mesmo tinha tido
essa ideia, e seus pais permitiram as viagens, embora as famílias não se
dessem muito bem; como as crianças contaram mais tarde. Mais tarde o
conflito entre as duas famílias também terminou, e as duas mães começaram
a falar uma com a outra novamente”. (FRANKE-GRICKSCH, 2005).

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Percebe-se no caso acima, que a professora auxiliou o aluno a buscar
uma solução que trouxesse compensação ao dano causado, e o aluno, por sua
vez, encontrou uma solução que trouxe equilíbrio para a relação com o colega,
o que reverberou positivamente nos sistemas familiares e no sistema da turma,
trazendo reconciliação.

Saiba Mais
Brigitte Champetier Ribes, profissional
sistêmica que propôs a quarta Ordem do
Amor. Conheça mais sobre a autora e seus
estudos no site que ela administra.

Fonte: Site da própria profissional.


Link: https://www.insconsfa.com/br

1.2.4 A aceitação: dizer sim para o ajudado e o seu destino

O que você está fazendo


Não é importante.
O que é realmente importante
É o estado da mente
Em que você se encontra
Quando faz o que está fazendo.
Constantin Brancusi

Muitas vezes, temos uma tendência de ter pena ou indignação frente a


uma pessoa que está sofrendo, por causa de seu contexto familiar. Essa atitude,
só leva à uma tensão na relação, fazendo com que o ajudado perca a força ou
se retraia.
Aceitação é uma Força Sistêmica que foi sugerida pro Brigitte Champetier
Ribes. Aceitar tudo, no entanto, não significa passividade. Ao contrário, ao
aceitar aquilo que é dentro e fora de nós, paramos de dissimular a verdade,
reconhecemos o que existe e damos o foco para a solução. Assim resgatamos
a força para agirmos a favor da vida.
O primeiro passo para aceitar o destino do outro é aceitar o próprio
destino. Para dizer sim para o próprio destino, é preciso dizer sim para os pais
tal qual são. De acordo com esta tese, quando se concorda com os próprios pais,
como eles são, o ajudante está preparando o caminho para aceitar-se com todos

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os dilemas e virtudes. Com mais maturidade, após aceitar os pais, o ajudante
poderá aceitar a humanidade tal qual ela é, em todos os seus movimentos.

Amplie Seus Estudos


SUGESTÃO DE LEITURA

Leia a obra Aceitar o que existe (Rosette


Poletti e Barbara Dobbs). Este é um livro
curto e envolvente, que traz pistas e ideias
a todos aqueles que desejam concordar e
viver plenamente com o seu destino.

Quando o ajudante teme, rejeita ou conflita com algo, tende a atrair esse
algo e provocar o aumento das dificuldades. Na aceitação, nesse estado de ‘não
luta’, pode surgir um espaço aberto para as soluções, em que há liberdade e
fluidez.
Dessa forma, respeitar o próprio destino e o destino do outro libera o
ajudante para usar toda a sua energia de atenção para observar o sistema como
ele é.
Marianne Franke-Gricksch, no livro Você é um de nós, relata um caso de
supervisão em que a aceitação do destino do ajudado, pelo ajudante, interferiu
na relação de ajuda:

Franz é professor de uma escola elementar. Tem um aluno cujo pai


estava prestes a ser levado para a prisão. Esse homem tinha sido
condenado por fraude. Nas poucas semanas antes de começar a
cumprir sua sentença, estava tratando de regularizar o seu pequeno
negócio.
Franz nos contou que estava com pena do garoto. Ele sabia como era
isso de não ter pai. Seu pai tinha morrido de ataque cardíaco quando
ele tinha seis anos. Ele relatou que tinha frequentemente pensado
sobre a razão pela qual havia decidido ser professor numa escola
elementar, o que era incomum para um homem. Ele queria trabalhar
nas séries primárias para dar às crianças a possibilidade de receberem
cuidado e atenção paternais. Ele desejava substituir o pai para o
garoto, enquanto seu pai estivesse preso. Embora o garoto tivesse
confiado nele até então, nos últimos dias havia recuado e agido de
forma reservada.
Nós conversamos um pouco sobre a diferença entre pena e empatia e
como é essencial para a pessoa que está mostrando empatia deixar as

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circunstâncias como elas são e reconhecer e respeitar o destino da
outra pessoa. Isso requer firmeza, porque a pessoa que sente empatia
sente o quanto não pode ajudar e tem que aguentar isso, ao invés de
tentar amenizar ou mudar o destino da outra pessoa o que, nesse caso,
levaria a uma distorção dos fatos.
Franz disse: “Sim, talvez não seja bom mesmo para o garoto que eu
queira tomar o lugar de seu pai. Pois ele perderia seu professor e, ao
mesmo tempo, eu estaria me colocando acima do próprio pai, só
porque ele está na cadeia” ele disse isso muito sinceramente e era
exatamente a direção certa. Nós todos sentimos isso.
Seis semanas depois, Franz relatou o seguinte, durante o encontro de
supervisão:
Agora, eu me tornei um bom professor para o menino. Recentemente
disse a ele: realmente me impressiona como você lida com o fato de
seu pai estar preso porque fez algo incorreto e o modo como você o
mantém em seu coração. O garoto me olhou. Eu penso que foi a
primeira vez que alguém falou com ele sobre os acontecimentos e sua
atitude interna. Eu perguntei se ele havia visitado seu pai.
Ele confirmou com a cabeça e bravamente segurou as lágrimas. É bom
que você seja tão corajoso, eu disse, mas quando estiver comigo pode
chorar um pouco, se quiser, e ele chorou (FRANKE-GRICKSCH,
2005).

Durante essa supervisão profissional, a facilitadora percebeu que assim


que o professor tentou encobrir os fatos e ser um “pai substituto”, o garoto se
retraiu. E apenas quando o professor permaneceu em sua posição como
professor e respeitou o destino do menino foi que sua relação com ele tornou-se
proveitosa e confortante. Ao final, a supervisora conta que Franz reconheceu
que esteve tentado a projetar sobre o garoto suas necessidades não preenchidas
por seu próprio pai, e que agora reconhece o pai do menino como o único pai
certo para ele.

Para Refletir
Com base na história de Franz, reflita sobre você:
Há razões inconscientes que te conduziram para a sua
presente profissão?

Aqui cabe uma fala de Bert Hellinger:

Quando testemunho um acontecimento terrível, esse é também um


aspecto do mundo, e eu aceito isso. Quando vejo algo de bom, eu
também aceito isso. Dou a essa postura o nome de 'humildade': é o
fato de aceitar o mundo tal como ele é. Só essa aceitação torna
possível a percepção. Sem ela, os desejos, os medos, os julgamentos

19
(as construções do meu espírito), interferem na minha percepção
(HELLINGER, 2005).

Ou seja, a Aceitação exige humildade, pois reconhece a realidade e


concorda com ela. É uma lei sistêmica base para a compreensão das Ordens da
Ajuda, de Bert Hellinger.

Atividade Autoinstrutiva
Exercício Sistêmico: O viajante do futuro
Memorize as instruções abaixo e depois experimente fazer o exercício
sistêmico:
Encontre um lugar silencioso em que possa ficar sozinho, por pelo
menos 30 minutos.
Deixe um travesseiro ou almofada disponível, perto de você.
Sente-se confortavelmente, feche os olhos, faça respirações longas e
profundas e visualize os corredores de uma escola que você tenha
frequentado quando criança. Relembre como era o piso, as paredes, as portas,
e caminhe pela escola, por um tempo.
Encontre você mesmo(a) quando criança, em um momento pessoal que
tenha sido difícil.
Neste momento, vocês ficam a sós.
Olhe para ela e observe, agora como ajudante sistêmico(a). Como essa
criança está? Como está o seu semblante? O que ela está sentindo?
Imagine-se agachando até que fiquem na mesma altura.
Depois, diga as frases com um intervalo de silêncio entre elas:
Eu estou com você.
Eu reconheço o que você sente.
Caso sinta vontade de abraçar a criança, use a almofada e o
travesseiro, e permaneça nesse abraço o tempo que for necessário.
Ao fim, escreva as suas percepções durante a experiência. Exemplo:
observei que a criança estava se sentindo[...], senti tal coisa, não senti nada,
ficou mais leve/pesado quando[...] entre outros.

Conclusão da aula 1

Nota-se que as Forças do Amor falam principalmente de uma postura


interior diante do mundo e das relações. A sensibilidade que a postura sistêmica
de ajuda exige é desenvolvida por meio de uma jornada de auto-conhecimento,
auto-transformação e auto-realização, em que o ajudante aprofunda a sua

20
capacidade de se auto-observar: pois, verdadeiramente, só é possível oferecer
ao outro aquilo que já aprendeu a usufruir em si mesmo.
Nesta aula abordaram-se as Forças do Amor, sob o viés da ajuda. Pode-
se alcançar o entendimento de que para uma maior sensação de bem-estar nas
relações de ajuda é preciso estar em consonância com as forças que atuam nos
relacionamentos, isto é, incluir em seu coração todos os membros do sistemas
ao qual pertence (Pertencimento), se posicionar no seu devido lugar, reconhecer
aqueles que vieram antes (Hierarquia), permitir o fluxo equilibrado de troca entre
o dar e o receber nas relações (Equilíbrio) e aceitar o destino do outro, como ele
é (Aceitação).

Atividade de Aprendizagem
Releia a história da Hellen Vieira da Fonseca, do primeiro
tópico, sobre as placas de reconhecimento. Com base nessa
postura de reverência frente ao que veio antes, experimente
fazer uma pesquisa sobre as principais abordagens da
pedagogia que vieram antes da Pedagogia Sistêmica.
Coloque-as em uma linha do tempo, enumeradas por ordem
de precedência e com o ano de início. Olhe para todas elas,
uma a uma, e perceba quais são os sentimentos (indiferença,
aversão, simpatia, entre outros) que cada abordagem gera em
você. Ao fim, escreva as suas percepções sistêmicas.

Aula 2 – As ordens da ajuda (Primeira e Segunda)

Apresentação da aula 2

Nesta aula estudaremos as duas primeiras Ordens da Ajuda de Bert


Hellinger: Equilibrar dar e receber (1) e Nos submeter às circunstâncias (2).
Como um ajudante pode atuar de maneira que todos, incluindo ele
mesmo, seja beneficiado pelo gesto amoroso? Hellinger nos trouxe uma
sugestão e a resumiu em cinco ordens da ajuda.

21
2.1 Primeira Ordem: Equilibrar dar e receber

O ajudante só pode dar o que tem, não pode atender e ajudar a todos. Essa
afirmação pode ser lida e exemplificada ao se imaginar ajudados que têm uma
vida muito mais rica que a do ajudante. Se o ajudante não tem uma boa relação
com os pais, por exemplo, será pouco efetivo ao apoiar alguém a se reconciliar
com seus pais. Se o ajudante não desenvolveu alegria em sua vida, não pode
ajudar alguém a ter mais alegria.
Muitas vezes, oferecemos ao outro aquilo que já temos para nós mesmos.
Outras vezes, queremos oferecer para o outro aquilo que ainda nós mesmos não
conseguimos alcançar. Nesse caso, o ajudante, movido pelas suas carências e
reivindicações, tentou compensar suas dores ao aliviar as dores alheias.
Um exemplo desta dinâmica é exemplificada pela advogada sistêmica
Bianca Pizzatto de Carvalho, no seu livro Constelações Familiares na advocacia
sistêmica:

Por exemplo, uma mulher procura o advogado para se divorciar de seu


marido. Com o coração cheio de julgamentos e reinvindicações, a
esposa pretende culpar seu companheiro pelo fracasso matrimonial.
Se no sistema familiar do advogado existe ou existiu um conflito de
casal, de seus pais, por exemplo, e isso ainda não está consciente para
o advogado, pode ser que ele passe a sentir raiva do marido de sua
cliente, transferindo para a parte contrária do litígio as emoções
reprimidas do seu relacionamento com os pais que também se
divorciaram. Nessa situação o advogado alimenta a tensão e, junto
com sua cliente, patrocina a disputa judicial por anos e anos, para que
assim, não apenas o companheiro da sua cliente seja punido, como
também suas dores pessoais sejam vistas (CARVALHO, 2018).

Ou seja, para apoiar o ajudado a assumir uma nova postura, é necessário


que o próprio profissional sistêmico vivencie essa nova postura, de não
julgamento e de humildade frente ao próprio sistema que o precedeu.
Por isso, a primeira desordem acontece quando, ao ajudar, a pessoa dá
aquilo que ainda não consegue se presentear e o ajudado quer tomar aquilo que
de fato não necessita, ou ainda, quando a pessoa exige do ajudado aquilo que
ele não pode dar (essa última hipótese também será abordada na Terceira
Ordem da ajuda).

22
A primeira ordem da ajuda consiste em perceber esses limites e submeter-
se a eles. Esta forma de ajudar é humilde.

Curiosidade
Você sabia que as leis sistêmicas de ajuda, utilizadas na
Constelação Familiar, têm sido também utilizadas por
advogados e profissionais do Direito? Segundo Sami Stoch,
juiz precursor do Direito Sistêmico, essa perspectiva enxerga
o conflito em seu todo, pois se trata de “Uma visão sistêmica
do direito, pela qual só há direito quando a solução traz paz
e equilíbrio para todo o sistema”. O Direito Sistêmico já está
presente em tribunais de 15 estados, com palestras,
vivências e projetos, principalmente na área familiar e
criminal.

2.2 Segunda Ordem: Nos submeter às circunstâncias

Você já ouviu falar do mito da cama de Procusto?


Na Mitologia Grega, há a história de Procusto, um gigante que gostava de
hospedar as pessoas em sua casa. Em sua casa havia uma cama feita de ferro,
que tinha exatamente a sua medida. Os viajantes que passavam perto da sua
casa eram convidados a se deitarem na cama de Procusto.
O gigante, então, amarrava o seu hospede naquela cama. Se a pessoa
fosse maior do que a cama, ele simplesmente cortava fora o que sobrava. Se
fosse menor, ele espichava o hóspede e o esticava até caber naquela medida.
Segundo a lenda, Procusto foi morto por Teseu. Essa obsessão pela
adaptação a qualquer custo é conhecida na psicologia como Síndrome de
Procusto.
A segunda ordem da ajuda se trata de uma postura contrária, observadora
e cuidadosa. Ao invés do hóspede se adaptar à cama, a cama se adapta ao
hóspede. A segunda Ordem é nos submetermos às circunstâncias e somente
interferir e apoiar à medida que elas o permitirem. Essa ajuda é discreta e tem
força.

23
Imagem da mitologia de Procusto
Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Theseas-kai-Prokroustes-Theseus-and-Pro
crustes-Textbook-p44_fig2_329645775

O mito de Procusto remete à intolerância do ser humano em relação ao


outro. Porém, essa intolerância pode atuar de maneiras sutis.
Por exemplo, quando alguém tem uma formação e um conhecimento
prévio em uma determinada área, seja nas Constelações Familiares ou em outra
abordagem, e então quer aplicar o seu conhecimento no que se apresenta.
Nesse caso, muitas vezes, aquele que quer ajudar tenta enquadrar o indivíduo
ao seu conhecimento (a sua cama de Procusto), cortando para fora aquilo que
não se explica pelo seu saber prévio, e esticando algo para que caiba.
Outra dinâmica de desordem acontece quando, ao oferecer ajuda, a
pessoa carrega um propósito, uma intenção. Quando há um propósito ou uma
intenção, já não é mais possível ajudar sistemicamente, pois, nesse caso, o foco
do ajudante não é mais o ajudado e seu sistema, mas sim ele próprio, o seu
propósito e a sua intenção.
Podemos imaginar, por exemplo, um ajudante que tem uma boa intenção:
trazer mais vida para o ajudado. O ajudado, por sua vez, quer morrer e fazer
uma passagem tranquila. Nesse caso, o destino do ajudado pode ser tão difícil
para o ajudante que este se nega a enxergar. Esse querer ajudar contra as
circunstâncias e enfraquece aquele que espera ajuda.
Muitos ajudantes não suportam o destino do outro e querem mudá-lo
(contexto familiar, tragédias, herança genética, situação financeira, entre outros).

24
Porém, não querem fazê-lo porque o outro precise disto ou assim queira, mas,
porque eles mesmos não suportam olhar para a carga do destino do outro. É um
destino grande demais para o ajudante. Nesse caso, se a pessoa permite a
ajuda, faz querendo ajudar o ajudante e não porque ela precise. Existe uma
inversão, o ajudado está a serviço do sistema familiar do ajudante e não ao
contrário.
Para exemplificar a Segunda Ordem da Ajuda, pode-se observar esse
pequeno excerto do livro Ordens da Ajuda, em que, durante uma atividade de
supervisão, Hellinger se retirou e não realizou uma constelação sistêmica para
o caso apresentado pela participante:

PARTICIPANTE: Trata-se de uma mulher jovem que vive só. Ela teve
relacionamentos com quatro africanos, ficando grávida de cada um deles.
Interrompeu a gravidez duas vezes e deu duas crianças para adoção. Ela tem
psicose.
HELLINGER: Você não conseguirá ajudá-la. Não se pode fazer isso
aqui. Deixe-a com o seu destino. Dessa forma, ela conserva a sua dignidade.
Ok?
Ela concorda com a cabeça.
HELLINGER: para o grupo; Existe uma ideia bastante difundida de que,
quando alguém faz uma formação como psicoterapeuta, assistente social ou
professor, sente que foi chamado, que tem direito e também que precisa ser
capaz de interferir nos destinos e mudar o decurso da vida e, na verdade,
segundo a sua própria ideia.
Para a participante; Quando se renuncia a essa ideia, pode-se viver bem
tranquilo.
O grupo ri alto e bate palmas.
Trecho retirado do livro Ordens da Ajuda
Autor: Bert Hellinger

O ajudante percebe os seus limites, e sabe quando o destino do ajudado é


grande demais para ele. Nesse momento, o ajudante se recolhe.
Dessa forma, a desordem desta ordem da ajuda seria oferecer ajuda de
maneira insistente e imposta, infligir as suas ideias, bem como negar ou encobrir
as circunstâncias, ao invés de olhá-las juntamente com aquele que procura
ajuda.

25
Vídeo
Sugere-se assistir ao filme Os camelos também choram
(Direção: Byambasuren Davaa, Luigi Falorni). O filme conta a
história de uma família de pastores nômades que ajudam uma
camela durante um parto difícil, que resulta em um raro filhote
branco. No entanto a mãe rejeita o filhote e a família manda dois
garotos buscarem um músico, esperando que ele consiga fazer
a camela se curar do trauma do parto e aceitar o filhote. Neste
excerto, o músico se conecta com a vibração do animal e a partir
dessa conexão cria algo novo. Essa postura perceptiva com
intervenções sutis está relacionada a segunda ordem da ajuda.
Fonte: link: https://vimeo.com/28195090

Atividade Autoinstrutiva
Essa atividade se trata de um exercício sistêmico para auxiliar o ajudante diante
de um comportamento difícil de um jovem.

Para realizar entre duas pessoas, o adulto diante do bloqueio ou comportamento


difícil, ou em visualização.
Devemos sintonizar com o "SIM, assinto a tudo."
Olhamos o jovem com respeito, honrando seu destino e dizendo-lhe “seu amor
é tão grande. Obrigado por ser como é”.
Honramos seu comportamento difícil e tomamo-lo em nosso coração.
Colocamos um excluído a quem estiver olhando inconscientemente.
Nós colocamo-nos em frente, a certa distância e muito menor do que esse
excluído. E reverenciamos este excluído, de joelhos, ou inclusive, deitados de
barriga para baixo.
Honramos seu sofrimento, sua vida inconclusa, seu destino. Sem desejar nada,
nem dizer nada, somente respeitar e agradecer àquele que não foi respeitado. E
falamos para o ou a jovem: você é (seu nome) o filho, ou a filha, de (nome do
pai) e de (nome da mãe).
Decorrido um tempo, retiramo-nos”.

Fonte: o exercício foi elaborado pela consteladora Brigitte Champetier Ribes, e


mais instruções sobre como realizar exercícios sistêmicos podem ser
encontrados no link: https://www.insconsfa.com/br_ejercicios.php

26
Conclusão da aula 2

As duas primeiras ordens da ajuda apontam para uma postura de


humildade, que exige do ajudante muita atenção e presença. A humildade de
perceber e respeitar os próprios limites internos no dar e tomar, e a humildade
de se submeter às circunstâncias predeterminadas pelo destino e somente
interferir apoiando enquanto elas permitirem.
A Primeira Ordem nos remonta à Força do Equilíbrio, pois se trata de dar
apenas o que se tem e pegar para si somente o que necessita. Dessa forma,
quem ajuda e quem é ajudado são beneficiados. A segunda Ordem dialoga com
a Força da Aceitação, pois nos convida a enxergar a realidade tal qual ela é, com
as suas limitações. Quando reconhecemos o verdadeiro e concordamos com
ele, não precisamos colocar as nossas ideias ali. O desiquilíbrio destas ordens
também traz dificuldades no processo de ajuda.

Atividade de Aprendizagem
Leia o Caso 1 - Estou escutando o seu coração que está na
página 13 do e-book O que é Pedagogia Sistêmica e como ela
pode ajudá-lo? (Décio Fábio de Oliveira Júnior, Wilma Costa
Gonçalves Oliveira e Hellen Vieira da Fonseca). Escreva as
suas percepções de como as leis sistêmicas, vistas nas duas
últimas aulas, podem ter sido utilizadas no atendimento do
profissional sistêmico.
Disponível no link:
https://www.profdoni.pro.br/home/images/sampledata/2014/liv
ros/o_que_e_a_pedagogia_sistemica.pdf

Aula 3 – Ordens do Amor (Terceira e Quarta)

Apresentação da aula 3

Esta aula trata a Terceira e a Quarta Ordens da Ajuda, propostas por Bert
Hellinger.

27
O principal arquétipo da ajuda, segundo Hellinger, é a relação entre pais e
filhos. Por isso, é muito comum que as pessoas acreditem que devem ajudar
como se fossem pais que auxiliam seus filhos pequenos. Também aqueles que
solicitam ajuda, muitas vezes, esperam recebê-la como se viesse de pais para
os filhos, ou seja, exigem, inconscientemente, receber aquilo que seus pais
“deveriam” estar lhe dando. Dessa forma, é comum que o ajudado projete no
ajudante a imagem de seus pais, e o ajudante projete no ajudado a imagem de
seu filho. Diante desse contexto, surge a Terceira Ordem da Ajuda: adulto
perante adulto.

Vocabulario
Arquétipo: os arquétipos são imagens psíquicas do
inconsciente coletivo e que são patrimônio comum de toda a
humanidade; assim como o paraíso perdido, o dragão, o
círculo são exemplos de arquétipos que se encontram nas
mais diversas civilizações.

3.1 Terceira ordem da ajuda: adulto perante adulto

Se eu procuro pelo problema eu me sinto superior; se eu olho para


solução eu vou junto com o fluxo, nem acima nem abaixo, exatamente
no mesmo nível (HELLINGER, 2005).

A terceira ordem da ajuda recomenda que o ajudante veja em sua frente


uma pessoa adulta que busca uma maneira adulta de resolver algo. Isso implica
que o ajudante rejeite se colocar, ou ser colocado, no lugar de salvador ou no
lugar dos pais do ajudado.
Se o ajudado é uma criança ou um jovem, da mesma forma, é importante
que o ajudante olhe que sempre atrás de cada ajudado há uma ancestralidade.
O ajudado já tem pais e ele não deve ocupar esses lugares, pelo contrário, deve
honrar esses pais tal qual eles são.

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Ainda de acordo com Hellinger, os filhos podem esperar quase tudo de
seus pais, e estes estão dispostos a dar quase tudo para seus filhos. Com o
tempo, os pais vão colocando limites aos filhos, desiludindo as expectativas.
O mesmo é válido quando ajudantes lidam com crianças. “Na medida em
que somente representam os pais, os clientes podem se sentir acolhidos junto a
eles. Os ajudantes não se colocam no lugar dos pais” (HELLINGER, 2005).
A desordem aqui é permitir que um adulto faça reivindicações ao ajudante
como uma criança aos seus pais, e que o ajudante trate o cliente como uma
criança, para poupá-lo de algo que ele mesmo precisa e deve carregar (a
responsabilidade e as consequências). Ou seja, quando o ajudante decide ou
quer decidir algo pelo ajudado, está se apoderando dele e tirando-lhe a
oportunidade de se responsabilizar pela sua própria vida e força.
Segundo Leo Costa, o professor com a postura sistêmica não permite que
os alunos o enxerguem como a mãe ou o pai, nem que o coloquem no lugar
deles. Ao perceber isso, ele diz internamente: "eu sou apenas o professor e
tenho seus pais no meu coração". Ao fazê-lo, o professor elimina qualquer
chance de o aluno buscar nele algo que não consegue obter junto aos seus
próprios pais. O amor dos alunos pelos seus pais, portanto, flui para eles pelo
professor, que com essa postura os encoraja a amar a fonte e ir buscar nela a
sua própria força. Aqui, o professor permanece no seu lugar e tem muito a
oferecer aos alunos.
Para ilustrar a desordem e como ela pode ser reparada, segue a história
da ex-diretora Hellen Vieira da Fonseca, relatada no livro O que é pedagogia
sistêmica:

Uma aluna especial - entendendo o nosso lugar [...] “Esta experiência


vivi com uma aluna muito querida que estarei chamando de “M”, sua
mãe de “T” e seu pai de “P”. “M” foi minha aluna durante cinco anos,
nosso vínculo era muito forte e continuamos muito ligadas mesmo
depois da mudança de professor. Uma aluna classificada como
deficiente mental, com vários problemas de comportamento e
relacionamento. Sempre me buscava para ajudá-la a resolver suas
dificuldades, sua mãe dizia que não sabia o que fazer se um dia eu
saísse da escola, pois “M” me amava e eu sabia como conduzi-la sem
dificuldades. Quando assumi o cargo de diretora da escola, os conflitos
envolvendo esta criança continuaram e com o tempo passou a me
chamar de mãe. Percebi, muitas vezes, que fazia isso também na
frente de sua mãe. Eu dizia para ela que sua mãe era a “T”, mas não
adiantava. Algumas vezes, quando a mãe me entregava “M” na entrada
eu dizia para ela dar um beijo na mãe e se despedir, mas ela dizia:

29
“não. Eu gosto da Hellen, ela é minha mãe”. Sua mãe dizia que estava
tudo bem, que ela era assim mesmo, mas no meu íntimo sentia algo
estranho com estas colocações que se repetiam. Em um dos
workshops que participei, o facilitador colocou algumas questões
relacionadas a escolas que me tocaram profundamente, senti naquele
momento que este era o caminho para a solução do que estava
vivendo com “M”. Quando “M” me encontrou na escola, começou a falar
tudo outra vez. Disse a ela que teríamos uma conversa e que gostaria
que ela me ouvisse, olhei em seus olhos, visualizei meus pais atrás de
mim e visualizei seus pais por detrás dela e silenciei. Ela tentava
desviar o olhar, mas acabou se concentrando.
Disse para ela: - “Sua mãe é a T e seu pai é o P” “e graças aos dois
hoje eu tenho você como aluna nesta escola, “a T é a mamãe certa
para você e o P é o papai certo para você”, eles lhe deram a vida e têm
o meu respeito do jeito que são. Eu fui sua professora, hoje estou
diretora da escola e continuo gostando de você e sempre que
necessário vou agir como a diretora da escola”.
No início, ela estava resistente, mas depois percebi sua emoção e
disse para ela: “Como você se sentiria se sua mãe dissesse para você
que não queria você como filha, que queria outra filha?” Ela me
respondeu com a voz engasgada: “mal”.
Naquele momento, senti o fluir do nosso amor e a força deste trabalho
na escola quando amamos as crianças através de seus pais. Sei que
estive em uma posição de arrogância por ignorância e acredito que de
forma inconsciente estava me colocando acima da mãe, como se fosse
mais importante e melhor que a mãe da criança. Depois desse
momento tudo se acalmou. “M” passou a me chamar pelo nome e sua
mãe tinha uma expressão de alívio como se tivesse recebido a filha de
volta e aos poucos foram diminuindo as idas a minha sala e ela se
controlava melhor quando me encontrava.

A ex-diretora ainda relata que a maioria das pessoas que trabalham com
crianças especiais pensam que os pais não conseguem lidar bem com os seus
filhos. Muitos professores demonstram sentimento de pena, outros,
inconscientemente, demonstram isso em suas ações e colocações.
Para solucionar essa desordem, cabem as palavras de Hellinger:

[...] o professor quando vê os alunos também vê seus pais por detrás


deles. Toma os pais das crianças para dentro de seu coração,
independente de como sejam, pois, todos os pais são perfeitos, no seu
papel de pais; um professor respeita o que tem de especial em uma
família, quando encontra uma criança, sem ter a fantasia de que essa
família deveria ser diferente do que ela é (HELLINGER, 2005).

O que vai ao encontro da Segunda Ordem da Ajuda, que vimos


anteriormente, uma vez que enxergar a sabedoria do sistema familiar, não se
arrogando no papel de pai ou mãe da criança, é uma consequência da humildade
e concordância frente às circunstâncias que atuam no sistema. Esse tipo de
ajuda é respeitoso.

30
Sistema familiar
Fonte: http://caitlinconnolly.com/2016paintings

3.1.1 O ajudante no triângulo da manipulação

Aqui também é possível lembrar do Triângulo Da Manipulação, oriundo da


Análise Transacional, também chamado de triângulo dramático de Karpman. Em
suma, essa tese diz que facilmente as pessoas se engancham em dinâmicas de
manipulação. Na relação de ajuda, a dinâmica de manipulação pode ocorrer da
seguinte forma. Alguém se coloca no lugar de salvador, se oferece para ajudar
e insiste nesta ajuda. A pessoa que recebe essa intervenção se sente sufocada
e ataca o salvador, entrando em um lugar de perpetrador/agressor, e o
ajudante fica como coitado (vítima), lamenta, se queixa e começa a atacar
também, assim se transforma em perpetrador. Essa é a triangulação da
manipulação.
Essa dinâmica acontece frequentemente na nossa sociedade. O ajudante
deve reconhecer. Ao estar no adulto, o ajudante pode levar o ajudado para o
adulto, em que ambos reconhecem que têm a responsabilidade de escolher.

31
Triangulo dramático de Karpman

Perpetrador Salvador
Carrasco
Crítico.

Vítima submissa/
vítima rebelde.

Fonte: elaborado pelo autor (2019).

Portanto, percebe-se que quando alguém que se propõe a ajudar encara


o outro como individuo isolado, fica facilmente em perigo de uma transferência
da relação entre pais e filhos. A Quarta Ordem da ajuda, sobre a Empatia
Sistêmica, sugere enxergar o indivíduo que pede ajuda junto com seus
familiares, como parte de um sistema, como veremos a seguir.

Amplie Seus Estudos


SUGESTÃO DE LEITURA

Leia o e-book completo O que é


Pedagogia Sistêmica e como ela pode
ajudá-lo? (Décio Fábio de Oliveira Júnior,
Wilma Costa Gonçalves Oliveira e Hellen
Vieira da Fonseca).

32
Vídeo
O filme Nise, o Coração da Loucura (Direção: Roberto Berliner)
inspira a desenvolver um olhar além do óbvio, em que o
ajudante se abre para o mundo interno do ajudado e pode
enxergar a grandeza e profundidade desse mundo psíquico.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=UeAUNvcM_xk

3.2 Empatia sistêmica

Naturalmente o trabalho é conduzido por um profundo amor,


mas é um estranho amor. Não é um amor preocupado com a
pessoa, é um amor por algo maior do que a pessoa
individualmente (HELLINGER, 2005).

Estamos fazendo parte de vários sistemas nesse exato momento, o


sistema familiar, o sistema de um país, o sistema da espécie humana, o sistema
de uma categoria profissional, entre outros. Os primeiros leitores deste
documento, por exemplo, fazem parte do sistema Faculdade São Braz, que inclui
alunos, funcionários, professores, valores, uma cultura advinda de modos de
ensino que foi desenvolvida e aprimorada com o tempo.
O sistema familiar é um dos sistemas que mais atuam no indivíduo, por
ser aquele que tem precedência na sua vida. A família biológica é o clã, a tribo,
o grupo que caminhou de geração em geração, enfrentou crises, perdas,
desenvolveu habilidades, passou a vida adiante e trouxe o indivíduo até o
momento presente.
Na ajuda sistêmica, é necessário ver sempre aquele que pede ajuda como
alguém parte de um sistema familiar, um sistema familiar que tem uma sabedoria
própria. Com essa postura, podemos perceber o que a pessoa de fato necessita
e com quem na sua família e com qual dilema familiar ela está emaranhada.
Dessa forma, poderemos perceber que seus conflitos estão em sua vida e quais
movimentos de cura pessoal e sistêmica necessitarão ocorrer. Esse tipo de ajuda
é sistêmica.
Como exemplo dessa forma de empatia, podemos ler um caso prático que
está no livro Imensa Vida, de Tarso Firace:

33
Acompanhamos um caso de uma criança que era problema na escola.
Para tudo que a professora falava, ela dizia “é mentira”. A certa altura
a professora resolveu chamar uma terapeuta sistêmica para ajudar.
Esta, inteirando-se dos sintomas, chamou a mãe para conversar.
Perguntou. Qual a mentira na vida dela? Foi quando a mãe disse que
a menina é sua filha natural, mas o pai biológico foi o doador anônimo
de um banco de sêmem. “Ela sabe disso?” Perguntou a terapeuta. Não,
respondeu a mãe, nem sei como e se devo contar. Ela está pedindo a
verdade, tudo mais para ela, ela chama de mentira.
A terapeuta conversou com a menina e contou a sua verdade, “seu
nome”, o que despertou de imediato a vontade dela de conhecer o pai.
A terapeuta disse para a menina que na sessão seguinte ela veria o
pai. Assim a menina sossegou. No próximo encontro, a menina chegou
radiante de curiosidade. Foi levada à frente de uma cortina, e então a
terapeuta disse: “Aqui atrás, você vai ver seu pai””. Puxou a cortina, e
tinha ali um espelho. Então disse para a menina. Metade do que você
está vendo, é seu pai (FIRACE, 2005).

Nessa história, percebe-se que a profissional sistêmica, ao olhar para o


sintoma da criança, olhou para além do sintoma e para além da criança. Olhou
para onde o sintoma olha, olhou para o seu sistema familiar. Ao perceber o ponto
de exclusão, nesse caso, o pai biológico e toda a rama paterna buscou o
reconhecimento e a inclusão.
A empatia sistêmica visa todo o sistema, enquanto que a empatia pelo
ajudado tende a reproduzir exclusões já existentes. Podemos ver a diferença
entre a empatia comum e a empatia sistêmica no excerto do livro Ordens da
Ajuda, em que Bert Hellinger faz a supervisão de ajudantes:

PARTICIPANTE: Há dois anos que a cliente vive separada e sozinha


com seus filhos. Está muito bem financeira e profissionalmente. Mas ela
sempre sente necessidade de chorar e sente também uma pressão no peito...
HELLINGER: interrompe Ok. Para o grupo; Ela é uma típica ajudante
que sente compaixão. Para a participante; Você sente compaixão pela cliente.
PARTICIPANTE: Na verdade isso você não pode julgar direito.
HELLINGER: Para o grupo; Mas nós percebemos. Aqui um exercício
de percepção para vocês. Ela conseguirá ajudá-la? Para a participante: E
você, o que pensa? Você conseguirá ajudá-la?
PARTICIPANTE: Se sentir compaixão, não.
HELLINGER: Você não conseguirá ajudá-la. Por meio de sua
compaixão você excluiu, na verdade, a pessoa mais importante.
PARTICIPANTE: Eu mesma.
HELLINGER: O marido.
A participante ri.

34
Nessa perspectiva, a compaixão por aquele que espera auxílio deturpa a
clareza daquela que a oferece, inviabilizando a ajuda. Hellinger alerta que existe
o perigo de que:

Empatia sistêmica seja sentida como dura pelo cliente, principalmente


por aqueles que fazem reivindicações infantis ao ajudante. Pelo
contrário, aquele que procura uma solução, de maneira adulta, sente o
procedimento sistêmico como uma libertação e uma fonte de força
(HELLINGER, 2005).

A perspectiva da Empatia Sistêmica pode gerar muitas resistências em


categorias profissionais em que se espera que o ajudante tome partido do
cliente. Como, por exemplo, na advocacia.
A abordagem sistêmica da advocacia tem um olhar muito diferente da
advocacia convencional, o que pode causar algum tipo de estranhamento no
cliente, que espera um advogado que “compre a briga”.
No estudo de caso Advocacia Sistêmica de Família: Um Novo Olhar para
Os Mesmos Conflitos, questionei uma cliente de consultoria jurídica, se ela teve
algum tipo de receio em ser atendida pela abordagem sistêmica, e a cliente
respondeu que em um primeiro momento ficou frustrada, mas depois
compreendeu as consequências negativas que haveriam para si e todo o seu
sistema familiar, caso iniciasse um processo judicial sem provas, e percebeu a
postura sistêmica como um grande ganho, seguem palavras da cliente:

Pelo contrário né... Num primeiro momento naquela conversa que a


gente teve, naquela consultoria aqui que você me deu, num primeiro
momento assim “nossa mas essa advogada não compra a minha briga
né, que chato isso, eu queria alguém para me ajudar a martelar o meu
ex- marido” (risos) mas passado essa consciência de que do prejuízo
né acho que foi muito importante a consciência do prejuízo que um
processo pode gerar para criança e para nós, pra nossa família né
porque era o casal, a filha do casal, e os filhos anteriores de casamento
anteriores. (...) aí uma questão mais da tua conduta e não talvez do
direito em si, a todo momento você se manteve imparcial, me lembro
também que isso por vezes me irritou durante a conversa porque você
não aderiu, não tomou as minhas dores né, você se manteve muito
imparcial e depois eu vi isso como um grande ganho, no final da
conversa mesmo eu já vi isso como um grande ganho.

Nota-se na fala desta cliente a mudança de visão, já que no início da


consultoria a fala dela era a seguinte: “queria alguém para me ajudar a martelar
o meu ex-marido” e, após ir para um outro nível de consciência, uma consciência

35
sistêmica, ela pôde observar todos os envolvidos no conflito, inclusive os filhos
mais velhos dos casamentos anteriores. Isto é, ela desenvolveu uma empatia
sistêmica.

Vídeo
Este vídeo é um excerto do filme Blow up (Direção:
Michelangelo Antonioni). É uma cena sutil, em que um
personagem é convidado para participar de uma dinâmica
desconhecida. Esse vídeo pode ser conectado com a
capacidade do profissional sistêmico em observar o sistema
como um todo e enxergar dinâmicas invisíveis. Link:
https://www.youtube.com/watch?v=eOXa5wi0nQs

Conclusão da aula 3

Disso tudo se pode extrair que o ajudante enxerga o ajudado como adulto
e, por traz deste adulto, todo o seu sistema familiar, tudo isso de forma respeitosa
e sistêmica. A postura sistêmica é aberta e pode ser multidisciplinar, pois seus
conceitos são verificados por diferentes autores nas mais diversas áreas, como
a pedagogia, a psicologia e o Direito, por exemplo.
Nesta aula abordaram-se a terceira e a quarta Ordens da Ajuda. A
terceira propõe que o ajudante se coloque como adulto perante um adulto que
procura ajuda e a Quarta Ordem, por sua vez, apoia o ajudante para olhar com
empatia para o sistema como um todo, uma vez que o indivíduo é parte dele.

Atividade de Aprendizagem
Uma das ferramentas que induzem a empatia sistêmica é o
genograma; representações simbólicas das relações entre
membros de uma família, que apontam não só graus de
parentesco, como padrões de comportamento, doenças
físicas e psíquicas. Faça um Genograma da sua família e
discorra explicando-o entre 10 a 15 linhas. Instruções no link:
https://edisciplinas.usp.br/mod/folder/view.php?id=264742

36
Aula 4 – As Ordens da Ajuda (Quinta)

Apresentação da aula 4

Nesta aula será discutida a Quinta Ordem da Ajuda proposta por Bert
Hellinger: O amor a cada um como é.

4.1 O amor a cada um como é

Para além das ideias de certo e


errado, existe um campo.
Eu me encontrarei com você lá.
Rumi

A ajuda pode provocar algum tipo de reconciliação (da pessoa com ela
mesma, da pessoa com o seu pai, sua mãe, seus irmãos, seu corpo, seus avós,
sua história familiar, entre outras possibilidades).
Porém, somente o ajudante pode de fato estar a serviço da reconciliação,
se ele próprio consegue dar um bom lugar em seu espírito ao que ainda é
conflitante para o ajudado. Dessa maneira, o ajudante antecipa dentro de si
mesmo aquilo que o ajudado ainda tem a realizar.
Por exemplo, quando de fato o ajudante consegue dar um bom lugar
dentro de si ao que abusou de violência com um familiar, ao que se corrompeu
por poder, ao que traiu, ao que matou por vingança, ao que fugiu da
responsabilidade, ao que aniquilou uma floresta por interesses egoístas, entre
outros.
A desordem acontece quando há indiferença e julgamento por parte do
ajudante. A quinta ordem da ajuda fala, então, do amor por cada pessoa assim
como ela é, mesmo que ela seja muito diferente do ajudante e tenha as suas
responsabilidades sobre o que praticou. Dessa forma, abrimos o coração e
damos um bom lugar a todos. Aquilo que se reconcilia dentro do ajudante pode
também se reconciliar dentro do ajudado. Esse tipo de ajuda provoca a inclusão.
No livro Pedagogia Sistêmica e como ela pode ajudá-lo?, os autores
confirmam que em muitas situações familiares o pai está excluído.

37
As razões são várias e não vêm ao caso aqui discuti-las. Porém,
Hellinger descobriu que num nível muito profundo as crianças são
totalmente leais aos pais, especialmente quando esses são excluídos,
desvalorizados e condenados. Isso significa que se permitimos que
esse pai seja olhado também na escola como mau, inapropriado,
ausente, entre outros, não teremos nunca um apoio da criança em
qualquer intervenção pretendida, pelo contrário, se respeitamos seu
destino e nos colocamos numa posição de neutralidade respeitosa,
respeitando “na criança” seu próprio pai, então teremos um bom
terreno onde trabalhar nossas intervenções (OLIVEIRA JUNIOR;
OLIVEIRA; FONSECA, 2014).

Para Bert Hellinger, uma criança só pode estar bem consigo mesma
quando toma seus pais do jeito que são e os respeita do jeito que são, sem
querer ou desejar algo diferente. Exatamente do jeito que são, eles são certos.
Quem toma os pais dessa forma, segundo ele, está em paz consigo mesmo,
sente-se completo. Seus pais estão presentes dentro dele com toda a força.
Por isso, só alguém que dá imediatamente um lugar em sua alma à
pessoa de quem o cliente se queixa pode ajudar a serviço da reconciliação.
Dessa maneira, o ajudante antecipa, na sua própria alma, o que o cliente ainda
precisa realizar.
No ambiente da escola, Leo Costa também vai de encontro a essa postura
e esclarece que:

O coração desse professor se enche de gratidão e alegria, pois


concorda com os pais dos alunos do jeito que são e compreende que
aqueles são os pais certos e insubstituíveis. O professor com a postura
sistêmica dá aos pais dos alunos um lugar especial em seu coração.
Ele compreende que, sem os pais, não existiriam os alunos e sem
alunos não poderia ensinar(COSTA, 2017).

Assim, o professor dá um lugar no coração ao aluno de maneira integral,


sem ressalvas quanto a sua história e origem.
Ao mesmo tempo, para Marianne Franke-Gricksch, a melhor coisa que
um ajudante pode fazer por uma criança é reconhecer seu destino tal como ele
é, e isso requer uma grande dose de disciplina para renunciar a querer ajudar a
criança, por exemplo, a sobrepujar as limitações de sua família de origem.
A desordem acontece quando há indignação e julgamento por parte do
ajudante, isto é, quando este não concorda com a realidade tal qual ela é.

38
Leis Sistêmicas de ajuda
Leis Sistêmicas – relação de ajuda

Ordens Exemplos de desordens

1 Se colocar como maior frente a


Hierarquia: Aqueles que vieram
um sistema ou frente a alguém
antes têm o direito mais antigo.
que veio antes no sistema.
Forças do Amor

2 Excluir, preterir ou ignorar algo


Pertencimento: Todos têm o
ou alguém que faz parte do
direito de integrar o sistema.
sistema.

3 Equilíbrio entre o Dar e o Dar mais do que o ajudado pode


Receber. receber.

4 Temer, rejeitar ou conflitar com


Aceitação: Aceitar aquilo que é.
algo do sistema.

1 Dar o que tem Dar o que não tem, esperar e


exigir o que o outro não pode
Tomar o que somente dar, tirar do outro o que só ele
necessita. pode fazer.

2 Negar ou encobrir
Nos submeter às circunstâncias.
circunstancias.
Impor ajuda.
Ordens da Ajuda

3 Se colocar no lugar de pai ou


mãe.
Relação de adulto a adulto. Tratar adulto como uma criança.
Permitir que o adulto faça
reinvindicações ao ajudante.

4 Se envolver em um
relacionamento pessoal com o
Empatia Sistêmica. ajudado e excluir as mesmas
pessoas que ele exclui. Não
honrar pessoas essenciais.

5 Indignar-se.
O amor a cada um como é
Fazer Julgamentos.
Fonte: elaborado pelo autor (2019), adaptado pelo DI (2019).

39
Amplie Seus Estudos
SUGESTÃO DE LEITURA

Leia a obra Ordens da ajuda: (Bert


Hellinger). Este livro é voltado para aqueles
que por sua profissão ajudam outros. Nele
estão contidas as Ordens da Ajuda,
seguidas de exemplos de terapias breves
em que Hellinger as aplica.

Atividade Autoinstrutiva
Esta atividade se trata de um exercício de constelação familiar para
auxiliar o ajudante a ultrapassar o sentimento de indignação.
“Para realizar entre duas pessoas, você representa você mesmo e a
outra pessoa representa quem te indigna, ou em visualização.
Faça uma expiração longa e profunda e, depois, vá respirando como se
tivesse os pulmões no ventre.
Estão as duas pessoas frente a frente.
Olhe, além do outro, para longe, um tempo longo. Depois diga: "Sim,
assinto a tudo".
Agora, olhe para o outro e diga-lhe "em você me encontro a mim
mesmo". E depois, diga-lhe "te desejo o melhor".”
O exercício foi elaborado pela consteladora Brigitte Champetier Ribes,
e mais instruções sobre como realizar exercícios sistêmicos podem ser
encontrados do link: https://www.insconsfa.com/br_ejercicios.php

Conclusão da aula 4

Conclui-se que a boa ajuda leva à inclusão, à reconciliação e à paz. Essa


é a essência da Quinta Ordem da ajuda. O amor por cada pessoa assim como
ela é, mesmo que ela seja muito diferente do ajudante e tenha praticado atos
que causaram grandes danos. Dessa forma, a ajudante abre o coração e dá um
bom lugar a todos. Aquilo que se reconcilia dentro do ajudante pode também se
reconciliar dentro do ajudado.

40
Nos casos práticos reproduzidos, percebe-se que simples mudanças
muitas vezes são eficazes e suficientes para um novo olhar e uma nova
possibilidade. Esse conduzir possui alguns pressupostos importantes para um
bom resultado. O principal pressuposto para a prática é absorver e incorporar a
visão sistêmica, isto é, estudar, compreender e internalizar as leis sistêmicas é
necessário para o profissional que pretende atuar com a ajuda sistêmica. O
estado mental adequado do ajudante sistêmico depende do seu conhecimento
sobre as Forças do Amor e as Ordens da Ajuda.
Nesta aula abordou-se a Quinta Ordem da Ajuda, de Bert Hellinger, que
convida o ajudante a desenvolver o amor a cada um como ele é, por mais que
ele seja diferente.

Atividade de Aprendizagem
É próprio do ser humano aprender com os erros. De certa
forma, nossos erros são convenientes a outros, porque estes
também aprendem por meio deles. Frequentemente
pensamos ter cometido um grande erro, mas depois
verificamos que foi uma bênção (Bert Hellinger).
É hora de escrever a sua própria história. Relembre, na sua
jornada de vida, alguma situação em que tentou ajudar uma
pessoa, ou um grupo de pessoas, e se frustrou bastante.
Descreva a situação e conjecture hipóteses em que você
possa ter desrespeitado algumas leis sistêmicas, buscando
relacioná-las com as suas intervenções na situação. Busque
citar no seu caso prático Ordens da Ajuda (Discorra entre 10 a
15 linhas).

41
Conclusão da disciplina

Nesta disciplina foram abordadas as leis sistêmicas na relação de ajuda.


As forças do amor convidam o ajudante a sair do lugar de salvador e estar em
um lugar de humildade frente a tudo aquilo que o precede, bem como colocar no
coração todos aqueles que estão excluídos do sistema (vítimas e agressores).
As ordens da ajuda, por sua vez sugerem aos ajudantes dar somente aquilo que
têm, se submetendo às circunstâncias e aceitando as pessoas como são. Assim
como intervir somente quando permitido, tendo no seu campo de visão o sistema
como um todo.

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Índice Remissivo
A aceitação: dizer sim para o ajudado e o seu destino .............................. 17
(Aceitação; força; vida)

A Hierarquia: estar no seu lugar para ajudar ............................................. 09


(Absorvido; sensibilidade; vida)

As Forças do Amor ..................................................................................... 08


(Conflitos; conhecimento; dilemas)

As Ordens da Ajuda (Primeira e Segunda) ................................................ 21


(Ajuda; circunstâncias, ordens)

As Ordens da Ajuda (Quinta) ..................................................................... 37


(Ajuda; amor; ordem)

Empatia sistêmica ...................................................................................... 33


(Cultura; empatia; valores)

O ajudante no tringulo da manipulação .................................................... 31


(Análise transacional; manipulação; triângulo da manipulação)

O Ajudar e as Forças do Amor ................................................................... 07


(Equilíbrio; hierarquia; pertencimento)

O Ajudar e as Forças do Amor .................................................................... 07


(Ajudado; ajudante; constelações)

O amor a cada um como é ......................................................................... 37


(Ajuda; ajudante; reconciliação)

O Equilíbrio: a ajuda como compensação .................................................. 15


(Equilíbrio; experiências; relacionamentos)

O Pertencimento: incluir o que está excluído ............................................. 13


(Compensar; membro; sistema)

Ordens do Amor (Terceira e Quarta) .......................................................... 27


(Imagem; quarta ordem; terceira ordem)

Primeira Ordem: Equilibrar dar e receber ................................................... 22


(Ajudado; ajudante; relação)

Segunda Ordem: Nos submeter às circunstâncias .................................... 23


(Mitologia; ordem; Procusto)

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Terceira ordem da ajuda: adulto perante adulto ......................................... 28
(ancestralidade; criança; pais)

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