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A BNCC traz um capítulo somente sobre esse processo de transição, dada sua
importância, no qual destaca um princípio muito importante que deve reger a mudança de
etapa: é o princípio da continuidade das experiências vivenciadas e aprendidas na
Educação Infantil na perspectiva do aprofundamento e ampliação. O pré-escolar não é uma
etapa preparatória, é uma etapa de promoção de experiências que deverão ser aprofundadas,
continuadas no Ensino Fundamental. Durante o primeiro ano, a continuidade do aprendizado
pode ser mantida com as mesmas práticas que a criança estava acostumada na Educação
Infantil, com brincadeiras e interações. Com o passar do tempo, isso vai sendo adaptado à
nova realidade.
O direito efetivo à educação das crianças de seis anos não acontecerá somente com a
promulgação da Lei nº 31 11.274, dependerá, principalmente, das práticas pedagógicas e de
uma política da escola para a verdadeira acolhida dessa faixa etária na instituição.
Brandão (2009) alerta que “o ingresso na escola, por si só, não assegura às crianças
acesso a um contexto de ensino que promova aprendizagens significativas, o que supõe uma
escola preparada em termos físicos, materiais e com profissionais competentes”. A
disposição das carteiras, os espaços para brinquedos e a adaptação da jornada de horas na
escola devem ser considerados, além de colaborarem para que a criança se acostume com a
rotina de maneira espontânea, com segurança e sem rupturas.
Seguem algumas sugestões para a escola desenvolver com as crianças, professores e
famílias, buscando amenizar toda e qualquer dificuldade no processo da transição. Vale
ressaltar a importância do olhar sensível de cada agente para garantir o sucesso desse
período.
Ações da escola
Etapa
Foco da
escola Ação
ação
r
Proporcionar momentos com dinâmicas e interação entre as
crianças, a família e os professores, como brincadeiras,
1º ano gincanas e semanas esportivas com o objetivo de mostrar
para a criança que ali é um lugar seguro, prazeroso, de muita
brincadeira e onde a ludicidade irá ter continuidade.
Crianças Levar as crianças da Educação Infantil para realizar visitas na
Pré-II escola do Fundamental, explicar que no próximo ano irão
para aquela escola, ou para outra semelhante;
A escola se organizar para receber a visita das crianças da
1º ano Educação Infantil, levá-los para conhecer os espaços da
escola e os professores;
Professores Pré-II Planejar a formação continuada para lidar com o momento da
1º ano transição de etapas;
Pré-II Realizar formação continuada com os educadores dos dois
1º ano segmentos e os acompanhar;
Pré-II Promover momento de diálogo com a equipe docente para
1º ano refletir sobre a etapa de transição;
Pré-II Realizar reuniões com os professores de Educação Infantil e
1º ano Ensino Fundamental para alinhar as ações de ambas as etapas
(quando atender os dois segmentos);
Orientar e acompanhar a construção dos registros no
Pré-II
relatório/parecer individual das crianças;
Proporcionar encontros entre os educadores do 1º ano e do
Pré-II
Pré II, para que conheçam as especificidades de cada etapa,
1º ano
como forma de sensibilizá-los para a recepção das crianças;
Promover estudos com os educadores do 1º ano para
refletirem sobre as necessidades e interesses das crianças,
1º ano
possibilitando as interações e brincadeiras como eixos
norteadores das práticas;
Pré-II Realizar reunião de pais (presenciais e/ou online) já no início
1º ano do ano letivo para esclarecer e tirar as dúvidas;
Promover a socialização entre escola e família, trazendo-os
Pré-II
Família para mais perto, dando-lhes oportunidades de contribuírem
1º ano
com algo a mais no âmbito escolar;
Pré-II Realizar palestras e orientações com os pais e ou
1º ano responsáveis referente ao processo de transição;
Pré-II
Manter a escuta ativa, para as famílias, crianças e educadores;
1º ano
Pré-II
Geral Realizar projetos que envolvam a comunidade escolar;
1º ano
Pré-II Ter a transição como uma pauta constante nas reuniões
1º ano pedagógicas;
Sabemos que o grupo familiar é o primeiro grupo social em que todo ser humano
está inserido. É o primeiro contato, é onde acontecem as primeiras aprendizagens. Com o
passar do tempo, o indivíduo experimenta novas experiências, frequentam novos ambientes
e tem novas relações sociais. Esse é um processo natural da vida e essencial para o
progresso do indivíduo. Ao vivenciar novas situações, faz parte da natureza humana sentir
insegurança em alguns momentos. Com a transição do estudante do 5º para o 6º ano do
Ensino Fundamental não é diferente. Por isso, é importante enfatizar que a busca por
estratégias para lidar com essa realidade não cabe somente à escola, mas a todos que
trabalham em prol de uma educação de qualidade e equitativa, assim como aos familiares e
responsáveis pela criança.
Para as crianças que estão passando por esse processo, tudo é novidade e isso causa
uma certa ansiedade e insegurança. Lidar com essa situação exige mais trabalho dos pais e
dos professores e, quando ambas as partes se sentem seguras em suas ações, ocorrem o
crescimento e desenvolvimento nos alunos porque eles se sentem apoiados e com mais
confiança em si mesmos, na família e na escola.
Para os alunos do 6º ano, soma-se a tudo isso, a entrada na adolescência. A passagem
do 5º ano para o 6º ano do Ensino Fundamental também requer atenção. Essa transição é
marcada por uma série de mudanças que irão causar um desafio para os alunos. Esse
momento deve ser tratado com atenção e planejamento para que seja menos impactante
para os alunos. Os estudantes terão que se adaptarem a uma nova organização, sendo essa
uma aprendizagem que deve ser planejada com atenção para evitar que os alunos se sintam
desmotivados e percam a curiosidade pelos conteúdos, afetando de forma negativa no seu
desempenho.
Possivelmente, as crianças já conhecem o espaço da escola e sua rotina, mas, haverá
uma nova rotina, um número maior de professores, novas disciplinas, conteúdos mais
complexos e aprofundados e, para alguns, uma nova escola. A primeira ação desse processo
é a permanência dos alunos nas mesmas turmas de um ano para o outro, garantindo o
vínculo e as parcerias estabelecidas. Ser bem acolhido e respeitado nas suas necessidades
dará segurança para a continuidade do processo de ensino e aprendizagem.
Durante esse período, a criança desenvolverá habilidades importantes para a vida
adulta, como lidar com as diferenças, organizar prioridades, fazer escolhas. O ponto
principal é encontrar o equilíbrio entre dar autonomia e, ao mesmo tempo, estar por perto,
transmitindo a segurança necessária para que o processo se consolide.
No que se refere à transição e ao acolhimento dos estudantes que passam do 5° ano
para o 6° ano, como bem destaca o Parecer CNE/CEB no 11/2010,
“os estudantes, ao sairem dos Anos Iniciais para os Anos Finais do Ensino
Fundamental, eles deixam de ter um professor generalista e passa a ter
professores especialistas para os diferentes componentes curriculares.
Desta forma, eles costumam se ressentir diante das muitas exigências feitas
pelo grande número de docentes dos Anos Finais. Realizar as necessárias
adaptações e articulações, tanto no 5° quanto no 6° ano, para apoiar os
alunos nesse processo de transição, pode evitar ruptura no processo de
aprendizagem, garantindo-lhes maiores condições de sucesso, necessitando
de um planejamento curricular integrado e sequencial, possibilitando a
adoção de formas inovadoras a partir do 6º ano. (BRASIL, 2010, p. 20).
Foco da
Ação
ação
Acolhida na escola de maneira interativa e calorosa, buscando transmitir
segurança para os estudantes;
Construção de acordos coletivos de maneira participativa;
Elaboração de aulas que se concluam no tempo adequado, evitando que
o aluno crie a ideia de que a aula ficou incompleta, ou que pode deixar
as atividades inacabadas;
Alunos
Escuta ativa: sempre ouvir os anseios e necessidades dos alunos,
promovendo momentos de debates, mesas redondas, rodas de conversas
para tratar sobre a organização da nova etapa;
Levar os alunos do 5º ano, no 4º bimestre, para uma visita a turma/s do
6º ano;
Acompanhamento com o/a assistente social e equipe multiprofissional;
Professores Organizar o quadro de professores para o 6° ano com profissionais que
possam auxiliar os estudantes com maior didática e qualidade possível;
Realização de reuniões entre pais e mestres para tratar do período da
adaptação;
Proporcionar durante o ano letivo vivências dos profissionais que atuam
no 6º ano com as turmas de 5º anos (ex: utilizar carga horária destes
profissionais para atuação nos projetos curriculares nos anos iniciais);
Elaborar com os professores dos 6° anos um projeto para o início do
primeiro trimestre, que tenha como objetivo auxiliar os estudantes na
sua organização (cadernos, horários, combinações gerais e regras de uso
dos espaços da sala) no qual a orientação educacional e/ou coordenação
pedagógica tenha a oportunidade de prestigiar os avanços e contribuir
nos possíveis desafios;
Planejar, no segundo semestre, um momento para que os alunos do 5º
ano escrevam uma carta aos alunos do 6º perguntando sobre a rotina,
atividades, avaliação e outras possíveis dúvidas. Os alunos do 6º ano
darão uma devolutiva, que poderá ser impressa ou por meio digital,
contando a experiência que tiveram na transição, bem como
respondendo os questionamentos levantados pelos alunos do 5º;
Constituir diagnóstico através de análise de índices e dados da escola
para criar, junto aos docentes, estratégias de intervenção e qualificação
do processo pedagógico no 6° ano.
Realizar reunião com as famílias explicando como poderão auxiliar os
filhos nessa nova fase, levando-se em consideração as concepções do
sujeito de nossa Rede Municipal de Ensino;
Convidar, no início do ano letivo, os pais dos alunos ingressantes do 6º
Família
ano para uma reunião, a fim de apresentar os professores e dar
orientações sobre a nova rotina que se estabelecerá com seus filhos;
Abertura de canais de comunicação com a família, oportunizando o
diálogo constante.
REFERÊNCIAS
MORELLO, Ana Carolina Camargo, SANTOS, Maurício Pastor dos e HASPER, Ricardo
(org.). Educa juntos : transição do 5ª para o 6º ano do Ensino Fundamental [recurso
eletrônico]. Secretaria de Estado da Educação e do Esporte. P223 Curitiba, PR : SEED,
2022. (Caderno de ações pedagógicas articuladas). Disponível em:
https://www.educacao.pr.gov.br/educa_juntos/transicao_5para6ano_ensino_fundamental
Acesso em: 02 de Março de 2023.
Como apoiar a transição dos alunos da Educação Infantil para o Ensino Fundamental. Nova
Escola. São Paulo, out. 2022. Disponível em:
https://novaescola.org.br/conteudo/21374/como-apoiar-a-transicaodos-alunos-da-educacao-
infantil-para-o-ensino-fundamental Acesso em: 02 de Março de 2023.
Disponível em:
https://normativasconselhos.mec.gov.br/normativa/view/CNE_PAR_CNECEBN112010.pdf
?query=LICENCIATURA Acesso em: 02 de Março de 2023.