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Socialismo
A Questão Social
Ludismo
• Operários invadiam as fábricas e destruíam as máquinas. Na percepção dos ludistas, as máquinas seriam as
responsáveis pelas péssimas condições de trabalho e desemprego dos trabalhadores. Assim, o artesão preservava
o seu trabalho; o camponês salvava o seu emprego substituído pelas máquinas; e o operário fazia uma pressão pelo
aumento do seu salário. Os participantes do movimento também enviavam cartas aos patrões com ameaças e
exigindo a desmontagem das máquinas, além de muitos sabotarem a produção.
• O nome do movimento se originou do operário Ned Ludd que, segundo a tradição, quebrou, a marteladas, os teares
da oficina onde trabalhava. O movimento surgiu na segunda metade do século XVIII e o Parlamento inglês
estabeleceu, em 1769, uma lei que punia, com pena de morte, aqueles que destruíssem fábricas e máquinas. Mesmo
com a forte repressão do governo inglês, o Ludismo ganhou muito força, especialmente entre 1811 e 1817.
O Socialismo Utópico
• No início do século XIX → grande desigualdade social entre os burgueses mais ricos e os proletários passou a ser
questionada também por intelectuais e membros da própria burguesia.
• Nesse primeiro momento → não havia teorias formuladas que explicassem o desequilíbrio social e propusessem
soluções concretas → Socialismo Utópico. Acreditavam numa mudança social protagonizada pela burguesia.
• Robert Owen (1771-1858) → industrial britânico. Criou comunidades industriais na Escócia e nos EUA, nas quais os
trabalhadores tinham direito a pagamentos extras proporcionais ao seu trabalho, creche, educação, entre outros
benefícios → Pretensão → melhorar as condições de vida dos operários e das famílias → aumento da
produtividade das suas fábricas.
• Charles Fourrier (1772-1827) → francês. Propôs o desenvolvimento de comunidades chamadas falanstérios. Nelas,
não haveria divisão social: as pessoas trabalhariam em cooperativas nas quais a produção seria distribuída
igualitariamente.
• Saint-Simon (1760-1825) → francês de origem nobre. Criticava o fato de existirem pessoas ociosas enquanto outras
trabalhavam em excesso.
Socialismo Científico
• Socialistas utópicos → foram contestados por alguns pensadores que consideravam suas ideias inconsistentes e
difíceis de serem colocadas em prática.
• Os alemães Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895) estudaram o processo capitalista, no intuito de
descobrir como e por que ele gerava desigualdade. Propuseram então soluções mais concretas para os problemas
dos operários. O resultado desse trabalho foi chamado de Socialismo Científico.
• Em 1848 → Publicaram um livro que seria o marco do Socialismo Científico: Manifesto Comunista.
• Nessa obra os autores definem a História como sendo uma sucessão de lutas de classe, pois sempre ocorreu a
exploração de uma classe social (a que têm os meios de produção) por outra. Ex.: livre contra escravos; senhor
contra servo; burguês contra proletariado.
• Outro conceito importante era o da mais-valia → o trabalhador vende sua força de trabalho para o patrão, mas não
recebe o valor justo deste. O valor do salário é mais baixo que o valor do trabalho produzido. A diferença é
apropriada pela burguesia.
• Por que o proletário vendia sua força de trabalho? Porque a burguesia era a dona dos meios de produção, ou seja,
das fábricas, das terras e do capital.
• Segundo os dois, essa relação de dominação chegaria ao fim quando o proletariado lutasse para superar a
burguesia e tomasse o poder político e econômico.
• Quando assumisse o poder, o proletariado assumiria o controle de produção e do capital e proporcionaria uma
sociedade comunista, na qual não existiriam classes sociais e todos teriam acesso aos meios de produção.
Karl Marx (1818-1883) Friedrich Engels (1820-1895)
Anarquismo
• Outra corrente importante de pensamento do século XIX foi o Anarquismo.
• Princípio básico era privilegiar a liberdade do ser humano. Segundo eles, a humanidade não consegue ser
totalmente livre, pois segue regras preestabelecidas por instituições como o Estado.
• Negavam a existência de instituições que exerciam poder autoritário e que impunham normas. Queriam a
formação de comunidades nas quais todas as pessoas participassem da administração. Questionavam também as
crenças religiosas, pois as consideravam um mecanismo de dominação.
• Principais pensadores: Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865) → considerava a propriedade privada um roubo;
Mikhail Bakunin (1814-1876) → defendia o fim das classes sociais, da desigualdade política e do direito de
herança.
Pierre-Joseph Proudhon.
Fotografia de 1862. Mikhail Bakunin.
Socialismo Científico e Anarquismo
• Para analisarmos a diferença entre o Socialismo Científico e o Anarquismo é preciso entender primeiro
as concepções de “Socialismo” e “Comunismo”. Socialismo → como se fosse uma fase de transição
do capitalismo para o comunismo. É um conjunto de doutrinas e medidas que tem por fim a
socialização dos meios de produção. Comunismo → fase posterior ao período socialista, é um sistema
de governo onde não existem classes sociais, propriedade privada e, o mais importante, não há figura
do Estado. As decisões políticas são tomadas pela democracia operária.
• Anarquistas e socialistas científicos desejavam superar o capitalismo e alcançarem uma sociedade
totalmente igualitária, sem Estado, sem propriedade privada e sem classes sociais. Porém, o
Socialismo Científico e o Anarquismo se distanciam ao proporem os meios para atingirem tais
objetivos: os primeiros defendiam a necessidade da implementação de um ditadura do proletariado
como fase de transição para o comunismo; os anarquistas pregam que todo Estado é opressor e que
mesmo um Estado controlado e governado pelo proletariado, como queriam os socialistas científicos,
oprime. Sendo assim, para o Anarquismo, a máquina do Estado não deveria ser tomada, mas sim
definitivamente abolida, sem passar pela fase socialista.
Socialismo Cristão
• Diante do contexto de intensa mobilização operária na luta por melhores condições de trabalho e de
vida, a Igreja Católica decidiu se manifestar, originando uma corrente de pensamento conhecida como
socialismo cristão ou Doutrina Social da Igreja.
• O então papa Leão XIII, em 1891, abriu a discussão sobre a Questão Social na Igreja Católica através
da encíclica (carta papal) Rerum Novarum (Das Coisas Novas). No documento, o papa criticou
duramente a desigualdade causada pelo capitalismo. Contudo, simultaneamente, reprovou o
Socialismo Científico, defendendo que o capital e o trabalho deveriam viver em colaboração um com o
outro, obedecendo os princípios da caridade cristã.
• Leão XIII reforçou também os deveres mútuos de proletários e capitalistas. É dever do operário não
lesar o seu patrão, nem os seus bens, nem a sua pessoa, realizando corretamente o trabalho ao qual
se comprometeu por contrato livre e de acordo com a equidade. As reivindicações operárias não
devem possuir teor violento e nunca assumir forma de revoltas. Já o patrão, não deve tratar o
trabalhador como escravo, respeitando a sua dignidade de homem e cristão.
• O pontífice defendia que a remuneração do trabalhador não poderia ser influenciada pelas leis de
mercado e sim estabelecida de uma forma justa. Paralelamente, Leão XIII defendeu a propriedade
privada como um direito natural e considerou obrigação do Estado proteger esse direito através da
elaboração de leis sábias.
Papa Leão XIII (1810-1903)
A Comuna de Paris (1871)
• A cidade de Paris passou pelo evento que foi considerado a primeira experiência de governo do proletariado e
inspirado em ideais socialistas da História: a Comuna de Paris. Durante 72 dias, entre março e maio de 1871, a
cidade foi governada por populares.
• A derrota na Guerra Franco-Prussiana (1870-1871), levou a queda do regime imperial de Napoleão III, provocando à
proclamação de uma República na França. O novo governo, de características conservadoras, desagradou as
camadas populares que passavam por graves problemas sociais como fome, doenças e outras privações causadas,
principalmente, pelos efeitos da guerra. Para piorar, foi firmado um acordo de paz com os prussianos que impunha
perdas territoriais e pesadas multas à França, o que foi considerado humilhante e revoltou ainda mais os franceses.
Nesse contexto de tensão, uma revolta popular, sobretudo operária, tomou o poder em Paris.
• Os amotinados, que uniam grupos de diversas correntes políticas, principalmente socialistas, formaram um governo
popular, a comuna, por meio do sufrágio universal. No poder, os participantes da comuna tomaram algumas
medidas como controle das fábricas para as associações de trabalhadores; ensino laico, obrigatório e gratuito;
substituição do Exército por milícias populares; controle do preço dos alimentos; medidas trabalhistas como a
redução da jornada de trabalho.
• Passados dois meses de governo, uma violenta repressão, contando com a ajuda da elite econômica francesa, foi
organizada pelo governo republicano que se instalara em Versalhes. A repressão foi bem-sucedida, colocando fim à
Comuna e provocando a morte de aproximadamente 20 mil pessoas , além de milhares de deportações e prisões. A
revolução, mesmo derrotada, serviu de exemplo para outras organizações operárias e tornou-se símbolo de luta
dessa classe social e dos comunistas.
Barricadas erguidas pelos integrantes da comuna ou communards.