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Universidade Federal de Campina Grande

Centro de Humanidades
Unidade Acadêmica de Educação
Curso de Pedagogia

Estagiária/discente:
Nathália Silveira Araújo

Relatório de Estágio Supervisionado Obrigatório


Relatório de Estágio Supervisionado obrigatório, apresentado a
disciplina de Seminário em Educação, vinculado ao curso de
pedagogia da Unidade Acadêmica de Educação da Universidade
Federal de Campina Grande (UAEd/UFCG) como requisito para
avaliação e como critérios para conclusão do Estágio Supervisionado
II, sob a orientação da prof. Dra. Maria das Graças Oliveira
Instituição/Escola/Unidade Concedente: Creche e Pré-escola Municipal Isabele
Barbosa da Silva

Gestora: Fabíola Gouveia

Campina Grande/PB
Nov. 2023

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................. p. 3
2. O ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA EDUCAÇÃO INFANTIL:
ESPECIFICIDADES E IMPORTÂNCIA ....................................... p. 3
3. AMBIENTE DE ESTÁGIO (A CRECHE) ...................................... p.
4. UMA TURMA DE MATERNAL II ................................................ p.
4.1. A sala de aula ........................................................................ p.
4.2. Rotina da turma ..................................................................... p.
4.3. As crianças ........................................................................... p.
4.4. Relações sociais ................................................................... p.
4.5. Professoras .......................................................................... p.
5. A PESQUISA-INTERVENÇÃO .................................................... p.
5.1. Aspectos metodológicos ............................................................ p.
5.2. A relação da turma com os livros de Literatura Infantil .............................
5.3. Primeira intervenção: Cachinhos Dourados e os Três Ursos
5.4. Segunda intervenção: João e Maria .................................................. p.
5.5. Resultados e discussões .............................................................. p.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................... p.
7. REFERÊNCIAS .............................................................................. p.

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1. APRESENTAÇÃO/INTRODUÇÃO
O presente relatório contém a vivência do Estágio Supervisionado Obrigatório
II do curso de pedagogia da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG,
realizado na Creche e Pré-escola Municipal Isabele Barbosa da Silva, que está inserida
em zona periférica da cidade de Campina Grande e atende crianças de classe baixa,
filhos de pais trabalhadores com pouca ou nenhuma escolaridade.
Nesse sentido, o estágio compreendeu os meses de setembro, outubro e
novembro de 2023, tendo como professora/orientadora/supervisionar da disciplina e
do Estágio Maria das Graças Oliveira.
Ademais, sobre os impactos iniciais durante os primeiros dias de estágio,
sentimentos como tensão, curiosidade, medo e felicidade foram constantemente
presentes em minhas vivências, devido a grande responsabilidade que é estagiar na
Educação Infantil, participando da rotina das crianças juntamente com elas. Contudo,
a gratidão pela rica experiência de viver esse estágio é o que define essa trajetória,
juntamente com a satisfação por cada momento na creche que, certamente, trouxe
aprendizados enriquecedores à minha formação docente.
Por fim, o presente relatório está estruturado em: introdução/apresentação do
que se tratará o trabalho; por conseguinte, as especificidades e importância do estágio
na Educação Infantil; análise do ambiente de estágio (a creche); experiências com a
turma onde o estágio foi realizado e, por fim, as considerações finais do
desenvolvimento do estágio e da pesquisa-intervenção.
2. O ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA EDUCAÇÃO INFANTIL:
ESPECIFICIDADES E IMPORTÂNCIA
Inicialmente, é preciso refletir sobre o que é a Educação Infantil e como a
mesma deve atuar nesta fase do desenvolvimento do ser humano. Então, sabendo que
esta etapa é direito de toda criança e dever do Estado para com elas, as Diretrizes
Curriculares Nacionais Para a Educação Infantil – DCNEIS (2010, p. 12) definem a
Educação Infantil como
Primeira etapa da educação básica, oferecida em creches e pré-escolas, às quais se
caracterizam como espaços institucionais não domésticos que constituem
estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e cuidam de
crianças de 0 a 5 anos de idade no período diurno, em jornada integral ou parcial,
regulados e supervisionados por órgão competente do sistema de ensino e
submetidos a controle social.
Sendo assim, esta etapa da educação é responsável por garantir à criança o seu
desenvolvimento de maneira plena, ou seja, nas suas estruturas cognitivas, sociais,

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emocionais e culturais. Nesse sentido, o ambiente da creche é fundamental para a
realização da expansão do ser criança, ou seja, para a construção de narrativas e
sentidos sobre o mundo, para brincar, experimentar diversas sensações, desenvolver
autonomia, conviver, interagir, entre outros fatores presentes e necessários a esta etapa
da vida.
Por isso, é preciso que o pedagogo/docente vivencie a experiência de estágio
nesta etapa da educação, interagindo com o ambiente, com as crianças, com o corpo e
a comunidade escolar, a rotina da creche, enfim, com o contexto da creche de maneira
plena e respeitosa. Nesse sentido, tal interação possibilita uma compreensão mais
profunda acerca das necessidades das crianças, além do desenvolvimento de
habilidades cruciais no estagiário para sua formação enquanto educador, uma vez que
o mesmo estará inserido na prática cotidiana de sala de aula e da instituição
educacional como um todo.
3. AMBIENTE DE ESTÁGIO (a creche)
3.1. Histórico e funcionamento da creche
A Creche e Pré-escola Municipal Isabele Barbosa da Silva, localizada na rua
Senador Epitácio Pessoa Cavalcante, no bairro do Pedregal, foi inaugurada em 20 de
outubro de 2006 e teve seu funcionamento efetivo ocorrido em fevereiro de 2007,
atendendo 188 crianças na faixa-etária de 0 (zero) a 05 (cinco) anos, compreendendo
os níveis de berçário a pré-escolar II. O seu período de funcionamento é em turno
integral, se estendendo das 7 h 00 min a 16 h 00 min.
3.2. Estrutura física da creche
Em seus aspectos físicos/estruturais, a creche conta com um jardim, guarita,
recepção, sala da direção, sala de repouso (dormitório), biblioteca, 05 salas de aula,
pátio coberto, pátio infantil, refeitório, cozinha, berçário, lactário, sala de estimulação
solário, banho coletivo, 06 banheiros infantis, 04 sanitários infantis, 05 sanitários
adultos, 02 áreas de serviço, 02 rouparias, 01 almoxarifado, 02 despensas e 01 pomar.
Entretanto, foi observado pela estagiária que, no momento de realização do estágio, o
refeitório está destinado apenas às professoras para rápidas refeições. Ademais, os
alunos realizam suas refeições na sala de aula, além de que o dormitório está inativo e
o momento do soninho está sendo realizado na sala de referência.
3.3. Projeto Político-Pedagógico

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O Projeto Político-Pedagógico (PPP) da Creche e Pré-escola Municipal Isabele
Barbosa da Silva fundamenta-se na contribuição de pensadores como Piaget e
Vygotsky, bem como na política educacional vigente preconizada pelo Ministério da
Educação. Além disso, a creche prioriza o atendimento à comunidade do Pedregal
(bairro em que ela está situada), baseando-se nos princípios de cuidar e educar
crianças de faixa etária de zero a cinco anos de idade.
Ademais, o documento enfatiza, como proposta curricular da instituição, que a
educação deve ter compromisso com o desenvolvimento intelectual, formação da
personalidade, do autoconceito, pensamento crítico, autonomia, da responsabilidade e
do espírito cooperativo da criança. Assim, este Projeto Político-Pedagógico demonstra
comprometimento com uma educação crítica e emancipatória, respeitando a criança
em todos os aspectos e fornecendo o suporte e materiais pedagógicos necessários ao
seu desenvolvimento.
4. UMA TURMA DE MATERNAL II
4.1. A sala de aula
A sala onde o estágio foi desenvolvido pode-se caracterizar como um ambiente
amplo, com mesas e cadeiras adequadas à altura das crianças, para que as mesmas
desfrutem de conforto e de um ambiente propício para elas. Ainda, a sala possui
ventilador e janelas grandes, o que causa boa ventilação e iluminação para o lugar. Por
conseguinte, a sala de aula também dispõe de um banheiro para as crianças, além de
tatames para que as mesmas sentem-se confortavelmente no chão. Há brinquedos,
livros usados e revistas para as crianças desenharem no momento da acolhida,
disponibilizados em baús, além de um suporte para livros de Literatura Infantil
pendurado na parede.
A seguir, imagem da sala de maternal II A

4.2. Rotina da turma


Segundo as Orientações Normativas Para a Educação Infantil (2022, p. 11) ‘‘A
rotina diária é o desenvolvimento prático do planejamento, contemplando a sequência
de diferentes vivências que acontecem no dia a dia das Unidades’’. Nesse sentido, as
diferentes vivências que ocorre durante o dia da criança precisam ser devidamente
planejadas para garantir o bem estar físico, emocional, psicológico e social da mesma.

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Ademais, segundo o mesmo documento (2022, p. 11) ‘‘Uma rotina adequada é um
instrumento construtivo para a criança, pois permite que ela estruture sua
independência e autonomia, além de estimular a sua socialização’’. Sendo assim, essa
sequência diária de atividades com as crianças garantem a elas maior segurança,
estabilidade emocional, desenvolvimento de hábitos saudáveis e maior socialização
entre elas durante a realização de cada momento.
Nessa perspectiva, na vivência do estágio com a turma de Maternal II na
Creche e Pré-escola Municipal Isabele Barbosa da Silva, verifiquei que a rotina da
turma se dá da seguinte forma: 07h – 07h15min – horário destinado à acolhida. Às
07h35min ocorre a troca de roupa, momento em que as crianças vestem a farda da
creche. Por conseguinte, às 08h, as crianças tomam o café da manhã. De 08h15min até
às 08h45min são desenvolvidas as atividades diárias da primeira vivência. Ademais,
entre 08h45min até 09h30min as crianças vivem a recreação. O período do banho
ocorre das 09h30min até às 10h30 min, depois o almoço às 10h30min, e, finalizam o
turno da manhã com o repouso/soninho, das 11h até 13h.
Então, partindo dessa realidade, analisei como cada momento era
desenvolvido. Na acolhida, as professoras disponibilizam brinquedos (carrinhos, lego
e bonecas), bem como revistas e livros usados, para que as crianças brinquem e
aguardem o momento do café da manhã. Nesse intervalo, as crianças fazem a troca de
roupa no banheiro. Em seguida, tomam café da manhã, que geralmente é
acompanhado de alimentos como: cuscuz com leite, mingau, biscoito com suco, pão
com manteiga, entre outros. Após o café da manhã, as crianças participam de
atividades relacionadas aos projetos desenvolvidos na creche. Em de setembro de
2023, durante os primeiros dias de estágio, observei que o projeto do mês era
‘‘Ziraldo’’, em homenagem ao autor de ‘‘O Menino Maluquinho’’. Então, todas as
atividades eram destinadas ao projeto, assim como em outubro de 2023 com o projeto
‘‘Cultura, Arte e Tecnologia Digital’’, onde os alunos aprendiam sobre os meios de
comunicação tecnológicos. No recreio, a turma brinca no pátio, tanto na área interna
quanto na área externa. Percebi que entre as brincadeiras que as crianças mais gostam
são brincar na terra, no escorrego e no balanço de pneus. Em seguida, na volta para a
sala, as crianças se preparam para higienização (banho) e aguardam o almoço. Após o
almoço, alguns dias elas escovam os dentes, outros dias não tem escovação. Então,
aguardam no pátio a sala ser preparada para o soninho e, enquanto isso, elas ficam

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sentadas no chão, brincando e interagindo uns com os outros. Depois, deitam em seus
respectivos colchões e fazem o soninho, finalizando o período da manhã.
A seguir, imagens da rotina da turma. Na sequência: acolhida, recreio no
pátio, almoço e soninho.

4.3. As crianças:
A turma de Maternal II em que o estágio foi realizado possui, ao todo, vinte e
seis crianças matriculadas, sendo onze meninos e quinze meninas. Todos os alunos são
muito participativos, afetuosos, colaborativos uns com as outros, possuindo autonomia
no que diz respeito a suas rotinas e necessidades básicas, como colocar o próprio
alimento, organizar o ambiente (a sala de aula) e ir fazer a própria higienização. Além
disso, as crianças são muito participativas, se comprometem com todas as atividades e
brincadeiras que acontecem na creche.
4.4. Relações sociais
Acerca das relações sociais da turma, pude constatar que as crianças são
receptivas para com as estagiárias. Nos primeiros dias do estágio, elas se mostravam
tímidas para mim durante a acolhida, mas logo depois se sentiam seguras em interagir
comigo. Também pude observar que as crianças são muito afetuosas umas com as
outras, possuindo uma relação de parceria e preocupação com o bem-estar uns dos
outros.
Outrossim, em vários momentos elas me abraçaram espontaneamente, pediam
que eu ficasse sempre perto delas, contavam as novidades que viveram com a família,
como os passeios, presentes que ganhavam, entre outras coisas. Elas gostavam de me
surpreender com desenhos, para que eu pudesse elogiá-las, davam-me flores de
presente, buscavam afago. Portanto, foi uma interação bastante positiva entre eu,
estagiária, e a turma, onde pude brincar, auxiliar, ouvir, enfim, ser eu mesma,
procurando atender às necessidades de todos da melhor forma possível.
4.5. Professoras
A turma de Maternal II, na parte da manhã, possui duas professoras. Pela tarde,
outra docente assume a turma. As docentes responsáveis pelo turno da manhã
recepcionaram a mim e a minha colega de estágio, nos mostrando o funcionamento da
rotina das crianças, nos informando a respeito dos alunos e, ao mesmo tempo, nos
deixando livres para que pudéssemos criar familiaridade com eles.

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Porém, ao observar a relação entre as docentes e as crianças, pude constatar um
controle rígido sobre os momentos em que as crianças poderiam se expressar
livremente, seja através de desenhos, brincadeiras, entre outros. Assim, o controle
excessivo sobre a auto expressão dos alunos representou, para mim, um aspecto
bastante negativo, visto que eles não tem a oportunidade de ter momentos espontâneos
que são importantes para a construção da autonomia de cada sujeito.
Além disso, enfrentei alguns desafios no que diz respeito à assistência das
docentes, pois necessitava realizar perguntas referentes à minha pesquisa-intervenção,
mas pela falta de tempo das professoras, as respostas foram breves e não
aprofundadas. Outros desafios também apareceram nos momentos das minhas
intervenções, quando houve interferências que demonstraram possível falta de
comunicação e leitura do meu planejamento.
De maneira geral, apesar dos obstáculos presentes na minha relação de
estagiária com as professoras da turma, tivemos um bom relacionamento, uma parceria
agradável, além de que sempre me disponibilizei a colaborar em todos os momentos
da rotina das crianças pela manhã, auxiliando-as no desenvolvimento das demais
atividades que ocorriam. O respeito e a colaboração foram sempre presentes nesta
relação.
5. A PESQUISA-INTERVENÇÃO
Inicialmente, a pesquisa buscou analisar a leitura do gênero ‘‘contos de fadas’’
em um grupo da Educação Infantil, identificando se as crianças vivenciam a leitura
dos contos de fadas e, caso vivenciem, como as mesmas interagem com este. Assim,
acerca do referido gênero, Kielb e Silva (2023, p. 3) apontam que
Os contos de fadas, em específico, tornam-se aliados na educação das crianças e dos
jovens para sua constituição como pessoas, sujeitos de conhecimento e copartícipes
da construção da sociedade na qual se inserem. Esse tipo de literatura faz uma
importante ligação entre o real e o imaginário e fomenta a construção do
pensamento crítico.

Assim sendo, o gênero contos de fadas pode ser vivenciado na Educação


Infantil de maneira lúdica e respeitosa, dado o seu potencial de desenvolver a
imaginação e a fantasia na criança, causando deleite, criatividade, descobertas,
aprendizados, enfim, através da fruição estética da arte literária.

5.1. Aspectos metodológicos


Inicialmente, foi realizado um levantamento bibliográfico acerca do gênero
Contos de Fadas, bem como sua representação para criança. Nesse sentido, a pesquisa
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fundamentou-se em autores, como Bettelheim (2002), Cavalcanti (2001) Kielb e Silva
(2023) e outros.
Em seguida, os procedimentos técnicos adotados pela estagiária foram
observação da turma, buscando analisar a sua relação com os livros de Literatura
Infantil, conversas informais sobre o que as crianças mais gostavam de ler e também
nos momentos das intervenções.
Além disso, antes das intervenções, foi desenvolvida uma entrevista semi-
estruturada com as professoras da turma de Maternal II, contemplando questões
relevantes para a pesquisa-intervenção, como ‘‘As crianças tem contato com livros de
literatura infantil?’’, ‘‘Que tipo de literatura elas mais gostam?’’, ‘‘Elas vivenciam a
leitura dos contos de fadas?’’, ‘‘Quais contos elas conhecem e mais gostam?’’, entre
outras perguntas.
Para a coleta de dados foram utilizados como recursos: celular para a vídeo-
gravação e registro com fotos das intervenções e caderno de anotações, para registro
escrito de como se deu todo o processo e as principais observações constatadas.
5.2. A relação da turma com os livros de Literatura Infantil
Primeiramente, ao realizar as perguntas elaboradas para as professoras, ambas
me responderam que a turma possuía acesso aos livros de literatura infantil e que
‘‘gostam de várias historinhas’’ (fala de uma professora). Em seguida, quando
questionei se as crianças leem contos de fadas e se gostam, as professoras
responderam que a turma gosta dos contos de fadas, mas não responderam sobre quais
contos os mesmos conhecem e mais gostam.
Em seguida, durante as minhas observações, constatei que as crianças não
vivenciavam momentos de leitura espontânea, por deleite e prazer. Ao longo do
estágio, percebi que apenas três momentos de leitura foram realizados. Os dois
primeiros momentos incluíam as obras ‘‘O Menino Maluquinho’’ (1980) e ‘‘Uma
Professora Muito Maluquinha’’ (1997), ambas do autor Ziraldo, pois havia um projeto
bimestral em homenagem ao autor. Porém, estas leituras se deram de maneira
superficial, onde a professora explorou poucos elementos dos livros, detendo-se
apenas na caracterização física dos personagens para que os alunos memorizassem,
fizessem atividades de pintura ou desenho referentes a eles para apresentação da
amostra pedagógica.

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A seguir, imagens do desenvolvimento do projeto Ziraldo com a turma de
Maternal II

Por conseguinte, o segundo momento de leitura de literatura infantil que as


crianças vivenciaram foi de um livro com o abecedário dos animais, para que elas
desenvolvessem uma percepção das letras iniciais de cada animal. Então, a professora
pediu para que eu lesse para as crianças e concedi o pedido. Apesar de perceber que as
crianças estavam gostando e interagindo durante o momento, antes de terminar a
leitura, a professora perguntou se eu gostaria que ela finalizasse a leitura, interferindo
na realização do momento. Entretanto, finalizei a leitura e, após isso, a docente pediu
para que a turma desenhasse no chão os animais presentes na história, dirigindo a
forma com que eles desenhavam.
Ademais, observei que o suporte de livros de literatura infantil presente na sala
não possuía livros de contos de fadas, apenas livros infantis religiosos e fábulas.
Porém, as crianças não tinham acesso a esses livros, pois sempre quando pegavam um
livro para observar, eram impedidos pelas professoras.
A seguir, imagem do suporte de livro da sala de maternal II

5.3. Primeira intervenção: Cachinhos Dourados e os Três Ursos


Na primeira intervenção, as professoras solicitaram que eu lesse para as
crianças o conto ‘‘Cachinhos Dourados e Os Três Ursos’’, usando o livro da biblioteca
da creche. Então, junto com as crianças e as professoras, organizamos a sala para fazer

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um semicírculo com as cadeiras. Em seguida, após a turma se sentar, sentei no meio
do semicírculo, informando que faríamos um momento divertido. Então, cantamos
uma música de abertura para o momento de leitura. Nesse instante, percebi que as
crianças estavam ansiosas para descobrir a história e interagir com esta.
Por conseguinte, explorei a capa do livro, questionando as crianças sobre do
que elas achavam que se trataria a história, quem elas acham que são os personagens e
observei suas reações. Em meio à leitura, notei que as crianças olhavam com
curiosidade as ilustrações do livro, as expressões dos personagens, fazendo suposições
sobre o que iria acontecer no momento seguinte, ávidas pela continuidade da história,
sempre participativas. No fim da leitura, perguntei para a turma se gostaram da
história, e todos responderam que ‘‘sim’’, sorrindo e pedindo para contar também.
Alguns alunos se sentaram no meio do semicírculo e passavam as páginas do livro
para os outros olharem, contando a história e enfatizando os momentos que mais
gostaram, acrescentando outros fatos.
A seguir, imagens da referida intervenção

5.4. Segunda intervenção: João e Maria


Primeiramente, antes de realizar a intervenção, as professoras pediram para que
eu adaptasse os contos escolhidos ao projeto ‘‘Cultura, Arte e Cidadania Digital’’.
Atendi ao pedido e adaptei o conto ‘‘João e Maria’’, colocando os meios de
comunicação digitais na história. Porém, tal mudança representaria um aspecto
negativo, pois segundo Bettelheim (2002, p. 20) ‘‘o verdadeiro significado e impacto
de um conto de fadas pode ser apreciado, seu encantamento pode ser experimentado
apenas com a estória na sua forma original’’ (BETTELHEIM, 2002, p. 20). Por isso,
seria improvável que as crianças conhecessem a essência dos contos de fadas, bem
como de acessar diferentes realidades presentes nas fantasias dos contos. Sendo assim,
permaneci seguindo o meu planejamento oficial, comunicando às professoras que
assim o faria. Além disso, a docente pediu para que, no fim da história, trabalhasse
‘‘nomes próprios’’ a partir do que foi contado, fazendo com que o momento resultasse
em um viés pedagógico.
Por conseguinte, segui o mesmo ritual com as crianças: organizamos a sala em
um semicírculo, expliquei o momento que iria ocorrer e cantamos a música para dar
abertura à história. Depois, ao exibir o livro ‘‘João e Maria’’, de Rosana Rios (2016)

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para as crianças, explorei a capa do livro para que elas fizessem suposições sobre a
história. Então, perguntei ‘‘Quem vocês acham que são essas crianças?’’, ‘‘O que nós
podemos observar na capa do livro?’’, ‘‘E essa casinha? Será que faz parte da
história?’’, ‘‘Onde será que essa história se passa?’’.
Ademais, durante a leitura, a turma participou constantemente, olhando
fixamente para as ilustrações, pedindo para que eu as mostrasse repetidas vezes e
refletindo sobre a possível volta para casa dos personagens que se perdem em uma
floresta, e o que eles encontrariam nesse lugar. Em um determinado momento, aparece
o vislumbre da bruxa na janela da casa de doces enquanto João e Maria estavam
distraídos, comendo. Essa imagem fez com que as crianças construíssem palpites do
que seria tal vislumbre. Uns afirmavam que era o Lobo Mau, outros que era uma
bruxa, outros que era uma princesa e outros que achavam que não era nada.
Após a primeira exibição da bruxa, pude constatar que alguns alunos ficaram
temerosos, devido as suas expressões faciais e verbais de susto. Entretanto, a
curiosidade para descobrir o que aconteceria fez com que as crianças não tirassem os
olhos do livro. Ao final da história, perguntei se as crianças tinham gostado do conto e
do momento que foi realizado. Todos responderam que sim e logo em seguida,
pediram para contar a história também. Então, deixei que as crianças explorassem o
livro e contassem para as outras, finalizando a segunda intervenção.
A seguir, imagens da referida intervenção

5.5. Resultados e discussões


Primordialmente, analisando a relação das crianças do Maternal II com a
Literatura Infantil, foi possível constatar que a turma possui pouco contato com livros
ou momentos de contação de histórias. Os momentos que os alunos têm acesso a essa
literatura não se dão por prazer e deleite, mas para atender às demandas do
planejamento das professoras. Contrapondo a leitura de literatura infantil com fins
exclusivamente pedagógicos, Kielb e Silva (2023, p. 15) apontam que
O contato com a literatura é importante na construção de um sujeito crítico,
autônomo e capaz de desempenhar um papel ativo na construção de suas próprias
preferências, escolhas e ações. Para tanto, a mediação exercida por seus (suas)
professores (as) na aproximação a esse universo deve levar em consideração que o
trabalho com o texto literário não se reduz a uma mera tarefa escolar que serve
apenas como pretexto para ensinar conteúdos de outras áreas (ciências, matemática,
língua portuguesa, história, etc.).

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Nessa perspectiva, é imprescindível promover experiências literárias
significativas na Educação Infantil, visto que essas experiências enriquecem o
desenvolvimento humano, promovendo o contato com o simbólico e o imaginário,
bem como o conhecimento de diversas realidades onde tudo é possível. Sendo assim,
Cavalcanti (2002) afirma que

A Literatura pode ser para a criança o espaço fantástico para a expansão do seu ser,
exercício pleno da sua capacidade simbólica, visto trabalhar diretamente com
elementos do imaginário, do maravilhoso e do poético. Amplia o universo mágico,
transreal da criança para que esta se torne adulto mais criativo, integrado e feliz.

Então, refletindo acerca da representatividade da Literatura para a criança,


analiso em especial o gênero Contos de Fadas e a sua relação com a turma de maternal
II. Nesse sentido, foi possível observar a pouca relação das crianças com esse gênero
visto que, durante o estágio, não houve momentos em que elas acessaram esse tipo de
literatura, seja por meio de narrativas orais ou livros. Assim, busquei proporcionar o
contato com esse gênero literário que, segundo Kielb e Silva (2023, p. 23)

Os contos proporcionam às crianças entrarem em contato com diversas realidades,


ora mais brandas que as delas, ora mais complexas fazem expandir suas visões e
percepções sobre o mundo que as cerca.

Ademais, durante os momentos de leitura, pude constatar que as crianças


interagiram com as histórias das mais diversas formas: algumas ficavam em silêncio e
atentos à história e outras buscavam sempre interagir através de especulações sobre o
que aconteceria a cada momento. Sentimentos de alegria, tensão, medo e alívio foram
constantemente presentes na turma que, ao fim da história, demonstraram que
gostaram e pediam para ler para os colegas, ávidos por explorar os livros. Nessa
perspectiva, Bettelheim (2002) afirma que

Os contos de fadas, à diferença de qualquer outra forma de literatura, dirigem a


criança para a descoberta de sua identidade e comunicação, e também sugerem as
experiências que são necessárias para desenvolver ainda mais o seu caráter.

Portanto, faz-se urgente aproximar as crianças da Educação Infantil com o


mundo da literatura através de momentos prazerosos, lúdicos e estéticos, promovendo
experiências literárias significativas para elas, bem como o encontro com as diversas
sensações e emoções causadas pelos contos de fadas.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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7. REFERÊNCIAS

ABRAMOVICH, F. Literatura Infantil: gostosuras e bobices. Scipione, 2997.

BETTELHEIM, B. A Psicanálise dos Contos de Fadas. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes curriculares


nacionais para a educação infantil / Secretaria de Educação Básica. – Brasília : MEC, SEB,
2010.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Orientações Normativas


Para a Educação Infantil / Secretaria de Educação Básica. – Campina Grande, PB, 2022.

CAVALCANTI, J. Caminhos da Literatura Infantil e Juvenil. São Paulo: Paulus, 2002.

KIELB, E. G.; SILVA, I. M. M. Contos de Fadas Na Sala de Aula: perspectivas de


professoras atuantes na Educação Infantil. Pro-Posições, Campinas, v. 34, 2023.

RIOS, R. João e Maria. Porto Alegre: Edelbra, 2016.

ZIRALDO. O Menino Maluquinho. São Paulo: Melhoramentos, 1980.

ZIRALDO. Uma Professora Muito Maluquinha. São Paulo: Melhoramentos, 1995.

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