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SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃ O E CULTURA – SEMEC

SETOR DE GERÊNCIA PEDAGÓGICA – SGP

ORIENTAÇÕES PARA O PROCESSO DE TRANSIÇÃO


Da Educação Infantil para o Ensino Fundamental
Dos Anos Iniciais para os Anos Finais do Ensino Fundamental

Girau do Ponciano – AL - 2023


Apresentação

A Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Girau do Ponciano - AL tem


trabalhado para consolidar uma educação de qualidade na rede Municipal de Ensino.
Buscando subsidiar as práticas pedagógicas desenvolvidas pelos profissionais da educação
e contribuir para o aperfeiçoamento e a continuidade do processo educativo, ela apresenta as
Orientações para o Processo de Transição da Criança da Educação Infantil para o Ensino
Fundamental, bem como do estudante do 5º ano (Anos Iniciais/EF) para o 6º ano (Anos
Finais do EF). O documento foi elaborado de forma colaborativa pelas coordenações da
Educação Infantil e Ensino Fundamental – Anos Iniciais e Anos Finais; é destinado aos
professores que atendem o Infantil V, 1º, 5º e 6º anos do Ensino Fundamental.
A construção do referido documento justifica-se pela necessidade de ampliar os
olhares sobre a compreensão nas diversas situações vivenciadas pelas crianças na transição,
igualmente de suas famílias e dos profissionais da educação envolvidos nas duas etapas de
ensino. Logo, o objetivo é subsidiar os professores, criando mecanismos e instrumentos que
os auxiliem na compreensão de tal processo, garantindo às crianças o direito de vivências e
experiências significativas que contribuirão para sua formação plena, tanto na Educação
Infantil quanto no Ensino Fundamental. Além disso, as ideias aqui apresentadas buscam
relacionar-se com o Referencial Curricular de Alagoas (RECAL) e o Projeto Político
Pedagógico (PPP) das instituições, respeitando sua legalidade quanto às considerações, aos
direitos e às concepções, que são efetivados no cotidiano no que diz respeito à integração de
experiências entre família e escola.
Sendo assim, espera-se, com este documento, ampliar o olhar de toda a comunidade
escolar para a primeira infância e para as práticas pedagógicas, por meio de estratégias nesse
processo de transição. Dessa forma, família e escola caminharão juntas na execução da
proposta em prol do desenvolvimento e a aprendizagem das crianças na sua integralidade,
levando em consideração seus direitos e suas particularidades, sendo enxergadas e
compreendidas com suas características e necessidades próprias. Assim, o olhar sensível de
toda a comunidade escolar para esse momento tão importante para nossas crianças deve
ser o primeiro recurso de aproximação para amenizar desafios e tensões vivenciados
durante esse processo.
Transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental

A transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental acarreta muitas


novidades para a criança: novos espaços, novos professores, nova rotina, novos materiais,
entre tantos outros amiúdes. Como ocorre com todo processo de mudança, é um grande
desafio para os envolvidos.
Há muitas discussões sobre a entrada das crianças cada vez mais cedo no universo
escolar. Hoje temos a obrigatoriedade da Educação Infantil para crianças de 4 e 5 anos e a
ampliação de nove anos do EF, com a Lei nº 11.274/2006 e com a emenda constitucional nº
59/2009. Os pequenos, são inseridos no Ensino Fundamental com apenas 6 anos e a ruptura
com a Educação Infantil tem apresentado problemas.
De acordo com Kramer (2011), a inserção das crianças de 6 anos no Ensino
Fundamental dá lugar a questionamentos tanto para a Educação Infantil quanto para o
Ensino Fundamental, especialmente no que tange aos espaços, práticas pedagógicas e sua
adequação. Quem é essa criança? Quais práticas caberiam? Quais as melhores estratégias?
Como oferecer um acolhimento à criança, de forma que ela entenda esse processo de modo
contínuo?
As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (DCNEI) que em seu
artigo 4º define a criança como:

[...] sujeito histórico de direitos que, nas interações, relações e práticas


cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca,
imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e
constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura
(BRASIL, 2009).

A criança é um ser ativo, participante, que observa, questiona, levanta hipóteses,


conclui, faz julgamentos, assimila valores, constrói conhecimento e se apropria do
conhecimento sistematizado por meio da ação e nas interações com o mundo físico e social.
A transição das crianças da Educação Infantil para o Ensino Fundamental convida-nos a
rever a concepção de criança adotada pela rede de ensino. Ao entrar no Ensino
Fundamental, a criança não deixa de ser criança, embora esteja com mais idade, ainda
necessita de momentos de brincadeiras livres, de movimento, de interação e integração com
os colegas de sala ou com colegas de outras salas, ela ainda precisa de acolhimento afetuoso
e cuidados nas relações sociais dentro e fora da sala de aula.
A visão que se parece ter no Ensino Fundamental é a de que a criança só aprende
sentada, parada, apenas lendo e escrevendo e experiências corporais, com movimentos são
poucos consideradas. O movimento, o brincar, as brincadeiras simbólicas e a criatividade
podem estar presentes em todos os campos do conhecimento e em todos os tempos
institucionais, não apenas na aula de educação física, ou durante o recreio, conforme indica
Raquel Franzim. Isso implica na necessidade de garantir que as crianças sejam atendidas nas
suas necessidades (a de aprender e a de brincar), que o trabalho seja planejado e
acompanhado por adultos na Educação Infantil e no Ensino Fundamental e que saibamos,
em ambos, ver, entender e lidar com as crianças como crianças e não apenas como
estudantes.
A criança que sai da Educação Infantil e entra no Ensino Fundamental enfrenta
diversos desafios: os espaços, a interação com os educadores e as propostas pedagógicas são
muito diferentes do que ele já conhece na Educação Infantil. Por isso, quando falamos dessa
transição, não estamos falando somente da mudança entre pré-escola e primeiro ano. De
acordo com Raquel Franzim, do Instituto Alana,

“há aspectos importantes a serem considerados: os espaços, o tempo da


criança, dos seus ritmos e necessidades e o tempo para aprendizagem são
distintos. O tempo institucional da escola precisa ser revisto, pois tempos
muito engessados, curtos ou fragmentados são inadequados no período de
transição para a criança que chega ao Ensino Fundamental.” (FRANZIM,
2020)

Os espaços e tempos escolares precisam ser revistos, ou seja, faz-se necessário


pensar como tem sido a organização desses tempos e espaços no chão da escola. Tem sido
um grande desafio para o Ensino Fundamental pensar sobre a infância na escola e na sala de
aula, pois, ao longo de sua história, aspectos como o corpo, o universo lúdico, os jogos e as
brincadeiras não têm sido considerados, como deveriam, nas propostas de ensino. E quando
as crianças chegam a essa etapa, infelizmente é comum ouvir a frase “Agora a brincadeira
acabou!”. Assim, o desafio é aprender sobre e com as crianças por meio de suas diferentes
linguagens.
Nesse sentido, a brincadeira torna-se essencial, pois nela estão presentes as múltiplas
formas de ver e interpretar o mundo. Ela é responsável por muitas aprendizagens, por isso, é
necessário definir caminhos pedagógicos nos tempos e espaços da escola e da sala de aula
que favoreçam o encontro da cultura infantil, valorizando as trocas entre todos os que ali
estão, ajudando as crianças a recriarem as relações da sociedade na qual estão inseridas,
expressando suas emoções e formas de ver e de significar o mundo, espaços e tempos que
favoreçam a construção da autonomia. Esse é um momento propício para tratar dos aspectos
que envolvem a escola e do conhecimento que nela será produzido, tanto pelas crianças, a
partir do seu olhar curioso sobre a realidade que as cerca, quanto pela mediação do adulto.
Angela Di Paolo Mota, professora do curso de Pedagogia do Instituto
Singularidades, em São Paulo (SP), tratando sobre as questões da transição, diz que

“Na Educação Infantil, as brincadeiras e as interações são o eixo do


currículo. No Fundamental, é preciso haver uma continuidade: a rotina não
é igual, mas é importante preservar esses momentos, entendendo que as
aprendizagens a partir dali vão se construir de outras maneiras”. (MOTA,
2022)

A BNCC traz um capítulo somente sobre esse processo de transição, dada sua
importância, no qual destaca um princípio muito importante que deve reger a mudança de
etapa: é o princípio da continuidade das experiências vivenciadas e aprendidas na
Educação Infantil na perspectiva do aprofundamento e ampliação. O pré-escolar não é uma
etapa preparatória, é uma etapa de promoção de experiências que deverão ser aprofundadas,
continuadas no Ensino Fundamental. Durante o primeiro ano, a continuidade do aprendizado
pode ser mantida com as mesmas práticas que a criança estava acostumada na Educação
Infantil, com brincadeiras e interações. Com o passar do tempo, isso vai sendo adaptado à
nova realidade.

A transição entre essas duas etapas da educação básica requer muita


atenção, para que haja equilíbrio entre as mudanças introduzidas,
garantindo integração e continuidade dos processos de aprendizagens das
crianças, respeitando suas singularidades e as diferentes relações que elas
estabelecem com os conhecimentos, assim como a natureza das mediações
de cada etapa. Torna-se necessário estabelecer estratégias de acolhimento e
adaptação tanto para as crianças quanto para os docentes, de modo que a
nova etapa se construa com base no que a criança sabe e é capaz de fazer,
em uma perspectiva de continuidade de seu percurso educativo (BRASIL,
2017, pg.51)

Vale destacar que as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental


(Resolução 07/2010, CNE/CEB), torna imperativa a articulação de todas as etapas da
educação, tendo em vista assegurar às crianças um percurso contínuo de aprendizagens,
conforme já mencionado. Dentre as medidas que favorecem essa articulação destacam-se: a
recuperação do caráter lúdico da ação pedagógica nos Anos Iniciais do Ensino
Fundamental e o reconhecimento das aprendizagens conquistadas pela criança antes de
ingressarem no Ensino Fundamental (Art. 29).
O OLHAR DA ESCOLA

O direito efetivo à educação das crianças de seis anos não acontecerá somente com a
promulgação da Lei nº 31 11.274, dependerá, principalmente, das práticas pedagógicas e de
uma política da escola para a verdadeira acolhida dessa faixa etária na instituição.
Brandão (2009) alerta que “o ingresso na escola, por si só, não assegura às crianças
acesso a um contexto de ensino que promova aprendizagens significativas, o que supõe uma
escola preparada em termos físicos, materiais e com profissionais competentes”. A
disposição das carteiras, os espaços para brinquedos e a adaptação da jornada de horas na
escola devem ser considerados, além de colaborarem para que a criança se acostume com a
rotina de maneira espontânea, com segurança e sem rupturas.
Seguem algumas sugestões para a escola desenvolver com as crianças, professores e
famílias, buscando amenizar toda e qualquer dificuldade no processo da transição. Vale
ressaltar a importância do olhar sensível de cada agente para garantir o sucesso desse
período.

Ações da escola
Etapa
Foco da
escola Ação
ação
r
Proporcionar momentos com dinâmicas e interação entre as
crianças, a família e os professores, como brincadeiras,
1º ano gincanas e semanas esportivas com o objetivo de mostrar
para a criança que ali é um lugar seguro, prazeroso, de muita
brincadeira e onde a ludicidade irá ter continuidade.
Crianças Levar as crianças da Educação Infantil para realizar visitas na
Pré-II escola do Fundamental, explicar que no próximo ano irão
para aquela escola, ou para outra semelhante;
A escola se organizar para receber a visita das crianças da
1º ano Educação Infantil, levá-los para conhecer os espaços da
escola e os professores;
Professores Pré-II Planejar a formação continuada para lidar com o momento da
1º ano transição de etapas;
Pré-II Realizar formação continuada com os educadores dos dois
1º ano segmentos e os acompanhar;
Pré-II Promover momento de diálogo com a equipe docente para
1º ano refletir sobre a etapa de transição;
Pré-II Realizar reuniões com os professores de Educação Infantil e
1º ano Ensino Fundamental para alinhar as ações de ambas as etapas
(quando atender os dois segmentos);
Orientar e acompanhar a construção dos registros no
Pré-II
relatório/parecer individual das crianças;
Proporcionar encontros entre os educadores do 1º ano e do
Pré-II
Pré II, para que conheçam as especificidades de cada etapa,
1º ano
como forma de sensibilizá-los para a recepção das crianças;
Promover estudos com os educadores do 1º ano para
refletirem sobre as necessidades e interesses das crianças,
1º ano
possibilitando as interações e brincadeiras como eixos
norteadores das práticas;
Pré-II Realizar reunião de pais (presenciais e/ou online) já no início
1º ano do ano letivo para esclarecer e tirar as dúvidas;
Promover a socialização entre escola e família, trazendo-os
Pré-II
Família para mais perto, dando-lhes oportunidades de contribuírem
1º ano
com algo a mais no âmbito escolar;
Pré-II Realizar palestras e orientações com os pais e ou
1º ano responsáveis referente ao processo de transição;
Pré-II
Manter a escuta ativa, para as famílias, crianças e educadores;
1º ano
Pré-II
Geral Realizar projetos que envolvam a comunidade escolar;
1º ano
Pré-II Ter a transição como uma pauta constante nas reuniões
1º ano pedagógicas;

O OLHAR DOS EDUCADORES

É o primeiro dia do ano, a escola está preparada para receber as crianças


para mais um ano letivo. Para algumas crianças, essa já é uma rotina
conhecida, mas para Luiza, que está indo para a escola pela primeira vez,
não. Em seus olhos é possível notar um misto de medo e desejo. Ela chega
acompanhada por sua mãe. (...) A sineta toca e todos se dirigem para as
salas. Mariza acompanha Luiza até o encontro com a professora. A escola
parece enorme aos olhos de Luiza. Ao encontrar com a professora, essa lhe
dirige a palavra, abaixa, ficando da sua altura e diz: –– Oi Luiza, eu estava
te esperando. Sabe, podemos fazer muitas coisas diferentes aqui na escola.
Eu vou ser sua professora e nós vamos brincar muito juntas
(Brasil/Ministério da Educação, 2005).

Na situação descrita acima percebe-se a postura mediadora da professora entre as


expectativas da menina e o novo mundo a ser descoberto. Já no primeiro contato, chama a
criança pelo nome, o fato de se aproximar, o olhar, o toque, a proposta do brincar: todos
esses aspectos constituem-se importantes elos que abrem possibilidades de continuidade,
elementos essenciais para a inserção e o acolhimento.
O acolhimento das crianças que estão fazendo a transição da Educação Infantil
para o Ensino Fundamental é responsabilidade dos professores e da escola. É muito
importante que os educadores sejam sensíveis às dificuldades, medos e anseios dos alunos
nessa passagem e os ajudem nessa jornada. As crianças possuem modos próprios de
compreender e interagir com o mundo. Aos professores cabe favorecer a criação de um
ambiente escolar onde a infância possa ser vivida em toda a sua plenitude, um espaço e um
tempo de encontro entre os seus próprios espaços e tempos de ser criança dentro e fora da
escola.

Ações dos professores para favorecer a transição


Foco da
Etapas Ação
ação
1º ano Organizar um passeio de conhecimento de espaço;
Entregar às crianças do Pré II desenhos e bilhetinhos de boas-
1º ano
vindas produzidos pelas crianças do 1º ano;
Pré II
Realizar escuta ativa e acolhimento afetivo;
1º ano
Oportunizar um momento da turma do Pré II com a
Pré II
professora do 1º ano para atividades de integração;
Realizar uma roda de conversa durante os meses de novembro
Pré II e dezembro com as crianças do 1° ano junto e Pré II para
1º ano saber como acontecem as rotinas de ambas as turmas, o que
mais gostam de fazer, o que aprendem, do que brincam;
Dentro da própria rotina da Educação Infantil, realizar
Crianças Pré II momentos de conversa para ouvir as crianças e como
imaginam que será o ano seguinte;
Organizar atendimentos individuais, sempre que necessário,
Pré II
com os pais, para minimizar o impacto na transição das
1º ano
crianças;
Pode-se fazer um levantamento das curiosidades que elas têm
sobre o 1º ano, falar sobre o que vão encontrar e como é a
rotina, entre outros pontos. Para esse momento, os alunos do
Pré II 1º ano poderiam ser convidados para esse bate-papo,
1º ano respondendo essas e outras perguntas feitas pelas crianças. No
caso das crianças que continuarão na mesma unidade escolar,
a organização do espaço pode ajudar a criar a ideia de
continuidade;
Escola Socializar com as professoras do 1º ano os relatórios do Pré II
Pré II
para conhecer a aprendizagem e desenvolvimento de cada
1º ano
criança;
Conhecer as rotinas e as práticas pedagógicas dos professores
Pré II de ambas as etapas, identificando as
1º ano especificidades/particularidades, bem como a importância da
continuidade do processo;
Analisar a síntese de cada campo de experiência que foi
1º ano
trabalhado na Educação Infantil;
Pré II Participar de formação continuada;
1º ano
Utilizar metodologias dinâmicas e lúdicas, contemplando os
Pré II
direitos de aprendizagem e o desenvolvimento das
1º ano
habilidades de acordo com cada etapa;
Família Desenvolver projetos envolvendo a família;

O OLHAR DAS FAMÍLIAS

Em conjunto com as ações da equipe pedagógica, a BNCC chama também a atenção


para a importância do acompanhamento da família, durante a transição. Para isso, caberá à
unidade escolar estreitar ainda mais os vínculos com as famílias, apresentando as estratégias,
esclarecendo todas as dúvidas, mantendo uma comunicação frequente com os pais e
responsáveis, para que eles permanecem integrados com as ações.
A família tem uma contribuição essencial no período de transição escolar, ela é
primeira rede de apoio para a criança, ajudando-a no desenvolvimento e na conquista
gradativa de autonomia. A parceria selada entre família e escola propicia estabilidade e
segurança à criança diante das mudanças que se apresentam. Ela deve ter uma participação
ativa na escola e, para que isso aconteça, a escola precisa construir ações, para além das
tradicionais reuniões de pais e mestres, que efetivem essa participação ou seja, que possam
chamar os pais para a escola, sensibilizando-os, incentivando-os a participar da vida escolar
dos seus filhos. Esse trabalho conjunto, baseado no diálogo ativo, fortalece as relações, a
cooperação, os sentimentos de confiança e competência. Veja algumas sugestões de ações
que as famílias podem fazer, buscando contribuir com esse processo.

Ações dos PAIS para favorecer a transição


Foco da
Etapas Ação
ação
Realização de visita ou passeio junto da criança a/na nova
1º ano
escola em que a criança foi matriculada;
Pré II
Escutar e acolher as falas de suas crianças acerca da escola;
1º ano
Crianças
Pré II Socializar com a escola informações sobre a criança que, de
1º ano algum modo, interfiram na sua vida escolar;
Pré II
Conversar com a criança sobre a escola;
1º ano
Escola Participação em palestras, rodas de conversas sobre o
Pré II
desenvolvimento e outras temáticas de interesse e
1º ano
necessidade da comunidade escolar;
Pré II Participar dos eventos escolares;
1º ano
Contribuir com as ações desenvolvidas nos projetos da
Pré II
1º ano escola;
Pré II
Comparecer à escola sempre for convocado;
1º ano

A TRANSIÇÃO DO 5º PARA O 6º ANO

Sabemos que o grupo familiar é o primeiro grupo social em que todo ser humano
está inserido. É o primeiro contato, é onde acontecem as primeiras aprendizagens. Com o
passar do tempo, o indivíduo experimenta novas experiências, frequentam novos ambientes
e tem novas relações sociais. Esse é um processo natural da vida e essencial para o
progresso do indivíduo. Ao vivenciar novas situações, faz parte da natureza humana sentir
insegurança em alguns momentos. Com a transição do estudante do 5º para o 6º ano do
Ensino Fundamental não é diferente. Por isso, é importante enfatizar que a busca por
estratégias para lidar com essa realidade não cabe somente à escola, mas a todos que
trabalham em prol de uma educação de qualidade e equitativa, assim como aos familiares e
responsáveis pela criança.
Para as crianças que estão passando por esse processo, tudo é novidade e isso causa
uma certa ansiedade e insegurança. Lidar com essa situação exige mais trabalho dos pais e
dos professores e, quando ambas as partes se sentem seguras em suas ações, ocorrem o
crescimento e desenvolvimento nos alunos porque eles se sentem apoiados e com mais
confiança em si mesmos, na família e na escola.
Para os alunos do 6º ano, soma-se a tudo isso, a entrada na adolescência. A passagem
do 5º ano para o 6º ano do Ensino Fundamental também requer atenção. Essa transição é
marcada por uma série de mudanças que irão causar um desafio para os alunos. Esse
momento deve ser tratado com atenção e planejamento para que seja menos impactante
para os alunos. Os estudantes terão que se adaptarem a uma nova organização, sendo essa
uma aprendizagem que deve ser planejada com atenção para evitar que os alunos se sintam
desmotivados e percam a curiosidade pelos conteúdos, afetando de forma negativa no seu
desempenho.
Possivelmente, as crianças já conhecem o espaço da escola e sua rotina, mas, haverá
uma nova rotina, um número maior de professores, novas disciplinas, conteúdos mais
complexos e aprofundados e, para alguns, uma nova escola. A primeira ação desse processo
é a permanência dos alunos nas mesmas turmas de um ano para o outro, garantindo o
vínculo e as parcerias estabelecidas. Ser bem acolhido e respeitado nas suas necessidades
dará segurança para a continuidade do processo de ensino e aprendizagem.
Durante esse período, a criança desenvolverá habilidades importantes para a vida
adulta, como lidar com as diferenças, organizar prioridades, fazer escolhas. O ponto
principal é encontrar o equilíbrio entre dar autonomia e, ao mesmo tempo, estar por perto,
transmitindo a segurança necessária para que o processo se consolide.
No que se refere à transição e ao acolhimento dos estudantes que passam do 5° ano
para o 6° ano, como bem destaca o Parecer CNE/CEB no 11/2010,

“os estudantes, ao sairem dos Anos Iniciais para os Anos Finais do Ensino
Fundamental, eles deixam de ter um professor generalista e passa a ter
professores especialistas para os diferentes componentes curriculares.
Desta forma, eles costumam se ressentir diante das muitas exigências feitas
pelo grande número de docentes dos Anos Finais. Realizar as necessárias
adaptações e articulações, tanto no 5° quanto no 6° ano, para apoiar os
alunos nesse processo de transição, pode evitar ruptura no processo de
aprendizagem, garantindo-lhes maiores condições de sucesso, necessitando
de um planejamento curricular integrado e sequencial, possibilitando a
adoção de formas inovadoras a partir do 6º ano. (BRASIL, 2010, p. 20).

Considerando essa afirmação, sugere-se à equipe diretiva:

Foco da
Ação
ação
Acolhida na escola de maneira interativa e calorosa, buscando transmitir
segurança para os estudantes;
Construção de acordos coletivos de maneira participativa;
Elaboração de aulas que se concluam no tempo adequado, evitando que
o aluno crie a ideia de que a aula ficou incompleta, ou que pode deixar
as atividades inacabadas;
Alunos
Escuta ativa: sempre ouvir os anseios e necessidades dos alunos,
promovendo momentos de debates, mesas redondas, rodas de conversas
para tratar sobre a organização da nova etapa;
Levar os alunos do 5º ano, no 4º bimestre, para uma visita a turma/s do
6º ano;
Acompanhamento com o/a assistente social e equipe multiprofissional;
Professores Organizar o quadro de professores para o 6° ano com profissionais que
possam auxiliar os estudantes com maior didática e qualidade possível;
Realização de reuniões entre pais e mestres para tratar do período da
adaptação;
Proporcionar durante o ano letivo vivências dos profissionais que atuam
no 6º ano com as turmas de 5º anos (ex: utilizar carga horária destes
profissionais para atuação nos projetos curriculares nos anos iniciais);
Elaborar com os professores dos 6° anos um projeto para o início do
primeiro trimestre, que tenha como objetivo auxiliar os estudantes na
sua organização (cadernos, horários, combinações gerais e regras de uso
dos espaços da sala) no qual a orientação educacional e/ou coordenação
pedagógica tenha a oportunidade de prestigiar os avanços e contribuir
nos possíveis desafios;
Planejar, no segundo semestre, um momento para que os alunos do 5º
ano escrevam uma carta aos alunos do 6º perguntando sobre a rotina,
atividades, avaliação e outras possíveis dúvidas. Os alunos do 6º ano
darão uma devolutiva, que poderá ser impressa ou por meio digital,
contando a experiência que tiveram na transição, bem como
respondendo os questionamentos levantados pelos alunos do 5º;
Constituir diagnóstico através de análise de índices e dados da escola
para criar, junto aos docentes, estratégias de intervenção e qualificação
do processo pedagógico no 6° ano.
Realizar reunião com as famílias explicando como poderão auxiliar os
filhos nessa nova fase, levando-se em consideração as concepções do
sujeito de nossa Rede Municipal de Ensino;
Convidar, no início do ano letivo, os pais dos alunos ingressantes do 6º
Família
ano para uma reunião, a fim de apresentar os professores e dar
orientações sobre a nova rotina que se estabelecerá com seus filhos;
Abertura de canais de comunicação com a família, oportunizando o
diálogo constante.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério de Educação e Cultura. Lei de Diretrizes e Bases da


Educação Nacional. Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Ensino


fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos
de idade. 2ª Ed. Brasília (DF): FNDE, Estação Gráfica, 2007.

BRASIL. Lei 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de


Educação-PNE e dá outras providencias. Diário oficial da União, Brasília, 26 de
junho de 2014.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular- BNCC.


Brasília,DF, 2017.

BRASIL, Parecer CNE/CEB nº 11/2010, aprovado em 7 de julho de 2010 - Diretrizes


Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos.

BRASIL, Parecer CNE/CEB nº 12/2010, aprovado em 8 de julho de 2010 - Diretrizes


Operacionais para a matrícula no Ensino Fundamental e na Educação Infantil.

MORELLO, Ana Carolina Camargo, SANTOS, Maurício Pastor dos e HASPER, Ricardo
(org.). Educa juntos : transição do 5ª para o 6º ano do Ensino Fundamental [recurso
eletrônico]. Secretaria de Estado da Educação e do Esporte. P223 Curitiba, PR : SEED,
2022. (Caderno de ações pedagógicas articuladas). Disponível em:
https://www.educacao.pr.gov.br/educa_juntos/transicao_5para6ano_ensino_fundamental
Acesso em: 02 de Março de 2023.

Como apoiar a transição dos alunos da Educação Infantil para o Ensino Fundamental. Nova
Escola. São Paulo, out. 2022. Disponível em:
https://novaescola.org.br/conteudo/21374/como-apoiar-a-transicaodos-alunos-da-educacao-
infantil-para-o-ensino-fundamental Acesso em: 02 de Março de 2023.

Adaptação e transição na escola. / Prefeitura Municipal, Secretaria de Educação de Venda


Nova do Imigrante. Venda Nova do Imigrante (ES), 2016. 24 p.; 30 cm. Disponível em:
http://vendanova.es.gov.br/cms/_src/uploads/Repositorio/Arquivos/0/c8ce528b-6.pdf
Acesso em: 02 de Março de 2023.

Disponível em:
https://normativasconselhos.mec.gov.br/normativa/view/CNE_PAR_CNECEBN112010.pdf
?query=LICENCIATURA Acesso em: 02 de Março de 2023.

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