Você está na página 1de 3

Nome: Renan Pereira Gomes

RA: 11202130687
Turma: A2 – Noturno

Ficha Técnica:
Nome: O Tempo dos Operários
Autor: Stan Neumann
Episódio: 02

No segundo episódio da série O Tempo dos Operários, intitulado de O tempo das


barricadas, o autor foca nos operários em si, bem como nas suas lutas de emancipação
pela Europa.
A Revolução Industrial na Grã-Bretanha mudara todos os aspectos sociais, econômicos,
culturais e políticos da sociedade inglesa. A nova forma de produzir exigia uma
transformação que se adequasse aos novos ritmos das cidades industriais e dos
interesses burgueses.
Nesse contexto, nasce a classe operária, que, não obstante suas precárias condições de
trabalho nas fábricas, começa a viver insalubremente em suas moradias, as quais serão
feitas distantes dos olhos da elite. Além disso, as condições alimentares também eram
carentes. As famílias operárias viviam a base de sopa, muitas vezes aguada, sem a
presença de algum tipo de carne. As situações da classe trabalhadora chega a ser
comparada a dos escravos nas colônias. A abolição da escravidão, em 1833, suscitou
questionamentos quanto a isso, que pediam, antes de tudo, a libertação dos operários
da metrópole.
O descontentamento da classe trabalhadora cresce com o decorrer do século XVIII, não
só na Inglaterra, como também em França, Alemanha e Bélgica. Um jornalista francês
irá escrever: “Hoje, os bárbaros que nos ameaçam não estão no Cáucaso, nem nas
estepes da Tartária, estão nos arredores das nossas cidades industriais.”. Reivindicações
se fazem mais presentes, sendo os jornais um veículo poderoso para a propagação da
questão social. Contudo, coloca-se pela classe dominante e é respaldada pela sociedade,
a ideia de que a culpa de todos os malefícios da classe trabalhadora era deles mesmo.
Para reverter isso deviam parar de beber tanto, ir mais na igreja e fazer menos filhos.
Em contrapartida a esse pensamento sem perspectivas de mudança, em 1842 o
Parlamento Inglês proíbe o trabalho de crianças menores de 10 anos nas galerias
subterrâneas.
Nesse contexto, surgirão ideias radicais que ganharão espaço no imaginário do
trabalhador. Algumas sugeriam ações coletivas e revolucionárias e o fim da exploração
do homem pelo homem, enquanto outras defendiam uma autonomia maior do
trabalhador e o respeito da propriedade privada. Em contrapartida com alguns desses
pensamentos, por vezes vistos como utópicos, a poesia operária que nasce na França
em 1830 irá exprimir, realmente, o desejo dessa classe. Em muitas dessas criações
literárias, pronomes que remetem ao coletivo, como “nós”, irão refletir a tomada de
consciência dos trabalhadores enquanto classe unida. A bata, típica roupa dos operários
franceses, será usada como forma de orgulho da identidade que representam.
Entretanto, em outros países, os trabalhadores optarão por usar os ternos, a fim de ficar
mais próximo à imagem do patronato.
A junção das insatisfações populares com a tomada de consciência da classe operária
acarretará as principais revoltas do século XIX. Na França, por exemplo, em que os
movimentos aconteciam de forma mais espontânea, com o auxílio de barricadas,
acontece três grandes revoltas entre 1830 e 1831. Operários e burgueses republicanos
se juntam para derrubar o regime autoritário de Carlos X. Contudo, quando o primeiro
grupo pede por melhores condições de trabalho e vida o segundo os ridiculariza e os
trata como crianças. Essa é a situação em que os trabalhadores se encontram, assim
como os plebeus exigiam seu reconhecimento, sua capacidade de pensamento, a classe
trabalhadora manifesta que sabe pensar por conta própria e deve ter seus interesses
levados em consideração.
Passados 18 anos, burgueses e operários se juntam novamente para tirar o regime de
Luís Filipe do poder e instaurar a República. Novamente, com o objetivo de defender
seus interesses, os trabalhadores iniciam insurreições, por meio de barricadas, as quais
serão brutalmente destruídas pelo exército. A espontaneidade se sobressai à estratégia
e leva o movimento ao fracasso em menos de uma semana.
Apesar da derrota, a experiência servirá de aprendizado para a Comuna de Paris,
realizada em 1871. Motivados pela derrota da França contra a Prússia e o ordenamento
de entrega dos canhões de Paris, os parisienses guardam-nos e expulsam o novo
governo republicano, que foge para Versalhes. Dentre os diversos decretos criados nos
72 dias de existência do primeiro governo popular da história, estão ideias como:
sufrágio universal, ensino gratuito, separação de Estado e Igreja, fomento à atividade
cultural e criação de organizações sindicais. Entretanto, a volta dos soldados de
Versalhes irá massacrar o movimento e deixar a marca de sete mil mortos na chamada
“Semana Sangrenta”. O aniversário da Comuna será celebrado assim como 1º de maio
de 1886, dia marcado por greves em Chicago, nos Estados Unidos.
As movimentações da classe operária por toda a Europa será palco de estudo daquele
que seria o maior nome desse luta, Karl Marx. Guiado pela luz do socialismo científico,
a ciência da classe trabalhadora, contra as ideias utópicas, Marx irá dizer que a história
daquele tempo, assim como de toda a humanidade, é marcada pela luta de classes. Para
isso, a classe operária deveria se unir, a fim de defender seus interesses.
Contudo, em complemento com toda a transgressão ao sistema vigente, os
trabalhadores criam iniciativas que reafirmam seu valor em quanto indivíduos, os quais
possuíam interesses, gostos e sonhos que vão muito além da fábrica e da luta contra o
sistema. As Cooperativas operárias serão um reflexo dessa valorização do trabalhador.
Quase como um mundo paralelo, elas serão regidas pelos próprios trabalhadores e
disponibilizarão produtos essenciais a um preço acessível. Além disso, dentro da própria
fábrica eram criados mecanismos de violação do percurso natural do trabalho, a fim de
possibilitar ao trabalhador tempo livre em que ele poderia, por exemplo, usar das
máquinas para criar algo do seu proveito.
Em suma, o episódio expõe a luta dos operários enquanto classe, que irão reivindicar
melhores condições de trabalho, vida e participação política. Entretanto, é reafirmado
as subjetividades dos trabalhadores, que passam a se reconhecer em seu trabalho.

Você também pode gostar