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COLÉGIO ESTADUAL BALTAZAR CARNEIRO

3º ano do Curso Normal Turma: CN3001


Componente Curricular: FTMLEI Data: 04/03/2024
Professor (a): Thiago da Mota Ferreira Silva
Professorando (a): __________________________________________________________

CONCEPÇÕES NORTEADOREAS DO TRABALHO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A compreensão da relevância da função pedagógica na Educação Infantil é recente. Durante grande


parte da história da infância, a prática de atender as crianças era despretensiosa, ou seja, bastava um local
onde a criança pudesse estar sob os olhares de um adulto.
À medida que a Educação Infantil passa a ser objeto de pesquisas e avança na constituição de um
arcabouço teórico, é respaldada pela obrigatoriedade de formação específica de professor para efetivar uma
prática intencionalmente pedagógica.
A BNCC reafirma a intencionalidade educativa que direciona o trabalho pedagógico na Educação
Infantil, ou seja, a reflexão que embasa a intenção do professor e a sua concretização na prática planejada.
Essa intencionalidade se pauta nos pressupostos próprios desta etapa e, principalmente, na ciência de que a
criança é partícipe da sua educação.
Como cita a BNCC: Essa intencionalidade consiste na organização e proposição, pelo educador, de
experiências que permitam às crianças conhecer a si e ao outro e de conhecer e compreender as relações
com a natureza, com a cultura e com a produção científica, que se traduzem nas práticas de cuidados
pessoais (alimentar-se, vestir-se, higienizar-se), nas brincadeiras, nas experimentações com materiais
variados, na aproximação com a literatura e no encontro com as pessoas (BRASIL, 2017, p. 36).
Um dos princípios postos na legislação para a Educação Infantil é o cuidar e o educar, e o brincar em
um processo de interação. Essa relação que é indissociável, exige atenção aos momentos que permeiam o
cotidiano da Educação Infantil, ricos de vivências e experiências. O professor precisa, nesse contexto,
“refletir, selecionar, organizar, planejar, mediar e monitorar o conjunto das práticas e interações, garantindo a
pluralidade de situações que promovam o desenvolvimento pleno das crianças” (BRASIL, 2017, p. 36).
As transformações que ocorrem na vida das crianças durante a Educação Infantil são intensas e
rápidas. Ao planejar, o professor precisa dedicar especial atenção à sua mediação nas aprendizagens e
desenvolvimento, observando que as transformações podem ocorrer de diferentes formas e tempos.
A criança conhece e expressa seu “mundo” por meio das interações e brincadeiras. Ela organiza seu
pensamento e se comunica, o que aponta a importância da atenção a essa expressão própria da infância,
pois, ao mesmo tempo em que o professor é um observador atento e conhece sua criança acompanhando e
analisando o processo de desenvolvimento, também pode direcionar sua ação por meio de novas
brincadeiras, que oportunizem situações de desenvolvimento e aprendizagem (OLIVEIRA, 2010).
Há muitas situações que merecem atenção do professor no planejamento de suas ações na educação
infantil, como: a organização dos espaços e do tempo, a igualdade nas relações e o respeito às diferenças, a
relação e parceria com as famílias e o direito da criança à infância, entre outras.
A definição do conceito de criança só é possível quando permeada pela reflexão acerca da concepção
de infância e sua construção histórica. Assim para compreender a criança enquanto sujeito histórico, é
fundamental pensá-la inserida em práticas sociais de infância, histórica e socialmente determinada.
Ao aprofundar esse entendimento, percebe-se diferenças de concepções. Em resumo, na Idade Média
a criança era vista como mini adulto, compartilhando suas vestimentas e até mesmo suas tarefas. Mais tarde,
nos séculos XVI e XVII a infância passa a ser apenas uma etapa de vida que diferencia a criança do adulto.
Com o advento das reformas religiosas, a infância passa a ganhar maior atenção, e algumas questões, como
a afetividade e sua importância no desenvolvimento infantil, passam a ser consideradas (ARIÈS, 1978).
Na mesma linha de pensamento, no século XX, ainda com bases religiosas, caberia a família, a Igreja
e a sociedade a formação moral da criança, direcionando-a no caminho do bem (OLIVEIRA, 2010). Mais
tarde, com todo o processo de abertura política e redemocratização vivido no Brasil, a infância passa ser vista
com mais atenção, o que significa que a criança passa ser considerada um ser histórico e cultural,
pertencente a sociedade e portadora de direitos e deveres (OLIVEIRA, 2002).
De acordo com Leontiev apud Paraná, (2015, p. 31), "... o homem é um ser de natureza social, que
tudo o que tem de humano nele provém da sua vida em sociedade, no seio da cultura criada pela
humanidade”. A criança se apropria das qualidades humanas na medida em que se relaciona com os outros e
com a cultura. Portanto, é fundamental a relação da criança com os outros, com a natureza e com a cultura
acumulada historicamente pela humanidade.
Assim, é necessário compreender a criança enquanto sujeito ativo que se desenvolve continuamente,
à medida em que estabelece relações sociais nas quais há a apropriação de conhecimentos pertencentes ao
patrimônio cultural. Dentro deste contexto, o papel da Educação se constitui fundamental, uma vez que neste
espaço há o ensino intencional de saberes e conhecimentos que promovem o desenvolvimento humano.
Segundo Kramer (2007) esta concepção ganha força com a elaboração de alguns documentos que
acentuam os direitos da criança cidadã, como Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8069/1990, a
nova LDBEN, Lei nº 9394/96, o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil e mais tarde com as
DCNEIs que em seu artigo 4º indica a necessidade de entender-se a criança como: sujeito histórico e de
direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e
coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói
sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura (BRASIL, 2009, p. 1).
Portanto, ainda com muitos direitos a serem alcançados, não se pode negar avanços qualitativos na
Educação Infantil, onde a concepção de criança passa ser entendida como ser integral, vista em todos os
seus aspectos. Isso significa que a educação ofertada à criança, desde bebê, necessita ser intencional, com
espaços e recursos pedagógicos que promovam o desenvolvimento humano por meio de aprendizagens
significativas.
A Educação Infantil possui especificidades e a criança que frequenta essa etapa da Educação Básica,
deve ser respeitada a partir de suas manifestações de aprendizagem, que revelam o processo de
desenvolvimento, o qual, em cada período, tem marcos referenciais comuns, a depender das intervenções
educativas. Por isso que é importante assegurar práticas mediadoras entre os conhecimentos sistematizados
e os saberes cotidianos, considerando que as aprendizagens são dependentes da qualidade das mediações
oportunizadas pela comunicação, pela ação com os objetos e pelas brincadeiras.

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