Você está na página 1de 3

Em outubrode 1962,quando o presidente Kennedy estava

ao comando dos EUA e Nikita Krutchev dirigia a URSS,


estalou a mais grave crise da guerrafriaquandoum avião de
espionagem norte-americano(U2) fotografoua parte norte de
Cuba e confirmouque os soviéticos tinham aí
instaladorampas de lançamento de mísseis, algunscom ogivas
nuclearescom capacidade para atingir o território
americano.Não havia dúvidas que as cidades de Chicago,
Los Angeles e Nova Iorque estavam ao alcancedos mísseis
soviéticos.Quando obteve a certeza de que os soviéticos
tinham construído rampas de lançamento em Cuba e que
enviavam por via marítima importante material de guerra
nuclear, opresidente Kennedy pediu ao Senado Norte
Americano autorização para chamar às fileiras 150 000
homens e tomou uma série de medidas militares que não
deixavam qualquer margem de dúvida sobre a sua vontade de
não ceder um milímetro, poistoda esta situação ia muito além
de uma mera questão cubana, visto que continha no seu
âmago uma forma de avaliação da capacidade de força e de
retaliação dos americanos face aos soviéticos.35DROZ, Bernard e
ROWLEY, Anthony –HISTÓRIA DO SÉCULO XX –3º VOLUME –
Publicações Dom Quixote, 1988, p. 241.
38Kennedy sabia, através das chefias militares americanas,
que um ataque aéreo a Cuba não garantia a destruição de
todos os mísseis soviéticos sediados na ilha. A 22 de outubro
de 1962, enviou um ultimato a Fidel Castro que protestou com
indignação,negando a existência do poderio bélico enviado
pela URSS.Kennedy opta por uma atuação consideradade
alto riscoanunciando que a marinha americana procederia a
um bloqueio naval em redor da ilha para intercetar os
navios soviéticos impedindoo fornecimento de armasa Cuba.
Lançou também um ultimato no sentido de que a URSS
desmantelasse as instalaçõesexistentesna ilha.Eclodiu, assim,
a Crise dos Mísseis, dada a conhecer através de uma
dramática intervenção televisiva feita pelo presidente dos
EUA, onde revelou ao povo americano e ao mundo a
existência de mísseis nucleares soviéticos sediados em
Cubae o risco iminente de uma possível guerraa nível
mundial de cariz nuclear, deixando Washington e Moscovo
à beira de um possível confronto militar.(...) o Presidente dirige-
se, a 22 de Outubro, à nação americana, anuncia as medidas
tomadas e incita Khruchtchev a ser razoável. O mundo sustém
a respiração.” 36Depois dediscretasnegociações de
bastidores entre os EUA e a URSS, que tinham decorrido
secretamente, o presidente russo, aceitoudesmantelar todas as
bases e equipamento militar ofensivo instaladosem Cuba e
levá-los de volta para a URSS, e ordenouqueos navios
soviéticos regressassemtambém. Mas o problema das armas já
instaladas em Cuba persistiue a resolução definitiva do
conflito tardou, devido à má vontade e à desconfiança de
Fidel Castro, que não tinha sido contactado para esta
tomada de decisão entre as duas superpotências. Tudo
indicava que a URSS não queria a guerra. Nessa altura
são iniciadas negociações secretas entre russos e norte-
americanos. Foidefinido um compromisso proposto por
Kennedy, em que Washington se comprometia a levantar o
bloqueio e a não atacar Cuba, se Moscovo retirasse os
mísseis. Krushchev aceitou, mas exigiu em troca aos
americanos a retirada dosseus mísseis Thor e Júpiter,
estacionados noReino Unido e na Turquia. Os 2 Ks(Kennedy e
Krushchev) chegaram a um acordo,sem que o presidente
russoconsultasse o seu aliado cubano.A operaçãode força do
presidente Kennedy triunfarae a operação de coexistência
pacíficapor parte de Krushchev também.A vitória de Kennedy
sobre Krushchevpermitiu-lhe conduzir mais ativamente uma
política de desanuviamento sem ser acusado de seguir
uma política vacilante. Os 2 Ksque se haviam enfrentado em
Viena, aquando da conferência sobre 36DROZ, Bernard e ROWLEY,
Anthony op. cit. p. 252
39Laus e Berlim, mantinham agora relações de
confiança mútua. Surgira a hora do apaziguamento
dando o sinal de partida a futuros acordos, e assim
Kennedy surge como o primeiro chefe incontestado do
mundo ocidental.Esta crise daria origem, posteriormente, aos
primeiros tratados antinucleares. No dia 6 de dezembro de
1962, pouco mais de um mês depois do fim da crise, os EUA e
a URSS, apresentaram junto da Comissão Económica e
Financeira da ONU uma proposta conjunta, com o fim de
se proceder ao desarmamento e que posteriormente daria
lugar aos acordos SALT I e II bem como ao acordo
START.Esta crise veio mostrar que o diálogo entre estas duas
superpotências não era apenas necessário como possível.
Após este confronto que quase levou à IIIGuerra Mundial, os
esforços de proliferação e de controlo nuclear que antes
haviam sido abandonadas, ganharam um novo ímpeto.

Você também pode gostar