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O segundo estágio vem logo após esse debate inicial e as sentenças dos principais
oficiais nazistas, sendo esse período marcado pelo silêncio e esquecimento. Apoiada em
alguns estudiosos dos debates públicos sobre a lembrança do passado nazista na
Alemanha pós unificação, como Caroline Pearce, a autora aponta algumas razões para
essa falta de debate na agenda pública, quais eram: o principal desafio naquele momento
era consolidação democrática, a reconstrução da vida civil e o desejo de se evitar
renovações do nacionalismo, muitas políticas tiveram como base a noção do “silencio
saudável”, que fez com que o poder político incorporasse ao governo antigos apoiadores
do nazismo, sendo que a democracia só foi possível por ter tido sua inauguração em um
período de silêncio sobre os crimes do passado nazista e que foi reforçada pelo início da
Guerra Fria.
O terceiro estágio tem início nos anos de 1960, quando surgem novas
preocupações e mesmo não obtendo grandes impactos, foi um período de transição que
despertou uma memória. Quando os julgamentos de Otto Adolf Eichmann em 1961 e a
segunda parte de Auschwitz em Frankfurt em 1963, foram realizados tiveram impactos
políticos e sociais, já que esses eventos forneceram informações sobre o passado e
despertaram o interesse público para esse assunto. Uma das grandes discussões foi feta
por Hannah Arendt, quando ela trabalhou o conceito de “banalidade do mal” enquanto
cobria o julgamento de Eichmann. Assim, a atenção dada aos crimes nazistas trouxe
interrogações de novas gerações e os jovens reivindicavam explicações e culpavam a
geração mais velha pelo silêncio e repressão.
Através desse texto da autora, podemos fazer relações muitos positivas com a
produção de Pierre Nora “Entre memória e história: a problemática dos lugares” que
discute as diferenciações sobre os conceitos de memória e História. A primeira era
concebida como algo natural e orgânico, servindo como elo entre as gerações e que
operava como a própria história não existindo diferenciação entre as duas coisas. A
segunda seria o discurso que desnaturaliza a memória, “a história começa, onde a
memória termina”, ou seja, a história através de seu discurso controla, ressignifica e
analisa a memória. Dessa forma, dentro desse confronto, se estabelece uma luta de
representações em torno da interpretação da realidade. É o que podemos ver ao logo da
argumentação de Svampa.
Neste sentido, os lugares de memórias, que é discutindo por Nora, pode ser
identificado dentro daqueles cincos estágios mostrador por Maria Lucila Svampa, que
são instituições modernas que se dedicam a guardar a memória, nos ajudam a pensar sobre
esse confronto e na materialização da memória. Não fazendo mais parte do ambiente da
experiencia psíquica individual e coletiva como algo natural e orgânico, a memória se
materializa nesses espaços objetivando guardar aquilo que deve ser lembrado, e esse
trabalho de guarda e seleção da memória está a cargo da história que tenta vencer o
esquecimento. Assim, o papel dos lugares de memórias é de uma eficácia de natureza
pedagógica, construindo condições para as experiencias simbólicas dentro desses
espaços, entre aqueles que estão vivos e aqueles que não estão vivos.