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2018/2022
Uma abordagem
necessária para
a promoção de
um envelhecimento
ativo e saudável
1
INTRODUÇÃO I PA RT E I I PA RT E
LUÍS JERÓNIMO COM FOCO NA PERTINÊNCIA COM FOCO NA AVALIAÇÃO
04 E APLICABILIDADE DOS CONCEITOS
ANTÓNIO M. FONSECA
E MONITORIZAÇÃO DOS PROJETOS
ANABELA SALGUEIRO
06
Gulbenkian na implementação
dos projetos
2. Objetivos 22
10 2. Conquistas e constrangimentos
na implementação dos projetos
26
3. Desenvolvimento da linha de Ação
«Envelhecimento na Comunidade»
33
e atividades desenvolvidas
i. Envelhecimento
na Comunidade
4. Aprendizagens e recomendações
11 para a conceção, promoção
e implementação de futuros projetos
ii. Gulbenkian CUIDA
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13
Ageing in Place
2018/2022
INTRODUÇÃO
LUÍS JERÓNIMO
3
O envelhecimento da população é, nos dias de hoje, um dos prin- projetos que têm estado a decorrer em diferentes pontos do país
cipais desafios que as sociedades contemporâneas enfrentam. com o apoio da Fundação.
Em Portugal, este desafio assume contornos de particular relevân- Para além do apoio a projetos, foi também possível produzir
cia – o ritmo de envelhecimento da população é bastante superior conhecimento, dar voz aos cuidadores e às pessoas idosas, acom-
aos de outros países europeus, com a faixa etária que inclui pes- panhar de perto as atividades desenvolvidas e deixar capacidade
soas com 80 ou mais anos, a faixa que mais cresce em Portugal. instalada nas organizações. Um agradecimento é devido ao Prof.
De modo a responder a este desafio, a Fundação Calouste Gul- António Fonseca que esteve sempre na conciliação entre o conhe-
benkian tem dado crescente prioridade ao apoio a intervenções cimento e o terreno e pelos oportunos conselhos dados à Funda-
diferenciadoras na área do envelhecimento, alinhando o seu traba- ção durante estes anos.
lho com as diretrizes da Organização das Nações Unidas e Orga- Com esta publicação pretende-se partilhar o percurso e principais
nização Mundial de Saúde. Nesse sentido, foi lançada a iniciativa aprendizagens dos projetos apoiados através da iniciativa Enve-
“Envelhecimento na Comunidade” através da qual foram apoiados lhecimento na Comunidade, num momento em que a Fundação
projetos focados na promoção de uma vida ativa e saudável nos Calouste Gulbenkian renovou o seu compromisso de trabalho
ambientes em que as pessoas sempre viveram e preferem conti- nesta área que, cada vez mais, importa a todos.
nuar a viver, em casa e na sua comunidade.
A colaboração e acompanhamento das pessoas idosas e o envol-
vimento dos cuidadores familiares, a formação dos profissionais
que deles cuidam, a procura de soluções na comunidade para os
internamentos sociais ou a mobilização das populações geografi-
camente mais isoladas, são alguns exemplos das estratégias e dos
4
I PARTE
COM FOCO
NA PERTINÊNCIA
E APLICABILIDADE
DOS CONCEITOS
ANTÓNIO M. FONSECA
1. CONTEXTUALIZAÇÃO
O envelhecimento da população constitui um feliz ponto de na comunidade, com segurança e de forma independente, pelo
chegada do desenvolvimento humano. Viver mais tempo é fruto maior tempo possível1.
de conquistas de natureza médica, tecnológica e social. Mas a Em Portugal, uma das faces mais visíveis da política social de
existência de um número cada vez mais elevado de idosos sau- apoio aos idosos que emergiu após o 25 de Abril de 1974 foi, sem
dáveis e ativos constitui igualmente um desafio para as comuni- dúvida, a evolução do número e da qualidade dos equipamentos
dades. À medida que envelhecem as pessoas têm necessidade sociais destinados à população mais velha, com incidência nas
de viver em ambientes que lhes proporcionem o suporte neces- respostas Centro de Dia e sobretudo ERPI – Estrutura Residen-
sário para compensar as mudanças associadas ao envelheci- cial para Pessoas Idosas (anteriormente designada por «Lar de
mento, algumas delas sinónimo de redução ou perda de capaci- Idosos»). Apesar do número de pessoas a residir em instituições
dade. A criação e manutenção de ambientes favoráveis é uma constituir uma pequena minoria do total da população idosa por-
tarefa indispensável para a promoção do bem‑estar das pes- tuguesa, a ERPI tornou‑se um ícone das respostas sociais para a
soas idosas e para que elas possam continuar a ser, pelo maior velhice. Em muitas localidades, a existência de uma ou mais ERPI’s
tempo possível, autónomas e socialmente relevantes. Por outro surge mesmo associada a um sinal de desenvolvimento social, por
lado, o aumento quer na expetativa de vida, quer na expetativa desse modo atender‑se às necessidades dos mais velhos através
de uma vida com cada vez melhor saúde e maior qualidade, faz de um serviço permanente de prestação de cuidados.
com que seja possível as pessoas idosas prolongarem a sua utili- Pelo contrário, apesar de a larguíssima maioria dos portugueses
dade social por mais tempo, tanto profissionalmente como junto envelhecer nas suas casas, as medidas de promoção de ageing
dos seus familiares, amigos e no âmbito da sua rede de proxi-
midade/vizinhança. Esta «nova velhice» potencia claramente os
efeitos positivos do conceito do ageing in place, o qual traduz o WHO – World Health Organization (2015). Report on the 2nd WHO Global Forum on Innovation
1
for Ageing Populations, 79 October 2015, Kobe (Japan). Geneva: World Health Organization
objetivo preferencial de se poder viver e envelhecer em casa e Centre for Health Development.
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in place continuam a ter uma fraca visibilidade pública quando constituem uma população homogénea. Há muita diversidade
comparadas com a atenção que se atribui a soluções institucio- entre elas e tal significa que não há «respostas universais» para
nais. Encaradas pela generalidade dos portugueses como uma todas as pessoas idosas, mas sim «respostas adequadas»; se, nal-
resposta‑tipo aos problemas decorrentes do envelhecimento indi- guns casos, elas poderão ser mais abrangentes em termos dos
vidual e populacional, o investimento em ERPI tem servido, com respetivos destinatários, noutros casos terão de ser ajustadas de
frequência, para justificar a «não‑necessidade» de investimento acordo com a sua menor ou maior incapacidade.
em qualquer outro tipo de intervenção para além da resposta ins- Um exemplo da diversificação de soluções que procuram garan-
titucional. Este facto tem contribuído para reforçar imagens este- tir a manutenção das pessoas mais velhas nas suas casas e nas
reotipadas do que é envelhecer hoje em Portugal e diminuir os comunidades onde elas se inserem foi o aparecimento do Serviço
direitos de cidadania das pessoas idosas que continuam a viver de Apoio Domiciliário (SAD), sendo mesmo a resposta social que
em suas casas, especialmente quando apresentam algum quadro apresentou maior crescimento desde o início do século. O investi-
particular de vulnerabilidade. Opondo‑se a uma visão convencio- mento realizado nos últimos anos, tendo em vista a sua dissemi-
nal de assistência à população idosa por via da resposta insti- nação por todo o país e a diversificação dos serviços prestados,
tucional, a valorização de respostas de ageing in place significa tem contribuído para a manutenção de um número considerável
responder às necessidades de assistência a partir do contexto de pessoas idosas no seu meio habitual de vida, retardando ou
onde a pessoa vive, procurando respostas articuladas através de evitando mesmo a institucionalização.
uma integração progressivamente mais alargada de serviços – de A possibilidade de envelhecer em casa e na comunidade com
âmbito local, regional e nacional. Na prática, isto significa não segurança, independência e conforto é hoje um princípio central
retirar a pessoa do local onde ela vive para lhe proporcionar o do paradigma de envelhecimento ativo e saudável preconizado
que ela necessita, mas criar aí condições para que as suas neces- pela Organização Mundial de Saúde. A generalidade dos orga-
sidades sejam satisfeitas. nismos internacionais tem reforçado a necessidade de desen-
Não obstante a taxa de ocupação das ERPI apresentar valores volvimento de infraestruturas que apoiem a permanência dos
próximos dos 100% (e frequentemente com listas de espera), é idosos nas suas casas e comunidades pelo maior tempo possível.
fundamental equacionar a criação e o desenvolvimento de res- Programas de assistência de caráter nacional, regional e local,
postas diversificadas de proteção e promoção da vida dos mais têm surgido nos últimos anos com o propósito de complemen-
velhos, atendendo às condições reais de vida dos idosos portu- tar os cuidados domiciliários tradicionais (alimentação, higiene
gueses. Sublinhe‑se, desde logo, que as pessoas mais velhas não pessoal e limpeza doméstica), procurando atender às necessida-
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des de saúde, sociais e psicológicas de um número crescente de lançamento do paradigma de Envelhecimento Ativo), assinalou a
idosos vulneráveis e em situação de isolamento social. importância da promoção do ageing in place, sublinhando um con-
O Guia de Boas Práticas de Ageing in Place2 publicado em 2018, junto de preocupações relacionadas com este objetivo: criação de
permitiu efetuar um levantamento de iniciativas inovadoras, comunidades onde as necessidades dos mais idosos sejam atendi-
implementadas em Portugal, visando promover e facilitar um das de modo particular, incentivo ao investimento em infraestrutu-
envelhecimento em casa e na comunidade assente na autonomia, ras locais de natureza multigeracional, estabelecimento de parce-
na participação social e na promoção do bem‑estar. rias multissectoriais entre diversos agentes comunitários, criação
Devido ao seu efeito positivo no bem‑estar numa fase avançada de serviços de apoio social para pessoas idosas, intervenção direta
do ciclo de vida, o recurso ao conceito de ageing in place como nas residências da população mais idosa. Neste sentido, foi apon-
um instrumento político assume que este é o modo de vida mais tado como objetivo prioritário a adoção de um modelo de ageing
desejável no decurso do envelhecimento. Em 1994, a OCDE – in place que prestasse especial atenção às preferências individu-
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico3 ais no respeitante às opções residenciais em idade avançada. Em
declarou a importância das políticas de ageing in place ao definir 2015, no relatório do 2.º Fórum Global da Organização Mundial
uma agenda de estímulo de medidas visando a expansão de tais de Saúde sobre Inovação para Populações Envelhecidas, são
políticas. Estas medidas deveriam facilitar a permanência das identificadas as cinco principais áreas de intervenção no processo
pessoas nas suas casas, mesmo se adquirissem alguma incapa- de ageing in place (no original, the 5 P’s – People, Place, Products,
cidade ou experimentassem um declínio na sua funcionalidade. Personcentered services, Policy): (i) pessoas («people») a quem se
Ao longo dos anos 2000 a OCDE continuou a encorajar esta linha apoia e se presta cuidados; (ii) prestação de serviços integrados
de ação, incorporando nas suas preocupações a importância dos de saúde e de cuidado pessoal («person‑centered services») que
avanços tecnológicos que podem ser utilizados para responder promovem a capacidade funcional das pessoas mais velhas; (iii)
às necessidades dos respetivos residentes. lugares e ambientes («places») amigos das pessoas idosas; (iv)
A Segunda Assembleia Mundial sobre Envelhecimento, realizada produtos e equipamentos («products») que representam novas
pelas Nações Unidas em Madrid, em 2002 (coincidente com o soluções (tecnológicas, nomeadamente) para responder a pro-
blemas decorrentes do envelhecimento (da falta de mobilidade à
solidão); (v) políticas inovadoras («policies») para a introdução de
https://gulbenkian.pt/publications/boas‑praticas‑de‑ageing‑in‑place‑divulgar‑para‑valorizar/
sistemas de suporte dirigidos às pessoas mais velhas. Finalmente,
2
3
OECD (1994). New orientations for social policy. Paris: Organisation for Economic Cooperation
and Development (Social Policy Studies). no âmbito da Estratégia Global e do Plano de Ação sobre Enve-
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lhecimento e Saúde4, a Organização Mundial de Saúde define dez e na comunidade. Modelos e estratégias centrados na autonomia,
prioridades para uma década de ação (2020‑2030) em prol de participação social e promoção do bem‑estar das pessoas idosas.5
um Envelhecimento Saudável, as quais fornecem ações concre- Políticas, programas, serviços e soluções que promovam o ageing
tas para se alcançar os objetivos da referida Estratégia Global. in place devem ter uma visão integrada que responda às neces-
Alinhadas com a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentá- sidades das pessoas à medida que envelhecem. Olhando para
vel da ONU, cada prioridade é crucial para que o envelhecimento além das necessidades imediatas, de natureza básica ou instru-
saudável se torne uma realidade global e aí vamos encontrar, na mental, qualquer modelo que vise a promoção do bem‑estar e da
Prioridade 10, uma referência explícita à necessidade de «Desen- qualidade de vida das pessoas idosas através do ageing in place
volver uma rede global de cidades e comunidades amigas das tem de focar a sua atenção numa perspetiva comunitária, desde
pessoas idosas, que lhes permitam envelhecer nas suas casas e logo para contrariar um dos riscos frequentemente associados ao
comunidades até ao fim das suas vidas». ageing in place, o isolamento social. Qualquer esforço para auxiliar
Em síntese, ageing in place é uma expressão comum no pensamento as pessoas a envelhecer em casa e na comunidade terá de passar
e práticas atuais sobre políticas de envelhecimento. O nosso ponto pela sua capacitação para o estabelecimento de relações sociais
de vista é que o ageing in place seja visto como a primeira opção, significativas: os idosos correm menos riscos de experimentar iso-
uma «opção natural», dadas as vantagens de inclusão social e de lamento social quando se sentem incluídos nas suas comunida-
recompensa emocional que traz associadas. Envelhecer no lugar des, onde possam concretizar um determinado «estilo de vida» de
onde se viveu a maior parte da vida e onde estão as principais refe- acordo com as suas preferências e com aquilo que valorizam. As
rências dessa vida constitui uma vantagem em termos de preser- mulheres idosas e os homens idosos têm os mesmos direitos que
vação da identidade, de um sentido para a vida e da promoção qualquer outra pessoa, independentemente da sua idade e/ou
de sentimentos de segurança e familiaridade. Isto é alcançado condição funcional (mais ou menos autónomos ou dependentes),
tanto pela manutenção da independência e autonomia, como pelo devendo ser‑lhes dadas condições para que possam continuar a
desempenho de papéis nos locais onde se vive. Assim, o ageing in viver nas suas casas e nas suas comunidades pelo maior tempo
place atua de múltiplos modos, que precisam de ser tidos em conta possível, respeitando os seus interesses e expetativas, e compen-
na definição de ações e políticas dirigidas aos mais velhos, como sando ou suprindo as suas necessidades.
fica bem ilustrado na obra Ageing in Place. Envelhecimento em casa
4
https://www.who.int/ageing/global‑strategy/en/ 5 https://gulbenkian.pt/publications/ageing‑in‑place‑estudo/
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2. OBJETIVOS
A linha de ação «Envelhecimento na Comunidade» enquadra‑se — valorizar projetos dirigidos a pessoas mais isoladas, afasta-
na preocupação mais ampla da Fundação Calouste Gulbenkian das dos centros urbanos, que vivem em contexto rural ou em
com o bem‑estar e a qualidade de vida das pessoas idosas, sobre- pequenas localidades, onde há significativas dificuldades na
tudo das que vivem mais isoladas e/ou com necessidades parti- mobilidade e uma sentida desigualdade de oportunidades;
culares em função de vicissitudes de vária ordem decorrentes do — reforçar a capacidade de resposta das organizações da socie-
avanço da idade. Assim, identificaram‑se os seguintes objetivos: dade civil que prestam apoio à população idosa, designada-
mente no apoio domiciliário e na prestação de cuidados e
— apoiar entidades que se dedicam à preservação das pessoas serviços às pessoas mais carenciadas, tendo em vista a satis-
mais velhas nos ambientes onde têm as suas referências, atra- fação das suas necessidades e a promoção do seu bem‑estar;
vés da promoção de atividades de estimulação física, cogni- — apoiar instituições que prestam cuidados de proximidade,
tiva, emocional e social, contribuindo deste modo para com- melhorando a sua capacidade para fazerem face aos desa-
bater o seu isolamento, aumentar a sua segurança e fomentar fios da pandemia junto das pessoas mais idosas residentes
a sua participação na vida comunitária; nas suas habitações, através do apoio à contratação de pro-
— contribuir para o aumento do impacto de projetos que preco- fissionais com competências diferenciadas, da mobilização de
nizam um envelhecimento em casa e na comunidade (e que, parcerias e recursos existentes nas comunidades, do reforço
nessa medida, contribuem para minimizar a solidão e o iso- da proteção dos beneficiários e dos profissionais com recurso
lamento das pessoas idosas consideradas mais vulneráveis, e a máscaras e outros equipamentos, e da implementação de
para a preservação das suas capacidades), através do reforço estratégias de comunicação à distância entre as pessoas
das capacidades instaladas e na capacitação das equipas idosas e os seus familiares.
responsáveis por cada um desses projetos;
10
3. DESENVOLVIMENTO DA LINHA
DE AÇÃO «ENVELHECIMENTO
NA COMUNIDADE»
11
mento e à participação na vida comunitária. Estes projetos seguem formação e de capacitação dos recursos humanos envolvidos. Com
as diretivas da OMS e inserem‑se numa filosofia de Ageing in Place, o agravamento da pandemia, ao longo de 2020, as condições para
que considera que o melhor lugar para envelhecer é o ambiente em o normal funcionamento das atividades ficaram mesmo em causa,
que vivemos, em que nos sentimos integrados, em que mantemos a colocando em risco a execução dos diferentes projetos. Todavia,
autonomia e a participação na sociedade por mais tempo, desde se algumas instituições ficaram mais limitadas na sua ação, outras
que na comunidade existam respostas para as necessidades das foram capazes de se reinventar, criando soluções alternativas. Foi
pessoas idosas. Os projetos desenvolvem ações preventivas e/ou o caso de algumas entidades com mais experiência neste tipo de
remediativas que visam a manutenção das pessoas idosas nas suas intervenções, como a Câmara Municipal da Amadora/Fundação
casas e na comunidade à medida que envelhecem (contrariamente AFID, o Grupo de Ação Social do Porto, a Fraunhofer Portugal e a
à opção pela sua institucionalização) e procuram atenuar o isola- Santa Casa da Misericórdia de Mértola. As outras foram resistindo
mento dessas pessoas. Para além da componente financeira, asse- e adaptando os planos inicialmente traçados, e apenas a Coope-
gurada através do orçamento do Programa Gulbenkian Sustentabi- rativa do Povo Portuense não esteve à altura dos desafios. Apesar
lidade (anteriormente Programa Gulbenkian Coesão e Integração da realização de duas visitas de monitorização, não se reuniram as
Social) dos anos de 2019, 2020 e 2021, foi previsto um acompanha- condições necessárias para a continuidade do projeto, pelo que
mento técnico‑científico e de capacitação dos recursos humanos a entidade viu cessado o apoio financeiro à execução do mesmo.
afetos ao projeto, da responsabilidade de António Fonseca, através Uma descrição dos 15 projetos que decorreram entre 2019 e
de ações conjuntas na Fundação, visitas regulares e formação nos 2022 pode ser encontrada aqui: https://gulbenkian.pt/publica-
locais de implementação dos projetos, e apreciação de relatórios tions/ageing‑in‑place‑brochura/.
semestrais de execução técnica e financeira. Os projetos tiveram Não obstante todas as dificuldades inerentes à pandemia devida
início até dezembro de 2019, realizando‑se em janeiro de 2020, nas ao COVID‑19, foi assegurado ao longo dos três anos o acompa-
instalações da Fundação, um encontro de lançamento que contou nhamento técnico‑científico dos projetos no terreno, assegurando
com a presença de todos os técnicos das 16 entidades financiadas ‑se a componente de capacitação das equipas técnicas ao longo
implicados no planeamento e execução dos projetos. da respetiva execução. Apesar dos constrangimentos com as
Com a pandemia e o consequente confinamento, os principais visitas/reuniões presenciais, todas as entidades beneficiaram de
beneficiários destes projetos – pessoas mais velhas residentes nas contactos regulares e de reuniões presenciais de monitorização.
suas casas – ficaram mais isolados do que nunca e o principal obje- Já a avaliação externa dos projetos, infelizmente, não pôde ser
tivo destas intervenções ficou pendente, assim como as ações de concretizada.
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Muito do conhecimento adquirido através do «Concurso Enve- ção deste tipo de serviços) alargar o número de pessoas abrangi-
lhecimento na Comunidade» poderá ser reconhecido na obra das pelos serviços de apoio domiciliário e melhorar a qualidade
(editada em 2021) Ageing in Place. Envelhecimento em casa e na dos serviços prestados.
comunidade. Modelos e estratégias centrados na autonomia, parti‑ Nesse sentido, a Fundação Calouste Gulbenkian selecionou, em
cipação social e promoção do bem‑estar das pessoas idosas7. Coor- concurso, 69 organizações da sociedade civil visando reforçar a sua
denado por António Fonseca e contando com a participação de capacidade de resposta junto da população mais idosa um pouco
um grupo de peritos portugueses na área do envelhecimento, nela por todo o país. A concretização da primeira fase do Gulbenkian
se evidenciam e sistematizam modelos e estratégias de Ageing in CUIDA decorreu ao longo do ano de 2020. Entre as selecionadas,
Place ajustados à realidade portuguesa, incorporando um con- contam‑se instituições que prestam apoio a populações vivendo
junto de recomendações para a operacionalização de projetos tanto em aldeias do interior como nas áreas metropolitanas,
de intervenção neste domínio. garantindo‑se uma representatividade de organizações de pratica-
mente todos os distritos de Portugal Continental e Ilhas, possuindo
todas elas experiência e conhecimento das realidades locais, e
ii. GULBENKIAN CUIDA mantendo, na sua maioria, uma atividade alicerçada em parcerias
Durante o (longo) período de confinamento social, a generalidade locais, nomeadamente autarquias e unidades locais de saúde.
das estruturas que prestam apoio à população idosa manteve‑se Aproveitando o trabalho de acompanhamento técnico‑científico
em funcionamento, continuando a assegurar não só a satisfação dos projetos implicados no «Envelhecimento na Comunidade»,
das suas principais necessidades, como também a promoção do António Fonseca propôs o enquadramento do Gulbenkian CUIDA
seu bem‑estar. No quadro do Fundo de Emergência Covid‑19, um no âmbito das iniciativas direcionadas para o cumprimento da
fundo de cinco milhões de euros criado pela Fundação Calouste linha de intervenção ageing in place, o que foi cumprido de duas
Gulbenkian com o intuito de reforçar a resiliência da sociedade maneiras.
portuguesa em tempos de pandemia, a iniciativa Gulbenkian Por um lado, na seleção dos projetos financiados, privilegiaram‑se
CUIDA teve como principal objetivo reforçar a capacidade de projetos contemplando as componentes fundamentais de Serviço
resposta local, permitindo (através do reforço de recursos huma- de Apoio ao Domicílio, incluindo atividades como monitorização
nos, de ajudas técnicas e de materiais de proteção para a presta- de indicadores de saúde, apoio psicológico, estimulação física e
cognitiva ou teleassistência. Equipas especializadas, geralmente
7
https://gulbenkian.pt/publications/ageing‑in‑place‑estudo/ com múltiplas valências, prestaram apoio a pessoas idosas em
13
situação de vulnerabilidade, isolamento social, geográfico e em — perceção de que modelos multidisciplinares de apoio aos mais
situações de demência, através de serviços essenciais ao nível ali- idosos são essenciais («não podemos oferecer só a sobrevivên-
mentar, de higiene pessoal e habitacional, tratamento de roupas, cia»);
enfermagem, administração de medicação, cuidados de saúde, — impacto ao nível da empregabilidade, com a integração de
reabilitação, promoção da saúde mental, física, emocional, cog- novos profissionais na estrutura permanente de recursos
nitiva, ocupacional e bem‑estar, teleassistência ou combate ao humanos das instituições;
isolamento através de novas tecnologias. — estímulo à motivação dos profissionais, pela sua valorização
Por outro lado, em cada um dos 30 projetos que evoluíram para pessoal e profissional;
uma segunda fase de concretização do Gulbenkian CUIDA — valorização e reconhecimento pelos cuidados prestados, por
ao longo do ano de 2021 (https://gulbenkian.pt/publications/ parte das pessoas idosas e respetivas famílias;
gulbenkian‑cuida/), foi realizada uma sessão de capacitação dos — maior valorização das instituições e dos seus profissionais
profissionais implicados na execução desses mesmos projetos, pelas comunidades.
potencializando sobretudo o trabalho desenvolvido no sentido da
minimização da solidão e do isolamento das pessoas idosas mais Em síntese, correspondendo à filosofia de intervenção preconi-
vulneráveis, e da preservação das suas capacidades. zada pelo ageing in place, o Gulbenkian CUIDA contribuiu para
O bom resultado alcançado com a implementação do Gul- demonstrar que os serviços de apoio domiciliário têm de respon-
benkian CUIDA, a que não é alheia a dinâmica de acompanha- der às necessidades de cada pessoa e são um recurso imprescin-
mento das instituições levada a cabo pela Fundação, excedeu as dível para as pessoas idosas poderem continuar a viver nas suas
expetativas: casas, desde que possam ver satisfeitas as suas necessidades.
Apesar do concurso ter sido realizado num contexto de emergên-
— melhoria no funcionamento interno das instituições apoiadas cia, os impactos sentidos nas práticas quotidianas dos profissio-
e maior consciencialização para uma prestação de cuidados nais, na qualificação desses profissionais e nas mudanças no seio
adequada às necessidades das pessoas idosas; das instituições, têm efeitos permanentes e refletem-se na quali-
— entrar «dentro das casas» das pessoas idosas permitiu aferir dade dos cuidados prestados no presente e no futuro.
as suas reais necessidades, o que levou a que fossem concebi-
dos planos de cuidados individuais mais personalizados;
14
II PARTE
COM FOCO
NA AVALIAÇÃO
E MONITORIZAÇÃO
DOS PROJETOS
ANABELA SALGUEIRO
A oportunidade de se aferir acerca da qualidade da intervenção,
ENVELHECIMENTO NA COMUNIDADE (2008/2022)
da relevância, eficácia e da própria sustentabilidade dos proje-
tos, foi decidida desde a fase de conceção desta iniciativa. Desde TOTAL DE BENEFICIÁRIOS DIRETOS 3754
logo foi considerada uma monitorização próxima, com visitas/
ações de formação com as equipas nos locais de implementa- N.º DE PESSOAS IDOSAS 3009
ção dos projetos, sessões conjuntas de partilha de experiências e
80% participantes
apresentação de resultados, para além da criação de um instru- GÉNERO
do sexo feminino
mento de report que foi sendo ajustado em função das diferentes
fases e inerentes necessidades de acompanhamento técnico da MÉDIA DE IDADES 77 anos
execução dos projetos.
Tendo em conta que a relevância se mede pelo alinhamento dos N.º DE ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 37 295
objetivos estabelecidos, que nos permite compreender se as ati- 56 + formadores
vidades implementadas foram as mais adequadas às necessida- N.º PROFISSIONAIS
e animadores voluntários
des dos beneficiários, dos contextos e dos stakeholders, é com
esta perspetiva que analisamos a implementação e os resultados N.º DE ENTIDADES ENVOLVIDAS 205
alcançados, com particular enfoque no que são os contributos
N.º DE ALDEIAS PORTUGUESAS 121
dos profissionais e dos próprios beneficiários, o principal foco da
nossa intervenção. N.º DE QUILÓMETROS PERCORRIDOS PELA
22 412
Estes projetos atingiram os objetivos a que se propuseram, foram LUDOTECA ITINERANTE DE MÉRTOLA
16
— VALORIZA, ASSOCIAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO LOCAL LOCALIZAÇÃO
R@ízes
DOS PROJETOS BOTICAS
— SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE MARCO DE CANAVESES AMARES
Serviço Móvel de Saúde (SMS) + Green Care
— GAS PORTO (GRUPO DE AÇÃO SOCIAL DO PORTO)
Abraço Amigo
PORTO
— ASSOCIAÇÃO FRAUNHOFER PORTUGAL RESEARCH MARCO DE CANAVESES
17
As entidades parceiras na implementação ASSOCIAÇÃO CÂMARA MUNICIPAL (HOSPITAIS CURRY CABRAL, CONFRARIA DO
dos projetos foram bastante diversificadas, ENTRE IMAGEM DE ODIVELAS – PLANO SANTA MARTA, SÃO JOSÉ, DIVINO SALVADOR
MUNICIPAL PARA SANTO ANTÓNIO DOS
de entre públicas, privadas, do terceiro ASSOCIAÇÃO FILHOS
CUIDADORES INFORMAIS CAPUCHOS)
CONSERVATÓRIO
DE LUMIÉRE REGIONAL DO BAIXO
setor, designadamente Universidades, CÂMARA MUNICIPAL CENTRO HOSPITALAR ALENTEJO
ASSOCIAÇÃO FRAUNHOFER
Municípios, Juntas e Uniões de Freguesias, PORTUGAL RESEARCH
DE PORTALEGRE PSIQUIÁTRICO DE LISBOA –
COOPERATIVA
PROJETO PRO-ACTUS
Centros de Saúde, Instituições Particulares ASSOCIAÇÃO NACIONAL
CÂMARA MUNICIPAL CHÃO NOSSO
DE SANTA MARIA DA FEIRA CENTRO POPULAR
de Solidariedade Social, Bibliotecas DE CUIDADORES
DOS TRABALHADORES
COOPERATIVA BOA
CÂMARA MUNICIPAL
Municipais, Centros Sociais e Paroquiais, INFORMAIS
DO PORTO DE PENEDOS
CRIAÇÃO (PROJETO
BOCA EM BOCA)
Associações locais, Guarda Nacional ASSOCIAÇÃO SINTRÓPICA
CANCIONEIRAS DO VASCÃO CENTRO SOCIAL
CRIARTE
Republicana, Clubes Desportivos, BANCO ALIMENTAR
CASA DE ARTES
DO SOUTELO
BENÉFICA E PREVIDENTE – CENTRO SOCIAL CRUZ VERMELHA
Centros Culturais. MÁRIO ELIAS – MÉRTOLA
PORTUGUESA
ASSOCIAÇÃO MUTUALISTA E PAROQUIAL DE RIO TINTO
CASA DO POVO (DELEGAÇÃO DE MARCO
BIBLIOTECA FRANCISCO DE CORTE DO PINTO CENTRO SOCIAL
DE CANAVESES)
SÁ DE MIRANDA PADRE JOSÉ COELHO
CASA DO POVO DE CUIDAR DA CASA COMUM –
BIBLIOTECA MUNICIPAL SANTANA DE CAMBAS CENTROS DE SAÚDE
FOCO SÃO MAMEDE
DE AMARES DA REGIÃO AUTÓNOMA
CATL – OFICINA DA
DA MADEIRA (SESARAM, DELTA CAFÉS
ACES GERÊS ALPHA PUBLICIDADE BIBLIOTECA MUNICIPAL CRIANÇA DA SANTA CASA
CABREIRA EPERAM) ENTIDADES AUTÁRQUICAS
APELA – ASSOCIAÇÃO DE MAÇÃO DA MISERICÓRDIA
ADOLESCER – DE MÉRTOLA CENTROS DE SAÚDE DO CONCELHO DE MARCO
PORTUGUESA DE BIBLIOTECA MUNICIPAL
ORGANIZAÇÃO SEM FINS DO CONCELHO DE DE CANAVESES
ESCLEROSE LATERAL DE MÉRTOLA CCAM – ALENTEJO SUL –
LUCRATIVOS MARCO DE CANAVESES ESCOLA COELHO
AMIOTRÓFICA DELEGAÇÃO DE MÉRTOLA
BIBLIOTECA PÚBLICA CENTROS SOCIAIS E CASTRO
ADPM – ASSOCIAÇÃO ASSOCIAÇÃO AMATO CENTRO CULTURAL
DE BRAGA DO CONCELHO DE
E DEFESA DO PATRIMÓNIO E RECREATIVO DE ESCOLA PROFISSIONAL
LUSITANO CÂMARA MUNICIPAL MARCO DE CANAVESES
DE MÉRTOLA MONTE GATO ATLÂNTICO
ASSOCIAÇÃO AMIGOS DE AMARES CINE CLUBE DE MÉRTOLA
AGRUPAMENTO DE CENTRO CULTURAL ESCOLA PROFISSIONAL
DO MOSTEIRO DE CÂMARA MUNICIPAL
ESCOLAS DE AMARES E RECREATIVO CLINICUIDADOS DE AGRICULTURA
RENDUFE DE CÂMARA DE LOBOS DIMARTINENSE
AGRUPAMENTO DE CLUBE DESPORTIVO, E DESENVOLVIMENTO
ESCOLAS DE MÉRTOLA ASSOCIAÇÃO DO MONTE CÂMARA MUNICIPAL CENTRO DE SAÚDE RECREATIVO E CULTURAL RURAL DE MARCO
PEDRAL DE CASTELO BRANCO DE MÉRTOLA AMARENSE DE CANAVESES
AJEMED MADEIRA –
ASSOCIAÇÃO JUVENIL DE ASSOCIAÇÃO DO PORTO CÂMARA MUNICIPAL CENTRO HOSPITALAR COMISSÃO DE FESTAS ESCOLA SECUNDÁRIA
MEDICINA DA MADEIRA DE PARALISIA CEREBRAL DE MÉRTOLA LISBOA CENTRAL ANTONINAS FRANCISCO FRANCO
18
ESCOLA SUPERIOR DE GRUPO DE VOLUNTARIADO JUNTA DE FREGUESIA MISSÃO CONTINENTE SANTA CASA UNIÃO DE FREGUESIAS
SAÚDE DO INSTITUTO DE CORAÇÃO ABERTO DA DE FIÃES MOVIMENTO DE APOIO DA MISERICÓRDIA DE RAMADA E CANEÇAS
POLITÉCNICO DO PORTO UNIVERSIDADE SÉNIOR JUNTA DE FREGUESIA E SOLIDARIEDADE DE MÉRTOLA UNIÃO DE FREGUESIAS
FACULDADE DE DE ODIVELAS DE LORDELO DO OURO COLETIVA AO LADOEIRO SANTA CASA DE SÃO MIGUEL PINHEIRO
CIÊNCIAS DA NUTRIÇÃO GRUPO DE VOLUNTÁRIOS JUNTA DE FREGUESIA MUSEU MUNICIPAL DA MISERICÓRDIA UNIÃO DE FREGUESIAS
E ALIMENTAÇÃO DA DO “HÁ CANTIGAS DE ODIVELAS DE MAÇÃO DE SANTA MARIA DA FEIRA DE SÃO SEBASTIÃO
UNIVERSIDADE DO PORTO NA RUA”
JUNTA DE FREGUESIA NÚCLEO DE APOIO SANTA CASA DOS CARROS E SÃO PEDRO
FACULDADE DE DESPORTO GUARDA NACIONAL AO IDOSO DA GNR DA MISERICÓRDIA DE SÓLIS
DE PARANHOS
DA UNIVERSIDADE REPUBLICANA DA PÓVOA DO LANHOSO DO PORTO
JUNTA DE FREGUESIA UNIÃO DE FREGUESIAS
DO PORTO INSTITUTO DE BANHOS
DE PORTALEGRE ORDEM DE SENHOR DO BONFIM, DE SÉ E SÃO LOURENÇO
FACULDADE DE DE FLORESTA SÃO FRANCISCO ASSOCIAÇÃO DE
JUNTA DE FREGUESIA UNIÃO DE FREGUESIAS
ENGENHARIA DA INSTITUTO DE EMPREGO SOLIDARIEDADE SOCIAL
DE SANTANA DE CAMBAS ORDEM DOS MÉDICOS DO REGUENGO
UNIVERSIDADE DO PORTO DA MADEIRA DE PORTALEGRE SERVIÇO DE ATENDIMENTO E SÃO JULIÃO
FACULDADE DE MEDICINA JUNTA DE FREGUESIA
INSTITUTO DE SEGURANÇA PARÓQUIAS DE MÉRTOLA E ACOMPANHAMENTO UNIDADE DE RECURSOS
DA UNIVERSIDADE DE SÃO JOÃO DOS
SOCIAL DA MADEIRA E VIDIGUEIRA SOCIAL DE MARCO ASSISTENCIAIS
DO PORTO CALDEIREIROS
INSTITUTO POLITÉCNICO DE CANAVESES PARTILHADOS – ACES
JUNTA DE FREGUESIA PLANO LOCAL DE LEITURA
FACULDADE DE DE CASTELO BRANCO SERVIÇO DE ATENDIMENTO PORTO OCIDENTAL
DO BONFIM – CÂMARA MUNICIPAL
PSICOLOGIA E DE E ACOMPANHAMENTO
INSTITUTO POLITÉCNICO DE MÉRTOLA UNIDADE DE SAÚDE
CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO JUNTA DE FREGUESIA SOCIAL DE PARANHOS
DE PORTALEGRE PROMERCH FAMILIAR DA BAIXA
DA UNIVERSIDADE DO ESPÍRITO SANTO
DO PORTO INSTITUTO POLITÉCNICO SERVIÇO DE ATENDIMENTO UNIVERSIDADE DA MADEIRA
JUNTAS DE FREGUESIA QUERCUS
DE VILA DO CASTELO E ACOMPANHAMENTO
FULLZOOM DO CONCELHO DE MAÇÃO RÁDIO MÉRTOLA UNIVERSIDADE SÉNIOR
INSTITUTO SUPERIOR SOCIAL DO CENTRO
FUNDAÇÃO AFID JUNTAS DE FREGUESIA DE ODIVELAS
DE SERVIÇO SOCIAL RÁDIO PORTALEGRE SOCIAL DE SÃO MARTINHO
FUNDAÇÃO DO CONCELHO DE DE ALDOAR
DA UNIVERSIDADE RECHEIO
LOURENÇO JÚNIOR MÉRTOLA
DO PORTO RIA LASER SOMINCOR, S. A. –
FUNDAÇÃO JUNTAS E UNIÕES MINA DE NEVES-CORVO
ISAVE – INSTITUTO SANDRA VENTURA –
SERRÃO MARTINS SUPERIOR DE SAÚDE DE FREGUESIA DE AMARES
FOTOGRAFIA SPORT CLUBE ESTRELA
GABINETE DE JUNTA DE FREGUESIA JUST A CHANGE
SANTA CASA TRADBALLIS –
RESPONSABILIDADE SOCIAL DE ALCARIA RUIVA LAR DA ASSOCIAÇÃO DA MISERICÓRDIA COOPERATIVA ARTES
DA FIDELIDADE SEGUROS JUNTA DE FREGUESIA SOCIAL E CULTURAL DE LISBOA E TRADIÇÕES
GESTO DE CASTELO BRANCO DE SÃO NICOLAU
SANTA CASA UNIÃO DE FREGUESIAS DE
GRUPO CORAL DE SÃO JUNTA DE FREGUESIA LOJA 32 DA MISERICÓRDIA PÓVOA DE SANTO ADRIÃO/
JOÃO DOS CALDEIREIROS DE CORTE DE PINTO MÉDICOS DO MUNDO DE MARCO DE CANAVESES OLIVAL DE BASTO
19
GULBENKIAN CUIDA
(abril 2020/dezembro 2021)
20
QUE PROJETOS FORAM APOIADOS Foram apoiados 16 projetos promotores de um envelhecimento em casa e na comunidade, que
E EM QUE ÂMBITO? desenvolveram diferentes estratégias em função das necessidades identificadas, com vista a atingir
objetivos comuns, promover vidas mais ativas, a participação das pessoas em atividades estimulantes
na comunidade, combatendo o isolamento e a solidão indesejada.
Alguns tiveram abordagens mais estruturadas, intensivas, junto de pessoas idosas com acentuada
dependência, com parca ou mesmo sem qualquer retaguarda familiar, e tiveram um número restrito
de beneficiários (como é o caso de o projeto Cuidar e não só, da Associação AVISO). Outros
promoveram atividades para pessoas mais autónomas, com vista a estimular a sua participação
social (de que o Projeto +Atividade, ‑Solidão e Há festa no monte, são exemplos).
Uns procuraram chegar às pessoas que geográfica e socialmente estavam mais dispersas, mais sós e sem
acompanhamento (Ludoteca Itinerante, por exemplo) e outros focaram a sua intervenção no apoio
e capacitação dos cuidadores de pessoas idosas. Alguns desenvolveram estratégias colaborativas onde
saúde e área social se complementaram e puderam assegurar uma resposta integrada (caso do projeto
SMS+Green Care, que presta apoio médico e social no domicílio, e do Regresso a Casa, que teve 97%
dos beneficiários sinalizados pelos serviços sociais dos hospitais e assegurou o seu acompanhamento).
E realizaram‑se nas mais diversas regiões, de Norte a Sul do Continente e Madeira – Porto, Marco
de Canaveses, Boticas, Mação, Castelo Branco, Mértola, Portalegre, Amadora e Lisboa.
QUEM FORAM AS ENTIDADES Municípios, Santas Casas da Misericórdia, Associações de Desenvolvimento Local, Agrupamentos
PROMOTORAS? de Centros de Saúde, Centros Sociais e Paroquiais.
QUEM FORAM AS ENTIDADES Juntas de freguesia/Uniões de freguesias, Autarquias, Agrupamentos de Centros de Saúde,
PARCEIRAS? Agrupamentos Escolares, Guarda Nacional Republicana, Clubes Desportivos e Recreativos,
Universidades, Escolas Superiores de Educação e Saúde, Bibliotecas, Casas do Povo, Associações locais,
Gabinetes de Responsabilidade de Empresas.
QUE RECURSOS/ Nas organizações promotoras ficou o capital de conhecimento, os equipamentos tecnológicos
QUE CAPACIDADES FICARAM e a metodologia de trabalho, para além de uma rede local tecida entre setor público, IPSS e privados,
INSTALADOS NO TERRENO? mais consolidada, que contribui para a sustentabilidade destes projetos e de iniciativas futuras.
21
1. O PAPEL DA FUNDAÇÃO
NA IMPLEMENTAÇÃO
DOS PROJETOS
NA VISIBILIDADE, CREDIBILIDADE, RECONHECIMENTO «o apoio da FCG ajudou neste aspeto, pois transmitia confiança
DAS ENTIDADES PROMOTORAS DOS PROJETOS num primeiro contacto por parte da Comunidade».
(COOPERATIVA OPERÁRIA PORTALEGRENSE, PROJETO ENTRE TEMPOS)
22
«Devido a divulgação do nosso projeto, a Dr.ª M.ª João Guardado despesas com recursos humanos e na realização dos eventos
Moreira já nos contactou para fazermos parte de projetos da uni‑ finais dos projetos.
dade de investigação do AGE.COMM.»
«A flexibilidade demonstrada durante o período mais difícil da
«Muito do nosso crescimento enquanto instituição se deve ao pandemia e consequentemente do projeto permitiram que uma
contacto estabelecido entre nós e a Fundação. Não só o apoio adaptação desafiante decorresse sem problemas.»
financeiro, mas a possibilidade de contactar com outras institui‑ (FRAUNHOFER, PROJETO IMPACTO A LONGO PRAZO DO USO DAS NOVAS
TECNOLOGIAS NO COMBATE AO ISOLAMENTO DE PESSOAS MAIS VELHAS)
ções, com saberes diferentes, com mais experiência, com profis‑
sionais, com proximidade, com a academia, toda a aprendizagem
que nos proporcionou, foram sem dúvida os impulsionadores do NA OPÇÃO PELO ACOMPANHAMENTO TÉCNICO‑CIENTÍFICO
nosso projeto. Toda essa aprendizagem teve impacto (…) princi‑ DE PROXIMIDADE E NA CAPACITAÇÃO DAS EQUIPAS
palmente na forma de intervir, na melhoria da nossa intervenção
e na nossa capacidade de ter um olhar diferente ao problema e O modelo de acompanhamento técnico e a partilha de experi-
de atuarmos com maior profissionalismo, apesar de termos por ências foram importantes para o sucesso dos projetos. A opção
base o apoio voluntário, todos fomos aprendendo a olhar para o por um tipo de acompanhamento contínuo, dinâmico, de proximi-
utente de forma diferente do período anterior ao projeto. Apesar dade, com preocupações ao nível da capacitação das equipas
de sermos uma equipa pequena, fomos capazes de atrair o inte‑ técnicas e das opções metodológicas e operacionais de execução
resse por parte de outras entidades.» dos projetos, contribuiu decisivamente para que não só se supe-
(AVISO, PROJETO CUIDAR E NÃO SÓ) rassem expetativas como se deixasse capacidade instalada nas
organizações.
NA FLEXIBILIDADE E AJUSTAMENTO DE CRONOGRAMAS A adesão das organizações e dos seus profissionais a diferentes
E NA EXECUÇÃO FINANCEIRA abordagens, a novas perspetivas, foi essencial e permitiu rentabi-
lizar o conhecimento e desenvolver o potencial dos recursos téc-
A execução financeira dos projetos teve algumas alterações nicos disponíveis.
sobretudo decorrentes da impossibilidade de se realizarem
ações em grupo devido à pandemia, assim como viagens e des-
locações. A reafectação de verbas foi utilizada no reforço de
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«Gostaríamos de salientar a importância da forma como a NA VISIBILIDADE E A DISSEMINAÇÃO DOS PROJETOS
Fundação orientou e guiou este projeto, e que permitiu que o
mesmo fosse executado com sucesso. Todas as ações levadas Aos profissionais envolvidos na execução dos projetos foi suge-
a cabo como reuniões de acompanhamento, sessões infor- rida a realização de sessões públicas nas regiões de implementa-
mativas, sessões de partilha de experiências foram cruciais ção das atividades, para apresentação de resultados e de mostra
e ajudaram‑nos a estar mais informados, tomar as melhores de atividades desenvolvidas. É relevante mostrar o que foi feito e
decisões e criar importantes parcerias.» demonstrar resultados, dar visibilidade aos profissionais e às enti-
(FRAUNHOFER, PROJETO IMPACTO A LONGO PRAZO DO USO DAS NOVAS dades promotoras, e criar a oportunidade para angariar clientes
TECNOLOGIAS NO COMBATE AO ISOLAMENTO DE PESSOAS MAIS VELHAS)
e financiamento.
«Não podemos deixar de referir que para além do financia- Para além do mais, a demonstração de resultados dos projetos
mento da FCG, este programa permitiu‑nos conhecer outras pode influenciar outras entidades, públicas e privadas, a desen-
instituições, o trabalho que desenvolve e como, outros pro- volver projetos/iniciativas congéneres, que promovam melhores
fissionais ligados a área do envelhecimento que nos propor- formas de envelhecer em casa e na comunidade, assim como
cionou adquirir conhecimentos e estratégias diferenciadas de novas e mais adequadas políticas públicas.
intervenção, fazendo‑nos refletir sobre vários aspetos na nossa Todos os projetos promoveram Seminários/Encontros/Conferên-
forma de agir e fez‑nos crescer enquanto instituição, abriu‑nos cias que tiveram a colaboração dos parceiros e da Fundação, na
horizontes para outros apoios e candidaturas futuras.» conceção e participação.
(AVISO, PROJETO CUIDAR E NÃO SÓ)
A partilha de experiências havida no Encontro de Projetos reali- «Este projeto surge da necessidade identificada pelos parceiros
zado na fase inicial de implementação dos projetos favoreceu a sociais enquadrado no PEES Amadora e a sua implementação
criação de sinergias e de parcerias entre alguns projetos (ex. da trouxe para a ordem do dia a discussão pública sobre o envelhe‑
Fraunhofer com o Centro Social Padre José Coelho). cimento na comunidade de pessoas com demência.»
(CÂMARA MUNICIPAL DA AMADORA/AFID, CAPACITAR PARA CUIDAR)
24
os integração de cuid
envelhecimento na comunidade colaboração
dizagem articulação
recursos partilhados integração de cuidadoss
autonomia aprendizagem redes locais saúde
de privado transform
complementaridade mudança transformação
social serviço de apoio domiciliário integrado
egração de serviços pú
bem-estar articulação público intergeracional
2. CONQUISTAS
E CONSTRANGIMENTOS NA
IMPLEMENTAÇÃO DOS PROJETOS
Inevitavelmente, a crise pandémica que se instalou no nosso país «Os problemas de perda de memória dos beneficiários prejudi‑
em março de 2020 (quando os projetos promotores de envelheci- cam a evolução, é frequente a repetição de conteúdos das ses‑
mento na comunidade tinham sido aprovados no final de 2019), sões por já não se lembrarem do que aprenderam nas sessões
foi o maior constrangimento que estes projetos tiveram e as suas anteriores.»
equipas técnicas referenciam. (CENTRO SOCIAL PADRE JOSÉ COELHO, PROJETO OL@)
26
«os confinamentos prejudicaram o tecer das relações e que‑ «Durante pelo menos meio ano a atividade do Clube Sénior esteve
brou rotinas, voltou a colocar os mais velhos fechados em casa, em pausa, presencialmente, devido às restrições impostas pela
embora nos tenhamos reinventado para combater a solidão, a Covid‑19.»
depressão e o medo.» (MUNICÍPIO DE MAÇÃO, PROJETO +ATIVIDADE, ‑ SOLIDÃO).
«Fruto da interrupção aquando do confinamento obrigatório «A pandemia influenciou de forma negativa o desenvolvimento das
(março 2020 a março 2022) e na impossibilidade de prologar‑ atividades do projeto, por restrição do tempo afeto ao projeto e
mos o projeto para 2024, a natureza do projeto viu‑se desvirtu‑ cessação de atividade presencial. As atividades chegaram mesmo
ada e ficámos muito aquém do número de festividades e ativi‑ a ser suspensas sendo posteriormente retomadas faseadamente.
dades previstas. Na reabertura paulatina dos contactos houve Foi possível o retomar da grande maioria das atividades existen‑
que vencer o medo e a perda de algumas pessoas (por morte ou tes antes da pandemia, adaptamos a um formato híbrido para
doença) e não conseguimos criar uma reflexão e debate profundo contemplar também os cuidadores que têm mais disponibilidade
e participado sobre a saúde mental.» on‑line. Garantindo assim que o projeto alcance o maior número
(ALSUD, PROJETO HÁ FESTA NO MONTE) de cuidadores informais interessados.»
(ACES LOURES/ODIVELAS, PROJETO ESPAÇO DO CUIDADOR)
27
Assim sendo, as entidades promotoras e os seus profissionais e centramos as mesmas nas pessoas/comunidade de forma mais
foram obrigados individual, tentando minimizar o isolamento social da população
idosa. Com a reformulação das atividades, conseguimos chegar
a reformular e adaptar os conteúdos programáticos dos pro- aos seguintes dados: 100 pessoas, residentes em 16 localidades
jetos, a introduzir estratégias alternativas, a alterar cronogra- têm acesso a atividades de grupo/presenciais no atelier «Arte
mas e adiar atividades. em Movimento»; 140 pessoas, residentes em 61 localidades têm
acesso à leitura através da requisição de livros, jornais, filmes, etc.;
«No período pré‑pandemia estavam identificadas pessoas idosas 46 utentes do Serviço Apoio Domiciliário, residentes em 14 locali‑
independentes e utentes de Centros de Dia. Após o isolamento dades têm acesso a atividades de animação no domicílio».
decorrente da pandemia, a opção foi recorrer exclusivamente a (SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE MÉRTOLA, PROJETO LUDOTECA ITINERANTE)
«Durante o confinamento sentiu‑se a necessidade de chegar aos «Todas as sessões do OL@ eram realizadas em contexto domici-
idosos de outra maneira. Foram entregues 360 cadernos e 360 liário e individualmente o que resultou num espaçamento entre
jogos, de maneira a colmatar o isolamento dos idosos.» sessões que dificultou a aprendizagem dos utentes e também a
(MUNICÍPIO DE MAÇÃO, PROJETO +ATIVIDADE, ‑ SOLIDÃO) motivação. Um dos constrangimentos normais nas valências com
idosos é a rotatividade do grupo por motivo de integração em
«A situação pandémica e que ainda não terminou, colocou as lar ou por morte.. Patologias como a Demência, que provocava
organizações/instituições e projetos em tempos muito difíceis. Na esquecimentos frequentes dificultavam a evolução das sessões.»
tentativa de ultrapassar esta situação, reformulamos as atividades (CENTRO SOCIAL PE JOSÉ COELHO, PROJETO OL@)
28
a optar por fazer as sessões através de plataformas digitais, E se as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) já esta-
sempre que possível. vam previstas para facilitar a comunicação entre as equipas e as
pessoas idosas, com a pandemia tornaram‑se um recurso inesti-
«A formação foi realizada online devido à pandemia por covid 19, mável para assegurar a monitorização dos parâmetros de saúde
levando ao distanciamento entre os participantes e a uma menor à distância, para a comunicação e desenvolvimento das sessões
envolvência em algumas situações de aprendizagem. Também de estimulação da motricidade, das atividades de estimulação
algumas instituições tiveram dificuldade em promover o uso de cognitiva e sensorial, que muito contribuíram para a preservação
novas tecnologias (participantes com pouca literacia digital). das capacidades das pessoas idosas.
Alguns conteúdos mais práticos foram mais difíceis de lecionar e
levaram a toda uma reformulação do plano de ação.» a reforçar a utilização dos meios tecnológicos e a promover a
literacia digital, e a dar ainda maior relevância ao papel das
«Nas instituições, as equipas e chefias estavam bastante focadas soluções tecnológicas no combate à solidão e ao isolamento
na pandemia, com equipas a trabalhar reduzidas, em espelho, não desejados.
o que gerou remarcações e adaptações do cronograma previsto
inicialmente. As ações de consultoria foram prolongadas e refor‑ «Apesar do COVID-19 ter sido um constrangimento, a verdade é
muladas para formação no terreno devido a todos estes cons‑ que também se tornou um aspeto positivo. Positivo porque do dia
trangimentos.» para a noite, o uso da internet e das novas tecnologias passaram
(CÂMARA MUNICIPAL DA AMADORA/FUNDAÇÃO AFID, a ser fundamentais tanto para combater o isolamento (falar com
PROJETO CAPACITAR PARA CUIDAR)
familiares e amigos), para entretenimento (aulas de ginástica,
jogos) assim como o acesso a serviços como marcação de consul‑
tas médicas, marcação da vacina, home banking, etc.»
(CENTRO SOCIAL PE JOSÉ COELHO, PROJETO OL@)
29
«O uso das novas tecnologias: Associadas ao treino cognitivo é Cada vez mais o recurso às soluções tecnológicas é uma reali-
uma metodologia importante para potencializar as funções cog‑ dade. «Importa promover a sua utilização entre os seniores por-
nitivas e favorecer a integração social dos idosos. Contribuem tugueses, sobretudo entre as mulheres idosas (…) que manifestam
para a diminuição da solidão e para o aumento da qualidade de níveis mais baixos de interesse pelas tecnologias da informação e
vida e do bem‑estar social da população sénior. Assim e dado da comunicação. Este resultado exige (…) que estejamos atentos
que a utilização das Novas Tecnologias assume um papel pre‑ ao género da inclusão/exclusão digital nesta fase do ciclo da vida
ponderante para a atual Sociedade de Informação, ressalta‑se a humana.»8
relevância que as Redes Sociais têm na atualidade, sendo consi‑
deradas como uma mais‑valia para a população sénior, nomea‑ a adotar diferentes modelos/estratégias de avaliação.
damente em termos de promoção do contacto dos idosos com os
seus familiares e amigos. Este facto contribui para que situações «O objetivo de utilizar smartphones e a aplicação SmartCompa‑
de isolamento geográfico e social sejam colmatadas.» nion não foi cumprido na sua totalidade, dada a desmotivação
dos participantes em utilizar uma aplicação para monitorização
«Foi uma aprendizagem, e que aprendizagem esta… todos de atividade física numa altura de confinamento. Também não foi
eles, à sua maneira, deixaram a sua marca e fizeram com que possível avaliar de forma quantitativa o real impacto do uso da
reforcemos a ideia que nunca é tarde para aprender. Apesar das tecnologia por pessoas mais velhas uma vez que apenas nos foi
dificuldades serem muitas nunca desistiram do seu caminho e possível realizar as sessões de avaliação inicial, dada a necessi‑
hoje estão pessoas mais capazes de lidar com o mundo digital. dade da sua adaptação a contexto remoto.»
(CENTRO SOCIAL PADRE JOSÉ COELHO, PROJETO OL@) (FRAUNHOFER, PROJETO IMPACTO A LONGO PRAZO DO USO DAS NOVAS
TECNOLOGIAS NO COMBATE AO ISOLAMENTO DE PESSOAS MAIS VELHAS)
8
Dias, Isabel, Tecnologias digitais – um meio de inclusão sociodigital in Sociologia, Problemas e
Práticas, n.º 68, 2012, p. 51‑77
30
a acomodar a equipa aos recursos disponíveis – o caso do «Continuam a ser sinalizados utentes de áreas geográficas dis‑
voluntariado e o limite da capacidade instalada – tiveram de tintas, fora da zona de intervenção da Associação Mais Proxi‑
assumir as atividades que estavam pensadas para os volun- midade, impossibilitando uma resposta imediata por falta de
tários, pela dificuldade de os angariarem e não é possível dar recursos. Nestas situações, a Associação tenta, sempre que pos‑
resposta a beneficiários de outras zonas. sível, reencaminhar as pessoas para outras respostas que vão ao
encontro das suas necessidades.»
A pandemia trouxe desafios acrescidos também ao nível da (ASSOCIAÇÃO MAIS PROXIMIDADE, PROJETO REGRESSO A CASA)
31
«Na retoma, a perda de motoristas profissionais do Município,
tornou difícil a mobilidade/transportes entre polos e entre ativi‑
dades/festas/ensaios.»
(ALSUD, HÁ FESTA NO MONTE)
32
3. OS IMPACTOS DOS PROJETOS
VISTOS PELA LENTE DOS
BENEFICIÁRIOS E DOS
PROFISSIONAIS
Ao longo da monitorização mais formal dos projetos, através do Diminuiu o isolamento e o sentimento de solidão indesejada.
report semestral, e em contexto das reuniões e dos encontros
havidos ao longo dos anos, foram‑se sentindo os efeitos dos pro- A melhoria do bem‑estar percecionado e a efetiva redução do
jetos nas dinâmicas dos profissionais, nos comportamentos e na sentimento de isolamento e solidão é dos outputs mais referidos
adesão/participação das pessoas idosas. quer pelas equipas técnicas dos projetos quer pelos próprios
beneficiários.
A Ludoteca Itinerante tem como objetivo
«Promover o envelhecimento ativo, criando condições para a pro‑ «Os idosos dizem que o Abraço Amigo contribuiu extremamente
moção da saúde, participação e integração nas atividades/vida para o seu bem‑estar, humor e, diminuição do isolamento e senti‑
da comunidade, adaptando as estruturas e serviços, melhorando mento de solidão; os voluntários consideram que o Abraço Amigo
a qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem (…) contribuiu sobretudo para a promoção das dimensões relaciona‑
De uma maneira geral, podemos afirmar que as nossas ativida‑ das com bem‑estar psicológico dos idosos.»
des vão ao encontro das necessidades e desejos dos beneficiários (GAS PORTO, PROJETO ABRAÇO AMIGO)
do projeto.»
(SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE MÉRTOLA, PROJETO LUDOTECA ITINERANTE) «tem permitido diminuir o sentimento de solidão e isolamento,
aumentar a segurança e sentimento de autoestima, melhorar a
qualidade de vida e monitorizar a saúde de cada utente, con‑
forme a avaliação de impacto e satisfação realizada e descrita
nos indicadores qualitativos.»
(MAIS PROXIMIDADE, PROJETO REGRESSO A CASA)
33
«A necessidade de empoderar as pessoas mais velhas, de forma «Sendo os problemas o isolamento social nas aldeias, a sua dis‑
a viverem saudáveis e felizes nas suas casas, retardando pelo persão e má conexão, a desvalorização da cultural local e a falta
maior período de tempo a institucionalização foi o que originou o de vitalidade cultural para um envelhecimento na comunidade
projeto. Com as características rurais (fraca rede de transportes, com qualidade, a proposta era valorizar as aldeias e os seus
pouca mobilidade, falta de informação), o isolamento e solidão espaços e pessoas, através da sociabilidade coletiva da festa,
seriam certos. Com a pandemia, este isolamento foi universal. mobilizando os conhecimentos das pessoas e reforçando a vinda
Neste momento, apesar do COVID, da ruralidade e de todos os de outros à aldeia. Fizeram‑se menos festividades, mas as que se
fatores, há 221 seniores que frequentam as atividades na sua fre‑ fizeram responderam. No período em que estas estiveram impedi‑
guesia, participam na vida da comunidade, saem da zona de con‑ das, criaram-se outras atividades nas quais os seniores tiveram o
forto, divertem‑se, convivem e são certamente mais felizes. Sendo mesmo papel participativo e ativo, mas com grupos mais peque‑
mais felizes, terão mais saúde. Tendo mais saúde, prolonga‑se a nos e ao ar livre e que deixaram frutos para continuidade.»
sua vida, em casa, com qualidade!» (ALSUD, PROJETO HÁ FESTA NO MONTE)
34
«o projeto Abraço Amigo acompanhou um total de 109 pessoas nas ações comunitárias e conjuntamente com as iniciativas da
com mais de 60 anos em situação de isolamento ou solidão, com Cooperativa.»
inexistente ou insuficiente retaguarda familiar, com parca rede de (COOPERATIVA OPERÁRIA PORTALEGRENSE, PROJETO ENTRE TEMPOS).
«o envolvimento dos mais velhos nas atividades tornaram‑se «Ao conhecimento dos mais velhos juntámos os conhecimentos
antídotos à solidão e ao isolamento. Reforçámos as relações dos mais novos e, como resultado, surge o livro de receitas tradi‑
interpessoais e psicossociais dos beneficiários, além disso o seu cionais «Sabores e Saberes com Memória». Mais do que um sim‑
envolvimento direto motiva‑os a serem criativos e participativos ples livro de receitas, este pretende ser a memória de um trabalho
35
desenvolvido entre duas gerações diferentes, que partilham os Os beneficiários referem «muita satisfação e gratidão pela expe‑
mesmos gostos pela natureza e pela culinária, conjugando esta riência».
última com hábitos de alimentação saudáveis como a redução do (SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE MARCO DE CANAVESES, PROJETO SMS+GREEN CARE)
36
«Consideramos que estamos a contribuir para o envelhecimento Melhorou a saúde física e mental das pessoas idosas.
ativo, saudável em comunidade, junto dos seus, das suas coisas e
das suas gentes.» «Foi possível verificar que existiram melhorias relativamente aos
(COOPERATIVA OPERÁRIA PORTALEGRENSE) resultados do mini mental. No início do projeto o número de par‑
ticipantes com défice cognitivo era ligeiramente superior. A maior
«Foi possível reforçar contactos, redes relacionais, promover a parte das pessoas 4 conseguiram manter o seu score. Consegui‑
alimentação saudável (redução do sal e do açúcar) e dotar de mos perceber melhorias significativas ao nível da orientação.»
conhecimentos e aprendizagens sobre a saúde física e mental. (CENTRO SOCIAL PADRE JOSÉ COELHO, PROJETO OL@)
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«O projeto veio alterar a rotina diária dos participantes, incutindo «surgiram novas dinâmicas, novas rotinas nas comunidades
novos hábitos, desafios constantes, proporcionando experiências rurais, o fortalecimento de competências na resolução de proble‑
inovadoras em diversos níveis. «Valorizou as suas competências mas da vida diária, inter‑relacionamento e espírito comunitário,
e capacidades» que muitos já acreditavam serem só «incompe‑ bem como o reconhecimento da sua experiência de vida e valo‑
tência» e «incapacidade». «Foi motivador e valorativo ao nível rização dos seus conhecimentos, principalmente nas tradições
pessoal, cognitivo, social e sobretudo proporcionou‑lhes um pro‑ locais.
pósito diário e objetivos na vida». (MUNICÍPIO DE BOTICAS, PROJETO RECORDAR É VIVER)
38
«Na atividade Formar para Cuidar, dirigida a Ajudantes de Ação «O projeto preparou os profissionais a terem uma organização no
Direta (AAD), foram abrangidas as 9 IPSS da área de influên‑ trabalho e nas metodologias centradas nas pessoas com demên‑
cia do projeto, com as respostas de Serviço de Apoio Domiciliá‑ cia. Embora algumas Instituições visitadas na consultoria ainda
rio, Centro de Dia e Estrutura Residencial para Pessoas Idosas. não tivessem realizado um trabalho de reorganização de meto‑
Realizaram‑se 25 sessões em que participaram 337 profissionais, dologias e capacitação de todos os intervenientes, as pessoas
ajudantes de ação direta.» envolvidas ficaram com conhecimento para implementarem no
trabalho e ficaram munidas de material de neuro‑estimulação.
«Nos Webinares temáticos (sobre o estatuto do cuidador infor‑ Assim, foi promovida a sustentabilidade do projeto.»
mal, o regime do maior acompanhado, a pessoa com ELA e a
alimentação) participaram 565 profissionais.» «Através dos vídeos educativos, distribuição de flyers e da psico‑
(ACES LOURES/ODIVELAS, PROJETO ESPAÇO DO CUIDADOR) educação foi possível aumentar o conhecimento/educação em
saúde e no ato de cuidar. A criação de vídeos não só possibilitou
«O projeto Capacitar para cuidar apetrechou os profissionais de este aumento de conhecimento/competências, como se mostrou
14 IPSS do concelho da Amadora de recursos técnicos e mate‑ uma ferramenta útil, a longo prazo, pela simplicidade de aceder
riais na área das demências». sempre que surgem dúvidas.»
«Algumas instituições criaram momentos de atividades de esti‑ «Os cuidadores indicaram ter obtido maior conhecimento sobre
mulação cognitiva com os beneficiários. Consideramos que o patologias; aumento das competências para o ato de cuidar e
projeto respondeu ao problema, mas não foi suficiente face aos a facilidade em aceder à informação disponibilizada. Por outro
desafios que se colocam ao envelhecimento na comunidade de lado, a facilidade de comunicação com a equipa técnica permitiu
seniores com demência.» esclarecer dúvidas ou pedir ajuda sempre que necessário e con‑
(CÂMARA MUNICIPAL DA AMADORA/FUNDAÇÃO AFID, veniente.»
PROJETO CAPACITAR PARA CUIDAR)
(SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE MARCO DE CANAVESES, PROJETO SMS+GREEN CARE)
39
«Não tendo sido um dos objetivos iniciais do projeto, o envolvi‑ A Associação AVISO promoveu uma ação de formação sobre
mento dos cuidadores formais no processo revelou‑se uma mais quedas dos idosos para cuidadores e profissionais que «teve uma
‑valia não só pela ajuda prestada, mas também pela partilha de componente destinada aos idosos, onde fomos a casa dos nossos
conhecimentos com os investigadores. Esta interação teve como utentes sinalizar, juntamente com eles, os obstáculos que podem
resultado uma intervenção mais informada, estruturada e perso‑ originar quedas, sensibilizando‑os para a remoção dos mesmos.»
nalizada e facilitou a execução das sessões de avaliação.» (AVISO, PROJETO CUIDAR E NÃO SÓ)
«Mantém‑se a promoção de boas praticas e a capacitação das Os maiores impactos sentidos relacionam‑se com a melhoria da
Ajudantes de Apoio Domiciliário das IPSS locais e garantindo a qualidade dos serviços prestados a pessoas com demência apoia-
articulação de proximidade entre as instituições». das em SAD ou em Centro de dia. Alguns serviços adotaram o
modelo centrado nas pessoas com demência. O reforço de equi-
«Pretende‑se manter a oferta de serviços (…) para o cuidador pas e de pessoas especializadas tem impactos presentes e futuros
informal e formal e manter a participação em eventos científicos e na prestação de serviços com qualidade e dignidade às pessoas
outros, também como forma de promover a necessidade de com‑ que vivem com demência. O aumento da variedade de atividades
plementaridade entre o social e a área da saúde nas respostas e materiais, vem também promover um impacto ao nível do bem
integradas que permitem manter a pessoa cuidada na sua casa ‑estar das pessoas idosas que passaram a ter mais atividades de
e na comunidade numa sociedade cada vez mais envelhecida.» estimulação cognitiva. Foi sentida uma maior sensibilização das
instituições para elaboração de candidaturas com projetos que
«Encontra‑se em elaboração um Guia prático de gestão de risco visem a melhoria da qualidade de vida dos idosos.
do utente em contexto domiciliário com o objetivo de promover a
literacia dos cuidadores sobre temas sensíveis de colocar em risco «A boa adesão à intervenção da terapeuta ocupacional que
a pessoa e o cuidador.» integrou a equipa do projeto Abraço Amigo cria dificuldades na
(ACES LOURES/ODIVELAS, PROJETO ESPAÇO DO CUIDADOR) gestão destes cuidados especializados, «pelo facto das necessi‑
dades serem superiores à capacidade de resposta.»
(GAS PORTO, PROJETO ABRAÇO AMIGO)
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«O Projeto Regresso a Casa desenvolveu o projeto através de «Foi feito forte investimento em deixar registos para o futuro,
«três linhas de intervenção: solidão e isolamento, saúde e bem no sentido de transferência de conhecimentos e saberes, imor‑
‑estar e qualidade de vida no domicílio.» talização das tradições – «R@ízes – estórias de envelhecimento
saudável»‑ o que trará uma despesa não prevista mas impres‑
Ultrapassadas as primeiras dificuldades na articulação com a cindível».
área da saúde, «a Associação Mais Proximidade celebrou parce‑
ria com 6 hospitais». Esta articulação era essencial para agili- «Novas formas de envelhecer «nasceram» pela mão do R@ízes.
zar os procedimentos associados à alta hospitalar de pessoas O financiamento possibilitou que as ideias que a equipa e dire‑
idosas que não tendo assegurado o apoio e acompanhamento ção tinham desde 2012 passassem à ação! Todas estas novas
depois da alta viam prolongada a sua estadia em meio hospi- estratégias, resultaram num aumento da autoestima, diminuição
talar, com os riscos que lhe estão associados. do isolamento, ganhos em saúde, viver a maior longevidade com
(ASSOCIAÇÃO MAIS PROXIMIDADE, PROJETO REGRESSO A CASA) qualidade e retardamento da institucionalização! A Valoriza tem
investido financeira e tecnicamente no projeto porque acredita
Mudou a dinâmica interna e empoderou as organizações. que este modelo de intervenção é o ideal para Amares e territórios
sociologicamente semelhantes. Não iremos parar porque há cen‑
A equipa assegura formação quinzenal para voluntários e orga- tenas de pessoas que acreditam neste projeto e reconhecem que,
niza sessões de formação temáticas – como é o caso da sessão efetivamente mudou vidas e o próprio conceito de SER IDOSO!»
«Prevenção de Quedas» com a terapeuta ocupacional e «Perdas (VALORIZA, PROJETO R@ÍZES)
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«Continuamos satisfeitos com os resultados e isso é visível pela O projeto Ol@ do Centro Social Padre José Coelho «recebeu
dinâmica que vamos tendo e o interesse quer pela comunidade o selo de validado e integra a Plataforma da Rede das Cidades
em geral, quer pela academia» Amigas das Pessoas Idosas».
(AVISO, PROJETO CUIDAR E NÃO SÓ)
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As entidades promotoras e parceiras uniram esforços e renta- O projeto Entre Tempos tem articulação com a bolsa de volun-
bilizaram recursos e aprendizagens. tariado do Instituto Politécnico de Portalegre.
«Foram reforçadas as próprias competências da equipa do pro‑ O reforço da equipa do projeto com um profissional da área
jeto, na implementação de projetos longitudinais, investigação da animação sociocultural e outro para disseminação e comu-
por via remota, perceber a necessidade de se terem melhores nicação foi determinante para a divulgação e suporte às ati-
ferramentas para recolha de dados em estudos desta natureza.» vidades.
(COOPERATIVA OPERÁRIA PORTALEGRENSE, PROJETO ENTRE TEMPOS)
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«o projeto continua a ser uma resposta diferenciada, necessária Da avaliação acerca da formação pelos participantes «a
e deveria ser replicada por mais instituições, de forma a abran‑ formação foi bem estruturada, correspondeu às expetativas, os
ger mais utentes na mesma situação, ou seja, pessoas ainda com conteúdos foram adequados e muito relevantes. Os formandos
autonomia para estar em casa, mas com necessidades de suporte sentiram‑se valorizados e motivados para melhorarem a sua
nas diversas áreas. Temos uma articulação muita boa com a área prestação de cuidados às pessoas idosas com demência.»
da saúde, somos reconhecidos por sermos pessoas de referência (CÂMARA MUNICIPAL DA AMADORA/FUNDAÇÃO AFID,
PROJETO CAPACITAR PARA CUIDAR)
para muitos utentes.»
(AVISO, PROJETO CUIDAR E NÃO SÓ)
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«Do estudo de avaliação do impacto do projeto R@ízes nos bene‑ «Grau de satisfação dos beneficiários do projeto: 99,85%.
ficiários, que a própria equipa do projeto desenvolveu através da (MUNICÍPIO DE BOTICAS, PROJETO RECORDAR É VIVER)
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4. APRENDIZAGENS
E RECOMENDAÇÕES PARA
A CONCEÇÃO, PROMOÇÃO
E IMPLEMENTAÇÃO
DE FUTUROS PROJETOS
O financiamento é apenas uma das componentes, há outros É relevante o envolvimento dos cuidadores, são atores impres-
recursos igualmente essenciais e que sem mais custos se cindíveis pelo conhecimento que têm e pela continuidade na
podem assegurar. prestação de cuidados.
É imprescindível dedicar mais tempo no apoio e acompa- É essencial envolver os parceiros locais relevantes para os
nhamento dos projetos para que se atinjam os objetivos e os projetos, não só podem assegurar a sustentabilidade presente
impactos pretendidos. como a futura.
É preciso dar tempo para se agilizar a articulação entre as A apresentação dos projetos nos Conselhos Locais de Ação
entidades parceiras e para a adesão dos beneficiários às ati- Social (CLAS) e outras redes locais contribui para a articula-
vidades propostas. ção entre as várias intervenções em curso nos mesmos contex-
A promoção de encontros entre as equipas dos vários projetos tos e a rentabilização dos recursos existentes no território.
de uma iniciativa, a criação de uma comunidade de prática para As atividades intergeracionais são muito valorizadas e contri-
partilha de experiências, pode alavancar resultados e impactos. buem para a coesão social e a solidariedade entre as gera-
O modo como se acompanham os projetos (os profissionais e ções e o combate ao estigma e discriminação. É de promover
as organizações) faz toda a diferença no presente e no futuro. este tipo de atividades com interesses comuns entre pessoas
Não se podem implementar projetos apenas numa base de de várias idades.
voluntariado. Os projetos que já desenvolveram a sua fase piloto, que têm a
É fundamental envolver os beneficiários nas várias fases dos metodologia inovadora testada e validada estarão em condi-
projetos, dar‑lhes voz e assegurar que as atividades vão ao ções para serem implementados noutros territórios, desde que
encontro das suas reais necessidades. ajustados aos diferentes contextos.
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COORDENAÇÃO EDITORIAL
Anabela Salgueiro
PRODUÇÃO DE CONTEÚDOS
Anabela Salgueiro e António M. Fonseca
ACOMPANHAMENTO TÉCNICO DOS PROJETOS
António M. Fonseca
Citações extraídas dos relatórios
de monitorização dos projetos
DESIGN GRÁFICO
TVM Designers
ISBN 978-989-8380-42-5
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