Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A explosão populacional
Entre 1800 e 1914, a população mundial registou um crescimento de cerca de 80%, este
facto, inédito na História da Humanidade, leva os historiadores a falarem de explosão
demográfica.
Os motivos
1
A redução da taxa de mortalidade não foi, de imediato, acompanhada pela correspondente
redução da natalidade. Foi esta diferença, entre uma mortalidade reduzida e a manutenção
de uma natalidade elevada, que se fez crescer a população europeia a um ritmo até então
desconhecido.
A emigração
O século XIX foi o século da emigração. A população da Europa passou de 187 milhões,
em 1800, para 401 milhões, em 1914. A pobreza tanto quanto o progresso da navegação
ou o apelo dos novos mundos levaram os europeus a partir. Mais de 60 milhões de
pessoas deixaram a Europa no século XIX.
De acordo com o país, a alta burguesia apresentava características próprias. Nos Estados
Unidos esta é representada por personagens emblemáticas como John Pierpont Morgan,
John Rockefeller ou Andrew Carnegie, que alimentam i sonho capitalista americano e o
mito do self-made man. Na Alemanha, a alta burguesia como os Thyssen, os Siemens e os
Krupp, socialmente próxima da aristocracia, manteve-se sempre próxima do poder
político. Em França, às antigas dinastias industriais, como André Citroen, Louis Renault e
o self-made man Jean Pierre Peugeot. É também ligada aos novos setores do automóvel e
da eletricidade que, na Itália, as fortunas dos Agnelli e dos Pirelli se consolida.
Ao poder económico, estas elites juntam ainda o poder político. Os grandes empresários
chegavam a deputados, ministros e até a presidentes da República.
A elite burguesa assegura, enfim, também o poder social e cultural: os seus filhos
beneficiam de um sistema de ensino elitista, lanças modas, difundem os seus gostos e
valores e influenciam a opinião pública.
Comportamentos e valores
4
No verão, os banhos de mar, tornam-se moda e as férias passam-se nas pretensiosas
estâncias balneares do Mónaco, de Biarritz, ou de Saint Moritz.
Ainda que o seu estilo de vida fosse marcado pelos padrões de vida aristocráticos, a alta
burguesia assumiu-se, progressivamente, como um grupo autónomo. A o contrário da
velha aristocracia, que beneficiava dos privilégios herdados de um nascimento em berço
de ouro, a alta burguesia tinha a noção de que o seu êxito advinha do trabalho, da
perseverança, da poupança, e da prudência. A estas virtudes burguesas juntam-se a
importância do estudo e da disciplina moral (respeito, honestidades, solidariedade) que,
no seio da família, se reforçam e consolidam. Por isso se considera ser a família burguesa,
moralmente conservadora, um suporte indispensável ao dinamismo empresarial.
No ramo dos empregados de escritório regista-se uma das taxas de crescimento mais
significativas. Conhecidos por colarinhos brancos, encontravam colocação nas repartições
estatais, nas grandes firmas industriais, nos bancos, nas companhias de seguros.
Ocupavam-se da correspondência, da contabilidade, da movimentação de uma serie de
documentos. Apesar de nem sempre os seus vencimentos lhes parecerem suficientes, a
verdade é que o seu grau de instrução, o seu traje, as suas maneiras distinguiam-nos do
mundo do trabalho fabril.
5
Quanto às profissões liberais (advogados, médicos, farmacêuticos, engenheiros, notários,
intelectuais, artistas), pouco cresceram em percentagem, mas, desde 1870-1880,
valorizavam-se, pois, o saber científico conferia-lhes autoridade e estatuto. Ao prestígio,
as profissões liberais acrescentam as vantagens materiais que lhes advinham da gestão de
bens, lucros ou honorários. Por tudo isto, muitos dos seus elementos ascendiam na
hierarquia social.
De olhos postos na alta burguesia, as classes médias assumiram como sua a ideia de que o
mérito de cada um é a chave de uma vida digna e da ascensão social. Cultivaram, por
isso, o gosto pelo trabalho, pelo estudo e o sentido da responsabilidade. Procuraram gerir
com sabedoria o seu património, contendo-se nos gastos, o que lhes assegurava a
estabilidade financeira e até alguns luxos, como uma boa casa ou uma boa escola para os
filhos.
Foi em torno destes valores que se afirmou a consciência de classe da burguesia, que
conferiu aos seus membros uma identidade própria.
A condição operária
A Revolução Industrial criou a fábrica e fez nascer o operário. A fábrica, tal como as
máquinas, são pertença do capital, representado socialmente pelo empresário burguês.
Quanto ao operário, situado no patamar inferior da sociedade oitocentista, apenas tem de
6
seu a força dos seus braços, o chamado trabalho, que vende ao empresário a troco de um
salário.
Condições de trabalho
Os salários dos trabalhadores, sempre muito baixos, estavam inteiramente à mercê dos
interesses patronais. Em períodos de prosperidade, a procura de mã o de obra aumentava
e os salá rios tendiam a elevar-se um pouco. Em contrapartida, no contexto das crises
cíclicas da indú stria, os salá rios eram reduzidos e o desemprego tornava-se
inevitável.
Mais baixos ainda eram os salários das mulheres. De facto, o recurso ao trabalho
feminino desde cedo se revelou de grande utilidade para o processo produtivo. As
mulheres eram especialmente recrutadas para trabalhar na indústria têxtil, nas fábricas de
fiação e de tecelagem, mas ocupavam também tarefas nas forjas e nas minas. Mais ágeis e
obedientes, realizavam os mesmos trabalhos pesados dos homens por apenas metade do
salário.
As crianças iniciavam muitas vezes a sua vida de trabalho aos 4 ou 5 anos e trabalhavam
as mesmas horas que os adultos. Pela sua pequena estatura e agilidade, constituíam uma
mão de obra particularmente requisitada nas fiações, onde eram chamadas a recolocar os
7
fios partidos sob os teares, a limpar as bobinas entupidas, ou ficavam encarregadas de
supervisionar as máquinas. Nas minas, eram responsabilizadas pela abertura das portas de
ventilação e deslizavam pelas estreitas galerias empurrando as pesadas vagonetas
carregadas de carvão e outros materiais.
Condições de vida
Desenraizados do meio rural onde a solidariedade aldeã era comum, os trabalhadores que
afluem às cidades vivem num quadro de miséria.
Nos bairros operários que foram crescendo na periferia, próximos das fábricas e das
minas, as condições de salubridade não eram melhores. Nas ruas, muitas vezes sem
pavimentação, a água e os detritos acumulavam-se, contribuindo para a disseminação de
doenças. A tuberculose, o tifo ou a cólera eram companheiras dos bairros operários.
O movimento operário
Associativismo e sindicalismo
8
As primeiras organizações operárias estruturadas foram sociedades fraternas, as
mutualidades ou associações de socorros mútuos. Cada filiado contribuía com uma
pequena quotização para um fundo comum, com o qual se concedia assistência
financeira, em caso de doença, invalidez, funeral e velhice.
As propostas socialistas
O socialismo utópico
9
capazes de assegurarem a melhoria das condições sociais sem luta de classes ou
intervenção do Estado.
O marxismo
O socialismo marxista retira o nome do alemão Karl Marx que, juntamente com o seu
compatriota Friedrich Engels, publicou, em 1848, o Manifesto do Partido Comunista.
Esta obra marcou de forma profunda o socialismo e a História, na medida em que foi
portadora de uma nova concessão de sociedade e esteve na origem de inúmeros
movimentos revolucionários. Ao contrário do socialismo utópico, assente em idealismo e
projetos fracassados, o marxismo acrescentou, aos princípios doutrinários, um programa
minucioso de ação.
Ao analisar o modo de produçao capitalista, Marx salientou que ele repousa na mais-
valia. Isto é, o salário do operário não corresponde ao valor do seu trabalho, mas apenas
ao valor dos bens de que ele necessita para sobreviver, pelo que a exploração do operário
é o lucro do burgues capitalista. Desta constatação resulta. Para Marx, ser a luta de
classes, mais uma vez, inevitável. Travar-se-ia, agora, entre proletários e burgueses e
conduziria à eliminação do capitalismo.
As Internacionais operárias
“Proletários de todos os países, uni-vos” era a mensagem de Karl Marx e Friedrich Engels
no final do Manifesto do Partido Comunista. Apelava-se à união e à solidariedade do
proletariado, o que veio a concretizar-se na criação de associações internacionais de
trabalhadores que ficaram conhecidas por Internacionais operárias ou simplesmente
10
Internacionais. A elas caberia a coordenação da luta para o derrube do capitalismo e da
sociedade de classes.
Baseando-se na realidade alemã, cujo Estado burgues fora capaz de proporcionar aos
trabalhadores uma eficaz legislação social, Berstein repudia a via revolucionária e
defende o papel da atuação parlamentar e sindical na consecução dos objetivos da classe
operária. Propõe a evolução pacifica, gradual e reformista do capitalismo para o
socialismo, substituindo a luta de classes e a ditadura do proletariado por um clima de
entendimento entre os partidos operários e burgueses.
11