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Patrimônio difícil:

um conceito incompleto?
Cristina Meneguello

H á um tempo, não raro, quando líamos um trabalho


sobre patrimônio – não importa o estágio de
desenvolvimento em que se encontrava – era
comum encontrar um desfile ritual de autores e definições que,
principalmente no século XX, disputaram as definições patrimoniais.
A partir da década de 1990, adicionou-se a esse desfile a afirmação
de que as políticas de patrimônio eram escolhas exclusivas a
partir do presente ou mesmo um “reluzir no momento do perigo”,
apropriando-se desajeitadamente da metáfora benjaminiana para
entender o conceito de patrimônio como definido pela perda, pela
ameaça, destruição e ruína em tempos acelerados ou presentistas.
Esse modelo viu-se repentinamente atropelado pelas urgências de
grupos organizados em luta por outras dimensões da memória,
e que trouxeram ao estudo do passado a dimensão decolonial,
a luta antirracista e a reconquista do direito à cidade e às suas
simbologias nos espaços públicos. As derrubadas de monumentos
ou interferências a eles aplicadas, as demandas por tombamento
e registros de memórias fora do establishment e as inaugurações de
monumentos críticos às ditaduras militares e a outros regimes de
exceção já não permitem uma narrativa cronológica em ritmo de
aceleração sobre os processos de patrimonialização. A demanda
por outros patrimônios introduziu um desconforto às narrativas
que protegiam o presente de todo e qualquer esquecimento e
reiterou a necessidade da encenação do apagamento de passados
que, se não devem ser esquecidos, tampouco devem ser lembrados
na chave da celebração.

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Patrimônio, Resistência e Direitos

Distanciamo-nos daquelas primeiras indagações sobre como


uma sociedade se lembra ou quais são os canais e os repositórios
da memória; ou mesmo sobre como o sistema de valores vigentes
domina a transição entre memória e história e autoriza que certos
eventos e aspectos do passado sejam incorporados na tradição.
O presente histórico, construído por sujeitos em disputa, fez da
negação do ocorrido um motor de rememoração.
Assim, pelo menos desde o final dos anos 1990, pesquisadores
e ativistas em patrimônio vêm utilizando a terminologia
“patrimônios difíceis” para se referir a rupturas e incômodos da
memória. Os patrimônios difíceis referem-se a locais associados
ao sofrimento, à exceção, encarceramento, segregação, punição
e morte. Como passados insepultos, tais locais mobilizam uma
dimensão além-morte, pois podem reunir a função de memorial
ou de local de peregrinação com a finalidade de rememoração
coletiva e de reconhecimento de direitos e de reparação, em
especial se ligados às políticas de memória e às leis memoriais com
o objetivo de evitar a ocultação dos fatos e a desacreditação das
vítimas, esclarecendo as sociedades sobre seu passado recente.1 O
patrimônio difícil, porém, não é uma terminologia autoevidente
e dialoga insatisfatoriamente, enquanto tradução, com os
conceitos de difficult heritage (patrimônio difícil), troublesome pasts
(passados problemáticos), heritage that hurts (patrimônio que fere,
conforme utilizado por Sather-Wagstaff),2 ou displaced heritages
(patrimônios deslocados ou fora de lugar). Ainda, o conceito de
contested heritage (patrimônio em disputa), começa a tomar vulto
com os estudos museais, que veem como objetos, arquiteturas
e locais têm suas narrativas e sentidos desafiados por novas
interpretações – em especial por grupos antes subalternos num
contexto colonialista. Coleções e itens, apropriados por grupos
específicos, obrigam ao debate sobre a posse por direito e sobre

1 MENEGUELLO, Cristina. Patrimônios difíceis (sombrios). CARVALHO,


Aline; MENEGUELLO, Cristina (org.). Dicionário Temático de Patrimônio. Campinas:
Ed. da Unicamp, 2020.
2 SATHER-WAGSTAFF, J. Heritage that hurts: Tourists in the memoryscapes of
September 11. Walnut Creek: LeftCoast Press. 2011

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os usos do patrimônio, abrindo caminho para a restituição ou


repatriação de bens retirados de seus locais de origem ao longo
dos séculos XIX e XX. Por fim, há o conceito de dark heritage,
que busquei traduzir alhures como patrimônio sombrio, por sua
dimensão quase literária de medo ou horror associada à visitação
turística a locais onde ocorreram guerras, massacres, genocídios
ou episódios de violência.3 O dark heritage, vinculado ao dark
tourism (turismo sombrio),4 é expressão que nos serve muito mal,
em especial por conferir sentidos negativos à palavra “negro”,
inadmissível num país de triste memória escravocrata e definido
pelo racismo estrutural como o Brasil.
Portanto, os patrimônios difíceis são polissêmicos e
multivocais. A polissemia indica, num primeiro momento, que o
debate é ainda por demais recente para estar com seu vocabulário
estabilizado; mas também indica que os termos escolhidos,
por vezes, não descrevem os mesmos fenômenos. Conforme a
definição proposta de Sharon Macdonald no livro em que estuda
o patrimônio arquitetônico nazista na cidade de Nuremberg,
Alemanha, o patrimônio difícil nos obriga a reconhecer, dentro
do presente, um passado significativo que é, ao mesmo tempo,
inadequado e impeditivo da reconciliação pública e proibitivo
para a afirmação de identidade como positiva e tranquilizadora.
Substituindo o conceito que usou inicialmente - “patrimônio
indesejável”5 - a autora observa que “o patrimônio difícil é
problemático porque ameaça irromper no presente de forma disruptiva,
ampliando as divisões sociais e antevendo futuros assustadores”.6
Tudo o que constituiu a matéria prima das narrativas nacionais
3 MENEGUELLO, Cristina. Patrimônios sombrios: memórias difíceis. In.:
FLORES, Maria Bernadete Ramos; PETERLE, Patricia. História e Arte: herança,
memória e patrimônio. São Paulo: Rafael Copetti Editor, 2014.
4 THOMAS, Suzie; HERVA, Vesa-Pekka [et al.]. Dark Heritage. In.: Encyclopedia of
Global Archaeology. Springer, Cham. 2019. Disponível em https://www.researchgate.net/
publication/336231156_Dark_Heritage [Acesso 1/ junho/2022]
5 MACDONALD, Sharon. Undesirable Heritage: Fascist Material Culture and
Historical Consciousness. Nuremberg International Journal of Heritage Studies, v. 12, n. 1,
2006
6 MACDONALD, Sharon. Difficult Heritage Negotiating the Nazi Past in Nuremberg
and Beyond. London: Routledge, 2008, tradução livre.

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Patrimônio, Resistência e Direitos

de celebração – a conquista de territórios, as guerras vitoriosas


sobre povos estrangeiros, o acúmulo de riquezas, transforma-se
em dilema pelas lentes do patrimônio difícil. As glórias nacionais
dão ensejo ao lamento e ao arrependimento e a empreitada
colonial, que acumulou feitos e riquezas nos museus e pontuou
as praças públicas com monumentos, vê-se como a geradora de
um patrimônio vergonhoso.7 “Os mais explícitos retratos do mundo
colonial agora repousam nos porões dos museus”.8
Quando Tunbridge e Ashworth, num texto sobre as relações
entre turismo e patrimônio, cunharam a metáfora musical de
dissonant heritage (patrimônio dissonante), expressaram algo que
identificaram como a natureza contestada inerente ao patrimônio:
se o patrimônio pertence a alguém, então necessariamente não
pertence a outro alguém. Os autores classificaram diferentes tipos
de dissonância, incluindo o que ocorre quando as autoridades
do turismo criam diferentes imagens para construir a ideia de
“patrimônio da atrocidade”. Nesse caso, a dissonância tem o
poder de evocar intensas emoções de forma a criar memórias
com efeitos a longo prazo sobre a identidade e a consciência
das pessoas.9 Um dos relatórios mais recentes de um dos muitos
grupos de trabalho da Unesco sobre os sítios de consciência ou
de memória (2018), vagamente baseado nas definições de Pierre
Nora, indica que
há lugares com aspectos memoriais relativos a conflitos e eventos
dramáticos, e sua interpretação levanta disputas e dificuldades,
especialmente em nível internacional, [como] locais de guerra (campos
de batalha, cemitérios de guerra); locais de violação aos Direitos
Humanos; discriminação (racial, étnica, religiosa, de gênero, contra
minorias); escravidão; crime contra a humanidade (genocídio); crimes
de guerra, assassinato em massa, limpeza étnica; migração forçada,
repressão colonial, trabalho forçado ou escravo, exploração do trabalho;
crimes cometidos em ditaduras, repressão à liberdade de expressão, terror
7 LOGAN, William; REEVES, Keir. Introduction : remembering places of pain
and shame. In.: Places of pain and shame: dealing with "difficult heritage”. Routledge,
Milton Park, England, 2009
8 MACDONALD, Sharon. Difficult Heritage Negotiating the Nazi Past in Nuremberg
and Beyond... Op. cit., p. 3.
9 ASHWORTH, G. J; TUNBRIDGE, J. E. Dissonant heritage: the management of
the past as a resource in conflict. Nova Jersey: John Wiley & Sons, 1996, p. 21.

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patrocinado pelo estado; condições extremas de detenção, internação e


encarceramento; locais de fuga ou de refugiados (“quilombos”, a rota
de fugas conhecida como US Underground Railroad, a casa de Anne
Frank); lugares que comemoram conquistas (como casas de ativistas
renomados, lugares de resistência, reconciliação e construção da paz) e
locais que registram a destruição deliberada do patrimônio (Maniyan,
Palmyra, Timbuktu, Mostar).10

A lista termina com um singelo “outros” e com uma


advertência:
há uma importante distinção prática entre lugares primariamente
reconhecidos como Lugares da Memória, nos quais a dimensão memorial
é dominante e de significado notável, mesmo quando os vestígios físicos
têm valores limitados (Gorée, Auschwitz, Hiroshima).11

Mas as tentativas de se nacionalizar as memórias de


grupos específicos ou de se transformar a dor destes grupos em
patrimônios da humanidade, apesar de seu fim pedagógico e
empático, nem sempre se realizam. De modo geral, o patrimônio
difícil não é consensual nem remete ao pertencimento; é na
fratura que se faz reconhecer, e a cura que propõe é incerta e
incompleta. Por outro lado, passados sufocados ligados à dor e
ao trauma não permanecem silenciados por muito tempo. Esses
“passados que não passam” acabam por retornar, ou porque os
eventos são recentes o suficiente para serem rememorados ou
ainda sentidos; ou porque indivíduos (ou, mais comumente,
grupos organizados) buscam a recordação pública daquilo que,
se esquecido, pode voltar a ocorrer. Desta percepção derivam
as demandas por reparação e exposição pública dos culpáveis,
questionando narrativas estáveis, positivando locais de vergonha
nacional por usos museográficos ou turísticos ou propondo
estratégias pedagógicas de interpretação do patrimônio (IP).

10 INTERNATIONAL COALITION OF SITES OF CONSCIENCE.


Interpretation of Sites of memory. Study commissioned by the World Heritage Centre of
UNESCO and funded by the Permanent Delegation of the Republic of Korea. January
31 – 2018
11 Ibidem.

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Patrimônio, Resistência e Direitos

No Brasil, alguns tipos de patrimônios difíceis têm


ganhado a atenção das pesquisas acadêmicas, de um lado, e dos
órgãos de preservação do patrimônio, de outro – fenômeno
comum, uma vez que, pela própria composição dos órgãos
estaduais e federais, os interesses acadêmicos pautem uma parte
importante das iniciativas da preservação ou nelas encontram a
fonte para suas pesquisas. Como observado quando do encontro
nacional do Grupo de Trabalho História e Patrimônio Cultura,
em 2020, as pesquisas em patrimônio difícil pertencem a um
amplo leque que inicia nas experiências sobre a escravidão no
país, passa pelos lugares de isolamento e exclusão e finaliza nos
espaços recentes ligados à ditadura civil-militar no Brasil. Nas
apresentações e debates do Simpósio Temático “Patrimônios
dissonantes, direitos e resistência”, organizado por mim e por
Daniela Pistorello, foi possível pensar o genocídio indígena, o
passado escravocrata, as memórias recentes ligadas à ditadura
militar e os espaços urbanos da segregação que ainda pontuam
as nossas cidades (asilos, sanatórios, prisões). Num momento em
que a sociedade brasileira se vê atravessada por revivescências
do negacionismo, do revisionismo e do racismo – e que em sala
de aula, os professores de história se veem confrontados em seu
conhecimento – as tensões mais comuns gravitam em torno das
experiências históricas da escravidão e do lugar de sujeito dos
escravizados e em torno nas narrativas atualizadas sobre o golpe
civil-militar de 1964 e o regime ditatorial então imposto ao país.
O estudo dos patrimônios difíceis põe à prova a invisibilidade de
grupos sociais excluídos, alijados em espaços de exclusão como
prisões e manicômios, bem como a invisibilidade de sua luta. As
tensões presentes no estudo de patrimônios difíceis no Brasil,
hoje, não seriam tão evidentes não fosse a política reacionária e o
discurso conservador que necessitam estar baseados num passado
ora escravista, ora patriarcal, ora ditatorial.
É preciso pontuar também que tais patrimônios não são difíceis
simplesmente por lidarem com memórias do trauma ou da dor, mas
porque as próprias práticas de reconhecimento e institucionalização dos
locais a eles associados não são consensuais dentro da sociedade.12
12 MENEGUELLO, Cristina; PISTORELLO, Daniela. Patrimônios difíceis e

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Por fim, é necessário evitar naturalizar esses espaços como


os únicos que possam esconder (ou revelar) dor ou sofrimento.
Acreditar nisso pode apagar a própria essência do patrimônio como
ponto de contestação da memória. Uma casa grande num engenho
do século XVII ou uma igreja barroca do XVIII não tem uma
dimensão de segregação e dor? Os patrimônios da dor não detêm o
privilégio das memórias traumáticas em relação ao passado, ainda
que neles a percepção da dor e da exclusão sejam entendidas como
preponderantes e definidas pelos usos ali ocorridos. A dimensão
imaterial é indissociável do patrimônio difícil, que compõe-se pela
experiência do sofrimento e pela memória do trauma.
As gradações de dissonância preconizadas por Ashworth e
Tunbridge voltam a ser necessárias. As memórias em disputa não
são todas iguais e equivalentes, ainda que não nos caiba uma “régua
da dor” para determinar quais devam ser patrimonializadas. Se os
patrimônios são difíceis, a pergunta cabível é: “difíceis para quem?”13
Para quem são difíceis os passeios “assombrados” pelas
ruas das cidades no Brasil – tendência que tem ganho cada vez
mais destaque dentro do turismo alternativo -, quando parte
importante dos locais que devem causar medo são os associados
às memórias da escravidão ou aos crimes contra as mulheres?
Para quem são difíceis as rememorações do encarceramento e da
tortura a cada tombamento de um espaço marcante da ditadura
civil-militar no Brasil? Para todos os sobreviventes ali detidos,
para os familiares dos que não sobreviveram, para os negacionistas
defensores da “ditabranda”, para o Estado que não cumpriu seu
papel de punição e reparação, para a sociedade brasileira como
um todo? Qual a potência, no espaço público, da substituição
das comemorações aos militares por monumentos aos mortos e
desaparecidos durante a ditadura militar, como os inaugurados
em Recife em 1993; Goiânia em 2004; Rio de Janeiro em 2008;
Maceió em 2011; Belo Horizonte em 2013; São Paulo em 2014 e
Salvador em 2015, entre outros?
ensino de história: uma complexa interação. Revista História Hoje, v.. 10, n. 19, p. 6-7,
2021.
13 ASHWORTH, G. J; TUNBRIDGE, J. E. Dissonant heritage... Op. cit.

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Patrimônio, Resistência e Direitos

Sabemos que o valor cultural é sempre uma atribuição e


que os bens não têm valores em si para além daqueles que lhes
são atribuídos. O patrimônio cultural é o modo possível de
afirmarmos que identificamos, no passado, os valores existentes,
as concepções de espaço, os princípios estéticos, a técnica, o
saber-fazer, as formas de trabalho, as expressões do coletivo, a
construção das identidades e as disputas sociais. São a medida
dos entrelaçamentos entre memória e história. Tais seleções - que
definem o que é importante para o coletivo - estão sujeitas aos
mesmos limites que definem a sociedade, em embates e interesses
diversos, lutas e silenciamentos.

Referências
ASHWORTH, G. J; TUNBRIDGE, J. E. Dissonant heritage: the
management of the past as a resource in conflict. Nova Jersey: John Wiley &
Sons, 1996.
INTERNATIONAL COALITION OF SITES OF CONSCIENCE.
Interpretation of Sites of memory. Study commissioned by the World Heritage
Centre of UNESCO and funded by the Permanent Delegation of the Republic
of Korea. January 31 – 2018
LOGAN, William; REEVES, Keir. Introduction : remembering places
of pain and shame. In.: Places of pain and shame: dealing with “difficult heritage”.
Routledge, Milton Park, England, 2009.
MACDONALD, Sharon. Difficult Heritage Negotiating the Nazi Past in
Nuremberg and Beyond. London: Routledge, 2008.
MACDONALD, Sharon. Undesirable Heritage: Fascist Material
Culture and Historical Consciousness. Nuremberg International Journal of
Heritage Studies, v. 12, n. 1, 2006
MENEGUELLO, Cristina. Patrimônios difíceis (sombrios).
CARVALHO, Aline; MENEGUELLO, Cristina (org.). Dicionário Temático de
Patrimônio. Campinas: Ed. da Unicamp, 2020.
MENEGUELLO, Cristina. Patrimônios sombrios: memórias difíceis.
In.: FLORES, Maria Bernadete Ramos; PETERLE, Patricia. História e Arte:
herança, memória e patrimônio. São Paulo: Rafael Copetti Editor, 2014.
MENEGUELLO, Cristina; PISTORELLO, Daniela. Patrimônios
difíceis e ensino de história: uma complexa interação. Revista História Hoje, v..
10, n. 19, 2021.

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SATHER-WAGSTAFF, J. Heritage that hurts: Tourists in the


memoryscapes of September 11. Walnut Creek: LeftCoast Press. 2011
THOMAS, Suzie; HERVA, Vesa-Pekka [et al.]. Dark Heritage. In.:
Encyclopedia of Global Archaeology. Springer, Cham. 2019. Disponível em
https://www.researchgate.net/publication/336231156_Dark_Heritage [Acesso
1/ junho/2022]

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