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GABRIELA SOARES LIMA MACÊDO

GEOVANA SANTOS FERREIRA


LARISSA SANTOS DANTAS ARAÚJO
MYLLA RIBEIRO MOREIRA
PABLLO SILVA

DOUTRINAS RACIAIS
Surgimento e consequências

Vitória da Conquista – BA
2020
GABRIELA SOARES LIMA MACÊDO
GEOVANA SANTOS FERREIRA
LARISSA SANTOS DANTAS ARAÚJO
MYLLA RIBEIRO MOREIRA
PABLLO SILVA

DOUTRINAS RACIAIS
Surgimento e consequências

Trabalho apresentado como requisito


parcial de avaliação da disciplina de
Relações Étnico-Raciais da turma
138047, turno diurno de Engenharia
Civil.

Prof. Dr. Manoel Nunes Cavalcanti


Junior.

Vitória da Conquista – BA
2020
A segunda fase da Revolução Industrial, ou apenas Segunda Revolução Industrial,
começou em meados do século XIX e perdurou até o final da Segunda Guerra Mundial.
Isso ocorreu em um cenário de significativas mudanças no processo de Industrialização,
com aprimoramento de técnicas, o surgimento de máquinas e a introdução de novos meios
de produção.

Graças às Revoluções Burguesas do século XVII a XIX, que causaram o


fortalecimento do capitalismo e, por sua vez, proporcionaram um desenvolvimento
industrial caracterizado pela automação do trabalho com os meios de produção fordista e
taylorista, que consistiram na produção em série e em massa. Diferentemente da primeira
fase, nessa, os três grandes pilares são aço, petróleo e eletricidade. Onde o aço possibilitou
uma expansão das ferrovias, para um maior escoamento da produção, como também nas
demais áreas da indústria siderúrgica. Já o petróleo e o gás natural, representaram
inovações nas fontes energéticas da indústria (substituindo o carvão) e nos meios de
transporte trazendo o motor de combustão, a gasolina e a gás. A eletricidade substituiu a
energia a vapor, além disso, causou grandes impactos na vida cotidiana do povo com a
iluminação, transporte (através do trem elétrico) e etc. Outra inovação importante foi na
área da comunicação tendo em vista as invenções do telégrafo, do telefone, da televisão
e do cinema.

Mesmo com os inúmeros progressos houve pontos negativos na revolução, e cabe


destacar que o êxodo rural provocou uma espécie de inchaço urbano, problema esse que
acarretou um aumento no número de desempregados forçando-os a viver em condições
precárias. Essa onda de favelização e pobreza desencadeou também uma elevação nos
casos de violência. Com o empobrecimento da classe trabalhadora, o mercado
consumidor não supria a demanda das fábricas gerando um excedente na produção, uma
vez que, diferente da primeira revolução industrial, essa ocorreu em diversos países do
mundo, a exemplo dos Estados Unidos, França, Japão e Alemanha. Para evitar prejuízos
os países capitalistas encontraram a necessidade de ampliar seu mercado consumidor e
buscar por novas fontes de matéria prima, surgindo assim: o imperialismo.

Muitas vezes os termos neocolonialismo e imperialismo aparecem juntos e como


sinônimos, a verdade é que eles não são similares e sim complementares. Logo, vale
especificar a diferença entre os dois: o neocolonialismo, como o próprio nome já diz, é
uma nova forma de colonização e foi a principal expressão do imperialismo, sugere
controle político, abarcando incorporação de território e perda da soberania pela força
militar; o imperialismo é um conceito criado por Lenin que faz referência a uma “Era de
Impérios”, se refere ao domínio que é exercido tanto do ponto de vista formal quanto
informal, direta ou indiretamente, porém, com o mesmo resultado, que é o controle
político e econômico da região, contudo, com o imperialismo, não há anexação do país
que recebe a influência.

É chamado de neocolonialismo o processo de dominação política e econômica


instituído pelas potências capitalistas emergentes sobre a África, Ásia e Oceania no final
do século XIX e ao longo do século XX. Ao longo desse processo, de acordo com o
historiador Eric Hobsbawm, 25% das terras do planeta foram ocupadas por alguma
potência imperialista.

O imperialismo surgiu como efeito das transformações provocadas pela


Revolução Industrial. Com o desenvolvimento da indústria, o comércio se modificou
tanto em nível local, como em escala global.

Além disso, Hobsbawm diz que “o novo imperialismo foi o subproduto natural de
uma economia internacional baseada na rivalidade entre várias economias industriais
concorrentes, intensificada pela pressão econômica dos anos 1888”. Incentivadas pela
expansão econômica, as nações europeias, principalmente, começaram o processo de
expansão territorial.

Ao mesmo tempo em que o capitalismo industrial era substituído pelo capitalismo


financeiro, houve na Europa e nos EUA um crescimento muito grande da indústria,
gerando um excedente de produção. Com isso, essas potências começaram a alargar os
seus mercados e buscar matéria-prima de baixo custo, pensando em fazer das áreas
dominadas os seus mercados e polos de fornecimento de matéria-prima.

Não obstante, a colonização trazia um aumento na economia das metrópoles


europeias, onde surgiu o argumento civilizacionista de que se devia levar o progresso da
ciência e da tecnologia ao mundo, tal argumento foi reforçado pela teoria do darwinismo
social, onde a sociedade europeia era considerada desenvolvida e civilizada e as
sociedades, africana e asiática, incivilizadas.

Dentro do processo neocolonialista que ocorreu no século XIX, a ocupação do


continente africano se destacou. O historiador Valter Roberto Silvério evidencia que três
acontecimentos entre 1876 e 1880 foram fundamentais para o início da corrida de
ocupação do continente africano: a Conferência Geográfica de Bruxelas, encontro
promovido por Leopoldo II, rei da Bélgica, com o objetivo de desenvolver os interesses
dos belgas na região do Congo; as ações de Portugal para expandir seu domínio sobre as
regiões do interior de Moçambique; a política francesa para promover sua expansão
colonial em regiões da África como Egito, Tunísia e Madagascar.

Essas ocorrências deram início a uma corrida pela ocupação do continente


africano que ocasionou em diversos impasses entre as nações europeias. Devido a isso,
Otto von Bismarck, chanceler alemão, procurando defender os interesses da Alemanha e
findar essas disputas, organizou a Conferência de Berlim, entre 1884 e 1885.

Em síntese, todo o continente africano foi conquistado, exceto à Etiópia e a


Libéria. Na Ásia, a abertura dos mercados chineses teve seu início com a Guerra do Ópio
(1839-42) e terminou com o Tratado de Pequim (1860). O Japão impediu durante séculos
a presença estrangeira em seus territórios, porém na segunda metade do século XIX as
tropas dos EUA forçam a abertura econômica japonesa.

O imperialismo foi muito forte no mundo, durante o período citado (entre 1884 e
1914), mas a presença de europeus como colonizadores na África e na Ásia ocorreu até a
segunda metade do século XX.

Assim como foi observado, a Europa vai viver um momento no século XIX como
nunca viveu antes, evidenciando um crescimento populacional acelerado, bem como um
desenvolvimento e crescimento urbano de forma acentuada, ou seja, a vida na cidade
passa a se concretizar, ocorrendo dessa maneira a migração do campo para a cidade
principalmente devido a produção industrial, promovida pela revolução industrial. Nessa
perspectiva, é possível evidenciar o impasse da limitação do território europeu, pois
apesar do consumo elevado ainda era necessário o aumento dos mercados consumidores
para que essa estrutura econômica se tornasse cada vez mais forte e assim as nações
industrializadas voltaram seus interesses para África e Ásia.

Como já foi exposto, as nações industrializadas tinham o objetivo de ampliar seu


domínio e influência sobre outros territórios. Dessa forma, esse processo aconteceu de
forma direta, ou seja, uma ocupação formal do território como ocorreu na África e Ásia
com o neocolonialismo e também foi realizada de forma indireta, ou seja, um domínio
político e econômico, como ocorreu na América com o imperialismo. Portanto, é possível
notar que ambos processos foram promovidos de modo a aumentar a lucratividade das
industrias que se desenvolviam no período.

A partir disso pode-se evidenciar a “Missão Civilizadora”, isto é, as comunidades


ocidentais industrializadas irão se destacar e se conceituar como um modelo de sucesso e
desenvolvimento da raça humana a ser seguido. Dessa maneira, acreditavam que tinham
a obrigação de modernizar e colonizar os povos não brancos, sendo assim considerados
inferiores.

Com o crescimento e a consolidação política e econômica da


Europa, começaram a aparecer formulações que explicassem seu imenso
sucesso. Dentre elas surgiram razões de cunho científico que justificavam
a superioridade dos povos do norte. O advento das ciências naturais fez
emergir uma concepção de que a superioridade política e econômica dos
europeus se deu devido à sua hereditariedade e ao meio físico favorável.
Isso supunha que, enquanto os europeus do norte eram melhores por terem
um clima ideal, os povos dos climas tropicais seriam aqueles considerados
inferiores, incapazes de evoluir no meio político, social e econômico. O
racismo, que fora definido como “uma teoria pseudocientífica, mas
racionalizada, postulando a inferioridade inata e permanente dos não
brancos”, transformou-se numa formidável teoria (Skidmore, 1976, p.65).

Nesse contexto, o principal instrumento para reconhecer a dominação e a


exploração imperialista sobre a África e a Ásia foi a teoria racial, denominada de
darwinismo social, usada pelos imperialistas. O darwinismo social foi uma alteração de
forma adaptada da teoria da evolução das espécies de Charles Darwin para a esfera social,
isto é, apenas as potências industrializadas e civilizadas teriam como disseminar a
civilização. Sendo assim, a raça superior branca e europeia poderia levar a civilização
(religião cristã, formas de governo, tecnologia e ciência) para as colônias.

A publicação e divulgação de “A Origem das Espécies”, de


Charles Darwin (1809-1882), em 1859 (DARWIN, 1981) fez com que
um novo e importante paradigma ganhasse as discussões raciais: o
evolucionismo. A partir daí, o conceito de raça ultrapassa os problemas
estritamente biológicos, adentrando questões de cunho político e
cultural. Surge, assim, o Darwinismo Social, bem como o uso de termos
Darwinistas como competição, seleção do mais forte, evolução e
hereditariedade. Na política, o Darwinismo serviu para justificar o
domínio ocidental sobre os demais. O Darwinismo Social, juntamente
com a antropologia e a etnógrafa do século XIX ajudaram a construir a
ideia de “missão civilizatória” das potências imperialistas. Desse modo,
são conhecidos os vínculos que unem esse tipo de modelo ao
imperialismo europeu, que tomou a noção de “seleção natural” como
justificativa para a explicação do domínio ocidental, “mais forte e
adaptado” (HOBSBAWN, 1977, p.84)

Atualmente discutir sobre a existência de sociedades superiores ou inferiores pode


ser considerado ridículo, mas nos séculos XIX e XX esse era o pensamento predominante.
No começo do século XIX, foi apresentado pelo naturalista Georges Cuvier o termo raça,
associando o conceito às diferenças físicas permanentes de um indivíduo.

As teorias raciais ofereceram uma categoria científica para as desigualdades entre


os seres humanos e por meio do uso do conceito de raça puderam categorizar a
humanidade, utilizando maneiras de separar as “raças humanas”. Essas teorias da forma
como eram expressadas no exterior, apresentavam a mestiçagem como sinônimo de
degeneração racial e social. Associado a essa questão, em Ensaio sobre a desigualdade
das raças humanas, Conde de Gobineau afirmava que a raça humana poderia se dividir
em categorias, de forma que a raça europeia seria considerada como superior. Para ele, a
miscigenação levaria a degeneração da espécie humana, como já foi dito e dessa forma
intensificaria os pontos negativos já existentes.

Nas últimas décadas do século XIX, o retrato do Brasil como um enorme


laboratório para pesquisas raciais foi difundido por pesquisadores do exterior que por aqui
passaram. De acordo com estes cientistas naturalistas, no território brasileiro, a
miscigenação alcançava dimensões maiores do que em qualquer outro local, além de
apresentar características provenientes da mistura de três raças entre si (brancos, índios e
negros). Devido a essa miscigenação, Gobineau fala que se as misturas continuassem
ocorrendo no Brasil, o país iria se tornar incapaz de ser produtivo, gerando um povo
enfraquecido, incapaz se reproduzir e trabalhar, por exemplo, mostrando dessa maneira
uma visão extremamente racista.

O Brasil é considerado um país de vários contrastes sociais e desigualdades como


efeito de uma grande época de colonização e exploração dos povos indígenas e negros.
Ainda nos dias atuais os efeitos do período de escravidão perduram evidenciando
estatísticas nas quais essas populações são colocadas em grandes desvantagens em
relação aos brancos. As teorias raciais advindas no final do século XIX para o território
brasileiro, vindas da Europa e Estados Unidos, deixaram suas marcas na sociedade
brasileira, principalmente na população afrodescendente.

De forma constante, são mostradas informações, através de meios de comunicação


como jornais, internet, entre outros, de pessoas insultadas por conta do seu fenótipo.
Nesse quadro de violência e juntamente de resistência por meio da luta da população
afrodescendente, evidencia-se as políticas de ações afirmativas, com objetivo de
reparação, valorização da história, cultura e identidade afro-brasileira. A Lei n.º
10.639/03 está na esfera dessas políticas, promovendo o meio educacional como uma
forma de auxiliar na superação das desigualdades e no combate ao racismo.
REFERÊNCIAS

• Contribuição da ciência na elaboração de teorias racistas no séc XIX, e seus


efeitos nas relações raciais no Brasil. Disponível em:
<https://www.geledes.org.br/contribuicao-da-ciencia-na-elaboracao-de-teorias-
racistas-no-secxix-e-seus-efeitos-nas-relacoes-raciais-no-brasil/>. Acesso em 16
de outubro de 2020;
• CARVALHO, Leandro. Imperialismo e teoria racial no século XIX. Disponível
em: <https://www.preparaenem.com/historia/imperialismo-teoria-racial-no-
seculo-xix.htm>. Acesso em 16 de outubro de 2020;
• CARVALHO, Leandro. Darwinismo social e imperialismo no século XIX.
Disponível em: <https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/darwinismo-
social-imperialismo-no-seculo-xix.htm>. Acesso em 16 de outubro de 2020;
• Neocolonialismo. Disponível em:
<https://www.todamateria.com.br/neocolonialismo/>. Acesso em 16 outubro de
2020;
• SOUSA, Rafaela. Segunda Revolução Industrial. Disponível em:
<https://brasilescola.uol.com.br/historiag/segunda-revolucao-industrial.htm>
Acesso em 16 outubro de 2020;
• BARBOSA, Maria Rita de Jesus. A influência a das teorias raciais na sociedade
brasileira (1870-1930) e a materialização da Lei no 10.639/03. Disponível em:
<http://www.reveduc.ufscar.br./>. Acesso em 17 de outubro de 2020;
• RANGEL, Pollyana Soares. Apenas uma questão de cor? As teorias raciais dos
séculos XIX e XX. Disponível em: <https://periodicos.ufes.br/>. Acesso em 17 de
outubro de 2020;
• BEZERRA, Juliana. Segunda Revolução Industrial. Disponível
em: <https://www.todamateria.com.br/segunda-revolucao-industrial/>. Acesso
em 17 outubro de 2020;
• SILVA, Daniel Neves. Imperialismo. Disponível em:
<https://brasilescola.uol.com.br/historiag/a-ideologia-imperialista.htm>. Acesso
em 19 de outubro de 2020;
• BEZERRA, Juliana. Imperialismo. Disponível
em: <https://www.todamateria.com.br/imperialismo/>. Acesso em 19 outubro de
2020.

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