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RESENHA 1: HOBSBAWM. E. J.

A origem da Revolução Industrial Inglesa ao


Imperialismo. In: Da Revolução Industrial Inglesa ao Imperialismo. Rio de Janeiro:
Forense Universitária, 5ª ed. 2000. p. 33 - 52.

FREITAS, Luiz Othavio - 12021RIT038

Em seu capítulo “A Origem da Revolução Industrial Inglesa ao Imperialismo",


Hobsbawm descreve sua narrativa no objetivo de explicar as motivações que
fizeram com que a Revolução Industrial acontecesse no século XVIII, tal qual a
conjunção a qual levou ela a ocorrer na Grã-Bretanha. Não obstante, no início de
sua trajetória Hobsbawm expõe as teorias que empregam-se do ideais como o
clima, geografia, biologia e fatores na tentativa de explicar a Revolução Industrial
são imprecisas e não se sustentam com precisão as conjunturas que
proporcionaram espaço para que a revolução acontecesse.
O autor fundamenta alguns fatos com ponto de partida na concepção de que
tais prerrogativas não seriam determinantes, mas sim aspectos à parte, que
poderiam auxiliar ou não. No geral, Hobsbawm discorre que o aspecto determinante
do surgimento da Revolução Industrial foi o quadro econômico, social e institucional
do período. Hobsbawm afirma também que unicamente o apoio político de uma
nação não seria suficiente para que a revolução surgisse, uma vez que todas as
nações do período possuíam interesse na revolução da indústria e o Estado apoiaria
essa ideia.
Até mesmo a Grã-Bretanha, que desde 1960 veio sustentando uma política
forte e que visava o lucro acima de todas as coisas, não foi capaz de estugar a
Revolução Industrial. E nesse raciocínio, Hobsbawm nos dá certeza que a revolução
não foi apenas um evento que surgiu repentinamente e também não somente uma
aceleração no crescimento, mas sim a aceleração do crescimento de uma nação
advinda de uma transformação econômica e social. Resumidamente, por mais que a
Revolução Industrial tenha ocorrido na Grã-Bretanha, ela foi resultante da somatória
de avanços econômicos globais e a forte economia da Europa no período.
Para o autor, era esperado que o evento se deflagrasse no continente
europeu e, o questionamento existente na época, era o local onde ela aconteceria.
Todavia, por mais que a Grã-Bretanha não tenha criado o evento por si só, sua vasta
rede comercial dentro e fora da Europa, que contava com a parceria de países com
um grande poder industrial e países com economias dependentes. Ademais,
Hobsbawm aponta que a Grã-Bretanha possuía mercado nacional forte e estável,
uma vez que empresários e Estado, juntamente, utilizavam boa parte de seus lucros
para investimento no mercado nacional e no setor manufatureiro, sendo assim, a
dinâmica e organização econômica do país se destacava entre os demais países
europeus.
Dessa forma, exposto o contexto que cria a possibilidade de acontecimento
da revolução, Hobsbawm aponta a relação do lucro, inovação tecnológica e
desenvolvimento do mercado interno como passo inicial que auxiliariam na
deflagração da Revolução Industrial. Naquele período, o governo britânico realizou
diversos investimentos no desenvolvimento de transportes baratos para o tráfico de
produtos internos. Dessa forma, o mercado interno propiciou e se tornou um dos
pilares que levaram a Grã-Bretanha a possuir uma economia industrial generalizada,
e que conseguiria suprir quase todas as demandas internas e externas.
Entretanto, o autor não nega em momento algum conflitos aos quais boa
parte da Grã-Bretanha saiu vitoriosa, garantindo a conquista de mercados por parte
dos britânicos, acabaram contribuindo para que a revolução acontecesse em seu
território. Dessa forma, não seria correto não presumir que os mercados coloniais
foram de grande importância para que a revolução acontecesse, uma vez que os
mesmos enriqueciam por meio da exploração de seus recursos e população, que
era submetida a cenários escravistas e, dessa forma, o preço de produção seria
muito menor do que os das demais regiões.
Com seus novos mercados, os ingleses iniciaram uma exploração intensa de
seus recursos e das trocas comerciais com seus parceiros, criando uma política
objetiva de guerra que os colocava à conquista de terras e recursos como objetivo
de meta nos conflitos ー conflitos aos quais ela participava. Destarte, naquele
período, a Grã-Bretanha se encontrava em uma disputa com outras potências
europeias ー principalmente com a França ー tomou a frente na corrida de
desenvolvimento industrial, pois sua política de guerra garantia a ela um certo
monopólio comercial e poder naval em grande escala, aproximando-se de mais
exportações e ameaças de conflitos, caso algum Estado não correspondesse a seus
interesses.
Por conseguinte, é possível considerar três motivos que fizeram com que a
Grã-Bretanha fosse o local onde a Revolução Industrial acontecesse: suas políticas
de guerra, seu mercado interno e sua grande rede comercial e poder econômico
para investimentos. Por outro lado, as demais potências que estavam no embate
com os britânicos, acabaram desistindo da competição para tal revolução industrial
acontecesse, uma vez que seu poder econômico e militar eram inferiores ao da
Grã-Bretanha. Ou seja, mesmo que essas nações se alinhassem contra a
Grã-Bretanha, não seriam suficientemente fortes para derrotá-la. Dessa forma, a
Holanda manteve sua produção tradicional de exportação e exploração de colônias,
deixando de objetivar a competição pelo mercado mundial ー assim como a França,
que mesmo após sua expansão, não possuía forças para reerguer-se da depressão
econômica ocorrida no século XVII.
Para conclusão, Eric Hobsbawm discorre que a Revolução Industrial deu-se
no final do século XVIII justamente por conta da expansão comercial mundial
daquele período, com as diversas trocas comerciais ocorridas entre as nações se
tornando recorrentes e com a alta demanda de manufaturas e novos fluxos de
comércio internacional, demandando certo avanço tecnológico para as indústrias se
tornarem mais eficientes e assim, se desenvolverem. A Grã-Bretanha foi o único
país que conseguiu agir e promover inúmeros avanços na humanidade, tais avanços
podem ser considerados recompensa de sua excelente estratégia econômica e
militar, além da sagacidade em usar suas vantagens próprias para garantir e findar
sua liderança no mundo.

RESENHA 2: LARA, Silvia Hunold. Escravidão, Cidadania e História do Trabalho


no Brasil. In: Revista Projeto História, São Paulo. 16ª Ed. 1998, p. 25 - 38.

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O artigo Escravidão, Cidadania e História do Trabalho no Brasil, escrito pela


historiadora Silvia Hunold Lara traz como principal objetivo discorrer acerca da
exclusão de pessoas negras da história social trabalhista no Brasil, de forma com
que essa exposição represente, ao final, a história social trabalhista livre e
assalariada e, por fim, omite a escravidão presente na mesma ー decorrência da
presença de maior parte dos autores que debatem acerca do trabalho no Brasil,
iniciam suas teses após à abolição da escravidão e na transição para o período de
mão de obra livre e assalariada, no final do século XIX.
A autora expõe pensamentos acerca da teoria da substituição, referindo-se à
transição do período escravista para o trabalho livre e assalariado ao explicitar a
passagem da mão de obra negreira por imigrantes europeus. O povo negro era
requerido como seres “coisificados” e que, atarvés do tráfico, tiveram sua cultura e
tradições privadas a si e eram submetidos às mais cruéis formas de violência. Em
contrapartida, os imigrantes europeus eram vistos com outros olhos,
consideravam-os como sujeitos históricos. Todavia, o termo substituição é inquirido
por idealizar que esses escravos seriam seres não autônomos e incapazes de
reproduzir trabalho e evangelizar a mão de obra dos imigrantes europeus.
A autora discorre também que as ações de diversos escravos libertos ao
passar do tempo nos revelaram alguns significados de liberdade. Lara apresenta a
ideia de que viver de forma livre possa ter significado “viver longe da tutela e do teto
senhorial ou poder ir e vir sem controle ou restrições; outras vezes, significou poder
reconstituir laços familiares e mantê-los sem o perigo de ver um membro da família
ser comercializado pelo senhor” (LARA, 1998, p. 28).
A partir dessa ideia, podemos compreender a complexidade existente acerca
da liberdade de escravos libertos, visto que pode referir-se à falta de imposições,
porém, na prática acaba deparando-se com inadequações no que diz respeito à
liberdade econômica, pois esses escravos libertos acabavam sendo apartados da
possibilidade de realizar a venda de seus trabalhos para que conseguissem
sobreviver.
Quando introduzimos a ramificação entre escravidão e capitalismo, estudos
os quais abordam processos da classe operária, entramos no momento de
compreensão no que tange o conceito de trasnsição de uma forma de trabalho para
outras formas. Entretanto, o pensamento acerca de uma classe operária
estabelecia-se no pensamento de um novo sujeito branco e estrangeiro. Nesta
época, os negros ー escravos libertos ー mantinham-se excluídos da história social
trabalhista no Brasil. Todavia, já conseguimos encontrar obras literárias e
sociológicas sobre a relação de liberdade e escravidão através da ótica escravista,
uma ruptura com visões dominantes acerca do mesmo tema contado a partir de
experiências de escravos libertos.
Desse modo, criam-se debates sobre a relevância das lutas de escravos em
busca de sua alforria e de reconhecimento de sua participação no curso
emancipatório, visto que os negros são vistos como sujeitos passivos dentro desses
processos. Lara nos traz em seu artigo inúmeras discussões também levantadas por
outros autores, como por exemplo, o historiador George Reid Andrews, que
evidencia em sua obra “Black and White Workers: São paulo, Brazil - 1888 - 1928” a
discussão entre a vida produtiva de ex-escravos e o trabalho de imigrantes
europeus, afirmando que as elites de São Paulo expressavam-se através da
produção de conhecimento — não em um saber empírico, mas sim uma vontade
sobre aquilo que era esperado ser sobre sua realidade e, dessa forma, havia a
exclusão por completo dos negros na história.
Visto isso, é essencial ressaltar que os escravos libertos eram basicamente
mão de obra no mercado de trabalho urbano e realizavam atividades como
artesanato, indústria e logística. As demandas de escravos para a composição do
mercado de trabalho se caracterizava, basicamente, em afastar as características da
escravidão, não trabalhando em locais aos quais haviam sido escravos,
distanciando-se no que diz respeito à seus ex senhores e buscando privar mulheres
e crianças do trabalho. Desse modo, a contratação de mão de obra imigrante era de
forma estratégica e vantajosa, uma vez que as exigências eram íntimas. Visto isso,
nota-se uma visão distinta sobre a luta de ex-escravos no que diz respeito ao
trabalho, de modo que coloca-se os mesmos como protagonistas dessas
reivindicações e da própria história.
No final de sua obra, a autora discorre acerca das posturas decoloniais a
serem tomadas, uma delas é a investigação de experiências de libertos contadas
pelos mesmos a fim de fazer com que essas pessoas adentrem a historiografia
social brasileira, uma vez que os negros são sujeitos comumento excluídos da
sociedade e do processo de cidadania ao longo da história. Essa busca auxilia a
compreensão de eventos discriminatórios e racistas na contemporaneidade
brasileira, que ainda é enraizada na escravidão. A história social do trabalho, por sua
vez, possui como herança as concepções de que pessoas negras são inadequadas
ao capitalismo e definidas como incapazes, ideia que colabora para que sejam
apagados da história social do trabalho no país.
RESENHA 3: MARX, K. A derrota de junho de 1848. De fevereiro a junho de 1848.
In: As lutas de classes na França. Boitempo, 2012. p. 37-65.

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A obra “As Lutas de Classes na França” escrita por Marx compõe uma das
primeiras tentativas do autor em aplicar seu método materialista da história,
utilizando como cenário — a princípio — a França, país que possui uma das mais
organizadas e revolucionárias classe proletária de seu tempo e, por ter sido palco de
uma das maiores e mais importantes revoluções burguesas da história. Dessa
forma, Marx inicia sua discussão apresentando o contexto político do país em 1848.
Para o autor, quem reinava de fato não era o monarca Luís Filipe, e sim uma facção
da burguesia francesa denominada por aristocracia financeira. Ela era composta por
membros da burguesia como banqueiros, donos de minas de carvão e ferro, donos
de florestas, proprietários de terra e outros e o poder desta facção seria tão grande
que ela seria capaz de ditar leis nas câmaras e realizar a distribuição de cargos
públicos em diversas áreas. As outras classes estavam pouco representadas na
câmara, e atuavam como oposição ao domínio da aristocracia financeira.
No que tange o âmbito financeiro, o governo era dependente direto da alta
burguesia desde o período da Monarquia de Julho — precedente da Revolução de
Fevereiro. Tal dependência propiciou um inesgotável aperto financeiro. Era
impossível burlar a administração do Estado ao interesse da produção nacional sem
restaurar o equilíbrio no orçamento entre despesas e receitas públicas — equilíbrio
ao qual custava atrapalhar os interesses da alta burguesia. Dessa forma, as dívidas
do Estado eram do interesse das facções burguesas governantes e que legislavam
através de câmaras, uma vez que o déficit público constituía o objeto propriamente
dito de sua especulação e a fonte de enriquecimento, fomentando a exploração do
governo francês.
A crise comercial e industrial na Inglaterra em 1845, proporcionou o declínio
de comerciantes ingleses e consequentemente a falência de bancos e fechamento
de fábricas em distritos industriais ingleses. O caos gerado no comércio fez com que
uma série de mercadores à falência e acabou tornando a aristocracia financeira
ainda mais forte. A grande quantia de falidos da burguesia parisiense fomentou a
ação revolucionária em fevereiro. Desse modo, Luis Felipe decidiu instaurar um
ministério Barrot, que produziu o combate entre o povo e exército — instituição essa
que manteve-se desarmada devida às atitudes passivas da Guarda Nacional, um
aspecto essencial que levou a monarquia a ceder seu lugar a um governo provisório.
Tal governo era um compromisso entre as classes que uniram-se em prol da
derrubada do Trono de Julho, contudo, seus interesses contrapunham-se
hostilmente. Grande parte do governo era representada pela burguesia, porém, a
classe operária possuía dois representantes, fato esse que já apresentava progresso
frente ao que era visto na Monarquia de Julho. Todavia, um nome destacava-se
nesse período: Lamartine, que não representava nenhum interesse oficial,
entretanto, sua formação pessoal, discursos e visões demonstravam que ele se
relacionava com a burguesia. Os trabalhadores estavam dispostos a não tolerar
artimanhas burguesas como, por exemplo, as de julho de 1830. Seu objetivo era a
imposição da república, que foi proclamada seguindo bases do sufrágio universal e
permitiu que o proletariado ocupasse o primeiro plano como partido autônomo, mas
ao mesmo tempo desafiasse a França burguesa a se unir contra ele.
O primeiro ato da república foi possibilitar que todas as classes ingressassem
ao lado da aristocracia financeira na âmbito do poder político, o que fez com que a
dominação dos burgueses aparecesse em sua forma mais pura, de modo a derrubar
a coroa que se escondia atrás do capital. O propósito da classe trabalhadora era não
atrelar-se à burguesia e impulsionar a revolução nas nações vizinhas, porém o
comércio Francês estava diretamente associado ao mercado internacional, o que
fazia com que a competição francesa com a Inglaterra interrompesse essa tentativa.
Ainda, a Revolução de Fevereiro consolidou e ampliou a bancocracia que deveria
derrubar, além de estimular o déficit a juros exorbitantes.
Por fim, o cenário caótico da França durante o período fez com que o exército
fosse dispensado pelo governo para que fosse criada a Guarda Móvil – grupo de
franceses que deveriam lutar contra a classe trabalhadora. Outro ponto de
exploração foram os chamados Ateliês Nacionais, isto é, oficinas populares que,
segundo boatos, deveriam contribuir para a expansão do socialismo. A partir deste
momento, uma série de protestos irrompem na França. A instituição da república
presidiu uma gama de debates na Assembleia Nacional e demais câmaras do
governo até que acabassem na Insurreição de Junho. Com ela, Marx aponta que as
condições da verdadeira revolução foram criadas.
RESENHA 4: JUNIOR, Caio Prado. Apogeu de um sistema. In: História Econômica
do Brasil. São Paulo. Ed. Brasiliense, 2006.

Em seu texto, o autor expõe que os primeiros anos da República foram


marcados por diversos e intensos progressos econômicos e materiais no Brasil,
impulsionado pela exportação de gêneros primários da agricultura. Visto isso,
notamos a concorrência de fatores externos e internos importantes.
Internacionalmente, as demandas dos centros europeus e dos Estados Unidos da
América, que aumentaram continuamente em função de seu desenvolvimento
industrial e do aumento do nível de renda de sua população. Ademais, as linhas do
crédito internacional desenvolveram-se profundamente, alavancadas pela maior
organização internacional dos sistemas financeiros e comerciais.
No Brasil, além do federalismo que possibilitou aos Estados tratarem de forma
mais eficiente seus interesses econômicos — principalmente após a extinção do
tráfico, a qual necessitou de uma solução para o caso da escassez de mão-de-obra
—, a República instaurou uma nova classe dirigente, dicotômica em relação à classe
politicamente dominante no Império. Dessa forma, enquanto anteriormente os
interesses econômicos eram relegados ao segundo plano, tendo sido, por exemplo,
“Mauá, fora posto no índex da nação somente porque, como deputado, ousaram
defender no Parlamento interesses privados” (PRADO JUNIOR, 2006, p. 203).
O processo de expansão concentrou-se em gêneros tropicais de exportação.
O que foi inédito, entretanto, a participação do capital internacional tornou-se cada
vez maior no desenvolvimento destas atividades, crescendo, concomitantemente a
elas, aos interesses de comerciantes, financistas e especuladores internacionais. O
Brasil, por sua vez, teve um processo de radicalização na especialização de sua
produção econômica: o café assumiu a posição central na vida econômica e política
do país, sobretudo pelo controle nacional deste produto no mercado internacional.
O autor alega que, apesar da euforia deste desenvolvimento, era bastante
óbvio assentá-lo em bases frágeis, extremamente dependentes que eram das
conjunturas internacionais. As crises do café e seu colapso na década de 1930
revelaram ser impossível a propagação continuada dessas características
econômicas do país. Fora que os profundos problemas financeiros e monetários
vividos pelo país evidenciaram a necessidade de diversificação da produção, seja
para diminuir a fragilidade frente a um único produto, seja para fazer cair as
excessivas importações.
Assim, este período pode ser considerado de grande desenvolvimento e de
contradições do próprio sistema, que concebem os requisitos para sua evolução
posterior. Para o desgaste desta estrutura econômica fortemente enraizada e
perfeitamente enquadrável no que o Caio Prado considera como “sentido da
colonização”, concorrerá, além da fragilidade, a introdução do trabalhador livre. A
instabilidade da mão-de-obra nunca fora um problema nos três séculos de emprego
de trabalho ativo no país. No entanto, o imigrante – solução encontrada para a
escassez relativa de força de trabalho que se observou no país após a extinção do
tráfico – era livre, tendo a possibilidade de deixar a fazenda em que estava
empregado para buscar melhor alternativa em outras propriedades ou mesmo
adquirir suas próprias terras ou negócio próprio, o que não era muito difícil na região
cafeeira paulista, que se dinamizava profunda e rapidamente.
Além disso, esta massa de trabalhadores livres cresce continuamente,
sobretudo pela entrada crescente e continuada de novos imigrantes; assim, apesar
de tentarem reter os trabalhadores pelo sistema de endividamento destes, os
fazendeiros, a pouco e pouco, vêem-se confrontados pelo maior poder social e
político que a nova massa trabalhadora obtém, sobretudo pela necessidade de
reformas ao trabalhador rural a que se vê forçada a administração pública.
A mobilidade da mão-de-obra e sua instabilidade, e conflitos sociais que
podiam gerar eram as reais ameaças à estrutura estabelecida. Ainda que o trabalho
livre chegasse a atingir diretamente a margem de lucros da grande propriedade,
determinando sua capacidade econômica de operar: “a necessidade de concorrer
num mercado livre de trabalho, a pressão por melhoria de salários e condições
gerais de vida do trabalhador, afetarão gravemente a base financeira das
explorações de menor rendimento, apressando assim o seu colapso” (PRADO
JÚNIOR, 2006, p. 210).

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