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CLARETIANO – REDE DE EDUCAÇÃO

PAULA TAMARA SIQUEIRA DE MELO


RA 8131872

PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DE


CRIANÇAS, JOVENS E ADULTOS
PORTFÓLIO 2 - CICLO 4

BOA VISTA-RR
2021
1. INTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO

A importância da construção coletiva do Projeto Político Pedagógico


Inicialmente, precisa-se conhecer o conceito de PPP (Projeto Político Pedagógico). O
Projeto Político Pedagógico consiste em um documento obrigatório para as escolas e nele
consta todas as metas, objetivos e os meios que serão usados para concretizá-los. Por isso, o
PPP é primordial para nortear as ações da escola e envolve não apenas os professores e
a equipe pedagógica, mas também os alunos, famílias e comunidade escolar.  Ele exige e
articula a participação de todos os envolvidos no processo educativo para a elaboração de uma
visão global da realidade escolar e dos compromissos coletivos.
Assim, o Projeto Político Pedagógico deve ser elaborado coletivamente para garantir
sua eficiência. Não há uma fórmula pronta que funciona para todas as escolas, mas para
assegurar a eficiência do PPP é preciso que todos os sujeitos envolvidos tenham voz ativa e
sejam de fato ouvidos.
Concepção de criança, desenvolvimento infantil e aprendizagem
De acordo com o material estudado, mais especificamente na Unidade 1, a ideia de
infância e de criança não é estática, pelo contrário, ela se modifica no tempo e no espaço; diz-
se que se trata de uma construção histórica e cultural produto das mudanças na organização da
sociedade e de suas estruturas econômicas e sociais.
Por muito tempo a criança era vista como um “mini adulto”, incapaz, sem de fato ter
uma atenção especial à sua fase de vida. É importante destacar o papel da Constituição
Brasileira de 1988 na inauguração de uma nova fase doutrinária em relação à criança e ao
adolescente. Foi a primeira constituição brasileira que considerou explicitamente a criança
como sujeito de direitos e também foi a primeira constituição brasileira que mencionou
creches e pré-escolas.
Um ponto relevante a ser destacado é o que concerne a respeito de que cada criança
vive a experiência infantil no interior de uma determinada cultura; por isso, a infância difere
de acordo com características socioculturais. O fato de que cada criança vivencia a
experiência infantil numa determinada cultura delimita os padrões de seu desenvolvimento,
seus saberes, seus valores e suas práticas sociais.
Na área de desenvolvimento infantil e aprendizagem, destaca-se os estudos realizados
por Piaget e Vygotsky, pois a criança começou a ser vista como “um ser humano completo e
em desenvolvimento; como sujeito social e histórico”. Eles afirmaram que a criança precisava
de cuidados e olhares específicos. Surge então a teoria do construtivismo, que basicamente
fala a respeito da ação do sujeito sobre o meio como sendo algo fundamental, bem como a
importância da interação social para que seja possível ocorrer o desenvolvimento e
aprendizagem.
Concepção e finalidades da Educação infantil
Como já foi mencionado, a concepção de criança e infância sofreu diversas mudanças
ao longo do tempo. Ainda sobre a importância crucial da CF de 88 nesse processo, é relevante
expor que o atendimento em creches e pré-escolas como um direito social das crianças foi por
ela concretizado, com o reconhecimento da Educação Infantil como dever do Estado,
processo que teve ampla participação dos movimentos comunitários, dos movimentos de
mulheres, de redemocratização do país, além, evidentemente, das lutas dos próprios
profissionais da educação. A partir disso, creches e pré-escolas passaram então a construir
uma nova identidade buscando superar posições fragmentadas, sejam elas assistencialistas
e/ou paternalista, ou pautadas em uma perspectiva preparatória para etapas posteriores de
escolarização.
De acordo com a LDB, em seu artigo 29, a educação infantil tem como finalidade "o
desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade em seus aspectos físicos,
psicológicos, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade".
Ainda, no ano de 2005, o MEC definiu a nova Política Nacional de Educação Infantil, que
traz diretrizes, objetivos metas e estratégias para esse nível da educação básica. Dentre suas
diretrizes pode-se citar: "A Educação Infantil deve pautar-se pela indissociabilidade entre o
cuidado e a educação" e dentre seus objetivos está o de "Assegurar a qualidade de
atendimento em instituições de Educação Infantil”.
Organização do ensino na educação infantil
A faixa etária correspondente à educação infantil é de 0 (zero) a 5(cinco) anos e 11
meses. Pode-se então dizer que há três verbos indissociáveis na Educação Infantil: educar,
cuidar e brincar. A educação e o cuidado são princípios indissociáveis, que devem contar
com a mediação do professor como o principal agente de organização de conteúdos e
materiais, a fim de se atingir os objetivos propostos. Tal mediação envolve a atenção do
educador no que diz respeito ao ponto de partida do grupo com o qual trabalha, conhecendo
suas características, necessidades e dificuldades, de forma a propor sempre novos desafios.
Mediante isso, o currículo da Educação Infantil deve ser organizado e estruturado de
forma que o cuidar, o educar e o brincar sejam considerados elementos fundamentais.
Assim, a BNCC na Educação Infantil estabelece eixos estruturais, direitos de
aprendizagem da criança e campos de experiência. Eles já existiam, mas com a Base ganham
um enfoque maior na prática pedagógica e na rotina escolar.
Princípios norteadores da ação pedagógico-didática.
A organização do trabalho pedagógico na Educação Infantil deve ser orientada pelo
princípio básico de procurar proporcionar, à criança, o desenvolvimento da autonomia, isto é,
a capacidade de construir as suas próprias regras e meios de ação, que sejam flexíveis e
possam ser negociadas com outras pessoas, sejam eles adultos ou crianças.
É imprescindível ao professor da Educação Infantil conhecer, dentre outros
documentos legais, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, pois esse
documento dá o amparo pedagógico à constituição das propostas pedagógicas, de forma que
evidenciam os princípios éticos, políticos e estéticos a serem garantidos nesta primeira etapa
da Educação Básica.
Segundo a BNCC, o cuidar e o educar são inseparáveis, e permitem que a criança seja
vista como um ser ativo que interage com o mundo através da brincadeira, bem como por
meio da socialização com as demais crianças. Ainda, a Educação Infantil na BNCC está
organizada por campos de experiências a partir de seis direitos de aprendizagem e
desenvolvimento da criança (brincar, conviver, explorar, participar, expressar e conhecer-se).
Já os campos de experiência, consistem em “O eu, o outro, e o nós; corpo, gestos e
movimentos; traços, sons, cores e formas; escuta, fala, pensamento e imaginação; e espaços,
tempos, quantidades, relações e transformações. Os eixos estruturantes que a Base traz são
brincadeiras e interação, e devem ser colocados em prática em cada planejamento de aula.
O ambiente da Educação Infantil então deve ser rico em estímulos e desafios, seus
espaços devem ser pensados, planejados e executados de forma que as crianças desenvolvam
sua autonomia ao mesmo tempo em que se apropriam de novos saberes e vivenciam novas
experiências.
Diante do exposto, é primordial que a prática pedagógica-didática seja norteada por
esses princípios, diretrizes, eixos e demais saberes que permeiam a atual definição de criança,
infância e educação infantil.
Objetivos Gerais da Educação Infantil
De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, em seu
artigo 9º, podemos citar como objetivos gerais da Educação Infantil os seguintes: promover o
conhecimento de si e do mundo por meio da ampliação de experiências sensoriais,
expressivas, corporais que possibilitem movimentação ampla, expressão da individualidade e
respeito pelos ritmos e desejos da criança; favorecer a imersão das crianças nas diferentes
linguagens e o progressivo domínio por elas de vários gêneros e formas de expressão: gestual,
verbal, plástica, dramática e musical; possibilitar às crianças experiências de narrativas, de
apreciação e interação com a linguagem oral e escrita, e convívio com diferentes suportes e
gêneros textuais orais e escritos; recriar em contextos significativos para as crianças, relações
quantitativas, medidas, formas e orientações espaço - temporais; ampliar a confiança e a
participação nas atividades individuais e coletivas; possibilitar situações de aprendizagem
mediadas para a elaboração da autonomia das crianças nas ações de cuidado pessoal, auto -
organização, saúde e bem estar; incentivar a curiosidade, a exploração, o encantamento, o
questionamento, a indagação e o conhecimento das crianças em relação ao mundo físico e
social, ao tempo e à natureza; promover o relacionamento e a interação das crianças com
diversificadas manifestações de música, artes plásticas e gráficas, cinema, fotografia, dança,
teatro, poesia e literatura; entre outros.

2. CONTEXTUALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA.


O contato inicial foi realizado através do telefone institucional de uma escola
particular, e posteriormente foi acordado que a comunicação prosseguiria via online, por meio
de vídeo chamada através da plataforma Teams. A conversa foi realizada com a coordenadora
da escola, a qual demonstrou ser uma pessoa receptiva e comunicativa, o que permitiu um
diálogo confortável.
Ao longo da conversa, a coordenadora apresentou uma postura profissional e ética,
bem como foi perceptível o entusiasmo dessa na medida em que discorria sobre o ambiente e
funcionamento do local em que exerce sua prática laboral.
Segundo a profissional, a escola tem sofrido com os impactos da pandemia, pois
houve redução do número de matrículas e aumento significativo do número de desligamentos
de alunos, bem como foi preciso reduzir a quantidade de funcionários da escola.
Levando em consideração o contexto exposto pela coordenadora, a seguir será relatado
as informações mais atuais da escola. Trata-se de uma escola particular, localizada no
município de Boa Vista-RR, próxima ao centro da cidade. É importante ressaltar que o bairro
em que a escola se encontra possui rede de esgoto, asfalto e luz elétrica. A faixa etária de
alunos atendida na escola é de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos. Há 76 (setenta e seis) alunos,
divididos em dois turnos: manhã e tarde.
Em relação aos recursos humanos, a escola conta atualmente com cerca de 26 (vinte e
seis) funcionários, sendo 10 (dez) professores, 1(uma) diretora, 1(uma) psicopedagoga, 3
(três) assistentes administrativos, além de coordenadora, secretária, merendeira, porteiro,
faxineiros, entre outros.
Com relação à formação dos professores, todos possuem ensino superior, sendo que 2
(dois) professores possuem mestrado e 5 (cinco) possuem pós-graduação. Todavia, ao ser
questionada se havia algum profissional especialista em educação especial, a resposta foi
negativa. A faixa etária desses profissionais é de 28 (vinte e oito) a 37 (trinta e sete) anos,
sendo que o menor tempo de docência corresponde a 3 (três) anos e o maior a 12 (doze) anos.
Um dado importante fornecido pela coordenadora, diz respeito ao gênero dos professores,
pois 80% do quadro atual de docentes é composto por mulheres, e 20% por homens, ou seja,
há 8 (oito) professoras e 2 (dois) professores.
Ainda, foi dito que o corpo docente conta com 4 (quatro) professores bilíngues, sendo
3 (três) fluentes na língua inglesa e 1 (um) fluente em espanhol. Acrescentando, no atual
quadro
de professores, há 4 (quatro) roraimenses, ou seja, nascidos no Estado de Roraima, onde a
escola se situa, e os demais são de outros estados da Federação.
Durante a conversa, a coordenadora da instituição escolar compartilhou algumas fotos
dos ambientes da escola, bem como fotos retratando alguns momentos vivenciados pelos
alunos. A primeira foto foi da fachada da escola, onde foi possível perceber que há a
importância de passar uma boa impressão inicial, pois essa estava bem pintada, as cores eram
alegres e percebeu-se uma certa preocupação com a manutenção dessa parte que é tida como
um “convite” inicial.
Na sequência, foi mostrada a foto de uma das salas de aula, onde pelo que foi possível
observar, trata-se de um espaço relativamente amplo, bem iluminado, organizado, possuía
tanto ventiladores como ar condicionado. Em relação às paredes, uma delas estava pintada
com várias cores, o que colabora para um ambiente mais alegre; havia diversos materiais em
emborrachado nas paredes (números, letras, flores, árvores, alguns animais e crianças
representadas, etc.), além de alguns cartazes e folhas A4 com desenhos feitos pelas crianças
penduradas em algo que parecia um varal.
Ainda na sala de aula, havia prateleiras com alguns materiais, uma estante em um
canto da sala onde havia livros e almofadas e em cima estava escrito “Cantinho da Leitura”.
Falando nisso, não constava na parte da foto em questão, mas a coordenadora disse que na
sala havia também um cantinho destinado à soneca das crianças. As carteiras e mesas eram
coloridas e estavam dispostas em círculos, e aparentemente, estavam em boas condições e
tinham o tamanho correto para as crianças. Pelo que deu para observar desse ambiente, os
móveis de uma forma geral estavam na altura adequada, tanto que os livros da parte superior
da estante, poderiam ser alcançados pelas crianças. Havia ainda um armário próxima à mesa
do professor, um quadro branco e “tapete” de material emborrachado.
Na foto dos banheiros, pode ser observado que houve preocupação com a segurança,
autonomia e até mesmo com a educação concernente a parte de higiene e saúde, pois havia
alguns desenhos nas paredes representando informações importantes, como: lavar as mãos,
escovar os dentes, dar descarga, etc. Os sanitários e pias eram da altura adequada para
crianças na faixa etária que a escola atendia e havia uma parede colorida e com desenhos de
bolhas de
sabão. Todavia, pelo que foi visto, não há uma acessibilidade adequada, digamos, para alunos
deficientes (cadeirantes, etc.), bem como ainda há ambientes que precisam melhorar essa
questão de acessibilidade.
Também foi apresentado uma foto referente ao refeitório, onde havia bancos e mesas
longas, e em uma das paredes havia desenhos de crianças comendo à mesa, e algo interessante
que deu para observar na foto foi a presença de lixeiras pequenas e coloridas, de acordo com o
material descartado (papel, plástico, etc.), o que incentiva a criança a desde cedo, ter
responsabilidade ambiental, por exemplo.
Ainda, foi mostrada uma foto da brinquedoteca da escola, um ambiente bem colorido e
repleto de vários brinquedos e jogos. A foto seguinte foi do laboratório de informática, que
aparentemente não era muito amplo, mas constava de alguns computadores e uma televisão.
Nas fotos posteriores, a coordenadora expôs a área externa da unidade, relativamente
espaçosa, onde foi possível observar um playground/parquinho em uma área de grama, uma
área de areia, campinho de futebol e uma quadra pequena de esportes. Algo que chamou a
atenção foi a quase inexistente presenta de árvores e/ou plantas.
Em relação aos recursos tecnológicos e didáticos, foi dito que a escola dispõe de livros
didáticos adequados para as faixas etárias, diversos materiais de papelaria (massinha, tesoura,
etc.), jogos e brinquedos, computadores, aparelhos de som, data show nas salas, entre outros.
Diante dessas informações, a primeira impressão foi de que a escola apresenta certa
preocupação com o desenvolvimento integral da criança, com sua autonomia e aprendizagem.
Pela conversa inicial, a criança parece ser vista como um ser biopsicossocial, ou seja, um ser
integral, com suas singularidades, e que precisa de um ambiente que o estimule a interagir
com os outros e com o meio. Parece então que a concepção assistencialista não faz parte dessa
escola, e que a maior parte dos direitos da criança são observados (direito à educação, lazer,
liberdade, convivência, desenvolvimento integral, direito de brincar, etc.). Mas, vale destacar
que a escola precisa rever algumas questões, como a acessibilidade, bem como primar por
professores que sejam capacitados na área de educação especial, almejando a inclusão.

2.1 ENTREVISTA
1. Como devemos pensar o currículo na Educação Infantil?
“É necessário entender que o currículo é para a criança, que ela é o foco. Ele precisa
ser pensado de forma a proporcionar à criança uma aprendizagem e desenvolvimento
integral, de acordo com suas necessidades, gostos, limitações, peculiaridades. E claro, tudo
sempre articulado com o PPP da escola”.
2. Em qual concepção de criança o currículo da escola está embasado?
“O nosso currículo é focado no desenvolvimento pleno da criança, bem como na
aprendizagem significativa. Primamos em garantir os direitos de aprendizagem, tudo de
acordo com os documentos que norteiam a Educação”.
3. Como o desenvolvimento da criança é trabalhado, estimulado? E como as áreas do
conhecimento (linguagem, matemática, artes) são trabalhadas de acordo com o currículo
proposto?

“Nós oferecemos jogos, brinquedos, objetos, livrinhos, fantasias, etc., almejando que
elas consigam se expressar e aprender de diversos modos, que sejam estimulados seus
sentidos visual, motor, entre outros. É importante dizer que as atividades desenvolvidas são
realizadas de forma intencional, lúdica, e que a criatividade da criança sempre é estimulada.
A criança é o protagonista de todo o processo, por isso buscamos colocar em prática os
campos de experiência descritos na BNCC”.
4. Como é visto o cuidar e o educar no currículo da escola? O que significa o cuidar e o
educar?

“Bom, a primeira coisa a ser ponderada é que cuidar e educar não são uma
dicotomia, pois ambos devem caminhar juntos, se complementando. Por isso, quando o
professor cuida, desenvolvendo ali um vínculo afetivo com a criança, também é responsável
por dar atenção, por observar a criança, e atrelado a isso ele também educa, e educa por
exemplo, por meio dos cuidados da rotina diária. As crianças precisam desde cedo, serem
educadas, e não somente cuidadas; precisam aprender a conviver umas com as outras,
respeitando as diferenças, precisam aprender a se expressar, a desenvolver suas habilidades
de forma natural, a aprender por meio de brincadeiras, tudo com o auxílio do
professor/educador”.

5. Como deve ser pensada a organização do tempo e do espaço na educação infantil?


“Eles devem ser pensados de uma maneira que a criança se sinta à vontade,
confortável, segura, como se fosse de fato uma extensão do lar. Deve ser respeitada a
individualidade da criança, suas limitações, seus momentos. Assim, o desenvolvimento dela
será assegurado, pois proporcionando bem-estar, ela se sentirá confortável para se
expressar, para interagir com os demais coleguinhas, etc.”.
6. Qual o papel do professor (pedagogo) na organização do tempo e espaço oferecido
às crianças na educação infantil?

“É ele o responsável por planejar, organizar o tempo e espaço, porque ele é quem
está em contato direto e constante com as crianças, recebeu formação para desempenhar
essa atribuição. Então, na organização, ele prima que tanto o espaço quanto o tempo
permitam um ensino-aprendizagem eficaz. A BNCC expõe sobre as habilidades e
competências a serem desenvolvidas, então é um importante norte que nos é dado para
organizar e planejar o tempo e espaço na Educação Infantil”.

3. PROCESSOS DE AVALIAÇÃO E REGISTROS DOS AVANÇOS DA


APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Partindo da compreensão do conceito de criança como sendo um sujeito histórico-
cultural, que possui suas próprias necessidades, singularidades, entre outros, é relevante
destacar que o processo de avaliação na Educação Infantil deve ser contínuo, quando o
professor acompanha e analisa os avanços e dificuldades de toda a turma e também de forma
individual, pois cada criança possui seu modo de agir, sentir e pensar. Logo, o professor deve
levar em consideração as particularidades de cada um e, para isso, um olhar atento para cada
criança sobre os seus interesses, personalidades, relações e experiências são essenciais para o
educador avaliar a reação da criança à sua proposta e reveja suas práticas.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação referente à Educação Infantil, seção 11,
artigo 31, estabelece que: “... a avaliação far-se-á mediante o acompanhamento e registro do
seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao Ensino
Fundamental”.
Ainda, o papel da observação durante a prática pedagógica é primordial, pois consiste
em um instrumento de avaliação e planejamento. “Eu planejo, coloco em prática, avalio e
continuo planejando. Eu planejo e avalio todos os dias.” (Junqueira Filho).
Em relação aos registros, as Diretrizes Nacionais Curriculares para a Educação Infantil
já apontavam, desde 2010, a necessidade de criar procedimentos para acompanhar o trabalho
pedagógico e avaliar o desenvolvimento das crianças. Há diferentes maneiras de registrar essa
avaliação, e elas são primordiais e indispensáveis!
Um exemplo de registro de avaliação é o portfólio, que quando bem estruturado e
produzido, é um raio-x, uma fotografia da turma e também de cada aluno.

4 REFERENCIAL TEÓRICO
Atualmente, faz-se necessário ter um olhar integral da criança, a enxergando não como
um “mini adulto”, ser imaturo, sem nenhuma bagagem de conhecimento, mas como um ser
humano singular, com suas próprias singularidades e necessidades. Diante disso, é preciso
reforçar a compreensão da criança como sendo
sujeito histórico, construtor de conhecimento [...],
alguém que lida com o mesmo de forma dinâmica
e intensa, desenvolvendo sua consciência, se
constituindo enquanto ser pensante e cidadão que
é, hoje, e não num futuro que ainda virá, rompendo
com o velho estigma de criança inacabada, um pré-
adulto, numa pré-escola traduzida na pergunta: “O
que ela vai ser quando crescer?” (SESC, 1997, p.9)

A partir desse conceito, é possível entender a importância do ambiente escolar em que


a criança tem contato, pois interfere no processo de ensino-aprendizagem, no processo
interacional. Assim, Mayumi Lima (1989) defende a relevância da qualidade do espaço na
educação das crianças, pois afirma que “deve-se proporcionar um espaço que, ao invés de
confinar a infância no interior da escola, proporcione as condições mais favoráveis para o
processo de desenvolvimento da criança”.
Para Mayumi, o espaço físico isolado, fragmentado do ambiente só existe na cabeça de
adultos, para medi-lo, para vendê-lo e guardá-lo. Mas para a criança existe o chamado espaço-
alegria, o espaço-mistério, o espaço-descoberta, enfim, espaços onde a criança pode exercer
sua liberdade. (MAYUMI LIMA, 1989).
Dessa forma, é primordial compreender de fato que os ambientes escolares e a
concepção que se tem da criança e de suas infâncias são complementares e interagem entre si,
visando o desenvolvimento integral do aluno. Diante disso, faz-se necessário destacar o Art.
29 da LDB, onde diz que “a educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como
finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos
físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”.
(BRASIL, 2017).
Assim, cabe às instituições de educação infantil garantir o desenvolvimento pleno das
crianças, respeitando-as e assegurando seus direitos como sujeitos sociais.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei de diretrizes e bases da educação nacional, LDB – Brasília: Senado Federal,
Coordenação de Edições Técnicas, 2017
LIMA, Mayumi Souza. Arquitetura e educação. São Paulo: Nobel, 1989

SESC. DN. Proposta pedagógica da educação infantil no Sesc. Rio de Janeiro, 1997

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