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Disciplina: Competências e profissionalismo no ambiente infantil

Autora: M.e Eliana Nunes Maciel Bastos

Revisão de Conteúdos: Esp. Alexandre Kramer Morgenterm

Revisão Ortográfica: Esp. Juliano de Paula Neitzki

Ano: 2019

Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas


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Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em
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1
Eliana Nunes Maciel Bastos

Competências e profissionalismo no
ambiente infantil
1ª Edição

2019

Curitiba, PR

Editora São Braz

2
Editora São Braz
Rua Cláudio Chatagnier, 112
Curitiba – Paraná – 82520-590
Fone: (41) 3123-9000

Coordenador Técnico Editorial


Marcelo Alvino da Silva

Revisão de Conteúdos
Alexandre Kramer Morgenterm

Revisão Ortográfica
Juliano de Paula Neitzki

Desenvolvimento Iconográfico
Juliana Emy Akiyoshi Eleutério

FICHA CATALOGRÁFICA

BASTOS, Eliana Nunes Maciel.


Competências e profissionalismo no ambiente infantil / Eliana Nunes Maciel
Bastos. – Curitiba: Editora São Braz, 2019.
58 p.
ISBN: 978-85-5475-430-3
1.Aprendizagem. 2. Papel do professor. 3. Processo educativo.
Material didático da disciplina de Competências e profissionalismo no
ambiente infantil – Faculdade São Braz (FSB), 2019.

Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870

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PALAVRA DA INSTITUIÇÃO

Caro(a) aluno(a),
Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz!

Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier,


nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão
Universitária.
A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas
também brasileiros conscientes de sua cidadania.
Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e
grupos de estudos, o que proporciona excelente integração entre professores e
estudantes.

Bons estudos e conte sempre conosco!


Faculdade São Braz

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Sumário

Prefácio ..................................................................................................... 06
Aula 1 – O professor como mentor e guia ................................................ 07
Apresentação da Aula 1 ............................................................................ 07
1.1 – Educação Infantil no contexto contemporâneo .......................... 07
1.2 – O papel do professor mentor e guia .......................................... 10
Conclusão da Aula 1 ................................................................................ .. 18
Aula 2 – Pedagogia Relacional .................................................................. 18
Apresentação da Aula 2 ............................................................................ 18
2.1 Inferências acerca da Pedagogia Relacional ................................ 19
2.2 A Pedagogia Relacional na Educação Infantil .............................. 26
Conclusão da Aula 2 ................................................................................. 29
Aula 3 – Identidade e formação da autonomia da criança ......................... 30
Apresentação da Aula 3 ............................................................................ 30
3.1 Identidade e formação da autonomia da criança ........................ 31
Conclusão da Aula 3 ................................................................................ .. 41
Aula 4 – Valoração da criança e formação continuada específica para o
docente ...................................................................................................... 42
Apresentação da Aula 4 ........................................................................... .. 42
4.1 Valoração da criança ........................................................................... 42
4.2 Formação continuada específica para o docente ................................ 48
Conclusão da Aula 4 ................................................................................ .. 53
Conclusão da disciplina ............................................................................. 54
Índice Remissivo ...................................................................................... .. 55
Referências ............................................................................................... 56

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Prefácio
Prezado (a) estudante. Na disciplina Competências e profissionalismo no
ambiente infantil serão abordadas discussões acerca da Educação Infantil no
contexto contemporâneo e sobre o docente como mentor e guia. A pedagogia
relacional será sublinhada como uma abordagem para uma prática docente mais
humanística, tendo em vista a identidade e a formação da autonomia da criança
no âmbito escolar e para além dele.
No primeiro momento serão discutidos aspectos gerais sobre a Educação
Infantil no contexto contemporâneo, enfatizando o que as legislações brasileiras
dizem sobre essa temática na atualidade, em seguida, o papel do professor
como mentor e guia será explicitado a partir dos ideários de autores, os quais
corroboram esta reflexão.
Na segunda aula, a pedagogia relacional será o tema de toda a discussão
proposta, sublinhando a ênfase nas relações entre os sujeitos no âmbito
educativo e a constituição de aprendizagens significativas por intermédio de uma
prática dialógica e libertadora.
Em seguida, a temática será a identidade e formação da autonomia da
criança, abordando acerca da constituição da identidade no âmbito da Educação
Infantil, a relevância da postura afetiva e comprometida dos profissionais da
educação, para que o desenvolvimento autônomo da criança aconteça com
maestria.
No último momento da disciplina, a discussão se dará sobre a valoração
da criança e formação continuada específica para o docente, destacando a
criança como sujeito de direitos, bem como a necessidade de qualidade do
atendimento na Educação Infantil. Para tanto, a formação docente deve ser
constante e reflexiva, com ênfase no fato de que é imprescindível valorizar a
criança, utilizando uma prática dialógica, propondo assim relações harmoniosas.

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Aula 1 – O professor como mentor e guia

Apresentação da aula 1

Neste primeiro encontro serão analisados aspectos gerais da Educação


Infantil no contexto contemporâneo, destacando as legislações vigentes no
Brasil, que são responsáveis pela organização dessa etapa educacional. Em
seguida, será feita uma discussão acerca do papel do professor na Educação
Infantil, de maneira que este seja um mentor e guia no processo educativo,
visando, assim, a constituição de aprendizagem significativa para as crianças.

1.1 Educação Infantil no contexto contemporâneo

É necessário destacar a relevância da Educação Infantil na


contemporaneidade e como ela está organizada na etapa da educação básica,
na conjuntura da educação nacional, desde a promulgação da lei 9394/1996.
No artigo 21 da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) está explícito
que: “A educação escolar compõe-se de; educação básica, formada pela
educação infantil, ensino fundamental e ensino médio; e educação superior.”
(BRASIL, 1996, p. 17).
Desde então, existe todo um esforço em prol da organização e
desenvolvimento dessa etapa educativa, pois, anteriormente, a Educação Infantil
tinha uma característica voltada somente para o ato de cuidar, como é o caso
das creches, onde as crianças eram deixadas sob o cuidado de outras pessoas,
para que as mães pudessem trabalhar. Nesse aspecto, não houve preocupação
durante muito tempo com a preparação das pessoas que cuidavam do público
infantil. Assim, o caminho para superar toda uma cultura enraizada na prática da
Educação Infantil tem sido árduo e moroso.
As lutas e processos em prol da organização da Educação Infantil são
notórios em muitos contextos da educação nacional, pois ainda existem muitas
arestas a serem aparadas, ou seja, é mister pensar e repensar as práticas com
as crianças pequenas, dando voz e vez a estes sujeitos desde a mais tenra
infância, a fim de que tais estudantes tenham melhores e maiores condições de

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progredirem para as etapas acadêmicas posteriores com autonomia,
convergindo assim com as diretrizes postas nos parâmetros legais vigentes.
O capítulo II da LDB, em sua seção II, traz as orientações gerais acerca
do funcionamento da Educação Infantil, sendo esta a primeira vez que uma
legislação nacional sublinha essa etapa da educação, trazendo assim
notoriedade para a formação infantil, enfatizando a relevância de que haja um
trabalho sério, organizado e respeitoso à criança, entendendo que ela deve ser
estimulada da melhor maneira possível para que então progrida para a fase da
alfabetização no Ensino Fundamental com maestria.

LEI Nº 9394, DE 23 DE DEZEMBRO DE 1996

SEÇÃO II – Da Educação Infantil


Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o
desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico,
psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.
Art. 30. A educação infantil será oferecida em:
I – creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade;
II – pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade.
Art. 31. A educação infantil será organizada de acordo com as seguintes regras comuns:
I – avaliação mediante acompanhamento e registro do desenvolviment o das crianças, sem o
objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental;
II – carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, dis tribuída por um mínimo de 200
(duzentos) dias de trabalho educacional;
III – atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas diárias para o turno parcial e de 7
(sete) horas para a jornada integral;
IV – controle de frequência pela instituição de educação pré-escolar, exigida a frequênc ia
mínima de 60% (sessenta por cento) do total de horas;
V – expedição de documentação que permita atestar os processos de desenvolvimento e
aprendizagem da criança.

Disponível em: http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/ handle/id/529732/lei_de_diretriz es _


e_bases_1ed.pdf

A lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013, altera a LDB 9394/1996, pois traz a


determinação de que crianças com 4 anos devem frequentar a Educação Infantil,
estabelecendo a obrigatoriedade da educação básica para a idade de 04 (quatro)
aos 17 (dezessete) anos. Como também que a Educação Infantil será ministrada

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para crianças de até 5 (cinco) anos. Corroborando essa inferência, cita-se o
artigo 6º: “É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula das crianças na
educação básica a partir dos 4 (quatro) anos de idade.” (BRASIL, 2013).

Pesquise
Pesquise a respeito da Educação Infantil e suas características
legais e pedagógicas na contemporaneidade, aguce sua
curiosidade:

Fontes para pesquisa:

http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/211-218175739/18563-
criancas-terao-de-ir-a-escola-a-partir-do-4-anos-de-idade

http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2011-
2014/2013/Lei/L12796.htm

https://br.guiainfantil.com/materias/educacao/aprendizagem/o-
que-aprende-uma-crianca-de-4-anos/

Saiba Mais
Fragmento de artigo (BARROS, 2008), a respeito da
Educação Infantil nas legislações brasileiras:
“Quanto à obrigação dos pais ou responsável, o artigo 55
elenca, dentro dos mandamentos contidos no artigo 22, a
obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede
regular de ensino. O descumprimento dessa regra implica
em aplicação da medida de proteção mencionada no
artigo 129, inciso V ("obrigação de matricular o filho ou
pupilo e acompanhar sua frequência e aproveitamento
escolar ") e o cometimento do delito capitulado no
artigo 246, do Código Penal Brasileiro ( Abandono
intelectual. "Art. 246. Deixar, sem justa causa, de prover à
instrução primária de filho em idade escolar: Pena -
detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa”),
somente em relação aos genitores.”
Continue a leitura desse artigo em: https://lfg.jusbrasil.com.b
r/noticias/168958/artigos-educacao-infantil-o-que-diz-a-legis
lacao

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1.2 O papel do professor mentor e guia

Mentor e guia
Fonte: https://br.freepik.com/vetores-gratis/professora-do-jardim-de-infancia-montessor
i-ou-escola-pre-primaria-estudando-letras-do-alfabeto_4393943.htm

Pensar na educação contemporânea é sem dúvida repensar a postura do


professor diante da sua prática, pois os educandos, principalmente, chegam à
sala de aula com grandes influências de seus mundos tecnológicos, nos quais
há grandes mudanças em todo o tempo e a informação exacerbada contamina ,
muitas vezes, as mentes das pessoas, trazendo muitas inverdades sobre a vida,
as relações, entre outras coisas. Para tanto, é preciso instigar nas crianças,
desde a mais tenra infância, um saber que seja crítico e que dê condições para
os sujeitos discernirem entre as infinitas informações recebidas, a fim de
constituírem saberes que sejam dignos de cidadãos autônomos e participantes
de seus meios sociais e políticos com destreza.
Nesta inferência de concepções sobre o mundo que nos cerca, destacam-
se as palavras de Isabel Alarcão, que diz: “Neste contexto de profunda mudança
ideológica, cultural, social e profissional aponta-se a educação como o cerne do
desenvolvimento da pessoa humana e da sua vivência na sociedade…” Sendo
assim, a educação é o grande e notável instrumento que pode dar reais
condições para mudanças concisas na sociedade presente e vindoura; dessa
forma, a autora continua contribuindo com nossa reflexão quando diz:
“sociedade da qual se espera um desenvolvimento econômico acrescido de uma
melhor qualidade de vida.” (ALARCÃO, 2001, p. 10).

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Acredita-se que a educação pode dar condições para que as pessoas
tenham uma melhor qualidade de vida e obter habilidades melhores diante dos
desafios do mundo contemporâneo por meio da criticidade que uma educação
libertadora, dialógica e emancipatória exerce sobre a vida do sujeito. As palavras
de Morin (2011) contribuem com esse pensar: “A educação pode ajudar a nos
tornarmos melhores, se não mais felizes, e nos ensinar a assumir a parte
prosaica e viver a parte poética de nossas vidas.” (MORIN, 2011, p. 11).
No sentido de que a educação possa melhorar a vida das pessoas, e de
igual modo dê sempre novas oportunidades aos estudantes para verem e
interagirem com a vida de maneira bonita, harmônica e mais feliz, é que se
sublinha a postura do professor como mentor e guia no processo educativo, pois
ele deve conduzir o processo de ensino e aprendizagem com autoridade ética e
técnica, olhando nos olhos dos seus educandos sempre e dando voz e vez a
todos os partícipes, a fim de que todos tenham condições de trilharem os
desafios de aprendizagem, assim, encontrando sentido e significado em suas
aprendizagens.
Freire (2003) exorta acerca da autoridade teórica do professor quando diz
que: “O professor tem que ensinar, mas para ensinar ele ou ela tem que saber o
que ensina.” (FREIRE, 2003, p. 81). Em qualquer que seja a etapa educacional,
o professor precisa estar revestido da competência teórica e técnica que a sua
prática exige, a fim de conduzir o trabalho educacional com eficácia,
proporcionando condições reais de aprendizado aos seus educandos, fazendo
com que estes, por meio da mediação docente, alcancem sempre patamares de
aprendizagens desejáveis de uma educação humana, ou seja, a educação que
se importa com o semelhante de maneira integral, acreditando que tal
semelhante é e será importante para o desenvolvimento de um mundo menos
desigual para todos os seus partícipes.
O autor Freire (2003) continua nos inspirando no estudo sobre o professor
mentor e guia, que deve cuidar, com entusiasmo, do desenvolvimento de seus
educandos, quando sublinha que: “Eu diria que um bom professor que, sendo ou
se tornando permanentemente competente, está permanentemente consciente
de uma sensação de surpresa e nunca deixa de se surpreender. (FREIRE, 2003,
p. 86). O ato de ensinar com competência implica estar totalmente voltado para
o desenvolvimento integral dos educandos, dando condições para que o

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aprender seja entusiástico todos os dias, principalmente, frente ao interesse nato
das crianças pequenas, instigando nelas cada vez mais a curiosidade que lhes
é natural, proporcionando sempre condições para o pensamento criativo, a
dialogicidade, a valorização daquilo que as crianças sabem do seu convívio
social, entre outros aspectos que corroboram para que todos os sujeitos infantis
tenham voz e vez no âmbito educativo, fazendo deste um lugar de construção
de aprendizagens significativas ao desenvolvimento integral e humano dos
estudantes. Sendo assim, o papel do professor é primordial.
A dinamicidade dos fatos que compreendem o mundo atual requer que a
tarefa do professor seja feita com muita criatividade, ao mesmo tempo que este
tenha muita proximidade com os seus educandos, a fim de caminharem juntos,
indicando as novas e bonitas maneiras de aprender mediante a complexidade
da vida moderna. Assim, o docente guia os seus aprendizes pelos caminhos
desafiadores de aprendizagens revolucionárias, as quais podem e devem
interferir na constituição de vidas cada vez mais autônomas.

Para Refletir
Um dos saberes primeiros e indispensáveis a quem
chegando a favelas ou realidades marcadas pela traição a
nosso direito de ser, pretende que sua presença se vá
tornando convivência, que seu estar no contexto vá virando
estar com ele, é o saber do futuro como problema e não como
inexorabilidade. É o saber da história como possibilidade e
não como determinação. O mundo não é. O mundo está
sendo. Como subjetividade curiosa, inteligente, interferidora
na objetividade com que dialeticamente me relaciono, meu
papel no mundo não é só o de quem constata o que ocorre,
mas também o de quem intervém como sujeito de
ocorrências. Não sou apenas objeto da história, mas sujeito
igualmente. No mundo da história, da cultura, da política,
constado não para me adaptar mas para mudar.
(FREIRE, 1996, p. 76, 77).

Sobretudo: “Não há educação sem amor. O amor implica luta contra o


egoísmo. Quem não é capaz de amar os seres inacabados não pode educar...”
(FREIRE, 1979, p. 29). Entender os sujeitos infantis como fontes do
desenvolvimento da sociedade, sabendo que estes tanto dependem de
professores responsáveis que conduzam seus processos de ensino e

12
aprendizagem com louvor, é um ato primordial na constituição de uma
aprendizagem que seja significativa para todos os educandos, para tanto, tal
compreensão especifica que a ação só pode acontecer permeada da
amorosidade, acima de tudo o amor pelo outro, pela vida, pelo mundo, por sua
profissão, fazendo com que o professor sempre encontre novas e bonitas
soluções para as adversidades do cotidiano escolar. E Freire continua: “Não há
educação imposta, como não há amor imposto. Quem não ama não compreende
o próximo, não o respeita.” (FREIRE, 1979, p. 29).

Saiba Mais
Leia a respeito do professor como mentor no processo
educativo, segundo as ideias do educador americano Marc
Prensky.
Disponível em: https://exame.abril.com.br/revista-exame/o-
professor-deve-ser-um-mentor/

“O que é educar? Educar é produzir um homem que ama o espetáculo da


vida. Desse amor emana a fonte da inteligência. Educar é produzir uma sinfonia
em que rimam dois mundos, o das ideias e o das emoções. ” (CURY, 2002, p.
20). Augusto Cury também colabora com as inferências acerca do professor
como mentor e guia no processo educativo contemporâneo, uma vez que esse
autor estuda a mente humana e sua complexidade, mediante todos os fatos que
compreendem a vivência da sociedade tecnológica atual. Portanto, atender as
crianças no espaço escolar com qualidade é um imenso desafio que perpassa
pelas mãos do professor que, comprometido com sua tarefa de ensinar, entende,
a princípio, que sua responsabilidade é indicar caminhos para que os sujeitos
tenham condições de prosseguir suas vidas com mais autonomia e felicidade,
entendendo sempre que a vida está acontecendo enquanto organizamos e
efetuamos os planejamentos de aula no contexto educativo. Sendo assim, é
necessário ter sensibilidade em todos os momentos, olhar nos olhos dos
educandos e construir um caminho produtivo de aprendizagens significativas
com e para eles.

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Mentor /
Professor / Guia

Criatividade /
Processo de
Conhecimento
aprendizagem
significativa

Humildade
Humanização

Fonte: elaborado pelo autor (2019).

Uma das virtudes que eu acho que nós educadores e educadoras


temos que criar – porque tenho certeza também de que não
recebemos virtudes como dons; fazemos as virtudes não
intelectualmente, mas através da prática – uma das virtudes que
temos que criar em nós mesmos como educadores progressistas
é a virtude da humildade (FREIRE, 2003, p. 189).

A história nos mostra que a sociedade sempre interferiu na organização


do trabalho escolar. De acordo com as necessidades da vida social, na qual a
escola está inserida, organizam-se os currículos da escola, a fim de que esta
possa atender os anseios das urgências sociais de um tempo e espaço
específico. Pode-se notar esse fato, por exemplo, com a criação das creches,
que atendiam as crianças enquanto suas mães iam para o trabalho, surgindo
assim os espaços educativos com a preocupação de cuidar, o que fez com que
se constituíssem as condições para que hoje pudesse ser dito que os centros de
educação infantil primam pelo cuidar e educar.
Esta premissa de entender que os aspectos pedagógicos do chão da
escola atendem historicamente aos anseios da sociedade implica olhar a
situação de mundo atual com responsabilidade e sensibilidade, em que os

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estudantes chegam à escola muito influenciados pelo mundo e suas mídias, são
imersos em um mundo de informações e precisam, portanto, serem guiados a
um mundo novo de conhecimento crítico, que pode conceber condições para
que tais sujeitos façam a seleção das informações necessárias aos seus
desenvolvimentos como humanos em seus específicos espaços sociais e
políticos.
No âmbito da Educação Infantil, é primordial que os professores
(mentores) favoreçam uma convivência saudável entre os pares, a fim de que
todos os envolvidos nas relações de aprendizagens possam compreender o
quão importante e bonito é construir o aprendizado no coletivo, e que cada
sujeito acredite em seu papel na constituição de saberes, bem como valorize
desde a mais tenra infância o seu semelhante, como sujeito singular em todo e
qualquer contexto em que se deem as relações humanas.
Em um mundo tão envolto de comunicação virtual, onde as pessoas
primam pela velocidade das relações, entender e conceber um processo
educacional fundamentado nas interações entre os sujeitos é sem sombra de
dúvida um grande desafio.

Processo educacional virtual


Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/colegas-que-trabalham-em-conjunto_863223.
htm

Para Demo (2002): “O professor continuará insubstituível como


formulador, organizador, revisor, atualizador dos conteúdos a serem
socializados, o que exige atitude de sujeito crítico e criativo.” (DEMO, 2002, p.
155). Entende-se que mais do que nunca o professor precisa estar se
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atualizando, buscando conhecimentos que possam dar condições para que guie
seus educandos pelo caminho do aprendizado significativo e assim possa ser
mentor dos seus aprendizes com maestria, por meio do diálogo, do respeito
mútuo e seja mediador de aprendizagens que sejam úteis para contribuir ao
desenvolvimento de uma sociedade menos desigual.
A teoria de Lev Vygotsky (1998) que sustenta o ideário da pedagogia
sociocultural, a qual, resumidamente, consiste em entender que o trabalho
pedagógico deve estar sustentado na interação dos sujeitos com seus pares e
com o seu meio de convivência, traz também toda uma diretriz acerca do
trabalho docente, sublinhando este como mediador da construção de
conhecimento, que também converge com o debate proposto por este estudo,
que é do de compreender o papel do professor como um guia ou um mentor.
Ainda em Vygotsky (1998), é possível refletir sobre o desenvolvimento
dialético de todos os homens. Independentemente da fase em que esteja o
humano, este necessita da interação com o seu meio e como os seus
semelhantes, a fim de que sejam construídas aprendizagens concisas.
Especialmente, na infância: “O caminho do objeto até a criança e desta
até o objeto passa através de outra pessoa. Essa estrutura humana complexa é
o produto de um processo de desenvolvimento profundamente enraizado nas
ligações entre história individual e social” (VYGOTSKY, 1998, p. 40). Assim, as
contribuições da perspectiva histórico-cultural são extremamente relevantes
para compreender a importância do papel docente frente a uma inquietação de
conduzir um processo educacional qualitativo, promovendo nos sujeitos
estudantis condições reais de aprendizagens com sentido e significado para
suas vidas.
Sobremaneira, o que precisa ficar claro é que nos tempos
contemporâneos as mudanças tecnológicas são gigantescas e que os
educandos chegam em sala de aula preparados para interagirem com os seus
semelhantes por meio dos tantos questionamentos provenientes de um mundo
repleto de informações. O modelo de escola tradicional, em que o docente era o
detentor do saber e repassava conhecimentos com muito autoritarismo, não
pode subsistir a toda esta contemporaneidade em sala de aula, portanto é
necessário dialogar com os educandos e construir em conjunto os conceitos
educativos. O professor-mentor-guia precisa estar preparado constantemente

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e necessita da pesquisa, do estudo, da reflexão e ação diante dos desafios de
ensinar com qualidade.
O autor Assmann (1998) sublinha que: “Somente educadores/as
entusiasmados/as com seu papel na sociedade conseguem criar uma opinião
pública favorável a seus reclamos.” (ASMANN, 1998, p. 23). E o estar
entusiasmado está para além de uma condição física, implica todos os aspectos
de trabalhar e gostar de estar com outros seres humanos, pois a educação
envolve o trabalho intenso e árduo com pessoas, as quais precisam ser
compreendidas e respeitadas em suas singularidades. Independentemente da
etapa educacional em que o professor esteja lecionando, todos são sujeitos
humanos em desenvolvimento, “seres inacabados”, no sentido mais célebre
que a obra de Paulo Freire nos inspira dizendo que enquanto existir vida há
novas e bonitas possibilidades de mudança, de renovar os caminhos, de saber
mais, de interagir consigo mesmo, com o outro e com o mundo, percorrendo
assim, caminhos que possam dar condições para a construção de
conhecimentos revolucionários.

Importante
“Ajudar é possibilitar o fazer com: é dialogar, portanto. Se o
ajudante for o professor, a ajuda é planejada e sistemática, pois
seu impacto no aluno é esperado como realização. Logo, é
preciso conhecer o que já há; novamente, o diálogo. Conhecer
o que há para definir o que poderá ser. Nesse jogo assimétrico,
professor e aluno ferem-se, atingem-se mutuamente. O aluno
dirige o seu próprio processo de aprender, restringindo
ativamente, as possibilidades de ação do professor. O professor
é quem planeja e cria as condições de possibilidade de
emergência das potencialidades do aluno. ”
(TUNES; TACCA; BARTHOLO, 2005, p. 694).

O professor deve guiar os seus educandos com responsabilidade e


entusiasmo durante o processo educativo, demonstrando toda a sua experiência
nos afazeres escolares cotidianos, estimulando as crianças a aprender com
autonomia, fazendo com que a aprendizagem seja repleta de qualidade e
significativa para o desenvolvimento da vida do sujeito infantil. Para tanto, o

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docente precisa ter humildade e vontade de aprender sempre enquanto conduz
o trabalho educacional com maestria.

Conclusão da aula 1

A Educação Infantil tem importância vital frente à proposta de


desenvolvimento integral do sujeito, pois nessa fase as habilidades singulares
dos indivíduos devem ser estimuladas com eficácia. Tem-se a notoriedade legal
dessa etapa educativa na contemporaneidade brasileira, a qual traz toda uma
organização estrutural para a realização de uma educação qualitativa. O papel
do professor como mentor e guia é fundamental para a aquisição de processos
significativos de aprendizagens, em que a criança é o foco de todo o trabalho
educacional.

Atividade de Aprendizagem
Após todas as inferências destacadas em nossa aula acerca
da prática docente na Educação Infantil, elabore um texto de
até 15 linhas explicando seu entendimento sobre o professor
como mentor e guia no processo educativo infantil.

Aula 2 – Pedagogia Relacional

Apresentação da aula 2

Em nossa segunda aula, será discutido, enfaticamente, a respeito da


pedagogia relacional, sublinhando a relevância das relações para a constituição
de aprendizagens significativas frente aos educandos, tendo o professor como
mediador do processo de ensino e aprendizagem. Ao final da aula, a Educação
Infantil será colocada no foco da discussão, pois será demonstrada a relevância
de praticar a didática sob a perspectiva das relações com os alunos dessa etapa
educacional.

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2.1 Inferências acerca da Pedagogia Relacional

Mediante as perspectivas contemporâneas do vigente mundo, pensar e


discutir sobre aspectos educativos que valorizam as relações entre os sujeitos é
algo muito relevante, tendo em vista todas as complexidades do mundo
moderno, onde as pessoas estão envoltas em um exacerbado processo de
consumo, frente às relações capitalistas da sociedade.
As crianças estão permeadas dessas realidades, nas quais as pessoas
se comunicam de maneira tecnológica, se importam muito em ter objetos para
utilizar na vida, ao invés de se importarem com os aspectos da essência humana,
em outras palavras, a civilização tem gastado sua energia e tempo em virtude
de conquistar “coisas” materiais no lugar de valorizar o ser e estar nas relações
com o semelhante.
Neste interim de convivência comum nas sociedades modernas têm-se o
desafio de pensar nas relações saudáveis entre os sujeitos. Sabendo que a
escola reflete em seu interior a sociedade, na qual está inserida, é necessário
discutir a relevância de valorizar as pessoas na busca por uma constituição
social menos injusta ou mais solidária.
Compreende-se que os educandos devem ser considerados como
sujeitos que possuem todas as possibilidades para se desenvolverem de
maneira mais humana, respeitando os seus pares em todos os sentidos,
primando pelos aspectos que contribuem para a propagação do bem comum.
A Pedagogia Relacional propõe um trabalho educativo centrado na
relação, em que o desenvolvimento do sujeito é tido totalmente no aspecto
subjetivo, ou seja, a preocupação está voltada para o crescimento do sujeito em
sua essência e em sua subjetividade, para que, então, possa contribuir na
formulação de ambientes sociais mais harmônicos, nos quais as singularidades
dos semelhantes sejam respeitadas e estimuladas com veracidade.
A proposta de trabalho pedagógico relacional não está centrada no aluno
nem no professor, mas foca-se nas relações instituídas dentro da sala, pois o
aprendizado é formulado de acordo com as relações estabelecidas. O sujeito
estudantil precisa interagir com o seu objeto de estudo e com os seus pares, de
igual forma deve problematizar sua aprendizagem.

19
Relação, crescimento e harmonia
Fonte: https://br.freepik.com/vetores-gratis/criancas-lendo-livros-e-trabalhando-no-com
putador_2862846.htm

Segundo Becker (2001), o ato de aprender dar-se-á mediante a relação


do sujeito com o processo de ensino e aprendizagem, o educando deve refletir
sobre o seu aprendizado, esta lógica didática e pedagógica está firmada nos
ideários construtivistas de Jean Piaget, que sublinha os termos reflexionamento
e reflexão. Com isso, o educando deve obter sempre autonomia diante dos
processos de aprendizagem, tendo liberdade para agir diante do objeto de
estudo, agindo e refletindo diante da construção do conhecimento.
Para tanto, o aluno e aluna, em todos os momentos de desenvolvimento
educacional, ou seja, qualquer que seja a fase de vida do educando, têm
condições de aprender. Sejam quais forem as circunstâncias, sempre haverá
oportunidades de aprendizagens úteis e significativas para a vida.
A ideia da Pedagogia Relacional está vinculada ao construtivismo, no
sentido de que o educando deve encontrar condições para construir o seu
próprio aprendizado, a partir das relações instituídas no decorrer da convivência
escolar.

Pesquise
Leia e reflita mais sobre o que é Construtivismo?
Acesse:
http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_20_p087-
093_c.pdf
https://www.infoescola.com/educacao/construtivismo/

20
Os sujeitos estudantis em suas relações com seus pares e com os seus
ambientes de vivência têm condições de aprender sempre com qualidade.
Toda a complexidade dos elementos que constituem o cotidiano da sala
de aula forma as condições relacionais dos processos de aprendizagem, nos
quais alunos e professores interagem e têm melhores e maiores condições para
aprender.
O espaço educativo da sala de aula é sublinhado como dialógico,
enfatizando aqui a contribuição da teoria de Freire (2003), que discorre acerca
da dialogicidade no espaço do ensinar e aprender como condição fundante da
prática pedagógica libertadora, a qual visa contribuir para a formação de pessoas
autônomas, as quais tenham condições de atuar na sociedade com maestria.
Tanto em Freire como em Piaget, a pedagogia relacional encontra
fundamentos teóricos para sua realização dentro do contexto escolar, pois na
premissa dos seus ideários está a relevância das relações entre os semelhantes,
sendo que tais ações dependem do diálogo, como também a relação do sujeito
com os objetos de estudo, sublinhando que o educando tem condições de
construir o seu aprendizado.
O professor na pedagogia relacional deve mediar a construção do
conhecimento com respeito e responsabilidade diante das relações
estabelecidas no âmbito da sala de aula, a partir de uma prática que possibilite
acolhimento aos estudantes e contribuindo para que estes tenham liberdade de
construírem suas caminhadas acadêmicas com louvor, interagindo com os seus
semelhantes e com os âmbitos educacionais, portanto, construindo relações ao
longo da convivência escolar, as quais são indícios de aprendizagens
significativas para o sujeito estudantil em quaisquer etapas desenvolvimento.

Vídeo
Aguce ainda mais sua curiosidade e aprendizagem a respeito
do Construtivismo.
Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=zXLEF_WV0hA

21
Depreende-se que o papel docente na pedagogia relacional é o de
mediador, o qual precisa ter competência técnica e teórica para instigar a
formulação de conhecimentos significativos frente aos estudantes, primando
sempre pela valorização das relações humanas na ambiência escolar.

Importante
Construtivismo significa isto: a ideia de que nada, a rigor, está
pronto, acabado, e de que, especificamente, o conhecimento
não é dado, em nenhuma instância, como algo terminado. Ele
se constitui pela interação do indivíduo com o meio físico e
social, com o simbolismo humano, com o mundo das relações
sociais; e se forma por força de sua ação e não por qualquer
dotação prévia, na bagagem hereditária ou no meio, de tal modo
que podemos afirmar que antes da ação não há psiquismo nem
consciência e, muito menos, pensamento.
Construtivismo é, portanto, uma ideia; melhor, uma teoria, um
modo de ser do conhecimento ou um movimento do
pensamento que emerge do avanço das ciências e da Filosofia
dos últimos séculos. Uma teoria que nos permite interpretar o
mundo em que vivemos. No caso de PIAGET, o mundo do
conhecimento: sua gênese e seu desenvolvimento.
Construtivismo não é uma prática ou um método; não é uma
técnica de ensino nem uma forma de aprendizagem; não é um
projeto escolar; é, sim, uma teoria que permite (re) interpretar
todas essas coisas, jogando-nos para dentro do movimento da
História - da Humanidade e do Universo. Não se pode esquecer
que, em PIAGET, aprendizagem só tem sentido na medida em
que coincide com o processo de desenvolvimento do
conhecimento.

Fragmento do texto de Fernando Becker.


Disponível em: http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_2
0_p087-093_c.pdf

Com bases fundamentadas no construtivismo, a Pedagogia Relacional se


formula no âmbito escolar no sentido de que o educando só conseguirá aprender
algo com veemência se interagir com o aprendizado proposto pelo professor,
agindo diante das propostas didáticas e pedagógicas que o docente traz para a
sala de aula. É necessário haver uma interação com o objeto para então existir

22
possibilidades reais de construir conhecimentos úteis para a vida do sujeito
aprendiz.
Sendo assim, a perspectiva da Pedagogia Relacional vai além dessa
interação entre sujeito e objetos de estudo, pois centra-se nas relações
relevantes dentro da sala de aula, acreditando que estas são a chave de todo o
desenrolar educativo, possibilitando que todos os indivíduos possam
desenvolver habilidades singulares em prol do crescimento cognitivo individual
e coletivo.
Nesse sentido, a reflexão é o ponto culminante do trabalho na Pedagogia
Relacional, pois todos os sujeitos estão envoltos na ambiência escolar e
precisam refletir a respeito da boniteza das relações entre os semelhantes,
entendendo que o aprendizado qualitativo só acontece se houver relações
saudáveis e/ou harmoniosas entre os semelhantes, os quais por sua vez estejam
conscientes de seus papeis no processo de ensino e aprendizagem com
criticidade.
Becker (2001) traz a reflexão acerca das inferências sobre o
construtivismo que dão sustentabilidade à prática da Pedagogia Relacional,
sublinhando que o professor adepto dessa vivência educativa não aceita
concepções como o empirismo, que defende que a aprendizagem está centrada
nos sentidos desenvolvidos pela experiência diante dos objetos de estudo. Da
mesma maneira que não aceita a ideia do apriorismo, a qual indica que o ser
humano nasce com o conhecimento já programado, mediante sua
hereditariedade, é nato.
É importante também salientar que Becker (2001) contribui para a reflexão
de que o educando visto pela Pedagogia Relacional não é uma folha em branco,
mas, sim um sujeito que traz consigo várias influências dos seus ambientes de
convivência, como a família, por exemplo, e tal sujeito precisa ser instigado a
desenvolver-se da melhor maneira possível no ambiente escolar, aprimorando
seus saberes a partir da mediação consciente e responsável do professor, o qual
respeita a fase de desenvolvimento dos seus aprendizes e os conduz para novos
patamares de saberes, dialogando e refletindo sobre as inovadoras
possibilidades de aprender, e aprender com qualidade durante todo o tempo no
processo de ensino e aprendizagem.

23
A ideia central de que o educando construa seu conhecimento a partir de
suas relações com os seus semelhantes e com o seu meio ambiente está
fundamentada na ótica epistemológica do construtivismo, ou seja, acredita-se no
processo educativo que traz toda uma consciência e respeito ao fato de que o
ser constrói seu caminho em prol do saber, por meio das experiências
construídas ao longo do processo escolar, problematizando sempre suas
intenções de aprendizagem, sabendo que o professor é o mediador de todo o
processo e fazendo o papel de estimular o pleno desenvolvimento dos seus
aprendizes, independentemente, das fases de vida que os estudantes estejam.
Em suma, a epistemologia da Pedagogia Relacional é e vem do
construtivismo. Em outras palavras, o conhecimento que rege a Pedagogia
Relacional é o construtivismo, ou seja, as ideias da epistemologia genética
desenvolvida pelo biólogo Jean Piaget são importantíssimas para defender a
relevância das relações para a constituição de saberes concisos e/ou úteis para
o desenvolvimento integral do sujeito.

Vocabulario
Epistemologia: ciência, conhecimento. É o estudo científico
que trata dos problemas relacionados com a crença e o
conhecimento, sua natureza e limitações. Conhecida
também como a teoria do conhecimento.

Apoiada na epistemologia do construtivismo, a Pedagogia Relacional


objetiva instigar o desenvolvimento cognitivo dos educandos por meio das
relações estabelecidas dentro da sala de aula, onde eles tenham condições de
construir suas aprendizagens com mais qualidade, por intermédio da interação
com o outro, vislumbrando uma formação integral nos estudantes que dê
condições a todos os sujeitos de contribuírem com maestria para a formulação
de um mundo menos desigual, ou seja, partindo da premissa de que são, nas
relações humanas, momentos em que é possível desenvolver mais e mais a
humanização necessária nas mentes dos sujeitos, fazendo destes seres
propagadores do bem comum.

24
Para Refletir
Leia este trecho de texto e reflita sobre a importância da
intencionalidade em trabalhar com aprendizagem formal e
informal:

Desenvolver o conhecimento no campo afetivo e no das


relações interpessoais não é considerado particularmente
inteligente pelo sistema estabelecido, o que faz com que
estes ensinamentos possíveis não figurem no currículo. Isto
não constitui uma escolha realmente admirável, a julgar pelas
consequências que traz. Entre estas consequências, pode-
se facilmente perceber um desequilíbrio entre o nível de
evolução que alcançam os aspectos cognitivos do
pensamento, exercitados intencionalmente no ensino formal,
e os aspectos afetivos, banidos de tal ensino ou por ele
ignorados, que permanecem em estado de
subdesenvolvimento. Isso conduz a uma sociedade muito
bem preparada para progredir no campo da tecnologia,
inclusive militar, mas deixa esta tecnologia nas mãos de
indivíduos que não sabem conscientizar e organizar suas
emoções nem resolver conflitos de maneira não-violenta, isto
é, nas mãos de analfabetos emocionais. Muitos dos atuais
políticos e militares envolvidos em guerras e massacres
foram, em algum momento, estudantes aos quais se ensinou
com muita ênfase a resolver problemas relacionados com
matérias curriculares, mas que não foram os preparados para
resolver conflitos interpessoais de maneira inteligente. Não
parece ser uma ideia feliz preparar o ser humano para ser
capaz de alcançar um alto desenvolvimento tecnológico que
permita produzir inúmeros bens materiais, mas também
instrumentos de destruição massiva, e não lhe ensinar os
recursos necessários para alcançar um maior bem-estar
individual e coletivo.
(SASTRE; MORENO, 2002)

Ao mesmo tempo que o aspecto individual é valorizado em sua


singularidade, o coletivo também é contemplado por esta prática educativa, que
visa envolver todos como participantes no contexto da aprendizagem, buscando
fazer dos educandos os sujeitos de seus processos, construtores de saberes,
que são mediados pelo conhecimento e experiência didática do professor, que
responsável e ético conduz os aprendizes a caminhos inovadores de
aprendizagens significativas.

25
Pedagogia Diretiva Pedagogia Não Diretiva Pedagogia Relacional

Epistemologia Epistemologia Epistemologia


Empirista Apriorista Construtivista

Pedagogia centrada É centrada na relação.


no professor. Não é centrada no
O professor é o auxiliar estudante ou professor,
Pedagogia tradicional do estudante, pois mas sim nas relações
e conteudista. acredita-se que este já desenvolvidas em sala
traz consigo um de aula.
Educação Bancária. aprendizado nato, o qual
precisa ser trazido à O educando age e
Reprodução de
consciência e problematiza sua ação
conhecimentos.
organizado. de aprendizagem.
Estudante passivo e
O professor como O sujeito é capaz de
ouvinte.
facilitador do processo aprender sempre.
O professor é o educacional.
O professor é o
detentor do saber.
mediador da construção
de aprendizagem.

Fonte: elaborado pelo autor (2019), adaptado pelo DI (2019).

2.2 A Pedagogia Relacional na Educação Infantil

Em toda e qualquer etapa educacional, pensar nas relações que


permeiam o âmbito educativo é muito importante, afinal o ato de educar envolve
pessoas humanas, então, desta feita, relações entre crianças, adolescentes,
jovens, homens e mulheres são comuns nas ambiências educacionais.
O ato de organizar os atos pedagógicos na Educação Infantil, a partir da
premissa de que o processo de aprendizagem deve ser desenvolvido pelo viés
das relações entre todos dentro do contexto educacional, é algo que converge
com toda a discussão e luta em prol de uma educação significativa para todos
os seus partícipes.
Promover a Pedagogia Relacional em alunos de Educação Infantil é
permitir que estes desenvolvam mais e mais suas curiosidades, tão naturais
nesta fase da vida humana, e que por vezes o sistema escolar formal não dá
oportunidade de a criança continuar a desenvolver essas curiosidades tão

26
relevantes para a constituição de saberes úteis e/ou relevantes para a vivência
em sociedade, pois é necessário cumprir o currículo e a rotina pré-estabelecida,
por exemplo.
Em outro aspecto, esta promoção de aprendizagem centrada nas
relações faz com que as crianças desde a mais tenra infância percebam a
necessidade do outro em sua existência, que para viver em sociedade
dependemos dos nossos pares, que é necessário valorizar a coletividade,
enaltecendo assim a feitura de um mundo mais igualitário.
De igual importância, para se pensar na pedagogia relacional, há o
trabalho coletivo dos professores, em muitos centros de Educação Infantil ou, na
grande maioria, a sala de aula é dirigida por duplas de trabalho. Em alguns
casos, encontramos casais mediando a construção do conhecimento. Essa
forma de desenvolver o trabalho é necessária devido ao número de crianças por
sala, muitas vezes e principalmente em instituições públicas, como também a
dependência que as crianças de Educação Infantil possuem em relação ao
cuidado que os adultos devem ter em relação a elas.
Porém, sobre a ótica da epistemologia do construtivismo que sublinha a
relevância de a criança ser autora do seu conhecimento, tendo o professor como
mediador do processo e para além dessa concepção, a pedagogia relacional traz
as relações como a ferramenta primordial de todo o trabalho educativo, as
crianças precisam de liberdade para aprender, e para gozar de tal liberdade no
contexto escolar necessitam de cuidado enquanto brincam, exploram,
relacionam-se com o ambiente e com os seus pares.
A observação dos professores atenta e amorosa à medida que as crianças
vão explorando os ambientes organizados dentro do contexto educativo é tão
importante quanto o diálogo direto com tais educandos.
O ambiente deve acolher as crianças em todos os sentidos, fazendo com
que sintam-se totalmente seguras para explorar suas relações com todos no
ambiente e com o ambiente físico. Para tanto, o docente precisa respeitar os
espaços dos sujeitos infantis, ou o tempo de aprendizagem de cada um,
mediando os processos de aprendizagem com afetividade, competência, técnica
e teoria para que as relações possam, veementemente, contribuir para a feitura
de um processo educacional louvável.

27
Saiba Mais
Quanto ao número de crianças em sala na educação infantil:
no caso de creches e pré-escolas, a decisão é das
secretarias municipais de ensino, que podem diminuir ou
aumentar esse número de acordo com as necessidades e
demandas. Apesar disso, há características desejáveis à
etapa no documento Parâmetros Nacionais de Qualidade da
Educação Infantil (também presentes no Parecer do
Conselho Nacional de Educação nº 28/1998), que
estabelece: "uma professora ou um professor para cada 6 a
8 crianças de 0 a 2 anos; uma professora ou um professor
para cada 15 crianças de 3 anos; uma professora ou um
professor para cada 20 crianças acima de 4 anos".
Além disso, o texto também afirma que "a quantidade
máxima de crianças por agrupamento ou turma é
proporcional ao tamanho das salas que ocupam". Esses
textos são, contudo, diretrizes e não leis; e não determinam
uma relação de crianças por sala.
Continue a leitura do artigo...
Acesse em: https://blogs.oglobo.globo.com/todos-pela-ed uc
acao/post/existe-limite-de-aluno-por-sala-de-aula-na-educa
cao-infantil.html

Sem dúvidas, pensar no desenvolvimento pleno das crianças requer a


valorização das relações constituídas no espaço escolar, no qual os professores
tenham toda a competência necessária para mediar o processo de ensino e
aprendizagem, dando voz e vez aos sujeitos infantis, valorizando as suas
verbalizações, independentemente, da faixa etária e tendo perspicácia em
estimular a liberdade nas crianças desde a mais tenra infância.
As relações entre os professores estimulam também as relações entre as
crianças, pois estas aprendem muito na vivência, na observação, no exemplo,
ou seja, estarão vendo diariamente os professores se relacionando entre si para
promover momentos tenros de aprendizagens para todos os partícipes.
Dessa maneira, a pedagogia relacional propicia melhores e maiores
condições para que o processo de ensino e aprendizagem seja significativo aos
estudantes, a partir das relações instauradas no cotidiano educativo mediante a
amorosidade e afetividade e disseminando a liberdade em todos os aspectos do
aprender, assim sendo, é possível conceber um processo educativo repleto de

28
significância aos seus estudantes, pautado na aplicabilidade de relações
humanizadoras.

Importante
A atenção do professor quanto à dinâmica relacional da sala de
aula, percebendo-se, inclusive, como ator nesse cenário, pode
oferecer-lhe significativos indicadores quanto à compreensão
singular dos processos de aprendizagem de seus alunos, em
que a produção de significados e sentidos sobre o
conhecimento e a participação da subjetividade neste processo
podem ganhar uma atenção especial. Nessas informações, o
professor pode encontrar os elementos necessários à
elaboração de estratégias interventivas que alcancem as
necessidades individuais de cada aluno e favoreçam,
consequentemente, a aprendizagem desses estudantes.
(LIMA, 2008, p. 204)

Autores: Inferências dos autores que inspiram o discorrer


teórico da Pedagogia Relacional:

Jean Piaget Epistemologia do construtivismo, a criança é o agente do seu


aprendizado.

Paulo Freire A relevância do diálogo e da amorosidade, o educando como


sujeito do processo educativo. O professor como mediador
da construção de conhecimento.

Henri Wallon A afetividade no cotidiano escolar, lembrando que a


pedagogia relacional está centrada na relação.

Lev Vygotsky A relação dos sujeitos com o meio e com o seus


semelhantes, a relevância da interação para a aquisição de
aprendizagens.
Fonte: elaborado pelo autor (2019), adaptado pelo DI (2019).

Conclusão da aula 2

A pedagogia relacional está centrada na relação: do sujeito com o


ambiente físico, que deve ser acolhedor e propício para as interações reflexivas,
como também do sujeito com os seus pares, os quais precisam ser estimulados
a aprenderem juntos, mediante o diálogo e a liberdade de construírem os seus

29
conhecimentos. Os professores devem ser mediadores do conhecimento, pois
as crianças se relacionam entre si (no caso das duplas de trabalho) e os
profissionais da educação mediam a construção de saberes significantes para a
vida de seus educandos.
A criança precisa ser valorizada como sujeito do seu processo de ensino
e aprendizagem, tendo o professor como mediador desse processo, o qual
amorosamente conduz os seus pequeninos com liberdade mediante uma prática
libertadora no cotidiano escolar, na qual a criança pode aprimorar sua
curiosidade mediante os objetos de conhecimento e se relacionar com o
ambiente e com os seus pares com maestria.

Atividade de Aprendizagem
Explique com suas palavras como deve acontecer o trabalho
fundamentado na Pedagogia Relacional no cotidiano escolar.
Dê exemplos de como esta prática pode acontecer da melhor
maneira possível nos espaços educativos contemporâneos.
Inspire-se nos exemplos e discussões compartilhadas no
decorrer da nossa aula.
Discorra em até 15 linhas.

Aula 3 – Identidade e formação da autonomia da criança

Apresentação da aula 3

Nesta terceira aula serão abordados conceitos acerca da identidade ou a


construção desta pelo humano no decorrer da vida, dando ênfase à constituição
da identidade no âmbito da Educação Infantil, sublinhando o trabalho docente e
sua relevância para este feito. A discussão perpassará pela necessidade da
postura afetiva e comprometida dos profissionais da educação, os quais
precisam estimular o desenvolvimento autônomo da criança.

30
3.1 Identidade e formação da autonomia da criança

Versar sobre a identidade das crianças pequenas na Educação Infantil


ou a construção de consciência dos pequenos educandos sobre si é algo
intrínseco das discussões que objetivam a concretização de uma educação
integral para todos os sujeitos. O indivíduo precisa se sentir no seu mundo,
entendendo o seu papel dentro dos contextos que esteja convivendo como ser
humano e, para tanto, precisa aprender a conhecer a si mesmo e as influências
que as suas interações sociais têm em suas vidas, pois o ato de se sentir ou
compreender sua identidade mediante os contextos de vida perpassa pela
mutabilidade da vida humana, enfatizando que esta é totalmente mutável, pois
em uma perspectiva de convivência humana tudo pode ser modificado com o
passar do tempo, afinal, o ser humano é histórico, portanto, inacabado.

Vocabulario
Identidade: conjunto de características que distinguem uma
pessoa ou uma coisa e por meio das quais é possível
individualizá-la. É o conjunto de caracteres próprios e
exclusivos de uma pessoa.

Interações sociais
Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/feliz-criancas-em-escola-elementar_3274284.
htm

31
Em linhas gerais, pode-se inferir que a identidade é algo que vai sendo
desenvolvido nos sujeitos infantis à medida que estes vão interagindo em seus
ambientes sociais, constituindo, assim, suas histórias e corporificando seus
sujeitos históricos.
No grupo familiar, a criança vivencia suas primeiras interações sociais, ali
vai configurando sua identidade de maneira inconsciente, a partir de todas as
relações instauradas, conhecendo e reconhecendo o seu lugar dentro da família,
bem como lidando com as outras pessoas e seus respectivos papéis dentro do
contexto familiar.
Quando a criança chega à escola, já traz consigo características
intrínsecas em sua identidade, que já foram introduzidas pelas interações
familiares, assim sendo a criança não pode ser de forma alguma concebida como
uma folha em branco, por exemplo, pois as crianças trazem consigo já uma gama
de experiências vivenciadas em suas relações com os seus pares na família. E
tais saberes e/ou experiências devem ser valorizados e respeitados para se
concretizar um processo educativo louvável.
Em suas interações entre si e no âmbito escolar, as crianças vão se
descobrindo individualmente, e, progressivamente, compreendem o valor das
relações com o coletivo, aprendendo a conviver com os seus semelhantes, a
partir da vivência complexa e diversa que é estabelecida nos ambientes
escolares, os quais têm crianças bem diferentes umas das outras, e que já
constituem identidades difusas, pois já trazem toda a influência de seus primeiros
laboratórios de convivência humana, a família.
Isso posto, é interessante enfatizar que a identidade do ser humano vai
sendo constituída em seu discorrer histórico de vida, mediante todas as fases de
desenvolvimento do sujeito, pois sofre as interferências de suas interações com
seus ambientes de vivência e consequentemente com seus semelhantes, visto
que todos esses aspectos corroboram para a formulação da identidade do
indivíduo.
Assim, é notória a importância de a escola propor trabalhados
pedagógicos que estimulem o desenvolvimento das crianças de maneira
saudável e harmoniosa, fazendo com que estas desenvolvam suas identidades
com ótimas influências interativas, que possam aprender desde sempre sobre a
boniteza de viver em e com respeito mediante aos semelhantes, respeitando as

32
diferenças comuns dos ambientes habitados por humanos, aprendendo a
viverem com criticidade e humildade, colaborando para a feitura de um mundo
menos odiento, como tão bem enfatiza Freire (2012).
A fim de entendermos as condições de compreensão da criança frente ao
mundo que a rodeia, assim como sua maturação biológica como bem nos inspira
o biólogo suíço Jean Piaget, serão sublinhados os ideários de Wallon (2007)
quanto às etapas de desenvolvimento do humano desde o nascimento até a
idade adulta. Os estágios são:

 O primeiro estágio é o Impulsivo Emocional, que se subdivide de


0 a 1 ano, quando exploram muito o seu próprio corpo, e
posteriormente, vem a fase de 1 ano a 3 anos e 12 meses, quando
a criança começa a expressar-se com mais clareza e demonstra
suas emoções com mais determinação, tendo consciência sobre
os seus desejos e/ou necessidades;
 O segundo estágio é nomeado de Sensório-Motor e Projetivo.
(de 3 meses a 3 anos) Nesta fase de vida, a criança utiliza seus
movimentos motores para explorar o ambiente. As atividades
motoras estimuladas neste período contribuirão muito para o
desenvolvimento da próxima etapa de vida, no que diz respeito
aos aspectos do cognitivo e da afetividade;
 O terceiro estágio é denominado de Personalismo (dos 3 anos
aos 6 anos), este momento é primordial para o
desenvolvimento da identidade infantil, pois o indivíduo
começa a tomar consciência de si para além do outro, percebendo
as diferenças existentes nos grupos de convivência;
 O quarto estágio é nomeado de Categorial (6 anos a 11 anos),
nesta fase existe a nitidez das diferenças conscientes, entre o eu
e o outro. O sujeito também elabora seus saberes em categorias
e vai formulando sua compreensão de mundo e de si mesmo, de
acordo com as instruções educacionais recebidas durante o seu
percurso de vida;
 O último estágio é denominado de Puberdade e Adolescência
(dos 11 anos em diante), assim é entendido que o processo de

33
construção da identidade se dá por toda a vida, pois a identidade
do humano é influenciada pelas suas interações no percorrer dos
seus caminhos de vida.

Tendo em vista os processos que permeiam a vida humana, no que diz


respeito ao desenvolvimento da pessoa em seus aspectos sociais, culturais,
físicos, psicológicos, entre outros, é possível inferir que a identidade da pessoa
vai, no decorrer da vida, sofrendo as influências necessárias para que o sujeito
se invente e se reinvente, progredindo sempre no conhecimento de si próprio e
de seu mundo.
Sublinha-se o terceiro estágio, no qual, de acordo com Wallon (2007), a
criança inicia o seu processo de consciência de si e do outro com mais vigor,
entre os 3 e 6 anos, justamente nesta fase da educação infantil, e,
posteriormente, quando as crianças estão adentrando no Ensino Fundamental,
sendo esta uma fase de mudança. Assim, é imensamente importante que a
escola assuma a responsabilidade de promover momentos de aprendizagens,
nos quais as crianças possam se socializar com liberdade e criatividade, a fim
de construírem com maestria suas identidades no decorrer do processo
educativo, reconhecendo-se como sujeitos participantes em seus mundos.

Pesquise
Leia um pouco mais acerca da Educação Infantil, segundo
os ideários de Henri Wallon.

Acesse:
https://novaescola.org.br/conteudo/114/henri-wallon-conceito-
emocao#

https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/20861_8401.pdf

https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/a
s-contribuicoes-teoricas-de-wallon-para-a-aprendizagem/32656

O trabalho de construção da identidade nos educandos inicia com os


estímulos dados aos bebês para o desenvolvimento da consciência corporal, por
exemplo, pois a partir do entendimento do que pode ser feito com o seu corpo a

34
criança vai construindo e reconstruindo sua identidade, à medida que explora o
ambiente com os seus movimentos corporais vai compreendendo seu papel no
mundo que a cerca, e assim por diante.
Todo esse desenrolar de interações entre a criança e o seu mundo
externo acontece mediado com a afetividade, ou seja, os sentimentos
direcionam os caminhos para a construção da identidade do ser pequenino, e,
consequentemente, formula sua autonomia no mundo de convivência,
paulatinamente, de acordo com a concretização da consciência de si e do outro.
Essas interações são permeadas de sentimentos bons e ruins, os quais
vão ajudando a constituir o sujeito, porém, quanto mais sentimentos bons forem
compartilhados e cultivados, e, de maneira, afetiva a criança for conduzida no
seu início de desenvolvimento como sujeito nos espaços de convivência, mais
e/ou melhor tal sujeito constituirá sua identidade e terá uma autonomia como
cidadão atuante em seu mundo presente e vindouro.
Entende-se que a afetividade sob a ótica de Wallon (2007) consiste em
toda a postura com que os adultos conduzem a interação com a criança, a
maneira com que tratam nos diversos momentos relacionais, nos quais indicam
como a criança deve agir em determinadas situações, por exemplo. Em todo
momento, a criança pode aprender, pois ela imita, observa e repete os atos do
adulto, para então, construir seus próprios gostos e maneiras de intervir em seus
mundos, muitas vezes assemelhando-se aos adultos que a educaram.

Vídeo
Assista ao vídeo sobre a identidade e autonomia na Educação
Infantil, a fim de aguçar mais sua curiosidade epistemológica
sobre o assunto.
Acesse em: https://www.youtube.com/watch?v=hDba0NLZuC4

O processo de construção da identidade infantil requer práticas sociais,


ou seja, é na socialização com o outro que a criança vai se descobrindo como
sujeito e, progressivamente, como sujeito no mundo e para o mundo.
Tal processo está repleto de relações com outrem, o que fará com que
sejam construídos laços afetivos, está aí a relevância da afetividade na
constituição da identidade e autonomia das crianças, pois toda e qualquer
35
relação entre sujeitos humanos emana de sentimentos, sejam estes bons ou
ruins, no caso da constituição da identidade infantil, em que o ser pequenino está
envolto nos cuidados do adulto, esta questão da afetividade está intrínseca ao
processo de desenvolvimento do educando dentro e fora da escola.
Portanto, as experiências de socialização no âmbito escolar são
fundamentais para a constituição saudável e promissora da identidade e
autonomia infantil.
Para Wallon (2007), o meio social interfere na formação da pessoa, ou
seja, são indissociáveis as influências do sujeito em processo de
desenvolvimento com o seu meio de vivência. Enquanto o indivíduo humano vai
tomando consciência de si, também vai estruturando saberes sobre o outro e
assim entende sua relevância individual perante o mundo, entendendo a
necessidade de viver coletivamente nos espaços sociais, pois viver em
sociedade implica respeitar o próximo e suas atitudes diferentes de mim.
Nesta perspectiva é importante enfatizar o papel primordial da escola frente
ao desenvolvimento da criança na Educação Infantil, pois esta é a oportunidade
maior que a criança terá para aprender sobre a socialização respeitosa diante
dos seus semelhantes com características tão distintas das delas, é neste interim
de relacionamentos que o trabalho educativo deve encontrar momentos certos
para mostrar para as crianças as diversidades culturais e sociais preeminentes
de grupos humanos, enfatizando que tais características são comuns em todos
os grupos de pessoas humanas que integram uma devida sociedade.

Saiba Mais
A afetividade evolui conforme as condições maturacionais de
cada pessoa e com formas de expressões diferenciadas que
se configuram como um conjunto de significados que o
indivíduo adquire nas relações com o meio e com a cultura
ao longo da vida. Os significados representam para cada
pessoa as diferentes situações e experiências vivenciadas
num determinado momento e ambiente social. Por esse
motivo, afetividade não permanece imutável ao longo da
trajetória da pessoa.
(DOURADO, PRANDINI, 2008)

36
Portanto, o espaço de socialização na escola, o qual é organizado em
tantos momentos de brincadeiras, atividades pedagógicas dirigidas, ou mesmo
a convivência natural entre as crianças no decorrer de toda a rotina escolar, é
fator determinante para muitos comportamentos que o sujeito humano terá por
toda a sua vida.
Sendo assim, compreende-se que a afetividade deve estar em todos os
momentos de interações sociais dentro da escola, visando estimular nas
crianças as práticas harmoniosas para que a vida em sociedade seja menos
difícil, vislumbrando assim a feitura de cidadãos mais conscientes sobre a
boniteza de se viver em prol da propagação do bem comum.
O processo de socialização da criança na Educação Infantil deixa fatores
determinantes, benéficos ou maléficos, em sua estrutura social, afetiva e
cognitiva, a depender da postura afetiva dos adultos frente aos seus atos
educacionais, principalmente, perante o atendimento ou a condução da criança
nos seus espaços de convivência educativa, como também na convivência
familiar.

Importante
A maneira como cada um vê a si próprio depende também do
modo como é visto pelos outros. O modo como os traços
particulares de cada criança é recebido pelo professor e pelo
grupo em que se insere tem um grande impacto na formação de
sua personalidade e de sua autoestima, já que sua identidade
está em construção. Um exemplo particular é o caso das
crianças com necessidades especiais. Quando o grupo a aceita
em sua diferença, está aceitando-a também em sua
semelhança, pois, embora com recursos diferenciados, possui,
como qualquer criança, competências próprias para interagir
com o meio. Vale destacar que, nesse caso, a atitude de
aceitação é positiva para todas as crianças, pois muito estarão
aprendendo sobre a diferença e a diversidade que constituem o
ser humano e a sociedade. As crianças vão, gradualmente,
percebendo-se e percebendo os outros como diferentes,
permitindo que possam acionar seus próprios recursos, o que
representa uma condição essencial para o desenvolvimento da
autonomia.
(BRASIL, 1998, p. 13, 14)

37
Se a perspectiva educacional é a formulação de uma sociedade mais
solidária, na qual as pessoas sejam cooperativas e tenham consciência sobre a
relevância de respeitarem os seus pares de acordo com suas singularidades,
formulando assim relações que enalteçam o bem comum, é de suma importância
que haja estímulo à formulação da identidade e autonomia no âmbito da
Educação Infantil em todo o tempo, seja nas propostas de atividades
desenvolvidas no decorrer da rotina, seja na observação da convivência com os
professores e colegas educandos.
Faz-se coerente neste interim de reflexão e discussão sublinharmos a
postura afetiva do professor, o qual deve instigar em todo o tempo o
desenvolvimento de habilidades notáveis em seus educandos, demonstrando
exemplos para as suas crianças que possam ser seguidos por tais educandos,
no que diz respeito ao trato com o outro, por exemplo.

Pesquise
Leia, pesquise e reflita acerca da identidade e autonomia na
Educação Infantil.
Acesse:
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume2.pdf

http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=do
wnload&alias=16321-seb-traj-criativas-caderno2-trajetoria-
identidade&category_slug=setembro-2014-pdf&Itemid=30192

http://portal.mec.gov.br/docman/julho-2013-pdf/13677-diretrizes-
educacao-basica-2013-pdf/file

A criança é um ser social que nasce com capacidades afetivas,


emocionais e cognitivas. Tem desejo de estar próxima às pessoas e é capaz de
interagir e aprender com elas de forma que possa compreender e influenciar seu
ambiente (BRASIL, 1998, p. 21). Assim, entende-se que a criança deve ser
valorizada em seu contexto educativo como um sujeito de direitos, que está no
contexto escolar para aprender a viver melhor em sociedade, sendo atuante
como ser humano que se preocupa com o bem comum, que interage com o seu
próximo vislumbrando o crescimento coletivo.

38
Para que haja mediação promissora por parte do professor diante da
convivência com os seus educandos, é necessário que este conheça as
especificidades de suas crianças, que haja diálogo, a princípio com a família ,
concomitantemente, e com a criança, a fim de que o planejamento do docente
esteja coerente com a realidade de seus estudantes.
Assim, o professor favorece a constituição da autonomia infantil,
promovendo trabalhos pedagógicos que enalteçam a participação das crianças
com entusiasmo, sabendo que, para haver participação entusiástica por parte
dos estudantes, faz-se necessário que estes vejam sentido e significado naquilo
que estão ou irão desenvolver em sala de aula, para tanto, a educação tem que
ser efetivada de maneira que atenda as especificidades dos educandos.
Em suma, o docente deve entender a maneira de agir das crianças, seus
costumes familiares, entre outros aspectos que sejam importantes para produzir
um planejamento didático coerente com a realidade escolar na qual está
inserido. Também é importante pensar em projetos didáticos que possam
contribuir para a vivência da criança em sociedade a curto, médio e longo prazo.
Wallon (2007) designa a criança como um ser completo, que deve ser
respeitado em sua totalidade, pois traz consigo já grandes características em
sua formação quando chega ao universo escolar infantil, oriundas de sua
primeira ambiência social, a família. Têm-se os três campos funcionais da
criança nomeados pelo autor: o motor, o afetivo e o cognitivo. Dessa maneira,
tais campos precisam ser levados em consideração durante a formulação do
trabalho docente com os pequeninos, pois as crianças precisam ser estimuladas
a se desenvolverem da melhor maneira possível para seguirem o seu processo
de crescimento integral com autonomia.
Uma das mais belas e significativas contribuições de Wallon para a
educação em geral, especialmente para a etapa da Educação Infantil, foi
demonstrar por meio de suas pesquisas e estudos as relações entre o
desenvolvimento cognitivo e a afetividade, ou seja, o autor mostra em seus
escritos o quanto o ato de aprender depende de um ambiente acolhedor, no qual
o professor esteja totalmente disposto a exercer sua afetividade com seus
alunos, mediando a construção de conhecimentos com amorosidade, indicando
os caminhos para suas crianças, enquanto estas constituem suas identidades
com autonomia no decorrer do cotidiano educacional.

39
Afetivo
Motor

Cognitivo

Criança
Fonte: elaborado pelo autor (2019).

Para Refletir
Definindo o homem como ser geneticamente social, a
concepção walloniana do desenvolvimento humano propõe a
existência de uma complexa imbricação entre os fatores
biológicos e sociais. Conforme as disponibilidades de
amadurecimento da idade, a criança interage de maneira
mais forte com um outro aspecto de seu ambiente, retirando
dele os recursos para o seu desenvolvimento e aplicando
sobre ele suas condutas; a cada idade estabelece-se um tipo
particular de interações entre o sujeito e seu ambiente, numa
dinâmica de determinação recíproca.
(GALVÃO, 1996, p. 38)

Os campos funcionais elencados por Wallon devem ser considerados


visando um melhor desenrolar do trabalho pedagógico, a fim de que o professor
organize suas intervenções didáticas para intervir no desenvolvimento das
crianças em suas motricidades, para que de forma afetiva seja estimulado o seu
aspecto cognitivo. Essas intervenções didáticas devem ser elaboradas por meio
das interações e brincadeiras propostas durante toda a rotina na educação
infantil, lembrando que as crianças pequenas aprendem melhor quando brincam,
no entanto, as brincadeiras devem ser organizadas com intencionalidade pelos
docentes, estes precisam observar com muita atenção e criticidade as relações

40
estabelecidas pelas crianças nesses momentos, a fim de que seja avaliado o
processo, e então, reformulado, se necessário, visando sempre um atendimento
integral e valoroso frente aos pequenos.
Sobretudo, a construção da identidade do ser humano dar-se-á por toda
a vida, à medida que este vai se influenciando nos meios sociais que esteja
convivendo em suas diferentes etapas de vida, pois têm-se o sujeito humano
como alguém permeado por mudanças em sua existência, afinal é um ser
histórico.

Conclusão da aula 3

A vivência na Educação Infantil deve ser repleta de amorosidade, a fim de


que as crianças sejam acolhidas com afetividade por professores competentes,
éticos e comprometidos com a arte de ensinar os pequeninos por intermédio da
liberdade e criatividade, proporcionando momentos ternos de aprendizagens a
partir de uma prática libertadora voltada para a aquisição de aprendizagens
significativas para os educandos, fazendo com que estes tenham ótimas
influências sociais da escola para a sua formação de identidade e que possam,
gradativamente, constituir suas caminhadas acadêmicas com autonomia.
A construção da identidade se dá de forma mais concreta e aguçada na
primeira infância, momento em que os aprendizados incorporados influenciarão
o desenvolvimento do ser humano por toda a vida, destarte o trabalho docente
comprometido frente ao sujeito infantil é imprescindível, a fim de que estes
possam incorporar saberes significativos para a construção de histórias
emancipatórias em seus mundos de convivência.

Atividade de Aprendizagem
Discorra a respeito da construção da identidade na ambiência
da Educação Infantil, utilizando os referenciais teóricos
contidos em nosso livro, como também as discussões
propostas em nossa aula sobre esta temática.
Argumente em até 15 linhas.

41
Aula 4 – Valoração da criança e formação continuada específica para o
docente

Apresentação da aula 4

Nesta nossa última aula serão destacados pontos relevantes sobre a


valorização da criança como sujeito de direitos dentro da ambiência infantil, a
qual precisa ser atendida com qualidade pelos docentes comprometidos com
suas tarefas de educar e cuidar, estabelecendo relações harmoniosas no
contexto educativo por intermédio de muito diálogo entre todos os envolvidos na
construção do conhecimento.

4.1 Valoração da criança

Historicamente, o atendimento para crianças pequenas no espaço


educativo se deu para sanar as necessidades sociais das mães que precisavam
trabalhar nas fábricas, fato advindo pela industrialização das sociedades, que
levou as mulheres para o mercado de trabalho, entre outros fatores que
contribuíram para a mudança social e econômica nas sociedades
contemporâneas.
É certo também que o tempo das crianças no espaço educativo era,
totalmente, voltado para o cuidar, as pessoas que trabalhavam nesse
atendimento tinham pouca escolaridade, principalmente quando se faz um
recorte dessa temática em nossa sociedade brasileira. Há pouquíssimo tempo
temos discutido enquanto nação a respeito da formação dos
professores/educadores que trabalham com o público infantil. A LDB de 1996
trouxe este debate com mais afinco para todas as classes sociais e, até então
há um grande movimento político-social-econômico em prol da defesa de uma
qualidade no atendimento educacional das crianças na Educação Infantil.
Sobretudo, estamos em um processo de construção quando o assunto é
qualidade no atendimento da Educação Infantil. Avançamos em muitos lugares
brasileiros, porém, ainda existem muitos lugares onde as condições ou o acesso
a essa etapa educacional ainda é precária. Por isso, se faz tão relevante a
discussão, reflexão e estudo sobre esta temática, afinal são os professores

42
comprometidos com os espaços infantis de aprendizagem que poderão fazer a
diferença no mundo educacional infantil, por intermédio de seus conhecimentos
e ações coerentes à formulação de uma educação significativa e transformadora
de vidas para os educandos.
A valoração da criança perpassa pela preparação dos professores, pelas
condições físicas dos espaços escolares, pela qualidade da merenda, pelos
recursos repassados para a educação, entre outros. Dar valor ao atendimento
integral infantil é lutar para garantir uma educação de qualidade aos educandos
desde a sua mais tenra infância, de acordo com as legislações em vigor. Para
tanto, é mister que políticas públicas sejam efetivadas em virtude de proporcionar
condições reais para que a educação pública, principalmente, se propague com
justiça para todos os cidadãos brasileiros.

Vocabulario
Valoração: juízo de valor, opinião crítica acerca de alguma
coisa, o ato de valorar, ação de atribuir valor, de determinar
a importância e a qualidade de algo.

A preocupação em dar valor à criança no espaço educativo, respeitando


esta como um sujeito de direitos em sua ambiência social, implica ensinar-lhe
com comprometimento e respeito. Assim, como professores comprometidos,
mediar a constituição de saberes que possam possibilitar a vivência em
comunidade, aprendendo a respeitar, a acolher e a celebrar a diversidade dos
seus iguais.
Nesta intensidade de mudanças que vive a sociedade contemporânea
faz-se necessário que as crianças sejam estimuladas a ver o outro em sua
singularidade, a respeitar e compreender outros mundos diferentes do seu e a
entender a preciosidade de valorizar a coletividade. Enfim, a Educação Infantil
precisa estimular a socialização dos seus educandos com muita seriedade, pois
a exacerbada vida tecnológica tem afastado as pessoas de suas essências, e
uma dessas essências é a comunicação presencial entre os sujeitos,

43
principalmente na concepção da identidade infantil, o fato de olhar nos olhos dos
pequeninos e lhes ensinar com tempo, amor, respeito e carinho.
É mister aprender mais e mais sobre a cultura das pessoas por intermédio
de ações práticas que indicam o convívio social com solidez para as crianças no
espaço escolar, possibilitando, assim, que a criança internalize as formas
cognitivas de pensar e agir propícias da sua comunidade construídas ao longo
da história, e a partir disso tenham condições criativas de constituírem seus
saberes com autonomia, por meio da mediação do professor.
Permeados por uma sociedade complexa e midiatizada, é muito relevante
pensar e organizar trabalhos nos espaços escolares infantis que possam
valorizar as relações humanas, comuns aos ambientes educativos, afinal é
sempre bom lembrar que a escola é um espaço de relações, e estas são
essenciais para a promoção de um desenvolvimento integral aos sujeitos
estudantis.
Portanto, acredita-se que é por meio das conversas ou da dialogicidade,
sendo assim entendidos como os momentos de escuta e observação do
professor na Educação Infantil, que é possível conceber a construção de
conhecimentos que sejam significativos na busca por uma sociedade mais
acolhedora para todos os seus partícipes.
Os momentos de resolução de conflitos no cotidiano escolar são outro
exemplo riquíssimo em que pode e deve acontecer a experiência de valorizar
cada vez mais a criança, pois esta será estimulada a vencer os obstáculos dos
relacionamentos entre os semelhantes, aprendendo a dialogar, a compreender
o lugar do outro e o seu lugar no mundo.
Valorar a criança no espaço educativo consiste em dar-lhe liberdade.

Vídeo
Inspire-se com as imagens do filme: “caramba, carambola: o
brincar tá na escola. ”
Reflita sobre os momentos da criança na escola, sendo
valorizada como sujeito no espaço educacional.
Acesse em:
https://www.youtube.com/watch?v=_lQWGDV81Vs&t=694s

44
Valorar a criança
Fonte: https://br.freepik.com/vetores-gratis/duas-criancas-observar-a-crescendo-planta
_4866991.htm

As crianças devem ser respeitadas como sujeitos de direitos dentro do


contexto escolar, sendo ouvidas e atendidas no cotidiano da educação, a partir
de práticas pedagógicas que estimulem a aprendizagem constituída na liberdade
da criança explorar o mundo à sua volta, a fim de construir, realmente,
aprendizagens significativas para o seu pleno desenvolvimento como pessoa
humana.

No contexto de nossa sociedade, os direitos, as necessidades de


bem-estar, a aprendizagem de formas de pensamento e a
ampliação dos conhecimentos cotidianos e científicos das
crianças precisam ser o foco para conceber os estabelecimentos
educacionais, estando presentes em seus objetivos, suas
finalidades, sua organização e suas práticas cotidianas.
(BRASIL, 2009, p. 20, 21)

Nos últimos anos, temos concebido as crianças como seres humanos


concretos, um corpo presente no aqui e agora em interação com outros, portanto,
com direitos civis (BRASIL, 2009, p. 22). Essa inferência contida na legislação

45
vigente é mais uma indicação de que a Educação Infantil deve caminhar dia após
dia para cada vez mais valorizar o papel da criança no processo de ensino e
aprendizagem, fazendo com que esta participe ativamente do ato de construir
saberes mediante as relações estabelecidas no contexto escolar.
A criança é um sujeito humano dotada de complexidade, pois chega à
escola influenciada pelos seus meios sociais de vivência, trazendo já muitos
costumes que estão para além dos muros escolares, por isso o professor precisa
olhar nos olhos dos seus educandos e observá-los com toda humildade
pedagógica possível, a fim de elaborar projetos pedagógicos que possam,
realmente, contribuir para formação integral dos seus sujeitos infantis.
As crianças são seres em formação, porém já trazem grandes influências
do seu mundo social familiar e/ou de grupos sociais para dentro da escola, e
precisam ser valorizadas e atendidas no âmbito educativo mediante suas
especificidades e sendo ouvidas pelos profissionais da educação, os quais,
eficazmente, possam mediar novas e bonitas maneiras de aprender aos seus
pequeninos educandos.
De acordo com os estudos realizados, as crianças são “seres
biologicamente sociais” (BRASIL, 2009, p. 23), inferência esta que corrobora
para que as práticas educativas na Educação Infantil estejam voltadas para a
interação das crianças com os seus ambientes, quer sejam nos aspectos físicos
e nos sociais, ou seja, dialogando com o espaço por meio dos brinquedos e da
imaginação, como também aprendendo a conversar com os seus pares por
intermédio dos gestos e, progressivamente, a utilização dos sons e das palavras.
Contudo, para existir uma valoração louvável da criança no âmbito
educativo, faz-se necessário que os aspectos sociais da aprendizagem sejam
respeitados, ou seja, a criança precisa aprender por intermédio das relações
existentes no cotidiano escolar e interagindo com os objetos e pessoas.
Nas últimas décadas, vem se consolidando, na Educação Infantil, a
concepção que vincula educar e cuidar, entendendo o cuidado como algo
indissociável do processo educativo (Brasil, 2018, p. 34), este trecho em
destaque é da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), que traz também a
ênfase para os eixos de trabalho na Educação Infantil, que são as interações e
brincadeiras. Sendo assim, é imprescindível pensar na educação da criança a
partir de seu movimento, seu diálogo, sua musicalidade, suas vontades, enfim,

46
a criança precisa interagir com veracidade em todos os momentos do cotidiano
educativo.

Importante
A situação de compartilhar a educação das crianças traz a
necessidade social de um diálogo contínuo entre família,
sociedade e escola. Ambas necessitam determinar os papéis
de cada uma – o que compete à escola e o que compete às
famílias – considerando a impossibilidade de haver uma regra
única. As atribuições nascem das necessidades e das
possibilidades de ambas as instituições e do diálogo entre elas.
A isso denominamos colaboração entre as partes.
(BRASIL, 2009, p. 18)

É importante salientar que, quando enfatiza-se o direito da criança em


expressar suas vontades, o que está intrínseco a isso é a postura dialógica do
professor, o qual precisa mediar as circunstâncias, buscando uma plena
interação com o sujeito infantil, a fim de encontrar um ponto de convergência
entre as vontades da criança e os objetivos de aprendizagem que o professor
deseja alcançar com o seu planejamento didático, muitas vezes, mediante esse
diálogo, é possível modificar a forma de ensino no decorrer do percurso, e isso
permite o alcance de bonitos resultados educacionais.
A criança carrega em si muitas inquietudes frente ao mundo que a cerca,
então, o professor deve proporcionar oportunidades para que essas inquietudes
favoreçam a criatividade desses pequenos seres, pois quanto mais houver
diálogo e liberdade na configuração das ambiências infantis educacionais, mais
serão as possibilidades de preparar tais crianças para avançarem em suas vidas
acadêmicas com maestria e, posteriormente, vão poder influenciar com suas
posturas de cidadãos autônomos na feitura de um mundo mais acolhedor para
todos os seus partícipes.
Valorizar a criança no âmbito da Educação Infantil é tão somente
proporcionar diariamente para tal ser a alegria em se relacionar com o outro e
aprender sempre.

47
A promoção dos direitos das crianças à educação e à infância
começa a ser efetivada desde a defesa de princípios como a
equidade e a qualidade no atendimento até a definição da
proposta pedagógica dos estabelecimentos de Educação Infantil
enquanto promotores dos direitos humanos, especialmente os
dos bebês e das crianças pequenas.
(BRASIL, 2009, p. 21)

4.2 Formação continuada específica para o docente

O trabalho docente na Educação Infantil deve estar pautado em:

 Valorizar a criança como sujeito de direitos;


 Realizar a prática pedagógica de acordo com as ações do cuidar e
educar em todo o tempo do cotidiano educacional;
 O brincar deve fazer parte de toda a organização pedagógica, para
que as crianças tenham liberdade de agir por meio do brincar em
todo o tempo;
 O planejamento didático-pedagógico deve obedecer aos eixos das
interações e brincadeiras;
 Os aspectos lúdicos devem permear todas as ações do docente
frente às crianças.

Importante
A ação do professor de Educação Infantil, como mediador das
relações entre as crianças e os diversos universos sociais nos
quais elas interagem, possibilita a criação de condições para
que elas possam, gradativamente, desenvolver capacidades
ligadas à tomada de decisões, à construção de regras, à
cooperação, à solidariedade, ao diálogo, ao respeito a si
mesmas e ao outro, assim como desenvolver sentimentos de
justiça e ações de cuidado para consigo e para com os outros.
Em relação às regras, além de se manter a preocupação quanto
à clareza e transparência na sua apresentação e à coerência
das sanções, é preciso dar oportunidade para que as crianças
participem do estabelecimento de regras que irão afetar-lhes
diretamente. (BRASIL, 1998, p.43)

48
Há uma relação entre a alegria necessária à atividade educativa e a
esperança (FREIRE, 2016, p. 70). Com essa inspiração freiriana, é possível
conceber que o docente comprometido com o seu papel de mediador do
conhecimento diante das inquietudes das crianças necessita ter alegria, sendo
esta um combustível imprescindível para enfrentar todos os obstáculos do
cotidiano escolar. Integrando esta alegria às ações diárias, com certeza a vida
que acontece na ambiência educativa ficará mais leve e produtiva, fato esse que
corrobora a esperança em sempre acontecer resultados mais positivos e
humanísticos diante dos desafios para a formação plena do sujeito estudantil.

Para Refletir
Se o professor é sabedor de que no estágio do personalismo,
além da imitação, a criança se opõe ao adulto para afirmar
seu eu, também terá mais recursos para lidar com os
argumentos ou o acolhimento das opiniões infantis. Tomará
ainda consciência que a criança tem um raciocínio próprio e
diferente do adulto, e que muitas vezes sua lógica está
adequada para sua possibilidade do momento.
(GASPARIN, 2012, p.58)

Alguns autores que vimos no decorrer desta nossa disciplina são


importantíssimos para darmos continuidade à nossa reflexão neste interim do
estudo sobre a formação docente: em Wallon, temos a inspiração para praticar
à docência com afetividade e respeitar as fases de desenvolvimento do sujeito
humano; de Piaget vem a orientação acerca do sujeito humano e sua formação
biológica, sendo assim é necessário obedecer a ordem natural de
desenvolvimento nas crianças, a fim de conhecer mais e melhor suas
especificidades, dando condições para que as crianças construam seus
processos educativos com autonomia, seguindo a linha teórica do
construtivismo; em Vygotsky, a inspiração vem de encontro com as
necessidades que o sujeito tem de se relacionar com o seu meio e com os seus
pares, dessa maneira é preciso valorizar as relações no contexto educativo, bem
como as influências sociais que a criança traz dos seus outros ambientes de
vivência, tendo aí a tendência pedagógica histórico-cultural para guiar o caminho
na Educação Infantil; e por fim têm-se a inspiração de Paulo Freire, que sublinha

49
em seus escritos acerca da postura docente necessária para uma prática
educacional libertadora, a qual deve acontecer mediada pela amorosidade,
criticidade, respeito às diferenças; estas e outras inspirações sua obra traz para
que a prática docente seja, quiçá, revolucionária.
Contudo, apesar de todas as reflexões dos autores supracitados e das
discussões provocadas no decorrer desta disciplina, a formação docente
acontece com veemência no chão da escola. É no trabalho que o professor vai
conseguir refletir sobre suas ações, conhecendo o seu público, compreendendo
o que realmente é relevante para o desenvolvimento eficaz de uma atividade
educacional que atenda aos seus educandos em suas singularidades.
É evidente a relevância da formação teórica, mas de nada adianta o
estudo realizado e as incansáveis leituras feitas se o docente não chegar à sua
realidade disposto a pensar sobre as angústias que permeiam sua prática
educativa, sobre as reais necessidades que possuem seus estudantes, entre
outras especificidades que estão presentes nos âmbitos escolares da
contemporaneidade.
Formar-se docente é um processo contínuo e inacabado, pois afinal o
professor é ser humano histórico.
Tendo em vista a agitação dos dias atuais mediante as tecnologias
exacerbadas que influenciam muito a formação das identidades nos sujeitos
infantis, devido a isso é imprescindível que o docente esteja se atualizando,
lendo muito, sempre em busca de fundamentos teóricos que o ajudem na
dinâmica com as famílias e no atendimento eficaz frente aos pequeninos.
É necessário entender mais do que nunca que o professor precisa ler e
muito, a fim de que esteja pronto para dialogar com os educandos, os quais estão
e são influenciados por muitas informações dissipadas no mundo virtual, e
precisam de orientação, na maioria das vezes, a respeito das inverdades
contidas na internet, por exemplo. Portanto, a postura do docente precisa ser,
entre várias outras, perspicaz, estando sempre atento às mudanças, mostrando
sempre o caminho e a importância do conhecimento significativo aos seus
educandos.

50
Vocabulario
Perspicaz: que enxerga bem, que vê ao longe, que possui
inteligência e sagacidade, qualidade de quem tem facilidade
para perceber algo, que possui excesso de percepção para
entender as coisas ou que as compreende com maior
facilidade.

Para que o professor dinamize os caminhos dos seus educandos em prol


de saberes concisos e eficazes, faz-se necessário que seja desenvolvida a
habilidade da escuta, ou seja, é imprescindível ouvir os sujeitos infantis, observá-
los, sobretudo, amá-los como seres humanos em desenvolvimento, que
dependem da mediação do adulto para prosseguir seus caminhos.
Dialogar com a família é outro ponto fundante para a concretização de um
trabalho docente virtuoso, pois é preciso conhecer a criança em seu contexto
integral, lembrando das contribuições de Wallon (2007), que sublinha que a
criança é um ser complexo. Assim, o docente que busca conhecer a família da
criança dá um passo importante na elaboração de um trabalho pedagógico mais
eficaz diante daquele singular sujeito humano.
Sobretudo, o diálogo, quer seja com as famílias das crianças, com as
crianças, com os colegas de trabalho ou consigo mesmo, é uma parte
fundamental para que o docente esteja capacitado ou vá se capacitando dia após
dia perante as necessidades pedagógicas de sua práxis educacional.
O ambiente pedagógico tem de ser lugar de fascinação e inventividade.
Não inibir, mas propiciar, aquela dose de alucinação entusiástica requerida para
que o processo do aprender aconteça como mixagem de todos os sentidos.
(ASSMANN, 1998, p. 29). O autor Assmann exorta o docente para repensar no
processo educacional, de maneira que este possa encantar os seus educandos.
A proposta do referido autor é reencantar a educação por intermédio de uma
postura docente cada vez mais voltada para o conhecimento do educando,
sublinhando o papel do professor como primordial para que o processo de ensino
e aprendizagem aconteça com eficácia.
Praticar a docência na Educação Infantil requer muito esforço no sentido
de se relacionar com todos os partícipes envolvidos no processo de mediar o
conhecimento com as crianças pequenas. Por exemplo, o trabalho em sala de

51
aula é desenvolvido, na maioria dos centros de Educação Infantil, por uma dupla
de profissionais, os quais precisam interagir em todo o tempo diante do
atendimento das crianças, lembrando que estas aprendem muito observando os
adultos e é necessário ter um cuidado enorme nesta interação no decorrer dos
dias que compreendem o cotidiano com os sujeitos infantis.
Pensar na formação docente para a Educação Infantil nos remete ao
termo resiliência, este é definido pelo autor Haim Grunspun como: A capacidade
humana de lidar, superar, aprender ou mesmo ser transformado com a
adversidade inevitável da vida. (GRUNSPUN, 2005, p. 03). A postura do docente
em lidar com as adversidades diárias dos contextos educacionais tão diversos e
complexos no Brasil é sem sombra de dúvida um exemplo de resiliência. E no
âmbito da Educação Infantil não é diferente, pois os docentes precisam estar em
uma busca incessante de compreensão e ação diante das necessidades reais
dos seus pequeninos.
Portanto, para a formação docente, é mister desenvolver a capacidade de
resiliência.

Importante
Portanto, para além do importante lugar como primeira etapa da
Educação Básica, duas características definem a Educação
Infantil ao longo da sua história. Primeiramente, a necessidade
imprescindível de articular a educação e o cuidado das crianças
pequenas com diferentes setores como cultura, saúde, justiça e
assistência social, o que exige políticas públicas integradas com
propostas que reflitam essa integração nas concepções, nas
práticas e no atendimento em tempo integral. Em segundo
lugar, a multiplicidade de configurações institucionais que
oferecem alternativas educacionais adequadas às demandas
das crianças e das suas famílias. Essas características, na
última década, ultrapassaram sua especificidade na Educação
Infantil para também ingressarem na pauta de debate dos
demais níveis de ensino. (BRASIL, 2009, p. 21)

A educação resiliente não é um programa nem uma estratégia, muito


menos uma terapia, é uma maneira de ser dos profissionais e uma maneira de
se relacionar com os estudantes, com as famílias e entre si. (GRUNSPUN, 2005,
p. 174). Acredita-se que a maneira de ser do docente implica diretamente nos

52
resultados de aprendizagens dos sujeitos infantis, destarte é, indubitavelmente,
encorajador ampliar a discussão acerca da postura necessária profissional para
que seja intensificada as condições de aprendizagens pelas crianças. Sendo
assim, o docente que reflete sobre sua ação está denotando novas
possibilidades de fazer a sua prática, está sendo resiliente quando discute,
avalia, ouve, reflete, dialoga e, se preciso for, muda a rota do processo de ensino
e aprendizagem.

Conclusão da aula 4

A prática docente na Educação Infantil contemporânea precisa ser


exercida por indivíduos que estejam engajados na luta por uma educação de
qualidade para os pequeninos sujeitos dessa etapa educacional, acreditando
que a criança é o sujeito principal na construção do seu conhecimento, a fim de
que este tenha significado e sentido para e na vida dos educandos.
A criança é um sujeito de direitos, que deve ser respeitada integralmente
em todo o cotidiano que permeia as ambiências de Educação Infantil. O docente
precisa exercer nas crianças sempre o estímulo necessário, a fim de que estas
tenham autonomia para construírem os seus processos de conhecimentos com
sentido e significado para os seus desenvolvimentos plenos como pessoa
humana. O processo de Formação Docente é algo intrínseco do ser professor,
assim, tal formação é inacabada, e nos dias atuais deve ser inovadora, pois o
papel do professor deve ser: reflexivo, resiliente, mediador e afetivo. Em suma,
realizar a prática docente para os sujeitos infantis é, sobretudo, reinventar-se
todos os dias.

Atividade de Aprendizagem
Qual a importância da Formação Docente ser constante para
a prática do professor na ambiência da Educação Infantil?
Utilize as discussões propostas em nossa aula e os
referenciais teóricos destacados no material escrito.
Argumente em até 15 linhas.

53
Conclusão da disciplina

Dialogar acerca das competências e profissionalismo no ambiente infantil


implica, dentre outros aspectos, sublinhar a responsabilidade e entusiasmo do
docente em realizar sua tarefa, estimulando as crianças a aprender sempre com
autonomia, lutando pela qualidade no percurso e abrangendo sempre recursos
diversos para que a aprendizagem seja constituída de maneira significativa.
O professor deve ser considerado mediador do processo frente às
crianças, valorizando-as como sujeito do processo educativo em todos os
momentos.
O foco nas relações dentro do contexto escolar é imprescindível para que
haja interações reflexivas, ou seja, para que o docente possa propor estratégias
pedagógicas que instiguem os sujeitos infantis a valorizarem os seus
semelhantes a exercerem a socialização com eficácia nos seus cotidianos.
A criança deve ser considerada como sujeito de direitos, a fim de que os
trabalhos desenvolvidos na escola possam enaltecer a autonomia desses seres,
que precisam da interação social para se desenvolverem como pessoas mais
humanizadas, tendo assim maiores e melhores condições para atuarem em suas
sociedades vigentes e futuras com maior destreza.
A construção da identidade do sujeito se dá por toda a vida, pois vai se
incorporando às mudanças que acontecem na vida do indivíduo, afinal, nenhum
sujeito humano está pronto e acabado, mas, sim, é inacabado, portanto,
histórico.
A proposta de um processo de ensino e aprendizagem autônoma é de
que sejam estimuladas no sujeito estudantil as possibilidades para que se
construam histórias emancipatórias de vida, ou seja, que as crianças cresçam
com sabedoria para que protagonizem suas histórias sob quaisquer
circunstâncias.
Sobretudo, a fim de que seja possível a feitura de uma prática educativa
mais autônoma, libertadora e humanística, na qual a criança seja respeitada em
sua singularidade e participando do seu processo de construção de
conhecimento, portanto, o professor precisa ser reflexivo, resiliente, mediador e
afetivo.

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Índice Remissivo
A Pedagogia Relacional na Educação Infantil ............................................ 26
(Ambiências educacionais; atos pedagógicos; etapa educacional)

Educação Infantil no contexto contemporâneo .......................................... 07


(Educação básica; Educação Infantil; educação nacional)

Formação continuada específica para o docente ....................................... 48


(Cotidiano educacional; organização pedagógica; prática pedagógica)

Identidade e formação da autonomia da criança ....................................... 30


(Educação Infantil; identidade; postura afetiva)

Identidade e formação da autonomia da criança ....................................... 31


(Educação Infantil; identidade; interações sociais)

Inferências acerca da Pedagogia Relacional ............................................. 19


(Constituição social; relações saudáveis; sujeitos)

O papel do professor mentor e guia ........................................................... 10


(Cidadãos autônomos; meios políticos; meios sociais)

O professor como mentor e guia ................................................................ 07


(Aprendizagem; papel do professor; processo educativo)

Pedagogia Relacional .............................................................................. .. 18


(Aprendizagem; constituição de aprendizagens; mediador)

Valoração da criança ................................................................................. 42


(Educação significativa; espaços infantis; mundo educacional)

Valoração da criança e formação continuada específica para o docente .. 42


(Conhecimento; contexto educativo; relações harmoniosas)

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