Você está na página 1de 7

BURGUESES E PROLETÁRIOS, CLASSES

MÉDIAS E CAMPONESES

Desde finais do século XVIII, verificou-se um crescimento mais acelerado
da população mundial. A população quase que duplicou, o que levou
alguns historiadores a falarem em “explosão demográfica”:

1. Aumento da produção agrícola e a maior diversificação de culturas, que


trouxeram melhorias na alimentação.
2. Progressos na medicina com a utilização de novos medicamentos e a
aplicação de vacinas (varíola, raiva e cólera).
3. Progressos na higiene (vestuário de algodão, novos materiais de
contrução, esgotos …) que contribuíram para diminuir as doenças.
Isto teve como consequência o aumento da esperança média de vida.

O êxodo rural

As alterações ocorridas na agricultura favoreceram o aumento da


produção mas trouxeram outras consequências: passou a haver excesso
de trabalhadores.

Muitos partiram em busca de trabalho, salários regulares e melhores


condições de vida. Este êxodo rural é facilitado pelo desenvolvimento
dos transportes.

Dado que nas cidades não havia emprego para todos, muitos emigraram.
Estima-se que mais de 50 milhões de pessoas emigraram entre 1800-
1900, sobretudo para a América do Norte.
Na segunda metade do século XIX, as cidades dos países onde se
implantou a industrialização e o capitalismo cresceram a um ritmo muito
superior ao de outras.

Este rápido crescimento urbano é atribuído a fatores como:

1. Aumento da população.
2. Concentração das indústrias, do comércio e dos serviços nas cidades,
aumentando a oferta de emprego.
3. O êxodo e desemprego rurais e o fascínio que as modernidades e
comodidades da vida citadinaexerciam nas populações.

No final do século XIX, as cidades europeias eram vistas como símbolos


de progresso cultural, técnico e económico. Mas, ao crescerem de forma
rápida e desordenada, criaram vários problemas que ameaçavam a
saúde pública.

O rápido crescimento da população trouxe também problemas


económicos e sociais: desenraizamento e insegurança, delinquência,
alcoolismo e mendicidade.

A crescente importância do urbanismo

Estas situações levaram algumas camadas da população a defender a


necessidade de planeamento, ou seja, a existência de urbanismo.

Assistimos a grandes obras de renovação:

Amesterdão.
1. Privilegiam os bairros centrais.
2. Novas vias e grandes praças.
3. Ruas possuíam passeios e iluminação (gás e eletricidade, antes e
depois).
4. Grandes edifícios usados para a administração pública, para bancos,
bolsas, grandes armazéns comerciais ou prédios para escritórios.
5. Distinguem-se claramente ricos e pobres.

Sociedade e mentalidade burguesa

A sociedade de Antigo Regime foi substituída, no século XIX, por


uma sociedade de classes:

• A importância de cada um dependia do que fazia e do que possuía.


Nesta sociedade, burguesia passou a ocupar um lugar de destaque.
A burguesia dividia-se em:

1. Alta Burguesia:
1. Comércio, indústria e finança.
2. Lidera a economia.
3. Influencia o poder político, dominando as cidades e alastrando o
domínio ao mundo rural, onde se desenvolvia uma burguesia agrícola,
preocupada em rentabilizar a terra.
2. Média Burguesia.
3. (Classe média):
1. Pequenos e médios empresários e profissões liberais como médicos,
engenheiros, advogados, professores ou jornalistas.
2. Desenvolviam-se sobretudo através da educação e do funcionalismo
público.
4. Baixa Burguesia.
O dinheiro era essencial para diferenciar. Mas tão rapidamente havia
grandes empresas como estas iam à falência.
A burguesia: modelo de vida

A burguesia ditava as modas, impondo ao resto da população um certo


modelo de vida, seus valores e, até mesmo, as suas formas de diversão.

As classes médias valorizavam valores da alta burguesia:

• Família, trabalho e poupança, mas também gosto pelo bem-estar e por


alguma ostentação.

Do artesão ao operário

A industrialização e o crescimento das cidades foram acompanhados


pelo aumento do operariado e pela precariedade de vida e estabilidade:

• Fábricas necessitavam de mão de obra e isso atraiu população para as


cidades.
• Êxodo rural, devido à mecanização, provocou excesso de mão de
obra nas cidades.
• Baixos salários devido ao excesso de mão de obra.
• Muitas horas de trabalho: 15 horas ou mais por dia.
• Homens e mulheres eram submetidas às mesmas condições de
trabalho, mas a mão de obra infantil e feminina era mais barata, por
isso, era muitas vezes preferida.
• Desvalorização do trabalho:
o Artesão deu lugar ao operário.
o Operário não precisa de qualificações.
o Trabalho precário.
Condições de vida do operariado

Os operários:

1. Trabalhavam em fábricas sem condições de higiene e segurança.


2. Vivam em casas insalubres, húmidas e mal iluminadas.
3. Viviam em pequenos espaços, normalmente com famílias numerosas.
1. Favorecem o aparecimento e a propagação de graves doenças, bem
como degrada a vida e provoca a miséria moral (alcoolismo,
delinquência, mendicidade).
4.
5. Descontentamento e revoltas sociais.

As condições do operariado e a formação dos sindicatos

O liberalismo político, ao liberalizar a economia, os preços e os salários,


proibiu a existência das antigas associações profissionais de
solidariedade (corporações e confrarias), deixando os trabalhadores
isolados e desprotegidos face às flutuações do mercado de trabalho e à
exploração do patronato.

Contudo, esta associação não impediu que continuassem a formar-se


algumas associações de entreajuda como cooperativas e, mais
tarde, sindicatos.

Formação/Funções sindicatos:

1. No início do século XIX, surgiram, em Inglaterra as primeiras


associações de operários. Associaram-se em Uniões de Sindicatos em
1825, com as Trade Unions.
2. Alertaram os governos e a população em geral para as más condições
em que viviam os operários.
3. Lutaram para que os patrões dessem melhores condições de trabalho e
melhores condições de vida, com o apoio do governo.
O proletariado lutava com a única “arma” que tinha – o seu trabalho.
Assim, a greve passou a ser a principal forma de luta. Os patrões
respondiam com o encerramento temporário das fábricas (deixando os
trabalhadores sem salário), com despedimentos e ações de repressão.

Foi através destas lutas sindicais, com greves, manifestações e


negociações coletivas, que os operários desenvolveram uma consciência
de classe, obtendo as primeiras vitórias:

1. Negociação de contratos coletivos de trabalho e de vida.


2. Direitos como férias, descanso semanal, faltas e assistência.
3. Nascimento do sistema de segurança social.
4. Regulamento do direito à greve.
5. Aparecimento das primeiras leis de proteção ao trabalho feminino e
infantil.

As propostas socialistas de transformação da sociedade

As fortes desigualdades, que marcavam a sociedade europeia do século


XIX, levaram alguns escritores e filósofos a defender a classe média,
propondo um conjunto de medidas políticas para reformar os sistemas
económico e social. Pretendiam tornar o sistema económico mais justo.
Assim nasceram as ideias socialistas.

Uma das primeiras foi o «socialismo utópico» (Robert Owen; Saint-


Simon; Proudhon; Fourier): ideias ingénuas e idealistas, impossíveis de
realizar, ou seja, utópicas.
O socialismo de Marx

Em meados do século XIX, os filósofos alemães Karl Marx e Friedrich


Engels fundaram o «socialismo científico».

As suas obras – Manifesto do Partido Comunista (1848) e O


Capital (1867) defendiam:
• Fim da exploração dos trabalhadores só era possível através de uma
revolução em que os trabalhadores tomasse o poder e instaurassem
uma ditadura do proletariado.
O socialismo defendia:

• Coletivização dos meios de produção, substituindo o capitalismo pelo


socialismo, o qual deveria, depois, evoluir para o comunismo, ou seja,
uma sociedade sem classes.
1. Inspiraram as revoluções soviéticas, chinesa, cubana e outras.
Mas este modelo de socialismo veio a seguir uma corrente menos
radical, o «socialismo reformista». Este defendia:

• Ideia de que o poder deve ser atingido através do voto do povo.


Este teve por principais defensores:

• Alemães:
1. Kautsky (1854-1938).
2. Edward Bernstein (1850-1923)
• Francês:
1. Jean Jaurès (1859-1914).
Esta corrente política do «socialismo reformista» ainda hoje persiste em
muitos Estados.

Você também pode gostar