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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CAMPUS DE CASTANHAL - CCAST


FACULDADE DE PEDAGOGIA

FERNANDA EVELLYN FERREIRA DA SILVA

RELATÓRIO DE ANÁLISE DO ESTÁGIO DE DOCÊNCIA EM EDUCAÇÃO


INFANTIL

CASTANHAL
2023
FERNANDA EVELLYN FERREIRA DA SILVA

RELATÓRIO DE ANÁLISE DO ESTÁGIO DE DOCÊNCIA EM EDUCAÇÃO


INFANTIL

Relatório apresentado como requisito de avaliação para a


disciplina de Estágio de Docência em Educação Infantil, da
Universidade Federal do Pará, sob orientação da professora
Wanessa.

CASTANHAL
2023
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO
2. CONDIÇÕES DE ESTÁGIO
3. O LOCAL DO ESTÁGIO
4. DESENVOLVIMENTOS DAS ATIVIDADES
4.1. OBSERVAÇÃO
4.2. ESTÁGIO DE DOCÊNCIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ANEXO
1 INTRODUÇÃO

A educação infantil é um direito das crianças brasileiras dado pela Constituição


Federal de 1988. O documento que, atualmente, rege a educação brasileira é a Base Nacional
Comum Curricular - BNCC e ela determina que a educação infantil é responsável pelo ensino
de crianças de zero a cinco anos e 11 meses de idade, e por isso é importante destacar o
vínculo existente entre educar e cuidar, entendendo o cuidado como algo indissociável do
processo educativo (BRASIL, 2018).
O estágio de docência na educação infantil é de suma importância para os discentes,
tendo em vista que é o primeiro contato deles com a relação entre a teoria vista na
universidade e a prática docente dentro das escolas públicas e privadas, pautando-se na
concepção de Pimenta (2006, p. 104) que expõe que a “Pedagogia (teoria) e educação
(prática) estão em uma relação de interdependência recíproca, pois a educação depende de
uma diretriz pedagógica prévia e a Pedagogia depende de uma práxis educacional anterior.”
É notável que o estágio torna-se necessário para complementar a sua formação, pois os
discentes possuem instrumentos para analisar e compreender a realidade em sala de aula, além
de também proporcionar uma relação entre a universidade e a escola/comunidade. Segundo
Pimenta (2006, p. 105), qualquer atividade docente requer preparo, mas um

Preparo que não se esgota nos cursos de formação, mas para o qual o curso pode ter
uma contribuição específica enquanto conhecimento sistemático da realidade do
ensino-aprendizagem na sociedade historicamente situada, enquanto possibilidade
de antever a realidade que se quer (estabelecimento de finalidades, direção de
sentido), enquanto identificação e criação das condições técnico-instrumentais
propiciadoras da efetivação da realidade que se quer. (PIMENTA, 2006, p. 105).

A Lei nº 13.257/2016 determina a formulação e implementação de políticas públicas


para a primeira infância a partir da garantia de diversos direitos, como a garantia ao direito de
brincar. Além disso, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional apresenta regras para a
EI por meio da carga horária, organização curricular, finalidades e objetivos da mesma.
Ostetto (2000, p. 16) apresenta que na educação infantil devem estar previstos:

[...] brincadeira; atenção individual; ambiente aconchegante, seguro e estimulante;


contato com a natureza; higiene e saúde, alimentação sadia; desenvolvimento da
curiosidade, imaginação e capacidade de expressão; movimento em espaços amplos;
proteção, afeto e amizade; expressão de sentimentos; especial atenção durante o
período de adaptação; desenvolvimento da identidade cultural, racial e religiosa
(OSTETTO, 2020, p. 16).

O presente relatório tem por objetivo descrever as experiências adquiridas durante o


período de estágio, que é anterior à proposta da disciplina de Estágio de Docência na
Educação Infantil, a fim de explanar as vivências e os desafios da docência na educação
infantil na escola visitada. Com isso, o estágio ainda está em andamento e deu-se início em
janeiro de 2023.

2 CONDIÇÕES DE ESTÁGIO

Com relação às condições de estágio, elas foram bastante satisfatórias desde a entrega
do ofício até os momentos de entrevistas e de observação. Eu escolhi essa escola, pois já
estagiava nela há mais de um ano e meio. Dessa forma, a coordenação e a professora regente
da turma foram bastante receptivos em aceitar que eu realizasse e relatasse o que vivenciei
durante o meu período de estágio na instituição.
Por isso, foi de suma importância que eu, ao desenvolver as atividades na escola em
questão, tivesse postura e habilidades de uma pesquisadora para que eu pudesse analisar,
compreender e problematizar as situações que eu observei e vivenciei durante esse período.

3 LOCAL DO ESTÁGIO

O estágio foi desenvolvido no Colégio Physics Castanhal, o qual faz parte de uma rede
de ensino que está localizada em outros municípios, essa unidade foi inaugurada no dia 17 de
janeiro de 2022, no município de Castanhal, no estado do Pará. A escola está legalizada para
atender aos alunos da Educação Infantil, do Ensino Fundamental Anos Iniciais e Anos Finais,
do Ensino Médio e do Pré-vestibular. Na figura 1, temos uma imagem da fachada da escola.
Figura 1 - Fachada do Colégio Physics Castanhal

Fonte: Google Maps (2022).


O colégio possui um espaço amplo, aberto e arborizado. Em sua infraestrutura estão
presentes: uma sala da direção, uma sala da coordenação da educação infantil e ensino
fundamental anos iniciais, uma sala da coordenação do ensino fundamental anos finais, ensino
médio e pré-vestibular, dois almoxarifados, uma secretaria/recepção, uma sala
multifuncional/brinquedoteca, uma sala de professores, dezoito salas de aula, sendo que três
são utilizadas para a educação infantil, nove banheiros, sendo dois para funcionários, sete para
alunos e um banheiro adaptado para pessoas com mobilidade reduzida, um refeitório com
cantina, uma copa-cozinha, um depósito de materiais pedagógicos, uma biblioteca, uma sala
de T.I, um parquinho, uma sala multifuncional e uma quadra de esportes.
A educação infantil é composta de quatro turmas (maternal I, maternal II, pré I e pré
II), mas as turmas de maternal (I e II) possuem aula na mesma sala, pois não alcançaram o
quantitativo de alunos para que ocorresse a divisão das turmas (no mínimo 10 alunos em cada
sala). Dessa forma, a educação infantil é composta por 33 discentes.
O corpo docente da educação infantil é composto por três professoras, todas com
formação inicial em pedagogia e uma delas com pós-graduação em Neuropsicopedagogia
Clínica e Institucional, além de três auxiliares, sendo uma no maternal e duas no pré I.
O quadro gestor e técnico responsável por esse segmento é constituído por diretor e
coordenadora pedagógica As funções de apoio são desempenhadas por cinco agentes em
atribuições de portaria, inspeção, limpeza e copa. Na figura 2, é possível vermos o bloco da
educação infantil.
Figura 1 - Bloco da Educação Infantil

Fonte: Autora (2022).


4 DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES

4.1 OBSERVAÇÃO

O estágio em sala de aula ocorreu durante o ano de 2023, de janeiro até outubro, na
turma de Pré I que conta com a presença de 13 alunos, sendo importante destacar que três
deles possuem o Transtorno do Espectro Autista (TEA), sob a regência da professora, que é
recém-formada em Licenciatura Plena em Pedagogia pela Universidade Paulista (UNIP).
É importante destacar que durante muito tempo, a educação infantil foi vista apenas de
maneira assistencialista, como se a professora fosse apenas uma cuidadora daqueles alunos.
Contudo, a BNCC diz que os campos que regem a educação infantil são as interações e as
brincadeiras e que assim, deve haver um vínculo entre o cuidar e o educar.
Dessa forma, as atividades da graduanda envolviam os vínculos entre cuidar e educar
pautados pela BNCC, sendo eles: auxílio no preenchimento da agenda, na organização da
sala, na higiene pessoal, na organização do momento do lanche e no desenvolvimento das
aulas, tanto da professora regente quanto dos professores especialistas. Contudo, a minha
função primordial em sala era ser mediadora de um dos alunos com TEA, tendo que auxiliar
ele nas atividades da sala de aula e no desenvolvimento e aquisição de novas habilidades.
Quando abordamos a questão da rotina em sala de aula, é possível destacarmos que as
crianças só conseguem ter uma noção da primeira coisa que irão fazer no decorrer do dia:
preencher a agenda e participar da acolhida com brinquedo de sala. Mas, enquanto a manhã
vai passando, nota-se a ansiedade das crianças em querer saber os próximos passos do dia, se
irão ao parque ou não, se irão ter atividades fora de sala, se terão aula de inglês ou de
educação física.
Por ser uma turma de educação infantil é comum presenciarmos inúmeros conflitos, os
quais muitas vezes são causados pois as crianças ainda estão em desenvolvimento e não
possuem diversas habilidades de regulação das emoções. Mas é importante destacar que
também ocorrem birras.
A turma vem passando por um momento de agressão de um dos alunos, o qual muitas
vezes vai em direção aos colegas, pois sabe que vai irritá-los, porém é perceptível que essa
criança busca uma atenção que não possui em casa, tendo em vista que os pais viajam muito.
Quando tiramos essa criança do conflito e a levamos para conversar, ela muda totalmente o
seu comportamento, pede desculpas e não repete mais aqueles atos no dia em questão.
Contudo, durante o meu período de observação consegui analisar várias vezes a professora
tendo uma postura equivocada para resolver os conflitos, como pedir pra ignorarem o aluno
causador ou simplesmente excluí-lo das atividades em sala naquele dia.
Além disso, a questão da inclusão deveria ser uma realidade em sala de aula, porém é
notável que a professora busca priorizar o aprendizado e desenvolvimento de uma das
crianças por ela ser “mais fácil de lidar” e com isso, ela direciona a mediadora da criança
“mais difícil de lidar” para outras funções, com a desculpa de que a criança está atrapalhando
o desenvolvimento da aula e dos outros alunos.
É neste contexto que se entende a importância da atuação do pedagogo na educação
infantil, a partir da garantia de mediação do desenvolvimento cognitivo, corporal, afetivo, ao
aprimorar as habilidades e competências, tais como coordenação motora fina e grossa,
inteligência emocional, autonomia e afetividade, e como a falta de preparação adequada para
isso prejudica as crianças.
Segundo Linhares e Macedo (2014) é essencial:
Uma formação que dê as bases para que o docente identifique que
necessita construir um emocional equilibrado, a fim de que possa
ensinar boas ações e formas éticas para que a criança aprenda sob a
ótica de uma concepção de educação libertadora, que se educa para a
vida, do individual para o coletivo e vice versa (LINHARES;
MACEDO. 2014, p. 3).

Na EI, o pedagogo deve fazer uso da ludicidade e da afetividade como ferramentas


que contribuirão para o desenvolvimento das crianças nesta etapa.

4.2 ESTÁGIO DE DOCÊNCIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

No decorrer do período de estágio, a instituição buscava sempre inserir a estagiária em


situações de regência em sala de aula. Dessa forma, em um desses momentos, o planejamento
foi voltado para a realização da receita do “suco de abacaxi com hortelã” que tinha o objetivo
de desenvolver a questão cognitiva e motora das crianças.
Essa atividade foi dividida em etapas: 1º Aquisição dos ingredientes (abacaxi, hortelã
e açúcar), que foram comprados pela estagiária; 2º Cortar e separar as quantidades
necessárias; 3º Realização da receita; 4º Degustação.
Após a primeira etapa, houve a distribuição dos ingredientes, com a ajuda dos alunos,
em uma mesa para que todos pudessem visualizar. A partir disso, a estagiária cortou o abacaxi
em pedaços menores e foi solicitando a presença de um aluno de cada vez para separar a
quantidade necessária para colocar no liquidificador. Esse mesmo processo foi repetido com o
hortelã e o açúcar. Na terceira e quarta etapa, uma criança auxiliou a professora a apertar o
botão do liquidificador e a distribuir o suco no copo para os colegas.
Diante da atividade proposta e de sua execução, foi possível trabalhar diversas
habilidades: interação social, memória, noção de quantidade, capacidades motoras, medidas,
trabalho com o olfato e o paladar das crianças.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O primeiro contato com a docência na educação infantil é um baque muito grande,


tendo em vista que inúmeras coisas diferem-se da teoria vista em sala de aula. É importante
que o estagiário entenda que são necessárias certas habilidades e certos instrumentos no
ensino com crianças pequenas, que muitas vezes serão adquiridos com a prática em sala de
aula.
As crianças são os principais sujeitos dessa área da educação e é indispensável a
presença do cuidado, do afeto e da paciência com essa faixa etária, que muitas vezes ainda
apresenta choros, brigas, entre outros, quando são contrariadas ou quando não querem realizar
as atividades propostas. Porém o afeto, não só da parte da professora, mas também por parte
da graduanda, oferece momentos de abraços receptivos, falas de amor e outras formas de
demonstração desse vínculo construído durante o ano letivo.
Quando falamos de dificuldade, um ponto a ser destacado é que a professora não
possui autonomia para decidir o que será feito em sua sala de aula, pois é um plano de aula
para todas as unidades da escola no estado do Pará, contudo a metodologia utilizada para esse
plano de aula pode variar e isso facilita as coisas. Outro ponto é a dificuldade em conseguir
lidar com as crianças e suas diferenças, além da inclusão, contudo, foi perceptível que muitas
vezes essa dificuldade aumenta quando não há a busca pela melhoria e por estudo.
REFERÊNCIAS

BRASIL. Câmara dos Deputados. Primeira Infância: Avanços do Marco Legal da


Primeira Infância. Brasília, 2016.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. Brasília.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB. 9394/1996.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.

LINHARES, F. R.; MACEDO, S. M. F. O pedagogo-professor na educação infantil:


desafios na relação teoria e prática do cuidar e educar. Editora Realize, 2014.

OSTETTO, Luciana E. Encontros e encantamentos na educação infantil: Partilhando


experiências de estágios. Campinas, SP: Papirus, 2000. ISBN 85-308-0581-X. Disponível em:
>https://books.google.com.br/books?id=7bO0kD_MdxsC&printsec=frontcover#v=onepage&
q&f=false.< Acesso em: 14 dez. 2022.

PIMENTA, Selma Garrido. O estágio na formação de professores: unidade teoria e prática?


7 ed., São Paulo, Cortez, 2006.
ANEXOS

ANEXO A - DECLARAÇÃO DE ESTÁGIO

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