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ORIENTAÇÃO ESCOLAR
GUARULHOS – SP
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SUMÁRIO
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Prezado aluno!
Bons estudos
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1 BREVE HISTÓRICO DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
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Fonte: SAGAH (2020).
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capazes, àqueles que exerceriam funções subordinadas e àqueles que exerceriam
funções de chefia ou direção (FERREIRA, 2010).
Nesse contexto, percebe-se uma ação discriminatória, onde, caso necessário, os
indisciplinados eram postos em classes especiais e os vistos como mais capazes tinham
as habilidades treinadas para que mais tarde ocupassem os melhores postos de trabalho.
Como já exposto, o histórico da Orientação perpassa por diversas fases e papéis
exercidos por esse profissional, em diferentes contextos históricos e políticos. O campo
de atuação era voltado para “desajustes” escolares, hoje o papel desempenhado por
esse profissional é outro:
[...] a orientação, hoje, está mobilizada com outros fatores que não apenas e
unicamente cuidar e ajudar os „alunos com problemas‟. Há, portanto,
necessidade de nos inserirmos em uma nova abordagem de Orientação, voltada
para a „construção‟ de um cidadão que esteja mais comprometido com seu
tempo e sua gente. Desloca-se, significativamente, o “aonde chegar, neste
momento da Orientação Educacional, em termos do trabalho com os alunos”.
Pretende-se trabalhar com o aluno no desenvolvimento do seu processo de
cidadania, trabalhando a subjetividade e a intersubjetividade, obtido através do
diálogo nas relações estabelecidas. (GRINSPUN, 1994, apud SILVA, 2015, p.
19).
Segundo Grinspun (2003), antes o orientador era visto como uma figura “neutra”
no processo educacional, para “guiar os jovens em sua formação cívica, moral e
religiosa”, hoje, espera-se um profissional comprometido com sua área, com a história de
seu tempo e com a formação do cidadão.
O orientador deve fortalecer o contato entre escola e comunidade, já que é tão
importante para o aluno o entendimento da sua história real vivida. Com isso, o orientador
consegue exercer um de seus papeis, que é atuar na construção do indivíduo, fazendo
com que ele tenha compromisso com sua comunidade, desenvolvendo assim, a
cidadania.
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O que mostra que seu papel vai além dos portões da escola. Ele deve auxiliar o
trabalho do professor, fazer a ponte entre família e escola, dar apoio para o aluno no
processo educacional, realizar projetos para atender as necessidades de seus alunos,
entre outras diversas atribuições que lhe são dadas.
O orientador educacional tem um papel fundamental na vida do aluno, da família
e até mesmo dos professores. É ele o responsável pela mediação entre todos os
envolvidos no processo educacional. É um papel desafiador, que foi ganhando, com o
passar dos anos, suma importância no âmbito escolar.
Infelizmente, seu papel ainda não está muito bem definido dentro das escolas, e
ele acaba por realizar as atribuições de outros profissionais. Sua figura muitas vezes é
confundida com a do psicólogo, coordenador, professor. No final, ele realiza todas essas
tarefas, mas o seu real papel precisa ser bem desenhado, para que ele consiga realizar
seu trabalho com excelência e sem sobrecarga.
Seu trabalho apresenta um olhar voltado para o educando, centrado na
responsabilidade de formar cidadãos, de fazer valer o caráter democrático da educação,
ou seja, dar o suporte necessário para o indivíduo atuar no meio social, fazendo com que
desenvolvam senso crítico.
É uma tarefa que vai se aprimorando com o passar dos anos, se ganha
experiência no dia a dia. Ele está disposto no espaço escolar para orientar o aluno,
ajudando a solucionar problemas que vão surgindo durante a caminhada escolar e na
vida pessoal. É ele quem faz a mediação escola/família, aluno/professor, aluno/família,
aluno/comunidade, comunidade/aluno família/professor e mediações/prevenções ligadas
a drogas, violência e sexo, mostrando os caminhos e escolhas que o educando pode
seguir. Seu papel ultrapassa os muros da escola.
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Atualmente, a sala da orientação educacional é o local que o aluno vai, não só
para ser orientado sobre seus comportamentos e atitudes, mas para se sentir acolhido,
ouvir e ser ouvido, entender que ele tem o seu espaço no colégio e no mundo.
Orientador e professor devem caminhar juntos. Ele auxilia o professor a
compreender o comportamento dos educandos, a lidar com as dificuldades de
aprendizagem e mediar conflitos entre alunos, professor e comunidade. O orientador
educacional diferencia-se do coordenador pedagógico, do professor e do diretor. O
diretor ou gestor administra a escola como um todo; o professor cuida da especificidade
de sua área do conhecimento; o coordenador fornece condições para que o docente
realize a sua função da maneira mais adequada possível e o orientador educacional cuida
da formação de seu aluno, para a escola e para a vida.
É necessário que os docentes conheçam e reflitam sobre o verdadeiro
significado da existência da escola e sua função social. Seu trabalho volta-se para a
constante reflexão crítica da prática pedagógica. A relação é baseada em auxílio e troca
de informações, onde o professor relata o que acontece, diariamente dentro da sala de
aula, e o orientador utiliza a informação para agir na vida do educando. Na maioria das
vezes o comportamento que o aluno tem dentro de sala de aula é reflexo do que acontece
dentro de casa, e que nem sempre ele se sente a vontade para contar a seus professores,
enviam apenas sinais, ele capta e transfere para o orientador. É preciso ressaltar que na
promoção das reflexões e discussões, o Orientador Educacional deve conhecer a ciência
da educação incluindo as teorias da aprendizagem, as psicológicas, as ciências sociais,
ou seja, possuir competência técnica.
No que tange à ação com a família e comunidade, o trabalho volta-se para incluir
e mostrar a importância que possuem na organização e desenvolvimento da instituição.
Promovendo ações que incentive pais e comunidade a participarem da rotina escolar,
que possam levar seus anseios e sintam que sua opinião é válida e importante. Devem
construir uma relação de confiança, onde pais e comunidade estejam sempre informados
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do que acontece no âmbito escolar e participem ativamente da vida de seus filhos. Isso
é muito importante para que esses pais tenham sentimento de pertença e colaborem com
o processo educativo. Esse é um dos desafios do Orientador, levar pais e comunidade
para dentro das escolas, um espaço coletivo onde as decisões podem ser compartilhadas
(GRISPUN, 2003).
É um profissional muito solícito, contribui para a sociedade de maneira
esplendida, é parceiro da educação e faz total diferença na instituição. Possui papel
essencial na desenvoltura e na vida do aluno. É um papel com muitos desafios, que foi
ganhando, com o passar dos anos, suma importância no âmbito escolar.
Segundo Giacaglia e Penteado (2010), “é um profissional técnico, da área de
educação, que exerce uma profissão de apoio a pessoas e, portanto, de natureza
assistencial.” Ainda segundo essas autoras o trabalho desses profissionais se orienta
principalmente para o “bem estar e felicidade” dos alunos. É necessário compreender o
educando de forma integral, e não apenas como um sujeito a ser ajustado e ensinado.
A necessidade da Orientação Educacional no Brasil surge também de acordo
com as necessidades do mercado de trabalho, uma vez que a educação seria a
responsável pelo desenvolvimento do país. Ela surge na década de 20, junto com um
movimento em prol da educação do povo, onde o Governo estava preocupado em dar
educação para todos, visando à ascensão social. Tudo isso na tentativa de amenizar a
crise social e política vivida na época.
A orientação vocacional se empenha em auxiliar pessoas a tomar decisões no
âmbito do trabalho, atendendo a pessoas em processos de escolha de carreira, o que
ajudaria a melhorar o quadro histórico em que se encontrava o Brasil. Em 1924 temos o
primeiro Serviço de Orientação voltado para a escolha profissional, para alunos do curso
de mecânica, criado pelo engenheiro Suíço Roberto Manage junto com Lourenço Filho.
Em 1931, Lourenço Filho criou o primeiro serviço público de Orientação
Profissional no Brasil, mas que foi extinto em 1935. Com Getúlio Vargas no poder (década
de 30) é implantado um novo processo de mudanças políticas, sociais e econômicas com
o objetivo de favorecer a modernização do estado.
Vargas desenvolveu uma política voltada para várias classes sociais, causando
grande mudança no âmbito educacional. Visava qualificar trabalhadores para a crescente
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industrialização. Com isso, pessoas deixavam a vida rural e vinham tentar melhores
condições nas cidades.
É nítido que a educação era elitista, onde o ensino principal era o ensino privado
e as famílias que não tinham condições para colocarem seus filhos em escolas privadas,
o governo assumiria e iriam para escolas públicas.
Para Romanelli (1986), durante a ditadura do governo Vargas, se instituiu
oficialmente a discriminação social através da escola. No seu artigo 129 promulgou que:
O ensino pré-vocacional e profissional é destinado às classes menos favorecidas. Com
isso, estaria orientando a escolha da demanda social da educação fazendo com que o
movimento renovador se calasse, pois modificava fundamentalmente o dever do Estado
e limitava-lhe a ação quanto à educação.
A primeira lei que mencionou a Orientação Educacional no país foi o Decreto –
Lei nº 4073, de 30 de janeiro de 1941 (Lei Orgânica do Ensino Industrial), formulada por
Gustavo Capanema – ministro da Educação e Saúde Pública, que traz, em seu capítulo
XII, a seguinte redação:
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Sua função era descobrir habilidades particulares de cada educando e desvendar
as aptidões naturais do indivíduo. Aqui seu referencial era baseado praticamente em
bases psicológicas, ele realizava diagnósticos baseados na psicologia aplicada e
indicava as profissões adequadas a cada orientando (SPARTA, 2003).
Em 1942 as Leis Orgânicas de Ensino tornam obrigatória a presença do
Orientador Educacional nas escolas secundárias (somente para escola industrial ou
escola técnica, provavelmente por conta de suas origens profissionalizantes).
Em 1958, por meio da Portaria de nº 105 do MEC o exercício da função do
orientador educacional no ensino secundário foi regulamentado. Mas o primeiro registro
oficial de um Orientador foi dado pelo MEC apenas em 1960. Em 1961, a Lei nº 4024/61
(LDB) a orientação, antes introduzida somente no ensino secundário, passou a atender
também o ensino primário. Nesta, a orientação tem um novo enfoque, suas atribuições
voltam-se para todos os alunos e não mais somente para os alunos problemas. Nesse
contexto na LDB de 1961, o Orientador ganha status de Orientador Educativo (OE) e
Vocacional, tornando seu trabalho mais minucioso e desenvolvido para todos os alunos,
não mais voltado apenas para os “alunos-problema”.
A LDB de 1971 trouxe a obrigatoriedade do orientador nas escolas de 1º e 2º
grau, sejam públicas ou particulares. No Capítulo I, no décimo artigo temos: “Será
instituída obrigatoriamente a Orientação Educacional, incluindo aconselhamento
vocacional em cooperação com os professores, a família e a comunidade”.
Em 1973 é criado o Decreto – Lei n° 72.846 de 26/06/1973, que regulamentou as
atribuições do Orientador Educacional em âmbito nacional, e até os dias de hoje a
atuação desses profissionais estão baseadas nesse documento. O legislador
estabeleceu atribuições privativas, nas quais o Orientador deve coordenar e participar,
atuando em cooperação com os demais membros da escola. Dentre todas as atribuições,
que auxiliam na orientação para um trabalho prático, destaco algumas atribuições
previstas nos Artigos 8º e 9º:
A década de 80 traz uma série de fatores que mostra uma busca de identidade
para o orientador. Apesar dos avanços legais e continuidade da movimentação da classe,
o trabalho efetivo não acontecia, o que desvalorizava o trabalho desse profissional.
Isso se dá por vários fatores, um deles é o não cumprimento da lei 5692/71 que
previa a obrigatoriedade do Orientador Educacional nas escolas. Um dos motivos do não
cumprimento da lei era a situação econômica que o país enfrentava. Havia muitas escolas
públicas e a folha de pagamento público representava uma enorme fatia do orçamento
público, onde a figura do Orientador ficava fora das prioridades de contratação.
A falta de esclarecimento e delineamento do papel do orientador nas escolas e
na comunidade e a falta de estrutura para os estudantes de Pedagogia também foram
pontos marcantes para a desvalorização do Orientador Educacional.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394 (1996) em seu artigo
64 diz que: “A formação dos profissionais da educação para a administração,
planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica,
será feito em cursos de graduação, em Pedagogia ou em nível de pós-graduação, a
critério da instituição de ensino, garantida nesta formação a base comum nacional”.
A LDB (1996) deixa de se referir claramente à obrigatoriedade do profissional nas
escolas. Explicitando como deve ser a sua formação, não trazendo suas atribuições,
destacando apenas que para atuar na área de Orientação, é preciso ter graduação em
Pedagogia aliada a uma pós-graduação em Orientação Educacional, o que foi um ganho
para o curso de Pedagogia, pois na lei anterior a esta, a profissão do Orientador não
exigia um curso de licenciatura específico, o que fazia com o que os Orientadores
Educacionais pudessem ser professores de outras licenciaturas que não dispõe de base
comum para atuar na área.
Com a não obrigatoriedade deste profissional dentro das escolas a profissão foi
perdendo força. Além de todos esses fatores legais, é nítido que a educação sempre
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serviu mais a política do que à sociedade, visto que essas decisões foram tomadas
devido a crises econômicas.
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Período Questionador - década de 80. Como o próprio nome já indica é neste
período que mais se questiona a Orientação Educacional, tanto em termos de formação
de seus profissionais, quanto da prática realizada, pois, o cenário dos anos 80 trouxe
grandes modificações que refletiu na educação e logo na forma de fazer orientação. Isso
levou a ser caracterizado como período onde se realizou muitos cursos de capacitação
voltados para os profissionais. Contudo, inicia–se o momento onde o orientador
educacional se viu na necessidade de:
"[...] participar do planejamento- não como benesse da orientação, mas sim como
um protagonista do processo educacional procurando discutir objetivos,
procedimentos, estratégias e critérios de avaliação [...]," com isso, trazer a
realidade social do aluno para dentro das ações da escola. De forma a pode
refletir a ação do aluno, baseado na relação escola e meio externo (sociedade).
(GRINSPUN, 2003, apud TRINDADE, 2011, p. 9).
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educando oportunidades para amadurecer, fazer escolhas, se auto conhecer e
assumir responsabilidades (MARTINS, 1984, apud BUGONE, 2016, p. 2).
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Assistir todos os educandos, desde os mais aos menos carentes, bem como os
que não revelarem carências.
Dar ênfase aos aspectos preventivos do comportamento humano, uma vez que é
muito mais fácil evitar um acidente do que se recuperar do mesmo. Este princípio
guarda analogia com outro de natureza médica e que diz: “um grama de prevenção
vale mais que uma tonelada de curas”. Assim, o ideal será a Orientação
Educacional agir, preferencialmente, de maneira profilática do que curativa.
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A Orientação Educacional não deve se envolver em pequenas questões entre
educandos e professores. Ocorrências conflitivas de pouca intensidade são, até
certo ponto, naturais. Assim, problemas que não ultrapassem certos limites devem
ser deixados para que os próprios professores os resolvam.
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2.1 Objetivos da orientação educacional
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Formar o cidadão que alimente dentro de si um sentimento de fraternidade
universal, capaz de fazê-lo sentir-se irmão, companheiro e amigo de seu
semelhante em todas as circunstâncias da vida.
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Realizar trabalho de aproximação da escola com a comunidade, a fim de
proporcionar ao educando maiores oportunidades de conhecimento do meio e
desenvolvimento comportamental de cidadão participante.
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Trabalhar para uma adequada formação moral do educando, imbuindo-o de
valores éticos necessários para uma vida digna, humana e coerente, em que o
respeito ao próximo deve ser o motivo principal.
Escola e alunos:
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Realizar o atendimento aos alunos orientando-os de forma individual ou coletiva,
com observação, acompanhamento, aconselhamento e entrevista;
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Família:
Professores:
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não possui um currículo a seguir, sendo sua função voltada à formação permanente dos
alunos no que diz respeito a valores, atitudes, emoções e sentimentos, analisando e
criticando quando necessário (SOUZA, 2010).
Outro ponto importante, segundo o texto é que, embora o que foi citado acima
seja papel fundamental do orientador educacional, muitas escolas não têm mais esse
profissional na equipe, o que não significa que não exista alguém desempenhando as
mesmas funções pois, "qualquer educador pode ajudar o aluno em suas questões
pessoais". Porém, não se pode confundir professor com psicólogo escolar.
O texto traz, ainda, que o orientador educacional lida mais com assuntos que
dizem respeito a escolhas, relacionamento com colegas, vivências familiares. Sendo
assim, o papel do orientador educacional dentro da escola se faz necessário para que
haja uma melhor integração entre escola-família-aluno (SOUZA, 2010).
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As distintas concepções de homem e de sociedade decorrentes dos
condicionantes sociopolíticos configuram diferentes ideias sobre o papel da escola, da
aprendizagem, da relação professor–aluno e das técnicas pedagógicas.
Essas concepções interferem, implícita ou explicitamente, na organização do
trabalho docente, na escolha dos conteúdos, dos materiais e das estratégias utilizadas,
bem como na seleção das técnicas e instrumentos de avaliação. Libâneo (1989) afirma
que, de acordo com a posição adotada em relação aos condicionantes sociopolíticos da
escola, as tendências pedagógicas podem ser classificadas em liberais e progressistas.
A seguir, você vai conhecer melhor cada uma dessas categorias.
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3.2.1 Tendências pedagógicas liberais
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desenvolvimento livre e espontâneo dos educandos. Suas intervenções visam a dar
forma ao raciocínio do educando (LIBÂNEO, 1989).
Assim, a disciplina deixa de ser imposta e passa a ser construída a partir da
tomada de consciência dos limites da vida grupal. O aluno disciplinado deixa de ser
aquele que é obediente e passa a ser aquele que é solidário, participante e capaz de
respeitar as regras do grupo. Ademais, o bom relacionamento entre o professor e os
alunos é considerado indispensável para um clima harmônico e para a vivência
democrática, aspectos necessários à vida em sociedade.
Já a tendência liberal renovada não diretiva visa ao aprimoramento pessoal dos
indivíduos e ao desenvolvimento de relações interpessoais. Portanto, a escola assume
um papel fundamental no desenvolvimento das atitudes necessárias para a adequação
pessoal dos alunos às solicitações da sociedade. Isso faz com que a escola se volte mais
para as questões psicológicas dos alunos do que para as questões pedagógicas e sociais
(LIBÂNEO, 1989).
Nessa perspectiva, a educação é centrada no aluno. Objetiva-se a formação da
personalidade do estudante por meio de vivências significativas que lhe permitam
desenvolver as características inerentes à sua natureza. O professor assume o papel de
especialista em relações humanas, visando a garantir o clima de relacionamento pessoal
autêntico. Nesse contexto, as intervenções docentes são vistas como ameaçadoras e
inibidoras da aprendizagem.
A tendência liberal tecnicista subordina a educação à sociedade e determina ao
ensino escolar a função de preparar a mão de obra, sobretudo para a indústria. As metas
econômicas, sociais e políticas são estabelecidas pela sociedade industrial e tecnológica,
cabendo à educação treinar os alunos para apresentar os comportamentos necessários
para que as metas sejam atingidas.
Nesse contexto, a relação professor–aluno é estruturada e objetiva, com papéis
bem definidos. Veja:
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programa educacional. Ambos são espectadores frente à verdade objetiva
(LIBÂNEO, 1989, p. 18).
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Fatores geográficos, sociais, econômicos, mitos, crenças, valores e preconceitos,
entre outros elementos, interferem e fazem parte da cultura da escola. Os sujeitos
simultaneamente influenciam e são influenciados pelo ambiente. Assim, as intensas,
ativas e singulares relações formam a cultura escolar. A partir dessa noção, é possível
inferir que cada escola representa uma unidade distinta e específica. Mesmo tendo
aspectos e características em comum com outras, cada escola é singular e tem a sua
própria cultura, os seus valores, o seu modo de ser e de agir, construído ao longo dos
tempos e por todos os que atuam nela. A cultura gera estabilidade para o ambiente
escolar (LIBÂNEO, 1989).
Cada escola desenvolve a sua identidade, que se revela em seus documentos
organizadores, como o projeto político-pedagógico, o regimento interno e os planos
escolares. Além disso, essa identidade pode se revelar por meio das ações das pessoas,
que nem sempre se fundamentam no que é proposto pelos documentos (LIBÂNEO,
1989).
Os conceitos de cultura e clima escolar se permeiam e se relacionam, não sendo
possível separá-los. Você deve notar que, quando se fala em clima escolar, estão em
jogo as percepções que os diferentes sujeitos têm das relações e experiências que
ocorrem na escola. Isso envolve vários fatores, desde a infraestrutura física e
administrativa até as normas, os valores e os objetivos de cada instituição. Considere o
seguinte:
O clima pode ser sentido de diversas formas. O gestor precisa estar atento a
diferentes indicadores dentro da escola. Por exemplo, se uma escola apresenta muitas
grades e trancas, se as portas estão sempre fechadas, se o atendimento ao público é
protocolar e se nas salas de aula o silêncio é extremo, é possível desenvolver
determinada percepção desse espaço. Já se dada escola tem um ambiente acolhedor e
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assertivo, poucas grades e portas, além de salas de aula com alunos e professores
trabalhando conjuntamente, a percepção é outra (LIBÂNEO, 1989).
O clima escolar é uma identidade coletiva e está relacionado com a eficácia geral
da escola. Um bom clima impacta positivamente os resultados educacionais. Já o clima
negativo é um fator de risco, impacta negativamente a qualidade de vida escolar e,
consequentemente, os resultados de alunos e professores. Além disso, gera
insegurança, incerteza e medo, colaborando para o surgimento de problemas de
natureza comportamental, como a indisciplina, a violência e o bullying.
Lück (2017) realiza uma comparação entre os conceitos de clima e cultura
organizacional, como você pode ver no Quadro abaixo, a seguir.
a gestão e a participação.
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bons relacionamentos interpessoais;
espaços de participação real e efetiva, o que faz com que todos se sintam
pertencentes à escola;
A escola, constituída e pensada por adultos, precisa entender que a violência não
deixará de existir por meio da inclusão de uns e da exclusão de outros. Além disso, a
escola pode contribuir no combate às desigualdades que afligem diversas minorias, como
mulheres, populações rurais, populações marginalizadas (prejudicadas econômica e
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socialmente) e populações desprezadas ou desprestigiadas em decorrência de sua raça
ou etnia. O princípio da equidade é a mola propulsora que permeia e baliza as práticas
de quem trabalha na escola multicultural e plural do século XXI.
A mediação dos conflitos deve ser processual e mobilizar todos os funcionários
da escola, que precisam estar engajados, motivados e envolvidos para o fortalecimento
da cultura de paz. Os profissionais da escola precisam ser mediadores de conflitos,
entendendo que as ações devem ser pautadas por um processo de transformação. Por
isso, é importante saber se colocar no lugar do outro, saber ouvir e identificar os valores
do outro — sempre por meio de diálogos coerentes e respeitando as diferenças. A
liderança do gestor é um divisor de águas nesse processo, pois pode desenvolver tanto
a formação dos profissionais no ambiente de trabalho, por meio de reuniões pedagógicas
e participações em conselhos escolares e colegiados, quanto estimulá-los na busca de
formação acadêmica. Em especial, o gestor pode atuar na elaboração de um projeto
político-pedagógico favorável à valorização de uma cultura e de um clima propícios ao
desenvolvimento e à aprendizagem (LIBÂNEO, 1989).
4.2.1 Bullying
Como você sabe, o bullying é um problema grave que afeta milhões de pessoas.
Normalmente, é decorrente de situações que não se apresentam de forma clara e
objetiva; por isso, é necessário observar atentamente os indícios. A gravidade das
situações, contudo, deve ser considerada. Em síntese, o bullying é uma forma de
violência explícita ou tácita que ocorre na escola, de forma sistemática e contínua, em
situações de agressão ou humilhação a outra pessoa, o que a impede de construir
relações de confiança e de companheirismo e favorece o medo e a exclusão. As pessoas
que sofrem bullying ficam intimidadas, angustiadas e sofrem física, psicológica e
socialmente. Além de envolver agressão física e moral, o bullying pode ocorrer por meio
de insultos, boatos, ferimentos físicos ou emocionais. Também é possível praticar
bullying ignorando alguém em decorrência de atributos físicos, situação social, orientação
de gênero, etc.
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É possível associar o bullying inclusive às ações de conflito que foram
negligenciadas ou não observadas na escola. Ainda hoje, os profissionais da escola não
estão plenamente atentos a esse tipo grave de intimidação, pois, em tese, ele não os
atinge diretamente. Assim, o foco ainda está voltado para as formas de indisciplina dos
estudantes que interferem no trabalho dos professores, ou ainda para o desinteresse dos
alunos em estudar os conteúdos escolares. Ou seja, observa-se, precariamente, somente
a ponta do iceberg.
Nesse contexto, é importante que o gestor escolar e os educadores em geral
reflitam e aprofundem os seus conhecimentos, revisitando as suas práticas. Considere o
que apontam Tognetta e Vinha (2008, documento on-line):
Mas há um dado instigante: ainda que tenham todas essas condições favoráveis
a serem personagens dessa problemática, por que nem todos os que são
submetidos a essas condições (tanto na escola como no seio da família) se
tornam autores ou alvos de bullying? Como resposta a essa intrigante pergunta,
podemos afirmar que há um “lugar” onde são equacionadas todas essas
explicações (sociais, culturais, biológicas...): na identidade. Em outras palavras,
não é o contexto que determina tais condutas agressivas, assim como não é a
genética a grande vilã dessa história, e sim como esses meninos e meninas se
veem diante desse meio e constroem suas personalidades integrando tudo aquilo
que foram valorizando durante suas vidas, podendo, assim, tornarem- -se
resilientes. Como se veem e querem ser vistos, portanto, pode nos levar a
explicar o porquê de se comportarem como vítimas e agressores.
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de ser o líder que motiva, engaja, estimula, acompanha e avalia para ser o “bombeiro”,
que age em decorrência de urgências (LIBÂNEO, 1989).
A desorganização de um ambiente e os planejamentos inadequados se refletem
diretamente no clima da escola, pois sensações de injustiça, insegurança e desrespeito
passam a fazer parte do cotidiano de estudantes, professores e funcionários. A
desorganização pode promover também diferentes tipos de ambientes: autoritário,
omisso ou ainda incongruente. Todos esses ambientes são contrários a qualquer clima
positivo, pois envolvem a submissão, o medo, o conformismo e até a revolta.
As pesquisas indicam que é possível melhorar o clima escolar, contudo são
necessárias ações compartilhadas. Os princípios e práticas democráticos e participativos
precisam ser referência na atuação do gestor escolar. Afinal, as pessoas se desenvolvem
mais e melhor em ambientes em que se sentem seguras e ouvidas, bem como quando
se sentem pertencentes e engajadas na instituição. Ainda dentro desse princípio
democrático, a transparência propicia um ambiente justo e ético.
O exercício de uma liderança democrática mobiliza toda a comunidade escolar
(funcionários, professores, estudantes, pais e responsáveis) no processo de
autoavaliação periódica da instituição. Tal processo tem como objetivo a melhoria
constante, buscando sempre o melhor desenvolvimento para todos. Em um ambiente
assim, a comunicação entre as pessoas é respeitosa e assertiva, clara e objetiva. Uma
escola realmente comprometida com o desenvolvimento integral dos estudantes organiza
comunidades de aprendizagem que envolvem, além da equipe profissional e técnica, os
pais e os estudantes. Assim, é possível partilhar os resultados das avaliações, dialogar
sobre os problemas e construir juntos encaminhamentos assertivos para ações de
superação. Como você pode notar, o diálogo e o fomento à participação efetiva devem
ser ações constantes do gestor (LIBÂNEO, 1989).
A mediação de conflitos faz parte da ação de todos os profissionais que compõem
a escola. Como você já viu, o conflito é inerente às relações humanas, mas a forma de
resolvê-lo ou encaminhá-lo na escola precisa estar pautada em um processo educativo,
jamais punitivo. É necessário desenvolver nos alunos mais do que a relação causa-
consequência; é importante que os estudantes aprendam a entender e respeitar o outro
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e o lugar dele. Afinal, a escola é um dos lugares mais propícios para o desenvolvimento
da humanidade das pessoas (LIBÂNEO, 1989).
As práticas de mediação são pautadas no diálogo. Assim, envolvem todos os
segmentos da comunidade escolar na busca de consensos coletivos para o bom convívio
social e o bem comum. A mediação de conflitos não é uma ação isolada ou estanque: é
processual. Por isso, todos os profissionais da escola precisam estar motivados e
envolvidos para o fortalecimento da cultura de paz, buscando soluções pacíficas. O
gestor, por sua vez, precisa sempre buscar elementos que assegurem o engajamento
dos profissionais que atuam na escola. Não basta falar de paz, de respeito e de
acolhimento: é preciso buscar a coerência entre o que se diz e o que se faz. Assim, as
atitudes dos profissionais podem influenciar e/ou modelizar a ação dos alunos.
Professores, funcionários e gestores precisam desenvolver habilidades para a
mediação de diferentes tipos de conflito. Para contornar situações de transgressões e
indisciplina, são necessários processos de transformação. Contudo, como você sabe,
mudar hábitos e atitudes não é nada fácil; exige determinação, disciplina, conhecimento
e apoio. Portanto, é importante saber se colocar no lugar do outro, saber ouvir e identificar
os valores alheios, sempre por meio de diálogos coerentes e respeitando as diferenças
(LIBÂNEO, 1989).
A seguir, veja alguns comportamentos essenciais para a mediação de conflitos:
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mobilizar e engajar os estudantes, incentivar associações e o
desenvolvimento do protagonismo juvenil, incluindo o grêmio estudantil;
ouvir.
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atividades elaboradas para nutrir interações sociais significativas entre os
membros, ligando-os às tradições e valores da escola.
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Antes de conhecermos as atribuições do Conselho Escolar, é importante
destacarmos sua função de apoiar as decisões e contribuir com as ações da equipe que
realiza a gestão da escola; logo, não deve ser visto como uma entidade à parte, que pode
tomar decisões independentes sobre os rumos que a escola deve tomar. Conforme alerta
Bordignon (2004, p. 56) “tanto no ensino superior como na educação básica, os
conselhos são situados como instâncias, mecanismos de gestão, sendo a personalidade
jurídica inerente à instituição escolar, da qual os conselhos fazem parte”. Dessa forma,
mantendo o poder de decisão na estrutura de gestão criada na escola, da qual o
Conselho Escolar faz parte, mantém-se a autonomia da escola e seu caráter cidadão e
democrático (CURY, 2007).
O Conselho Escolar pode ser definido como “[...] um lugar de participação e
decisão, um espaço de discussão, negociação e encaminhamento das questões
educacionais, possibilitando a participação social e promovendo a gestão democrática”
(BRASIL, 2004, p. 35). Para cumprir com suas finalidades, contribuindo efetivamente
como mecanismo de apoio e implementação da gestão democrática, o Conselho Escolar
tem algumas funções específicas, como as (BORDIGNON, 2004):
deliberativas;
consultivas;
fiscais;
mobilizadoras.
52
Fonte: Adaptado de Brasil (2004).
53
local, promovendo inovações importante na forma como a escola conduz suas atividades
cotidianas (CURY, 2007).
Esse processo, entretanto, nem sempre é simples, motivo que faz com que, para
garantia da autonomia da escola e da própria gestão democrática, na grande maioria das
vezes, o diretor da escola ou algum membro de sua equipe gestora, venha a ocupar o
cargo de presidente desse conselho, conforme a seguir (CURY, 2007).
conselheiros
suplentes.
direção da escola;
56
No estado de Rondônia, por exemplo, de acordo com a Orientação para a
Implantação dos Conselhos Escolares (RONDÔNIA, 2011) da Secretaria Estadual de
Educação de Rondônia, temos os seguintes critérios de proporcionalidade na
composição dos conselhos que devem estar presentes nas escolas da rede pública:
57
Fonte: Adaptado de Rondônia (2011).
diretor;
representante da APMF;
60
funcionamento gerais para o funcionamento da escolar, bem como o estatuto do
Conselho Escolar e seu respectivo regimento interno (CURY, 2007).
A partir da operacionalização das funções do Conselho Escolar no dia a dia da
escola, a democratização do ensino público pode ser evidenciada, garantindo a
socialização das ideias e respeitando o pluralismo de opiniões dos membros da
comunidade. Conforme cita Hora (1994, p. 57), ao referir-se ao necessário processo de
implementação da gestão democrática nas escolas:
Vemos, então, que o Conselho Escolar pode ser de grande importância para que
a gestão deixe de ser realizada de forma centralizadora, com a equipe gestora resolvendo
assuntos da escola em seus gabinetes e tomando decisões sobre assuntos que nem
sequer chegaram ao conhecimento dos membros da comunidade escolar. Serve,
também, para que todos tenham seu espaço de participação cidadã e efetivem seu
compromisso pessoal com a educação.
As funções do Conselho Escolar muitas vezes se misturam, sendo exercidas
simultaneamente, pois, ao deliberar sobre algum assunto, faz-se necessário, em alguns
casos, emitir pareceres, discutir e opinar de forma embasada, característica típica da
função consultiva. Essa função costuma ser amplamente posta em prática a partir das
demandas que a comunidade gera sobre a escola e que podem variar desde questões
relativas ao calendário escolar e a avaliações institucionais da escola até questões
pedagógicas, como o sistema de avaliação da aprendizagem dos estudantes, currículo
ou, ainda, análise de projetos de melhoria para a instituição de ensino (CURY, 2007).
Ao referir-se aos efeitos das práticas de gestão democrática sobre o trabalho dos
professores nas escolas públicas, Hora (1994, p. 122) comenta que “a inserção da
comunidade na gestão participativa da escola exige do professor práticas que venham a
romper com os modelos pedagógicos comumente aprendidos nos cursos de formação e
reciclagem”. Ou seja, a proximidade entre os membros da comunidade escolar serve para
61
que os processos existentes em torno da formação dos estudantes se humanizem,
seguindo as tendências de pensamento da cultura dessas comunidades (CURY, 2007).
A função fiscal, por sua vez, coloca a comunidade escolar no papel de
acompanhamento daquilo que vem sendo feito na escola, que envolve todos os aspectos
pedagógicos e administrativos, com foco especial nas questões inerentes aos recursos
físicos e financeiros de que a escola dispõe e como os utiliza. Assim, por exemplo,
quando da realização de um evento tradicional, como uma festa junina, cujo objetivo seja
a arrecadação de fundos para a aquisição de algum tipo de bem, como um playground
para a educação infantil, envolve-se, além da função mobilizadora, engajando as pessoas
da comunidade escolar nesse objetivo, também a função fiscal no acompanhamento e
na avaliação da prestação de contas do evento (CURY, 2007).
É justamente a função mobilizadora que se incumbe de aumentar os níveis de
participação dos membros da comunidade escola com a respectiva instituição de ensino.
Essa participação, segundo Wittmann e Klippel (2012), pode ser observada a partir de
três modelos básicos, que você confere na Figura abaixo.
62
Assim, cabe à função mobilizadora produzir participação coautora entre os
membros da comunidade escolar, o que ocorre no Conselho Escolar. Conforme
destacam Wittmann e Klippel (2012, p. 107), a participação coautora “implica o
envolvimento, que, além da presença atenta e consciente, bem como das opiniões e das
sugestões, exige tomada de decisão, acompanhamento da execução e avaliação dos
resultados”. Esse é o nível de participação necessário para a democratização da gestão
das escolas públicas, pois somente a partir da coautoria os órgãos colegiados podem
exprimir a vontade da comunidade escolar e local nos processos internos e nas ações
cotidianas das escolas (CURY, 2007).
Como podemos observar, estabelecer uma gestão democrática na escola pública
é um processo complexo, que exige adaptação, envolvimento e quebra de paradigmas
entre os gestores, professores e demais membros das comunidades nas quais a escola
se insere. Para que ocorra como deveria, a gestão deve primar pela participação e pela
colaboração de todos, uma vez que a educação, além de um direito público social,
também é um dever e compromisso de todos nós.
67
6.3 O trabalho coletivo nos ciclos de aprendizagem
68
aprendizagens, as relações simétricas que elas asseguram e os limites que colocam, os
grupos multietários, o tutorado. Geralmente, um plano de trabalho semanal complementa
uma gestão mais individualizada das aprendizagens (CURY, 2007).
Como se vê, tal organização do trabalho, quando pensada coletivamente, permite
criar dispositivos variados, oferecendo aos alunos muitas oportunidades de serem
confrontados com diferentes modalidades de aprendizagem. O desafio reside menos na
construção desses dispositivos do que na maneira como eles são planejados ao sabor
da evolução do ciclo, em função de objetivos que se desdobram no tempo. A gestão
complexa dos parâmetros – pertinência, recorrência, permanência ou ruptura – é um
verdadeiro desafio enfrentado pelas escolas que tentam inovar nesse sentido. Cada um
desses dispositivos tem sua especificidade, seu interesse e seus limites, que devem ser
analisados com rigor para que se possa fazer as escolhas adequadas (CURY, 2007).
O desafio reside, para os professores, em chegar a uma definição comum e
compartilhada do sentido e da pertinência dos dispositivos adotados, partindo de
concepções da aprendizagem, de uma inventividade didática e de uma experiência
profissional que nem sempre serão unanimidade dentro das equipes. A dificuldade da
organização do trabalho escolar é dupla no sentido de que remete ao mesmo tempo à
organização do trabalho dos alunos e à organização do trabalho dos professores entre
eles. Esse isomorfismo é específico à profissão, sobretudo porque diz respeito à relação
com o saber, com as teorias e com as práticas de aprendizagem, com as biografias dos
atores envolvidos (Huberman, 1989), com as condições a serem criadas para o aprender.
A organização do trabalho resulta, portanto, de um procedimento coletivo que não pode
se contentar simplesmente em fazer a soma de atividades justapostas, mas exige, ao
contrário, a construção de atividades diante de novos objetivos e finalidades devidamente
negociados e explorados. A cooperação profissional requerida para a organização
coletiva do trabalho é, assim, condição e vetor de desenvolvimento profissional e de
inovação no estabelecimento (Gather Thurler, 2000): o trabalho do professor torna-se
objeto de questionamentos, certamente legítimos na medida em que as práticas
profissionais devem prestar contas, mas violentos, às vezes, na ingenuidade das
abordagens e das prescrições que os legitimam (CURY, 2007).
69
6.4 O conselho de professores: questões em torno de um conceito e mal-
entendidos em torno de um dispositivo
70
introdução oficial dos conselhos de professores no início do ano letivo de 2004 (CURY,
2007).
Essa circular, intitulada O acompanhamento colegiado dos alunos (Le suivi
collégial des élèves, Direction de l’enseignement primaire, 2004) refere-se, logo de início,
ao “caderno de encargos dos professores” a fim de justificar e legitimar a necessidade
“de contatos regulares com os outros professores(as)”, assim como a coleta e a
transmissão “de informações úteis a toda ação pedagógica”. Ela comunica também a
obrigação de “que um procedimento de notificação ao inspetor(a) seja respeitado em
todas as escolas”, lembrando “o segredo de função e o dever de discrição”. Em seguida,
a circular determina aos professores que se reúnam “uma vez por trimestre” para
examinar juntos temas propostos, como: “a progressão de seus alunos, as crianças em
dificuldade, a coerência de suas práticas”. É indicado, ainda, que a composição de grupos
de professores do conselho de professores “seja discutida com o inspetor(a)”. Além disso,
refere-se à conservação “e ao acesso às observações”, que devem, porém, ser
“submetidas ao sigilo dos dados e, portanto, legalmente protegidas”. A circular recorda,
a propósito disso, as responsabilidades dos diversos atores, mas sem identificá-los
claramente. Segue uma descrição das “dificuldades que uma criança pode encontrar” e
a sugestão de envolver os diversos atores em questão: pais, colaboradores do Estado
(enfermeira, proteção da juventude, serviço médico-pedagógico, etc.) e, eventualmente,
um terapeuta privado.
O dispositivo do conselho de professores diz o seguinte: no final do primeiro
trimestre, uma reunião “permite analisar o conjunto do percurso dos alunos e discutir
então estratégias de ensino e medidas educativas, já adotadas ou a adotar, em favor
deste ou daquele aluno”, articulando-se desde o início a uma intervenção do inspetor,
que “dá sequência a uma gestão específica das situações que lhe são submetidas”.
Seguem-se diretrizes sobre a notificação:
A notificação leva em conta os seguintes elementos: problemas encontrados
pelos alunos, procedimentos e estratégias adotados pelo(a) professor(a) ou sugeridos
pelos colegas consultados; descrição do que funcionou ou não, estratégias propostas
pelo(a) professor(a) e, se for o caso, pelos colegas.
71
Indicações sugerem destacar interações como: “os contatos com os pais (datas
e o teor da conversa), o tipo de acompanhamento (serviço médico-pedagógico, serviço
de proteção à juventude, serviço de saúde da juventude, etc.) e os prolongamentos
visados” (CURY, 2007).
A circular termina com um retrospecto e uma primeira e única alusão aos ciclos
de aprendizagem, sem nomeá-los explicitamente: “o estabelecimento de objetivos de
aprendizagem em quatro anos tem como consequências a supressão do prazo anual de
séries e a obrigação de reforçar o acompanhamento da progressão dos alunos.”
São mencionados, para concluir, ao lado dos agradecimentos da direção,
recursos como “os inspetores” ou “o grupo de acompanhamento”, cujos estatutos,
objetivos, mandatos e intervenções são diametralmente opostos. Os primeiros teriam
com função registrar e ratificar as medidas tomadas e controlar a qualidade e a
pertinência de sua aplicação, enquanto a tarefa do segundo consiste em apoiar as
escolas em sua busca por novos dispositivos (CURY, 2007).
76
Quanto às competências coletivas a desenvolver, os professores se deparam
inevitavelmente com uma série de obstáculos: as novas organizações e planejamentos
do trabalho escolar fundamentam-se em paradigmas de aprendizagem
socioconstrutivistas e interacionistas, que só penetraram nos círculos fechados de um
punhado de professores pioneiros. Para os outros, tais paradigmas devem ser objeto de
uma apropriação individual e coletiva e conduzir a uma redefinição do seu contrato de
trabalho. Isso implica um trabalho consequente não apenas sobre os objetivos, a
elaboração, a articulação e a avaliação dos dispositivos aplicados, mas também em torno
de valores e finalidades. Assumir o trabalho e as responsabilidades coletivamente,
construir a coerência com a diversidade das pessoas, das equipes e das situações: esse
trabalho importante, evidentemente, jamais se estabiliza, na medida em que remete a
parâmetros que precisam levar em conta, antes de tudo, os comportamentos dos alunos
em sala de aula e as competências dos professores, sua capacidade de reagir, de
transformar os alunos e a si próprios (CURY, 2007).
A coconstrução de dispositivos, o trabalho de elaboração de situações didáticas
a partir de objetivos, as medidas em termos de observação formativa ou de avaliação dos
alunos, as observações compartilhadas e os feedbacks são igualmente fecundos, tanto
do ponto de vista do desenvolvimento profissional quanto da capitalização dos saberes
individuais e coletivos, por seus efeitos sobre a organização do trabalho e a diferenciação.
Trata-se, em relação às questões de decisão e de ação, de um verdadeiro trabalho de
pesquisa dos professores. Nessa vertente positiva, impõe-se o interesse de compartilhar
as representações, de cruzar os olhares sobre as crianças, de construir em grupo
soluções, de buscar juntos; tais são os motores para trabalhar ao mesmo tempo sobre
as “remediações” pedagógicas necessárias no curto prazo (apoios, grupos de
necessidades) e sobre a organização e o planejamento do trabalho (dispositivos de
aprendizagem) de maneira pró-ativa. Trata-se, na verdade, de articular, com base em
objetivos, apoio, “remediação” e desenvolvimento de dispositivos de aprendizagem em
resposta às problemáticas dos alunos. Quais as incidências dos ritmos de aprendizagem
heterogêneos sobre a organização do trabalho escolar que procura levá-los em conta? É
esse o desafio de planejar e regular coletivamente os percursos indivi-dualizados dos
alunos. A passagem da classe aos ciclos de aprendizagem não se faz em quaisquer
77
condições, e uma opção pelo trabalho docente – e não apenas pelos dispositivos ou pelas
prescrições –, poderia contribuir para a construção de novas competências e identidades
coletivas (CURY, 2007).
Após alguns anos de trabalho coletivo – frequentemente em colaboração com
pesquisadores –, algumas equipes vêm conseguindo estabelecer um planejamento
eficaz do trabalho em ciclos de aprendizagem (Perrenoud, 2002; Vellas, 2002). Assiste-
se, então, a uma guinada paradigmática na postura e no olhar lançado sobre as crianças;
é como se a uma lógica de ensino se sobrepusesse uma lógica de aprendizagem. A
organização de novas formas escolares permanece relativamente estável, ainda que sua
exploração nunca termine, devido à transformação profunda das representações e
práticas. Essa mudança responde assim, verdadeiramente, à resolução de um problema
profissional que, segundo Wittorski (1997, p. 109), “tornou-se possível pela elaboração,
na e pela ação coletiva, de uma metodologia de trabalho correspondente a um processo
de resolução coletiva de problemas que implica produção de novos esquemas
comportamentais e relacionais”. Nesse sentido, a análise das crises, das primeiras
experiências, das tentativas e erros oferece inúmeras oportunidades para tomar
conhecimento das evoluções em marcha quando os funcionamentos são pioneiros ou
promissores, ou para enfrentar os obstáculos endógenos ou exógenos que possam ser
um entrave.
A perspectiva de observar e de compreender o trabalho docente e sua
organização nesses dois níveis, individual e coletivo, revela alguns desafios e tensões
ligados a transformações identitárias e culturais, a questões de negociação, de decisão
e de poder, de poder de decisão sobre a ação. Ela esclarece igualmente em que medida
as prescrições favorecem ou travam o desenvolvimento profissional. As prescrições
evoluem e, junto com elas, os atores, os dispositivos e a organização do trabalho escolar:
as prescrições se adaptam e o sistema é regulado aos poucos, mais em uma lógica
administrativa do que na de uma organização aprendiz. Há questões que continuam em
aberto, tanto para a instituição quanto para as equipes de professores: qual é a
representação do novo contrato de trabalho e qual é a definição do ofício de professor,
entre a responsabilidade individual e a coletiva, em relação ao trabalho prescrito? Acerca
dessas questões, pode-se perguntar o que, na instituição ou entre os profissionais,
78
permanece mais ambíguo. Mas, como vimos, entre o prescrever e o fazer, o espaço de
trabalho e as defasagens são tais que também respondem a normas ou a lógicas de
justificação, de legitimidade, de desejabilidade social. Nesse sentido, pode-se perguntar
em que e por que o julgamento profissional é verdadeiramente informado e quais são os
saberes intercambiados e construídos pelos profissionais (CURY, 2007).
Trata-se, portanto, de medir as dificuldades de exercer o ofício de professor
levando em conta diversas modalidades de entendimento e de trabalho, de avaliação e
de regulação instauradas pelas instituições escolares, sem a existência de uma
verdadeira cultura da confrontação e do debate. O acompanhamento de sistemas e de
práticas é, sem dúvida, uma resposta parcial para esses efeitos; é preciso ainda desejá-
lo ou reivindicá- -lo. As transformações das práticas se realizarão, sem dúvida, a esse
preço: o desenvolvimento profissional tem um custo.
7 ORIENTAÇÃO SEXUAL
79
7.1 Orientação sexual na escola
A escola é uma instituição social que tem como objetivo final a formação de um
cidadão completo, isto é, um indivíduo que seja capaz de interagir e participar ativamente
da sociedade em que está inserido, contribuindo para transformá-la em uma sociedade
mais justa, humana e voltada para a preservação da natureza (BRASIL, [2017]).
Para atingir a plenitude da função social da escola, a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), atual documento norteador e referência nacional para a formulação
dos currículos das redes municipais e estaduais e das propostas pedagógicas das
instituições escolares, estabelece competências que devem ser desenvolvidas e
estimuladas nos alunos durante sua formação e que são divididas em competências
específicas e em competências gerais (BRASIL, [2017]).
corpo humano;
relações de gênero;
81
7.1.1 Corpo humano
83
usufruir de suas unidades temáticas para abordar esses blocos de conteúdo da
orientação sexual.
88
Já no ensino médio, os esportes podem contribuir para estimular o respeito às
muitas e variadas expressões do feminino e do masculino ou, ainda, analisar os
preconceitos contra homossexuais e as atitudes homofóbicas. Nesse contexto, a
professora pode estimular a análise do comportamento e a postura de diferentes atletas
homens ao longo do tempo, comparando, por exemplo, jogadores de futebol da
atualidade com jogadores de futebol dos anos 1980 e 1990. Nessa comparação, pode-
se discutir as diferenças de postura, comportamento, vaidade e a forma com que
expressam a sua masculinidade. Ao mesmo tempo, também é possível propor a mesma
análise com atletas femininas, identificando que algumas atletas preferem expressar sua
feminilidade de forma mais aberta, utilizando maquiagem, cabelos longos e com elevada
preocupação com a estética, enquanto outras mulheres expressam sua feminilidade de
forma mais tímida, usando cortes de cabelo curtos ou expressando pouca preocupação
com a estética (BANDEIRA; SEFFNER, 2013; TOLEDO; CAMARGO, 2018).
Outra discussão muito interessante que pode ser feita é a partir das
manifestações homofóbicas que existem no cenário esportivo. No Brasil, em especial,
existem inúmeros casos recentes, como, por exemplo, o jogador de voleibol Michael, que
ouviu ofensas e xingamentos durante uma partida pela Liga Nacional de Voleibol.
Também é possível analisar as torcidas e os xingamentos que proferem, já que 90% da
agressividade do palavrão se refere à sexualidade do ofendido e/ou de sua família em
relação à homossexualidade (ROSELLI-CRUZ, 2011). Nesse contexto, um exemplo
muito marcante é o grito utilizado por algumas torcidas mexicanas quando o goleiro
adversário vai cobrar o tiro de meta para recomeçar a partida: enquanto o goleiro está se
preparando para a cobrança, a torcida mantém um coro de preparação (êêêêêêêê...) e
quando o goleiro executa a cobrança, o estádio, em uníssono, grita “puto”. Essa prática
infelizmente se espalhou pela América Latina, chegando, inclusive ao Brasil, onde foi
traduzida para “Oooo... Bixa”. Tais comportamentos geraram uma grande repercussão e
discussão, inclusive, com um claro posicionamento das federações mexicanas de futebol
estimulando que esse grito não seja mais utilizado durante as partidas de futebol
(PALUMBO, 2018).
89
7.2.3 Prevenção às infecções sexualmente transmissíveis
90
orientação sexual, mas, para que haja um melhor aproveitamento e desenvolvimento por
parte dos alunos, todos os professores precisam estar engajados e decididos a abordar
esse tema transversal em um projeto multidisciplinar.
94
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
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