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Introdução
Durante a Crise dos Mísseis em Cuba em 1962, os Estados Unidos eram o único país
passível de ser considerado uma potência global, pois só ele era capaz de exercer influência
decisiva em qualquer lugar do mundo à época, sem contar sua preponderância econômica,
que era indisputável. No início dos anos 60, a influência política do país, que já estava
firmada desde o final da década de 40 sobre a parte Ocidental europeia, estendeu-se para
nações de Terceiro Mundo, sob o discurso de ajuda estrangeira. Dessa forma, os EUA podiam
contar com o apoio da maioria na Assembleia Geral das Nações Unidas, além do apoio de
seus três leais e membros permanentes do Conselho de Segurança aliados.
Basicamente, a posição política estadunidense cresceu drasticamente entre os países
não comunistas até meados da década em questão. A retórica de Kennedy deu um tom ainda
melhor à política externa do país do que aquela posta por Eisenhower e Dulles. Havia um
comprometimento em promover a modernização do Terceiro Mundo e a tentativa de garantir
que as reformas socioeconômicas do mundo em desenvolvimento, que deveriam ser
aceleradas pelos programas de ajuda dos EUA, fossem feitas de forma evolutiva e não
revolucionária. Este aspecto da política americana era bastante atrativo às elites dos países em
desenvolvimento, que temiam o acontecimento de uma revolta.
Enquanto os EUA se portavam como os responsáveis por reformas sociais pacíficas e
modernização econômica durante a primeira metade dos anos 60, URSS deixou a crise dos
mísseis cubana como aquele que não estaria firmemente ao lado de seus aliados quando a
situação ficasse mais difícil. Mesmo que brevemente, parecia que EUA estavam vencendo
aquilo que o Presidente Kennedy carinhosamente gostava de chamar de competição “pelos
corações e mentes dos povos não desenvolvidos e não comprometidos do mundo”.
A URSS era uma ameaça à supremacia global americana, apenas no setor militar. O
alarme tratava sobre um “missile gap”, um conjunto de mísseis, a URSS tinha o primeiro
míssil balístico intercontinental em agosto, e em outubro de 1957 lançou ao espaço o
primeiro satélite terrestre, Sputnik. Essa capacidade tecnológica da União Soviética era além
do que os norte americanos estimaram. Em dezembro do mesmo ano, os EUA lançaram o
Atlas ICBM, e nos anos 60 tinham um arsenal estratégico de 50 mísseis contra 35 da URSS.
Eisenhower foi surpreendido por Khrushchev que se humilhou ao assumir as falhas das
exigências estratégicas soviéticas, que estavam inflacionadas. Khrushchev, atento para
avançar nas áreas defensivas americanas na Eurásia, implantado um sistema de armamento
soviético em Cuba, demonstrou um desespero para retificar essa estratégia que desequilibrava
em uma pancada decisiva. As condições humilhantes do refúgio soviético em Cuba causou
um efeito que não se esperava, acabou-se então se estabelecendo entre as duas superpotências
uma balança de poder nuclear mais estável. A crise cubana revelou para o mundo a
inferioridade militar soviética. O bloco comunista estava, novamente, buscando revigorar a
URSS, nesse momento, a China se sentiu motivada a estabelecer sua liderança e
desvincular-se do mundo soviético. Além da exaltação de Khrushchev aos olhos do grupo
militar soviético e seus aliados nas lideranças civis, aconteceu o aumento da insatisfação
interna que eventualmente a direcionava para a queda. O fracasso cubano resultou na adoção
de duas estratégias: uma diplomática, que estabeleceu a coexistência pacífica com o bloco
ocidental e buscava minimizar a possibilidade de um confronto nuclear; e a outra, uma
estratégia militar, previa uma ação de longo prazo, que começaria no meio da década de 50 e
poderia ser variada de acordo com as razões domésticas para transformar a Rússia em um
poder terrestre, marítimo e aéreo capaz de defender seus interesses em qualquer lugar no
mundo. A pior consequência da política de coexistência pacífica estava na estratégia de
controle das armas. O final da Segunda Guerra Mundial trouxe vários debates sobre o
desarmamento nuclear, que foram conduzidos pelas Nações Unidas e os resultados periódicos
de Washington e Moscou. Ao final da reunião da Comissão de Energia Atômica das Nações
Unidas sob o domínio norte-americano, que se tornasse responsável pelas bombas atômicas e
não permitiria que outro país produzisse armas nucleares. E desta forma, o Oeste Europeu
não teve chance de exercer nenhuma autoridade real.
Porém, comprovou-se ser impossível o desarmamento das superpotências quando veio
à tona a crise dos mísseis cubanos que levou os dois lados a buscar um objetivo mais modesto
e acessível e, União Soviética; Estados Unidos e Grã Bretanha assinaram um tratado banindo
testes nucleares na atmosfera e no mar. Em 1967, essas 3 nações com a França concordaram
em estabelecer um espaço livre para armas nucleares. Ao final desse ano, a América Latina
declara como zona livre para testes nucleares pela maioria dos estados membros, com
aprovação de Washington e Moscou.
Quando a União Soviética cooperou com outras nações para impor limites à corrida
de armas nucleares, possuía uma meta estratégica para alcançar os EUA. Com o tempo
conseguiu se equiparar a nação norte americana em questões militares fazendo com que um
não houvesse uma hegemonia de apenas um país, com a URSS ascendendo posteriormente.
Ao final da década de 60, a limitação das lacunas estratégicas entre as duas
superpotências estimulou a primeira negociação do controle de armas, bem sucedida, após o
início da Guerra Fria. Porém, a escalação americana ao Vietnã o conflito Árabe-Israelense e a
intervenção soviética na Tchecoslováquia, balançaram as relações entre Washington e
Moscou. Por uma complexa série de razões políticas e economicas, Nixon e Brezhnev,
tinham desenvolvido simultaneamente , uma apreciação de várias vantagens que eram
favoráveis para ambos os lados, o que acalmou as tensões.
O acordo relativo a controle de armas em estratégias de artilharia foi assinado em 26
de maio de 1972, dois anos após o início das negociações. O problema é que com o
desenvolvimento de um sistema de proteção antimíssil (ABM) o equilíbrio entre as duas
potências poderia ser afetado. Caso uma das potências desenvolvesse um projeto mais
qualificado que a outra isso proporcionaria uma maior proteção do seu território o que gera
una maior motivação para programar um ataque sem medo da retaliação.
Sendo que essa possível consequência não se adequaria aos objetivos do SALT I. O
SALT I possuía como premissa preservar a estabilidade das estratégias de equilíbrio de poder
pela redução de incentivos ao conflito por meio de estabelecimento de políticas e estratégias
que protegessem a central de comando e o território de ambos os Estados, pois diminuiria o
medo do ataque e os anseios da retaliação. Apesar da consolidação do SALT I os EUA
conseguiu manter-se em vantagem com relação ao número de bombas de longo alcance que
guardava em seus arsenais. É importante ressaltar que apesar de alguns fatores que causaram
um pequeno desequilíbrio na balança de poder do sistema bipolar na Guerra Fria que não
puderam ser evitadas pelo SALT I não tirou o mérito desse acordo ser o primeiro a consolidar
uma efetiva conscientização de que era necessário refrear a corrida armamentista nuclear.
Desse modo, foi ratificado em 24 de novembro de 1974 o SALT II que tinha como objetivo
reparar o que não havia sido consolidado pelo SALT I. Durante a década de 60, 3 fatores
contribuíram para a dissolução de forma gradativa do sistema bipolar internacional. O
primeiro fator a ser considerado é a consolidação dos EUA independentes no terceiro mundo
que tinham como política a postura de “não alinhamento”. O segundo fator é o crescimento
de posturas de caráter independente por parte dos Estados Europeus que começaram a
negociar tanto com uma potência quanto com a outra com o intuito de reduzir os riscos de
conflito nuclear. E o terceiro fator é referente deserção da China em relação ao bloco
comunista o que fez emergir com mais força independente no sistema internacional.
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