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FACULDADE DO MACIÇO DE BATURITÉ

CURSO DE PÓS- GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO


FUNDAMENTAL

GENEVA JULIÃO DA SILVEIRA

A MÚSICA E A DANÇA COMO RECURSO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO


INFANTIL

BARREIRA
2022
GENEVA JULIÃO DA SILVEIRA

A MÚSICA E A DANÇA COMO RECURSO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO


INFANTIL

Trabalho de conclusão de curso


apresentado ao curso de Pós Graduação
em Educação Infantil e Ensino Fundamental da
Faculdade do Maciço de Baturité - FMB
como requisito parcial a obtenção do título
de Pós Graduada em Educação Infantil e
Ensino Fundamental

Orientador (a): Prof. Diana Pereira de Sous

BARREIRA
2022
A MÚSICA E A DANÇA COMO RECURSO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO
INFANTIL
Geneva Julião da Silveira1, Diana Pereira de Sousa2

RESUMO

O presente artigo teve como obejtivo compreender o papel da música e da dança como
recurso pedagógico para a Educação Infantil sendo as mesmas como subsídios importanets
para a construção do conhecimento, resultando em diversos benefícios para o mundo infantil
e das séries iniciais. Ao longo do trabalho se percebeu a importância da cultura do movimento
para o desenvolvimento da criança. Ambas as artes estão presente na vida dos homens desde
o início da civilização. As orientações dos documentos que regem a educação infantil orientam
o trabalho de como os profissionais assim como as escolas precisam se adequar a uma vida
escolar de qualidade para o desenvolvimento das crianças. Sabemos que o curriculo é
fundamental para determinar de que forma os conteúdos podem contemplar a formação do
aluno, e, especificamente quando se trata da educação infantil é preciso ainda mais um olhar
especial, considerando as especificidades da infância e a importância dos conhecimentos que
vão ser apresentados a criança no inicio de sua escolarização. Não basta apenas que essas
orientações contemplem esses documentos, é preciso que na prática as crianças possam ter
a oportunidade no espaço escolar de vivenciar de maneira completa para que através dessas
prática o mesmo vá se descobrindo e sendo capaz através da interação com esses aspectos
se conhecerem sendo capaz de identificar habilidades inerentes a sua formação. Os
resultados apontaram que não se pode deixar de trabalhar aspectos que envolvem a
corporeidade da criança tendo em vista as inúmeras possibilidades que a mesma tem para
contribuir para o desenvolvimento integral da criança, e a escola tem uma participação assim
como o professor na construção desse processo.
Palavras-chave: Educação infantil. Recurso pedagógico. Movimento.
ABSTRACT
This article aimed to understand the role of music and dance as a pedagogical resource for
Early Childhood Education, being the same as important subsidies for the construction of
knowledge, resulting in several benefits for the children's world and the initial series.
Throughout the work, the importance of the movement culture for the development of the child
was perceived. Both arts have been present in the lives of men since the beginning of
civilization. The guidelines of the documents that govern early childhood education guide the
work of how professionals as well as schools need to adapt to a quality school life for the
development of children. We know that the curriculum is essential to determine how the
contents can contemplate the formation of the student, and, specifically when it comes to early
childhood education, a special look is needed, considering the specifics of childhood and the
importance of the knowledge that will be presented to the child at the beginning of their
schooling. It is not enough that these guidelines contemplate these documents, it is necessary
that, in practice, children can have the opportunity in the school space to experience in a
complete way so that through these practices they discover themselves and be able through
interaction with these aspects to get to know each other. being able to identify skills inherent
to their training. The results showed that one cannot fail to work on aspects that involve the
child's corporeity, considering the numerous possibilities that it has to contribute to the integral
development of the child, and the school has a participation as well as the teacher in the
construction of this process.
Keywords: Early childhood education. Pedagogical resource. Movement.
1Pedagoga. Prefeitura municipal de Barreira. E-mail. Genevajuliaosilveira@gmail.com
2Orientador. Diana Pereira de Sousa, CEJA Pacajus Coordenadora das Ciências Humana - profadian,
Historiadora, Psicopedagoga e Especialista em AEE.
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INTRODUÇÃO

A etapa da Educação Infantil é muito importante para o desenvolvimento da


criança haja vista que é nessa etapa onde a criança adentra o espaço escolar que
começa a viver novas experiências e também seu processo de interação com outras
crianças.

Muito se tem falado e discutido sobre o desenvolvimento da criança e temos


observado que a oportunidade de que a mesma possa aprender diferentes habilidades
precisa começar logo cedo pois seu corpo ainda em formação as atividades que
devem ser trabalhadas com ela ao longo dessa etapa é que vão dar a mesmas a
oportunidade de se conhecerem e com isso serem capazes de realizar várias
atividades, principalmente as que desenvolvem o conhecimento do seu corpo, sendo
estes os primeiros que se deve trabalhar nessa etapa, o conhecimento de si mesmo.
Dessa forma a criança será capaz de compreender cada movimento, cada gesto,
entendendo a funcionalidade de cada um.

De acordo com RCNEF (1998) saber o que é estável e o que é circunstancial


em sua pessoa, conhecer suas características e potencialidades e reconhecer seus
limites é central para o desenvolvimento da identidade e para a conquista da
autonomia. A capacidade das crianças de terem confiança em si próprias e o fato de
sentirem-se aceitas, ouvidas, cuidadas e amadas oferecem segurança para a
formação pessoal e social. A possibilidade de desde muito cedo efetuarem escolhas
e assumirem pequenas responsabilidades favorece o desenvolvimento da autoestima,
essencial para que as crianças se sintam confiantes e felizes.

E é sobre essas questões que se deseja abordar ao longo desse trabalho tendo
como foco a música e a dança, ferramentas que contribuem para esse
desenvolvimento permitindo a criança viver várias emoções e concomitantemente se
descobrindo em meio a cada descoberta.

Para tanto o presente artigo deseja como objetivo geral: compreender o papel
da música e da dança como recurso pedagógico para a Educação Infantil. Como
objetivos específicos: entender a história da Educação Infantil; Conhecer a
importância do curriculo para a Educação Infantil; entender a criança como sujeito;
identificar aspectos importantes da música e da dança para o desenvolvimento da
criança; apontar algumas atividades relacionadas a essas duas ferramentas que
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possam auxiliar o professor na sua execução.

O tema se justifica tendo em vista que ainda se considera alguns aspectos


como atividades lúdicas na Educação Infantil como entretenimento, não se percebe
como uma estratégia para levar as crianças a se conhecerem e consequentemente
poderem desenvolver suas potencialidades. É importante rever conceitos e assim
através desse trabalho apresentamos algumas questões importantes.

A metodologia será um estudo bibliográfico sobre o tema em questão, usando


para a fundamentaçao do trabalho artigos, livros e documentos oficiais que
discorreram sobre o assunto.

1. REVISÃO DE LITERATURA

1.1 A proposta pedagógica na Educação Infantil

Uma preocupação bastante antigo no meio educacional de nosso país tem sido
o curriculo. Antes mesmo da Educação Infantil ocupa lugar de destaque atual, os
educadores já definiam como prioridade o que ensinar, para que ensinar, como
ensinar e quando ensinar.

Sabemos que o curriculo é fundamental para determinar de que forma os


conteúdos podem contemplar a formação do aluno, e, especificamente quando se
trata da educação infantil é preciso ainda mais um olhar especial, considerando as
especificidades da infância e a importância dos conhecimentos que vão ser
apresentados a criança no inicio de sua escolarização.

Mas recentemente, essa preocupação com o curriculo foi tomando novos


rumos. A discussão que antes se limitava à definição de conteúdos, objetivos,
atividades e metodologias, estabelecidos por faixa etária, ampliou-se, articulando-se
com a discussão sobre aspectos referentes à organização, ao funcionamento e às
relações que criam o conjunto de fatores essenciais para a viabilização da prática
pedagógica em uma instituição educativa. A esse todo mais abrangente se costuma
chamar de Proposta Pedagógica. (FARIA, 2012)

Vale ressaltar que apenas recentemente o trabalho desenvolvido com


crianças de 0 a 5 anos de idade foi reconhecido na legislação com caráter
educativo, definindo-se normas para a elaboração da propostas pedagógicas
de instituições que oferecem esse atendimento. No entanto, as creches e pré-
escolas existentes vèm organizando seu trabalho há bastante tempo. De
maneira geral, ainda que de forma pouco sistematizada, essa organização já
vinha privilegiando o cuidar e o educar. Entretanto, essas duas funções
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aparecem, nas diversas instituições, com ênfases e concepções


diferenciadas, muitas vezes fragmentadas e sem explicitação dos princípios
que norteiam suas práticas. (FARIA, 2012, p. 21)
Corrobora-se com essa visão de Faria (2012) muitas instituições já vinham se
organizando na busca para oferecer as crianças condições que lhes oportunizasse
contemplar as suas necessidades nessa fase escolar. A escola embora de forma não
organizada já ocupa esse espaço de cuidar e educar, tendo em vista que as mães
deixam seus filhos na escola e cabe a esta fazer um pouco de tudo tendo em vista
que nem sempre os pais estão dispostos a colaborar entendendo que é
responsabilidade da escola.

Salienta-se que existe um saber-fazer construído, forjado no cotidiano,


certamente norteado por crenças e concepções, as quais, em alguns casos,
fundamentam a construção de uma prática pedagógica coerente, intencional e
consistente. Entretanto, na maioria dos casos, essas crenças e esses valores não são
explicitados; imprimem-se nas diversas ações, sem que seus autores e executores
tenha consciência deles. As diferentes formas de trabalho se implementam e se
cristalizam, em função de necessidades colocadas pelos problemas dia a dia das
instituições, sem discussão e consenso, sem que sejam organizadas em um todo
coerente, em uma ação sistemática.

Na verdade, embora o currículo seja importante na formação da criança e


aqueles que tem a incumbência de organiza-los, o que se percebe na prática é um
esvaziamento na execução dos mesmos, tendo em vista que o cotidiano da criança
atrelado a própria existência da escola e do meio em que a mesma está inserida
muitas vezes é determinante na orientação que é dada sobre como aplicar no dia a
dia da escola a participação dessas crianças. O que se discute na realidade é a
eficácia de como essa intervenção pode agregar valor na construção da identidade da
criança considerando que alguns aspectos podem gerar certo desconforto com as
tendências apresentadas pelos órgãos maiores.

1.2 A criança como sujeito desse processo

Considerar a criança como sujeito é levar em conta, nas relações que com ela
estabelecemos, que ela tem desejos, ideias, opiniões, capacidade de decidir, de criar,
de inventar, de se manifestar desde cedo, nos seus movimentos, nas suas
expressões, no seu olhar, nas suas vocalizações, na sua fala.
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É muito complexo para muitos educadores, e até mesmo a sociedade de uma


forma geral perceber a criança sobre esse prisma. A criança normalmente é aquele
pequeno ser, que ainda não dotado de desejos reais, apenas imaginários devem ser
conduzido a vida, apresentando aos poucos e limitando suas necessidades. Isso é
muito comum na família, pois, a mesma se posiciona dessa forma, acreditando que
tem direitos sobre aquele pequeno ser e sabe o que é melhor para ele, e esse
comportamento da família traz reflexos para dentro da escola que muitas vezes não
sabe como agir com a criança em detrimento de comportamentos que a mesma traz
de casa, do seu berço familiar e que as por vezes joga com a intenção da escola na
formação da criança.

É importante considerar, portanto, que essas relações sempre têm dois lados,
de um lado o adulto e do outro a criança. São, portanto, relações dialógicas entre o
adulto e a criança que possibilitam a constituição da subjetividade da criança como
também contribuem para a contínua constituição do adulto como sujeito.

Ao juntarmos ao substantivo sujeito aos adjetivos sócio, histórico e cultural,


estamos afirmando que desejos, vontades, opiniões, capacidade de decidir,
maneiras de pensar, de se expressar e as formas de compreender o mundo
são constituídas historicamente na cultura do meio social em que a criança
vive. Significa dizer que cada ser humano que chega ao mundo traz consigo
a história da humanidade e da cultura, erguida ao longo de muitos séculos.
(FARIA, 2012, p.57)
Concordamos com Faria (2012), é exatamente esse sujeito que a escola
precisa olhar, um olhar especial tendo em vista que cada criança tem sua história de
vida particular e impacta diretamente no seu comportamento na sala de aula.
Sabemos que não é fácil considerando que muitas vezes para a escola é imposta
resultados, muito mais importantes do que o ser humano em questão. Mas deve-se
levar em consideração que o homem é um ser de relações, onde as mesmas são
demonstradas por sentimentos, ações e que podem impactar o comportamento destes
tendo em vista que existe um choque cultural quando a criança adentra o espaço
escolar. É preciso que o olhar da escola perpasse todos os olhares e esteja atento as
informações que a criança já traz consigo, seus valores, seu comportamento, que em
nada tem a ver com a indisciplina ou a falta de capacidade para aprender, foi algo que
está no próprio processo de desenvolvimento da criança que tem seu inicio na família.

Por outro lado, consideram-se especificidades do desenvolvimento da criança


as características que as diferenciam das pessoas em outras fases da vida. São
marcas preponderantes e os meios pelos quais ela opera sobre a realidade no seu
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processo de desenvolvimento e aprendizagem. O modo como essas especificidades


dessa vida é compreendido relaciona-se aos aspectos da cultura, variando de uma
sociedade para outra.

Sabemos que o meio e a relação com a cultura, sua forma de perceber o mundo
e aquilo que lhe é apresentado como verdade tem influência direta no comportamento
da criança, mas é preciso estar atento, permitir que a criança se descubra, tenha a
possibilidade de interagir com outros mundos, com outras culturas, isso fará com que
ela tem a capacidade de adquirir maturidade, se conhecendo e convivendo com o
outro para que esta possa de maneira mais sólida construir sua identidade na
interação com o outro. E isso se dá através do seu conhecimento integral, ou seja,
corpo, seus prazeres, seus gostos.

A autonomia física é conquistada, nesse momento da vida pelo intenso


desenvolvimento físico e motor que é marcado por sucessivas
transformações, às quais indicam o crescimento das crianças. Ao mesmo
tempo em que se encontram em crescimento, elas estão construindo seu
próprio conhecimento sobre o próprio corpo e tomando consciência dele. Por
meio de experiências vivenciadas, as crianças vão conhecendo seu corpo e
passam progressivamente a percebê-lo em sua totalidade, construindo, desta
maneira, as possibilidades de interação com o meio. (FARIA, 2012, p.58)

Concordamos com Faria (2012) não se pode podar ou simplesmente moldar a


criança a um padrão preestabelecido, seja pela escola, seja por outros órgãos ou até
mesmo pela família. A criança assim como o adulto já pronto precisa ir se descobrindo,
e se conhecendo para que possa identificar aquilo que lhe dá prazer, alegria, que vai
fazer bem e que consequentemente terá impactos na sua formação.

Por tudo isso se percebe a importância dessa etapa na formação da criança.


Onde a mesma vai se construindo, se enxergando através de um olhar ainda novo
para ela, e dessa forma a responsabilidade da escola nesse processo de construção
da identidade da criança é fundamental. E assim reforça-se a necessidade de um
projeto pensado em conjunto com a família e professores, possibilitando que essa
fase da criança possa ser recheada de possibilidades que favorecem seu processo de
maturação.

E para que isso aconteça precisa existir uma parceria entre a família e a escola
para que ambas possam estar unidas nessa construção. Porque não adianta a família
ensinar algo e quando a criança chega da escola essa informação ser irreal para a
mesma, assim como vice-versa. Por isso se exige um maior compromisso da família
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com a educação dos filhos. Não se deseja que uma ocupe o lugar da outra, mas que
caminhem juntas na resolução dos problemas e desafios que envolvem a formação
inicial da criança.

1.3 O papel da família na construção da identidade da criança

Sabemos que a família é o primeiro alicerce na vida da criança. É o primeiro


exemplo, é onde a mesma desenvolve suas primeiras habilidades e é estimulada para
ter sua autonomia. Mas por outro lado é responsabilidade muitas vezes aplicada de
forma errônea, mas como questionar que uma família educa seu filho de forma
inadequada? Parece presunção tendo em vista que cada família tem o direito de
educar seus filhos com princípios e valores nos quais ela acredita. Mas até que ponto
isso pode implicar em uma desordem na orientação da criança quando chega na
escola.

Nesse caso estávamos falando de disciplina, muitas vezes o excesso de sim,


a falta de limites faz com que a criança acredite que possa fazer tudo e essa abertura
que a família deixa pode trazer sérios prejuízos na vida futura da criança. Pois, ao
adentrar no espaço diferente do qual ela está acostumada perceberá que o mundo
não gira em torno dela e consequentemente os resultados do que foi ensinado na
família pode se apresentar não como um valor, mas um problema principalmente para
a escola. Não se deseja aqui generalizar, apontar a família pelos desvios de condutas
de seus filhos, mas trazer um alerta já que percebemos que muito do que é aprendido
ou apresentado a criança em casa vai direto para a escola causando um choque
cultural, comportamental na vida da criança.

O momento de começar a ensinar a obediência é quando o bebê ainda


está nos braços da mãe. Antes mesmo que a razão se desenvolva,
pelo hábito, os filhos podem, e devem, ser ensinados a obedecer. Os
pais são os primeiros professores dos filhos, e como tal, têm a
responsabilidade de prepará-los para a vida. (GUEDES, 2004, p. 42)

Concordamos com o autor, é exatemente nesse momento que a criança


perceberá de onde vem a autoridade e isso mostrará a criança referências mportantes
na sua formação para a vida, ou seja, que ela não pode fazer tudo o que pensa e o
que gosta na hora dela. Existem limites que precisam ser impostos.

O que muitas vezes impedirá a escola de desenvolver um bom trabalho, por


isso é tão importante que as duas instituições estejam presentes nesse momento de
descoberta, do novo, que é quando a criança chega na escola e percebe que não está
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em casa, embora com um ambiente acolhedor, professores atenciosos, coleguinhas,


mas não é sua casa, não segue os padrões que tem em casa. Na escola existem
regras a cumprir, direitos, mas também deveres e é sob esse olhar que as duas
instituições devem se apoiar uma na outra para que a formação e a maturação da
criança aconteçam sem traumas, entendendo que cada uma na sua maneira só tem
a contribuir e quer o melhor para a sua vida.

Chega um momento em que a influência familiar é minimizada e cada


pessoa assume seu próprio papel na sociedade. Isto pode ser definido
como individuação. "Apesar de ter ligações com a construção da
identidade, a individuação representa um processo distinto. Ocorre
com a separação emocional que o adolescente faz em relação às
figuras de maior influência sobre ele até então, seus pais." (MARRA;
COSTA, 20101, p. 53).
E é exatamente a partir desse momento que a família e a escola não terão mais
tanto influência sobre aquela criança, por isso a necessidade de saber conduzir já na
infância a sua formação para que, embora, não se possa afirmar de forma contundente
que a sociedade não poderá transformar essa criança, seria muita presunção, mas
espera-se que todo o ensinamento dado no período onde o ser caráter e sua
personalidade estavam em formação que sirvam como pilares nessa nova fase que a
criança, já entrando na fase adolescente possa levar para a vida. Pois só assim se
terá a certeza, tanto a família como a escola que não falharam nesse processo.

Para contribuir nessa formação que tanto ajuda os pais, e principalmente a


escola foram criados instrumentos que podem ajudar na formação da criança, para
que ela possa se desenvolver como pessoa, como cidadã, conhecendo seus direitos
e deveres e começando a entender o que acontece ao seu redor.

A partir dessas diretrizes a escola se torna mais capaz para conduzir essa
criança no caminho que a mesma deve trilhar para que sua formação produza na
mesma vontade e desejo de se conhecer e interagir com o outro e serão nessas trocas
importantes que surgirá um novo homem, que deixará se ser criança, para adentrar
em um universo mais complexo, que é a pré-adolescência, quase sempre, marcada
por dúvidas, mas que se bem orientada a mesma será conduzida com clareza para o
caminho que desejará ocupar e/ou trilhar.

1.3 A educação infantil na BNCC: as competências


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Como primeira etapa da Educação Básica, a Educação Infantil é o início e o


fundamento do processo educacional. A entrada na creche ou na pré-escola significa,
na maioria das vezes, a primeira separação das crianças dos seus vínculos afetivos
familiares para se incorporarem a uma situação de socialização estruturada. Nas
últimas décadas, vem se consolidando, na Educação Infantil, a concepção que vincula
educar e cuidar, entendendo o cuidado como algo indissociável do processo
educativo.

Nesse contexto, as creches e pré-escolas, ao acolher as vivências e os


conhecimentos construídos pelas crianças no ambiente da família e no
contexto de sua comunidade, e articulá-los em suas propostas pedagógicas,
têm o objetivo de ampliar o universo de experiências, conhecimentos e
habilidades dessas crianças, diversificando e consolidando novas
aprendizagens, atuando de maneira complementar à educação familiar,
especialmente quando se trata da educação dos bebês e das crianças bem
pequenas, que envolve aprendizagens muito próximas aos dois contextos
(familiar e escolar), como a socialização, a autonomia e a comunicação.
(BRASIL, 2018, p. 35)
Nessa direção, e para potencializar as aprendizagens e o desenvolvimento das
crianças, a prática do diálogo e o compartilhamento de responsabilidades entre a
instituição de Educação Infantil e a família 26 BRASIL. Além disso, a instituição precisa
conhecer e trabalhar com as culturas plurais, dialogando com a riqueza/diversidade
cultural das famílias e da comunidade. As Diretrizes Curriculares Nacionais da
Educação Infantil (DCNEI, Resolução CNE/CEB nº 5/2009)27, em seu Artigo 4º,
definem a criança como “sujeito histórico e de direitos, que, nas interações, relações
e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca,
imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói
sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura” (BRASIL, 2009).

Ainda de acordo com as DCNEI, em seu Artigo 9º, os eixos estruturantes das
práticas pedagógicas dessa etapa da Educação Básica são as interações e a
brincadeira, experiências nas quais as crianças podem construir e apropriar-se de
conhecimentos por meio de suas ações e interações com seus pares e com os
adultos, o que possibilita aprendizagens, desenvolvimento e socialização.

A interação durante o brincar caracteriza o cotidiano da infância, trazendo


consigo muitas aprendizagens e potenciais para o desenvolvimento integral das
crianças. E um dos campos que a BNCC apresenta como fundamental na formação
da criança.

Considerando as aprendizagens e o desenvolvimento das crianças explicita


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como eixos estruturantes as interações e a brincadeira, assegurando-lhes os direitos


de conviver, brincar, participar, explorar, expressar-se e conhecer-se. Os campos de
experiências constituem um arranjo curricular que acolhe as situações e as
experiências concretas da vida cotidiana das crianças e seus saberes, entrelaçando-
os aos conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural. O eu, o outro e o nós,
Corpo, gestos e movimentos, Traços, sons, cores e formas, Escuta, fala, pensamento
e imaginação, Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações.

Especificamente aqui neste trabalho vamos buscar entender um pouco mais


sobre o campo de experiência, “corpo, gestos e movimentos” para ampliarmos a
compreensão da importância da música e dança no universo infantil.

1.4 A expressão corporal na educação infantil

O campo de experiências linguagens e artes está explicitado no currículo da


educação infantil tendo como parâmetro à linguagem corporal, que se traduz no
movimentar humano, tanto na sua dimensão à prática, funcional e sensorial, quanto
na sua dimensão lúdica, expressiva, estética e artística.

É com nosso corpo que nos apropriamos do mundo e o transformamos. Com


nossos movimentos conhecemos e modificamos os espaços, os objetos, os elementos
da natureza, a nós mesmos, bem como nos relacionamos com o outro e com a cultura:
explorando, tocando, aconchegando e sendo aconchegados, mexendo mordendo,
balançando, jogados na para cima, para baixo, passando por dentro, por fora,
arrastando, engatinhando, nadando (FARIA, 2012)

Concordando com Faria (2012) falamos através do nosso corpo, transmitimos


nossas emoções, sentimentos e muitas vezes aquilo que não conseguimos expressar
por palavras nosso corpo fala. E a criança não é diferente, seu primeiro meio de
comunicação é o corpo pois através dele ela consegue transmitir aquilo que deseja.

Entende-se que, a linguagem corporal se manifesta por meio do gesto,


da expressão facial, da mimica, dos objetos, dos diversos
deslocamentos do espaço, das brincadeiras, dos costumes e práticas
sociais, permitindo aos sujeitos que ingressem no mundo, conhecerem
e agindo sobre ele, mobilizando pessoas, construindo e partilhando
significados. (FARIA, 2012, p. 110)
Concordamos com Faria (2012) nesse espaço estão inseridos a música e a
dança, atividades essas promotoras do bem estar. Dessa forma entende-se a
importância da linguagem corporal na vida da criança, sendo que a possibilidade de
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interação no ambiente em que se relaciona pode acontecer de maneira dinâmica, pois


aquela criança que se sente envolvido por essas atividades vão se sentir motivadas a
participar, a interagir , a se soltar e consequentemente vai partilhar de diversas
emoções que tais atividades proporcionam, pois não se trata apenas do bem estar
físico, mas da mente, suas emoções vão contribuir para que esta criança se sinta mais
leve e mais disposta.

Segundo o RCNEI (1998) incentivar as crianças a desenvolver a motricidade e


a expressividade dos seus corpos é um dos principais objetivos do profissional na
Educação Infantil. Ambos os aspectos são intensamente trabalhados durante uma
prática psicomotora. O corpo como instrumento é trabalhado em propostas que
envolvem o equilíbrio estático e dinâmico, a coordenação motora global e fina, a
estruturação espaço-temporal. Já a expressividade é incentivada em situações mais
lúdicas, menos diretivas, nas quais as crianças podem deixar transparecer seus
desejos e receios.

Concordamos com aquilo que determina os RCNEI (1998) só a possibilidade


de que a criança desenvolva essas habilidades se os profissionais que tem a
incumbência de conduzir esse aprendizado possa corroborar para que a criança se
sinta motivada a demonstrar prazer nessas atividades, pois são as mesmas que
oportunizaram a criança a se descobrir, pois a descoberta da mesma começa com o
conhecimento do seu próprio corpo, suas limitações

Ainda segundo os RCNEI (1998) a vivência do espaço é feita a partir do


conhecimento do próprio corpo pela criança. Dentro dessa vivência, é necessário que
ela se conscientize, em relação ao seu próprio corpo, das noções de direita-esquerda,
acima-abaixo, na frente e atrás, para depois ser capaz de fazer o mesmo em relação
aos objetos e lidar com esses conceitos de forma abstrata. O desenvolvimento da
vivência do espaço total a fará consciente do seu corpo em deslocamento.

E essa expectativa que se espera que o professor a ter o conhecimentos sobre


as orientações a cerca do movimento é fundamental para construir na criança o
espirito de investigação, de conhecimento, de capacidade de ir aos poucos se
permitindo a viver de forma plena essa etapa tão especial da sua vida. Portanto a
música e a dança fazem parte dessa cultura do movimento, tão importante para o
crescimento da criança.
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2. METODOLOGIA

O presente trabalho de caráter metodológico bilbiográfico foi construido a partir


de estudos que envolveram pesquisas em livros, nos documentos que regem a
educação infantil, e nas inúmeras publicações de artigos que abordam a importância
do movimento na vida e formação da criança na educação infantil.

A pesquisa bibliográfica baseia-se basicamente da coleta de material de


diversos autores sobre um determinado assunto. Na pesquisa documental acontece
quase o mesmo processo, só que se utiliza um material mais diversificado que pode
ser coletado em órgãos públicos ou instituições privadas e na bibliográfica as fontes
são de materiais encontrados em bibliotecas.

Segundo Lakatos, “a pesquisa bibliográfica permite compreender que, se de


um lado a resolução de um problema pode ser obtida através dela, por outro, tanto a
pesquisa de laboratório quanto à de campo (documentação direta) exigem, como
premissa, o levantamento do estudo da questão que se propõe a analisar e solucionar.
A pesquisa bibliográfica pode, portanto, ser considerada também como o primeiro
passo de toda pesquisa científica”.(1992, p.44)

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Diante do exposto compreendeu-se ao longo do trabalho a importância de


trabalhar a cultura do movimento na formação inicial da criança tendo em vista que
isto fará com que ela vá se desenvolvendo, construindo sua identidade e se
conhecendo além de permitir a mesma que ela vá sabendo que tem alguma aptidão
para essas atividades.

O mais importante nesse contexto é que essa cultura do movimento faz parte
da determinações elencadas ao longo dos documentos que são dirigidos a educação
infantil e assim é primordial que o professor se inteira de toda essa situação, assim
como a escola oportunize o desenvolvimento da criança nos mais diferentes aspectos.

Ao estar atento sob as orientações dos documentos as escolas deverão esta


preparadas para saber conduzir o aprendizado da criança para que ela possa ter a
oportunidade de se desenvolver e consequentemos teremos uma educação mais
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saudável que promova uma melhor qualidade no ensino das crianças, pois como já
muito cedo a criança começa a frequentar o espaço escolar este precisa esta
preparado para oferecer uma educação capaz de que esta se desenvolva em sua
integralidade.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A primeira conclusão a que chegamos é que a cultura do movimento


eenriquece a prática da criança na escola, não se tornando assim um conhecimento
apenas teóricos, e a criança precisa vivênciar esse movimento descobrindo e se
conhecendo através de uma vivência Corporal.

Na educação, a cultura do movimento é uma atividade especificamente


organizada para aprofundar a linguagem corporal e para enriquecer a expressividade
das crianças por meio do conehcimento de seu corpo, além de atuar sobre o esquema
como: corporal, a lateralidade, o equilíbrio, a coordenação motora, a postura, a
orientação espaço-temporal e o tônus. E são essas habilidades que sçao
fundamentais na construção da vida da criança.

A importância que o movimento tem na Educação Infantil, por ser fundamental


para o desenvolvimento harmonioso fiocu evidente é que é necessário e
imprescindível para que acriança possa se desenvolver nas diderentes áreas. É nesse
sentido que a escola e todos os profissionais que dele participem É preciso que todas
as escolas se conscientizem disto e façam como uma metodologia eficaz tendo em
vista que a criança possa favorecer uma melhor formação para a criança.

REFERÊNCIAS

BRASÍLIA. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação


Fundamental.

Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998.


BRASÍLIA. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação
Fundamental.

Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Documento introdutório.


Versão Preliminar. Brasília: MEC/SEF, 1998.

ELSEN, I. Cuidado familial: uma proposta inicial de sistematização conceitual.


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In: ELSEN, I; MARCON, S. S.; SANTOS, M. R. dos (Orgs.). O viver em família e a


sua interface com a saúde e a doença. Maringá: Eduem, 2002.

FAGUNDES, M. B. Aprendendo valores éticos. 2ª ed. Belo Horizonte: Editora


Autêntica, 2001.

FARIA, Vitória, Fátima Salles (orgs) “Currículo na Educação Infantil: diálogo com os
demais elementos da proposta pedagógica” Editora Ática , 2012.

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